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FACULDADE ADVENTISTA DA BAHIA – ENFERMAGEM

LORENA CRUZ

MEISSA VIEIRA

ESTUDO CLÍNICO DE UMA PACIENTE COM INDICAÇÃO


CIRURGICA DE HISTERECTOMIA ABDOMINAL.

Cachoeira –BA
2010
FACULDADE ADVENTISTA DA BAHIA – ENFERMAGEM

LORENA CRUZ

MEISSA VIEIRA

ESTUDO CLÍNICO DE UMA PACIENTE COM INDICAÇÃO


CIRURGICA DE HISTERECTOMIA ABDOMINAL.

O presente trabalho é parte integrante da disciplina


de Saúde do adulto, da Faculdade Adventista da
Bahia – curso de Enfermagem. Sob orientação das
Professoras Neila Reis e Daysiane.

Cachoeira –BA
2010
SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO

2- COLETA DE DADOS

2.1 – IDENTIFICAÇÃO

2.2 – HISTÓRIA DA PACIENTE E FAMILIAR

2.3 – EXAME FÍSICO

2.4 – EXAMES LABORATORIAIS E DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

2.5 – MEDICAÇÕES

3 – HISTERECTOMIA ABDOMINAL

3.1 – INDICAÇÃO

4 – CLASSIFICAÇÃO DOS DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM (NANDA)

3.1 – DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM

3.2 – PREPARO PRÉ OPERATÓRIO

3.3 – COMPLICAÇÕES INTRA-OPERATÓRIAS

3.4 – TRATAMENTO PÓS – OPERATÓRIO

CONCLUSÃO

REFERÊNCIAS
1 – INTRODUÇÃO

O seguinte estudo clínico relata momentos do pré-operatório da cirurgia de


Histerectomia Abdominal da paciente J.A.B, assim como suas indicações, tratamentos e
cuidados de enfermagem. A histerectomia abdominal assim como a cesariana consiste
na retirada do útero por incisão abdominal baixa. Uma das principais indicações é pela
presença de miomas, quando estes causam muito sangramento, dor ou são muito
volumosos.
O presente estudo foi realizado por acadêmicas do 6º período do curso de
graduação de enfermagem da disciplina de Saúde do Adulto, tendo como finalidade
conhecer a patologia, e elaborar uma assistência de enfermagem qualificada buscando
excelência no pós operatório da paciente J.A.B.
De acordo com o Sistema Único de Saúde (SUS), a histerectomia é a segunda
cirurgia mais freqüente entre mulheres em idade reprodutiva, sendo precedida apenas
pelo parto cirúrgico. Tal afirmação justificou o interesse pela elaboração do estudo
clínico e motivou a criação do plano de cuidados para pacientes histerectomizadas.
Orientadas pelas professoras da disciplina de Saúde do Adulto realizamos coleta
de dados, busca no prontuário, pesquisa bibliográfica e em internet para enriquecer a
parte teórica do estudo clínico.
2- COLETA DE DADOS

2.1 – IDENTIFICAÇÃO

J.A.B., nascida em 12/07/66, 44 anos, solteira, profissão capoteira, residente em


Cruz das Almas, na Rua Manoel Alves Fonseca, bairro Tabil, nº 75, sendo seu registro
9272, enfermaria cirúrgica feminina, leito 62.

2.2 – HISTÓRIA DA PACIENTE E FAMILIAR

Foi admitida no Hospital Santa Casa de Cruz das Almas no dia 10 de novembro
de 2010, para realização de histerectomia abdominal, tendo como justificativa para
internação Hipermetropia útero abdominal. Médico responsável Ivan Silva.

A paciente fez uso de anticoncepcional ciclo 20 para obter menstruação. Não


possue alergia medicamentosa.

Duas irmãs já apresentaram o mesmo problema SIC, Mioma. Mãe é hipertensa.

2.3 – EXAME FÍSICO

Verificado os SSVV as 9:30h constatado no prontuário a paciente apresentava


Temperatura 36ºC, Pulso 74 bpm, respiração 22 rpm e pressão arterial 130 x 80 mmHg.
Mas tarde, por volta das 11:00h foi verificado novamente os sinais vitais e constatado
que a temperatura se mantia em 36ºC, o pulso em 60bpm, pressão artéria em 120 x 100
mmHg a respiração não pode ser verificada devido a agitação da paciente.

Sinais e sintomas: dor pélvica, sangramento, aumento de volume abdominal.

A paciente relatou que o fato de estar no hospital influenciava em seu estado


psicológico, deixando – a nervosa e apreensiva.

