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QUESTÕES DE PROVAS ORAIS

RESPOSTAS ELABORADAS PELOS CANDIDATOS


CLASSIFICADOS PARA A PROVA ORAL DO XIV
CONCURSO PARA JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO
DA 1ª REGIÃO
Alessandro Rafael Bertollo de Alexandre * Alexey Suusmann Pere * Bruno Anderson Santos da Silva * Caio Castagine
Marinho * Carolynne Souza de Macêdo Oliveira * Danielli Farias Rabelo Leitão Rodrigues * Diana Maria Wanderlei
da Silva * Diego Leonardo Andrade de Oliveira * Eduardo Santos da Rocha Penteado * Emanuel José Matias Guerra
* Érico Rodrigo Freitas Pinheiro * Felipe Bouzada Flores Viana * Flávio Fraga e Silva * Frederico Botelho de Barros
Viana * Gabriela Silva Macedo * Gilberto Pimentel de Mendonça Gomes Junior * Heitor Moura Gomes * Herley da
Luz Brasil * José Flávio Fonseca de Oliveira * Jucelio Fleury Neto * Leonardo Tavares Saraiva * Lílian Mara de Souza
Ferreira * Liviane Kelly Soares Vasconcelos * Luzia Farias da Silva * Marcelo Freire Lage * Márcio Muniz da Silva
Carvalho * Mauro César Garcia Patini * Mauro César Garcia Patini * Omar Bellottti Ferreira * Paulo Máximo de
Castro Cabacinha * Pedro Felipe de Oliveira Santos * Rafael de Sousa Branquinho e Assis * Rafael Lima da Costa *
Ricardo Beckerath da Silva Leitão * Robson de Magalhães Pereira * Rodrigo Parente Paiva Bentemuller * Tiago
Borré * Ubiratan Cruz Rodrigues * Umberto Paulini * Umberto Paulini * Victor Cretella Passos Silva * Walisson Gon-
çalves Cunha * Walter H. Santos

2012
1. PONTO 01 .....................................................................................................................................34
1.1. DIREITO CONSTITUCIONAL ..................................................................................................................... 34
1.1.1. Constitucionalismo................................................................................................................... 34
1.1.1.1. Questões do TRF1 ............................................................................................................................. 34
1.1.1.2. Questões do TRF2 ............................................................................................................................. 38
1.1.1.3. Questões do TRF3 ............................................................................................................................. 43
1.1.1.4. Questões do TRF4 ............................................................................................................................. 43
1.1.1.5. Questões do TRF5 ............................................................................................................................. 43
1.2. DIREITO TRIBUTÁRIO ............................................................................................................................. 43
1.2.1. Conceito, Conteúdo, Natureza, Autonomia, Fontes, Relação com o Direito Financeiro, Sistema
Constitucional Tributário, Poder de Tributar ..................................................................................... 43
1.2.1.1. Questões do TRF1 ............................................................................................................................. 43
1.2.1.2. Questões do TRF2 ............................................................................................................................. 44
1.2.1.3. Questões do TRF3 ............................................................................................................................. 47
1.2.1.4. Questões do TRF4 ............................................................................................................................. 48
1.2.1.5. Questões do TRF5 ............................................................................................................................. 48
1.3. DIREITO ADMINISTRATIVO...................................................................................................................... 48
1.3.1. Responsabilidade Civil do Estado ............................................................................................. 48
1.3.1.1. Questões do TRF1 ............................................................................................................................. 48
1.3.1.2. Questões do TRF2 ............................................................................................................................. 48
1.3.1.3. Questões do TRF3 ............................................................................................................................. 49
1.3.1.4. Questões do TRF4 ............................................................................................................................. 49
1.3.1.5. Questões do TRF5 ............................................................................................................................. 50
1.4. DIREITO PENAL .................................................................................................................................... 50
1.4.1. Aplicação da Lei Penal. Princípios Gerais. Normas das Convenções e Tratados de Direito
Internacional ...................................................................................................................................... 50
1.4.1.1. Questões do TRF1 ............................................................................................................................. 50
1.4.1.2. Questões do TRF2 ............................................................................................................................. 52
1.4.1.3. Questões do TRF3 ............................................................................................................................. 59
1.4.1.4. Questões do TRF4 ............................................................................................................................. 59
1.4.1.5. Questões do TRF5 ............................................................................................................................. 59
1.5. DIREITO PREVIDENCIÁRIO....................................................................................................................... 61
1.5.1. Previdência Social: Órgãos, Regimes, Segurados, Beneficiários e Inscrições. Leis N. 8.212/91 E
8.213/91 ............................................................................................................................................ 61
1.5.1.1. Questões do TRF1 ............................................................................................................................. 61
1.5.1.2. Questões do TRF2 ............................................................................................................................. 66
1.5.1.3. Questões do TRF3 ............................................................................................................................. 66
1.5.1.4. Questões do TRF4 ............................................................................................................................. 66
1.5.1.5. Questões do TRF5 ............................................................................................................................. 67
1.6. DIREITO CIVIL ...................................................................................................................................... 71
1.6.1. Prescrição e Decadência. Vícios Redibitórios. Evicção ............................................................. 71
1.6.1.1. Questões do TRF1 ............................................................................................................................. 71
1.6.1.2. Questões do TRF2 ............................................................................................................................. 71
1.6.1.3. Questões do TRF3 ............................................................................................................................. 72
1.6.1.4. Questões do TRF4 ............................................................................................................................. 72
1.6.1.5. Questões do TRF5 ............................................................................................................................. 72
1.7. DIREITO EMPRESARIAL .......................................................................................................................... 75
1.7.1. Direito Comercial. Direito Empresarial. ................................................................................... 75

2
1.7.1.1. Questões do TRF1 ............................................................................................................................. 75
1.7.1.2. Questões do TRF2 ............................................................................................................................. 79
1.7.1.3. Questões do TRF3 ............................................................................................................................. 79
1.7.1.4. Questões do TRF4 ............................................................................................................................. 79
1.7.1.5. Questões do TRF5 ............................................................................................................................. 79
1.8. DIREITO PROCESSUAL CIVIL .................................................................................................................... 79
1.8.1. Processo e Procedimento. Classificação dos Procedimentos. Procedimento Ordinário e suas
Fases. Procedimento Sumário. Procedimentos Especiais. Cognição Sumária e Exauriente.
Procedimento Adequado ................................................................................................................... 79
1.8.1.1. Questões do TRF1 ............................................................................................................................. 79
1.8.1.2. Questões do TRF2 ............................................................................................................................. 79
1.8.1.3. Questões do TRF3 ............................................................................................................................. 87
1.8.1.4. Questões do TRF4 ............................................................................................................................. 87
1.8.1.5. Questões do TRF5 ............................................................................................................................. 87
1.9. DIREITO PROCESSUAL PENAL .................................................................................................................. 95
1.9.1. Competência ............................................................................................................................ 95
1.9.1.1. Questões do TRF1 ............................................................................................................................. 95
1.9.1.2. Questões do TRF2 ............................................................................................................................. 96
1.9.1.3. Questões do TRF3 ............................................................................................................................. 97
1.9.1.4. Questões do TRF4 ............................................................................................................................. 97
1.9.1.5. Questões do TRF5 ............................................................................................................................. 97
1.10. DIREITO AMBIENTAL ......................................................................................................................... 100
1.10.1. Tutela Constitucional Do Meio Ambiente. Princípios Do Direito Ambiental Na Constituição
De 1988 ............................................................................................................................................ 100
1.10.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 100
1.10.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 102
1.10.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 107
1.10.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 107
1.10.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 108
1.11. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO ........................................................................................ 110
1.11.1. Personalidade Internacional. Estado e Território. Imunidade de Jurisdição. ....................... 110
1.11.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 110
1.11.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 112
1.11.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 117
1.11.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 117
1.11.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 117
1.12. SOCIOLOGIA DO DIREITO.................................................................................................................... 119
1.12.1. Fato Social – Conceito. ......................................................................................................... 119
1.12.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 119
1.12.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 119
1.12.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 120
1.12.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 120
1.12.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 120
1.13. FILOSOFIA DO DIREITO ...................................................................................................................... 120
1.13.1. O Justo e o Direito ................................................................................................................ 120
1.13.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 120
1.13.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 120
1.13.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 123
1.13.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 123
1.13.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 123
1.13.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 124

2. PONTO 02 ................................................................................................................................... 124


3
2.1. DIREITO CONSTITUCIONAL ................................................................................................................... 124
2.1.1. Poder Constituinte Originário e Poder Constituinte Derivado ............................................... 124
2.1.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 124
2.1.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 126
2.1.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 129
2.1.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 131
2.1.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 131
2.2. DIREITO TRIBUTÁRIO ........................................................................................................................... 131
2.2.1. Sistema Constitucional Tributário: Poder de Tributar – Competência Tributária – Capacidade
Tributária – Código Tributário Nacional .......................................................................................... 131
2.2.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 131
2.2.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 134
2.2.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 139
2.2.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 139
2.2.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 139
2.3. DIREITO ADMINISTRATIVO.................................................................................................................... 141
2.3.1. Processo Administrativo. Lei Nº 9.784/99. ............................................................................ 141
2.3.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 141
2.3.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 142
2.3.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 143
2.3.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 144
2.3.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 144
2.4. DIREITO PENAL .................................................................................................................................. 145
2.4.1. Crime. Crime E Relação De Causalidade. ............................................................................... 145
2.4.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 145
2.4.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 151
2.4.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 152
2.4.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 152
2.4.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 155
2.5. DIREITO PREVIDENCIÁRIO..................................................................................................................... 156
2.5.1. Previdência Social E Seguridade Social: Princípios Constitucionais. ...................................... 156
2.5.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 156
2.5.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 157
2.5.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 161
2.5.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 161
2.5.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 162
2.6. DIREITO CIVIL .................................................................................................................................... 163
2.6.1. Classificação Dos Contratos. Compromisso. .......................................................................... 163
2.6.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 163
2.6.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 164
2.6.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 165
2.6.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 165
2.6.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 165
2.7. DIREITO EMPRESARIAL ........................................................................................................................ 165
2.7.1. Sociedade Anônima ............................................................................................................... 165
2.7.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 165
2.7.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 167
2.7.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 170
2.7.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 170
2.7.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 170
2.8. DIREITO PROCESSUAL CIVIL .................................................................................................................. 171

4
2.8.1. Tutela Jurisdicional E Sua Antecipação. Conceito. Cabimento E Requisitos. Revogação,
Modificação E Recursos Cabíveis. Fungibilidade Da Tutela Cautelar E Antecipada. Cumprimento Das
Tutelas Antecipadas. Tutelas De Urgência. ..................................................................................... 171
2.8.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 171
2.8.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 173
2.8.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 173
2.8.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 173
2.8.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 173
2.9. DIREITO PROCESSUAL PENAL ................................................................................................................ 174
2.9.1. Ação Penal. Justa Causa. ....................................................................................................... 174
2.9.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 174
2.9.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 175
2.9.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 175
2.9.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 176
2.9.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 176
2.10. DIREITO AMBIENTAL ......................................................................................................................... 178
2.10.1. Competências Constitucionais Em Matéria Ambiental. Classificação e Repartição Dessas
Competências, no Cenário Federativo ............................................................................................. 178
2.10.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 178
2.10.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 178
2.10.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 178
2.10.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 178
2.10.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 178
2.11. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO ........................................................................................ 178
2.11.1. Validade de Sentença Estrangeira no Brasil. Rogatórias ..................................................... 178
2.11.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 178
2.11.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 180
2.11.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 183
2.11.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 183
2.11.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 183
2.12. SOCIOLOGIA DO DIREITO.................................................................................................................... 184
2.12.1. Conceito De Sociologia – Controle Social E Direito. ............................................................. 184
2.12.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 184
2.12.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 184
2.12.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 184
2.12.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 185
2.12.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 185
2.13. FILOSOFIA DO DIREITO ...................................................................................................................... 185
2.13.1. A Justiça Como Valor Universal ........................................................................................... 185
2.13.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 185
2.13.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 185
2.13.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 185
2.13.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 185
2.13.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 185

3. PONTO 03 ................................................................................................................................... 186


3.1. DIREITO CONSTITUCIONAL ................................................................................................................... 186
3.1.1. Direitos e Garantias Fundamentais: Garantias Constitucionais e Núcleos Essenciais dos
Direitos Fundamentais ..................................................................................................................... 186
3.1.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 186
3.1.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 186
3.1.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 189
5
3.1.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 190
3.1.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 190
3.2. DIREITO TRIBUTÁRIO ........................................................................................................................... 190
3.2.1. Sistema Constitucional Tributário: Tributos - Conceito - Natureza Jurídica - Classificação -
Espécies - Tributo E Preço Público .................................................................................................... 190
3.2.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 190
3.2.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 191
3.2.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 195
3.2.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 195
3.2.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 196
3.3. DIREITO ADMINISTRATIVO.................................................................................................................... 196
3.3.1. Intervenção do Estado na Propriedade e no Domínio Econômico ......................................... 196
3.3.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 196
3.3.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 196
3.3.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 198
3.3.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 199
3.3.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 199
3.4. DIREITO PENAL .................................................................................................................................. 199
3.4.1. Concurso de Pessoas e Concurso de Crimes ........................................................................... 199
3.4.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 199
3.4.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 200
3.4.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 201
3.4.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 201
3.4.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 201
3.5. DIREITO PREVIDENCIÁRIO..................................................................................................................... 201
3.5.1. Salário-De-Contribuição. Contribuições da Empresa. ............................................................ 201
3.5.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 201
3.5.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 201
3.5.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 202
3.5.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 203
3.5.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 203
3.6. DIREITO CIVIL .................................................................................................................................... 203
3.6.1. Validade e Invalidade dos Contratos. Contratos Fiduciários e Indiretos ................................ 203
3.6.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 203
3.6.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 203
3.6.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 204
3.6.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 205
3.6.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 205
3.7. DIREITO EMPRESARIAL ........................................................................................................................ 205
3.7.1. Sociedade Limitada ................................................................................................................ 205
3.7.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 205
3.7.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 205
3.7.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 206
3.7.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 206
3.7.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 206
3.8. DIREITO PROCESSUAL CIVIL .................................................................................................................. 208
3.8.1. Procedimento Sumário. Hipóteses de Admissibilidade. Valor da Causa e Caracterização por
Matérias. Procedimento. Petição Inicial, Recebimento da Inicial, Citação, Audiência Inicial, Resposta
do Réu, Audiência de Instrução e Julgamento. Intervenção de Terceiro e Ação Declaratória
Incidental ......................................................................................................................................... 208
3.8.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 208
3.8.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 208
6
3.8.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 208
3.8.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 208
3.8.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 208
3.9. DIREITO PROCESSUAL PENAL ................................................................................................................ 209
3.9.1. Recursos ................................................................................................................................. 209
3.9.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 209
3.9.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 209
3.9.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 209
3.9.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 210
3.9.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 210
3.10. DIREITO AMBIENTAL ......................................................................................................................... 210
3.10.1. Tutela Administrativa do Meio Ambiente. Responsabilidade Administrativa em Matéria
Ambiental. Poder de Polícia Ambiental ........................................................................................... 210
3.10.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 210
3.10.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 210
3.10.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 210
3.10.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 210
3.10.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 211
3.11. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO ........................................................................................ 213
3.11.1. Nacionalidade: Aquisição, Perda e Mudança ...................................................................... 213
3.11.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 213
3.11.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 213
3.11.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 213
3.11.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 213
3.11.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 213
3.12. SOCIOLOGIA DO DIREITO.................................................................................................................... 214
3.12.1. Fato Jurídico e Fato Social (Relações) .................................................................................. 214
3.12.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 214
3.12.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 214
3.12.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 214
3.12.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 214
3.12.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 214
3.13. FILOSOFIA DO DIREITO ...................................................................................................................... 214
3.13.1. Justiça e Legalidade ............................................................................................................. 214
3.13.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 214
3.13.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 215
3.13.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 215
3.13.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 215
3.13.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 215

4. PONTO 04 ................................................................................................................................... 216

4.1. DIREITO CONSTITUCIONAL ................................................................................................................... 216


4.1.1. Controle de Constitucionalidade ............................................................................................ 216
4.1.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 216
4.1.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 216
4.1.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 224
4.1.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 225
4.1.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 225
4.2. DIREITO TRIBUTÁRIO ........................................................................................................................... 225
4.2.1. Sistema Constitucional Tributário: Princípios Constitucionais De Direito Tributário ............. 225
4.2.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 225
4.2.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 226

7
4.2.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 231
4.2.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 232
4.2.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 232
4.3. DIREITO ADMINISTRATIVO.................................................................................................................... 234
4.3.1. Ato Administrativo. Políticas Públicas.................................................................................... 234
4.3.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 234
4.3.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 235
4.3.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 237
4.3.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 237
4.3.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 237
4.4. DIREITO PENAL .................................................................................................................................. 237
4.4.1. Pena. Valoração ..................................................................................................................... 237
4.4.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 237
4.4.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 237
4.4.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 242
4.4.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 242
4.4.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 242
4.5. DIREITO PREVIDENCIÁRIO..................................................................................................................... 242
4.5.1. Benefícios Previdenciários. Período de Carência. Valor Mensal. Salário-de-Benefício.
Reajustamentos ............................................................................................................................... 242
4.5.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 242
4.5.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 243
4.5.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 244
4.5.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 244
4.5.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 244
4.6. DIREITO CIVIL .................................................................................................................................... 245
4.6.1. Fato Jurídico, Ato Jurídico E Negócio Jurídico. Relações Paracontratuais ............................. 245
4.6.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 245
4.6.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 245
4.6.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 245
4.6.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 247
4.6.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 247
4.7. DIREITO EMPRESARIAL ........................................................................................................................ 248
4.7.1. Alienação Fiduciária Em Garantia ......................................................................................... 248
4.7.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 248
4.7.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 249
4.7.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 249
4.7.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 249
4.7.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 249
4.8. DIREITO PROCESSUAL CIVIL .................................................................................................................. 249
4.8.1. Procedimento Ordinário – Fase Postulatória. Petição Inicial. Propositura Da Demanda.
Requisitos Da Inicial. Pedido. Indeferimento Da Petição Inicial. Citação. Intimação. Resposta Do
Réu: Contestação, Reconvenção, Exceções, Impugnação Ao Valor Da Causa, Impugnação À
Gratuidade De Justiça e Ação Declaratória Incidental. Revelia ....................................................... 249
4.8.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 249
4.8.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 250
4.8.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 254
4.8.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 255
4.8.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 255
4.9. DIREITO PROCESSUAL PENAL ................................................................................................................ 256
4.9.1. Sentença. Motivação Das Decisões Penais ............................................................................ 256
4.9.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 256
8
4.9.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 259
4.9.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 260
4.9.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 260
4.9.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 261
4.10. DIREITO AMBIENTAL ......................................................................................................................... 261
4.10.1. Política Nacional Do Meio Ambiente. Instrumentos Da Política Nacional Do Meio Ambiente.
Padrões De Qualidade Ambiental. Zoneamento Ambiental. Sistema Nacional De Unidades De
Conservação Da Natureza ............................................................................................................... 261
4.10.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 261
4.10.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 261
4.10.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 262
4.10.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 262
4.10.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 262
4.11. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO ........................................................................................ 264
4.11.1. O Espaço Aéreo .................................................................................................................... 264
4.11.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 264
4.11.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 265
4.11.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 265
4.11.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 265
4.11.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 265
4.12. SOCIOLOGIA DO DIREITO.................................................................................................................... 265
4.12.1. Aspectos Gerenciais Da Atividade Judiciária........................................................................ 265
4.12.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 265
4.12.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 265
4.12.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 265
4.12.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 265
4.12.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 265
4.13. FILOSOFIA DO DIREITO ...................................................................................................................... 265
4.13.1. O Conceito De Direito E Sua Positividade............................................................................. 265
4.13.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 265
4.13.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 267
4.13.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 267
4.13.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 267
4.13.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 267

5. PONTO 05 ................................................................................................................................... 268

5.1. DIREITO CONSTITUCIONAL ................................................................................................................... 268


5.1.1. Eficácia Das Normas Constitucionais ..................................................................................... 268
5.1.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 268
5.1.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 270
5.1.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 270
5.1.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 270
5.1.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 270
5.2. DIREITO TRIBUTÁRIO ........................................................................................................................... 271
5.2.1. Impostos: União Federal – Estados-membros - Municípios – Distrito Federal - Territórios -
Princípios E Normas Constitucionais – Rendas Compatíveis ............................................................ 271
5.2.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 271
5.2.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 271
5.2.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 273
5.2.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 277
5.2.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 277
5.3. DIREITO ADMINISTRATIVO.................................................................................................................... 278
9
5.3.1. Licitação ................................................................................................................................. 278
5.3.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 278
5.3.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 284
5.3.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 292
5.3.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 296
5.3.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 296
5.4. DIREITO PENAL .................................................................................................................................. 296
5.4.1. Extinção Da Punibilidade ....................................................................................................... 296
5.4.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 296
5.4.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 301
5.4.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 301
5.4.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 301
5.4.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 301
5.5. DIREITO PREVIDENCIÁRIO..................................................................................................................... 301
5.5.1. Aposentadoria. Auxílio-Doença. Abono De Permanência. Pensões. Renda Mensal Vitalícia.
Acumulação ..................................................................................................................................... 301
5.5.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 301
5.5.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 307
5.5.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 308
5.5.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 308
5.5.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 308
5.6. DIREITO CIVIL .................................................................................................................................... 309
5.6.1. Compra E Venda. Pactos Adjetos. Compromisso De Compra E Venda .................................. 309
5.6.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 309
5.6.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 313
5.6.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 313
5.6.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 313
5.6.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 313
5.7. DIREITO EMPRESARIAL ........................................................................................................................ 313
5.7.1. Títulos De Crédito................................................................................................................... 313
5.7.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 313
5.7.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 318
5.7.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 322
5.7.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 322
5.7.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 324
5.8. DIREITO PROCESSUAL CIVIL .................................................................................................................. 325
1.8.1. Fase Ordinatória. Providências Preliminares. Réplica. Especificação De Provas. Regularização.
Julgamento Conforme O Estado Do Processo. Extinção Sem Julgamento Do Mérito. Julgamento
Antecipado Do Mérito. Audiência Preliminar. Tentativa De Conciliação, Saneamento Do Processo,
Desnecessidade De Audiência Preliminar ........................................................................................ 325
5.8.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 325
5.8.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 328
5.8.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 329
5.8.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 329
5.8.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 329
5.9. DIREITO PROCESSUAL PENAL ................................................................................................................ 329
5.9.1. Prova. Indícios. Presunções. Ônus Da Prova. Valor Da Confissão .......................................... 329
5.9.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 329
5.9.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 336
5.9.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 339
5.9.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 339
5.9.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 340

10
5.10. DIREITO AMBIENTAL ......................................................................................................................... 340
5.10.1. Avaliação De Impactos Ambientais. Estudo Prévio De Impacto Ambiental E Licenciamento
Ambiental. Infrações E Sanções Administrativas ............................................................................. 340
5.10.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 340
5.10.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 344
5.10.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 347
5.10.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 347
5.10.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 347
5.11. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO ........................................................................................ 347
5.11.1. Mar Territorial E Zona Contígua. Zona Econômica. Plataforma Continental. Alto Mar ...... 347
5.11.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 347
5.11.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 348
5.11.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 348
5.11.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 348
5.11.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 348
5.12. SOCIOLOGIA DO DIREITO.................................................................................................................... 348
5.12.1. O Fato Jurídico Como Espécie Do Gênero Fato Social .......................................................... 348
5.12.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 348
5.12.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 348
5.12.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 348
5.12.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 348
5.12.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 348
5.13. FILOSOFIA DO DIREITO ...................................................................................................................... 349
5.13.1. A Justiça Como Valor Jurídico Político.................................................................................. 349
5.13.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 349
5.13.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 349
5.13.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 349
5.13.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 349
5.13.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 349

6. PONTO 06 ................................................................................................................................... 350


6.1. DIREITO CONSTITUCIONAL ................................................................................................................... 350
6.1.1. Princípios E Métodos De Interpretação Da Constituição ....................................................... 350
6.1.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 350
6.1.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 350
6.1.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 351
6.1.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 351
6.1.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 352
6.2. DIREITO TRIBUTÁRIO ........................................................................................................................... 352
6.2.1. Legislação Tributária: Vigência No Tempo E No Espaço – Aplicação - Hermenêutica Tributária
– Lei Interpretativa - Interpretação E Integração Da Legislação Tributária No Código Tributário
Nacional ........................................................................................................................................... 352
6.2.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 352
6.2.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 355
6.2.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 358
6.2.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 358
6.2.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 358
6.3. DIREITO ADMINISTRATIVO.................................................................................................................... 358
6.3.1. Serviços Públicos E Atividades Econômicas Do Estado .......................................................... 358
6.3.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 358
6.3.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 360
6.3.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 361
11
6.3.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 361
6.3.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 361
6.4. DIREITO PENAL .................................................................................................................................. 362
6.4.1. Inatividade No Processo Penal. Inquérito Policial. Garantias Do Investigado. Atribuições Da
Autoridade Policial. Intervenção Do Ministério Público................................................................... 362
6.4.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 362
6.4.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 364
6.4.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 365
6.4.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 365
6.4.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 365
6.5. DIREITO PREVIDENCIÁRIO..................................................................................................................... 366
6.5.1. Tempo De Serviço - Lei N. 8.742/1993 (Loas): Aspectos Previdenciários E Sociais ................ 366
6.5.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 366
6.5.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 367
6.5.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 367
6.5.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 367
6.5.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 367
6.6. DIREITO CIVIL .................................................................................................................................... 367
6.6.1. Pessoas Jurídicas. Obrigação Natural .................................................................................... 367
6.6.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 367
6.6.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 369
6.6.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 369
6.6.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 370
6.6.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 370
6.7. DIREITO EMPRESARIAL ........................................................................................................................ 370
6.7.1. Arrendamento Mercantil ....................................................................................................... 370
6.7.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 370
6.7.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 371
6.7.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 371
6.7.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 371
6.7.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 371
6.8. DIREITO PROCESSUAL CIVIL .................................................................................................................. 371
6.8.1. Procedimento Ordinário – Fase Instrutória. Teoria Geral Da Prova. Classificação Da Prova.
Objeto Da Prova. Prova De Fato Negativo. O Juiz E A Produção Da Prova. O Ônus Da Prova. Provas
Ilícitas. Hierarquia. Fontes E Meios. Prova Documental. Prova Pericial. Inspeção Judicial. Prova
Testemunhal. Depoimento Pessoal. Interrogatório Das Partes. Audiência De Instrução E Julgamento
......................................................................................................................................................... 371
6.8.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 371
6.8.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 375
6.8.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 375
6.8.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 375
6.8.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 376
6.9. DIREITO PROCESSUAL PENAL ................................................................................................................ 376
6.9.1. Questões E Processos Incidentes............................................................................................ 376
6.9.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 376
6.9.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 377
6.9.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 378
6.9.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 378
6.9.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 378
6.10. DIREITO AMBIENTAL ......................................................................................................................... 378
6.10.1. Responsabilidade Ambiental. Tutela Civil Do Meio Ambiente. A Responsabilidade Civil
Ambiental. O Dano Ambiental. Formas De Reparação Do Dano Ambiental. Responsabilidade Por
12
Culpa Do Direito Tradicional. Responsabilidade Objetiva No Direito Ambiental. O Sujeito
Responsável E A Solidariedade Passiva No Dano Ambiental. A Responsabilidade Do Estado Por
Dano Ambiental ............................................................................................................................... 378
6.10.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 378
6.10.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 383
6.10.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 383
6.10.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 383
6.10.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 383
6.11. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO ........................................................................................ 383
6.11.1. O Estado Como Sujeito De Direito Internacional Público (Deveres E Direitos Do Estado Na
Ordem Internacional)....................................................................................................................... 383
6.11.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 383
6.11.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 384
6.11.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 384
6.11.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 384
6.11.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 384
6.12. SOCIOLOGIA DO DIREITO.................................................................................................................... 384
6.12.1. Extratificação Social ............................................................................................................. 384
6.12.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 384
6.12.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 385
6.12.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 385
6.12.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 385
6.12.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 385
6.13. FILOSOFIA DO DIREITO ...................................................................................................................... 385
6.13.1. A Moral e o Direito............................................................................................................... 385
6.13.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 385
6.13.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 386
6.13.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 386
6.13.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 386
6.13.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 387

7. PONTO 07 ................................................................................................................................... 387

7.1. DIREITO CONSTITUCIONAL ................................................................................................................... 387


7.1.1. Conceitos De Constituição ..................................................................................................... 387
7.1.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 387
7.1.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 388
7.1.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 391
7.1.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 391
7.1.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 392
7.2. DIREITO TRIBUTÁRIO ........................................................................................................................... 392
7.2.1. Obrigação Tributária: Elementos - Sujeição Passiva Direta E Indireta - Espécies – Domicílio
Tributário ......................................................................................................................................... 392
7.2.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 392
7.2.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 395
7.2.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 397
7.2.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 399
7.2.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 399
7.3. DIREITO ADMINISTRATIVO.................................................................................................................... 400
7.3.1. Administração Pública Direta E Indireta. Entidades Administrativas .................................... 400
7.3.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 400
7.3.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 403
7.3.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 409
13
7.3.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 410
7.4. DIREITO PENAL .................................................................................................................................. 419
7.4.1. Suspensão Condicional Do Processo E Da Pena ..................................................................... 419
7.4.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 419
7.4.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 419
7.4.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 420
7.4.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 420
7.4.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 420
7.5. DIREITO PREVIDENCIÁRIO..................................................................................................................... 420
7.5.1. Aposentadoria. Auxílio-Doença. Abono De Permanência. Pensões. Renda Mensal Vitalícia.
Acumulação ..................................................................................................................................... 420
7.5.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 420
7.5.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 422
7.5.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 422
7.5.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 422
7.5.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 422
7.6. DIREITO CIVIL .................................................................................................................................... 422
7.6.1. Do Pagamento (Regras Gerais). Pagamento Com Sub-Rogação. Novação ........................... 422
7.6.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 422
7.6.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 423
7.6.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 423
7.6.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 424
7.6.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 424
7.7. DIREITO EMPRESARIAL ........................................................................................................................ 424
7.7.1. Franquia E Faturização .......................................................................................................... 424
7.7.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 424
7.7.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 424
7.7.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 424
7.7.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 424
7.7.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 424
7.8. DIREITO PROCESSUAL CIVIL .................................................................................................................. 424
7.8.1. O Processo Nos Tribunais. Uniformização Da Jurisprudência. Declaração De
Inconstitucionalidade Pelo Sistema Difuso ...................................................................................... 424
7.8.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 424
7.8.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 424
7.8.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 425
7.8.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 425
7.8.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 425
7.9. DIREITO PROCESSUAL PENAL ................................................................................................................ 425
7.9.1. Execução Penal ...................................................................................................................... 425
7.9.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 425
7.9.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 425
7.9.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 426
7.9.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 426
7.9.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 426
7.10. DIREITO AMBIENTAL ......................................................................................................................... 426
7.10.1. Responsabilidade Ambiental. Tutela Penal Do Meio Ambiente. A Responsabilidade Penal
Ambiental. As Normas Penais Ambientais. Responsabilidade Penal Individual. Responsabilidade
Penal Da Pessoa Jurídica. As Sanções Penais Das Pessoas Físicas. As Penas Aplicáveis Às Pessoas
Jurídicas. Os Crimes Ambientais Previstos Na Lei Nº 9.605/98. Outros Crimes Ambientais ............ 426
7.10.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 426
7.10.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 426
14
7.10.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 426
7.10.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 426
7.10.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 426
7.11. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO ........................................................................................ 427
7.11.1. O Homem Como Sujeito De Direito Internacional Público (As Declarações De Direitos) ..... 427
7.11.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 427
7.11.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 427
7.11.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 428
7.11.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 429
7.11.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 429
7.12. SOCIOLOGIA DO DIREITO.................................................................................................................... 429
7.12.1. Processos De Transformação Do Indivíduo Do Gênero Em Pessoa Ou Ator Social .............. 429
7.12.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 429
7.12.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 429
7.12.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 430
7.12.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 430
7.12.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 430
7.13. FILOSOFIA DO DIREITO ...................................................................................................................... 430
7.13.1. Equidade .............................................................................................................................. 430
7.13.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 430
7.13.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 430
7.13.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 430
7.13.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 430
7.13.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 430

8. PONTO 08 ................................................................................................................................... 430


8.1. DIREITO CONSTITUCIONAL ................................................................................................................... 430
8.1.1. Classificação Das Constituições ............................................................................................. 430
8.1.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 430
8.1.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 430
8.1.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 431
8.1.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 431
8.1.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 431
8.2. DIREITO TRIBUTÁRIO ........................................................................................................................... 431
8.2.1. Crédito Tributário: Constituição ............................................................................................. 431
8.2.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 431
8.2.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 431
8.2.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 431
8.2.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 432
8.2.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 432
8.3. DIREITO ADMINISTRATIVO.................................................................................................................... 432
8.3.1. Devido Processo (Legal) Administrativo................................................................................. 432
8.3.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 432
8.3.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 432
8.3.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 433
8.3.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 433
8.3.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 433
8.4. DIREITO PENAL .................................................................................................................................. 433
8.4.1. Crimes De "Lavagem" Ou Ocultação De Bens, Direitos E Valores .......................................... 433
8.4.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 433
8.4.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 434
8.4.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 434

15
8.4.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 434
8.4.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 435
8.5. DIREITO PREVIDENCIÁRIO..................................................................................................................... 435
8.5.1. Trabalhador Rural - Estatuto Do Idoso (Lei N. 10.741/2003)................................................. 435
8.5.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 435
8.5.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 437
8.5.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 437
8.5.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 437
8.5.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 437
8.6. DIREITO CIVIL .................................................................................................................................... 437
8.6.1. Obrigação: Conceito. Elementos Constitutivos. Modalidades ............................................... 437
8.6.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 437
8.6.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 437
8.6.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 438
8.6.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 438
8.6.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 438
8.7. DIREITO EMPRESARIAL ........................................................................................................................ 439
8.7.1. Sociedade Simples E Sociedade Em Nome Coletivo ............................................................... 439
8.7.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 439
8.7.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 439
8.7.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 439
8.7.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 439
8.7.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 439
8.8. DIREITO PROCESSUAL CIVIL .................................................................................................................. 440
8.8.1. Homologação De Sentença Estrangeira. Ação Rescisória. Ação Rescisória Constitucional.
Antecipação De Tutela Na Ação Rescisória ..................................................................................... 440
8.8.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 440
8.8.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 440
8.8.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 442
8.8.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 442
8.8.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 443
8.9. DIREITO PROCESSUAL PENAL ................................................................................................................ 445
8.9.1. Prisão Cautelar De Natureza Processual................................................................................ 445
8.9.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 445
8.9.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 446
8.9.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 446
8.9.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 448
8.9.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 449
8.10. DIREITO AMBIENTAL ......................................................................................................................... 449
8.10.1. Principais Instrumentos De Proteção Internacional Do Meio Ambiente. Fontes Do Direito
Internacional Do Meio Ambiente. Documentos Internacionais. Agenda 21 .................................... 449
8.10.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 449
8.10.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 449
8.10.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 450
8.10.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 450
8.10.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 450
8.11. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO ........................................................................................ 450
8.11.1. Incorporação Dos Tratados Público E Privado Internacionais (Convenções Etc.) No Direito
Brasileiro .......................................................................................................................................... 450
8.11.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 450
8.11.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 452
8.11.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 456

16
8.11.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 457
8.11.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 457
8.12. SOCIOLOGIA DO DIREITO .............................................................................................................. 460
8.12.1. Conflitos – Conceito .......................................................................................................... 460
8.12.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................ 460
8.12.1.2. Questões do TRF28 ....................................................................................................................... 461
8.12.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 461
8.12.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 461
8.12.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 461
8.13. FILOSOFIA DO DIREITO ...................................................................................................................... 461
8.13.1. O Mundo Compreendido Cosmologicamente ...................................................................... 461
8.13.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 461
8.13.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 465
8.13.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 465
8.13.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 465
8.13.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 465

9. PONTO 09 ................................................................................................................................... 465


9.1. DIREITO CONSTITUCIONAL ................................................................................................................... 465
9.1.1. Separação De Poderes E Divisão De Poderes No Brasil.......................................................... 465
9.1.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 465
9.1.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 465
9.1.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 471
9.1.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 474
9.1.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 474

TRF5 – 2012.................................................................................................................................. 474

9.2. DIREITO TRIBUTÁRIO ........................................................................................................................... 476


9.2.1. Crédito Tributário: Suspensão ................................................................................................ 476
9.2.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 476
9.2.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 476
9.2.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 477
9.2.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 477
9.2.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 477
9.3. DIREITO ADMINISTRATIVO.................................................................................................................... 477
9.3.1. Contratos Administrativos. Parcerias Público-Privadas ......................................................... 477
9.3.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 477
9.3.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 477
9.3.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 479
9.3.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 480
9.3.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 480
9.4. DIREITO PENAL .................................................................................................................................. 480
9.4.1. Crimes Hediondos .................................................................................................................. 480
9.4.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 480
9.4.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 481
9.4.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 481
9.4.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 482
9.4.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 483
9.5. DIREITO PREVIDENCIÁRIO..................................................................................................................... 483
9.5.1. Empregador E Empregado Domésticos - Estatuto Do Idoso (Lei N. 10.741/2003) - Lei N.
8.742/1993 (Loas) ............................................................................................................................ 483
9.5.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 483
17
9.5.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 483
9.5.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 484
9.5.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 484
9.5.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 484
9.6. DIREITO CIVIL .................................................................................................................................... 484
9.6.1. Mandato. Revisão E Extinção Dos Contratos ......................................................................... 484
9.6.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 484
9.6.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 484
9.6.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 485
9.6.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 486
9.6.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 486
9.7. DIREITO EMPRESARIAL ........................................................................................................................ 486
9.7.1. Sociedade: Princípios Gerais E Classificação .......................................................................... 486
9.7.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 486
9.7.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 487
9.7.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 489
9.7.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 491
9.7.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 491
9.8. DIREITO PROCESSUAL CIVIL .................................................................................................................. 493
9.8.1. Teoria Geral Dos Recursos. Princípio Do Duplo Grau De Jurisdição. Conceito De Recurso.
Classificação. Juízo De Admissibilidade. Juízo De Mérito. Efeito Dos Recursos. Efeitos De
Interposição. Efeitos De Julgamento. Antecipação Da Tutela Recursal ........................................... 493
9.8.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 493
9.8.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 493
9.8.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 494
9.8.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 494
9.8.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 494
9.9. DIREITO PROCESSUAL PENAL ................................................................................................................ 495
9.9.1. Juizados Especiais Federais Criminais .................................................................................... 495
9.9.1.1. Questões do TRF1 ........................................................................................................................... 495
9.9.1.2. Questões do TRF2 ........................................................................................................................... 495
9.9.1.3. Questões do TRF3 ........................................................................................................................... 495
9.9.1.4. Questões do TRF4 ........................................................................................................................... 495
9.9.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 495
9.10. DIREITO AMBIENTAL ......................................................................................................................... 495
9.10.1. A Tutela Internacional Dos Bens Naturais Brasileiros E As Unidades De Conservação Da
Natureza De Proteção Integral ........................................................................................................ 495
9.10.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 495
9.10.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 495
9.10.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 495
9.10.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 496
9.10.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 496
9.11. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO ........................................................................................ 496
9.11.1. Atividade Da Lei No Tempo (Vigência, Eficácia, Fundamento) ............................................ 496
9.11.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 496
9.11.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 496
9.11.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 496
9.11.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 496
9.11.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 496
9.12. SOCIOLOGIA DO DIREITO.................................................................................................................... 498
9.12.1. Mecanismos De Resolução De Conflitos .............................................................................. 498
9.12.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 498

18
9.12.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 499
9.12.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 499
9.12.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 499
9.12.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 499
9.13. FILOSOFIA DO DIREITO ...................................................................................................................... 500
9.13.1. O Homem. Conceito. Ser Do Mundo E Opondo-Se Ao Mundo ............................................. 500
9.13.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 500
9.13.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 503
9.13.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 503
9.13.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 503
9.13.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 503

10. PONTO 10.................................................................................................................................. 504


10.1. DIREITO CONSTITUCIONAL ................................................................................................................. 504
10.1.1. Federalismo E Estado Federal Brasileiro .............................................................................. 504
10.1.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 504
10.1.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 504
10.1.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 505
10.1.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 506
10.1.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 506
10.2. DIREITO TRIBUTÁRIO ......................................................................................................................... 508
10.2.1. Crédito Tributário: Extinção ................................................................................................. 508
10.2.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 508
10.2.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 508
10.2.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 511
10.2.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 511
101.2.1.5. Questões do TRF5 ....................................................................................................................... 513
10.3. DIREITO ADMINISTRATIVO.................................................................................................................. 513
10.3.1. Responsabilidade Administrativa, Civil E Penal Do Servidor Público. Processo Disciplinar .. 513
10.3.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 513
10.3.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 513
10.3.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 518
10.3.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 518
10.3.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 519
10.4. DIREITO PENAL ................................................................................................................................ 519
10.4.1. Crimes Contra A Ordem Tributária. Apropriação Indébita Previdenciária ........................... 519
10.4.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 519
10.4.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 519
10.4.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 522
10.4.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 522
10.4.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 524
10.5. DIREITO PREVIDENCIÁRIO................................................................................................................... 524
10.5.1. O Servidor Público Federal - Reciprocidade De Regimes - Dependência Econômica ........... 524
10.5.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 524
10.5.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 524
10.5.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 530
10.5.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 530
10.5.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 530
10.6. DIREITO CIVIL .................................................................................................................................. 530
10.6.1. Da Posse............................................................................................................................... 530
10.6.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 530
10.6.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 531

19
10.6.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 533
10.6.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 534
10.6.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 534
10.7. DIREITO EMPRESARIAL ...................................................................................................................... 534
10.7.1. Sistema Financeiro Nacional ................................................................................................ 534
10.7.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 534
10.7.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 534
10.7.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 535
10.7.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 535
10.7.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 535
10.8. DIREITO PROCESSUAL CIVIL ................................................................................................................ 535
10.8.1. Recursos Em Espécie. Apelação. Agravos. Embargos Infringentes. Embargos De Declaração.
Recurso Ordinário Para O Stf E Para O Stj. Recurso Especial E Recurso Extraordinário. Embargos De
Divergência ...................................................................................................................................... 535
10.8.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 535
10.8.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 536
10.8.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 539
10.8.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 539
10.8.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 539
10.9. DIREITO PROCESSUAL PENAL .............................................................................................................. 539
10.9.1. Nulidades. Descumprimento Das Formas Processuais ........................................................ 539
10.9.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 539
10.9.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 539
10.9.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 540
10.9.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 540
10.9.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 542
10.10. DIREITO AMBIENTAL ....................................................................................................................... 542
10.10.1. A Efetivação Da Proteção Normativa Ao Meio Ambiente. A Tutela Processual Do Meio
Ambiente. A Fase Pré-Processual: O Inquérito Civil E O Inquérito Policial. A Fase Processual: A Ação
Civil Pública Ambiental. Ação Popular Ambiental. Mandado De Segurança Coletivo Ambiental.
Mandado De Injunção Ambiental. Ação Cautelar Ambiental. Ação Declaratória De
Inconstitucionalidade Em Matéria Ambiental. A Eficácia Instrumental Das Tutelas Mandamentais
Em Matéria Ambiental..................................................................................................................... 542
10.10.1.1. Questões do TRF1 ....................................................................................................................... 542
10.10.1.2. Questões do TRF2 ....................................................................................................................... 542
10.10.1.3. Questões do TRF3 ....................................................................................................................... 542
10.10.1.4. Questões do TRF4 ....................................................................................................................... 542
10.10.1.5. Questões do TRF5 ....................................................................................................................... 542
10.11. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO ...................................................................................... 542
10.11.1. Situação Do Estrangeiro No Brasil. Extradição .................................................................. 542
10.11.1.1. Questões do TRF1 ....................................................................................................................... 542
10.11.1.2. Questões do TRF2 ....................................................................................................................... 546
10.11.1.3. Questões do TRF3 ....................................................................................................................... 549
10.11.1.4. Questões do TRF4 ....................................................................................................................... 549
10.11.1.5. Questões do TRF5 ....................................................................................................................... 549
10.12. SOCIOLOGIA DO DIREITO.................................................................................................................. 550
10.12.1. Composição De Litígios – Sistemas Não Judiciais De Composição ..................................... 550
10.12.1.1. Questões do TRF1 ....................................................................................................................... 550
10.12.1.2. Questões do TRF2 ....................................................................................................................... 550
10.12.1.3. Questões do TRF3 ....................................................................................................................... 550
10.12.1.4. Questões do TRF4 ....................................................................................................................... 550
10.12.1.5. Questões do TRF5 ....................................................................................................................... 550
20
10.13. FILOSOFIA DO DIREITO .................................................................................................................... 551
10.13.1. A Conduta Segundo Sócrates ............................................................................................. 551
10.13.1.1. Questões do TRF1 ....................................................................................................................... 551
10.13.1.2. Questões do TRF2 ....................................................................................................................... 552
10.13.1.3. Questões do TRF3 ....................................................................................................................... 552
10.13.1.4. Questões do TRF4 ....................................................................................................................... 552
10.13.1.5. Questões do TRF5 ....................................................................................................................... 552

11. PONTO 11.................................................................................................................................. 552


11.1. DIREITO CONSTITUCIONAL ................................................................................................................. 552
11.1.1. Estado E Ordem Econômica ................................................................................................. 552
11.1.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 552
11.1.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 554
11.1.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 559
11.1.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 560
11.1.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 560
11.2. DIREITO TRIBUTÁRIO ......................................................................................................................... 561
11.2.1. Crédito Tributário: Exclusão ................................................................................................. 561
11.2.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 561
11.2.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 563
11.2.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 564
11.2.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 564
11.2.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 564
11.3. DIREITO ADMINISTRATIVO.................................................................................................................. 565
11.3.1. Agentes Públicos Civis E Militares ........................................................................................ 565
11.3.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 565
11.3.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 570
11.3.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 571
11.3.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 571
11.3.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 571
11.4. DIREITO PENAL ................................................................................................................................ 571
11.4.1. Tráfico Ilícito De Entorpecentes ........................................................................................... 571
11.4.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 571
11.4.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 584
11.4.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 584
11.4.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 585
11.4.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 585
11.5. DIREITO PREVIDENCIÁRIO................................................................................................................... 585
11.5.1. Previdência Social: Órgãos, Regimes, Segurados, Beneficiários E Inscrições. Leis Ns. 8.212/91
E 8.213/91........................................................................................................................................ 585
11.5.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 585
11.5.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 590
11.5.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 590
11.5.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 590
11.5.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 590
11.6. DIREITO CIVIL .................................................................................................................................. 594
11.6.1. Da Propriedade. Propriedade E Domínio ............................................................................. 594
11.6.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 594
11.6.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 598
11.6.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 599
11.6.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 601
11.6.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 601

21
11.7. DIREITO EMPRESARIAL ...................................................................................................................... 605
11.7.1. Estabelecimento Empresarial .............................................................................................. 605
11.7.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 605
11.7.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 613
11.8. DIREITO PROCESSUAL CIVIL ................................................................................................................ 617
11.8.1. Súmula Vinculante. Fenômeno Processual Da Repercussão Geral, Na Competência Recursal
Do Supremo Tribunal Federal E Do Superior Tribunal De Justiça. Tendências Atuais Dos Recursos. O
Processo Cautelar. Procedimento. Os Processos Especiais De Mandado De Segurança, Ação Civil
Pública, Ação Popular, Ação De Desapropriação, Habeas-Data, Mandado De Injunção E Ação De
Improbidade Administrativa ............................................................................................................ 617
11.8.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 618
11.8.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 632
11.8.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 635
11.8.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 639
11.8.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 640
11.9. DIREITO PROCESSUAL PENAL .............................................................................................................. 642
11.9.1. Prova. Quebra Do Sigilo Bancário ........................................................................................ 642
11.9.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 642
11.9.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 644
11.9.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 645
11.9.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 645
11.9.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 645
11.10. DIREITO AMBIENTAL ....................................................................................................................... 646
11.10.1. A Tutela Processual Dos Interesses Difusos Ambientais E A Técnica Das Tutelas De Urgência
Na Defesa Adequada Do Meio Ambiente. O Devido Processo Legal Coletivo E A Tutela Jurisdicional
Inibitória Do Risco De Dano Ambiental Como Instrumento De Eficácia Do Princípio Da Precaução. A
Eficácia Erga Omnes Da Coisa Julgada Coletiva Na Dimensão Do Interesse Difuso Ambiental ...... 646
11.10.1.1. Questões do TRF1 ....................................................................................................................... 646
11.10.1.2. Questões do TRF2 ....................................................................................................................... 650
11.10.1.3. Questões do TRF3 ....................................................................................................................... 651
11.10.1.4. Questões do TRF4 ....................................................................................................................... 651
11.10.1.5. Questões do TRF5 ....................................................................................................................... 651
11.11. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO ...................................................................................... 651
11.11.1. Tratados Internacionais (Latu Sensu). Direito Dos Tratados ............................................. 651
11.11.1.1. Questões do TRF1 ....................................................................................................................... 651
11.11.1.2. Questões do TRF2 ....................................................................................................................... 653
11.11.1.3. Questões do TRF3 ....................................................................................................................... 657
11.11.1.4. Questões do TRF4 ....................................................................................................................... 657
11.11.1.5. Questões do TRF5 ....................................................................................................................... 657
11.12. SOCIOLOGIA DO DIREITO.................................................................................................................. 658
11.12.1. Direito E Comunicação Social............................................................................................. 658
11.12.1.1. Questões do TRF1 ....................................................................................................................... 658
11.12.1.2. Questões do TRF2 ....................................................................................................................... 659
11.12.1.3. Questões do TRF3 ....................................................................................................................... 659
11.12.1.4. Questões do TRF4 ....................................................................................................................... 659
11.12.1.5. Questões do TRF5 ....................................................................................................................... 659
11.13. FILOSOFIA DO DIREITO .................................................................................................................... 659
11.13.1. A Visão De Platão Sobre O Mundo, O Homem E As Coisas ................................................ 659
11.13.1.1. Questões do TRF1 ....................................................................................................................... 659
11.13.1.2. Questões do TRF2 ....................................................................................................................... 663
11.13.1.3. Questões do TRF3 ....................................................................................................................... 663

22
11.13.1.4. Questões do TRF4 ....................................................................................................................... 663
11.13.1.5. Questões do TRF5 ....................................................................................................................... 663

12. PONTO 12.................................................................................................................................. 663

12.1. DIREITO CONSTITUCIONAL ................................................................................................................. 663


12.1.1. Estado E Ordem Social ......................................................................................................... 663
12.1.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 663
12.1.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 666
12.1.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 670
12.1.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 670
12.1.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 670
12.2. DIREITO TRIBUTÁRIO ......................................................................................................................... 671
12.2.1. Direito Judicial Tributário - CND/CPDEN - Cadin - Lc 118/2005 ........................................... 671
12.2.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 671
12.2.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 673
12.2.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 676
12.2.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 676
12.2.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 676
12.3. DIREITO ADMINISTRATIVO.................................................................................................................. 676
12.3.1. Controle Da Administração Pública. Controle Judicial Do Ato Administrativo..................... 676
12.3.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 676
12.3.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 683
12.3.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 683
12.3.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 684
12.3.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 684
12.4. DIREITO PENAL ................................................................................................................................ 689
12.4.1. Crimes Contra O Meio Ambiente. Crimes De Abuso De Autoridade .................................... 689
12.4.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 689
12.4.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 693
12.4.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 694
12.4.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 694
12.4.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 694
12.5. DIREITO PREVIDENCIÁRIO ................................................................................................................... 695
12.5.1. Abono Anual E Outros Auxílios ............................................................................................ 695
12.5.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 695
12.5.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 696
12.5.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 696
12.5.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 696
12.5.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 696
12.6. DIREITO CIVIL .................................................................................................................................. 696
12.6.1. Penhor E Hipoteca. Registros Públicos. Estatuto Da Terra .................................................. 696
12.6.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 696
12.6.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 699
12.6.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 700
12.6.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 702
12.6.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 702
12.7. DIREITO EMPRESARIAL ...................................................................................................................... 702
12.7.1. Alienação Fiduciária Em Garantia De Bens Imóveis............................................................. 702
12.7.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 702
12.7.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 703
12.7.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 703
12.7.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 703

23
12.7.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 703
12.8. DIREITO PROCESSUAL CIVIL ................................................................................................................ 703
12.8.1. Formas De Execução E Atos De Execução. Execução Definitiva E Provisória. Requisitos Para
Realizar Qualquer Execução. A Relaçao Processual E Seus Elementos. Legitimação Ativa E Passiva,
Terceiros Interessados, Litisconsórcio E Intervenção De Terceiros No Processo De Execução......... 703
12.8.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 703
12.8.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 710
12.8.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 714
12.8.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 714
12.8.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 714
12.9. DIREITO PROCESSUAL PENAL .............................................................................................................. 715
12.9.1. Liberdade Provisória. Fiança. Procedimentos Investigatórios Dos Ilícitos Praticados Por
Organizações Criminosas ................................................................................................................. 715
12.9.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 715
12.9.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 717
12.9.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 717
12.9.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 717
12.9.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 717
12.10. DIREITO AMBIENTAL ....................................................................................................................... 717
12.10.1. Biodiversidade. A Proteção Da Diversidade Biológica. A Importância Da Biodiversidade No
Contexto Dos Interesses Difusos Ambientais. Biopirataria, Biodiversidade E Sustentabilidade. Os
Povos Indígenas E A Diversidade Biológica. A Proteção Internacional Da Flora, Da Fauna, Da Pesca E
O Combate À Desertificação Ambiental. A Proteção Ambiental Das Florestas Públicas E Das Terras
Indígenas ......................................................................................................................................... 717
12.10.1.1. Questões do TRF1 ....................................................................................................................... 717
12.10.1.2. Questões do TRF2 ....................................................................................................................... 719
12.10.1.3. Questões do TRF3 ....................................................................................................................... 721
12.10.1.4. Questões do TRF4 ....................................................................................................................... 723
12.10.1.5. Questões do TRF5 ....................................................................................................................... 723
12.11. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO ...................................................................................... 724
12.11.1. Aplicação Da Lei (Nacional Ou Estrangeira – Arts. 7º E Seguintes Da Lei De Introdução às
Normas do Direito Brasileiro............................................................................................................ 724
12.11.1.1. Questões do TRF1 ....................................................................................................................... 724
12.11.1.2. Questões do TRF2 ....................................................................................................................... 726
12.11.1.3. Questões do TRF3 ....................................................................................................................... 729
12.11.1.4. Questões do TRF4 ....................................................................................................................... 729
12.11.1.5. Questões do TRF5 ....................................................................................................................... 729
12.12. SOCIOLOGIA DO DIREITO.................................................................................................................. 730
12.12.1. Opinião Pública E Direito ................................................................................................... 730
12.12.1.1. Questões do TRF1 ....................................................................................................................... 730
12.12.1.2. Questões do TRF2 ....................................................................................................................... 730
12.12.1.3. Questões do TRF3 ....................................................................................................................... 730
12.12.1.4. Questões do TRF4 ....................................................................................................................... 730
12.12.1.5. Questões do TRF5 ....................................................................................................................... 730
12.13. FILOSOFIA DO DIREITO .................................................................................................................... 730
12.13.1. O Ser E O Movimento (Parmênides E Heráclito) ................................................................ 730
12.13.1.1. Questões do TRF1 ....................................................................................................................... 730
12.13.1.2. Questões do TRF2 ....................................................................................................................... 732
12.13.1.3. Questões do TRF3 ....................................................................................................................... 732
12.13.1.4. Questões do TRF4 ....................................................................................................................... 732
12.13.1.5. Questões do TRF5 ....................................................................................................................... 732

24
13. PONTO 13.................................................................................................................................. 732
13.1. DIREITO CONSTITUCIONAL ................................................................................................................. 732
13.1.1. Sistema Tributário Nacional - Limitações Constitucionais Ao Poder De Tributar - Impostos
Federais, Estaduais E Municipais – Repartição De Receitas ............................................................ 732
13.1.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 732
13.1.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 734
13.1.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 735
13.1.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 735
13.1.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 735
13.2. DIREITO TRIBUTÁRIO ......................................................................................................................... 739
13.2.1. Obrigação Tributária: Sujeição Passiva Direta E Indireta .................................................... 739
13.2.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 739
13.2.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 739
13.2.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 739
13.2.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 740
13.2.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 740
13.3. DIREITO ADMINISTRATIVO.................................................................................................................. 740
13.3.1. Domínio Público ................................................................................................................... 740
13.3.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 740
13.3.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 742
13.3.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 742
13.3.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 742
1.3.1.5. Questões do TRF5 ........................................................................................................................... 743
13.4. DIREITO PENAL ................................................................................................................................ 743
13.4.1. Crimes Contra A Fé Pública .................................................................................................. 743
13.4.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 743
13.4.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 744
13.4.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 744
13.4.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 744
13.4.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 744
13.5. DIREITO PREVIDENCIÁRIO................................................................................................................... 744
13.5.1. Tempo De Serviço ................................................................................................................ 744
13.5.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 744
13.5.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 745
13.5.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 745
13.5.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 745
13.5.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 745
13.6. DIREITO CIVIL .................................................................................................................................. 745
13.6.1. Contrato De Seguro. Contrato De Consumo ........................................................................ 745
13.6.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 745
13.6.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 747
13.6.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 749
13.6.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 750
13.6.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 750
13.7. DIREITO EMPRESARIAL ...................................................................................................................... 750
13.7.1. Propriedade Industrial ......................................................................................................... 750
13.7.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 750
13.7.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 756
13.7.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 759
13.7.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 762
13.7.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 762

25
13.8. DIREITO PROCESSUAL CIVIL ................................................................................................................ 762
13.8.1. Elementos Objetivos Do Processo De Execução. Títulos Executivos Judiciais; Liquidação Da
Sentença Condenatória Genérica; Bens Exequíveis , Responsabilidade Patrimonial E Fraude À
Execução; Títulos Executivos Extrajudiciais ..................................................................................... 762
13.8.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 762
13.8.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 764
13.8.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 766
13.8.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 766
13.8.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 766
13.9. DIREITO PROCESSUAL PENAL .............................................................................................................. 768
13.9.1. O Acusado E Seu Defensor. Testemunhas E Documentos. Proteção A Réus Colaboradores 768
13.9.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 768
13.9.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 769
13.9.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 769
13.9.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 770
13.9.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 770
13.10. DIREITO AMBIENTAL ....................................................................................................................... 772
13.10.1. A Convenção Internacional Sobre Diversidade Biológica. Biodiversidade E Biotecnologia.
Fundamentos Da Análise De Riscos. Segurança Ambiental. Agrossistemas Transgênicos. O Princípio
Da Precaução E O Protocolo De Cartagena ..................................................................................... 772
13.10.1.1. Questões do TRF1 ....................................................................................................................... 772
13.10.1.2. Questões do TRF2 ....................................................................................................................... 774
13.10.1.3. Questões do TRF3 ....................................................................................................................... 776
13.10.1.4. Questões do TRF4 ....................................................................................................................... 776
13.10.1.5. Questões do TRF5 ....................................................................................................................... 778
13.11. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO ...................................................................................... 778
13.11.1. Organismos Internacionais ................................................................................................ 778
13.11.1.1. Questões do TRF1 ....................................................................................................................... 778
13.11.1.2. Questões do TRF2 ....................................................................................................................... 781
13.11.1.3. Questões do TRF3 ....................................................................................................................... 782
13.11.1.4. Questões do TRF4 ....................................................................................................................... 784
13.11.1.5. Questões do TRF5 ....................................................................................................................... 785
13.12. SOCIOLOGIA DO DIREITO.................................................................................................................. 785
13.12.1. Coercibilidade Do Fato Social X Coação Legal ................................................................... 785
13.12.1.1. Questões do TRF1 ....................................................................................................................... 785
13.12.1.2. Questões do TRF2 ....................................................................................................................... 787
13.12.1.3. Questões do TRF3 ....................................................................................................................... 787
13.12.1.4. Questões do TRF4 ....................................................................................................................... 787
13.12.1.5. Questões do TRF5 ....................................................................................................................... 787
13.13. FILOSOFIA DO DIREITO .................................................................................................................... 787
13.13.1. A Interposição Do Direito. Superação Do Raciocínio Lógico Dedutivo ............................... 787
13.13.1.1. Questões do TRF1 ....................................................................................................................... 787
13.13.1.2. Questões do TRF2 ....................................................................................................................... 789
13.13.1.3. Questões do TRF3 ....................................................................................................................... 790
13.13.1.4. Questões do TRF4 ....................................................................................................................... 790
13.13.1.5. Questões do TRF5 ....................................................................................................................... 790

14. PONTO 14.................................................................................................................................. 790

14.1. DIREITO CONSTITUCIONAL ................................................................................................................. 790


14.1.1. Administração Pública ......................................................................................................... 790
14.1.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 790
14.1.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 799
26
14.1.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 804
14.1.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 804
14.1.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 804
14.2. DIREITO TRIBUTÁRIO ......................................................................................................................... 804
14.2.1. Hermenêutica Tributária: Lei Interpretativa - Interpretação No Código Tributário Nacional
......................................................................................................................................................... 804
14.2.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 804
14.2.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 805
14.2.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 809
14.2.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 809
14.2.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 809
14.3. DIREITO ADMINISTRATIVO.................................................................................................................. 809
14.3.1. Polícia Administrativa .......................................................................................................... 809
14.3.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 809
14.3.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 812
14.3.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 812
14.3.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 813
14.3.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 813
14.4. DIREITO PENAL ................................................................................................................................ 814
14.4.1. Crimes Contra A Administração Pública .............................................................................. 814
14.4.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 814
14.4.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 815
14.4.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 817
14.4.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 820
14.4.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 820
14.5. DIREITO PREVIDENCIÁRIO................................................................................................................... 821
14.5.1. Salário-De-Contribuição. Contribuições Da Empresa ........................................................... 821
14.5.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 821
14.5.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 821
14.5.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 821
14.5.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 823
14.5.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 823
14.6. DIREITO CIVIL .................................................................................................................................. 824
14.6.1. Responsabilidade Civil. Regras Gerais. Fato De Outrem. Dano Moral E Material ............... 824
14.6.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 824
14.6.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 824
14.6.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 828
14.6.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 829
14.6.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 830
14.7. DIREITO EMPRESARIAL ...................................................................................................................... 831
14.7.1. Contrato De Comissão. Cartão De Crédito ........................................................................... 831
14.7.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 831
14.7.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 834
14.7.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 834
14.7.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 834
14.7.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 834
14.8. DIREITO PROCESSUAL CIVIL ................................................................................................................ 835
14.8.1. Execução Para Entrega De Coisa Certa E Incerta. Execução Das Obrigações De Fazer E Não-
Fazer. Execução Por Quantia Contra Devedor Solvente: Penhora, Realização E Formalização Da
Penhora, Expropriação, Arrematação, Adjudicação E Remição. Pagamento Ao Credor.
Cumprimento Da Sentença. Sincretismo Processual. Procedimento. Multa Por Inadimplemento.

27
Penhora E Avaliação. Arresto. Impugnação Pelo Devedor. Natureza Jurídica Da Decisão Resolutória
Da Impugnação. Recurso Cabível .................................................................................................... 835
14.8.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 835
14.8.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 839
14.8.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 842
14.8.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 844
14.8.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 845
14.9. DIREITO PROCESSUAL PENAL .............................................................................................................. 845
14.9.1. Correlação Entre A Acusação E A Sentença ......................................................................... 845
14.9.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 845
14.9.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 846
14.9.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 846
14.9.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 847
14.9.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 847
14.10. DIREITO AMBIENTAL ....................................................................................................................... 847
14.10.1. Poder Judiciário, Ministério Público E Administração Pública Em Defesa Do Meio Ambiente.
Meio Ambiente E Direitos Humanos Numa Perspectiva Integral. Direitos Fundamentais E Meio
Ambiente. A Pobreza Humana Como Fator De Degradação Ambiental. Desenvolvimento
Sustentável ...................................................................................................................................... 847
14.10.1.1. Questões do TRF1 ....................................................................................................................... 847
14.10.1.2. Questões do TRF2 ....................................................................................................................... 851
14.10.1.3. Questões do TRF3 ....................................................................................................................... 855
14.10.1.4. Questões do TRF4 ....................................................................................................................... 855
14.10.1.5. Questões do TRF5 ....................................................................................................................... 855
14.11. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO ...................................................................................... 855
14.11.1. Conflitos Internacionais: Meios De Dirimi-Los ................................................................... 855
14.11.1.1. Questões do TRF1 ....................................................................................................................... 855
14.11.1.2. Questões do TRF2 ....................................................................................................................... 857
14.11.1.3. Questões do TRF3 ....................................................................................................................... 857
14.11.1.4. Questões do TRF4 ....................................................................................................................... 857
14.11.1.5. Questões do TRF5 ....................................................................................................................... 857
14.12. SOCIOLOGIA DO DIREITO.................................................................................................................. 857
14.12.1. O Indivíduo E A Coletividade .............................................................................................. 857
14.12.1.1. Questões do TRF1 ....................................................................................................................... 857
14.12.1.2. Questões do TRF2 ....................................................................................................................... 859
14.12.1.3. Questões do TRF3 ....................................................................................................................... 859
14.12.1.4. Questões do TRF4 ....................................................................................................................... 859
14.12.1.5. Questões do TRF5 ....................................................................................................................... 859
14.13. FILOSOFIA DO DIREITO .................................................................................................................... 859
14.13.1. O Pensamento De Kant E A Norma Jurídica ....................................................................... 859
14.13.1.1. Questões do TRF1 ....................................................................................................................... 859
14.13.1.2. Questões do TRF2 ....................................................................................................................... 862
14.13.1.3. Questões do TRF3 ....................................................................................................................... 863
14.13.1.4. Questões do TRF4 ....................................................................................................................... 863
14.13.1.5. Questões do TRF5 ....................................................................................................................... 863

15. PONTO 15.................................................................................................................................. 863


15.1. DIREITO CONSTITUCIONAL ................................................................................................................. 863
15.1.1. Reformas Constitucionais Experimentadas Pela Constituição Federal Brasileira De 1988 .. 863
15.1.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 863
15.1.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 863
15.1.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 863
28
15.1.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 863
15.1.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 863
15.2. DIREITO TRIBUTÁRIO ......................................................................................................................... 864
15.2.1. Incidência - Não-Incidência - Imunidade - Isenção – Anistia - Prescrição - Decadência - Taxa -
Preço Público – Empréstimo Compulsório – Competência Residual Tributária ............................... 864
15.2.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 864
15.2.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 873
15.2.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 874
15.2.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 875
15.2.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 875
15.3. DIREITO ADMINISTRATIVO.................................................................................................................. 879
15.3.1. Função Normativa Da Administração Pública. Agências Reguladoras ................................ 879
15.3.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 879
15.3.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 880
15.3.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 880
15.3.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 881
15.3.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 882
15.4. DIREITO PENAL ................................................................................................................................ 886
15.4.1. Crimes Contra O Patrimônio ................................................................................................ 886
15.4.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 886
15.4.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 888
15.4.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 890
15.4.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 891
15.4.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 891
15.5. DIREITO PREVIDENCIÁRIO................................................................................................................... 892
15.5.1. Aposentadoria. Auxílio-Doença. Abono De Permanência. Pensões. Renda Mensal Vitalícia.
Acumulação ..................................................................................................................................... 892
15.5.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 892
15.5.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 899
15.5.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 899
15.5.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 899
15.5.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 899
15.6. DIREITO CIVIL .................................................................................................................................. 900
15.6.1. Circulação Das Obrigações. Função Social Da Propriedade ................................................. 900
15.6.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 900
15.6.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 902
15.6.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 903
15.6.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 904
15.6.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 904
15.7. DIREITO EMPRESARIAL ...................................................................................................................... 905
15.7.1. Direito Comercial. Direito Empresarial ................................................................................ 905
15.7.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 905
15.7.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 909
15.7.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 909
15.7.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 910
15.7.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 910
15.8. DIREITO PROCESSUAL CIVIL ................................................................................................................ 910
15.8.1. Execução Contra A Fazenda Pública. Citação E Embargos. Requisição Do Pagamento.
Formação De Precatório. Regulamentação Constitucional. Execução De Alimentos. Prisão Civil Do
Devedor. Oposição À Execução Forçada. Embargos Do Devedor. Embargos De Terceiro. Exceção De
Pré-Executividade. Execução Por Quantia Certa Contra Devedor Insolvente. Suspensão E Extinção

29
Do Processo De Execução. Recursos No Processo De Execução. Execução Fiscal. Processo Da
Competência Dos Juizados Federais Cíveis ...................................................................................... 910
15.8.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 910
15.8.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 915
15.8.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 923
15.8.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 924
15.8.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 924
15.9. DIREITO PROCESSUAL PENAL .............................................................................................................. 924
15.9.1. Interceptação De Comunicações Telefônicas....................................................................... 924
15.9.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 924
15.9.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 927
15.9.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 927
15.9.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 928
15.9.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 928
15.10. DIREITO AMBIENTAL ....................................................................................................................... 933
15.10.1. A Saúde Como Fator Determinante Do Meio Ambiente Ecologicamente Equilibrado. Poder
Judiciário E Políticas Públicas Em Defesa Do Meio Ambiente Ecologicamente Equilibrado ............ 933
15.10.1.1. Questões do TRF1 ....................................................................................................................... 933
15.10.1.2. Questões do TRF2 ....................................................................................................................... 934
15.10.1.3. Questões do TRF3 ....................................................................................................................... 934
15.10.1.4. Questões do TRF4 ....................................................................................................................... 934
15.10.1.5. Questões do TRF5 ....................................................................................................................... 934
15.11. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO ...................................................................................... 934
15.11.1. Deportação E Expulsão De Estrangeiros ............................................................................ 934
15.11.1.1. Questões do TRF1 ....................................................................................................................... 934
15.11.1.2. Questões do TRF2 ....................................................................................................................... 934
15.11.1.3. Questões do TRF3 ....................................................................................................................... 936
15.11.1.4. Questões do TRF4 ....................................................................................................................... 936
15.11.1.5. Questões do TRF5 ....................................................................................................................... 936
15.12. SOCIOLOGIA DO DIREITO.................................................................................................................. 936
15.12.1. A Endoculturação E Aculturação........................................................................................ 936
15.12.1.1. Questões do TRF1 ....................................................................................................................... 936
15.12.1.2. Questões do TRF2 ....................................................................................................................... 937
15.12.1.3. Questões do TRF3 ....................................................................................................................... 937
15.12.1.4. Questões do TRF4 ....................................................................................................................... 937
15.12.1.5. Questões do TRF5 ....................................................................................................................... 938
15.13. FILOSOFIA DO DIREITO .................................................................................................................... 938
15.13.1. A Interpretação Segundo A Lógica Do Razoável ................................................................ 938
15.13.1.1. Questões do TRF1 ....................................................................................................................... 938
15.13.1.2. Questões do TRF2 ....................................................................................................................... 938
15.13.1.3. Questões do TRF3 ....................................................................................................................... 939
15.13.1.4. Questões do TRF4 ....................................................................................................................... 939
15.13.1.5. Questões do TRF5 ....................................................................................................................... 939

16. PERGUNTAS NÃO ENQUADRADAS NOS PONTOS ANTERIORES ................................................... 939

16.1. DIREITO CONSTITUCIONAL ................................................................................................................. 939


16.1.1. Perguntas Residuais ............................................................................................................. 939
16.1.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 939
16.1.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 939
16.1.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 974
16.1.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 975
16.1.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 975

30
16.2. DIREITO TRIBUTÁRIO ................................................................................................................... 975
16.2.1. Perguntas Residuais ............................................................................................................. 975
16.2.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 975
16.2.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 976
16.2.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 985
16.2.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 988
16.2.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 988
16.3. DIREITO ADMINISTRATIVO.................................................................................................................. 988
16.3.1. Perguntas Residuais ............................................................................................................. 988
16.3.1.1. Questões do TRF1 ......................................................................................................................... 988
16.3.1.2. Questões do TRF2 ......................................................................................................................... 988
16.3.1.3. Questões do TRF3 ......................................................................................................................... 996
16.3.1.4. Questões do TRF4 ......................................................................................................................... 998
16.3.1.5. Questões do TRF5 ......................................................................................................................... 998
16.4. DIREITO PENAL ................................................................................................................................ 999
16.4.1. Perguntas Residuais ............................................................................................................. 999
16.4.1.1. Questões do TRF1 ....................................................................................................................... 999
16.4.1.2. Questões do TRF2 ..................................................................................................................... 1007
16.4.1.3. Questões do TRF3 ..................................................................................................................... 1016
16.4.1.4. Questões do TRF4 ..................................................................................................................... 1018
16.4.1.5. Questões do TRF5 ..................................................................................................................... 1018
16.5. DIREITO PREVIDENCIÁRIO................................................................................................................. 1019
16.5.1. Perguntas Residuais ........................................................................................................... 1019
16.5.1.1. Questões do TRF1 ....................................................................................................................... 1019
16.5.1.2. Questões do TRF2 ....................................................................................................................... 1019
16.5.1.3. Questões do TRF3 ....................................................................................................................... 1023
16.5.1.4. Questões do TRF4 ....................................................................................................................... 1023
16.5.1.5. Questões do TRF5 ....................................................................................................................... 1023
16.6. DIREITO CIVIL ................................................................................................................................ 1023
16.6.1. Perguntas Residuais ........................................................................................................... 1023
16.6.1.1. Questões do TRF1 ....................................................................................................................... 1023
16.6.1.2. Questões do TRF2 ....................................................................................................................... 1023
16.6.1.3. Questões do TRF3 ....................................................................................................................... 1035
16.6.1.4. Questões do TRF4 ....................................................................................................................... 1041
16.6.1.5. Questões do TRF5 ....................................................................................................................... 1042
16.7. DIREITO EMPRESARIAL .................................................................................................................... 1043
16.7.1. Perguntas Residuais ........................................................................................................... 1043
16.7.1.1. Questões do TRF1 ....................................................................................................................... 1043
16.7.1.2. Questões do TRF2 ....................................................................................................................... 1046
16.7.1.3. Questões do TRF3 ....................................................................................................................... 1048
16.7.1.4. Questões do TRF4 ....................................................................................................................... 1050
16.7.1.5. Questões do TRF5 ....................................................................................................................... 1051
16.8. DIREITO PROCESSUAL CIVIL .............................................................................................................. 1052
16.8.1. Perguntas Residuais ........................................................................................................... 1052
16.8.1.1. Questões do TRF1 ....................................................................................................................... 1052
16.8.1.2. Questões do TRF2 ....................................................................................................................... 1052
16.8.1.3. Questões do TRF3 ....................................................................................................................... 1067
16.8.1.4. Questões do TRF4 ....................................................................................................................... 1067
16.8.1.5. Questões do TRF5 ....................................................................................................................... 1068
16.9. DIREITO PROCESSUAL PENAL ............................................................................................................ 1078
16.9.1. Perguntas Residuais ........................................................................................................... 1078
16.9.1.1. Questões do TRF1 ....................................................................................................................... 1078

31
16.9.1.2. Questões do TRF2 ....................................................................................................................... 1084
16.9.1.3. Questões do TRF3 ....................................................................................................................... 1089
16.9.1.4. Questões do TRF4 ....................................................................................................................... 1092
16.9.1.5. Questões do TRF5 ....................................................................................................................... 1092
16.10. DIREITO AMBIENTAL ..................................................................................................................... 1092
16.10.1. Perguntas Residuais ......................................................................................................... 1092
16.10.1.1. Questões do TRF1 ..................................................................................................................... 1092
16.10.1.2. Questões do TRF2 ..................................................................................................................... 1092
16.10.1.3. Questões do TRF3 ..................................................................................................................... 1093
16.10.1.4. Questões do TRF4 ..................................................................................................................... 1094
16.10.1.5. Questões do TRF5 ..................................................................................................................... 1094
16.11. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO .................................................................................... 1096
16.11.1. Perguntas Residuais ......................................................................................................... 1096
16.11.1.1. Questões do TRF1 ..................................................................................................................... 1096
16.11.1.2. Questões do TRF2 ..................................................................................................................... 1096
16.11.1.3. Questões do TRF3 ..................................................................................................................... 1101
16.11.1.4. Questões do TRF4 ..................................................................................................................... 1101
16.11.1.5. Questões do TRF5 ..................................................................................................................... 1102
16.12. SOCIOLOGIA DO DIREITO................................................................................................................ 1106
16.12.1. Perguntas Residuais ......................................................................................................... 1106
16.12.1.1. Questões do TRF1 ..................................................................................................................... 1106
16.12.1.2. Questões do TRF2 ..................................................................................................................... 1109
16.12.1.3. Questões do TRF3 ..................................................................................................................... 1109
16.12.1.4. Questões do TRF4 ..................................................................................................................... 1109
16.12.1.5. Questões do TRF5 ..................................................................................................................... 1109
16.13. FILOSOFIA DO DIREITO .................................................................................................................. 1109
16.13.1. Perguntas Residuais ......................................................................................................... 1109
16.13.1.1. Questões do TRF1 ..................................................................................................................... 1109
16.13.1.2. Questões do TRF2 ..................................................................................................................... 1112
16.13.1.3. Questões do TRF3 ..................................................................................................................... 1113
16.13.1.4. Questões do TRF4 ..................................................................................................................... 1113
16.13.1.5. Questões do TRF5 ..................................................................................................................... 1114
16.14. ÉTICA E ESTATUTO DA MAGISTRATURA ............................................................................................. 1114
16.14.1. Perguntas Residuais ......................................................................................................... 1114
16.14.1.1. Questões do TRF1 ..................................................................................................................... 1114
16.14.1.2. Questões do TRF2 ..................................................................................................................... 1115
16.14.1.3. Questões do TRF3 ..................................................................................................................... 1115
16.14.1.4. Questões do TRF4 ..................................................................................................................... 1115
16.14.1.5. Questões do TRF5 ..................................................................................................................... 1115
16.15. DIREITO ECONÔMICO .................................................................................................................... 1117
16.15.1. Perguntas Residuais ......................................................................................................... 1117
16.15.1.1. Questões do TRF1 ..................................................................................................................... 1117
16.15.1.2. Questões do TRF2 ..................................................................................................................... 1118
16.15.1.3. Questões do TRF3 ..................................................................................................................... 1119
16.15.1.4. Questões do TRF4 ..................................................................................................................... 1119
16.15.1.5. Questões do TRF5 ..................................................................................................................... 1119
16.16. DIREITO FINANCEIRO..................................................................................................................... 1123
16.16.1. Perguntas Residuais ......................................................................................................... 1123
16.16.1.1. Questões do TRF1 ..................................................................................................................... 1123
16.16.1.2. Questões do TRF2 ..................................................................................................................... 1123
16.16.1.3. Questões do TRF3 ..................................................................................................................... 1124
16.16.1.4. Questões do TRF4 ..................................................................................................................... 1124

32
16.16.1.5. Questões do TRF5 ..................................................................................................................... 1124
16.17. TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA ......................................................................................... 1125
16.17.1. Perguntas Residuais ......................................................................................................... 1125
16.17.1.1. Questões do TRF1 ..................................................................................................................... 1125
16.17.1.2. Questões do TRF2 ..................................................................................................................... 1125
16.17.1.3. Questões do TRF3 ..................................................................................................................... 1125
16.17.1.4. Questões do TRF4 ..................................................................................................................... 1126
16.17.1.5. Questões do TRF5 ..................................................................................................................... 1126

33
1. Ponto 01
1.1. Direito Constitucional

1.1.1. Constitucionalismo

1.1.1.1. Questões do TRF1


DESSE PONTO EM DIANTE: RESPOSTAS ELABORADAS POR BRUNO AN-
DERSON SANTOS DA SILVA
1) O que significa a expressão “realizar a Constituição”?

Resposta:

Nas palavras de Canotilho, ―realizar a Constituição significa tornar juridicamente efica-


zes as normas constitucionais. Qualquer constituição só é juridicamente eficaz (preten-
são de eficácia) através da sua realização. Esta realização é uma tarefa de todo os órgãos
constitucionais que, na atividade legiferante, administrativa e judicial, aplicam as nor-
mas da constituição, inclusive dos cidadãos‖.

A despeito da existência de normas constitucionais cuja eficácia esteja sujeita ao plácito


de uma normatividade ulterior, a ―não realização‖ dos ideais de uma Constituição, nota-
damente aqueles que pressupõem prestações positivas por parte do Estado, pode ter ori-
gem em diversos fatores, sejam políticos, econômicos, jurídicos ou sociais. Destaco
entre estes, e sem a intenção de esgotar o tema, a hipertrofia de preceitos sociais de difí-
cil alcance no plano concreto, lançados pelo constituinte sem o menor critério, com o
simples objetivo de conformação política, o que faz nascer uma insuficiente concretiza-
ção jurídica das disciplinas constitucionais, esvaziando sua efetividade, o que Marcelo
Neves denominou de ―Constituição Simbólica‖.

―Realizar a Constituição‖, assim, nada mais é do que retirar a Constituição de um estado


de inércia.

2) Até aonde vai a força da chamada constituição social na linha do ofício judicante? O juiz a
pretexto de conferir força normativa poderia reescrever a legislação? A pretexto de realizar a
Constituição, os tribunais e os juízos podem reescrever a legislação?

Resposta:

(um pouco alongada em razão da relevância do tema, e por tratar-se de uma questão
certa de ser abordada)

A questão traz à tona um dos debates mais atuais e instigantes acerca do papel do Poder
Judiciário na República: o ―ativismo judicial‖. Em muitas situações, ao invés de se

34
limitar a aplicar a lei já existente, o juiz se vê na necessidade de agir em substituição ao
legislador, e não ser apenas ―a boca que pronuncia as palavras da lei‖, na expressão de
Montesquieu. Todavia, tais decisões ativistas devem representar antes a exceção do que
a regra, de sorte que não é dado ao magistrado usurpar a competência do legislador. O
ativismo é a deliberada expansão do papel do Judiciário, mediante o uso da
interpretação constitucional para suprir lacunas, sanar omissões legislativas ou
determinar políticas públicas quando ausentes ou ineficientes. É um fenômeno que
assenta raízes na experiência constitucional norte-americana, mas que, atualmente,
ganhou fôlego sob os influxos do neoconstitucionalismo (e seu papel criativo do
aplicador da lei). ―Ativismo judicial‖, para as vozes mais críticas, seria uma espécie de
intromissão indevida do Judiciário na função legislativa. Todavia, o tema não pode ser
visto de maneira tão simplista, e faz parte de uma tessitura mais complexa. O professor
Luís Roberto Barroso chegou a afirmar que essa postura do Judiciário, entre outras
causas, tem origem na crise de funcionalidade do Poder Legislativo, que estimula tanto
a edição de Medidas Provisórias pelo Executivo como o ativismo judicial do Judiciário.
Uma das principais causas desse ativismo, afirma o mestre, é a ―constitucionalização do
Direito‖, que resulta numa ―aplicabilidade direta e imediata da Constituição a diversas
situações‖ que passaram a ser regulamentadas diretamente pela Lei Maior, fazendo com
que surja uma ―expressiva ―judicialização‖ de questões políticas e sociais‖. Sobre
―judicialização‖, afirma ―que atores políticos, muitas vezes, para evitar o desgaste,
preferem que o Judiciário decida questões controvertidas‖. E é nesse contexto que o
Judiciário tem tido uma maior participação política. Assim, não se pode descuidar do
papel de protagonismo que vem exercendo o Poder Judiciário nos últimos anos,
notadamente o STF, que em matéria de políticas públicas e sociais (para garantir o
mínimo existencial – ADPF/45), persistindo a inércia dos Poderes constituídos na sua
implementação, vem adotando uma postura ativa, como se viu nos casos do direito de
greve dos servidores públicos, interrupção da gestação de fetos anencefálicos, cotas
raciais, uniões homoafetivas, nepotismo, demarcação contínua da reserva indígena
Raposa Serra do Sol (19 medidas sugeridas pelo Min. Menezes Direito), fidelidade
partidária, poderes investigatórios do MP, apenas para citar as principais.

3) A clássica concepção dos doutrinadores sobre a afirmativa de que a sentença é a lei em


concreto é falaciosa?

Resposta:

A teoria do contrato, sobre a natureza jurídica do processo, nasceu no velho Direito


Romano. Inspirado em um texto de Ulpiano, a relação que interligava autor e réu no
processo era vista como em tudo idêntica à que une as partes contratantes. Não poderia
ser outro o entendimento dos romanos, que incluíam o processo dentro do Direito Pri-
vado. A doutrina Francesa, influenciada pela doutrina política do contrato social de
Rousseau, continuou considerando o processo como sendo um contrato. Atualmente, a

35
natureza jurídica do processo é uma "relação jurídica processual", que se estabelece
entre as partes e o juiz (triangular). Mas ainda há traços das teorias contratuais nos sis-
temas atuais, sobretudo nas formas extrajudiciais de solução de conflitos, como a arbi-
tragem, mediação e conciliação. Assim, até bem pouco tempo não se poderia chamar de
falaciosa a afirmativa de que a sentença é a lei do caso concreto, haja vista que as carac-
terísticas da imperatividade e imutabilidade entre as partes, por razões de segurança
jurídica, são da própria natureza das decisões judiciais de mérito. Todavia, atualmente, a
coisa julgada tem sido relativizada, por meio da ação rescisória, notadamente quando há
afronta a determinados princípios tidos como mais relevantes do que a própria regra
constitucional que protege a coisa julgada.

4) Faça uma distinção entre a teoria de Lassale e a teoria de Hesse sobre a Constituição?

Resposta:

Para Ferdinand Lassalle, que conceituava Constituição em seu sentido sociológico, ―a


Constituição de um Estado seria, em essência, a soma dos fatores reais de poder que o
regem. A Constituição real e efetiva apenas reflete a realidade social determinada pelos
fatores reais de poder – poder político, econômico, cultural, religioso etc. – que
dominam uma sociedade, não passando a Constituição escrita de mera ‗folha de papel‘.
Havendo um conflito entre a Constituição real e efetiva e a Constituição escrita,
prevalecerá a vontade da primeira.

O jurista alemão Konrad Hesse construiu a teoria da força normativa da Constituição,


contrapondo-se à concepção sociológica de Lassalle. Para esta teoria, ―a Constituição
não era mera ‗folha de papel‘ ou simples reflexo dos ‗fatores reais de poder‘. Ao
contrário, e como toda norma jurídica, a Constituição teria força ativa para mudar a
realidade. Havendo conflito entre esses fatores reais de poder e a Constituição escrita,
nem sempre haverá predominância da primeiro, pois a constituição possui força
suficiente para mudar a realidade.

Em conclusão, ―é inquestionável a conexão existente entre a Constituição e a realidade


social, sendo a Carta Política a expressão das relações de poder de uma comunidade.
Porém, não se de desconsiderar – como o fez Lassalle – que a Constituição também
desempenha uma função diretora e uma função preceptiva, decorrentes de sua força
normativa.‖

5) O senhor saberia me explicar até onde vai a princípio da proibição do retrocesso?

Resposta:

O princípio da vedação do retrocesso, em linhas gerais, dispõe que é vedado ao


Legislador a supressão ou alteração de normas infraconstitucionais que densificam
36
direitos fundamentais sociais, de molde a violar sua eficácia. Para J. J. Gomes
Canotilho, o princípio do não retrocesso social leciona que ―os direitos sociais, uma vez
obtido determinado grau de realização, passam a constituir tanto uma garantia
institucional quanto um direito subjetivo, limitando a reversibilidade dos ―direitos
adquiridos‖, o que, para ele, violaria o princípio da proteção da confiança e da
segurança dos cidadãos no âmbito econômico, social e cultural‖. Não obstante, a
vedação ao retrocesso social não importa em uma proibição absoluta ao movimento
retrocessivo. Sua aplicação dependerá sempre de uma ponderação com outros princípios
e regras no caso concreto. Assim, alguns princípios estarão em constante tensão com a
vedação de retrocesso, como sói ser o princípio democrático, que dá liberdade de
conformação ao legislador, ou mesmo a reserva do possível, que atua juntamente com o
princípio da proporcionalidade, assegurando, contudo, o que o Min. Celso de Mello
denominou de núcleo intangível consubstanciador de um mínimo existencial.

6) Há a possibilidade de um choque entre uma regra e um princípio constitucional? Uma regra


que venha a ser incorporada no texto constitucional pode violar um corpo principiológico da
CF no que tange, por exemplo, às cláusulas pétreas?

Resposta:

É conhecida a já tradicional distinção entre regras e princípios na doutrina


contemporânea nacional e estrangeira, não obstante a ausência de uniformidade
conceitual. Paulo Bonavides reconhece que os princípios constitucionais são normas
jurídicas e que as normas compreendem as regras e os princípios. Segundo o mestre,
"violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer. A
desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento
obrigatório, mas a todo o sistema de comandos". Para Virgílio Afonso da Silva,
―princípios seriam as normas mais fundamentais do sistema, enquanto as regras
costumam ser definidas como uma concretização desses princípios e teriam, por isso,
caráter mais instrumental e menos fundamental.

Dessarte, eventualmente, uma regra instituída pelo poder constituinte reformador pode
entrar em rota de colisão com um princípio, explícito ou implícito, de sorte que será
insofismavelmente inconstitucional se violar uma cláusula pétrea. Se a colisão for entre
princípios, a técnica a ser utilizada será a ponderação, de sorte que o intérprete escolhe a
o bem ou direito que irá prevalecer no caso concreto.

