Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CONDOMINIUM
1
Isabela Dalmaso Custodio
(Faculdades Unificadas de Foz do Iguaçu – UNIFOZ)
RESUMO
O presente artigo tem como principal objetivo explanar sobre condomínio geral, por
meio da abordagem do conceito do tema em questão, da classificação, dos direitos e
deveres dos condôminos, da administração do condomínio, assim como da extinção
e do condomínio necessário. A elucidação do determinado assunto deste artigo é de
grande importância por ser presenciado constantemente pelos indivíduos da
sociedade, sendo, dessa forma, passível de gerar dúvidas entre todos. O método
utilizado para a pesquisa foi o dedutivo, tendo como base doutrinas e a lei.
Palavras-chave: Condomínio geral. Conceito. Direitos. Deveres.
ABSTRACT
The present article has as its main purpose to explain about condo, throught the
approach of condo’s concept, its classification, co-owners’ rights and duties, such as
its extinction and the necessary condo. The explanation of this article’s subject is of
great importance due to the fact that it is constantly witnessed by people, being,
therefore, capable of bringing into doubt. The method used for the approach was the
deductive reasoning, based on doctrines and laws.
Key words: Condominum. Concept. Rights. Duties.
1 INTRODUÇÃO
O assunto a ser analisado no presente artigo é condomínio geral, previsto nos
arts. 1.314 a 1.330 do Código Civil sendo que este regulamenta sobre os direitos e
1
Estudante do sexto período de Direito na UNIFOZ. E-mail: isabela.dc@hotmail.com
2
deveres dos condôminos referentes ao condomínio voluntário nos arts. 1.314 a 1.322,
a administração do condomínio nos arts. 1.323 a 1.326, assim como sobre o
condomínio necessário nos arts. 1.327 a 1.330.
A fim de complementar o tema em questão, o artigo engloba, além do conceito
de condomínio geral, dos direitos e deveres dos condôminos, da administração do
condomínio e do condomínio necessário, como é sua classificação e como
compreende a sua extinção.
A explicação sobre condomínio geral, por ser este uma comunhão de
propriedade, é de suma importância para evitar qualquer formação de conflitos de
interesses ou desavenças quando presenciado entre os indivíduos da sociedade,
principalmente quando refere-se aos direitos e responsabilidades que os condôminos
possuem.
Desse modo, o artigo foi realizado por meio de pesquisas bibliográficas,
compostas por explicações de doutrinadores como Carlos Roberto Gonçalves, Sílvio
de Salvo Venosa, entre outros, complementando com os artigos sobre condomínio
regulamentados no Código Civil.
2 CONCEITO
Trata-se de condomínio quando dois ou mais indivíduos são titulares em
comum de um mesmo bem, ou seja, quando há uma comunhão de propriedade. A
presunção que existe é que todos os condôminos possuem a mesma fração da coisa,
mas poderá constar na matrícula de forma diversa, sendo frações diferentes para cada
condômino.
Neste sentido, César Fiuza conceitua:
“Dar-se-á condomínio quando a mesma coisa pertencer a mais de
uma pessoa, cabendo a cada uma igual direito, idealmente, sobre o
todo e cada uma de suas partes. Em outras palavras, todos os
condôminos têm igualmente a propriedade da coisa por inteiro, sendo
assegurada a cada um deles uma cota ou fração ideal. Diz-se também
comunhão ou copropriedade”.2
2
FIUZA, César. Direito Civil: Curso Completo. 17. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais; Belo Horizonte:
Del Rey Editora, 2014. p. 1007.
3
Segundo Carlos Roberto Gonçalves, há condomínio “quando determinado bem
pertence a mais de uma pessoa, cabendo a cada uma delas igual direito, idealmente,
sobre o todo e cada uma de suas partes”.3
Carlos Roberto Gonçalves, o qual afirma que a situação de existir mais de um
proprietário sendo titular de um mesmo bem é denominada indivisão, compropriedade,
comunhão (termo mais abrangente) ou condomínio, explica que este pode ter como
causas: o falecimento de um proprietário, deixando dois ou mais herdeiros, que lhe
sucedem conjuntamente no gozo dos seus bens;; alienação feita pelo proprietário de
uma coisa a dois ou mais adquirentes, ou a outro indivíduo de uma parte da sua coisa;;
aquisição feita em comum por duas ou mais pessoas;; ocupação realizada por dois ou
mais indivíduos de uma coisa que não possuía dono;; dissolução de uma sociedade,
seguida da fase de liquidação, mas somente enquanto esta não estiver concluída.4
3 CLASSIFICAÇÃO
O condomínio é passível de ser classificado quanto à origem, quanto à forma
e quanto ao objeto.
Quanto à origem, o condomínio pode ser convencional, também denominado
voluntário, eventual ou legal.
