Você está na página 1de 341

0(7$/85*,$

)(1Ð0(126'(75$163257(

Roberto Parreiras Tavares

Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais

Belo Horizonte

ABRIL/2002
6XPiULRi

Página

1- INTRODUÇÃO 01

2- CONCEITOS FUNDAMENTAIS 06
2.1-Conceitos 06
2.1.1- Fluídos 06
2.1.2- Força e Tensão 07
2.1.3- Energia 10
2.1.4- Mecanismos de Transporte 11
2.2-Unidades 13
Exercícios 26

3- VISCOSIDADE 29
3.1-Definição de viscosidade e lei de Newton da Viscosidade 29
3.1.1- Interpretação física de τyx 32
3.1.2- Dimensão da viscosidade 37
3.2-Viscosidade de gases 40
3.3-Viscosidade de líquidos 47
3.3.1- Viscosidade de metais líquidos 50
3.3.2- Viscosidade de escórias 55
Referências 66
Exercícios 67

4- ESCOAMENTO LAMINAR E BALANÇO DE MOMENTO 70


4.1-Escoamento laminar e turbulento 70
4.2-Balanços de Massa e de momento 72
4.2.1- Balanço de massa 74
4.2.2- Balanço de momento 74
4.3- Aplicação dos Balanços de Massa e Momento 77
6XPiULRii

4.3.1- Escoamento entre duas placas horizontais 77


4.3.2- Escoamento de uma película de fluido 88
4.3.3- Escoamento axial em um duto cilíndrico 107
4.3.4- Escoamento em dutos concêntricos 125
4.3.5- Escoamento laminar bifásico 130
Referências 135
Exercícios 136

5- EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE ESCOAMENTO DE FLUIDOS 143


5.1-Equação da Continuidade 145
5.2-Equação do Movimento 149
5.3-Equação da Continuidade e do Movimento em Coordenadas 160
Cilíndricas e Esféricas
5.3.1- Coordenadas cilíndricas 160
5.3.2- Coordenadas esféricas 160
5.4-Soluções de Equações Diferenciais 162
5.4.1- Escoamento em uma película de fluido 162
5.4.2- Escoamento em um tubo circular 164
5.4.3- Escoamento anelar tangencial 166
5.4.4- Formato da superfície de um líquido com movimento de rotação 171
5.4.5- Escoamento laminar em torno de uma esfera 175
5.4.6- Camada limite 182
5.4.7- Escoamento não estacionário em um tubo circular 185
Referências 187
Apêndice 188
Exercícios 197
6- ESCOAMENTO TURBULENTO E RESULTADOS EXPERIMENTAIS 201
6.1- Introdução 201
6.2- Modelos de Turbulência 206
6.2.1- Equações da continuidade e do movimento VXDYL]DGDV 208
6.2.1.1- Equação da continuidade VXDYL]DGD 208
6.2.1.2- Equação do movimento VXDYL]DGD 209
6XPiULR
iii

6.3- Fatores de fricção 215


6.3.1- Escoamento em dutos (interno) 217
6.3.1.1- Análise dimensional 220
6.3.1.2- Escoamento em dutos não-cilíndricos 235
6.3.2- Escoamento em torno de objetos (externo) 238
6.3.2.1- Escoamento em torno de esferas 239
6.4- Fatores de Fricção para Leitos Empacotados 244
6.4.1- Equação de Ergun 245
6.4.1.1- Regime laminar 253
6.4.1.2- Regime turbulento 254
Referências 256
Exercícios 258
7- BALANÇOS GLOBAIS NO ESCOAMENTO DE FLUIDOS ISOTÉRMICOS 261
7.1-Balanço Global de Massa 262
7.2-Balanço Global de Energia 268
7.2.1- Avaliação do termo de energia cinética 270
7.2.2- Avaliação do termo de energia potencial 274
7.2.3- Teorema de Bernoulli 275
7.2.4- Avaliação das perdas por fricção 278
7.2.4.1- Perdas por fricção em dutos retos 279
7.2.4.2- Perdas por fricção em expansão e contração 285
7.2.4.3- Perdas por fricção em válvulas e conexões 288
7.3-Escoamento em panelas e Distribuidores 295
7.3.1- Vazamento de uma panela 295
7.3.2- Transferência de metal do distribuidor para o molde 307
7.4-Técnicas de medida de vazão de fluidos 315
7.4.1- Medidores de diferença de pressão 315
7.4.1.1- Medidores de orifício 315
7.4.1.2- Tubo de Pitot 323
7.4.1.3- Rotâmetros 327
Referências 330
Exercícios 331
,QWURGXomR

No estudo da termodinâmica metalúrgica fica bastante clara uma das limitações dessa
ciência: a impossibilidade de prever a taxa com que os fenômenos ocorrem.

Através de alguns exemplos simples, pode-se observar esta limitação.

Considere-se o caso visto na figura 1.1, onde se tem duas barras de ferro iguais, em
contato perfeito. Uma das barras está a 1000º C e a outra a 200º C. A termodinâmica
prevê que calor vai ser transportado da barra mais quente para a mais fria e que, no
equilíbrio, as duas barras estarão a uma mesma temperatura. Entretanto, a
termodinâmica não prevê quanto tempo levará para se atingir o equilíbrio nem permite
determinar os perfis de temperatura nas duas barras em um dado tempo.

,1Ë&,2 (48,/Ë%5,2
o o
& & 7HT 7HT
7(032 "

CALOR
3(5),6'(
7(03(5$785$ "

Figura 1.1 - Transporte de calor entre duas barras de ferro.

Um caso análogo a esse pode ser imaginado considerando duas barras de aço a uma
mesma temperatura; entretanto, com diferentes teores de carbono, conforme mostrado
na figura 1.2.
,QWURGXomR

,1Ë&,2 (48,/Ë%5,2

&  &  &HT & HT


7(032 "

0$66$
3(5),6'(
&21&(175$d­2 "

Figura 1.2 - Transporte de carbono entre duas barras de aço.

Aqui nesse caso, a termodinâmica informa que vai haver um transporte de carbono da
barra que possui maior concentração para a barra de menor concentração. Contudo,
não fornecerá o tempo necessário para se alcançar o equilíbrio, nem os perfis de
concentração em um certo instante de tempo.

Finalmente, considere-se a situação mostrada na figura 1.3, onde se tem uma panela
com aço líquido no seu interior. Sabe-se que ao se abrir a válvula, o aço deve ser
vazado da panela. Mas não se sabe, por exemplo, determinar o tempo de
esvaziamento dessa panela, em função da quantidade de aço nela contido.

3$1(/$ 3$1(/$

$d2 7(032'( $d2


(69$=,$0(172 "

9È/98/$ 9È/98/$
E
Figura 1.3 - Esvaziamento de uma panela de aço.
,QWURGXomR

sses três exemplos mostram as três áreas distintas que constituem o que se chama
de )HQ{PHQRVGH7UDQVSRUWH:
- transporte de energia (ou calor): exemplo da figura 1.1;
- transporte de massa: exemplo da figura 1.2;
- transporte de momento: exemplo da figura 1.3.

O estudo de fenômenos de transporte permitirá, então, responder as perguntas


formuladas nos três exemplos. Além de responder essas questões, a ciência
“fenômenos de transporte” ainda encontra inúmeras aplicações dentro da metalurgia.
Algumas delas podem ser relacionadas com a figura 1.4, onde se tem um fluxograma
geral para a produção de aço laminado a partir das matérias primas. A seguir, citam-se
algumas dessas aplicações:

A) Transporte de calor:

6 trocas térmicas entre gases e sólidos na sinterização e no alto-forno. Esse estudo


permite determinar a taxa de aquecimento dos sólidos, que afeta diretamente a
eficiência do processo;
6 solidificação nas etapas de lingotamento contínuo, indireto e direto. Especialmente
no lingotamento contínuo, o estudo do transporte de calor durante a solidificação é
de fundamental importância, pois através dele pode-se determinar o tamanho do
molde e a produtividade do equipamento;
6 trocas térmicas entre gases e o aço nos fornos de reaquecimento e fornos-poço.

B) Transporte de massa:

6 todas as etapas que envolvem reações químicas estão ligadas ao transporte de


massa e a cinética química. Pode-se citar :
6 reações de redução dos óxidos de ferro no alto-forno;
6 reações de dessulfuração na estação de dessulfuração;
6 reações de fabricação do aço, especialmente descarburação;
6 reações de refino do aço, dentre as quais destaca-se a desgaseificação.
,QWURGXomR

Figura 1.4 - Fluxograma geral de fabricação dos aços(1).


,QWURGXomR

C) Transporte de momento – toda etapa que envolve movimentação de fluidos está


ligada ao transporte de momento. Logo, tem-se:

6 movimento dos gases ao longo dos leitos de sinterização e alto-forno. Nesse caso,
o estudo do transporte de momento permite dimensionar o exaustor e o soprador
a serem usados nessas instalações;
6 injeção de gases nos processos de fabricação e refino do aço, permitindo
determinar os perfis de velocidade do aço e com isso indicar os pontos mais
adequados para injeção dos agentes de refino;
6 escoamento do aço nos processos de refino sob vácuo, particularmente no reator
RH. Nesse caso, o conhecimento do campo de velocidades do aço, e de como ele
é afetado pela configuração do sistema, pode ser útil na otimização da operação do
equipamento e até no seu projeto.

Além dessas, inúmeras outras aplicações podem ser citadas. Estas aplicações se
tornam cada vez mais comuns e importantes à medida que se desenvolvem as
técnicas numéricas para solução das equações que são obtidas.

Finalmente, é importante mencionar que Fenômenos de Transporte não tem


aplicações restritas à área de metalurgia. Seus conceitos são largamente aplicados na
indústria aero-espacial, química e mecânica. Merece destaque ainda a sua aplicação
na meteorologia.

5()(5Ç1&,$6

1- Catálogo de Produtos da Magnesita, 1980.


&RQFHLWRV)XQGDPHQWDLV

Para se desenvolver o estudo de transporte de momento, uma conceituação básica


deve ser feita. Uma análise das unidades normalmente usadas na quantificação das
grandezas envolvidas nesse estudo também torna-se importante.

±&RQFHLWRV

)OXLGRV

Como no estudo de transporte de momento está-se envolvido na maioria dos casos


com o movimento dos fluidos, torna-se importante, inicialmente, definir o que é um
fluido.

A definição de um fluido pode ser feita através de uma propriedade comum a todos
eles: um fluido não consegue preservar a sua forma a não ser que esteja contido
dentro de um recipiente. Nesse caso, o fluido assume a forma do recipiente.

Uma definição mais rigorosa estabelece que um fluido é uma substância que se
deforma continuamente sob a ação de uma tensão de cisalhamento, independente de
seu valor. É importante observar que existem substâncias que não são fluidos e que
se deformam sob uma tensão de cisalhamento; entretanto, essa deformação não se
dá de modo contínuo. Esse é o caso dos sólidos.

Pelas definições, observa-se que fluidos são os gases e líquidos.

Ainda dentre os fluidos pode-se fazer uma distinção: fluidos compressíveis e


incompressíveis.

Fluidos incompressíveis são aqueles cuja densidade se mantém constante com a


variação de temperatura e pressão. Nas condições normais que acontecem nos
problemas de engenharia, os líquidos são considerados fluidos incompressíveis e
&RQFHLWRV)XQGDPHQWDLV

gases são considerados fluidos compressíveis, desde que suas densidades tenham
uma variação significativa. Entretanto, em algumas situações particulares os gases
apresentam comportamento de fluidos incompressíveis.

)RUoDH7HQVmR

Uma outra definição importante é a da força. O conceito de força é derivado da


segunda lei do movimento de Newton, que pode ser colocada na seguinte forma:

j) ' P D (2.1)

onde:
Σ F = somatório de forças atuando no corpo;
m = massa do corpo;
a = aceleração.

Uma outra maneira de expressar essa lei é:

G
j) ' (P X) (2.2)
G W

onde:
u = velocidade;
t = tempo.

Deve-se observar que as equações (2.1) e (2.2) se confundem quando a massa é


constante, pois:

G
D ' (X) (2.3)
G W

Lembrando da definição de momento:

PRPHQWR ' P X (2.4)


&RQFHLWRV)XQGDPHQWDLV

constata-se que força nada mais é do que a taxa de variação de momento com o
tempo.

As forças que atuam em um dado sistema podem ser classificadas em duas


categorias: forças de volume e forças de superfície. Forças de volume são aquelas
causadas pela gravidade ou campos eletromagnéticos e atuam no fluido como um
todo. Estas forças são normalmente expressas em termos de força por unidade de
volume.

Em contraste, forças de superfície representam a ação da vizinhança no elemento


fluido sendo considerado. Estas forças são normalmente dadas em termos de força por
unidade de área.

Um conceito importante é o de tensão. Para definir essa grandeza será considerado


o elemento de volume de fluido visto na figura 2.1.

∆ )Q

∆)

∆ )W

Figura 2.1 - Forças atuando na superfície de um elemento de volume.

Considerando a área hachurada, ∆A e a força exercida pela vizinhança nessa pequena


área, ∆F, pode-se decompor essa em dois componentes: ∆Fn é a componente normal
à área ∆A e ∆Ft é a componente tangencial à área ∆A.
&RQFHLWRV)XQGDPHQWDLV

As quantidades ∆Fn e ∆Ft são chamadas de força normal e força de cisalhamento,


respectivamente. Lembrando que tensão é definida como força por unidade de área,
pode-se considerar dois tipos de tensão de atuando no elemento fluido:
6 tensão normal:

( ) Q)
Q ' (2.5)
( $) $60

6 tensão de cisalhamento:

( ) W)
W ' (2.6)
( $) $60

Mais especificamente, uma tensão é identificada pela direção da força e pela


orientação da área sob a qual ela atua. A figura 2.2 mostra um elemento de volume na
forma de um cubo. Nessa mesma figura são mostradas as nove possibilidades de
tensões atuando nesse elemento.

]
τ
]]

τ
]\

τ
][
τ
\]
τ
[]
τ\\
τ τ
[\ \[ \
τ
[[

Figura 2.2 - Tensões atuando em um elemento de volume.


&RQFHLWRV)XQGDPHQWDLV

Os dois subscritos obedecem à seguinte convenção:


6 primeiro subscrito: direção da normal ao plano sobre o qual a força está atuando;
6 segundo subscrito: direção da força que produz a tensão.

Observa-se facilmente que xx , yy e zz são tensões normais, ao passo que xy , xz , ,


yx

yz , zx e zy são tensões de cisalhamento.

(QHUJLD

No estudo do escoamento de fluidos, duas formas de energia são particularmente


importantes: a energia potencial e a energia cinética.

Energia potencial é a energia possuída pelo fluido em virtude de sua massa, sua
posição e o efeito da gravidade. Numericamente, a energia potencial é dada pela
seguinte relação:

(S ' J ] (2.7)

sendo:
Ep = energia potencial por unidade de volume do fluido;
ρ = densidade do fluido;
g = aceleração da gravidade;
z = altura do fluido, em relação a um nível arbitrário no qual a energia potencial é
tomada como zero.

Já a energia cinética é a energia que o fluido possui em virtude de seu movimento. O


seu valor, por unidade de volume do fluido, pode ser determinado através da seguinte
relação:

1
(F ' X2 (2.8)
2
&RQFHLWRV)XQGDPHQWDLV

onde:
Ec = energia cinética por unidade de volume do fluido;
ρ = densidade do fluido;
u = velocidade do fluido.

0HFDQLVPRVGH7UDQVSRUWH

Antes de se passar ao estudo das unidades envolvidas na avaliação das grandezas


que aparecem em fenômenos de transporte, uma última conceituação deve ser feita.
Ela está relacionada aos mecanismos de transporte de momento, calor e massa.

Basicamente, existem dois mecanismos de transporte de momento, calor e massa.


Esses dois mecanismos são denominados:
- difusão;
- convecção.

Para transporte de calor existe ainda um mecanismo adicional denominado radiação.

O mecanismo de difusão depende da existência de um meio físico e ocorre devido à


presença de um gradiente de uma dada grandeza:
6 velocidade no caso do transporte de momento;
6 temperatura no caso do transporte de calor;
6 concentração ou potencial químico no caso de transporte de massa, sem que
ocorra necessariamente uma movimentação macroscópica do fluido.

A convecção também depende da existência de um meio e se dá como uma


consequência de um movimento macroscópico do fluido.

Para caracterizar melhor a distinção entre esses dois mecanismos, considere-se os


exemplos mostrados nas figuras 2.3 e 2.4.
&RQFHLWRV)XQGDPHQWDLV

)HUUR
R
7 &

$UYHQWLODGRU
R
7 &
R
7 &

Figura 2.3 - Transporte de calor por difusão e convecção.

$oR

& 

Água

& 
Açúcar

E &RQYHFomR
D 'LIXVmR

Figura 2.4 - Transporte de massa por difusão e convecção.

Na figura 2.3, dentro da barra de ferro ocorre o transporte de calor por difusão (também
denominada condução) devido ao gradiente de temperatura entre as duas faces.
Observa-se que não existe nenhum movimento macroscópico dos átomos de ferro
&RQFHLWRV)XQGDPHQWDLV

dentro da barra. Na superfície direita da barra, existe um ventilador soprando ar frio


sobre a barra. Nesse caso, o calor é retirado da barra através do mecanismo de
convecção: existe um movimento macroscópico do fluido (no caso ar).

Na figura 2.4.a tem-se um caso de transporte de massa por difusão. Carbono é


transportado de uma superfície para a outra devido ao gradiente de concentração.
Novamente, constata-se que não existe nenhum movimento macroscópico do sistema.

Na figura 2.4.b, o transporte de massa se dá por convecção. O açúcar se dissolve na


água e é transportado às diversas partes do sistema, devido à movimentação da água
decorrente da presença do agitador.

8QLGDGHV

A representação quantitativa dos fenômenos de escoamento de fluidos requer o uso


de diferentes tipos de equações. Essas equações, descrevendo os fenômenos físicos,
tem que ser dimensionalmente homogêneas. Em outras palavras, todos os termos tem
que ter a mesma dimensão expressa nas mesmas unidades.

Ao longo dos anos, vários sistemas de unidades tem sido adotados pelas comunidades
científica e de engenharia, como por exemplo: sistema inglês, sistema cgs, sistema
mks.

Em 1960, um novo e racional sistema de unidades foi recomendado para uso


internacional, sendo denominado: sistema internacional de unidades. Nesse sistema,
que será adotado ao longo do texto, a unidade de massa é o quilograma, a unidade de
comprimento é o metro e a unidade de tempo é o segundo.

A tabela 2.1 contém uma lista de unidades e dimensões das principais quantidades
envolvidas em fenômenos de transporte, bem como a natureza dessas quantidades
(escalar, vetorial ou tensorial).
&RQFHLWRV)XQGDPHQWDLV

Tabela 2.1 - Unidades e dimensões das principais quantidades envolvidas em


Fenômenos de Transporte.

Quantidade Dimensão Símbolo Natureza


Massa M kg escalar
Comprimento L m escalar
Tempo t s escalar
Temperatura T K (oC) escalar
Aceleração L t-2 m/s2 vetorial
Velocidade angular t-1 s-1 vetorial
Área L2 m2 escalar
Densidade M L-3 kg/m3 escalar
Viscosidade dinâmica M L-1 t-1 kg/m.s escalar
Viscosidade cinemática L2 t-1 m2/s escalar
Energia, trabalho M L2 t-2 J (N.m) escalar
Força M L t-2 N (kg/m.s2) vetorial
Momento M L t-1 kg.m/s vetorial
Pressão M L-1 t-2 N/m2 escalar
Tensão M L-1 t-2 N/m2 tensorial
Potência M L2 t-3 W (N.m/s) escalar
Calor específico L2 t-2 T-1 J / kg.K escalar
Velocidade L t-1 m/s vetorial
Volume L3 m3 escalar

Como normalmente ainda se encontra na literatura outros sistemas de unidades que


não o SI (6istema ,nternacional), é importante que se saiba fazer as devidas
conversões.
&RQFHLWRV)XQGDPHQWDLV

A tabela 2.2 mostra alguns fatores de conversão úteis no estudo de fenômenos de


transporte.

Tabela 2.2 - Fatores de conversão úteis no estudo de fenômenos de transporte.

Unidade Unidade do Sistema


Internacional
1 ft (pé) 0,3048 m
1 in (polegada) 0,0254 m
1 lbm (libra massa) 0,45359 kg
1 BTU (unidade térmica britânica) 1055 J
1 cal (caloria) 4,184 J
1 lbf 4,4482 N
1 kgf 9,8 N
1 hp 745,7 W

Em relação à temperatura deve-se fazer um comentário mais detalhado. Nas escalas


relativas, tem-se:
6 temperaturas em centígrados: ºC
6 temperatura em graus Fahrenheit: ºF

Nas escalas absolutas, o zero é fixado como sendo a temperatura mais baixa que o
homem acredita que possa existir. Tem-se:
6 centígrado: Kelvin - 0 K = - 273 oC
6 Fahrenheit: Rankine - 0 oR = - 460 oF

É importante observar que um centígrado equivale exatamente a 1 Kelvin e que um


grau Fahrenheit é igual a 1 Rankine.
&RQFHLWRV)XQGDPHQWDLV

São válidas ainda as seguintes relações:

R& ' 1,8 R) (2.9)

. ' 1,8 R5 (2.10)

As relações acima indicam que o grau Celsius é 1,8 vezes maior que o grau
Fahrenheit. A mesma relação existe entre o Kelvin e o grau Rankine. As relações
acima são úteis quando se pensa em conversão de variações nas temperaturas.

Para conversão de temperatura, tem-se as seguintes relações:

7 5 ' 7) % 460 (2.11)

7 . ' 7& % 273 (2.12)

5
7& ' (7) & 32) (2.13)
9

Algumas unidades ainda recebem nomes especiais e é importante que estes nomes
sejam conhecidos, bem como os seus significados. Tem-se:
- dina = g cm / s2 (força);
- poundal = lbm ft / s2 (força);
- Pascal = N/m2 (pressão);
- erg = g cm2 / s2 (energia);
- Poise = g / cm s (viscosidade).

Para se praticar a conversão de unidades, alguns exemplos serão resolvidos a seguir.

Exemplo- Um avião viaja a uma velocidade igual a velocidade do som. Qual é a sua
velocidade, expressa em unidades do sistema internacional ? Velocidade
do som = 3,96 x 106 ft/h.

Solução- Tem-se os seguintes fatores de conversão:


&RQFHLWRV)XQGDPHQWDLV

1 ft = 0,3048 m;
1 h = 3600 s.

Usando os fatores de conversão acima, a velocidade em unidades do sistema


internacional será dada por:

IW (0,3048 P)
YHORFLGDGH (6,) ' 3,96 [ 106 ' 3,96 [ 106 ' 335,3 P/V
K (3600 V)

Exemplo- 100 lbm de água escoam num tubo a uma velocidade de 10 ft/s. Qual a
energia cinética da água, em unidades do sistema internacional ?

Solução- A energia cinética é dada por:

1
(F ' P X2
2

Os fatores de conversão pertinentes são:


1 lbm = 0,45359 kg;
1 ft = 0,3048 m.

Logo, pelo mesmo procedimento do exemplo anterior, tem-se:

1 1
(F ' 100 OEP (10 IW / V)2 ' 100 (0,45359 NJ) [10 [ (0,3048 P) /V]2 '
2 2

P
210,7 NJ '210,7 -
V

Exemplo- Qual é a energia potencial, em unidades SI, de um corpo de 30 lbm situado


a 10 ft acima do nível de referência ?

Solução- A energia potencial é dada por:

(S ' P J ]
&RQFHLWRV)XQGDPHQWDLV

Usando os fatores de conversão já uitlizados acima, tem-se:

(S ' P J ]

P
(S ' 30 OE P J 10 IW ' 30 (0.45359 NJ) (9,8 ) 10 (0.3048 P)
V2

P2
(S ' 406,47 NJ ' 406,47 -
V2

Exemplo- Um parâmetro muito usado em transferência de calor é denominado


coeficiente de transferência de calor. Esse parâmetro é normalmente
fornecido através de correlações empíricas. Uma delas é:

* 0,6
K ' 0,026
' 0,2

onde:
h = coeficiente de transferência de calor (BTU/h ft2 oF);
G = fluxo de massa (lbm / h ft2);
D = diâmetro do tubo (ft).

Deseja-se escrever a mesma equação adotando unidades SI. Qual deve ser a nova
constante no lugar de 0,026 ?

Solução- Em unidades do sistema internacional, tem-se:


GSI ( kg / m2 s) DSI (m) hSI (J / s m2 oC)

Usando os fatores de conversão da tabela 2.2, tem-se:

1 OE P 3600 V (0,3048)2 P 2
* ' *6, ' 737,34 *6,
0,45359 NJ K IW 2
&RQFHLWRV)XQGDPHQWDLV

1 IW
' ' '6, ' 3,28 '6,
0,3048 P

1 %78 3600 V (0,3048)2 P 2 1R&


K ' K6, ' 0,176 K6,
1055 - K IW 2 1,8R)

Substituindo estes valores na relação, obtem-se:

(737,34 *6,)0,6
0,176 K6, ' 0,026
(3,28 '6,)0,4

Finalmente:

0,6
*6,
K6, ' 4,8274
'6,0,4

Logo, a nova constante é 4,8274.

Finalmente, é importante comentar a respeito da pressão e das várias maneiras de


expressar esta variável.

Pressão é normalmente definida como sendo força por unidade de área, agindo
ortogonalmente à superfície em consideração.

Considere-se, então, a figura 2.5. Dentro do tubo de vidro há um líquido. A força que
o líquido exerce sobre a placa da base esta associada ao seu peso. Logo:

) ' P J (2.14)

onde:
F = força exercida pelo líquido sobre a placa de base;
m = massa de líquido contido no tubo;
g = aceleração da gravidade.
&RQFHLWRV)XQGDPHQWDLV

9iFXR

/tTXLGR K

ÈUHD

Figura 2.5 - Dispositivo para definição de pressão.

A massa de líquido contido no tubo é dada por:

P ' 9 (2.15)

onde:
= densidade do líquido;
V = volume de líquido no tubo.

O volume de líquido contido na coluna cilíndrica pode ser determinado por:

9 ' $ K (2.16)

onde:
A = área da base da coluna de líquido;
h = altura da coluna de líquido.

A pressão exercida pelo líquido na área da base é dada por:

)
3 ' (2.17)
$
&RQFHLWRV)XQGDPHQWDLV

Combinando as relações acima, pode-se obter uma expressão genérica para avaliação
da pressão exercida pela coluna de líquido:

3 ' J K (2.18)

Considerando-se uma coluna de 0,5 m de mercúrio ( = 13600 kg/m3), tem-se a


seguinte pressão:

NJ P
3 ' (13600 ) (9,8 ) (0,5 P) ' 66640 3D
P3 V2

Algumas vezes, a pressão é expressa em termos da altura da coluna de líquido


(normalmente, mercúrio ou água). É comum se dizer “pressão de 20 mm de mercúrio”
referindo-se à pressão exercida por uma coluna de 20 mm de mercúrio.

Usando-se os resultados acima, pode-se determinar um fator de conversão de mm de


mercúrio para Pascal. Tem-se que:

500 PP +J ' 66640 3D

ORJR

1 PP +J ' 133,33 3D

Um outro ponto importante ligado à pressão está relacionado à maneira de expressar


os valores de pressão. Duas maneiras são normalmente empregadas: pressão relativa
e pressão absoluta. A diferença entre elas é vista esquematicamente na figura 2.6.

Tem-se que a pressão absoluta é dada por:

SUHVVmR DEVROXWD ' SUHVVmR UHODWLYD % SUHVVmR DWPRVIpULFD (2.19)

Ou, pela figura 2.6:

K2 ' K1 % K
&RQFHLWRV)XQGDPHQWDLV

$WPRVIHUD

9iFXR

0DQ{PHWUR 0DQ{PHWUR
∆K
∆K *iV *iV

3UHVVmRUHODWLYD 3UHVVmRDEVROXWD

9iFXR

∆K 3UHVVmRDWPRVIpULFD

%DU{PHWUR

Figura 2.6 - Quadro esquemático identificando a diferença entre pressão absoluta e


relativa.

A pressão atmosférica é determinada por um aparelho denominado barômetro.

No sistema britânico de unidades, é comum encontrar-se pressões fornecidas em


termos das seguintes unidades:
6 psia (SRXQGV SHU VTXDUH LQFK DEVROXWH = libra-força por polegada quadrada
absoluta;
6 psig (SRXQGVSHUVTXDUHLQFKJDJH = libra-força por polegada quadrada relativa.
Essas unidades são as comumente utilizadas na especificação de calibração de pneus.

Exemplo- Usando o mesmo procedimento adotado para correlacionar mm de Hg e Pa,


determine um fator de conversão de metro de coluna d´água para Pascal.
&RQFHLWRV)XQGDPHQWDLV

Solução- Pela relação (2.18), tem-se que:

3 ' J K

Considerando a densidade da água igual a 1000 kg/m3, tem-se:

NJ P
3 ' (1000 ) (9,8 ) (1 P) ' 9800 3D
P 3
V2

Dessa forma, constata-se que 1 m de coluna d´água equivale a 9800 Pa.

Exemplo- A pressão atmosférica equivale a 760 mm Hg. Determine esse valor em psia
e em Pascal.

Solução- Pelo fator de conversão determinado anteriormente, tem-se que:


1 mm Hg = 133,33 Pa

Logo:
760 mm Hg = 760 x 133,33 Pa = 101330 Pa = 101330 N/m2.

Usando os fatores de conversão da tabela 2.2, tem-se:


1 lbf = 4,4482 N
1 in = 0,0254 m

Logo:

1 OE I (0,0254)2 P 2
101330 3D ' 101330 ' 14,7 SVLD
4,4482 1 LQ2

Exemplo- Um manômetro (mede pressão relativa) indica que a pressão dentro de um


tanque é 51 psi. A pressão barométrica é de 28 in de Hg. Calcular a pressão
absoluta de CO2 no tanque em Pa.
&RQFHLWRV)XQGDPHQWDLV

Solução- Para determinar a pressão absoluta basta converter os dados de pressão


relativa e barométrica para Pa e somar os resultados. A pressão relativa é de 51,0 psi.
Pelo resultado do exemplo anterior, tem-se que:
101330 Pa = 14,7 psi

Logo:
51 psi = 351553 Pa

Já a pressão barométrica (atmosférica) é de 28 in Hg. Mas:


1 in = 0,0254 m = 25,4 mm

Logo:
28 in = 711,2 mm Hg

Do exemplo anterior, sabe-se que:


1 mm Hg = 133,33 Pa

Assim: 28 in Hg = 94824,3 Pa.

Finalmente, a pressão absoluta é dada por:


pressão absoluta = (351553 + 94824,3) Pa = 446377,3 Pa.

A seguir serão resolvidos mais dois exemplos relativos à conversão de unidades e


dimensões das variáveis encontradas no estudo de transporte de momento.

Exemplo- A densidade da água a 25 oC é de 62,4 lbm/ft3. Fornecer o valor dessa


densidade em kg/m3.

Solução- Usando os fatores de conversão da tabela 2.2:


1 lbm = 0,45359 kg
1 ft = 0,3048 m.
&RQFHLWRV)XQGDPHQWDLV

Assim, determina-se a densidade da água nas unidades do sistema internacional:

0,45359 NJ 1IW 3 NJ
+22 ' 62,4 ' 999,55
OEP (0,3048)3 P 3 P3

Exemplo- Mostrar que o parâmetro P/ tem dimensão de energia por unidade de


massa.

Solução- Consultando a tabela 2.1, tem-se:


- pressão: M L-1 t-2 ;
- densidade: M L-3 ;
- energia: M L2 t-2 .

Assim, tem-se:
3UHVVmR 3 0/ &1W &2 /2
' ' '
'HQVLGDGH 0/ &3 W2

(QHUJLD 0/ 2W &2 /2
' '
0DVVD 0 W2

Constata-se assim que pressão/densidade tem a mesma dimensão de energia por


unidade de volume.
&RQFHLWRV)XQGDPHQWDLV

(;(5&Ë&,26

1- Calcular o volume em m3, de um cilindro com as seguintes dimensões:


6 altura ou comprimento: 15 in;
6 diâmetro: ¼ in.

2- Se um foguete usa 255 ft3/h de oxigênio líquido, quantos m3/s de oxigênio são
usados?

3- Calcular todas as temperaturas a partir de um dos valores dados:

Unidade a b c d e f g
o
F 140 1000
o
R 500 1000
K 298 1000
o
C -40

4- Um manômetro indica que a pressão relativa dentro de um condensador é de 3,53


metros de coluna d’água. O barômetro indica 30,4 in de Hg. Qual a pressão absoluta
no condensador em psi e em Pa?

5- Pequenos animais (insetos e roedores) podem viver em pressões reduzidas (3,0


psia). Num teste, um manômetro de Hg foi ligado a um recipiente, conforme a figura
abaixo. A leitura do manômetro indica 25,4 in Hg e a pressão barométrica é igual a
14, 79 psi. Poderão os insetos sobreviver?

,QVHWRV
$WPRVIHUD

0DQ{PHWUR
∆K LQ+J
&RQFHLWRV)XQGDPHQWDLV

6- Calcular a energia cinética de 1 tonelada de água movendo a 60 milhas/hora. Dar


a resposta em:
a- ft . lbf
b- ergs
c- Joules
d- hp . seg
e- Watt . seg
Dado: 1 milha = 1,6 Km

7- Densidades podem ser expressas como funções lineares da temperatura. A


expressão geral tem a seguinte forma:

' R % $ 7

Sendo que:
: kg/m3 ; T : oC.

Se a equação é dimensionalmente consistente, qual deve ser a unidade de “A”?

8- Num alto-forno, a queda de pressão do gás pode ser expressa por:

3
' D µ 9 % E 92
+
onde:
P= queda de pressão;
H = altura do leito;
µ = viscosidade do gás;
= densidade do gás;
V = velocidade do gás.
Determinar as unidades das constantes “a” e “b”, usando o sistema internacional.

9- Uma correlação empírica para determinar o coeficiente de transferência de calor de


uma placa vertical para o ar pode ser expressa por:
&RQFHLWRV)XQGDPHQWDLV

1
7
K ' 0,29 2
/
onde:

h = coeficiente de transferência de calor [=] Btu/h.ft2 ºF


T = diferença de temperatura entre a superfície da placa e o ar [=] ºF
L = comprimento da placa [=] ft.

Deseja-se escrever a mesma relação adotando unidades SI. Qual deve ser a nova
constante no lugar de 0,29?

10- Provar que os seguintes números são adimensionais:

' 9 J 7 /3
5H ' *U '
µ 2

onde:
D = diâmetro
V = velocidade
= densidade
µ = viscosidade dinâmica
g = aceleração da gravidade
T= diferença de temperatura
L = comprimento
= viscosidade cinemática
= coeficiente de compressibilidade, avaliado pela seguinte relação:

1 M
' &
M7 3
9LVFRVLGDGH

Uma das principais propriedades dos fluidos, que tem grande importância no seu
escoamento, é a viscosidade. Essa propriedade será definida neste capítulo. Serão
apresentadas também maneiras de se estimar o seu valor para diferentes tipos de
fluidos de interesse na metalurgia.

'HILQLomRGH9LVFRVLGDGHH/HLGH1HZWRQGD9LVFRVLGDGH

A viscosidade é uma propriedade física que caracteriza a resistência ao escoamento


de um fluido simples. Para quantificá-la, considere-se a situação vista na figura 3.1,
onde se tem uma certa quantidade de fluido entre duas placas paralelas.

3ODFDHVWDFLRQiULD

3ODFDHPPRYLPHQWR
)OXLGR
9HORFLGDGH9

Figura 3.1- Situação esquemática para definição de viscosidade.

No tempo t = 0, a placa inferior começa a se mover a uma velocidade constante V. A


partir desse instante, o fluido que está sobre essa placa também começa a se mover.
Com o tempo, o fluido move-se até atingir o estado estacionário: a distribuição de
velocidade ao longo do fluido se torna constante com o tempo. Essa situação é
mostrada na figura 3.2, onde se tem os perfis de velocidade em função do tempo a
partir do qual a placa inferior começou a se movimentar.
9LVFRVLGDGH

\ /

\ / )/8,'2(05(632862
W
[
\ 

\ /
3/$&$,1)(5,25e
\ / &2/2&$'$(0
W 
029,0(172
[
\ 
9

\ /
(6&2$0(1721­2(67$&,21È5,2
\ /
W! SHTXHQR 9(/2&,'$'(9$5,$&2027(032
[
\ 
9

\ /
',675,%8,d­2),1$/'(9(/2&,'$'(
\ / (67$'2(67$&,21È5,2
W!
[
\ 
9

Figura 3.2- Evolução do perfil de velocidades em um sistema de placas paralelas.

Quando o estado estacionário é atingido, uma força constante F é necessária para


manter o movimento da placa inferior. Essa força pode ser expressa da seguinte
maneira:

) 9
' µ (3.1)
$ /

onde:
F = força para manter a placa inferior em movimento;
A = área da placa;
9LVFRVLGDGH

V = velocidade da placa inferior;


L = distância entre as placas;
µ= constante de proporcionalidade. Esta constante depende do fluido que está entre
as placas e é denominada viscosidade dinâmica ou molecular.

Observa-se que a força por unidade de área é proporcional à velocidade e


inversamente proporcional à distância entre as placas. Como a força aplicada nesse
caso é tangencial à superfície da placa, tem-se ainda que:

)RUoD
' 7HQVmR GH FLVDOKDPHQWR (3.2)
ÈUHD

Na interface entre o fluido e as placas prevalece a condição de QmRHVFRUUHJDPHQWR.


Isso significa que o fluido que está em contato com a placa assume a velocidade da
placa. Como as placas em questão possuem velocidades diferentes, há o
aparecimento de um gradiente1 de velocidade no interior do fluido.

No estado estacionário, quando o perfil de velocidade é linear, V/L pode ser associado
ao gradiente de velocidade. No caso mostrado na figura 3.2, o gradiente de velocidade
pode ser determinado considerando-se que:
- em y = 0, vx = V;
- em y = L, vx = 0.
Logo:

Y[ GY[ 0 & 9
JUDGLHQWH GH YHORFLGDGH ' ' ' (3.3)
\ G\ / & 0

Deve-se observar que, na avaliação do gradiente de velocidade pela equação acima,


há uma correspondência direta entre as velocidades que aparecem no numerador da
fração e as posições indicadas no denominador.

1
Gradiente é a variação no valor de alguma grandeza com a posição dentro de um dado
sistema.
9LVFRVLGDGH

Substituindo as equações (3.2) e (3.3) em (3.1), pode-se escrever que:

GY [
7HQVmR GH FLVDOKDPHQWR ' \[ ' & µ (3.4)
G\

A relação (3.4) é a expressão matemática da OHLGH1HZWRQGDYLVFRVLGDGH aplicada


a casos de escoamentos uni-dimensionais, onde se tem apenas uma componente de
velocidade (vx), variando somente em uma direção (y). Esta lei estabelece que a tensão
de cisalhamento, yx (y é a direção da normal ao plano sobre o qual a força atua e x é
a direção da força aplicada - veja figura 3.2) , é proporcional ao negativo do gradiente
de velocidade. No capítulo 5 será apresentada a forma mais completa da lei de Newton
da viscosidade aplicada a escoamentos tri-dimensionais.

Um fluido que obedece à lei de Newton da viscosidade é denominado Newtoniano. Os


fluidos comuns na metalurgia (gases, metais e escórias líquidos) são fluidos
Newtonianos. Exemplos de fluidos não Newtonianos são os polímeros, pastas e tintas.
Estes fluidos não obedecem à equação (3.4). Existe um ramo da ciência que se dedica
ao estudo dos fluidos não Newtonianos, buscando determinar HTXDo}HVFRQVWLWXWLYDV
(similares à equação (3.4)), que regem o seu comportamento.

Ainda em relação à equação (3.4), deve-se observar que quanto maior é a viscosidade
do fluido, µ, maior será a tensão de cisalhamento, ou a força, necessária para manter
a placa inferior em movimento.

,QWHUSUHWDomRItVLFDGH \[

Na análise da equação (3.4) feita acima, interpretou-se yx como sendo a tensão de


cisalhamento (atrito) existente devido ao gradiente de velocidade.

A expressão (3.4) pode ser interpretada de um outro modo. Na vizinhança da superfície


que está se movendo em y = 0, o fluido adquire uma certa quantidade de momento na
9LVFRVLGDGH

direção x. Este fluido, por sua vez, passa uma certa quantidade desse momento para
a camada adjacente de fluido, fazendo com que ela adquira também movimento na
direção x. Desse modo, pode-se dizer que o momento da direção x é transmitido por
difusão na direção y ao longo do fluido. Como visto no capítulo 2, para que momento
seja transportado por difusão é necessária a existência de um gradiente de
velocidade.

yx pode, então, ser interpretado como fluxo1 de momento –x por difusão na direção
y. Essa interpretação é bastante conveniente pois é análoga ao tratamento que será
dado mais tarde para o transporte de calor e massa. E mais, através dessa
interpretação, se torna mais fácil entender o sinal de yx .

Momento por difusão é transportado das regiões de alta para as de baixa velocidade
(similar ao que Robin Hood fazia,WLUDQGRGRVULFRVHSDVVDQGRSDUDRVSREUHV). Assim,
na figura 3.2, momento vai de y = 0 (alta velocidade) para y = L (baixa velocidade).
Para se saber o que é alta ou baixa velocidade, é importante lembrar que velocidade
é uma grandeza vetorial. Assim, uma velocidade de - 100 m/s é menor que uma
velocidade de 0,01 m/s.

Com esta nova interpretação para yx , pode-se dizer que a lei de Newton da
viscosidade estabelece que o fluxo de momento por difusão é proporcional ao negativo
do gradiente de velocidade. O sinal de yx pode ser determinado considerando-se que
o fluxo de momento-x será positivo se ele se der no mesmoVHQWLGRdo crescimento
do eixo y (y é a direção do gradiente de velocidade) . Se o fluxo de momento for no
sentido oposto ao crescimento do eixo y, ele será negativo.

Finalmente, o sinal do gradiente de velocidade pode ser determinado de uma maneira


bastante simples. Se quando y aumenta, vx também aumenta, pode-se dizer que o

1
Fluxo de alguma grandeza (momento, calor e massa) representa a quantidade desta
grandeza que é transportada por unidade de tempo e área. Taxa representa a
quantidade transportada por unidade de tempo.
9LVFRVLGDGH

gradiente de velocidade é positivo. Se quando y aumenta, vx diminui, o gradiente de


velocidade é negativo.

A seguir serão resolvidos alguns exemplos de aplicação, enfatizando a interpretação


da lei de Newton da viscosidade.

Exemplo- Para a figura mostrada abaixo, determine:


- direção e sentido do transporte de momento por difusão;
- direção e sentido do fluxo de momento por convecção.

y z= 0

z= H
Aplique a lei de Newton da viscosidade à situação mostrada.

Solução- Conforme visto acima, momento por difusão é transportado na direção do


gradiente de velocidade. Assim, a direção do transporte de momento por difusão é a
direção z.

Como momento é transportado por difusão das regiões de alta (z = H) para as de baixa
velocidade (z = 0), tem-se que o sentido do transporte de momento por difusão é o
negativo de z.

Transporte de momento por convecção ocorre na direção do movimento macroscópico


do fluido (veja Capítulo 2), que nesse caso é a direção y. Como as velocidades estão
no mesmo sentido de crescimento do eixo y, elas são todas positivas e, portanto, o
sentido do fluxo de momento por convecção é o positivo de y.

Para o sistema visto acima, a lei de Newton pode ser colocada na seguinte forma:
9LVFRVLGDGH

GY \
]\ ' & µ
G]
Para o caso em estudo, a velocidade vy aumenta quando z aumenta. Dessa forma o
gradiente de velocidade é positivo e o fluxo de momento por difusão, , é negativo,
zy

pois ocorre no sentido oposto ao crescimento do eixo z.


Exemplo- Repita o exemplo acima para a situação vista abaixo:

x= H

x= 0 z

Solução- Nesse caso, as velocidades são negativas, pois estão no sentido oposto ao
crescimento do eixo z.

Momento por difusão é transportado na direção x (direção do gradiente de velocidade),


da região de altas (x = H) para as de baixa velocidade (x = 0). (/HPEUHVH TXH
YHORFLGDGH p XPD JUDQGH]D YHWRULDO   Desta forma, o sentido do transporte de
momento por difusão é o negativo de x.

Momento por convecção é transportado na direção do movimento macroscópico do


fluido, que na situação vista acima é a direção z, no sentido negativo deste eixo.

Para este caso, a lei de Newton da viscosidade pode ser colocada na seguinte forma:

GY ]
[] ' & µ
G[

O fluxo de momento por difusão é negativo e o gradiente de velocidade é positivo (vz


aumenta quando x aumenta).
9LVFRVLGDGH

Exemplo- Repita os exemplos acima para o caso apresentado na figura a seguir.

\
] 

] D
]
] E
] +

Solução- A situação acima é um pouco mais complexa que as anteriores. Nesse caso,
há uma alteração no sentido da velocidade na região mostrada.

Considerando-se a orientação dos eixos, tem-se que a velocidade vy é positiva na


região definida por :0 < z < b. Na região dada por b < z < H, as velocidades são
negativas. A velocidade máxima no domínio considerado ocorre em z = a. Logo, o
transporte de momento por difusão vai ocorrer na direção z (direção do gradiente de
velocidade), no sentido de z = a para z = 0 e de z = a para z = H. Assim, tem-se:
- região: 0 < z < a : fluxo de momento por difusão é negativo - sentido contrário ao do
crescimento do eixo z;
- região: a < z < H : fluxo de momento por difusão é positivo - mesmo sentido do
crescimento do eixo z.

O transporte de momento por convecção ocorre na direção do deslocamento


macroscópico do fluido, que nesse caso é a direção y. Tem-se que:
- região: 0 < z < b : fluxo de momento por convecção é positivo - velocidades
positivas;
- região: b < z < H : fluxo de momento por convecção é negativo - velocidades
negativas.

Para o sistema em estudo, a lei de Newton pode ser colocada na seguinte forma:
9LVFRVLGDGH

GY \
]\ ' & µ
G]

Analisando-se o sinal do gradiente de velocidade, tem-se que:


- região: 0 < z < a : velocidades aumentam com o aumento em z - gradiente é
positivo;
- região: a < z < H : velocidades diminuem com o aumento em z - gradiente é
negativo.

Os exemplos acima demonstram que os mecanismos de transporte, difusão e


convecção, podem estar presentes simultaneamente. O fato de haver transporte de
momento por difusão não elimina a possibilidade de existência de transporte por
convecção e vice-versa.

'LPHQVmRGDYLVFRVLGDGH

Através da lei de Newton de viscosidade expressa através da equação (3.4), pode-se


determinar a dimensão da viscosidade dinâmica ou molecular, µ. Tem-se que:

0
7HQVmR GH FLVDOKDPHQWR ' \[ :
/ W2

GY[ /
*UDGLHQWH GH YHORFLGDGH ' : ' W &1
G\ / W
Substituindo-se na lei de Newton da viscosidade, obtem-se:

0 1
' µ
/ W 2 W

Desse modo:

0
µ :
/ W
9LVFRVLGDGH

No sistema internacional, a viscosidade é expressa em termos das seguintes unidades:


µ : kg/m s = Pa s.

Uma unidade de viscosidade bastante popular é a referente ao sistema cgs


(Fentímetro-Jrama-Vegundo). Nesse sistema, a viscosidade é dada em g/cm s. Essa
unidade é denominada Poise, P, em homenagem ao cientista francês 3RLVHuille, que
desenvolveu estudos na área de mecânica dos fluidos.

O centipoise, cP, é uma unidade derivada do Poise e equivale a um centésimo dessa


unidade:
1 cP = 10-2 P

Uma outra grandeza de importância no estudo do transporte de momento é a


viscosidade cinemática, definida pela seguinte relação:

µ
' (3.5)

onde:
= viscosidade cinemática e = densidade do fluido.

A viscosidade cinemática tem dimensão de M2 / t (verifique isso como um exercício) e


é conhecida também como difusividade de momento.

Antes de ver os métodos para estimativa de viscosidade de fluidos de interesse na


metalurgia, é importante ver a similaridade existente entre a lei de Newton da
viscosidade e leis similares que regem o transporte de calor e massa por difusão.

O transporte de calor por difusão é governado pela seguinte relação:

G7
T\ ' & N (3.6)
G\
onde:
qy = fluxo de calor por difusão;
9LVFRVLGDGH

k = condutividade térmica do material ao longo do qual o calor é transferido;


T = temperatura.

Essa relação é conhecida como lei de Fourier.

