Você está na página 1de 7

1

O PAPEL DO NEUROPSICOPEDAGOGO JUNTO A EQUIPE MULTIDISCIPLINAR

Jussara Beatriz de Souza


Pedagoga / Psicopedagoga
Mestranda em Educação

RESUMO

O presente trabalho procurou enfatizar a importância da neuropsicopedagogia no ambiente


escolar, considerando que está área de conhecimento busca compreender o processo do
desenvolvimento humano com um recorte na aprendizagem. O neuropsicopedagogo faz a relação
entre o ensino (técnicas e metodologias) e o cérebro humano. Seu intuito é entender a forma como o
cérebro recebe, seleciona, transforma, memoriza, arquiva, processa e elabora todas as sensações
captadas pelos diversos elementos sensores, para então, o Neuropsicopedagogo, saber qual o
melhor meio, de intervir. Esta pesquisa bibliográfica oportunizou olhar para as crianças que
apresentaram transtornos de aprendizagem e poder dizer-lhes que poderão e conseguirão galgarem
caminhos mais elevados, que suas limitações intelectuais podem ser superadas e que a vida é digna
para todos. O objetivo deste trabalho foi valorizar a importância da atuação do neuropsicopedagogo
junto à equipe multidisciplinar.

Palavras-chave: Neuropsicopedagogia. Aluno. Professor. Dificuldade e


distúrbios de Aprendizagem

Introdução

A neurociência refere-se como o estudo da realização física, do processo de


informação central do sistema nervoso humano e animal. O estudo desta ciência
engloba três áreas principais: a neurofisiologia, a neuroanatomia e a
neuropsicologia.
Conhecer mais o Sistema Nervoso Central, o cérebro e o caminho que certos
estímulos fazem no corpo humano vem tornando cada vez mais necessário. Os
estudos sobre a memória, reflexos, áreas especificas vem crescendo a cada dia. A
partir destes estudos deram-se origem a Neurociência e a Educação e por meio
desta ciência surgiu-se a neuropsicopedagia.
O neuropsicopedagogo oferece a educação infantil a possibilidade de
conhecer os processo que ocorrem internamente e, em conjunto com a resposta
2

externa da criança , acompanha e desenvolve o processo de ensino e


aprendizagem.
Diante disto o presente trabalho tem como tema central o papel realizado por
uma equipe multidisciplinar, sendo ela composta por neuropsicopedagogo,
pedagogo, psicólogo e professor regente. As relações entre estes profissionais são
indispensáveis para desenrolar do processo de ensino – aprendizagem, professor
/aluno.
Nesta perspectiva as ações que norteiam este trabalho serão as atribuições
da equipe multidisciplinar. Apresentaremos as características da aprendizagem
humana, este que seria o processo de “ensinagem” e origem psiquiatras, auxiliando
– os na identificação de quaisquer que seja a deficiência ou distúrbio de
aprendizagem existente no âmbito- escolar. O neuropedagogo terá que estar em
busca constante dos necessários conhecimentos sobre as anomalias neurológicas
(da neurologia), psiquiátricas (da psiquiatria), neuróticas (da psicanálise) e
comportamentais (da psicologia) existentes, para desenvolver seu trabalho de
acompanhamento pedagógico, desenvolvimento cognitivo e harmonização
emocional das crianças que apresentem os sintomas dessas anomalias.
O profissional de neuropedagogia, portanto, é um dos elementos mais
importantes para as instituições que desejam desenvolver um verdadeiro e
harmonioso processo ensino-aprendizagem.
Outro aspecto a ser abordado neste artigo será os estímulos destes
profissionais para o aprendizado do corpo discente. Esta interação pressupõe-se
que os estímulos trocados entre os sujeitos nas relações sociais desencadearão em
comportamentos positivos ou negativos. Diante dos argumentos apresentados surge
a relevância de investiga-se o papel da relação entre professor e aluno e dos demais
profissionais, que trabalham em conjunto para que o trabalho de ensino e
aprendizagem seja eficaz.
Hoje sabemos que o sucesso do indivíduo está ligado ao bom desempenho
escolar, por isso, um número cada vez maior de crianças são atendida por
neuropediatras, psicólogos, psicopedagogos, fonoaudiólogos e, mais recentemente,
neuropsicopedagogos (SANTOS, 2011). Relvas (2010) afirma que termos como
“distúrbios, dificuldades, transtornos, discapacidades, problemas” são encontrados
na literatura e, muitas vezes, são empregados de forma inadequada, porque a
presença de uma dificuldade de aprendizagem não implica necessariamente um
3

transtorno. Uma dificuldade pode ser transitória, não ligada a uma alteração
funcional do sistema nervoso, como por exemplo, uma inadequação pedagógica, um
problema emocional da criança, enfim, dificuldades que a criança passa em algum
momento de sua vida, passível de ser superado. A expressão transtorno de
aprendizagem deve ser reservada para dificuldades primárias ou específicas, que se
deve a alterações do sistema nervoso central.
Diante deste contexto, o objetivo deste estudo é investigar qual será a postura
do Neuropsicopedagogo a partir dos transtornos de aprendizagem que possa surgir
em meio ao corpo discente.