7) Até onde vai o papel do juiz na realização da Constituição?

Resposta:

37
Uma das instigantes novidades do Brasil dos últimos anos foi a virtuosa ascensão insti-
tucional do Poder Judiciário, circunstância essa motivada por uma constitucionalização
do direito, que acabo refletindo num aumento da demanda por justiça. Contudo, ao rea-
lizar a Constituição, o magistrado não pode substituir o Legislativo na sua função típica
legiferante. Apesar de em muitas situações, ao invés de se limitar a aplicar a lei já exis-
tente, o juiz se ver na necessidade de agir em substituição ao legislador, e não ser apenas
―a boca que pronuncia as palavras da lei‖, na expressão de Montesquieu, tais decisões
ativistas devem representar antes a exceção do que a regra, de sorte que não é dado ao
magistrado usurpar a competência do legislador, devendo agir apenas para suprir omis-
sões legislativas, em matéria de políticas públicas, quando estas se revelarem ausentes
ou ineficientes, esvaziando, assim, preceitos sociais contidos na Constituição.

1.1.1.2. Questões do TRF2


1) Importância do Direito Constitucional e sua ligação com os demais ramos.

Resposta:

A classificação dicotômica de Direito em público e privado, modernamente, é mantida


apenas para efeitos didáticos e mera conveniência acadêmica, haja vista ser o Direito
uno e indivisível. Desta feita, percebe-se cada vez mais uma forte influência do Direito
Constitucional sobre o que se denominava de Direito Privado.

Desta forma, vários ramos do Direito encontram sua norma-matriz na Constituição,


através do que vem se denominando de constitucionalização do direito. A Norma
Fundamental sai da sua posição de mero organizador da estrutura do Estado e sua
função política, para prever diretamente institutos antes reservados ao Direito Privado.

É dizer, parece adequado não mais falarmos em ramos do direito, e sim em um


verdadeiro escalonamento verticalizado e hierárquico das normas, apresentando-se a
Constituição como norma de validade de todo o sistema, sendo necessária uma
inevitável releitura dos institutos, notadamente os de Direito Civil, sob a ótica
constitucional.

2) Em que consiste o fenômeno da constitucionalização do direito?

Resposta:

Locução de uso relativamente recente, aduz a doutrina que o fenômeno surgiu, de certa
forma, na Constituição portuguesa de 1976, foi continuado na Constituição espanhola
de 1978, e levado ao extremo pela Constituição brasileira de 1988. Em rápida lição,
significa que a Constituição contemporânea não mais se limita, como no passado, a
dispor sobre princípios fundamentais, definir competências, prever o modo de sua
revisão. Ela vem reger praticamente todos os aspectos da vida jurídica. É dizer, tudo (ou

38
quase) pode ser objeto de normas constitucionais. Já não é facilmente identificável um
conteúdo material das Constituições como outrora.

Sua principal consequência pode ser apontada como uma ―expressiva judicialização de
questões políticas e sociais‖, o que força um ativismo judicial como forma de dar
concreção às normas constitucionais.

3) Quantas EC foram promulgadas até hoje? Qual ou quais em 2010?

Resposta:

(Na resposta, sem modificar o texto original da questão, considerei o ano de 2012)

Até hoje foram promulgadas 76 Emendas Constitucionais, sendo 6 de Revisão, estas


últimas, todas no ano de 1994.

Em 2012 foram editadas duas, as de ns. 69 e 70.

4) Repristinação é automática?

Resposta:

A repristinação ocorre quando uma lei é revogada por outra e posteriormente a própria
norma revogadora é revogada por uma terceira lei, que irá fazer com que a primeira
tenha sua vigência restabelecida. Todavia, o artigo 2º, § 3º da LINDB (Decreto-Lei nº
4657, de 4/09/1942) aduz que a repristinação só é admitida se for expressa.

Contudo, a despeito da diferença dos institutos, solução diversa dar-se-á na hipótese de


declaração de inconstitucionalidade da lei pelo STF, eis que a jurisprudência da Excelsa
Corte entende que a lei revogada pela norma dita inconstitucional tem sua eficácia
restabelecida, haja vista que o STF adota a teoria da nulidade em relação aos atos
inconstitucionais. Sendo nula, não poderia gerar qualquer efeito jurídico, inclusive, o
ab-rogante. É o chamado ―efeito repristinatório.‖

5) Poder Constituinte Derivado é originário?

Resposta:

Poder Constituinte Originário é aquele que instaura uma nova ordem jurídica, rompendo
por completo com a ordem jurídica precedente. Possui como características o fato de ser
inicial, autônomo, ilimitado juridicamente (lembrando que a corrente Jusnaturalista
enxerga, ao menos, uma limitação, qual seja, o respeito às normas de Direito Natural.
Porém, o Brasil adotou a corrente Positivista, para a qual nem mesmo o Direito Natural
39
limitaria a atuação do Poder Constituinte Originário. Modernamente – Canotilho –, fala-
se, ainda, em observância de princípios de justiça e de Direito Internacional),
incondicionado, soberano.

Poder Constituinte Derivado é criado e instituído pelo Originário, sendo, portanto,


limitado e condicionado. Poder ser reformador (capacidade de modificar a Constituição
Federal), decorrente (estruturar as Constituições dos Estados-membros e DF) ou revisor
(revisar a Constituição Federal uma única vez).

6) Como as Constituições são positivadas?

Resposta:

Promulgada: aquela em que o processo de positivação decorre de convenção, são


votadas, originam de um órgão constituinte composto de representantes do povo, eleitos
para o fim de elaborá-las. Ex.: Constituição de 1891, 1934, 1946, 1988.

Outorgada: aquela em que o processo de positivação decorre de ato de força, são


impostas, decorrem do sistema autoritário. São as elaboradas sem a participação do
povo. Ex.: Constituição de 1824, 1937, 1967, 1969.

Encontramos também a chamada Constituição Cesarista ou mistificada: não é


propriamente outorgada, mas tampouco promulgada, ainda que criada com a
participação popular.

Pactuadas: são aquelas em que os poderosos pactuavam um texto constitucional, o que


aconteceu com a Magna Carta de 1215.

A expressão Carta Constitucional é usada hoje pelo STF para caracterizar as


constituições outorgadas.

7) O que é promulgação?

Resposta:

Como manifestação do Poder Constituinte, Constituição promulgada seria aquela fruto


da vontade popular, materializada através de uma Assembléia Nacional Constituinte
instalada com essa finalidade, como sói ser a CF 1988.

8) Atos preparatórios à promulgação de uma Carta Política são atos constituintes? Qual a
natureza?

Resposta:
40
Segundo José Afonso da Silva, os atos preparatórios possuem natureza política. Como
exemplo, teríamos a EC n. 26 de 27.11.85 que convocou a Assembléia Nacional
Constituinte para elaborar a CF de 1988, instalada em 1.02.87, sob a presidência do
Ministro do STF José Carlos Moreira Alves, pai do Des. Carlos Eduardo Moreira Alves,
membro da Comissão.

9) Quantas constituições já tivemos no Brasil?

Resposta:

Foram oito. As de 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e EC-69, e a atual de 1988.
Tecnicamente seriam sete, haja vista que a de 1969 foi uma Emenda Constitucional à
Carta de 1967. Todavia, diante de seu caráter revolucionário, bem como a extensão da
sua reforma no ordenamento, a doutrina constitucionalista a considera como uma
Constituição autônoma.

10) Diferencie normas constitucionais de princípio e normas constitucionais de preceito.

Resposta:

(acredito que o examinador tenha utilizado ao termo ―preceito‖ como sinônimo de


―regras‖, como o fazem muitos doutrinadores)

Existem vários critérios tradicionais para a distinção entre regras e princípios. O mais
comum é o critério da generalidade (Robert Alexy apud Bonavides). Segundo este
critério, os princípios são normas com um grau de generalidade relativamente alto e as
regras, normas com um nível relativamente baixo de generalidade. Há também o
conhecido critério da abstração, segundo o qual os princípios são normas com um grau
de abstração relativamente alto e as regras, normas com um nível relativamente baixo de
abstração. Outros critérios, tais como o do valor expressado e o da aplicabilidade, são
também comumente utilizados com o intuito de fazer a distinção entre as regras e os
princípios.

Afirma Alexy, ainda, que entre regras e princípios existe não somente uma diferença de
grau, mas uma diferença qualitativa.

As ―normas constitucionais de princípios‖ seriam os mandamentos nucleares do sistema


constitucional (Virgílio Afonso da Silva), haja vista consagrarem os principais valores
do ordenamento. Seriam, ainda, mandamentos de otimização, caracterizados pelo fato
de que podem ser cumpridos em diferentes graus, na li8ção de Alexy. Os critérios de
distinção em relação às regras são variados, como também aponta Canotilho (Grau de
abstração, grau de determinabilidade, carácter de fundamentalidade, natureza
normogenética), para quem a tarefa, longe de afigurar-se simples, é demais complexa.
41
As ―normas constitucionais de preceito‖ apresentam-se sob a forma de um conteúdo
determinado que é ou não realizado em sua plenitude, isto é, a regra é ou não é
cumprida na inteira medida de seu enunciado normativo.

11) Discorra sobre a aplicabilidade de normas de princípios e de normas de preceitos.

Resposta:

As regras (preceitos) têm caráter categórico, ―ou isto ou aquilo (Dworkin)‖, tendo
aplicação imediata aos casos concretos, através de simples subsunção, por via de um
raciocínio silogístico. Já os princípios, diferentemente das regras, não obedecem à
lógica do ―tudo ou nada‖, não desencadeando a eliminação de um em face daquele que
prevalecer, aplicando-se a técnica da ponderação. Os princípios podem envolver
problemas de validade e de peso, as regras só enfrentam questão de validade.

12) Todas as normas constitucionais são regulamentáveis?

Resposta:

Não. Celso Ribeiro Bastos e Carlos Ayres Britto classificam as normas constitucionais
em normas de aplicação (regulamentáveis ou irregulamentáveis) e normas de integração
(completáveis ou restringíveis). As de aplicação já estão aptas a produzir todos os seus
efeitos, sendo que as irregulamentáveis incidem diretamente sobre os fatos regulados e
rejeitam regramentos infraconstitucionais, sendo sua matéria tratada exclusivamente
pelo texto constitucional. Já as regulamentáveis, embora plenas e consistentes, aceitam
regulamentação infraconstitucional, sendo vedada, contudo, a alteração do seu
conteúdo, sentido e alcance.

Por fim, as normas de integração são as que necessitam da atividade integradora do


legislador ordinário para apresentarem aplicabilidade, pois necessitam de
complementação.

13) Exemplo de norma de eficácia plena.

Resposta:

São aquelas ―aptas a produzir todos os seus efeitos, independentemente de norma


integrativa infraconstitucional.‖ Um exemplo seria o art. 2º da CF/88. Outro bastante
cobrado é o art. 230, §2º (gratuidade de transporte coletivo urbano para maiores de 65
anos – ADI 3768).

42
14) Normas regulamentáveis constitucionais, o legislador tem competência absoluta ou está
limitado? Na CR/1988 não há limites para a regulamentação, mas e a doutrina e a
jurisprudência?

Resposta:

Está limitado. Nas normas regulamentáveis, é vedada a restrição ou alteração do seu


conteúdo, sentido e alcance, consoante o escólio de Celso Ribeiro Bastos e Carlos Ayres
Britto, que classificam as normas constitucionais em normas de aplicação
(regulamentáveis ou irregulamentáveis) e normas de integração (completáveis ou
restringíveis).

15) Há direito adquirido contra a CR?

Resposta:

É firme a jurisprudência do STF no sentido de que inexiste direito adquirido contra a


Constituição Federal, a despeito de todas as Constituições Brasileiras, com exceção da
Carta Constitucional de 37, garantirem o direito adquirido e vedarem a retroatividade da
lei prejudicial. Anote-se que, também, é assente a jurisprudência da Corte Suprema no
sentido de que os dispositivos constitucionais têm vigência imediata, alcançando os e-
feitos futuros de fatos passados (retroatividade mínima). Salvo disposição em contrário
- e a Constituição pode fazê-lo - eles não alcançam os fatos consumados no passado
nem as prestações anteriormente vencidas e não pagas (retroatividade máxima e média,
respectivamente).

1.1.1.3. Questões do TRF3

1.1.1.4. Questões do TRF4

1.1.1.5. Questões do TRF5

1.2. Direito Tributário

1.2.1. Conceito, Conteúdo, Natureza, Autonomia, Fontes, Relação com o Direito


Financeiro, Sistema Constitucional Tributário, Poder de Tributar

1.2.1.1. Questões do TRF1


1) Qual seria a função de uma Lei Complementar em se de Direito Tributário? Qual o espaço,
dentro daquela linha doutrinária dentro daquela corrente tricotômica e dicotômica, pois a
primeira tem uma diferença em relação à segunda, qual diferença é esta?
43
Resposta:

Em regra, a lei ordinária é o instrumento hábil para disciplinar os tributos. Apenas em


casos excepcionais, expressamente previstos na Constituição, é que se exige lei com-
plementar, como a competência residual (art. 154, I, CF) e os empréstimos compulsó-
rios (art. 148).

Contudo, a função principal da Lei Complementar em matéria tributária, nos termos do


art. 146 da CF é estabelecer normas gerais sobre Direito Tributário. Embora o CTN (lei
5.172/66) tenha sido editado como Lei Ordinária, integra nosso ordenamento com status
de Lei Complementar, haja vista ter sido recepcionado com essa natureza, de forma
expressa, pelo art. 34, §5º do ADCT.

Não obstante o art. 5º do CTN (e também o art. 145, CF) ter previsto como espécies
tributárias apenas os impostos, taxas e contribuições de melhoria, o que poderia levar a
crer que o nosso ordenamento adotou a corrente tripartite ou tricotômica, o STF já paci-
ficou a adoção da teoria da pentapartição, de sorte que o CTN, ―Lei Complementar‖
sobre normas gerais tributárias, aplica-se também às contribuições sociais e emprésti-
mos compulsórios (RE 138.284), é dizer, a todas as espécies tributárias, e não apenas às
previstas no CTN.

2) O Direito Tributário brasileiro é o mais constitucionalizado do mundo, que consequências


podemos tirar disto?

Resposta:

Em rápidas linhas, destaco uma maior segurança jurídica e proteção ao contribuinte,


onde boa parte das limitações constitucionais está protegida contra mudanças que lhe
diminuam o alcance ou a amplitude, por configurarem verdadeiras garantias individuais,
não podendo ser suprimidas nem por emendas constitucionais, eis que se afiguram cláu-
sulas pétreas.

1.2.1.2. Questões do TRF2


1) O artigo 5º do CTN é completo? Por que ele é desmentido?

Resposta:

O art. 5º do CTN não é completo, eis que prevê como espécies tributárias apenas os
impostos, taxas e contribuições de melhoria, o que poderia levar a crer que o nosso or-
denamento adotou a corrente tripartite ou tricotômica. Todavia, o STF já pacificou a
adoção da teoria da pentapartição, de sorte que, além das espécies supracitadas, conside-
ra tributos as contribuições sociais e os empréstimos compulsórios, apesar da natureza
restituível deste último.
44
2) É possível a repetição do indébito de tarifas de água e esgoto?

Resposta:

Sim, é possível. Contudo, seu prazo prescricional sujeitar-se-á ao prazo estabelecido no


Código Civil, conforme previsto na Súmula 412 do STJ, publicada em 16/12/2009, haja
vista não possuírem natureza jurídica tributária.

3) Existe prazo para compensação? Qual a natureza jurídica? E para tributo indireto?

Resposta:

A compensação tributária é uma das causas de extinção do crédito tributário descritas


pelo artigo 156 do Código Tributário Nacional. Quanto ao prazo, duas situações devem
ser observadas. Assentou o Supremo Tribunal Federal que o novo prazo de 5 (cinco)
anos - contado do pagamento antecipado do tributo - é válido para as ações ajuizadas
após 9/6/05, data de entrada em vigor da Lei Complementar 118/05 (RE 566.621/RS,
Rel. Min. ELLEN GRACIE, Tribunal Pleno, DJe 11/10/11). E, por outro lado, às ações
intentadas antes do referido marco aplica-se a Tese dos "cinco mais cinco", consoante a
antiga orientação do STJ. Também, é possível a compensação via creditamento de valo-
res pagos indevidamente por tributos indiretos, como é o caso do ICMS, hipótese em
que é necessária a prova de que não houve transferência do encargo financeiro ao con-
tribuinte de fato, ou que obteve autorização do contribuinte de fato para obter o ressar-
cimento do excesso, por meio de restituição ou de compensação. Aplicabilidade do art.
166 do CTN (STJ - AgRg no EREsp 997244 SP - Primeira Seção - rei. Min. Francisco
Falcão, DJe 06.04.2009).

4) Por que tem ação de consignação no CPC e no CTN?

Resposta:

Porque as hipóteses consignatórias previstas no art. 164 do CTN são mais restritas, co-
mo se extrai da leitura do §1º do referido artigo, que aduz que ―a consignação só pode
versar sobre o crédito que o consignante se propõe a pagar.‖ Assim, demais aspectos da
obrigação tributária podem ser objeto de ação de consignação com fulcro no art. 890 do
CPC.

5) Dupla tributação distingue-se de bitributação?

Resposta:

45
Sim. A dupla tributação (bis in idem) ocorre quando o mesmo ente tributante edita di-
versas leis instituindo múltiplas exigências tributárias, decorrentes do mesmo fato gera-
dor. Segundo a doutrina, não existe norma expressa no texto constitucional vedando a
dupla tributação, de sorte que chegam a apontar a criação da COFINS e do PIS como
hipótese cristalina de bis in idem. Na bitributação, tal fenômeno ocorre mediante a ação
de entes diversos, e, via de regra, é proibida. A doutrina aponta duas situações em que
esta seria legítima: a possibilidade da União instituir imposto extraordinário de guerra,
compreendidos ou não em sua competência tributária; e a tributação de renda envolven-
do Estados-nações diversos (indivíduo residente no Brasil que recebe rendimentos de
trabalhos realizados no Uruguai, os dois Estados poderiam cobrar IR).

6) É taxativo o rol do art. 150 da CR/1988?

Resposta:

O art. 150 da CF trata das limitações ao poder de tributar. Da simples leitura da parte
inicial do artigo (sem prejuízo de outras garantias) conclui-se que se afigura um rol e-
xemplificativo, notadamente porque boa parte destas limitações consubstanciam-se em
garantias individuais do contribuinte.

7) Qual a razão do art. 150, I, da CR/1988?

Resposta:

Referido dispositivo trata do princípio da legalidade tributária. É, a exemplo de outros


preceitos, uma garantia do contribuinte contra a exigência ou aumento de tributos sem
lei que estabeleça, sendo, portanto, um dos pilares do Estado Democrático de Direito.

7) Há tautologia com o art. 5º, II, da CR/1988?

Resposta:

Penso que não chega a ser uma tautologia. Por ser considerada a principal limitação
constitucional ao poder de tributar, entendeu o constituinte por prever de forma especí-
fica e autônoma o princípio da legalidade tributária no art. 150, I da CR, cujas exceções,
também, lhes são particulares, existindo, a meu ver, razão de ser na formação de um
sistema de proteção tributário próprio.

8) O que é elusão fiscal? Posição do STF.

Resposta:

46
Existem meios diversos de se fugir da tributação. Tradicionalmente, o critério mais ado-
tado pela doutrina para classificar tais meios toma por base a licitude da conduta.

Assim, quando o contribuinte usa de meios lícitos para fugir da tributação ou torná-la
menos onerosa, tem-se, para a maioria da doutrina, a elisão fiscal.

Já nos casos em que o contribuinte se utiliza de meios ilícitos para escapar da tributação,
tem-se a evasão fiscal.

Por fim, nos casos denominados pela doutrina de elusão fiscal (ou elisão ineficaz), o
contribuinte simula determinado negócio jurídico com a finalidade de dissimular a ocor-
rência do fato gerador. Trata-se de um ardil caracterizado primordialmente pelo que a
doutrina denomina de abuso das formas, pois o sujeito passivo adota uma forma jurídica
atípica, a rigor lícita, com escopo de escapar artificiosamente da tributação.

Norma geral antielisão está prevista no parágrafo único do art. 116 do CTN, inserido
pela LC 104/2001 (natureza de antielusão), de sorte que o Fisco poderá requalificar ju-
ridicamente os fatos, para fazer incidir o tributo devido.

9) O que é Poder de Tributar? As limitações de Tributar são cláusulas pétreas? Há relação entre
poder de tributar e competência tributária?

Resposta:

Poder de tributar é o poder que detém o Estado de, mediante lei, criar tributos nos ter-
mos das competências conferidas pela Constituição. Entende o STF, bem como a dou-
trina, que boa parte das limitações constitucionais ao poder de tributar se configuram
verdadeiras garantias individuais, como sói ser o princípio da anterioridade e o da lega-
lidade, de sorte que são definidas como cláusulas pétreas, nos termos do art. 60, §4º, IV
da CR. A imunidade recíproca, também, por tutelar a forma federativa (art. 60, §4º, I da
CR), seria uma cláusula pétrea. Nessa esteia, há uma estreita relação entre o poder de
tributar e competência tributária, haja vista ser esta última conceituada como a atribui-
ção ou o poder, diretamente haurido da Constituição Federal, para editar leis que abstra-
tamente instituam tributos. Por fim, a Constituição não cria tributos, apenas confere às
pessoas políticas competências para instituí-los.

1.2.1.3. Questões do TRF3


1) Qual a classificação das receitas?

Resposta:

Quanto à regularidade elas podem ser extraordinárias (caráter excepcional e temporário)


ou ordinárias (ingressam com regularidade). Já quanto à origem, podem ser originárias

47
(exploração pelo Estado da atividade econômica patrimonial ou comercial) ou derivadas
(extraídas do patrimônio dos particulares - tributos). Há, ainda, a classificação legal (lei
4.320/64), que divide as receitas em correntes (resultantes das atividades próprias do
Estado) e de capital.

1.2.1.4. Questões do TRF4

1.2.1.5. Questões do TRF5

1.3. Direito Administrativo

1.3.1. Responsabilidade Civil do Estado

1.3.1.1. Questões do TRF1


1) Qual o regime de responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado exploradoras
de atividade econômica? E qual o regime jurídico? De direito privado.

Resposta:

Se for atividade econômica não se aplica o art. 37, § 6º, CF, mas sim o regime de direito
privado (Código Civil), que prevê responsabilidade civil subjetiva, é dizer, deve ser
apurado se a ação ou omissão se deu, ao menos, com culpa.

2) Qual o fundamento jurídico por responsabilidade pelos atos lícitos?

Resposta:

A responsabilidade civil por atos ilícitos, que não se relacionem com a prestação de
serviço público, encontra-se disciplinada nos arts. 186 e 927 do CC/2002. Tem como
principal fundamento garantir a ordem social, evitar o enriquecimento sem causa, tutelar
o patrimônio através de um provimento judicial que substitua a reparação privada coer-
citiva, bem como possui função sancionadora e pedagógica.

Para Carlos Alberto Bittar ―a responsabilidade está diretamente ligada à liberdade e a


racionalidade humana, que impõe às pessoas o dever de assumir o ônus, submetendo-a
aos resultados de suas ações quando contrária a ordem jurídica‖.

1.3.1.2. Questões do TRF2


1) Qual seria a diferença da responsabilidade civil dos entes públicos?

48
Resposta:

A principal nota que a diferencia da responsabilidade dos entes privados, seria a respon-
sabilidade objetiva dos entes públicos para atos comissivos, ou seja, independente de
culpa, assegurado o direito de regresso contra o agente público responsável pelos danos,
devendo, neste caso, ser apurado se agiu com dolo ou culpa, sendo, portanto, subjetiva.
Também será subjetiva nas hipóteses de atos omissivos.

2) Diferenças entre a responsabilidade civil dos entes em geral e das prestadoras de serviços
públicos.

Resposta:

A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado


prestadoras de serviços públicos, por danos causados por seus agentes, nessa qualidade,
a terceiros, é de natureza objetiva, é dizer, independe de culpa, nos termos do art. 37, §
6º, CF. Nesse sentido, a jurisprudência assente do STF, bem como a doutrina pátria.
Ainda, as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público respondem
de forma objetiva por danos causados a terceiros usuários e não usuários do serviço (RE
n. 591.874, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, Plenário, DJe de 18.12.09), tendo
o STF revisto sua jurisprudência neste último caso, eis que antes entendia que para o
não usuário a responsabilidade seria subjetiva.

Quanto aos demais sujeitos de direito privados, a responsabilidade é de natureza subje-


tiva, sendo imprescindível a verificação de culpa do agente para que surja o dever inde-
nizatório.

3) Exemplo de responsabilidade civil de prestadores de serviço público comparando com a


responsabilidade civil do Estado.

Resposta:

Conforme assentado, ambas são objetivas (art. 37, § 6º, CF). Um exemplo seria a res-
ponsabilidade por acidentes em rodovias provocados por animais na pista. Tanto a con-
cessionária (STJ – 3ª T., REsp nº 647.710/RJ, Rel. Min. Castro Filho, DJ 30.06.2006)
quanto o Estado, se a rodovia não foi privatizada, responderiam, em cada caso, de forma
objetiva pelos danos causados.

1.3.1.3. Questões do TRF3

1.3.1.4. Questões do TRF4


1) Como se chama a responsabilidade civil extracontratual?
49
Resposta:

Também chamada de delitual ou aquiliana, nela o agente não tem vínculo contratual
com a vítima, mas, tem vínculo legal, uma vez que, por conta do descumprimento de
um dever legal, o agente, por ação ou omissão, com nexo de causalidade e culpa ou do-
lo, causa à vítima um dano. Está fundada no art. 186 do CC/2002.

1.3.1.5. Questões do TRF5

1.4. Direito Penal

1.4.1. Aplicação da Lei Penal. Princípios Gerais. Normas das Convenções e


Tratados de Direito Internacional

1.4.1.1. Questões do TRF1


1) Conflito aparente de normas, quais são as técnicas para a sua solução?

Resposta:

A doutrina indica quatro princípios para solucionar o conflito aparente de normas pe-
nais. São eles: especialidade, subsidiariedade, consunção e alternatividade. No princípio
da especialidade, a norma especial prevalece sobre a geral. Aqui há uma relação de gê-
nero e espécie, sendo tal aferição estabelecida em abstrato. Pouco importa, também, a
quantidade de sanção reservada às infrações, podendo a lei especial narrar um Ilícito
penal mais rigoroso ou mais brando. Na subsidiariedade, a lei primária tem prevalência
sobre a lei subsidiária, que é sempre menos grave. Aqui a análise deve ser feito no caso
concreto, e não em abstrato, e não há relação de gênero e espécie. Na célebre locução de
Nelson Hungria, a norma subsidiária atua como um ―soldado de reserva‖. O princípio
da consunção é aplicado para resolver o conflito aparente de normas penais quando um
crime menos grave é meio necessário ou fase de preparação ou de execução do delito de
alcance mais amplo, de tal sorte que o agente só será responsabilizado pelo último, des-
de que se constate uma relação de dependência entre as condutas praticadas (Preceden-
tes STJ). Por fim, alternatividade significa que ―o agente só será punido por uma das
modalidades inscritas nos chamados crimes de ação múltipla (tipos mistos alternativos,
conteúdo variado), embora possa praticar duas ou mais condutas do mesmo tipo penal.‖

2) Indique quatro princípios penais constantes na Constituição.

Resposta:

Princípio da individualização da pena, princípio da reserva legal, princípio da anteriori-


dade e o princípio da intranscendência da pena.

50
3) Qual a diferença entre interpretação analógica e analogia?

Resposta:

Analogia é uma forma de integração da lei penal. Utilizando-se da analogia, o exegeta


aplica a uma hipótese não prevista em lei a disposição legal relativa a um caso seme-
lhante, desde que não prejudique o réu, em atenção ao princípio da legalidade. Assim,
admite-se apenas a analogia in bonam partem.

Já a interpretação analógica consubstancia meio de interpretação, recorrível quando a lei


contém em seu bojo uma fórmula casuística seguida de uma fórmula genérica. Com
efeito, a norma casuística serve de norte ao exegeta. A interpretação analógica difere-se
da interpretação extensiva na medida em que, nesta, o legislador não nos fornece o pa-
drão (fórmula casuística) a ser seguido, em que pese a necessidade de se ampliar o al-
cance da norma. Por fim, na interpretação analógica admite-se que seja feita in malam
partem.

4) Porque se atribui à norma penal o caráter de ultima ratio?

Resposta:

Por ser a liberdade do homem um dos seus bens mais preciosos, apenas justifica-se a
supressão do seu status libertatis quando, de fato, estivermos diante de ofensas a bens
juridicamente relevantes para a sociedade, em que outros ramos do direito se mostrarem
insuficientes e não se revelaram eficientes para punir o agente.

Portanto, o DP deve interferir o mínimo possível na vida em sociedade, por isso se diz
que será a ultima ratio, também chamado de ―princípio da intervenção mínima.‖

Fruto da ascensão da burguesia, cuida-se de um típico princípio liberal, tanto que se


encontra nas obras dos mais importantes pensadores do liberalismo, tais como John
Locke, Montesquieu, Rousseau e Beccaria.

5) Qual a diferença entre o “ser do direito” no Direito Penal e o “ser do direito” na Sociologia?

Resposta:

A Sociologia preocupa-se, basicamente, como os fatores externos, sociais, que influen-


ciaram o indivíduo a praticar uma infração penal, bem como com suas conseqüências
para a coletividade, tudo isso com escopo de explicar tais ―defeitos de socialização‖.
Para Ferri, um dos baluartes da Escola Positiva, um dos movimentos criminológicos do
Direito Penal, apontada como o criador da Sociologia Criminal, o delito não era produto
exclusivo de nenhuma patologia individual. Para ele o delito era resultado da contribui-
ção de diversos fatores: individuais, físicos e sociais.
51
Na tese de Ferri, ―o delito é um fenômeno social, com uma dinâmica própria e etiologia
específica, na qual predominam os fatores sociais‖. A pena, por si só, seria ineficaz,
precisa vir antecedida ou acompanhada das adequadas reformas econômicas, sociais,
entre outras. Já o Direito Penal preocupa-se com o indivíduo após o cometimento do
delito, como irá puni-lo e ressocializa-lo, sendo irrelevante tais aspectos sociais. Contu-
do, anote-se, que há corrente que defende uma ―co-culpabilidade‖ no direito penal, en-
tendida esta como a parcela de culpa da sociedade que deixa de fornecer os meios sufi-
cientes para o desenvolvimento do ser, cuja a influência do meio social compromete a
autodeterminação do indivíduo. Assim, sua reprovabilidade deve ser atenuada.

1.4.1.2. Questões do TRF2


1) É mais correto falar em concurso aparente de normas ou conflito aparente de normas?

Resposta:

Não há uma unanimidade na doutrina, em que pese a aparente predileção pela expressão
―concurso‖, como se vê no escólio de Rogério Greco e Luiz Régis Prado. O professor
Damásio de Jesus, por sua vez, crítica as duas expressões, haja vista que, segundo sus-
tenta, ―não há conflito ou concurso de disposições penais, mas exclusividade de aplica-
ção de uma norma a um fato, ficando excluída outra em que também se enquadra‖. Por
fim, penso que a maioria dos operadores do Direito trata as expressões como sinônimas,
havendo, inclusive, julgados no STJ em que na mesma ementa se utilizam as duas for-
mas (HC 213179/SC- Min. Jorge Mussi).

2) O que é o princípio da alternatividade?

Resposta:

É um dos princípios que se propõem a resolver um concurso aparente de normas. Signi-


fica que ―o agente só será punido por uma das modalidades inscritas nos chamados cri-
mes de ação múltipla (tipos mistos alternativos, conteúdo variado), embora possa prati-
car duas ou mais condutas do mesmo tipo penal.‖ Um exemplo clássico é o art. 33 da lei
11.343/06, cuja cabeça do artigo prevê diversos núcleos v.g. importar, fabricar, trans-
portar. Ainda que realize todas as condutas descritas no tipo, praticará o crime uma úni-
ca vez, desde que, evidentemente, trate-se da mesma droga, no mesmo contexto fático.
Dessarte, se o mesmo sujeito importa cocaína, transporta ópio e vende heroína, respon-
derá por três crimes distintos, em concurso material.

Por fim, parte da doutrina entende ser a alternatividade a consunção que se realiza no
interior de um mesmo tipo penal, de sorte que aquela teria sua função esvaziada. É o
entendimento de Nélson Hungria e Aníbal Bruno.

52
3) O concurso aparente de normas se insere na teoria do delito, na teoria da norma ou na teo-
ria do tipo?

Resposta:

O conflito aparente de normas está ligada à teoria do delito, em especial quando, na


formação do juízo de tipicidade, haverá a identificação do tipo legal a ser considerado.
Definir se um determinado fato constitui, ou não, um delito, passa pela realização do
chamado juízo de tipicidade: a comparação do fato com os modelos de conduta proibi-
da, que a lei criminal elenca numerus clausus. Situação diferente ocorre com o concur-
so efetivo de tipos (material, formal ou continuado), que se relaciona à resposta penal
(pena), não sendo caso de definição de juízo de tipicidade. Importa, contudo, deixar
clara a diferença entre o concurso efetivo e o concurso aparente de tipos. No concurso
efetivo (concurso de delitos), há dois ou mais delitos, sujeitando-se o agente às penas de
dois ou mais tipos incriminadores (que são somadas, ou não, conforme seja o caso do
art. 69, do art. 70 ou do art. 71 do Código Penal). No concurso aparente, como a própria
denominação denuncia, aparentemente o fato dá lugar a duas ou mais adequações típi-
cas simultâneas, dois ou mais delitos. Um mesmo fato é coberto pelas descrições típicas
de várias normas incriminadoras, que sobre ele convergem. Todavia, pela aplicação do
princípio ne bis in idem, que impede a dupla punição pelo mesmo fato, somente uma
das tipicidades se aplica, prevalecendo sobre as demais, e afastando a incidência destas.

4) Quais as duas modalidades de subsidiariedade? Sempre está expresso no Código?

Resposta:

Pelo princípio da subsidiariedade, a norma dita subsidiária é considerada, na expressão


de Hungria, como um ―soldado de reserva‖, é dizer, na ausência ou impossibilidade de
aplicação da norma principal mais grave, aplica-se a norma subsidiária menos grave.

Ela pode ser expressa ou tácita. Diz-se expressa quando a própria lei faz sua ressalva,
mediante emprego de locuções como: ―se o fato não constitui crime mais grave‖, v.g.
disparo de arma de fogo (art. 15 da lei 10.826/03). Será tácita quando a lei residual não
condiciona, taxativamente, a sua aplicação em caso de impossibilidade de incidência da
primária. Ex: Estupro (art. 213, CP) e constrangimento ilegal (art. 146, CP).

Assim, conclui-se que, nem sempre, a subsidiariedade será expressa na Lei Penal.

5) Quais os critérios de interpretação da lei penal? É possível analogia em lei penal? Há dife-
rença entre interpretação analógica e analogia?

53
Resposta:

Os critérios de interpretação podem ser divididos quanto ao sujeito de que emana, quan-
to aos meios que são utilizados para alcançá-la e, ainda, quanto aos resultados.

No que pertine ao sujeito, pode ser autêntica (pela própria lei), doutrinária (pelos estu-
diosos – v.g. exposição de motivos do Código) e judicial (aplicadores do Direito – v.g.
súmulas vinculantes). Já quanto aos meios, pode ser literal (real significado das pala-
vras), teleológica (finalidade da lei), sistemática (análise do dispositivo no sistema que
ele está contido, e não isoladamente) e histórica (busca dos fundamentos de sua criação
no passado, considerando o momento social da época). Por fim, quanto ao resultado,
pode ser declaratória (não amplia nem restringe o alcance da norma), extensiva e restri-
tiva, que alarga ou diminui o alcance da lei, respectivamente. A analogia, forma de inte-
gração da norma, onde o exegeta aplica a uma hipótese não prevista em lei a disposição
legal relativa a um caso semelhante, desde que não prejudique o réu, em atenção ao
princípio da legalidade. Assim, admite-se apenas a analogia in bonam partem. Difere-se
da interpretação analógica por ser esta um método de interpretação. Há quem sustente
que esta última pode ser in malam partem.

6) Existe parte geral na parte especial do CP?

Resposta:

Algumas matérias, que ordinariamente são tratadas na parte geral do CP, foram inseri-
das na parte especial do Código. Isto ocorreu quando o próprio tipo penal o exigia, v.g.
causas especiais de aumento e diminuição da pena, normas penais não incriminadoras
(art. 327), causas de isenção de pena (art. 181), espécies de ações penais. Não há propri-
amente uma parte geral dentro da especial, eis que a primeira, na maioria das vezes,
complementa de forma satisfatória o tipo penal previsto na parte especial. Contudo,
quando previstas ―normas generalizantes‖ dentro do próprio tipo penal, penso que esta
deve ser observada, antes mesmo até do que a norma assemelhada contida na parte ge-
ral, como sói ser o caso do art. 100 do CP, que aduz ser a ação penal pública, salvo
quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido (art. 236 do CP – crimes
contra o casamento).

7) art. 5º., LVII, CR/1988, pode-se considerar alguma diferença entre princípio da inocência e
da não culpabilidade?

Resposta:

Grande parte da doutrina (v.g. Nelson Nery Júnior in Princípios do Processo na Consti-
tuição Federal) e dos aplicadores do Direito utiliza as expressões como sinônimas. To-

54
davia, basta a leitura do texto para se perceber a diferença: ―ninguém será considerado
culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória‖.

A Constituição Federal Brasileira adotou a redação do art. 27.2 da constituição italiana


de 1948, a qual por sua vez resultou de um movimento protagonizado por parte da dou-
trina italiana que defendia a restrição do alcance do princípio da inocência, com vistas a
garantir a eficácia do processo penal. Ou seja, a nossa Constituição declarou apenas que
o acusado não é considerado culpado. Ela não afirmou a presunção de inocência, limi-
tou-se a negar a culpa. Não é uma simples questão de semântica, mas revela um embate
de concepções político-ideológicas das finalidades do processo penal. A Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, a Declaração Universal dos Direitos do Ho-
mem de 1948, pelo Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos de 1966 e a Con-
venção Americana de Direitos Humanos de 1969, todos esses instrumentos consagraram
o princípio da ―presunção de inocência‖, fórmula que, aparentemente, não foi seguida
pelo Brasil, que foi influenciado por uma ideologia pós-fascista que criticava a presun-
ção de inocência, na Itália. O certo é que na prática judiciária brasileira não se estabele-
ceu diferença entre os princípios. Nas ementas das ADC‘s 29 e 30, que declararam a
constitucionalidade da LC 135/2010 (Lei da Ficha Limpa), o Min. Luiz Fux preferiu a
expressão ―presunção de inocência‖. A Min. Rosa Weber, egressa da magistratura traba-
lhista, trata ―inocência‖ e ―não-culpabilidade‖ como sinônimos, de forma expressa em
seus julgados. Lúcida, por sua vez, a lição do Min. Ayres Britto, para quem ―a presun-
ção de não-culpabilidade trata, mais do que de uma garantia, de um direito substantivo.
Direito material que tem por conteúdo a presunção de não-culpabilidade. Esse o bem
jurídico substantivamente tutelado pela Constituição; ou seja, a presunção de não-
culpabilidade como o próprio conteúdo de um direito substantivo de matriz constitucio-
nal. Logo, o direito à presunção de não-culpabilidade é situação jurídica ativa ainda
mais densa ou de mais forte carga protetiva do que a simples presunção de inocência‖.

8) Fale sobre a decisão do STF acerca da abolitio criminis dos crimes contra a honra na lei de
imprensa.

Resposta:

A abolitio criminis ocorre quando um fato tipificado como infração penal pela norma
incriminadora deixa de ser criminoso. Possui, portanto, natureza jurídica de causa extin-
tiva de punibilidade.

A lei de imprensa previa várias condutas delitivas referentes a crimes contra a honra. No
entanto, no julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental n.
130, iniciado em 1.4.2009 e concluído em 30.4.2009, o Plenário do Supremo Tribunal
Federal, por maioria de votos, entendeu que a Lei n. 5.250, de 9 de fevereiro de 1967,
não foi recepcionada, integralmente, pela ordem constitucional vigente.

55
Naquele momento, o Pretório Excelso, entendendo haver manifesta incompatibilidade
entre a antiga Lei de Imprensa e a atual Constituição da República, extirpou do ordena-
mento jurídico a totalidade do diploma normativo, de forma que, em termos práticos, tal
decisão implicou no reconhecimento da inexistência jurídica da norma, o que gerou a
abolitio criminis daquelas condutas antes tipificadas, afastando os efeitos penais de vá-
rios processos em curso, ou julgados, cujos agentes haviam incidindo nos tipos da lei
não recepcionada.

Em conclusão, a partir do julgamento da ADPF 130 (Lei de Imprensa), julgada em abril


de 2009, o STF passou a entender que norma anterior incompatível com a nova ordem
constitucional é tida como não-recepcionada, abandonando a nomenclatura outrora em-
pregada (revogação).

9) Em que consiste a ultratividade da lei penal?

Resposta:

Fala-se em ultratividade quando a lei, mesmo depois de revogada, continua a regular os


fatos ocorridos durante a sua vigência.

Da mesma forma, as leis temporárias e as excepcionais são ultrativas, pois aplicam-se


aos fatos ocorridos durante a sua vigência, mesmo após auto-revogadas.

10) A confissão. Em que circunstâncias pode ser aplicada como atenuante?

Resposta:

É possível o reconhecimento da atenuante da confissão espontânea para redução da pena


aplicada na hipótese em que o réu admita a prática do crime em seu interrogatório poli-
cial e judicial, ainda que tenha sido preso em flagrante, tendo em vista que para a confi-
guração da referida atenuante exige-se somente o seu aspecto objetivo, ou seja, que a
confissão se efetue por livre vontade do agente, não se exigindo critérios subjetivos, isto
é, que seja completa, que influa decisivamente na condenação ou que seja feita por mo-
tivos de índole moral, aptos a caracterizar arrependimento do acusado. Segundo a juris-
prudência atual do STJ (REsp 1163090/SC, DJe 14/03/2011), não obsta o reconheci-
mento da atenuante a circunstância de o agente negar parte da imputação ou invocar
uma excludente de ilicitude (confissão qualificada).

DESSE PONTO EM DIANTE: RESPOSTAS ELABORADAS POR CAIO CASTA-


GINE MARINHO

56
11) Concurso ou conflito de normas. Há diferença? O que visa impedir o ordenamento?

Resposta:

O concurso de normas caracteriza-se pela situação em que várias leis são aparentemente
aplicáveis a um mesmo fato, mas apenas uma tem real incidência. Ele pressupõe a uni-
dade de fato e a pluralidade de leis aparentemente aplicáveis. Trata-se de instituto que
se fundamenta no princípio da coerência sistemática e na vedação ao bis in idem. Luis
Regis Prado e Guilherme de Souza Nucci não diferenciam concurso de conflito de nor-
mas. Esses autores destacam o posicionamento de parte da doutrina que entendem que o
tema deveria ser abordado na análise de concurso de crimes, mas, de forma diversa des-
sa corrente, ambos defendem que a matéria está relacionada à aplicação da lei penal.
Destaca-se que, enquanto no concurso de crimes o concurso de normas aplicáveis é efe-
tivo, no concurso de normas a concorrência é aparente.

12) Quais são os critérios utilizados para acabar com o conflito aparente de normas?

Resposta:

Os critérios utilizados são: i) critério da especialidade (lei especial derroga lei geral), ii)
critério da subsidiariedade (aplicação de um tipo penal principal quando outro não puder
ser aplicado – para Nelson Hungria a norma subsidiária era denominada de soldado de
reserva); iii) critério da consunção (norma que descreve a normal fase de execu-
ção/preparação/exaurimento do crime é afastada para a aplicação de outra que engloba o
fato de maior alcance); iv) critério da alternatividade (a aplicação de uma norma a um
fato exclui a aplicação de outra, que também o prevê, de algum modo, como delito –
Luis Regis Prado e Nucci criticam esse critério entendendo-o como inútil). Além desses
critérios mencionados por Luis Regis Prado, Nucci ainda cita o critério da sucessividade
(lei posterior derroga lei anterior).

13) Quando ocorre a consunção?

Resposta:

Quando o fato previsto por uma lei está, igualmente, contido em outra de maior ampli-
tude, aplica-se somente esta última. Essa é a hipótese de aplicação do critério da con-
sunção. Ou seja, norma que descreve a normal fase de execu-
ção/preparação/exaurimento do crime é afastada para a aplicação de outra que engloba o
fato de maior alcance.

14) Já ouviu falar do princípio da combinação?

Resposta:

57
Pelo princípio da combinação busca-se a conjugação de dispositivos de duas leis para se
chegar a uma norma mais benéfica, quando ambas as leis regulam a matéria em tempos
distintos e uma revogou a outra. No direito penal, discute-se a possibilidade de retroati-
vidade parcial para usar os melhores dispositivos de cada uma das leis. Exemplo dessa
situação ocorre com a possibilidade de aplicação da causa de diminuição do p. 4o do
art. 33 da Nova Lei de Drogas aos delitos praticados sob a vigência da lei antiga. Neces-
sário destacar que o STF não tem admitido tal raciocínio entendendo que combinação
de leis poderia caracterizar verdadeira violação do princípio da separação dos poderes.

15) Qual corrente entende que só o princípio da especialidade resolveria todos os conflitos?

Resposta:

(??)

16) Institutos da lei no. 8.072/90 estão sendo abrandados. Se revogar toda lei, há afronta à
Constituição?

Resposta:

É possível identificar, dentre aqueles que defendem a disposição presente no art. 5o,
inciso XLIII da CF como verdadeiro mandado de criminalização, corrente que defende
a impossibilidade da revogação da criminalização dos crimes hediondos. Posicionamen-
to esse que teria fundamento no princípio da vedação do proteção deficiente. Mas en-
tendo que, a priori, não se poderia defender a revogação da Lei 8.072/90 como violado-
ra da vontade constituinte. Em verdade, a realização da obrigação de o Estado proteger
o bem jurídico pode ser realizada por diversas formas, por vezes até mais eficiente, que
apenas a previsão de sanção mais severa ao tipo penal.

17) O que conflito aparente de normas se identifica melhor com qual teoria (teoria do delito,
teoria do tipo ou teoria da norma)?

Resposta:

O conflito aparente de normas está ligada à teoria do delito, em especial quando, na


formação do juízo de tipicidade, haverá a identificação do tipo legal a ser considerado.
Definir se um determinado fato constitui, ou não, um delito, passa pela realização do
chamado juízo de tipicidade: a comparação do fato com os modelos de conduta proibi-
da, que a lei criminal elenca numerus clausus. Situação diferente ocorre com o concur-
so efetivo de tipos (material, formal ou continuado), que se relaciona à resposta penal
(pena), não sendo caso de definição de juízo de tipicidade. Importa, contudo, deixar
clara a diferença entre o concurso efetivo e o concurso aparente de tipos. No concurso
58
efetivo (concurso de delitos), há dois ou mais delitos, sujeitando-se o agente às penas de
dois ou mais tipos incriminadores (que são somadas, ou não, conforme seja o caso do
art. 69, do art. 70 ou do art. 71 do Código Penal). No concurso aparente, como a própria
denominação denuncia, aparentemente o fato dá lugar a duas ou mais adequações típi-
cas simultâneas, dois ou mais delitos. Um mesmo fato é coberto pelas descrições típicas
de várias normas incriminadoras, que sobre ele convergem. Todavia, pela aplicação do
princípio ne bis in idem, que impede a dupla punição pelo mesmo fato [8], somente uma
das tipicidades se aplica, prevalecendo sobre as demais, e afastando a incidência destas.

1.4.1.3. Questões do TRF3

1.4.1.4. Questões do TRF4


1) Qual o critério de aplicação da lei nova aos crimes permanentes e aos continuados?

Resposta:

Segundo entendimento do STF, presente no enunciado da súmula 711, a lei penal mais
grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se sua vigência é anterior
à cessação da continuidade ou permanência. Assim, ainda que o início da conduta tenha
ocorrido quando vigente norma penal mais branda, ocorrendo a cessão da continuidade
ou permanência em momento posterior ao início da vigência da norma mais severa, será
essa que deverá incidir.

1.4.1.5. Questões do TRF5


TRF5 – 2012

01) Em havendo revogação de complemento de norma penal em branco haveria abolitio cri-
minis? Como se situa esse debate?

Resposta:

Depende. Para uma corrente doutrinária a natureza do complemento da norma penal em


branco determinará a regra de direito intertemporal a ser aplicada. Assim, se o comple-
mento tiver natureza de lei excepcional ou temporária (regime do art. 3o do CP), haverá
ultra-atividade prejudicial, ou seja, ainda o que alteração do complemento de forma be-
néfica não retroagirá (ex.: tabela de preço nos crimes contra a economia popular). Situa-
ção contrária ocorre quando o complemento não tem natureza excepcional, hipótese em
que haverá retroatividade benéfica (regime jurídico do art. 2o, p.u. CP – ex.: definição
de substância entorpecente). De outra banda, há doutrina que se posiciona de forma di-
ferente, como é o caso de Alberto Silva Franco. Entende o autor que essa conclusão
(necessidade de verificação da natureza do complemento) somente ocorrerá quando o

59
complemento não tiver mesmo status normativo da própria norma em branco. Em ou-
tros termos, se a complementação vier por outra lei, haverá retroatividade independen-
temente na natureza do complemento ser ou não excepcional. Se a complementação vier
por norma com status infralegal, somente nesse caso haveria a necessidade de verificar
na natureza (norma excepcional ou temporária).

02) É possível o emprego na analogia no direito penal?

Resposta:

Sim, desde que de forma favorável ao réu. Isso porque a analogia é regra de integração
da legislação que só é admissível in bonan partem. Situação diversa ocorre com a inter-
pretação analógica, que é modo de interpretação admissível na seara penal em desfavor
do réu, onde o dispositivo enumera exemplos e conclui de forma genérica fazendo ex-
tensão do tipo a casos semelhantes.

03) Qual o significado do “princípio da insignificância” e o da “adequação social”?

Resposta:

Princípio da insignificância significar o afastamento da tipicidade material em situações


em que não haja dano ao bem jurídico ao ponto de requer a intervenção penal e possui
como requisitos a mínima ofensividade da conduta, nenhuma periculosidade penal da
ação, reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e inexpressividade da lesão
ao bem jurídico. O princípio da adequação social também incide sobre a tipicidade ma-
terial mas sob o fundamento de que em relação aos comportamentos e riscos tolerados
pelo convívio social (socialmente aceitos) não poderia haver tipificação penal. Merece
destaque o fato de a jurisprudência acolher apenas a incidência do princípio da insigni-
ficância entendendo que o ordenamento nacional não permitiria o afastamento da carac-
terização do delito sob o fundamento da sua adequação social.

05) O que é delação premiada, qual seu valor probatório, requisitos e efeitos?

Resposta:

Delação premiada é um benefício legal concedido a um criminoso delator, que aceite


colaborar na investigação ou entregar seus companheiros. Exige-se que a delação cola-
bore efetivamente na solução do caso, sendo comum a jurisprudência afastar o benefício
em hipótese em que o réu postule o benefício depois de os órgãos investigatórios já te-
rem reunidos todos os elementos para a condenação. O reconhecimento do valor proba-

60
tório da delação decorrerá da sua ratificação com o cotejamento das demais provas pro-
duzidas. Exige-se corroboração por dados concretos, externos e objetivos que embasem
a confiança do relato. Como consequência dessa colaboração, a depender do regime
jurídico a ser aplicado, poderá ensejar uma redução da pena (1/3 a 2/3), definição do
início do cumprimento da pena em regime aberto, extinção da punibilidade ou substitui-
ção da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos.

1.5. Direito Previdenciário

1.5.1. Previdência Social: Órgãos, Regimes, Segurados, Beneficiários e


Inscrições. Leis N. 8.212/91 E 8.213/91

1.5.1.1. Questões do TRF1


1) O sistema previdenciário brasileiro é formado por quais regimes?

Resposta:

O sistema previdenciário brasileiro é formado pelo regime principal, de participação


obrigatória e composto pelo Regime Próprio de Previdência (aplicável aos servidores
públicos) e o Regime Geral de Previdência Social, e o pelo regime complementar, de
participação facultativa e integrado pelo regime complementar oficial (Fundos de Pen-
são) e o regime complementar privado.

2) Quanto ao sistema de inclusão previdenciária, quais foram os trabalhadores beneficiados


neste sistema?

Resposta:

A EC 41/03 alterou o artigo 201, acrescentando o p. 12 para estabelecer um sistema


especial de inclusão previdenciária, destinado a trabalhadores de baixa renda, a fim de
lhes garantir acesso a benefícios no valor equivalente a 1 salário mínimo. Em 2005, no-
va alteração do texto constitucional estendeu tal tratamento aos trabalhadores sem ren-
da própria que se dediquem exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua
residência, desde que pertencentes a famílias de baixa renda. Nesse sistema, determina o
constituinte que haja tratamento diferenciado em relação às alíquotas (reduzida de 20%
para 11%) e carências aplicados aos demais segurados do regime geral de previdência
social. No âmbito infraconstitucional, o sistema foi implantado com a edição da LC
123/2006, que realizou alterações na redação das Leis 8.212/91 e 8.213/91. A MP
529/2011 estendeu tal benefício aos microempreendedores individuais, estabelecendo a
contribuição com alíquota reduzida de 5%. Em relação aos domésticos a regulamenta-
ção ocorreu somente com a edição da Lei 12.470/2011.

61
12) Me fale sobre a EC 47 da CF e a novidade que ela trouxe no sistema de inclusão previden-
ciária.

Resposta:

A novidade trazida pela EC 47 foi a previsão do trabalhador doméstico sem renda pró-
pria que se dediquem exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residên-
cia, desde que pertencentes a famílias de baixa renda, na chamada inclusão previdenciá-
ria. Juntamente com os demais trabalhadores baixa renda a eles é garantido o acesso aos
benefícios previdenciários no valor igual a um salário-mínimo havendo sujeição a alí-
quotas e carências inferiores às vigentes para os demais segurados do regime geral.

3) Quais são os segurados para efeitos de inscrição no sistema geral de previdência?

Resposta:

No Regime Geral de Previdência Social há os segurados obrigatórios caracterizados


pelo exercício de atividade remunerada e integrados pelo segurado empregado, segura-
do empregado doméstico, segurado avulso, segurado especial e contribuinte individual.
Também há os segurados facultativos; e os segurado facultativo, caracterizado como
sendo aquele que não exerce atividade remunerada.

4) Dê uns três exemplos de segurado facultativo.

Resposta:

Pessoas com mais de 16 anos que não têm renda própria, mas decidem contribuir para a
Previdência Social. Por exemplo: donas-de-casa, estudantes, síndicos de condomínio
não-remunerados, desempregados, presidiários não-remunerados e estudantes bolsistas.

5) A condição de bolsista para fins de segurado facultativo tem que está segurado em lei?

Resposta:

Segundo disposição prevista no Decreto que estabelece o Regulamento da Previdência


Social, somente será considerado como segurado facultativo o bolsista e o estagiário
que prestam serviços a empresa conforme as disposições da a Lei no 11.788/2008. Se o
desempenho das atividades estiver em desacordo com tal legislação o bolsista será con-
siderado segurado obrigatório (empregado).

62
6) O que se entende pelo segurado expatriado? Aqueles que prestam serviço no exterior. O
vínculo é obrigatório.

Resposta:

O segurado expatriado é aquele que exerce atividade fora do Brasil. Pode ser empregado
ou contribuinte individual. É empregado quando é brasileiro ou estrangeiro residente no
territorial nacional, contratado por empresa privada fora do Brasil (deve ser uma empre-
sa nacional – art. 11, I, f, Lei 8.213/91). É contribuinte individual quando a pessoa é
brasileira que exerce atividade em organismo internacional (Ex: OMS), mas se repre-
sentar a União, deixa de ser contribuinte individual e será empregado (art. 11, I, e, Lei
8.213/91).

7) Se o brasileiro trabalha no exterior, tem um vínculo de trabalho, ele está obrigado a se ins-
crever no sistema previdenciário brasileiro como segurado obrigatório?

Resposta:

Se trabalhar para empresa brasileira (hipótese de expatriado), será caracterizado como


segurado obrigatório (empregado). Se essa não for sua situação, em sendo um país com
o qual o Brasil tenha acordo de previdência social, estando vinculados à previdência do
país em que trabalha, poderá aproveitar suas contribuições realizadas no exterior ao
postular o benefício aqui. Se não houver esse tratado, será possível que haja contribui-
ção no regime geral de previdência social na condição de segurado facultativo.

8) O que é filiação em termos de previdência? A filiação é compulsória para quem exerce ativi-
dade remunerada?

Resposta:

Filiação é o vínculo jurídico estabelecido entre o segurado e a previdência social. As


pessoas que são filiadas são as pessoas físicas. As pessoas jurídicas não são filiadas. A
filiação será obrigatória para todos que exercerem atividade remuneratória, sendo hipó-
tese de filiação facultativa para aquele que não é segurado obrigatório que deseja inte-
grar a previdência. Na filiação obrigatória, há o imediato ingresso no sistema previden-
ciário, independendo da vontade do segurado. Na filiação facultativa, fica ao livre alve-
drio da pessoa manter-se ou não no sistema previdenciário, dependendo exclusivamente
da sua vontade. Decerto quando alguém exerce atividade remunerada, mesmo de forma
autônoma, estará filiado ao RGPS, independentemente de desejar fazê-lo, desde que a
aludida atividade esteja incluída no regime em comento.

10) O preso pode ser segurado facultativo ou obrigatório?


63
Resposta:

Enquanto há o recebimento de benefício, no caso, o auxílio-reclusão, haverá a manuten-


ção da qualidade de segurado. Segundo o Regulamento da Previdência Social, será con-
siderado como segurado facultativo tanto (i) o presidiário que não exerce atividade re-
munerada nem esteja vinculado a qualquer regime de previdência social (art. 11, p. 1o,
IX, Decreto 3.048/99), como (ii) o segurado recolhido à prisão sob regime fechado ou
semi-aberto, que, nesta condição, preste serviço, dentro ou fora da unidade penal, a uma
ou mais empresas, com ou sem intermediação da organização carcerária ou entidade
afim, ou que exerce atividade artesanal por conta própria (art. 11, p. 1o, XI, Decreto
3.048/99)

11) Admite-se a cumulação de benefício do regime geral com o regime próprio de previdência?
Exemplo?

Resposta:

Não há impedimento para cumulação de benefícios do regime próprio (estatutário) com


o regime geral da previdência social (celetista, autônomo). Assim, se o segurado contri-
buir para os dois regimes (geral e próprio), poderá se beneficiar pelas duas aposentado-
rias. É o caso de um magistrado (contribui para o regime próprio da previdência) que
ministre aulas em universidade particular (contribui como segurado obrigatório).

17) A CF dispõe da forma de como irão contribuir com a seguridade social, depois esta disposi-
ção constitucional é regulamentada pela lei ordinária vai disciplinar quem serão estes contri-
buintes do lado do empregador e empregado, especificamente pra efeitos previdenciário qual
a distinção entre o empregados comercial (empresa) e o doméstico (do lar)?

Resposta:

A legislação previdenciária trata de modo desigual os empregados domésticos (intitula-


dos ―segurados empregados domésticos‖) que contribuem sob as mesmas regras e ob-
servados os mesmos limites de custeio dos empregados urbanos e rurais (chamados sin-
gelamente de ―segurados empregados‖). Vejamos, então, algumas diferenças: 1ª) O se-
gurado empregado doméstico não tem direito ao salário-família. 2ª) A segurada empre-
gada doméstica não recebe salário-maternidade além dos limites do teto previdenciário.
3ª) O segurado empregado doméstico não sofre (tecnicamente falando) acidente do tra-
balho. O art. 19 da Lei n. 8.213/91 restringe o conceito de acidente do trabalho ao esta-
belecer que ―acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da
empresa [...]‖. Assim, como o destinatário do serviço doméstico não é empresa, aos
empregados domésticos não se aplicam os benefícios acidentários. Os domésticos so-
frem apenas ―acidente de qualquer natureza ou causa‖, assim entendido, nos moldes do

64
parágrafo único do art. 30 do Decreto n. 3.048/99, ―aquele de origem traumática e por
exposição a agentes exógenos (físicos, químicos e biológicos), que acarrete lesão corpo-
ral ou perturbação funcional‖. Diversas consequências, provêm daí: o doméstico não
terá estabilidade quando retornar do afastamento motivado pelo acidente ocorrido no
lugar de serviço e não terá direito a ver recolhido o FGTS no período de afastamento
motivado pelo acidente (isso se o empregador garantiu o direito ao FGTS). 4ª) Os em-
pregados domésticos não têm direito ao auxílio-acidente. 5º) O empregador doméstico
não é obrigado por lei a pagar os quinze primeiros dias de afastamento por incapacidade
do doméstico. 6º) Os domésticos não têm direito à aposentadoria especial.

18) E para efeito de contribuição previdenciária quem é que a lei ordinária equipara a empre-
sa, a empregador, quem ela considera empregador, portanto empresa, o órgão da administra-
ção? E na iniciativa privada quem faz?

Resposta:

Nos termos do parágrafo único do artigo 15 da Lei 8.212/91, equipara-se a empresa,


para os efeitos desta Lei, o contribuinte individual em relação a segurado que lhe presta
serviço, bem como a cooperativa, a associação ou entidade de qualquer natureza ou fi-
nalidade, a missão diplomática e a repartição consular de carreira estrangeiras.

18) Em termos previdenciários, qual o conceito de empresa e empregador doméstico? Qual


seria a diferença entre o empregador empresa e o empregador doméstico?

Resposta:

Considera-se como empresa a firma individual ou sociedade que assume o risco de ati-
vidade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e
entidades da administração pública direta, indireta e fundacional (art. 15, I, Lei
8.212/91). Por sua vez, entende-se como empregador doméstico a pessoa ou família que
admite a seu serviço, sem finalidade lucrativa, empregado doméstico (art. 15, II, Lei
8.212/91).

19) Quais as atribuições do Conselho Nacional de Previdência Social?

Resposta:

65
O Conselho Nacional de Previdência Social - CNPS, órgão superior de deliberação co-
legiada, tem como principal objetivo estabelecer o caráter democrático e descentraliza-
do da administração, em cumprimento ao disposto no art. 194 da Constituição, com a
redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, que preconiza uma gestão quadriparti-
te, com a participação do Governo, dos trabalhadores em atividade, dos empregadores e
dos aposentados. Criado pela Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, o Conselho de Pre-
vidência, ao longo do tempo vem aperfeiçoando sua atuação no acompanhamento e na
avaliação dos planos e programas que são realizados pela administração, na busca de
melhor desempenho dos serviços prestados à clientela previdenciária.

20) Quem compõe este Conselho Nacional de Previdência Social?

Resposta:

O Conselho Nacional de Previdência Social possui gestão quadripartite, com a partici-


pação do Governo, dos trabalhadores em atividade, dos empregadores e dos aposenta-
dos.

21) Se o bacharel em Direito se Inscreve na ordem e é professor universitário, ele está no re-
gime geral. Neste caso pode contribuir como beneficiário facultativo?

Resposta:

No texto constitucional há a vedação de o segurado do Regime Próprio de Previdência


contribuir para o Regime Geral como facultativo. Na hipótese de segurado obrigatório
do Regime Geral, como é o caso da questão, a Lei 8.213/91, não traz vedação expressa
quanto a sua contribuição como facultativo, havendo previsão nesse sentido somente no
art. 11 do Decreto 3.048/99.

1.5.1.2. Questões do TRF2

1.5.1.3. Questões do TRF3

1.5.1.4. Questões do TRF4

66
1.5.1.5. Questões do TRF5
DESSE PONTO EM DIANTE: RESPOSTAS ELABORADAS POR CAROLYNNE
SOUZA DE MACÊDO OLIVEIRA
TRF5 - 2012

01) Distinga os três sistemas da seguridade social, com base na CF e nas Leis 8212 e 8213.

Resposta:

Nos termos do art. 194 da Constituição Federal, a Seguridade Social compreende um


conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destina-
do a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.

Saúde, previdência e assistência, nos termos constitucionais, são os três sistemas da


seguridade, apresentando cada um as suas particularidades.

A saúde tem a característica de ser universal, assim entendida como uma prestação a ser
conferida a todo o indivíduo que dela necessitar, sem que para tanto tenha que verter
uma contribuição específica para o sistema. O seu custeio, em geral, é feito de forma
indireta por toda a sociedade, mediante o pagamento de tributos, e a prestação do servi-
ço independe de qualquer ato formal de inscrição ou filiação. Nos termos constitucio-
nais, a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantia mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

Já a previdência social tem como traço marcante o caráter contributivo, bem como a
filiação obrigatória (art. 201, CF/88) objetivando a cobertura de riscos sociais como
doenças, invalidez, morte e idade avançada, garantindo-se, além disso, proteção à ma-
ternidade, proteção ao trabalhador no caso de desemprego involuntário, salário-família e
auxílio-reclusão para os dependentes do segurado de baixa renda, pensão por morte do
segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes.

Por sua vez, a assistência social é o sistema que, tal qual a saúde, independe de custeio
direto por parte do beneficiário. Seu objetivo, no entanto, é outro. Não trata de imple-
mentar políticas públicas de saúde, mas sim de assegurar, a quem dela necessitar, bene-
fícios assistenciais e serviços que têm como objetivo a proteção à família, à maternida-
de, à infância, à adolescência, à velhice, o amparo às crianças e adolescentes carentes, a
promoção da integração ao mercado de trabalho, a habilitação e reabilitação das pessoas
portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária, assegu-
rando, ainda, um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência
e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-
la provida por sua família.

Em linhas gerais, são essas as principais distinções.


67
02) Distinga os três subsistemas da seguridade social quanto à cobertura dos riscos, estrutura
organizacional e técnicas utilizadas.

Resposta:

Quanto à cobertura dos riscos, além de cada subsistema ser destinado a cobrir riscos
específicos, é preciso considerar que a previdência cobre apenas os riscos daqueles que
vertem contribuições para o sistema, ao passo que a saúde e a assistência independem
de contribuição específica por parte daquele que necessita, sendo o custeio realizado por
meio de tributos, por toda a sociedade.

Quanto à estrutura organizacional, a Constituição prevê que a seguridade social como


um todo deve ter caráter democrático e descentralizado, mediante gestão quadripartite,
com a participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do governo
nos órgãos colegiados. A Previdência compete ao Ministério da Previdência, a Saúde ao
Ministério da Saúde e a Assistência ao Ministério do Desenvolvimento Social e Comba-
te à Fome. As ações entre os três são integradas, para melhor desempenho das ativida-
des.

No tocante às técnicas utilizadas, o que mais importa destacar é que a previdência cobre
riscos sociais para aqueles que a ela vertem contribuições, ao passo que a saúde é de
caráter universal, devendo ser prestada a quem dela necessitar, independentemente de
contribuições diretas (há contribuição indireta, mediante o pagamento de tributos) e a
assistência, de maneira geral, também independe de contribuição direta.

03) Segurado especial receber acima do salário mínimo, é possível?

Resposta:

Sim, é possível. A lei n. 8.213 estabelece em seu art. 29, § 6º que o benefício do segura-
do especial será equivalente a um salário mínimo, mas permite benefício de valor maior,
caso haja contribuição facultativa e cumprimento de carência (12 ou 180 contribuições),
conforme o benefício requerido

(art. 29, § 6º. O salário-de-benefício consiste: § 6º O salário-de-benefício do segurado


especial consiste no valor equivalente ao salário mínimo, ressalvado o disposto no in-
ciso II do art. 39 e nos §§ 3º e 4º do art. 48)

(Art. 39. Para os segurados especiais, referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, fica
garantida a concessão: II - dos benefícios especificados nesta Lei, observados os crité-
rios e a forma de cálculo estabelecidos, desde que contribuam facultativamente para a
Previdência Social, na forma estipulada no Plano de Custeio da Seguridade Social).

68
04) Qual a diferença entre inscrição e filiação ao RGPS?

Resposta:

A filiação ao RGPS é a relação jurídica que liga uma pessoa natural à União, através do
Ministério da Previdência Social, bem como ao Instituto Nacional do Seguro Social,
que tem o condão de incluí-la no RGPS na condição de segurada, tendo a eficácia de
gerar obrigações (a exemplo do pagamento de contribuições previdenciárias) e direitos
(como a percepção dos benefícios e serviços)‖. Trata-se de direito do segurado, que se
estabelece, em regra, automaticamente com o exercício de atividade laborativa remune-
rada (para os segurados obrigatórios, vez que os facultativos precisam inscrever-se para
que estabeleçam o vínculo da filiação).

A idade mínima para a filiação é aos 16 anos ou, excepcionalmente, aos 14 anos, na
condição de aprendiz. No entanto, ―de acordo com o entendimento administrativo do
INSS, a atividade sujeita à filiação obrigatória exercida com idade inferior à legalmente
permitida, será considerada como tempo de contribuição, a contar de 12 anos de idade,
desde que comprovada mediante documento contemporâneo em nome do próprio segu-
rado‖.

Por sua vez, a ―inscrição e o ato pelo qual o segurado é cadastrado no Regime Geral de
Previdência Social, mediante comprovação dos dados pessoais e de outros elementos
necessários e úteis a sua caracterização‖. Trata-se de ato formal, que em regra ocorre
após a filiação. No caso dos segurados facultativos, é formalidade indispensável para
que se estabeleça o vínculo decorrente da filiação, bem como o pagamento da primeira
contribuição previdenciária (filiação do facultativo caracterizada após a inscrição e o
pagamento da primeira contribuição).

(Transcrições retiradas de Direito e processo previdenciário sistematizado, de Frederico


Amado)

05) Pode haver filiação sem inscrição?

Resposta:

Sim e isso é muito comum (o trabalhador ser contratado mas não ter sua carteira de tra-
balho assinada nem ser registrado perante o INSS). Isso, contudo, para os segurados
obrigatórios, não impede o estabelecimento do vínculo com o RGPS, que independe do
ato formal de inscrição. Assim, uma vez encerrada a relação de trabalho, nada impede o
ajuizamento de ação própria para o reconhecimento de direitos trabalhistas e, por con-
seguinte, dos previdenciários que lhe são decorrentes, obrigando-se o empregador ao

69
recolhimento de contribuições eventualmente não pagas, sem prejuízo de o segurado
gozar dos benefícios a que fizer jus.

06) Inscrição pode ocorrer antes da filiação?

Resposta:

Não há impedimento para tanto e, no caso dos segurados facultativos, a inscrição neces-
sariamente deve preceder à filiação.

Em se tratando de segurados obrigatórios, não há óbice à inscrição prévia, embora,


mesmo sem essa inscrição, já se estabeleça o vínculo entre o segurado e o RGPS a partir
do início do exercício de atividade laborativa.

O mais importante, portanto, é o exercício da atividade (que caracteriza a filiação),


mesmo porque, efetuada a inscrição, mas sem que qualquer atividade laborativa esteja
sendo realizada, haverá a mera inscrição, sem o vinculo da filiação.

07) É necessária a inscrição dos dependentes ou apenas dos segurados?

Resposta:

Tanto segurados quanto dependentes precisam inscrever-se perante o INSS. Especifi-


camente a inscrição do dependente do segurado, ela deve ocorrer quando do requeri-
mento do benefício a que tiver direito, mediante a apresentação de documentos.

08) O que se entende por período de graça?

Resposta:

O período de graça é o lapso temporal em que a pessoa mantém a qualidade de segura-


da, mesmo sem verter contribuições ao fundo previdenciário. Durante tal período o se-
gurando, por expressa disposição legal, mantém todos os seus direitos perante a Previ-
dência Social.

O período de graça é variável (tempo variável), indo de 3 a 36 meses ou, ainda, a não ter
prazo, neste último caso, na específica situação em que o segurado está no gozo de be-
nefício.

O regramento do tema consta do art. 15 da Lei n. 8.213/91.

70
09) Pode ser concedido auxílio acidente durante o período de graça? E salário maternidade?

Resposta:

Considerando o disposto no parágrafo 3º do art. 15 da Lei n. 8.213/91, segundo o qual


durante o período de graça o segurado conserva todos os seus direitos perante a previ-
dência social, entende-se que durante tal período é possível sim que o segurado perceba
auxílio-acidente e salário-maternidade.

10) Perde a qualidade de segurado o segurado especial que trabalha em regime de economia
familiar e contrata empregado?

Resposta:

Não necessariamente. A lei n. 8.212/91 estabelece, como regra, que o segurado especial
deve trabalhar em regime de economia familiar, mas admite o auxílio eventual de tercei-
ros a título de colaboração, bem como a contratação de empregados, limitada 120 pes-
soas/dia ano civil, de maneira contínua ou intercalada ou por tempo equivalente em ho-
ras de trabalho (art. 12, § 8ª). Assim, é possível que um segurado especial contrate uma
pessoa/ano por até 120 dias, duas pessoas/ano por até 60 dias, três pessoas/ano por até
40 dias e assim sucessivamente.

11) E se durante o ano civil ele contratou 120 empregados, ele perde a qualidade de segurado?

Resposta:

Se durante todo o ano civil ele manteve contratados esses 120 empregados, ele perderá a
qualidade de segurado. No entanto, se os 120 empregados foram contratados na propor-
ção permitida pela lei 8.212/91 (120 pessoas/dia ano civil), ele estará dentro do permis-
sivo legal, mantendo a qualidade de segurado. Para tanto, cada um desses 120 emprega-
dos deverá ter trabalhado apenas um dia, pois, trabalhando mais que isso, perde-se a
proporção estabelecida pela lei.

1.6. Direito Civil

1.6.1. Prescrição e Decadência. Vícios Redibitórios. Evicção

1.6.1.1. Questões do TRF1

1.6.1.2. Questões do TRF2

71
1.6.1.3. Questões do TRF3

1.6.1.4. Questões do TRF4

1.6.1.5. Questões do TRF5


TRF5 – 2012

01) Uma das clássicas teorias de prescrição e decadência é a do Agnelo Amorin Filho? Em que
consiste essa teoria e ela é compatível com o CC/02?

Resposta:

A teoria de Agnelo Amorim é a mais difundida no direito brasileiro sobre prescrição e


decadência.

Para construir a referida teoria, o professor paraibano associou a prescrição às ações


condenatórias, ou seja, àquelas ações relacionadas com direitos subjetivos, próprio das
pretensões pessoais. Assim, a prescrição mantém relação com deveres, obrigações e
com a responsabilidade decorrente da inobservância das regras ditadas pelas partes ou
pela ordem jurídica.

Por outro lado, a decadência está associada a direitos potestativos e às ações consti-
tutivas, sejam elas positivas ou negativas. As ações anulatórias de atos e negócios
jurídicos, logicamente, têm essa última natureza. A decadência, portanto, tem relação
com um estado de sujeição, próprio dos direitos potestativos. Didaticamente, é certo que
o direito potestativo, por se contrapor a um estado de sujeição, é aquele que encurrala a
outra parte, que não tem saída.

Por fim, as ações meramente declaratórias, como aquelas que buscam a nulidade absolu-
ta de um negócio, são imprescritíveis, ou melhor, não estão sujeitas à prescrição ou à
decadência. A imprescritibilidade dessa ação específica está também justificada porque
a nulidade absoluta envolve ordem pública.

O critério distintivo proposto pelo professor Agnelo Amorim é o utilizado no Código


Civil de 2002.

02) Trate sobre a distinção entre prescrição e decadência.

Resposta:

Há várias distinções:

- a prescrição extingue a pretensão, enquanto a decadência extingue o direito;


72
- os prazos prescricionais somente podem ser estabelecidos por lei, ao passo que os pra-
zos de decadência podem ser estabelecidos pela lei ou por convenção entre as partes;

- a prescrição pode ser renunciada após a sua consumação, enquanto a decadência legal
não pode ser renunciada, em qualquer hipótese (a convencional pode ser renunciada
após a consumação, tal qual a prescrição);

- a prescrição não corre contra determinadas pessoas, enquanto a decadência corre con-
tra todas as pessoas, exceto os absolutamente incapazes;

- a prescrição está sujeita a casos de impedimento, suspenso ou interrupção; já a deca-


dência não pode ser impedida, suspensa ou interrompida, regra geral, com exceção de
regras específicas;

- a prescrição está relacionada a direitos subjetivos e atinge ações condenatórias, en-


quanto a decadência está relacionada a direitos potestativos, atingindo ações constituti-
vas positivas e negativas;

- o prazo geral de prescrição é de 10 anos e não há um prazo geral de decadência (embo-


ra haja um prazo geral para anular negócio jurídico, que é de 2 anos, contados de sua
celebração);

- os prazos especiais de prescrição são de 1, 2, 3, 4 e 5 anos, enquanto os prazos especi-


ais de decadência são fixados em dias, meses, ano e dia e ano (1 a 5 anos), todos previs-
tos nos arts. 205 e 206 do Código Civil.

03) A teoria de Câmera Leal distingue a prescrição e decadência com base na origem das a-
ções. Esse critério ainda está vigente a luz do CC/02?

Resposta:

A doutrina de Câmara Leal distingue a prescrição da decadência com base na origem


das ações. Por ela, a prescrição supõe uma ação cuja origem é distinta da origem do
direito, tendo, por isto, um nascimento posterior ao nascimento do direito. Por sua vez, a
decadência supõe uma ação, cuja origem é idêntica à origem do direito, sendo, por isso,
simultâneo o nascimento de ambas.

Até a promulgação do Código Civil de 2002 o critério era utilizado no direito brasileiro.
O novo código, no entanto, não adotou tal critério. O critério adotado atualmente é o de
Agnelo Amorim.

04) Existe alguma causa que impede a fluência de prescrição que não está previsto expressa-
mente na lei, mas que decorre do princípio da equidade?

73
Resposta:

Sim. Por questão de equidade, a prescrição não corre nos casos em que o titular da pre-
tensão está materialmente impossibilitado de agir, como, por exemplo, é o caso de um
comerciante que tem seu estabelecimento interditado e, sem poder acessá-lo, não pode
acessar também documentos para propor uma ação atacando a interdição.

05) O juiz pode de ofício decretar a prescrição e decadência?

Resposta:

Tanto a prescrição quanto a decadência podem ser decretadas de ofício pelo juiz. No
caso da decadência, no entanto, somente a decadência legal pode ser reconhecida de
ofício. A convencional sempre dependerá de requerimento da parte.

Considerando que a prescrição pode ser renunciada pelo devedor após decorrido seu
prazo,, para compatibilizar tal possibilidade com a decretação de ofício pelo magistrado,
é prudente que ele escute antes o devedor, para que a ele seja oportunizada a renúncia,
caso assim queira.

06) Discorra como prescrição como meio de prova.

Resposta:

ATENÇÃO! NÃO CONSEGUI, DE JEITO NENHUM, ENTENDER A PERGUNTA.


PENSEI QUE PODERIA SER DO TIPO DISCORRA SOBRE A PRESCRIÇÃO COMO
MEIO DE PROVA E, ANALISANDO SOB ESSA PERSPECTIVA, APRESENTO A
SEGUINTE RESPOSTA:

A prescrição, em geral, não é meio de prova. Os meios de prova são os elementos con-
siderados pelo juiz para formar a sua convicção. São, em geral, perícias, documentos,
etc.

A única forma que me ocorre de se ver a prescrição como um meio de prova é no caso
da prescrição aquisitiva (usucapião). A demonstração da perda da pretensão do titular da
propriedade de reavê-la para si implica na prova de que outrem adquiriu tal propriedade.
Neste caso, a prescrição atua de forma peculiar, tanto criando um direito em si quanto
servindo de prova de que outrem perdeu um direito que tinha antes (o direito de propri-
edade).

74
1.7. Direito Empresarial

1.7.1. Direito Comercial. Direito Empresarial.

1.7.1.1. Questões do TRF1

01) Discorra sobre o histórico do Direito Comercial na Idade Média?

O direito comercial surge propriamente na idade média, embora o comércio (atividade


comercial) tenha surgido há muito mais tempo (remonta-se ao tempo dos fenícios).

Na Idade Média o comércio atingiu o seu estágio mais avançado, sendo uma caracterís-
tica de todos os povos, daí porque em tal período houve a necessidade de se criar um
regime jurídico próprio para a disciplina das relações mercantis.

As grandes navegações impulsionaram a criação das primeiras normas, tendo em vista a


necessidade mesmo de manter um comércio entre pessoas distantes entre si.

Na referida época surgiram as corporações de ofício, que logo assumiram relevante pa-
pel na sociedade, conseguindo obter, inclusive, certa autonomia para seus julgamentos.

A Idade Média é tida como a primeira fase do direito comercial, que se fundava, pri-
mordialmente, nos usos e costumes mercantis. Na época, por não existirem, ainda, os
Estados Nacionais, não havia um poder político central que aplicasse o direito. O poder
político era, na realidade, descentralizado e estava nas mãos da nobreza fundiária, daí
porque as corporações de ofício, que eram ligadas aos comerciantes e não aos senhores
feudais, tiveram tanta importância para o desenvolvimento dos primeiros preceitos jurí-
dicos sobre tal atividade.

Foi na idade média que surgíramos primeiros institutos jurídicos do direito comercial,
como os títulos de crédito (letra de câmbio), as sociedades (comendas)m os contratos
mercantis (contrato de seguro) e os bancos. Além disso, as características próprias do
direito comercial começaram a se delinear, como o informalismo e a influencia dos usos
e costumes no processo de elaboração das regras.

02) Discorra sobre o Sistema Francês como antecedente da definição de concepção de Direito
Comercial?

No sistema francês, as atividades econômicas são agrupadas em dois grandes conjuntos,


sujeitos a sub-regimes próprios, qualificando-se como civis ou comerciais. O referido
sistema surgiu com a entrada em vigor do Code de Commerce, em 1808, documento
legislativo conhecido como Código Mercantil napoleônico, de forte influência na codi-
ficação oitocentista.

75
A elaboração doutrinária fundamental do sistema francês é a teoria dos atos de comér-
cio, vista como instrumento de objetivação do tratamento jurídico da atividade mercan-
til. Com ela, o direito comercial deixou de ser apenas o direito de uma certa categoria de
profissionais, organizados em corporações próprias, para se tornar a disciplina de con-
junto de atos que, em princípio, poderiam ser praticados por qualquer cidadão. Sob tal
perspectiva, o sistema francês foi o responsável por uma certa objetivação do direito
comercial, já que o seu foco estava na atividade desenvolvida, e não nos sujeitos que a
desempenhavam.

O sistema francês, que tinha como construção básica a teoria dos atos de comércio, foi
adotada por quase todas as codificações oitocentistas, inclusive pelo Brasil (inspiração
do Código Comercial de 1850), mas encontrou contraposição na teoria italiana, que de-
senvolvem a doutrina da empresa.

03) Fale sobre o sistema Italiano e o Sistema Francês quanto à evolução do Direito Comercial?

Basicamente, tem-se que o Sistema Francês dividiu-se em dois sistemas de disciplina


privada da economia: civis e comerciais. Sua elaboração doutrinária é a teoria dos atos
de comércio, que trata a atividade mercantil, descrevendo o que ela viria a ser.

Por sua vez, o Sistema Italiano era regulado sob o prisma privatístico, encontrando sua
síntese na teoria da empresa (consagração da tese da unificação do direito privado), des-
locando a fronteira entre civil e comercial, mas principalmente um novo sistema de dis-
ciplina privada de atividade econômica.

O sistema italiano tenta superar lacunas antes não explicadas pelo sistema francês, ten-
tando eliminar a dificuldade de separação do que vinha a ser ato comercial de ato me-
ramente civil.

05) Famosa classificação de Carvalho de Mendonça sobre atos de comércio, fale sobre?

A classificação de Carvalho de Mendonça para atos de comércio é a seguinte:

- atos de comércio por natureza ou profissionais: como a própria designação dá a enten-


der, são aqueles praticados pelos comerciantes, no exercício de sua profissão;

- atos de comércio por dependência ou conexão: são os que visam facilitar o promover o
exercício do comércio;

- atos de comércio por força de autoridade de lei: são aqueles que a lei assim os conside-
ra.

76
A classificação de Carvalho de Mendonça foi elaborada a partir do Regulamento 737,
sendo, portanto, muito antiga e não mais utilizada, mesmo porque a teoria do ato de
comércio foi substituída pela teoria da empresa.

06) Regulamento 737, quanto aos atos de comércio, fale sobre?

O regulamento 737 foi o diploma normativo editado ao tempo do Código Comercial de


1850, que teve como característica mais marcante o fato de elencar o que viriam a ser os
atos de comércio, providência que não foi adotada pelo próprio código.

Segundo o referido regulamento, consideravam-se atos de mercância (art. 19): § 1 - a


compra e venda ou troca de efeitos móveis ou semoventes, para os vender por grosso ou
a retalho, na mesma espécie ou manufaturados, ou para alugar o seu uso; § 2 - as opera-
ções de câmbio, banco e corretagem; § 3 - as empresas de fábricas, de comissões, de
depósito, de expedição, consignação e transporte de mercadorias, de espetáculos públi-
cos; § 4 - os seguros, fretamentos, riscos, e quaisquer contratos relativos ao comércio
marítimo; § 5 - a armação e expedição de navios".

O regulamento 373 esteve em vigor até 1875, sendo o responsável pela consolidação, no
Brasil, da teoria dos atos de comércio, servindo de referência doutrinária para a defini-
ção do âmbito de aplicação do direito comercial, mesmo após a sua revogação. Foi, por-
tanto, relevante diploma normativo, cujas idéias permaneceram presentes por anos.

07) No tempo em que o Direito Comercial era o direito das corporações, pessoas que pratica-
vam os atos mercancias, existiam juízes para dirimir questões de conflitos, que juízes eram
estes?

Não havia juízes com a mesma concepção que se tem hoje (juízes enquanto órgãos do
Estado, pois sequer existiam os Estados Nacionais na época). No entanto, foram criadas
as corporações de ofício que tinham, entre outras atribuições, a de julgar os casos que
lhe eram submetidos. Exerciam esse papel os denominados cônsules, que eram pessoas
da própria corporação eleitos pelos demais associados, para reger as relações entre seus
membros.

8 - Qual a melhor nomenclatura Direito Empresarial ou Comercial?

Diante da definitiva adoção da teoria da empresa pelo ordenamento jurídico brasileiro, a


expressão ―Direito Empresarial‖ mostra-se mais adequada que ―Direito Comercial‖. E
não só por isso. Deve-se considerar, também, que hoje o direito empresaria cuida mais
do que da atividade exercida pelo comerciante (hoje empresário). Cuida também de uma
infinidade de outras atividades negociais (além do comércio, a indústria, os bancos, a
prestação de serviços e outros).
77
Em outros termos: o atual direito comercial não cuida apenas do comérciom mas de
toda e qualquer atividade econômica exercida com profissionalismo, intuito lucrativo e
finalidade de produzir ou fazer circular bens ou serviços, tendo, portanto, objeto mais
amplo.

Deste modo, a expressão ―Direito Comercial‖, por ser mais restritiva, mostra-se menos
adequada para designar tudo aquilo que o Direito Empresarial de fato regula.

Por fim, é bom destacar que as próprias Universidades já reconhecem a adequação da


nova designação, já tendo alterado o nome da disciplina em seus cursos jurídicos.

09) O Direito Empresarial continuaria como disciplina autônoma, mesmo com a inserção desta
seara no CC/2002?

Sim. Primeiro, porque a própria Constituição Federal conferiu autonomia ao direito em-
presarial, ao listar as matérias de competência legislativa privativa da União, mencio-
nando o ―direito civil‖ em separado do ―direito comercial‖. Segundo, porque tal disci-
plina é tratada nos cursos jurídico, por força de Portaria do Ministério da Educação,
como disciplina autônoma e essencial. Terceiro, porque tem institutos que lhes são pró-
prios, distintos do direito civil, ainda que tratados de maneira geral no mesmo diploma
normativo (o Código Civil de 2002). E por último, porque a adoção da teoria da empre-
sa, em substituição à teoria dos atos de comércio, manteve a bipartição dos regimes ju-
rídicos disciplinadores das atividades econômicas,apenas passando a adotar o critério da
empresarialidade para circunscrever contornos do âmbito de incidência do direito co-
mercial.

10) O se quer dizer por Lex mercatoria?

A Lex Mercatoria foi um sistema jurídico desenvolvido pelos comerciantes da Europa


medieval e que se aplicou aos comerciantes de todos os países do mundo até o século
XVII. Não era imposta por uma autoridade central, mas evoluiu a partir do uso e do
costume, à medida que os próprios mercadores criavam princípios e regras para regular
suas transações. Este conjunto de regras era comum aos comerciantes europeus, com
algumas diferenças locais.

O direito comercial internacional moderno deve alguns de seus princípios fundamentais à


Lex mercatoria desenvolvida na Idade Média, como a escolha de instituições e
procedimentos arbitrais, de árbitros e da lei aplicável e o seu objetivo de refletir os
costumes, uso e boa prática entre as partes.

Muitos dos principios e regras da Lex mercatoria foram incorporados aos códigos
comerciais e civis a partir do início do século XIX.
78
1.7.1.2. Questões do TRF2
1) Teoria da empresa: o que é a empresa? Posso considerar como uma unidade (os elementos
da empresa)? À vista deste conceito empresário seria quem? O sócio não é o empresário (...) a
sociedade quando ela existe, quando exerce empresa, agora pergunto: esse sócio pode ser
empresário? Em que circunstâncias?

