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DESAFIOS DA MULHER NA UNIVERSIDADE:

UMA PESQUISA DE OPINIÃO SOBRE O


CCSA/UENP DE CORNÉLIO PROCÓPIO

Autora: Jaqueline Dias Porcinelli Pelissari


Orientador: Prof. Dr. Paulo Rogério Alves Brene
co-orientadora: Profa. Dra. Maria Cristina Cavaleiro
 Introdução
 A motivação para o meu trabalho veio da minha experiência como estudante
grávida na universidade e também da minha busca por emprego sendo mãe,
dona de casa e esposa.
 Objetivo da pesquisa: Elaborar e analisar as mulheres na universidade
abordando questão de dificuldades para terminar o curso e também questão de
assédio no ambiente acadêmico.
O trabalho aborda três fases cruciais para a compreensão:
 Inicia com uma retrospectiva do período trajetória da mulher na universidade
desde o período em que o acesso à educação era negado para elas até os dias
atuais, nos quais as mulheres constituem a maioria no ambiente universitário e
também uma breve contextualização da mulher no mercado de trabalho.
 Em seguida, realiza uma análise do questionário aplicado a alunas dos cursos
de Ciências Contábeis, Administração e Ciências Econômicas na UENP
(Universidade Estadual Norte do Paraná). O questionário investiga a percepção
das estudantes sobre assédio, os desafios enfrentados por mães universitárias
na conciliação de atividades acadêmicas e a avaliação da presença feminina na
universidade.
 A última fase do trabalho aborda possíveis sugestões para os próximos trabalho.
 Capítulo 1- UMA BREVE RETROSPECTIVA SOBRE OS DESAFIOS DA MULHER ATÉ
A UNIVERSIDADE
 Como tudo começou para a mulher no mercado de trabalho:
 (KÜHNER, 1977) O autor aborda que de acordo com a consolidação do sistema
capitalista, no século XIX, ocorreram várias mudanças na dinâmica do trabalho feminino.
Sendo a presença feminina nas fabricas sendo de 18 horas por dia.

 A entrada da mulher no mercado de trabalho, a autonomia na decisão sobre ter filhos, o


divórcio e novas parcerias amorosas alteraram o contexto social, redefinindo os papéis
femininos. Mulheres assumem responsabilidades tanto afetivas quanto econômicas,
saindo do ambiente doméstico para desempenhar papéis significativos na esfera social,
conforme destacado por Grant 2008 e Macêdo 2003.
Nas últimas décadas, as transformações sociais impactaram profundamente,
destacando-se a evolução do papel da mulher que, antes marginalizado, agora busca
e conquista espaços no mercado de trabalho. Essa mudança gera debates e
impulsiona um processo de aceitação e revisão de paradigmas culturais, conforme
discutido por Espíndola, 2011.
 Os problemas frequentes enfrentados hoje pelas mulher é a conciliação estudo,
trabalho, maternidade e trabalho domésticos no geral que poderia ser facilmente
divididas independe do gênero, mas a realidade é diferente. (Barbosa, Rosimar
Morais, e Mariany Almeida Montino, 2020)
 Gênero no Ensino superior no Brasil:
 Com base nos dados do Censo da Educação Superior 2019, as mulheres apresentam
índices de produtividade superiores aos homens, representando 43% dos concluintes em
comparação com os 35% dos homens na última década (2010-2019). Esses resultados
destacam a performance acadêmica favorável das mulheres nos cursos monitorados pela
pesquisa do Inep e MEC.

Em concordância com as reflexões de Barreto (2014), reconhecer e respeitar as conquistas


