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comoREDAÇÕES ENEM

fazer seu NOME DA MATÉRIA


texto Erros a serem evitados Temas possíveis
Veja um passo a passo para Conheça (e saiba como evitar ) Professores indicam temas
construir a sua dissertação e erros comuns que podem tirar quentes que podem aparecer
garantir uma boa nota pontos da sua nota na proposta de redação

www.guiadoestudante.com.br
book edição 1
2017

Redação
sem
segredos
Tudo o que você precisa
saber para fazer uma
Tudo que você precisa boa redação nos
saber para fazer uma vestibulares
boa redação no Enem e
em outros vestibulares

1
2017
Guia do Estudante

redação
enem
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Perguntas e respostas
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vestibular e Enem

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Como fazer O que o Enem Erros que
uma dissertação espera da sua redação você precisa evitar

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Temas de Estudantes As provas de
atualidades que que foram redação da Unesp,
podem ser cobrados bem dão dicas Fuvest e Unicamp
Redação sem segredos perguntas e respostas
istock

Perguntas e respostas
sobre a redação no
vestibular e Enem
A redação precisa sempre ter título? Usar clichês pode fazer perder pon-
tos? É permitido fazer trocadilhos? Na hora de fazer a prova de redação
do vestibular ou Enem, sempre rolam algumas dúvidas. Selecionamos as
perguntas mais frequentes enviadas pelos nossos leitores e pedimos para
os professores do cursinho Oficina do Estudante responderem.

• O que é uma dissertação?


Dissertação é um tipo de texto de natureza reflexiva que consiste na ordenação de ideias,
na proposição de argumentos e na discussão. Dissertar é discutir, questionar, expressar
um ponto de vista. É essencial, nesse tipo de texto, que haja o desenvolvimento de racio-
cínios e argumentos que fundamentem as posições apresentadas.

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Redação sem segredos perguntas e respostas

• Falar sobre o tema proposto, mas não escolher uma das alternativas
apresentadas para defender, como pedem algumas redações, faz um texto
ser desclassificado?
Considerando um tipo de texto que necessita de um posicionamento (um artigo de opi-
nião, por exemplo), não assumir uma posição pode levar à nota zero em gênero textual e à
consequente anulação da redação. Já em uma dissertação cuja proposta não comporte o
pedido para um posicionamento, o candidato não precisa necessariamente chegar a uma
conclusão específica – mas é preciso que haja discussão, argumentação e reflexão das
questões relacionadas ao tema e à coletânea de textos apresentada.

• No caso das redações do Enem, se o estudante não colocar uma proposta de


solução do problema, ele perde pontos? Essa proposta pode aparecer na conclusão
do texto ou é melhor apresentá-la desde o começo?
Não colocar a proposta de solução do problema na redação do ENEM fará com que o es-
tudante perca 200 pontos na hora da correção. Mas atenção: proposta de solução não
é sinônimo de conclusão; ou seja: não precisa ser apresentada apenas na parte final da
redação. Um texto bom, segundo a proposta geral do ENEM, é aquele que, além de deixar
clara a proposta de solução para o problema apresentado, integra a mesma à argumenta-
ção geral do texto. Assim, a proposta pode ser apresentada em conjunto com a exposição
sobre o tema, de maneira integrada e articulada.

• Posso usar trocadilhos e piadinhas no meu texto?


O que não pode ter de jeito nenhum?
A questão dos trocadilhos é muito delicada e o uso deve ser cauteloso. Se houver o uso
deste recurso, é preciso que seja bem articulado e esteja em sintonia com a estrutura geral
do texto e com a proposta de redação. O trocadilho, se mal empregado, pode prejudicar o
texto, gerando expressões ambíguas que podem prejudicar a interpretação e a avaliação
da redação. Assim como é preciso ter cuidado com o uso de trocadilhos, também é preci-
so muita atenção ao uso de ditados populares, frases prontas e ironias que podem trazer
sentidos não desejados pelo autor.

• Clichês me fazem perder pontos na nota?


O uso de clichês, na maioria dos casos, leva à perda de pontos pelo candidato. Clichê (tam-
bém chamado de chavão ou lugar comum) corresponde a uma expressão desgastada e
previsível, justamente pelo uso em larga escala. Repetir algo que todo mundo conhece e
usa exaustivamente demonstra falta de originalidade e autoria ao escrever.

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Redação sem segredos perguntas e respostas

• A redação precisa sempre ter título?


Em geral, o título só é obrigatório se for pedido nas instruções da proposta da prova de
redação. Caso contrário, ele é opcional – regra que se aplica principalmente à dissertação.
Contudo, se a prova de redação trouxer gêneros variados, como a prova da Unicamp, o tí-
tulo poderá ser obrigatório. Isso acontece se o título fizer parte da configuração do gênero
pedido pela prova. Por exemplo, se uma notícia for pedida, o texto produzido deverá ter
um título, pois este faz parte da configuração (características) do gênero notícia.

Título na redação:
dicas que podem resolver suas dúvidas

O título em uma redação é o responsável por chamar a atenção do leitor e resumir o as-
sunto do qual ele trata. No entanto, apesar de importante, algumas provas não pedem
título – caso do Enem, em que ele é opcional. Outras, como a Fuvest, costumam exigi-lo,
mas nesses casos a exigência é sempre colocada na proposta (não precisa sair decorando
quais provas pedem e quais não pedem). Obrigatório ou não, o título pode ser o diferen-
cial no seu texto. Veja dicas sobre esse recurso:

1O título é a síntese do tema


Se o nome de um livro ou de um filme deve entregar um pouco do que será tratado
naquela obra, com o título da redação é a mesma coisa: ele deve sintetizar o que o
leitor vai encontrar ao longo do texto. Além disso, um título bem trabalhado pode
fazer o corretor notar que você entendeu perfeitamente a proposta. Por isso, use a
simplicidade e faça um título em que o tema fique claro.

Dica: Algumas pessoas preferem fazer o título antes do texto, para servir como guia.
Mas nem sempre isso dá certo: pode ser que, ao longo do texto, você acabe mudando o
foco e o título perca um pouco do sentido. Para evitar que isso aconteça, uma sugestão
é fazer o título sempre depois que o texto estiver pronto.

2 Nada de frases longas


Primeira regra para fazer um bom título: ele deve ser curto! Procure usar no mínimo
três palavras, e evite que o tamanho da frase seja maior do que metade da linha.

3O
 verbo é opcional
O título não precisa ser, necessariamente, uma oração completa com sujeito e
predicado, como “O desmatamento é o pior crime contra a natureza”. Pode, também,
ser uma expressão sem verbo, como “O problema da reforma agrária”. Mas usar
a expressão, apesar de resolver o problema do título longo, pode ser perigoso: é
preciso que ela consiga sintetizar o tema, mesmo sem o verbo. Na dúvida, aposte no
que parecer mais fácil na hora.

