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Desastre de Minamata é a denominação dada ao envenenamento de centenas de

pessoas por mercúrio ocorrido na cidade de Minamata, no Japão.

A Doença de Minamata é uma síndrome neurológica causada por severos sintomas de


envenenamento por mercúrio. Os sintomas incluem distúrbios sensoriais nas mãos e
pés, danos à visão e audição, fraqueza e, em casos extremos, paralisia e morte.

História
Em maio de 1956, quatro pacientes de Minamata, Japão, uma cidade na costa ocidental
da ilha de Kyushu, foram internados no hospital. Os médicos ficaram confusos com os
sintomas que os pacientes tinham em comum: convulsões severas, surtos de psicose,
perda de consciência e coma. Finalmente, depois de febre muito alta, todos os quatro
pacientes morreram.

Os médicos ficaram chocados pela alta mortalidade da nova doença: ela foi
diagnosticada em treze outras pessoas, incluindo alguns de pequenas aldeias pesqueiras
próximas de Minamata, que morreram com os mesmos sintomas, assim como animais
domésticos e pássaros. Foi descoberto que o factor comum de todas as vítimas era que
todas comeram grandes quantidades de peixes da Baía de Minamata. Pesquisadores da
Universidade Kumamoto chegaram à conclusão que o mal não era uma doença, mas sim
envenenamento por substâncias tóxicas. Tornou-se claro que o envenenamento estava
relacionado à fábrica de acetaldeído e PVC de propriedade da Corporação Chisso, uma
companhia hidroeléctrica que produzia fertilizantes químicos. Falar publicamente contra
a companhia era proibido já que ela era um empregador importante na cidade. Com o
tempo, a equipe de pesquisa médica chegou à conclusão que as mortes foram causadas
por envenenamento com mercúrio mediante consumo de peixe contaminado; o mercúrio
era usado no complexo Chisso como catalisador. Por isso deve-se tomar cuidado com o
destino final dado às lâmpadas fluorescentes e fosforescentes queimadas, pois se
lançadas em locais inapropriados podem quebrar-se, libertando vapor de mercúrio e
trazendo riscos à saúde e ao meio ambiente.

[editar] Clamor público

Por anos, a Corporação Chisso escondeu seu uso de mercúrio dos olhos do público. Em
2 de Novembro de 1959, um tumulto de pescadores locais destruiu a propriedade da
Chisso Corporation. Este acto de violência teve o efeito de atrair a atenção pública
japonesa para o assunto.

Em 1968, o governo japonês reconheceu a fonte da contaminação e a contaminação


química finalmente parou.

[editar] Vítimas

No total, mais de 900 pessoas morreram com dores severas devido ao envenenamento.
Em 2001, uma pesquisa indicou que cerca de dois milhões de pessoas podem ter sido
afetadas por comer peixe contaminado. No mesmo período de tempo, foi reconhecido
que 2.955 pessoas sofreram da doença de Minamata. Destas, 2.265 viveram na costa do
mar de Yatsushiro.
[editar] Compensação

Muitas soluções foram propostas para compensarem as vítimas enquanto não quebrando
a Chisso. A primeira onda de compensações, estabelecida em 1959, não pôde ser
mantida quando novos casos da doença de Minamata começaram a aparecer. Estas
vítimas e suas famílias não foram incluídas no acordo original com a Chisso e portanto,
não receberam a mesma compensação que aqueles diagnosticados antes da solução
original. Assim, as famílias recém-dignosticadas começaram a reivindicar o
recebimento de compensação similar para seu caso. Um grupo decidiu processar a
Chisso e portanto ir a julgamento pela sua compensação. Outro grupo buscou
negociações diretas com os executivos da Chisso.

Estas negociações diretas em Tóquio foram exaustivas. Depois disso, protestos e


discursos pelos pacientes ocorreram fora do edifício da Chisso. A cobertura da mídia foi
ampla e muitos jornalistas tomaram o lado das vítimas de minamata. Pacientes foram
mostradas em cadeiras de rodas nos protestos. Porém o impasse continuou.

