A ANFOPE – Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação, entidade que
historicamente contribui na constituição de um projeto e das políticas públicas de formação de
professores, vem a público manifestar seu posicionamento quanto aos Editais CAPES n. 06/2018
e 07/2018, que tratam, respectivamente, do Programa de Residência Pedagógica (PRP) e do
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid).
Assim, defendemos que os projetos apresentados pelas IES públicas se ancorem nos princípios
historicamente defendidos para uma formação docente crítica e referenciada socialmente, sem
submissão a concepções pragmáticas e padronizadas. Dessa forma acreditamos ser possível
ocupar o espaço da escola pública em defesa de uma concepção de educação e formação
emancipadora, que assegure condições para o exercício da análise crítica da sociedade
brasileira e da realidade educacional, promovendo a articulação entre o espaço formativo da
universidade pública e da escola pública. Para tal é importante reafirmar:
O trabalho coletivo e interdisciplinar como eixo norteador do trabalho docente, abrangendo a
gestão e a docência, problematizando as condições concretas de trabalho;
A sólida formação teórica e interdisciplinar sobre o fenômeno educacional e suas bases
históricas, políticas, sociais e curriculares, e o domínio dos conteúdos da educação básica
visando ao aprimoramento do desempenho profissional;
O compromisso social do profissional da educação, com ênfase na leitura da realidade, nas
demandas coletivas da escola e nas lutas articuladas com os movimentos sociais;
A gestão democrática da educação construída sobre a participação coletiva dos diversos
atores envolvidos no cotidiano da escola à luz do projeto político-pedagógico.
Nesse sentido, repudiamos qualquer ingerência dos Editais nos projetos curriculares dos cursos
de licenciatura, nas suas concepções de estágios supervisionados, práticas de ensino e
formação docente, e na indução de propostas padronizadas, descontextualizadas e esvaziadas
de sentido, e conclamamos as IES a apresentarem projetos que comunguem os princípios de
uma formação comprometida com a docência como atividade intelectual e criadora, crítica e
emancipatória.