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LITERATURAS
Revisores
CARLA HONORATO
PERMÍNIO FERREIRA
[Ficha institucional]
[Folha de rosto]
ALINE MASCARENHAS DE OLIVEIRA
SALVADOR
2012
[Ficha técnica]
[Apresentação UAB/EAD]
[Área de ambientação]
[Apresentação do módulo]
[Anotações]
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
1. A sintaxe
1.1. Conceito e objeto de estudo
1.2. Percurso histórico dos estudos sintáticos
1.3. Perspectivas de análises
1.3.1 Formalismo
1.3.2 Funcionalismo [J1] Comentário: AULA 1
Referências
ANOTAÇÕES
Apresentação
Você já pensou a respeito do que nos faz ter alguns conhecimentos inatos
sobre a nossa própria linguagem? Quando paramos para “filosofar” sobre nosso
mecanismo de linguagem, seu código – o nosso idioma – e até mesmo as nossas
relações estabelecidas através da linguagem, podem surgir alguns
questionamentos. Alguns exemplos de perguntas que costumam aparecer em
nossas mentes são as seguintes:
• Por que uma pessoa que nunca frequentou a escola e nunca se alfabetizou
consegue utilizar os tempos verbais adequadamente quando narra uma
história?
• Ou porque essa mesma pessoa não alfabetizada consegue formar frases que,
ainda que não sejam aceitas em todos os contextos sociais pelo seu prestígio
(ou por falta dele), são perfeitamente compreensíveis e estabelecem
comunicação, atendendo ao propósito primordial da linguagem?
• Por que uma criança ao ter contato com a língua que seus pais e pessoas
próximas falam, consegue estabelecer as regularizações que marcam esse
mesmo idioma?
• Por que sabemos que uma construção como * De menino bola a estourou não
corresponde a uma sentença do idioma português?
Bem, essas e outras questões passaram a ser o foco motivador da
investigação no campo da sintaxe.
Nesta disciplina, estudaremos a estrutura interna da língua portuguesa,
observando de que maneira os elementos lexicais e gramaticais se organizam para
formarem orações. Passaremos por um breve estudo da história desse campo
teórico, observaremos as duas perspectivas que estabelecem princípios e
procedimentos de análise e também faremos uma descrição da estrutura interna da
língua portuguesa, comparando os dados estruturais com a prescrição gramatical.
Por fim, faremos um passeio pelos aspectos da sintaxe da nossa língua tanto
da modalidade falada quanto escrita, visando a colocar em destaque fenômenos que
são ignorados ou mesmo evitados pela Gramática Tradicional.
Bons estudos!
Aline Mascarenhas de Oliveira
ANOTAÇÕES
A SINTAXE
CAPÍTULO 1
1. A SINTAXE
Você sabia?
Saiba mais
Pelo que vimos até agora, a sintaxe está intimamente ligada à morfologia. Não é à
toa que muitos pesquisadores e teóricos não chamam a sintaxe de sintaxe, mas sim
de morfossintaxe. Vimos, por exemplo, que a concordância ocorre principalmente
por causa da possibilidade do processo morfológico da flexão.
Para saber mais sobre essa relação, que tal ler o texto A sintaxe em Mattoso
Câmara, de Valter Khedi, que apresenta uma descrição do tratamento dado pelo
filólogo Joaquim Mattoso Câmara Jr sobre a nossa disciplina.
O endereço do artigo é:
KEHDI,Válter. A sintaxe em Mattoso Câmara.2004.Disponível
em:<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-
44502004000300009&script=sci_arttext>. Acesso em: 21 ago. 2011.
SAIBA MAIS
É preciso lembrar, neste ponto de nossa viagem, que o chamado uso correto da
língua tem relação com o estabelecimento de uma variante-padrão. Portanto, vale a
pena relembrar conceitos como variação linguística e norma. Para ler mais a
respeito disso, confira o site:
ASSUNÇÃO,Ana Lúcia de.Variação lingüística,uma realidade de nossa língua.
Disponível em:<http://monografias.brasilescola.com/educacao/variacao-linguistica-
uma-realidade-nossa-lingua.htm>. Acesso em: 20 ago. 2011.
Você sabia?
O que Dionísio de Trácia chamava de particípio é o que hoje classificamos como
adjetivos. Vale observar, portanto, quantos adjetivos utilizamos e que apresentam a
mesma forma que o particípio de verbos, ou mesmo que tenham se originado da
forma verbal em questão.
Ex.: campos irrigados; artigos citados; atendimento diferenciado etc.
INSERIR FIGURA 2
Você sabia?
Até poucas décadas atrás, o latim ainda era usado na celebração de missas em
alguns locais do Brasil.
Foi nesse período que a primeira gramática da língua portuguesa foi escrita e
publicada. A Grammatica de linguagem portuguesa foi redigida por Fernão de
Oliveira, e publicada em 1536. Vale lembrar que, a partir do século XII d.C.,
aproximadamente, o latim já não podia ser considerado como o idioma falado pelos
diversos povos que haviam estado sob o domínio romano. Neste período, as línguas
românicas começavam a se delinear como diferenciadas do latim.
