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Direito Civil

Prof°: Fábio Figueiredo


1ª Aula - 27/02/2015

Carlos Roberto Gonçalves - Direito das Obrigações - Vol. II - Ed. Saraiva.


Maria Helena Diniz - Direito Civil: Direito das Obrigações - Vol. II - Ed. Saraiva.
Pablo Stolze Gagliano - Direito Civil: Direito das Obrigações - Vol. II - Ed. Saraiva.
Fábio Vieira Figueiredo - Direito Civil: Obrigações e contratos - Vol. V - Ed. Saraiva.

Autonomia Privada de Contratação: Introdução ao Direito Civil Constitucional.

1948 - Declaração Universal dos Direitos Humanos.


Ordem Pública Instalada (O.P.I.): Casos extremos que não estão expressos em Lei, porém
por não serem proibidos acabam sendo permitidos.

ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS OBRIGAÇÕES: São 3 (CAI NA PROVA)

Objetivo - Obrigacional - Dar; fazer; não fazer.


Prestacional - O que?

Subjetivo - Credor / sujeito ativo / accipiens


Devedor / Sujeito Passivo / Solvens

Vínculo Jurídico - Débito / schuld


Responsabilidade / haftung

Obrigações naturais são: Dividas de jogo, apostas, dividas prescritas.

TRABALHO

Trabalhos para entregar na Terça-feira 03/02, totalmente manuscrito. Não é para entregar a
via original, é para discorrer, tirar uma xerox e entregar a xerox. A original deve ficar com o
aluno para estudo:

1) Discorra à respeito do: Vínculo Jurídico da obrigação com base em 3 doutrinas sendo
elas uma do Carlos Roberto, outra da Maria Helena Diniz e algum outro de livre escolha.

2) Discorra à respeito de: "Venire Contra Factum Propium" (lugares onde encontraremos:
No livro de obrigações e contratos do prof° Fabio Figueiredo no capítulo de probidade
contratual ou no google digitar: figuras parcelares da boa fé objetiva - Artigo do Prof°
Luciano Penteado) se possível fazer com base nos 2 autores.

OBS: Toda aula o professor passará trabalhos que deverão ser entregas na aula seguinte.
Ao final do ano, se o aluno precisar de 0,50 ponto para passar de ano e tiver entregue

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todas as atividades, o professor irá avaliar se as atividades estão de acordo com o
solicitado e dará o 0,50 ponto que o aluno necessita. Se o aluno precisar de 0,51 pontos
ele ficará de DP. Ele só dá no máximo 0,50 sem choro nem reza.

2ª Aula - 06/03/2015

O vinculo jurídico deve se apresentar na forma da teoria dualista ou eclética. Nunca na


teoria monista. Art. 814 do C.C.

DOS ELEMENTOS LATERAIS DAS OBRIGAÇÕES:

A doutrina que versa sobre os elementos laterais das obrigações comporta diversas
terminologias. Isso porque parece evidente que diversos foram os autores que se
debruçaram sobre o tema. Diante disso diversas as terminologias aplicáveis: Elementos
Laterais, Deveres de Conduta; Deveres Anexos; Elementos Secundários, etc.

Em que pese a diversidade de terminologias aplicáveis ao instituto, o mais relevante é


observar que nas várias concepções o conteúdo é fundamentalmente o mesmo.

A noção de elementos laterais das obrigações parte de dois fundamentos sistêmicos do


Direito:

A) Eficácia Horizontal dos Direitos Fundamentais: Os efeitos dos direitos fundamentais


(Direito da Pessoa Humana; Isonomia Substancial e Solidarismo Constitucional) sobre o
Direito Civil.

B) Retroalimentação do Sistema Jurídico: Os valores que acarretam a geração de novos


costumes.

O Direito nasce dos costumes, posteriormente ele precisa ser positivado por meio da
elaboração de Leis que precisam ser interpretadas. Ai vem a exegese (É uma das escolas
interpretativas que apresenta uma interpretação mais rasa da lei). Para haver essa
interpretação, haverá a necessidade de consultar a Doutrina. Com base nessa
interpretação, é possível extrair os princípios. Com isso é possível atingir os axiomas
(Valores que envolvem o tema).

SÃO ELEMENTOS DOS COMPONENTES LATERAIS DAS OBRIGAÇÕES:

A) Dignidade da Pessoa Humana;


B) Isonomia Substancial;
C) Solidarismo Constitucional;
D) Intencionalidade; (Art. 112)
E) Eticidade;
F) Interpretação Restritiva; (Art. 114.)
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G) Função Social; (Art. 421)
H) Probidade; (Art. 422)
I) Abuso de Direito; (Art. 187)

Art. 927 - Aquele que comete um ilícito civil a outrem fica obrigado a repará-lo.

O abuso de Direito tem regime jurídico consequencial igual o ato ilícito.

Ato Ilícito não é nulo. Art. 166 e 167 do C.C. Ele é obrigatoriamente indenizável.

Negócio Jurídico Benéfico: É aquele que só beneficia uma das partes.

Trabalhos para a Próxima aula:

I) Dissertar 10 à 15 linhas sobre cada um dos itens componentes dos elementos laterais.
Basear-se em qualquer doutrina.

II) "A obrigação como processo" do Prof°. Clovis do Couto e Silva. Fazer um fichamento do
livro inteiro para entregar em SETEMBRO. Entregar uma cópia.

3ª Aula - 13/03/2015

MODALIDADES OBRIGACIONAIS:

OBRIGAÇÃO DE DAR: A primeira modalidade obrigacional é representada pela obrigação


de dar. A obrigação de dar se subdivide em:

 Obrigação de dar coisa certa: É aquela definida por gênero, quantidade, qualidade e
especificidade.

Observação: Muito embora o Art. 233 do C.C. determine que a obrigação de dar
coisa certa abrange os acessórios da coisa e uma boa parte da doutrina explicite
que as pertenças são acessórios, por força do Art. 94 do C.C. as pertenças não
integram o negócio jurídico havido como bem principal.

 Obrigação de dar coisa incerta (Art. 243 do C.C.): É aquela definida por gênero,
quantidade e qualidade.

Observação: Muito embora o Art. 243 do C.C. determine que a obrigação de dar
coisa incerta será definida por gênero e quantidade, toda a doutrina e a
jurisprudência criticam referido dispositivo explicitando a noção de que gênero e
quantidade apenas tornam o objeto prestacional indeterminável e, por consequência,

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a obrigação nula de pleno direito. A solução para referida situação é o acréscimo da
exigência da qualidade dentre os pré - requisitos exigíveis para conformação da
obrigação de dar coisa incerta de maneira que o objeto, ainda que indeterminado,
seja determinável.

Com base no Código Civil, quais são os pré - requisitos para formação dos
elementos da coisa incerta?
Resp: Gênero e quantidade.

Com base na doutrina quais são os pré - requisitos para a formação dos elementos
da coisa incerta?
Resp: Gênero, Quantidade e Qualidade

1.1 ADIMPLEMENTO DE DAR COISA CERTA:

Entrega e restituição: São formas de cumprimento da obrigação. É evidente que os


dois institutos guardam notória de abissal diferença semântica. A entrega consiste
no "dar originário", enquanto que a restituição consiste na "devolução". Ocorre que a
par desta distinção semântica que é enorme há uma distinção consequencial jurídica
que é extremamente relevante, posto que há diferenças nos regimes jurídicos de
cada um destes institutos no que tange à possibilidade de exigirem-se aumento no
valor da coisa.
Casuística é o estudo de um
instituto pela análise de um
Casuística: caso.

1) José em Janeiro/2015 adquiriu um bem de Antônio por R$ 450.000,00. As partes


convencionaram que referido bem seria entregue no primeiro decanato de março de
2015. Agora, no momento da entrega Antônio fundamentando que o bem é
importado e que o Dólar teve enorme oscilação está exigindo de José 30% de
acréscimo no pagamento. Analise a situação e esclareça sobre a possibilidade ou
impossibilidade de tal acréscimo. (Analisar artigos Art 237 e 427.)

2) José tomou emprestada a casa de Antônio. O comodato (empréstimo de bem


infungível) durou por 2 anos. No momento de cumprimento da obrigação por parte
de José, Antônio foi notificado sob alegação de que José efetuou os seguintes
gastos:.
a) R$ 200.000,00 para recomposição do telhado da casa que estava ruindo;
b) R$ 120.000,00 para a construção de 2 novas suítes no imóvel;
c) R$ 180.000,00 como acréscimo da área de lazer do imóvel envolvendo piscina,
churrasqueira e salão de jogos.

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Além disso, José informou que o imóvel, independentemente das obras feitas, por
regra de mercado, valorizou R$ 800.000,00. O comodatário pretende receber todos
os valores descritos para cumprir a sua obrigação. Analise esta possibilidade
fundamentando positiva ou negativamente. (Analisar o art. 97 e 1214).

Fichamento para entregar dia 20/03.

Dissertar sobre: Obrigação de dar coisa incerta na visão de Álvaro Villaça (Teoria
Geral das Obrigações; internet; artigos).

4ª Aula - 20/03/2015

Art. 1196 do C.C: Considera-se possuidor todo aquele que pode fazer uso, gozo,
disposição e sequela de maneira plena ou parcial.

Possuidor de Boa-fé: É aquele que desconhece da existência de um vício em sua posse.

Posse de má-fé: A posse de má-fé pode ser violenta, clandestina ou precária. Se o


possuidor tiver ciência desses vícios o possuidor é de Má fé.

