1

Modelo analítico para o cálculo da distribuição de sustentação

ao longo da envergadura da asa, método de Schrenk.
Luiz Eduardo Miranda José Rodrigues
Professor MSc.
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo
luizeduardo@cefetsp.br

Débora de Rezende Mestrinari

Aluna de Gestão da Produção Industrial
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo
debbynha_rm@hotmail.com

Resumo encontrar de forma aproximada qual será a

O presente artigo visa de forma distribuição de sustentação em uma asa com
simplificada apresentar o método da forma geométrica diferente da elíptica.
aproximação de Schrenk, que consiste em A Figura 1 mostra a distribuição
encontrar de modo aproximado a distribuição elíptica de sustentação sobre a asa de uma
de sustentação em uma asa com forma aeronave.
geométrica em planta diferente da elíptica
através de um processo de média aritmética
entre a asa em estudo e uma asa elíptica, com
mesma área e mesma envergadura..

Palavras-chave
Sustentação, Aproximação de Schrenk,
Distribuição de Sustentação, AeroDesign.

1 – Introdução
A determinação da distribuição de
sustentação ao longo da envergadura de uma
asa representa um fator de grande
importância para o dimensionamento
estrutural da mesma e envolve importantes
conceitos relativos à aerodinâmica da
aeronave.
2 – Modelo Matemático para Distribuição
Elíptica de Sustentação
O modelo apresentado nessa seção é
oriundo da teoria da linha sustentadora de
Prandtl e representa um caso particular
aplicado a asas com forma elíptica
denominado distribuição elíptica de
sustentação. Esta situação possui grande
importância prática, pois a partir dessa
distribuição de sustentação torna-se possível
Revista Eletrônica AeroDesign Magazine – Volume 2 – nº 2 – 2010
Seção – Artigos Técnicos
Figura 1 – Distribuição elíptica de
sustentação.
A aplicação desse modelo teórico
permite estimar a distribuição de circulação Γ
(y) ao longo da envergadura da asa, e, pela
aplicação do teorema de Kutta-Joukowski é
possível determinar também qual será a força
de sustentação atuante em cada seção ao
longo da envergadura.
Assume-se que a distribuição da
circulação ao longo da envergadura da asa
pode ser calculada diretamente pela aplicação
da Equação (1).

2 da asa considerando-se uma variação da
 2⋅ y 
Γ( y ) = Γ0 ⋅ 1 −   (1)
 b 
onde a variável Γ0 é uma constante e
representa a circulação no ponto médio da
asa em estudo e b representa a envergadura
da asa. A curva que representa a distribuição
de circulação Γ(y) dada pela Equação (1) é a
parcela superior da elipse mostrada na Figura
2 e a equação dessa elipse é:
2
Γ  2⋅ y
2
  +   =1 (2)
 Γ0   b 
Figura 2 – Representação da Equação (2).
A análise da Equação (2) permite
observar que Γ atinge o seu máximo valor Γ0
no ponto médio da asa no qual a coordenada
de posição dessa seção é y = 0 e decai a zero
nas extremidades da asa onde y = ± b/2.
Como forma de se obter a circulação
no ponto médio da asa, a teoria da linha
sustentadora de Prandtl prediz que:
4⋅L
Γ0 = (3)
ρ ⋅ v ⋅b ⋅π
Geralmente, este valor de Γ0 é
determinado para o estudo estrutural da asa e,
portanto, calculado para a velocidade de
manobra e a força de sustentação equivalente,
obtidas para o ponto de manobra da aeronave
através do estudo do diagrama (v-n).
Uma vez determinado o valor de Γ0
em (m²/s), a distribuição de circulação pode
Revista Eletrônica AeroDesign Magazine – Volume 2 – nº 2 – 2010
Seção – Artigos Técnicos
2
ser calculada ao longo de toda a envergadura
posição de y desde –b/2 até +b/2 e a força de
sustentação atuante para cada seção pode ser
obtida pela aplicação do teorema de Kutta-
Joukowski da seguinte forma.
L( y ) = ρ ⋅ v ⋅ Γ ( y ) (4)
A aplicação dessa metodologia
permite obter de forma rápida a distribuição
de sustentação ao longo da envergadura de
uma asa, porém é importante ressaltar que
este método é aplicado a asas com forma
geométrica elíptica não fornecendo resultados
precisos para asas que não possuem a forma
elíptica.
A determinação das cargas
aerodinâmicas na asa de uma aeronave em
regime de vôo subsônico envolve uma série
de cálculos e processos complexos para se
predizer com acuracidade este carregamento.
Em muitas vezes a solução só é possível
através de experimentos em túnel de vento,
aplicação teórica do método dos painéis ou
mesmo programas de CFD.
Porém para o projeto preliminar de
uma aeronave, a teoria clássica da linha
sustentadora é valida e a distribuição de
sustentação ao longo da envergadura de uma
asa com uma forma geométrica qualquer
pode ser obtida através de um modelo
simplificado denominado aproximação de
Schrenk.
3 - Distribuição da Sustentação a partir da
Aproximação de Schrenk
Normalmente este método é aplicado
durante o projeto preliminar de uma nova
aeronave com asas de baixo enflechamento e
de moderado a alto alongamento. O método
basicamente representa uma média aritmética
entre a distribuição de carga originada pelo
modelo de asa em questão e uma distribuição
elíptica para uma asa de mesma área e mesma
envergadura.
 3