Pacientes e simpatizantes marcharam até os escritórios da Chisso e tentam alcançar o


escritório do presidente. Eles foram encontraram barras de aço bloqueando a porta da
Chisso no Edifíco Tóquio. Os pacientes Os pacientes usaram as barras a seu favor
construindo memoriais para os que morreram da doença de Minamata.

Devido à grande cobertura da mídia, o Partido Comunista e o Partido Socialista do


Japão começaram a apoiar mais abertamente os portadores da doença de Minamata
junto com a Federação Trabalhista Sohoyo. A atenção da mídia e de autoridades dos
partidos politicos permitiram que a doença de Minamata se tornasse um dilema
amplamente conhecido no Japão, dando uma voz à minoria portadora da doença de
Minamata, e permitindo democracia japonesa atingir um novo nível. Também, devido
ao suporto ostensivo dos partidos políticos, e a chamada do sindicado à Chisso para
negociar, o governo japonês entrou em ação com o Diretor Geral da Agência do Meio
Ambiente (Oishi Buichi) pedindo para mediar as negociações.

Também nesta época, o governador Sawada Issei veio a Tóquio para ajudar a romper o
impasse nas negociações. Ambos, Sawada e Oishi reuniram-se com os pacientes,
Kawamoto e Sato, e também com Shimada, executivo da Chisso, que tinha retornado do
hospital. Os dois lados concordaram com a mediação de Sawada e Oishi.

Assim que as negociações começaram, os pacientes se opuseram a um acordo


espelhando a primeira solução. Eles não apenas queriam compensação igual e
suficiente, mas também que a Chisso assumisse publicamente a responsabilidade pela
doença de Minamata.

Durante estas negociações e também conversas por vantagens compensatórias, 29


outros pacientes foram diagnosticados coma doença de Minamata. Estes novos
pacientes foram mais cooperativos com a Chisso e concordaram em aceitar uma baixa
compensação de $570 cada. Isto causou uma cisão entre as famílias recém-
diagnosticadas. Isso tirou muito da vantagem do grupo de negociação direta e deu
vantagem à Chisso. A divisão entre o grupo de Tóquio e o grupo de Minamata gerou
ressentimentos. Os de Minamata continuaram a trabalhar, enquanto os que protestavam
em Tóquio recebiam suporte financeiro de simpatizantes em Tóquio. Muitos daqueles
em Minamata enfrentavam contínua discriminação, mas também eram ameaçados de
perder seus empregos se continuassem com as negociações. Somente quatro pessoas
decidiram deixar as negociações.

Os pacientes reduzem suas demandas para aproximar-se do primeiro acordo entre a


Chisso e as primeiras vítimas. Porém a Chisso recusou devido à ausência de um sistema
de classificação da gravidade da doença. Então as negociações foram suspensas.

Finalmente, o veredito do julgamento foi dado em favor dos pacientes. A corte distrital
julgou a Chisso culpada de negligência corporativa e ordenou o pagamento de $66.000
para cada paciente que já tinha morrido, entre $59.000 e $66.000 para pacientes
sobreviventes, atingindo um total de $3.44 milhões.

Isto deu ao grupo de negociação direta pontos para alcançar um acordo. Depois de dias
de negociações, a Chisso concordou em pagar $66.000 para pacientes falecidos que
foram incluídos no grupo dos recém-diagnosticados. Isto abriu as portas para os demais
recém-dianosticados pacientes ser incluídos na decisão do julgamento. Finalmente, em 9
de julho de 1973, mediante o trabalho do novo diretor da Agência Ambiental Miki, um
acordo foi alcançado. Esta proposta incluía a compensação baseada na classificação da
gravidade dos sintomas, mas também pagamentos aos pacientes por ano para cobrir
despesas de vida, e pagamento para despesas médicas. O governo também proveria
exames médicos para as pessoas vivendo na área afetada. Estas compensações e ações
foram consideradas inadequadas por muitos.