Comentário: A entrega e a restituição guardam evidentes distinções semânticas. No


entanto, também tem profundas distinções consequenciais jurídicas no que tange à
possibilidade de cobrança de aumento no preço no momento da entrega. Nos casos de
entrega efetiva o devedor poderá cobrar o aumento sempre que a tradição ainda não tiver
se dado e o aumento tenha se dado objetivamente. Nos casos de restituição, em regra, o
devedor não pode cobrar o aumento, exceto se este aumento se der por força exclusiva do
seu trabalho ou do implemento de seu capital. Nestas situações aplicar-se-ão, por força da
disposição do art. 242 do C.C., as regras relativas à posse de boa e de má fé previstas no
art. 1219 do C.C. que garantirão ao possuidor de boa fé (aquele que desconhece a
existência de qualquer vício sobre a sua posse - violência, clandestinidade ou
precariedade), sendo, nestes casos legitimo para pleitear indenização e retenção pelas
benfeitorias necessárias e úteis e, podendo ainda, levantar as benfeitorias voluptuárias
desde que sem detrimento à coisa. Por outro lado, o possuidor de má fé terá direito apenas
e tão somente à indenização pelas benfeitorias necessárias.

1.2. Da concentração do objeto prestacional na obrigação de dar coisa incerta:

A concentração do objeto prestacional se dá pela ESCOLHA. São regras da escolha:

a) O devedor escolhe;
b) Por avença (acordo), a escolha caberá ao credor;
c) Por avença a escolha caberá a terceiro;

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d) Se o terceiro não poder ou não quiser escolher, a escolha será judicial sempre que não
houver acordo entre as partes.
e) Meio termo, aquele que escolhe deve guardar meio termo na escolha a ser feita. Ou
seja, não poderá escolher a melhor nem a pior dentre as coisas postas à apreciação para
escolha.
f) CIENTIFICAÇÃO: aquele que escolhe deve cientificar a outra parte ou às partes da
escolha que foi feita. Ou seja, o indivíduo deve comprovar (notificação receptícia) que a
outra parte está ciente da escolha que foi feita.

2. Obrigação de Fazer:

A obrigação de fazer é positiva e importa em conduta comissiva. Guarda a peculiaridade de


admitir a modalidade "intuitu personae", ou seja, obrigação personalíssima. Nestes casos a
obrigação é firmada tendo-se em mira um caráter específico e essencial de certa e
determinada pessoa. E, por este motivo, a obrigação só pode ser cumprida por certa e
determinada pessoa. Nestes casos, a tentativa de cumprimento por pessoa diversa
daquela que se atrasou gera inadimplemento absoluto. Os únicos modelos
obrigacionais que existem são:
3. Obrigação de não fazer: Dar, fazer ou não fazer.

A obrigação de não fazer é obrigação negativa que importa em conduta omissiva. Nestes
casos o devedor se obriga a deixar de fazer algo em favor do credor. Nas obrigações de
não fazer não há mora.

Fichamento para aula do dia 24/03. Tema: inadimplemento das obrigações de fazer e não
fazer. Acha como inadimplemento, execução, descumprimento. Utilizar 3 doutrinas: 1
Carlos Roberto Gonçalves; 2 Maria Helena Diniz; 3 Fabio Vieira Figueiredo.

5ª Aula - 27/03/2015

4. Da inexecução, das Obrigações da responsabilidade civil e suas consequências:

INADIMPLEMENTO: sempre que uma obrigação é descumprida, nós temos tecnicamente


um inadimplemento (não pagamento, ausência de pagamento). Ele pode ser um
inadimplemento mora (a obrigação é descumprida, mas pode ser cumprida) ou um
inadimplemento absoluto (aquele que não será mais possível cumprir). É circunstancia de
mora sempre que a obrigação é descumprida havendo ainda a possibilidade de
cumprimento.
A referencia à possibilidade de cumprimento é feita em favor e sob a égide do credor. Não
importa se para o devedor ainda é possível o cumprimento da prestação. Importa
realmente saber se para o credor ainda há utilidade ou proveito econômico. Mora, portanto,
é um critério de aferição de utilidade e proveito econômico em favor do credor.

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Exemplo: José comprou 5 mil salgados para sua festa de casamento que ocorrerá dia 25. A
dona Maria dos quitutes falou que vai entregar todos os salgados congelados dia 23. Dia
23 dona Maria não entrega. Qual a situação jurídica? Inadimplemento. Ainda é possível
cumprir essa obrigação? Sim, portanto é um inadimplemento mora, pois há a possibilidade
de cumprimento até a data do casamento. Se dia 25 ela não tiver entregue e só entregar
dia 26 ela ainda pode cumprir a obrigação? Não, pois para o credor não há mais proveito,
sendo assim é considerado um inadimplemento absoluto.

Art. 166: É nulo o negócio jurídico quando:


III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito.

Exemplo: Vendi a égua pocotó. A égua é obrigação de coisa certa ou incerta? certa. Dia 20
tem que entregar. Se não entregar qual a situação jurídica? Inadimplemento Mora. Se
entregar dia 21, 22, 23 ou daqui a 10 anos, qual a situação? Continua sendo
inadimplemento de mora.

Se eu pedir a égua para dia 23 porque vou participar do concurso nacional brasileiro
eqüino. Se o devedor não entregar até dia 23 antes do concurso ele pode entregar depois?
Qual a situação jurídica? É inadimplemento absoluto, pois não há mais utilidade para o
credor.

4.1. TEORIA DO INADIMPLEMENTO ABSOLUTO:

O inadimplemento absoluto é aquele onde a obrigação foi descumprida e não é possível


mais cumprir por não ter mais utilidade para o credor ou valor econômico.
Ele pode ser Culposo ou Não culposo.
Inadimplemento Culposo: Abrange as circunstancias da teoria da culpa. Ela só examina
se você teve culpa. Ele é culposo nos casos em que há:
 Negligência;
 Imprudência;
 Imperícia;
 Intenção de produção de resultado lesivo;
 Assunção do Risco de produção do resultado lesivo.

Negligência: É a falta da devida diligência. Esta ligada a uma conduta omissiva. O sujeito
deixa de fazer algo que deveria fazer.

Imprudência: Conduta comissiva. É a exação de conduta. É quando ele extrapola aquilo


que é determinado.

Imperícia: Falta de aptidão técnica. Ex: indivíduo que não tem carteira de motorista e dirige.

Intenção: Quando o indivíduo sabe o que está fazendo e faz porque quer.

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Assunção do Risco de produção do resultado lesivo: É o exagero da imprudência. É
exacerbação da conduta imprudente.

Exemplo: Vendi a égua pocotó e um dia antes da entrega estava brincando em minha
fazenda ela levou um tiro e veio a óbito. Qual a situação jurídica? É o inadimplemento
absoluto, pois não terei a égua para cumprir a obrigação depois. Qual o tipo de
inadimplemento, culposo ou não culposo? Culposo, pois houve a imprudência do indivíduo
que estava usando a égua, visto que ela já estava vendida. Como se resolve esse caso?
através da devolução de valores pagos acrescido de perda e danos.

OBSERVAÇÃO: Sempre que houver o inadimplemento culposo, a solução se dará por


meio da devolução dos valores pagos acrescidos de perdas e danos.

Inadimplemento não culposo:

 Excludente de culpabilidade civil (Caso fortuito ou força maior).


Caso Fortuito: São os infortúnios humanos;
Força maior: atos ou fatos da natureza.

Exemplo 1: Vendi a égua pocotó e 1 dia antes choveu forte e caiu um raio na cabeça da
égua e levou ela a óbito? Qual a situação jurídica? Inadimplemento absoluto. Culposo ou
não culposo? Não culposo pois trata-se de um caso fortuito, onde não havia intenção de
matá-la. Como soluciona? Através da devolução de valores pagos (caso já tenha pago pelo
bem).

Exemplo 2: Vendi a égua pocotó e 1 dia antes estava chovendo forte mas ainda assim josé
quis passear com a égua. Durante o passeio caiu um raio na cabeça da égua e levou ela a
óbito. Qual a situação jurídica? Inadimplemento absoluto. Culposo ou não culposo?
Culposo, pois o sujeito agiu com negligência, assumindo o risco de morte da égua. Como
se resolve? Através da devolução de valores pagos acrescidos de perdas e danos.

Inadimplemento em Responsabilidade Objetiva: Art. 927 do C.C.

 Casos especificados em lei;


 Aplicação do risco da atividade.

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Exemplo: Zezinho de 13 anos joga pedra e amassa o capô do carro do vizinho. Quem é o
culpado? O Zezinho. Ele é imputável ou inimputável? Inimputável. Ele é capaz? Não ele é
incapaz. Quem se responsabiliza objetivamente pelo dano causado? O pai, pois Zezinho é
inimputável e incapaz, e seu pai é responsável pelos atos do filho. Como se resolve?
Através da devolução de valores pagos acrescido de perdas e danos.

6ª Aula - 03/04/2015

INADIMPLEMENTO NA OBRIGAÇÃO DE DAR: a obrigação de dar coisa certa pode ser


inadimplida em circunstância de mora ou inadimplemento absoluto tal qual ocorre em todos
os modais obrigacionais. Contudo é de se notar que a coisa certa guarda peculiaridade que
a distingue.

É evidente que a ausência de entrega ou restituição conforma inadimplemento. Contudo é


possível que a ausência de cumprimento tenha fundo objetivo, ou seja, é possível que o
objeto avençado esteja em situação que torna impossível o cumprimento da prestação. É o
que ocorre nos casos de perda e deterioração do objeto. A perda é circunstância em que o
objeto da prestação torna-se imprestável ao uso a que se destina. Por outro lado a
deterioração é situação em que muito embora a coisa não se torne imprestável resta
limitada em suas funcionalidades ou danificada sobre o ponto de vista estético.

