CENTRO
DE
CIÊNCIAS
HUMANAS
E
DA
COMUNICAÇÃO
CURSO
DE
COMUNICAÇÃO
SOCIAL
–
PUBLICIDADE
E
PROPAGANDA
MARIA
FERNANDA
VIEIRA
A
MODA
DO
SILÊNCIO:
OS
ANÚNCIOS
DE
VESTUÁRIO
DE
LUXO
EM
REVISTAS
ANALISADOS
SOB
A
PERSPECTIVA
DA
REDAÇÃO
PUBLICITÁRIA
BLUMENAU
2009
MARIA
FERNANDA
VIEIRA
A
MODA
DO
SILÊNCIO:
OS
ANÚNCIOS
DE
VESTUÁRIO
DE
LUXO
EM
REVISTAS
ANALISADOS
SOB
A
PERSPECTIVA
DA
REDAÇÃO
PUBLICITÁRIA
Trabalho
de
Conclusão
de
Curso
apresentado
ao
curso
de
Comunicação
Social
–
Publicidade
e
Propaganda
do
Centro
de
Ciências
Humanas
e
da
Comunicação
da
Universidade
Regional
de
Blumenau
como
requisito
parcial
para
a
obtenção
do
grau
de
bacharel
em
Comunicação
Social,
habilitação
em
Publicidade
e
Propaganda.
Prof.
Ms.
Roberta
Del‐Vechio
–
Orientadora
BLUMENAU
2009
A
MODA
DO
SILÊNCIO:
OS
ANÚNCIOS
DE
VESTUÁRIO
DE
LUXO
EM
REVISTAS
ANALISADOS
SOB
A
PERSPECTIVA
DA
REDAÇÃO
PUBLICITÁRIA
por
MARIA
FERNANDA
VIEIRA
Trabalho
de
Conclusão
de
Curso
aprovado
com
nota
DEZ
como
requisito
para
obtenção
do
grau
de
bacharel
em
Comunicação
Social,
Habilitação
em
Publicidade
e
Propaganda,
tendo
sido
julgado
pela
Banca
Examinadora
formada
por:
Prof.ª
Roberta
Del‐Vechio
de
Oliveira
e
Silva,
Mestra
–
Orientadora
–
FURB
Prof. Carlos Alberto Silva da Silva, Mestre – Professor – FURB
Jaqueline
Kormann,
Especialista
–
Convidada
AGRADECIMENTOS
Agradeço
a
todos
que,
de
alguma
forma,
cravejaram
seus
brilhantes
em
qualquer
vírgula
deste
trabalho.
Idéias,
referências
ou
palavras
de
consolo
foram
extremamente
valiosas
para
cada
linha
aqui
escrita.
Em
especial,
dedico
imensa
gratidão
aos
meus
pais,
Mário
César
Vieira
e
Denise
Maas
Vieira,
que
tão
sabiamente
me
ensinaram
as
riquezas
de
uma
vida
sem
luxo,
esforçando‐se
desmedidamente
para
que
mais
este
sonho
fosse
realizado.
À
professora
Roberta
Del‐Vechio,
por
ter
aceitado
com
entusiasmo
o
desafio,
deixando
este
trabalho
mais
rico.
Agradeço
também
à
Fernanda
Gomes,
Gabriela
Berri
e
Fernanda
Schmitt,
minhas
jóias
raras,
que
compartilharam
não
só
as
angústias,
mas
também
a
certeza
de
que
tudo
daria
certo.
Também
a
Ariel
Gajardo,
pessoa
preciosa,
que
abriu
e
fechou
com
chaves
de
ouro
minha
vida
acadêmica
até
aqui.
"Luxo
não
é
o
contrário
de
pobreza,
mas
de
vulgaridade"
COCO
CHANEL
RESUMO
A
significativa
ausência
de
palavras
no
mundo
da
moda
despertou
o
interesse
de,
sob
a
perspectiva
da
redação
publicitária,
buscou
analisar
os
valores
de
marca
contidos
em
anúncios
de
moda
de
luxo.
Por
meio
de
levantamentos
bibliográficos,
abordaram‐se
os
temas
moda,
luxo,
marca
e
comunicação.
Em
seguida,
fez‐se
uma
análise
semiótica
de
dezenove
anúncios
de
vestuário
de
luxo,
veiculados
na
revista
Vogue
Brasil.
Tal
pesquisa
traçou
bases
para
que
se
identificassem
os
principais
valores
atribuídos
aos
anúncios,
sendo:
sensualidade,
surrealismo,
opulência
e
despojamento.
Tais
conceitos,
no
entanto,
foram
definidos
de
acordo
com
a
linguagem
não‐verbal,
já
que
os
textos,
de
modo
geral,
foram
utilizados
apenas
para
informar
endereços
ou
sites.
No
entanto,
se
a
imagem
é
polissêmica
e
ambígua,
cabe
observar
que
alguns
anúncios
não
cumpriram
seu
papel
como
comunicadores,
deixando
margem
a
várias
leituras
e
interpretações.
Nesse
momento,
não
se
pode
deixar
de
pensar
no
texto
complementar
como
ferramenta
para
que
explicitassem
seus
conceitos,
ganhando
um
sentido
único.
Dessa
forma,
o
estudo
identificou
que
a
moda
de
luxo,
devido
à
falta
do
uso
de
palavras
em
anúncios
de
revista,
utiliza
a
imagem
como
texto,
provocando
no
receptor
uma
leitura
silenciosa.
Palavras‐chave:
Moda,
Luxo,
Marca,
Comunicação,
Redação
Publicitária.
ABSTRACT
The
absence
of
significant
words
in
the
fashion
world
awake
the
interest
of,
from
writing
advertising
perspective,
was
analyzed
the
brand
values
contained
in
advertisements
for
luxury
fashion.
Through
literature
surveys,
addressed
the
fashion
themes,
luxury,
brand
and
communication.
Then,
it
was
made
a
semiotic
analysis
of
nineteen
listings
of
luxury
clothing,
running
in
Vogue
Brazil.
This
research
drew
bases
to
identify
key
values
assigned
to
the
ads,
being:
sensuality,
surrealism,
opulence
and
dispossession.
Such
concepts,
however,
were
defined
according
to
the
non‐verbal
language,
since
the
texts
in
general,
were
used
only
to
inform
addresses
or
websites.
However,
if
the
image
is
polysemic
and
ambiguous,
it
should
be
noted
that
some
ads
did
not
fulfilled
their
role
as
communicators,
leaving
room
for
multiple
readings
and
interpretations.
At
this
point,
it
is
not
possible
to
stop
thinking
about
the
text
as
a
supplementary
tool
to
spell
out
their
concepts,
gaining
one‐way.
Thus,
the
study
found
that
the
luxury
fashion
due
to
lack
of
use
of
words
in
magazine
ads
is
using
the
image
as
text,
causing
in
the
recipient
a
silent
reading.
Key‐words:
Fashion,
Luxury,
Brand,
Communication,
Writing
Advertising.
LISTA
DE
IMAGENS
E
ILUSTRAÇÕES
Figura
1
–
Hierarquia
dos
objetos
de
luxo
17
Figura
2
–
Composto
de
marketing
(marketing
mix)
26
Figura
3
–
Composto
de
marketing
com
suas
subdivisões
27
Figura
4
–
Layout
30
Figura
5
–
Redação
31
Figura
6
–
Luxo
inacessível
–
Política
de
comunicação
39
Figura
7
–
Luxo
intermediário
–
Política
de
comunicação
40
Figura
8
–
Luxo
acessível
–
Política
de
comunicação
40
Figura
9
–
O
anúncio
Givenchy
43
Figura
10
–
Um
traçado
anotado
da
figura
feminina
44
Figura
11
–
Exemplo
de
apresentação
tabular
dos
achados
45
Figura
12
–
Diesel
na
Vogue
Brasil,
março
2009
47
Figura
13
–
Diesel
Jeans
na
Vogue
Brasil,
maio
2009
49
Figura
14
–
Diesel
Jeans
na
Vogue
Brasil,
junho
2009
52
Figura
15
–
Diesel
na
Vogue
Brasil,
setembro
2009
55
Figura
16
–
Miele
Denim
na
Vogue
Brasil,
maio
2009
58
Figura
17
–
Calvin
Klein
Jeans
60
Figura
18
–
Calvin
Klein
Jeans
na
Vogue
Brasil,
junho
2009
62
Figura
19
–
Calvin
Klein
Jeans
na
Vogue
Brasil,
agosto
2009
65
Figura
20
–
Carlos
Miele
na
Vogue
Brasil,
maio
2009
68
Figura
21
–
Carlos
Miele
na
Vogue
Brasil,
junho
2009
69
Figura
22
–
Lacoste
na
Vogue
Brasil,
abril
2009
72
Figura
23
–
Lacoste
na
Vogue
Brasil,
setembro
2009
75
Figura
24
–
Marc
Jacobs
na
Vogue
Brasil,
março
2009
78
Figura
25
–
Marc
Jacobs
na
Vogue
Brasil,
setembro
2009
80
Figura
26
–
Calvin
Klein
na
Vogue
Brasil,
março
2009
85
Figura
27
–
Calvin
Klein
na
Vogue
Brasil,
setembro
2009
87
Figura
28
–
Giorgio
Armani
na
Vogue
Brasil,
junho
2009
90
Figura
29
–
D&G
na
Vogue
Brasil,
setembro
2009
93
Figura
30
–
Gucci
na
Vogue
Brasil,
setembro
2009
98
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO
11
1.1
APRESENTAÇÃO
DO
TEMA
E
JUSTIFICATIVAS
11
1.1.1
Formulação
do
problema
12
1.2
OBJETIVOS
12
1.2.1
Objetivo
Geral
12
1.2.2
Objetivos
Específicos
13
1.3
METODOLOGIA
13
2
REVISÃO
DE
LITERATURA
14
2.1
A
MODA
14
2.2
O
LUXO
16
2.2.1
O
mercado
de
luxo
na
moda
19
2.2.2
As
marcas
de
moda
de
luxo
22
2.3
A
MARCA
23
2.3.1
Posicionamento
e
percepção
de
marca
24
2.3.2
O
composto
de
marketing
25
2.4
A
PROPAGANDA
27
2.4.1
A
linguagem
da
propaganda
29
2.4.1.1
A
palavra
como
persuasão
32
2.4.1.2
A
identidade
das
propagandas
em
revistas
33
2.5
MARKETING
E
COMUNICAÇÃO
DE
MODA
35
2.5.1
As
propagandas
de
moda
de
luxo
38
3
ANÁLISE:
A
REDAÇÃO
NOS
ANÚNCIOS
DE
MODA
DE
LUXO
42
3.1
O
MÉTODO
42
3.2
A
APLICAÇÃO
DO
MÉTODO
45
3.2.1
Jeans
46
3.2.1.1
Diesel
(março)
47
3.2.1.2
Diesel
(maio)
49
3.2.1.3
Diesel
(junho)
52
3.2.1.4
Diesel
(setembro)
55
3.2.1.5
Miele
Denim
58
3.2.1.6
Calvin
Klein
Jeans
(maio)
60
3.2.1.7
Calvin
Klein
Jeans
(junho)
62
3.2.1.8
Calvin
Klein
Jeans
(agosto)
65
3.2.2
Festa
68
3.2.2.1
Carlos
Miele
(maio)
68
3.2.3
Casual
71
3.2.3.1
Lacoste
(abril)
72
3.2.3.2
Lacoste
(setembro)
75
3.2.4
Estilistas
77
3.2.4.1
Marc
Jacobs
(março)
78
3.2.4.2
Marc
Jacobs
(setembro)
80
3.2.4.3
Calvin
Klein
(março)
85
3.2.4.4
Calvin
Klein
(setembro)
87
3.2.4.5
Giorgio
Armani
90
3.2.4.6
D&G
93
3.2.4.7
Gucci
98
3.3
CONSIDERAÇÕES
SOBRE
A
ANÁLISE
103
4
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
E
RECOMENDAÇÕES
108
5
REFERÊNCIAS
111
11
1 INTRODUÇÃO
1.1 APRESENTAÇÃO
DO
TEMA
E
JUSTIFICATIVAS
O
consumo
de
produtos
de
luxo
é
um
fenômeno
que
se
mostra
em
expansão
independentemente
da
situação
econômica
que
o
mercado
atravesse.
“Antigamente
reservados
aos
círculos
da
burguesia
rica,
os
produtos
de
luxo
progressivamente
‘desceram’
à
rua”
(LIPOVETSKY
E
ROUX,
2003,
p.
15),
o
que
significa
dizer
que
o
inacessível
finalmente
se
tornou
acessível.
Esse
processo
se
torna
ainda
mais
interessante
quando
se
trata
do
Brasil,
um
país
que,
mesmo
considerado
pobre,
é
importador
e
exportador
de
grandes
grifes.
Por
isso,
segundo
D’Angelo
(2006,
p.
13
e
14),
o
momento
para
se
estudar
esse
mercado
não
poderia
ser
mais
apropriado:
Desde
meados
da
década
de
1990,
quando
houve
a
estabilização
da
moeda
e
a
abertura
da
economia,
o
Brasil
vem
sendo
invadido,
periodicamente,
por
novas
marcas
de
luxo.
Esse
processo
acabou
por
caracterizar
o
país
como
o
segundo
melhor
mercado
emergente
para
esses
produtos,
ficando
atrás
só
do
asiático.
Dessa
época
até
hoje,
contam‐se
dezenas
de
marcas
que
por
aqui
desembarcaram,
seja
com
lojas
próprias,
seja
por
meio
de
representantes.
Hoje,
é
possível
dizer
que
o
luxo
está
presente
em
cada
categoria
de
produto
ou
serviço
existente
no
mercado.
Porém,
é
notável
que
esse
nicho
acabe
tendo
um
envolvimento
mais
íntimo
com
a
moda,
pois,
além
do
setor
ser
um
dos
principais
responsáveis
pelo
crescimento
do
mercado
brasileiro,
também
é
associado
de
maneira
direta
ao
conceito
de
luxo,
já
que
as
principais
marcas
são
verdadeiros
ícones
de
comportamento.
De
acordo
com
Morelli,
“na
moda,
a
marca,
ou
grife,
tem
uma
grande
importância
e,
devido
a
atributos
tangíveis
e
intangíveis,
as
pessoas
adquirem
peças
por
valores
altos”.
Neste
sentido,
uma
marca
deixa
de
ser
um
simples
nome
e
acaba
se
tornando
um
luxo
por
si
só.
Assim,
a
comunicação
da
marca
se
faz
um
item
essencial
para
as
marcas
de
moda,
conforme
afirma
Guidi
(2005,
p.
1):
Com
a
globalização,
podemos
ter
acesso
mais
rápido
às
tendências
e
aos
desfiles
de
todo
o
mundo,
o
que
gera
maior
conhecimento
e
alargamento
de
horizontes.
Para
esse
fácil
acesso,
a
comunicação
da
marca
deve
ser
muito
bem
elaborada,
de
modo
a
possibilitar
que
muitas
pessoas
entendam
a
proposta
apresentada
e,
assim,
identifiquem‐se
e
desenvolvam
certa
fidelidade.
12
Contudo,
esse
caminho
até
tal
fidelidade
deve
despertar
desejos
e
criar
necessidades,
sempre
no
sentido
de
convencer
e
satisfazer
o
consumidor,
o
que
geralmente
é
um
trabalho
bastante
árduo.
Afinal,
de
acordo
com
Feghali
(2006),
o
diferencial
criado
pela
marca
precisa
ser
embasado
nos
segmentos
de
mercado
e
nos
hábitos
dos
consumidores.
Por
este
motivo,
o
processo
de
persuasão
na
comunicação
por
meio
de
uma
mensagem
publicitária
é
adaptável;
contudo
pode‐se
dizer
que
é,
basicamente,
a
união
de
texto
e
imagem.
Esse
conceito
torna‐se
contraditório,
porém,
já
no
momento
em
que
é
feita
uma
rápida
análise
dos
anúncios
veiculados
no
meio
de
comunicação
mais
disputado
pelas
grifes.
Basta
folhear
algumas
páginas
de
revista
para
se
perceber
que
a
moda
de
luxo
vive
um
momento
de
silêncio,
já
que,
muitas
vezes,
as
únicas
palavras
que
se
fazem
presentes
nas
peças
publicitárias
são
as
da
própria
marca,
como
assinatura.
Nesse
sentido,
é
possível
supor
que
a
“moda
do
silêncio”
é
hoje
tida
como
o
padrão
de
comunicação
para
uma
grife.
Essa
ausência
de
palavras,
no
entanto,
torna‐se
questionável
a
partir
do
momento
em
que
se
analisa
o
entendimento
do
conceito
da
marca
por
parte
dos
consumidores.
Afinal,
conforme
afirma
Figueiredo
(2005,
p.
31),
“nem
sempre
uma
imagem
vale
mais
que
mil
palavras”.
Desta
forma,
o
presente
trabalho
propõe‐se
a
abordar
a
mensagem
publicitária
em
anúncios
de
moda
de
luxo
e
sua
contribuição,
com
ou
sem
o
uso
de
palavras,
para
a
percepção
dos
valores
de
marca.
Tal
estudo
se
mostra
relevante
tanto
para
publicitários,
em
especial
os
criativos,
quanto
para
profissionais
de
marketing
envolvidos
na
área
de
moda,
servindo
ainda
ao
meio
acadêmico
para
compreensão
do
universo
mercadológico
em
questão.
1.1.1 Formulação
do
problema
perspectiva
da
redação
publicitária,
a
fim
de
investigar
seus
valores
de
marca.
1.2.2 Objetivos
Específicos
São
considerados
objetivos
específicos
deste
trabalho:
a)
contextualizar
o
luxo
como
segmento
do
mercado
da
moda;
b)
analisar
o
papel
da
propaganda,
mais
especificamente
a
persuasão
por
meio
de
anúncios,
para
o
posicionamento
dos
valores
de
marca;
c)
traçar
uma
identidade
sobre
os
anúncios
de
moda
de
luxo
em
revistas;
d)
identificar
e
analisar
a
presença
e
a
contribuição
da
redação
publicitária
em
anúncios
de
moda.
1.3 METODOLOGIA
O
embasamento
teórico
que
permitiu
a
compreensão
dos
anúncios
de
moda
de
luxo
foi
produzido
com
uma
pesquisa
de
cunho
exploratório,
que
envolveu
os
seguintes
temas:
moda,
luxo,
marca
e
redação
publicitária.
Segundo
Gil
(1996,
p.
45),
este
formato
de
pesquisa
tem
“[...]
como
objetivo
proporcionar
maior
familiaridade
ao
problema,
com
vistas
a
torná‐lo
mais
explícito
ou
a
construir
hipóteses”.
Em
seguida,
partiu‐se
para
uma
análise
semiótica
de
anúncios
de
moda
de
luxo
voltados
ao
vestuário.
Segundo
Duarte
e
Novelli
(2005),
a
semiótica
é
um
método
que
permite
sistemas
de
organização
e
sistematização
do
conhecimento
em
formatos
multiplaneares
e
multidirecionais.
Dessa
forma,
“o
resultado
costuma
ser
uma
ampliação
das
possibilidades
exploratórias
do
objeto”
(DUARTE
E
NOVELLI,
2005,
p.
194).
Assim,
“um
projeto
que
elege
a
semiótica
por
fundamentação
tende
a
ser
um
projeto
dinâmico,
autotransformável
a
cada
aplicação,
a
cada
fase
do
processo
investigativo”
(DUARTE
E
NOVELLI,
2005,
p.
194).
Para
sistematizar
a
análise
semiótica
dos
anúncios,
utilizou‐se
o
método
proposto
por
Gemma
Penn
(2002).
14
2 REVISÃO
DE
LITERATURA
2.1 A
MODA
Nas
últimas
décadas,
a
moda
tem
tomado
cada
vez
mais
espaço
na
vida
das
pessoas.
Ao
se
mostrar
acessível
e
disseminada,
permite
que
os
consumidores
estejam
constantemente
informados
sobre
as
tendências
mundiais,
independentemente
de
fatores
sociais
ou
econômicos.
Conforme
Santos
(2009),
o
mercado
de
moda,
por
conseqüência,
também
tem
crescido.
Assim,
surgem
constantemente
novas
marcas
e
tecnologias,
sempre
atentas
às
profundas
mudanças
que
o
setor
vem
sofrendo,
entre
a
quais
cita
Guidi
(2005,
p.
1):
“o
comportamento
do
consumidor,
a
competitividade
cada
vez
mais
acirrada,
o
surgimento
de
propostas
do
mercado
varejista,
as
inovadoras
formas
de
comunicação”.
Dessa
forma,
a
moda
tornou‐se,
por
si
só,
“um
fenômeno
social,
cultural
e
econômico
tão
fascinante
e
digno
de
estudo
quanto
a
literatura,
o
teatro
e
as
belas‐artes”
(JONES,
2005,
p.
6).
Ao
se
fazer
um
estudo
etimológico
da
palavra,
verifica‐se
que
o
“termo
‘moda’
deriva
do
latim
modus,
significando
‘modo’,
‘maneira’.
Em
inglês,
moda
é
fashion,
corruptela
da
palavra
francesa
façon,
que
também
quer
dizer
‘modo’,
‘maneira’”
(PALOMINO,
2003,
p.
15).
Assim
é
possível
definir
que
a
moda
envolve
não
apenas
um
mercado
de
produtos,
mas
também
de
comportamento.
Afinal,
“a
mudança
é
o
único
fator
constante
na
moda.
A
indústria
é
a
iniciadora
da
mudança,
mas
é
no
varejo
que
os
fatores
racionais
e
emocionais
se
unem
para
induzir
o
consumidor
a
comprar
artigos
de
moda”
(COBRA,
2007,
p.
18).
Em
outras
palavras,
as
relações
dos
indivíduos
no
contexto
de
uma
sociedade
é
que
serve
de
combustível
para
que
o
mecanismo
da
moda
funcione,
possibilitando
assim,
sua
constante
renovação
e
transformação.
Mas
essa
idéia
não
pode
ser
pensada
como
uma
corrente
de
mão
única.
Na
verdade
a
moda
não
é
necessariamente
passiva
e
submissa
às
mudanças
de
comportamentos
de
uma
determinada
sociedade.
Muitas
vezes
ela
é
o
agente
responsável
por
essa
própria
mudança.
(NUNES,
2004,
p.
41).
Dessa
forma,
“a
moda
e
a
indumentária
podem
ser
as
formas
mais
significativas
pelas
quais
são
construídas,
experimentadas
e
compreendidas
as
relações
sociais
entre
as
15
pessoas”
(BERNARD,
2003,
p.
24).
Assim,
é
possível
dizer
que
tudo
aquilo
que
as
pessoas
vestem
delimita
as
mais
diversas
distinções
e
desigualdades.
Tal
conceito
é
melhor
compreendido
quando
são
analisados
os
poderes
exercidos
pela
moda,
que
para
Cobra
(2007)
são:
• Poder
de
recompensa
–
quando
compra
um
produto,
a
pessoa
espera
ter
aceitação
social
por
sua
escolha;
• Poder
de
coercitivo
–
quando
a
moda
é
de
aceitação
geral,
é
capaz
de
criar
uma
punição
para
os
que
não
aderirem
a
dela;
• Poder
de
referência
–
quando
a
marca
se
torna
referência
do
produto,
ou
seja,
usar
a
marca
é
também
referência
para
o
usuário;
• Poder
do
expertise
–
quando
existe
uma
apreciação
das
outras
pessoas
diante
do
conhecimento
que
se
tem
de
tendências
e
valores.
Dessa
forma
é
possível
afirmar
que
o
mercado
da
moda
é
constituído
por
pessoas
cuja
mente
está
voltada
para
o
simbolismo
social
da
posse
de
bens
e
de
aceitação
geral.
Porém,
essas
pessoas
diferem
muito
em
seus
interesses,
gostos,
desejos
e
preferências
pessoais.
Por
isso,
faz‐se
necessária
a
segmentação
desse
mercado.
Segundo
Cobra
(2007),
a
divisão
do
mercado
em
grupos
de
indivíduos
pode
ser
feita
levando‐se
em
conta
aspectos
demográficos,
geográficos
ou
psicográficos.
