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O PODER SIMBÓLICO – PIERRE BORDIEU

A força simbólica de Bourdieu, de início no meio acadêmico, tem como base sua produção
teórica. Nessa, destacamos no campo das ciências sociais, a importância dada às estruturas simbólicas na
leitura do mundo, e a abrangência em usar sua teoria em fronts de: educação, cultura, arte, literatura, etc.
O campo de produção simbólico suscita a relação de força entre os agentes, que leva à relação de
sentido. Nesta perspectiva a violência simbólica apresenta tema central nos estudos de Bourdieu. Tal
violência não é fruto da instrumentalização pura e simples de uma classe sobre a outra, mas é exercida
através dos jogos engendrados pelos atores sociais, numa abordagem denominada por ele como
"construtivismo estruturalista", enfatizavando que a sociedade é uma produção humana, uma realidade
objetiva. O homem é uma produção social.
Bourdieu analisa o mundo social através de um processo de causalidade circular que articula níveis
diferentes da realidade separados pela micro e macro sociologia. Duas noções bem formuladas pelo
autor, quando se refere às instâncias que sustentam o mundo social: campos sociais e habitus. A relação
entre estas instâncias faz com que as estruturas se tornem corpo, e igualmente, que o corpo se faça
estrutura.
Nessa perspectiva, e armado com outros conceitos, como legitimidade, estratégia, classe social,
interesse, capital simbólico, Bourdieu avança em vários domínios da sociedade, campos sociais, e faz seu
combate sociológico. Entre os campos sociais analisados destacamos dois, o campo da produção
intelectual (homo academicus) e da produção jornalística.
Bourdieu investe no sujeito da ciência como parte do objeto da ciência, afastando a ilusão de
"intelectuais sem laços nem raízes". Sua análise infiltra-se na dinâmica acadêmica e busca caracterizá-la
pelos interesses específicos (postos acadêmicos, contratos de edição, reconhecimentos e gratidões), na
maioria das vezes imperceptíveis aos olhos daqueles que não fazem parte deste universo.
Bourdieu observa neste campo, que os intelectuais são, enquanto detentores do capital cultural, uma
fração (dominada) da classe dominante, e muitas de suas tomadas de posição, em matéria de política,
devem à ambigüidade de sua posição de dominados entre dominantes. Esta ambígua relação de poder faz
com que muitos intelectuais se apropriem da competência que extrapola seus limites de competência,
fazendo apelo aos títulos escolares, num resgate similar aos títulos de nobreza de outrora, transformando-
os, em passaporte para se tornarem a "Nobreza do Estado" contemporâneo.
Assim, Bourdieu vai tecendo o jogo realizado pelo homo academicus e evidenciando o vai-e-vem de
estrutura-corpo, possuído-possuidor, história-presente, relação de força-relação de sentido. Sua crítica se
torna mais obstinada, quando visualiza certos intelectuais seduzidos em produções supostamente
científicas, por temas da moda, dando a impressão de dominar sua época, por vezes, são dominados por
ela. Adaptando de forma patética, suas dissertações aos temas do momento.

Resumo: Directamente relacionados com a posição do intelectual, encontram-se, ao longo do seu


trabalho, três conceitos fundamentais: poder simbólico, campo e habitus.

Ele surge como todo o poder que consegue impor significações e impô-Ias como legítimas. Os símbolos
afirmam-se, assim, como os instrumentos por excelência de integração social, tornando possível a
reprodução da ordem estabelecida. O campo surge como uma configuração de relações socialmente
distribuídas. Através da distribuição das diversas formas de capital - no caso da cultura, o capital
simbólico - os agentes participantes em cada campo são munidos com as capacidades adequadas ao
desempenho das funções e à prática das lutas que o atravessam. As relações existentes no interior de cada
campo definem-se objectivamente, independentemente da consciência humana. Na estrutura objectiva do
campo (hierarquia de posições, tradições, instituições e história) os indivíduos adquirem um corpo de
disposições, que Ihes permite agir de acordo com as possibilidades existentes no interior dessa estrutura
objectiva: o habitus. Desta forma, o habitus funciona como uma força conservadora no interior da ordem
social.