Lembrete: Não use o tema dado pela banca como título. O tema é o assunto
estipulado pela banca sobre o qual você vai escrever; o título é a frase para encabeçar
o seu texto, que você mesmo deve criar. Fique atento, pois copiar qualquer parte da
proposta de redação pode provocar a anulação do texto!

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Redação sem segredos perguntas e respostas

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4A
 poste na sua criatividade
É importante que o título deixe claro o que você vai abordar, mas usar da criatividade
pode deixá-lo muito mais interessante para a banca corretora. Nada impede que você
use figuras de linguagem ou mesmo uma citação (entre aspas, sempre) no título.
Mas lembre-se de que a simplicidade é fundamental: tentar rebuscar demais pode
dificultar o entendimento da frase.
Dica: fuja de lugares-comuns, chavões, frases prontas e gírias. Usar da criatividade é
o oposto disso.

5 Letras maiúsculas, linha em branco


Devo usar letra maiúscula em todas as palavras?
Não. Escreva o título como se estivesse escrevendo uma frase normal, usando a
maiúscula apenas em palavras que a exijam, como nomes próprios.

Devo pular uma linha depois do título?


Depende. Pular a linha deixa o texto esteticamente melhor – mais bonito, digamos.
Mas não é obrigatório, especialmente se o limite de linhas for pequeno.

Consultoria:
Dez passos para a redação nota dez
Sérgio Vieira Brandão. Editora Artes e Ofícios

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REDAção sem segredos como fazer uma dissertação

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Como fazer
uma dissertação

A redação do Enem e de muitos vestibulares exige o formato dissertação. Isso significa


que se trata de um texto argumentativo, que pede que o autor desenvolva uma ideia, um
problema ou um questionamento com uma consideração final que deve estar de acor-
do com os argumentos expostos. É importante, também, que o estudante saiba colocar
ideias favoráveis e contrárias à sua própria opinião.

Já deu para perceber que, na dissertação, a argumentação é a chave. Além disso, é impor-
tante ter clara a estrutura do texto, que tem parâmetros bem definidos. Confira o esquema
proposto pelas professoras Andrea Provasi Lanzara e Eva Nobre, do Cursinho Maximize:

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REDAção sem segredos como fazer uma dissertação

A estrutura básica da dissertação-argumentativa

Apresente o tema e o recorte que você fará dele. Evite fazer rodeios. É recomendável que a
Introdução tese seja exposta para direcionar a leitura e mostrar sua linha de raciocínio. Lembre-se de
que na dissertação seus argumentos devem ser usados para convencer quem estiver lendo.

Defenda a sua tese apresentando ideias que a justifiquem, de forma consistente, e


apresente seus argumentos. Essa parte é importante, por isso coloque tudo da forma mais
Desenvolvimento clara possível para que o leitor compreenda seu ponto de vista. Para deixar organizado,
uma dica é reservar um parágrafo para cada argumento, analisando todos os aspectos que
você quer abordar. Mas isso não é obrigatório.

Retome as ideias expostas na introdução, junto com os principais argumentos que a


justificam para confirmar a tese e encerrar o debate. Como o Enem exige que o candidato
Conclusão
proponha uma solução ao problema apresentado, é aqui que você pode fazer isso, a partir
dos pontos já levantados durante sua redação

Como a redação é uma prova que exige muita concentração, as professoras ressaltam que
é importante não deixá-la para o final do exame. De acordo com elas, o ideal é que o
aluno, ao receber a prova, leia a proposta imediatamente e grife as partes importantes
da coletânea, anotando as palavras-chave.

“Depois de ler a proposta, o estudante pode começar a prova objetiva para que possa ir
amadurecendo ideias. Sempre que uma nova ideia surgir, o candidato deve voltar à pro-
posta para anotá-la”, explicam. De acordo com o professor Alexandre Linares, do Cursinho
Maximize, às vezes o assunto da redação aparece “de algum jeito” na prova de Linguagens.
“Muitas vezes, acontece de você ter alguma ideia sobre a redação com alguma questão
que tenha relação com o tema”, diz. Mas, mesmo que o candidato não inicie a prova pela
redação, é vital que ele não deixe ultrapassar 60 minutos mínimos para a realização
do texto, porque o tempo limitado pode ser prejudicial para a construção da dissertação.

Na leitura da coletânea, também é importante fazer algumas observações sobre como fazer
uso apropriado dos textos. As imagens e trechos apresentados na prova funcionam apenas
para que os candidatos possam ter uma ideia geral do tema e para que aproveitem as ideias
contidas. É importante lembrar: os textos não podem ser copiados nem parafraseados.
O candidato deve aproveitar apenas as ideias da coletânea – além das outras que ele
tenha em seu repertório – para montar sua argumentação. “Se houver um gráfico, ele não
deve ser reproduzido, mas sim interpretado, e da mesma forma se houver um quadrinho
ou a reprodução de uma propaganda publicitária”, ressaltam as professoras Eva e Andrea.

Depois dessa reflexão maior sobre o tema, é importante organizar suas ideias. Elabore
uma lista com todas as ideias que você teve e as que foram apresentadas na coletânea e
procure definir a sua tese, ou seja, o que você vai defender ao longo do texto. Uma vez
definido o seu ponto de vista, elabore o argumento contrário que deverá ser apresen-
tado ao longo do texto. O que não pode faltar, também, é a solução ou proposta para o
problema exposto no tema, que normalmente é apresentada junto à conclusão do texto.
Procure defini-la ao longo do esboço dos argumentos.

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REDAção sem segredos como fazer uma dissertação

Um lembrete importante que deve ser feito é o de que há limite de linhas para a redação.
Você pode escrever até 30 linhas, no máximo, e é importante que os parágrafos sejam bem
distribuídos – nada de introdução com mais de 10 linhas! Com um espaço reduzido para
escrever a redação, é necessário que você planeje bem quantas linhas cada parágrafo vai ter.
O ideal é que haja um parágrafo de introdução, dois ou três de argumentação e um de con-
clusão. Faça um esquema do que cada parágrafo vai abordar durante o rascunho da redação.

Depois de pronto o texto, é hora de revisar e passar a limpo. Durante a revisão, cheque
se há repetição de palavras, redundância nas frases e erros de gramática. Faça uma
segunda análise dos argumentos e verifique se você colocou a proposta para o tema. Se
estiver tudo pronto, é hora de passar o texto a limpo na folha da prova!

Passo a passo para fazer a redação


•Atenção ao tema: Leia toda a proposta com atenção. É mais comum do que se
pensa a perda de pontos por estudantes que não prestaram atenção ao tema.

•Construa a sua tese: Anote em um rascunho exatamente o que você vai abordar e
como irá formular a sua tese.