Para o transporte de massa por difusão, tem-se a seguinte expressão:

G&
M\ ' & ' (3.7)
G\
sendo:
jy = fluxo de massa por difusão;
D = difusividade de massa;
C = concentração ou potencial químico da espécie química que se difunde.

Essa expressão é a representação matemática da lei Fick para difusão de massa.

É imediata a similaridade entre as lei de Newton da viscosidade, de Fourier e de Fick.


Todas elas estabelecem que o fluxo (de momento, calor ou massa) é proporcional ao
gradiente de uma dada variável (velocidade, temperatura e concentração ou potencial
químico). As constantes de proporcionalidade são específicas para cada situação:
- transporte de momento: µ (viscosidade);
- transporte de calor: k (condutividade térmica);
- transporte de massa: D (difusividade de massa).

A principal diferença entre a lei de Newton e as leis de Fourier e de Fick está


relacionada com a natureza das variáveis envolvidas. Na lei de Newton, o gradiente
envolve uma variável vetorial, que é a velocidade. Nas lei de Fourier e Fick, o gradiente
é de uma variável escalar, temperatura e concentração (ou potencial químico),
respectivamente. Como consequência desta diferença, o fluxo de momento, yx , é uma
grandeza tensorial: um índice está associado à direção da velocidade, e outro à
direção do gradiente. Os fluxos de calor e de massa, qy e jy, são grandezas vetoriais,
e o seu índice está relacionado com a direção do gradiente de temperatura ou
concentração (ou potencial químico).
9LVFRVLGDGH

9LVFRVLGDGHGH*DVHV

No estudo da transferência de momento, uma das características do fluido que deve


ser conhecida é a sua viscosidade.

Um grande volume de dados de viscosidade de fluidos encontra-se tabelado na


literatura. Entretanto, nem sempre os valores de que se necessita são encontrados,
especialmente quando se lida com gases, mistura de gases e metais líquidos em altas
temperaturas.

Nesses casos, alguma alternativa para determinação da viscosidade (nem que seja de
modo aproximado) deve ser buscada.

Para gases já existem algumas teorias que permitem uma estimativa da viscosidade.
Uma dessas é a teoria cinética dos gases. Por essa teoria, considera-se um gás ideal
possuindo as seguintes características:
6 as moléculas são rígidas como bolas de bilhar, possuindo um diâmetro “d” e massa
“m”;
6 as moléculas não exercem forças umas sobre as outras, exceto quando elas
colidem;
6 as colisões são perfeitamente elásticas e obedecem as leis clássicas de
conservação de momento e energia;
6 as moléculas estão uniformemente distribuídas, possuindo uma concentração
equivalente a “n” moléculas por unidade de volume. Elas estão em contínuo
movimento e estão separadas por distâncias que são grandes comparadas com seu
diâmetro;
6 todas as direções para a velocidade são igualmente prováveis. A magnitude da
velocidade de uma molécula pode possuir qualquer valor entre zero e infinito.
9LVFRVLGDGH

Assumindo que as moléculas possuem uma distribuição de velocidade dada pela


equação de Maxwell (isto é, a energia térmica do gás é dada pela energia cinética de
todas as moléculas que se movem) e através de um longo desenvolvimento(1) pode-se
determinar que a viscosidade é dada pela seguinte expressão:

2 P .% 7
µ ' (3.8)
3 3/2
G2

onde:
µ = viscosidade do gás em Poise (g/cm s);
m = massa de uma molécula (g);
KB = contante de Boltzmann (1,38 x 10-16 erg/molécula K);
T = temperatura (K);
d = diâmetro de uma molécula (cm).
(Verifique a consistência das unidades da equação acima).

Uma conclusão importante que pode ser obtida através da equação acima é a de que
a viscosidade de um gás é independente da pressão e depende apenas da
temperatura. Esta conclusão está em boa concordância com dados experimentais até
pressões de dez atmosferas. Entretanto, a dependência com a temperatura está
apenas qualitativamente correta: a viscosidade de um gás cresce com a temperatura.
Quantitativamente, dados reais obtidos para vários gases indicam que µ varia com Tn,
onde “n” está entre 0,6 e 1,0, ao invés de 0,5 como é indicado pela equação (3.8).

Uma teoria mais moderna substituiu o modelo de bolas de bilhar por um modelo mais
realístico. Este novo modelo considera um campo de forças, englobando forças de
atração e repulsão entre as moléculas. Esta teoria faz uso da energia potencial de
interação entre um par de moléculas no gás. Esta função, normalmente denominada
potencial Lennard-Jones, mostra um comportamento de interação molecular: fraca
atração para grandes separações e forte repulsão para pequenas separações. A figura
3.3 mostra este comportamento.
9LVFRVLGDGH

E n e rg ia

R e p u ls ã o

A tra ç ã o

0
σ δ r

Figura 3.3- Função potencial de Lennard-Jones, descrevendo


a interação de duas moléculas não polares.

A posição de equilíbrio das moléculas é dada pelo ponto δ, onde a energia potencial
é mínima e vale -ε. O parâmetro ε é chamado de energia característica.

A função potencial, (r), é descrita pela seguinte relação:

12 6
(U) ' 4 & (3.9)
U U

onde:
= energia característica (erg/molécula);
= diâmetro de colisão (Angstrom).

Usando o potencial Lennard-Jones, Chapman e Enskog desenvolveram a seguinte


equação para cálculo de viscosidade de gases não polares a baixas pressões:
9LVFRVLGDGH

0 7
µ ' 2,6693[10&5 (3.10)
2
µ

µ = viscosidade do gás (Poise);


= diâmetro de colisão da molécula (Angstrom);
M = massa molecular do gás (g/mol);
µ = integral de colisão da teoria de Chapman-Enskog.

A constante da equação (3.10) já incorpora fatores de conversão para que o resultado


de viscosidade seja obtido em Poise, quando os valores de , M e µ são fornecidos
nas unidades listadas acima.

A integral de colisão é função do parâmetro adimensional de temperatura KB . T/ε .


Para usar a equação (3.10), são necessários os valores de σ e ε/KB. Esses parâmetros
são conhecidos para várias substâncias, sendo que uma lista parcial é fornecida na
tabela 3.1.

Para determinar a integral de colisão, pode-se usar a tabela 3.2. Se o gás fosse
composto de esferas rígidas de diâmetro σ (ao invés de moléculas reais com forças de
atração e repulsão), o parâmetro Ωµ seria igual a um. Desse modo, pode-se dizer que
a função Ωµ quantifica o desvio do comportamento de esferas rígidas.

A relação (3.10) é, então, útil para determinar a viscosidade de gases não polares a
baixas densidades. Entretanto, ela não pode ser aplicada com confiança para gases
constituídos por moléculas polares ou muito grandes, em especial para H2O, NH3,
CH3OH e NOCl.

Uma alternativa ao uso da tabela 3.2 consiste no uso de correlações matemáticas


obtidas a partir de ajuste de função aos dados desta tabela. Desta forma, evita-se
interpolações, uma vez que os valores do parâmetro /KB T nem sempre são os
indicados nesta tabela. As correlações obtidas através deste ajuste são:
9LVFRVLGDGH

- para KB T/ # 2:

.% 7
log µ ' 0,2071 & 0,4662 log (3.11)

- para KB T/ > 2:

.% 7
log µ ' 0,0689 & 0,1497 log (3.12)

Tabela 3.1- Parâmetros de Lennard-Jones(1).

Substância Massa molecular, M Parâmetros de Lennard-Jones


(Angstron) /KB (K)
Elementos Leves
H2 2,016 2,915 38,0
He 4,003 2,576 10,2
Gases nobres
Ne 20,183 2,789 35,7
Ar 39,944 3,418 124
Kr 83,8 3,498 225
Xe 131,3 4,055 229
Substâncias poli-atômicas simples
Ar 28,97 3,617 97
N2 28,02 3,681 91,5
O2 32,00 3,433 113
CO 28,01 3,590 110
CO2 44,01 3,996 190
SO2 64,07 4,290 252
F2 38,00 3,653 112
Cl2 70,91 4,115 357
Br2 159,83 4,268 520
CH4 16,04 3,822 137
9LVFRVLGDGH

Tabela 3.2- Valores da Integral de Colisão, baseados no potencial de Lennard-Jones(1).

KB T / µ

0,3 2,785
0,4 2,492
0,5 2,257
0,6 2,065
0,7 1,908
0,8 1,780
0,9 1,675
1,0 1,587
2,0 1,175
4,0 0,970
6,0 0,8963
8,0 0,8538
10 0,8242
20 0,7432
40 0,6718
60 0,6335
80 0,6076
100 0,5882
200 0,5320
400 0,4811

Uma limitação da equação (3.10) é que ela fornece resultados bons apenas para
temperauras acima de 100 K. Para a metalurgia, isso não representa uma restrição
importante, pois na maioria dos casos de lida com temperaturas bem acima deste
valor.

Em metalurgia, é bastante comum se ter misturas de gases. Para estas misturas, a


viscosidade pode ser estimada a partir da seguinte relação:
9LVFRVLGDGH

Q
j [L µL 0L
µ0,6785$ ' L'1 (3.13)
Q
j [L 0L
L' 1
onde:
n = número de componentes da mistura;
xi = fração molar do componente i na mistura;
µi = viscosidade do componente i na msitura;
Mi = massa molecular do gás i.

Os cálculos de viscosidades de gases puros e misturas de gases geralmente


encontrados em metalurgia podem ser realizados através da planilha viscosidade-
gases.xls.

Usando a planilha acima, resolva os exemplos apresentados abaixo.

Exemplo- Avalie a viscosidade do hidrogênio a 1 atm de pressão e a 1000 K.

Solução- Usando a planilha acima, obtem-se:


µ = 0,7183
Logo:
µ = 1,94 x 10-4 P.

Exemplo- Calcule a viscosidade do CO2 a 200, 300 e 800 K. Compare com os


seguintes dados experimentais:
200 K: µ = 1,015 x 10-4 P;
300 K: µ = 1,495 x 10-4 P.
Solução- Para as temperaturas de 200, 300 e 800 K tem-se, respectivamente:
µ (200 K) = 1,5729
µ (300 K) = 1,302
µ (800 K) = 0,945
9LVFRVLGDGH

As viscosidades obtidas são:


µ (200 K) = 9,971 x 10-5 P;
µ (300 K) = 1,475 x 10-4 P;
µ (800 K) = 3,319 x 10-4 P;

Exemplo- Estime a viscosidade de um gás de alto-forno com a seguinte composição:


N2 = 50 % CO = 24 % CO2 = 22 % H2 = 4 %;
a uma temperatura de 100 oC.
Solução- Pelos resultados da planilha, tem-se
µ (N2) = 2,121 x 10-4 P;
µ (CO) = 2,169 x 10-4 P;
µ (CO2) = 1,821 x 10-4 P;
µ (H2) = 1,035 x 10-4 P;

A viscosidade da mistura é, então:


µ (mistura) = 2,04 x 10-4 P;

9LVFRVLGDGHGH/tTXLGRV

Ao se lidar com o transporte de momento em líquidos, usualmente defronta-se com o


problema de que a estrutura dos líquidos é bem menos conhecida que a estrutura de
gases e sólidos. Entretanto, existe mais similaridade entre sólidos e líquidos que entre
líquidos e gases. Essa afirmação é baseada na pequena variação de volume que
ocorre quando se passa de sólido para líquido (3 a 5% no caso de metais) e no
pequeno valor do calor de fusão quando este é comparado com o calor de
vaporização.

Dados de raios-X mostram também que nos líquidos existe uma organização a curta
distância.
9LVFRVLGDGH

Várias teorias tem sido formuladas para explicar algumas das propriedades dos
líquidos. Contudo, todas elas apresentam problemas.

Uma dessas teorias propõe a seguinte relação para cálculo de viscosidade de líquidos:

*YLV
µ ' $ exp (3.14)
5 7

onde:
µ = viscosidade do líquido (Poise);
A = constante (Poise)
T = temperatura absoluta;
R = constante dos gases (cal/mol . K);
∆Gvis = energia de ativação da viscosidade (cal/mol).

A constante A é objeto de muitos estudos teóricos desenvolvidos sobre a estrutura dos


líquidos. Nenhuma dessas teorias fornecem valores satisfatórios. A teoria que fornece
os melhores valores é a de Eyring, que propõe a seguinte equação para avaliação da
constante A:

1R K
$ ' (3.15)

onde:
No = número de Avogadro
h = constante de Planck (6,624 x 10-27 erg . s)
^ = volume molar (cm3/mol).
V

Para líquidos que apresentam interações apenas do tipo van der Waals a energia de
ativação da viscosidade pode ser obtida da energia de vaporização:

*YLV ' 0,41 (YDS (3.16)

sendo:
∆Evap = energia de vaporização (cal/mol).
9LVFRVLGDGH

Essa energia de vaporização pode ser relacionada com a entalpia de vaporização


através da seguinte expressão:

(YDS ' +YDS & 5 7 E (3.17)

onde:
∆Hvap = entalpia de vaporização (cal . mol).
Tb = temperatura de ebulição (K)

Infelizmente as relações (3.16) e (3.17) não são válidas para metais líquidos e não
devem ser usadas, a não ser como último recurso.

É surpreendente como líquidos de natureza completamente diferentes, em termos de


ligação, apresentam viscosidade com valores próximos.

A tabela 3.3 mostra faixas de valores de viscosidade para diversos líquidos.

Tabela 3.3- Viscosidade de líquidos de diferentes naturezas(1).

Faixa de viscosidade Materiais


(Poise)
1 - 100 Escórias: CaO - SiO2 - Al2O3
50 % NaOH - 50 % H2O
Óleos
0,1 - 1,0 H2SO4
0,01 - 0,1 Sais fundidos
Metais pesados (Pb, Au, Zn)
Metais alcalinos (Ca, Mg)
Metais de transição (Fe, Ni, Co)
Água (20 oC)
Querosene (20 oC)
0,001 - 0,01 Acetonas
9LVFRVLGDGH

9LVFRVLGDGHGHPHWDLVOtTXLGRV

As interações existentes nos metais líquidos não são do tipo van der Waals e , desse
modo, as relações vistas acima não se aplicam a esses materiais.

Chapman desenvolveu uma teoria considerando as interações entre os átomos nos


metais e obteve uma relação entre três grandezas:

-µ*: viscosidade reduzida;


-T*: temperatura reduzida;
-V*: volume reduzido.

Essas grandezas são definidas através das seguintes expressões:

µ 2
1R
µ( ' (3.18)
0 5 7

.% 7
7( ' (3.19)

1
9( ' (3.20)
Q 3

onde:
δ = distância interatômica no cristal a 0 K (cm);
ε = parâmetro de energia, característica do metal;
No = número de Avogrado;
M = massa atômica;
R = constante dos gases (8,314 x 107 g . cm2 / s2 . mol . K);
T = temperatura absoluta (K);
KB = constante de Boltzmann; 1,38 x 10-16 erg/K
n = número de átomos por unidade de volume.
9LVFRVLGDGH

O relacionamento entre os três parâmetros acima é mostrado na figura 3.4.



µ 9 










       
7

Figura 3.4- Curva para estimativa da viscosidade de metais líquidos(1).

A relação vista graficamente na figura 3.4 pode ser expressa através do seguinte
polinômio:

2 3
1 1 1
µ( 9 (2 ' &0,0088 % 0,4488 & 0,0262 % 0,0156 (3.21)
7( 7( 7(

A tabela 3.4 fornece valores de e /KB para diversos metais. Os valores de /KB
quando colocados como função da temperatura se ajustam bastante bem a uma curva
do tipo:

' 5,20 7 I (3.22)


.%
onde:
Tf = temperatura de fusão do metal (K).
9LVFRVLGDGH

Tabela 3.4- Valores dos parâmetros e /KB para diversos metais.

Metais (Angstron) /KB (K)


Na 3,84 1970
K 4,76 1760
Li 3,14 2350
Mg 3,20 4300
Al 2,86 4250
Ca 4,02 5250
Fe 2,52 10900
Co 2,32 9550
Ni 2,50 9750
Cu 2,56 6600
Zn 2,74 4700
Rb 5,04 1600
Ag 2,88 6400
Cd 3,04 3300
In 3,14 2500
Sn 3,16 2650
Cs 5,40 1550
Au 2,88 6750
Hg 3,10 1250
Pb 3,50 2800
Pu 3,10 5550

A planilha viscosidade-metais.xls permite que se faça a estimativa de valores de


viscosidade de metais líquidos, bastando digitar o metal (símbolo), a sua densidade e
a temperatura de interesse. Os exemplos a seguir demonstram o uso da planilha e o
cálculo de viscosidade de metais líquidos usando as relações acima.

Exemplo- Estime a viscosidade do titânio líquido 1850 oC. Os seguintes dados estão
disponíveis:
9LVFRVLGDGH

- Tf = 1800 oC - M = 47,9 g/mol - densidade = 4,5 g/cm3 - = 2,89 D.

Solução- Usando a equação (3.22), determina-se /KB :

' 5,20 (1800 % 273) ' 10779,6


.%

A temperatura reduzida é:

1850 % 273 1
7( ' ' 0,1969 ' 5,0787
10779,6 7(

Pela equação (3.21), obtem-se:

µ( 9 (2 ' 3,6383

Resta ainda determinar o valor de V*. Tem-se que:

4,5
Q ' 1R ' 6,023 [ 1023 ' 5,6584 [ 1022 iWRPRV / FP 3
0 47,9

Logo:

1 1
9( ' ' ' 0,7322
Q 3
(5,6584 [ 1022) (2,89 [ 10&8)3

Assim:

3,6383 3,6383
µ( ' ' ' 6,7864
9 (2 (0,7322)2

A partir da relação (3.18), pode-se escrever:

0 5 7 (47,9) (8,314 [ 107) (2123)


µ ' µ( ' 6,7864 ' 0,0392 3 ' 3,92 F3
2
1R (2,89 [ 10&8)2 (6,023 [ 1023)

Exemplo- Avalie a viscosidade do ferro líquido a 1873 K. Densidade do ferro: 7 g/cm3.


9LVFRVLGDGH

Solução- Usando a planilha, obtem-se:


T* = 0,1718;
n = 7,549 x 1022;
V* = 0,8278;
µ* = 6,9795.

E, finalmente:
µ = 5,38 cP

Para o caso de ligas, não há modelos de aplicação geral. É comum representar estes
dados de viscosidade, superpondo-se linhas de iso-viscosidade ao diagrama de fase
da liga. Exemplo deste tipo de abordagem é apresentado na figura 3.5.

Figura 3.5- Viscosidade da liga ferro-carbono(1).


9LVFRVLGDGH

9LVFRVLGDGHGHHVFyULDV

Uma outra fase que freqüentemente aparece nos processos metalúrgicos e que
apresenta bastante interesse é a escória.

Para se ter uma idéia da importância da viscosidade da escória, pode-se citar o


exemplo do alto-forno. Neste reator, uma escória pouco viscosa (ou muito fluida) é
essencial para que se consiga uma boa produtividade e um ferro gusa menos
contaminado de elementos indesejáveis. Desse modo, torna-se importante estudar a
determinação de viscosidade de escórias, especialmente daquelas que aparecem nos
processos siderúrgicos.

A viscosidade é uma propriedade intrínseca de uma determinada escória, sendo que


o conhecimento de sua estrutura ou do arranjo de suas moléculas ajuda no
entendimento dos fatores que afetam a viscosidade. Em geral, escórias são formadas
por cátions e ânions resultantes da ionização de óxidos básicos e ácidos em solução
líquida. Pode-se considerar que óxidos ácidos são aqueles que, quando dissolvidos na
escória, adquirem íons de oxigênio adicionais formando complexos aniônicos,
enquanto os óxidos básicos fornecem os íons oxigênio e o seu cátion passa a se
mover livremente. Os óxidos ácidos mais comuns são SiO2 e Al2O3, que se comportam
de maneira similar. Os óxidos básicos mais importantes são o CaO e o MgO.

Considerando-se a sílica pura, que tem as ligações entre os átomos muito fortes e
direcionais e que só escoa se essas ligações forem quebradas, pode-se examinar o
que acontece se for adicionado um óxido: CaO, por exemplo.

A estrutura da sílica líquida é similar à da sílica sólida, onde cada íon Si+4 compartilha
um elétron com cada um dos quatro íons O-2, que formam um tetraedro em torno do
íon Si+4. No estado sólido, a eletroneutralidade é mantida por cada íon O-2
compartilhando seu outro elétron entre dois tetraedros ou íons Si+4: a estrutura é um
arranjo cristalino regular de grupos SiO4-4 , como é mostrado na figura 3.6.
9LVFRVLGDGH

Figura 3.6- Estruturas da sílica sólida e líquida(1).

Quando a sílica é fundida o arranjo continua, mas não em toda a sua extensão sendo
que algumas ligações são rompidas, conforme se vê na figura 3.6b. mesmo assim,
continuam existindo muitas ligações Si-O e a viscosidade do líquido SiO2 é muito
elevada (1,5 x 105 Poise a 1940ºC).

Quando CaO, ou outro óxido bivalente similar é dissolvido na sílica líquida, os íons Ca+2
são acomodados nos interstícios da estrutura da sílica e os íons O-2 entram dentro da
rede cristalina, conforme se vê na figura 3.7. Cada íon O-2 do óxido CaO causa a
separação de dois tetraedros, pois com a presença de mais um íon O-2 cada tetraedro
9LVFRVLGDGH

pode ter um oxigênio que seja somente dele. Assim o aumento da dissolução de CaO
resulta numa quebra progressiva da rede tridimensional original, implicando numa
queda acentuada da viscosidade da solução, conforme se vê na figura 3.8.

Figura 3.7- Efeito da dissolução da cal na estrutura da sílica líquida(1).

Figura 3.8- Viscosidade da solução CaO-SiO2 (1).


9LVFRVLGDGH

Essa figura mostra também que o aumento da temperatura contribui para uma maior
quebra de ligações e consequentemente diminui a viscosidade da solução

A figura 3.8 não pode ser aplicada diretamente para escórias de alto-forno devido à
presença de outros óxidos importantes como o Al2O3 e o MgO. A seguir serão vistos
alguns métodos usados na determinação da viscosidade das escórias.

$'LDJUDPDGHLVRYLVFRVLGDGH

Nos Dados Termodinâmicos para Metalurgistas(2) há uma série de diagramas para


vários sistemas e temperaturas que fornecem diretamente o valor da viscosidade.

Para se usar esses diagramas é necessário saber marcar o ponto referente a


composição da escória. Através da figura 3.9, pode-se ver como assinalar o ponto
referente a uma dada composição da escória.

O ponto A representa o componente A puro e qualquer ponto na linha AC representa


uma mistura de A e C sem o componente B. As linhas paralelas ao lado oposto do
vértice A representam linhas de igual concentração de A, sendo que quanto mais
próxima elas estiverem desse vértice, maior será o teor de A .

Nesse diagrama, tem-se que os pontos 1 e 2 apresentam a seguinte composição


6 ponto 1: - A = 40%
- B = 20%
- C = 40%
6 ponto 2: - A = 30%
- B = 40%
- C = 30%

A figura 3.10 mostra um diagrama de isoviscosidade de aplicação em altos-fornos a


coque.
9LVFRVLGDGH

Figura 3.9- Diagrama ternário usado na locação de pontos de composição.

Figura 3.10- Diagrama de isoviscosidade para o sistema CaO-SiO2-Al2O3-MgO.


Temperatura = 1500 oC. Teor de SiO2 = 35 %.(2)
9LVFRVLGDGH

% 0pWRGRGD6tOLFD(TXLYDOHQWH

Um outro método usado para determinação de viscosidade de escórias é o da sílica


equivalente. A base para o desenvolvimento desse método é discutida a seguir.

A alumina (Al2O3), quando dissolvida na escória, forma ânions (AlO3)-3 e o seu


comportamento com relação à viscosidade é similar ao da sílica. Porém a base é
(AlO3)-3 (diferente de SiO4–4) e dois íons Al+3 podem substituir dois íons Si+4 somente se
um íon Ca+2 está disponível para manter a eletroneutralidade. Portanto, com relação
à viscosidade, a alumina tem uma sílica equivalente Xa , que depende da relação
Al2O3/CaO e da quantidade total de Al2O3, como mostra a figura 3.11. Os dados de
sílica equivalente foram correlacionados com a viscosidade para o sistema CaO – Mg -
Al2O3 – SiO2 para várias temperaturas, como mostra a figura 3.12. Para se calcular a
viscosidade de uma escória, primeiro deve-se converter a porcentagem dos
constituintes para fração molar e determinar Xa (sílica equivalente) pela figura 3.11. O
MgO é equivalente ao CaO, até cerca de 10% de MgO. O FeO e o MnO também são
equivalentes ao CaO até 5%. Todas essas frações molares devem ser somadas para
se obter XCaO. Passa-se, então, à figura 3.12 e obtem-se a viscosidade da escória.

& )yUPXODGH9LVFRVLGDGH

Outra possibilidade que pode ser adotada para cálculo de viscosidade de escórias é
o uso da equação de viscosidade, que é dada pela seguinte expressão(3):

25144
ln µ ' &10,3469 % & 0,096334 (% &D2) & 0,118176 (% 0J2) &
7

0,0080126 (% $O223) (3.23)


onde:
µ = viscosidade da escória (kg/m s);
T = temperatura (K);
% i = teor do óxido na escória. 2WHRUGH6L2GHYHHVWDUHQWUHH
9LVFRVLGDGH

Figura 3.11- Sílica equivalente à alumina, para várias frações molares de Al2O3 e para várias relações
Al2O3 / CaO (1).
9LVFRVLGDGH

Figura 3.12- Viscosidade do sistema líquido CaO-SiO2-Al2O3-MgO (1).


9LVFRVLGDGH

Exemplo- Estimar a viscosidade de uma escória com a seguinte composição:


CaO = 41,46 % SiO2 = 35 % MgO = 5,62 % Al2O3 = 17,92 %.
Temperatura = 1500 oC.
Usar os três métodos apresentados acima.

Solução- Diagrama de isoviscosidade. A temperatura e o teor de SiO2 estão dentro do


limite de validade da figura 3.10. Logo, marcando-se o ponto referente à composição
da escória nesse diagrama, pode-se determinar a viscosidade da escória. O resultado
é visto no diagrama ternário abaixo. O valor obtido é de 4 P.

Para aplicar o método da sílica equivalente, calcula-se, inicialmente, a fração molar dos
óxidos na escória. Tem-se:
XCaO = 0,4516
XSiO2 = 0,3558
XAl2O3 = 0,1074
XMgO = 0,0852.

A relação XAl2O3 / XcaO será dada por:


9LVFRVLGDGH

;$O 2 0,1074
2 3
' ' 0,2001
;&D2 % ;0J2 0,4516 % 0,0852

Tomando a curva correspondente a 0,20, obtem-se uma sílica equivalente de:


Xa = 0,1654. (Observe a figura abaixo).

Xa = 0,1654

O valor de (XSiO2 + Xa) é, então: 0,3558 + 0,1654 = 0,5212. Este valor é lançado no
gráfico da figura 3.12, para a temperatura de 1500 oC, obtendo-se uma viscosidade de
4,03 P (log µ = 0,605), conforme mostrado na figura abaixo.
9LVFRVLGDGH

log µ = 0,605

Finalmen
te, usa-se a fórmula de viscosidade, dada pela equação (3.23). Substituindo valores,
obtem-se:

25144
ln µ ' &10,3469 % & 0,096334 (41,46) & 0,118176 (5,62) &
1773

0,0080126 (17,92) ' & 0,9670

NJ
µ ' 0,3802 ' 3,802 3
P V

Observa-se que os três métodos forneceram resultados bem semelhantes.


9LVFRVLGDGH

Vários modelos mais elaborados têm sido desenvolvidos para previsão de valores de
viscosidades de diferentes tipos de escórias. Os métodos apresentados acima
representam apenas algumas das alternativas que se tem para avaliação de
viscosidades deste tipo de fluido, de grande importância na metalurgia.

5()(5Ç1&,$6

1- G.H. Geiger; D.R. Poirier. Transport Phenomena in Metallurgy. Addison-Wesley


Publishing Company, Massachusetts, 1980, 616 p.
2- J.L.R. Carvalho et alii. Dados Termodinâmicos para Metalurgistas. Edições
Engenharia, Belo Horizonte, 1977, 394 p.
3- L.F.A. Castro et alii. Tecnologia de Fabricação do Gusa Líquido em Altos-fornos.
Volume 9 - Escórias de Alto-forno, 1989.
9LVFRVLGDGH

(;(5&Ë&,26

1- O perfil de velocidade de um fluido em um dado sistema é expresso por:

Y[ ' & 6,25 \ 2 % 6,25 \ & 1 (Y[ ['] P/V, \ ['] P)

Faça um esboço desse perfil de velocidades (y varia entre 0 e 0,5 m).


Usando a equação do perfil de velocidade, determinar:
- direção e sentido do fluxo de momento por convecção;
- direção e sentido do fluxo de momento por difusão;
- fluxo de momento por difusão em y=0 m;
- tensão de cisalhamento em y = 0 e y=0,5 m;

O fluido apresenta as seguintes características:


fluido = 3 g/cm3 µfluido = 2 x 10-3 lbm/ft.s

2- Para a figura abaixo, indicar a direção e sentido do transporte de momento por


convecção e difusão. Enuncie a lei de Newton da viscosidade para o caso mostrado.
Explicar todas as respostas dadas.

Placa superior
x
z=L
z
z=a

z=b
z=0
Placa inferior
9LVFRVLGDGH

3- Calcular as viscosidades do CO2 e N2 no intervalo de 600 a 2000K com incrementos


de 200K. Fazer um gráfico de µN2 e µCO2 YHUVXV temperatura (K).

4- Determinar as viscosidades de oxigênio, nitrogênio e metano gasosos a 20ºC e


pressão atmosférica. Fornecer o resultado em centpoise. Comparar com os dados
experimentais abaixo:
µN2 = 0,0175 cP;
µO2 = 0,0203 cP;
µCH4 = 0,0109 cP.

5- a) Calcular a viscosidade do ar a 20ºC, considerando-o como uma mistura de 79%


de N2 e 21% de O2.
2- Comparar o resultado com o valor experimental: 0,01813 cP.

6- Determinar a viscosidade do cromo líquido a 2000ºC. Os dados são:


-ponto de fusão: 1898ºC
-peso atômico: 52,01
-densidade: 7,1 g/cm3
-δ: 2,72 A.

7- Estimar a viscosidade do titânio líquido a 1900ºC. Os seguintes dados são


disponíveis:
-temperatura de fusão: 1800ºC
-massa atômica: 47,9
-densidade: 4,50 g/cm3
-δ : 2,89 A

8- Avaliar a viscosidade do ferro a 1800ºC. Dados:


-temperatura de fusão: 1536ºC
-peso atômico: 55,85
-densidade: 7 g/cm3
9LVFRVLGDGH

9- Estimar a viscosidade da seguinte escória:


% SiO2 = 45
% CaO = 35
% Al2O3 = 20
a 1500ºC. Usar os três métodos discutidos e comparar os resultados.

10- Calcular a viscosidade da seguinte escória de alto-forno:


% SiO2 = 40
% CaO = 35
% Al2O3 = 18
% MgO = 7
a 1400ºC.
Comparar os resultados obtidos pelos diferentes métodos de cálculo.
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

Neste capítulo será desenvolvido o cálculo da distribuição de velocidade de um fluido


que escoa através de sistemas de geometria simples, em fluxo laminar. Para tal, serão
usados os conceitos de viscosidade e de balanço de massa e momento. Inicialmente,
será feita a distinção entre escoamento laminar e turbulento.

(VFRDPHQWR/DPLQDUH7XUEXOHQWR

Quando um fluido se move através de um sistema, dois regimes diferentes de


escoamento podem ocorrer. A experiência feita por Reynolds em 1883 demonstra
esses dois tipos de escoamento.

Considere-se, inicialmente, um tubo transparente com água escoando através dele.


Um jato filiforme de tinta é injetado paralelo ao curso do escoamento da água. Para
baixas velocidades do fluido, a tinta escoará em linha reta, sem se misturar com as
camadas adjacentes de água, conforme mostrado na figura 4.1a. Esse tipo de
escoamento é chamado de ODPLQDU

À medida que a velocidade da água é aumentada, atinge-se a situação mostrada na


figura 4.1b. A partir de um certo ponto, a água fica toda colorida pela tinta. Esse é o
escoamento turbulento.

O significado do escoamento laminar é que o movimento do fluido é feito através de


camadas infinitesimais de fluido que se movem em trajetórias bem definidas.

No escoamento turbulento, o movimento das partículas do fluido é irregular e as


velocidades são variáveis com o tempo, conforme se observa na figura 4.2, obtida
experimentalmente usando um anemômetro a laser.

O ponto onde ocorre a transição de um regime de escoamento para o outro é


determinado experimentalmente e varia de acordo com a configuração do sistema.
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

,1-(d­2'(
&25$17(

D(VFRDPHQWRODPLQDU

,1-(d­2'(
&25$17(

E(VFRDPHQWRWXUEXOHQWR

Figura 4.1 - Vista esquemática da experiência de Reynolds.

Figura 4.2- Medidas de velocidade no centro de um tubo de 22 mm de diâmetro,


usando anemometria a laser. Número de Reynolds = 6500(1).

Normalmente, o critério para se saber o tipo de escoamento que prevalece no fluido


é estipulado através de uma grandeza adimensional denominada Q~PHUR GH
5H\QROGV. Esse número é definido genericamente através da seguinte relação:
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

/ 9
5H ' (4.1)
µ

onde:
L = dimensão característica (definida de acordo com a configuração do sistema);
9 = velocidade média do fluido no tubo;
ρ = densidade do fluido;
µ = viscosidade dinâmica do fluido.
(Verificar que Re é um número adimensional).

No caso de tubos, a dimensão característica é o diâmetro. Dessa forma, o número de


Reynolds em tubos é definido por:

' 9
5H ' (4.2)
µ

onde:
D = diâmetro do tubo.

O valor do número de Reynolds para o qual ocorre a transição de escoamento laminar


para turbulento HPWXERV é de aproximadamente 2100. Esse número foi determinado
empiricamente. Sistemas com outras configurações apresentam transição em outros
valores de números de Reynolds.

%DODQoRVGH0DVVDHGH0RPHQWR

Nesse item, será desenvolvida a metodologia que é normalmente utilizada na obtenção


de perfis de velocidade de fluidos, escoando sob regime laminar em sistemas de
geometria simples. O uso inicial de geometrias simples tem a finalidade de reduzir a
complexidade matemática e enfatizar os conceitos de Fenômenos de Transporte.
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

A determinação dos perfis de velocidade de fluidos é feita através do desenvolvimento


de balanços de massa e de momento e da aplicação da equação de Newton da
viscosidade.

Nos problemas de engenharia, que envolvem o escoamento de um fluido, é importante


se determinar uma relação matemática entre a força motriz para o escoamento do
fluido ocorrer e a vazão do fluido no sistema em análise. Trata-se, portanto, de uma
relação de causa (força motriz) e efeito (vazão do fluido). Além desta relação, outras
informações adicionais podem também ser obtidas:
6 velocidade máxima;
6 velocidade média;
6 tensão de cisalhamento nas paredes do duto por onde o fluido escoa.

O tratamento matemático desse tipo de problema é feito através do desenvolvimento


de balanços de massa e momento aplicados ao sistema em estudo. As diferenças
principais destes balanços em relação àqueles que são feitos na termodinâmica e na
cinemática clássica são:
6 os balanços são desenvolvidos considerando o aspecto tempo, ou seja, são
avaliadas as WD[DV de entrada e saída de massa e momento. Na termodinâmica, o
balanço de massa não considera a variável tempo, adotando-se uma referência
arbitrária, normalmente vinculada à quantidade de produto gerado ou de matérias-
primas utilizadas;
6 os balanços são aplicados a porções infinitesimais do sistema e não ao sistema
como um todo, como ocorre na termodinâmica e na cinemática. Esses balanços
infinitesimais são, então, integrados para se obter informações globais sobre o
sistema.
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

%DODQoRGHPDVVD

O balanço de massa é estabelecido a partir do princípio de conservação de massa (QD


QDWXUH]DQDGDVHFULDQDGDVHSHUGHWXGRVHWUDQVIRUPD 

Para um sistema no HVWDGRHVWDFLRQiULR SDUkPHWURVQmRVRIUHPDOWHUDomRFRP


RWHPSR , o balanço de massa pode ser genericamente expresso da seguinte forma:

7D[D GH HQWUDGD GH PDVVD & 7D[D GH VDtGD GH PDVVD ' 0 (4.3)

%DODQoRGHPRPHQWR

O balanço de momento pode ser entendido genericamente como um balanço das


forças atuando no sistema.

Considerando novamente um sistema no estado estacionário, o balanço de momento


pode ser expresso da seguinte forma genérica:

7D[D GH HQWUDGD GH PRPHQWR & 7D[D GH VDtGD GH PRPHQWR %

% 6RPDWyULR GH IRUoDV DWXDQGR QR VLVWHPD ' 0 (4.4)

Essa equação é dimensionalmente correta, uma vez que, conforme já foi visto no
Capítulo 2, a taxa de entrada ou saída de momento tem a mesma dimensão de força.

Conforme já discutido nos Capítulos 2 e 3, momento pode entrar e sair de um dado


sistema por dois mecanismos:
6 difusão, associado à existência de um gradiente de velocidade. Nesse caso, o fluxo
de momento é estimado através da lei de Newton da viscosidade;
6 convecção, associado ao movimento macroscópico do fluido.
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

As forças atuando no sistema são essencialmente de dois tipos:


6 forças de pressão, que atuam nas superfícies;
6 força de gravidade, que atua no volume do elemento considerado.

Antes de prosseguir, é importante esclarecer que a equação (4.4) representa uma


outra forma de escrever a bem conhecida relação:

j) ' P D (4.5)

que é uma forma simplificada da expressão:

G
j) ' P Y (4.6)
GW

onde:
F = somatório de forças atuando no corpo;
m = massa do corpo;
a = aceleração;
v = velocidade;
t = tempo.

Quando a massa do corpo é constante, as equações (4.5) e (4.6) se equivalem. A


equação (4.6) - VHJXQGD OHL GH 1HZWRQ - estabelece que a taxa de variação de
momento (m . v) é igual ao somatório de forças atuando no elemento , que é
exatamente o mesmo que a equação (4.4) informa.

De um modo geral, o procedimento para estabelecer os balanços de massa e


momento e resolver os problemas de escoamento de fluidos em regime laminar é o
seguinte:
a- uma vez definido o sistema a ser analisado, escolher eixos coordenados para
representar a geometria do sistema;
b- selecionar um elemento de volume no qual serão estabelecidos os balanços;
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

c- escrever o balanço de massa, na forma da equação (4.3), para o elemento de


volume selecionado;
d- escrever o balanço de momento, na forma da equação (4.4), para o mesmo
elemento de volume acima;
e- dividir as equações acima pelo volume do elemento e fazer esse volume tender a
zero. Usar, então, o conceito de derivada para obter equações diferenciais, que
representem os princípios de conservação de massa e momento no sistema em
estudo;
f- integrar as equações acima. Na equação do balanço de momento, substituir a
expressão para o fluxo de momento pela equação que representa a lei de Newton
da viscosidade, para obter uma equação diferencial para a distribuição de
velocidade;
g- integrar as equações diferenciais acima para obter as distribuições de fluxo de
momento e de velocidade no sistema.

As informações obtidas através do emprego do procedimento acima permitem


determinar outros parâmetros de interesse, além do perfil de velocidades do fluido:
6 velocidade média;
6 velocidade máxima;
6 vazão volumétrica;
6 queda de pressão e
6 forças atuando nas superfícies.

Nas integrações mencionadas acima, várias constantes de integração aparecem. Estas


constantes são avaliadas usando as chamadas FRQGLo}HVGHFRQWRUQR, que nada
mais são do que estabelecimentos de fenômenos físicos que ocorrem em
determinadas posições do sistema. A seguir são listadas algumas das condições de
contorno mais comumente usadas:
6 nas interfaces sólido-fluido, a velocidade do fluido se iguala à velocidade com que
o sólido se move. Essa condição é usualmente designada como FRQGLomRGHQmR
HVFRUUHJDPHQWR e é válida para os fluidos Newtonianos (aqueles que obedecem à
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

lei de Newton da viscosidade), tais como gases, água, metais e escórias líquidos,
que são os fluidos que normalmente estão presentes nos sistemas metalúrgicos;
6 nas interfaces líquido-gás, a tensão de cisalhamento (ou o fluxo de momento) na
fase líquida é aproximadamente zero e pode ser assumida como zero em cálculos
práticos. Essa condição decorre do fato dos gases oferecerem pouca resistência ao
movimento do líquido, devido à sua baixa viscosidade (cerca de 3 a 4 ordens de
grandeza inferior à dos líquidos);
6 em interfaces líquido-líquido, o fluxo de momento e a velocidade são funções
contínuas.

$SOLFDo}HVGRV%DODQoRVGH0DVVDH0RPHQWR

Neste item, o procedimento descrito acima será utilizado para resolver alguns
problemas elementares de escoamento laminar. Em todas as situações abaixo serão
estudados escoamentos em regime estacionário (independentes do tempo), aplicados
a fluidos de densidade e viscosidade constantes, escoando em regime laminar. Estas
restrições serão removidas nos capítulos 5 e 6, onde serão analisadas situações mais
complexas e também casos que envolvam escoamento turbulento.

(VFRDPHQWRHQWUHGXDVSODFDVSODQDVKRUL]RQWDLV

O sistema a ser analisado é visto esquematicamente na figura 4.3 a seguir. Trata-se


de um escoamento entre duas placas planas horizontais. Apesar de nenhum sistema
de interesse prático apresentar esta configuração, o interesse em analisar este caso
vem da sua simplicidade, o que facilitará a aplicação dos balanços de massa e de
momento.
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

3ODFDVXSHULRU 9
]

)OXLGR
]
[

[ 3ODFDLQIHULRU

Figura 4.3 - Escoamento entre duas placas paralelas planas e horizontais.

No sistema visto na figura 4.3, o escoamento do fluido é causado pela movimentação


da placa superior, que se move para a direita com uma velocidade V. A placa inferior
permanece parada.

Conforme mencionado acima, a primeira etapa para se estabelecer os balanços de


massa e momento consiste em escolher os eixos coordenados para representar a
geometria do sistema. Obviamente, qualquer escolha de eixos ortogonais está correta;
entretanto, existe uma escolha mais conveniente, que vai simplificar o problema. Na
figura 4.3, duas possibilidades de escolhas de eixos são exibidas, uma em preto e
outra em vermelho. Como o fluido escoa em decorrência do movimento da placa
superior, só há força motriz para criar escoamento na direção horizontal. A escolha dos
eixos em vermelho faria com que existissem duas componentes de velocidade. A soma
vetorial destas duas componentes teria como resultante uma velocidade horizontal. A
escolhas dos eixos em preto levaria à existência de apenas uma componente de
velocidade na direção x. Obviamente, esta escolha é mais prática, pois nesse caso só
haverá uma componente de velocidade, o que simplifica o tratamento matemático do
problema. Deve-se mencionar, contudo, que nem sempre é possível escolher um
posicionamento de eixos coordenados que forneça apenas uma componente de
velocidade. Nesses casos, tem-se problemas onde o escoamento tem características
bi ou tridimensionais.
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

Uma vez definido o sistema de eixos coordenados, pode-se definir o elemento de


volume que será tomado como referência para estabelecimento dos balanços de
massa e momento. Esse elemento é escolhido de acordo com os eixos coordenados
e é mostrado na figura 4.4.

3ODFDVXSHULRU 9
] δ
\∆\ ]∆]
\ ] )OXLGR
]
[ [∆[
] 
[ 3ODFDLQIHULRU

Figura 4.4- Elemento de volume para estabelecimento dos balanços de massa e


momento.

Com a escolha de eixos acima, tem-se que o transporte de momento por convecção
ocorre na direção x, que é a direção do movimento macroscópico do fluido. O
transporte de momento por difusão ocorre na direção z, que é a direção do gradiente
de velocidade. É fácil se constatar que há um gradiente de velocidade na direção z. No
ponto z = 0 (placa inferior), a velocidade do fluido é nula. Em um outro ponto z
qualquer, o fluido estará se movendo. Desse modo, há um gradiente de velocidade na
direção z (a velocidade do fluido varia com a posição z). É importante enfatizar que não
é necessário saber onde a velocidade é maior ou menor, basta saber que vai haver
variação de velocidade na direção z, e isso é bastante simples de se verificar.

Pode-se, então, considerando a análise feita acima, estabelecer-se os balanços de


massa e momento.
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

%DODQoRGHPDVVD

Considerando a direção do movimento macroscópico do fluido, pode-se enunciar o


balanço de massa da seguinte maneira:

7D[D GH HQWUDGD GH PDVVD HP [ ' [ &

& 7D[D GH VDtGD GH PDVVD HP [ ' [ % [ ' 0 (4.7)

2VSRQWRVRQGHVHFRQVLGHUDHQWUDGDHVDtGDGHPDVVDVmRGHWHUPLQDGRVHP
IXQomRGDRULHQWDomRGRVHL[RVHQmRHPIXQomRGRVHQWLGRGHHVFRDPHQGRGR
IOXLGR. Nesse caso, o fluido está realmente escoando da esquerda para a direita;
entretanto, as entradas e saídas de massa permaneceriam sendo nos pontos x e x +
x, respectivamente, mesmo se o fluido escoasse da direita para a esquerda. O fato
dos pontos de entrada e saída de massa serem definidos em função da escolha da
orientação dos eixos coordenados elimina a necessidade de se saber de antemão o
sentido de escoamento do fluido. Em muitas situações, o sentido de escoamento não
é tão óbvio.

As taxas de entrada e saída de massa podem ser avaliadas pelas expressões abaixo:

7D[D GH HQWUDGD GH PDVVD HP [ ' [ ' ( \ ] Y[ )|['[ (4.8)

7D[D GH VDtGD GH PDVVD HP [ ' [ % [ ' ( \ ] Y[ )|['[% [ (4.9)

Nas equações acima, o produto y z corresponde à área do elemento de volume


perpendicular á direção do escoamento do fluido (direção x), vx é a componente de
velocidade e é a densidade do fluido. O produto destes fatores tem a dimensão de
massa por unidade de tempo (taxa ou vazão de massa). O produto y z vx é
denominado vazão volumétrica e tem dimensão de volume por unidade tempo.
(Verifique as dimensões acima como um exercício).
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

O balanço de massa pode, então, ser colocado na seguinte forma:

( \ ] Y[ )|['[ & ( \ ] Y[ )|['[% [ ' 0 (4.10)

Seguindo a seqüência de procedimentos listada no item 4.2, tem-se que o próximo


passo correponde a dividir a equação acima pelo volume do elemento, x y z. Tem-
se:

( \ ] Y[ )|['[ & ( \ ] Y[ )|['[% [


' 0 (4.11)
[ \ ]

(Y[ )|['[ & (Y[ )|['[% [


' 0 (4.12)
[

Fazendo-se o limite quando x tender a zero, obtem-se:

(Y[ )|['[ & (Y[ )|['[% [ M(Y[ )


lim [60 ' 0 ' & ' 0 (4.13)
[ M[

O sinal “-“ na equação acima vem da definição de derivada primeira, dada por:

GI (I)|['[% [ & (I)|['[


' lim [60 (4.14)
G[ [

onde f é uma função qualquer (na equação (4.13), a função é o produto vx ). Observe
que os limites de avaliação da função f na definição de derivada são os opostos
daqueles que aparecem na equação (4.13).

Como foi assumido inicialmente que a densidade do fluido é constante, pode-se


reescrever a equação (4.13) da seguinte forma:
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

MY [
' 0 (4.15)
M[

Como a densidade do fluido não é nula, obtem-se finalmente que:

MY [
' 0 (4.16)
M[

A equação acima estabelece que a velocidade vx na situação sendo estudada não


depende da posição x (vx não é função de x).

A equação (4.16) representa a informação obtida pela aplicação do princípio de


conservação de massa.

