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ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL

SEÇÃO DO PARÁ
SISTEMA ESTADUAL DE DEFESA DAS PRERROGATIVA

EXCELENTISSIMA SENHORA CORREGEDORA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO


ESTADO DO PARÁ.

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL – SECCÃO DO PARÁ, serviço


público dotado de personalidade jurídica e forma federativa,
inscrita no CNPJ/MF sob o número 05.070.008/0001-48, com sede
na capital do Estado do Pará, na Praça Barão do Rio Branco nº.
93, Campina, CEP: 66.015-060, neste ato representada pelo
Presidente do Conselho Seccional, ALBERTO ANTÔNIO DE
ALBUQUERQUE CAMPOS, brasileiro, casado, advogado inscrito na
OAB/PA sob o número 5.541, CPF nº. 259.261.952-68, ORDEM DOS
ADVOGADOS DO BRASIL – SUBSECÇÃO DE SANTARÉM, serviço público
dotado de personalidade jurídica, neste ato representada pelo
seu Presidente do Conselho Subseccional, ÍTALO MELO DE FARIAS,
brasileiro, casado, advogado inscrito na OAB/PA sob o número
12.668, CPF nº 712.426.432.49, vem, com o devido acatamento de
praxe, através de seus advogados que abaixo subscrevem,
oferecer

REPRESENTAÇÃO

Em face do Oficial do Cartório Extrajudicial de


Registro de Imóveis (1º Ofício), CLARINDO FRREIRA ARAÚJO
FILHO, com endereço nesta cidade, na Travessa Turiano Meira,
nº 968-B, Bairro Santa Clara, CEP 68005-430, pelos fatos e
fundamentos abaixo:

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DOS FATOS E FUNDAMENTOS

Com a mudança de titularidade do Cartório de Registro


de Imóveis do 1º Ofício, a OAB/PA – SUBSEÇÃO DE SANTARÉM/PA
passou a receber diversas reclamações de advogados,
profissionais do setor imobiliário/construção civil,
produtores rurais e cidadãos em geral, por diversas condutas
atribuídas ao Oficial, que vão desde a falta de urbanidade até
exigências não previstas em lei que oneram os usuários em
cobranças abusivas dos emolumentos de maneira reflexa, o que
fere o art. 30, incisos II, V, VIII, X, XII e XIV da Lei
8935/94, tendo como consequência infrações disciplinares
previstas no art. 31 I, II, III e V da mesma lei.
A representação a esta corregedoria tem por finalidade
a abertura de processo disciplinar nos termos do art. 32 da
Lei 8935/94 c/c art. 1.189 e seguintes do Código de Normas do
TJPA.
São as seguintes condutas que devem ser apuradas por
esta corregedoria:

1. DEVER DE EFICIÊNCIA E PRESTEZA.


Instituído pelo Art. 30, II da LEI Nº 8.935/1994, que
regulamenta o art. 236 da Constituição Federal, dispondo sobre
serviços notariais e de registro.

Art. 30. São deveres dos notários e dos


oficiais de registro:
[....]
II - atender as partes com eficiência,
urbanidade e presteza;

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O atendimento oferecido pela Serventia ao público em


geral, aos advogados, corretores e despachantes de imóveis
pelo Oficial registrador com relação a quaisquer
esclarecimentos, procedimentos, posicionamentos,
questionamentos, dúvidas, reclamações, insatisfações é no
mínimo inusitado e constrangedor ao interessado, uma vez que
deve ser precedido de ofício e/ou requerimento enviado ao
titular do cartório por e-mail relatando o fato e o motivo a
ser tratado presencialmente com o oficial, devendo a parte
solicitante aguardar a análise do pedido de agendamento e a
confirmação ou não do atendimento, também por e-mail ou
mensagem por telefone celular, se deferido designa dia e hora
para o atendimento;
Ora, o art. 4º da Lei 8935/94 traz como um dos
princípios norteadores do serviço prestado pelos oficiais de
registro, a eficiência, em dias e horários estabelecidos pelo
juízo competente, portanto, qualquer exceção ao atendimento
presencial e sem hora marcada, seja ao advogado ou ao cidadão,
deve obedecer ao disposto na legislação.
É preciso que se diga que, a pandemia não é
justificativa suficiente, uma vez que o Oficial procede assim
muito antes da pandemia.