Desenvolvimento

A ciência Neuropsicologia nasceu no século XX, com convergência de duas


ciências antigas que são a Neurologia e a Psicologia, com o objetivo de estudar as
modificações comportamentais resultante de uma lesão cerebral.
No ano de 1878, o francês neurologista, Paul Pierre Broca (1824-1880),
realizou uma pesquisa em mamíferos e descobriu que o cérebro era constituído por
núcleo de células cinzentas (neurônios), a qual ele deu o nome de lombo límbico.
Broca ficou conhecido através desta pesquisa e tornou-se referência na história da
Medicina e das Neurociência, pela descoberta do centro da fala, atualmente
conhecida como área de Broca. A partir de então surgiram os estudos
neuropsicopedagógicos, estes que sustentariam as práticas de
ensino/aprendizagem.
A Neuropsicopedagogia aprova a importância do papel do professor no
processo de ensino/aprendizagem, sendo ele o motivador do aluno para que consiga
alcançar o êxodo no ensino. Diante disto, a aprendizagem certamente é a etapa
mais importante da vida escolar da criança, uma vez que vivemos em uma
sociedade letrada. De acordo com Sisto (2001), dificuldade de aprendizagem
associa-se à questão do fracasso escolar, caracterizado pela evasão e repetência.
O termo “dificuldade de aprendizagem” surgiu da necessidade de
compreender o motivo pelo qual um conjunto de alunos aparentemente normais,
apresentava constantemente a experienciar insucesso escolar, especialmente na
área de leitura e escrita. Dentre os distúrbios, os mais frequentes são: dislexias,
disgrafias, discalculias, dislalia, disortografia. Nas dificuldades de aprendizagem
4

como: distúrbios de memória, falta de atenção, bloqueios de aprendizagem nas


diversas matérias dos conteúdos escolares, dificuldades em raciocínio lógico,
matemática, leitura e escrita, baixa estima, falta de motivação, entre outras.
O professor regente será o primeiro que perceberá os possíveis distúrbios de
aprendizagem da criança, cabe a ele renovar a prática pedagógica utilizada por ele,
principalmente nas situações onde a dificuldade de aprendizagem persista. O
docente deverá ser investigador estratégico, critico. Neste contexto, o professor
constitui-se da forma transformadora da escola, alterando suas práticas
pedagógicas. Posteriormente, se a dificuldade persistir, o professor regente
consultará a equipe multidisciplinar composta por pedagogo, psicólogo e
neuropsicopedagogo para que juntos possam descobrir os possíveis distúrbios de
aprendizagem apresentado pelo aluno. Vale ressaltar que distúrbio de aprendizagem
não é uma doença, logo não existe medicamento para quaisquer que seja, mas
existe sim um tratamento para estas crianças.
O papel do neuropsicopedagogo é integrar a equipe multidisciplinar, com os
conhecimentos pedagógicos adquiridos através de estudo realizado por este
profissional. Este possui o conhecimento adequado do funcionamento do cérebro,
ele quem fará com que está equipe formada por professor regente; psicólogo e
pedagogo, possa compreender melhor como o cérebro recebe, seleciona,
transforma, memoriza, arquiva, processa e elabora todas as sensações captadas
pelos diversos elementos sensores para que, a partir deste entendimento, possa
adaptar as técnicas educacionais para todas as crianças que apresentarem
características cognitivas e emocionais diferenciadas.

Segundo Fossi e Guareschi (2004), a equipe multidisciplinar deve construir


uma relação entre profissionais. Dessa forma, foca-se nas demandas do sujeito e a
equipe tem como finalidade atender as necessidades globais da pessoa, visando
seu bem-estar para desenvolver um verdadeiro e harmonioso processo ensino-
aprendizagem.

Cabe ao neuropsicopedagogo estar em busca constante dos conhecimentos


sobre as anomalias neurológicas, psiquiátricas e distúrbios existentes, para
desenvolver um trabalho de acompanhamento pedagógico, emocional e cognitivo às
pessoas que apresentarem transtornos de aprendizagem. E como foco,
compreender o funcionamento do sistema nervoso, integrando suas diversas
5

funções (movimento, sensação, emoção, pensamento), sendo, portanto, um dos


profissionais que ajuda a estimular novas “sinapses”, mecanismo que se da na
região de contato próxima entre a extremidade de axônio de um neurônio e a
superfície de outras células. Estas células podem ser tanto outros neurônios como
células sensoriais, musculares ou glandulares. As terminações de um axônio podem
estabelecer muitas sinapses simultâneas. Através deste mecanismo acontecera o
verdadeiro processo de aprendizagem do aluno.
Sendo assim, o Neuropsicopedagogia agrega o conhecimento da
neurociência, psicologia e pedagogia realizando um trabalho de prevenção, pois
avalia e auxilia nos processos didáticos - metodológicos e na dinâmica institucional
para que ocorra um melhor processo de ensino aprendizagem. O
neuropsicopedagogo trabalha com a disparidade de fatores que contribuem para
investigar as dificuldades e distúrbios de aprendizagem, verificando se esses podem
ser de origem orgânica, cognitiva, emocional, social ou pedagógica.

