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LL.M.

em Direito Empresarial
Disciplina: Contratos Internacionais e Regramento do Comércio Exterior
Discente: Juan Mardson Castro dos Santos

Tarefa 1.3

O contrato de compra e venda internacional de mercadorias

1 Introdução

Usualmente, é possível ver cidadãos brasileiros recorrendo à


legislação pátria com o escopo de solucionar conflitos decorrentes das relações
de comércio, invocando, para tanto, os Juizados Especiais por meio do Código
de Defesa do Consumidor. Da mesma forma, já é comum a prática de compras
via comércio eletrônico em sites de outros países, o que gera uma relação de
comércio internacional, de caráter privado, ainda não muito explorada pelo
legislador brasileiro.

Ocorre que, segundo o que leciona Coelho (2012), uma vez


realizada uma transação internacional pela Internet, tem-se que o fornecedor
esteja situado em outro país, o que remete a um direito estrangeiro. Nesse
sentido, quando o consumidor está estabelecido no Brasil e o fornecedor tem
sede em outro país, não possuindo filiais ou representantes em território
brasileiro, há um conflito quanto aos limites da proteção da parte
hipossuficiente e às soluções para uma eventual lide.

Em virtude dessa tendência e do crescimento do comércio exterior é


que se faz necessário o estudo da formalização do contrato internacional de
compra e venda.

2 A formalização do contrato internacional de compra e venda no


ordenamento jurídico brasileiro

Inicialmente, vale lembrar que o contrato internacional possui alguns


componentes, na sua formação, que conferem confiança e segurança jurídica
aos contratantes. Com isso, Aquino (2012, online) leciona que tal relação
contratual se inicia pela manifestação de vontade de uma das partes. Diante
dela, em regra, o proponente não pode se afastar da proposta sem informar o
outro contratante.

Ainda segundo esse autor, vem então o instituto da carta de


intenções, que serve para a estipulação dos pontos a serem negociados no
contrato internacional, incluindo a determinação dos documentos que serão
oportunamente apresentados, além da designação dos objetivos da relação
jurídica contratual. Caso as partes não concluam o contrato, poderão ser
instituídos perdas e danos pela não realização do mesmo.

Em resumo, a formalização do contrato ocorre quando da aceitação


da proposta, a qual estabelece o vínculo contratual para todas as partes
envolvidas.

Para fechar, o contrato deve conter cláusulas de individualização


das partes, do objeto e da forma a ser redigido, além das cláusulas especiais,
tais como a lei aplicável ao contrato, eleição do foro, dentre outras que serão
citadas a seguir.

3 Convenção das Nações Unidas sobre os Contratos de Compra e Venda


Internacional de Mercadorias (CISG)

Como explica Oliveira (2016, online), a Convenção das Nações


Unidas para Contratos de Venda Internacional de Mercadoria surgiu em 1980
com o objetivo de harmonizar as práticas de comércio entre os mercados
internacionais, através de regras uniformes aplicáveis aos contratos de compra
e venda internacional de mercadorias, compatíveis com os diferentes sistemas
de governo, econômicos, sociais e jurídicos. 59 países foram signatários dessa
Convenção, incluindo o Brasil.

Como leciona Aquino (2012, online), o art. 14 da CISG aduz que a


formação do contrato ocorrerá quando:

1. Uma proposta tendente à conclusão de um contrato dirigida a uma


ou várias pessoas determinadas constitui uma proposta contratual se
for suficientemente precisa e se indicar a vontade de o seu autor se
vincular em caso de aceitação. Uma proposta é suficientemente
precisa quando designa as mercadorias e, expressa ou
implicitamente, fixa a quantidade e o preço ou dá indicações que
permitam determiná-los.
2. Uma proposta dirigida a pessoas indeterminadas é considerada
apenas como um convite para contratar, a menos que a pessoa que
fez a proposta tenha indicado claramente o contrário.

Oliveira (2016, online) adiciona ainda o que seriam as cláusulas


essenciais que devem constar nessa espécie de contrato, quais sejam:
01 – A cláusula geral;
02 – a cláusula de retenção de título;
03 – a cláusula de oscilação de preço;
04 – a cláusula sobre juros;
05 – a cláusula force majeure;
06 – a cláusula de escolha da lei aplicável;
07 – a cláusula de jurisdição;
08 – a cláusula de arbitragem;
09 – a cláusula de preço e forma de entrega (incoterms);
10 – a cláusula do prazo de entrega e recebimento;
11 – a cláusula da língua do contrato;
12 – a cláusula de rescisão;
13 – a cláusula de confidencialidade;
14 – a cláusula de adversidade ou infortuito (hardship clauses);
15 – cláusula penal e de garantias;
16 – a cláusula de comunicação.

4 Considerações finais

Conclui-se, portanto, que o contrato é firmado no momento em que a


aceitação de uma proposta contratual se torna eficaz em conformidade com as
disposições da CISG. Outrossim, vale lembrar que, dentre tantas
especificidades, sempre se faz necessário que as cláusulas que compõem o
contrato internacional estejam de forma clara e objetiva, a fim de mitigar
qualquer eventual lide.

5 Referências

AQUINO, Leonardo Gomes de. Contratos internacionais e regramento do


comércio exterior. Brasília: Unyleya, 2012.

BESSA, Leonardo Roscoe; MOURA, Walter José Faiad de. Manual de direito
do consumidor. 4. ed. Brasília: Escola Nacional de Defesa do Consumidor,
2014.

COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial, volume 3: direito de


empresa. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

OLIVEIRA, Josiane. Cláusulas essenciais dos contratos internacionais de


compra e venda de mercadorias. Disponível em: <
https://josyannye.jusbrasil.com.br/artigos/482114583/clausulas-essenciais-dos-
contratos-internacionais-de-compra-e-venda-de-mercadorias>. Acesso em: 29
jan. 2018.

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