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Conium maculatum L.

É uma planta anual de 50 cm a 2 m de caules erectos com manchas avermelhadas na parte inferior. As
folhas são recompostas, de folíolos miúdos e fendidos, as flores são brancas e os frutos possuem costelas
onduladas. Pode ser encontrada em quase todo o país (em sebes, margens de cursos de água, bermas dos
caminhos, campos abandonados e muros). Em Portugal é designada por cicuta, cegude ou ansarinha
malhada.

Toda a planta tem compostos tóxicos, mas estes encontram-se principalmente nos frutos.

o Conicina: é o principal alcalóide e existe em toda a planta. Extremamente tóxica, uma vez que
causa paralisia nas terminações dos nervos motores. A dose letal para o Homem estima-se em 150-300
mg.
o γ-coniceína: é um alcalóide que aparece nos frutos com cerca de 9%. Este composto também
se encontra em outras espécies como a Aloe gililandii, e tal como a conicina é altamente tóxico e
teratogénico para o Homem e outros mamíferos.
o (+)-N-metilconicina: encontra-se em pequenas percentagens e tem efeitos similares aos da
conicina.
o Pseudoconidrina: é um componente minoritário do Conium maculatum embora contribua com
a γ-coniceína e a conicina para as propriedades tóxicas da cicuta.

Como actua a conicina no organismo:

A conicina actua na sinapse neuromuscular, causando paralisia muscular, especialmente do sistema


respiratório. Isto é feito através do bloqueio da receptores colinérgicos na membrana pós sináptica a
nível da junção neuromuscular , impedindo desta forma que a acetilcolina se ligue, não havendo geração
de impulso nervoso para o músculo evitando assim uma nova contracção.

SINTOMATOLOGIA
Os sintomas de uma intoxicação por cicuta são vómito, diarreia, convulsões, midríase, paralisia
ascendente.

A morte pode ocorrer por paralisia respiratória ou coma.


Foram registados efeitos teratogénicos em bovinos e suínos que comeram a planta durante a gravidez.
(A cicuta não produz nenhum efeito tóxico nas cabras e carneiros, sendo venenosa para os coelhos, bois e
cavalos).

O consumo de folhas, sementes (que têm uma concentração em alcalóides de cerca de 3,5%) e raízes
pode originar intoxicações graves.
Basta 6-10 g de folhas para provocar a morte de um adulto. Tem de se ter em conta que 10 g de frutos
frescos equivalem a 30 g de folhas secas e correspondem a uns 150 mg de conicina.

TRATAMENTO

Neste caso, não existem antídotos e o tratamento dos sintomas deve ser iniciado com o provocar do
vómito, lavagem gástrica e administração de carvão activado ou de outros adsorventes, (em casos de
choque ou para restaurar o pH, procede-se a uma infusão de bicarbonato de sódio), de preferência em
ambiente hospitalar. A morte pode ser evitada através de ventilação artificial, sendo esta mantida até que
os sintomas tenham passado (48-72 horas mais tarde).
Muitas das vezes o tratamento pode não ser específico uma vez que na maioria dos casos não se
conhece o agente indutor da intoxicação. Pelo que, ao deparamo-nos com um contexto de intoxicação, se
deve recolher o máximo de informação e possíveis vestígios da planta causadora da intoxicação para que
posteriormente possa ser analisada. Em caso de Intoxicação pode ser consultado o Centro de Informação
Anti-Veneno (808250143) e deve-se recorrer imediatamente a ajuda médica.

Curiosidades

 Esta planta pertencente à família das umbelíferas é particularmente perigosa uma vez que se
assemelha à salsa e pode ser colhida por erro no lugar desta planta comestível, muito utilizada na
culinária portuguesa.

 Na antiga Grécia, era através de uma infusão de cicuta que morriam os condenados à morte.
Um dos casos mais conhecidos é o do filósofo grego Sócrates, que ao ser injustamente acusado pelos
juízes atenienses, preferiu beber uma infusão de cicuta do que pedir clemência e refractar-se das suas
opiniões filosóficas.

 Em tempos antigos, a cicuta também foi utilizada, em doses baixas, com efeitos narcóticos,
antiespasmódicos, e como um analgésico.

 A conicina foi o primeiro alcalóide a ser sintetizado, por Albert Ladenburg, em 1886.

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