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Objetivo do capítulo: discutir em termos gerais a conexão entre simetrias, degenerescências e leis de
conservação.
Uma maneira alternativa de descrever um sistema clássico é introduzir a Lagrangeana L, que satisfaz a
equação
d ∂L − ∂L 0
dt ∂q̇ i ∂q i
Note que L Lq 1 , q 2 , … , q N ; q̇ 1 , q̇ 2 , … , q̇ N é uma função da coordenada generalizada q i e da correspodente
velocidade generalizada q̇ i . Para sistemas conservativos,
L T−V
onde T é a energia cinética e V Vq 1 , q 2 , … , q N , a energia potencial.
Lagrangeana do oscilador. No caso do oscilador harmônico, a Lagrangeana é dada por
Lx, ẋ 1 mẋ 2 − 1 kx 2 .
2 2
Usando a equação de Lagrange, encontramos
d ∂L − ∂L 0 → d mẋ − −kx 0 mẍ −kx
dt ∂ẋ ∂x dt
Lagrangeana L… , q i q i , … L… , q i , … . Se a Lagrangeana não muda sob a ação de um
deslocamento na coordenada q i , isto é,
q i → q i q i (4.1.1)
então devemos ter
∂L 0 (4.1.2)
∂q i
p i ∂L (4.1.4)
∂q̇ i
Outra maneira alternativa de descrever um sistema clássico é através da Hamiltoniana Hq i , p i , de onde se
obtém as equações de movimento
q̇ i ∂H , ṗ i − ∂H
∂q̇ i ∂q i
Para um sistema conservativa, H é definida como
H T V.
Se a Hamiltoniana não depender de q i , que é uma outra maneira de dizer que H é invariante sob a
tranformação q i → q i q i , então, das equações de Hamilton,
− ∂H 0
dp i
ṗ i ≡
dt ∂q i
Portanto, p i se conserva se H não depender da mudança q i → q i q i .
Sistema possui simetria. Caso o sistema possua a simetria associada ao operador U, então H é
invariante sob esta transformação. Ou seja
U † HU H (4.1.8)
Mas, isto é equivalente a
G, H 0 (4.1.9)
Constante de movimento. Devido a equação de movimento de Heisenberg, temos
dG 1 G, H 0, (4.1.10)
dt i
o que significa dizer que G é uma constante de movimento.
Relação de comutação e a conservação através do autoket.Podemos encontrar uma conexão entre a
relação de comutação de G com H e a conservação de G do ponto de vista do autoket de G, quando G
comuta com H.
Seja |g ′ o autoket de G para t t 0 . Neste caso,
G |g ′ g ′ |g ′ .
Em tempos posteriores, o ket pode ser obtido aplicando o operador evolução temporal:
|g ′ , t 0 ; t Ut, t 0 |g ′ . (4.1.11)
Como G comuta com H, ele também comuta com Ut, t 0 exp−iHt − t 0 /. Portanto,
G |g ′ , t 0 ; t G Ut, t 0 |g ′ Ut, t 0 G g ′ Ut, t 0 |g ′ (4.1.12)
Degenerescências
Prof. Abraham Moysés Cohen Mecânica Quântica A 2
Suponha que
H, U 0 (4.1.13)
para algum operador de simetria e |n é um autoket de energia com autovalor E n , ou seja,
H |n E n |n
Então, U|n é também um autoket de energia com o mesmo autovalor, uma vez que
HU|n UH |n E n U|n (4.1.14)
Os estados |n e U|n são diferentes. No caso de |n e U|n representarem estados diferentes, sendo iguais
suas energias, eles são estados degenerados. Geralmente U é caracterizado por um parâmetro contínuo,
digamos , e, portanto, todos os estados da forma U |n têm a mesma energia.
Caso específico da rotação. Suponha que o Hamiltoniano do sistema seja invariante por rotação. Logo,
DR, H 0 (4.1.15)
que, necessariamente implica que
J, H 0, J 2 , H 0 (4.1.16)
têm a mesma energia E n . Observe que DR|n; j, m é uma combinação linear de 2j 1 estados
independentes, correspondentes aos 2j 1 valores diferentes de m ′ . Para cada valor de m, obtém uma
combinação linear diferente, com a mesma energia. Portanto, DR|n; j, m tem degenerescência 2j 1, que
corresponde aos 2j 1 valores diferentes de m.
