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Mito-Poiésis Vultur
Micro-Obra Vultur
ATdAcC/c
www.texturadoabismo.blogspot.com.br
Uberlândia/MG – Brasil
Jan. 2018
Índice
Apresentação..................................................................................2
Mito-Poiésis Vultur
-Erotosofia.......................................................................................10
-Analogion......................................................................................11
-Emanarte.......................................................................................15
-Alfabeto Dançante......................................................................16
-Enphlexyon....................................................................................19
-Baedario........................................................................................25
-Rotos..............................................................................................29
-(em)Cerramento..........................................................................41
1
Apresentação:
Mito-Poiésis Vultur é uma micro-obra que vem para marcar uma rota de
afirmação de uma totalidade que se busca com o pensamento artístico
e literário denominado Vultur, essa rota gira em espiral do núcleo
existencial Mito-Poético deste ar-tista. Ela é composta no intuito de
expandir ideias, temas e proposições recentes de minha produção de
Emanarte e para definir os parâmetros buscado por um tal “movimento”
Vultur.
De tal feita se expõe aqui de forma estética e estilística aquilo que
venho desenvolvendo intuitivamente e sincronisticamente ao longo dos
anos e que se afirma cada vez mais sob o selo do Vultur, uma expressão
fisiológica e pneumática da obra de emanarte pessoal, para se lançar
enfim para voos literários de agora em diante.
Essa Mito-Poiésis é então um “Saber Erótico” uma Erotosofia, orgástica,
que para além da Filosofia, que é “amizade pelo saber”, o Vultur se
mostra como uma “fornicação explicita com o saber”, denotando de
tal forma seu pensamento, como disse, físico e espiritual.
Nesse tomo desenvolvi proposições apresentados nas obra recentes
de caráter Vultur, como a própria obra inaugural de Outubro de 2017,
Vultur – Daimon Eckstasis, acrescentando o Alfabeto Dançante Vultur-
Ariacna de Novembro de 2017 e o Pomar das Romãs de Janeiro de
2018. Nessa linha de lançamentos, o Pomar em sua consecução indicou
uma volta do olhar ao passado, precisamente à micro-obra @ Romã de
Novembro de 2016, onde estava então o germe de uma expressão
literária que agora afirmo como o Analogion.
Assim os Analogions (Logions - Dictos - Dis-Curso) são um passo além na
emanação de uma configuração do que vem a ser essa Erotosofia
Vultur, aqui explanada, para incremento maior do que vem a ser a
Emanarte, em sua expressão estilística, estética e psico-científica do
artística.
Trata-se de uma redes-conceitualização estética-estilística-filosófica
que arregimente a visão de emanarte Vultur que contém pensamento,
imagem e escrita na forma emanada desde Vultur, mas que sempre
esteve em minha produção artística e minha visão de mundo e
existência. Assim essa Mito-Poiésis vem coagular em uma micro-obra tal
forma de ser-aqui.
Mito-Poiéis Vultur vem, como disse, para dar forma ao que foi
introduzido em Vultur – Daimon Eckstasis e expandido em Alfabeto
Dançante Vultur-Ariacna – Portfólio de Prelúdios de uma Dança até Pomar
das Romãs – AnaLogions de AmorFrater, mas também retrocedendo até
Portf0lio de Estranhezas – Paradigma dos Livros Futuros, de Outubro de
2015, para dali então tomar impulso até a presente obra que visa ser ao
mesmo tempo uma releitura e uma afirmação dos conceitos já
introduzidos nessas obras passadas, acrescentando a emanação
2
sincronística intuída desde então, dando corpo atualizado dessas
referências emanativas.
