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Mito-Poiésis Vultur

eduardo moura tronconi

Micro-Obra Vultur
ATdAcC/c
www.texturadoabismo.blogspot.com.br
Uberlândia/MG – Brasil
Jan. 2018

Índice

Apresentação..................................................................................2

Introdução: Conceito & Obra


-O Processo Emanativo do Analogion..........................................4
-Espiral de Emanação da Obra.....................................................6

Mito-Poiésis Vultur
-Erotosofia.......................................................................................10
-Analogion......................................................................................11
-Emanarte.......................................................................................15
-Alfabeto Dançante......................................................................16
-Enphlexyon....................................................................................19
-Baedario........................................................................................25
-Rotos..............................................................................................29
-(em)Cerramento..........................................................................41

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Apresentação:

Mito-Poiésis Vultur é uma micro-obra que vem para marcar uma rota de
afirmação de uma totalidade que se busca com o pensamento artístico
e literário denominado Vultur, essa rota gira em espiral do núcleo
existencial Mito-Poético deste ar-tista. Ela é composta no intuito de
expandir ideias, temas e proposições recentes de minha produção de
Emanarte e para definir os parâmetros buscado por um tal “movimento”
Vultur.
De tal feita se expõe aqui de forma estética e estilística aquilo que
venho desenvolvendo intuitivamente e sincronisticamente ao longo dos
anos e que se afirma cada vez mais sob o selo do Vultur, uma expressão
fisiológica e pneumática da obra de emanarte pessoal, para se lançar
enfim para voos literários de agora em diante.
Essa Mito-Poiésis é então um “Saber Erótico” uma Erotosofia, orgástica,
que para além da Filosofia, que é “amizade pelo saber”, o Vultur se
mostra como uma “fornicação explicita com o saber”, denotando de
tal forma seu pensamento, como disse, físico e espiritual.
Nesse tomo desenvolvi proposições apresentados nas obra recentes
de caráter Vultur, como a própria obra inaugural de Outubro de 2017,
Vultur – Daimon Eckstasis, acrescentando o Alfabeto Dançante Vultur-
Ariacna de Novembro de 2017 e o Pomar das Romãs de Janeiro de
2018. Nessa linha de lançamentos, o Pomar em sua consecução indicou
uma volta do olhar ao passado, precisamente à micro-obra @ Romã de
Novembro de 2016, onde estava então o germe de uma expressão
literária que agora afirmo como o Analogion.
Assim os Analogions (Logions - Dictos - Dis-Curso) são um passo além na
emanação de uma configuração do que vem a ser essa Erotosofia
Vultur, aqui explanada, para incremento maior do que vem a ser a
Emanarte, em sua expressão estilística, estética e psico-científica do
artística.
Trata-se de uma redes-conceitualização estética-estilística-filosófica
que arregimente a visão de emanarte Vultur que contém pensamento,
imagem e escrita na forma emanada desde Vultur, mas que sempre
esteve em minha produção artística e minha visão de mundo e
existência. Assim essa Mito-Poiésis vem coagular em uma micro-obra tal
forma de ser-aqui.

Mito-Poiéis Vultur vem, como disse, para dar forma ao que foi
introduzido em Vultur – Daimon Eckstasis e expandido em Alfabeto
Dançante Vultur-Ariacna – Portfólio de Prelúdios de uma Dança até Pomar
das Romãs – AnaLogions de AmorFrater, mas também retrocedendo até
Portf0lio de Estranhezas – Paradigma dos Livros Futuros, de Outubro de
2015, para dali então tomar impulso até a presente obra que visa ser ao
mesmo tempo uma releitura e uma afirmação dos conceitos já
introduzidos nessas obras passadas, acrescentando a emanação

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sincronística intuída desde então, dando corpo atualizado dessas
referências emanativas.
Porém atentamo-nos, como veremos, que desde minha primeira obra
conceitual, Baedario1, de 2005, passando principalmente por
Enphlexyon, de 2010, as sementes emanativas daquilo que vem a ser o
Vultur já estavam dispostas aqui e ali, trabalho que com o tempo foi se
coagulando e agora aqui nessa Mito-Poiésis se afirma, pois além de
retomar a linha de pensamento e emanação anterior, acrescenta-se à
mitologia pessoal já desenvolvida desde Baedario, outros conteúdos
sincronisticos que Vultur foi a porta aberta para a emanação.

A presente obra além de conter a redes-conceitualização do


processo emanativo literário-estético do Analogion, avançará nas
conceitualizações da emanarte Vultur iniciada em 2017, assim como
exporá pelo processo Analogion os rompimentos expostos em Vultur
(2017) e expandirá tais Rompimentos por esse processo, além de
também reformatar os Rotos lá expostos, sob o processo do Analogion.
Se Vultur é o manifesto de uma nova forma de “arte”, a Obra de
Emanarte, e o Alfabeto Dançante uma de suas emanações imagética-
linguística, o Pamar das Romãs veio trazer a sincronia intuitiva para uma
forma de texto inaugurada em @ Romã e pressagiada no Portf0lio, que
agora será rede-teia-texturada nessa Mito-Poiésis como o Analogion.
E mais, sendo o Alfabeto Dançante uma paragem que pressagiava
um romance, em confecção, que abrangerá toda a estética e visão do
amor Vultur, o Analogion providencialmente se adianta para dar
finalmente status estético à esse romance, que não por motivos outros
estava em suspensão, mas esperando do Inconsciente desse Vultur uma
kaosordenação estilística para sua emanação. Vejo então essas duas
obras, o Alfabeto Dançante e a Mito-Poiésis Vultur como partes
antecessoras necessárias de expressão antes do grande romance Vultur
que assinalará efetivamente a atualização deste estilo literário aqui
necessariamente exposto antes.

e.m.tronconi
Janeiro de 2018

1
Não disponibilizado ao público ainda. Todos os demais trabalhos citados aqui foram disponibilizados
em publicação digital PDF, e estão disponíveis via links no blog A Textura desse Abismo chamado
Consciência, www.texturadoabismo.blogspot.com.br, no Index Texturial.

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Introdução: Conceito & Obra

-O Processo Emanativo do Analogion

Analogion é um processo literário & estético espiral e fractal que


consiste em reverberar esteto-estilisticamente (pensamento, imagem e
texto) no desenvolvimento de ideias & temas que passam por três
instâncias que o Analogion circula espiralmente em anquibasia:
§ - Logions
§§ - Dictos Analógicos ou Binários
§§§ - Dis-Curso
Ao final dessas fases se compõe então o tema desenvolvido em uma
teia kaosordenada, que é o Analogion.

O Analogion, como processo criativo do pensamento ao discurso tem


o Logion, que é uma suspensão reflexiva da Transfinição, uma instância
imagética e minimamente alfabética & pictórica, mais próxima ao
pensamento, onde baila a imagem e o sentido, simbolicamente,
significante, que no Vultur se arregimentou imageticamente às vezes
como o Alfabeto Dançante, outras como Enphlexyon, para dar esse
sentido atmosférico, de baile e/ou dobra da linguagem e da realidade.
O Logion é também lapidar, concreto-pneumático, paradoxal em sua
coagulação linguística rumo à possibilidade do dizer, do expressar,
enfim, do emanar. É uma forma arcaica de expressão, que advém
linguisticamente dos Koans zen-budistas, assim como, em sua parte
ilustrada quando há, dos grifos pictóricos e dos hieróglifos, assim como
da poesia concretista e dos ideogramas orientais.
O Logion se desdobra em Dicto, uma breve asserção binária, ou
analógica, carregado poeticamente em rima ou prosa, sendo uma
instância onde o rompante é mais dizer do que pensar, plenamente
poético e aforismático, que remete aos fragmentos literários antigos,
como os de Heráclito ou os encontrados na biblioteca de Nag-
Hammadi, que expressam pensamentos filosóficos e espiritualistas de
forma obscura ou fragmentária, assim como os ditirambos de Friedrich
Nietzsche e o estilo literário de William Blake.
E dessas primeiras duas instâncias emana organicamente o Dis-Curso,
que é, conforme situado em Vultur, “entender e comunicar uma
Transfinição” de forma mais extensa. O Dis-curso é uma instância textual
mais longa, literária, romanesca, prosaica, mas que circula
alucinadamente em espiral em torno das premissas e formas do Dicto e
do Logion.
O Dis-Curso é devedor inspirado no processo de escrita automática,
de escritores esotéricos como Austin Osman Spare e também no estilo
beatnik e os cut-ups de William Burroughs, além de poeticamente
carregar a influência de Hakim Bey, psicologicamente à Carl Jung e
filosoficamente tem influência, pelos temas, de Heidegger, e
sapiencialmente de Deleuze e Guattari.
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Esses três “momentum” literários compõe o processo emanativo e
romântico da linguagem que vai de sua forma mais arcaica, lapidar ou
concisa, que é o Logion, passando por uma forma ditirâmbica, o Dicto,
chegando à textura mais longa, poética ou em prosa que é o Dis-Curso,
que trata em exaurir o máximo possível o  (alpha) e o  (ômega) de
uma ideia, que acontecem em ritornelo, em torno do Logion,
compondo assim um Analogion propriamente dito.

Nisso se desenvolve na linguagem escrita a reverberância sexual e


dançante, erótica, do pensamento puro, que parte de um momento
analógico o qual paira no pensamento, de parecenças
complementares, e salta para o dizer, o dito sucinto, que se desenvolve
não causalmente muitas das vezes, mas por intuição, no dis-curso, que
representa os pontos de ligação, a teia, a galáxia ou cosmos do sentido
total que gira em torno do logion.
O processo todo tem analogias sexuais, orgânicas, bio-botânicas,
cosmológicas, gnósticas, etc... e poderíamos fazer analogia desse
processo com todos esses tramites, mas em si o Analogion representa
em ultima ou primeira instância um processo emanativo de acordo com
a inspiração Vultur, a saber, um ato “ar-tístico”, que é banalmente
entendido como “criativo”, mas que aqui já superamos e entendemos
como “emanação”, pelo seu caráter fisiológico, energético, copular e
fractal.

