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Revista Campus, Paripiranga, v.2, n.3, julho, 2009.

ISSN: 1984-4476 - SEÇÃO: ARTIGOS

SILVA, G. O. S.. Habitus e ação reflexiva: aproximações e divergências em Bourdieu e Giddens.


Revista Campus, Paripiranga, v.2, n.3, p.61-21, 2009.

HABITUS E AÇÃO REFLEXIVA: APROXIMAÇÕES E DIVERGÊNCIAS EM BOURDIEU


E GIDDENS

Grasiela Oliveira Santana da Silva1

RESUMO

O artigo apresenta uma reflexão acerca das semelhanças e diferenças existentes entre as
teorias de dois grandes sociólogos, Pierre Bourdieu e Anthony Giddens. Para concretizar
tal finalidade, nos dedicamos à compreensão de dois conceitos por eles construídos,
habitus (Bourdieu) e ação reflexiva (Giddens). Essas teorias assemelham-se quando cada
um desses autores, partindo de suas compreensões sociológicas, elaboram pressupostos
que buscam romper com a dicotomia subjetivismo-objetivismo que durante um longo
tempo embasaram a compreensão e o estudo da Sociologia. Tanto Bourdieu quanto
Giddens atribuem uma grande importância à ação dos agentes na continuidade ou
transformação das estruturas, porém eles estabelecem uma compreensão diferenciada
quanto às condições de concretização dessas ações dentro da estrutura social. O que
pudemos apreender é que Giddens dá mais importância às ações dos agentes e suas
influências sobre a estrutura; Bourdieu, por sua vez, dá mais ênfase em como a estrutura
é internalizada em forma de habitus por esses agentes.

PALAVRAS-CHAVE: Habitus; Campo; Estruturação; Ação reflexiva.

HABITUS AND REFLEXIVE ACTION: DIFFERENCES IN APPROACHES AND


BOURDIEU AND GIDDENS

ABSTRACT

The article presents a discussion about the similarities and differences between the two
great theories of sociologists, Pierre Bourdieu and Anthony Giddens. To achieve this
purpose, dedicate ourselves to understanding the two concepts they constructed, habitus
(Bourdieu) and reflexive action (Giddens). These theories are similar when each of these
authors, from their sociological understandings, develop assumptions that seek to break
the subjectivism-objectivism dichotomy which for a long time based understanding and
study of sociology. Both Bourdieu as Giddens attach great importance to the action of
agents in the continuity or transformation of structures, but they provide a different
understanding as to the conditions of implementation of these actions within the social
structure. What we learn is that He gives more weight to the actions of agents and their
influence on the structure, Bourdieu, in turn, gives more emphasis on how the structure is
internalized in the form of habitus by these agents.

KEYWORDS: Habitus; Field; Structure; Reflexive action.

1
Lattes: http://lattes.cnpq.br/3634942982458597. E-mail: grasielaoss@hotmail.com
61 Recebido em 20/06/2009; Aprovado em 29/07/2009.
SILVA, G. O. S.

INTRODUÇÃO

A história da sociologia é fruto de transformações econômicas, políticas e culturais


que ocorreram a partir do século XIX e que acabou conferindo novas formas de se pensar
a vida em sociedade. Estudos realizados por autores renomados buscam analisar as
relações entre indivíduos e sociedade. Nesse artigo, faremos uma análise das teorias de
Giddens e Bourdieu, onde inicialmente apresentaremos as ideias de cada um, para em
seguida estabelecermos um diálogo entre eles, buscando analisar em quais pontos eles
convergem e divergem ao construir as noções sobre indivíduo, sociedade e estrutura.

Este artigo torna-se de grande relevância à medida que propõe apresentar uma
exegese da vida social estabelecida por Bourdieu e Giddens, voltando o olhar para a
forma como cada um deles analisa a relação entre indivíduos e sociedade. A ruptura da
dicotomia subjetivismo/objetivismo fundamentada nas suas teorias busca mostrar a ação
social em constante processo de estruturação e reestruturação. O indivíduo existe e não é
apenas reflexo das estruturas, ele também as reproduz a partir das suas experiências.
Percorrer tal caminho nos situará na discussão proposta em suas obras de superar as
distorções e reducionismos associados ao subjetivismo e objetivismo.

REVISÃO TEÓRICA

A teoria de Pierre Bourdieu

Sociólogo contemporâneo bastante lido e comentado no âmbito das ciências


humanas, o francês Pierre Bourdieu construiu o seu trabalho englobando uma variedade
de temas e objetos de estudos. Através de suas obras ele focou a sua análise nos
fenômenos sociais tanto na perspectiva estrutural quanto na relação entre os agentes
dominantes e dominados.

