A POESIA

AOS SEMINARISTAS
MAIZOLA PEDRO
MAIZOLAPEDROMAIZOLARUM@GMAIL.COM
 O TEXTO LÍRICO

• O TEXTO LÍRICO EXPRIME O “EU” DO POETA E REPRESENTA O SEU MUNDO

INTERIOR, COMUNICA SENTIMENTOS E PENSAMENTOS, MANEIRAS DE OLHAR E
SENTIR O MUNDO E A VIDA. CARACTERIZA-SE PELA SUBJECTIVIDADE E PELA
INTERIORIZAÇÃO, RECORRENDO EM GERAL, MAS NÃO OBRIGATORIAMENTE,
AO DISCURSO NA PRIMEIRA PESSOA; A “VOZ” DO TEXTO LÍRICO, O SUJEITO
TEXTUAL, DESIGNA-SE SUJEITO POÉTICO OU SUJEITO LÍRICO, NÃO DEVENDO
SER CONFUNDIDO COM O SUJEITO BIOGRÁFICO, A PESSOA QUE, EM
DETERMINADO MOMENTO HISTÓRICO, ESCREVEU O POEMA.
•
 O TEXTO LÍRICO 2

• O TEXTO LÍRICO CARACTERIZA-SE POR UMA INTENCIONALIDADE COMUNICATIVA

ESPECÍFICA, ASSENTE NA SUBJECTIVADE DA LINGUAGEM, NA SUA EXPRESSIVIDADE, MAS
TAMBÉM NA REPRESENTAÇÃO MATERIAL DAS PALAVRAS (SIGNIFICANTE); MUITAS VEZES,
COMO SE DIZ É MAIS IMPORTANTE QUE AQUILO QUE SE DIZ, OU SEJA, A FORMA PODE
SOBREPOR-SE AO CONTEÚDO.
• O TEXTO LÍRICO, ORGANIZADO EM VERSOS E EM ESTROFES, DISTINGUE-SE
VISUALMENTE DOS OUTROS TIPOS DE TEXTO, APRESENTANDO UMA MANCHA GRÁFICA
DISTINTA DA DA PROSA. O RITMO, A RIMA, OS JOGOS DE SOM PRODUZEM A
MUSICALIDADE PRÓPRIA DE CADA TEXTO LÍRICO, QUE EXPLORA, IGUALMENTE, OS
DIFERENTES RECURSOS EXPRESSIVOS E RETÓRICOS.
 CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS DO
TEXTO LÍRICO
• O TEXTO LÍRICO REPRESENTA O MUNDO INTERIOR DO “EU”, DISTINGUINDO-SE
DO TEXTO NARRATIVO E DO TEXTO DRAMÁTICO POR NÃO REPRESENTAR
DOMINANTEMENTE O MUNDO EXTERIOR E OBJECTIVO OU A INTERAÇÃO DO
SUJEITO COM ESSE MUNDO. “A POESIA LÍRICA NÃO SE ENRAÍZA NO ANSEIO OU
NA NECESSIDADE DE DESCREVER O REAL EMPÍRICO, FÍSICO E SOCIAL,
CIRCUNSTANTE AO EU LÍRICO, NEM NO DESEJO DE REPRESENTAR SUJEITOS
INDEPENDENTES DESTE MESMO EU, OU DE CONTAR UMA ACÇÃO EM QUE SE
OPONHAM O MUNDO E O HOMEM OU OS HOMENS ENTRE SI. ENRAÍZA-SE, EM
CONTRAPARTIDA, NA REVELAÇÃO DO HOMEM E DO SER.” OS ELEMENTOS
NARRATIVOS E DESCRITIVOS PRESENTES NUM TEXTO LÍRICO DEVEM SER
INTERPRETADOS EM FUNÇÃO DA SUBJECTIVIDADE E DO ESTADO ÍNTIMO DO
“EU”.
 CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS DO TEXTO LÍRICO-2
• O TEXTO LÍRICO TEM UM “CARÁCTER ESTÁTICO”, POR OPOSIÇÃO AO “CARÁCTER DINÂMICO” DO TEXTO
NARRATIVO E DO TEXTO DRAMÁTICO; O FLUIR TEMPORAL, ESSENCIAL NESSES TIPOS DE TEXTO, É
EXTERNO TEXTO LÍRICO: “O POETA COMO QUE SE IMOBILIZA, ENQUANTO INSTÂNCIA DO DISCURSO,
SOBRE UMA IDEIA, UMA EMOÇÃO, UMA SENSAÇÃO, ETC.” O TEXTO LÍRICO CARACTERIZA-SE PELA
CONCENTRAÇÃO EMOTIVA E EXPRESSIVA, TENDO, EM GERAL, UMA EXTENSÃO REDUZIDA.
• MODO LÍRICO APRESENTA-SE PRINCIPALMENTE EM VERSO (EMBORA SE POSSA MANIFESTAR EM TEXTOS
EM PROSA POÉTICA E POEMA EM PROSA), EXPLORANDO OS SEUS RECURSOS TÉCNICO-EXPRESSIVOS: O
RITMO, QUE É PRODUZIDO PELA REPETIÇÃO REGULAR DE DETERMINADOS FENÓMENOS FONÉTICOS E
SINTÁCTICOS, COMO O ESQUEMA DE ACENTOS E O NÚMERO DE SÍLABAS; A VINCULAÇÃO AOS TRAÇOS
FONOLÓGICOS E MORFOSSINTÁTICOS DE UMA LÍNGUA ESPECÍFICA, O QUE DETERMINA A GRANDE
DIFICULDADE DA TRADUÇÃO DA POESIA LÍRICA; A DISPOSIÇÃO OU MANCHA GRÁFICA, QUE
DESEMPENHA UMA FUNÇÃO COMUNICATIVA ESSENCIAL, DADO QUE INDICA AO LEITOR QUE ESTÁ
PERANTE UM TEXTO POÉTICO. O RITMO E OS TRAÇOS FONOLÓGICOS ESPECÍFICOS DE UMA LÍNGUA
RELACIONAM-SE COM A ORALIDADE, ENQUANTO QUE A FORMA IMPRENSA REMETE PARA A
COMPREENSÃO E FRUIÇÃO DO POEMA COMO TEXTO ESCRITO, EXISTINDO, ASSIM, “A SIMBIOSE DA
LÍNGUA ESCRITA E DA LÍNGUA FALADA E POR ISSO O TEXTO LÍRICO, NA MATERIALIDADE DOS SEUS
SIGNOS, SE PODE APROXIMAR TANTO QUER DA MÚSICA, QUER DA PINTURA.
 OU ISTO OU AQUILO
CELÍLIA MEIRELES
• PESCARIA AS MÃOS DO MAR QUE VÊM E VÃO,
• CESTO DE PEIXES NO CHÃO. AS MÃOS DO MAR PELA AREIA
• CHEIO DE PEIXES, O MAR. ONDE OS PEIXES ESTÃO.
• CHEIRO DE PEIXE PELO AR. AS MÃOS DO MAR VÊM E VÃO
• E PEIXES NO CHÃO. EM VÃO.
NÃO CHEGARÃO
• CHORA A ESPUMA PELA AREIA AOS PEIXES DO CHÃO.
• NA MARÉ CHEIA.
• POR ISSO CHORA, NA AREIA,
• A ESPUMA DA MARÉ CHEIA.
 ESCRITA DA TERRA
EUGÉNIO DE ANDRADE