Evidentemente Analogion não é uma teoria da linguagem, mas uma


proposta estética e estilística, a qual não sei até que ponto original.
Analogion, com todas suas implicações, busca acoplar Kaos através
de uma ordem subentendida, do modo operante da entropia nos
sistemas físicos, esgotando uma via de sentido da linguagem ou do dizer
em uma textura.
Como estética e estilo, o Analogion paga tributo de influência ao
Koan e o Haikai (mais propriamente o Logion), assim como o Dicto se
situa no patamar do ditirambo e o Dis-Curso à poesia ou ao texto
filosófico. O conjunto é todo uma experimentação ao estilo beatinik,
como sempre gosto de emanar meus textos.
Podemos imaginar o Dis-Curso como um labirinto, onde uma teia de
aranha, o Dicto seria a trilha, um fio especial tecido em meio ao
labirinto, que levaria invariavelmente à porta de entrada/saída do
labirinto, ou da galáxia, ou do universo, ou do eterno retorno... no
logion.
Não adianta falar muito em analogias que se referem à esse processo,
eles são infindos como o número de coisas no mundo, pois tudo repete
esse processo, o que nos importa é a “emanArte”, a poesia, a
emanação... sendo o Analogion ao final uma grande obra de Emanarte
a qual desta forma espiral e orgástica sustem perfeitamente a Mito-
Poiésis Vultur.

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Nesse momento explanatório ainda vale esclarecer.
Cada texto Vultur parte então das pepitas do Logion, que expressam,
de forma concisa e pura, a analogia complementar da união de
oposto, o processo de apreensão psicológica do pensamento e da
ideia, o Mysterium Coniuctionis, a copula que “soma” Kaos & Kênoma,
tudo & nada, formando a anomalia da coisa, a pedra no meio do
buraco negro no centro da galáxia, o lápis-filosofum, pedra de toque
de todo sentido e insanidade da consciência humana, que reverbera
no espaço-tempo emanando a “coisa”, a ideia, e seus contrários-
complementos.
Esses sentidos aqui expostos foram apreendidos durante o tempo, na
jornada de conhecimento e autoconhecimento, e as sincronias
finalmente vem revelar um sentido sem-tido maior, que se torna
emanarte...
Os Dictos vêm então dar um caráter afirmador, expressos
contundentemente, arregimentando ou generalizando por onde a ideia
pode se desenvolver, como se ali a vibração do Logion reverberasse
uma exaltação do tema, kaos & kênoma se tornam isto-ou-aquilo ou
nem-isto-nem-aquilo, ou ainda, isto-&-aquilo, indicando as vias de
rompimento dos sentidos e suas transfinições aparentes.
Por fim o Dis-Curso emenda ou dissipa tudo, aprofunda, eleva, refaz o
tema, complementando, totalizando o ponto que se trata. O Dis-Curso
é o esforço entrópico rumo à exaustão do fulcro do gozo que é o
Logion.

Percebam que o sentido que jaz nesse processo afirma a visão


temporal Vultur como Vultuar, ou seja, partir do futuro para passado,
aqui o futuro é o Logion, o presente o Dicto, e o passado o Dis-Curso.
Isso se dá, e é possível, porque o tempo não é circular, mas espiral, e
dentro de pseudos-círculos, parabólicas, é que funda ou abandona,
rompe, como falsas ou ineficazes ideias, mas tudo uma forma de fazer
sentido ou não.
Deste modo o Logion se efetua mesmo como a novidade, que
apesar de já vista, pois estamos a uma altura do desenvolvimento
humano e cosmológico de exaustão. Assim, agora se arregimenta a
novidade acima, na espiral, que é a Emanarte Vultur, de tal o
Analongion é parte arregimentadora do modus de se emanar essa
Mito-Poiésis toda.

-Espiral de Emanação da Obra

Esse processo que como um todo se nomeia Analogion, como forma


de expressão ou emanação estético-estilística do pensamento Vultur
em sua Mito-Poiésis foi surgindo intuitivamente ao longo do tempo e se
afirmando sincronisticamente de forma curiosa em minhas obras
literárias, até se concatenar expressamente na micro-obra Pomar das
Romãs (Jan. 2018).

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Seu processo de emanação pode ser notado desde Baedario (2005),
que foi uma síntese de experiência com estados alterados de
consciência produzidos pela Ayahuasca e notas de sonhos, sendo o
Baedario uma espécie de Teoria dos Sonhos ou Mirações. Baedario é
meu lápis, minha pedra fundante filosófica existencial final, por motivos
óbvios, meu Graal!
Passou-se assim o desenvolvimento dessa obra de emanarte, de tal
forma revista agora no passado, por Enphlexyon e a Imagética
Reflexiva (2010), onde propus uma emanarte reflexiva das imagens
fotografadas, das quais surgem imagens espelhadas antropomórficas
surreais, antecipando o próprio espelhamento da palavra e do sentido
alcançado nas transfinições dos Logions. Com a técnica Enphlexyon se
revela que a dobra da realidade contém um sentido de consciência
escondida do senso comum, mas finalmente alcançada
reprodutivamente fácil, graças à tecnologia, e os tramites binários da
realidade revelam um sentido de totalização, já intuída por Jung na
representação das Mandalas e seus significados psicológicos.
A expressão literária do Analogion começou a se afirmar com a obra
“@ Romã” (2016) onde os, ali assim chamados, ditos analógicos, agora
translado em “dictos”, emanaram, primeiramente como “ditos de
amor”, por eu estar naquele momento urdindo uma forma de entender
uma paixão em especial, arquetípica como vi, uma paixão fundante e
arcaica, cuja a expressão vernácula ainda reverbera na obra, e sempre
reverberará, pois essa mulher é a minha musa ideal (da qual me restrinjo
a prolongar no assunto aqui neste momento).
Porém tudo isso fora intuído na forma do “livro-vivo” que deve ser
sempre reescrito, atualizado, proposição tal apresentada no visceral
Portf0lio de Estranhezas (2015), que trazia em si a emanação sugestiva
de ser um “paradigma para livros futuros”. Está tudo ali, pairando de
forma inconsciente, na minha obra, a intuição do digito digital que @
Romã continha no titulo, e que o momento sócio-cultural exige do
artista, tendo em vista a plataforma eletrônica de divulgação de ideias,
arte, etc...
Deste espólio inconsciente (que abrange outras diversas obras que
compus no caminho, que se observadas guardam o germe desse
processo), se emanou então Vultur (2017), que vem para finalmente
romper e apontar caminho ar-tísticos sincronísticos que estavam
envoltos no inconsciente, esperando o tempo de maturação. O que
levou enfim a uma retomada em Pomar das Romãs (2018) desse sentido
emanatório perene de minha obra. Agora, se o Pomar das Romãs foi
uma retomada de @ Romã no sentido de concretizar de forma
sincrônica o processo de Analogions, a Mito-Poiésis em si é uma
retomada ao “livro-vivo” Portf0lio de Estranhezas, estava tudo lá, e deve
a essa obra estranha de emanarte os fundamentos inconscientes agora
recuperados ou reverberados.

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Vejo então nesse desenvolvimento a germinação, crescimento e
colheita do que agora representa a ideia Vultur, e seus aléns a serem
processados.
Com o Analogion creio se tornar mais fácil enfim sintetizar o ideário
fisiológico-pneumático do Vultur e suas influências existenciais e
artísticas em minha vida e obra, que arregimenta-se na forma de uma
mito-poiésis pessoal.
Observo esse processo alquímico e mágico, pois Vultur arrasta para si,
como azoto que é, o ouro refinado de minha emanarte, tornando, ou
rompendo, roto, para uma obra que coagule de agora em diante todo
esse momento emanativo em uma cornucópia, nunca definitiva, kaos-
ordenado do que será a Obra, dando corpo, de baile & orgia, à esta
Mito-Poiésis.
Entendo que o trabalho é imenso, ou não. Exige rede-finições estéticas
do que já foi publicado, que provavelmente não serão feitas em outras
obras.
Entendo também que a Mito-Poiésis irá inaugurar definitivamente o
“romper” que do agora em diante, ou em retrocesso ao futuro,
significará essa Obra de EmanArte, arrastando consigo a essência de
minha emanarte.

Até o Pomar das Romãs posso dizer então que o processo estava
sendo intuitivo e sincronístico, emanando do inconsciente, e creio que
de forma geral deva continuar assim, pois vejo o processo de criação
como um movimento eterno rumo ao infinito, em espiral, como tudo
que forma o concreto, a realidade, na natureza, que podemos definir
ao todo-nada como um pró-jeto Mito-Poético em pleno a-com-tecer,
não rumo assim a uma finalização, mas cada obra é um instantâneo
que se coagulou e foi deixado fisiologicamente pelo caminho.
Que as atualizações dos devires sejam excrementos depositados na
senda provam apenas uma coisa: ali há Vida... & Morte, ali há Nutrição!

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Mito-Poiésis Vultur
Erotosofia
Analogion
Emanarte
Alfabeto Dançante
Enphlexyon
Baedario
Rotos

paradoXos

além do que se pode dizer


uma poesia de imagens com luz serena
um gozo mental
de koans sexuais...

e. m. tronconi
in Portf0lio de Estranhezas

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I- Erotosofia

Spheros v Eros
Spiral v Fractal

Do Caos ao Kaos
Amor fez todas as coisas circularem eterna\/mente...

Foi por só haver Tudo & Nada (Kaos & Kênoma)


que o Amor se fez como A\/Mor\/Te...

Querendo ser
O não-ser se tornou esférico...

& toda a emanação do Abismo


Tomou a\/eros afeição espiral...