Posto isto, evidencia-se que Bourdieu buscava romper com a dicotomia entre o
subjetivismo (compreensão da ordem social a partir da ação humana) e o objetivismo (a
ordem social é vista como uma realidade externa e independente da ação humana); já
que a edificação de um em detrimento do outro estaria conduzindo para uma
interpretação equivocada da realidade social.

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Ele distancia-se, portanto, do imperialismo de um subjetivismo ou de um


objetivismo através de uma teoria que ele denominou de habitus,
[...] sistema das disposições socialmente construídas que, enquanto estruturas
estruturadas e estruturantes, constituem o princípio gerador e unificador do
conjunto das práticas e das ideologias características de um grupo de agente
(BOURDIEU, 1992, p. 191).

Vale ressaltar que o conceito de habitus não é novo, ele já havia sido utilizado
anteriormente por muitos outros pensadores como Hegel, Husserl, Weber, Durkheim e
Mauss. Entretanto, Bourdieu afirma que todos eles refletiram sobre tal conceito de forma
semelhante ao estabelecerem uma mesma intenção teórica:
[...] quer se trate de romper como em Hegel, que emprega também, com a mesma
função, noções como hexis, ethos, etc., com o dualismo kantiano e reintroduzir as
disposições permanentes que são constitutivas da moral realizada(Sittlichkeit) [...]
ou que, como em Husserl, a noção de habitus e diversos conceitos vizinhos, como
Habitualität, marquem a tentativa de sair da filosofia da consciência, ou ainda que,
como em Mauss, se trate de explicar o funcionamento sistemático do corpo
socializado (BOURDIEU, 2004, p. 25).

Aproveitando as contribuições de Panofsky (BOURDIEU, 2004) acerca da sua


reflexão sobre o pensamento escolástico, Bourdieu posiciona-se contra a orientação
mecanicista de Saussure e do estruturalismo. O seu conceito de habitus foi construído
como uma teoria capaz de romper com o paradigma estruturalista, uma maneira de
escapar da alternativa do estruturalismo sem sujeito e da filosofia do sujeito; seria uma
maneira de reintroduzir os agentes na estrutura social que tanto essas teorias tendiam a
abolir e a transformá-los em meros fenômenos da estrutura. A teoria de Bourdieu
(habitus) procura evitar que a sociologia veja as ações e percepções dos sujeitos como
independentes ou como uma execução mecânica a partir dos determinismos estruturais.

Em O Poder Simbólico (1989) Bourdieu posiciona-se contrário a três tradições


filosóficas e sociológicas que refletem sobre as produções simbólicas. A primeira tradição
considera os sistemas simbólicos como estruturas estruturantes, “nesta tradição idealista,
a objetividade do sentido do mundo define-se pela concordância das subjetividades
estruturantes” (BOURDIEU, 1989, p. 8). A segunda vê os sistemas simbólicos como
estruturas estruturadas, os símbolos são instrumentos de integração social que permitem
a obtenção de conhecimento e comunicação, e dessa forma, possibilitam a aquisição de
um consenso sobre o sentido do mundo social e contribuí para a reprodução da ordem
social. A terceira tradição concebe os sistemas simbólicos como formas de dominação,

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isto é, como um instrumento capaz de legitimar o poder de dominação de uma


determinada classe.

Considerando a compreensão de Bourdieu acerca dessas tradições, apreende-se


que os sistemas simbólicos são estruturas estruturantes porque são estruturadas; e que
essas estruturas também estão presentes nas ações dos indivíduos e exercem grande
influência nas distinções e hierarquias de poder existentes na sociedade.

O habitus seria, portanto, uma forma de estabelecer uma mediação entre a


estrutura e a prática, ou seja, as práticas sociais estariam associadas à forma como os
indivíduos percebem o mundo, elas são construídas a partir da posição em que ocupam
na estrutura social. O sujeito ao assumir uma determinada posição nessa estrutura
vivencia experiências que contribuirão para a construção da sua subjetividade e
orientarão suas ações ulteriores. Bourdieu diz que
o espaço social é construído de tal modo que os agentes ou os grupos são aí
distribuídos em função de sua posição nas distribuições estatísticas de acordo
com os dois princípios de diferenciação [...] o capital econômico e o capital cultural
(BOURDIEU, 1997, p. 19).

Ele compreende que o espaço social organiza-se de acordo com três dimensões:
os agentes se distribuem no espaço social de acordo com o seu volume global de capital
possuído; de acordo com o peso que o capital econômico e cultural adquire no conjunto
do seu patrimônio; e por fim, de acordo com a evolução no tempo, do volume e da
estrutura de seu capital (BOURDIEU, 1997).