Resposta:

Empresa é a atividade econômica constituída para produção e circulação de bens e ser-


viços do mercado. O núcleo do conceito é o termo atividade e importa não confundir a
atividade com o próprio estabelecimento em si.

Quanto ao conceito de empresário, o CC/2002 o define como aquele que exerce profis-
sionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens e
serviços. Em outros termos: o empresário é aquele que exerce a atividade de empresa.
Partindo disso, tem-se que não necessariamente será empresário todo e qualquer sócio,
mas apenas aquele que desempenha a atividade de empresa. Aquele que apenas a inte-
gra, sem poderes de administração e/ou gerência não pode ser tido como empresário.
Eis a distinção.

1.7.1.3. Questões do TRF3

1.7.1.4. Questões do TRF4

1.7.1.5. Questões do TRF5

1.8. Direito Processual Civil

1.8.1. Processo e Procedimento. Classificação dos Procedimentos.


Procedimento Ordinário e suas Fases. Procedimento Sumário. Procedimentos
Especiais. Cognição Sumária e Exauriente. Procedimento Adequado

1.8.1.1. Questões do TRF1

1.8.1.2. Questões do TRF2


1) O que são ações dúplices? Cabe reconvenção nas ações dúplices?

Resposta:

Há duas acepções para o termo. Ações dúplices, do ponto de vista processual, são aque-
las em que se permite ao réu a formulação de um pedido contra o autor no bojo da pró-
79
pria contestação, de modo que o réu pode, a um só tempo, contestar e formular pedido
contra o autor. É sinônimo de pedido contraposto e admitido nas hipóteses expressa-
mente previstas em lei, como nas ações submetidas ao procedimento sumário e nos Jui-
zados Especiais.

Já do ponto de vista material, ações dúplices são aquelas em que autor e réu ocupam
posições jurídicas ativas e passivas simultaneamente. Nas palavras de Didier: ―As ações
dúplices são as ações (pretensões de direito material) em que a condição dos litigantes é
a mesma, não se podendo falar em autor e réu, pois ambos assumem concomitantemente
as duas posições. Esta situação decorre da pretensão deduzida em juízo. A discussão
judicial propiciará o bem da vida a uma das partes, independentemente de suas posições
processuais. A simples defesa do réu implica exercício de pretensão; não formula pedi-
do o réu, pois a sua pretensão já se encontra inserida no objeto de uma equipe com a
formulação do autor. É como uma luta em cabo de guerra: a defesa de uma equipe já é,
ao mesmo tempo, também o seu ataque. São exemplos: a) as ações declaratórias; b) as
ações divisórias; c) as ações de acertamento, como a prestação de contas e oferta de
alimentos. A relação jurídica deduzida em juízo poderia ter sido posta por qualquer das
partes e, com a defesa, o réu já exercita a sua pretensão, sem a necessidade de recon-
venção ou pedido contraposto‖.

No tocante à admissão de reconvenção nas ações dúplices, em regra, ela não é admitida.
Não obstante, excepcionalmente, a reconvenção pode ser ajuizada em ação dúplice, na
hipótese em que o a pretensão do réu é algo diferente do que alcançaria com o mero
julgamento de improcedência do pedido do autor. Exemplo disso é o disposto no enun-
ciado n. 258 da Súmula do STF, segundo o qual ―é admissível a reconvenção em ação
declaratória‖, obviamente que, quando o pedido não se limitar à declaração de improce-
dência.

2) A ação de depósito requer alguma condição específica. Qual seria?

Resposta:

Sim. O art. 902 do CPC prevê dois requisitos específicos da petição inicial da ação de
depósito, a saber:

- prova literal do depósito, que segundo ensina a melhor doutrina não precisa necessari-
amente ser o contrato de depósito, bastando que seja uma prova escrita que demonstra a
relação jurídica material de depósito (exigência de início de prova escrita);

- estimativa do valor do bem, caso tal valor não conste do contrato de depósito, exigên-
cia que se presta tanto para a fixação do valor da causa como para possibilitar ao réu a
consignação do valor do bem em dinheiro.

80
3) Qual é o objeto primário da ação de prestação de contas?

Resposta:

A ação de prestação de contas tem como objetivo trazer luz ao credor das contas, quan-
do este não possui informações sobre os seus bens e tenha buscado, sem sucesso, por
formas extrajudiciais, as informações sobre créditos e débitos líquidos de seus bens que
ficaram sob a administração de outrem, seja por força de mandato ou de outra forma de
contrato firmado, mesmo que de forma verbal, isto é, sem formalidades.

O objetivo primário é, portanto, obrigar o devedor a prestar contas. Havendo saldo resi-
dual, a ação poderá ter por objeto também a condenação do devedor ao referido paga-
mento, mas este já e um objetivo secundário.

4) Ela segue o modelo sincrético?

Resposta:

Sim. A ação de prestação de contas tem natureza condenatória (obrigação de fazer – de


prestar contas), de modo que, prestadas as contas, condena-se o devedor ao pagamento
do saldo apurado (obrigação de pagar). Tal pagamento deverá ocorrer na forma de exe-
cução, não uma execução autônoma, mas sim de uma fase executiva, a ser instaurada
nos próprios autos do procedimento especial, em continuidade a este.

Na realidade, após as alterações realizadas no CPC em 2006, a regra é o sincretismo


processual, devendo as execuções autônomas ter previsão expressa para tanto, como,
por exemplo, no caso das condenações contra a Fazenda Pública. Não se tratando de
exceção legal, a ação de prestação de contas entra na regra do sincretismo, devendo ser
processada a execução como fase, logo após o término da primeira relação jurídica-
processual instaurada.

5) O correntista, por exemplo, pode manejar essa ação, não obstante receba os extratos ban-
cários, ou isso já faz às vezes desse esclarecimento que se busca em ação de prestação de con-
tas? Qual é o fundamento do entendimento jurisprudencial predominante a respeito?

Resposta:

Nos termos da jurisprudência do STJ, o correntista tem interesse processual para ajuizar
ação de prestação de contas, independentemente de prévio pedido de esclarecimento ao
banco ou do fornecimento de extratos de movimentação financeira, objetivando esclare-
cer os lançamentos efetuados em sua conta corrente. Há, inclusive, entendimento sumu-
lado sobre o assunto (s. 259, STJ).

81
O fundamento básico utilizado pelo STJ é o de que o correntista tem mais que o direito
de conhecer os lançamentos realizados em sua conta. O correntista tem o direito de en-
tender tais lançamentos, objetivo que nem sempre se alcança apenas com a mera apre-
sentação os extratos.

6) O DL 9760/46 autoriza o ajuizamento de ações possessórias pelo Poder Público. Como en-
tende essa regra legal? A questão se relaciona a um bem público que foi objeto de esbulho,
teoricamente. A legislação autoriza ação possessória que pressupõe naturalmente que exista
posse; mas na outra ponta vislumbra-se a figura de um bem público. Pode-se falar em posse
de bem público, na medida em que a lei autoriza a ação possessória ou existe alguma incon-
gruência nessa questão? Se aplicaria subsidiariamente a regra de posse nova, posse velha ao
caso?

Resposta:

Tratando-se de posse de bem público, estabelece-se a presunção de que o poder público


tem a posse de seu próprio bem, ainda que não exteriorizada. A posse, no caso, é ineren-
te á propriedade, por força de mera presunção, decorrente do regime especial que rege
os bens públicos. Exatamente por isso é que se admite ação, pelo poder público, para
reaver sua posse.

Partindo dessa premissa, em uma ação em que o poder público busca reaver a posse de
bem seu, basta a comprovação de seu domínio. Desnecessária a demonstração de que
tem o poder de fato sobre o bem.

O Decreto-Lei nº 9.760/46, que dispõe sobre os bens imóveis da União, prescreve que o
ocupante de imóvel da União, sem assentimento desta, poderá ser sumariamente despe-
jado e perderá, sem direito a qualquer indenização, tudo quanto haja incorporado ao
solo, ficando ainda sujeito ao disposto nos arts. 513, 515 e 517 do Código Civil.

O parágrafo único do mesmo dispositivo afirma que se excetuam dessa disposição os


ocupantes de boa fé, com cultura efetiva e moradia habitual, e os direitos assegurados
por êste Decreto-lei.

O art. 71 do Decreto-Lei nº 9.760/46, por ser norma de caráter especial, afasta a aplica-
bilidade do art. 924 do CPC às ações possessórias destinadas à proteção do patrimônio
público federal.

Assim, é o decreto que irá regular as possessórias, com a particularidade já citada de


que a posse do poder público é inerente ao domínio, diferentemente do que ocorre com
a posse do particular.

Diante dessa particularidade, é irrelevante a arguição de posse nova ou de posse velha


perante o poder público. Sendo nova ou velha a posse, considerando ser ela inerente ao

82
direito de propriedade do poder público, deve ser restabelecida ao ente postulante de
imediato.

7) De onde se origina o Poder jurisdicional?

Resposta:

O Poder Jurisdicional é o poder de dizer o direito. Tem sua origem após a formação dos
Estados Nacionais e com a idéia de limitação de poder (sistema de freios e contrapesos).
Nas democracias modernas vem disposto nas Constituições, ainda que de forma implíci-
ta (na distribuição de poder aos juízes e órgãos da mesma natureza).

8) Há diferença entre competência limitada e delimitada?

Resposta:

Competência limitada é aquela que não se mostra plena, por não poder incidir em toda e
qualquer hipótese. A limitação ocorre, normalmente, com a instituição de normas proi-
bitivas do exercício da competência. Em analogia ao direito tributário, seriam, por e-
xemplo, as causas de imunidade tributária, em que, mesmo querendo e tendo competên-
cia para instituir tributos, determinado ente não poderá exercer tal competência em hi-
póteses específicas.

Por sua vez, a competência delimitada é aquela restrita por outra norma. Não se trata de
proibição do exercício da competência em determinada hipótese, mas sim de delimita-
ção de seu âmbito, de modo que, ainda que praticado um ato fora do âmbito previsto,
pode ele ser eventualmente convalidado por aquele que de fato é competente (no caso
de competência relativa, é claro, pois em caso de competência absoluta os atos decisó-
rios devem ser repetidos).

Note-se que efeito prático é o de que, os casos de competência limitada não admitem
convalidação, por serem absolutas exclusões de atuação de um determinado juízo. Já os
casos de competência delimitada podem gerar atos passíveis de convalidação, por não
se tratar de exclusão absoluta da possibilidade de atuação do juízo.

A competência limitada é definida, em regra, em razão da matéria ou da função (compe-


tência funcional ou competência material). A competência do STF, por exemplo, é limi-
tada aos casos expressos na CF/88.

De outro modo, a competência delimitada é definida por normas processuais. É a com-


petência de juízos (o juiz da primeira vara tem competência apenas para os processos
distribuídos para tal órgão jurisdicional e não para os feitos das outras varas, por exem-
plo).
83
9) O princípio da demanda é absoluto? Existe exceção? Tutela cautelar é uma exceção desse
princípio?

Resposta:

Não há direitos absolutos. Igualmente, não há princípios absolutos. O princípio da de-


manda, embora seja regra, comporta exceções. São elas: as execuções penais e traba-
lhistas, o habeas corpus, o inventário, a arrecadação de bens do ausente, vez que em
todos esses casos o órgão jurisdicional pode dar início à ação.

Especificamente no que diz respeito à tutela cautelar, tendo em vista o seu objetivo de
garantir a plena efetividade da prestação jurisdicional, responde-se à indagação que ela
é sim exceção ao princípio da demanda, podendo ser concedida ex offício pelo juiz
(arts. 128, 293, 1ª parte e 460, 1ª parte), com base no seu poder geral de cautela. Isso,
reitere-se, com o objetivo maior de garantir o direito a efetividade do direito.

10) Processo e procedimento. Qual a diferença até para efeitos de competência legiferante?

Resposta:

Processo é relação jurídica dinâmica que se instaura entre sujeitos, ao passo que proce-
dimento é uma sequência de atos ordenados entre si, que materializam a relação proces-
sual. Para efeitos de competência legiferante é importante a distinção, vez que, nos ter-
mos do art. 22, I e 24, XI da Constituição Federal, compete à União, privativamente,
legislar sobre direito processual, enquanto é competência concorrente da União, dos
Estados e do DF legislarem acerca de procedimentos em matéria processual.

11) Quem é competente? Qual o artigo da Constituição Federal?

Resposta:

Legislar sobre processo compete privativamente à União (art. 22, I, CF/88). Já legislar
sobre procedimentos em matéria processual compete, concorrentemente, à União, aos
Estados e ao DF, conforme art. 24, XI, da CF/88.

12) E o procedimento? A competência é concorrente?

Resposta:

Sim. Legislar sobre procedimentos em matéria processual compete, concorrentemente, à


União, aos Estados e ao DF, conforme art. 24, XI, da CF/88.
84
13) Princípio da Duração Razoável do processo se confunde com celeridade?

Resposta:

Não. A celeridade guarda relação com a velocidade rápida do processo. Já a duração


razoável do processo, princípio constitucional, estabelece uma relação de adequação
entre o tempo do processo e os instrumentos necessários para a sua tramitação, de modo
que se ter um tempo razoável - nem mais, nem menos que o necessário para a entrega da
prestação jurisdicional.

A relação de proporção acima citada deve observar três critérios para determinar a razo-
ável duração do processo: a) a complexidade do assunto; b) o comportamento dos liti-
gantes e de seus procuradores ou da acusação e da defesa no processo e c) a atuação do
órgão jurisdicional.

O reconhecimento destes critérios traz como imediata conseqüência a visualização das


dilações indevidas, permitindo o controle dos atos e as manobras processuais dos sujei-
tos envolvidos.

Segundo Didier, ―não existe um princípio da celeridade. O processo não tem que ser
rápido/célere: o processo deve demorar o tempo necessário e adequado à solução do
caso submetido ao órgão jurisdicional.

14) O juiz que retém autos além do tempo pode ser removido a pedido?

Resposta:

Nos termos do art. 93, inciso VIIA, da CF/88, ―a remoção a pedido ou a permuta de
magistrados de comarca de igual entrância atenderá, no que couber, ao disposto nas
alíneas a , b , c e e do inciso II‖.

Por sua vez, o inciso II, e, citado no inciso VIIA, destaca que ―não será promovido o
juiz que, injustificadamente, retiver autos em seu poder além do prazo legal, não poden-
do devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou decisão‖.

Logo, responde-se que o juiz que retém os autos além do tempo necessário não pode ser
removido a pedido.

15) Quanto ao princípio da fundamentação. O uso de jargões, por ex., “não vejo verossimi-
lhança”, ofende? Qual a posição do STF?

Resposta:

85
A fundamentação é um dos requisitos ou dos pressupostos básicos de uma decisão judi-
cial. Por força do disposto no art. 93, X, da CF/88, até mesmo as decisões administrati-
vas dos órgãos jurisdicionais devem ser motivadas, tendo em vista o primado da ampla
defesa, também assegurado constitucionalmente.

Na prática judiciária, no entanto, são relativamente comuns os jargões ―não vejo veros-
similhança‖, o que, em princípio, ofende o princípio da fundamentação se usado não
como conclusão de um raciocínio (fundamentação mais a conclusão), mas sim como o
próprio fundamento para o deferimento ou indeferimento de um pedido.

A fundamentação envolve, necessariamente, argumentos de ordem jurídica. Os fatos


devem ser analisados tomando em consideração o que dispõe o direito acerca deles, e
não, pura e simplesmente, o que entende o julgador, dissociado de qualquer argumento.

Em outros termos: simplesmente ―não ver verossimilhança‖ não é argumento jurídico,


daí porque não pode ser aceito como fundamento. É necessário que as razões de direito
sejam expostas, ainda que não rebatam cada um dos argumentos trazidos pelo autor.
Nesse sentido o STF: Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRA-
ORDINÁRIO COM AGRAVO. DIREITO DO CONSUMIDOR. SUSPENSÃO DO
FORNECIMENTO DE ÁGUA. COMUNICAÇÃO PRÉVIA. RESTABELECIMENTO
DO SERVIÇO FORA DO PRAZO COMUNICADO. DANO MORAL. RESPONSA-
BILIDADE OBJETIVA DA CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO. DIS-
CUSSÃO QUANTO À NECESSIDADE DE PERÍCIA TÉCNICA. AUSÊNCIA DE
REPERCUSSÃO GERAL. ALEGADA AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. INO-
CORRÊNCIA. CAUSA EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE. REEXAME DO
CONTEXTO FÁTICO-PROBATÓRIO. INVIÁVEL. INCIDÊNCIA DA SÚMULA
279 DESTA CORTE. ALEGADA VIOLAÇÃO AOS ARTIGOS 2º E 5º, LIII, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. INCI-
DÊNCIA DAS SÚMULAS 282 E 356 DO STF. (...) A matéria relativa à nulidade por
negativa de prestação jurisdicional por ausência de fundamentação teve repercussão
geral reconhecida pelo Plenário, no julgamento do AI 791.292 QO-RG, Rel. Min. Gil-
mar Mendes, DJe de 12/08/2010. Naquela assentada, reafirmou-se a jurisprudência des-
ta Suprema Corte, no sentido de que o artigo 93, IX, da Constituição Federal exige que
o acórdão ou decisão sejam fundamentados, ainda que sucintamente, sem determinar,
contudo, o exame pormenorizado de cada uma das alegações ou provas, nem que sejam
corretos os fundamentos da decisão.

16) Os serventuários podem receber delegações para atos próprios da magistratura? O que
são atos de mero expediente sem conteúdo decisório?

Resposta:

86
Para atos próprios de magistrados (entendendo-se atos próprios como atos privativos),
não. No entanto, o próprio CPC admite a delegação de atos de mero expediente aos ser-
ventuários, isto é, atos que não tenham conteúdo decisório, como a determinação de
especificação de provas, por exemplo.

Atos de mero expediente são aqueles que se destinam a impulsionar o processo, sem,
contudo, resolver qualquer questão. A decisão, nos processos, é ato privativo do juiz e
não pode ser delegada a terceiros. Os atos de mero expediente, por não terem conteúdo
decisórios, estão sujeitos à delegação.

17) Competência básica do juiz federal na jurisdição civil?

Resposta:

Em geral, é a disposta no art. 109, I, da CF/88, isto é, as ações em a União, entidade


autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de rés, assisten-
tes, ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justi-
ça Eleitoral e à Justiça do Trabalho. Embora haja outras hipóteses de competência civil,
esta é a mais recorrente, daí ser tida como a competência básica.

1.8.1.3. Questões do TRF3

1.8.1.4. Questões do TRF4

1.8.1.5. Questões do TRF5


TRF5 – 2012

1) Fale sobre os princípios da inafastabilidade da jurisdição e indelegabilidade e da inevitabili-


dade.

Resposta:

O princípio da inafastabilidade da jurisdição está positivado na Constituição Federal nos


seguintes termos: ―a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça
a direito‖ (art. 5º, inciso XXXV, CF/88). Por ele, o interessado em provocar o Poder
Judiciário em razão de lesão ou ameaça de lesão a direito não é obrigado a esgotar antes
disso os possíveis mecanismos de solução e conflito (salvo previsão expressa nesse sen-
tido, como no caso de questões deportivas). Além disso, conforme o referido princípio,
havendo decisão administrativa desfavorável ao interessado, isso não obsta que tente

87
reverter tal situação perante o Judiciário, que é o poder adequado para dizer o direito
com definitividade.

A inafastabilidade, para ser efetiva, tem que partir da premissa de que não basta
garantir o acesso formal, mas também a paridade de armas, para que seja possível o
justo exercício do direito de ação. Ademais, a inafastabilidade tem que assegurar o aces-
so à ordem jurídica justa, e não meramente um acesso formal.

Quanto ao princípio da indelegabilidade, pode ser resumido na premissa de que a


função jurisdicional não pode ser delegada. Essa vedação se aplica integralmente no
caso de poder decisório: não é possível delegar o poder decisório a outro órgão, o que
implicaria derrogação de regra de competência, em violação à garantia do juiz natural.
Há, porém, hipóteses em que se autoriza a delegação e outros poderes judiciais, como o
poder instrutório, o poder diretivo do processo e o poder de execução das decisões (Di-
dier).

Ao seu turno, o princípio da inevitabilidade estabelece que as partes hão de


submeter-se ao quanto decidido pelo órgão jurisdicional. ―Tratando-se de emanação do
próprio poder estatal, impõe-se a jurisdição por si mesma. A ‗situação de ambas as par-
tes perante o Estado-Juiz (e particularmente a do réu) é de sujeição, que independe de
sua vontade e consiste na impossibilidade de evitar que sobre ela e sobre suas esferas de
direitos se exerça a autonomia estatal‘‖ (Didier).

2) A imunidade parlamentar seria exceção ao princípio da inevitabilidade?

Resposta:

Não há como se ter a imunidade parlamentar como uma exceção ao princípio da


inevitabilidade da jurisdição. Primeiro, porque a imunidade não retira toda e qualquer
atuação judicial. A imunidade formal, por exemplo, apenas impede que determinada a
prisão do parlamentar, e ainda assim quando atendidos alguns pressupostos (não ser
prisão em flagrante de crime inafiançável, por exemplo). Segundo, porque a imunidade
diz respeito apenas às opiniões, palavras e votos relativos ao exercício do cargo e não a
toda e qualquer opinião ou manifestação do pensamento. Terceiro, porque conforme
reiterada jurisprudência do STF, não há direito absoluto, de modo que todo excesso po-
de ser objeto de apreciação judicial. Quarto e último, porque mesmo quando o judiciário
afirma a ausência de responsabilidade de um parlamentar em um determinado caso,
tendo como fundamento a sua imunidade, o judiciário se manifesta no exercício do po-
der jurisdicional. Em outros palavras: mesmo quando não há responsabilidade, sendo o
judiciário acionado para assim concluir, o simples acionamento já é o exercício do po-
der jurisdicional, já a jurisdição em ação, daí porque não há que se falar em exceção à
inevitabilidade.

88
3) Qual o alcance e dimensão do princípio do juiz natural? E o princípio da perpetutatio juris-
dictionis? Há exceções a eles?

Resposta:

O princípio do juiz natural é preceito de natureza constitucional que guarda relação com
a idéia de um o juiz pré-determinado, por normas processuais pré-estabelecidas, para o
julgamento de determinada causa. Está abrangido, também, pela proibição da criação de
tribunais de exceção. Trata-se de verdadeiro princípio constitucional, elevado à catego-
ria de cláusula pétrea.

Por sua vez, o princípio da perpetuatio jurisdictionis é norma de natureza processual,


segundo a qual a competência de um juízo é fixada no momento da propositura da ação,
sendo irrelevantes, para alteração da competência, as questões de fato e de direito ocor-
ridas posteriormente (art. 87, CPC). Em outros termos, a competência não se prorroga
caso ele dela não decline de ofício nem seja oposta exceção declinatória nos casos e
prazos legais (art. 114, CPC).

Não há previsão de exceção para o princípio do juiz natural. Há, contudo, exceção ao
princípio da perpetuatio jurisdictionis no próprio artigo 87 do CPC, segundo o qual alte-
ram a competência o suprimento de órgão judiciário ou a alteração de competência em
razão da matéria ou da hierarquia.

4) Há distinção entre conciliação e mediação?

Resposta:

Embora se tratem de institutos semelhantes, há sim diferenças entre a conciliação e a


mediação. A conciliação é medida prevista no Código de Processo Civil que visa obter
das partes em litígio um acordo amigável, mediante concessões mútuas. É sempre in-
termediada por um terceiro, que pode ser o próprio juiz ou um conciliador. Sua caracte-
rística marcante e a principal distinção entre ela e a mediação é a sua forte carga induti-
va, vez que o terceiro atua sugerindo opções, propostas para a solução da causa. Há,
portanto, um estímulo contínuo para a resolução da contenda, com uma participação
ativa do terceiro.

A mediação, por sua vez, embora também tenha como característica o fato de objetivar
conseguir das partes um acordo, por meio de terceiro imparcial, distingue-se da concili-
ação exatamente pela forma como esse terceiro age. Na mediação, o terceiro não esti-
mula nem faz propostas para se chegar a um acordo. O mediador, literalmente, fica no
meio. Nem de um lado, nem de outro. Não adere a nenhuma das partes nem emite juízos
de valor ou opiniões acerca da melhor forma de se chegar a uma solução. Ele atua sim-
plesmente aproxima as partes para que elas, por si próprias, encontrem uma solução
89
para a causa. Nas palavras de Didier, ―a mediação é uma técnica não estatal de solução
de conflitos, pela qual um terceiro se coloca entre os contendores e tenta conduzi-los à
solução autocomposta. O mediador é um profissional qualificado que tenta fazer com
que os próprios litigantes descubram as causas do problemas e tentem removê-las‖.

5) Na sua visão arbitragem é jurisdição?

Resposta:

Parte da doutrina afirma que sim (Didier, por exemplo), fundamentando seu ponto de
vista principalmente no fato de as decisões dos árbitros tornarem-se imutáveis após o
prazo de 90 dias, formando uma coisa julgada material, de caráter soberano.

Não obstante, a maioria dos processualistas tem a arbitragem como um equivalente ju-
risdicional e não como um exercício da própria jurisdição, tendo em vista os seguintes
fundamentos: a arbitragem é voltada apenas para direitos patrimoniais disponível, en-
quanto a jurisdição é irrestrita; a arbitragem é manifestação da autonomia da vontade e a
opção por árbitro implica a renúncia á jurisdição; a jurisdição é atividade primária do
Estado, própria dele mesmo, que não pode ser delegada a particulares; a jurisdição só
pode ser exercida por pessoa devidamente investida, que tenha a autoridade de juiz,
carreira cujo acesso dá-se exclusivamente mediante concurso púbico, enquanto a arbi-
tragem pode ser realizada por terceiro sem que tenha sido investido pelo Estado de par-
cela da jurisdição; a jurisdição é indelegável, pois nenhum dos poderes pode delegar
aquilo que é de sua essência; as decisões dos árbitros, dentro de um determinado árbitro,
estão sujeitas à revisão por juízes, em obediência ao princípio da inafastabilidade da
jurisdição (se as decisões de terceiros estão sujeitas à revisão de um juiz de primeiro
grau, é porque esses terceiros não exercem jurisdição). Finalizando, tem-se que o árbitro
não pode executar suas próprias decisões; quem o faz é o juiz.

6) Processo civil. normas processuais em sentido estrito e normas procedimentais. Discorra.

Resposta:

A doutrina dispõe que as normas processuais em sentido estrito são aquelas que regulam
a relação jurídica processual, estabelecendo os direitos e deveres dos sujeitos do proces-
so. Em geral, são de competência legislativa privativa da União.

Por sua vez, as normas procedimentais são aquelas que pura e simplesmente estabele-
cem os a sequência de atos a serem adotados. Já a competência para legislar sobre pro-
cedimentos, ao contrário da legislação sobre processo, é de competência concorrente da
União, dos Estados, do DF e dos Municípios.

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A diferença é sutil e parte da premissa de que processo e procedimento são conceitos
que não se confundem. Decerto, tratam-se de conceitos distintos, no entanto, o proce-
dimento integra o próprio conceito de processo, de modo que, atualmente, é praticamen-
te impossível distinguir normas que disciplinem o procedimento sem influir no modo de
ser da relação jurídica processual que lhe dá base.

7) Há alguma forma de contenciosidade entre jurisprudência voluntária e contenciosa?

Resposta:

OBS: Para que a pergunta ficasse compreensível foi entendida como ―há alguma forma
de conteciosidade entre jurisdição voluntária e contenciosa?‖ (ainda assim a pergunta
fica de difícil compreensão. Vou tentar escrever sobre o assunto tratando da distinção
entre os tipos de jurisdição – contenciosa x voluntária).

A doutrina admite duas formas de exercício da jurisdição: mediante jurisdição conten-


ciosa e mediante jurisdição voluntária. A diferença básica entre ambas está no fato de na
primeira existirem partes, em pólos jurídicos antagônicos, manifestando um conflito de
interesses e procurando uma tutela jurisdicional enquanto que na segunda não existiriam
partes, mas apenas interessados, que não necessariamente têm interesses jurídicos anta-
gônicos e nem estão em conflito.

É clássica na doutrina a afirmação de que a jurisdição voluntária não seria propriamente


jurisdição, mas sim o exercício administrativo do Poder Jurisdicional, em casos que, por
disposição expressa de lei, necessariamente deve ser resolvidos por um juiz.

Há, contudo, hipóteses em que mesmo a jurisdição voluntária apresenta uma certa con-
tenciosidade. É o caso, por exemplo, da venda judicial de coisa comum, quando se per-
mite ao condômino prejudicado requerer a adjudicação da coisa (art. 1.119, CPC). Neste
caso, ainda que o procedimento seja de jurisdição voluntária, nota-se uma certa conten-
ciosidade, decorrente do antagonismo de interesses que, nitidamente, instaura-se.

8) Distinção entre as ações possessórias.

Resposta:

As ações possessórias são: ação de manutenção de posse; ação de reintegração de posse


e interdito proibitório.

A primeira (manutenção de posse) pode ser proposta no caso de turbação da posse, as-
sim compreendido o ato que embaraça o livre exercício de tal direito. Para que seja pro-
posta, deve-se provar a posse, a turbação, a data da turbação (para efeito de concessão
de medida liminar, caso a posse seja nova. Se a posse for velha, a ação deverá seguir o
91
rito ordinário, com a possibilidade de antecipação dos efeitos da tutela, desde que pre-
enchidos os seus requisitos) e a continuidade da posse, pois se devido à turbação o titu-
lar do direito perder a posse, a ação a ser ajuizada deve ser outra (reintegração de pos-
se).

A segunda (reintegração de posse) pode ser movida por quem sofre esbulho, assim en-
tendido como a perda do poder de fato sobre o bem. É cabível liminar, tal qual na manu-
tenção de posse, sendo possível a cumulação do pedido com indenização.

A terceira (interdito proibitório) pode ser proposta quando há uma ameaça de turbação
ou esbulho. A particularidade aqui é não caber medida liminar, sendo cabível, no entan-
to, a conversão do procedimento em manutenção ou reintegração de posse, caso a ame-
aça de turbação ou de esbulho se concretizem.

Essas três são as mais famosas ações possessórias, mas o ordenamento jurídico registra
ainda outras, como a nunciação de obra nova e os embargos de terceiro.

9) Seria possível uma medida antecipatória em ação possessória com mais de um ano e dia?

Resposta:

Sim. Admite-se a antecipação de tutela na manutenção de posse, caso já ultrapassado


ano e dia. No entanto, o rito a ser adotado será o rito ordinário e os requisitos para a
antecipação devem ser os do art. 273 do CPC e não simplesmente dos da medida limi-
nar. Nesse sentido, confira-se o disposto no art. 924 do CPC, com destaque para o fato
de que, mesmo se adotando o procedimento ordinário, a ação não perde o seu caráter
possessório.

Art. 924. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas


da seção seguinte, quando intentado dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho; pas-
sado esse prazo, será ordinário, não perdendo, contudo, o caráter possessório.

10) Discorra sobre procedimentos especiais, norma processual x norma procedimental

Resposta:

Procedimentos especiais são regramentos próprios trazidos pelo CPC acerca de relações
jurídicas específicas. É o disciplinamento de sua particular forma de ser em juízo, com
regras distintas das do procedimento ordinário, em geral mais simplificadas e céleres,
com requisitos próprios, normalmente relacionados ao direito material de base da rela-
ção.

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Já as normas processuais em sentido estrito são aquelas que regulam a relação jurídica
processual, estabelecendo os direitos e deveres dos sujeitos do processo. Em geral, são
de competência legislativa privativa da União.

Por sua vez, as normas procedimentais são aquelas que pura e simplesmente estabele-
cem os a sequência de atos a serem adotados. Já a competência para legislar sobre pro-
cedimentos, ao contrário da legislação sobre processo, é de competência concorrente da
União, dos Estados, do DF e dos Municípios.

A diferença entre normas processuais e procedimentais é sutil e parte da premis-


sa de que processo e procedimento são conceitos que não se confundem. Decerto, tra-
tam-se de conceitos distintos, no entanto, o procedimento integra o próprio conceito de
processo, de modo que, atualmente, é praticamente impossível distinguir normas que
disciplinem o procedimento sem influir no modo de ser da relação jurídica processual
que lhe dá base.

11) A escolha inadequada de um procedimento especial enseja o seu indeferimento?

Resposta:

Em princípio, a postura do juiz deve ser sempre a de aproveitar ao máximo os atos pro-
cessuais. Deste modo, a conduta inicial do julgador deve ser a de determinar a correção
do procedimento, com a emenda da inicial no que for cabível. Não atendida a ordem ou
não promovida a emenda adequadamente, a inicial deve ser indeferida, vez que o proce-
dimento especial compreende os atos próprio de cada tipo de ação, que são diferentes
dos atos do procedimento ordinário.

12) Reclamação – Direito de petição?

Resposta:

A reclamação constitucional consiste numa ação, daí porque o seu manejo resulta no
exercício do direito de ação e não do direito de petição, que se distingue do direito de
ação em razão deste último ser exercitado mediante o Poder Judiciário e o primeiro ser
exercitado perante qualquer dos poderes.

A reclamação constitucional é ação que deve ser ajuizada originariamente no tribunal


superior, com vistas a obter a preservação de sua competência ou a garantir a autoridade
de seus julgados. A reclamação contém, inclusive, os elementos da ação (partes, pedido
e causa de pedir).

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13) Abuso de procedimento especial, prejudicar o autor ou réu. Concorda com está afirmação?

Resposta:

Para que a pergunta ficasse compreensível eu parto do pressuposto de que seja a seguin-
te: ―O abuso de procedimento especial pode prejudicar tanto o autor quanto o réu. O
candidato concorda com tal afirmação?‖

O ordenamento pátrio não se coaduna com o abuso do direito, prevendo, inclusive, que
ele pode gerar o dever de indenizar. Assim o faz exatamente porque o abuso gera preju-
ízo para aquele que o sofre, sendo, portanto, repelido.

Partindo dessa premissa, tem-se que o abuso de direito, seja no proce3dimento especial,
seja no procedimento comum, pode prejudicar sim tanto o autor quanto o réu, não sendo
admitido em qualquer hipótese.

14) Consignação de pagamento admite qualquer forma de prestação?

Resposta:

Não. A consignação em pagamento é uma forma de extinguir uma obrigação e


deve ocorrer, necessariamente, mediante a entrega em dinheiro ou a entrega de bem
móvel ou imóvel, não restando admitida a consignação na forma de obrigação de fazer
ou de não fazer. Assim sendo, a consignação não admite qualquer espécie de prestação.

15) Consignação de pagamento em obrigação de fazer? É possível que um terceiro proponha?


Qual a distinção entre terceiro interessado e não interessado?

Resposta:

Para entender a primeira pergunta partiu-se do pressuposto de que seria a seguinte: ―Ca-
be consignação em pagamento com obrigação de fazer?‖

De acordo com o CC/2002, considera-se pagamento e extingue a obrigação o depósito


judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e formas legais.

A consignação em pagamento, portanto, tem como prestação a entrega da coisa, tratan-


do-se, assim, de obrigação de dar.

Tomando as premissas supra em consideração, tem-se que, por sua natureza, a consig-
nação não se coaduna com obrigações de fazer, sendo admissível a propositura da con-
signação por terceiro interessado, uma vez que o CPC (art. 890, § 1º) assim o admite.

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No tocante à distinção entre terceiro interessado e terceiro não interessado, define-se o
primeiro como a pessoa que, mesmo não sendo parte, vincula-se à obrigação e pode ter
o seu patrimônio atingido caso a dívida, pela qual também se obrigou, não seja paga
pelo devedor principal. É o caso, por exemplo, do fiador e do avalista. Já o terceiro não
interessado, ao reverso, é aquele que não se vincula à obrigação, possuindo interesse
apenas metajurídico. É a figura a que se refere o art. 305 do CC/2002, que assim dispõe:
―Art. 305. O terceiro não interessado que paga a dívida em seu próprio nome tem direito
a reembolsar o que pagar, mas não s sub-roga nos direitos do credor‖.

16) Ação monitória. É possível contra a fazenda pública?

Resposta:

Sim. Já há entendimento consolidado sobre o tema, no âmbito jurisprudencial, tendo o


STJ editado o enunciado n. 339, de seguinte teor: ―é cabível ação monitória contra a
Fazenda Pública‖.

Já em âmbito doutrinário, embora majoritariamente prevaleça o mesmo entendimento


jurisprudencial, há corrente no sentido contrário, não admitindo a monitória pelos se-
guintes fundamentos:

- as especialidades da execução contra a Fazenda Pública (art. 730 do CPC) impedem a


adoção da monitória;

- a impossibilidade de a Fazenda Pública cumprir a ordem de pagamento em razão da


indisponibilidade do direito que defende em juízo;

- a necessidade de reexame necessário, que não seria observado com a ausência de em-
bargos ao mandado minoritário e a conseqüente constituição imediata de título executi-
vo;

- não sendo gerado o efeito da revelia da presunção da veracidade dos fatos alegados
pelo autor em caso de omissão defensiva da Fazenda Pública, com maior razão não se
pode concordar que a revelia no procedimento monitório que gere automaticamente a
formação de título executivo judicial contra ela.

1.9. Direito Processual Penal

1.9.1. Competência

1.9.1.1. Questões do TRF1


DESSE PONTO EM DIANTE: RESPOSTAS ELABORADAS POR DANIELLI FA-
RIAS RABELO LEITÃO RODRIGUES

95
1.9.1.2. Questões do TRF2
1) Discorra se há independência das esferas civil, administrativa e penal.

Resposta:

Regra geral, entende-se que há independência entre as esferas penal, cível e administra-
tiva: 125 e 126 da Lei 8112/90; 935 do CC; 66 e 67, III do CPP. Mas há exceções, nas
quais haverá vinculação entre as instâncias:

- quando condenado na esfera penal, as demais esferas estarão vinculadas, haja vista que
se entende que a instrução no processo penal é mais abrangente;

- se tiver havido absolvição na esfera penal por inexistência do fato ou negativa de auto-
ria, as demais esferas estarão vinculadas, devendo haver até a desconstituição de even-
tual condenação já aplicada. Para evitar essa situação, o juiz tinha a faculdade de sus-
pender o feito.

Note-se que a absolvição no processo penal por inexistência de fato ou negativa de auto-
ria não se confunde com a condenação por insuficiência de provas. E ainda, se o tipo
penal exigir dolo na conduta e ela tiver sido praticada com culpa, poderá, haver conde-
nação no âmbito civil, tendo em vista que neste é admitida a culpa levíssima.

Dispõe o CPP, no art. 65, que faz coisa julgada no cível a sentença que reconhecer ter
sido o ato praticado mediante excludente de ilicitude. A excludente não pode mais ser
discutida, mas não se proíbe que se discuta a reparação dos danos no processo civil.

2) Apresente uma hipótese na qual ocorra ofensa à norma civil, administrativa e penal.

Resposta:

Na hipótese de um servidor público desviar dinheiro, valou ou bem móvel, de que tem a
posse em razão do cargo, em proveito próprio ou alheio, haverá:

- ilícito penal: prática de peculato-desvio (art. 312, 2ª parte do CP);

- ilícito civil: responsabilidade civil com o conseqüente dever de reparar o dano (art.
186 c/c 927 do CC);

- ilícito administrativo: a prática de crime contra a administração pública é considerada


infração punível com demissão (art. 132, I da Lei 8112/90).

3) Na hipótese de um índio comete um crime de homicídio dentro de sua aldeia, mas na defe-
sa de sua Terra e de sua cultura. Ele estaria abrangido pela Justiça Federal ou Justiça comum?
Opine.

96
Resposta:

De acordo com a S. 140 do STJ, ―compete à Justiça Comum Estadual processar e jul-
gar crime em que indígena figure como autor ou vítima‖. Por outro lado, o art. 109, da
CRF estabalece que compete aos juízes federais processar e julgar ―a disputa sobre di-
reitos indígenas‖.

Interpretando conjuntamente os dois preceitos, tem-se que se houver disputa sobre inte-
resses indígenas (ex.: suas terras e cultura), seja o indígena autor ou vítima do delito, a
competência será da Justiça Federal. Só será da Justiça Estadual em caso de crime que
não envolva essas questões, sequer indiretamente.

Neste sentido: STJ: 35.489 – RS, 39.389 – MT, 43.155 – RO e STF: HC nº 71835-3.

1.9.1.3. Questões do TRF3

1.9.1.4. Questões do TRF4

1.9.1.5. Questões do TRF5


TRF5 – 2012

1) Trate da concorrência entre o foro por prerrogativa de função e a competência do Júri. Qual
foro prevalece? E o co-réu como fica?

Resposta:

De acordo com a S. 721 do STF: ―a competência constitucional do Tribunal do Júri pre-


valece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Consti-
tuição estadual‖.

Isso porque a competência do Tribunal do Júri para julgar crimes dolosos contra a vida
é estabelecido pela Constituição Federal, de maneira que só por ela pode ser excepcio-
nada (ex.: Prefeitos são julgados pelo TJ quando cometem tais delitos). Como o poder
constituinte decorrente é limitado e subordinado, não pode contrariar regra expressa da
CRF (ex.: vereadores que possuem foro por prerrogativa de função prevista na CE são
julgados pelo TJ apenas quando cometem crimes de outras ordens; em caso de crimes
dolosos contra a vida, serão julgados pelo Tribunal do Júri).

No caso de co-réu, destaque-se a S. 704 do STF: ―não viola as garantias do juiz natural,
da ampla defesa e do devido processo legal a atração por continência ou conexão do
processo do co-réu ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados‖.

97
Tal entendimento, todavia, não pode ser aplicado para o caso de crimes dolosos contra a
vida. Nesta hipótese, deverá ser separado o processo, devendo o co-réu que não possui
foro por prerrogativa de função ser julgado perante o Tribunal de Júri, sob pena de ofen-
sa a determinação constitucional.

2) O MP oferece uma denuncia contra o prefeito municipal e a acusação decorre do fato de na


condição de gestor municipal o acusado celebrou contrato administrativo dispensando de
forma indevida a licitação. Na denúncia não há narrativa no sentido da ocorrência de desvio e
a tomada de contas especial do TCU não faz referencia a desvios. Há interesse da União a justi-
ficar a competência da JF nessa ação penal?

Resposta:

Segundo a S. 208 do STJ: "compete à Justiça Federal processar e julgar prefeito muni-
cipal por desvio de verba sujeita à prestação de contas perante órgão federal". A S. 209,
por sua vez, estabelece: ―compete à justica estadual processar e julgar prefeito por des-
vio de verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal‖.

Só haverá interesse da União e a competência, consequentemente, será da Justiça Fede-


ral se o crime envolver recursos repassados por órgãos federais e a utilização esteja su-
bordinada a fiscalização perante órgão federal, desde que os recursos não tenham se
incorporado ao patrimônio municipal.

Neste caso, portanto, não há interesse da União e a competência é da Justiça Estadual.

Já decidiu o STJ que é competente a justiça federal quando a fraude na licitação envol-
ver recursos: do programa FUNDESCOLA, vinculado ao FNDE (HC 62998/RO); do
Fundo de Participação de Municípios, eis que são geridos e repassados pelo Governo
Federal (HC 109050/MG); repassados pelo Ministério da Saúde, destinados a programa
mantido pela municipalidade (HC 110704/RJ); oriundos de convênios com órgãos e
autarquias federais (HC 97457/PE)

3) Qual a justiça competente para apurar a prática de homicídio contra indígena?

Resposta:

De acordo com a S. 140 do STJ, ―compete à Justiça Comum Estadual processar e jul-
gar crime em que indígena figure como autor ou vítima‖. Por outro lado, o art. 109, da
CRF estabalece que compete aos juízes federais processar e julgar ―a disputa sobre di-
reitos indígenas‖.

Interpretando conjuntamente os dois preceitos, tem-se que se houver disputa sobre inte-
resses indígenas (ex.: suas terras e cultura), seja o indígena autor ou vítima do delito, a

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competência será da Justiça Federal. Só será da Justiça Estadual em caso de crime que
não envolva essas questões, sequer indiretamente.

4) Trate da competência para julgamento dos crimes ambientais.

Resposta:

A preservação do meio ambiente é competência comum de todos os entes federativos


(23, VI e VII da CRF). Como a Lei 9605 não condicionou o processo e julgamento des-
sas infrações à competência da JF, a regra é que a competência é da JE. Tanto que o STJ
cancelou o enunciado da S. nº 91.

A competência só será da JF se o crime ambiental:

- vulnerar bem ou interesse da União (art. 20). Ex.: (a) crime praticado em acrescidos de
terreno de marinha, bem da União (AgRg no REsp 942957/RJ, Julgamento 19/04/2012);
(b) praticado no Rio Amazonas, rio interestadual e internacional de propriedade da Uni-
ão (RMS 26721/DF, Julgamento 12/04/2012); (c) praticado em reserva ecológica criada
por Decreto Federal e nas proximidades de ilha oceânica, bem da União (RHC
24338/AP, Julgamento 18/10/2011).

- burlar a fiscalização do IBAMA, segundo o STJ. Ex.: (a) caça de animal em extinção;
(b) criação irregular em cativeiro de animal ameaçado de extinção (CC 37137, Julga-
mento 12/03/2003); (c) ingresso de animal exótico no pais.

5) Qual a competência para apreciar HC contra ato de Juiz do Juizado? E contra ato da Turma
Recursal?

Resposta:

A competência para julgamento de HC é definida levando-se em consideração os envol-


vidos: paciente e coator. Se o coator é o juiz singular de Juizado Especial Criminal, o
HC será apreciado pela própria TR.

De acordo com a S. 690 do STF: ―compete originariamente ao STF o julgamento de HC


contra decisão de turma recursal de juizados especiais criminais‖. Apesar deste enun-
ciado não ter sido cancelado, ele está sem efeito, haja vista mudança de entendimento
do STF, a partir de 2006 (HC 86834).

Passou a entender o STF que o competente para o julgamento de HC contra ato de Tur-
ma Recursal é o TJ ou TRF ao qual vinculada, sob o argumento de que “estando os
integrantes das turmas recursais dos juizados especiais submetidos, nos crimes
comuns e nos de responsabilidade, à jurisdição do tribunal de justiça ou do tribu-

99
nal regional federal, incumbe a cada qual, conforme o caso, julgar os habeas impe-
trados contra ato que tenham praticado”.

1.10. Direito Ambiental

1.10.1. Tutela Constitucional Do Meio Ambiente. Princípios Do Direito


Ambiental Na Constituição De 1988

1.10.1.1. Questões do TRF1


1) O que é o princípio do poluidor pagador, já que este princípio tem muito que ver com a res-
ponsabilidade ambiental?

Resposta:

O direito ao meio ambiente equilibrado é bem de uso comum do povo (art. 2255 da
CRF), sendo considerado um direito fundamental. De acordo com o art. 3º da LPNMA,
poluidor é ―a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável direta
ou indiretamente por atividade causadora de degradação ambiental‖. Esse princípio tem
especial importância no campo da industrialização, a qual é responsável por sérios da-
nos ambientais. Está previsto no princípio 16 da DECLARAÇÃO do Rio de 92, no art.
4º, VIII da LPNMA e, indiretamente. no §3º do art. 225 da CRF.

Entende-se que o poluidor deve incorporar os custos da eliminação/prevenção/reparação


da degradação, segundo a máxima, da internalização das potencialidades negativas da
atividade. Não é justo que todos socializem o prejuízo ao meio ambiente, enquanto o
poluidor privatiza os lucros.

A responsabilidade do Poluidor-Pagador não é só com o quantum indenizatório a ser


pago aos atingidos pela atividade poluente. A legislação ambiental impõe-lhe os custos
necessários para a prevenção e reparação dos danos ambientais, bem como para a redu-
ção dos efeitos negativos da ação lesiva ao meio ambiente.

2) Determinada empresa discute a possibilidade de produção de soja transgênica, só que esta


soja tem que ser plantada até o mês de outubro, e ingressou em juízo, pois obteve autorização
do Min. da Agricultura, mas no Estado do PR exigiu-se licenciamento ambiental. O estado tem
competência para exigir um registro ambiental, licenciamento ambiental para esta empresa
que está querendo produzir esta soja? No caso deste estado-membro que pretendeu fiscalizar
administrativamente no seu território, não pela competência privativa legislativa, na compe-
tência administrativa, será que o estado teria competência para fazê-lo?

Resposta:

A pergunta teve por base acórdão do STJ, cujas partes principais se transcreve por con-
ter muitas informações e ser auto-explicativo(desculpem ter ultrapassado o tamanho,
mas achei importante):
100
―(…) 5. A recorrente impetrou mandado de segurança contra ato do Departamento de
Produção Vegetal da Secretaria de Agricultura e Abastecimento/RS, que, em 19 de se-
tembro de 1999, procedeu à interdição de unidade agrícola na qual estavam sendo reali-
zados experimentos científicos com soja transgênica. O motivo da interdição repousa na
falta de apresentação do EIA/RIMA ao Poder Executivo Estadual, conforme exige o
Decreto 39.314/99, que regulamentou a Lei 9.453/91.

6. A questão controvertida consiste em saber se a interdição realizada pelo recorrido,


com fundamento na legislação estadual, encontra respaldo no ordenamento jurídico,
considerando-se, especificamente, a disciplina normativa federal à luz do regime da
competência legislativa concorrente previsto na Constituição da República.

7. Constitui competência material concorrente da União, Estados e Distrito Federal le-


gislar sobre proteção do meio ambiente, reservando-se ao legislador federal a edição de
normas gerais, o que, todavia, não afasta a competência suplementar dos Estados. (…)

8. Ao tempo do ato de interdição, competia ao Poder Executivo Federal, por meio da


Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), vinculada ao Ministério da
Ciência e Tecnologia, autorizar, fiscalizar e controlar os trabalhos de pesquisa científica
com OGMs, incluindo soja transgênica, bem assim emitir o Certificado de Qualidade
em Biossegurança (CQB) e exigir a apresentação do EIA/RIMA quando fosse necessá-
rio (Lei 8.974/95, arts. 7º, II, III, IV, VII e IX, e 10; Decreto 1.752/95, arts. 2º, V, XIV,
XV, 11 e 12, parágrafo único).

9. Os estudos de impacto ambiental, conquanto previstos na CF/88, são exigidos, na


forma da lei, nos casos de significativa degradação ambiental. No sistema normativo
infraconstitucional, o EIA e o RIMA não constituem documentos obrigatórios para rea-
lização de experimentos com OGMs e derivados, salvo quando, sob o ponto de vista
técnico do órgão federal responsável (CTNBio), forem necessários.

10. O Decreto estadual 39.314/99, muito além de extrapolar os limites da Lei estadual
9.453/91 – pois previu exigência não-contida naquela (apresentação do EIA/RIMA) – e
retroagir para alcançar situação de fato pretérita (trabalho científico em curso), não ob-
servou o disposto na legislação federal vigente desde 1995, contrariando-a. Por conse-
qüência, resta caracterizada a violação do direito líqüido e certo da recorrente, consis-
tente em realizar as pesquisas científicas com soja transgênica em Passo Fundo/RS.

11. A regulamentação das atividades envolvendo OGMs através de lei federal, que
define as regras de caráter geral, homenageia o princípio da predominância do inte-
resse, na medida em que o controle e a fiscalização dessas atividades não se limita ao
interesse regional deste ou daquele Estado-membro, mas possui indiscutível alcance
nacional.

12. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, parcialmente provido para
fins de conceder a segurança e anular o ato de interdição.‖

101
[STJ, REsp 592682, Rel. Min. Denise Arruda, T1, Julgamento 06/12/2005

Mas quanto à fiscalização (competência comum), o princípio da subsidiariedade pode


ser usado para solucionar o caso (abaixo).

3) Se aplicaria no caso acima algum princípio constitucional ambiental? Princípio da subsidia-


riedade?

Resposta:

O princípio da subsidiariedade pode ser aplicado para solucionar o caso. É através desse
princípio que se solucionam os conflitos de atribuições administrativas advindos da atu-
ação simultânea dos entes federados.

Celso Bastos (apud FARIAS, 1999, p. 316 e 317) elege o princípio da subsidiariedade
como ―regra de ouro‖ do Federalismo, definindo-o da seguinte forma: ―[...] nada será
exercido por um poder de nível superior, desde que possa ser cumprido pelo inferior.
Isto significa dizer que só serão atribuídas ao governo federal e ao estadual aquelas
tarefas que não possam ser executadas senão a partir de um governo com esse nível de
amplitude e generalização. Em outras palavras, o Município prefere ao Estado e à U-
nião. O Estado, por sua vez, à União‖.

As ações administrativas deverão sempre partir do nível federativo menor, já que, de


forma mais íntima, convive com as matérias que devem ser implementadas pelas políti-
cas públicas. No caso, porém, o STJ disse, expressamente: ―que o controle e a fiscaliza-
ção dessas atividades não se limita ao interesse regional deste ou daquele Estado-
membro, mas possui indiscutível alcance nacional‖.

1.10.1.2. Questões do TRF2


1) É possível aceitar o direito ambiental como direito econômico?

Resposta:

Filosoficamente não há uma separação material entre economia e ecologia . A base do


desenvolvimento das relações produtivas está na natureza. Esta união necessariamente
tem de se fazer sentir no interior do ordenamento jurídico, e neste há apenas uma sepa-
ração aparente, que foi cristalizada por uma razão didática.

O direito ambiental abraçou a concepção de desenvolvimento sustentável como seu


principio informador, do mesmo modo, o direito econômico, inclusive com uma face
voltada para o mercado de consumo - o consumo sustentável.

102
No conceito de desenvolvimento sustentável, a proteção ambiental e o desenvolvimento
econômico se encontram em nítida harmonia, derrubando o senso vulgar de que ambos
sejam ideais antagônicos. A importância deste co-relacionamento reside no fato de pos-
sibilitar uma visão holística da questão ambiental e social, rumo a possíveis soluções,
como verdadeira base norteadora de uma política pública completa e eficaz.

Neste sentido, é possível aceitar o direito ambiental como direito econômico.

2) Quando o desenvolvimento sustentável ganhou força?

Resposta:

Embora as relações entre preservação ambiental e desenvolvimento econômico já fos-


sem tema central desde a década de 70, quando da Declaração de Estocolmo, o tema
ganhou força e notoriedade com o Relatório Nosso Futuro Comum (1987), também co-
nhecido como Relatório Brundtland (homenagem à líder da comissão, primeira-ministra
da Noruega). O Relatório não inventou o conceito de desenvolvimento sustentável, mas
foi o responsável pela sua popularização.

Outro importante documento quanto ao tema foi a Agenda 21, aprovado pela comuni-
dade internacional em 1992. Trata-se de um plano de ação a ser implementado nos di-
versos níveis de governo: do internacional ao local.

A moldura do desenvolvimento sustentável hoje está nos princípios que constam das
Declarações de Estocolmo e do Rio de Janeiro, no Relatório Nosso Futuro Comum e na
Agenda 21.

3) Qual o conceito de meio ambiente e qual as suas espécies?

Resposta:

Lato sensu, meio ambiente é o conjunto de fatores exteriores que agem de forma per-
manente sobre os seres vivos, aos quais os organismos devem se adaptar e com os quais
têm de interagir para sobreviver. Segundo Édis MIlaré (2003, p. 165), ―o meio ambiente
pertence a uma daquelas categorias cujo conteúdo é mais facilmente intuído que definí-
vel, em virtude da riqueza e complexidade do que encerra‖.

O conceito legal de meio ambiente encontra-se no art. 3º, I, da Lei nº. 6.938/81: ―o con-
junto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica,
que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas‖. Só abrange o meio ambiente
natural.

Mas o conceito de meio ambiente compreende quatro espécies, todas tuteladas pela
CRF: (i) Meio ambiente natural, ou físico, constituído pelo solo, a água, o ar atmosféri-

103
co, a flora; enfim, pela interação dos seres vivos e seu meio; (ii) Meio ambiente artifici-
al, constituído pelo espaço urbano construído; (iii) Meio ambiente cultural, integrado
pelo patrimônio histórico, artístico, arqueológico, paisagístico, turístico, que, embora
artificial, difere do anterior pelo sentido de valor especial que adquiriu ou de que se im-
pregnou; (iv) Meio ambiente do trabalho, previsto no art. 200, VIII, da CRF, sendo o
conjunto de fatores físicos, climáticos ou qualquer outro que interligados, ou não, estão
presentes e envolvem o local de trabalho da pessoa.

4) Pode-se falar em meio ambiente cultural ser objeto de degradação? Qual o exemplo? E-
xemplo de meio ambiente cultural.

Resposta:

O meio ambiente cultural pode ser objeto de degradação. De acordo com a LPNMA,
degradação ambiental é a ―alteração adversa das características do meio ambiente‖ (art.
3º, II). Em outras palavras, degradação ambiental corresponde a impacto ambiental ne-
gativo (S NCHEZ, 2008).

Podem ser citados como meio ambiente cultural os elementos referentes à formação dos
grupos nacionais de expressão, criações artísticas (ex.: músicas, literatura, teatro), tec-
nológicas, obras, conjuntos urbanos, paisagísticos, arqueológicos, científicos etc. Em
diversas passagens a CRF se preocupa com o meio ambiente cultural (ex.: arts. 215, 216
e 218).

Pode-se citar como exemplo de degradação do meio ambiente cultural a destruição de


sítios arqueológicos (REsp 115.599/RS, j. 27/06/2002).

5) Princípio da Eticidade objetivo e subjetivo no direito ambiental, discorra. Relacione tal prin-
cípio com a moral.

Resposta:

O NCC adotou expressamente o princípio da eticidade, de maneira que a ética e boa-fé


ganharam um novo dimensionamento. Deixou-se de se preocupar apenas com a eticida-
de subjetiva, focada na intenção do agente (ou ausência de má-fé), para dar especial
enfoque à eticidade objetiva, que ingressa no campo das práticas de lealdade, das postu-
ras probas que se esperam do agente naquela situação.

Tal princípio também é de ser aplicado no campo do direito ambiental. Aqui, a intenção
do agente não tem grande importância prática para determinar sua responsabilidade, já
que é objetiva. A eticidade objetiva, por exemplo, impede que o meio ambiente seja
utilizado exclusivamente para proveito próprio, egoístico, sem preocupação com a sua
preservação para as gerações vindouras.
104
Tem profunda relação com a moral. Para alguns que trata-se de um preceito moral (ex.:
não ser desleal com ninguém; não quebrar legítima expectativa depositada etc.) que foi
transformada em norma jurídica.

6) Temos dentre os objetivos da CF a garantia desenvolvimento e um capítulo sobre meio am-


biente. Como conciliar desenvolvimento x meio ambiente?

Resposta:

Desde que o direito ambiental começou a ganhar força, essa sempre foi uma pergunta
recorrente. Inicialmente, inclusive, os países em desenvolvimento adotavam o discurso
de que teriam o direito de usar livremente os recursos ambientais, tais como os desen-
volvidos fizeram, até pelo menos alcançar o mesmo índice de desenvolvimento.

Hoje se entende que o meio ambiente contém recursos finitos e que os danos que lhe
são causados não possuem barreiras: as fronteiras geopolíticas não impedem que os e-
feitos da degradação sejam repercutam em todo o mundo.

Apregoa-se a necessidade de haver uma conciliação entre os dois setores, ou seja, uma
ponderação de interesses. O desenvolvimento é uma pretensão legitima, mas deve ser
galgada com o mínimo impacto ambiental possível, sempre pensando no direito destas e
das futuras gerações a um meio ambiente equilibrado.

7) Quando se fala em meio ambiente, se entende também em meio ambiente cultural?

Resposta:

Muito embora os conceitos de meio ambiente positivados na legislação nacional só leve


em consideração (ou dêem prevalência) ao meio ambiente natural, certo é que o gênero
é integrado também por outras espécies: artificial, cultural e do trabalho

Podem ser citados como meio ambiente cultural os elementos referentes à formação dos
grupos nacionais de expressão, criações artísticas (ex.: músicas, literatura, teatro), tec-
nológicas, obras, conjuntos urbanos, paisagísticos, arqueológicos, científicos etc. Em
diversas passagens a CRF se preocupa com o meio ambiente cultural (ex.: arts. 215, 216
e 218).

O meio ambiente cultural também pode ser degradado (= impacto ambiental negativo),
por exemplo, pela destruição de sítios arqueológicos (REsp 115.599/RS, j. 27/06/2002).

8) Cabe MS coletivo para proteção do meio ambiente em juízo?

Resposta:
105
De acordo com a Lei 12.016/09, o MSC presta-se para a defesa de direitos coletivos
stricto sensu e individuais homogêneos. Ou seja, a lei não inclui dentre as possibilidades
de objeto do MSC os direitos difusos, cujo meio ambiente é um dos seus mais evidentes
exemplos.

Entende a doutrina que os autores do projeto de lei (Gilmar Mendes e Arnauld Duvald)
filiaram-se à corrente doutrinária que entende que diante da indeterminação dos titulares
do direito difuso, não pode haver direito liquido e certo. Findado nesta mesma doutrina
é a Súmula 101 do STJ, no sentido de que não cabe MS quando couber Ação Popular.

Deve-se ressaltar a existência de entendimentos contrários.

9) A função social da propriedade pode ser considerada no que se refere à proteção ao meio
ambiente? Então poderia se invocar na defesa da propriedade a função social no que se refere
à proteção ambiental?

Resposta:

Analisando a CRF (182, §2º e 186) e o CC (1228, §1º), percebe-se que a proteção ao
meio ambiente está incluído dentro da exigência geral de cumprimento de uma função
social por parte da propriedade privada. Não há como considerar que uma propriedade
cumpre função social se não há preservação do meio ambiente, de maneira sustentável.
É comum ouvir-se que se exige o cumprimento de uma ―função sócio-ambiental‖ da
propriedade privada. Sendo assim, é perfeitamente possível se invocar o cumprimento
de uma função social, diante de atitudes ativas de proteção ambiental, por parte do pro-
prietário, cabendo ao Poder Público avaliar a suficiência da conduta para configuração
da obediência quanto à função.

10) O que significa a expressão direito ambiental como direito econômico? Como se denomina
o equilíbrio?

Resposta:

Não se pode estudar e implementar o Direito Ambiental sem a consideração de seus


aspectos econômicos, bem como de suas implicações sociais, haja vista que ele discipli-
na e regula, justamente, a manutenção e a preservação dos recursos naturais que serão,
em sua maioria, economicamente apropriados para a satisfação das necessidades huma-
nas. O direito ambiental abraçou a concepção de desenvolvimento sustentável como seu
principio informador, do mesmo modo, o direito econômico, inclusive com uma face
voltada para o mercado de consumo - o consumo sustentável.

106
No conceito de desenvolvimento sustentável, a proteção ambiental e o desenvolvimento
econômico se encontram em nítida harmonia, derrubando o senso vulgar de que ambos
sejam ideais antagônicos.

O equilíbrio entre os dois princípios deve ser buscado por meio de um raciocínio de
ponderação, em que cada princípio ceda no limite da necessidade, sem que seja possível
haver a superação completa de um dos dois vetores no caso concreto. O equilíbrio entre
o direito econômico e o direito ambiental denomina-se, justamente, ―desenvolvimento
sustentável‖.

11) Pode-se falar em meio ambiente artificial? Exemplo.

Resposta:

Muito embora os conceitos de meio ambiente positivados na legislação nacional só leve


em consideração (ou dêem prevalência) ao meio ambiente natural, certo é que o gênero
é integrado também por outras espécies: artificial, cultural e do trabalho.

O meio ambiente artificial é constituído pelo espaço urbano construído. Ex.: bibliotecas,
museus, instalações científicas etc. De acordo com Terence Trennepohl ―representa o
direito ao bem-estar relacionado às cidades sustentáveis e aos objetivos da política ur-
bana‖.

A CRF dá relevo a essa proteção nos arts. 182 e 183.

1.10.1.3. Questões do TRF3

1.10.1.4. Questões do TRF4


1) Conceitue direito ambiental, fale sobre princípios.

Resposta:

―O direito ambiental é a ciência que estuda os princípios e normas relativas ao meio


ambiente, especialmente naquilo que diz respeito a sua interação com o homem‖ (Tren-
nephol, 2010, p. 47). Didaticamente o meio ambiente é dividido em partes para fins de
estudo: natural, cultural, artificial e do trabalho.

Os princípios são considerados verdadeiras normas (juntamente com as regras) e não


simples diretrizes hermenêuticas, em verdadeiro processo de juridicização. Os princí-
pios possuem maior grau de abstração que as regras. Além disso, o conflito entre prin-
cípios é resolvido por um juízo de ponderação (não há conflito entre eles) e não pela
aplicação da regra do tudo-ou-nada, como ocorre com as regras. Por fim, destaca-se que
107
princípios são mandamentos de otimização (Alexy), enquanto as regras são comandos
definitivos.

Pode-se indicar como princípios do direito ambiental: do direito humano fundamental,


da prevenção, da precaução, do equilíbrio, da responsabilidade, do poluidor-pagador, do
usuário-pagador, do desenvolvimento sustentável, do limite, democrático etc.

1.10.1.5. Questões do TRF5


01) Fala-se em preservacionismo (corrente doutrinária mais clássica), de um lado, e ambienta-
lismo social, de outro. Como se pode conceituar o direito ambiental nesse contexto?

Resposta:

Há basicamente duas correntes doutrinárias que debatem a forma com que o meio ambi-
ente e a economia devem se relacionar: (i) o chamado ambientalismo social ou socio-
ambientalismo - busca localizar o ser humano no centro do direito ambiental (corres-
ponde ao comando do nosso legislador constitucional ao definir o principio da dignida-
de da pessoa humana como um dos princípios basilares de nosso ordenamento jurídico);
(ii) o preservacionismo ou movimento ambiental tradicional – dá maior prevalência aos
bens ambientais, considerando, por exemplo, que as populações tradicionais e os po-
bres de uma maneira geral são uma ameaça à conservação ambiental e que as unidades
de conservação deveriam ser permanentemente deles protegidas. Tende a seguir mode-
los de preservação ambiental importados de países desenvolvidos. No primeiro caso, o
direito ambiental seria conceituado como o conjunto de regras e princípios que visam à
preservação do meio ambiente, na condição de direito fundamental e essencial à sadia
qualidade de vida das presentes e futuras gerações. No segundo caso, o direito ambien-
tal visaria à preservação do meio ambiente, pelo simples interesse na manutenção dos
bens ambientais.

02) Indique os princípios do direito ambiental.

Resposta:

Pode-se indicar como princípios: do direito humano fundamental, da prevenção, da pre-


caução, do equilíbrio, da responsabilidade, do poluidor-pagador, do usuário-pagador, do
desenvolvimento sustentável, do limite, democrático etc.

03) O princípio da precaução equivale ao princípio da prevenção.

Resposta:

108
Pode-se dizer que ambos os princípios visam a evitar danos ao meio ambiente, em de-
corrência de atividades potencialmente causadoras de impacto ambiental.

O princípio da prevenção atua no sentido de evitar os efeitos nocivos ao meio ambiente,


por parte de atividade sabidamente danosa. Ou seja, o dano é certo, pois já há estudos
científicos que atestam essa conseqüência por parte da atividade ou obra.

Já o princípio da precaução, incide sobre situações em que o dano é potencial, não ha-
vendo certeza científica de que a obra ou atividade causará danos ao meio ambiente. Os
estudos ou não existem ou não são conclusivos a esse respeito. Consiste em evitar que
medidas de proteção sejam adiadas em razão dessa incerteza que circunda os eventuais
danos.

04) Em que medida pode se identificar a natureza econômica das normas de direito ambien-
tal?

Resposta:

Não se pode estudar e implementar o Direito Ambiental sem a consideração de seus


aspectos econômicos, bem como de suas implicações sociais, haja vista que ele discipli-
na e regula, justamente, a manutenção e a preservação dos recursos naturais que serão,
em sua maioria, economicamente apropriados para a satisfação das necessidades huma-
nas.

Deve-se destacar que o direito ambiental abraçou a concepção de desenvolvimento sus-


tentável como seu principio informador, do mesmo modo, o direito econômico, inclusi-
ve com uma face voltada para o mercado de consumo - o consumo sustentável.

05) Você entende que o Dir. Ambiental integra o Direito Econômico?

Resposta:

Na visão de Paulo de Bessa Antunes, Direito Ambiental é parte do Direito Econômico,


vez que orienta as forças produtivas, em cada caso concreto, visando à utilização racio-
nal dos recursos ambientais.

Todavia, imagino que seja possível defender a existência apenas de uma zona cinzenta
entre as duas disciplinas independentes. Considero que existem metodologias próprias e
outras preocupações que não se encaixam na larga zona de intersecção.

109
1.11. Direito Internacional Público e Privado

1.11.1. Personalidade Internacional. Estado e Território. Imunidade de


Jurisdição.

1.11.1.1. Questões do TRF1


1) Direito e Estado se confundem? Ou Direito é algo e Estado é outro algo? Teoria Dualista e
Teoria Monista (Estado e Direito é um só ente).

Resposta:

Segundo a TEORIA MON STICA (ESTATISMO JUR DICO): (a) Estado e Direito con-
fundem-se em uma só realidade; (b) Só existe o direito estatal (não se podendo admitir
qualquer regra jurídica fora do Estado); (c) quem dá vida ao direito é o Estado através
da força coercitiva; (d) Desenvolveu Rodolf Von Ihering: ―regra jurídica sem coação é
uma contradição em si‖ o fogo que não queima ou a luz que não ilumina; (e) Como só
existe o Direito emanado do Estado, ambos se confundem em uma só realidade. Para a
TEORIA DUAL STICA (PLURAL STICA): (a) Estado e Direito são duas realidades
(modalidades) distintas, independentes e inconfundíveis; (b) O Estado não é a fonte
única do Direito. O que provém do Estado é categoria especial do Direito = ao Direito
Positivo, mas também existem os princípios do Direito Natural, as normas de Direito
costumeiro e as regras; (c) O Direito é criação social, não estatal. A função do Estado é
de positivar o Direito (traduzir em normas escritas os princípios que se afirmam na
consciência social); (d) Léon Duguit condenou o monismo. Admitiu a pluralidade das
fontes do Direito Positivo e demonstrou que as normas jurídicas têm sua origem no cor-
po social. Ressalta-se a existência da TEORIA DO PARALELISMO para quem Estado
e Direito são realidades distintas, porém necessariamente interdependentes. Com base
nessa teoria, Miguel Reale criou a Teoria Tridimensional do Estado e do Direito.

2) Em que consiste o direito de jurisdição de um Estado?

Resposta:

Trata-se do poder decorrente da soberania, por meio do qual tem a prerrogativa de solu-
cionar os conflitos (aplicar a lei ao caso concreto), mediante a aplicação de sua normas
jurídicas, as quais deverão ser respeitadas no espaço do seu território.

A jurisdição é uma das parcelas do poder soberano do Estado, o qual é um dos seus e-
lementos de formação. Também é indicado como uma das funções, segundo clássica
tripartição de Montesquiau.

110
3) Como esta jurisdição de certa forma é até uma manifestação de soberania o que o senhor
me diz a respeito de intervenção internacional em Estado para proteção dos direito humanos,
é possível? A China e algumas poucas potências têm posição peculiar que impedem tais medi-
das? Tem cadeira permanente no Conselho de Segurança.

Resposta:

O princípio da não-intervenção é corolário da soberania. Com a Carta da ONU, passou a


ser vedado o uso da força (o que é mais abangente que ―Guerra‖). Mas existem exce-
ções: exercício da legítima defesa (art. 518) e resolucão de situacões específicas, medi-
ante autorização do Conselho de Segurança, para o efetivo cumprimento dos propósitos
das Nacões Unidas (art. 399). Dentre estes está a violação aos Direitos Humanos.

Tanto a China como a Rússia, ambos com assentos permanentes no Conselho de Segu-
rança e, portanto, com direito de veto, rejeitam a idéia de intervenção armada interna-
cional.

4) Existe a imunidade de jurisdição que os países concedem um ao outro, no caso brasileiro,


alcança a jurisdição penal, cível, tributaria e também a trabalhista?

Resposta:

A princípio, o agente diplomático, por possuir relação jurídica com o próprio Estado de
origem, goza do benefício da imunidade de jurisdição penal, cível, tributária e trabalhis-
ta, salvo renúncia. Por outro lado, resta combatida a existência de uma imunidade supra
legem do próprio Estado, especialmente em foro trabalhista. As decisões do Supremo
Tribunal Federal eram no sentido de reconhecer a imunidade absoluta do Estado, apesar
de não prevista nos Tratados e Convenções, com base em uma antiga regra consuetudi-
nária. Essa tese, entretanto, foi revista a partir de decisão proferida por aquela Corte no
famigerado caso "Genny", onde foi proferido o clássico voto vista do então Ministro
FRANCISCO REZEK. Com efeito, entendeu-se pela inexistência de suporte para a ex-
clusão dos entes de direito público à jurisdição doméstica em casos que envolvam os
atos de pura gestão, abandonados que são das normas das Convenções Internacionais,
na medida em que afastados da rotina puramente diplomática e/ou consular (os chama-
dos atos de impérios que ainda se vêm protegidos pela imunidade). A decisão baseou-se
na evolução do instituto em âmbito internacional.

5) Qual foi o primeiro Estado a reconhecer o Brasil como nação independente de Portugal?

Resposta:

Foram os Estados Unidos da América, em maio de 1824, pois incentivavam a indepen-


dência de todas as colônias da America.
111
6) Qual a diferença entre Estado Simples e Estado Composto?

Resposta:

Trata-se de classificação quanto à forma de Estado. O Estado simples ou unitário é a


forma de Estado em que, para um todo político e homogêneo, ainda que dividido admi-
nistrativamente, apenas existe a autoridade nacional como única fonte de Direito, numa
só esfera de poder público.

Os Estados compostos são uniões de Estados (dois ou mais), que se formam por moti-
vos diversos, com duas ou mais fontes de elaboração do Direito e igual número de esfe-
ras de poder público. Ex.: união pessoal, união real, fusão, confederação, Estado Fede-
ral.

7) Como se dá a formação do Estado? Quais os elementos?

Resposta:

O Estado se forma a partir do momento em que se reúnem seus TRÊS elementos: terri-
tório, comunidade humana assentada em tal área e governo independente (não subordi-
nado a qualquer poder externo). São esses elementos que permitem o exercício das prer-
rogativas estatais e lhe conferem soberania.

Entende-se que a partir do momento em que esses elementos são reunidos, não se faz
necessário que haja o reconhecimento da qualidade de Estado por parte das outras na-
ções soberanas. Tal reconhecimento não tem efeito constitutivo, portanto.

Pode acontecer de algum Estado não reconhecer o governo ou os ocupantes do poder de


outro Estado, o que não significa que não haja um Estado soberano e independente.

1.11.1.2. Questões do TRF2


1) Imunidade de Jurisdição. Histórico. Atos de Império e atos de gestão.

Resposta:

A imunidade de jurisdição é o direito reconhecido a cada Estado, em razão de sua sobe-


rania, de não ser submetido ao poder jurisdicional de outro Estado. A primeira ideia de
imunidade de jurisdição tem origem na Antiguidade Clássica, onde os mensageiros, que
tinham o papel de embaixadores naquela época, eram enviados para negociar em outras
terras em nome do soberano e protegidos pelo Deus Hermes. Na Idade Média, os privi-
légios eram concedidos de acordo com a classe social a que pertenciam. A Igreja tinha
imunidade irrestrita e absoluta, e os representantes de seus tribunais gozavam de imuni-
112
dade absoluta porque julgavam pelas leis divinas. Na época dos Estados absolutistas, os
embaixadores eram mensageiros dos reis, que eram considerados como pessoas acima
de tudo e de todos, e não podiam ser submetidos à jurisdição comum No século XX,
com a evolução econômica, percebe-se uma limitação da imunidade de jurisdição abso-
luta, no que pertine aos atos de gestão. Na lição de Franco Filho (1998, p. 315), os atos
de império são aqueles praticados pelo Estado investido em seu poder de império, sobe-
rano, sendo impraticável, portanto, sua submissão ao poder Judiciário de outro Estado,
enquanto que os atos de gestão são aqueles praticados pelo Estado em condições simila-
res a um particular, no exercício de suas atividades negociais, passíveis, por conseguin-
te, de análise perante o Judiciário alheio.

2) Qual a normativa brasileira em relação às organizações internacionais?

Resposta:

Embora haja divergência jurisprudencial, a partir de 2009, tem prevalecido o entendi-


mento adotado por alguns do TST (aguarda-se decisão do STF sobre o assunto). Por
todos, cite-se, o processo nº TST-E-ED-RR-900/2004-019-10-00.9, Relator Ministro
Caputo Bastos, Data de Julgamento 03/09/2009: ―Diferentemente dos Estados estran-
geiros, (…), os organismos internacionais permanecem, em regra, detentores do privilé-
gio da imunidade absoluta. (…) Não têm, portanto, a sua imunidade de jurisdição pau-
tada pela regra costumeira internacional, tradicionalmente aplicável aos Estados estran-
geiros. Em relação a eles, segue-se a regra de que a imunidade de jurisdição rege-se
pelo que se encontra efetivamente avençado nos referidos tratados de sede. No caso
específico da ONU, a imunidade de jurisdição, salvo se objeto de renúncia expressa,
encontra-se plenamente assegurada na Convenção sobre Privilégios e Imunidades das
Nações Unidas, também conhecida como "Convenção de Londres", ratificada pelo Bra-
sil por meio do Decreto nº 27.784/1950. (…) Assim, porque amparada em norma de
cunho internacional, não podem os organismos ter a sua imunidade de jurisdição relati-
vizada[inclusive em ações trabalhistas]. (…) Isso representaria, em última análise, a
quebra de um pacto internacional, cuja inviolabilidade encontra-se constitucionalmente
assegurada (art. 5º, § 2º, da CF/88).‖

3) E os funcionários do Estado estrangeiro, têm proteção?

Resposta:

Os funcionário nacionais do Estado acreditado não precisam da proteção das imunida-


des. Quanto aos demais funcionários, nacionais do Estado acreditante, é preciso diferen-
ciar. Missão diplomática: (i) o pessoal administrativo e técnico da missão goza de i-
munidades: penal, cível, tributaria e inviolabilidade pessoal, residencial, do veículo, das
comunicações e sobre arquivos e documentos (exceto quanto à bagagem). No campo
113
cível a imunidade abrange apenas os atos relacionados ao exercício da função; (ii) o
pessoal de serviço gozará apenas de imunidades quanto aos atos praticados no exercício
das funções e isenção de impostos e taxas sobre os salários que perceberem (lembrando:
desde que não sejam nacionais do Estado acreditado). Funcionários consulares: gozam
de inviolabilidade física e imunidade processual penal ou cível apenas no que se
refere aos atos de ofício, isto é, os praticados no exercício das funções consulares.
Somente podem ser detidos em caso de crime grave e com ordem judicial da auto-
ridade competente.

A Convenção de Viena de 1963, por exemplo, autoriza a instauração de procedimentos


penais contra funcionários consulares (artigo 41), estabelecendo, todavia, diretrizes com
a finalidade de que não sejam prejudicadas as suas funções consulares.

4) Por que duas convenções internacionais, uma para representação consular e outra para
relações diplomáticas?

Resposta:

O tema relativo aos privilégios e imunidades concernentes às relacões diplomáticas e


consulares foi tratado por duas convencões: a Convencão de Viena sobre as Relacões
Diplomáticas, de 1961 e a Convencão de Viena, sobre as Relacões Consulares, de 1963,
ambas ratificadas pelo Brasil. Observo, seguindo a licão de REZEK, que o motivo de se
ter concluído por duas convencões leva em conta o fato de o diplomata representar o
Estado de origem sujeito a soberania local, bem como em relacão ao trato bilateral dos
assuntos de Estado, ao passo que o consul representa o Estado de origem para o fim de
cuidar, no Estado em que se encontra, de interesses privados (interesses dos compatrio-
tas, que ali se encontrem em qualquer título e os de elementos locais que tencionem
visitar, por exemplo, aquele país, de lá exportar bens, ou para lá exportar).

5) Há diferença de imunidade penal de diplomata e cônsul?

Resposta:

Todas as garantias e privilégios que os diplomatas possuem os cônsules de carreira tam-


bém têm, porém de maneira mais restrita. Assim, quanto à imunidade de jurisdição pe-
nal local, o cônsul só goza dessa garantia durante o exercício profissional e em relação
aos atos decorrentes da sua função, ou seja, oficiais. Pode-se dizer, portanto, que possui
uma imunidade penal relativa em relação à imunidade dos diplomatas.

Já decidiu o STF que pode o Cônsul ser preso em caso de crime grave, mediante ordem
da autoridade competente ou a partir de sentença condenatória transitada em julgado.

114
HC 81158/RJ. De toda forma, o processo deve ser conduzido com as deferências devi-
das ao agente e de maneira a pouco perturbar as funções consulares.

Em relação aos cônsules honorários é importante que se diga que as imunidades são
restritas aos atos relacionados ao exercício das suas funções, não se estendendo à famí-
lia.

6) A partir de 89, caso emblemático, sobre algumas imunidades do Estado. Isso alterou a inter-
pretação das convenções internacionais anteriormente assinadas? (O caso era de reconheci-
mento de paternidade de diplomata)

Resposta:

Foi a partir de 89 que o STF alterou o seu entendimento acerca da natureza da imunida-
de de jurisdição dos Estados estrangeiros: de absoluta, para relativa, em relação aos atos
de gestão. Todavia, a decisão não atinge os regimes das imunidades dos Diplomatas e
Cônsules, regidos pelas Convenções de Viena de 1961 e 1963, respectivamente.

Como referencia à ação de investigação de paternidade proposta em face de diplomata,


a princípio está abrangida pela imunidade de jurisdição civil, o que não afasta a possibi-
lidade de haver renúncia à imunidade por parte do Estado acreditado ou de ser o diplo-
mata processado em seu país de origem.

Após pesquisa, encontrei o acórdão do STF no RE nº 104262 (Rel. Min. Rafael Mayer),
de 1985, em processo de investigação de paternidade em face de diplomata, em que o
Tribunal não conheceu do recurso por falta de prequestionamento. Na ocasião, a senten-
ça e o acórdão recorrido não haviam conhecido do pedido, diante da imunidade de ju-
risdição, a qual foi alegada pelo Embaixador da Colômbia, então. No acórdão, o STF
reafirma considerar a imunidade de jurisdição do diplomata absoluto, ressalvadas a ex-
ceções trazidas pela própria Convenção de Viena.

7) O consulado americano compra terreno para colocar sua representação, na Barra. O imóvel
é foreiro. Pode a União cobrar o laudêmio?

Resposta:

Aos Estados estrangeiros é reconhecida imunidade tributária, no que se refere às sedes


de suas representações oficiais no Estado acreditado. Tal imunidade, aplica-se aos im-
postos diretos, apenas.

A doutrina e a jurisprudência entendem que o laudêmio não tem natureza tributária, mas
de mera compensação paga pelo proprietário do domínio útil, pela sua transferência
onerosa.

115
Assim, pode a União cobrar laudêmio pela transferência do imóvel em questão. Lem-
brando que, a princípio, a obrigação de pagar é do alienante, salvo estipulação contratu-
al em contrario.

8) Se o diplomata compra imóvel para morar e recebe IPTU, ele pode ser cobrado?

Resposta:

De acordo com Paulo Henrique Gonçalves Portela, a imunidade tributaria do diplomata


não abrange os imóveis particulares do diplomata, com exceção do residencial. Ou seja,
o imóvel residencial, ainda que particular, é abrangido pela imunidade tributária, não
podendo dele ser cobrado IPTU (tributo direto).

São exceções à imunidade tributária: (i) ações que envolvem imóvel particular do di-
plomata, que não o residencial; (ii) causas sucessórias a título pessoal; (iii) tributos indi-
retos; (iv) tarifas de serviço público; (v) tributos incidentes sobre rendimentos privados
auferidos do Estado acreditado; (vi) impostos sobre o capital, referentes a investimentos
em empresas no Estado acreditado.

9) No caso de Estado estrangeiro, o município pode cobrar IPTU de imóveis daqueles Estados?

Resposta:

Tanto no STF como no STJ é pacífico que Estados Estrangeiros gozam de imunidade
tributária. Sendo assim, não pode o Município cobrar IPTU sobre os imóveis pertencen-
tes a Estados estrangeiros.

10) Imunidade do diplomata para as ações de responsabilidade civil. Discorra. (caso da indeni-
zação do embaixador que bateu com o carro)

Resposta:

Segundo a Convenção de Viena de 1961, o diplomata tem imunidade de jurisdição civil.


A princípio, portanto, não pode ser contra ele proposta uma ação de responsabilidade
civil. Mas, segundo a mesma Convenção, o diplomata deve respeitar as leis e regula-
mentos do Estado acreditado. Ademais, a imunidade é conferida em favor do Estado
acreditante (e não da pessoa do diplomata), de maneira que pode ser por ele renunciada.
Segundo jurisprudência que se formou no Brasil, ao receber a petição inicial em que se
formula pedido de reparação em face de agente que goze de imunidade, deve o juiz,
ainda assim, comunicar o Estado estrangeiro, para que ele exerça o direito à imunidade
(ou a ela renuncie). A prática demonstra que em casos de abuso por parte do diplomata,

116
o Estado de origem renuncia à imunidade, permitindo o processamento. Nada impede,
porém, que seja proposta ação no Estado de origem do diplomata.

Note-se que se a ação fosse contra o Estado estrangeiro (não contra o diplomata), em
função da relativização da imunidade no que tange a atos de gestão, poderia ser o Esta-
do condenado.

11) IPTU de consulados, é possível?

Resposta:

Não é possível, haja vista a imunidade tributária de que goza os Estados estrangeiros,
em relação às sedes de suas representações, no que pertine aos tributos indiretos.

1.11.1.3. Questões do TRF3


1) A imunidade de Estado estrangeiro à jurisdição brasileira é absoluta? E em um caso de inde-
nização por acidente automobilístico?

Resposta:

Segundo evolução acerca do tema imunidade dos Estados estrangeiros, entende-se que
possuem imunidade absoluta em relação aos atos de império (decorrentes do exercício
da soberania) e relativa, no que pertine aos atos de gestão (decorrentes da pratica de aos
privados e comerciais).

Assim como as obrigações trabalhistas, seguindo a linha da jurisprudência que se for-


mou no âmbito do STF, com arrimo doutrinário, também as ações de responsabilidade
civil são consideradas como decorrentes de atos de gestão. Como tal, são excluídas da
esfera da imunidade de jurisdição do Estado estrangeiro, podendo este ser processado e
condenado a arcar com a indenização correlata.

Não se deve esquecer, porém, que ainda prevalece o entendimento de que a imunidade
de execução é absoluta, mesmo em condenações que decorram de atos de gestão. Nada
obsta que o Estado estrangeiro a ela renuncie.

1.11.1.4. Questões do TRF4

1.11.1.5. Questões do TRF5


01) Se o presidente descumprir uma convenção internacional, qual o tipo de repressão que o
Brasil pode sofrer?
117
Resposta:

Diante da inexistência de órgãos internacionais centrais encarregados da tarefa de apli-


cação de sanções pela violação de normas internacionais, essa é uma tarefa difícil. De
toda forma, podem ser citadas: retaliações comerciais, reparações financeiras, quebra de
ralação diplomática, com expulsão de diplomatas do país, envio de tropas da ONU e até
intervenção militar, nas situações permitidas pelas normas internacionais.

Quando as normas internacionais forem aplicáveis internamente, aplicam-se os meca-


nismos de sanção do ordenamento interno.

02) Quais os entes que estão legitimados a celebrar convenções, tratados, pactos?

Resposta:

Tradicionalmente, apenas os Estados e as Organizações Internacionais podem celebrar


tratados. Mas é preciso acrescentar à relação outro sujeitos de direito internacional que
também ostentam essa prerrogativa: Santa Sé, beligerantes e blocos regionais, através
de órgãos aos quais atribuem competência para tal. Em caráter excepcional, também as
unidades subnacionais podem fazê-lo.

Deve-se destacar, veementemente, que embora possa se entender que possuem persona-
lidade de direito internacional, os indivíduos, as empresas e as ONG‘s não têm capaci-
dade para celebração de tratados.

03) Unidades federadas não dotadas de soberania podem firmar tratados?

Resposta:

Sim, em caráter excepcional. Inicialmente, como cabe ao Estado definir órgãos e autori-
dades encarregados de representá-los nas relações internacionais, o que inclui a celebra-
ção de tratados, é teoricamente possível que uma unidade federada possa receber tal
indicação (ex.: Alemanha e Suíça). Mas não é normal, pois o direito de convenção dos
Estados está ligado à soberania, atributo do qual não são dotadas. A Constituição de
1891 previa expressamente essa possibilidade. Atualmente, compete à União concluir
tratados (22, I da CRF).

Destaque-se que os aos celebrados pelos Estados-membros com o BIRD ou Banco


Mundial, por exemplo, não são tratados, mas contratos. E, ainda assim, precisaram da
participação da União, pois dependem de o Brasil fazer parte da entidade e de celebrar
um acordo de garantia.

118
1.12. Sociologia do Direito

1.12.1. Fato Social – Conceito.

1.12.1.1. Questões do TRF1


1) Qual a teoria predominante em relação à natureza e a sociabilidade, o que é o algo social e
o algo natural?

Resposta:

Aristóteles fundamenta a tese que ―o homem é um animal social‖ dizendo que a união
entre os homens é natural, porque o homem é um ser naturalmente carente, que necessi-
ta de coisas e de outras pessoas para alcançar a sua plenitude. A sociabilidade faz parte
da natureza do homem, portanto.