%DODQoRGHPRPHQWR

No caso do balanço de momento, deve-se lembrar que momento pode ser


transportado por dois mecanismos: difusão e convecção. Ambos devem ser
considerados quando se estabelece o balanço. Considerando que momento por
difusão é transportado na direção do gradiente de velocidade (direção z) e que o
transporte de momento por convecção ocorre na direção do movimento macroscópico
do fluido, pode-se expressar o balanço de momento da seguinte forma:

7D[D GH HQWUDGD GH PRPHQWR SRU FRQYHFomR HP [ ' [ &

& 7D[D GH VDtGD GH PRPHQWR SRU FRQYHFomR HP [ ' [ % [ %

% 7D[D GH HQWUDGD GH PRPHQWR SRU GLIXVmR HP ] ' ] &

& 7D[D GH VDtGD GH PRPHQWR SRU GLIXVmR HP ] ' ] % ] %

% 6RPDWyULR GH IRUoDV DWXDQGR QR HOHPHQWR GH YROXPH ' 0 (4.17)

e LPSRUWDQWH HQIDWL]DU PDLV XPD YH] TXH RV SRQWRV GH HQWUDGD H VDtGD GH
PRPHQWRSRUFRQYHFomRHSRUGLIXVmRVmRGHWHUPLQDGRVHPIXQomRGDHVFROKD
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

GDRULHQWDomRGRVHL[RVFRRUGHQDGRVHQmRHPIXQomRGRFRQKHFLPHQWRGR
VHQWLGRUHDOGRWUDQVSRUWHGHPRPHQWRSRUHVWHVPHFDQLVPRV1mRpQHFHVViULR
FRQKHFHU GH DQWHPmR RV VHQWLGRV GH HVFRDPHQWR GH PRPHQWR SDUD VH
HVWDEHOHFHU RV EDODQoRV GH PRPHQWR (VWHV VHQWLGRV VHUmR QDWXUDOPHQWH
GHWHUPLQDGRVGXUDQWHRGHVHQYROYLPHQWRGDDQiOLVHGRSUREOHPD

As diversas taxas que aparecem na equação acima podem ser avaliadas através das
expressões a seguir:

7D[D GH HQWUDGD GH PRPHQWR SRU FRQYHFomR HP [ ' [ ' ( \ ] Y[ Y [)|['[ (4.18)

7D[D GH VDtGD GH PRPHQWR SRU FRQYHFomR HP [ ' [% [ ' ( \ ] Y[ Y [)|['[% [ (4.19)

7D[D GH HQWUDGD GH PRPHQWR SRU GLIXVmR HP ] ' ] ' ( [ \ ][)|]'] (4.20)

7D[D GH VDtGD GH PRPHQWR SRU GLIXVmR HP ] ' ]% ] ' ( [ \ ][)|]']% ] (4.21)

Como o escoamento ocorre em virtude apenas do deslocamento da placa superior,


não há forças (associadas à diferença de pressão ou gravidade) atuando no sistema
na direção do escoamento (direção x). Deve-se observar que a força da gravidade está
presente; entretanto, ela atua na direção vertical (direção z) e não tem nenhuma
componente na direção do deslocamento do fluido. Na equação (4.17), o somatório de
forças se refere apenas às forças que possuem componentes na direção de
escoamento do fluido. É importante lembrar que momento é uma grandeza vetorial. O
balanço de momento (ou balanço de forças) sendo estabelecido nesse caso refere-se
à direção x.

Nas equações (4.18) e (4.19), o produto y z vx representa a vazão de massa.


Quando estes fatores são multiplicados pela velocidade vx , obtem-se momento por
unidade de tempo, que corresponde à taxa de momento.
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

Nas equações (4.20) e (4.21), zx representa o fluxo de momento por difusão (veja
capítulo 3). Quando este fluxo é multiplicado pela área normal à sua direção, x y,
obtem-se a taxa de momento por difusão.

Substituindo as expressões de (4.18) a (4.21) na equação (4.17), obtem-se a equação


geral do balanço de momento para o problema em análise:

[( \ ] Y[ Y[)|['[ & ( \ ] Y[ Y[)|['[% [] % [( [ \ ][)|]'] & ( [ \ ][)|]']% ]] ' 0 (4.22)

Dividindo pelo volume do elemento, obtem-se:

[( \ ] Y[ Y [)|['[ & ( \ ] Y[ Y[)|['[% [] [( [ \ ][)|]'] & ( [ \ ][)|]']% ]]


% ' 0 (4.23)
[ \ ] [ \ ]

RX

[(Y[ Y [)|['[ & (Y[ Y [)|['[% [] [( ][)|]'] & ( ][)|]']% ]]


% ' 0 (4.24)
[ ]

Fazendo o limite da equação (4.24) quando o volume do elemento tende a zero ( x e


z 6 0), tem-se:

[(Y[ Y [)|['[ & (Y[ Y [)|['[% [] [( ][)|]'] & ( ][)|]']% ]]


lim [60 % lim ]60 ' 0 (4.25)
[ ]
Usando-se o conceito de derivada primeira, obtem-se:

M(Y[ Y [) M( ][)
& & ' 0 (4.26)
M[ M]

Do balanço de massa, sabe-se que:

MY [
' 0 (4.27)
M[
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

Como o fluido possui densidade constante, pode-se escrever que:

M(Y[ Y [) M(Y [)
' 2 Y[ ' 0 (4.28)
M[ M[

Logo:

G( ][)
' 0 (4.29)
G]

A equação diferencial acima pode ser integrada através de separação de variáveis,


para se obter:

G( ][) ' 0 G] (4.30)


m m

][ ' 0 % &1 (4.31)

onde C1 é uma constante de integração.

Pela lei de Newton da viscosidade, pode-se escrever que:

GY [
][ ' & µ (4.32)
G]
Combinando as equações (4.31) e (4.32), obtem-se:

GY [
][ ' & µ ' &1 (4.33)
G]

Separando variáveis e integrando novamente, tem-se:

&1
GY [ ' & G] (4.34)
m m µ

&1
Y[ ' & ] % &2 (4.35)
µ
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

onde C2 é uma nova constante de integração. A integração acima foi feita assumindo-
se que a viscosidade do fluido é constante.

A equação (4.35) fornece uma equação genérica para o perfil de velocidade entre as
duas placas planas paralelas e horizontais. Para se ter o perfil específico para o caso
em estudo, deve-se determinar os valores das constantes C1 e C2. Estas duas
constantes são determinadas a partir do uso das condições de contorno. Pelo que foi
mencionado no item 4.2, sabe-se que nas interfaces sólido-líquido, a velocidade do
fluido se iguala à velocidade do sólido. Dessa forma, pode-se afirmar que:

&RQGLomR GH FRQWRUQR 1 : Y[ ' 0 HP ] ' 0 (&.&. 1)

&RQGLomR GH FRQWRUQR 2 : Y [ ' 9 HP ] ' (&.&. 2)

Aplicando as condições de contorno acima na equação do perfil de velocidade, tem-se:

&1
0 ' & 0 % &2 (&.&. 1)
µ

&1
9 ' & % &2 (&.&. 2)
µ

Das equações acima, pode-se determinar os valores de C1 e C2 :

&2 ' 0

9 µ
&1 ' &

Finalmente, o perfil de velocidade para o fluido entre as placas pode ser expresso por:

]
Y[ ' 9 (4.36)

(verifique que o perfil acima atende às condições de contorno).

Como já tinha sido observado na figura 3.2 , trata-se de um perfil linear.


(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

A partir do perfil de velocidades acima, uma série de informações a respeito do sistema


pode ser obtida.

Inicialmente, pode-se determinar o perfil da tensão de cisalhamento (ou fluxo de


momento por difusão) no sistema. Pela lei de Newton da viscosidade, tem-se:

GY[ 9
][ ' & µ ' & µ (4.37)
G]
Observa-se que zx é constante, não variando com a posição entre as placas.

Além do perfil da tensão de cisalhamento, pode-se determinar também as vazões


volumétrica e de massa de fluido entre as placas. Para tal, será considerado que as
placas possuem largura W. Essa largura W é a dimensão na direção y, perpendicular
ao plano do papel. As vazões são calculadas somando-se as quantidades de fluido que
escoam em cada porção infinitesimal dz ao longo da distância entre as placas. Pelas
parcelas do balanço de massa, sabe-se que, em cada camada infinitesimal, a
quantidade de fluido que escoa é dada por:

G4 ' (: G] Y [) (4.38)

onde dQ é a vazão volumétrica infinitesimal ao longo de uma camada de dimensões


W dz.

A soma de parcelas infinitesimais corresponde a se fazer uma integração das parcelas


acima na região compreendida entre z = 0 e z = . Dessa forma, integrando (4.38)
entre os limites especificados, obtem-se:

]' ]'
G4 ' (: G] Y [) (4.39)
m m
]' 0 ]' 0
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

Como a velocidade do fluido varia em função da posição (equação (4.36)), pode-se


substituir o perfil de velocidades na expressão (4.39), para obter:

]'
4 ' (: G] Y[) ' : 9 (4.40)
m 2
]' 0

A vazão de massa é dada por:

' 4 ' : 9 (4.41)


2

A velocidade média é determinada dividindo-se a vazão volumétrica pela área total


disponível para o escoamento. Nesse caso, essa área é dada pelo produto da largura
das placas (W) pela distância entre elas ( ). Assim:

9
9 ' (4.42)
2
Esse resultado já era esperado, pois no caso de uma variação linear, a velocidade
média é certamente dada pela média das velocidades nos extremos (0 e V).

(VFRDPHQWRGHXPDSHOtFXODGHIOXLGR

No item acima, foi tratado um problema de pouca aplicação prática, mas de extrema
simplicidade, o que facilita o desenvolvimento dos balanços de massa e de momento.
Nesse item, será tratado um caso que se aproxima mais de situações que podem ser
encontradas na realidade. Trata-se do escoamento de uma película de fluido em um
plano inclinado. Situações similares à esta podem ser encontradas no vazamento de
metais do interior de fornos através dos chamados FDQDLVGHFRUULGD, nos transbordos
de usinas hidrelétricas, ou até da água escorrendo pela rua em dias de chuva. O
tratamento a ser adotado será similar ao empregado no item 4.3.1.

O sistema a ser analisado é visto esquematicamente na figura 4.5 abaixo.


(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

No sistema visto na figura 4.5, o escoamento do fluido é causado pela componente da


gravidade na direção paralela ao plano inclinado. A superfície inferior permanece
parada e a superior está em contato com a atmosfera.

'LVW~UELRV
)LOPHGH QDHQWUDGD (QWUDGDGH
OtTXLGR OtTXLGR

5HVHUYDWyULR
'LVW~UELRV
GHOtTXLGR
QDVDtGD

Figura 4.5- Vista esquemática do escoamento de um fluido em um plano inclinado.

Conforme mencionado anteriormente, a primeira etapa para se estabelecer os


balanços de massa e momento consiste em escolher os eixos coordenados para
representar a geometria do sistema. Novamente, qualquer escolha de eixos ortogonais
está correta; entretanto, há uma escolha mais conveniente, que vai simplificar a
formulação do problema. Na figura 4.6 são exibidas duas possibilidades de escolhas
de eixos, uma em preto e outra em azul. Como o fluido escoa em decorrência da
componente da gravidade na direção paralela ao plano inclinado, só há força motriz
para criar escoamento nesta direção. Dessa forma, a escolha dos eixos em azul faria
com que existissem duas componentes de velocidade. A soma vetorial destas duas
componentes teria como resultante uma velocidade paralela ao plano inclinado. A
escolha dos eixos em preto levaria à existência de apenas uma componente de
velocidade na direção y. Obviamente, esta escolha é mais prática, pois nesse caso só
haverá uma componente de velocidade, o que facilita o tratamento matemático do
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

problema. É importante mencionar que nem sempre é possível escolher um


posicionamento de eixos coordenados que forneça apenas uma componente de
velocidade.

Uma vez definido o sistema de eixos coordenados, pode-se definir o elemento de


volume que será tomado como referência para estabelecimento dos balanços de
massa e momento. Esse elemento é escolhido de acordo com os eixos coordenados
e também está mostrado na figura 4.6.

+
]
 DU
FR P R
UI D FH
, QW H LGR
)OX

∆ ] 
]  ]
R
] F OL Q DG
L Q
S O DQ R
∆ [ R
\
[  L H G
∆\ H U I tF
[
\   6XS
] \ α
]
*UDYLGDGH
\

Figura 4.6- Escolha de eixos coordenados para estudo de escoamento em um plano


inclinado e elemento de volume para estabelecimento dos balanços de
massa e momento.

Com a escolha de eixos acima, tem-se que o transporte de momento por convecção
ocorre na direção y, que é a direção do movimento macroscópico do fluido. O
transporte de momento por difusão ocorre na direção z, que é a direção do gradiente
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

de velocidade. É fácil se constatar que há um gradiente de velocidade na direção z.


No ponto z = 0 (superfície inferior), a velocidade do fluido é nula. Em um outro ponto
z qualquer, o fluido está se movendo. Desse modo, há um gradiente de velocidade na
direção z (a velocidade do fluido varia com a posição z). Mais uma vez, é importante
mencionar que não é necessário saber onde a velocidade é maior ou menor nem o
sentido do escoamento, basta saber que vai haver variação de velocidade na direção
z, e isso é simples de se verificar.

Pode-se agora, considerando a análise feita acima, estabelecer-se os balanços de


massa e momento.

%DODQoRGHPDVVD

Considerando a direção do movimento macroscópico do fluido, pode-se enunciar o


balanço de massa da seguinte maneira:

7D[D GH HQWUDGD GH PDVVD HP \ ' \ &

& 7D[D GH VDtGD GH PDVVD HP \ ' \ % \ ' 0 (4.43)

2VSRQWRVRQGHVHFRQVLGHUDHQWUDGDHVDtGDGHPDVVDVmRGHWHUPLQDGRVHP
IXQomRGDRULHQWDomRGRVHL[RVHQmRHPIXQomRGRVHQWLGRGHHVFRDPHQGRGR
IOXLGR. Nesse caso, considerando-se o sentido da força da gravidade, o fluido deverá
realmente escoar de cima para baixo, que é o sentido oposto ao do crescimento do
eixo y; entretanto, as entradas e saídas de massa permaneceriam sendo nos pontos
y e y + y, respectivamente. O fato dos pontos de entrada e saída de massa serem
definidos em função da escolha da orientação dos eixos coordenados elimina a
necessidade de se saber de antemão o sentido de escoamento do fluido. Esse sentido
aparecerá naturalmente no desenvolvimento do tratamento matemático do problema.

As taxas de entrada e saída de massa podem ser avaliadas pelas expressões abaixo:

7D[D GH HQWUDGD GH PDVVD HP \ ' \ ' ( [ ] Y\ )|\'\ (4.44)


(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

Nas equações acima, o produto x z corresponde à área do elemento de volume

7D[D GH VDtGD GH PDVVD HP \ ' \ % \ ' ( [ ] Y\ )|\'\% \ (4.45)

perpendicular à direção do escoamento do fluido (direção y), vy é a componente de


velocidade e é a densidade do fluido. O produto destes fatores tem a dimensão de
massa por unidade de tempo (taxa ou vazão de massa). O produto x z vy é
denominado vazão volumétrica e tem dimensão de volume por unidade tempo.

O balanço de massa pode, então, ser colocado na seguinte forma:

( [ ] Y\ )|\'\ & ( [ ] Y\ )|\'\% \ ' 0 (4.46)

Novamente, seguindo a seqüência de procedimentos listada no item 4.2, tem-se que


o próximo passo correponde a dividir a equação acima pelo volume do elemento, x
y z. Tem-se:

( [ ] Y\ )|\'\ & ( [ ] Y\ )|\'\% \


' 0 (4.47)
[ \ ]

(Y\ )|\'\ & (Y\ )|\'\% \


' 0 (4.48)
\

Fazendo-se o limite quando y tender a zero, obtem-se:

(Y\ )|\'\ & (Y\ )|\'\% \ M(Y\ )


lim \60 ' 0 ' & ' 0 (4.49)
\ M\

Lembre-se que o sinal “-“ na equação acima vem da definição de derivada primeira.

Como foi assumido inicialmente que a densidade do fluido é constante, pode-se


reescrever a equação (4.13) da seguinte forma:
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

MY\
' 0 (4.50)
M\

Como a densidade do fluido não é nula, obtem-se finalmente que:

MY \
' 0 (4.51)
M\

A equação demonstra que a velocidade vy , na situação sendo estudada, não depende


da posição y (vy não é função de y).

A equação (4.51) representa a principal conclusão obtida pela aplicação do princípio


de conservação de massa.

%DODQoRGHPRPHQWR

Antes de se equacionar o balanço de momento, deve-se observar que momento pode


ser transportado por dois mecanismos: difusão e convecção. Ambos os mecanismos
devem ser incluídos no desenvolvimento do balanço. Considerando que momento por
difusão é transportado na direção do gradiente de velocidade (direção z) e que o
transporte de momento por convecção ocorre na direção do movimento macroscópico
do fluido (direção y), pode-se expressar o balanço de momento da seguinte forma:

7D[D GH HQWUDGD GH PRPHQWR SRU FRQYHFomR HP \ ' \ &

& 7D[D GH VDtGD GH PRPHQWR SRU FRQYHFomR HP \ ' \ % \ %

% 7D[D GH HQWUDGD GH PRPHQWR SRU GLIXVmR HP ] ' ] &

& 7D[D GH VDtGD GH PRPHQWR SRU GLIXVmR HP ] ' ] % ] %

% 6RPDWyULR GH IRUoDV DWXDQGR QR HOHPHQWR GH YROXPH ' 0 (4.52)


(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

0DLVXPDYH]pGHH[WUHPDLPSRUWkQFLDHQIDWL]DUTXHRVSRQWRVGHHQWUDGDH
VDtGDGHPRPHQWRSRUFRQYHFomRHSRUGLIXVmRVmRGHWHUPLQDGRVHPIXQomRGD
HVFROKDGDRULHQWDomRGRVHL[RVFRRUGHQDGRVHQmRHPIXQomRGRFRQKHFLPHQWR
GR VHQWLGR UHDO GR WUDQVSRUWH GH PRPHQWR SRU HVWHV PHFDQLVPRV 1mR p
QHFHVViULRFRQKHFHUGHDQWHPmRRVVHQWLGRVGHHVFRDPHQWRGHPRPHQWRSDUD
VH HVWDEHOHFHU RV EDODQoRV GH PRPHQWR (VWHV VHQWLGRV VHUmR QDWXUDOPHQWH
GHWHUPLQDGRVGXUDQWHRGHVHQYROYLPHQWRGDDQiOLVHGRSUREOHPD Intuitivamente,
sabe-se que o fluido deverá estar descendo pelo plano inclinado. Esta informação não
é necessária ao correto equacionamento do problema

As diversas taxas que aparecem na equação acima podem ser avaliadas através das
expressões a seguir:

7D[D GH HQWUDGD GH PRPHQWR SRU FRQYHFomR HP \ ' \ ' ( [ ] Y\ Y \)|\'\ (4.53)

7D[D GH VDtGD GH PRPHQWR SRU FRQYHFomR HP \ ' \% \ ' ( [ ] Y\ Y \)|\'\% \ (4.54)

7D[D GH HQWUDGD GH PRPHQWR SRU GLIXVmR HP ] ' ] ' ( [ \ ]\)|]'] (4.55)

7D[D GH VDtGD GH PRPHQWR SRU GLIXVmR HP ] ' ]% ] ' ( [ \ ]\)|]']% ] (4.56)

No sistema em análise, a força motriz para o escoamento é a componente da


gravidade atuando na direção do escoamento (direção y). Dessa forma, o somatório
das forças que possuem componentes na direção de escoamento do fluido vai incluir
apenas a componente da gravidade na direção y. Deve-se, mais uma vez, lembrar que
momento é uma grandeza vetorial. O balanço de momento (ou balanço de forças)
sendo estabelecido nesse caso refere-se à direção y, que é a direção de escoamento
do fluido. O somatório de forças atuando no elemento de volume é, então, dado por:

6RPDWyULR GH IRUoDV DWXDQGR QR HOHPHQWR GH YROXPH ' [ [ \ ] (& J cos )] (4.57)


(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

Nas equações (4.53) e (4.54), o produto x z vy representa a vazão de massa.


Quando estes fatores são multiplicados pela velocidade vy , obtem-se momento por
unidade de tempo, que corresponde à taxa de momento.

Nas equações (4.55) e (4.56), zy representa o fluxo de momento por difusão. Quando
este fluxo é multiplicado pela área normal à sua direção, x y, obtem-se a taxa de
momento por difusão.

Na equação (4.57), o produto x y z representa o volume do elemento (lembre-se


que a gravidade é uma força que atua no volume - ver Capítulo 2). O fator - g cos
representa a componente da gravidade na direção y, que é a GLUHomR do escoamento
do fluido. O sinal “-“ decorre do fato da componente da gravidade ter sentido oposto
ao da orientação positiva do eixo y.

Substituindo as expressões de (4.53) a (4.57) na equação (4.52), obtem-se a equação


geral do balanço de momento para o problema em análise:

[( [ ] Y\ Y\)|\'\ & ( [ ] Y\ Y\)|\'\% \] %

[( [ \ ]\)|]'] & ( [ \ ]\)|]']% ]] % [ [ \ ] (& J cos )] ' 0 (4.58)

Dividindo pelo volume do elemento, obtem-se:

[( [ ] Y\ Y\)|\'\ & ( [ ] Y\ Y\)|\'\% \]


%
[ \ ]

[( [ \ ]\)|]'] & ( [ \ ]\)|]']% ]] % [ [ \ ] (& J cos )]


' 0 (4.59)
[ \ ]
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

[(Y\ Y\)|\'\ & (Y \ Y\)|\'\% \]


%
\

[( ]\)|]'] & ( ]\)|]']% ]]


% % [ (& J cos )] ' 0 (4.60)
]

Fazendo o limite da equação (4.60) quando o volume do elemento tende a zero ( y e


z 6 0), tem-se:

[(Y\ Y\)|\'\ & (Y\ Y\)|\'\% \]


lim \60, ]60 %
\

[( ]\)|]'] & ( ]\)|]']% ]]


% % [ (& J cos )] ' 0 (4.61)
]

Usando-se o conceito de derivada primeira, obtem-se:

M(Y\ Y \) M( ]\)
& & & J cos ' 0 (4.62)
M\ M]

Do balanço de massa, sabe-se que:

MY \
' 0 (4.51)
M\

Como o fluido possui densidade constante, pode-se escrever que:

M(Y\ Y \) M(Y \)
' 2 Y\ ' 0 (4.63)
M\ M\

Combinando as equações (4.51), (4.62) e (4.63), obtem-se:


(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

G( ]\) G( ]\)
& & J cos ' % J cos ' 0 (4.64)
G] G]

A equação diferencial acima pode ser integrada através de separação de variáveis,


para se obter:

G( ]\) ' & J cos G] (4.65)


m m

]\ ' & J cos ] % &1 (4.66)

onde C1 é uma constante de integração.

No sistema em análise, o valor da constante C1 já pode ser determinado pela condição


de contorno na interface com o ar (z = H). Como mencionado anteriormente, nessa
interface tem-se que:

&RQGLomR GH FRQWRUQR 1 : ]\ ï 0 HP ] ' + (&.&. 1)

Aplicando esta equação em (4.66), obtem-se:

0 ' & J cos + % &1 (&.&. 1)

&1 ' J cos +

Substituindo o valor de C1 acima na equação (4.66), tem-se:

]\ ' J cos (+ & ]) (4.67)

Pela lei de Newton da viscosidade, pode-se escrever que:

GY \
]\ ' & µ (4.68)
G]
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

Combinando as equações (4.67) e (4.68), obtem-se:

GY \
]\ ' & µ ' J cos (+ & ]) (4.69)
G]

Separando variáveis e integrando novamente, tem-se:

J cos (+ & ])
GY\ ' & G] (4.70)
m m µ

J cos ]2
Y\ ' & (+ ] & ) % &2 (4.71)
µ 2

onde C2 é uma nova constante de integração. A integração acima foi feita assumindo-
se que a viscosidade do fluido é constante.

A equação (4.71) fornece uma equação genérica para o perfil de velocidade do fluido
escoando no plano inclinado. Para se ter o perfil específico para o caso em estudo,
deve-se determinar o valor da constante C2. Esta constante é determinada a partir do
uso de uma condição de contorno. Pelo que foi mencionado no item 4.2, sabe-se que
nas interfaces sólido-líquido, a velocidade do fluido se iguala à velocidade do sólido.
Dessa forma, pode-se afirmar que:

&RQGLomR GH FRQWRUQR 2 : Y \ ' 0 HP ] ' 0 (&.&. 2)

Aplicando a condição de contorno acima na equação do perfil de velocidade, tem-se:

J cos 02
0 ' & (+ 0 & ) % &2 (&.&.2)
µ 2

Da equação acima, pode-se determinar o valor de C2 :

&2 ' 0
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

Finalmente, o perfil de velocidade para o fluido entre as placas pode ser expresso por:

J cos ]2
Y\ ' & (+ ] & ) (4.72)
µ 2

(verifique o perfil de velocidades acima atende às condições de contorno


especificadas).

A equação (4.72) indica que o perfil de velocidades é parabólico, com todas as


velocidades negativas. No ponto z = 0, como indicado pela condição de contorno 2,
a velocidade é nula. As velocidades são negativas por que o eizo y foi orientado para
cima, e o fluido escoa para baixo, devido à gravidade. É importante observar que o
sentido do escoamento apareceu naturalmente no desenvolvimento do problema,
bastando, durante o desenvolvimento dos balanços, manter a coerência com a
orientação dada aos eixos.

A partir do perfil de velocidades acima, uma série de informações a respeito do sistema


pode ser obtida.

O perfil da tensão de cisalhamento (ou fluxo de momento por difusão) no sistema é


expresso através da equação (4.69). Observa-se que zy varia linearmente com a
posição z, sendo nulo na interface com o ar (em conformidade com a condição de
contorno 1). 3DUD WRGRV RV RXWURV SRQWRV ]\ p SRVLWLYR ,VVR VLJQLILFD TXH
PRPHQWRSRUGLIXVmRpWUDQVSRUWDGRQRVHQWLGRSRVLWLYRGRHL[R]0RPHQWRSRU
GLIXVmRYDLGDVUHJL}HVGHDOWDYHORFLGDGHSDUDDVGHEDL[D1RFDVRHPHVWXGR
DPDLRUYHORFLGDGHHVWiHP]  YHORFLGDGHQXOD 3DUD]#+DVYHORFLGDGHV
VmRQHJDWLYDVHSRUWDQWRPHQRUHVTXHHP] /HPEUHVHTXHYHORFLGDGHp
XPDJUDQGH]DYHWRULDO

Além do perfil da tensão de cisalhamento, pode-se determinar também as vazões


volumétrica e de massa do fluido entre as placas. Para tal, será considerado que o
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

plano inclinado possui largura W. Essa largura W é a dimensão na direção x,


perpendicular ao plano do papel. As vazões são calculadas somando-se as
quantidades de fluido que escoam em cada porção infinitesimal dz ao longo da altura
do filme de líquido. Pelas parcelas do balanço de massa, sabe-se que, em cada
camada infinitesimal, a quantidade de fluido que escoa é dada por:

G4 ' (: G] Y \) (4.73)

onde dQ é a vazão volumétrica infinitesimal ao longo de uma camada infinitesimal de


dimensões W dz.

A soma de parcelas infinitesimais corresponde a se fazer uma integração das parcelas


acima na região compreendida entre z = 0 e z = H. Assim, integrando (4.73) entre os
limites especificados, obtem-se:

]' + ]' +
G4 ' (: G] Y [) (4.74)
m m
]' 0 ]' 0

Como a velocidade do fluido varia em função da posição (equação (4.72)), pode-se


substituir o perfil de velocidades na expressão (4.74), para obter:

]' + ]' +
J cos ]2 J cos +3
4 ' (: G] Y [) ' & (: (+ ] & ) G] ' & : (4.75)
m m µ 2 µ 3
]' 0 ]' 0

O sinal “-“ na equação acima é conseqüência da orientação dada aos eixos.

A vazão de massa é dada por:

J cos +3
' 4 ' & : (4.76)
µ 3
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

A equação para a vazão volumétrica pode ser colocada na seguinte forma:

(& J cos ) +3 (& J cos ) +3


4 ' : ' : (4.77)
µ 3 3

Nessa equação fica fácil de se identificar a força motriz para o escoamento (- g cos ),
o termo associado à resistência ao escoamento ( = µ / ), que é viscosidade
cinemática do fluido, e um termo associado à geometria do sistema (W H3 / 3).

Observe a similaridade entre a equação (4.77) e a famosa lei de Ohm da eletricidade,


que estabelece que a corrente é a razão entre a força eletromotriz e a resistência. Na
equação (4.77), a vazão volumétrica Q tem papel análogo à corrente dos circuitos
elétricos. A viscosidade cinemática representa a resistência. eLPSRUWDQWHQRWDUTXH
GDGDIRUoDPRWUL]SDUDRHVFRDPHQWRRFRUUHUDSURSULHGDGHGRIOXLGRTXHYDL
GHWHUPLQDUVHDVXDYD]mRYDLVHUJUDQGHRXSHTXHQDpDYLVFRVLGDGHFLQHPiWLFD
GDGDSRU— HQmRDYLVFRVLGDGHGLQkPLFD'DtDLPSRUWkQFLDGDYLVFRVLGDGH
FLQHPiWLFDGHXPIOXLGR

A velocidade média é determinada dividindo-se a vazão volumétrica pela área total


disponível para o escoamento. Nesse caso, essa área é determinada pelo produto da
largura das placas (W) pela distância entre elas (H). Assim:

4 J cos +2
9 ' ' & (4.78)
: + µ 3

A figura 4.7 mostra esquematicamente o perfil de velocidade para o sistema analisado


neste item.
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

+
U ]
P RD
FHFR
UI D LGR
,Q W H )OX

]
GR
FO LQD
DQRLQ
O
G RS
L H
3HUILOGHYHORFLGDGHV
SHUItF
6X

α
]
*UDYLGDGH
\

Figura 4.7- Vista esquemática do perfil de velocidades de um fluido escoando em


um plano inclinado.

Pode-se, finalmente, determinar a força exercida pelo fluido sobre a superfície do plano
inclinado. Essa força é avaliada integrando-se a tensão de cisalhamento, zy , ao longo
da superfície do plano inclinado (z = 0). Considerando-se uma extensão L do plano
inclinado, tem-se:

\' / [' : \' / [' :


)] ' ]\|]'0 G\ G[ ' m m J cos + G\ G[ (4.79)
m m
\' 0 [' 0 \' 0 [' 0

)] ' J cos + / : (4.80)

O valor da força acima corresponde exatamente à componente do peso do fluido na


direção paralela ao plano inclinado.
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

Todas as relações obtidas nesse item são válidas apenas quando se tem escoamento
laminar. Para escoamento lento de filmes viscosos de pequena espessura, estas
condições são satisfeitas. Foi encontrado experimentalmente que à medida que a
velocidade do filme aumenta, a espessura H aumenta e a viscosidade cinemática
diminui, a natureza do escoamento se altera. De acordo com resultados
experimentais(2), o escoamento em um plano inclinado é laminar quando prevalece a
condição indicada na equação (4.81):

+ 9
5H ' # 6 (4.81)
µ

Exemplo- Um óleo de viscosidade cinemática igual a 2 x 10-4 m2/s e densidade de 800


kg/m3 escoa na forma de um filme sobre uma parede vertical. Qual deve ser
a vazão de massa do fluido, por unidade de largura da parede, de modo a
se ter uma espessura do filme igual a 2,5 mm?

Solução- Pela equação de vazão de massa acima, tem-se:

J cos +3
' :
µ 3

Para uma parede vertical, = 0. Considerando W = 1 m (largura unitária), a equação


da vazão de massa pode ser escrita da seguinte forma, já introduzindo a definição de
viscosidade cinemática:

J +3
'
3
Substituindo valores, obtem-se:
= 800 kg/m3;
= 2 x 10-4 m2/s;
H = 2,5 mm = 2,5 x 10-3 m.
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

9,8 (2,5 [ 10&3)3 NJ


' 800 ' 0,2042
&
(2 [ 10 )4 3 P V

O resultado acima só será correto se o escoamento for laminar. Para verificar esta
hipótese, calcula-se o número de Reynolds, pela equação (4.81):

+ 9 + 9
5H ' '
µ

Mas sabe-se que:

9 '
+ :

Logo, Reynolds é dado por (para W = 1 m):

0,2042
5H ' ' ' 1,276
(800) (2 [ 10&4)

Como Reynolds está abaixo do limite para transição de laminar para turbulento, o
cálculo desenvolvido é válido.

Exemplo- Escória líquida passa sobre mate dentro de um forno de produção de cobre
para recuperar o cobre nela contido. Essa operação se desenvolve dentro
de um forno de revérbero com 25 metros de comprimento e 9 m de largura.
Assumindo que o mate está estacionário e que a escória flui continuamente
(vazão volumétrica 6,3 x 10-4 m3/s), determinar:
6 equação de distribuição de velocidade na camada de escória;
6 fração de material que permanece no forno por um tempo superior a
duas vezes o tempo de residência médio.
A espessura da camada de escória é de 0,6 m.
Uma vista esquemática do sistema em análise é mostrada na figura abaixo.
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

Solução- Inicialmente, assume-se que o regime de escoamento é laminar. Como não


foi fornecida a inclinação do plano, deve-se usar o dado referente à vazão volumétrica
para resolver o problema.

A partir da equação (4.76), pode-se escrever a seguinte equação para a vazão


volumétrica de escória:

J cos +3
4 ' :
µ 3

Rearranjando a equação acima, tem-se:

J cos 3 4
'
µ +3 :

Substituindo a expressão acima, na equação (4.72), que fornece o perfil de velocidade


de um fluido escoando em um plano inclinado, tem-se:

J cos ]2 3 4 ]2
Y\ ' (+ ] & ) ' (+ ] & )
µ 2 +3 : 2

Substituindo valores, obtem-se a equação para o perfil de velocidades:


(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

- H = 0,6 m; - W = 9 m; - Q = 6,3 x 10-4 m3/s;

(3) (6,3 [ &4) ]2


Y\ ' (0,6 ] & ) ' 9,72 [ 10&4 (0,6 ] & 0,5 ] 2)
(0,6)3 (9) 2

O tempo de residência médio da escória no forno é dado por:

/
W '
9

onde L é o comprimento do plano inclinado e V a velocidade média.

Pela equação (4.78), a velocidade média é dada por:

4 6,3 [ 10&4
9 ' ' ' 1,17 [ 10&4 P/V
: + (9) (0,6)

Dessa forma, para o material ter pelo menos dobro do tempo de residência médio no
forno, a sua velocidade deverá ser menor que ou igual à metade da velocidade média.
O ponto onde ocorre essa velocidade é determinado através da equação:

1,17 [ 10&4
Y\ ' ' 9,72 [ 10&4 (0,6 ] & 0,5 ] 2) '
2

A solução da equação acima permite determinar o ponto z que satisfaz a igualdade.


O valor obtido é:
] ' 0,1102 P

Como a altura total da camada de escória é de 0,6 m, a fração de material cujo tempo
de residência no forno é pelo menos duas vezes o tempo médio é dada por:
(0,1102 & 0)
IUDomR ' ' 0,184 RX 18,4 %
0,6
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

(VFRDPHQWRD[LDOHPXPGXWRFLOtQGULFR

Um dos tipos de escoamento de fluido mais comum é aquele que ocorre em um duto
cilíndrico ou tubo. Para se tratar um sistema com esta geometria, torna-se interessante
introduzir um novo sistema de coordenadas cartesianas, as coordenadas cilíndricas.
O uso de coordenadas retangulares (x, y e z), como feito nos itens anteriores, tornaria
bastante complicado o estudo do escoamento em tubos.

O sistema de coordenadas cilíndricas é apresentado na figura abaixo.

U
θ

\
]

U
θ

Figura 4.8- Sistema de coordenadas cilíndricas.

Pela figura acima, evidencia-se que a coordenada z corresponde à direção axial. A


(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

coordenada r correponde à distância à origem dos eixos cartesianos. A coordenada


representa o ângulo de rotação em relação a uma linha de referência. A posição de um
determinado ponto em um sistema de coordenadas cilíndricas pode, então, ser
especificada em termos dos valores das coordenadas r, e z. eLPSRUWDQWHHQIDWL]DU
TXHDFRRUGHQDGDUFRUUHVSRQGHjGLVWkQFLDjRULJHPHQXQFDDVVXPHYDORUHV
PHQRUHVTXH. O valor do ângulo pode variar entre 0 e 2 .

O uso de coordenadas cilíndricas em problemas de escoamento em tubos é feito com


a finalidade de simplificar a parte matemática do estudo. Estes mesmos problemas
poderiam ser tratados usando coordenadas retangulares, mas a parte matemática
seria mais elaborada.

Nesse item será, então, estudado o escoamento axial em um duto cilíndrico vertical,
considerando a existência de uma diferença de pressão ao longo do seu comprimento.
Este sistema é visto esquematicamente na figura 4.9 a seguir. A mesma sequência de
etapas adotada nos itens anteriores será empregada aqui.

Determinado o sistema de eixos coordenados, pode-se definir o elemento de volume


que será tomado como referência para desenvolvimento dos balanços de massa e
momento. Esse elemento está destacado em azul na figuras 4.9.

Com a escolha feita para os eixos coordenados, o transporte de momento por


convecção só ocorrerá na direção z (direção axial), que é a direção do movimento
macroscópico do fluido. Só existe força motriz (gravidade e diferença de pressão) para
o deslocamento nesta direção. Dessa forma, não há movimento na direção radial nem
na direção angular (movimento de rotação). O transporte de momento por difusão
ocorre na direção r, que é a direção do gradiente de velocidade. A existência desse
gradiente pode ser evidenciada observando que, junto à parede do tubo (posição r =
R), o fluido está parado. Em qualquer outro ponto no interior do tubo ( r ú R), o fluido
está se movendo. Nesse ponto, é importante mais uma vez mencionar que não há
necessidade de se saber onde a velocidade é maior ou menor, basta saber da existên-
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

Figura 4.9- Vista esquemática do sistema para estudo do escoamento em


dutos cilíndricos.
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

cia do gradiente na direção r.

A partir da análise preliminar acima, pode-se agora desenvolver os balanços de massa


e de momento.

%DODQoRGHPDVVD

Considerando a direção do movimento macroscópico do fluido, pode-se enunciar o


balanço de massa da seguinte maneira:

7D[D GH HQWUDGD GH PDVVD HP ] ' ] &

& 7D[D GH VDtGD GH PDVVD HP ] ' ] % ] ' 0 (4.82)

2VSRQWRVRQGHVHFRQVLGHUDHQWUDGDHVDtGDGHPDVVDVmRGHWHUPLQDGRVHP
IXQomRGDRULHQWDomRGRVHL[RVHQmRHPIXQomRGRVHQWLGRGHHVFRDPHQGRGR
IOXLGR. Nesse caso, ainda não se sabe o sentido de escoamento, pois este sentido vai
depender do valor da diferença de pressão existente. O fato dos pontos de entrada e
saída de massa serem definidos em função da escolha da orientação dos eixos
coordenados elimina a necessidade de se saber DSULRUL o sentido de escoamento do
fluido.

As taxas de entrada e saída de massa podem ser avaliadas pelas expressões abaixo:

7D[D GH HQWUDGD GH PDVVD HP ] ' ] ' (2 U U Y] )|]'] (4.83)

7D[D GH VDtGD GH PDVVD HP ] ' ] % ] ' (2 U U Y] )|]']% ] (4.84)

Nas equações acima, o produto 2 r r corresponde à área do elemento de volume


perpendicular à direção do escoamento do fluido (direção z), vz é a componente de
velocidade e é a densidade do fluido. O produto destes fatores tem a dimensão de
massa por unidade de tempo (taxa ou vazão de massa). O produto 2 r r vz é
denominado vazão volumétrica e tem dimensão de volume por unidade tempo.
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

O balanço de massa pode, então, ser colocado na seguinte forma:

(2 U ] Y] )|]'] & (2 U U Y] )|]']% ] ' 0 (4.85)

Pela mesma seqüência de procedimentos usada anteriomente, tem-se que o próximo


passo correponde a dividir a equação acima pelo volume do elemento, 2 r r z.
Tem-se:

(2 U U Y] )|]'] & (2 U U ] Y] )|]']% ]


' 0 (4.86)
2 U U ]

(Y ] )|]'] & (Y] )|]']% ]


' 0 (4.87)
]

Fazendo-se o limite quando z tender a zero, obtem-se:

(Y ] )|]'] & (Y] )|]']% ] M(Y] )


lim ]60 ' 0 ' & ' 0 (4.88)
] M]

Mais uma vez, é conveniente lembrar que o sinal “-“ na equação acima vem da
definição de derivada primeira, dada por:

GI (I)|]']% ] & (I)|]']


' lim ]60 (4.89)
G] ]

onde f é uma função qualquer (na equação (4.88), a função é o produto vz ). Observe
que os limites de avaliação da função f na definição de derivada são os opostos
daqueles que aparecem na equação (4.88).
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

Como foi assumido inicialmente que a densidade do fluido é constante, pode-se


reescrever a equação (4.88) da seguinte forma:

MY ]
' 0 (4.90)
M]

Como a densidade do fluido não é nula, obtem-se finalmente que:

MY ]
' 0 (4.91)
M]

A equação acima estabelece que a velocidade vz na situação sendo estudada não


depende da posição z (vz não é função de z).

%DODQoRGHPRPHQWR

Inicialmente, deve-se lembrar que momento pode ser transportado por dois
mecanismos: difusão e convecção. Ambos devem ser considerados quando se
estabelece o balanço. Considerando que momento por difusão é transportado na
direção do gradiente de velocidade (direção r) e que o transporte de momento por
convecção ocorre na direção do movimento macroscópico do fluido (direção z), pode-
se expressar o balanço de momento da seguinte forma:

7D[D GH HQWUDGD GH PRPHQWR SRU FRQYHFomR HP ] ' ] &

& 7D[D GH VDtGD GH PRPHQWR SRU FRQYHFomR HP ] ' ] % ] %

% 7DUD GH HQWUDGD GH PRPHQWR SRU GLIXVmR HP U ' U &

& 7DUD GH VDtGD GH PRPHQWR SRU GLIXVmR HP U ' U % U %

% 6RPDWyULR GH IRUoDV DWXDQGR QR HOHPHQWR GH YROXPH ' 0 (4.92)

eLPSRUWDQWHHQIDWL]DUQRYDPHQWHTXHRVSRQWRVGHHQWUDGDHVDtGDGHPRPHQWR
SRU FRQYHFomR H SRU GLIXVmR VmR GHWHUPLQDGRV HP IXQomR GD HVFROKD GD
RULHQWDomRGRVHL[RVFRRUGHQDGRVHQmRHPIXQomRGRFRQKHFLPHQWRGRVHQWLGR
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

UHDO GR WUDQVSRUWH GH PRPHQWR SRU HVWHV PHFDQLVPRV 1mR p QHFHVViULR
FRQKHFHUDSULRULRVVHQWLGRVGHHVFRDPHQWRGHPRPHQWRSDUDVHHVWDEHOHFHU
RV EDODQoRV GH PRPHQWR (VWHV VHQWLGRV VHUmR GHWHUPLQDGRV GXUDQWH R
GHVHQYROYLPHQWRGDDQiOLVHGRSUREOHPD

As diversas taxas que aparecem na equação acima podem ser avaliadas através das
expressões a seguir:

7D[D GH HQWUDGD GH PRPHQWR SRU FRQYHFomR HP ] ' ] ' (2 U U Y] Y ])|]'] (4.93)

7D[D GH VDtGD GH PRPHQWR SRU FRQYHFomR HP ] ' ]% ] ' (2 U U Y] Y ])|]']% ] (4.94)

7D[D GH HQWUDGD GH PRPHQWR SRU GLIXVmR HP U ' U ' (2 U ] U])|U'U (4.95)

7D[D GH VDtGD GH PRPHQWR SRU GLIXVmR HP U ' U% U ' (2 U ] U])|U'U% U (4.96)

6RPDWyULR GH IRUoDV DWXDQGR QR HOHPHQWR GH YROXPH ' (2 U U ] J) %

% 2 U U (3|] & 3|]% ]) (4.97)

Na equação (4.97), o somatório de forças se refere apenas às forças que possuem


componentes na direção de escoamento do fluido. É importante lembrar que momento
é uma grandeza vetorial. O balanço de momento (ou balanço de forças) sendo
estabelecido nesse caso refere-se à direção z.

Nas equações (4.93) e (4.94), o produto 2 r r vz representa a vazão de massa.


Quando estes fatores são multiplicados pela velocidade vz , obtem-se momento por
unidade de tempo, que corresponde à taxa de momento.

Nas equações (4.95) e (4.96), rz representa o fluxo de momento por difusão (veja
capítulo 3). Quando este fluxo é multiplicado pela área normal à sua direção, 2 r z,
obtem-se a taxa de momento por difusão.
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

Na equação (4.97), a primeira parcela do lado direito da igualdade refere-se à força da


gravidade (que é uma força que atua no volume do elemento considerado). Nessa
parcela, 2 r r z representa o volume do elemento. Quando este produto é
multiplicado pela densidade, , obtem-se a massa do elemento de volume. Finalmente,
multiplicando esta massa pela aceleração da gravidade (g), obtem-se a força da
gravidade. A segunda parcela do lado direito é a força decorrente da diferença de
pressão. Esta força atua perpendicularmente (pressão é sempre associada a uma
força normal) à área 2 r r do elemento de volume. O produto da área pela diferença
de pressão vai fornecer a força associada a esta diferença de pressão.

Substituindo as expressões de (4.93) a (4.97) na equação (4.92), obtem-se a equação


geral do balanço de momento para o problema em análise:

[(2 U U Y] Y ])|]'] & (2 U U Y] Y ])|]']% ]] %

% [(2 U ] U])|U'U & (2 U ] U])|U'U% U]

% (2 U U ] J) % 2 U U (3|] & 3|]% ]) ' 0 (4.98)

Dividindo pelo volume do elemento, obtem-se:

[(2 U U Y] Y ])|]'] & (2 U U Y] Y ])|]']% ]]


%
2 U U ]

[(2 U ] U])|U'U & (2 U ] U])|U'U% U]


% %
2 U U ]

(2 U U ] J) % 2 U U (3|] & 3|]% ])


% ' 0 (4.99)
2 U U ]

[(Y] Y ])|]'] & (Y] Y ])|]']% ]]


%
]

[(U U])|U'U & (U U])|U'U% U]


%
U U

(3|] & 3|]% ])


% ( J) % ' 0 (4.100)
]
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

eLPSRUWDQWHGHVWDFDUTXHQDVHJXQGDSDUFHODGDHTXDomR  RUDLRUTXH


DSDUHFHQRQXPHUDGRUHQRGHQRPLQDGRUQmRSRGHVHUFRUWDGR1RQXPHUDGRU
HVWHUDLRpDYDOLDGRHPGXDVSRVLo}HVGLIHUHQWHVUHU U2WHUPR U U] _U Up
HTXLYDOHQWHD U U  U] _U U'HVVDIRUPDDPDQHLUDPDLVVLPSOHVGHID]HUR
GHVHQYROYLPHQWRPDWHPiWLFRTXHVHUiDSUHVHQWDGRDVHJXLUFRQVLVWHHPGHL[DU
RWHUPRUQRGHQRPLQDGRUHQRQXPHUDGRU.

Fazendo o limite da equação (4.100) quando o volume do elemento tende a zero ( r


e z 6 0), tem-se:

[(Y] Y])|]'] & (Y] Y ])|]']% ]]


lim U, ]60 %
]

[(U U])|U'U & (U U])|U'U% U]


% %
U U

(3|] & 3|]% ])


% ( J) % ' 0 (4.101)
]

Usando-se o conceito de derivada primeira, como já feito anteriormente, obtem-se:

M(Y] Y ]) M(U U]) M3


& & % J & ' 0 (4.102)
M] U MU M]

Do balanço de massa, sabe-se que:

MY ]
' 0 (4.91)
M]

Como o fluido possui densidade constante, pode-se escrever que:

M(Y] Y ]) M(Y])
' 2 Y] ' 0 (4.103)
M] M]
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

Logo:

M(U U]) M3
& % J & ' 0 (4.104)
U MU M]

As derivadas parciais acima podem ser transformadas em ordinárias, pois rz só


depende de r e a pressão só varia com z.

Considerando um comprimento L do tubo, o gradiente de pressão que aparece na


equação (4.104) pode-se escrito da seguinte forma:

M3 3 & 3/
& ' R (4.105)
M] /

onde Po e PL são as pressões em pontos z = zo e z = zL, respectivamente.

Substituindo a equação (4.105) em (4.104), obtem-se finalmente a equação diferencial


que rege o escoamento do fluido em um tubo.

M(U U]) 3R & 3 /


& % J % ' 0 (4.106)
U MU /

A equação diferencial acima pode ser integrada através de separação de variáveis,


para se obter:

3R & 3 /
G(U U]) ' m J % U GU (4.107)
m /

3R & 3 / U 2
(U U]) ' J % % &1 (4.108)
/ 2

onde C1 é uma constante de integração.


(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

A equação (4.108) é válida para a seguinte faixa de valores de r:

0 # U # 5

Para esta equação ser válida em r = 0, o valor de C1 deve ser obrigatoriamente igual
a 0. Isso é verdadeiro desde que rz , g e (Po - PL)/L sejam números finitos1. Essa
condição é nomalmente atendida e, dessa forma, pode-se assumir que C1 seja igual
a 0.

