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Balan - o de Massa 1 PDF
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1 – INTRODUÇAO
A natureza impõe certas restrições às transformações químicas e físicas de matéria,
que precisam ser levadas em conta quando projetamos um novo processo ou analisamos um já
existente. Uma dessas restrições é o princípio da conservação da massa ou Princípio de
Lavosier, segundo o qual nada pode ser criado ou destruído, apenas transformado (a menos
das reações nucleares). Se em um dado processo 120g de enxofre estão contidos no carvão
diariamente queimado em uma caldeira, esta mesma quantidade de enxofre por dia deixará a
câmara de combustão de uma forma ou de outra. A análise química das cinzas ou da fuligem
(gases de chaminé ou fumos) revelará a quantidade de enxofre em cada uma dessas
substâncias. Mas necessariamente, a soma das duas quantidades deverá ser igual a 120g. Para
relacionar-se as quantidades de matéria envolvidas em um dado processo, o engenheiro
realiza um balancete ou uma contabilidade das massas totais e de cada componente, tendo em
mente o princípio da conservação da massa. Esta técnica é chamada de balanço de massa ou
de material.
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Suponhamos agora um processo contínuo onde entra e sai metano à vazão qe (kg
CH4/h) e qs (kg CH4/h), respectivamente, representado na Figura 3.2.
As vazões foram medidas e constatou-se que qe é diferente de qs. Há cinco explicações
para este fato:
1- Está vazando metano através do equipamento;
2- O metano está sendo consumido como reagente;
3- O metano está sendo gerado como produto;
4- O metano está acumulando na unidade, possivelmente sendo absorvido em suas
paredes;
5- As medidas estão erradas.
Se as medidas estão corretas, e não há vazamento, as demais possibilidades (uma ou
ambas) são responsáveis pela diferença constatada.
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UNIDADE DE
qe (kg CH4 / h) PROCESSO qs (kg CH4 / h)
Esta é a equação geral de balanço que pode ser escrito para qualquer material que entra
ou deixa um sistema: pode tanto ser aplicado a massa total de componentes do sistema ou a
qualquer espécie molecular ou atômica envolvida no processo.
Nós podemos também escrever dois tipos de balanços:
A) Balanços Diferenciais
São os balanços que indicam o que está acontecendo num dado sistema num dado
instante. Cada termo da equação de balanço é expresso em termos de uma velocidade (taxa); e
tem unidade da quantidade balanceada dividida pela unidade de tempo (g SO2 / h; pessoa/ano;
barris / dia). Este é o tipo de balanço usualmente aplicado a um processo contínuo.
B) Balanços Integrais
São os balanços que descrevem o que acontece entre dois instantes de tempo (∆t).
Cada termo da equação de balanço é então uma quantidade balanceada com sua respectiva
unidade (g SO2; pessoas, barris) Este tipo de balanço é usualmente aplicado a processos em
batelada, como os dois instantes de tempo sendo o momento imediatamente após a entrada da
alimentação e o momento imediatamente anterior à retirada do produto.
Os termos “gerado” e “consumido” se referem à produção ou consumo de matéria
relacionados às transformações provocadas por reações químicas. Podem, portanto, serem
substituídos pelo termo “reage”. Se um dado componente a ser balanceado estiver sendo
produzido no interior do sistema, o termo será positivo; caso contrário será negativo.
Assim, SAI= ENTRA + REAGE – ACUMULA
O acúmulo de massa, próprio dos sistemas em regime transiente, relaciona a taxa de
aumento (ou diminuição) de matéria com o tempo (dmA/dt). Se em uma dada unidade de
processo entram qAe (kg/s) de um dado componente “A” e saem qAs (kg/s) desse mesmo
componente, havendo reação química (consumo ou geração do componente) à taxa rA (kg/s),
a equação se transforma em:
dm A
q As = q Ae + rA −
dt
Nas seções seguintes estudaremos diferentes processos e realizaremos cálculos a partir
da equação geral de balanço.
