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APARELHOS
IDEOLÓGICOS DE
\ ••
ESTADO
Nota sobre os Aparelhos
.Ideológicos de Estado
í g m f l t Biblioteca de j
* S ^ t v Ciências Sociais
Traduzido do original francês: Posicion.
1? edição: 1983
1987
Impresso no l i i a s i l I N T R O D U Ç Ã O : A l t h u s s e r , A I d e o l o g i a e as I n s t i -
1'rinleà in liruzii tuições
J . A. G U I L H O N A L B U Q U E R Q U E 7
Revisora: Áurea Moraes Santos
Produção Gráfica: Orlando Fernandes
APARELHOS IDEOLÓGICOS D E E S T A D O
'Jj
Tradução
de
53
ç õ e s ) , i n s t r u m e n t o s de produção ( m á q u i n a s ) , e t c . . . D i - .
l a r m e n t e d e s c o n h e c i d o . As evidências tenazes (evidên-
zemos: q u a l q u e r e c o n o m i s t a , q u a l q u e r c a p i t a l i s t a , en-
cias ideológicas de caráter e m p i r i s t a ) d o p o n t o de v i s t a
quanto ambos expressam o p o n t o de vista d a empresa,
da m e ; a produção e d a s i m p l e s prática p r o d u t i v a (abs-
c o n t e n t a n d o - s e e m c o m e n t a r s i m p l e s m e n t e os t e r m o s
traía e m s i m e s m a c o m relação ao processo de p r o d u -
d a prática f i n a n c e i r a contábil d a e m p r e s a .
ç ã o ) se i n c o r p o r a m de t a l f o r m a à nossa consciência
c o t i d i a n a q u e é e x t r e m a m e n t e difícil, p a r a não d i z e r P o r é m s a b e m o s , graças ao génio de Quesnay — q u e
quase impossível, alcançar o p o n t o de v i s t a d a r e p r o - f o i o p r i m e i r o a f o r m u l a r este p r o b l e m a q u e " s a l t a aos
dução. P o r t a n t o , se este p o n t o de v i s t a não é a d o t a d o , o l h o s " — e ao génio de M a r x — que o r e s o l v e u — q u e
t u d o p e r m a n e c e a b s t r a t o ( m a i s d o q u e p a r c i a l : defor- não é ao nível d a e m p r e s a q u e a reprodução d a s c o n d i -
m a d o ) m e s m o ao nível d a produção, e, c o m m a i s razão ções m a t e r i a i s d a produção p o d e ser p e n s a d a ; p o i s não
a i n d a , ao nível d a s i m p l e s prática. é nesse nível q u e ela existe e m suas condições r e a i s . O
T e n t a r e m o s e x a m i n a r as coisas c o m método. que acontece ao nível d a e m p r e s a é u m e f e i t o , q u e dá
apenas a ideia d a necessidade d a reprodução, m a s q u e
P a r a s i m p l i f i c a r nossa exposição e se c o n s i d e r a m o s não p e r m i t e a b s o l u t a m e n t e p e n s a r suas condições e
que t o d a formação s o c i a l é r e s u l t a d o de u m m o d o de seus m e c a n i s m o s .
produção d o m i n a n t e , p o d e m o s d i z e r q u e o proces-
so de produção a c i o n a as forças p r o d u t i v a s existentes B a s t a r e f l e t i r u m p o u c o p a r a se c o n v e n c e r : o S r . X , ^
e m e sob relações de produção d e f i n i d a s . c a p i t a l i s t a , q u e p r o d u z t e c i d o s de lã e m s u a fábrica, /
deve " r e p r o d u z i r " s u a matéria-prima, suas máquinas, /
Segue-se q u e t o d a formação s o c i a l p a r a e x i s t i r , ao e t c . . . P o r é m q u e m as p r o d u z p a r a a s u a produção são /
m e s m o t e m p o q u e p r o d u z , e p a r a p o d e r p r o d u z i r , deve o u t r o s c a p i t a l i s t a s : o S r . Y , u m g r a n d e c r i a d o r de ove-/
r e p r o d u z i r as condições de s u a produção. E l a deve, lhas d a Austrália; o S r . Z, g r a n d e i n d u s t r i a l metalúr- {
portanto, reproduzir: gico, p r o d u t o r de máquinas-ferramentas, etc, etc, d e v e m /
p o r s u a vez, p a r a p r o d u z i r esses p r o d u t o s q u e c o n d i - /
1) as forças p r o d u t i v a s c i o n a m a reprodução das condições de produção d o l -
S r . X , r e p r o d u z i r as condições de s u a própria produção,
2) as relações de produção existentes e a s s i m i n f i n i t a m e n t e , t u d o isso n u m a proporção t a l
que, n o m e r c a d o n a c i o n a l ( q u a n d o não n o m e r c a d o I
m u n d i a l ) , a d e m a n d a de m e i o s de produção ( p a r a af
A Reprodução dos Meios de Produção reprodução) p o s s a ser s a t i s f e i t a p e l a o f e r t a .
