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PRINCÍPIOS DE FORMAÇÃO DE IMAGEM

Qualidade Radiográfica Um estudo da qualidade ou da técnica radiográfica


inclui todos aqueles fatores ou variáveis relacionados à precisão da reprodução
das estruturas e tecidos radiografados no filme radiográfico ou em outros
receptores de imagem. Alguns destes fatores ou variáveis relacionam-se. mais
diretamente, com o posicionamento radiográfico; a seguir, é fornecida uma
discussão dos aspectos aplicados destes fatores.

 Fatores de Exposição Os três fatores de exposição, quilovoltagem (KV),


miliamperagem (mA) e tempo de exposição (segundos. s). são,
respectivamente, os fatores de controle básico para contraste.
densidade e definição ou ausência de nitidez. A quilovoltagem (KV)
controla basicamente a qualidade ou a capacidade de penetração do
feixe de raios X e. desta forma, a escala de contraste de uma radiografia
A miliamperagem (mA) a o Tempo (s) geralmente são combinados em
miliampere segundo (mAs) como fator primário que controla a
quantidade do feixe de raios X. Portanto, mAs é o fator de controle
primário da densidade de uma radiografia. O tempo ou a duração de
exposição em segundos (s) ou milissegundos (ms) pode ser modificado
em combinação com mA para controlar o movimento durante a
exposição que resulta em perda da definição ou ausência de nitidez da
imagem. Portanto, obter aquela exposição ideal descrita para cada
projeção ou posição no tópico sobre critérios de avaliação requer uma
boa compreensão destas variáveis de exposição que são ajustadas no
painel de controle pelo radiologista para cada exposição.
 Fatores de Qualidade da Imagem Determinados fatores pelos quais se
avalia a qualidade de uma imagem radiográfica são denominados
fatores de qualidade da imagem. Todo radiologista deve compreender
estes fatores descritos neste capítulo, de forma que possam ser
avaliados, descritos e usados para produzir aquela radiografia de
qualidade ótima que é objetivo de todo exame radiográfico. Estes quatro
fatores de qualidade da imagem são densidade, detalhe, distorção e
contraste.

1. Densidade

Definição: A densidade radiográfica pode ser descrita como o grau de


enegrecimento da radiografia concluída. Quanto maior o grau de
enegrecimento, maior a densidade e menor a quantidade de luz que
atravessará a radiografia quando colocada na frente de um negatoscópio ou de
um foco de luz.

Fatores de Controle: O fator primário de controle da densidade é o mAs que


controla a densidade por meio de controle direto da quantidade de raios
emitidos do tubo de raios X durante uma exposição. Assim, a duplicação do
mAs duplicará a quantidade de raios X emitidos e a densidade. Além de mAs, a
distância também é um fator de controle para a densidade radiográfica. A
distância afeta a densidade de acordo com a lei do inverso do quadrado. Por
exemplo, a duplicação da distância, então, possui em efeito significativo sobre
a densidade, mas como geralmente é utilizada uma distância-padrão, o mAs
torna-se uma variável usada para aumentar ou reduzir a densidade
radiográfica.

Regra de Mudança da Densidade: Uma regra geral afirma que o mAs deve
ser alterado em no mínimo 30% para que haja uma modificação notável na
densidade radiográfica. Portanto, se uma radiografia for subexposta o
suficiente para se inaceitável, um aumento de 30% produziria uma alteração
notável, mas não seria suficiente para corrigir a radiografia. Uma boa regra
geral sugere que uma duplicação geralmente é a alteração mínima do mAs
necessária para corrigir esta radiografia subexposta.

Por exemplo: se uma radiografia da mão feita com 2,5 mAs ficou muito clara ou
foi subexposta em grau que indicou repetição, então o mAs deve ser
aumentado para 5 mAs se o KV e outros fatores não foram alterados. Da
mesma forma, uma radiografia subexposta ou muito escura que indica
repetição geralmente requer a redução do mAs à metade se outros fatores não
são alterados.

Sumário: Deve haver densidade adequada na radiografia pronta para


visualizar com precisão aqueles tecidos ou órgãos que estão sendo
radiografados. Uma densidade muito pequena (subexposição) ou uma
densidade muito grande (superexposição) não visualizará com precisão estes
tecidos ou estruturas.

2. Contraste

Definição: O contraste radiográfico é definido como a diferença de densidade


em áreas adjacentes de uma radiografia ou outro receptor de imagem.
Também pode ser definido como variação, a densidade. Quanto maior esta
variação, maior o contraste. Quanto menor esta variação ou menor a diferença
entre densidade de áreas adjacentes, menor o contraste. O contraste também
pode ser descrito como contraste de longa escala ou curta escala referindo-se
à faixa de todas as densidades ópticas desde as partes mais claras até as
partes mais escuras da radiografia. Isso é novamente demonstrado nas grafias,
mostrando grande contraste, com maiores diferenças nas densidades
adjacentes, e um contraste de escala curta porque há menos graus de
densidade diferente.