Assim,
no
mercado
da
moda
envolve
três
principais
segmentos:
• Mercado
jovem
–
esse
grupo
abrange
desde
adolescentes
a
partir
dos
9
anos
até
universitários
e
movimenta
R$
13
bilhões
por
ano;
• Mercado
de
baixa
renda
–
ao
abranger
as
classes
C,
D
e
E,
envolve
cerca
de
50%
da
população
brasileira,
movimentando
R$
500
bilhões
por
ano;
• O
mercado
de
luxo
–
mesmo
que
15%
dos
domicílios
pertençam
às
classes
A
e
B,
possuem
uma
renda
que
corresponde
a
53%
do
total
de
potencial
de
consumo
do
Brasil.
Desses
três
segmentos,
o
que
mais
vem
chamando
a
atenção
do
mundo
inteiro
é
o
mercado
de
luxo,
simplesmente
por
atingir
cifras
monumentais
em
um
país
subdesenvolvido
como
o
Brasil.
16
2.2 O
LUXO
Por
mais
que
pareça
um
fenômeno
recente,
o
consumo
do
luxo
esteve
sempre
presente
na
sociedade.
“Em
todas
as
épocas,
uma
classe
ou
uma
elite
da
população
se
entregou
aos
prazeres
do
uso
de
objetos
de
luxo,
para
fins
religiosos,
tribais
ou
exclusivamente
profanos”
(ALLÉRÈS,
2000,
p.
100).
Tal
uso
foi
o
principal
responsável
pela
demarcação
de
uma
fronteira
intransponível
entre
as
classes
favorecidas
e
o
resto
da
população.
D’Angelo
(2006)
afirma
que,
com
o
tempo,
principalmente
a
partir
dos
séculos
17
e
18,
ampliou‐se
a
quantidade
de
pessoas
capazes
de
adquirir
o
luxo,
até
chegar
ao
ápice
do
consumo,
no
final
do
século
20.
Assim,
ao
contrário
do
luxo
dicotômico,
verificado
no
tempo
dos
nobres,
o
luxo
do
século
21
é
gradativo:
“alguns
tem
muito,
outros
tem
pouco,
e
outros
tantos
não
tem
nada
(destes,
alguns
por
opção,
outros
por
impossibilidade)”
(D’ANGELO,
2006,
p.
65).
D’Angelo
(2006)
também
afirma
que
a
freqüência
de
compra
dos
artigos
de
luxo
acontece
com
a
mesma
lógica:
alguns
compram
sempre,
outros
de
vez
em
quando
–
em
uma
ocasião
especial,
por
exemplo
–
e,
claro,
muitos
não
compram
nunca.
Por
conseqüência,
o
luxo
acaba
tendo
visões
diferentes
de
acordo
com
o
poder
de
consumo
de
cada
pessoa.
Para
os
consumidores,
simboliza
um
“troféu
pelo
cotidiano
marcado
por
muito
trabalho
e
privações
na
esfera
pessoal”
(D’ANGELO,
2006,
p.
108).
Para
aqueles
que
estão
privados
do
consumo,
acaba
sendo
muitas
vezes
associado
à
arrogância,
fato
que
se
esclarece
em
suas
origens:
Luxo
vem
de
lux,
luz.
Isso
explica
as
características
típicas
dos
objetos
ditos
de
luxo.
Assim,
o
luxo
brilha
e
tem
uma
queda
pelo
ouro,
as
pedras
e
os
brilhantes;
por
extensão,
cada
objeto
torna‐se
quase
uma
jóia
em
si.
O
aspecto
visível
do
luxo
é
também
essencial:
o
luxo
precisa
ser
visto,
ao
mesmo
tempo,
por
si
mesmo
e
pelos
outros.
(KAPFERER,
2004,
p.
73).
Assim,
é
possível
observar
que
o
luxo
ultrapassa
as
necessidades,
afinal
de
contas,
“se
as
necessidades
objetivas
têm
um
limite,
o
campo
dos
desejos
é
ilimitado.
(...)
O
desejo
é
a
expressão
das
necessidades
e,
sem
ele,
estas
não
podem
ser
nem
procuradas,
nem
satisfeitas”
(ALLÉRÈS,
2000,
p.
35).
Dessa
forma,
o
sistema
se
dedica
com
afinco
à
produção
contínua
de
produtos
que
despertem
o
desejo
e,
por
conseqüência,
levem
ao
prazer.
Tais
produtos
tem
por
características,
segundo
D’Angelo
(2006),
serem
de
qualidade,
caros,
raros,
esteticamente
elaborados
e,
acima
de
tudo,
serem
dotados
de
uma
17
marca
que
os
diferencie
–
é
assim
que,
com
o
passar
do
tempo,
a
marca
acaba
se
tornando
um
luxo
por
si
só.
Há,
no
entanto,
uma
segmentação
de
produtos
de
acordo
com
as
classes
sociais
capazes
de
consumir
o
luxo.
Segundo
Allérès
(2000):
Figura
1
–
Hierarquia
dos
objetos
de
luxo
Fonte:
ALLÉRÈS,
2000
Para
Thomas
(2008,
p.
12),
essa
massificação
do
luxo
tem
seu
preço:
O
indústria
do
luxo
mudou
a
forma
como
as
pessoas
se
vestem.
Reorganizou
nosso
sistema
de
classes.
Mudou
a
forma
como
interagimos.
Tornou‐se
parte
de
nossa
trama.
Para
conseguir
isso,
sacrificou
a
integridade,
questionou
seus
18
produtos,
maculou
a
própria
história
e
enganou
os
consumidores.
A
fim
de
tornar
o
luxo
“acessível”,
os
magnatas
o
destruíram
de
tudo
aquilo
que
o
tornou
especial.
O
luxo
perdeu
o
brilho.
Isso,
porém,
não
significa
uma
decadência
do
luxo.
No
Brasil,
por
exemplo,
o
investimento
no
setor
se
expande
de
forma
considerável
e
faz
com
que
marcas
como
Copacabana
Palace,
H.
Stern
e
Daslu
sejam
reconhecidas
em
todo
o
mundo.
No
entanto,
é
inegável
o
poder
de
sedução
exercido
por
marcas
estrangeiras
como
Hilton,
Tiffany
e
Dior,
por
exemplo.
Por
isso
pode‐se
dizer
que:
(...)
há
dois
momentos
importantes
na
história
do
luxo
por
terras
brasileiras,
ambos
relativos
a
abertura
do
país
aos
produtos
vindos
do
exterior:
o
primeiro,
com
Dom
João,
em
1808;
o
segundo
com
Fernando
Collor
de
Mello,
em
1990.
Nos
dois
casos,
a
permissão
de
importar
bens
de
consumo
significou
um
previsível
estímulo
à
aquisição
de
bens
de
luxo
vindos
do
estrangeiro.
E,
também
nesses
dois
momentos,
os
produtos
deram
visibilidade
à
riqueza
das
camadas
sociais
mais
altas
e
introduziram
novos
elementos
à
cultura
de
consumo
do
país.
(D’ANGELO,
2006,
p.
70).
Carozzi
ainda
destaca
outros
fatores
importantes:
• Com
182
milhões
de
habitantes
em
2004,
o
Brasil
era
o
5º
mais
populoso
do
mundo.
Qualquer
porcentagem
desse
número
é
significativa,
comparando‐se
países
com
menos
habitantes,
mesmo
que
tenham
mais
renda
per
capita.
A
competição
estimula
a
presença
num
mercado
assim,
que
se
tornaria,
depois,
custoso
de
penetrar;
• A
economia
brasileira
alcançou
a
posição
de
9º
maior
PIB
do
mundo
em
2004;
• A
valorização
do
dólar
atraiu
para
as
lojas
brasileiras
muitos
que
viam
nas
viagens
uma
oportunidade
de
comprar.
Isso
cria
um
círculo
virtuoso
para
empresas
que,
por
outros
fatores,
visam
aqui
se
instalar;
• O
sistema
de
crédito
brasileiro,
desenhado
para
uma
baixa
renda
per
capita,
facilita
o
acesso
da
classe
média
ao
luxo,
com
pagamentos
parcelados.
Mesmo
cartões
de
crédito
restritos
aceitam
parcelamento
em
ocasiões
especiais,
em
lojas
de
luxo;
• Não
há
constrangimentos
de
ordem
religiosa
ou
cultural
que
inibam,
como
em
alguns
países,
o
acesso
de
mulheres
a
produtos
de
moda
e
satisfazedores
da
auto‐estima.
A
cultura
brasileira
até
valoriza
a
extroversão
e
inclui
uma
pré‐
19
disposição
ao
consumo
e
à
percepção
crescente
de
um
valor
emocional
forte
nos
artigos
de
luxo;
• Vive‐se,
no
Brasil,
uma
bem‐vinda
evolução
do
papel
da
mulher
na
sociedade.
Liberada
de
antiquadas
constrições
econômicas
e
culturais
que
a
limitavam
a
uma
consumidora
dependente,
hoje
gera
renda
e
consumo,
justamente
em
categorias
de
produtos,
como
os
de
luxo,
que
apelam
para
as
emoções
culturalmente
associadas
à
feminilidade;
• Iniciava‐se
outra
liberação,
a
do
homem,
que
torna
aceitável
preocupar‐se
com
a
aparência,
antes
vista
como
coisa
pouco
masculina.
Assim,
muitas
marcas
mundiais
estão
investindo
maciçamente
no
Brasil.
Afinal,
de
acordo
com
D’Angelo
(2006),
por
mais
que
o
luxo
quase
nunca
sofra
com
a
crise,
sempre
objetiva
lucro,
obedecendo
à
lógica
reinante
de
qualquer
mercado.
Para
Naime
(2009),
a
Tiffany
pretende
aumentar
sua
presença
no
Brasil
nos
próximos
meses.
A
grife
Dior
segue
os
mesmos
planos,
já
que
segundo
Martins
(2009),
entre
200
lojas
pelo
mundo,
o
país
está
entre
os
dez
mercados
que
mais
cresceram
em
2009.
2.2.1 O
mercado
de
luxo
na
moda
Ao
se
fazer
uma
análise
sobre
o
consumo
de
luxo,
nota‐se,
segundo
Allérès
(2000),
uma
distinção
clara
entre
o
consumo
das
classes
socialmente
de
maior
relevo,
pouco
evolutivas
e
fechadas,
e
as
classes
favorecidas
recentemente,
mais
modernas,
que
gostam
de
novidade
e
se
abrem
às
mudanças.
Para
as
primeiras,
os
objetos
de
luxo
convencionais
acabam
funcionando
como
um
troféu,
enquanto
para
as
segundas,
o
luxo
é
consumido
como
signo
de
distinção
social.
A
diferença
mais
essencial
entre
as
duas
grandes
categorias
de
objetos
de
luxo
é
incontestavelmente
a
duração
de
sua
vida:
universal
e
intemporal
no
caso
dos
produtos
de
luxo
erigidos
em
instituições
(Chanel,
Hermès
etc),
mais
aleatória,
mais
frágil
no
caso
daqueles,
mais
novos,
provenientes
dos
fenômenos
da
moda
(Azzédine
Alaia,
Christian
Lacroix
etc).
(ALLÉRÈS,
2000,
p.
60).
Mesmo
nesses
dois
mercados
divergentes,
é
possível
notar
algumas
tendências
comuns.
“Ao
analisar
o
atual
mercado
de
luxo
na
moda,
notam‐se
algumas
tendências
em
20
diferentes
escalas”
(LIPOVETSKY
E
ROUX,
2005,
p.
15).
Duas
delas,
que
acontecem
globalmente,
são
o
“novo
luxo”
e
os
conglomerados
de
moda.
O
chamado
novo
luxo
é
uma
tendência
marcada
pela
relevância
da
atitude
em
relação
ao
valor
isolado
dos
produtos
em
si.
“O
luxo
contemporâneo
é
para
quem
tem
capital
cultural
suficiente
para
decodificar
as
aparentemente
pequenas,
mas
fundamentais
diferenças”
(MACHADO,
2006,
p.
119).
Assim,
a
responsabilidade
social,
por
exemplo,
passa
a
ser
incluída
no
repertório
das
preciosidade:
A
ruptura
dos
preconceitos
tradicionais
vem
sendo
uma
das
atitudes
mais
valorizadas
na
produção
dos
‘novos
luxos’.
Essa
mudança
de
pensamento
é
exibida
como
detalhe
de
sofisticação
e
requinte
cultural.
Dessa
maneira,
a
responsabilidade
social
hoje
é
chic
e
está
incluída
no
repertório
das
preciosidades.
O
trabalho
dos
prisioneiros,
das
mulheres
das
comunidades
carentes,
dos
deficientes
físicos
e
dos
menores
vizinhos
às
áreas
de
atuação
do
tráfico
de
drogas,
hoje
é
incorporado
às
mercadorias
como
diferencial
de
produto
raro,
especial
e
com
história.
(MACHADO,
2006,
p.
118).
Metsavaht
(2009)
lembra,
contudo,
que
o
novo
luxo
é
a
volta
aos
valores
básicos
sem
abrir
mão
de
três
outros
valores:
sofisticação
do
design,
criatividade,
arte;
qualidade
dos
produtos
e
pesquisa
científica.
Os
projetos
de
origem
sustentável
ou
ambiental
tinham
de
ter
uma
expressão
valorizada
enquanto
luxo.
Isso
é
a
forma
de
se
desenhar,
através
do
design,
da
comunicação,
da
exposição
junto
às
lojas,
um
posicionamento.
É
posicionar
valores.
(METSAVAHT,
2009).
Esse
posicionamento
de
valores
faz
com
que
seja
reconhecida
a
estética
das
atitudes,
fazendo
com
que
o
skate,
por
exemplo,
se
pareça
tão
chique
quanto
o
golfe
e
o
golfe
tão
moderno
quanto
o
skate.
“O
suposto
‘novo
luxo’
nega,
em
essência,
o
‘velho
luxo’:
não
é
ostensivo
nem
material.
É
quase
invisível
de
tão
voltado
à
intimidade
de
cada
um
e,
embora
raro,
não
tão
dependente
do
poder
econômico”
(D’ANGELO,
2006,
p.
175).
Dessa
forma,
o
novo
luxo
está
ligado
a
um
momento
de
desmaterialização
e
à
importância
de
se
consumir
bem‐estar.
Outra
tendência
mundial
são
os
conglomerados
de
moda,
movimento
definido
pela
concentração,
fusão,
aquisição
e
cessão
de
marcas.
Segundo
D’Angelo
(2006),
esse
movimento
teve
início
em
meados
dos
anos
1990
e
tem
feito
com
que
os
grandes
conglomerados
–
grupos
que
controlam
diversas
marcas
de
ramos
iguais
ou
diferentes,
mas
sempre
no
topo
da
pirâmide
–
tornem
cada
vez
mais
rara
a
sobrevivência
de
grandes
21
empresas
independentes.
Assim,
foi
pela
moda
que
se
deu
a
entrada
do
luxo
no
mercado
de
massa:
Desde
mais
de
uma
década,
o
setor
de
luxo
passa
por
uma
verdadeira
mutação
organizacional,
tendo
as
pequenas
empresas
independentes
e
semi‐artesanais
cedido
lugar
aos
conglomerados
de
dimensão
internacional,
aos
grupos
multimarcas
que
aplicam
embora
não
exclusivamente,
métodos
e
estratégias
que
provaram
seu
valor
nos
mercados
de
massa.
(LIPOVETSKY
E
ROUX,
2005,
p.
14).
De
acordo
D’Angelo
(2006),
os
principais
conglomerados
de
moda,
que
chegam
a
movimentar
anualmente
cifras
bilionárias,
são:
• PPR
(Pinault
Printemps
Redout)
–
Gucci,
Yves
Saint
Laurent,
Balenciada,
Sergio
Rossi,
Alexander
MQueen,
Stella
McCartney,
Boucheron;
• Prada
–
Prada,
Miu
Miu,
Helmut
Lang
e
Jilsander;
• LVMH
(Louis
Vuitton
Moët
Hennessy)
–
Louis
Vuitton,
Dior,
Fendi,
Kenzo,
Givenchy,
Marc
Jacobs,
Donna
Karan,
Christian
Lacroix,
Tag
Hauer,
entre
outras;
• Marzotto
–
Valentino,
Hugo
Boss,
Mossini;
• Richemont
‐
Montblanc,
Cartier,
Alfred
Dunhill,
Chloé,
entre
outros.
No
Brasil,
os
movimentos
de
aglutinação
sucumbiram
diante
de
um
mercado
difícil,
conforme
Palomino
(2003,
p.
81):
A
partir
de
1992,
com
a
entrada
dos
tecidos
importados,
despencaram
os
preços,
dando
origem
à
mais
longa
agonia
do
setor
até
então:
entre
1992
e
1997,
pelo
menos
773
empresas
da
área
têxtil
fecharam,
e
mais
de
1
milhão
de
pessoas
perderam
o
emprego.
As
importações
mexeram
também
no
mercado
do
luxo.
Ainda
segundo
Palomino
(2003),
foi
nesse
momento
que
a
empresária
Eliana
Tranchesi,
da
loja
Daslu,
aproveitou
para
começar
a
negociar
com
grifes
internacionais.
Assim,
ao
longo
da
década,
trouxe
para
São
Paulo
marcas
como
Chanel,
Gucci,
Dolce&Gabbana
e
Prada.
Com
a
iniciativa
da
Daslu,
o
Brasil
entrou
no
mundo
das
marcas
de
moda
de
luxo
e
deu
origem
a
um
novo
perfil
de
cliente
e
de
padrão
de
consumo,
o
que
acabou
por
definir
os
contornos
de
uma
geração:
as
“dasluzetes”,
meninas
de
família
da
classe
alta
e
consumidoras
compulsivas.
Contudo,
o
crescimento
do
consumo
de
moda
de
luxo
no
Brasil
não
foi
22
sustentado
pelos
consumidores
ricos,
mas
sim
pela
classe
média:
“os
endinheirados
são
uma
minoria
que
pode
consumir
apenas
o
luxo.
Os
demais
–
descendo
a
escada
social,
até
chegar
ao
degrau
da
classe
média
–
fazem
opções”
(D’ANGELO,
2006,
p.
64).
Assim,
é
grande
a
quantidade
de
brasileiros
que
ostenta
uma
bolsa
Prada,
mas
não
tem
casa
própria.
2.2.2 As
marcas
de
moda
de
luxo
Segundo
Morelli,
a
marca
de
moda
de
luxo
teve
origem
com
a
alta
costura,
que
concedeu
importância
ao
nome,
à
assinatura
do
criador,
à
etiqueta.
No
entanto,
quando
se
unem
todos
esses
universos,
faz‐se
necessária
a
distinção
dos
termos
marca
e
grife,
esta
tão
amplamente
utilizada
para
referenciar
as
marcas
de
luxo
na
moda.
De
acordo
com
Kapferer
(2004,
p.
74),
“a
confusão
se
deve
ao
fato
de
que
certos
nomes
importantes,
como
a
Dior,
sejam
grifes
em
uma
parte
de
sua
produção
e
marcas
em
outra”.
Segundo
o
autor,
a
palavra
grife
deriva
etimologicamente
do
francês
graphie
(grafia),
que
remete
à
mão
humana.
Assim,
uma
grife
é
definida
por
criação,
arte,
perfeição.
Nesse
sentido,
Kapferer
(2004)
afirma
que
“o
ateliê
pode
industrializar‐se,
passar
para
a
série
e
depois
para
grandes
volumes.
Jamais
foi
visto
o
inverso”.
Ao
se
avaliar
marcas
de
luxo,
é
preciso
lembrar
que
“aquilo
que
é
luxo
para
alguns,
é
banal
para
outros;
certas
marcas
se
vêem
carimbadas
como
marca
de
luxo
por
uma
parte
da
opinião,
mas
somente
como
marca
importante
para
outra
parte”
(KAPFERER,
2004,
p.
72).
No
entanto,
é
inegável
o
poder
que
a
categoria
de
produtos
de
luxo
tem
para
colocar
em
potencia
máxima
as
abstrações
criadas
por
uma
marca.
Conforme
Allérès
(2000,
p.
51),
“signos
ganham
a
aparência
das
marcas,
das
etiquetas
e
estilos
(Chanel,
Cartier
etc).
(...)
Símbolos,
códigos,
marcas,
estilos
compõem
um
jogo
social
de
mobilidade
permanente,
que
obedece
aos
fenômenos
da
moda,
eles
próprios
cada
vez
mais
variáveis”.
Assim,
Thomas
(2008,
p.
37)
nota
o
seguinte
fenômeno:
Atualmente,
os
artigos
de
grife
são
colecionados
como
cartas
de
beisebol,
exibidos
como
obras
de
arte,
brandidos
como
iconografia.
(…)
mudaram
o
foco
do
que
o
produto
é
para
o
que
ele
representa.
Para
isso,
“aumenta‐se
a
atemporalidade”,
(…),
ao
alardear
a
tradição
da
empresa;
contrata‐se
um
estilista
descolado
e
jovem
para
lhe
conferir
um
ar
sensual
e
moderno;
fortalece‐se
o
branding
por
meio
da
simplificação
do
nome
(Christian
Dior
passou
a
ser
simplesmente
Dior,
Burberry
perdeu
o
‘s)
e
coloca‐se
logotipo
em
tudo,
de
23
sacolas
a
biquínis;
e
divulga‐se
incessantemente
todo
o
pacote
para
levar
as
boas‐
novas
às
massas.
Portanto,
“a
exteriorização
dos
sinais
da
marca
faz
parte
do
luxo:
o
selo
da
marca
deve
ser
exibido
e
ser
reconhecível
sobre
quem
usa
a
marca”
(KAPFERER,
2004,
p.
73).
É
dessa
forma
que,
para
D’Angelo
(2006,
p.
28),
“as
marcas
conferem
identidade
ao
luxo,
uma
face
própria”.
No
entanto,
por
mais
que
tenham
um
forte
apelo
visual,
“gravitam
mais
no
imaginário
do
que
na
realidade”
(COBRA,
2007,
p.
38).
Por
conseqüência
disso,
é
natural
que
os
consumidores
sejam
capazes
de
“identificar
‘personalidades’
diferentes
em
cada
uma
das
marcas
que
conhecem,
associando‐as
a
perfis
diversos.
São
capazes
também
de
estabelecer
hierarquias
entre
elas,
valendo‐se
de
diversas
comparações”
(D’ANGELO,
2006,
p.
98).
Allérès
(2000)
exemplifica
tal
comportamento
ao
afirmar
que
Christian
Lacroix
é
vista
como
uma
marca
jovem,
divertida,
barroca
e
muito
difundida
na
mídia;
Jean‐Paul
Gaultier
é
célebre,
atípica
e
muito
simpática;
já
a
Kenzo
é
jovem,
moderna
e
muito
tipificada.
Porém,
para
Kapferer
(2004),
um
bom
número
de
marcas
de
luxo
ainda
não
definiu
sua
identidade
por
estarem
diretamente
ligadas
à
personalidade
de
seus
criadores,
o
que
faz
com
que,
muitas
vezes,
o
projeto
da
marca
esteja
apenas
implícito
nas
criações.
2.3 A
MARCA
É
fato
que
o
significado
de
uma
marca
vai
além
de
um
nome,
símbolo
ou
ainda
de
um
produto.
Na
verdade,
“a
empresa
fabrica
produto,
enquanto
o
consumidor
compra
marca,
que
dá
significado
aos
produtos
e
não
tem
ciclo
de
vida”
(GUIDI,
2005,
p.
2).
Portanto,
para
D’Angelo
(2006),
antes
mesmo
de
avaliar
os
atributos
de
um
produto,
a
marca
já
fez
isso
pelo
consumidor.
Dessa
forma,
é
possível
dizer
que
a
marca
se
relaciona
com
o
consumidor
ao
permitir
a
troca
de
valores
intangíveis
entre
ele
e
o
produto.
Assim,
a
marca
perdura
enquanto
os
produtos
surgem,
duram
por
um
tempo
e
depois
desaparecem.
Mas
isso
só
acontece,
no
entanto,
se
a
marca
for
capaz
de
se
renovar
sem
trair
o
consumidor.
Afinal,
segundo
Marcondes
(2003,
p.