2.4 – EXAMES LABORATORIAIS E DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

Colesterol:

Resultado: 235,00 mg/dL, sendo considerado valores limítrofes: colesterol total


entre 200 e 240mg/dL

Triglicérides:

Resultado: 170,00 mg/dL, sendo valores de referencia 10,00 a 160,00mg/dL.

Urina:
Urina com aspecto turvo, cor amarelado escuro, pH 6,00, densidade 1.020.

Sedimentoscopia:

Células epiteliais de descamação numerosas.

Piócitos 30 p/c (400x)

Bactérias numerosas

ECG de repouso:

Alteração difusa de repolarização ventricular.

2.5 – MEDICAÇÕES

A paciente faz uso de anticoncepcional ciclo 21 para obter menstruação. Não


possue alergia medicamentosa.

Os anticoncepcionais, devido ao baixo custo e à facilidade de acesso, são os


medicamentos mais utilizados atualmente para o tratamento dos miomas uterinos. Os
anticoncepcionais combinados de baixa dosagem, ou seja, que são compostos por
estrogênio e progesterona, são os ideais. Eles mantêm um estado hormonal ligeiramente
inferior ao estado hormonal fisiológico, que, usados em pacientes assintomáticas ou
oligossintomáticas (com poucos sintomas), podem impedir ou retardar o crescimento
dos miomas. Estes anticoncepcionais podem ser utilizados de maneira contínua (sem
pausa para menstruar) ou não.

Outra família de medicações utilizadas são os análogos do GnRH (zoladex,


lectrun, lupron). Estas medicações têm a função de bloquear a produção dos hormônios
ovarianos, determinando um estado hormonal semelhante ao da menopausa, onde
prevalece o hipoestrogenismo. Este hipoestrogenismo causa a amenorréia (ausência de
menstruação) e a redução volumétrica dos miomas, levando a uma melhora significativa
dos sintomas, principalmente o hemorrágico e a anemia. Esta droga apresenta diversos
efeitos colaterais, dentre eles a osteoporose, principalmente quando utilizada por um
período superior a 6 meses. E, quando suspensa, todos os sintomas retornam, às vezes
com intensidade maior do que antes do inicio da medicação. Os análogos do GnRH são
utilizados comumente como preparo para as miomectomias de alta complexidade e em
pacientes com anemia severa.
3 – HISTERECTOMIA ABDOMINAL

Histerectomia é a exérese total ou parcial do útero, através de incisão abdominal.

É o tipo de histerectomia mais invasivo, e também o mais vulgar. A


histerectomia abdominal total pode ser recomendada no caso de a paciente ter
fibromiomas muito grandes que não tenham respondido à terapêutica hormonal ou que
sejam difíceis de remover vaginalmente. Também pode ser o método de preferência se
sofrer de endometriose grave (tecido de revestimento do útero for a do útero), infecções
pélvicas, cicatrizes de cirurgias pélvicas anterior ou alguns tipos de cancro. 

A histerectomia abdominal total é realizada sob anestesia geral ou regional, e


requer um internamento hospitalar de 3-6 dias e um período de recuperação longo (até 6
semanas). Este tipo de histerectomia deixa uma cicatriz visível no seu abdómen. 

É realizada uma incisão com cerca de 10 a 15 cm que atravessa o


abdómen.

Este tipo de histerectomia deixa uma cicatriz visível no seu abdómen.

É feita a remoção do útero e do colo do útero.


3.1 – INDICAÇÃO

Em praticamente todos os estudos, os leiomiomas uterinos são a principal


indicação de histerectomia abdominal. Como esperado as indicações diferem com a
idade do paciente.

As leiomiomas uterinos são os tumores pélvicos mas comuns em mulheres;


portanto, esse distúrbio é responsável por um grande numero de histerectomias. A
histerectomia nos leiomiomas só deve ser considerada em pacientes que não desejem
mais engravidar. Caso contrário, é possível o tratamento cirúrgico com preservação da
fertilidade (miomectomia) na maioria das pacientes com leiomiomas.

Em geral, a decisão de realizar uma histerectomia para tratamentos de


leiomiomas baseia – se na necessidade de tratar os sintomas – hemorragia uterina
normal, dor pélvica ou pressão pélvica, rápido aumento uterino, compressão uretral ou
crescimento útero após a menopausa.

