Resenha sobre a abertura (páginas 27 a 52) da tese "O HABITUS CORTESÃO BRAGANTINO NOS TRÓPICOS: A
FORMAÇÃO MUSICAL COMO ESTRATEGIA DE REPRODUÇÃO DO
PODER MONÁRQUICO NO RIO DE JANEIRO OITOCENTISTA " de Flavia Maria Cruvinel
Resenha sobre a abertura (páginas 27 a 52) da tese "O HABITUS CORTESÃO BRAGANTINO NOS TRÓPICOS: A
FORMAÇÃO MUSICAL COMO ESTRATEGIA DE REPRODUÇÃO DO
PODER MONÁRQUICO NO RIO DE JANEIRO OITOCENTISTA " de Flavia Maria Cruvinel
Resenha sobre a abertura (páginas 27 a 52) da tese "O HABITUS CORTESÃO BRAGANTINO NOS TRÓPICOS: A
FORMAÇÃO MUSICAL COMO ESTRATEGIA DE REPRODUÇÃO DO
PODER MONÁRQUICO NO RIO DE JANEIRO OITOCENTISTA " de Flavia Maria Cruvinel
Bragantino nos Tópicos Esta é uma resenha da abertura do artigo intitulado “O Habitus Cortesão Bragantino nos Trópicos: A formação musical como estratégia de reprodução do poder monárquico no Rio de Janeiro Oitocentista (mais especificamente, do intervalo de páginas: 27 – 59). Este artigo é de autoria de Flávia Maria Cruvinel, no ano de 2018, em 23/08.
Tal trecho da resenha divide-se em três assuntos principais: o modo do
conhecimento do mundo social praxiológico de Bourdieu, a cultura como formação e a ideologia do dom. Dessa forma, essa resenha irá abordar esses assuntos, buscando explaná-los e discutí-los.
Em primeiro plano, há a apresentação do sociólogo Pierre Bourdieur e
de seus pensamentos e inspirações, semdoevidente que o autor, marcado pela tríade fundadora da sociologia (Karl Marx, Max Webere Émile Durkheim), busca, por meio de seus métodos, superar a dicotomia entre as abordagens objetivas e subjetivas, no sentido de extrair destes “lados” aparentemente opostos, pontos essenciais que os unem, assim dissolvendo tal “disputa”?
Ainda, estipulou três modos de conhecimento do mundo social: o
fenomenológico e o objetivista, marcados pela oposição ao ideal de conhecimento prático, e o modo praxiológico, original dele que é a base desse assunto inicial. Ainda, é importante citar, em relação aos dois primeiros modos de conhecimento, a influência de Weber, cuja crença baseou-se em consultas individuais, e Durkheim, que baseou-se na consciência coletiva, de forma totalmente oposto a Weber.
Em relação ao modo praxiológico, faz-se evidente o foco nas relações
dialéticas entre estruturas objetivas, trazendo à tona a interiorização da exterioridade, que consiste na absorção e adaptação dos elementos proporcionados pelo meio ao indivíduo, e a exteriorização da interiorização, que consiste no processo contrário ao termo anterior, como expresso no jogo de palavras entre as duas expressões. Ainda, no modo praxiológico há o conceito de “habitus”, que, basicamente, diz respeito à história de vida do indivíduo, contendo elementos subjetivos (experiências humanas) e subjetivos (condições do ambiente)
Assim, o conhecimento praxiológico convida o indivíduo a
desconfiar/questionar de todos os fenômenos já considerados naturais, forçando a reflexão sobre as condutas e as influências do meio. Logo, Bourdieu determina, a partir de tais informações, que na relação de dominação presente no modelo social atual, a posição do agente dominador não depende somente de seu capital no sentido de riquezas, estabelecendo que tal posição depende, na verdade, de como se distribuem diferentes fomras de poder em uma sociedade. Faz-se pertinente, inclusive, citar que a autora do artigo discorda que Bourdieu contrapõe à tradição marxista, defendendo que ele, na verdade, causou um alargamento do entendimento do capital e de suas dimensões vigentes, encerrando o assunto referente ao modo praxiológico.
Já em segundo plano, o sociólogo francês transpõe o tópico da cultura
como formação, defendendo, primordialmente, que o ser humano transforma e se relaciona com o meio, em um constante processo de transformar o meio, e ser transformado por ele, simultaneamente. Dessa forma, a cultura acaba por se definir como o conjunto de modos de viver, agir e pensar de certos grupos, de forma a basear-se na adaptação do ser meio, inevitavelmente.
Portanto, a cultura é algo inato ao ser humano, já que este é fadado a
ser social, e tal socialização o faz adquirir modos de vida e pensar eles íficos de seu grupo, obtendo, assim, cultura. Nesse âmbito, Bourdieu estabelece que os mecanismos de dominação são construídos pelos agentes dominadores, com a “permissão” dos dominados, sistematicamente.
Por fim, problematiza-se a ideologia do dom, onde evidencia-se como a
crença de um talento natural, advindo do nascimento, influenciou e transformou o cenário de produção musical desde a antiguidade, sendo que sempre houve uma procura pelos “talentosos”, favorecendo certos grupos privilegiados e criando a ideia de “benção divina” presenteada aos poucos de sorte. Ademais, é pertinente citar que a autora Flávia Maria Cruvinel defende que o modelo conservatorial, mesmo tendo alargado o acesso à cultura burguesa, definiu, de forma arbitrária, os bens musicais a serem conservados, como obras, composições, autores, e mais.
Logo, o trecho selecionado do artigo traz um grande panorama e
detalhamento dos pensamentos e modos de Bourdieu, além de expressar suas visões sobre cultura e, ainda, a problemática do dom na música, de forma a buscar, por meio destes tópicos, a compreensão e interiorização dos assuntos por parte do leitor. Assim, o texto se mostra não só pertinente no cenário educacional, mas ainda revela uma nova gama de ideias e visões ao cenário musical, revelando ser um documento de extrema importância para a formação educacional e profissional dos docentes e discentes