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Você sabe o que é sotaque?

Você sabe o que é sotaque? Aprenda história através dos diferentes sotaques.

O sotaque pode variar de acordo com a região, fazendo parte da identidade cultural de determinada
comunidade linguística

Você sabe o que é o sotaque?

O sotaque, como você já deve saber, está relacionado à nossa fala, ou seja, à maneira como falamos e
pronunciamos as palavras. O Brasil é um país com dimensões continentais, somos um povo rico
culturalmente, o que se deve à contribuição dos diversos povos que para cá vieram através das correntes
imigratórias durante nossa História. Como somos diferentes, apesar de sermos todos brasileiros, é natural
que nosso modo de falar as palavras mude conforme a região do país. Mas você sabia que os diversos
sotaques brasileiros podem ser explicados por meio da História?

Na região Sul, por exemplo, que recebeu grande número de imigrantes italianos, alemães e povos do
leste europeu, o português brasileiro sofreu influência dos idiomas falados nesses países não apenas no
sotaque, mas também no uso de algumas expressões particulares dessa região. Em São Paulo, cuja
imigração italiana foi intensa, o sotaque lembra muito a prosódia (estudo da correta emissão das
palavras) do idioma italiano. No Rio de Janeiro, encontramos o sotaque que mais se assemelha com o
sotaque do português de Portugal, já que a cidade foi sede da corte portuguesa entre 1808 e 1821. Na
região Norte, que recebeu menos imigrantes em virtude de questões geográficas, o sotaque está mais
próximo das línguas indígenas, com as quais o português estabeleceu seu primeiro contato linguístico em
terras brasileiras.

Quando viajamos pelo país, nossa sensibilidade aos sotaques fica ainda mais aguçada, pois as diferenças
nos falares ficam mais evidentes quando estamos deslocados de nossa cultura regional. A diferença pode
ser tão significativa que você pode até mesmo sentir dificuldades para compreender alguns termos e
expressões que só são encontradas em determinadas comunidades linguísticas. Apesar das diferenças, é
importante observar que não existe um sotaque melhor ou pior, nem mesmo um jeito de falar que seja
mais bonito ou mais feio: os sotaques fazem parte de nossa identidade e é um dos fatores que tornam o
povo brasileiro tão expressivo e rico culturalmente.
Como surgiram os diferentes sotaques do Brasil?

As origens dos sotaques brasileiros estão na colonização do país feita por vários povos em diferentes
momentos históricos. O português, como se sabe, imperou sobre os outros idiomas que chegaram por
aqui, mas sofreu influências do holandês, do espanhol, do alemão, do italiano, entre outros.

Além disso, havia diferença no idioma português falado entre os colonizadores que chegavam aqui,
vindos de várias regiões de Portugal e em distintas décadas. "Os portugueses vinham em ondas, em
diferentes épocas. Por isso, o idioma trazido nunca foi uniforme", explica Ataliba Teixeira de Castilho,
linguista e filólogo, consultor do Museu da Língua Portuguesa e professor da Universidade Estadual de
São Paulo (Unesp).

Os primeiros contatos linguísticos do português no Brasil foram com as línguas indígenas e africanas. "A
partir do século XIX, os imigrantes europeus e asiáticos temperaram essa base portuguesa, surgindo o
atual conjunto de sotaques", diz o professor Ataliba.

É só reparar o sotaque e a região para lembrar os vários imigrantes que contribuíram para a história do
país. No Sul, os alemães, italianos e outros povos vindos do leste europeu. No Rio Grande do Sul,
acrescenta-se a estes a influência dos países de fronteira, de língua espanhola. São Paulo e sua grande
comunidade italiana, misturada a pessoas vindas de várias partes do Brasil e do mundo; Pernambuco e os
holandeses dos tempos de Mauricio de Nassau. Os exemplos são muitos e provam que os sotaques são
parte da história da formação do país.

Por isso mesmo, não se pode dizer que haja um sotaque mais "correto" que outro. "Quem acha que fala
um português sem sotaque, em geral não se dá conta de que também tem o seu próprio, já que ele
caracteriza a variação linguística regional, comum a qualquer língua".