O leiomioma uterino é um tumor sólido, benigno, monoclonal, que se origina no


miométrio. É constituído de células de musculatura lisa com predomínio de tecido
fibroblástico conectivo (matriz extracelular).
Sua incidência é de 60% nas mulheres negras aos 35 anos, aumentando para
80% aos 50 anos. Entre mulheres brancas, a incidência é de 40% aos 35 anos e 70% aos
50 anos, segundo revisão de dados médicos e achados de ultrassom.
Trata-se, portanto, de um enorme problema de saúde pública. Em 1997, foi a
indicação primária de 199.000 histerectomias e 30.000 miomectomias nos EUA,
gerando um custo de U$ 2,1 bilhões.
No Brasil, segundo dados do DATA SUS, em 2006, foram atribuídas ao
leiomioma uterino (CID. 10) 8.628 internações e um total de R$ 4.258.490,78 em custo
com AIHs.
A causa precisa do desenvolvimento do leiomioma permanece desconhecida. No
entanto, fatores hormonais, de crescimento e genéticos têm sido esclarecidos por
estudos de Biologia Molecular. Alterações genéticas no miométrio influenciadas por
fatores promotores (hormônios) e efetores (crescimento) estão envolvidas na gênese
desses tumores.
Os leiomiomas podem localizar-se no corpo ou no colo uterino, sendo esta
última localização menos frequente. As manifestações clínicas dependem da localização
e do volume do tumor.

Fig 1: Classificação do Leiomiomas segundo a localização

Os leiomiomas localizados no corpo uterino podem ser classificados em


subseroso, submucoso ou intramural (Figura 1).
A maioria dos leiomiomas é assintomática. No entanto, algumas mulheres
podem apresentar os seguintes sinais e sintomas: alteração do fluxo menstrual; aumento
do volume abdominal; dor pélvica; infertilidade; compressão de estruturas como bexiga
e reto.
É realizado por meio da anamnese, do exame físico geral e ginecológico e de
exames complementares de imagem como:
- ultrassom pélvico endovaginal;
- ultrassom pélvico abdominal
- histerossonografia;
- histerossalpingografia;
- ressonância nuclear magnética;histeroscopia
Classificação histeroscópica do leiomioma uterino

Tipo 0: miomas pediculados sem extensão intramural;


Tipo I: mioma é séssil e sua porção intramural é menor que 50%;
Tipo II: Quando a porção intramural for igual ou superior a 50%;
                                   (Sociedade Européia de Endoscopia Ginecológica -ESGE)

Geralmente, é indicado para promover melhora dos sintomas hemorrágicos e/ou


até mesmo diminuir o volume dos leiomiomas, facilitando o ato operatório. Raramente é
utilizado como única forma de tratamento, a não ser em casos em que não se deseja
gravidez ou nas proximidades da menopausa.
FISIOPATOLOGIA

A fisiopatologia dos miomas não é muito bem compreendido ainda. Os dois


fatores mais importantes e bem estudados na formação e crescimento dos miomas são as
concentrações de hormônios esteróides e a predisposição genética. Além destes, existem
diversos fatores de crescimento tumoral e de angiogênese, que cada vez mais vem tendo
sua participação compreendida neste processo.
Anormalidades na vascularização e fatores angiogênicos de crescimento estão
também envolvidos na fisiopatologia da formação dos miomas. O útero com miomas
tem um maior número de vênulas e arteríolas e estas são mais calibrosas que nos úteros
não miomatosos. Embora as explicações iniciais para esta ectasia vascular fossem
ligadas à compressão mecânica dos miomas sobre as estruturas vasculares, uma hipótese
mais atual é de que estas anormalidades da vascularização seriam devidas a
modificações moleculares nos mesmos.
É possível que aí esteja a chave para a compreensão do mecanismo de ação das
microesferas calibradas entre 300 a 900 micra de diâmetro utilizadas na embolização
dos miomas uterinos, que se alojariam preferencialmente nos vasos ectasiados,
preservando a microcirculação não patológica e menos calibrosa do miométrio.
4 – CLASSIFICAÇÃO DOS DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM
(NANDA)

Os diagnósticos de enfermagem são definidos pela NANDA (2010), como sendo: “Um
julgamento clínico sobre as respostas do indivíduo, da família ou da comunidade a
problemas de saúde - processos vitais reais ou potenciais” .

Diagnóstico de enfermagem
 Ansiedade relacionada a incapacidade de não ter mais filhos e disfunção sexual
 Dor relacionada ao trauma cirúrgico
 Déficit de conhecimento relacionado ao exame anual, escolaridade e situação
financeira
 Padrão de sono alterado relacionado a fatores ambientais
 Déficit de autocuidado relacionada à fadiga e a dor pós-operatória;
 Risco para eliminação traqueobrônquica ineficaz relacionada à depressão da
função respiratória, e repouso no leito;
 Intolerância à atividade relacionada à fraqueza secundária à cirurgia;
 Integridade da pele prejudicada relacionada à incisão e aos locais de drenagem;
 Risco para infecção da ferida relacionada à susceptibilidade para invasão
bacteriana;

Em 1996, a NIC define intervenção de enfermagem como qualquer tratamento, que


tenha por base o julgamento clínico e o conhecimento, que a enfermeira execute para
melhorar os resultados do paciente.