Exemplo: elétron num átomo. Neste caso, o potencial pode ser escrito na forma
Vr V LS r L S
onde L e S são o momento angular orbital e de spin, respectivamente. Uma vez que r e L S são invariantes
por rotação, esperamos que cada nível atômico tenha degenerescência 2j 1.
Campo elétrico ou magnético. Submetendo-se o átomo, a um campo elétrico ou campo magnético, por
exemplo, na direção z, a simetria rotacional agora é notoriamente quebrada; como resultado, não se espera
mais que os níveis tenham aquela degenerescência, ou o que dá no mesmo, que os estados caracterizados
por diferentes valores de m tenham a mesma energia.
novo x
novo y
y
x
novo z
Transformação de paridade sobre kets. Dado o ket |, considere um estado espacialmente invertido, que
é obtido pela aplicação do operador unitário conhecido como operador paridade, como segue:
| → | (4.2.1)
Exigimos que o valor esperado de x tomado com relação ao estado invertido tenha o sinal oposto ao do
estado original. Ou seja,
〈| † x | −〈| x | (4.2.2)
Isto é obtido se
† x −x (4.2.3)
ou
x −x (4.2.4)
onde usamos o fato de ser um operador unitário: † † 1
Transformação de |x ′ sob operação de paridade. Como um autoket do operador posição transforma-se
paridade?
Seja,
x |x ′ x ′ |x ′
Então
x |x ′ x ′ |x ′
Como x − x ,
− x |x ′ x ′ |x ′
Então
x |x ′ −x ′ |x ′
Esta equação nos diz que |x ′ é um autoket de x com autovalor −x ′ . Portanto, a menos de uma fase, ele
deve ser o mesmo que o autoket da posição |−x ′ . Podemos então escrever,
|x ′ e i |−x ′ (4.2.5)
Momento como gerador de translações. A figura mostra que uma operação de translação seguida por
paridade é equivalente à paridade seguida por translação em sentido oposto. Ou seja,
translação paridade paridade translação em sentido oposto
dx'
− dx'
Em termos de operadores
Tdx ′ T−dx ′ (4.2.8)
Momento angular como gerador de rotações. Para mostrar que esta propriedade também vale para spin,
devemos usar o fato de que J é o gerador de rotações. Para matrizes ortogonais 3 3, temos
R paridade
R rotação
R rotação
R paridade
(4.2.13)
paridade
onde R é dado explicitamente por
−1 0 0
0 −1 0 ; (4.2.14)
0 0 −1
Os operadores paridade e rotação comutam. Para os operadores unitários, temos a relação correspondente
DR DR (4.2.15)
Da definição DR 1 − J n̂ / segue-se
1 − J n̂ / † 1 − J n̂ /
de onde se obtém, para uma direção fixa n̂
J † J ou , J 0 (4.2.16)
Operador momento angular de spin. Para uma partícula com spin, o momento angular total J é dado por
J LS
Como J, 0 e L, 0 segue-se também que S, 0.
Pseudoescalar. Considere agora operadores do tipo S x. Sob rotações, eles se transformam da mesma
forma como escalares comuns, tais como S L ou x p. Mas, sob inversão espacial, eles se transformam da
seguinte maneira:
S x † S † x † S −x −S x (4.2.18)
A função de onda do estado sujeito a uma inversão espacial, representado pelo ket |, é
〈x ′ || 〈−x ′ | −x ′ (4.2.20)
O ket | é um autoket do operador paridade. Se | é um autoket do operador paridade, cujos autovalores
são 1 como já vimos, então
| | (4.2.21)
A correspondente função de onda será
〈x ′ || 〈x ′ | (4.2.22)
Mas, como já vimos, temos também
〈x ′ || 〈−x ′ | → 〈−x ′ | 〈x ′ |
Assim, o estado | é par ou ímpar sob operação de paridade, dependendo se a correspondente função de
onda satisfaz
paridade par
−x x (4.2.24)
paridade ímpar
Autoket do momento. Nem todas as funções de onda de interesse físico têm paridades definidas. Por
exemplo, o operador momento anticomuta com o operador paridade; logo, o autoket do momento não é
′
também um autoket do operador paridade. Logo, a função de onda plana, e ipx / , que é a função de onda
para o autoket do momento, não satisfaz (4.2.24).
