Engenharia Química: Operação contínua e operação descontínua: Operação contínua • Na maior parte das operações de processamento é economicamente vantajoso manter o equipamento em operação contínua e permanente, com um mínimo de perturbações ou de paragens, principalmente nos processos de grande escala Operação contínua • maior produtividade do equipamento; • menor preço unitário do produto; • Neste tipo de operação, o tempo não é uma variável na análise do processo, excepto durante o período de arranque do processo, desde o momento de introdução da carga (matéria-prima) até a completa estabilização do processo, ou no período de paragem, Operação contínua • As condições operacionais não são constantes ao longo do processo, em nenhum momento; • Mas as condições num um dado ponto do processo deverão ser constantes com o tempo; • É necessário que não ocorram perturbações no processo, mas, no entanto, elas existem; • Para contorná-las é necessário que se instalem adequados sistemas de controlo de processos que, apesar das perturbações, conduzirão o processo à estabilidade das condições operacionais, mantendo a qualidade do (s) produto (s). Operação contínua • Uma operação contínua, onde as condições operacionais não variam com o tempo, é dita estar em regime permanente ou em estado estacionário Operação descontínua • É geralmente usada em operações de pequena escala (produção de pequenas quantidades de produtos); • Em operações onde o processo corrosivo é muito acentuado; • Ou por alguma outra razão particular, nem sempre é conveniente manter operações contínuas. • Nestes casos, o equipamento é carregado com toda a carga (matéria-prima) necessária, é efectuado o processamento e são removidos os produtos. Esta é uma operação descontínua, como é mais conhecida. Operação descontínua • A operação descontínua é dita estar em regime transiente (ou não permanente) ou em estado não – estacionário; • A análise das operações transientes é usualmente mais complicada do que a das operações em regime permanente - Vazão:
• É razão entre a quantidade que escoa de uma corrente de fluido
(líquido ou gás) e o tempo gasto. • Devemos definir se esta quantidade é em volume, em massa . • Nos processos contínuos, as vazões dos fluidos em escoamento, seja da carga (matéria-prima) do processo ou dos produtos, são continuamente medidas. • Normalmente, pela facilidade da medição, a vazão medida é a vazão em volume (vazão volumétrica). • A vazão em massa (vazão mássica) e a vazão em quantidade de matéria (vazão molar) , ambas necessárias para os balanços materiais, são calculadas a partir da vazão volumétrica. Escoamento paralelo e contracorrente • Em muitas operações de transferência de massa ou de energia é necessário colocar em contacto duas correntes de fluidos, seja directamente no caso de transferência de massa - ou indirectamente, através de uma superfície de contacto - no caso de transferência de energia para que possa ocorrer a modificação desejada.
• A transferência pode ser realizada com as duas correntes escoando na
mesma direcção ou em direcções contrárias;
• Quando o escoamento ocorre com os fluidos na mesma direcção diz-se que
o escoamento é em paralelo;
• E quando em direcções contrárias diz-se que é em contracorrente (Figura
01);
• O escoamento em contracorrente é o mais usual na engenharia química,
pois com ele se consegue uma transferência de massa ou energia muito maior do que com o escoamento em paralelo. Escoamento paralelo e contracorrente
Figura 01 – Escoamentos Contracorrente e Paralelo.
