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Revisão do Plano Diretor de Desenvolvimento

e Expansão Urbana do Município de Santos

Lei Complementar N° 731, de 11 de julho de 2011

DIAGNÓSTICO CONSOLIDADO

Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano

Grupo Técnico de Trabalho do Plano Diretor de


Desenvolvimento e Expansão Urbana

Outubro de 2013

1
SUMÁRIO

ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES ....................................................................................................................................3

INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................5

1. DINÂMICA DEMOGRÁFICA ................................................................................................................7

2. DINÂMICA DOMICILIAR ...................................................................................................................13

3. DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO ..................................................................................................22

4. RENDA E EMPREGO .........................................................................................................................28

5. USO DO SOLO URBANO ...................................................................................................................34

6. MOBILIDADE URBANA .....................................................................................................................42

7. INFRAESTRUTURA URBANA ............................................................................................................49

8. MEIO AMBIENTE ..............................................................................................................................58

9. HABITAÇÃO ......................................................................................................................................67

10. GESTÃO DA POLÍTICA URBANA ...................................................................................................73

11. CONCLUSÃO .................................................................................................................................78

FONTES E REFERÊNCIAS ...........................................................................................................................79

2
ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Densidade Demográfica ....................................................................................................................7


Figura 2 - Distribuição da População por grupos de Idade ..............................................................................8
Figura 3 - Pirâmide Etária ..................................................................................................................................8
Figura 4 - Tabela da Pirâmide Etária .................................................................................................................9
Figura 5 - Razão de sexos (1), da população de 60 anos e mais, por grupos de idade ....................................9
Figura 6 - Razão (1) de sexos, por grupo de idade ..........................................................................................10
Figura 7 - Distribuição da população, por raça / cor ......................................................................................10
Figura 8 - População, taxas de crescimento populacional, ............................................................................11
Figura 9 – Santos: crescimento populacional por setores censitários. ..........................................................12
Figura 10 - Tabela Comparativa da Evolução da População, Densidade Demográfica e Domicílios ............14
Figura 11 - Distribuição de domicílios, por número de moradores ...............................................................15
Figura 12 - Santos: Domicílios segundo condição de ocupação .....................................................................16
Figura 13 - Domicílios ocupados permanentemente, segundo tipologia ......................................................17
Figura 14 - Empreendimentos aprovados de 2006 a ago/2013 .....................................................................19
Figura 15 - Santos: Projeção de População Residente e Domicílio Ocupado 2010 a 2025 ...........................21
Figura 16 - Porto: Movimentação de Cargas em Santos e Região (em milhões de ton.) ..............................23
Figura 17 - Evolução da Movimentação Total no Porto de Santos (em milhões de ton.) .............................24
Figura 18 - Porto: Cenário da Movimentação de Cargas em Santos (em milhões de ton) ...........................25
Figura 19 - Evolução da Movimentação de Passageiros .................................................................................27
Figura 20 - Pessoas de 10 anos ou mais de idade, por classe de rendimento nominal mensal ....................28
Figura 21 - População em situação de Extrema Pobreza ...............................................................................28
Figura 22 - Proporção de moradores abaixo da linha da pobreza e indigência Santos ................................29
Figura 23 - Santos: Espacialização da renda média dos responsáveis ...........................................................29
Figura 24 - Estado de São Paulo: Ranking Municipal de Empregos ...............................................................30
Figura 25 - Evolução do Emprego Formal .......................................................................................................31
Figura 26 - Variação do Emprego Formal (em %) ...........................................................................................32
Figura 27 - Santos: Rendimento Nominal Mensal dos Responsáveis por Domicílios ...................................33
Figura 28 - Uso do Solo Urbano de Santos ......................................................................................................36
Figura 29 - Uso do Solo Urbano de Santos: Zona Noroeste ...........................................................................36
Figura 30 - Uso do Solo Urbano de Santos: Eixo Norte Sul ............................................................................37
Figura 31 - Densidade Domiciliar de Santos ...................................................................................................39
Figura 32 - Densidade Domiciliar de Santos: Zona Noroeste .........................................................................40
Figura 33 - Densidade Domiciliar de Santos: eixo Norte Sul ..........................................................................41
Figura 34 - Pesquisa OD BS 2012: Produção de Viagens ................................................................................42
Figura 35 - Pesquisa OD BS 2012: Atração de Viagens ...................................................................................43
Figura 36 - Frota Total de Veículos, por tipo...................................................................................................43
Figura 37 - Índice de Mobilidade Total x Motorizada.....................................................................................44
Figura 38 - Total (1) de pessoas que saem do município para trabalhar e/ou estudar em 2010 .................45
Figura 39 - Total de pessoas que entram do município para trabalhar e/ou estudar em 2010 ...................45
Figura 40 - Taxa de Repulsão para o Trabalho - Percentual de pessoas que saem do município para
trabalhar em 2000 e 2010 ...............................................................................................................................45
Figura 41 - Taxa de Atração para o Trabalho - Percentual de pessoas que entram do município para
trabalhar em 2000 e 2010 ...............................................................................................................................45
Figura 42 - Percentual de saída e entrada de pendularidade sobre a população que trabalha e estuda no
município em 2000 e 2010 ..............................................................................................................................45
3
Figura 43 - Transporte Coletivo Municipal......................................................................................................46
Figura 44 - Transporte Seletivo Municipal ......................................................................................................46
Figura 45 - Santos: Acidentes e Vítimas ..........................................................................................................47
Figura 46 - Tempo Médio de Viagem (todos municípios) ..............................................................................47
Figura 47 - Rede de Infraestrutura de Santos pelos domicílios urbanos .......................................................49
Figura 48 - Domicílios (1) com acesso ao abastecimento de água .................................................................50
Figura 49 - Santos: Cobertura do SAA da SABESP...........................................................................................50
Figura 50 - Ampliações do SAA Centro - SABESP ............................................................................................51
Figura 51 - Domicílios com banheiro ligado à rede geral pluvial ou de esgoto ou com fossa séptica..........52
Figura 52 - Santos: Cobertura do SE da SABESP..............................................................................................52
Figura 53 - Santos: Sistema de Coleta e Tratamento de Esgotos - SABESP ...................................................53
Figura 54 - Evolução do número de ligações de água e Esgoto e do Consumo de Água ...............................54
Figura 55 - Santos Drenagem da Zona Noroeste (Santos Novos Tempos) ....................................................56
Figura 56 - Santos: Drenagem da Área Insular ...............................................................................................57
Figura 57 - Domicílios com acesso à energia elétrica .....................................................................................57
Figura 58 - Plano Municipal de Redução de Riscos (2012) .............................................................................59
Figura 59 - Santos: Balneabilidade das Praias ................................................................................................60
Figura 60 - Santos: Canais – Evolução do atendimento à legislação dos cursos d’água ...............................60
Figura 61 - Unidades Estaduais de Conservação.............................................................................................61
Figura 62 - Santos: Quantidade (1) de Resíduos Coletados (2001 a 2011, toneladas) ..................................62
Figura 63 - Domicílios com coleta de lixo........................................................................................................63
Figura 64 - Santos: Quantidade de Resíduos Coletados (2001 a 2011, toneladas) .......................................63
Figura 65 - Índice de Áreas Verdes (1) (habitante/bairro em m²/hab. e % de área coberta) .......................66
Figura 66 - Índice de Áreas Verdes (1) (habitante/bairro em m²/hab.).........................................................66
Figura 67 - Domicílios Particulares Ocupados e..............................................................................................67
Figura 68- Síntese da Necessidade de Novas Moradias no Município de Santos .........................................68
Figura 69 - Necessidade de novas moradias até 2020, por cenário de evolução populacional ....................68
Figura 70 - Quantidade de áreas por tipologia ...............................................................................................71
Figura 71 - Tipologia por área (m²)..................................................................................................................71
Figura 72 - Quantidade de moradias por tipologia.........................................................................................72
Figura 73 - Vista geral das áreas mapeadas no Plano de Regularização Fundiária. ......................................72
Figura 74 - Evolução do IDHM entre 2000 e 2010 ..........................................................................................73
Figura 75 - Planta da área de cobertura dos Equipamentos de Saúde ..........................................................75
Figura 76 - Planta da área de cobertura dos Equipamentos de Educação.....................................................76
Figura 77 - Planta da área de cobertura dos Equipamentos de Assistência Social .......................................76
Figura 78 - Planta da área de cobertura dos Equipamentos Esportivos ........................................................77
Figura 79 - Planta da área de cobertura dos Equipamentos Culturais ..........................................................77

4
INTRODUÇÃO

O Plano Diretor de Desenvolvimento e Expansão Urbana do Município, instituído pela Lei


Complementar N° 731, de 11 de julho de 2011, é o instrumento básico de política urbana de
Santos, atendendo à previsão legal estabelecida nos artigos 182 e 183 da Constituição Federal, no
Capítulo III da Lei Federal N° 10.257, de 10 de julho de 2001, Estatuto da Cidade, e nos artigos 6° e
139 a 142 da Lei Orgânica do Município (LOM).

Segundo o artigo 139 da LOM, o Plano Diretor deverá ser reavaliado no primeiro ano de mandato
do Prefeito, definindo-se as linhas mestras da política de sua administração. Em atendimento a
este dispositivo, o Prefeito Paulo Alexandre Barbosa instituiu o Grupo Técnico de Trabalho do
Plano Diretor de Desenvolvimento e Expansão Urbana do Município (GTT-PD), por meio do
Decreto N° 6.465, de 24 de julho de 2013, com o objetivo de proceder a esta reavaliação, sob a
coordenação técnica da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SEDURB), que possui a
competência legal para coordenar este processo.

Visando oferecer apoio a esta revisão, a SEDURB mobilizou sua equipe técnica, que vem
trabalhando articuladamente ao GTT-PD e aos demais órgãos, empresas e secretarias municipais,
no sentido de viabilizar as etapas previstas para consecução deste trabalho. As referidas etapas
consistem na sistematização e análise de dados e indicadores para elaboração de diagnóstico,
assim como formulação de diretrizes, instrumentos de ação e metas de políticas urbanas e
setoriais, a partir das referidas análises, culminando com a elaboração de proposta de projeto de
lei complementar.

Estas etapas vêm sendo cumpridas desde julho de 2013, sendo que a partir de outubro deste ano,
os documentos e propostas produzidos passaram a ser apresentados ao Conselho Municipal de
Desenvolvimento Urbano (CMDU) e por este deliberados, pois a alteração da matéria está
condicionada à prévia apreciação deste órgão, nos termos do artigo 31 da Lei Complementar N°
731, de 2011.

Parte integrante deste trabalho, esta publicação apresenta a consolidação do diagnóstico técnico,
deliberado pelo CMDU, em reunião realizada no dia 9 de outubro de 2013. Metodologicamente, o
diagnóstico está reunido por temas, visando ao atendimento dos principais eixos estratégicos
estabelecidos para o processo de revisão, os quais são: Dinâmicas Demográfica e Domiciliar;

5
Desenvolvimento Econômico; Renda e Emprego; Uso do Solo Urbano; Mobilidade Urbana;
Infraestrutura Urbana; Meio Ambiente; Habitação e Gestão da Política Urbana.

Acreditando que a leitura deste diagnóstico possibilita uma compreensão aprofundada do


processo de urbanização e desenvolvimento do Município, permitindo a construção de um
conjunto de instrumentos de ação que viabilizem a superação dos grandes desafios urbanos que
ora se impõem a Santos, a Prefeitura Municipal disponibiliza o presente trabalho, objetivando,
também estimular cidadãs e cidadãos a participar, de forma qualificada, do processo de revisão do
Plano Diretor.

Outubro de 2013

Arq. Nelson Gonçalves de Lima Junior

Secretário Municipal de Desenvolvimento Urbano e Presidente do CMDU

Arq. José Marques Carriço

Coordenador do GTT-PD

6
1. DINÂMICA DEMOGRÁFICA

De acordo com o censo do IBGE1 de 2010, Santos possui 419.400 habitantes, o que representa
1,02% da população do Estado de São Paulo. O município ocupa área de 280,67 km², que
corresponde a 0,11% do território paulista e apresenta densidade demográfica absoluta de
1.494,26 hab./km², que equivale a 14,94 hab./hectare (ha).

O município concentra 99,32% de sua população na área insular, ou seja, 416.547 pessoas moram
em 39,4 Km². Portanto, nessa região a densidade demográfica é de 10.572,26 hab./Km², que
equivale a 105,72 hab./ha. Já o território continental, com área de 241,247 km² abarca 2.853
pessoas e apresenta densidade demográfica de 11,83 hab./Km², que equivale a 0,12 hab./ha.
(Figura 1)

Figura 1 - Densidade Demográfica

Fonte: IBGE. Censo demográfico 2010 (resultados preliminares). Fundação SEADE.

Pessoas de 15 a 29 anos compõem o maior contingente populacional no Estado de São Paulo. Em


Santos, a participação deste grupo etário é de 21,8%. Crianças - menores de 14 anos -
representam 16,8% da população do município e os idosos - 60 anos e mais -, 19,2%. (Figura 2)

1
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
7
Figura 2 - Distribuição da População por grupos de Idade

Fonte: IBGE. Censo demográfico 2010 (resultados preliminares). Fundação SEADE.

Em relação à distribuição da população, por faixas etárias, destaca-se a porcentagem de idosos em


sua composição, fruto entre outros fatores do alto índice de envelhecimento, hoje em 91,98%.
(Figura 3 e Figura 4)

Figura 3 - Pirâmide Etária

Fonte: IBGE. Censo demográfico 2010 (dados gerais do município).