Autoket do momento angular orbital. Um autoket do momento angular orbital deve ser também um
autoket da paridade, uma vez que esses dois operadores comutam. Seja a função de onda:
〈x ′ |, lm R rY ml , (4.2.25)
A transformação de x ′ → −x ′ resulta em
r→r
→ − cos → − cos (4.2.26)
→ e im → −1 e m im
Usando a forma explícita,
2l 1l − m! m
Y ml , −1 m P l cos e im (4.2.27)
4l m!
m
−1
H, 0 (4.2.31)
também é um autoket de H com autovalor E n. Por outro lado, |n e 1 1 |n devem representar o
2
mesmo estado, o que do contrário seriam dois estados com a mesma energia, o que contradiz a hipótese
inicial de estados não degenerados. Segue-se que |n, que é o mesmo que 1 1 |n exceto por uma
2
constante multiplicativa, deve ser um autoket do operador paridade com paridade 1.
Exemplo 2: Átomo de Hidrogênio. Devemos sempre observar que a hipótese de estado não degenerado é
muito importante para a aplicação do teorema acima. Um contra-exemplo é o átomo de hidrogênio. Como
De fato,
EA
ES
Esta figura também mostra os dois estados de mais baixa energia, E 1 e E 2 . Explicitamente, suas funções de
onda envolvem seno e cosseno nas regiões classicamente permitidas e senh e cosh na região classicamente
proibida. As soluções são casadas nos pontos de descontinuidades do potencial: a estas soluções
chamaremos de estado simétrico |S e estado anti-simétrico |A. Como não há degenerescências, estes
estados são autokets simultâneos de H e . Os cálculos mostram que E A E S , onde na figura E S E 1 e
E A E 2 . Isto pode ser inferido da figura, notando que a função de onda do estado anti-simético tem uma
curvatura maior, e, portanto, maior energia cinética. A diferença entre as energias E S e E A é muito pequena
quando a barreira central é alta (veja discussão mais adiante).
Capítulo 4 Simetria em Mecânica Quântica 9
Estados não estacionários. Vamos construir os kets
|R 1 |S |A (4.2.37a
2
e
|L 1 |S − |A (4.2.37b
2
De acordo com a figura, as funções de onda correspondentes, R e L , são fortemente concentradas do
lado direito R e do lado esquerdo L do potencial, respectivamente. Esses kets não são autokets da
paridade. De fato,
e
|L |R
Também, os kets |R e |L não são autokets da energia, pois
T 2 2
E A − E S .
Comportamento oscilatório e tunelamento. Este comportamento oscilatório pode também ser considerado
sob o ponto de vista de tunelamento em mecânica quântica. Isto é: uma partícula inicialmente confinada do
lado direito pode tunelar através da região classicamente proibida (barreira central) para o lado esquerdo,
voltar para o lado direito e assim sucessivamente.
Barreira central de altura infinita. Podemos mostrar que os estados |S e |A agora são são degenerados,
isto é, E S E A E. Neste caso, os estados |R e |L são autokets de energia. De fato,
H |R 1 E S |S E A |A E |R
2
H |L 1 E S |S − E A |A E |L
2
Porém, devido a degenerescência, |R e |L não são autokets da paridade.
∞ ∞
|R e |L são estados estacionários. O fato de |R e |L serem agora autokets da energia significa que, se o
sistema estiver no estado |R no instante t 0, assim permanecerá para sempre (o período de oscilação
entre os estados |R e |L é agora infinito). Devido a altura infinita da barreira central, não há possibilidade
de tunelamento.
Então, quando existe degenerescência, os autokets de energia que podem ocorrer fisicamente não precisam ser
autokets da paridade.
Observação No caso analisado, o estado fundamental é assimétrico, a despeito do Hamiltoniano ser simétrico por
inversão espacial, tal que, com a degenerescência, a simetria de H não é necessariamente obedecida pelos
autoestados de energia.
Molécula de Amônia
Um sistema que ilustra a importância do poço duplo simétrico é uma molécula de amônia, NH 3 (v. figura).
H
N
Os três átomos de H localizam-se sobre os vértices de um triângulo equilátero. O átomo de N pode estar
acima ou abaixo deste plano, onde as posições cima e baixo são definidas porque a molécula gira em torno
do eixo como mostra a figura. Essas posições de N são análogas a R e L do poço duplo de potencial. Os
autoestados simultâneos da paridade e da energia, são combinações lineares de |R → cima e
|L → baixo . Assim,
Assim, para 1 (mesma paridade) 〈|x| −〈|x|, o que é impossível para valores finitos diferentes
de zero. Logo, o resultado só terá sentido para −1 (paridade oposta).