Teoria Social

Na agenda teórica proposta à Teoria Sociológica contemporânea, alguns elementos merecem destaque: a
releitura dos clássicos, a construção de conceitos e a postura crítica do intelectual diante de uma tomada
de posicionamento político, elementos estes amalgamados em sua discussão sociológica. Ao compor, por
exemplo a idéia de campo, Bourdieu dialoga com a idéia de esferas, proposta por Max Weber e, ainda,
com o conceito de classe social de Marx.
Construtivismo estruturalista ou estruturalismo construtivista
Bourdieu, permitindo ter seu pensamento rotulado, adota como nomenclatura o construtivismo
estruturalista ou estruturalismo construtivista. Esta postura consiste em admitir que existe no mundo
social estruturas objetivas que podem dirigir, ou melhor, coagir a ação e a representação dos indivíduos,
dos chamados agentes. No entanto, tais estruturas são construídas socialmente assim como os esquemas
de ação e pensamento, chamados por Bourdieu de habitus. Bourdieu tenta fugir da dicotomia
subjetivismo/objetivismo dentro das ciências humanas. Rejeita tanto trabalhar no âmbito do fisicalismo,
considerando o social enquanto fatos objetivos, como no do psicologismo, o que seria a "explicação das
explicações". O momento objetivo e subjetivo das relações sociais estão numa relação dialética. Existem
realmente as estruturas objetivas que coagem as representações e ações dos agentes, mas estes, por sua
vez, na sua cotidianidade, podem transformar ou conservar tais estruturas, ou almejar a tanto. A verdade
da interação nunca está totalmente expressa na maneira como ela se nos aprensenta imediatamente. Uma
das mais importantes questões na obra de Bourdieu se centraliza na análise de como os agentes
incorporam a estrutura social, ao mesmo tempo que a produzem, legitimam e reproduzem. Neste sentido
se pode afirmar que ele dialoga com o Estruturalismo, ao mesmo tempo que pensa em que espécie de
autonomia os agentes detêm. Bourdieu, então, se propõe a superar tanto o objetivismo estruturalista
quanto o subjetivismo interacionista (fenomenológico, semiótico).

RESUMO: Para ele, o estado da arte nas Ciências Sociais encontra-se na capacidade de teorizar sobre
objetos empíricos aparentemente insignificantes, construindo assim um objeto.
Para construir um objeto, contudo, faz-se necessário questionar suas pré-noções antes de aprender o
modus operandis da produção científica, porque a única maneira possível de adquirir esse conhecimento é
através da observação prática de como reage este habitus científico. A transmissão do habitus pode se dar
por indicações práticas ou correções feitas na prática.

Uma das coisas mais importantes na pesquisa científica é exatamente a construção do objeto do
conhecimento, através da união de opções teóricas e técnicas empíricas, que podem ser multivariadas, a
fim de quebrar o monoteísmo metodológico e jogar novas luzes sobre diversos ângulos do mesmo prisma.
O cientista social deve estar atento aos por menores dos procedimentos da pesquisa, posto que, a
construção do objeto
“é um trabalho de grande fôlego, que se realiza pouco a pouco, por retoques sucessivos, por toda uma
série de correções, de emendas, sugeridos por o[sic] que se chama ofício, quer dizer, esse conjunto de
princípios que orientam as ações ao mesmo tempo minúsculas e decisivas”. ( p. 27)
O primeiro preceito do método está relacionado à noção de campo, alertando o sociólogo que se deve
pensá-lo como um espaço de relações de forças entre posições sociais, que vão sendo desvendadas pelo
pesquisador. O grande risco de se cair na armadilha das pré-noções para o pesquisador é não conhecer sua
verdadeira motivação de interesse acerca do objeto que estuda. È preciso cercar-se de ceticismo,
questionar todos os seus pressupostos e variáveis possíveis, numa atitude ativa e sistemática, alicerçado
não só na intuição racional, como também no raciocínio analógico.
Bourdieu aponta a necessidade de rupturas epistemológicas, considerando a dificuldade dessa quebra de
paradigmas na medida em que estas foram fundamentadas por um corpo de profissionais. A profissão no
saber científico é uma “construção social, produto de todo um trabalho social de construção de grupo e
de uma representação dos grupos”, (p.40) os quais possuem um ritual próprio – listas feitas,
documentação, procedimentos – para estudar determinados objetos. Desta forma, têm-se uma aparência
de cientificidade, sem empreender o verdadeiro trabalho científico, que é a construção do próprio objeto
de estudo.
A objetivação participante oferece essa possibilidade de ruptura, porquanto implica em adesões mais
profundas e inconscientes sobre o interesse no próprio objeto para o pesquisador que o estuda. É o
conhecimento da relação pesquisador-objeto e dos próprios limites da objetivação objetiva, posto que o
espaço da interação é pré-construído, guardando em si seus ditos e interditos.
“As estratégias discursivas dos diferentes atores, e em especial os efeitos retóricos que têm em vista
produzir uma fachada de objetividade, dependerão das relações de força simbólicas entre os campos e
dos trunfos que a pertença a esses campos confere aos diferentes participantes ou, por outras palavras,
dependerão dos interesses específicos e dos trunfos diferenciais que, nessa situação particular de luta
simbólica pelo veredito neutro, lhes são garantidos pela sua posição nos sistemas de relação invisíveis
que se estabelecem entre os diferentes campos em que eles participam”. (p.56)
Destarte, a relação do sociólogo com o seu objeto deve ser objetiva, consciente de suas motivações e
interesses sobre o referido objeto, a fim de estabelecer condições mínimas de ruptura com os modelos
prontos para que não se incorra numa visão parcial e reducionista com ares de ciência.