A formação do povo brasileiro


A imigração no Brasil tem três momentos. Na prática, começou em 1530, com a chegada dos
portugueses, que tinham o objetivo de colonizar — ou seja, ocupar — o território. Os africanos trazidos
como escravos chegaram nessa época. A partir de 1808, com a vinda da família real portuguesa, há um
segundo momento, quando imigrantes suíços se estabeleceram no Rio de Janeiro, graças a um acordo
entre Portugal e Suíça. Mas, oficialmente, a imigração só pode ser considerada a partir da Independência
do Brasil, em 1822. Até então, as leis portuguesas proibiam a entrada de estrangeiros no país.

Principais grupos de imigrantes 

A população brasileira tem na base de sua formação os índios, os portugueses e os negros africanos. Mas
outras nacionalidades se incorporaram, especialmente a partir de 1822. Dentre os principais grupos de
imigrantes estão alemães, italianos, suíços, japoneses, espanhóis, sírio-libaneses, poloneses, ucranianos,
franceses, holandeses, judeus de diferentes procedências, latino-americanos (peruanos, paraguaios e
bolivianos, principalmente), chineses, coreanos e muitos outros.

A influência dos índios na cultura brasileira

Primeiras populações que habitaram o território do Brasil, os povos indígenas nos influenciam até hoje.
Muitas comidas, palavras e hábitos indígenas fazem parte do nosso dia a dia!

A culinária brasileira herdou vários hábitos e costumes da cultura indígena, como a utilização da
mandioca e derivados (farinha de mandioca e polvilho, por exemplo).  O costume de se alimentar com
peixes, frutos do mar e carne de caça também é uma herança indígena. As frutas, como cupuaçu,
graviola, açaí, caju e buriti, eram muito consumidas por esses povos. Outros alimentos de origem indígena
são o milho, palmito, batata e inhame.

Plantas medicinais

As práticas indígenas de cura, derivadas de ervas medicinais, são muito populares no Brasil. Muitas vezes,
costumamos confiar nos conhecimentos indígenas e utilizar produtos como o pó de guaraná (contra
problemas no estômago, intestinos e enxaquecas), óleo de copaíba (para tratar bronquite e outros
problemas respiratórios) e semente de sucupira (contra inflamações).
De A a Z          

Muitas palavras de origem indígena, principalmente derivadas do tupi-guarani, fazem parte do nosso
vocabulário cotidiano. Várias delas são ligadas a alimentos, plantas e animais, como abacaxi, mandioca,
tatu, gambá, pipoca, cupuaçu, cacau, tamanduá, sabiá e samambaia. Diversas palavras em tupi se
tornaram nomes de lugares, como o parque do Ibirapuera, em São Paulo, que significa lugar que já foi
mato, e o município de Jericoacoara, no Ceará, que quer dizer refúgio das tartarugas. Pernambuco,
Paraná, Piauí, Ipanema, Ubatuba e Bauru também são palavras indígenas. Muitos nomes próprios
também têm origem indígena, como Tainá e Cauã.

Dia a dia

Objetos desenvolvidos por povos indígenas são muito comuns no dia a dia da população de várias cidades
brasileiras. As redes, canoas, jangadas, armadilhas de caça e pesca e instrumentos musicais são alguns
deles. O artesanato e o uso de utensílios feitos de barro e palha, como vassouras e vasilhas, também são
muito utilizados. Bolsas trançadas com fios e fibras, enfeites e ornamentos com penas, sementes e
escamas de peixe são usados em diversas regiões do país.

Bem limpinhos!

Quando você chega em casa, a primeira coisa que faz é tirar os sapatos? Então, saiba que isso também é
uma herança da cultura indígena. O hábito de andar descalço é muito forte entre os povos indígenas.
Outro costume é o de tomar banho todos os dias – os europeus tomavam banhos raros, enquanto os
índios se banhavam nos rios diariamente.  Descansar em redes, usar poucas roupas e ficar de pernas
cruzadas também são hábitos que fazem parte do nosso cotidiano.