Regra de seleção. Em termos das funções de onda correspondentes, o argumento será
x d 0 (4.2.43)
se e tiverem a mesma paridade (integrando ímpar). Este resultado, conhecido como regra de seleção,
devido a Wigner, é de grande importância na discussão de transições radiativas entre estados atômicos.
Essas transições acontecem entre estados de paridade oposta como consequência formalismo de
expansão em multipolos. Eram conhecidas fenomelogicamente da análise de linhas espectrais, antes da
Mecânica Quântica, como regra de Laporte. Wigner mostrou que a regra de Laporte é uma consequência da
regra de seleção de paridade.
Momento de dipolo. O valor esperado do momento de dipolo num autoestado de energia |n é
proporcional a
〈n|x|n
Para estados degenerados é perfeitamente possível haver momento de dipolo, como veremos no Capítulo 5.
Generalização dos resultados. Operadores que são ímpares sob ação da paridade, tal como p ou S x, têm
elementos de matriz não nulos somente entre estados de paridade oposta. Por outro lado, operadores que são pares
conectam estados de mesma paridade.
Não-conservação da Paridade
★ Leia esta seção.
a a a a a
(b)
Na prática, podemos considerar o movimento de um elétron numa cadeia regularmente espaçada de íons
positivos.
Operador translação de rede. Seja o operador l que têm as seguintes propridades:
l † xl x l, l|x ′ |x ′ l (4.3.1)
Em geral, o Hamiltoniano, H K V, não é invariante sob uma translação representada por l para l
arbitrário. Porém, quando l coincide com o espaçamento de rede a, temos
† aVxa Vx a Vx (4.3.2)
2m
Hamiltoniano total satisfaz
† aHa H (4.3.3)
Logo, H e a podem ser diagonalizados simultaneamente. Embora a seja unitário, ele não é um
operador Hermitiano. Em consequência disto, espera-se que seus autovalores sejam números complexos
de módulo 1.
(A) Rede periódica com barreira infinita (parte (b) da figura). Qual é o estado fundamental para o potencial
mostrado na figura (b) acima?
Obviamente é o estado em que a partícula está completamente localizada em um dos sítios da rede.
Seja |n o ket correspondente à situação em que a partícula esteja localizada no n-ésimo sítio. Uma vez que
a barreira de potencial é infinita, este estado é um autoket da energia com autovalor E 0 :
H |n E 0 |n
Sua função de onda, 〈x ′ |n, é finita apenas dentro do n-ésimo sítio, sendo nula fora dele.
Entretanto, um estado similar localizado em outro sítio da rede tem também a mesma energia E 0 , de
maneira que existe um número infinito de estados fundamentais n, onde − n .
|n não é um autoket de a. De fato,
Prof. Abraham Moysés Cohen Mecânica Quântica A 14
a |n |n 1, (4.3.5)
a despeito de comutar com H. Isto é consistente com o teorema sobre simetria, uma vez que existe
degenerência (infinita). Quando existe degenerescência, a simetria do mundo não necessita ser a simetria
dos autokets de energia.
Autokets simultâneos de H e a. Aqui a situação que acontece com |n é similar àquela do poço duplo
(infinito) de potencial. Os estados |R e |L não são autokets de . Porém, podemos formar combinações
lineares simétrica e assimétrica desses kets, que são autokets de . Seja a combinação linear
| ∑ e in |n (4.3.6)
n−
onde é um parâmetro real com − ≤ ≤ . Vamos admitir que | seja um autoket simultâneo de H e a.
Que | é um autoestdo de H é óbvio, uma vez que |n é um autoket com autovalor E 0 . Para o operador
translação de rede, segue-se
a | ∑e in
|n 1 e −i
∑ e in1 |n 1 e −i | (4.3.7)
n− n−
Note que este autoket simultâneo de H e a é parametrizado por um parâmetro contínuo . Além disto, o
autovalor da energia E 0 não depende de .
