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EXMO. SR. DR.

DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL


DE JUSTIÇA DO ESTADO DO XXXXXXXXX

“A justiça atrasada não é justiça; senão injustiça qualificada e manifesta.”


Rui Barbosa

XXXXXXXXXXXX, brasileira, solteira, XXXXXXXx, portadora da Cédula de Identidade RG


nº XXXXXXXX, inscrita no CPF/MF sob o nº XXXXXXXX, residente e domiciliada nesta
capital à Rua XXXXXXX, CEP: XXXXX, e-mail: XXXXXXXXXX, por intermédio de seu
advogado (procuração em anexo) que ao final subscreve, com endereço constante do
timbre, onde receberão intimações, vem à presença de V. Exª, impetrar o presente

MANDADO DE SEGURANÇA
(com pedido de tutela antecipada)

contra ato do Exmº. Sr. Juiz de Direito Titular da XXª Vara Cível da Comarca de Fortaleza,
XXXXXXXXXXXX, pelos relevantes motivos a seguir aduzidos, para finalmente pedir que
seja concedido o writ.

I - DOS FATOS
A impetrante ajuizou, em 11/05/2018, ação ordinária de obrigação de fazer/ não
fazer, cumulada com reparação por danos materiais, morais e lucros cessantes, com
pedido de liminar em antecipação de tutela em virtude de XXXXXXXXXXX. A ação tramita
sob o nº. XXXXXXXXX, tendo sido distribuída em XXXXX à XXª Vara Cível da Comarca
de Fortaleza, cujo juiz titular é a própria autoridade coatora.

Instaurado o processo, o douto juízo proferiu despacho em XXXXXXX


solicitando comprovações da hipossuficiência da parte autora, bem como prova da
deficiência física a qual acomete a autora, a fim de concessão de prioridade processual.

Em virtude do ato processual praticado pelo eminente juiz, o patrono da


impetrante apresentou em XXXXXXX, os documentos solicitados. Inclusive tal
manifestação ocorreu antes da intimação da imperante para que apresentasse os
referidos documentos.

Contudo, nobre desembargador, até o presente momento não foram julgados


os pedidos feitos em sede de tutela antecipada, quais sejam, XXXXXXXX.

Ocorre que, inexplicavelmente, desde o dia XXXXX, ou seja, há quase de


dois meses (conforme extrato anexo), o processo se encontra concluso para
despacho/decisão interlocutória. Trata-se de um período mais do que suficiente para
análise e julgamento do processo, principalmente em se considerando o fato está
amplamente demonstrado por meio das provas apresentadas.

Convém salientar que o patrono do impetrante tem procurado insistentemente


o magistrado e servidores da referida vara para pedir-lhes soluções quanto a demanda
proposta.

Ademais, já foram protocoladas 3 manifestações solicitando celeridade na


apreciação dos pedidos de liminar e a autoridade coatora ainda não se manifestou.

Configura-se, assim, de forma indubitável, a mora do judiciário na prestação


jurisdicional, o que decerto implica na violação ao direito constitucional líquido e certo à
tutela jurisdicional, que não pode ser obstado pela inércia do juízo, justificando-se,
portanto, o ajuizamento do presente mandamus.

II – DO DIREITO

O mandado de segurança é, no direito brasileiro, importante ação de índole


constitucional, instituída em seu artigo 5º, LXIX, para proteger o cidadão contra lesão ou
ameaça de lesão a "direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas
data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público".

José Afonso da Silva conceitua o mandado de segurança como


um remédio constitucional, com natureza de ação civil, posto à disposição de
titulares de direito líquido e certo, lesado ou ameaçado de lesão, por ato ou
omissão de autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuição do Poder Público. (Curso de Direito Constitucional Positivo. São
Paulo: Malheiros, 2003, pág. 446)

Em conjunto com as garantias constitucionais do habeas corpus e do habeas


data, da inafastabilidade da jurisdição e do pleno acesso à Justiça, o mandado de
segurança representa uma das maiores ferramentas de proteção dos direitos individuais e
coletivos do cidadão contra os arbítrios de autoridades detentoras de poder.

