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Vultur

Vultur

AO

livro anarcaico

MicrObra
Junho – MMXVIII
ATdAcC/c
Introdução:

murmurados desde a epinóia


que se convulsiona do cotidiano até ao Pleroma da
imaginação livre, amorosa, dinâmica, emanadora,
que se quer & quer seu conduto em paragens
melhores, mantém aberta as sendas do sonho, para
que não morra o espírito antes do tempo-findus que
lhe deve a existência...

Mas eis que se encontra exausta (a palavra), quer


romper, quer desaparecer, mas aparecer também,
quer se iluminar, tornar-se luz, ser levada pela luz
serena, de sentido, sentidos, sem tidos...

Consciência nova e já antiga, que erigiu sua mito-


poiesis ao longo de uma curta vida que se repete
desde sempre. Eis o presságio do Meio-dia, da
liberação dos ciclos repetitivos do eterno-retorno do
mesmo... eis os murmúrios do perdão, da
libertação...

Quer-se então simples, rustica, serena, original,


mínima, vazia, caótica ao máximo...

Quer asas de abutre & ventre de aranha...

& para isso ousa uma obra, uma ato de emanarte,


um manuscrito digital, que seja, um simples rastro no
monumental momento de armazenamento de
dados & extrapolações...

Siglas, signos, escarificações na pele digital, com


ímpeto analógico, sempre, pois nosso arcaico é o
analógico, & nada mais antes disso nos cabe...

&ntão compõe um livro primitivo, livro corpo, livro


energia, caderno coisa, casa, lar, vila, cidade, loja,
loucura, locus, logos, lugar... pois o lugar das ideias
de um poeta... é o livro, livro, libre, livre...

Com “palavras” rompidas, que parem,


ejaculam, alucinam, original varginalmente,
virgens nunca faladas, novi-sem-idade, palavras
criminais, marginais, originais, incestuosas, extra-
vagantes, pal-aves ar-tificiais, inaugurais, inauditas
até então...

& nessa forma de expressão sonorrealista, surreal,


irreal, real, mas não fatal, leal, serial... compõe a
obra em movimento... fisiológica, alucinada!

&

é que
existe uma mulher
ela é tudo
corpo, alma, espírito
razão, loucura
hora, dia, mês, ano
lar, casa, cidade, mundo
galáxias, uni...

onde a encontrei?
no caos!
sorte/azar

ec-xiste uma fêmea


primordial
ela é palavra
qualquer glosa
cujo macho
é verbo
diminuto
& ambos
sizígia primeira
do di-ser...

ArchO
Arché
AnarchO
AiOn

Onto
Aqui há tudo
entre o alfa & o Ômega
entre o A & o Z
entre nada & tudo
entre o 0 & o 1

perscrutar o que é o artista


o amor
a morte
a paixão

Libro Arco Aico

Nosso arcaico é o analógico!

O limbo da simplicidade
O que esperar encontrar lá?
O que procurar?
Quem traça esse caminho?
Quem vai até a cabana arcaica?

Há um momento
que chega a hora de se falar de nada
É o espirito ar-tistico volindo
querendo sobreviver

A curva na estrada
A dobra da consciência
A insignificância de tudo
A refundação dos valores pessoais
A refutação de todo o mundo
A fuga do dado, do dito, do imposto
A Emanação
Anárquico\/Anarcaico

Oooo... quantas vezes já lhe matei em sonhos


para me livrar desse fascínio...

AO
AiOn
nOiA
iAnO
iOnA
OniA
AniO
AinO

kOAs

zOA
OzA
AzO
OAz
AOz

kAOz
AnaLogions
0
f(r)esta

Houve, ouve & vê, festas


rompimentos da realidade...

& sequer soubemos o que era desaparecer não


desaparecendo, sequer soubemos o que era fundir-
se, nas doces & terríveis orgias do corpo & da
mente.
Pressagia Dionísio o Vultur, com a Ariacna à sua
frente...

1
per-tecer\/pelo tecer

Que audácia isso,


outro corpo nos pertencer...

Teia disposta, extensa rede, prisão onde aquilo que


possuis, te domina para além da carência, tal
pertencença, odisseia que entremeia liberdade &
escravidão: A-mor.

2
eros\/ousia

Essa heresia,
se entregar por inteiro...

Entrega, (in)consci(ente) desafiando as leis que


nunca foram escritas em uma cripta onde jaz o
sublime & o abissal.
3
d\/Eus

Deuses que se cobiçam


exigem holocausto de sentimentos...

Fazer da cobiça divina enquanto funeral da


desmesurada razão de ser & a divindade como
capacidade em exigir sacrifício do amor fazer
broca perfurante no crânio ósseo no altares
baixios...

4
infin\/tristessa

Infinita tristeza
é a falta de coragem...

Nunca o refugio da covardia ao qual ocorremos


quando confrontados com nada ou tudo, o
desconhecido & o lar o conforto & o desconforto
do mesmo & do novo.

5
Ama\/tecer

Amadurecer
é a capacidade de embrutecer...

Amadurecer é um colher do sopro feminino que


atinge o masculino elas brutais, eles eretos devorar
& deixar-se comer.
6
uni\/ida

No jogo da vida
tudo são oportunidades únicas...

& se assim se desenrola, como jogo, brincadeira,


teatro, tudo único & eterna repetição, dos lances &
jogadas todos já uma vez realizados, executadas à
exaustão em recorrentes repetições, por que não
lanço enfim, o lance que meus desejos requerem?
São tantos & muitos... & únicos!

7
Ars\/Poeira

A arte de esquecer
é a mais bela mentira da memória...

