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CAPÍTULO 6
SOLUÇÕES
SUMÁRIO
6 SOLUÇÕES
6.1 Introdução
Para que uma reação química ocorra entre duas substâncias, os íons ou
moléculas constituintes dos reagentes devem entrar em contato uns com os outros.
Por esta razão, a velocidade na qual acontece uma reação depende de quão
facilmente as espécies reagentes são capazes de se intermisturarem. Por exemplo,
juntando cristais de NaCl(s) e AgNO3(s), nenhuma reação química notável ocorrerá.
Agora, preparando-se soluções de NaCl(aq) e AgNO3(aq), o que acontece é:
NaCl(aq) + AgNO3(aq) → [Na+ + Cl-] + [Ag+ + NO-3] → AgCl + NaNO3
Isso ocorre porque nas soluções as substâncias estão intimamente misturadas a
nível iônico ou molecular e as transformações químicas podem ocorrem
rapidamente.
Enfocando o assunto de soluções por um outro lado, podemos constatar que
a vida existe apenas na presença de água. Acredita-se que a vida originou-se nos
oceanos há aproximadamente 2200 milhões de anos, 4000 milhões de anos depois
de ter começado o resfriamento da terra, 500 milhões de anos antes do surgimento
de bactérias anaeróbicas (unicelulares). Muitas espécies evolucionaram até o
estágio de não precisar viver imersas, mas não conseguiram evoluir o
suficientemente para deixar de precisar da água para a manutenção de suas vidas.
O destaque que se dá às reações em sistemas aquosos, além da grande
disponibilidade da água como solvente, deve-se à tamanha importância da água
como o meio onde ocorrem as reações bioquímicas.
A água pura não existe naturalmente, mas sim repleta de íons, gases e
minerais dissolvidos. Na prática, a maioria das substâncias são soluções na
natureza (o mar, por exemplo), processos vitais (fluidos corporais em todas as
formas de vida, lágrimas, suor, sangue) e nos processos industriais, na produção do
aço ou dos semicondutores tipo-n e tipo-p.
Figura 6.1 - Curvas de aquecimento e ponto de fusão para (a) uma mistura
heterogênea de dois componentes e (b) uma solução de dois componentes.
∗
Sistema é a porção do universo que está sob observação.
190
∗∗
Estes conceitos serão aprofundados no item referente à solubilidade.
191
Uma mistura de dois ou mais gases sempre formará solução, pois os gases
sempre se misturam uniformemente entre si em qualquer proporção. Uma solução
gasosa possui suas moléculas distantes umas das outras, em movimento rápido e
caótico, colidindo frequentemente entre si e com as paredes do recipiente que a
contém e preenchendo todo o seu espaço disponível, assim como ocorre em
qualquer gás. A única diferença entre um gás puro e uma solução gasosa é que esta
não possui todas as moléculas iguais. Um exemplo bem familiar de solução gasosa
é o ar, que é composto basicamente de N2 (78%), O2 (21%) e Ar (1%), com
pequenas concentrações de CO2, H2O, Ne, He entre outras substâncias.
6.4 Solubilidade
Solubilidade
Substância Fórmula
(mols de soluto/100g de H2O)
metanol CH3OH ∞
etanol C2H5OH ∞
propanol C3H7OH ∞
butanol C4H9OH 0,12
pentanol C5H11OH 0,031
hexanol C6H13OH 0,0059
heptanol C7H15OH 0,0015
Tabela 6.2 - Solubilidade de alguns álcoois em água.
Uma vez alcançado o equilíbrio, não se pode dissolver mais partículas sólidas
sem a cristalização simultânea de uma massa igual de íons dissolvidos. Diz-se que
esta solução é saturada.
Em toda solução saturada há equilíbrio dinâmico. Por exemplo, a troca
contínua de moléculas de O2 através da superfície da água e um recipiente aberto
(muito conveniente para peixes já que respiram o oxigênio dissolvido).
Entretanto, a solubilidade de muitos sólidos aumenta com o aumento da
temperatura. Soluções supersaturadas são soluções que contém quantidade de
soluto maior que aquela do ponto de saturação. Elas são preparadas a altas
temperaturas. Por exemplo, a 20ºC adicionamos soluto a uma solução até
saturação, aumentando a temperatura, mais soluto será dissolvido, pois a solução
retém mais soluto que na temperatura original. Agora resfriamos lentamente sem
nenhuma agitação até 20ºC e o soluto deve permanecer em solução. Neste ponto se
diz que a solução supersaturada é metaestável, pois produz cristais se lentamente
perturbada ou se forem introduzidas “sementes”, como partículas de pó ou cristais.
Nestas condições, o soluto sólido excedente cristaliza (precipita) e a solução se
torna saturada. Um bom exemplo disso são as nuvens, que estão supersaturadas
com umidade. Pulverizando finas partículas de iodeto de prata, induz-se a
precipitação de H2O.