Algo social pode ser entendido como o decorrente das relações entre os indivíduos. E
algo natural como o que existe independentemente da participação do homem ou da sua
interação com outros semelhantes.

Obs.: não tenho certeza se era isso que o examinador queria. Procurei muito, mas não
encontrei. Acho que a questão não trata de ―fato social‖, estando mal inserida.

2) Como Durkheim conceitua o fato social?

Resposta:

3) Qual a perspectiva de direito e comunicação social?

Resposta:

4) Qual a diferença de fato social e fato biológico?

Resposta:

1.12.1.2. Questões do TRF2

119
1.12.1.3. Questões do TRF3

1.12.1.4. Questões do TRF4

1.12.1.5. Questões do TRF5

1.13. Filosofia do Direito

1.13.1. O Justo e o Direito

1.13.1.1. Questões do TRF1


DESSE PONTO EM DIANTE: RESPOSTAS ELABORADAS POR DIEGO LEO-
NARDO ANDRADE DE OLIVEIRA

1.13.1.1. Questões do TRF1


1) O que é o Direito? Trace um parâmetro entre o conceito tridimensional de Miguel Reale de
norma, valor e fato, comparando-a com a posição de Kelsen para quem o direito é puramente
norma.

Resposta:

Para Kelsen, o direito deveria ser entendido como norma, estando livre de qualquer
concepção social ou valorativa. O estudioso caminha para especificar uma ciência que
não se confunda com a psicologia, a sociologia, a política e a moral. O principio meto-
dológico fundamental da sua obra Teoria Pura do Direito, é libertar a ciência jurídica
de todos os elementos que não lhe são próprios. A teoria desenvolvida por Miguel Rea-
le contrapõe a concepção de Kelsen em reconhecer o Direito como um sistema de nor-
mas. Para Miguel Reale não há como compreender o Direito sem levar em conta os fa-
tos e os valores. Dentro desta sistemática que é concebida a sua teoria tridimensional,
levando-se em conta a norma e associando a esta aluns contextos fáticos e axiológicos.

2) Pode haver um direito injusto?

Resposta:

Segundo a teoria positivista, o Direito, pelo simples fato de ser positivo, deve ser obe-
decido incondicionalmente. Os juízes devem assumir uma postura de neutralidade, se
limitando a decidir de acordo com o direito vigente. Deste modo, a lei pode ser injusta e
opressiva, mas enquanto não for revogada, obriga e se impõe a todos. Para a teria pós-
120
positivista, o direito depende da moral, tanto no momento de reconhecimento de sua
validade como no momento de sua aplicação, logo, direito extremamente injusto não
poderia ser considerado direito.

2) Prosseguindo, esta dicotomia, direitos sociais e individuais, o senhor poderia falar um pouco
sobre isso? Estes direitos sociais também são direito do indivíduo. A sociedade é dissociada do
indivíduo?

Resposta:

Os direitos de 1ª Geração buscam garantir a liberdade do indivíduo diante do arbítrio


estatal. Os direitos individuais são direitos de defesa (direitos civis) e de participação
(direitos políticos), segundo a classificação de Jellinek. São direitos que exigem uma
abstenção do Estado, são, portanto, direitos negativos. São estabelecidos por normas de
eficácia plena e de eficácia contida. Os direitos de 2ª Geração buscam realizar a igual-
dade material. Os direitos sociais exigem uma prestação do Estado. São direitos presta-
cionais ou direitos a uma prestação. Possuem caráter positivo. São direitos coletivos
basicamente (idoso, criança etc.). As garantias de 2ª geração surgiram como garantias
institucionais: protegem a família, a imprensa, o funcionário público. Têm menor eficá-
cia e efetividade que os direitos de 1ª geração, pois necessitam da prestação do Estado.
As normas são de eficácia limitada programáticas. Os direitos sociais são direitos dos
indivíduos integrantes do grupo. A sociedade não é dissociada do indivíduo, pois, em-
bora as individualidades restem diluídas em meio à massificação das ideias e dos pen-
samentos, as mudanças, o progresso, o desenvolvimento da sociedade têm por embrião
o pensamento inovador individual. Isto é, a individualidade, ao mesmo tempo em que é
condicionada pelo meio social, é capaz de propor alterações a esse mesmo meio.

3) Comprometida com a ordem interna nacional, já entramos na parte da positivação, e os


princípio fundamentais, o senhor sabe distinguir o preâmbulo dos princípios fundamentais do
art. 1º da CF/88? O art. 1º faz parte do comando positivado do ordenamento? O preâmbulo é
a pretensão institucional, é o homem pretende-se, esta pretensão se cria, par que esta preten-
são se torne factível, estes princípios, que se sobrepõe à questão do princípio e regra, o senhor
saberia me distinguir?

Resposta:

O preâmbulo não se situa no domínio do direito, mas domínio da política ou da histó-


ria. Trata-se apenas de uma diretriz hermenêutica, auxiliando na interpretação da Cons-
tituição, pois consagra valores supremos da sociedade, os fins visados pela Constitui-
ção. Ademais não pode ser utilizado como parâmetro para o controle de constitucionali-
dade. Os princípios fundamentais do art. 1º da CF são normas jurídicas (valores posi-
tivados), pertencendo ao domínio do Direito. Servem de parâmetro para o controle de
121
constitucinalidade. As regras são ―mandamentos de definição‖, ou seja, normas que
ordenam que algo seja cumprido na medida exata de suas prescrições. Segundo Ronald
Dworkin, as regras impõem resultados, obedecendo à formula do tudo ou nada (ou são
ou não são aplicadas). São, via de regra, aplicadas por subsunção. Os princípios são
―mandamentos de otimização‖, ou seja, normas que ordenam que algo seja cumprido na
maior medida possível, de acordo com as possibilidades fáticas e jurídicas existentes
(Robert Alexy). É a lógica do mais ou menos. São aplicados por ponderação.

4) Qual a diferença entre Filosofia, Ciência e Técnica?

Resposta:

Filosofia é o estudo de problemas fundamentais relacionados à existência, ao conheci-


mento, à verdade, aos valores morais e estéticos, à mente e à linguagem. Ao abordar
esses problemas, a filosofia se distingue da mitologia e da religião por sua ênfase em
argumentos racionais; por outro lado, diferencia-se das pesquisas científicas por geral-
mente não recorrer a procedimentos empíricos em suas investigações. Entre seus méto-
dos, estão a argumentação lógica, a análise conceptual, as experiências de pensamento e
outros métodos a priori. Em sentido amplo, ciência refere-se a qualquer conhecimento
ou prática sistemáticos. Em sentido estrito, ciência refere-se ao sistema de adquirir co-
nhecimento baseado no método científico bem como ao corpo organizado de conheci-
mento conseguido através de tais pesquisas. A técnica refere-se às aplicações da ciên-
cia, do conhecimento científico ou teórico, nas realizações práticas e nas produções in-
dustriais e econômicas. A técnica cobre assim o conjunto dos métodos de fabrico, de
manutenção, de gestão, reciclagem, e de eliminação dos desperdícios, que utilizam mé-
todos procedentes de conhecimentos científicos ou simplesmente métodos ditados pela
prática de certos ofícios, geralmente oriundos de inovações empíricas. Contrariamente à
ciência, a técnica não tem por vocação interpretar o mundo, está lá para transformá-lo, a
sua vocação é prática e não teórica.

5) O que é epistemologia?

Resposta:

Epistemologia (do grego episteme = conhecimento, ciência; e logos = estudo de), tam-
bém chamada de teoria do conhecimento, é o ramo da filosofia que trata da natureza,
das origens e da validade do conhecimento. Entre as principais questões debatidas pela
epistemologia destacam-se: O que é o conhecimento? Como obtemos conhecimento?
Como defender os nossos modos de conhecer das investidas do ceticismo?

122
6) Art. 133 do CPP – indispensabilidade. O que é a defesa no processo penal? É possível a reali-
zação da justiça sem defesa?

Resposta:

(não entendi a referência ao art. 133 do CPP). No processo penal, defesa consiste em
direito subjetivo inafastável do réu de opor-se ao direito de ação. Segundo a súmula 523
do STF, ―no processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua de-
ficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu‖. A defesa técnica no Pro-
cesso Penal é irrenunciável. Nesse diapasão, podemos afirma que não é possível a reali-
zação de justiça sem defesa. O contraditório é essencial para que se alcance a justa
composição da lide. Diferente do que ocorre no processo civil, onde prevalece o valor
segurança jurídica sobre a justiça (admite-se condenação de réu revel), no processo pe-
nal, exige-se a defesa técnica, sendo inviável condenação de réu revel.

7) O que é justiça?

Resposta:

A principal definição da palavra Justiça é: a virtude de dar a cada um aquilo que lhe é
merecido ou que é seu por direito legal (direito definido nas leis do país). Justiça tam-
bém é a faculdade de julgar segundo o direito e a melhor consciência. É o termo que
designa, em Direito, aquilo que se faz de acordo com o direito. É a faculdade de julgar
segundo o que prescreve a lei, o direito e a razão. É imparcialidade na interpretação do
ordenamento jurídico. No Brasil, Justiça é, também, o conjunto de órgãos e funções que
compõem o Poder Judiciário, isto é, o conjunto de magistrados judiciais e pessoas que
servem junto deles. Isso inclui todo o pessoal dum tribunal e o próprio Poder Judiciário.
Segundo Aristóteles, o termo justiça denota, ao mesmo tempo, legalidade e igualdade.
Assim, justo é tanto aquele que cumpre a lei (justiça em sentido estrito) quanto aquele
que realiza a igualdade (justiça em sentido universal).

1.13.1.2. Questões do TRF2

1.13.1.3. Questões do TRF3

1.13.1.4. Questões do TRF4

123
1.13.1.5. Questões do TRF5

2. Ponto 02
2.1. Direito Constitucional

2.1.1. Poder Constituinte Originário e Poder Constituinte Derivado

2.1.1.1. Questões do TRF1


1) Qual a diferença entre Poder Constituinte e Poder Constituído?

Resposta:

O Poder Constituído sempre será um poder jurídico, portanto, limitado e condiciona-


do. Trata-se de um poder de direito. Por sua vez, uma das espécies do Poder Constitu-
inte, o originário, consiste em poder político, poder de fato, apresentando as seguintes
características: inicial (funda o ordenamento jurídico); incondicionado; e autônomo. As
demais espécies de poder constituinte são poderes instituído (reformador e decorrente).

2) Depois da realização, da criação da CF, o Poder Constituinte Originário se esgota ou ele


permanece? O que impede o Poder Constituinte Derivado de não poder violar as cláusulas
pétreas?

Resposta:

Segundo Gilmar Medes, ―o poder constituinte originário não se esgota quando edita
uma Constituição. Ele subsiste fora da Constituição e está apto para se manifestar a
qualquer momento. Trata-se, por isso mesmo de um poder permanente, e, como tam-
bém é incondicionado, não se sujeita a formas prefixadas para operar. O poder constitu-
inte originário, entretanto, não costuma fazer-se ouvir a todo momento, até porque não
haveria segurança das relações se assim fosse‖. Segundo Uadi Lâmmego Bulos, uma
das características do poder constituinte originário é a latência: ―é um poder latente,
atemporal, contínuo, pois está pronto para ser acionado a qualquer momento‖. Por ser
um poder jurídico, instituído, o poder constituinte derivado é condicionado, limitado e
subordinado às disposições estabelecidas pelo Poder Constituinte Originário.

3) Qual seria a diferença básica entre emenda e revisão?

Resposta:

Emenda e revisão são espécies do gênero reforma constitucional. A emenda é recurso


utilizado para realizar modificações em pontos específicos e localizados do texto mai-

124
or. Emenda é reforma de menor extensão. A revisão constitucional é recurso que ob-
jetiva mudar a constituição amplamente. Revisão equivale a reforma de maior am-
plitude. Na CF/88, há diferenças quanto ao exercício do poder de reforme e do poder de
revisão. A emenda será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em
dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos
dos respectivos membros (art. 60, § 2º, da CF). A revisão constitucional será realizada
após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria abso-
luta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral (art. 3º do ADCT).

4) Dê um exemplo de um processo consensual de transição fora da hipótese de revolução, um


processo não traumático?

Resposta:

Uma exemplo de processo consensual de transição fora das hipóteses de revolução o-


corre por meio de uma assembleia ou convenção constituinte. Nessa hipótese, os re-
presentantes eleitos pelo povo elaboram a constituição. Exemplos: constituições brasi-
leiras de 1891, 1934, 1946 e 1988 advieram de assembleias constituintes; já a constitui-
ção norte-americana de 1787 foi elaborada por uma convenção constituinte. Na revolu-
ção, um conjunto de pessoas, descontentes com o sistema, conclui que as vias normais
de elaboração e reforma das constituições não funcionam; daí se rebelam contra a ideia
de Direito prevalecente, e, pela força, exercitam o poder constituinte originário, implan-
tando uma nova ordem jurídica.

5) O que seria o processo de descolonização, dentro do processo consensual de transição?

Resposta:

Descolonização é o nome genérico dado ao processo pelo qual uma ou várias colônias
adquirem ou recuperam a sua independência. Dentro do processo consensual de transi-
ção, seria o reconhecimento, geralmente por meio de acordo, por parte da metrópole, da
independência e soberania da colônia, que passaria a dispor do poder constituinte origi-
nário para fundação do seu próprio ordenamento jurídico.

6) O que seria um Poder Constituinte Difuso?

Resposta:

O poder constituinte difuso é um poder de fato responsável pelas mutações constitu-


cionais. Doutrinariamente, a Constituição poderá ser modificada por meio de processo
formal ou informal. São tipos de modificação formal a emenda e a revisão constitucio-

125
nal. Já o processo informal evidencia-se na mutação constitucional. Mutação Constitu-
cional não é a mudança do texto constitucional, mas a mudança da interpretação de um
dispositivo constitucional.

7) Até aonde pode ir este poder difuso de mutação constitucional?

Resposta:

Como a mutação constitucional ocorre com a mudança da interpretação da constituição,


o poder constituinte difuso encontra-se limitado pelo próprio texto constitucional.
Destarte, não pode o intérprete conferir significado à norma constitucional que não seja
abrangida pelo seu texto. Exemplo: defendendo a abstrativização do controle concreto
de constitucionalidade, Gilmar Mendes propôs a mutação constitucional do art. 52, X,
da CF. Para o Ministro, a função do Senado seria apenas a de dar publicidade à decisão
do STF. Ocorre que o texto da CF/88 é claro ao atribuir ao Senado a função de suspen-
der a execução de lei declarada inconstitucional pelo STF no controle concreto.

8) Quais os veículos materiais do Poder Constituinte, como ele se materializa?

Resposta:

(embora minha resposta seja óbvia, a minha interpretação não permitiu imaginar outra
coisa). O poder constituinte se materializa em normas formalmente constitucionais, seja
elas originárias ou fruto de emendas constitucionais. No Brasil, é possível a materializa-
ção do poder constituinte por meio de tratados internacionais sobre direitos humanos
aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos
votos dos respectivos membros.

2.1.1.2. Questões do TRF2


1) Quais as características de poder constituinte originário e derivado?

Resposta:

Características essenciais do poder constituinte originário: (a) Inicial: ele dá início ao


ordenamento jurídico (não existe outro poder antes ou acima dele); (b) Autônomo: tem
autonomia para decidir qual ideia de direito irá prevalecer, qual será o conteúdo da
Constituição; (c) Incondicionado: não se submete a qualquer tipo de condição (a as-
sembleia constituinte decidirá qual será o procedimento a ser adotado); (d) Latente:
atemporal, contínuo, pois está pronto para ser acionado a qualquer momento.; (e) Ilimi-
tado: é ilimitado juridicamente (autônomo + incondicionado), é soberano, é indepen-
dente. Características do poder constituinte derivado: (a) Secundariedade: não existe
126
por si só, pois é necessário que exista uma constituição para prevê-lo; (b) Subordina-
ção: haure sua força na obra do poder constituinte originário; (c) Condicionado e limi-
tado: deve observar os limites previstos, explícita e implicitamente, na constituição.

2) A Declaração Universal dos Direitos do Homem seria uma forma de limitação?

Resposta:

Com relação ao poder constituinte originário, segundo a doutrina, embora seja um poder
ilimitado juridicamente, é certo que encontra, do ângulo filosófico, sociológico, econô-
mico, religioso e político, limites ao seu exercício. A doutrina classifica esses limites
em: ideológicos, institucionais e substanciais. Os limites substanciais, por sua vez, são
subdivididos em imanentes, transcendentes e heterônomos. Limites transcendentes
prendem-se aos direitos fundamentais, intrinsecamente ligados à dignidade humana,
haja vista provirem de imperativos éticos superiores. Já os limites heterônomos condi-
cionam o exercício do poder constituinte às normas de Direito Internacional, eis que
representam responsabilidades e obrigações assumidas pelo Estado no plano externo.
Portanto, a DUDH, seja por elencar direitos fundamentais, seja por declarar regras cos-
tumeiras de Direito Internacional de natureza imperativa (jus cogens), representa uma
forma de limitação extrajurídica ao poder constituinte. Quanto ao poder constituinte
derivado, além das limitações jurídicas impostas pelo poder originário, também se sub-
mete às barreiras extrajurídicas acima referidas.

3) Quais os tipos de limitação na CF? Quais as limitações ao Poder Constituinte Derivado?

Resposta:

As limitações ao poder constituinte derivado reformador são: (a) formais: ligam-se ao


procedimento e legitimidade; (b) materiais: são as cláusulas pétreas; (c) circunstanci-
ais: a CF não pode ser emendada em estado de defesa, em estado de sítio e durante in-
tervenção federal; (d) temporais: a constituição não pode ser emendada durante certo
prazo (não existe no Brasil); (e) implícitas: as normas que fixam o procedimento e es-
tabelecem quais são as cláusulas pétreas não podem ser reformadas (vedação da dupla
revisão). Classificam-se as limitações do poder constituinte decorrente em três princí-
pios: (a) princípios constitucionais sensíveis: art. 34, VII, da CF; (b) princípios cons-
titucionais extensíveis: tratam-se de normas de organização da União que se estendem
aos Estados (ex.: arts. 28, 75 e 93, V); (c) princípios constitucionais estabelecidos:
funcionam como balizas reguladoras da capacidade de auto-organização dos Estados.

4) Admite-se limitação implícita?

127
Resposta:

Sim. Limites implícitos, tácitos, indiretos ou inerentes são aqueles que não vêm prescri-
tos pela linguagem do constitu8inte, embora sejam tão contundentes quanto os expres-
sos. Proíbem a reforma de normas que estatuem limites, suja observância é obrigatória
para se emendar ou revisar as constituições. O que foi prescrito pelo constituinte para
uma reforma constitucional não pode ser atenuado, suprimido ou mudado. Exemplo: o
constituinte reformador não pode suprimir o art. 60, § 4º, da CF (vedação da dupla revi-
são).

5) Há algum tratado de direitos humanos que já foi incorporado após a EC nº 45 pelo quórum
de emenda?

Resposta:

A Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu


Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007, foi incorpo-
rada ao Direito brasileiro com status de norma constitucional nos termos do art. 5º, § 3º,
da CF, haja vista sua aprovação em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos,
por três quintos dos votos dos respectivos membros. Essa convenção compõe o chama-
do bloco de constitucionalidade.

6) Na superveniência de uma nova constituição, fale sobre a recepção de normas.

Resposta:

Na superveniência de uma nova constituição, as normas anteriores, que são com ela
compatíveis no seu conteúdo, continuam em vigor. Diz-se que, nesse caso, opera o fe-
nômeno da recepção, que corresponde a uma revalidação das normas que não desafiam,
materialmente, a nova constituição. Às vezes a recepção é expressa (ex.: Constituição
de 1937). Todavia, o mais frequente é a recepção tácita. Deve-se a Kelsen a teorização
do fenômeno da recepção, pelo qual se busca conciliar a ação do poder constituinte ori-
ginário com a necessidade de se obviar vácuos legislativos. As normas que apresentam
incompatibilidade meramente formal com a nova constituição, ainda assim serão recep-
cionadas com o status normativo prescrito pelo novo texto constitucional. Se a norma
anterior à constituição não guarda compatibilidade de conteúdo com esta, não continua-
rá a vigorar, havendo, aqui, quem considere ocorrer caso de revogação e quem veja na
hipótese uma inconstitucionalidade superveniente. A matéria provocou debate no STF,
que adotou a tese da revogação (não recepção). Prevalece na doutrina que as normas da
constituição anterior, mesmo que compatíveis com a nova constituição, não podem ser
recepcionadas, havendo sua revogação global.

128
7) Qual o trâmite das emendas constitucionais?

Resposta:

As EC pode ser propostas por um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Depu-
tados ou do Senado Federal; pelo Presidente da República; ou por mais da metade das
Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas,
pela maioria relativa de seus membros. A proposta será discutida e votada em cada Casa
do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em am-
bos, três quintos dos votos dos respectivos membros. A EC será promulgada pelas Me-
sas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.
A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.

8) Quais são os temas vedados às emendas?

Resposta:

Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: (a) a forma fe-
derativa de Estado; (b) o voto direto, secreto, universal e periódico; (c) a separação dos
Poderes; (d) os direitos e garantias individuais. Segundo o STF, as cláusulas pétreas não
significam a intangibilidade literal da respectiva disciplina, mas sim a proteção ao nú-
cleo essencial de determinados direitos, princípios e instituições.

9) A vedação ao anonimato é possível ou é clausula pétrea?

Resposta:

(acho que a pergunta era se seria possível a supressão da vedação ao anonimato) A


vedação ao anonimato é um limite à liberdade de expressão que consta do art. 5º, IV, da
CF. Embora não consista no núcleo essencial da referida liberdade, temos que não pode
ser suprimida, haja vista que possui natureza de cláusula pétrea. A vedação do
anonimato é essencial para que seja possível o controle da liberdade de manifestação do
pensamento, isto é, para que os limites a esse direito fundamental sejam observados. Em
outras palavras, essa vedação garante a proteção não da liberdade de expressão em si,
mas de outros direitos individuais, tais como a dignidade humana, o direto à honra e o
direito à verdade.

2.1.1.3. Questões do TRF3


1) “Não será objeto de emenda constitucional tendente a abolir...”. No parágrafo 2º deste
artigo havia uma previsão de isenção aos aposentados que foi posteriormente suprimida por
uma emenda constitucional, pergunta-se, sem levar em conta o efeito prático, esta emenda
feriu cláusula pétrea?

129
Resposta:

(o dispositivo constitucional referido foi o art. 153, § 2º, II, da CF). ―Mostra-se imperti-
nente a alegação de que a norma do art. 153, § 2º, II, da CF não poderia ter sido revoga-
da pela EC nº 20/98 por se tratar de cláusula pétrea. Essa norma não consagrava direito
ou garantia fundamental, apenas previa a imunidade do imposto sobre a renda a um de-
terminado grupo social. Sua supressão do texto constitucional, portanto, não representou
a cassação ou o acolhimento de um direito fundamental e, tampouco, um rompimento
da ordem constitucional vigente‖ (RE 372600-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, 2ª Turma,
DJ 23/4/2004). Ressalte-se também que, segundo o STF, não à direito adquirido à não
incidência tributária, bem como não há direito adquirido no aposentamento.

2) A que limites está submetido o poder de reforma da Constituição?

Resposta:

As limitações ao poder constituinte derivado reformador são: (a) formais: ligam-se ao


procedimento e legitimidade; (b) materiais: são as cláusulas pétreas; (c) circunstanci-
ais: a CF não pode ser emendada em estado de defesa, em estado de sítio e durante in-
tervenção federal; (d) temporais: a constituição não pode ser emendada durante certo
prazo (não existe no Brasil); (e) implícitas: as normas que fixam o procedimento e es-
tabelecem quais são as cláusulas pétreas não podem ser reformadas (vedação da dupla
revisão).

3) Fale sobre o Poder Constituinte Derivado.

Resposta:

O poder constituinte derivado consiste em um poder jurídico, constituído. Pode ser de


três espécies: decorrente, reformador e revisor. O poder decorrente é incumbido da ela-
boração das constituições estaduais. Seus limites são os princípios constantes do texto
constitucional (sensíveis, extensíveis e estabelecidos). O poder revisor tem a função de
proceder à uma revisão geral do texto constitucional. Apresenta limites formais (quórum
de maioria absoluta dos membros do Congresso em sessão unicameral) e temporal (e-
xercício no prazo de 5 anos a contar da promulgação da CF/88). O poder reformador é
encarregado da elaboração das emedas constitucionais. São características do poder
constituinte derivado: (a) Secundariedade: não existe por si só, pois é necessário que
exista uma constituição para prevê-lo; (b) Subordinação: haure sua força na obra do
poder constituinte originário; (c) Condicionado e limitado: deve observar os limites pre-
vistos, explícita e implicitamente, na constituição.

130
2.1.1.4. Questões do TRF4
1) Quais são os limites ao poder de reforma?

Resposta:

As limitações ao poder constituinte derivado reformador são: (a) formais: ligam-se ao


procedimento e legitimidade; (b) materiais: são as cláusulas pétreas; (c) circunstanci-
ais: a CF não pode ser emendada em estado de defesa, em estado de sítio e durante in-
tervenção federal; (d) temporais: a constituição não pode ser emendada durante certo
prazo (não existe no Brasil); (e) implícitas: as normas que fixam o procedimento e es-
tabelecem quais são as cláusulas pétreas não podem ser reformadas (vedação da dupla
revisão).

2.1.1.5. Questões do TRF5

2.2. Direito Tributário

2.2.1. Sistema Constitucional Tributário: Poder de Tributar – Competência


Tributária – Capacidade Tributária – Código Tributário Nacional

2.2.1.1. Questões do TRF1


1) Dentre os princípio regedores da competência tributária um é o da facultatividade, em que
o ente competente pode criar ou não o tributo, este princípio ainda é válido?

Resposta:

O exercício da competência tributária, conquanto irrenunciável e intransferível, pode ser


considerado facultativo. De fato, no plano da conveniência, cada ente tributante decide
sobre o exercício da competência tributária. Não obstante, o art. 11 da LRF dispõe que,
no plano de gestão fiscal da pessoa política, deve haver instituição de todos os tributos
que compete à entidade, sob pena de sanções (art. 11, pu). O dispositivo merece inter-
pretação cautelosa, pois o legislador quis, salvo melhor juízo, estimular a instituição do
tributo economicamente viável, cuja competência estaria inadequadamente estanque.
Portanto, é defensável a facultatividade do exercício da competência tributária, uma vez
que o art. 11 da LRF não traduz, incontestavelmente, mecanismo efetivo de obrigatorie-
dade.

2) Qual a diferença entre conflito de competência, bitributação e bis in idem?

131
Resposta:

A competência tributária é matéria eminentemente constitucional, taxativa e exausti-


vamente prevista, de sorte que haverá conflito de competência na medida em que um
ente político arvorar-se de competência alheia. O bis in idem ocorre quando uma única
pessoa política institui tributos diversos sobre o mesmo fato gerador e o mesmo contri-
buinte, mas pela incidência de duas normas legais distintas. A bitributação, por seu
turno, ocorre quando a dupla tributação tem origem em pessoas políticas distintas, de
modo que são duas normas, cada qual emanada de um legislativo, incidindo sobre o
mesmo fato jurídico e onerando o mesmo contribuinte.

3) A bitributação se liga a que ação tributária?

Resposta:

O art. 164, III, do CTN, dispõe ser cabente a Ação de Consignação em Pagamento,
quando mais de um ente tributante pretender cobrar um ou mais tributos sobre o mesmo
fato gerador. Tal situação versa sobre o instituto jurídico da ―bitributação‖, prevista no
Código Tributário, e de todo condenável, havendo medida judicial apta a sanar a dupla
invasão patrimonial pleiteada pelos Fiscos no caso ―sub examine‖.

4) Qual a diferença entre capacidade tributária e competência tributária?

Resposta:

A competência tributária é a habilidade privativa e constitucional atribuída ao ente polí-


tico para que este, com base na lei, proceda à instituição da exação tributária. Em outras
palavras é a aptidão para criar tributos. A competência tributária é indelegável, intrans-
ferível, inalterável e irrenunciável. A capacidade tributária é a atribuição para arrecadar
ou fiscalizar tributos. Ao contrário da competência tributária, a capacidade tributária
ativa é delegável e transferível. Isso significa que o ente tributante pode permitir a figu-
ração de outra pessoa jurídica no polo ativo da relação jurídica tributária e a consequen-
te possibilidade de arrecadar os tributos dos sujeitos passivos (contribuintes). Essa atri-
buição compreende as garantias e os privilégios processuais que competem à pessoa
jurídica de direito público que a conferir, podendo ser revogada, a qualquer tempo, por
ato unilateral da entidade que a tenha conferido (CTN, art. 7º, §§ 1º e 2º).

5) O que seria parafiscalidade?

Resposta:

132
A parafiscalidade é a delegação dos elementos da capacidade tributária ativa. Enfim, é a
permissão pelo ente que retém a competência tributária de atribuir a outro o poder de
arrecadar, fiscalizar e administrar os tributos. Na parafiscalidade, terceira pessoa arreca-
da o tributo para si e passa a dispor do produto da arrecadação do tributo. Exemplo: a
atividade desenvolvida pelo SESC, SENAC, SESI, SENAI, SEST.

6) Há exceções no que concerne à imunidade constitucional, no que diz respeito apenas a im-
postos? Ou outros tributos também podem ser abarcados?

Resposta:

(Entendi que o examinador queria saber se existe imunidades para outras espécies tribu-
tárias além dos impostos). Há imunidades a outras espécies tributárias que não impos-
tos: (a) imunidade das receitas decorrentes de exportação às contribuições sociais e de
intervenção no domínio econômico; (b) imunidade às contribuições para a seguridade
social das entidades beneficentes de assistência social que atendam aos requisitos esta-
belecidos em lei; (c) a contribuição para a seguridade social não incidirá sobre aposen-
tadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência; (d) imunidade em relação
às taxas para o direito de petição e certidões.

7) Os princípios constitucionais da vedação ao confisco se aplica a tributos extrafiscais?

Resposta:

O princípio da vedação ao confisco, previsto no art. 150, IV, da Constituição Federal,


não se aplica, em tese, aos impostos extrafiscais (II, IE, IPI e IOF), que, conforme a
emergência da situação posta, poderão conter alíquotas excessivamente gravosas, em
homenagem à regulação da economia. A doutrina e a jurisprudência admitem alíquotas
elevadas nesses tipos de impostos.

8) Se a União criar tributo com base na competência residual, ela tem que passar alguma coisa
para estados e municípios?

Resposta:

Com relação à competência residual para instituir imposto (art. 154, I, da Constituição
Federal), caso a exercite, a União deverá repassar aos Estados 20% do valor da arreca-
dação, nos termos do art. 157, II, da Constituição Federal. Quanto à instituição de con-
tribuições residuais para custeio da seguridade social (art. 195, § 4º, da CF), não há
qualquer determinação para transferência obrigatória da arrecadação.

133
9) Norma legal que altera prazo de recolhimento de tributo se sujeita ao princípio da anteriori-
dade?

Resposta:

A regra legislativa que se limita simplesmente a mudar o prazo de recolhimento da o-


brigação tributária, sem qualquer repercussão, não se submete ao princípio da anteriori-
dade. Recurso extraordinário conhecido e provido. Alteração do prazo não equivale à
majoração. Esse entendimento é objeto de súmula do STF: “Súmula 669. Norma legal
que altera o prazo de recolhimento da obrigação tributária não se sujeita ao prin-
cípio da anterioridade”.

2.2.1.2. Questões do TRF2


1) Consignação em pagamento. Dois entes disputam o tributo: a ação terá quem no polo pas-
sivo? Se a discussão for sobre ITR e IPTU, qual o juízo competente?

Resposta:

Na ação de consignação em pagamento decorrente de bitributação, o contribuinte-autor


deverá providenciar a citação de ambos os entes tributantes (art. 895 do CPC), destarte,
ambas as pessoas políticas que exigem tributos sobre o mesmo fato gerador deverá ocu-
par o polo passivo. Na discussão sobre ITR e IPTU, como a União deverá figurar na
demanda como ré, a competência será da Justiça Federal, nos termos do art. 109, I, da
CF. Ressalte-se que, nos termos da súmula 503 do STF, não atrai a competência origi-
nária do STF a dúvida suscitada por particular acerca do direito de tributar dos entes
federados.

2) Se o valor menor for do ITR será na JF?

Resposta:

Mesmo no caso de o valor do ITR ser inferior ao do IPTU, a competência para julgar a
ação de consignação em pagamento permanecerá com o juízo federal, haja vista que
esta é estabelecida pela presença da União como sujeito passivo da demanda, nos ter-
mos do art. 109, I, da Constituição Federal. A diferença entre os valores dos tributos não
altera a legitimidade passiva.

3) Diferença entre capacidade econômica e capacidade contributiva.

Resposta:

134
Segundo Harada: ―capacidade contributiva é aquela capacidade relacionada com a im-
posição parcial ou total. É a capacidade econômica da pessoa enquanto sujeito passivo
da relação jurídico-tributária. Já a capacidade econômica é aquela ostentada por uma
pessoa que não é contribuinte, como por exemplo, um cidadão abastado, de passagem
pelo país.‖. Ele exemplifica: ―Um cidadão que usufrui renda tem capacidade contributi-
va perante o país em que a recebeu; já um cidadão rico, de passagem pelo país, tem ca-
pacidade econômica, mas não tem capacidade contributiva, pois ele tem rendimentos
suficientes para suportar tributos, mas não há nenhuma relação jurídica que o vincule ao
Fisco do país pelo qual transita. Assim, não tem capacidade contributiva neste país.‖.

4) Qual o princípio em que se assenta a discriminação constitucional de competências tributá-


rias?

Resposta:

A Constituição Federal consagrou o princípio do federalismo (art. 60, § 4º, I, da Carta


Magna), delimitando entre as pessoas políticas (União, Estados-membros, Distrito Fe-
deral e Municípios) o poder de tributar. De fato a autonomia e a capacidade política de
cada um dos entes federativos fundamenta a distribuição constitucional da competência
para a instituição de tributos.

5) Como é a discriminação constitucional de competência tributária. Há critérios?

Resposta:

(acho que o examinados gostaria de saber acerca da classificação da competência tribu-


tária). A doutrina costuma classificar três as espécies tributárias: privativa/exclusiva,
comum e residual. No sistema tributário existe o regime das Competências Privativas, o
qual constitui uma forma de limitação do poder de tributar, na medida em que impõem
quais são os tributos que podem ser exclusivamente pela União, Estados, Distrito Fede-
ral, Municípios. Seria comum, a competência atribuída a todos os entes (União, Estados,
Distrito Federal, Municípios), para criarem taxas e contribuições de melhoria. Por fim,
chama-se de residual, a competência outorgada à União para a instituição de impostos
não previstos no texto constitucional, desde que, sejam criados por lei complementar,
mas não sejam cumulativos e não tenham o mesmo fato gerador e base de cálculo dos já
discriminados na Constituição, bem como novas contribuições para a seguridade social.

6) Os art. 153, 154 e 155 são relativos aos impostos. Por que não há tal discriminação em rela-
ção as taxas? E por há em relação unicamente aos impostos?

Resposta:

135
A taxa é uma espécie tributária que decorre da prestação de um serviço público ou do
exercício do poder de polícia. Destarte, leque de possibilidades para hipóteses de inci-
dência do referido tributo mostra-se extremamente amplo, o que torna inviável a preten-
são de esgotá-lo em um rol taxativo. Quanto aos impostos, considerando que não há
uma contraprestação por parte do Estado (tributo unilateral), bem como as exigências de
segurança jurídica e limitação do arbítrio do Poder Público, faz-se necessário relacionar
as hipóteses de incidência. Trata-se de uma garantia do cidadão contribuinte.

7) Poderíamos admitir que a União instituísse, através de lei federal, IPVA, por exemplo? E se
for o Território?

Resposta:

A competência tributária é indelegável, intransferível, inalterável e irrenunciável. Nesse


diapasão, via de regra, União não poderia instituir, através de lei federal, o IPVA, pois
trata-se de tributo de competência dos municípios. Segundo o art. 147 da CF, competem
à União, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o Território não for dividido
em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais. Portanto, em Território Fe-
deral não dividido em municípios, a competência para instituir o IPVA será da União.

8) O rol do art. 150 da CR/1988 é taxativo ou exemplificativo? Por quê?

Resposta:

O rol de limitações do poder de tributar constante no art. 150 da Constituição Federal é


meramente exemplificativo por dois motivos: (a) o Estatuto do Contribuinte não está
adstrito ao art. 150, da CR/1988; (b) o próprio dispositivo ressalva a possibilidade de
instituição de outras garantias ao contribuinte (―art. 150. Sem prejuízo de outras ga-
rantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Fede-
ral e aos Municípios: […]‖.

9) Fale sobre a inobservância do princípio de devido processo legal no âmbito do direito tribu-
tário.

Resposta:

Podemos afirmar que o devido processo legal, como garantia constitucional que é, há de
ser sempre observado, quer nos processos judiciais, quer nos procedimentos administra-
tivos, dele derivando todos os demais princípios constitucionais do processo. Desta fei-
ta, somente quando os instrumentos à disposição das partes são distribuídos com igual-
dade de oportunidades, entre elas, com estrita observância do contraditório e da ampla
defesa, é que se poderá falar em processo justo, adequado e democrático, sincronizado,
136
portanto, com os valores consagrados na Constituição Federal de 1988. A sua inobser-
vância, no âmbito do processo tributário gera a nulidade absoluta da decisão proferida, o
que implica, via de regra, o afastamento da exação.

10) COSIP, de acordo com o art. 150, II, CR/1988, pode haver aplicação do princípio da isono-
mia?

Resposta:

―Entendeu-se que a COSIP constitui um novo tipo de contribuição que refoge aos pa-
drões estabelecidos nos artigos 149 e 195 da CF, ou seja, é uma exação subordinada a
disciplina própria (CF, art. 149-A), sujeita, contudo, aos princípios constitucionais tribu-
tários, haja vista enquadrar-se inequivocamente no gênero tributo. Ressaltou-se que, de
fato, como a COSIP ostenta características comuns a várias espécies de tributos, não
haveria como deixar de reconhecer que os princípios aos quais estes estão submetidos
também se aplicam, modus in rebus, a ela. Destarte, salientou-se que, apesar de o art.
149-A da CF referir-se apenas aos incisos I e III do art. 150 da CF, o legislador infra-
constitucional, ao instituir a contribuição em análise, considerada a natureza tributária
da exação, estaria jungido aos princípios gerais que regem o gênero, especialmente o da
isonomia (art. 150, II) e o da capacidade contributiva (art. 145, § 1º).‖ RE 573675/SC,
25.3.2009.

11) Pode conceituar valor de tributo indireto?

Resposta:

(não sei o que seria valor de tributo indireto, respondi o que é tributo indireto). No tri-
buto indireto a carga tributária cai sobre o ―Contribuinte de Direito‖ que a transfere para
outrem, o ―Contribuinte de Fato‖. Assim temos: (a) contribuinte de direito: pessoa de-
signada pela lei para pagar o imposto; (b) contribuinte de fato: pessoa que de fato supor-
ta o ônus fiscal. Esse aspecto é de importância fundamental na solução dos problemas
de restituição do indébito tributário. O IPI e o ICMS são impostos indiretos. uma vez
que o consumidor final é que, de fato, acaba por suportar a carga tributária, embora não
seja designado pela lei como contribuinte desses impostos.

12) Art. 166, como foi trabalhada a figura do locupletamento?

Resposta:

O dispositivo constante do art. 166 do CTN tem por finalidade exatamente evitar o lo-
cupletamento ilícito por parte do contribuinte de direito. Nos tributos indiretos, como o

137
contribuinte de direito é diverso do contribuinte de fato, caso fosse possível àquele ha-
ver a restituição de tributo que não pagou, haveria enriquecimento sem causa, em detri-
mento de terceiro que efetivamente suportou o ônus fiscal. Portanto, a lei exige que, nas
hipóteses de repercussão tributária, a repetição do indébito seja devida a quem efetiva-
mente tenha suportado o encargo financeiro.

13) Revogada a isenção do imposto de renda, aplica-se o princípio da intangibilidade?

Resposta:

Depende. Se a isenção for onerosa e concedida por prazo certo, aplica-se o referido
princípio, nos termos do art. 178 do CTN. Todavia, caso contrário, a isenção pode ser
revogada ou modificada a qualquer tempo, não incidindo o princípio da intangibilidade.
Ressalte-se que, segundo a regra do art. 104, III, do CTN, a revogação da isenção de
impostos sobre a renda deve observar o princípio da anterioridade.

14) O que é lacuna endógena e exógena?

Resposta:

(apesar de muito pesquisar, não encontrei uma resposta para essa pergunta, então segue
a resposta que eu daria à banca). Lacuna endógena é aquela em que a ausência de norma
ocorre dentro do ramo específico do Direito. Exemplo: no CPP não há previsão de ex-
ceções ao princípio da identidade física do juiz; assim, deve ser aplicado o art. 132 do
CPC. Lacuna exógena ocorre quando no ordenamento jurídico como um todo há a au-
sência da norma. Exemplo: casamento de pessoas do mesmo sexo.

DESSE PONTO EM DIANTE: RESPOSTAS ELABORADAS POR EDUARDO


PENTEADO
15) O que é lacuna objetiva e subjetiva?

Resposta:

Na obra Teoria do Ordenamento Jurídico, capítulo ―Vários tipos de lacunas‖, Norberto


Bobbio diz: ―Com respeito aos motivos que as provocaram, as lacunas distinguem-se
em subjetivas e objetivas. Subjetivas são aquelas que dependem de algum motivo impu-
tável ao legislador, objetivas são aquelas que dependem do desenvolvimento das rela-
ções sociais, das novas invenções, de todas aquelas causas que provocam um envelhe-
cimento dos testos legislativos e que, portanto, são independentes da vontade do legis-
138
lador. As subjetivas, por sua vez, podem dividir-se em voluntárias e involuntárias. Invo-
luntárias são aquelas que dependem de um descuido do legislador, que faz parecer regu-
lamentado um caso que não é, ou faz deixar de lado um caso que talvez considere pouco
frequente, etc. Voluntárias são aquelas que o próprio legislador deixa de propósito,
quando a matéria é muito complexa e não pode ser regulada com regras muito miúdas, e
é melhor confiá-la, caso por caso, à interpretação do juiz‖.

16) Qual a diferença entre preceito e norma?

Resposta:

Na obra Teoria dos Princípios, capítulo ―Texto e norma‖, Humberto vila diz: ―Normas
não são textos nem o conjunto deles, mas os sentidos construídos a partir da
interpretaçao sistemática de textos normativos. Daí se afirmar que os dispositivos se
constituem no objeto da interpretação; e as normas, no seu resultado.‖ Preceito,
dispostivo e texto normativo podem ser consideradas expressões sinônimas.

17) O que é Poder de Tributar? As limitações de Tributar são cláusulas pétreas? Há relação
entre poder de tributar e competência tributária?

Resposta:

Em seu Curso de Direito Tributário, no capítulo ―O poder de tributar‖, Hugo de Brito


Machado diz: ―No exercício de sua soberania o Estado exige que os indivíduos lhe
forneçam os recursos de que necessita. Institui o tributo. O poder de tributar nada mais é
que um aspecto da soberania estatal, ou uma parcela desta.‖ Já no capítulo ―Poder e
competência‖, leciona: ―No Brasil, o poder tributário é partilhado entre a União, os
Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios. Ao poder tributário juridicamente
delimitado e, sendo o caso, dividido, dá-se o nome competencia tributária.‖ As
limitações ao poder de tributar (CF, art. 150) são direitos fundamentais do contribuinte
e, por conseguinte, clásulas pétreas.

2.2.1.3. Questões do TRF3

2.2.1.4. Questões do TRF4

2.2.1.5. Questões do TRF5


01) Conceitue, diferencie e classifique competência e capacidade tributária.

139
Resposta:

Competência tributária é a aptidão para editar lei instituidora de tributo. Não se confun-
de com a capacidade tributária (classificada em ativa e passiva), que está relacionada
com a aptidão para figurar no polo ativo ou passivo da relação jurídico-tributária. O
CTN equipara a capacidade tributária ativa com a competência tributária (art. 119). Po-
rém, os institutos não se confundem, como demonstram as contribuições de interesse
das categorias profissionais (ex: a União edita a lei, mas é a OAB a credora da contribu-
ição). A capacidade tributária passiva é disciplinada no art. 126. A competência tributá-
ria se classifica em: (i) comum: CF, art. 145, II e III; (ii) privativa: CF, arts. 153, 155,
156; (iii) cumulativa: CF, art. 147; (iv) residual: CF, arts. 154, I e 195, § 4º ; (v) extra-
ordinária: CF, art. 154, II

02) Diferencie competência ordinária e extraordinária; privativa e residual.

Resposta:

A competência ordinária, que diz respeito às materialidades tributáveis por impostos


pelos entes federativos (CF, arts. 153, 155 e 156), contrapõe-se à extraordinária: ―a Uni-
ão poderá instituir na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários,
compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, grada-
tivamente, cessadas as causas de sua criação‖ (CF, art. 154, II). Por competência priva-
tiva entende-se que determinada materialidade, quando atribuída a certo ente federativo,
apenas por este pode ser tributada. A competência residual encontra-se no art. 154, I, da
CF, segundo o qual ―a União poderá instituir, mediante lei complementar, impostos não
previstos no artigo anterior, desde que sejam não cumulativos e não tenham fato gerador
ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição.‖

03) Repartição de competência – destinação da arrecadação – um ente federativo detenha


competência, pode conceder benefício fiscal sobre a totalidade do valor arrecadado?

Resposta:

Caso o ente federativo conceda benefício fiscal sobre a totalidade do valor arrecadado,
estará ele, por vias oblíquas, malferindo a autonomia financeira de outros entes federati-
vos, no ponto em que assegurada pela repartição das receitas tributárias estabelecida na
Constituição da República (artigos 157 a 162). Sob este viés, pois, a concessão de bene-
fício fiscal sobre a totalidade das receitas mostra-se inconstitucional. Pode-se cogitar,
inclusive, de violação ao artigo 160 da Lei Maior: ―É vedada a retenção ou qualquer
restrição à entrega e ao emprego dos recursos atribuídos, nesta, seção, aos Estados, ao
Direitito Federal e aos Municípios, neles compreendidos adicionais e acréscimos relati-
vos a impostos‖.

140
2.3. Direito Administrativo

2.3.1. Processo Administrativo. Lei Nº 9.784/99.

2.3.1.1. Questões do TRF1


1) Qual a natureza jurídica da representação? Há prazo? É decadencial?

Resposta:

Acreditamos tratar-se de uma questão de processo penal, e não de processo administra-


tivo, pois na Lei nº 9.784/99 inexiste menção a qualquer instituto que torne o questio-
namento lógico. No âmbito do processo penal, mais especificamente da ação penal pú-
blica condicionada, entende-se que natureza jurídica da representação é de condição
objetiva de procedibilidade. O prazo, de natureza decadencial, é de seis meses (CP, art.
103).

2) A partir da Teoria Geral do Direito Público, porque se diz que o processo administrativo é o
modo normal de agir no Estado de Direito? Existe espaço no estado de direito para agir fora do
processo administrativo, quais as qualidades que ele revela?

Resposta:

Num Estado de Direito qualquer exercício de poder é sujeito a controle. Por conseguin-
te, se diz que o processo administrativo, na medida em que torna possível tal controle, é
o modo normal de agir da Administração no Estado de Direito, inexistindo espaço de
atuação fora do seu âmbito.

3) Aplica-se ao processo administrativo o equivalente ao princípio do juiz natural? Um servidor


concursado do executivo, mas que está exercendo cargo comissionado no legislativo, onde ele
será processado administrativamente?

Resposta:

O princípio do juiz natural, com temperamentos, aplica-se ao processo administrativo.


O juiz natural comporta desdobramentos. Certos desdobramentos, como a garantia de
imparcialidade, aplicam-se às inteiras. Outros, porém, como a vedação de juízo ad hoc,
não são aplicáveis, por exemplo, ao processo administrativo disciplinar, onde a comis-
são processante é constituída após o fato. Segundo o art. 141, IV, da Lei n. 8.112/90, ―as
penalidades disciplinares serão aplicadas pela autoridade que houver feito a nomeação,
quando se tratar de destituição de cargo em comissão.‖

141
4) Pode haver no âmbito do processo administrativo, autorização para interceptação telefôni-
ca?

Resposta:

Não, pois a Constituição restringe a interceptação telefônica à seara penal (CF, art. 5º,
XII). O STF, porém, admite que o produto da interceptação, deferida de acordo com os
respectivos pressupostos, seja utilizado no processo administrativo disciplinar.

2.3.1.2. Questões do TRF2


1) Defesa contraproducente no processo administrativo acarreta ou não em revelia?

Resposta:

Não, pois a revelia é legalmente definida como ausência de defesa, e não defesa inefici-
ente (Lei nº 8.112/90, art. 164). Ademais, na jurisprudência, a defesa ineficiente não é
tida como causa de nulidade absoluta, ensejando nulidade apenas se houver prejuízo
(STF, súmula 523).

2) Processo administrativo punitivo: Quais as diferenças do processo disciplinar entre juiz que
já alcançou a vitaliciedade e um outro que ainda não alcançou tal vitaliciedade?

Resposta:

Adquirida a vitaliciedade, a perda do cargo depende de sentença judicial transitada em


julgado. Não adquirida, o magistrado poderá perder o cargo por decisão administrativa
do tribunal a que vinculado (CF, art. 95, I).

3) Apresentação de defesa ineficiente em proc. adm. Disciplinar é considerado revelia?

Resposta:

Não, pois a revelia é legalmente definida como ausência de defesa, e não defesa inefici-
ente (Lei nº 8.112/90, art. 164). Ademais, na jurisprudência, a defesa ineficiente não é
tida como causa de nulidade absoluta, ensejando nulidade apenas se houver prejuízo
(STF, súmula 523).

4) É aplicável sigilo nos processos administrativos?

Resposta:

142
Segundo a Lei nº 9.784/99, ―nos processos administrativos serão observados, entre ou-
tros, os critérios de divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses
de sigilo previstas na Constituição‖ (art. 2º, § único, V). Segundo a Constituição, ―a lei
só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando da defesa da intimidade
ou o interesse social o exigirem‖ (Art. 5º, LX).

5) Pode-se falar em Coisa Julgada administrativa? Cabe a Administração se retratar depois


desse ponto? Pode ela usar a auto-tutela?

Resposta:

Em seu Curso de Direito Administrativo, no capítulo ―Coisa Julgada Administrativa‖,


Celso Antônio Bandeira de Mello diz: ―com a expressão, muito criticada, coisa julgada
administrativa pretende-se referir a situação sucessiva a algum ato administrativo em
decorrência do qual a Administração fica impedida não só de retratar-se dele na esfera
administrativa, mas também de questioná-lo judicialmente. Vale dizer: a chamada coisa
julgada administrativa implica, para ela, a definitividade dos efeitos de uma decisão que
haja tomado.‖ Sob tais balizas, inexiste espaço para autotutela.

2.3.1.3. Questões do TRF3


1) A Lei nº 9.784/99 traz um rol exemplificativo de princípios da Administração. Quais os prin-
cípios implícitos?

Resposta:

O art. 2º da Lei nº 9.784/99 lista os seguintes princípios: legalidade, finalidade, motiva-


ção, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segu-
rança jurídica, interesse público e eficiência. Além desses, Maria Sylvia Zanella di Pie-
tro lista outros princípios, que, por isso podem ser considerados implícitos segundo a
dicção legal, a saber: impessoalidade (expresso na Constituição), presunção de legitimi-
dade ou de veracidade, especialidade, controle ou tutela, autotutela, hierarquia, continu-
idade do serviço público, publicidade (expresso na Constituição), motivação.

2) Qual a diferença entre proporcionalidade e razoabilidade?

Resposta:

A proporcionalidade está relacionada a uma relação meio-fim, compreendendo três tes-


tes: (i) adequação: o meio deve ser apto para promover o fim; (ii) necessidade: deve-se
buscar a menor restrição possível; (iii) proporcionalidade em sentido estrito: as vanta-
gens devem superar as desvantagens da medida. Já a razoabilidade está relacionada ao
143
exame entre duas grandezas, sendo por vezes utilizada no exame da proporcionalidade
em sentido estrito.

2.3.1.4. Questões do TRF4

2.3.1.5. Questões do TRF5


01) A inexistência do duplo grau, leva a presumir que não seria possível a existência do depósi-
to para o recurso no âmbito administrativo?

Resposta:

O duplo grau não integrou a rede de argumentos que levou o STF à edição da súmula
vinculante nº 21 (―É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de
dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo‖). Porém, partindo da
premissa da sua inexistência – como sugere a questão –, pode-se concluir que o duplo
grau, por inexistir, não representa obstáculo à exigência de depósito recursal no âmbito
administrativo.

02) Quais os princípios constitucionais que justificam a vedação do depósito recursal adminis-
trativo?

Resposta:

A súmula vinculante nº 21, segundo a qual ―é inconstitucional a exigência de depósito


ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administra-
tivo‖, fundamenta-se, de acordo com os precedentes que ampararam sua edição, no di-
reito de petição (CF, art. 5º, XXXIV, ―a‖) e na ampla defesa em processos administrati-
vos (CF, art. 5º, LV).

03) Reserva de lei complementar estaria dentro dos princípios que vedam o depósito adminis-
trativo?

Resposta:

Sabe-se que a exigência de lei complementar depende de disposição constitucional ex-


plícita. Desconhece-se, porém, qualquer exigência constitucional nesse sentido, pelo
que se pode concluir que a reserva de lei complementar não está dentro dos princípios
que vedam o depósito administrativo.

144
2.4. Direito Penal

2.4.1. Crime. Crime E Relação De Causalidade.

2.4.1.1. Questões do TRF1


1) Como se explica a actio libera in causae? Quais são as causas que isentam de pena no caso
da embriaguez?

Resposta:

Na obra Princípios Constitucionais Penais, no capítulo ―A questão da embriaguez‖, Af-


fonso Celso Favoretto diz: ―Para que sirva de fundamento para a exclusão da imputabi-
lidade do agente e, por consequência, de sua própria culpabilidade, a embriaguez deve
se mostrar em estado completa e decorrer de situação acidental, isto é, advir de caso
fortuito ou força maior. Todavia, se a embriaguez do agente for voluntária e culposa,
não há que se falar em exclusão de sua culpabilidade, adotando-se a teoria da ‗actio li-
bera in causa‘. (...) No momento em que o agente, completamente embriagado, comete a
infração penal, podemos concluir que este não goza de perfeitas condições, apresentan-
do, desta forma, sua consciência fortemente prejudicada. Contudo, a teoria da ‗actio
libera in causa‘ não considera o momento em que o agente pratica a conduta criminosa,
mas, na verdade, o momento em que este, de livre e espontânea vontade, resolve-se em-
briagar.‖

2) Qual a diferença entre força maior e caso fortuito?

Resposta:

Em seu Manual de Direito Penal – Parte Geral, no capítulo Excludentes de Culpabilida-


de, Cesar Roberto Bitencourt diz: ―Caso fortuito ocorre quando o agente ignora a natu-
reza tóxica do que está ingerindo, ou não tem condições de prever que determinada
substância, na quantidade ingerida, ou nas circunstâncias em que o faz, poderá provocar
embriaguez. Força maior é algo que independe do controle ou da vontade do agente. Ele
sabe o que está acontecendo, mas não consegue impedir. Exemplo de força maior seria a
coação, onde o sujeito é forçado a ingerir uma substância tóxica de qualquer natureza.
No caso fortuito não se evita o resultado porque é imprevisível; na força maior, mesmo
que seja previsível e até previsto, o resultado é inevitável, exatamente em razão da força
maior.‖

3) Conflito aparente de normas, quais são as técnicas para a sua solução?

Resposta:

145
Segundo Cezar Roberto Bitencourt, três são as técnicas de solução do conflito aparente
de normas: (i) especialidade: tipo especial prevalece sobre tipo geral. Ex: certas formas
de prática de crimes contra ordem tributária são formas especiais de estelionato; (ii)
subsidiariedade: o tipo subsidiário – chamado de soldado de reserva – se aplica na au-
sência do preenchimento dos pressupostos de outro tipo, considerado principal. Ex:
constrangimento ilegal diante dos crimes em que há emprego de violência ou grave a-
meaça; (iii) consunção ou absorção: um tipo constitui meio necessário ou fase normal
de preparação ou execução de outro. Ex: falso é absorvido pelo estelionato.

4) Aquele que auxilia no infanticídio, é coautor deste crime ou autor de homicídio?

Resposta:

O agente deve ser considerado partícipe de infanticídio, pois, nos termos do art. 29 do
Código Penal, ―quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade‖, sendo aplicável, outrossim, o art. 30, se-
gundo o qual ―não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal,
salvo quando elementares do crime.‖

5) No que diz respeito à causalidade qual a teoria que o ordenamento jurídico presentemente
adota? Dê um exemplo?

Resposta:

Em matéria de causalidade, o Código Penal adota a teoria da equivalência das condições


(conditio sine qua non) na segunda parte do artigo 13, onde se lê: ―Considera-se causa a
ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.‖ Ex: no crime de lavagem de
capitais, a conduta daquele que empresta conta bancária para que terceiro oculte o pro-
duto do crime antecedente representa condição sem a qual o resultado ocultação não
teria ocorrido.

6) Como se classifica a conduta do sujeito, ela pode ser de que forma? O que é ação?

Resposta:

Em seu Manual de Direito Penal – Parte Geral, no capítulo Conduta Punível, Cezar Ro-
berto Bitencourt diz: ―Ação é o comportamento humano voluntário conscientemente
dirigido a um fim. (...) Ação e omissão, em sentido estrito, constituem as duas formas
básicas do fato punível, cada uma com estrutura completamente diferente: a primeira
viola uma proibição (crime comissivo), a segunda descumpre um ordem (crime omissi-

146
vo).‖ A conduta/ação do sujeito, pois, se classifica em ação e omissão, que, por sua vez,
se biparte em omissão própria e omissão imprópria.

7) O que seria a omissão imprópria? No caso de um exemplo em que o proprietário de um


cachorro feroz deixa-o na rua sem a devida proteção, e este cachorro vem a atacar uma crian-
ça levando-a a óbito, neste caso, se enquadra na omissão própria ou imprópria?

Resposta:

A omissão imprópria, verificada nos crimes de resultado, consiste no crime comissivo


por omissão. Segundo Cezar Roberto Bitencourt, é prevista no § 2º do artigo 13 do Có-
digo Penal, segundo o qual ―a omissão é penalmente relevante quando o agente devia e
podia agir para evitar o resultado‖, sendo que o dever de agir pode ter origem legal (alí-
nea a), contratual (alínea b) ou decorrer do comportamento anterior do agente que cria o
risco de ocorrência do resultado (alínea c), tal como se verifica no exemplo dado, que,
por essa razão, trata de hipótese de omissão imprópria. Caso o agente nada faça (omis-
são) diante do ataque do cachorro, responderá por homicídio doloso com omissão im-
própria. Porém, caso o agente procure impedir a continuidade do ataque canino, respon-
derá por homicídio culposo, pois nesse caso não foi omisso diante da situação de risco
que seu comportamento anterior criou.

8) Na hipótese em que alguém atira da perna de outrem, esta pessoa ferida é socorrida, a
ambulância trafega de maneira veloz e na contramão e esta vem a tombar, fazendo com que a
vítima tenha um agravamento e morra no hospital em virtude de infecção hospitalar. Como o
senhor averigua nesta hipótese a relação de causalidade?

Resposta:

A relação de causalidade há de ser analisada à luz do § 1º do artigo 13 do Código Penal,


segundo o qual ―a superveniência de causa relativamente independente exclui a imputa-
ção quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a
quem os praticou‖. O acidente automobilístico representa uma concausa superveniente
relativamente independente. Resta saber se o mesmo produziu, por si só, o resultado
morte. A questão narra que o acidente causou um agravamento da lesão anterior, não
produzindo, pois, por si só o resultado (o que, em princípio, não excluiria a imputação).
Porém, ao mesmo tempo é dito que a morte decorreu de infecção hospitalar, o que ex-
clui a imputação caso se comprove que a infecção contraída no hospital (causa superve-
niente relativamente independente) causou por si só o óbito.

9) Na hipótese em que uma pessoa venha ser abordada por outra pessoa abruptamente e
morre por ataque cardíaco, neste caso, como o senhor veria isso?
147
Resposta:

Segundo a teoria da imputação objetiva de Claus Roxin, pode-se afirmar que a pessoa
que aborda outra de forma abrupta, embora tenha dado causa ao resultado morte de a-
cordo com teoria da equivalência das condições, não criou um risco juridicamente proi-
bido ao bem jurídico vida e, por essa razão, a ela não pode ser imputado o resultado
morte.

10) O que é imputabilidade? O crime é um fato punível? Qual a diferença entre punível e pu-
nido? O imputável é culpado ou culpável? E o culpado pode ser punido ou punível? Em que
situação o juiz não entra no mérito? Prescrição da pretensão punitiva?

Resposta:

“Imputabilidade é a capacidade de culpabilidade, é a aptidão para ser culpável”, se-


gundo Cezar Roberto Bitencourt. Logo, conclui-se que o imputável é culpável, e não
necessariamente culpado, haja vista a possibilidade de os demais elementos da culpabi-
lidade (potencial conhecimento da ilicitude e exegibilidade de conduta diversa) não se
perfectibilizarem. Entendida a punibilidade como a ameaça de pena, ou seja, a possibi-
lidade de aplicação de sanção penal, pode-se dizer que crime é fato punível, onde tal
possibilidade existe, e não necessariamente fato punido, pois é possível que, ante a ex-
tinção da punibilidade, o fato não chegue a ser efetivamente punido. Pelas mesmas ra-
zões, o agente culpado (reprovado no juízo de culpabilidade) é punível, e não forçosa-
mente punido. Extinta a punibilidade, extingue-se a possibilidade de aplicação da pena,
conclusão a que se pode chegar sem análise do mérito da acusação (materialidade e au-
toria), como na prescrição da pretensão punitiva pela pena em abstrato – pela pena con-
creta, há análise do mérito.

11) O que é a tipicidade? E qual a diferença entre a tipicidade e tipo?

Resposta:

Segundo Cezar Roberto Bitencourt, “tipicidade é a conformidade do fato praticado


pelo agente com a moldura abstratamente descrita na lei penal.” Tal conformidade é
realizada por meio de uma operação intelectual, chamada juízo de tipicidade. A tipici-
dade não se confunde com o tipo penal em si, o qual, segundo o mencionado penalista,
“é o conjunto dos elementos do fato punível descrito na lei penal.”

12)Qual o conceito de culpabilidade? A culpabilidade integra o conceito de crime?

148
Resposta:

Após o advento do finalismo, que deslocou dolo e culpa da culpabilidade ao tipo penal,
não mais se utiliza o conceito psicológico, e sim o conceito normativo de culpabilidade,
assim exposto por Juarez Cirino dos Santos: “um juízo de reprovação sobre o sujeito
(quem é reprovado), que tem por objeto a realização do tipo de injusto (o que é repro-
vado) e por fundamento (a) a capacidade geral de saber o que faz; (b) o conhecimento
concreto que permite ao sujeito saber realmente o que faz e (c) a normalidade das cir-
cunstâncias do fato que confere ao sujeito o poder de não fazer o que faz (porque é re-
provado).” De acordo com a teoria bipartida, a culpabilidade não integra o conceito
analítico de crime, sendo um pressuposto para a aplicação da pena. Para a teoria tripar-
tida, a culpabilidade, ao lado da tipicidade e da antijuridicidade, é elemento do crime.
Dizê-la um pressuposto de aplicação da pena, segundo a teoria tripartida, não faz senti-
do, pois, a rigor, tipicidade e antijuridicidade também são pressupostos de aplicação da
pena.

13) A tipicidade é indiciária da ilicitude ou está contida nela?

Resposta:

Luiz Flávio Gomes traça a seguinte evolução da relação entre tipicidade e ilicitude: (i)
teoria da tipicidade neutra e independente de Beling, para quem a tipicidade, porque
puramente descritiva, ou seja, desprovida de juízos de valor, não teria nenhum vínculo
com a ilicitude; (ii) teoria da ratio cognoscendi: a tipicidade seria mero indício da ilici-
tude; (iii) teoria da ratio essendi: para a doutrina neokantiana, a tipicidade não tem au-
tonomia. Ela faz parte da ilicitude, pois o legislador, ao selecionar um fato para defini-lo
como crime, já o pressupõe ilícito; (iv) teoria dos elementos negativo do tipo: a ilicitude
não tem autonomia, ela faz parte da tipicidade, pois na formulação do tipo penal estaria
implícita a ausência de causas de justificação (tipo negativo). Após, conclui o mencio-
nado doutrinador que o finalismo concebe a tipicidade como mero indício da ilicitude,
razão pela qual, ante o prestígio da doutrina finalista, reflexamente tal entendimento
encontra aceitação.

14) E o dolo, ele se situa em que momento?

Resposta:

Com o advento do finalismo Welzel, o dolo, porque elemento da conduta final do agen-
te, migrou da culpabilidade (como sustentava a doutrina causalista, que trabalhava com
o conceito psicológico de culpabilidade) para o tipo penal, que, doravante, se biparte em
tipo objetivo e subjetivo (dolo). O finalismo se vale do conceito normativo puro de cul-

149
pabilidade, concebendo-a tão somente como um juízo de reprovação que recai sobre o
agente.

15) O erro de proibição?

Resposta:

Cezar Roberto Bitencourt leciona que o erro de proibição ―é o que incide sobre a ilicitu-
de de um comportamento. O agente supõe, por erro, ser lícita a sua conduta. O objeto do
erro não é, pois, nem a lei, nem o fato, mas a ilicitude, isto é, a contrariedade do fato em
relação à lei.‖ O autor aponta três espécies de erro de proibição: (i) direto: ―o agente
engana-se a respeito da norma proibitiva‖; (ii) mandamental: ―ocorre nos crimes omis-
sivos, próprios ou impróprios. O erro recai sobre uma norma mandamental, sobre um
norma imperativa‖; (iii) indireto: também chamado de erro de permissão, o agente des-
conhece a ilicitude, no caso concreto, em razão da suposição errônea da existência ou
dos limites de uma causa de justificação. O erro de proibição exclui a culpabilidade.

16) E o erro de tipo?

Resposta:

Cezar Roberto Bitencourt leciona que o ―erro de tipo é o que recai sobre circunstância
que constitui elemento essencial do tipo. É a falsa percepção da realidade sobre um e-
lemento do crime. E a ignorância ou a falsa representação de qualquer dos elementos
constitutivos do tipo penal‖. O erro de tipo exclui o dolo e, por conseguinte, a tipicidade
da conduta do agente.

17) O que caracteriza a culpa estrito senso?

Resposta:

Cezar Roberto Bitencourt leciona: ―Culpa é a inobservância do dever objetivo de cuida-


do manifestada numa conduta produtora de um resultado não querido, objetivamente
previsível.‖ A principal elemento que caracteriza a culpa estrito senso, pois, é a inobser-
vância do dever de cuidado objetivo, aferida através de um juízo comparativo entre a
conduta realizada e aquela que era imposta pelo mencionado dever.

150
2.4.1.2. Questões do TRF2
1) Fale sobre a culpabilidade nos crimes omissivos culposos impróprios.

Resposta:

Para compreender a culpabilidade no crime omissivo culposo impróprio, ora entendido


como o crime omissivo praticado mediante culpa imprópria, é necessário antes entender
a culpa imprópria. Sobre o tema, diz Cesar Roberto Bitencourt: “Só impropriamente se
pode admitir falar de culpa em uma conduta que prevê e quer o resultado produzido
(...). A chamada culpa imprópria só pode decorrer de erro, e de erro culposo sobre a
legitimidade da ação realizada. E erro culposo não se confunde com crime culposo.
Com efeito, a culpa imprópria (...) decorre de erro de tipo evitável nas descriminantes
putativas ou nas causas de justificação”. Assim, o sujeito que acredita possível perma-
necer inerte (omissão) porque supôs, sem justificativa plausível (erro culposo), uma
situação de fato cuja existência tornaria legítima sua omissão, não tem a culpabilidade
de sua conduta excluída, nos termos da parte final do parágrafo 1º do artigo 20 do Códi-
go Penal: ―Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível co-
mo crime culposo‖.

2) Disserte sobre erro de tipo e erro de proibição.

Resposta:

Cezar Roberto Bitencourt leciona que o ―erro de tipo é o que recai sobre circunstância
que constitui elemento essencial do tipo. É a falsa percepção da realidade sobre um e-
lemento do crime. E a ignorância ou a falsa representação de qualquer dos elementos
constitutivos do tipo penal‖. O erro de tipo exclui o dolo e, por conseguinte, a tipicidade
da conduta do agente. Quanto ao erro de proibição, diz: ―é o que incide sobre a ilicitude
de um comportamento. O agente supõe, por erro, ser lícita a sua conduta. O objeto do
erro não é, pois, nem a lei, nem o fato, mas a ilicitude, isto é, a contrariedade do fato em
relação à lei.‖ O autor aponta três espécies de erro de proibição: (i) direto: ―o agente
engana-se a respeito da norma proibitiva‖; (ii) mandamental: ―ocorre nos crimes omis-
sivos, próprios ou impróprios. O erro recai sobre uma norma mandamental, sobre um
norma imperativa‖; (iii) indireto: também chamado de erro de permissão, o agente des-
conhece a ilicitude, no caso concreto, em razão da suposição errônea da existência ou
dos limites de uma causa de justificação. O erro de proibição exclui a culpabilidade.

3) Distinga entre o crime omissivo e o comissivo por omissão.

Resposta:

151
No crime omissivo há omissão própria; no comissivo por omissão, omissão imprópria.
Os crimes omissivos próprios são de mera conduta. Segundo Cezar Roberto Bittencourt,
“nesses crimes omissivos basta a abstenção, é suficiente a desobediência ao dever de
agir para que o delito se consume. O resultado que eventualmente surgir dessa omissão
será irrelevante para a consumação do crime, podendo apenas configurar uma majo-
rante ou qualificadora‖. A omissão imprópria, verificada nos crimes de resultado, con-
siste no crime comissivo por omissão. Segundo Cezar Roberto Bitencourt, é prevista no
§ 2º do artigo 13 do Código Penal, segundo o qual “a omissão é penalmente relevante
quando o agente devia e podia agir para evitar o resultado”, sendo que o dever de agir
pode ter origem legal (alínea a), contratual (alínea b) ou decorrer do comportamento
anterior do agente que cria o risco de ocorrência do resultado (alínea c).

2.4.1.3. Questões do TRF3

2.4.1.4. Questões do TRF4


1) O que é delito de intenção?

Resposta:

No delito de intenção, o tipo subjetivo compreende, além do dolo, um especial fim de


agir por parte do agente, denominado elemento subjetivo especial do tipo. Exemplo: Lei
nº 9.455/97, Art. 1º Constitui crime de tortura: I – constranger alguém com emprego de
violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: a) com o fim de
obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa.

2) O que é erro de tipo, de exemplos.

Resposta:

Cezar Roberto Bitencourt leciona que o ―erro de tipo é o que recai sobre circunstância
que constitui elemento essencial do tipo. É a falsa percepção da realidade sobre um e-
lemento do crime. E a ignorância ou a falsa representação de qualquer dos elementos
constitutivos do tipo penal‖. O erro de tipo exclui o dolo e, por conseguinte, a tipicidade
da conduta do agente. Exemplo: o sujeito que, ludibriado por outrem, acredita estar
transportando cal para construção civil, quando em verdade está transportando cocaína,
não comete o crime descrito no art. 33 da Lei nº 11.343/06.

3) Fale sobre erro de proibição. Exemplos.

Resposta:
152
Sobre o erro de proibição, que exclui a culpabilidade, Cezar Roberto Bitencourt leciona:
―é o que incide sobre a ilicitude de um comportamento. O agente supõe, por erro, ser
lícita a sua conduta. O objeto do erro não é, pois, nem a lei, nem o fato, mas a ilicitude,
isto é, a contrariedade do fato em relação à lei.‖ O autor aponta três espécies de erro de
proibição: (i) direto: ―o agente engana-se a respeito da norma proibitiva‖; (ii) manda-
mental: ―ocorre nos crimes omissivos, próprios ou impróprios. O erro recai sobre uma
norma mandamental, sobre um norma imperativa‖; (iii) indireto: também chamado de
erro de permissão, o agente desconhece a ilicitude, no caso concreto, em razão da supo-
sição errônea da existência ou dos limites de uma causa de justificação. Exemplo: o
artigo 31 da Lei nº 9.605/98 considera crime a conduta de ―introduzir espécime animal
no País, sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida por autoridade compe-
tente‖. Quem desconhece a ilicitude desta conduta, está em erro de proibição.

4) Dê um exemplo de causa supra legal de excludentes de culpabilidade.

Resposta:

A inexigibilidade de conduta diversa é causa supralegal excludente da culpabilidade.


Assim, no âmbito da Justiça Federal, vale lembrar o entendimento jurisprudencial no
sentido de que as dificuldades financeiras da empresa, desde que grave e comprovada
nos autos, pode configurar hipótese de inexigibilidade de conduta diversa face ao crime
de apropriação indébita previdenciária previsto no artigo 168-A, § 1º, inciso I, do Códi-
go Penal.

5) O que é inexigibilidade de conduta diversa?

Resposta:

A exigibilidade de conduta diversa é, ao lado da imputabilidade e do potencial conhe-


cimento da ilicitude do fato, um dos elementos do juízo de reprovação a que se denomi-
na culpabilidade. Diante de circunstâncias fáticas normais, a conduta do agente torna-se
reprovável quando o mesmo poderia agir de forma diversa, mas não o faz. Todavia,
quando as circunstâncias fáticas atingem certo grau de anormalidade, a ser verificado
em cada caso concreto, pode-se chegar à conclusão de que ao sujeito não restara outra
opção senão optar pelo comportamento adotado. Nesses casos, deixa-se de reprová-lo,
de censurá-lo, diante da anormalidade dos fatos, dizendo-se que lhe era inexigível con-
duta diversa. A inexigibilidade de conduta diversa, pois, é uma excludente da culpabili-
dade.

6) Fale sobre causas de exclusão de ilicitude e exclusão de culpa.

153
Resposta:

Sobre o tema ―justificação nos tipos de imprudência‖, Juarez Cirino dos Santos afirma
que a questão é tormentosa, principalmente porque “o entrelaçamento ou interpenetra-
ção entre tipo e antijuridicidade é maior nos tipos de imprudência do que nos tipos do-
losos”. Não obstante, o autor admite tal possibilidade: “se o resultado não doloso da
situação de legítima defesa seria justificado por dolo, então, com maior razão, é justifi-
cado por imprudência”. Cita os seguintes exemplos: a) legítima defesa: “o agressor é
ferido por disparo acidental de pistola utilizada pelo agredido como objeto contundente
contra o agressor”; b) estado de necessidade: “ciclista desvia para o passeio, ao per-
ceber aproximação perigosa de carro no sentido contrário da ciclovia, ferindo pedes-
tre”.

7) O que é descriminante putativa? Dê um exemplo.

Resposta:

A descriminante putativa, também chamada de erro de tipo permissivo, é regulada na


primeira parte do parágrafo 1º do artigo 20 do Código Penal: ―É isento de pena quem,
por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se exis-
tisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o
fato é punível como crime culposo.‖ Exemplo clássico: sujeito que atira em desafeto
supondo que este sacaria arma quando, em verdade, pretendia apenas atender ao celular
que tocava em seu bolso. Diverge-se sobre a natureza da descriminante putativa, se erro
de tipo ou de proibição. Cezar Roberto Bitencourt entende tratar-se de uma terceira es-
pécie de erro, com a estrutura do erro de tipo (falsa percepção da realidade), mas com a
consequência do erro de proibição (isenção de pena). Conclui o autor: “o erro de tipo
permissivo não exclui o dolo do tipo, que permanece íntegro, apenas afasta a culpabili-
dade dolosa, se for evitável, e igualmente a culposa, se for inevitável.”

8) O que é erro culposo?

Resposta:

O erro culposo (erro vencível ou evitável) verifica-se nos casos de descriminantes puta-
tivas (erro de tipo permissivo) e se encontra previsto na segunda parte do parágrafo 1º
do artigo 20 do Código Penal: ―É isento de pena quem, por erro plenamente justificado
pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima.
Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime
culposo.‖ Sendo vencível o erro, o agente é condenado à pena prevista para a modalida-
de culposa do crime que cometeu. Não havendo previsão legal de crime culposo, o a-
gente será absolvido.

154
9) O senhor estudou o que são ofendículos?

10) O que seria a legítima defesa preordenada?

Resposta:

Cezar Roberto Bitencourt diz: ―Offendiculas são as chamadas defesas predispostas, que,
de regra, constituem-se de dispositivos ou instrumentos objetivando impedir ou dificul-
tar a ofensa ao bem jurídico protegido, seja patrimônio, domicílio ou qualquer outro
bem jurídico. Há, no entanto, autores que distinguem os ofendículos da defesa mecânica
predisposta. Os ofendículos seriam percebidos com facilidade pelo agressor, como
fragmentos de vidros sobre o muro, pontas de lança, grades, fossos etc., que represen-
tam uma resistência normal, natural, prevenindo quem tentar violar o direito protegido.
As defesas mecânicas predispostas, por sua vez, encontrar-se-iam ocultas, ignoradas
pelo suposto agressor, como, por exemplo, armas automáticas predispostas, cercas ele-
trificadas ou qualquer tipo de armadilhas prontas para disparar no momento da agres-
são‖. Há controvérsia se os ofendículos representam exercício regular de um direito ou
legítima defesa. Sobre o tema, leciona o penalista: ―Na verdade, acreditamos que a deci-
são de instalar os ofendículos constitui exercício regular de direito, isto é, exercício do
direito de autoproteger-se. No entanto, quando reage ao ataque esperado, inegavelmen-
te, constitui legítima defesa preordenada.‖

11) Excesso nos ofendículos pode configurar ilícito?

Resposta:

Há controvérsia se os ofendículos representam exercício regular de um direito ou legí-


tima defesa. Não obstante, independentemente do entendimento que se adote, aplica-se
o parágrafo único do artigo 23 do Código Penal, segundo o qual ―o agente, em qualquer
das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo‖. logo, o excesso
nos ofendídulos configura ilícito.

2.4.1.5. Questões do TRF5

155
2.5. Direito Previdenciário

2.5.1. Previdência Social E Seguridade Social: Princípios Constitucionais.

2.5.1.1. Questões do TRF1


1) O que o candidato sabe sobre o princípio da universalidade da cobertura (aspecto objetivo)
e do atendimento (aspecto subjetivo)?

2) O que você entende pela universalidade da seguridade social?

Resposta:

Sobre o princípio da universalidade, André Sette leciona: ―Pode-se, pois, promover uma
divisão desde princípio em universalidade de atendimento (aspecto subjetivo) e univer-
salidade de cobertura (aspecto objetivo). Tomado sob a concepção subjetiva, quer dizer
que as normas e ações devem buscar abranger o maior número de pessoas possíveis
(brasileiros, natos e naturalizados, e também os estrangeiros residentes no Brasil), em
síntese, a população brasileira. Visto sob o segundo aspecto (objetivo), busca abranger o
maior número de hipóteses e situações a serem objeto de cobertura pela seguridade so-
cial.‖

3) O que são o princípio da filiação e princípio do equilíbrio financeiro e atuarial?

Resposta:

Carlos Castro e João Lazzari lecionam que o princípio da filiação ―estabelece a filiação
compulsória e automática de todo e qualquer indivíduo trabalhador no território nacio-
nal a um regime de previdência social, mesmo que contra sua vontade, e independente-
mente de ter ou não vertido contribuições; a falta de recolhimento das contribuições não
caracteriza ausência de filiação, mas inadimplência tributária‖. Sobre o princípio do
equilíbrio financeiro e atuarial, Marina Vasques Duarte diz: ―também o caput do artigo
201 determina seja preservado o equilíbrio financeiro e atuarial do sistema, devendo ser
observada a relação entre custeio e pagamento de benefícios, a fim de mantê-lo em con-
dições superavitárias. Com base nesse princípio, a Lei nº 9.876/99 trouxe o Fator Previ-
denciário.‖

4) O que o senhor entende por uniformidade e equivalência dos benefícios urbanos e rurais?

Resposta:

Comentado o princípio em questão, Marina Vasques Duarte diz: ―modificando o siste-


ma securitário anterior à Constituição Federal de 1988, onde se criou proteção diversa
para a população urbana e rural, a nova ordem eleita determina que deverão ser postos à

156
disposição idênticos benefícios e serviços para ambas as populações, sendo cobertos os
mesmos eventos em sistema semelhante.‖

2.5.1.2. Questões do TRF2


1) Por que a CF engloba a Assistência, a Saúde e a Previdência na figura da Seguridade social?

a. Qual a diferença entre elas?

b. A CF reconhece a miserabilidade diante desta distinção?

c. Como o princípio do altruísmo se permeia nesse contexto?

Resposta:

Segundo Marcelo Tavares, ―o direito da seguridade destina-se a garantir, precipuamen-


te, o mínimo de condição social necessária a uma vida digna, atendendo ao fundamento
da República contido no art. 1º, III, da CRFB/88.‖ Por conseguinte, pode-se afirmar que
o englobamento da saúde, da previdência e da assistência sob o mesmo rótulo (seguri-
dade social) representa um reconhecimento constitucional da igual importância desses
direitos para a ordem social. A saúde e a assistência são formas de amparo não contribu-
tivas, ao contrário da previdência, que é essencialmente contributiva. Comparadas pre-
vidência e assistência, pode-se dizer que a constituição reconhece a miserabilidade em
prol da assistência, ordinariamente voltada ao amparo de pessoas que sequer encontram
acolhida no âmbito familiar. O princípio do altruísmo, ou da solidariedade, permeia a
seguridade social notadamente no âmbito do custeio, haja vista o sistema de repartição,
que se opõe ao da capitalização.

2) Existe plano de saúde plurianual? Há um planejamento em relação a isso?

3) Há positivação desse conteúdo programático?

Resposta:

Por plano de saúde plurianual, acredita-se, pode-se entender a parcela do plano pluria-
nual (espécie de lei orçamentária) que é especificamente voltada ao tema da saúde, haja
vista trata-se de um programa de duração continuada (CF, art. 165, § 1º). Considerando-
se as três espécies de leis orçamentárias (plano plurianual, lei de diretrizes orçamentá-
rias e lei orçamentária anual), pode-se dizer que e execução orçamentária da saúde é,
sim, planejada, assim como qualquer outra política, nos termos da positivação iniciada
pelo artigo 165 da Constituição da República.

157
4) Qual a distinção entre seguridade social e as três figuras saúde, assistência e previdência
social?

Resposta:

A seguridade social é um dos capítulos da ordem social. Enquanto gênero, a seguridade


social compreende três espécies: a saúde (não contributiva), a previdência social (con-
tributiva) e a assistência social (não contributiva). A saúde volta-se para todos, indistin-
tamente. A previdência, por sua vez, volta-se aos trabalhadores. A assistência social, por
fim, volta-se as desamparados (CF, art. 6º), donde se extrai que a Constituição reconhe-
ce, na distinção entre previdência e assistência, a miserabilidade como critério norteador
desta.

5) Já ouviu falar da figura do ressarcimento ao SUS? Do que cuida essa temática?


Dentro da definição de que a saúde atende a todos indistintamente, essa cobrança seria legí-
tima ou não? Haveria quebra da isonomia no sentido de quem tem um plano de saúde vai ter
que arcar com aquele determinado valor? Haveria uma quebra dessa “coluna vertebral” da
Constituição que independe dessa contrapartida?

Resposta:

O instituto do ressarcimento ao SUS é previsto no artigo 32 da Lei nº 9.656/98, o qual


prevê, em síntese, que as operadoras de planos privados de saúde devem ressarcir o
SUS quando a pessoa, ao invés de realizar o procedimento na rede privada, procura o
serviço público de saúde. Quem sustenta a legitimidade do instituto afirma que o mes-
mo se fundamenta da vedação de enriquecimento sem causa das operadoras de planos
de saúde, já remuneradas pelo particular para arcar com o procedimento realizado pelo
SUS. Fato é, porém, que se verifica uma hipótese de remuneração pelo serviço público
de saúde, ainda que mediada pela operadora, o que, em princípio, vai de encontro à dire-
triz constitucional da gratuidade.

6) Tendo em vista que essa cobrança é feita do prestador (plano de saúde), não implicaria -
uma vez o empresário sabedor de que lá na frente vai haver esse ressarcimento - em um re-
passe nos valores do plano de saúde, onerando mais ainda quem tem o plano de saúde ou
não? Não ocorreria esse efeito perverso?

Resposta:

Em tese, é possível que as operadoras de planos de saúde, antevendo o ressarcimento ao


SUS, repassem o valor do ressarcimento ao consumidor, que, além de onerado ainda
mais, estaria indiretamente pagamento pelo serviço público de saúde. Tal fato pode, no
jogo dos argumentos, ser ponderado em prol da ilegitimidade do instituto do ressarci-
mento ao SUS.
158
7) Quais são os conceitos de seletividade e distributividade no âmbito da previdência? Esse
critério da distributividade tem algum critério posto, positivado ou isso fica à discricionarieda-
de? Já existe algum padrão ou modelo que o Poder Público siga ou em cada caso poderá fazer
uma opção durante um determinado período de tempo para prestar serviço? Isso é regrado ou
não? Se recorda de algum parâmetro de alguma destas legislações? A lei 8.080, por exemplo, o
que ela prevê?

Resposta:

Sobre o tema, Marcelo Tavares diz: ―Enquanto, objetivamente, a universalidade deter-


mina que o Estado procure proteger o homem da maior gama possível de riscos, a sele-
tividade possibilita a ponderação dos critérios de atendimento pela necessidade, dando
vantagem aos mais carentes. Com a aplicação do princípio da seletividade, prestações
específicas de saúde, previdência e assistência social podem ser destinadas de forma
diferenciada. Por exemplo, é o que ocorre com o salário-família, benefício previdenciá-
rio do Regime Geral de Previdência. Prestação considerada não essencial no sistema,
somente é devida aos segurados de mais baixa renda (art. 201, IV). Nas prestações de
saúde, o princípio da distributividade fará com que algumas prestações mais urgentes
recebam prioridade em relação a outros tratamento quanto à implementação massifica-
da. E mesmo os serviços de assistência social poderão prever atendimentos em graus
variados de urgência‖.

8) A recente lei complementar 141/2012 prevê a aplicação mínima de recursos para a saúde.
Existe vinculação do PIB do país para a aplicação mínima de recursos para a saúde? Pode haver
essa vinculação? A Constituição autorizaria ou de alguma maneira isto estaria comprometendo
o desenvolvimento do país?

Resposta:

Sim, a vinculação existe (Art. 5º A União aplicará, anualmente, em ações e serviços


públicos de saúde, o montante correspondente ao valor empenhado no exercício finan-
ceiro anterior, apurado nos termos desta Lei Complementar, acrescido de, no mínimo, o
percentual correspondente à variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB) ocorrida
no ano anterior ao da lei orçamentária anual). Considerando o § 2º deste preceito, se-
gundo o qual ―em caso de variação negativa do PIB, o valor de que trata o caput não
poderá ser reduzido, em termos nominais, de um exercício financeiro para o outro‖,
pode-se concluir que a fórmula adotada pelo legislador pode comprometer o desenvol-
vimento do país, pois a manutenção do valor orçamentário nominal implica, diante da
inflação, na redução dos investimentos públicos na saúde sob uma perspectiva substan-
cial.

159
9) Há previsão de plano de saúde plurianual ou é planejado a cada exercício financeiro?

Resposta:

A saúde é matéria que integra o plano plurianual, a lei de diretrizes orçamentárias e a lei
orçamentária anual, donde de conclui que o planejamento não ocorre a cada exercício
financeiro.

10) Seguridade: qual o conceito mais singelo que se poder oferecer?

Resposta:

Seguridade (social) é sinônimo de segurança (social), de amparo (social). A Constitui-


ção da República, em seu artigo 195, define a seguridade social como “um conjunto
integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a
assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social”.

11) Como se distingue basicamente a previdência social da assistência social? Qual é a nota
distintiva?

Resposta:

A principal nota distintiva é a contributividade: a previdência é contributiva; a assistên-


cia social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição (CF,
art. 203).

12) É correta a afirmativa, dentro deste ponto de vista da doutrina, onde parte da doutrina
entende de que a Constituição reconhece a miserabilidade em território brasileiro?

Resposta:

É possível concluir que a Constituição reconhece a miserabilidade em território brasilei-


ro com base nos seguintes preceitos: (i) art. 3º, I – objetivo fundamental: erradicar a
pobreza e a marginalização; (ii) art. 6º - direito social: assistência aos desamparados;
(iii) art. 203, V – garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora
de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manu-
tenção ou de tê-la provida por sua família.

13) Como se distinguem os princípios da seletividade e da distributividade no âmbito da segu-


ridade?

Resposta:
160
Carlos Castro e João Lazzari lecionam: ―O princípio da seletividade pressupõe que os
benefícios são concedidos a quem deles efetivamente necessite (...). O princípio da dis-
tributividade, inserido na ordem social, é de ser interpretado em seu sentido de distribu-
ição de renda e bem-estar social, ou seja, pela concessão de benefícios e serviços visa-se
ao bem-estar e à justiça social (art. 193 da Carta Magna)‖.

14) Como o princípio altruístico permeia a seguridade social? Podemos afirmar que o princípio
do orçamento diferenciado é uma decorrência natural do princípio altruístico ou é um princí-
pio que tem um grau de autonomia/independência em relação a ele?

