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Andrologia
A) Sexualidade
B) Infertilidade
Capítulo 31
Disfunção do desejo sexual
Moacir Costa
A sexualidade constitui-se em componente funda- É importante saber que qualquer doença ou mal-
mental do ser humano. Está vinculada à sensibili- estar interfere nas percepções eróticas que desencadeiam
dade física e psíquica, à sociabilidade, à intimidade a resposta sexual do ser humano. As causas psicológicas
que impulsiona e mantém aceso o amor e a qua- são inúmeras e devem ser investigadas em uma
lidade de vida. anamnese específica para a realização diagnóstica das
A sua complexidade está relacionada às pressões, disfunções sexuais masculinas ou femininas.
aos julgamentos e às dificuldades ou conflitos que o A inibição, ou falta de desejo, nem sempre aparece
ser humano encontra desde o seu nascimento até a como um sintoma isolado; às vezes, faz parte de
morte, independente da cor, raça, religião, sexo ou um quadro psicopatológico mais amplo. Por outro
situação socioeconômica. lado, o aumento do desejo não tem conotação psico-
O desejo é uma manifestação viva das necessidades patológica. É observado nos estados de encan-
biológicas e psicológicas da sexualidade. tamento e paixão.
A identificação da disfunção do desejo sexual nem
sempre é fácil de ser realizada, à medida que o inte-
resse sexual nem sempre é uma reação facilmente Causas orgânicas
observável, em virtude das medidas e bloqueios que
impedem a sua manifestação. A redução do desejo sexual em decorrência de
Não existem estudos epidemiológicos que mostrem hipogonadismo primário ou secundário com compli-
o grau ou a incidência dessa disfunção sexual masculina cações para a obtenção e manifestação da ereção é
na população geral. encontrada em torno de 6% a 9% dos homens.
A inibição ou falta de desejo é o carro-chefe da Os níveis séricos de testosterona total e livre,
resposta sexual, à medida que o processo excitador quando se mostram baixos, acompanhados ou não
que vai conduzir ao orgasmo ou prazer depende de hiperprolactinemia e níveis normais ou elevados
fundamentalmente da motivação, da atração e das de LH, devem ser repostos por meio da adminis-
fantasias sexuais que dão início a essas trocas interativas, tração dos andrógenos.
afetivas, sensuais e eróticas. São importantes, como diagnóstico diferencial
A avaliação médica da redução ou ausência do de inibição ou redução do desejo sexual, de causa
desejo sexual deve basear-se na história clínica, exames orgânica dos pacientes com quadros depressivos e
físicos e complementares, para afastar comprome- ansiosos, que apresentam redução parcial dos níveis
timento endócrino (hipogonadismo), que provoca a de testosterona e que dificilmente respondem à
redução dos níveis de testosterona total e livre e outras reposição hormonal, em decorrência do quadro de
alterações como a hiperprolactinemia. angústia e estresse.
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Depressão
Causas sociais
A depressão é uma doença que compromete quase
30% da população mundial. É atualmente uma preo-
Desemprego e dificuldades financeiras
cupação dentro da saúde pública.
Além do comprometimento dos aspectos afetivos As incertezas relacionadas ao futuro, as dificuldades
e volitivos, a depressão facilita ou agrava outras de pagar as contas no final do mês e o fantasma do
doenças orgânicas. desemprego têm-se constituído em fatores altamente
A função sexual mostra-se prejudicada, à medida desgastantes para o equilíbrio emocional. A angústia
que a interação homem/mulher mostra-se compro- e a insegurança dificultam o namoro, as carícias e o
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jogo erótico, levando à apatia e ao desinteresse pela precisa ser trabalhado na psicoterapia, para que o
convivência a dois. Nessas circunstâncias, o homem paciente disfuncional tenha um amplo conhecimento
tende a se isolar, abusa mais do álcool e do cigarro e dessa ocorrência.
se mostra mais agressivo e violento. O tratamento poderá ser realizado individualmente,
Nesse cenário, não existe clima psicológico para quando os fatores causais estão relacionados a vivências
manifestação da sexualidade. A redução do desejo passadas, fonte do conflito sexual.
sexual agrava ainda mais o controle ejaculatório e a É importante conseguir detectar eventuais fatores
obtenção da ereção. desencadeantes e trabalhar a questão, seja por meio
de técnicas cognitivas, comportamentais, analíticas ou
Estresse profissional terapia de casal.