[editar] Efeitos democratizantes


De acordo com Timothy S. George, os protestos ambientalistas que cercaram a doença
aparentemente ajudaram a democratização do Japão. Quando os primeiros casos foram
reportados (ou mais exactamente suprimidos) as vítimas não tinham direitos e não
recebiam compensações. Em vez disso, os afectados eram excluídos de sua comunidade
devido à ignorância sobre a doença e as pessoas temiam que fosse contagiosa.

Embora alguns médicos e autoridades governamentais viessem a descobrir que o


envenenamento por mercúrio estava causando a doença e fossem capazes de rastrear a
doença até o consumo de peixe próximo à fábrica de Nitchitsu que despejou o mercúrio,
nenhuma acção foi tomada para solucionar o problema, uma vez que as os pescadores e
vítimas representavam uma pobre minoria sem voz influente.

As pessoas directamente afectadas pela poluição da Baía de Minamata não participaram


inicialmente das acções que iriam afectar seu futuro. Vítimas da doença, famílias de
pescadores, e empregados da companhia foram excluídos do debate. Os progressos
ocorreram quando as vítimas de Minamata foram finalmente permitidos a reunir-se para
discutir o assunto. Como resultado, o Japão do pós-guerra deu alguns passos em relação
à democracia. Uma razão pode ser porque depois da derrota do Japão na Segunda
Guerra Mundial, a fábrica era parte do novo zaibatsu que era determinado a ser mais
importante que a vida de seus mais pobres cidadãos.

Através da evolução dos sentimentos públicos, as vítimas e ambientalistas foram


capazes de proceder mais eficientemente em sua causa. O envolvimento da imprensa
também ajudou o processo de democratização porque fez com que mais pessoas
tomassem conhecimento dos fatos da doença de Minamata e da poluição que a causou.

Embora os protestos ambientais tenham contribuído para a democratização do Japão,


eles não livraram o Japão do sistema que primeiro oprimiu os pescadores e vítimas da
doença de Minamata.

A doença de Minamata
Simples descargas de uma fábrica (Chisso Corporation) no Japão deram origem à
doença. Outras em Niigata, também no Japão, continuaram-na. As descargas continham
altos teores de mercúrio. Ascendem a cerca de 3000 as vítimas reconhecidas da doença.
Descubram o sofrimento que está por detrás da fotografia.

Doença de Minamata é uma síndrome neurológica causada por severos sintomas de


envenenamento por mercúrio. Os sintomas incluem distúrbios sensoriais nas mãos e
pés, danos à visão e audição, fraqueza e, em casos extremos, paralisia e morte."

"Por anos, a Corporação Chisso escondeu seu uso de mercúrio dos olhos do público. Em
2 de novembro de 1959, um tumulto de pescadores locais destruiu a propriedade da
Chisso Corporation. Este ato de violência teve o efeito de atrair a atenção pública
japonesa para o assunto.

Em 1968, o governo japonês reconheceu a fonte da contaminação e a contaminação


química finalmente parou."

"No total, mais de 900 pessoas morreram com dores severas devido ao envenenamento.
Em 2001, uma pesquisa indicou que cerca de dois milhões de pessoas podem ter sido
afetadas por comer peixe contaminado. No mesmo período de tempo, foi reconhecido
que 2.955 pessoas sofreram da doença de Minamata. Destas, 2.265 viveram na costa do
mar de Yatsushiro

A pequena cidade costeira do sul do Japão viu, em setembro de 1997, o que há dez anos
parecia impossível: a retirada das redes que dividiam a baía em uma área e peixes
contaminados por mercúrio e outra livre do metal. Era o fim\de uma amarga história que
começou há cerca de quarenta anos, quando surgiram os primeiros casos de um mal até
então desconhecido, que provocou 887 mortes até agora, deixando seqüelas em outras
2209 pessoas. A chamada doença de Minamata, que afeta o sistema nervoso central, é
um envenenamento provocado por mercúrio, mais precisamente por um composto
chamado dimetilmercúrio, Hg(CH3)2. Os principais sistemas são o descontrole do dos
membros, perda de equilíbrio, redução dos sentidos em geral, além de distúrbios
mentais.
Em Minamata, a forte reação popular forçou as autoridades e a indústria responsável a
tomarem medidas energéticas quanto à assistência das vítimas e também quanto à
despoluição da baía. Apesar de a situação da Amazônia ser bem mais conhecida que a
de Minamata por ocasião do surgimento da doença, as medidas mitigadoras aplicadas
na baía japonesa – como a drenagem os rejeitos e o controle da pesca – não poderiam
ser adotadas na Amazônia e pouco poderia er feito além do tratamento das vítimas.

