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Diário de campo

Quando o pesquisador pode fazer uso do diário de campo?

Como é
Portfólio, caderno de campo, notas de campo...
conhecido?
Depois de voltar de cada observação, entrevista, ou qualquer outra sessão de
investigação, é típico que o investigador escreva de preferência num processador de
texto ou computador, o que aconteceu [..] em adição e como parte dessas notas, o
investigador registará ideias, estratégias, reflexões e palpites, bem como os padrões que
emergem. Isto são as notas de campo: o relato escrito daquilo que o investigador ouve,
vê, experencia e pensa no decurso da recolha e refletindo sobre os dados de um estudo
qualitativo. (BOGDAN & BIKLEN, 1994)
Consiste num instrumento de anotações, um caderno com espaço suficiente para
anotações, comentário e reflexão, para uso individual do investigador no seu dia a dia
É chamado de diário de campo o instrumento mais básico de registro de dados do
O que é? pesquisador. Inspirado nos trabalhos dos primeiros antropólogos que, ao estudar
sociedades longínquas, carregavam consigo um caderno no qual eles escreviam todas as
observações, experiências, sentimentos, etc [...] é um instrumento essencial do
Pesquisador (VÍCTORA, 2000)
TRIVIÑOS (p.154) nos diz que as anotações de campo, pode ser entendida como todo o
processo de coleta e análise de informações, isto é, ela compreenderia descrições de
fenômenos sociais e físicos, explicações levantadas sobre as mesmas e a compreensão
da totalidade da situação em estudo (sentido amplo). Num sentido restrito, podemos
entender as anotações de campo, por um lado, como todas as observações e reflexões
que realizamos sobre expressões verbais e ações dos sujeitos, descrevendo-as, primeiro,
e fazendo comentários críticos, em seguida, sobre as mesmas.
BOGDAN & BIKLEN trazem a discussão sobre notas de campo em um estudo de
observação participante. Mas sugerem que isso pode ser utizado em outros tipos de
abordagens como entrevista por exemplo.
Quando pode
TRIVIÑOS fala que pesquisa qualitativa emprega usualmente a observação livre do
ser utilizado?
desenvolvimento de determinada situação. Nela pelo menos devemos ter presente dois
aspectos de natureza metodológica que são muito importantes. Um deles relacionado
com a amostragem de tempo, e o outro, com as denominadas Anotações de Campo.
O gravador não capta a visão, os cheiros, as impressões e os comentários extra, ditos
antes e depois da entrevista. As notas de campo podem originar em cada estudo um
diário pessoal que ajuda o investigador a acompanhar o desenvolvimento do projeto. A
visualizar como
o plano de investigação foi afetado pelos dados recolhidos, e a tomar-se consciente de
como ele ou ela foram influenciados pelos dados. (BOGDAN & BIKLEN, 1994, p150)
Para que serve? O caderno de campo é utilizado para registrar de forma precisa todas as observações
pertinentes ao projeto, bem como os resultados parciais e finais obtidos. (CARNEIRO
et al., 2012); (SILVA et al., 2009)
Esse registro é uma ferramenta que permite o pesquisador e seu orientador fazerem
autoavaliações da pesquisa. (CARNEIRO et al., 2012); (SILVA et al., 2009)

Como fazer? TRIVIÑOS (p.154) sugere dois tipos de anotações de campo: descritivas e reflexivas, e
sugere como fazer.
(BOGDAN & BIKLEN, 1994) fazem algumas sugestões sobre o formato sas notas de
campo (página 167)