•Selecione seus argumentos: Faça uma lista com os argumentos principais que vai
usar e elimine as ideias secundárias. Além de estar relacionados com a tese, os
argumentos devem ser coesos entre si e levar a um raciocínio lógico.

•Organize as suas ideias: Uma vez que você tenha em mente exatamente as ideias
que vai apresentar, faça um esquema com palavras-chave e principais frases que
devem ser escritas. É bom também fazer um rascunho.

•Estruture o seu texto: Boas ideias não garantem uma redação – é preciso
organizar tudo de uma forma coerente. Um texto bem escrito valoriza os
argumentos, facilita a leitura e a assimilação de ideias.

•Revise bem: Preste atenção na linguagem, nas repetições e nos possíveis erros
que passaram despercebidos. Caso tenha dúvida na grafia de alguma palavra,
tente substituir por outra expressão. Preste atenção se não existe alguma frase
sem sentido perdida pelo texto e avalie se há coerência entre as ideias.

•Passe o texto a limpo: Finalmente, essa é a última etapa da redação. Por isso a
importância de preparar seu texto em um rascunho. Respeite o limite de linhas e
não coloque informações fora da área de correção.

Consultoria:
Eclícia Pereira, professora de redação do Cursinho da Poli
e GUIA DO ESTUDANTE Redação Vestibular + Enem

• retorne ao sumário 9
REDAção sem segredos o que o enem espera da sua redação
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O que o Enem
espera da sua redação
A redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é uma das partes mais importantes do
exame e deve ser um dos grandes focos de atenção dos seus estudos. Além das quatro provas
de conhecimentos gerais, a redação é considerada a quinta prova, com nota individual.

De acordo com o professor Alexandre Linares, do Cursinho Maximize, a redação pode ser de-
cisiva para uma boa nota. “Com uma redação competente, você consegue fazer sua média
subir, mesmo se você tiver dificuldade em qualquer uma das outras provas”, explica.

A redação do Enem é corrigida por dois professores, que avaliam cinco competências, que
valem 200 pontos cada. Se a diferença total da nota de cada corretor ultrapassar mais de
100 pontos, ou se ultrapassar mais de 80 pontos em cada competência, a redação é cor-
rigida por um terceiro corretor. Além disso, se uma redação receber a nota total dos dois
corretores, obrigatoriamente passará por uma banca com mais professores.

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REDAção sem segredos o que o enem espera da sua redação

Competências analisadas na correção do Enem


Competência 1 Norma culta: Avalia a obediência do candidato à norma-padrão da língua escrita.
Capacidade de leitura: Envolve a compreensão da proposta, a aplicação do conhecimento
de várias áreas (aqui, entra a avaliação do repertório) e desenvolvimento do tipo de texto
Competência 2 pedido – no caso, a dissertação. Nessa competência, é importante entender que um ponto
chave da redação é não fugir do tema – para não correr riscos, leia com atenção (e mais de
uma vez) a proposta e a coletânea.
Tese e argumentação: Avalia a capacidade de selecionar, relacionar e organizar fatos e
Competência 3
opiniões em defesa do argumento.
Coesão: Avalia a articulação e os nexos que se estabelecem entre os elementos do texto.
Competência 4 É, basicamente, a utilização de elementos e mecanismos de linguagem que possibilitem a
argumentação.
Proposta de intervenção social: Avalia se o candidato conseguiu propor, de maneira
objetiva, clara e detalhada a proposta de solução para o problema abordado, e se é
Competência 5 plausível e faz sentido em relação ao tema. O aluno ainda deve se lembrar de manter o
respeito aos direitos humanos. Repare que a proposta de intervenção é um dos itens mais
importantes, pois há uma grade de avaliação somente para ela.

Temas abordados
Sugerir uma solução para o problema abordado no tema da redação do Enem é a habi-
lidade que mais a diferencia de outros vestibulares. “O intuito é colocar o estudante na
condição de cidadão, um momento em que ele possa propor soluções para os problemas
do Brasil”, explica a professora de redação Eclícia Pereira, do Cursinho da Poli.

Por conta desse perfil da prova, os temas escolhidos pela banca giram em torno da reali-
dade da sociedade brasileira (veja todos os temas de redação já abordados). As últimas
provas abordaram temas de denuncia às condições sociais do país, ou, por exemplo, pro-
postas para que o estudante refletisse sobre como melhorar a vida das pessoas.

A professora Eclícia dá como exemplo o Enem 2011, que teve como tema o limite entre o
público e o privado no contexto das redes do século XXI. “Apesar de não ser uma questão
só do Brasil, é um realidade vivenciada pelas pessoas daqui”, explica.

“A banca do Enem busca um aluno que tenha visão crítica e que saiba defender seu ponto
de vista com bons argumentos”, revela a professora. Por isso, segundo Eclícia, a regra bá-
sica é estar bem informado. É preciso estar antenado e acompanhar as notícias que fazem
parte do cotidiano do Brasil. “Sem isso o estudante não consegue ter as informações ne-
cessárias para usar na hora da redação”, completa.

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REDAção sem segredos o que o enem espera da sua redação

Formato da redação
O formato escolhido pela banca do Enem é a dissertação-argumentativa. Esse gênero tex-
tual possibilita que o estudante construa uma tese inicial e a defenda com argumentos ao
longo do texto. “O aluno não pode simplesmente expor informações ou dados. Ele deve se
posicionar e deixar claro o seu ponto de vista”, diz.

Treino é essencial
Depois de conhecer a estrutura de uma dissertação-argumentativa, é importante colocar
seu conhecimento em prática. Para Eclícia, o essencial é fazer uma redação por semana. “Até
a prova, o estudante deve pegar o ritmo de produção de texto para aprimorar sua escrita”,
explica. Isso será importante para você ver quais são suas dificuldades e corrigi-las a tempo.

Simule as condições do exame: o mesmo gênero de texto e o limite de 30 linhas. O treino


será importante para calcular quanto tempo você leva para fazer uma redação na estrutu-
ra do Enem. Com a prática, você irá produzir textos cada vez mais rápido, sobrando, assim,
mais tempo para se dedicar às questões do exame.
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Cuidados para evitar a anulação


Um dos maiores motivadores da anulação de uma redação é a fuga ao tema. Para não
correr o risco de levar zero na prova, a dica é prestar atenção nos textos de apoio, divulga-
dos junto com a proposta de redação. “A função desses textos é mostrar para o estudante
qual o limite da discussão”, afirma a professora. A partir disso, é possível identificar qual o
recorte temático e verificar se o assunto é mais amplo ou mais restrito.

E, para compreender bem os textos de apoio, é preciso treinar a leitura. “Candidatos que
fogem do tema geralmente têm dificuldades de interpretação”, explica Eclícia. A dica que
ela dá é reforçar o hábito de leitura, principalmente de revistas e jornais, de forma integra-
da à rotina do estudante.

