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I – Diante do espelho do restaurante, as duas amigas, já meio bêbadas de vinho, ensaiavam ridículas
poses sensuais.
II – “No espelho do córrego bailam borboletas bêbadas de sol”. (Carlos Drummond de Andrade)
As frases acima deixam claro que as palavras podem ser empregadas de maneiras diferentes.
Sentido denotativo – literal, comum, usual, de dicionário;
Sentido conotativo – figurado, dependente de um contexto particular.
COMPARAÇÃO: consiste em estabelecer entre dois seres ou fatos, uma relação de semelhança,
atribuindo a um deles característica(s) presente(s) no outro.
“Minha dor é inútil / como uma gaiola numa terra onde não há pássaros”. (Fernando Pessoa)
“O dia voa como um pássaro / e os pássaros voam como os dias”. (Lêdo Ivo)
METÁFORA: emprego de uma palavra com sentido diferente do sentido usual, a partir de uma
comparação subentendida entre dois elementos.
“O circo era um balão aceso com música e pastéis na entrada”. (Oswald de Andrade)
“A História é um carro alegre / cheio de um povo contente”. (Pablo Milanês)
CATACRESE (metáfora desgastada): consiste em denominar algo (um objeto, um ação...) usando
impropriamente uma determinada palavra, por não haver outra mais adequada.
Uma perna da velha mesa está cheia de cupins.
Para temperar a carne, o cozinheiro usou alguns dentes de alho.
Ao podar a roseira, o rapaz enterrou um espinho na mão.
Logo que os passageiros embarcaram, o avião decolou.
METONÍMIA (sinédoque): substituição de uma palavra por outra, quando entre ambas existe uma
proximidade de sentidos que permite essa troca.
Devolva o Neruda que você me tomou e nunca leu.
O estádio aplaudiu muito os dois times.
Tudo o que ele tem foi conquistado com o seu próprio suor.
Na torre da igrejinha, o velho bronze soava melancolicamente.
O rebanho tinha mil cabeças.
ANTÍTESE (PARADOXO) – consiste no uso de palavras (ou expressões) de significados opostos, com a
intenção de realçar a força expressiva de cada uma delas.
“O amor é poço onde se despejam / lixo e brilhantes” (Tom Zé)
“Espia a barriga estufada dos meninos, / a barriga cheia de vazio, de Deus sabe o quê”. (Carlos
Drummond de Andrade)
HIPÉRBOLE – exagero intencional, com a finalidade de intensificar a expressividade e, assim,
impressionar o ouvinte (ou leitor).
“A torcida explodiu de alegria quando o time marcou o gol”.
“Rios te correrão dos olhos, se chorares” (Olavo Bilac)
EUFEMISMO – figura por meio da qual se procura suavizar, tornar menos chocantes palavras ou
expressões que são normalmente desagradáveis, dolorosas ou constrangedoras.
“A empresa não honrava seus compromissos financeiros.
“O infeliz pôs termo à vida tragicamente”.
IRONIA – figura por meio da qual se enuncia algo, mas o contexto permite ao leitor (ou ouvinte) entender
o oposto do que se está afirmando.
“Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis...” (Machado de Assis)
“Minha prima é linda: assusta até os postes”.
ALITERAÇÃO – consiste em repetir um mesmo som consonantal em uma sequência de palavras para
criar um efeito expressivo de sonoridade.
“Escrevia no espaço. Hoje grafo no tempo, na pele, na palma, na pétala”. (Paulo Leminski)
“O vento vazava zunindo pelos vãos das velhas venezianas”.
GRADAÇÃO – consiste em uma série de palavras ou expressões em que o sentido vai se intensificando
continuamente.
“Porque gado a gente marca, tange, ferra, engorda e mata. Mas com gente é diferente”. (Geraldo
Vandré)
“E, homem, há de morrer como viveu: sozinho! sem ar! sem luz! sem Deus! sem fé! sem pão! sem
lar!” (Olavo Bilac)
ONOMATOPEIA – recurso de expressão por meio do qual se procura reproduzir determinado som ou
ruído.
“A gente tirava a roupa inteirinha, trepava no barranco e tichbum – baque gostoso do corpo na
água” (João Antônio)
“Porque o tic-tic, o toc-toc, ou o puc-puc da máquina me picota a cuca”. (Mário Quintana)
ANÁFORA – consiste na repetição de um vocábulo (ou expressão) no início de uma sequência de orações
ou de versos.
Tudo é silêncio, tudo calma, tudo mudez” (Olavo Bilac)
Vi uma estrela tão alta, / Vi uma estrela tão fria”! / Vi uma estrela luzindo / Na minha vida vazia”.
(Manuel Bandeira)
ANACOLUTO – ocorre quando a frase sofre uma desarticulação repentina em sua estrutura e, em
consequência disso, passa a apresentar um termo sem função sintática alguma.
“Essa sua mania, suas preocupações com detalhes me irritam!”
“Essas empregada de hoje, não se pode confiar nelas.” (Alcântara Machado)
PERÍFRASE – é uma expressão que designa um ser através de alguma de suas características ou
atributos, ou de um fato que o tornou conhecido.
“Visitaremos a cidade maravilhosa”.
“O ouro negro jorrou em vários pontos do continente de Colombo”.
“A Mineira Gostosa tem um potencial turístico invejável”.
ANTONOMÁSIA – é a figura que consiste em designar uma pessoa por uma característica, feito ou fato
que a tornou notória.
“O Príncipe dos Poetas notabilizou-se também por suas atividades cívicas”. (= Olavo Bilac)
“O Boca do Inferno satirizou costumes e princípios”. (= Gregório de Matos)
SINESTESIA – consiste no cruzamento de palavras que transmitem sensações diferentes. Tais sensações
podem ser físicas ou psicológicas.