- Habitus: Assim, o conceito de habitus que ele desenvolverá ao longo da sua obra corresponde a uma
matriz, determinada pela posição social do indivíduo que lhe permite pensar, ver e agir nas mais variadas
situações. O habitus traduz, dessa forma, estilos de vida, julgamentos políticos, morais, estéticos. Ele é
também um meio de ação que permite criar ou desenvolver estratégias individuais ou coletivas.

Espaço Social, Campo Social, Habitus e Conceito de Classe Social em Pierre Bourdieu
Os intelectuais devem ser parte do movimento junto com os sindicatos e todas as associações que se
esforçam pela crítica. O intelectual isolado, pode-se dizer, é o fim (29 jun. 2000, internet). Como e com
quais categorias Bourdieu pensa a sociedade? Bourdieu compreende que os atores sociais estão inseridos
espacialmente em determinados campos sociais, a posse de grandezas de certos capitais (cultural, social,
econômico, político, artístico, esportivo etc.) e o habitus de cada ator social condiciona seu posiciomento
espacial e, na luta social, identifica-se com sua classe social. Bourdieu afirma que para o ator social tentar
ocupar um espaço é necessário que ele conheça as regras do jogo dentro do campo social e que esteja
disposto a lutar (jogar). O que determina a posição espacial no campo social? Quais os princípios de
diferenciação que condicionam a ocupação do espaço social? Nas sociedades desenvolvidas as alavancas
mais eficientes de distinção são as posses de capital econômico e de capital cultural. Logo, os sujeitos
ocuparão espaços mais próximos quanto mais similar for a quantidade e a espécie de capitais que
detiverem. Em contrapartida, os agentes estarão mais distantes no campo social quanto mais díspar for o
volume e o tipo de capitais. Assim, pode-se dizer que a riqueza econômica (capital econômico) e a cultura
acumulada (capital cultural) geram internalizações de disposições (habitus) que diferenciam os espaços a
serem ocupados pelos homens.
Dessa forma, portadores de um quantum de capital de diversas naturezas, seja ele capital cultural, capital
social, capital político, capital artístico, capital esportivo, capital econômico etc., estão a contestar ou a
aceitar certas diretrizes que redefinem as bases da sociedade. É o que explica Bourdieu:
Sem dúvida, os agentes constróem a realidade social; sem dúvida, entram em lutas e relações visando a
impor sua visão, mas eles fazem sempre com pontos de vista, interesses e referenciais determinados pela
posição que ocupam no mesmo mundo que pretendem transformar ou conservar (1989, p. 8).
O habitus é uma forma de disposição à determinada prática de grupo ou classe, ou seja, é a interiorização
de estruturas objetivas das suas condições de classe ou de grupo sociais que gera estratégias, respostas ou
proposições objetivas ou subjetivas para a resolução de problemas postos de reprodução social [1] .
BOURDIEU explica que
falar de estratégias de reprodução não é atribuir ao cálculo racional, ou mesmo à intenção
estratégica, as práticas através das quais se afirma a tendência dos dominantes, dentro de si
mesmos, de perseverar. É lembrar somente que o número de práticas fenomenalmente muito
diferentes organizam-se objetivamente, sem ter sido explicitamente concebidas e postas com
relação a este fim, de tal modo que essas práticas contribuem para a reprodução do capital
possuído. Isto porque essas ações têm por princípio o habitus, que tende a reproduzir as
condições de sua própria produção, gerando, nos domínios mais diferentes da prática, as
estratégias objetivamente coerentes e as características sistemáticas de um modo de reprodução
(1989: 386-387).