Resposta:

O princípio altruístico, também denominado de princípio da solidariedade, permeia a


seguridade social notadamente no campo do custeio, pois a pessoa que verte contribui-
ção para a seguridade não o faz em benefício próprio, mas em benefício de outrem ne-
cessitado (sistema de repartição). Por sua vez, o princípio do orçamento diferenciado
assegura à seguridade um orçamento próprio, distinto daquele previsto para a União
(CF, art. art. 165, § 5º, III). Traçando um paralelo entre os princípios, pode-se dizer que
o orçamento diferenciado reforça o caráter solidário do custeio, sendo possível vislum-
brar um liame entre ambos.

2.5.1.3. Questões do TRF3


1) É possível a criação de benefícios previdenciários sem a devida fonte de custeio?

Resposta:

Não é possível, sob pena de violação ao § 5º do artigo 195 da Constituição da Repúbli-


ca: ―Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou
estendido sem a correspondente fonte de custeio total‖.

2) Existe algum outro dispositivo que seja permitido a criação de benefício sem previsão de
custeio? Há alguma exceção?

Resposta:

Não se tem conhecimento de alguma exceção constitucional à regra da contrapartida


(CF, art. 195, § 5º).

2.5.1.4. Questões do TRF4

161
2.5.1.5. Questões do TRF5
01) Quais os princípios da seguridade social?

Resposta:

Os princípio da seguridade social são: (i) universalidade da cobertura e do atendimento; (ii)


uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; (iii) sele-
tividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; (iv) irredutibilidade do valor
dos benefícios; (v) equidade na forma de participação do custeio; (vi) diversidade da base de
financiamento; (vii) caráter democrático e descentralizado da administração; (viii) precedência
da fonte de custeio; (ix) orçamento diferenciado; (x) solidariedade.

02) Quais os limites e alcance da solidariedade em cada um dos subsistemas da seguridade


social? É dizer: como se aplica o princípio da solidariedade na saúde, assistência e previdência?

Resposta:

O princípio da solidariedade se manifesta nos subsistemas da seguridade social notadamente


no âmbito do custeio, pois aqueles que vertem contribuição não o fazem para si, para outrem
necessitado. Outrossim, na saúde, pode-se vislumbrar na prioridade de atendimento aos casos
de urgência e emergência notas de altruísmo. Na previdência, a existência de benefícios exclu-
sivos ao cidadão de baixa renda demonstra solidariedade. A assistência, por fim, é altamente
solidária, visto que prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição.

03) A jurisprudência brasileira tem adotado regras específicas de interpretação do Direito Pre-
videnciário?

Resposta:

Considerando que ―na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se diri-
ge e às exigências do bem comum‖ (art. 5º da Lei de Introdução às Normas do Direito
Brasileiro), a jurisprudência brasileira vem adotando a denominada solução pro misero,
como se verifica, por exemplo, na relativização da exigência de início de prova material
para o denominado trabalhador boia-fria, dada a precariedade das suas condições de
trabalho.

04) Dê exemplos de aplicação do princípio da solidariedade pelo STF?

Resposta:

162
O Supremo Tribunal Federal, ao reconhecer a constitucionalidade da contribuição sobre
os proventos de aposentadoria e pensões concedidas pelos regimes próprios de previ-
dência (CF, art. 40, § 18), valeu-se expressamente do princípio da solidariedade.

05) O princípio da defesa do hipossuficiente (in dúbio pro misero), aplicável ao direito previ-
denciário, não vulnera a imparcialidade do juiz?

Resposta:

Um dos métodos de controle da imparcialidade do magistrado é o dever de fundamentar


as decisões. Sendo assim, desde que devidamente fundamentada – leia-se, de acordo
com as provas produzidas nos autos –, a decisão que se vale da solução pro misero não
implica em violação à imparcialidade. A dúvida, portanto, há de ser fundada, devendo o
magistrado expor pormenorizadamente tal situação.

06) Seguridade social: distinguir as três estruturas: cobertura do risco, estrutura organizacional
e técnicas utilizadas.

Resposta:

As três estruturas da seguridade social são: (A) SAÚDE: (i) risco: ―redução do risco
doença e de outros agravos‖ – CF, art. 196; (ii) estrutura: ―as ações e serviços públicos
de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema úni-
co‖ – CF, art. 198; (iii) técnica: acesso universal – CF, art. 196; (B) PREVIDÊNCIA: (i)
risco: doença, invalidez, morte, idade avançada, proteção à maternidade, desemprego
involuntário; (ii) estrutura: regime geral de previdência social, regime de previdência
privada, regimes próprios de previdência; (iii) técnica: tutela do trabalhador e seus de-
pendentes; (C) ASSISTÊNCIA: (i) risco: desamparo social; (ii) estrutura: descentraliza-
ção político-administrativa – CF, art. 204, I; (iii) técnica: a quem dela necessitar.

2.6. Direito Civil

2.6.1. Classificação Dos Contratos. Compromisso.

2.6.1.1. Questões do TRF1

1) Diferencie cláusula compromissória e compromisso?

Resposta:

O compromisso é uma espécie de contrato cujo regramento encontra-se nos artigos 851
a 853 do Código Civil. Sua definição encontra-se no artigo 851: ―É admitido compro-
163
misso, judicial ou extrajudicial, para resolver litígios entre pessoas que podem contra-
tar‖. Quando extrajudicial, o contrato de compromisso pode assumir a forma de cláusula
compromissória ou compromisso arbitral. Segundo o artigo 4º da Lei nº 9.037/96, ―a
cláusula compromissória é a convenção através da qual as partes em um contrato com-
prometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir relativamente a
tal contrato‖. A cláusula compromissória, pois, volta-se para litígios futuros e eventuais,
ou seja, ainda não verificados, ponto que a difere do compromisso arbitral, que é um
acordo de vontades, de igual teor, só que firmado após o surgimento do conflito de inte-
resses.

2) O que seria um contrato desinteressado? E um que fosse gratuito não seria não interessa-
do? Doação Pura. O que ocorre na doação pura? Enriquecimento de um lado e um sacrifício do
outro.

Resposta:

Caio Mário da Silva Pereira leciona: ―Encarados quanto ao objeto perseguido pelas par-
tes, os contratos são: Onerosos, aqueles dos quais ambas as partes visam a obter vanta-
gens ou benefícios, impondo-se encargos reciprocamente em benefício uma da outra.
Gratuitos ou benéficos, aqueles dos quais somente uma aufere a vantagem, e a outra
suporta, só ela, o encargo. Há quem distinga os contratos gratuitos propriamente ditos,
ou pura liberalidade, dos contratos desinteressados, com a observação de que, naque-
les, há diminuição patrimonial de uma das partes em proveito da outra (como na doa-
ção), enquanto que nos outros um dos contratantes presta um serviço ao outro sem nada
receber em troca da prestação feita ou prometida, porém sem empobrecer-se, ou sem
sofrer diminuição no seu patrimônio.‖ Sob este viés, o contrato não interessado ape-
nas pode ser considerado gratuito em sentido amplo, jamais em sentido estrito. A doa-
ção pura, ou seja, sem encargo, é contrato gratuito propriamente dito - exemplo, inclusi-
ve, utilizado pelo mencionado autor.

2.6.1.2. Questões do TRF2


1) O contrato de Seguro é pluricontratual?

Resposta:

Maria Helena Diniz leciona: “Toda convenção, em sua formação, é bilateral ou plurila-
teral, por existirem sempre duas ou mais vontades coincidentes”. O contrato de seguro
nos parece bilateral (seguradora e segurado), e não pluricontratual.

2) Pode nesse contrato ocorrer a hipótese de união de contratos?

164
Resposta:

Parece-nos possível. Ex: união entre o contrato de compra e venda de um carro e o con-
trato de seguro desse mesmo carro.

3) Fiança é um contrato multilateral? Este contrato é bilateral perfeito ou imperfeito? Aplica-se


união de contratos?

Resposta:

Maria Helena Diniz leciona: ―Toda convenção, em sua formação, é bilateral ou plurila-
teral, por existirem sempre duas ou mais vontades coincidentes‖. Em relação ao contrato
de fiança, diz: ―É um negócio entabulado entre credor e fiador, prescindindo da presen-
ça do devedor, podendo até mesmo ser levado a efeito sem o seu consentimento ou con-
tra sua vontade (CC, art. 820). O devedor não é parte na relação jurídica fidejussória.‖
Assim, como o devedor não é parte na formação do contrato, conclui-se que a fiança é,
em sua formação, um contrato bilateral, e não multilateral. Quanto aos seus efeitos, o
contrato de fiança é, sem dúvida, unilateral (gera obrigação apenas para o fiador), razão
pela qual não pode ser considerado bilateral perfeito. Pablo Stolze diz: ―Há quem de-
fenda a existência de um tertium genius entre a unilateralidade e a bilateralidade dos
efeitos do contrato. Seria a figura do contrato bilateral imperfeito, o qual, na sua origem,
seria unilateral, mas, durante a sua execução, converter-se-ia em bilateral‖. Não nos
parece possível que, durante a sua execução, a fiança gere encargos patrimoniais ao
credor, razão pela qual deixamos de considerá-la um contrato bilateral imperfeito. Há,
ao nosso sentir, união de contratos: entre o contrato de fiança e o contrato afiançado.

2.6.1.3. Questões do TRF3

2.6.1.4. Questões do TRF4

2.6.1.5. Questões do TRF5

2.7. Direito Empresarial

2.7.1. Sociedade Anônima

2.7.1.1. Questões do TRF1


1) Como o senhor definiria uma S/A? Porque ela se chama anônima?

165
Resposta:

Em seu curso de Direito Comercial, Fábio Ulhoa Coelho apresenta a seguinte definição:
―Anônima é a sociedade empresária com capital social dividido em valores mobiliários
representativos de um investimento (as ações), cujos sócios tem, pelas obrigações soci-
ais, responsabilidade limitada ao preço de emissão das ações que titularizam‖. Entende-
se que a S/A, porque voltada para a atração de grandes investimentos, trata-se de uma
sociedade entre anônimos e, por isso, sociedade anônima.

2) Quais são os períodos históricos institucionais da S/A? (Outorga, Autorização, Registro, Re-
gulamentação). Qual foi a S/A mais destacada que foi fundada neste período? Banco do Brasil.

Resposta:

Em seu curso de Direito Comercial, Fábio Ulhoa Coelho leciona: ―A doutrina divide a
trajetória histórica das sociedades anônimas em três períodos: outorga, autorização e
regulamentação. No primeiro, a personalização e a limitação das responsabilidade dos
acionistas eram privilégios concedidos pelo monarca e, em geral, ligavam-se a monopó-
lios colonialistas. No segundo período, elas decorriam de autorização governamental.
No último, bastavam o registro, no órgão próprio. No Brasil, no período colonial e no
início do Império, as sociedades anônimas se constituíam por ato de outorga do poder
real ou imperial. O Banco do Brasil, por exemplo, foi constituído em 1808, com a che-
gada da família real portuguesa à sua então colônia, mediante alvará do regente D. João
VI.‖

3) O que são valores mobiliários? Do lado da empresa são instrumentos?

Resposta:

Em seu curso de Direito Comercial, Fábio Ulhoa Coelho leciona: ―Valores mobiliários
são instrumentos de captação de recurso pelas sociedades anônimas emissoras e repre-
sentam, para quem os subscreve ou adquire, um investimento.‖

4) Quais seriam os exemplos de valores mobiliários?

Resposta:

Diz a Lei nº 6.385/76, com redação dada pela Lei nº 10.303/01: ―Art. 2º São valores
mobiliários sujeitos ao regime desta Lei: I - as ações, debêntures e bônus de subscrição;
II - os cupons, direitos, recibos de subscrição e certificados de desdobramento relativos
aos valores mobiliários referidos no inciso II; III - os certificados de depósito de valores
mobiliários; IV - as cédulas de debêntures; V - as cotas de fundos de investimento em
166
valores mobiliários ou de clubes de investimento em quaisquer ativos; VI - as notas co-
merciais; VII - os contratos futuros, de opções e outros derivativos, cujos ativos subja-
centes sejam valores mobiliários; VIII - outros contratos derivativos, independentemen-
te dos ativos subjacentes; e IX - quando ofertados publicamente, quaisquer outros títulos
ou contratos de investimento coletivo, que gerem direito de participação, de parceria ou
de remuneração, inclusive resultante de prestação de serviços, cujos rendimentos advêm
do esforço do empreendedor ou de terceiros.‖

5) O que é um bônus de subscrição? Quando um investidor adquire este bônus, ele não esta-
ria realizando a compra de uma ação?

Resposta:

Em seu curso de Direito Comercial, Fábio Ulhoa Coelho leciona: ―Bônus de subscrição
é o valor mobiliário que atribui ao seu titular o direito de preferência para subscrever
novas ações da companhia emissora, quando de futuro aumento de capital social.‖ Por-
tanto, quando um investidor adquire este bônus, ela não compra ações, mas apenas o
direito de preferência sobre ações futuras.

2.7.1.2. Questões do TRF2


1) O que é o fenômeno da transformação?

Resposta:

Em seu curso de Direito Comercial, Fábio Ulhoa Coelho leciona: ―Transformação é a


mudança do tipo da sociedade empresária. Por essa operação, por exemplo, a limitada se
torna anônima, ou vice-versa. Na transformação, permanece a mesma pessoa jurídica,
submetida, porém, ao regime do novo tipo adotado.‖

2) A mudança de título jurídico – a transformação de uma companhia em ltda. e vice versa -


implica em alguma perturbação da atividade empresária, i.é, ocorre sem solução de continui-
dade?

Resposta:

Sobre o procedimento da transformação, dispõe a Lei nº 6.404/76: ―Art. 221. A trans-


formação exige o consentimento unânime dos sócios ou acionistas, salvo se prevista no
estatuto ou no contrato social, caso em que o sócio dissidente terá o direito de retirar-se
da sociedade. Parágrafo único. Os sócios podem renunciar, no contrato social, ao direito
de retirada no caso de transformação em companhia.‖ Por sua vez, em seu curso de Di-
reito Comercial, Fábio Ulhoa Coelho leciona: “Na transformação, devem ser observa-
167
das as regras de constituição de sociedade aplicáveis ao novo tipo. Os sócios da limita-
da, para transformarem em anônima, devem reunir-se em assembleia de fundação, la-
vrando a respectiva ata, ou comparecer perante o tabelião, para assinatura da escritu-
ra de constituição. Os acionistas da anônima, por sua vez, devem assinar o contrato
social. Nenhum outro ato dos sócios é preciso para a mudança do tipo.” Não há previ-
são, pois, de interrupção das atividades.

3) O que é uma incorporação. O que acontece com os patrimônios das pessoas jurídicas (in-
corporadora e incorporada)? Reformulando: conceitue juridicamente a figura desta “absorção”
patrimonial; Quando eu incorporo o patrimônio de outra sociedade em que há um somatório
de elementos patrimoniais, ou seja, existe alguma coisa que acontece relativamente às posi-
ções jurídicas titularizadas pela incorporada até o momento passa a ser da incorporadora. Sob
o ponto de vista jurídico o que acontece? Por exemplo, a relação de crédito que incorporada
tenha com terceiros, a incorporadora assume que posição? Qual a titulação dos elementos
patrimoniais – ativos e passivos – da incorporadora quando ocorre a incorporação? (Há uma
sucessão.) E essa sucessão se dá em caráter singular ou universal? Ou seja, se dá posição jurí-
dica à posição jurídica ou se dá como, por exemplo, na morte civil em que há sucessão univer-
sal?

Resposta:

―Incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra,
que lhes sucede em todos os direitos e obrigações‖ (Lei nº 6.404/76, art. 227). Neste
mesmo sentido, dispõe o artigo 1.116 do Código Civil. Trata-se de sucessão universal,
pois todo o patrimônio jurídico (ativo e passivo) é transferido da incorporada para a
incorporadora. (Ferri: "Dá-se, portanto, necessariamente, uma sucessão a título univer-
sal da sociedade incorporadora ou que resulta da fusão no patrimônio das sociedades
que, em conseqüência da fusão, perdem a sua autonomia.")

4) A partir deste conceito de sucessão universal como fica a responsabilidade da incorporadora


relativamente às obrigações da incorporada perante terceiros, Fisco inclusive?

Resposta:

Considerando que a incorporada absorve todo o patrimônio da incorporada, patrimônio


este que representa a garantia dos credores deste, outra conclusão não resta senão a de
que a incorporada torna-se devedora dos débitos da incorporada, inclusive fiscais. No
ponto, convém lembrar o art. 1.122 do Código Civil, segundo o qual ―Até 90 (noventa)
dias depois de publicados os atos relativos à incorporação, fusão ou cisão, o credor ante-
rior, por ela prejudicado, poderá promover judicialmente a anulação deles.‖

168
5) O que é uma cisão?

Resposta:

Em seu curso de Direito Comercial, Fábio Ulhoa Coelho leciona: ―A cisão é a operação
pela qual uma sociedade empresária transfere para outra, ou outras, constituídas para
essa finalidade ou já existentes, parcelas do seu patrimônio, ou a totalidade deste. Quan-
do a operação envolve a versão de parte dos bens da cindida em favor de uma ou mais
sociedade, diz-se que a cisão é parcial; quando vertidos todos os bens, total. Neste últi-
mo caso, a sociedade cindida é extinta. Por outro lado, se a sociedade empresária para a
qual os bens são transferidos já existe, a operação obedece às regras da incorporação
(LSA, art. 229, § 3º).‖

6) Quando a cisão é parcial e essa a parcela cindida é incorporada numa sociedade já existente,
como fica a questão da solidariedade? Essa divisão de responsabilidade é oponível perante o
Fisco?

Resposta:

―A companhia cindida que subsistir e as que absorverem parcelas do seu patrimônio


responderão solidariamente pelas obrigações da primeira anteriores à cisão.(...) O ato de
cisão parcial poderá estipular que as sociedades que absorverem parcelas do patrimônio
da companhia cindida serão responsáveis apenas pelas obrigações que lhes forem trans-
feridas, sem solidariedade entre si ou com a companhia cindida (...)‖ (Lei 6.404/76, art.
233). Tal convenção particular, porém, não é oponível ao fisco (CTN, art. 123).

7) Como se dá a dissolução de uma sociedade? Ela perde a personalidade jurídica?


Na hipótese em que há uma sociedade de economia mista controlada pela União pergunta-se:
a União pode ser sujeito de abuso de controle com base na lei das S/A? Pode praticar ato abu-
sivo na qualidade de controladora de uma companhia? Sim ou não e por quê? A S.E.M. se
submete à lei das S/A?

Resposta:

Em seu curso de Direito Comercial, Fábio Ulhoa Coelho leciona: ―A dissolução, enten-
dida como procedimento de terminação da personalidade jurídica da sociedade empresá-
ria, abrange três fases: a dissolução (ato ou fato desencadeante), a liquidação (solução
das pendências obrigacionais da sociedade) e a partilha (repartição do acervo entre os
sócios)‖. Segundo a Lei 6.404/76: (i) ―as sociedades anônimas de economia mista estão
sujeitas a esta Lei‖ (art. 235); (ii) ―a pessoa jurídica que controla a companhia de eco-
nomia mista tem os deveres e responsabilidade do acionista controlador‖ (art. 238); (iii)
―o acionista controlador responde pelos danos causados por atos praticados com abuso
de poder‖ (art. 117). Por conseguinte, é possível concluir que a União pode ser sujeito
169
ativo de abuso de poder de controle, até porque entendimento contrário redundaria na
irresponsabilidade do poder público, desfecho em nada compatível com o ordenamento.

8) Quando as operações societárias são utilizadas como instrumento de economia fiscal ou


como etapa de projetos de planejamento fiscal, essas operações podem ser desfeitas? Essas
operações são desconsideráveis? São ineficazes sob o ponto de vista do agente público?

Resposta:

Em seu curso de Direito Comercial, Fábio Ulhoa Coelho leciona: ―As operações de in-
corporação, fusão e cisão, na maioria das vezes, podem ter por objetivo o planejamento
tributário (para compensar perdas de uma sociedade com lucros de outro do mesmo
grupo, observados os limites admitidos em lei)‖. Assim, enquanto permanecerem no
campo da licitude (ex: ausência de simulação), pode-se concluir que o agente público
não pode desconsiderá-las. Porém, havendo simulação, torna-se aplicável a norma antie-
lisiva prevista no parágrafo único do artigo 116 do CTN: ―a autoridade administrativa
poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimu-
lar a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da
obrigação tributária, observados os procedimento a serem estabelecidos me lei ordiná-
ria‖.

2.7.1.3. Questões do TRF3

2.7.1.4. Questões do TRF4

2.7.1.5. Questões do TRF5


1) Discorra sobre a responsabilidade dos sócios.

Resposta:

Em suma: (i) sociedade por ações: ―a responsabilidade dos sócios ou acionistas será
limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas‖ – Lei 6.404/76, art. 1º
; (ii) sociedade limitada: ―a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de sua
cotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social‖ – Có-
digo Civil, art. 1.052; (iii) sociedade em nome coletivo: ―somente pessoas físicas podem
tomar parte na sociedade em nome coletivo, respondendo todos os sócios, solidária e
ilimitadamente, pelas obrigações sociais.‖ – Código Civil, art. 1039; (iv) sociedade em
comandita simples: ―os comanditados, pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimita-
damente pelas obrigações sociais; e os comanditários, obrigados somente pelo valor de
sua quota‖ – Código Civil, art. 1.045.
170
2.8. Direito Processual Civil

2.8.1. Tutela Jurisdicional E Sua Antecipação. Conceito. Cabimento E Requisitos.


Revogação, Modificação E Recursos Cabíveis. Fungibilidade Da Tutela Cautelar
E Antecipada. Cumprimento Das Tutelas Antecipadas. Tutelas De Urgência.

2.8.1.1. Questões do TRF1


1) Qual o instrumento que eu terei para forçar o cumprimento de uma tutela inibitória?

Resposta:

Considerando que a tutela inibitória veicula uma obrigação de não fazer, a ela se torna
aplicável o regramento do artigo 461 do Código de Processo Civil. Desta feita, os ins-
trumentos de que a parte dispõe para forçar o cumprimento de uma tutela inibitória os-
tentam natureza eminentemente mandamental ou executiva lato sensu, notadamente os
previstos no § 5º do mencionado preceito: ―Para efetivação da tutela específica ou a
obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento,
determinar as medidas necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de atraso,
busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento
de atividade nociva, se necessário com requisição de força policial‖.

2) Por que antecipar a tutela jurisdicional?

Resposta:

À luz do direito fundamental à razoável duração do processo, Luiz Guilherme Marinoni


afirma que a antecipação de tutela é uma forma de distribuir o ônus do tempo do proces-
so entre as partes. Diz o autor: “O tempo do processo não pode prejudicar o autor e
beneficiar o réu, já que o Estado, quando proibiu a justiça de mão própria, assumiu o
compromisso de, além de tutelar de forma pronta e efetiva os direitos, tratar os litigan-
tes de forma isonômica. É possível distribuir o tempo do processo através dos procedi-
mentos especiais, elaborados a partir das técnicas da cognição. Os procedimentos que
impedem a discussão de determinadas questões (cognição parcial), que restringem o
uso das provas (por exemplo, mandado de segurança, cognição exauriente secundum
eventum probationis) ou mesmo que são de cognição plena e exauriente, mas dotados
de tutela antecipatória permitem, através de formas diversas, uma melhor distribuição
do tempo da justiça”.

3) Nós tínhamos uma doutrina tradicional, processo de conhecimento, cautelar, de execução,


qual a necessidade de encurtar este procedimento da cautelar?

171
Resposta:

Considerando o sincretismo processual verificado entre os processos de conhecimento e


de execução, o que, ao fim e ao cabo, implica em tutela satisfativa mais célere, pode-se
dizer que a necessidade de encurtar o procedimento cautelar se faz necessária como
forma de acompanhar a celeridade que já se verifica nos demais procedimentos. Se toda
cautelar, por definição, é instrumental, ela deve seguir a mesma lógica do principal
(maior celeridade).

4) A antecipação dos efeitos da tutela já existiriam no MS e nas ações possessórias? É anteci-


pação dos efeitos da tutela? E se eu tenho uma posse velha e não posso enveredar pela ação
possessória, então eu posso me valer do art. 273 do CPC e requere a antecipação dos efeitos
da tutela geral?

Resposta:

Antes de ingressar no regime geral do Código de Processo Civil, a antecipação de tutela


é instituto que já encontrava previsão em alguns procedimentos especiais, dentre os
quais o mandado de segurança e a ação possessória, cada qual com seus respectivos
requisitos. No caso da ação possessória, a antecipação da tutela, segundo o regramento
específico, exige posse nova (posse inferior a ano e dia). Porém, caso seja ultrapassado
este lapso de tempo, é perfeitamente possível que o autor da demanda obtenha a tutela
antecipada. Porém, nesses casos, a mesma haverá de ser apreciada de acordo com o re-
gramento genérico, ou seja, o artigo 273 do Código de Processo Civil.

5) O periculum in mora é presumido, na ação de procedimento ordinário ele teria de ser pro-
vado, o senhor não acha que seria difícil de provar um periculum in mora do art. 273 para se
demandar ação em virtude de posse velha?

Resposta:

6) E quando esta antecipação dos efeitos da tutela é necessária numa fase cinzenta quando da
interposição do RE e o despacho do RE ou Resp e também da apelação?

Resposta:

Com efeito, uma vez decorrido o lapso de ano e dia nas ações possessórias, ou quando
se está na fase recursal, a prova do ―fundado receio de dano irreparável ou de difícil
reparação‖ parece contradizer a demora da parte autora em ingressar em juízo, como
também o pleno transcurso da demanda nas instâncias ordinárias. Porém, estamos ape-
nas no plano das hipóteses, não se podendo excluir ab initio tal possibilidade no plano
concreto. Ademais, convém lembrar que segundo o CPC existe a possibilidade de ante-
172
cipação de tutela sem periculum in mora (art. 273, I), fundado no abuso do direito de
defesa do réu (art. 273, II).

Resposta:

2.8.1.2. Questões do TRF2

2.8.1.3. Questões do TRF3


1) Pode o magistrado deferir antecipação de tutela, de caráter satisfativo, de forma diversa da
pedida pela parte?

Resposta:

Sim, pois, nos termos do artigo 461 do Código de Processo Civil, ―o juiz concederá a
tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que
assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.‖ Deferida a tutela ante-
cipada na forma do pedido da parte, tem-se tutela específica; deferida em prol de resul-
tado prático equivalente, o juiz o faz de forma diversa da pedida pela parte.

2) Pode ser deferida tutela antecipada satisfativa, de ofício?

Resposta:

Não, pois o artigo 273 do Código de Processo Civil é claro: ―o juiz poderá, a requeri-
mento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedi-
do inicial‖.

2.8.1.4. Questões do TRF4

2.8.1.5. Questões do TRF5

173
2.9. Direito Processual Penal

2.9.1. Ação Penal. Justa Causa.

2.9.1.1. Questões do TRF1


1) A justa causa constitui elemento da ação penal?

Resposta:

Para Eugênio Pacelli de Oliveira, a justa causa, enquanto lastro probatório mínimo a
subsidiar a peça acusatória, é uma condição da ação penal, hoje expressamente prevista
no artigo 395, III, do Código de Processo Penal. Diz o autor: “Sempre admitimos a exis-
tência da justa causa como condição da ação, seja como quarta condição (da ação),
inserida no contexto da demonstração do interesse (utilidade) de agir, seja enquanto
lastro mínimo de prova, a demonstrar a viabilidade da pretensão deduzida”.

2) O que é ação e jurisdição na órbita da CF tomando por parâmetro o art. 129 da CF? A ação
compreendida no art. 129 da CF. Analisando o art. 28, o senhor acha que ele foi recepcionado
pela CF?

Resposta:

À luz do artigo 129 da Constituição da República, pode-se dizer que a ação (penal) é o
poder de provocar a Jurisdição (penal), sendo tal poder privativo do Ministério Público.
Sendo assim, há quem vislumbre no artigo 28 do Código de Processo Penal um desvio a
esta diretriz constitucional. Argumentos favoráveis à inconstitucionalidade: o juiz, ao
considerar que o caso é de denúncia e não de arquivamento, está emitindo um juízo de
valor que é incompatível com a função julgadora que deve ser neutra e imparcial.
Quando o Juiz se nega a arquivar os autos do Inquérito Policial, ele está adentrando em
uma seara que lhe foi negada pela Constituição. Argumentos favoráveis à constituciona-
lidade: não haveria ofensa à Constituição da República, pois, ao fim e ao cabo, prevale-
ceria a voz do Ministério Público.

3) Ação penal subsidiária da pública, o que é este tipo? É ação penal subsidiária ou queixa
substitutiva da denúncia?

Resposta:

A ação penal privada subsidiária da pública é um direito fundamental (CF, art. 5, LIX)
cujo regramento encontra-se no artigo 29 do Código de Processo Penal, do qual se ex-
trai que o instituto implica apenas na mudança da titularidade para a iniciativa da ação
penal, e não do seu regime jurídico, que continua a ser o da ação pública. Sob tais pre-
missas, pode-se afirmar que a queixa não é substitutiva da denúncia – como se o ofere-
174
cimento daquela fosse obstáculo intransponível ao oferecimento desta –, tanto que o
Código assegura justamente o inverso, ou seja, a possibilidade de o Ministério Público
―aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva‖.

2.9.1.2. Questões do TRF2


1) É possível assistente coletivo na acusação ou somente individual?

Resposta:

2) Nos crimes praticados contra interesse metaindividual, pode haver o assistente coletivo?

Resposta:

3) Existe lei expressa que dispõe sobre essa possibilidade de assistente coletivo?

Resposta:

Existe, sim, a figura do assistente coletivo na persecução penal de crimes praticados


contra interesses metaindividuais. Exemplo: Lei nº 8.078/90 – Código de Defesa do
Consumidor – Art. 80. No processo penal atinente aos crimes previstos neste Código,
bem como a outros crimes e contravenções que envolvam relações de consumo, poderão
intervir, como assistente do Ministério Público, os legitimados indicados no art. 82,
inciso III [as entidades e órgãos da Adminnistraçao Pública, direta ou indireta, ainda
que sem personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e
direitos protegidos por este código] e IV [as associações legalmente constituídas há pelo
menos 1 (um) ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e
direitos protegidos por este código, dispensada a autorização assemblear], aos quais
também é facultado propor açao penal subsidiária, se a denúncia nao for oferecida no
prazo legal.

2.9.1.3. Questões do TRF3


1) A denúncia deve se basear necessariamente no Inquérito Policial ou este é dispensável?

Resposta:

É entendimento jurisprudencial pacífico de que o inquérito policial é dispensável à pro-


positura da ação penal, pois a opinio delicti é exclusiva do Ministério Público, de modo
que este poderá desde logo oferecer denúncia caso entenda que os elementos de infor-
mação que possui são suficientes a ponto de dispensar a instauração do inquérito polici-
al.
175
2) Eventuais vícios do IP podem ser sanados na ação penal?

Resposta:

―No que se refere aos alegados vícios no inquérito policial, a jurisprudência desta Supe-
rior Corte de Justiça já se firmou no sentido de que eventuais irregularidades ocorridas
na fase inquisitorial não possuem o condão de macular todo o processo criminal. Ade-
mais, as mencionada nulidades ocorridas no inquérito não passam de meras imperfei-
ções, sequer comprovadas nos autos e, portanto, inaptas para anular as provas colhidas
na fase inquisitorial, especialmente quando não demonstrada a ocorrência de qualquer
prejuízo.‖ (HC 216.201/PR, Rel. Ministra ALDERITA RAMOS DE OLIVEIRA, SEX-
TA TURMA, 02/08/2012)

2.9.1.4. Questões do TRF4

2.9.1.5. Questões do TRF5


TRF5 – 2012

01) No procedimento das ações penais originárias, qual o momento de que deve ser realizado
o interrogatório?

Resposta:

Sobre o tema, o Plenário do Supremo Tribunal Federal já se manifestou: ―O art. 400 do


Código de Processo Penal, com a redação dada pela Lei 11.719/2008, fixou o interroga-
tório do réu como ato derradeiro da instrução penal. Sendo tal prática benéfica à defesa,
deve prevalecer nas ações penais originárias perante o Supremo Tribunal Federal, em
detrimento do previsto no art. 7º da Lei 8.038/90 nesse aspecto. Exceção apenas quanto
às ações nas quais o interrogatório já se ultimou. Interpretação sistemática e teleológica
do direito‖. (AP 528 AgR, Relator Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Ple-
no, 24/03/2011)

02) Qual seu entendimento sobre o poder de investigação do Ministério Público? O MP pode
dirigir o inquérito policial? E medidas cautelares, como busca e apreensão, quebra de sigilo
bancário, fiscal etc., como medidas necessárias à investigação, podem ser feitas diretamente
pelo MP?

Resposta:

176
Em 27/06/12, o Ministro Luiz Fux pediu vista dos autos do RE nº 593.727/MG, onde a
questão está sendo reexaminada, agora em sede de repercussão geral. Porém, tudo indi-
ca que o Supremo Tribunal Federal manterá seu entendimento anterior, segundo o qual,
com base na teoria dos poderes implícitos, o Ministério Público pode realizar atividade
investigativa, sem, contudo, presidir o inquérito policial. Medidas cautelares que exi-
gem autorização judicial no bojo do inquérito policial, continuam sujeitas a tal autoriza-
ção quando a investigação é levada a cabo pelo Ministério Público.

03) O princípio da identidade física do juiz aplica-se ao processo penal? Como esse princípio se
define?

Resposta:

―De acordo com o princípio da identidade física do juiz, que passou a ser aplicado tam-
bém no âmbito do processo penal após o advento da Lei n.º 11.719, de 20 de junho de
2008, o magistrado que presidir a instrução criminal deverá proferir a sentença no feito,
nos termos do § 2.º do artigo 399 do Código de Processo Penal. Em razão da ausência
de outras normas específicas regulamentando o referido princípio, nos casos de convo-
cação, licença, promoção ou de outro motivo que impeça o juiz que tiver presidido a
instrução de sentenciar o feito, por analogia - permitida pelo artigo 3.º da Lei Adjetiva
Penal -, deverá ser aplicada a regra contida no artigo 132 do Código de Processo Civil,
que dispõe que os autos passarão ao sucessor do magistrado.‖ (HC 242.115/PE, Rel.
Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, 02/08/2012)

04) O que se entende pelo princípio da oficialidade do processo penal? Há exceções a sua apli-
cação no Direito brasileiro?

Resposta:

O princípio da oficialidade significa, nas palavras de Edilson Mougenot Bonfim, que ―a


ação penal pública somente poderá ser proposta por um órgão do Estado: o Ministério
Público. (...) A prerrogativa do órgão do parquet vem consubstanciada nos ditames da
Constituição Federal, que estabelece uma das funções institucionais do Ministério Pú-
blico promover privativamente a ação penal pública, na forma da lei (art. 129, I)‖. Co-
mo exceção, pode-se mencionar a ação penal privada subsidiária da pública.

177
2.10. Direito Ambiental

2.10.1. Competências Constitucionais Em Matéria Ambiental. Classificação e


Repartição Dessas Competências, no Cenário Federativo

2.10.1.1. Questões do TRF1

2.10.1.2. Questões do TRF2


1) Os municípios podem legislar sobre matéria ambiental?

2) Qual o critério dessa competência concorrente?

Resposta:

Sim. Em matéria ambiental a competência executiva é comum entre União, Estados,


Distrito Federal e Municípios (CF, art. 23, VI). Desta forma, para que o Município de-
sempenhe essa competência executiva sem entraves, é lhes reconhecida, por conseguin-
te, a competência legislativa em matéria ambiental, a qual há der ser exercida de acordo
com dois critérios: (i) assunto ambiental de interesse local (CF, art. 30, I); e (ii) suple-
mentar a legislação ambiental federal e estadual (CF, art. 30, II).

2.10.1.3. Questões do TRF3

2.10.1.4. Questões do TRF4

2.10.1.5. Questões do TRF5

2.11. Direito Internacional Público e Privado

2.11.1. Validade de Sentença Estrangeira no Brasil. Rogatórias

2.11.1.1. Questões do TRF1


1) Carta Rogatória. Qual o procedimento?

Resposta:

Resolução 9/2005 do STJ: é atribuição do Presidente do STJ conceder o exequatur às


cartas rogatórias. Se o pedido tiver por objeto ato que não enseje juízo de delibação,
178
será encaminhado ao Ministério da Justiça para cumprimento por auxílio direto. A parte
será intimada para impugnar (15 dias). A medida poderá ser realizada sem ouvir a parte
quando sua intimação prévia puder resultar na ineficácia da cooperação. Havendo im-
pugnação, o processo poderá, por decisão do Presidente, ser distribuído à Corte Especi-
al. Revel ou incapaz o requerido, dar-se-lhe-á curador especial. O MP terá vista dos
autos, podendo impugná-las. Das decisões do Presidente cabe agravo regimental. Con-
cedido o exequatur, a carta será remetida para cumprimento ao Juízo Federal. No cum-
primento pelo Juiz Federal, cabem embargos relativos a quaisquer atos (10 dias), por
qualquer interessado ou pelo Ministério Público, julgando-os o Presidente. Da decisão
que julgar os embargos cabe agravo regimental. O Presidente ou o Relator poderá orde-
nar diretamente o atendimento à medida solicitada. Cumprida, será devolvida ao Presi-
dente e por este remetida, por meio do Ministério da Justiça ou do Ministério das Rela-
ções Exteriores, à autoridade judiciária de origem.

2) A decisão no exterior, para ter efeito no Brasil precisa ser homologada, qual o órgão judicial
encarregado por esta homologação. As decisões interlocutórias também são homologadas
pelo STJ?

Resposta:

O órgão encarregado é o STJ (CF, art. 105, I, i). As decisões interlocutórias (ex: medida
cautelar) também devem ser homologadas.

3) Que tipo de sentença é homologável?

4) A sentença penal trabalhista, também seria possível ser homologada?

Resposta:

São homologáveis as sentenças cíveis; as sentenças (laudos) arbitrais; as sentenças pe-


nais, apenas quanto aos seus efeitos civis (ex: perda de bens). A ―sentença penal traba-
lhista‖, ora entendida como a sentença penal proferida por juiz trabalhista no estrangei-
ro, não é passível de homologação, haja vista tratar de matéria penal. Há divergência
sobre a necessidade, ou não, de homologação das sentenças de estado, havendo três cor-
rentes: (i) a Constituição não estabelece distinção, logo, todas as sentenças, inclusive as
de estado, carecem de homologação; (ii) o art. 483 do CPC revogou o parágrafo único
do art. 15 da LICC, tornando exigível a homologação; (iii) o parágrafo único do art. 15
da LICC continua em vigor, dispensando a homologação. O STF seguia a primeira cor-
rente. O STJ, antes da EC 45/2004, seguia a terceira corrente, não se tendo conhecimen-
to de outro precedente após a alteração do texto constitucional.

179
5) Se uma brasileira casa na Austrália com australiano e lá se divorcia, e na vigência do casa-
mento ele tem dois filhos que são registrados na embaixada brasileira e tem dupla nacionali-
dade, ela pedindo a homologação desta sentença australiana o STJ homologa, e depois disso
ela tem a pensão alimentícia atrasada pelo cônjuge e tem a guarda compartilhada, ela poderia
pedir que fosse aumentada a pensão, e se ela poderia pedir a alteração da guarda comparti-
lhada? Quem seria o juízo da alteração no Brasil? Seria a justiça estadual? Não seria um juízo
de família que vai cuidar de guarda?

Resposta:

A Competência é da Justiça Estadual (vara de família). Vejamos o seguinte precedente,


no qual fora reconhecida a competência federal por motivos não presentes na hipótese:
―(...) CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO PARA DEFINIÇÃO DE
GUARDA E REGULAMENTAÇÃO DO REGIME DE VISITAS A MENOR. CONE-
XÃO COM AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO, PROPOSTA PELA UNIÃO, COM
FUNDAMENTO NA CONVENÇÃO DE HAIA SOBRE ASPECTOS CIVIS DE SE-
QUESTRO INTERNACIONAL DE CRIANÇAS. RISCO DE DECISÕES CONFLI-
TANTES. RECONHECIMENTO DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. (...)
2. Demonstrada a conexão entre a ação de busca e apreensão de menores e a ação de
guarda e regulamentação do direito de visitas, impõe-se a reunião dos processos para
julgamento conjunto (arts. 115, III; e 103 do CPC), a fim de se evitar decisões conflitan-
tes e incompatíveis entre si. 3. A competência absoluta da justiça federal para julgamen-
to de uma das ações, que visa o cumprimento de obrigação fundada em tratado interna-
cional (art. 109, I e III, da CF/88) atrai a competência para julgamento da ação conexa.
(...) (CC 118.351/PR, Nancy Andrighi, SEGUNDA SEÇÃO, 28/09/2011)

2.11.1.2. Questões do TRF2


1) Cooperação internacional, qual a mudança recente com a EC no. 45/2004? Houve alguma
mudança de fundo com a modificação de competência do STF para o STJ?

Resposta:

Um possível mudança de fundo pode ser vista na questão relacionada ao cabimento, ou


não, de recurso extraordinário da decisão do STJ, que, sobre o tema, ainda não firmou
posicionamento, havendo precedentes em ambos os sentidos.

2) Homologação de sentenças estrangeiras, hipóteses e consequências. Discorra.

Resposta:

180
São homologáveis as sentenças cíveis; as sentenças (laudos) arbitrais; as sentenças pe-
nais, apenas quanto aos seus efeitos civis (ex: perda de bens). Há divergência sobre a
necessidade, ou não, de homologação das sentenças de estado, havendo três correntes:
(i) a Constituição não estabelece distinção, logo, todas as sentenças, inclusive as de es-
tado, carecem de homologação; (ii) o art. 483 do CPC revogou o parágrafo único do art.
15 da LICC, tornando exigível a homologação; (iii) o parágrafo único do art. 15 da
LICC continua em vigor, dispensando a homologação. O STF seguia a primeira corren-
te. O STJ, antes da EC 45/2004, seguia a terceira corrente, não se tendo conhecimento
de outro precedente após a alteração do texto constitucional.

3) Arbitragem internacional. Como a lei no. 9.307/96 alterou o cenário?

4) É preciso homologar os laudos estrangeiros?

5) Como o STJ decide a esse respeito?

6) O placar tem sido favorável à homologação, no STJ?

Resposta:

Sobre tema, leciona Nadia de Araújo: ―até a entrada em vigor da Lei de Arbitragem (Lei
nº 9.307/2006, vigia no Brasil o sistema de dupla homologação, pelo qual qualquer lau-
do arbitral proferido no exterior, para ser delibado, deveria ser previstamente homolo-
gado pela Justiça do país de origem. (...) Desse modo, a análise para homologação reca-
ía não sobre a decisão arbitral em si, e sim sobre a decisão judicial de origem. Com o
advento da Lei de Arbitragem, o STF, à época competente para processar e julgar as
homologações, declarou a natureza processual dos arts. 37 e 39 da referida lei, que per-
mitiam a homologação do próprio laudo arbitral e sua consequente aplicabilidade ime-
diata. (...) O STJ, ao assumir a competência para homologação de sentenças estrangei-
ras, tem mantido o entendimento jurisprudencial inaugurado pelo STF relativamente à
arbitragem com o incremento da homologação-simples.‖

7) Arbitragem interna e arbitragem internacional. Qual a diferença?

Resposta:

José Carlos de Magalhães distingue: ―a arbitragem estrangeira [arbitragem interna] da


arbitragem internacional. A primeira resolve um litígio subordinado inteiramente a uma

181
ordem jurídica nacional determinada, em que todos os elementos da relação jurídica
controvertida estão sujeitos a essa ordem jurídica. Um contrato regido pela lei inglesa,
tendo como partes pessoas domiciliadas na Inglaterra e como objeto, bem ou direito
também situado naquele país, é contrato nacional, subordinado a uma lei nacional e a
arbitragem que dirimir a controvérsia dele oriunda é também nacional e, assim, estran-
geiras para outros países. Já a arbitragem internacional soluciona controvérsia de caráter
internacional, seja porque as partes possuam domicílio em diferentes países, seja porque
o objeto do contrato se situe em outra ordem jurídica, seja, ainda, porque o pagamento
deva transitar de um país para outro. Em outras palavras, a relação jurídica controverti-
da envolve mais de uma ordem jurídica nacional, embora possa ser regida por uma lei
nacional.‖

8) Nova lei de arbitragem trouxe alteração do cenário brasileiro?

Resposta:

Sobre tema, leciona Nadia de Araújo: ―até a entrada em vigor da Lei de Arbitragem (Lei
nº 9.307/2006, vigia no Brasil o sistema de dupla homologação, pelo qual qualquer lau-
do arbitral proferido no exterior, para ser delibado, deveria ser previstamente homolo-
gado pela Justiça do país de origem. (...) Desse modo, a análise para homologação reca-
ía não sobre a decisão arbitral em si, e sim sobre a decisão judicial de origem. Com o
advento da Lei de Arbitragem, o STF, à época competente para processar e julgar as
homologações, declarou a natureza processual dos arts. 37 e 39 da referida lei, que per-
mitiam a homologação do próprio laudo arbitral e sua consequente aplicabilidade ime-
diata. (...) O STJ, ao assumir a competência para homologação de sentenças estrangei-
ras, tem mantido o entendimento jurisprudencial inaugurado pelo STF relativamente à
arbitragem com o incremento da homologação-simples.‖

9) Dê exemplos de situações excepcionais de aplicação imediata de carta rogatória executiva.

10) Como se dá o cumprimento dessas ordens de decisões jurisdicionais estrangeiras?

Resposta:

Segundo o parágrafo único do art. 8º da Resolução nº 9 do STJ, ―a medida solicitada por


carta rogatória poderá ser realizada sem ouvir a parte interessada quando sua intimação
prévia puder resultar na ineficácia da cooperação internacional.‖ Ex: quebra de sigilo
telefônico. Sobre a forma de cumprimento, dispõe o art. 13: ―a carta rogatória, depois de
concedido o exequatur, será remetida para cumprimento pelo Juízo Federal competen-
te.‖

182
2.11.1.3. Questões do TRF3

2.11.1.4. Questões do TRF4


1) Pode ser negado o cumprimento de uma rogatória?

Resposta:

Nos termos do art. 6º da Resolução nº 9/2005 do STJ, ―não será homologada sentença
estrangeira ou concedido exequatur a carta rogatória que ofendam a soberania ou a or-
dem pública.‖

2) Quais os sistemas existentes no mundo, objetivamente, quanto à homologação de senten-


ças estrangeiras?

Resposta:

Wikipédia: (i) Sistema da Revisão do Mérito da Sentença. Julga-se novamente a causa,


ensejando até nova produção de provas, reanalisando as preexistentes. Após a decisão
estrangeira poderá ser ratificada; (ii) Sistema Parcial de Revisão do Mérito. Iimposto
com o fim de analisar a aplicação da lei do país em que irá ser executada a sentença.
Ainda nesse sistema o que se busca distinguir se há a possibilidade de aplicação da lei
embasadora da sentença estrangeira no Estado em cujo território a sentença estrangeira
irá produzir efeitos; (iii) Sistema de Reciprocidade Diplomática. Utiliza-se dos tratados
como basilar, não existindo esse entre os dois Estados, sequer será possível a homolo-
gação; (iv) Sistema de Reciprocidade de Fato. A homologação só se faz possível se am-
bos os Estados protegerem os mesmos institutos, eg; União de indivíduos de mesmo
sexo; (v) Processo da Delibação. É adotado pelo Brasil. Neste sistema o mérito da sen-
tença sequer é auferido. Examinam-se, singularmente, as formalidades da sentença a luz
de princípios fundamentais para se considerar justo um processo, tais como: respeito ao
contraditório e a ampla defesa, legalidade dos atos processuais, respeito aos direitos
fundamentais humanos, adequação aos bons costumes.

2.11.1.5. Questões do TRF5

183
2.12. Sociologia do Direito

2.12.1. Conceito De Sociologia – Controle Social E Direito.

2.12.1.1. Questões do TRF1


1) Qual a diferença entre coerção e coação?

Resposta:

Wikipédia: “A sanção jurídica não se confunde com os conceitos de coerção e coação.


A coerção corresponde à influência psicológica exercida preventivamente pela sanção
para o cumprimento da obrigação sem a necessidade de sua execução forçada. A coa-
ção, por outro lado, é a aplicação forçada da sanção pelo Estado ou pelo particular
interessado, que o fará por intermédio dos órgãos estatais competentes.”

2) Qual a diferença entre a regra moral, regra de trato social e regra jurídica?

Resposta:

São instrumentos de controle social: (i) Regra moral. Orienta a consciência humana em
suas atitudes. É unilateral, autônoma, interior, incoercível, sanção difusa; (ii) Regra de
trato social. Padrões de conduta social ditados pela própria sociedade, com o propósito
de tornar mais agradável o ambiente social. Ex: cortesia, etiqueta. É unilateral, heterô-
nomo, exterior, incoercível, sanção difusa; (iii) Regra jurídica. É bilateral, heterônomo,
exterior, coercível, sanção prefixada. Vejamos: 1) Bilateral: impõe dever, mas também
prevê direito; 2) Unilateral: impõe dever, sem previsão de direito; 3) Heterônomo: deve
ser cumprida; 4) Autônomo: pode ser cumprida, por um querer espontâneo; 5) Exterior:
atuam diretamente nas ações das pessoas em sociedade; 6) Interior: voltada para a cons-
ciência da pessoa, como um aconselhamento que pode interferir na conduta; 7) Coercí-
vel: ditada pelo Estado, único detentor do poder de exigir das pessoas o seu cumprimen-
to; 8) Incoercível: não parte do poder estatal, de modo que podem ou não ser cumpridas;
9) Sanção prefixada: já traz, de antemão, a punição para o descumprimento; 10) Sanção
difusa: não traz punição prefixada. No momento da violação é que haverá uma reprova-
ção, uma censura, ao infrator, por diversas formas.

2.12.1.2. Questões do TRF2

2.12.1.3. Questões do TRF3

184
2.12.1.4. Questões do TRF4

2.12.1.5. Questões do TRF5

2.13. Filosofia do Direito

2.13.1. A Justiça Como Valor Universal

2.13.1.1. Questões do TRF1


1) A justiça é um valor próprio do Direito?

Resposta:

Acreditamos que a justiça não é um valor próprio – no sentido de específico, exclusivo


– do direito, já que a mesma permeia outras instâncias de controle social. Porém, ciente
da complexidade do tema, entendemos conveniente lembrar a seguinte passagem de
Miguel Reale: “Cada época histórica tem a sua imagem ou a sua ideia de justiça, de-
pendente da escala de valores dominantes nas respectivas sociedades, mas nenhuma
delas é toda a justiça, assim como a mais justa das sentenças não exaure as virtualida-
des todas do justo”.

2.13.1.2. Questões do TRF2

2.13.1.3. Questões do TRF3

2.13.1.4. Questões do TRF4

2.13.1.5. Questões do TRF5

185
3. Ponto 03
3.1. Direito Constitucional

3.1.1. Direitos e Garantias Fundamentais: Garantias Constitucionais e Núcleos


Essenciais dos Direitos Fundamentais

3.1.1.1. Questões do TRF1

1) Qual a posição mais recente do STF acerca do direito de greve dos servidores públicos da
União?

Resposta:

2) Qual a mais valia da duração razoável do processo?

Resposta:

3.1.1.2. Questões do TRF2


1) Diferença entre direitos humanos e direitos individuais.

Resposta:

2) Segurança pública (art. 144, CR/1988), seria também um direito fundamental?

Resposta:

3) No que consiste o princípio da proibição da proteção deficiente?

Resposta:

4) Art. 5º, XLIII, CR/1988, é uma cláusula pétrea?

Resposta:

5) Direito ao lazer se insere em uma das figuras da 1a., 2a. ou 3ª. dimensão? (Para Poul, me-
lhor seria ir da 3ª. ou 4ª. geração, porque o Estado não pode ser obrigado a atuar, por isso não
é de 2ª. geração)
186
Resposta:

6) Efetividade: discorra sobre cada um dos direitos individuais coletivos exemplificando-os.


Quais os instrumentos que existem para que se tornem efetivos?

Resposta:

7) A sindicabilidade dos direitos sociais: o que vem a ser isso, como está se dando, porque está
ocorrendo e quais são as visões – umas contra, outras a favor – que podemos encontrar no
Supremo a respeito.

Resposta:

8) Em uma situação (em que por um lado entende-se) que um tipo efetividade dada pelo Po-
der Judiciário a esses direitos individuais, fundamentais estaria a se criar uma “política de Es-
tado parelela” (pois em razão da ausência desta se estaria recorrendo ao Judiciário, que talvez
não tenha essa ponderação quanto ao conteúdo), e outra corrente que acha que os direitos
individuais e fundamentais não poderiam ser fraudados ao cidadão na medida em que há a
omissão do Poder Público em torná-los efetivos; Entre esses dois extremos, o sr. como magis-
trado, veria espaço para uma terceira possibilidade ou se filiaria a uma delas?

Resposta:

9) Princípio da Duração Razoável do processo se confunde com celeridade?

Resposta:

10) Quanto ao princípio da fundamentação. O uso de jargões, por ex., “não vejo verossimi-
lhança”, ofende? Qual a posição do STF?

Resposta:

11) Há direito à assistência espiritual? É de que geração? Tem artigo na CR/1988?

Resposta:

12) Garantias institucionais e garantias constitucionais são diferentes?


187
Resposta:

13) O princípio da ampla defesa é garantia constitucional?

Resposta:

14) Recusa estatal de fornecer certidões. Quais instrumentos são adequados? Seria possível
ACP?

Resposta:

15) Há diferença entre garantias institucionais e garantias constitucionais?

Resposta:

16) O habeas data é instrumento adequado para ter vistas do processo administrativo?

Resposta:

17) Mandado de Segurança contra ato normativo do Presidente do STF, é possível? Seria um
ato normativo em tese?

Resposta:

18) Separação dos Poderes é uma garantia constitucional ou garantia da constituição (institu-
cional)?

Resposta:

19) A estabilidade do servidor público é garantia constitucional?

Resposta:

20) E o princípio da ampla defesa?

Resposta:

188
21) As ações populares podem ser julgadas no STF originariamente?

Resposta:

22) Qual o instrumento mais adequado para recusa de vista em processo administrativo? Ha-
beas Corpus pode?

Resposta:

23) Pode usar HC para obter informações de terceiros? Exemplo, o próprio pai?

Resposta:

3.1.1.3. Questões do TRF3


1) Qual a função social da propriedade?

Resposta:

2) Há colisão entre propriedade e meio ambiente? Em que caso prevalece o primeiro, e em q


caso prevalece o último?

Resposta:

3) No art. 15 da CF, quais são hipóteses de perda, e quais de suspensão dos direitos políticos?

Resposta:

4) Quais são as hipóteses de inelegibilidade na CF?

Resposta:

5) Há direitos constitucionais implícitos?

Resposta:

6) Como se define o impasse entre violação à privacidade e direito de informação quando a


privacidade é de uma pessoa pública, famosa?
189
Resposta:

3.1.1.4. Questões do TRF4

3.1.1.5. Questões do TRF5


1) Confronte o abuso de direito individual e abuso de direito político.

Resposta:

3.2. Direito Tributário

3.2.1. Sistema Constitucional Tributário: Tributos - Conceito - Natureza


Jurídica - Classificação - Espécies - Tributo E Preço Público

3.2.1.1. Questões do TRF1


1) As contribuições para os Conselhos reguladores de atividades profissionais são de natureza
tributária?

Resposta:

2) É constitucional o redutor de IPTU que recai sobre imóvel único?

Resposta:

3) Outra hipótese de progressividade do IPTU fora do que concerne o art. 182 da CF. EC
nº 29/00. Padece esta EC de inconstitucionalidade, na medida em que o princípio é cláusula
pétrea?

Resposta:

4) Imposto real e imposto pessoal. Defina.

Resposta:

5) Pode um tributo ser majorado por medida provisória?

Resposta:

190
6) ITBI pode uma lei estabelecer uma alíquota progressiva em razão do valor venal do imóvel?

Resposta:

7) impostos diretos e impostos indiretos, defina-os?

Resposta:

8) É cabível o IPTU em relação ao possuidor de um imóvel fixado em condomínio irregular?


Condomínio fixado em imóvel da União poderia ser cobrado IPTU pelo DF, por exemplo?

Resposta:

3.2.1.2. Questões do TRF2


1) O que seria um imposto indireto?

Resposta:

2) Como ficaria a questão da repetição de indébito no caso do imposto indireto?

Resposta:

3) A doutrina delimita a contribuição de melhoria e a classifica pelo critério da valorização.


Poderíamos admitir o critério do custo no direito tributário brasileiro? É cabível a utilização do
critério do custo em matéria de contribuição de melhoria?

Resposta:

4) Em sua resposta mencionou que a contribuição de melhoria visa evitar o enriquecimento


sem causa. Na prática observa-se que obras públicas são realizadas sem cobrança de contribu-
ição de melhoria. Será que estamos observando o enriquecimento sem causa de todas essas
obras realizadas sem cobrança da contribuição de melhoria?

Resposta:

191
5) O que é a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico?

Resposta:

6) Qual o critério jurídico distintivo das espécies tributárias? Vê alguma diferença de tratamen-
to dado pelo código tributário e o texto constitucional em termos de classificação?

Resposta:

7) Qual seria o fato gerador do empréstimo compulsório? O f.g. poderia ser idêntico ao de um
imposto já existente?

Resposta:

8) No caso dos impostos de guerra (extraordinários também) poderíamos pensar em que fatos
geradores?

Resposta:

9) Poderíamos admitir no imposto de guerra, por exemplo, um IPTU federal?

Resposta:

10) Qual o critério positivado para distinguir as espécies tributárias? Qual a crítica que se faz?

Resposta:

11) O critério da não-cumulatividade se vale do que para distinguir os tributos?

Resposta:

12) O ISS entra nessa classificação? E o PIS?

Resposta:

13) COFINS envolve tributo indireto e impessoal?

192
Resposta:

14) A CIDE entra nessa categoria?

Resposta:

15) O que a CR apregoa como critério para distinguir os tributos?

Resposta:

16) O que os Tribunais Superiores falam sobre os critérios de distinguir tributos? Explicar a
finalidade? Isso não é mais próprio do Direito Financeiro? A CR faz algum critério?

Resposta:

17) O PIS é vinculado ou não vinculado?

Resposta:

18) Qual a consequência dessa classificação?

Resposta:

19) E o critério da base imponível?

Resposta:

20) Por que esse critério é superior? Para quais doutrinadores?

Resposta:

21) Como se usa o critério temporal?

Resposta:

193
22) De onde importamos o Fato Gerador complexo?

Resposta:

23) Em qual figura do CTN está o FG complexivo?

Resposta:

24) Qual a característica primária do FG pendente?

Resposta:

25) A Base de Cálculo é importante para classificação dos tributos?

Resposta:

26) E o critério da estruturação econômica?

Resposta:

27) O que é tributo pessoal e real? Relacione com o princípio da capacidade contributiva.

Resposta:

28) E o Empréstimo Compulsório é real ou pessoal?

Resposta:

29) Qual a importância da classificação dos tributos?

Resposta:

30) O FG complexo está à margem do nosso sistema? De onde vem essa ideia?

Resposta:

194
31)- E quais são os critérios de acordo com a estruturação econômica?

Resposta:

3.2.1.3. Questões do TRF3


1) Quais tributos são vinculados?

Resposta:

2) Em que situações pode haver desvinculação de tributos vinculados? E o caso das contribui-
ções? Qual a consequência da desvinculação? Há algum vício nessa desvinculação?

Resposta:

3) Pode-se optar discricionariamente pela cobrança de taxa ou preço público, ou até mesmo
nada cobrar, por serviço específico e divisível?

Resposta:

4) Qual o sentido da expressão domínio econômico na CIDE?

Resposta:

5) As contribuições são espécies autônomas de tributos?

Resposta:

6) Há contradição entre dizer-se que tributo não é sanção de ato ilícito e dizer-se que há obri-
gação tributária pelo descumprimento de obrigação acessória?

Resposta:

3.2.1.4. Questões do TRF4

195
3.2.1.5. Questões do TRF5
TRF5 - 2012

1) As contribuições sociais têm caráter tributário?

Resposta:

2) Quais as espécies de contribuições sociais?

Resposta:

3.3. Direito Administrativo

3.3.1. Intervenção do Estado na Propriedade e no Domínio Econômico

3.3.1.1. Questões do TRF1


1) Que funções exerce o Estado como agente normativo e regulador na ordem econômica?
Determinantes para o setor público e indicativos do setor privado?

Resposta:

2) Dê dois exemplos de monopólio da União.

Resposta:

3.3.1.2. Questões do TRF2


1) Qual a distinção entre limitação e restrição administrativa? A requisição estaria enquadrada
na limitação ou na restrição?

Resposta:

2) Quando o juiz eleitoral determina que um clube esportivo será Zona Eleitoral, isso é uma
requisição?

Resposta:

3) O imóvel é alodial se não houver limitação administrativa?

196
Resposta:

4) As limitações se coadunam com os atributos do domínio?

Resposta:

5) Ocupação temporária. A colocação de entulho no terreno de particular, em razão de obra


pública, pode ser considerada como ocupação temporária?

Resposta:

6) A ocupação temporária é indenizável? E na ausência de dano?

Resposta:

7) O que é uma zona fortificada de fronteira? Elas precisam constar no RGI? A ausência desse
registro torna o terreno alodial?

Resposta:

8) Existe algum ônus que não precisa de registro no RGI?

Resposta:

9) Quais são os valores que permeiam o controle da concentração da atividade econômica?

Resposta:

10) Em matéria de interpretação, um dos princípios constitucionais tributários é o da irretroa-


tividade tributária.

Resposta:

11) Existem exceções a esta regra da irretroatividade tributária?

Resposta:

197
12) Pode-se se falar em desapropriação de bem tombado?

Resposta:

13) Qual seria a distinção entre ocupação temporária e requisição administrativa?

Resposta:

14) Qual a natureza jurídica das florestas? E de uma reserva indígena?

Resposta:

15) A desapropriação pode ocorrer em que circunstâncias? Quais são os processos adequados
para que ela ocorra de forma legal?

Resposta:

16) O que são limitações? Quais as diferenças entre essa e restrições?

Resposta:

17) As limitações administrativas são prerrogativas ou privilégios?

Resposta:

18) Qual a origem da palavra privilégio?

Resposta:

3.3.1.3. Questões do TRF3


1) Em caso de decreto de desapropriação para fins de utilidade pública do chefe do executivo
municipal para instalação de aeroporto quem deverá figurar no pólo passivo, contra quem
deve ser ajuizada?

Resposta:

198
2) O município neste caso pode decretar a desapropriação?

Resposta:

3) Qual seria o juiz competente para conhecer esta ação?

Resposta:

3.3.1.4. Questões do TRF4

3.3.1.5. Questões do TRF5


01) A expressão regulação, qual o seu entendimento?

Resposta:

02) Como se manifesta a intervenção do estado no domínio econômico?

Resposta:

03) É ilimitada a intervenção por direção?

Resposta:

04) A intervenção indutiva pode gerar responsabilização do estado? Em quais situações?

Resposta:

3.4. Direito Penal

3.4.1. Concurso de Pessoas e Concurso de Crimes

3.4.1.1. Questões do TRF1


1) Qual a diferença entre induzir, instigar e auxiliar?

Resposta:

199
3.4.1.2. Questões do TRF2
1) Faça a distinção entre o concurso material e concurso formal. Como diferenciar o concurso
homogêneo do concurso heterogêneo?

Resposta:

2) Um sujeito trabalha como gerente de uma loja, e tira uma pequena quantia dia após dia.
Mas tinha o desígnio inicial de fugir com a bicicleta funcional, de que tinha posse também fun-
cional, assim que atingisse uma certa quantia auferida com esses pequenos furtos.
De que se trata esse crime? Qual sua qualificação? Qual crime praticado em relação a bicicle-
ta? Furto ou apropriação indébita? Integra a continuidade delitiva? Trace um paralelo entre
reiteração criminosa x crime continuado.

Resposta:

3) Crime continuado em crime de estupro (Art. 213, do CP). Como está a questão atualmente
do ponto de vista legal e jurisprudencial?

Resposta:

3) Crime continuado: da leitura do art. 71 do CP o que quer dizer a expressão “crimes da mes-
ma espécie”?

Resposta:

4) Vislumbra a possibilidade de continuidade delitiva em caso de homicídio? Exemplifique.

Resposta:

5) Qual o critério para o crime continuado? A intenção do agente serve para isso?

Resposta:

6) Crime contra a Ordem Tributária. Sonegação de IR. É crime continuado? Qual a posição do
STF?

Resposta:
200
3.4.1.3. Questões do TRF3
1) Há habitualidade na continuidade delitiva?

Resposta:

3.4.1.4. Questões do TRF4

3.4.1.5. Questões do TRF5


1) Qual a teoria adotada no Brasil sobre a participação e qual conceito de participação moral e
material?

Resposta:

3.5. Direito Previdenciário

3.5.1. Salário-De-Contribuição. Contribuições da Empresa.

3.5.1.1. Questões do TRF1


1) Para efeito de contribuição previdenciária quem é que a lei ordinária equipara a empresa, a
empregador, quem ela considera empregador, portanto empresa, o órgão da administração? E
na iniciativa privada quem faz?

Resposta:

2) No que consiste o salário de contribuição?

Resposta:

3.5.1.2. Questões do TRF2


1) Quais as naturezas e espécies de contribuição social?

Resposta:

201
2) Qual a discussão que está sendo travada no Supremo sobre a COFINS em torno da figura do
faturamento? Opine de acordo com a argumentação que foi trazida até agora.

Resposta:

3) O PIS entraria nesse conceito de contribuição social? É uma figura específica de contribuição
social? Haveria um bis in idem já que possui a mesma base de cálculo que a COFINS?

Resposta:

4) Existe outra situação de bis in idem envolvendo as contribuições, mas que teriam autoriza-
ção no texto constitucional que poderia apontar?

Resposta:

3.5.1.3. Questões do TRF3


1) Quem tem competência para criar contribuição social para a seguridade social?

Resposta:

2) Qual a contribuição social para a seg. social que não incide em renda, e que, na prática, não
socorre o sistema da seguridade social?

Resposta:

3) Qual a sanção que pode ser imposta a PJ em débito com o INSS e onde está estabelecida tal
sanção?

Resposta:

4) Existe norma específica que fala da PJ?

Resposta:

5) Em relação as contribuições atinentes a seguridade social. Fale sobre a contribuição SAT,


principalmente quanto às alíquotas.

202
Resposta:

6) O SAT tem alíquotas variáveis? Tem algum tipo de categorização?

Resposta:

3.5.1.4. Questões do TRF4

3.5.1.5. Questões do TRF5

3.6. Direito Civil

3.6.1. Validade e Invalidade dos Contratos. Contratos Fiduciários e Indiretos

3.6.1.1. Questões do TRF1


1) O que é uma propriedade fiduciária? Dê-me um exemplo. Como se dar a alienação fiduciá-
ria de automóvel? É a regra? Como se adquire a propriedade móvel? Tradição. E porque não
pode se transferir o automóvel apenas por simples tradição?

Resposta:

2) Na alienação fiduciária o que representa o chamado excesso de meio? Se pratica um contra-


to objetivo menor que é apenas a alienação em garantia.

Resposta:

3.6.1.2. Questões do TRF2


1) O contrato de fiança é plurilateral?

Resposta:

DESSE PONTO EM DIANTE: RESPOSTAS ELABORADAS POR EMANUEL JO-


SÉ MATIAS GUERRA
2) O contrato de fiança pode ser caracterizado como união de contratos?

Resposta:
203
Entende-se como união de contratos a circunstância em que dois ou mais ajustes estão
ligados funcionalmente entre si, ainda que não haja necessariamente relação de ―acessó-
rio X principal‖. Assim, pela própria configuração do contrato de fiança, em que uma
pessoa garante ao credor o cumprimento de uma obrigação assumida por outra pessoa (o
STJ não aceita a ―autofiança‖), pode-se incluí-lo no conceito de união de contratos.

3.6.1.3. Questões do TRF3


1) Qual a diferença entre confirmação, convalidação e ratificação?

Resposta:

Embora haja bastante controvérsia doutrinária sobre o alcance dos conceitos, entende-
se, em geral, que a convalidação é o ato jurídico que com efeitos retroativos sana vício
de ato antecedente de tal modo que ele passa a ser considerado como válido desde o seu
nascimento.

A ratificação seria uma de suas modalidades, realizada pela mesma pessoa que praticou
o ato a ser ratificado, ao passo em que a confirmação é realizada por outra pessoa
(quando no Direito Administrativo, é autoridade superior).

2) Qual a diferença entre silêncio, vontade tácita e vontade presumida?

Resposta:

Embora haja divergência na doutrina acerca do real alcance dos termos, pode-se dizer

que o silêncio é a ausência completa de manifestação de vontade, que somente produz


efeitos na medida em que estes sejam reconhecidos pela lei.

A vontade tácita, por sua vez, ocorre em situações nas quais há manifestação de vonta-
de, mas esta não se dá pela forma escrita, embora se possa efetivamente perceber a real
intenção do agente. É o caso, por exemplo, do agente que cumpre um contrato mesmo
sabendo que sobre ele pende vício de anulabilidade, razão pela qual manifesta sua tácita
vontade de não questionar a validade da avença.

Já a vontade presumida, conceito bastante próximo do anterior, representa situação em


que a lei atribui a determinado comportamento um específico significado de um decla-
ração de vontade negocial. É o caso da devolução da coisa empenhada, que presume a
remissão do penhor.

3) Há produção de efeitos em negócio inexistente e negócio inválido?

Resposta:

Há clássica afirmação no sentido de que os atos inválidos são aptos à produção de efei-
tos, enquanto não desconstituídos, ao passo em que os atos inexistentes jamais podem
204
produzir efeitos, já que sequer reúnem os requisitos de existência dos atos jurídicos em
geral, razão pela qual prescindiriam até mesmo de declaração judicial de sua inexistên-
cia.

Na prática, entretanto, é possível que haja produção de efeitos em atos inexistentes, até
que sobrevenha manifestação judicial em contrário. Exemplo conhecido dos tribunais
federais é o caso do aposentado do INSS que tem valores descontados em seu benefício
por suposto contrato de empréstimo consignado com instituição financeira; o contrato
não existe, mas até que haja determinação judicial em contrário, haverá produção de
efeitos; se o desconto dos valores não for percebido pelo aposentado, o contrato inexis-
tente produzirá todos os seus efeitos e o ―pagamento‖ será integralmente realizado.

3.6.1.4. Questões do TRF4

3.6.1.5. Questões do TRF5

3.7. Direito Empresarial

3.7.1. Sociedade Limitada

3.7.1.1. Questões do TRF1

3.7.1.2. Questões do TRF2


1) (a) O que é o estabelecimento, nesse ambiente de empresa, empresário? (b) Nesse conceito
de empresa, qual a importância prática de saber qual o conceito de empresa? (c) Qual a rele-
vância do conceito de empresa para o direito? (D) Se a empresa não estiver contida numa so-
ciedade, se eu encontro pessoas exercendo uma atividade comercial, essas pessoas serão clas-
sificáveis como individuais empresários? (d) Serão uma sociedade? (e) Numa situação concre-
ta, de fato, em que identifico pessoas praticando atos de comércio, como se define isto?

Resposta:

(a) O estabelecimento empresarial pode ser definido como o conjunto organizado de


bens corpóreos e incorpóreos reunidos pelo empresário para o exercício da empresa;
dessa reunião é originado um sobrevalor, conhecido como aviamento (Direito Italiano)
ou fundo de comércio, razão pela qual o valor do estabelecimento é maior do que o da
soma dos bens individualmente considerados.

(b) A importância de saber o conceito de empresa é ligada a todo o regime jurídico es-
pecial aplicado ao conjunto de pessoas que exercer atividade profissional organizada
para a produção ou circulação de mercadorias e serviços.

205
(c) e (d) A atividade organizada de produção e circulação de mercadorias e serviços
exercida por pessoa individual faz incidir o conceito de empresário individual, com
normas regulamentadoras especiais, previstas no Código Civil, na parte destinada ao
Direito de Empresa. Nessa caso não serão uma sociedade, que pressupõe, salvo hipóte-
ses excepcionais, um conjunto de pessoas, mas sim um empresário individual.

(e) Na atual teoria da empresa, a conceituação de empresário não depende mais da prá-
tica de atos de comércio, mas sim da forma como é exercida a atividade. Assim, se a
atividade é exercida de forma profissional, com a organização profissional dos fatores
de produção, de forma habitual e com intuito de lucro, estará caracterizada, na prática,
a atividade de empresário.

2) Evoluindo neste mesmo exemplo: se estes empresários resolvem formalizar a relação, cons-
tituindo uma sociedade com um tipo de responsabilidade limitada? Como fica isto relativa-
mente às obrigações já contraídas?

Resposta:

Tendo-se em vista que as relações anteriores foram formalizadas em momento no qual


não se existia qualquer limitação de responsabilidade (citação), a posterior constituição
de pessoa jurídica não pode prejudicar o sobredito ato jurídico perfeito, razão pela qual
a formalização citada não produz efeitos em relação aos credores anteriores.

3) Digamos que a sociedade que eles formem constitua um patrimônio. Relativamente às obri-
gações contraídas antes de sua constituição eles respondem ilimitadamente. Indago: essa limi-
tação de responsabilidade contém o patrimônio social também, i. é, compromete o patrimônio
social por eles formado ou não?

Resposta:

Sim, mesmo antes da constituição da personalidade jurídica entende-se que o conjunto


de bens destinados ao exercício da empresa se constitui em patrimônio especial, em face
de sua afetação, respondendo inicialmente pelas obrigações sociais (arts. 988 c/c 1.024,
CC).

3.7.1.3. Questões do TRF3

3.7.1.4. Questões do TRF4

3.7.1.5. Questões do TRF5


01) Discorra sobre a responsabilidade dos sócios.

206
Resposta:

A responsabilidade dos sócios das pessoas jurídicas que exercem atividades de empresá-
rio irá depender, basicamente, do tipo empresarial escolhido para a atividade.

Em comum, há ao menos a limitação da responsabilidade, que é o patrimônio de afeta-


ção, assim entendido o conjunto de bens destinados ao exercício da atividade. As obri-
gações ligadas à empresa, ainda que não haja personalidade jurídica, será inicialmente
suportada pelo referido patrimônio.

Já no que tange às diferenciações, tem-se basicamente o que segue:

Na sociedade em comum, que não tem personalidade jurídica, todos respondem pelas
dívidas sociais, de forma ilimitada, ressalvado o já citado patrimônio de afetação (art.
990).

Na sociedade em conta de participação, apenas o sócio ostensivo exerce a atividade


empresarial e apenas ele responde pelas dívidas sociais. A especialização patrimonial
somente produz efeitos entre os sócios (art. 994, §1º)

Nas sociedades em nome coletivo, já há personalidade jurídica, mas a responsabilidade


é ilimitada, embora os sócios possam, entre si, fazer pactos limitativos de responsabili-
dade (art.1.039, §único).

Nas sociedades em comandita por ações, o sócio em geral tem responsabilidade limi-
tada ao valor subscrito, ao passo em que o sócio administrador terá responsabilidade
subsidiária, mas ilimitada e solidária (entre si) pelas obrigações da sociedade (art. 282,
LSA)

Nas sociedades em comantida simples, os sócios comanditados são responsabilizados


solidária e ilimitadamente, enquanto os comanditários respondem apenas pelo valor de
suas cotas.

Nas sociedades limitadas, a responsabilidade dos sócios é limitada ao valor de suas


cotas, mas respondem pela integralização do capital social.

Nas sociedades anônimas, os sócios respondem apenas e tão somente pela integraliza-
ção da sua cota social, não havendo que se falar sequer em responsabilidade pela inte-
gralização das demais.

02) O capital social pode ser alterado pelos administradores ou apenas pelos sócios?

Resposta:

Nos termos do artigo 1076, I do Código Civil, a alteração do contrato social, de que
depende a alteração do capital, demanda a aprovação de, no mínimo, sócios que repre-
sentem ¾ do capital social.
207
3.8. Direito Processual Civil

3.8.1. Procedimento Sumário. Hipóteses de Admissibilidade. Valor da Causa e


Caracterização por Matérias. Procedimento. Petição Inicial, Recebimento da
Inicial, Citação, Audiência Inicial, Resposta do Réu, Audiência de Instrução e
Julgamento. Intervenção de Terceiro e Ação Declaratória Incidental

3.8.1.1. Questões do TRF1

3.8.1.2. Questões do TRF2


1) Com relação às concessionárias, o juiz federal pode obrigar a União a figurar no feito? O que
diz a Súmula do TRF 2?

Resposta:

Diz a súmula Súmula 41 do TRF-2:

NA AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO, OU DE CONSTITUIÇÃO DE SERVIDÃO


ADMINISTRATIVA, PROPOSTA POR CONCESSIONÁRIA DE ENERGIA ELÉ-
TRICA, MANIFESTANDO A UNIÃO EXPRESSAMENTE FALTA DE INTERESSE
EM INTERVIR NO FEITO, NÃO PODERÁ SER OBRIGADA A INTEGRAR A RE-
LAÇÃO PROCESSUAL, COMPETINDO O JULGAMENTO À JUSTIÇA ESTADU-
AL

2) A assistência que atrai a competência da Justiça Federal é simples, litisconsorcial, qual é a


classificação correta?

Resposta:

Embora haja bastante discussão jurisprudencial sobre o tema, entende-se, na esteira da


Súmula 61 do TFR, que a intervenção da União com base em interesse meramente eco-
nômico (Lei 9.46997) não atrai a competência da Justiça Federal (TRF1 - 0016854-
36.2002.4.01.0000, de 25/07/2012), o que somente se dá com a assistência simples ou litis-
consorcial (TRF1 - 0025997-34.2011.4.01.0000, de 17/08/2012), isto é, com a demonstração do
interesse jurídico.

3.8.1.3. Questões do TRF3

3.8.1.4. Questões do TRF4

3.8.1.5. Questões do TRF5

208
3.9. Direito Processual Penal

3.9.1. Recursos

3.9.1.1. Questões do TRF1


1) No tocante ao apelar em liberdade, ainda existe a prisão como condição de apelar?

Resposta:

Não. Já era reconhecida pela jurisprudência dos tribunais a impossibilidade de imposi-


ção da referida condicionante, em face da presunção de inocência e do duplo grau. Atu-
almente, com a revogação do artigo 595 do CPP, não há mais discussões a respeito da
matéria.

3.9.1.2. Questões do TRF2

3.9.1.3. Questões do TRF3


1) Quais os recursos previsto no CPP?

Resposta:

O CPP prevê de forma expressa apenas o Recurso em sentido estrito (RESE), a Apela-
ção, os Embargos (e os embarguinhos), a Carta Testemunhável, Embargos infringentes
e de nulidade e o Recurso extraordinário. Admite-se, ainda que não previsto no CPP de
forma expressa, o Recurso Especial, o Agravo Regimental e o Agravo contra decisão
denegatória de recurso especial ou extraordinário.

2) Aplica-se o princípio da fungibilidade no Processo penal?

Resposta:

Também conhecido como ―Teoria do Recurso Indiferente‖ ou do ―Tanto vale‖, tem


aplicação no processo penal, desde que haja dúvida objetiva e respeito ao prazo do re-
curso tido como correto, embora, na doutrina, autores como Nelson Nery entendam
desnecessário o segundo requisito.

3) Da decisão que rejeita o pedido de liberdade provisória sem fiança, cabe RESE?

Resposta:

Sim, por expressa disposição legal (art. 581, V, CPP).

4) O réu que responder o processo em liberdade poderá ter sua prisão decretada imediata-
mente após a decisão de recurso no Tribunal?
209
Resposta:

A decisão do Tribunal, por si só, não é apta a legitimar o encarceramento do réu, mesmo
que este tivesse respondido a todo o processo preso, já tendo se manifestado o STF no
sentido de que a ausência de efeito suspensivo aos recursos de natureza extraordinária
(REsp e RE) não têm o condão de possibilitar a execução provisória contra o réu. Dessa
forma, a decisão condenatória do Tribunal somente é apta a gerar o encarceramento se
presentes alguns dos requisitos da prisão preventiva. Do contrário, a liberdade se impõe.
Como o réu respondeu ao processo em liberdade, é bem provável que não haja qualquer
dos requisitos da preventiva, razão pela qual normalmente continuará em liberdade.

5) E na hipótese de ter respondido o processo preso, no recurso de apelação o tribunal poderá


deferir a liberdade?

Resposta:

A liberdade se imporá se não estiverem presentes os motivos da prisão preventiva, sen-


do válido ressaltar que a Lei 12.403/2011 revogou a disposição do CPP que condiciona-
va o conhecimento da apelação à não fuga do recorrente.

3.9.1.4. Questões do TRF4

3.9.1.5. Questões do TRF5

3.10. Direito Ambiental

3.10.1. Tutela Administrativa do Meio Ambiente. Responsabilidade


Administrativa em Matéria Ambiental. Poder de Polícia Ambiental

3.10.1.1. Questões do TRF1

3.10.1.2. Questões do TRF2

3.10.1.3. Questões do TRF3

3.10.1.4. Questões do TRF4

210
3.10.1.5. Questões do TRF5
TRF5 – 2012
01) Trate da repartição de competência em matéria ambiental e se houve alguma alteração
recente sobre o tema.

Resposta:

Embora haja expressa previsão constitucional no sentido de ser comum a todos os entes
competência material para ―proteger o meio ambiente e combater a poluição em qual-
quer de suas formas‖ (artigo 23, VI), e de haver previsão de competência legislativa
concorrente à União, Estados e DF para legislar sobre ―florestas, caça, pesca, fauna,
conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio am-
biente e controle da poluição‖ (art. 24, VI), deve ser levado em conta que há competên-
cia privativa da União para legislar sobre ―águas e energia‖ (art. 22, IV), ―jazidas,
minas e outros recursos minerais‖ (art. 22, XII), além da competência material priva-
tiva da União para ―organizar, manter e executar a inspeção do trabalho‖ (art. 21,
XXIV), tendo-se em conta que o âmbito laboral também integra o conceito de meio
ambiente. Pode-se dizer, em linhas gerais, portanto, que há competências que são atribu-
ídas apenas à União, e que as demais são atribuídas a todos os entes, no exercício do
chamado Federalismo de Cooperação.

A matéria ligada à competência para o licenciamento era tratada predominantemente no


artigo 10 da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, com base na preponderância
do interesse, razão pela qual em regra era atribuída aos órgãos estaduais, salvo quando
se tratasse de obra com significativo impacto ambiental de âmbito nacional ou regional.
A matéria foi detalhada pelas Resoluções 1 e 237 do CONAMA. Já a competência fis-
calizatória era exercida por todos os entes, haja vista ser competência da natureza co-
mum.

Recentemente a Lei Complementar 140/2011 tratou de regular o tema da cooperação


entre os entes. No que tange ao licenciamento foi mantida, em linhas gerais, a noção de
predominância do interesse. Já no que tange ao poder fiscalizatório, deu-se prevalência
à atuação exercida pelo ente responsável pelo licenciamento, embora não se tenha su-
primido completamente a competência dos demais, porém, com preferência para a pala-
vra dada pelo ente licenciador.

02) Compreensão do poder de polícia administrativo, fundamento. Discorra.

Resposta:

Hely conceitua Poder de Polícia como "a faculdade de que dispõe a Administração Pú-
blica para condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individu-
ais, em benefício da coletividade e do próprio estado‖. É expressamente tratado pelo
artigo 78 do CTN, como sendo apto a legitimar a instituição de exação tributária na mo-
dalidade taxa. Fundamenta-se, portanto, no princípio da supremacia do interesse públi-
211
co, colocado por Celso Antônio Bandeira de melo como base de todo o Direito Admi-
nistrativo, ao lado da indisponibilidade do interesse público.

03) Delegação a particular do poder de polícia, é possível?

Resposta:

Entende-se predominantemente que não é possível, haja vista tratar-se de faculdade e-


minentemente pública. Isso não impede, entretanto, sua delegação a pessoas jurídicas de
direito público, como as autarquias, ou a atribuição de simples atos materiais a particu-
lares, como no clássico exemplo dos radares que medem a velocidade de veículos em
vias públicas, que são operados por particulares, que não detém, entretanto, poder para
decidir multar ou não multar.

04) A administração aplicou uma multa pelo atraso na prestação, a administração estaria exer-
cendo o poder administrativo?

Resposta:

Tratando-se de prestação exigível no bojo do exercício do poder de polícia, a eventual


multa pelo atraso no seu cumprimento pode ser qualificada como medida acessória que
visa a estimular o seu cumprimento tempestivo. Dessa forma, em face da relação de
acessoriedade e seguindo a teoria da Gravitação Jurídica, entendo que também a multa é
decorrente do poder de polícia.

05) O poder de polícia precisa da intervenção do poder judiciário?

Resposta:

Os autores administrativistas, em geral, colocam a autoexecutoriedade, a discricionarie-


dade e a coercibilidade como caracarterísticas inerentes ao poder de polícia. Apesar
disso, reconhece-se que há situações em que não pode a Administração executar direta-
mente as decisões derivadas do Poder de Polícia, como, por exemplo, no caso da co-
brança de multas, em que a intermediação do Judiciário é necessária. Pode-se dizer,
assim, que o exercício dos atos decorrentes do poder de polícia é autoexecutório sempre
que houver expressa previsão legal nesse sentido ou quando se tratar de ato urgente. Há
relevante discussão na doutrina e na jurisprudência acerca da autoexecutoriedade ou não
do ato demolitório de construções irregulares. Em que pese ainda não haver definição
do tema, a jurisprudência superior já teve a oportunidade de afirmar que, caso a Admi-
nistração opte por levar o caso ao Judiciário, não é cabível a extinção do feito por falta
de interesse de agir.

212
3.11. Direito Internacional Público e Privado

3.11.1. Nacionalidade: Aquisição, Perda e Mudança

3.11.1.1. Questões do TRF1

3.11.1.2. Questões do TRF2


1) Nacionalidade: Conceito, perda e aquisição. Discorra.

Resposta:

Nacionalidade pode ser definida como um vínculo jurídico-político que une uma pessoa
a um Estado.

No Brasil, quanto à nacionalidade originária, adota-se tanto o modelo do jus solis


como o do jus sanguinis, razão pela qual é brasileiro tanto aquele que nasce no território
nacional (salvo se um dos seus pais estiverem a serviço do seu país), como o que nasce
no exterior, filho de pai ou mãe brasileira a serviço do Brasil ou filho de pai ou mãe
brasileira, desde que registrado na repartição brasileira competente no exterior ou que
venha morar no Brasil e opte a qualquer tempo, depois da maioridade, pela nacionalida-
de brasileira. Já quanto à nacionalidade derivada, no Brasil é adquirida com a naturali-
zação, é prevista na Constituição, com requisitos de um ano de residência e idoneidade
moral para os originários de países de língua portuguesa e 15 anos de residência ininter-
rupta e ausência de condenação penal, para os demais, e no Estatuto do Estrangeiro,
que prevê a naturalização para o residente há mais de quatro anos, mas com diversos
requisitos (como boa saúde, profissão, conhecimento da língua, etc.).

Quanto à perda, a Constituição a prevê nas hipóteses de adoção voluntária de outra na-
cionalidade derivada, salvo se imposta como condição para a permanência no Estado
estrangeiro ou o exercício de direitos civis, ou ao que tiver cancelada sua naturalização,
por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional. A perda,
entretanto, depende de procedimento contraditório, em face de juiz federal competente,
razão pela qual não pode ser tida como automática toda vez que um nacional se natura-
liza em outro Estado, como acontece comumente com jogadores de futebol.

3.11.1.3. Questões do TRF3

3.11.1.4. Questões do TRF4

3.11.1.5. Questões do TRF5

213
3.12. Sociologia do Direito

3.12.1. Fato Jurídico e Fato Social (Relações)

3.12.1.1. Questões do TRF1


1) Qual a teoria predominante em relação à natureza e a sociabilidade, o que é o algo social e
o algo natural?

Resposta:

O conceito de fato social foi cunhado por Emile Durkheim como forma de delimitar o
campo de abrangência do estudo da ciência da sociologia. Para o autor, o fato social –
objeto da sociologia – se constitui na maneira de agir, de pensar, de sentir exteriores ao
indivíduo, dotadas de um poder de coerção, que independe completamente do Direito.
Cita-se comumente como exemplo de fato social as regras de postura e de etiqueta. Des-
sa maneira, na mesma medida em que o fato social condiciona a sociedade, esta deter-
mina o molde do fato social.

O fato natural, por sua vez, é algo que a natureza apresenta em seu curso natural, ordi-
nário, não construído, portanto, pela ação humana, existentes, portanto, independente-
mente da sociedade em que ocorrem.

3.12.1.2. Questões do TRF2

3.12.1.3. Questões do TRF3

3.12.1.4. Questões do TRF4

3.12.1.5. Questões do TRF5

3.13. Filosofia do Direito

3.13.1. Justiça e Legalidade

3.13.1.1. Questões do TRF1


1) O que é justiça?

Resposta:

O termo comportou diferentes acepções, ao longo da história.


214
Tratada por Platão como a virtude que tem proeminência sobre todas as outras. Para
Aristóteles, o termo justiça denota, ao mesmo tempo, legalidade e igualdade. Assim,
justo é tanto aquele que cumpre a lei (justiça em sentido estrito) quanto aquele que
realiza a igualdade (justiça em sentido universal).