Sabedoria indígena

Os povos indígenas têm grande conhecimento sobre a natureza. Observando as plantas e o solo, eles
descobriram informações valiosas e aprenderam a utilizá-las no dia a dia. Os índios desenvolveram um
processo de escolha de áreas para o plantio e criaram um método de plantio e colheita ainda muito
utilizado por pequenos agricultores. Eles também usavam as posições dos astros no céu para orientar os
calendários agrícolas, sabendo qual o momento certo de plantar cada alimento. Todos esses
conhecimentos são muito úteis para os pesquisadores hoje em dia.

Influência portuguesa na cultura brasileira


A influência portuguesa na cultura brasileira é bastante evidente pois afinal de contas, Portugal foi o
colonizador do Brasil. Sendo assim, é fato de que muito de nossa cultura tenha vindo da Europa.
O gosto por vinhos e massas, artesanato e até mesmo o nosso idioma é resultado de anos de convívio
entre portugueses e brasileiros.
Descubra mais sobre a influência portuguesa na cultura brasileira e descubra como ela afeta nosso
cotidiano.

Gastronomia

Os portugueses trouxeram consigo diferentes iguarias para nossa terra, sendo assim, diferentes tipos de
comidas como o pão francês,  confeitos, mel, figos, massapão, bolo de amêndoas, trigo, centeia, cevada,
patos, ovos, cação, sardinha, linguados, manteiga, marmelos, limão e laranjas.

Tais comidas eram trazidas para cá com o intuito de que elas fossem reproduzidas aqui, tal como eram
reproduzidas em Portugal. Sendo assim, diferentes comidas e temperos começaram a fazer parte da
culinária brasileira.

Religião

A religião também sofreu grande influência portuguesa uma vez que o catolicismo foi profundamente
difundido.
Desse modo, vários jesuítas vieram para cá com o intuito de catequizar os índios e os moradores de
diversas áreas.
Até os dias de hoje podemos ter acesso à diferentes Igrejas e santos portugueses os quais, muitos
brasileiros são devotos.

Idioma

O idioma que falamos atualmente, sofreu grande influência portuguesa. Apesar de ser um português
diferente daquele falado em Portugal, nossa língua muito se assemelha a ele.
No entanto, a influência portuguesa não teve força sobre as regionalidades, sendo que cada parte do
Brasil traz consigo pedaços diferentes de outras culturas em seu dialeto.

Arte e literatura

A arte e literatura também sofreram influência portuguesa , uma vez que foi através dos Portugueses que
o Brasil teve acesso a movimentos artísticos europeus como o renascentismo, barroco rococó e
neoclassismo.
A literatura também teve a mesma influência, sendo que o primeiro documento considerado literário foi
o de Pero Vaz de Caminha ao Rei Manuel I em Portugal.
Influência africana na cultura brasileira

Moleque, quiabo, fubá, caçula e angu. Cachaça, dengoso, quitute, berimbau e maracatu. Todas essas
palavras do vocabulário brasileiro têm origem africana ou referem-se a alguma prática desenvolvida pelos
africanos escravizados que vieram para o Brasil durante o período colonial e imperial. Elas expressam a
grande influência africana que há na cultura brasileira.

A existência da escravidão no Brasil durante quase quatrocentos anos, além de ter constituído a base da
economia material da sociedade brasileira, influenciou também sua formação cultural. A miscigenação
entre africanos, indígenas e europeus é a base da formação populacional do Brasil. Dessa forma, a matriz
africana da sociedade tem uma influência cultural que vai além do vocabulário.

O fato de as escravas africanas terem sido responsáveis pela cozinha dos engenhos, fazendas e casas-
grandes do campo e da cidade permitiu a difusão da influência africana na alimentação. São exemplos
culinários da influência africana o vatapá, acarajé, pamonha, mugunzá, caruru, quiabo e chuchu.
Temperos também foram trazidos da África, como pimentas, o leite de coco e o azeite de dendê.