56 .57
tos d a produção ( u m a instrução p a r a os operários, (os q u a d r o s ) , seja a de g r a n d e s sacerdotes d a i d e o l o g i a
u m a o u t r a p a r a os técnicos, u m a t e r c e i r a p a r a os enge- d o m i n a n t e (seus " f u n c i o n á r i o s " ) e t c . . .
n h e i r o s , u m a última p a r a os q u a d r o s s u p e r i o r e s , e t c . . . )
Aprende-se o " k n o w - h o w " . A reprodução d a força de t r a b a l h o e v i d e n c i a , c o m o A
condição sine quae non, não s o m e n t e a reprodução de /
P o r é m , ao m e s m o t e m p o , e j u n t o c o m essas téc- sua " q u a l i f i c a ç ã o " m a s também a reprodução de s u a l
n i c a s e c o n h e c i m e n t o s , aprendem-se n a escola as " r e - submissão à i d e o l o g i a d o m i n a n t e , o u d a " p r á t i c a " d e s t a \
g r a s " d o b o m c o m p o r t a m e n t o , i s t o é as conveniências i d e o l o g i a , d e v e n d o f i c a r c l a r o q u e não b a s t a d i z e r : " n ã o
que d e v e m ser observadas p o r t o d o agente d a divisão s o m e n t e m a s t a m b é m " , p o i s a reprodução d a q u a l i f i -
do t r a b a l h o c o n f o r m e o p o s t o q u e ele esteja " d e s t i n a d o " cação d a força de t r a b a l h o se assegura e m e s o b as
a o c u p a r ; as r e g r a s de m o r a l e de consciência cívica e f o r m a s de submissão ideológica.
p r o f i s s i o n a l , o q u e n a r e a l i d a d e são r e g r a s de r e s p e i t o
^ C o m o q u e r e c o n h e c e m o s a presença d e u m a n o v a
à divisão social-técnica d o t r a b a l h o e, e m d e f i n i t i v o , re-
r e a l i d a d e : a^ideçílggja.
gras d a o r d e m estabelecida p e l a dominação de classe.
Aprende-se também a " f a l a r b e m o i d i o m a " , a " r e d i g i r F a r e m o s a q u i , d u a s observações:
b e m " , o q u e n a v e r d a d e s i g n i f i c a ( p a r a os f u t u r o s capi-
t a l i s t a s e seus s e r v i d o r e s ) saber " d a r o r d e n s " , i s t o é, A p r i m e i r a servirá para completar nossa aná-
(solução i d e a l ) d i r i g i r - s e a d e q u a d a m e n t e aos operários l i s e d a reprodução.
etc...
A c a b a m o s de e s t u d a r r a p i d a m e n t e as f o r m a s d a
reprodução d a s forças p r o d u t i v a s , o u seja, d o s m e i o s
E n u n c i a n d o este f a t o n u m a l i n g u a g e m m a i s cien-
de produção p o r u m l a d o e d a força d e t r a b a l h o p o r
tífica, d i r e m o s q u e a _reprodução d a força de t r a b a l h o
outro.
