Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O negócio
da gestão
profissionalizada.
O 3.º Business Breakfast Publituris Hotelaria focou-se na gestão de
activos hoteleiros. Margarida Almeida, da Amazing Evolution; Francisco
Nogueira de Sousa, da Blueshift; Marco Rodrigues, da OCRAM; e Miguel
Velez, da Unlock Boutique Hotels; foram os convidados desta edição.
>>>
_
CEO, explica que a empresa surgiu de um “exer- FRANCISCO dos turistas”. Algo que, mesmo não havendo
cício de marketing”. “Na altura achámos que NOGUEIRA qualquer crise no futuro mais próximo, poderá
realmente os hotéis mais pequenos tinham um DE SOUSA impactar o preço.
problema de dimensão e a ideia foi tentar juntá- E MIGUEL O CEO da Unlock defende que a “elasticidade
los e, de alguma maneira, criar um conjunto de VELEZ, do preço” acaba sempre por quebrar e que para
serviços partilhados. Depois começámos adqui- CEOs e founders que o preço suba é preciso que todo o destino
rir unidades e, agora, temos um misto dos dois da BlueShift o faça. “Não estamos sozinhos no mercado, a
negócios”. O gestor fala, também, nos términos e da Unlock elasticidade de preço vai até uma certa altura,
dos períodos de carência de dos diversos fundos Boutique Hotels, portanto é preciso que os outros subam para
e alerta para a taxa de crescimento de quartos respectivamente subirmos um pouco mais. E o problema do ex-
prevista no futuro. Mas já lá vamos. cesso da oferta é que, ao aumentar o número
Falta-nos apresentar a OCRAM. O elemento de quartos a um ritmo superior ao que cresce a
mais recente na área. Marco Rodrigues, mana- procura, mesmo em taxas de crescimento ace-
ging partner – que traz consigo experiência na leradas que estamos a ter, leva obrigatoriamen-
hotelaria –, explica que a empresa nasceu “efec- te a que o mercado em geral faça uma pressão
tivamente da operação”, há um ano. “Fomos sobre o preço.”
abordados por um banco, que nos perguntou se Uma consideração na qual Margarida Almeida
estaríamos interessados na gestão de um activo. não se revê a 100%. “Depende do posiciona-
Começámos como esta unidade e melhorámos mento que quisermos. Faço isso diariamente
muito a rentabilidade do próprio hotel. Depois, e depende daquilo definimos para o projecto.
numa outra frase, criámos a marca.” E eu não cedo. Neste momento, não baixo o
preço. Temos a nossa métrica anual, que varia
Oferta turística e preço consoante a taxa de ocupação e da época, mas
A subida do preço médio em Portugal foi um chega a um limite que não baixo”, explica a res-
dos temas que mais debate criou entre os con- ponsável da Amazing.
vidados e que, como não poderia deixar de ser, “É verdade que também estamos num ciclo po-
levou à questão da oferta, a existente e a que sitivo e, como tal, temos de esperar pelos tem-
está projectada. pos menos bom, que espero que tardem. Mas
É unânime entre os gestores que o preço prati- acho que é esse o grande desafio: criar produtos
cado em Portugal não é o desejado. Mas a sua diferenciadores. Acho que faltam marcas inter-
subida ou a forma como o fazer gera mais atritos. nacionais de referência em Lisboa, no Algarve,
Miguel Velez começa por falar na oferta turísti- no Porto e no Interior. Também faço a gestão
ca e na sua perspectiva de aumento, afirmando de hotéis no Interior e sei quão difícil é. Isso ia
que “a taxa de crescimento de quartos dispo- ajudar a aumentar o nosso preço. Agora, têm de
níveis é muito superior a taxa de crescimento ser marcas diferenciadoras”, salienta. >>>
Serviço e profissionalismo
Margarida Almeida acredita num futuro do
mercado e do negócio “risonho”, mas alerta para
os “factores que não controlamos”. “Não vejo o
futuro como sombrio, há uma parte que está nas
nossas mãos, que é criar coisas novas e diferentes
e dar serviço”, algo do qual a gestora não abdica
como característica fundamental no desenvolvi-
mento do Turismo em Portugal, mas que, con-
fessa, não tem a certeza se o mercado está ciente.
Marco Rodrigues é da opinião de que “o mer-
cado vai estabilizar” e afirma: “Lisboa já se
enquadra como um mercado bem sedimenta-
do a nível mundial. O Porto ainda esta numa
fase sensível, que ainda não se equilibrou como
mercado e é fundamental termos as duas maio-
res cidades do País a trabalharem bem.”
“Concordo a 1000% quando a Margarida diz
que é preciso serviço. Sou um grande defensor
de serviço, não consigo partilhar um bom pre-
ço médio se, de facto, não tiver um bom ser-
viço. Agora o problema é precisamente a falta
de recursos humanos, não só no Interior, mas
no Litoral”, recorda o managing partner da
OCRAM, salientando que “só podemos pro-
videnciar um bom serviço se tivermos quadros
para tal e não temos”. “As fornadas que saem
das escolas actualmente são muito inferiores à _
procura”, salienta. OCRAM, fazem uma avaliação apenas do que conhecem,
“Julgo que o verdadeiro paradigma da hotelaria Marco Rodrigues, querem uma análise qualitativa de algo e esta
em Portugal não passa por analisar se vai cres- managing partner indústria é muito mais do que é o óbvio”, ex-
cer ou não, passa por arranjar a melhor estraté- plica Francisco Nogueira de Sousa, adiantando
gia para que esse mercado se mantenha e isso é o que diz serem dois “factores cruciais”: a ex-
feito através do serviço. Se não vamos ter de co- periência do cliente, primariamente referia por
meçar a importar”, conclui Marco Rodrigues. Margarida Almeida; e os colaboradores. “Vou
Francisco Nogueira de Sousa retoma o assunto parecer um pouco romântico, mas é nisto que
dos salários, para dizer: “Pagamos miseravel- acredito: não há nada mais importantes que os
mente às pessoas e começa por aí: esta é uma nossos colabores e as nossas equipas. E as equi-
indústria que se tornou pouco atractiva para pas sentirem-se que realmente estamos empe-
se trabalhar. Como ser humano, se tiver outra nhados em ajudá-los a crescer e desenvolverem-
opção que me chateia metade ou na qual não se, conseguimos reter talento.”
tenho as mesmas preocupações, e não tiver uma A necessidade de mais marcas internacionais
perspectiva de carreira ou que vou crescer, por- no País foi igualmente consensual entre os ges-
que é que aceito uma proposta de trabalho?” tores, que falam no interesse das insígnias, mas
Para o responsável da BlueShift, “é nossa res- explicam que o RevPar em Portugal, um dos
ponsabilidade tornar a indústria atractiva”. critérios de avaliação, não é atractivo.
“Penso que o maior problema que vivemos nes- Por fim, os gestores falam na “falta e profissio-
te tempo, quando as coisas estão a correr bem, nalismo” que existe na gestão hoteleira, como
é ter administradores que vêm de áreas comple- denominou Francisco Nogueira de Sousa e no
tamente diferentes a pensarem que são o máxi- qual se reviram os homólogos. E neste capítulo
mo e que percebem muito disto e esquecem-se entram os investidores que não se estão a preca-
que andamos aqui há mais de 20 anos, já passa- ver para o próximo ciclo económico, mas tam-
mos por ‘ups’ e ‘downs’ e criámos resistências. bém os projectos fruto de fundos e cujo período
São pessoas que entram numa altura de ‘up’ e de carência está a terminar. h