No aspecto religioso os africanos buscaram sempre manter suas tradições de acordo com os locais de
onde haviam saído do continente africano. Entretanto, a necessidade de aderirem ao catolicismo levou
diversos grupos de africanos a misturarem as religiões do continente africano com o cristianismo
europeu, processo conhecido como sincretismo religioso. São exemplos de participação religiosa africana
o candomblé, a umbanda, a quimbanda e o catimbó.

Algumas divindades religiosas africanas ligadas às forças da natureza ou a fatos do dia a dia foram
aproximadas a personagens do catolicismo. Por exemplo, Iemanjá, que para alguns grupos étnicos
africanos é a deusa das águas, no Brasil foi representada por Nossa Senhora. Xangô, o senhor dos raios e
tempestades, foi representado por São Jerônimo.
A prática da capoeira também é uma influência cultural africana

O samba, afoxé, maracatu, congada, lundu e a capoeira são exemplos da influência africana na música
brasileira que permanecem até os dias atuais. A música popular urbana no Brasil Imperial teve nos
escravos que trabalhavam como barbeiros em Salvador e Rio de Janeiro uma de suas mais ricas
expressões. Instrumentos como o tambor, atabaque, cuíca, alguns tipos de flauta, marimba e o berimbau
também são heranças africanas que constituem parte da cultura brasileira. Cantos, como o jongo, ou
danças, como a umbigada, são também elementos culturais provenientes dos africanos.

Historiadores como João José Reis chegam a afirmar que essa cultura da diáspora negra, essa cultura dos
africanos saídos do continente, caracterizada pelo otimismo, pela coragem, musicalidade e ousadia
estética e política, foi incomparável no contexto da chamada Civilização Ocidental. Como não foi fácil a
vida em terras americanas, precisando lutar para sobreviver, a criação cultural “com a expressão de
liberdade que a cultura negra possui” foi “um lutar dobrado” para imprimir na cultura brasileira sua
influência.

A História de como começou a imigração italiana no Brasil


O Brasil recebeu imigrantes de várias nacionalidades e apesar disso, a imigração italiana no Brasil – e o
imigrante italiano – se destacou diante de todos eles. Conquistou seu espaço e criou raízes que fazem
com que as comunidades italianas sejam muito ativas ainda hoje no Brasil.

E o motivo é simples. Os italianos falavam uma língua mais próxima ao português, tinham a mesma
religião, costumes mais próximos aos nossos do que os alemães ou japoneses e contribuíam para o
“branqueamento” da população brasileira, como era de interesse do governo para tornar o Brasil um país
mais “civilizado” aos olhos do mundo e dele próprio.

Como a grande maioria dos imigrantes, os italianos deixaram a Itália para fugir da crise econômica e social
pela qual muitos países europeus passavam. No caso específico da Itália, a população, principalmente a
rural, tinha dificuldades para sobreviver depois de tantos anos de luta para unificação do país e o alto
crescimento demográfico.

Com esse cenário ruim, a emigração era estimulada pelo governo italiano e era, para as famílias, uma
forma de sobrevivência. Os Estados Unidos chegou a receber milhares de imigrantes, mas colocou
barreiras para impedir a entrada de estrangeiros no país.

No Brasil, havia uma demanda crescente de mão-de-obra barata depois do fim do tráfico de escravos e da
abolição da escravatura no Brasil.

Juntando esse cenário à vontade dos italianos em buscar uma melhor qualidade de vida, iniciou-se um
processo de imigração subvencionada para o Brasil. Esse tipo de imigração estimulava a vinda de famílias
inteiras, com passagens financiadas – a princípio por fazendeiros e mais tarde pelo próprio governo
brasileiro -, e eram disponibilizados alojamentos e a garantia de trabalho no campo e nas lavouras. Com
isso desembarcavam em solo brasileiro famílias inteiras de italianos.