39):
As
marcas
terão
fidelidade
se
forem
fiéis.
As
marcas
que
alteram
sensivelmente
seu
comportamento,
sua
presença
ou
sua
constituição,
normalmente
pegam
um
alto
preço
por
isso:
o
preço
do
abandono,
do
esquecimento
e
da
substituição.
24
No
entanto,
a
marca
não
pode
ter
receio
ao
inovar
pois,
conforme
afirma
Kapferer
(2004),
é
a
acumulação
dessas
diferenças
ao
longo
do
tempo
que
justifica
seu
significado
e,
muitas
vezes,
seu
adicional
de
preço.
É
nesse
ponto
que
entra
um
fator
crucial
no
mercado
das
marcas:
é
no
preço
do
produto
que
a
marca
reembolsa
o
possível
fracasso
e
é
na
imitação
que
ela
paga
o
possível
sucesso.
No
entanto,
Kapferer
(2004)
lembra
que
a
marca
inovadora
é
freqüentemente
lembrada
com
exclusividade,
fato
que
acaba
por
recompensar
o
risco.
Em
resumo,
Cobra
(2007)
afirma
que
a
marca
se
caracteriza
por
quatro
níveis
de
significados:
os
atributos
do
produto,
suas
funções
e
desempenho;
os
benefícios
representados
pelas
recompensas
que
ela
oferece;
os
valores
sociais
e
gerais
que
ela
projeta
para
o
consumidor
e
a
personalidade
que
a
marca
confere
ao
usuário.
A
marca
cumpre
seu
papel,
então,
quando
esses
quatro
níveis
de
significados
podem
ser
identificados
na
linha
de
produtos.
2.3.1 Posicionamento
e
percepção
de
marca
De
acordo
com
Sant’Anna
(1995),
enquanto
nos
50
teve‐se
a
era
do
produto
e
nos
anos
60
a
era
da
imagem,
hoje
o
mercado
encontra‐se
em
uma
era
que
reconhece
tanto
a
importância
do
produto
quanto
da
imagem
da
empresa,
destacando
a
necessidade
de
se
criar
uma
posição
na
mente
do
consumidor.
A
posição,
segundo
Aaker
(2007),
orienta
os
programas
de
comunicação
da
marca
e
é
distinta
da
abstração
mais
geral
da
sua
identidade.
Sendo
assim:
• Imagem
da
marca:
é
como
a
marca
é
atualmente
percebida;
• Identidade
da
marca:
é
como
os
estrategistas
querem
que
a
marca
seja
percebida;
• Posição
da
marca:
é
a
parcela
da
identidade
e
da
proposta
de
valor
da
marca
que
deve
ser
ativamente
comunicada
ao
público.
É
com
uma
identidade
de
marca
clara
e
bem
elaborada
que
marca
deve
estruturar
seu
posicionamento,
ou
seja,
definir
o
que
vale
ser
comunicado
ao
público‐alvo.
25
[...]
o
posicionamento
da
marca,
que
deve
demonstrar
uma
vantagem
sobre
as
marcas
concorrentes,
representa
os
objetivos
atuais
de
comunicação.
Alguns
elementos
da
identidade
da
marca
podem
não
fazer
parte
do
seu
posicionamento
pois,
embora
importantes,
não
diferenciam
entre
si.
Ou
a
marca
pode
não
estar
pronta
para
cumprir
uma
promessa,
ou
o
público
pode
não
estar
preparado
para
aceitar
a
mensagem.
(AAKER
E
JOACHIMSTHALER,
2007,
p.
52).
Para
Kapferer
(2004),
o
posicionamento
da
marca
deve
responder
quatro
perguntas
básicas.
A
primeira
delas,
“a
marca
por
quê?”
diz
respeito
ao
benefício
oferecido
ao
consumidor.
A
segunda,
“a
marca
para
quem?”,
define
o
público.
A
terceira
pergunta,
“a
marca
para
quando?”,
faz
referência
à
ocasião
de
utilização.
Por
fim,
a
quarta
pergunta
deve
responder
“a
marca
contra
quem?”,
que
define
os
concorrentes
prioritários,
aqueles
que
talvez
possam
fisgar
uma
parte
dos
clientes.
Assim
estruturado,
“o
posicionamento
de
marca
pode
ajudar
a
priorizar
e
focalizar
a
identidade
da
marca
determinando‐se
os
objetivos
de
comunicação”
(AAKER
E
JOACHIMSTHALER,
2007,
p.
37).
No
entanto,
é
preciso
lembrar
que,
“embora
o
posicionamento
possa
ser
escrito
na
linguagem
do
consumidor,
não
se
espera
que
este
o
leia”
(TYBOUT
E
CALKINS,
2006,
p.
12).
Afinal,
Cobra
(2007,
p.
117)
lembra
que
“o
posicionamento
não
é
feito
no
mercado,
mas
na
mente
do
consumidor”.
Na
verdade,
o
público‐alvo
verá
o
posicionamento
de
uma
marca
por
meio
do
design,
do
preço,
das
comunicações
e
dos
canais
de
distribuição.
2.3.2 O
composto
de
marketing
O
marketing
é
uma
peça
fundamental
de
administração
que,
cada
vez
mais,
vem
se
disseminando
e
sendo
aplicada
às
marcas.
Por
conseqüência,
recebe
diversas
definições,
gerando
múltiplos
conceitos.
Las
Casas
(2001,
p.
14)
parte
daquela
feita
em
1960
pela
Associação
Americana
de
Marketing,
que
afirma:
“marketing
é
o
desempenho
das
atividades
comerciais
que
dirigem
o
fluxo
de
bens
e
serviços
do
produtor
ao
consumidor
ou
usuário”.
No
entanto,
Kotler
e
Armstrong
(1993,
p.
2)
lembram
que
o
termo
já
não
deve
mais
“ser
entendido
na
sua
antiga
concepção
de
fazer
uma
venda
–
‘vender’
–,
mas
sim
na
atual
concepção
de
satisfazer
as
necessidades
do
cliente”.
Isso
porque
hoje
as
empresas
26
Figura
2
–
Composto
de
marketing
(marketing
mix)
Fonte:
LAS
CASAS,
2001
Dessa
forma,
“cada
uma
das
variáveis
que
formam
o
composto
de
marketing
inclui
uma
série
de
subdivisões
que
são
os
instrumentos
de
marketing”.
(LAS
CASAS,
2001,
p.
18)
27
Figura
3
–
Composto
de
marketing
com
suas
subdivisões
Fonte:
LAS
CASAS,
2001
Os
4
P’s
freqüentemente
recebem
variantes
como
6
P’s,
8
P’s,
4
C’s
e
assim
por
diante.
Os
autores
que
utilizam
essas
nomenclaturas
se
justificam
dizendo
que
a
forma
de
comercialização
dos
produtos
exige
tal
adaptação.
Porém,
“o
que
se
percebe
é
que
não
houve
necessariamente
uma
mudança
na
forma
de
comercialização,
mas
uma
nova
tendência
na
ênfase
da
ferramenta
utilizada,
devido
a
alterações
ambientais”
(LAS
CASAS,
2001,
p.
19).
Nesse
cenário,
uma
vez
que
a
marca
enuncia
produtos
e
serviços,
é
necessário
que
ela
tome
a
palavra.
Afinal,
“a
marca
é
um
ser
discursivo.
Ela
não
existe
a
não
ser
através
da
comunicação”
(KAPFERER,
2004,
p.
113).
Assim,
é
inegável
que
a
propaganda
seja
responsável
pela
história
de
uma
marca.
2.4 A
PROPAGANDA
Da
oralidade
à
escrita,
das
tábuas
de
argila
ao
papel,
é
possível
notar
que
a
comunicação
tornou‐se
a
essência
da
sociedade
humana.
De
acordo
com
Hoff
(2004,
p.
1),
“a
comunicação
desenvolveu‐se
porque
o
ser
humano,
vivendo
grupo,
teve
necessidade
de
expressar
idéias,
sentimentos
ou
simplesmente
informar
algo”.
Com
o
tempo,
no
campo
mercadológico,
apenas
informar
já
não
era
suficiente
na
medida
em
que
características,
benefícios
e
qualidades
acabaram
se
tornando
muito
comuns
e
parecidas
entre
marcas
e
produtos.
Foi
assim
que
surgiu
a
distinção
entre
duas
28
constituída”
(HOLT,
2005,
p.
19).
É
por
esse
acúmulo
de
informações
que,
segundo
Kapferer
(2004),
toda
marca
adquire
uma
história,
um
cultura,
uma
personalidade,
um
reflexo.
Porém,
esse
processo
de
comunicação
não
é
tão
simples
quanto
parece.
De
acordo
com
Hoff
(2004),
da
mesma
forma
que
o
ser
humano
desenvolveu
a
linguagem
para
transmitir,
registrar
e
acumular
informações,
também
deu
origem
à
linguagem
da
propaganda
para
criar
e
consolidar
marcas.
2.4.1 A
linguagem
da
propaganda
Ao
analisar
o
atual
estágio
do
desenvolvimento
das
sociedades
de
consumo,
Hoff
(2004,
p.
2)
afirma
que
“a
comunicação
publicitária
tornou‐se
uma
das
mais
importantes
formas
de
comunicação,
que
contamina
outros
discursos
como
o
dialético,
o
jornalístico,
o
literário,
entre
outros,
e
torna‐se
uma
referência,
senão
um
modelo
a
ser
seguido”.
Isso
porque,
segundo
Santos:
Os
recursos
de
comunicação
utilizados
são
necessariamente
persuasivos
e
têm
por
objetivo
levar
o
consumidor
ao
ato
da
compra.
Para
atingir
tal
comportamento,
a
linguagem
da
propaganda
é
rica
em
recursos
lingüísticos,
como
utilização
de
figuras
de
linguagem,
retórica,
para
atingir
seu
principal
objetivo:
induzir
o
consumidor
a
efetivar
uma
ação.”
(2009,
p.
3).
De
modo
geral,
Hoff
(2004)
afirma
que
a
linguagem
é
o
meio
pelo
qual
a
comunicação
se
efetiva
e
é
um
fenômeno
geral
que
se
particulariza
em
códigos.
Assim,
existem
os
elementos
da
linguagem,
chamados
signos,
que
se
classificam
em
verbais
e
não‐
verbais.
É
na
combinação
dos
signos
que
os
interlocutores
podem
construir
mensagens
classificadas
por
Hoff
(2004)
como:
• Verbais:
mensagens
construídas
com
signos
lingüísticos,
ou
seja,
com
palavras.
Dessa
forma,
um
artigo
de
jornal
ou
uma
carta
são
exemplos
de
textos
verbais;
• Não‐verbais:
mensagens
constituídas
com
signos
não‐verbais,
ou
seja,
signos
visuais,
auditivos,
táteis,
gustativos,
gestuais.
Uma
fotografia,
um
quadro,
uma
música,
um
espetáculo
de
mímica
ou
dança
são
exemplos
de
textos
não‐
verbais;
30
Figura
4
–
Layout
Fonte:
SANT’ANNA,
1995
31
Assim
é
possível
afirmar
que
o
signos
verbais
e
não‐verbais
estão
intimamente
ligados,
afinal
“um
bom
layout
é
aquele
que
ajuda
a
transmitir
as
informações
que
estão
no
texto
e,
ao
mesmo
tempo,
possui
um
design
atrativo
e
incita
à
leitura”
(SANT’ANNA,
1995,
p.
173).
Por
sua
vez,
a
linguagem
verbal,
é,
segundo
Hoff
(2004),
dividida
em
título
e
texto.
Assim,
o
título
é
o
lugar
da
informação
mais
importante
do
anúncio,
e
deve
“selecionar
o
leitor,
detê‐lo
e
persuadi‐lo
a
ler
o
texto”
(SANT’ANNA,
1995,
p.
160).
Figura
5
–
Redação
Fonte:
SANT’ANNA,
1995
32
O
texto,
para
Hoff
(2004),
é
responsável
por
informar
e,
por
meio
da
informação,
criar
convicção
sobre
o
produto
ou
serviço.
De
acordo
com
Sant’Anna
(1995),
o
texto
pode
assumir
duas
formas,
de
acordo
com
a
necessidade:
• Racional:
informa,
descreve
o
produto,
enumera
as
vantagens,
justifica
as
razões
por
que
deve
ser
comprado;
• Emotiva:
em
vez
de
falar
objetivamente
da
mercadoria,
salienta
seus
efeitos.
Em
geral,
afirma
Sant’Anna
(1995),
as
duas
formas
são
usadas
em
conjunto,
só
se
distinguindo
pela
predominância
de
uma
delas.
Assim
também
são
usadas
as
linguagens
verbais
e
não‐verbais:
numa
relação
de
complementaridade,
devem
conduzir
o
leitor
até
a
assinatura
da
peça
e,
conseqüentemente,
levar
à
ação
pretendida
pela
comunicação
publicitária.
Isso
quer
dizer
que
“título
e
imagem
dividem
igual
importância
e
responsabilidade
pela
força
de
atração
de
um
anúncio”
(HOFF,
2004,
p.
70).
Assim
é
possível
concluir
que,
em
propaganda,
não
basta
ter
um
bom
título
e
texto,
assim
como
não
basta
uma
boa
imagem:
cada
um
deve
cumprir
a
sua
missão.
Para
Figueiredo
(2005,
p.
17),
“título
e
imagem
se
confundem,
se
completam,
criam
um
todo
que
materializa
a
mensagem
publicitária
sem
dispersão,
apenas
com
enriquecimento
da
idéia
decorrente
de
cada
elemento
presente
no
anúncio”.
2.4.1.1 A
palavra
como
persuasão
É
uma
constante
no
meio
publicitário
a
ilusão
de
que
a
multiplicidade
de
mensagens
tornou
a
palavra
desimportante
e,
por
conseqüência,
priorizou
o
uso
de
imagens
como
uma
forma
de
leitura
rápida
e
objetiva.
No
entanto,
segundo
Figueiredo
(2005),
a
imagem
é
capaz
de
gerar
o
impacto,
mas
o
poder
de
persuasão
e
a
condução
do
raciocínio
do
receptor
está
na
palavra.
Para
tanto,
o
autor
distingue
os
significados
de
convencimento
e
persuasão:
Existe
uma
grande
diferença
entre
persuadir
e
convencer.
Para
convencer,
é
necessário
mudar
uma
opinião,
vencer
os
conceitos
existentes
na
mente
do
consumidor,
o
que,
em
geral,
é
difícil
e,
não
raro,
muito
demorado;
já
persuadir
tem
mais
a
ver
com
concordar
com
algo
que
o
consumidor
já
pensa
e,
por
meio
dessa
concordância,
trazê‐lo
para
o
produto
que
se
quer
anunciar.
(FIGUEIREDO,
2005,
p.
53).
33
As
peças
publicitárias
dificilmente
são
criadas
de
forma
isolada.
De
acordo
com
Hoff
(2004),
elas
fazem
parte
de
um
conjunto
de
peças
chamado
campanha.
As
campanhas
publicitárias
são
conjuntos
de
peças
criados
a
partir
da
mesma
solução
criativa
e
são
divididas
em:
• Peças
de
mídia:
são
aquelas
veiculadas
nos
meios
de
comunicação
de
massa,
os
mass
media.
As
peças
mais
comuns
veiculadas
são:
o
anúncio
–
jornal
e/ou
revista;
o
spot
–
rádio;
o
comercial
de
televisão;
o
outdoor
etc;
• Peças
não‐mídia:
são
aquelas
não
veiculadas
na
mídia.
Exemplos:
o
cartaz,
exposto
em
lugares
estratégicos;
materiais
diversos
de
ponto‐de‐venda
–
displays,
faixa
de
gôndola,
ou
qualquer
tipo
de
sinalização;
a
mala‐direta,
correspondência
enviada
ao
consumidor;
os
folhetos,
distribuídos
diretamente
ao
público
etc.
34
Das
peças
veiculadas
na
mídia,
“os
anúncios
de
revista
são
considerados,
ao
lado
dos
comerciais
televisivos,
a
fatia
nobre
da
propaganda”
(FIGUEIREDO,
2005,
p.
93).
Mas
a
revista,
ainda
segundo
Figueiredo
(2005),
tem
a
vantagem
de
ter
mais
credibilidade
do
que
a
televisão,
afinal
o
consumidor
tende
a
acreditar
mais
no
que
está
impresso
do
que
naquilo
que
é
falado.
A
revista
é
também
a
mídia
com
melhor
qualidade
de
impressão
e
muito
valorizada
por
sua
durabilidade.
Afinal,
“em
um
mercado
extremamente
volátil,
como
o
publicitário,
qualquer
sugestão
de
durabilidade
torna‐se
uma
qualidade
excepcional”
(FIGUEIREDO,
2005,
p.
94).
Para
Santos
(2009),
outra
vantagem
do
meio
revista
é
a
liberdade
de
informações
que
se
pode
transmitir
com
linguagens
verbais
se
comparado,
por
exemplo,
à
televisão
ou
outdoor.
É
explícito
que
o
público
consumidor
de
revistas
gosta
de
ler,
de
se
informar.
Portanto,
se
o
anúncio
conseguir
atingir
o
propósito
de
chamar
a
atenção,
a
leitura
será
conseqüência
e
não
será
obrigatória
nem
cansativa,
pois
o
leitor
já
está
habituado
a
essa
atividade.
(SANTOS,
2009,
p.
3
e
4).
Assim
Santos
(2009)
questiona
o
fato
de
as
revistas
sofrerem
com
as
constantes
afirmações
de
que
“uma
imagem
vale
mais
que
mil
palavras”,
já
que
dever‐se‐ia,
ao
contrário,
aproveitar
ao
máximo
o
recurso
que
essa
mídia
oferece
e
prover
o
maior
número
de
informações
–
técnicas
ou
de
caráter
institucional
ou
social
–
acerca
de
um
produto.
Para
Hoff
(2004),
cada
linguagem
serve
a
determinados
objetivos
de
comunicação
e
atua
sobre
diferentes
sentidos
e
capacidades
do
indivíduo.
Assim:
Uma
imagem
vale
por
uma
imagem,
e
uma
palavra
vale
por
uma
palavra.
Tanto
o
verbal
quanto
o
visual
têm
sua
função
e
finalidade
numa
peça
publicitária.
Definir
em
que
medida
explorar
uma
ou
outra
linguagem
depende
dos
objetivos
de
comunicação.
(HOFF,
2004,
p.
106)
Dessa
forma,
os
padrões
de
construção
da
mensagem
publicitária
em
anúncios
de
revista
não
seguem
uma
regra
específica
se
comparados
a
outros
meios
de
comunicação.
No
entanto,
Sant’Anna
(1995)
aponta
algumas
diretrizes
para
um
anúncio
eficiente:
• Ser
original:
destacar‐se.
No
apelo,
na
forma,
na
ilustração,
no
layout,
na
apresentação,
etc;
35
• Ser
oportuno:
ser
atual,
atingir
o
leitor
no
momento
mais
adequado,
da
forma
mais
conveniente;
• Ser
persuasivo:
ter
credibilidade.
Ou
seja,
o
leitor
tem
que
acreditar
na
mensagem;
• Ser
persistente:
afinal,
em
publicidade
não
adiantam
esforços
isolados.
Ele
deve
ir
sedimentando‐se
na
mentalidade
do
público,
ir
incutindo
o
hábito;
• Ter
motivação:
seus
apelos
devem
atender
às
necessidades
e
desejos,
responder
aos
anseios,
mostrar
que
o
sonho
pode
se
transformar
em
realidade.
Todos
esses
componentes
acabam
por
definir
algumas
ações
psicológicas,
que
Sant’Anna
(1995)
afirma
serem:
• Atrair
a
atenção:
o
anúncio
deve
ser
visto;
• Despertar
o
interesse:
o
anúncio
deve
ser
lido;
• Criar
a
convicção:
o
anúncio
deve
ser
acreditado;
• Provocar
uma
resposta:
o
anúncio
deve
levar
à
atenção;
• Fixar
na
memória:
a
coisa
anunciada
deve
ser
lembrada.
Outra
regra
bastante
clara
“é
acompanhar
atentamente
as
informações
do
cliente
e
ter
muito
feeling
para
captar
as
necessidades
e
os
desejos
do
público‐alvo.”
(CIDADE,
2006,
p.
35).
Essa
tarefa
se
torna
um
pouco
mais
fácil
quando
se
trata
de
uma
revista
bastante
segmentada,
fenômeno
que
tomou
o
mercado
como
um
todo
e,
no
setor
editorial,
permite
opções
bastante
completas
e
diferenciadas
aos
consumidores.
Neste
sentido,
segundo
Figueiredo
(2005),
os
anúncios
devem
ser
bastante
direcionados
a
fim
de
falar
a
língua
do
público‐alvo,
o
que
faz
com
que
a
marca
se
aproxime
do
consumidor
de
forma
bastante
positiva.
2.5 MARKETING
E
COMUNICAÇÃO
DE
MODA
É
fato
que
comunicação
e
moda
possuem
uma
relação
muito
íntima.
Primeiro
porque
“no
coração
da
publicidade
trabalham
os
próprios
princípios
da
moda:
a
originalidade
a
qualquer
preço,
a
mudança
permanente,
o
efêmero”
(LIPOVETSKY,
1989,
p.
36
186).
Lipovetsky
(1989)
ainda
afirma
que
a
publicidade
é
discurso
de
moda
e,
como
ela,
se
utiliza
das
mini‐transgressões
e
da
teatralidade.
Além
disso,
é
possível,
em
um
sentido
mais
íntimo,
verficar
a
moda
como
um
meio
de
comunicação.
A
peça
de
roupa,
segundo
essa
explanação,
é
então
o
meio
pelo
qual
uma
pessoa
manda
uma
mensagem
para
a
outra.
É
por
meio
da
roupa
que
uma
pessoa
tenciona
comunicar
suas
mensagens
a
outra.
A
mensagem,
assim,
é
uma
intenção
da
pessoa
e
é
isso
que
é
transmitido
pela
roupa
no
processo
de
comunicação.
A
mensagem
é
também,
naturalmente,
aquilo
que
é
recebido
pelo
receptor.
O
que
é
mais
importante
nessa
descrição
de
comunicação
é
a
intenção
do
remetente,
a
eficiência
do
processo
de
transmissão,
e
o
efeito
em
quem
a
recebe.
(BERNARD,
2003,
p.
52).
Porém,
por
mais
que
a
comunicação
não‐verbal
da
moda
seja
mais
importante
para
uns
do
que
para
outros,
Cobra
(2007)
afirma
que
o
marketing
procura
descobrir
necessidades
e
desejos
explícitos
e
ocultos
nas
mentes
das
pessoas
com
a
intenção
clara
de
desenvolver
produtos
que,
por
serem
de
moda,
se
transformam
rapidamente
em
objetos
de
desejo.
Isso
significa
dizer
que,
no
campo
mercadológico,
moda
e
comunicação
lutam
juntas
por
um
espaço
no
mercado
que,
ao
se
sofisticar
de
forma
rápida
e
profunda,
não
permite
mais
apenas
fabricar
um
bom
produto:
é
necessário
diferenciar‐se
dos
concorrentes.
Afinal,
“da
mesma
maneira
que
a
moda
individualiza
a
aparência
dos
seres,
a
publicidade
tem
por
ambição
personalizar
a
marca”
(LIPOVETSKY,
1989,
p.
187).
Neste
sentido,
o
marketing
voltado
para
a
moda
visa:
[…]
pesquisar
e
desenvolver
produtos
e
serviços
que
atendam
permanentemente
às
necessidades
e
aos
desejos
dos
consumidores,
levando
até
a
satisfação
de
sonhos
e
fantasias
por
meio
de
conceitos
novos
e
inusitados
ou
revisitados.
(COBRA,
2007,
p.
77)
Assim,
realizam‐se,
a
cada
coleção,
vários
processos
de
comunicação.
Segundo
Metsavaht
(2009),
numa
primeira
fase
é
preciso
comunicar
a
um
público
de
venda
direta
(varejo)
e
aos
formadores
de
opinião,
por
isso
são
feitos
desfiles
e
trabalhos
de
relações
públicas.
É
em
uma
segunda
fase
que
entram
as
campanhas
publicitárias,
voltadas
ao
público
final.