não exige s o m e n t e umãTreprodução de sua qualificação
m a s ao m e s m o _ t e m p o u m a reprodução de s u a s u b m i s - P o r é m não a b o r d a m o s a i n d a a questão d a r e p r o -
<; são àsjnormas d a o r d e m vigenteTTstcT~é7'"unm_reprodu- dução das relações de produção. E s t e é u m p r o b l e m a
; çao d a submissão d o s operários à i d e o l o g i a d o m i n a n t e c r u c i a l d a t e o r i a m a r x i s t a d o m o d o de produção. Se o
p o r p a r t e d o s operários e u m a reprodução d a capaci- deixássemos n o silêncio cometeríamos u m a omissão
dade de p e r f e i t o domínio d a i d e o l o g i a d o m i n a n t e p o r teórica — p i o r , u n i grave e r r o político.
p a r t e dos agentes d a exploração e repressão, de m o d o
a q u e eles a s s e g u r e m também " p e l a p a l a v r a " o p r e d o - T r a t a r e m o s p o r t a n t o desta questão. M a s p a r a ob-
mínio d a classe d o m i n a n t e . t e r m o s os m e i o s de fazê-lo, t e m o s q u e n o v a m e n t e d a r
u m a grande volta.
E m o u t r a s p a l a v r a s , a escola ( m a s também o u t r a s
A s e g u n d a observação é q u e p a r a d a r esta v o l t a so-
instituições d o E s t a d o , c o m o a I g r e j a e o u t r o s apare-
m o s o b r i g a d o s a r e c o l o c a r nossa v e l h a questão: o q u e
l h o s c o m o o E x é r c i t o ) e n s i n a o " k n o w - h o w " m a s sob
é u m a sociedade?
f o r m a s q u e a s s e g u r a m a submissão à i d e o l o g i a d o m i -
n a n t e o u o domínio de s u a "prática". T o d o s os agentes
da produção, d a exploração e d a repressão, s e m f a l a r infra-estrutura e Superestrutura
dos " p r o f i s s i o n a i s d a i d e o l o g i a " ( M a r x ) d e v e m de u m a
f o r m a o u de o u t r a estar " i m b u í d o s " desta i d e o l o g i a Já t i v e m o s a o p o r t u n i d a d e de i n s i s t i r s o b r e o
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d e n t e m e n t e afetados p o r d i f e r e n t e s índices de eficácia.
s o c i a l " , n a q u i l o e m q u e e l a se d i s t i n g u e d a " t o t a l i d a d e "
Q u e t i p o de índices?
h e g e l i a n a . D i s s e m o s , (e esta tese apenas r e p e t i a céle-
b r e s proposição d o m a t e r i a l i s m o histórico) q u e M a r x Pode-se d i z e r q u e os a n d a r e s d j ^ p j e r ^ s t r u t u r a não I
L
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Pensamos q u e é a p a r t i r d a reprodução q u e é pos-,, a c o n t e c i m e n t o s " ; e, a c i m a deste c o n j u n t o , o Chefe de
sível e necessário p e n s a r o q u e c a r a c t e r i z a o essencial E s t a d o , o G o v e r n o e a Administração.
d a existência e n a t u r e z a d a s u p e r e s t r u t u r a . B a s t a colo-
car-se n o p o n t o de v i s t a d a reprodução p a r a q u e se es- A p r e s e n t a d a desta f o r m a , a " t e o r i a m a r x i s t a - l e n i -
clareçam m u i t a s questões q u e a metáfora espacial d o n i s t a " d o E s t a d o t o c a o essencial, e não se t r a t a p o r
edifício i n d i c a v a a existência s e m dar-lhes r e s p o s t a c o n - n e n h u m m o m e n t o de d u v i d a r q u e está aí o essencial. O
ceituai. _ - — ' a p a r e l h o de E s t a d o q u e d e f i n e o E s t a d o c o m o força
de execução-e de intervenção r e p r e s s i v a '^servi"çõ~das
S u s t e n t a m o s c o m o tese f u n d a m e n t a l que s o m e n t e classes d o m i n a n t e s " , n a l u t a de classes dá b u r g u e s i a e p ^ " '
é possível l e v a n t a r estas questões (e p o r t a n t o r e s p o n - seus a l i a d o s c o n t r a o p r o l e t a r i a d o é o E s t a d o , e d e f i n e
dê-las) a partir do pontq^dejoista da reprodução. perfeitamente a sua "função" f u n d a m e n t a l .