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REDAÇão sem segredos erros que você precisa evitar

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Erros que
você precisa evitar

Lembra da redação do Enem em que o candidato colocou uma receita de miojo no meio
e não teve a nota zerada? Ou das redações com nota máxima que continham alguns erros
sérios de gramática? Depois das polêmicas e das críticas severas feitas ao método de avalia-
ção, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) decidiu
tornar um pouco mais severos os critérios de correção. Desde 2014, são eliminadas as reda-
ções que tiverem “piadinhas” (como a do miojo). Além disso, os erros de português consi-
derados grosseiros (e que sejam repetidos ao longo do texto) resultarão em perda de nota.

Apesar de a redação ser zerada apenas em casos bastante específicos, há muitos erros que
você pode evitar para não perder pontos. Independentemente do vestibular que estiver
prestando e do texto que for fazer, há algumas regras básicas que devem ser consideradas
em todas as redações:

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REDAÇão sem segredos erros que você precisa evitar

•Tome cuidado com radicalismos. A banca quer que a defesa do ponto de vista ocorra com
argumentos e posições claras, racionais e, principalmente, respeitosas. Por isso, evite usar
qualquer expressão extremista, mesmo que sejam termos como “nunca”, “sempre”, “jamais”.

•Evite usar clichês, provérbios e citações sem critério. Você pode acabar errando o au-
tor da expressão (o que pega muito mal), ou até mesmo usá-la fora de contexto, o que
pode direcionar a sua redação para um lado que você não quer.

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•Evite usar expressões “difíceis” que você não conhece tão bem (elas podem não sig-
nificar o que você pensa) Você pode se sentir tentado a usar expressões mais rebuscadas
ou pouco usuais para impressionar os corretores de sua redação, mas, a menos que te-
nha absoluta certeza do seu significado, evite-as. Vejo o caso da expressão “junto a” por
exemplo. Pode até parecer mais culto dizer que um problema deve ser discutido “junto
à” prefeitura, mas isso não faz sentido: a expressão “junto a” significa “perto de”. Escreva
simplesmente que tem de ser discutido com a prefeitura. “Posto que” é outra expressão

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REDAÇão sem segredos erros que você precisa evitar

elaborada que muita gente emprega equivocadamente. O sentido correto é adversativo


(como “embora”), e não causal (como “já que”). A norma culta prevê que você diga algo
como “Posto que estivesse chovendo, fui à praia”, e não “Posto que fizesse sol, fui à praia”.
Lembre-se: linguagem formal não é sinônimo de linguagem complicada. Uma boa dica é, ao
revisar seu texto, cortar todas as frases e expressões que estão ali só por convenção.

• O uso da linguagem oral também deve ser bem pensado. Expressões coloquiais e gírias
não são adequadas a um texto que exige a norma culta da língua.

•Erros de gramática: deslizes graves e recorrentes de regras do português podem des-


contar muitos pontos da sua redação. Se houver dúvida na hora de usar algum termo,
procure trocá-lo por outra palavra mais segura, para não arriscar.
Lembrete: o Novo Acordo Ortográfico já está em vigor!

Motivos que podem fazer uma


redação levar nota zero no Enem
•Fugir do tema
•Não fazer uma dissertação-argumentativa
•Não respeitar os valores humanos e a diversidade sociocultural
•Não apresentar texto escrito na folha de redação (cuidado para não se esquecer de
passar seu texto do rascunho para a folha definitiva!)
•Ter até sete linhas, que é considerado como “texto insuficiente”
•Apresentar linhas com cópia dos textos de apoio, que serão desconsideradas para efei-
to de correção e de contagem do mínimo de linhas
•Ter desenhos ou outras formas propositais de anulação

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REDAÇão sem segredos temas de atualidades que podem ser cobrados

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Temas de atualidades
que podem ser cobrados

O GUIA DO ESTUDANTE conversou com alguns professores de colégios e cursinhos para


saber quais temas apresentam maior chance de cair na prova. Sem recorrer a bola de cris-
tal ou a qualquer exercício de futurologia, o que eles fizeram foi constatar alguns assuntos
que marcaram presença no noticiário deste ano e cujos desdobramentos são importantes
para a compreensão do mundo de hoje.

E este ano tem sido bastante agitado. A crise brasileira, o drama dos refugiados e outras
questões políticas, econômicas e sociais fazem de 2016 um ano de rupturas e transforma-
ções que tendem a ser exploradas nas questões dos principais vestibulares.

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REDAÇão sem segredos temas de atualidades que podem ser cobrados

Mas, faltando poucos dias para a prova, ainda dá tempo de ficar por dentro de todos esses
assuntos? Embora a preparação adequada exija um acompanhamento permanente do noti-
ciário, os professores acreditam que é possível se atualizar até a prova com a leitura de arti-
gos e reportagens, o que pode ajudar o estudante a ter uma noção básica sobre o assunto.

Além disso, outra boa dica é procurar documentários sobre esses temas no YouTube.
“Praticamente todo assunto tem um pequeno documentário disponível para você assistir
e aprender. Para quem tem pouco tempo, essa é uma ferramenta essencial”, sugere Ale-
xandr Linares, professor de Ciências Humanas e Atualidades do Cursinho Maximize.

Veja a seguir, alguns dos principais assuntos mencionados pelos professores e de que for-
ma eles podem aparecer na prova.
Jeff J Mitchell/Getty Images

Imigrantes do Oriente Médio são escoltados pela polícia na Eslovênia, em outubro de 2015

IMIGRAÇÕES: A GEOPOLÍTICA DO ORIENTE MÉDIO E O ESTADO ISLÂMICO


Se questões sobre imigração já costumam aparecer todos os anos no vestibular, o fato de
vivermos em uma época em que o número de refugiados é o maior desde o fim da II Guerra
Mundial torna o assunto praticamente indispensável. A dúvida é saber de que forma os
examinadores podem explorar o tema.

De acordo com Linares, a melhor forma de se preparar para o assunto é entender o que
está por trás dos fenômenos migratórios atuais – e isso exige o entendimento da geo-
política do Oriente Médio e do surgimento do Estado Islâmico. “O interesse sobre os

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REDAÇão sem segredos temas de atualidades que podem ser cobrados

recursos naturais de regiões como o Oriente Médio levou as grandes potências a conduzir
ações que influenciaram disputas políticas e destruíram governos, desestabilizando al-
guns países, como o Iraque. Esses fenômenos propiciaram o surgimento de grupos como
o Estado Islâmico”, analisa Linares. “A radicalização dessa situação faz com que as pessoas
fujam, tentando sobreviver. Já os países que recebem os imigrantes ainda sofrem com a
crise econômica de 2008 e têm muita dificuldade de absorver mão de obra”, complementa.