Porém,
essa
visão
holística
de
comunicação
de
moda
é
ainda
bastante
rara.
Afinal,
“a
grande
maioria
das
marcas
faz
coleção,
mas
não
pensa
a
campanha”
(METSAVAHT,
2009).
37
No
entanto,
Santos
(2009)
lembra
que,
por
seu
caráter
fugaz,
as
marcas
de
moda
cada
vez
menos
fidelizam
seus
clientes
com
seus
produtos,
que
saem
de
moda
a
cada
estação.
Assim,
a
importância
das
marcas
está
em
seu
conceito
e
é
aí
que
a
publicidade
se
faz
fundamental,
afinal
“ela
é
capaz
de
disseminar
conceitos
talvez
mais
fortes
do
que
uma
matéria
jornalística
ou
um
desfile
técnico”
(SANTOS,
2009,
p.
4).
Neste
sentido,
diversos
recursos
comunicativos
têm
sido
explorados
pelo
setor.
Um
deles
está
ligado
a
utilização
das
ferramentas
do
marketing
de
nicho,
chamadas
por
Araujo
(2008)
de
“a
evolução
dos
4
P’s”,
que
estão
se
tornando
cada
vez
mais
populares.
“O
marketing
pós‐Philip
Kotler
estabelece
uma
relação
muito
direta
e
autêntica
com
o
público,
visando
a
prática
do
branding”
(ARAUJO,
2008,
p.
33).
A
idéia
é
criar
uma
nova
relação
com
os
consumidores
por
meio
de
ações
de
relacionamento
e
experimentação.
Afinal,
segundo
Cobra
(2007,
p.
198):
A
mensagem
publicitária
deve
conter
uma
abordagem
que
permita
a
compreensão
do
conceito
da
moda
e
das
vantagens
de
sua
adoção.
Mas,
acima
de
tudo,
para
ser
persuasiva,
a
mensagem
precisa
conter
imagens
e
textos
que
consigam
prender
a
atenção
do
consumidor
de
forma
prazerosa
e
divertida.
Como
o
mundo
da
consciência
da
moda
é
ordenado
pelo
efêmero
e
pelo
superficial,
a
mídia
a
ser
utilizada
também
deve
ter
um
tom
leve
e
divertido.
Tal
conceito,
contudo,
não
exclui
os
meios
de
comunicação
tradicionais
que,
segundo
Cobra
(2007),
são:
televisão,
cinema,
rádio,
internet,
revistas
de
moda,
jornal
–
com
seus
encartes
de
cultura,
economia,
moda
e
entretenimento
–
outdoors,
painéis
luminosos
e
backligths.
Desses,
os
que
mais
se
destacam
são,
sem
dúvida,
os
meios
impressos.
Conforme
afirma
Nunes
(2004,
p.
43):
[...]
as
revistas,
também
chamadas
de
periódicos,
ganham
relevância
por
serem
eficazes
e
de
forte
alcance
de
público.
Os
periódicos
especializados
em
moda
são
revistas
amplas,
com
lindas
imagens,
feitas
em
bom
papel
e
com
excelentes
recursos
gráficos.
Assim,
as
revistas
trazem
anúncios
que,
em
sua
maioria,
exploram
apenas
imagens.
Para
Palomino
(2003),
tais
imagens
geralmente
são
reforçadas
ou
tratadas
de
modo
mais
extravagante
para
que
as
idéias
sejam
explicitadas
ou,
simplesmente,
para
que
seja
produzida
uma
bela
fotografia.
É
aí
que
Santos
(2009,
p.
9)
critica
e
sugere
que
se
“crie
um
conceito
para
a
marca,
que
fuja
da
regra
dos
anúncios
de
moda
e
se
diferencie,
posicionando‐se
de
alguma
forma
na
mente
do
consumidor”.
38
Lipovetsky
(1989,
p.
188
e
189),
no
entanto,
lembra
que:
Ainda
que
a
hora
seja
do
“conceito”
e
da
comunicação
criativa,
ainda
que
já
não
baste
fazer
belos
e
atraentes
cartazes,
a
estética
permanece
um
eixo
primordial
do
trabalho
publicitário.
Valorização
plástica
do
produto,
fotos
caprichadas,
interior
de
luxo,
refinamento
dos
cenários,
beleza
dos
corpos
e
dos
rostos,
a
publicidade
poetiza
o
produto
e
a
marca,
idealiza
o
trivial
da
mercadoria.
(...)
Da
mesma
maneira
que
a
moda,
a
publicidade
se
dirige
principalmente
ao
olho,
é
promessa
de
beleza,
sedução
das
aparências,
ambiência
idealizada
antes
de
ser
informação.
Para
Hoff
(2004),
o
uso
exclusivo
da
linguagem
visual
na
categoria
de
moda
também
não
é
problema
quando
as
marcas
têm
identidade
construída
e
percebida.
Nesses
casos
é
possível
“a
criação
de
mensagens
sem
o
direcionamento
de
linguagem
verbal:
as
imagens
que
compõem
esse
tipo
de
mensagem
comunicam
o
posicionamento
do
produto”
(HOFF,
2004,
p.
106).
Dessa
forma
o
logotipo
ou
assinatura,
mesmo
sendo
uma
palavra,
pode
também
ser
considerado
imagem.
Isso
porque,
segundo
Hoff
(2004),
a
combinação
com
outros
elementos
do
anúncio
forma
uma
unidade
visual,
de
forma
que
a
leitura
acabe
sendo
processada
pela
simultaneidade
e
pela
fragmentação.
2.5.1 As propagandas de moda de luxo
Para
Allérès
(2000),
a
propaganda
é,
por
si
mesma,
um
terreno
de
paradoxos,
principalmente
no
domínio
dos
“bens
de
luxo”.
Afinal
é
dela
o
papel
de
“sitiar
as
interdições
(tabus,
culpabilidade,
timidez,
interdições
de
classe
etc.)
e
fixar
as
pulsões
até
então
retidas,
sobre
objetos
cuja
aquisição
será
a
tradução
e
realização
de
um
desejo”
(ALLÉRÈS,
2000,
p.
36).
Assim,
afirma
que
o
desejo
narcisístico
de
agradar
o
imaginário
ganha
espaço,
fato
facilmente
percebido
nas
campanhas
publicitárias.
Além
disso,
é
a
propaganda
e
a
publicidade
que
constroem
a
imagem
de
uma
marca
que,
quando
se
trata
do
luxo,
“é
decisiva
para
o
consumidor
não
por
questões
relacionadas
a
status,
e
sim
porque
funciona
como
veículo
de
expressão
individual
que
permite
a
construção
de
uma
‘personalidade’”
(D’ANGELO,
2006,
p.
99).
Porém,
o
tipo
de
comunicação
exercida
depende
de
cada
tipo
de
luxo,
já
definidos
anteriormente
por
Allérès
(2000).
Assim
sendo:
39
• Luxo
inacessível:
procura
unicamente
manter
a
notoriedade
da
marca,
situá‐la
permanentemente
entre
as
mais
prestigiosas,
as
mais
elegantes,
recordar
sua
história
e
sua
cultura,
fazer
reviver
o
gênio
do
criador
ou
fundador
da
casa.
A
finalidade
não
é,
jamais,
conferir
proeminência
a
um
produto
ou
a
uma
gama
de
produtos.
A
única
procura
é
o
cultivo
da
magia
da
marca
e
de
sua
empresa.
Figura
6
–
Luxo
inacessível
–
Política
de
comunicação
Fonte:
ALLÉRÈS,
2000
• Luxo
intermediário:
baseia‐se,
ao
mesmo
tempo,
em
relações
públicas
e
muito
pouca
propaganda,
que
é
sempre
refinada,
com
inserções
limitadas
nas
revistas
mais
seletivas.
Procura
sobretudo
manter
a
imagem
das
criações
ou
a
notoriedade
global
da
marca,
cuidar
de
sua
situação
comparativamente
muito
seletiva
e
da
unicidade
do
reconhecimento
do
talento
do
criador
e
da
sua
casa.
40
Figura
7
–
Luxo
intermediário
–
Política
de
comunicação
Fonte:
ALLÉRÈS,
2000
• Luxo
acessível:
é
o
único
em
que
se
elaboram
campanhas
de
comunicação
importantes
e
muito
completas,
sempre,
porém,
tentando
conservar
a
imagem
de
um
produto
seletivo.
Porém,
a
campanha
só
é
eficaz
se
for
de
total
coerência
com
o
produto,
sua
embalagem,
seu
preço
e
sua
distribuição.
Figura
8
–
Luxo
acessível
–
Política
de
comunicação
Fonte:
ALLÉRÈS,
2000
41
De
acordo
com
Allérès
(2000,
p.
108):
É
nesse
nível
social
dominante
ou
ascendente,
bem‐provido
ou
mais
do
que
bem‐
provido,
que
as
aspirações,
as
motivações
e
os
estilos
de
vida
se
uniformizam.
Uma
marca
de
luxo
de
muito
alto
nível
tem
uma
notoriedade
mundial
(Dior,
Cartier,
Yves
Saint‐Laurent,
Hermès,
Vuitton)
e
se
dirige
à
mesma
clientela,
que
pertence
às
mesmas
classes
da
população,
possuidoras
dos
mesmos
reflexos
para
as
compras
e
quase
dos
mesmos
estilos
de
vida.
Assim,
nota‐se
que
personalidades
mundiais
–
estrelas
de
cinema,
podendo
ser
transportado
para
criadores
contemporâneos
como
Christian
Lacroix
e
Jean‐Paul
Gaultier
–
são
utilizadas
em
uma
mesma
campanha,
em
todo
o
mundo.
42
3 ANÁLISE:
A
REDAÇÃO
NOS
ANÚNCIOS
DE
MODA
DE
LUXO
Entender
de
que
forma
acontecem
os
processos
de
significação
dos
textos
verbal
e
não‐verbal
é
fundamental
para
se
fazer
uma
análise
de
peças
publicitárias.
Assim,
a
Semiótica
será
utilizada
como
suporte
teórico
para
o
entendimento
dos
valores
contidos
em
anúncios
de
moda
de
luxo.
3.1 O
MÉTODO
Pelo
fato
de
a
moda
e
a
propaganda
estarem
intimamente
ligadas
à
criatividade,
Duarte
e
Novelli
(2005)
relacionam
diretamente
a
Semiótica
à
essas
duas
áreas.
A
primeira,
porque
as
vestimentas
sempre
refletem
a
maneira
de
pensar
de
uma
época.
Dessa
forma,
“significantes
transmutam
significados
e
dão
origem
a
novas
significações”
(DUARTE
E
NOVELLI,
2005,
p.
212).
Já
a
publicidade,
porque
os
avanços
tecnológicos
da
comunicação
trouxeram
a
necessidade
de
buscar
novas
reflexões
sobre
o
público‐alvo,
que
não
deve
ser
mais
considerado
como
um
objeto
fácil
de
ser
moldado,
mas
um
sujeito
que
reflete
sobre
o
mundo
atual.
Assim,
percebe‐se
a
Semiótica
como
um
método
bastante
apropriado
para
a
análise
das
propagandas
de
luxo.
Além
de
nos
fornecer
definições
rigorosas
do
signo
e
do
modo
como
os
signos
agem,
a
gramática
especulativa
contém
um
grande
inventário
de
tipos
de
signos
e
de
misturas
sígnicas,
nas
inumeráveis
gradações
entre
o
verbal
e
o
não‐verbal
até
o
limite
do
quase‐signo.
Desse
manancial
conceitual,
podemos
extrair
estratégias
metodológicas
para
a
leitura
e
análise
de
processos
empíricos
de
signos:
música,
imagens,
arquitetura,
rádio,
publicidade,
literatura,
sonhos,
filmes,
vídeos,
hipermídia
etc.
(SANTAELLA,
2002,
p.
XIV)
Tais
estratégias,
no
entanto,
apresentam
várias
vertentes
e
autores
em
todo
o
mundo.
Assim,
sentiu‐se
a
necessidade
de
que
a
análise
seguisse
a
proposta
de
um
autor
específico.
A
escolha
deu‐se
por
Gemma
Penn
(2002),
já
que
a
autora
propõe
ferramentas
práticas
para
uma
abordagem
sistemática
dos
sistemas
de
signos,
a
fim
de
descobrir
de
que
forma
eles
produzem
sentido.
Gemma
Penn
é
seguidora
da
disciplina
de
Saussure,
que
propõe
a
idéia
de
significante
(denotativo)
e
significado
(conotativo),
ambos
partindo
do
signo
(objeto).
43
Assim,
“essas
duas
partes
podem
ser
analisadas
como
se
fossem
entidades
separadas,
mas
elas
existem
apenas
como
componentes
do
signo,
isto
é,
em
virtude
de
sua
relação
recíproca”
(PENN,
2002,
p.
320).
Em
seu
artigo
sobre
a
análise
semiótica
de
imagens
paradas,
mais
especificamente
anúncios
publicitários,
Penn
(2002)
propõe
uma
análise
que
se
divide
em
cinco
etapas.
A
primeira
delas
trata
da
escolha
do
material,
que
dependerá
do
objetivo
do
estudo
e
da
disponibilidade
no
material.
A
natureza
do
material
também
terá
sua
influência,
já
que
alguns
são
mais
passíveis
de
análise
do
que
outros.
A
amostragem
das
peças,
se
o
objetivo
for
apresentar
a
explicação
de
uma
amostra
representativa
do
material,
deve
ser
randômica.
Mas
o
que
condicionará
a
quantidade
de
material
escolhido
é
o
tipo
de
análise,
que
pode
ir
de
um
parágrafo
até
várias
páginas.
A
segunda
etapa
consiste
em
identificar
os
elementos
no
material.
Como
a
maioria
das
peças
publicitárias
contém
imagem
e
texto,
é
preciso
considerar
ambos.
Quanto
mais
completo,
maior
a
segurança
de
que
a
análise
não
será
seletivamente
auto‐
afirmativa.
Penn
(2002)
sugere
duas
formas
para
a
catalogação:
listando
os
elementos
sistematicamente
ou
fazendo
anotações
no
material.
Para
exemplificar,
apresenta
um
anúncio
de
perfume
da
marca
Givenchy.
Figura
9
–
O
anúncio
Givenchy
Fonte:
PENN,
2002
44
Em
seguida,
Penn
(2002)
faz
um
traçado
anotado
da
figura
feminina,
dissecando
cada
elemento
em
unidades
menores.
É
preciso
estar
atento
aos
detalhes:
“embora
não
seja
possível
fornecer
uma
explicação
exaustiva,
é
importante
ser
o
mais
preciso
e
explicativo
possível”
(PENN,
2002,
p.
340).
Figura
10
–
Um
traçado
anotado
da
figura
feminina
Fonte:
PENN,
2002
A
terceira
etapa
consiste
em
avaliar
os
níveis
de
significação
mais
altos,
ou
seja,
questionar
o
que
cada
elemento
do
anúncio
conota
e
como
se
relacionam.
Essa
análise
pode
ser
bastante
extensa.
Teoricamente,
o
processo
de
análise
nunca
se
exaure
e,
por
conseguinte,
nunca
está
completo.
Isto
é,
é
sempre
possível
descobrir
uma
nova
maneira
de
ler
uma
imagem,
ou
um
novo
léxico,
ou
sistema
referente,
para
aplicar
à
imagem.
(PENN,
2002,
p.
331
e
332).
Por
isso,
o
quarto
passo
refere‐se
ao
momento
em
que
se
decide
concluir
a
análise.
É
então
preciso
conferir
“se
todos
os
elementos
do
índice
denotativo
estão
incluídos
e
se
suas
inter‐relações
foram
levadas
em
consideração”
(PENN,
2002,
p.
341).
45
Por
fim,
é
preciso
fazer
um
relatório.
Os
padrões
adotados
podem
ser
tanto
com
um
enfoque
mais
discursivo,
quando
em
tabelas.
3.2 A
APLICAÇÃO
DO
MÉTODO
A
escolha
do
material,
primeiro
passo
proposto
por
Gemma
Penn
(2002),
deu‐
se
pelo
meio
revista,
por
se
entender
a
importância
desse
canal
como
um
dos
principais
instrumentos
“de
transmissão
de
know‐how
cultural
para
o
consumo
de
luxo”
(D’ANGELO,
2006,
p.
123).
Ao
entender
que
“as
publicações
não
oferecem
somente
informações
sobre
algumas
categorias
de
produtos,
como
vestuário
e
joalheria;
ao
contrário,
abordam
bens
diversos
e
interesses
relacionados”
(D’ANGELO,
2006,
p.
124),
a
análise
limitou‐se
apenas
a
anúncios
de
vestuário.
Afinal,
mesmo
diante
de
afirmações
como
“moda
não
é
só
‘estar
na
moda’.
Moda
é
muito
mais
do
que
roupa”
(PALOMINO,
2003,
p.
14),
é
inegável
notar
que,
no
setor,
“o
mercado
de
vestuário
revela‐se
o
mais
significativo”
(FEGHALI,
2006,
p.
141).
Foram
folheadas
algumas
revistas
de
luxo
brasileiras,
com
Wish
Report
e
Daslu.
Porém
o
veículo
selecionado
foi
apenas
a
Vogue
Brasil,
por
ser
mais
adequada
à
proposta
46
da
análise.
A
revista,
criada
em
Nova
York
para
ser
porta‐voz
da
sociedade
americana,
(...)
firmou‐se
como
referencial
de
moda,
alimentando
uma
indústria
e
tornando‐se
objeto
de
desejo
de
estilistas,
modelos
e
fotógrafos.
Vogue
passou
a
ser
publicada
também
na
França,
Itália,
Inglaterra,
Austrália,
Espanha
–
e
hoje
também
na
Alemanha,
Grécia,
Rússia
–,
destinada
a
um
público
altamente
qualificado,
a
chamada
classe
AA.
(VOGUE,
2009).
As
edições
selecionadas
vão
do
mês
de
março
a
setembro,
todas
do
ano
2009.
A
escolha
dos
anúncios
foi
realizada
levando‐se
em
conta
o
target
consumidor
de
luxo
e
a
riqueza
de
análise
semiótica.
Assim,
chegou‐se
a
um
total
de
dezenove
anúncios.
Por
se
tratar
de
um
volume
muito
grande
de
material,
os
anúncios
foram
divididos
em
quatro
grandes
grupos:
• Jeans
–
Diesel
(março),
Diesel
(maio),
Diesel
(junho),
Diesel
(setembro),
Miele
Denim,
Calvin
Klein
Jeans
(maio),
Calvin
Klein
Jeans
(junho),
Calvin
Klein
Jeans
(agosto).
• Festa
–
Carlos
Miele
(maio),
Carlos
Miele
(junho).
• Casual
–
Lacoste
(abril),
Lacoste
(setembro).
• Estilistas
–
Marc
Jacobs
(março),
Marc
Jacobs
(setembro),
Calvin
Klein
(março),
Calvin
Klein
(setembro),
Giorgio
Armani,
D&G,
Gucci.
Na
análise,
a
separação
entre
dos
textos
verbal
e
não‐verbal
deu‐se
para
fins
didáticos,
considerando
os
logotipos
como
verbais
sempre
que
não
viessem
acompanhados
de
um
símbolo.
3.2.1 Jeans
Grandes
investidoras
em
propaganda,
as
marcas
de
jeans
são
responsáveis
pela
maior
parte
dos
anúncios
de
luxo
encontrados.
As
marcas
que
mais
se
destacam
são
Diesel
e
Calvin
Klein,
ambas
veiculando
cada
uma
duas
campanhas
diferentes
no
período
analisado.
47
3.2.1.1 Diesel (março)
Figura
12
–
Diesel
na
Vogue
Brasil,
março
2009
Fonte:
VOGUE
BRASIL,
2009
a) Inventário
denotativo
Analisando‐se
o
anúncio,
são
observados
os
seguintes
aspectos
verbais:
• Assinatura
–
“Diesel”
‐ Cor
branca.
‐ Canto
superior
direito,
na
página
da
direita.
• Endereços
–
“São
Paulo
Haddock
Lobo,
1573
Iguatemi,
piso
térreo”
/
“Rio
de
Janeiro
Fashion
Mall
/
3º
Piso
Shopping
Leblon,
3º
Piso”
‐ Cor
branca.
‐ Letras
maiúsculas.
‐ Canto
inferior
esquerdo,
na
página
da
esquerda.
• Complemento
–
“For
more
information
call
Diesel
Brasil
11
3065
0707”
‐ Cor
branca.
‐ Letras
minúsculas.
‐ Canto
inferior
direito,
na
página
da
direita,
na
vertical.
‐ Língua
estrangeira.
‐ Tradução:
para
mais
informações
ligue
Diesel
Brasil
11
3065
0707.
Analisando‐se
o
anúncio,
são
observados
os
seguintes
aspectos
não‐verbais:
48
• Cores
‐ Foto
em
preto
e
branco.
• Cenário
‐ Vê‐se
três
paredes,
todas
de
tijolo
à
vista.
As
laterais
escuras
e
a
do
fundo
clara.
Todas
são
sujas
e
mal
cuidadas.
‐ A
parede
ao
fundo
possui
duas
janelas
escuras,
que
estão
fechadas.
‐ O
chão
não
possui
nenhum
revestimento
e
parece
ser
de
cimento.
‐ Há
um
buraco
no
chão.
‐ Pedaços
de
cimento
pelo
chão.
‐ Atrás
dos
modelos
há
um
tapete
estampado,
uma
poltrona
listrada,
um
móvel
que
parece
uma
mesa,
uma
mesa
com
uma
televisão
antiga
em
cima
dela.
• Iluminação
‐ Iluminação
densa.
‐ Luz
vindo
da
parte
superior,
iluminando
a
região
do
buraco.
• Vestimentas
‐ Todos
estão
vestidos
apenas
com
calças
jeans,
algumas
mais
escuras
e
outras
mais
claras.
‐ Os
homens
estão
de
tênis.
‐ As
mulheres
estão
com
sapatos
de
salto
alto.
‐ Um
dos
homens
veste
um
suspensório.
• Modelos
‐ Seis
modelos
caucasianos,
com
idade
entre
25
e
30
anos.
‐ Cabelos
molhados.
‐ Todos
possuem
tinta
clara
nos
cabelos
e
no
rosto.
‐ Todos
estão
olhando
para
o
buraco
no
chão.
‐ Como
as
mulheres
vestem
apenas
calças
jeans,
estão
tapando
os
peitos
com
um
dos
braços.
‐ Todos
possuem
numeração
romana
na
parte
superior
do
corpo,
marcada
com
tinta
preta.
‐ Estão
posicionados
da
seguinte
forma,
da
esquerda
para
a
direita:
mulher
com
II,
homem
com
I,
homem
com
III,
mulher
com
IV,
homem
levemente
49
curvado
em
direção
ao
buraco
–
não
é
possível
identificar
seu
número,
mulher
ajoelhada,
de
costas
para
a
câmera,
com
V
nas
costas.
b) Relatório
A
anúncio
causa
uma
sensação
de
estranhamento
que
se
confunde
com
curiosidade,
afinal
o
porquê
da
composição
de
alguns
elementos
não
se
faz
muito
claro.
Um
desses
elementos
é
cenário
atrás
dos
personagens,
que
simula
uma
sala
de
televisão.
A
locação,
porém,
não
sugere
que
o
ambiente
seja
uma
casa,
o
que
traz
a
sensação
de
um
conforto
falso,
uma
realidade
maquiada.
Os
modelos
possuem
corpos,
cabelos
e
maquiagem
muito
parecidos
e
o
que
acaba
por
diferenciá‐los
é
jeans
que
usam,
além
dos
números
romanos
em
seus
corpos.
Todos
estão
olhando
para
o
grande
buraco
com
expressão
de
curiosidade,
o
que
–
além
dos
pedregulhos
no
chão
–
indica
que
ele
acabou
de
ser
feito
ou
encontrado.
O
buraco
pode,
portanto,
indicar
uma
saída
para
a
situação
de
igualdade
em
que
vivem.
3.2.1.2 Diesel
(maio)
Figura
13
–
Diesel
Jeans
na
Vogue
Brasil,
maio
2009
Fonte:
VOGUE
BRASIL,
2009
50
a) Inventário
denotativo
Analisando‐se
o
anúncio,
são
observados
os
seguintes
aspectos
verbais:
• Assinatura
–
“Diesel”
‐ Cor
branca.