CASUÍSTICA:

José vendeu a Antônio a égua pocotó. Na data da avença Antônio pagou R$ 25 mil pelo
animal. Ocorre que a entrega ficou marcada para 5 dias depois. Na data aprazada para a
entrega, José informou a Antônio que na noite anterior:

a) Um raio atingiu a égua e levou-a para outra dimensão;


R: Houve um inadimplemento absoluto não culposo por perda. A forma de solução é a
devolução de valores pagos, nos termos do Art. 235 do C.C.

b) Um raio atingiu a para direita dianteira da égua e fez com que sobreviesse limitação
motora permanente no membro do animal;
R: Houve um inadimplemento absoluto não culposo por deterioração. Nesta situação a Lei
dá ao credor 2 opções de solução: Resolver a obrigação por meio da devolução de valores
pagos ou Aceitar a coisa com abatimento no preço. Nesse caso, se houver a negação no
abatimento de valores por parte do credor, Antônio poderá ingressar com ação estimatória
(porque ela vai estimar quanto de abatimento deve ser dado) ou quanti minores (estima
quanto à menos deve ser pago).

c) Por descuido de José, a égua fora atropelada por um trator e morreu;


Resp: Houve um inadimplemento absoluto culposo, pois houve negligência de José. Que
gerou perda. Deve ser solucionado por meio da devolução de valores pagos acrescido de
perdas e danos. Com base no Art. 236 do C.C.

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d) Por descuido de José, o trator passou sobre a pata direita dianteira do animal, e limitou
permanentemente o movimento de referido membro.
Resp: Houve um inadimplemento absoluto culposo que se deu por deterioração devido
negligência de José. Nesse caso a Lei prevê 2 opções para solução: Resolver a obrigação
por meio da devolução de valores pagos acrescidos de perdas e danos ou Aceitar a coisa +
abatimento + perdas e danos.

OBSERVAÇÃO: sempre que houver culpa por parte do devedor, haverá perdas e danos.

Perda: Com culpa = Devolução de valores pagos + PD


(Art. 236 do C.C.)

Sem culpa = Devolução de valores pagos

Inadimplemento absoluto (Art: 235 do C.C)

Deterioração: Com culpa = Devolução de valores pagos +


PD ou aceitar a coisa deteriorada + abatimento + Perdas e danos.

Sem culpa = Devolução de valores pagos


ou aceitar a coisa deteriorada + abatimento.

A obrigação de dar coisa incerta é definida por gênero. Conforme a máxima Romana
"Genus Non Perit" (o Gênero nunca perece), ou seja, se o objeto avençado está
determinado pelo gênero é descabido que o devedor alegue inadimplemento não culposo.
Se houver descumprimento de sua parte a conseqüência será da resolução cumulada com
perdas e danos, compatível com o inadimplemento culposo da obrigação.

FICHAMENTO PARA ENTREGAR DIA 10/04/2015:

Fichar os Art. 497 à 501 do Novo Código de Processo Civil falam da sentença da prestação
de dar, fazer e não fazer.

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7ª Aula - 10/04/2015

DO INADIMPLEMENTOS DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER OU NÃO FAZER:

OBRIGAÇÃO DE FAZER:

 Não personalíssima: É quando diversas pessoas podem cumprir a obrigação; é


possível que o devedor esteja em circunstância de mora, ou seja, a possibilidade de
cumprimento tendo em vista que o credor ainda tenha interesse no produto. (Ler art.
249 do C.C.).

Diante do inadimplemento mora o credor pode solicitar:

1. a execução por terceiro;


2. a autotutela; (Observação: A urgência determinada no § único do artigo 249 do
C.C., é caracterizada por: a) FASE INICIAL DA VIOLAÇÃO; b) IMEDIATIDADE DE
REAÇÃO; c) RISCO DE DANO IRREPARÁVEL OU DE DIFÍCIL REPARAÇÃO.
3. a conversão em inadimplemento absoluto, devendo o devedor a devolução de
valores pagos mais perdas e danos.
4. Resultado prático equivalente (Art. 461 caput do C.P.C. ou no 497 e seguintes do
C.P.C./2015).
5. Aplicação de multa diária em nome da razão social do processo.

Ler art. 247 do C.C.: Atende aos 2 casos: Obrigação personalíssima e não personalíssima.

Ler o caput do 461 do novo C.P.C.

Só há vinculação jurídica se houver obrigação de fazer ou não fazer.

OBSERVAÇÃO: Não existe mora sem culpa. Todo mundo que está em mora tem culpa.
Sempre que houver mora haverá acréscimo de Perdas e Danos.

Diante do inadimplemento absoluto o credor pode solicitar:

1. Se for com culpa, solicitará devolução de valores pagos + perdas e danos;


2. Se for sem culpa, solicitará apenas a devolução de valores pagos.

 Personalíssima (Intuito Personae): É o inadimplemento onde só uma pessoa pode


cumprir. Se o inadimplemento for mora o credor pode solicitar:

1. Conversão em Inadimplemento Absoluto


2. Resultado Prático Equivalente
3. Multa diária
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Se o inadimplemento for absoluto o credor pode solicitar:

1. Se houver culpa: devolução de valores pagos + perdas e danos.


2. Se não houver culpa: Apenas devolução de valores pagos.

NÃO EXISTE MORA NA OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER. PORÉM ELA ASSUME A


OBRIGAÇÃO DE DESFAZER.

FIHAMENTO PARA 14/04/2015


Fazer um quadro com as obrigações de não fazer.

8ª Aula - 17/04/2015

CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES


6.1. Simples e Complexas:

As obrigações são simples conforme aja unitariedade de elementos constitutiva. A


pluralidade de elementos constitutivos gera complexidade obrigacional. Diante disso a
complexidade poderá ser:

A) Subjetiva ativa;
B) Subjetiva Passiva;
C) Subjetiva Mista;
D) Objetiva;
E) Integral.

6.2. Cumulativas, Alternativas e Facultativas:

Toda obrigação cumulativa é uma obrigação que tem complexidade objetiva (sempre tem
mais de um objeto). Também chamada de Conjuntiva (seus objetos são ligados pelo E).
Ex: Devo entregar a Lousa E a mesa. Se houve a entrega apenas da mesa, houve um
inadimplemento que pode ser mora ou absoluto e é parcial, pois foi entregue
Toda obrigação alternativa é uma obrigação que tem complexidade objetiva (Sempre tem 2
ou mais objetos). Também chamada de Disjuntiva (seu objetos são ligados pelo OU). Ex:
Quando um indivíduo promete um objeto OU outro.
Observação: Não cabe regra do meio termo na obrigação alternativa, porque não tem
meio termo, são gêneros diferentes. Não existe o que é melhor ou o que é pior, porque
depende da escolha do credor, que irá determinar o que é lhe é útil. Essa obrigação
também pode ser inadimplida.

PERECIMENTO DO OBJETO ALTERNATIVO:

A) Escolha do devedor: Se restar possibilidade de escolha, o devedor escolhe dentre os


que restarem. Chamada de teoria da redução do objeto, pois quando se tem opções de

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uma opção OU outra, pode-se optar por dar a outra opção. Havendo perecimento dos
objetos alternativos, restando apenas 1, aplica-se a teoria da concentração compulsória do
objeto prestacional.

B) Escolha do credor: Se houver perecimento de qualquer objeto não se aplica a teoria da


redução ou concentração compulsória. O credor sempre fará jus à escolha entre qualquer
dos objetos remanescentes ou o valor daquele que pereceu acrescido ou não de perdas e
danos conforme aja culpa do devedor.

OBRIGAÇÃO FACULTATIVA:
Está mais determinado só está na doutrina, mais diretamente pelo autor Teixeira de
Freitas. A faculdade deve estar expressa no contrato entre as partes. A faculdade ñ tem
nada haver com obrigação cumulativa e nem com obrigação alternativa, pois, o que é
facultado, não é uma obrigação, mas sim uma opção. Teoria da redução do objeto e a
concentração compulsória não se aplicam ao objeto facultativo, posto que é faculdade de
substituição e não alternativa da obrigação.

A regra do direito das obrigações é a fracionariedade.


Ex: Se João e Renato devem R$ 50.000,00 para José, José poderá cobrar só de um deles
os R$ 50.000,00???
Resp: Não. Pois o valor da dívida é dividido pelos 2 que devem. Sendo assim, José pode
cobrar R$ 25.000,00 de cada um.

EXCEÇÃO:
Se houver solidariedade. A solidariedade se dá quando a lei determina que ela é solidária
ou quando o contrato tem de forma expressa essa informação pactuada entre as partes. Se
no contrato de João e Renato estiver expresso que eles são codevedores solidários, ai sim
José poderá cobrar apenas de um deles.

Outra exceção é a indivisibilidade. Isso ocorre quando o bem é indivisível.


Ex: João e Renato devem uma égua para José. José pode exigir o cumprimento da entrega
da égua de qualquer um dos 2, pois o bem é indivisível juridicamente.

Observação importante: Se um empregado de uma fazenda deixa uma égua fugir e essa
égua era objeto de negócio entre outras partes. O proprietário tem responsabilidade
Objetiva.

A prova cai matéria até de hoje

FICHAMENTO
Obrigações indivisíveis e solidárias. Usar 2 doutrinas, uma delas pode ser da Maria Helena
Diniz ou Carlos Roberto Gonçalves e outra que o aluno quiser.

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9ª Aula - 31/04/2015

Correção da prova Intermediária:

21) D; 22) E; 23) B 24) E 25) D

CONTINUAÇÃO DA MATÉRIA ANTERIOR:

CASUÍSTICA: José e Antônio venderam a égua pocotó por R$ 200.000,00 a Cláudio.