▶ Estude aqui: Como a crise dos refugiados pode ser abordada no Enem
▶ Estude aqui: 5 motivos que fazem do Estado Islâmico a organização terrorista
mais poderosa do mundo
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A saída do Reino Unido da União Europeia foi decidida em plebiscito realizado em junho de 2016

BREXIT: A CRISE ECONÔMICA E A ASCENSÃO DA EXTREMA-DIREITA


Em plebiscito realizado em junho, os eleitores do Reino Unido decidiram que o país deve
sair da União Europeia. O Brexit (contração das palavras “Britain” e “exit”, algo como “sa-
ída britânica”, em inglês) foi debatido massivamente pela mídia e seus desdobramentos
irão redefinir o funcionamento do mais importante bloco econômico do planeta.

Para Renato Marques, coordenador pedagógico do cursinho Inteligente Vestibulares, o


que aconteceu no Reino Unido é resultado de uma série de circunstâncias históricas,
que tem como epicentro a crise do capitalismo. “Assim como ocorreu em 1929, a crise
econômica atual abriu espaço para visões autoritárias e salvacionistas, com discursos po-
líticos que desprestigiam a democracia”, analisa Marques, em referência à ascensão de
agremiações de extrema-direita, que têm conquistado apoio de parte expressiva da popu-

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REDAÇão sem segredos temas de atualidades que podem ser cobrados

lação da Europa e do Reino Unido em particular. “A falta de perspectivas e a dificuldade


do governo em conseguir dar uma resposta a essa crise propiciou o avanço de uma visão
nacionalista conservadora, que, em vez de uma proposta mais solidária, prefere se isolar”.

▶ Estude aqui: Entenda o que é o Brexit


▶ Estude aqui: Entenda como funciona a União Europeia

O presidente dos EUA, Barack Obama, em cerimônia realizada na Casa Branca em setembro de 2016 Aude Guerrucci-Pool/Getty Images

ESTADOS UNIDOS: AS ELEIÇÕES E O LEGADO DE OBAMA


No ano em que a nação mais poderosa do planeta realizou eleições para escolher o próxi-
mo presidente, o tema não deve passar batido pelos exames. Para Roberto Candelori, pro-
fessor de Ética e Cidadania do Colégio Móbile, além do desenrolar do processo eleitoral
dos Estados Unidos (EUA), é preciso atenção especial às realizações do atual presidente
Barack Obama.

“Vale a pena estudar os aspectos positivos e negativos dos dois mandatos de Obama”,
alerta Candelori. “Como ponto positivo entram os acordos que os EUA firmaram com Cuba e
com o Irã. Já a questão de Guantánamo prejudicou a imagem do governo. O seu fechamento
foi uma promessa do primeiro mandato de Obama e ele efetivamente não conseguiu cum-
prir até agora”, aponta Candelori, referindo-se à prisão que os EUA mantêm na ilha, onde
ficam detidas pessoas suspeitas de terrorismo, muitas delas sem qualquer acusação formal.

▶ Estude aqui: Entenda como funcionam as eleições nos EUA

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REDAÇão sem segredos temas de atualidades que podem ser cobrados

Marcelo Camargo/Agência Brasil


Dilma Rousseff faz sua defesa durante sessão de julgamento do impeachment no Senado

CRISE NO BRASIL: ÉTICA, DEMOCRACIA E ECONOMIA


A crise econômica e política no Brasil que culminou com o impeachment da presidente
Dilma Rousseff monopolizou boa parte do noticiário nacional em 2016. O processo acir-
rou a polarização política no país entre os que apoiaram a destituição da ex-presidente e
aqueles que denunciam um golpe contra Dilma.

Para os professores entrevistados, dificilmente a prova deve entrar a fundo nessa questão,
justamente para evitar a partidarização do tema. Em vez disso, eles acreditam que o assunto
pode ser tangenciado, abordando outros aspectos relacionados. “A crise política pode fazer
parte da prova de forma mais adaptada e abrandada. Questões relacionadas à corrupção
e à ética têm chances de aparecer sem entrar no viés partidário específico”, acredita Linares.

Já Candelori acha que a crise política é uma boa oportunidade para explorar questões
ligadas à democracia. “Com a atual crise de representatividade, os jovens estão buscando
ampliar os canais de participação política, como as ocupações nas escolas e as manifesta-
ções têm mostrado”. Além disso, é possível associar o tema com a filosofia. “Pode-se fazer
um paralelos com os gregos, que tinham a ágora para discutir os aspectos da cidade no
espaço público”, compara.

Para o professor Marques, as consequências econômicas da crise também não devem ser
ignoradas. “A recessão e o aumento do desemprego podem aparecer na prova. Para essas
questões é fundamental se preparar para a leitura de recursos como gráficos, tabelas e
mapas”, aconselha.

▶ Estude aqui: O que você precisa saber sobre o impeachment de Dilma


▶ Estude aqui: 10 passos para entender o “toma lá dá cá” na política brasileira
▶ Estude aqui: Entenda a crise econômica brasileira em 5 passos

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OUTROS TEMAS
Além desses quatro temas, os professores entrevistados destacaram ainda:

Intolerância (homofobia, xenofobia, política)


▶ Estude aqui: Homofobia: o preconceito e a luta por igualdade de direitos
▶ Estude aqui: O que é homofobia

Violência contra a mulher


▶ Estude aqui: o que é cultura do estupro
▶ Estude aqui: 5 desafios para alcançar a igualdade de gênero no Brasil

Petróleo e energia
▶ Estude aqui: Entenda o motivo da queda no preço do petróleo

Coreia do Norte e questão nuclear


▶ Estude aqui: 5 conflitos para você ficar de olho até o vestibular

A crise na Venezuela
▶ Estude aqui: Entenda o cenário político na América do Sul

A pandemia do vírus zika


▶ Estude aqui: O que o Zika vírus tem a ver com a globalização

Questões ambientais: aquecimento global, água e desastre ambiental em Mariana


▶ Estude aqui: Conheça os principais termos do Acordo de Paris
▶ Estude aqui: O que significa desenvolvimento sustentável
▶ Estude aqui: 12 temas sobre água que caem no vestibular

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Outros 3 temas quentes para a redação
apontados pelo professor Leandro Vieira, da Escola Dínamis

Mobilidade urbana: transporte na sociedade brasileira


As grandes cidades do mundo passam por um intenso desafio de buscar soluções
para o ir e vir de seus habitantes. No Brasil, essa questão ganhou elevada repercus-
são com os grandes eventos dos últimos anos (Copa do Mundo, Olimpíadas, Copa
das Confederações). O serviço deficiente de transporte público no Brasil acarreta
um maior número de pessoas, que recorrem ao veículo particular, piorando ainda
mais o problema.

Alimentação e estética: o mundo baseado em padrões


O mundo contemporâneo passa por um processo de valorização ferrenho da estéti-
ca, em que aumenta o número de cirurgias plásticas, de dietas milagrosas e do uso
de suplementos alimentares. A prova pode exigir do aluno um posicionamento críti-
co para dialogar com essa questão, pensando em como a sociedade deve agir diante
desse problema, qual o papel do governo, da escola ou da mídia nesse processo de
padronização corporal e de criação de um ideal de beleza nos indivíduos.