Cuidados de enfermagem no pré – operatório

 Explicar o procedimento cirúrgico, por ser considerada uma cirurgia mutiladora


que exige da equipe maior preparo;
 Explicar o esquema terapêutico se for preciso reposição hormonal;
 Observar distúrbio de comportamento;
 Verificar sensibilidade emocional e sinais de inquietação durante a conversação;
 Administrar medicamentos
 Controle de peso;
 Controle da higiene íntima;
 Verificar infecções á distância;
 Realizar tricotomia SN;
 Supervisionar o jejum;
 Supervisionar o banho completo
 Orientar a retirada de esmalte, unhas postiças, jóias, próteses e colocar roupas
apropriadas

Complicações intra – operatórias

A maioria das complicações intra – operatórias durante a histerectomia abdominal


esta possivelmente relacionada a má iluminação assistência insatisfatória, pressa
indevida, variantes anatômicas ou envolvimento do órgão lesado no processo
patológico. Alguns desses fatores são eliminados com atenção cuidadosa aos detalhes e
o uso de técnicas cirúrgica apropriada. Entretanto, algumas lesões operatórias não
podem ser evitadas nem mesmo pelos cirurgiões mais hábeis.

- Lesões uretrais
- Lesão vesical
- Lesão intestinal
- Hemorragia

Cuidados de enfermagem no pós-operatório


 Promover exercícios passivos dos MMIIS;
 Atentar para atonia temporária devido ao nervosismo;
 Observar quantidade de diurese até 08 horas, após este período, colocar sonda
vesical de alívio com sistema de drenagem fechada, ou cateterização simples e
intermitente;
 Ajudar na deambulação precoce;
 Encorajar a verbalização de seus sentimentos;
 Orientar quanto o tempo para ás relações sexuais;
 Realizar higiene externa principalmente por via vaginal;
 Observar e anotar presença de sangramento vaginal;
 Anotar as perdas sanguíneas, após a retirada do tampão vaginal caso venha da
SO;
 Verificar sinais de anemia, febre e sinais de infecção;
 Orientar quanto o uso de hormônio caso seja necessário
 Orientar quanto aos cuidados da ferida operatória e retorno ao médico
CONCLUSÃO

A paciente evoluiu para um bom prognóstico, devido a taxa mínina de


complicações que a histerectomia possui. O acompanhamento da enfermagem no pré-
operatório foi de suma importância não só para diminuir a ansiedade da paciente como
também prepará-la para a cirurgia.
Apesar das controvérsias a respeito da hiterectomia é preciso usar o bom senso e
avaliar os riscos e benefícios da cirurgia. Algumas bibliografias relatam sensações
anormais após a cirurgia, como aumento da temperatura corporal, seguido de frio (como
na menopausa), diminuição do desejo sexual, quando se retiram os ovários e
vulnerabilidade para doenças vasculares, porém o mais importante a ser feito é sanar um
problema de saúde que interfira na vida da mulher.
A paciente J.A.B admitida em 10/11/10 aguardava na sala pré-operatória para
realização da histerectomia nas horas seguintes, devido a falta de tempo, não pudemos
acompanhar a recuperação em seu pós-operatório, mas baseado no conhecimento
científico a respeito da patologia em questão pudemos elaborar um plano de cuidados
para as pacientes hiterectomizadas e assim proporcionar à elas uma melhor qualidade de
vida.
REFERÊNCIAS

REZENDE Jorge; MONTENEGRO, Carlos Antonio Barbosa. Obstericia


fundamental. 11ª Ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara koogam, 2008.

BEREK, Jonatham. Tratado de ginecologia. 14ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 2008.

Histerectomia. Disponível em: http://www.saudedamulher.com.pt/bgdisplay.jhtml?


itemname=hysterectomy_types Acesso em 25 de novembro de 2010.

Tratamento demiomas. Disponível em:


http://www.portaldomioma.com/2008/01/tratamento-medicamentoso-dos-miomas.html
Acesso em 25 de novembro de 2010.

LEIOMIOMAS. Disponível em:


http://www.drauziovarella.com.br/ExibirConteudo/5757/aspectos-atuais-do-tratamento-
do-leiomioma-uterino Acesso em 25 de novembro de 2010.

Diagnósticos de enfermagem da NANDA: definições e classificação 2009-


2011/NANDA International; tradução Regina Machado Garcez. – Porto Alegre:Artmed,
2010.

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