Incumbe ressaltar que, atualmente, doutrina e jurisprudência são unânimes no


que se refere à admissão de mandado de segurança contra atos jurisdicionais, em
especial após o advento da Lei 1.533/51. Neste sentido, afirma Hely Lopes de Meirelles
que:
respondem também em mandado de segurança as autoridades judiciárias quando
pratiquem atos administrativos ou profiram decisões judiciais que lesem direito
individual ou coletivo, líquido e certo, do impetrante. (Mandado de segurança,
ação popular, ação civil pública, mandado de injunção, habeas data, ação direta
de inconstitucionalidade e ação declaratória de constitucionalidade. 21ª ed. São
Paulo: Malheiros, 2000, p. 22).

Assim é que se demonstra insofismavelmente cabível o presente mandado de


segurança, razão porque deverá ser recebido e, ao final, concedida a segurança
pleiteada, com o fito de ser emitida ordem para que o magistrado competente cumpra seu
dever, emitindo julgamento na ação acima identificada.

A. Da lesão a direito líquido e certo do impetrante


O Estado democrático de Direito impõe o respeito aos ditames constitucionais,
dentre os quais a prestação jurisdicional pronta e eficaz aos cidadãos.

Quando o Estado retirou dos particulares a legitimidade para exercício das


próprias razões, deu em contrapartida o direito ao amplo acesso a Justiça. Deste modo,
se ocorrer manifesta negativa de tutela jurisdicional, há violação de um poder-dever do
Estado que, de maneira ilegal, viola o direito incontestável de todo cidadão de ter acesso
à Justiça.

Assim, se o cidadão não obtém Justiça porque o juiz está soterrado de


processos a decidir e não pode examiná-lo, ocorre uma violência a direito
constitucional, líquido e certo, sendo, portanto, passível de controle jurisdicional por
meio de mandado de segurança.

A preocupação com o direito ao processo prestado em tempo hábil surgiu a


partir da Convenção Europeia dos Direitos do Homem, em 1950, que em seu artigo 6º, nº
1, discorre:
Julgamento eqüitativo e célere.

1. Qualquer pessoa tem direito a que a sua causa seja examinada, eqüitativa e
publicamente, num prazo razoável por um tribunal independente e imparcial,
estabelecido pela lei, o qual decidirá, quer sobre a determinação dos seus direitos
e obrigações de caráter civil, quer sobre o fundamento de qualquer acusação em
matéria penal dirigida contra ela...

Adotando este critério, preceitua o art. 8º, 1, da Convenção Americana sobre


Direitos Humanos:

Toda pessoa tem direito de ser ouvida com as devidas garantias e dentro de um
prazo razoável por um juiz ou tribunal competente, independente e imparcial,
instituído por lei anterior, na defesa de qualquer acusação penal contra ele
formulada, ou para a determinação de seus direitos e obrigações de ordem civil,
trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza...

A Constituição Brasileira de 1988 dispõe em seu artigo 5º, inciso XXXV: a lei
não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.

Além disso, com a entrada em vigor da Emenda Constitucional nº 45/2005 a


efetiva prestação jurisdicional foi erigida a princípio fundamental, pois foi acrescentado (no
inciso LXXVIII ao art. 5º da Carta Magna) o princípio do prazo razoável do processo,
verbis: "a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração
do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação".

Assim, conforme elucidado, traz a Carta Magna o direito do cidadão à


prestação jurisdicional consoante todos os princípios fundamentais que a circundam. No
entanto, de nada serve o fácil acesso à jurisdição se esta é sem efetividade e
intempestiva.

José Augusto Delgado, com propriedade, enfatizou a importância de obter, na


atualidade, uma resposta célere à prestação jurisdicional:
O final do século XX tem revelado uma constante preocupação da comunidade
jurídica com direito do cidadão de buscar, no âmbito do Poder Judiciário, a
solução para entrega rápida da prestação jurisdicional, hoje erigida, em nosso
ordenamento legal, como direito substancial de natureza individual ou coletivo. A
eficácia da prestação jurisdicional, ao lado da rapidez, tem sido, também,
uma garantia do cidadão que se consagra como de natureza elevada no
corpo de qualquer Carta Magna (DELGADO, José Augusto. A demora na
entrega da prestação Jurisdicional. Responsabilidade do Estado. Indenização.
Superior Tribunal de Justiça, Biblioteca Ministro Oscar Saraiva. v.1, n.1 – Brasília:
STJ, 1989).