Cláudio efetuou o pagamento regular pelo animal e na data aprazada foi à fazendo de José
e Antônio com um carreto que lhe custou R$ 10.000,00 para buscar a égua. Considere,
ainda, que Cláudio revendeu a égua por R$ 280.000,00, contou a todos os seus amigos
sobre a compra da égua e que com ela participaria de um torneio de equitação do qual a
égua foi campeã nos últimos 5 anos consecutivos cujo o prêmio para o 1º lugar é de R$
100.000,00. Pergunta-se:

a) Ao chegar na fazendo de José e Antônio, Cláudio foi informado por José que o animal
não seria entregue, pois Antônio não estava na fazenda. Assiste razão à José?
Resp: Não. Pois a venda foi feita tanto por Antônio como por José e por se tratar de um
bem indivisível, qualquer um dos credores poderiam efetuar a entrega da égua.

B) Depois da insistência de Cláudio, José revelou que Wilbol, funcionário da fazenda


responsável pela alimentação dos animais, ofertou comida estragada à égua pocotó que
veio a óbito.

B.1) Qual a situação que se apresenta?


Resp: Houve o inadimplemento absoluto em responsabilidade objetiva (art. 927, 933 § Ù e
932 III do C.C.). Ocorre que os credores tem a responsabilidade objetiva sobre a égua.
Desta forma, quando Wilbol alimentou a égua com comida estragada levando-a à óbito,
José e Antônio deverão arcar com a devolução dos valores pagos acrescidos de perdas e
danos.

B.2) Cláudio faz jus a algum direito?


Resp:Cláudio faz juz a devolução de valores pagos acrescido de perdas e danos

B.3) Há componente de Perdas e Danos?


Resp: Sim o carreto (dano emergente), a revenda (lucro cessante), o torneio (perda de uma
chance), amigos (danos morais).

B.4) Se no contrato de venda da égua contivesse cláusula de complexidade subjetiva


passiva solidária suas respostas acima seriam as mesma?
Resp: A devolução de valores pagas é fracionada, já as perdas e danos é solidária.

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Fazer um detalhamento com a fundamentação legal e jurisprudência impressa, ementa e o
resto é feito a mão. Autores: 2 que quiser.Para entregar na próxima aula.

10ª Aula - 08/05/2015

6.3 - OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS:


No direito obrigacional a regra é a divisibilidade, fracionariedade ou cindibilidade. Contudo
em algumas situações, opera-se a exceção da indivisibilidade. Circunstância em que o
objeto prestacional é indivisível e que gera obrigação indivisível também. A indivisibilidade
do objeto pode se dar nos mesmos casos em que os bens são indivisíveis:

a) Natureza da Coisa;
b) Vontade do Sujeito;
c) Determinação Legal.

Quando o objeto é indivisível a obrigação também o é. A principal conseqüência da


indivisibilidade é a possibilidade de exigência do todo pelo credor e a obrigatoriedade pelo
todo pelo devedor. Isso se dá por razão óbvia: Impossibilidade de Fracionamento do
Objeto.

6.4 - OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS E NÃO SOLIDÁRIAS:


A solidariedade é situação excepcional. É exceção à fracionariedade. Não pode ser
presumida. Ou é prevista em lei ou é determinada pela vontade das partes. Pode ser ativa,
passiva ou mista. Seja como for, forma um bloco subjetivo entre os sujeitos

Na solidariedade fracionada, se temos 3 credores e 3 devedores e a divida é de R$


300.000,00; cada credor tem direito a R$ 100.000,00. Porém nesse caso um credor não
poderá cobrar R$ 100.000,00 de apenas 1 devedor. Os R$ 100.000,00 de cada um deve
ser dividido pela quantidade de devedores, sendo assim, um credor só poderia cobrar R$
33.333.33 de um devedor.

Na solidariedade ativa, esses mesmo 3 credores tem direito aos mesmos R$ 300.000,00 e
3 devedores. Porém nesse caso, cada credor tem direito a receber R$ 300.000,00. Sendo
assim se qualquer um dos credores vierem a receber os R$ 300.000,00 a divida estará
quitada. Porém mesmo que cada credor tenha direito a R$ 300.000,00 ele terá que dividir
esse salvo pela quantidade de devedores, sendo assim só poderá cobrar R$ 100.000,00 de
cada devedor.

Na solidariedade passiva, o credor busca aquele que tem mais patrimônio para cobrar a
dívida. Porém o credor só poderá cobrar a parte que ele tem direito (R$ 100.000,00) de
cada devedor.

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Na solidariedade mista, qualquer credor pode cobrar TUDO de qualquer devedor. Sendo
assim de a dívida é R$ 300.000,00; o credor pode cobrar isso de qualquer
devedor,independente da quantidade de devedores.

Na solidariedade Fracionada a divida é fracionada tanto para o credor, quando para o


devedor;

Na solidariedade Ativa sempre quem é solidário são os cocredores;

Na solidariedade passiva sempre quem é solidário são os codevedores;

Na solidariedade mista qualquer um pode receber tudo e também qualquer um pode pagar
tudo.

Na solidariedade ativa, aquele que conseguir reaver todos os débitos dos codevedores, ele
deve dividir o valor entre todos os demais cocredores. Sendo assim o dinheiro não é só
dele.

CASUÍSTICA:

1) Em obrigação com complexidade subjetiva ativa solidária, um dos co-credores recebeu


todo o crédito. Subsiste solidariedade entre os demais para a cobrança?
Resp: A doutrina majoritária diz que não mantém solidariedade.

2) Em obrigação com complexidade subjetiva passiva solidária, um dos co-devedores


arcou com toda dívida. Mantém-se a solidariedade na regressiva contra os demais?
Resp: Art. 283 do C.C. diz que o devedor que satisfazer a divida por inteiro tem direito a
exigir de cada um dos co-devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a
insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os co-
devedores. Sendo assim não há solidariedade.

3) O que são exceções pessoais?


Resp: Dificuldades pessoais que estão presentes naquele momento na vida do devedor.

4) É lícito que um co-devedor solidário oponha a seu favor a exceção pessoal de outro?

Resp: Art. 281 O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem
pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro co-
devedor. Art. 302. O novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais que
competiam ao devedor primitivo.

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Responder essas 4 questões com apoio em 2 doutrinas, sendo uma delas a do Carlos
Roberto Gonçalves; Maria Helena Diniz ou Pablo Visconzo.

10ª Aula - 15/05/2015

Aqueles que estiverem fora do país a serviço da União, não sofrem prescrição.

Pode existir num bloco solidários exceção pessoal?


Sim. Art. 198 inciso II

Observação:
Exceção Pessoal Na Solidariedade Ativa: O julgamento favorável a um dos cocredores
solidários, aproveita os demais. No entanto se este julgamento estiver fundado em exceção
pessoal, não haverá proveito. Nos casos de aproveitamento aos demais, os efeitos serão
estendidos a todo o bloco solidário.

A exceção pessoal só pode ser usada por aquele que tem o benefício, do contrário se não
houver relação jurídica, não ocorre exceção pessoal, mas sim uma exceção geral (exclusão
de toda a dívida para todos). A exceção pessoal só pode ser arguida pelo titular, jamais
pelos demais cocredores ou codevedores. Ler Art. 281 do C.C.

6.5. Obrigações instantâneas, diferidas e Sucessivo ou periódica:


Por esta classificação podemos entender a cláusula "Rebus Sic Stantibus". Teoria da
Imprevisão. Teoria da onerosidade excessiva. Teoria de reobjetivação contratual. São
todas as mesma coisa. Ler Art. 317.

CASUÍSTICA:

José convencionou a compra de um automóvel. O vendedor ofertou-lhe 3 formas de


pagamento.
a) R$ 115.000,00 no ato da aquisição; (Execução Instantânea)
b) o mesmo valor da letra "a" 90 dias após a aquisição; (Execução Diferida)
c) O mesmo valor da letra "a" em 60 parcelas. (Execução de Trato Sucessivo ou
periódica).

Classifique as 3 possibilidades quanto ao tempo de execução.


Resposta detalhada abaixo:

 Instantânea: É aquela que se consuma em um único ato presente. À vista.


 Diferida: É aquele que se difere no tempo em uma única oportunidade futura. Ex:
Vou te pagar em 60 dias. Ou seja, não paga no ato, mas sim no futuro e de uma só
vez.

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 Trato sucessivo ou execução periódica: É aquela que se divide em diversas
oportunidades futuras. Ex: pagar em 36 parcelas, 50 parcelas.

ESTUDO DIRIGIDO:
Cite e explique os requisitos de aplicação da cláusula Rebus Sic Stantibus ou teoria da
imprevisão.
Fazer com apoio a 2 doutrinas: Maria Helena; Carlos Roberto; Pablo Stouzzi ou Fabio
Figueiredo e outra pode ser qualquer outra.

TEORIA DA IMPREVISÃO: Desde as institutas de Justiniano, tem-se a clara noção de que


nos contratos em que há trato sucessivo ou em que se depende de acontecimento futuro
incerto, dever-se-á traçar equanimização (equilíbrio) entre o momento de formação do
contrato e o momento de seu cumprimento. Muitos autores já se debruçaram sobre o tema.
No Código Civil/02, o Artigo 478 determina os requisitos de aplicação, a saber:

1. OBRIGAÇÃO OU CONTRATO DE EXECUÇÃO DIFERIDA OU CONTINUADA;


2. ONEROSIDADE EXCESSIVA SUPERVINIENTE;
3. MOTIVO IMPREVISÍVEL PARA ONEROSIDADE EXCESSIVA;
4. MOTIVO EXTRAORDINÁRIO PARA ONEROSIDADE;
5. EXTREMA VANTAGEM PARA OUTRA PARTE;

2º SEMESTRE

DA TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES


O caráter ambulatório das obrigações é que sustenta a possibilidade de alteração dos sujeitos obrigacionais
sem que haja perda na essência do vínculo obrigacional estabelecido. No Direito Civil três são os
fundamentais modelos de transmissão obrigacional.