‐ Canto
inferior
direito.
• Endereços
–
“São
Paulo
Haddock
Lobo,
1573
Iguatemi,
piso
térreo”
/
“Rio
de
Janeiro
Fashion
Mall
/
3º
Piso
Shopping
Leblon,
3º
Piso”
‐ Cor
branca.
‐ Letras
maiúsculas.
‐ Canto
inferior
esquerdo.
• Complemento
–
“For
more
information
call
Diesel
Brasil
11
3065
0707”
‐ Cor
branca.
‐ Letras
minúsculas.
‐ Canto
superior
esquerdo,
na
vertical.
‐ Língua
estrangeira.
‐ Tradução:
para
mais
informações
ligue
Diesel
Brasil
11
3065
0707.
Analisando‐se
o
anúncio,
são
observados
os
seguintes
aspectos
não‐verbais:
• Cores
‐ Foto
em
preto
e
branco.
• Cenário
‐ Vê‐se
um
corredor
escuro,
chão
de
cimento
e
sujo,
com
vários
pedaços
de
ferro
atravessados
de
uma
parede
a
outra.
Algumas
luzes
ao
fundo.
‐ O
lado
esquerdo
revela
mais
o
cenário,
já
que
a
modelo
está
no
lado
direito
da
peça.
• Iluminação
‐ Iluminação
no
primeiro
plano
da
imagem.
• Modelos
‐ Uma
modelo
caucasiana,
com
idade
entre
25
e
30
anos.
‐ Cabelos
compridos
e
escuros,
com
movimento.
Uma
parte
dele
está
tampando
o
lado
direito
do
rosto.
51
‐ Boca
aberta.
‐ Cenho
franzido.
‐ Braços
abertos.
‐ Dedos
dobrados.
‐ Músculos
do
braço
aparentes.
‐ Ambas
as
pernas
estão
levemente
dobradas
–
a
direita
mais
do
que
a
esquerda.
‐ Não
é
possível
identificar
se
a
modelo
está
usando
calçado.
• Vestimentas
‐ Macacão
jeans
claro,
sem
mangas,
com
os
botões
abertos
até
na
região
dos
seios.
‐ Correntes
penduradas
nas
alças
da
cintura.
‐ Correntes
grandes
com
pingente
no
pescoço.
‐ Pulseiras
em
ambos
os
braços.
b) Relatório
O
cenário
escuro,
com
barras
de
ferro
ao
fundo,
ambienta
que
a
modelo
está
numa
fábrica,
provavelmente
abandonada.
Por
estar
usando
um
macacão
jeans,
é
possível
imaginar
que
ela
seja
uma
das
trabalhadoras
da
fábrica.
O
cenho
franzido
e
a
boca
aberta
trazem
a
sensação
de
que
a
modelo
está
gritando
ou,
de
certa
forma,
expressando
seu
descontentamento
com
algo.
Os
braços
abertos
para
trás
do
corpo
sugerem
que
está
presa
pelos
punhos.
As
correntes
presas
ao
bolso
do
macacão
também
indicam
a
condição
carcerária
da
modelo.
No
entanto,
por
mais
que
esteja
nessa
condição,
ela
não
abre
mão
da
sensualidade.
O
macacão
aberto
até
a
região
dos
seios
e
a
quantidade
de
pulseiras
e
colares
indica
certa
vaidade.
Assim,
é
possível
crer
que
a
intenção
do
anúncio
não
é
identificar
o
público,
já
que
não
se
trata
de
trabalhadores
comuns.
Supõe‐se
que,
na
verdade,
a
idéia
seja
explorar
um
conceito
mais
original,
baseado
em
questões
sociais.
52
3.2.1.3 Diesel (junho)
Figura
14
–
Diesel
Jeans
na
Vogue
Brasil,
junho
2009
Fonte:
VOGUE
BRASIL,
2009
a) Inventário
denotativo
Analisando‐se
o
anúncio,
são
observados
os
seguintes
aspectos
verbais:
• Assinatura
–
“Diesel”
‐ Cor
branca.
‐ Canto
superior
direito.
• Endereços
–
“São
Paulo
Haddock
Lobo,
1573
Iguatemi,
piso
térreo”
/
“Rio
de
Janeiro
Fashion
Mall
/
3º
Piso
Shopping
Leblon,
3º
Piso”
‐ Cor
branca.
‐ Letras
maiúsculas.
‐ Canto
inferior
esquerdo.
• Complemento
–
“For
more
information
call
Diesel
Brasil
11
3065
0707”
‐ Cor
branca.
‐ Letras
minúsculas.
53
‐ Canto
inferior
direito,
na
vertical.
‐ Língua
estrangeira.
‐ Tradução:
para
mais
informações
ligue
Diesel
Brasil
11
3065
0707.
Analisando‐se
o
anúncio,
são
observados
os
seguintes
aspectos
não‐verbais:
• Cores
‐ Foto
em
preto
e
branco.
• Cenário
‐ Espaço
com
tijolos
a
vista,
manchados
de
tinta
branca.
‐ Espaço
escuro
e
aberto,
com
pé
direito
alto.
‐ Chão
de
cimento,
com
poças
de
água.
‐ Uma
das
modelos
está
dentro
de
uma
banheira
antiga.
• Iluminação
‐ Iluminação
mais
forte
vinda
do
lado
direito
da
imagem.
• Modelos
‐ Em
primeiro
plano
é
possível
ver
dois
modelos:
um
homem,
de
25
a
30
anos,
caucasiano.
Uma
mulher,
de
20
a
25
anos,
caucasiana.
‐ Em
segundo
plano,
com
menos
luz
e
foco,
podemos
ver
uma
mulher,
um
homem
e
mais
outros
dois
modelos
em
que
não
se
pode
identificar
o
sexo.
• Vestimentas
‐ Primeiro
modelo
(homem)
–
Olhando
para
baixo.
Cabelo
penteado
com
gel.
Perna
direita
dobrada.
Mão
esquerda
no
bolso.
Braço
esquerdo
suspenso,
mais
à
frente
do
corpo.
Calça
jeans
com
suspensórios.
‐ Segundo
modelo
(mulher)
–
Olhando
para
o
rosto
do
modelo.
Cabelo
liso
e
escuro,
repartido
ao
meio.
Perna
esquerda
dobrada.
Braços
junto
ao
corpo.
Regata
escura,
calça
jeans.
‐ Terceiro
modelo
(mulher)
–
Olhando
para
a
direita,
na
linha
do
horizonte.
Cabelo
molhado.
Está
dentro
de
uma
banheira,
deixando
apenas
o
rosto
à
mostra.
‐ Quarto
modelo
(homem)
–
Em
pé,
mão
próxima
aos
órgãos
genitais.
Calça
jeans
clara.
54
‐ Quinto
modelo
(não
identificado)
–
Sentado
de
costas
para
a
câmera,
porém
com
o
rosto
virado
em
direção
a
ela.
Calça
jeans
clara.
‐ Sexto
modelo
(não
identificado)
–
Em
pé,
de
costas
para
a
câmera.
Perna
direita
dobrada.
Calça
jeans
escura.
‐ A
mulher
está
olhando
para
o
modelo
ao
seu
lado.
A
modelo
dentro
da
banheira
está
ao
lado
direito
deles,
porém
com
a
iluminação
muito
mais
escura.
Os
outros
três
modelos
estão
mais
ao
fundo,
com
menos
iluminação
ainda.
Um
homem
em
pé
e
uma
mulher
sentada
estão
próximos
da
modelo
em
primeiro
plano.
O
modelo
de
costas
está
no
canto
esquerdo
da
peça.
b) Relatório
Por
ser
vazio
e
mal
cuidado,
o
cenário
sugere
um
galpão
ou
uma
fábrica
abandonados.
Os
modelos
estão
pouco
vestidos
e
descalços,
indicando
um
clima
quente.
Além
disso,
uma
modelo
está
dentro
da
banheira
e
outros
dois
estão
pisando
na
poça
de
água
causada
por
ela.
A
composição
do
anúncio
causa
uma
sensação
de
estranhamento
por
não
deixar
clara
qual
é
a
situação
dos
modelos.
A
banheira,
por
exemplo,
não
cumpre
qualquer
papel
aparente
estando
ali.
Por
mais
que
o
anúncio
tenha
vários
personagens,
o
foco
está
apenas
no
homem
e
na
mulher
em
primeiro
plano.
O
olhar
dela
é
de
quem
espera
uma
resposta,
uma
reação;
enquanto
ele
esboça
um
ar
pensativo.
55
3.2.1.4 Diesel (setembro)
Figura
15
–
Diesel
na
Vogue
Brasil,
setembro
2009
Fonte:
VOGUE
BRASIL,
2009
a) Inventário
denotativo
Analisando‐se
o
anúncio,
são
observados
os
seguintes
aspectos
verbais:
• Assinatura
‐
“Diesel”
‐ Em
letras
maiúsculas.
‐ Cor
rosa.
‐ Efeito
em
três
dimensões.
‐ Centralizado
na
superior
da
página
da
direita.
• Texto
‐
“We’re
very
happy
And
we’re
such
a
good
match
We
like
spending
time
together
There’s
nothing
romantic
in
it
But
we
agree
on
one
thing
All
those
bastard
Martians
can
fuck
off
back
to
Mars”
‐ Em
letras
minúsculas.
‐ Cor
branca,
com
sombra
escura.
‐ Abaixo
da
marca,
centralizado
à
direita.
‐ Língua
estrangeira.
56
‐ Tradução:
nós
estamos
muito
felizes
e
nós
estamos
como
um
bom
casamento.
Nós
gostamos
de
estar
juntos.
Não
há
nada
romântico
nisso.
Mas
nós
concordamos
em
uma
coisa.
Todos
esses
marcianos
bastardos
deveriam
voltar
para
Marte.
• Complemento
–
“For
more
information
call
Diesel
Brasil
11
3065
0707”
‐ Cor
branca.
‐ Letras
minúsculas.
‐ Canto
inferior
esquerdo,
na
vertical,
na
página
da
esquerda.
• Complemento
–
“São
Paulo
Haddock
Lobo
1573
–
Iguatemi
Piso
Térreo”
“Rio
de
Janeiro
Fashion
Mall,
3º
Piso
–
Shopping
Leblon,
3º
Piso”
‐ Cor
branca.
‐ Letras
minúsculas.
‐ Canto
inferior
direito,
na
página
da
direita.
Analisando‐se
o
anúncio,
são
observados
os
seguintes
aspectos
não‐verbais:
‐ O
anúncio
possui
margens
no
lado
superior
e
inferior.
Trata‐se
de
uma
tarja
com
uma
escala
de
cores
que
vai
do
verde
ao
amarelo
e
termina
com
tons
de
cinza.
A
escalas
aparecem
invertidas,
um
lado
contrário
ao
outro.
• Cenário
‐ Chão
com
piso
que
forma
desenhos
quadriculados,
azul
e
verde.
‐ Pedaço
de
toalha
rosa
claro.
• Iluminação
‐ Iluminação
estourada.
• Cores
‐ Azul
e
verde
• Modelos
‐ Um
homem
e
uma
mulher.
‐ O
homem
está
deitado,
com
as
pernas
afastadas.
O
enquadramento
corta
o
seu
resto.
‐ A
mulher
está
deitada
perpendicularmente
ao
homem,
deitada
em
seu
peito.
A
modelo
é
loira,
jovem
de
20
a
25
anos.
Está
olhando
para
a
câmera.
O
braço
direito
está
esticado
para
cima,
junto
ao
rosto.
A
perna
direita
está
57
esticada
e
a
direita
está
dobrada.
Boa
entreaberta
e
rosto
caído
para
o
lado
direito.
• Vestimentas
‐ A
mulher
está
com
uma
blusa
sem
mangas,
cor
clara;
calça
jeans
e
tênis
laranja
de
cano
alto.
‐ O
homem
está
com
uma
blusa
cinza,
cinto
branco
com
apliques
de
metal,
calça
jeans,
tênis
e
meia
escuros.
b) Relatório
Verificam‐se
elementos
que
remetem
aos
anos
80,
como
os
tênis
dos
modelos
e
o
piso
com
desenhos
geométricos,
sugerindo
uma
pista
de
dança.
Ainda
seguindo
esse
conceito,
o
logotipo
da
marca
foi
aplicado
em
3D,
na
cor
rosa.
Com
um
enquadramento
bastante
inusitado
–
um
pedaço
da
toalha
de
mesa
e
uma
grande
área
do
chão
–
e
a
iluminação
estourada,
é
possível
observar
que
a
imagem
tem
a
intenção
de
parecer
uma
foto
sem
produção.
A
idéia
parece
ser
a
de
que
uma
pessoa
qualquer
poderia
ter
encontrado
os
dois
corpos
ali
e
resolvido
tirar
uma
foto
para
registrar
o
momento
peculiar.
O
texto,
no
entanto,
estando
na
primeira
pessoa
do
plural,
indica
que
a
pessoa
faz,
na
verdade,
parte
do
mesmo
grupo
de
amigos
dos
modelos
da
foto.
O
toque
humorístico
e
surreal,
que
explica
o
tema
da
campanha
em
si,
fica
por
conta
do
texto,
posicionado
próximo
à
marca.
É
nele
que
se
confirma
que
os
modelos
estão
em
uma
festa
–
we
like
spending
time
together
–,
assim
como
a
idéia
de
que
marcianos
–
all
those
bastard
Martians
–
estiveram
ali.
O
fato
de
os
dois
modelos
estarem
jogados
no
chão
e
o
texto
fazer
referência
a
volta
dos
marcianos,
indica
que
a
presença
de
extraterrestres
ali
não
foi
positiva.
A
linguagem,
bastante
informal
–
bastard
e
fuck
off
–,
indica
o
foco
no
público
jovem.
O
fato
de
terem
usado
uma
língua
estrangeira
no
texto
também
contribui
para
delimitar
o
público
–
homens
e
mulheres
instruídos,
pertencentes
a
uma
classe
social
mais
elevada.
58
3.2.1.5 Miele Denim
Figura
16
–
Miele
Denim
na
Vogue
Brasil,
maio
2009
Fonte:
VOGUE
BRASIL,
2009
a) Inventário
denotativo
Analisando‐se
o
anúncio,
são
observados
os
seguintes
aspectos
verbais:
• Assinatura
–
“Miele
Denim”
‐ Cor
branca.
‐ Canto
superior
direito.
‐ As
duas
palavras
são
separadas
pela
imagem
da
modelo.
• Complemento
–
“Paris
/
Nova
Iorque
/
Miami”
‐ Cor
branca.
‐ Letras
maiúsculas.
‐ Canto
inferior,
centralizado.
‐ Tamanho
médio.
• Complemento
–
“São
Paulo
/
Rio
de
Janeiro
/
Salvador
/
Brasília
/
Curitiba
Londrina
/
Belo
Horizonte”
‐ Cor
branca.
59
‐ Letras
maiúsculas.
‐ Canto
inferior,
centralizado.
‐ Tamanho
pequeno.
Analisando‐se
o
anúncio,
são
observados
os
seguintes
aspectos
não‐verbais:
• Cores
‐ Predomínio
de
cores
escuras.
• Cenário
‐ Fundo
preto.
• Iluminação
‐ Luz
dura.
• Vestimentas
‐ Calça
jeans.
‐ Blusa
branca
de
uma
manga
só,
comprida,
com
aplicação
dourada
no
ombro
esquerdo.
‐ Casaco
de
pele
em
tons
marrons.
• Modelos
‐ Modelo
caucasiana,
com
idade
entre
20
e
25
anos.
‐ Cabelos
loiros
e
ondulados,
repartidos
ao
meio.
‐ Maquiagem
natural.
‐ Olhos
claros.
‐ Boa
entreaberta.
‐ Mão
esquerda
apoiada
na
cintura.
‐ Mão
direita
segurando
o
casaco
de
peles.
b) Relatório
O
uso
de
um
cenário
simples
e
escuro
indica
que
o
foco
está
na
roupa.
Porém,
os
olhos
passeiam
não
pela
calça
jeans,
foco
da
marca
que
se
utiliza
do
nome
“denim”
–
tecido
com
o
qual
se
produz
o
jeans
–,
mas
pela
blusa
clara
que
contrasta
com
o
fundo,
pelos
adornos
dourados
da
blusa
e
pelo
opulente
casaco
de
peles.
Todos
esses
detalhes
servem
para
trazer
um
ar
luxuoso
a
um
produto
tão
comum
quanto
uma
calça
jeans.
60
No
complemento
verbal,
a
diagramação
dos
nomes
das
cidades
em
que
a
marca
possui
lojas
identifica
claramente
uma
superioridade
dos
países
estrangeiros
em
relação
ao
Brasil.
Tal
fato
pode
ser
interpretado
como
uma
tentativa
de
mostrar
o
poder
da
marca,
já
que
está
presente
em
cidades
de
importância
mundial,
ou
pode
até
mesmo
funcionar
como
uma
forma
de
minimizar
o
Brasil
diante
do
mundo
–
já
que
é
sabido
que
o
estilista
da
marca
é
brasileiro
mas
não
vive
no
país.
3.2.1.6 Calvin Klein Jeans (maio)
Figura
17
–
Calvin
Klein
Jeans
Fonte:
VOGUE
BRASIL,
2009
a) Inventário
denotativo
Analisando‐se
o
anúncio,
observa‐se
o
seguinte
aspecto
verbal:
• Assinatura
–
“Calvin
Klein
Jeans”
‐ Cor
branca.
‐ Canto
direito,
no
centro
da
página.
61
Analisando‐se
o
anúncio,
são
observados
os
seguintes
aspectos
não‐verbais:
• Cores
‐ Predomínio
da
cor
azul
(jeans).
• Cenário
‐ Sofá
marrom.
‐ Almofada
cinza.
• Iluminação
‐ Luz
estourada.
‐ Peles
brilhando.
• Modelos
‐ Dois
homens
e
uma
mulher,
caucasianos,
com
idade
entre
20
e
25
anos.
‐ Maquiagem
natural.
‐ Primeiro
modelo
(homem)
–
Gel
no
cabelo.
Olhando
para
baixo.
Camiseta
de
malha
cinza.
‐ Segundo
modelo
(mulher)
–
Cabelo
solto.
Boca
entreaberta.
Olhando
na
linha
do
horizonte.
Calça
jeans
clara,
dobrada
até
a
canela.
Jaqueta
jeans
entreaberta.
‐
Terceiro
modelo
(homem)
–
Gel
no
cabelo.
Olhando
para
o
canto
inferior
esquerdo.
Calça
jeans
rasgada.
Camiseta
de
malha
estampada
e
paletó
claro.
‐ A
mulher
está
deitada
no
colo
de
um
dos
modelos,
que
está
sentado
e
com
as
mãos
apoiadas
nos
bolsos.
A
mulher
está
com
as
pernas
apoiadas
no
sofá,
entreabertas.
Uma
de
suas
mãos
segura
a
perna
do
modelo
no
qual
está
deitada
e
a
outra
segura
a
cabeça
de
outro
modelo,
que
está
encostado
em
seus
quadris.
‐ A
mesma
imagem
se
repete
no
anúncio,
que
está
dividido
em
duas
partes:
a
superior,
em
um
plano
aberto,
e
a
inferior,
em
um
plano
mais
fechado,
que
chega
a
cortar
um
dos
dois
modelos
masculinos.
A
imagem
não
é
nítida,
possui
uma
leve
textura
horizontal.
A
assinatura
da
marca
está
na
divisão
entre
essas
duas
imagens
e
vem
acompanhada
de
“manchas”,
uma
clara
e
outra
rosa,
que
correm
de
um
lado
a
outro
da
página.
O
rodapé
do
anúncio
possui
uma
tarja
cinza
com
textura
horizontal.
62
b) Relatório
3.2.1.7 Calvin Klein Jeans (junho)
Figura
18
–
Calvin
Klein
Jeans
na
Vogue
Brasil,
junho
2009
Fonte:
VOGUE
BRASIL,
2009
a) Inventário
denotativo
Analisando‐se
o
anúncio,
observa‐se
o
seguinte
aspecto
verbal:
63
• Assinatura
–
“Calvin
Klein
Jeans”
‐ Cor
branca.
‐ Canto
direito,
no
centro
da
página.
Analisando‐se
o
anúncio,
são
observados
os
seguintes
aspectos
não‐verbais:
• Cores
‐ Predomínio
de
cores
escuras.
• Cenário
‐ Sofá
marrom.
‐ Parede
clara.
‐ Chão
com
carpete
claro.
‐ Almofada
cinza.
• Iluminação
‐ Luz
estourada.
‐ Peles
brilhando.
• Modelos
‐ Dois
homens
e
três
mulheres,
caucasianos,
com
idade
entre
20
e
25
anos.
‐ Maquiagem
pesada
nas
mulheres.
‐ Primeiro
modelo
(mulher)
–
Olhando
para
um
dos
modelos.
Boca
entreaberta.
Calça
jeans
dobrada
até
a
canela.
‐ Segundo
modelo
(homem)
–
Cabelo
penteado
para
trás,
com
gel.
Olhando
para
uma
das
modelos.
Calça
branca.
‐
Terceiro
modelo
(mulher)
–
Cabelo
sobre
parte
do
rosto.
Olhos
fechados.
Boca
entreaberta.
Camiseta
regata
clara,
dobrada
próxima
dos
seios.
Calça
jeans
clara,
dobrada
até
a
canela.
‐ Quarto
modelo
(homem)
–
Olhos
fechados.
Boca
entreaberta.
Corte
da
imagem
não
revela
sua
roupa.
‐ Quinto
modelo
(mulher)
–
Olhos
fechados.
Boca
entreaberta.
Cabelo
penteado
para
trás.
Camisa
clara.
‐ A
mulher
loira
está
deitada
sobre
um
dos
modelos.
Suas
duas
mãos
estão
segurando
o
rosto
dele
e
suas
pernas
estão
uma
sobre
a
outra.
O
modelo
está
com
uma
perna
sobre
a
base
superior
do
sofá.
A
mão
esquerda
está
64
segurando
a
perna
da
modelo
que
está
embaixo,
deitada
no
chão.
Essa
modelo
está
segurando
a
gola
da
sua
camisa
e
com
as
pernas
entreabertas,
apoiadas
no
sofá.
O
modelo
está
deitado
sobre
a
perna
de
outra
modelo,
que
está
sentada,
apoiando
a
mão
direita
na
perna
dele.
O
outro
braço
está
enlaçado
em
outro
modelo,
que
tem
seu
rosto
colado
no
dela.
‐ A
mesma
imagem
se
repete
no
anúncio,
que
está
dividido
em
duas
partes:
a
superior,
em
um
plano
aberto,
e
a
inferior,
em
um
plano
mais
fechado,
que
chega
revelar
o
chão
com
um
dos
modelos
(mulher).
A
imagem
não
é
nítida,
possui
uma
leve
textura
horizontal.
A
assinatura
da
marca
está
na
divisão
entre
essas
duas
imagens
e
vem
acompanhada
de
uma
mancha
verde,
que
correm
de
um
lado
a
outro
dá
página
e
repete
uma
parte
da
imagem.
O
rodapé
do
anúncio
possui
uma
tarja
cinza
com
textura
horizontal.
b) Relatório
3.2.1.8 Calvin Klein Jeans (agosto)
Figura
19
–
Calvin
Klein
Jeans
na
Vogue
Brasil,
agosto
2009
Fonte:
VOGUE
BRASIL,
2009
a) Inventário
denotativo
Analisando‐se
o
anúncio,
são
observados
os
seguintes
aspectos
verbais:
• Assinatura
–
“Calvin
Klein
Jeans”
‐ Cor
preta.
‐ Lado
esquerdo,
no
centro
da
página.
• Texto
–
“introducing
Body”
‐ Cor
cinza.
‐ Tamanho
médio.
‐
“Body”
tem
o
dobro
do
tamanho
de
“introducing”.
‐ Posicionado
abaixo
do
logotipo.
‐ Língua
estrangeira.
‐ Tradução:
introduzindo
Body.
