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RESUMOS PARA PROVA DE MATERIALIDADE E CONSUMO

 ENSAIO SOBRE A DÁDIVA


Em o Ensaio sobre a Dádiva ou o Ensaio sobre o dom, Mauss investiga a “regra
de direito e de interesse” que impõe a retribuição nas relações fundadas em
presentes, especialmente em sociedades sem o uso da moeda e mercado
impessoalizado. Assim, estabelece o objeto da antropologia econômica,
inquirindo sobre a economia moral das trocas.
Após uma análise comparativa de várias sociedades “arcaicas” da Polinésia,
Melanésia e noroeste americano, Mauss conclui que essas trocas de dádivas
constituem fatos sociais totais, pois envolvem todos os aspectos de um sistema
social. Ao transcender o indivíduo, forjam-se alianças de parentesco, políticas,
religiosas, econômicas, diplomáticas e legais. Esses fatos sociais totais são
tridimensionais, com dimensões sociológicas, históricas e biopsicológicas.
Não há presentes desinteressados: os requerimentos implícitos (e às vezes,
explícitos) de dar, receber e retribuir guiariam essas relações aparentemente
voluntárias. Mas, como esses requerimentos são exigidos e respeitados? Mauss
notou uma analogia com as trocas religiosas. Por exemplo, entre os maori cada
objeto possui um hau, um espírito, que se o objeto emprestado não for retornado
atormentará o devedor.
Os fenômenos religiosos provaram ser uma importante fonte para Mauss.
Anteriormente em um ensaio em conjunto com Henri Hubert (1898), Mauss
interpretou os sacrifícios religiosos como um contrato com o divino. Todavia, o
temor religioso por si só não cimentaria todas as relações humanas que resultam
na sociedade. O ensaio sobre o dom completou seu raciocínio.
Moralmente a troca seria “uma das rochas humanas sobre as quais estão erigidas
nossas sociedades”. A dependência em relação à sociedade impõe a
conformidade ao indivíduo nessas relações de troca de dádivas. O respeito
alcançado pelo doador e a obrigação devida pelo donatário são consequências
dessas trocas que criam vínculos que sustentam a sociedade junta.
A análise de Mauss extrapolou a troca de presentes então analisada sob aspecto
jurídico (contrato), religioso (sacrifício) ou econômico. A soma dessas
obrigações e trocas em um sistema de prestações totais manteria a sociedade
unida como um conjunto de relações. Nesse aspecto, um livre mercado regulado
somente pelas leis de oferta e procura e o contrato seria tão utópico quanto uma
sociedade altruísta compartilhando abnegadamente bens, serviços e recursos. A
reprovação social por não entrar no jogo do sistema de préstimos alienaria o
indivíduo. A realidade social é formada por interesses privados e por
preocupação pelos outros, por escolhas e por obrigações.
As trocas não são uniformes em todas as sociedades. As sociedades não
capitalistas envolviam cada troca em um fato social total. No ato de troca havia
uma ligação entre pessoas, objetos, instituições. Cita exemplos consagrados da
etnologia, o kula e o potlatch. Já a lógica capitalista é reduzir a troca a uma razão
meramente econômica.
 BAUMAN – VIDA PARA CONSUMO
No primeiro capítulo de "Vida para Consumo" de Zygmunt Bauman, intitulado
"Consumismo versus Consumo", o autor explora a intricada dicotomia entre o
consumo tradicional e o consumismo na sociedade contemporânea. Bauman
inicia sua análise destacando como o consumismo se diferencia do consumo
convencional, delineando uma distinção crucial entre adquirir bens e serviços
por necessidade prática e fazê-lo em busca de uma satisfação mais abstrata e
constantemente renovada.
O consumismo, conforme abordado por Bauman, é impulsionado por forças
culturais, publicitárias e sociais que promovem a ideia de que a felicidade e a
realização pessoal estão inextricavelmente vinculadas à constante aquisição de
novos produtos e experiências. Ele examina como o consumismo, ao contrário
do consumo tradicional que atende às necessidades básicas, é mais orientado
para o futuro e muitas vezes baseado em promessas ilusórias de contentamento e
satisfação.
Bauman argumenta que o consumismo não apenas influencia as escolhas
individuais, mas também desempenha um papel fundamental na formação das
identidades pessoais. Nessa perspectiva, a sociedade de consumo cria uma
dinâmica na qual o valor pessoal é frequentemente medido pela capacidade de
consumir de maneira constante e aparentemente ilimitada.
Ao longo do capítulo, Bauman explora como o consumismo afeta as relações
sociais, moldando as interações humanas de acordo com a lógica do mercado.
Ele destaca como as relações pessoais muitas vezes são influenciadas e, em
alguns casos, até mesmo determinadas pelos padrões de consumo, contribuindo
para uma cultura onde a posse de determinados bens e a participação em
determinadas experiências são elementos-chave na construção da identidade e
no estabelecimento de status social.
Assim, o primeiro capítulo estabelece as bases para a crítica perspicaz de
Bauman em relação aos impactos sociais, culturais e individuais do
consumismo, oferecendo uma reflexão profunda sobre a complexidade dessa
dinâmica na contemporaneidade.

