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QCOR calor ganho devido ao efeito corona [W/m]; do CIGRÉ, como também não há entre o modelo de House e
QC calor dissipado por convecção [W/m]; Tuttle (H&T) e o modelo do IEEE.
Para a temperatura do condutor a 50°C a diferença entre os
QR calor dissipado por radiação [W/m];
valores da ampacidade, calculadas através dos modelos do
QE calor dissipado por evaporação [W/m]. CIGRÉ e do IEEE, é de aproximadamente 33%. Uma das
Embora alguns modelos de ampacidade quantifiquem o parcelas de calor que mais contribuem para esta diferença será
ganho de calor devido ao efeito corona e a dissipação de calor analisada a seguir.
por evaporação, a contribuição dos valores destas parcelas de 1000
calor é comumente desprezada. Logo, (1) pode ser reescrita
como:
800
Q J + QM + QS = QC + Q R (2)
Ampacidade [A]
III. MODELOS DE AMPACIDADE 600
O modelo de ampacidade publicado por House e Tuttle não Modelo Cigré
fornecia as expressões matemáticas para todas as variáveis Modelo H&T
400
envolvidas no cálculo. Os valores destas variáveis eram Modelo IEEE
obtidos a partir de tabelas para determinado local, não Modelo Morgan
representando corretamente a região na qual se encontrava a 200
linha. Já o modelo de Morgan, apresentado em 1982, fornece 50 60 70 80 90
todas as expressões necessárias para resolução da equação de Temperatura do condutor [°C]
equilíbrio térmico, embora seja impraticável levar em conta Fig. 1. Variação da ampacidade com a temperatura do condutor.
todos os fatores que influenciam na ampacidade [2]. O modelo A. Ganho de Calor devido ao Aquecimento Solar
do CIGRÉ, de 1992, baseia-se no modelo de Morgan, fazendo
Da radiação solar total que atinge o topo da atmosfera
algumas simplificações para facilitar os cálculos e
(aproximadamente 1353 W/m2) apenas 25% atinge a
contribuições adicionais, tornando-os mais práticos. O modelo
superfície terrestre, constituindo a radiação direta [9]. Parte da
do IEEE, publicado em 2007, baseia-se no de House e Tuttle
radiação solar total sofre espalhamento devido à reflexão em
com as modificações realizadas pela East Central Area
nuvens, vapor de água, ozônio e outras partículas existentes na
Reliability (ECAR) [3].
atmosfera, compondo a radiação difusa. A soma destas duas
A comparação entre os modelos será realizada através das
contribuições é definida como radiação solar global. A fração
parcelas de calor de (2), para tanto será utilizado como
da radiação global refletida pela superfície terrestre é chamada
referência o cabo CAA Grosbeak sob as condições da Tabela I
de albedo.
[8]. A dissipação de calor por radiação não será analisada,
O que difere no cálculo do ganho de calor devido ao aque-
pois os modelos utilizam a mesma equação para calcular seu
cimento solar é a forma como cada modelo trata a radiação. O
valor. No caso de análise de sensibilidade de determinada
modelo de Morgan considera a radiação direta, a radiação
variável, todas as demais serão constantes.
difusa, o albedo, além da inclinação do condutor em relação
TABELA I ao plano do horizonte. Os modelos de House e Tuttle e do
CONDIÇÕES PARA CÁLCULO DE AMPACIDADE
CIGRÉ também consideram as duas radiações mais despreza a
Latitude 8° 11’ S (-8° 11’) inclinação do condutor. Já o modelo do IEEE trabalha apenas
Longitude 34° 55’ W (-34° 55’) com a radiação direta e considera o tipo de atmosfera da
Altitude do condutor 20 m região na qual a linha está inserida (limpa ou industrial)
Azimute da linha 3,97° A parcela de calor devido ao aquecimento solar é a que
Emissividade 0,9
Coeficiente de absorção 0,9
mais contribui na diferença entre os resultados de cada
Temperatura do condutor 60 °C modelo. Através da Fig. 1 é possível constatar uma variação
Velocidade do vento 1 m/s de 33% no valor da ampacidade entre os modelos do CIGRÉ e
Direção do vento 90° o do IEEE para o condutor a uma temperatura de 50 °C.
Temperatura ambiente 31,2 °C Desprezando a radiação difusa, os modelos apresentariam
Condições atmosféricas Limpa
os resultados registrados na Fig. 2. A diferença entre os
Hora 12 h
Dia do ano 02 de março modelos do CIGRÉ e do IEEE para o condutor a uma
Albedo 0,15 (áreas urbanas) temperatura de 50 °C diminui para aproximadamente 11%.
Resultados de mesma ordem foram encontrados por Schmidt,
A Fig. 1 mostra o comportamento da ampacidade com a
em 1999, quando comparou os modelos do CIGRÉ e do IEEE
variação da temperatura do condutor para os modelos de
[10]. Ele também desprezou em seus estudos o impacto da
House e Tuttle, Morgan, CIGRÉ e IEEE. É possível verificar
radiação difusa e concluiu que a diferença de ampacidade nos
que, neste caso, o modelo de Morgan é o mais conservador e
resultados, geralmente, não era significativa, especialmente
que quase não há diferença significativa entre ele e o modelo
3
considerando a imprecisão dos parâmetros utilizados. Com o por causa dos efeitos pelicular e magnéticos. Este último é
desenvolvimento tecnológico atual, simplificações como estas geralmente desprezível em condutores não ferrosos a
são desnecessárias e apenas eliminam as particularidades de freqüência industrial, mas pode ser significativo com
cada modelo. condutores com alma de aço[4].