1. Cessão de Crédito
2. Assunção de Dívida
3. Cessão de Posição Contratual

Destes três modelos, os dois primeiros estão afetos ao Direito das Obrigações e o terceiro ao Direito
Contratual.

 CESSÃO DE CRÉDITO

Trata-se de negócio jurídico, em regra, oneroso em que o credor primitivo – cedente – transfere sua
posição creditória contra o devedor – cedido – para um terceiro – cessionário.

Em geral aquele que adquire um crédito paga menos que o seu valor nominal, visando lucro, mas assumindo
o risco do negócio.

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 DOS NÍVEIS DE EFICÁCIA DA CESSÃO DA OBRIGAÇÃO

A eficácia da cessão de crédito segue um regramento próprio, diferente da eficácia dos negócios jurídicos em
geral.
 Eficácia está relacionada ao surtir efeitos da sessão de crédito.

Existem 4 níveis de eficácia da sessão de crédito:


I. Partes
Em regra, as partes de uma cessão de crédito são o cessionário e o cedido.
 O cedente em regra não é parte, pois cedeu seu direito creditório contra o cedido
ao cessionário.
Existe a necessidade de um acordo para que tenha efetividade entre as partes, isto é, um acordo
firmado entre o cedente e o cessionário, garantindo a estes o direito de crédito que a priori eram
daquele.
 O acordo pode ser tácito ou expresso.

II. Devedores
O cedido – devedor – não deve ao cessionário – terceiro que adquiriu o direito de crédito do
cedente.
 O cedido deve ao cedente.
No entanto, a partir do momento em que o cessionário cientificar – notificação
receptícia – o cedido de que é seu novo credor a cessão de crédito passará a ter
eficácia.
 O cessionário notifica o cedido.

III. Terceiros interessados


Existe a hipótese de um terceiro interessado no direito de crédito do cedente.
 Ex.: Cedente possui um crédito de 500k com o cedido, no entanto deve 250k para
um terceiro interessado.
O cedente apenas poderá transferir seu direito de crédito a um cessionário
respeitando dois requisitos.
1. Termo Público ou Privado, respeitando o artigo 654, CC.
2. Cedente não pode ser insolvente.

O credor primário, em animus de ceder seu crédito, não pode se encontrar em situação de insolvência e deve
formalizar um termo público ou privado nos moldes do artigo 654, CC.

IV. Erga Omnes


Para que a eficácia seja Erga Omnes é necessário o registro ou averbação, pois é impossível
cientificar o mundo inteiro.

 DA RESPONSABILIDADE DO CEDENTE

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Em regra, a cessão de crédito é Pro Soluto, ou seja, o cessionário assume o risco do inadimplemento ou da
insolvência do devedor.
 O cessionário não pode se voltar contra o cedente.
No entanto existem três exceções em que a cessão de crédito será Pro Solvendo – cessionário poderá se
voltar contra o cedente.
1. Inexistência do crédito cedido.
O crédito do cedente inexiste, como em um crime de duplicata mercantil, por exemplo.
 Nessa hipótese o cessionário poderá se voltar contra o cedente.
2. Má-fé.
No caso do direito de crédito do cedente se tratar de uma dívida prescrita, ou dívida onde o devedor
é insolvente e o cedente tem ciência dessa situação.
 Trata-se de responsabilidade Pro Solvendo, no entanto, é muito difícil de provar.

3. Avença entre cedente e cessionário.


Quando o cedente se compromete em anuir o cessionário em caso de insolvência ou
inadimplemento do cedido.
 Cabe direito posterior de manutenção de crédito.

 ASSUNÇÃO DE DÉBITO
É o negócio jurídico pelo qual um terceiro chamado assuntor – aquele que assume algo ou alguma coisa –
passa a figurar como devedor da obrigação.
 Um terceiro assume o débito.
Em regra, a assunção de dívida só ocorre com o consentimento expresso do credor.

Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor,
ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o
ignorava.
Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da dívida,
interpretando-se o seu silêncio como recusa.
 “com o consentimento expresso do credor” – mesmo na inércia do credor,
presumir-se-á que ele não aceitou o assuntor.
O consentimento, em regra, deve ser expresso, cabendo uma única exceção.
 Interpreta-se o silencia como recusa do credor.

Art. 303. O adquirente de imóvel hipotecado pode tomar a seu cargo o pagamento do crédito garantido; se o
credor, notificado, não impugnar em trinta dias a transferência do débito, entender-se-á dado o
assentimento.

 Hipótese em que um terceiro se interessa por um imóvel hipotecado, por


exemplo. O interessado deverá pagar o proporcional ao proprietário do imóvel e
assumir sua dívida perante o sujeito de que possui o direito de crédito, ou seja, o
interessado deverá assumir a dívida.
Não caberá ao sujeito de direito do crédito negar seu novo devedor – aquele que
comprou o imóvel hipotecado.

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DA EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
Há duas formas genéricas de extinção das obrigações:

1. Meio Direto – adimplir conforme convencionado, isto é, o pagamento.


2. Meios Indiretos – podem ser:
a. Consignação em pagamento.
b. Sub-rogação.
c. Imputação de Pagamento.
d. Dação em pagamento.
e. Compensação.
f. Confusão.
g. Remissão.
h. Novação.

 Da Satisfatividade da Extinção

A extinção de uma obrigação pode ser satisfativa ou não satisfativa.

Será satisfativa nos casos em que no exato momento da extinção o credor restar satisfeito. Por outro lado, se
no momento da extinção o credor não estiver satisfeito ter-se-á extinção não satisfativa.
 Não satisfativa expressa que não foi adimplido a obrigação total, segundo
interpretação contratual do credor, isto é, há uma divergência na
interpretação contratual entre as partes.

Art. 334. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial ou em estabelecimento


bancário da coisa devida, nos casos e forma legais.
 “Considera-se pagamento (...)” – depósito judicial não é pagamento, mas
é considerado como tal.
 O depósito será feito judicialmente, pois há divergência na interpretação
do contrato entre credor e devedor.
 “Extingue a obrigação (...)” – o depósito extingue a dívida, porém não
significa que o credor estará satisfeito.

Em regra, a extinção da obrigação deve ser satisfativa, no entanto, é possível que ela se extinga de maneira
não satisfativa.

DAS GARANTIAS NA ASSUNÇÃO DE DÍVIDA


Sempre que houver uma situação de assunção de dívida, haverá a situação em que um terceiro – assuntor –
ingressará na relação obrigacional já estabelecida, tornando-se o novo devedor da obrigação.

O devedor deve prestar garantias ao credo;


 Garantias são patrimônios do devedor.

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Há varias formas de garantias, que se distinguem em dois grandes grupos. As Garantias Cíveis podem ser:
 Fidejussórias – prestadas por pessoas, e não por bens. Assim sendo, em caso de descumprimento
de determinada obrigação, a satisfação do débito será garantida por uma terceira pessoa, que não o
devedor.
 Podem surgir de diversas maneiras, por ex. aval, fiança etc.

 Reais – garantem o cumprimento de determinada obrigação por meio de um bem, seja ele móvel ou
imóvel.
 Só podem assumir quatro formas de garantia: hipoteca, anticrese,
fiduciária, penhor.

Art. 300. Salvo assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas, a partir da assunção da
dívida, as garantias especiais por ele originariamente dadas ao credor.
 Salvo consentimento expresso do devedor primitivo, suas garantias serão
extintas após cessão ao assuntor.
 No entanto, a doutrina diverge no que são ‘’garantias especiais’’.
O enunciado 352, IV Jornada de Direito Civil esclarece a questão do art.
300, CC.

Enunciado 352, IV Jornada de Direito Civil – Art. 300: Salvo expressa concordância dos terceiros, as
garantias por eles prestadas se extinguem com a assunção da dívida; já as garantias prestadas pelo
devedor primitivo somente serão mantidas se este concordar com a assunção.

A assunção de dívida pode ser considerada:


 Por Delegação – mediante acordo entre terceiro assuntor e o devedor primitivo.
 O devedor primitivo concorda coma assunção de dívida.
 Por Expromissão – contrato entre terceiro e o credor, independentemente do animus do devedor
primitivo.
 Na forma expromissória não haveria que se falar em consentimento do
credor, uma vez que é este quem celebra o negócio com o terceiro que
vai assumir a posição do primitivo devedor.
 O credor expulsa o devedor primitivo.

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As garantias prestadas por terceiro só se mantém se ratificadas. As prestadas pelo devedor primitivo se
mantêm apenas na hipótese de assunção por delegação.
O credor ao convencionar com o assuntor exclui o dever do devedor primitivo de manter suas garantias
prestadas.

QUESTÃO: explique as garantias da assunção de dívida.

QUEM DEVE PAGAR?


Em regra, o pagamento deve ser feito pelo devedor, terceiro interessado ou terceiro não interessado.

o Sujeito ativo do pagamento – devedor ou terceiros.


o Sujeito passivo do pagamento – credor.

O devedor não pode protestar contra o pagamento de terceiro.

Dos Sujeitos Ativos do Pagamento

São aqueles que devem efetuar o adimplemento ao sujeito passivo do pagamento.

I. Devedor ou seu representante.


II. Terceiro
a. Terceiro Interessado Juridicamente.
a. Irá se sub-rogar na condição de credor e poderá demandar do devedor principal,
sobretudo sobre todas as condições e privilégios.
b. Ex.: Fiador – possui um interesse jurídico qualificado em ver a obrigação
adimplida, logo poderá pagar, extinguindo a obrigação.