Nosso Código de Processo Civil determina ser dever do magistrado "velar pela
duração razoável do processo" (art. 139, II). Inclusive, prevê que o magistrado será
responsabilizado quando "recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que
deva ordenar de ofício ou a requerimento da parte." (art. 143, II), o que se reputa,
complementa o código, quando a parte, parte requerer ao juiz que determine a
providência e o requerimento não for apreciado no prazo de 10 (dez) dias. (art.143,
parágrafo único), o que fora feito desde o dia 30/05/2018.

Nesse ponto, incumbe ressaltar que o patrono do impetrante, por


inúmeras vezes, suplicou ao magistrado que analisasse e julgasse o pedido de
liminar, sendo que em todas as vezes o impetrado prometeu tomar as providências
cabíveis, sem que, entretanto, nada fosse providenciado até o momento.

Não se pode deixar de considerar a grande quantidade de processos que se


amontoam nos Fóruns e Tribunais, devendo-se reconhecer que a prestação imediata é
praticamente inviável. Entretanto, tal atraso deve ser por prazo razoável, visto que a
prestação jurisdicional não pode se tornar uma garantia sem qualquer eficácia real para
solucionar os anseios da sociedade, em razão da deficiência de organização do Estado.

Conforme Zaiden Geraige Neto, in O princípio da Inafastabilidade do Controle


Jurisdicional (Editora Revista dos Tribunais, 2003, p.29), essa garantia:
não pode ser interpretada como a mera possibilidade de o cidadão ingressar em
juízo, mas, muito mais do que isso, o princípio da inafastabilidade do controle
jurisdicional visa garantir ao jurisdicionado um processo célere com a devida
segurança, e efetivo com a necessária justiça, norteada à luz do due process of
law e, por conseguinte, dos princípios da isonomia, do juiz e do promotor natural,
do contraditório e ampla defesa, da proibição da prova ilícita, da motivação das
decisões judiciais, do duplo grau de jurisdição – sem entrar no mérito de sua
previsão Constitucional ou não – e outros. (grifamos)

Deste modo, resulta clara a violação ao direito líquido e certo do impetrante à


prestação jurisdicional efetiva e célere, o que justifica a impetração do presente
mandamus. Neste sentido afirmou Sérgio Massaru Takoi na obra Mandado De Segurança
para controle de atos jurisdicionais (São Paulo: Ed. Pillares, 2006, pág. 36):
No caso de omissão do Juiz em apreciar e decidir, em prazo razoável, um pedido
urgente da parte que bate as portas do Judiciário, principalmente para a proteção
ou restabelecimento de direitos fundamentais, cabe mandado de segurança, pois
há violação ao princípio da inafastabilidade da prestação jurisdicional (art. 5º,
XXXV, da CF/88).

Os nossos tribunais vem reconhecendo este entendimento, conforme se vê nos


seguintes acórdãos:
MANDADO DE SEGURANÇA. DEMORA NA APRECIAÇÃO DE
REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. VIOLAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA
DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO, DA EFICIÊNCIA E DA SEGURANÇA
JURÍDICA. SEGURANÇA CONCEDIDA. 1. A Constituição Federal consagrou o
princípio da duração razoável do processo em seu art. 5º, inciso LXXVIII, o qual
possui uma íntima relação com os princípios da eficiência e da segurança jurídica.
2. Não obstante esse fato, a Lei estadual nº. 12.209/2011, que dispõe sobre o
processo administrativo no âmbito da Administração Pública direta e indireta,
expressamente consignou que "a autoridade julgadora emitirá decisão motivada
nos processos administrativos, bem como sobre solicitações ou reclamações, em
matéria de sua competência, no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data em
que receber os autos conclusos". 3. No caso dos autos, os servidores substituídos
pelo Sindicato impetrante requereram a correção do seu enquadramento funcional
perante a autoridade coatora desde o ano de 2011, sem que até o momento o
pleito fosse apreciado. 4. Dessa forma, está mais do que caracterizada a mora
administrativa no presente feito, não podendo o administrado restar
indefinidamente à espera de uma resposta à sua pretensão. 5. Muito se ouve dizer
que "a Justiça tarda, mas não falha". Entretanto, à luz do posicionamento aqui
invocado, deve-se concluir que tal brocardo é paradoxal. Ora, se a Justiça tarda, é
porque ela já falhou. 6. Segurança concedida para determinar à autoridade
impetrada que aprecie e julgue o processo administrativo nº. 0200110203240 no
prazo de 30 (trinta) dias. (Classe: Mandado de Segurança,Número do Processo:
0004891-93.2016.8.05.0000, Relator (a): Maurício Kertzman Szporer, Seção Cível
de Direito Público, Publicado em: 27/09/2016 )
(TJ-BA - MS: 00048919320168050000, Relator: Maurício Kertzman Szporer,
Seção Cível de Direito Público, Data de Publicação: 27/09/2016).