Liberdade de expressão: o limite sobre o que pode ser dito


As redes sociais, a globalização e as novas formas de interação entre os indivíduos
geram uma grande ressonância nas falas de todos os membros da sociedade. E esse
processo acarreta um questionamento sobre os limites do que pode ser dito. No
Brasil, os humoristas são a base dessa discussão, debatendo a existência, ou não, de
limites para o humor. A discussão sobre liberdade de expressão encaminha o aluno
para pensar sobre o espaço do outro, a cidadania, a ética e até mesmo as condições
de vida em sociedade.

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Estudantes que
foram bem dão dicas
Qual é o segredo para tirar nota 1.000 na redação do Enem? Essa fórmula o estudante Ra-
phael de Souza, do Rio de Janeiro, com certeza domina: ele foi um dos 104 candidatos a
tirar nota máxima no exame de 2015. Mas não para por aí: ele também esteve entre os 250
alunos que gabaritaram o texto em 2014!

O aluno nota mil, que acabou de ser aprovado em Medicina na Federal do Rio de Janeiro,
pelo Sisu – o curso mais concorrido do programa -, diz que sempre teve facilidade na reda-
ção, mas sabe que só isso não basta. Ele passou por um treino intensivo de estudos para
arrebatar as duas ‘notonas’ nos três anos em que vem prestando vestibular. “Fazia uma
redação por semana e sempre ia na monitoria do cursinho, onde podia ver o que tinha
acertado e o que estava errando nos textos”, diz.

Agora, o estudante de 19 anos vê chegando mais perto o sonho de cursar Medicina. “Estou
tentando a UFF [Universidade Federal Fluminense] e a UFRJ [Universidade Federal do Rio
de Janeiro], no Sisu, e até agora estou dentro da nota de corte”, diz. Ele conta que, dos três
anos em que vem prestando – dois deles no cursinho – este foi o ano em que o restante das
notas cresceu o suficiente para acompanhar o desempenho na redação.

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Segundo ele, há algumas estratégias que o fizeram chegar tão longe. “Preparação e muito
treino são fundamentais”, diz. Além disso, ele procurou estudar mais disciplinas de Huma-
nas, como filosofia e sociologia, para sair do senso comum. “Não me preocupei tanto com
atualidades. Minha estratégia foi procurar entender teorias novas e temas de sociologia,
que me ajudaram muito a fazer alguma intertextualidade e a oferecer uma ideia diferente
da coletânea para a banca corretora”, diz Raphael.

Confira algumas de suas dicas:

O passo a passo da preparação


•Treine muito. Faça uma redação por semana, no mínimo (se possível, mais). Vá às
aulas e monitorias da sua escola ou cursinho e leve para correção os textos que fizer.
Se não tiver professores por perto, peça para algum amigo ou parente ler o seu texto
de forma crítica

•Estude teorias novas, faça conexões entre disciplinas e treine a intertextualidade


nas redações. Cite autores e leituras que fez. Deixe o corretor perceber que você tem
conhecimento

•Tenha noção geral de atualidades. Esteja preparado para qualquer tema que apareça
na prova e saiba articulá-lo com o que aprendeu durante o ano

A estratégia para o texto


“Gosto de usar a técnica do ‘texto circuito’. Começo pelo título, usando uma frase curta
que estimule a vontade de ler. Depois, vou interligando o texto: após a introdução, puxo
para o desenvolvimento. E conecto a conclusão com a introdução, formando um circuito.”

•Introdução: “Sempre começo fazendo algum paralelo do tema com história, com um
acontecimento que tenha a ver com o assunto. Assim, eu já insiro o diferencial de cara
do texto, indo além da coletânea.”

•Desenvolvimento: “Nos argumentos, coloco bastante teoria e intertextualidade. Aqui


entram as partes de filosofia e sociologia. Ao longo das aulas, durante o ano, fui fazendo
uma lista de frases legais que eu poderia usar nos contextos de redação, e carregava co-
migo para ir decorando. Também é uma boa ideia porque pode deixar o texto com mais
impacto para o leitor.”
•Conclusão: “Essa é a parte em que precisa ter mais cuidado, tem que elaborar bem. Na
conclusão, sempre retomo a ideia inicial, que completa o circuito. Para fazer a proposta
de intervenção, obrigatória, é muito importante especificar bem quem vai fazer o quê:
a qual ministério, o governo, deve se aliar, em que deve investir etc. E é bom evitar os
clichês, para não ficar muito batido.”

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A redação vencedora
Leia abaixo o texto de Raphael que recebeu nota 1.000 no Enem 2015, sob o tema “A per-
sistência da violência contra a mulher no Brasil”.

Equilíbrio Aristotélico
Ao longo do processo de formação do Estado brasileiro, do século XVI ao XXI, o pensamento
machista consolidou-se e permaneceu forte. A mulher era vista, de maneira mais intensa
na transição entre a Idade Moderna e a Contemporânea, como inferior ao homem, tendo
seu direito ao voto conquistado apenas na década de 1930, com a chegada da Era Vargas.
Com isso, surge a problemática da violência de gênero dessa lógica excludente que persiste
intrinsecamente ligada à realidade do país, seja pela insuficiência de leis, seja pela lenta
mudança de mentalidade social.

É indubitável que a questão constitucional e sua aplicação estejam entre as causas do pro-
blema. De acordo com Aristóteles, a política deve ser utilizada de modo que, por meio da
justiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade. De maneira análoga, é possível perceber
que, no Brasil, a agressão contra a mulher rompe essa harmonia, haja vista que, embora a
Lei Maria da Penha tenha sido um grande progresso em relação à proteção feminina, há bre-
chas que permitem a ocorrência dos crimes, como as muitas vítimas que deixam de efetivar
a denúncia por serem intimidadas. Desse modo, evidencia-se a importância do reforço da
prática da regulamentação como forma de combate à problemática.

Outrossim, destaca-se o machismo como impulsionador da violência contra a mulher. Se-


gundo Durkheim, o fato social é uma maneira coletiva de agir e de pensar, dotada de exte-
rioridade, generalidade e coercitividade. Seguindo essa linha de pensamento, observa-se
que o preconceito de gênero pode ser encaixado na teoria do sociólogo, uma vez que, se uma
criança vive em uma família com esse comportamento, tende a adotá-lo também por conta
da vivência em grupo. Assim, o fortalecimento do pensamento da exclusão feminina, trans-
mitido de geração a geração, funciona como forte base dessa forma de agressão, agravando
o problema no Brasil.