8
Figura 4 - Tabela da Pirâmide Etária

Fonte: IBGE. Censo demográfico 2010 (dados gerais do município).

Em Santos, 80.349 pessoas têm mais de 60 anos, o que representa 19,2% de sua população. No
grupo de 60 a 69 anos, existem 7 homens para cada dez mulheres residindo no município,
enquanto entre aqueles com mais de 80 anos essa relação é de 4 para 10. (Figura 5)

Figura 5 - Razão de sexos (1), da população de 60 anos e mais, por grupos de idade

Fonte: IBGE. Censo demográfico 2010 (resultados preliminares). Fundação SEADE.

(1) Número de homens para cada 100 mulheres.

9
Mulheres representam 54,2% da população de Santos, o maior percentual do país, numa razão de
84 homens para cada 100 mulheres. Na população com até 29 anos, observa-se razão de 100
homens para cada 100 mulheres. No entanto, na faixa etária de 45 a 59 anos essa razão já é de 80
homens para cada 100 mulheres. A partir dos 75 anos, a relação passa a ser de 50 homens para
cada 100 mulheres. (Figura 6)

Figura 6 - Razão (1) de sexos, por grupo de idade

Fonte: IBGE. Censo demográfico 2010 (resultados preliminares). Fundação SEADE.

(1) Número de homens para cada 100 mulheres.

Em Santos, 72,2% dos habitantes se declaram brancos, 22% pardos, 4,7% pretos, 1,0% amarelos e
0,1% indígenas. No Estado de São Paulo, esses valores são, respectivamente, 63,9%, 29,1%, 5,5%,
1,4% e 0,1%. (Figura 7)

Figura 7 - Distribuição da população, por raça / cor

Fonte: IBGE. Censo demográfico 2010 (resultados preliminares). Fundação SEADE.

10
O crescimento da população residente, no município, entre 2000 e 2010 foi de 0,03% no período,
enquanto no Estado de São Paulo, a população cresceu 1,09%. (Figura 8)

Figura 8 - População, taxas de crescimento populacional,


saldos migratórios e taxas anuais de migração – 1991/2000

Fonte: IBGE. Censo demográfico 2010. Fundação SEADE.

A variação dos grandes grupos etários foi distinta. Nas populações de até 14 anos e entre 15 e 44
anos as variações foram negativas em -1,54% e -0,82% respectivamente. Enquanto, para os com
mais de 45 anos, a evolução de 1,93%, caracterizando o envelhecimento da população.

O inexpressivo crescimento populacional, seja o recenseado ou o projetado, é decorrente da


redução da fecundidade e do saldo migratório, em um quadro de saturação do tecido urbano. Há
ao longo dos anos a inversão da pirâmide etária, devido à diminuição de crianças e jovens e ao
processo de envelhecimento populacional debitado ao aumento da esperança de vida, que ocorre
com diferente intensidade nos municípios da Região Metropolitana da Baixada Santista, sendo
mais acentuado em Santos e nos municípios do entorno e menos expressivo nos periféricos.
(Figura 8).

Paradoxalmente, o fenômeno do baixo crescimento demográfico é inversamente proporcional ao


volume de atendimentos das principias políticas públicas tais como educação, saúde, cultura,
11
esportes e assistência social. Portanto, o município, como polo da Região Metropolitana,
concentra o macro atendimento da Baixada Santista. No entanto, não tem esta realidade refletida,
proporcionalmente, nos repasses de verbas públicas estaduais e federais.

Na Figura 9 apresenta-se a espacialização do crescimento populacional da área insular do


município. Observa-se que áreas onde há assentamentos precários como nos diques da Vila Gilda
e do São Manoel, além da Vila Alemoa e dos morros Santa Maria, José Menino e Vila Progresso
apresentaram o maior crescimento, junto com as áreas onde se concentram cortiços e população
de renda mais baixa, como na Vila Nova, Centro e Jabaquara. Por outro lado, bairros de classe
média, sobretudo na orla, em trechos dos bairros Gonzaga, Boqueirão, Embaré e Ponta da Praia,
além de Estuário e Marapé, também foram os que mais cresceram. De modo geral, os setores que
menos cresceram ou que apresentaram redução de população concentram-se em áreas mais
valorizadas da Zona Noroeste ou no eixo da entrada da cidade e encostas voltadas para a área
central, na Zona Intermediária e na própria área central, além do bairro Pompéia, na orla, e
trechos consideráveis do Boqueirão, Macuco, Estuário, Ponta da Praia e Vila Mathias.

Figura 9 – Santos: crescimento populacional por setores censitários.

Fonte: Vazquez, 2011, p.329.


12
2. DINÂMICA DOMICILIAR

Santos possui taxa de urbanização de 99%, sendo a maior parte do território, com densidade
populacional de até 200 hab./ha. Dos 56 bairros2, apenas 9 têm densidade entre 200 e 275
hab./ha3, que correspondem a 47,53% da população – 199.481 habitantes. (Figura 10)

As áreas que apresentam maior densidade encontram-se na porção insular, em especial nas Zonas
da Orla, Intermediária e Noroeste. Bairros como Campo Grande e Embaré são caracterizados pela
tipologia plurihabitacional vertical. Enquanto o bairro Rádio Clube, pelos aglomerados subnormais
- palafitas. A ocupação da Vila Progresso também figura entre as mais densas4, determinada pela
exiguidade de espaços no morro e pela tipologia habitacional horizontal, implantada sem garantir
as condições básicas do conforto higrotérmico urbano.

2
No recenseamento do IBGE 2010, em conformidade com o Plano Diretor e LUOS vigentes.
3
Os bairros altamente adensados são Boqueirão, Marapé, Pompéia, Rádio Clube, Vila Progresso, Aparecida, Castelo,
Embaré e Campo Grande.
4
23.547 habitantes / Km² ou 243 hab/ha.
13
Figura 10 - Tabela Comparativa da Evolução da População, Densidade Demográfica e Domicílios

% População variação de
Variação de Variação da Densidade Densidade Nº Domicilios Nº Domicilios
Bairro / população, População População em relação ao domicílios
População população demográfica demográfica IBGE 2000 IBGE 2010
densidade e domicílios IBGE 2000 IBGE 2010 Município legais (em
(em indivíduos) (em %) (em hab./Km²) (em hab./ha) (em unidades) (em unidades)
(em %) unidades)
Alemoa 570 1.029 459 80,53 0,20 15.388 154 158 292 134

Aparecida 36.940 36.440 -500 -1,35 8,70 24.422 244 12.206 16.888 4.682

Areia Branca 6.740 6.494 -246 -3,65 1,50 13.375 134 1.868 2.024 156

Bom Retiro 6.902 9.212 2.310 33,47 2,20 13.100 131 1.864 2.834 970

Boqueirão 31.186 30.869 -317 -1,02 7,40 20.085 201 11.064 16.581 5.517

Cabuçu 24 3 0 9 9

Campo Grande 28.357 27.787 -570 -2,01 6,60 27.472 275 9.031 10.573 1.542

Caneleira 2.807 2.969 162 5,77 0,70 8.575 86 738 880 142

Caruara 1.126 0,30 2.588 26 445 445

Castelo 12.028 11.260 -768 -6,39 2,70 24.874 249 3.309 3.557 248

Centro 996 1.008 12 1,20 0,20 1.440 14 336 483 147

Chico de Paula 3.535 3.065 -470 -13,30 0,70 2.033 20 893 958 65

Embaré 36.812 37.807 995 2,70 9,00 25.173 252 12.391 18.252 5.861

Encruzilhada 15.720 15.588 -132 -0,84 3,70 19.134 191 4.861 6.024 1.163

Estuário 6.087 6.127 40 0,66 1,50 11.390 114 1.757 2.099 342

Gonzaga 24.130 24.788 658 2,73 5,90 2.381 24 8.766 14.438 5.672

Guarapá 57 7 0 27 27

Iriri 53 22 0 34 34

Jabaquara 2.586 2.634 48 1,86 0,60 4.345 43 757 917 160

José Menino 7.714 8.652 938 12,16 2,10 15.777 158 3.059 7.220 4.161

M. Cachoeira 33 29 -4 -12,12 123 1 10 12 2

M. Caneleira 1.558 1.118 -440 -28,24 0,30 7.274 73 439 332 -107

M. Jabaquara 1.779 1.528 -251 -14,11 0,40 5.570 56 509 516 7

M. Marapé 1.596 1.030 -566 -35,46 0,20 2.194 22 409 311 -98

M. Monte Serrat 1.623 1.375 -248 -15,28 0,30 4.294 43 421 401 -20

M. Nova Cintra 4.171 5.270 1.099 26,35 1,30 3.744 37 1.147 1.702 555

M. Pacheco 2.167 1.810 -357 -16,47 0,40 14.973 150 601 591 -10

M. Penha 2.519 2.061 -458 -18,18 0,50 9.867 99 632 644 12

M. Saboó 1.290 940 -350 -27,13 0,20 2.774 28 333 294 -39

M. Santa Maria 1.657 3.090 1.433 86,48 0,70 8.534 85 419 817 398

M. São Bento 8.117 7.200 -917 -11,30 1,70 15.832 158 2.246 2.302 56

M. Sta.Terezinha 248 260 12 4,84 0,10 830 8 60 100 40

M.Chico de Paula 63 13 -50 -79,37 102 1 21 4 -17

M.Fontana 803 799 -4 -0,50 0,20 11.141 111 221 253 32

M.José Menino 2.951 3.227 276 9,35 0,80 11.351 114 892 1.407 515

Macuco 20.711 19.870 -841 -4,06 4,70 12.865 129 5.915 6.533 618

Marapé 21.206 20.992 -214 -1,01 5,00 20.211 202 6.544 7.957 1.413

Monte Cabrão 570 0,10 1.230 12 178 178

N.S. Neves 10 4 0 3 3

Paquetá 1.368 1.008 -360 -26,32 0,20 2.905 29 499 363 -136

Piratininga 981 962 -19 -1,94 0,20 6.444 64 273 305 32

Pompéia 10.599 11.333 734 6,93 2,70 21.487 215 3.820 7.162 3.342

Ponta da Praia 30.448 31.573 1.125 3,69 7,50 15.662 157 10.061 14.904 4.843

Quilombo 1.006 0,20 284 3 433 433

Rádio Clube 19.350 19.179 -171 -0,88 4,60 21.771 218 5.254 5.813 559

Saboó 11.737 10.578 -1.159 -9,87 2,50 17.778 178 3.286 3.439 153

Santa Maria 6.043 6.615 572 9,47 1,60 12.651 127 1.754 2.158 404

São Jorge 7.392 6.974 -418 -5,65 1,70 13.379 134 2.056 2.276 220

São Manoel 3.504 4.553 1.049 29,94 1,10 10.858 109 971 1.318 347

Trindade 7 1 0 9 9

Valongo 217 251 34 15,67 0,10 1.380 14 60 79 19

Vila Belmiro 9.445 8.652 -793 -8,40 2,10 15.174 152 2.961 3.333 372

Vila Haddad 205 205 0,00 1.670 17 74 74

Vila Mathias 11.147 9.719 -1.428 -12,81 2,30 7.576 76 3.322 3.623 301

Vila Nova 4.401 4.476 75 1,70 1,10 10.203 102 1.378 1.669 291

Vila Progresso 3.513 3.814 301 8,57 0,90 23.547 235 906 1.180 274

Fonte: Coordenadoria de Planejamento Econômico - Secretaria de Desenvolvimento Urbano, 2013.

14
A densidade média do município é de 2,90 habitantes por domicílio, enquanto no total do Estado
é de 3,22 hab./dom. A participação de domicílios com até três moradores foi de 69,9%, enquanto
a daqueles com mais de cinco moradores foi de 12,0%. A proporção de domicílios com apenas um
morador foi de 17,4%, em comparação com os 12,3% observados no Estado. (Figura 11)

Figura 11 - Distribuição de domicílios, por número de moradores

Fonte: IBGE. Censo demográfico 2010 (resultados preliminares). Fundação SEADE.

São responsáveis pelo domicílio 34,6% dos residentes em Santos, ao passo que 19,6% são
cônjuges e 32,0%, filhos. Em 2010, 70,1% dos domicílios de Santos eram próprios e 25,1%,
alugados. Dos domicílios, 99,7% têm acesso à água, 96,1% têm banheiro ligado à rede de
esgotamento sanitário e 99,8% das moradias dispõem de coleta de lixo, direta ou indireta. O
acesso à rede de energia elétrica é praticamente universal, 99,9% das moradias dispõem desse
serviço, o que demanda ações da municipalidade junto às concessionárias, visando à
universalização destes serviços.

A variação entre os Censos 2000 e 2010, realizados pelo IBGE, apresenta progressão de 7,54% dos
domicílios ocupados permanentemente e deflexão de 0,42% para os ocasionais e 2,76% para os
ocupados vagos. Portanto, houve apropriação pela população de 3,18% dos domicílios existentes,
ao mesmo tempo em que a oferta de unidades habitacionais de mercado aumentou e foi

15
absorvida pela nova população. Enquanto, a análise do saldo migratório5 aponta o índice de 465
famílias repelidas ao ano. (Figura 12)

Figura 12 - Santos: Domicílios segundo condição de ocupação

Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010.

