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NOTA PROMISSÓRIA

11.1 – NOÇÃO

Enquanto a letra de câmbio é uma ordem de pagamento,


porque através dela o signatário (sacador) do título requisita a uma
pessoa (sacado) o pagamento de uma soma, a nota promissória é
uma promessa de pagamento feita pelo próprio devedor, que se
obriga, dentro de certo prazo, ao pagamento de uma soma pré-
fixada. Portanto, a nota promissória é um título pelo qual alguém se
compromete a pagar a outrem, determinada quantia em dinheiro,
num certo prazo. Como é emitida pelo próprio devedor, ela passa a
ser um título de crédito desde a sua emissão, e o seu possuidor ou
portador poderá, logo após o vencimento, não sendo paga, propor
ação executiva para recebê-la.
Trata-se de um título autônomo que independe da indagação
da causa que motivou a obrigação. “Nota promissória regularmente
emitida e avalizada, mesmo originária de um contrato particular, -
decidiu o Tribunal - pode circular. Uma vez endossada, representa
dívida autônoma, com causa legítima” (in RT 659/150).
Em conclusão: nota promissória é uma promessa direta que
o devedor faz ao credor, pois ela é emitida pelo devedor. Já a letra
de câmbio é emitida por uma pessoa que dá uma ordem ao seu
devedor (sacado) para pagar certa quantia a um terceiro.

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11.2 – AS PESSOAS QUE INTERVÊM NA NOTA
PROMISSÓRIA

Quando a nota promissória é emitida, intervêm,


necessariamente, duas pessoas: o emitente que é o devedor, e o
beneficiário, que é o credor.
Além das duas personagens principais, sem as quais não
haveria nota promissória, podem aparecer outras pessoas, como o
“avalista”, que se obriga com o emitente, solidariamente, ao
pagamento do título e o “endossatário”, ou terceiro, em cujas mãos
passa o título quando o credor o aliena.

11.3 – REQUISITOS ESSENCIAIS DA NOTA


PROMISSÓRIA

Os requisitos essenciais da nota promissória são quase


equivalentes aos da letra de câmbio, com a diferença fundamental
de que esta é assinada pelo sacador, que não é o devedor, enquanto
naquela (NP) aparece a assinatura do devedor, que é também o
emitente do título. Em tudo o mais, a nota promissória obedece à
disciplina jurídica da letra de câmbio. A seguir são apresentados os
seus requisitos essenciais:
1. a denominação nota promissória;
2. a importância por extenso a ser paga;
3. o nome da pessoa a quem deve ser paga;
4. a assinatura de próprio punho do emitente (devedor) ou
do mandatário especial. “Se a cambial foi emitida por
procuração, observados os poderes outorgados, é
considerada válida (Súmula 6 deste Tribunal)” (in RT
652/151).

Em seguida apresentamos o modelo de uma nota


promissória:

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Nº: Vencimento de de 19

NOTA PROMISSÓRIA
$
A
pagar por esta única via de Nota Promissória
CPF / CGC
ou a sua ordem a
quantia de
em moeda corrente
deste país
Pagavel em
emitente
CPF / CGC:
ENDEREÇO:

Esses requisitos devem ser lançados por extenso no seu


contexto, como acontece com a letra de câmbio; a assinatura do
devedor deve ficar do lado direito e no final; o nome do credor deve
aparecer logo após a expressão “nota promissória” situada no centro
do título.
Cabe lembrar que, na falta de um dos requisitos supra, o
título deixa de ser nota promissória, isto é, deixa de ser um título de
crédito.

11.4 – EMISSÃO EM BRANCO E AO PORTADOR

A nota promissória não pode ser emitida ao portador. Um


de seus requisitos essenciais é que ela contenha o nome do credor.
“A nota promissória ao portador não constitui, per se, título de
dívida líquida e certa - decidiu certa vez o Tribunal - podendo,
quando muito, auxiliar a prova da obrigação assumida pelo
signatário para com o autor, cobrável pela via ordinária, e não pela
executiva” (in RT 598/213). Atualmente, a ação própria para a
cobrança via ordinária é a “ação monitória”, vista no capítulo
anterior.
Por outro lado, nada impede que se emita a nota e seja a

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mesma entregue ao credor sem indicação do seu nome. Trata-se de
emissão em branco que poderá circular livremente. Somente no
momento de ser apresentada em juízo, ou no Cartório de Protesto
deve ser colocado o nome do credor. O Tribunal já decidiu que não
enseja execução o título incompleto, “por lhe faltar um requisito de
forma” (in RT 591/220). “Se o credor não exercitar os poderes que
lhe são conferidos no mandato tácito contido na emissão da nota
promissória em branco, deixando de complementá-la até o momento
de sua cobrança, não se reconhece ao título a natureza cambial,
tornando nula a execução nele embasada” (in RT 588/210).
Portanto, os requisitos devem estar totalmente cumpridos antes da
cobrança judicial ou do protesto do título, devido ao princípio de
que o portador de boa-fé é procurador bastante do emitente para
completar a nota promissória emitida com omissões.

11.5 – FORMAS DE VENCIMENTO DA NOTA


PROMISSÓRIA

O pagamento da promissória será feito no tempo indicado


no próprio título. Se não se determina o prazo para pagamento,
entende-se que se trata de promissória à vista.
A nota promissória pode ser passada:

1. à vista;
2. em dia certo;
3. a tempo certo da data da emissão; neste caso, a data da
emissão tem relevância.

11.6 – DA ABDICAÇÃO DAS NORMAS SOBRE LETRA


DE CÂMBIO ÀS NOTAS PROMISSÓRIAS

Tanto a letra de câmbio como a nota promissória são


disciplinadas pelas regras da Lei Uniforme de Genebra e, em caso
de lacuna, aplicam-se os princípios do Decreto n.º 2.044, de 1.908.
Pelo art. 77 da Lei Uniforme, são aplicáveis à nota promissória

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todas as disposições da letra de câmbio, evidentemente no que não
lhe contrariem a natureza. Assim, tudo o que foi visto sobre a letra
de câmbio no capítulo anterior, a respeito do protesto, do endosso,
do aval e da prescrição, aplica-se, mutatis mutantis, à nota
promissória, exceto no que se refere ao aceite, pois na promissória
não se utiliza o instituto do aceite, pela simples razão de que o
próprio emitente da promissória equipara-se ao aceitante da letra de
câmbio. É por isso que a nota promissória é um título de crédito
desde o seu nascedouro.

11.7 – PRESCRIÇÃO

Como são aplicadas todas as disposições da letra de câmbio à


nota promissória, a prescrição é de três anos do credor contra o
emitente e o respectivo avalista e, de um ano, a ação do portador
contra o endossante.

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