Outro conceito edificado por Bourdieu e que estabelece uma relação de


interdependência com o habitus, é o de campo; esses dois conceitos encontram-se
intercalados, o campo estrutura o habitus e este por sua vez, constitui o campo.

Esse campo seria espaços sociais onde as atividades humanas acontecem tendo
como fator determinante o seu capital acumulado, onde estão incluídos os capitais
simbólico, cultural, econômico e social. Cada campo pode ser caracterizado como um
local de disputa onde estão presentes a classificação e a hierarquização dos indivíduos,
oriundos de uma divisão desigual de poder.

As diferentes classes e frações de classes estão envolvidas numa luta


propriamente simbólica para imporem a definição do mundo social mais conforme
aos seus interesses e imporem o campo das tomadas de posição ideológicas

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reproduzindo em forma transfigurada o campo das posições sociais (BOURDIEU,


1989, p. 11).

Segundo Bourdieu (1997), é possível representar a estrutura social através do


modo como os agentes se distribuem em relação a dois eixos transversais: o eixo vertical
que representa o volume global do capital e o eixo horizontal, que corresponde ao peso
que cada capital possui no capital global. Os capitais que mais exercem influência sobre
essa distribuição dos agentes no espaço social são o econômico e o cultural. Bourdieu
(1997) ao dar o exemplo do matrimônio afirma que as pessoas situadas no espaço mais
alto têm pouca probabilidade de casar-se com pessoas situadas embaixo; e isso se deve
à dificuldade de um dia se encontrarem fisicamente e complementa dizendo que, se isso
chegar a acontecer dificilmente elas se entenderão, pelo simples fato de não estarem
próximas no espaço social.

No campo a distribuição de capital se dá de forma desigual e isso tende a aflorar


um conflito entre os grupos dominantes na tentativa, cada vez mais, de defender os seus
privilégios e interesses diante dos demais indivíduos e grupos. O que determina esses
interesses e privilégios é o capital, que seria todo tipo de recurso e de poder do qual os
agentes se apropriam para manifestar em um espaço social. Além do capital econômico
(riqueza, patrimônio) e do capital cultural (os saberes e conhecimentos adquiridos ao
longo da sua trajetória de vida), existem também o capital social (as relações sociais) e o
capital simbólico (o reconhecimento social através do prestígio e da honra), sendo este
último uma fusão dos demais.

Apreende-se, portanto, que os agentes ocupariam posições diferenciadas na


estrutura social em função do volume e da natureza dos recursos que os mesmos
adquiriram ao longo da trajetória de sua vida.

A cada classe de posições corresponde uma classe de habitus (ou de gostos)


produzidos pelos condicionamentos sociais associados à condição
correspondente e, pela intermediação desses habitus e de suas capacidades
geradoras, um conjunto sistemáticos de bens e de propriedades vinculadas entre
si por uma afinidade de estilo (BOURDIEU, 1997, p. 21).

Os agentes dominantes, portanto, estão estruturados no poder do capital


econômico e através dele procuram impor a sua superioridade e dominação sobre os
demais indivíduos, esses agentes apropriam-se de uma ideologia do discurso que impõe
uma ordem estabelecida como natural; essa é uma imposição mascarada que faz com

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que as camadas menos favorecidas (os agentes dominados) introduzam em suas mentes
estruturas sociais objetivamente (BOURDIEU, 1997)

O poder cultural também é uma forma de reproduzir e legitimar as hierarquias


sociais, é uma ferramenta de divisão entre grupos, entre dominantes e dominados. Esse
poder estabelece uma distinção dos indivíduos de acordo com o bem cultural que eles
produzem. Assim, nota-se que o termo capital cultural é utilizado como uma analogia ao
capital econômico.

Através do habitus o sujeito incorpora valores que o faz pertencer a uma específica
classe social e ocupar uma determinada posição dentro da estrutura social, ou seja, os
indivíduos agem como integrantes de uma classe muitas vezes sem ter consciência que a
sua atitude traz traços da sua posição social. Todavia, esse espaço social é dinâmico à
medida que os agentes sociais estariam em constante disputa, buscando manter ou
elevar a sua posição na hierarquia social.

O interior de cada campo é marcado pela movimentação e pelas lutas que os


agentes estabelecem tendo como intuito a manutenção ou modificação das relações de
forças e da distribuição dos diversos capitais; assim, as disposições que orientam essas
ações têm uma capacidade geradora, ou seja, o sujeito tanto está inserido na estrutura
quanto desempenha o papel estruturante de um campo. Percebemos, portanto, que a
ação humana está fundamentada na relação entre um habitus e um campo, isto é, a
conduta da sua ação é impulsionada por uma subjetividade socialmente construída.