Um doce abraço indicava que o pai o desculpara.
O cheiro quente do café invadiu a sala de visitas.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO:
1. A respeito do vocábulo destacado em “O processo de paz derrapou na justa medida do desejo dos
eternos descontentes”. (Jornal do Brasil, 1997), pode-se dizer que:
a) está empregado denotativamente.
b) o autor não o empregou em sentido figurado.
c) o autor explora a conotação desse vocábulo.
d) tem o mesmo sentido na frase citada que em “o carro derrapa”.
e) está empregado erroneamente, já que seu sentido, no texto, desvia-se de seu significado normal.
2. Assinale a alternativa em que a palavra destacada não está empregada em sentido metafórico.
a) Meu coração é um louco cavalo solto.
b) Meu porquinho-da-índia foi minha primeira namorada.
c) Do mar de meus afetos, ofereci-lhes os mais belos frutos.
d) O uivo rouco dava-nos a ideia do enorme porte do animal selvagem.
e) Sua indiferença por mim era a maior pedra em meu caminho.
É notória a oposição de ideias nos versos, o que significa que neles se encontra como principal figura de
linguagem a:
a) metáfora b) antítese c) sinestesia d) metonímia e) catacrese.
4. “As lágrimas são galas de mentira, / E o juramento manto da perfídia”. (Joaquim M. de Macedo)
5. No texto abaixo ocorrem pelo menos quatro figuras de linguagem. Marque a alternativa na qual três
dessas figuras estão corretamente identificadas.
6. A perda de alguém é sempre dolorosa. Quando somos responsáveis por dar este tipo de notícia às
pessoas é comum recorrermos a uma figura de linguagem que amenize a situação. Que figura é esta?
7. “As figuras de linguagem não são apenas enfeites: ao contrário, são uma maneira de aperfeiçoar o
comportamento intelectual (reflexão, compreensão, análise) e uso mais eficaz da linguagem. As figuras
devem ser entendidas como recursos estilísticos que aprimoram nossas mensagens, tornando-as mais
eficientes”.
(TERRA, Ernani, NICOLA, José de. Práticas de linguagem: leitura & produção de textos. São Paulo: Scipione, 2001).
Assinale a alternativa que apresenta a figura de linguagem presente nos dois textos:
“A bola é a mulher mais ciumenta que existe. Se não tratar bem, não der carinho, ela vai te
prejudicar. E eu a amo muito”
(Do atacante Neymar, em fase luminosa como o azul do terceiro uniforme do Santos, ao se tornar o maior artilheiro do time
depois da era Pelé – Revista Veja, 15/05/2012, p. 58).
A) comparação
B) eufemismo
C) metáfora
D) hipérbole
Gabarito: [c]
10. Leia:
[b]
Assinale a alternativa em que ocorre a mesma figura de linguagem registrada no primeiro quadrinho da
tirinha.
1) CANÇÃO DO VER
Fomos rever o poste.
O mesmo poste de quando a gente brincava de pique
e de esconder.
Agora ele estava tão verdinho!
O corpo recoberto de limo e borboletas.
Eu quis filmar o abandono do poste.
O seu estar parado.
O seu não ter voz.
O seu não ter sequer mãos para se pronunciar com
as mãos.
Penso que a natureza o adotara em árvore.
Porque eu bem cheguei de ouvir arrulos¹ de passarinhos
que um dia teriam cantado entre as suas folhas.
Tentei transcrever para flauta a ternura dos arrulos.
Mas o mato era mudo.
Agora o poste se inclina para o chão − como alguém
que procurasse o chão para repouso.
Tivemos saudades de nós.
(Manoel de Barros. Poesia completa. São Paulo: Leya, 2010.)
¹ arrulos − canto ou gemido de rolas e pombas
No poema, o poste é associado à própria vida do eu poético. Nessa associação, a imagem do poste se
constrói pelo seguinte recurso da linguagem:
a) anáfora
b) metáfora
c) sinonímia
d) hipérbole
2) Pois assim como Amarildo é aquele que desapareceu das vistas, e não faz muito tempo, Cláudia é
aquela que subitamente salta à vista, e ambos soam, queira-se ou não, como o verso e o reverso do
mesmo. (l. 22-24)
Neste trecho, para aproximar dois casos recentemente noticiados na imprensa, o autor emprega um
recurso de linguagem denominado:
a) antítese
b) negação
c) metonímia
d) personificação
3) A namorada
Havia um muro alto entre nossas casas.
Difícil de mandar recado para ela.
Não havia e-mail.
O pai era uma onça.
A gente amarrava o bilhete numa pedra presa por
um cordão
E pinchava a pedra no quintal da casa dela.
Se a namorada respondesse pela mesma pedra
Era uma glória!
Mas por vezes o bilhete enganchava nos galhos da
goiabeira
E então era agonia.
No tempo do onça era assim.
(Manoel de Barros. Poesia completa. São Paulo: Leya, 2010.)
a) enfático
b) antitético
c) metafórico
d) metonímico
4)
Diante do estranhamento de um dos personagens no primeiro quadrinho, o outro explica a própria fala no
segundo quadrinho.
Essa explicação configura um recurso conhecido como:
a) ironia
b) metáfora
c) polissemia
d) metalinguagem
5) No cinema, só quem fala são os atores do filme. Nós calamos para que eles possam falar. Nossa vida
cala para que outra fale. (l. 19-20)
a) metáfora
b) hipérbole
c) eufemismo
d) metonímia
Gabarito: 1 – b, 2 – a, 3 – c, 4 – d, 5 - d