Com esse valor de C1, pode-se reescrever a equação (4.108) da seguinte forma:

3 R & 3/ U
( U]) ' J % (4.109)
/ 2

Pela lei de Newton da viscosidade, pode-se escrever que:

GY ]
U] ' & µ (4.110)
GU

Combinando as equações (4.109) e (4.110), obtem-se:

GY] 3 R & 3/ U
U] ' & µ ' J % (4.111)
GU / 2

Separando variáveis e integrando novamente, tem-se:

1 3R & 3 / U GU
GY] ' & J % (4.112)
m m µ / 2

1 3 R & 3/ U2
Y] ' & J % % &2 (4.113)
µ / 4

1
Lembre-se que o produto de qualquer número finito por zero é zero. O produto de
infinito por zero é indeterminado.
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

onde C2 é uma nova constante de integração. A integração acima foi feita assumindo-
se viscosidade e densidade do fluido constantes.

A equação (4.113) fornece uma equação genérica para o perfil de velocidade dentro
de um duto cilíndrico. Para se ter o perfil específico para o caso em estudo, deve-se
determinar o valor da constante C2. Esta constante é determinada a partir do uso de
uma condição de contorno. Sabe-se que nas interfaces sólido-líquido, a velocidade do
fluido se iguala à velocidade do sólido. Dessa forma, pode-se afirmar que:

&RQGLomR GH FRQWRUQR : Y] ' 0 HP U ' 5

Aplicando esta condição de contorno na equação do perfil de velocidade, tem-se:

1 3R & 3 / 5 2
0 ' & J % % &2 (&.&.)
µ / 4

Da equação acima, pode-se determinar o valor de C2 e finalmente obter a expressão


para o perfil de velocidades:

1 3 R & 3/ (5 2 & U 2)
Y] ' J % (4.114)
µ / 4

(verifique que o perfil acima atende às condições de contorno).

A equação (4.114) representa um perfil parabólico.

Alguns comentários podem ser feitos em relação à equação do perfil de velocidades


acima.
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

Como a viscosidade do fluido tem um valor sempre maior que zero e o termo (R2 - r2)
é maior que ou igual a zero, o sentido da velocidade do fluido, para baixo ou para cima
(velocidades positivas ou negativas, respectivamente), depende unicamente do sinal
do termo entre colchetes. Nota-se que:

3R & 3 /
J % > 0 YHORFLGDGHV SRVLWLYDV (IOXLGR GHVFH)
/

3R & 3 /
J % < 0 YHORFLGDGHV QHJDWLYDV (IOXLGR VREH)
/

3 R & 3/
J % ' 0 YHORFLGDGHV QXODV (IOXLGR SDUDGR)
/

Este termo representa a força motriz para a ocorrência do escoamento. Quando não
há diferença de pressão, o escoamento ocorre só em virtude da força da gravidade e
as velocidades serão positivas (fluido desce). Nesse caso, o perfil de velocidades será
dado por:

J (5 2 & U 2) J (5 2 & U 2) J (5 2 & U 2)


Y] ' ' ' (4.115)
µ 4 (µ/ ) 4 4

Pela equação acima, evidencia-se que no caso de um fluido escoando apenas devido
à gravidade, as velocidades são inversamente proporcionais à viscosidade cinemática
do fluido. (VVDSURSULHGDGHpTXHUHDOPHQWHGHILQHDUHVLVWrQFLDTXHXPIOXLGR
RIHUHFH DR HVFRDPHQWR. Quanto maior a viscosidade cinemática, maior será a
resistência ao escoamento e menores serão as velocidades. Um ponto interessante
a ser observado é que R DoR H D iJXD SRVVXHP YLVFRVLGDGHV FLQHPiWLFDV
DSUR[LPDGDPHQWHLJXDLV (verifique isso usando os dados do Capítulo 3).

A equação (4.114) pode ser facilmente modificada para o caso de dutos inclinados. Se
é o ângulo que o tubo faz com a vertical, o perfil de velocidades é dado por:
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

1 3 R & 3/ (5 2 & U 2)
Y] ' J cos % (4.116)
µ / 4

Quando = 90o, o tubo está na horizontal e o efeito da gravidade é anulado. A única


força motriz para o escoamento nesse caso seria a diferença de pressão.

A partir do perfil de velocidades acima, uma série de informações a respeito do sistema


pode ser obtida.

Pela equação (4.114), observa-se que a velocidade máxima do fluido ocorre no centro
do tubo (r = 0) e é dada por:

Pi[ 1 3R & 3 / 5 2
Y] ' J % (4.117)
µ / 4

Usando-se esta expressão para a velocidade máxima, pode-se reescrever o perfil de


velocidades na seguinte forma:

Y] U
2
' 1 & (4.118)
Pi[ 5
Y]

A equação (4.109) fornece o perfil do fluxo de momento por difusão ou tensão de


cisalhamento ao longo do raio do tubo. Na parede do duto (r = R), essa tensão é dada
por:

3 R & 3/ 5
( U])SDUHGH ' J % (4.119)
/ 2

O perfil da tensão de cisalhamento pode, então, ser expresso da seguinte forma:

( U]) U
' (4.120)
( U])SDUHGH 5
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

A figura 4.10 mostra esquematicamente os perfis de velocidade e tensão de


cisalhamento ao longo do raio do tubo, conforme indicado pelas equações (4.118) e
(4.120), respectivamente.

r=R U r=R r=R U r=R

] ]

 
Y] τ U]
Y Pi[ τ SDUHGH
U]
]
 

3HUILOGHYHORFLGDGHVSDUDEyOLFR 3HUILOOLQHDUGRIOX[RGHPRPHQWR
RXWHQVmRGHFLVDOKDPHQWR

Figura 4.10- Perfis de velocidade e tensão de cisalhamento ao longo do raio de um


duto cilíndrico.

Além dos perfis de velocidade e da tensão de cisalhamento, pode-se determinar


também as vazões volumétrica e de massa de fluido no interior do tubo. O
procedimento a ser adotado é similar ao empregado nos casos analisados
anteriormente. As vazões são calculadas somando-se as quantidades de fluido que
escoam em cada porção infinitesimal de área ao longo do raio do tubo. Como a
velocidade só depende da posição radial, esse elemento infinitesimal de área
correponderia a um pequeno anel de espessura radial dr. Pelas parcelas do balanço
de massa, sabe-se que, em cada uma camada infinitesimal, a quantidade de fluido que
escoa é dada por:

G4 ' (2 U GU Y ]) (4.121)
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

onde dQ é a vazão volumétrica infinitesimal ao longo de um anel de área equivalente


a2 r dr.

Integrando-se a equação (4.121) entre o centro e parede do tubo, pode-se determinar


a vazão volumétrica do fluido:

U' 5 U' 5
G4' (2 U GU Y ]) (4.122)
m m
U' 0 U' 0

Como a velocidade do fluido varia em função da posição (equação (4.114)), pode-se


substituir o perfil de velocidades na expressão (4.39), para obter:

U' 5 U' 5
1 3R & 3/ (5 2 & U 2)
G4' 2 U J % GU (4.123)
m m µ / 4
U' 0 U' 0

54 3 R & 3/
4' J % (4.124)
8 µ /

A expressão (4.124) é conhecida como equação de Hagen-Poiseuille.

Como já visto anteriormente, a vazão de massa é dada pelo produto da vazão


volumétrica pela densidade do fluido:

54 3 R & 3/
' 4 ' J % (4.125)
8 µ /

A velocidade média é determinada dividindo-se a vazão volumétrica pela área total


disponível para o escoamento. Nesse caso, essa área é a área da seção transversal
do tubo ( R2). Logo:

52 3 R & 3/
9 ' J % (4.126)
8 µ /
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

Um outro parâmetro que pode ser avaliado a partir dos dados acima é a componente
vertical (direção z) da força que o fluido exerce sobre a parede do tubo. Essa força
corresponde ao produto da tensão de cisalhamento na interface fluido-parede pela
área superficial da parede do tubo ao longo de um comprimento L. Dessa forma, tem-
se:

3R & 3 / 5
)] ' 2 5 / ( U])SDUHGH ' 2 5 / J % (4.127)
/ 2

)] ' 52 / J % 5 2 (3 R & 3/) (4.128)

Na equação (4.128), a primeira parcela do lado direito da igualdade corresponde à


força associada ao peso do fluido, e o segundo termo é a força ligada à diferença de
pressão. O que a equação (4.128) mostra é que a força de atrito entre o fluido e a
parede é igual à soma do peso do fluido e a força associada à diferença de pressão,
ou seja, as forças que causam o escoamento se igualam à força que resiste ao
movimento do fluido. Em termos globais, o somatório de forças atuando no fluido é
nulo e o fluido se move com velocidade constante (de acordo com a segunda lei de
Newton !).

Todas as relações obtidas nesse item são válidas apenas para o caso de escoamento
laminar. Para tubos, esse é o regime de escoamento quando se satisfaz a condição
abaixo:

' 9
5H ' < 2100 (4.129)
µ

onde D é o diâmetro do tubo.

No desenvolvimento feito, foram também desprezados os efeitos de entrada e saída


do fluido no duto. Na realidade, os efeitos da entrada se manifestam em comprimentos
inferiores a Le , estimado através da seguinte expressão:
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

/ H ' 0,035 ' 5H (4.130)

Exemplo- Água escoa através de um tubo horizontal com diâmetro de 1,59 x 10-3 m
e sob uma diferença de pressão de 904,82 Pa/m. Determinar a vazão de
massa da água no tubo.
Dados: - densidade da água = 1000 kg/m3;
- viscosidade da água = 0,001 kg/m.s (ou Pa.s).

Solução- Usando a equação (4.125) para a vazão de massa, tem-se para tubos
horizontais que:

5 4 3 R & 3/
'
8 µ /

Substituindo dados na relação acima, obtem-se:

1,59 [ 10&3 4
(1000) ( )
2
' 904.82 ' 1,42 [ 10&4 NJ/V
8 (0,001)

Finalmente, deve-se verificar a validade do cálculo acima. Para tal, avalia-se o número
de Reynolds. Combinando-se as expressões para a vazão de massa, velocidade média
e a definição do número de Reynolds para tubos, tem-se:

4 4 (1,42 [ 10&4)
5H ' ' ' 113,7
' µ (1,59 [ 10&3) (0,001)

Como Re < 2100, o cálculo desenvolvido é válido.

Exercício de demonstração- Use os conceitos de balanço de massa e momento


desenvolvidos neste capítulo, para demonstrar que, para o sistema visto na figura
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

abaixo, o perfil de velocidades e a vazão volumétrica do fluido escoando entre as


placas são expressos por:

3 R & 3/ 2
\
2
Y[ ' 1 &
/ 2 µ

2: 3 3 R & 3/
4'
3 µ /

onde W é a largura das placas.

3ODFDVSDUDOHODVHKRUL]RQWDLV
3R 3/
[ δ

\
[
)OXLGR δ

[ δ
[  [ /

(VFRDPHQWRHPGXWRVFRQFrQWULFRV

Em muitas situações de interesse prático, tem-se o escoamento de fluidos em tubos


concêntricos. Um exemplo típico de aplicação desse tipo de sistema é o da
refrigeração da lança de injeção de oxigênio no processo LD de fabricação de aço.
Nesse caso, oxigênio é transportado através de um tubo central, que é envolvido por
um outro tubo de diâmetro maior, dentro do qual circula a água de resfriamento.

A figura 4.11 mostra uma vista esquemática da configuração a ser estudada. O fluido
está escoando na região localizada entre os tubos vermelho (diâmetro menor) e preto
(diâmetro maior). Novamente, vai se analisar a situação onde o fluido apresenta
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

velocidades apenas na direção z. As forças motrizes para ocorrência do escoamento


são a força da gravidade e a diferença de pressão. O sistema é análogo àquele
apresentado na figura 4.9. Desse modo, o elemento de volume a ser considerado será
similar ao usado nos balanços desenvolvidos no item 4.3.3. Este elemento está
destacado em azul na figura 4.11.

U 3R
] ]R

N5
)OXLGR
5
(OHPHQWR
GHYROXPH

∆U

] ]/ 3/

Figura 4.11- Vista esquemática do sistema de tubos cilíndricos concêntricos e do


elemento de volume usado nos balanços de massa e de momento.

Como o elemento de volume acima é análogo ao do caso estudado no ietm anterior,


(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

não há necessidade de se refazer os balanços de massa e de momento. O ponto de


partida para o tratamento deste problema pode ser a equação (4.108), que fornece o
perfil de tensão de cisalhamento ou fluxo de momento no fluido. Essa equação é
reproduzida abaixo:

3 R & 3/ U2
(U U]) ' J % % &1 (4.108)
/ 2

No caso analisado anteriormente, essa equação era válida no seguinte domínio de


valores de posição radial:

0 # U # 5

A condição de rz finito em r = 0 serviu, então, de condição de contorno para se


determinar o valor de C1.

No sistema de tubos concêntricos, a região de interesse para análise é definida pela


seguinte expressão:

N5 # U # 5

Obviamente, esta região não inclui o ponto r = 0 e, desse modo, a condição de


contorno acima não pode ser aplicada na determinação de C1. O valor dessa constante
será obtido através da substituição da lei de Newton da viscosidade na equação
(4.108) e de sua integração para obter o perfil de velocidades.

Combinando as equações (4.109) e (4.110), obtem-se:

GY ] 3R & 3 / U &
U] ' & µ ' J % % 1 (4.131)
GU / 2 U

Separando variáveis e integrando, tem-se:


(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

1 3 R & 3/ U GU &
GY ] ' & J % & 1 GU (4.132)
m m µ / 2 µ U

1 3R & 3 / U 2 &
Y] ' & J % & 1 ln U % &2 (4.133)
µ / 4 µ

onde C2 é uma nova constante de integração. A integração acima foi feita novamente
assumindo-se viscosidade e densidade do fluido constantes.

As constantes C1 e C2 são determinadas a partir de condições de contorno.


Considerando-se que nas interfaces sólido-líquido, a velocidade do fluido se iguala à
velocidade do sólido, pode-se definir as duas condições de contorno necessárias. Tem-
se que:

&RQGLomR GH FRQWRUQR 1 : Y] ' 0 HP U ' N5 (&.&. 1)

&RQGLomR GH FRQWRUQR 2 : Y] ' 0 HP U ' 5 (&.&. 2)

Aplicando estas condições de contorno na equação do perfil de velocidade, obtem-se:

1 3 R & 3/ (N5)2 &


0 ' & J % & 1 ln (N5) % &2 (&.&. 1)
µ / 4 µ

1 3 R & 3/ (5)2 &


0 ' & J % & 1 ln (5) % &2 (&.&. 2)
µ / 4 µ

Das equações acima, pode-se determinar os valores de C1 e C2 :

3R & 3 / 5 2 (1 & N 2)
&1 ' J % (4.134)
/ 4 ln N

3R & 3 / 5 2 (1 & N 2)
&2 ' J % 1 % ln 5 (4.135)
/ 4 µ ln N
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

Substituindo as expressões de C1 e C2 na equação do perfil de velocidades, obtem-se


após alguns rearranjos:

3R & 3 / 5 2 U
2
(1 & N 2) U
Y] ' J % 1 & % ln (4.136)
/ 4 µ 5 ln 1/N 5

(verifique que o perfil acima atende às condições de contorno).

Conhecendo-se o perfil de velocidades, outras grandezas de importância podem ser


determinadas.

Inicialmente, pode-se determinar a posição onde ocorre e o valor da velocidade


máxima (ou mínima, dependendo do sentido do escoamento). Para tal, basta derivar
a equação do perfil de velocidade e igualar a expressão obtida a zero. Com tal
procedimento, obtem-se:
- posição radial onde ocorre a velocidade máxima (ou mínima):

(1 & N 2)
UPi[ ' 5 (4.137)
2 ln (1/N)

- valor da velocidade máxima (ou mínima):

3 R & 3/ 52 (1 & N 2) (1 & N 2) (1 & N 2)


Y] ' J % 1 & % ln (4.138)
Pi[ / 4 µ 2 ln (1/N) 2 ln (1/N) 2 ln (1/N)

Por procedimento similar ao empregado nos itens anteriores, pode-se avaliar a vazão
volumétrica do fluido:

U' 5
3 R & 3/ 54 (1 & N 2)2
4 ' 2 U Y] GU ' J % 1 & N4 & (4.139)
m / 8 µ ln (1/N)
U'N5
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

A velocidade média é determinada pela seguinte expressão:

4 3 R & 3/ 52 (1 & N 4) (1 & N 2)


Y] ' ' J % & (4.140)
5 2 (1 & N 2) / 8 µ (1 & N 2) ln (1/N)

É interessante observar que as equações obtidas para os dutos concêntricos tendem


para aquelas de escoamento em tubos quando k se aproxima de zero. (Verifique esta
afirmativa como exercício).

As relações desenvolvidas nesse item são válidas para escoamento laminar. Nesse
caso, o escoamento laminar predomina quando o número de Reynols, definido pela
equação abaixo, é inferior a 2000:

' (1 & N) 9]
5H ' < 2000 (4.131)
µ

onde D é o diâmetro do tubo mais externo.

(VFRDPHQWRODPLQDUELIiVLFR

Em algumas situações de interesse prático, tem-se o escoamento de dois líquidos


imiscíveis de densidades diferentes. Como são dois fluidos diferentes (duas fases), é
costume se denominar este tipo de escoamento de ELIiVLFR. Um exemplo típico desse
tipo de escoamento é do vazamento de ferro gusa e escória pelo canal de corrida de
um alto-forno. Nesse caso, o ferro gusa mais denso escoa pela parte inferior do canal,
e a escória mais leve se desloca sobre o gusa.

O que aparece de novo nesse tipo de sistema são as condições de contorno que
devem ser aplicadas na interface entre os dois fluidos. Essas condições se baseiam
na continuidade dos perfis de velocidade e do fluxo de momento (ou tensão de
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

cisalhamento). Desse modo, pode-se afirmar que na interface entre os dois liquidos
tem-se:
- velocidade no líquido 1 = velocidade no líquido 2;
- fluxo de momento no líquido 1 = fluxo de momento no líquido 2.
Essas duas condições de contorno devem ser usadas para se determinar o perfil de
velocidades nos líquidos nesse tipo de sistema.

Considerando-se o sistema ilustrado na figura 4.12, pode-se desenvolver balanços de


massa e momento para determinar o perfil de velocidades dos líquidos.

3ODFDVSDUDOHODVHKRUL]RQWDLV
3R 3/
[ K

\ )OXLGR%ρ , µ
E E
[
,QWHUIDFH

)OXLGR$ρ , µ
D D
[ K
[  [ /

Figura 4.12- Escoamento de dois líquidos entre placas planas e paralelas.

O escoamento está ocorrendo na direção x, e apenas em decorrência da diferença de


pressão. Como o sistema acima é similar a casos já tratados, pode-se partir de
informações já obtidas anteriormente.

Pelo balanço de massa, sabe-se que:

MY[
' 0 (4.142)
M[
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

Do exemplo de demonstração resolvido acima, pode-se escrever que:

$ 3 R & 3/ $
\[ ' \ % &1 (4.143)
/

% 3 R & 3/ %
\[ ' \ % &1 (4.144)
/

Como os perfis de tensão de cisalhamento nos dois líquidos não são necessariamente
iguais, deve-se escrever uma equação para cada líquido, com as respectivas
constantes de integração, C1A e C1B.

Pelas condições fornecidas inicialmente, sabe-se que na interface entre os líquidos


(posição y = 0), os dois fluxos de momento (ou tensão de cisalhamento) acima são
iguais. Logo:

$ %
\ ' 0 : \[ ' \[ (&.&.1)

$ %
&1 ' &1 ' &1 (&.&.1)

Nesse caso, as duas constantes de integração são iguais e pode-se continuar o


desenvolvimento adotando-se apenas uma constante C1.

Usando a lei de Newton da viscosidade, pode-se escrever que:

$
$ MY[ 3 R & 3/
\[ ' & µD ' \ % &1 (4.145)
M\ /
%
% MY[ 3 R & 3/
\[ ' & µE ' \ % &1 (4.146)
M\ /

Integrando as equações acima assumindo viscosidades constantes, obtem-se:


(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

$ 1 3 R & 3/ \2 & $
Y[ ' & & 1 % &2 (4.147)
µD / 2 µD

% 1 3 R & 3/ \2 & %
Y[ ' & & 1 % &2 (4.148)
µE / 2 µE

As constantes de integração acima são determinadas com as seguintes condições de


contorno:

$ %
\ ' 0 : Y[ ' Y [ (&.&.2)

$
\ ' & K : Y[ ' 0 (&.&.3)

%
\ ' K : Y[ ' 0 (&.&.4)

Das condições de contorno acima, pode avaliar as constantes de integração:

$ %
&2 ' &2 ' &2

3R & 3 / K µD & µE
&1 ' & (4.149)
/ 2 µD % µE

3 R & 3/ K2 2 µD
&2 ' (4.150)
/ 2µD µD % µE

Com estas constantes, pode-se determinar finalmente os perfis de velocidades na duas


camadas de fluidos:

1 3R & 3 / µD & µE \
2 µD 2
$ K2 \
Y[ ' % & (4.151)
µD / 2 µD % µE µD % µE K K

1 3R & 3 / µD & µE \
2 µE 2
% K2 \
Y[ ' % & (4.152)
µE / 2 µD % µE µD % µE K K
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

Quando as viscosidades dos líquidos forem iguais (µa = µb), as expressões acima se
igualam àquelas obtidas para escoamento de um único fluido entre placas paralelas
horizontais.

As expressões para vazão de massa, volumétrica e velocidade média são


determinadas de modo análogo ao que foi feito nos itens anteriores. Pode-se
demonstrar que as velocidades médias nas camadas são dadas por:

$ 1 3R & 3 / K2 7 µD % µE
Y[ ' (4.153)
µD / 12 µD % µE

% 1 3R & 3 / K2 µD % 7 µE
Y[ ' (4.154)
µE / 12 µD % µE

Finalmente, torna-se interessante determinar onde a velocidade será máxima. Para tal,
basta derivar os perfis de velocidades e igualar o resultado a zero.

$
MY[ 1 3R & 3 / K µD & µE
' & \ % ' 0 (4.155)
M\ µD / 2 µD % µE

%
MY[ 1 3R & 3 / K µD & µE
' & \ % ' 0 (4.156)
M\ µE / 2 µD % µE

Das equações acima, constata-se que a derivada será zero quando o termo entre
colchetes for zero. Assim, o ponto de velocidade máxima será dado por:

K µD & µE
\Y ' (4.157)
Pi[ 2 µD % µE

Uma análise da equação acima permite concluir que:


(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

- se µa > µb: yv máx > 0, o que significa que a maior velocidade ocorrerá na camada de
fluido B, que é o líquido menos viscoso;
- se µa < µb: yv máx < 0, significando que a maior velocidade ocorrerá na camada de
fluido A, que é o líquido menos viscoso;
- se µa = µb: yv máx = 0. A maior velocidade ocorrerá no centro da distância entre as
placas.

É interessante observar que a maior velocidade ocorrerá sempre na camada de fluido


de menor viscosidade.

5()(5Ç1&,$6

1- R.I.L. GUTHRIE. Engineering in Process Metallurgy. Oxford Science Publications,


Oxford, 1992, 528 p.
2- R.B. BIRD; W.E. STEWART; E.N. LIGHTFOOT. Transport Phenomena. John Wiley
& Sons, New York, 1960, 780 p.
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

(;(5&Î&,26

1- Um método para determinação do raio de tubos capilares consiste na medida da


vazão de fluido através desse tubo. Avaliar o diâmetro do capilar que apresentou os
seguintes dados de escoamento:
- comprimento do capilar: 50,02 cm
- viscosidade cinemática do fluido: 4,03x10-5 m2/s
- densidade do fluido: 0,9552x103 kg/m3
- queda de pressão ao longo do tubo capilar (horizontal): 4,829x105 N/m2
- vazão de massa através do tubo: 2,997x10-3 Kg/s

2- Dois cilindros concêntricos horizontais possuem um comprimento de 8,23m. O


diâmetro externo do cilindro interno é 1,26 cm. O diâmetro interno do cilindro externo
é 2,79 cm. Uma solução aquosa é bombeada entre os dois cilindros. A densidade
dessa solução é 1286,3 kg/m3 e a sua viscosidade é 0,0565 kg/m.s. Determinar a
vazão volumétrica do fluido quando a queda de pressão é 3,716x104 N/m2.

3- Um líquido está escoando por gravidade através de um tubo vertical com


comprimento de 1 ft e diâmetro interno de 0,1 in. A densidade do líquido é 1,26
g/cm3 e a vazão de massa é 0,005 lb/min. Determinar a viscosidade do fluido em
unidades do sistema internacional. Testar a validade dos resultados obtidos.

4- Desenvolver expressões para o escoamento de um fluido entre duas placas


paralelas verticais. As placas são separadas por uma distância 2 δ. Considerar
estado estacionário e fluido de densidade e viscosidade constantes. Incluir a
diferença de pressão. Obter relações para:
- distribuição de velocidade;
- vazão volumétrica do fluido;
- relacionar a velocidade média a velocidade máxima.
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

5- Água está colocada entre duas placas paralelas, planas infinitas distantes 3 cm uma
da outra. Se as placas se movem em sentidos opostos com velocidades de 0,18 m/s
e 0,21 m/s, deduzir a expressão do perfil de velocidade e calcular a velocidade
média da água.
Fazer um diagrama do sistema que você está analisando.
Dados:
- Densidade da água: 1 g/cm3;
- Viscosidade da água: 1 cP.

6- Em experiências de absorção de gás, um fluido viscoso escoa de baixo para cima


através de um tubo circular. No final do tubo ocorre um transbordamento e o fluido
escoa, de cima para baixo sobre a superfície externa do tubo. Deduzir a expressão
de distribuição de velocidade no fluido que escoa sobre a superfície externa do tubo.
Propor uma equação para avaliação da vazão volumétrica de fluido.

U
7UDQVERUGR

]
] ]R

D5
)OXLGR
5
$U

] ]/
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

7- Um arame de aço de raio R é resfriado em um tanque de óleo, conforme mostrado


na figura abaixo. A partir das equações de balanço de massa e momento,
determinar uma equação para o perfil de velocidades do fluido que escoa no trecho
L indicado na figura. Neste trecho, o diâmetro do tubo no interior do tanque é KR.
Considerar estado estacionário, fluido de densidade e viscosidade constantes e que
a pressão no interior do tanque é uniforme. A velocidade do arame é V.

Arame

Reservatório
L
de óleo

8- Uma técnica utilizada na determinação da vazão de fluidos em dutos cilíndricos


consiste em medir a diferença de pressão entre dois pontos ao longo da tubulação,
conforme visto na figura abaixo. Através de balanços de massa e de momento, obter
uma equação matemática que expresse o perfil de velocidade do fluido em função
da posição radial no tubo. A partir dessa equação, desenvolver uma expressão
matemática relacionando a vazão volumétrica do fluido com a diferença de pressão
entre os pontos 1 e 2, expressa em termos da diferença da altura da coluna de água
no manômetro. Aplicar a fórmula desenvolvida para determinar a vazão volumétrica
de N2, nas seguintes condições:
- diâmetro do tubo: 10 polegadas;
- diferença de altura da coluna de água no manômetro: 6 mm;
- densidade da água: 1 g/cm3;
- densidade do nitrogênio: 1 kg/m3;
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

- distância entre os pontos 1 e 2: 8 ft;


- temperatura: 298 K;
- propriedades do nitrogênio (para avaliação da viscosidade):
- massa atômica: 28,02 g/mol - = 3,681 D - / kB = 91,5 K
Expressar os resultados em unidades do sistema internacional.

Fluido
D

1 2

h
Água

9- Em uma máquina de lingotamento contínuo, tem-se a configuração vista


esquematicamente na figura abaixo. Determinar o perfil de velocidades no interior
da camada de escória lubrificante, em função das velocidades UMOLDE e ULINGOTAMENTO.
Assumir escoamento laminar, µ e constantes. Considerar que se atinge o estado
estacionário instantaneamente para cada valor de velocidade do molde, que é
oscilatório.
A partir do resultado acima, como você faria para avaliar o consumo desta escória,
considerando que o molde possui quatro faces iguais de largura W ?
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

VISTA DE CIMA CORTE A-A'


y
Molde Escória
Pressão P
x
U Aço - Veio
molde

U
lingotamento

Escória
A A' Aço - Veio W

Molde

Escória
Pressão P

δ
W x = direção vertical

5HVSRVWDVGRV([HUFtFLRV

1- D = 1,5 mm
2- Q = 1,92 x 10-4 m3/s
3- µ = 0,42 Pa.s (= kg /m s) Re = 0,045 (válido)
4- Considerando o eixo z na direção do escoamento (sentido: de cima para baixo) e
o eixo x na direção do gradiente, com a origem no centro das placas, tem-se o
seguinte perfil de velocidades, vazão volumétrica e relação de velocidades::

3 R & 3/ 2
[
2
Y] ' % J 1 &
/ 2 µ

2 3 R & 3/ : 3
4 ' % J : ' ODUJXUD GDV SODFDV
3 / µ

Y] 2
'
Pi[ 3
Y]
(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

5- Tem-se o seguinte perfil de velocidades:

Y[ ' 13 \ & 0,21 \ ['] P Y[ ['] P/V

O sistema em análise é visto esquematicamente na figura abaixo:

[ P Y PV

)OXLGR FP

\
[
[  Y PV

Velcidade média = - 0,015 m/s.

6- O perfil de velocidades e a vazão volumétrica são dados por:

2
J 52 U U
Y] ' 1 % 2 D 2 ln &
4 µ 5 5
U'D5
4 ' 2 U Y ] GU
m
U' 5

7- O perfil de velocidades é dado por:

U
9 ln
5
Y] '
ln N
8- Tem-se as seguintes equações para o perfil de velocidades e vazão volumétrica:

3 R & 3/
Y] ' (5 2 U 2)
4 µ /

+2 2 J K 5 4
4 '
µ / 8

4 ' 157 P 3/V


(VFRDPHQWR/DPLQDUH%DODQoRGH0RPHQWR

9- Tem-se:

J \
Y[ ' \ & \ 2 % 8 0 & (80 & 8 /)
2 µ

80 ' YHORFLGDGH GR PROGH 8/ ' YHORFLGDGH GH OLQJRWDPHQWR

\'
4 ' 4 : Y [ G\ : ' ODUJXUD GDV IDFHV
m
\' 0
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

No capítulo anterior, a distribuição de velocidades para escoamento em sistemas


simples e unidimensionais foi determinada a partir de balanços de momento em um
determinado elemento de volume desse sistema. A distribuição de velocidade foi,
então, usada para calcular outras quantidades, tais como velocidade média, vazão
volumétrica e força exercida pelo fluido na superfície do sólido. Entretanto, não é
necessário formular um balanço de momento sempre que se começa a analisar um
novo problema de escoamento. Na realidade, existe uma forma mais segura e rápida
de abordar esses problemas. Ela consiste no uso das equações gerais de conservação
de massa e momento. Essas equações são, então, simplificadas para se ajustar ao
problema em estudo.

As equações diferenciais mencionadas acima regem o escoamento laminar de fluidos


em sistemas tridimensionais e transientes.

A equação da continuidade é obtida a partir da aplicação do princípio de conservação


de massa a um pequeno elemento de volume no fluido.

A equação do movimento é uma generalização do balanço de momento que foi


aplicado no capítulo anterior. A combinação dessa equação com a equação da
continuidade permite resolver todos os problemas abordados no capítulo anterior e
problemas mais complexos.

Antes de se iniciar o desenvolvimento das equações da continuidade e do movimento,


é interessante distinguir os três tipos de derivadas parciais do tempo.

Considere-se que se deseja fornecer a concentração de peixes em um determinado


rio. Como os peixes estão se movendo, a sua concentração “c” será função da posição
( x, y e z) e do tempo t. Desse modo, pode-se definir três derivadas em relação ao
tempo.
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

a. Derivada parcial do tempo, MC/Mt

Nesse caso, observa-se a variação da concentração de peixes com o tempo em um


ponto fixo no espaço. Desse modo, MC/Mt significa derivada parcial de “c” com respeito
a “t”, mantendo, x, y e z constantes.

b. Derivada total do tempo, dc/dt

Considere-se que agora, ao invés de se analisar um ponto fixo, toma-se um barco a


motor e começa-se a movimentar ao longo do rio. Ao se fornecer a variação da
concentração com o tempo, os números vão refletir também o movimento do barco.
Logo, a derivada total com o tempo é dada por:

GF MF MF M[ MF M\ MF M]
' % % % (5.1)
GW MW M[ MW M\ MW M] MW

onde Mx/Mt, My/Mt e Mz/Mt são componentes da velocidade do barco.

c. Derivada seguindo o movimento.

Suponha-se que agora ao invés de se tomar um barco a motor, entra-se numa canoa
sem remo e segue-se a correnteza. A variação de concentração de peixes com o
tempo vai depender também da velocidade da correnteza. Essa derivada é
denominada derivada seguindo o movimento e é dada por:

GF MF MF MF MF
' % Y[ % Y\ % Y] (5.2)
GW MW M[ M\ M]

sendo que vx, vy e vz são as componentes da velocidade local do fluido.


(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

Pode-se agora iniciar o desenvolvimento das equações da continuidade e do


movimento.

(TXDomRGDFRQWLQXLGDGH

A equação geral do balanço de massa é:

7D[D GH HQWUDGD GH PDVVD & 7D[D GH VDtGD GH PDVVD '

' 7D[D GH DFXPXODomR GH PDVVD (5.3)

Essa equação é aplicada a um elemento de volume estacionário x y z, ao longo


do qual o fluido está se movendo, conforme se vê na figura 5.1.

]∆]

∆]
]
\∆\
] ∆\
[ ∆[ [∆[ \
\

Figura 5.1- Elemento de volume para os balanços de


massa e momento

Expressando cada um dos termos acima e considerando as três direções, tem-se:


(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

- taxa de acumulação de massa:

[ \ ] (5.4)
W

- taxa de entrada de massa em x:

( \ ] Y [)|[ (5.5)

- taxa de saída de massa em x + x:

( \ ] Y [)|[% [ (5.6)

- taxa de entrada de massa em y:

( [ ] Y \)|\ (5.7)

- taxa de saída de massa em y + y:

( [ ] Y \)|\% \ (5.8)

- taxa de entrada de massa em z:

( [ \ Y])|] (5.9)

- taxa de saída de massa em z + z:

( [ \ Y])|]% ] (5.10)

Combinando todos esses termos no balanço geral de massa, obtem-se:


(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

[ \ ] ' ( \ ] Y[)|[ & ( \ ] Y [)|[% [


W

% ( [ ] Y \)|\ & ( [ ] Y\)|\% \ % ( [ \ Y])|] & ( [ \ Y ])|]% ] (5.11)


Dividindo toda essa expressão pelo volume do elemento em análise, obtem-se:

( Y[)|[ & ( Y [)|[% [


'
W [

( Y\)|\ & ( Y \)|\% \ ( Y ])|] & ( Y])|]% ]


% % (5.12)
\ ]

Fazendo x, y e z tender a zero e lembrando do conceito de derivada, tem-se:

M M M M
' & ( Y [) & ( Y \) & ( Y ]) (5.13)
MW M[ M\ M]

Essa é uma das forma de se apresentar a equação da continuidade.

Sabe-se, também, que:

M MY[ M
( Y [) ' % Y[ (5.14)
M[ M[ M[

M MY\ M
( Y \) ' % Y\ (5.15)
M\ M\ M\

M MY] M
( Y ]) ' % Y] (5.16)
M] M] M]

Substituindo as relações (5.14), (5.15) e (5.16) em (5.13), obtem-se:


(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

M MY[ M MY \ M MY ] M
% % Y[ % % Y\ % % Y] ' 0 (5.17)
MW M[ M[ M\ M\ M] M]

Isolando do lado esquerdo os termos que envolvem derivada da densidade, obtem-se:

M M M M MY[ MY \ MY]
% Y[ % Y\ % Y] ' & % % (5.18)
MW M[ M\ M] M[ M\ M]

Nota-se que o lado esquerdo dessa expressão representa a derivada seguindo o


movimento da densidade. Assim, em notação compacta, pode-se rescrever a relação
(5.18) da seguinte forma:

'
' & L.Y (5.19)
'W

onde o operador L significa:

M M M
L ' % % (5.20)
M[ M\ M]

A equação (5.19) descreve a taxa de variação da densidade vista por um observador


que se movimenta junto com o fluido.

É importante mencionar que a equação da continuidade, em qualquer forma que seja


apresentada, representa simplesmente o princípio de conservação de massa. Deve-se
ainda observar que o desenvolvimento feito não está restrito a elementos de volume
retangulares, o mesmo tratamento pode ser feito com elementos de qualquer forma
arbitrária.

Uma forma especial da equação de continuidade, que será bastante usada, é a que
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

é aplicada a um fluido de densidade constante. Nesse caso, tem-se:

MY[ MY\ MY ]
% % ' 0 (5.21)
M[ M\ M]

para um fluido cuja densidade é diferente de zero.

Diz-se que essa equação é aplicada a fluidos incompressíveis. É claro que nenhum
fluido é verdadeiramente incompressível, mas muito freqüentemente em engenharia
essa suposição de densidade constante é bastante razoável e não causa erro
significativo nos cálculos.

(TXDomRGRPRYLPHQWR

Para o mesmo elemento de volume x. y. z visto na figura 5.1, pode-se desenvolver


o balanço de momento. A forma geral do balanço de momento para o estado
estacionário é:

7D[D GH HQWUDGD GH PDVVD & 7D[D GH VDtGD GH PDVVD % 6RPDWyULR GH IRUoDV '

' 7D[D GH DFXPXODomR GH PDVVD (5.22)

Nota-se que a expressão (5.22) é uma extensão da relação (4.4) para o estado não-
estacionário. Desse modo, proceder-se-á de maneira similar à que foi desenvolvida no
o capítulo anterior.

Nesse caso, além de considerar o estado não-estacionário, será analisada a


possibilidade do fluido se mover através das seis faces do elemento de volume em
qualquer direção arbitrária.
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

É importante enfatizar que a equação (5.22) é vetorial com componentes em todas as


três direções. Por simplicidade será considerada apenas a direção x, as outras duas
(y e z) podem ser tratadas analogamente. O desenvolvimento do balanço de momento
nestas outras duas direções fica como um exercício.

Inicialmente serão consideradas as taxas de entrada e saída de momento na direção


de x, no elemento de volume visto na figura 5.1. Como se sabe, momento entra e sai
do elemento de volume por dois mecanismos: por convecção (devido ao movimento
global do fluido) e por difusão (devido aos gradientes de velocidade).

Avaliando-se cada uma das parcelas que aparecem na equação (5.22), tem-se
(apenas na direção x):

- taxa de acumulação de momento na direção x:

( Y [)
[ \ ] (5.23)
W

- taxa de entrada de momento por difusão em x:

( \ ] [[)|[ (5.24)

- taxa de entrada de momento por difusão em y:

( [ ] \[)|\ (5.25)

- taxa de entrada de momento por difusão em z:

( [ \ ][)|] (5.26)

- taxa de saída de momento por difusão em x + x:


(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

( \ ] [[)|[% [ (5.27)

- taxa de saída de momento por difusão em y + y:

( [ ] \[)|\% \ (5.28)

- taxa de saída de momento por difusão em z + z:

( [ \ ][)|]% ] (5.29)

Para avaliar as parcelas associadas ao mecanismo de convecção, é importante


lembrar que momento é dado pelo produto de massa por velocidade. Logo, taxa de
momento por convecção pode ser determinada pelo produto da taxa de massa (já
determinada no balanço de massa) pela velocidade (componente [ da velocidade,
nesse caso). Assim, tem-se:

- taxa de entrada de momento por convecção em x:

( \ ] Y[ Y[)|[ (5.30)

- taxa de entrada de momento por convecção em y:

( [ ] Y\ Y[)|\ (5.31)

- taxa de entrada de momento por convecção em z:

( [ \ Y] Y[)|] (5.32)

- taxa de saída de momento por convecção em x + x:

( \ ] Y[ Y[)|[% [ (5.33)
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

- taxa de saída de momento por convecção em y + y:

( [ ] Y\ Y[)|\% \ (5.34)

- taxa de saída de momento por convecção em z + z:

( [ \ Y] Y[)|]% ] (5.35)

- forças que atuam no elemento de volume na direção de x:


- forças de pressão:

\ ] (3|[ & 3|[% [) (5.36)

- força da gravidade:

[ \ ] J[ (5.37)

Em relação aos termos de entrada e saída de momento por convecção, uma


explicação torna-se útil. Por exemplo: no termo y z vx vx , vx representa a
componente da velocidade na direção x, y z vx representa a taxa de entrada de
massa através da face de área y z. O produto desses dois parâmetros fornece a
taxa de entrada de momento. Explicação análoga vale para os termos similares nas
direções y e z.

Combinando todos esses termos na equação geral do balanço de momento, obtem-se


a seguinte relação válida para a direção x:
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

( Y [)
[ \ ] ' ( \ ] [[)|[ & ( \ ] [[)|[% [ %
W

% ( [ ] \[)|\ & ( [ ] \[)|\% \ % ( [ \ ][)|] & ( [ \ ][)|]% ] %

% ( \ ] Y[ Y[)|[ & ( \ ] Y[ Y[)|[% [ % ( [ ] Y\ Y[)|\ & ( [ ] Y\ Y [)|\% \ %

% ( [ \ Y] Y[)|] % ( [ \ Y] Y [)|]% ] %

% \ ] (3|[ & 3|[% [) % [ \ ] J[ (5.38)

Dividindo pelo volume do elemento em estudo ( x y z), obtem-se:

( Y [) ( [[)|[ & ( [[)|[% [ ( \[)|\ & ( \[)|\% \ ( ][)|] & ( ][)|]% ]


' % % %
W [ \ ]

(Y[ Y [)|[ & (Y[ Y [)|[% [ (Y \ Y[)|\ & (Y \ Y[)|\% \


% % %
[ \

(Y] Y[)|] % (Y ] Y[)|]% ] (3|[ & 3|[% [)


% % % J[ (5.39)
] [

Fazendo x, y e z tender para zero e lembrando do conceito de derivada, obtem-se


a seguinte expressão:

M M [[ M \[ M ][ M M M
( Y [) ' & & & & (Y[ Y [) & (Y\ Y [) & (Y] Y [) &
MW M[ M\ M] M[ M\ M]

M3
& % J[ (5.40)
M[
Para as direções y e z, tem-se expressões análogas a esta:
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

- direção y:

M M [\ M \\ M ]\ M M M
( Y \) ' & & & & (Y [ Y \) & (Y \ Y \) & (Y ] Y \) &
MW M[ M\ M] M[ M\ M]

M3
& % J\ (5.41)
M\

- direção z:

M M [] M \] M ]] M M M
( Y ]) ' & & & & (Y[ Y ]) & (Y \ Y ]) & (Y] Y ]) &
MW M[ M\ M] M[ M\ M]

M3
& % J] (5.42)
M]

Considerando apenas a componente x da equação do movimento, pode-se fazer os


seguintes desmembramentos:

M MY [ M [[ M \[ M ][
Y[ % ' & % % &
MW MW M[ M\ M]

M MY[ M MY \ M MY ]
& Y[ Y[ % % Y\ % %Y] %
M[ M[ M\ M\ M] M]

MY [ MY [ MY [ M3
% Y[ % Y\ % Y] & % J[ (5.43)
M[ M\ M] M[

Os termos dentro da área destacada na equação acima correspondem àqueles da


equação (5.40). (Lembre-se da regra de derivação de um produto). A derivada em
relação ao tempo na equação (5.40) foi desmembrada nos dois termos do lado
esquerdo da igualdade na equação (5.43)

Transpondo termos na equação acima, obtem-se:


(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

MY [ MY[ MY [ MY[ M [[ M \[ M ][
% Y[ % Y\ % Y] ' & % % &
MW M[ M\ M] M[ M\ M]

M M MY[ M MY\ M MY]


& Y[ Y[ % Y[ % % Y\ % % Y] %
MW M[ M[ M\ M\ M] M]

M3
& % J[ (5.44)
M[

Lembrando da equação da continuidade (relação (5.17)), constata-se que os termos


dentro do retângulo vermelho acima se anulam. Dessa forma, a equação (5.44) pode
ser escrita da seguinte forma:

MY[ MY [ MY [ MY [ M [[ M \[ M ][ M3
% Y[ % Y\ % Y] ' & % % & % J[ (5.45)
MW M[ M\ M] M[ M\ M] M[

Lembrando da definição de derivada seguindo o movimento (equação (5.3)), nota-se


que o termo entre colchêtes do lado esquerdo da equação (5.45) equivale à derivada
seguindo o movimento da componente de velocidade vx. Assim, pode-se escrever que:

'Y[ M [[ M \[ M ][ M3
' & % % & % J[ (5.46)
'W M[ M\ M] M[

A equação (5.46) enfatiza o significado da equação de balanço de momento como um


balanço de força. Considerando que a equação acima foi desenvolvida para um dado
elemento de volume, pode-se dizer que o termo do lado esquerdo representa o produto
de massa pela aceleração (para um referencial se movendo com o fluido). Do lado
direito, tem-se o somatório das forças associadas à fricção (devido à viscosidade),
pressão e gravidade (segunda lei de Newton).

As equações (5.45) ou (5.46) são aplicáveis a qualquer tipo de fluido, Newtoniano ou


não.
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

Para se colocar as equações do movimento (componente x derivada acima, e as


componentes y e z) em uma forma útil para determinação de distribuição de
velocidade, deve-se substituir as tensões de cisalhamento ou fluxos de momento por
difusão por expressões que os relacionem com as velocidades. Estas expressões são
dadas a seguir para fluidos Newtonianos e representam a lei de Newton da viscosidade
para sistemas tridimensionais:

MY[ 2 MY[ MY\ MY]


[[ ' & 2 µ % µ % % (5.47)
M[ 3 M[ M\ M]

MY\ 2 MY[ MY \ MY]


\\ ' & 2 µ % µ % % (5.48)
M\ 3 M[ M\ M]

MY] 2 MY[ MY \ MY]


]] ' & 2 µ % µ % % (5.49)
M] 3 M[ M\ M]

MY[ MY\
\[ ' [\ ' & µ % (5.50)
M\ M[

MY] MY\
\] ' ]\ ' & µ % (5.51)
M\ M]

MY [ MY]
][ ' [] ' & µ % (5.52)
M] M[

As relações de (5.48) a (5.52) foram apresentadas sem prova por que os argumentos
envolvidos são extremamente longos. A dedução destas equações pode ser
encontrada em H. Lamb, Hydrodinamics(1). Estas equações representam expressões
mais completas da lei de Newton da viscosidade, que se aplicam em situações nas
quais o fluido se move em mais de uma direção.
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

Quando um fluido se move na direção x entre duas placas paralelas e perpendiculares


à direção y, vx é função apenas de y e desse modo:

MY[
\[ ' & µ (5.53)
M\

que é a equação simplificada da lei de Newton da viscosidade usada no Capítulo 4.

Substituindo as expressões de (5.47) a (5.52) na equação (5.45), obtem-se:

MY[ MY[ MY[ MY[


% Y[ % Y\ % Y] '
MW M[ M\ M]

M MY[ 2 MY[ MY \ MY]


& & 2 µ % µ % % %
M[ M[ 3 M[ M\ M]

M MY [ MY\ M MY[ MY]


% & µ % % & µ % &
M\ M\ M[ M] M] M[

M3
% J[ (5.54)
M[

A equação (5.54) é a expressão geral do balanço de momento na direção x.


Expressões análogas podem ser obtidas nas direções y e z.

Considerando um fluido de densidade constante, a equação da continuidade pode ser


escrita da seguinte forma:

MY[ MY\ MY ]
% % ' 0 (5.21)
M[ M\ M]
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

Substituindo (5.21) na equação (5.54), pode-se escrever que:

MY[ MY[ MY[ MY[


% Y[ % Y\ % Y] '
MW M[ M\ M]

M MY[ M MY [ MY\ M MY [ MY]


& & 2 µ % & µ % % & µ % &
M[ M[ M\ M\ M[ M] M] M[

M3
% J[ (5.55)
M[

Rearranjando a expressão acima e assumindo uma viscosidade constante, obtem-se:

MY[ MY [ MY[ MY [
% Y[ % Y\ % Y] '
MW M[ M\ M]

M2Y[ M2Y [ M2Y[ M2Y\ M2Y [ M2Y]


% µ % µ % µ % µ % µ % µ &
M[ 2 M[ 2 M\ 2 M[ M\ M] 2 M[ M]

M3
& % J[ (5.56)
M[

Agrupando os termos com derivadas cruzadas:

MY[ MY [ MY[ MY [
% Y[ % Y\ % Y] '
MW M[ M\ M]

M2Y[ M2Y[ M2Y[ M MY [ MY\ MY ]


% µ % µ % µ % µ % % &
M[ 2 M\ 2 M] 2 M[ M[ M\ M]

M3
& % J[ (5.57)
M[
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

Usando novamente a equação da continuidade (equação (5.21)), obtem-se que:

MY [ MY [ MY [ MY [
% Y[ % Y\ % Y] '
MW M[ M\ M]

M2Y[ M2Y[ M2Y[ M3


% µ % µ % µ & % J[ (5.58)
M[ 2 M\ 2 M] 2 M[

Essa é a equação do movimento na direção x, para um fluido Newtoniano de


densidade e viscosidade constantes.