Santos apresenta o maior índice brasileiro de verticalização. Tendo o alto índice de 63% dos
domicílios ocupados permanentemente encontrados em apartamentos e 37% para as demais
tipologias, como casas unifamiliares, vilas ou condomínio horizontal. O número poderia ser ainda
maior, se levássemos em conta os domicílios vagos ou ocasionais. (Figura 12 e Figura 13)

5
A metodologia do cálculo é a subtração do Saldo Migratório, pela oferta de domicílios no município.
16
Figura 13 - Domicílios ocupados permanentemente, segundo tipologia

Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010.

A indústria da Construção Civil, ao longo da última década, produziu em Santos 343


empreendimentos verticais, construindo 5.953.764,29m² de área6, distribuídos, nos mais variados
usos, como plurihabitacional, comercial, serviços, institucional e hotéis.

Para análise aprofundada é preciso investigar a produção no período específico, 2006-2013. Pois,
foi quando o Governo Federal reestruturou todo o modelo de financiamento público e possibilitou
juros mais baixos7.

Em Santos a produção imobiliária, no ritmo da economia Mundial e com a perspectiva da


exploração do Pré-sal, de forma célere aqueceu o mercado interno. Ao todo, em 6,5 anos foram
produzidos 291 empreendimentos com 5.197.437,46m² de área total, conforme Figura 14.

O número de domicílios produzidos nas últimas duas décadas foi de 35.374 unidades, sendo
29.577 (83,61%) no período de 2006-2013. Dos 82.925 dormitórios edificados nos últimos 20 anos,
82,74% ou 68.619 unidades foram construídos no período citado anteriormente. Em termos de
unidades comerciais e de serviços o percentual é ainda maior, 91,93% da produção se concentra

6
Segundo dados da Prefeitura de Santos (2013).
7
Desta forma, os bancos privados, motivados pela concorrência, até a data presente, tentam se alinhar, reduzindo
juros e aumentado o prazo de financiamento.
17
nos últimos anos. Portanto, das 10.863 unidades lançadas, 9.987 foram decorrentes dos últimos
6,5 anos, sendo 779 unidades comerciais e 9.208 de serviços.

Dos 28 empreendimentos lançados após 2011, quando o decreto sobre edifícios Verdes ou
Inteligentes8 foi publicado, apenas 18% (5 unidades) foram aprovadas como tal. Contudo,
invariavelmente, estes empreendimentos foram destinados ao público de alto rendimento.

Dos 291 empreendimentos lançados, 180 (61,86%) estão localizados na Zona da Orla, 71 (24,40%)
na Zona Intermediária, 20 (6,87%) na Zona Central, 14 (4,81%) na Zona Noroeste e 6 (2,06%) em
Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS)9.

Quanto ao padrão, dos 291 empreendimentos lançados entre 2006 e 2013, 104 (35,73%) destes
foram orientados para público de alto rendimento, 98 (33,68%) para o médio rendimento, 37
(12,71%) para o baixo rendimento, com provisão de Habitações de Mercado Popular e 52 (17,88%)
sem classificação, pois não foram vendidos no mercado imobiliário.

Dos 37 empreendimentos orientados ao público de baixo rendimento, 27 (73%) foram


especificamente para Habitações de Mercado Popular, produzidos pelas Companhias
Habitacionais Públicas, Cooperativas e Incorporadoras voltadas a esse público.

A oferta de vagas de autos dos referidos empreendimentos foi de aproximadamente 51.000


unidades, tendo em média, 175 vagas de autos por edifício, equivalente a 1.275.000m² ou 24,53%
das áreas construídas.

8
Por melhor aproveitar os recursos naturais e energéticos, conforme parâmetros do decreto Nº 5.998 de 28 de
novembro de 2011.
9
Áreas definidas por lei municipal onde é prioritária a fixação da população de baixa renda.
18
Figura 14 - Empreendimentos aprovados de 2006 a ago/2013

Fonte: Departamento de Controle do Uso e Ocupação do Solo e Segurança de Edificações – Secretaria de


Infraestrutura e Edificações, 2013.

Elaboração: Coordenadoria de Planejamento Econômico – Secretaria de Desenvolvimento Urbano, 2013.

RCH – REGIÃO CENTRAL HISTÓRICA.

ZOI – ZONA DA ORLA E INTERMEDIÁRIA.

ZNO ZONA NOROESTE.

A outorga onerosa do direito de construir - autorização para construir além dos limites
estabelecidos para o local mediante contrapartida financeira – é um instrumento da política
urbana que visa a arrecadação de recursos e bens para a aplicação, dentre outros, na
regularização fundiária e na execução de programas habitacionais de interesse social.

De 2006 até a presente data apenas 11 empreendedores solicitaram a certidão com o cálculo para
a utilização do referido instrumento, conforme demonstrado a seguir, evidenciando a ineficácia da
sua aplicabilidade:

19
2006 - Avenida Anna Costa, 471;

2007 - Avenida Conselheiro Nébias, 778;

2008 - Avenida Anna Costa, 429;

2009 – Avenida Almirante Cóchrane, 25, 27, 29 e 33;

2009 - Avenida Conselheiro Nébias, 701;

2009 – Avenida Senador Pinheiro Machado, 30;

2010 – Avenida Dr. Epitácio Pessoa, 667;

2011 – Avenida Dr. Epitácio Pessoa, 409;

2011 – Avenida Joaquim Montenegro, 117;

2011 – Avenida Anna Costa, 230;

2012 – Rua Guaiaó esquina com Rua Professor Pirajá da Silva, 560.

O processo para criação do Fundo Municipal de Desenvolvimento Urbano, que se encontra na


Câmara Municipal para análise e aprovação, é um instrumento que tem por objetivo prover
recursos a serem aplicados nos projetos de desenvolvimento e renovação urbana, bem como nas
obras prioritárias do sistema viário, de transporte coletivo e equipamentos públicos, conforme
artigo 53 da Lei Complementar n° 731/2011. Este instrumento será de extrema importância, pois
receberá os valores provenientes dos empreendimentos em que há exigência de apresentação de
Estudo de Impacto de Vizinhança – EIV, conforme a Lei Complementar 793/2013, dentre outros.

A projeção populacional e domiciliar mais recente, elaborada para a SABESP, não apresenta
significativa variação das tendências verificadas pelo Censo Demográfico de 2010. Segundo este
estudo, para 2025 é previsto um crescimento populacional de 5,3% em face de uma ampliação dos
domicílios ocupados da ordem de 15,8%. Portanto, é possível antever que permanece o desafio de
produção de unidades habitacionais em ritmo superior ao do crescimento populacional. (Figura
15)

20
Figura 15 - Santos: Projeção de População Residente e Domicílio Ocupado 2010 a 2025

Fonte: Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista - SABESP, 2009.

21
3. DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Segundo diversos indicadores que medem a riqueza dos municípios, Santos apresenta uma das
menores proporções de pobreza no País. O PIB de Santos é de R$ 27,62 milhões e só é menor que
os PIB de São Paulo, São Bernardo, Osasco, Guarulhos, Campinas e Barueri. O PIB per capita é de
R$ 65.848,41 ficando Santos entre os 13 maiores PIB per capita do Estado de São Paulo.

Embora venha sendo reduzida a participação populacional de Santos, com relação à RMBS, o
município mantém grande relevância econômica regional, considerando que 40% do Valor
Adicionado da RMBS, ainda provêm do município de Santos, mantendo o mesmo nível do início da
década passada.

O domínio das atividades relacionadas ao comércio e serviços na economia de Santos,


compreendida no contexto da Região Metropolitana da Baixada Santista - RMBS10 estabelece um
diferencial da economia da região em relação às demais da macrorregião do entorno da capital
paulista. Segundo a Pesquisa da Atividade Econômica do Estado de São Paulo - PAEP, a
participação da RMBS nas atividades comerciais e de serviços de todo Estado de São Paulo chega a
3%.

O mercado interno de Santos tem por vocação o perfil econômico de caráter Nacional e
Internacional, em decorrência da crescente atividade portuária e a proximidade com Cubatão11,
respondendo por 41% do valor adicionado da Baixada Santista. Assim, a característica de uma
economia baseada nas atividades de serviços e comércio, interage, por exemplo, com a produção
industrial de Cubatão, que é altamente especializada no setor petroquímico e metalurgia básica.
Grande parte do setor de serviços, que se especializou com a implantação do parque industrial de
Cubatão na década de 50, se relaciona com os serviços de apoio à atividade industrial12.

10
A Região Metropolitana da Baixada Santista é formada pelos municípios de Santos, São Vicente, Cubatão, Praia
Grande, Mongaguá, Peruíbe, Itanhaém, Bertioga e Guarujá.
11
Polo petroquímico da região e um dos maiores do Estado.
12
Que foi se desenvolvendo e consolidando como uma rede de apoio em vários níveis, desde os serviços mais
diretamente ligados à produção como de apoio no setor de distribuição.
22
Com a crescente movimentação de carga, observada nos últimos 10 anos, ilustrada na Figura 16, o
Porto de Santos duplicou sua capacidade de movimentação, passando de 48 para 97 milhões de
toneladas/ano, conforme ilustrado na Figura 17. Esse incremento contribuiu para o agravamento
da mobilidade regional, especialmente em Santos, Cubatão e Guarujá. Neste sentido, projetos
voltados para modernização da infraestrutura, nos diversos modais, são fundamentais para
impulsionar a expansão dessas atividades, como também para minimizar os impactos negativos
causados pela interferência na malha viária urbana das cidades da região.

Figura 16 - Porto: Movimentação de Cargas em Santos e Região (em milhões de ton.)

Fonte: CODESP, 2012.

23
Figura 17 - Evolução da Movimentação Total no Porto de Santos (em milhões de ton.)

Fonte: CODESP, 2012.

Projetos como o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) e o túnel ligando os municípios de Santos e
Guarujá, acompanhados de uma nova configuração viária na entrada da cidade de Santos, são
algumas das iniciativas que se apresentam como necessárias para enfrentar alguns dos problemas
da região. Por exemplo, para que a Mobilidade Urbana, uma das principais demandas a serem
atendidas13, deixe de ser considerada um problema e passe a se apresentar, definitivamente,
como solução para a região. A discussão de questões como Meio Ambiente, Sustentabilidade e
Desenvolvimento Tecnológico deve preceder todo e qualquer tipo de iniciativa voltada para a
solução desses desafios.

A existência do Porto levou a rede de serviços de Santos a se desenvolver, sobretudo nas áreas de
logística e transportes, além dos serviços relacionados à administração pública e de apoio ao setor
financeiro. A atividade portuária, portanto, garante grande participação na Economia por tratar-se
do maior Porto do Hemisfério Sul, em infraestrutura, e no que se refere à movimentação de carga.
A influência da atividade econômica do Porto de Santos compreende os Estados de São Paulo,
Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul – que abarca 49,44% do PIB brasileiro e

13
Em face da ampliação da pendularidade intra e inter-regional, bem como da intraurbana e do desenvolvimento
econômico gerado pelos setores Portuário e de Petróleo.
24
48% da balança comercial, e tem projeções de forte crescimento, mesmo no cenário pessimista,
conforme apresenta a Figura 18.

Figura 18 - Porto: Cenário da Movimentação de Cargas em Santos (em milhões de ton)

Fonte: CODESP, 2012.

A movimentação de cargas, no Porto, dobrou em apenas 10 anos (2001 a 2010). Em projeção


otimista para 2019, este número deverá dobrar novamente, atingindo 170 milhões de
toneladas/ano. Assim, é preciso reavaliar com atenção os impactos dessa atividade na cidade,
pois, as operações portuárias de granéis sólidos14 contribuíram, para que a qualidade do ar tenha
atingido índices alarmantes15. Uma questão de saúde pública, conforme constatado pelo Instituto
Saúde e Sustentabilidade em pesquisa16, sobre os impactos da poluição atmosférica no estado de
São Paulo.

14
Que são importantes para a economia, mas causam grande transtorno para a população santista.
15
O monitoramento dos indicadores ambientais deve ser priorizado pelo Poder Público, seguindo as premissas do
programa “Cidades Sustentáveis”, do PNUD, do qual a Prefeitura Municipal de Santos é signatária.
16
Lançado em setembro deste ano, o trabalho contém gráficos demonstrativos alertando que desde 2006, as médias
anuais na região da baixada santista das concentrações de material particulado - MP 2,5μ (micras) são de 3 a 4 vezes
maiores do que o preconizado pela Organização Mundial de Saúde, mesmo quando desconsiderados os dados
coletados na cidade de Cubatão - Embora a própria OMS enfatize que não há nível seguro de exposição humana a
toxidade de poluentes. As MP 2,5μ são as partículas inaláveis finas iguais ou menores que 2,5μm que atingem as vias
respiratórias inferiores e alvéolos, transportando gases absorvidos em sua superfície, para os pulmões.
25
Em 2009, Santos ocupava a sexta colocação no ranking de cidades mais poluídas do Estado.
Assunto que merece grande destaque e reflexão, pois em 2011 a cidade teve 301 mortes
atribuídas à poluição. A pesquisa em referência, bem como um estudo detalhado das condições
climáticas e do ar em nossa região, deverão balizar as ações dos governos, no tocante a
Mobilidade Urbana17.

As perspectivas abertas pelo Pré-sal vão além dos fatores inerentes e intrínsecos ao setor de
energia, na medida em que potencializam o desenvolvimento da economia. Assim, o setor de
petróleo e gás, embora incipientes enquanto gerador de valor agregado, já impulsiona uma série
de atividades da economia, como o setor de construção civil, serviços, comércio, que se sofisticam
gerando riqueza e trabalho.