MANDADO DE SEGURANÇA. ATO OMISSIVO DE JUIZ. VIOLAÇÃO A DIREITO


LÍQUIDO E CERTO. ILEGALIDADE. RAZOÁVEL DURAÇÃO DO PROCESSO.
SEGURANÇA PARCIALMENTE CONCEDIDA. É cediço que a saúde, como bem
de extraordinária relevância à vida e à dignidade da pessoa humana, foi elevada
pela Constituição Federal à condição de direito fundamental do homem,
manifestando o legislador constituinte constante preocupação em garantir a todos
uma existência digna, consoante os ditames da justiça social. Contudo, a
impetração do mandado de segurança diz respeito a omissão judicial, ilegal e
abusiva, do Juiz de Direito da 2ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de Feira
de Santana, que violou o direito líquido e certo do Impetrante que visa ter
apreciado pedidos de execução de decisão judicial não cumprida, relativo a
questão de saúde. A Emenda Constitucional nº 45/2004 inseriu o princípio da
razoável duração do processo dentro das garantias fundamentais asseguradas a
cada indivíduo, insculpido no inciso LXXVIII do art. 5º da Constituição Federal de
1988, com o seguinte teor: "a todos, no âmbito judicial e administrativo, são
assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a
celeridade de sua tramitação". Da mesma forma, dispõe o artigo 4º do CPC: "As
partes têm direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída
a atividade satisfativa". O presente dispositivo repete o que consta no artigo 5º,
inciso LXXVIII, da Constituição Federal, destacando, de forma salutar, a atividade
satisfativa, ou seja, a materialização do direito também em prazo razoável.
Todavia, observa-se, no caso, que o mandado de segurança deve limitar-se à
verificação da legalidade do ato omissivo do magistrado em não apreciar o que foi
requerido no processo principal, não sendo possível analisar questões relativas à
forma de execução do decisum proferido, competindo tal incumbência ao juiz do
feito. Concedida a segurança, em parte, para determinar que sejam adotadas as
medidas que se fizerem necessárias ao cumprimento do comando judicial que
deferiu a tutela provisória de urgência nos autos do processo nº 0808159-
13.2015.8.05.0080, garantindo-se, inclusive, a obtenção do resultado prático
equivalente. (Classe: Mandado de Segurança,Número do Processo: 0010885-
05.2016.8.05.0000, Relator (a): Baltazar Miranda Saraiva, Quinta Câmara Cível,
Publicado em: 08/02/2017 )
(TJ-BA - MS: 00108850520168050000, Relator: Baltazar Miranda Saraiva, Quinta
Câmara Cível, Data de Publicação: 08/02/2017)

Desta forma, é inegável que, no caso de atraso irrazoável para prestação


jurisdicional, cujo objeto consiste na troca de veículo defeituoso e produção de prova
pericial, o qual, caso apresente novo problema, pode colocar em risco a vida da
impetrante, cabe mandado de segurança para que o juiz decida sobre o pedido da parte,
em prazo hábil, sob pena de cominação de multa pela mora.

III – DA COMINAÇÃO DE MULTA POR DESCUMPRIMENTO DA DECISÃO

Diz o art. 497 do CPC:


Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não fazer, o
juiz, se procedente o pedido, concederá a tutela específica ou determinará
providências que assegurem a obtenção de tutela pelo resultado prático
equivalente.

Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica destinada a inibir a


prática, a reiteração ou a continuação de um ilícito, ou a sua remoção, é
irrelevante a demonstração da ocorrência de dano ou da existência de culpa ou
dolo.