De onde vieram os primeiros imigrantes italianos

Os primeiros imigrantes italianos chegaram ao Brasil em 1870, e de início se instalaram na região sul.
Segundo o IBGE, a maioria dos imigrantes italianos veio da região do Vêneto, norte da Itália, região, na
época, com grandes problemas nas zonas rurais. seguidos por italianos vindos da Campânia, Calábria e
Lombardia.
Apenas quatro regiões italianas não contribuíram com praticamente nenhum imigrante para o Brasil:
Ligúria, Úmbria, Lácio e Sardenha.
Para onde vinham os imigrantes
Em meados do século XIX, o governo brasileiro criou as primeiras colônias, fundadas em áreas rurais como a Serra
Gaúcha, Garibaldi e Bento Gonçalves (1875). Depois de alguns anos, com o aumento do número de imigrantes
italianos no Brasil, o governo criou uma nova colônia italiana em Caxias do Sul.

Foram nestas regiões que os imigrantes italianos iniciaram o cultivo da uva e produção de vinhos. Hoje, estas áreas
são as principais produtoras de uva do Brasil e produzem vinhos de excelente qualidade.

Outra parte dos imigrantes italianos se dirigiu para as fazendas de café de São Paulo.

A contribuição alemã na cultura brasileira


Os alemães foram os primeiros imigrantes em grande escala que chegaram ao Brasil, já em 1824,
quando Dona Leopoldina – princesa da Áustria – casou-se com o futuro Dom Pedro I, enviando assim
imigrantes ao sul do Brasil, que precisava ser colonizado, para não correr o risco de perder terras para
demais países vizinhos e garantir a estabilidade nas regiões fronteiriças, continuamente ameaçadas.

O que também colaborou com a imigração alemã foi a promulgação da Constituição Brasileira, que
oficializava a soberania do Estado e permitia a imigração de pessoas não católicas, tornando assim
atraente para a imigração.

Na verdade, no começo do século XIX já vieram alguns imigrantes alemães para o Brasil e demais países
da América do Sul, principalmente pela difícil situação econômica na Alemanha durante e após as guerras
napoleônicas. Depois de 1840, devido a revoluções e novas crises agrícolas na Alemanha, grandes levas
de alemães se fixaram na capital (Rio) e também por toda a região sul do país. O Brasil tornara-se um
destino muito bom, pois oferecia empregos, distribuição de glebas e isenção de impostos. Da parte dos
alemães, muitos deles vieram ao Brasil então para fugir de impostos pesados, terras retalhadas por
partilhas sucessivas, desemprego ou razões políticas e religiosas.

A colonização dos imigrantes alemães criou, com suas inúmeras propriedades agrícolas relativamente
pequenas, tanto a base para a classe media no Brasil, como uma nova estrutura econômica no sul e
centro do país, onde praticamente só existiam pastagens e monocultura de café. Os colonos alemães
passaram a produzir alimentos não cultivados no Brasil até então, exemplo a batata, o que lhes conferiu o
apelido de “alemães batateiros”. Algumas colônias transformaram-se em centros urbanos, com empresas
comerciais e industriais que contribuíram bastante para a economia brasileira. Um exemplo ocorreu com
Dr. Hermann Blumenau: este compreendeu que não bastava criar empresas agrícolas para fazer nascer
comunidades colonizadoras capazes de sobreviver. Procurou, por isso, instalar um centro urbano, onde o
setor agrícola fosse complementado pelo comércio, pela indústria e por instituições culturais e sociais.
Seu povoado transformou-se logo num projeto-modelo de colonização. Escolas também sempre projetos
importantes para os alemães.

Assim como outros imigrantes, os alemães e austríacos passaram a trabalhar em fazendas e outros
ficaram nas cidades, trabalhando como operários, ferroviários, cocheiros, gráficos, tecelões, artesãos
livres ou comerciantes. Muitos fotógrafos alemães vieram ao Brasil e fizeram diversos registros
interessantíssimos durante o século XIX.

A viagem de navio era longa e árdua, e a chegada muitas vezes trazia a desilusão… O sistema adotado
para atrair imigrantes europeus – apesar de se tornar depois um fracasso – foi o de parcerias, mas muitos
não se adaptaram. Muitos foram iludidos pelas promessas de inescrupulosos agentes de imigração que
agiam em nome de firmas brasileiras, alemãs ou do próprio Governo Imperial, interessados na introdução
da mão-de-obra.