As atividades do setor de petróleo e gás apontam para o desenvolvimento social, quando dotam a
Administração Pública de recursos para a criação de politicas inclusivas e quando dinamizam as
escolas, universidades e cursos para a formação de quadros qualificados na área. Significam,
ainda, um forte estímulo para o desenvolvimento e qualificação na área tecnológica, para o que, o
credenciamento de Santos, como integrante da rede estadual de Parques Tecnológicos, é o
resultado decisivo. Entretanto, considerando este novo setor como uma oportunidade à
sociedade, apresenta-se à Administração Pública o desafio de propiciar o desenvolvimento das
atividades, de maneira sustentável.

Em contrapartida à evolução do Porto e áreas afins, no município de Santos, o Turismo Balneário


apresentou redução nas últimas décadas. Muitas famílias ainda procuram a cidade em feriados e
na temporada, adensando áreas da orla, como por exemplo, o bairro do José Menino, que possui
relevante participação de domicílios ocasionais.

De acordo com o Censo 2010, 11,33% dos domicílios particulares permanentes são de uso
ocasional, dado que reforça o turismo balneário. Contudo, o turismo vem mudando de perfil, na
última década, em virtude de outros focos de atração, como a dinamização dos negócios, atrações

17
Outros fatores que poderão contribuir para a melhoria da qualidade ambiental são: a substituição de combustíveis
em frotas de transporte público, controle de emissões dos veículos, diretrizes sustentáveis para construção civil, entre
outras ações que são notoriamente responsáveis pelas emissões de particulados.
26
culturais, Cruzeiros Marítimos e outros, conforme indica a Figura 19. Os desafios vão muito além
da infraestrutura, pois se faz necessária a capacitação dos empresários e colaboradores, quanto ao
atendimento no Turismo Receptivo, exploração sustentável do Ecoturismo na Área Continental,
com preservação dos conceitos e características locais e, sobretudo o fomento ao
empreendedorismo, tendo como oportunidade a “nova” Economia Criativa18.

Figura 19 - Evolução da Movimentação de Passageiros

Fonte: CODESP, fev-2012.

18
Terceiro maior PIB no mundo, ficando atrás de Petróleo e Armas.
27
4. RENDA E EMPREGO

Em 2010, o rendimento domiciliar19 per capita em Santos foi de R$ 1.682,00. No município, 6,6%
dos domicílios concentram rendimentos de até meio salário mínimo per capita. Na faixa
intermediária de rendimentos, de meio a três salários mínimos per capita, situam-se 58,9% dos
domicílios. 16,1% dos domicílios auferem renda domiciliar per capita superior a cinco salários
mínimos, o que equivale a 23.286 domicílios, conforme demonstra a Figura 20. Em contrapartida,
1,5% dos habitantes vivem em situação de extrema pobreza, equivalendo a 6.245 pessoas,
conforme Figura 21. Portanto, 90,7% da população estão acima da linha da pobreza. (Figura 22)

Figura 20 - Pessoas de 10 anos ou mais de idade, por classe de rendimento nominal mensal

Fonte: IBGE. Censo demográfico 2010. Fundação SEADE.

Figura 21 - População em situação de Extrema Pobreza

Fonte: IBGE. Censo demográfico 2010 (resultados preliminares). Fundação SEADE.

19
O aumento real da Renda Média Domiciliar per capita foi 19,7%, a terceira pior da RMBS, segundo o IBGE.
28
Figura 22 - Proporção de moradores abaixo da linha da pobreza e indigência Santos

Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010 e Portal ODM.

O rendimento per capita é expressivo na região da Orla, como apresenta a Figura 23. Nestes
bairros, o rendimento varia entre R$1.866,00 a R$6.222,00, com pequenos focos com valores
acima dos R$6.222,00, como por exemplo, Gonzaga, Ponta da Praia e Boqueirão. No restante do
município, a faixa recorrente está entre R$622,00 e R$1.866,00, com setores com rendimento per
capita entre 0 e R$622,00, como por exemplo, Monte Cabrão, Paquetá e Rádio Clube.

Figura 23 - Santos: Espacialização da renda média dos responsáveis

Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. Elaboração: Instituto Pólis.

29
Comparando a remuneração média por trabalhador com o respectivo número de empregados de
Santos, o município apresenta massa salarial elevada. Dos 180.404 empregados em 2011 a ordem
de grandeza da massa salarial foi R$333,7 milhões, resultando na média de R$1.849,69 por
trabalhador. (Figura 24).

Figura 24 - Estado de São Paulo: Ranking Municipal de Empregos

Fonte: FIESP, 2011.

Ainda na comparação com outras regiões do Estado de São Paulo, Santos apresenta padrões
socioeconômicos que levam a cidade a ocupar uma posição de destaque. A exemplo da taxa de
crescimento demográfico, que é baixa e semelhante a dos países desenvolvidos, além de
apresentar taxas de mortalidade geral20 em queda, que são o reflexo das condições de
infraestrutura do município, onde, praticamente, os serviços de água, esgoto e energia elétrica
abrangem toda a cidade.

Os indicadores socioeconômicos da Cidade superam tanto a média do País, como a do Estado de


São Paulo, colocando-a como uma das primeiras em relação ao Índice de Desenvolvimento
Humano Municipal (IDHM). Superior, inclusive, a outras regiões administrativas do Estado,
resultado do nível de renda da população, escolaridade e esperança de vida. No entanto, é
importante considerar de maneira detalhada as desigualdades sociais que a pesquisa não acolhe,
pois os indicadores médios são do país. Já sobre a questão da “liberdade econômica”, que tratam
20
A taxa de mortalidade infantil (CMI) em Santos é alta, correspondendo a aproximadamente 14 mortes por mil
habitantes.
30
os economistas modernos, Santos ainda precisa prover a integração e manutenção da população
de baixo rendimento na própria cidade, focando políticas como educação, habitação e emprego.

Quanto à evolução do emprego formal do santista, segundo o CAGED21, no período de Janeiro a


Dezembro 2011, de um universo de 180.404 empregos formais, 131.648 pessoas correspondem
ao setor de serviços, contra 31.601 no Comércio e 7.445 na Construção Civil. Este setor registrou a
maior variação positiva no período (4,63%). (Figura 25)

Figura 25 - Evolução do Emprego Formal

Fonte: MTE - RAIS, 2012.

No comparativo com São Paulo, percebe-se que Santos sofre com as interferências da Economia
Mundial, pela relação estreita do Porto com as exportações do País. No ápice da crise
internacional de 2008/09, conforme demonstra a Figura 26, os empregos no município sofreram
forte redução, resultado, sobretudo da baixa produtividade portuária e áreas correlatas. Este fato
demonstra o quão sensível aos movimentos da economia mundial é o município.

21
Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, do Ministério do Trabalho e Emprego.
31
Figura 26 - Variação do Emprego Formal (em %)

Fonte: CAGED - MTE, 2012. Elaboração: Coplanec – Sedurb, 2013.

Embora todos os setores apresentem altas taxas de rotatividade, o volume de trabalhadores


absorvidos pelo setor de Serviços o torna carro-chefe da economia Santista. Segundo o SEADE, em
2011, se compararmos a capacidade empregatícia, “Admissões” de cada setor, a Indústria
responde por 3.742 trabalhadores, o comércio por 15.233 e o Setor de Serviços por 54.674
trabalhadores. O setor de Serviços, ao lado do Comércio, é responsável pela maior absorção da
força de trabalho de mulheres e jovens.

O município é o único do litoral que possui menos de 50% dos responsáveis com menos de 3
salários mínimos – s.m22, conforme ilustra a Figura 27.

22
Excluindo a faixa dos sem rendimento.
32
Figura 27 - Santos: Rendimento Nominal Mensal dos Responsáveis por Domicílios

Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. Elaboração: Instituto Pólis.

33
5. USO DO SOLO URBANO

O Setor Terciário, no que se refere ao emprego e a utilização do solo urbano, é responsável pela
maior fatia de absorção da força de trabalho de Santos. Essa população, seja empregada ou
usuária dos serviços, se desloca pela cidade diariamente e gera o fenômeno chamado
“pendularidade”, ou seja, faz o movimento casa-trabalho e trabalho-casa, de forma pendular.

Invariavelmente, grupos que utilizam o transporte coletivo ou individual, se deslocam para área da
cidade com grande concentração de comércios e serviços, distribuídos ao longo de um eixo norte-
sul (do Centro ao Gonzaga), entre as Avenidas Anna Costa e Conselheiro Nébias, como
demonstram as Figura 28 e Figura 30. A concentração de empregos formais está no eixo destes
bairros e o setor da Construção Civil, ainda não vem promovendo empreendimentos habitacionais
em nível necessário ao atendimento da demanda nesta área que concentra grande parte do
terciário de Santos, a Região Central Histórica23.

Em Santos, além da existência do Porto que dinamiza uma série de atividades24, a economia, nos
serviços ligados aos segmentos de lazer, cultura, alimentação e alojamento relacionados ao
Turismo, faz de Santos um pólo comercial e de serviços de todo o litoral paulista - um dos mais
importantes do País.

Uma característica do setor de serviços de Santos é o predomínio das empresas de serviços


focadas no apoio à atividade industrial. Esta capacidade já instalada no setor produtivo
potencializará o desenvolvimento econômico do próximo período, tanto no setor portuário
quanto no setor de energia.

É notável a escassez de comércios e serviços na zona noroeste, que além da Avenida Nossa
Senhora de Fátima, apresenta outros poucos eixos de menor intensidade, como as Avenidas
Jovino de Melo e Álvaro Guimarães. (Figura 29)

23
Compreendida pelos bairros Chinês, Valongo, Centro, Paquetá, Vila Nova e Vila Mathias.
24
Como logística de transportes, agências de viagens, serviços de apoio, corretagem e reparação de contêineres.
34
Na Zona Noroeste25 não há diversificação de utilização do solo, com capacidade de absorção de
empregos em grandes proporções, que possa reduzir as pendularidades provocadas pela atração
que exerce o eixo formado entre os bairros centrais e o Gonzaga, por exemplo. A região
aparentemente é um setor dormitório da Cidade, com características de edificações unifamiliares
em tipologia horizontal, além de ser produtora de viagens, sobretudo pelos morros, onde a
situação se agrava quando há os períodos de chuva ou alta da maré26.

O regramento do Uso do Solo nessa região fica prejudicado pela existência do principal acesso à
área urbana do município e da margem direita do porto de Santos, que atrai maciça frota de
caminhões, advinda do Sistema Anchieta-Imigrantes, atendendo, ainda, bairros de Porto Seco ou
Retroporto, como o Chico de Paula. Nesta região se estabelecem oficinas mecânicas, borracheiros,
estacionamentos para caminhões, e toda sorte de serviços e comércio de peças voltadas a estas
atividades. Situação semelhante ocorre no Bairro do Macuco, na Zona Intermediária, causando
grandes conflitos com a população residente no entorno.

Na tipologia residencial, a ocupação vertical tende a ser predominante nos bairros da Zona da
Orla, assim como em alguns bairros da Zona Intermediária como o Campo Grande, Encruzilhada e
Marapé. O oposto ocorre na Zona Noroeste e nos morros, onde prevalecem residências
horizontais. As edificações verticais se dão apenas em conjuntos habitacionais e alguns
empreendimentos residenciais novos.

25
A Zona Noroeste, pela lei 731/2011, é dividida em três áreas contíguas, setorizadas pelos viários da Avenida Nossa
Senhora de Fátima e Via Anchieta, sendo a primeira delas composta pelos bairros Rádio Clube, Castelo, Areia Branca,
São Jorge, Caneleira, Santa Maria, Bom Retiro, Ilhéu Alto e Chico de Paula, a segunda pelos bairros Saboó e Vila
Haddad e a terceira formada pelos bairros Piratininga e São Jorge.
26
Os parcelamentos dos bairros da Zona Noroeste, em sua maioria, foram executados abaixo da cota de maré cheia. O
assunto é objeto de plano específico, o Santos Novos Tempos, que intenta resolver o assunto, via um sistema
integrado de macrodrenagem.
35
Figura 28 - Uso do Solo Urbano de Santos

Fonte: Coordenadoria de Políticas Urbanas – Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, 2013.

Figura 29 - Uso do Solo Urbano de Santos: Zona Noroeste

Fonte: Coordenadoria de Políticas Urbanas – Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, 2013.

36
Figura 30 - Uso do Solo Urbano de Santos: Eixo Norte Sul

Fonte: Coordenadoria de Políticas Urbanas – Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, 2013.

37
Quanto à dinâmica da densidade domiciliar, em especial quanto à evolução e formação da cidade,
Santos, enquanto Vila, começou na região do Valongo no século XVI e sua urbanização, após o
século XIX, seguiu vetor rumo à barra27, sempre motivada a expandir territorialmente por motivos
de exclusão e / ou oportunidade. A exclusão ocorreu quando famílias mais abastadas, em face da
precariedade da saúde pública28 migravam para territórios onde não havia ocupação. Bairros
como Vila Mathias e outros da atual Zona Intermediária foram possíveis pelo advento da
tecnologia, principalmente da energia elétrica e os bondes a muares. Oportunamente a “indústria”
da construção civil da época parcelava o território e permitia às famílias emergentes que se
desgarrassem das demais e rumassem à barra ou regiões próximas a ela. O processo se repetiu,
paulatinamente, até a industrialização do país e as grandes obras rodoviárias estaduais, no pós-
guerra, quando a cidade experimentou um grande e desenfreado “boom imobiliário”29.