6.5.3 Molaridade
6.5.4 Molalidade
∗
O número de mols de uma substância pode ser obtido dividindo a massa da amostra em gramas por
sua massa molar. Por exemplo, o número de mols de 10g de H2O é:
10 g
n H2O = = 0,56mol
( 2 × 1 + 16 )g / mol
203
nA
µA = (6.4)
mB
onde nA é o número de mols do soluto A e mB é a massa de solvente B em kg. Uma
solução contendo 2mol/kg diz-se 2 molal e escreve-se 2m.
6.5.6 Normalidade
6.6 Eletrólitos
∗
A massa de um mol de uma substância é a massa molar da mesma em unidade de massa
(gramas), por exemplo, a massa molar de uma molécula de H2O é 18g/mol, portanto, a massa de 1
mol de H2O é 18g (= 1 mol x 18g/mol).
204
∗
Não confundir com o termo ionização. A dissociação é o processo de separação dos íons de um
eletrólito enquanto que a ionização é a formação de um íon a partir de um átomo ou molécula pela
perda de um elétron.
206
Como se pode ver na fig. 6.10, o extremo positivo das moléculas de água
atraem os íons Cl-, o que dá origem ao cloreto hidratado. A espécie como um todo
apresenta carga negativa. Os íons Na+ sofrem hidratação semelhante junto ao
extremo negativo das moléculas de água.
Na solução formada, ocorre um transporte total de cargas negativas e
positivas que fica evidenciado ao se introduzir eletrodos, quando os íons Na+ são
atraídos para o eletrodo negativo e os íons Cl- para o eletrodo positivo, possibilitando
a passagem de corrente elétrica.
solução básica por formar NH4OH (hidróxido de amônio, [NH4 + OH-]), sendo que
nunca se detectou a presença da espécie discreta NH4OH.
Não é algo óbvio definir a água como um ácido ou uma base. Mesmo em
estado sumamente puro, a água conduz corrente elétrica, o que denota que esteja
ligeiramente dissociada
H 2 O → H + + OH −
H 2 O + H 2 O → H 3 O + + OH −
A água é um eletrólito muito fraco, pois a magnitude da dissociação é
pequena ([H+] = 1x10-7M). Em média, somente 2 moléculas em 1000 milhões estão
dissociadas. Por exemplo, o HCl, um ácido forte, dissocia-se completamente em H+
e Cl-; um ácido fraco, como o ácido acético HC 2 H 3 O 2 → H + +C 2 H 3 O -2 (acetato) é
ligeiramente dissociado. Como consequência, a água pura não é um bom condutor
de eletricidade.
Outros solventes apresentam autodissociação semelhante. Por exemplo, a
amônia, NH3, líquida a -33ºC, 1 atm dissocia-se em NH3 líquida
←−
NH 3 → H + + NH 2− base ( NH2− )
que é geralmente mostrada como
←−
2NH 3 → NH 4+ + NH 2+ ácido ( NH +4 )
HCl e Cl- são, respectivamente, ácido e sua base conjugada (par 1). Como a água
H2O recebe prótons, ela é a base conjugada do ácido H3O+ (par ácido-base
conjugado 2). Em geral, quanto mais forte é um ácido, mais fraca é sua base
conjugada; quanto mais forte é uma base, mais fraco é seu ácido conjugado.
O grau em que uma substância dissolvida pode atuar como ácido ou base
depende em grande parte do solvente. Outro exemplo:
NH 3 + H 2 O → NH 4+ + OH −
base 1 ácido 2 ácido 1 base 2
NH3 recebe próton da água
HCl + NH 3 → NH +4 + Cl −
Esta reação acontece na ausência de solvente, formando cloreto de amônio
NH4Cl (sólido iônico)
HCl + NH 3 → NH 4 Cl
De acordo com esta teoria, a água pode reagir tanto como ácido (para formar
sua base conjugada OH-) quanto como base (para formar seu ácido conjugado
H3O+), processos estes que ocorrem na autodissociação da água.
O soluto só pode exibir características ácidas se sua capacidade em doar
prótons for superior à do solvente. Por exemplo, o HF atua como base em HClO4:
HClO 4 + HF → H 2 F + + ClO −4
Ácidos inorgânicos dissolvidos em água apresentam maior tendência de doar
prótons. Todos os ácidos inorgânicos comuns doam prótons à água dissociando-se
completamente. Um solvente nestas condições é chamado solvente nivelador, pois
ele comunica aos ácidos inorgânicos em questão, mais ou menos a mesma energia
que é liberada.
Solventes diferenciadores como ácido acético glacial HC2H3O2, acentuam a
diferença da força ácida de alguns ácidos inorgânicos que são somente
parcialmente dissociados. Isto porque é um receptor de prótons fraco, já com
características de doador. Este comportamento leva a concluir que um soluto que
atua como base fraca em água se comporta como base forte em ácido acético. O
solvente assim exerce um efeito nivelador sobre as bases.
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6.6.4.6 Anfoterismo
LISTA DE EXERCÍCIOS
SOLUÇÕES