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1.

INTRODUÇÃO

Alguns Conceitos Básicos da


Engenharia Química:
Operação contínua e operação
descontínua:
Operação contínua
• Na maior parte das operações de
processamento é economicamente vantajoso
manter o equipamento em operação
contínua e permanente, com um mínimo de
perturbações ou de paragens, principalmente
nos processos de grande escala
Operação contínua
• maior produtividade do equipamento;
• menor preço unitário do produto;
• Neste tipo de operação, o tempo não é uma
variável na análise do processo, excepto
durante o período de arranque do processo,
desde o momento de introdução da carga
(matéria-prima) até a completa estabilização
do processo, ou no período de paragem,
Operação contínua
• As condições operacionais não são constantes ao longo
do processo, em nenhum momento;
• Mas as condições num um dado ponto do processo
deverão ser constantes com o tempo;
• É necessário que não ocorram perturbações no
processo, mas, no entanto, elas existem;
• Para contorná-las é necessário que se instalem
adequados sistemas de controlo de processos que,
apesar das perturbações, conduzirão o processo à
estabilidade das condições operacionais, mantendo a
qualidade do (s) produto (s).
Operação contínua
• Uma operação contínua, onde as condições
operacionais não variam com o tempo, é dita
estar em regime permanente ou em estado
estacionário
Operação descontínua
• É geralmente usada em operações de pequena escala
(produção de pequenas quantidades de produtos);
• Em operações onde o processo corrosivo é muito
acentuado;
• Ou por alguma outra razão particular, nem sempre é
conveniente manter operações contínuas.
• Nestes casos, o equipamento é carregado com toda a
carga (matéria-prima) necessária, é efectuado o
processamento e são removidos os produtos. Esta é
uma operação descontínua, como é mais conhecida.
Operação descontínua
• A operação descontínua é dita estar em
regime transiente (ou não permanente) ou
em estado não – estacionário;
• A análise das operações transientes é
usualmente mais complicada do que a das
operações em regime permanente
- Vazão:

• É razão entre a quantidade que escoa de uma corrente de fluido


(líquido ou gás) e o tempo gasto.
• Devemos definir se esta quantidade é em volume, em massa .
• Nos processos contínuos, as vazões dos fluidos em escoamento,
seja da carga (matéria-prima) do processo ou dos produtos, são
continuamente medidas.
• Normalmente, pela facilidade da medição, a vazão medida é a
vazão em volume (vazão volumétrica).
• A vazão em massa (vazão mássica) e a vazão em quantidade de
matéria (vazão molar) , ambas necessárias para os balanços
materiais, são calculadas a partir da vazão volumétrica.
Escoamento paralelo e contracorrente
• Em muitas operações de transferência de massa ou de energia é necessário
colocar em contacto duas correntes de fluidos, seja directamente no caso de
transferência de massa - ou indirectamente, através de uma superfície de
contacto - no caso de transferência de energia para que possa ocorrer a
modificação desejada.

• A transferência pode ser realizada com as duas correntes escoando na


mesma direcção ou em direcções contrárias;

• Quando o escoamento ocorre com os fluidos na mesma direcção diz-se que


o escoamento é em paralelo;

• E quando em direcções contrárias diz-se que é em contracorrente (Figura


01);

• O escoamento em contracorrente é o mais usual na engenharia química,


pois com ele se consegue uma transferência de massa ou energia muito
maior do que com o escoamento em paralelo.
Escoamento paralelo e contracorrente

Figura 01 – Escoamentos Contracorrente e Paralelo.


2- Processo Químico:

• É utilizado para formação de um produto


químico, intermediário ou final;
Processo Químico
ETAPA DE PRODUÇÃO DE PRODUTO
QUÍMICO
• As etapas na produção de qualquer produto
químico podem ser divididas em três grandes
grupos:
• Preparação da carga (alimentação/matéria
prima) para o reactor;
• Transformação dos reagentes em produtos;
• Tratamentos dos efluentes do reactor.
Processos Unitários
• As reacções químicas podem ser classificadas
como reacções de hidrogenação, nitração,
sulfonação, oxidação, etc.
Esses grupos de reacções são conhecidos como
Processos Unitários.
Parâmetros Químicos
• Compreende o conjunto de parâmetros que
processam as reacções químicas:
• mecanismo de reacção;
• Condições dos reagentes e matérias-primas
(grau de pureza, composição de mistura, etc.)
que serão utilizadas nos processos;
• Condição de pressão e temperatura;
• Tipos de catalisadores, etc.
Parâmetros Físicos