Enquanto o desastre de Minamata pode ser considerado acidental, dado o pouco


conhecimento da época sobre a química ambiental do mercúrio, um incidente desse tipo
na Amazônia, hoje, certamente poderia ser considerado um crime.

Doença de Minamata foi descoberto pela primeira vez na década de 1950, quando
vários moradores locais de Minamata desenvolveu uma misteriosa doença. Até finais
dos anos 1950, pesquisadores descobriram a causa da doença para o ser venenoso águas
residuais descarregadas em Minamata Bay pela fábrica local, operado pela Chisso.

No entanto, ela durou até 1968 que Chisso parou liberando mercúrio para o mar e ao
governo nacional reconheceu oficialmente a causa da doença. Posteriormente, a Chisso
e do governo foram tentados em várias ações judiciais.

Hoje em dia, cerca de 3000 pessoas são oficialmente reconhecidos como vítimas, ao
passo que mais de 10000 pessoas tenham recebido uma indemnização. Chisso,
entretanto, ainda está a operar uma fábrica na central Minamata, e está a contribuir para
a economia local como a cidade da maior empregador privado.

Durante a década de 1980, a pior parte poluída Baía de Minamata foi recuperada e
outras partes da baía foram dragados, a fim de se livrar do mercúrio ainda encontrados
no fundo do mar. As terras valorizadas e imediações foram desde então transformou no
Eco Park Minamata com lotes de espaços verdes e de diversos monumentos e museus
relacionados com a doença de Minamata.

Sobretudo entre os Eco Park's atrações é a doença de Minamata Museu Municipal,


que documenta a história da doença com bilíngüe exibir painéis, fotografias e um vídeo
de fácil compreensão apresentação (informações entre em contato com o balcão de uma
versão Inglês). O museu também organiza sessões de narração visitando grupos para
atender as vítimas doença (aplicação antecipada requerido).

Mesmo ao lado do museu municipal stand da Prefeitura Kumamoto Educação


Ambiental e Centro de Inteligência com exposições e jogos interactivos para as
crianças aprendem sobre o ambiente, bem como a doença de Minamata Information
Center pelo governo nacional, com mais doenças relacionadas exibe.

O Minamata Memorial foi construído por trás do museu municipal, por ocasião do 40
º aniversário da descoberta da doença em 1996. Sobre o 50 º aniversário uma lista de
nomes de Minamata Disease vítima foi transferida do memorial do peito a um recém-
construído ao longo do memorial Shinsui Boardwalk, um agradável passeio sobre a
terra reclamada.

Também localizado no valorizado terra, não muito longe da saída de drenagem, através
do qual a Chisso fábrica contaminados Minamata Bay, é o Bambu Garden, um belo
jardim japonês paisagem apresenta mais de uma centena de bambu variedades de todo o
mundo.
Soshisha, uma organização sem fins lucrativos, criada para ajudar os doentes e para
educar o público sobre a doença de Minamata, mantém um outro museu sobre a doença
em uma agradável área residencial, na encosta acima do centro da cidade. A doença de
Minamata Soshisha Center também administra um extenso arquivo e mantém um
memorial para os gatos sacrificados nas experiências para descobrir a causa da doença
de Minamata.

Em 1956 uma doença desconhecida atacava o sistema nervoso central das populações
de Minamata, na região de Kumamoto, no Japão. Essa doença atingiu proporções
epidémicas e, apenas, em 1963 ficou cientificamente comprovada a ligação entre a
contaminação da industria Chisso Corporation (hoje conhecida pela produção de cristais
liquído para LCD's) e o mercurio largado no lago de Minamata. Os metais pesados
rapidamente entraram na cadeia alimentar, o Japão tem uma alimentação à base de
peixe, afectando milhares de humanos, principalmente crianças, e provocando dezenas
de mortos.