Esse modelo pode induzir a esquematizações simplistas. Freqüentar, por exemplo, um determinado
estabelecimento, degustar um prato, beber de um vinho raro, possuir um carro fora-de-série ou praticar
uma modalidade de esporte não significa uma distinção automática. Por exemplo, a virada de costume de
um "novo-rico" pode ser visto mais como ostentação do que um sinal de distinção. Conforme Bourdieu,
"... o mesmo comportamento ou o mesmo bem pode parecer distinto para um, pretensioso ou ostentatório
para outro e vulgar para um terceiro" (1996, p. 22).

O campo esportivo é rico em exemplos de distinção. Um mesmo esporte pode ser praticado e assistido de
modos diferentes. No riquíssimo circo da "Fórmula l" o ingresso mais barato custa próximo de um
salário-mínimo, enquadrando-se, talvez, dentro do padrão de consumo de funcionários públicos, pequenos
comerciantes e trabalhadores qualificados. A entrada mais cara atinge cifras superiores a três mil dólares.
Com este ticket pode-se frequentar locais com serviços de buffet, transporte aéreo (helicópteros), serviço
de atendimento médico com urgência e, importantíssimo, livre-acesso aos carros e pilotos oficiais.
O paddock é o espaço dos profissionais liberais bem-sucedidos, das manequins internacionais, dos altos
políticos, dos grandes industriais e dos comandantes das finanças. Isso mostra, de pronto, que o mesmo
esporte destina lugares na platéia totalmente distintos. As fronteiras, não seria necessário dizer, são
guardadas por rígidos esquemas de segurança.

A maneira de jogar um esporte também é distintiva. Tomemos por exemplo o futebol praticado por
trabalhadores braçais. O ritmo do jogo tem uma dinâmica mais forte, é mais rápido e a virilidade marca
seu estilo. Já o futebol disputado por profissionais liberais, empresários e, talvez, por professores
diferencia-se pela menor velocidade, "chegada" mais leve e discussões multiplicadas com o juiz do jogo.
Não é inútil ressaltar que essas comparações devem ser sopesadas e matizadas pelas diferenças de
condicionamento físico e de temperamento que marca cada um dos jogadores. Porém, em geral, os
campeonatos de associações profissionais, de clubes sociais e de várzea estão aí para comprovar: o
mesmo esporte é praticado com vigores diferenciados e com estilos distintos. [2] .
Bourdieu serve-se das díades como parte de seu método a fim de fazer as classificações estruturais dos
agentes nos campos sociais. Para saber qual o espaço social ocupado, Bourdieu perguntaria: o sujeito
prefere cachaça ou conhaque? Futebol ou tênis? Literatura clássica ou auto-ajuda? Violino ou violão?
Nesse sentido, reconhece: "procedo por oposições porque é assim que se faz, na maioria das vezes - mas
as coisas são mais complicadas" (1996: p. 23). As oposições são um dos recursos utilizados por Bourdieu,
a ressalva de que a sociedade é mais complexa torna-se uma advertência para que não ocorra o
empobrecimento de sua teoria. Esse cuidado torna-se mais evidente em uma entrevista dada à Revista
Teoria & Debate. A educadora Menga Lüdke pergunta a Bourdieu sobre a relação entre a teoria da
reprodução e a teoria da resistência na educação brasileira, o pensador francês afirma:

