O documento discute a tensão entre o território sígnico animal e o território sígnico técnico na poesia de "Aprendizagem do dizer festivo". A tensão surge da especialização de cada locução e é resolvida quando os territórios se entregam mutuamente, com os gestos e sons animais encontrando coerência na técnica poética.
O documento discute a tensão entre o território sígnico animal e o território sígnico técnico na poesia de "Aprendizagem do dizer festivo". A tensão surge da especialização de cada locução e é resolvida quando os territórios se entregam mutuamente, com os gestos e sons animais encontrando coerência na técnica poética.
O documento discute a tensão entre o território sígnico animal e o território sígnico técnico na poesia de "Aprendizagem do dizer festivo". A tensão surge da especialização de cada locução e é resolvida quando os territórios se entregam mutuamente, com os gestos e sons animais encontrando coerência na técnica poética.
A tcnica de poesia em Aprendizagem do dizer festivo
Phelipe Fernandes de Oliveira
(aluno regularmente matriculado no curso de Licenciatura Letras: Portugus-Literaturas, DRE: 110094450)
Trabalho apresentado ao professor
Guilherme de Sousa Bezerra, na disciplina Poesia africana.
Universidade Federal do Rio de Janeiro
junho de 2013 Em Aprendizagem... uma locuo animal tenciona ou se embaraa com uma locuo tcnica. O que queremos dizer com locuo animal ou tcnica? que o territrio sgnico do animal sempre de ateno, de saber, de confirmar, de registar, de buscar. O territrio sgnico da tcnica sempre o de recorrer, de se inscrever, de intencionar, de propor. O animal busca coordenadas, mas no as procura diligente. Um animal regista acasos, mas no os regista por uma inteno. Um cachorro cria sua prpria cartografia: os pontos de mijo esto l, so os mesmos; possvel circunda-los, ir ou voltar sem se perder; a tcnica busca a mijada mais foda do mundo. A tenso coincide com a especializao de cada locuo. Fazer um texto requer um campo de produo que implique em leis restritas. No se pode escrever qualquer coisa, de qualquer forma, com qualquer palavra, caso contrrio corre-se o risco de perder um certo grau de subjetivao do prprio texto, ele se torna desnecessrio, coisa demasiada para estar ali escrita. Vo dizer: por que voc escreveu o que podia ter vivido?. E o nosso texto se pergunta Que se constri, a vida, um texto? nessa dupla indeciso que a tenso animal-tcnica se organiza: recorro diligente pauta de um compasso para saber no texto em que me inscrevo o que se sabe do que havia j, as leis que alguma angstia desvendasse, o legado da argcia, a vocao da pausa. Na busca por coordenadas, o animal ativa uma recorrncia, diligente, que se traduz num saber, num devir humano: a lei, o legado, a vocao. Estes so signos memoriais, de circulao tribal, de cl para cl, de chefe para chefe, de homem para homem, memento mori. Mas o que se ativa no animal a prpria experincia, os signos do seu territrio que se direcionam para fora (ateno, saber, confirmar, registar, buscar); o homem-tribo uma dobra generosa dessa experincia: a msica salta do zoolgico para os signos memoriais que so uma montanha-russa: ora pra saber das investigaes da angstia (romance policial vivido pelo neurtico), da argcia (vigor de Ulisses, o engenho, a tcnica) e, por fim, da pausa (na experincia musical do sculo XX Pierre Boulez ou John Cage ela ganha uma verdadeira vocao, uma pausa que est inquieta no compasso, ela fala, ganha voz, grunhido, sopro, durao, vida). Ainda na segunda estrofe do nosso poema temos Um texto como um esforo de existir. Mas por que ainda? Porque ainda o Autor submerge na definio de um texto, ou s pode defini-lo enquanto algo indefinido algo que saltou de uma pergunta para uma comparao, saltou do um texto? para um texto como... Perceba que a vida tambm submerge. No caso, alegorizada por um esforo de existir; o que aconteceu com o que garantia vida um artigo muito bem definido? Ora, a vida, que habitava o campo animal, agora supe uma indeterminao por interferncia tcnica, do texto. Portanto, a vida tensionada por um esforo de escrever se torna um esforo de existir. E mais uma vez temos a nossa tenso inicial com uma pequena alterao: se de um lado temos os velhos signos memoriais inteno, proposta, moral do outro h um saber hbrido, rptil, que submerge ou emerge, dependendo de nossa leitura: o curso das palavras, a esteira de seu eco, os sons e os gestos seguidos uns aos outros, um som que pede um som e essa resposta j um bolbo de emoo autnoma de fora para florir madura, revelia da inteno primeira. Na ltima estrofe temos a entrega total dos territrios, a abrangncia mtua deles, depois de receberem as devidas invases sgnicas. Assim na vida, quero dizer, no texto; e veja como a definio do texto s se d quando ele se confunde com a vida. Mas ele no se define em totalidade (s a vida, at agora, se definiu por uma totalidade incerta), mas como lugar, como palco, tablado, em que encenam os territrios hbridos, em que jogam uma questo de sons, de gestos repartidos, mas j numa cadncia que depois est l. A coerncia a haver a comandar o ritmo e a garantir a forma. Os gestos e sons, do territrio animal, esbarram no valor positivo da tcnica, a coerncia a comandar e a garantir, e no apenas o valor tcnico da tcnica porque, como vimos, a prpria tcnica supe um saber animal que a intui e a empurra para o campo da existncia.
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