Entre os contemporâneos, Miguel Reale ressalta que a Justiça é um valor que só se


releva na vida social, decorrente da própria diferença entre os homens, no sentido de
busca, efetivamente, de uma igualdade que não existe, na prática.

Pode-se dizer, de maneira geral, portanto, que por Justiça deve-se entender uma situação
ideal, em que a todos os indivíduos de uma comunidade, pelo simples fato de serem
indivíduos, serem dadas as mesmas condições de obtenção da felicidade que são dadas a
todos os outros.

2) O senhor é a favor da desobediência civil? E a ordem estabelecida, em alguns momentos da


história não foi rompida, e não teve consequências mais benéficas?

Resposta:

Por desobediência civil deve-se entender toda forma de protesto contra um poder políti-
co instituído, sem que haja necessariamente confronto físico, bastando, para tanto, de-
monstrar a insatisfação mediante o não apoio ao poder estabelecido, sobretudo com sua
demonstração em atos públicos.

Dessa maneiro, a desobediência civil, desde que exercida de modo a não violar direitos
ou legítimas expectativas de terceiros, é instrumento válido de tentativa de mudanças
sociais sem uso da violência.

É de se destacar, nesse sentido, a decisão do STF em que se autorizaram as marchas


contra a proibição da maconha, antes tratadas como crime de apologia, e agora vistos
como legítimo exercício do direito de não concordar com as políticas públicas instituí-
das.

3.13.1.2. Questões do TRF2

3.13.1.3. Questões do TRF3

3.13.1.4. Questões do TRF4

3.13.1.5. Questões do TRF5

215
4. Ponto 04
4.1. Direito Constitucional

4.1.1. Controle de Constitucionalidade

4.1.1.1. Questões do TRF1


1) Cabe ADI em face de decreto autônomo? (Natureza de primariedade)

Resposta:

A Ação Direta de Inconstitucionalidade é a forma de controle concentrado cabível em


face de atos normativos primários, isto é, que retiram seu fundamento de validade na
própria Constituição Federal. Assim, para os decretos autônomos, elaborados com fun-
damento direto no artigo 84, VI da Constituição, é cabível a ADI, já que não há instru-
mento infraconstitucional que o fundamente.

4.1.1.2. Questões do TRF2


1) O que é o fenômeno da recepção? Norma anterior pode ser objeto de controle de constitu-
cionalidade concreto?

Resposta:

O fenômeno da recepção é a análise individualizada de compatibilidade da lei pré-


constitucional com a norma constitucional superveniente (seja uma nova Constituição,
seja um artigo da Lei Maior alterado por emenda). Decorre da premissa de que, em face
da alteração do parâmetro constitucional, todas as normas pretéritas continuam em vi-
gor, até que se declare a ausência de compatibilidade, sob pena de surgir um verdadeiro
caos jurídico toda vez que se alterar a norma constitucional.

No que tange ao controle concreto, é plenamente possível a análise da recepção, já que a


Força Normativa da Constituição, no sentido de não se conceder validade a normas que
violem seu conteúdo, também deve ser assegurado no âmbito do controle concreto.

2) Efeito repristinatório e repristinação. Discorra e diferencie. Há exemplos na Constituição?

Resposta:

A despeito da semelhança, são vocábulos com significação diversa.

A repristinação é um fenômeno legislativo no qual há a entrada novamente em vigor de


uma norma efetivamente revogada, pela revogação da norma que a revogou. Contudo,
a repristinação deve ser expressa dada a dicção do artigo 2º, §3º da LINDB.

216
Já o efeito repristinatório advém do controle de constitucionalidade. Para compreendê-
lo melhor, é necessário explanar brevemente sobre o princípio que lhe dá suporte: o
princípio da nulidade do ato inconstitucional.

Para este princípio implícito, extraído do controle difuso de constitucionalidade e aco-


lhido em nosso ordenamento, o ato inconstitucional nasce eivado de nulidade. Não é
apenas anulável.

Essa tese é embasada no fato de que a decisão que reconhece a inconstitucionalidade é


declaratória. E a decisão declaratória apenas reconhece determinada situação, no caso, a
nulidade.

Com isso, a norma que nasce nula (declarada inconstitucional) não poderia revogar a
anterior validamente.

Assim, o efeito repristinatório é a reentrada em vigor de norma aparentemente revoga-


da, ocorrendo quando uma norma que revogou outra é declarada inconstitucional.

3) É possível controle de Emenda à Constituição?

Resposta:

O controle de constitucionalidade é a análise acerca da compatibilidade formal e materi-


al das leis infraconstitucionais em relação à Constituição Federal. Assim, como a E-
menda Constitucional é inferior à Constituição, já que não é produto do Constituinte
Originário, mas, ao contrário, construção do legislador constitucional, como deixa ver o
artigo 59 da Constituição, é perfeitamente cabível o controle de sua constitucionalidade.
Uma vez ultrapassado o controle, entretanto, a norma passa a ter o mesmo status da de-
mais normas constitucionais.

4) Explane sobre controle de constitucionalidade.


Resposta:

Trata-se da análise da compatibilidade de toda a legislação infraconstitucional com os


preceitos inseridos na Constituição da República, legitimado em face da supremacia
formal desta. No Brasil adotou-se o modelo jurisdicional de controle – embora possa ser
feito, em algumas hipóteses, pelos demais poderes -, tanto na modalidade difusa – sur-
gida nos EUA – como na concentrada – modelo austríaco.

5) Fale sobre a modulação dos efeitos temporais na ADI. Isso não confere ao judiciário um
alargamento de seu poder (legislando)?

Resposta:

217
A modulação de efeitos é prevista em nosso ordenamento pelos artigos 27 da Lei
9.868/1999 e 11 da Lei 9.882/1999, em situação análoga à que consta na Constituição
Portuguesa e também na Lei Orgânica da Corte Constitucional Alemã. Trata da possibi-
lidade de se legitimar a produção de efeitos a uma lei considerada inconstitucional. O
sistema brasileiro se assenta na premissa, via de regra, de que a lei inconstitucional é
nula, razão pela qual a declaração de sua inconstitucionalidade deveria produzir efeitos
jurídicos retroativos, como se a lei jamais tivesse existido. Por razões de segurança ju-
rídica, entretanto, permite-se a declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia
de nulidade, de modo a permanecerem válidos os atos praticados na vigência da lei
declarada inconstitucional.

De fato, a possibilidade de modulação de efeitos representa um certo alargamento do


seu poder, na medida em que confere possibilidade ao STF de dar validade a norma que
contraria a Constituição, inclusive fixando os marcos de sua vigência. Faz-se, entretan-
to, em respeito ao princípio da segurança jurídica, razão pela qual entende-se o alarga-
mento como compatível com a Constituição.

6) Faça uma diferenciação sobre o que vem a ser controle de constitucionalidade e a modula-
ção dos seus efeitos temporais de acordo com a doutrina e a jurisprudência.

Resposta:

Em linhas gerais, o controle de constitucionalidade é a análise da compatibilidade de


toda a legislação infraconstitucional com os preceitos inseridos na Constituição da Re-
pública. O reconhecimento da inconstitucionalidade, em sede de controle concentrado,
tem o condão apenas de declarar (ADI) uma situação já existente. Entende-se, então,
que a lei já nasceu nula, razão pela qual não deveria produzir quaisquer efeitos jurídicos.

Entretanto, por razões de segurança jurídica, admite a legislação infraconstitucional a


modulação dos efeitos desse reconhecimento, de modo que a lei, mesmo inconstitucio-
nal, pode produzir efeitos jurídicos válidos, desde que nesse sentido decida o STF.

7) Há correntes que veem uma extravagância do Poder Judiciário, pois que estaria exercendo
um poder normativo a partir do momento que dá efeito prático a um preceito que ele já decla-
rou inconstitucional. Como vê essa questão? Haveria essa invasão do Poder Judiciário?

Resposta:

O reconhecimento da possibilidade de modulação dos efeitos da declaração de inconsti-


tucionalidade foge às linhas teóricas do entendimento no sentido de que a lei inconstitu-
cional é nula, não devendo produzir qualquer efeito. Acaba-se por permitir, assim, que o
STF legitime os efeitos produzidos por uma lei que é nula em sua essência, razão pela
qual o legislador dá, de fato, ao Judiciário um poder que aparentemente excede o de
mero órgão julgador. Embora se possa entender que a modulação atua como garantia do

218
princípio da segurança jurídica, não há como negar que sua utilização indevida pode
gerar situações de indevida atuação do Poder Judiciário como legislador positivo e con-
trário à Constituição.

8) Pode haver controle de constitucionalidade preventivo? Exemplifique.

Resposta:

É possível o controle preventivo, que incide sobre os projetos de lei ou de emenda cons-
titucional, por parte dos três poderes.

No âmbito do Executivo, atua-se através do veto jurídico.

No Legislativo, a atuação se dá pelas Comissões de Constituição e Justiça ou pelo pró-


prio Pleno, antes da aprovação dos projetos.

Já no âmbito do Judiciário acontece apenas em casos concretos nos quais se discuta o


direito público subjetivo dos parlamentares de participar de um processo legislativo
hígido (devido processo legislativo) que não contrarie as regras de vedação de delibera-
ção expressamente contidas na Constituição.

9) Na hipótese em que o regimento interno da Câmara de um dos Poderes, por exemplo, está
sendo confeccionado e há uma discussão sobre sua compatibilidade, poderia haver esse con-
trole de constitucionalidade pelo Supremo em relação ao que estivesse inscrito nessa norma
específica interna de funcionamento de um dos Poderes?

Resposta:

O controle preventivo tem balizamento bastante restrito: o direito público subjetivo de


participar de um processo legislativo hígido. Assim, apenas reconhece-se sua possibili-
dade na medida em que o próprio ato de deliberar sobre determinada matéria viole a
Constituição, sobretudo no que tange às cláusulas pétreas, não se podendo falar em con-
trole para atos classificados como interna corporis. Assim, somente seria possível o
controle sobre a confecção do Regime Interno se uma de suas normas violasse algum de
seus mandamentos violasse expressamente uma norma cogente da Constituição, como,
por exemplo, se houvesse previsão de quórum de maioria absoluta para a aprovação de
emendas constitucionais. Em matérias de mero funcionamento interno, entretanto, não
seria possível o controle interno.

10) Como a Constituição Federal trata o efeito repristinatório de normas constitucionais?

Resposta:

219
O efeito repristinatório advém do controle de constitucionalidade. Para compreendê-lo
melhor, é necessário explanar brevemente sobre o princípio que lhe dá suporte: o prin-
cípio da nulidade do ato inconstitucional.

Para este princípio implícito, extraído do controle difuso de constitucionalidade e aco-


lhido em nosso ordenamento, o ato inconstitucional nasce eivado de nulidade. Não é
apenas anulável.

Essa tese é embasada no fato de que a decisão que reconhece a inconstitucionalidade é


declaratória. E a decisão declaratória apenas reconhece determinada situação, no caso, a
nulidade.

Com isso, a norma que nasce nula (declarada inconstitucional) não poderia revogar a
anterior validamente.

Assim, o efeito repristinatório é a reentrada em vigor de norma aparentemente revoga-


da, ocorrendo quando uma norma que revogou outra é declarada inconstitucional.

11) É possível controle de constitucionalidade de EC?

Resposta:

O controle de constitucionalidade é a análise acerca da compatibilidade formal e materi-


al das leis infraconstitucionais em relação à Constituição Federal. Assim, como a E-
menda Constitucional é inferior à Constituição, já que não é produto do Constituinte
Originário, mas, ao contrário, construção do legislador constitucional, como deixa ver o
artigo 59 da Constituição, é perfeitamente cabível o controle de sua constitucionalidade.
Uma vez ultrapassado o controle, entretanto, a norma passa a ter o mesmo status da de-
mais normas constitucionais.

12) Poder Constituinte Derivado, existem limitações?

Resposta:

Existem 3 graus de limitação:

Formais ou procedimentais: referem-se aos órgãos competentes e aos procedimentos a


serem observados na alteração do texto constitucional.

Circunstanciais: são limitações consubstanciadas em normas aplicáveis a situações ex-


cepcionais, de extrema gravidade, nas quais a livre manifestação do poder derivado re-
formador possa estar ameaçada. Veda-se, assim, a reforma em casos de estado de sítio e
de defesa, e em intervenção federal.

220
Materiais: impedem a alteração de determinados conteúdos consagrados no texto consti-
tucional. São as denominadas cláusulas pétreas.

Fala-se ainda em limitações temporais, segundo as quais a Constituição não poderia ser
emendada antes de decorrido determinado lapso temporal. Não previstas na atual Cons-
tituição.

12) Poder Constituinte Derivado, existem limitações?

Resposta:

13) Qual artigo contém as cláusulas pétreas?

Resposta:

DESSE PONTO EM DIANTE: RESPOSTAS ELABORADAS POR ÉRICO RODRI-


GO FREITAS PINHEIRO
15) O que significa recepção e não recepção?

Resposta:

Há recepção quando uma norma pré-constitucional guarda conformidade com uma nova
Constituição, sendo com ela compatível, permanecendo em vigor. Ao reverso, a não
recepção ocorre quando a norma é incompatível com a nova constituição. Nesse caso,
haverá revogação da norma e, não propriamente inconstitucionalidade, em razão da in-
compatibilidade com a Constituição, que é hierarquicamente superior.

16) Qual a diferença entre inconstitucionalidade superveniente e não recepção?

Resposta:

Como exposto anteriormente, a não recepção ocorre quando a norma, anterior à Consti-
tuição, é com esta incompatível, sendo revogada com o advento da norma hierarquica-
mente superior. Já a inconstitucionalidade superveniente, fenômeno semelhante, ocorre
quando uma norma, compatível com a Constituição, se torna com esta incompatível, por
posterior reforma do texto constitucional ou por circunstâncias fáticas. Segundo enten-
dimento do STF, a questão não é propriamente de inconstitucionalidade, mas de revo-
gação de norma anterior pela nova norma hierarquicamente superior (ADIQO 7, ADI
2).
221
17) Não recepção pode sofrer controle concentrado? Qual a lei?

Resposta:

Segundo entendimento do STF, a verificação de compatibilidade de uma norma anterior


à Constituição não pode ser objeto de ação direta de inconstitucionalidade, pois não se
trata propriamente de inconstitucionalidade, mas de revogação da norma anterior. Ad-
mite-se, contudo, que a compatibilidade da norma com a Constituição seja objeto de
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, disciplinada pela Lei n.
9882/1999, que regulamentou o art. 102, parágrafo primeiro, da Constituição. Por e-
xemplo, foi caso da ADPF n. 130, cujo objeto foi a Lei de Imprensa (Lei n. 5250/67).

18) Que entendimento o STF adotou, recentemente, acerca da lei de imprensa. Quem foi o
ministro relator, neste caso?

Resposta:

No julgamento da ADPF n. 130, cujo relator foi o Ministro Carlos Ayres Britto, o STF
considerou a Lei de Imprensa incompatível com a Constituição de 1988, por afrontar as
disposições relativas à liberdade de imprensa. Considerou-se que o exercício da ativida-
de jornalística encontra-se submetido apenas às restrições constantes do próprio texto
constitucional, não podendo o legislador ordinário criar outras limitações.

19) Lembra quem foram os ministros do STF que travaram o debate célebre em que ficou de-
cidido que a norma infraconstitucional incompatível com a constituição superveniente encerra
hipótese de "não-recepção", e não hipótese de "revogação"?

Resposta:

Referido rebate foi travado no bojo da ADI n. 2, entre os ministros Paulo Brossard (rela-
tor) e Sepúlveda Pertence. O Min. Paulo Brossard defendeu que a incompatibilidade de
norma anterior à Constituição com o texto dessa encerra hipótese de revogação, deven-
do ser solucionada no âmbito do direito intertemporal. Já o Min. Sepúlveda Pertence
considerou que a não recepção implica em inconstitucionalidade, não sendo apenas re-
vogação. Este Ministro defendeu que, mesmo podendo ser tratada de revogação, a dife-
rença é substancial pois, segundo seu entendimento, sendo inconstitucionalidade, pode-
ria ser objeto de ADIN. Prevaleceu o entendimento do relator, no sentido de se tratar de
revogação e que, por este motivo, ADIN não poderia tratar deste tema (pelo fato de ser
superior, a Constituição não deixa de produzir efeitos revogatórios. (Seria ilógico que a
lei fundamental, por ser suprema, não revogasse, ao ser promulgada, leis ordinárias.
(...) Ação direta de que se não conhece por impossibilidade jurídica do pedido).
222
20) Qual a diferença entre não recepção e revogação de norma em decorrência de constituição
superveniente?

Resposta:

Como exposto, a revogação implica em solução do conflito conforme preceitos atinen-


tes a direito intemporal, no sentido de que norma posterior revoga norma anterior que
seja com esta incompatível. Já a não recepção, na visão do Min. Sepúlveda Pertence,
implica em inconstitucionalidade, sendo que a incompatibilidade material com a Consti-
tuição deve ser apreciada no plano hierárquico, não apenas no cronológico. Contudo,
este posicionamento não foi acolhido pela maioria do pleno do STF.

21) Cabível ADI contra norma infraconstitucional vigente em face parâmetro normativo consti-
tucional revogado?

Resposta:

Segundo entendimento tradicional no STF, não seria cabível ADI contra norma consti-
tucional vigente confrontada com norma constitucional revogada. Eventuais ADIs pro-
postas, com esta temática, seriam consideradas prejudicadas (ADI 2197). Contudo, re-
centemente, o STF ensaia mudança neste entendimento. Conforme decidido nas ADIs
2158 e 2189, o Tribunal considerou que a constitucionalidade da norma deve ser aferi-
da diante da quadro constitucional vigente na data de sua edição (princípio da contem-
poraneidade). Entendeu que ―não se admite a figura da constitucionalidade superveni-
ente”.

22) Qual o efeito da modulação na declaração de inconstitucionalidade? Há categoria nova ou


fica no plano tão somente da validade? A modulação dos efeitos temporais dos julgados do
STF atinge a norma em que nível de validade?

Resposta:

Por regra geral, a declaração de inconstitucionalidade tem efeitos erga omnes e ex tunc.
O reconhecimento da inconstitucionalidade implica em nulidade da norma, com efeitos
retroativos à data de sua promulgação. Trata-se de declaração de nulidade, atinge a
norma no plano de validade. Nos casos em que há modulação, ocorre o que a doutrina
chama de ―declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade‖. Nesse caso,
por razões de natureza política (preservação da segurança jurídica e excepcional interes-
se social), não ocorre propriamente declaração de nulidade (que teria efeito ex nunc).
Nesta hipótese, a decisão terá efeito constitutivo negativo, atingindo a norma no plano
de sua eficácia.

223
23) Existe controle de constitucionalidade superveniente?

Resposta:

Segundo atual entendimento do STF, não se admite constitucionalidade superveniente


(ADIs 2158 e 2189). A análise da constitucionalidade da norma deve levar em conside-
ração o quadro constitucional vigente no momento de sua edição (princípio da contem-
poraneidade). Assim, eventual norma, nascida inconstitucional, não pode ser convalida-
da por alteração constitucional posterior.

24) O que se pretende na ADPF no. 54 (crime de aborto do CP)?

Resposta:

A ADPF 54 versa sobre a possibilidade de aborto nos casos de gestação de feto anencé-
falo, quando a vida extrauterina se revela inviável. Com fundamento, principalmente, no
princípio da dignidade da pessoa humana, o STF considerou ser possível a interrupção
da gestação neste caso (ver informativo 661).

25) Exemplo de inconstitucionalidade adjetiva.

Resposta:

Inconstitucionalidade adjetiva é sinônimo de inconstitucionalidade formal, que ocorre


quando promulga-se norma cujo processo de elaboração (processo legislativo) encontra-
se viciado. Pode ocorrer quando a norma é editava por ente federativo incompetente,
quando a iniciativa do projeto de lei partiu de agente não legitimado para tanto, quando
os quóruns de votação não são observados, quando não há revisão do projeto iniciado
em uma casa legislativa por outra, etc.

4.1.1.3. Questões do TRF3


1) Quais espécies de interpretação conforme são cabíveis?

Resposta:

A doutrina considera haver duas espécies de ―interpretação conforme‖: 1. Interpretação


conforme com redução de texto: declara-se a inconstitucionalidade de determinada ex-
pressão, possibilitando a partir dessa exclusão do texto, uma interpretação compatível
com a Constituição; 2. Interpretação conforme sem redução de texto: não há supressão
textual, mas confere-se à norma impugnada uma determinada interpretação que lhe pre-
serve a constitucionalidade ou quando exclui-se da norma impugnada uma interpretação
que lhe acarretaria a inconstitucionalidade.
224
4.1.1.4. Questões do TRF4

4.1.1.5. Questões do TRF5

4.2. Direito Tributário

4.2.1. Sistema Constitucional Tributário: Princípios Constitucionais De Direito


Tributário

4.2.1.1. Questões do TRF1


1) Os princípios constitucionais da vedação ao confisco se aplica a tributos extrafiscais?

Resposta:

A doutrina majoritária entende que o princípio do não-confisco não se aplica aos tribu-
tos extrafiscais, pois estes não detém função arrecadatória, sendo instrumentos da políti-
ca fiscal. Nesse sentido, Sacha Calmon Navarro Coelho e Aliomar Baleeiro. Em sentido
contrário, Ricardo Lobo Torres e Werther Botelho Spagnol.

2) Qual a diferenciação tópica entre anterioridade e anualidade?

Resposta:

Segundo o princípio da anterioridade, é vedado aso entes tributantes cobrar tributos em


relação aos fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver
instituído ou aumentado (Art. 150, III, a CF). Pelo princípio da anterioridade do exercí-
cio financeiro, os entes não poderão cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em
que houverem sido criados ou aumentados (Art. 150, III, b). São princípios distintos em
relação à chamada anualidade, o qual preconiza que arrecadação de determinado tributo
deve ser anualmente prevista na respectiva lei orçamentária. Este princípio não vigora
no Brasil.

3) Norma legal que altera prazo de recolhimento de tributo se sujeita ao princípio da anteriori-
dade?

Resposta:

Conforme Súmula 669 do STF, ―Norma legal que altera o prazo de recolhimento da
obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade‖. Isto porque não se
cria ou aumenta tributo, não incidindo o art. 150, III, a da Constituição.

225
4) Distinção básica entre proporcionalidade e progressividade?

Resposta:

Pelo princípio da progressividade, à medida que se aumenta a base de cálculo, são apli-
cáveis alíquotas maiores. Trata-se de princípio correlato ao princípio da capacidade con-
tributiva. Já o princípio da proporcionalidade implica em maior tributação aos contribu-
intes com riqueza tributável maior, sem necessariamente haver alteração nas alíquotas.
Um exemplo é a alteração da base de cálculo do imposto de renda, para dedução de
despesas médicas.

5) O que dizer de uma lei que estabelece alíquotas progressivas sobre.

Resposta:

(questão truncada). A progressividade é comum é considerada constitucional no Direito


Brasileiro, considerada uma manifestação do princípio da capacidade contributiva. E-
xemplos: Alíquota do Imposto de renda e das contribuições previdenciárias dos traba-
lhadores.

4.2.1.2. Questões do TRF2


1) Princípio da Legalidade Relativa é cabível no direito tributário?

Resposta:

Pela legalidade absoluta, a Constituição impõe a edição de lei formal para a regulamen-
tação de determinada matéria. Lei, nesse sentido, significa norma editada pelo Poder
Legislativo, conforme processo legislativo constitucionalmente previsto. Pela legalidade
relativa, apesar de se exigir edição de lei em sentido formal, permite-se a esta estabele-
cer somente parâmetros de atuação do Poder Executivo, podendo este complementá-la
por ato infralegal. É admitida no direito tributário. Exemplo: Alíquotas do IPI, IOF, II e
IE (art. 153, parágrafo primeiro, da Constituição).

2) Haveria a incidência do princípio da eticidade na área tributária?

Resposta:

Pelo princípio da eticidade, a boa-fé deve marcar as relações jurídicas. Por consequên-
cia, estas relações devem ser marcadas por valorização da dignidade humana, da cida-
dania, da personalidade, da confiança, da probidade, da lealdade, da boa-fé e da hones-
tidade. Este princípio incide na área tributária, tendo relação com os princípios da ante-
rioridade, da vedação ao confisco, da capacidade contributiva, da não surpresa, da iso-
226
nomia, da não-discriminação, que visam assegurar uma relação transparente entre o
fisco e o contribuinte.

3) Mudança de interpretação acarreta em novo fato gerador?

Resposta:

Segundo o art. 146 do CTN, ―A modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência


de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade
administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um
mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdu-
ção.‖ Assim, havendo mudança de interpretação, não pode retroagir, sendo aplicável aos
fatos gerados ocorridos posteriormente à mudança de interpretação.

4) Existe diferença entre princípios tributários e pressupostos?

Resposta:

5) Diferença entre o princípio da irretroatividade e da intangibilidade.

Resposta:

O princípio da irretroatividade guarda relação com a eficácia das normas, as quais não
poderão retroagir para alcançarem fatos pretéritos. Já a intangibilidade guarda relação
com o princípio da segurança jurídica. Por este princípio, o ato jurídico perfeito e o di-
reito adquirido (além da coisa julgada) são intangíveis e não podem ser afetados por ato
normativo posterior. Por exemplo, por exemplo, a formalização de um parcelamento de
dívida tributária constitui ato jurídico perfeito, a vincular o contribuinte e o ente tribu-
tante, gerando todos os efeitos previstos nas normas gerais de Direito Tributário, com,
por exemplo, a possibilidade de emissão de certidões negativas.

6) Conceito de vigência da lei tributária, distinguindo vigência formal e vigência material. Entra
nesse conceito a figura da eficácia?

Resposta:

Vigência é a aptidão da norma, válida, para produção de efeitos. A vigência formal


guarda relação com a própria vigência, com a aptidão para produção de eventos. Já a
vigência material se confunde com a eficácia, com a efetiva produção de efeitos da
norma.

227
7) Há alguma peculiaridade em relação às leis tributárias no que tange à eficácia?

Resposta:

Sim. Conforme previsto no art. 150, III, b e c da Constituição, é vedado aos entes fede-
rativos cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei
que os instituiu ou aumentou e antes de decorridos noventa dias da data em que haja
sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou. Ou seja, editada norma em descon-
formidade com estes prazos, a norma poderá ser vigente (apta a produzir efeitos), mas
será desprovida de eficácia (não produzirá efetivamente tais efeitos).

8) O somatório da anterioridade com a anterioridade nonagesimal levou a uma classificação.


Qual seria? (anterioridade máxima, média e mínima)

Resposta:

9) A lei tributária que não majore nem institua tributos também devem observar essas limita-
ções? Qual o prazo de vigência dessas leis? Poderá ter vigência extraterritorial? Qual o pressu-
posto para isso acontecer?

Resposta:

Considerando que a legislação tributária se interpreta literalmente, nesses casos tais li-
mitações não incidem. Por exemplo, o STF já decidiu que tais princípios não incidem
nos casos redução ou extinção de desconto legalmente previsto (ADI 4016). O prazo de
vigência da lei observará as disposições da Lei de Introdução às Normas do Direito Bra-
sileiro e do CTN. O CTN, no art. 101, prevê que a vigência, no espaço e no tempo, da
legislação tributária rege-se pelas disposições legais aplicáveis às normas jurídicas em
geral, com as ressalvas previstas neste Código. Em regra, a própria norma poderá dispor
sobre sua vigência. Quando omissa, entra vigor 45 dias após sua publicação (art. 1º
LINDB). O art. 102 dispõe sobre a extraterritorialidade: ―A legislação tributária dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios vigora, no País, fora dos respectivos terri-
tórios, nos limites em que lhe reconheçam extraterritorialidade os convênios de que par-
ticipem, ou do que disponham esta ou outras leis de normas gerais expedidas pela Uni-
ão.‖

10) O direito tributário trabalha com a retroatividade? Também se aplica a retroatividade má-
xima, média e mínima?

Resposta:
228
Segundo Sabbag, a retroatividade é ―a) máxima, quando a lei retroage para atingir a
coisa julgada ou os fatos jurídicos consumados (transação,pagamento, prescrição); b)
média, quando a lei atinge os direitos exigíveis mas não realizados antes de sua vigên-
cia, vale dizer, direitos já existentes mas ainda não integrados no patrimônio do titular.
c) mínima, quando a lei nova atinge os efeitos dos fatos anteriores verificados após a
sua edição.‖ Este autor entende que a Constituição, por consagrar o princípio da segu-
rança jurídica, não permite qualquer destas formas de retroatividade, consagrando a
irretroatividade, não obstante vozes em contrário. Entende que o art. 105 do CTN con-
sagra a irretroatividade, fixando como marco o fato gerador efetivamente ocorrido. Pode
haver retroatividade, apenas, na hipótese de aplicação da norma gerar situação favorável
ao contribuinte ou quanto for interpretativa (art. 106).

11) Receita de imposto pode ser vinculada a determinada despesa? Onde se encontra este
impedimento (vinculação da receita à despesa)? A vinculação do fato gerador toca na vincula-
ção da receita?

Resposta:

Não é possível a vinculação de receita de determinado imposto a receita, conforme art.


167, IV, da Constituição. Não necessariamente há vinculação entre fato gerador e vincu-
lação da receita. São tributos vinculados aqueles que guardam relação com alguma ati-
vidade estatal relativa ao contribuinte. Assim, são vinculados a taxa e a contribuição de
melhoria. São não vinculados os impostos Os empréstimos compulsórios são vinculados
ou não vinculados. Já a vinculação da receita remete à classificação dos tributos quanto
ao destino da arrecadação. São de arrecadação vinculada os tributos cujas receitas de-
vem ser destinadas a determinadas atividades. O exemplo são as contribuições para a
seguridade social. Já nos tributos de arrecadação não vinculada não há essa correlação.

12) Pode-se deduzir que, porque o tributo é não vinculado, no que se refere ao fato gerador, a
receita referente a esse tributo não pode ser vinculada com a despesa?

Resposta:

Não necessariamente. São tributos vinculados aqueles que guardam relação com alguma
atividade estatal relativa ao contribuinte. Assim, são vinculados a taxa e a contribuição
de melhoria. São não vinculados os impostos Os empréstimos compulsórios são vincu-
lados ou não vinculados. Já a vinculação à despesa remete à classificação dos tributos
quanto ao destino da arrecadação. São de arrecadação vinculada os tributos cujas recei-
tas devem ser destinadas a determinadas atividades. O exemplo são as contribuições
para a seguridade social. Já nos tributos de arrecadação não vinculada não há essa corre-
lação.

229
13) Há diferença entre o princípio da noventena e o princípio da anterioridade nonagesimal?

Resposta:

Para parcela majoritária da doutrina, os princípios são tidos como sinônimos, mas há
autores que costumam diferenciá-los. Assim, a anterioridade nonagesimal seria aplicá-
vel às contribuições para financiamento da seguridade social (art. 195, p. 6º da CF -
―As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorri-
dos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado‖).
Já a noventena seria aplicável às demais espécies tributárias (art. 150, III, c – ―antes de
decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou au-
mentou‖). Contudo, embora a diferença seja terminológica, entende-se que há equiva-
lência teleológica.

14) No que diz respeito ao princípio do “in dubio pro contribuinte”, é aplicável às infrações
tributárias?

Resposta:

Este princípio é aplicável às infrações tributárias, conforme expresso no art. 112 do


CTN. Conforme este dispositivo, a lei tributária que define infrações, ou lhe comina
penalidades, interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida
quanto à capitulação legal do fato, à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou
à natureza ou extensão dos seus efeitos, à autoria, imputabilidade, ou punibilidade e à
natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação.

15) Em matéria de interpretação, um dos princípios constitucionais tributários é o da irretroa-


tividade tributária. Discorra.

Resposta:

Pelo princípio da irretroatividade, é vedado aos entes tributantes cobrar tributos em re-
lação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver insti-
tuído ou aumentado (art. 150, III, a CF). Consagra o princípio da não surpresa, afirman-
do a boa-fé que deve haver na relação entre o fisco e o contribuinte. É corolário do prin-
cípio da segurança jurídica (art. 5º, XXXVI).

16) Existem exceções a esta regra da irretroatividade tributária?

Resposta:

230
Conforme o art. 106 do CTN, a lei tributária aplica-se a ato ou fato pretérito, em qual-
quer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade
à infração dos dispositivos interpretados; ou tratando-se de ato não definitivamente jul-
gado, quando deixe de defini-lo como infração; quando deixe de tratá-lo como contrá-
rio a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não
tenha implicado em falta de pagamento de tributo; quando lhe comine penalidade me-
nos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.

17) O princípio da capacidade tributária só existe com relação aos impostos ou também existe
com relação aos outros tributos? Há diferença entre processo e procedimento tributário?

Resposta:

Conforme o art. 145, parágrafo primeiro, da constituição, o princípio da capacidade con-


tributiva é aplicável aos impostos. Contudo, segundo entendimento do STF, nada obsta
que este princípio seja aplicado às demais espécies tributárias ((RE 216.259-AgR). Pro-
cesso administrativo tributário é relação havida entre o fisco e o contribuinte, com vistas
ao acertamento da situação fiscal deste último. Já o procedimento é conjunto de atos,
praticados no bojo deste processo, conducente à prática do ato final, que decide definiti-
vamente a questão, na esfera administrativa.

18) Ao lado da anterioridade, o que é a intangibilidade (doutrina nova)?

Resposta:

A intangibilidade guarda relação com o princípio da segurança jurídica. Por este princí-
pio, o ato jurídico perfeito e o direito adquirido (além da coisa julgada) são intangíveis e
não podem ser afetados por ato normativo posterior. Por exemplo, por exemplo, a for-
malização de um parcelamento de dívida tributária constitui ato jurídico perfeito, a vin-
cular o contribuinte e o ente tributante, gerando todos os efeitos previstos nas normas
gerais de Direito Tributário, com, por exemplo, a possibilidade de emissão de certidões
negativas.

4.2.1.3. Questões do TRF3


1) Quais elementos da regra matriz de incidência devem estar presentes na lei?

Resposta:

O art. 97 do CTN prevê os elementos da regra matriz de incidência que devem estar
previstos na lei: a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, e do seu
sujeito passivo; a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo; a cominação
de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras

231
infrações nela definidas; as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tri-
butários, ou de dispensa ou redução de penalidades.

2) A data do pagamento do tributo pode ser fixada por decreto?

Resposta:

Segundo o entendimento do STF, fixação da data de pagamento do tributo, por decreto,


não ofende ao princípio da legalidade, por não ser matéria afeta ao rol do art. 97 do
CTN (RE 195218).

3) As contribuições devem observar o princípio da capacidade contributiva?

Resposta:

Conforme o art. 145, parágrafo primeiro, da constituição, o princípio da capacidade con-


tributiva é aplicável aos impostos. Contudo, segundo entendimento do STF, nada obsta
que este princípio seja aplicado às demais espécies tributárias. Especificamente em rela-
ção às contribuições, a possibilidade de aplicação do princípio ficou assentada no RE
573675, que versou sobre a COSIP.

4.2.1.4. Questões do TRF4

4.2.1.5. Questões do TRF5


1) Discorra sobre a legalidade no Direito Tributário e aponte as suas exceções. Trate também
do princípio da tipicidade cerrada.

Resposta:

O princípio da legalidade, inicialmente, está previsto no art. 5º, II, da Constituição, se-
gundo o qual ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algo senão em virtude de
lei. Especificamente em matéria tributária, o art. 150, I prevê que os entes federados não
podem exigir ou instituir tributo sem lei que o estabeleça. O art. 97 do CTN também
elenca matérias que apenas podem ser disciplinadas por lei. A jurisprudência considera
que determinadas matérias não necessariamente devem ser disciplinadas por lei: as não
constantes do citado art. 97, atualização da base de cálculo do tributo (art. 97, p. 2º),
prazo para pagamento. A CF possibilita que as alíquotas do II, IE, IPI e IOF, bem como
da CIDE-combustíveis, possam ser alteradas pelo Poder Executivo. / Pelo princípio da
tipicidade cerrada, a lei criadora de tributos dever ser minuciosa, prevendo todos os e-
lementos do tributo, de molde a não permitir interpretações extensivas e discricionarie-
dades. Por esse motivo, a norma deve prever fato gerador, alíquota, base de cálculo,
penalidades.
232
2) Discorra sobre a imunidade recíproca e se ela abrange empresas públicas e sociedade de
economia mista.

Resposta:

Pela imunidade recíproca, a União, Estados, Distrito Federal e Municípios não podem
instituir impostos sobre patrimônio, renda ou serviços uns dos outros (art. 150, VI, c).
Trata-se regra protetiva do pacto federativo. Em relação às autarquias e fundações, seu
patrimônio, renda e serviços devem estar afetos às suas finalidades essenciais, para fazer
jus à imunidade (art. 150, p. segundo). Em relação às empresas públicas e sociedades de
economia mista, o STF considera ser aplicável a imunidade quando prestadoras de ser-
viços públicos (RE 424.227), não sendo extensível às exercentes de atividades econô-
micas (RE 363.412-AgR), por força do art. 173 e parágrafos da CF.

3) Diferencie imunidade, não incidência e isenção.

Resposta:

A não incidência ocorre quando um fato não é abrangido pela hipótese de incidência,
não havendo o fato gerador do tributo. Pode ocorrer quando um ente, embora possa fa-
zê-lo, deixa de definir determinada situação como hipótese de incidência ou quando o
ente não dispõe de competência. Há imunidade quando a Constituição delimita a com-
petência dos entes federativos, impedindo que determinadas situações sejam considera-
das hipótese de incidência de tributos (art. 150, VI, da constituição). Já isenção ocorre
quando os entes, no exercício de sua competência, estabelecem exceções à regra de tri-
butação. É dispensa legal de tributo devido, sendo hipótese de exclusão do crédito tribu-
tário.

4) Princípio da legalidade tributária e exceções ao principio.

Resposta:

O princípio da legalidade, inicialmente, está previsto no art. 5º, II, da Constituição, se-
gundo o qual ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algo senão em virtude de
lei. Especificamente em matéria tributária, o art. 150, I prevê que os entes federados não
podem exigir ou instituir tributo sem lei que o estabeleça. O art. 97 do CTN também
elenca matérias que apenas podem ser disciplinadas por lei. A jurisprudência considera
que determinadas matérias não necessariamente devem ser disciplinadas por lei: as não
constantes do citado art. 97, atualização da base de cálculo do tributo (art. 97, p. 2º),
prazo para pagamento. A CF possibilita que as alíquotas do II, IE, IPI e IOF, bem como
da CIDE-combustíveis, possam ser alteradas pelo Poder Executivo.
233
5) No que concerne às empresas públicas e sociedades de economia mista, essas entidades são
beneficiadas pela imunidade tributária da Constituição?

Resposta:

Em relação às empresas públicas e sociedades de economia mista, o STF considera ser


aplicável a imunidade quando prestadoras de serviços públicos (RE 424.227), não sendo
extensível às exercentes de atividades econômicas (RE 363.412-AgR), por força do art.
173 e parágrafos da CF.

4.3. Direito Administrativo

4.3.1. Ato Administrativo. Políticas Públicas

4.3.1.1. Questões do TRF1


1) Enquanto juiz federal o senhor anularia um ato administrativo pelo princípio da boa admi-
nistração sem interferência de alguma regra?

Resposta:

O princípio da boa administração guarda relação com o princípio da moralidade, previs-


to no art. 37 da Constituição, pelo qual o Administrador Público deve observar preceitos
de caráter ético, distinguindo o honesto do desonesto. Tal dever implica em guardar
diligência no exercício de sua função. Por constituir princípio constitucional, permite-se
a declaração de nulidade de ato administrativo, quando não observado. Um exemplo é a
súmula vinculante n. 13, que versa sobre a vedação nepotismo, consubstanciando a pos-
sibilidade de atuação com fulcro neste princípio.

2) No caso, haveria a possibilidade de omissão lícita? A chave do problema está na chave do


vocábulo causar. Pergunto se a omissão só é relevante quando há um dever de agir?

Resposta:

3) O senhor sabe diferenciar o alvará de licença e alvará de autorização?

Resposta:

A licença constitui ato administrativo vinculado, razão pela qual o respectivo alvará não
poderá ser negado, pela Administração, quando ficar demonstrado o preenchimento de
todos os requisitos legais pelo Administrado. Já a autorização é ato discricionário e sua
emissão depende da análise de mérito pela Administração (conveniência e oportunida-
de).
234
4) Quais os limites à rescindibilidade pelo STF das decisões do CNJ?

Resposta:

(Opinião pessoal). O CNJ constitui órgão administrativo. Sendo órgão administrativo,


todos os seus atos são passíveis de revisão judicial, diante do princípio da inafastabili-
dade da jurisdição (art. 5º, XXXV da Constituição). Sendo o STF o órgão competente
para processar e julgar todas as ações contra o CNJ (art. 102, I, r) , o Pretório Excelso
poderá apreciar todas as decisões proferidas por este Conselho.

5) O que seria um regulamento autônomo?

Resposta:

O regulamento tem por finalidade explanar e estabelecer procedimentos para a correta


aplicação da lei. Não pode contrariá-la, tampouco excedê-la. O regulamento é autônomo
quando extrapola sua função, deixando de ter relação de dependência com a lei em sen-
tido estrito (ato normativo, dotado de generalidade e abstração, editado pelo Poder com-
petente). Sempre se considerou que os regulamentos autônomos seriam nulos. Contudo,
doutrina recente considera que o regulamento autônomo retira seu fundamento de vali-
dade diretamente da Constituição, na ausência de lei em sentido formal que regule a
matéria. Assim, são lícitos, nesta hipótese.

4.3.1.2. Questões do TRF2


1) Todo ato da Administração é ato administrativo? Os atos administrativos são sempre exigí-
veis? O que seria autoexecutoriedade do ato administrativo?

Resposta:

Nem todo ato da administração constitui ato administrativo. Ato administrativo, segun-
do José dos Santos Carvalho Filho, é ―a exteriorização de vontade de agentes da Admi-
nistração Pública ou de seus delegatário, que, sob regime de direito público, vise à pro-
dução de efeitos jurídicos, com o fim de atender ao interesse público‖. Há atos que, sem
serem considerados atos administrativos, são apenas atos da Administração. Por exem-
plo, os contratos firmados sob regime de Direito Privado, nos quais a Administração
não atua sob regime de Direito Público. Nem todos os atos são dotados de exigibilidade.
O exemplo são as autorizações e permissões, onde prepondera o interesse privado. Edi-
tado o ato, carece à Administração interesse em exigir seu cumprimento. Autoexecuto-
riedade é possibilidade execução imediata do ato praticado pela Administração, a fim
que seu objetivo seja imediatamente alcançado. Alguns atos não possuem este atributo,
como a cobrança de multas, que só podem ser executadas pelo Poder Judiciário.

235
2) Uma decisão judicial pode obstar a autoexecutoriedade do ato?

Resposta:

Sim. Por vezes, a execução de um ato administrativo, viciado, pode trazer graves danos
aos cidadãos. Diante do princípio da inafastabilidade da jurisdição, é possível ao Poder
Judiciário editar provimentos tendentes a afastar a exigibilidade de atos administrativos.
Por exemplo, as liminares em Mandado de Segurança (art. 7º da Lei 12016/2009) e em
Ação Civil Pública (arts. 4º e 12 da Lei 7347/85).

3) Art. 182 - Parcelamento compulsório x auto-executoriedade. fale a respeito?

Resposta:

O parcelamento compulsório é medida prevista no art. 182, parágrafo quarto, I, da


Constituição e art. 5º do Estatuto das Cidades ( Lei 10257/2001), como medida para
assegurar o cumprimento da função social do solo urbano, ao lado da edificação ou uti-
lização compulsórios. Embora seja assim denominado, não é ato dotado de autoexecu-
toridade. É medida que deve ser aceitada e cumprida voluntariamente pelo particular, de
molde a evitar a incidência de IPTU progressivo no tempo e desapropriação do bem,
pelo Poder Público Municipal.

4) Autorização e permissão de uso público são revogáveis pela Administração? Qual seria a
pedra de toque para diferenciar a autorização da permissão? Existe a possibilidade de o parti-
cular pleitear indenização no caso da revogação da autorização ou da permissão?

Resposta:

Segundo José dos Santos Carvalho Filho, ―autorização de uso é o ato administrativo
pelo qual o Poder Público consente que determinado indivíduo utilize bem público de
modo privativo, atendendo primordialmente a seu próprio interesse‖. Já permissão de
uso seria ―o ato administrativo pelo qual a Administração Pública consente que certa
pessoa utilize privativamente bem público, atendendo ao mesmo tempo aos interesses
público e privado‖. Ambos são atos unilaterais, discricionários e precários. Distinguem
quanto à finalidade primordial: atendimento ao interesse particular (autorização) ou pú-
blico e privado (permissão). Sendo discricionários, podem ser revogados, em regra, sem
direito a indenização. Contudo, pode haver indenização nos casos de atos editados com
prazo certo, no qual se gera uma perspectiva de estabilidade, ao particular, ou quando
ficar caracterizado desvio de finalidade, dentre outros vícios.

5) Motivo e mérito do ato administrativo são a mesma coisa?

236
Resposta:

São distintos. Motivo é requisito do ato administrativo, que deve estar presente sempre.
É a situação de fato ou de direito que gera a vontade do agente quando pratica o ato ad-
ministrativo, segundo José dos Santos Carvalho Filho. Já o mérito, segundo este autor, é
a avaliação de conveniência e oportunidade relativas ao motivo e objeto (elementos do
ato administrativo), inspiradoras do ato discricionário.

4.3.1.3. Questões do TRF3

4.3.1.4. Questões do TRF4

4.3.1.5. Questões do TRF5

4.4. Direito Penal

4.4.1. Pena. Valoração

4.4.1.1. Questões do TRF1

4.4.1.2. Questões do TRF2


DESSE PONTO EM DIANTE: RESPOSTAS ELABORADAS POR FLÁVIO FRAGA
E SILVA
1) Discorra sobre a culpabilidade diante da conduta de vida do agente frente ao art. 59, CP. O
juiz definirá a conduta social do agente através de um fato do processo ou utilizando-se de
conceitos psicológicos (Sigmund Freud)?

Resposta:

A visão de culpabilidade pela conduta de vida, inserta nas cláusulas "cegueira jurídica"
ou "inimizade com o direito", foi inaugurada por Mezger e introduziu no direito penal,
nas palavras de Assis Toledo, a possibilidade de condenação do agente não por aquilo
que ele faz, mas por aquilo que ele é, daí derivando, em linha reta, um discutível e pou-
co seguro direito penal do autor. Nesse cenário, o juiz definirá a conduta social do agen-
te não através de um fato do processo, mas sim, utilizando-se de conceitos psicológicos.
A despeito disso, o regime jurídico penal brasileiro não admite que o autor de um crime
seja punido ou que tenha sua pena-base aumentada por aquilo que ele é (direito penal do
autor), mas sim, apenas pelo o que ele fez (direito penal do fato), daí muitos questiona-
rem a legitimidade da contravenção de vadiagem, típico direito penal do autor.

237
2) Quais são as modalidades de pena admitidas na CF/1988? Esse rol é taxativo?

Resposta:

Segundo o art. 5º, XLVI, da CR/88, a lei adotará, entre outras, as penas de a) privação
ou restrição da liberdade; b) perda de bens; c) multa; d) prestação social alternativa; e)
suspensão ou interdição de direitos. Esse rol não é taxativo, uma vez que o texto do re-
ferido inciso afirma, expressamente, que a lei adotará as seguintes penas ―entre outras‖,
afirmando o constituinte, às claras, que o Legislador pode prever penas de outra nature-
za, diante do caráter exemplificativo das hipóteses. Noutro norte, o inciso seguinte
(XLVII) dispõe que não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada,
nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de bani-
mento; e) cruéis.

3) Culpabilidade pela conduta de vida e o art. 59, CP. Discorra.

Resposta:

QUESTÃO REPETIDA (vide item 1 acima)

4) art. 59. Conduta social, responsabilidade...; é possível ser levado em consideração ao aplicar
a pena?

Resposta:

A conduta social é o comportamento da pessoa em relação a sua família, trabalho ou


amigos, não se avaliando por meio dela o fato ilícito. Ela pode, sim, ser levada em con-
sideração ao aplicar a pena, quando da análise das circunstâncias judiciais na primeira
fase da dosimetria, conforme estabelecido pelo art. 59 do CP. Além disso, por ser a res-
ponsabilidade do agente um dos reflexos de sua conduta social (responsabilidade com
seus familiares, com seu ofício), nada impede que essa responsabilidade também seja
levada em consideração na aplicação da pena.

5) Quais as penas na CR/1988? O rol é taxativo? Quais as vedadas?

Resposta:

QUESTÃO REPETIDA (vide item 2 acima)

6) Pode-se prever a pena de advertência?

238
Resposta:

Tendo em conta que o art. 5º, XLVI, da CR/88 traz um rol não taxativo, é, sim, possível
a previsão pelo Legislador da pena de advertência, uma vez que o texto do referido inci-
so afirma, expressamente, que a lei adotará as seguintes penas ―entre outras‖, afirmando
o constituinte, às claras, que o Legislador pode prever penas de outra natureza, diante do
caráter exemplificativo das hipóteses. Além disso, a natureza e o conteúdo da pena de
advertência em nada se amolda ou toca as características das penas vedadas pela Consti-
tuição.

7) Quais as finalidades da pena no nosso direito?

Resposta:

No Brasil, a pena tem 3 finalidades: 1) Preventiva Geral: visa à sociedade. Preventiva


Especial: visa ao delinquente. 2) Retributiva. Retribuir com um mal o mal causado. 3)
Ressocializadora. Reintegrar o condenado ao convício social.

8) Na teoria relativa, quais as modalidades de prevenção?

Resposta:

Prevenção GERAL: visa a sociedade; no momento da pena em abstrato (antes do cri-


me), a finalidade é de prevenção geral. Subdivide-se em: a) prevenção geral negativa:
evita que o cidadão venha a delinqüir; b) prevenção geral positiva: afirmar a validade da
norma penal desafiada pelo delito. Prevenção ESPECIAL: visa o deliquente.

9) O aspecto ressocializador se aproxima do real? É possível?

Resposta:

No atual estágio da política penitenciária brasileira, não se pode afirmar que o aspecto
ressocializador se aproxima do real. Em razão das condições degradantes e violadoras
da dignidade da pessoa humana existentes em nossos presídios e penitenciárias, consta-
ta-se que o condenado, após o cumprimento da pena, não retorna à sociedade apto a nela
conviver, máxime porque, muitos deles deixam o sistema prisional com novas idéias e
percepções acerca da criminalidade, principalmente a organizada, ou seja, nosso sistema
prisional, atualmente, mostra-se mais como uma ―escola para o crime‖, ou melhor, uma
―faculdade‖, do que propriamente um ambiente ressocializador, o que poderia ser mu-
dado caso os poderes responsáveis pelas decisões políticas de nosso Estado buscassem
medidas mais adequadas para a estruturação e organização de nossos presídios e peni-

239
tenciárias, a fim de que se alcançasse, o mais próximo do real, a finalidade ressocializa-
dora.

10) Quais os regimes de pena privativa de liberdade do CP? São 3? Existe um quarto regime
fora do CP?

Resposta:

Reclusão, Detenção e Prisão Simples. Sim são três. Não existe um quarto regime fora
do CP, isso porque a prisão civil do devedor inescusável de alimentos é forma de coa-
ção para que esse devedor cumpra sua obrigação ou responsabilidade, isto é, trata-se de
execução indireta em que o Estado, por meio da ameaça de prisão, busca convencer o
devedor a adimplir seu débito sponte própria, não sendo, pois, uma espécie de pena,
máxime porque ao término da prisão civil o devedor não vê saldada a sua dívida, o que
reafirma o caráter não penal da prisão civil do devedor de alimentos.

11) O regime especial de cumprimento de pena é regime fechado?

Resposta:

O regime especial não é necessariamente regime fechado, o regime especial é o das mu-
lheres, previsto no art. 37, do CP, segundo o qual as mulheres cumprem pena em estabe-
lecimento próprio, observando-se os deveres e direitos inerentes à sua condição pessoal,
bem como, no que couber, o disposto neste Capítulo. Assim, quanto a última parte do
dispositivo, embora o regime especial não seja necessariamente regime fechado, nada
impede que as mulheres, de forma inicial ou por regressão, cumpram suas penas em
regime fechado, o qual não é incompatível com sua singular condição pessoal de mu-
lher.

12) Dos três regimes que estão no CP, qual a diferença quanto à sua aplicação?

Resposta:

Regime Fechado: o condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento


durante o repouso noturno; O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na
conformidade das aptidões ou ocupações anteriores do condenado, desde que compatí-
veis com a execução da pena; O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em
serviços ou obras públicas. Regime Semi-Aberto: O condenado fica sujeito a trabalho
em comum durante o período diurno, em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento
similar; O trabalho externo é admissível, bem como a freqüência a cursos supletivos
profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou superior. Regime Aberto: O regime

240
aberto baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado; O conde-
nado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, freqüentar curso ou
exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e
nos dias de folga.

13) É possível no regime fechado o trabalho externo?

Resposta:

Sim, em serviços ou obras públicas.

14) Diferença de características entre os regimes prisionais?

Resposta:

Regime Fechado: o condenado fica completamente isolado do meio social, privado de


sua liberdade de locomoção, sendo a pena cumprida em penitenciária. Regime Seimi-
Aberto: o condenado fica privado de sua liberdade de locomoção, mas não completa-
mente isolado do meio social, pois que o trabalho externo e a freqüência a cursos suple-
tivos profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou superior são admitidos, sendo
a pena cumprida em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. Regime
Aberto: baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado, o conde-
nado não fica completamente isolado do meio social, nem privado totalmente de sua
liberdade de locomoção, já que deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, traba-
lhar, freqüentar curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido
durante o período noturno e nos dias de folga em casa do albergado.

15) Trabalho externo em regime fechado é possível?

Resposta:

PERGUNTA REPETIDA (vide item 13 acima)

16) Pode-se impor regime mais gravoso?

Resposta:

Sim, a doutrina e a jurisprudência admitem regime mais gravoso, não sendo suficiente
para sua determinação somente o quantum da pena, vale dizer, as condições pessoais do
réu e as circunstâncias concretas do fato podem levar a aplicação de um regime mais
gravoso, o qual, por outro lado, não pode ser aplicado apenas em conta da gravidade em
241
abstrato do delito (Súmulas 718/STF e 440/STJ), necessitando-se, pois, para tanto de
motivação idônea do julgador (Súmula 719/STF).

17) Há algum Projeto de Lei para dar amplitude a essa questão da pena de confisco?

Resposta:

Sim. A comissão de juristas que prepara o anteprojeto de reforma do Código Penal a-


provou, em 23/04/2012, texto que torna crime o enriquecimento ilícito. Se o texto for
aprovado, servidores públicos precisarão comprovar a origem de valores ou bens in-
compatíveis com sua renda, ou poderão ser alvos de processo criminal. A pena prevista
no projeto varia de um a cinco anos. Além disso, o bem móvel ou imóvel deverá ser
confiscado.

4.4.1.3. Questões do TRF3

4.4.1.4. Questões do TRF4

4.4.1.5. Questões do TRF5

4.5. Direito Previdenciário

4.5.1. Benefícios Previdenciários. Período de Carência. Valor Mensal. Salário-


de-Benefício. Reajustamentos

4.5.1.1. Questões do TRF1


1) Declaração reduzida a termo do empregador, constituiria início de prova material?

Resposta:

Não, ela se equipara a prova testemunhal, segundo a jurisprudência: ―Ausente início


razoável de prova material, pois o único documento juntado aos autos, declaração de ex-
empregador da autora, dando conta de que ela exerceu atividade rurícola em sua propri-
edade, segundo a jurisprudência desta Corte, equipara-se a simples prova testemunhal.
Precedente. (AC 200738050010568, DESEMBARGADOR FEDERAL KASSIO NU-
NES MARQUES, TRF1 - PRIMEIRA TURMA, e-DJF1 DATA:15/06/2012 PAGI-
NA:27.)

242
4.5.1.2. Questões do TRF2
1) Qual seria o conceito de renda mensal inicial? Qual é a ratio legis das carências? Tem algum
fundamento ou é uma discricionariedade? A lei pode abrir mão da carência? Auxílio doença
exige carência?

Resposta:

Renda mensal inicial é o valor inicial que será efetivamente pago ao segurado. Os bene-
fícios, quando calculados a partir do Salário de benefício, têm a incidência de certo per-
centual sobre este, determinando a Renda Mensal Inicial ou do Benefício. A ratio legis
das carências é resguardar o equilíbrio econômico-financeiro e atuarial do sistema, bem
como prevenir a ocorrência de fraudes. Pela diferença existente entre os inúmeros pra-
zos de carência, dependendo da natureza do benefício previdenciário, verifica-se que o
fundamento dessa diferença reside justamente na preservação do equilíbrio econômico-
financeiro e atuarial do sistema, pois que os benefícios que demandam maiores gastos
para o Regime Previdenciário, possuem, igualmente, maiores prazos de carência. A lei
não só pode, como abriu mão da carência em relação a alguns benefícios como o salá-
rio-maternidade da empregada. O auxílio-doença, em regra, tem carência de 12 (doze)
meses, carência essa dispensada nos casos de acidente de qualquer natureza ou causa e
de doença profissional ou do trabalho, bem como nos casos de segurado que, após filiar-
se ao Regime Geral de Previdência Social, for acometido de alguma das doenças e afec-
ções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e do Trabalho e da
Previdência Social.

2) Pensões há discussão envolvendo dependência econômica e financeira. Existe alguma dis-


tinção traçada pela doutrina e pela jurisprudência?

Resposta:

Sim, existem discussões, muitas delas já resolvidas por súmulas jurisprudenciais. Va-
mos as questões: a) Súm. 336/STJ: A mulher que renunciou aos alimentos na separação
judicial tem direito à pensão previdenciária por morte do ex-marido, comprovada a ne-
cessidade econômica superveniente; b) Súm. 37/TNU: A pensão por morte, devida ao
filho até os 21 anos de idade, não se prorroga pela pendência do curso universitário; c)
Concubinato não caracteriza união estável, sendo descabida a alegação de dependência
econômica por parte da concubina para fins de recebimento de pensão por morte, pois
que para o STJ a existência de impedimento para o matrimônio, por parte de um dos
pretensos companheiros, embaraça a constituição da união estável, inclusive para fins
previdenciários; d) Para o STJ, para fins de concessão de benefício da previdência pú-
blica ou privada, existe dependência econômica entre companheiros em relação homoa-
fetiva, pois que não houve de parte do constituinte, exclusão dos relacionamentos ho-
moafetivos, com vista à produção de efeitos no campo do direito previdenciário, confi-
gurando-se mera lacuna, que deverá ser preenchida a partir de outras fontes do direito;
e) a TNU entende que pode haver dependência econômica do filho inválido, mesmo que
essa invalidez se dê após os 21 anos de idade (2005.71.95.001467-0); f) menor sob
243
guarda não é dependente, já que lei de caráter previdenciário o excluiu dessa condição,
não podendo prevalecer a disposição do ECA em sentido diverso (no ECA menor sob
guarda é dependente para todos os fins de direito), tendo em vista o princípio da especi-
alidade, o qual faz prevalecer o disposto na lei previdenciária.

4.5.1.3. Questões do TRF3

4.5.1.4. Questões do TRF4


1)Fale sobre fator previdenciário.

Resposta:

A aposentadoria por tempo de contribuição sem exigência de idade mínima é um bene-


fício que ameaça o equilíbrio econômico-financeiro e atuarial do sistema previdenciário,
haja vista a possibilidade dos segurados se aposentarem muito cedo. Nesse cenário o
Fator Previdenciário visa inibir aposentadorias precoces, sendo obrigatório nas aposen-
tadorias por tempo de contribuição e facultativo na aposentadoria por idade (aplicado
apenas para beneficiar o aposentado). Trata-se de um coeficiente que considera a idade
da pessoa, o seu tempo de contribuição e sua expectativa de vida, de acordo com a tabua
completa de mortalidade do IBGE, considerando-se a média nacional para ambos os
sexos. O STF declarou a constitucionalidade do Fator Previdenciário (ADI‘s – 2110 e
2111)

2) Existe diminuição na alíquota do fator previdenciário para alguém?

Resposta:

Obs.: não achei resposta em livros, nem na jurisprudência, mas pela minha interpre-
tação, no fator previdenciário a alíquota de contribuição é uma constante de 0,31, ou
seja, as variáveis da fórmula do cálculo do Fator Previdenciário são a Id (idade no mo-
mento da aposentadoria), o Tc (tempo de contribuição até o momento da aposentadoria)
e a Es (expectativa de sobrevida no momento da aposentadoria), logo, na minha opinião,
não existe diminuição na alíquota do fator previdenciário para alguém.

4.5.1.5. Questões do TRF5


1) O que se entende por período de graça?

Resposta:

É aquele tempo em que o segurado mantém o seu vínculo com o Sistema Previdenciá-
rio, mesmo não estando contribuindo e/ou não exercendo uma atividade remunerada que
o vincule à Previdência Social de maneira obrigatória, mantendo todos os direitos ine-

244
rentes à condição de segurado, não se contando, porém, esse período para fins de carên-
cia ou tempo de serviço.

2) Pode ser concedido auxílio acidente durante o período de graça? E salário maternidade?

Resposta:

Durante o período de graça, o segurado conserva todos os seus direitos perante a Previ-
dência Social (art. 15 § 3º da Lei 8.213/91), assim, qualquer previsão do regulamento
que restrinja ou retire a concessão de benefícios previdenciários no período de graça
será ilegal, pois que o Regulamento não pode ir contra a lei, como aconteceu no passado
com o auxílio-acidente e o salário maternidade, cuja concessão no período de graça fora
proibida por meio de Regulamento, o que veio a ser corrigido, respectivamente, pelos
Decretos n. 6.722/08 e 6.122/07. Porém, o art. 88, IV, do Regulamento da Previdência
Social/RPS, ainda prevê que o salário-família cessará pelo desemprego do segurado,
carecendo, portanto, de fundamento de validade, enquanto o segurado desempregado
estiver dentro do período de graça.

4.6. Direito Civil

4.6.1. Fato Jurídico, Ato Jurídico E Negócio Jurídico. Relações Paracontratuais

4.6.1.1. Questões do TRF1

4.6.1.2. Questões do TRF2


1) Enriquecimento sem causa. Foi rescindida a sentença, que transitada em julgado, era causa
para recebimento. Desaparece a causa do recebimento?

Resposta:

Sendo a sentença a causa para o recebimento, verifica-se que o título executivo se for-
mou judicialmente, nesse cenário, a jurisprudência do TRF-2 segue no sentido de que
“Rescindida a sentença condenatória, inexiste título executivo e, na falta dele, a execu-
ção não pode ser instaurada ou, instaurada, deve ser extinta.” (AC 200250030003391,
Desembargador Federal SERGIO SCHWAITZER, TRF2 - OITAVA TURMA ESPE-
CIALIZADA, E-DJF2R - Data: 30/05/2012 - Página::424.)

4.6.1.3. Questões do TRF3


1) Qual a diferença entre confirmação, convalidação e ratificação?

Resposta:

245
A Confirmação ou Ratificação consiste na renúncia ao direito de alegar a anulabilidade,
seja de forma expressa, por declaração de vontade, seja de forma tácita, pela prática de
ato incompatível com a intenção de alegar a presença do vício, como ocorre com o
cumprimento voluntário da obrigação anulável. Convalidação consiste no advento de
requisito faltante à formação do contrato anulável, ou seja, aquilo cuja ausência impor-
tava na anulabilidade do contrato passa a fazer-se presente. O defeito, que se qualifica
omissivamente, pela carência de determinado elemento contratual, é supervenientemen-
te sanado.

2) Qual a diferença entre silêncio, vontade tácita e vontade presumida?

Resposta:

Silêncio é a ausência de manifestação de vontade (estaria assim no plano de inexistên-


cia), todavia, o art. 111 do CC/02, prevê espécie de silêncio qualificado por importar
anuência diante das circunstâncias ou usos do lugar, não sendo exigido a declaração de
vontade expressa, Ex: Se numa doação, o doador fixar prazo para que o donatário diga
se aceita ou não a doação, e ele não responder nada neste prazo, por força do artigo 539,
o silêncio será tido como aceitação da doação. Vontade Tácita: quando a lei não exigir
vontade expressa, admite-se a tácita, que consiste numa declaração indireta, baseada
num comportamento, donde resulta, segundo os usos sociais, num grau muito elevado
de probabilidade, a existência daquela vontade, Ex: aceitação da herança, quando apesar
de não ter sido aceita expressamente, o herdeiro passa a praticar atos da qualidade de
herdeiro. Vontade Presumida: A vontade presumida e a tácita diferem uma da outra,
pelos simples fato de que na presunção, sempre haverá norma do ordenamento jurídico
dizendo que determinadas atitudes serão tidas como presunção, o que não acontece com
a tácita, donde se analisa, somente, o comportamento da parte, Ex: a entrega do título de
crédito presume o pagamento da dívida.

3) Há produção de efeitos em negócio inexistente e negócio inválido?

Resposta:

O negócio inválido, nulo ou anulável, produz efeitos enquanto não decretada a sua nuli-
dade, ou seja, a nulidade só se repercute se for decretada judicialmente, caso contrário,
surtirão os efeitos aparentemente queridos pelas partes. Porém, o negócio inexistente
não produz efeitos jurídicos, porque o negócio sequer se forma, faltando-lhe juridicida-
de.

246
4.6.1.4. Questões do TRF4

4.6.1.5. Questões do TRF5


01) Em alguma hipótese o ato absolutamente nulo pode subsistir?

Resposta:

Sim, pode subsistir pela conversão do negócio jurídico inválido. Segundo o art. 170 do
CC/02, importando regra do direito alemão, “Se, porém, o negócio jurídico nulo conti-
ver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir
supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade.” A conversão do negó-
cio jurídico nulo em outro negócio, o que não se confunde com sua convalidação (con-
firmação do mesmo negócio nulo). Ex: conversão de compra e venda nula por vício de
forma em promessa de compra e venda (se não se realizou por escritura pública, pode
converter em promessa e a partir dessa obrigar à transmissão do domínio do bem).

02) Há convalidação de atos nulos e anuláveis?

Resposta:

Convalidação é o suprimento da falta de autorização de terceiro, a qual somente pode


ser feita em negócio anulável, pois o art. 176 do CC diz que quando a ―anulabilidade‖,
expressão que se refere a atos anuláveis e não nulos, os quais não podem ser convalida-
dos diante da impossibilidade de novação de negócio nulo (CC, art. 367), não sendo
outro o entendimento do STJ, para quem “O vício irremediável de que padece o ato
nulo também o impede de ser convalidado.” (REsp 856.699/MS, Rel. Ministra NANCY
ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 15/09/2009, DJe 30/11/2009)

03) Dê um exemplo de ato nulo que possa ser convalidado.

Resposta:

Segundo a resposta anterior, não existe exemplo de ato nulo que pode ser convalidado.
(VOLTAR NESTA QUESTÃO)

04) Toda simulação é invalidante, de acordo com o Código Civil de 2002? O código diferencia a
simulação relativa da absoluta?

Resposta:

Nem toda simulação é invalidante, visto que, nos termos do art. 167 do CC/02 “É nulo
o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na subs-

247
tância e na forma.”, em mais uma aplicação do princípio da conservação. Nesse cená-
rio, verifica-se com clareza que o CC/02 diferencia, sim, a simulação relativa da absolu-
ta, pois que a simulação relativa se trata justamente da dissimulação descrita na segunda
parte do art. 167 do CC/02, vale dizer, na simulação relativa celebra-se o negócio com o
objetivo de, com uma máscara, encobrir um outro negócio de efeitos jurídicos proibi-
dos. Por outro lado, na simulação absoluta, celebra-se um negócio jurídico aparente-
mente normal, mas que não visa a produzir efeito jurídico algum.

05) Diferencie condições simplesmente potestativas das puramente potestativas.

Resposta:

A condição puramente potestativa é ilícita, por derivar do exclusivo arbítrio de uma


das partes. A condição simplesmente potestativa é lícita, não é arbitrária, uma vez que,
embora dependa da vontade de uma das partes intercalada com a de outra, alia-se a fato-
res circunstanciais que a amenizam. (Ex. bicho do jogador).

4.7. Direito Empresarial

4.7.1. Alienação Fiduciária Em Garantia

4.7.1.1. Questões do TRF1


1) Qual seria o conceito clássico de propriedade resolúvel? Independentemente de alienação
fiduciária?

Resposta:

A propriedade resolúvel, cf. dispõe o art. 1.359/CC se dá quando o título aquisitivo (do
bem móvel ou imóvel) está subordinado a uma condição resolutiva ou advento do ter-
mo, seja por força de declaração de vontade, seja por determinação de lei. A proprieda-
de resolúvel é independente de alienação fiduciária, sendo essa apenas uma espécie do
gênero propriedade resolúvel, uma vez que a propriedade do alienante fica sob condição
resolutória do pagamento do débito pelo devedor, após o que o alienante perde tal pro-
priedade.

2) O que é patrimônio de afetação?

Resposta:

Trata-se de direito real de garantia, pelo qual há reserva de bens a constituir um patri-
mônio autônomo ao do incorporador, objeto de garantia em favor dos promitentes-
compradores, tornado imune à insolvência ou falência daqueles. Não é obrigatório, mas
existem estímulos fiscais para quem o constitui. É o regime pelo qual o terreno e as ben-

248
feitorias que serão objeto de construção, ficam mantidos separados do patrimônio da
empresa incorporadora. O empreendimento com patrimônio de afetação será tratado
como se fosse um estabelecimento autônomo da construtora, com inscrição própria no
CNPJ e conta bancária específica, na qual ficarão depositados os valores pagos pelos
adquirentes ao longo do tempo e da qual somente sairão os recursos depositados para o
custeio exclusivo da construção. Ele não se comunica com os demais bens, direitos e
obrigações do patrimônio geral do incorporador ou de outros patrimônios de afetação
por ele constituídos.

4.7.1.2. Questões do TRF2

4.7.1.3. Questões do TRF3

4.7.1.4. Questões do TRF4

4.7.1.5. Questões do TRF5

4.8. Direito Processual Civil

4.8.1. Procedimento Ordinário – Fase Postulatória. Petição Inicial. Propositura


Da Demanda. Requisitos Da Inicial. Pedido. Indeferimento Da Petição Inicial.
Citação. Intimação. Resposta Do Réu: Contestação, Reconvenção, Exceções,
Impugnação Ao Valor Da Causa, Impugnação À Gratuidade De Justiça e Ação
Declaratória Incidental. Revelia

4.8.1.1. Questões do TRF1


1) Como a revelia é tratada nas causas cíveis da JF, é da mesma forma das causas cíveis da
justiça estadual? Ajuíza-se uma ação previdenciária, chama-se o INSS, procurador deixa de
contestar, eu julgo conforme o estado do processo e aplico os efeitos da revelia naquela hipó-
tese?

Resposta:

Não se desconhece a peculiar característica da JF lidar majoritariamente com questões


de direito público, muito em razão da sua competência constitucional, cuja ratio exige,
para sua verificação, a presença de interesse direto e imediato da União, suas autarquias,
fundações públicas e empresas públicas. Por conta disso, nas causas cíveis contra o
INSS na JF, a revelia, principalmente no seu aspecto material (presunção de veracidade
dos fatos alegados pelo autor), tem tratamento diverso ao que a ela é dado na JE, a qual,
em regra, lida com direitos de particulares. Isso mesmo, a jurisprudência do TRF-1,
249
acompanhando a doutrina mais abalizada, entende que “A falta de contestação do INSS
não enseja a aplicação do disposto no artigo 319 do CPC, uma vez que, em se tratando
de pessoa jurídica de direito público, cujos interesses são indisponíveis, não se operam
os efeitos da revelia (artigo 320, II, do CPC).” (AC 200701990077958, DESEMBAR-
GADORA FEDERAL MONICA SIFUENTES, TRF1 - SEGUNDA TURMA, e-DJF1
DATA:29/06/2012 PAGINA:42.).

4.8.1.2. Questões do TRF2


1) O que são ações dúplices? Cabe reconvenção nas ações dúplices?

Resposta:

A ação dúplice consubstancia-se no fato de o réu poder formular pedido na própria con-
testação, em razão de expressa autorização legal. São exemplos de ação dúplices: pro-
cedimento sumário, juizado especial cível e ações possessórias. "Do prisma material, é
dúplice a ação, provocando o iudicium duplex, na qual a contestação do réu já basta à
obtenção do bem da vida. Em geral, o autor pede e o réu somente impede; naactio du-
plex, o ato de impedir (contestação) já expressa um pedido contrário. Nas ações dúpli-
ces, a simultaneidade da posição de autor e réu assumida pelos litigantes decorre da
pretensão deduzida em juízo. Excepcionalmente, a reconvenção pode ser ajuizada em
sede de ação dúplice: há casos em que o que o réu deseja é algo diferente do que alcan-
çaria com a improcedência do autor, cf. o enunciado da súmula 258 do STF dispõe ser
admissível reconvenção em ação declaratória (dúplices por natureza ) quando o pedido
não se limitar à declaração de improcedência.

2) Quais as três condições da ação?

Resposta:

Legitimidade de parte, interesse processual (necessidade, utilidade e adequação) e pos-


sibilidade jurídica do pedido.

3) Qual a diferença entre legitimidade ordinária e legitimidade extraordinária?

Resposta:

Na legitimidade ordinária, o legitimado atua em juízo em nome próprio buscando a tute-


la de direito também próprio. Por outro lado, na legitimidade extraordinária (substitui-
ção processual), o legitimado atua em juízo em nome próprio buscando a tutela de direi-
to alheio, nos casos autorizados por lei.

250
4) Quais as condicionantes do interesse de agir?

Resposta:

As condicionantes do interesse de agir são: utilidade, necessidade e, para parte da dou-


trina, adequação. Para haver interesse, a demanda deve ser útil juridicamente, deve ter
um proveito, uma serventia, condicionante essa muito próxima de outra, qual seja, a
necessidade, segundo a qual, dentre os meios idôneos à busca do bem da vida, a ação
judicial deve ser o menos gravoso. Assim, no que tange a essas duas condicionantes,
não haveria interesse processual caso o bem da vida já tivesse sido alcançado na seara
administrativa ou se essa, pela análise do caso concreto, fosse a via menos gravosa para
se alcançar determinado objetivo jurídico (Ex: TNU exige requerimento administrativo
no INSS para demonstrar interesse processual nas ações previdenciárias). Por fim, parte
da doutrina, elenca a adequação como condicionante, caso em que só haverá interesse
processual nas hipóteses em que a ação seja um meio idôneo a se atingir determinado
fim, por exemplo, a execução fiscal somente pode ser utilizada para a cobrança de crédi-
to tributário ou não-tributário da Fazenda Pública, não sendo idônea para o particular
cobrar um crédito seu fundado em título de crédito.

5) Discorra sobre o binômio necessidade-utilidade? Está certa a expressão?

Resposta:

a) Dimensão da Utilidade: o processo deve ser útil. Processo útil é aquele que pode pro-
piciar algum proveito para o demandante. Quando ocorre perda de objeto da demanda,
carecerá de utilidade e, assim, de interesse de agir. - também não haverá utilidade quan-
do as despesas com a execução superarem o valor da dívida. b) Dimensão da Necessi-
dade: é preciso demonstrar que o processo é necessário à obtenção do proveito almeja-
do. Se houve ou houver meios para a composição voluntária, o processo é desnecessá-
rio. Ex. esgotamento de instância administrativa. Pelo acima disposto, a expressão certa
seria utilidade-necessidade, pois que o processo deve ser, antes de tudo, útil e proveito-
so, para, só então, se questionar se ele é necessário na busca desse proveito.

6) Quais as modalidades de resposta do réu? Quais as exceções?

Resposta:

As modalidades de resposta do réu são: contestação, reconvenção e exceções. As exce-


ções são de: incompetência, impedimento e suspeição.

7) Como se distinguem as figuras da reconvenção, da ação dúplice e o pedido contraposto?

251
Resposta:

Ação Dúplice: Do prisma material, é dúplice a ação que a contestação do réu já basta à
obtenção do bem da vida. Em geral, o autor pede e o réu somente impede. São chama-
das de ações de mão dupla, com sinais trocados. Nas ações dúplices, a simultaneidade
da posição de autor e réu assumida pelos litigantes decorre da pretensão deduzida em
juízo. Reconvenção: como modalidade de resposta que é, permite que o réu não apenas
ofereça resistência à pretensão buscada pelo autor mas também pleiteie o reconhecimen-
to de uma pretensão da qual se julga titular em face do autor. Pedido Contraposto: A
técnica da contraposição de pedidos implica a formulação de pedido, por parte do réu,
na mesma oportunidade de oferecimento de sua defesa, sem a necessidade de utilização
do procedimento próprio da via reconvencional. Desse modo, há o exercício do direito
de ação, mas não se exigem as formalidades inerentes à demanda reconvencional, pois
que essa técnica foi pensada para homenagearem os princípios da simplicidade e celeri-
dade nos Juizados Especiais e no Procedimento Sumário.

8) O gênero questões prévias engloba quais espécies? As questões prévias são qualificáveis
como objeções ou exceções?

Resposta:

Antes do mérito, o juiz tem que decidir outras questões no curso do processo, que são
denominadas questões prévias, ou seja, questões prévias são todas as questões que tem
que ser analisadas antes de se apreciar o mérito/pedido/objeto do processo. Assim, o
gênero questões prévias engloba as espécies questões preliminares e questões prejudici-
ais. As questões prévias tanto podem ser consideradas como exceções como objeções,
vale dizer, existem questões prévias que podem ser conhecidas de ofício pelo juiz como
a coisa julgada, tratando-se, pois, de objeção. Por outro lado, há questões prévias que o
julgador somente pode conhecer quando provocado pelas partes tal qual a competência
relativa, sendo, então, uma exceção.

9) Quais os efeitos principais da revelia? Qual o efeito processual por excelência?

Resposta:

A revelia possui dois efeitos, um material e outro processual. Material: Presumem-se


verdadeiras as afirmações de fato feitas contra o réu (confissão ficta); Processual o feito
prosseguirá sem a intimação do réu revel, caso não tenha patrono nos autos. Processual
por excelência: o revel poderá intervir no processo em qualquer fase, recebendo-o no
estado em que encontrar. (ACHO QUE é ESSE – mas não achei nada a respeito)

252
10) O impedimento e a suspeição são considerados objeções ou exceções?

Resposta:

Nos termos do art. 137 do CPC, segunda parte, “juiz que violar o dever de abstenção,
ou não se declarar suspeito, poderá ser recusado por qualquer das partes”, Marinoni e
Mitidiero (CPC – comentado artigo por artigo, 3ª Ed., 2011, RT, p. 186) afirmam que
“o juiz tem o dever de abster-se do julgamento da causa em que impedido ou suspeito.
Violado o dever, podem as partes e o MP, enquanto custos legis, argüir a parcialidade
do magistrado.” Vale dizer, é dever do juiz, conhecer de ofício, sua suspeição ou impe-
dimento, o que se leva a crer que tais institutos, impedimento e suspeição, são conside-
rados objeções.

11) Falar sobre as particularidades da revelia para a Fazenda Pública.

Resposta:

O art. 319 do CPC reza que “Se o réu não contestar a ação, reputar-se-ão verdadeiros
os fatos afirmados pelo autor”. Trata-se do efeito material da revelia, o qual não se a-
plica contra a Fazenda Pública uma vez que indisponíveis os interesses em jogo, nos
termos do art. 320 II do CPC, interesses que os advogados públicos não podem, sem
autorização legal, dispor, renunciar ou transigir (CPC, 302, I). Marinoni e Mitidiero
(CPC – comentado artigo por artigo, 3ª Ed., 2011, RT, p. 326) defendem que só é indis-
ponível o interesse público primário da Fazenda Pública e não o secundário.

12) Ônus da impugnação específica como se dá em relação à Fazenda Pública?

Resposta:

Segundo o art. 302 do CPC ―Cabe também ao réu manifestar-se precisamente sobre os
fatos narrados na petição inicial. Presumem-se verdadeiros os fatos não impugnados
(...)‖ . Como visto acima, mesmo que a Fazenda Pública não ofereça uma impugnação
especificada em relação às questões arguidas na inicial, contra ela não correrão os efei-
tos materiais da revelia, diante da indisponibilidade do direito discutido, qual seja, o
interesse público primário. Logo, não se aplica à Fazenda Pública o ônus da impugna-
ção específica, máxime porque seus atos gozam de presunção de legitimidade, cuja pro-
va em contrário fica a cargo do administrado.

13) Existe ônus da impugnação específica para Fazenda Pública?

Resposta:

253
QUESTÃO JÁ RESPONDIDA (vide item 12 acima)

14) Quem fazia a defesa da União antes da CR/1988?

Resposta:

A existência de um órgão com a específica finalidade de presentar o Estado em juízo é


algo relativamente novo na história brasileira. Afinal, antes da Constituição de 1988, o
Ministério Público cumulava em si a dupla função de defesa da sociedade e de advoca-
cia de Estado. No âmbito federal, em meados dos anos 30, criaram-se as autarquias, que
eram defendidas por seus procuradores ou advogados, os quais, com a Lei n.º 7.659/45,
passaram a gozar das mesmas prerrogativas conferidas aos Procuradores da República.
O Ministério Público, por sua vez, fixou-se na defesa da União.

15) A presunção de veracidade dos fatos decorrentes da revelia é relativa?

Resposta:

Sim, a presunção de veracidade é relativa, visto que, segundo o art. 320 do CPC, a reve-
lia não induz o seu efeito material: I - se, havendo pluralidade de réus, algum deles con-
testar a ação; II - se o litígio versar sobre direitos indisponíveis; III - se a petição inicial
não estiver acompanhada do instrumento público, que a lei considere indispensável à
prova do ato. Mesmo fora desses casos, a presunção de veracidade não depende unica-
mente da revelia do réu, pois que o juiz somente deve decretá-la no caso de haver veros-
similhança nas alegações do autor, vale dizer, a presunção de veracidade está sujeita ao
crivo da persuasão racional do julgador.

4.8.1.3. Questões do TRF3


1) É condição prévia o requerimento administrativo ao INSS para se ajuizar ação previdenciá-
ria? Por quê?

Resposta:

Pelo princípio da inafastabilidade da jurisdição previsto no art. 5º, XXXV, da CR/88, “a


lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”, o que, a
primeira vista, faz concluir que o requerimento administrativo ao INSS não é condição
prévia para se ajuizar ação previdenciária, vale dizer, a atual Constituição, ao contrário
da anterior, não adotou o sistema da jurisdição condicionada ao esgotamento da seara
administrativa, salvo em se tratando de lides desportivas. Esse é o entendimento do STJ
e do TRF-1 – “Segundo uníssono posicionamento jurisprudencial há muito consolida-
do, não é necessária a prévia postulação administrativa como condição para o manejo
da ação em que se busca a concessão de benefício previdenciário.” Todavia, a maioria
das Turmas Recursais Federais entendem que há a necessidade de prévio requerimento
administrativo no INSS para se caracterizar a lide. O FONAJEF possui entendimento

254
sumulado, inclusive: Enunciado nº. 70: “O ajuizamento da ação de concessão de bene-
fício da seguridade social reclama prévio requerimento administrativo.” Por outro la-
do, o mesmo FONAJEF excepciona esse entendimento, senão vejamos: Enunciado nº.
71: “O ajuizamento da ação revisional de benefício da seguridade social que não en-
volva matéria de fato dispensa o prévio requerimento administrativo.” Enunciado nº.
72: “A comprovação de denúncia da negativa de protocolo de pedido de concessão de
benefício, feita perante a ouvidoria da Previdência Social, supre a exigência de com-
provação de prévio requerimento administrativo nas ações de benefícios da seguridade
social.” Enunciado 73: “Em juizados itinerantes, pode ser flexibilizada a exigência de
prévio requerimento administrativo, consideradas as peculiaridades da região atendi-
da.”

4.8.1.4. Questões do TRF4

4.8.1.5. Questões do TRF5


1) Distinga rapidamente impedimento e suspeição.

Resposta:

As causas de impedimento e suspeição estão previstas nos artigos 134 a 138, do Código
de Processo Civil (CPC) e dizem respeito à imparcialidade do juiz no exercício de sua
função. É dever do juiz declarar-se impedido ou suspeito, podendo alegar motivos de
foro íntimo. O impedimento tem caráter objetivo, enquanto que a suspeição tem relação
com o subjetivismo do juiz. A imparcialidade do juiz é um dos pressupostos processuais
subjetivos do processo. No impedimento há presunção absoluta (juris et de jure) de par-
cialidade do juiz em determinado processo por ele analisado, enquanto na suspeição há
apenas presunção relativa (juris tantum). O CPC dispõe, por exemplo, que o magistrado
está proibido de exercer suas funções em processos de que for parte ou neles tenha atu-
ado como advogado. O juiz será considerado suspeito por sua parcialidade quando for
amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes, receber presente antes ou de-
pois de iniciado o processo, aconselhar alguma das partes sobre a causa, entre outros.

2) Ambas representam causas de rescindibilidade da ação rescisória?

Resposta:

Não, segundo o inciso II, do art. 485, do CPC, apenas a sentença de mérito proferida por
juiz impedido pode ser objeto de ação rescisória, haja vista o impedimento ser uma cau-
sa objetiva e que gera presunção absoluta de ser o juiz parcial em determinada demanda.

3) Discorra sobre as condições da ação e sobre o novo código de processo civil retirar uma das
condições da ação.
255
Resposta:

O CPC de 1973 é baseado nas lições o jurista italiano Liebman, o qual elencava 03 con-
dições da ação: legitimidade de parte, interesse de agir e possibilidade jurídica do pedi-
do. Todavia, esse autor, ao evoluir seu pensamento, excluiu a possibilidade jurídica do
pedido do rol das condições da ação sem ser acompanhado pelo nosso CPC. A evolução
do pensamento de Liebman se dera no sentido cassar a autonomia da possibilidade jurí-
dica do pedido para incluí-la no interesse de agir, em sua dimensão utilidade. Além do
mais, por ser a possibilidade jurídica do pedido conceituada como “conformidade do
pedido com o ordenamento jurídico” ou ainda como “a ausência de vedação explícita
no ordenamento jurídico para a concessão do provimento jurisdicional”, para muitos a
possibilidade jurídica do pedido não passava de uma análise de mérito. No projeto do
Novo CPC a possibilidade jurídica do pedido não é mais uma das condições da ação.
Para seus juristas idealizadores, a sentença que, à luz da lei revogada seria de carência
da ação, à luz do Novo CPC é de improcedência e resolve definitivamente a controvér-
sia. Enfim, excluir a possibilidade jurídica do pedido do rol das condições da ação, sig-
nifica trazer maior estabilidade as relações sociais, tendo em vista que, verificado que o
pedido não se conforma ao ordenamento jurídico, haverá uma sentença de improcedên-
cia do pedido. Uma sentença de mérito, que tende à formação da coisa julgada material.
E que, por consequencia, impede a rediscussão da matéria. É melhor para os sujeitos
processuais que suas pretensões sejam resolvidas definitivamente, a fim de evitar reite-
radas rediscussões daquilo que já se sabe não autorizado pelo ordenamento e isto con-
tribui a um só tempo para a economia processual (evitando-se a repetição de causas) e
para a pacificação social.

4.9. Direito Processual Penal

4.9.1. Sentença. Motivação Das Decisões Penais

4.9.1.1. Questões do TRF1

1) O que consiste o princípio da correlação entre e a denúncia e a sentença?

Resposta:

A correlação é o liame conectivo entre os termos da acusação e aquilo que será enfren-
tado pelo juiz na prolação da sentença penal. Em processo penal, o limite objetivo da
lide para o magistrado está na apreciação daquilo que a acusação mencionou, quando da
provocação da instância penal. A sentença deverá decidir sobre os fatos descritos na
denúncia ou queixa, que estabelecem a lide penal, vinculando-se as narrativas ali inseri-
das. No processo penal, o réu se defende dos fatos que pesam contra ele e não da impu-
tação realizada ao término do libelo acusatório. Enfim, a sentença não pode ser extra,
ultra e nem citra petita. Esse princípio, com a parcial reforma do CPP, aplica-se até no
caso de mutatio libelli, pois que nos termos da parte final do § 4º do art. 384 do CPP
fica o juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento promovido pelo MP. Há
256
quem defenda que a melhor interpretação dessa parte final consiste na proibição da de-
núncia alternativa, tendo o juiz que julgar apenas o fato contido no aditamento. Outra
corrente entende que uma interpretação conforme desse dispositivo tem o sentido e o
alcance de que, se ao acusado foram garantidos os princípios do contraditório e da am-
pla defesa, tanto na denúncia originária como na denúncia aditada, é cabível o instituto
da denúncia alternativa, podendo o julgador decidir com base nos fatos narrados em
qualquer uma delas.

DESSE PONTO EM DIANTE: RESPOSTAS ELABORADAS POR FREDERICO


BOTELHO DE BARROS SILVA

2) Qual a posição do senhor a respeito da mutatio libelli do art. 384 em confronto com a
CF/88? O senhor admite que o art. 28 do CPP é ainda constitucional?