Porém atentamo-nos, como veremos, que desde minha primeira obra
conceitual, Baedario1, de 2005, passando principalmente por
Enphlexyon, de 2010, as sementes emanativas daquilo que vem a ser o
Vultur já estavam dispostas aqui e ali, trabalho que com o tempo foi se
coagulando e agora aqui nessa Mito-Poiésis se afirma, pois além de
retomar a linha de pensamento e emanação anterior, acrescenta-se à
mitologia pessoal já desenvolvida desde Baedario, outros conteúdos
sincronisticos que Vultur foi a porta aberta para a emanação.
e.m.tronconi
Janeiro de 2018
1
Não disponibilizado ao público ainda. Todos os demais trabalhos citados aqui foram disponibilizados
em publicação digital PDF, e estão disponíveis via links no blog A Textura desse Abismo chamado
Consciência, www.texturadoabismo.blogspot.com.br, no Index Texturial.
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Introdução: Conceito & Obra
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Nesse momento explanatório ainda vale esclarecer.
Cada texto Vultur parte então das pepitas do Logion, que expressam,
de forma concisa e pura, a analogia complementar da união de
oposto, o processo de apreensão psicológica do pensamento e da
ideia, o Mysterium Coniuctionis, a copula que “soma” Kaos & Kênoma,
tudo & nada, formando a anomalia da coisa, a pedra no meio do
buraco negro no centro da galáxia, o lápis-filosofum, pedra de toque
de todo sentido e insanidade da consciência humana, que reverbera
no espaço-tempo emanando a “coisa”, a ideia, e seus contrários-
complementos.
Esses sentidos aqui expostos foram apreendidos durante o tempo, na
jornada de conhecimento e autoconhecimento, e as sincronias
finalmente vem revelar um sentido sem-tido maior, que se torna
emanarte...
Os Dictos vêm então dar um caráter afirmador, expressos
contundentemente, arregimentando ou generalizando por onde a ideia
pode se desenvolver, como se ali a vibração do Logion reverberasse
uma exaltação do tema, kaos & kênoma se tornam isto-ou-aquilo ou
nem-isto-nem-aquilo, ou ainda, isto-&-aquilo, indicando as vias de
rompimento dos sentidos e suas transfinições aparentes.
Por fim o Dis-Curso emenda ou dissipa tudo, aprofunda, eleva, refaz o
tema, complementando, totalizando o ponto que se trata. O Dis-Curso
é o esforço entrópico rumo à exaustão do fulcro do gozo que é o
Logion.
6
Seu processo de emanação pode ser notado desde Baedario (2005),
que foi uma síntese de experiência com estados alterados de
consciência produzidos pela Ayahuasca e notas de sonhos, sendo o
Baedario uma espécie de Teoria dos Sonhos ou Mirações. Baedario é
meu lápis, minha pedra fundante filosófica existencial final, por motivos
óbvios, meu Graal!
Passou-se assim o desenvolvimento dessa obra de emanarte, de tal
forma revista agora no passado, por Enphlexyon e a Imagética
Reflexiva (2010), onde propus uma emanarte reflexiva das imagens
fotografadas, das quais surgem imagens espelhadas antropomórficas
surreais, antecipando o próprio espelhamento da palavra e do sentido
alcançado nas transfinições dos Logions. Com a técnica Enphlexyon se
revela que a dobra da realidade contém um sentido de consciência
escondida do senso comum, mas finalmente alcançada
reprodutivamente fácil, graças à tecnologia, e os tramites binários da
realidade revelam um sentido de totalização, já intuída por Jung na
representação das Mandalas e seus significados psicológicos.
A expressão literária do Analogion começou a se afirmar com a obra
“@ Romã” (2016) onde os, ali assim chamados, ditos analógicos, agora
translado em “dictos”, emanaram, primeiramente como “ditos de
amor”, por eu estar naquele momento urdindo uma forma de entender
uma paixão em especial, arquetípica como vi, uma paixão fundante e
arcaica, cuja a expressão vernácula ainda reverbera na obra, e sempre
reverberará, pois essa mulher é a minha musa ideal (da qual me restrinjo
a prolongar no assunto aqui neste momento).
