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POSSIVEL CONCLUSÃO
Tanto a Nova História Política, representada por Remond quanto a retomada da
narrativa buscam alternativas às proposições dos Annales, mas sem desconsiderar
totalmente suas contribuições. Ambas as correntes procuram ir além das analises
estruturais e quantitativas e considerar aquilo que não pode ser explicado por meio de
grandes relações de causalidade como comportamentos políticos, decisões políticas
individuais ou de grupos, as crenças, ideias e símbolos políticos, no entanto não o fazem
de maneira linear, universal e teleológica como a narrativa política tradicional, mas
procuram considerar as temporalidades mais amplas e as especificidades das sociedades
e dos problemas que se constituem enquanto objetos da investigação histórica.
Em “História e Teoria”, José Carlos Reis coloca que através dos Annales se deu
a passagem da historia narrativa tradicional para a história-problema. A primeira,
teleológica, coloca eventos únicos e incomparáveis numa continuidade que procura ver
um “sentido”. Essa narrativa busca “mostrar o que de fato aconteceu”, reconstituindo os
fatos passados. Seus objetos eram quase unicamente as elites e os grandes eventos
políticos, e seu sentido também era político: legitimar a ordem vigente.
Contra esta perspectiva, a história-problema coloca a impossibilidade de narrar
os fatos como aconteceram. É o historiador quem delimita seu objeto e faz perguntas ao
passado, e para isso deve conceituar e analisar. Assim, a história-problema passa a tratar
não de eventos, indivíduos, política e sim de estruturas, conjunturas, temporalidades,
sociedades.
Com a Nova História Política, na segunda metade do século XX, principalmente
a partir dos trabalhos iniciados por Remond, a história-problema passa a ser vista como
excessivamente abstrata, sem eventos e homens, ignorando motivos, intenções e
sujeitos. Passa-se então a propor novas formas de tratar a história política, que se afasta
da perspectiva linear e efêmera da narrativa política tradicional. Para Remond, é por
meio do político que o historiador pode chegar às camadas mais profundas do tecidos
social... (até 24)
COMPLEMENTO CONCLUSÃO
Na história política tradicional, bem como na narrativa tradicional, o
acontecimento político é o principal objeto, mas colocado, conforme os paradigmas da
época, principalmente associados ao positivismo, de maneira teleológica, linear e com
foco nos grandes personagens e fatos políticos. No século XX, os Annales rompem com
essa perspectiva, mas colocam o político como algo de pouca importância e a narrativa
como uma forma inadequada de se escrever a história. No entanto, na segunda metade
do mesmo século, renova-se o interesse pela política e pela narrativa, mas a partir de
outras perspectivas, temas, abordagens, métodos, etc. Passa-se a prezar por uma história
menos estrutural e “impessoal”, e o foco passa a repousar nos indivíduos, nos grupos,
nos comportamentos, símbolos, crenças, como elementos importantes para o
historiador.