• Em geral, em todos os equipamentos usados


antes e após o reactor ocorrem apenas
mudanças físicas no material, tais como:
elevação da pressão (em bombas e
compressores);
• Aquecimento ou arrefecimento (em
trocadores de calor);
• Mistura, separação etc.
Parâmetros Físicos

• Estas várias operações que envolvem


mudanças físicas no material são chamadas de
Operações Unitárias da indústria química.
• São tão importantes quanto as reacções
químicas utilizadas para a obtenção do
produto.
Operações Unitárias
• As operações unitárias podem ser agrupadas
em cinco grandes divisões que envolve a
engenharia química:
• Mecânica dos fluidos;
• Transmissão de calor;
• Operações de agitação e mistura;
• Operações de separação;
• Operações de Manuseio de Sólidos.
Mecânica dos fluidos
Em toda planta industrial é necessário
transportar reagentes e produtos para
diferentes pontos da planta. Na maioria dos
casos, os materiais são fluidos (gases ou
líquidos)
Papel do Engenheiro químico
É de determinar as dimensões e os tipos de
tubos, acessórios e bombas (ou
compressores) para movimentá-los.
Transmissão de calor
• A maioria das reacções químicas não ocorre a
temperaturas ambientes e, portanto, os
reagentes e produtos devem ser aquecidos ou
resfriados.
• Algumas reacções são exotérmicas, o calor
deve ser removido;
• outras são endotérmicas, o calor deve ser
fornecido.
Papel do Engenheiro Químico
• Ser capaz de calcular as taxas de calor
envolvidas e dimensionar os equipamentos
(trocadores de calor) necessários.
um trocador de calor tipo casco e
tubo
Operações de agitação e mistura
• São operações normais na engenharia química
para homogeneizar a composição da mistura
formada por diferentes componentes
(Reagentes).
um vaso com agitador (Reactor).
Operações de separação
É o maior grupo de operações unitárias, ele
inclui:
1. Processos físicos em que se permite a
separação de duas fases (sólido - líquido e
líquido - líquido), como a filtração, a decantação
e a centrifugação
Operações de separação
2. Processos em que ocorrem a transferência de
massa de uma fase para outra, pela afinidade do
material para a segunda fase, como a absorção (do
gás para o líquido), a extracção (de líquido para
outro líquido), a adsorção (de uma mistura gasosa
ou líquida para um sólido), a secagem etc.
3. Processos em que ocorrem a transferência de
material de uma fase para outra pela influência da
troca de calor, como a evaporação, a destilação, a
cristalização, etc.
Operações de Manuseio de
Sólidos
• Tais como a Trituração ou moagem, o
peneiração e a fluidização .
• A fluidização baseia-se fundamentalmente na
circulação de sólidos juntamente com um
fluido (gás ou líquido), proporcionando
também um maior contacto superficial entre
sólido e fluido, favorecendo a transferência de
massa e calor.
Balanços
• As operações de separação são as que mais
envolvem cálculos de balanço de massa,
também chamado de balanço material;

• Em alguns casos, além do balanço material é


necessário realizar balanço de energia.
Análise de algumas técnicas e o
equipamento usado na sua realização
• A filtração
• é usada para remover sólidos de um fluido, seja
gás ou líquido.

• O fluido permeia através de um leito contendo


material filtrante que retém as partículas sólidas
dispersas no fluido.

A Figura 04 mostra um filtro de areia.