Art. 349. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do
primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores.

b. Terceiro não Interessado – não pode ser qualquer terceiro não interessado, mas aquele que
possui interesse moral ou economicamente simples.
 Haverá o direito de exigir do devedor o reembolso, no entanto, não terá todos os
direitos e proteções que o devedor principal gozava, Isto é, não irá sub-rogar.
Se provado que o devedor principal tinha como impedir o pagamento, porém o
terceiro pagou sobre protesto – contra a vontade do devedor originário – isso irá
retirar do terceiro não terá direito ao reembolso.
c. Ex.: Pai que paga a dívida do Filho.

OBSERVAÇÃO: O terceiro não interessado poderá se sub-rogar quando:

Art. 347. A sub-rogação é convencional:


I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos;

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II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida, sob a condição
expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito.

Art. 348. Na hipótese do inciso I do artigo antecedente, vigorará o disposto quanto à cessão do crédito.

A QUEM SE DEVE PAGAR?


A obrigação deve ser paga ao credor ou a quem o represente – ex.: mandatário ou oficial de justiça com
mandato.

OBSERVAÇÃO: o pagamento ao incapaz será ilícito, no entanto, será licito se provado que o pagamento foi
revertido em benefício do incapaz.

Quem deverá pagar? Em regra, devedor ou terceiro interessado – sub-rogação – ou terceiro não interessado
– em regra, não sub-rogação, no entant,o poderá sub-rogar de maneira convencionada.

O pagamento a terceiro – que não seja parte – só terá efeito se o credor ratificar o ato posteriormente ou
ficar provado que o credor tirou proveito do valor que foi pago ao terceiro.
 No entanto, não pode ser a qualquer terceiro, mas um credor aparente ou
putativo, ou seja, deve haver uma motivação mínima que enseja o pagamento
errado feito ao terceiro quando o pagamento era para ser feito ao credor principal.

Em regra, quem paga mal pagará duas vezes, excepcionalmente nas hipóteses de credor putativo ou ao
incapaz – desde que o devedor pague de boa-fé.
I. Credor Putativo.
O verdadeiro credor terá de correr atrás do credor putativo para exigir seu direito, pois, nessa
hipótese, o devedor estará exonerado da obrigação.
Art. 309. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado depois que não era credor.

II. Incapaz.
O pagamento efetuado ao incapaz será nulo/inválido. Excepcionalmente, será valido se provado que
o valor foi revertido em proveito do incapaz.

Art. 310. Não vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se o devedor não provar que
em benefício dele efetivamente reverteu.

a. O pagamento feito ao relativamente incapaz deverá ser ratificado, caso contrário,


será anulável – excepcionalmente poderá ser provado o beneficio revertido ao
incapaz.
b. O pagamento feito ao absolutamente incapaz nascerá nulo de pleno direito, no
entanto, vale salientar o art. 170, CC.

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Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a
que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade.
 Conversão do negócio jurídico, ou seja, possibilidade de aproveitamento dos atos
negociais nulos.
 Conversão do negócio jurídico nulo em outro negócio jurídico válido.

Tal qual dispõe o Código Civil, a lei adota como regra a legitimidade do credor para receber o pagamento. No
entanto, é possível que até que surja o momento do pagamento ou que se opere o termo final da obrigação
– vencimento – haja substituição do credor quer em razão de cessão, quer em razão de morte deste ou até
mesmo porque o credor outorgou poderes a outrem para receber.
Nessas situações, o devedor só realizará pagamento eficaz se os substitutos apresentarem o título que
ensejou a substituição.
 Ex.: Instrumento da cessão, formal de partilha, mandato, etc.
Do contrário, a eficácia só se iniciará após a ratificação posterior do credor ou provada tanto quanto reverter
em seu proveito.

Art. 308. O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena de só valer
depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em seu proveito.

Art. 311. Considera-se autorizado a receber o pagamento o portador da quitação, salvo se as circunstâncias
contrariarem a presunção daí resultante.
 Quitação é o comprovante do adimplemento – vulgarmente conhecido por recibo.
 O sujeito que tiver a quitação presume-se credor, exceto se a circunstância do
caso concreto provar o contrário – deve ser analisada a circunstância de caso a
caso.
 Ex.: credor tem sua mala assaltada e com ela sua quitação de um débito com o
devedor.
O credor notifica o devedor sobre o assalto da quitação e avisa para não pagar,
quem quer que seja independentemente da apresentação da quitação.
Se o devedor pagar ao assaltante que apresente a quitação, não haverá
desoneração do débito, pois foi avisado.
No entanto, na hipótese em que o credor não notifica o devedor do roubo, se o
devedor pagar ao sujeito que apresente a quitação, o ato o desoneraria.

Art. 312. Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da penhora feita sobre o crédito, ou da
impugnação a ele oposta por terceiros, o pagamento não valerá contra estes, que poderão constranger o
devedor a pagar de novo, ficando-lhe ressalvado o regresso contra o credor.
 O devedor que adimplir o credor após este ser intimado da penhora de crédito
não valerá aos terceiros, ou seja, o devedor pagou mal, logo deverá pagar
novamente ao terceiro – sujeito que penhorou – ficando resguardado seu direito
de regresso contra o credor originário que teve o crédito penhorado.

Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.

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 O credor poderá aceitar coisa diversa, no entanto não será considerado
pagamento, mas meio indireto de extinção da obrigação.

LOCAL DO PAGAMENTO

Em regra é o domicilio do devedor, no entanto poderá ser afastados se as partes convencionarem, se a lei ou
as circunstâncias da situação alterarem a regra geral.

Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes convencionarem


diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias.
Parágrafo único. Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher entre eles.

Em regra as dívidas são:

I. Quesíveis.
O pagamento deve ser efetuado no domicílio do devedor, sendo o credor responsável por procurar o
devedor.
II. Portável.
Ocorrerá quando o devedor precisar procurar o credor para adimplir a obrigação, isto é, aquele
deverá se dirigir ao domicilio deste.
 Ex.: cobranças escolares e condominiais.

Em regra, o credor deve agir, ou seja, atividade creditória. No entanto, excepcionalmente ocorre a atividade
debitaria.

QUANDO SE DEVE PAGAR?


Em regra, no momento em que a obrigação foi aprazada.

Art. 331. Salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época para o pagamento, pode o
credor exigi-lo imediatamente.

Excepcionalmente caberá o dispositivo do art. 333, CC.

Art. 333. Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo estipulado no contrato ou
marcado neste Código:
I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores;
II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro credor;
III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou reais, e o devedor,
intimado, se negar a reforçá-las.
Parágrafo único. Nos casos deste artigo, se houver, no débito, solidariedade passiva, não se reputará vencido
quanto aos outros devedores solventes.

 O credor poderá cobrar antecipadamente – antes do momento em que a obrigação foi aprazada –
nas hipóteses do art. 333, CC, ou seja, sempre que as garantias do devedor se tornarem duvidosas.

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Imputação do Pagamento
A imputação ao pagamento ocorre no caso em que o devedor contrai várias dívidas, de mesma natureza,
com o mesmo polo passivo na obrigação, e dispõe de quantia inferior para adimpli-las.

Existem três critérios para a imputação do pagamento, no entanto, são critério que seguem a regra
sucessiva e excludente.
 Deve seguir a sequência dos critérios, além de, na
impossibilidade de continuar um critério, passará para o próximo.

I. Fase Subjetiva
As pessoas do processo são responsáveis pela imputação do pagamento – elemento subjetivo
das obrigações.
 Imputação feita pelos elementos subjetivos das obrigações,
respeitando a sucessividade dos critérios.
a. Passivo
Em regra, o devedor – elemento sujeito passivo das obrigações – deve imputar o
pagamento no momento em que é feito. Não imputando, preclui o direito.
O devedor poderá imputar o pagamento no valor que quiser – capital ou juros -, ou seja,
terá total liberdade.
 Na omissão da imputação será suprimido o direito de imputar do
devedor – supressio – e ascenderá um direito ao credor –
surrectio.
 Se o credor não aceitar um valor parcial do todo da obrigação,
deverá o devedor pagas em consignação devido à mora do
credor – mora accipiens.

b. Ativo
Na omissão da imputação por parte do devedor, caberá ao credor fazê-lo - surrectio.
 O devedor não poderá opor-se à imputação feita pelo credor, ou
seja, o devedor deverá consentir à imputação.

c. Misto ou Convencional
Na omissão, também, do credor, caberá um acordo entre as partes.
 Havendo o acordo, será imputado o pagamento.
Não havendo acordo, acabarão as previsões de imputação pelas
partes da obrigação, restando à intervenção judicial.
II. Fase Objetiva ou Legal
Não há envolvimento dos sujeitos da obrigação, logo, haverá intervenção judicial.
 Será legítimo às partes convencionarem durante a fase
objetiva/legal, no entanto, não se caracteriza como imputação
subjetiva, pois a convenção no trâmite do processo configura-se
no dispositivo de transação.
a. Juros Vencidos
Primeiramente, o pagamento feito ao devedor pelo credor imputará nos juros vencidos.