Na época, as Leis Municipais que tratavam do controle e ordenamento do território eram


extremamente funcionalistas e entendiam que as regiões tinham funções e não vocações. Desta
forma, toda a região da Orla foi adensada e o Centro esvaziado, em que pese o uso Habitacional,
conforme aponta a Figura 31.

Além de alguns casos pontuais nas Zonas da Orla e Intermediária, conforme Figura 33, onde
predominam os novos empreendimentos, é nítida a alta densidade domiciliar na faixa de quadras
que acompanham a praia. Algumas quadras chegam a ultrapassar os 500 domicílios por hectare.
Observa-se então, na porção leste da ilha, um declínio na quantidade de domicílios conforme se
adentra a Zona Intermediária e por sua vez a Região Central Histórica. Esta sem dúvida é a área
com menor produção de habitação, ainda que exista a infraestrutura adequada.

Mesmo ao longo das últimas duas décadas, os Planos Diretores já permitiam o uso residencial em
Áreas Centrais. Mas, não foi bastante para que a diversificação de usos do solo fosse
restabelecida, tal como acontece nos grandes centros metropolitanos.

27
Do ponto de vista da expansão urbana.
28
Especialmente pela baixa expectativa de vida decorrente das mazelas oriundas de região sem saneamento básico,
que ceifavam a vida de grandes grupos de indivíduos até a Comissão de Saneamento, já no século XX.
29
As grandes obras de engenharia não foram as únicas responsáveis. A situação econômica contribuiu, principalmente
pela expansão do Porto e a natural cadeia produtora que o subsidia.
38
Já na Zona Noroeste, conforme Figura 32, podemos verificar que uma considerável parte da região
possui densidade variando entre baixa (até 34 domicílios/ha) e média (de 35 a 137 domicílios/ha).
As áreas que destoam disto ora são aglomerados subnormais, ora conjuntos habitacionais
(densidade de 138 a 344 domicílios/ha).

Portanto, além de permitir o uso habitacional em regiões dotadas de infraestrutura plena, é


necessário incentivar a atividade imobiliária nestas áreas, sem imposições urbanísticas que
desestimulem o setor a empreender nas regiões onde a municipalidade intenta adensar, com
tipologias alternativas, acessíveis à renda da maior parte da população Santista.

Figura 31 - Densidade Domiciliar de Santos

Fonte: Coordenadoria de Políticas Urbanas – Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, 2013.

39
Figura 32 - Densidade Domiciliar de Santos: Zona Noroeste

Fonte: Coordenadoria de Políticas Urbanas – Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, 2013.

40
Figura 33 - Densidade Domiciliar de Santos: eixo Norte Sul

Fonte: Coordenadoria de Políticas Urbanas – Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, 2013.

41
6. MOBILIDADE URBANA

A partir da década de 1970 houve saturação da Ilha de São Vicente, em especial em Santos, com
expressiva migração para os municípios ao redor, devido à urbanização dispersa. No município,
ocorreu a ampliação do processo de ocupação de áreas ambientalmente frágeis e houve
expressiva desaceleração do crescimento demográfico30, mas a cidade continua a concentrar
grande parte do terciário regional. Este processo, com maior crescimento dos municípios ao redor,
é responsável pela formação de pendularidades entre as áreas atrativas de viagens, localizadas na
ilha de São Vicente e as produtoras, situadas nos municípios do entorno31, conforme demonstram
a Figura 34 e a Figura 35. Estas pendularidades somam-se às com destino às indústrias de Cubatão
e fora da região, em especial no caso da RMSP, que se tornou a principal atratora de viagens fora
da RMBS.

Figura 34 - Pesquisa OD BS 2012: Produção de Viagens

Fonte: EMTU, 2013

30
TGCA de 0,2 nos anos 90 / 0,4 nos anos 2000 / 0,3 nos anos 2010.
31
Além das pendularidades intramunicipais.
42
Figura 35 - Pesquisa OD BS 2012: Atração de Viagens

Fonte: EMTU, 2013

Em virtude do crescimento da frota motorizada individual32, conforme apresentado nas Figura 36


e Figura 37, além da insuficiência do atendimento dos sistemas de transporte e da falta de
ampliação da capacidade do sistema viário, estes deslocamentos pendulares levaram a área
central da RMBS a uma crise de Mobilidade Urbana, na última década. Neste contexto, Santos foi
especialmente afetada.
Figura 36 - Frota Total de Veículos, por tipo

Fonte: Fundação SEADE, 2011.

32
A frota total de veículos em cinco anos teve um aumento de 20,5%, sendo que os automóveis sofreram um
aumento de 13,5% e as motocicletas 24.2%. Isso representa 1,6 veículos (frota total) por habitante.

43
Figura 37 - Índice de Mobilidade Total x Motorizada

Fonte: OD BS, EMTU, 2013.

Esta crise é agravada em função do crescimento do Porto e das indústrias de Cubatão, em função
da sobreposição da circulação de cargas portuárias e industriais às pendularidades citadas e à
circulação de bens de abastecimento da área insular, que concentra grande parte do terciário
regional.

Segundo as tabelas da Figura 38 a Figura 42, no que concerne à pendularidade, diariamente


40.226 santistas (10% da população) saem do município para estudar e/ou trabalhar e 70.717
indivíduos, somente para trabalhar (17,1%). O equivalente a 28% (118.300 pessoas) da população
santista entra no município para estudar e/ou trabalhar, 47,7% somente para trabalhar. Isso se
deve, provavelmente, ao custo de vida mais elevado na cidade, em setores como habitação,
alimentação e outros serviços e comércio básicos. Já o percentual de saída e entrada sobre a
população que trabalha e estuda aumentou de 28,9% (2000) para 51,4% (2010).

44
Figura 38 - Total (1) de pessoas que saem do Figura 39 - Total de pessoas que entram do
município para trabalhar e/ou estudar em município para trabalhar e/ou estudar em
2010 2010

Fonte: IBGE, Censo Demográficos 2000 e 2010; INCT –


Observatório das Metrópoles – Baixada Santista, 2013. Fonte: IBGE, Censo Demográficos 2000 e 2010; INCT –
Observatório das Metrópoles – Baixada Santista, 2013.
(1) Quem faz os dois movimentos foi contado uma
vez.

Figura 40 - Taxa de Repulsão para o Figura 41 - Taxa de Atração para o Trabalho -


Trabalho - Percentual de pessoas que saem Percentual de pessoas que entram do
do município para trabalhar em 2000 e 2010 município para trabalhar em 2000 e 2010

Fonte: IBGE, Censo Demográficos 2000 e 2010; PNUD Fonte: IBGE, Censo Demográficos 2000 e 2010; PNUD
– Atlas do Desenvolvimento Humano; INCT – – Atlas do Desenvolvimento Humano; INCT –
Observatório das Metrópoles – Baixada Santista, 2013. Observatório das Metrópoles – Baixada Santista, 2013.

Figura 42 - Percentual de saída e entrada de pendularidade sobre a população que trabalha e


estuda no município em 2000 e 2010

Fonte: IBGE, Censo Demográficos 2000 e 2010; INCT – Observatório das Metrópoles – Baixada Santista, 2013.

45
Para uma análise mais aprofundada sobre o assunto há de se analisar os indicadores de acidentes
de trânsito, transporte coletivo e tempo médio de viagem isoladamente, posteriormente cruzar as
informações e interpretar as tendências.

Sobre o transporte coletivo comum, apontado na Figura 43, este teve um aumento de 1,15% entre
2008-2012, enquanto transporte “Seletivo” teve um aumento de 4,7%, detalhado na Figura 44. O
aumento da renda da população somado a boa qualidade do transporte “Seletivo”, que oferece
conforto, climatização e rapidez, contribuíram para a elevação do uso do mesmo.

Figura 43 - Transporte Coletivo Municipal

Fonte: CET Santos, GETP, 2013

Figura 44 - Transporte Seletivo Municipal

Fonte: CET Santos, GETP, 2013

Apesar do aumento da frota e da pendularidade, o número de acidentes no trânsito apresentou


uma queda de 7,5%, na análise da série histórica, enquanto o número de vítimas fatais manteve a
média anual de 15 mortes nos últimos 4 anos (2009-2012), ilustrado pela Figura 45.

46
Figura 45 - Santos: Acidentes e Vítimas

Fonte: CET Santos, 2013.

O tempo médio de viagem dos ônibus aumentou em torno de 6 minutos entre 2007-2012, devido
principalmente ao aumento do número de carros e motos, conforme ilustra a Figura 46. Em
contrapartida, o tempo de viagem dos carros diminuiu 1 minuto, pela implantação e abertura de
novas vias, bem como pela implantação de faixas de transporte de massa, em horários
intermitentes.

Figura 46 - Tempo Médio de Viagem (todos municípios)

Fonte: OD BS, EMTU, 2013.

47
Contudo, é importante ressaltar que Santos ainda não possui corredores exclusivos de transporte
coletivo de média capacidade e o sistema de itinerários, que está sendo revisto, ainda mantém
uma organização semelhante ao do extinto sistema de bondes, sem a implantação de sistema
troncal.

Ao todo, a frota de transporte público conta com 300 veículos, em 40 linhas, que transita na
cidade perfazendo 146.844 viagens por dia, em média anual. Os intervalos variam de 10 a 32
minutos e o percurso de 22.953.395,00 quilômetros, ao ano. O número de passageiros
transportados anualmente é de 53.598.085, sendo destes, 13.045.095 gratuitamente, ou seja,
24,34% da população.

Como o estímulo ao transporte coletivo ainda não é suficiente, a alternativa de parte relevante da
população ainda é o transporte individual, se valendo da grande oferta de veículos e acessíveis
condições de pagamento disponíveis no mercado33.

Porém, embora a frota aumente, os acidentes e mortes no trânsito apontam tendência de queda
(Figura 45). Como o município progressivamente tem construído ciclovias, outro fator
preocupante é o número de acidentes envolvendo carros e bicicletas, que subiu nos últimos 2
anos. Há de se aumentar os 30,5 Km de ciclovias com qualidade, com políticas de educação no
trânsito, sobretudo com o estímulo público ao transporte individual por bicicletas, seja ofertando
veículos públicos ou subsidiando empresas que o façam.

33
O Governo Federal, para oxigenar a economia nacional em tempos de crise internacional, reduziu a carga tributária
na produção de veículos e estimulou a aquisição, em detrimento às políticas municipais de contenção do carro no
tecido urbano.
48
7. INFRAESTRUTURA URBANA

Santos apresenta, em média, elevados índices de infraestrutura urbana. Os dados das


Concessionárias, em que pesem abastecimento de água, esgotamento sanitário, fornecimento de
luz e energia e Coleta de Lixo, apontam para cobertura “universal”, de acordo com a Figura 47. No
entanto, as regiões que mais carecem são exatamente as que mais sofrem com o residual dos
indicadores do grande atendimento, a exemplo das áreas de regularização fundiária e urbanística
ou áreas lindeiras às áreas de risco.

Figura 47 - Rede de Infraestrutura de Santos pelos domicílios urbanos

Fonte: Prefeitura Municipal de Santos e Instituto Pólis, 2013.


(1) - domicílios urbanos de casas, casas de vila e apartamento sem energia elétrica. Censo 2010, dados do Universo,
IBGE.
(2) - domicílios urbanos de casas, casas de vila e apartamento sem rede de abastecimento de água. Censo 2010, dados
do Universo, IBGE.
(3) - domicílios urbanos de casas, casas de vila e apartamento sem rede de esgoto ou fossa séptica. Censo 2010, dados
do Universo, IBGE.
(4) - domicílios urbanos de casas, casas de vila e apartamento sem coleta de lixo por serviço de limpeza ou caçamba
por serviço de limpeza . Censo 2010, dados do Universo, IBGE.

Abastecimento de Água

No indicador realizado pela COPLANEC, que utiliza o Censo IBGE 2010 e o PLANO DE
SANEAMENTO DA PMS (PLANSAN, 2010), o índice de abastecimento público de água potável na
área urbana é de 96,15%. A referência para elaboração de metas é de que 100% da população seja
atendida pela rede de abastecimento público de água potável.

49
A SABESP trabalha no Plano Metropolitano de Desenvolvimento Estratégico da Baixada Santista
(PMDE-BS). Atualmente, o Sistema Centro da SABESP atende satisfatoriamente a cobertura da
área insular de Santos, como mostram as Figura 48 e Figura 49, embora sejam registradas algumas
interrupções do fornecimento, em áreas de morros, por falta de pressão, em períodos de pico.

Figura 48 - Domicílios (1) com acesso ao abastecimento de água

Fonte: IBGE. Censo demográfico 2010 (resultados preliminares). Fundação SEADE.

(1) Inclui acesso à água por rede geral de distribuição, poço ou nascente na propriedade.

Figura 49 - Santos: Cobertura do SAA da SABESP

Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. Elaboração: Instituto Pólis.


50
Entretanto, conforme as projeções populacionais da SABESP (Plano Diretor de Abastecimento de
Água), será necessário ampliar a produção de água na próxima década, para atender os períodos
de pico, conforme Figura 50.

Figura 50 - Ampliações do SAA Centro - SABESP

Fonte: Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista – Sabesp, 2009.

Esgotamento sanitário

Em Santos, segundo o Censo 2010, 96,1% das moradias têm banheiro ligado à rede de
esgotamento sanitário, enquanto no Estado esse porcentual é de quase 91,5%, conforme Figura
51.

