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Reflexão sobre Pompéia 24 de Agosto de 2010

por Gabriela B. Munin NA2 PUC-SP

No ano de 79d.C., uma das cidades mais importantes do mundo antigo, virou
História. Há exatos 1931 anos, a maior erupção do Vesúvio destruiu Pompéia e cidades
vizinhas. A vida nessa cidade foi interrompida instantaneamente. Os habitantes de
Pompéia foram apanhados de surpresa naquele dia 24 de Agosto. A maioria escapou,
mas os que morreram foram colhidos no ato de fugir, abraçando suas famílias ou
próximos a objetos de valor.

Pompéia era uma das maiores cidades mercantis do Império Romano. Seus
fundadores foram os oscanos de Campânia, um povo itálico, mas bárbaro. No 6º século
a.C., colonizadores gregos se apoderaram de todo o golfo de Nápoles. Pompéia não
escapou à hegemonia grega. Adotou os costumes gregos, ergueu construções no estilo
grego, adorou deuses gregos, contribuiu para o comércio e adquiriu grandes lucros com
isso. Logo após, toda a região foi tomada pelos samnitas, um povo das montanhas de
Hirpania e Samnium. Pompéia foi, então, reconstruída em estilo itálico.
Os pompeianos aceitavam cada novo regime sem protestos, contanto que
nenhum deles interferisse com o comércio. Salve Lurum era seu lema.
Nos dois últimos séculos de sua existência, Pompéia e todas as cidades ao redor
caíram sob as legiões romanas comandadas pelo ditador Lucius Sulla. Desde então,
Pompéia tornou-se colônia de Roma.

Pompéia era uma cidade compacta, intensamente bairrista, com cerca de 20 mil
habitantes, cobrindo uns 150 acres e muito desenvolvida. Salas termais, estalagens,
adegas, bordéis faziam da cidade um atrativo para viajantes. Em relatos da época,
podemos perceber que os pompeianos não eram apenas negociantes. Exerciam diversas
funções que contribuíram para o desenvolvimento da cidade.
A notável energia e prosperidade de Pompéia se davam por conta da fertilidade
de seu solo, provavelmente conseqüência da presença do vulcão. Existiam três colheitas
anuais de milho, legumes em abundância e olivais. Havia também uma indústria de
tecidos e o mar oferecia grande quantidade de peixes. Pompéia era um local de
mercados e artesãos; quase nada lhe faltava.
A cidade de Pompéia também tinha grande fama de excessos. Era uma cidade
para se ganhar dinheiro a ser gasto com prazeres seculares, no leito ou na arena.
Proliferavam os símbolos fálicos, esculpidos, pintados e erigidos como monumentos.
Tudo isso talvez explique a atração que a região exercia sobre os ricos romanos, cujas
casas de campo eram inúmeras nos arredores. Um dos bairros mais conhecidos da
cidade, então, se tornou Vico degli Schleteri, que era dedicado aos prazeres da carne.
Quanto à política, pareciam jamais parar. Alguns relatos da época, inclusive, se
colocam em dúvida sobre o que era mais importante para os pompeianos: as eleições ou
o prazer físico.
Ao contrário do que alguns pensam, os pompeianos não eram um povo pagão.
Possuíam mais cultos do que deuses. Honravam o Apolo dos gregos, compartilhando-o
indiferentemente com Zeus Meilichios, Atena e até a egípcia Ísis. Roma, evidentemente,
insistia em trazer a Tríade Capitolina, de Júpiter entre Minerva e Juno. Mas a principal,
no entanto, era a deusa tutelar, a própria Vênus. E, uma vez que esse era um povo que
fazia vinho e vivia dele, Dionísio.
Esse povo, evidentemente avançado, não esperava o fim trágico de seu lar, uma
calamidade gigantesca.
No documento baseado no relato de Plínio, o Moço, tomamos consciência de
que 2 mil cidadãos pereceram em questão de uma ou duas horas, esmagados pelas
pedras ou sufocados pelas cinzas, e a cidade logo ficou sepultada a uma profundidade
de, pelo menos, quatro metros.

No fim do século XVI, durante as escavações de um canal subterrâneo, o


arquiteto Fontana descobriu várias construções soterradas, com inscrições e pinturas nas
paredes. Mas somente em 1748 é que se fez uma séria tentativa de descobrir o que havia
ali. Com o encorajamento do Rei Charles de Bourbon, foi enviada uma equipe de 13
pessoas para efetuar investigações. Foram necessários 15 anos para se chegar à
conclusão de que o que estava ali era a legendária Pompéia.
Desde então, foram encontrados prédios públicos, casas, aquedutos, teatros,
termas, lojas, objetos e afrescos, que revelaram importantes aspectos do cotidiano de
uma típica cidade do Império Romano.

Atualmente, as ruínas do sítio arqueológico de Pompéia são visitadas por


milhares de turistas do mundo todo. Uma cidade marcada por uma grande tragédia, mas
que a tornou imortal.

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