Porém tudo isso fora intuído na forma do “livro-vivo” que deve ser
sempre reescrito, atualizado, proposição tal apresentada no visceral
Portf0lio de Estranhezas (2015), que trazia em si a emanação sugestiva
de ser um “paradigma para livros futuros”. Está tudo ali, pairando de
forma inconsciente, na minha obra, a intuição do digito digital que @
Romã continha no titulo, e que o momento sócio-cultural exige do
artista, tendo em vista a plataforma eletrônica de divulgação de ideias,
arte, etc...
Deste espólio inconsciente (que abrange outras diversas obras que
compus no caminho, que se observadas guardam o germe desse
processo), se emanou então Vultur (2017), que vem para finalmente
romper e apontar caminho ar-tísticos sincronísticos que estavam
envoltos no inconsciente, esperando o tempo de maturação. O que
levou enfim a uma retomada em Pomar das Romãs (2018) desse sentido
emanatório perene de minha obra. Agora, se o Pomar das Romãs foi
uma retomada de @ Romã no sentido de concretizar de forma
sincrônica o processo de Analogions, a Mito-Poiésis em si é uma
retomada ao “livro-vivo” Portf0lio de Estranhezas, estava tudo lá, e deve
a essa obra estranha de emanarte os fundamentos inconscientes agora
recuperados ou reverberados.
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Vejo então nesse desenvolvimento a germinação, crescimento e
colheita do que agora representa a ideia Vultur, e seus aléns a serem
processados.
Com o Analogion creio se tornar mais fácil enfim sintetizar o ideário
fisiológico-pneumático do Vultur e suas influências existenciais e
artísticas em minha vida e obra, que arregimenta-se na forma de uma
mito-poiésis pessoal.
Observo esse processo alquímico e mágico, pois Vultur arrasta para si,
como azoto que é, o ouro refinado de minha emanarte, tornando, ou
rompendo, roto, para uma obra que coagule de agora em diante todo
esse momento emanativo em uma cornucópia, nunca definitiva, kaos-
ordenado do que será a Obra, dando corpo, de baile & orgia, à esta
Mito-Poiésis.
Entendo que o trabalho é imenso, ou não. Exige rede-finições estéticas
do que já foi publicado, que provavelmente não serão feitas em outras
obras.
Entendo também que a Mito-Poiésis irá inaugurar definitivamente o
“romper” que do agora em diante, ou em retrocesso ao futuro,
significará essa Obra de EmanArte, arrastando consigo a essência de
minha emanarte.
Até o Pomar das Romãs posso dizer então que o processo estava
sendo intuitivo e sincronístico, emanando do inconsciente, e creio que
de forma geral deva continuar assim, pois vejo o processo de criação
como um movimento eterno rumo ao infinito, em espiral, como tudo
que forma o concreto, a realidade, na natureza, que podemos definir
ao todo-nada como um pró-jeto Mito-Poético em pleno a-com-tecer,
não rumo assim a uma finalização, mas cada obra é um instantâneo
que se coagulou e foi deixado fisiologicamente pelo caminho.
Que as atualizações dos devires sejam excrementos depositados na
senda provam apenas uma coisa: ali há Vida... & Morte, ali há Nutrição!
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Mito-Poiésis Vultur
Erotosofia
Analogion
Emanarte
Alfabeto Dançante
Enphlexyon
Baedario
Rotos
paradoXos
e. m. tronconi
in Portf0lio de Estranhezas
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I- Erotosofia
Spheros v Eros
Spiral v Fractal
Do Caos ao Kaos
Amor fez todas as coisas circularem eterna\/mente...
Querendo ser
O não-ser se tornou esférico...
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que vem a ser O Filósofo, um Sedutor, detentor de todas as técnicas de
encanto e prazer, com a qual educa o ser humano.
II- Analogion
Logion v Logos
Dicto v Contradicto
Dis-Curso v diz Fluxo
Logo o Lógos
se imediata nas imediações espirais do dizer...
O Dicto
Colapso de onda do Logos...