A Erotosofia, ou o pensamento kaos-ordenado ar-tístico Vultur, é uma


emanação composta por Literatura, Imagética e Filosofia, já
destrinchada em outras obras e aqui agora especificadas para uma
definição orientadora, além de expandir ou re-transfinir termos que
foram expostos em obra recentes passadas, ficando aqui sua
transfinição final
A Erotosofia é um “Saber Erótico” aos moldes Vultur, que agrega visões
estéticas e existências Vultur, que só podem ser desse modo porque
Vultur instala uma forma de existência e expressão artística com
reverberâncias fisiológicas e pneumáticas (físicas & espirituais)
particulares.
As metáforas sexuais são preciosas, pois além de se fazerem bem
entender, colaboram com o descondicionamento de fatores repressivos
que a cultura e a sociedade cunham o individuo.
Além disso, um Saber Erótico, assim entendido, dá expressão à mitos
arcaicos gnósticos, que ligados à sua fundação grega, provavelmente
no caldeirão do Orfismo, e suas influências da Cabala, da Religião
Egipcia e do Tantra Oriental, revela o teor do que venha a ser a real
sabedoria de suma importância do ser humano, o conhecimento de si,
passa pelo conhecimento de suas energias, e seus usos na busca da
Totalização e da vitória sobre a morte física e espiritual que incorre em
perigo.
Uma Erotosofia não tem em si uma definição sumária, é uma “filosofia
de vida”, um pensamento, uma visão da realidade a ser trabalhada
interiormente, retirando da vita brevis um longo prazer, em forma de
emanarte e saber.
Nessa visão de mundo penetra a influência Dionisíaca, acentuada
por Nietzsche. Também se falando em saber erótico se revela o todo do

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que vem a ser O Filósofo, um Sedutor, detentor de todas as técnicas de
encanto e prazer, com a qual educa o ser humano.

II- Analogion

Logion v Logos
Dicto v Contradicto
Dis-Curso v diz Fluxo

Logo o Lógos
se imediata nas imediações espirais do dizer...

Ditar é antecursar um caminho


Salto quântico do futuro ao passado...

O Dicto
Colapso de onda do Logos...

Os pares dançantes
logo rumam à orgia do baile...

Dis-Curso
Matagal sem trilha do pensar...

Diz Dis-Curso
a vultur\/logos\/orgia do emanar...

-Momentuns

O que caracteriza os 3 momentos do AnaLogion é uma distensão


racional com a lógica do silogismo e os momentos de uma dialética de
Tese, Antítese e Síntese, onde o termo “Ana” quer, entre outras tantas
coisas, indicar o movimento ou intenção de negação de uma
racionalidade “oficial” imposta à maioria das coisas advindas do
pensar. “Ana”, a mais preciosa das coisas, é o paradoxo instalado enfim
desde o pensar à realidade.
O Pensar, coisa maravilhosa, que emana poesia & raciocínio, tem no
Lógos, a Palavra, sua via de expressão, assim como nas imagens. De tal
feita que o Analogion é a paradoxal palavra dançante, imagética &
escrita, sentimental & racional, espiral & verbal, no sentido de uma ação
circular de constante as-censão ou dis-censão no tempo/espaço.
Assim o AnaLogion carrega em suas três instâncias ou momentos
emanativos: o Logion como expressão paradoxal, nem-nem do vir-a-ser
do verbo, do Lógos enquanto Não-Logos, Não-Ser, o que herdou de
expressões estilísticas como o Koan e a poesia concreta e minimalista; o

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poetizar e o raciocínio são momentos pertencentes ao Dicto e o Dis-
Curso, onde se entremeia razão e irracional, realidade e surrealidade.

-Quântica

O que se dá nesse “sistema” ou “processo” AnaLogion é um processo


quântico, do pensar (onda/partícula) à palavra (colapso), e desta ao
texto (pacote de realidade).
No momento Logion (mínima ação pensante) temos a ebulição ou
espuma do campo quântico, a vibração da supercorda, no Dicto (dizer
contundente) o salto rumo ao colapso de onda aforismático, onde as
letras dançam diante o expectador a compor palavras, e o Dis-Curso é
o evento ou a paisagem composta em si, a realidade que colapsou
desde a potência, o que pode ter muitas interpretações, mas o Dis-
Curso como estância literária busca a manifestação artística, bela/feia
do que se quer comunicar, comum fornicar, nesse processo emanativo
do AnaLogion.

O AnaLogion aponta assim um “momento” emanativo no


tempo/espaço onde emerge a capacidade sentimental/racional da
Língua, da expressão do incomunicável, eternamente virtual e em
estado puro (Logion), e que ruma à uma atualização (Dis-Curso)
passando pelo momento em ritornelo com expressão em paixão &
razão(Dicto).

-Tempo & Espaço: Ser-Estar

Um (longo) parênteses: Note que aqui os termos podem ter um sentido


diferente do usualmente apreendido e usado em outros autores ou
“tra(d)ições” do pensamento, o uso destes termos apontam a fonte
onde fomos beber e expandir, e não uma fidelidade com a qual a
Emanarte não está comprometida, por ser livre.
Curiosamente ao longo das leituras, estudos e produção própria de
textos e Emanarte, supresas de paralelismos vão surgindo em sincronias
esclarecedoras, e a releitura de minha própria obra aponta que de
alguma forma essa ideia permeia em espiral o que emanei ao longo do
tempo.
Credito isso à uma linha de pensamento “incomum” ao senso
comum, que vamos penetrando e que ao fim, ou inicio, tem sua fonte
temporal/espacial em algum ponto no futuro (o Lápis apontado por
Terence Mckenna em seus escritos a respeito de experiências em
estados alterados de consciência), e que de lá influência e transforma o
passado onde estamos, e que por sua vez vem re-des-velando a
inspiração intuitiva artística desde então, se arregimentando
especificamente aqui na proposta Vultur!
Esse conceito temporal é por demais importante para deixar passar
batido e deve ser incorporado firmemente como premissa maior ao

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pensamento Vultur, é um ponto nefrálgico, ou antes, orgástico de pleno
êxtase e consumação que a Emanarte ruma, e é parte ontológica,
fundante, desta Mito-poiésis.
Tal conceito temporal está inscrito na obra Vultur como “Vultuar”, e é
um movimento em ritornelo-espiral base de algo tão amplo que
espacialmente podemos ter apenas recortes, de tanto que isso se
aprofunda e eleva na realidade factual, e isso se liga psicologicamente
ao que Carl Jung designou como Totalização das funções psicológicas
humanas, da qual faz parte os componentes sexuais do Masculino e
Feminino, como se o ser e estar no mundo, na existência, rumasse à essa
completude final exigida pela própria natureza do existir.

-Anarquismo

No AnaLogion então se inclui um movimento sexual-energético


mental, ou psicológico, ou espiritual, ou arquétipco, onde os recortes
consciencial dessa totalização, que no caso é experimentada ou
buscada existencialmente por esse artístita, Vultur, atua na imaginação
emanativa e na realidade cotidiana.
Nessa nota Jungiana há uma referência poderosa à completude
alçada pelas energias masculinas & femininas do ser humano
despositada tanto no homem e na mulher, e que estão por sua vez já
empossados interiormente dentro de cada homem e cada mulher, que
são totais físico-psiquicamente, machos & fêmeas cada um.
Isso externa também uma posição de ação na realidade então, quiçá
politica, da atuação social, que entendemos como Anarquismo, que é
uma proposição antes particular e não generalizante, mas que alcança
consequentemente a sociedade como um todo, da forma harmônica
da relação consigo mesmo e com o outro, conforme exposto no
pensamento de Riane Eisler, como Gilânia.
Tocamos nesses pontos para dar uma noção do alcance dessa visão
artística da vida e do ser humano, o que ao fundo remeto aos conceitos
de Autenticidade vistos em Espinosa, Nietzsche e Heidegger.
O assunto é profundo, mas vale fazer notar a corrente de pensamento
que impõe ao AnaLogion sua forma estilística e ao Vultur sua
proeminência estética, que pode-se dizer, foi grafada primeiramente
por Heráclito, onde nos primórdios de uma coisa nova e poderosa,
chamada Filosofia, estava o Mito e a Poesia.

Assim dizer que o Vultur é uma tentativa de retorno à esse momento


sapiencial humano fundador não é errada, se levarmos em conta que
há outras implicações diversas, como por exemplo, o próprio
movimento espiral da ascensão do pensamento humano em (re)torno
dos temas caros à Filosofia e que ao longo da História humana seguiu
na senda de determinadas proposições especiais onde encontramos:
Enteogenia, Teatro, Poesia, Mito, Tragédia, Orfismo, Filosofia,

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Gnosticismo, Feitiçaria, Alquimia, Psicologia Jungiana, Física Quântica,
Liberação Sexual, Existencialismo, Filosofia da Diferença... & Vultur!

Para encerrar esse parênteses, gostaria de dizer que para comprovar


a linha de pensamento na história como partes na mesma direção de
um movimento espiral seria uma titanomaquia tal e de uma celeuma
qual que este autor não está disposto a se dedicar. Nosso objetivo aqui
não é mais a Filosofia, mas a Literatura, e ai, um novo momento na
espiral que gira em anquibasia heracliana, de fluxo incessante, sobre a
questão fundante de todo pensamento humano sistemático: Ser/Não-
ser! Por que existimos? Qual nossa finalidade na natureza?
Já nesse momento que pode ser entendido como de retorno ou
rompimento, e novo começo, o AnaLogion surge como sistemática sim,
mas enquanto uma arquiteturação oca, como um vaso ou uma caixa,
onde se intenta emanar uma visão poética reconstitucional de uma
mito-poiésis pessoal, e não quer ser sistema complexo racional e
psicológica para toda humanidade, mas Obra de Emanarte.

III- Emanarte

&m\/Ana\/ar-te

Emanar os frutos da imaginação


como os passos desde o grande Amor...