• Texto
–
“starring
Eva
Mendes
Photographed
by
Steven
Klein
in
Palm
Springs
2009”
66
‐ Cor
cinza.
‐ Tamanho
pequeno.
‐ Abaixo
de
“introducing
Body”.
‐ Ajustado
à
esquerda.
‐ Língua
estrangeira.
‐ Tradução:
estrelando
Eva
Mendes
fotografada
por
Steven
Klein
em
Palm
Springs
2009.
• Complemento
–
“Information
+11
2928
1700”
‐ Cor
cinza.
‐ Tamanho
pequeno.
‐ Letras
maiúsculas.
‐ Canto
superior
esquerdo,
na
vertical.
‐ “Information”
em
negrito.
‐ Língua
estrangeira.
‐ Tradução:
informações
+11
2928
1700.
Analisando‐se
o
anúncio,
são
observados
os
seguintes
aspectos
não‐verbais:
• Cores
‐ Foto
em
preto
e
branco.
• Cenário
‐ Fundo
branco.
• Iluminação
‐ Luz
dura.
• Modelos
‐ Mulher,
de
25
a
30
anos.
‐ Cabelos
escuros
e
molhados.
‐ Parte
do
cabelo
está
sobre
o
rosto.
‐ Olhando
para
a
câmera.
‐ Pele
molhada.
‐ Boca
entreaberta.
‐ Dedos
esticados
e
abertos.
67
O
anúncio
transborda
sensualidade;
não
só
pelo
fato
de
a
modelo
estar
vestida
apenas
com
uma
calça
jeans,
mas
pela
pose
–
de
costas
para
a
câmera
–,
pela
boca
entreaberta
e
pelo
olhar
marcante.
O
corpo
e
o
cabelo
molhados
contribuem
para
a
lascividade
da
cena,
já
que
sugerem
um
exercício
intenso
e
recente
por
parte
da
modelo
que,
devido
ao
contexto,
pode
ser
entendido
como
o
ato
sexual.
Com
as
mãos
esticadas
e
próximas,
junto
à
parede,
em
uma
posição
nada
natural,
a
modelo
causa
a
sensação
de
que
está,
de
certa
forma,
submissa.
Tal
fato
também
contribui
com
o
ar
de
sensualidade
da
imagem.
A
chamada,
“introducing
Body”,
indica
que
se
trata
do
lançamento
de
um
produto,
que
só
poderia
ser
uma
calça
jeans,
pela
assinatura
da
marca
e
o
fato
de
a
modelo
estar
usando
apenas
essa
peça
de
roupa.
Porém,
não
é
possível
identificar
quais
os
diferenciais
do
produto.
O
nome
“body”
pode
estar
ligado
tanto
ao
conceito
de
conforto,
quanto
ao
de
anatomia
e
valorização
do
corpo,
o
que
acaba
fazendo
mais
sentido
quando
se
observa
a
imagem
–
mas
que,
mesmo
assim,
não
interrompe
a
dúvida.
No
complemento
verbal,
a
citação
dos
nomes
da
modelo,
do
fotógrafo
e
do
lugar
em
que
foi
feita
a
foto
indica
que
se
trata
de
nomes
influentes,
o
que
pode
ser
visto
como
uma
intenção
de
trazer
status
para
a
marca.
O
mesmo
acontece
com
o
fato
de
o
texto
estar
em
língua
estrangeira,
que
delimitando
o
nível
social
–
elevado
–
de
seu
público.
68
3.2.2 Festa
Os
anúncios
desta
categoria
se
limitam
apenas
ao
estilista
Carlos
Miele,
que
não
foi
incluído
na
categoria
Estilistas
por
se
diferenciar
como
segmento.
Como
os
dois
anúncios
visivelmente
fazem
parte
de
uma
campanha,
por
serem
muito
parecidos,
foram
analisados
em
conjunto.
3.2.2.1 Carlos Miele (maio)
Figura
20
–
Carlos
Miele
na
Vogue
Brasil,
maio
2009
Fonte:
VOGUE
BRASIL,
2009
69
Figura
21
–
Carlos
Miele
na
Vogue
Brasil,
junho
2009
Fonte:
VOGUE
BRASIL,
2009
a) Inventário
denotativo
Analisando‐se
os
anúncios,
observa‐se
o
seguinte
aspecto
verbal
em
comum:
• Assinatura
‐
“Carlos
Miele”
‐ Em
letras
maiúsculas.
‐ Cor
branca.
‐ Centralizado
na
parte
inferior.
Analisando‐se
o
anúncio,
são
observados
os
seguintes
aspectos
não‐verbais
em
comum:
• Modelos
‐ Duas
mulheres
abraçadas.
‐ Uma
afrodescendente
(lado
esquerdo)
e
outra
caucasiana
(lado
direito),
ambas
com
idade
entre
25
e
30
anos.
70
‐ Cabelos
esvoaçantes.
‐ Braços
enlaçados.
‐ Pernas
dobradas,
com
ambos
os
joelhos
se
encostando.
‐ Expressão
séria.
‐ O
braço
da
mulher
negra
passa
pelo
corpo
da
outra
modelo,
na
região
da
cintura.
• Cenário
‐ Praia
do
Rio
de
Janeiro:
areia,
céu
azul,
montanhas,
prédios,
pessoas.
• Iluminação
‐ Iluminação
das
modelos
é
diferente
do
cenário.
• Vestimentas
‐ Vestidos
de
festa,
esvoaçantes.
‐ Parte
do
vestido
da
mulher
negra
está
passando
por
trás
da
outra
modelo,
na
altura
dos
quadris.
Na
Figura
20
são
observados
os
seguintes
aspectos
não‐verbais:
• Cores
‐ Quentes
(laranja
e
vermelho)
em
primeiro
plano
–
roupas.
‐ Frias
(azul
e
verde)
em
segundo
plano
–
cenário.
• Vestimentas
‐ O
vestido
da
mulher
negra
mistura
um
tecido
com
brilho
com
outro
mais
opaco.
‐ Ambas
as
modelos
estão
usando
grandes
jóias
nos
braços.
Na
Figura
21
são
observados
os
seguintes
aspectos
não‐verbais:
• Cores
‐ Predominância
de
tons
azulados.
• Vestimentas
‐ O
vestido
da
mulher
negra
possui
estampa
em
tons
de
azul
e
branco,
imitando
“pinceladas”.
‐ A
mulher
caucasiana
possui
uma
grande
jóia
em
sua
mão
direita.
71
b) Relatório
Observa‐se
que
a
escolha
de
uma
modelo
negra
e
outra
caucasiana
sugere
que
a
marca
tem
uma
postura
livre
de
preconceitos
raciais.
Ambas
as
modelos
indicam
que
estão
em
posição
de
dança.
Quem
está
visivelmente
no
comando
–
posição
masculina
–,
porém,
é
a
mulher
caucasiana.
Mãos
na
cintura
e
joelhos
próximos
também
indicam
um
ar
de
sensualidade.
A
sugestão
de
um
romance
entre
as
duas
modelos
pode
ser
entendida
como
uma
forma
de
atrair
os
olhos
do
espectador
–
heterossexual
–,
além
de
tentar
uma
possível
identificação
com
o
público
homossexual.
A
utilização
das
cores
quentes
dos
vestidos
sugere
ainda
mais
intensidade
à
situação.
A
iluminação
é
outro
ponto
relevante.
Enquanto
as
modelos
recebem
uma
luz
claramente
artificial,
a
montagem
do
anúncio
sugere
que
estão
ao
ar
livre,
em
uma
praia.
Assim,
é
possível
concluir
que
o
Rio
de
Janeiro,
com
toda
a
sua
famosa
sensualidade,
serve
apenas
como
inspiração
e
cenário
para
a
trama,
indicando
que
os
vestidos
de
festa
não
cabem,
obviamente,
como
roupas
adequadas
para
se
ir
à
praia.
A
escolha
pelo
Rio
de
Janeiro
também
pode
ser
entendida
como
uma
forma
de
o
estilista
brasileiro
Carlos
Miele,
conhecido
em
todo
o
mundo,
identificar
–
e
quem
sabe
homenagear
–
suas
origens.
3.2.3 Casual
Os
anúncios
desta
categoria
se
limitam
apenas
à
Lacoste,
marca
que
não
se
identificou
com
nenhum
outro
segmento
listado.
72
3.2.3.1 Lacoste (abril)
Figura
22
–
Lacoste
na
Vogue
Brasil,
abril
2009
Fonte:
VOGUE
BRASIL,
2009
a) Inventário
denotativo
Analisando‐se
o
anúncio,
são
observados
os
seguintes
aspectos
verbais:
• Slogan
‐
“Un
peu
d'air
sur
terre”
‐ Letras
minúsculas.
‐ Cor
cinza.
‐ Parte
inferior
esquerda,
na
página
da
esquerda.
‐ Língua
estrangeira.
‐ Tradução:
um
pouco
de
ar
na
terra.
• Site
‐
“www.lacoste.com”
‐ Letras
minúsculas.
‐ Cor
cinza.
‐ Parte
inferior
direita,
na
página
da
direita.
Analisando‐se
o
anúncio,
são
observados
os
seguintes
aspectos
não‐verbais:
• Cores
‐ Branco,
cinza
e
amarelo.
73
• Logotipo
–
“Lacoste”
‐ No
canto
superior
direito,
na
página
da
direita.
‐ Cor
cinza.
• Cenário
‐ Fundo
infinito
branco.
• Modelos
‐ Oito
modelos
caucasianos,
com
idade
entre
20
e
30
anos.
‐ A
posição
das
penas
e
mãos
indicam
movimento.
‐ Estão
todos
em
direção
ao
lado
esquerdo.
‐ Alguns
estão
olhando
na
linha
do
horizonte
e
outros
para
o
chão.
‐ Expressão
de
seriedade.
‐ Da
esquerda
para
a
direita,
vemos
um
homem
seguido
por
uma
mulher,
que
é
seguida
por
um
outro
homem
e
assim
sucessivamente.
• Vestimentas
‐ Roupas
para
frio
como
casacos,
coletes,
cachecóis.
‐ Pontos
brancos
nas
roupas
dos
modelos.
‐ Todos
estão
com
sapatos
baixos
e
com
cadarço.
‐ Cada
modelo
possui
ao
menos
algum
elemento
de
cor
amarela.
‐ Primeiro
modelo
(homem)
–
Mão
no
bolso.
Olhando
para
frente.
Camisa
clara,
pulôver
claro,
calça
escura,
meia
amarela
e
sapato
escuro.
‐ Segundo
modelo
(mulher)
–
Mão
no
bolso.
Cabelo
preso
com
coque.
Blusa
de
gola
clara,
luva
clara,
blazer
escuro
com
aplicação
de
bordado,
calça
escura,
meia
amarela
e
sapado
escuro.
‐ Terceiro
modelo
(homem)
–
Cabelo
com
gel
para
trás.
Olhando
para
o
lado
esquerdo
em
direção
ao
chão.
Cachecol
amarelo
(com
movimento
para
frente),
traje
claro
com
lenço
amarelo
no
bolso,
luvas
claras,
meia
amarela
e
sapato
escuro.
‐ Quarto
modelo
(mulher)
–
Braço
esquerdo
dobrado
para
cima,
braço
direito
para
baixo.
Está
acima
dos
outros
modelos.
Olhando
em
direção
ao
horizonte.
Chapéu
claro
na
cabeça,
blusa
clara,
blazer
escuro,
luvas
amarelas,
saia
clara,
meia
calça
amarela
e
sapato
escuro.
74
‐ Quinto
modelo
(homem)
–
Olhando
para
o
lado
esquerdo,
na
linha
do
horizonte.
Mão
no
bolso.
Cachecol
amarelo
(com
movimento
para
trás),
casaco
escuro,
calça
clara,
meia
amarela
e
sapato
escuro.
‐ Sexto
modelo
(mulher)
–
Braço
esquerdo
para
trás,
braço
direito
para
frente.
Chapéu
amarelo
na
cabeça.
Bolsa
clara
na
mão
esquerda.
Blusa
de
gola
clara,
colete
estampado,
calça
escura,
cinto
claro,
meia
amarela
e
sapato
escuro.
‐ Sétimo
modelo
(homem)
–
Braço
direito
para
trás,
mais
afastado
do
corpo.
Cardigan
claro,
calça
escura,
meia
amarela
e
sapato
escuro.
‐ Oitavo
modelo
(mulher)
–
Cabelo
preso
com
um
coque.
Vestido
escuro,
cachecol
amarelo
(com
movimento
para
trás),
luvas
escuras,
meia
calça
amarela
e
sapato
escuro.
b) Relatório
Percebe‐se
que
o
anúncio
traduz
leveza
e
indica
que
se
trata
de
uma
coleção
de
inverno,
não
só
pelas
vestimentas
e
cores
frias,
como
os
pontos
brancos
que
sugerem
neve.
As
cores
frias
sofreram
uma
quebra
com
o
uso
da
uma
cor
quente,
o
amarelo,
presente
em
alguns
elementos
usados
pelos
modelos.
Possivelmente
foi
pensando
para
trazer
mais
movimento
e
descontração
ao
anúncio.
Os
modelos
estão
posicionados
de
forma
estratégica,
todos
de
perfil,
e
em
alturas
diferentes,
formando
uma
imagem
simétrica
onde
a
mulher
ao
centro
é
a
mais
alta.
Ao
se
observar
o
movimento
dos
cachecóis
e
das
roupas,
é
possível
notar
que
o
vento
não
vem
sempre
da
mesma
direção.
Aliado
a
isso,
a
claridade
do
fundo
e
o
fato
de
os
modelos
estarem
voando,
alguns
em
poses
bem
improváveis
como
com
as
mãos
nos
bolsos,
contribuem
para
uma
imagem
onírica,
surreal.
Possivelmente,
é
a
assim
que
a
marca
deseja
ser
vista
por
seus
consumidores.
75
3.2.3.2 Lacoste (setembro)
Figura
23
–
Lacoste
na
Vogue
Brasil,
setembro
2009
Fonte:
VOGUE
BRASIL,
2009
a) Inventário
denotativo
Analisando‐se
o
anúncio,
são
observados
os
seguintes
aspectos
verbais:
• Assinatura
‐
“Un
peu
d'air
sur
terre”
‐ Letras
minúsculas.
‐ Cor
preta.
‐ Levemente
inclinado,
formando
uma
ponte
entre
dois
dos
modelos.
‐ Língua
estrangeira.
‐ Tradução:
um
pouco
de
ar
na
terra.
• Frase
informativa
–
“Disponível
nas
boutiques
Lacoste.
Para
mais
informações,
acesse
www.lacoste.com”
‐ Letras
maiúsculas.
‐ Cor
cinza.
‐ Rodapé,
lado
direito,
abaixo
do
logotipo.
Analisando‐se
o
anúncio,
são
observados
os
seguintes
aspectos
não‐verbais:
• Modelos
‐ Mesma
quantidade
de
homens
e
mulheres,
porém
posicionados
de
forma
desordenada.
76
‐ Todos
caucasianos,
com
idade
entre
25
e
30
anos.
‐ Expressões
de
felicidade,
euforia,
leveza.
‐ Todos
estão
de
pé,
pulando.
‐ Movimento
nas
pernas,
braços,
cabelos.
‐ Alguns
estão
olhando
para
a
câmera
e
outros
não.
• Cores
‐ Predominância
de
tons
pastéis.
• Logotipo
–
“Lacoste”
‐ No
canto
inferior
direito.
‐ Cor
púrpura.
• Cenário
‐ Fundo
infinito
branco.
‐ Ventiladores
antigos,
segurados
pelos
modelos
que
estão
na
extrema
direita
e
esquerda,
em
direção
à
câmera.
• Vestimentas
‐ Roupas
de
verão.
‐ Todas
as
mulheres
usam
a
mesma
sandália.
‐ Todos
os
homens
estão
com
sapatos
marrons,
de
modelos
parecidos.
‐ Primeiro
modelo
(mulher)
–
Olhando
para
a
câmera,
segurando
um
ventilador
na
mão
esquerda.
Faixa
no
cabelo
solto.
Sandália.
Vestido
de
listras
verticais.
Cinto
branco
de
couro.
Não
aparece
a
etiqueta
Lacoste.
‐ Segundo
modelo
(homem)
–
Olhando
para
a
câmera,
abraçando
as
duas
mulheres
ao
seu
lado.
Camisa
pólo
azul
escura
com
etiqueta
Lacoste
aparecendo.
Paletó
e
calça
cáqui.
Sapato
marrom.
‐ Terceiro
modelo
(mulher)
–
Apoiada
no
homem
à
sua
direita.
Boca
aberta,
sorrido.
Camisa
amarrada
na
cintura,
com
top
preto
por
debaixo.
Calça
branca
com
etiqueta
Lacoste
aparecendo.
Sandália.
‐ Quarto
modelo
(mulher)
–
Está
olhando
para
a
direita.
Uma
mão
segura
a
saia
e
a
outra
abraça
o
homem
à
sua
direita.
Blusa
meia‐manga
listrada,
cinto
marrom
e
saia
longa
rosa.
Sandália.
77
3.2.4 Estilistas
Por
possuírem
em
comum
o
fato
de
levarem
o
nome
de
grandes
estilistas,
dos
mais
clássicos
como
Armani,
a
recentes
revelações
como
Marc
Jacobs;
esta
categoria
foi
assim
definida
não
por
representar
um
segmento
específico
de
vestuário,
mas
por
afirmar
em
seu
nome,
ou
marca,
os
poderes
quase
mitológicos
do
estilista.
78
3.2.4.1 Marc Jacobs (março)
Figura
24
–
Marc
Jacobs
na
Vogue
Brasil,
março
2009
Fonte:
VOGUE
BRASIL,
2009
a) Inventário
denotativo
Analisando‐se
o
anúncio,
são
observados
os
seguintes
aspectos
verbais:
• Assinatura
‐
“Marc
Jacobs”
‐ Centralizado
na
página
esquerda.
‐ Cor
preta.
• Endereço
‐
“Rua
Raddock
Lobo
1594
/
Jardins
/
São
Paulo
SP
/
Brasil
/
Tel
55
11
38972600”
‐ Centralizado
na
parte
inferior
da
página
esquerda.
‐ Cor
preta.
‐ Não
há
pontuação
entre
as
informações.
‐ Letras
maiúsculas.
• Site
‐
“www.marcjacobs.com”
‐ Centralizado
na
parte
inferior
da
página
esquerda,
abaixo
do
endereço.
‐ Cor
preta.
‐ Letras
maiúsculas.
79
• Complemento
‐
“Raquel
Zimmermann
photographed
by
Juergen
Teller”
‐ Na
parte
inferior
da
página
direita,
abaixo
da
imagem.
‐ Cor
preta.
‐ Letras
maiúsculas.
‐ Língua
estrangeira.
‐ Tradução:
Raquel
Zimmermann
fotografada
por
Juergen
Teller.
Analisando‐se
o
anúncio,
são
observados
os
seguintes
aspectos
não‐verbais:
‐ A
imagem
está
centralizada
na
página
direita,
com
uma
margem
branca.
• Modelo
‐ Mulher
caucasiana,
loira
e
alta,
com
idade
entre
25
e
30
anos.
‐ Expressões
séria,
lábios
entreabertos.
‐ Olhando
para
a
câmera.
‐ Em
pé,
encostada
em
uma
escada
de
madeira
clara.
‐ Maquiagem
natural.
• Cores
‐ Predominância
de
tons
amarelados.
• Cenário
‐ Pomar.
‐ Árvores
secas
com
frutas
avermelhadas
nos
galhos.
‐ Gramado.
‐ Volume
maior
de
árvores
ao
fundo.
‐ Escada.
‐ Algumas
frutas
maduras
e
folhas
caídas
no
chão.
• Iluminação
‐ Luz
natural.
‐ Dia
nublado.
• Vestimentas
‐ Camisa
clara
de
manga
comprida,
xadrez.
‐ Pulseiras
marrons
no
braço
direito.
‐ Faixa
listrada
na
cintura.
‐ Saia
escura
listrada
com
o
comprimento
até
a
canela.
80
‐ Bolsa
de
mão
na
mão
esquerda.
‐ Sandália
de
salto
alto
marrom
com
tiras.
b) Relatório
A
imagem
tem
a
modelo
ambientada
em
um
pomar
com
árvores
de
galhos
secos,
porém
com
grandes
frutas
maduras.
Mesmo
próxima
de
uma
escada,
a
modelo
indica
que
não
está
ali
para
colher
frutas.
Afinal,
está
elegantemente
apoiada
na
escada,
usando
acessórios
como
pulseiras
e
bolsa
de
mão.
Mesmo
assim,
tanto
pela
sua
roupa
com
inspirações
camponesas,
quanto
pela
ambientação,
é
possível
notar
um
ar
de
simplicidade
no
anúncio,
como
se
o
campo
fosse
algo
chique.
A
legenda,
abaixo
da
imagem,
mostra
que
o
anúncio
se
utiliza
da
fama
dos
modelos
e
do
fotógrafo,
na
intenção
de
trazer
status
para
a
marca.
Além
disso,
por
estar
em
língua
estrangeira,
mostra
que
seu
público
faz
parte
de
um
nível
social
mais
elevado.
Mesmo
com
a
assinatura
na
página
da
esquerda,
pouco
comum
em
anúncios
publicitários,
a
marca
não
passa
despercebida.
Isso
porque
o
olhar
é
diretamente
direcionado
a
ela,
já
que
está
rodeada
por
uma
área
vazia,
sem
informação.
3.2.4.2 Marc
Jacobs
(setembro)
Figura
25
–
Marc
Jacobs
na
Vogue
Brasil,
setembro
2009
Fonte:
VOGUE
BRASIL,
2009
81
a) Inventário
denotativo
Analisando‐se
o
anúncio,
são
observados
os
seguintes
aspectos
verbais:
• Assinatura
‐
“Marc
Jacobs”
‐ Centralizado
na
parte
inferior
da
página
esquerda.
‐ Cor
preta.
• Endereço
‐
“Rua
Raddock
Lobo
1594
/
Jardins
/
São
Paulo
SP
/
Brasil
/
Tel
55
11
38972600
/
www.marcjacobs.com”
‐ Centralizado
na
parte
inferior
da
página
esquerda.
‐ Cor
preta.
‐ Não
há
pontuação
entre
as
informações.
‐ Letras
maiúsculas.
• Complemento
‐
“Irina,
Kamila
and
Olga
photographed
by
Juergen
Teller”
‐ Na
parte
inferior
da
página
direita,
abaixo
da
imagem.
‐ Cor
preta.
‐ Letras
maiúsculas.
‐ Língua
estrangeira.
‐ Tradução:
Irina,
Kamila
and
Olga
fotografadas
por
Juergen
Teller.
Analisando‐se
o
anúncio,
são
observados
os
seguintes
aspectos
não‐verbais:
‐ A
imagem
está
centralizada
na
página
direita,
com
uma
margem
branca.
‐ Tal
imagem
é
composta
por
quatro
imagens
diferentes.
‐ Primeira
imagem
(canto
superior
esquerdo)
• Cores
‐ Rosa
e
marrom.
• Modelos
‐ Apenas
uma
modelo.
‐ Caucasiana,
de
20
a
25
anos,
alta
e
magra.
‐ Maquiagem
pesada.
‐ Luz
estourada
frontal.
‐ Deitada
em
um
sofá.
82
‐ Pernas
abertas.
‐ Uma
mão
segura
a
bolsa
e
a
outra
está
esticada
para
trás.
‐ Olhos
aparentemente
fechados.
‐ Boca
entreaberta.
• Cenário
‐ Sofá
marrom.
‐ Almofadas
rosas,
estampa
que
imita
pêlos
de
animais.
‐ Tapete
com
estampa
floral.
‐ Luminária.
‐ Parede
com
quadro.
‐ Janela
com
cortina
pesada
entreaberta.
‐ Cortina
com
luz
estourada,
parecendo
uma
pintura.
‐ Vê‐se
um
prédio
e
árvores
pela
janela.
• Vestimentas
‐ Vestido
rosa
de
manga
cumprida,
justo
ao
corpo.
‐ Meia‐calça
escura.
‐ Bolsa
preta.
‐ A
segunda
imagem
(canto
superior
direito)
• Cores
‐ Amarelo
e
preto.
