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Palmilha Ortopédica

“Uma palmilha ortopédica é uma órtese, uma vez que se trata de um dispositivo
externo que aplica forças sobre o corpo humano, com o objetivo de modificar os aspectos
funcionais ou estruturais do sistema neuro-músculo-esquelético.”

Principais Mecanismos de Ação

As palmilhas ortopédicas atuam no sistema neuro-músculo-esquelético de diferentes 1


formas, atuando principalmente no fator mecânico causador das dores.

As palmilhas estão relacionadas à correção postural de pés, tornozelos e joelhos, mas


não há pesquisas que comprovam ação magnética, reflexologia e outras.

 Mecanismo de Ação

 Alinhamento biomecânico
 Pisada – impedir a pronação e supinação excessivas e corrigir desvio do tornozelo.
 Joelho – corrigir desalinhamentos do joelho que estão ligados à pisada errada.
Joelho valgo e varo.
 Diferença de membros – compensação da diferença de comprimento entre os
membros inferiores, auxilia no realinhamento de quadril.
 Redistribuição de pressão plantar
 Alívio de picos de pressão – redistribuição de pressão plantar pelo aumento da
área contato com o pé na palmilha.
 Conforto
 Placebo (efeito cortical)
 Adaptação ao calçado – a palmilha tem que se adaptar ao calçado, deve caber
corretamente no calçado para melhorar a adaptação do pé ao calçado.
Alinhamento biomecânico

A correção do tipo de pisada e o suporte ideal para cada tipo de pé é importante para
o alinhamento tanto dos tornozelos quanto dos desalinhamentos dos joelhos que estão
ligados à pisada incorreta.

Na imagem abaixo, a palmilha corrige um pé plano com pronação excessiva.

No exemplo abaixo, a palmilha é colocada para evitar um valgo dinâmico de joelho,


suportando o arco plantar e mantendo a subtalar em um alinhamento correto, evitando assim
que o joelho medialize durante o apoio do pé no chão.
No exemplo abaixo, a palmilha faz a compensação da diferença de comprimento de
membros inferiores. A diferença de membros pode gerar dores e desalinhamentos no quadril
e coluna lombar.

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Redistribuição da pressão plantar

Sabe-se que uma má distribuição das pressões plantares pode representar uma
concentração de pressões em locais específicos, que podem gerar dor devido à sobrecarga. A
palmilha faz a redistribuição das pressões plantares pelo aumento da área de contato com o
pé na palmilha.

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Pedar: aparelho utilizado para
medir a pressão dentro do calçado.

A imagem abaixo mostra a comparação das pressões dento do calçado de uma mesma
pessoa, sem palmilha (imagem da esquerda) e com palmilha (imagem da direita). A imagem
mostra maiores picos de pressão (áreas em rosa) quando a pessoa não está utilizando
palmilhas, e com as palmilhas os picos de pressão diminuem significativamente.
A palmilha também oferece uma melhor acomodação do pé ao calçado. A imagem
abaixo ilustra a acomodação da palmilha ao calçado e o pé, para redistribuir a pressão e
proporcionar conforto.

Efeito cortical

 Placebo – efeito placebo é um efeito psicológico. O córtex, responsável pelo pensamento e


raciocínio, é responsável pelo efeito placebo. O efeito placebo acontece quando você é
exposto a um tratamento para uma determinada condição e, apenas por acreditar que o
tratamento é efetivo, há melhora da condição.

O placebo tem um efeito direto pois está relacionado com a crença pessoal e não com o
fator mecânico.

 Propriocepção e conforto

A palmilha em contato com o pé oferece estímulos ao sistema nervoso, através de vias


rápidas táteis e proprioceptivas inibindo a dor através do sistema de comportas de dor e,
por consequência, proporcionando conforto. Além disso, por estimular essas vias sensitivas,
pode levar a melhora da propriocepção e equilíbrio.
Tipos de palmilha
O mecanismo de ação da palmilha e sua efetividade variam de acordo com o método
de avaliação utilizado, a fabricação, o material, tipo de tamanho da palmilha.

 Método de medição/avaliação

 Sem avaliação – adquirir palmilha sem passar por um especialista.

 2D x 3D

 Baropodometria 6

 Customização

 Pré-fabricada

 Sob medida – feita a partir de testes específicos, personalizada.

 Material

 Tamanho

Tipos de palmilhas – Avaliação

 Fôrma

Feita geralmente com molde de gesso.

Com o molde o avaliador consegue todas as curvaturas


do pé, e constrói a palmilha, que geralmente é artesanal.