Musa que uso & me usa


és o Nada & o Tudo da luz que ilumina o voar...

As obras compostas ao longo do caminho vão por sua vez dando


cabo, artisticamente, de uma tal tarefa de apresentar ou justificar essa
proposta, não de forma titânica, mas poética; não como sistema
filosófica, mas como simples obra de (eman)arte, uma AnArte, desde
que nela o AnaLogion é um processo emanativo!

-O Presente da Arte

De tal feita então que nessas páginas fruto de meu esforço, quase
sempre em forma de escrita automática, não se desfiará nenhum
“ismo” para desafiar os dicionários. Foi-se a época do pensamento
onde isso era apreciado, a mente geral da sociedade não consegue
mais lidar com esse tipo de coisa e ruma paralelamente, de um lado, à
simplificação do pensar e do comunicar-se, e de outro lado, à idiotia,
tudo graças à popularização dos meios de comunicação e o acesso ao
conhecimento de períodos passados, que encerraram a época dos

14
romances e com ela dos leitores ávidos em massa. Impera o zeitgeist da
velocidade e da rentabilidade econômica.
Em nossa sociedade estratifica-se bolhas que definirão a forma social
complexa, neurótica e pueril dos anos vindouros do interesse cultural,
tudo no intuito de mitigar a dor de um mundo superpopuloso, onde o
acesso à educação foi à algum tempo redefinido à tecnicidade e
limitado a fazer uma máquina social continuar de pé para servir
determinadas elites mundiais através do emprego, da saúde e da
segurança, que agora não passam de cópias mal feitas, principalmente
em países pobres do terceiro mundo como o Brasil, do que um dia foi
visto rapidamente no desfile de séculos de civilização, a Educação, a
Saúde, a Segurança e o Trabalho, tudo isso arrolado na forma
propagandista de reverberação conhecida como Cultura, meio onde
se encontra a Arte.

Vultur por sua vez não é o que então comumente se entende por
Arte. Isso é o que goteja de conteúdos pueris e mercantis nossa
sociedade de uma forma global.

-O Futuro como Emanarte

Vultur produz Emanarte, é Emanarte! Ou seja, um conteúdo novo no


rol de atuação estética e psicológica proposta, ou exposta, à
humanidade. Emanarte pode até ser “consumida” culturalmente pela
sociedade, porém seu lugar e intuito na realidade é “re-des-velar” uma
“verdade” de forma mito-poética do Ser/Não-ser conforme nos
primórdios de nossa civilização e cultura grega, e relativa à progressão
na linha disposta acima de proposições e emanações autênticas do
espírito humano.
Vultur é um lembrete da grandeza da Obra, e ela é mais que arte, ela
é um processo psicológico que ao longo do tempo/espaço legou ao
mundo e à humanidade um ponto de abordagem do próprio espírito e
nosso vir-a-ser que envolve conceitos refinados e talvez nem de perto
populares, que são ensinados nos livros didáticos e para o qual rumou o
status quo dentro da sociedade, violenta e medrosa.

Por isso a abordagem literária se faz renovada nesse ponto de


rompimento, pois sempre foi a literatura o motor do pensar e da
educação em sua forma comunicável e sedutora, entre seres superiores
às “massas e elites” que se igualam em ignominia e desleixo pela
autoeducação para o desfrute dos prazeres da existência...

-Rumo ao Passado

E para além de todo discurso panfletário acerca desta proposta, o


Analogion vem para efetivar esse movimento espiral em torno de algo
importante, vindo do futuro, rumo ao passado, para cada um de nós,

15
que retorna à zona de interferência do pensar, as coisas realmente
importantes na existência, que nos são apresentadas pela factualidade
da impermanência ainda que tenhamos no tempo de 1 século
esquecido, graças à duas grandes guerras, uma revolução social e
politica e várias outras pseudo-revoluções , além de retrocessos
religiosos e a imposição cínica de um modelo econômico genocida, e
também uma verdadeira evolução tecnológica, encontramo-nos
agora no limiar do ponto de rompimento desses acontecimentos que
retornam em espiral até o ponto do vazio, do total niilismo sócio-cultural,
profetizado por Nietzsche, emana-se então Vultur!

Que nos desculpem os acadêmicos, os críticos, os especialistas e os


formadores de opinião mais poderosos do momento, os humoristas, não
é nossa intenção nos justificar, defender teses ou fomentar notas de
rodapé e bibliografias recheadas para afirmarmo-nos, isso o faremos na
maioria das vezes para apontar a espiral onde passamos e fomos pegar
pensamentos para plagiar em evidente contribuição com nossa
emanarte daquilo onde sincronisticamente nos
inspiramos/reconhecemos.
A Emanarte Vultur é uma obra em constante movimento, alada, e
que ruma à purificação mental para com os pesos pesados que
impedem o ser humano de voar rumo à sua própria forma de
expressão.
Nós, rumo ao passado, presentificamos a expressão de uma estrela
que explodiu no futuro, um Sol Negro, e que agora sua luz chega,
bailarina, dançando aos nossos olhos, nos encantando com a potência
do pensar, a beleza da palavra, e o prazer gozoso de toda Emanarte!

IV- Alfabeto Dançante

-A palavra que baila

Mingua v Língua
Cripta v Críptica
Teia v Textura
Redes v Descobrir
Re-des v de finir

A escrita uma dança


de alfa a ômega...

insinuada como aranha


chama seminal, bailarina...

sobre teias de extensos esteios


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tortas linhas tortuosas do significado...

abismo rede
labirinto...

a escrita uma dança


labiríntica...

aranha dentro da cripta da palavra


urdindo rotas de fugas...

rizomas-pleromas
encontros...

um alfabeto dançante
para rede-finir o inconstante da poética

A ideia de um Alfabeto Dançante veio à tona para expressar de forma


emanartística a propriedade expansiva da linguagem, aqui em um
sentido que salta do arcaico e primordial ao sofisticado.
Retomando as pinturas rupestres e os pictogramas, passando pelo
hieróglifo até alcançar o ideograma, o Alfabeto Dançante procura dar
uma forma de expansão e expressão sinestésica à língua, que pode,
pelos caracteres do Alfabeto Dançante, se enfim dançado.
Essa proposição busca também dar expressão à uma sugestão
poética insinuada em um ensaio filosófico onde esse autor busca uma
forma de se urdir uma “filosofia para dançar”, pois, retomando
Nietzsche e suas inspirações dionisíacas, diz que “o Além-homem
dança”, assim esse Alfabeto Dançante seria uma ponte entre o pensar
e a expressão poética-filosófica do Além-Homem e sua Estrela Bailarina.
É nesse patamar que a inspiração do Alfabeto Dançante surgiu, e
arrastou consigo mitos da linguagem referente à Ariadne, ou Ariana, do
Mito de Teseu e o Minotauro em seu labirinto. Sincronisticamente as
letras do alfabeto, seguindo primeiramente uma disposição do alfabeto
grego e depois adaptado ao latino, podem paradoxalmente serem
expressos em forma de uma disposição dançante, assim como também
na forma aracnídea, onde se alinham as referências à Ariana e seu fio
que conduz para fora do labirinto.
Não esquecido do desfecho ingrato que a foi reservado à Ariana em
Naxos, mas como conta o mito, sua edificação por Dionisio, na mito-
poiésis Vultur Ariana, enquanto Aranha, se torna par do Abutre, Vultur,
onde a expressão da dança se alinha ao voo que a Emanarte propõe
emanar.
Contendo essa linha de inspiração referência diversas, dentre uma
delas a própria teia de aranha, que é vista como o palco de atuação
ou o cenário onde se desenrola a dança, ou a vida, ou o texto, o

17
número de significandos da implicância de um alfabeto Dançante para
a Emanarte e para a Mito-poesia pessoal Vultur vai se expandindo.
Sua potencialidade figurativa e poética é grande e vai se
desenvolver muito ao longo do tempo, e irá acrescentando conteúdo
artístico autêntico ao Vultur, sendo explorado em todos os âmbitos.

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V - Enphlexyon

Rephlexus\/Ephlexos\/Phlexos\/Phluxus

Flexione na forma
a reflexão do vazio, eis o mundo...

Em se refletindo o mesmo
eis que outros surgem, ser & não-ser...

O que aparece é um reflexou precário


do fluxo que subjaz em tudo...

-A Imagética Reflexiva

-Então seria certo dizer que na quarta parte ou na


metade de cada imagem observada, refletida e
gravada em nosso aparato cerebral há parte de
uma mensagem que viemos constantemente
interpretando, ignorando ou esquecendo, pela
sua importância e banalidade, talvez um soma
zero da forma, talvez um código de volta ou de
entrada, estadia ou não, do mundo...
(Enphlexyon – Ex-Tractadus)

Enphlexyon foi o nome dado ao processo de montagem de fotografias


cuja finalidade é expressar uma forma de emanarte sinestésica do olhar
na dobradura da realidade cotidiana, e assim chamar atenção para o
invisível escondido logo ali, onde a visão cessa, e se abre o portal de
mundos interiores, paralelos ou complementares secretos.
Enphlexyon pretende, na forma de uma imagem reflexiva, criar
“metáforas para a visão, e diversão para a visão, e alucinações para a
visão, e revelações para a visão, novos mitos breves para a visão,
inspirações também, para ampliar a mente, expandir os sentidos...” (in
‘Ex-Tratactus’, Enphlexyon 2010 p.2), e desta disposição imagética
inspirar o artística a produzir textos referentes a esses vislumbres que a
realidade esconde.