A teoria De Anthony Giddens

Sociólogo de grande influência no estudo da sociologia e da teoria social, Giddens


foi um dos primeiros autores que se propôs a buscar compreender o desenvolvimento da
modernidade e as conseqüências que tal evento trouxe para a sociedade como um todo.
Portanto, torna-se de crucial relevância discutir duas noções centrais das suas obras: a
noção de modernidade e de reflexividade.

Segundo Giddens, uma sociedade tradicional é aquela que se encontra encaixada


no tempo e no espaço, ou seja, o cálculo do tempo e a coordenação do espaço
constituíam a base da vida cotidiana. Nessas sociedades o homem estabelecia relação

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direta com a natureza através da agricultura, o seu tempo era cíclico porque se baseava
nas estações do ano e a idéia de espaço era fixa. Logo, fica evidente que o homem
tradicional encontrava-se encaixado em comunidades locais.

A transição da sociedade tradicional para o que ele chama de sociedade pós-


tradicional foi marcada por um acontecimento importante, a inversão do relógio. Tal
inversão fez com que o tempo perdesse a sua característica cíclica e adquirisse outras,
tornando-se social e artificial. O tempo passa agora a ser linear e universal e as distâncias
passaram a diminuir. Tal evento acabou “desencaixando” o indivíduo de sua identidade
fixa no tempo e no espaço, ou seja, essa idéia fixa de tempo e espaço vão sendo
gradualmente destruídas em prol de um “tempo universal”.

Para que seja possível o entendimento do que é uma ordem pós-tradicional é


necessário levar em consideração duas questões: o que é tradição e quais as
características de uma sociedade tradicional. Giddens diz que tradição unifica as ordens
sociais pré-modernas,
[...] é uma orientação para o passado, de tal forma que o passado tem uma
pesada influência ou, mais precisamente, é constituído para ter uma pesada
influência sobre o presente [...] também diz respeito ao futuro, pois as práticas
estabelecidas são utilizadas como uma maneira de se organizar o tempo futuro
(GIDDENS, 1997, p.80).

Assim, percebemos que o passado e as práticas simbólicas são capazes de


propagar experiências entre as gerações e que, portanto também está vinculada ao
futuro. O ritual é um mecanismo através do qual a memória coletiva vai sendo preservada
e perpetuada, caracterizando-se como possuidora de uma “verdade formular”. Essa
verdade é uma particularidade marcante dos guardiães da tradição, possuidores de uma
linguagem ritual “[...] da qual não faz sentido discordar nem contradizer – e por isso
contém um meio poderoso de redução de possibilidade de dissenção” (GIDDENS, 1997,
p. 83). É notório que esses guardiães são tidos como os detentores do saber e como
capazes de garantir a propagação das tradições.

A tradição era considerada como fonte de autoridade nas sociedades, pois


perpassava muitos aspectos da vida social e seus guardiães ocupavam um lugar
privilegiado na ordem tradicional por terem acesso a uma verdade formular, ou seja, por
serem vistos como pessoas detentoras de um saber repositório da tradição.

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Vale ressaltar que a religião também dispunha de certa autoridade nas sociedades
tradicionais. Embora nelas também existissem os céticos, os magos e os feiticeiros que
divergiam da ordem ortodoxa, a autoridade do sistema religioso prevalecia dentre os
demais. As autoridades religiosas cultivavam nos homens a sensação de estarem
cercados de ameaça e perigo e de serem vistas como as únicas capazes de controlar
essas ameaças. “A força das formas pré-modernas de autoridade quase poderia ser
entendida como uma reação à imprevisibilidade da vida diária e ao número de influências
percebidas como fora do controle dos homens” (GIDDENS, 2002, p.180).

A separação tempo-espaço influenciou na construção da modernidade ao trazer


consigo mecanismos de uma forma de organização racionalizada; retirou dos indivíduos a
noção estreita de tempo e espaço. À medida que esse distanciamento vai se instaurando,
edifica-se o mecanismo de desencaixe e a reflexividade.

Com o mecanismo de desencaixe o indivíduo deixa de ter uma compreensão de


tempo-espaço fixo, as relações sociais não se encontram mais delimitadas a um contexto
local, elas adquirem expansões indefinidas. Giddens (2002) diz que essas mudanças não
extinguiram a vida em comunidade local, pelo contrário, ela ainda existe; mas a
modernidade gera mudanças na forma de se viver no mundo à medida que a vida local
passa a ser influenciada pelos fenômenos globais.

Entretanto, esse novo mundo que se apresenta alimenta no indivíduo um


sentimento de impotência e insegurança com relação ao universo amplo e alheio, já que
nas sociedades tradicionais ele tinha pleno controle sobre as influências que davam forma
à sua vida.