Saliente-se no mandado de segurança, por ser a ação que, por excelência,


possui provimentos mandamentais, nela o juiz também poderá cominar astreintes contra a
autoridade coatora que descumprir a ordem. Nesse sentido, confira-se os seguintes
excertos, verbis:

PROCESSUAL CIVIL – ADMINISTRATIVO – MANDADO DE SEGURANÇA –


DESCUMPRIMENTO DE SENTENÇA – ASTREINTE – COISA JULGADA – 1.
Correta a fixação de astreinte no caso de descumprimento de sentença em
mandado de segurança. 2. Diminuição da quantia fixada na multa. 3. Embora não
tenha ocorrido o trânsito em julgado, a decisão proferida em outro mandado de
segurança, que assegura direitos ao impetrante, deve ser cumprida, enquanto não
reformada. 4. Apelação improvida e remessa parcialmente provida. (TRF 1 - AMS
38000006999 – MG – 4ª T. – Rel. Des. Fed. Carlos Olavo – DJU 06.11.2002 – p.
37)

EXECUÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER – FAZENDA PÚBLICA – MULTA


COMINATÓRIA – CABIMENTO – O artigo 644 do Código de Processo Civil não
excepcionou o Estado de sua incidência. Prerrogativas funcionais processuais
devem ser expressamente previstas, diante do princípio da igualdade das partes
do processo. O valor da astreinte, no entanto deve guardar proporcionalidade com
a finalidade da pena. Multa reduzida. Agravo parcialmente provido para esse fim".
(TJSP - AI 156.854-5 – 7ª CDPúb. – Rel. Des. Guerrieri Rezende – J. 17.04.2000)

Assim sendo, para que se possa garantir-se o cumprimento da determinação,


afigura-se perfeitamente válida a cominação de pena pecuniária, para o caso de o
impetrado permanecer-se inerte no dever de proferir julgamento no processo n.º 0131471-
70.2018.8.06.0001, em curso na 29ª Vara Cível da Capital.

IV – DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

O Código de Processo Civil, em seu art. 300, afirma que " A tutela de urgência
será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o
perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.".

Sendo assim, para a concessão da tutela antecipatória se faz necessário o


preenchimento de 02 (dois) pressupostos básicos: 1) alegação verossímil e 2) fundado
receio de dano irreparável ou de difícil reparação.

Ocorre que a documentação acostada e a situação trazida a juízo são hábeis a


satisfazer ambos os requisitos.

Por prova inequívoca deve-se entender, de preferência, a prova documental ou


inconteste dos fatos alegados na inicial, de que não paire qualquer dúvida.

Satisfaz o requisito da "prova inequívoca e verossimilhança das alegações", no


presente caso, a juntada das cópias do processo n.º 0131471-70.2018.8.06.0001, aptas a
demonstrar todo o trâmite por que vem passando o processo, bem como a caracterização
da mora do juízo em julgar o feito.

De segundo, o fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação que o


autor está a sofrer decorre da própria natureza da pretensão deduzida em juízo, por
tratar-se de pleito em que se requer a troca de veículo que, devido aos defeitos
apresentados colocam em risco a vida da impetrante, o que por si só já demonstra a
urgência na tutela.

Portanto, diante da presença dos requisitos e a finalidade de se afastar o


eminente dano irreparável ao impetrante, o mesmo faz jus à concessão da antecipação
dos efeitos da tutela de mérito obrigando o impetrado a proferir sentença de mérito, no
processo de n.º 0131470-70.2018.8.06.0001 que transcorre na 29ª Vara Cível da Capital,
no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de cominação de multa por dia de atraso.
V – Conclusão

Ex positis, requer o impetrante a V.Exa. se digne:

a) Conceder a Tutela Antecipada, determinando ao impetrado que profira decisão


interlocutória no processo n.º XXXXXXXXXX, acerca dos pedidos feitos em sede de tutela
antecipada de urgência no referido processo, no prazo de 05 (cinco) dias, decretando-se
pena pecuniária por dia de atraso.

b) seja notificado o Exmo. Sr. Dr. Roberto Ferreira Facundo, Juiz Titular da XXXXXXª
Vara Cível de Fortaleza, para cumprir a liminar, bem como para prestar informações;

c) seja concedida a SEGURANÇA, declarando-se a mora do magistrado Dr. FULANO no


julgamento do processo, bem como, no caso de ser negada a liminar pleiteada,
determinando-se o pronto que profira decisão interlocutória no processo n.ºXXXXXX,
acerca dos pedidos feitos em sede de tutela antecipada de urgência no referido processo,
dentro do prazo razoável, sob pena de multa por dia de atraso, em decorrência do
constrangimento ofensivo a direito líquido e certo individual, reconhecendo judicialmente a
procedência do pedido.

Dá-se à causa o valor de R$ 100,00 (cem reais).

Termos em que

Pede deferimento.

Fortaleza, 10 de julho de 2018.

Flávio Aragão Ximenes


OAB/CE nº 8802

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