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Técnicas de Investigação

Científica

Pesquisa em Educação Física


Dulce Suassuna
Técnicas de Investigação
Científica
 Observação

 Entrevista

 Questionário
Observação
 A observação pode ser utilizada na pesquisa
conjugada a outras técnicas ou de forma
exclusiva.
 Pode ser utilizada como procedimento científico
à medida que atende aos seguintes requisitos:
- serve a um objetivo formulado de pesquisa;
- é sistematicamente planejada;
- é submetida a verificação e controle de
validade e precisão;
Observação: principal
problema
 O principal problema da observação é
que a presença do pesquisador pode
provocar alterações no comportamento
dos observados, destruindo a
espontaneidade dos mesmos e
produzindo resultados pouco confiáveis.
Tipos de observação, segundo
os meios utilizados:
Segundo os meios utilizados a observação
pode ser :
 Estruturada;
 Não-estruturada;

O pesquisador pode ir a campo com um


roteiro previamente estabelecido ou
sem ele.
Tipos de observação, segundo o grau
de participação do pesquisador
 Segundo o grau de participação do
pesquisador, a observação pode ser:
Participante
Não Participante
Observação Participante:
 Como a observação participante, por
sua própria natureza, tende a adotar
formas não estruturadas, pode-se
adotar a seguinte classificação, que
combina os dois critérios considerados:
 A) Observação simples;
 B) Observação participante;
 C) Observação sistemática.
Observação Simples

 O pesquisador permanece alheio à


comunidade, grupo ou situação que
pretende estudar, observando de
maneira espontânea os fatos que aí
ocorrem. Neste procedimento o
pesquisador é muito mais um
espectador que um ator.
Vantagens da observação
simples:
 Possibilita a obtenção de elementos para a
definição do problema de pesquisa;
 Favorece a construção de hipóteses acerca do
problema pesquisador;
 Facilita a obtenção de dados sem produzir
querelas ou suspeitas nos membros das
comunidades, grupos ou instituições que
estão sendo estudadas.
Limitações da observação
simples
 É canalizada pelos gostos e afeições do
pesquisador. Muitas vezes sua atenção é
desviada para o lado pitoresco, exótico ou
raro do fenômeno;
 O registro das observações depende,
freqüentemente, da memória do investigador;
 Dá ampla margem à interpretação subjetiva e
parcial do fenômeno estudado.
Quando é indicada a
observação simples?
 A observação simples é indicada,
principalmente, para estudos
qualitativos de caráter exploratório
(levantamento).
Itens que devem ser considerados para os
pesquisadores em uma observação simples:

 A) os sujeitos. Quem são os participantes? Quantos


são? A que sexo pertencem? Quais são suas idades?
Como se vestem? Que adornos utilizam? O que os
movimentos de seu corpo expressão?
 B) O cenário. Onde as pessoas se situam? Quais são
as características desse local? Com que sistema social
pode ser identificado?
 C) O comportamento social. O que realmente ocorre
em termos sociais? Como as pessoas se relacionam?
De que modo o fazem? Que linguagem utilizam?
Interpretação dos dados da
observação simples
 Que significado atribuir aos dados
coletados por meio da observação
simples?
 Cuidados necessários do pesquisador:
ele deve estar dotado de
conhecimentos prévios acerca da
cultura do grupo que pretende
observar.
Observação simples:
questões????
 O que é um diário de campo?

 Deve-se tomar nota no local?

 Pode-se fotografar, filmar ou gravar?


Observação participante
 Consiste na participação real do pesquisador
na vida da comunidade, do grupo ou de uma
situação determinada.
 O observador assume, pelo menos até certo
ponto, o papel de membro do grupo.
 Daí se dizer que por meio da observação
participante se pode chegar ao conhecimento
da vida de um grupo a partir do interior dele
mesmo.
Observação participante
 Foi introduzida pelos antropólogos no
estudo das chamadas “sociedades
primitivas”
 Pode ser de duas formas distintas:
a) Natural (quando o observador é parte do
grupo que investiga);
b) Artificial (quando o observador se integra ao
grupo com o objetivo de realizar a
investigação).
Observação participante

 No caso da observação participante, o


pesquisador deve decidir se revelará
que está observando o grupo ou não.
Nos dois casos o pesquisador terá que
ter cuidados e atenção para não tornar
sua pesquisa tendenciosa.
Observação participante:
vantagens
 Facilita o rápido acesso a dados sobre
situações habituais em que os membros das
comunidades se encontram envolvidos;
 Possibilita o acesso a dados que a
comunidade ou grupo considera de domínio
privado;
 Possibilita captar as palavras de
esclarecimento que acompanham o
comportamento dos observados.
Observação participante:
desvantagens
 Restrições. Pode significar uma visão
parcial do objeto estudado;
 Desconfiança do grupo investigado em
relação ao pesquisador;
Observação sistemática
 É utilizada em pesquisas que têm como
objetivo a descrição precisa dos fenômenos
ou o teste de hipóteses;
 Pode ocorrer em situações de campo ou de
laboratório;
 Antes da coleta de dados, o pesquisador
elabora um plano específico para a
organização e registro das informações. Isto
implica em estabelecer, antecipadamente, as
categorias necessárias à análise da situação.
Observação sistemática