O surgimento da modernidade está associado intrinsecamente aos processos de


globalização. As transformações intensas da globalização afetam cada vez mais a vida
individual e a constituição do "eu”. De acordo com Giddens (1992) a globalização é
primordialmente a transformação do tempo, do espaço, das experiências locais, enfim, um
conjunto de fatores que influenciam nas transformações das condições básicas da vida
social. Assim, percebe-se que essa globalização não se resume a um sistema que é
capaz de abarcar o todo, mas é também o aqui e agora, ou seja, um fenômeno que afeta
as experiências pessoais de cada um.

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A globalização, portanto, permite estabelecer uma relação entre envolvimentos


locais (caracterizados pela co-presença) e através da distância (conexões de presença e
ausência). “Poucas pessoas, em qualquer lugar do mundo, podem continuar sem
consciência do fato de que atividades locais são influenciadas, e às vezes até
determinadas, por acontecimentos ou organismos distantes” (GIDDENS, 1997, p. 74).
Assim, as ações cotidianas de um indivíduo são capazes de influenciar nas
conseqüências globais, assim como as ordens globais exercem influência sobre a vida
individual.

Partindo dessa influência dialética entre agentes sociais e estrutura, que


compreende que os agentes sociais tanto são condicionados pelo meio, como também,
através de suas ações têm a capacidade de transformá-lo, iremos nos dedicar à análise
do que ele denominou de estruturação.

Através da edificação da sua estruturação, Giddens chama a atenção para duas


dimensões: estrutura e ação. Através dessa teoria ele propõe um equilíbrio entre a
subjetividade e a objetividade, e dessa forma procura romper com a dualidade de que a
estrutura sobressai sobre a ação do indivíduo, ou que a ação deste se sobressai sobre as
estruturas; se for dado ênfase a um ou a outro estaremos conduzindo ao objetivismo ou
ao subjetivismo.

A teoria da estruturação de Giddens propõe uma ruptura com essa polaridade,


reverenciando tanto a ação dos indivíduos quanto os elementos dos sistemas sociais.
Giddens (2003) critica tanto o estruturalismo quanto o funcionalismo por compartilharem
de um ponto de vista naturalístico e se apropriarem de uma visão objetivista; bem como, a
hermenêutica e a sociologia interpretativa que ao contrário, concede primazia à ação, à
conduta humana e, portanto à subjetividade. “Se as sociologias interpretativas se
assentam, por assim dizer, num imperialismo do sujeito, o funcionalismo e o
estruturalismo, por outro lado, propõem um imperialismo do objeto social” (GIDDENS,
2003, p. 2). O objetivo de Giddens com a edificação da sua teoria da estruturação é,
portanto, romper com esses imperialismos.

A modernidade traz consigo as conseqüências do processo de globalização e os


riscos que acabam influenciando nos aspectos mais pessoais, mas por outro lado também
possibilita o desenvolvimento da reflexividade. Vale ressaltar que esses riscos que

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passam a fazer parte do cenário das sociedades contemporâneas são produtos da ação
do homem sobre a natureza e os modos sociais, assim, os riscos são criados pela
própria intervenção humana no mundo em que vive.

Giddens (1997) diz que quando a natureza é invadida e destruída pela


sociabilização e quando a tradição é dissolvida, adentramos numa situação de riscos. Nas
sociedades tradicionais a natureza permanecia como externa ao homem e exercia
domínio sobre ele, hoje a natureza é produto da ação humana, da sua tomada de
decisão. As armas nucleares, a degradação do meio ambiente, por exemplo, colocam
toda a sociedade numa situação de risco e instaura uma ordem mais humana que natural.
A natureza está assim, suscetível às influencias da modernidade e traz conseqüências
desestabilizadoras
[...] ela alimenta um clima geral de incerteza que o indivíduo acha perturbador por
mais que trate de removê-lo da linha de frente de suas preocupações; e
inevitavelmente expõe todos a uma diversidade de situações de crise de maior ou
menor importância, situações essas que podem algumas vezes ameaçar o próprio
centro de auto-identidade (GIDDENS, 2002, p.171).

Não foi somente a natureza que sofreu a influência da ação dos homens, o corpo e
os processos fisiológicos também. Um exemplo citado por Giddens (1997) são as
mudanças no processo reprodutivo, já que com a modernidade vieram os métodos de
contracepção, a fertilização in vitro e o transplante de embriões; todas essas modificações
possibilitam uma mistura dos efeitos de destradicionalização (reorganização da cultura) e
da tecnologia.