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a) Estado não-estacionário
SAI = ENTRA – ACUMULA
Ou (dm/dt) = qe – qs (kg/s)
b) Regime Permanente
Como não há acúmulo de matéria, a quantidade total de massa que entra deve
necessariamente ser igual à quantidade que sai. Daí:
ENTRA = SAI qs = qe (kg/s)
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dn A dC dV dC A
⇒ acúmulo − reage = 0 ⇒ − rA = 0 ⇒ V A + C A = rA ⇒ V = −0,200C AV
dt dt dt dt
Para termos uma conversão de 90%, a concentração final de A deve ser 10% da
concentração inicial 0,100 moles/L. Desta forma, CAf = (0,1) 0,100 = 0,01 moles/L.
O balanço diferencial que obtivemos pode facilmente ser integrado para obtermos a
solução analítica. Da equação diferencial obtida, podemos separar um lado da equação
dependente de CA e outro lado da expressão dependente de t. Aplicando os devidos limites de
integração, podemos integrar e chegar à solução analítica. Vejamos:
C Af t
dC A dC A f
= −0,200dt ⇒ ∫ = −0,200 ∫ dt ⇒ ln (CAf ) − ln(C A0 ) = −0,200(t f − t0 )
CA C A0 dt t0
0,010
ln
0,100
tf = = 11,5s
0,200
Outra forma de resolvermos a equação diferencial obtida é através de métodos
matemáticos de soluções de equações diferenciais ordinárias de primeira ordem, tais como
métodos de Euler, Runge-Kutta, Runge-Kutta-Gill, Runge-Kutta-Merson, etc.
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qe ( L / s)
ρe (g / L) V(L)
CAe (mols A / L) ρs qs (L / s)
ρs (g / L)
CAe (mols A/ L)
Figura 4.3 – Reator do Exercício 3
Exemplo 4 - 1000 kg/h de uma mistura de benzeno (C6H6) e tolueno (C7H8) que contém
50% em massa são separados em uma coluna de destilação em duas frações. A vazão mássica
de benzeno na corrente de saída do topo é 450 kg B / h e para o tolueno na corrente de saída
do fundo é 475 kg T / h. A operação se desenvolve em regime permanente. Escreva os
balanços de massa para o benzeno e o tolueno. Calcular as vazões não conhecidas nas
correntes de saída.
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450 kg B / h
500 kg B / h q1 (kg T / h)
500 kg T / h DESTILADOR
475 kg T / h
q2 (kg B / h)
Figura 3.5- coluna de destilação benzeno-tolueno
1-Escreva os valores e unidades de todas as variáveis conhecidas sobre as linhas que indicam
as correntes de processo. Por exemplo: uma corrente contendo 21% de O2; 79% N2 molar a
520°C e 1,4 atm fluindo a uma vazão de 400g-mols / h pode assim ser indicada:
400 mols / h
0,21 mols O2 / mol
0,79 mols N2 / mol
T= 520°C; P = 1,4 atm
Quando isso é realizado para todas as correntes, você tem um sumário das informações
conhecidas acerca do processo.
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400 mols / h
XO2 (mols O2 / mol)
XN2 (mols N2 / mol)
T= 520°C; P = 1,4 atm
Não nos esqueçamos que Xo2 + XN2 = 1. Assim podemos escrever também:
400 mols / h
X (mols O2 / mol)
1- X (mols N2 / mol)
T= 520°C; P = 1,4 atm
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100lbm 200lbm
min min
O fator de escala será: =
0,5 g g
Daí;
200lbm / min
1g = 200lbm / min na alimentaçao
g
lb / min
0,5g m = 100lbm / min na corente de saída
g
A composição das correntes deve manter-se a mesma. Portanto:
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Exemplo 6 – Uma solução aquosa de Ca(OH)2 contém 25% de Ca(OH)2 em massa. Deseja-se
obter uma solução com 5% dessa base, diluindo-se a solução original com água pura. Calcule
a relação g H2O / g solução alimentada.