Para as direções y e z, as expressões são:

- direção y:

MY \ MY \ MY \ MY\
% Y[ % Y\ % Y] '
MW M[ M\ M]

M2Y \ M2Y\ M2Y \ M3


% µ % µ % µ & % J\ (5.59)
M[ 2
M\ 2
M] 2 M\

- direção z:

MY ] MY ] MY ] MY ]
% Y[ % Y\ % Y] '
MW M[ M\ M]

M2Y ] M2Y] M2Y] M3


% µ % µ % µ & % J] (5.60)
M[ 2 M\ 2 M] 2 M]

Essa relações são mostradas nas tabelas V.1, V.2 e V.3 (no final do capítulo), onde se
tem um sumário das equações da continuidade e do movimento em coordenadas
retangulares. Nestas tabelas, são apresentadas também as equações para as tensões
de cisalhamento para um fluido Newtoniano.
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

 (TXDomRGDFRQWLQXLGDGHHGRPRYLPHQWRHPFRRUGHQDGDVFLOtQGULFDVH
HVIpULFDV

Em algumas ocasiões, os problemas são formulados de maneira mais simples em


coordenadas cilíndricas e esféricas. Desse modo, torna-se interessante conhecer as
equações da continuidade e do movimento em termos de coordenadas cilíndricas e
esféricas.

 &RRUGHQDGDVFLOtQGULFDV

O relacionamento entre as coordenadas retangulares e cilíndricas é apresentado nas


equações a seguir:

[ ' U cos (5.61)

\ ' U VHQ (5.62)

] ' ] (5.63)

As equações gerais da continuidade e do movimento, bem como as expressões para


tensões de cisalhamento para um fluido Newtoniano, em coordenadas cilíndricas são
apresentadas nas tabelas V.4, V.5 e V.6.

 &RRUGHQDGDVHVIpULFDV

O relacionamento entre as coordenadas retangulares e esféricas é visto na figura 5.2.


As relações matemáticas entre estas coordenadas são fornecidas nas expressões
abaixo:
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

[ ' U VHQ cos (5.64)

\ ' U VHQ VHQ (5.65)

] ' U cos (5.66)

As equações gerais da continuidade e do movimento, bem como as expressões para


tensões de cisalhamento para um fluido Newtoniano, em coordenadas cilíndricas são
apresentadas nas tabelas V.7, V.8 e V.9.

]
3RVLomR
[\] RX Uθ,φ

5
\

[
φ

Figura 5.2- Relação entre coordenadas retangulares e esféricas.


(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

 6ROXo}HVGHHTXDo}HVGLIHUHQFLDLV

Nesse item, as equações da continuidade e do movimento serão usadas para resolver


alguns problemas que foram abordados no capítulo 4 e mais alguns novos exemplos.

Nesta seção são tratados problemas de escoamento laminar através da simplificação


das equações gerais da continuidade e do movimento apresentadas anteriormente.
Isto é feito descartando-se alguns termos nessas equações gerais que são zero (ou
aproximadamente zero). Para determinar os termos a serem descartados, deve-se
antes fazer uma análise do comportamento do sistema: padrões de escoamento,
distribuição de pressão, etc. Uma das vantagens desse procedimento é que uma vez
terminado o processo de descarte, tem-se, automaticamente, uma lista completa das
suposições que foram feitas no seu desenvolvimento.

 (VFRDPHQWRGHXPDSHOtFXODGHIOXLGR

Esse sistema é visto esquematicamente na figura 5.3. De acordo com a orientação


dada aos eixos, só existe velocidade na direção z. É óbvio também que este problema
é resolvido mais facilmente usando coordenadas retangulares.

Para um fluido de densidade e viscosidade constantes, considerando estado


estacionário, velocidade apenas na direção z e escoamento só devido à gravidade, as
equações da continuidade e do movimento fornecem:

- equação da continuidade:

MY]
' 0 (5.67)
M]
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

U ]
P RD [
R
HF
UIDF
,QWH
LG R
)OX

OL QDGR
F
Q RLQ
GRSOD
H
HU ItFL
6XS
α

*UDYLGDGH

Figura 5.3- Escoamento em um plano inclinado.

- equação do movimento (apenas componente z - direção do movimento


macroscópico).

M2Y ]
µ % J] ' 0 (5.68)
M[ 2

Nesse caso, tem-se que:

J ] ' J cos (5.69)

A equação (5.68) pode ser integrada duas vezes para fornecer o seguinte perfil:

J cos
Y] ' & [ 2 % &1 [ % &2 (5.70)
2 µ

Para determinação de C1 e C2, usa-se as seguintes condições de contorno:


(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

MY ]
&RQGLomR GH FRQWRUQR 1: [ ' 0 [] ' & µ ' 0
M[

&RQGLomR GH FRQWRUQR 2: [ ' Y] ' 0

Tem-se, então, que:

&1 ' 0

J cos
&2 ' 2
2 µ

Finalmente, o perfil de velocidade é dado por:

J cos
Y] ' ( 2
& [ 2) (5.71)
2 µ

Esta equação é similar à obtida através dos balanços de massa e momento no


elemento de volume considerado no Capítulo 4.

 (VFRDPHQWRHPXPWXERFLUFXODU

Este sistema é visto esquematicamente na figura 4.9. Como trata-se de um sistema


cilíndrico, o uso de coordenadas cilíndricas é o mais adequado para abordagem do
problema.

Considerando estado estacionário, que só existe velocidade do fluido na direção z e


que o fluido possui densidade e viscosidade constantes, obtem-se:

- equação da continuidade:

MY ]
' 0 (5.72)
M]
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

Com a informação da equação da continuidade, tem-se:

- equação do movimento (apenas componente z):

1 M MY] MS
µ U & % J] ' 0 (5.73)
U MU MU M]
Tem-se ainda que:

J] ' J (5.74)

Considerando a variação linear da pressão com z, tem-se:

MS 3 & 3/
& ' 0 (5.75)
M] /

Desse modo, tem-se:

µ M MY ] 30 & 3 /
U ' & % J (5.76)
U MU MU /

Transpondo temos e integrando-se essa equação, obtem-se:

MY] 30 & 3/ U2
U ' & % J % &1 (5.77)
MU / 2 µ

Assumindo que os gradientes de velocidade e de pressão sejam finitos, para que a


equação acima seja válida em r = 0, o valor de C1 deve ser zero. Usando-se esta
informação, pode-se integrar a equação (5.77) para obter:

30 & 3 / U2
Y] ' & % J % &2 (5.78)
/ 4 µ
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

A condição de contorno para determinação de C2 é:

&RQGLomR GH FRQWRUQR: U ' 5 Y] ' 0

Desse modo:

30 & 3/ 52
&2 ' % J (5.79)
/ 4 µ

E assim o perfil de velocidade será dado por:

30 & 3 / 52 U
2
Y] ' % J 1 & (5.80)
/ 4 µ 5

que é similar à relação (4.114), obtida no Capítulo 4.

A seguir, serão tratados mais alguns problemas diferentes daqueles analisados no


Capítulo 4.

 (VFRDPHQWRDQHODUWDQJHQFLDO

Alguns tipos de equipamentos usam o sistema visto na figura 5.4 para determinação
da viscosidade de líquidos, especialmente escórias. Nesse tipo de aparelho, é medido
o torque necessário para girar o bastão (cilindro interno) a uma dada velocidade. O
conjunto é colocado dentro de um forno, que permite manter a temperatura do sistema
constante em um valor pré-determinado.

Nesse sistema, tem-se dois cilindros concêntricos (um cadinho e um bastão cilíndrico),
sendo que o interno está girando a uma velocidade i e o cilindro externo está parado.
Considerando escoamento laminar de um fluido de densidade e viscosidade constante,
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

pode-se determinar a distribuição de velocidade e, a partir dela, a de tensão de


cisalhamento. Com estas informações, pode-se relacionar o torque necessário para
girar o bastão e a viscosidade do fluido.

U ΩL

)OXLGR

ΩL
N5
)OXLGR 5
N5

Figura 5.4- Escoamento anelar tangencial entre dois cilindros concêntricos.

No desenvolvimento a ser feito, será considerado que a única componente de


velocidade é v , que varia apenas com a posição r. Não existe também gradiente de
pressão na direção . O movimento do fluido é induzido apenas pela rotação do
bastão.

A variação da velocidade com a componente z também será desprezada. Esta


aproximação é razoável quando se tem um sistema com uma relação altura/diâmetro
elevada.

Desse modo, usando as equações da continuidade e do movimento em coordenadas


cilíndricas, obtem-se:
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

- equação da continuidade:

1 M
Y ' 0 (5.81)
U M

- equação do movimento (componente ):

M 1 M
(U Y ) ' 0 (5.82)
MU U MU

Para obtenção da equação acima, foi também assumido estado estacionário.

O perfil de velocidade pode ser determinado através da integração da equação (5.82).


Tem-se:

1 M
(U Y ) ' &1 (5.83)
U MU

Transpondo termos e integrando novamente, obtem-se:

U2
U Y ' &1 % &2 (5.84)
2

ou:

U &
Y ' &1 % 2 (5.85)
2 U

As condições de contorno para avaliação de C1 e C2 são:

&RQGLomR GH FRQWRUQR 1: U ' N5 Y ' L N5

&RQGLomR GH FRQWRUQR 2: U ' 5 Y ' 0


(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

Assim, tem-se:

N5 &
L N 5 ' &1 % 2 (5.86)
2 N5

5 &
0 ' &1 % 2 (5.87)
2 5

Fazendo (5.86) – k (5.87) , tem-se:

1 N &2
L N 5 ' &2 & ' 1 & N2 (5.88)
N5 5 N5

Rearranjando, obtem-se:

L N2 52
&2 ' (5.89)
1 & N2

Substituindo o valor de C2 em (5.87), obtem-se:

L N 5
2
5
0 ' &1 % (5.90)
2 1 & N2

Desse modo:

& 2 L N2
&1 ' (5.91)
1 & N2

Combinando esses resultados, o perfil de velocidade será dado por:


(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

L N2 LN2 52 1
Y ' & U % (5.92)
1 & N2 1 & N2 U

Rearranjando, pode-se, finalmente, expressar o perfil de velocidade da seguinte forma:

L N2 52
Y ' & U (5.93)
1 & N2 U

Essa é a distribuição de velocidade na direção .

A tensão de cisalhamento r é dada pela seguinte relação extraída da tabela V.5:

M Y 1 MYU
U ' & µ U % (5.94)
MU U U M

Mas:

MYU
' 0 (5.95)
M

e:

Y L N2 52
' & 1 (5.96)
U 1 & N2 U2

Logo:

M L N2 52
U ' & µ U ( & 1) (5.97)
MU 1 & N2 U2

ou fazendo a derivada:
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

L N2 52 2
U ' & µ U (& ) (5.98)
1 & N 2
U3

Em r = kR, a tensão de cisalhamento é dada por:

L
U |U'N5 ' 2 µ (5.99)
1 & N2

O torque, , necessário para rodar o cilindro interno é dado pelo produto da força
(tensão x área) que atua nesse cilindro pelo braço de alavanca (kR). A força está
associada à fricção com o fluido, cuja viscosidade está sendo determinada. Nesse
caso:

L
' (2 N 5 +) ( U |U'N5) (N 5) ' 4 N2 52 + µ (5.100)
1 & N2

onde H é a altura do bastão em contato com o fluido.

Pela relação (5.100), nota-se que é possível determinar a viscosidade do fluido através
da avaliação do torque necessário para mover o bastão. Há uma relação linear entre
estas duas grandezas. Esse tipo de viscosímetro é denominado Couette-Hatschek.

 )RUPDWRGDVXSHUItFLHGHXPOtTXLGRFRPPRYLPHQWRGHURWDomR

Um fluido de densidade e viscosidade constantes está contido em um recipiente


cilíndrico de raio R, conforme visto na figura 5.5.
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

3 3QD
R
VXSHUItFLH

3 3 U]
]R QRIOXLGR
]
U
5

Figura 5.5- Formato da superfície de um líquido em rotação.

O recipiente está rodando em torno de seu próprio eixo, com velocidade angular . A
orientação do cilindro é tal que: gr = g = 0 e gz = -g. Nesse caso, deseja-se usar as
equações do movimento e da continuidade pra determinar o formato da superfície do
líquido no estado estacionário.

Obviamente, o sistema visto na figura 5.5 é melhor descrito em coordenadas


cilíndricas. Assumindo que vz = vr = 0 e que v é função apenas de r, as equações do
movimento fornecerão:
- componente r:

Y 2
M3
' (5.101)
U MU

É importante lembrar que a derivada de v com é nula (equação da continuidade).


(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

- componente :

M 1 M(UY )
µ ' 0 (5.102)
MU U MU

- componente z:

M3
& & J ' 0 (5.103)
M]

Foi considerado também que não há gradiente de pressão na direção .

A integração da equação diferencial da componente fornece:

U &
Y ' &1 % 2 (5.104)
2 U

As condições de contorno para avaliação de C1 e C2 são:

&RQGLomR GH FRQWRUQR 1: U ' 0 Y ' ILQLWD

&RQGLomR GH FRQWRUQR 2: U ' 5 Y ' 5

Usando-se estas condições de contorno, obtem-se:

&1 ' 2

&2 ' 0

Desse modo, a velocidade v é dada por:

Y ' U (5.105)
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

Essa expressão pode ser substituída na equação da componente r para determinar o


perfil de pressão. Fazendo isso, obtem-se:

M3 Y 2
' ' 2
U (5.106)
MU U

M3
' & J (5.107)
M]

Assumindo que a pressão é uma função analítica da posição, pode-se escrever que:

M3 M3
G3 ' GU % G] (5.108)
MU M]

Substituindo (5.106) e (5.107) em (5.108), obtem-se:

G3 ' 2
U GU & J G] (5.109)

Integrando-se ambos os lados da equação (5.109), tem-se:

U2
3 ' 2
& J ] % &3 (5.110)
2

A condição de contorno para avaliação de C3 é:

&RQGLomR GH FRQWRUQR : U ' 0 , ] ' ] R : 3 ' 3R

Logo:

&3 ' 3R % J ]R (5.111)


(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

A distribuição de pressão será, então, dada por:

U2
3 & 3R ' 2
& J (] & ]R) (5.112)
2

A superfície é o lugar geométrico dos pontos onde P = Po. Assim, a equação que
descreve o formato da superfície é:

2
] & ]R ' U2 (5.113)
2 J

Nota-se que essa é a equação de uma parábola, onde o ponto de nível mais baixo
ocorre exatamente no centro do cilindro.

 (VFRDPHQWRODPLQDUHPWRUQRGHXPDHVIHUD

Nesse item será analisado o escoamento de um fluido incompressível em torno de uma


esfera sólida, conforme mostrado na figura 5.6. O fluido se aproxima da esfera de
baixo para cima, ao longo do eixo z, com velocidade uniforme e igual a v4 (velocidade
em um ponto bem afastado da esfera).

(PFDGDSRQWR

KiSUHVVmRHIRUoDV

GHIULFomRDWXDQGR

QDVXSHUItFLH

)OXLGRVHDSUR[LPDGH

EDL[RFRPYHORFLGDGH

Figura 5.6- Movimento laminar do fluido em


torno da esfera.
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

O perfil de velocidades está sendo determinado para o caso de um fluido Newtoniano,


com densidade e viscosidade constantes. Além disso, está sendo assumido estado
estacionário. O uso de coordenadas esféricas torna o problema mais simples.

Pela geometria do sistema, observa-se claramente que o problema não envolve a


componente . Desse modo, com as considerações feitas acima, as equações da
continuidade e do movimento fornecem os seguintes resultados:
- equação da continuidade:

1 M 1 M
(U 2 Y U) % (Y VHQ ) ' 0 (5.114)
U 2 MU U VHQ M

- equações do movimento:

-componente r:

1 M MY U 1 M MYU 2 2 MY 2 M3
µ U2 % VHQ & YU & & Y cot & % JU (5.115)
U 2 MU MU U VHQ
2 M M U 2
U 2 M
U2 MU

-componente :

1 M MY M1 MY 2 MYU Y 1 M3
µ U2 % VHQ % & & % J (5.116)
U 2 MU MU U VHQ M
2 M U2 M U 2 VHQ 2 U M

É importante observar que na equação do movimento todos os termos associados ao


transporte convectivo de momento foram desprezados. Isto foi feito porque se está
considerando fluxo laminar com velocidades extremamente baixas do fluido.

As equações (5.113), (5.114) e (5.115) foram resolvidas analiticamente por Streeter(2),


para obtenção da distribuição do fluxo de momento e dos perfis de pressão e
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

velocidade. Os resultados obtidos são:

3 µ Y4
4
5
U ' VHQ (5.117)
2 5 U

3 µ Y4
2
5
3 ' 3R & J ] & cos (5.118)
2 5 U

3
3 5 1 5
Y U ' Y4 1 & % cos (5.119)
2 U 2 U

3
3 5 1 5
Y ' & Y4 1 & & VHQ (5.120)
4 U 4 U

onde:
Po = pressão no plano z = 0, bem longe da esfera;
V4 = velocidade de aproximação do fluido.

As condições de contorno que foram adotadas para obtenção dessa solução são:

r =R vr = v = 0

r =4 vz = v4

As equações de (5.117) a (5.120) são válidas para números de Reynolds (D.V4. 'µ)
menores que um.

Com esses resultados pode-se avaliar a força exercida pelo fluido sobre a esfera. Essa
força é determinada integrando a força normal e tangencial que atua sobre a superfície
da esfera. Essa avaliação é apresentada a seguir.

A força normal atuando no sólido é devido à pressão dada pela equação (5.118), com
r = R e z = R cos .
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

Tem-se que :

Fn = força normal < 0 para 0 < < /2 ; e Fn > 0 para > /2.

Desse modo, a componente vertical dessa força é dada por:

'2 '
)Q ' &3|U'5 cos 5 2 VHQ G G (5.121)
m m
'0 '0
&RPSRQHQWH (OHPHQWR GH iUHD
] GD IRUoD

O elemento de área é visto na figura 5.7.

Figura 5.7- Elemento de área na superfície de uma esfera.


(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

Substituindo a expressão para a pressão, obtem-se:

'2 '
3 µ Y4
)Q ' & 3R & J ] & cos cos 5 2 VHQ G G (5.122)
m m 2 5
'0 '0

Lembrando que z = R cos , e integrando a equação acima, obtem-se:

4
)Q ' 53 J % 2 µ 5 94 (5.123)
3

Nessa equação, o primeiro termo do lado direito corresponde ao empuxo e o segundo


termo é uma força de arraste, denominada DUUDVWHGHIRUPD

Em cada ponto da superfície existe também a tensão de cisalhamento atuando


tangencialmente . A componente z dessa força é dada por:

'2 '
)W ' U |U'5 VHQ 5 2 VHQ G G (5.124)
m m
'0 '0
&RPSRQHQWH (OHPHQWR GH iUHD
] GD IRUoD

Substituindo a relação para r (equação (5.117)), obtem-se:

'2 '
3 µ Y4
)W ' VHQ VHQ 5 2 VHQ G G (5.125)
m m 2 5
'0 '0

Integrando obtem-se:

)W ' 4 µ 5 Y4 (5.126)
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

Essa força é denominada DUUDVWHSRUIULFomR.

Assim, a força total exercida pelo fluido sobre a esfera é dada por :

4
)Q % ) W ' 53 J % 2 µ 5 94 % 4 µ 5 94 (5.127)
3

ou finalmente:

4
)Q % ) W ' 53 J % 6 µ 5 94 (5.128)
3

É comum se designar os dois termos do lado direito da equação acima da seguinte


maneira:

4
)V ' 53 J (5.129)
3

Essa é a força que seria exercida mesmo se o fluido não estivesse em movimento.

)N ' 6 µ 5 94 (5.130)

Essa força surge devido ao movimento do fluido. A equação (5.128) é conhecida como
lei de Stokes e é válida para número de Reynolds inferior a 1.
_____________________
Exemplo: Desenvolver uma relação que permita avaliar a viscosidade de um fluido
medindo a velocidade de queda de uma esfera nesse fluido, quando se atinge o estado
estacionário. Assumir regime laminar.

Solução: Deixando-se uma esfera cair dentro de um líquido a partir do repouso, ela vai
acelerar até atingir uma velocidade constante (velocidade terminal). Quando este
estágio é atingido, a soma das forças atuando na esfera é zero. A força da gravidade
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

atua no sólido no sentido da queda enquanto o empuxo e o arraste atuam na direção


oposta, conforme é visto na figura abaixo.

(PSX[R

πµ5YRR π5ρJ


(VIHUD

3HVR

π5ρJ
V


Como o somatório de forças é nulo, tem-se:

4 4
3HVR ' 53 V J ' 53 J % 6 µ 5 9W
3 3
onde s é a densidade do sólido e Vt é a velocidade terminal da esfera.

Desse modo, a viscosidade do fluido é dada por:

2 52 ( V & ) J
µ '
9 9W

Conforme já mencionado anteriormente, a relação acima é válida para Re < 1.0.


(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

&DPDGDOLPLWH

A figura 5.8 mostra o perfil de velocidade de um fluido escoando paralelamente a uma


placa plana.

6XSHUItFLHGD
)OXLGRHVFRDQGR FDPDGDOLPLWH
FRPYHORFLGDGH

3ODFD

Figura 5.8- Perfil de velocidade para fluxo paralelo a uma placa plana.
Antes de atingir a placa, o fluido possui velocidade uniforme v4. Depois do início da
placa , observa-se que a velocidade cresce de zero junto à parede para valores
próximos de v4 a uma distância da parede. A região na qual vx / v4 é # 0,99 é
denominada FDPDGDOLPLWH. O lugar geométrico dos pontos onde vx/ v4 = 0,99 é , e
é definido como espessura da camada limite. No início da placa (x = 0), é igual a
zero, crescendo progressivamente à medida que se caminha para valores mais
elevados de x.
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

Sempre que problemas desse tipo aparecem: escoamento de um fluido em contato


com um sólido estacionário, os efeitos viscosos (de fricção) são sentidos apenas no
fluido perto do sólido, isto é: y < . É claro que é nessa região que o comportamento
do fluido deve ser analisado, uma vez que para y > , vx é essencialmente uniforme,
constante e igual a v4.

A observação da figura 5.8 permite constatar que vx é função de y e a determinação


dessa função é a parte principal do problema, pois ela descreverá como o sólido e o
fluido interagem. Entretanto vx depende também de x. Isso resulta do fato de que à
medida que o fluido caminha sobre a placa, ele sofre um retardamento devido à
fricção. Desse modo, Mvx/Mx não é zero. Assim as equações da continuidade e do
movimento para o sistema mostrado na figura 5.9, considerando estado estacionário
e fluido de densidade e viscosidade constantes são:

- equação da continuidade:

MY[ MY \
% ' 0 (5.131)
M[ M\

- equações do movimento:

- componente x:

MY[ MY[ M2Y[ M2Y [ M3


Y[ % Y\ ' µ % & (5.132)
M[ M\ M[ 2 M\ 2 M[

- componente y:

MY\ MY\ M2Y\ M2Y \ M3


Y[ % Y\ ' µ % & % J\ (5.133)
M[ M\ M[ 2 M\ 2 M\

As equações acima foram resolvidas considerando que vy é pequena comparada com


vx e que o gradiente de vx na direção y é bem maior que na direção x. Na direção x, foi
assumido também que a componente convectiva do transporte de momento é bem
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

maior que a componente associada à difusão.

As condições de contorno consideradas foram:

D) [ ' 0: Y [ ' Y4 Y\ ' 0

E) \ ' 0: Y [ ' 0 Y\ ' 0

F) \ 64: Y [ ' Y4 Y\ ' 0

As equações de (5.131) a (5.133) foram resolvidas analiticamente(2), fornecendo as


posições onde vx/ v4 = 0,99. Os resultados são expressos em termos da velocidade v4,
da posição ao longo da placa e da viscosidade cinemática do fluido. A relação obtida
foi:

1/2
µ
' 5.0 [ 1/2 (5.134)
Y4

Dividindo ambos os lados por x, a equação (5.134) se torna adimensional :

1/2
µ
' 5.0 (5.135)
[ Y4 [

Lembrando da definição do número de Reynolds, tem-se:

' 5.0 5H[ &1/2 (5.136)


[

onde o número de Reynolds é avaliado para cada posição x (a posição x é usada como
o comprimento característico na definição do número de Reynolds).

A espessura da camada limite fornece uma medida da região do fluido que é afetada
pela presença da placa. Nessa região, os efeitos da viscosidade (e da fricção) são mais
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

significativos. Fora dessa região, a velocidade do fluido é praticamente uniforme e os


efeitos da viscosidade desprezíveis. Pela relação (5.136) observa-se que a espessura
da camada limite tende a ficar menor quando se aumenta o número de Reynolds.

(VFRDPHQWRQmRHVWDFLRQiULRHPXPWXERFLUFXODU

Nesse item será vista a solução de um problema de escoamento não estacionário, no


qual as velocidades variam com o tempo. Assim será estudado o seguinte problema:
um fluido de densidade e viscosidade constantes está contido dentro de um longo tubo
horizontal de comprimento L e o raio R. Inicialmente, o fluido está em repouso. Em um
tempo t=0, o sistema é submetido a um gradiente de pressão (P0 – PL)/L. Interessa-se
em determinar como os perfis de velocidade do fluido vão variar em função do tempo.

Obviamente, para solução desse sistema, é mais prático o uso de coordenadas


cilíndricas. Será considerado também que vr = v = 0.

Logo: vz = vz (r, t). assim, pela equação da continuidade e do movimento tem-se:

- equação da continuidade:

MY ]
' 0 (5.137)
M]

- equação do movimento, componente z:

MY] 3 R & 3/ 1 M MY]


' % µ U (5.138)
MW / U MU MU

As condições inicial e de contorno para solução desse problema são:


(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

&RQGLomR LQLFLDO: W ' 0 Y ] ' 0 SDUD 0 # U # 5

D) W > 0 Y ] ' 0 SDUD U ' 5


&RQGLo}HV GH FRQWRUQR: MY ]
E) W > 0 ' ILQLWR SDUD U ' 0
MU

A equação (5.138), submetida às condições initial e de contorno acima, foi resolvida


usando séries de potências. Os resultados são apresentados na figura 5.9, onde se
tem um gráfico dos perfis de velocidade adimensional ao longo do raio do tubo para
diversos tempos.

&HQWURGRWXER
3DUHGHGRWXER

Figura 5.9- Perfis de velocidade para escoamento não-estacionário dentro de um


tubo circular.

Os problemas bi e tridimensionais no estado estacionário ou transiente são


normalmente resolvidos por métodos numéricos, uma vez que a maioria deles não
apresenta solução analítica. Existe uma série de programas de computador
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

desenvolvidos com essa finalidade, onde se deve definir apenas a geometria e as


condições de contorno do problema e obtem-se os perfis de velocidade e pressão no
sistema.

5()(5Ç1&,$6
1- H. Lamb. Hydrodynamics. New York, 1945
2- R. B. Bird; W. E. Stewart; E. N. Lightfoot. Transport Phenomena. New York. John
Wiley & Sons, 1960.
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

$3Ç1',&(

7DEHOD9 (TXDo}HV GD FRQWLQXLGDGH H GR PRYLPHQWR HPFRRUGHQDGDV


UHWDQJXODUHV

&RQWLQXLGDGH M
%
M
( Y [) %
M
( Y \) %
M
( Y ]) ' 0
MW M[ M\ M]

0RYLPHQWR (PWHUPRVGDVWHQV}HVGHFLVDOKDPHQWR

FRPSRQHQWH[

MY [ MY[ MY [ MY[ M [[ M \[ M ][ M3
% Y[ % Y\ % Y] ' & % % & % J[
MW M[ M\ M] M[ M\ M] M[

FRPSRQHQWH\

MY \ MY\ MY \ MY\ M [\ M \\ M ]\ M3
% Y[ % Y\ % Y] ' & % % & % J\
MW M[ M\ M] M[ M\ M] M\

FRPSRQHQWH]

MY ] MY] MY ] MY] M [] M \] M ]] M3
% Y[ % Y\ % Y] ' & % % & % J]
MW M[ M\ M] M[ M\ M] M]
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

7DEHOD9 7HQV}HV QRUPDLV H GH FLVDOKDPHQWR SDUD XP IOXLGR1HZWRQLDQR


&RRUGHQDGDVUHWDQJXODUHV

MY[ 2 MY [ MY \ MY ]
[[ ' & 2 µ % µ % %
M[ 3 M[ M\ M]

MY\ 2 MY [ MY \ MY ]
\\ ' & 2 µ % µ % %
M\ 3 M[ M\ M]

MY] 2 MY [ MY \ MY ]
]] ' & 2 µ % µ % %
M] 3 M[ M\ M]

MY [ MY \
\[ ' [\ ' & µ %
M\ M[

MY ] MY \
\] ' ]\ ' & µ %
M\ M]

MY [ MY ]
][ ' [] ' & µ %
M] M[
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

7DEHOD9 (TXDo}HVGRPRYLPHQWRHPWHUPRVGRVJUDGLHQWHVGHYHORFLGDGH
SDUDXPIOXLGR1HZWRQLDQRGHGHQVLGDGHHYLVFRVLGDGHFRQVWDQWHV
&RRUGHQDGDVUHWDQJXODUHV

FRPSRQHQWH[

MY [ MY[ MY [ MY[ M2Y[ M2Y[ M2Y[ M3


% Y[ % Y\ % Y] ' µ % % & % J[
MW M[ M\ M] M[ 2
M\ 2
M] 2 M[

FRPSRQHQWH\

MY \ MY\ MY \ MY\ M2Y\ M2Y\ M2Y\ M3


% Y[ % Y\ % Y] ' µ % % & % J\
MW M[ M\ M] M[ 2
M\ 2
M] 2 M\

FRPSRQHQWH]

MY ] MY] MY ] MY] M2Y] M2Y] M2Y] M3


% Y[ % Y\ % Y] ' µ % % & % J]
MW M[ M\ M] M[ 2
M\ 2
M] 2 M]
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

7DEHOD9 (TXDo}HV GD FRQWLQXLGDGH H GR PRYLPHQWR HPFRRUGHQDGDV


FLOtQGULFDV

M 1 M 1 M M
&RQWLQXLGDGH % ( U Y U) % ( Y) % ( Y ]) ' 0
MW U MU U M M]

0RYLPHQWR (PWHUPRVGDVWHQV}HVGHFLVDOKDPHQWR

FRPSRQHQWHU

MY U MYU Y MY U Y 2
MY U 1 M(U UU) 1 M U M ]U M3
% YU % & % Y] ' & % & % & % JU
MW MU U M U M] U MU U M U M] MU

FRPSRQHQWH 

MY MY Y MY Y YU MY 1 M(U U )
2
1 M M ] 1 M3
% YU % % % Y] ' & % % & % J
MW MU U M U M] U 2 MU U M M] U M

FRPSRQHQWH]

MY ] MY] Y MY ] MY] 1 M(U U]) 1 M ] M ]] M3


% YU % % Y] ' & % % & % J]
MW MU U M M] U MU U M M] M]
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

7DEHOD9 7HQV}HV QURPDLV H GH FLVDOKDPHQWR SDUD )OXLGR1HZWRQLDQR


&RRUGHQDGDVFLOtQGULFDV

MY U 2
UU ' & µ 2 & (L@Y)
MU 3

1 MY Y 2
' & µ 2 % U & (L@Y)
U M U 3

MY ] 2
]] ' & µ 2 & (L@Y)
M] 3

M Y 1 MYU
U ' U ' & µ U %
MU U U M

MY 1 MY ]
] ' ] ' & µ %
M] U M

MY ] MY U
U] ' ]U ' & µ %
MU M]

1 M 1 MY MY]
(L@Y) ' (U Y U) % %
U MU U M M]
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

7DEHOD9 (TXDo}HVGR0RYLPHQWRHPWHUPRVGRVJUDGLHQWHVGHYHORFLGDGH
SDUDXPIOXLGR1HZWRQLDQRGHGHQVLGDGHHYLVFRVLGDGHFRQVWDQWHV
&RRUGHQDGDVFLOtQGULFDV

FRPSRQHQWHU

MY U MYU Y MY U Y 2
MY U M3
% YU % & % Y] ' & % JU %
MW MU U M U M] MU

1 M(UY U) 1 M YU 2 MY M2YU
2
M
% µ % & %
MU U MU U2 M 2
U2 M M] 2

FRPSRQHQWH 

MY MY Y MY Y YU MY 1 M3
% YU % % % Y] ' & % J
MW MU U M U M] U M

1 M(UY ) 1 MY 2 MYU M2Y


2
M
% µ % % %
MU U MU U2 M 2
U2 M M] 2

FRPSRQHQWH]

MY ] MY] Y MY ] MY] M3
% YU % % Y] ' & % J] %
MW MU U M M] M]

1 M MY] 1 M Y]
2
M2Y]
% µ U % %
U MU MU U2 M 2
M] 2
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

7DEHOD9 (TXDo}HV GD FRQWLQXLGDGH H GR PRYLPHQWR HPFRRUGHQDGDV


HVIpULFDV

&RQWLQXLGDGH

M 1 M 1 M 1 M
% ( U 2 Y U) % ( Y VHQ ) % ( Y ) ' 0
MW U 2 MU U VHQ M U VHQ M

0RYLPHQWR (PWHUPRVGDVWHQV}HVGHFLVDOKDPHQWR

FRPSRQHQWHU

MYU MY U Y MYU Y 2
% Y 2
Y MYU
% YU % & % '
MW MU U M U U VHQ M

1 M 1 M 1 M U % M3
& (U 2 UU )% ( U VHQ ) % & & % JU
U 2 MU U VHQ M U VHQ M U MU

FRPSRQHQWH 

MY MY Y MY Y 2
cot Y MY YU Y
% YU % & % % '
MW MU U M U U VHQ M U

1 M 1 M 1 M U cot 1 M3
& (U 2 U )% ( VHQ ) % % & & % J
U 2 MU U VHQ M U VHQ M U U U M

FRPSRQHQWH 

MY MY Y MY Y MY Y YU Y Y
% YU % % % % cot '
MW MU U M U VHQ M U U

1 M 2 1 M 1 M U 2 cot 1 M3
& (U U ) % % % % & % J
U 2 MU U M U VHQ M U U U VHQ M
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

7DEHOD9 7HQV}HV QRUPDLV H GH FLVDOKDPHQWR SDUD XP IOXLGR1HZWRQLDQR


&RRUGHQDGDVHVIpULFDV

MY U 2
UU ' & µ 2 & (L@Y)
MU 3

1 MY Y 2
' & µ 2 % U & (L@Y)
U M U 3

1 MY Y Y cot 2
' & µ 2 % U % & (L@Y)
U VHQ M U U 3

M Y 1 MYU
U ' U ' & µ U %
MU U U M

VHQ M Y 1 MY
' ' & µ %
U M VHQ U VHQ M

1 MYU M Y
U ' U ' & µ % U
U VHQ M MU U

1 M 2 1 M 1 MY
(L@Y) ' (U YU) % (Y VHQ ) %
2 MU UVHQ M U VHQ M
U
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

7DEHOD9 (TXDo}HVGRPRYLPHQWRHPWHUPRVGRVJUDGLHQWHVGHYHORFLGDGH
SDUDXPIOXLGR1HZWRQLDQRGHGHQVLGDGHHYLVFRVLGDGHFRQVWDQWHV
&RRGHQDGDVHVIpULFDV

FRPSRQHQWHU

MYU MY U Y MYU Y 2
% Y 2
Y MYU
% YU % & % '
MW MU U M U U VHQ M

2 2 MY 2 2 MY M3
& µ L2 Y U & YU & & Y cot & & % JU
2 M M MU
U 2
U U2 U VHQ
2

FRPSRQHQWH 

MY MY Y MY Y 2
cot Y MY YU Y
% YU % & % % '
MW MU U M U U VHQ M U

2 MYU Y 2 cos MY 1 M3
& µ L2Y % & & & % J
2 M M U M
U U VHQ 2
2
U 2
VHQ 2

FRPSRQHQWH 

MY MY Y MY Y MY Y YU Y Y
% YU % % % % cot '
MW MU U M U VHQ M U U

Y 2 MY U 2 cos MY 1 M3
& µ L2Y & % % & % J
U VHQ
2 2
U VHQ M
2
U 2
VHQ 2 M U VHQ M

1 M M 1 M M 1 M2
L2 ' U2 % VHQ %
U2 MU MU U VHQ M
2 M U 2 VHQ 2 M 2
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

(;(5&Ë&,26

1- Calcular o torque e a potência necessária para gerar o cilindro conforme mostrado


na figura abaixo. O comprimento do cilindro é 0,0508 m e ele está girando a 200 rpm.
O lubrificante que separa o cilindro da parte fixa possui uma viscosidade de 2 P e sua
densidade é 800,92 kg/m3.

LQ

LQ

/XEULILFDQWH

2- O viscosímetro Stromer consiste essencialmente de dois cilindros concêntricos,


sendo que o interno gira e o externo permanece estacionário. A viscosidade é
determinada medindo-se a velocidade de rotação do cilindro interno sob a aplicação
de um torque conhecido.
Desenvolver uma expressão para a distribuição de velocidade como função do torque
aplicado, para escoamento de um líquido newtoniano.

3- Determinar v (r) entre dois cilindros coaxiais de raios R e kR girando com


velocidades angulares 0 e , respectivamente. Considerar que o espaço entre dois
1

cilindros é preenchido com um fluido isotérmico e incompressível em escoamento


laminar. Assumir estado estacionário.
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

4- Aço líquido a 1600 ºC é desoxidado pela adição de alumínio que forma alumina
(Al2O3 ). Pode-se obter melhor qualidade do aço, se as partículas de alumina que
foram formadas flutuarem até a superfície do banho. Determinar o menor tamanho de
partícula que atinge a superfície, dois minutos após a desoxidação, considerando que
a altura do banho é de 1,5m.
Dados: - aço = 7100 kg/m3;
- Al2O3 = 3000 kg/m3.

Checar a validade do cálculo e comentar.

5- Um arame é resfriado depois de um tratamento térmico passando através de um


tubo que está imerso em um tanque de óleo. Obter a distribuição de velocidade do óleo
na região do tubo, usando as equações da continuidade e do movimento. Considerar
estado estacionário. O sistema é visto na figura abaixo. A pessão do óleo no interior
do tanque é uniforme.

Arame

Reservatório
L
de óleo

6- a- Um óleo pesado com viscosidade cinemática igual a 3,45x10-4 m2/s está em


repouso em um longo tubo vertical com raio de 0,7 cm. Repentinamente deixa-se
o fluido escoar pela parte de baixo devido à gravidade. Depois de quanto tempo
a velocidade no centro do tubo é equivalente a 90 % de seu valor final?
b- Qual seria o resultado se o óleo fosse substituído por água a 20 ºC ( = 0,01
cm2/s)
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

7- Um fluido está sendo injetado em um reservatório onde sofrerá um processo de


purificação. A geometria do sistema é mostrada na figura abaixo. Usando as
equações gerais da continuidade e do movimento, obtenha as equações diferenciais
que regem o escoamento do fluido neste sistema. Justifique as simplicações feitas.
Enuncie as condições de contorno necessárias para a solução das equações.
Restrinja a sua análise à região definida por: 0 # x # L e 0 # z # H. Explique as
condições de contorno.
Considerar estado estado estacionário e fluido de densidade e viscosidade
constantes. As velocidades de entrada e saída do reservatório são uniformes.

Pr es s ão Ps Pres s ão Pe
V
Parede
z = H
x = a x = b

F luido
z

z = 0 x
Parede

x = 0 x = L

5HVSRVWDVGRV([HUFtFLRV

1- Torque: 0,4405 N.m - Potência: 0,0124 hp


2- Perfil de velocidades em função do torque:

U 1
9 ' & & ' WRUTXH
4 µ / 5 2 U
(TXDo}HV'LIHUHQFLDLVGH(VFRDPHQWRGH)OXLGRV

3- Perfil de velocidades:

1 54 N2
9 ' U L N2 52 & R 52 % R & L
5 2 (N 2 & 1) U

4- Raio = 91,65 µm. Re = 2,71 (o valor obtido não é muito correto, pois Re está acima
do valor limite para escoamento laminar).

5- O perfil de velocidades é:

9 U
9] ' ln
ln N 5

6- a- tempo = 0,064 s; b- 22,05 s.

7- As equações que regem o escoamento do fluido são:


- componente x:

MY[ MY [ M2Y [ M2Y[ M3


Y[ % Y] ' µ % &
M[ M] M[ 2
M] 2 M[

- componente z:

MY] MY ] M2Y ] M2Y ] M3


Y[ % Y] ' µ % & & J
M[ M] M[ 2
M] 2 M]

Condições de contorno:
- x = 0 æz vx , vz = 0;
- x = L æz vx , vz = 0;
- z = 0 æx vx , vz = 0;
- z = H: 0 < x < a vx = 0, vz = U ( U = V b / a);
a # x # b vx , vz = 0;
b < x < L vx = 0, vz = V.
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

(6&2$0(172785%8/(172(5(68/7$'26(;3(5,0(17$,6

Nos capítulos anteriores, apenas problemas de escoamento laminar foram abordados.


Naqueles casos, a equação diferencial que descrevia o escoamento era conhecida e
os perfis de velocidade e outros parâmetros de importância podiam ser determinados
para sistemas simples. A única limitação que aparecia estava relacionada com a
complexidade matemática quando se tinha situações onde várias componentes de
velocidade estavam presentes.

Entretanto, um grande número de problemas de engenharia envolve escoamento


turbulento. Apesar das equações da continuidade e do movimento continuarem sendo
válidas, a existência de flutuações de velocidade com frequências extremamente
elevadas (figura 4.2) dificulta a abordagem do problema de maneira similar à que foi
feita no Capítulo 5. A quantificação destas flutuações exigiria recursos computacionais
bem acima da capacidade que se tem disponível hoje, mesmo com todos os avanços
que têm ocorrido nesta área. Desse modo, para problemas que envolvem turbulência,
é mais comum se tentar outros tipos de abordagem: uma delas é a abordagem
empírica.

Neste capítulo será feito um estudo do escoamento turbulento, através de uma


abordagem que permitirá contornar a sua grande complexidade matemática. Antes de
se desenvolver esta abordagem, serão apresentados alguns fundamentos dos modelos
de turbulência que têm sido propostos, visando determinar perfis de velocidade no
regime turbulento de modo semelhante o que foi feito para o escoamento laminar.

,QWURGXomR

No Capítulo 4 foi visto que a transição do regime de escoamento laminar para o


turbulento é determinada experimentalmente e varia de acordo com configuração do
sistema em análise. Normalmente, o critério para se saber o tipo de escoamento que
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

prevalece no fluido é estipulado através de uma grandeza adimensional denominada


Q~PHURGH5H\QROGV. Para o caso de escoamento em tubos, o número de Reynolds
é avaliado através da seguinte equação:

' 9
5H ' (6.1)
µ

onde:
D = diâmetro do tubo;
V = velocidade média do fluido no tubo;
ρ = densidade do fluido;
µ = viscosidade dinâmica do fluido.

O valor do número de Reynolds para o qual ocorre a transição de escoamento laminar


para turbulento HPWXERV é de aproximadamente 2100. Esse número foi determinado
empiricamente. Sistemas com outras configurações apresentam transição de regime
laminar para turbulento em outros valores de números de Reynolds.

Para se poder ter uma idéia de como na prática industrial predomina o escoamento
turbulento, considere-se o exemplo do processo de lingotamento contínuo, onde aço
líquido é alimentado em um molde de cobre regrigerado com água. Essa alimentação
é feita através de um tubo refratário, denominado válvula submersa.

Considerando que esta máquina produza placas com dimensões de 1,2 x 0,25 m, com
uma velocidade de lingotamento de 1 m/min, pode-se avaliar a vazão volumétrica de
aço na válvula submersa. Essa vazão será tal que permitirá manter constante o nível
de aço no molde. Desse modo, a vazão através da válvula corresponderá à vazão de
aço sendo produzido na forma de placas.
Essa vazão é dada por:

P P3 P3
9D]mR GH DoR ' 1 P [ 0,25 P [ 1 ' 0,25 ' 0,0042
min min V
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

Considerando que a válvula submersa tenha um diâmetro de 70 mm, pode-se avaliar


a velocidade média do aço no seu interior e, a partir desta velocidade, estimar o
número de Reynolds. Tem-se:

4 0,0042 0,0042
9HORFLGDGH GR DoR ' ' ' ' 1,083 P/V
$YiOYXOD 2
GYiOYXOD (0,070)2
4 4

Sabe-se que para a válvula, o número de Reynolds será dado por:

GYiOYXOD 9
5H '
µ

Usando as propriedades do aço líquido:


= 6700 kg/m3;
µ = 0,0065 Pa.s;
obtem-se o seguinte valor para o número de Reynolds:

GYiOYXOD 9 0,070 [ 1,083 [ 6700


5H ' ' ' 78.142
µ 0,0065

Pelo valor acima, constata-se que o escoamento no interior da válvula se dá com um


número de Reynolds bem acima do que caracteriza a transição de regime laminar para
turbulento. Logo, o escoamento na válvula é turbulento. Se este mesmo exemplo fosse
repetido para outros sistemas de interesse do metalurgista, constatar-se-ia que na
grande maioria dos predominam regimes turbulentos.

No Capítulo 4 foi visto que, para o escoamento laminar em tubo, a distribuição de


velocidades e a relação entre as velocidades média e máxima são dadas por:
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

Y] U
2
' 1 & (6.2)
Y],Pi[LPD 5

Y] 1
' (6.3)
Y],Pi[LPD 2

onde vz,máxima corresponde à velocidade no centro do tubo e R é o seu raio.

Foi visto também que a queda de pressão é diretamente proporcional à vazão


volumétrica (equação (4.124)).

Para escoamento turbulento, tem sido mostrado experimentalmente que o perfil de


velocidades e a relação das velocidades média e máxima são dados por:

1
Y] U
' 1 & 7
(6.4)
Y],Pi[LPD 5

Y] 4
' (6.5)
Y],Pi[LPD 5

A velocidade média referida acima é obtida considerando-se as flutuações de


velocidade com o tempo.

Essas expressões são válidas para números de Reynolds na faixa de 104 a 105. Nessa
faixa do número de Reynolds, a queda de pressão é proporcional à vazão volumétrica
elevada a 7/4. Uma comparação entre os perfis de velocidade para escoamento
laminar e turbulento é apresentada na figura 6.1.
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

& HQWURG RWX ER 3 DUHGH

R
HQW
O
UEX
7X

3 R VLomRUDG LDO

Figura 6.1- Comparação qualitativa entre as distribuições de


velocidade nos escoamentos laminar e turbulento(1).

Nota-se claramente na figura 6.1, a transformação de um perfil parabólico,


característico do escoamento laminar, para um perfil mais DFKDWDGR, no caso do
escoamento turbulento. Nesse último, as variações de velocidade concentram-se na
região próxima à parede do tubo. Na sua parte central, as velocidades são
praticamente uniformes. Para o escoamento turbulento, como visto na equação (6.5),
os valores de velocidade média e máxima são bastante próximos e tendem a ficar cada
vez mais próximos, quanto mais elevado é o número de Reynolds. Isso também pode
ser observado na figura 6.1.

De um modo geral, os problemas que envolvem escoamento turbulento têm sido


tratados através de duas abordagens. Uma delas, bastante mais elaborada do ponto
de vista matemático, consiste em se utilizar modelos de turbulência para se determinar
os perfis de velocidade do fluido no sistema em análise. A partir deste perfil, são
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

deduzidas outras grandezas de importância. Esse tipo de tratamento é de uso bastante


difundido em problemas de projeto de novas instalações, protótipos e até na área de
previsão do tempo. Uma outra abordagem consiste no uso de resultados
experimentais, onde as quantidades de interesse são obtidas empiricamente. Neste
caso, busca-se, a partir das experiências, obter relações matemáticas que sejam úteis
na determinação das grandezas que caracterizem o escoamento. Esta segunda
abordagem é bem mais simples que a anterior e é normalmente denominada
DERUGDJHPGHHQJHQKDULD. A maior parte dos problemas que aparecem no dia-a-dia
do engenheiro, que lida com escoamento de fluidos, pode ser tratada através desta
segunda abordagem.