Os pares dançantes
logo rumam à orgia do baile...
Dis-Curso
Matagal sem trilha do pensar...
Diz Dis-Curso
a vultur\/logos\/orgia do emanar...
-Momentuns
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poetizar e o raciocínio são momentos pertencentes ao Dicto e o Dis-
Curso, onde se entremeia razão e irracional, realidade e surrealidade.
-Quântica
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pensamento Vultur, é um ponto nefrálgico, ou antes, orgástico de pleno
êxtase e consumação que a Emanarte ruma, e é parte ontológica,
fundante, desta Mito-poiésis.
Tal conceito temporal está inscrito na obra Vultur como “Vultuar”, e é
um movimento em ritornelo-espiral base de algo tão amplo que
espacialmente podemos ter apenas recortes, de tanto que isso se
aprofunda e eleva na realidade factual, e isso se liga psicologicamente
ao que Carl Jung designou como Totalização das funções psicológicas
humanas, da qual faz parte os componentes sexuais do Masculino e
Feminino, como se o ser e estar no mundo, na existência, rumasse à essa
completude final exigida pela própria natureza do existir.
-Anarquismo
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Gnosticismo, Feitiçaria, Alquimia, Psicologia Jungiana, Física Quântica,
Liberação Sexual, Existencialismo, Filosofia da Diferença... & Vultur!
III- Emanarte
&m\/Ana\/ar-te
-O Presente da Arte
De tal feita então que nessas páginas fruto de meu esforço, quase
sempre em forma de escrita automática, não se desfiará nenhum
“ismo” para desafiar os dicionários. Foi-se a época do pensamento
onde isso era apreciado, a mente geral da sociedade não consegue
mais lidar com esse tipo de coisa e ruma paralelamente, de um lado, à
simplificação do pensar e do comunicar-se, e de outro lado, à idiotia,
tudo graças à popularização dos meios de comunicação e o acesso ao
conhecimento de períodos passados, que encerraram a época dos
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romances e com ela dos leitores ávidos em massa. Impera o zeitgeist da
velocidade e da rentabilidade econômica.
Em nossa sociedade estratifica-se bolhas que definirão a forma social
complexa, neurótica e pueril dos anos vindouros do interesse cultural,
tudo no intuito de mitigar a dor de um mundo superpopuloso, onde o
acesso à educação foi à algum tempo redefinido à tecnicidade e
limitado a fazer uma máquina social continuar de pé para servir
determinadas elites mundiais através do emprego, da saúde e da
segurança, que agora não passam de cópias mal feitas, principalmente
em países pobres do terceiro mundo como o Brasil, do que um dia foi
visto rapidamente no desfile de séculos de civilização, a Educação, a
Saúde, a Segurança e o Trabalho, tudo isso arrolado na forma
propagandista de reverberação conhecida como Cultura, meio onde
se encontra a Arte.
Vultur por sua vez não é o que então comumente se entende por
Arte. Isso é o que goteja de conteúdos pueris e mercantis nossa
sociedade de uma forma global.
-Rumo ao Passado
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que retorna à zona de interferência do pensar, as coisas realmente
importantes na existência, que nos são apresentadas pela factualidade
da impermanência ainda que tenhamos no tempo de 1 século
esquecido, graças à duas grandes guerras, uma revolução social e
politica e várias outras pseudo-revoluções , além de retrocessos
religiosos e a imposição cínica de um modelo econômico genocida, e
também uma verdadeira evolução tecnológica, encontramo-nos
agora no limiar do ponto de rompimento desses acontecimentos que
retornam em espiral até o ponto do vazio, do total niilismo sócio-cultural,
profetizado por Nietzsche, emana-se então Vultur!
Mingua v Língua
Cripta v Críptica
Teia v Textura
Redes v Descobrir
Re-des v de finir
abismo rede
labirinto...
rizomas-pleromas
encontros...
um alfabeto dançante
para rede-finir o inconstante da poética
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número de significandos da implicância de um alfabeto Dançante para
a Emanarte e para a Mito-poesia pessoal Vultur vai se expandindo.