Objetivo ou Função: O objetivo ou função do contraste é tornar mais visíveis


os detalhes anatômicos de uma radiografia. Portanto, o contraste radiográfico
ótimo é importante, sendo essencial uma compreensão do contraste na
avaliação da qualidade radiográfica. Um contraste menor ou maior não é
necessariamente bom ou mau por si só. Por exemplo, um contraste menor com
menor diferença entre densidades adjacentes (contraste de longa escala) é
mais desejável em determinados exames, tais como radiografias do tórax onde
são necessários vários diferentes tons de cinza para se visualizarem as marcas
pulmonares muito finas. Isso é demonstrado comparando-se as duas
radiografias de tórax. O tórax com pequeno contraste (escala longa) demonstra
mais tons de cinza conforme evidenciado pelos tênues contorno das costelas e
vértebras visíveis através do coração e das estruturas do mediastino. Estes
tons de cinza que delineiam as costelas e as vértebras são menos visíveis
através do mediastino na radiografia torácica com grande contraste. Pode ser
desejável um maior contraste (escala curta) para demonstrar determinadas
estruturas ósseas, onde é necessária maior diferença em densidades
adjacentes para visualizar claramente contornos ou bordas, como para os
membros superiores ou inferiores. Entretanto, em geral, as radiografias com
contraste muito grande (escala curta) freqüentemente fornecem informações
insuficientes, e uma radiografia de menor contraste ou de escala longa
demonstrando um maior número de diferentes densidades pode fornecer mais
informações diagnósticas e, assim em geral, podem ser mais desejáveis.

Fontes de Controle: O fator de controle primário para contraste é o KV. A


quilovoltagem controla a energia ou a capacidade de penetração do feixe
primário. Quanto maior o KV, maior a energia e mais uniforme é a penetração
do feixe de raios X nas várias densidades de massa de todos os tecidos.
Assim, maior KV produz menor variação na atenuação (absorção diferencial),
resultando em menor contraste.

Sumario: Uma regra geral afirma que se deve usar a maior KV e o menor mAs
que proporcionarem informação diagnóstica suficiente em cada exame
radiográfico. Isto reduzirá a exposição ao paciente e, em geral, resulta em
radiografias com boa informação diagnóstica. O movimento voluntário, em
virtude da respiração ou do movimento da parte do corpo durante a exposição,
pode ser evitado ou, ao menos, minimizados por determinados fatores durante
o posicionamento. O uso de blocos de sustentação, sacos de areia ou outros
dispositivos de imobilização podem ser usados com eficácia para reduzir o
movimento. Estes são mais eficazes para exames dos membros superior ou
inferior, como será demonstrado em todo este texto. Também serão
demonstrados faixas de contenção a fim de sustentar os pacientes fracos ou
trêmulos, como uma forma de evitar o seu movimento durante a exposição. É
mais difícil, se não impossível, controlar completamente o movimento
involuntário como aquele decorrente da ação peristáltica de órgãos
abdominais. Se houver borramento da imagem em virtude do movimento, é
importante ser capaz de determinar pela radiografia se este é devido a
movimento voluntário ou involuntário, porque há diferentes formas de controlar
estes dois tipos de movimento.

Diferença entre movimento voluntário e involuntário: O movimento


voluntário, muito mais fácil de ser evitado, é caracterizado por borramento
generalizado de estruturas articuladas. É mais difícil controlar o movimento
involuntário como aquele decorrente de peristalse, e este pode ser identificado
como borramento localizado. Algumas vezes, determinadas técnicas de
relaxamento, ou em alguns casos instruções cuidadosas sobre respiração,
podem ajudar a reduzir o movimento involuntário. Entretanto, um tempo de
exposição curto é a melhor e, às vezes, a única forma de minimizar o
borramento da imagem divido ao movimento involuntário.

3. Detalhe
Definição: O detalhe registrado (algumas vezes denominado definição) pode
ser definido como a nitidez das estruturas na radiografia. Esta nitidez dos
detalhes da imagem é demonstrada pela clareza de finas linhas estruturais e
pelos limites de tecidos ou estruturas visíveis na imagem radiográfica. A
insuficiência de detalhes ou definição é conhecida como borramento ou
ausência de nitidez.

