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Apreciação Ergonômica de Sofás PDF
Apreciação Ergonômica de Sofás PDF
Resumo: Este trabalho teve como objetivo geral realizar uma apreciação ergonômica de
móveis estofados - sofás fabricados em pólos moveleiros de Minas Gerais. A coleta de dados
foi realizada em vinte e dois sofás de dezesseis indústrias associadas ao Sindicato
Intermunicipal das Indústrias de Marcenaria de Ubá – INTERSIND e de uma indústria
pertencente ao Pólo moveleiro de Carmo do Cajuru . Os critérios de conformidade
ergonômica foram definidos de acordo com os princípios ergonômicos de antropometria e
aspectos de segurança para o usuário. As medições foram confrontadas com dados
antropométricos, recomendações existentes na literatura e com a NBR 15164:2004.
Observou-se que os maiores problemas detectados nos sofás estavam relacionados às
dimensões do assento e sua altura até o piso, onde 100% dos assentos apresentaram alturas
superiores aos valores maximos recomendados em literatura e pela norma.
Palavras-chave: Móveis estofados; Sofás; Ergonomia.
1. Introdução
As tendências atuais revelam que os consumidores têm se preocupado cada vez mais
em adquirir móveis que apresentem, além de um visual agradável, atributos como segurança,
conforto e facilidade de manuseio.
No ambiente doméstico, o sofá destaca-se como um dos móveis mais utilizados. A
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, órgão responsável pela normalização
técnica no país, publicou em 2004 a ABNT/NBR 15164 para sofás. Esta norma tem como
objetivo especificar as características físico-mecânicas de materiais e estabelecer métodos de
Altura do
assento ao piso
Vista de perfil
Largura útil do
assento
Altura do assento
Autores e Entidades
recomendada (cm)
NBR 15164:2004 42,0
Panero e Zelnik (2002) - altura poplíteal para mulheres com percentil 5,
39,4
considerando 3, 8 cm de acréscimo devido aos sapatos.
Altura poplíteal para mulheres com percentil 5, considerando 2,5 cm de acréscimo
35,0
devido aos sapatos, com base em dados antropométricos do INT (1995)
59
56
53
Altura (cm)
50
47
44
41
38
35
32
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22
Valores medidos
FIGURA 2 – Comparação entre os valores das alturas dos assentos e recomenações encontradas.
A partir deste resultado verificou-se que além destes sofás estarem em não
conformidade com a norma NBR 15164:2004, em relação à altura de assento, os fabricantes
destes móveis estão em desacordo com o Artigo 39 do código de defesa do consumidor, onde
determina:
É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas
abusivas, colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em
desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se
normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de
Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – Conmetro (BRASIL,
1990).
Além dos aspectos anteriormente citados, as elevadas alturas dos assentos podem
ocasionar vários problemas aos usuários, tais como o desconforto e a dificuldade de
Largura do assento
Autores e Entidades
recomendada (cm)
NBR 15164:2004 - Largura mínima 42,5
IBV – Largura mínima 55,0
Panero e Zelnik (2002) 71,1
Largura corporal máxima (considerando percentil 95 para homens = 53,9 cm),
53,9
com base em dados antropométricos do INT (1995)
80
75
70
65
60
55
50
45
40
35
30
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22
Número de peças medidas
Valores medidos
INT (1995) - Largura corporal máxima para o percentil 95 para homens - 53,9 cm
FIGURA 3 – Comparação entre os valores medidos das larguras individuais internas dos assentos com as
recomendações de autores e entidades e o valor referente ao dado antropométrico do INT (1995).
Ainda por meio desta mesma Figura verificou-se que 4,5% dos sofás apresentaram
larguras internas dos assentos acima da recomendação de Panero e Zelnik (2002); 86,4%
apresentaram larguras úteis inferiores ao valor recomendado pelo IBV (1992) e o valor com
base no dado antropométrico do INT (1995) relacionado à largura corporal máxima, homem
sentado percentil 95.
c) Profundidade útil do assento
No Quadro 4 encontram-se a recomendação da NBR 15164:2004 quanto à
profundidade útil de assentos assim como os valores referentes às recomendações de Panero e
Zelnik (2002), IBV (1992) e os valores com base nos dados antropométricos do INT (1995).