Ele concebe a modernidade como uma grande experiência, cujos acontecimentos


vão surgindo à medida que o indivíduo, enquanto agente humano pratica as suas ações
(GIDDENS, 1997). Não podemos evitar os seus resultados e não podemos fugir desses
experimentos. Assim, percebe-se que a experiência da modernidade traz consigo vários
perigos globais; o mundo social passou a ser organizado de maneira consciente, mas
trazem incertezas com relação aos seus impactos.

A modernidade produz no indivíduo uma sensação de insegurança e ansiedade,


mas também traz consigo a reflexividade, possibilitando-o pensar e repensar nas suas
ações e nas dos outros; ela “[...] deve ser entendida não meramente como ‘auto-
consciência’, mas como o caráter monitorado do fluxo contínuo da vida social” (GIDDENS,
2003, p.3). A reflexividade é dessa forma, caracterizada pelo uso constante do

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conhecimento sobre as contingências da vida social, sendo capaz de promover sua


organização e a transformação.

Percebe-se que a modernização reflexiva emergiu com as mudanças sociais e que,


portanto, está associada à capacidade que o indivíduo tem agir e enfrentar os inúmeros
riscos aos quais está exposto e construir oportunidades de desenvolver formas
autônomas de vida humana. No mundo moderno o indivíduo se depara com uma
diversidade de contextos que possibilita formas diferentes de comportamento e interação
apropriados, é uma forma de ajustamento da apresentação do eu a uma determinada
demanda da situação. Schutz afirma que “[...] os atores empregam esquemas
simbolizados (fórmulas) no decorrer de suas atividades diárias para resolver
rotineiramente as situações da vida social” (GIDDENS, 2003, p. 26).

A modernidade reflexiva gera uma segurança ontológica, ou seja, em meio a toda


essa sensação de insegurança, ela faz emergir um novo ambiente de confiança. Nas
sociedades pré-modernas a confiança era estabelecida através de laços pessoais, nas
sociedades pós-tradicionais novas possibilidades se apresentam, e com elas novas
formas de comportamento e de inserção no mundo. Os indivíduos começam a sentir a
necessidade de desenvolver ações que sejam capazes de trazer novamente a sensação
de segurança, a confiança passa a ser restaurada através do que ele denomina de
sistemas abstratos (as fichas simbólicas e os sistemas de peritos).

[...] em circunstâncias normais, o indivíduo está relativamente protegido de


questões que de outra maneira se colocariam como questões perturbadoras. De
outro, quando acontecem momentos decisivos ou outros tipos de crises pessoais,
a sensação de segurança ontológica provavelmente sofre tensão imediata
(GIDDENS, 2002, p.171).

Assim, cabe aos sistemas abstratos nutrir essa segurança cotidiana, uma
segurança no sentido da existência, de previsibilidade, de confiança no sentido de
reciprocidade e de garantia das relações sociais.

A relação pura é uma ambiente-chave para construir o projeto reflexivo do eu, pois
tanto permite quanto requer a auto-compreensão organizada e contínua – o meio
de assegurar um laço duradouro com o outro (GIDDENS, 2002, p. 172).

As ações do sujeito, estruturadas no diálogo e no respeito, constituem uma


verdadeira democracia da vida privada, que por sua vez abrirá espaço para uma
democracia da vida pública. Para Giddens (2002), em uma sociedade reflexiva, as

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identidades são preservadas e as pessoas tornam-se solidárias e abertas para um


relacionamento puro, baseado na confiança e no respeito, e assim, a construção de um
espaço privado mais democrático auxilia numa democratização pública.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Convergências e divergências entre o conceito de habitus de Bourdieu e a ação


reflexiva de Giddens

Após realizada essa síntese acerca dos conceitos-chave que encontram-se


presentes na teoria de Giddens e Bourdieu, iremos agora apresentar alguns pontos onde
essas teorias convergem e divergem, analisando especificamente o conceito de habitus
(Bourdieu) e a ação reflexiva (Giddens). Para que a concretização desse diálogo seja
possível, torna-se necessário estarmos sempre nos reportando às análises que foram
desenvolvidas na construção desse trabalho.

Tanto a teoria de Giddens quanto a de Bourdieu foram construídas com o propósito


de superar a exclusão recíproca objetivismo-subjetivismo e por analisarem a ação social
como um processo que se encontra em constante estruturação e reestruturação. São
autores que compartilham de idéias semelhantes acerca da relação entre indivíduo,
sociedade e estrutura; entretanto, cada um segue caminhos distintos na compreensão de
tal relação.

Giddens propõe uma integração entre ação e estrutura através do que ele
denominou de estruturação, no sentido de que nenhum deles adquire primazia sobre o
outro; a estrutura deve ser pensada em termos de recursividade social, ou seja, ela está
vinculada à ação dos indivíduos. Para ele, “[...] o momento da produção da ação é
também um momento de reprodução nos contextos do desempenho cotidiano da vida
social [...]” (GIDDENS, 2003, p. 31). Sendo assim, percebe-se que ação e estrutura
mutuamente se influenciam, pois é na conduta cotidiana dos indivíduos que a sociedade é
moldada e transformada.