(B) Rede periódica com barreira finita (parte (a) da figura). Neste caso, a função de onda 〈x ′ |n
correspondente o ket localizado |n tem uma pequena cauda extendendo-se para os sítios vizinhos devido
ao tunelamento quântico. Por conta disto, |n não é mais um autoket de H. Em outras palavras, H não é
mais diagonal na base |n. Devido à invariância translacional de H, todos os seus elementos diagonais
são iguais, ou seja,
〈n| H |n E 0 (4.3.8)
independente de n, como antes.
Suponha agora que as barreiras sejam muito altas (mais não infinitas). Esperamos que os elementos de
matriz de H entre sítios distantes sejam desprezíveis. Vamos considerar que os únicos elementos fora da
diagonal importantes conectam os vizinhos mais próximos.
n-1 n n+1
Ou seja,
〈n ′ | H |n ≠ 0 somente se n ′ n ou n ′ n 1 (4.3.9)
Em física do estado sólido, esta suposição é conhecida como aproximação tight-binding (ou ligações fortes).
Vamos definir
〈n 1| H |n −Δ (4.3.10)
Agora | continua sendo um autoket de a como antes. Para H, temos:
H | ∑ e in H |n ∑ e in E 0 |n − Δ |n 1 − Δ |n − 1
n− n−
E0 ∑ e in |n − Δ ∑ e in |n 1 − Δ ∑ e in |n − 1
n− n− n−
E0 ∑ e in |n − Δe −i ∑ e in1 |n 1 − Δe i ∑ e in−1 |n − 1
n− n− n−
−i
E 0 | − Δ e e |
i
ou seja,
H | E 0 − 2Δ cos | (4.3.13)
A grande diferença entre este caso e o anterior é que agora os autovalores da energia dependem do
parâmetro real contínuo . A degenerescência é quebrada para Δ finito e encontramos uma distribuição
contínua de autovalores da energia entre E 0 − 2Δ e E 0 2Δ (veja figura).
banda de energia
E0 + 2Δ
E0
E0 - 2Δ
Significado físico do parâmetro . Seja a função de onda 〈x ′ |. Para do estado transladado da rede
a|, obtém-se
〈x ′ | a| 〈x ′ − a| (4.3.14)
fazendo a atuar sobre 〈x ′ |. Mas, também podemos fazer a atuar sobre |, usando (4.3.7), ou seja,
a| e −i |:
〈x ′ | a| e −i 〈x ′ | (4.3.15)
tal que
Solução: Fazendo ka e introduzindo uma função periódica com período a, u k x ′ , podemos mostrar que
′
〈x ′ | e ikx u k x ′ (4.3.17)
é solução de (4.3.16). De fato, substituindo (4.3.17) em (4.3.16), obtém-se explicitamente
′ ′
〈x ′ − a| e ikx −a u k x ′ − a e −ika e ikx u k x ′ e −i 〈x ′ |
onde usamos u k x ′ − a u k x ′ . Esta importante condição é conhecida como teorema de Bloch: A função de
′
onda de |, que é um autoket de a, pode ser escrita como uma onda plana e ikx vezes uma função periódica com
periodicidade a.
Note que o único fato que usamos foi que | é um autoket de a com autovalors e −i . O teorema de Bloch
continua valendo, mesmo que a aproximação tight-binding não seja uma aproximação válida.
Interpretração dos resultados para |
a função de onda é uma onda plana caracterizada pelo vetor de propagação de onda k modulada por uma função
periódica u k x ′
existe um corte no vetor de onda k dado por |k|
a
para variando de − a , o vetor de onda varia de −
a ≤ k ≤ a , conhecida como zona de Brillouin
os autovalores da energia, E, agora dependem de k :
Ek E 0 − 2Δ cos ka (4.3.19)
que não depende da forma detalhada do potencial, quando a aproximação tight-binding é válida.
E(k )
E0 + 2 Δ
E0
E0 − 2Δ
π k
− π
2
0 +
2
devido ao tunelamento, as degenerescências são completamente eliminadas e as energias formam uma banda
contínua entre E 0 − 2Δ e E 0 2Δ
(a) (b)
Pára em t = 0
S
B trajetória do
elétron
Campo magnético: ponto de vista microscópico. Porém, do ponto de vista microscópico, B é produzido por
cargas em movimento via corrente elétrica; se invertermos a corrente que produz B, então a situação seria
simétrica. Em termos da figura acima, poderíamos concluir que N e S estariam marcados indevidamente.