Entende-se, portanto, que a continuidade da violência contra a mulher na contemporanei-


dade é fruto da ainda fraca eficácia das leis e da permanência do machismo como intenso
fato social. A fim de atenuar o problema, o Governo Federal deve elaborar um plano de im-
plementação de novas delegacias especializadas nessa forma de agressão, aliado à esfe-
ra estadual e municipal do poder, principalmente nas áreas que mais necessitem, além de
aplicar campanhas de abrangência nacional junto às emissoras abertas de televisão como
forma de estímulo à denúncia desses crimes. Dessa forma, com base no equilíbrio proposto
por Aristóteles, esse fato social será gradativamente minimizado no país.

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Outras dicas para conseguir uma boa nota
Veja outras práticas são sempre citadas por quem já tirou 1.000 no Enem.

•Conheça a prova
Antes de qualquer coisa, saiba com que tipo de prova você está lidando – e isso vale
para todo o Enem e para todos os vestibulares que pretende fazer. “Em vez de ver a
prova como um inimigo, encare-a como algo que está em seu favor. Para isso, é ne-
cessário conhecê-la, o que envolve, no caso do Enem, saber os critérios de avaliação
usados e a forma como os avaliadores gostariam que a sua redação fosse escrita, ou
seja, com enfoque no aspecto social e trazendo uma proposta de intervenção”, diz
Maria Clara Lovato, 17 anos, de Santa Maria (RS), cujo texto recebeu nota 1.000 em
2013.

•Leituras importantes
Ler e escrever muito são pontos básicos, assim como se manter atualizado sobre o
que acontece no mundo por meio de jornais, revistas e pela internet. “Mesmo que
isso possa não cair diretamente na prova, manter-se atualizado ajuda a ter uma
visão de mundo mais ampla e maior facilidade em emitir opiniões”, justifica Maria
Clara. “Para a introdução, é essencial ter uma visão histórica e cultural ampla que
lhe permita citar pensamentos, teorias ou ainda coisas do cotidiano que se relacio-
nem ao tema, iniciando um contexto bem construído”, completa.

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Para isso, ler filosofia também pode ser útil. Foi o que ajudou Bianca Hazt, 17 anos,
de Bituruna (PR), a conseguir seus 1.000 pontos na redação. “Como sempre estudei
em um colégio estadual, a tática para me dar bem nas redações foi ler muitos livros
de filósofos – usei Sartre na redação do Enem, aliás”, conta.

• Linguagem a evitar
Além de ter uma boa bagagem cultural, é preciso cuidado com a linguagem utiliza-
da. Aline de Carvalho Abbud, 19 anos, de Juiz de Fora (MG), explica o que a ajudou a
conquistar a nota 1.000 na redação: “Evite frases clichês e ditados populares. É legal
enriquecer o repertório utilizando diferentes áreas do conhecimento para sair do
senso comum. Também é importante ter cuidado com a gramática e evitar expres-
sões como ‘eu acho’ e ‘eu acredito’”.

Maria Clara acrescenta: “As conjunções [termos que conectam orações ou dois
termos de mesma função sintática e ajudam a estabelecer relações de sentido] são
muito importantes para uma boa redação e, por isso, conhecer várias delas e saber
usá-las é sempre bom”.

•Liste suas ideias antes de escrever o texto


Outra tática que costuma funcionar na hora de escrever redações é a de fazer um
“brainstorm” e listar, em uma folha de rascunho, as ideias possíveis sobre o tema e
itens-chave a serem colocados. “Fazendo isso, eu não limitava meu pensamento à
ordem textual e, na hora de escrever a redação, não precisava começar do zero – ia
apenas posicionando as ideias na minha estrutura textual”, conta Maria Clara. Isso
favorece sua criatividade, evita que você se esqueça de colocar ideias importantes
no texto e permite uma escrita mais fluida.
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As provas de redação da
Unesp, Fuvest e Unicamp

A segunda fase da Unesp, Unicamp e USP inclui uma prova de redação, cada uma com
características específicas. Listamos a seguir algumas dicas para você entender melhor o
formato de cada prova e o que os avaliadores exigirão.

Atenção: 
A exigência de uma intervenção para o problema exposto na proposta é apenas do Enem,
não sendo obrigatória nas dissertações em geral. Portanto, fica a seu critério elaborar
ou não a proposta de intervenção, tanto na Unesp quanto na Fuvest, que exigem o tipo
dissertativo.

Unesp
A segunda fase da Unesp vai rolar nos dias 18 e 19 de dezembro de 2016, e a prova de re-
dação será aplicada no segundo dia. Ela tem valor de 28 pontos dentre os 100 totais dos
dois dias de segunda fase.

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A instituição exige o tipo dissertativo de texto, mais comum nos vestibulares. Isso signi-
fica que se trata de um texto argumentativo, que pede que o autor desenvolva uma ideia,
um problema ou um questionamento com uma consideração final que deve estar de acor-
do com os argumentos expostos. É importante, também, que o estudante saiba colocar
ideias favoráveis e contrárias à sua própria opinião.

Confira os critérios de avaliação da prova:


A banca avalia como você leu a proposta e como ela será articulada, no texto, em relação
Abordagem da à coletânea de textos. Analisa, também, o seu ponto de vista e a reflexão feita por você ao
proposta e do tema
longo do texto.

Avalia como você construiu sua argumentação ao longo da introdução, do


Desenvolvimento desenvolvimento e na conclusão, e se está de acordo com o tipo dissertativo-
argumentativo.

No último ponto, os corretores analisam se você utilizou a norma culta da língua, além
Domínio da escrita
dos elementos de coesão

De acordo com a professora Andrea Provasi Lanzara, do Cursinho da Poli, “a Unesp traba-
lha com textos mais longos na coletânea, mas fazendo um recorte para o tema, que geral-
mente é destacado em negrito”. Por isso, antes de iniciar o texto, fique atento à proposta
que estará bastante clara e em destaque. Em relação aos temas, ela ressalta que a Unesp
costuma pedir temas bem conectados com a atualidade e que não sejam difíceis de ex-
plorar, se o aluno tiver um nível razoável de informação.

Os cinco últimos temas das provas da Unesp


2016 – P
 ublicação de imagens trágicas: banalização do sofrimento
ou forma de sensibilização?
2015 – O legado da escravidão e o preconceito contra negros no Brasil
2014 – Corrupção no Congresso Nacional: reflexo da sociedade brasileira?
2013 – Escrever: o trabalho e a inspiração
2012 – A bajulação: virtude ou defeito?

Se você está preocupado em zerar, fique tranquilo. A redação só é anulada em casos muito
específicos: fuga do tema, letra ilegível, texto com menos de sete linhas ou identifica-
ção da autoria da redação em qualquer ponto da folha.

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Fuvest
A segunda fase da Fuvest vai acontecer entre os dias 8 e 10 de janeiro. A redação, especifica-
mente, será aplicada no primeiro dia, junto à prova de português e inglês, valendo 50 pontos
dentre os 100 totais do dia. A Fuvest cobra o mesmo tipo de texto da Unesp: o dissertativo.