51
Figura 51 - Domicílios com banheiro ligado à rede geral pluvial ou de esgoto ou com fossa
séptica

Fonte: IBGE. Censo Demográfico, 2010 (resultados preliminares). Fundação SEADE.


Nota: O denominador de taxa corresponde aos domicílios com declaração de existência de banheiro ou sanitário.

Sobre o índice de cobertura da SABESP, PLANSAN 2010, 97% dos domicílios são ligados à rede
coletora de esgotos, Figura 52. A Companhia prevê atingir a cobertura de 99% dos domicílios até o
ano de 2015, excluindo-se áreas irregulares e áreas de obrigação de fazer de terceiros. De acordo
com o Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico de Santos (DAEE, 2010), a cobertura do
sistema de esgoto34 era de 97% até abril de 2010, não computados os domicílios não atendíveis. Já
no Relatório de Qualidade das Praias Litorâneas (CETESB, 2013) esta cobertura aumentou para
98%.

Figura 52 - Santos: Cobertura do SE da SABESP

Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. Elaboração: Instituto Pólis.

34
Relação entre o número de imóveis em cujos logradouros deve haver rede coletora à disposição e o total de imóveis
existentes.
52
Na Área Continental somente o Caruara possui sistema público de esgotamento sanitário.

Com relação ao tratamento do esgoto coletado, como ilustra a Figura 53, 100% do material é
tratado na estação de pré-condicionamento35, localizado no bairro do José Menino, que atende
também à área insular do município de São Vicente. Mesmo com altos índices de coleta e pré-
condicionamento, Santos apresenta um grande número de palafitas montadas sobre rios e
manguezais na Zona Noroeste da cidade. Cerca de 8 mil famílias36 vivem em aglomerados
subnormais, gerando um enorme volume de resíduos e esgoto descartados diretamente nas águas
estuarinas, prejudicando muito a balneabilidade das praias na região37.

Figura 53 - Santos: Sistema de Coleta e Tratamento de Esgotos - SABESP

Fonte: Relatório 4 da Proposta do Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico de Santos, Revisão 5

(DAEE, 2010, Anexo).

35
Estação de Pré-condicionamento REBOUÇAS.
36
Aproximadamente 30 mil pessoas.
37
No ano de 2012, Santos teve 42,5% dos dias com suas praias impróprias para o banho.
53
Perdas

Além da cobertura de água e esgoto, outro assunto relevante são as perdas do sistema. Com mais
de um terço do abastecimento de água potável do Brasil sendo desperdiçado nos sistemas de
distribuição municipal antes de chegar aos consumidores, fica claro que a forma mais sustentável
e de menor custo, para evitar tais perdas é otimizar as redes de distribuição existentes nas
municipalidades, por meio de um Plano de Redução de Perdas sistemático.

O índice de perdas é observado na diferença entre os pontos de abastecimento e os de coleta de


esgotamento sanitário, sendo que há 200.494 pontos de abastecimento e 191.913 pontos de
esgotamento sanitário, conforme série histórica, Figura 54.

Figura 54 - Evolução do número de ligações de água e Esgoto e do Consumo de Água

Abastecimento de Água e Esgoto em Santos

205.000
200.494
200.000
195.693
192.862 194.319
195.000 191.381
191.913
190.000
185.000 187.146
185.758
184.243
180.000 181.960
175.000
170.000
2005 2006 2007 2008 2009
Água 191.381 192.862 194.319 195.693 200.494
Esgoto 181.960 184.243 185.758 187.146 191.913

Fonte: SABESP, 2010.

O Plano de Saneamento (PLANSAN 2010) indica a perda de 256 litros por ligação, causando o
enorme desperdício de 6,1 milhões de m³ (6,1 bilhão de litros) de água tratada, por ano na cidade
de Santos.

54
Segundo o Instituto Trata Brasil, em 2.011, esta perda foi de 17,39% da água distribuída na cidade,
muito abaixo da média nacional que é 38,8%. A meta proposta pelo PLANSAN é atingir no ano de
2039, 225 litros de água desperdiçados por ligação/dia, uma pequena diferença de
aproximadamente 12% de redução em 30 anos. Se levarmos em consideração o consumo diário
médio de água por habitante, na região Sudeste do Brasil, em 2011, que foi de 189,7 litros, o atual
desperdício anual na cidade daria para abastecer sua população por aproximadamente 77 dias.

Segundo o SISPERDAS (SABESP, 2007), o Índice de Atendimento de Santos Insular era de 100%,
sem contar os domicílios não atendíveis. O índice de perdas era de 459 (l/lig. dia), contra 563 da
RMBS.

O gerenciamento do PMDE-BS é realizado pela Agência Metropolitana da Baixada Santista (AGEM)


e este trabalho está alinhado com o Plano de Ação da Macrometrópole (PAM)38, que visa o
planejamento integrado das regiões metropolitanas e aglomerados urbanos de todo o Estado.
Entre 2007 e 2020, serão investidos R$ 85 milhões na cidade de Santos, apenas no sistema de
abastecimento de água. A SABESP informa já ter atingido a universalização do abastecimento em
áreas regulares.

Drenagem

Com o Programa de macro drenagem Santos Novos Tempos39, estima-se que nos próximos 30
meses os problemas de enchente estarão resolvidos. Porém, a questão de moradia das pessoas
residentes em habitações subnormais, parece estar longe de um desfecho aceitável, levando em
consideração que entre os anos de 2009 e 2012, somente 712 famílias foram beneficiadas por
programas habitacionais, em Santos. Desta forma, projeta-se um cenário bastante delicado para
solução deste problema socioambiental, que afeta toda a região40. (Figura 55 e Figura 56)

38
Iniciativa da Subsecretaria Estadual de Desenvolvimento Metropolitano.
39
Que está em execução nesta área da cidade.
40
Por motivo da escassez de áreas para absorção das famílias a serem removidas de áreas de risco ou de regularização
fundiária e urbanística.
55
Figura 55 - Santos Drenagem da Zona Noroeste (Santos Novos Tempos)

Fonte: UGP-Santos Novos Tempos / Prefeitura Municipal de Santos, 2013.

56
Figura 56 - Santos: Drenagem da Área Insular

Fonte: Relatório 4 da Proposta do Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico de Santos, Revisão 5 (DAEE,
2010).

Fornecimento de Energia Elétrica

No Estado de São Paulo, o acesso à rede de energia elétrica é praticamente universal e em Santos
99,9% dos domicílios legais dispõem desse serviço, de acordo com a Figura 57.

Figura 57 - Domicílios com acesso à energia elétrica

Fonte: IBGE. Censo Demográfico, 2010 (resultados preliminares). Fundação SEADE.

57
8. MEIO AMBIENTE

Para caracterizar as políticas sobre o Meio Ambiente de Santos é necessário agrupar assuntos de
práticas e gestões distintas41, mas de conceitos interligados, como proteção dos recursos naturais
e promoção das qualidades ambiental e de vida, por meio das ações educativas e
transformadoras.

Um dos principais problemas identificados em todos os eixos integrantes do Meio Ambiente é a


escassez de recursos financeiros e, principalmente, a insipiência de linhas nacionais de
financiamento público para a área. Restam algumas linhas, a fundo perdido, que não garantem
expressivas quantias. As práticas de educação ambiental destacam-se como precursoras deste
eixo.

Neste contexto, os principais temas que constituem estas políticas serão apresentados a seguir:

Redução de Riscos Geológicos

Há em Santos 104 setores de risco, sendo 22 setores classificados como R4 – Muito Alto; 44 R3 -
Alto; 37 R2 - Médio e 1 R1 – Baixo, com 825 moradias a remover, segundo o Plano Municipal de
Redução de Riscos e a avaliação da COREFUR42 e da Defesa Civil, conforme ilustra
esquematicamente a Figura 58.

41
Exemplos: balneabilidade das praias, unidades de conservação ambiental, gestão de áreas naturais, coleta de
resíduos secos ou orgânicos, proteção dos recursos hídricos, da arborização e paisagismo urbanos.
42
Coordenadoria de Regularização Fundiária da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano.
58
Figura 58 - Plano Municipal de Redução de Riscos (2012)

Fonte: Defesa Civil – Secretaria Municipal de Segurança e Secretaria de Desenvolvimento Urbano, 2013.

Balneabilidade das Praias

Conforme o Relatório de Qualidade das Praias Litorâneas (CETESB, 2013) a média geométrica de
concentrações de enterococos de 2012 foi a mais baixa dos últimos cinco anos e a Ponta da Praia é
o trecho que possui as maiores médias, conforme ilustra a Figura 59. Isto indica a influencia da
poluição do estuário em nossas praias.

De acordo com a Figura 60, verifica-se que os canais também são importantes veiculadores de
contaminação das praias, pois em todos os anos do período monitorado estes apresentaram
baixos índices de atendimento à legislação de cursos d’água.

59
Figura 59 - Santos: Balneabilidade das Praias

Fonte: Relatório de Qualidade das Praias Litorâneas - CETESB, 2013.

Figura 60 - Santos: Canais – Evolução do atendimento à legislação dos cursos d’água

Fonte: Relatório de Qualidade das Praias Litorâneas (CETESB, 2013).

60
Unidades de Conservação

Apesar da existência de importantes Unidades de Conservação no município, conforme Figura 61,


a falta da efetivação de unidades municipais impossibilita o repasse de verbas de compensação
ambiental para o Município. Nos últimos anos, a municipalidade deixa de receber recursos
oriundos dos licenciamentos, termos de ajustamento de conduta e multas ambientais.

Tramitam na Prefeitura de Santos, processos para transformação de quatro áreas com vocação
ambiental, em Unidades de Conservação Municipais43, atreladas ao respectivo Fundo Municipal de
Meio Ambiente. Tal situação reforça oportunamente a necessidade da municipalidade acelerar o
andamento destes processos. Neste contexto, a criação da Unidade de Conservação Engenho do
São Jorge dos Erasmos, torna-se a mais viável administrativamente, a curto prazo44.

Figura 61 - Unidades Estaduais de Conservação

Fonte: Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, 2013.

43
Unidades Jurubatuba e Quilombo, na Área Continental. Unidade Engenho dos Erasmos, na Zona Noroeste e Unidade
Ilha de Urubuqueçaba, na Zona da Orla.
44
Pois a titularidade e dominialidade da Gleba são da Prefeitura Municipal de Santos e, vizinha ao terreno, a
propriedade da Universidade de São Paulo, com as respectivas ruínas do antigo Engenho. Não há invasões e grande
parte da possível Zona de Amortecimento, já é demarcada como Preservação Paisagística ou Ambiental.
61
Resíduos Sólidos

O volume de resíduos gerados na cidade atinge a média de 1,7Kg/dia/habitante (2011). São


índices altos, em tendência de queda, conforme Figura 62, mas que demandam uma ação grande
para conscientização relacionada ao consumo consciente, redução da geração e principalmente na
destinação adequada dos resíduos. O território é quase totalmente atendido pela coleta
domiciliar, conforme ilustra a Figura 63.

A Cidade é altamente verticalizada, tendo 63% de seus domicílios em prédios e o programa de


Coleta Seletiva45 atende hoje 85% das residências do Município.

Figura 62 - Santos: Quantidade (1) de Resíduos Coletados (2001 a 2011, toneladas)

Fonte: Instituto Pólis, a partir de dados do PGIRS/Santos – 2012.


(1) Considera-se material coletado os resíduos domiciliares, inertes e volumosos, em tonelada/ano.

45
Realizado há mais de 20 anos.
62
Figura 63 - Domicílios com coleta de lixo

Fonte: IBGE. Censo Demográfico, 2010 (resultados preliminares). Fundação SEADE.

Em Santos, a média de materiais enviados para a reciclagem é de apenas 1,75% em 2011, de


acordo com a Figura 64. Este índice fica ainda pior, pelo descarte irregular e na má utilização dos
contentores46 específicos para orgânicos e para recicláveis instalados nos bairros47. Outro item
que merece reflexão, visando ao atendimento à Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS)48, é a
triagem realizada na usina49, feita por pacientes de programas de saúde mental da secretaria de
saúde, com baixa produtividade, aumentando o volume de rejeito, e o consequente envio de
grande quantidade de material passível de reciclagem, para o aterro do Sítio das Neves.

Figura 64 - Santos: Quantidade de Resíduos Coletados (2001 a 2011, toneladas)

Fonte: Instituto Pólis, a partir de dados do PGIRS/Santos – 2012.

46
De volume 1.000 litros ou 1m³.
47
Aproximadamente 2000 unidades.
48
Segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos, em agosto de 2014 nada que seja passível de reciclagem e
compostagem poderá ser aterrado
49
Em operação com os mesmos equipamentos desde a sua implantação, quando o município coletava
aproximadamente 20 toneladas por mês.

63
Portanto, a baixa eficácia constatada na usina, faz com que a coleta e destinação ambientalmente
adequada fiquem mais caras. A Prefeitura, em 2010, gastava US$ 245/ton. de recicláveis
(CEMPRE50). Esse material quando rejeitado gera novos custos de transporte e destinação, e
compromete a vida útil do aterro.

Tendo como paradigma a cidade de Londrina, no Paraná, que no mesmo ano de 2010 gastou US$
7,2/ton. de recicláveis51 (CEMPRE), contata-se que temos um grande desafio para aperfeiçoar
nosso sistema, de modo a cumprir as determinações da PNRS.