Sua potencialidade figurativa e poética é grande e vai se
desenvolver muito ao longo do tempo, e irá acrescentando conteúdo
artístico autêntico ao Vultur, sendo explorado em todos os âmbitos.
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V - Enphlexyon
Rephlexus\/Ephlexos\/Phlexos\/Phluxus
Flexione na forma
a reflexão do vazio, eis o mundo...
Em se refletindo o mesmo
eis que outros surgem, ser & não-ser...
-A Imagética Reflexiva
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Que a arte fora a primeira manifestação espiritual do ser humano,
antes de haver a coisa hedionda chamada religião, é tácito, e que esta
arte se deu por causa dos sonhos, da morte e do sexo, parece certo,
porém agora com o Vultur podemos qualificar, coagulando o rol de
criação deste ar-tista, os pontos e pontes de ligação dessa visão da
realidade, elevando para além do que foi até agora a “arte”, que
decaiu naturalmente no processo entrópico da cultura, tendo Vultur
uma primeira manifestação de rebelião e revitalização. A corrente
encadeada deste ar-tistica prova a senda por onde ela emergiu do
inconsciente.
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ver
em
verde
rever
totens guardiões
invocam elementais
das confluências
um traço de fótons
reexiste como linha de luz
em um afã
um anfíbio de vida ampla
reúne em folha
a síntese de
terra água ar fogo
ranídea ramificações
mergulham e emergem
do verde superficial
ao profundo verde .
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-Que o espelho seja expansor e não mais ditador, espelha nossa
ilimitada beleza convergente, de um ponto onde o meio seja o princípio
dessa visão; não mais ecos, mas reverberações... -E o poeta extravasa,
imagina e sintetiza um pensamento, uma visão assim, um poema...
(Enphlexyon – 2010)
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VI- Baedario
a\/Ba\/&\/d’aéreo
25
Dentro da “aventura” descrita no Baedario, circula a ideia que
quando sonhamos, somos lançados pneumaticamente à fonte do
sonhar, na forma de uma germe onírico, lá chamado SêmenOniríco,
esse sêmen de nosso ser engendra o útero dos sonhos, a Rosassonhante,
produzindo os sonhos, esse útero dos sonhos é também concebido
como uma Chama-Dupla, que produz luz e anti-luz ao mesmo tempo, e
o seu núcleo é o Nada, ao atingir aquele ponto distante,
imediatamente o SêmenOnirico, ou o Cabeça de Gergelim, retorna ao
ser humano que dorme, com os sonhos que vivenciará.
Essa jornada aos confins da origem do sonho e o retorno à realidade
são imediatas, pois o fulcro de onde queima a Chama-Dupla da Luz
Serena do Sonhar e das Mirações da mente expandida, está em toda
parte, nas dobras da realidade psico-físicas...
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Vultur, lá ele era também chamado de Voltaire Carcomido, em
referência ao seu humor e aparência dissoluta, esse personagem que
emanei de meus sonhos tem certa influência em suas características de
uma entidade astral apresentada pelo mago Austin Osman Spare,
chamado Aguia Negra, que era, segundo Spare um xamã, que o
guiava no mundo astral.
Aqui se vê as referências que Vultur recorre, e desvela grande parte
da influencia emanativa que o Vultur significa, para mim pessoalmente,
e na “Arte” como um todo.
Aprofundar em busca das origens Vultur no Baedario seria então
desnecessário, basta ler a obra, que nesse momento de emanação
está em estado puro e arcaico, com seu linguajar truncado sem as
egolatrias possíveis da vaidade ou da decadência da palavra.
Nesses termos, a origem de Vultur, incorrompida no Baedario se
mostra original, herdando o escopo da Psiconáutica, da Enteogenia e
do Esoterismo Estético, que no próprio Baedario é explicitado.