Mesmo durante este período chegavam ainda alguns grupos ao Brasil, porém não mais atendiam às
necessidades da crescente lavoura, que passou a receber então mais italianos. Este momento marca
também, além do início do ciclo do café e da crise escravocrata.
Imigração espanhola no Brasil

O povo da Península Ibérica representou o terceiro maior grupo de imigrantes que veio para o Brasil.
A imigração espanhola para o Brasil ocorreu em distintos momentos da história nacional. Durante o período
colonial, a inexistência ou constantes disputas de fronteiras claras entre as duas colônias fizeram com que
pessoas de origem espanhola habitassem regiões que hoje fazem parte do território nacional.
Porém, a maior parte dos imigrantes espanhóis que fez parte da formação da população brasileira veio nas
ondas migratórias do final do século XIX e início do século XX. Estima-se que cerca de 700 mil espanhóis
tenham desembarcado no Brasil, saídos principalmente dos campos em Espanha, onde a situação de miséria
os impelia a buscar novas possibilidades de vida.
Uma pequena parcela desses dirigiu-se ao sul do país, onde inclusive já existiam associações de emigrados
espanhóis. Rio de Janeiro e Bahia também consistiram em locais de destino para os imigrantes dessa
nacionalidade.
Contudo, a maior parcela de espanhóis fixou-se no estado de São Paulo. Eles deslocaram-se para trabalhar nas
fazendas de café do interior do estado paulista ou fizeram parte do processo de metropolização da capital,
São Paulo.
Dentre as correntes de imigrantes europeus que se dirigiram ao Brasil até 1929, os espanhóis formaram o
terceiro maior contingente, superados apenas por italianos e portugueses. Considerando apenas o estado de
São Paulo, os espanhóis formaram o segundo maior contingente de imigrantes até 1929, segundo a
historiadora Marília Dalva Klaumann Cánovas. Durante a década de 1930, com a eclosão da Guerra Civil
Espanhola, o afluxo de espanhóis ao Brasil aumentou, principalmente com a vinda dos derrotados pelas forças
franquistas.
Os espanhóis que vieram como força de trabalho para mover e desenvolver a nascente economia capitalista
brasileira não fizeram fortuna em sua maioria. Poucos foram os que conseguiram acumular capital, sendo que,
nos casos em que isso se fez possível, os espanhóis habitavam a cidade, e não o campo.
Compondo principalmente a classe dos colonos e assalariados rurais, bem como a nascente classe operária
brasileira, os espanhóis contribuíram com a organização dos trabalhadores fabris. Assim como os italianos,
com parte dos trabalhadores espanhóis vieram também as ideologias anarquistas e anarco-sindicalistas que
constituíram a principal influência política nos meios operários brasileiros das três primeiras décadas do século
XX.
Na miscelânea de povos que afluíram ao Brasil para trabalhar e contribuir para a formação da população
nacional, os espanhóis exerceram um papel de destaque.