Resposta:

A mutatio libelli não passa de sua própria tradução: mudança do libelo, que é , na ver-
dade, mudança na acusação. O regime da mutatio foi substancialmente alterado com a
edição da Lei nº 11.719 de 2008. A partir do referido estatuto legal, não cabe ao magis-
trado realizar a mutatio mas, tão somente, ao verificar que é cabível alteração da tipifi-
cação penal em consequência de prova presente nos autos e não incluída na acusação,
permitir que o membro do Ministério Público promova o aditamento à denúncia ou
queixa. No regime anterior à referida lei, cabia ao próprio magistrado promover o adi-
tamento, o que é, abertamente, uma afronta ao sistema acusatório que apregoa a separa-
ção entre as funções de acusação e julgamento. Com a alteração legal resguardou-se a
separação de papeis entre órgão acusador e magistrado de forma que o sistema acusató-
rio encontra-se preservado. Ademais, o acusado defende-se dos fatos e não da acusação.
Há ainda que ressaltar que após o aditamento o CPP aponta que deve ser ouvida a defe-
sa para manifestar-se acerca da alteração promovida pela acusação . Quanto à constitu-
cionalidade do art. 28 do CPP, há uma tensão entre o princípio da independência fun-
cional do MP e da unidade do órgão quando é apontado um membro para proceder ao
ajuizamento da ação, tendo em vista que a doutrina afirma que, neste caso, tratar-se-ia
de um longa manus do PGJ, ou da câmara de revisão na esfera federal. Neste caso , ad-
mitimos que deve prevalecer a independência funcional do membro do MP, que é, em
verdade , uma garantia institucional que encerra uma garantia da própria sociedade.

3) Leia o art. 383. A hipótese contempla que instituto? emendatio libelli. Ele tem alguma re-
percussão quando à defesa do réu? E a mutatio libelli?

Resposta:
257
O art. 383 do CPP contempla a hipótese de emendatio libelli, que consiste na atividade
do juiz, quando da sentença, emendar ou corrigir a acusação para adequá-la aos fatos,
elementares e circunstâncias constantes dos autos. Há doutrina que aponta a necessidade
de o magistrado promover a oitiva da defesa para o devido estabelecimento do contra-
ditório(Gustavo Henrique Righi Ivahy Badarro e Antônio Cabral ). Ocorre que a senten-
ça não é ato fracionado. O juiz, ao proceder a emendatio está, ou ao menos deveria es-
tar plenamente convencido de que, acerca dos fatos sob sua análise, o crime apontado na
denúncia não corresponde ao emanado dos autos. Assim, ao art. 383 reclama convenci-
mento do magistrado. Convencimento este, motivado, conforme o sistema de avaliação
de provas. Portanto, se o ato de inteligência do magistrado que será exposto na sentença
já está completo (pela modificação do crime), não há que dilatar-se o processo. Ademais
, a defesa há de ser feita com relação aos fatos e não com relação à capitulação do
membro do MP.

Com relação à mutatio, antes da modificação operada pela lei 11.719 de 2008, havia um
verdadeiro aditamento feito pelo magistrado e independente da ação da defesa, o que
violaria , frontalmente as garantias da ampla defesa e contraditório. Com a modificação
operada por esta lei , cabe a atuação do MP, respeitando o sistema acusatório, e há ma-
nifestação da defesa em favor das garantias do acusado no processo penal.

5) O que seria sentença ultra, citra, e extra petita?

Resposta:

Quando se fala em vícios da sentença , uma primeira diferença é importante: a congru-


ência interna e externa da decisão judicial. Sentenças extra , ultra e extra petita se inse-
rem na congruência externa da decisão. Outra diferença há de ser feita entre congruên-
cia objetiva e subjetiva.

Por primeiro, a congruência externa objetiva.

A sentença ultra petita, nesta classificação, ocorre quando a decisão concede mais do
que o demandante pediu ou quando não analisa apenas os fatos essenciais postos pelas
partes como também outros fatos essenciais. A decisão extra petita ocorre quando tem
natureza diversa ou concede ao demandante coisa distinta da que foi pedida, ou, ainda,
leva em consideração fundamento de fato não suscitados por qualquer das partes, em
lugar dos suscitados pelos agentes processuais . A decisão citra petita deixa de analisar
um pedido formulado ou um fundamento suscitado.

Já a congruência subjetiva desenvolve-se de acordo com os sujeitos do processo. A de-


cisão ultra petita estende seus efeitos a pessoas não participantes do processo além da-
queles participantes. Já a extra petita estende seus efeitos a tai somente os não partici-
pantes do processo. A decisão citra petita deixa de regular as relações jurídicas de todos
envolvidos no processo.
258
4.9.1.2. Questões do TRF2
1) Discorra sobre a culpabilidade diante da conduta de vida do agente frente ao art. 59, CP. O
juiz definirá a conduta social do agente através de um fato do processo ou utilizando-se de
conceitos psicológicos (Sigmund Freud)?

Resposta:

Na análise da culpabilidade quando do art.59 do CP, o juiz analisa ―o grau de culpa do


réu‖, como diz Paulo Queiroz, que é, em verdade, um juízo quantitativo, diferente da
culpabilidade como elemento do crime(ou pressuposto da pena como quer Damásio)
que é um juízo qualitativo. A culpabilidade, que não é analisada somente neste momen-
to, é um limite impedindo que a pena se torne uma afronta aos direitos fundamentais do
agente. Para Cezar Bitencourt é um limite máximo e mínimo da pena. Para Paulo Quei-
roz, tão somente um limite máximo. É, portanto, um elemento de determinação da pena.
A doutrina ainda aponta correntes erros na prática forense como a frase ―o agente agiu
com culpabilidade, pois tinha a consciência da ilicitude do que fazia‖. Ocorre que essa
concepção de culpabilidade funciona como fundamento da pena, isto é, como caracterís-
tica negativa da conduta proibida , e já devia ter sido objeto de análise juntamente com a
tipicidade e a antijuridicidade, concluindo-se pela condenação. Quanto à conduta social,
há de ser perquirido o comportamento do agente em meio social, na família, na socieda-
de, na empresa, na associação do bairro. Ou seja , analisa-se a conduta do agente através
de sua conduta em seu aspectos factuais, aquilo que os autos indicam como traço mar-
cante de sua vivência social.

2) Os ônus processuais têm pertinência com as faculdades ou encargos processuais? Existe


alguma correlação? Qual seria esta correlação?

Resposta:

3) A presunção (de veracidade gerada pela revelia) a que se referiu e chamou atenção (em sua
resposta) tem sido entendida como iuris tantum ou iure et de iure?

Resposta:

É uma presunção relativa, segundo a maioria da doutrina e o RESP 2.846/RS, de relato-


ria do Min. Barros Monteiro. Neste mesmo esteio: O Simpósio da Associação de Ma-
gistrados do Rio de Janeiro, de 28 a 30 de agosto de 1974, recomendou aos juízes de
todo o país, que, quanto à revelia, os arts. 319 e 334, IV, deveriam ser interpretados no
sentido de não ser absoluta a presunção de veracidade dos fatos afirmados pelo autor,
devendo excluir-se a presunção quando, à luz dos próprios elementos, trazidos aos autos
pelo autor, ou de notoriedade, verificar-se a evidente inveracidade deles‖.

259
4) Nessa análise (no caso de revelia sobre se o autor tem razão nos fundamentos de seu pedi-
do e se produziu prova suficiente mesmo no caso de revelia) o juiz pode inclusive retroceder à
causa de pedir remota ou isso já implicaria em algum descumprimento de algum dever?

Resposta:

4.9.1.3. Questões do TRF3


1) A prova testemunhal na fase do IP pode ser usada na fundamentação da sentença?

Resposta:

A prova testemunhal, salvo quando irrepetíveis, cautelares ou antecipadas, para emba-


sarem um decreto condenatório devem ser produzidas novamente durante a instrução
processual. Porque colhida em procedimento inquisitivo, se não refeita sob o crivo do
contraditório, a prova testemunhal não pode fundamentar uma sentença. Este é o posi-
cionamento dos Tribunais Superiores acerca da matéria.

4.9.1.4. Questões do TRF4


1) O que é coisa julgada?

Resposta:

―A coisa julgada é a imutabilidade da norma jurídica individualizada contida na parte


dispositiva de uma decisão judicial‖(Didier). Ocorre que esta imutabilidade pode se
restringir ao processo em que foi proferido ou estender seus efeitos para além dele. Daí
a distinção entra coisa julgada material e formal. Esta última ocorre quando a decisão é
imutável dentro do processo do qual foi proferida, porquanto não ser possível de nova
análise em recurso próprio. Já a coisa julgada material, por sua vez, estende seus efeitos
para qualquer outro processo, além do qual foi produzida. É um fenômeno en-
do/extraprocessual. Para que ocorra a coisa julgada material, ou coisa julgada em senti-
do estrito, são necessários 4 requisitos. Quais sejam: Uma decisão jurisdicional; que o
provimento jurisdicional verse acerca do mérito da causa; deve o mérito ser analisado
de forma exauriente; e , por fim, deve haver preclusão máxima (coisa julgada formal).

2) Ela pode ser modificada?

Resposta:

Sim. Em nosso sistema há 5 formas de modificação da coisa julgada. São elas: a) a ação
rescisória; b) a querela nullitatis ou exceptio nullitatis; c) impugnação com base em erro
material ; d) impugnação da sentença inconstitucional ( art. 475-L , parágrafo 1º, e
260
art.741, parágrafo único do CPC) ; e) e a possibilidade de revisão da coisa julgada por
denúncia de violação à Convenção Americana de Direitos Humanos formulada perante
a Corte Interamericana de direitos Humanos. São estas, em nosso sistema processual,
as possibilidades de revisão ou de relativização da coisa julgada. Ainda há que se desta-
car que após o prazo decadencial da ação rescisória (2 anos) fala-se em coisa soberana-
mente julgada.

4.9.1.5. Questões do TRF5


01) Estar respondendo a outro processo no momento da sentença, pode ser maus anteceden-
tes?

Resposta:

A resposta encontra respaldo na súmula 444 do STJ que declara in verbis É vedada a
utilização de inquéritos policiais e ações em curso para agravar a pena base. Tal posi-
cionamento solidificou o entendimento do STJ e da doutrina, por todos, Nucci, que vi-
nham se posicionando na esteira corporificada na súmula.

4.10. Direito Ambiental

4.10.1. Política Nacional Do Meio Ambiente. Instrumentos Da Política Nacional


Do Meio Ambiente. Padrões De Qualidade Ambiental. Zoneamento Ambiental.
Sistema Nacional De Unidades De Conservação Da Natureza

4.10.1.1. Questões do TRF1

4.10.1.2. Questões do TRF2


1) O conceito jurídico de poluição foi alterado? Existe no ordenamento jurídico?

Resposta:

Sim, há um conceito legal do que venha a ser poluição no direito brasileiro. Está previs-
to no art. 3º , III. Da Lei 6938/81. O conceito legal foi alterado em 1989 para incluir em
seu art. 3º. III. V, como objeto de proteção da degradação de qualidade ambiental resul-
tante de atividades que direta ou indiretamente os recursos ambientais fauna e a flora.
Estes dois últimos conceitos não constavam da redação original de como objetos de
proteção contra poluição.

2) Zoneamento se articula com o desenvolvimento sustentável?

261
Resposta:

Sim. O conceito de zoneamento sustentável já traz expressamente a menção e sua cone-


xão com o desenvolvimento sustentável como demonstra o art. 2º, do Decreto
4297/2002 como sendo O ZEE, instrumento de organização do território a ser obrigato-
riamente seguido na implantação de planos, obras e atividades públicas e privadas, esta-
belece medidas e padrões de proteção ambiental destinados a assegurar a qualidade am-
biental, dos recursos hídricos e do solo e a conservação da biodiversidade, garantindo o
desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida da população.

4.10.1.3. Questões do TRF3

4.10.1.4. Questões do TRF4

4.10.1.5. Questões do TRF5


TRF5 – 2012

1) Qual a origem do zoneamento e em que ele consiste?

Resposta:

A origem do zoneamento ambiental está nas sociedades industrializadas e urbanizadas


e na necessidade do estabelecimento de áreas com destinação especial para organização
territorial de aproveitamento e respeito ao meio ambiente. A necessidade de compatibi-
lização entre a exploração não degenerativa e o respeito ao meio ambiente ecologica-
mente equilibrado faz com que o zoneamento se torne uma ferramenta importante do
Direito Ambiental. É, em verdade, um instrumento de efetivação da Política Nacional
do Meio Ambiente e tem definição legal no art. 2º, do Decreto 4.297/2002 e guarda re-
lação estreita com os princípios da função socioambiental da propriedade, da prevenção,
da precaução, do poluidor pagador, do usuário–pagador, da participação informada, do
acesso equitativo e da integração, conforme expressa previsão regulamentar. Diz o de-
creto: O ZEE, instrumento de organização do território a ser obrigatoriamente seguido
na implantação de planos, obras e atividades públicas e privadas, estabelece medidas e
padrões de proteção ambiental destinados a assegurar a qualidade ambiental, dos recur-
sos hídricos e do solo e a conservação da biodiversidade, garantindo o desenvolvimento
sustentável e a melhoria das condições de vida da população‖.

2) O zoneamento tem relevância para a proteção do Direito ambiental? Dê exemplos.

Resposta:

262
Tendo em vista que o zoneamento guarda estreita relação com os princípios com a fun-
ção socioambiental da propriedade, da prevenção, da precaução, do poluidor pagador,
do usuário pagador, da participação informada, do acesso equitativo e da integração,
pode-se afirmar que tal instrumento é de fundamental importância para o Direito Ambi-
ental. O exemplo mais elucidativo desta relevância está no zoneamento ambiental indus-
trial que classifica quatro espécies de zonas visando o disciplinamento de atividades
industriais em locais críticos de poluição. As quatro divisões são as zonas de uso estri-
tamente industrial, zonas de uso predominantemente industrial, zonas de uso diversifi-
cado e zonas de reserva ambiental. Há de se apontar que o intuito do disciplinamento
desta matéria é a necessidade de controle da poluição causada pelas indústrias.

3) O que se entende por unidade de conservação e qual sua natureza jurídica? Quais os requi-
sitos necessários para a implementação das unidades de conservação? É necessária a consulta
pública?

Resposta:

As unidades de conservação são uma das modalidades de espaços ambientais territoriais


protegidos que devem ser instituídos pelo poder público. Sua disposição legal está na
Lei 9.985/2000, que aprovou o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natu-
reza, o SNUC. De acordo com o art. 2º, I, da Lei 9.985/2000, unidade de conservação ―é
espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com ca-
racterísticas naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos
de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se
aplicam garantias adequadas de proteção; Importante destacar que a enorme maioria das
unidades de conservação existentes no Brasil é de propriedade pública, porém, pode
haver instituição de unidade de conservação em terras particulares o que, se não alcan-
çada doação por parte do particular, gerará a necessidade de desapropriação. Para a ins-
tituição de uma unidade de conservação é são necessários: a relevância natural; o caráter
oficial; a delimitação territorial; o objetivo conservacionista; o regime especial de pro-
teção e a consulta pública, conforme art. 22, parágrafo 2º, da Lei 9.985/2000.

4) Quais os dois grandes grupos em que se dividem as unidades de conservação? Elas estão em
conformidade com o novo Código Florestal?

Resposta:

Os dois grupos são - unidades de proteção integral e unidades de uso sustentável. Nas
primeiras deverá ser observada a manutenção dos ecossistemas livres de alterações cau-
sadas por interferência humana. Já as de uso sustentável há exploração do ambiente de
maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos
ecológicos. Integram as unidades de proteção integral a estação ecológica, a reserva
263
biológica o parque nacional, o monumento natural e o refúgio de vida silvestre. Já as
unidades de uso sustentável são integradas por área de proteção ambiental, área de rele-
vante interesse ecológico, floresta nacional, reserva extrativista, reserva de fauna, reser-
va de desenvolvimento sustentável e reserva particular do patrimônio natural.

Com relação a segunda indagação, houve profunda alteração por parte do Novo Código
Florestal .

05) Discorra: política energética voltada ao meio ambiente. Objetivos.

Resposta:

A Lei 9.478 de 1997, que dispõe sobre a política energética nacional, já em seu art. 1º,
IV, deixa expresso que um dos objetivos da política nacional é a proteção ao meio am-
biente. Assim, da adequação entre meio ambiente e atividade econômica nasce o concei-
to de desenvolvimento sustentável. E neste se insere uma opção energética que respeite
o pacto intergeracional e busque o respeito ao meio ambiente e encare como os insumos
energéticos como bens que podem se findar e, a partir daí, passe a adotar uma política
de não agressividade ao meio ambiente. Deve o poder público, ao optar por uma política
energética, fixar sua bases no desenvolvimento sustentável que é, em clássica definição,
como o processo que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibili-
dade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades, e, ainda, focando a
melhoria da qualidade de vida humana dentro dos limites da capacidade de suporte dos
ecossistemas. Assim, o grande objetivo que liga a política energética e o meio ambiente
é a opção por um processo de uso sustentável dor recursos existentes no meio ambiente,
levando-se em conta as necessidades das gerações futuras.

4.11. Direito Internacional Público e Privado

4.11.1. O Espaço Aéreo

4.11.1.1. Questões do TRF1


1) De acordo com as regras de navegação aérea e marítima no mundo, diversas nações cele-
braram uma convenção para caracterizar e repudiar o que se chama pirataria?

Resposta:

Há um Tratado que convencionou-se chamar de ACTA, que quer dizer Anti-


Counterfeiting Trade Agreement, ou, em português, acordo comercial antipirataria. Tal
documento é apontado pela doutrina moderna como um complemento ao Acordo
TRIPS, que foi duramente criticado por não obstar a pirataria e supostamente pavimen-
tar uma dominação dos países desenvolvidos sobre os subdesenvolvidos. O ACTA já
foi subscrito por países como México, Canadá e Austrália.

264
4.11.1.2. Questões do TRF2

4.11.1.3. Questões do TRF3

4.11.1.4. Questões do TRF4

4.11.1.5. Questões do TRF5

4.12. Sociologia do Direito

4.12.1. Aspectos Gerenciais Da Atividade Judiciária

4.12.1.1. Questões do TRF1

4.12.1.2. Questões do TRF2

4.12.1.3. Questões do TRF3

4.12.1.4. Questões do TRF4

4.12.1.5. Questões do TRF5

4.13. Filosofia do Direito

4.13.1. O Conceito De Direito E Sua Positividade

4.13.1.1. Questões do TRF1


1) Qual o conceito de direito?

Resposta:

Como devemos nos ater a 15 linhas, pontuarei os conceitos menos conhecidos(ciência e


faculdade) e indicarei um pensador que elabore os outros conceitos.

265
Direito é uma palavra polissêmica. Kant afirmara que uma ação está em conformidade
com o Direito quando permita que a liberdade de agir de um possa coexistir com a li-
berdade de agir de todos segundo uma lei universal. Ocorre que o conceito de Direito
pode ser declarado de várias formas (partes) diferentes, quais sejam: Direito como ciên-
cia; Direito como justo; Direito como norma; Direito como faculdade; Direito como
fato social .

O Direito como ciência é estudado como epistemologia. Para este ramo, o Direito deve
ser visto como o conjunto de suas ciências e de seu objeto.

Como Faculdade, nasce a Teoria dos Direitos Subjetivos , na ideia de Savigny, o Direi-
to deve ser interpretado na vida real , envolvendo e penetrando por tidos os lados do ser,
aparece-nos como um poder do indivíduo. E , nos limites deste poder reina a vontade do
indivíduo. Nos limites deste poder reina a vontade do indivíduo e reina o consentimento
de todos. É, como diz Savigny, direito em sentido subjetivo. É a partir deste raciocínio
que se chega às três teorias acerca do direito subjetivo. Teoria da vontade, do interesse e
mistas.

Já o direito como fato social , traduz a ideia que a sociologia jurídica procura saber exa-
tamente me que medida se dá à relação feita entre a sociedade e o direito, de que manei-
ra a sociedade é condicionada pelo Direito e de que maneira o Direito condiciona a so-
ciedade.

Condicionar significa interferir, influir fazer com que o Direito ou a sociedade hajam de
uma determinada maneira, ora nós sabemos que as normas jurídicas impõe um padrão
de comportamento para todos nós, as normas jurídicas tem essa finalidade de regrar a
vida social. Portanto toda vez que se institucionaliza um conjunto de normas toda vez
que se instaura alguma lei, essa lei tende a reger a sociedade, portanto o Direito acaba
interferindo no comportamento que as pessoas tem na sociedade.

O direito como norma – Kelsen define o Direito como sendo uma ―ordem normativa de
coerção‖, reportada a uma ―norma fundamental‖, ―a que deve corresponder uma consti-
tuição efetivamente estabelecida e, em termos gerais, eficaz, bem como as normas que,
de acordo com essa constituição, foram efetivamente estabelecidas e são, em termos
gerais, eficazes.‖ Por outras palavras, o Direito é, segundo Kelsen, uma ordem normati-
va ―(…)considerada válida quando as suas normas são, numa consideração global, efi-
cazes, quer dizer, são de fato observadas e aplicadas‖, ou seja, quando as pessoas as
respeitam. Para alcançar este desiderato, o Direito equipa-se e faz uso das figuras da
coação e da coercibilidade. A coercibilidade material é a ―suscetibilidade do uso da for-
ça física ou da pressão material.‖ A coação é definida ―pela plena efetivação de uma ou
de outra.‖ Dito de outra forma, a coercibilidade traduz-se na ameaça de punição, ao pas-
so que a coação efetiva essa mesma punição impondo ―um mal que é aplicado ao desti-
natário mesmo contra a sua vontade, se necessário empregando até a força física‖, em-
bora ―tal apenas terá de suceder quando essa efetivação encontre resistência, o que não é
normalmente o caso.‖
266
O direito como justiça – Hawls - Os princípios da justiça idealizados por Rawls são as
liberdades públicas ou direitos fundamentais, que a melhor doutrina jurídica sobrepõe a
todo e qualquer direito ou dever, até mesmo de natureza constitucional, já que são ali-
cerce do próprio Estado de Direito. Nesse sentido, é possível a afirmação de que toda lei
injusta é substancialmente inconstitucional. Quando Rawls sustenta a possibilidade da
desobediência civil, sempre que houver descumprimento de tais liberdades, na realida-
de, significa que a governabilidade corre sérios riscos, caso o sentimento de justiça da
sociedade não coincida com o ordenamento jurídico. Muito embora a lei injusta possa
ser vinculativa nos casos de inocorrência de inconstitucionalidade a mesma cairá no
desuso e, portanto, a sua aplicação ocasionará o descrédito das instituições.

4.13.1.2. Questões do TRF2

4.13.1.3. Questões do TRF3

4.13.1.4. Questões do TRF4


1) Diferencie direito e moral, e fale sobre união homoafetiva.

Resposta:

Ao buscar diferenciar direito e moral, é importante destacarmos a teoria do mínimo éti-


co, de Jeremias Bentham. Segundo o filósofo, o direito representa o mínimo de Moral
necessário ou declarado obrigatório para que a sociedade possa sobreviver. É a teoria do
mínimo Ético que fundamenta a imagem de círculos concêntricos, sendo círculo maior o
da Moral e o círculo menor o do direito. Há, portanto, um campo comum de ação a am-
bos, sendo o Direito envolvido pela Moral. Assim, da mesma forma que há uma área de
contato entre ambos, há diferenças marcantes. A primeira é que a moral pertence ao
âmbito interno do agente. Já o Direito, molda-se externamente. O Direito é coercitivo.
Já a Moral é despida de coerção. Por fim, o direito é heterônomo, ou seja , as regras do
Direito ―valem‖ objetivamente. Já as regras da Moral só tem significado se o agente
com elas concordar, dada sua autonomia e aspecto individual. A união homoafetiva é
um deste casos que unem o Direito e a Moral. Não pode o Direito ignorar as transfor-
mações pelas quais passam a sociedade moderna. E é inegável que a postura Moral irra-
dia-se sobre o tema. Quanto a Moral, cada componente da sociedade tem uma postural
moral acerca do tema homossexualismo. Diferentemente do Direito Penal, onde há o
Princípio da Exclusiva proteção dos Bens Jurídicos, o Direito Constitucional pauta-se
pelo princípio da jurisprudência contramajoritária . Aí tem que desenvolver...

4.13.1.5. Questões do TRF5

267
5. Ponto 05
5.1. Direito Constitucional

5.1.1. Eficácia Das Normas Constitucionais

5.1.1.1. Questões do TRF1


1) Art. 6º da CF/88 – qual a eficácia desta norma? E a norma relacionada à participação dos
lucros da empresa, como se classificaria?

Resposta:

A primeira observação que deve ser feita com relação a esse ponto é com relação à natu-
reza dos direitos sociais. Ou seja, são estes direitos ―direitos fundamentais‖? A imensa
maioria da doutrina afirma que sim, mesmo o STF em alguns de seus julgados não a-
firmar expressamente que direitos sociais são fundamentais.

Superado este ponto, há, em destaque, três correntes acerca da aplicabilidade dos direi-
tos fundamentais (aqui, conforme a maioria da doutrina, considerar-se-á que direitos
sociais são fundamentais). Para Manoel Gonçalves Ferreira Filho, sob pena de inverter-
se a natureza das coisas, só têm aplicabilidade imediata aqueles direitos que as normas
definidoras são completas em sua estrutura e dispositivo. Já uma segunda corrente (por
todos, Eros Grau), afirma que os direitos fundamentais são de aplicabilidade imediata
mesmo se as normas que os definem sejam de cunho programático. Por fim, Ingo Sarlet
e Gilmar Mendes declaram que, em certas ocasiões, não há como dispensar um trata-
mento legislativo para concretizar um direito fundamental. Em outras ocasiões, inde-
pendentemente de tratamento legislativo, podem os direitos fundamentais atingirem
eficácia imediata. Ademais, há que se destacar que há, ínsito a qualquer direito funda-
mental, uma carga defensiva, um efeito paralisante contra qualquer ingerência tendente
a obstar o exercício de um direito fundamental.

Quanto à participação dos empregados nos lucros, trata-se de norma de eficácia limita-
da, na já clássica classificação de José Afonso da Silva.

2) Existe no Brasil o fenômeno da repristinação constitucional?

Resposta:

Consiste a repristinação em um revigoramento da vigência de uma norma pela revoga-


ção da norma que a tinha revogado. Exemplo do fenômeno poder ser mais esclarecedor
(exemplo do Lenza). Norma produzida na égide da CF/46 não é recepcionada pela
CF/67, pois incompatível com a mesma. Promulgada a CF/88, verifica-se que aquela
Lei, produzida no período da CF/46 (que fora revogada – não recepcionada pela de 67),
em tese poderia ser recepcionada pela CF/88, visto que totalmente compatível com ela.
268
Daí, pergunta-se, pode a lei produzida durante a CF/46 voltar a produzir efeitos? Como
regra, a CF/88 não admite a repristinação! Porém, há uma exceção. Se a nova ordem
jurídica trouxer a permissão expressa possibilitando a repristinação, é possível a verifi-
cação deste instituto. Importante afirmar que efeito repristinatório em ADI não é a
mesma coisa que repristinação. O primeiro é previsto na Lei 9.868/99, art.11, parágrafo
2º.

3) O que é vacatio constitutionis? Qual Constituição brasileira já teve esse período?

Resposta:

Quando uma cláusula expressa diferencie a entrada em vigor de todo texto constitucio-
nal, estabelecendo um interregno entre a publicação do ato de sua promulgação e a data
de entrada em vigor de seus dispositivos , está aí a vacatio constitutionis. Impende res-
saltar que a regra geral é a imediata vigência de uma ordem constitucional , consideran-
do-se a vacatio constitutionis uma exceção. Apenas a CF de 1967/1969 utilizou o Vaca-
tio Constitutionis.

4) José Afonso da Silva e a eficácia das normas, fale sobre a classificação deste autor.

Resposta:

Segundo o professor JAS, as normas constitucionais podem ser de eficácia plena, conti-
da e limitada. As primeiras são aquelas que ``receberam do constituinte normatividade
suficiente à sua incidência imediata. Situam-se predominantemente entre os elementos
orgânicos da constituição. Não necessitam de providência normativa ulterior para sua
aplicação. Criam situações subjetivas de vantagem ou de vínculo, desde logo exigí-
veis``. Exemplos são o art. 2º art. 14, parágrafo 2º. As de eficácia contida têm aplicabi-
lidade imediata e direta, mas possivelmente não integral, tendo em vista que pode haver
uma restrição de sua aplicabilidade por intermédio do legislador infraconstitucional e,
ainda, por obra do próprio texto constitucional. Exemplo sempre citado desta espécie é
o art. 5º, VII, da Constituição Federal. Já as normas de eficácia limitada são aquelas que
de imediato, no momento da entrada em vigor da Constituição, não têm o condão de
produzir todos os seus efeitos, precisando de integração por obra do legislador infra-
constitucional. As normas de eficácia limitada de dividem em normas de princípio ins-
titutivo (ou organizativo) e normas de princípio programático. As primeiras são esque-
mas gerais de organização e de estruturação dos órgãos e entidades. Como exemplo
pode-se mencionar o art. 18, parágrafo 2º. Já as normas de eficácia limitada de cunho
programático, veiculam programas a serem implementados pelo Estado, visando fins
sociais. Como exemplo pode-se citar o art. 196 da CF, que trata da saúde.

269
5) O que é desconstitucionalização? É possível no Brasil?

Resposta:

―Trata-se do fenômeno pelo qual as normas da Constituição anterior, desde que compa-
tíveis com a nova ordem, permanecem em vigor, mas com status de lei infraconstitucio-
nal. Ou seja, as normas da Constituição anterior são recepcionadas com o status de
norma infraconstitucional pela nova ordem‖(Lenza). Como regra geral, não é possível a
aplicação do instituto no Brasil. Porém, se houver menção expressa na nova Constitui-
ção , é possível a aplicação do instituto.

5.1.1.2. Questões do TRF2

5.1.1.3. Questões do TRF3


1) O que são normas de eficácia plena, contida e limitada? Dê exemplos.

Resposta:

Segundo o professor JAS, as normas constitucionais podem ser de eficácia plena, conti-
da e limitada. As primeiras são aquelas que ―receberam do constituinte normatividade
suficiente à sua incidência imediata. Situam-se predominantemente entre os elementos
orgânicos da constituição. Não necessitam de providência normativa ulterior para sua
aplicação. Criam situações subjetivas de vantagem ou de vínculo, desde logo exigíveis‖.
Exemplos são o art. 2º art. 14, parágrafo 2º. As de eficácia contida têm aplicabilidade
imediata e direta, mas possivelmente não integral, tendo em vista que pode haver uma
restrição de sua aplicabilidade por intermédio do legislador infraconstitucional e, ainda,
por obra do próprio texto constitucional. Exemplo sempre citado desta espécie é o art.
5º, VII, da Constituição Federal. Já as normas de eficácia limitada são aquelas que de
imediato, no momento da entrada em vigor da Constituição, não têm o condão de pro-
duzir todos os seus efeitos, precisando de integração por obra do legislador infraconsti-
tucional. As normas de eficácia limitada de dividem em normas de princípio institutivo
(ou organizativo) e normas de princípio programático. As primeiras são esquemas ge-
rais de organização e de estruturação dos órgãos e entidades. Como exemplo pode-se
mencionar o art. 18, parágrafo 2º. Já as normas de eficácia limitada de cunho programá-
tico, veiculam programas a serem implementados pelo Estado, visando fins sociais.
Como exemplo pode-se citar o art. 196 da CF, que trata da saúde.

5.1.1.4. Questões do TRF4

5.1.1.5. Questões do TRF5

270
5.2. Direito Tributário

5.2.1. Impostos: União Federal – Estados-membros - Municípios – Distrito


Federal - Territórios - Princípios E Normas Constitucionais – Rendas
Compatíveis

5.2.1.1. Questões do TRF1


1) Se a União criar tributo com base na competência residual, ela tem que passar alguma coisa
para estados e municípios?

Resposta:

Sim, por expressa previsão constitucional (art.157,II.), 20% da arrecadação do produto


de tributos provenientes da competência residual deve ser repassado aos Estados.

2) É constitucional o redutor de IPTU que recai sobre imóvel único?

Resposta:

Não, tal redução é inconstitucional, obtida pela interpretação, a contrario sensu, da Sú-
mula 589 do Supremo Tribunal Federal: ―É inconstitucional a fixação de adicional pro-
gressivo do imposto predial e territorial urbano em função do número de imóveis do
contribuinte‖. Ademais, o simples fato de se ter um único imóvel não demonstra a capa-
cidade contributiva do contribuinte, haja vista esse único imóvel poder ser tanto um
casebre em uma favela como uma mansão na parte mais luxuosa da cidade.

5.2.1.2. Questões do TRF2


1) Princípio da Legalidade Relativa é cabível no direito tributário?

Resposta:

Para a instituição, definição de fato gerador, obrigação tributária, exclusão e extinção,


dentre outros institutos tributários, incide a Legalidade Estrita. Porém, há exceções a
esta regra que se adapta à Legalidade Relativa. Os casos mais relevantes são a atualiza-
ção monetária (expressamente ressalvada pelo parágrafo 2ºdo art. 97)e fixação do prazo
de recolhimento (jurisprudência do Supremo – RE 172.394?SP, RE 195.218MG).

2) Haveria a incidência do princípio da eticidade na área tributária?

Resposta:

3) Mudança de interpretação acarreta em novo fato gerador?


271
Resposta:

Não. Dada a legalidade estrita que rege o Direito Tributário, a mudança não pode, dada
irretroatividade da lei tributária, gerar novo fato gerador. É o que aponta Roque Carraz-
za. ―O princípio constitucional da segurança jurídica exige, ainda, que os contribuintes
tenham condições de antecipar objetivamente seus direitos e deveres tributários, que,
por isto mesmo, só podem surgir de lei, igual para todos, irretroativa e votada pela pes-
soa política competente‖. Completa Kyioshi Harada ―Adotado um critério jurídico de
interpretação pelo fisco ao longo do tempo para fiscalizar as atividades de determinado
contribuinte concluindo pela regularidade de sua situação fiscal, não pode o mesmo
fisco rever as atividades do passado para exigir tributos e aplicar sanções a pretexto de
que a administração alterou seu entendimento acerca da matéria.

Essa prática é ilegal e contraria o princípio da boa-fé do contribuinte, de um lado. E de


outro lado, representa insubmissão da administração a seus próprios atos, o que é inad-
missível por implicar violação do princípio da segurança jurídica‖.

4) Existe diferença entre princípios tributários e pressupostos?

Resposta:

Sim. Princípio, na clássica lição de Celso Antonio Bandeira de Mello, é o mandamento


nuclear do sistema. Já pressupostos são as condições de fato que compõem o fato gera-
dor que devem ocorrer para a hipótese tributária se aperfeiçoar. Por exemplo, é pressu-
posto do II a entrada do produto em território nacional.

5) Diferença entre o princípio da irretroatividade e da intangibilidade.

Resposta:

A irretroatividade está prevista no art.150,III,a, da CF, em relação a fatos geradores


ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado. Já a
intangibilidade impede a mudança de critério por parte do judiciário ou do próprio fisco
de elementos que caracterizem o fato gerador. Não pode o juiz modificar os atos ocorri-
dos para modificar o fato gerador. Não se modificam os fatos da vida já ocorridos e que
geraram efeitos tributários, segundo, também, o princípio da segurança jurídica.

6) Pode-se aplicar o IPI Verde nas CIDEs?

Resposta:

272
5.2.1.3. Questões do TRF3
1) Quanto ao IPI, a não cumulatividade prevista na CF comporta exceção?

Resposta:

Segundo a maioria da doutrina, não há exceções a não cumulatividade do IPI, diferen-


temente do que ocorre ao ICMS, tendo em vista as exceções apontadas no próprio texto
constitucional, segundo o STF.

2) O tema pode ser mitigado por legislação infraconstitucional?

Resposta:

Não. O STF não permite que o tema seja tratado por legislação infraconstitucional, dado
que, se exceção existisse, deveria ser tratada no corpo da Constituição como o fez o
constituinte quando do ICMS.

3) A aquisição de bens para uso permanente dá direito ao crédito de IPI?

Resposta:

O STF já decidiu a matéria e apontou pela impossibilidade de creditamento porque, em


verdade, não há ocorrência do fato gerador. O uso permanente imobiliza os bens, e , por
isso, não é possível a geração de creditamento. E o entendimento consolidado também,
por exemplo, no TRF4: Não há falar em direito ao creditamento do IPI relativa-
mente aos bens de uso e de consumo ou destinados ao ativo imobilizado da empre-
sa, porquanto, em relação a tais produtos, não ocorre fato gerador do imposto, o que
torna a fabricante consumidora final quanto a essas mercadorias, devendo, nessa
condição, arcar com os ônus financeiros do tributo. Da mesma forma, no STF: ―A juris-
prudência do Supremo Tribunal Federal firmou-se no sentido de não reconhecer,
ao contribuinte, o direito de creditar-se do valor do IPI, quando pago em razão de
operações de aquisição de bens destinados ao uso e/ou à integração no ativo fixo do seu
próprio estabelecimento‖. RE 593.772/SC, Segunda Turma.

4) A isenção no meio do ciclo de industrialização implica em cumulação do IPI?

Resposta:

5) Há direito a crédito presumido?


273
Resposta:

Até pouco tempo, a jurisprudência do STF oscilava, ora pendendo pelo crédito presu-
mido, ora afastando-o. Ocorre que, a partir do RE 370.682/SC de 2007, houve uma es-
tabilização no sentido de qualquer instituto que desonere a cadeia de produção (isenção,
alíquota zero e não incidência) deve se submeter ao regramento , de forma que não ha-
vendo pagamento, não há crédito por parte do adquirente.

6) O que significa uma tributação pelo IPI seletivo?

Resposta:

A seletividade do IPI é uma técnica de incidência tributária, onde a variação da alíquota


se dá em razão da essencialidade do produto. Utiliza-se tal técnica para dificultar a co-
mercialização de objetos indesejáveis e alcançar metas fiscais mais justas e melhor re-
distribuição de renda.

7) O açúcar já foi tributado pelas alíquotas de IPI em 18, 12 e atualmente 5%, a maioria dos
gêneros alimentícios recebe tributação 0%. O IPI incidente sobre o açúcar obedece ao princípio
da seletividade?

Resposta:

A pergunta toma com base um julgamento do próprio TRF1 , onde ficou asseverado
que tributar o açúcar com a alíquota de 5% ofende o principio da seletividade e essen-
cialidade.

Foi um julgado da 8ª Turma, de relatoria da Desembargadora Maria do Carmo. Para este


valor de alíquota, dado o princípio da motivação, deve o ente tributante declarar as ra-
zões de estabelecer diferenças entre os produtos que não a essencialidade, o que, em
verdade constitui a seletividade, como já conceituado como ―uma técnica de incidência
tributária , onde a variação da alíquota se dá em razão da essencialidade do produto‖.

8) Sobre o Imposto de Importação: Bens de ingresso no território nacional para exposição em


feira estão sujeitos ao II?

Resposta:

Não. Para a ocorrência do fato gerador o produto deve ingressar no país e incorporar-se
à economia nacional. Produtos em trânsito não são consideradas para efeitos de tributa-
ção do II.

9) Em que momento se reputa ocorrido o Fato Gerador do II?


274
Resposta:

É o momento da apresentação ou registro da declaração de importação, ou documento


que faça substituir e demais documentos pertinentes ao desembaraço perante a autorida-
de aduaneira - Receita Federal do Brasil, para a liberação da mercadoria estrangeira
entreposta ou depositada.

10) A data de obtenção da licença para importação tem alguma relevância jurídica?

Resposta:

DESSE PONTO EM DIANTE: RESPOSTAS ELABORADAS POR GABRIELA SIL-


VA MACEDO
11) Se a alíquota de importação mudar depois de obtida a licença, o sujeito terá direito a usar
a alíquota anterior?
Resposta:

Não. O Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal entendem que o fato
gerador do imposto de importação, na verdade o seu critério temporal, ocorre na data do
registro da declaração de importação, momento posterior, portanto, a entrada do produto
no território nacional e a obtenção da licença. Adotado esse entendimento, a alíquota
aplicável é aquela vigente na data em que a empresa registrou a operação junto ao SIS-
COMEX, independentemente da alíquota vigente na data da obtenção da licença. Nesse
sentido: REsp 1016132/SP, DJe 01/07/2009.

Embora esse entendimento tenha um fundamento de ordem prática, pois facilita o con-
trole do Fisco acerca do momento em que a mercadoria ingressou no território nacional,
ele é criticado por parte da doutrina. Primeiro por não ser técnico, pois o art. 144 do
CTN, o qual estabelece que o lançamento reporta-se a data de ocorrência do fato gera-
dor da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente revogada ou
modificada. Logo, a legislação material aplicável à importação de produto estrangeiro é
a data em que se verifica a ocorrência do fato gerador, consubstanciado na reunião dos
critérios materiais, temporais e espaciais do imposto, ou seja, a lei vigente no momento
da transposição da linha demarcatória do território nacional. Segundo, por que a adoção
do critério temporal do registro acarreta insegurança jurídica, já que a alíquota pode ser
abruptamente alterada após a realização do procedimento de importação (obtenção de
licença, entrada física do produto no país).

12) Nas operações de mútuo entre pessoas jurídicas sem a intermediação de instituição finan-
ceira, incide o IOF?
275
Resposta:

Sim. A competência da União para instituir o imposto sobre operações de crédito, cam-
bio e seguros e sobre operações relativas a títulos e valores mobiliários surgiu no art. 14,
I, da EC 18/65, surgiu no art. 14, I da EC 18/65 e, nos mesmos termos, foi mantida nos
textos constitucionais seguintes. Ainda sob a égide da EC 18/65, a L. 5.143/66 instituiu
o imposto com incidência exclusiva nas operações realizadas por instituições financeiras
e seguradoras. A lei ordinário poderia fazer tal restrição, sem com isso, no entanto, res-
tringir a competência da União para alcançar, mediante nova lei, outras hipóteses possí-
veis de incidência do tributo.

Pouco depois, ao definir a extensão admissível do fato gerador do IOF, o CTN não se
conteve no espaço mais reduzido já ocupado pela lei anterior e desdobrou em quatro
hipóteses possíveis a esfera potencial do tributo, dentre elas: ―quanto às operações de
crédito, a sua efetivação pela entrega total ou parcial do montante ou do valor que cons-
titua o objeto da obrigação‖. Portanto, não há no CTN – nem a Constituição autorizaria
–, a restrição subjetiva das operações.

Com a edição da Lei nº 9.779/99, o legislador estendeu a incidência do IOF às opera-


ções de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas
ou entre pessoa jurídica e pessoa física, cuidando, ainda, em determinar expressamente
que estas operações estariam submetidas às "mesmas normas aplicáveis às operações de
financiamento e empréstimos praticadas pelas instituições financeiras" (art. 13).

Registre-se que, anteriormente à edição da Lei nº 9.779/99, apenas as operações de cré-


dito realizadas por instituições financeiras estavam submetidas à exigência do recolhi-
mento de IOF.

Portanto, como se depreende do histórico legislativo, a compreensão de que o IOF pode


incidir também sobre operações de crédito que não tenham sido praticadas exclusiva-
mente por instituições financeiras parte de uma interpretação do texto constitucional
(art. 153, V da CF/88), conforme se posiciona o STF e STJ (ADI 1763 MC, Relator(a):
Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal Pleno, julgado em 20/08/1998, DJ 26-09-
2003 PP-00005 EMENT VOL-02125-01 PP-00095 RTJ VOL-00191-01 PP-00070,
REsp 1222550/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA
TURMA, julgado em 27/09/2011, DJe 08/06/2012).

13) E nas chamadas contas correntes mercantis entre empresas do mesmo grupo?
Resposta:

A operação de mútuo entre empresas integrantes do mesmo grupo econômico subsume-


se à hipótese de incidência do imposto sobre operações financeiras. Isso por que o sujei-
to passivo do tributo é qualquer um que participe da operação econômica tributada, re-
metendo o CTN à legislação tributária, a definição deste, para cada espécie tributária, o

276
que ocorreu com a edição da Lei n. 9779/1999, que definiu como fato gerador do IOF
operações de crédito entre pessoas jurídicas e entre pessoa jurídica e pessoa física, sem
exluir entes integrantes do mesmo grupo econômico. Não há, portanto, Ilegalidade da
IN 07/1999 que ao tributar tal operação não criou obrigação tributária nova, limitando-
se a explicitar o sentido da lei 9.779/99.

14) Pode-se instituir contribuição de caráter geral tendo por base fato gerador de imposto
federal? E tendo-se por base fato gerador de imposto estadual ou municipal?
Resposta:

Há dois posicionamentos sobre o tema no cenário doutrinário e jurisprudencial.

1ª Posição. Adotando como premissa a teoria tricotômica da classificação dos tributos,


segundo a qual as contribuições ora se enquadrariam como impostos, ora como taxas,
parte da doutrina, a qual se filia Paulo de Barros entende que, apesar de não haver dis-
criminado as hipóteses de incidência e bases de cálculo das contribuições de caráter
geral, o legislador infraconstitucional não dispõe de ilimitada permissão para criar tais
tributos, pois deve respeitar a competência tributária conferida aos Estados e Municípios
que foi detalhadamente discriminada pela CF. Assim, entende que a União pode criar
contribuições gerais com base em materialidade atribuída constitucionalmente a União.
Adotar entendimento contrário, esvaziaria o conteúdo das repartições constitucionais
das competências tributárias. Ressalta ainda que se a União pretender instituir contribui-
ção incidente sobre fato não relacionado no art. 153, é impreterível o cumprimento dos
requisitos do art. 154, I, que dispõe sobre a competência residual da União. São eles: i)
introdução no ordenamento por lei complementar; ii) caráter não cumulativo; iii) ―tipo-
logia tributária diversa daquela já prevista na CF‖. Esse último requisito reforçaria, con-
forme entende Paulo de Barros, o entendimento de ser vedado à União criar contribui-
ções com base nas materialidades próprias dos Estados, tendo ele por finalidade, evitar a
invasão de competências.

Segunda posição. Em sentido oposto, adotando a teoria pentapartite da classificação


dos tributos, entende o STF que a vedação trazida pelo art. 154 da CF apenas impõe a
inovação dentro da própria espécie tributária, do que se conclui que, segundo a Suprema
Corte, seria possível que a hipótese de incidência das contribuições abrangesse fatos
atribuídos constitucionalmente aos Estados e Municípios, já que as espécies tributárias
seriam distintas.

5.2.1.4. Questões do TRF4

5.2.1.5. Questões do TRF5

277
5.3. Direito Administrativo
5.3.1. Licitação
5.3.1.1. Questões do TRF1
1) Qual foi o primeiro conjunto de regras sobre licitação no Direito Brasileiro?
Resposta:

A licitação foi introduzida no direito público brasileiro há mais de cento e quarenta a-


nos, pelo Decreto nº. 2.926, de 14.05.1862, que regulamentava as arrematações dos ser-
viços a cargo do então Ministério da Agricultura, Comercio e Obras Públicas. Após o
advento de diversas outras leis que trataram, de forma singela, do assunto, o procedi-
mento licitatório veio a final, a ser consolidado, no âmbito federal, pelo Decreto nº.
4.536, de 28.01.22, que organizou o Código de Contabilidade da União.

Desde o antigo Código de Contabilidade da União, de 1922, o procedimento licitatório


veio evoluindo, com o objetivo de conferir maior eficiência às contratações públicas,
sendo, por fim, sistematizado através do Decreto-Lei nº. 200, de 25.02.67 (arts. 125 a
144), que estabeleceram a reforma administrativa federal, e estendida, com a edição da
Lei nº. 5.456, de 20.06.68, às Administrações dos Estados e Municípios.

O Decreto-lei nº. 2.300, de 21.11.86, atualizado em 1987, pelos Decretos-lei 2.348 e 2.360,
instituiu, pela primeira vez, o Estatuto Jurídico das Licitações e Contratos Administrativos, reu-
nindo normas gerais e especiais relacionadas à matéria.

A Constituição de 1988 representou um notável progresso na institucionalização e de-


mocratização da Administração Pública. A partir de 1988 a licitação recebeu status de
princípio constitucional (10), de observância obrigatória pela Administração Pública
direta e indireta de todos os poderes da União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

O art. 37, XXI da Constituição Federal foi regulamentado pela Lei 8.666, de 21.06.93
(alterada pelas Leis 8.883/94, 9.648/98 e 9.854/99), em vigor atualmente, que disciplina
as licitações e contratos da Administração Pública. Esta Lei estabelece cinco modalida-
des licitatórias: concorrência, tomada de preços, convite, leilão e concurso. Estas mo-
dalidades estão definidas no art. 22 da Lei Federal nº. 8.666/93.

A lei n° 8.666 de 21 de junho de 1993, atualizada pela Lei nº. 8.883, de 08 de junho de
1994, que estatui as normas gerais sobre licitações e contratos completa o ciclo, disci-
plinando o instituto e os contratos públicos em 125, artigos, a partir das diretrizes traça-
das pela Constituição e de molde a exigir sua prática na administração pública direta,
indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios (art. 37, caput).

2) Um cidadão comum pode impugnar o edital de licitação? E se conecta a que princípio?


Resposta:
278
Em havendo discordância com os termos do edital, o art. 41 da Lei 8.666/93, estabelece que
pode haver a sua impugnação, a ser realizada por QUALQUER CIDADÃO (aquele que está no
gozo dos direitos políticos), no prazo de até 05 dias úteis de antecedência à data designada
para a abertura dos envelopes de habilitação.

Essa regra se relaciona com os princípios da impessoalidade, moralidade e, sobre-


tudo, com o princípio da publicidade, cujo objetivo é permitir o acompanhamento e
controle do procedimento não só pelos participantes como também, quiçá principalmen-
te, pelos administrados em geral. Alexandrino diz que esse princípio impõe, ainda, que
os motivos determinantes das decisões proferidas em qualquer etapa do procedimento
sejam declarados, permitindo o efetivo controle do procedimento. Todos esses princí-
pios estão elencados no art. 3º da Lei 8.666/93.

3) O que ocorre com propostas parecidas no pregão com relação à EPP ou ME e empresas
normais?
Resposta:
O procedimento do leilão é caracterizado pela utilização de duas técnicas para escolha da me-
lhor proposta, na etapa da classificação e julgamento. Primeiro, são abertas as propostas escri-
tas e classificadas de acordo com o melhor preço. Escolhe-se a melhor e aquelas que se encon-
tram no patamar de até 10% do valor da melhor proposta (se não houver, escolhe-se as três
melhores). Em seguida, oportuniza-se aos participantes pré-selecionados a apresentação de
lances verbais, os quais são iniciados pelo participante que tenha a melhor proposta escrita.

Nesse quadro, o Estatuto da Microempresa e EPP (LC 123/06) criou regra especial para quando
participarem tais empresas do procedimento de pregão: encerrando-se os lances, a ME ou EPP
mais bem classificada e cujo valor ofertado seja de até 5% do valor apresentado pelas em-
presas comuns (empate ficto), é convocada para oferecer nova proposta, no prazo de 5 mi-
nutos, de preço inferior àquela considerada vencedora do certame, situação em que será
adjudicado em seu favor o objeto licitado.

Não ocorrendo a contratação da microempresa ou empresa de pequeno porte, serão con-


vocadas as remanescentes que porventura se enquadrem na hipótese acima, na ordem
classificatória, para o exercício do mesmo direito. No caso de equivalência dos valores
apresentados pelas microempresas e empresas de pequeno porte, será realizado sorteio
entre elas para que se identifique aquela que primeiro poderá apresentar melhor oferta.
Na hipótese da não-contratação nos termos previstos, o objeto licitado será adjudicado
em favor da proposta originalmente vencedora do certame.

4) Pregão, é ele modalidade obrigatória?


Resposta:

279
O decreto 5.450/2005 obriga a utilização do pregão na hipótese de aquisição de bens e
serviços comuns pela União (pois é decreto federal), quando esta modalidade for cabí-
vel.

Para os demais entes federativos, não há lei que obrigue a adoção do pregão, o que a
princípio o tornaria uma modalidade facultativa de licitação. José dos Santos, contudo,
alerta que, apesar da faculdade conferida à Administração, é preciso levar em conside-
ração a finalidade do novo diploma, que é a de propiciar maior celeridade e eficiência
no processo de seleção de futuros contratados. Assim, entende o doutrinador que, sur-
gindo hipótese que admita o pregão, a faculdade desaparece, pois o administrador deve-
rá adotá-lo para atender ao fim público da lei. Entretanto, se optar por outra modalidade,
caber-lhe-a justificar devidamente a sua escolha, a fim de que se possa verificar se os
motivos alegados guardam congruência com o objeto do ato optativo.

5) Em relação à chamadas agências reguladoras, o senhor já ouviu falar na modalidade consul-


ta de licitação?
Resposta:

Consulta é a modalidade de licitação exclusiva das AGÊNCIAS REGULADORAS,


adequada à contratação de bens e serviços não classificados como comuns e que não
seja obras e serviços de engenharia civil.

Ela foi primeiramente instituída pela lei da ANATEL (lei 9.472/97), mas depois foi es-
tendidas a todas as agências reguladoras federais pela lei 9.986/2000.

Alexandrino questiona a constitucionalidade da previsão da consulta pela lei da ANA-


TEL porque ela foi extremamente sucinta, prevendo a disciplina (não a mera regula-
mentação) dessa nova modalidade de licitação por decreto a cargo do ente administrati-
vo, o que viola a regra da lei 8.666/93 que proíbe expressamente a criação de outras
modalidades.

A Anatel disciplinou a consulta para as suas contratações por meio de resolução, defi-
nindo o julgamento das propostas por um júri, segundo critério que leve em considera-
ção custo e benefício.

6) Quais as consequências para o servidor público da administração que devassa o conteúdo


de uma proposta licitatória?
Resposta:

A violação ao sigilo, por fraudar a competitividade do procedimento, implica em:

Prática de crime previsto no art. 94 da Lei 8.666/93 (fraude na licitação), sob pena
de detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, e multa.

280
Ato de improbidade administrativa.

7) Se a licitação é pública porque as propostas têm de ser sigilosas?


Resposta:

O princípio do sigilo das propostas encontra amparo nos próprios fundamentos inspira-
dores da licitação e não se opõe ao princípio da publicidade, mas ao contrário contribui
para a realizaçao de seus fins. De um lado, o princípio do sigilo das propostas visa res-
guardar a competitividade do procedimento, impedindo que outros participantes tomem
conhecimento antecipadamente das demais propostas, tornando inócua a finalidade do
instituto que é a de propociar a escolha da melhor proposta pela Administraçao, com
base em critérios de impessoalidade e moralidade administrativa. De outro, o princípio
da publicidade informa que a licitação deve ser amplamente divulgada, de modo a pos-
sibilitar o conhecimento de suas regras ao maior número de pessoas possíveis. Afinal,
quanto mais pessoas tiverem conhecimento da licitação, mais eficiente será a forma de
seleção. Logo, tanto o princípio do sigilo das propostas quanto o princípio da publicida-
de tem como fim último a garantia da competitividade, da impessoalidade, moralidade e
igualdade no procedimento licitatório.

8) É possível ao administrador dividir o objeto da licitação, e se for, em que hipóteses?


Resposta:

De acordo com a Lei nº 8.666/1993, é obrigatório o parcelamento quando o objeto da


contratação tiver natureza divisível, desde que não haja prejuízo para o conjunto a ser
licitado. Compras, obras ou serviços efetuados pela Administração serão divididos em
tantos itens, parcelas e etapas que se comprovem técnica e economicamente viáveis,
procedendo-se à licitação com vistas ao melhor aproveitamento dos recursos disponí-
veis no mercado, sem perda da economia de escala.

Parcelamento é a divisão do objeto em partes menores e independentes. Cada parte,


item, etapa ou parcela representa uma licitação isolada ou em separado. Para isso, o
agente público deve, após definido o objeto da licitação, verificar se é possível e eco-
nomicamente viável licitá-lo em parcelas (itens, lotes ou etapas) que aproveitem as pe-
culiaridades e os recursos disponíveis no mercado.

O parcelamento do objeto subordina-se especialmente aos princípios da economicidade


e da ampliação da competitividade. Deve o gestor atentar-se para que o parcelamento
seja realizado somente em benefício da Administração. Isso por que a divisão do objeto
que não observe economia de escala poderá produzir efeito contrário, ou seja, aumento
de preços.

281
É importante não esquecer que sempre deve ser preservada a modalidade pertinente para
a execução de todo o objeto da contratação. Devem ser somados os valores correspon-
dentes aos itens parcelados e definida a modalidade de licitação forem necessários. Isso
por que não é possível dividir uma contratação desejada em várias de menores valores, a
fim de dispensar a licitação ou fazê-la por outra modalidade. Não se pode parcelar aqui-
lo que é possível contratar por inteiro, sob pena de se violar o princípio da obrigatorie-
dade.

9) Qual a modalidade de licitação para registros de preços?


Resposta:
Concorrência e pregão.

O registro de preços é o meio apto a viabilizar diversas contratações diretas (sem a realização
de um específico procedimento licitatório previamente a cada uma) de compras, concomitan-
tes ou sucessivas, com os fornecedores registrados, por um ou mais de um órgão ou entidade
da Administração Pública. Está prevista no art. 15 da Lei 8666/93, segundo o qual as com-
pras, sempre que possível, deverão ser processadas através de sistema de registro de
preços. O registro de preços será precedido de ampla pesquisa de mercado e os preços
registrados serão publicados trimestralmente para orientação da Administração, na
imprensa oficial.

O §3º do art. 15 da lei 8.666/93 define a utilização da modalidade CONCORRÊNCIA para sele-
cionar os potenciais fornecedores na sistemática do registro de preços e a lei 10.520/2002
possibilita a utilização da modalidade PREGÃO, quando o sistema de registro de preços desti-
nar-se a compras e contratações de bens e serviços comuns. O decreto 3.931/2001 que regu-
lamenta o sistema de registro de preços na esfera federal, prevê, quando a modalidade for
concorrência, a utilização do tipo menor preço, mas admite, excepcionalmente, o tipo técnica
e preço. No caso do pregão, o tipo é sempre menor preço.

10) Pode haver inexigibilidade de licitação para aquisição de bens?


Resposta:

Sim. A licitação é inexigível, diz o art. 25 da lei 8.666/99, quando a competição for
inviável, em especial nas hipóteses elencadas em seus incisos, dentre as quais cita-se a
aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser fornecidos por
produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência de
marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita através de atestado fornecido
pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra
ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas enti-
dades equivalentes.

282
Indubitavelmente, o rol trazido pelo art. 25 da Lei 8.666/93 é meramente exemplifica-
tivo. Mas as hipóteses elencadas não deixam dúvida de que, sempre que a competição
for inviável, independentemente de o objeto da licitação seja a aquisição de bens ou a
prestação de um serviço, ela será inexigível.

Para que a competição seja viável, precisa preencher 3 pressupostos: LÓGICO, JURÍ-
DICO e FÁTICO.

O pressuposto lógico ocorre quando há PLURALIDADE de licitantes e de objetos.


Assim, se o bem licitado for de fabricante/produtor/fornecedor exclusivo, a licitação
é inexigível, por ausência de pressuposto lógico. A exclusividade do fornecedor, por
fim, precisa ser provada.

O pressuposto jurídico está presente quando a licitação atende a sua finalidade de


PROTEÇÃO ao interesse público. Se, ao invés de proteger o interesse público, a lici-
tação prejudica esse interesse, a competição se torna inviável, pois a licitação não é um
fim em si mesmo, mas um instrumento de realização do interesse público.

Pressuposto fático significa INTERESSE de mercado. O objeto da licitação deve gerar


interesse de mercado. Constitui pressuposto fático para a licitação a possibilidade de
participação de mais de um interessado a ser contratado. Se for certo que não have-
rá oportunidade para a confrontação de propostas, já que apenas determinada contrata-
ção atenderia eficazmente ao interesse público, não deverá ser realizada a licitação.

Em suma, se esses pressupostos não estiverem presentes, as licitaçao para aquisição de


bens será inexigível.

11) A administração pode optar por fazer uma concorrência, tomada de preço em detrimento
do pregão?
Resposta:

O pregão não é modalidade de uso obrigatório pelos órgãos públicos. Trata-se, pois, de
atuação discricionária, na qual a administração terá a faculdade de adotar o pregão ou
alguma das modalidades adotadas no Estatuto geral. José dos Santos, contudo, alerta
que, apesar da faculdade conferida à Administração, é preciso levar em consideração a
finalidade do novo diploma, que é a de propiciar maior celeridade e eficiência no pro-
cesso de seleção de futuros contratados. Assim, entende o doutrinador que, surgindo
hipótese que admita o pregão, a faculdade desaparece, pois o administrador deverá ado-
tá-lo para atender ao fim público da lei. Entretanto, se optar por outra modalidade, ca-
ber-lhe-a justificar devidamente a sua escolha, a fim de que se possa verificar se os mo-
tivos alegados guardam congruência com o objeto do ato optativo.

A União, sensível a necessidade de acelerar o processo seletivo para contratações, tor-


nou obrigatória a adoção da modalidade de pregão para a aquisição de bens e serviços

283
comuns. Consignou-se igualmente que a opção pela forma não eletrônica deverá ser
necessariamente justificada pela autoridade competente. A diretriz da administração
federal teve por fundamento a necessidade de dar maior transparência ao processo sele-
tivo, observar os princípios da legalidade, moralidade, impessoalidade, probidade admi-
nistrativa e todos os demais aplicáveis às licitações em geral.

Há, contudo, algumas hipóteses em que o uso do pregão é excepcionalmente facultado à


União. Uma delas refere-se ao registro de preços, pois a lei 10.520/2002 possibilita a
utilização da modalidade PREGÃO, quando o sistema de registro de preços se destinar
a compras e contratações de bens e serviços comuns. Outra hipótese refere-se a aquisição
de bens e serviços de informática, uma vez que a lei 8.248/91 autoriza o uso da moda-
lidade pregão, a qual sempre adota o tipo menor preço, para ―aquisição de bens e servi-
ços de informática e automoção‖, desde que estes se enquadrem como ―bens e serviços
comuns‖.

12) O prefeito poderia fracionar a licitação?


Resposta:

Sim. A infração pode ser fracionada nos termos do art. 23, par. 1º, quando o objeto da
contratação tiver natureza divisível, desde que não haja prejuízo para o conjunto a ser
licitado. Compras efetuadas e obras ou serviços contratadas pela Administração serão
divididos em tantos itens, parcelas e etapas que se comprovem técnica e economicamen-
te viáveis, procedendo-se à licitação com vistas ao melhor aproveitamento dos recursos
disponíveis no mercado, sem perda da economia de escala.

Ressalte-se apenas que o parcelamento da licitação não pode gerar burla a suas regras,
como por exemplo, tornando dispensável em razão do valor, uma licitação que se reali-
zada sem parcelamento não se inseriria na hipótese de dispensa. Se assim proceder o
prefeito, incidirá não apenas nas hipóteses de improbidade administrativa, como tam-
bém nos crimes da lei de licitações e do Decreto-lei 201/67.

5.3.1.2. Questões do TRF2


1) Fale sobre a concessão de difusão sonora e de imagem. Sendo gratuita, há necessidade de
licitação?
Resposta:

Constituem-se os serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens em forma sui


generis de concessão, eis que disciplinada peculiar e expressamente pela CF/88.

De acordo com o art. 223, compete ao Poder Executivo outorgar e renovar concessão,
permissão e autorização para o serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens, ob-
servado o princípio da complementaridade dos sistemas privado, público e estatal.

284
Não obstante, a concessão de rádio e televisão, diferencia-se ainda de algumas caracte-
rísticas administrativas do instituto, pois, em regra, a concessão pode ser, obedecidos
alguns requisitos administrativos, anulada, revogada, encampada, cancelada. Esses po-
deres reguladores são decorrentes da própria concessão, que é pautada por normas ad-
ministrativas.

Contudo, com relação à concessão ou renovação dos serviços de rádio e televisão, tal
instituto apresenta-se de forma bem peculiar. Assim, o ato de outorga ou renovação da
concessão de serviços públicos de radiodifusão sonora e de sons e imagens, é realizado
pelo Presidente da República, que deve submeter o ato ao Congresso Nacional para de-
liberação, que poderá ser de até 10 anos para rádio e 15 anos para televisão, não haven-
do proibição de renovação de concessão, após o termo dos prazos.

O legislador constituinte, portanto, criou um sistema de freios e contrapesos no que diz


respeito à concessão de Rádio e Televisão. Como se vê, o ato de conceder, renovar, ou o
ato de não renovar as concessões de tais serviços públicos, origina-se do Presidente da
República, mas é no Congresso Nacional que será decidido. Por fim, o legislador consti-
tuinte fechou ainda mais o sistema, ao disciplinar que o cancelamento da concessão ou
permissão, antes de vencido o prazo, depende de decisão judicial.

Celso Antônio Bandeira criticava a situação em relação aos serviços de radiodifusão


sonora e de sons e imagens (rádio e televisão), que, a teor do art. 211 da mesma Lei
9.472, Lei da ANATEL, tem a sua outorga excluída da jurisdição da Agência, permane-
cendo no âmbito de competências do Executivo. Argumentava o doutrinador que a dis-
tribuição de canais de televisão e de rádio, tradicionalmente, era feita ao sabor do Exe-
cutivo, para atender a interesses pessoais ou políticos de pessoas ou grupos, sem quais-
quer critérios objetivos que permitam controlar-lhes a juridicidade.

O Decreto nº 2.108/96 estabeleceu a necessidade de licitação para concessão de serviços


de radiodifusão sonora, que deverá observar a lei 8.666/93 (Lei 2108), sendo ela dispen-
sável para outorga para execução de serviço de radiodifusão com fins exclusivamente
educativos (art. 13, par. 1º).

A presidenta Dilma Rousseff promulgou em janeiro decreto que altera regras para con-
cessões de rádio e televisão no país. A medida muda principalmente as regras para a
licitação, com exigência de garantias financeiras para participar dos leilões. As mudan-
ças começaram a ser articuladas depois que o ministério recebeu denúncias de pessoas
que venceram licitações de concessões sem capacidade financeira para manter emisso-
ras de rádio e TV.

2) Qual o postulado normativo que embasa a licitação? O que é postulado?


Resposta:

285
O postulado normativo que embasa a licitação, a meu ver, é o da igualdade, o qual tem
sua origem no art. 5º e indica que a administração deve dispensar tratamento idêntico a
todos os administrados que se encontrem na mesma situação jurídica. A igualdade na
licitação significa que todos os interessados em contratar com a Administração devem
competir em igualdade de condições. O postulado está intimamente ligado ao princípio
da impessoalidade.

Corolário da igualdade é a vedação de se estabelecerem diferenças em razão da natura-


lidade, da sede ou do domicílio dos licitantes, ou a proibição de tratamento diverso de
natureza comercial, legal, trabalhista, previdenciária entre empresas brasileiras e estran-
geiras (art. 3º, §1º, I e II). Segundo o STF, é inconstitucional considerar como fatores de
averiguação da proposta mais vantajosa os valores relativos aos impostos pagos ao ente
federativo que realiza a licitação.

Os postulados normativos, segundo Humberto Ávila, são metas-normas que estabele-


cem um dever de segundo grau consistente em estabelecer a estrutura de aplicação e
prescrever modos de raciocínio e argumentação em relação a outras normas. O que ele
chama de postulados normativos são meta-normas aplicadas não para resolver o caso
concreto, mas para orientar a interpretação e aplicação das normas de primeiro grau
(regras e princípios). São exemplos de postulados normativos: a igualdade, razoabilida-
de, proporcionalidade.

3) Quais os princípios que regem a licitação?


Resposta:

Todos os princípios da Administração Pública também se aplicam a licitações e contra-


tos administrativos.

Os princípios previstos expressamente no art. 3º da lei 8.666 são:

Legalidade

Impessoalidade

Moralidade

Igualdade

Publicidade

Probidade administrativa

Vinculação ao instrumento convocatório

Julgamento objetivo

286
4) A legalidade do art. 3º da Lei no. 8.666/93 é classificada como absoluta ou relativa? Por
quê?
Resposta:

A Administração Pública está vinculada ao princípio da legalidade absoluta, só poden-


do agir dentro do que a lei permite ou determina. Logo, também no que concerne ao
procedimento da licitação deve-se aplicar a legalidade absoluta.

No campo das licitações o princípio da legalidade impõe, principalmente, que o admi-


nistrador observe as regras que a lei traçou para o procedimento. É a aplicação do devi-
do processo legal, segundo o qual se exige que a Administração escolha a modalidade
certa; que seja bem clara quanto aos critérios seletivos, dentre outros pontos.

5) Por que se fala de legalidade objetiva e subjetiva?


Resposta:

O controle de legalidade subjetivo ocorre para a tutela em concreto de um interesse juri-


dicamente protegido, motivo pelo qual Seabra Fagundes diz ser a "finalidade e caracte-
rísitica do controle jurisidicional a proteção do indivíduo em face da Administração
Pública".

Já a legalidade objetiva estabelece que toda a atuação da administração pública seja


instaurada e conduzida com base na lei e com a finalidade de preservar o império da lei,
independentemente de haver lesão ao direito de outrem. O só fato de um ato administra-
tivo desatender a lei já o torna ilegal, ferindo o interesse público, ainda que nenhum
direito subjetivo reste lesado.

6) Quais as modalidades de licitação?


Resposta:

Concorrência;

Tomada de preço;

Convite;

Leilão;

Concurso;

Consulta

Pregão.

287
7) Os fundos especiais podem se valer do pregão eletrônico?
Resposta:

Sim. Os fundos especiais constituem reservas financeiras criadas por lei, cuja gestão
fica sempre, de alguma maneira, a cargo de órgãos públicos, e estes podem se valer da
modalidade do pregão eletrônico nos termos da Lei 10.520. Ademais, a referida lei, que
trata do pregão, registra a aplicação subsidiária das normas da Lei 8.666/93, que traz
como destinatário de sua disciplina os fundos especiais. Ressalte-se que a doutrina con-
sidera imprópria a menção a fundos especiais não só por que são despidos de personali-
dade jurídica, como também por que constituem meras reservas financeiras criadas por
lei, como antecipado.

8) A Administração só pode o que a Lei autoriza? E se a lei não prevê essa modalidade (do pre-
gão eletrônico)?
Resposta:

Sim. O princípio da legalidade absoluta, aplicável a administração estabelece que ela só


pode agir quando a lei autoriza. Logo, se a lei não estabelecesse a modalidade do pregão
eletrônico, a princípio, ela não poderia ser adotada.

Todavia, a meu ver, esse entendimento pode ser relativizado, pois as alterações trazidas
pelo movimento chamado de neoconstitucionalismo, dentre as quais se destaca a centra-
lidade da constituição e a constitucionalização de outros ramos do direito, refletiram
sobre o Direito Administrativo, sobretudo no princípio da legalidade absoluta. Nesse
sentido, explica Paulo de Barros que ―supera-se aqui a idéia restrita de vinculação posi-
tiva do administrador à lei, na leitura convencional do princípio da legalidade, pela qual
a sua atuação estava pautada por aquilo que o legislador determinasse ou autorizasse. O
administrador pode e deve atuar tendo por fundamento a Constituição.‖ Como a Consti-
tuição estabelece a aplicação de princípio a administração pública como o da eficiência
e a própria lei do pregão é inspirada pelo postulado do informalismo, entendo que seria
possível o uso da modalidade pregão eletrônicos. Isso por que ele apresenta diversas
vantagens, que atendem ao princípio da eficiência, tais como redução do uso de papel,
redução da sobrecarga do pregoeiro, é mais célere e eficaz quando se trata de licitação
por lotes ou itens, os recursos da tecnologia da informação aproximam as pessoas e en-
curtam as distancias, permitindo atuação com mais eficiência por parte da Administra-
ção.

9) Qual o rito do pregão eletrônico?


Resposta:

O fornecedor interessado em participar do pregão eletrônico deve cadastrar-se por meio


do web site do órgão solicitante. O fornecedor normalmente recebe uma senha, que
288
permite o acesso à opção para certificação da empresa. O uso da senha de acesso é de
responsabilidade total do licitante, inclusive no que diz respeito a qualquer transação
que venha efetuar diretamente, ou por seu representante, não cabendo ao provedor do
sistema ou ao órgão licitador, qualquer responsabilidade por eventuais danos decorren-
tes do uso indevido da senha, ainda que por terceiros.

Após a confirmação da certificação, o fornecedor está habilitado a participar dos


pregões referentes àquele órgão.

O pregão eletrônico acontece como numa sala de bate-papo, onde as propostas são
apresentadas pelos concorrentes. Inicia-se com a fixação da menor proposta. O
pregoeiro então instiga os concorrentes a fazer lances até que não haja mais propostas.
O pregão ocorre como um leilão ao contrário, onde ganha o fornecedor que oferecer o
menor preço pela mercadoria ou serviço. Normalmente, a identidade dos autores dos
lances não é revelada aos demais concorrentes.

Em seguida, verifica-se a habilitação da empresa vencedora. Se ela não estiver


perfeitamente habilitada, a habilitação da segunda colocada é verificada. Ao final da
sessão, os proponentes podem manifestar a intenção de interpor recursos, com prazo
determinado.

Finalmente, a contratação é efetuada após a decisão dos recursos interpostos.

10) O que é o termo de referência no âmbito do pregão eletrônico?


Resposta:

O termo de referência é o documento que deverá conter elementos capazes de propiciar


a avaliação do custo pela Administração, diante de orçamento detalhado, considerando
os preços praticados no mercado, a definição dos métodos, a estratégia de suprimento e
o prazo de execução do contrato.

12) Casos de impedimento de licitação.


Resposta:

Nas hipóteses de licitação dispensada, previstas no art. 17 da Lei 8.666/93, a adminis-


tração não tem discricionariedade para decidir sobre a realização ou não de licitação,
pois a própria lei impõe a dispensa da licitação. Neste caso, a competição é possível,
mas a o administrador não possui qualquer liberdade. Trata-se, portanto, de casos de
impedimento de licitação.

É interessante conhecer alguma de suas hipóteses:

Alienação de bens imóveis (depende de autorização legal):

289
a) dação em pagamento;

b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da administração


pública, de qualquer esfera de governo;

c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos constantes da Lei;

d) investidura (I - a alienação aos proprietários de imóveis lindeiros de área rema-


nescente ou resultante de obra pública, área esta que se tornar inaproveitável isola-
damente, por preço nunca inferior ao da avaliação e desde que esse não ultrapasse a
R$20.000,00;II - a alienação, aos legítimos possuidores diretos ou, na falta destes, ao
Poder Público, de imóveis para fins residenciais construídos em núcleos urbanos ane-
xos a usinas hidrelétricas, desde que considerados dispensáveis na fase de operação
dessas unidades e não integrem a categoria de bens reversíveis ao final da concessão).

e) venda a outro órgão ou entidade da administração pública, de qualquer esfera de


governo;

f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, lo-


cação ou permissão de uso de bens imóveis residenciais construídos, destinados ou
efetivamente utilizados no âmbito de programas habitacionais ou de regularização fun-
diária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração públi-
ca;

Já a alienação de bens MÓVEIS não dependerá de autorização legal, mas apenas de


licença administrativa e terá a licitação dispensada nas seguintes hipóteses:

a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de interesse social, após avaliação
de sua oportunidade e conveniência sócio-econômica, relativamente à escolha de outra
forma de alienação;

b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entidades da Administração Pú-


blica;

c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, observada a legislação especí-
fica;

d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente;

e) venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos ou entidades da Admi-


nistração Pública, em virtude de suas finalidades;

f) venda de materiais e equipamentos para outros órgãos ou entidades da Adminis-


tração Pública, sem utilização previsível por quem deles dispõe.

290
13) Franquia postal. Os franqueados têm obrigação de licitar na medida em que prestam servi-
ço público?
Resposta:

Não. O art. 1º, parágrafo único da Lei 8.666/93 traz expressamente os destinatários da
obrigação de licitação, não incluindo dentre eles os particulares concessionários de ser-
viço público. A referida norma elenca a administração pública direta e indireta (ressal-
vada as empresas públicas e sociedades de economia mista que, de acordo com o art.
171§1º da CF não poderão licitar no que concerne a sua atividade fim e terão estatuto
próprio sobre o tema), os fundos especiais e as demais entidades sob controle direto ou
indireto da (inclue-se nessa categoria os serviços sociais autônomos como os destinados
a formação profissional e a assistência social).

Como as franquias prestam serviço público, mas não se valem de recursos público para
tal mister, não há razão para obrigá-la a licitar, o que ainda prejudicaria o exercício da
sua atividade fim.

Situação distinta, contudo, é a da contratação de franqueado. Essa hipótese, sim, exige a


realização de licitação, seja por que a Constituição Federal estabelece que a concessão
de serviço público ocorrerá sempre mediante licitação, seja por que o contratante (em-
presa pública) está incluído dentre aqueles que a lei obriga a licitar. Acrescente-se ainda
o fato de a empresa pública dos Correios exerce atividade em regime de exclusividade e
possui tratamento equivalente a DA Fazenda Pública, o que exige maior cautela em sua
atuação para resguardar os princípios da moralidade, eficiência, isonomia e impessoali-
dade. Pela necessidade de licitação para a contratação de franquia, tem se posicionado
os tribunais regionais federais e o STF.

14) Qual o destino de licitação com cláusulas contraditórias?


Resposta:

No entender da candidata, caso o edital de licitação tenha cláusulas contraditórias, a


solução a ser adotada dependerá do momento em que se encontra o procedimento da
licitação. Caso ainda não tenha iniciado, os princípios da eficiência, da moralidade ad-
ministrativa, da legalidade impõe que seja republicado o edital e reaberto o prazo de
impugnação, reiniciando-se o procedimento.

Todavia, se a licitação já houver ocorrido, deve-se tentar extrair o sentido das cláusulas
contraditórias, invalidar aquelas que contrariam a finalidade do procedimento e prejudi-
cam a administração pública e conservar o ato jurídico, tendo em vista o interesse públi-
co no objeto da licitação, desde que a finalidade tenha sido atingida sem prejuízo do
princípio da impessoalidade e igualdade entre os licitantes. Esse entendimento, a meu
ver, se coaduna com o princípio da boa-fé objetiva, da conservação dos contratos e do
respeito a sua função social.

291
15) É possível o aproveitamento dos atos?
Resposta:

Como explicado na questão anterior, entendo ser possível o aproveitamento dos atos,
desde que a finalidade tenha sido atingida sem prejuízo da administração, dos princípios
que a regem e de terceiros.

16) Precisa licitar para comprar obras de arte (quadros)?


Resposta:

A compra de obra de arte pode ser efetuada em prévia licitação, seja por se enquadrar na
hipótese de inexigibilidade, seja por se enquadra em uma das hipóteses de licitação dis-
pensável.

A licitação é inexigível, diz o art. 25 da lei 8.666/99, quando a competição for inviável,
em especial, dentre outras hipótese, quando o serviço for de natureza singular, o for-
necedor singular e o trabalho artístico realizado por artista reconhecido pela crítica
ensejam a inexigibilidade de licitação. Nesse última previsão, é perfeitamente possível
enquadrar uma obra de arte.

Por outro lado, a licitação será dispensável – ou seja, é possível licitar, mas a adminis-
tração tem a discricionariedade de não fazê-lo – para a aquisição ou restauração de
obras de arte e objetos históricos, de autenticidade certificada, desde que compatíveis
ou inerentes às finalidades do órgão ou entidade (art. 24, XV).

17) E cães de guarda?


Resposta:

A compra de cães de guarda pode se enquadrar em alguma das hipóteses de inexigibili-


dade se o animal for de fornecedor exclusivo (por exemplo, somente determinado for-
necedor adestra cria e fornece cães aptos ao atendimento do interesse da Administração
) ou o animal for de natureza singular (somente uma determinada raça atende ao interes-
se da Administração). A inexigibilidade da licitação deverá ser devidamente justificada.

5.3.1.3. Questões do TRF3


1) Há violação de princípios constitucionais em haver contratação direta pela administração?
Resposta:

Não, desde que a contratação direta seja realizada com base nas hipóteses admitidas
pela lei 8.666/93, que visando tutelar interesses de igual relevância ao princípio da obri-
292
gatoriedade da licitação, excepciona o procedimento nos casos especificamente elenca-
dos.

O princípio da obrigatoriedade da licitação impõe que todos os destinatários do Estatuto


façam realizar o procedimento antes de contratarem obras e serviços. Mas a lei não po-
deria deixar de ressalvar algumas hipóteses que, pela sua particularidade, não se compa-
tibilizam com a demora e o rito do processo licitatório e que, se a licitação não fosse
prejudicaria, terminaria por violar o interesse público e a própria razão de ser do institu-
to.

A ressalva à obrigatoriedade, tanto não contraria a constituição, que já é admitida na


própria Constituição, a teor do que estabelece o art. 37, XXI, cuja redação já prevê que,
a licitação será obrigatória, ―ressalvados os casos previsto na legislação‖. Regulamen-
tando o dispositivo, coube ao legislador a incumbencia de delinear tais hipóteses especí-
ficas, o que foi feito no art. 24 do Estatuto.

2) A autoridade que homologa procedimento licitatório pode anular o certame? E revogá-lo?


Por quê?
Resposta:
Sim. A anulação pode ser decretada quando existe vício de legalidade no procedimento licita-
tório, o que abrange a violação aos princípios e as regras da licitação. Isso por que a Adminis-
tração é dotada do poder de autotutela e deve afastar os atos ilegais para que sejam preser-
vados a supremacia do interesse público e os demais princípios que a regem.

Já a revogação é o desfazimento dos efeitos da licitação, que só pode ocorrer em duas situa-
ções: i) por motivo de interesse público, decorrente de fato superveniente devidamente com-
provado (art. 41 da Lei 8.666/93); ii) a critério da Administração, quando o adjudicatário, ten-
do sido por ela convocado, no prazo e condições estabelecidas no edital, para assinar o termo
de contrato ou aceitar ou retirar o instrumento equivalente, recusar-se a fazê-lo, ou simples-
mente não comparecer.

O desfazimento da licitação, seja pela anulação, seja pela revogação, obriga a administração a
assegurar aos interessados o contraditório e a ampla defesa (art. 49, §1º). Nesse sentido, en-
tende o STJ (REsp 959.733-RJ DJ. 19.11.2007).

3) Em subcontratações, quem responde civilmente? Por quê?


Resposta:

A responsabilidade é solidária entre o contratado e o subcontratado. Isso por que a rela-


ção jurídica do contrato administrativo possui algumas peculiaridades próprias de sua
natureza, dentre as quais se destaca a confiança recíproca, o caráter intuito personae,
uma vez que o contratado é, em tese, o que melhor comprovou condições de contratar
293
com a Administração. Sendo assim, não é possível afastar a responsabilidade daquele
que foi escolhido pela administração, com base em critérios de igualdade e moralidade,
para executar o serviço. O próprio caráter intuito personae impede tal exclusão. Nesse
sentido, estabelece o art. 72 da Lei 8.666/93 que o contratado poderá subcontratar, sem
prejuízo das responsabilidades contratuais e legais, parte do objeto da licitação, até o
limite admitido, em cada caso, pela Administração. Também não seria razoável excluir
a responsabilidade do subcontratado, responsável direto pelo dano. A responsabilização
solidária, portanto, é a que melhor protege o interesse público.

5) No caso de permissão de uso há necessidade de licitar?


Resposta:

No caso de permissão de uso, deve entender-se necessária a licitação sempre que for
possível e houver mais de um interessado na utilização do bem, evitando-se favoreci-
mentos ou preterições ilegítimas. Nesse sentido, posiciona-se José dos Santos Carvalho
Filho.

O doutrinador ressalva, contudo, alguns casos especiais em que a licitação será inexigí-
vel, como, por exemplo, a permissão de uso de calçada em frente a um bar, restaurante
ou sorveteria.

Registre-se ainda que as permissões de uso de bens imóveis residenciais e de bens i-


móveis de uso comercial de âmbito local com área de até 250m² estão entre os casos
de dispensa de licitação, quando estiverem inseridos em programas habitacionais ou de
regularização fundiária de interesse social desenvolvidos pela Administração Pública
(art, 17, I, ―f‖ e ―h‖ da Lei 8.666).

6) Empresa pública tem que licitar?


Resposta:

As empresas públicas podem ser constituídas para desempenhar serviço público ou ati-
vidade econômica. Tais entidades possuem regime híbrido. Caso prestem serviço públi-
co, indubitavelmente, deverão respeitar as regras previstas na Lei 8.666/93 e estarão
obrigadas a licitar.

Quanto às entidades que exploram atividade econômica, dispõe a constituição federal


que elas poderão, por lei específica, ter estatuto próprio para licitação e contrato (art.
173, §1º, III CF). Como o referido estatuto ainda não existe, deve-se aplicar também a
elas a Lei 8.666/93, que elenca como destinatários as empresas públicas e sociedades de
economia mista sem fazer distinção.

Cabe ressaltar que parte da doutrina e da jurisprudência se posiciona no sentido de que


as entidades estatais que explorem atividades econômicas em sentido estrito não se su-
294
jeitam a licitação quando o contrato que pretendem celebrar tenha objeto relacionado
às atividades-fim da entidade. Nessa linha, no caso das alienações de bens que sejam
produzidos pelas entidades como sua atividade-fim, a própria Lei 8.666/93 dispensa a
licitação.

5) Há alguma diferença básica entre dispensa e inexigibilidade de licitação?


Resposta:

O art. 37, XXI da CF prevê a possibilidade de a lei estabelecer hipóteses em que a lici-
tação não ocorrerá ou poderá não ocorrer. Nesses casos, haverá a CONTRATAÇÃO
DIRETA, ou seja, sem licitação, pelas vias da dispensa ou da inexigibilidade.

A inexigibilidade ocorre quando a licitação é juridicamente impossível, em razão da


impossibilidade da competição.

Já a dispensa ocorre quando a licitação é possível, pois há possibilidade de competição,


mas a lei a dispensa (―licitação dispensada‖) ou autoriza a Administração que a dispen-
se (―licitação dispensável‖). O rol é taxativo. O legislador pode possibilitar a dispensa
ou determinar a dispensa obrigatoriamente (art. 17 da Lei 8.666).

6) O que é o pregão? Tem qual objetivo? Funciona em que sentido? Pode ser utilizado em rela-
ção a quais bens, serviços? Existe algum valor que limita ou não?
Resposta:

O pregão é modalidade facultativa de licitação que só serve para a AQUISIÇÃO de


bens e serviços comuns, INDEPENDENTEMENTE DO VALOR estimado da con-
tratação.

Segundo disposição legal, bem/serviço comum é aquele que pode ser objetivamente
conceituado no edital com expressão usual de mercado. No âmbito federal, o Decre-
to 3555 traz uma lista de bens e serviços comuns.

A licitação da modalidade pregão NÃO SE APLICA, no caso da União: às contratações


de obras e serviços de engenharia, bem como às locações imobiliárias e alienações
em geral, por força art. 5º do Dec 3.555/2000, decreto federal que, portanto, só se vincu-
la a União.

O decreto 5.450/2005, por sua vez, obriga a utilização do pregão na hipótese de aquisi-
ção de bens e serviços comuns pela União.

O pregão adota sempre o tipo “menor preço”. Apesar de o tipo ser menor preço, observam-se
especificações e padrões mínimos de qualidade

295
A diferença maior em relação as outras modalidades está na inversão do procedimento: (i)
após o recebimento dos envelopes, passa-se à fase de classificação e julgamento e, só depois,
à fase de habilitação; (ii) primeiro se adjudica e só depois se homologa o procedimento licita-
tório.

O julgamento possui duas etapas: i) a primeira de apresentação das propostas escritas: esco-
lhe-se a melhor proposta (menor preço) e todas as demais que não excedam a 10% do preço
da melhor. Não havendo o número mínimo de 3, escolhe-se as 03 melhores propostas para
participar da fase dos lances verbais; ii) propostas verbais: segue a apresentação das propostas
verbais pelos licitantes pré-selecionados no julgamento das propostas escritas.

O pregão visa acelerar o processo de escolha de futuros contratados da Administração em


hipóteses determinadas e específicas. Foi um procedimento criado para atender aos reclamos
dos órgãos da administração pública diante do fato de que as modalidades licitatórias previs-
tas na Lei 8.666/93, em muitos casos, não conseguiram dar a celeridade desejável à licitação.

Segundo José dos Santos, a nova modalidade tem por fundamento a necessidade de dar maior
transparência ao processo seletivo, observar os princípios da legalidade, moralidade, impesso-
alidade, publicidade, probidade administrativa, e finalmente, evitar a ocorrência de corrupção
e outras condutas qualificadas como improbidade administrativa.

5.3.1.4. Questões do TRF4

5.3.1.5. Questões do TRF5


5.4. Direito Penal
5.4.1. Extinção Da Punibilidade
5.4.1.1. Questões do TRF1
1) Como se explica a actio libera in causae? Quais são as causas que isentam de pena no caso
da embriaguez?
Resposta:

A teoria da actio libera in causa defende que o ato delitivo revestido de inconsciência
deve ser punido quando decorre de ato antecedente que foi livre na vontade, transferin-
do-se para esse momento anterior a constatação da imputabilidade do agente. A teoria é
aplicada ―aos casos em que alguém, no estado de não-imputabilidade, é causador, por
ação ou omissão, de algum resultado punível, tendo se colocado naquele estado, ou pro-
positadamente, com a intenção de produzir o evento lesivo, ou sem essa intenção, mas
tendo previsto a possibilidade do resultado, ou, ainda, quando a podia ou devia prever.‖

A embriaguez é a intoxicação aguda e transitória, causada pelo álcool (ou substância de


efeitos análogos), cujos efeitos podem progredir de uma ligeira excitação inicial até o
estado de paralisia e coma. Apenas em dois casos, ela isenta de pena o agente, excluindo
a culpabilidade. A embriaguez acidental, ou seja, decorrente de caso fortuito ou força

296
maior, e completa é caso de inimputabilidade, bem como a patológica, que será tratada
como caso de inimputabilidade por anomalia psíquica ou semi-responsabilidade.