O modelo de Morgan fornece expressões distintas para o
1200
cálculo do ganho de calor por efeito Joule, incluindo o efeito
pelicular, e efeito magnético [2]. Ele também fornece fatores
1000 de correção para inclusão dos efeitos skin e magnético no
calculo da parcela de calor por efeito Joule que pode ser
Ampacidade [A]
para densidade de corrente dependente dos efeitos magnéticos filme de ar que o envolve.
na alma. O efeito magnético é significativo para cabos CAA A densidade relativa do ar, viscosidade cinemática do ar, o
com número impar de camadas de fios de alumínio. A resis- número de Prandtl e a condutividade térmica do filme de ar
tência dos cabos CAA com uma camada de alumínio pode ser são calculados a partir de equações empíricas. As expressões
até 20% superior aos valores tabelados, enquanto nos cabos para cálculo dos três últimos parâmetros supracitados são
CAA com três camadas este acréscimo pode ser de até 3% [3]. válidas para temperaturas do filme de ar entre 0 °C e 100 °C
O modelo proposto pelo IEEE calcula o valor da resistência [2]. Estas temperaturas são obtidas através da média aritmética
em função apenas da temperatura, porém os valores utilizados entre a temperatura ambiente e a temperatura superficial do
nas equações podem ser função da freqüência e densidade de condutor. Não é possível garantir a validade das equações
corrente. A resistência do condutor a qualquer temperatura para calcular a viscosidade cinemática do ar, o número de
( Tc ) é encontrada pela interpolação linear de acordo com a Prandtl e a condutividade térmica com condutores operando
(4). acima dos 100 °C, condição possível com a utilização dos
condutores especiais e com temperatura ambiente acima de 0
⎛ RT − RT1 ⎞
RTc = ⎜ 2 ⎟(Tc − T1 ) + RT . (4) °C.
⎜ T −T ⎟ 1
A dissipação de calor por convecção ( Qc ) pode ser
⎝ 2 1 ⎠
Onde: calculada, de acordo com o modelo do CIGRÉ, por:
RTc resistência ca do condutor a temperatura Tc [Ω/m]; Qc = πλ f (TS − Ta )Nu . (5)
RT1 resistência ca do condutor a temperatura T1 [Ω/m]; Onde:
RT2 resistência ca do condutor a temperatura T2 [Ω/m]; λ f condutividade térmica do filme de ar [W/mK];
velocidades inferiores a 0,5 m/s, notam-se algumas peculiari- Como a turbulência começa a uma determinada velocidade e
dades do modelo. Por exemplo, a ampacidade calculada para atinge seu pico a um valor superior, a transição de uma curva
um vento paralelo à linha é maior que a calculada para um para outra é uma curva contínua e não a descontínua
vento perpendicular. Com o aumento da velocidade é observada [3].
esperado que o valor da ampacidade aumente, porém com
uma direção do vento de 30° esse valor diminui ao passar de
700
Ampacidade [A]
0,5 m/s e volta a aumentar. Como o modelo cita a dificuldade
600
de determinar a direção do vento para velocidades inferiores a
0,5 m/s, as particularidades descritas não seriam tão 500
relevantes. Mas atualmente já existem anemômetros capazes 400
de determinar a direção de ventos de menor intensidade. Um 300
método que apresente valores mais consistentes para esta faixa 0 500 1000 1500 2000
de velocidade seria mais apropriado. número de Reynolds
80
60
600
Qc [W/m]
40
500
20
Ampacidade [A]
400
0
0 500
1000 1500 2000
300 número de Reynolds
Modelo Cigré 0° Fig. 5. Variação da ampacidade e da quantidade de calor dissipado por
200 Modelo Cigré 30° convecção com o número de Reynolds, aplicando o Modelo de House e Tuttle.
Modelo Cigré 45° Para evitar a descontinuidade na curva da ampacidade em
100
Modelo Cigré 90° função do número de Reynolds que acontece no modelo de
0 House e Tuttle, o modelo do IEEE utiliza como valor de tran-
0.5 1 1.5 2
sição o ponto onde estas curvas se cruzam, porém as expres-
Velocidade do vento [m/s]
sões para o cálculo da convecção forçada são diferentes.
Fig. 4. Variação da ampacidade com a intensidade e direção do vento pelo
Modelo do CIGRÉ. O modelo proposto pelo IEEE não cita para qual intervalo de
temperatura as expressões para viscosidade dinâmica e condu-
As expressões utilizadas no modelo de CIGRÉ para dissi-
tividade térmica, utilizadas para calcular o calor dissipado por
pação de calor por convecção são semelhantes às do modelo
convecção, são válidas. Porém, [12] garante a validade destas
de Morgan. Há apenas duas diferenças na forma de calcular o
expressões para temperatura do filme de ar entre 0 ºC e 300
calor dissipado por convecção. A primeira se refere à inclina-
ºC. Para ventos de baixa intensidade o modelo IEEE reco-
ção do condutor. O modelo de Morgan considera essa inclina-
menda que seja utilizado o maior valor calculado através das
ção utilizando fatores de correção para calcular o número de
expressões para convecção forçada e natural. A Fig. 6 mostra
Nusselt e Grashof.
a variação da ampacidade em função da velocidade e direção
A segunda diferença está associada à forma como o modelo
do vento. Conforme esperado, quanto maior for o ângulo entre
de Morgan calcula a dissipação de calor por convecção para
a direção do vento e o eixo do condutor maior será o seu
ventos de baixa intensidade. Este modelo não cita um valor
resfriamento.
específico. A baixa velocidade de vento a convecção natural e
forçada coexistem. O modelo de Morgan sugere um número 1200
de Reynolds equivalente encontrado através do número de
Nusselt com fluxo de ar natural e forçado, evitando as 1000
descontinuidades e incoerências do modelo do CIGRÉ.
O modelo de House e Tuttle determina as perdas de calor
Ampacidade [A]