Outra maneira mais formal de dizer tudo isso é que as equações de Maxwell,
4j
∇ E 4, ∇ E − 1c ∂B , ∇ B 0, ∇ B − 1c ∂E c (4.4.2)
∂t ∂t
e a força de Lorentz
F e E 1
cvB
são invariantes por transformação t → −t, com as condições
E → E, B → −B, → −, j → −j, v → −v (4.4.3)
Definição A transformação
̃ ̃ 〈| ∗ (4.4.13a)
c 1 | c 2 | c ∗1 | c ∗2 | (4.4.13b)
Nesses casos, o operador é um operador antiunitário. A relação (4.4.13b) também define um operador antilinear.
Um operador antiunitário pode ser escrito como
UK (4.4.14)
onde U é um operador unitário e K é o operador conjugado complexo, que toma o conjugado complexo de
qualquer coeficiente que multiplica um ket. Ou seja,
Kc| c ∗ K| (4.4.15)
Observação (1) O operador K atuando sobre os kets de base não muda esses kets. De fato, seja | escrito na base
|a ′ . Logo,
∑ 〈a | ′ ∗ ′
|a (4.4.16)
a′
Observação (2) Por exemplo, se usarmos S z como base, os autokets de S y devem mudar pela ação de K
∑〈a ′ | ∗ U |a ′
a′
∑〈|a ′ U |a ′
a′
Para |
| → |̃ ∑〈a ′ | ∗ U |a ′ CD
↔ ̃ ∑〈a ′ | 〈a ′ | U †
a′ a′
Logo,
̃ ̃ ∑∑ 〈a ′′ | 〈a ′′ | U † 〈|a ′ U |a ′
a ′′ a′
Notação Usaremos a seguinte notação: - operador antiuinitário geral e Θ - operador inversão temporal.
Considere
| → Θ| (4.4.22)
onde Θ| é o estado de inversão temporal (ou de movimento reverso).
Se | é um autoket do momento |p ′ , então Θ| → |−p ′ . Da mesma forma, J também reverte por inversão
temporal.
Propriedades fundamentais do operador Θ. Considere um sistema representado pelo ket | no instante
t 0. Num tempo imediatamente postorior, digamos t t, o sistema é encontrado em
1 − iH t Θ| (4.4.24a
ou
(b) primeiro consideramos um estado ket no instante t −t e então aplicamos o operador Θ
Θ|, t 0 0; t −t (4.4.24b
veja a figura abaixo.
Momento
antes da inversão
Momento
antes da inversão
Momento
após a inversão
t=0
t=0
Momento
após a inversão
t = +δt
t = -δt
(a) (b)
Matematicamente,
Observação O operador Θ tem que ser um operador antiunitário. Leia os argumentos no livro de texto.
Sendo assim,
ΘiH −iΘH (4.4.30)
e, portanto,
HΘ ΘH → H, Θ 0 (4.4.31)
Observação Como alertamos anteriormente, é melhor evitar o uso de um operador antiunitário sobre um estado bra.
Porém, podemos usar
〈|Θ| (4.4.32)
Identidade:
Existem duas classes de observáveis físicos que obedecem essas regras de transformação:
Θ AΘ −1 A (4.4.41)
São chamados de pares ou ímpares por transformação de inversão temporal, repectivamente.
Assim,
〈| A | 〈̃ | A |̃ 〈̃ A |̃ ∗ (4.4.42)
onde 〈̃ | A |̃ é o valor esperado tomado em relação ao estado de tempo reverso.
Exemplo 1: Valor esperado de p. O valor esperado de p no estado de tempo reverso deve ter o sinal
oposto ao do estado original. Então
〈| p | − 〈̃ | p |̃
tal que p é um operador ímpar, ou seja,
Θ p Θ −1 −p (4.4.45)
Isto implica que
p Θ |p ′ −ΘpΘ −1 Θ|p ′
−Θp|p ′
−p ′ Θ |p ′ (4.4.46)
o que concorda com a asserção anterior de que
Função de onda
Partícula no instante t 0 no estado |. Sua função de onda, 〈x ′ |, aparece no coeficiente de expansão na
representação da posição:
d 3 x ′ |x ′ 〈x ′ | ∗
onde usamos Θ|x ′ |x ′ . Em termos de função de onda,
x ′ , t 0 → Θ x ′ , t 0 ∗ x ′ , t 0.