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p r e f e i t o ! " E _ a acumulação de f a t o s , à definição d o ,
8
d a violência" — ao m e n o s e m situações l i m i t e s ( p o i s
O s Aparelhos Ideológicos do Estado
—-{l>7 Ao que saibamos, G r a m s c i é o único que avançou no caminho
O que deve ser acrescentado à " t e o r i a m a r x i s t a " d o que retomamos. E l e teve a ideia "singular" de que o E s t a d o não
E s t a d o é, então, o u t r a coisa. se reduzia ao aparelho (repressivo) de E s t a d o , mas compreen-
dia, como dizia, u m certo número de instituições da "sociedade
Devemos avançar c o m prudência n u m c a m p o e m civil": a Igreja, as Escolas, os sindicatos etc. Infelizmente
G r a m s c i não sistematizou suas intuições, j r u e j t e r m a n e c e x a m l n o "
que os clássicos d o m a r x i s m o n o s p r e c e d e r a m há m u i t o , estado de anotações argutas rrias parciais (cf. G r a m s c i : Oeuvres
m a s s e m t e r s i s t e m a t i z a d o sob u m a f o r m a teórica os Choisies, E d Sociales, pp. 290, 291 (Nota 3), 293, 295, 436. Cf.
avanços decisivos q u e suas experiências e p r o c e d i m e n - Lettres de la Prison, E d Sociales, p. 313).
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a repressão a d m i n i s t r a t i v a , p o r e x e m p l o , p o d e rev.-;stir- N u m p r i m e i r o m o m e n t o p o d e m o s o b s e r v a r q u e se
se de f o r m a s não^físicas). e^stej^m^paxéYho ( r e p r e s s i v o ) d o E s t a d o , existe uma,
D e s i g n a m o s p e l o n o m e de_aparelhos_ideológicos d o plurálidadè~3e A p a r e l h o s ^Ideológicos d o E s t a d o . Su-
•"Estado U m Certo nÚmfíT" rte.-rpalUifl.rte.»; q u e ppi-PRpn- p o n d o a s u a existência, 1 T u n i d a d e q u e c o n s t i t u i esta
rEãrnJiTão o b s ^ r s a d D r i m e d i a t o s o b a f o r m a d e i n s t i t u i - p l u r a l i d a d e de A I E não é i m e d i a t a m e n t e visível.
ç õ e s d i s t i n t a s e especializadas. P r o p o m o s u m a l i s t a em- ' N u m segundo m o m e n t o , p o d e m o s c o n s t a t a r q u e
-píricã, q u e dèverá'~Tiecessariamente ser e x a m i n a d a e m enquanto que o Aparelho (repressivo) do Estado, uni-
detalhe, p o s t a à p r o v a , r e t i f i c a d a e r e m a n e j a d a . C o m f i c a d o , p e r t e n c e i n t e i r a m e n t e ao domínio público, a
todas as reservas q u e esta exigência a c a r r e t a p o d e m o s , m a i o r p a r t e d o s A p a r e l h o s Ideológicos d o E s t a d o ( e m
p e l o m o m e n t o , c o n s i d e r a r c o m o a p a r e l h o s ideológicos sua a p a r e n t e dispersão) r e m e t e ao domínio p r i v a d o . A s
do E s t a d o as seguintes instituições ( a o r d e m de enu- I g r e j a s , os P a r t i d o s , os S i n d i c a t o s , as famílias, algu-
meração não t e m n e n h u m s i g n i f i c a d o e s p e c i a l ) : m a s escolas, a m a i o r i a dos j o r n a i s , as empresas cultu-
r a i s etc, etc, são p r i v a d a s .