Como roteiro, por exemplo, sugere-se dividir a estrutura dos registros em três partes:
1. Cabeçalho;
2. Descrição das atividades;
3. Reflexão
- O cabeçalho pode conter: a data; a hora de início e fim; o local onde ocorreu a
atividade; quem está registrando a atividade.
- Na descrição das atividades pode-se usar: textos; observações; medidas; diagramas;
gráficos; imagens (desenho ou fotografia); referências a vídeos; tabelas.
- A reflexão pode conter os pensamentos sobre o modo como a tarefa foi conduzida, o
seu efeito no processo de desenvolvimento do projeto e os próximos passos a serem
conduzidos.
(LUDKE & ANDRÉ, 1986)
Espera-se que as notas de campo fluam, que saiam diretamente sua cabeça e que
representem o seu estilo particular. Adicionalmente, você é encorajado escrever na
primeira pessoa. Ninguém verá as suas notas à procura de uma fraca construção de
frases ou de erros; as notas devem ser simplesmente completas e claras. Em adição, não
terá o problema de não ter nada sobre que escrever. O que você verá no campo será a
fonte de frases e parágrafos intermináveis. Algumas pessoas libertaram-se do seu medo
de escrever e do limite de velocidade de meia página por hora que se impõem ao ser-
lhes dada a oportunidade de escrever notas de campo. (BOGDAN & BIKLEN, 1994)
Como a nossa definição sugere, as notas de campo consistem em dois tipos de
materiais. O primeiro é descritivo, em que a preocupação é a de captar uma imagem por
palavras do local, pessoas, ações e conversas observadas. O outro é reflexivo - a parte
que apreende mais o ponto de vista do observador, as suas ideias e preocupações.
(BOGDAN & BIKLEN, 1994)
Nele se anotam todas as observaões de fatos concretos, fenomenos sociais,
acontecimentos, relações verificadass, experiências pessoais do investigador, suas
reflexões e comentários.
O que - Retrato dos sujeitos (aparência, maneira de vestir, modo de falar e agir,
registrar? particularidades dos indivíduos);
- As visões de mundo do observado (grau de religiosidade, valores, elementos culturais)
- Reconstrução do diálogo (palavras, gestos, expressões faciais, pronuncias)
- Descrição do espaço físico ( desenho, dimensões, mobília)
- Comportamento do observador (aspectos que interferiram na coleta de dados)
- Descrição das atividades (detalhamento)
- Relato de acontecimentos (forma como aconteceu e natureza das acões)
(BOGDAN & BIKLEN, 1994 – pg 163)
Quanto ao que deve ser anotado no diário de campo:
- a observaão do processo de trabalho;
- o meio físico e social;
- os tipos de relações geradas entre os sujeitos envolvidos no processo;
- o registro das condições técnicas, físicas e materiais;
- os conflitos e correlações de força;

Um bom caderno de campo é aquele que:


- Identifica o contexto do registro: dia, hora, local, executores;
- Faz uma descrição rigorosa da atividade;
- Concentra a descrição do registro em seus aspectos essenciais;
- Inclui uma recleção crítica e comentários significativos
Como fazer um
(SILVA et al., 2009)
bom registro?
Não requererem tantas exigências como a maioria dos textos escritos. (BOGDAN &
BIKLEN, 1994)
Um caderno de campo serve de testemunho dos passos desenvolvidos no projeto.
Vantagens do
diário de
Facilita criar o hábito de escrever e observar com atenção, descrever com precisão e
campo
refletir sobre os acontecimentos

O Diário reflete o acontecimento do momento do registro, por isso, não é recomendado


passar o caderno de campo a limpo.

Quais cuidados “[...] os fatos devem ser registrados no Diário de Campo o quanto antes, se possível
com o caderno imediatamente depois de observados, caso contrário, a memória vai introduzir
de campo? elementos que não se deram; e a interpretação reflexiva, não se separa de fato concreto,
virá frequentemente a deturpá-lo” (FALKEMBACH, 1987)

- Não adiar a tarefa de escrever;


- Registrar antes de falar para não confundir;
Dicas ao - Esboças frases-chaves e tópicos antes de começar a escrever;
Professor - Escrever de forma cronológica;
Pesquisador - Deixar as conversas e acontecimentos fluirem no papel;
- Após escrever, ler e acrescentar o que foi esquecido na primeira escrita;
(BOGDAN & BIKLEN, 1994, pág. 170)
No Livro de (BOGDAN & BIKLEN, 1994) há exemplos de notas de campo na página
Exemplos 152.
BOGDAN, R.C; BIKLEN, S.K. Investigação qualitativa em educação – uma introdução
à teoria e aos métodos. Porto: Porto Editora, 1994. (P.150 – 175)

FALKEMBACH, Elza Maria Fonseca. Diário de campo: um instrumento de reflexão. In: contexto
e Educação, nº 7, Ijuí: Unijuí, 1987
Referências
VICTORA, C.G. et al. Pesquisa Qualitativa em Saúde: Introdução ao tema. Porto
Alegre. Tomo Editora, 2000
TRIVINOS, A.N.S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa
em educação. São Paulo: Atlas, 1987

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