2. EXIGÊNCIA DE DOCUMENTAÇÃO DESNECESSÁRIA COM VISTAS A ONERAR


O CIDADÃO.

O Registrador exige para a prática do ato de sua


atribuição, documentos já apresentados aos cartórios de Notas,
tornando sem sentido a nova apresentação, senão aumentando os
custos de forma desmedida, ineficiente e burocrática, como por
exemplo, formais de partilha expedidos pela justiça, atos
públicos lavrados por Tabelião de Notas, títulos de
propriedades emitidos pela União, Estado e Municípios, onde os
documentos, especialmente os pessoais das partes já foram
apresentados e devem permanecer arquivados no cartório de
notas.

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A apresentação de documento feita ao Tabelião


de Notas e lançada no título esgota pretensão
do oficial de registro de exigi-los novamente
ou de exigir fotocópia para requalificar o
título. A escritura tem fé pública a respeito
dos documentos qualificados pelo notário
(Escrituras Públicas Separação, Divórcio,
Inventário e Partilha Consensuais, RT, São
Paulo, 2007, nota in pág. 34).

A exigência dos documentos aplica-se aos registradores


imobiliários em relação ao registro de instrumento particular
e não aos públicos. A dupla exigência tem o caráter de onerar
desnecessariamente o cidadão.
Também em relação a procuração pública o oficial exige,
além dos documentos pessoais do procurador, cópias
autenticadas dos documentos pessoais dos outorgantes, mesmo
que tais documentos já tenham sido apresentados ao Tabelião de
Notas que lavrou a procuração. Na maioria dos casos esses
instrumentos são lavrados em outras cidades, até em Embaixadas
Brasileiras no exterior, muitas vezes há bastante tempo, mas
ainda válidos para a prática do ato para o qual foi outorgado,
de modo que com tais exigências o oficial invalida as
procurações sem que seja investido em poder jurisdicional para
isso.
Nos requerimentos para a apresentação de títulos para
registro é exigido o reconhecimento da assinatura do
requerente, mesmo que o documento seja assinado na presença do
funcionário do cartório e até mesmo quando expressamente
consta no próprio título tal solicitação (ex. Escritura de
Compra e Venda) é exigido o requerimento, o que impõe gastos
extras ao usuário do serviço.

3. COBRANÇA INDEVIDA DE ATOS GRATUITOS.


Art. 30, incisos VIII da LEI Nº 8.935/1994.

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Art. 30. São deveres dos notários e dos


oficiais de registro:
[..]
VIII - observar os emolumentos fixados para a
prática dos atos do seu ofício;

Tem sido também alvo de muitas reclamações a cobrança


indevida de atos praticados de ofício pelo oficial relativos a
averbação sem valor declarado, isentas de cobrança de
emolumentos segundo o item V, ato 7.3 da Tabela de Emolumentos
do Estado do Pará.

