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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO


AUH0516 - Fundamentos Sociais da Arquitetura e Urbanismo II

Julia da Costa Aguiar 12691129

Resenha de Texto
SIMMEL, Georg. A metrópole e a vida mental. p, 11-25, 1973.

Georg Simmel foi um sociólogo alemão, que viveu entre os séculos IXX e XX, foi o
fundador da Sociologia das Formas Sociais, tendo estudado as formas de socialização ou
das relações sociais. Ao lado de Durkheim, com quem colaborou para a revista “L'Anné
Sociologique'', Simmon é considerado o fundador da Sociologia como ciência autônoma
das formas de associação.
O texto de Georg Simmel, “A metrópole e a vida mental”, trata, primeiramente, dos
efeitos psicológicos de viver em espaços urbanizados sobre os indivíduos. O século XVIII
marcou um momento histórico em que, além das contradições trazidas pela especialização
do trabalho, houve um desligamento de instituições importantes, Estado e religião, por
exemplo. Conjuntamente, o homem "moderno" encontra-se mais livre em muitos aspectos,
cada pessoa torna-se única e, de alguma forma, substancial, a mesma especialização o
torna, também, mais dependente de outras atividades. Entretanto, essa mesma pessoa
também pode ser substituída por muitos outros.
Segundo Simmel, essa contradição é mais pronunciada nos espaços urbanos das
grandes cidades, que também possuem muitos estímulos. A metrópole extrai um nível
diferente de consciência das pessoas do que na vida no campo. Para a manutenção do
órgão urbano, é necessário a racionalização ambiciosa do homem moderno, ou seja,
maior ritmo da atividade econômica, maior ritmo da leitura sensorial, maior ritmo da
mudança de hábitos. Tais características, também, podem ter um impacto psicológico
significativo nas pessoas, forçando-as a se distanciar emocionalmente. Segundo Simmel,
essa alienação decorre das relações sociais e econômicas, relações que se diferem do
meio rural, essas características do homem urbano levam a entender o afastamento e o
desinteresse por expressões individuais autênticas, pois funcionam como “proteção” de
estímulos “desnecessários” ou que não se relacionem com as dinâmicas econômicas e
necessárias. Essas relações têm a essência mais profunda na cidade grande porque é
onde a economia monetária está plenamente instalada.
A integração de todas as atividades e relações urbanas modernas, depende da
racionalização ambiciosa do homem moderno. Sendo assim, as características dos das
atitudes derivadas dessa vida moderna se chocam com a vida urbana típica. É uma
construção altamente impessoal que causa uma grande parcialidade tediosa (blasé). A
economia monetária fomenta a apatia ao acabar com o poder de diferenciar, porque o
dinheiro transforma todas as diferenças qualitativas, em quantitativas. A relação privada do
indivíduo com os outros, para se preservar, estado da cidade, pode até ser, para Simmel,
um desgosto mútuo, que leva ao ódio e ao conflito no momento de contato mais próximo.
Ao contrário do povo rural que agrega facilmente os fatos de seu cotidiano em sua psique,
devido ao ritmo de sua vida. A reserva envolve a tentativa dos moradores urbanos de se
protegerem. Nas multidões das grandes cidades, os indivíduos retêm para si grande parte
de sua personalidade, apenas uma pequena parte sendo neutralizada, e é como se essas
pessoas mantivessem boa parte de si mesmos como "propriedade privada".
Dessa forma, os cidadãos vão sendo cada vez mais distanciados, e causado,
também,pela forte suspeita da atitude de recato, por causa das superficialidades da vida
metropolitana. É esse fator que contribui para a impressão que moradores rurais têm de
pessoas que vivem na metrópole, como indivíduos frios e antipáticos. Essa ideia de frieza,
existente quando comparada com a vida no campo, é estritamente ligada com a maior
dominação do dinheiro na sociedade urbana, logo que, tudo pode ser transformado em
produto, até mesmo relacionamentos interpessoais. O autor apresenta o conceito de
metrópole como representação do princípio de união nos grupos sociais existentes, como
governos, partidos políticos, entre outros. Esses grupos, geralmente, para se manterem,
necessitam de regras e conformações, o que leva à atenuação das liberdades individuais.
Ambos, a vida metropolitana e o dinheiro levaram à facilidade de deslocamento
para os indivíduos modernos, ou seja, encurtaram-se as distâncias físicas e permitiu-se
mais criações de relações sociais. Para Simmel, está ligado à libertação de tradicionais
formas de domínio social. O dinheiro trás liberdade individual e permite a autonomia em
relação à comunidade, agilizando e dando velocidade a tudo. Entretanto, o contato pessoal
e humano tornou-se veloz também, além de ser muito mais impessoal e, portanto, mais
superficial.
Assim sendo, Simmel conclui que há uma ambiguidade da individualização na
modernidade, a liberdade individual está estritamente ligada à maior objetificação,
impessoalidade e operacionalização das relações sociais.

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