Retomando essa obra de 2010 e seu processo de emanação de


imagens agora, ponderando-a sob uma visão Vultur, Enphlexyon
ganham conotações ar-tisticas alinhadas ao próprio Vultur. Vê-se no
processo emantivo Enphlexyon a presença do “jogo” da analogia que
Vultur chama a tenção, como complementaridade ou Totalidade,
nesse caso da própria imagem ou da coisa e das coisas fotografadas.
Instala-se pois a possibilidade de ver, no objeto comum (0), sua contra
parte binária (1), e assim se revela a kaos-ordenação de nossa
19
realidade e do mundo que nos cerca, cuja a maior expressão ou
símbolo é a figura antropomórfica, que na maioria das vezes se revela
nas imagens enfphlexyonadas, mas ali está a prova que o ser humano é
que descende dessas figuras bi-reflexivas, que remetem à anjos,
duendes, gnomos, os enteais da natureza.
E que além dessa descendência na figura do ser humano e dos
animais herdada dessa propriedade da realidade, a própria natureza
aparece enfim em aprofundamento, demonstrado nas imagens
mandálicas surgidas quando do processo aplicado em paisagens.

Assim nesse momento, Vultur pode defender a tese que a realidade


em que residimos, da forma que a observamos, está situada em uma
paragem da matéria onde as coisas só são porque ao fundo há uma
infinda sustentação espiro-fractal, que o processo emantivo Enphlexyon
revela.
Com Enphlexyon podemos observar a extensão do tempo-espaço
momentâneo ad-infinitum, de onde emergem os mitos, os deuses, os
seres angelicais e demoníacos que fizeram casa na imaginação
humana, outrora, antes da possibilidade de um método técnico de os
observar, emergiam nas visões produzidas por substancias expansoras
da consciência, os enteógenos.
Por isso em Enphlexyon se defende que o processo emanativo é uma
forma sinestésica de emanarte, porque ela revela de forma categórica
os efeitos suscitados na mente expandida, que entra em contato com
essas dimensões paralelas da realidade habitadas por seres
arquetípicos.
-Poeticamente dizendo disso acima: amalgamas
do cérebro, ou desdobramento do um, ou da
metade, ou saudades do duplo, ou ecos do
andrós no antrós e vice e versa, busca da
entropia da agonia da solidão, desfacelamento
incorporante reflexiva, tao da forma revelada...
(ibid)

Ao fim também, Enphlexyon já defendia o fator totalizador da


experiência humana e principalmente ar-tística, onde as partes
analógicas masculinas e femininas ruma à uma complemento em
perfeita harmonia, remetendo-se ao Tao, simbolizada na figura do
oroboros do Yin-Yang.

De tal forma que podemos afirmar que esse processo emanativo é


uma forma de provar a completude da realidade onde habitamos,
para além do bem e do mal, ou seja, totalmente amorosa e sensual,
onde o Vultur agora vem cravar os parâmetros físico-espirituais desta
função de ser.

20
Que a arte fora a primeira manifestação espiritual do ser humano,
antes de haver a coisa hedionda chamada religião, é tácito, e que esta
arte se deu por causa dos sonhos, da morte e do sexo, parece certo,
porém agora com o Vultur podemos qualificar, coagulando o rol de
criação deste ar-tista, os pontos e pontes de ligação dessa visão da
realidade, elevando para além do que foi até agora a “arte”, que
decaiu naturalmente no processo entrópico da cultura, tendo Vultur
uma primeira manifestação de rebelião e revitalização. A corrente
encadeada deste ar-tistica prova a senda por onde ela emergiu do
inconsciente.

Nesta mandala emanada pelo processo Enphlexyon, original de 2010,


chamada “Refolhamagnificante”, observe o espelhamento e
aprofundamento da realidade. A seguir no texto que acompanha a
imagem podemos perceber já a imanência do “estilo” literário Vultur
que coaduna o processo textual do Analogion.

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ver
em
verde

rever

totens guardiões
invocam elementais
das confluências

um traço de fótons
reexiste como linha de luz

em um afã
um anfíbio de vida ampla
reúne em folha
a síntese de
terra água ar fogo

ranídea ramificações
mergulham e emergem
do verde superficial
ao profundo verde .

Para encerrarmos este capitulo da Mito-Poiésis acrescentamos


algumas obras emanadas em 2017 com a técnica Enphlexyon, onde
reverbera imageticamente a emersão de figuras antropomórficas à
realidade ar-tistica.

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23
-Que o espelho seja expansor e não mais ditador, espelha nossa
ilimitada beleza convergente, de um ponto onde o meio seja o princípio
dessa visão; não mais ecos, mas reverberações... -E o poeta extravasa,
imagina e sintetiza um pensamento, uma visão assim, um poema...
(Enphlexyon – 2010)
24
VI- Baedario

a\/Ba\/&\/d’aéreo

O ar-tista, para ajudar em sua indigestão


saboreia os sumos-somas dos frutos da terra...

Ele se veste de pirata


e se dedica à psiconaútica...

Baedario, essa palavra verde!


Baedario, esse nome verde!
Baedario, uma palavra bárbara!
Baedario, um veneno, um perfume,
um licor, uma dor.
Baedario, um hálito, um gosto, uma
receita, um mapa de linhas sem
sentidos, uma causa/efeito.
Baedario, um iluminogeno, ou antes,
um mortalnogeno, uma droga do
esquecimento e da lembrança e de
nenhum dos dois.
(Baedario – 2005)

-O Livro das Expansões

“Baedario” é uma palavra bárbara, que surgiu em um sonho, e designa


ali um veneno, e então serviu para dar nome ao primeiro livro que esse
autor escreveu, ajuntando notas de sonhos, que sempre faço, com
experiência com a substancia expansora da consciência chamada
Ayahuasca.
Baedario – O Livro da Expansão, foi sendo composto então ao longo
de um período de tempo que eu não saberia determinar, talvez desde
o ano 2000, com as notas de meus sonhos, e depois, com meu contato
em meados de 2005 com a Ayahuasca, um gatilho emanativo disparou
em minha psique, onde comecei, ao final daquele ano, compor uma
aventura onírica, poética, de inspiração surrealista, cheia de
experimentações, e que ao fim se mostrou como uma obra inovadora,
saída mesmo do mundo dos sonhos.
Não vou comentar os detalhes da estória, pois ainda pretendo lançar
de forma impressa essa obra, o que quero nesse momento é
brevemente apontar qual foi a gênesis da mito-poiésis Vultur, composta
ali no Baedario.

Pois o Baedario é a fundação de toda minha mito-poiésis, originaria


de meu inconsciente, das experiências com ayahuasca, acrescida por
toda minha bagagem intelectual e ocultista.

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Dentro da “aventura” descrita no Baedario, circula a ideia que
quando sonhamos, somos lançados pneumaticamente à fonte do
sonhar, na forma de uma germe onírico, lá chamado SêmenOniríco,
esse sêmen de nosso ser engendra o útero dos sonhos, a Rosassonhante,
produzindo os sonhos, esse útero dos sonhos é também concebido
como uma Chama-Dupla, que produz luz e anti-luz ao mesmo tempo, e
o seu núcleo é o Nada, ao atingir aquele ponto distante,
imediatamente o SêmenOnirico, ou o Cabeça de Gergelim, retorna ao
ser humano que dorme, com os sonhos que vivenciará.
Essa jornada aos confins da origem do sonho e o retorno à realidade
são imediatas, pois o fulcro de onde queima a Chama-Dupla da Luz
Serena do Sonhar e das Mirações da mente expandida, está em toda
parte, nas dobras da realidade psico-físicas...

Essa é apenas a descrição da linha que a saga dentro do Baedario


leva. Lá o processo de “criação” humana”, agora em Vultur entendida
como Emanação (o que faz total sentido com o que em Baedario é
proposto) é feita de forma subversiva, criminal, porque emanar seria
uma ato de traficar dos sonhos para a realidade (eman)Arte, a velha
Novidade já vista.
Essa novidade, que o livro Baedario em si traz particularmente, é não
ter sido usado em suas 162 páginas o verbo Ser, forma de se reforçar
que o veneno que o Baedario é, é o de ser um veneno para o ego, e
de tal forma isso reverbera na sua composição eliminando a fonte
linguística que implica ser, o próprio verbo que, segundo Heidegger,
oculta o ser na fala.

Em nossa análise de releitura desta obra sob


a ótica Vultur, e as sementes de toda Mito-
Poiésis ali encontradas, o Baedario lança mão
além da ausência do verbo de ação, onde
demonstra que nada é, mas parece ser, faz
também uso de aforismos, textos de profunda
poesia, e imagens onde se pode ver os
parâmetros do próprio Alfabeto Dançante na
imagem do Sêmen Onirico Cabeça de
Gergelin (imagem ao lado) com seus traços
seminais, angelicais e antropomórfico, que é a
semente lançada ao nada final, ou seja, vai ao
futuro e de lá trafica para o presente os
sonhos, as criações artísticas, as invenções
tecnológicas, etc.

Ali naquela obra, o “herói” é aconselhado, guiado em sua iniciação


nos mistérios oníricos por uma entidade, chamada Quecho Hos Los, o
nome também veio em sonhos, assim como sua imagem parecida com
o Eremita do Tarô, mas era alado, o que hoje vejo como uma referência

26
Vultur, lá ele era também chamado de Voltaire Carcomido, em
referência ao seu humor e aparência dissoluta, esse personagem que
emanei de meus sonhos tem certa influência em suas características de
uma entidade astral apresentada pelo mago Austin Osman Spare,
chamado Aguia Negra, que era, segundo Spare um xamã, que o
guiava no mundo astral.
Aqui se vê as referências que Vultur recorre, e desvela grande parte
da influencia emanativa que o Vultur significa, para mim pessoalmente,
e na “Arte” como um todo.
Aprofundar em busca das origens Vultur no Baedario seria então
desnecessário, basta ler a obra, que nesse momento de emanação
está em estado puro e arcaico, com seu linguajar truncado sem as
egolatrias possíveis da vaidade ou da decadência da palavra.
Nesses termos, a origem de Vultur, incorrompida no Baedario se
mostra original, herdando o escopo da Psiconáutica, da Enteogenia e
do Esoterismo Estético, que no próprio Baedario é explicitado.