• Modelos
‐ Apenas
uma
modelo.
‐ Caucasiana,
de
20
a
30
anos,
alta
e
magra.
‐ Maquiagem
para
realçar
a
pele
clara,
sombra
azul.
‐ Boca
entreaberta.
• Vestimentas
‐ Blusa
amarela
estampada.
‐ Casado
amarelo
liso.
‐ Colar.
‐ Pano
preto
amarrado
na
cabeça.
‐ Segurando
uma
bolsa
preta
com
um
cadeado
dourado
pendurado.
83
• Cenário
‐ Escuro.
‐ Grafitti
ao
fundo.
‐ Terceira
imagem
(canto
inferior
esquerdo)
• Cores
‐ Azul
e
púrpura.
• Modelos
‐ Apenas
uma
modelo.
‐ Caucasiana,
de
20
a
25
anos,
alta
e
magra.
‐ Maquiagem
para
realçar
a
pele
clara,
sombra
escura.
‐ Mãos
na
cintura.
‐ Pernas
abertas.
‐ Cabelo
solto
e
volumoso.
• Cenário
‐ Rua
suja.
‐ Limusine
preta
estacionada.
‐ Bolsa
em
cima
da
limusine.
‐ Prédio
e
árvore
ao
fundo.
• Vestimentas
‐ Calça
púrpura
larga
nos
quadris
e
justa
na
perna.
‐ Cinto
preto.
‐ Blusa
de
cetim
estilo
espartilho
com
volume
no
decote.
‐ Bolsa
pequena,
cor
púrpura.
‐ Quarta
imagem
(canto
inferior
direito)
• Cores
‐ Rosa,
marfim,
marrom.
• Cenário
‐ Cama
com
roupa
de
cama
clara
e
bordada.
‐ Almofadas
rosas.
‐ Cortina
clara.
84
‐ Pintura
aquarelada
ao
fundo.
• Modelos
‐ Apenas
uma
modelo.
‐ Caucasiana,
de
20
a
25
anos,
alta
e
magra.
‐ Maquiagem
para
realçar
a
pele
clara,
sombra
escura,
batom
rosa.
‐ Uma
mão
sobre
o
quadril
e
a
outra
apoiada
nos
travesseiros,
próxima
ao
rosto.
‐ Pernas
cruzadas,
deixando
a
região
dos
quadris
à
mostra.
‐ Cabelo
preso
com
franja
volumosa.
• Vestimentas
‐ Meia‐calça
preta.
‐ Bota
preta
até
os
joelhos.
‐ Blusa
estampada
de
manga
comprida.
‐ Brincos
grandes
e
escuros.
‐ Bolsa
pequena
preta.
b) Relatório
Mesmo
a
assinatura
estando
na
página
da
esquerda,
fato
bastante
incomum
em
anúncios
publicitários,
a
marca
não
passa
despercebida.
Isso
porque
o
olhar
é
diretamente
direcionado
à
ela,
já
que
está
rodeada
por
uma
área
vazia,
sem
informação.
Na
página
da
esquerda,
diferentes
ambientes,
poses
e
modelos,
diagramados
todos
na
mesma
página,
causam
um
ar
de
editorial
de
moda
ao
anúncio.
Maquiagens,
poses
e
cabelos
extravagantes
indicam
que
se
trata
de
uma
marca
nada
tradicional.
O
fato
de,
em
todas
as
imagens,
as
mulheres
estarem
sozinhas,
pode
ser
traduzido
como
um
desejo
da
marca
em
chamar
a
atenção
de
mulheres
solteiras,
economicamente
independentes.
A
legenda,
abaixo
da
imagem,
indica
que
o
anúncio
se
utiliza
da
fama
dos
modelos
e
do
fotógrafo,
na
intenção
de
trazer
status
para
a
marca.
Além
disso,
por
estar
em
língua
estrangeira,
afirma
que
seu
público
faz
parte
de
um
nível
social
mais
elevado.
85
3.2.4.3 Calvin Klein (março)
Figura
26
–
Calvin
Klein
na
Vogue
Brasil,
março
2009
Fonte:
VOGUE
BRASIL,
2009
a) Inventário
denotativo
Analisando‐se
o
anúncio,
são
observados
os
seguintes
aspectos
verbais:
• Assinatura
‐
“Calvin
Klein
collection”
‐ Cor
preta.
‐ Página
direita,
centralizado
à
esquerda.
‐ “Calvin
Klein”
é,
aproximadamente,
três
vezes
maior
que
“collection”.
‐ “Collection”
em
letra
minúscula,
centralizado
abaixo
de
“Calvin
Klein”.
‐ Língua
estrangeira.
‐ Tradução:
coleção
Calvin
Klein.
• Complementos
–
“Daslu,
São
Paulo”
e
“calvinklein.com”
‐ Letras
minúsculas.
‐ Cor
cinza.
‐ Página
esquerda,
canto
inferior
direito.
‐ As
duas
informações
possuem
a
mesma
fonte,
porém
“Daslu,
São
Paulo”
é
menor
do
que
“calvinklein.com”.
‐ O
site
aparece
abreviado,
sem
a
informação
“www”.
86
• Complemento
–
“For
information
+11
3841
4022”
‐ Letras
maiúsculas.
‐ Cor
cinza.
‐ Página
esquerda,
canto
superior
direito,
na
vertical.
‐ “For
information”
em
negrito.
‐ Língua
estrangeira.
‐ Tradução:
para
informações
+11
3841
4022.
Analisando‐se
o
anúncio,
são
observados
os
seguintes
aspectos
não‐verbais:
• Modelos
‐ Apenas
uma
modelo.
‐ Caucasiana,
de
20
a
25
anos,
alta
e
magra.
‐ A
modelo
se
repete
em
poses
diferentes
nas
páginas.
‐ Maquiagem
suave.
‐ Luz
estourada
frontal.
‐ Cabelos
com
movimento,
porém
artificial.
‐ Olhar
distante,
na
linha
do
horizonte.
‐ As
imagens
da
modelo
estão
posicionadas
uma
de
“frente”
para
a
outra.
‐ Os
braços
indicam
movimento.
‐ Falta
de
expressividade
no
rosto.
• Cores
‐ Foto
em
preto
e
branco.
• Cenário
‐ Fundo
infinito
branco.
• Vestimentas
‐ Vestidos
claros
e
armados/geométricos.
b) Relatório
O
excesso
de
luz
na
imagem
com
grande
área
de
cor
branca
pode
ser
explicado
como
uma
necessidade
de
intensificar
a
fragilidade
presente
no
biotipo,
no
olhar
distante
e
nas
posições
quase
robóticas
da
modelo,
que
mais
parece
uma
boneca.
A
luz
também
faz
87
com
que
as
roupas,
volumosas
e
geométricas,
pareçam
ser
feitas
de
um
origami
papel.
O
uso
repetido
da
imagem
da
modelo,
uma
de
frente
para
a
outra,
porém
não
interagindo
ou
se
olhando,
contribui
para
a
idéia
de
irrealidade.
Dessa
forma,
o
anúncio
traduz
uma
sensação
de
surrealismo
com
toques
futuristas,
porém
delicados.
3.2.4.4 Calvin
Klein
(setembro)
Figura
27
–
Calvin
Klein
na
Vogue
Brasil,
setembro
2009
Fonte:
VOGUE
BRASIL,
2009
a) Inventário
denotativo
Analisando‐se
o
anúncio,
são
observados
os
seguintes
aspectos
verbais:
• Assinatura
‐
“Calvin
Klein
collection”
‐ Cor
preta.
‐ Canto
inferior
direito,
na
página
da
direita.
‐ “Calvin
Klein”
é,
aproximadamente,
três
vezes
maior
que
“collection”.
‐ “Collection”
em
letra
minúscula,
centralizado
abaixo
de
“Calvin
Klein”.
‐ Língua
estrangeira.
‐ Tradução:
coleção
Calvin
Klein.
• Complementos
–
“Daslu,
São
Paulo”
e
“calvinklein.com”
88
‐ Cor
cinza.
‐ Canto
inferior
esquerdo,
na
página
da
esquerda.
‐ As
duas
informações
possuem
a
mesma
fonte,
porém
“Daslu,
São
Paulo”
é
menor
do
que
“calvinklein.com”.
‐ O
site
aparece
abreviado,
sem
a
informação
“www”.
• Complemento
–
“For
information
+11
3841
4022”
‐ Letras
maiúsculas.
‐ Cor
cinza.
‐ Página
esquerda,
canto
superior
direito,
na
vertical.
‐ “For
information”
em
negrito.
‐ Língua
estrangeira.
‐ Tradução:
para
informações
+11
3841
4022.
Analisando‐se
o
anúncio,
são
observados
os
seguintes
aspectos
não‐verbais:
‐ Há
duas
imagens,
uma
em
cada
página.
‐ As
imagens
estão
emolduradas
por
uma
margem,
que
não
é
simétrica.
As
margens
que
ficam
ao
centro
da
página
são
duas
vezes
maiores
que
as
do
lado
externo
da
página.
As
margens
do
lado
superior
são
levemente
menores
que
as
do
canto
inferior.
• Cores
‐ Foto
em
preto
e
banco.
• Iluminação
‐ Luz
natural.
• Cenário
‐ Porta
manchada
com
tela
rasgada.
• Modelos
‐ Apenas
uma
modelo,
que
se
repete
nas
duas
imagens.
‐ Mulher,
caucasiana,
de
20
a
25
anos.
‐ Cabelos
claros
e
compridos,
penteados
para
trás
e
parcialmente
presos.
‐ Maquiagem
natural.
‐ Primeira
imagem
(página
da
esquerda)
89
• Vestimentas
‐ Sem
brincos.
‐ Roupa
escura,
com
golas
amplas
que
se
cruzam
na
região
do
peito.
• Modelo
‐ De
frente
para
câmera,
levemente
inclinada
para
o
lado
esquerdo.
‐ Boca
levemente
entreaberta.
‐ Rosto
levemente
inclinado
para
baixo.
‐ Olhando
na
linha
do
horizonte.
‐ Expressão
séria.
‐ Segunda
imagem
(página
da
direita)
• Vestimentas
‐ Blusa
e
saia
escuras,
com
a
mesma
textura
rasgada.
‐ Tecido
cintilante,
com
caimento.
‐ Blusa
larga,
de
um
ombro
só,
com
pontas.
‐ Saia
de
cintura
alta,
ampla.
• Modelo
‐ De
perfil
para
a
câmera.
‐ Boca
entreaberta.
‐ Olhando
na
linha
do
horizonte.
‐ Perna
direita
inclinada
para
frente.
‐ Braço
direito
para
trás,
reto
com
os
ombros.
Antebraço
dobrado,
segurando
uma
mecha
de
cabelos.
‐ Braço
esquerdo
dobrado
próximo
ao
rosto,
com
mão
apoiada
na
parte
de
trás
da
cabeça.
b) Relatório
As
largas
margens
utilizadas
no
anúncio
contribuem
para
a
sensação
de
harmonia,
contrastando
com
os
tons
escuros
da
imagem.
O
jogo
de
imagens,
uma
em
plano
aberto
e
outra
em
plano
fechado,
procura
uma
continuidade,
causando
a
impressão
de
que
as
imagens
formam
uma
cena.
No
90
entanto,
o
fato
de
a
modelo
estar
em
uma
das
imagens
com
um
casaco
pesado
e
fechado
e,
em
outra,
com
um
vestido
sem
mangas,
causa
certo
estranhamento
a
ponto
de
não
permitir
identificar
se
é
uma
coleção
de
verão
ou
de
inverno.
O
cenário
identifica
que
se
trata
de
um
lugar
rústico,
provavelmente
uma
casa
de
campo.
A
modelo
também
está
com
uma
maquiagem
básica
e
o
cabelo
preso
de
forma
simples,
fazendo
com
que
as
roupas
se
destaquem.
3.2.4.5 Giorgio Armani
Figura
28
–
Giorgio
Armani
na
Vogue
Brasil,
junho
2009
Fonte:
VOGUE
BRASIL,
2009
a) Inventário
denotativo
Analisando‐se
o
anúncio,
são
observados
os
seguintes
aspectos
verbais:
• Assinatura
‐
“Giorgio
Armani”
‐ Cor
branca.
‐ Letras
maiúsculas,
serifadas.
‐ Parte
inferior,
ao
centro.
‐ Entre
a
imagem
e
a
borda.
‐ Repetido
nas
duas
páginas.
91
• Endereço
‐
“São
Paulo
–
Rua
Bela
Cintra,
2.093
/
Tel.
(11)
3323‐3530
–
Shopping
Cidade
Jardim
/
Tel.
(11)
3323‐3535”
‐ Abaixo
da
imagem,
na
página
da
direita.
‐ Cor
cinza.
‐ Letras
maiúsculas.
‐ Tamanho
médio.
• Complemento
‐
“www.giorgioarmani.com”
‐ Na
parte
superior
esquerda
da
imagem,
página
esquerda,
na
vertical.
‐ Cor
branca.
‐ Letras
maiúsculas.
‐ Tamanho
pequeno.
Analisando‐se
o
anúncio,
são
observados
os
seguintes
aspectos
não‐verbais:
‐ As
imagens
estão
centralizadas
nas
páginas,
com
uma
margem
branca.
‐ Ambas
as
imagens
estão
desfocadas.
• Cores
‐ Foto
em
preto
e
banco.
• Iluminação
‐ Luz
difusa.
‐ Sombras
ao
fundo.
• Cenário
‐ Fundo
claro.
• Modelos
‐ Apenas
um
modelo,
que
se
repete
nas
duas
imagens.
‐ Mulher,
caucasiana,
de
20
a
25
anos.
‐ Cabelos
claros
e
curtos,
corte
reto,
penteado
para
trás.
‐ Maquiagem
pesada.
‐ Primeira
imagem
(página
da
esquerda)
• Vestimentas
‐ Brincos
grandes,
geométricos.
‐ Talleuir
escuro.
92
‐ Calça
de
tecido,
clara.
‐ Bolsa
texturizada,
escura
e
grande.
• Modelo
‐ De
perfil
para
a
câmera.
‐ Olhando
para
frente,
com
a
cabeça
levemente
inclinada
para
baixo.
‐ Perna
esquerda
para
trás,
reta.
‐ Perna
direita
para
frente,
dobrada.
‐ Braço
esquerdo
não
aparece.
‐ Braço
direito
afastado
do
corpo,
dobrado
para
trás,
segurando
a
bolsa.
‐ Segunda
imagem
(página
da
direita)
• Vestimentas
‐ Colar
grande,
com
pedras.
‐ Vestido
de
babados,
claro
–
só
é
possível
ver
a
parte
frontal.
‐ Casaco
escuro,
fechado
até
o
pescoço
e
aberto
a
partir
da
cintura
por
um
zíper.
Mangas
dobradas
até
metade
do
braço
revelam
forro
com
estampa
listrada.
‐ Pulseira
grande
e
escura
no
braço
direito.
‐ Bolsa
grande,
com
textura
de
listras
verticais,
aparecendo
a
etiqueta
da
marca.
• Modelo
‐ De
frente
e
olhando
para
a
câmera.
‐ Boca
levemente
entreaberta.
‐ Mãos
na
cintura,
corpo
levemente
inclinado
para
frente.
‐ Braço
esquerdo
segura
a
bolsa.
b) Relatório
As
margens
utilizadas
no
anúncio
servem
para
trazer
leveza
e
refinamento
à
peça,
além
de
contrastar
com
os
tons
escuros
da
imagem.
A
repetição
do
logotipo,
no
rodapé
das
duas
páginas,
foi
capaz
de
dar
mais
peso
à
marca
e
simetria
ao
anúncio.
93
O
jogo
de
imagens,
ambas
no
mesmo
plano,
procura
uma
continuidade,
causando
a
impressão
de
que
as
imagens
formam
uma
cena.
A
imagem
desfocada,
junto
às
sombras
ao
fundo,
sugerem
movimento.
Essa
proposta
se
repete
nas
poses
da
modelo
que,
ao
mesmo
tempo
em
que
lembram
cenas
tradicionais
de
desfiles,
também
remetem
a
uma
mulher
contemporânea
e
atarefada
–
em
especial
pelo
uso
de
bolsas
relativamente
grandes.
A
maquiagem
pesada,
os
acessórios
geométricos
e
a
imagem
desfocada,
além
do
cabelo
curto,
com
cor
extremamente
clara
e
corte
reto,
contribuem
para
um
ar
futurístico
e
surrealista.
3.2.4.6 D&G
Figura
29
–
D&G
na
Vogue
Brasil,
setembro
2009
Fonte:
VOGUE
BRASIL,
2009
a) Inventário
denotativo
Analisando‐se
o
anúncio,
são
observados
os
seguintes
aspectos
verbais:
• Assinatura
‐
“D&G”
‐ Cor
branca/transparente.
‐ Letras
maiúsculas.
94
‐ A
letra
“&”
possui
metade
do
tamanho
das
outras
letras.
‐ Canto
inferior
direito,
na
página
da
direita.
‐ Abreviação
do
nome
Dolce
&
Gabbana.
• Complemento
–
“Shopping
Iguatemi
/
Piso
Superior
/
Av.
Brigadeiro
Faria
Lima,
2232
/
Tel.
(11)
3323‐3560
/
dolcegabbana.it”
‐ Cor
branca.
‐ Letras
maiúsculas.
‐ Canto
inferior
esquerdo,
página
da
esquerda.
‐ Alinhado
à
esquerda.
Analisando‐se
o
anúncio,
são
observados
os
seguintes
aspectos
não‐verbais:
• Cores
‐ Verde,
azul,
roxo.
• Cenário
‐ Sala.
‐ Tapete
verde
estampado.
‐ Parede
verde
com
detalhes
em
alto‐relevo
e
adornos
dourados.
‐ Lustre
com
imitações
de
velas.
‐ Estantes
com
livros
antigos,
aproximadamente
do
mesmo
tamanho,
em
cores
escuras
e
dourado.
‐ Próximo
ao
centro
da
página
é
possível
ver
um
quadro
dourado,
com
a
imagem
de
uma
família
trabalhadora.
‐ Sofá
antigo
e
estampado,
cor
caramelo,
com
detalhes
dourados.
‐ Cadeira
antiga
estampada,
cor
vermelha,
com
detalhes
dourados.
‐ Manto
de
cetim
verde
claro
sobre
o
sofá
e
sobre
a
cadeira.
• Modelos
‐ Cinco
mulheres,
caucasianas,
com
idade
entre
25
e
30
anos.
‐ Todas
usam
batom
vermelho.
‐ Todas
usam
o
cabelo
curto
ou
preto,
repartido
para
o
lado.
‐ Todas
estão
olhando
para
a
câmera.
‐ Primeira
mulher
(página
da
esquerda)
95
• Vestimentas
‐ Lenço
vermelho
e
preto
amarrado
no
pescoço.
‐ Blusa
de
malha
branca,
estampada,
onde
são
visíveis
as
palavras
“teatro”
e
“ópera”.
‐ Cinto
preto
com
fivela
dourada.
‐ Casaco
sobreposto
sobre
os
ombros,
azul
com
detalhes
vermelhos
nas
mangas,
parecendo
flechas.
‐ Calça
azul
de
alfaiataria.
‐ Sapato
vermelho
meia‐pata,
cruzado
na
parte
da
frente
dos
pés.
• Modelo
‐ De
frente
para
a
câmera,
com
o
corpo
levemente
inclinado
para
a
esquerda.
‐ Cabeça
levemente
inclinada
para
baixo.
‐ Mão
esquerda
junto
ao
corpo,
próxima
à
coxa
esquerda.
‐ Mão
direita
no
bolso
direito.
‐ Segunda
mulher
(página
da
esquerda)
• Vestimentas
‐ Blusa
de
cetim
roxa,
com
mangas
armadas,
finalizadas
com
tecido
dourado.
Mistura
de
tecidos
e
pedras
forma
detalhe
da
gola.
‐ Corda
roxa
amarrada
na
cintura.
‐ Saia
armada
de
cetim,
azul
escura,
com
pedras
roxas
bordadas,
franzindo
o
tecido.
‐ Meia
calça
cinza.
• Modelo
‐ De
frente
para
a
câmera,
com
o
corpo
levemente
inclinado
para
a
esquerda.
‐ Mãos
para
trás
do
corpo.
‐ Perna
da
direita
dobrada,
sobrepondo
parte
da
perna
esquerda.
‐ Terceira
mulher
(página
da
esquerda)
• Vestimentas
‐ Vestido
roxo,
decotado
até
os
ombros.
Mangas
bufantes,
flores
em
cada
lado
do
decote.
96
‐ Corda
roxa
amarrada
na
cintura.
‐ Pulseira
na
mão
direita.
‐ Bolsa
preta
pendurada
na
mão
esquerda,
com
alça
de
corrente
dourada
e
fecho
frontal
dourado.
‐ Sapato
preto
com
detalhes
dourados
na
meia‐pata.
‐ Meia‐calça
preta
com
pontos
brancos.
• Modelo
‐ De
frente
para
a
câmera,
com
o
corpo
levemente
inclinado
para
a
esquerda.
‐ Pernas
afastadas.
‐ Perna
direita
dobrada
para
trás.
‐ Mão
direita
apoiada
sobre
o
braço
do
sofá.
‐ Mão
esquerda
apoiada
sobre
a
perna
esquerda.
‐ Boca
entreaberta.
‐ Quarta
mulher
(página
da
direita)
• Vestimentas
‐ Calça
azul.
‐ Bolsa
com
alça
de
corrente
dourada,
com
aplicações
de
pedras
vermelhas
e
azuis,
e
fecho
frontal
dourado.
‐ Blusa
mistura
tecido
transparente
preto
com
tecidos
de
cetim
azul
e
roxo
nas
alças.
Ombro
direito
com
“flor”
que
mistura
marfim,
rosa
e
azul,
e
miolo
dourado.
• Modelo
‐ De
frente
para
a
câmera,
com
o
corpo
levemente
inclinado
para
a
esquerda.
‐ Pernas
afastadas.
‐ Perna
direita
levemente
dobrada.
‐ Rosto
levemente
virado
para
a
direita.
‐ Mão
direita
na
cintura.
‐ Mão
esquerda
junto
ao
corpo,
apoiada
na
perna
esquerda.
‐ Quinta
mulher
(página
da
direita)
• Vestimentas
97
‐ Calça
azul
de
alfaiataria
com
listra
de
cetim
na
lateral.
‐ Casaco
azul
com
arabescos
no
peito,
bolsos
com
botões
dourados
e
detalhes
vermelhos
nas
golas,
na
abertura,
e
nas
mangas,
parecendo
flechas.
‐ Sapato
vermelho
meia‐pata,
cruzado
na
parte
da
frente
dos
pés.
• Modelo
‐ Sentada
de
perfil
para
a
câmera,
com
o
corpo
para
o
lado
esquerdo.
‐ Roso
virado
de
frente
para
a
câmera,
levemente
caído
para
o
lado
direito.
‐ Braço
direito
apoiado
sobre
o
braço
da
cadeira.
‐ Braço
esquerdo
caído,
junto
ao
manto
de
cetim.
‐ Perna
direita
dobrada.
‐ Perna
esquerda
mais
esticada,
também
dobrada.
b) Relatório
Tons
sóbrios
e
fortes
e
o
ambiente
fechado
indicam
que
se
trata
de
uma
coleção
de
inverno.
O
ar
clássico
e
monárquico,
possivelmente
inspirado
nos
séculos
XVIII
ou
XIX,
se
faz
presente
nos
móveis
antigos
e
na
expressão
séria
das
modelos.
Os
livros
na
estante
indicam
um
grau
de
erudição,
acompanhado
das
jaquetas
de
exército
que
afirmam
poder
social.
A
opulência
não
está
presente
apenas
no
cenário,
mas
também
nas
roupas
e
na
maquiagem
das
modelos.
Tecidos
finos
e
cintilantes,
além
dos
batons
vermelhos
e
cabelos
impecáveis,
indicam
que
as
modelos
estão
preparadas
para
uma
festa.
Roupas
pesadas,
amarradas
com
cordas,
mangas
bufantes
e
um
cartaz
de
teatro
estampado
na
blusa
de
uma
das
modelos
sugerem
que
essa
grande
festa
possa
ser
uma
ópera.