A Equação (5) representa a média carga obtidos no diagrama (v-n) foram

aritmética feita pela aproximação de Schrenk respectivamente v = 20m/s e nmáx = 2,5.
entre uma asa trapezoidal e uma asa elíptica.

L(Y ) T + L(Y ) E
L( y ) TS = (5)
2

A distribuição de sustentação para a

asa trapezoidal é calculada pela
Equação (6).

2⋅L  2⋅ y 
L( y) T = ⋅ 1 +  ⋅ (λ − 1)  (6)
(1 + λ ) ⋅ b   b 

E a distribuição de sustentação para a asa Figura 3 – Gráfico utilizando a aproximação

elíptica é dada pela equação (7). de Schrenk para uma asa trapezoidal.
2
4⋅L 2⋅ y
L( y) E = ⋅ 1−   (7)
b ⋅π  b 

É importante citar que o método

apresentado é válido para qualquer modelo de
asa em estudo, e fornece um resultado
confiável do ponto de vista da determinação
da distribuição de sustentação ao longo da
envergadura de uma asa.

4 – Exemplos de Aplicação do Método

As Figura 3 e 4 mostram os resultados
obtidos com a aplicação do método de
aproximação de Schrenk para dois modelos
diferentes de asa, no primeiro caso se
considerou uma asa trapezoidal com as
seguintes características: b = 2,5m, cr =0,5m
e ct = 0,3m, W = 140N e que em condições de
atmosfera padrão ao nível do mar (ρ =
1,225kg/m³) a velocidade do ponto de
manobra e o máximo fator de carga obtidos
no diagrama (v-n) foram respectivamente v =
22m/s e nmáx = 2,3.
No segundo caso se considerou uma
asa mista com as seguintes características: b
= 2,8m, cr =0,4m e ct = 0,25m, W = 150N e
que em condições de atmosfera padrão ao
nível do mar (ρ = 1,225kg/m³) a velocidade
do ponto de manobra e o máximo fator de
Figura 4 – Gráfico utilizando a aproximação
de Schrenk para uma asa mista.
5 – Conclusões
O método de aproximação de Schrenk
permite de forma simplificada realizar
cálculos para a distribuição da sustentação
em asas diferentes da elíptica de forma a
permitir a análise e desenvolvimento
estrutural da asa.
6 – Referências Bibliográficas
[1] RODRIGUES. LEMJ, Fundamentos de
Engenharia Aeronáutica, Instituto Federal de
Educação, Ciência e tecnologia de São Paulo,
E-Book, São Paulo, 2009.

Revista Eletrônica AeroDesign Magazine – Volume 2 – nº 2 – 2010

Seção – Artigos Técnicos