A I E religiosos ( o s i s t e m a das d i f e r e n t e s Igrejas)
D e i x e m o s de l a d o , pelo m o m e n t o , nossa p r i m e i r a
A I E escolar ( o s i s t e m a das d i f e r e n t e s " e s c o l a s " pú- observação. M a s d e t e n h a m o - n o s n a segunda, indagan-
blicas e privadas) do e m n o m e de q u e p o d e m o s c o n s i d e r a r c o m o Apare-
l h o s Ideológicos rio Estado instituições q u e , e m s u a
A I E familiar 8 m a i o r i a , não-_possuem e s t a t u t o público, e q u e são s i m -
plesmr^Hfé^lnslr^iições p r i v a d a s . C o m o m a r x i s t a cons-^
A I E jurídico* cientá,/GràmsciTj^, r ^ s p o n d e r a ^ e s t a _ ^ j e ç a õ . T A ^distin-
ção e n t r e o púKicc "é o p r i v a d o é~úmã~dístinção intrín-
r
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é este f u n c i o n a m e n t o m e s m o , n a m e d i d a e m q u e a
P o d e m o s p r e c i s a r , r e t i f i c a n d o esta distinção . [ p i r e -
i d e o l o g i a , n a q u a l f u n c i o n a m , está de f a t o s e m p r e u n i -
m o s , c o m efeito, q u e t o d o A p a r e l h o d o E s t a d o , seja ele
f i c a d a , apesar d a s u a d i v e r s i d a d e e contradições, s o b
r e p r e s s i v o o u ideológico, " f t m c i q n a " t a n t o através da
a i d e o l o g i a d o m i n a n t e , q u e é a i d e o l o g i a d a "classe
violência c o m o através d a i d e o l o g i a , m a s c o m u m a dife-
d o m i n a n t e " . Se c o n s i d e r a m o s q u e p o r princípio a "clas-
rença m u i t o i m p o r t a n t e , q u e i m p e d e q u e se c o n f u n d a m ;
se d o m i n a n t e " / detém o p o d e r d o E s t a d o ( d e f o r m a
os A p a r e l h o s Ideológicos d o E s t a d o c o m o A p a r e l h o
c l a r a o u , m a i s f r e q u e n t e m e n t e p o r alianças d e classes
( r e p r e s s i v o ) d o Estadój]
o u de frações de classes) e q u e dispõe p o r t a n t o d o
O aparelho (repressivo) do Estado funciona predo- Aparelho (repressivo) do Estado, podemos a d m i t i r que
1 m i n a n t e m e n t e através d a repressão ( i n c l u s i v e a física) a m e s m a classe d o m i n a n t e seja a t i v a n o s A p a r e l h o s
e s e c u n d a r i a m e n t e através d a i d e o l o g i a . ( N ã o existe Ideológicos d o E s t a d o . B e m e n t e n d i d o , a g i r p o r leis e
a p a r e l h o u n i c a m e n t e r e p r e s s i v o ) . E x e m p l o s : o Exército decretos n o A p a r e l h o ( r e p r e s s i v o ) d o E s t a d o é o u t r a
e a Polícia f u n c i o n a m também através de i d e o l o g i a , coisa q u e a g i r através d a i d e o l o g i a d o m i n a n t e n o s
t a n t o p a r a g a r a n t i r s u a própria coesão e reprodução, A p a r e l h o s Ideológicos d o E s t a d o . S e r i a p r e c i s o d e t a l h a r
c o m o p a r a d i v u l g a r os " v a l o r e s " p o r eles p r o p o s t o s . . esta diferença, — q u e n o e n t a n t o não deve e n c o b r i r a
r e a l i d a d e de u m a p r o f u n d a i d e n t i d a d e . A o q u e sabemos, ^
D a m e s m a f o r m a , m a s i n v e r s a m e n t e , d e v e m o s dizer nenhuma classe pode, de forma duradoura, deter o po-
* q u e os A p a r e l h o s Ideológicos d o E s t a d o f u n c i o n a m p r i n - der do Estado sem exercer ao mesmo tempo sua hege-
c i p a l m e n t e através d a i d e o l o g i a , e s e c u n d a r i a m e n t e monia sobre e nos Aparelhos Ideoló^icos^ão_^staãó.