4. COBRANÇA INDEVIDA E EXCESSIVA DE EMOLUMENTOS SOB A ALEGAÇÃO


DE AMPARO LEGAL NO PROVIMENTO 88/2019 DO CNJ – CONDUTA
ATENTATÓRIA AO PREVISTO NA LEI 8.935/1994.
O Oficial do Cartório do Registro Imobiliário, desde
que assumiu a Serventia nesta cidade, juntamente com o Oficial
de Notas e Registro Civil (4º Ofício), MARCO AMARAL MENDONÇA,
também desta cidade, registre-se, encomendaram ao corretor de
imóveis JOSÉ GALDINO GOMES FILHO, com registro no CRECI sob o
nº 014981, PARECER TÉCNICO DE AVALIAÇÃO MERCADOLÓGICA (PTAM),
que segue anexo como comprovação.
Note-se, Excelência, que constam na capa do documento
citado acima (pág.1), como interessados, os Oficiais acima
referidos, CLARINDO FRREIRA ARAUJO FILHO e MARCO AMARAL
MENDONÇA.
A finalidade do PARECER TÉCNICO DE AVALIAÇÃO
MERCADOLÓGICA (PTAM) encomendado pelos Oficiais, como diz no
documento (pág.2) é a “determinação do valor de mercado do
imóvel avaliando para fins de comercialização”.
Tal PTAM vem sendo, desde então, utilizado como
parâmetro na avaliação particular feita pelo Oficial
Registrador de Imóveis, de forma unilateral, numa atitude
equivocada, contrária às leis, provimentos e regras que
norteiam os serviços cartorários, confeccionada com valores
absurdamente mais elevados do que os praticados pelo Município

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de Santarém e pelo Estado do Pará, mas utilizado pelo cartório


apenas como base de cálculo para a cobrança dos emolumentos
notariais e de registros de seu interesse, ignorando a
avaliação oficial do órgão público na transação havida entre
as partes, seja o Município de Santarém, para efeito da
cobrança do ITBI ou IPTU, seja a Secretaria de Estado da
Fazenda do Pará (SEFA), para efeito da cobrança do ITCD.
A TABELA DOS ATOS DOS OFICIOS DE REGITRO DE IMÓVEIS, em
NOTAS, ITEM 03, SUBITENS 3.1, ALIENAS a, b, c, determina ao
Registrador.
[03] Os emolumentos pelos atos praticados pelo Oficial
de Registro relativamente ao registro e averbação de
escrituras e contratos, serão calculados sobre um dos
seguintes valores, o que for maior:
a) valor fixado pelo órgão competente para pagamento
de imposto de transmissão de propriedade, ITBI.
b) valor venal do imóvel para cálculo do IPTU/ITR.
c) valor do contrato ou escritura.
A alegação do oficial para a cobrança indevida e
abusiva dos emolumentos relativos aos atos praticados, é de
que está amparado e autorizado pelo Provimento nº 88/2019 do
Conselho Nacional de Justiça – CNJ a proceder tal avaliação.
Segundo sua justificativa de cobrança, o Provimento
88/2019 exige a avaliação de mercado do imóvel transacionado e
a cobrança dos emolumentos deve ocorrer com base nessa
avaliação. Sugere ainda que, não sendo assim procedido, deve
informar ao COAF a transação havida entre as partes, numa
“ameaça velada” de intimidação ao interessado no registro, com
a finalidade deste aceitar o valor imposto.
Interessante Excelência é que a “avaliação de mercado”
é a que o Oficial encomendou ao corretor e não a dos órgãos
oficiais competentes para procederem as avaliações, que
auferiram os impostos recolhidos aos cofres públicos, o
Município de Santarém ou o Estado do Pará, em decorrência da
transação havida.
O PROVIMENTO nº 88/2019 do CNJ dispõe sobre a política,
os procedimentos e os controles a serem adotados pelos
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notários e registradores visando à prevenção dos crimes de