Considerando que vivemos em uma sociedade A escolha da técnica estará dependendo do quadro
injusta e competitiva, obrigando o homem a uma em questão e do treinamento do profissional.
luta feroz pela sobrevivência, é inevitável que o estres- A terapia sexual, centrada nos aspectos afetivos e
se passe a ser uma ameaça constante. sexuais, tem conseguido bons resultados, quando se
Por outro lado, o homem aprendeu desde cedo que trata de distúrbios ejaculatórios ou disfunção erétil, à
não pode errar e jamais fracassar. A relação com o traba- medida que as técnicas comportamentais, que têm
lho tem deixado de ser prazerosa, à medida que é reali- por objetivo a redução da ansiedade, mostram-se
zada de forma compulsiva em clima de incertezas. mais resolutivas nessas disfunções.
Repensar ou reavaliar a vida afetiva e sexual é difícil
Com o tempo, tudo parece sem graça e o homem
para muitos homens, em virtude de conceitos
não consegue entrar em sintonia com a profissão, com
idealizados ou mitificados. A educação que não valoriza
os amigos e com o sexo.
o prazer, ao contrário, cobra e desqualifica o homem
As fantasias sexuais desaparecem e o contato físico
desde a infância, contribui para estados de insegurança
fica resumido a beijos e abraços de despedida, sem
e baixa auto-estima em relação à sua sexualidade.
envolvimento e vibração. O relacionamento chega ape-
A terapia sexual focada nessas questões tem
nas a ser fraternal.
conseguido, principalmente quando se trabalha o
casal, criar um clima de encorajamento e motivação
Tratamento que possibilita à parceria buscar novas maneiras de
se relacionar, valorizando os aspectos afetivos e
Uma vez afastadas as causas orgânicas, partimos sensuais e assim revitalizar o desejo sexual, tornando
para a identificação das causas psicológicas. o relacionamento cada vez mais atraente e prazeroso.
Na minha experiência clínica, tenho observado que O uso do sildenafil e outras drogas que buscam
a redução do desejo sexual, na maioria das vezes, é uma melhora da ereção tem pouca eficiência nos
sintoma de um quadro amplo, em que diversos fa- pacientes portadores de baixa de desejo, à medida
tores estão interagindo. que a motivação sexual é baixa e praticamente não
Um exemplo comum é verificar o impacto de uma apresentam fantasias sexuais.
depressão por problemas financeiros e a existência de Após a recuperação parcial da confiança e auto-estima
discórdias ou mesmo desamor, que estão anulando a e a solidariedade da parceira, a prescrição desses medi-
sexualidade do casal. É importante verificar qual ponto camentos facilitam a retomada da atividade sexual.
ou foco de intervenção psicoterápica deveria ser O mesmo ocorre com a tentativa de reposição andro-
realizado em uma primeira etapa. gênica, em homens deprimidos, com baixo desejo e
Entretanto, o psicoterapeuta precisa estar atento para nível medianamente reduzido desse hormônio, que não
a causa mais comum e responsável pela baixa do desejo responde com melhora do interesse sexual, à medida
sexual: os estados depressivos, que, em determinadas que os fatores depressivos não são solucionados.
situações, exige o uso de medicação específica para ocorrer
a retomada da autoconfiança e estima, e somente mais
tarde é possível o retorno da atividade sexual.
Leitura recomendada
Um outro ponto a ser considerado é que o uso 1. Costa M. Sexo o dilema do homem – Força e fragilidade. São
de antidepressivos compromete a função sexual, Paulo, SP: Ed. Gente; 1993: pp. 13-211.
reduzindo o desejo e interferindo na ereção. Isso 2. Kaplan HS. A nova terapia do sexo. Rio de Janeiro, RJ: Nova
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Fronteira: 1997: pp. 19-494. princípios de condicionamento. Belo Horizonte, MG: Inter–
3. Kaplan HS. O desejo sexual. Rio de Janeiro, RJ: Nova Livros; 1980: pp. 15-288.
Fronteira, 1983. 5. Munjack DJ, Onziel J. Sexologia: diagnóstico e tratamento. São