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Solução : Como não são dadas as vazões de entrada e de saída, estabelecemos uma base de
cálculo de 100 g/min de solução de alimentação. Assim:
100 g/min Q2 (g/min)
0,25 g Ca(OH)2 / g TANQUE 0,05 g Ca(OH)2 / g
0,75 g H2O / g 0,95 g H2O / g
Q1 (g H2O / min)
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corrente de reciclo
90 kg A/min
30 kg R/min
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Unidade de Processo
Alimentação produto
Corrente de by-pass
a) em torres de destilação, parte do destilado retorna à torre como refluxo para enriquecer o
destilado no componente mais leve, obtendo uma melhor qualidade do destilado, quanto
maior for essa corrente de refluxo;
Reciclo IV Purga
I
Nos processos químicos com reação, como nos processos de refino de petróleo, a
maioria das correntes são misturas muito complexas, exigindo muitas etapas de separação que
envolvem reciclo de algumas correntes. Nos reatores catalíticos, como nos processos de
síntese de amônia a partir de N2 e H2, ou síntese de metanol a partir de CO e H2, somente
parte dos gases presentes na carga reagem, ou seja, a conversão no produto final não é total.
Os produtos são separados e a mistura gasosa não convertida em produto é reciclada para o
reator, após ser misturada coma carga fresca (alimentação nova). Estas operações de reciclo
são importantes, pois desta forma se consegue um aproveitamento maior da matéria-prima,
levando a uma redução do custo de operação, apesar do maior custo de investimento, uma vez
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que reatores precisarão ter maior capacidade para permitir processar uma vazão maior de
carga do reator.
evaporador Cristaliza-
dor e
4500 kg/h filtro torta de filtro
33,33% K2CrO4 49,4%K2CrO4 solução K2CrO4 36,36%(5% massa)
cristais sólidos(95% massa)
filtrado
36,36% K2CrO4
Nesta operação, 4500 kg/h de uma solução com 33,33% de K2CrO4 em massa é
combinada com uma corrente de reciclo contendo 36,36% de K2CrO4 em massa. A corrente
formada pela junção das duas correntes anteriores é alimentada ao evaporador. A corrente
concentrada que deixa o evaporador contém 49,4% de K2CrO4 em massa; esta corrente é
alimentada ao cristalizador, na qual é resfriada (formando cristais de K2CrO4) e então filtrada.
A torta de filtro contém cristais de K2CrO4 e uma solução (que umedece a torta) que contém
36,36% de K2CrO4 em massa; os cristais são responsáveis por 95% da massa total da torta. A
solução que passa através do filtro também tem 36,36% K2CrO4 em massa e constitui-se na
corrente de reciclo.
Calcular a massa de água removida pelo evaporador, a taxa de produção de K2CrO4
cristalino, a relação (kg reciclo / kg alimentação nova) e as vazões com que o evaporador e o
cristalizador devem ser projetados.
Solução: Seja K representando o K2CrO4 e A representando a água. Na corrente 5, seja Q5C a
vazão mássica dos cristais e Q5S a vazão mássica da solução.
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Q3 kg A/h
III
Cristaliza-
Evapo- Q4 kg/h IV dor e Q5 kg/ h V
rador filtro
Q1 = 4500 kg/h I Q2 kg/h II xk4 =0,4940 kg K/h Q5C = 0,95 Q5
xk1 = 0,3333 kg K/h xk2 = kg K/h xA4 = 0,5060kg A/h Q5S = 0,05 Q5
xA1 = 0,6667 kg A/h xA2 = kg A/h R kg/h QA5S = 0,6364
R kg/h R Qk5S= 0,3636
xKR = 0,3636 kg K / kg
xAR = 0,6364 kg A /kg
Mas há uma relação entre Q5C e Q5S: Q5S = 0,05 (Q5S + Q5C) ⇒ Q5S = 0,05263 Q5C
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