Veja os critérios de correção:


A banca examina se o texto atendeu aos padrões de uma dissertação e se está adequado
Tipo de texto e ao tema. Assim como na Unesp, também é avaliado se o texto soube articular o tema à
abordagem: coletânea, e se foi capaz de selecionar os pontos importantes de cada trecho. Também é
analisada a abordagem do tema e o potencial crítico dos argumentos.

Avalia a coerência do texto, os parágrafos, os elementos de coesão. A organização dos


Estrutura
argumentos e sua disposição no texto também são analisados.

Corrige os aspectos gramaticais, como ortografia, pontuação e demais erros. Além disso, a
Expressividade:
competência do candidato em defender o ponto de vista e a clareza de suas ideias.

De acordo com a professora Andrea, a Fuvest valoriza muito o texto bem articulado e o
candidato que saiba ir além da coletânea. “O bom texto para a Fuvest é aquele que ar-
ticula bem os argumentos, que apresenta informatividade, que consegue transcender a
proposta e a coletânea e que consegue mostrar princípio de autoria”, diz. Mas o que sig-
nifica isso? Simples: o candidato deve mostrar que sabe fundamentar sua tese com seu
repertório pessoal de informações, ou seja, que consegue sair do senso comum e do que
é apresentado nos textos da coletânea, apresentando um conhecimento construído ao
longo da vida e em tudo o que absorveu de seus estudos.

Se você estiver com dúvidas de como fazer um bom texto seguindo esses parâmetros, a
pesquisadora e assessora pedagógica da editora Saraiva, Carolina Assis Dias Vianna reco-
menda que você dê liberdade ao seu pensamento. “Na hora da prova, reflita: com base nos

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textos da coletânea e em outros que você já leu sobre o assunto, o que você de fato pensa?
Não tente adivinhar o que os corretores querem que você escreva”, diz. Nesse sentido,
não tenha medo de defender suas ideias. “Assumir um ponto de vista não significa neces-
sariamente ter de dizer que é bom ou ruim, certo ou errado. Pelo contrário, uma opinião
madura considera que nunca uma situação terá uma avaliação única”, ressalta Carolina.

Em relação aos temas, a Fuvest é conhecida por pedir temas com um teor mais filosófico
e reflexivo. “Isso leva ao erro de pensar que temas filosóficos e subjetivos estão em opo-
sição a temas de atualidades. Mas esse pensamento é equivocado, porque são temas que
devem ser trabalhados em relação à sociedade atual”, explica a professora Andrea. No en-
tanto, o tema da redação do vestibular passado foi diferente em relação ao que costuma
ser pedido: envelhecimento da população, considerado muito mais “concreto” do que o
normal para a Fuvest. A questão, agora, é saber se essa tendência vai se repetir neste ano,
inaugurando um novo tipo de redação na prova, ou se a banca voltará aos temas abstratos
dos anos anteriores.

Os cinco últimos temas das provas da Fuvest


2016 – As utopias: indispensáveis, inúteis ou nocivas?
2015 – “Camarotização” da sociedade brasileira: a segregação das
classes sociais e a democracia
2014 – Envelhecimento da população
2013 – Consumismo
2012 – Participação política: indispensável ou superada?

Atenção: A Fuvest costuma exigir que as redações tenham título, o que não é cobrado
no Enem, por exemplo. Mas fique atento, porque essa exigência normalmente vem
destacada na proposta – se não estiver lá, o título é opcional.

Unicamp
A redação da Unicamp funciona de um jeito diferente. No vestibular 2017, ela será aplicada
no primeiro dia da segunda fase, que vai acontecer entre os dias 15 e 17 de janeiro. Neste
caso, a prova de redação consiste em dois textos de gêneros completamente distintos,
que não são divulgados antes. Cada texto vale 24 pontos, totalizando 48. Este ano, a re-
dação também passou a valer mais na Unicamp, em um total de 20% da nota final.

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REDAÇão sem segredos as provas de redação da unesp, fuvest e unicamp

Veja os critérios de correção:

Tipo de texto e Avalia se o texto corresponde ao gênero pedido, e se os interlocutores (ou seja, a quem
interlocução: você se dirige durante o desenvolvimento do texto) estão sendo considerados.

Verifica se a tarefa solicitada na proposta é cumprida e se o tema e as instruções de


Propósito
elaboração do texto são levados em conta.

O candidato deve saber estabelecer um contato entre o texto e a coletânea fornecida na


Leitura
prova, através da qual a banca avaliará a leitura e a interpretação de texto do candidato.

Os dois textos devem apresentar uma escrita fluida, coerente, e bem fundamentada.
Articulação escrita: O candidato também deve mostrar que sabe adequar a linguagem a cada um dos
gêneros solicitados.

Para a Unicamp, deve-se desconsiderar quase tudo em relação às provas dos vestibulares
que exigem tipo dissertativo, porque a correção passa a levar em conta elementos espe-
cíficos que compõem cada gênero pedido. Por causa dessa grande variedade de gêneros
textuais possíveis, é comum que o estudante fique com medo de não saber desenvolver o
texto que for pedido.

“Se o candidato for um bom leitor, ele consegue fazer a prova da Unicamp sem maiores
problemas. Saber escrever ou não um texto é fruto de um repertório, não é necessário ten-
tar estudar todos os gêneros possíveis, porque na hora da prova o tipo de texto vai estar
muito claro para o estudante”, explica a professora Andrea. Portanto, a preparação para a
Unicamp não é muito diferente do que é feito para as outras provas: muita leitura e treino
são o suficiente para construir o seu repertório e capacitá-lo para qualquer texto que
venha a ser exigido.

Assim como nos gêneros, os temas também podem ser os mais diversos, mas sempre
mantendo uma tendência de atualidade. Veja os temas das cinco últimas provas:

Os cinco últimos temas das provas da Unicamp


2016 – Resenha de uma fábula de La Fontaine; artigo de divulgação de um texto
científico sobre indução de emoções
2015 – Carta para convocar pais de alunos a um debate sobre violência nas escolas;
síntese sobre recursos tecnológicos para humanizar atendimento na área da saúde
2014 – Relatório sobre oficina cultural em uma escola; Carta aberta de uma associação,
dirigida a autoridades, sobre problemas no trânsito
2013 – Resumo de um texto sobre pessimismo; carta a redatores de um jornal
sobre alcoolismo
2012 – Comentário de internet sobre a profissão de cientista; manifesto de estudantes
de uma escola sobre monitoramento online; verbete explicando o conceito de
computação em nuvem

Na Unicamp, as redações são anuladas apenas quando ocorre fuga do tema ou fuga do
tipo de texto exigido.

• retorne ao sumário 32

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