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humano que somos muito mais do que imaginamos ser, somos um fim-
sem-fim, e nos sonhos está impressa a nossa capacidade de salvar a nós
mesmos.
Sempre foi isso, pois, desde o útero de nossas mães nós já sonhamos!
Mas então com o que sonhamos ali? Acho que não pode ser com outra
coisa: ter sentido, enfim, Ser, porém nunca esquecendo que este deriva
do Nada.”
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VII- Rotos
-Vultur
Ar\/tista
Em seus voos emanativos
o artista digere & transfini a existência...
-Vultura
Cultura\/Culto
Des-em\/Vultura
Em tua desenvoltura espiral
traças a moldura sob a carniça da moderna-idade...
-Vultuar ou Fultuar
Ir\/Voltar
Vulto\/Futuro
O Eterno retorno, em espiral
corre de frente para trás...
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O processo de apreensão temporal onde o Vultur percebe que o
Tempo corre ao contrário do entendido pelo senso comum, do futuro
para o passado, como uma sombra flutuando sobre a realidade. Tal
Vultuar é como o voo do abutre, ou da maioria das aves de rapina, que
se dá em sentido espiral relativo à um ponto fixo em terra. No futuro,
fixa, a coisa lança sua sombra, seu vulto, ao passado, como a luz
projeta a sombra, de tal forma que são os pontos no espaço que
definem os momentos pelo qual tudo se rompe e retorna, e não o
tempo em si.
-Vulture
Perfure\/Fulture
Fulgura, in-digestamente,
nas entranhas do abutre, seu ser...
-Vulturo
Vulto\/Útero
Um vulto advém do além, como fruto do útero
na velocidade da luz espaço & tempo rompem...
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-Transfinição
Trans\/Expirar
No momento interdito
transita dos poros ao ar um perfume especial...
Trans\/Aparecer
Sumir\/Somar
O amor é a união de duas cores, dois sabores, dois perfumes,
que se con-fundem fazendo dos se amam além-realidade...
-Textura
Texeperimentar
Escrever é
grafar expansões...
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-Sentir
Possuir\/Sem ter
Sentir não depende só dos órgãos,
é produzir algo para além do corpo...
-Rotunda
Rota\/Rôta
Seguimos na senda
sempre em rompimento...
-Roto
Perdido\/Achado\/Perdido
Aquilo que se rompeu e foi transfinido, que se perdeu mas achou uma
nova definição nessa perdição. Temporalmente é um instantâneo
definido, podendo ser uma obra, um texto, um período de tempo, onde
rotaciona ilusoriamente circular um momento, mas é espiral. O Roto é a
quebra do aceito como comum.
-Rompimento
Rompe\/Tempera
Nas vísceras do Vultur
o espanto da nutrição...
Deliciar-se
do pomar de Hades na culinária de Persefone...
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carrega uma analogia sexual com o coito, onde remete ao estrupo de
Persefone por Hades (rape) e gastronômicas, onde remete ao “Sapio”,
o sábio, que é chamado assim por gostar de comidas picantes. O
Rompimento indica então um momento em que uma coisa, seja qual
for a espécie, se transforma, à força da sabedoria, em prazer.
-Rompante
Ânsia\/Nua
Rompo
o sossego...
-Reverberar
Re-ver\/Verbo\/Berrar
Regurgita aos berros
o abismo bocejante o seu amor...
-Oroboro
Ouro\/Sal
Sol\/Sal
Devora, no outro, a ti mesm@
pois somos o sal da pessoa amada...
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-Obrar
Ficar\/de\/Fecar
O trabalho não dignifica
só a obra significa...
-Nada
Ana...\/Nihil
Meu tudo, meu nada
pela ausência emano...
-Laimosphilia
Obs\/Secção\/Sessão\/Seção\/Cessão
Nudez impossível de esconder
na ponte entre sentimento & razão...
34
-Ilimite
I\/Limite
Dentro de tudo
o ser humano é o limite nada...