das mulheres na educação superior é essencial, mas também é fundamental continuar
trabalhando para superar as barreiras existentes e promover uma verdadeira igualdade de
gênero no contexto educacional e na sociedade em geral.
Metodologia
 Este trabalho está pautado em uma pesquisa de opinião com alunas do CCSA/UENP
(Centro de Ciências Sociais Aplicadas), nos cursos de Ciências Econômicas,
Contabilidade e Administração do Campus de Cornélio Procópio. Pelo perfil da pesquisa
(de opinião sem identificação) não foi preciso passar pelo comitê de ética. A decisão está
amparada pela RESOLUÇÃO Nº 510, DE 07 DE ABRIL DE 2016 do do Conselho
Nacional de Saúde (Art. 1o., Parágrafo Único e item I):
Art. 1 o Esta Resolução dispõe sobre as normas aplicáveis a pesquisas em Ciências
Humanas e Sociais cujos procedimentos metodológicos envolvam a utilização de dados
diretamente obtidos com os participantes ou de informações identificáveis ou que possam
acarretar riscos maiores do que os existentes na vida cotidiana, na forma definida nesta
Resolução.
Parágrafo único. Não serão registradas nem avaliadas pelo sistema CEP/CONEP:
I – pesquisa de opinião pública com participantes não identificados;
Perguntas de opinião (Questionário)
1-Em sua opinião, o curso é direcionado a:
( ) Homens ( ) Mulheres ( ) Ambos
2-Na sua opinião ser mulher influenciou sua escolha de curso?
( ) Sim
( ) Não
3- Na sua opinião como se dá a escolha do curso?
( ) Influência da família;
( ) estímulo de escolas anteriores; ( ) informação de amigas (os)
( ) Outros
4- Em sua opinião, tem aumentado o número de mulheres neste curso?
( ) Sim
( ) Não
5-Em sua opinião, existe preconceito em relação às mulheres que frequentam a universidade?
( ) Sim
( ) Não
6- Na sua opinião alunas mães, se sentem culpada por não poder passar mais tempo com seu
filho devido a elevada demanda de trabalho e estudos.
( ) Sim
( ) Não
7-Em sua opinião, as mulheres abandonam o curso em razão das tarefas que envolvem a
maternidade?
( ) Sim
( ) Não
8-Em sua opinião, no cotidiano das aulas, existe algum tipo de comentário negativo por parte dos colegas a
respeito da participação feminina no curso?
( ) Sim
( ) Não
9-Em sua opinião, no cotidiano das aulas, existe algum tipo de comentário negativo por parte dos professores a
respeito da participação feminina no curso?
( ) Sim

( ) Não
10-Em sua opinião, ocorre alguma situação de assédio na universidade ?
( ) Sim

( ) Não
11-Em sua opinião, ocorre alguma situação de assédio na universidade . Se sua resposta for NÃO, escolha apenas
essa opção. Nos demais casos você pode escolher todos os itens que considerar que se aplicam:
( ) Não (única escolha)
( ) Comentários machistas
( ) Piadas sexistas que desqualificam mulheres
( ) Comentários sexistas sobre a capacidade intelectual das mulheres ou seu papel na sociedade
( ) Comentários com conotações sexuais que desagradam ou humilham.,
( ) Comentários desagradáveis sobre a forma de se vestir, e/ou da forma de se arrumar
( ) Ouvir piadas que desqualificam intelectualmente a mulher assédio sexual por parte de colegas
( ) Cantadas na forma de intimidações e ameaças
 A pesquisa foi feita na UENP (Universidade Estadual do Norte do Paraná),
pesquisou-se alunas de Economia, Contabilidade e Administração. Com 156
questionários de um total de 310 alunas, a pesquisa ocorreu de 25/10/2023 a
08/11/2023 no CCSA/UENP. Foi garantido o anonimato para encorajar a
participação livre das mulheres na pesquisa.
 Resultados:

1-Esse número significante presente


no curso se deve a melhor divulgação
das mulheres no mundo dos negócios
a exemplo da gestora da Magalu Luiza
Trajano. Sob sua liderança, a empresa
cresceu e se tornou uma das maiores
varejistas do Brasil. Outro exemplo é
Cristina Junqueira – cofundadora do
Nubank que idealizou o mercado dos
bancos com menos cobranças de
tarifas e processos desburocratizados.
 Resultados dos questionários

2-É possível perceber que 30,3%


das discentes entrevistadas tiveram
o gênero como fator de escolha do
curso. Isso poderia apontar uma
valorização e/ou conscientização da
mulher nessas formações (ou de
outra forma espaço de trabalho).
3-É possível deduzir que existe uma
mudança de comportamento nos
cursos de ciências sociais aplicadas,
antigamente frequentados
majoritariamente por homens. Hoje as
mulheres predominam na universidade

4-Infelizmente junto com o


aumento da presença feminina nos
cursos de ciências sociais
aplicadas tem-se também, na
opinião das alunas, a presença do
preconceito.
5-Na Figura 5, 63,8% das mulheres
disseram que não acham que tem
preconceito, mas isso não quer dizer
que nunca passaram por algum tipo
de preconceito. Uma ideia que
podemos considerar é que talvez
seja difícil perceber o preconceito
quando as pessoas são próximas
umas das outras.