Influências Japonesas

Não é segredo para ninguém que houve uma grande quantidade de imigrantes japoneses no Brasil,
principalmente no Sudeste; já até passaram algumas reportagens sobre a imigração em 2008 que era o
centésimo ano de imigração japonesa no Brasil. Tivemos grandes influências em nossa cultura graças à
esses habitantes.
A imigração começou no século XX, com um acordo entre o Japão e o Brasil, o primeiro navio a
transportar imigrantes japoneses derivados desse acordo tinha por nome Kasato Maru, e teve sua
translação em 1908 (minha escola ficava numa rua que tinha esse nome). Atualmente, há uma inversão
no fluxo migratório, com descendentes de japoneses voltando ao país de origem.
Há muitos aspectos culturais que foram incorporados na cultura brasileira, uma grande influência pode
ser vista nas artes plásticas, onde se criou uma escola nova de arte, a escola nipo-brasileira, que pelas
palavras de Antônio Henrique Bittencourt Cunha Bueno, deputado federal paulista, ajudam a compor e
dar novo formato as artes plásticas do Brasil.
Há ainda várias outras influências, principalmente na alimentação brasileira, onde macarrões
instantâneos e amendoins japoneses são exemplos desses influências. O tofu, proteína a base de soja que
substitui a carne, também tem origem japonesa. Outra coisa é que a plantação de soja, muito importante
atualmente para a nossa economia exterior, foi difundida por esses imigrantes, que anteriormente era
apenas plantada no interior da Bahia.
Outro exemplo de influência do povo japonês, o bairro da Liberdade na cidade de São Paulo é um bairro
tradicionalmente povoado por descendentes de japoneses, em que até mesmo os menus dos
restaurantes estão escritos em japonês. Toda a sua arquitetura e seus costumes estão ligados à terra
natal de seus habitantes, encontra-se nesse bairro vários karaokes, templos xintoístas, além de vários
lojas de artigos japoneses e restaurantes típicos.
Pode-se ver outra influência na própria televisão, em que por vários anos os desenhos japoneses foram os
desenhos preferidos pelas crianças, pergunte a qualquer jovem de hoje em dia se ele não conhecesse
Dragon Ball, Yu Yu Hakusho ou Cavaleiros do Zodíaco, essas animações japonesas (chamadas de animes)
estão guardadas nas lembranças de vários garotos e garotas da nossa geração.

Imigração árabe no Brasil


A imigração árabe no Brasil teve início no século XIX por volta de 1860,
quando o Imperador Dom Pedro II fez uma visita ao Líbano e estimulou
a imigração de libaneses para o Brasil. Líbano e Síria foram atacados e
dominados pela Turquia, fazendo com que muitos sírios-libaneses
imigrassem para o Brasil, muito dos quais possuíam passaporte da
Turquia, e eram muitas vezes confundidos com turcos quando
chegavam ao Brasil. Até 1930, cerca de 100.000 árabes entraram no
Brasil.

No começo, a maioria dos imigrantes era da Síria, do Líbano e da


Palestina, mas tinham alguns representantes do Iraque, do Marrocos,
da Argélia e do Egito. No final do século passado, o império Otomano
ainda dominava a região, por isso a maior parte dos estrangeiros
chegava com passaporte turco. Os primeiros imigrantes eram rapazes
solteiros, de classes inferiores, que queriam ficar ricos e voltar para seus
países de origem. Depois, vieram camponeses arruinados após a Primeira Guerra Mundial e árabes em
busca de paz, lar e segurança, fugindo dos constantes conflitos da região. Trouxeram sonhos de dias
melhores e um idioma riquíssimo, com 15 séculos de existência.

A partir do início do século XX a imigração árabe no Brasil cresceu rapidamente, concentrando-se nos
grandes centros urbanos, onde se dedicavam sobretudo ao comércio. A maioria dos árabes no Brasil
eram cristãos.

A emigração de libaneses para o Brasil, como se observa, é antiga e se intensificou na segunda metade
do século 19. Durante o domínio otomano, especialmente após o massacre de 1860, ocorreu uma
emigração em massa para a América do Sul. Os libaneses portavam um passaporte fornecido pelas
autoridades turcas, que concediam a permissão oficial para a viagem; por isso, os libaneses eram (e
ainda são, em algumas regiões) chamados de "turcos". De fato, qualquer cidadão oriundo daquela
região, fosse ele palestino, sírio ou persa, era conhecido no Brasil como "turco". Espalhados em
diversos Estados brasileiros, do Amazonas ao Rio Grande do Sul, na capital ou em aldeias remotas, os
libaneses se dedicaram a várias profissões: alguns se embrenharam pelo interior do Brasil e, de porta
em porta, mascatearam seus artigos e venderam à vista ou a crédito. Outros tornaram-se agricultores,
médicos, empresários, donos de fábricas têxteis, de vidro, artefatos de couro, ourivesaria etc.

A culinária libanesa tornou-se bastante conhecida dos brasileiros. Pratos como quibe e esfiha são
vendidos em muitos restaurantes e lanchonetes brasileiros ao lado de empadas e outros salgados. A
integração caracterizou essa emigração.
Atualmente, há cerca de 7 milhões de libaneses e descendentes no Brasil. O maior núcleo vive em São
Paulo, mas há comunidades importantes em muitas outras regiões do país.