E foi finalmente em uma atualização ao Baedario, em 2016,


pressagiando enfim o advento de Vultur, que trouxe o sentido dos
“Rotos”.
Minha intenção era expandir a obra com apêndices que não faziam
parte do estilo original textual do Baedario, prescindido do verbo ser,
mas que acrescentariam conteúdo à obra de emanarte do Baedario
como um todo, acoplando glossário e vocabulário ao conjunto da
obra, além de um texto de Roger Gilbert-Lacomte, primordial e que
encontrei em 2005 que me inspirou bastante a ideia conceptual do
Baedario, mais notas explicativas sobre imagens do Hyonoteramachia e
de Austin Osman Spare, e por fim um ensaio filosófico-literário sobre a
experiência do sonhar e do êxtase, seja ele por substancias ou técnicas
físicas, o qual resumiu a influência de estudos antigos deste autor
passados no Baedario.
Esse ensaio final retoma teorias do sonho e do êxtase e amarra as
pontas soltas na “teoria” da expansão proposta na saga do Baedario, e
encerra de forma capitular, em pleno Janeiro de 2016, o que viria
adiante:

“...Porém subliminarmente os sonhos ainda apontam o verdadeiro


sentido, o sentido que vale a pena se ter da existência, que ela não seja
precária, que ela seja fantástica, que ela seja generosa e exuberante, e
principalmente, como sonho, ela não tenha mais tempo nem de
espaço e nem morte (interrupção), que não precise de luz artificial e
que o medo seja apenas uma circunstância a ser encarada de frente,
destemidamente, pois tem o conceito de medo o sentido de nos
centrar, mediar, remediar, enquanto que nos sonhos e nos êxtases estão
caracterizados nossa verdadeira saúde, ou Salvação.
Se, como disse Jung, todos os fenômenos psicológicos tem um sentido
de finalidade, a finalidade dos sonhos só podem ser demonstrar ao ser

27
humano que somos muito mais do que imaginamos ser, somos um fim-
sem-fim, e nos sonhos está impressa a nossa capacidade de salvar a nós
mesmos.
Sempre foi isso, pois, desde o útero de nossas mães nós já sonhamos!
Mas então com o que sonhamos ali? Acho que não pode ser com outra
coisa: ter sentido, enfim, Ser, porém nunca esquecendo que este deriva
do Nada.”

Imagem original do Baedario: “O Moldador dos Sonhos em Ação”,


e sua descrição na obra: “Imagem-onírica traficada do meu ‘Atlas
de Psiconaútica Aplicada’, nela podemos ver Quecho Hos Los na
forma descamada de Morpheus”. Podemos ver então a imanência
do Vultur nessa Obra de Emanarte Fundante.

Dá-se assim o Baedario, em seu corpo de baile (obra) e em seus


“Apêndices Rotos”, o sentido de totalização que enfim o Vultur traria.
Que o Vultur seja a Obra no futuro que refletiu no passado o Baedario
não duvido, ainda falta, pois, de agora, ao passado, transfinir essa
experiência emanativa existencial de forma exemplar.

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VII- Rotos

-Rotas Vultur de Rompimentos Expandidos

A rotação circula, pois toda


rotatividade se dá circularmente;
Uma rota, porém, descreve uma
senda indefinidamente...
Assim, só a rota trilha a sina.”
(Baedario – 2005)

-Vultur
Ar\/tista
Em seus voos emanativos
o artista digere & transfini a existência...

Fisiológico & pneumático, é o ar-tista, cuja representação pictográfica é


o Vulture (grego) ou Abutre (latim), ou ainda a Águia Negra (que é
representada principalmente nos símbolos alquímicos), o Vultur é o
paradigma de uma nova espécie de ar-
tesão da palavra e da imagem, que
arregimenta o escopo deste novo tipo de
além-arte.

-Vultura
Cultura\/Culto
Des-em\/Vultura
Em tua desenvoltura espiral
traças a moldura sob a carniça da moderna-idade...

Vultura é a obra do Vultur direcionada para o público. É a desen-voltura


do ar-tista, como sinal de voo (pneumático) ou rastro terrestre
(fisiológico). A cultura em si é só um limite, um confinamento, expresso
pela moldura em torno da arte (museus, indústria cultural, comércio,
etc.), e à isso o Vultur concede sua expressão.

-Vultuar ou Fultuar
Ir\/Voltar
Vulto\/Futuro
O Eterno retorno, em espiral
corre de frente para trás...

Tudo volta em espiral,


velho & novo, em eterno romper...

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O processo de apreensão temporal onde o Vultur percebe que o
Tempo corre ao contrário do entendido pelo senso comum, do futuro
para o passado, como uma sombra flutuando sobre a realidade. Tal
Vultuar é como o voo do abutre, ou da maioria das aves de rapina, que
se dá em sentido espiral relativo à um ponto fixo em terra. No futuro,
fixa, a coisa lança sua sombra, seu vulto, ao passado, como a luz
projeta a sombra, de tal forma que são os pontos no espaço que
definem os momentos pelo qual tudo se rompe e retorna, e não o
tempo em si.

-Vulture
Perfure\/Fulture
Fulgura, in-digestamente,
nas entranhas do abutre, seu ser...

Desen\/voltura interior do Ar-tista, o Vulture é a expressão fisiológica que


tudo que o Vultur emana advém do futuro, que pressagia, e faz perfurar
a realidade, de dentro pra fora, como emanação.

-Vulturo
Vulto\/Útero
Um vulto advém do além, como fruto do útero
na velocidade da luz espaço & tempo rompem...

Forma Vultur de designar o futuro, de onde partimos no tempo, de onde


foi emanado a coisa, o ser, que redefine o passado, se emanado pelo
Vultur.

-Vulturlorgia – Sabedoria do Êxtase Emanador de um Vultur, compõe-se


de Vultur + Logia + Órgia. De certa forma é um termo cambiante de
Erotosofia, que seria uma transfinição expandida da ideia.

-Vulto, ou Fulto, ou Fulcro


Fulcro\/Funda
No presente a sombra da obra
assombra as sobras da existência que se coagula...

A coisa dada e acabada presente no futuro que se lança ao passado.


De lá que impulsiona, ou impressiona, a consciência Vultur, a redefinir
ou transfinir o passado. O Vulto é uma expressão do Lápis, da Obra que
emana-se no Futuro e de lá inspira o Vultur que pode a pressagiar pela
sua emanarte. Elá é um a-feto reverso, um corpo-sem-orgão, pois é vista
como vulto, silhueta ou sombra, que inspira o ar-tista e o faz emanar.

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-Transfinição
Trans\/Expirar
No momento interdito
transita dos poros ao ar um perfume especial...

Tranfinir é fazer do conceito tudo & nada. Mais do que redefinir o


sentido de um termo, palavra, imagem, sentimento, coisa, evento, etc.,
Transfinir é uma operação linguística-mental, é um ato sexual com a
palavra (fisiológico e espiritual), que abarca a totalidade de um termo,
fazendo isso de forma cambiante com outro termo complementar ou
oposto. A Transfinição é um momento de cópula vibrante que
acontece no Logion, e pode ou não, fazer uso de signos gráficos Vultur
como “v”, “\/”, assim como se apresentar no Dicto ou no Dis-Curso com
outros símbolos e dígitos gráficos comuns e usuais na língua escrita,
como “-“ que visa reforçar um termo dentro de uma palavra composta,
o“&” que visa copular dois termos opostos ou complementares comuns
e o “@”, cujo o uso indica a flexão de gênero numa só palavra,
expandindo assim o sentido dos termos.

-Transparência ou Amor como Transparência

Trans\/Aparecer
Sumir\/Somar
O amor é a união de duas cores, dois sabores, dois perfumes,
que se con-fundem fazendo dos se amam além-realidade...

Forma de expressar o sentimento amoroso como união total de duas


transparências em cores diferentes resultando em uma
nova cor, como no caso das cores representantes das
energias sexuais. O Amor como Transparência é o
amor holográfico, que de duas bases bidimensionais se
produz uma imagem tridimensional do amor, que só
pode acontecer com a união do Masculino e Feminino
em harmonia.

-Textura
Texeperimentar
Escrever é
grafar expansões...

Texto, geralmente de escrita automática, com diversos termos


autorreferentes entre si que transmitem uma ideia maior. Textura é um
termo comum na obra Vultur, que implica textos experimentalista, e que
ao longo do tempo se tornou cambiante ou transfinido por Dis-Curso.

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-Sentir
Possuir\/Sem ter
Sentir não depende só dos órgãos,
é produzir algo para além do corpo...

O momento percebido do choque entre o exterior e interior, não


importando de onde partiu a volição para a impressão. O Termo é
usado inauguralmente de forma para expressar um conceito expandido
na Vulturlorgia, e busca demonstrar que sentir depende não só dos
sentidos, mas da coisa com a qual o sentido irá colidir e disso tirar uma
experimentação. Sentir é atualizar o devir.

-Rotunda
Rota\/Rôta
Seguimos na senda
sempre em rompimento...

Encadeamento circular-espiral de Transfinições. Cada palavra usada,


cada termo, cada sentimento, cada impressão, são expressões de um
retorno e uma novidade, assim é rotacional-espiral a condição de
inteligir o mundo, dentro do fluxo constante de tudo-nada.

-Roto
Perdido\/Achado\/Perdido

Tod@ rot@ Vultur


e-leva & a-funda...

As mais deliciosas refeições


exigiam ar-rot@s como sinal de agrado...

Aquilo que se rompeu e foi transfinido, que se perdeu mas achou uma
nova definição nessa perdição. Temporalmente é um instantâneo
definido, podendo ser uma obra, um texto, um período de tempo, onde
rotaciona ilusoriamente circular um momento, mas é espiral. O Roto é a
quebra do aceito como comum.

-Rompimento
Rompe\/Tempera
Nas vísceras do Vultur
o espanto da nutrição...

