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Goiânia, 09 de novembro de 2023

Aluno: Alexandre Henrique Ribeiro dos Santos

Resenha – Abertura – O Habitus Cortesão


Bragantino nos Tópicos
Esta é uma resenha da abertura do artigo intitulado “O Habitus Cortesão
Bragantino nos Trópicos: A formação musical como estratégia de reprodução
do poder monárquico no Rio de Janeiro Oitocentista (mais especificamente, do
intervalo de páginas: 27 – 59). Este artigo é de autoria de Flávia Maria Cruvinel,
no ano de 2018, em 23/08.

Tal trecho da resenha divide-se em três assuntos principais: o modo do


conhecimento do mundo social praxiológico de Bourdieu, a cultura como
formação e a ideologia do dom. Dessa forma, essa resenha irá abordar esses
assuntos, buscando explaná-los e discutí-los.

Em primeiro plano, há a apresentação do sociólogo Pierre Bourdieur e


de seus pensamentos e inspirações, semdoevidente que o autor, marcado pela
tríade fundadora da sociologia (Karl Marx, Max Webere Émile Durkheim),
busca, por meio de seus métodos, superar a dicotomia entre as abordagens
objetivas e subjetivas, no sentido de extrair destes “lados” aparentemente
opostos, pontos essenciais que os unem, assim dissolvendo tal “disputa”?

Ainda, estipulou três modos de conhecimento do mundo social: o


fenomenológico e o objetivista, marcados pela oposição ao ideal de
conhecimento prático, e o modo praxiológico, original dele que é a base desse
assunto inicial. Ainda, é importante citar, em relação aos dois primeiros modos
de conhecimento, a influência de Weber, cuja crença baseou-se em consultas
individuais, e Durkheim, que baseou-se na consciência coletiva, de forma
totalmente oposto a Weber.

Em relação ao modo praxiológico, faz-se evidente o foco nas relações


dialéticas entre estruturas objetivas, trazendo à tona a interiorização da
exterioridade, que consiste na absorção e adaptação dos elementos
proporcionados pelo meio ao indivíduo, e a exteriorização da interiorização,
que consiste no processo contrário ao termo anterior, como expresso no jogo
de palavras entre as duas expressões. Ainda, no modo praxiológico há o
conceito de “habitus”, que, basicamente, diz respeito à história de vida do
indivíduo, contendo elementos subjetivos (experiências humanas) e subjetivos
(condições do ambiente)

Assim, o conhecimento praxiológico convida o indivíduo a


desconfiar/questionar de todos os fenômenos já considerados naturais,
forçando a reflexão sobre as condutas e as influências do meio. Logo, Bourdieu
determina, a partir de tais informações, que na relação de dominação presente
no modelo social atual, a posição do agente dominador não depende somente
de seu capital no sentido de riquezas, estabelecendo que tal posição depende,
na verdade, de como se distribuem diferentes fomras de poder em uma
sociedade. Faz-se pertinente, inclusive, citar que a autora do artigo discorda
que Bourdieu contrapõe à tradição marxista, defendendo que ele, na verdade,
causou um alargamento do entendimento do capital e de suas dimensões
vigentes, encerrando o assunto referente ao modo praxiológico.

Já em segundo plano, o sociólogo francês transpõe o tópico da cultura


como formação, defendendo, primordialmente, que o ser humano transforma e
se relaciona com o meio, em um constante processo de transformar o meio, e
ser transformado por ele, simultaneamente. Dessa forma, a cultura acaba por
se definir como o conjunto de modos de viver, agir e pensar de certos grupos,
de forma a basear-se na adaptação do ser meio, inevitavelmente.

Portanto, a cultura é algo inato ao ser humano, já que este é fadado a


ser social, e tal socialização o faz adquirir modos de vida e pensar eles íficos
de seu grupo, obtendo, assim, cultura. Nesse âmbito, Bourdieu estabelece que
os mecanismos de dominação são construídos pelos agentes dominadores,
com a “permissão” dos dominados, sistematicamente.

Por fim, problematiza-se a ideologia do dom, onde evidencia-se como a


crença de um talento natural, advindo do nascimento, influenciou e transformou
o cenário de produção musical desde a antiguidade, sendo que sempre houve
uma procura pelos “talentosos”, favorecendo certos grupos privilegiados e
criando a ideia de “benção divina” presenteada aos poucos de sorte. Ademais,
é pertinente citar que a autora Flávia Maria Cruvinel defende que o modelo
conservatorial, mesmo tendo alargado o acesso à cultura burguesa, definiu, de
forma arbitrária, os bens musicais a serem conservados, como obras,
composições, autores, e mais.

Logo, o trecho selecionado do artigo traz um grande panorama e


detalhamento dos pensamentos e modos de Bourdieu, além de expressar suas
visões sobre cultura e, ainda, a problemática do dom na música, de forma a
buscar, por meio destes tópicos, a compreensão e interiorização dos assuntos
por parte do leitor. Assim, o texto se mostra não só pertinente no cenário
educacional, mas ainda revela uma nova gama de ideias e visões ao cenário
musical, revelando ser um documento de extrema importância para a formação
educacional e profissional dos docentes e discentes

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