• VENTO ARDENTE
• VENTO SECA AS LÁGRIMAS
• HÁ VENTO VENTO CORTA A VOZ NA RAÍZ.
• HÁ SÓ VENTO NO MEU PAÍS
• VENTO BRANCO
• VERDE VENTO NEGRO
 TOMA LÁ
ALEXANDRE O`NEIL
• O PRIMEIRO É ASSIM: FICA DE PARTE. Ó NONO VERSO POR QUE VAIS EMBORA
• NO SEGUNDO JÁ POSSO PROMETER SEM QUE EU TE SUBLIME NESTE DÉCIMO?
• QUE NO TERCEIRO VAI HAVER MAIS ARTE. AO DÉCIMO PRIMEIRO DEDIQUEI UMA HORA.
• MAS AFINAL NÃO HOUVE…QUE FAZER?

• MELHOR SERÁ CALAR, POIS QUE DIZER ERREI-O. MAS QUE IMPORTA SE A POESIA,
• NEM NO SEXTO CONSEGUIREI DESTARTE. MESMO QUE O NÃO ERRASSE, JÁ NÃO VINHA?
• OS ACENTOS ERRADOS É FAVOR NÃO VER; É ESTE O ÚLTIMO E, COMO OS OUTROS,
• NEM OS VERSOS ERRADOS, QUE TAMBÉM SEI HACER… PÉSSIMO
 FERNANDO PESSOA

• QUERO, TEREI DIZEM QUE FINJO OU MINTO

• SE NÃO AQUI TUDO QUE ESCREVO, NÃO.
• NOUTRO LUGAR QUE INDA NÃO SEI. EU SIMPLESMENTE SINTO.
• NADA PERDI. COM A IMAGINAÇÃO
• TUDO SEREI NÃO USO O CORAÇÃO.