Filtro de areia
A absorção gasosa
• é usada quando se deseja remover de uma
mistura gasosa um ou mais componentes,
através do contacto directo com um líquido ou
uma solução líquida que tem afinidade por
estes componentes e não tem com os demais.
• A absorção gasosa
• Nesta operação, uma corrente gasosa (por exemplo,
ar contendo um vapor condenável como a acetona) é
alimentada continuamente pela parte inferior de um
equipamento absorvedor (uma torre contendo no
seu interior um leito de recheios, que podem ser
pequenos cilindros ocos conhecidos como anéis de
Raschig ou os anéis de Pall) e escoa em
contracorrente com um líquido solvente (água, por
exemplo) que é admitido pelo topo da torre.
• O ar fluirá da torre com um teor menor de acetona e
no fundo da torre sairá uma solução aquosa de
acetona.
A Figuras 05 mostra uma torre absorvedora.
uma torre absorvedora
A extracção líquido - líquido
• é usada quando se deseja remover de uma
mistura de líquidos um ou mais componentes,
denominado(s) soluto(s), através do contacto
directo com um líquido conhecido como
solvente, que é imiscível com a mistura
original (a carga) e remove parcialmente os
componentes desejados da carga.
A extracção líquido - líquido
• Duas misturas líquidas uma rica no solvente e
contendo parte do(s) soluto(s), denominada
de extracto, e outra, contendo o restante da
carga e parte do solvente, denominada de
refinado.
Coluna de extracção líquido -
líquido do tipo dispersão.
Adsorção
• é usada quando se deseja remover de uma
mistura de líquidos ou de gases um ou mais
componentes através do contacto directo com
um sólido.
• Nesta operação, a carga a ser tratada escoa
através dos espaços vazios entre as partículas
do sólido adsorvente, colocado no interior do
vaso.
Adsorção
• Por exemplo, carvão pode ser usado para
adsorver vapores de benzeno e/ou outros
gases presentes em misturas com ar.
• Parte do benzeno fica presa (adsorvida) na
superfície do sólido, ou seja, nos seus poros e
o ar com menor teor de benzeno flui pelo
topo de vaso.
Adsorção
• Quando o sólido adsorvente se satura do
componente adsorvido, ele é removido e
substituído por um sólido reactivado.
Adsorvedor de carvão activo
A secagem
• É usada para reduzir o teor de líquido
(normalmente água) de um sólido húmido,
usualmente pela recirculação de ar sobre o
sólido, de modo a carregar a água em forma
de vapor.
• O tipo mais simples de secador é o secador de
bandejas (ou tabuleiros), que opera em
carregadas e é, normalmente, usado para
operações em pequena escala (ver Figura 08).
secador de bandejas (ou
tabuleiros)
• Os secadores de bandeja podem tornar-se
contínuos através da montagem das bandejas
em correias transportadoras, por exemplo.
secador de bandejas (ou
tabuleiros)
A humidificação
• É uma operação inversa à da secagem.
• Ela pode ser usada para controlar a humidade
de um ambiente, ao se promover a
evaporação da água para o ar.
• Um uso importante desta operação é feito no
equipamento conhecido como torre de
resfriamento de água (ver Figura 09), de onde
a água sai fria, se aquece resfriando produtos
da planta industrial e retorna à torre de
resfriamento, fechando o ciclo.
A humidificação
• Na torre, a água quente é pulverizada e entra
em contacto com ar succionado por
ventiladores;
• Uma pequena parcela da água se evapora e
sai junto com o ar, permitindo o resfriamento
do restante da água.
• Para manter constante a vazão da água de
resfriamento, uma vazão de água de
reposição é injectada na torre para
compensar as perdas da água evaporada.
Torre de Arrefecimento de água
Destilação

• É usada quando se deseja separar uma


mistura (líquida, parcialmente Líquida ou
vapor) em duas outras misturas, utilizando
calor como um agente de separação.
• A mistura rica no (s) componente (s) mais
leve(s) (de menor ponto de ebulição) é
chamada de destilado, ou produto de topo, e
a rica no(s) componente(s) mais pesado(s) é
chamada de resíduo ou produto de fundo.
Destilação
• O destilado é normalmente uma mistura
líquida e o resíduo é sempre uma mistura
líquida.
• O equipamento onde ocorre a destilação é
uma torre (ou coluna), cujo interior é dotado
de pratos (ou bandejas) ou recheios (como
nas torres absorvedoras) – ver Figura 10.
Destilação
• O líquido que desce por gravidade da parte superior
entra em contacto íntimo com o vapor que sobe da
parte inferior da coluna, em cada um dos pratos (ou
ao longo dos recheios);
• O vapor que vem do fundo da coluna é gerado por
um trocador de calor chamado de refervedor, onde
um fluido com maior energia (vapor da água, por
exemplo) fornece calor ao líquido que sai pelo fundo
da torre, vaporizando-o total ou parcialmente;
• O líquido residual efluente deste equipamento é o
produto de fundo, ou resíduo.
Destilação
• O líquido que entra no topo da coluna, chamado de
refluxo, é gerado por um trocador de calor chamado
de condensador, que usa um fluido de resfriamento
(normalmente água ou ar) para a condensação do
vapor efluente do topo da coluna.
• O condensado é normalmente acumulado num
equipamento denominado de vaso ou tambor de
topo, donde uma parte retorna à torre como refluxo
e a outra parte é removida como o destilado.
Torre ou Coluna de Destilação
A cristalização
• É usada quando se deseja remover de uma
solução líquida o componente dissolvido
(soluto) em forma de cristais.
• A prática comum na produção de cristais era
aquecer uma solução até uma condição
próxima da saturação e colocá-la em tanques
rectangulares abertos, onde a solução era
resfriada e os cristais depositados.
A cristalização
• Cristalização a vácuo
• Neste caso, a solução salina aquecida é
enviada a um vaso que opera sob vácuo, onde
ocorre a evaporação da água (pela redução
da pressão) e a consequente queda de
temperatura - dessa forma, cristais de sais são
produzidos tanto pelo aumento da
concentração de sais como pela redução da
temperatura.
Cristalizador a Vácuo
SELECÇÃO DE UM PROCESSO UNITÁRIO
• A selecção de um processo unitário juntamente
com a operação unitária a serem realizadas para
a obtenção do produto desejado devem ser
feitos sempre levando em consideração o
rendimento e economicidade do processo
químico em função do custo no mercado do
produto final.
• Desta forma é importante considerar sempre os
seguintes factores: 1. Custo e disponibilidade da
matéria prima; 2. Rendimento do processo; 3.
Produtos secundários e resíduos.
Custo e disponibilidade da
matéria-prima
• Possibilidade da aquisição da Matéria – prima
a ser usada em relação ao local de fabricação
como também o seu custo neste mesmo local
e a sua pureza;
Rendimento do processo:

• É importante em todo processo químico a


análise do seu rendimento. Obtenção do
produto no seu melhor grau de pureza com a
máxima quantidade possível de ser obtido
com o menor consumo de energia no menor
tempo.
Produtos secundários e resíduos:
• Após a separação do produto principal nos resta
produtos secundários ou subprodutos e estes devem
ter outro destino.

• Quando estes subprodutos são considerados


resíduos, qual o seu destino e como elimina-los.

• Este facto influencia na escolha de um processo


químico a ser usado que em certos casos ele poderá
ser determinante na sua eliminação.
Matéria-Prima:
Processo de Separação
• Os Processos de Separação constituem, desde
sempre, uma etapa fundamental dos
Processos de Fabrico da Indústria Química.
Para que o Processo Reaccional decorra de
acordo com as especificações definidas
previamente, é necessário que as matérias-
primas sejam introduzidas no Reactor com o
grau de pureza adequado, o que implica,
necessariamente, um processo prévio de
tratamento/purificação das matérias-primas.
Processo de Separação
• A noção de Processo de Separação está
intimamente ligada à de Operação Unitária.
• “Operação Unitária é toda a unidade do
processo onde os materiais sofrem alterações
no seu estado físico ou químico e que pode ser
projectada com base em princípios
físico/químicos comuns”
Processo de Separação
• São diversas e cada vez em maior número as
Operações Unitárias que se usam no processo
de fabrico, mas podemos organiza-las em
quatro grandes grupos:
I. Tendo em conta os princípios físico/químicos
subjacentes:
1. Operações baseadas em Transferência
da Quantidade de Movimento (por
exemplo Sedimentação, Ciclonagem,
Moagem, etc.);
Processo de Separação
2. Operações baseadas em Transferência de
Massa (por exemplo Destilação, Extracção,
Absorção, Adsorção, etc.);
3. Operações baseadas em Transferência de
Calor (por exemplo os Permutadores de Calor);
4. Operações baseadas simultaneamente em
Transferência de calor e Massa (por exemplo
Evaporação, Cristalização, etc.).
Processo de Separação

• Para além disso podemos ainda agrupar as


Operações Unitárias:
II. Tendo em conta a forma como se modela a
transferência:
1. Com base no conceito de Andar em Equilíbrio
(Equilibrium Based Operations) e;
2. Com base no conceito de Velocidade de
Transferência (Rate Based Operations).
Andar em Equilíbrio

• No primeiro caso o equipamento de separação


considera-se dividido num conjunto de
elementos que promovem a transferência
produzindo correntes em equilíbrio, tal como
esquematizado na Figura 1.1 (Andar em
Equilíbrio).
Andar em Equilíbrio
Modelação do processo

Podemos modelar as Operações Unitárias


recorrendo ao conceito de Velocidade de
Transferência.

A Velocidade de Transferência é proporcional


à Força Motriz (Driving Force) que descreve o
afastamento do equilíbrio nas correntes entre
as quais ocorre a transferência.
Modelação do processo
• Um exemplo de uma Operação que costuma
ser modelada com base neste conceito é a
Absorção.
• Neste caso o modelo é constituído por
equações diferenciais, enquanto a aplicação
do conceito de andar em equilíbrio é
traduzida matematicamente por sistemas de
equações algébricas.

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