QUADRO 4 – Valores das profundidades dos assentos dos sofás com base nos dados antropométricos e
recomendações de autores e entidades
Profundidade do assento
Autores e Entidades
recomendada (cm)
NBR 15164:2004 47,0
Panero e Zelnik (2002) - comprimento nádega – poplíteal, percentil 5. 43,2
Comprimento nádega – poplíteal para mulheres com percentil 5, com base nos
40,5
dados antropométricos do INT (1995)
Comprimento nádega – poplíteal para mulheres com percentil 50, com base nos
45,7
dados antropométricos do INT (1995)
IBV (1992) 45 – 48
53
51
49
47
45
43
41
39
37
35
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22
Número de peças medidas
Valores medidos
INT (1995) - Comprimento nádega – popliteal para mulheres com percentil 50 - 45,7 cm
INT (1995) - Comprimento nádega – popliteal para mulheres com percentil 5 - 40,5 cm
FIGURA 4 – Comparação entre os valores medidos das profundidades dos assentos e os valores referentes aos
dados antropométricos do INT (1995) e as recomendações de autores e entidades.
3.3 Encosto
a) Altura do encosto
Dentre as alturas dos encostos encontradas na coleta de dados, a maior foi 62,0 cm e a
menor foi 34,0 cm, numa amplitude entre 28 cm.
De acordo com os dados levantados, verificou-se que 100% dos sofás apresentaram
altura do encosto superior à altura mínima recomenda pela NBR 15164:2004, estando assim
em conformidade com esta norma. As alturas menores que 17,0 cm, segundo a mesma norma
regulamentadora, não são consideradas como encosto, mas como apoio.
A comparação entre os dados obtidos com a recomendação da NBR 15164:2004 pode
ser visualizada na Figura 5.
45
40
35
30
25
20
15
10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22
Número de peças medidas
Valores medidos
FIGURA 5 – Comparação entre os valores medidos das alturas dos encostos e a recomendação da NBR
15164:2004
d) Inclinação assento/ encosto
De acordo com os dados encontrados neste trabalho, observou-se que as inclinações
entre o assento e o encosto variaram entre 92° e 120°, numa amplitude entre 28°.
Panero e Zelnik (2002) recomendaram que os ângulos formados entre o assento e o
encosto, visando ao conforto, deveriam ser iguais a 105°, uma vez que ângulos menores
poderiam causar desconforto. Grandjean, Pheasant e Chaffin (1978, 1986, 1984 apud INT,
1995) recomendaram que esta inclinação fosse de 110º. Ao comparar as inclinações obtidas
na coleta de dados com as recomendações dos autores, verificou-se que somente 13,6% dos
sofás atenderam a recomendação de Panero e Zelnik (2002), apresentando ângulo assento –
encosto de 105°. Observou-se, ainda, que 18,8% atenderam à recomendação do INT,
apresentando inclinações de 110°. As comparações entre os dados obtidos com as
recomendações encontradas estão apresentadas na Figura 6.
125
Inclinação em graus
120
115
110
105
100
95
90
85
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22
Número de peças medidas
Valores medidos
PANERO e ZELNIK (2002) - inclinação de 105°
Grandjean, Pheasant e Chaffin (1978, 1986, 1984 apud INT, 1995) - inclinação de 110°
FIGURA 6 – Comparação entre as inclinações dos encostos em relação aos assentos e recomendações
encontradas.
29
27
25
23
Altura (cm)
21
19
17
15
13
11
9
7
5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22
Número de peças medidas
Valores medidos
Panero e Zelnik (2002) - Altura mínima de 21,6 cm
Panero e Zelnik (2002) - Altura máxima de 22,9 cm
FIGURA 7 – Comparação entre os valores medidos das alturas dos apoios para os braços e recomendações de
Panero e Zelnik (2002).
3.5 Material
Neste trabalho verificou-se que 100% dos sofás apresentaram estofamento em espuma.
Em relação aos materiais de estrutura interna, observou-se que um sofá possuía sua estrutura
em aço galvanizado e os demais apresentavam suas estruturas em madeira.
3.6 Aspectos de segurança
Dentre os sofás analisados, 100% apresentaram quinas e bordas arredondadas. Essa
característica é positiva, uma vez que quinas e bordas retas podem causar danos físicos ao
usuário.
Na avaliação verificou-se ainda que 100% dos sofás apresentaram borda frontal do
assento arredondada. Este aspecto também é positivo, uma vez que, como citam Panero e
Zelnik (2002), as bordas de assentos arredondados facilitam a mudança de posições e
diminuem o desconforto do usuário.
4. Considerações finais
A apreciação ergonômica realizada neste trabalho permite concluir que os móveis
estofados - sofás analisados, de maneira geral, atenderam as recomendações estabelecidas no
trabalho quanto à altura de encosto, a largura individual e a profundidade útil de assento.