Bourdieu desenvolveu o conceito de habitus, e através deste procurou mostrar que


a incorporação do indivíduo por uma determinada estrutura influencia no seu modo de

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agir e pensar, e, inconscientemente, ele acaba reproduzindo-a. O habitus funciona,


portanto, como um fator estruturante que influencia nas percepções, apreciações e ações
dos indivíduos.

O habitus é, como pudemos constatar no decorrer do trabalho, estrutura mental


que influenciam na interiorização de percepções, ações e concepções de mundo de
membros de um mesmo grupo. Através desse habitus os indivíduos acabam
incorporando, inconscientemente, as estruturas imanentes de um mundo, ou seja, de um
campo; e que influenciam na sua percepção do mundo e na ação que poderá desenvolver
nesse mundo. A lógica do campo no qual estamos inseridos faz com que
inconscientemente interiorizemos visões de mundo, e assumamos condutas regulares
que nos permitam prever práticas futuras em conformidade com a experiência presente,
“[...] é o que permite gerar uma infinidade de ‘lances’ adaptados à infinidade de situações
possíveis [...]” (BOURDIEU, 2004, p. 21).

Portanto, o que se apreende é que as estruturas não devem ser vistas como algo
exterior ao sujeito, mas sim como subjacente a ele. Giddens e Bourdieu ao analisar a
relação entre indivíduo e sociedade atribuem uma grande importância à ação dos agentes
na continuidade ou transformação das estruturas; compreendendo a sua capacidade
reflexiva na busca pela aquisição da liberdade, mesmo tendo a sua vida inteiramente
influenciada pela existência de normas.

Entretanto, podemos perceber que existe uma diferença significativa entre


Bourdieu e Giddens quanto à aquisição da liberdade por parte do indivíduo, já que a sua
capacidade reflexiva desenvolve-se em meio à existência de normas e valores
socialmente construídos. Os indivíduos têm a capacidade de desenvolver os seus
potencias no decorrer da sua vida, mas a ação da sua autonomia obedece, e é limitada,
pela regularidade da conduta; contudo, o procedimento dessa ação não é extremamente
rígida já que existem possibilidades de adquirir uma atuação “autônoma”.

Em Giddens notamos que o indivíduo apresenta uma capacidade maior de


manobrar as normas que regem a sociedade, ou seja, de manejar os limites que são
impostos pelas estruturas e dessa forma influenciar nas mudanças do mundo social.

A ação é um processo contínuo, um fluxo, em que a monitoração reflexiva que o


indivíduo mantém é fundamental para o controle do corpo que os atores
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SILVA, G. O. S.

ordinariamente sustentam até o fim de suas vidas no dia-a-dia (GIDDENS, 2003,


p.11).

Percebe-se que o agente é conhecedor de todas as condições que tornam possível


a sua ação e conseqüentemente a reprodução da sociedade à qual está inserido.

Assim, fica evidente que em Giddens o indivíduo é visto como um agente capaz de
desenvolver uma atividade de forma intencional, isto é, sua ação é praticada de forma
compreensiva, ele sabe o que faz e as razões por que a faz. Os indivíduos ao nascerem
encontram-se inseridos num contexto de estruturas, mas através da sua capacidade
compreensiva, ou seja, da aquisição de sua ação reflexiva, eles desenvolvem a
capacidade de transformar essas estruturas e à medida que essa modificação vai
ocorrendo eles também se modificam.

A reflexividade possibilita que a vida social seja constantemente pensada,


examinada e reformulada; através do ato reflexivo o indivíduo desenvolve a capacidade
de serem construídos e construtores da própria vida. Essa reflexividade foi, segundo
Giddens (2002), oriunda das transformações da implementação da sociedade moderna
que gerou tanto oportunidades quanto incertezas e riscos, processo que levou à
edificação da chamada sociedade de riscos. Esses riscos, como já foi exposto
anteriormente, são oriundos da própria ação dos homens, da sua ação direta, por
exemplo, na natureza. Giddens diz que viver numa sociedade de risco traz em si uma
constante sensação de ansiedade “[...] geradas pelos próprios cálculos do risco, mais o
problema de excluir contingências ‘improváveis’, reduzindo assim o planejamento da vida
a proporções manejáveis” (GIDDENS, 2002, p.168).