4. Lazarus AA. Psicoterapia personalista. Uma visão além dos Paulo, SP, Livraria Atheneu, 1984.
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Capítulo 32
Disfunção erétil – epidemiologia
A disfunção erétil (DE) é definida como a inca- Mais recentemente, talvez um dos estudos mais
pacidade persistente do indivíduo em obter e/ou importantes nesta área foi desenvolvido no estado de
manter uma ereção suficiente para completar um Massachusetts, Estados Unidos, denominado de
intercurso sexual satisfatoriamente. Este aspecto Massachusetts Male Aging Study, que avaliou 1.290 homens
conceitual é extremamente relevante, visto que antes entre 40 e 70 anos de idade, e demonstrou uma taxa
da introdução do mesmo, em 1992, pelo NIH (Insti- global de 52% de DE. Estratificada por graus de
tuto Nacional de Saúde dos Estados Unidos), o severidade, 10% apresentavam DE severa; 25%,
termo impotência era utilizado para descrever disfun- moderada; e 17%, leve. Entre 40 e 70 anos de idade,
ções sexuais masculinas, muitas das quais não- a taxa de DE completa triplicou, passando de 5%
relacionadas à disfunção eretiva. para 15%, e a DE moderada duplicou, passando de
De uma maneira geral, é estimado que 152 mi- 17% para 34%. Além disso, mais recentemente, um
lhões de homens no mundo apresentam proble- acompanhamento desta população no período de
mas relacionados à função erétil e que esta cifra 1995 a 1997 demonstrou uma taxa de incidência de
deverá se duplicar em 25 anos. Somente nos Esta- DE igual a 25,9 casos/mil homens/ano, e uma relação
dos Unidos, estima-se que aproximadamente 30 de aumento de incidência com a idade foi claramente
milhões apresentam DE. demonstrada: 12,4/1.000; 29,8/1.000; 46,4/1.000 na
Entre os principais estudos que se dedicaram à quarta, quinta e sexta décadas de vida.
prevalência da DE, podemos citar o estudo histó- Na Europa, um estudo demonstrou que entre 1.983
rico de Kinsey, que em 1948, pela primeira vez, homens com idade variando de 50 a 70 anos de idade,
estabelece uma relação do aumento da ocorrência somente 26% dos indivíduos apresentavam uma
de DE com o envelhecimento masculino. Nesse função eretiva normal, sendo que 48%, 14% e 12%
estudo com 1.500 homens em idades variando entre referiam DE leve, moderada e severa, respectivamente.
10 e 80 anos de idade, Kinsey descreveu “impo- Na Ásia, altas taxas de DE também foram repor-
tência” em 25% dos homens com mais de 65 anos tadas como, por exemplo, em um estudo no qual
de idade, e esta taxa elevava-se para 75% quando 1.517 homens com idades variando de 23 a 79 anos
indivíduos com 80 anos ou mais eram considerados. participaram, respondendo o Índice Internacional de
Entre os estudos clássicos do passado, podemos Função Erétil (IIEF). Neste estudo, DE moderada e
destacar o Baltimore Longitudinal Study of Aging, que, severa foram observadas em 1,8% e 0% em homens
em 1986, descreveu que 8% dos homens saudáveis com idades variando entre 23-29 anos; 2,6% e 0%
aos 55 anos de idade apresentavam DE, e estas para idades entre 30-39 anos; 7,6% e 1% para idades
taxas ascendiam para 25%, 55% e 75% nas idades entre 40-49 anos; 14% e 6% para idades entre 50-59
de 65, 75 e 80 anos. anos; e 25,9% e 15,9%; quando homens entre 60-69
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anos eram considerados; finalmente, de 27,9% e Tabela 1: Potenciais fatores de risco para disfunção erétil, de
acordo com estudos epidemiológicos disponíveis
36,4% em homens cujas idades situavam-se entre 70-
79 anos, respectivamente.
No norte da América do Sul, no estudo conhecido
como DENSA, 53% dos homens referiam DE sendo
33% de intensidade leve, 16% de intensidade moderada
e 4% referiam DE completa.
No sul do Brasil, em 965 homens com idades
variando de 40 a 90 anos, respondendo o IIEF, a
DE foi observada em 53,9% dos homens, sendo
leve em 21,5%, moderada em 14,1% e severa em
11,9%. Além disso, nesse estudo, a estratificação por
idade demonstrou que, entre 40-49 anos, 36,4%
referiam DE leve; entre 50-59 anos, 42,5%; entre
60-69 anos, 58,1%; entre 70-79 anos, 79,4%; e 100%
dos homens com 80 ou mais anos de idade referiam
DE. Cifras semelhantes foram observadas no norte
do Brasil, onde 1.286 homens foram avaliados no
que concerne à prevalência da DE, sendo a mesma
detectada em 46,2% dos homens, com grau leve em
31,5%, moderada em 12,1% e completa em 2,6%.