No próximo item será feita uma apresentação sucinta da primeira abordagem,


enfatizando os fundamentos dos modelos de turbulência e os resultados que são
normalmente obtidos com seu uso.

0RGHORVGH7XUEXOrQFLD

Vários modelos de turbulência têm sido propostos ao longo do tempo. Uma


característica básica e comum a todos estes modelos é a de trabalhar com uma
velocidade VXDYL]DGD com o tempo (WLPHVPRRWKHG YHORFLW\). Esta velocidade é
determinada através de uma média das velocidades instantâneas, avaliada ao longo
de um dado período de tempo. Este intervalo de tempo é grande, quando comparado
com o tempo associado às flutuações de velocidade, mas pequeno em relação às
variações com o tempo, que ocorrem em virtude de uma alteração na queda de
pressão no sistema, por exemplo.

A definição desta velocidade VXDYL]DGD é vista graficamente na figura 6.2 e expressa


matematicamente através da equação:

W% W R
1
Y] ' Y] GW (6.6)
WR m
W
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

onde to é o intervalo de tempo usado para se fazer a integração e vz é o valor


instantâneo da velocidade.

2VFLODomRGDYHORFLGDGH

9DORUPpGLR

Figura 6.2- Oscilação de uma componente de velocidade em torno de um valor


médio(2).

Os valores instantâneos da velocidade podem, então, ser escritos como uma soma da
velocidade VXDYL]DGD e de uma flutuação de velocidade:

/
Y ] ' Y] % Y ] (6.7)

onde vz/ é a flutuação de velocidade.

Expressões similares às equações (6.6) e (6.7) podem ser escritas para as outras
componentes de velocidade e para a pressão, que também sofre flutuações no
escoamento turbulento.

Pela definição de flutuação da velocidade, pode-se constatar que:

W% W R
/ 1 /
Y] ' Y] GW ' 0 (6.8)
WR m
W
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

ou seja, a média das flutuações de velocidade ao longo de um dado intervalo de tempo


é nula. Entretanto, a média dos quadrados das flutuações não será nula:

W% W R
/2 1 /
Y] ' (Y])2 GW ú 0 (6.9)
WR m
W

Na realidade, é comum se utilizar a relação:

/2
Y]
(6.10)
Y]

como uma forma de quantificar a intensidade de turbulência. Para escoamento em


tubos, o valor do parâmetro acima varia usualmente entre 0,01 e 0,10(1).

 (TXDo}HVGDFRQWLQXLGDGHHGRPRYLPHQWRVXDYL]DGDV

Usando a equação (6.7), pode-se reescrever as equações da continuidade e do


movimento, em termos das velocidades VXDYL]DGDV. Estas novas equações são, então,
resolvidas para se determinar os perfis de velocidade.

(TXDomRGDFRQWLQXLGDGHVXDYL]DGD

Considerando um fluido com densidade constante e estado estacionário, pode-se


escrever a equação da continuidade da seguinte forma:

M M M
(Y[) % (Y \) % (Y]) ' 0 (6.11)
M[ M\ M]

Introduzindo a definição dada pela equação (6.7) (e as suas formas similares para as
outras componentes de velocidade), obtem-se:
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

M / M / M /
(Y[ % Y [ ) % (Y\ % Y\ ) % (Y] % Y] ) ' 0 (6.12)
M[ M\ M]

Pode-se, então, fazer a média da equação acima ao longo de um intervalo to, de modo
análogo ao que se fez com a velocidade (equação (6.7)). Esse procedimento
corresponde a uma suavização (WLPHVPRRWKLQJ) da equação da continuidade. Através
deste procedimento e usando a equação (6.8), obtem-se que:

M M M
(Y[) % (Y \) % (Y]) ' 0 (6.13)
M[ M\ M]

Esaa equação é absolutamente idêntica à equação da continuidade deduzida no


Capítulo 5, mas escrita em função das velocidade suavizadas.

(TXDomRGRPRYLPHQWRVXDYL]DGD

Um procedimento análogo ao adotado no item anterior pode ser aplicado para se obter
as equações do movimento suavizadas.

O desenvolvimento a seguir será feito para a componente x da velocidade, mas


procedimentos similares podem ser aplicados para as outras componentes.

Considerando um fluido com viscosidade constante, tem-se a seguinte equação do


movimento para a componente x da velocidade:

M ( Y) M M M M3
[
' & ( Y Y) & ( Y Y) & ( Y Y ) % µ L2Y & % J (6.14)
MW M[ M\ M] M[
[ [ \ [ ] [ [ [

Novamente usando a definição da velocidade instantânea (equação (6.7)), pode-se


escrever a equação acima na seguinte forma:
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

/
M [ (Y % Y )] M / / M / /
[ [
' & [ (Y % Y )(Y % Y )] & [ (Y % Y )(Y % Y ) &
MW M[ M\
[ [ [ [ \ \ [ [

M / / / M
& [ (Y % Y )(Y % Y )] % µ L2(Y % Y ) & (3 % 3 /) % J (6.15)
M] M[
] ] [ [ [ [ [

A equação acima pode ser VXDYL]DGD tirando-se uma média ao longo de um intervalo
to. Usando-se as equações (6.8) e (6.9), obtem-se:

M ( Y) M M M M3
[
' & ( Y Y) & ( Y Y) & ( Y Y )% µ L2Y & % J &
MW M[ M\ M] M[
[ [ \ [ ] [ [ [

M / / M / / M / /
& ( Y Y) & ( Y Y) & ( Y Y) (6.16)
M[ M\ M]
[ [ \ [ ] [

A equação acima é similar à equação (6.14); entretanto, aparecem os três novos


termos adicionais destacados no retângulo acima. Estes termos estão associados às
flutuações de velocidade, caracteristicas do escoamento turbulento.

Por conveniência, é comum se introduzir a seguinte notação:

(W) / /
[[
' ( Y Y)
[ [
(6.17)

(W) / /
\[
' ( Y Y)
\ [
(6.18)

(W) / /
][
' ( Y Y)
] [
(6.19)
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

Estes termos correspondem aos fluxos de momento turbulento, que são normalmente
denominados WHQV}HVGH5H\QROGV (lembrar que todos os termos na equação (6.16)
têm dimensão de fluxo de momento ou tensão).

Os temos adicionais da equação (6.16) é que criam toda a dificuldade de se resolver


as equações do movimento no escoamento turbulento. Para se avaliar estes termos,
têm sido propostos diferentes modelos de turbulência. Até hoje, não surgiu um modelo
que seja de aplicação universal; entretanto, com os modelos já desenvolvidos tem-se
conseguido respostas adequadas a uma série de problemas de interesse prático.

Uma das primeiras propostas para avaliação dos fluxos de momento turbulento foi feita
por Boussinesq(1). Adotando uma analogia com a equação de Newton da
(W)
viscosidade, foi sugerido que ][
fosse avaliada através da seguinte equação:

(W) MY [
\[ ' & µ(W) (6.20)
M\

onde µ(t) é a viscosidade turbulenta. Expressões similares para os outras tensões


podem ser definidas.

A viscosidade turbulenta não é uma propriedade do fluido e deve ser avaliada ou


estimada para cada sistema em particular.

Nota-se que a proposta de Boussinesq não resolve o problema de avaliação do fluxo


turbulento de momento, apenas o transforma em um outro problema: o de determinar
a viscosidade turbulenta µ(t).

O aspecto interessante dessa proposta é que ela faz com que a equação do
movimento para escoamento turbulento fique idêntica à equação para o regime
laminar, apenas substituindo a viscosidade molecular, µ, por uma viscosidade efetiva,
µeff, expressa pela soma das viscosidades molecular (ou laminar) e turbulenta:
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

µHII ' µ % µ(W) (6.21)

Uma série de outras propostas para avaliação do fluxo turbulento de momento foram
feitas. Dentre elas, pode-se citar:
- proposta de Prandtl (comprimento de mistura):

(W) GY [ GY[
' & O 2 /0 / (6.22)
\[
00 G\ 000 G\

onde l é o comprimento de mistura, avaliado em função da distância do ponto à


parede.

- proposta de von Kármán:

(W) 2 (GY [/G\)3 GY [


\[ ' & 2 /0 /0 (6.23)
00 (G 2Y /G\ 2)2 00 G\
0 [ 0

onde 2 é uma constante igual a 0,36 (determinada a partir de medidas de perfis de


velocidade em tubos).

- proposta de Deissler (empírica):

(W) Q 2 Y[ \ GY[
\[ ' & Q 2 Y[ \ 1 & exp(& ) (6.24)
G\

onde y é a distância da parede e n é uma constante avaliada empiricamente (0,124).

Dentre estas propostas, a que tem sido mais utilizada é a de Boussinesq. Nesse caso,
uma série de abordagens têm sido desenvolvidas para permitir a avaliação da
viscosidade turbulenta. Estas abordagens podem ser classificadas em três categorias
de acordo com o número de equações diferenciais adicionais que são usadas para
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

avaliação da viscosidade:

6 modelo de ]HUR equação. Nesse caso, é estipulado um valor constante para a


viscosidade turbulenta no interior do sistema em estudo. A escolha do valor a ser
adotado é geralmente arbitrária e visa obter concordância entre valores previstos
pelo modelo matemático e valores experimentais. Este tipo de abordagem foi usado
inicialmente no modelamento de turbulência e funciona razoavelmente bem em
sistemas onde predomina o transporte de momento por convecção(2);
6 modelo de uma equação. Nesse tipo de modelo, resolve-se uma equação diferencial
adicional (além das de conservação de massa e momento). É ainda necessário
especificar o valor de um parâmetro, denominado comprimento de mistura, para se
poder calcular a viscosidade turbulenta;
6 modelo de duas equações. Nesses modelos, empregam-se duas equações
diferenciais adicionais para se estimar a viscosidade turbulenta. Não é necessária
a especificação arbitrária de nenhum parâmetro. Nesta categoria, encontram-se os
populares modelos - (nas suas diversas formas), de emprego bastante difundido.
Estes modelos têm tido um sucesso bastante grande na previsão de características
de escoamentos turbulentos em várias áreas de aplicação, inclusive na metalurgia.
Entretanto, nenhum deles fornece resultados quantitativamente corretos em uma
faixa ampla de aplicações. Geralmente, há um tipo de modelo que funciona melhor
para um dado tipo de aplicação. O modelo - proposto por Launder e Jones(3) é um
dos que tem fornecido os melhores resultados em aplicações metalúrgicas. As
figuras de 6.3 a 6.5 mostram exemplos de perfis de velocidades obtidos com o uso
destes modelos aplicados ao processo RH de refino, aos distribuidores e aos
moldes de lingotamento contínuo.
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

Figura 6.3 - Perfil de velocidades na panela de um desgaseificador


RH(4).

Y
Y

X
X

a- S em modificadores de fluxo b- Com um dique


Z

Y
Y

X
X

c- Com uma barragem d- Com um dique e uma barragem


Figura 6.4 - Perfil de velocidades em um distrubuidor de
lingotamento contínuo(5).
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

Válvula de alimentação Válvula de alimentação Válvula de alimentação

Figura 6.5 - Perfil de velocidades em um molde de lingotamento contínuo(6).

A abordagem descrita acima é bastante trabalhosa e invariavelmente envolve o uso de


técnicas numéricas complexas, para solução das equações diferenciais de
conservação de massa e momento. Conforme mencionado anteriormente, o uso desta
abordagem é geralmente restrito a aplicações mais elaboradas, nas quais a obtenção
dos perfis de velocidade é absolutamente essencial para a solução do problema.

Em muitos problemas de aplicação prática na engenharia, pode-se empregar técnicas


mais simples (do ponto de vista matemático), mas que conseguem fornecer respostas
adequadas. Este tipo de abordagem vai ser apresentado no proxímo item.

 )DWRUHVGHIULFomR

Muitos problemas de escoamento em engenharia caem em uma das categorias abaixo:


(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

6 escoamento em dutos ou canais (escoamento interno);


6 escoamento em torno de objetos (escoamento externo).

Para escoamento de fluidos em dutos ou canais, pode-se citar os seguintes exemplos:


bombeamento de petróleo em oleodutos, escoamento de água em canais abertos e
a extrusão de plásticos em matrizes. Exemplos de escoamento em torno de objetos
são: o movimento do ar em torno de um automóvel ou de uma asa de avião, o
movimento da água em torno de partículas sofrendo sedimentação (operações de
tratamento de minérios) ou o movimento de inclusões no aço líquido.

Em problemas de escoamento em canais ou dutos, geralmente se está interessado em


obter uma relação entre a queda de pressão e a gravidade e a vazão volumétrica do
fluido. Em problemas de escoamento em torno de objetos submersos normalmente se
quer saber a relação entra velocidade de aproximação do fluido e a força de arraste
do fluido sobre a partícula. Foi visto nos capítulos anteriores que, quando se conhece
as distribuições de velocidade e pressão em um dado sistema, as informações
mencionadas acima podem ser obtidas com relativa facilidade. Para regimes
turbulentos, a determinação dos perfis de velocidade implica em um esforço muito
grande. O tratamento que vai ser dado a seguir visa simplificar o tratamento
matemático do escoamento turbulento, mas ainda possibilitando responder as
questões mencionadas acima.

A resposta às questões listadas no parágrafo anterior envolve a avaliação da força que


atua na interface entre o fluido e o sólido, seja este a parede de um duto, ou canal, ou
a superfície de um corpo submerso no fluido.

Para ambos os sistemas de interesse (escoamento interno e externo), foi proposto


arbitrariamente que a força de fricção ou de atrito, atuando entre o fluido e o sólido em
contato com ele, fosse avaliada através da seguinte equação:

)N ' $ . I (6.25)
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

onde:
Fk = força de atrito entre o sólido e o fluido;
A = área característica;
K = energia cinética do fluido por unidade de volume;
f = fator de fricção.

'HYHVHREVHUYDUTXHDHTXDomR  QmRpXPDOHLGHPHFkQLFDGRVIOXLGRV


PDV VLP XPD GHILQLomR SDUD R IDWRU GH IULFomR 2EYLDPHQWH SDUD XP GDGR
VLVWHPDIQmRHVWiGHILQLGRDWpTXHDiUHDFDUDFWHUtVWLFD$VHMDHVSHFLILFDGD$
GHILQLomR GHVVD iUHD YDULD GH DFRUGR FRP D FRQILJXUDomR GR VLVWHPD
HVFRDPHQWRLQWHUQRRXH[WHUQR

(VFRDPHQWRHPGXWRV LQWHUQR

Para escoamento em dutos, a área característica na equação (6.25) é a superfície


PROKDGD (área da região em contato com o fluido). A energia cinética do fluido, por sua
vez, é avaliada em função da velocidade média do fluido. Dessa forma, para um tubo
cilíndrico de diâmetro D e comprimento L, a força de fricção pode ser estimada pela
seguinte equação:

1
)N ' ( ' /) ( 9 2) I (6.26)
2

onde:
D L = área de contato fluido-sólido;
½ V2 = energia cinética do fluido por unidade de volume.

A equação acima ainda não é útil para se calcular a força de fricção, pois não se
conhece o valor de f.

2IDWRUGHIULFomRpXPSDUkPHWURDYDOLDGRH[SHULPHQWDOPHQWH
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

É bastante simples imaginar um aparato que permita a determinação experimental do


fator de fricção, f. A figura 6.6 mostra um exemplo de montagem que pode ser
empregada com esta finalidade.

Pressão P Pressão P
0 L

z=0 z=L
Figura 6.6 - Montagem experimental para avaliação do fator de fricção.

Considerando que no sistema acima o escoamento do fluido esteja sendo causado


apenas pela diferença de pressão, e que o fluido esteja se deslocando com velocidade
constante, pode-se afirmar que o somatório de forças atuando no fluido é nulo
(segunda lei de Newton). Dessa forma, a seguinte expressão representando o balanço
de forças é valida:

)RUoD DVVRFLDGD j GLIHUHQoD GH SUHVVmR ' )RUoD GH IULFomR HQWUH VyOLGR H IOXLGR

'2 1
(30 & 3 /) ' )N ' ( ' /) ( 9 2) I (6.27)
4 2

Avaliando experimentalmente a diferença de pressão , P0 - PL, para uma dada vazão


de fluido (ou uma velocidade média) e medindo o diâmetro e o comprimento do tubo,
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

pode-se aplicar a equação (6.27) para se estimar o fator de fricção. Logicamente, a


densidade do fluido sendo utilizado na experiência deve ser conhecida.

A equação (6.27) pode ser colocada na seguinte forma, para facilitar o cálculo de f:

'2
(30 & 3/)
4
' I (6.28)
1
( ' /) ( 9 )
2
2

1 (30 & 3 /) '


I ' (6.29)
2 / 92

Com a equação (6.29) pode-se, então, calcular o valor de f a partir de medidas


experimentais da queda de pressão.

É interessante observar que quanto mais alto for o valor de f, mais intensa será a força
de fricção na interface sólido-fluido.

Certamente uma série de fatores deve afetar o valor de f. Para se determinar, de modo
quantitativo, os efeitos destes diversos fatores, um número muito elevado de
experimentos seria necessário. Para reduzir o número de experimentos, antes de se
ir para o laboratório, normalmente se desenvolve um tratamento denominando DQiOLVH
GLPHQVLRQDO Existem várias maneiras de se proceder esta análise. A técnica que vai
ser apresentada aqui é baseada num teorema denominado 7HRUHPD  GH
%XFNLQJKDP Este teorema (apresentado aqui sem demonstração) estabelece que é
possível agrupar as variáveis que afetam o valor de f em grupos adimensionais, que
representam o problema tão bem quanto as variáveis originais; entretanto, o número
de grupos adimensionais necessários é inferior ao de variáveis originais. Obviamente,
a aplicação da técnica de análise dimensional não é restrita ao caso de avaliação
experimental de fatores de fricção. Ela pode ser empregada em diversos campos da
engenharia, inclusive para estabelecimento de critérios de similaridade entre plantas
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

industriais e modelos físicos em escala de laboratório. Outros exemplos de aplicação


da análise dimensional são encontrados no livro de Szekely e Themelis(7).

A seguir será apresentado todo o desenvolvimento de uma análise dimensional


(baseada no teorema de Buckingham), aplicada à determinação de fatores de fricção
em tubos.

$QiOLVHGLPHQVLRQDO

O primeiro passo no desenvolvimento de uma análise dimensional consiste em se listar


todas as variáveis que possívelmente afetam o valor do fator de fricção. Não tem
problema listar mais variáveis do que as que realmente têm efeito. As experiências vão
determinar se isso de fato ocorreu.

a) Listagem das variáveis

Na hora de listar as variáveis, o conhecimento sobre o sistema em análise ajuda


bastante, mas intuição e sentimento sobre o fenômeno em estudo são bastante úteis.
Suponha-se que foram, incialmente, selecionadas as seguintes variáveis como aquelas
que afetam o valor do fator de fricção em tubos:
- variáveis: D, L, , µ, V e .

A variável acima correponde à rugosidade do tubo. Este parâmetro depende


basicamente do material empregado na fabricação do tubo e dá uma idéia da sua
aspereza. Ela representa a altura média dos YDOHV e SLFRV, que podem ser vistos na
superfície interna do tubo, quando esta é observada com algum dispositivo que permite
ampliá-la. O valor da rugosidade é normalmente determinado através de um aparelho
denominado SHUILO{PHWUR. Na literatura especializada, é bastante comum se encontrar
valores de rugosidade para tubos de diferentes materiais.

A figura 6.7 mostra esquematicamente a definição da rugosidade.


(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

T u bo

V ista am p lia d a
d a p a red e

P ico s

V a le s

R ug o sid ad e - a ltu ra m é d ia de va les e p ico s


Figura 6.7 - Representaçao esquemática da rugosidade de um tubo.

A tabela 6.1 apresenta alguns valores de rugosidade para materiais comumente


utilizados na fabricação de tubos.

Tabela 6.1- Rugosidade para materiais usados na fabricação de tubos.

Material Rugosidade (mm)


Aço comercial 0,046
Ferro galvanizado 0,15
Ferro fundido 0,259
Concreto 0,3-3
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

Listadas as variáveis, a próxima etapa consiste em determinar as suas dimensões.

b) Dimensão das variáveis

A partir do que foi apresentado no Capítulo 3, pode-se determinar as dimensões das


variáveis listadas acima:
- D [=] L;
- L [=] L;
- [=] M L-3;
- µ [=] M L-1 t-1;
- V [=] L t-1;
- [=] L.

Nas dimensões acima, M designa massa, L designa comprimento (não confundir com
o comprimento do tubo) e t refere-se ao tempo.

Através da equação (6.29), determina-se a dimensão do fator de fricção. Tem-se:

1 (30 & 3/) '


I ' (6.29)
2 / 9 2

(0/ &1W &2) /


I ['] ['] DGLPHQVLRQDO
/ (0/ &3) (/ 2 W &2)

Como se vê, f é uma grandeza adimensional.


(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

c) Classificação das variáveis

Depois de determinadas as suas dimensões, as variáveis devem ser classificadas.


Essa classificação é feita de acordo com os grupos abaixo:
- variáveis geométricas;
- variáveis cinemáticas e
- variáveis dinâmicas.

A tabela 6.2 fornece uma lista de variáveis normalmente envolvidas em problemas de


Fenômenos de Transporte e a sua classificação, de acordo com as categorias acima.

Nota-se que as variáveis que apresentam dimensões envolvidas apenas com


comprimento, são denominadas variáveis geométricas. As que apresentam dimensões
que envolvam a variável tempo, sem envolver massa, são as cinemáticas. Finalmente,
as variáveis que apresentam dimensões envolvendo massa, são definidas como
dinâmicas.

De acordo com esses critérios de classificação, tem-se:


- variáveis geométricas: D, L (distância entre os pontos de medida da pressão), ;
- variáveis cinemáticas: V;
- variáveis dinâmicas: e µ.

É interessante notar, que, de acordo com a lista de variáveis formulada, existem 6


variáveis independentes, D, L, , µ, V e (cujos valores podem ser selecionados na
hora de se fazer o experimento) e 1 variável dependente, f (cujo valor foge ao controle
de quem faz a experiência e que depende dos valores adotados para as variáveis
independentes).
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

Tabela 6.2- Classificação das variáveis envolvidas no estudo de Fenômenos de


Transporte.

Geométricas
Variável Símbolo Dimensão Unidade (S.I.)
Comprimento L L m
Área A L2 m2
Volume V L3 m3
Cinemáticas
Tempo t t s
Velocidade V L t-1 m/s
Viscosidade cinemática L2 t-1 m2/s
Vazão volumétrica Q L3 t-1 m3/s
Aceleração a L t-2 m/s2
Dinâmicas
Densidade M L-3 kg/m3
Massa M M kg
Viscosidade dinâmica µ M L-1 t-1 kg/m.s
Vazão de massa M t-1 kg/s
Momento - M L t-1 kg.m/s
Pressão p M L-1 t-2 N/m2
Tensão de cisalhamento M L-1 t-2 N/m2
Força F M L t-2 N
Energia E M L2 t-2 J
Potência P M L2 t-3 W

d) Seleção de variáveis

Para se desenvolver a análise dimensional propriamente dita, seleciona-se inicialmente


3 variáveis independentes, que são denominadas variáveis básicas. O número de
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

variáveis básicas deve ser igual ao número de dimensões necessárias para se


expressar as grandezas das variáveis envolvidas no problema. No caso em estudo,
este número de dimensões é 3 (dimensões: M, L e t). Nessa seleção de variáveis,
deve-se ter uma variável de cada um dos grupos da tabela 6.1: geométricas,
cinemáticas e dinâmicas.

Um exemplo de seleção é:
- variável geométrica: D;
- variável cinemática: V;
- variável dinâmica: .

É importante enfatizar que qualquer outra seleção, que obedecesse o critério de uma
variável de cada grupo, atenderia às especificações para desenvolvimento da análise
dimensional.

e) Montagem dos grupos adimensionais

O número de grupos adimensionais que são necessários para se especificar o


problema é avaliado através da seguinte relação:

1~PHUR GH JUXSRV DGLPHQVLRQDLV ' 1~PHUR GH YDULiYHLV HQYROYLGDV &

& 1~PHUR GH YDULiYHLV EiVLFDV (6.30)

Existem 7 variáveis envolvidas (6 independentes e 1 dependente) e são 3 as variáveis


básicas. Desse modo, o número de grupos adimensionais é:

1~PHUR GH JUXSRV DGLPHQVLRQDLV ' 7 & 3 ' 4

Desse total, 3 grupos serão independentes e 1 será um grupo dependente.


(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

Nesse ponto é interessante fazer um comentário sobre a grande redução de número


de experimentos necessários, que se obtem quando se faz a análise dimensional.
Inicialmente, tinha-se 6 variáveis independentes. Caso, se decidisse realizar as
experiências adotando seis valores diferentes para cada uma destas variáveis, o
número de experimentos necessários para cobrir todas as possíveis combinações de
valores seria de 66 (46 656). Quando se emprega a análise dimensional, o número de
grupos adimensionais independentes, no caso em estudo, é 3. Considerando
novamente 6 valores diferentes para cada um destes grupos, seriam necessários 36
(729) experimentos para cobrir todas as possíveis combinações. Há uma redução de
64 vezes no número de experiências necessárias !! Esse é um dos grandes benefícios
da análise dimensional.

Os grupos adimensionais são montados usando-se as três variáveis básicas


selecionadas acima, combinadas com cada uma das variáveis restantes. Nestes
grupos, as variáveis básicas são elevadas a expoentes a se determinar, e as variáveis
que restaram são elevadas a um expoente unitário. Denominando genericamente os
grupos adimensionais como , tem-se:

E
*UXSR 1 ' 'D 9 F
µ (6.31)

H
*UXSR 2 ' 'G 9 I
/ (6.32)

L
*UXSR 3 ' 'K 9 M
(6.33)

R
*UXSR 4 ' 'Q 9 T
I (6.34)

Nas equações acima, a, b, c, d, e, f, h, i, j, n, o e q são os expoentes a serem


determinados. Estes expoentes são calculados de modo a fazer com que os grupos
acima sejam adimensionais.

Considerando-se incialmente o primeiro grupo adimensional, pode-se substituir as


dimensões das variáveis nele envolvidas. Tem-se:
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

*UXSR 1 ' / D (/ W &1)E (0/ &3)F (0/ &1W &1) (6.35)

O grupo acima deve ser adimensional. Desse modo, a, b e c devem ser tais que 1 não
tenha dimensão de L, M e t, ou seja:

*UXSR 1 ' /0 00 W0 (6.36)

Igualando-se as equações (6.35) e (6.36), obtem-se um sistema de 3 equações onde


as incógnitas são os expoentes a, b e c. Tem-se:

1 ' / D (/ W &1)E (0/ &3)F (0/ &1W &1) ' / 0 0 0 W 0

/ : D % E & 3 F & 1 ' 0

0 : F % 1 ' 0

W : & E & 1 ' 0

A solução do sistema acima fornece:

D ' &1

E ' &1

F ' &1

Com estes valores, obtem-se:

&1 µ
*UXSR 1 ' ' &1 9 &1 µ ' (6.37)
' 9

Comparando as equações (6.37) e (6.1), observa-se que o grupo 1 corresponde ao


inverso do número de Reynolds.
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

Por procedimento semelhante ao adotado acima para determinar os expoentes a, b e


c, pode-de determinar os outros expoentes que aparecem nos demais grupos
adimensionais. Os resultados são:

G ' &1 H ' I ' 0

K ' &1 L ' M ' 0

Q ' R ' T ' 0

(Demonstre esses resultados como um exercício)

Com estes valores, obtem-se os seguintes grupos adimensionais:

/
*UXSR 2 ' (6.38)
'

*UXSR 3 ' (6.39)


'

*UXSR 4 ' I (6.40)

O grupo 3 é normalmente conhecido como rugosidade relativa.

Os grupos independentes são 1, 2 e . O grupo


3 4 é o grupo dependente. Desse
modo, pode-se dizer que 4 é uma função de ,
1 2 e , ou seja:
3

/
I ' IXQomR (5H , , ) (6.41)
' '

A função acima deve ser determinada experimentalmente.

Os primeiros resultados correlacionando as grandezas acima foram obtidos por


Moody(1), que os colocou na forma do diagrama visto na figura 6.8.
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

/DPLQDU 7UDQVLomR 7XUEXOHQWR


)DWRUGHIULFomRI

5XJRVLGDGHUHODWLYDε'
1~PHURGH5H\QROGV

Figura 6.8- Fator de fricção para tubos. Diagrama de Moody.

Pelo diagrama, contata-se que o fator de fricção é uma função do número de Reynolds
e da rugosidade relativa. O grupo L/D não apresentou efeito significativo no seu valor.
Isso é verdade para tubos com comprimentos cerca de 50 vezes maiores que o
diâmetro(1). Os tubos hidraulicamente lisos são aqueles que apresentam rugosidade
nula ( = 0).

Mais recentemente, Haaland(8) conseguiu uma representação matemática dos


resultados apresentados na figura 6.8. A função obtida é:

1,11
1 /' 6,9
' &3,6 log % (6.42)
I 3,7 5H
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

A seguir serão resolvidos alguns exemplos de aplicação da equação acima, para


avaliação de queda de pressão necessária para se obter uma dada vazão de um fluido
em um tubo. Será visto também um procedimento que pode ser adotado para se
estimar a vazão do fluido para uma dada queda de pressão.

Exemplo- Estimar a queda de pressão necessária para se obter uma vazão de 0,25
l/s em tubo horizontal de ferro galvanizado com 1,27 cm de diâmetro. O
comprimento do tubo é 6 m. O fluido sendo transportado é a água.
Propriedades da água: = 1000 kg/m3 ; µ = 1 cP = 10-3 Pa.s.
Solução- Este exemplo pode ser resolvido desenvolvendo-se uma balanço de forças
para o sistema em estudo, considerando que o fluido estará escoando com velocidade
constante. Para um tubo horizontal, pode-se colocar o balanço de forças na seguinte
forma:

)RUoD DVVRFLDGD j GLIHUHQoD GH SUHVVmR ' )RUoD GH IULFomR HQWUH VyOLGR H IOXLGR

'2 1 2
(30 & 3/) ' ( ' /) ( 9) I
4 2

Para obtenção do valor da diferença de pressão, é necessário avaliar a velocidade


média do fluido no tubo e o fator de fricção. Tem-se:

4 4
9 ' '
$ '2
4

Tem-se que:
Q = 0,25 l/s = 2,5 x 10-4 m3/s;
D = 1,27 cm = 0,0127 m

Logo:
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

2,5 [ 10&4
9 ' ' 1,974 P/V
(0,0127)2
4

Para determinar o fator de fricção deve-se calcular o número de Reynolds e a


rugosidade relativa. Pela tabela 6.1, tem-se para tubos de ferro galvanizados que:
= 0,15 mm = 1,5 x 10-4 m. Logo:

' 9 (0,0127) (1,974) (1000)


5H ' ' ' 25069,8
µ (0,001)

1,5 [ 10&4
' ' 0,0118
' 0,0127

Com estes valores, pode-se determinar o valor de f usando a equação (6.42):

1,11
1 0,0118 6,9
' &3,6 log %
I 3,7 25069,8

I ' 0,0105

Voltando à equação para a queda de pressão, obtem-se:

/ 2 6
(30 & 3 /) ' 2 9 I ' 2 (1000) (1,974)2 (0.0105) ' 6443,3 3D
' 0,0127

Em algumas situações, o valor de queda de pressão medida ao longo de uma


tubulação é utilizado para se estimar a vazão de fluido que escoa em seu interior. O
exemplo a seguir ilustra esta situação e mostra uma das possíveis abordagens que
pode ser adotada nestas circunstâncias.
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

Exemplo- Estimar a vazão do fluido em uma tubulação vertical, onde foi medida uma
diferença de pressão de 70000 Pa. O fluido está subindo e o comprimento
do tubo é 5 m.
Dados: - propriedades da água: = 1000 kg/m3 ; µ = 10-3 Pa.s.
- diâmetro do tubo: 0,0254 m;
- material do tubo: ferro fundido.

Solução- Inicialmente desenvolve-se um balanço de forças. Para um tubo vertical, com


o fluido subindo, pode-se colocar o balanço de forças na seguinte forma:

'2 1 2 '2
(30 & 3/) ' ( ' /) ( 9) I % J /
4 2 4

Nota-se que a diferença de pressão atua em sentido contrário às forças de fricção e


da gravidade.

Neste balanço de forças, os valores de V e de f são desconhecidos. Tem-se, portanto,


duas incógnitas e apenas uma equação. A outra equação necessária para solução do
problema é a expressão (6.42). Esta última equação relaciona f e Re (que está
relaciondo com a velocidade média do fluido). Deve-se notar que avaliando a
velocidade média, pode-se calcular a vazão de fluido no tubo.

As máquinas de calcular mais modernas, permitem a solução simultânea das duas


equações acima, fornecendo os valores de f e V. O mesmo poderia ser feito utilizando
uma planilha eletrônica. O método que vai ser apresentado não lançará mão destes
recursos. A metodologia a ser seguida poderá ser implementada utilizando-se apenas
uma máquina de calcular científica comum.

Para facilitar a solução do problema, o primeiro passo consiste em transformar a


equação do balanço de forças em uma equação relacionando o número de Reynolds
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

e o fator de fricção. Para tal, basta expressar a velocidade média em termos do


número de Reynolds. Tem-se que:

5H µ
9 '
'

Substituindo esta expressão no balanço de forças, obtem-se:

2
'2 1 5H µ '2
(30 & 3 /) ' ( ' /) I % J /
4 2 ' 4

Fazendo-se as devidas simplificações e transposições de termos, obtem-se:

1 '3
5H 2 I ' (30 & 3 /) & J /
2 / µ2

Substituindo dados na expressão acima, tem-se:

1 (0,0254)3 (1000)
5H 2 I ' (70000) & (1000) (9,8) (6) ' 15.294.593,07
2 (6) (0,001)2

A outra equação é a do fator de fricção. Para um tubo de ferro fundido, tem-se na


tabela 6.1 que = 0,259 mm = 2,59 x 10-4 m. Logo, substituindo valores em (6.42),
obtem-se:

(2,59 [ 10&4)/(0,0254)
1,11
1 6,9
' &3,6 log %
I 3,7 5H
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

Para se resolver simultaneamente as duas equações não-lineares acima, o método


mais simples é o iterativo. Nesse método, parte-se de um valor inicial de f, por
exemplo, e através de sucessivas iterações, vai-se obtendo valores de Re e f, que vão
se aproximando da solução do problema. Esse processo é ilustrado a seguir.

Considere-se um valor inicial de f igual a 0,006. Esse valor inicial não altera o resultado
final, mas afeta o número de iterações necessárias para se chegar a uma solução
adequada.

Usando-se o valor de f acima, calcula-se Re pela equação do balanço de forças. Tem-


se:

5H 2 I ' 15.294.593,07

15.294.593,07 15.294.593,07
5H ' ' ' 50.488,6
I 0,006

Com o número de Reynolds acima, volta-se à equação do fator de fricção e avalia-se


um novo valor de f. Com esse procedimento uma iteração foi completada. O valor
obtido é:

(2,59 [ 10&4)/(0,0254)
1,11
1 6,9
' &3,6 log %
I 3,7 50.488,6

I ' 0,0098

Com esse novo valor de f, vai-se na equação do balanço de forças e determina-se um


valor atualizado para o Reynolds. Esse procedimento é repetido até se obter valores
de f e Re que não apresentem mais variações significativas. A tabela abaixo mostra
um sumário dos resultados para sucessivas iterações.
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

Iteração f Re
1 0,006 50.488,6
2 0,009828 39.449,0
3 0,009902 39.301,4
4 0,009903 39.299,4
5 0,009903 39.299,4

(Faça os cálculos para verificar os resultados mostrados na tabela acima).

A partir da quarta iteração os valores de Reynolds e de f começaram a se repetir.


Desse modo, a solução do problema corresponde a um número de Reynolds igual a
39.299,4. Com esse valor, determina-se a velocidade média do fluido e a sua vazão
volumétrica.

Tem-se:

5H µ (39.299,4) (0,001)
9 ' ' ' 1,547 P/V
' (0,0254) (1000)

Com essa velocidade, determina-se a vazão volumétrica de fluido:

'2 (0,0254)2
4 ' 9 ' (1,547) ' 7,84 [ 10&4 P 3/V
4 4

ou seja, Q = 0,784 l/s.

(VFRDPHQWRHPGXWRVQmRFLOtQGULFRV

Todo o desenvolvimento acima foi feito para dutos cilíndricos. Constatou-se


empiricamente que os valores de f obtidos para tubos cilíndricos (figura 6.8 e equação
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

(6.42)) são válidos para tubulações não-cilíndricas, desde que se defina o número de
Reynolds usando-se o diâmetro hidráulico equivalente, avaliado pela expressão abaixo:

$
'K ' 4 (6.43)
30

onde:
A = área da seção transversal do duto (disponível para o escoamento);
PM = perímetro molhado.

Aplicando-se a definição acima a um duto de seção retangular, como visto na figura


6.9, tem-se:

: +
'K ' 4
(2 : % 2 +)

'XWRQmRFLUFXODU

:
Figura 6.9- Vista da seção transversal de um duto não-
circular, para definição de Dh.

Para um tubo cilíndrico, o diâmetro hidráulico equivalente se iguala ao diâmetro do


tubo. (Provar isso como um exercício).

A aproximação acima funciona bastante bem no regime turbulento. No escoamento


laminar é necessário que se introduza uma correção adicional no fator de fricção, além
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

da de usar o diâmetro hidráulico equivalente na definição do Reynolds. O valor de f


para dutos não-cilíndricos com um fluido escoando em regime laminar é, então,
avaliado por:

16
I ' (6.44)
5H

Figura 6.10- Parâmetro - correção do fator de fricção para escoamento


laminar em dutos retangulares(8).

onde é uma parâmetro que depende da geometria do sistema. Para dutos


retangulares, é avaliado através do gráfico da figura 6.10.

Na figura 6.10, z1 corresponde à dimensão da face menor e z2 da face maior do


retângulo.

eLQWHUHVVDQWHREVHUYDUTXHREDODQoRGHIRUoDVSDUDGXWRVQmRFLOtQGULFRVSRGH
VHUWRGRHOHIHLWRXVDQGRRGLkPHWURKLGUiXOLFRHTXLYDOHQWHHQWUHWDQWRRFiOFXOR
GDYHORFLGDGHpIHLWRXVDQGRVHDVGLPHQV}HVUHDLVGDWXEXODomR
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

(VFRDPHQWRHPWRUQRGHREMHWRV H[WHUQR

Conforme mencionado anteriormente, para o caso de escoamento externo, a força de


fricção que o fluido exerce sobre o objeto pode também ser avaliada pela equação
(6.25), reproduzida abaixo:

)N ' $ . I (6.25)

entretanto, as definições de A e K são diferentes.

Para esse sistema, a área característica, A, é tomada como sendo a área obtida pela
projeção do sólido em um plano perpendicular à velocidade de aproximação do fluido.
Essa definição é ilustrada esquematicamente na figura 6.11, para o caso em que o
objeto é uma esfera.

Esfera

Plano
Projeção perpendicular

Figura 6.11- Definição da área característica para o escoamento


em torno de objetos - Caso de uma esfera.
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

A energia cinética por unidade de volume do fluido é avaliada usando-se a velocidade


relativa entre o sólido e o fluido. Para tal, considera-se um ponto do fluido
suficientemente afastado do sólido, para não ter a sua velocidade afetada por ele.

De modo similar ao que acontece no caso de escoamento interno, o fator de fricção


é também avaliado experimentalmente. Estas experiências demonstraram que para o
escoamento externo, o valor do fator de fricção depende do formato do objeto em torno
do qual o fluido escoa. Além disso, o valor de f é também afetado pelo valor do número
de Reynolds associado ao escoamento. Isso será demonstrado a seguir.

(VFRDPHQWRHPWRUQRGHHVIHUDV

Um dos objetos de interesse para estudo do escoamento externo é a esfera. O valor


do fator de fricção para esferas pode ser determinado através de experiências bem
simples. Nestas experiências avalia-se a velocidade terminal de esferas se deslocando
em um fluido estagnado. A velocidade terminal corresponde à velocidade que a esfera
atinge quando o somatório de forças atuando sobre ela se anula.

Quando uma esfera é colocada no interior de um fluido, duas forças de volume atuam
sobre ela: o peso e o empuxo. Estas duas forças vão sempre existir,
independentemente da esfera estar parada ou se movimentando. Ambas atuam na
direção vertical, mas em sentidos opostos: o peso para baixo e o empuxo para cima.
O empuxo corresponde ao peso do fluido que foi deslocado pelo corpo sólido.

Se a esfera se movimentar no interior do fluido, surge uma força de fricção, FK, que
atua na sua superfície. Essa força pode ser avaliada através da equação (6.25). É
importante observar que a força de fricção tem sempre o sentido oposto ao da
velocidade da esfera. Caso a esfera seja mais densa que o fluido, ela irá descer.
Dessa forma, a força de fricção atua no mesmo sentido do empuxo: para cima.
Quando a esfera é mais leve que o fluido, ela sobe. A força de fricção, nesse caso, tem
o mesmo sentido do peso: para baixo. Estas duas situações são vistas na figura 6.12.
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

Empuxo
Esfera desce

Esfera Força de fricção

Peso
Densidade da esfera > densidade do fluido

Empuxo
Esfera sobe

Esfera Força de fricção

Peso
Densidade da esfera < densidade do fluido

Figura 6.12- Forças atuando em uma esfera no interior de um


fluido.

Dessa forma, o balanço de forças para uma esfera se movendo com velocidade
constante na direção vertical em um fluido estagnado pode ser expresso por
(considerando-se uma esfera mais densa que o fluido):
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

3HVR ' (PSX[R % )RUoD GH IULFomR (6.45)

'3 '3 '2 1 2


V J ' J % ( YW ) I (6.46)
6 6 4 2

Na equação (6.46), D3 / 6 corresponde ao volume da esfera, s é a sua densidade


e vt a sua velocidade terminal. Conhecendo-se a densidade do fluido, a densidade da
esfera e o seu diâmetro, a determinação experimental da velocidade terminal pode ser
usada para calcular o fator de fricção, f.

A figura 6.13 mostra resultados experimentais de fator de fricção para esferas. Através
dessa figura, constanta-se que a dependência de f com o número de Reynolds pode
ser expressa matematicamente através de três expressões, válidas em faixas
específicas do número de Reynolds:
24
I ' SDUD 5H # 1 (6.47)
5H

18,5
I ' SDUD 1 < 5H # 500 (6.48)
5H 3/5

I . 0,44 SDUD 5H > 500 (6.49)

Lam inar Interm ediária Lei de N ewton


Fator de fricção, f

µ
Figura 6.13- Fatores de fricção para esferas.
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

A região de números de Reynolds inferiores a 1, corresponde ao escoamento laminar,


para a qual vale a lei de Stokes, vista no Capítulo 5. (Exercício: usando a lei de Stokes
deduzida no Capítulo 5, demonstre a equação (6.47)).

Exemplo- Calcular a velocidade terminal de uma inclusão de alumina no aço líquido.


Dados:
- diâmetro da inclusão: 200 µm;
- densidade da inclusão: s = 2300 kg/m3;
- densidade do aço: = 6700 kg/m3.
- viscosidade do aço: µ = 6,5 cP.
Repetir o cálculo para inclusões de 100 e 50 µm.

Solução- Como a inclusão é mais leve que o aço, o balanço de forças pode ser
colocado na seguinte forma:

(PSX[R ' 3HVR % )RUoD GH IULFomR

'3 '3 '2 1 2


J ' V J % ( YW ) I
6 6 4 2

Na equação acima, os valores de vt e f são desconhecidos. Por uma bordagem similar


à que foi adotada no caso de escoamento em tubos, pode-se, através do balanço
acima, obter uma relação entre o número de Reynolds e o fator de fricção. Para tal,
basta expressar o valor de vt na equação em função do número de Reynolds:

5H µ
YW '
'

Assim, obtem-se:

2
'3 '3 '2 1 5H µ
J ' V J % I
6 6 4 2 '
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

Fazendo-se simplificações e transpondo termos, obtem-se:

4 J '3
5H 2 I ' ( & V)
3 µ2

Substituindo dados, obtem-se:

4 (9,8) (200 [ 10&6)3


5H 2 I ' (6700 & 2300) (6700) ' 72,9383
3 (0,0065)2

Como não se sabe o valor de Re, não se pode determinar qual das equações de f em
função de Reynolds (equações (6.47) a (6.49)) é adequada à situação. Adota-se,
então, um procedimento de tentativa-e-erro. Inicialmente, postula-se que a equação
(6.47), por exemplo, seja a correta. Com essa hipótese, verifica-se se o valor de Re
obtido vai estar dentra da faixa de validade dessa relação. Se não estiver, seleciona-se
umas das outras correlações, até se determinar uma que forneça um número de
Reynolds dentro da sua faixa de validade.

Usando-se a primeira equação, expressão (6.47), obtem-se:

24
5H 2 I ' 5H 2 ' 72,9383
5H

5H ' 3,039

Como a expressão usada incialmente só é correta para Re até 1, o resultado acima


está incorreto.

Adota-se, então, a segunda correlação (equação (6.48)). Tem-se:

18,5
5H 2 I ' 5H 2 ' 72,9383
5H3/5

5H ' 2,664
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

Este valor de Reynolds está dentro da faixa da validade da relação usada, sendo,
portanto, a solução do problema.

A partir deste valor do Reynolds, avalia-se a velocidade terminal da inclusão:

5H µ (2,664) (0,0065)
YW ' ' ' 0,0129 P/V
' (200 [ 10&6) (6700)

Por procedimentos análogos, determina-se as velocidades para as inclusões de 100


e 50 µm. Obtem-se:
- inclusão de 100 µm : vt = 0,00369 m/s;
- inclusão de 50 µm : vt = 0,00092 m/s.

)DWRUHVGHIULFomRSDUDOHLWRVGHSDUWtFXODV

Nas seções anteriores, foram vistas algumas correlações para avaliação do fator de
fricção em alguns sistemas de importância na engenharia. O escoamento através de
leitos de partículas representa também um sistema de interesse para o metalurgista.
Leitos empacotados, compostos de sólidos granulados ou aglomerados de finas
partículas, aparecem em vários processos metalúrgicos, desde o processo de
sinterização até o alto-forno. Nesses sistemas, é de interesse se poder prever a queda
de pressão que o fluido sofre ao atravessar o leito com uma dada vazão. Essa
informação pode ser usada, por exemplo, no dimensionamento de equipamentos para
injeção (ou sucção) de gases através destes leitos

Ao longo da discussão que será apresentada a seguir, será considerado que o leito de
particulas é uniforme e que não são formadas chaminés, isto é, não há escoamento
preferencial por certos caminhos. Será assumido também o diâmetro das partículas
que compõem o leito é pequeno comparado com o diâmetro da coluna que contém o
leito. Será analisado apenas o caso do escoamento de um gás através desse leito.
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

(TXDomRGH(UJXQ

Antes de se desenvolver uma metodologia para estimativa da queda de pressão de


gases ao atravessar leitos de partículas, serão definidas algumas grandezas que são
usualmente utilizadas para caracterizar um leito.

A figura 6.14 mostra uma vista esquemática de um leito de partículas.

Leito de partículas

Partículas

Vazios

Figura 6.14- Vista esquemática de um leito de partículas.

Observa-se que o leito é composto pelas partículas e pelos vazios que se formam entre
elas. Dessa forma, pode-se escrever que:

9ROXPH GR OHLWR ' 9ROXPH GDV SDUWtFXODV % YROXPH GH YD]LRV (6.50)

Um parâmetro importante na caracterização de um leito é a sua fração de vazios.


Dividindo os dois lados da equação acima pelo volume do leito, obtem-se:

YROXPH GDV SDUWtFXODV YROXPH GH YD]LRV


1 ' % (6.51)
YROXPH GR OHLWR YROXPH GR OHLWR
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

A fração de vazios é definida através da seguinte equação:

YROXPH GH YD]LRV
)UDomR GH YD]LRV ' ' (6.52)
YROXPH GR OHLWR
Desse modo, tem-se:

YROXPH GDV SDUWtFXODV


1 ' % (6.53)
YROXPH GR OHLWR

YROXPH GDV SDUWtFXODV


' 1 & (6.54)
YROXPH GR OHLWR

Uma série de fatores interfere no valor da fração de um leito. Dentre eles, os mais
importantes são certamente a distribuição granulométrica e o tamanho médio das
partículas que o compõem.