-Kundalini
Fogo\/Dança
Dança a potência, palavra-orgasmo
passando pelo pescoço até língua...
-Koan
Koton\/Kuu
Em Kaos & Vazio
o pensar liberta...
-Kaos
K\/aos
Do Kaos os mais belo voos
sublime des-ordem que não tem esse nome...
35
-Kênoma
Zero\/Sum
Deixa-nos chamar o nada
como quisermos...
-Futere
Fruto\/Furto
Toda emanarte é
o gozo & o dessabor do corpo & do espírito...
-Fohat
Fogo\/Fêmea
Verde esmeralda
é a serpente-aranha que tece a salvação...
-Expansão
Expandir\/Contrair
Corpo de expansão
Anima de redução...
-Êxtase Feio
DaimonEcstasis
Se o prazer escraviza
só o prazer liberta...
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define como a estética da feiticeira, repulsiva carnalmente, mas
atmosférica e sedutora pela visão expandida do mago no sabá.
-Espiral
Inspirar\/Expirar\/Espiral
O Eterno retorno
é espiral...
-Enphlexyon
Rephlexus\/Ephlexos\/Phlexos\/Phluxus
Flexione na forma
a reflexão do vazio, eis o mundo...
-Corpusemorganum
Afetus\/Afatus
Um a-feto
é a base do corpo sem órgão...
37
-Corpo de Baile
Do alpha ao ômega
as estrelas dançantes expressam o Kaos do Amor...
-Ar-Tista
Ar\/Pneuma
Obra\/Corpo
O Vultur
é todo emanarte...
-Analogion
Logion\/Dicto\/Dis-Curso
A lógica de Ana
é a desrazão do amor...
-Amorfrater
Fati\/Frater
Destino\/Sedução
Tudo que é feito com amorfrater
é nada do bem & do mal...
38
O amor gilânico, cujo o macho e a fêmea se unem em comunhão
estável, tanto mental como corporal, psicológica e física, formando um
todo. O Amorfrater é uma expansão do Amor-Fati para designar o amor
que “diz sim” não só, mas em par. É uma transfinição do Amor
Romântico e da Philia dos gregos, porém voltado também à ímpetos
carnais & espirituais.
-Alfabeto Dançante
Vultur\/Ariacna
Uma filosofia para dançar
se faz com uma língua dançante...
-A-fundar
Ir\/Voltar
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esses banimentos...
-Abismo
Ab\/bA
Ut\/Eros
Abismo atrai abismo
como o nada-útero atrai turo-eros...
-&: Sinal emanativo gráfico que indica dois termos que se auto-definem
mutuamente em uma totalidade, completude, e expande a ideia geral
sobre o conceito. Representa tanto a ampulheta do tempo reverso
(futuro-presente-passado), um corpo em posição de leitura e obrando
ou erotosofando.
: Sinal emanativo gráfico que indica o gênio inpirador do Vultur, seu
Daimon () de êxtase (), composto por letras gregas, o Delta maiúsculo
simbolizando o corpo físico e suas energias e o Épsilon minúsculo
39
representando as asas do abutre e seu voo, que são sinais da
emanação, seu gozo.
-\/: Sinal emanativo gráfico que indica a presença de uma Transfinição.
Representa simbolicamente as asas do Abutre que levou a coisa para a
digestão nas alturas.
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(em)Cerramento:
\/\/
\/
41
vê em algum ponto da vida confrontado: uma resposta para o por quê
de estarmos aqui!
Que tal inquisição venha a uns em momentos de sofrimentos e
desesperos, a outros nunca aconteça, e para alguns venha como
evidência é tácito e tão humano como a fé religiosa ou o medo ou
anelo pela morte, e a busca incontrolável por alegrias. E que esse autor
a tenha na forma de Obra de EmanArte desvencilhada em uma Mito-
Poesia não é nada além de humano também.