Também neste estudo, a prevalência da DE aumen-
tou dez vezes entre homens de 40 a 70 anos, passando
de 1% para 11%. A DE moderada aumentou de
8% para 27% e a DE mínima permaneceu aproxima-
damente constante em 31%.
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Capítulo 33
Disfunção erétil – fisiopatologia
Celso Gromatzky
Carlos Ricardo Doi Bautzer
Didaticamente, a disfunção erétil pode ser dividida Tabela 1: Principais fatores de risco para disfunção erétil arterial
em grupos de acordo com sua fisiopatologia: arterial,
neurogênica, de origem hormonal, por fatores penia-
nos, psicogênica e farmacogênica.
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Disfunção erétil por Tabela 2: Principais drogas relacionadas à disfunção erétil farma-
fatores penianos cogênica
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Capítulo 34
Disfunção erétil –
avaliação diagnóstica
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de testosterona diminuídos) complementam a avalia- a pacientes com potencial de tratamento por outros
ção básica do paciente com queixas de DE. métodos diferentes da terapia oral.
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Capítulo 35
Disfunção erétil –
tratamento clínico
Ioimbina
É um antagonista do receptor alfa-2-adrenérgico e
vem sendo utilizado para se tratar a DE há mais de 100
anos, porém estudos de metanálise não demonstraram
eficácia comprovada, podendo ter bons resultados em
pacientes com DE de origem psicogênica. No Brasil, é
Tabela 2: Medicamentos orais utilizados para tratamento da DE
encontrado em comprimidos de 5,4 mg e deve ser
utilizado em intervalos de oito horas. Os efeitos colaterais
mais comuns são taquicardia, irritabilidade e náuseas.
Fentolamina
É um antagonista dos receptores alfa-1 e alfa-2-
adrenérgicos de ação curta, que bloqueia neurotrans-
missores como a adrenalina e noradrenalina, tendo
um potencial eretogênico. Inicialmente utilizado com Trazodona
entusiasmo, seu uso prático não demonstrou bons
resultados. O mesilato de fentolamina – compri- É uma medicação antidepressiva de ação seroto-
midos de 40 mg (dose máxima diária) – deve ser ninérgica que, devido a relatos de aumento da libido e
ingerido pelo menos 30 minutos antes da relação função sexual, pode ser utilizada de maneira empírica,
sexual e os efeitos colaterais mais comuns são cefaléia, principalmente em homens com DE decorrente de
taquicardia e hipotensão. ansiedade ou depressão, com diminuição de libido. A
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dose diária é de 50 mg e os efeitos colaterais mais Na realidade, os inibidores da PDE-5 são substân-
comuns são sonolência, boca seca e náuseas. cias que bloqueiam a inibição da ereção, sendo por-
tanto agentes facilitadores da ereção.
O sildenafil tem elevado grau de eficácia, compro-
Apomorfina sublingual vado após seu lançamento no mercado, e o vardenafil
e o tadalafil da mesma maneira tiveram excelentes resul-
É um agonista dopaminérgico que age principal- tados demonstrados em estudos clínicos. Esse grupo
mente em receptores D2 em áreas cerebrais envol- de agentes tem a característica em comum de serem
vidas com a mediação da ereção, particularmente contra-indicados aos pacientes que fazem uso de
no núcleo paraventricular. A ativação desses recep- medicamentos à base de nitratos (que são medica-
tores estimula as vias do óxido nítrico e ocitocina, mentos utilizados pelos portadores de angina), já que
originando um sinal excitatório que é transmitido aos a interação entre eles pode levar a uma hipotensão
núcleos parassimpáticos da medula espinhal sacral, o acentuada com possibilidade até de óbito.
