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DIÁRIO DE CAMPO

Cristiane Tonezer
Deise Riquinho
Luciana Alcântara
Introdução
Diário de campo/Notas de campo:
• Instrumento complexo que permite o detalhamento
das informações, observações e reflexões sugeridas
no decorrer da investigação ou momento observado
(LOPES, 1993);

• É um tipo de abordagem metodológica observacional,


utilizando-se a observação como instrumento de coleta
de dados e registro em diário de campo;
• “Fotografia instantânea”;
• Não é neutro - leva a campo seus pré-conceitos, idéias
e posições na elaboração da realidade.
Definições
• É um “diário de bordo” onde se anotam, dia após dia,
com estilo telegráfico, os eventos da observação e
a progressão da pesquisa (BEAUD, WEBER, 1998);
• Polit e Hungler (1995) incluem a dimensão de cunho
mais interpretativo das anotações, considerando
que durante a observação de um fato, o pesquisador
já poderia registrar algumas análises sobre o
acontecimento;
• É o relato escrito daquilo que o investigador ouve,
vê, experiencia e pensa no decurso da coleta de
dados ( BOGDAN, BIKLEN, 1994).
Como construir um diário
de campo
• Descritivo: preocupação em captar imagens por
palavras do local, pessoas, ações e conversas
observadas;
• retrato dos sujeitos
• reconstrução dos diálogos
• descrição do espaço físico
• relatos de acontecimentos particulares
• descrição de atividade
• comportamento do observador

( BOGDAN, BIKLEN, 1994).


Como construir um diário
de campo
• Reflexivo: é a parte que apreende mais o ponto de
vista do observador, as suas idéias e preocupações.
É a fase do registro mais subjetiva;
• sobre análise
• sobre o método
• sobre conflitos e dilemas éticos
• sobre o ponto de vista do observador
• pontos de clarificação

( BOGDAN, BIKLEN, 1994).


Como construir um diário
de campo
• Exemplificando o modelo
Título
Data
Horário
Local da observação

Descritivo: aparência, fala, gestos, desenho do espaço,


pessoas envolvidas, comportamento do pesquisador...
C.O.:

Reflexivo: especulações, pensamentos, reflexões,


metodologia, pressupostos...
C.O.:
( BOGDAN, BIKLEN, 1994).
Como construir um diário
de campo
• Estrutura sistemática
E D
•Diário da pesquisa •Diário da observação
• questionamentos levantados a • anotações breves, datadas e
partir da observação e o localizadas;
desenvolvimento de análises que • anotações de impressões e
servirão para orientar a descrições;
observação (decidir quem ou o • quem, onde, como, quando, o
que será observado que aconteceu.
posteriormente) e sobretudo
dar início ao plano de redação
do relatório da pesquisa;
• questões, hipóteses, dúvidas,
leituras...
(BEAUD, WEBER, 1998)
Uso do diário de campo
• Vantagens:
– não é uma técnica isolada de coleta de dados em
pesquisa qualitativa;
– não precisa conhecimento aprofundado para seu
uso;
– buscam a checagem das informações e explorar
tópicos de difícil abordagem (MAZZOTTI,
GEWANDSZNAJDER, 1998)

• Desvantagens:
– - pode perder o foco e deixar passar aspectos
importantes da pesquisa.
Sugestões
• não adiar a tarefa;
• registrar antes de falar para não confundir;
• escrever as anotação e em lugar sossegado e
tranqüilo;
• dar-se tempo para escrever as notas;
• esboçar frases-chaves e tópicos antes de começar
a escrever;
• escrever de forma cronológica;
• deixar as conversas e acontecimentos fluírem no
papel;
• acrescentar o que foi esquecido na primeira
escrita;
• compreender que esse método é trabalhoso e
Usos do diário de campo
EXEMPLO 1
• “A mortalidade por homicídios em adolescentes em
Porto Alegre de 1998 a 2000” (LOPES, SAN’ANNA E AERTS, 2000)
• Diário de campo como instrumento complementar;
• Conteúdos descritivos e reflexivos registrados em
um mesmo bloco de anotações, em cores distintas;
• A riqueza das informações encontradas em campo
e registradas em um diário resultou em um
segundo estudo: “A visita domiciliar como
instrumento de coleta de dados de pesquisa e
vigilância em saúde – relato de experiência”

• (ROESE; LOPES, 2004)
Usos do diário de campo
EXEMPLO 2
• “Fluxos e acesso dos usuários a serviço de saúde de
média complexidade no município de Camaquã/RS”
(ROESE, 2005)

• Dissertação de mestrado;
• Coleta de dados quanti-qualitativos;
• Diário de campo como instrumento complementar;
• Serviu para captar os acontecimentos e situações
não descritas nas entrevistas.
Usos do diário de campo
EXEMPLO 3
• “Projeto assistencial: a construção de uma ouvidoria
em saúde escolar” (SOUZA E LOPES, 2002)
• Projeto de educação e saúde, desenvolvido em uma
escola de ensino fundamental de Porto Alegre, através
de oficinas com alunos, pais e professores.
Neste caso o Diário de Campo permitiu:
• O registro das reações, impressões e dúvidas dos
país e professores sobre a temática desenvolvida;
• O registro e reflexões sobre o confronto entre
Instituição e família;
•Compreensão de problemas que se introduziram
no cotidiano da escola.
Referências
• BEAUD, S.; WEBER, F. Guide de lénquête de terrain. Paris:
La Decouverte, 1998 (Guides Repères).
• BOGDAN, R.C.; BIKLEN, S.K. Notas de campo. In BOGDAN,
R.C.; BIKLEN, S.K. Investigação qualitativa em educação -
uma introdução à teorias e aos métodos. Porto: Porto
Editora, 1994. P.150-175.
• GERHARDT,T.E.; LOPES, M.J.M.; ROESE, A.; SOUZA, A. A
construção e a utilização do diário de campo em pesquisas
científicas. International Journal of Qualitative Methods.
2005.
• LOPES, M.J.M; SANTÁNNA, A.R.; AERTS, D.R.G. A
mortalidade por homicídios em adolescentes em Porto
Alegre de 1998 a 2000. Porto Alegre,
GENST/EENF/UFRGS, 2000.

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