É evidente que muitos povos começaram, então, a produzir suas gramáticas. Foi o
que aconteceu com o português, que teve o marco de definição como uma língua
distinta do latim no século XII.
Com o passar dos anos, chegamos ao Renascimento, e, com ele, os estudos
gramaticais voltaram sua atenção para a literatura, com o intuito de tornar mais fácil
a leitura dos clássicos. Além disso, a gramática tornou-se o meio para tentar conter
os processos de mudança linguística através da variação natural das línguas.
Nesta época, com o surgimento do ilumismo, a filosofia grega passa a ter muita
influência em todos os campos científicos e culturais, e as especulações dos
filósofos gregos sobre língua e linguagem são retomadas.
Diante disso, as categorias gramaticais e a possibilidade de existência de um
sistema lógico inerente às línguas continuaram a ser investigadas. A sintaxe passou
a ser observada baseando-se na ordem das palavras e no papel da língua para
expressão do pensamento. Isso marcou o desenvolvimento de gramáticas até o
século XVIII. De um modo geral, as gramáticas não mudaram muito ao longo dos
séculos, e até os dias atuais, elas ainda trazem a estrutura das gramáticas antigas e
medievais.
INSERIR FIGURA 3
INSERIR FIGURA 4
Ferdinand de Saussure, rompendo com o modelo linguístico adotado até então,
colocou a estrutura interna da língua em pauta, estabelecendo a Linguística como
ciência e desenvolvendo conceitos revolucionários. De acordo com Azeredo (ibidem,
p.22)
A linguística estrutural retomou o descritivismo, mas não o fez com
propósitos utilitários, e sim como meio de estabelecer a estrutura da
linguagem enquanto capacidade simbólica do homem. Este objetivo
também o tivera a gramática filosófica, mas com o estruturalismo
estava abandonada a suposição de que houvesse uma ordem
racional genérica da qual as línguas seriam expressões particulares
e imperfeitas.
• Ele afirmou e divulgou que a língua é um fato social. Com isso, possibilitou
dar ao falante o poder e o direito de uso da língua segundo suas
necessidades comunicativas. Esse postulado permitiu que, na década de 60
do século XX, Labov desenvolvesse a sociolinguística, considerando fatores
de ordem externa como influentes e determinantes para o processo de
variação linguística.
• Ele também estabelece outra ruptura. Desta vez com a GT, ao adotar a
primazia da fala sobre a escrita, desenvolvendo um método descritivo, que
rejeita os juízos de valor a respeito da língua.
Saiba mais
INSERIR FIGURA 5
Você sabia?
1.3.1 Formalismo
Como o próprio nome indica, o formalismo tem forte relação com a forma, mais
especificamente a forma linguística. Berlinck;Augusto;Scher (ibidem,p.25)
caracterizam a abordagem formalista da seguinte forma:
A maneira como se associam as entidades que se podem identificar
em uma dada língua determina a forma linguística. O estudo das
características internas à língua, tais como a natureza de seus
constituintes e da relação entre eles, ou seja, do aspecto formal da
língua, caracteriza a abordagem formalista de análise linguística.
Você sabia?
A variação da ordem dos constituintes é um dos fatos sintáticos que ainda não tem
uma explicação clara, definida e aceita por todos. Enquanto que os gerativistas
acreditam haver alguns fatores estruturais determinantes de certas ordens marcadas
(como a posposição do sujeito ao verbo – Ex.: Aconteceu um acidente.), os
funcionalistas acreditam que parte da variação da ordem na sentença é motivada
pela ênfase que o falante deseja dar para o constituinte responsável pela mudança
da ordem direta da sentença.
1.3.2 Funcionalismo
Mesmo com tantos esforços, ainda há muitos fatos sintáticos que nenhuma
corrente conseguiu, por hora, explicar, afinal “a sintaxe não explica tudo na criação e
interpretação das frases.” (AZEREDO, 1999, p. 14) Um exemplo disso é o fato de
que uma frase pode ter mais de um sentido.
Observe a frase:
Você sabia?
Saiba mais
Leia mais sobre o funcionalismo no artigo da professora Mª Helena Moura Neves,
intitulado Estudos funcionalistas no Brasil.
NEVES,Maria Helena de Moura.Estudos Funcionalistas no Brasil. Disponível
em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
44501999000300004&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 21 ago 2011
SUGESTÃO DE ATIVIDADES
Proposta 1: Agora que você já conhece a história de como a nossa disciplina foi se
desenvolvendo, que tal criar uma linha do tempo contrastiva? É o seguinte: sabemos
que os estudos sintáticos se dividem em dois blocos, antes da consolidação da
linguística enquanto ciência e depois. Digamos que esse seja o marco zero. Então,
você deverá construir uma linha do tempo até esse ponto e uma que comece a partir
dele, situando no tempo cada nova etapa para a evolução da sintaxe. Em seguida,
observe quanto tempo levou uma fase a outra, resuma os motivos que geraram e
contraste quem explica mais sobre a sintaxe: a gramática ou a linguística.
Glossário:
Conectivo: São elementos gramaticais, isto é, que fazem parte do sistema
lingüístico, dotados de carga semântica, sem, todavia, conterem morfema lexical, e
que têm a função de unir elementos, sejam palavras, expressões ou orações
inteiras.