 SIMMEL – AS GRANDES CIDADES E A VIDA DO ESPIRITO


Em "As Grandes Cidades e a Vida do Espírito", Georg Simmel explora a
complexa interação entre a vida urbana e o desenvolvimento do pensamento e da
cultura. O autor destaca como as grandes cidades, com sua densidade
populacional e diversidade social, criam um ambiente propício para a
emergência de uma forma única de vida intelectual e espiritual.
Simmel argumenta que a agitação e a variedade encontradas nas grandes cidades
estimulam uma intensificação das experiências individuais. A sobreposição
constante de estímulos visuais, sonoros e sociais, combinada com a interação
próxima entre diversas pessoas, leva a uma sensação de estímulo constante. No
entanto, ele também aponta que essa intensificação pode resultar em uma forma
de anestesia emocional, onde os indivíduos desenvolvem mecanismos de defesa
psicológicos para lidar com a sobrecarga de estímulos.
Além disso, Simmel explora a natureza das interações sociais nas grandes
cidades. Ele destaca como a proximidade física não necessariamente se traduz
em uma maior intimidade emocional. Pelo contrário, a cidade, ao mesmo tempo
que aproxima as pessoas geograficamente, pode criar um distanciamento social,
uma vez que a multiplicidade de relações torna difícil estabelecer laços
profundos com todos os indivíduos encontrados.
Outro aspecto abordado por Simmel é a liberdade proporcionada pela vida na
cidade. Ele observa como a relativa anonimidade oferecida pelo ambiente
urbano permite uma maior liberdade de expressão e experimentação pessoal. No
entanto, essa liberdade também pode levar à solidão e ao isolamento, já que a
falta de obrigações sociais estritas pode resultar em uma desconexão emocional.
O autor discute ainda a influência da economia do dinheiro na vida urbana,
argumentando que a monetização generalizada das relações sociais pode
contribuir para uma mentalidade impessoal e utilitária nas interações humanas.
Em resumo, "As Grandes Cidades e a Vida do Espírito" oferece uma análise
profunda e multifacetada das implicações da vida urbana na experiência
humana, destacando tanto os aspectos estimulantes quanto os desafios
emocionais e sociais que surgem nas grandes cidades. Simmel fornece uma
visão perspicaz sobre a dinâmica única da vida urbana e suas ramificações para
o desenvolvimento do pensamento e da cultura.