lavagem de dinheiro, previstos na Lei n. 9.613, de 3 de março
de 1998, e do financiamento do terrorismo, previsto na Lei n.
13.260, de 16 de março de 2016, e dá outras providências.
O objeto do provimento encontra-se descrito nos seus
artigos 5º e 6º, in verbis:
Art. 5º. Os notários e registradores devem
avaliar a existência de suspeição nas operações
ou propostas de operações de seus clientes,
dispensando especial atenção àquelas incomuns
ou que, por suas características, no que se
refere a partes envolvidas, valores, forma de
realização, finalidade, complexidade,
instrumentos utilizados ou pela falta de
fundamento econômico ou legal, possam
configurar indícios dos crimes de lavagem de
dinheiro ou de financiamento do terrorismo, ou
com eles relacionar-se.
Art. 6°. Os notários e registradores
comunicarão à Unidade de Inteligência
Financeira – UIF, por intermédio do Sistema de
Controle de Atividades Financeiras – Siscoaf,
quaisquer operações que, por seus elementos
objetivos e subjetivos, possam ser consideradas
suspeitas de lavagem de dinheiro ou
financiamento do terrorismo.
Segundo o objeto do citado provimento, havendo indícios
de lavagem de dinheiro e/ou de financiamento de terrorismo nas
operações devem os notários e registradores adotar os
procedimentos elencados nos artigos e incisos do provimento:
Art. 15. Havendo indícios da prática de crime
de lavagem de dinheiro ou de financiamento do
terrorismo, ou de atividades a eles
relacionadas, conforme critérios Poder
Judiciário Conselho Nacional de Justiça
estabelecidos neste capítulo, será efetuada
comunicação à Unidade de Inteligência

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Financeira – UIF no dia útil seguinte à prática


do ato notarial ou registral.
Parágrafo único. A comunicação será efetuada em
meio eletrônico no site da Unidade de
Inteligência Financeira – UIF, por intermédio
do link siscoaf.fazenda.gov.br/siscoaf-
internet, ou posteriores atualizações,
garantido o sigilo das informações fornecidas.
O mesmo provimento, no CAPÍTULO IX - DAS NORMAS
APLICÁVEIS AOS REGISTRADORES DE IMÓVEIS assim determina:

Art. 25 O oficial de registro de imóveis, ou


seu oficial de cumprimento, comunicará
obrigatoriamente à Unidade de Inteligência
Financeira – UIF, independentemente de análise
ou de qualquer outra consideração, a ocorrência
das seguintes situações:
I - registro de transmissões sucessivas do
mesmo bem, em período não superior a 6 (seis)
meses, se a diferença entre os valores
declarados for superior a 50%;
II - registro de título no qual constem
diferenças entre o valor da avaliação fiscal do
bem e o valor declarado, ou entre o valor
patrimonial e o valor declarado (superior ou
inferior), superiores a 100%;
III - registro de documento ou título em que
conste declaração das partes de que foi
realizado pagamento em espécie ou título de
crédito ao portador de valores igual ou
superior a R$ 30.000,00 (trinta mil reais).

Portanto, não se verifica em nenhum artigo, incisos e


parágrafos do citado provimento autorização para o Notário
e/ou o Registrador avaliar bens imóveis objetos das transações
imobiliárias por meio de avaliação própria ou particular,
baseada no PARECER TÉCNICO DE AVALIAÇÃO MERCADOLÓGIA – PTAM,
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elaborado por particulares e a partir desta avaliação efetuar


a cobrança dos emolumentos com base nesses valores. Não é esse
o objeto do provimento.
Na verdade, Excelência, o provimento está sendo
propositalmente utilizado e alardeado pelo Oficial em sua
Serventia, sob pretexto, como justificativa para validar a sua
própria arbitrariedade na cobrança dos valores excessivos dos
emolumentos, utiliza-se do provimento para proceder a cobrança
abusiva dos atos que pratica em sua Serventia.
Preocupação não menos recorrente dos usuários dos
serviços do cartório se refere quanto à comunicação dos atos
registrais à Receita Federal feitas obrigatoriamente pelos
cartórios do Brasil de todas as transações imobiliárias
através da DECLARAÇÃO SOBRE OPERAÇOES IMOBILIARIAS - DOI,
cujos valores informados devem ser o da transação e do que
serviu de base para o cálculo o Imposto sobre a Transmissão de
Bens Imóveis – ITBI ou do Imposto sobre Transmissão Causa
Mortis e Doação de Quaisquer Bens e Direitos – ITCD, ou seja,
da avaliação procedida pelo Município de Santarém ou pelo
Estado do Pará. Qual o valor que está sendo informando à
Receita Federal pelo oficial? A avaliação real e oficial ou a
particular?
O procedimento instituído no Art. 30, inciso
XIII da LEI nº 8.935/1994, que assim dispõe:

Art. 30. São deveres dos notários e dos


oficiais de registro:
[...]
XIII - encaminhar ao juízo competente as
dúvidas levantadas pelos interessados,
obedecida a sistemática processual fixada pela
legislação respectiva;

Diante de tantos questionamentos e insatisfação de


usuários dos serviços do cartório, advogados, corretores,
despachantes de imóveis, engenheiros e empresários ligados ao
ramo da construção civil, quanto à cobrança abusiva e
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excessiva dos emolumentos, baseada em avaliação própria do


Oficial, alegada e alardeada que o faz por força do Provimento
88/2019, pergunta-se: por que o Oficial não suscita duvida de
tal procedimento ao Juiz dos Registros Públicos da Comarca?
Questão estranha é a de que, uma vez assistido de
advogado, com receio de ser denunciado, o oficial retrocede e
aplica a avaliação correta do imóvel, porém, afixou no
interior de sua sede, cartazes informativos aconselhando aos
usuários de seus serviços comparecerem ao cartório
desassistidos por esses profissionais com o argumento de
diminuir seus custos.
Entretanto, nos casos não contestados, que são a
maioria, permanece a cobrança abusiva e sem limite dos
emolumentos notarias e registrais. Acautelado no provimento
88/2019 do CNJ (cujo objeto é outro) aproveita-se de pessoas
que não contestam, se resignam com o fato, geralmente pessoas
humildes, com pouca ou nenhuma instrução ou conhecimento de
seus direitos ou aquelas que necessitam do documento
registrado com urgência para a prática de algum negócio ou
mesmo aquelas intimidadas e ameaçadas pelas consequências do
provimento 88.
Mesmo quando recua da cobrança do valor excessivo, o
Registrador, surpreendentemente, faz constar do registro
imobiliário o valor da avaliação própria, particular, feita
sob encomenda, ao seu livre arbítrio, sem qualquer embasamento
jurídico, IMPONDO, EXPRESSAMENTE, no registro o valor de sua
avaliação particular, como sendo de mercado, quando sim
deveria constar o valor da avaliação do órgão oficial como
determina a lei dos Registros Públicos e os Provimentos.
Inclusive, nos registros onde consta a tal avaliação
mercadológica do próprio oficial registrador e do tabelião do
4º Ofício, este se refere ao Provimento nº 88/2019 do Conselho
Nacional de Justiça – CNJ, como justificativa para validar a
sua arbitrária inclusão do valor apurado indevidamente, como
sendo o de mercado, no documento público. Procedimento esse
que tem gerado transtorno e preocupação aos proprietários do
imóvel, visto que fica expressamente consignado no registro
valor do imóvel bem superior ao que realmente vale e que foi
avaliado pelo órgão público competente.
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Pairam aqui, Excelência, diversos questionamentos


diante das reclamações narradas e procedimentos adotados:

PRIMEIRO: A cobrança abusiva e excessiva de emolumentos


feitas de acordo com as avaliações particulares do próprio
cartório, beneficiam a quem? Ao Estado e ao Município que
cobraram o ITCD ou ITBI pelas avaliações oficiais, pela
transação havida entre as partes ou ao próprio Oficial da
Serventia?

Evidente Excelência, que só interessa e beneficia ao


oficial da Serventia. O Estado e o Município arrecadam o
imposto de transmissão pela avaliação oficial ou pela
transação entre as partes, o que for maior, enquanto que do
mesmo ato, o Oficial arrecada os emolumentos baseados pela
“sua avaliação de mercado”, sempre com valor
surpreendentemente maior que o da avaliação oficial ou da
transação.

SEGUNDO: Por que não suscita dúvidas quando contestado


expressamente ao juiz dos Registros Públicos da Comarca,
preferindo retroceder, quanto ao procedimento que adota,
amparado que se diz no Provimento 88/2019 para avaliar bens de
terceiros?