Fatores de Controle: O movimento é o maior empecilho para a nitidez da


imagem relacionado ao posicionamento. Outros fatores que controlam ou
influenciam detalhes são tamanho do ponto focal, DFoFi (distância foco-filme) e
DOF (distância objeto-filme). O uso de menor ponto focal resulta em menor
borramento geométrico, portanto em uma imagem mais nítida ou melhores
detalhes. Logo, pequeno ponto focal selecionado no painel de controle deve
ser usado sempre que possível. Combinado a um pequeno ponto focal, um
aumento da DFoFi e uma diminuição da DOF resultarão em menor borramento
geométrico, que aumentarão os detalhes.

Dois Tipos de Movimento: Há dois tipos de movimento que influenciam os


detalhes radiográficos: o movimento voluntário e o involuntário. Uma regra
geral para minimizar o borramento da imagem causado por movimento
voluntário é sempre utilizar dispositivos de suporte quando necessário; e, para
minimizar ambos os tipos de movimento, utilizar uma combinação filme-écran
mais rápida e o menor tempo de exposição possível. Como mA x s = mAs, a
mA e o tempo (em segundos, s, ou milissegundos, ms) são inversamente
proporcionais. Se a mA for duplicada, o tempo pode ser reduzido à metade. Em
geral deve-se usar maior mA e o menor tempo de exposição possíveis dentro
dos limites do equipamento específico usado.

Sumário: A perda de detalhes é causada, com maior freqüência, por


movimento, seja voluntário ou involuntário, que é basicamente controlado pelo
uso de dispositivos de imobilização e pequenos tempos de exposição. O uso
do pequeno ponto focal, a menor DOF possível e uma DFoFi maior, também
melhora os detalhes registrados ou a definição na radiografia conforme
descrito.

4. Distorção

Definição: O quarto fator de qualidade da imagem pelo qual se avalia e


descreve a qualidade radiográfica é a distorção, que pode ser definida com a
representação errada do tamanho ou do formato do objeto, tal como projetada
num registro radiográfico. A ampliação, algumas vezes, é relacionada como um
fator separado, mas, como é um distorção do tamanho, pode ser incluída
juntamente com a distorção do formato. Portanto, a distorção, seja do formato
ou do tamanho, é uma representação errada do objeto verdadeiro e como tal é
indesejável. Entretanto, nenhuma radiografia é uma imagem exata da parte do
corpo que está sento radiografada. Isso é impossível porque há sempre algum
aumento e/ou distorção devido à DOF e à divergência do feixe de raios X.
Portanto, a distorção deve ser minimizada e controlada.
Divergência do Feixe de Raios X: Este é um conceito básico, porém
importante, a ser compreendido em um estudo de posicionamento radiográfico.
A divergência do feixe ocorre porque os raios X originem-se de uma fonte
estreita no tubo e divergem ou espalhem-se para cobrir todo o filme ou receptor
da imagem. O tamanho do feixe de raios X (tamanho do campo da colimação)
é limitado por colimadores ajustáveis que absorvem os raios periféricos em
quatro lados, assim controlando o tamanho do campo de colimação. Quanto
maior o campo de colimação e menor a DFoFi, maior ângulo de divergências
nas margens externas. Isso aumenta o potencial de distorção nestas margens.
Em geral, apenas o ponto central exato do feixe de raios X, o raio centra (RC),
não apresenta divergência quando penetra na parte do corpo e incide no filme
a exatamente 90º ou perpendicular ao plano do filme. Isso resulta na menor
distorção possível neste ponto. Todo restante do feixe de raios X incide no
filme, formando algum outro ângulo que não 90º, com o ângulo de divergência
aumentando até as porções mais externas do feixe. A divergência do feixe de
raios X combinada ao tamanho do ponto focal cria borramento geométrico.

Fatores de Controle: Quatro fatores de controle primário da distorção são (1)


DFoFi, (2) DOF, (3) Alinhamento do objeto e (4) RC (raio central).

1) DFoFi: O efeito da DFoFi na distorção do tamanho é demonstrada. Observe


que, em uma DFoFi maior, há menor aumento que em uma DFoFi menor. Esta
é a razão básica pela qual as radiografias do tórax são feitas a 183 cm, e não
no mínimo, mais comum de 102 cm. O tamanho do coração é uma
consideração importante na radiografia do tórax, e uma DFoFi de 183 cm
resulta em menor aumento do coração e de outras estruturas dentro do tórax.
DFoFi Mínima 102 cm: Durante vários anos, foi prática comum utilizar 102 cm
como a DFoFi padrão para a maioria dos exames radiológicos. Entretanto, no
interesse de reduzir a exposição do paciente e de melhorar os detalhes
registrados ou definição, está tornando-se mais comum aumentar a DFoFi
padrão para 107, 112 ou 122 cm. Estudos mostraram, por exemplo, que o
aumento da DFoFi de 102 para 122 cm reduzirá a dose de entrada para o
paciente de 12,5%, com uma redução da dose integral(volume tecidual total
irradiado) de 11%. Também devido ao princípio de divergência do feixe de
raios X descrito acima, este aumento na DFoFi possui o benefício adicional de
reduzir o aumento e a distorção, assim reduzindo o borramento geográfico o
que aumenta o detalhe registrado ou definição.