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Não havendo juros vencidos ou restando valor após o pagamento de todos os juros
vencidos, passará a próxima fase.

b. Dívida Vencida há mais Tempo


Não havendo juros vencidos ou restando valor após o pagamento de todos os juros
vencidos, o valor recairá sobre as dívidas vencidas a mais tempo.
 Não se trata da dívida mais antiga, pois é possível que uma dívida
de três anos atrás não tenha vencido, no entanto a dívida de 3
meses já esteja vencida.

c. Divida mais Onerosa


Restando valor sobre o pagamento ou todas as dívidas vencidas ao mesmo tempo, o
adimplemento parcial recairá sobre a dívida mais onerosa.
o Por dívida mais onerosa entende-se aquela que possui o maior índice
de correção monetária.
 Ex.: dívida de juros 1% a.m é menos onerosa à divida de 1.5%
a.m.
Existe um entendimento jurisprudencial, no entanto, de que nem
sempre o maior índice de correção será a dívida mais onerosa, pois
quando o valor da dívida for discrepante, mesmo tendo um índice de
correção menor, será ela considerada a mais onerosa.
 Ex.: Dívida de R$ 50 milhões com juros de 0,5% a.m em relação a
uma dívida de R$ 50 mil reais com juros de 1% a.m.
III. Jurisprudencial
Será apenas usado se todos os critérios anteriores não foram suficientes, isto é, deve haver
omissão das partes e não pode ter acordo; as dívidas devem vencer no mesmo momento, além
de serem onerosas na mesma proporção.
a. Proporcional
Será pago a quantia proporcional ao todo pago de acordo com as dívidas que o devedor
tem com o credor – será rateado.

A imputação é um meio indireto de pagamento satisfativo, ainda que não sejam todas as dívidas extintas
ou que tenha inadimplemento absoluto parcial de uma delas.
 O credor restará satisfeito naquilo que lhe foi pago.
 O residual continuará na execução da obrigação.

DAÇÃO EM PAGAMENTO
A dação em pagamento consiste em um meio indireto de extinção obrigacional e tem como principais
características:

a. Natureza Contratual
Natureza contratual de espécie de alienação.
b. Impossibilidade de dação de todos os bens do devedor.
 Devedor não pode dar todos os seus bens em pagamento.

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c. Anulabilidade da dação em favor de herdeiros necessários – descendentes, ascendentes e cônjuge
supérstite – art. 1845, CC.
Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge.

 Se agredir a legítima de algum herdeiro a dação será anulável.


d. Aplicação das regras da cessão aos casos de dação em pagamento feito com título de crédito.
 No caso da avença ser dação de um titula de crédito, aplicarão as normas
referentes a esse dispositivo, no entanto, os dispositivos não se
confundem.
e. Jus Disponendi por parte do devedor do objeto que se pretende dar em pagamento.
 O objeto a dispor deve ser disponível.
f. Satisfatividade no ato da dação.
 Só ocorre Dação em pagamento com a satisfatividade do credor.

 Modalidades da Dação em Pagamento.


I. Rem pro Rés.
O objeto avençado é substituído por coisa.
 Pode ser qualquer coisa, independentemente de valor inferior ou
superior, dependendo apenas do consentimento do credor.
II. Rem pro Pecúnia.
O objeto avençado é substituído por dinheiro.

III. Rem pro Facto.


O objeto avençado é substituído por um fato.
 Pode ser, por exemplo, uma obrigação de fazer.

 Dação em Pagamento, em Função do Cumprimento e Novação Objetiva.

Os três institutos são parecidos, no entanto não se confundem.

Para diferencia-los, vale identificar a intenção e o resultado de cada instituto.


 A diferença entre eles é, basicamente, a intenção e o resultado.

Art. 112, CC. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao
sentido literal da linguagem.
 O Código Civil deixa explícito que mais vale a intenção nas declarações de
vontade em relação ao sentido literal da linguagem.

I. Dação em pagamento tem a intenção de solver a obrigação, desde os primórdios no Direito Romano.
“In datio in solutum accipiens solvere aliud silio”: Credor solve a obrigação de uma coisa por outra –
hoje sabemos que o devedor é quem solve a obrigação, não o accipiens/credor.
O devedor possui o animus de solver a obrigação, logo, seu ato terá característica/resultado pro
soluto.

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 Pro Soluto entende-se satisfativo, ou seja, não caberá regresso ou
discussão.
II. Novação Objetiva tem a intenção de novar, ou seja, não tem a intenção de solver a obrigação de
imediato como ocorre na dação em pagamento.
Por esse motivo, o resultado de uma novação objetiva não será pro soluto, como ocorre na dação em
pagamento, mas pro solvendo, pois a obrigação não estará cumprida – foi criada uma nova
obrigação em decorrência da anterior.
III. Dação em função do cumprimento é um dispositivo que, assim como as obrigações facultativas, não
possui previsão legal no Código Civil de 2002.
Trata-se de um dispositivo solvendi, ou seja, tem a intenção de solver a obrigação de imediato, no
entanto tem resultado pro solvendo, pois, por exemplo, remanesce a obrigação até o momento que
possa ser executado o cumprimento da obrigação.
 Ex.: Título de crédito com vencimento futuro.

DEP – possui Nov. Objetiva – DEFC- art. 840,


previsão legal no possui previsão Código Civil
CC/2002. legal no CC/2002. Português.

Intenção Solvendi Novandi Solvendi

Resultado Pro Soluto, pois Pro Solvendo, pois Pro Solvendo, ex.:
não cabe discussão. não está cumprida. título de crédito.

 Requisitos da Dação em Pagamento.

1. A existência de uma dívida.


2. O acordo de vontade entre as partes.
3. A satisfatividade do credor por objeto diverso daquele que lhe era devido.

 Da Natureza Contratual e as Garantias

A dação em pagamento possui natureza contratual de espécie de alienação.

Os contratos de alienação, por sua vez, possuem duas espécies de garantias:

I. Quanto à causa.
A causa do contrato pode ter um vício redibitório.

II. Quanto ao direito transmitido.


O direito transmitido pode ter uma evicção.
 VÍCIO REDIBITÓRIO
O vício redibitório garante o direito de rejeitar a coisa – art. 441, CC.
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos
ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.
 Nas relações cíveis só podem ser alegados os vícios/defeitos ocultos,
deferentemente do CDC.

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 Vicio e defeito são sinônimos para o Código Civil, diferentemente do CDC.

Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias
se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo
conta-se da alienação, reduzido à metade.
§ 1o Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento
em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de
um ano, para os imóveis.
 Quando o vício por de difícil especulação – oculto – contar-se-á o prazo
decadencial no momento em que o sujeito reconhece o vício, ou seja, no
momento de evidência do vício.

 EVICÇÃO

Não há defeito na coisa, mas no direito transmitido ao credor.


 Ex.: Ato expropriatório, hipoteca etc.

Na evicção o direito transmitido ao credor está contaminado, não a própria coisa prestada.

Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a obrigação primitiva,
ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros.

DA COMPENSAÇÃO
Sempre que dois sujeitos estiverem em situação debitória ou creditória recíproca, ter-se-á, a priori, a
possibilidade de compensação.

A compensação como meio indireto de extinção de pagamento das obrigações admite três espécies:

I. Compensação Legal
II. Compensação Convencional
III. Compensação Judicial

 DA COMPENSAÇÃO LEGAL

Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações
extinguem-se, até onde se compensarem.

É aquela que ocorre por força da lei, mesmo que uma das partes se oponha, sempre que as dívidas forem
líquidas – valor certo –, vencidas e homogêneas – mesma espécie e qualidade.

Art. 369. A compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas fungíveis.

Para que ocorra compensação legal são necessários três requisitos:

1. Reciprocidade de débitos

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A e B devem ser credores e devedores recíprocos.
 Impossível que haja compensação em uma obrigação única, logo
a Lei exige pluralidade de obrigações.
2. Fungibilidade dos objetos prestacionais
Os objetos prestacionais devem ser fungíveis entre si, isto é, devem ter a mesma espécie e qualidade
entre si.
 Ex.: haverá compensação quando houver reciprocidade de
débitos em obrigações cujo objeto prestacional seja de um seja
Café do tipo A e de outro Café do tipo A; diferentemente, se um
dos débitos fosse Café do tipo B – nesse caso são fungíveis, mas
não entre si.

Art. 370. Embora sejam do mesmo gênero as coisas fungíveis, objeto das duas prestações, não se
compensarão, verificando-se que diferem na qualidade, quando especificada no contrato.

3. Exigibilidade de prestações
Ambas devem ser exigíveis – vencidas.
 É necessário que as dívidas estejam vencidas, pois somente assim
as prestações podem ser exigidas.
 Obs.: Dívidas a termo não são exigíveis.

 Da Compensação do Fiador
Fiança é um contrato em espécie e típico no Código Civil.
Na fiança existe uma avença em que o fiador garante o crédito do afiançado.
 O fiador não é devedor principal, mas um devedor subsidiário.

Em regra, o fiador deverá se responsabilizar apenas quando o afiançado for insolvente, é o direito de
ordem do fiador.
 Na prática, no entanto, para que o credor possa ceder o crédito
ao devedor, ele exige um fiador que renuncie ao direito de
ordem, fazendo com que o próprio fiador responda
solidariamente ao débito do afiançado.
Na prática o credor poderá cobrar solidariamente tanto o devedor principal como o fiador, pois ele
exige que o fiador renuncie ao direito de ordem.
 Quando ocorrer tal hipótese, o fiador responderá
solidariamente, não mais subsidiariamente.

Art. 371. O devedor somente pode compensar com o credor o que este lhe dever; mas o fiador pode
compensar sua dívida com a de seu credor ao afiançado.
o O fiador poderá usar seus créditos que tem contra o afiançado para compensar a dívida com
o credor – irá se sub-rogar nos direito do credor satisfeito.
 O fiador, por ser terceiro interessado, poderá compensar ao
credor a divida do afiançado, se com ele (afiançado) tiver crédito,
de modo que ficará sub-rogado nos direito do credor e podendo
cobrar do devedor (afiançado) aquilo que ele pagou.