De início, o que me parece estranho é que se oponham estas teorias. O mundo acadêmico pensa sempre
por pares, por oposições. Esta oposição entre reprodução e resistência se desenvolveu nos Estados
Unidos, junto a um certo número de autores que, creio, não entenderam nada do que eu fazia (1991, p. 3)

Resta ainda tentar compreender qual é o conceito de classe social em Bourdieu. Para o pensador francês,
"as classes sociais não existem (...). O que existe é um espaço social, um espaço de diferenças, no qual as
classes existem de algum modo em estado virtual, pontilhadas, não como um dado, mas como algo que se
trata de fazer" (1996, p. 26-27). À primeira vista pode ser um vaticínio extremamente negativo. Mas, ao
contrário, há um sentido positivo neste conceito. Bourdieu referencia-se em Thompson para definir o que
é classe social:
"é preciso construir o espaço social como estrutura de posições diferenciadas, definidas, em cada
caso, pelo lugar que ocupam na distribuição de um tipo específico de capital. (Nessa lógica, as
classes sociais são apenas classes lógicas, determinadas, em teoria e. se se pode dizer assim, no
papel, pela delimitação de um conjunto – relativamente – homogêneo de agentes que ocupam
posição idêntica no espaço social; elas não podem se tornar classes mobilizadas e atuantes, no
sentido da tradição marxista, a não ser por meio de um trabalho propriamente político de
construção, de fabricação – no sentido de E.P. Thompson fala em The making of the English
working class - cujo êxito pode ser favorecido, mas não determinado, pela pertinência à mesma
classe sócio-lógica.) (BOURDIEU, 1996: p. 29).

As classes sociais são uma realidade histórica. Para Thompson, a referência do conceito de classe de
Bourdieu, "por classe, entendo um fenômeno histórico, que unifica uma série de acontecimentos díspares
e aparentemente desconectados, tanto na matéria-prima da experiência como na consciência" (Thompson,
1987, p. 9). Assim, não se encontra na teoria de Bourdieu um sujeito social a-histórico e paralisado, o que
existe é a luta constante entre os atores sociais para a ocupação dos espaços nos campos sociais e, no
mesmo sentido marxista, no que se refere as classes sociais, estas somente se tornam classes mobilizadas
e atuantes quando acontece um trabalho político de construção. Nesse sentido, pode-se concluir com o
próprio Thompson, "a classe é definida pelos homens enquanto vivem sua própria história (...)" (1987, p.
12). Dessa maneira, discutir sobre a distribuição de capitais, habitus, campo social e ocupação do espaço
social é debater sobre a luta dos atores sociais, que pode, caso exista um trabalho de ação política, tornar-
se prática e teoricamente luta de classes, ou seja, Bourdieu ao apresentar estudos sobre a reprodução de
classes e como se transfere as heranças distintivas nas sociedades contemporâneas demonstra, também,
que é possível fazer uma "omelete social", para isso, ressalte-se, deve existir um trabalho político de
construção da ação coletiva com o sentido de luta de classes. [1] Conceito de habitus para BOURDIEU:
"sistemas de posições duráveis, estruturas estruturadas predispostas a funcionar como estruturas
estruturantes, quer dizer, enquanto princípio de geração e de estruturação de práticas e de representações
que podem ser objetivamente 'reguladas' e 'regulares', sem que, por isso, sejam o produto da obediência a
regras, objetivamente adaptadas a seu objetivo sem supor a visada consciente dos fins e o domínio
expresso das operações necessárias para atingi-las e, por serem tudo isso, coletivamente orquestradas sem
serem o produto da ação combinada de um maestro" (BOURDIEU apud MICELI, 1987: XL). "(...)
sistema de disposições duráveis e transferíveis que, integrando todas as experiências passadas, funciona a
cada momento como uma matriz de percepções, apreciações e ações, e torna possível a realização de
tarefas infinitamente diferenciadas, graças às transferências analógicas de esquemas que permitem
resolver os problemas da mesma forma e graças às correções incessantes dos resultados obtidos,
dialeticamente produzidas por estes resultados" (ibid.: XLI).

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