2) DOF: O efeito da DOF sobre o aumento ou a distorção do tamanho é


claramente ilustrado. Quanto mais próximo o objeto que está sendo
radiografado estiver do filme, menor o aumento e melhor o detalhe ou a
definição. Esta é uma vantagem de fazer radiografias dos membros superiores
e inferiores n tampo da mesa e não na bandeja de Bucky. A bandeja de Bucky
na maioria dos tampos de mesa do tipo flutuante está 8-10 cm abaixo do tampo
da mesa, o que aumenta a DOF. Isso não apenas torna maior o aumento mais
também diminui a nitidez da imagem (definição).

Tamanho do Ponto Focal e Borramento da Imagem: Na verdade, existe uma


área no ânodo conhecida como ponto focal. O tamanho do ponto focal
determinado pelo tamanho do filamento no cátodo e pelo ângulo da área ativo
no ânodo. A seleção do pequeno ponto focal em um tubo de raios X de foco
duplo, ou o uso de um tubo de raios X com ânodo de menor ângulo resultará
em menor borramento da imagem devido ao efeito de penumbra do borramento
geométrico. O ângulo do ânodo é determinado pelo fabricante de equipamento
e, portanto, não é uma variável controlada pelo técnico. Entretanto, mesmo
com o menor ponto focal possível, há alguma penumbra. O efeito deste
borramento geométrico é muito aumentado quando a DOF é aumentada ou a
DFoFi diminuída. Portanto, um aumento na DOF e uma diminuição na DFoFi
não resultam apenas em uma maior distorção do tamanho ou aumento da
imagem, mas também aumenta o borramento geral da imagem radiográfica.

3) Alinhamento do Objeto: O terceiro importante fator de controle da distorção


relacionado ao posicionamento é o alinhamento do objeto. Este refere-se ao
alinhamento ou plano do objeto que está sento radiografado em relação ao
plano do filme de raios X ou outro receptor de imagem. Se o plano do objeto
não está paralelo ao plano do filme, ocorre distorção. Dois efeitos são
demonstrados quando o objeto não está alinhado corretamente ou não está
paralelo ao filme. O primeiro é a distorção através do encurtamento ou redução
do tamanho da imagem em comparação com o tamanho do objeto; ou
alongamento que é um aumento do tamanho da imagem em comparação com
o tamanho do objeto. Quanto maior o ângulo de inclinação do objeto, maior o
grau de distorção. Um segundo efeito do alinhamento inadequado do objeto é a
distorção das articulações ou das extremidades das estruturas ósseas. Isso é
mais bem demonstrado em articulações que envolvem os membros superiores
e inferiores. Por exemplo, se um dedo radiográfico não está paralelo ao filme,
os espaços articulares entre as falanges não serão visualizados como abertos
em virtude da superposição das extremidades ósseas. Isso demostra um
importante princípio de posicionamento. O alinhamento correto do objeto (no
qual o plano possível ao plano do filme) resulta em menor distorção e espaços
articulares mais abertos.

4) Raio Central (RC): Outro princípio importante no posicionamento e o quarto


fator de controle da distorção é o uso correto do RC. Como descrito
previamente no tópico sobre o princípio de divergência do feixe de raios X, em
geral apenas o centro exato do feixe, o RC, não apresenta divergência quando
projeta aquela parte do objeto a 90º ou perpendicular ao plano do filma.
Portanto, há a menor distorção possível do RC pois os raios X podem
atravessar um espaço articular neste ponto sem impedimento. A distorção
aumenta à medida que aumenta o ângulo de divergência do centro do feixe de
raios X para as bordas externas. Portanto, quanto mais próximo do ponto do
RC, menor a distorção. Por esse motivo, a centralização correta ou
posicionamento correto do RC é importante na minimização da distorção da
imagem.

Sumário: A distorção, que é um erro na representação do tamanho e do


formato da imagem radiográfica, pode ser minimizada por quatro fatores de
controle:

(1) DFoFi – aumento da DFoFi diminui a distorção (também aumenta a


definição);
(2) DOF – diminuição da DOF diminui a distorção (cominada um pequeno
ponto focal, a diminuição da DOF também aumentada a definição);

(3) Alinhamento do Objeto – a distorção é diminuída com o alinhamento correto


do objeto (o plano do objeto está paralelo ao plano do filme);

(4) RC – o posicionamento correto do RC reduz a distorção porque a porção


mais central do feixe de raios X com a menor divergência é mais bem usada.

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