que possibilita a ereção. Trata-se portanto de um agen- Os efeitos colaterais também são comuns nesse
te de ação central. Sua administração é por via sub- grupo e os mais freqüentes são: cefaléia, rubor facial,
lingual (demora cerca de dez minutos para ser dissol- congestão nasal, dispepsia e mialgia. São em geral
vido) e deve ser utilizado em torno de 30 minutos leves e transitórios. A taxa de descontinuação de uso
antes da relação sexual, não havendo interferência devido a efeitos colaterais é muito baixa – em torno
com álcool e alimentação. Sua meia-vida é de aproxi- de 2,5%. A segurança cardiovascular desses medica-
madamente três horas, o que permite poder ser mentos já está bem-estabelecida e estudos recentes
utilizada a cada oito horas, se assim desejado. Estudos têm mesmo demonstrado um efeito cardioprotetor
clínicos demonstraram uma boa eficácia, porém a do sildenafil.
prática clínica mostrou ser menos eficaz do que
inicialmente se esperava. É apresentada em compri- Sildenafil
midos de 2 e 3 mg, sendo esta última a dose mais
É o primeiro representante desse grupo, estando
utilizada. Indicada principalmente em homens com
disponível no mercado desde 1998. A concentração
DE leve a moderada, não tem contra-indicação de
plasmática máxima é obtida em torno de uma hora e
seu uso em pacientes que utilizam concomitantemente
sua vida média é de aproximadamente quatro horas
nitratos. Os efeitos colaterais mais freqüentes são náu-
(período de responsividade em torno de dez horas). É
seas, cefaléia e tonteiras.
apresentado em comprimidos de 25, 50 e 100 mg e
deve ser ingerido de 30 a 60 minutos antes da relação
Inibidores da sexual. Seu efeito pode ser comprometido por alimen-
fosfodiesterase tipo 5 (PDE-5) tação e bebidas alcoólicas e não deve ser utilizada mais
do que uma dose máxima diária. Devido a também
São os agentes mais utilizados na atualidade, devido inibir de uma forma bastante leve a PDE-6 – que está
ao alto grau de eficácia e segurança. São medicamentos presente na retina –, pode apresentar em raros casos
de ação periférica, em nível peniano. Em uma ereção distúrbios visuais (fotossensibilidade, visão borrada).
normal, com o estímulo erótico há a liberação de Vardenafil
neurotransmissores – sendo o principal deles o óxido
nítrico. O óxido nítrico age sobre a musculatura lisa Possui uma composição química bastante seme-
peniana, promovendo o aumento da concentração lhante ao sildenafil, tendo portanto aproximadamente
intracelular do cGMP ou GMP cíclico (guanilato- o mesmo perfil farmacocinético e farmacodinâmico.
monofosfato cíclico), que é um segundo mensageiro A concentração plasmática máxima é obtida entre
que induz a dissociação do complexo actina-miosina, 40 e 60 minutos e sua vida média é aproximada-
o que promove a diminuição da concentração de cálcio mente 4 horas (período de responsividade em torno
intracelular com conseqüente relaxamento das fibras de dez horas). Apresentado em comprimidos de 5,
musculares lisas, o que permite a ereção. A PDE-5 10 e 20 mg, deve ser ingerido de 30 a 60 minutos
está presente no tecido cavernoso peniano e ela é a antes da relação sexual e parece não ter interferência
enzima responsável pela hidrólise do GMP cíclico, o com a ingestão de alimentos e bebidas alcoólicas. Não
que promove o retorno do pênis ao estado flácido. deve ser utilizada mais que uma dose máxima diária.
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Droga intra-uretral
Os resultados da prostaglandina são inconsistentes
e hoje poucos pacientes se beneficiam desse tipo de
tratamento. Leitura recomendada
Dispositivos a vácuo 1. Torres LO, Wroclawski ER et al. Reunião de Diretrizes Básicas
em Disfunção Erétil e Sexualidade da Sociedade Brasileira de
Promovem uma pressão negativa ao redor do pênis Urologia – II Consenso Brasileiro de Disfunção Erétil. São
Paulo, BG Editora e Produções Culturais Ltda, 2002. p. 111.
com aumento de fluxo de sangue e ereção, contida por
2. Jardin A, Wagner G, Khoury S, Giuliano F, Padma-Nathan
um anel na base do pênis. Método pouco espontâneo e H, Rosen R. Erectile Dysfunction. United Kingdom,
de pouca aceitação em nosso meio. Health Publication Ltd, 2000, p. 727.
125
Capítulo 36
Disfunção erétil –
tratamento cirúrgico
Sidney Glina
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tratar focos infecciosos (dentes, cirurgia do intestino absorção, embora mais difícil, pois diminui a chance
grosso etc.), para evitar a ocorrência de infecção tardia de hematoma pós-operatório. A bomba escrotal deve
por via sistêmica, situação rara, mas que pode ser ficar o mais superficial possível, para facilitar a
bastante danosa. manipulação do paciente e as conexões devem ficar
sepultadas abaixo do tecido subcutâneo.