através d a repressão seja ela b a s t a n t e a t e n u a d a , dissi- C i t o apenas u m e x e m p l o e p r o v a : a l a n c i n a n t e p r e o -
m u l a d a , o u m e s m o simbólica. ( N ã o existe a p a r e l h o p u - cupação de Lênin e m r e v o l u c i o n a r o A p a r e l h o ideológico
r a m e n t e i d e o l ó g i c o ) . D e s t a f o r m a , a E s c o l a , as I g r e j a s de E s t a d o escolar ( e n t r e o u t r o s ) p a r a p e r m i t i r ao p r o -
" m o l d a m " p o r .métodos próprios de sanções, exclusões, l e t a r i a d o soviético, q u e se a p r o p r i a r a d o p o d e r d o
seleção etc... não apenas seus funcionários m a s t a m - E s t a d o , g a r a n t i r n a d a m a i s n a d a m e n o s d o q u e o pró-
bém suas ovelhas. E a s s i m a Família... A s s i m o Apa- p r i o f u t u r o da d i t a d u r a d o p r o l e t a r i a d o e a passagem
r e l h o I E c u l t u r a l (a c e n s u r a , p a r a m e n c i o n a r apenas para o socialismo. 1 0
e l a ) etc.
E s t a última observação n o s p e r m i t e c o m p r e e n d e r
Será p r e c i s o d i z e r q u e esta determinação d o d u p l o
q u e os A p a r e l h o s ideológicos d o E s t a d o p o d e m não
" f u j i c i o j i a m e n t o l ' ( d e f o r m a p r i n c i p a l , de f o r m a secun-
apenas ser os m e i o s m a s também o l u g a r d a l u t a de
dária) através d a repressão o u através d a i d e o l o g i a , se-
classes, e f r e q u e n t e m e n t e de f o r m a s encarniçadas d a
g u n d o a q u a l trata-se o u d o A p a r e l h o ( r e p r e s s i v o ) d o
l u t a de classes. A classe ( o u aliança de classes) n o
E s t a d o o u dos A p a r e l h o s Ideológicos d o E s t a d o , per-
p o d e r não d i t a tão f a c i l m e n t e a l e i n o s A I E c o m o n o
m i t e c o m p r e e n d e r que c o n s t a n t e m e n t e tecem-se s u t i s
a p a r e l h o ( r e p r e s s i v o ) d o E s t a d o , não s o m e n t e p o r q u e
combinações tácitas o u explícitas e n t r e o j o g o d o Apa-
as a n t i g a s classes d o m i n a n t e s p o d e m c o n s e r v a r d u r a n t e
r e l h o ( r e p r e s s i v o ) d o E s t a d o e o j o g o dos A p a r e l h o s
m u i t o t e m p o f o r t e s posições naqueles, m a s p o r q u e a
Ideológicos d o E s t a d o ? A v i d a c o t i d i a n a oferece-nos
resistência das classes e x p l o r a d a s p o d e e n c o n t r a r o m e i o
inúmeros e x e m p l o s , que t o d a v i a d e v e m o s e s t u d a r de-
e a ocasião d e expressar-se neles, u t i l i z a n d o as c o n t r a -
t a l h a d a m e n t e p a r a s u p e r a r m o s esta s i m p l e s observação.
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dições existentes o u c o n q u i s t a n d o p e l a l u t a posições de E s t a d o , q u e não f u n c i o n a m através d a repressão, m a s
combate 10 B L S . da ideologia?
C o n c l u a m o s nossas observações.
Sobre a reprodução das relações de produção];
Se a tese que p r o p u s e m o s t e m f u n d a m e n t o , v o l t a -
m o s , p r e c i s a n d o - a q u a n t o a u m a questão, à t e o r i a m a r - P o d e m o s então r e s p o n d e r à nossa questão c e n t r a l ,
x i s t a clássica do E s t a d o . D i r e m o s q u e p o r u m l a d o é m a n t i d a e m suspenso p o r t a n t o t e m p o : c o m o é asse-
p r e c i s o d i s t i n g u i r o p o d e r d o E s t a d o ( s u a detenção g u r a d a a reprodução das relações de produção?
p o r . . . ) e p o r o u t r o o A p a r e l h o de E s t a d o . M a s acres-
c e n t a m o s q u e o A p a r e l h o de E s t a d o c o m p r e e n d e d o i s N a l i n g u a g e m metafórica d o tópico ( I n f r a - e s t r u t u r a ,
c o r p o s : o c o r p o das instituições q u e c o n s t i t u e m o apa- S u p e r e s t r u t u r a ) d i r e m o s : ela é, e m g r a n d e p a r t e , 1 1
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