Em Bourdieu a ação do indivíduo encontra-se estruturada internamente pelo


habitus e externamente pelo campo. Os agentes sociais estão vinculados a campos
específicos que influenciam na sua percepção do mundo em que vive e, portanto, na ação
que desempenha dentro desse mundo. O habitus é, segundo Bourdieu (1997), o princípio
gerador e unificador que reduz um conjunto unívoco de escolhas de pessoas, bens e
práticas.

Cada grupo, de acordo com a posição que ocupa na estrutura social oriunda do
seu capital acumulado, é capaz de elaborar estratégias de ação que considere mais
rentáveis e seguras. Essa consciência acerca das melhores estratégias seria herdada do

74 Revista Campus, Paripiranga, v.2, n.3, julho, 2009.


Habitus e ação reflexiva: aproximações e divergências em Bourdieu e Giddens

habitus, que influenciaria na forma de lidar com as oportunidades vinculadas à sua


posição social.

Portanto pode-se subtender da teoria de Bourdieu que as possibilidades de ações


do agente são limitadas e determinadas de acordo com a posição social que ocupa no
espaço social; eles agiriam de acordo com as oportunidades existentes no campo ao qual
foi socializado e dessa forma teria a sua autonomia reduzida. O espaço social é o
responsável pela organização das práticas e representações dos agentes, ele constitui
[...] um espaço de diferenças, no qual as classes existem de algum modo em
estado virtual, pontilhadas, não como um dado, mas como algo que se trata de
fazer (BOURDIEU, 1997, p.27).

O habitus, portanto, possibilita que os indivíduos interiorizem e reconheçam os


limites e as distâncias sociais que devem ser respeitadas, uma interiorização que é
resultante da sua trajetória de vida dentro de um determinado campo. As práticas
reflexivas dos agentes sociais podem conservar ou subverter as regras, porém as
estratégias de suas ações encontram-se sempre vinculadas à posição que esses agentes
ocupam dentro do campo, ou seja, do capital e do poder que lhe são confiados. Assim, a
capacidade de ação dos agentes sociais está relacionada às condições possíveis que o
campo no qual está inserido oferece, ou seja, de acordo com os esquemas incorporados
e adquiridos no espaço social.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Se as estruturas não estão alheias à atividade dos indivíduos e se também não


existe uma ação subjetiva desvinculada da estrutura, então, os atores sociais
transformam e reproduzem as estruturas através da sua práxis, da sua ação reflexiva. O
que pudemos apreender é que Giddens dá mais importância às ações dos agentes e suas
influências sobre a estrutura; Bourdieu, por sua vez, dá mais ênfase em como a estrutura
é internalizada em forma de habitus por esses agentes. Porém, ambos compartilham da
idéia de que não se pode separar agentes e estruturas, já que cada um existe na medida
em que o outro existe; não pode existir indivíduo sem sociedade e nem sociedade sem
indivíduo.

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SILVA, G. O. S.

Pensar as sociedades como configurações sociais que estão em constante


transformação devido à ação dos indivíduos é uma temática bastante abordada pelos
sociólogos, e isso foi desenvolvido ao longo do nosso trabalho através da compreensão
da ação reflexiva de Giddens e do conceito de habitus de Boudieu. Se analisarmos
somente o subjetivismo ou o objetivismo estaremos fazendo uma análise parcial; ou
daremos prioridade às estruturas sociais como algo existente externamente e
independente da ação dos seus agentes, ou enfatizaremos apenas o sentido vivido. A
essência das teorias de Giddens e Bourdieu é a compreensão de que a vida social não se
compõe exclusivamente das experiências subjetivas dos seus indivíduos, mas sim, das
práticas sociais que se desenvolvem ao longo dos processos sócio-históricos; práticas
essas fundamentais à unificação entre as dimensões objetivas e subjetivas presentes na
sociedade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOURDIEU, P.. Estrutura, habitus e prática. In: _______. A economia das trocas simbólicas. 3 ed. São
Paulo: Perspectiva, 1992. p.183-202.

BOURDIEU, P.. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil/Lisboa: Difel. 1989.

BOURDIEU, P.. Coisas ditas. São Paulo: Brasiliense, 2004.

BOURDIEU, P.. Espaço social e espaço simbólico. In: _______. Razões práticas: sobre a teoria da ação.
Campinas: Papirus. 1997.

GIDDENS, A.. Estruturalismo, pós-estruturalismo e a produção da cultura. In: _______; TURNER, J.. Teoria
social hoje. São Paulo, UNESP, 1999.

GIDDENS, A.. A constituição da sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

GIDDENS, A.. A vida em sociedade pós-industrial. In: BECK, U.; GIDDENS, A.; LASH, S.. A modernidade
reflexiva. Sao Paulo: UNESP, 1997. p.73-133.

GIDDENS, A.. As tribulações do eu. In: _______. Modernidade e identidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,
2002. p.168-192.

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