Discurso: Discurso, neste material, não tem a conotação que apresenta na
disciplina Análise do Discurso. Os filósofos gregos chamavam discurso a expressão
lingüística do pensamento, em forma de orações.
Flexão: É o processo morfológico que possibilita prover uma raiz de categorias
gramaticais variáveis, como número (singular e plural) e gênero (masculino e
feminino) para elementos nominais, e número-pessoa e modo-tempo para verbos.
Léxico: É o conjunto de palavras que a língua de uma comunidade apresenta.
Norma: É o conjunto de regras possíveis de um sistema de uso comum e corrente
em uma dada sociedade.
Relação sintagmática: É a relação que elementos de um mesmo nível estabelecem
entre si, formando uma unidade superior.
Sentença: É o mesmo que uma oração ou frase verbal.
Variação: Processo natural que possibilita que uma mesma informação lingüística
seja passada de formas distintas
Variante: Cada uma das formas que variam em um processo de variação é
chamada de variante.
INDICAÇÕES DE LEITURA
BERLINCK, Rosane A; AUGUSTO, Marina R. A.; SCHER, Ana Paula. Sintaxe. In:
BENTES, Anna Christina; MUSSALIM, Fernanda (orgs.). Introdução à linguística:
domínios e fronteiras. Vol. I – São Paulo: Cortez, 2001.
KEHDI, Válter. A sintaxe em Mattoso Câmara. DELTA, São Paulo, v. 20, n. spe,
2004 . Available from:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
44502004000300009&lng=en&nrm=iso>. Access on: 21 Aug. 2011.
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-44502004000300009.
MIOTO, Carlos; SILVA, Maria Cristina F.; LOPES, Ruth E. V. Novo manual de
sintaxe. 2. Ed. Florianópolis: Insular, 2005.
CAPÍTULO 2
Após termos conhecido todo o percurso histórico que possibilitou o
desenvolvimento da nossa disciplina, sintaxe, é hora de desvendarmos de que
maneira ela se aplica à observação da língua. Estaremos, nesse ponto de nossa
jornada, trabalhando diretamente com conceitos e modelos de análise desenvolvidos
sob a perspectiva formalista. Também faremos uma associação dessa análise com a
descrição postulada pela GT.
É preciso, para os nossos passos futuros, compreender alguns conceitos
operacionais básicos para que realizarmos o que chamamos de análise. A primeira
coisa que precisamos entender é o que significa realizar uma análise. De acordo
com Carone (2005, p. 13), análise “é o método cartesiano de conhecimento, que
consiste em decompor um todo em suas partes, sem perder de vista a relação que
elas mantêm entre si.” Desta forma, analisar é segmentar alguma unidade nos seus
constituintes, considerando o modo como eles se relacionam.
Pensemos, por exemplo, no preparo de um prato como uma lasanha. Quando
ele chega à mesa, ele é uma unidade. Entretanto, ao provarmos o primeiro pedaço,
podemos começar uma análise da iguaria. Aí, perceberemos a presença de
camadas, constituídas de massa, recheio e molhos. Cada uma das camadas tem
seu papel no produto final do prato. A massa serve para estruturar o prato, trazendo
uma substância mais consistente. O recheio é o elemento que tornará o prato mais
saboroso e macio. O molho tem a função de manter o prato úmido, além de
acrescentar mais sabor, além de, por vezes, ser responsável pelo aspecto final do
preparo, dando-lhe cor e uma aparência mais apetitosa. Analisamos, assim, as
partes constituintes de um dos pratos mais populares do mundo. Poderíamos ir mais
fundo na nossa análise, uma vez que cada um dos elementos das camadas também
tem uma constituição própria, com outros elementos. Assim, a massa foi composta
por farinha, ovos e sal; o molho pode ter sido elaborado com tomates, azeite de
oliva, cebola, manjerona, sal e pimenta; o recheio pode ter sido elaborado com carne
de porco, temperos e aditivos químicos (presunto) e leite, levedo e sal (queijo). O
que podemos concluir a partir desse exemplo é que uma análise segue uma
hierarquia. Partimos de um item para outro, buscando segmentar cada parte que
compõe o objeto analisado.
Se o objeto de análise da sintaxe é a sentença, nesse processo, partiremos
dela, inteira, para identificar quais são seus constituintes e, em seguida, cada
constituinte também será analisado. Isto é o mesmo que descrever uma estrutura. A
descrição de algo é um tipo de análise. Carone (idem,p.20) afirma que
[...]para que se chegue ao efetivo conhecimento de um objeto, é
necessário que as partes obtidas pelo corte analítico não se
dispersem, de tal maneira que o todo mantenha sua integridade na
consciência de quem observa.
Você sabia?