6-Algumas mulheres desempenham


múltiplos papéis como mães,
trabalhadoras e donas de casa,
conciliando essas responsabilidades com
os estudos para garantir um futuro melhor
para seus filhos e famílias. No entanto,
esse equilíbrio muitas vezes resulta em
uma escassez de tempo dedicado aos
filhos, gerando um sentimento de culpa.
7-Na Figura 7 as entrevistadas
(98%) expressam a crença de que
um considerável número de
mulheres-mães acaba
abandonando os cursos,
enfrentando desafios 25
significativos para conciliar a
busca por qualificação profissional
com as responsabilidades
maternas.

8-Observando-se a Figura 8,
embora uma parcela expressiva das
entrevistadas não tenha
presenciado tais comentários,
21,7% delas indicam situações
constrangedoras na sala de aula por
parte de colegas estudantes.
9-A Figura 9, atesta que porcentagem
expressiva -89,2%, indica a
existência da desqualificação devido
ao gênero, em comentários vindos de
professores.

10-Uma parcela significativa das


entrevistadas revelou ter
presenciado ou sido vítima de
assédio na universidade.
11-Uma análise relevante destaca que, embora a maioria das entrevistadas
tenha indicado, nos questionários 8, 9 e 10, que não percebe assédio na
universidade, ao serem apresentados exemplos específicos de assédio, muitas
delas, indicaram, na pergunta , ocorrências específicas de assédio que já
vivenciaram na universidade. Diante disso, é possível observar que algumas
das participantes parecem não ter uma compreensão clara do que constitui
assédio. As jovens podem ter dificuldade para perceberem/identificarem a
situação de assédio.
 Conclusão:

 Os resultados apontaram que mulheres enfrentam dificuldades nos cursos, influenciando


a desmotivação para continuar. Mães sentem culpa ao entrar no mercado de trabalho,
afetando a decisão de estudar. Assédio, especialmente em cursos de finanças, e a
percepção de inferioridade são desafios. No entanto, destaca-se o aumento de mulheres,
principalmente em cursos financeiros.
 Para as mulheres mães estudantes, trabalhadora Isso inclui proporcionar suporte
abrangente e incentivar um equilíbrio saudável entre trabalho, estudo e vida familiar para
as mulheres. Isso pode incluir políticas flexíveis no local de trabalho, programas de apoio
à maternidade, acesso a serviços de creche, oportunidades de desenvolvimento
profissional que considerem a diversidade de papéis femininos, entre outros.
 Uma observação importante destaca uma discrepância nas respostas de
alunas sobre assédio na universidade. Enquanto algumas negam o assédio
nas perguntas 5, 8 e 9, as questões mais detalhadas (10 e 11) revelam
experiências significativas. Propõe então a necessidade de conscientização
por meio de estratégias informativas, como palestras. Sugere pesquisas futuras
mais aprofundadas, com aprovação ética, para abordar de maneira abrangente
o problema do assédio nas instituições de ensino superior.Para as próximas
pesquisas, conduzir uma investigação mais aprofundada, obtendo a devida
autorização do comitê de ética, a fim de assegurar a profundidade e
integridade do estudo.
 REFERÊNCIAS
 BARBOSA, Rosimar Morais . MULHER UNIVERSITÁRIA: DIFICULDADES E SUPERAÇÕES PARA CONCLUIR O ENSINO SUPERIOR. Multi
debates, 2020. Disponível em: http://revista.faculdadeitop.edu.br/index.php/revista/article/view/305/275. Acesso em: 02 nov.
2023.
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trabalho. E-FACEQ: revista dos discentes da Faculdade Eça de Queirós, v. 2, n. 2, p. 1-32, 2013. Acesso em: 01 nov. 2023.
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 AGUIAR, Samara Gomes; PAES, Valquiria Normanha; REIS, Sônia Maria Alves de Oliveira. Mulher, mãe, dona de casa e esposa:
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 TAKAHARA, A. L.; MENDES, A. M. P. C.; RINALDI, G. P. MULHER NA EDUCAÇÃO SUPERIOR: ALGUNS APONTAMENTOS PARA O DEBATE.
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 OLIVEIRA, Mónica; TEMUDO, Eva. Mulheres Estudantes Trabalhadoras na Universidade do Porto–Uma licenciatura “fora de tempo”
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 PEREIRA, Cícero; TORRES, Ana Raquel Rosas; ALMEIDA, Saulo Teles. Um estudo do preconceito na perspectiva das representações
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 institucionais em casos de violência de gênero na universidade. Interface-Comunicação, Saúde, Educação, v. 23, p. e180653,
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