A empresa negava qualquer tipo de responsabilidade e, por outro lado, o Governo


suportava o interesse desse tipo de capital. Os "yakuza" recorriam à violência e ao crime
organizado como forma de intimidar e silenciar as populações locais.

O drama do mercúrio de Minamata


Tomoko Uemura, de 17 anos, repousa no colo da mãe. Ela é cega, surda e muda. Tem os
braços e as pernas deformados. Nasceu em 1955, anos depois que uma companhia química, a
Chisso, derramou mercúrio na Baía de Minamata, no Japão. Uma geração inteira cresceu
marcada pelo desastre ecológico. Em abril de 1997, depois de quatro décadas de investigação,
10.353 pessoas foram declaradas aptas a receber indenização da Chisso. Foram anos de luta,
que começara em 1972, quando o fotógrafo americano W. Eugene Smith fez a foto da menina.
A imagem transformou-se no resumo brutal da tragédia. Hoje, as águas de Minamata estão
limpas. Tomoko morreu em 1977

Mal de Minamata

Por Roberto Naime

A preocupação com o meio ambiente nasceu na década de 50, na pequena cidade de


Minamata no litoral do Japão, um lugar pequeno e tranqüilo, em que boa parte da
população vivia da pesca.

Em 1932 se instalou nesta localidade japonesa, a indústria Chisso, que fabricava


acetaldeído, que é usado na produção de plásticos. Seus resíduos eram despejados no
mar, sem qualquer tratamento e continham grande carga de mercúrio.

O mercúrio é um metal pesado, teratogênico (quer dizer causa problemas na formação


dos fetos durante a gravidez). Em 1953, depois de várias observações de animais com
comportamento estranho (gatos realizando estranhos movimentos), também começaram
a se identificar vários problemas de coordenação motora na população humana, além
dos problemas dos nascituros.

Na cidade japonesa de Minamata houve mais um desdobramento trágico que hoje se


repete de uma forma muito comum. A indústria Chisso empregava boa parte da
população e se fechasse as pessoas ficariam sem trabalho. Foi o primeiro e clássico caso
de conflito entre a sobrevivência e a qualidade de vida.

Com o tempo se tornou um consenso que para solucionar os problemas ambientais é


necessário antes resolver o problema da sustentabilidade econômica das populações
humanas.

Não tem como pedir para uma pessoa remediada, que sustenta sua família através da
renda de uma atividade predatória que pare de fazer isto por consciência ambiental, sem
que se dê uma alternativa econômica para estas pessoas.

Isto não é o caso de grandes empreendedores, que por desconhecimento, ou alegado


desconhecimento, causam impactos ambientais de relevância e não se conscientizam
para elaborar um planejamento que compatibilize suas atividades com os meios físico,
biológico e antrópico, sem causar impactos ambientais.

Em Minamata houve um confronto amargo entre empregados da fábrica e parentes das


vítimas, que somente cessou quando a organização mudou seu ramo de atividade.

A doença de Minamata, como veio a ser conhecida, chamou a atenção do mundo todo
para os problemas ambientais. Foi possível ver que não era viável continuar agredindo a
natureza sem pagar um alto preço por isto.

Particularmente houve uma consciência que os metais pesados são um grande perigo. O
mercúrio, por exemplo, é cumulativo nos tecidos animais, se torna teratogênico no
gênero feminino durante a gestação, causa problemas de toxidez e psicomotricidade
dentre outros e pode levar a morte.

O simples recondicionamento de baterias, feito por pequenas indústrias de fundo de


quintal produzem vapores de chumbo altamente tóxicos que se desprendem do processo.
Agora que não se comece a moralização do setor ambiental do Mato Grosso pelas
pequenas indústrias de recondicionamento de baterias, pois existem questões bem mais
graves no Estado envolvendo interesses de grandes empreendedores.