Cuidados no implante de A prótese de duas peças já vem pré-montada, é
prótese maleável mais fácil de ser colocada e eu prefiro utilizá-la nos
pacientes submetidos previamente à prostatectomia
A incisão preferível é na região penoescrotal, po-
radical, onde o reservatório abdominal ficaria próximo
dendo ser incisão única ou duas incisões transversais.
à região da anastomose uretrovesical, caso se utilize
A utilização de sonda de Foley durante a operação
prótese de três peças. Nestas próteses, deixo os cilin-
facilita a localização da uretra, diminuindo a chance
dros parcialmente inflados ao final da operação e o
de lesão uretral, principalmente nos reimplantes. A
paciente começa a manipulá-los (inflar e desinflar) após
incisão longitudinal na túnica albugínea deve ser
duas semanas.
ampla, o que facilita a colocação e diminui a mani-
As próteses de três peças podem vir da fábrica
pulação da prótese. Os corpos cavernosos devem
já pré-conectadas, restando apenas fazer a conexão
ser dilatados cuidadosamente com dilatadores de
do reservatório abdominal com o resto do sistema.
Hegar, buscando-se preservar o tecido e a artéria Antes de se iniciar a colocação propriamente dita,
cavernosa, para possibilitar tumescência deste no pós- o ar deve ser esvaziado dos cilindros, da bomba e
operatório, o que melhora o resultado. As hastes de do reservatório. A colocação do reservatório abdo-
silicone devem ir desde a região crural até o terço minal pode ser feita através do anel inguinal ou por
distal da glande. A sutura contínua da albugínea, com meio de uma segunda incisão inguinal, que deve ser
fio 3-0 de longa absorção, previne hematomas pós- preferida nos casos de recolocação ou em pacientes
cirúrgicos. Não há necessidade de curativo compres- previamente submetidos a cirurgias pélvicas. Uma
sivo e a sonda pode ser retirada imediatamente após vez colocado o reservatório, este é preenchido com
esvaziar-se a bexiga. solução fisiológica e a conexão final é realizada,
O paciente poderá retomar sua vida sexual após prevenindo-se a entrada de ar no sistema. Nas pró-
30 dias. teses de três peças, o reservatório abdominal é dei-
Cuidados no implante das xado cheio (e os cilindros vazios) para que a pseu-
dotúnica de fibrina (que se forma ao seu redor)
próteses infláveis
não o comprima. O paciente começa a inflar e de-
O acesso pode ser infrapúbico ou penoescrotal, e sinflar o sistema após duas semanas.
para isto as extensões têm comprimentos diferentes. O reinício das atividades sexuais ocorre ao redor
Prefiro a incisão penoescrotal transversa. Os corpos do terceiro dia de pós-operatório.
cavernosos devem ser dilatados e o comprimento dos
Cirurgia vascular para tratamento da DE
cilindros deve ser escolhido cuidadosamente, usando-
se o mínimo de extensores, procurando fazer que a Desde a década de 1940, sabe-se que a obstrução
conexão do cilindro saia no ângulo inferior da incisão. arterial em nível aorto-ilíaco pode causar DE. Em 1973,
Eu prefiro utilizar os cilindros de diâmetro maior (por foi proposta a realização de anastomose da artéria epigás-
exemplo, 13 ou 15 mm na prótese de duas peças), trica para o corpo cavernoso e depois para a artéria
que apresentam melhor resultado estético e funcional. dorsal do pênis, como método para aumentar a irrigação
O sistema deve ser testado várias vezes para se iden- arterial peniana. Entretanto, estas operações apresentam
tificar possíveis maus funcionamentos. Os cilindros são resultado apenas em curto prazo com obstrução das
introduzidos nos corpos cavernosos por meio da tra- anastomoses.