98
3.2.4.7 Gucci
Figura
30
–
Gucci
na
Vogue
Brasil,
setembro
2009
Fonte:
VOGUE
BRASIL,
2009
a) Inventário
denotativo
Analisando‐se
o
anúncio,
são
observados
os
seguintes
aspectos
verbais:
• Assinatura
‐
“Gucci”
‐ Cor
branca.
‐ Letras
maiúsculas,
serifadas.
‐ Parte
inferior,
ao
centro
da
página
da
esquerda.
‐ Tamanho
grande.
• Complemento
‐
“gucci.com”
‐ Canto
superior
direito,
na
página
da
direita,
na
vertical.
‐ Cor
cinza
escuro.
‐ Letras
minúsculas.
‐ Tamanho
pequeno.
‐ Abreviado,
sem
a
informação
“www”.
Analisando‐se
o
anúncio,
são
observados
os
seguintes
aspectos
não‐verbais:
• Cores
99
‐ Preto,
branco
e
azul.
• Cenário
‐ Fundo
branco.
‐ Chão
preto,
cintilante,
formando
várias
placas
com
níveis
diferentes.
• Modelos
‐ Dez
modelos
caucasianos,
com
idades
entre
20
e
30
anos.
‐ Estão
posicionados
de
forma
desordenada,
fazendo
poses
diferentes.
‐ Três
deles
estão
mais
à
frente,
outros
seis
mais
atrás,
e
um
mais
ao
fundo.
‐ Primeiro
modelo
(mulher,
página
da
esquerda)
• Vestimentas
‐ Não
é
possível
identificar.
• Modelo
‐ De
perfil
para
a
câmera.
‐ Cabelos
claros,
lisos.
‐ Unhas
com
esmalte
preto.
‐ Braço
esquerdo
levantado
na
altura
dos
ombros,
antebraço
esticado,
punho
virado.
‐ Segundo
modelo
(mulher,
página
da
esquerda)
• Vestimentas
‐ Jaqueta
cintilante
escura.
‐ Camisa
com
gola
azul.
‐ Correntes
no
pescoço.
‐ Calça
com
o
mesmo
material
da
jaqueta.
• Modelo
‐ Loira
de
cabelos
curtos,
com
franja.
‐ Boca
entreaberta.
‐ Olhando
para
a
câmera.
‐ Corpo
inclinado
para
a
frente,
mão
apoiadas
nos
joelhos.
‐ Rosto
levemente
virado
para
a
direita.
100
‐ Terceiro
modelo
(mulher,
página
da
esquerda)
• Vestimentas
‐ Casaco
de
peles
azul.
‐ Calça
escura.
‐ Bolsa
preta,
de
couro.
• Modelo
‐ Loira,
cabelos
penteados
para
trás.
‐ Pernas
abertas.
‐ Mão
direita
apoiada
no
joelho
esquerdo.
‐ Mão
esquerda
no
pescoço.
‐ Olhando
para
a
esquerda,
na
linha
do
horizonte.
‐ Quarto
modelo
(mulher,
página
da
esquerda)
• Vestimentas
‐ Calça
preta.
‐ Sapato
preto
de
salto
alto.
‐ Blusa
de
paetês
prateada.
‐ Casado
preto
de
um
ombro
só,
de
manga
comprida.
‐ Cinto
preto
na
cintura.
• Modelo
‐ Está
desfocada.
‐ Morena,
cabelos
lisos
e
compridos,
com
franja.
‐ Pernas
afastadas,
direita
dobrada.
‐ Braços
junto
ao
corpo.
‐ Mão
direita
próxima
à
parte
interna
da
perna
direita.
‐ Olhando
para
a
câmera.
‐ Quinto
modelo
(homem,
página
da
esquerda)
• Vestimentas
‐ Calça
preta
de
couro.
‐ Jaqueta
preta
de
couro,
aberta,
com
as
mangas
puxadas
até
os
cotovelos.
‐ Corrente
preta
no
pescoço.
101
• Modelo
‐ Em
pé,
olhando
para
a
câmera.
‐ Cabelos
claros
e
lisos,
até
os
ombros.
‐ Cintura
curvada
para
o
lado
direito.
‐ Braço
direito
levantado,
mão
com
o
dedo
indicador
saliente.
‐ Piercing
no
mamilo
esquerdo.
‐ Sexto
modelo
(mulher,
página
da
esquerda)
• Vestimentas
‐ Blusa/vestido
de
paetês,
azul
com
manchas
pretas
e
gola
de
couro
preta.
• Modelo
‐ Loira,
cabelos
médios
e
lisos.
‐ Boca
entreaberta.
‐ Olhando
para
a
câmera.
‐ Rosto
levemente
inclinado
para
baixo.
‐ Mãos
junto
ao
corpo.
‐ Sétimo
modelo
(mulher,
página
da
direita)
• Vestimentas
‐ Calça
preta.
‐ Sapatos
pretos,
de
salto
alto.
‐ Blusa
preta
de
mangas
compridas,
com
comprimento
na
região
dos
quadris.
‐ Bolsa
preta
com
alça
de
corrente,
pendurada
no
ombro
direito.
• Modelo
‐ Loira,
cabelos
compridos
e
lisos.
‐ Corpo
de
perfil,
rosto
virado
para
a
câmera.
‐ Pernas
com
os
joelhos
dobrados.
‐ Olhando
para
a
câmera.
‐ Boca
entreaberta.
‐ Mão
direita
segurando
a
parte
inferior
da
bolsa.
‐ Oitavo
modelo
(mulher,
página
da
direita)
• Vestimentas
102
‐ Calça
escura
com
textura.
‐ Blusa
preta
decotada,
com
apliques
metalizados.
‐ Jaqueta
preta
cintilante.
‐ Bolsa
preta
grande,
furta‐cor,
pendurada
no
ombro
esquerdo.
• Modelo
‐ Ruiva,
de
cabelos
compridos,
com
franja.
‐ De
frente
para
a
câmera.
‐ Maquiagem
pesada.
‐ Boca
entreaberta.
‐ Corpo
inclinado
para
frente,
joelhos
dobrados.
‐ Mão
direita
segurando
a
jaqueta.
‐ Mão
esquerda
segurando
a
alça
da
bolsa.
‐ Anéis
na
mão
direita.
‐ Nono
modelo
(mulher,
página
da
direita)
• Vestimentas
‐ Blusa
preta
de
manga
comprida,
um
ombro
só.
• Modelo
‐ Ruiva,
de
cabelos
curtos,
franja
na
frente
dos
olhos.
‐ De
perfil
para
a
câmera.
‐ Boca
entreaberta.
‐ Tatuagens
no
punho
e
no
braço.
‐ Esmalte
preto.
‐ Anéis
na
mão
direita.
‐ Braço
direito
dobrado,
palma
da
mão
para
cima,
dedos
esticados.
‐ Corpo
curvado
para
o
lado
esquerdo.
‐ Décimo
modelo
(mulher,
página
da
direita)
• Vestimentas
‐ Macacão
preto
brilhante,
tomara
que
caia.
• Modelo
‐ Morena,
de
cabelos
lisos,
com
franja.
103
‐ Sentada,
de
perfil
para
a
câmera.
‐ Olhando
para
o
lado
esquerdo.
‐ Braço
direito
junto
ao
corpo.
‐ Braço
esquerdo
próximo
ao
joelho
direito.
‐ Boa
entreaberta.
b) Relatório
O
ambiente
fechado,
junto
com
as
roupas
de
couro
e
peles,
indicam
que
se
trata
de
uma
coleção
de
inverno.
Brilhos,
calças
justas
e
metais
afirmam
a
inspiração
no
tema
rock
and
roll,
porém
mais
dançante
e
com
mais
glamour.
O
cenário,
com
um
chão
reluzente
e
de
vários
níveis,
lembra
nitidamente
as
pistas
de
dança.
Isso
se
confirma
na
expressão
e
nas
poses
dos
modelos,
que
posam
para
a
foto
com
certo
descaso.
Chama
a
atenção
o
fato
de
a
assinatura
da
marca
estar
na
página
da
esquerda,
já
que
geralmente
se
encontra
na
página
da
direita,
onde
termina
a
leitura
da
peça.
Não
há,
visivelmente,
nenhum
elemento
que
justifique
tal
fato,
já
que
o
lado
esquerdo
possui
mais
peso
–
mais
modelos
–
do
que
o
lado
direito.
Essa
quebra
de
padrões,
porém,
pode
ser
entendida
como
uma
confiança
na
identidade
e
na
força
da
marca,
além
de
uma
necessidade
de
se
diferenciar
dos
concorrentes.
3.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE A ANÁLISE
A
fim
de
uma
melhor
compreensão
sobre
o
estudo,
fez‐se
um
pequeno
resumo
em
relação
aos
tópicos
listados
na
avaliação.
Vale
lembrar
que
as
considerações
listadas
abaixo
fazem
referência
a
uma
visão
geral
sobre
os
anúncios
de
moda
de
luxo,
tomando
como
base
os
dezenove
anúncios
listados
neste
trabalho.
Sobre
os
aspectos
verbais,
é
possível
observar
que:
a) Assinatura
Este
item
foi
aqui
classificado
como
aspecto
verbal
por
notar‐se
que
a
grande
maioria
das
marcas
de
luxo
se
utilizam
de
logotipos
sem
símbolo.
104
Aparecem,
geralmente,
em
fontes
com
letra
maiúscula,
com
variantes
serifadas
ou
não,
e
em
cores
claras.
Quando
os
anúncios
são
de
página
dupla,
costumam
estar
na
página
da
direita.
b) Textos
Nota‐se
claramente
que
os
anúncios
pouco
se
utilizam
de
textos
com
a
intenção
de
explicar
ou
complementar
a
imagem.
Apenas
dois
dos
dezenove
anúncios
trouxeram
esse
aspecto
e,
portanto,
não
podem
ser
considerados
como
um
todo.
c) Complementos
É
possível
afirmar
que
os
complementos
são
bastante
utilizados,
tanto
para
informar
endereços
de
loja,
quanto
telefones
de
contato
ou
sites.
Esse
tipo
de
informação
adicional
geralmente
aparece
de
forma
discreta,
nos
cantos
da
página.
Tanto
nos
textos,
quanto
nos
complementos,
é
preciso
observar
a
freqüente
utilização
de
línguas
estrangeiras,
em
especial
a
inglesa.
Sobre
os
aspectos
não‐verbais,
é
possível
notar
que:
a) Cores
Boa
parte
dos
anúncios
aparece
em
fotografias
preto
e
branco,
provavelmente
como
uma
forma
de
trazer
mais
sofisticação
à
peça.
A
maioria,
no
entanto,
traz
fotografias
coloridas
com
combinações
de
cores
bastante
harmoniosas.
Muitos
anúncios
se
utilizam
de
uma
grande
área
de
cor
branca,
seja
nas
margens
ou
no
cenário,
possivelmente
para
trazer
mais
destaque
às
vestimentas
e
mais
leveza
ao
anúncio
como
um
todo.
b) Cenário
Parte
dos
anúncios
não
se
utiliza
de
um
cenário
específico,
deixando
claro
que
as
imagens
foram
feitas
em
um
estúdio
de
fotografia.
Dessa
forma,
conseguem
dar
mais
destaque
às
vestimentas
e
à
assinatura.
105
Grande
parte
dos
anúncios,
no
entanto,
se
utiliza
de
um
cenário.
Alguns
são
visivelmente
fotografados
em
locação
e
outros,
supõe‐se,
foram
feitos
em
um
estúdio
montado.
De
modo
geral,
a
produção
dos
cenários
está
ligada
ao
tema
da
coleção
e/ou
campanha.
c) Iluminação
Produzida
de
acordo
com
a
idéia
do
anúncio,
a
iluminação
pode
variar
bastante,
indo
de
propostas
bastante
básicas
e
naturais
até
as
mais
exageradas.
d) Vestimentas
Protagonistas
dos
anúncios,
neste
caso,
as
vestimentas
geralmente
ganham
destaque,
seja
por
suas
formas,
seja
por
suas
cores.
Os
anúncios
de
jeans,
em
especial,
costumam
trabalhar
apenas
com
as
peças
anunciadas,
deixando
margem
a
corpos
nus.
e) Modelos
As
poses,
quantidade
e
biotipo
dos
modelos
costumam
variar
de
acordo
com
a
proposta
do
anúncio.
No
entanto,
é
possível
afirmar
que
as
peças
se
utilizam,
em
sua
maioria,
de
modelos
caucasianos,
magros,
com
idade
entre
20
e
30
anos
e
mulheres,
em
especial.
Algumas
marcas
também
se
utilizam
de
modelos
famosos.
Mesmo
assim,
identificam
o
nome
da
personalidade
como
complemento
da
peça.
Quando
os
anúncios
são
de
página
dupla,
com
imagens
diferentes
em
cada
uma
delas,
é
comum,
de
certa
forma,
utilizar
a
mesma
modelo
para
ambas
as
fotos.
Após
essa
avaliação,
é
possível
observar
que
os
anúncios
expressam
alguns
valores
e
podem
ser
agrupados
como
tais.
Vale
lembrar,
no
entanto,
que
esses
valores
foram
definidos
de
acordo
com
a
leitura
semiótica
e
não
expressam,
necessariamente,
os
valores
reais
das
marcas.
106
a) Sensualidade
Formados
em
sua
maioria
por
marcas
de
jeans,
tais
anúncios
exploram
corpos
nus
e
qualquer
outra
forma
de
sensualidade,
como
poses,
corpos
suados,
entre
outros.
Este
valor
foi
observado
nos
anúncios:
‐ Calvin
Klein
Jeans
(maio)
‐ Calvin
Klein
Jeans
(junho)
‐ Calvin
Klein
Jeans
(agosto)
‐ Carlos
Miele
(maio)
‐ Carlos
Miele
(junho)
‐ Diesel
(maio)
b) Surrealismo
Tais
anúncios
aparecem
com
um
ar
de
irrealismo,
geralmente
com
traços
andrógenos.
A
intenção
parece
ser,
de
modo
geral,
causar
estranhamento
para
quem
vê.
Este
valor
foi
observado
nos
anúncios:
‐ Diesel
(março)
‐ Diesel
(junho)
‐ Diesel
(setembro)
‐ Calvin
Klein
(março)
‐ Giorgio
Armani
‐ Lacoste
(abril)
c) Opulência
A
intenção
destes
anúncios
é
reforçar
o
poder
e
a
seletividade
da
marca
por
meio
de
elementos
capazes
de
representar
o
luxo.
Alguns
anúncios
trazem
a
opulência
de
forma
mais
discreta,
outros
de
forma
bastante
extravagante.
Este
valor
foi
observado
nos
anúncios:
‐ Miele
Denim
‐ Marc
Jacobs
(setembro)
‐ D&G
107
‐ Gucci
d) Despojamento
Este
valor
está
ligado
aos
prazeres
simples,
como
o
contato
com
a
natureza
ou
prazer
de
estar
com
quem
se
gosta.
É
possível,
de
modo
amplo,
afirmar
que
esse
grupo
de
enquadra
ao
conceito
de
novo
luxo,
já
abordado
neste
trabalho.
Este
valor
foi
observado
nos
anúncios:
‐ Lacoste
(setembro)
‐ Marc
Jacobs
(março)
‐ Calvin
Klein
(setembro)
108
4 CONSIDERAÇÕES
FINAIS
E
RECOMENDAÇÕES
Para
que
se
pudesse
analisar
a
moda
de
luxo
e
seus
valores
sob
a
perspectiva
da
redação
publicitária,
objetivo
primeiro
desta
pesquisa,
foram
utilizados
estudos
e
teorias
relativos
aos
temas:
moda,
luxo,
marca
e
propaganda.
É
fato
que
a
moda
tem
se
tornado
cada
vez
mais
democrática,
fazendo
parte
do
dia‐a‐dia
de
qualquer
pessoa.
Assim,
tornou‐se
um
mercado
extremante
movimentado
e
rentável,
chegando
a
ser,
por
si
só,
um
fenômeno
social,
cultural
e
econômico.
Nesse
panorama,
a
segmentação
de
públicos‐alvo
tem
se
tornado
cada
vez
mais
comum.
Um
dos
segmentos
que
mais
têm
chamado
a
atenção
do
mercado
é
o
de
produtos
de
luxo,
que
atinge
cifras
monumentais
mesmo
em
países
subdesenvolvidos
como
o
Brasil.
Sempre
associado
aos
conceitos
de
desejo,
qualidade,
poder
e
singularidade,
o
luxo
é
capaz
de
pôr
em
potência
máxima
as
abstrações
criadas
por
uma
marca.
Assim,
da
mesma
maneira
que
precisam
se
diferenciar
umas
das
outras,
as
marcas
desse
segmento
não
devem
dar
margem
a
interpretações
erradas
de
seu
posicionamento,
criadas
muitas
vezes
pela
mitificação
sobre
seus
nomes.
Dessa
forma,
é
preciso
que
a
marca
de
luxo
tenha
seu
posicionamento
–
identidade
e
proposta
de
valor
–
muito
claro
em
seu
composto
de
marketing,
compreendido
como
produto,
preço,
distribuição
e
promoção.
Por
envolver
toda
a
parte
de
comunicação
da
marca,
a
promoção
acaba
sendo
o
item
mais
representativo
nesse
processo.
Afinal,
é
pelo
acúmulo
de
idéias
divulgadas
por
uma
empresa
que
é
possível
dar
significado
a
sua
marca.
Tais
idéias
podem
ser
expressadas
por
meio
de
linguagens
verbais
e
não‐verbais,
capazes
de
se
complementar
criando
uma
linguagem
plurissígnica,
sempre
na
tentativa
de
persuadir
o
consumidor.
Antes
de
convencer,
no
entanto,
é
preciso
atingir
o
público‐alvo.
Para
isso,
é
criado
um
conjunto
de
peças
chamado
campanha,
que
veicula
em
diferentes
meios
de
comunicação.
No
mundo
da
moda,
o
mais
representativo
deles
é
a
revista,
principalmente
por
permitir
uma
boa
qualidade
de
impressão.
Assim,
as
imagens
são
fortemente
exploradas
com
fotografias
bem
produzidas,
enquanto
a
linguagem
verbal
é
visivelmente
utilizada
de
forma
tímida.
Assim
sendo,
a
segunda
etapa
deste
estudo
consistiu
em
uma
análise
semiótica,
método
utilizado
para
traçar
uma
identidade
sobre
os
anúncios
de
moda
de
luxo
109
em
revistas,
além
de
identificar
e
analisar
a
presença
e
a
contribuição
da
redação
publicitária
nesses
anúncios.
Tarefa
bastante
prolixa
e
cansativa
por
jamais
se
exaurir,
a
análise
semiótica
precisa
ser
feita
com
cuidado
para
que
não
carregue
valores
pessoais.
Dessa
forma,
os
anúncios
foram
avaliados
apenas
a
fim
de
traçar
indicadores
que
pudessem
identificar
valores.
Para
isso,
foram
escolhidos
dezenove
anúncios,
número
capaz
de
dar
segurança
e
credibilidade
ao
estudo.
Todos
possuem
em
comum
o
fato
de
terem
sido
veiculados
na
revista
Vogue
Brasil
de
2009,
além
de
anunciarem
marcas
de
vestuário
de
luxo.
Após
traçar
o
inventário
denotativo
de
cada
peça,
fez‐se
um
resumo
com
as
considerações
que
pudessem
ser
relevantes
ao
estudo.
Em
seguida,
foi
possível
identificar
padrões
de
uso
quanto
aos
aspectos
verbais
e
não‐verbais,
traçando
bases
para
que
se
identificasse
quatro
principais
valores
atribuídos
aos
anúncios
de
moda
de
luxo.
A
sensualidade
aparece
como
um
dos
principais
valores,
principalmente
em
anúncios
de
jeans.
É
possível
notar
que,
mesmo
quando
se
trata
de
pessoas
instruídas,
com
um
alto
poder
de
compra,
o
instinto
primário
do
sexo
continua
a
ter
grande
influência.
Outro
valor
bastante
utilizado
pelas
marcas
de
luxo
é
o
surrealismo,
que
se
utiliza
de
elementos
irreais
e
fantásticos,
possivelmente
na
intenção
de
mostrar
como
o
produto
é
capaz
de
diferenciar
o
consumidor
de
seus
semelhantes.
A
opulência
também
se
faz
presente
em
alguns
anúncios
de
luxo,
fato
bastante
curioso,
já
que
muitos
estudos
indicam
que
a
maioria
dos
consumidores
não
gosta
de
ostentar
o
luxo
–
mesmo
assim,
é
impossível
negar
o
poder
de
sedução
que
ele
é
capaz
de
exercer.
Na
contramão
da
opulência,
aparece
o
despojamento.
Este
valor
está
ligado
ao
conforto
e
à
sensação
de
prazer
nas
coisas
simples,
conceitos
relacionados
ao
cada
vez
mais
crescente
“novo
luxo”.
Tais
conceitos,
no
entanto,
foram
definidos
de
acordo
com
a
linguagem
não‐
verbal,
já
que
os
textos
quase
não
se
fizeram
presentes
nesses
anúncios,
aparecendo
apenas
para
informar
endereços
e
sites,
geralmente
em
língua
estrangeira.
É
claro
que
isso
está
ligado
ao
fato
de
a
moda,
por
si
só,
ser
extremamente
visual.
É
aí
que
se
encontram
fotografias
bem
produzidas,
com
iluminação,
maquiagem
e
cenários
estruturados,
além
de
modelos
visivelmente
profissionais
ou
até
famosos.
Assim,
é
possível
afirmar
que
a
moda
110
de
luxo
realmente
investe
em
comunicação
de
marca,
fazendo
jus
ao
montante
que
seus
consumidores
investem
em
seus
produtos.
A
análise
foi
feita
tomando
como
base
os
anúncios
de
forma
isolada.
No
entanto,
alguns
deles,
por
utilizarem
os
mesmos
elementos
como
modelos
e
cenário,
faziam
visivelmente
parte
de
uma
campanha.
É
preciso
notar,
no
entanto,
que
mesmo
assim
receberam
valores
diferentes
na
análise,
o
que
deixa
duvidosa
a
proposta
da
campanha.
Da
mesma
forma,
outros
anúncios
deixaram
muitas
lacunas
com
relação
a
sua
intenção.
Neste
sentido,
lembrando
que
a
comunicação
é
a
transmissão
de
idéias
com
a
menor
ambigüidade
possível,
cabe
observar
que
alguns
anúncios
não
cumpriram
seu
papel.
Isso
porque
a
imagem
é,
por
si
só,
polissêmica
e
ambígua,
deixando
margem
à
várias
leituras
e
interpretações.
Para
que
esse
problema
fosse
solucionado,
não
se
pode
deixar
de
pensar
no
uso
da
redação
cumprindo
seu
papel
complementar
ao
da
imagem.
Uma
frase,
uma
chamada,
ou
um
pequeno
texto
que
explicitasse
o
conceito
do
anúncio
seriam
suficientes
para
que
a
imagem
ganhasse
um
sentido
único,
cumprindo
seu
papel
como
comunicadora.
Por
fim,
é
preciso
observar
um
fato
bastante
curioso:
por
mais
que
os
anúncios
raramente
se
utilizem
de
texto,
a
grande
maioria
dos
logotipos
preza
por
uma
leitura
verbal,
dispensando
a
utilização
de
um
símbolo.
Esse
fato
pode
ser
observado
como
uma
forma
de
trazer
ainda
mais
singularidade
a
marca,
já
que
não
pode
ser
abreviada
ou
estampada
em
um
lugar
qualquer.
Isso
posto,
é
possível
dizer
que
o
estudo
identificou
que
a
moda
de
luxo,
devido
à
falta
do
uso
de
palavras
em
anúncios,
passa
por
uma
“moda
do
silêncio”.
No
entanto,
sugere‐se
para
trabalhos
futuros
a
comparação
entre
os
valores
atribuídos
na
análise
semiótica
e
os
valores
declarados
como
posicionamento
da
marca
avaliada.
Dessa
forma,
será
possível
identificar
se
o
posicionamento
da
marca
vai
efetivamente
ao
encontro
de
sua
campanha
de
comunicação.
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