Conclusão

O Neuropsicopedagogo enquanto especialista é o gerenciador do processo


de aprendizagem da escola. Este é responsável por cuidar, juntamente com a
equipe multidisciplinar, das possíveis dificuldades e distúrbios de aprendizagem que
possa aparecer no âmbito- escolar. A interação desta equipe colabora para o
alcance dos objetivos educacionais, cabendo a eles buscarem constantemente
conhecimento a respeito das anomalias citadas neste artigo.
Dessa forma constatou-se que o Neuropsicopedagogo é um líder e
articulador, sendo que ele deverá interpretar e analisar os possíveis distúrbios de
aprendizagem dentro da escola. Este profissional estabelecerá contato com
professor-aluno, pais-aluno, psicólogo – aluno. Diante disto, acredita-se que estas
relações interferirão no processo ensino- aprendizagem, alvo do trabalho deste
especialista.
Com a realização desta pesquisa, verificou-se que existe a necessidade de
mais pesquisas sobre o assunto e, principalmente, que os profissionais tanto da
educação quanto da área da saúde entendam que o processo diagnóstico e
intervenção são realizados por uma equipe interdisciplinar. Propôs, também, um
trabalho multidisciplinar entre os profissionais do espaço escolar e faz com que o
6

professor regente planeje uma aula diferenciada esta que seria uma aula
interdisciplinar. Ao pensar em Artes, que este profissional não pensaria somente em
conteúdos relacionados a Artes, mas que pensaria nas invasões inglesas, na
geografia, em tabela de multiplicar, no corpo humano, nos tempos verbais, enfim que
este profissional utilize da interdisciplinaridade e enriqueça as aulas,
conseqüentemente motivará o seu corpo discente.
O professor que tiver em sua classe alunos de aprendizagem lenta estará
diante da desafiadora tarefa de ajudá-los a se adaptarem à escola. Esse tipo de
criança não é necessariamente um deficiente intelectual. Existem outras causas que
podem provocar a lentidão da aprendizagem como distúrbios emocionais, defeitos
físicos, falta de incentivo, hábitos inadequados de estudo, condições familiares
estáveis, deficiências do próprio ensino. A opinião do pedagogo, psicólogo,
psicopedagogo, neuropsicopedagogo, pode tranqüilizar pais e professores sobre o
problema detectado. Há fases em que certos problemas são de ordem funcional,
emocional, cessando após certo período. O papel do professor na observação dos
primeiros sintomas é de vital importância para os especialistas de outras áreas,
basta só ousar, registrar e estabelecer critérios de atuação. Isto se faz com
atualização constante na área do conhecimento, dos métodos, das técnicas
educacionais e numa avaliação mais qualitativa do desempenho das crianças com
aprendizagem lenta.
Enfim, com a intervenção do trabalho Neuropsicopedagógico, a criança será
beneficiada com excelente desempenho, alta capacidade de absorver
conhecimentos, criatividade, autonomia em suas estratégias de aprendizagem se
adequando do emprego dos conceitos aprendidos em qualquer situação, além de
obter um vontade constante em aprender.
7

REFERÊNCIAS

BEAR, Mark F.; CONNORS, Barry W.; PARADISO, Michael A. Neurociências:


desvendando o sistema nervoso. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.

FOSSI, L. B.; GUARESCHI, N. M. De F. A psicologia hospitalar e as equipes


multidisciplinares. Rev. SBPH, v. 7, n. 1, Rio de Janeiro, jun., 2004.

HENNEMANN, Ana Lúcia. Neuropsicopedagogia: novas perspectivas para a


aprendizagem. Disponível em
http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/2012/10/neuropsicopedag
ogia-novas-perspectivas html. Acesso em 30 de maio 2015.

MALUF, Maria Irene. Neurociência e Educação. Disponível em


http://www.irenemaluf.com.br/livros.asp. Acesso em 02 de junho 2015.

SANTOS, Denise Russo dos. Contribuições da neurociência à aprendizagem


escolar na perspectiva da educação inclusiva (2011). Disponível em
http://www.psicopedagogia.com.br/new1_artigo.asp?entrID=1395#.VW0NydJViko.
Acesso em 20 de maio de 2015.

SISTO, E. Boruchovitch, L. D. T. Fini, R. P. Brenelli, & S. C. Martinelli (Orgs.),


Dificuldades de aprendizagem no contexto psicopedagógico. Petrópolis: Vozes.
Disponível em http://www.scielo.br/pdf/pe/v11n1/v11n1a16

TRAVASSO, Lucília Panisset. Dificuldades escolares, distúrbios de aprendizagem e


transtornos de comportamento: Prevenção, identificação e intervenção. Disponível
em www.apraconhecimento.com.br. Acesso em: 01 de junho 2015

Você também pode gostar