Com relação ao condomínio convencional ou voluntário, Maria Helena Diniz
leciona:
“Será convencional ou voluntário, se resultar do acordo de vontade
dos consortes, nascendo de um negócio jurídico pelo qual duas ou
mais pessoas adquirem ou colocam um bem em comum para dele
usar e gozar. Essa convenção pode estabelecer, por exemplo, a quota
que caberá a cada comproprietário;; no silêncio dessa manifestação,
pelo art. 1.315, parágrafo único, do Código Civil, presumir-se-á, até
prova em contrário, a igualdade dos quinhões”.5
3
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Direito das Coisas, volume 5. 11. ed. São Paulo:
Saraiva, 2016. p. 381.
4
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Direito das Coisas, volume 5. 11. ed. São Paulo:
Saraiva, 2016. p. 380, 381.
5
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, volume 4: Direito das Coisas. 25. ed. São Paulo: Saraiva,
2010. p. 209.
4
Dessa forma, o convencional ou voluntário decorre da manifestação de vontade
dos condôminos, como por exemplo quando duas pessoas compram juntas um
imóvel.
Já a respeito do condomínio eventual, Maria Helena Diniz conceitua:
“Ter-se-á a comunhão incidente, fortuita ou eventual quando ela vier a
lume em razão de causas alheias à vontade dos condôminos, como
ocorre com a doação em comum a duas ou mais pessoas;; com a
herança deixada a vários herdeiros ou legado destinado a muitos
legatários, pois o de cujos poderá ter deixado, em comunhão, por
testamento, determinado bem aos herdeiros ou legatários;; com os
direitos de vizinhança ou com qualquer outra hipótese em que o
estado de comunhão provenha de um fato que não tenha decorrido de
ato volitivo dos consortes”.6
Portanto, o condomínio eventual é aquele que resulta da vontade de terceiros,
tendo como exemplos quando resulta de doação ou de testamento.
O condomínio legal é quando deriva “de imposição de ordem jurídica, como
consequência inevitável do estado de indivisão da coisa”7, ou seja, como o próprio
nome diz, é quando a lei determina. Em paredes, muros, cercas e valas são exemplos
dessa modalidade de condomínio.
Quanto à forma, o condomínio pode ser classificado como pro diviso, pro
indiviso, transitório ou permanente.
Em relação ao condomínio pro diviso e ao condomínio pro indiviso, Carlos
Roberto Gonçalves explica:
“No condomínio pro diviso, apesar da comunhão de direito, há
uma mera aparência de condomínio, porque cada condômino
encontra-se localizado em parte certa e determinada da coisa, agindo
como dono exclusivo da porção ocupada. No condomínio pro indiviso,
não havendo a localização em partes certas e determinadas, a
comunhão é de direito e de fato”.8
6
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, volume 4: Direito das Coisas. 25. ed. São Paulo: Saraiva,
2010. p. 209.
7
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, volume 4: Direito das Coisas. 25. ed. São Paulo: Saraiva,
2010. p. 209.
8
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Direito das Coisas, volume 5. 11. ed. São Paulo:
Saraiva, 2016. p. 382.
5
É possível identificar o condomínio pro diviso como aquele que pode ser
dividido de fato, porém, de direito, é um condomínio. Ou seja, comunhão de direito,
aparência de condomínio, mas de fato cada condômino possui sua parte certa e
determinada. Já no condomínio pro indiviso, a comunhão é de direito e de fato, sendo
que todos os condôminos são proprietários e possuidores de toda a área.
Carlos Roberto Gonçalves ensina que “condomínio transitório é o convencional
ou eventual, que pode ser extinto a todo tempo pela vontade de qualquer condômino.
Permanente é o legal, que perdura enquanto persistir a situação que o determinou”.9
Deste modo, será transitório o condomínio quando as partes puderem extingui-lo
quando quiserem, e será permanente aquele que perdurar enquanto existir a situação
que o criou.
Quanto ao objeto, o condomínio pode ser classificado como a título universal
ou a título singular. Explica Maria Helena Diniz:
“Será universal se compreender a totalidade do bem, inclusive frutos e rendimentos;;
e particular, se se restringir a determinadas coisas ou efeitos, ficando livres os demais,
como ocorre no condomínio de paredes, de tapumes e de água”.10
Ou seja, quando abranger todos os bens será condomínio a título universal e
será condomínio a título singular quando incidir sobre coisa determinada.
4 DIREITOS E DEVERES DOS CONDÔMINOS
Maria Helena Diniz classifica os direitos e deveres dos condôminos quanto às
suas relações internas e quanto às suas relações externas.11 Quando diz respeito às
relações internas, está se referindo aos direitos e deveres entre si, já as relações
externas são aquelas que afetam o condômino e terceiros.12
Quanto às suas relações internas, relaciona os seguintes: cada consorte pode
usar livremente a coisa conforme seu destino e sobre ela exercer todos os direitos
9
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Direito das Coisas, volume 5. 11. ed. São Paulo:
Saraiva, 2016. p. 382.