A Gramática Gerativo-Transformacional classifica as frases de acordo com a
intenção que a sequência pretende comunicar. Por essa perspectiva, as frases são
unidades semântico-pragmáticas: semântico, porque apresentam um significado;
pragmático, porque a frase tem a intenção de comunicar algo. Isso se concretiza, na
modalidade escrita da língua, através de pontuação. Já na modalidade oral,
percebe-se a presença da entonação. Por conta disso, criou-se uma forma de
classificar as frases, considerando a proposição contida nela (seu teor semântico) e
o seu tipo (a sua função na comunicação), expressão pela fórmula abaixo:
Desta forma, as frases podem ser do tipo declarativo (Marta dormiu), interrogativo
(Marta dormiu?), imperativo (Durma, Marta) e exclamativo (Marta dormiu!). Elas
também se classificam como negativas e afirmativas (Marta não dormiu x Marta
dormiu – declarativa negativa e declarativa afirmativa).
De acordo com Azeredo (1999, p. 45),
A oração é a unidade gramatical cujo eixo é o verbo. Período é a
unidade gramatical constituída de pelo menos uma oração e que
pode funcionar como frase. O conceito coincide, neste caso, com o
de oração, mas dele se distingue quando duas ou mais orações se
ligam coordenativamente.
Saiba mais
O que se percebe, então, é que o sintagma é um bloco significativo. Ele pode ser
constituído de uma única substância (palavra ou elemento lexical), ou pode ser uma
estrutura formada por mais de um elemento. É aquela conexão apresentada no
início do capítulo que manterá esse bloco uno, funcionando como uma pedra sólida
na constituição da sentença. Carone (2005, p. 8) conceitua sintagma como qualquer
construção, em qualquer nível, resultante da articulação de unidades menores. No
nível ao qual estamos nos dedicando, sintagma seria, então, as estruturas formadas
por palavras que se associam gerando uma construção que participará de uma
estrutura maior, a sentença.
Em língua portuguesa, a sentença se estrutura pela articulação de dois
termos básicos. A GT costuma chamá-los de termos essenciais da oração, que
seriam o sujeito e o predicado. Porém, essas duas noções não são estruturas, mas
sim funções desempenhadas por sintagmas.
Esses elementos são os sintagmas - nominal e verbal. De um modo geral, a
estrutura oracional da nossa língua é:
S = SN + SV.
SN SV
Nesta sentença, a conjunção mas foi colocada como nome, núcleo do
sintagma que estrutura a sentença. O que ocorreu foi a chamada substantivização
da conjunção, mediante a presença do artigo indefinido um.
Retomando, então, o conceito de sintagma nominal, podemos iniciar a sua
descrição partindo do princípio de que seu núcleo é um nome. Esse nome pode ou
não vir acompanhado de elementos opcionais que o determinarão ou o modificarão.
Veja os exemplos seguintes:
(13) Estes brinquedos │ ajudam no desenvolvimento cognitivo da criança.
SN SV
O SN em questão tem o nome brinquedos como núcleo. Porém, esse nome
vem acompanhado de outro elemento que pressupõe o nome. O elemento estes
determina que não é qualquer brinquedo, mas sim um específico. O nome foi, então,
determinado. Pelo mecanismo de comutação, poderíamos testar vários outros
elementos que funcionem da mesma forma que o pronome demonstrativo estes:
meus brinquedos, uns brinquedos, os brinquedos, todos os brinquedos, aqueles
nossos brinquedos, esses quatro brinquedos etc. Assim, o nome pode ser
determinado. Os elementos apresentados em destaque são os determinantes.
Falaremos deles no próximo item.
Além dos determinantes, o nome pode vir acompanhado de modificadores.
Esses elementos, como a própria denominação indica, modificam o nome, trazendo
algum tipo de especificação para ele. Vejamos alguns exemplos:
(14) Os carros novos │ têm direção hidráulica.
SN SV
(15) A sorveteria do bairro │ passou por uma reforma.
SN SV
Tanto em Os carros novos quanto em A sorveteria do bairro, junto aos nomes,
que já estão acompanhados de determinantes, consta a presença de elementos
como novos e do bairro. Esses elementos trazem uma caracterização desses
nomes. Esses são os modificadores.
Inicialmente temos a seguinte regra:
SN = (det)+ (mod) + N + (mod).
Com esse exemplo, podemos perceber que o adjetivo tanto pode ocorrer
antes quanto depois do nome. O mesmo, porém, não ocorre com a estrutura
preposicionada do bairro. Por ser um SP, não ocorre antes do nome que está
modificando. Então, o modelo apresentado acima é uma das possibilidades de
reescritura do SN.
Lembremos ainda que o nome pode receber muitos modificadores. Em
resumo, a fórmula traz esses elementos entre parêntesis, o que indica seu caráter
de opcionalidade. Em outras palavras, tanto o determinante quanto os modificadores
não são obrigatórios, ao contrário do nome.
Silva e Koch (2005, p.16) descrevem o SN da seguinte forma:
O sintagma nominal (SN), como já se disse, pode ter como núcleo
um nome (N) ou um pronome (Pro) substantivo (pessoal,
demonstrativo, indefinido, interrogativo, possessivo ou relativo). No
último caso, o pronome por si só constituirá o sintagma, que terá a
seguinte constituição:
SN → pro
Esta é outra configuração do SN, quando o nome, juntamente com todos os outros
elementos opcionais, é substituído por um pronome substantivo. Veja o exemplo:
(16) Eles │ encontraram um tesouro.