No Brasil, estima-se que o descarte inadequado de recicláveis gere um prejuízo de 8 bilhões de


reais ao ano. Neste contexto de grande geração e baixo reaproveitamento52, fica clara a
contribuição de Santos para o cenário Nacional. Hoje, existem 150 catadores de recicláveis
cadastrados na Prefeitura, mas estima-se que quase 900 pessoas vivam deste tipo de trabalho
clandestinamente. A PNRS preconiza o fomento e o envolvimento destes trabalhadores no
programa de Coleta Seletiva. Porém, na cidade não existe cooperativa formalizada que atenda aos
requisitos mínimos em nível federal. Mesmo com grande interação da Prefeitura Municipal com o
MNCR53 nos últimos anos, ainda são necessários avanços nessa área.

Outro grande problema que a cidade enfrenta são os pontos de descarte irregular54, que geram
grande prejuízo ambiental e financeiro para a municipalidade. A legislação avançou, pois desde
março de 2013, a construção e ou reforma que gere mais de 200 Kg de resíduos deverá possuir um
plano de gerenciamento, entregue para a secretaria de Meio Ambiente, comprovando o destino
ambientalmente adequado deste material.

50
Compromisso Empresarial para a Reciclagem - Associação empresarial dedicada à promoção da reciclagem e gestão
integrada do lixo.
51
Atinge um volume bem maior de material recuperado.
52
Deixando inclusive de gerar renda para parcela significativa da população em situação de risco social.
53
Movimento Nacional dos Catadores de Recicláveis
54
Aproximadamente 150 pontos de descarte irregular.
64
A implantação de uma rede municipal de ecopontos, em parceria com a iniciativa privada, foi uma
alternativa encontrada pela Prefeitura a partir de 2010, auxiliando na operação da logística
reversa. Hoje, a cidade conta com mais de 200 locais que recebem: óleo de cozinha usado, pneus,
pilhas e baterias, exames de raio X, eletroeletrônicos, remédios e tecidos. Com grande adesão da
sociedade, este número de pontos, bem como a quantidade de material coletada, poderá ser
ainda maior, caso o poder público invista em campanhas de conscientização.

Áreas Verdes

Santos apresenta, segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, boa média de áreas verdes
por habitante, 16,01m²/hab55. As áreas verdes no município encerram 6.717.344,00m²,
equivalente a 19,6% dos 34.264,00 mil metros quadrados do total da cidade, incluída a Área
Continental.

No entanto, se a análise for aprofundada e discutida bairro a bairro, os indicadores caem


efetivamente, conforme ilustram as Figura 65 e Figura 66. Bairros como o Saboó apresentam
irrisórios 0,81 metros quadrados por habitante, tendo coberta apenas 2,27% de seu território. Dos
60 bairros, apenas 7 tem média superior aos 15 m²/hab., que demonstram a desproporção de
áreas verdes pelas regiões de Santos.

Há de se inventariar o município, quali e quantitativamente, de modo a articular conjuntamente a


sociedade às políticas de arborização setoriais, a começar pelos espaços das praças, onde fixar
parâmetros de permeabilidade, arborização e áreas verdes ajardinadas, apontam para as
tendências deste século, segundo os oito eixos do PNUD.

55
O Sistema Brasileiro de Arborização Urbana – SBAU preconiza 15m²/hab.
65
Figura 65 - Índice de Áreas Verdes (1) (habitante/bairro em m²/hab. e % de área coberta)

Fonte: Secretaria Municipal de Meio Ambiente e


Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano - PMS, 2013.
(1) Os valores expressos em áreas cobertas indicam o percentual de cobertura geográfica do bairro.

Figura 66 - Índice de Áreas Verdes (1) (habitante/bairro em m²/hab.)

Fonte: Secretaria Municipal de Meio Ambiente e


Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano - PMS, 2013.
(1) Os valores expressos em áreas cobertas indicam o percentual de cobertura geográfica do bairro.

66
9. HABITAÇÃO

Segundo o Plano Municipal de Habitação de Santos (2009), que é a síntese do Planejamento


Habitacional no âmbito local e trata da questão prioritária de Habitação de Interesse Social56, a
demanda foi classificada em Nucleada e Dispersa. Desta forma, as necessidades habitacionais do
Município foram consideradas, enquanto Déficit Quantitativo e Inadequação Habitacional, de
forma a facilitar os cálculos de encaminhamento da demanda.

No tocante ao Déficit Quantitativo, a necessidade de novas moradias é referente a demanda nos


núcleos habitacionais, conforme Figura 6757, denominada Demanda Nucleada, composta pela
necessidade de remoções, e pela Demanda Dispersa, devido à necessidade de novas moradias
pelas famílias conviventes, moradoras em cômodos e domicílios improvisados.

Figura 67 - Domicílios Particulares Ocupados e


População Residente em Aglomerados Subnormais

Fonte: Prefeitura municipal de Santos, 2012. Elaboração: Instituto Pólis, 2012.

56
HIS é aquela destinada a famílias com renda igual ou inferior a seis salários mínimos ou com capacidade de
pagamento a ser definida, de promoção pública ou conveniada com o Poder Público, com padrão de unidade
habitacional com um sanitário, até uma vaga de garagem e área útil de, no máximo, cinquenta metros quadrados,
com possibilidade de ampliação quando as famílias beneficiadas estiverem envolvidas diretamente na produção das
moradias.
57
De acordo com o IBGE, Santos possui 24 aglomerados subnormais, com 10.767 domicílios particulares ocupados e
população residente de 38.159 pessoas, nestes domicílios.
67
Assim, de acordo com o Plano Municipal de Habitação, estimou-se a necessidade de 16.876 novas
moradias, resultado nas quantificações apresentadas na Figura 68.

Figura 68- Síntese da Necessidade de Novas Moradias no Município de Santos

Fonte: Plano Municipal de Habitação de Santos (SANTOS, 2009, p.30).

De acordo com a mesma fonte (SANTOS, 2009, p.31), a inadequação habitacional é composta, no
caso da Demanda Nucleada, pela necessidade de urbanização (simples e complexa) e
regularização fundiária. Quanto à Demanda Dispersa, foram consideradas as situações dos
domicílios sem banheiro e adensamento excessivo.

O Plano Municipal de Habitação estimou, também, a necessidade de produção de novas moradias


até o ano 2020, segundo o cenário de evolução populacional, de acordo com a Figura 69, variando
o resultado em menos de 6,0%.

Figura 69 - Necessidade de novas moradias até 2020, por cenário de evolução populacional

Fonte: Projeção Populacional da SEADE (2009) apud Plano Municipal de Habitação de Santos (SANTOS, 2009, p.30).

68
Para aprofundar o conhecimento da situação da demanda nucleada e proporcionar uma gestão
eficiente dos projetos de provisão de moradia e de garantia do direito a habitação digna, a
Prefeitura de Santos está elaborando o Plano Municipal de Regularização Fundiária, cujo objetivo
é mapear os assentamentos precários localizados em Santos, para dimensionamento das
necessidades habitacionais e hierarquização das áreas a serem atendidas.

De acordo com a metodologia adotada, o mapeamento definiu o agrupamento das tipologias de


forma a organizar problemáticas habitacionais semelhantes e entender as intervenções
demandadas segundo cada tipologia. Assim, todas as áreas foram identificadas por meio do
Sistema de Informações Georreferenciadas - SIGSANTOS, onde constam os principais dados dos
assentamentos.

Para tanto, foram utilizadas as informações do Plano Municipal de Habitação, do Plano Municipal
de Redução de Riscos (PMRR, 2012), da Carta Geotécnica dos Morros de Santos e São Vicente
(1979), da Planta de Abairramento da Lei de Ordenamento do Uso e da Ocupação do Solo da Área
Insular (2011) e da Planta da Lei de Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS, 2012).

Assim, foram definidas as seguintes tipologias de intervenção, com as respectivas modalidades de


solução:

1. Assentamentos consolidados com infraestrutura completa, sem a regularidade urbanística


ou da propriedade;
Solução - 100% demandam regularização fundiária.

2. Assentamentos irregulares com parcelamento definido, parcialmente urbanizados. Demandam


obras pontuais de infraestrutura;
Solução - 100% demandam regularização fundiária + urbanização pontual.

3. Assentamos irregulares com parcelamento definido, parcialmente urbanizados. Demandam


remoções e obras de infraestrutura pontuais;

69
Solução - Demandam regularização + urbanização pontual + produção habitacional para
reassentamento / relocação.

4. Assentamentos irregulares e precários consolidáveis. Carência total ou parcial da infraestrutura;


Solução - Demandam regularização + urbanização pontual + produção habitacional para
reassentamento / relocação;

5. Assentamentos irregulares não consolidáveis por restrições de natureza jurídica ou físico-


ambiental;
Solução - 100% demandam produção habitacional para apoio a reassentamento.

6. Conjuntos Habitacionais;
Solução - 100% demandam regularização fundiária.

7. Moradias ou assentamentos localizados em áreas de risco a serem removidas de acordo com o


PMRR e/ou restrições ambientais e/ou da Carta Geotécnica;
Solução - 100% de remoção das moradias em risco + produção habitacional para
reassentamento.

O Plano de Regularização Fundiária definiu, ainda, os seguintes critérios para hierarquização:

1. Meio Ambiente: risco geológico, risco tecnológico, vulnerabilidade ambiental, padrão


construtivo, infraestrutura.

2. Projetos Incidentes: Santos Novos Tempos, teleférico e outros.

3. Urbanístico: áreas disponíveis para reassentamento (vinculada), áreas disponíveis para


equipamentos públicos/verdes e mapeamento executado.

4. Jurídico: documentação, risco jurídico, domínio, notificações pela PMS, ações judiciais e
acompanhamento pelo Ministério Público Estadual.

70
5. Social: adensamento pressão, organização da população, número de moradores,
vulnerabilidade social e aluguel social / alojamento.

6. Recurso financeiro disponível: Quantitativamente, os primeiros resultados do referido plano


estão apresentados nos gráficos abaixo.

Segundo a Figura 70, as tipologias mais recorrentes são as 7, 1, 3 e 4, pela ordem, e de acordo com
a Figura 71, as tipologias 5, 3 e 4 são as que somam maior dimensão. Por sua vez, a Figura 72
indica que o maior número de moradias se concentra nas tipologias 4, 3 e 5. Portanto, em termos
gerais, estes resultados indicam a necessidade de produção de relevante número de moradias,
para atender às remoções, e de infraestrutura, no caso de consolidações. Uma vista geral das
áreas mapeadas, inseridas no SIG Santos pode ser observada na Figura 73.

Figura 70 - Quantidade de áreas por tipologia

Fonte: Plano de Regularização Fundiária de Santos (SANTOS, 2013).

Figura 71 - Tipologia por área (m²)

Fonte: Plano de Regularização Fundiária de Santos (SANTOS, 2013).

71
Figura 72 - Quantidade de moradias por tipologia

Fonte: Plano de Regularização Fundiária de Santos (SANTOS, 2013).

Figura 73 - Vista geral das áreas mapeadas no Plano de Regularização Fundiária.

Fonte: Plano de Regularização Fundiária de Santos (SANTOS, 2013).

72
10. GESTÃO DA POLÍTICA URBANA

Uma das principais premissas da Gestão da Política Urbana é cuidar das pessoas, de modo a
potencializar o que vai bem e mitigar os impactos negativos no meio urbano. Assim, a validade do
uso do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), como fator comparativo das ações públicas, é
questionável. A análise possível seria somente a macroleitura dos assuntos, como Educação,
Longevidade e Renda, de modo a valer-se da série histórica.

A exemplo da renda, que em Santos passou de 0,835 em 2000 para 0,861 entre 2010, e que, no
entanto, o índice não tem refletida a distribuição do rendimento por todas as camadas abordadas
pelo recenseamento do IBGE, 2010. Indivíduos que não têm rendimento ou que ganham até 3
salários mínimos, não acompanharam a progressão do índice. O PIB da cidade quase alcança a
casa dos 30 bilhões e a renda per capita os R$ 65 mil. Mas o rendimento por responsáveis,
também não seguem a proporção.

No período 2000-2010, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) de Santos


cresceu 7,01%, passando de 0,785 em 2000 para 0,840 em 2010. A dimensão que mais contribuiu
para este crescimento foi a Educação, com 13,02%, seguida pela Longevidade, com 5,19% e pela
Renda, com 3,11%. Neste período, o hiato de desenvolvimento humano (a distância entre o IDH
do município e o limite máximo do IDH, ou seja, 1 - IDH) foi reduzido em 8,35%, de acordo com a
Figura 74.

Figura 74 - Evolução do IDHM entre 2000 e 2010

Fonte: IBGE, 2013. Elaboração: Coordenadoria de Planejamento


Econômico as Secretaria de Desenvolvimento Urbano, 2013.

73
Em 2010, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal de Santos era de 0,84. Segundo a
classificação do PNUD, o município está entre as regiões consideradas de alto desenvolvimento
humano (IDH maior que 0,8) em relação aos outros municípios do Brasil. Santos apresenta uma
excelente situação: ocupa a 6ª posição, sendo que 5 municípios estão em situação melhor (0,1%) e
5.502 municípios estão em situação pior (99,9%).

Para aprofundar a questão e transcender o tema do indicador médio, a ideia de analisar e cruzar
dados primários, parece menos distorcida. Desta maneira, as informações tecnicamente
produzidas irão ao encontro dos interesses da população. Assim, as imagens a seguir (Figura 75 a
Figura 79) apresentam uma análise esquemática, ao mesmo tempo, estratégica à gestão pública.
Os dados avaliados foram: localização geográfica do equipamento público, confrontando com a
área de cobertura de transporte coletivo, com as áreas de preservação ambiental e com as zonas
de especial interesse social.