10
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, volume 4: Direito das Coisas. 25. ed. São Paulo:
Saraiva, 2010. p. 210.
11
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, volume 4: Direito das Coisas. 25. ed. São Paulo:
Saraiva, 2010. p. 211.
12
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Direitos Reais. 8. ed. São Paulo: Atlas: 2008. p. 316.
6
compatíveis com a indivisão;; cada condômino pode alhear a respectiva parte indivisa,
respeitando o direito preferencial reconhecido aos demais;; cada consorte tem direito
de gravar a parte indivisa, sendo evidente que não pode gravar a propriedade sob
condomínio em sua totalidade sem o consentimento dos outros condôminos;; se um
dos consortes contrair dívida em proveito da comunhão responderá pessoalmente
pelo compromisso assumido, mas terá contra os demais ação regressiva.13
Quanto às suas relações externas, lista: cada consorte pode reivindicar de
terceiro coisa comum e pode defender sua posse contra outrem;; a nenhum condômino
é lícito sem anuência dos outros, dar posse, uso e gozo da propriedade a estranho,
pode pedir a retomada de imóvel locado, desde que se configurem as circunstâncias
legalmente previstas.14
4.1 DIREITOS
Com base no art. 1.314 do Código Civil, Carlos Roberto Gonçalves elenca os
seguintes direitos dos condôminos: direito de usar da coisa conforme sua destinação,
e sobre ela exercer todos os direitos compatíveis com a indivisão;; direito de reivindicar
a coisa de terceiro;; direito de defender a sua posse;; e direito de alhear a respectiva
parte indivisa ou gravá-la.15
Cada condômino pode livremente usar da coisa, conforme seu destino, sem
excluir os demais condôminos;; pode alienar sua cota-parte, respeitado o direito de
preferência dos demais condôminos e, se a coisa for indivisível, precisará ter o
consentimento dos demais;; os condôminos poderão gravar, por exemplo, sua cota-
parte, como hipoteca, mesmo a coisa sendo indivisível;; cada condômino possui a
faculdade de reivindicar de terceiro a coisa toda;; qualquer condômino pode defender
sua posse contra terceiros.16
13
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, volume 4: Direito das Coisas. 25. ed. São Paulo:
Saraiva, 2010. p. 258.
14
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, volume 4: Direito das Coisas. 25. ed. São Paulo:
Saraiva, 2010. p. 258.
15
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Direito das Coisas, volume 5. 11. ed. São Paulo:
Saraiva, 2016. p. 384.
16
FIUZA, César. Direito Civil: Curso Completo. 17. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais; Belo Horizonte:
Del Rey Editora, 2014. p. 1010.
7
César Fiuza também destaca o sistema de time-sharing, ou divisão de tempo,
no qual “cada um dos condôminos poderá usar o imóvel, não podendo impedir o uso
dos demais condôminos, cada um em seu devido tempo”.17
4.2 DEVERES
Segundo Carlos Roberto Gonçalves, são deveres dos condôminos: todo
comproprietário deve usar da coisa comum de maneira que não a deteriore, sem privar
desse uso os outros consortes;; todo comproprietário deve contribuir para as despesas
de conservação da coisa e todas as outras de interesse comum, tais como imposto,
seguro, licenças e taxas municipais, cultura e colheita, grandes reparações, custas
das demandas com terceiros.18
5 ADMINISTRAÇÃO DO CONDOMÍNIO
O Código Civil estabelece sobre a administração do condomínio nos arts. 1.323
a 1.326.
O art. 1.323 determina que se a maioria dos condôminos decidir que a coisa
comum deve ser administrada, também irá escolher o administrador, podendo este
ser alguém contratado estranho ao condomínio. Resolvendo alugar a coisa, terá
preferência o condômino ao que não é, em igualdade de condições.
Outro ponto de relevância é que se presume representante comum o
condômino que, por iniciativa própria, assume a gestão da coisa sem que tenha
oposição dos demais condôminos, conforme afirma o art. 1.324 do Código Civil.
A respeito da administração do condomínio, Sílvio de Salvo Venosa explica:
“A administração da coisa comum pode ser estabelecida a priori, no
ato constitutivo do direito condominial, se emanado de ato negocial,
ou a posteriori, se a necessidade o exigir. Os condôminos podem
dispor diferentemente quanto à administração, desde que não
prejudiquem os quinhões de cada um. O §1º do art. 1.325 estatui que
17
FIUZA, César. Direito Civil: Curso Completo. 17. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais; Belo Horizonte:
Del Rey Editora, 2014. p. 1010.
18
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Direito das Coisas, volume 5. 11. ed. São Paulo:
Saraiva, 2016. p. 388.
8
REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Direito das Coisas, volume 5.
11. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, volume 4: Direito das Coisas.
25. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Direitos Reais. 8. ed. São Paulo: Atlas: 2008.
FIUZA, César. Direito Civil: Curso Completo. 17. ed. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais;; Belo Horizonte: Del Rey Editora, 2014.