- Não suscita dúvida porque sabe que o Provimento


88/2019 do CNJ, alardeado e adotado para cobrar suas custas,
tem por objeto procedimento diverso do que pratica.

TERCEIRO: Se sabe certo o procedimento, por que recua


na cobrança abusiva quando contestado expressamente?

- Porque sabe que o cálculo dos emolumentos devidos a


oficiais registradores e tabeliães de notas segue a legislação
estadual, onde se discrimina a base de cálculo dos atos

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sujeitos à cobrança emolumentar e sua pratica não se encontra


amparada em nenhuma lei e em nenhum provimento.

Todas estas condutas do oficial, forma objeto de uma


nota de repúdio, assinada pela OAB e demais entidades, sem que
houvesse qualquer melhora:

Matéria: https://rdnoticias.blog.br/2021/01/08/oab-
seccional-do-para-e-subsecao-de-santarem-delegacia-regional-
do-creci-e-aces-publicam-nota-de-repudio/

Diante do exposto, necessário buscar então, através de


processo disciplinar, que o Eg. TJPA, através desta
corregedoria de justiça promova as correções necessárias e
aplique as sanções cabíveis.

DOS REQUERIMENTOS

Por todo o exposto, as instituições abaixo assinadas,


requerem:

a) Liminarmente e após a oitiva do Oficial no prazo


máximo de 48h que:

a.1. Retire e não mais promova na sede do cartório,


qualquer ato de desestímulo a contratação de
advogado, corretor ou qualquer outro profissional;

a.2. Que sejam suspensas as cobranças de


emolumentos com base na avaliação unilateral
realizada pelo Cartório do 1º Ofício;

a.3. Que o reclamado se abstenha de exigir os


documentos já expressos na escritura pública, bem
como nas procurações públicas;

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b) Sejam as condutas do Oficial do Cartório do


Registro de Imóveis (1º Ofício) desta Comarca de
Santarém(PA) apuradas por essa Corregedoria,
através de processo disciplinar, por infração ao
artigo 30, incisos II, V, VIII, X, XII e XIV da Lei
8935/94, tendo como consequência infrações
disciplinares previstas no art. 31 I, II, III e V
da mesma lei

c) Para se comprovar o alegado, indica-se como meio de


prova:

c.1. A oitiva do reclamado, do corretor que


realizou as avalições mercadológicas, assim como as
testemunhas a serem oportunamente indicadas pelo
representante

c.2. Seja realizada correição extraordinária com a


participação da OAB com vistas a apurar em conjunto
com o juiz corregedor responsável, os atos aqui
narrados.

Nestes termos.
Pede e espera providencias.

Santarém-PA, 18 de fevereiro de 2021.

ALBERTO ANTÔNIO DE ALBUQUERQUE CAMPOS

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Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Secção do Estado


do Pará
OAB/PA Nº. 5.541

ÍTALO MELO DE FARIAS


Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Subsecção de
Santarém/PA
OAB/PA Nº. 12.668

GILMARA DIAS BRUCE


Vice-Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Subsecção
de Santarém/PA
OAB/PA Nº. 14.518

JULIANA MATOS MARTINS


Secretária Geral da Ordem dos Advogados do Brasil – Subsecção
de Santarém/PA
OAB/PA Nº. 16.750-B

PATRYCK DELDUCK REIS FERREIRA


Secretário-Geral Adjunto da Ordem dos Advogados do Brasil –
Subsecção de Santarém/PA
OAB/PA Nº. 15.572

THIAGO ANDERSON REIS FERREIRA


Tesoureiro da Ordem dos Advogados do Brasil – Subsecção de
Santarém/PA
OAB/PA Nº. 11.784

FELIPE CASTRO DE VASCONCELOS

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Procurador de Defesa das Prerrogativas da Ordem dos Advogados


do Brasil – Subsecção de Santarém/PA
OAB/PA Nº. 29.462

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