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Freud e A Educacao
Freud e A Educacao
1. As pulsões parciais.
2. Sublimação e Educação.
Nessa época em que Freud formula as relações entre cultura e sublimação, seu
discurso é otimista. Era consultado a respeito da melhor maneira de educar os filhos, e
respondia que as crianças devem receber educação sexual, assim que demonstrem
interesse pela questão. Pais e professores deveriam ser esclarecidos acerca da
existência da sexualidade infantil. Freud observava nos pais uma incompetência para
esses assuntos e, por isso, não devem se ocupar do esclarecimento sexual das
crianças. Já foram crianças e se esqueceram da sexualidade infantil; se esqueceram, é
porque foram reprimidos e as forças que reprimiram estão ainda atuando no sentido de
não fazê-los lembrar.
Também para o educador a infância não é mais acessível e por isso é necessário
que ele volte a fica bem com a criança que há dentro dele, através de uma análise.
As crianças costumam dar suas próprias explicações para as questões sexuais e
como nascem os bebês e que dependem dos momentos de desenvolvimento sexual
em que se encontram. Surgiram três tipos de explicações:
_ As crianças nascem pelo ânus da mãe;
_ Tanto os homens como as mulheres possuem pênis;
_ O coito é sempre de natureza agressiva e sádica.
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III – A desilusão de Freud com a Educação.
1. O inconsciente.
Observamos que é com a idéia de inconsciente que esbarramos o tempo todo.
Charcot, observando as pacientes histéricas, dizia que havia uma divisão da
consciência devida a uma debilidade congênita de algumas mulheres. Para Freud, que
aceitou essa explicação, a divisão da consciência era fruto de forças psíquicas
encontradas no interior do psiquismo, o resultado da luta entre o “eu” e os impulsos de
natureza inconsciente. O aparecimento do sintoma neurótico era o modo como se
resolvia o conflito, pois esse era o disfarce que a pulsão se manifestava. Além dos
sintomas, Freud descobriu outras manifestações ao lado dos sintomas como os sonhos
e os atos falhos.
Os atos falhos (lapsos) são pequenas manifestações que emergem em nossa
fala, sem que nos demos conta e que pode revelar nossos mais íntimos segredos.
Alguém que fala pode expressar muito mais do que está querendo dizer.
Com essa descoberta a consciência foi desalojada da posição de comando que
vinha ocupando até então na Filosofia. A consciência não é mais o centro do nosso
psiquismo, não reina sobre a nossa vontade.
O aparelho psíquico se organiza sempre de modo a obter prazer e bem-estar,
ou então, no caso do sintoma, para obter o desprazer menor. A busca do prazer
costuma ser cega e é por isso que ao princípio do prazer opõe-se o princípio da
realidade, que regula, administra e dirige essa busca, funcionando como uma ligação
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do indivíduo com a realidade e seus perigos. É o princípio da realidade que não permite
que o indivíduo se destrua achando os melhores meios para a obtenção do prazer
considerando as limitações impostas pela realidade.
Há sempre um conflito entre o “eu” dirigido pelo princípio da realidade (pulsões
de conservação) e de idéias incompatíveis dirigidas pelo princípio do prazer (pulsões
sexuais).
Freud supôs que o desprazer emanava do conflito entre as forças em
oposição_as pulsões sexuais versus as pulsões de autoconservação. Entretanto, há
algo no psiquismo que escapa ao princípio do prazer: a repetição (o neurótico repete
sem cansar, atos que lhe causam sofrimento) e Freud não conseguia entender como o
indivíduo conseguia encontrar prazer em seu permanente exercício. Entreviu a ação de
uma força irreprimível, independente do princípio de prazer e oposta a ele, sem
contudo, ser aliada ao princípio de realidade. Essa força tem um caráter mortal
barrando o caminho ao desenvolvimento porque a ação da repetição fixa, torna as
coisas permanentes e imutáveis, mostrando a Freud a “face da morte” em plena ação
entre as forças que atuam sobre a vida de um indivíduo.
Freud afirma existir em todo ser vivo uma tendência para retornar ao estado
inorgânico, pois a vida surgiu do não-vivo.
É tão grande a importância desse novo conceito que Freud é levado a formular a
dualidade pulsional em novas bases. A luta no interior do psiquismo não se dá mais
entre as pulsões do “eu” e as pulsões sexuais. Freud reúne ambas de um só lado, pois
elas agem a serviço da vida, de Eros, interessadas na conservação da espécie. Seu
inimigo é a pulsão de morte, interessada em conduzir o indivíduo à estabilidade, onde
nada se movimenta, a matéria está inerte _ como a morte.
A palavra transferência foi mencionada, por Freud, pela primeira vez no seu livro
A Interpretação dos Sonhos. Explicava que os acontecimentos do dia eram transferidos
para o sonho, onde apareciam modificados. Percebeu, em seguida que o paciente
transferia para o analista, antigas vivências com outras pessoas, relacionando-se com
ele como se fosse o pai, com medo de sua autoridade. Porém, em momento algum o
paciente percebia o que estava acontecendo. Era uma manifestação inconsciente que
passou a ser um bom instrumento de análise desse inconsciente.
Freud chega a afirmar que ela está presente, também na relação professor-aluno
e o que se transfere são as experiências primitivas com os pais.
Parafraseando Jacques-Alain Miller, em sua leitura do termo transferência, como
ele aparece em A Interpretação dos Sonhos, podemos dizer que na relação professor-
aluno, a transferência se produz quando o desejo de saber do aluno se aferra a um
elemento particular que é a pessoa do professor.
Transferir é então atribuir um sentido especial àquela figura determinada pelo
desejo, que pode ser o analista ou o professor, e que passam a ser depositários de algo
que pertence ao analisando ou ao aluno e passam a fazer parte de seu cenário
inconsciente. Sua fala é escutada através dessa especial posição que ocupam. Em
virtude dessa posse, estas figuras ficam carregadas de importância especial e é daí que
emana o poder que eles têm sobre o indivíduo.
Assim, em razão dessa transferência de sentido operada pelo desejo, ocorre
também a transferência de poder.
VIII – Conclusão.