Como Y ml , é uma função de onda para |l, m, deduz-se que
Θ|l, m −1 m |l, −m (4.4.58)
tem direção contrária ao movimento dos ponteiros do relógio, enquanto que para o estado de tempo
reverso, tem sentio oposto a esse (v. figura abaixo).
~
j j
Teorema Suponha que H é invariante por inversão temporal e o autoket da energia |n é não degenerado; então, a
correspondente autofunção da energia é real (ou mais geralmente, uma função real vezes um fator de fase
independente de x).
tal que |n e Θ|n têm a mesma energia. Com a hipótese de estado não degenerado, conclui-se que |n e
Θ|n representam o mesmo estado, o que, do contrário, teríamos dois estados diferentes com a mesma
energia E n , que estaria em contradição com a hipótese inicial. Sejam então as funções de onda para |n e
Θ|n representadas por 〈x ′ |n e 〈x ′ |n ∗ . Como elas são iguais, devemos ter
para todos os propósitos – ou, mais precisamente, podem diferir no máximo por um fator de fase
independente de x.
Então, por exemplo, se temos um estado ligado não degenerado, sua função de onda é sempre real.
| d 3 p ′ |p ′ 〈p ′ | → Θ| d 3 p ′ |−p ′ 〈p ′ | ∗ d 3 p ′ |p ′ 〈−p ′ | ∗ (4.4.61)
Neste caso, Θ K p .
sto mostra que a forma particular de Θ depende da representação particular que é usada.
0 −i 1 0 0
−i 2 −i
2 i 0 0 i 1
|−
Da mesma forma,
Capítulo 4 Simetria em Mecânica Quântica 25
2S y
e −iS y / |− −i |− −i 2 S y |−
0 −i 0 −i −1
−i 2 −i
2 i 0 1 0 0
− |
Assim,
Θ c | c − |− e −iS y / K c | c − |− e −iS y / c ∗ | c ∗− |−
c ∗ |− − c ∗− |
Aplicando Θ novamente,
Θ 2 c | c − |− e −iS y / K c ∗ |− − c ∗− |
e −iS y / ∗ c |− − ∗ c − |
−|| 2 c | || 2 c − |−
− c | c − |− (4.4.69)
ou
Θ 2 −1 (4.4.70)
(onde −1 significa −1 vezes o operador identidade), para qualquer orientação de spin.
Generalização para J. Podemos provar que
Θ 2 |j semi-inteiro − |j semi-inteiro (4.4.72a
Θ 2 |j inteiro |j inteiro (4.4.72b
então os autovalores de Θ 2 são dados por −1 . 2j
obtém-se
m m
Θ ∑ e −iJ y / |jm〈jm| ∗
m
∗ ∑ e −2iJ y / |jm〈jm|
m
|| e2 −2iJ y /
∑ |jm〈jm| (4.4.74)
m
Mas,
e −2iJ y / |jm −1 2j |jm (4.4.75)
Apesar de Θ comutar com o Hamiltoniano, isto não leva a uma lei de conservação. A razão é que
ΘUt, t 0 | U ∗ t, t 0 e −iJ y / K| U ∗ t, t 0 Θ|
ou seja,
ΘUt, t 0 ≠ Ut, t 0 Θ (4.4.87)
Em caso positivo,
Θ|n e i |n (4.4.88)
Aplicando Θ novamente,
Θ 2 |n Θe i |n
e −i Θ
|n (4.4.89)
Sistemas com j semi-inteiro.Esta relação é impossível de se concretizar para sistemas com j semi-inteiro,
para os quais, Θ vale sempre −1. Assim, somos levados a concluir que, para sistemas compostos de um
2
Como exemplo trivial, para um sistema de spin ½, o estado spin para cima | e seu estado de tempo
reverso |− não têm a mesma energia num campo magnético externo. Em geral, a degenerescência de
Kramers num sistema contendo um número ímpar de elétrons pode ser levantada, aplicando-se um campo
magnético externo.
Observação (1) Note que, quando tratamos B como um campo externo, não mudamos B por inversão temporal; isto
é devido ao elétron atômico ser visualizado como um sistema quântico fechado, ao qual aplicamos o operador
inversão temporal.
Observação (2) Não devemos confundir a observação (1) com as observações anteriores relacionadas à invariância
das equações de Maxwell (4.4.2) e da equação da força de Lorentz fazendo t → −t e (4.4.3). Ali, aplicamos a inversão
temporal a todo o universo, por exemplo, até às correntes no fio que produzem o campo B.