SN SV
(17) Ninguém │se machucou.
SN SV
(18) Todos │ foram dormir cedo.
SN SV
SN → pro
Nesses casos, a sentença ainda precisará ser reescrita pela decomposição em dois
itens essenciais, os constituintes imediatos. Porém, a GT afirma que não há sujeito
nelas. Assim sendo, a estrutura SN, obrigatória na composição da sentença, é
descrita como ∆. Podemos, então, dizer que o SN também se apresenta através da
seguinte reescritura:
SN → ∆.
Por fim, não podemos nos esquecer de que o sintagma nominal também pode se
apresentar através de uma estrutura oracional. O exemplo abaixo é um exemplo
clássico, muito usado, inclusive, pela GT para ilustrar essas situações.
SN → S2
2.2.2 Determinantes
Pela regra, percebemos que tanto o pré-det quanto o pós-det não são
elementos obrigatórios. Mas quando aparecem na sentença, se estamos fazendo
uma análise da mesma, precisamos descrevê-los. Antes de falarmos sobre cada um
dos itens que compõe o determinante complexo, vejamos um exemplo dele numa
sentença.
Nesses três exemplos, temos determinantes complexos que não apresentam pré-det
e pós-det associados simultaneamente ao det-base. Em (24), há a presença de pré-
det junto ao det-base. Nos demais exemplos, temos o det-base, seguido de pós-det.
Cada um dos exemplos traz uma das possibilidades de forma do det-base: artigo em
(24); demonstrativo em (25) e possessivo em (26).
De acordo com Silva e Koch (ibidem,p.20),
Funcionam, geralmente, como pós-determinantes, os numerais e os
possessivos (estes meus cinco amigos) e como pré-determinantes,
certos tipos de expressões indefinidas ─ quantificadores universais
(todos os meus amigos, nenhum dos meus amigos) ou partitivos
(alguns de meus amigos, muitos dos meus amigos, quatro dos meus
amigos, a maioria dos meus amigos).
Você sabia?
Mesmo o falante de língua portuguesa que nunca frequentou uma escola construiria
uma sentença assim, com esse tipo de determinante. Isto não ocorre porque ele
percebe que esse tipo de estrutura não pertence à nossa língua, uma vez que o
sistema não possibilita isso.
INSERIR FIGURA 6
Ele é o eixo, a força mor, o item de maior poder subordinador. A ele, estão
associados o SN- constituinte imediato, chamado de sujeito pela GT, como também
todos os outros sintagmas que possam vir a complementá-lo. Por isso, iniciemos a
nossa descrição, partindo do SV mais básico, composto apenas do seu núcleo, o
verbo, chegando a um SV mais complexo, que solicite mais de um complemento.
Em todas as formas, o que importa é que se percebam quais elementos estão
dentro dessa construção. Observe o exemplo
(27) Ana │ chegou.
SN SV
Neste caso, o SV é constituído apenas do V. A GT o chama de verbo intransitivo.
Esse verbo não solicita complementação. Porém, os verbos dos exemplos seguintes
são diferentes. Eles não apresentam sentido completo, uma vez que deixam um
questionamento cuja resposta apresenta o complemento verbal.
(28) Os turistas │compraram │os ingressos.
SN SV
V SN
(29) Os professores │gostaram │dos resultados das provas.
SN SV
V SP
Nesses dois exemplos, os verbos - comprar e gostar - solicitam aquilo que a GT
chama de objetos. Assim percebemos que dentro do SV, podemos ter sintagmas
nominais e preposicionados. No caso de um predicado nominal, é possível até
mesmo que dentro do SV conste um SA.
(30) Joana │ chegou exausta.
SN SV
V SA
Sobre a estrutura do SA, falaremos mais adiante.
(31) Edmilson│é competente.
SN SV
cop SA
Na sentença (31), temos aquilo que a GT chama de predicado nominal. O verbo é
chamado de verbo de ligação. Na nomenclatura estrutural, o chamamos de cópula
ou verbo copulativo.
Podemos ter um predicado cujo verbo peça a presença de mais de um
complemento:
V SN SP
V SP SP
Essas duas estruturas permitem associar a um mesmo verbo duas
complementações. E assim, podemos sintetizar a estrutura do SV da seguinte
forma:
(mod) V (SN) (SP) (SA)
SV (mod) cop (SN) (SP) (SA)
Por esta regra, percebemos que os elementos que acompanham o verbo são
opcionais na medida em que o verbo os solicita. Em caso de verbo com forma
composta, tal como as perífrases, o mesmo deve ser descrito como aux (verbo
auxiliar) + V (verbo principal). Quanto aos modificadores apresentados, esses são os
sintagmas adverbiais, que tanto podem vir antes quanto depois do verbo,
intensificando-o ou trazendo algum tipo de noção circunstancial. Também falaremos
deles mais adiante, e com eles, apresentaremos mais exemplos que ilustrem esse
tipo de sintagma e seu funcionamento na estrutura verbal.