Metais pesados são um risco constante para a saúde humana, constituindo um perigo ao
qual devemos sempre estar atentos. Não são os únicos problemas ambientais do mundo,
mas talvez constituam um dos mais graves, assim como o propalado aquecimento
global. Mas com certeza não queremos sofrer como os habitantes de Minamata.

Minamata é uma cidadezinha igual a tantas outras no Japão: um lugar à beira-mar,


pequeno, tranqüilo, em que boa parte da população vivia da pesca. Nos anos
cinqüenta, contudo, estranhas coisas começaram a suceder ali. Em primeiro lugar,
os gatos da cidade passaram a exibir um comportamento inusitado: moviam-se
grotescamente, como se estivessem dançando. Alguns deles corriam para o mar,
onde acabavam morrendo. Gatos dançantes? Gatos suicidas? Esquisito – e
assustador. Mas, para desgraça dos habitantes, as coisas não ficaram nisso. Logo
pessoas também passaram a apresentar problemas, sobretudo de incoordenação
motora: muitos não conseguiam, por exemplo, calçar os sapatos.

Logo ficou claro que se tratava de uma doença. Mas que doença? Sífilis, que
naquela época era (e é) bastante freqüente? Não. Aquilo era mais grave do que
sífilis. E, como se veio a descobrir, não se tratava de doença causada por micróbio.
A causa estava na própria cidade.

Em 1932 instalara-se em Minamata uma grande indústria, a Chisso, que fabricava


acetaldeído (usado na produção de material plástico). A indústria cresceu muito.
Seus resíduos eram despejados no mar. E estes resíduos continham mercúrio. As
pesquisas mostraram níveis elevadíssimos deste metal nas vísceras de pessoas e
animais falecidos da doença. Envenenamento por mercúrio não chegava a ser
novidade. Entre os personagens de "Alice no País das Maravilhas" existe o
Chapeleiro Louco. Por que um chapeleiro haveria de ser louco? Porque naquela
época o feltro de que eram feitos os chapéus era tratado com mercúrio – e os
chapeleiros, intoxicados, exibiam o mesmo comportamento que os gatos depois
mostrariam em Minamata.

Mas o caso da cidade japonesa teria mais um, e trágico, desdobramento. Acontece
que a Chisso empregava boa parte da população. Se fechasse, muita gente ficaria
sem trabalho. O que se viu, então, foi um amargo confronto entre empregados e
parentes das vítimas, que só cessou quando a corporação mudou o seu ramo de
atividade.

A doença de Minamata, como veio a ser conhecida, chamou a atenção do mundo


todo para o problema da intoxicação por metais pesados. Um problema que
aparece sob as formas mais inesperadas. Por exemplo, no recondicionamento de
baterias, feito por pequenas indústria de fundo-de-quintal. Os vapores de chumbo
que se desprendem no processo são altamente tóxicos. E isto exige uma atenção
redobrada, não só por parte da saúde pública e da fiscalização, como do público em
geral. Metal pesado é um risco constante. Para o qual precisamos estar atentos.
Sob pena de dançarmos como os gatos de Minamata.

Uma Nova MInimata?


Um artigo publicado recentemente traz notas preocupantes sobre a presença de
mercúrio nos sedimentos do fundo e das águas do sistema estuarino Santos-São Vicente.

Pesquisadores do Laboratório de Oceanografia Costeira da Universidade Federal de


Santa Catarina (UFSC) – mas com grande ligação com a Baixada Santista – e do
Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) acabam de divulgar um estudo que
serve de alerta para os responsáveis pelo monitoramento ambiental do litoral paulista.
Análises metodológicas refinadas, feitas em 31 amostras de sedimentos, mostraram que
a concentração de mercúrio na região pode ser preocupante. Em 90% dos pontos de
coletas, segundo os resultados apresentados pela edição atual do Journal of the
Brazilian Chemical Society, os índices estão acima dos considerados ideais pela Cetesb
, agência de controle ambiental paulista. O valor dado como aceitável pelas normas
internacionais, também seguidas em São Paulo, é de 0,13 micrograma por grama de
material coletado.

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