ção do fio que existe em sua extremidade glandar. Hoje, em alguns centros, a revascularização micro-
Este fio é passado através da glande com a agulha cirúrgica do pênis é reservada a pacientes jovens com
reta que acompanha o kit de inserção das próteses insuficiência arterial, após trauma peniano ou perineal, e
infláveis. A túnica albugínea precisa ser suturada mesmo assim com resultados contestados.
cuidadosamente para não se danificar os cilindros. Eu A revascularização peniana é possível com bons
prefiro a sutura contínua com fio 3-0, de longa resultados nas lesões isoladas do território aorto-ilíaco,
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Capítulo 37
Disfunção ejaculatória
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Capítulo 38
Disfunção orgásmica
Carmita H. N. Abdo
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Capítulo 39
Disfunção de Peyronie
Cláudio Telöken
Túlio M. Graziottin
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cordée, trombose veiodorsal, infiltração leucêmica tamento, utilizamos ereção artificial para planejar e
dos corpos cavernosos e outros. Uma fotografia do monitorar o resultado final da cirurgia.
pênis em ereção deve ser utilizada como documento Dentre os procedimentos de encurtamento penia-
da tortuosidade. Deve-se anotar localização, número no, a plicatura da parte convexa do pênis traz resul-
e tamanho das placas, bem como medir o compri- tados satisfatórios em um grupo de pacientes que
mento do pênis sob estiramento. Utilizamos ultra- não tenha curvaturas acentuadas (maior que 70 graus)
som com Doppler colorido, que tem a vantagem de ou deformidades em vidro de relógio e em indiví-
estudar, além da albugínea, a anatomia das artérias e duos que aceitem algum encurtamento peniano.
veias penianas. O estudo radiológico do pênis com Utilizamos as plicaturas com ou sem ressecção da
filmes de mamografia ajuda na identificação de placas túnica e sutura com fio inabsorvível. Encurtamento
com tênue calcificação. Em casos especiais, a RMN peniano e nódulos palpáveis são queixas de alguns
pode demonstrar mais detalhes anatômicos do pênis. pacientes no pós-operatório.
O estudo do perfil imunitário (imunoglobulinas, C3, Técnicas de substituição da túnica são as preferidas
C4, antiestreptolisina 0, fator antinuclear, fosfatase para pacientes que não querem ter seu pênis encurtado
alcalina) ainda carece de fundamento científico sólido (curvaturas exageradas). Normalmente envolvem
para o uso rotineiro. incisão ou excisão da placa e substituição da albugínea
retirada. Em alguns casos, é necessário o isolamento
do feixe vasculonervoso dorsal ou raramente da uretra
Tratamento peniana. Até o momento não se tem o substituto
ideal para albugínea. Vários materiais orgânicos e
O tratamento inicial deve ser conservador. Muitos inorgânicos têm sido testados como substitutos, entre
pacientes possuem curvaturas pequenas ou somente eles: fáscia temporal, dura-máter, túnica vaginal, veia
placas palpáveis e devem ser orientados sobre a safena, derme e pericárdio de cadáver, Dacron e
benignidade da doença. Em pacientes com dor, Goretex. Em nosso serviço preferimos o uso de
utilizamos um teste terapêutico com colchicina 0,5 mg aponeurose do reto, fáscia lata ou enxerto de albugínea
de 12/12 ou 8/8 h por três meses. Outros antiinfla- da crura do próprio paciente.
matórios podem ser utilizados. Eventuais combi- Implantes penianos têm sido utilizados em paci-
nações da colchicina com tamoxifeno e/ou pento- entes com doença de Peyronie que não apresentam
xifilina podem beneficiar alguns indivíduos. Injeção ereções adequadas, mesmo com tratamento espe-
intralesional é outra alternativa a ser tentada com cífico para disfunção erétil. Devemos preferir pró-
resultados benéficos oscilando de 30% a 80%. Temos teses semi-rígidas ou infláveis com reforço nos cilin-
utilizado o verapamil intralesional 10 mg semanal por dros. Caso haja importante curvatura, devemos inci-
oito a 12 semanas. Interferon alfa-2b intralesional está sar a região com a placa e substituí-la com material
ainda sob investigação. sintético ou orgânico, moldando a prótese, em segui-
O tratamento cirúrgico deve ser reservado para da, nos corpos cavernosos.
pacientes com no mínimo 12 meses de evolução,
doença estável, ereção preservada ou que respondam
a fármacos via oral, curvaturas severas, dificuldade Leitura recomendada
para o coito e deformidades em vidro de relógio. A
1. Graziottin TM, Resplande J, Gholami S, Lue T. Peyronie’s
maioria dos autores tenta tratamento clínico como disease. Braz J Urol, 27: 326-40, 2001.
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