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AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE CAMARATE

D. NUNO ÁLVARES PEREIRA


SEDE: ESCOLA E B 2, 3 MÁRIO DE SÁ CARNEIRO

FICHA INFORMATIVA

Episódio O Adamastor 3

Conteúdo: Resolução do questionário das págs. 235/236 (in Com Todas


as Letras, Porto Editora)

1.1. Inicialmente o ambiente vivido a bordo das naus era de descontracção,


despreocupação relativamente a fenómenos exteriores às embarcações. (Est.
37, v. 5). Esta atitude resultava das condições de navegação favoráveis (Est. 37,
v. 4).

1.2. O aparecimento de "hũa nuvem, que os mares escurece"; "tão temerosa


vinha e tão carregada" veio alterar radicalmente o estado de espírito dos
marinheiros.

1.3. De "descuidados" (descontraídos, sem receios) passam a atemorizados.


Atente-se no vocábulário que remete para o campo semântico de terror: "nos
corações um grande medo"; "tão temerosa"; "ameaço divino".

2.1. O gigante é apresentado gradativamente, surgindo primeiro sob a forma de


uma nuvem "temerosa e carregada", que se transforma numa "figura" e assume
proporções colossais. A comparação do Adamastor com o "Colosso de Rodes"
confere um maior visualismo à descrição desta figura medonha.
O tamanho descomunal do Adamastor é acentuado pela adjectivação
expressiva: "hũa figura (...) robusta e válida; De disforme e grandíssima
estatura; Tão grande era de membros; monstro horrendo". É também através
dos adjectivos que se descreve a figura assustadora do Gigante: "rosto
carregado e barba esquálida; os olhos encovados; e a cor terrena e pálida;
cheios de terra e crespos os cabelos; a boca negra, os dentes amarelos; a boca
e os olhos negros". A adjectivação dupla é ainda uma forma de caracterizar a
"postura medonha e má" e o tom de voz do gigante, que, num primeiro

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momento, é "horrendo e grosso", dando lugar, num segundo momento, a uma
voz "pesada e amara". Esta mudança do tom de voz do gigante é também
sublinhada através da comparação: no início "pareceu sair do mar profundo";
depois da interpelação de Vasco da Gama, torna-se amarga, "como quem da
pergunta lhe pesara".
Psicologicamente o Adamastor é-nos apresentado com uma atitude
ameaçadora: "rosto carregado"; "postura medonha e má" e "cum tom de voz 3

(...) horrendo e grosso".

2.2. Os recursos expressivos utilizados foram a adjectivação expressiva que


pretende salientar determinados aspectos na figura para obter o efeito
desejado, e a comparação da figura com o colosso de Rodes, no sentido de dar
mais ênfase ao seu tamanho descomunal.

2.3. Estes recursos conferem um maior visualismo à descrição da figura, tanto


física como psicologicamente, de forma a provocar no leitor os sentimentos
desejados – espanto, terror, etc.

3.1. O destinatário é os Portugueses.

3.2. O gigante caracteriza os lusos como uma gente mais audaciosa e


destemida do que todos os que no mundo realizaram grandes façanhas (Est.
41); infatigável em inúmeras guerras e trabalhos inglórios (Est. 42); atrevida
("teu sobejo atrevimento"; "de atrevidas") (Est. 42 e Est. 43); teimosa, tenaz,
persistente ("vossa pertinace confiança") (Est. 44) e ousada ("vossa ousadia")
(Est. 50).

3.3. "os vedados términos quebrantas / E navegar meus longos mares ousas";
"vens ver os segredos escondidos (...) / A nenhum grande humano concedidos".

3.4. Os mares são implicitamente comparados a campos "arados", lavrados


pelas naus. Como o arado sulca a terra também as naus o fazem ao mar.

3.5. Na generalidade o gigante ameaça os portugueses com dificuldades na


passagem do Cabo, em viagens futuras ("inimiga terão esta paragem") e todos
os anos haverá "naufrágios e perdições de toda a sorte". Refere-se também a
casos particulares como: o naufrágio de algumas naus de Pedro Álvares Cabral

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("a primeira armada que por ali passar"), a vingança (morte) de quem o
descobriu, Bartolomeu Dias; a morte de Francisco de Almeida e os suplícios da
família Sepúlveda.

3.6.1. A primeira atitude foi de medo, terror: "Arrepiam-se as carnes e o


cabelo" (Est. 40). Enquanto interpela o gigante, Gama não revela medo,
interrompe-o e fala-lhe de cabeça erguida ("alçado"), num tom de voz igual, 3
numa atitude de afrontamento (Est. 49).

3.6.2. Esta atitude só poderá resultar do heroísmo do capitão que consegue


ultrapassar os medos provocados.

3.7.1. A dor da recordação do drama de amor que o transformou naquele cabo.

3.8.1. O Adamastor apaixona-se pela bela Thétis que o rejeita devido à


grandeza feia do seu gesto. Decide, então, tomá-la pela força das armas e fez
saber isso a Dóris, sua mãe. Esta tentou convencer a sua filha a aceitá-lo. Thétis
promete encontrar uma maneira de evitar a guerra. Convencido, o gigante
desistiu da guerra a troco de um encontro com a sua amada. No entanto,
julgando estar a abraçá-la, apercebe-se de que afinal abraçava um duro monte.
Castigado por se ter apaixonado por esta ninfa, o gigante foi transformado num
imenso rochedo e Thétis, num atitude de mulher que se sente muito amada,
ousa troçar de quem a ama.

4.1. Após o seu discurso autobiográfico, desaparece subitamente chorando: "e


cum medonho choro, / Súbito de ante os olhos se apartou."

4.2. O Gama invoca a protecção divina, pedindo a Deus "que removesse os


duros / Casos que Adamastor contou futuros".

5.1. Significado/simbolismo do Adamastor:

• Geograficamente: simboliza o Cabo das Tormentas, posteriormente


chamado da Boa Esperança;
• Simbolicamente: série de perigos e dificuldades que os Portugueses
tiveram de enfrentar e vencer; o gigante simboliza a frustração amorosa.

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