2- Processo Químico:
• É utilizado para formação de um produto
químico, intermediário ou final; Processo Químico ETAPA DE PRODUÇÃO DE PRODUTO QUÍMICO • As etapas na produção de qualquer produto químico podem ser divididas em três grandes grupos: • Preparação da carga (alimentação/matéria prima) para o reactor; • Transformação dos reagentes em produtos; • Tratamentos dos efluentes do reactor. Processos Unitários • As reacções químicas podem ser classificadas como reacções de hidrogenação, nitração, sulfonação, oxidação, etc. Esses grupos de reacções são conhecidos como Processos Unitários. Parâmetros Químicos • Compreende o conjunto de parâmetros que processam as reacções químicas: • mecanismo de reacção; • Condições dos reagentes e matérias-primas (grau de pureza, composição de mistura, etc.) que serão utilizadas nos processos; • Condição de pressão e temperatura; • Tipos de catalisadores, etc. Parâmetros Físicos
• Em geral, em todos os equipamentos usados
antes e após o reactor ocorrem apenas mudanças físicas no material, tais como: elevação da pressão (em bombas e compressores); • Aquecimento ou arrefecimento (em trocadores de calor); • Mistura, separação etc. Parâmetros Físicos
• Estas várias operações que envolvem
mudanças físicas no material são chamadas de Operações Unitárias da indústria química. • São tão importantes quanto as reacções químicas utilizadas para a obtenção do produto. Operações Unitárias • As operações unitárias podem ser agrupadas em cinco grandes divisões que envolve a engenharia química: • Mecânica dos fluidos; • Transmissão de calor; • Operações de agitação e mistura; • Operações de separação; • Operações de Manuseio de Sólidos. Mecânica dos fluidos Em toda planta industrial é necessário transportar reagentes e produtos para diferentes pontos da planta. Na maioria dos casos, os materiais são fluidos (gases ou líquidos) Papel do Engenheiro químico É de determinar as dimensões e os tipos de tubos, acessórios e bombas (ou compressores) para movimentá-los. Transmissão de calor • A maioria das reacções químicas não ocorre a temperaturas ambientes e, portanto, os reagentes e produtos devem ser aquecidos ou resfriados. • Algumas reacções são exotérmicas, o calor deve ser removido; • outras são endotérmicas, o calor deve ser fornecido. Papel do Engenheiro Químico • Ser capaz de calcular as taxas de calor envolvidas e dimensionar os equipamentos (trocadores de calor) necessários. um trocador de calor tipo casco e tubo Operações de agitação e mistura • São operações normais na engenharia química para homogeneizar a composição da mistura formada por diferentes componentes (Reagentes). um vaso com agitador (Reactor). Operações de separação É o maior grupo de operações unitárias, ele inclui: 1. Processos físicos em que se permite a separação de duas fases (sólido - líquido e líquido - líquido), como a filtração, a decantação e a centrifugação Operações de separação 2. Processos em que ocorrem a transferência de massa de uma fase para outra, pela afinidade do material para a segunda fase, como a absorção (do gás para o líquido), a extracção (de líquido para outro líquido), a adsorção (de uma mistura gasosa ou líquida para um sólido), a secagem etc. 3. Processos em que ocorrem a transferência de material de uma fase para outra pela influência da troca de calor, como a evaporação, a destilação, a cristalização, etc. Operações de Manuseio de Sólidos • Tais como a Trituração ou moagem, o peneiração e a fluidização . • A fluidização baseia-se fundamentalmente na circulação de sólidos juntamente com um fluido (gás ou líquido), proporcionando também um maior contacto superficial entre sólido e fluido, favorecendo a transferência de massa e calor. Balanços • As operações de separação são as que mais envolvem cálculos de balanço de massa, também chamado de balanço material;
• Em alguns casos, além do balanço material é
necessário realizar balanço de energia. Análise de algumas técnicas e o equipamento usado na sua realização • A filtração • é usada para remover sólidos de um fluido, seja gás ou líquido.
• O fluido permeia através de um leito contendo
material filtrante que retém as partículas sólidas dispersas no fluido.
A Figura 04 mostra um filtro de areia.