 Para que as categorias sejam


estabelecidas adequadamente, é
conveniente que o pesquisador realize
um estudo exploratório, ou mesmo
estudos dirigidos à construção dos
instrumentos para registro dos dados.
Observação sistemática:
registro de Bales (1950)
 Reações positivas:
1. Mostra solidariedade, eleva o status
do outro, dá ajuda, prêmio
2. Mostra alívio de tensão, brinca, ri,
mostra satisfação
3. Concorda, mostra aceitação passiva,
compreende, apóia, submete-se
Cont.
 Área Tarefa (Neutra):
4. Dá sugestão e orientação, supondo autonomia do
outro
5. Dá opinião, avalia e analisa
6. Dá orientação, informa, repete e esclarece
7. Pede orientação, informação, repetição
8. Pede opinião, avaliação, análise, expressão de
sentimento
9. Pede sugestão, orientação, maneiras possíveis de
ação
Cont.

 Reações negativas:
10. Discorda, mostra rejeição passiva,
formalidade, recusa ajuda
11. Mostra tensão, pede ajuda, afasta-se
do campo
12. Mostra antagonismo, reduz o status
do outro, defende-se, afirma-se
Observação sistemática:
limitações
 O pesquisador está impossibilitado de
ocultar a realização da pesquisa;
 Tem que ter tempo e preparação prévia
das categorias a serem analisadas
Observação sistemática:
vantagens
 Facilidade na análise do material
coletado.
Entrevista
 Técnica em que o investigador se apresenta
frente ao investigado e lhe formula
perguntas, com o objetivo de obtenção de
dados que interessam à investigação.
 A entrevista é uma forma de interação social.
 É uma forma de diálogo assimétrico, em que
uma das parte busca coletar dados e a outra
constitui fonte de informação.
Entrevista
 É uma das técnicas de coleta de dados mais
utilizadas na pesquisa social.
 É uma técnica adequada para obter
informações sobre: o que as pessoas sabem,
crêem, esperam, sentem, desejam,
pretendem fazer, fazem ou fizeram, bem
como acerca das suas explicações ou razões
a respeito das coisas precedentes.
Entrevista
 Muitos autores a consideram como a técnica
de investigação social por excelência,
comparando sua importância a de um tubo
de ensaio para o químico ou a de um
microscópio para a microbiologia.
 Por sua flexibilidade é adotada como técnica
fundamental de investigação nos mais
diversos campos e pode-se afirmar que parte
do legado das CS se deve à sua aplicação.
Entrevista: vantagens
 A) possibilita a obtenção de dados referentes aos mais diversos
aspectos da vida social;
 B) é eficiente para a obtenção de dados em profundidade;
 C) os dados obtidos são suscetíveis de classificação e
quantificação;
 D) não exige que a pessoa entrevistada saiba ler;
 E) possibilita um maior número de respostas, pois é mais fácil
se negar a responder a um questionário do que a ser
entrevistado;
 F) oferece maior flexibilidade ao pesquisador;
 G) possibilita captar a expressão corporal do entrevistado.
Entrevista: limitações
A) Falta de motivação do entrevistado;
B) A inadequada compreensão do significado das
perguntas;
C) O fornecimento de respostas falsas;
D) Inabilidade do entrevistado para responder;
E) Influência exercida pelo aspecto pessoal do
entrevistador sobre o entrevistado;
F) Influência das opiniões pessoais do entrevistador
sobre as respostas do entrevistado;
G) Custos do treinamento de pessoal e aplicação das
entrevistas.
Entrevista: níveis de
estruturação
 Estruturadas ou diretivas

 Semi-estruturadas

 Livre
Cont.

 A partir da diferenciação anterior, as


entrevistas podem ser classificadas em:
informais, focalizadas, por pautas e
formalizadas.
Entrevista informal

 É o menos estruturado possível e só se


distingue da simples conversa porque
tem como objetivo a coleta de dados.
 O que se pretende neste caso é uma
visão mais geral do problema
investigado, bem como a identificação
de alguns aspectos da personalidade do
entrevistado.
Entrevista informal
 Em alguns casos a entrevista informal é também
chamada de entrevista clínica ou profunda, e, em
algumas circunstâncias, não dirigida.
 A entrevista clínica exige grande habilidade do
pesquisador. Piaget (s/d, p. 11) a utilizou com
crianças e diz:
 “O bom entrevistador deve, efetivamente, saber reunir duas
qualidades muitas vezes incompatíveis: saber observar, ou seja,
deixar a criança falar, não desviar nada, não esgotar nada e, ao
mesmo tempo, saber buscar algo de preciso, ter a cada instante
uma hipótese de trabalho, uma teoria, verdadeira ou falsa, para
controlar”.
Entrevista focalizada