Nesses três exemplos, temos SAs como constituintes de SNs (em 35 e 36), e
também há um SA que não exerce função de modificador, mas sim de predicador,
(em 37), ou seja, ele faz parte do SV. Todos eles trazem, em sua estrutura,
elementos que o modificam, seja intensificando a qualidade que eles exprimem, seja
complementando-o. Percebemos, então, que o adjetivo, núcleo do SA, tanto pode vir
sozinho, quanto pode ser intensificado ou modificado, e ainda complementado, pela
presença de SAdvs e SPs. Desta forma, a regra que descreve a estrutura de SAs é:
Você sabia?
SN → prep + SN
Estes são alguns exemplos de como uma sentença é analisada. Esta maneira
de análise segue um formato em colchetes. Cada novo nível é colocado dentro de
colchetes para ser analisado em seguida. A análise só se encerra quando todos os
sintagmas forem totalmente descritos em todos os seus constituintes. O que vimos
foi a forma como as estruturas sintáticas se organiza na língua portuguesa. Não
observamos suas funções sintáticas, isto é, o papel que cada uma dessas estruturas
desempenha na sentença. Veremos isso agora, fazendo uma comparação com
aquilo que a GT prescreve como análise sintática.
Saiba mais
Embora as regras de descrição da estrutura do português apresentadas tenham sido
desenvolvidas a partir dos estudos de Chomsky, muitos conceitos centrais que
motivaram o desenvolvimento delas foram influenciados pelo pensamento
Saussuriano. Conheça mais sobre a contribuição de Saussure para a linguística em
CARVALHO,Castelar de.Saussure e a Língua portuguesa.Disponível em:
<http://www.filologia.org.br/viisenefil/09.htm>. Acesso em: 28 ago. 2011.
2.3.1 As classificações da GT
INSERIR FIGURA 7
O vocativo, por sua vez, é uma categoria muito mais discursiva do que
sintática. Ele é um chamamento.
(58) Paula, não demore!
Você sabia?
Cada sintagma que vimos tem um grupo de funções que pode desempenhar.
Se tomarmos o conceito da GT, que determina como termos essenciais da oração o
sujeito e o predicado, podemos partir do princípio que o SN somado ao SV,
constituintes imediatos na construção da sentença, são o sujeito e o predicado. Com
isso, já marcamos dois aspectos primordiais da associação de estruturas
sintagmáticas com as funções apresentadas pela GT. O sujeito é uma função
exclusiva do SN, enquanto que o predicado é função exclusiva do SV. De fato, o SV
só exerce esta função. Ela é única, e é a única que ele desempenha. Porém, não se
pode dizer o mesmo do SN. Enquanto que o SV, e somente ele, pode desempenhar
o papel de predicado, o SN, embora detentor da função essencial de sujeito, pode
exercer também várias outras funções. O SN pode ser:
Vimos como uma sentença pode ser analisada. Porém, quando nos
deparamos com textos imensos, cheios de orações, nem sempre conseguimos
visualizar sentenças simples como as que foram dadas nos exemplos.
Em textos reais, do nosso idioma, é mais comum do que se possa pensar, a
presença de períodos compostos grandes e complexos, repletos de orações
subordinadas e coordenadas. E, é evidente, que quando chega o momento de
analisar algo assim, surge uma insegurança, uma sensação de “Não sei nada!”. Mas
isso, essa noção de desconhecimento, não corresponde à realidade, uma vez que
todos nós construímos períodos compostos a todo instante, seja falando, seja
escrevendo.
De acordo com Duarte (2007, p. 207), “quando falamos/escrevemos
utilizamos dois processos fundamentais de organização sintática: a coordenação e a
subordinação.” O que podemos não dominar, ainda, é a nomenclatura que a GT dá
para esses períodos e as orações que elas contêm. Para este autor, “O
reconhecimento das relações de coordenação e subordinação é fundamental para
que se tenha uma perfeita ideia da arquitetura do período.” Se compreendemos
como funcionam esses mecanismos dentro de um período simples, podemos
percebê-los quando está em associação mais de uma oração.
A GT nos apresenta apenas dois mecanismos de junção de orações: a
coordenação e a subordinação. E esse conteúdo nos é transmitido, nas séries finais
do Ensino Fundamental, como se esses dois processos fossem algo exclusivos da
junção de orações. Ora, pelo que vimos nas estruturas trabalhadas anteriormente,
coordenar e subordinar é algo que qualquer falante da língua faz normalmente. De
acordo com Duarte (ibidem, p. 206), é
[...]lamentável que muitas gramáticas pedagógicas mais recentes só
tratem desses dois mecanismos de organização sintática [...] no
âmbito do período composto, mantendo uma das falhas da tradição
gramatical.
Isto coloca, em apenas dois grandes grupos, todas as possibilidades de
organização de orações em um único período, muitas vezes, ignorando que as
relações semânticas e sintáticas existentes entre elas não são explicadas pelas
definições e conceitos apresentados. Comecemos, então, a observar esses dois
mecanismos, muito divulgados pela GT. Finalizaremos o nosso segundo capítulo
apresentando um mecanismo que, embora não seja totalmente ignorado por alguns
gramáticos, não é considerado como independente da subordinação e da
coordenação.