 Avaliação em 3D

Avaliação digitalizada, o molde é feito por escâner 3D, e a


palmilha é desenhada digitalmente baseada no modelo
3D. Possui maior especificidade pois apresenta todas as
dimensões do pé, incusive altura de arco.

Há também o escâner 2D, que é menos preciso pois não


capta a profundidade, portanto, não oferece a altura
exata do arco, por exemplo.
 Pedígrafo

Funciona como um carimbo, com a imagem formada é


possível conseguir as medidas e o tipo de pé de acordo
com a área de contato do pé com o solo.

 Baropodometria

Avaliação que complementa as avaliações anteriores e identifica a distribuição de pressões nos


pés, pontos de hiperpressão, tipo de pisada, e ajuda no diagnóstico e identificação das causas
e zonas de risco para as dores e alterações.

Com a avaliação pode-se obter informações importantes para a prescrição da palmilha correta:

 Tipo e tamanho de arco – pé normal, chato ou cavo.


 Tamanho do pé – fazer o tamanho de palmilha correto.
 Pontos de pressão e tipos de pisada
 Dor e queixa da pessoa – relacionar a avaliação com as dores do cliente.
Tipos de Palmilha – material/fabricação

Palmilhas pré-fabricadas

 Palmilha de silicone

Palmilha pré-fabricada, inteira ou no formato de


calcanheira. Geralmente não possui o suporte de
arco plantar e não oferece estabilidade por ser
muito maleável. É uma das menos indicadas pois
não atua nos fatores mecânicos que causam as 8
dores.

 Palmilha massageadora/ magnética

Palmilhas baseadas em pontos de energia ou


shiatsu, também não oferecem suporte de arco
plantar e não são funcionais para tratamento de
fatores mecânicos.

Não possuem comprovação científica.

 Palmilha modular

São palmilhas ajustáveis com a opção de colocar


estruturas como arco plantar de alturas
diferentes, piloto e cunhas, de acordo com a
necessidade da pessoa. Geralmente feitas de
borracha ou EVA. São utilizadas para tratamento
pois possuem um bom suporte mecânico.

 Palmilhas ¾

Palmilhas pré-fabricadas de plástico, borracha ou EVA, já possuem


uma pequena estrutura de suporte de arco que não é ajustável ou
com ajustes pré-definidos, e são feitas para calçados em que não é
possível utilizar uma palmilha inteira por falta de espaço na caixa
de dedos.
Palmilhas sob-medida

Palmilhas montadas especificamente para cada pessoa, de acordo com uma avaliação,
e as correções são posicionadas de acordo com cada pé.

Os materiais mais comuns utilizados são o EVA, espumas de densidades diferentes,


borracha, plástico e TPU (poliuretano termoplástico).

 Palmilha Valenti

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Um dos primeiros tipos de palmilha, possui moldes pré-
estabelecidos com estruturas que são colocadas de
acordo com a necessidade da pessoa. Não são muito
bem adaptadas à anatomia do pé.

 Palmilhas sob-medida de EVA.

Palmilhas de EVA formadas por camadas sobrepostas de


diferentes densidades de acordo com a necessidade do
cliente, ou por uma única peça moldada, são anatômicas e

oferecem conforto.

 Palmilhas sob medida rígidas

Permitem molde de acordo com o pé do cliente,


porém, tendem a ser menos confortáveis por serem
muito rígidas.
Palmilha Pré-fabricada X Sob medida.

Palmilha Pré-fabricada Palmilha sob medida


Maior preço por envolver uma avaliação mais
Menor preço, pois são menos especificas.
profunda e se específica.
Menor número de correções e medidas
Maior número de correções, mais específicas.
padrão de correções.
Maior especificidade de tamanho de arco,
Menor especificidade de tamanho de arco
feito de acordo com o pé da pessoa.
Maior conforto, adaptação ao calçado com
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Dificuldade de adaptação aos calçados. espessuras e medidas de acordo com a
necessidade.

Palmilha Pés Sem Dor


 Feita sob medida, com escaneamento 3D e impressão 3D, tornando-as mais precisas.

 Material único TPU – poliuterano termoplástico, que permite suporte e maleabilidade


de acordo com a densidade.

 Correções mecânicas – permite bom suporte e correções diferentes.

 Adaptação perfeita aos calçados – diferentes tipos de palmilhas e formatos, de acordo


com o calçado utilizado.

Principais correções mecânicas – Palmilhas Pés Sem Dor


Apoio de arco
É uma das principais correções para a redistribuição
de pressão e suporte do arco para manter um bom
alinhamento biomecânico.