Afinal são os indivíduos sempre que lançam menos ou mais seu vulto
sobre os outros, como estrelas atraem para sua órbita planetas
aprisionados sob o julgo e influência de seu gênio ou tirania, para dar
sentido ou marcar passagem no matagal sem trilha da existência.
O que se emana nessa mito-poiésis Vultur não é nada além disso, e
ao mesmo tempo muito mais, pois é o trabalho de uma vida que se
lançam ao trabalho conscientemente, e não apenas reagiu ao mundo,
ou melhor, reagiu sim, mas de forma à dar ao mundo muito mais que a
maioria dá, uma resposta e um ato de rebeldia ao entender a dinâmica
do vir-a-ser. Vê-se nisso uma ação original, e não apenas um ato de
reflexo.
Sim! Se o principio fundante futuro do Vultur é o Amor, a Liberdade e
a Felicidade, tudo isso se posta como Rebeldia diante um mundo que
através de processos de contratos e coerções cientes ou subliminares se
fechou ao verdadeiro Amor, ao Verdadeiro Deus, e à Verdade sobre o
ser humano, sem Liberdade de ser e sem compreender a dimensão da
Felicidade.
Não quer o Vultur chegar à Verdade, não! Como dissemos, nosso
interesse não é a Verdade, a Filosofia, e nem sequer o Bem e o Belo,
pois tudo isso são sinais de precariedade, ou antes, querer isso é sinal de
precariedade e deficiência, estética e ética do ser humano, causada
justamente pelo conluio dito acima do ser humano com o mundo, em
seu Zeitgeist incessante que tritura a humanidade em troca de muito
pouca coisa.
E quando o Vultur diz que seu objetivo é a Literatura, ele quer dizer
muito mais, pois a “literatura” aqui é o que se convencionou a chamar
de Arte, que muitas vezes foi escrita para significar a autenticidade,
assim como a Alquimia, a Luta, o Autoconhecimento, etc., as Artes.
A Literatura de tudo, desde os códigos que compõem o Universo,
passando por todos os genomas dos seres viventes, até os algoritmos do
mundo virtual com o qual agora nos confrontamos indicam a senda da
Mito-Poiésis que o Vultur então reverbera de forma menor em sua
“arte”, emanarte! Literatura é o Sentido!
O Vultur vem para dar seu sentido às coisas, e que isso apareça como
obra de emanarte é consequência do encanto e da sedução
produzida por quem dá sentido às coisas.
Cremos de forma maior e superior que na existência, o porque do ser
humano é dar sentido às coisas, que não tem ou não precisam ter
sentido algum, mas esse dar sentido transforma o mundo. Gostaríamos
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de ter uma palavra para esses “dar sentido”, e talvez à urdiremos um
dia, até agora bastou a chamar de Amor, e seus frutos na consciência
individual de cada um, pois dar sentido é entender a coisa, é
mitologicamente, se misturar à coisa, copular com ela e daí do extremo
gozo de ser um com ela em transparência, saber o que ela significa,
dentro do coração.
Então o entendimento do sentido do mundo e da existência leva o
individuo aquela serenidade impassível, que muitas vezes vemos
retratada na posição e no olhar dos sábios e dos loucos, que paira além
do bem e do mal, vibrando de quietude!
Ora! Encontramos mais rápido do que imaginávamos o termo para se
referir ao sentido encontrado na existência e que nomeia então a obra
do Vultur (e de cada ser humano autêntico), e para quem não a
percebeu ao longo de toda essa explanação faceira e literal das
coisas, a grafamos no final deste compêndio mito-poético de
emanação, o ponto futuro que nos insufla a emanar e do qual advimos
todos e vamos ao encontro também, fruto do daimon (gênio) humano
a fonte de tudo e o objetivo da existência:
Êxtase!
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...aqui se encerra esse livro!
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e. m. tronconi
Mito-Poiésis Vultur
micro-obra vultur
Uberlândia/MG. - Brasil
Verão de 2017/18
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