Estamos aqui falando desses dois processos como se fossem algo
completamente novo e desconhecido. Você os conhece, já que é um falante do
português. Você os compreende? Entende como funcionam? E por que têm os
nomes que a GT dá?
Vamos responder a essas perguntas!
2.4.1 Coordenação
(59) [As maçãs chilenas] e [os limões sicilianos] │ estavam com ótimos preços.
(60) Comprei │[as maçãs chilenas] e [os limões sicilianos] na feirinha.
(61) As crianças gostaram das tortas feitas com [as maçãs chilenas] e [os limões
sicilianos]
2.4.2 Subordinação
2.4.3 Correlação
Os cinco exemplos acima trazem orações que não deixam totalmente clara a
relação existente entre elas. A GT classifica as três primeiras como subordinadas
adverbiais (respectivamente são, comparativa, consecutiva e proporcional), e as
duas últimas como coordenadas (aditiva e alternativa).
Se pensarmos na estrutura das três primeiras, não conseguimos identificar
exatamente em qual sintagma a oração adverbial se encaixa. Ainda que ela seja um
modificador da sentença, é quase impossível identificar qual seria, então, a oração
modificada, isto é, a oração principal. De acordo com Rodrigues (2007, p. 226),
estas orações apresentam uma correlação “não cabendo falar nem de oração
principal [...], nem de oração coordenada sindética.”
No caso das orações chamadas subordinadas - (70), (71) e (72) - não há
encaixe de uma em outra, mas sim uma relação se “simbiose”. Já no caso das
orações chamadas coordenadas, ao separarmos uma da outra, na tentativa de
estabelecer orações independentes, tal como ocorre na coordenação propriamente
dita, percebe-se que elas não são tão independentes assim, uma vez que a falta de
uma cria uma lacuna na outra. Esses são, então, os casos que a língua portuguesa
oferece uma possibilidade de correlação.
Mas o que seria, então, a correlação? Segundo Rodrigues (idem, p. 22.5)
[...] entende-se por correlação o mecanismo de estruturação sintática
ou procedimento sintático em que uma sentença estabelece uma
relação de interdependência com outra no nível estrutural. Sendo
assim, na correlação, nenhuma das orações subsiste sem a outra,
porque, na verdade, elas são interdependentes.
Assim, a correlação tem sua conexão estabelecida por elementos
formais, expressões que compõem um par correlativo, estando cada
um de seus componentes em orações diferentes
Saiba mais
Sobre estruturas e orações correlatas, leia o texto A estrutura correlativa como
operador discursivo na articulação de cláusulas.
PAULIUKONIS,Maria Aparecida Lino. A estrutura correlativa como operador
discursivo na articulação de cláusulas. Disponível em:
<http://www.ich.pucminas.br/cespuc/Revistas_Scripta/Scripta09/Conteudo/N09_Part
e01_art10.pdf>. Acesso em: 12 nov. 2011.
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
A partir dos conhecimentos adquiridos ao longo desse capítulo, que tal brincarmos
de montar? A seguir temos uma sequência de elementos gramaticais e lexicais.
Forme o máximo de sintagmas possível com essas estruturas e tente montar
sentenças. Atente para as regras estudadas, bem como as exigências do nosso
sistema acerca da ordem, concordância e regência:
Televisão revistas jogo camisetas anel açúcar cortina
chuva mamadeira bebê abotoadura meu os esta uns uma
bonito formidáveis grande gordo redonda interessante
de algodão para com em por entre ficar ser abrir virar ligar
usar segurar dançar andar falar ler escrever
biscoitos carros roupas comer quadros estreitos
Sinta-se a vontade para buscar outros elementos que venha a ajudar na construção
de seus sintagmas.
Glossário
INDICAÇÕES DE LEITURA
CAPÍTULO 3
Folhear qualquer gramática tradicional é um exercício que pode gerar uma
certa angústia, quando se chega à seção dedicada à sintaxe. Lá, muitos conceitos
são apresentados, todos ilustrados com exemplos que, na sua grande maioria, são
tirados de obras literárias, as quais não refletem a totalidade da língua, já que são
Para começar a falar dessa relação, por vezes opositiva, entre a tradição
gramatical e a diversidade linguística no nosso idioma, é preciso deixar claro que
concepção se tem sobre cada um desses dois pontos.
Tomemos a noção de tradição gramatical como o conjunto de regras impostas
pela GT, bem como a postura ideológico-pedagógica adotada por professores e
puristas que avaliam os usos que se fazem da linguagem a partir desse conjunto
chamado de Gramática Tradicional. Por essa perspectiva, o ensino de Gramática é
justificado pela possibilidade de que o indivíduo se torne capaz de conhecer como a
língua funciona para que se fale e se escreva bem.
O problema dessa concepção é que a língua é tomada, conforme declara
Callou (idem, p. 22):
como algo homogêneo, imutável, e é essa a ideia que é passada no
ensino em todos os níveis. O estudo de língua portuguesa é quase
sempre associado à noção do ‘certo’ e do ‘errado’, como se só
houvesse uma única possibilidade de utilização normal da língua.