Deliciar-se
do pomar de Hades na culinária de Persefone...

Ato Vultur de findar & reiniciar um círculo, romper é inseminar, plantar,


germinar um novo momento ou caminho, e vê-lo desenvolver. O Termo

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carrega uma analogia sexual com o coito, onde remete ao estrupo de
Persefone por Hades (rape) e gastronômicas, onde remete ao “Sapio”,
o sábio, que é chamado assim por gostar de comidas picantes. O
Rompimento indica então um momento em que uma coisa, seja qual
for a espécie, se transforma, à força da sabedoria, em prazer.

-Rompante
Ânsia\/Nua
Rompo
o sossego...

Ato de nudificar, expor uma ideia Vultur, em encadeamento,


rotundamente. Joga com o sentido de “roupa” e “nudez” pela
transfinição de “ante”. O Rompante carrega a ação impetuosa da
exposição, de assalto de uma ideia.

-Reverberar
Re-ver\/Verbo\/Berrar
Regurgita aos berros
o abismo bocejante o seu amor...

Reverberar teria o mesmo sentido de redundar, se este ato não


implicansse a definição da inautenticidade em que estão mergulhadas
as pessoas na sua exposição social. Assim Reverberar ganha seu uso
constante no texto Vultur, onde termo apresenta sentidos profundos,
como “re-agir”, já que na Erotosofia é entendido que a principal
característica do pensamento humano atual é a redundância, e assim
se caracteriza culturalmente, o Reverberar tenta romper com essa
característica, trazendo um sentido espiral onde o neologismo brinca
com Rever / Verbo / Beirar, o Reverberar assim é enfim um substantivo
mais inteligível para a Anquibasia de Heráclito. Faz assim do dizer um
observar também, e alcança a possibilidade da língua como dança.

-Oroboro
Ouro\/Sal
Sol\/Sal
Devora, no outro, a ti mesm@
pois somos o sal da pessoa amada...

Símbolo alquímico da serpente mordendo a própria


cauda. O Oroboro, ou Ouroboros, é na obra Vultur signo
do Amor como Transparência, onde os amantes já são
um só, a serpente andrógina que morde ou devora a si
mesma, em ato antropofágico que remete ao Vultur
também.

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-Obrar
Ficar\/de\/Fecar
O trabalho não dignifica
só a obra significa...

Faz com que se manifeste


os frutos de tua in-digestão...

Defecar, aqui, o resultado da emanação da digestão Vultur. A


emanarte, fruto do processo fisiológico da digestão Vultur, graças ao
seu voo pneumático.

-Nada
Ana...\/Nihil
Meu tudo, meu nada
pela ausência emano...

O Todo escatológico da emanação, começo, meio e fim. O Ilimite do


prazer ou de qualquer sentimento ou sensação. Há no termo referência
profundas do que irá se realizar, pela consecução do que se almeja,
porque já foi visto, e estando escondido como nada, negação,
obsessiona o inconsciente e de lá pode ser trá(ns)ficado para a
realidade.

-Laimosphilia
Obs\/Secção\/Sessão\/Seção\/Cessão
Nudez impossível de esconder
na ponte entre sentimento & razão...

Paixão sensual pelo pescoço, costas e dorço, e as implicâncias


erotosóficas de tal “tesão”. O pescoço e as costas guardam grande
potencial de volúpia sem a vulgaridade da nudez frontal comum
(perseguida e facilmente censurada), assim essas partes não
pudorentas ganham conotações estéticas fascinantes, além de
estarem ligadas ao gozo do Êxtase Feio. Segundo Jung, o pescoço é
também o ponto onde reside nesse momento evolutivo o nosso espírito.

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-Ilimite
I\/Limite
Dentro de tudo
o ser humano é o limite nada...

A espiral continua do poder emanador do Vultur. Assim o Vultur, como


Além-homem, resignifica de sentidos e transfinições o mundo à sua
volta, fazendo de tudo sem limites também.

-Kundalini
Fogo\/Dança
Dança a potência, palavra-orgasmo
passando pelo pescoço até língua...

Energia sexual, propriamente assim denominada, masculina que se


condensa na coluna vertebral e sobe do corpo até a testa,
serpentinamente. De cor Violeta e representada por uma serpente
ascendente ou um triângulo apontado para cima. De Kunda (=Igneo) e
Lini (=Serpente)

-Koan
Koton\/Kuu
Em Kaos & Vazio
o pensar liberta...

Koans são frases usadas como recurso, principalmente no Zen-budismo,


de colocar a mente em um estado meditativo que prescinda do uso da
racionalidade ou da lógica, os koans geralmente propõem ao
pensamento algo paradoxal, como por exemplo, entre os mais famosos:
“Qual o som de uma mão só batendo palmas?” ou “Qual era a forma
de sua face antes de seus pais se conhecerem?”, que visam conduzir o
meditante nesse paradoxo à iluminação do Sartori. No Koan Kaos
(Koton em japonês) e Vazio (Kuu em japonês) dão in-expressão à
mente, esvaziando dos processos pensantes, ficando apenas a essência
do pensar, a potência, ou em Vultur, mais precisamente, a coisa no
futuro que lança sua sombra ao passado, que há de ser o nada em
totalidade existencial, ou Nirvana, a se alcançar.

-Kaos
K\/aos
Do Kaos os mais belo voos
sublime des-ordem que não tem esse nome...

A transfinição rota de “caos”, o Kaos implica no sentido arcaico do


termo e é expressão da totalidade criativa potencial da imaginação
humana quando ligada ao Abismo e à Textura que o Analogion é
esquema, ou processo, emanativo.

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-Kênoma
Zero\/Sum
Deixa-nos chamar o nada
como quisermos...

É a contraparte arcaica e fundante do Kaos. Kênoma é o Nada


ancestral, o Vazio no fim e no começo de tudo. Se o Kaos é um todo
emanador, a potência da emanação ar-tistica, Kênoma é sua
finalidade, o consumir-se, o desaparecer.

-Futere
Fruto\/Furto
Toda emanarte é
o gozo & o dessabor do corpo & do espírito...

Copular, Foder. Carrega conotações temporais reversas e ligação com


o Ilimite nada no fim do gozo. O futuro como foder implica no Nada de
onde tudo surgiu e retorna.

-Fohat
Fogo\/Fêmea
Verde esmeralda
é a serpente-aranha que tece a salvação...

Energia sexual feminina. De cor Verde e representada por uma serpente


descendente ou um triangulo apontando para baixo.

-Expansão
Expandir\/Contrair
Corpo de expansão
Anima de redução...

Estado alterado de consciência produzido por substâncias psicoativas


ou enteógenas. A Expansão da consciência visa, além de
autoconhecimento e conhecimento de realidade aléns, demonstrar
que o ego, fruto da alma, é o que reduz o ser humano, assim a
Expansão como fim do ego é uma prova das potencialidade do corpo.

-Êxtase Feio
DaimonEcstasis
Se o prazer escraviza
só o prazer liberta...

Sentimento extático alcançado pelo descondicionamento estético


padronizado do senso comum. É uma apreciação incomum da beleza
e da atração mesmo nas coisas ditas “feias”. O Êxtase feio é uma ideia
desenvolvida e retratada na obra de Austin Osman Spare onde ele o

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define como a estética da feiticeira, repulsiva carnalmente, mas
atmosférica e sedutora pela visão expandida do mago no sabá.

-Espiral
Inspirar\/Expirar\/Espiral
O Eterno retorno
é espiral...

Movimento natural de tudo no universo, é em Vultur também a


transfinição do Eterno Retorno. A Espiral, da matéria ou do tempo,
apresenta caráter fractal, reverberado na língua e na escrita pelo
Analogion. A Espiral, como razão áurea, expressa uma proporção
oculta em tudo, galáxias, florestas, corpo humano, e o seu ritmo indica
a função de aprofundamento e desdobramento do vir-a-ser.

-Enphlexyon
Rephlexus\/Ephlexos\/Phlexos\/Phluxus

Flexione na forma
a reflexão do vazio, eis o mundo...

Processo emantivo de reflexão de imagens


de onde surge um aprofundamento da
realidade surgindo uma totalidade
analógica, que é acrescido com texturas
descritivas do que se apreende pela
abertura das dobras da realidade, como é
dito no “Ex-Tracttatus” da micro-obra
Enphlexyon de 2010: “assim alcançar novas
fronteiras, destilar dessas imagens um livro
de noções destoantes, um livro de transfigurações visionais, um livro de
um rol inusitado para memórias visuais incomuns, que pode ser usado
para o torpor iminente de uma pseudo-nova visão sempre, um livro
como index contemplativo para uma visionária autêntica auto-
inflingida...”

-Daimon: Gênio, Inspiração, Consciência superior em gozo Dionisíaco.

-Corpusemorganum
Afetus\/Afatus
Um a-feto
é a base do corpo sem órgão...

Corpo transfinido de suas funções vitais e voltado para a Emanarte,


onde a fisiologia se destina ao ar-tístico junto à pneuma.

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-Corpo de Baile

Do alpha ao ômega
as estrelas dançantes expressam o Kaos do Amor...

O corpo como instrumento de êxtase. Textualmente seria os


pictogramas do Alfabeto Dançante que se aglutinam para formar seu
texto dançante. O corpo de baile, transfinido como a teia de Ariadne,
ou a textura, é a dança da palavra, a orgia do pensamento expressa
de forma falada-dançante.

-Corpo: Universalidade Única, ou seja, tudo que existe tem um corpo,


mas cada corpo é único conforme a Vulturlorgia.

-Caos: O Todo ontológico da emanação. O limite da emanção ou de


qualquer coisa material. Foi transfinido em Vultur para Kaos, pelo termo
implicar expansões.

-Ar-Tista
Ar\/Pneuma
Obra\/Corpo
O Vultur
é todo emanarte...