É tão livre quanto a anterior, todavia enfoca um


tema bem específico. O entrevistador permite
ao entrevistado falar livremente sobre o
assunto, mas, quando este se desvia do tema
original, esforça-se para a sua retomada.
(o entrevistador concebe ampla liberdade para
que o entrevistado discorra sobre o tema
proposto)
Entrevista por pautas
 O entrevistador se guia por pontos de
interesse, apresentando certo grau de
estruturação.
 As pautas devem ser ordenadas e
guardar certa relação entre si.
 O entrevistado faz poucas perguntas
diretas e deixa o entrevistado falar
livremente sobre o assunto em pauta.
Entrevista estruturada

 O entrevistador segue um roteiro fixo


de perguntas.
 São mais rápidas, porque o entrevistado
deve responder o que lhe foi
questionado.
Entrevista face a face e por
telefone
 Face a face – contato direto do pesquisador
com o pesquisado (desvantagem: custo
elevado)

 Realizada por telefone (desvantagem: nem


toda a população tem telefone, dependo do
grupo que se quer alcançar, impossibilita
descrever as características do entrevista, as
circunstâncias e pode ser interrompida a
qualquer momento. Vantagem: custo baixo)
Questionário

 Questões dirigidas por escrito a


pessoas, com o objetivo de ter
conhecimento sobre opiniões, crenças,
sentimentos, interesses, expectativas,
situações vivenciadas, entre outros.
 São, geralmente, auto-aplicados, isto é,
o próprio informante responde.
Questionário: vantagens
 Possibilita atingir grande nº de pessoas;
 Implica menores custos;
 Garante anonimato do informante;
 Permite que as pessoas respondam no
momento em que julgarem mais
conveniente;
 Não expõe os pesquisados à influência
de opiniões externas.
Questionário: limitações
 Exclui pessoas que não sabem ler e escrever;
 Impede o auxílio ao informante quando este não entende
corretamente a questão;
 Impede o conhecimento das circunstâncias em que foi
respondido;
 Não oferece a garantia de que a maioria das pessoas devolvam-
no devidamente preenchido;
 Envolve, geralmente, nº relativamente pequeno de perguntas,
porque os muito extensos não são respondidos;
 Proporciona resultados bastante críticos em relação à
objetividade, pois os itens podem ter significado diferente para
cada sujeito pesquisado.
Construção do questionário
 Consiste em traduzir os objetivos da pesquisa
em perguntas claras e objetivas.
Tipos de questões:
Em relação à forma: fechadas, abertas e
relacionadas;
Em relação ao conteúdo: fatos, atitudes,
crenças, comportamento, sentimentos,
padrões de ação, presente e passado, razões
conscientes.
Em relação à forma:

FECHADA
Exemplo: Qual é a sua religião? (a)
católico; (b) protestante; (c) espírita;
(d) outra religião; (e) sem religião
ABERTA
Exemplo: Qual é, na sua opinião, o
principal problema de transporte
público na sua cidade?
Cont.
RELACIONADA OU DEPENDENTE
Exemplo: Você fuma cigarros?
( ) Sim
( ) Não
Em caso afirmativo, quantos cigarros você fuma
por dia?
Verifique que aqui a 1ª pergunta é fechada e a 2ª é
aberta, todavia, vc poderia fecha-la, basta numerar a
quantidade de cigarros estimada.
Em relação ao conteúdo

 Fatos: sexo, idade, naturalidade, estado


civil, número de filhos
 Atitudes e crenças: trabalho, atividades
de lazer, violência e crime
 Comportamento:
Condução da entrevista

 É essencial prática, isto é, o


pesquisador precisa treinar com
diferentes grupos como e deve se
comportar durante a entrevista.
 Não há como se falar na maneira
correta de conduzir a entrevista,
depende das circunstâncias e do
objetivo que se pretende alcançar.
Preparação do roteiro da
entrevista
 Definir o tipo de entrevista a ser adotado;
 As instruções do observador devem ser elaboradas com clareza.
Dentre as principais informações estão: como iniciar a entrevista,
quanto tempo poderá ser despendido, em que local e circunstância
poderá ser realizada, como proceder em caso de recusa.
 As questões devem ser claras e objetivas. E quando a fala for
concluída, reiniciar a discussão com questões do tipo: Por favor,
diga-me..., Estamos interessados em saber,...
 Questões ameaçadoras, devem ser elaboradas de modo que o
entrevistado não tenha constrangimento para responder.
 Questões abertas devem ser evitadas, quando são elaboradas
questões deste tipo o entrevistado precisa anotar as respostas.
 As questões devem obedecer a um ordenamento lógico.
Contato inicial

 Contato pessoal prévio, informando da


necessidade da entrevista;
 Autorização do grupo a ser
entrevistado;
 Documento escrito informando sobre a
pesquisa.
Formulação das perguntas

 Estruturadas – a formulação das


perguntas assume um caráter
metódico;
 Não estruturadas – a formulação das
perguntas pode ocorrer de forma mais
livre pelo pesquisador.
Estímulo das perguntas

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