A metodologia ainda prevê um deslocamento na cidade, de raio máximo 600 metros, concêntrico
ao bem, resultando numa área de influência do próprio público municipal. Estas áreas podem
variar58, mas numa primeira análise é importante identificar áreas de menor investimento público,
tornando-as alvo de ações mais efetivas, por parte da municipalidade. Ou seja, é necessário
interpretar caso a caso, fixando indicadores, metas e referências para nova cobertura. Segundo a
prerrogativa do programa Cidades Sustentáveis, do PNUD, o deslocamento ideal seria de 300
metros, de acordo com índice utilizado em Victoria Gasteiz - Espanha59.

Assim, avaliar a cobertura geográfica das políticas públicas é necessário, mas não suficiente, pois
se deve considerar, ainda, o nível de atendimento ou de qualidade destas. No caso de Santos,
como na quase a totalidade dos municípios brasileiros, não há um cadastro eletrônico único das
informações públicas, portanto, este diagnóstico remete à necessidade de monitorar dados
sistemicamente de maneira segura e transparente ao público. Para esta finalidade, é importante

58
A exemplo das áreas de influência das Unidades Básicas de Saúde, que tratam por números de usuários do sistema
público, por quadras, resultando em coberturas geográficas maiores que 600 metros.
59
Capital Verde da Europa de 2012, que tem 99% dos equipamentos públicos de saúde, educação, assistência social,
parques e áreas verdes, numa área de influência a 300 metros uma da outra.
74
utilizar o SIGSantos60, que permite a compilação das informações em um banco de dados. No
entanto, sua interatividade ainda será aperfeiçoada. Desta forma, a gestão das políticas públicas
deve ter como base a horizontalidade, de forma a garantir sua eficácia.

Neste sentido, o processo de Monitoramento do Plano Diretor é parte fundamental do processo


de gestão das políticas públicas e da sustentabilidade do mesmo, constituindo-se no mecanismo
de avaliação permanente do Plano, com base em um conjunto de indicadores econômico-sociais e
encontra-se em estágio inicial de implantação, sendo este diagnóstico, em parte, desenvolvido
com os instrumentos integrantes deste processo.

Figura 75 - Planta da área de cobertura dos Equipamentos de Saúde

Fonte: Secretaria de Desenvolvimento Urbano, 2013.

60
SIGSantos é o Sistema de Informações Geográficas da Prefeitura de Santos, um software de Geoprocessamento
utilizado para espacialização de dados e visualização através de Mapas Temáticos.
75
Figura 76 - Planta da área de cobertura dos Equipamentos de Educação

Fonte: Secretaria de Desenvolvimento Urbano, 2013.

Figura 77 - Planta da área de cobertura dos Equipamentos de Assistência Social

Fonte: Secretaria de Desenvolvimento Urbano, 2013.

76
Figura 78 - Planta da área de cobertura dos Equipamentos Esportivos

Fonte: Secretaria de Desenvolvimento Urbano, 2013.

Figura 79 - Planta da área de cobertura dos Equipamentos Culturais

Fonte: Secretaria de Desenvolvimento Urbano, 2013.

77
11. CONCLUSÃO

Este diagnóstico aponta para a importância da horizontalidade das políticas públicas, integrando
as principais políticas urbanas, aperfeiçoando a governança, no sentido de transitar para um
modelo de cidade mais compacta, inclusiva, eficiente e sustentável, de forma a preservar a cultura
e tradição dos nossos bairros, elevando ainda mais a nossa qualidade de vida.

Desta forma, os princípios, as diretrizes e as ações, que deverão nortear a revisão do Plano Diretor
de Desenvolvimento e Expansão Urbana de Santos, devem focar o desenvolvimento da economia,
por meio da inovação e capacitação da mão de obra, potencialização da relação entre cidade e
porto, estimulo ao turismo qualificado, ampliação da base econômica de áreas mais distantes dos
empregos, aproximação das residências dos locais de trabalho e estudo, adensamento de áreas
dotadas de infraestrutura ociosa, otimização dos sistemas de transportes de média capacidade
que estão sendo implantados, recuperação de áreas degradadas, ampliação e manejo das
unidades de conservação, estimulo à eficiência energética, conforto térmico e sustentabilidade
das edificações, universalização do atendimento das redes de infraestrutura e equipamentos
públicos, ampliação das ofertas de arborização, áreas verdes e espaços livres, entre outros.

78
FONTES E REFERÊNCIAS

Fontes

Agenda Ambiental da Administração pública – A3P - Ministério do Meio Ambiente – Governo


Federal.

Agenda para crescer mais e melhor – Confederação Nacional da Indústria – CNI.

Associação Brasileira de Limpeza Pública e Resíduos Especiais – ABRELPE.

Atlas do Desenvolvimento Humano; INCT .

Cadastro Geral de Empregados e Desempregados - CAGED / Ministério do Trabalho e Emprego.

Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável e a Erradicação da Pobreza – ferramentas para a


Economia Verde – UNEP.

Centro de Estudo em Sustentabilidade – Fundação Getúlio Vargas - GVces FGV.

Centro de Estudos Socioambientais – PANGEA.

Centro Internacional de Formação de Atores Locais para a América Latina – CIFAL.

Companhia de Engenharia de Tráfego – CET SANTOS.

Companhia Docas do Estado de São Paulo – CODESP.

Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – SABESP.

Conselho Regional de Engenharia e Agronomia – CREA / SP.

Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP.

French Environment & Energy Management Agency – ADEME.

Frente Nacional de Prefeitos – FNP.

Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados – SEADE.

Fundação SOS Mata Atlântica.

Global Reporting Initiative – GRI.

79
Green Building Council Brasil – GBCB.

Índice das Cidades Verdes da América Latina - Economist Intelligence Unit / Siemens.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 2000 e 2010.

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA.

Instituto de Agentes Urbanos – I.A.U.

Instituto Florestal de São Paulo – IF SP.

Instituto para o Desenvolvimento da Habitação Ecológica – IDHEA.

Instituto Saúde e Sustentabilidade

Manual de Eficiência Energética em Prédios Públicos – PROCEL EPP.

Ministério do Meio Ambiente – MMA / Governo Federal.

Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis – MNCR.

Objetivos do Milênio – ODM.

Observatório das Metrópoles – Baixada Santista.

Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas – IPCC ONU.

Pesquisa Origem e Destino na Baixada Santista 2012– Empresa Metropolitana de Transportes


Urbanos - EMTU.

Plano de Ação da Macrometrópole (PAM) – Subsecretaria Estadual de Desenvolvimento


Metropolitano.

Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis – PPCS / Ministério do Meio Ambiente –
Governo Federal.

Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista – SABESP, 2009.

Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental – PDDUA Porto Alegre.

Plano Diretor Estratégico – PDE São Paulo. 2003.

80
Plano Metropolitano de Desenvolvimento Estratégico da Baixada Santista (PMDE-BS).

Plano Municipal de Habitação de Santos, Produto 3, Volume I. Santos: Prefeitura Municipal de


Santos, 2009, 132p.

Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico, Secretaria de Saneamento e Energia do


Governo do Estado de São Paulo/ Prefeitura Municipal de Santos, 2010.

PlanYC – Progress Report 2013 – Greener, Greater New York.

Prefeitura Municipal de Maringá /PR.

Programa Cidades Sustentáveis – PNUD.

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD.

Progress in Sanitation and Drinking Water 2013 – Fundo das Nações Unidas para Infância – UNICEF

Projeto Sonho Brasileiro – BOX 1824.

Relação Anual de Informações Sociais - RAIS – Ministério do Trabalho e Emprego.

Secretaria de Meio Ambiente – SMA / Governo do Estado de São Paulo.

Sindicato da Habitação – SECOVI / SP.

United Nations Institute for Training and Research – UNITAR.

Universidade da Água.

Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UFTPR.

Visão Brasil 2050 – Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável – CEBDS.

Referências

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NEPO. O fenômeno da mobilidade pendular na Macrometrópole do Estado de São Paulo: uma


visão a partir das quatro Regiões Metropolitanas oficiais. Campinas: UNICAMP, Núcleo de Estudos
da População, 2013, 97p.
81
PÓLIS. Relatório Regional do Diagnóstico Urbano Socioambiental do Litoral Paulista, Versão
Preliminar. São Paulo: Instituto Pólis, 2013, 647p.

SÃO PAULO (Governo do Estado). Sumário de Dados da Pesquisa Origem-Destino 2007, Região
Metropolitana da Baixada Santista. São Paulo: Secretaria de Estado dos Transportes
Metropolitanos, VETEC Engenharia, 2008, 138p.

VAZQUEZ, D. A (Org.). A questão urbana na Baixada Santista: Políticas, vulnerabilidades e desafios


para o desenvolvimento. Santos: Editora Universitária Leopoldianum, 2011, Anexos, 334p.

SANTOS (Município). Plano Municipal de Habitação. Santos: Prefeitura Municipal de Santos, 2009.
132p.

82
CRÉDITOS

Paulo Alexandre Barbosa

Prefeito Municipal

Rogério Pereira dos Santos

Secretário Chefe de Gabinete do Prefeito

Nelson Gonçalves de Lima Junior

Secretário Municipal de Desenvolvimento Urbano

Belanizia Alves Daibert Moncorvo

Secretário Adjunto da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano

Alexandre Santi Casasco

Chefe do Departamento de Planejamento do Desenvolvimento

Eliana dos Santos Mattar

Chefe da Coordenadoria de Políticas Urbanas

Carla Guimarães Pupin

Chefe da Coordenadoria de Regularização Fundiária e Urbanística - COREFUR

Gunther Graf Junior

Chefe da Coordenadoria de Informações Urbanas - COINURB

Aguinaldo Secco Junior

Chefe do Departamento de Revitalização Urbana - DERURB

Adão Antonio Ribeiro Junior

Chefe da Coordenadoria de Planejamento Econômico - COPLANEC

83
Grupo Técnico de Trabalho do
Plano Diretor de Desenvolvimento e Expansão Urbana do Município

Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano


José Marques Carriço - Coordenador do Grupo
Eliana dos Santos Mattar

Gabinete do Prefeito Municipal


Débora Blanco Bastos Dias
Bechara Abdalla Pestana Neves

Secretaria Municipal de Infraestrutura e Edificações


Dilson Miyahira

Secretaria Municipal de Assuntos Portuários e Marítimos


Regina Maria Aparecida Silveira Luz Cerioni Victorio

Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Inovação


Cláudia Maria Salles Haddad
Niedja de Andrade e Silva Forte dos Santos

Secretaria Municipal de Meio Ambiente


Marco Aurélio Neves da Silva

Secretaria Municipal de Finanças


Alexandre Magno Souza Marques

Departamento da Defesa Civil


Marcos Pelegrini Bandini

Companhia de Habitação da Baixada Santista


Sônia Luz Alencar

Companhia de Engenharia de Tráfego de Santos


Carlos Eduardo da Silva Tross

84
Equipe Técnica

Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano

Antonio Ernesto Papa Jornalista

Bianca Manso de Almeida Advogada

Daniel Augusto Machado Engenheiro

Eduardo Kimoto Hosokawa Engenheiro

Felipe Ferreira Merino Estagiário

Greicilene Regina Pedro Chefe da Seção de Desenvolvimento Urbano

Jaíne Karen Silva Estagiária

Jairo Ferreira Ferrauche Desenhista

Lucas Abrunhoza Scarpa Estagiário

Luís Felipe Lunardi Rigotto Chefe da Seção de Cadastro Digital

Luiz Otávio Galvão de Barros Economista

Marina Ferrari de Barros Arquiteta

Marisa Gerais de Camargo Rangel Arquiteta

Nicole de Freitas Sansone Estagiária

Nívio Stonoga Alves Tecnólogo da Informação

Otávio Amato Souza Dias Arquiteto

Paulo Nélson Macuco Araujo Engenheiro

Renata Fagundes Sioufi Arquiteta

Rosana Aló Maluza Braga Engenheira

Silvio Porcel Pereira Chefe da Seção de Informações Urbanas

Demais secretarias e empresas municipais

Andrea Vieira Setubal Inspetora Ambiental SEMAM

Flávio Guerra Gonçalves Júnior Engenheiro SESERP

Ernesto Kazuwo Tabuchi Coordenador de Risco Naturais e Tecnológicos DEFESA CIVIL/SESEG

85
Humberto Trevizani Chefe do Departamento de Equipamentos SEMES

Liliane Claro de Rezende Assessora de Gabinete SEDUC

Luciane Beck Diretora de Planejamento e Projetos CET

Mariângela Kohlbach Santos Silva Arquiteta COHAB

Magali Leite de Freitas Coordenadora de Proteção Social Básica SEAS

Equipe Administrativa

Edemir Brito Ferreira Oficial de administração SEDURB

Gislaine Corrêa Soriano Oficial de administração SEDURB

Odete de Carvalho Fraga Moreira Correia Secretária SEDURB

Olga Lucio de Siculer Secretária Chefe da Seção de Apoio Administrativo e Financeiro do Gabinete SEDURB

Rosilene Batista Monteiro Agente administrativo SEDURB

Simone Bernardo Gonçalves Oficial de administração SEDURB

Zélia Maria de Oliveira Campos Auxiliar administrativo SEDURB

86

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