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Art. 376. Obrigando-se por terceiro uma pessoa, não pode compensar essa dívida com a que o credor dele
lhe dever.
o Se o fiador tiver um crédito seu contra o credor de seu afiançado, não poderá utilizar esse
crédito como compensação.
 “Obrigando-se por terceiro uma pessoa (...)”: Fiador.
 Não poderá compensar, pois o fiador responde em nome do
afiançado, não em nome próprio.

 Do Prazo de Favor
É bastante comum que em uma negociação obrigacional as partes ofertem prazo de favor
o Um dos credores, em reciprocidade de débito, estende o prazo de ser devedor recíproco –
de modo convencional.
Perceptível que se fora estendido o prazo não haverá exigibilidade, pois a dívida só poderá ser
compensada quando vencida, no entanto, o art. 372, CC deixa claro que o prazo em favor não obsta
a compensação.

Art. 372. Os prazos de favor, embora consagrados pelo uso geral, não obstam a compensação.
 O beneficiado do prazo não poderá alegar inexigibilidade para
obstar a compensação.
 Os prazos de favor obstam a execução, no entanto não obstam a
compensação.

O prazo de favor é ineficaz em relação à inexigibilidade de compensação, pois o contrário poderia


ser uma proteção ao sujeito que age de má-fé – tu quote.

 DA COMPENSAÇÃO CONVENCIONAL

Trata-se de compensação firmada por acordo entre as partes. Nesta modalidade de compensação o
único requisito é o acordo. Assim, muito embora não haja fungibilidade do objeto ou exigibilidade,
por exemplo, a compensação poderá ser arguida.
A compensação convencional poderá ocorrer sempre que houver uma avença entra as partes.
Evidentemente, diante do fato de ser um negócio jurídico, trata-se de ato sujeito a existência,
validade e eficácia dos negócios.
Ainda que não haja exigibilidade das obrigações recíprocas ou fungibilidade dos objetos
prestacionais, poderá ser feita a compensação convencional mediante acordo/avença entre as
partes.

 DA COMPENSAÇÃO JUDICIAL

É a compensação legal arguida em determinado juízo. O Professor Renan Lotufo explica que esta é a
compensação reconvencional, tendo em vista que, em regra, se dá em série de reconvenção.
 Também pode ser arguida pelo juiz por questões de economia
processual.

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 DAS DÍVIDAS NÃO COMPENSÁVEIS

1. Crédito proveniente de ilícito.


2. Obrigações com cláusula de renúncia À compensação firmada pelo devedor.
3. Obrigações Trabalhistas.
4. Obrigações alimentares.
5. Obrigações provenientes de comodato.
6. Obrigações provenientes de depósito – contrato de depósito, no entanto, será compensável sempre
que a outra obrigação também for proveniente de depósito.
7. Obrigações Tributárias – o art. 374, CC foi revogado por Medida Provisória, pois há matéria
específica, que não o Código Civil, que trata sobre o dispositivo de compensação em relações
tributárias.
8. Créditos Públicos – referidos créditos serão compensáveis por motivo de conveniência e
oportunidade da Administração Pública, no entanto, jamais a compensação nessa hipótese será
regida pelo Código Civil.

A compensação é um meio indireto de extinção das obrigações, no entanto não satisfativo, pois não
se extingue por meio de pagamento.

DA CONFUSÃO
Dentre os meios indiretos de extinção das obrigações, está o instituto da confusão. Trata-se de situação
muito especial em que, as figuras de credor e devedor confundem-se em uma mesma pessoa. A confusão
gera, pois, a extinção da obrigação, quer ocorra por ato intervivos, quer ocorra por circunstância mortis
causa.

É uma situação que gera extinção não satisfativa da obrigação.

Art. 381. Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam as qualidades de credor e devedor.

A confusão não acarreta a extinção da dívida agindo sobre a obrigação e sim sobre o sujeito ativo e passivo,
na impossibilidade do exercício simultâneo da ação creditória e da prestação, pois ninguém pode ser
obrigado a si próprio.

A confusão pode ser parcial ou total, como dispõe o art. 382 do Código Civil:

Art. 382. A confusão pode verificar-se a respeito de toda a dívida, ou só de parte dela.

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Na confusão parcial, o credor não recebe a totalidade da dívida, por não ser o único herdeiro do devedor. Os
sucessores do credor são dois filhos e o valor da quota recebida pelo descendente devedor é menor que sua
dívida, subsistindo o resto da dívida. O efeito é semelhante da compensação, quando as duas prestações
extinguem-se até onde se compensarem.

Na confusão total as prestações se extinguem totalmente, é o caso do devedor ser filho único, sendo ele
devedor do pai e único herdeiro. A prestação extingue-se totalmente.

Art. 383. A confusão operada na pessoa do credor ou devedor solidário só extingue a obrigação até a concorrência da
respectiva parte no crédito, ou na dívida, subsistindo quanto ao mais a solidariedade.

Em se tratando de obrigação solidária passiva, e na pessoa de um só dos devedores reunirem-se as qualidade


de credor e devedor, a confusão opera somente até à concorrência da quota deste. Se ativa a solidariedade,
a confusão será também parcial ou imprópria (em contraposição à confusão própria, abrangente da
totalidade do crédito), permanecendo, quanto aos demais, solidariedade. Nestes casos, a confusão não afeta
a obrigação e sim somente exime o devedor, continuando a obrigação para os codevedores.

*Quando o fiador e credor se confundem na mesma pessoa, extingue a fiança, sendo que a confusão
imprópria, extingue a obrigação acessória, entretanto, a obrigação principal continua valendo para o
devedor.

Ex: O filho do credor é fiador do devedor. No caso da morte do pai (credor), o filho será herdeiro (credor) e
fiador. Neste caso a obrigação extingue-se, não tendo como ser fiador e credor ao mesmo tempo.

Art. 384. Cessando a confusão, para logo se restabelece, com todos os seus acessórios, a obrigação anterior.

São situações que podem ocorrer, por exemplo, no caso de abertura da sucessão provisória em razão da
declaração de ausência e posterior aparecimento do presumidamente morto, no caso de renúncia da
herança ou ainda em caso de anulação de testamento já cumprido. Nestas hipóteses, não se pode falar que a
confusão efetivamente extinguiu a obrigação, mas que somente a neutralizou ou paralisou, até ser
restabelecida por novo fato.

DA REMISSÃO
Remição= Pagamento ou resgate (meio direto de extinção obrigacional).

Remissão= Perdão da obrigação (meio indireto de extinção obrigacional).

A remissão é o perdão da dívida, situações em que o sujeito ativo da relação obrigacional abre mão do seu
poder. A Remissão não pode ser dada se o devedor não concordar. Trata-se de negócio jurídico, sendo que, a
remissão não pode ocorrer em prejuízo de ninguém, caso de crédito penhorado.

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Art. 385. A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a obrigação, mas sem prejuízo de terceiro.

Todos os créditos, seja qual for a sua natureza, são suscetíveis de remissão, desde que só visem o interesse
privado do credor e a remissão não contrarie o interesse público ou o de terceiro.

A remissão é espécie do gênero renúncia, sendo que a renúncia é unilateral, enquanto a remissão é de
caráter convencional, dependendo de aceitação.

Remissão total, quando a dívida é totalmente perdoada, e na parcial, quando a dívida é parcialmente
perdoada, visto que, o credor não é obrigado a receber parcialmente a dívida, contudo, pode perdoá-la
parcialmente.

Remissão expressa, de forma contratual ou não, quando firmada por escrito, público ou particular,
declarando o credor que não deseja receber a dívida.

Art. 386. A devolução voluntária do título da obrigação, quando por escrito particular, prova desoneração do devedor e
seus co-obrigados, se o credor for capaz de alienar, e o devedor capaz de adquirir.

Art. 387. A restituição voluntária do objeto empenhado prova a renúncia do credor à garantia real, não a extinção da
dívida.

A presunção, de qualquer modo, não é absoluta, pois pode emanar do erro, por exemplo. Neste caso, é o
credor que deve provar que sua intenção não foi de remitir.

Remissão tácita, decorre do comportamento do credor, incompatível com sua qualidade de credor traduzir,
inequivocamente, com intenção liberatória, quando, por exemplo, se contenta com quantia inferior à
totalidade do seu crédito, ou quando destrói o título na presença do devedor, ou quando faz chegar a ele a
ciência dessa destruição. Não se deduz remissão tácita da tolerância do credor ou por mera inércia, salvo nos
casos, excepcionais, de aplicação da supressio, como decorrência da boa-fé. Os artigos 386 e 387 trazem
situações de remissão tácita.

SUPRESSIO- refere-se ao fenômeno da supressão (extinção) de determinadas relações jurídicas pelo decurso
do tempo.

Remissão presumida, quando deriva de expressa previsão legal, nos casos dos arts. 386 e 387. Pela lei ela é
presumida em dois casos:

l) Pela entrega voluntária do título da obrigação por escrito particular (Art. 386)

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Tendo que ser entregue pelo credor ou por quem te represente, e não por terceiros.

Art. 386. A devolução voluntária do título da obrigação, quando por escrito particular, prova desoneração do devedor e
seus co-obrigados, se o credor for capaz de alienar, e o devedor capaz de adquirir.

ll) Pela entrega do objeto empenhado (art. 387)

Art. 387. A restituição voluntária do objeto empenhado prova a renúncia do credor à garantia real, não a extinção da
dívida.

Ex: Se o credor devolve ao devedor, o trator dado em penhor, entende-se que renunciou somente à garantia,
não ao crédito.

Art. 388. A remissão concedida a um dos co-devedores extingue a dívida na parte a ele correspondente; de modo que,
ainda reservando o credor a solidariedade contra os outros, já lhes não pode cobrar o débito sem dedução da parte
remitida.

O credor só pode exigir dos demais codevedores o restante do crédito, deduzida a quota do remitido.

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