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Introdução à Filosofia – Tópico I

Carlos Frederico Silveira & Thiago Cabrera


Universidade Católica de Petrópolis

A definição de Filosofia
Em termos muito gerais, a Filosofia pode ser definida como a ciência que estuda
os fundamentos últimos de toda a realidade. Esta caracterização, como veremos mais
à frente, deriva de reflexões do filósofo Aristóteles, mas em termos mais atualizados, é
correto pensar a Filosofia como um metadiscurso que procura determinar os princípios
mais gerais do conhecimento e da prática humana em todas as áreas, pondo em questão
todos os pressupostos, enquanto as ciências particulares (por exemplo, a Biologia, a
Matemática, a Física, a Sociologia, etc) se dedicam a aspectos específicos da realidade
(respectivamente: os seres vivos, os números e as figuras geométricas, a matéria, os
fenômenos sociais), pressupondo certos princípios e conceitos como parte de seus
respectivos métodos. Mesmo assim, a Filosofia se divide ao estudar conceitos diferentes
como ser, verdade, bem, belo, etc. Passemos, então, à sua divisão tradicional.

Divisão disciplinar e Divisão histórica da Filosofia


Um conspecto geral da filosofia em suas partes teóricas e históricas é igualmente
útil para um percurso inicial na filosofia. Eis aqui uma estrutura geral que se pode admitir
como a mais clássica e universal:
Disciplinas especulativas, que se caracterizam pela busca do saber pelo saber:
 Metafísica ou Ontologia: estudo do ente.
 Cosmologia Filosófica: estudo do mundo.
 Psicologia ou Antropologia Filosófica: estudo da alma.
 Teodicéia: estudo de Deus.
 Gnosiologia: estudo do conhecimento humano.
Disciplinas Práticas, que se caracterizam pela busca do saber para agir.
 Lógica: estudo dos atos próprios da razão; guia os atos próprios da razão.
 Ética: ciência normativa do comportamento humano.
 Estética: estudo do belo artístico; define os parâmetros da beleza.
Daí surgem as “Filosofias de”, que são aplicações das áreas centrais da filosofia a
determinados problemas: Filosofia da Ciência, Filosofia da Educação, Filosofia do
Direito, Filosofia da Religião, Filosofia da Matemática, Filosofia Política.
Além de constituir um conjunto de disciplinas, a filosofia tem uma história. Os
filósofos que a compõem são grandes modelos de meditação. São eles, os verdadeiros
filósofos, que ensinam, em útima instância, a filosofia.
A história da filosofia aborda a filosofia de pensadores fundamentais e relaciona
seus conceitos filosóficos em busca de suas origens. É também imprescindível na
compreensão da especificidade do conhecimento filosófico. Abaixo, nossa divisão
histórica:
Filosofia Antiga (sécs. VI a.C.- II d.C.):
Os primeiros filósofos, chamados de “pré-socráticos”: Tales de Mileto;
Anaximandro; Anaxímenes; Anaxágoras; Pitágoras; Parmênides; Heráclito. Sócrates e os
Sofistas. Os socráticos: Platão e Aristóteles. Os pós-socráticos: Estóicos; Epicuristas;
Plotino (neoplatônico). A característica básica deste período, entre tantas, é a descoberta
da razão como verdadeira faculdade para o conhecimento da realidade.
Filosofia Medieval (sécs. II - XV):
Pode ser subdividida em duas orientações fundamentais: a Patrística, filosofia dos
Padres da Igreja, dentre os quais, Santo Agostinho; e a Escolástica, que é mais técnica
que a anterior e defende a razão como o grande trunfo do homem na apresentação de sua
fé. Seus principais filósofos são: Abelardo, Santo Anselmo, Santo Tomás de Aquino, São
Boaventura, Duns Escoto e Guilherme de Ockham. Característica básica: síntese da
mensagem cristã com a cultura clássica.
Filosofia Moderna (sécs. XVI - XVIII):
O “eu” é a base do pensamento moderno. O grande nome da revolução moderna
foi Descartes. Outros grandes nomes são: Pascal, Malebranche, Spinoza, Leibniz, Bacon,
Locke, Berkeley, Hume e Kant. Características básicas: sistematização ou matematização
do saber, filosofia da consciência.
Filosofia Contemporânea (sécs. XIX - XX):
Marcada a princípio pelo idealismo alemão de Fichte, Schelling e Hegel, assim
como por sua reação com Feuerbach, Marx, Kierkegaard, Nietzsche, chega à maior
pluralidade teórica de sua história no século XX com uma plêiade de autores como
Husserl, Wittgenstein, Heidegger, Sartre, Camus, Michel Foucault, Deleuze, Ricoeur,
Habermas, entre tantos outros. Características básicas: proclamação do valor das emoções
e da liberdade do homem, crítica da linguagem e da filosofia da consciência.

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