Filtro de areia A absorção gasosa • é usada quando se deseja remover de uma mistura gasosa um ou mais componentes, através do contacto directo com um líquido ou uma solução líquida que tem afinidade por estes componentes e não tem com os demais. • A absorção gasosa • Nesta operação, uma corrente gasosa (por exemplo, ar contendo um vapor condenável como a acetona) é alimentada continuamente pela parte inferior de um equipamento absorvedor (uma torre contendo no seu interior um leito de recheios, que podem ser pequenos cilindros ocos conhecidos como anéis de Raschig ou os anéis de Pall) e escoa em contracorrente com um líquido solvente (água, por exemplo) que é admitido pelo topo da torre. • O ar fluirá da torre com um teor menor de acetona e no fundo da torre sairá uma solução aquosa de acetona. A Figuras 05 mostra uma torre absorvedora. uma torre absorvedora A extracção líquido - líquido • é usada quando se deseja remover de uma mistura de líquidos um ou mais componentes, denominado(s) soluto(s), através do contacto directo com um líquido conhecido como solvente, que é imiscível com a mistura original (a carga) e remove parcialmente os componentes desejados da carga. A extracção líquido - líquido • Duas misturas líquidas uma rica no solvente e contendo parte do(s) soluto(s), denominada de extracto, e outra, contendo o restante da carga e parte do solvente, denominada de refinado. Coluna de extracção líquido - líquido do tipo dispersão. Adsorção • é usada quando se deseja remover de uma mistura de líquidos ou de gases um ou mais componentes através do contacto directo com um sólido. • Nesta operação, a carga a ser tratada escoa através dos espaços vazios entre as partículas do sólido adsorvente, colocado no interior do vaso. Adsorção • Por exemplo, carvão pode ser usado para adsorver vapores de benzeno e/ou outros gases presentes em misturas com ar. • Parte do benzeno fica presa (adsorvida) na superfície do sólido, ou seja, nos seus poros e o ar com menor teor de benzeno flui pelo topo de vaso. Adsorção • Quando o sólido adsorvente se satura do componente adsorvido, ele é removido e substituído por um sólido reactivado. Adsorvedor de carvão activo A secagem • É usada para reduzir o teor de líquido (normalmente água) de um sólido húmido, usualmente pela recirculação de ar sobre o sólido, de modo a carregar a água em forma de vapor. • O tipo mais simples de secador é o secador de bandejas (ou tabuleiros), que opera em carregadas e é, normalmente, usado para operações em pequena escala (ver Figura 08). secador de bandejas (ou tabuleiros) • Os secadores de bandeja podem tornar-se contínuos através da montagem das bandejas em correias transportadoras, por exemplo. secador de bandejas (ou tabuleiros) A humidificação • É uma operação inversa à da secagem. • Ela pode ser usada para controlar a humidade de um ambiente, ao se promover a evaporação da água para o ar. • Um uso importante desta operação é feito no equipamento conhecido como torre de resfriamento de água (ver Figura 09), de onde a água sai fria, se aquece resfriando produtos da planta industrial e retorna à torre de resfriamento, fechando o ciclo. A humidificação • Na torre, a água quente é pulverizada e entra em contacto com ar succionado por ventiladores; • Uma pequena parcela da água se evapora e sai junto com o ar, permitindo o resfriamento do restante da água. • Para manter constante a vazão da água de resfriamento, uma vazão de água de reposição é injectada na torre para compensar as perdas da água evaporada. Torre de Arrefecimento de água Destilação
• É usada quando se deseja separar uma
mistura (líquida, parcialmente Líquida ou vapor) em duas outras misturas, utilizando calor como um agente de separação. • A mistura rica no (s) componente (s) mais leve(s) (de menor ponto de ebulição) é chamada de destilado, ou produto de topo, e a rica no(s) componente(s) mais pesado(s) é chamada de resíduo ou produto de fundo. Destilação • O destilado é normalmente uma mistura líquida e o resíduo é sempre uma mistura líquida. • O equipamento onde ocorre a destilação é uma torre (ou coluna), cujo interior é dotado de pratos (ou bandejas) ou recheios (como nas torres absorvedoras) – ver Figura 10. Destilação • O líquido que desce por gravidade da parte superior entra em contacto íntimo com o vapor que sobe da parte inferior da coluna, em cada um dos pratos (ou ao longo dos recheios); • O vapor que vem do fundo da coluna é gerado por um trocador de calor chamado de refervedor, onde um fluido com maior energia (vapor da água, por exemplo) fornece calor ao líquido que sai pelo fundo da torre, vaporizando-o total ou parcialmente; • O líquido residual efluente deste equipamento é o produto de fundo, ou resíduo. Destilação • O líquido que entra no topo da coluna, chamado de refluxo, é gerado por um trocador de calor chamado de condensador, que usa um fluido de