Uma outra variável de importância em leitos é a sua área superficial. Essa área é
definida através da equação abaixo:

iUHD VXSHUILFLDO GDV SDUWtFXODV


D ' (6.55)
YROXPH GR OHLWR

Pode-se rescrever a equação acima da seguinte forma:

iUHD VXSHUILFLDO GDV SDUWtFXODV YROXPH GDV SDUWtFXODV


D ' (6.56)
YROXPH GDV SDUWtFXODV YROXPH GR OHLWR

Considerando inicialmente partículas esféricas de tamanho uniforme, tem-se que:

iUHD VXSHUILFLDO GDV SDUWtFXODV G2 6


' ' (6.57)
YROXPH GDV SDUWtFXODV G 3 G
6
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

Combinando as equações (6.54), (6.56) e (6.57), obtem-se:

6
D ' (1 & ) (6.58)
G

A relação acima vale somente para partículas esféricas. Não é comum se ter partículas
esféricas em leitos de interesse na metalurgia. Para se tratar com partículas não
esféricas é comum se utilizar o conceito de esfericidade.

A esfericidade procura medir o quanto a forma de uma particula se aproxima do


formato de uma esfera. A sua definição pode ser entendida através da figura 6.15.

(VIHUD 3DUWtFXOD

9ROXPH 9 9ROXPH 9

ÈUHDVXSHUILFLDO $ ÈUHDVXSHUILFLDO $
HVIHUD S
$ HVIHUD
(VIHULFLGDGH 
$S

Figura 6.15- Definição de esfericidade de uma partícula.

A esfericidade é definida como a relação entre as áreas superficiais da esfera e da


partícula, ambas com o mesmo volume:

iUHD GD HVIHUD
HVIHULFLGDGH ' ' (6.59)
iUHD GD SDUWtFXOD
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

Como a esfera é o sólido com o menor área superficial por unidade de volume, os
valores de esfericidade são sempre menores que um. Logicamente, a esfericidade de
uma esfera é 1.

A equação (6.59) pode ser colocada na seguinte forma:

iUHD GD HVIHUD
iUHD GD SDUWtFXOD ' (6.60)

Combinando (6.60) e (6.58), obtem-se uma expressão para avaliação da área


superficial de um leito composto por partículas não esféricas. Tem-se:

6
D ' (1 & ) (6.61)
G

Exemplo- Estime a esfericidade das partículas de um minério de ferro tipo FKDSLQKD.


As suas dimensões aproximadas são vistas na figura abaixo. O formato da
partícula foi simplificado para facilitar os cálculos.

PP

PP PP

Solução- Inicialmente, calcula-se o volume da partícula de minério de ferro:

9 S ' 15 [ 10 [ 4 ' 600 PP 3

A área superficial da partícula é:

$ S ' (15 [ 10 % 10 [ 4 % 15 [ 4) [ 2 ' 500 PP 2


(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

A área acima corresponde à área das seis superfícies laterais da partícula.

Determina-se agora a área superficial da esfera de mesmo volume da partícula. O raio


da esfera de mesmo volume é calculado igualando-se o volume da partícula à equação
para cálculo de volume da esfera:

4
9 ' 5 3 ' 600 PP 3
3

A solução da equação acima fornece:

1
3 [ 600
5 ' 3
' 5,23 PP
4

Calcula-se agora a área superficial da esfera com raio de 5,23 mm:

$HVIHUD ' 4 5 2 ' 344 PP 2

Logo, a esfericidade da partícula de minério de ferro será dada por:

$HVIHUD 344
' ' 0,688
$S 500

Na equação (6.61), o diâmetro d corresponde ao diâmetro da esfera de mesmo volume


da partícula. Como a determinação desse diâmetro é trabalhosa, costuma-se trabalhar
com o tamanho da partícula definido em termos de aberturas das peneiras onde as
partículas são tratadas. Dessa forma, pode-se também considerar situações onde o
tamanho das partículas não seja uniforme. Nesse caso, define-se um tamanho médio
a partir da análise granulométrica. Essa abordagem é a mesma usada em Tratamento
de Minérios.

Quando se tem partículas não esféricas, com uma certa distribuição granulométrica,
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

o valor do tamanho médio das partículas é determinado através da seguinte relação:

1
G ' (6.62)
L' Q
(%L) /100
j
L' 1 GL

onde:
n = número de peneiras usadas no peneiramento e onde ficou material retido;
d = diâmetro das partículas;
di = diâmetro médio do material retido na peneira i;
(% i) = porcentagem de material retido na peneira i.

O diâmetro médio do material retido na peneira i é determinado através da média


geométrica da abertura da peneira onde o material ficou retido e da peneira
imediatamente superior, por onde o material passou. A média geométrica é calculada
pela raiz quadrada do produto das aberturas dessas peneiras.

O exemplo abaixo ilustra o cálculo do tamanho médio de partículas a partir de sua


análise granulométrica.

Exemplo- A tabela abaixo apresenta a análise granulométrica de um minério de ferro.


A partir destes dados, determine o tamanho médio do minério.

Abertura das peneiras (mm) Porcentagem retida (%)


Superior Inferior
25,4 19,1 0,44
19,1 15,9 2,27
15,9 12,7 18,37
12,7 6,3 68,66
6,3 4,8 5,95
4,8 1 4,31
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

Solução- Com os dados da tabela acima, pode-se construir a tabela a seguir:

Abertura das peneiras (mm) Tamanho médio do Porcentagem


(%L / 100)
material retido (mm) retida (%) GL
Superior Inferior

25,4 19,1 22,03 0,44 0,0002


19,1 15,9 17,43 2,27 0,0013
15,9 12,7 14,21 18,37 0,0129
12,7 6,3 8,94 68,66 0,0768
6,3 4,8 5,5 5,95 0,0108
4,8 1 2,19 4,31 0,0197
3 = 0,1217
Diâmetro médio = d = 8,215 mm

Com os desenvolvimenos e definições acima, pode-se finalmente determinar relações


para estimativa da queda de pressão em leitos atravessados por gases.

O tratamento para escoamento em leitos é feito a partir do conceito de diâmetro


hidráulico equivalente. Para tal, basta imaginar um leito de partículas como sendo um
duto de formato bastante irregular, através do qual o gás vai escoar.

Lembrando da definição do diâmetro hidráulico equivalente, tem-se:

$
'K ' 4 (6.43)
30

onde A representa área da seção transversal por onde o fluido escoa e PM o perímetro
molhado.

Resta agora traduzir as variáveis acima em função das características do leito. Para
tal, multiplicar-se-á o denominador e o numerador da equação acima pela altura do
leito, L. Tem-se:
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

$ /
'K ' 4 (6.63)
30 /

Analisando a equação acima, constata-se que o produto A L corresponde ao volume


disponível para o gás passar. Em um leito, esse volume é o volume de vazios. No
denominador, o produto PM L corresponde à área molhada, que é a área de contato do
gás com as partículas (a área de contato com as paredes do recipiente que contem o
leito é muito pequena comparada com a área superficial das partículas). A área de
contato gás-partículas é a área superficial destas partículas (despreza-se as áreas de
contato entre as partículas). Pode-se, então, colocar a equação (6.63) na seguinte
forma:

YROXPH GH YD]LRV
'K ' 4 (6.64)
iUHD VXSHUILFLDO GDV SDUWtFXODV

Dividindo agora a equação (6.64) pelo volume do leito, tem-se:

YROXPH GH YD]LRV
YROXPH GR OHLWR
'K ' 4 (6.65)
iUHD VXSHUILFLDO GDV SDUWtFXODV
YROXPH GR OHLWR

Combinando a equação acima com as expressões (6.52) e (6.61), pode escrever a


equação acima na seguinte forma:

2 G
'K ' 4 ' (6.68)
6 3 (1 & )
(1 & )
G

A equação (6.68) expressa o diâmetro hidráulico equivalente de um leito em função de


suas características. De posse da equação acima, pode-se utilizar as expressões de
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

queda de pressão em tubos para os regimes laminar e turbulento e expressá-las em


função do diâmetro hidráulico equivalente do leito.

5HJLPHODPLQDU

A equação (4.126) permite estimar a queda de pressão de um gás com escoamento


laminar em um tubo, em função da velocidade média do gás. Desprezando a força da
gravidade (para gases, isso é razoável devido à sua baixa densidade), pode-se
escrever a equação (4.126) da seguinte forma, já em termos do diâmetro hidráulico
equivalente:

30 & 3 / 8 µ 9 32 µ 9
' ' (6.69)
/ 2
5K 'K
2

Substituindo a definição do diâmetro hidráulico equivalente (equação (6.68)), obtem-se:

30 & 3 / 32 µ 9 32 µ 9
' ' (6.70)
/ 'K
2
2 G
2

3 (1 & )

30 & 3 / 72 µ 9 (1 & )2
' (6.71)
/ 2
G2 2

Os valores de queda de pressão previstos pela equação acima foram comparados com
dados experimentais. Foi constatado que os efeitos das variáveis estava correto;
entretanto, a constante que melhor se ajustava aos resultados era 150 ao invés de 72.
Isso certamente se deve ao fato do caminho percorrido pelo gás ser mais longo que
a altura do leito, L, considerada na avaliação da queda de pressão. Dessa forma, a
equação que é utilizada para estimativa de quedas de pressão em leito de partículas
com escoamento laminar é:
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

30 & 3 / 150 µ 9 (1 & )2


' (6.72)
/ 2
G2 2

A expressão acima é conhecida como equação de Blake-Kozeny.

É ainda comum substituir a velocidade do gás através do leito, V, pela chamada


velocidade a vazio, Vo, expressa através da seguinte equação:

9R
9 ' (6.73)

A velocidade a vazio seria a velocidade do gás se toda a seção transversal do leito


estivesse disponível para o seu escoamento. Substituindo (6.73) em (6.72), obtem-se
finalmente:

30 & 3 / 150 µ 9R (1 & )2


' (6.74)
/ 3
G2 2

5HJLPHWXUEXOHQWR

A equação (6.27) possibilta estimar a queda de pressão de um gás com escoamento


turbulento em um tubo. Esta equação pode ser escrita da seguinte forma, já em função
do diâmetro hidráulico equivalente:

(30 & 3/) 1


' 2 92 I (6.75)
/ 'K

Substituindo a definição do diâmetro hidráulico equivalente (equação (6.68)), obtem-se:


(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

(30 & 3 /) 2 92 I 3 9 2 (1 & )


' ' I (6.76)
/ 2 G G
3 (1 & )

O fator de fricção para leitos foi avaliado experimentalmente e o valor obtido foi:

1,75
I ' (6.77)
3

Substituindo esse valor em (6.76) e já usando a definição de velocidade a vazio,


obtem-se:

2
(30 & 3/) 1,75 9R (1 & )
' (6.78)
/ 3
G

A expressão acima é conhecida como equação de Burke-Plummer e permite estimar


a queda de pressão de um gás ao atravessar um leito, em condições onde o
escoamento seja turbulento.

No final da década de 1940, Ergun unificou as expressões de Blake-Kozeny e Burke-


Plummer, mostrando que a queda de pressão em leitos era composta de duas
contribuições: uma associada aos atritos viscosos, que predominava na região laminar,
e outra, associada aos efeitos de inércia, que predominava no regime turbulento. Na
realidade, a queda de pressão do gás ao longo de toda a faixa de regimes de
escoamento pode ser expressa pela soma da equações de Blake-Kozeny e Burke-
Plummer. Logo:

2
30 & 3 / 150 µ 9R (1 & )2 1,75 9R (1 & )
' % (6.79)
/ 3
G2 2 3
G
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

Essa equação é conhecida como equação de Ergun e pode ser usada para determinar
a queda de pressão em leitos, sendo válida para os regimes laminar e turbulento.

Pela equação acima, observa-se que os parâmetros que favorecem uma diminuição
da queda de pressão do gás ao atravessar o leito (tornam o leito mais permeável) são:
- maior fração de vazio, ;
- maior diâmetro médio das partículas,d;
- maior esfericidade, ;
- menores viscosidade, µ ; densidade, , e velocidadedo gás, Vo.

5()(5Ç1&,$6

1- R.B.BIRD; W.E. STEWART; E.N. LIGHTFOOT. Transport Phenomena. John Wiley


& Sons., New York, 1960, 780 p.
2- R.I.L. GUTHRIE. Engineering in Process Metallurgy. Oxford Science Publications,
Oxford, 1992, 528 p.
3- W.P. JONES; B.E. LAUNDER. The prediction of laminarization with a two-equation
model of turbulence. International Journal of Heat and Mass Transfer, Vol. 15, 1972,
p. 301-314.
4- G.A.V.FILHO. Modelagem matemática e física do desgaseificador a vácuo RH da
Companhia Siderúrgica de Tubarão - CST. Tese de Mestrado - UFMG, 2000, 159
p.
5- R.P. TAVARES; L.F.A. CASTRO. Modelagem matemática do escoamento de fluido
e transferência de calor em um distribuidor de lingotamento contínuo. In: 54
Congresso Anual da ABM, São Paulo, 1999, p. 544-554.
6- X. HUANG; B.G. THOMAS. Modeling of transient flow phenomena in continuous
casting of steel. Computational Fluid Dynamics and Heat/Mass Transfer Modeling
in the Metallurgical Industry, 1996, p. 129-145.
7- J. SZEKELY; N.J. THEMELIS. Rate Pheomena in Process Metallurgy. Wiley
Interscience, New York, 1970, 784 p.
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

8- D.R. GASKELL. An Introduction to Transport Phenomena in Materials Engineering,


Macmillan Publishing Company, 1992, 637 p.
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

(;(5&Ë&,26

1- Calcular a velocidade terminal de ascensão de uma inclusão com 20 µm de


diâmetro, sólida, em aço líquido estagnante.
Dados:
INCLUSÃO = 2,7 x 10-3 kg/m3
AÇO = 7,1 x 103 kg/m3
µAÇO = 5,5 x 10-3 kg/m.s

A inclusão pode ser considerada esférica. Verificar a validade dos cálculos.

2- Uma técnica empregada para determinar a viscosidade de fluidos consiste em medir


a velocidade estacionário de uma esfera que cai dentro do fluido. Determinar, então,
a viscosidade do fluido onde foram obtidos os seguintes dados:
DESFERA = 1 cm;
ρ = 1,261 g/cm3;
ρESFERA = 7,1 g/cm3.
Sabe-se, também, que no período de velocidade constante, a esfera percorre 2 metros
em 7 segundos.

3- Uma esfera de aço ôca, com 5 mm de diâmetro e massa de 0,05 g é solta na


superfície de uma coluna de líquido e atinge uma velocidade terminal de 0,5 cm/s.
A densidade do líquido é 0,9 g/cm3 e a aceleração da gravidade no local é 980,7
cm/s2. A esfera está bem afastada das paredes do duto.
Determinar:
- força de arraste;
- fator de fricção;
- viscosidade do fluido.

4- Calcular a esfericidade de um cubo com dois centímetros de lado.


(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

5- Calcular o diâmetro médio do material que apresenta a seguinte análise


granulométrica:

Abertura das peneiras (mm) Porcentagem


Superior Inferior retida (%)

25,4 19,1 0,22


19,1 15,9 4,3
15,9 12,7 15,36
12,7 6,4 72,95
6,4 4,8 3,89
4,8 1 3,28

6- Uma esfera de aço (raio = 8,87 cm) é jogada em escória líquida para determinar a
viscosidade desse fluido. A densidade do aço é duas vezes maior que a da escória
e a velocidade terminal da esfera é 1,524 m/s (determinada experimentalmente).
Calcular a viscosidade cinemática da escória.

7- Gás atravessa um leito de seção quadrada de 3,048 m de lado e 14,11 m de


comprimento. As pressões de entrada e saída do gás são 104 109,97 e 103 420,5
N/m2, respectivamente. A vazão mássica de ás é 90,72 kg/h.
Avaliar a fração de vazio do leito (entre 0 e 0,6) para as condições abaixo:
- diâmetro de partícula = 3,048 cm
- viscosidade do gás = 2,067 x 10-5 kg/m . s.
- densidade do gás = 0,12 kg/m3 (densidade média).

8- Calcular a diferença de pressão necessária para fazer água subir em um tubo


vertical de 10 m de comprimento a uma vazão de 0,5 l/s. O diâmetro do tubo é de
1,5 cm e sua rugosidade de 0,1 mm.

9- Avaliar a vazão de água em um tubo horizontal de 1 polegada de diâmetro, ao longo


do qual foi medida uma diferença de pressão de 50 000 Pa. A rugosidade do tubo
é de 0,5 mm. O comprimento do tubo é 5 m.
(VFRDPHQWR7XUEXOHQWRH5HVXOWDGRV([SHULPHQWDLV

5HVSRVWDVGRV([HUFtFLRV

1- Velocidade = 1,74 x 10-4 m/s


2- Viscosidade = 0,783 Pa.s
3- a- Força de arraste = 5,773 x 10-4 N b- f = 395,05 c- Viscosidade = 0,37 Pa.s
4- Esfericidade = 0,806
5- Diâmetro médio = 8,549 mm
6- Viscosidade cinemática = 0,0027 m2/s
7- Fração de vazio = 0,1089
8- Diferença de pressão = 191.121,8 Pa
9- Q = 1,633 l/s.
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 261

%$/$1d26*/2%$,612(6&2$0(172'()/8Ë'26,627e50,&26

Na maioria dos problemas de engenharia que envolvem o escoamento de fluidos, um


dos objetivos (talvez o mais importante) é obter uma relação entre a vazão volumétrica
do fluído e os fatores que causam o seu escoamento, tais como diferença de pressão,
gravidade e forças eletromagnéticas.

Para obtenção da relação mencionada acima, dois métodos podem ser utilizados: o
microscópio e o macroscópio. No método microscópico, ilustrado esquematicamente
na figura 7.1a, o volume de controle é infinitesimal e é localizado longe das fronteiras
do sistema. A aplicação desse método resulta em equações diferenciais e os
parâmetros fisicamente observáveis, tais como a entrada e saída de fluido e condições
nas superfícies de contorno, entram como condições de contorno do problema. Esse
foi o método de estudo aplicado nos capítulos 4 e 5.

Entrada Saída

Elemento infinitesimal
a)

Entrada Elemento de volume Saída

b)

Figura 7.1- Elementos de volume para as abordagens: a) microscópica e b)


macroscópica para um problema de escoamento de fluídos.
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 262

No caso da abordagem macroscópica, ilustrada na figura 7.1b, o volume de controle


é tomado como sendo o volume total do sistema e, portanto, as condições de entrada
e saída são incluídas nas equações básicas.

Em geral, o estabelecimento do balanço global (tratamento macroscópico) resulta em


equações algébricas para sistemas no estado estacionário e equações diferenciais de
primeira ordem no estado não-estacionário. Este método simplifica consideravelmente
as manipulações matemáticas necessárias, mas as soluções resultantes fornecem
menos informações a respeito do sistema.

O método macroscópico foi empregado no capítulo 6, quando se desenvolveu


balanços globais de forças aplicados ao escoamento de fluidos em dutos (escoamento
interno) e em torno de objetos (escoamento externo). Neste capítulo, continuar-se-á
a empregar a abordagem macroscópica, mas agora para no estabelecimento de
balanços globais de massa e energia aplicados ao escoamento de fluidos em dutos.
As ferramentas que serão desenvolvidas neste capítulo têm aplicação prática muito
grande nas engenharias de modo geral e, em particular, na engenharia metalúrgica.

%DODQoRJOREDOGHPDVVD

Para desenvolvimento do balanço global de massa será considerado o sistema visto


na figura 7.2.

No estabelecimento do balanço global de massa, o primeiro passo consiste em


selecionar dois planos de referência, entre os quais será estabelecido o balanço. Na
figura 7.2, estes planos de referência estão indicados pelas linhas tracejadas e são
perpendiculares às paredes do tubo.
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 263

2 A2, V2 , ρ
2

A1, V1, ρ
1 1

Massa total, m
T

Figura 7.2 – Sistema para desenvolvimento do balanço global de massa.

No desenvolvimento do balanço global de massa serão feitas ainda as seguintes


suposições:
6 as velocidades médias nos planos 1 e 2 são paralelas às paredes do duto;
6 a densidade e outras propriedades físicas não variam ao longo da seção
transversal nos planos 1 e 2.

A equação de conservação de massa estabelece que:

[7D[D WRWDO GH HQWUDGD GH PDVVD] & [7D[D WRWDO GH VDtGD GH PDVVD] '

' [7D[D WRWDO GH DFXPXODomR GH PDVVD] (7.1)

Em símbolos essa equação se torna:


%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 264

G P7
$1 1 91 & $2 2 92 ' (7.2)
GW

sendo:

A1, A2 = áreas das seções transversais nos planos 1 e 2;


1, 2 = densidades do fluido nos planos 1 e 2;
V1, V2 = velocidades médias do fluido nos planos 1 e 2;
mT = massa total de fluido no sistema;
t = tempo.

Pode-se, também, definir a seguinte variável:

@
P' $ 9 (7.3)

que representa a vazão de massa de fluído em um dado plano.

Com o uso dessa variável, a equação (7.2) se transforma em:

@ @ G P7
P1 & P2 ' (7.4)
GW

No estado estacionário:

G P7
' 0 (7.5)
GW

e assim obtém-se:
@ @
P1 & P2 ' 0 (7.6)
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 265

Exemplo- Aço líquido é vazado de uma panela através de um bocal colocado no


seu fundo. O diâmetro desse bocal é 7,62 cm. Calcular o tempo
necessário para esvaziar a panela. Considerar que a velocidade do aço
no bocal pode ser relacionada com a altura de aço na panela através da
seguinte equação:

9ERFDO ' 2 J K

onde h = altura de metal na panela;


Dados:
6 diâmetro da panela: 3,0 m;
6 altura inicial de líquido: 3,3 m;
6 densidade do aço: 7000 kg/m3.

Solução- A situação em estudo pode ser vista esquematicamente na figura abaixo:

D
P

Aço líquido h

2 Bocal

O plano de referência 1 é colocado na superfície do aço líquido na panela e o plano 2


%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 266

é colocado na saída do bocal de vazamento.

Assim:

@
P1 ' 0

A equação do balanço de massa pode, então, ser colocada na seguinte forma:

@ G P7
& P2 '
GW

Mas sabe-se que:

@
P 2 ' $2 2 92

Usando a expressão para velocidade média no bocal, tem-se:

@
P 2 ' $2 2 2 J K

Considerando que a densidade do aço seja constante em todo o sistema, pode-se


escrever a sequinte equação para a massa total de aço na panela: :

P 7 ' $3 K

onde Ap é a área da seção transversal da panela (considerada constante ao longo da


altura da panela).

Diferenciando a equação para a massa de aço na panela, obtem-se:

G P 7 ' $3 GK

Combinando-se as equações desenvolvidas acima, pode-se escrever que:


%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 267

G P7 GK @
' $3 ' & P 2 ' & $2 2 2 J K
GW GW

Separando variáveis na equação acima, tem-se:

GK $2
' & 2 J GW
K 1/2 $3

A equação acima pode ser integrada, considerando os seguintes limites:

K ' KL SDUD W ' 0

K ' 0 SDUD W ' WH

onde:
6 hi é a altura inicial de aço na panela;
6 te é o tempo de esvaziamento da panela.

A integração fornece:

0 $2 WH
2 K 1/2 K0 ' & 2 J W 0
$3

Substituindo os limites de integração, tem-se:

$2
& 2 K0 1/2 ' & 2 J WH
$3

Finalmente, o tempo de esvaziamento da panela será dado pela seguinte expressão:

1/2
$3 2 K0
WH '
$2 J
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 268

As áreas das seções transversais do bocal e da panela (considerados circulares) são


dadas, respectivamente, por:

G2
$2 '
4
2
'3
$3 '
4

Dessa forma:

2 1/2
'3 2 K0
WH '
G2 J

Substituindo dados, tem-se:

2 1/2
'3 2 K0 (3)2 2 @ 3,3
1/2
WH ' ' ' 1272 V
G2 J (0,0762)2 9,8

Esse tempo equivale aproximadamente a 21 minutos.

%DODQoRJOREDOGHHQHUJLD

Para desenvolvimento de um balanço global de energia será considerado o sistema


visto na figura 7.3.

A aplicação do princípio de conservação de energia fornece a seguinte equação:

[7D[D WRWDO GH HQWUDGD GH HQHUJLD] & [7D[D WRWDO GH VDtGD GH HQHUJLD] '

' [7D[D WRWDO GH DFXPXODomR GH HQHUJLD] (7.7)


%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 269

  ρ
$9

A1, V1, ρ
z
1 Bomba 2

z Q
1

Figura 7.3 – Sistema para aplicação do balanço global de energia.

Considerando o sistema visto na figura 7.3, pode-se colocar a equação acima na


seguinte forma:

G @
( (WRWDO ) ' & (+ % (3 % (F ) @ P % 4 % 6 5 & 0 (7.8)
GW

onde:
6 Etotal = energia total do fluido, dada pela soma das energias interna, potencial e
cinética;
6 H = entalpia do fluido por unidade de massa;
6 EP = energia potencial do fluido por unidade de massa;
6 Ec = energia cinética do fluido por unidade de massa;
@
6 P = vazão de massa de fluido no sistema;
6 Q = taxa líquida de entrada de calor no sistema;
6 M = trabalho mecânico realizado pelo fluido sobre o sistema;
6 SR = geração líquida de energia no sistema, devido a reações químicas ou outras
fontes.

Na equação acima, o operador significa (saída - entrada). Dessa forma, - vai


significar (entrada - saída).
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 270

Nesse capítulo, serão consideradas apenas situações onde se tem estado


estacionário. Nesse caso, pode-se escrever que:

G
( (WRWDO ) ' 0 (7.9)
GW

Considerando sistemas onde não ocorrem reações químicas e onde não há outras
fontes de energia, tem-se:

65 ' 0 (7.10)

Desse modo, com a transposição de termos, a equação (7.8) se torna:

@
(+ % (3 % (F ) @ P & 4 % 0 ' 0 (7.11)

A seguir, será visto como cada um dos termos acima pode ser avaliado em função de
parâmetros mensuráveis.

$YDOLDomRGRWHUPRGHHQHUJLDFLQpWLFD

A taxa de entrada de energia cinética no sistema através da área A1 (normal ao


escoamento) pode ser avaliada através da seguinte equação:

$1
@ 1 2
P 1 (F ' ( Y1 G $1) @ Y1 (7.12)
1 m 2
1
0

Considerando um duto cilíndrico, o elemento diferencial de área, dA1, será determinado


através da seguinte expressão:

G $1 ' 2 U GU (7.13)
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 271

Combinando-se as equações (7.12) e (7.13), obtem-se:

51
@ 1 2
P 1 (F ' ( Y1 2 U G U ) @ Y1 (7.14)
1 m 2
1
0

onde R1 é o raio do duto na seção 1.

Para integrar a equação acima, é importante lembrar que as velocidades do fluido


variam ao longo da seção transversal do duto. Para tal, dois casos limites serão
considerados: escoamento laminar e escoamento altamente turbulento.

D (VFRDPHQWRODPLQDU

Conforme obtido no Capítulo 4, para o escoamento laminar são válidas as seguintes


equações para o perfil de velocidades ao longo da seção transversal do duto e para
a sua velocidade média:

1 3 R & 3/ (5 2 & U 2)
Y] ' J cos % (4.116)
µ / 4

52 3 R & 3/
9 ' J cos % (4.126)
8 µ /

Combinando as duas equações acima, pode-se obter uma expressão relacionando o


perfil de velocidades com a velocidade média:

(5 2 & U 2)
Y] ' 2 9 (7.15)
52
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 272

Substituindo a equação (7.15) na expressão para a energia cinética, tem-se:

51 2
@ 1 (5 2 & U 2 ) (5 2 & U 2 )
P 1 (F ' 2 91 2 U GU @ 2 91 (7.16)
1 m 2
1
52 52
0

A integração da equação acima fornece:

@ 3 2
P 1 (F ' 1 9 1 51 (7.17)
1

(prove este resultado como um exercício).

Conforme visto acima, tem-se que:

@ 2
P1 ' 51 1 91 (7.18)

Logo, pode-se escrever que:

2
( F ' 91 (7.19)
1

A equação acima permite a determinação da energia cinética do fluido por unidade de


massa em função da sua velocidade média. Esta expressão é válida para escoamento
laminar.

E (VFRDPHQWRWXUEXOHQWR

No regime turbulento, o perfil de velocidades do fluído em uma dada seção transversal


da tubulação, é bastante diferente daquele perfil parabólico, que prevalece do regime
laminar. Isso pode ser constatado na figura 7.4.
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 273

& H Q WU R G R WX E R 3 D UH G H

R
HQW
O
UEX
7X

3 R V Lo m R UD G LD O

Figura 7.4- Comparação qualitativa entre as distribuições de


velocidade nos escoamentos laminar e turbulento(1).

Para regime altamento turbulento, observa-se que as velocidades ficam


aproximadamente constantes na região central do duto. Os gradientes de velocidade
ficam confinados a uma região bastante estreita, próxima às paredes do duto. Desse
modo, pode-se fazer a seguinte aproximação:

Y] ' 9 (7.20)

Isso significa que o valor de velocidade média representa bastante bem o perfil de
velocidades do fluido.

Combinando as equações (7.14) e (7.20), obtem-se:

51
@ 1 2
P 1 (F ' 91 2 U GU @ 91 (7.21)
1 m 2
1
0
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 274

A integração da equação acima fornece:

@ 1 3 2
P 1 (F ' 1 9 1 51 (7.22)
1
2

(prove este resultado como um exercício).

Aplicando novamente a equação (7.18), determina-se que:

1 2
(F ' 91 (7.23)
1
2

A equação acima permite a determinação da energia cinética do fluido por unidade de


massa em função da sua velocidade média, para o caso de escoamento turbulento.

As equações para regime laminar e turbulento podem ser escritas em uma mesma
forma geral, como apresentado a seguir:

1 2
(F ' 91 (7.24)
1
2 1

sendo β1= ½ para o regime laminar e β1 = 1 para o regime turbulento.

$YDOLDomRGRWHUPRGHHQHUJLDSRWHQFLDO

A energia potencial é definida em relação a um dado plano de referência arbitrário.

A taxa de entrada de energia potencial no plano 1 pode ser estimada através da


seguinte equação:

@ @
P 1 ( S ' P 1 J ]1 (7.25)
1

onde z1 é a altura do ponto médio da seção transversal do duto no plano 1, em relação


ao plano de referência.
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 275

Eliminando a vazão de massa nos dois lados da equação (7.25), tem-se a seguinte
expressão para estimativa da energia potencial por unidade de massa do fluido:

(S ' J ]1 (7.26)
1

7HRUHPDGH%HUQRXOOL

Retomando a equação geral do balanço de energia para o estado estacionário e


dividindo-a pela vazão de massa do fluido (que é constante ao longo do sistema -
princípio de conservação de massa), pode-se escrever que:

+ % (3 % (F & 4 ~ % 0 ~ ' 0 (7.27)

onde:
4
4~ ' @ (7.28)
P1

0
0~ ' @ (7.29)
P1
representam a taxa líquida de entrada de calor e o trabalho mecânico realizado pelo
fluido, ambos por unidade de massa de fluído que escoa no sistema.

Lembrando agora das definições da Termodinâmica, tem-se:

3
+ ' ( % (7.30)

onde:
6 E = energia interna por unidade de massa do fluido;
6 P = pressão do fluido.
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 276

Combinando as equações (7.27) e (7.30), obtem-se:

3
( % % (3 % (F & 4 ~ % 0 ~ ' 0 (7.31)

Considerando um comprimento infinitesimal do sistema, a equação acima pode ser


colocada na seguinte forma diferencial:

3
G( % G % G (3 % G ( F & 4~ ' 0 (7.32)

Deve-se observar que o termo M* desaparece nessa equação, pois ele está
normalmente associado a bombas ou a algum outro equipamento para transporte do
fluido. Estes equipamentos não vão existir em um elemento de volume infinitesimal.

A forma mais comum do balanço de energia aplicado ao escoamento de fluidos é


conhecida como balanço de energia mecânica (que é uma forma do teorema de
Bernoulli). Esta forma será desenvolvida a seguir.

A variação de energia interna por unidade de massa do fluido, à medida que ele passa
por um pequeno segmento do duto, é dada por (ver Termodinâmica):

1
G( ' 4 ~ & 3 G % (I (7.33)

onde Ef é a energia mecânica por unidade de massa do fluído que é convertida em


calor devido à fricção. A equação (7.33) vem da primeira lei da Termodinâmica.

Lembrando das regras de derivação, tem-se:

3 1 1
G ' 3 G % GS (7.34)
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 277

Combinando (7.32), (7.33) e (7.34), obtem-se:

1 1 1
4~ & 3 G % (I % 3 G % G S % G ( 3 % G (F & 4~ ' 0 (7.35)

Cancelando termos, tem-se:

1
G S % G (3 % G ( F % (I ' 0 (7.36)

A integração dessa equação ao longo de todo o sistema (com o termo M* aparecendo


novamente) fornece a chamada Equação de Bernoulli, numa forma que pode ser
aplicada à maioria dos problemas de escoamento de fluídos:

2 2 2
1 92 91
G S % J (]2 & ]1) % & % 0 ~ % (I ' 0 (7.37)
m 2 2 2 1
1

Deve-se observar que a equação acima está escrita em termos da unidade de massa
do fluído que está escoando.

O termo Ef acima está associado às perdas por fricção ao longo da tubulação.

A equação (7.37) pode ser escrita em duas formas básicas, dependendo do fluído que
está escoando. Uma delas aplicada a fluidos incompressíveis. Nesse caso, é
constante ao longo do sistema e pode passar para fora da integral, resultando em:

2 2
32 & 31 92 91
% J (]2 & ]1) % & % 0 ~ % (I ' 0 (7.38)
2 2 2 1
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 278

A outra forma é aplicada a fluidos compressíveis. Considerando o caso de um gás


ideal isotérmico, pode-se obter a seguinte equação para avaliação da densidade em
função da pressão:

3 @ 30
' (7.39)
5 @ 7

onde PM é a massa molecular do gás. (Demonstre esta equação a partir da lei dos
gases ideais.)

Substituindo (7.39) em (7.37) e integrando, obtem-se:

2 2
5 @ 7 32 92 91
ln % J (]2 & ]1) % & % 0 ~ % (I ' 0 (7.40)
30 31 2 2 2 1

As expressões (7.38) e (7.40) são as formas mais comuns da equação de Bernoulli.

$YDOLDomRGDVSHUGDVSRUIULFomR

Para aplicação prática das equações (7.38) e (7.40), torna-se necessário desenvolver
métodos de estimativa das perdas por fricção, Ef, nas várias partes de um sistema por
onde o fluido escoa.

Logicamente, as perdas por fricção poderiam ser determinadas experimentalmente


medindo-se todas as outras grandezas que aparecem nas equações (7.38) ou (7.40),
e deixando apenas o seu valor como incógnita nas equações. Entretanto, o que
normalmente se procura fazer é estimar Ef a partir das características do sistema e
usar as expressões acima para determinar uma outra quantidade, tal como o trabalho
necessário para bombear o fluido a uma dada velocidade ao longo da tubulação. Esse
item é, então, dedicado à avaliação das perdas por fricção que ocorrem nas diversas
partes de um sistema onde ocorre escoamento de um fluído.
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 279

3HUGDVSRUIULFomRHPGXWRVUHWRV

Será considerado inicialmente o caso de um fluído de densidade constante escoando


a uma dada velocidade em um duto horizontal, conforme mostrado na figura 7.5.

Pressão P Pressão P
1 2

Figura 7.5- Fluido escoando em um duto horizontal com seção


transversal constante.

Assumindo que o fluído escoa devido a uma diferença de pressão, pode-se


estabelecer através do balanço de forças que:

) . ' (31 & 32) @ $ (7.41)

onde:
FK = força de atrito entre o fluído e a parede do duto;
P1 - P2 = diferença de pressão entre os pontos 1 e 2 (o fluido escoa do ponto 1 para o
2);
A = área da seção transversal do duto.
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 280

A equação acima é estabelecida considerando que quando o fluído escoa com


velocidade constante, o somatório de forças atuando sobre ele é nulo.

Aplicando-se agora um balanço de energia para o fluído escoando no sistema visto na


figura 7.5, obtem-se:

32 & 31
% (I ' 0 (7.42)

Para se chegar à equação acima, considerou-se que o duto tem seção transversal
constante (assim 92 ' 91 ), está na posição horizontal ( ]1 ' ]2 ) e que não há
equipamentos para transporte do fluido entre os pontos 1 e 2 (M* = 0).

Combinando as equações (7.41) e (7.42), tem-se:

).
(I ' (7.43)
@ $

Do Capítulo 6, tem-se que a força de atrito entre o fluido e as paredes do duto pode
ser expressa através da seguinte equação:

1
)N ' ( ' /) ( 9 2) I (6.26)
2

Para um duto de seção transversal circular, tem-se:

'2
$ ' (7.44)
4

Combinando-se as equações (7.43), (6.26) e (7.44), pode-se obter uma expressão para
estimativa das perdas de energia por fricção em seções retas de tubulações:
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 281

1
( ' /) ( 9 2) I
2 / 2
(I ' ' 2 I 9 (7.45)
'2 '
4
(Demonstre que uma equação idêntica à expressão acima seria obtida se fosse
considerado um duto vertical.)

A equação (7.45) acima pode também ser usada para dutos não circulares, bastando
substituir o diâmetro D pelo diâmetro hidráulico euivalente, definido pela equação
(6.43).

Exemplo: Um ventilador sobra ar ao longo de um duto retangular com as seguintes


dimensões: seção: 0,20 m x 0,30 m e comprimento de 50,0 m. O ar entra
a 20ºC e 750 mm Hg de pressão. A vazão de ar ao longo da tubulação é:
0,5 m3/s. Considerar duto hidraulicamente liso (rugosidade = 0) e na posição
horizontal. Qual deve ser a potência do ventilador para obter a vazão acima,
considerando que na saída o ar está à mesma temperatura e pressão da
entrada?

Solução- O sistema sendo analisado é visto esquematicamente na figura abaixo.

50 m

2 1

ar

Nesse caso, apesar de se estar soprando um gás, como a temperatura e a pressão


%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 282

não variam, pode-se considerar a forma da equação de Bernoulli aplicada a um fluido


incompressível (ρ constante). Tem-se:

2 2
32 & 31 92 91
% J (]2 & ]1) % & % 0 ~ % (I ' 0
2 2 2 1

Como as pressões são as mesmas nos pontos 1 e 2, tem-se que:

32 ' 31

Por se tratar de um conduto horizontal, tem-se:

]2 ' ]1

O ventilador capta o ar que está em repouso, logo:

91 ' 0

Com essas considerações, a equação de Bernoulli fica reduzida à:

2
92
% 0 ~ % (I ' 0
2 2

Para determinar M* resta, então, avaliar a velocidade no ponto 2 e Ef.

Para calcular a velocidade no ponto 2 e Ef é necessário conhecer a densidade do ar,


a área da seção transversal do duto e o número de Reynolds para esse escoamento.

A densidade do ar pode ser calculada através da seguinte relação:

3 @ (30)
'
5 @ 7
sendo:

3 ' 750 PP +J ' 0,9868 DWP ' 0,9868 [ 101330 3D ' 99 992,44 3D

7 ' 20 % 273 ' 293 .

(30 ) ' 0,02884 NJ / PRO

5 ' 8,31 - / PRO


%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 283

Substituindo valores, obtem-se:

3 @ (30) 99 992,44 @ 0,02884


' ' ' 1,1844 NJ / P 3
5 @ 7 8,31 @ 293

A área da seção transversal do duto é:

$ ' 0,2 @ 0,3 ' 0,06 P 2

Assim, a velocidade no ponto 2 é:

4 0,5
92 ' ' ' 8,33 P / V
$ 0,06

Para determinar o número de Reynolds, ainda é necessário conhecer a viscosidade


do ar e o diâmetro hidráulico equivalente da tubulação.

A viscosidade do ar nessa temperatura é:

µ ' 1,8 [ 10&5 NJ / P.V

(Relembre o cálculo de viscosidade de gases no Capítulo 3).

O diâmetro hidráulico equivalente é calculado através da seguinte equação:

2 @ 0,2 @ 0,3
'K ' ' 0,24 P
(0,2 % 0,3)

Com esses valores, pode-se calcular o número de Reynolds:

'K @ 92 @ 0,24 @ 8,33 @ 1,1844


5H ' ' ' 131 547,36
µ 1,8 [ 10&5
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 284

Como a tubulação é hidraulicamente lisa, pode-se determinar o fator de fricção a partir


da equação (6.42) do Capítulo 6, usando ε = 0:

Assim, as perdas por fricção são dadas por:

/ 2 50
(I ' 2 I 9 ' 2 @ 0,0042 @ @ (8,33)2 ' 121,43 P 2 / V 2
'K 0,24

Voltando à equação de Bernoulli e transpondo termos, obtem-se:

2
92
0~ ' & & (I
2 2

Como o fluxo é altamente turbulento (Re >> 2100), 2 ï 1, logo:

(8,33) 2
0~ ' & & 121,43 ' & 156,13 P 2 / V 2
2 @ 1

O valor de M* é negativo pois ele representa o trabalho feito pelo fluido sobre o
sistema. Nesse caso é o sistema (ventilador) que realiza trabalho sobre o fluído.

O valor (-M*) representa o trabalho feito pelo ventilador por unidade de massa do fluido
sendo transportado. Logo:

|0| ' |0 ~| @ 4 @ ' 156,13 @ 0,5 @ 1,1844 ' 92,46 :

Usando o fator de conversão (veja Capítulo 2), obtém-se:

92,46
|0| ' ' 0,124 KS
745,7
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 285

3HUGDVSRUIULFomRHPH[SDQVmRHFRQWUDomR

As perdas por fricção associadas à presença de expansões ou contrações ao longo


das tubulações são normalmente calculadas através de correlações empíricas, usando
um parâmetro denominado fator de perda por fricção, ef .

Essas perdas são estimadas através da seguinte relação:

1 2
(I ' HI 9 (7.46)
2

O parâmetro ef é determinado através de correlações experimentais, que expressam


o seu valor em função do tipo de expansão ou contração (repentina ou gradual), da
relação das áreas antes e após a contração/expansão e do valor do número de
Reynolds.

D &RQWUDo}HV

A figura 7.6 mostra esquematicamente uma contração repentina em uma tubulação.

Para o caso de contrações repentinas (como a que é vista na figura 7.5) e regime

CONTRAÇÃO

Figura 7.6- Vista esquemática de uma contração.


%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 286

altamente turbulento, o valor do fator de perda por fricção pode ser avaliado através
da seguinte equação:

H I ' 0,45 (1 & ) (7.47)

onde α é definido pela seguinte expressão:

iUHD GD PHQRU VHomR WUDQVYHUVDO GD WXEXODomR


' (7.48)
iUHD GD PDLRU VHomR WUDQVYHUVDO GD WXEXODomR

Quando se usa a equação (7.47) para previsão do fator de perda por fricção, a
velocidade que aparece na equação (7.46) deve ser estimada usando a área da seção
após a contração (menor área).

Para o caso de contrações, além da relação de áreas expressa através do parâmetro


α, o acabamento dado à região de transição da maior para a menor seção também vai
afetar o valor do fator de perda por fricção. Este efeito é visto na figura 7.7.

Figura 7.7- Correção nos valores de ef em função do


acabamento da contração.
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 287

Como se vê na figura, o arredondamento da região de entrada da contração faz com


que o fator de perda por fricção seja 1/3 daquele previsto para quinas YLYDV (equação
(7.47)).

Em outros textos(2,3) existem mais correlações para previsão dos valores de ef em


diversas configurações de contração e para diversos números de Reynolds.

E ([SDQVmR

Para uma expansão repentina e escoamento altamente turbulento, o fator de perda por
fricção pode ser estimado a partir da seguinte correlação:

HI ' (1 & )2 (7.49)

Quando se usa a equação acima para avaliação do fator de perda por fricção, a
velocidade que aparece na equação (7.46) deve ser estimada usando a área da seção
antes da expansão (menor área).

Os valores de ef no caso de expansões se aplicam igualmente bem a todos os tipos


de acabamentos dados na região de transição da menor para a maior seção (exceto
para expansões graduais, como será visto a seguir), uma vez que a formação de
vórtices depois das expansões não se altera se as quinas são ou não arredondadas.

Para escoamento através de expansões graduais, as perdas por fricção são


significativamente reduzidas, devido à eliminação de vórtices. Resultados
experimentais mostram que, para esse caso, ef é função do ângulo de abertura e da
relação das áreas A1/A2, como se vê na figura 7.8.
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 288

Figura 7.8 - Valores de fator de perda por fricção para expansões


graduais e escoamento turbulento(1).

3HUGDVSRUIULFomRHPYiOYXODVHFRQH[}HV

Para avaliar as perdas por fricção para escoamento através de válvulas e conexões,
utiliza-se a técnica do comprimento equivalente. As perdas por fricção são, então,
dadas pela seguinte relação:

/H 2
(I ' 2 I 9 (7.50)
'

onde:
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 289

f= fator de fricção avaliado para um número de Reynolds de um tubo com o mesmo


diâmetro da válvula ou da conexão;
Le = comprimento equivalente da válvula ou conexão. É o comprimento do tubo (de
mesmo diâmetro da conexão ou válvula) que causaria a mesma perda por fricção
provocada pela válvula ou conexão.

É interessante observar que a equação (7.50) é similar à expressão (7.45), usada para
prever perdas por fricção em seções retas de tubulações.

Os valores da relação Le/D para alguns tipos de conexão e válvulas são fornecidos na
tabela 7.1.

TABELA 7.1- Relação Le/D para alguns tipos de válvulas e conexões.

COMPONENTE Le/D
Joelho de 45º 15
Joelho de 90º, raio 31
Joelho de 90º, raio médio 26
Joelho 90º, quadrado 65
Retorno de 180º 75
Válvula gaveta, aberta 7
Válvula gaveta, ¼ 40
Válvula gaveta, ½ 190
Válvula gaveta, ¾ 840
Uniões Desprezível

Os dados mostrados na tabela 7.1 são válidos para escoamento turbulento.

Quando se tem no mesmo sistema várias válvulas e conexões, os comprimentos


equivalentes (Le/D) de todas elas são somados e a equação (7.50) é utilizada para
obter as perdas por fricção.
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 290

Exemplo- Qual é a potência necessária para bombear a água através do sistema


mostrado na figura abaixo? Água ( = 1000 kg/m3 e µ = 1 cP) deve ser
descarregada no tanque superior com uma vazão de 6 x 10-3 m3/s. Toda a
tubulação tem diâmetro interno de 10,16 cm (4 polegadas). A rugosidade da
tubulação é 0,1 mm.

o o
Joelho de 90 Joelho de 90
raio padrão raio padrão
24,384 m
12,192 m
2
36,576 m

Bomba
91,44 m
o
Joelho de 90
raio padrão
1,524 m

1
0,1m Caixa d´água

Solução- Os pontos 1 e 2 assinalados na figura serão tomados como base para o


balanço de energia. Como a água é um fluído incompressível, a equação de
Bernoulli aplicada ao sistema em estudo pode ser colocada na seguinte
forma:

2 2
32 & 31 92 91
% J (]2 & ]1) % & % 0 ~ % (I ' 0
2 2 2 1

Para os pontos escolhidos para o balanço, tem-se:

32 ' 31 ' 3DWPRVIpULFD


%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 291

]2 & ]1 ' (1,524 % 36,576 & 12,192) ' 25,908 P

Para se calcular a variação de energia cinética e as perdas por fricção, deve-se


determinar as velocidades nos pontos 1 e 2 e ao longo da tubulação. Para tal, usa-se
a vazão fornecida. O balanço global de massa estabelece que:

$1 1 91 ' $2 2 92 ' $GXWR GXWR 9GXWR

Como a densidade da água é constante, tem-se:

4 ' $1 91 ' $2 92 ' $GXWR 9GXWR

As seções transversais no ponto 2 e ao longo da tubulação são as mesmas, logo as


velocidades da água nestas duas regiões serão iguais. Considerando também que a
área do reservatório (ponto 1) é bem maior que a do ponto 2 (saída da tubulação),
pode-se, para efeito de estimativa da variação de energia cinética, assumir que:

91 < < < 92

sendo, portanto, desprezível.