Saiba mais
Leia sobre a norma urbana culta nesse e-book, organizado por Dino Preti. Disponível
em :PRETI, Dino (org). O discurso oral curso.Disponível
em:<http://books.google.com.br/books?hl=pt-
BR&lr=&id=sOC8B_H9hFQC&oi=fnd&pg=PA21&dq=Gram%C3%A1tica+Tradicional&ots=G
TqbDN4cPY&sig=-
atashgHk2QbvKyq529nhN9_yK4#v=onepage&q=Gram%C3%A1tica%20Tradicional&f=false
>.Acesso em: 01 set, 2011.
Saiba mais
Para saber mais sobre a concordância verbal no português do Brasil, leia esse texto
em :SCHERRE,Maria Marta Pereira;NARO,Anthony Julius;CARDOSO,Caroline
Rodrigues. O Papel do tipo de verbo na concordância verbal no Português
Brasileiro. Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
44502007000300012&lng=en&nrm=iso>.Acesso em: 01 set. 2011.
Vale destacar que a próclise, tal como foi apresentada no exemplo (82),
iniciando período, é condenada pela GT. Os exemplos (83) e (84) são aceitos e
prescritos pela GT, mas não são facilmente verificados na linguagem cotidiana dos
brasileiros. O que se observa nos usos da língua, tanto na norma culta quanto nas
normas vernaculares é quase um desuso da mesóclise. Quando essa colocação é
utilizada, o contexto comunicativo é extremamente formal, estando associado,
inclusive à modalidade escrita da língua.
Você sabia?
A tendência que o PB tem em usar os pronomes em posição proclítica, isto é, antes
do verbo, indica um caráter arcaizante do nosso idioma. Em Portugal, o português
tinha um caráter proclítico até antes do século XVIII. Atualmente, tanto no Brasil
quanto em Portugal, ordem dos pronomes clíticos é um aspecto variável, aceitando
bem as possibilidades tanto de próclise quanto de ênclise. Porém, no Brasil, a
próclise é preferida em detrimento da ênclise. Em Portugal, verifica-se o contrário.
Saiba mais
Leia um pouco mais sobre orações relativas do português brasileiro, no texto de
Maria Cecília Perroni. Veja em:
Saiba mais
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
Agora que você já tem várias noções sobre a sintaxe do nosso idioma, que tal
brincar de ser pesquisador? É bem simples o que vamos propor. Grave uma
conversa informal entre pessoas que você conhece e escolha um dos fenômenos
sintáticos que foram apresentados neste capítulo para observar. Siga os passos:
a) Quando você se encontrar com amigos ou parentes, peça permissão para
gravar a conversa que vocês terão. De preferência, escolha gravar um
momento de descontração, tipo um encontro para bater papo, contar piadas e
dar risada. Isso vai favorecer que a conversa seja realmente espontânea e
que ninguém fique preocupado com a forma como está falando.
b) Grave o momento da interação, de preferência em áudio. Se for gravar em
vídeo, tenha o cuidado de que o microfone fique bem localizado para captar a
fala de quem você quer registrar.
c) Após ter a interação registrada, é hora de transcrevê-la. Você terá de colocar
a conversa na modalidade escrita, mantendo todas as características do que
foi dito. Como o nosso objetivo é observar a sintaxe, não precisa se
preocupar com descrições fonéticas. Atente para manter as palavras
exatamente na mesma ordem em que foram faladas, sem modificar nada
(concordâncias, pausas, inversões, repetições).
d) Após a transcrição, é hora de levantar dados. Em outro documento, vá
listando as ocorrências do fenômeno estudado.
e) Finalize com um pequeno resumo do que você verificou a respeito da variante
da pessoa.
P.S.: Seja ético (a)! O que você observar sobre a variante observada deve ser tido como um
dado científico. Não divulgue esses dados com o intuito de zombar da fala ou da variante do
seu informante, ok?
Glossário
INDICAÇÕES DE LEITURA:
REFERÊNCIAS
BERLINCK, Rosane A; AUGUSTO, Marina R. A.; SCHER, Ana Paula. Sintaxe. In:
BENTES, Anna Christina; MUSSALIM, Fernanda (orgs.). Introdução à linguística:
domínios e fronteiras. Vol. I – São Paulo: Cortez, 2001.
CALLOU, Dinah. Gramática, variação e normas. In: VIEIRA, Silvia. BRANDÃO, Silvia
(orgs.). Ensino de Gramática: descrição e uso. São Paulo: Contexto, 2007.
KEHDI, Válter. A sintaxe em Mattoso Câmara. DELTA, São Paulo, v. 20, n. spe,
2004 . Available from:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
44502004000300009&lng=en&nrm=iso>. Access on: 21 Aug. 2011.
MIOTO, Carlos; SILVA, Maria Cristina F.; LOPES, Ruth E. V. Novo manual de
sintaxe. 2.ed. Florianópolis: Insular, 2005.
NEGRÃO, Esmeralda V.; SCHER, Ana Paula; VIOTTI, Evani C. Sintaxe: explorando
a estrutura da sentença. In: FIORIN , José Luiz (org). Introdução à Linguística II:
Princípios de análises. São Paulo: Contexto, 2005.
SACCONI, Luiz Antonio. Nossa Gramática: teoria. 16. ed. São Paulo: Atual, 1990.