Fuga! Fugaz! Memória mente... Onde reside o fio


dentro do labirinto que liga & religa o dito do fato
do que somos pelo que lembramos? Oh! Suprema
ilusão da consciência: Memória! Pois para lembrar
deve-se esquecer, & para esquecer deve-se
lembrar... O ponto fulcral do ser é um puro
paradoxo!

8
der\/rota

Sentir-se derrotado
é colidir com suas falácias...

Ergue-se todas as justificações, funda-se o eu, erige-


se o seguimento, mas eis que tenciona, pende, a
totalidade, e vê-se, iluminado, que tudo é ilusão, e
dentro disso a derrota é a maior das falácias, pois
nunca se ganha ou se perde, ela é puro cansaço!
9
mal/bem\/licia\/de-lícia

A malicia
ainda há de excitar os torpes...

Último naufrágio da torpeza, sentir-se arrebatado


pela excitação, & isso não entender, como uma
graça que atinge um sapo, & ele não se torna mais
que um... sapo. & um sapo não se delicia com sal...

10
Sau\/gar

Saudade é só mais uma fuga,


concessão de voltar ao que se foi...

Temeroso risco querer sofrer, de novo! Sal em carne


podre!

11

Só acredito no amor ideal,


tudo mais são relacionamentos...

12
in\/pacto

A palavra que lhe falta para todo


sentimento
pode ser “impacto”...

Quando nos falta palavras, como se faltasse ar, ou


abrigo que protegesse num temporal, eis que o
próprio temporal é o sentido, o próprio desabrigo é
o sentido da situação, & dar à isso a simples pecha
momentânea de ‘impacto’ é sapiência, um pacto
com o Daimon, elegia dionisíaca desmesurada,
perdição!
13

Ter sofrido
não livra ninguém de ser estupido...

14
ar\/fogo\/ar

O artificial
não se sufoca de inexistência...

Uma IA não perderia tempo ou bits processando


sobre não existir, assim como flores de plástico não
precisam de água e não florescerão para murchar,
um parâmetro que não se pondera sobre a
inteligência artificial é que ela nunca será
inteligência, mas somente artificio de inteligência,
ela poderá no máximo ser uma boa fingidora...Pois
o fogo não precisa só de ar para arder!

15

Nada mais real


que um pesadelo acordado...

Jogaste-me em um pesadelo acordado quando


passou do meu lado & “não me viu”, senti teu calor,
teu cheiro, tremi... Mas eu não estava ali! Não é?

16
vil\/serás

Te vi!
& era como se revirasse as vísceras...

Vísceras transparentes, invisíveis, dobradas, diante


de ti, imensidão-mulher!
17
b-Ônus

Vende-se a alma,
dá-se o corpo, ou vice-versa...

18
ex/in\/ternura

Eternizar-se
é externalizar o que acabará...

19
fado\/fato\/ato

A verdade
é ato...

A grande novidade no palco das coisas: ser é


liberdade de agir, & agir é a única verdade na
existência! Não procure nenhuma verdade fora do
acontecido, tudo mais são probabilidades que não
se realizaram, ou são sonhos, imaginação, ou a
vontade de um morto.

20
indi\/gesto

Não há gestos
para a mentira...

Mostre-me um gesto irreal, mostre-me um gesto


falso, um gesto de mentira! Nunca conseguirá!
21
intim\/ações

A pena da intimidade que acaba


é reviver o bom que ruiu...

Qualquer intimidade é boa, é a construção de uma


catedral-momento-monumento ao sacro, segredo,
sagrado, de dois em via de um & nada...

22
ex\/Crer\/ver

Nasce um escritor,
morre um leitor...

Ler é deixar-se levar pela correnteza alheia, então


uma hora alguns afogam-se, não basta o alheio
escrito, & auto-cria-se um escritor, um morto que
compõe sua própria cripta lapidar de escritos,
palavras sempre póstumas de sua consciência
efêmera que agora se sepulta & brota como flor...
Crê-se mais no que compõe no que já leu, mesmo
que isso seja só cópia modificada no jogo em que
tudo já se jogou!

23

Poetas inseminam frases


de tesão reprimido...

Espermogênese estéril, desses poetas & poetizas...

24
inti\/umi\/unidade

Intimidade
umidade ou seca...
25

Não chame amor


o prazer que só você sente...

26

Pode se viver sem


aquilo que nunca se teve...

Sobre o mundo digital... Não tenha medo de dizer


adeus...

27

Poucas frases
sobreviveriam à sua inversão...

Palavras lançadas à sorte de sua posição, cut-ups,


sincronias compositórias, lascerações verbais,
poucas inversões, sobreviveriam às suas frases...

28

Queira mal sempre bem,


é mais fundo, lento, duradouro...

29
fera\/ri

Ferir com desprezo


é matar com veneno feminino...

A fêmea é uma fera que ri & despreza aquilo que


teso preza, mas não lhe faz falta.
30
al-heio\/cova

Encontrar lar ou cova (?)


nos braços alheios; alcova...

Mal sabemos, onde vamos pousar no idílio do


repouso, se em braços amigos, se em opressores
braçais, em busca do carinho, a violência, em
recusa da brutalidade, a paz dos gestos que nunca
mentem!

31

O entorpecente mais fraco que há


é escrever...

32
am\/ar

Prefere morto ou sofrendo


aquilo que tu amas?...

No fundo amar é se preparar para não saber


perder! Quando alcançar o ponto de ser
insuportável não ter, mesmo tendo, eis que chegou
ao centro do amor que aponta com o
sofrimento/prazer para o Nada! Inconformar-se
contra aquilo que não tens escolha, se for
autentico!
aqui se encerra esse livro,
AO
livro anarcaico

by

Vultur
(micro/obra)

texturadoabismo.blogspot.com.br
jun-ago/2018
e.m.tronconi – emtronconi@hotmail.com

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