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Em Portugal, durante as últimas décadas, tentou acabar-se com as marcas

do nosso mundo rural, como solução para os problemas de atraso e de


subdesenvolvimento, levando a uma perda de grande parte da nossa
identidade como povo e a fazendo com que um património cultural e
natural de uma grande riqueza, esteja paulatinamente a caminhar para a
completa descaracterização e até mesmo extinção.
Não basta recuperar uma dúzia de aldeias, ou organizar meia dúzia de
feiras de artesanato. Precisamos de um projeto nacional que encare o
nosso mundo rural como parte integrante da nossa riqueza como povo e
nação, pois quer queiramos quer não, provavelmente é o seu legado que
nos faz únicos num mundo cada vez mais estandardizado, pois é aí que
podemos estão as raízes da nossa identidade. É necessário criar condições
para fazermos do espaço rural uma fonte de desenvolvimento sustentado
e de aproveitamento dos valores que nos distinguem. Se nada se fizer,
daqui a pouco tempo teremos um país litoral de subúrbios e de gente
desenraizada, e um interior com uma paisagem feita de eucaliptos,
acácias e silvados.
De facto, a urbanização não é a única via de desenvolvimento, pelo que o
mesmo não implica necessariamente o desaparecimento do espaço rural.
As novas fontes de crescimento das áreas rurais estão principalmente
ligadas a peculiaridades dos patrimónios natural e cultural, o que só
reafirma o contraste entre os contextos ambientais dos espaços urbanos e
rurais.
Actualmente consegue perceber-se que cada vez mais as autarquias vêm
um enorme potencial do sector terciário na criação de emprego
permanente. Nesta perspectiva, esse sector tem vindo cada vez mais a
fazer parte integrante das suas estratégias de desenvolvimento local e
regional, como forma de o reforçar e diversificar, através do
desenvolvimento de sistemas produtivos baseados em vários tipos de
combinações de atividades terciárias com as duas outras categorias
sectoriais. As novas fontes de crescimento e emprego estão nas atividades
de serviços ligadas ao lazer e ao meio natural, mesmo que continuem
muito importantes outros tipos de serviços, como os financeiros, de
seguros, imobiliários, de restauração, etc.
No sector terciário, a cultura reveste uma importância tripla para o
desenvolvimento regional. Em primeiro lugar, é fonte de emprego: as
atividades relacionadas com o património cultural, do mesmo modo que
os produtos e as indústrias de vocação cultural, criam, direita e
indiretamente, emprego. Em segundo lugar, é um fator cada vez mais
decisivo na localização de novos investimentos, dado que reforça a
imagem e a capacidade de atração de uma região. A cultura pode
desempenhar um papel importante na renovação de zonas urbanas
desfavorecidas ou de zonas rurais. Em terceiro lugar, pode favorecer a
integração social e, deste modo, contribuir para a coesão social.
Aos empregos direitos, criados por projetos culturais, acrescentam-se
vários empregos indiretos: serviços de assistência, fornecedores, empresas
de construção, equipamentos de hotelaria, centros de formação, serviços
de reserva, etc.
Nas zonas rurais, os produtos e atividades estão estreitamente ligados às
raízes culturais da região. Manifestações específicas deste tipo de
património cultural são, por exemplo, as festas do vinho ligadas às
vindimas e as tradições locais de fabrico de pão. Ao mesmo tempo que
contribuem para o desenvolvimento regional e turístico, estas
manifestações reforçam o sentimento da identificação de uma população
com o seu território. São cada vez mais os projetos locais organizados
pelas autarquias ligados à cultura. Estes projetos contribuem para
promover a identidade regional, a valorização do património cultural,
através da criação de infraestruturasculturais permanentes (ecomuseus e
centros culturais) e da organização de atividades culturais específicas
(festivais, feiras, etc.). É por esta razão que se deve incentivar os
investimentos turísticos e artesanais (incluindo a melhoria da habitação
nas explorações agrícolas), e da renovação e desenvolvimento das aldeias
e da proteçãoe conservação do património rural.
É necessário assegurar, em particular na promoção da recuperação de
cidades antigas e históricas, que esses projetos sejam realizados com base
numa estratégia de recuperação e revitalização que tenham por objetivo a
multifuncionalidade das cidades ou a conservação do espaço habitacional
e das infra-estruturas necessárias à habitabilidade, promovendo o
ressurgimento e o desenvolvimento da atividade comercial, artesanal,
turística, social e cultural ligadas às tradições históricas da cidade, de
modo a devolver-lhes a sua vitalidade revalorizando assim o nosso
património arquitetónico e artístico e tornando os serviços acessíveis e
modernos.
A área urbana deve possuir e valorizar a sua própria identidade
relacionando-a com os sistemas rurais e territoriais protegidos. A
constituição e a ampliação dos parques naturais protegidos devem estar
sintonizadas com as exigências e os equilíbrios da população.