 BOURDIEU – GOSTOS DE CLASSE E ESTILOS DE VIDA


Em sua obra "A Distinção: Crítica Social do Julgamento", Bourdieu explora
profundamente a relação entre classe social, gosto e estilo de vida na sociedade
contemporânea. O autor argumenta que as preferências estéticas e culturais não
são apenas uma questão de escolha pessoal, mas estão profundamente enraizadas
nas estruturas sociais e nas relações de poder.
Bourdieu introduz o conceito de "capital cultural", que compreende o
conhecimento, as habilidades e as práticas culturais que uma pessoa adquire ao
longo da vida. Esse capital cultural, por sua vez, influencia os gostos individuais
e, consequentemente, os estilos de vida. O autor destaca que o capital cultural
não é distribuído igualmente na sociedade e está fortemente ligado à posição
social de uma pessoa.
O gosto, para Bourdieu, não é apenas uma preferência pessoal, mas uma forma
de distinção social. Ele argumenta que as classes sociais diferentes desenvolvem
gostos distintos como uma maneira de demarcar suas fronteiras e afirmar sua
posição na hierarquia social. A busca por distinção cultural, portanto, torna-se
uma busca por legitimação e reconhecimento dentro de um determinado campo
social.
Bourdieu também discute a ideia de habitus, que é um conjunto de disposições
internalizadas que moldam a forma como as pessoas percebem e respondem ao
mundo ao seu redor. O habitus é moldado pelas condições sociais de vida e, por
conseguinte, influencia os gostos e estilos de vida de maneira duradoura.
Ao longo da obra, Bourdieu analisa empiricamente as práticas culturais de
diferentes classes sociais, demonstrando como certas formas de cultura são mais
valorizadas em determinados estratos sociais. Ele desafia a visão convencional
de que o gosto é puramente uma escolha individual, destacando a dimensão
social e estrutural que o permeia.
Em resumo, "A Distinção" de Pierre Bourdieu oferece uma análise profunda das
relações entre classe social, gosto e estilo de vida, desafiando concepções
simplistas de preferências individuais e enfatizando a complexidade das
dinâmicas culturais e sociais que moldam as escolhas das pessoas na sociedade
contemporânea.

 A ANTROPOLOGIA E O ESTUDO DO CONSUMO – ALICE DUARTE

"A Antropologia e o Estudo do Consumo: Revisão Crítica das Suas Relações e


Possibilidades" é um artigo que busca explorar a interseção entre a antropologia
e o estudo do consumo, oferecendo uma análise crítica das relações entre esses
dois campos e examinando as possibilidades que surgem dessa interação.
O autor inicia destacando a importância crescente do consumo na sociedade
contemporânea e como isso motivou um interesse renovado por parte dos
antropólogos. Ele argumenta que, ao compreender o consumo, podemos
desvendar aspectos fundamentais da cultura, identidade e práticas sociais.
Ao longo do texto, o autor revisita as abordagens tradicionais da antropologia
em relação ao consumo, ressaltando como inicialmente essa disciplina estava
mais centrada em práticas de troca e produção do que nas atividades de consumo
em si. No entanto, ele observa uma mudança gradual de foco à medida que a
sociedade evoluiu para uma economia cada vez mais orientada para o consumo.
O artigo destaca como a antropologia do consumo pode enriquecer a
compreensão das práticas cotidianas, simbolismos culturais e construção de
identidades. Ele explora a ideia de que os bens de consumo não são apenas
objetos materiais, mas também veículos de significado cultural e social, muitas
vezes envoltos em complexas narrativas simbólicas.
Além disso, o autor examina as críticas direcionadas à antropologia do consumo,
incluindo preocupações éticas sobre a colaboração com empresas e a possível
cooptação do pesquisador pelo sistema que está estudando. Ele destaca a
necessidade de uma abordagem reflexiva e ética ao estudar o consumo,
reconhecendo as implicações éticas e políticas envolvidas.
O texto também aborda as possibilidades futuras para a antropologia do
consumo, incluindo a exploração de novas formas de consumo online, o impacto
das práticas de consumo na sustentabilidade e o papel do consumo na formação
de comunidades virtuais.
Em resumo, "A Antropologia e o Estudo do Consumo: Revisão Crítica das Suas
Relações e Possibilidades" oferece uma análise abrangente da relação entre a
antropologia e o consumo, destacando tanto os benefícios quanto os desafios
dessa interseção, e delineando possíveis direções futuras para a pesquisa nesse
campo dinâmico e em constante evolução.