Forma transfinida de ‘Artista’, para se frisar o caráter alado,


pneumático, do Vultur.

-Analogion
Logion\/Dicto\/Dis-Curso
A lógica de Ana
é a desrazão do amor...

Processo de escrita em espiral, ou fractal, que visa reverberar


esteticamente e literariamente um tema específico, dentro do qual se
busca esgotar ou apresentar as relações do assunto. Um Analogion é
composto de Logion, Dicto e Dis-Curso. Analogion seria dentro da
Erotosofia a dialética emanativa Vultur.

-Amorfrater
Fati\/Frater
Destino\/Sedução
Tudo que é feito com amorfrater
é nada do bem & do mal...

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O amor gilânico, cujo o macho e a fêmea se unem em comunhão
estável, tanto mental como corporal, psicológica e física, formando um
todo. O Amorfrater é uma expansão do Amor-Fati para designar o amor
que “diz sim” não só, mas em par. É uma transfinição do Amor
Romântico e da Philia dos gregos, porém voltado também à ímpetos
carnais & espirituais.

-Alfabeto Dançante
Vultur\/Ariacna
Uma filosofia para dançar
se faz com uma língua dançante...

Expressão pictórica das letras transfinidas em caracteres que denotam


movimento ígneo e antropormófico, é chamado de Alfabeto Dançante
Vultur-Ariacna por que em sua formatação pode tanto representar as
palavras como uma Dança, assim como um Aracnídeo, que remete
mitologicamente à Ariadne, ou Ariana, dos mitos gregos, e toda sua
referência à língua ou o sentido como um descortinar do caminho de
fuga de um labirinto, o que em Vultur ganha conotações expansivas e
amorosas também.

-A-fundar
Ir\/Voltar
Sondai
esses banimentos...

Subir às alturas do êxtase e desse ato emanar a obra. Correlato mito-


poético à jornada onírica disposta no Baedario.

-Abismo
Ab\/bA
Ut\/Eros
Abismo atrai abismo
como o nada-útero atrai turo-eros...

A abertura emanativa da consciência Vultur. É o Kaos que se manifesta


na forma sensual do Eros Dionisiaco.

-&: Sinal emanativo gráfico que indica dois termos que se auto-definem
mutuamente em uma totalidade, completude, e expande a ideia geral
sobre o conceito. Representa tanto a ampulheta do tempo reverso
(futuro-presente-passado), um corpo em posição de leitura e obrando
ou erotosofando.
: Sinal emanativo gráfico que indica o gênio inpirador do Vultur, seu
Daimon () de êxtase (), composto por letras gregas, o Delta maiúsculo
simbolizando o corpo físico e suas energias e o Épsilon minúsculo

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representando as asas do abutre e seu voo, que são sinais da
emanação, seu gozo.
-\/: Sinal emanativo gráfico que indica a presença de uma Transfinição.
Representa simbolicamente as asas do Abutre que levou a coisa para a
digestão nas alturas.

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(em)Cerramento:

\/\/
\/

A mito-poesia funda & refunda, a toda instante,


o êxtase, pois é um (v)ir e não chegar...

Ao longo desta obra revemos e expandimos os conceitos referentes ao


que seja então uma Mito-Poiésis Vultur dentro da obra e da própria
existência deste autor, trazendo novamente à baila emanações que ao
longo do tempo foram compondo o todo, ainda em desenvolvimento,
das referências psicológicas, mitológica e artísticas pessoais que se dão
como uma autêntica Obra.
Os pormenores das sendas que levaram a tal e tal asserção dentro da
obra são muitas e quase impossíveis de se relatar, o que fica é
realmente o exposto publicamente, o horizonte de eventos cujas coisas
que o circundam são emanado de um ponto futuro completo e
perfeito que só o nada da morte porá um ponto final.
Na galáxia emanativa da obra vibram as escalas do que foram sendo
“des-cobertas” na experiência existencial humana do indivíduo.
O que podemos conclusivamente asseverar da fonte futura de
emanação de todas essas coisas é o Amor & a Liberdade, sentimentos
com os quais o ser humano digladia e se emaranha para dar ao mundo
a presença obvia de sua passagem pelo intervalo da vida.
Se eu fosse cravar o que seria esse ponto final completo do qual
provém toda inspiração para emanar, pelo que consequentemente
experimentei até então, um vislumbre do futuro que me impulsiona, eu
poria não uma coisa ou um objeto, mas uma condição, um estado de
ser, que por ventura chamaria Completude ou Totalização, mas que
teria incluído certas características intuídas, a saber, a realização de um
grande amor, a convicção de uma certeza espiritual e o encontro da
felicidade, que somadas resultam em algo espantoso.
O grande amor possuiria a forma de uma mulher específica, o
coronário de uma fé seria uma apreciação espiritual-cientifica, e a
felicidade seria a possibilidade emanada da serenidade do saber
amoroso.
Tais “coisas” tão gerais, assim ditas, mas tão significantes
pessoalmente, dentro do meu coração, dão a dimensão de algo que
pode parecer louco o genial, mas também parcial ou enganoso,
tomado por um ou outro leitor ou pessoa qualquer que vive e está no
mundo. Isso seria “o Sentido da Vida”!
Tal coisa, propriedade da busca intensa de tantos ao longo de toda
historia humana, dita assim, poderá, como disse, parecer intricado ou
simples, pois não é nada para além disso, que em dias e noites afins de
incansável esforço ou proporcional exaustão, cada ser humano se viu e

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vê em algum ponto da vida confrontado: uma resposta para o por quê
de estarmos aqui!
Que tal inquisição venha a uns em momentos de sofrimentos e
desesperos, a outros nunca aconteça, e para alguns venha como
evidência é tácito e tão humano como a fé religiosa ou o medo ou
anelo pela morte, e a busca incontrolável por alegrias. E que esse autor
a tenha na forma de Obra de EmanArte desvencilhada em uma Mito-
Poesia não é nada além de humano também.
Afinal são os indivíduos sempre que lançam menos ou mais seu vulto
sobre os outros, como estrelas atraem para sua órbita planetas
aprisionados sob o julgo e influência de seu gênio ou tirania, para dar
sentido ou marcar passagem no matagal sem trilha da existência.
O que se emana nessa mito-poiésis Vultur não é nada além disso, e
ao mesmo tempo muito mais, pois é o trabalho de uma vida que se
lançam ao trabalho conscientemente, e não apenas reagiu ao mundo,
ou melhor, reagiu sim, mas de forma à dar ao mundo muito mais que a
maioria dá, uma resposta e um ato de rebeldia ao entender a dinâmica
do vir-a-ser. Vê-se nisso uma ação original, e não apenas um ato de
reflexo.
Sim! Se o principio fundante futuro do Vultur é o Amor, a Liberdade e
a Felicidade, tudo isso se posta como Rebeldia diante um mundo que
através de processos de contratos e coerções cientes ou subliminares se
fechou ao verdadeiro Amor, ao Verdadeiro Deus, e à Verdade sobre o
ser humano, sem Liberdade de ser e sem compreender a dimensão da
Felicidade.
Não quer o Vultur chegar à Verdade, não! Como dissemos, nosso
interesse não é a Verdade, a Filosofia, e nem sequer o Bem e o Belo,
pois tudo isso são sinais de precariedade, ou antes, querer isso é sinal de
precariedade e deficiência, estética e ética do ser humano, causada
justamente pelo conluio dito acima do ser humano com o mundo, em
seu Zeitgeist incessante que tritura a humanidade em troca de muito
pouca coisa.
E quando o Vultur diz que seu objetivo é a Literatura, ele quer dizer
muito mais, pois a “literatura” aqui é o que se convencionou a chamar
de Arte, que muitas vezes foi escrita para significar a autenticidade,
assim como a Alquimia, a Luta, o Autoconhecimento, etc., as Artes.
A Literatura de tudo, desde os códigos que compõem o Universo,
passando por todos os genomas dos seres viventes, até os algoritmos do
mundo virtual com o qual agora nos confrontamos indicam a senda da
Mito-Poiésis que o Vultur então reverbera de forma menor em sua
“arte”, emanarte! Literatura é o Sentido!
O Vultur vem para dar seu sentido às coisas, e que isso apareça como
obra de emanarte é consequência do encanto e da sedução
produzida por quem dá sentido às coisas.
Cremos de forma maior e superior que na existência, o porque do ser
humano é dar sentido às coisas, que não tem ou não precisam ter
sentido algum, mas esse dar sentido transforma o mundo. Gostaríamos

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de ter uma palavra para esses “dar sentido”, e talvez à urdiremos um
dia, até agora bastou a chamar de Amor, e seus frutos na consciência
individual de cada um, pois dar sentido é entender a coisa, é
mitologicamente, se misturar à coisa, copular com ela e daí do extremo
gozo de ser um com ela em transparência, saber o que ela significa,
dentro do coração.
Então o entendimento do sentido do mundo e da existência leva o
individuo aquela serenidade impassível, que muitas vezes vemos
retratada na posição e no olhar dos sábios e dos loucos, que paira além
do bem e do mal, vibrando de quietude!
Ora! Encontramos mais rápido do que imaginávamos o termo para se
referir ao sentido encontrado na existência e que nomeia então a obra
do Vultur (e de cada ser humano autêntico), e para quem não a
percebeu ao longo de toda essa explanação faceira e literal das
coisas, a grafamos no final deste compêndio mito-poético de
emanação, o ponto futuro que nos insufla a emanar e do qual advimos
todos e vamos ao encontro também, fruto do daimon (gênio) humano
a fonte de tudo e o objetivo da existência:
Êxtase!

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...aqui se encerra esse livro!

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e. m. tronconi

Mito-Poiésis Vultur
micro-obra vultur

A Textura desse Abismo chamado Consciência


www.texturadoabismo.blogspot.com.br
emtronconi@hotmail.com

Uberlândia/MG. - Brasil
Verão de 2017/18

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