Uma vertente igualmente importante de um património cultural e que está


associada ao espaço em que se desenvolve é a língua. Uma língua palpita,
cresce, torna-se flexível, expande-se, desenvolve-se, enfim, vive. É através
de uma língua que podemos comunicar com os outros. Entende-se por
língua uma forma particular de linguagem, um sistema de signos vocais,
que podem ser transcritos graficamente, comum a um povo, a uma nação,
a uma cultura e que constitui o seu instrumento de comunicação. O mais
admirável é que, com poucas dezenas de sons, todas as pessoas podem
construir, em qualquer língua do mundo, uma infinidade de expressões
que revelam aos outros o que pensam, o que imaginam e o que sentem. E
não é de estranhar que uma língua tenha variantes de si própria,
principalmente quando se estende por vários quilómetros de extensão. É o
caso da língua portuguesa, que é falada nos cinco continentes do mundo,
por milhões de pessoas.
Algumas variantes fonéticas, lexicais e semânticas da língua portuguesa
falada em Portugal e noutro país lusófono (o Brasil): os fonemas usados no
português do Brasil são, muitas vezes, diferentes dos usados no português
europeu, ou seja, uma mesma palavra tem notação fonética diferente no
Brasil da dos outros países lusófonos.
Vimos as diferenças entre a variante europeia e a variante brasileira do
Português. No entanto, o próprio português falado em Portugal tem
diferenças de região para região, como facilmente nos podemos aperceber
quando viajamos no nosso país e chegamos ao Minho, ou a Trás-os-
Montes, ou ao Alentejo e até mesmo ao Algarve. De facto, as variedades
nacionais da língua portuguesa não apresentam uma uniformidade
interna, sendo constituída por variantes geográficas que se denominam
dialectos. O dialecto não é hoje considerado uma forma diferente (e até
desprestigiada) de falar uma língua, mas é qualquer forma de falar uma
língua conforme a região a que pertence o falante. Os dialectos do
português europeu não são muito distintos entre si, por razões de carácter
histórico. Em todo o caso, podem agrupar-se da seguinte forma:
Os dialectos setentrionais, caracterizados pelo desaparecimento da
oposição entre /b/ e /v/ e sua fusão numa única consoante, realizada quer
como [b] quer como [v] e pela conservação do ditongo /ow/
(graficamente , como em pouco, soube), entre outras.

Os dialectos dos Açores e da Madeira exibem características específicas.


No arquipélago açoriano, o dialecto micaelense apresenta as vogais
palatais [ü] a [ö] que correspondem, respectivamente, a /u/ e /o/ (como
em uva, [ü]va; pouco, p[ö]co; boi, b[ö]i; piolho, pi[ö]lho) e a elevação do
/o/ tónico para [u], como em: doze, d[u]ze; amor, am[u]r. No arquipélago
madeirense nota-se a velarização do /a/ tónico, a substituição do /i/
tónico (exs: ilha [em]lha, jardim, jard[em]) e a palatalização do /l/ quando
precedido de [i] (ex: filetes, fi[lh]etes).

É de grande importância, preservar, manter e organizar o local onde


vivemos. Quem não gosta de estar ao ar livre entre amigos, familiares
desfrutando da paisagem que nos rodeia? Quem não gosta de ir até à
praia e nadar nas águas claras e isentas de maus cheiros e lixos? Quem
não gosta de ir a uma cidade e encontrar os passeios sem vestígios de
aglomerados de lixo? Quem não gosta de fazer uma caminhada onde
possa respirar sem sentir o incómodo dos cheiros das fábricas e poder
usufruir do ar fresco das árvores?
Estas perguntas alertam para a necessidade de tomarmos consciência do
quanto é necessário o controlo e equilíbrio dos espaços rural e urbano,
valorizando-os e aproveitando-os da melhor maneira.

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