Usando o diâmetro da tubulação, pode-se calcular a área no ponto 2 e ao longo do


duto:

2
'GXWR (0.1016)2
$2 ' $GXWR ' ' ' 0,0081 P 2
4 4

Logo, as velocidades ao longo da tubulação e no ponto 2 são:

4
92 ' 9GXWR ' ' 0,74 P/V
$GXWR

Deve-se agora determinar o valor de β2. Isto é feito avaliando-se o número de Reynolds
no ponto 2, para saber se o escoamento é laminar ou turbulento. Tem-se:
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 292

'GXWR @ 92 @ 0,1016 @ 0,74 @ 1000


5H ' ' ' 75 184
µ 0,001

Como Re > 2100, o escoamento é turbulento e β2 é, então, igual a 1.

Pode-se agora avaliar a variação da energia cinética entre os pontos 1 e 2:

2 2
92 91 (0,74) 2
& ' & 0 ' 0,274 P 2/V 2
2 2 2 1 2 @ 1

Para se determinar a potência da bomba, é, ainda, necessário estimar as perdas de


energia por fricção entre os pontos 1 e 2. Ao longo do trajeto entre estes dois pontos,
tem-se perdas associadas à:
- contração na entrada do duto que está no interior do reservatório;
- fricção ao longo das seções retas de tubulação;
- fricção nos 3 joelhos de 90o.

a) Perda associada à contração

Conforme visto acima, esta perda é estimada a partir da seguinte equação:

1 2
(I ' HI 9GXWR
2

sendo que, para contrações repentinas, ef é dado por:

H I ' 0,45 (1 & )

Para a configuração sendo estudada:

. 0
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 293

Considerando a configuração da região onde o fluido entra no duto, deve-se introduzir


a correção no valor de ef acima, conforme indicado na figura 7.6. Tem-se, então, que:

H I ' 0,45 @ (1 & 0) [ 2 ' 0,90

Logo, as perdas pela contração são:

1 2 1
(I ' HI 9GXWR ' (0,9) (0,74)2 ' 0,246 P 2/V 2
2 2

b) Perda associada às seções retas

As perdas em seções retas são avalidas pela equação:

/ 2
(I ' 2 I 9GXWR
'GXWR

Inicialmente, avalia-se o fator de fricção para o escoamento dentro da tubulação.

O fator de fricção é calculado pela seguinte equação:

1,11
1 /' 6,9
' &3,6 log %
I 3,7 5H

Substituindo valores:

1,11
1 (0,0001)/(0,1016) 6,9
' &3,6 log % ' 0,0056
I 3,7 75184

O comprimento total das seções retas é:

/ ' 0,1 % 1,524 % 91,44 % 36,576 % 24,384 % 12,192 ' 166,216 P


%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 294

As perdas nas seções retas são, então:

/ 2 166,216
(I ' 2 I 9GXWR ' 2 (0,0056) (0,74)2 ' 10,034 P 2/V 2
'GXWR 0,1016

c) Perdas nos joelhos de 90o

As perdas por fricção em conexões são determinadas através da seguinte relação:

/H 2
(I ' 2 I 9GXWR
'GXWR

Considerando 3 joelhos de raio padrão, tem-se:

/H
' 31
'

/H 2
(I ' 2 I 9GXWR ' 2 (0,0056) 3 @ 31 (0,74)2 ' 0,570 P 2/V 2
'

De posse dos valores determinados acima, pode-se retornar à equação de Bernoulli,


para avaliação da potência da bomba. Tem-se:

2 2
32 & 31 92 91
% J (]2 & ]1) % & % 0 ~ % (I '
2 2 2 1

' 0 % 9,8 (25,908) % 0,274 % 0 ~ % (0,246 % 10,034 % 0,570)

0 ~ ' &265,02 P 2/V 2

O valor negativo de M* deve-se ao fato do fluído estar recebendo trabalho da bomba


e não realizando trabalho sobre ela.
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 295

A potência da bomba pode ser determinada multiplicando o valor acima pela vazão de
massa de água na tubulação. Tem-se:

3RWrQFLD GD ERPED ' |0 ~| 4 ' 265,02 [ 6 [ 10&3 [ 1000 ' 1590,12 : ' 2,13 KS

O valor acima corresponde ao valor de energia que a bomba efetivamente transfere


para o fluído. A potência da bomba deve ser maior que o valor acima, devido às perdas
que ocorrem no seu interior. Estas perdas são normalmente incorporadas no cálculo
assumindo uma eficiência da bomba. Este valor depende basicamente do tipo e do
projeto do equipamento sendo usado. Para uma eficiência de 80 %, ter-se-ía:

2,13
3RWrQFLD GD ERPED ' ' 2,66 KS
(80/100)

(VFRDPHQWRHPSDQHODVHGLVWULEXLGRUHV

Em várias situações de interesse prático, o metal contido em panelas e distribuidores


é vazado destes recipientes para lingoteiras ou moldes, onde são solidificados. Nesses
casos, torna-se relevante obter relações que permitam determinar a taxa de vazamento
do metal, em função do seu nível dentro do recipiente que o contém. A equação de
Bernoulli permite fazer o estudo destes sistemas, de maneira a estabelecer as relações
acima.

Inicialmente será estudado o caso de uma panela cilíndrica, sendo vazada através de
um orifício no seu fundo.

9D]DPHQWRGHXPDSDQHOD

A configuração do sistema em estudo é visto na figura 7.9.


%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 296

$WPRVIHUD 1
0HWDO
3DQHOD
'LkPHWUR'SDQHOD
K

$WPRVIHUD 2
2ULItFLR
'LkPHWUR'
RULItFLR

Figura 7.9- Vista esquemática de uma panela contendo metal


líquido.

Para se estabelecer uma equação relacionando a velocidade do metal no orifício de


vazamento com a altura de metal na panela, pode-se aplicar a equação de Bernoulli
aos pontos 1 e 2, conforme mostrado na figura. Como trata-se de um fluido
incompressível, a equação de Bernoulli fica na seguinte forma:

2 2
32 & 31 92 91
% J (]2 & ]1) % & % 0 ~ % (I ' 0 (7.38)
2 2 2 1

Para os pontos escolhidos para o balanço, tem-se:

32 ' 31 ' 3DWPRVIpULFD (7.51)

]2 & ]1 ' & K (7.52)


%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 297

Para se calcular a variação de energia cinética, deve-se relacionar as velocidades nos


pontos 1 e 2. Para tal, pode-se estabelecer um balanço de massa entre os pontos 1
e 2. Tem-se:

$1 1 91 ' $2 2 92 (7.53)

Como a densidade do metal é constante, tem-se:

$1 91 ' $2 92 (7.54)

As seções transversais nos pontos 1 e 2 são avaliadas através das seguintes


equações:

2
'SDQHOD
$1 ' (7.55)
4

2
'RULILFLR
$2 ' (7.56)
4

Substituindo as relações acima na equação (7.54), obtem-se:

2
'RULILFLR
91 ' 92 (7.57)
2
'SDQHOD

Como o diâmetro do orifício é bem menor que o da panela, pode-se afirmar que:

91 < < < < 92 (7.58)

Dessa forma, a variação de energia cinética entre os pontos 1 e 2 pode ser estimada
através da seguinte expressão:

2 2 2
92 91 92
& . (7.59)
2 2 2 1 2 2
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 298

Para o sistema em análise, não há equipamentos para transporte do fluído, logo:

0~ ' 0 (7.61)

Resta agora avaliar as perdas por fricção entre os pontos 1 e 2. Estas perdas estão
associadas a:
- fricção em seção reta no interior da panela;
- fricção devido à contração na entrada do orifício.

A perda por fricção na seção reta no interior da panela pode ser avaliada através da
seguinte equação:

K 2
( I ' 2 ISDQHOD 91 (7.62)
'SDQHOD

Já a perda por fricção na contração é avaliada através da seguinte expressão:

1 2
(I ' H I 92 (7.63)
2

Para contração, o fator de perda por fricção é dado por:

H I ' 0,45 (1 & ) (7.64)

onde:

iUHD GD VHomR WUDQVYHUVDO GR RULItFLR


' (7.65)
iUHD GD VHomR WUDQVYHUVDO GD SDQHOD

Para a situação em estudo:

. 0 (7.66)
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 299

Considerando que a contração não possui nenhum acabamento especial na região de


entrada, tem-se:

HI ' 0,45 @ (1 & 0) ' 0,45 (7.67)

Assim, as perdas por fricção são dadas por:

K 2 1 2
(I ' 2 ISDQHOD 91 % (0,45) 92 (7.64)
'SDQHOD 2

Como visto acima, a velocidade no ponto 1 é bem menor que a velocidade no ponto
2. Dessa forma, o termo associado às perdas no interior da panela podem ser
desprezados quando comparados com a perda devido à contração.

Voltando à equação de Bernoulli, incorporando as avaliações acima, tem-se:

2
92 1 2
J (&K) % % (0,45) 92 ' 0 (7.65)
2 2 2

Rearranjando termos, pode-se obter uma equação para a velocidade do metal na saída
da panela:

1
2 J K
92 ' 2
(7.66)
1
% 0,45
2 2

A equação (7.66) é comumente escrita na seguinte forma:

1
92 ' & ' 2 J K 2
(7.67)
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 300

onde CD é denominando coeficiente de descarga e é avaliado por:

1
1
&' ' 2
(7.68)
1
% 0,45
2 2

É interessante observar que considerando escoamento turbulento na saída da panela


(β2 =1) e desprezando as perdas por fricção, o valor de CD fica igual a um e tem-se,
então, a máxima velocidade do metal no orifício, que é dada por:

1
92 ' 2 J K 2
(7.69)

Exemplo- Adapte a equação (7.67) acima para a situação mostrada na figura abaixo,
onde se tem um duto refratário acoplado ao orifício da panela. Nesse duto,
foi colocada uma válvula gaveta, cuja abertura pode ser modificada.

Atmosfera 1
Metal
Panela
Diâmetro: D panela
h

Válvula gaveta
L duto

2
Diâmetro:
D
duto
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 301

Solução- Para se estabelecer uma relação para avaliação da velocidade do metal na


saída da panela, aplica-se novamente a equação de Bernoulli, mas agora com os
pontos 1 e 2 selecionados conforme indicação na figura acima. A mudança na
localização do ponto 2 é feita por conveniência, pois se fosse mantida a sua
localização na saída da panela, não seria possível assumir a sua pressão como igual
à pressão atmosférica. Usando a localização mostrada na figura, pode-se novamente
assumir que:

32 ' 31 ' 3DWPRVIpULFD

]2 & ]1 ' & ( K % /GXWR )

onde Lduto é o comprimento do duto refratário acoplado à panela.

Para se calcular a variação de energia cinética, deve-se relacionar as velocidades nos


pontos 1 e 2. Para tal, desenvolve-se um balanço de massa entre os pontos 1 e 2. Já
considerando uma densidade constante para o metal, tem-se:

$1 91 ' $2 92

As seções transversais nos pontos 1 e 2 são avaliadas através das seguintes


equações:

2
'SDQHOD
$1 '
4
2
'GXWR
$2 '
4

Substituindo as relações acima na equação do balanço de massa, obtem-se:

2
'GXWR
91 ' 92
2
'SDQHOD
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 302

Como o diâmetro do duto é bem menor que o da panela, a variação de energia cinética
entre os pontos 1 e 2 pode ser estimada através da seguinte expressão:

2 2 2
92 91 92
& .
2 2 2 1 2 2

Para o sistema em análise, não há equipamentos para transporte do fluído, logo:

0~ ' 0

Para o caso em análise, as perdas por fricção estão associadas a:


- fricção em seção reta no interior da panela;
- fricção devido à contração na entrada do orifício;
- fricção na seção reta do duto refratário;
- fricção devido à válvula gaveta.

A perda por fricção na seção reta no interior da panela é avaliada através da seguinte
equação:

K 2
( I ' 2 ISDQHOD 91
'SDQHOD

Já a perda por fricção na contração é avaliada através da expressão:

1 2
(I ' H I 92
2

Para contração, o fator de perda por fricção é dado por:

HI ' 0,45 (1 & )

onde:
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 303

iUHD GD VHomR WUDQVYHUVDO GR GXWR


'
iUHD GD VHomR WUDQVYHUVDO GD SDQHOD

Para a situação em estudo:

. 0

Considerando ainda que a contração não possui nenhum acabamento especial na


região de entrada, tem-se:

H I ' 0,45 @ (1 & 0) ' 0,45

A perda por fricção na seção reta no interior do duto é dada por:

/GXWR 2
(I ' 2 IGXWR 92
'GXWR

A perda na válvula gaveta é estimada através de :

/H 2
( I ' 2 IGXWR 92
' YiOYXOD JDYHWD

onde o valor do parâmetro Le/D depende da abertura da válvula.

Assim, as perdas totais por fricção são dadas por:

K 2 1 2 /GXWR 2 /H 2
(I ' 2 ISDQHOD 91 % (0,45) 92 % 2 IGXWR 92 % 2 IGXWR 92
'SDQHOD 2 'GXWR ' YiOYXOD JDYHWD
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 304

Como visto acima, a velocidade no ponto 1 é bem menor que a velocidade no ponto
2. Dessa forma, o termo associado à perda no interior da panela pode ser desprezado
em relação às demais perdas.

Voltando à equação de Bernoulli, incorporando as avaliações acima, tem-se:

2
92 1 2 /GXWR 2 /H 2
& J ( K % /GXWR ) % % (0,45) 92 % 2 IGXWR 92 % 2 IGXWR 92 ' 0
2 2 2 'GXWR ' YiOYXOD JDYHWD

Rearranjando termos, pode-se obter uma equação para a velocidade do metal na saída
da panela:

1
2 J ( K % /GXWR ) 2
92 '
1 /GXWR /H
% 0,45 % 4 IGXWR % 4 IGXWR
2 2 'GXWR ' YiOYXOD JDYHWD

A dificuldade que surge para o uso da equação acima para avaliação da velocidade na
saída da panela está associada ao fato do fator de fricção (fduto) depender do número
de Reynolds, que, por sua vez, depende da velocidade de saída do metal Dessa
forma, para se avaliar a velocidade é necessário conhecer fduto, mas para avaliar este
parâmetro precisa-se conhecer a velocidade. Esta dificuldade é contornada utilizando-
se um método iterativo. Nesse método, parte-se de um valor inicial de fduto (que não é
correto, pois não se conhece a velocidade do metal) e determina-se a velocidade. Esta
velocidade é também aproximada, pois foi calculada usando um valor incorreto para
o fator de fricção. Com essa nova velocidade, calcula-se o número de Reynolds e um
valor atualizado para o fator de fricção. Com este valor, reinicia-se o processo,
executando-se mais uma iteração. Usualmente, este processo iterativo converge e os
valores de velocidade e de fator de fricção começam a se repetir após sucessivas
iterações. Um exemplo de aplicação deste método é apresentado a seguir. Para tal,
serão usados os seguintes dados:
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 305

- altura de aço na panela, h = 3 m;


- comprimento do duto, Lduto = 1 m;
- rugosidade do duto, εduto = 0,0002 m.
- diâmetro do duto, Dduto = 0,075 m.
- válvula gaveta metade aberta, (Le/D) = 190.
Considerando que o fluído é o aço líquido, tem-se:
- densidade, ρ = 7000 kg/m3;
- viscosidade, µ = 0,007 Pa.s.

Substituindo dados na equação para a velocidade, tem-se:

1
2 @ 9,8 @ ( 3 % 1 )
92 ' 2
($)
1 1
% 0,45 % 4 IGXWR % 4 IGXWR 190
2 2 0,075

O fator de fricção é estimado através da seguinte expressão:

1,11
1 GXWR /'GXWR 6,9
' &3,6 log %
IGXWR 3,7 'GXWR 92
µ

Substituindo dados:

1,11
1 0,0002 / 0,075 6,9
' &3,6 log % (%)
IGXWR 3,7 0,075 @ 92 @ 7000
0,007

Inicia-se o processo iterativo com um valor arbitrário de fduto. Assumindo esse valor
como 0,005, e substituindo na equação para a velocidade (equação (A)), tem-se:

92 ' 3,7698 P/V


%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 306

Substituindo este valor na equação B, tem-se:

IGXWR ' 0,006459

Com estes dois cálculos, executou-se uma iteração. Repetindo-se este processo,
obtem-se a tabela abaixo:

Iteração Velocidade (m/s) Fator de fricção


1 3,7698 0,006459
2 3,4200 0,006470
3 3,4176 0,006470
4 3,4176 0,006470

Pela tabela acima, constata-se que após a quarta iteração os valores de velocidade e
fator de fricção começam a repetir. Desse modo, a velocidade correta é 3,4176 m/s.

Uma outra forma de resolver o problema pode ser adotada quando se dispõe de
calculadoras que tenham a função 62/9( ou através do uso de planilhas eletrônicas,
como o (;&(/ e o 48$7752 352 Nesses casos, a equação para fduto seria
substituida na equação para a velocidade e se buscaria o ]HUR da seguinte função:

1
2 @ 9,8 @ ( 3 % 1 )
IXQomR ' 92 & 2
' 0
1 I(9 ) 1 I(9 )
% 0,45 % 4 IGXWR2 % 4 IGXWR2 190
2 2 0,075

Logicamente, o resultado é idêntico ao obtido através do método iterativo.

Exercício- Usando uma planilha eletrônica ou uma máquina de calcular com a função
62/9(, analise o efeito da abertura da válvula e do comprimento do duto refratário
sobre a velocidade do metal na saída da panela. Construa gráficos mostrando os
resultados obtidos.
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 307

7UDQVIHUrQFLDGHPHWDOGRGLVWULEXLGRUSDUDRPROGH

Nesse item vai ser estudado o processo de transferência de metal do distribuidor para
o molde de lingotamento contínuo. O sistema é visto na figura 7.10.

Para a configuração mostrada acima, vai ser desenvolvida uma expressão para
determinação da vazão de aço entre os dois reatores, em função da altura de aço no
distribuidor e da posição de abertura da válvula gaveta. Novamente, a equação de
Bernoulli pode ser utilizada para obter esta expressão.

$WPRVIHUD

$oROtTXLGR
K 'LVWULEXLGRU

9iOYXODJDYHWD
/
'GXWR duto
$WPRVIHUD

S
0ROGH

$oROtTXLGR

Figura 7.10 - Vista esquemática do sistema de transferência de


metal do distribuidor para o molde de lingotamento contínuo.
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 308

Para a situação em análise, a equação de Bernoulli fica na seguinte forma:

2 2
32 & 31 92 91
% J (]2 & ]1) % & % (I ' 0 (7.70)
2 2 2 1

A escolha da localização dos pontos 1 e 2 deve ser feita considerando que nestes
pontos deve-se conhecer os parâmetros que aparecem na equação de Bernoulli, tais
como pressão, velocidade e altura em relação a um dado plano de referência. Destes
parâmetros, o que apresenta maior dificuldade é a pressão. Nesse caso, a escolha
mais conveniente é aquela mostrada na figura 7.10, com os pontos 1 e 2 localizados
nas superfícies do metal no distribuidor e no molde, respectivamente.

Para estes pontos, tem-se que:

32 ' 31 ' 3DWPRVIpULFD (7.71)

Para as posições relativas destes pontos, pode-se escrever a seguinte equação:

]2 & ]1 ' & ( K % /GXWR & S ) (7.72)

Para se calcular a variação de energia cinética e as perdas por fricção, deve-se


conhecer as velocidades nas diversas regiões do sistema. A relação entre estas
velocidades é expressa pela equação abaixo (obtida através de um balanço de massa):

$1 1 91 ' $2 2 92 ' $GXWR GXWR 9GXWR (7.73)

Como a densidade do metal é constante, tem-se:

$1 91 ' $2 92 ' $GXWR 9GXWR (7.74)


%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 309

As seções transversais nos pontos 1, 2 e no duto são avaliadas através das seguintes
equações:

$1 ' :GLVW @ 7GLVW (7.75)

$2 ' :PROGH @ 7PROGH (7.76)

2
'GXWR
$GXWR ' (7.77)
4

onde:
- W dist = largura do distribuidor;
- Tdist = espessura do distribuidor;
- W molde = largura do molde;
- Tmolde = espessura do molde.

Substituindo as relações acima na equação (7.74), obtem-se:

2
'GXWR
91 ' 9GXWR (7.78)
4 :GLVW 7GLVW

2
'GXWR
92 ' 9GXWR (7.79)
4 :PROGH 7PROGH

Para as dimensões usuais de distribuidores e moldes, pode-se escrever que:

91 < < < < 9GXWR (7.80)

92 < < 9GXWR (7.81)

Dessa forma, pode-se afirmar que os termos associados à energia cinética são pouco
relevantes, sendo válida a seguinte aproximação:
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 310

2 2
92 91
& . 0 (7.82)
2 2 2 1

Deve-se agora avaliar as perdas por fricção entre os pontos 1 e 2. Estas perdas estão
associadas à:
a- fricção em seção reta no interior do distribuidor;
b- fricção devido à contração na entrada do orifício na saída do distribuidor;
c- fricção na seção reta do duto;
d- fricção devido à válvula gaveta;
e- fricção devido à expansão na saída do duto e entrada do molde;
f- fricção na seção reta do molde.

As perdas por fricção nas seções retas são proporcionais ao quadrado da velocidade
na seção em consideração (veja equação (7.62), por exemplo). Como as velocidades
no interior do distribuidor e do molde são pequenas (especialmente quando
comparadas com a velocidade no duto), pode-se desprezar as perdas relativas aos
itens “a” e “f” listados acima. A seguir serão, então, avaliadas as perdas associadas
aos itens de “b” a “e”.

b- Fricção devido à contração na entrada do orifício na saída do distribuidor

A perda por fricção na contração é avaliada através da seguinte expressão:

1 2
(I ' H I 9GXWR (7.83)
2

Para contração, o fator de perda por fricção é dado por:

H I ' 0,45 (1 & ) (7.84)

onde:
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 311

iUHD GD VHomR WUDQVYHUVDO GR GXWR


' (7.85)
iUHD GD VHomR WUDQVYHUVDO GR GLVWULEXLGRU

Como já comentado anteriormente, para o caso em análise tem-se que:

. 0 (7.86)

Considerando que a contração não possui nenhum acabamento especial na sua região
de entrada, tem-se:

H I ' 0,45 @ (1 & 0) ' 0,45 (7.87)

Assim:

1 2
(I ' @ 0,45 @ 9GXWR (7.88)
FRQWUDomR
2

c- Fricção na seção reta do duto

Estas perdas são avaliadas através da seguinte equação:

/GXWR 2
(I ' 2 IGXWR 9GXWR (7.89)
GXWR
'GXWR

d- Fricção devido à válvula gaveta

As perdas devido à presença da válvula gaveta são estimadas através da expressão:

/H 2
(I ' 2 IGXWR 9GXWR (7.90)
YiOYXOD
' YiOYXOD

onde (Le/D)válvula depende da abertura da válvula gaveta.


%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 312

e- Fricção devido à expansão na saída do duto e entrada do molde

A perda por fricção na expansão é dada por:

1 2
(I ' H I 9GXWR (7.91)
2

Para expansão, o fator de perda por fricção é dado por:

H I ' (1 & )2 (7.92)

onde:

iUHD GD VHomR WUDQVYHUVDO GR GXWR


' (7.93)
iUHD GD VHomR WUDQVYHUVDO GR PROGH

Novamente pode-se escrever que:

. 0 (7.94)

Assim:

1 2
(I ' @ 1 @ 9GXWR (7.95)
H[SDQVmR
2

Somando todas as perdas por fricção, tem-se:

1 2 /GXWR 2 /H 2
(I ' @ 0,45 @ 9GXWR % 2 IGXWR 9GXWR % 2 IGXWR 9GXWR
2 'GXWR ' YiOYXOD

1 2
% @ 1 @ 9GXWR (7.96)
2
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 313

Colocando o quadrado da velocidade no duto em evidência, tem-se:

1 2 /GXWR /H
(I ' 9GXWR 0,45 % 4 IGXWR % 4 IGXWR % 1 (7.97)
2 'GXWR ' YiOYXOD

Substituindo estes termos na equação de Bernoulli:

1 2 /GXWR /H
& J ( K % /GXWR & S ) % 9GXWR 0,45 % 4 IGXWR % 4 IGXWR % 1 ' 0 (7.98)
2 'GXWR ' YiOYXOD

Rearranjando, obtem-se uma expressão para a velocidade do metal no duto:

1
2 J ( K % /GXWR & S )
9GXWR ' 2
(7.98)
/GXWR /H
0,45 % 4 IGXWR % 4 IGXWR % 1
'GXWR ' YiOYXOD

Exemplo- Usar a equação (7.98) para determinar a velocidade do aço no duto que liga
o distribuidor e o molde de lingotamento contínuo. Considerar os seguintes
dados:
- comprimento do duto, Lduto = 1m;
- altura de aço no distribuidor, h = 0,80 m;
- diâmetro do duto, Dduto = 0,075 m;
- penetração do duto no interior do molde, p = 0,20 m;
- rugosidade do duto, ε = 0,0002 m;
- posição da válvula gaveta: meio aberta.
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 314

Solução- Substituindo dados na equação (7.98) acima, tem-se:

1
2 @ 9,8 @ ( 0,8 % 1 & 0,20 )
9GXWR ' 2
($)
1
0,45 % 4 IGXWR % 4 IGXWR 190 % 1
0,075

Para determinar a velocidade no duto, resta avaliar o fator de fricção. Este fator é
calculado através da seguinte expressão:

1,11
1 GXWR /'GXWR 6,9
' & 3,6 log %
IGXWR 3,7 'GXWR 9GXWR
µ

Susbtituindo dados:

1,11
1 0,0002 / 0,075 6,9
' & 3,6 log % (%)
IGXWR 3,7 0,075 9GXWR 7000
0,007

As equações (A) e (B) devem ser resolvidas simultaneamente para que se determine
a velocidade no duto. Usando métodos iterativos, obtem-se:

9GXWR ' 2,152 P/V H IGXWR ' 0,006542

A partir da velocidade, determina-se as vazões volumétrica e de massa de aço. Tem-


se:

2
'GXWR (0,075)2
4 ' 9GXWR ' @ 2,152 ' 0,0095 P 3/V
4 4
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 315

' 4 @ ' 0,0095 @ 7000 ' 66,55 NJ/V ' 239,6 WRQ/K

Exercício- Analise o efeito da abertura da válvula gaveta sobre a vazão de aço.

7pFQLFDVGHPHGLGDGHYD]mRGHIOXLGRV

Em muitas situações, a operação eficiente e o controle de processos metalúrgicos e


de montagens experimentais requerem informações relativas às quantidades de fluido
que estão escoando. Para medidas de escoamento em dutos fechados, existe uma
grande variedade de equipamentos, tais como: medidores de diferença de pressão,
medidores de área variável, etc. Neste item serão estudados alguns dispositivos de
medida de vazão de fluídos, cujos princípios de funcionamento se encontram
associados à equação de Bernoulli.

0HGLGRUHVGHGLIHUHQoDGHSUHVVmR

Um grupo de dispositivos de medida de vazão de fluídos permite avaliar essa vazão


a partir da determinação de diferenças de pressão nos sistemas por onde o fluído
escoa. Neste grupo, encontram-se os medidores de orifício (placa de orifício e Venturi)
e o tubo de Pitot.

0HGLGRUHVGHRULItFLR

As figuras 7.11 e 7.12 apresentam dois exemplos de medidores de orifício. Ambos


possuem o mesmo princípio de funcionamento, que consiste em introduzir uma
redução (brusca, como no caso da placa de orifício, ou gradual, como no Venturi) na
seção transversal do duto por onde o fluído escoa. Essa redução provoca um aumento
local na velocidade do fluido, com o correspondente decréscimo na pressão. Esse
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 316

decréscimo de pressão é medido e usado para deduzir a vazão de fluído.

Placa de orifício

1 2
9HQDFRQWUDFWD
Limite da região do fluido
D1 D0 D2 com velocidades positivas

P1 - P2

Figura 7.11- Vista esquemática de uma placa de orifício.

2
D1 D2

P1 - P2

Figura 7.12- Vista esquemática de um Venturi.


%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 317

Para a análise a ser desenvolvida será considerada a placa de orifício vista na figura
7.10. Nesse dispositivo, um disco fino com um orifício circular no centro é inserido no
duto, conforme indicado na figura.

Como se vê na figura, o fluxo se contrai antes do orifício e continua a contrair por uma
pequena distância a partir da posição da placa do orifício, formando uma região onde
a área para escoamento é mínima. A posição onde isso acontece é denominada YHQD
FRQWUDFWD.

Para se entender o princípio de funcionamento deste equipamento, será aplicada a


equação de Bernoulli aos pontos 1 e 2 na figura 7.11. Nesse estudo, serão
desprezadas as perdas por fricção e considerar-se-á a forma da equação de Bernoulli
válida para fluídos incompressíveis. Isso visa simplesmente facilitar o tratamento
matemático do problema. Tratamentos similares podem ser feitos introduzindo as
perdas por fricção e usando a equação de Bernoulli para fluídos compressíveis.

Para os pontos 1 e 2 da figura 7.11, a equação de Bernoulli toma a seguinte forma:

2 2
32 & 31 92 91
% & ' 0 (7.99)
2 2 2 1

Considerando escoamento turbulento em ambos os pontos, tem-se: β1 = β2 = 1, logo:

2 2
32 & 31 92 91
% & ' 0 (7.100)
2 2

Considerando que o fluído possui densidade constante e aplicando-se um balanço de


massa entre os pontos 1 e 2, obtem-se:

$1 91 ' $2 92 (7.101)
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 318

Mas, tem-se que:

2
'1
$1 ' (7.102)
4
2
'2
$2 ' (7.103)
4

Combinando as equações (7.100), (7.101) e (7.102), obtém-se:

2 2
'1 91 ' '2 92 (7.104)

ou ainda:

'2 2
91 ' 92 (7.105)
'1

Substituindo a equação (7.105) na equação de Bernoulli, obtem-se:

2
32 & 31 92 '2 4
% 1 & ' 0 (7.106)
2 '1

Explicitando a velocidade no ponto 2, tem-se:

2 (31 & 32)


92 ' (7.107)
'2 4
1 &
'1

Essa é a velocidade teórica no ponto de YHQDFRQWUDFWD. Essa expressão não considera


as perdas por fricção e a velocidade calculada através dela não é alcançada na prática.
Além disso, a equação acima não é útil para se determinar a vazão do fluido, uma vez
que não se conhece o diâmetro D2. Seria mais interessante ter uma equação que
avaliasse a velocidade em função do diâmetro da abertura da placa de orificio e que
também levasse em consideração os efeitos da fricção.
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 319

Para introduzir os efeitos acima e para permitir a avaliação da velocidade na região do


orifício é introduzido na equação (7.107) um coeficiente de descarga, CD, determinado
empiricamente. Com a introdução deste coeficiente, a equação (7.107) passa a ser
escrita da seguinte forma:

2 (31 & 32)


9 R ' &' (7.108)
'R 4
1 &
'1

Uma outra forma de escrever a equação acima é:

2 (31 & 32)


9R ' . (7.109)

onde K é denominado coeficiente de escoamento e é avaliado pela seguinte


expressão:

&' &'
. ' ' (7.110)
'R 4 1 & % 4

1 &
'1

onde B é a relação entre os diâmetros do orifício e do duto:

'R
% ' (7.111)
'1

A figura 7.13, determinada experimentalmente, mostra os valores de K em função do


parâmetro B, definido acima, e da posição do medidor de pressão, após a placa de
orifício.
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 320

Figura 7.13- Valores do coeficiente de escoamento para placa de orifício.


%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 321

O exemplo a seguir ilustra a determinação do valor de K para uma dada placa de


orifício.

Exemplo - Determine o valor do coeficiente de escoamento para uma placa de


orifício com abertura de 20 cm, instalada em duto com diãmetro de 40
cm. O segundo medidor de pressão está instalado 60 cm após a placa
de orifício.
Solução - Pelos dados acima, tem-se que:

'R ' 20 FP

'1 ' 40 FP

'R
% ' ' 0,5
'1

A posição do segundo medidor de pressão, expressa em termos da razão entre sua


distância à placa de orifício e o diâmetro do duto, é:

3RVLomR GR VHJXQGR PHGLGRU GH SUHVVmR '

GLVWkQFLD GR PHGLGRU GH SUHVVmR DWp D SODFD 60 FP


' ' ' 1,5
GLkPHWUR GR GXWR 40 FP

Usando os dados acima, pode-se usar a figura 7.13 para determinar o valor de K,
conforme indicado na figura abaixo.

Para a configuração da placa de orifício e posição do medidor de pressão propostos,


o valor de K é de aproximdamente 0,65. Dessa forma, a velocidade média do fluido no
orifício será dada por:

2 (31 & 32)


9 R ' 0,65

e a vazão volumétrica por:


%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 322

2 2
'R 'R 2 (31 & 32)
4 ' 9 R ' 0,65
4 4

A equação (7.108) também se aplica ao medidor do tipo Venturi; entretanto, o valor do


coeficiente de descarga, CD, é próximo de um. Para este tipo de medidor, a máxima
contração corresponde exatamente à posição onde P2 é medido.

Como visto na figura 7.13, para uma placa de orifício é de grande importância a
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 323

escolha da posição dos tomadores de pressão em relação à placa. Usualmente, um


tomador de pressão é colocado de um a dois diâmetros do tubo à frente da placa de
orifício, enquanto o outro medidor de pressão é colocado a meio diâmetro do tubo
depois da placa ou, então, no YHQD FRQWUDFWD, cuja posição pode ser determinada
experimentalmente.

7XERGH3LWRW

O tubo de Pitot é um instrumento para avaliação de velocidades puntuais de fluidos.


Esta velocidade é determinada através da medida da diferença entre a pressão
estática e a pressão de impacto (chamada de pressão estagnante) em um dado ponto
de escoamento. A abertura de impacto está perpendicular ao escoamento, enquanto
os orifícios estáticos estão paralelos à direção do escoamento. A figura 7.14 mostra
esquematicamente um tubo de Pitot.

1 2

Furos na parede externa

P1- P2

Figura 7.14- Vista esquemática de um tubo de Pitot.


%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 324

Para se obter uma relação entre a diferença de pressão medida e a velocidade do


fluido em um dado ponto ao longo da seção transversal de um duto, deve-se
estabelecer um balanço de energia (equação de Bernoulli) entre os pontos 1, no início
da abertura de impacto , e 2, conforme indicados na figura 7.14.

Aplicando-se a equação de Bernoulli, assumindo um fluído incompressível e


desprezando as perdas por fricção, tem-se:

2 2
32 & 31 92 91
% & ' 0 (7.112)
2 2 2 1

Considerando 2 = 1 (escoamento turbulento) e que no ponto 1 a velocidade do fluido


cai para zero, pode-se re-escrever a equação (7.112) na seguinte forma:

2
32 & 31 92
% ' 0 (7.113)
2

ou ainda:

2 (31 & 32)


92 ' (7.114)

Para corrigir os efeitos das aproximações feitas no desenvolvimento da relação acima


(incompressibilidade do fluido e inexistência de perdas por atrito), normalmente é
incorporado na equação (7.114) um coeficiente CP, denominando coeficiente de tubo
de Pitot, e a expressão fica na seguinte forma:

2 (31 & 32)


92 ' & 3 (7.115)
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 325

Geralmente, esse coeficiente possui valores na faixa de 0,98 a 1,00.

Um cuidado que se deve ter com o uso de tubos de Pitot está associado à localização
e à forma das aberturas estáticas, de tal modo que elas possam oferecer uma medida
real da pressão estática ao longo da mesma linha de escoamento em que é medida
a pressão de impacto. Rebarbas ou localizações não paralelas destas aberturas
introduzem erros nas medidas.

Como o tubo de Pitot mede apenas velocidades locais, para se determinar a


velocidade média deve-se obter os valores de velocidade em diversos pontos ao longo
da seção transversal do duto. Para obter a densidade , usualmente se determina a
temperatura antes do tubo de Pitot.

Em algumas situações, a velocidade máxima, Vmáxima (medida no centro do duto) pode


ser relacionada com a velocidade média. Isto evita que se tenha que determinar a
velocidade em vários pontos. Como se viu no Capítulo 4, para fluxo laminar em dutos
circulares, tem-se:

9 1
' (7.116)
9Pi[LPD 2

Para escoamento turbulento em dutos circulares e para números de Reynolds entre


104 e 107, tem-se:

9 ' 9Pi[LPD
' 0,62 % 0,04 @ log (7.117)
9Pi[LPD µ

Para números de Reynolds entre 2100 e 104 não existe nenhuma expressão
relacionando V (velocidade média)/Vmáxima.
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 326

Exemplo - Um tubo de Pitot está instalado em um tubo com sua abertura de impacto
ao longo da linha central. O diâmetro interno do tubo é de 0,3048 m. Ar
a 65,5ºC e 82736,4 Pa de pressão relativa escoa através do tubo. A
pressão barométrica é 99323,4 Pa. A diferença de pressão medida pelo
tubo de Pitot é de 104, 55 Pa. A viscosidade do ar é: 2 x 10-5 kg/m.s.
Estime a vazão de massa de ar.

Solução: Inicialmente, determina-se a densidade do ar nas condições de medida.

A pressão absoluta na região de interesse é:

32 ' 82 736,4 % 99 323,4 ' 182 059,8 3D

A densidade do ar é calculada pela seguinte expressão:

3 @ (30)
'
5 @ 7

sendo:
(PM) = massa molecular do ar = 0,02884 kg/mol;
R = constante dos gases = 8,31 J/mol.K;
T = temperatura (K).

Substituindo valores, tem-se:

3 @ (30) (182 059,81) @ 0,02884


' ' ' 1,867 NJ/P 3
5 @ 7 8,31 @ (65,5 % 273)

Assumindo Cp = 0,99, pode-se calcular a velocidade máxima do ar (no centro do tubo):

2 3 2 @ 104,55
92 ' & 3 ' 0.99 ' 10,477 P/V
1,867
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 327

Determina-se agora o número de Reynolds baseado na velocidade máxima. Tem-se:

' 9Pi[LPD 0,3048 @ 10,477 @ 1,886


5HPi[LPD ' ' ' 301 424
µ 2 [ 10&5

Assim, tem-se:

9
' 0,62 % 0,04 @ log 301 424 ' 0,839
9Pi[LPD

9 ' 0,839 @ 10,477 ' 8,79 P/V

Finalmente, a vazão de massa será dada por:

'2 (0,3048)2
' @ 9 @ ' @ 8,79 @ 1,866 ' 1,197 NJ/V
4 4

5RWkPHWURV

O rotâmetro é um aparelho indicado para medida de vazões relativamente pequenas


de líquidos e gases.

Esse tipo de medidor é também baseado no princípio de colocar uma restrição ao


escoamento do fluido, criando uma queda de pressão e a correspondente variação de
velocidade através da região onde a área foi reduzida. Entretanto, nesse caso, a queda
de pressão permanece constante e a área para escoamento muda à medida que a
velocidade do fluido se altera. Esse tipo de medidor está ilustrado na figura 7.15.
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 328

6DtGDGH
IOXtGR

'XWRF{QLFR

(VFDODJUDGXDGD

)OXWXDGRU

(QWUDGDGHIOXtGR

Figura 7.15- Vista esquemática de um


rotâmetro.

A vazão do fluido é obtida pela medida da altura de um flutuador ao longo de uma


seção ligeiramente afunilada, com a região de maior diâmetro na parte superior.

Um balanço de forças aplicado ao flutuador determina a sua posição de equilíbrio.


Quando um fluido de densidade se move em torno de um flutuador de densidade f

e o mantém em suspensão, as forças atuando no flutuador devem ser balanceadas de


tal modo que nenhuma força líquida atua para movê-lo.
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 329

As forças que atuam sobre o flutuador são:


6 FP : peso, atuando para baixo;
6 FE : empuxo, atuando com o objetivo de suspender o flutuador;
6 FA : força de arraste, resultante do atrito entre o fluido e o flutuador. Atua no mesmo
sentido da velocidade do fluido.

No estado de equilíbrio de forças obtém-se:

) * ' )( % ) $ (7.118)

Transpondo termos e expressando o peso e o empuxo em termos do volume do


flutuador, Vf, e das densidades do fluido, ρ , e do flutuador, ρf, tem-se:

9I @ ( I & ) @ J ' )$ (7.119)

Mas o volume do flutuador é dado por:

PI
9I ' (7.120)
I

onde mf é a massa do flutuador.

Combinando as equações (7.119) e (7.120), tem-se:

PI
@ ( I & ) @ J ' )$ (7.121)
I

Para um dado medidor de vazão através da qual um fluido escoa, o lado esquerdo da
equação (7.121) é uma constante. Desse modo, FA é constante quando o flutuador
está em equilíbrio e se a vazão do fluido se altera, o flutuador contrapõe esse efeito
assumindo uma nova posição de equilíbrio. Por exemplo, se o flutuador está numa
posição de equilíbrio correspondente a uma dada vazão de massa e, então, essa
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 330

vazão de massa se torna maior, FA cresce e o flutuador sobe. Entretanto, à medida que
o flutuador sobe, a área da seção transversal do tubo aumenta e a velocidade do fluido
entre o flutuador e a parede do tubo diminui, de modo a se atingir um valor de FA que
satisfaça à equação (7.121).

5()(5Ç1&,$6%,%/,2*5È),&$6

1- D.R. GASKELL. An Introduction to Transport Phenomena in Materials Engineering,


Macmillan Publishing Company, 1992, 637 p.
2- G.H. GEIGER; D.R. POIRIER. Transport Phenomena in Metallurgy. Addison-Wesley
Publishing Company, Massachusetts, 1980, 616 p.
3- F.M. WHITE. Fluid Mechanics. McGraw-Hill Book Company, New York, 1979, 701
p.
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 331

(;(5&Ë&,26

1- Tem-se uma instalação de lingotamento contínuo conforme a figura abaixo:

Panela
Diâmetro = 3 m

Área da seção transversal horizontal = 0,8 m2


0,1 m 0,5 m Ar

0,5 m
Distribuidor

Válvula gaveta
Ar 0,8 m

0,2 m

Molde
Seção transversal = 1,2 m x 0,25 m

Os diâmetros dos dutos de alimentação do distribuidor e do molde são,


respectivamente, 70 e 60 mm. A rugosidade do refratário é 0,1 mm.

A panela de aço esvaziou e vai ser trocada por uma cheia. Esta operação consome 1
minuto. Neste período não vai haver alimentação de aço no distribuidor, mas a
alimentação de aço no molde vai ser matida constante e igual a 108 toneladas/hora.
Estimar a queda no nível de aço no distribuidor durante este período.

2- Uma panela está alimentando aço líquido nas lingoteiras, conforme visto na figura
abaixo. Determine o tempo gasto para encher uma lingoteira com capacidade de 2
toneladas de aço. Aço: - densidade: 6,7 g/cm3; - viscosidade: 0,07 P. O orifício no
fundo da panela tem diâmetro de 70 mm. Desconsider a espessura do refratário.
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 332

Ar

Panela : diâmetro = 3,5 m


h=3m
o
45

Pressão: 0,01 atm


Aço

Câmara de vácuo

Lingoteira

3- O tanque visto na figura abaixo está aberto para a atmosfera.


a) Calcular a taxa inicial de descarga do tanque (kg/s) quando ele está cheio de água;
b) Determinar a que pressão o tanque deve ser pressurizado (fechado para a
atmosfera) para que se obtenha uma vazão inicial (tanque cheio) de 0,13 m3/s.

Tanque

30 m D = 10 m

150 m

descarga
d = 0,15 m Rugosidade do tubo = 0,045 mm
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 333

4- Em uma instalação de lingotamento contínuo, uma panela é utilizada para alimentar


aço líquido em um distribuidor, que abastece dois veios de lingotamento de placas,
conforme mostrado abaixo:

D = 3,5 m
p

Panela
h=3m
o
45

A
o

Distribuidor

Veio 1 Veio 2

Placa 1 Placa 2

Deseja-se manter o nível de aço no distribuidor o mais constante possível. Para tal, é
necessário variar o diâmetro do orifício da panela à medida que esta vai esvaziando.
Obter uma relação matemática entre a área de abertura do orifício da panela e altura
de aço no seu interior, de modo a garantir uma altura constante de aço no distribuidor,
até que se tenha apenas 100 mm de aço na panela. Usando a relação desenvolvida,
calcular quais deverão ser as áreas do orifício para as alturas inicial (3 m) e final (100
mm) de aço na panela.
Assumir escoamento turbulento.
Dimensões das placas: 2 m de largura - 0,25 m de espessura
Velocidade do veio: 1,5 m/min.

5- Determinar a pressão interna, P, que se deve ter na câmara de pressão para que
se obtenha uma vazão de aço líquido compatível com a situação mostrada na figura
abaixo. Assumir escoamento turbulento. Considerar dutos hidraulicamente lisos.
- densidade do aço: 7000 kg/m3; - viscosidade do aço: 7 cP..
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 334

Câmara de pressão: P

h= 0,5 m D= 1 cm Joelho: raio padrão


Aço líquido
h= 0.5 m
1m

Cinto móvel Tira de aço


(velocidade= 1m/s) (seção transversal
2 mm x 1 cm)

6- Dimensionar a bomba para o sistema representado na figura a seguir, onde se tem


um VSUD\ de água para resfriamento acelerado de uma tira de aço após laminação.
- Diâmetro do duto: 2,54 cm - Rugosidade relativa do duto, k/D = 0,004
- Joelhos : 90o de raio padrão. - Vazão de água: 1 l/s.
Fluido: água: - densidade : 1000 kg/m3 - viscosidade: 1cP. - 1 hp = 745,7 W
Considerar que a queda de pressão no bico do spray é de 1,7 atm.

2m

Bico do "spray"

"Spray"

Tira de aço

6m

Bomba
6m
2m

1m 3m
0,5 m
Reservatório
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 335

1 atm = 101330 Pa.

7- Tem-se o sistema visto na figura abaixo:

K K


K
 /
K


' FP
+
ÈJXD
5HVHUYDWyULR 5HVHUYDWyULR
G PP

Estimar o tempo necessário para esvaziar o reservatório 1 até o nível de entrada do


tubo. A entrada do tubo no reservatório 2 está fechada.
Se a rolha do tubo no reservatório 2 for retirada, os tempos de esvaziamento dos
reservatórios serão os mesmos ? Justificar a resposta.
h1 = 10 cm h2 = 15 cm h3 = 15 cm h4 = 20 cm
L = 8 cm H = 10 cm.
Considerar que o tubo de vidro é hidraulicamente liso e que o fator de fricção é dado
por:

8 0,0385
I ' %
5H (0,839 & log 5H)2
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 336

8- Calcular a vazão volumétrica de água do reservatório 1 para o 2 no instante


mostrado na figura abaixo. As propriedades da água são:
- densidade: 1000 kg/m3; - viscosidade: 0,01 g/cm.s.

Ar

Joelho: raio
Válvula gaveta: padrão
1/4 fechada
15 m

Reservatório 1
Ar

Joelho: raio
longo

Reservatório 2

O comprimento total de seções retas na tubulação é de 150 m. O diâmetro e


rugosidade relativa da tubulação são, respectivamente, 0,1 m e 0,009.

9- Uma panela com diâmetro interno de 1 m contém alumínio líquido. A altura inicial
de metal líquido é de 1,5 m e o orifício de vazamento, localizado na base da panela,
possui diâmetro de 0,1 m. Determinar:
- tempo requerido para esvaziar a panela pelo orifício do fundo;
- taxa inicial de vazamento de metal em kg/s;
- taxa de vazamento de metal (kg/s) quando a panela está 50 % cheia.
Deduzir todas as relações usadas nos cálculos. Assumir escoamento turbulento e
considerar perdas por fricção.
Propriedades do alumínio: - densidade: 2410 kg/m3 ; - viscosidade: 2,75 x 10-3 Pa.s.
%DODQoRV*OREDLVQR(VFRDPHQWRGH)OXtGRV,VRWpUPLFRV 337

10- Água está sendo bombeada do reservatório 1 para o 2 através de um tubo com
diâmetro de 0,25 m e rugosidade de 2,5 x 10-3 m, conforme visto
esquematicamente na figura abaixo. Calcular a potência da bomba necessária
para se obter uma vazão de água de 0,2 m3/s. A eficiência da bomba é de 75 %.

Ar

15 m
35 m
Ar
15 m Reservatório 2: diâmetro = 2 m
3m 15 m 15 m

Joelho - raio padrão


Bomba
Reservatório 1: diâmetro = 2 m

Propriedades do fluido: - densidade: 1 g/cm3; - viscosidade: 1 cP (1 P = 1 g/cm.s).

11- Água está sendo sifonada do reservatório visto esquematicamente na figura


abaixo. Determinar a velocidade média da água na saída do sifão para a
situação vista na figura.
Propriedades do fluido: - densidade: 1 g/cm3; - viscosidade: 1 cP (1 P = 1 g/cm.s).
Tubulação: - diâmetro: 0,0254 m; - rugosidade relativa: /D = 0,001.

o
Retorno de 180

1m
1,7 m

1m

Reservatório: diâmetro = 2 m

Você também pode gostar