O apoio de arco da palmilha deve ser feito de


acordo com a estrutura do pé da pessoa.
 Piloto retrocapital
Oferece suporte no arco transverso, auxilia na
redistribuição das pressões no antepé. Ajuda a
reduzir compressão de estruturas interdigitais
ou compressão direta na região dos
metatarsos.

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 Elevação posterior
Auxilia na redistribuição de pressões excessivas do
calcanhar, ao elevar a parte posterior a pressão é
mais bem distribuída para o arco e a parte
anterior.

Cunhas
Cunhas internas e externas, mais comumente
utilizadas no retropé, para controlar a pronação
e supinação da subtalar.
Reduzem as dores causadas por impactação ou
compressão, laterais e mediais.

 Ponto de alívio
Depressões nas áreas de dor e muita pressão,
para reduzir o contato.

 Maciez
Nas palmilhas é possível trabalhar com diferentes densidades na palmilha, para
controlar a maciez de acordo com o peso da pessoa e área de dor.
Principais patologias que podem ser tratadas com palmilhas:
 Calos e Calosidades
 Síndrome estresse medial tibial
 Síndrome Femoropatelar
 Osteoartrose no joelho
 Dedo em Garra/Martelo
 Diferença de Membros 12
 Dor no Dorso
 Fratura por stress
 Esporão
 Fascite Plantar
 Joanete
 Metatarsalgia
 Neuroma de Morton
 Sesamoidite
 Tendinite do Calcâneo
 Tendinite Tibial posterior e fibulares

Atuação das palmilhas nas principais patologias

Deve-se sempre associar a causa da dor do cliente e as causas da patologia, para


indicar a correção correta.

Fascite Plantar

 Objetivo:
Corrigir pronação/supinação excessiva
Dar suporte ao arco
Alongar a fáscia

 Correções:
Cunha interna
Apoio de arco
Metatarsalgia e Neuroma de Morton

 Objetivo:
Diminuir sobrecarga nos metatarsos
Redistribuir pressão sobre toda a planta do

 Correções:
Piloto retrocapital
Apoio de arco
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Esporão calcâneo e tendinite de calcâneo

 Objetivo:
Diminuir sobrecarga sobre o retropé
Redistribuir pressão sobre toda a planta do pé

 Correções:
Elevação posterior
Apoio de arco
Cunha

Síndrome do estresse medial da tíbia e tendinite do tibial posterior e fibulares

 Objetivo:
Corrigir pronação/supinação excessiva
Dar suporte ao arco

 Correções:
Cunha interna/externa
Apoio de arco
Sesamoidite
 Objetivo:
Retirar sobrecarga sobre o primeiro metatarso
e região dos semamoides
Redistribuir pressão sobre toda a planta do pé

 Correções:
Piloto retrocapital
Alívio sob os sesamoides
Apoio de arco
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Hálux Valgo
 Objetivo:
Corrigir a pronação excessiva

 Correções:
Cunha interna
Apoio de arco

Dores no joelho
 Objetivo:
Corrigir desalinhamento biomecânico dos
membros inferiores
Promover amortecimento

 Correções:
Cunha interna/externa
Apoio de arco
Maciez

Osteoartrose
 Objetivo:
Corrigir desalinhamento biomecânico dos membros inferiores
Promover amortecimento

 Correções:
Cunha interna/externa
Apoio de arco
Maciez
O joelho com
osteoartrose pode
apresentar compressão
lateral ou medial.
Utilizam-se cunhas para
melhorar o
alinhamento e reduzir a
compressão.
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Joelho Valgo Joelho Varo

Dedo em garra e martelo

 Objetivo:
Reestabelecer o arco transverso do pé
Promover apoio dos dedos e participação deles na
marcha

 Correções:
Piloto retrocapital
Apoio de arco
Dor no tornozelo e entorses

 Objetivo:
Promover estabilidade
Amortecimento de impacto
Corrigir desalinhamento biomecânico do tornozelo e pé
Dar referência proprioceptiva

 Correções:
Suporte lateral e medial
Maciez
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Cunha interna/externa
Apoio de arco

Pessoas com supinação excessiva estão mais propensas a sofrer entorses em inversão. Colocar
uma cunha na palmilha pode reduzir a dor no tornozelo, corrigir a supinação e aumentar a
estabilidade.

Conclusões

 Existe uma diversidade muito grande de palmilhas no mercado. Saiba sempre o porque
da indicação e as especificidades de cada uma.

 O princípio mecânico é o único que foi comprovado.

 Quanto melhor a avaliação, melhor a palmilha.

 O material tem que oferecer suporte e conforto.

 A palmilha customizada tem maior chance de conforto e adaptabilidade ao calçado,


mas não significa que a pré-fabricada é ruim.

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