A chegada dos ingleses no Brasil


Aos países da América Latina e América do Sul começaram muito cedo chegar os  ingleses ainda na
época das grandes navegações. Não vinham como imigrantes, mas sim como negociantes,
aventureiros e até como piratas. No Brasil, eles conseguiram muita influência econômica, que se
acentuou muito entre 1835 e 1912, quando a declinar começou, lentamente.
A influência britânica sobre a vida, a paisagem e a cultura do Brasil foi muito estudada por Gilberto
Freire.
Sem contar várias palavras inglesas incorporadas em nossa língua, e ganhando verbos como chutar,
driblar, boicotar, boxear, esbofetear e liderar.
A influência inglesa no processo do Brasil ajudou muito como o primeiro cabo submarino, as primeiras
estradas de ferro, os primeiros telégrafos, a primeira iluminação de gás, em fim, tudo isso foram obras
inglesas.

A influência dos ingleses atingiu principalmente o campo dos serviços públicos (energia elétrica,
transportes públicos, etc...). Podemos recordar que foram instalados três bancos ingleses: o London
and Brazilian Bank, o British Bank South America e o London and River Bank.
O consulado, fundado em 1862, hoje é dirigido por Donald Kealman, e entre os ingleses residentes em
Santos, pelo menos cinco deles receberam medalhas da rainha Elizabeth por ter prestado serviços ao
Brasil. A colônia santista com muitas colabora com varias caridades, inclusive com a Real Legião
Britânica, organização mundial que assiste os combatentes que sofreram as consequências das duas
grandes guerras.
Os santistas que experimentaram a pontualidade inglesa, porque costumavam acertar seus relógios
pela torre da Western Telegraph Company, que em Santos funcionou de 1873 a 1973. Uma tradição
deles era instalar no alto do prédio do Largo Senador Vergueiro o relógio, onde ficava o “telégrafo
inglês”.
A Maçonaria, no final do século passado, continha a inspiração inglesa, e reunia os ingleses maçons na
Lodge of Wanderers que foi criada em Santos.
E a Missão dos Marinheiros, cuja casa de Santos é a única do Brasil, tornou-se conhecida por
marinheiros do mundo todo que aportam no cais.

Sotaque: resultado da influência histórica

Para entender a origem dos sotaques, deve-se olhar para a história. O território brasileiro sofreu
influência direta de diferentes povos em momentos distintos, e isso impactou diretamente na forma
de se expressar, trazendo sonoridades peculiares a determinadas regiões. Vejamos alguns exemplos.
Na região Sul, gaúchos e catarinenses foram fortemente influenciados por europeus, principalmente
alemães e espanhóis. Aquele “r” acentuado, típico nas falas, é um bom exemplo. Já na região Sudeste,
vale citar o jeito caipira na fala do interior de São Paulo, resultado das influências portuguesas dos
séculos 16 e 17. E os paulistanos acabaram incorporando um pouco do estilo italiano.
Em Minas Gerais, a fala carrega um pouco do caipira, utilizando também palavras no diminutivo,
somado ao falar baixo e rápido, pegando um pouco do estilo dos revolucionários da Inconfidência
Mineira. Ainda no sudeste, o Rio de Janeiro acabou se apropriando do português de Portugal. O “s”
com som de “x”, bastante evidente na antiga capital federal, é o maior exemplo.
Na região Nordeste, destaque para a influência holandesa em Pernambuco, sobretudo no século 17,
com Maurício de Nassau. E a região Norte acabou menos exposta à influência europeia, assim, o
sotaque está mais atrelado às línguas indígenas, povos que sempre habitaram o país.
Nunca é demais lembrar que não existe sotaque certo ou errado, melhor ou pior. Fazer esse tipo de
juízo de valor aponta mais na direção do preconceito. Trata-se, na realidade, de um patrimônio
cultural da nossa língua, marcada pela diversidade. E assim deve ser tratado.

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