 CULTURA E CONSUMO: UMA EXPLICAÇÃO DA ESTRUTURA –


GRANT MCCRACKEN
O texto "Cultura e Consumo: Uma Explicação Teórica da Estrutura e do
Movimento do Significado Cultural dos Bens de Consumo" propõe uma análise
aprofundada sobre a interconexão entre cultura e consumo, oferecendo uma
explicação teórica abrangente sobre como os significados culturais dos bens de
consumo são estruturados e evoluem ao longo do tempo.
O autor inicia destacando a importância fundamental do consumo na construção
e expressão da cultura, argumentando que os bens de consumo não são apenas
objetos materiais, mas veículos de significados simbólicos que desempenham
um papel crucial na formação da identidade individual e coletiva.
Ao longo do texto, o autor desenvolve uma teoria que examina a estrutura dos
significados culturais dos bens de consumo. Ele destaca como esses significados
não são fixos, mas dinâmicos, moldados pela interação complexa entre diversos
elementos, como valores sociais, identidades culturais e práticas de consumo. A
teoria propõe que a compreensão desses significados requer uma abordagem
holística que leve em consideração o contexto cultural mais amplo.
Além disso, o texto explora como a cultura e o consumo estão intrinsecamente
ligados, influenciando-se mutuamente. O autor examina como as práticas de
consumo refletem e, por vezes, desafiam as normas culturais estabelecidas,
contribuindo para a constante redefinição e evolução dos significados associados
aos bens de consumo.
Outro ponto abordado é a questão da diferenciação social por meio do consumo.
O autor discute como os bens de consumo não apenas refletem a cultura, mas
também são utilizados como meio de distinção social, onde certos grupos
buscam se diferenciar através de suas escolhas de consumo.
O texto também destaca a dinâmica de poder envolvida na produção e
disseminação dos bens de consumo e de seus significados culturais. O autor
argumenta que a indústria cultural desempenha um papel significativo na criação
e difusão de narrativas culturais associadas aos produtos, muitas vezes
influenciando a forma como esses produtos são percebidos e incorporados nas
práticas cotidianas.
Em resumo, "Cultura e Consumo: Uma Explicação Teórica da Estrutura e do
Movimento do Significado Cultural dos Bens de Consumo" oferece uma análise
teórica profunda e abrangente sobre a relação entre cultura e consumo,
explorando como os significados culturais dos bens de consumo são
estruturados, evoluem e moldam a experiência humana na sociedade
contemporânea.
 SIMMEL – PSICOLOGIA DA MODA

Georg Simmel, um influente sociólogo e filósofo alemão do século XX, fez


contribuições significativas para a compreensão da moda em seu ensaio
"Psicologia da Moda". Aqui está um resumo geral do texto:
O ensaio explora a natureza da moda como uma forma de expressão social e
psicológica. Simmel destaca que a moda não é apenas uma questão de vestuário,
mas uma expressão simbólica complexa que reflete os valores, a identidade e a
dinâmica social de uma época específica.
Dinâmica Social da Moda: Simmel argumenta que a moda está intrinsecamente
ligada à sociedade e ao desenvolvimento social. Ele examina como a moda surge
como uma resposta à busca humana por diferenciação e distinção em uma
sociedade marcada pela uniformidade.
Conflito entre Conformidade e Distinção: Simmel destaca o paradoxo da moda,
pois, embora as pessoas busquem a conformidade ao seguir as tendências, ao
mesmo tempo, buscam distinção para se destacarem dentro dessa conformidade.
Esse conflito cria uma dinâmica interessante e constante na moda.
Fluxo Contínuo da Moda: O autor discute a natureza efêmera e mutável da
moda. Ele observa que a constante mudança nas tendências é essencial para
manter o interesse e a novidade, contribuindo para o caráter cíclico e transitório
da moda.
Expressão Individual e Identidade Social: Simmel explora como as escolhas de
moda servem como meio de expressão individual e coletiva. A moda não é
apenas sobre roupas, mas sobre a construção de identidades e a comunicação de
valores culturais e sociais.
Relação com a Economia e Classe Social: O autor também aborda a relação
entre moda, economia e classe social. Ele discute como as classes sociais
diferentes podem adotar e interpretar as tendências de moda de maneiras
distintas, criando uma hierarquia social visível através da vestimenta.
Em resumo, "Psicologia da Moda" de Georg Simmel oferece uma análise
penetrante da natureza complexa e multifacetada da moda, examinando não
apenas as escolhas de vestuário, mas também as implicações psicológicas e
sociais subjacentes a essas escolhas.

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