resfriamento (normalmente água ou ar) para a condensação do vapor efluente do topo da coluna. • O condensado é normalmente acumulado num equipamento denominado de vaso ou tambor de topo, donde uma parte retorna à torre como refluxo e a outra parte é removida como o destilado. Torre ou Coluna de Destilação A cristalização • É usada quando se deseja remover de uma solução líquida o componente dissolvido (soluto) em forma de cristais. • A prática comum na produção de cristais era aquecer uma solução até uma condição próxima da saturação e colocá-la em tanques rectangulares abertos, onde a solução era resfriada e os cristais depositados. A cristalização • Cristalização a vácuo • Neste caso, a solução salina aquecida é enviada a um vaso que opera sob vácuo, onde ocorre a evaporação da água (pela redução da pressão) e a consequente queda de temperatura - dessa forma, cristais de sais são produzidos tanto pelo aumento da concentração de sais como pela redução da temperatura. Cristalizador a Vácuo SELECÇÃO DE UM PROCESSO UNITÁRIO • A selecção de um processo unitário juntamente com a operação unitária a serem realizadas para a obtenção do produto desejado devem ser feitos sempre levando em consideração o rendimento e economicidade do processo químico em função do custo no mercado do produto final. • Desta forma é importante considerar sempre os seguintes factores: 1. Custo e disponibilidade da matéria prima; 2. Rendimento do processo; 3. Produtos secundários e resíduos. Custo e disponibilidade da matéria-prima • Possibilidade da aquisição da Matéria – prima a ser usada em relação ao local de fabricação como também o seu custo neste mesmo local e a sua pureza; Rendimento do processo:
• É importante em todo processo químico a
análise do seu rendimento. Obtenção do produto no seu melhor grau de pureza com a máxima quantidade possível de ser obtido com o menor consumo de energia no menor tempo. Produtos secundários e resíduos: • Após a separação do produto principal nos resta produtos secundários ou subprodutos e estes devem ter outro destino.
• Quando estes subprodutos são considerados
resíduos, qual o seu destino e como elimina-los.
• Este facto influencia na escolha de um processo
químico a ser usado que em certos casos ele poderá ser determinante na sua eliminação. Matéria-Prima: Processo de Separação • Os Processos de Separação constituem, desde sempre, uma etapa fundamental dos Processos de Fabrico da Indústria Química. Para que o Processo Reaccional decorra de acordo com as especificações definidas previamente, é necessário que as matérias- primas sejam introduzidas no Reactor com o grau de pureza adequado, o que implica, necessariamente, um processo prévio de tratamento/purificação das matérias-primas. Processo de Separação • A noção de Processo de Separação está intimamente ligada à de Operação Unitária. • “Operação Unitária é toda a unidade do processo onde os materiais sofrem alterações no seu estado físico ou químico e que pode ser projectada com base em princípios físico/químicos comuns” Processo de Separação • São diversas e cada vez em maior número as Operações Unitárias que se usam no processo de fabrico, mas podemos organiza-las em quatro grandes grupos: I. Tendo em conta os princípios físico/químicos subjacentes: 1. Operações baseadas em Transferência da Quantidade de Movimento (por exemplo Sedimentação, Ciclonagem, Moagem, etc.); Processo de Separação 2. Operações baseadas em Transferência de Massa (por exemplo Destilação, Extracção, Absorção, Adsorção, etc.); 3. Operações baseadas em Transferência de Calor (por exemplo os Permutadores de Calor); 4. Operações baseadas simultaneamente em Transferência de calor e Massa (por exemplo Evaporação, Cristalização, etc.). Processo de Separação
• Para além disso podemos ainda agrupar as
Operações Unitárias: II. Tendo em conta a forma como se modela a transferência: 1. Com base no conceito de Andar em Equilíbrio (Equilibrium Based Operations) e; 2. Com base no conceito de Velocidade de Transferência (Rate Based Operations). Andar em Equilíbrio
• No primeiro caso o equipamento de separação
considera-se dividido num conjunto de elementos que promovem a transferência produzindo correntes em equilíbrio, tal como esquematizado na Figura 1.1 (Andar em Equilíbrio). Andar em Equilíbrio Modelação do processo
Podemos modelar as Operações Unitárias
recorrendo ao conceito de Velocidade de Transferência.
A Velocidade de Transferência é proporcional
à Força Motriz (Driving Force) que descreve o afastamento do equilíbrio nas correntes entre as quais ocorre a transferência. Modelação do processo • Um exemplo de uma Operação que costuma ser modelada com base neste conceito é a Absorção. • Neste caso o modelo é constituído por equações diferenciais, enquanto a aplicação do conceito de andar em equilíbrio é traduzida matematicamente por sistemas de equações algébricas.