2) Qual a diferença entre força maior e caso fortuito?


Resposta:

A questão é controvertida e parte da doutrina considera a distinção sem relevância haja


vista que os efeitos atribuídos a eles são iguais.

Parte da doutrina considera que o caso fortuito ocorre quando o agente desconhece o
caráter inebriante da substância que ingere.

Já a força maior ocorre na hipótese em que o agente é obrigado a ingerir a substância.

3) Qual perdão o código trata? O indulto é uma espécie de perdão?


Resposta:

O Código Penal trata expressamente de duas espécies de perdão: i) perdão judicial; ii)
perdão concedido nos crimes de ação penal privada. Ambas as hipóteses são causas de
extinção da punibilidade.

O perdão judicial é o instituto pelo qual o juiz, não obstante a prática de um fato típico e
antijurídico por um sujeito comprovadamente culpado, deixa de lhe aplicar, nas hipóte-
ses taxativamente previstas em lei, a sanção penal, quando as consequências da infração
atingirem o agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. Em
apertada síntese, é a perda do interesse estatal de punir.

O perdão do ofendido, por sua vez, é o ato pelo qual o ofendido, ou seu representante
legal, desiste de prosseguir com andamento de processo já em curso, desculpando o
ofensor pela prática do crime. O perdão deve ser concedido durante o processo, do iní-
cio da ação penal até o trânsito em julgado.

O indulto é uma forma de renúncia estatal ao direito de punir, realizadas por órgãos
diversos do Poder Judiciário. É modalidade de clemência concedida espontaneamente
pelo Presidente, de forma coletiva. Segundo o STF, não é necessário que haja o trânsito
em julgado da sentença condenatória. Diante desse conceito, observa-se que o indulto
pode ser considerado uma espécie de perdão coletivo concedido pelo Estado, por meio
do seu representante, o chefe do poder executivo.

4) Extingue-se a punibilidade pela morte? O que é morte? O que é vida? O que acontece com a
morte, porque extingue a punibilidade com a morte?
Resposta:
297
A morte extingue a punibilidade, nos termos do art. 107 do CP.

A morte é o cessamento permanente das atividades biológicas necessárias à manutenção


da vida de um organismo, considerado cientificamente como o fim da consciência.
Atualmente, a definição médica de morte é conhecida como morte clínica, morte
cerebral ou parada cardíaca irreversível. A morte cerebral é definida pela cessão de
atividade eléctrica no cérebro.

Biologicamente, não há consenso acerca do conceito de vida, bem como do momento


em que ela se inicial. A primeira tentativa de se estabelecer um ponto exato para o início
da vida humana encontra-se na visão concepcional, que toma por referência a união do
óvulo com o espermatozóide.

Metafisicamente, a vida é um processo contínuo de relacionamentos, é uma existência


social, a história de um ser desde o nascimento até a morte. A visão social traz para a
discussão a idéia de que os humanos evoluem de acordo com os símbolos culturais ela-
borados no seio da sociedade. Dessa forma, tal corrente considera que as células-tronco
não têm um estatuto moral próprio, por serem apenas células totipotentes e não indiví-
duos humanos. Tudo o que a pessoa vem a ser é considerado como produto de influên-
cias externas.

O Código civil estabelece que a personalidade jurídica se inicia com o nascimento com
vida, do que se extrai que a vida se iniciaria com o nascimento e seguiria até a morte do
indivíduo.

A morte extingue a punibilidade por que, no Brasil, foi adotado o princípio da personalização
da pena (art. 5º, inciso XLV), segundo o qual a pena não deve passar da pessoa do condenado.
Com a morte, não há razão para a punição prosseguir.

5) O que é anistia? Qual a diferença entre anistia, graça e indulto. Na Quem proclama a anisti-
a? Poder Legislativo. Pode o CN por iniciativa própria proclamar a anistia. O que seria o indul-
to? Os efeitos da condenação persistem? Graça?
Resposta:

A anistia é uma espécie de ato legislativo federal de competência do Congresso Nacio-


nal, ou seja, lei penal anômala, devidamente sancionada pelo Executivo, através do qual
o Estado, em razão de clemência, política ou por questões sociais, esquece um fato cri-
minoso, apagando seus efeitos penais (principais e secundários). Sua natureza jurídica é
de lei penal anômala, cuja iniciativa não é exclusiva de nenhum dos poderes e que é
submetida ao veto presidencial.

6) O que seria a prescrição em matéria de direito penal? A prescrição da pretensão punitiva é a


de que e como se regula?

298
Resposta:

A prescrição é a perda, em face do decurso do tempo, do direito de o Estado punir ou


executar uma punição já imposta, decorrente da inércia do Estado no exercício do jus
puniendi.

A prescrição da pretensão punitiva é a perda do direito do Estado de punir, inviabilizan-


do qualquer análise de mérito da ação penal. Não há, portanto, absolvição ou condena-
ção do réu. Eventual sentença condenatória provisória é rescindida, não se podendo dela
extrair qualquer efeito, nem penal nem cível (não gera reincidência ou maus anteceden-
tes criminais; não é título executivo judicial, não pode ser executada no cível). Ocorre
antes do trânsito em julgado da condenação. Em suma, a prescrição da pretensão puni-
tiva apaga TODOS os efeitos penais e extrapenais da eventual condenação.

Subdivide-se em 4 espécies:

Em abstrato/propriamente dita (art. 109, CP);

Superveniente/intercorrente (art. 110 §1º, CP);

Retroativa (art. 110, §2º, CP);

Em perspectiva, por prognose, antecipada ou virtual

Regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime. O prazo


prescricional é o resultado da combinação da pena máxima prevista abstratamente no
tipo imputado ao agente e a escala do art. 109 do CP. O termo inicial é o seguinte:

I - do dia em que o crime se consumou

II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa  Ultimo ato


executório.

III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência;

IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil,


da data em que o fato se tornou conhecido.

7) A sentença absolutória interrompe a prescrição?


Resposta:

Não. De acordo com o art. 117 do Código Penal, há três marcos interruptivos da pres-
crição no procedimento comum: o recebimento da denúncia ou queixa; a publicação da
sentença ou do acórdão condenatório e o trânsito em julgado. Logo, a sentença absolu-
tória não está prevista como hipótese de interrupção, não sendo possível estender, medi-
ante interpretação, o rol das causas interruptivas em prejuízo do réu.

299
8) Na ação penal pública pode haver o perdão? A Lei 9099 mitigou o princípio da obrigatorie-
dade da ação penal?
Resposta:

Na ação penal pública não pode haver o perdão qu é instituto próprio das ações penais
privadas, pois naquelas vige o princípio da obrigatoriedade, segundo o qual, presentes
as condições da ação penal e, havendo lastro probatório suficiente, o MP é obrigado a
oferecer denúncia.

Parte da doutrina defende que a Lei 9.099 mitigou o princípio da obrigatoriedade –


princípio da discricionariedade regrada –, fixando exceções ao princípio, ao prever o
instituto da transação penal, em que possibilita-se ao Ministério Público deixar de ofe-
recer a denúncia, se o agente aceitar os termos do acordo oferecido.

Outra parcela, a qual se filia Eugênio Paccelli, defende que não se trata de mitigação da
obrigatoriedade, pois o MP deixou de ser obrigado por lei a propor a ação penal pública,
no caso de infrações de menor potencial ofensivo, passando a ser obrigado a propor
inicialmente a transação penal.

9) Qual a diferença entre a renúncia ao direito de ação e o perdão? E se havendo vários ofen-
didos, um deles perdoando, obrigam aos outros?
Resposta:

A renúncia ao direito de ação é ato unilateral do ofendido ou de seu representante legal,


que abdica previamente do seu direito de ajuizar ação penal privada, extinguindo-se a
punibilidade. Pode ser expressa ou tácita. É cabível na ação penal privada, como regra.
Todavia, a Lei 9.099/95 estabeleceu que a composição civil dos danos implica na re-
núncia ao direito de representação na ação penal pública condicionada a representação,
aplicando-se excepcionalmente o instituto nessa espécie de ação.

O perdão do ofedido, por sua vez, é ato bilateral pelo qual o ofendido ou seu represen-
tante legal desiste de prosseguir com o andamento de processo já em curso, desculpando
ofensor pela prática do crime. É cabível na ação penal privada e na ação penal privada
subsidiária da pública, sendo que, neste último caso, não há extinção da punibilidade,
retomando MP a titularidade da ação penal. O perdão só pode ser concedido até o trân-
sito em julgado da demanda.

O perdão concedido por um dos ofendidos não obriga aos demais, nos termos do art.
106, II do CP.

10) O perdão ofertado a um querelado, aproveita os demais?

300
Resposta:

SIM. Incide no âmbito da ação penal privada o princípio da indivisibilidade da ação


penal (art. 48 do CPP) de modo que o oferecimento de ação penal contra um ou alguns
dos supostos autores, configura violação ao referido princípio, implicando em renúncia
tácita ao direito de querela, cuja eficácia extintiva da punibilidade estende-se a todos.
Nesse sentido, posiciona-se o STF.

5.4.1.2. Questões do TRF2

5.4.1.3. Questões do TRF3

5.4.1.4. Questões do TRF4

5.4.1.5. Questões do TRF5

5.5. Direito Previdenciário


5.5.1. Aposentadoria. Auxílio-Doença. Abono De Permanência. Pensões. Renda Mensal
Vitalícia. Acumulação
5.5.1.1. Questões do TRF1
1) Qual a distinção entre o auxílio doença acidentário e o auxílio doença ordinário?
Resposta:

O auxílio-doença acidentário é aquele que decorre de acidente de trabalho, doença pro-


fissional, do trabalho ou evento equiparado, uma vez emitida a Comunicação de Aci-
dente de Trabalho ou reconhecido o nexo técnico epidemiológico entre a enfermidade e
o exercício do labor. Nesse caso, , após a cessação do benefício acidentário, o segurado
terá garantido pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção de seu contrato de tra-
balho na empresa, independentemente de percepção de auxílio-acidente.

O auxílio doença ordinário ou previdenciário é aquele que não decorre de acidente de


trabalho. Trata-se de benefício não programado devido ao segurado que for incapaz para
o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 dias consecutivos.

2) Qual o valor do auxílio doença?


Resposta:

91% do salário de benefício, não podendo ser inferior a um salário mínimo, pois visa
substituir a remuneração do beneficiário.

301
3) Admite-se a cumulação de benefício do regime geral com o regime próprio de previdência?
Exemplo?
Resposta:

Sim. É possível, por exemplo, cumular os benefícios a que o indivíduo tem direito na
condição de segurado do RPPS com os benefícios a que faz jus na condição de depen-
dente de segurado do RGPS, como ocorre na cumulação de aposentadoria pelo RPPS
com o direito a pensão instituída em decorrência da morte do cônjuge, segurado do
RGPS. Vislumbra-se também a possibilidade de se cumular benefícios de ambos os
regimes quando o indivíduo possui vínculos autônomos com cada um deles, salvo na
condição de segurado facultivo – a legislação expressamente proibe a filiação de segu-
rado obrigatório do RPPS como segurado facultativo do RGPS.

4) Qual a idade necessária para a aposentadoria para o produtor rural? E um pescador artesa-
nal em quanto tempo de se faz a redução?
Resposta:

Em regra, a aposentadoria por idade será devida ao segurado homem que complete 65
anos de idade e a mulher com 60 anos de idade, desde que comprove a carência de 180
contribuições mensais pagas tempestivamente.

Conforme determinação constitucional, haverá redução de idade em cinco anos para os


trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que exerçam suas atividades em regi-
me de economia familiar, nestes incluído o produtor rural, o garimpeiro e o pescador
artesanal.

5) É possível se admitir a acumulação de benefício perante o regime geral da previdência social


e outro regime de previdência?
Resposta:

Igual a questão 03.

6) Em que circunstância é devido o adicional de 25% sobre a aposentadoria por invalidez?


Resposta:

Será devido o adicional de 25% sobre a aposentadoria por invalidez quando o segurado
necessitar de assistência permanente de outra pessoa, se assim comprovado em perícia
médica do INSS. O anexo I do RPS traz um rol de situações que ensejam o acréscimo:
cegueira total, perda dos nove dedos das mão, paralisia de dois membros superiores ou
inferiores, perda dos memima dos pés, quando a prótese for impossível, perda de uma
302
das mão e dos dois pés, ainda que a prótese seja possível, dentre outras. Considerando
que art. 45 da Lei 8.213/91, não lista as hipóteses em que o aposentado por invalidez
fará jus ao acréscimo, entende-se que o referido rol é exemplificativo, pois não poderá o
Regulamento prever todas em hipóteses que ensejem a necessidade de assistência per-
manente de outra pessoa.

7) A aposentadoria por invalidez pode ser concedida sem que o trabalhador tenha adquirido
todo o tempo de serviço para a aposentadoria?
Resposta:

SIM. A aposentadoria por invalidez pode ser concedida independentemente de carência,


nas hipóteses de invalidez decorrente de acidente de qualquer natureza, doença profis-
sional, do trabalho ou das moléstias graves listadas em ato regulamentar.

8) Este aposentado por invalidez pode exercer outro tipo de atividade?

NÃO. O pagamento da aposentadoria por invalidez é condicionada ao afastamento de


todas as atividades laborativas do segurado. Em regra, para a concessão desse benefício,
será imprescindível que o segurado esteja incapacitado de maneira total e permanente
para o exercício do trabalho, bem como não haja possibilidade de ser reabilitado de
forma plausível para outra atividade.

9) Existem situações em que o aposentado por invalidez se submetendo à perícia médica, esta
atesta estar aquele apto ao retorno do trabalho, neste caso ele teria de ser compelido retor-
nar? Se se tivesse cuidando de aposentado por invalidez portador de moléstia grave (AIDS), o
exame pericial poderia determinar o retorno dele ao trabalho, afirmando que a apesar da do-
ença ele estaria apto ao trabalho, sendo compelido ao trabalho? Resposta do DEs. Como juiz,
qual seria a decisão?
Resposta:

De acordo com o art. 101 da Lei 8.213/91, a condição de inválido dependerá de aprecia-
ção da perícia médica do INSS, sendo obrigado o segurado a se submeter a exames mé-
dicos periódicos (a cada dois anos), reabilitação profissional (se eventualmente indica-
da) e tratamento disensado gratuitamente. Constatada a capacidade para o trabalho, o
segurado ou seu representante legal deverá ser notificado por escrito para, se não con-
cordar com a decisão, requerer novo exame médico pericial, que será realizado por pro-
fissional diferente daquele que realizou o último exame (art. 210, par. 1º da IN PRESS
45/2010). Disso, conclui-se que, o segurado pode exigir a realização de uma segunda
perícia realizada com outro profissional caso não concorde com o resultado da primeira,
mas não pode se recusar a retornar ao trabalho caso essa segunda perícia confirme a sua
capacidade.

303
Em sentido contrário, segundo o desembargador que formulou a questão, se a doença de
que o segurado é portador é um tipo de moléstia grave prevista na lei como causa de
aposentação por invalidez, não há discussão, a lei é quem diz que há necessidade da
aposentadoria por invalidez. A invalidez é condição ex lege, pois nessa situação o Esta-
do considerou previamente e em abstrato que os portadores de determinada doença seri-
am inválidos para fins previdenciários. Logo, o segurado não pode ser compelido a tra-
balhar.

9) O que é desaposentação?
Resposta:

A desaposentação é a renúncia da aposentadoria por requerimento do segurado , com o


intuito de obter alguma vantagem previdenciária. Há uma serie de hipóteses em que a
desaposentação será útil ao segurado. É possível que o pagamento de novas contribui-
ções previdenciárias após a aposentadoria eleve a renda mensal inicial do benefício, a
depender do seu valor, com a incidência mais tênue do fator previdenciário, havendo
interesse em renunciar a aposentadoria e requerer uma mais nova. Outrossim, poderá o
segurado requerer uma aposentadoria por tempo de contribuição proporcional para, pos-
teriormente, requerer uma integral, utilizando novos salários de contribuição após a
primeira aposentadoria.

É também possível que um aposentado do RGPS queira aproveitar esse tempo de con-
tribuição para ter direito a uma aposentadoria no RPPS, caso tenha sido aprovado em
concurso de provimento de cargo efetivo, pois sem esse período não preencheria os re-
quisitos para se aposentar no regime dos servidores públicos.

A desaposentação carece de previsão legal expressa, sendo indeferida administrativa-


mente pelo INSS, vez que a Administração Pública somente poderá agir quando exista
previsão legal. Apesar disso, o STJ vem admitindo a desaposentação com eficácia pros-
pectiva, sem determinar que o segurado devolva as parcelas já percebidas a título de
aposentadoria, sob argumento de que, enquanto esteve aposentado o segurado fez jus
aos seus proventos.

O STF ainda não se manifestou sobre o tema.

A desaposentação merece rechaço, a meu ver, por diversos motivos, dentre os quais, o
fato de que causará grande impacto no fundo do RGPS, violando o princípio do equilí-
brio financeiro e atuarial, sob pena de colocar em risco todo o sistema. Ademais, a apo-
sentadoria é um ato jurídico perfeito, não podendo o beneficiário desfazê-lo e refazê-lo
a todo tempo para satisfazer a interesses pessoais. Se o legislador resolver admitir futu-
ramente a desaposentação, deverá cercar o instituto de uma série de condicionantes
para evitar o seu uso abusivo.

304
10) Do que ser trata o auxílio-doença? Precisa ter uma duração mínima? Qual o período de
afastamento que enseja a concessão do benefício?
Resposta:

O auxílio doença trata-se de benefício não programado devido ao segurado que ficar
incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 dias
consecutivos. O benefício, em si, não precisa ter uma duração mínima, mas apenas a
enfermidade que deve durar, no mínimo, 15 dias.

11) O aposentado que volta ao trabalho, desaposenta. Volta a contribuir? E se ele ingressar em
novo regime sem se aposentar, ou seja, ele pode se filiar a algum regime previdenciário desa-
posentado?
Resposta:

Sim. De acordo com o art. 11, §3º da Lei 8.213/91, o aposentado que desenvolver ativi-
dade remunerada será filiado obrigatório no que concerne a essas atividades, devendo
pagar as respectivas contribuições previdenciárias.

O segurado pode se filiar a outro regime previdenciário após se aposentar. É possível,


então, que esse aposentado pelo RGPS queira aproveitar esse tempo de contribuição
para ter direito a uma aposentadoria no RPPS. O STJ tem admitido essa possibilidade.

12) Qual o termo final da chamada aposentadoria por invalidez? Estas perícias periódicas, se
essa aposentadoria por invalidez, se ela decorreu de uma moléstia grave, essa perícia pode
determinar o retorno do beneficiário ao trabalho?
Resposta:

A aposentadoria por invalidez cessa quando constatada a capacidade para o trabalho,


nos termos do art. 101 da Lei 8.212/91. Por conta disso, o segurado é obrigado a se
submeter a exames médicos periódicos.

Quanto à segunda pergunta, repito o que já foi respondido anteriormente:

De acordo com o art. 101 da Lei 8.213/91, a condição de inválido dependerá de aprecia-
ção da perícia médica do INSS, sendo obrigado o segurado a se submeter a exames mé-
dicos periódicos (a cada dois anos), reabilitação profissional (se eventualmente indica-
da) e tratamento disensado gratuitamente. Constatada a capacidade para o trabalho, o
segurado ou seu representante legal deverá ser notificado por escrito para, se não con-
cordar com a decisão, requerer novo exame médico pericial, que será realizado por pro-
fissional diferente daquele que realizou o último exame (art. 210, par. 1º da IN PRESS
45/2010). Disso, conclui-se que, o segurado pode exigir a realização de uma segunda
perícia realizada com outro profissional caso não concorde com o resultado da primeira,
mas não pode se recusar a retornar ao trabalho caso essa segunda perícia confirme a sua
capacidade.

305
Em sentido contrário, segundo o desembargador que formulou a questão, se a doença de
que o segurado é portador é um tipo de moléstia grave prevista na lei como causa de
aposentação por invalidez, não há discussão, a lei é quem diz que há necessidade da
aposentadoria por invalidez. A invalidez é condição ex lege, pois nessa situação o Esta-
do considerou previamente e em abstrato que os portadores de determinada doença seri-
am inválidos para fins previdenciários. Logo, o segurado não pode ser compelido a tra-
balhar.

13) Aposentadoria por invalidez pode ser convertida em aposentadoria por idade?
Resposta:

O art. 55 do RPS admitia a transformação da aposentadoria por invalidez em aposenta-


doria por idade, a pedido do segurado desde que contasse com a carência e idade míni-
ma, mas esse dispositivo foi revogado pelo Decreto 6722/2008, não se vislumbrando
base legal para tanto. Inclusive, o entendimento administrativo do INSS é pela vedação
da transformação para requerimentos efetivados a partir de 31 de dezembro de 2008,
data da publicação do Decreto 6.722/2008. Certamente, o que motivou a autarquia pre-
videnciária a editar essa vedação é o fato de não aceitar o período de gozo de auxílio-
doença ou aposentadoria por invalidez para cômputo da carência da aposentadoria por
idade, ante a ausência do pagamento das contribuições previdenciárias.

Em sentido contrário, posiciona-se o TRF da 2ª, 3ª, 4ª Regiões e o TNU1, entendendo


que, apesar da inexistência de previsão legal, o período que o segurado percebeu benefí-
cio por incapacidade será considerado para fins de carência, em que pese inexistir o
pagamento de contribuição previdenciária, pois o segurado esteve impedido de exercer
atividade laboral. Nessa linha, os Tribunais tem sustentado a possibilidade de converter
a aposentadoria por invalidez em aposentadoria por idade quando preenchidos os requi-
sitos dessa última.

14) Qual o tipo de aposentadoria que impede (o exercício de) atividade remunerada?
Resposta:

Aposentadoria por invalidez, pois nos termos da Lei 8.213/91, art. 42 a 47, a invalidez
deve ser definida como a incapacidade laborativa total, indefinida e multiprofissional,
insuscetível de recuperação e reabilitação profissional, que corresponde a incapacidade
geral de ganho, em conseqüência de doença ou acidente. Logo, se a incapacidade é total,
o beneficiário não pode voltar ao labor, sob pena de ser suspenso o benefício.

1
PEDILEF 200763060010162, de 23.06.2008.

306
5.5.1.2. Questões do TRF2
1) É muito comum o INSS ajuizar ações regressivas para se pagar de valores a título de benefí-
cio acidentário que se vê obrigado a pagar em decorrência do infortúnio que o trabalhador
sofreu. Conhece a temática que envolve a discussão que envolve a prescrição, notadamente
no que concerne ao prazo prescricional destas ações regressivas? Qual o prazo defendido pelo
INSS e com base em que argumento?
Resposta:

A meu ver, a questão trata da ação regressiva proposta pelo INSS contra a empresa ne-
gligente. De acordo com o art. 120 da Lei 8.213/91, nos casos de negligencia quanto às
normas padrão de segurança e higiene do trabalho indicados para a proteção individual
e coletiva, a Previdencia Social proporá ação regressiva contra os responsáveis, pois o
pagamento das prestações previdenciárias por acidente do trabalho não exclui a respon-
sabilidade civil da empresa ou de outrem (art. 121). A culpa da empresa deve ser aferida
casuisticamente, especialmente com perícia a ser realizada pela justiça do trabalho.

Segundo a doutrina, é possível presumir relativamente a culpa da empresa, pois, em se


tratando de responsabilidade civil em acidente de trabalho, há uma presunção de culpa
da empresas quanto à segurança do trabalhador, sendo da empresa o ônus de provar que
agiu com a diligencia e precaução necessárias.

As empresas têm alegado em seu favor que é ilegal exigir o ressarcimento de quem já
paga um seguro – SAT – para cobrir as despesas com os benefícios acidentários. Se-
gundo o INSS, a contribuição é apenas uma das diversas fontes de custeio da previdên-
cia social e não exime os empregadores de seu dever de cumprimento das normas de
segurança e medicina do trabalho, sobretudo quando se observa que a responsabilidade
da empresa nesses casos é subjetiva.

A ação regressiva será proposta na Justiça Federal, tendo em conta que o INSS tem a
natureza jurídica de autarquia federal, com fulcro no art. 109, I da CF, vez que não en-
volve os seus segurados. Não se trata de competência da Justiça Estadual, pois não se
trata de benefício acidentário.

Segundo o INSS, essa ação regressiva é imprescritível, pois a pretensão de reparação de


danos ao erário é impresritível nos termos do art, 37, §5º da CF.

Os TRFs, contudo, tem se posicionado de forma distinta, adotando o prazo trienal pre-
visto no art. 206, §3º do CC e não a imprescritibilidade prevista no art. 37, §5º da CF,
que se refere ao Direito da Administração Pública de obter o ressarcimento de danos ao
seu patrimônio decorrente de atos de agentes públicos2.

2
AC 00061720520104036105, DESEMBARGADOR FEDERAL JOSÉ LUNARDELLI, TRF3 - PRI-
MEIRA TURMA, e-DJF3 Judicial 1 DATA:15/06/2012; APELRE 200950010049045, Desembar-
gador Federal REIS FRIEDE, TRF2 - SÉTIMA TURMA ESPECIALIZADA, E-DJF2R - Da-
ta::30/06/2011 - Página::279/280

307
5.5.1.3. Questões do TRF3

5.5.1.4. Questões do TRF4


1) Fale sobre desaposentação, o que entende jurisprudência? E o STF tem alguma decisão?
Resposta:

A desaposentação é a renúncia da aposentadoria por requerimento do segurado , com o


intuito de obter alguma vantagem previdenciária. Há uma serie de hipóteses em que a
desaposentação será útil ao segurado. É possível que o pagamento de novas contribui-
ções previdenciárias após a aposentadoria eleve a renda mensal inicial do benefício, a
depender do seu valor, com a incidência mais tênue do fator previdenciário, havendo
interesse em renunciar a aposentadoria e requerer uma mais nova. Outrossim, poderá o
segurado requerer uma aposentadoria por tempo de contribuição proporcional para, pos-
teriormente, requerer uma integral, utilizando novos salários de contribuição após a
primeira aposentadoria.

É também possível que um aposentado do RGPS queira aproveitar esse tempo de con-
tribuição para ter direito a uma aposentadoria no RPPS, caso tenha sido aprovado em
concurso de provimento de cargo efetivo, pois sem esse período não preencheria os re-
quisitos para se aposentar no regime dos servidores públicos.

A desaposentação carece de previsão legal expressa, sendo indeferida administrativa-


mente pelo INSS, vez que a Administração Pública somente poderá agir quando exista
previsão legal. Apesar disso, o STJ vem admitindo a desaposentação com eficácia pros-
pectiva, sem determinar que o segurado devolva as parcelas já percebidas a título de
aposentadoria, sob argumento de que, enquanto esteve aposentado o segurado fez jus
aos seus proventos.

O STF ainda não se manifestou sobre o tema.

A desaposentaçao merece rechaço, a meu ver, por diversos motivos, dentre os quais, o
fato de que causará grande impacto no fundo do RGPS, violando o princípio do equilí-
brio financeiro e atuarial, sob pena de colocar em risco todo o sistema. Ademais, a apo-
sentadoria é um ato jurídico perfeito, não podendo o beneficiário desfazê-lo e refazê-lo
a todo tempo para satisfazer a interesses pessoais. Se o legislador resolver admitir futu-
ramente a desaposentação, deverá cercar o instituto de uma série de condicionantes
para evitar o seu uso abusivo.

5.5.1.5. Questões do TRF5

308
5.6. Direito Civil
5.6.1. Compra E Venda. Pactos Adjetos. Compromisso De Compra E Venda
5.6.1.1. Questões do TRF1
1) O que se entende por venda ad mensuram? Qual a casuística disto?
Resposta:

A venda ad mensuram é aquela em que as partes estipulam o preço do bem imóvel obje-
to da compra e venda por medida de extensão, hipótese em que a medida passa a ser
condição essencial ao contrato efetivado. Neste caso, a medida do imóvel não é sim-
plesmente enunciativa como ocorre na venda ad corpus, onde um imóvel é vendido co-
mo corpo certo e determinado, independentemente das medidas especificadas no ins-
trumento.

No caso de venda por extensão, admite-se uma variação de área de até 5%, existindo uma
resunção relativa de que tal variação é tolerável pelo comprador. Mas, este pode provar o
contrário, requerendo a aplicação das regras do vício redibitório especial.

Assim, havendo variação superior ao tolerável, o comprador prejudicado poderá exigir:


i) a complementação da área por meio da ação ex empto; ii) o abatimento proporcional
do preço por meio da ação quanti minoris; iii) a resolução do contrato, com a devolução
do que foi pago (ação redibitória). Havendo má-fé por parte do alienante, este induz
culpa, podendo o comprador requerer perdas e danos que o caso concreto indicar.

Questionamento importante é saber se a ordem apresentada deve ser seguida ou é facu-


dade do comprador escolher que ação ajuizar. Deve-se aplicar o princípio da conserva-
ção contratual, que mantém relação com a função social (Enunciado 22 do CJF).

Se, em vez de faltar área, houver excesso, o vendedor ajuizará ação na qual deve provar
que possuía motivos justos para ignorar a medida da área. O comprador, então, terá duas
opções: i) completar o valor correspondente ao preço; ii) devolver o excesso. No que
toca à devolução do excesso, surgirão despesas que deverão ser repartidas de acordo
com o princípio da boa-fé. Se houver indícios de que o vendedor sabia do vício, deverá
ele arcar com as despesas de forma integral. Havendo má-fé do comprador, ele deverá
arcar com as despesas. Caso contrário, elas serão repartidas.

2) Sistema francês e alemão sobre a compra e venda, qual a eficácia da compra e venda no
direito francês e faça um contraponto com esta eficácia no direito alemão? No Brasil, pode-se
dizer que os negócios translativos de propriedade são negócios de disposição?
Resposta:

No direito contemporâneo, o contrato de compra e venda pode ser examinado à luz de


dois sistemas jurídicos diversos: o francês e o alemão.

309
Pelo primeiro o contrato cria ao mesmo tempo o vínculo obrigacional e transfere o do-
mínio da coisa vendida (nudus consensus parit proprietatem). Ou seja, transfere-se o do-
mínio com o próprio contrato, independentemente da tradição da coisa vendida. Somen-
te pelo contrato o comprador torna-se o titular do domínio. Vê-se que o sistema francês
apartou-se da tradição romana.

Para o sistema alemão o contrato gera exclusivamente uma obrigação de dar, com o
vendedor assumindo somente obrigação ad tradendum. A transferência do domínio veri-
ficar-se-á quando da tradição da coisa vendida. Esse foi o modelo adotado como regra
pelo Direito Brasileiro.

Quanto ao exercício de direitos, os negócios jurídicos podem ser classificados como de


disposição, quando autorizam o exercício de amplos direitos, incluindo a alienação, so-
bre o objeto transferido (ex.: doação); ou negócios de administração, quando admitem
apenas a simples administração e uso do objeto cedido (ex.: comodato e mútuo). Logo,
a meu ver, os negócios translativos de propriedade não são negócios jurídicos de dispo-
sição, pois essa distinção só tem utilidade quando há restrição por força de lei ou de
sentença dos poderes de gestão patrimonial dos administradores de bens alheios, de
bens próprios e alheios, o que não e o caso do negócio translativo de propriedade (pes-
soal, fui tentando construir a resposta, com base em conceitos que encontrei na internet,
mas não tenho certeza se o negócio translativo é ou não negócio de disposição, pois não
encontrei nada a respeito nos livros que tenho)

3) O que seria a retrovenda? Qual o prazo? Esta recompra é o direito de retrato? É uma nova
compra e venda?
Resposta:

Constitui um pacto inserido no contrato de compra e venda pelo qual o vendedor reser-
va-se o direito de reaver o imóvel que está sendo alienado, dentro de um certo prazo,
restituindo o preço e reembolsando todas as despesas feitas pelo comprador no período
de resgate, desde que previamente ajustadas. Tais despesas inclui as benfeitorias neces-
sárias. Essa cláusula somente é admissível em bens imóveis.

Na verdade, essa cláusula concede ao vendedor o direito de desfazer a venda – ogo, não
é uma nova compra e venda – dentro do prazo máximo de 3 anos. Essa cláusula tem o
condão de tornar a propriedade resolúvel; trata-se de cláusula resolutiva expressa.

A ação de resgate é constitutiva negativa, de rito ordinário, pela qual o vendedor obtém
o domínio do imóvel a seu favor, tendo a demanda eficácia erga omnes, diante do cará-
ter real do instituto. Seu prazo decadencial é de 3 anos.

310
4) Quais são os elementos essenciais do contrato de compra e venda? Existe alguma forma
especial para celebrar compra e venda de bem imóvel ou é livre? Pode se comprar imóvel por
escritura particular? A pessoa tem que fazer o que, tem que fazer aonde?
Resposta:

Na visão clássica e contemporânea, os elementos da compra e venda são: i) partes


(comprador e vendedor), sendo implícita a vontade livre, o consenso entre as partes,
sem vícios; ii) coisa (res); iii) preço. As partes devem ser capazes. A coisa deve ser líci-
ta, determinada ou determinável, alienável, ou seja, deve ser consumível no âmbito jurí-
dico. O preço deve ser certo, determinado e em moeda nacional corrente, pelo valor
nominal (princípio do nominalismo). O preço não deve ser fixado em moeda estrangeira
ou em ouro, sob pena de nulidade absoluta do contrato. Exceção deve ser feita para a
compra e venda internacional, nos termos do Decreto 857/69.

A compra e venda pode ser negócio formal (solene) ou informal (não solene). Segue-se
o entendimento segundo o qual a solenidade está relacionada com a escritura pública e
não com a forma escrita (formalidade é gênero, solenidade é espécie). O contrato de
compra e venda exige escritura pública quando o valor do bem imóvel, objeto do con-
trato, for superior a 30 salários mínimos. Mas, em todos os casos de compra e venda de
bem imóvel é necessária a forma escrita para registro no CRI, estando a eficácia no
mesmo plano da validade do contrato em questão. Nas hipóteses de compra e venda de
bens móveis, não há necessidade de contrato escrito, tampouco de escritura pública,
pois não há registro.

A propriedade móvel, portanto, se transfere pela tradição, enquanto a imóvel pelo regis-
tro do contrato no cartório de Registro Imobiliário.

5) Faça uma distinção entre promessa de compra e venda e compromisso de compra e venda.
Resposta:

Nelson Rosenvald apresenta a seguinte distinção:

Define-se a promessa de compra e venda como espécie de contrato preliminar pelo qual
as partes, ou uma delas, comprometem-se a celebrar adiante o contrato definitivo de
compra e venda. É negócio de segurança, destinado a conferir garantias às partes quanto
à relação substancial em vista.

Já no contrato de compromisso de compra e venda inexiste possibilidade de exercício de


direito de arrependimento, configurando um contrato preliminar impróprio. Isto é, com
a prova do pagamento do preço, o compromissário comprador é dispensado de procurar
um segundo acordo de vontades, já que o adimplemento integral é justificativa suficien-
te ao alcance do registro do direito de propriedade, dispensando-se a superfetação de se
promover uma escritura definitiva de compra e venda. Neste sentido, o art. 41, da Lei nº
6.766/79 aduz que ―...o adquirente do lote, comprovando o depósito de todas as presta-
311
ções do preço avençado, poderá obter o registro de propriedade do lote adquirido, va-
lendo para tanto o compromisso de compra e venda definitivamente firmado‖.

6) Distinga Título aquirendi e modus aquisicionis.


Resposta:

Pelo sistema do Código Civil, a propriedade imobiliária se adquire "pela transcrição do


título de transferência no registro do imóvel" (art. 530, I do Código Civil de 1916). A
transmissão exige, pois, dois atos e dois momentos.

O primeiro realiza-se com o contrato, o titulus adquirendi , isto é, a razão, o motivo, a


causa da transmissão da propriedade.

O segundo é o registro, ato formal, ao qual a lei atribui o efeito de transmitir a proprie-
dade imobiliária, o modus aquisicionis. De sorte que, embora o título não seja hábil, por
si só, para transferir o domínio, é de fundamental importância. A compra e venda de
bens imóveis, portanto, é ato complexo, que se aperfeiçoa com o registro.

7) O que é uma venda a contento?


Resposta:

A venda a contento é tratada pelo CC/02 como uma cláusula especial de compra e ven-
da. Em seus termos, a venda não se aperfeiçoa enquanto o comprador não se declara
satisfeito com o bem a ser adquirido. Diferencia-se da venda sujeita a prova, pois naque-
la o comprador não conhece ainda o bem que irá adquirir, havendo uma aprovação ori-
ginal. Desse modo, a tradição não gerará a transferência da propriedade, mas tão somen-
te a da posse direta. Enquanto o comprador não manifestar a sua aprovação, suas obri-
gações serão as de um mero comodatário. Eventual rejeição da coisa pelo comprador
que não a aprovou funciona como cláusula resolutiva. A recusa deve ser fundada no
bom senso, não podendo ser motivada no mero capricho.

8) O que é a venda de uma coisa esperada? É igual à venda da esperança?


Resposta:

A venda de uma coisa esperada, também conhecida como emptio rei esperatae, é a ven-
da da esperança quanto à coisa esperada. Refere-se a assunçã do risco por um dos con-
tratantes quanto à quantidade da coisa, caso em que o alienante terá direito a todo o pre-
ço, desde que de sua parte não tenha concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir
e quantidade inferior a esperada. Nesta situação, é fixada uma quantia mínima para a
compra. O risco, nesse caso, é menor, pois há uma taxa mínima em relação ao objeto.

312
Já a venda da esperança, chamada de emptio spei, ocorre quando a assunção de riscos
por um dos contratantes toca a própria existência da coisa, caso em que o outro terá di-
reito de receber integralmente o que lhe for devido, desde que de sua parte não tenha
havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir. No contrato em ques-
tão, não é fixada nem mesmo uma quantidade mínima como objeto, fazendo que o risco
seja maior.

5.6.1.2. Questões do TRF2

5.6.1.3. Questões do TRF3

5.6.1.4. Questões do TRF4

5.6.1.5. Questões do TRF5

5.7. Direito Empresarial


5.7.1. Títulos De Crédito
5.7.1.1. Questões do TRF1
1) O que é uma cédula rural pignoratícia?
Resposta:

O art. 9º do DL 167/67 estabelece que a cédula de crédito rural é promessa de pagamen-


to em dinheiro, sem ou com garantia real cedularmente constituída, sob as seguintes
modalidades:

I - Cédula Rural Pignoratícia.

II - Cédula Rural Hipotecária.

III - Cédula Rural Pignoratícia e Hipotecária.

IV - Nota de Crédito Rural.

A cédula de crédito rural é título civil, líquido e certo, exigível pela soma dela constante
ou do endosso, além dos juros, da comissão de fiscalização, se houver, e demais despe-
sas que o credor fizer para segurança, regularidade e realização de seu direito creditório.

A cédula rural pignoratícia se referir a mercadorias (bens móveis) depositadas em arma-


zéns gerais. O crédito está inserido no título mediante a garantia pignoratícia (do penhor
rural ou mercantil). Os bens apenhados continuam na posse imediata do emitente ou do
terceiro prestante da garantia real, que responde por sua guarda e conservação como fiel
depositário, seja pessoa física ou jurídica. Cuidando-se do penhor constituído por tercei-
313
ro, o emitente da cédula responderá solidariamente com o empenhador pela guarda e
conservação dos bens apenhados.

DESSE PONTO EM DIANTE: RESPOSTAS ELABORADAS POR GILBERTO PI-


MENTEL DE MENDONÇA GOMES JÚNIOR
2) Título de crédito – definição de Cesare Vivante. Título de crédito dilacerado, mas ainda iden-
tificável, que direitos tem o adquirente deste título?

Resposta:

Cesare Vivante: ―Título de crédito é o documento necessário ao exercício do direito,


literal e autônomo, nele mencionado‖. O art. 887, do CC, reproduz este conceito.

Art. 908, CC: ―O possuidor de título dilacerado, porém identificável, tem direito a obter
do emitente a substituição do anterior, mediante a restituição do primeiro e o pagamento
das despesas‖.

3) O que é a cartularidade e titularidade no título de crédito?

Resposta:

Pela cartularidade afirma-se que o direito de crédito mencionado na cártula não existe
sem ela, o direito não pode ser transmitido sem a cártula e não pode ser exigido sem a
sua apresentação. A cartularidade está ligada a titularidade, pois o titular do crédito deve
estar em posse do título. A posse é imprescindível para a comprovação da própria exis-
tência do crédito. No título ao portado a titularidade do crédito é de quem está com em
posse da cártula.

4) Quais são os requisitos de um título de crédito? (eu acho que ele queria as características,
pois cada título tem requisitos específicos)

Resposta:

Características: a) cartularidade – o título é representado por uma cártula (papel); b)


literalidade- o título de crédito obedece rigorosamente o que nele está escrito; c) auto-
nomia –cada obrigação resultante do título é autônoma em relação às demais.

Os requisitos são:

a) Letra de câmbio (art. 1º e 2º da Lei Uniforme) – expressão ―letra de câmbio‖; uma


ordem incondicional para pagamento de quantia determinada; o nome do sacado; o no-
me do tomador; a assinatura do sacador; a data do saque; o lugar do pagamento ou men-
314
ção de um lugar junto ao nome do sacado; o lugar do saque ou menção de um lugar jun-
to ao nome do sacador.

b) Nota promissória (art. 75, da Lei Uniforme) – expressão ―nota promissória‖; uma
ordem incondicional para pagamento de quantia determinada; nome do tomador; a data
do sque; assinatura do subscritor; o lugar do saque; a assinatura do subscritor; o lugar do
saque ou a menção de um lugar junto ao nome do subscritor.

c) Cheque (art. 1º, da Lei do cheque)- a expressão ―cheque‖; uma ordem incondicional
para pagamento de quantia determinada; o nome da instituição financeira contra quem
foi emitida; a data do saque; o lugar do saque ou a menção de um lugar junto ao nome
do emitente; a assinatura do próprio emitente (sacador).

d) duplicata (art. 2º da Lei de Duplicatas) – a expressão ―duplicata‖ e a cláusula à or-


dem, que autoriza a sua circulação via endosso; data de emissão, coincidente com a data
da fatura; os números da fatura e da duplicata; a data do vencimento, quando não for à
vista; o nome e o domicílio do vendedor (sacador); o nome, o domicílio e o número de
inscrição no cadastro de contribuintes do comprador (sacado); a importância a ser paga
por extenso e em algarismos; o local do pagamento; o local para o aceite do sacado; a
assinatura do sacador.

5) Quanto ao modelo de títulos de créditos, fale sobre.

Resposta:

Segundo esse critério classificatório, os títulos de créditos podem ser títulos de modelo
livre ou títulos de modelo vinculado. Título de modelo livre é aquele para o qual a lei
não estabelece uma padronização obrigatória, ou seja, a sua emissão não se sujeita a
uma forma específica preestabelecida (ex: letra de câmbio e nota promissória). Já título
de modelo vinculado se submete a uma rígida padronização fixada pela legislação
cambiária específica, só produzindo efeitos legais quando preenchidas as formalidades
legais exigidas (ex: cheque e duplicata).

6) Quanto ao Cheque, no que concerne ao prazo de apresentação, além deste prazo, ele pode
ser pago, perante o banco? Qual o termo final deste pagamento, até quando o banco pode
pagar? Até a prescrição do cheque, enquanto não se prescrever ele pode pagar, que prazo de
prescrição é este?

Resposta:

Prazo de apresentação é o prazo dentro do qual o emitente deverá levar o cheque para
pagamento junto a instituição financeira. Funciona como o prazo de protesto nos outros
títulos de crédito, ou seja, apresentado neste prazo assegura a execução contra os code-
315
vedores. Se o cheque for da mesma praça o prazo é de 30 dias, se de outra praça é de 60
dias.

É diferente do prazo prescricional que é de 6 meses, contados do término do prazo de


apresentação. Dentro do prazo prescricional o cheque pode ser apresentado para paga-
mento no banco e este deve pagar o valor. Após o prazo de prescrição o cheque não
pode ser mais executado, mas pode ser cobrado de outras formas, por exemplo, ação de
locupletamento, ação de cobrança ou monitória (Súmula 229, STJ).

6) O que é um endosso em branco e em preto, se o endosso em branco pode se tornar em


preto e vice-versa?

Resposta:

Endosso é o ato cambiário pelo qual o credor do título de crédito, que possui cláusula à
ordem, transmite seus direitos a outro. Obs: todos os títulos de crédito próprios têm a
cláusula à ordem implícita. Efeitos do endosso: transfere o crédito e responsabiliza o
endossante.

O endosso em branco é aquele que não se identifica o seu beneficiário, permitindo que o
título circule ao portador. Já o endosso em preto identifica expressamente a quem está
sendo transferida a titularidade do crédito.

O beneficiário do endosso em branco pode transformá-lo em endosso em preto comple-


tando-o com seu nome ou de terceiros. Pode também endossar novamente, ou em bran-
co ou em preto. Lembrando que no caso do endosso em branco o título pode circular
pela simples tradição da cártula.

O beneficiário do endosso em preto pode endossar o título em branco ou em preto.

7) O endosso fica no verso? E o aval fica no verso?

Resposta:

O endosso fica no verso do título, bastando a assinatura do endossante. Para ser feito no
anverso deve ter menção expressa de que se trata de endosso.

O aval é o contrário. Em regra é no anverso do título de crédito, bastando a assinatura


do avalista. Caso seja dado no verso do título deve constar expressamente que se trata
de aval.

8) O que é um título nominativo?

316
Resposta:

É aquele emitido em favor de pessoa determinada, cujo nome consta de registro especí-
fico mantido pelo emitente (art. 971, CC). A transferência é válida por meio de termo de
registro, onde deve ser assinado pelo emitente e pelo adquirente do título.

Obs: Existem entendimentos de que nominativo é o mesmo que nominal.

9) Em se tratando de títulos de crédito, para que circule, ele sendo nominativo, tem que duas
opções, se não tiver ele circula por cessão?

Resposta:

Obs.: Tem doutrinadores que entendem que títulos nominais são o mesmo que nomina-
tivos.

Título nominal identifica expressamente o seu titular (credor). Para transferir a titulari-
dade não depende apenas da entrega do documento, é necessário praticar um ato formal
que opere a transferência. Nos títulos com cláusula à ordem a transferência se dá por
endosso. Já nos títulos com cláusula não à ordem o ato de transferência é a cessão civil.

Os títulos nominativos (para os que diferenciam) o nome do titular consta num registro
específico mantido pelo emitente e só transfere através de termo no registro que deve
ser assinado pelo adquirente e pelo emitente.

10) Faça um comentário histórico sobre a letra de câmbio.

Resposta:

No período italiano da evolução do direito cambiário (idade média) a descentralização


do poder favoreceu a criação de cidades (burgos). As moedas destas cidades eram pró-
prias (diferentes). Pela necessidade de circulação do crédito foi criada a letra de câm-
bio. Quando determinado comerciante de uma cidade realizava negócios em outra cida-
de ele acumulava soma de riqueza representada por moeda daquele local. Ao chegar a
outra cidade a moeda era diversa. Então, ao realizar o comércio em uma cidade ele tro-
cava todo o seu dinheiro com um banqueiro que lhe entregava uma carta (littera cambii)
ordenando que outro banqueiro pagasse a quantia nele fixado para o seu portador.

11) O que é aceite?

Resposta:

317
O aceite é o ato pelo qual o sacado assume a obrigação cambial e se torna o devedor
principal da letra (aceitante). Deve ser feito no próprio título por meio da expressão ―a-
ceito‖ ou ―aceitamos‖, seguindo-se da assinatura do sacado ou procurador com poderes
especiais. Na letra de câmbio é facultativo, porém irretratável. A recusa do aceite pro-
voca o vencimento antecipado do título. Pode haver o aceite parcial, que também levará
ao vencimento antecipado, podendo ser cobrado totalmente do sacador.

12) Endosso em branco e em preto? Pode haver uma cadeia de endossos em branco, ou em
preto, ou só pode haver um?

Resposta:

(Ler a resposta da questão 6)

Em princípio não existe limite para a quantidade de endossos, seja em branco, seja em
preto. Quando existia a CPMF a lei admitia apenas um endosso para o cheque, mas a lei
foi revogada, não existindo mais a limitação.

13) Qual a origem a palavra endosso?

Resposta:

― A verificação etimológica revela que a expressão endosso, adotada pelo direito cam-
biário, decorre do fato de ser a declaração unilateral de vontade, da qual resulta este
ato cambiário, lançada nas costas, ou no dorso, de um título de crédito. Esse uso em
latim assim se exprimia: quia in dorso inscribit solet; no francês, endossement, no direi-
to norte-americano indorsement e no direito italiano girata.‖

Só achei na internet: http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/28655-


28673-1-PB.htm

5.7.1.2. Questões do TRF2


1) Quais as características dos títulos de crédito?

Resposta:

Características: a) cartularidade – o título é representado por uma cártula (papel); b)


literalidade- o título de crédito obedece rigorosamente o que nele está escrito; c) auto-
nomia –cada obrigação resultante do título é autônoma em relação às demais.

2) Título de crédito abstrato pode ser discutido no Judiciário?

Resposta:
318
A abstração é originária do princípio da autonomia. O título é documento constitutivo
de direito novo, autônomo, originário e completamente desvinculado da relação que lhe
deu origem.

No entanto, esta abstração só acontece, verdadeiramente, quando o título circula, ou


seja, só quando ele circula é que se desvincula da relação que lhe deu origem.

Assim, entende-se que enquanto a relação cambiária é entre os próprios sujeitos que
participam da relação que originou o título, existe uma vinculação entre esta relação e o
título originário, ou seja, enquanto não circula a causa pode ser discutida. Após circular
não pode mais discutir o negócio originário.

Resposta da questão: Pode ser discutido enquanto estiverem envolvidos apenas o sujei-
tos da relação originária.

Atenção: Após a prescrição o título perde cambiaridade, perdendo as suas características


e dentre elas a abstração. Assim, para cobrar o título prescrito o credor deve demonstrar
a origem da dívida.

3) Diferenças entre títulos abstratos e títulos causais.

Resposta:

Título causal é aquele que somente pode ser emitido nas hipóteses em que a lei autoriza
a sua emissão. É o caso da duplicada que só pode ser emitida para documentar a realiza-
ção de compra e venda mercantil ou contrato de prestação de serviços.

O título de crédito abstrato é aquele cuja a emissão não está condicionada a nenhuma
causa estabelecida em lei. Pode ser qualquer relação negocial. Exemplo: cheque, letra
de câmbio e nota promissória.

4) Sob o ponto de vista mais genérico e mais abstrato e que tem a ver com a razão de existir
dos títulos cambiariformes: qual é a ratio essendi do título de crédito rural? Seria ferramenta
para alguma coisa?

Resposta:

Segundo Pontes de Miranda, os títulos se dividem em cambiais e cambiariformes. As


cambiais básicas ou genuínas são a letra de câmbio e a nota promissória. Todos os de-
mais títulos de crédito, como o cheque, a duplicata, o conhecimento de depósito, a cédu-
la de crédito à exportação, e outros, são apenas assemelhados ou cambiariformes. As
regras da letra de câmbio e da nota promissória se aplicam aos títulos cambiariformes,
em tudo que lhes for adequado, inclusive a ação de execução.

319
O título de crédito rural destina-se ao financiamento da exploração de atividades rurais,
ferramenta para auxiliar a comercialização da produção e viabilizar o aumento da pro-
dutividade, com o consequente fortalecimento dos médios e pequenos produtores. (art.
1º, do Decreto-Lei 167/67).

5) Qual a natureza jurídica do cheque? O que ele é?

Resposta:

O cheque é uma ordem de pagamento à vista emitida por um banco em razão de fundos
que uma pessoa (emitente) tem naquela instituição. É um título de crédito de modelo
vinculado, pois só pode ser emitido por banco, em talonário específico, com numeração
própria, seguindo os padrões do Banco Central.

6) A duplicada emitida por meio magnético pode ser objeto de protesto?

Resposta:

Não encontrei nos livros. A lei também não autoriza expressamente o protesto deste
título magnético. No entanto, existe o chamado protesto por indicações que é realizado
quando há a retenção do título por parte do devedor (comprador). Nesse caso, sem a
posse do título o credor (vendedor) deve fornecer ao cartório as indicações deste, retira-
das da fatura e do Livro de Registro de Duplicatas.

Existem decisões judiciais que ampliam o protesto por indicação para os casos de dupli-
cada magnética (virtual), é o caso do Resp 1024691 PR, publicado no DJe 12/04/2011,
de relatoria da Min. Nancy Andrighi:

EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. DUPLICATA VIRTUAL. PROTESTO


POR INDICAÇÃO. BOLETO BANCÁRIO ACOMPANHADO DO COMPROVANTE
DE RECEBIMENTODAS MERCADORIAS. DESNECESSIDADE DE EXIBIÇÃO
JUDICIAL DO TÍTULO DECRÉDITO ORIGINAL.

1. As duplicatas virtuais - emitidas e recebidas por meio magnético ou de gravação ele-


trônica - podem ser protestadas por mera indicação, de modo que a exibição do título
não é imprescindível para o ajuizamento da execução judicial. Lei 9.492/97.

2. Os boletos de cobrança bancária vinculados ao título virtual,devidamente acompa-


nhados dos instrumentos de protesto por indicação e dos comprovantes de entrega da
mercadoria ou da prestação dos serviços, suprem a ausência física do título cambiário
eletrônico e constituem, em princípio, títulos executivos extrajudiciais.

3. Recurso especial a que se nega provimento.

320
7) Com relação ao crédito rural: gostaria de adicionar alguma coisa a essa modalidade especi-
al?

Resposta:

Existem vários títulos de créditos rurais.

A cédula de crédito rural e a nota de crédito rural são títulos causais, de natureza civil,
resultantes de financiamento a cooperativa, empresa ou produtor rural. As duas são
promessas de pagamento à vista. No entanto, a cédula de crédito rural possui garantia
real e a nota de crédito rural não possui esta garantia.

Existem também a nota promissória rural e a duplicata rural que são fundadas em ope-
rações de compra e venda de natureza rural, contratadas a prazo, não constitutivas de
financiamento no âmbito do crédito rural.

Há ainda a cédula de produto rural (Lei 8.929/94), também é título de natureza causal,
emitido por produtor ou cooperativa rural, como promessa de entrega de produtos ru-
rais, e pode ter garantia hipotecária, pignoratícia ou fiduciária.

8) Como considero quando há vários avais lançados em um título?

Resposta:

É necessário diferenciar avais simultâneos de avais sucessivos.

Quando os avais são simultâneos (coavais) eles avalizam o título conjuntamente, garan-
tindo a mesma obrigação. Os avalistas são vistos como uma só pessoa e assumem a res-
ponsabilidade solidária. Segue a regra civil, quem pagar o total pode cobrar do devedor
principal toda a dívida, mas só pode cobrar a parte de cada avalista.

Se os avais são sucessivos (aval do aval), um avalista avaliza o outro avalista (uma ca-
deia). O avalista do avalista tem a mesma obrigação do avalizado. Quem pagar toda a
dívida tem direito ao regresso de total.

9) Qual o mecanismo de funcionamento dos institutos conhecimento de depósito e warrant? A


transferência da propriedade ou mercadoria tanto no “conhecimento de depósito” e warrant
tem os mesmos pressupostos?

Resposta:

O Conhecimento de Depósito e o ―Warrant‖ são títulos de crédito à ordem emitidos


sobre gêneros ou mercadorias em depósito nos armazéns gerais, empresas que têm por
321
escopo a guarda e a conservação das mercadorias neles depositadas, mediante o paga-
mento de determinado preço.

O conhecimento de depósito é título representativo da mercadoria depositada, a qual


pode ser transferida com o endosso do título. Já a warrant é um título constitutivo de
promessa de pagamento, cuja garantia é a própria mercadoria depositada.

5.7.1.3. Questões do TRF3

5.7.1.4. Questões do TRF4


1) Por que existem os títulos de crédito?

Resposta:

O crédito, que consiste, basicamente, num direito a uma prestação futura que se baseia,
fundamentalmente, na confiança (boa-fé e prazo), surgiu da constante de viabilizar mais
rápida de riqueza do que a obtida com a moeda manual. O título de crédito surgiu na
qualidade de documento que instrumentaliza o crédito e permite a sua mobilização com
rapidez e segurança. Concluindo-se que os títulos de crédito são instrumentos para a
circulação de riquezas.

2) O que é um cheque cruzado e visado?

Resposta:

O cruzamento do cheque consiste na aposição de dois traços paralelos e transversais no


anverso do título. O cheque cruzado só pode ser pago a um banco ou a um cliente do
banco, evita o desconto na ―boca do caixa‖.

Cheque visado é aquele em que o banco confirma, mediante uma assinatura no verso, a
existência de fundos suficientes para pagamento do valor nele mencionado. Só pode
receber o visto do banco o cheque nominativo que não foi endossado.

3) Diferencie endosso em branco e em preto, conceituando.

Resposta:

Endosso é o ato cambiário pelo qual o credor do título de crédito, que possui cláusula à
ordem, transmite seus direitos a outro. Obs: todos os títulos de crédito próprios têm a
cláusula à ordem implícita. Efeitos do endosso: transfere o crédito e responsabiliza o
endossante.

322
O endosso em branco é aquele que não se identifica o seu beneficiário, permitindo que o
título circule ao portador. Já o endosso em preto identifica expressamente a quem está
sendo transferida a titularidade do crédito.

4) É compatível caução em cheque? (Acho que a pergunta é: é possível cheque caução?

Resposta:

Cheque caução é o cheque dado como garantia de pagamento posterior. Era comumente
usado em hospitais para garantir o atendimento médico. O paciente deixava um cheque-
caução em poder do hospital para ser atendido até regularizar pendências com plano de
saúde. Ainda é utilizado como garantia em negócios.

Contudo esta prática descaracteriza a natureza do cheque, já que se trata de uma ordem
de pagamento à vista e não uma promessa de pagamento (como por exemplo: a nota
promissória).

Como tem relação com o tema é bom lembrar que a Lei 12.653/2012 acrescentou o art.
135-A ao Código Penal criando o seguinte crimes: ―Exigir cheque-caução, nota promis-
sória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários adminis-
trativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial: Pena -
detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. Parágrafo único. A pena é aumenta-
da até o dobro se da negativa de atendimento resulta lesão corporal de natureza grave, e
até o triplo se resulta a morte.”

5) O que seria o princípio da cartularidade?

Resposta:

Pelo princípio da cartularidade afirma-se que o direito de crédito mencionado na cártula


não existe sem ela, o direito não pode ser transmitido sem a cártula e não pode ser exi-
gido sem a sua apresentação. O titular do crédito deve estar em posse do título. A posse
é imprescindível para a comprovação da própria existência do crédito.

6) Pode ser exigida segunda via de título extraviado?

Resposta:

A resposta da pergunta está no art. 909, caput e parágrafo único, do Código Civil:

―Art. 909. O proprietário, que perder ou extraviar título, ou for injustamente desapossa-
do dele, poderá obter novo título em juízo, bem como impedir sejam pagos a outrem
capital e rendimentos.
323
Parágrafo único. O pagamento, feito antes de ter ciência da ação referida neste artigo,
exonera o devedor, salvo se se provar que ele tinha conhecimento do fato.‖

7) Eventual nulidade do aval, o que acontece com o título?

Resposta:

O aval é uma garantia cambial, portanto, um instituto que segue o regime jurídico cam-
bial, constituindo-se uma obrigação autônoma, e não acessória, em relação a dívida
principal, de maneira que a nulidade do aval não afeta a obrigação principal.

Regra: Autonomia das obrigações cambiais- corresponde ao fato das diversas obriga-
ções existentes no título serem independentes, não se vinculando uma à outra, de tal
forma que uma obrigação nula não afeta as demais obrigações válidas no título.

8) O banco pode descontar todos os cheques apresentados pelo portador, mesmo que sejam
'pré-datados'?

Resposta:

Segundo a legislação (art. 32 da Lei do Cheque), o cheque será sempre uma ordem de
pagamento à vista, devendo ser considerada não escrita qualquer menção em sentido
contrário eventualmente colocado na cártula. Sendo, assim, na ótica civil/comercial,
havendo saldo, um cheque pré-datado pode ser descontado ou devolvido, conforme o
emitente possua ou não fundos suficientes para o seu pagamento.

O banco não terá qualquer responsabilidade, no entanto, quando o titular do crédito


apresenta o cheque para pagamento, antes do prazo, está quebrando um acordo e pode
ser responsabilizado civilmente. A súmula 370 do STJ concretiza este entendimento:
―caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado‖.

5.7.1.5. Questões do TRF5


TRF5 – 2012

1) O aceite na nota promissória e letra de câmbio é imprescindível a validade do título?

Resposta:

Na Letra de câmbio é uma ordem de pagamento e o aceite é o ato pelo qual o sacado
assume a obrigação cambial e se torna o devedor principal da letra. O aceite é facultati-
vo, porém irretratável. A falta do aceite não invalida o título, no entanto, com a recusa
do aceite ocorre o vencimento antecipado do título, podendo o tomador cobrar imedia-
tamente do sacador. Destacando que se o aceite for parcial, também gerará o vencimen-
to antecipado de todo o crédito, podendo ser cobrado o valor total do sacador.
324
A nota promissória é uma promessa de pagamento, portanto, não se submete ao aceite.

5.8. Direito Processual Civil

1.8.1. Fase Ordinatória. Providências Preliminares. Réplica. Especificação De


Provas. Regularização. Julgamento Conforme O Estado Do Processo. Extinção
Sem Julgamento Do Mérito. Julgamento Antecipado Do Mérito. Audiência
Preliminar. Tentativa De Conciliação, Saneamento Do Processo,
Desnecessidade De Audiência Preliminar

5.8.1.1. Questões do TRF1


1) Em função da fase ordinatória, tem uma fase que chama tentativa de conciliação. Na JF se
diz que esta fase deve ser ultrapassada por se tratar de direitos indisponíveis. O juiz ao receber
uma ação de servidores públicos, passada a fase cognitiva, vai para o cumprimento, existe um
substituto processual, no caso a Assejus, é possível na fase de execução poderia haver a tran-
sação em matéria de servidores públicos? Quais as hipóteses em que num processo civil se
pode extinguir sem julgamento de mérito, duas hipóteses, já que estamos na fase ordinatória,
e na possibilidade de julgamento extintivo, me dê três possibilidades?

Resposta:

A chamada substituição processual significa colocar-se no lugar de alguém a fim de


buscar direito alheio em nome próprio e somente dar-se-á em condições extraordinárias
e autorizadas por lei. Na substituição processual o direito de agir não é exercido pelo
direito do direito material, mas pelo substituto processual, que tem legitimidade para
esse fim. Assim, como na conciliação implica renúncia de um direito o substituto pro-
cessual não poderia transacionar, já que o substituto não é titular do direito.

As hipóteses de extinção do processo sem julgamento de mérito estão elencados no art.


267, do CPC: I - quando o juiz indeferir a petição inicial;Il - quando ficar parado duran-
te mais de 1 (um) ano por negligência das partes;III - quando, por não promover os atos
e diligências que Ihe competir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;IV
- quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento
válido e regular do processo; V - quando o juiz acolher a alegação de perempção, litis-
pendência ou de coisa julgada; Vl - quando não concorrer qualquer das condições da
ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual;
Vll - pela convenção de arbitragem; Vlll - quando o autor desistir da ação; IX - quando
a ação for considerada intransmissível por disposição legal; X - quando ocorrer confu-
são entre autor e réu; XI - nos demais casos prescritos neste Código. Obs.: os alguns
autores entendem que no caso de confusão entre autor e réu existe o julgamento do mé-
rito.

325
2) Em relação às providencias preliminares o que o magistrado deve se ater, o que significa
esta providência dentro do procedimento ordinário?

Resposta:

Providências preliminares são as providências que o juiz toma dentro do processo ordi-
nário para deixar o processo apto para que nele seja proferida uma decisão. Existe uma
infinidade de providências preliminares que o juiz pode tomar. Exemplos: a)no caso de
defesa indireta, o juiz deve intimar o autor para apresentar réplica; b) se a defesa alegar
algum problema processual, o juiz deve mandar o autor se manifestar ou mandar que o
autor regularize aquele problema; d) Nomear curador especial; etc.

3) O saneamento do processo é somente possível após fase de réplica? Admite-se a inversão


do ônus da prova na sentença?

Resposta:

Após a resposta do réu, dá-se início à uma microfase processual chamada de saneamen-
to ou ordenamento do processo. Esta fase se caracteriza pela concentração da prática de
atos de saneamento, de regularização do processo, preparando-o para que nele seja pro-
ferida uma decisão. No entanto, isso não quer dizer que toda a atividade de saneamento
seja restrita a este período, a atividade de saneamento do juiz é exercida a todo o mo-
mento, mas neste momento é que esta atividade está mais concentrada, por isso o nome.

Existe uma discussão se a inversão do ônus da prova é regra de julgamento ou de ins-


trução.

Particularmente entendo que se trata de regra de instrução, devendo a decisão judicial


que a determina ser proferida preferencialmente na fase de saneamento do processo ou,
pelo menos, assegurando-se à parte a quem não incumbia inicialmente o encargo a rea-
bertura de oportunidade. Portanto, não poderia ser apenas na sentença.

Importante lembrar que existe posicionamentos contrários também, principalmente


relacionados a direito do consumidor que por já está no próprio código a regra de inver-
são do ônus probatório.

4) O que o senhor pensa sobre a técnica alternativa de resolução de conflito jurisdicional pela
via da transação, conciliação e mediação? A transação tem suporte constitucional? Veja o pre-
âmbulo da CF. Solução pacífica das controvérsias. O sistema jurisdicional brasileiro vive de
conflitos postos ao estado juiz, mas mesmo assim uma crise na administração da justiça. A
conciliação seria uma técnica para desafogar a justiça?

Resposta:

326
A transação, a conciliação e a mediação são formas de autocomposição, ou seja, são
formas negociais de resolução de conflito, baseadas na autonomia privada. Destacando
que a mediação não deixa de ser uma forma de autocomposição, em razão da interven-
ção de um terceiro, pois o mediador auxilia as partes conflitantes e não decide nada, é
uma autocomposição assistida. De fato, a aplicação de qualquer uma destas técnicas
servem para desafogar a justiça.

O preâmbulo da Constituição fala em ―solução pacífica das controvérsias‖ o que seria


um incentivo à autocomposição em todas as suas formas.

5) O senhor abriria a instrução de ofício para a produção de prova pericial, por exemplo, quan-
do finda a instrução?

Resposta:

Entendo que não existe qualquer óbice para a que isto ocorra, desde que a prova se mos-
tre necessária. Contudo, o Juiz deve oportunizar a manifestação das partes sobre a pro-
va, em respeito ao contraditório. O art. 132 parágrafo único, pode fundamentar o caso:
“Em qualquer hipótese, o juiz que proferir a sentença, se entender necessário, poderá
mandar repetir as provas já produzidas.”

DESSE PONTO EM DIANTE: RESPOSTAS ELABORADAS POR HEITOR MOU-


RA GOMES
6) Em todo e qualquer processo numa Vara Cível o senhor abrirá vista a réplica para que o
autor se manifeste sobre a contestação? E se o réu trouxer documentos e não apenas fatos
novos?

Resposta:

Não. A intimação do autor para apresentação de réplica só é necessária quando o réu,


em sua contestação, alegar defesa de mérito indireta ou defesa processual. Isso porque
nessas duas espécies, o réu trás novidade ao processo, tanto quando alega fato novo im-
peditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, como quando alega uma defesa
preliminar, naturalmente não narrada pelo autor em sua inicial, como forma de garantir
o contraditório.

Já com a juntada de novos documentos ao processo, não se fala em réplica, pois não se
trata de contra argumentação aos fundamentos novos trazidos pelo autor, mas sim de
abrir oportunidade de manifestação à parte em face de um elemento novo inserido no
processo, providência necessária não só apenas após a contestação, mas sim em qual-
quer fase do processo, também como forma de garantir o contraditório e a ampla defesa.

327
7) O juiz recebe uma PI no SFH, o autor protesta por todos os meios de provas em direito ad-
mitidos e a Caixa protestou por todos os meios de provas, fomos às especificações de provas e
nestas as partes silenciaram, o juiz para sanear ou julgar antecipadamente a lide, o juiz tem
que proclamar a improcedência do pedido em razão de as partes não terem especificado as
provas ou o juiz pode, de ofício, mandar ser feita a produção de provas? O processo civil es-
tá em busca da verdade material.

Resposta:

Na fase de saneamento do processo, momento adequado à especificação das provas,


preclui para as partes o direito à sua produção, em caso de ausência de requerimentos.
Entretanto, remanesce ao juiz poderes instrutórios, os quais conferem ao magistrado o
dever de, entendendo necessário, determinar a produção de provas de ofício, embora
não afaste a incidência do art. 333, que impõe ônus da prova às partes. Por exemplo.:
Ainda que o juiz determine produção de prova de ofício, caso a prova não seja suficien-
te ao esclarecimento do fato, resta ao juiz a aplicação do art. 333 do CPC.

Sim, pode-se dizer que o processo busca a verdade material. As expressões ―verdade
formal‖, como aquela processual, e ―verdade real/material‖, como princípios processu-
ais encontram-se superadas. Hoje seria mais correto falar em ―busca‖ da verdade mate-
rial, que seria a verdade alcançável no processo, que é aquela que decorre da mais am-
pla instrução possível.

5.8.1.2. Questões do TRF2

1) No que tange às preliminares, ausência de conteúdo econômico ensejaria extinção do pro-


cesso?

Resposta:

A ausência de conteúdo econômico de determinada demanda só ensejaria a extinção do


processo no caso da lide versar unicamente acerca de questão de cunho patrimonial, tal
como ocorre em uma execução de obrigação pagar. No caso, ocorreria a extinção do
processo por falta de interesse de agir. Entretanto, caso se tratasse de uma ação declara-
tória ou ainda constitutiva, a ausência de proveito econômico não implicaria na extinção
do processo.

2) A lei autoriza o julgamento de mérito imediatamente?

Resposta:

328
Sim. A lei 11.277/06 inseriu o no CPC o art. 285-A, que autoriza a improcedência do
pedido do autor antes mesmo da citação do réu. Os requisitos para aplicação do instituto
são que a matéria seja exclusivamente de direito e que já tenham sido proferidas senten-
ças de total improcedência em casos idênticos, sem que seja necessário, entretanto, o
trânsito em julgado e independentemente da posição dos tribunais sobre o assunto.

5.8.1.3. Questões do TRF3

5.8.1.4. Questões do TRF4

5.8.1.5. Questões do TRF5

5.9. Direito Processual Penal

5.9.1. Prova. Indícios. Presunções. Ônus Da Prova. Valor Da Confissão

5.9.1.1. Questões do TRF1


1) O interrogatório do réu é meio de prova ou meio de defesa?

Resposta:

Há posições divergentes na doutrina. O CPP trata o interrogatório como meio de prova,


situando-o no capítulo de provas em espécie. Ada Pellegrini e Tourinho Filho entendem
tratar-se de meio de defesa, notadamente porque o réu pode invocar o direito ao silên-
cio, bem como mentir para livrar-se da acusação. Entretanto, tem prevalecido uma ter-
ceira corrente, que entende tratar-se de maio de prova e meio de defesa, indistintamente,
tendo em vista além de servir para a elucidação dos fatos, servindo na formação do con-
vencimento do julgador (meio de prova), serve também como defesa, pelas prerrogati-
vas conferidas ao réu. Essa terceira corrente é a que prevalece no STF e STJ.

2) O silêncio do réu pode ser interpretado em seu desfavor?

Resposta:

O acusado não tem obrigação de responder as perguntas que lhe foram endereçadas, não
importando o silêncio em prejuízo na sua defesa, tendo em vista tratar-se em direito
constitucional (art. 5º LXIII). Entretanto, há discussão na doutrina se esse direito não
abrange a qualificação ou não (Nucci entende que sim, por não ser direito ilimitado, em
face dos efeitos que poderia ter sobre outras pessoas, uma eventual confuso de identida-
329
des; Nestor Távora entende que não, tendo em vista que a qualificação pode ligar o acu-
sado a outras infrações, contra as quais o silêncio na qualificação consistiria no direito
de defesa).

3) O juiz pode condenar tão somente baseado no IP?

Resposta:

Não. Após vigência da Lei 11690/08, a prova produzida exclusivamente no inquérito


policial não pode ensejar condenação criminal. Após a referida lei, passou a constar
expressamente no CPP que ―O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da pro-
va produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusi-
vamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas
cautelares, não repetíveis e antecipadas.‖ (art. 155).

4) O IP deve ser motivado ou narrativo?

Resposta:

O relatório do inquérito policial é peça de caráter descritivo, que não deve ter em si juí-
zo de valoração por parte do delegado quanto ao fato apurado, isto porque o IP tem a
função somente de fornecer informações ao magistrado e ao órgão do ministério públi-
co. A opinio delicti cabe ao titular da ação penal pública ou privada conforme o caso.

5) No processo penal se busca a verdade real, o IP é a peça informativo em que se busca a


autoria e circunstância, fato definido como crime, qual o sentido de verdade? Tentativa de
representação da realidade? O que é verdade real?

Resposta:

Diz-se verdade real sobre aquilo que tem consonância entre aquilo que é e aquilo que
foi dito ou se diz ser. Por tratar-se de conceito utópico, encontra-se superada a verdade
material como princípio do processo penal, sendo mais adequado, hoje, falar em verda-
de viável, ou seja, a busca do melhor resultado possível dentro daquilo que foi produzi-
do nos autos, decorrente da mais ampla instrução possível.

6) Delação premiada, a infiltração e o retarda de investigação, fale sobre? Técnicas especiais


de investigação. Quem pode ser infiltrado? Agentes policiais e a gente de inteligências? Devem
prestar depoimento, são as chamadas testemunhas da coroa.

Resposta:
330
Delação é a atribuição da prática do crime a terceiro, feita pelo acusado, em seu interro-
gatório, e pressupõe que o delator também confesse a sua participação. Quando tal dela-
ção é acompanha por um benefício, concedido pelo estado, é chamada de delação pre-
miada, e possui requisitos diversos em cada lei que é prevista. Para o crime de extorsão
mediante sequestro, a pena pode ser reduzida de um a dois terços, sendo exigidos três
requisitos segundo Greco (2011, p. 120): ―a) que o crime tenha sido cometido em con-
curso; b) que um dos agentes o denuncie à autoridade; facilitação da libertação do se-
questrado.‖; Em outros crimes, como o previsto na Lei n.º 8.072/90 devem ser revelados
os cúmplices e não somente o delito. É o que Capez (2005, p. 442) conceitua como
―traição benéfica‖. Para os crimes hediondos, o artigo 8º, parágrafo único, assevera que
―O participante e o associado que denunciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibi-
litando seu desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois terços‖. Já a Lei de pro-
teção às vítimas, possibilitou em seu artigo 13 o perdão judicial ou a redução de pena de
um a dois terços no artigo 14.

A Lei n. 9.034/95, denominada Lei do Crime Organizado, prevê a possibilidade de infil-


tração de agente nas organizações criminosas mediante prévia e circunstanciada autori-
zação judicial. Exige-se que se trate de associação criminosa e só pode ser determinada
por decisão judicial. Não se fez qualquer alusão quanto ao procedimento ou ao prazo da
medida. A lei não admite a infiltração de particulares, quaisquer que sejam, na preven-
ção e repressão do crime organizado, o diploma é clara ao indicar que somente agentes
de polícia e de inteligência. É perfeitamente possível o depoimento de tais agentes, in-
clusive, segundo LFG, tais agente são chamados de testemunhas da coroa, que "são os
agentes infiltrados que obtém informações privilegiadas sobre determinado crime".

O flagrante diferido, também conhecido como retardado ou prorrogado, é a possibilida-


de que a polícia possui de retardar a realização da prisão em flagrante, para obter maio-
res dados e informações a respeito do funcionamento, componentes e atuação de uma
organização criminosa. Aplica-se às investigações referentes a ilícitos decorrentes de
ações praticadas por quadrilha ou bando ou organizações ou associações criminosas de
qualquer tipo. (Lei 9.034/95 art. 1º). Tem como requisito a condição de que seja manti-
da sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momen-
to mais eficaz do ponto de vista da formação de provas e fornecimento de informações,
bem como seja autorizada por decisão judicial. Obs.: o instituto também tem previsão
na nova lei de entorpecentes.

7) O que é prova?

Resposta:

O termo possui várias acepções. Pode ser entendido como ato da provar, processo pelo
qual se verifica a exatidão do fato alegado pela parte no processo; pode ser entendido
como meio, instrumento pelo qual se demonstra a verdade de algo; e ainda entendido
331
como resultado da ação provar, o produto extraído da análise dos instrumentos de prova
oferecidos (Nucci).

8) Quais os tipos de prova, as mais comuns?

Resposta:

Tratando-se de tipos de prova, existem diversas classificações, sendo as mais comuns:


quanto ao objeto, que pode ser direta, que se refere ao fato probando, ou indireta, que se
refere a um outro acontecimento que, por ilação, leva ao fato principal; quanto à forma,
como a prova se revela no processo, podendo ser testemunhal (interrogatório), docu-
mental (ex.: contrato) ou material, sendo esta última, elemento que corporifica a de-
monstração do fato, tal como exame de corpo de delito ou instrumentos do crime.

9) Quanto ao valor, a confissão vale mais que um depoimento testemunhal?

Resposta:

Não, o valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para os outros elementos de
prova, e para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as demais provas do pro-
cesso, verificando se entre ela e estas existe compatibilidade ou concordância. Histori-
camente, considerou-se a confissão como rainha das provas, a única que seguramente
poderia embasar uma condenação independentemente de outros indícios, entretanto, tal
visão encontra-se a muito tempo superada.

10) O juiz se vincula às provas? Como ele aprecia? Persuasão racional.

Resposta:

Não há vinculação do Juiz. Prevalece no Brasil, como regra, o sistema do livre conven-
cimento motivado, ou persuasão racional. Por tal sistema, o Juiz fica livre para decidir e
apreciar as provas que lhe são apresentadas, desde que faça de forma motivada.

11) E quanto ao sistema da prova tarifada? E onde ficaria o sistema da íntima convicção?

Resposta:

São os demais sistemas de apreciação judicial da prova. No sistema da íntima convic-


ção, o juiz está livre para decidir, dispensado de motivar a decisão, tal sistema preside
332
os julgamentos do Tribunal do Júri, em sua segunda fase, tendo em vista que os jurados
votam os quesitos sigilosamente, sem fundamentar. Já o sistema da prova tarifada (tam-
bém chamado de certeza moral do legislador ou das regras legais), a lei estipula o valor
de cada prova, diminuindo a margem apreciativa do juiz. No CPP, existem alguns vestí-
gios de tal sistema, ex.: a art. 158 exige que nos crimes que deixem vestígios, que a ma-
terialidade seja provada com a realização de corpo de delito vedando-se a confissão, ou
ainda em alguns casos, em que a lei exige a prova pericial na demonstração da materia-
lidade do delito (tráfico de drogas).

12) A confissão pode ser retratada?

Resposta:

É perfeitamente possível na fase judicial da persecução penal a retratação de confissão


(autorização, inclusive, dada pelo código), como forma de defesa do réu, não havendo
qualquer disposição legal em contrário. Entretanto, também não se impede que a sen-
tença condenatória leve em consideração confissão feita na fase pré-processual, ainda
que posteriormente retratada, desde que não existam vícios que a invalidem. Cabe res-
saltar que nesse caso, não obstante a retratação, deverá ser reconhecida a atenuante.

13) Havendo apenas a confissão, na medida em que não pode se produzir mais provas nos
autos, é possível a condenação calcada tão somente a confissão? Se condenaria o réu com
base exclusivamente na confissão?

Resposta:

Na ausência de outras provas (exame de corpo de delito, prova testemunha e documen-


tal), o réu não pode ser condenado com base apenas em confissão, à luz do que dispõe o
art. 158 CPP nos casos de crimes que deixam vestígios. Caso seja crime transeunte, e
não seja possível a produção de outras provas, a confissão pode sim embasar a condena-
ção, desde combinada com circunstâncias do fato concreto, a confissão ofereça riqueza
de detalhes, etc, ou seja, ofereça segurança para a condenação.

14) O que são indícios? Pode haver condenação calcada em indícios? Qual a diferença entre a
prova indiciária e indícios? É possível denunciar pelo indício da materialidade? Nos casos de
crimes de competência do tribunal do júri os indícios fundamentariam a denúncia?

Resposta:

Conforme o art. 239 do CPP, considera-se indício a circunstância conhecida e provada,


que, tendo relação como fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou
333
outras circunstâncias. Prova indiciária é aquela que se baseia em indícios, ou seja, quan-
do os indícios formam substrato suficiente a proar algum fato (nem todo indício é prova,
mas toda prova indiciária é formada por um ou mais indícios).

A condenação com base em provas indiciárias é possível tão somente quando essas de-
notam indícios veementes, formando uma unidade com outros elementos probatórios,
capaz de gerar um juízo de certeza sobre a autoria e materialidade do delito. O ofereci-
mento da denúncia pode basear-se em indícios, até mesmo porque a prova da materiali-
dade e da autoria, ou sua ausência só poderá ser esmiuçada após colheita de provas sufi-
cientes para descrever a inocência ou não do paciente.

15) O que é retratação e ela opera-se aonde? Calúnia e difamação permitem a retratação? A
honra objetiva consiste em quê? E a subjetiva? Se uma pessoa afirma que outra é um ladrão,
isso é difamação ou calúnia?

Resposta:

Retratação consiste em uma retificação do que o próprio agente disse, ou seja da sua
conduta caluniosa ou difamatória. É cabível, como forma de extinção de punibilidade,
nos crimes de calúnia e difamação, por se tratar de delitos que ferem a honra objetiva,
não se justificando, porém, a exclusão do delito de injúria, que fere a honra subjetiva.
Cabe ainda ressaltar que não é necessária a aceitação da vítima, quando o juiz entender
suficiente.

Honra objetiva é a consideração social, são os valores de dignidade, é o apreço moral da


pessoa física perante seu meio civil de convivência. Já a honra subjetiva manifesta-se
intrinsecamente na vítima, considerando-se como padecimentos internos, por esta razão
não cabe retratação na injúria. Quando alguém é chamado de ladrão, configura-se injú-
ria, que ocorre quando se atribui qualidade negativa a alguém, e que abale sua honra. Já,
tanto a difamação quanto a calúnia referem-se a fatos.

16) Em que consiste o princípio constitucional da presunção de inocência?

Resposta:

Também chamado de princípio da não-culpabilidade, é principio que estabelece o esta-


do de inocência como regra em relação ao acusado da prática de infração penal. Ou seja,
nos termos da CF ―ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sen-
tença penal condenatória‖. É decorrência lógica do Estado Democrático de Direito, co-
mo forma de garantia positivada em face do poder punitivo do Estado.

334
17) O que seria valorar prova?

Resposta:

Valorar a prova consiste em dar valor positivo à prova, ou seja, conferir maior ou menor
carga probante ao produto extraído dos elementos de prova extraídos do processo (ex.:
laudo pericial, depoimentos, objetos do crime, etc.)

18) O processo penal busca a verdade real, qual a diferença entre a realidade e a verdade?

Resposta:

Realidade consiste, de maneira simplificada, em ―tudo que existe‖. Já a verdade diz res-
peito à maneira como esta realidade se coloca para as pessoas, a depender de como isso
ocorre, pode-se chamá-la de verdade. Verdade é a correspondência entre a realidade e o
que diz-se dela ou que foi dito. (Ex.: Na tarde de ontem pessoa A afirmou que viu pes-
soa B entrando em casa acompanhado de C. Pois bem, se este relado corresponder á
realidade, diz-se verdade).

19) Quando se diz que o juiz decide pela livre apreciação da prova, o que se entende por isso?
E a íntima convicção? Pode? E o tribunal do júri? Seria uma exceção?

Resposta:

Quer dizer que o magistrado é livre para dar maior ou menor valor probante a cada uma
das provas, independente de seu tipo ou conteúdo, desde que o faça de forma motivada
(sistema de valoração por livre convencimento motivado).

No sistema da íntima convicção, o juiz está livre para decidir, dispensado de motivar a
decisão, o que é vedado no processo brasileiro, a exceção dos julgamentos do Tribunal
do Júri, em sua segunda fase, tendo em vista que os jurados votam os quesitos sigilosa-
mente, sem fundamentar.

20) Explicitar quando se reforma a decisão do tribunal do júri. O que é manifestamente contrá-
rio à prova nos autos?

Resposta:

A decisão do Tribunal do Júri só pode ser reformada em segunda instância quando esta
reforma não importar em ofensa à sua soberania, que é garantida por norma constitucio-
nal. Em segunda instância, a sentença do júri só pode ser anulada, ou modificada na
parte da fixação da pena pelo juiz presidente (parte da decisão a qual não foi garantida
soberania). A decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos é hipótese
335
de cabimento da apelação, que neste caso, objetiva a nulidade do julgamento e o retorno
dos autos à primeira instância prolação de nova decisão.

Decisão manifestamente contrária à prova dos autos consistiria em decisão que chega a
resultado patentemente diferente do qual seria encontrado, caso fossem devidamente
motivadas as valorações feitas dos meios de prova trazidos autos. Ou seja, o conjunto
probatório aponta para resultado divergente do qual chegou o corpo de jurados. Essa
hipótese de cabimento da apelação visa evitar que enganos ocorridos as votações impli-
quem em resultado diferente do qual realmente o corpo de jurados queria chegar, e não
tender o resultado, violando a soberania dos vereditos, razão pela qual só é possível a
apelação com base nesse argumento uma vez.

5.9.1.2. Questões do TRF2


1) Laudo técnico trazido pela defesa é autônomo?

Resposta:

Em face do princípio da comunhão da prova, segundo o qual se considera que a prova


pertence ao processo, independentemente de quem a produziu, não se pode dizer que é
prova autônoma. Ademais, a prova, uma vez trazida aos autos, deve ser objeto de con-
traditório, oportunizando-se a vista e manifestação da parte contrária, o que também
desconfigura a sua autonomia.

2) Existe diferença entre corpo de delito e perícia?

Resposta:

Corpo de delito é o conjunto de vestígios materiais deixados por uma infração penal. Já
o exame de corpo de delito (tipo de perícia), é a perícia que tem como objeto o próprio
corpo de delito (exame direto), ex: machas de sangue no local do crime, ou perícia sobre
elementos acessórios, quando não existir mais o corpo de delito (exame indireto), ex.:
exame de fotos tiradas do local.

3) A ausência de prova pericial em crimes que deixam vestígios anulam o processo?

Resposta:

De fato, em delitos que deixem vestígios, a realização do exame de corpo de delito (di-
reto ou indireto) é obrigatória, e sua ausência implica em nulidade do processo. Entre-
tanto, quando não seja mais possível proceder ao exame, é possível que tal falta seja

336
suprida pela prova testemunhal, com o fim de atestar a materialidade delitiva (art. 167
CPP).

4) De onde surge o sistema brasileiro da apreciação sublime da prova?

Resposta:

??????

5) Atividade residual do juiz de perquirir prova fere o sistema acusatório?

Resposta:

O sistema acusatório tem como características fundamentais a separação entre as fun-


ções de acusar, defender e julgar. Entretanto, no Brasil, não é adotado o sistema acusa-
tório puro, pois o magistrado não é expectador estático na persecução penal, sendo per-
mitido ao julgador iniciativa probatória, que não consiste em atendado ao sistema acusa-
tório, mas sim em uma mitigação ao sistema ortodoxo, como foi idealizado, com o fim
de garantir a busca da verdade material no processo.

6) Corpo de delito. Na hipótese de confissão do acusado, e ausência de exame do corpo de


delito - O acusado pode ser condenado? E no caso do trafico de drogas? E se o laudo chegar
depois da sentença? Como está a jurisprudência?

Resposta:

Na ausência de exame de corpo de delito, o réu não pode ser condenado com base ape-
nas em confissão, tendo em vista disposição legal expressa (art. 158 CPP), nesses casos
a confissão demonstra só a autoria, a materialidade deve ser demonstrada por outros
meios. No tráfico de drogas, o exame do corpo de delito ganha ainda maior importância,
sendo necessário, inclusive, o laudo de constatação, inclusive, para a lavratura do fla-
grante e para a deflagração da denúncia.

Durante a instrução, deve ser determinada pelo juiz a realização de laudo definitivo,
entretanto, vem entendendo o STJ (HC 134.886/MG, 01/08/2011) que a juntada tardia
do laudo toxicológico definitivo, quando a condenação houver sido baseada e outros
elementos idôneos e não houver sido demonstrado prejuízo pela defesa, não deve ser
reconhecida a nulidade.

7) Prova pericial do processo. É prova autônoma aquela produzida pelo assistente de acusa-
ção?
337
Resposta:

Em face do princípio da comunhão da prova, segundo o qual se considera que a prova


pertence ao processo, independentemente de quem a produziu, não se pode dizer que é
prova autônoma. Ademais, a prova, uma vez trazida aos autos, deve ser objeto de con-
traditório, oportunizando-se a vista e manifestação da parte contrária, o que também
desconfigura a sua autonomia.

8) É possível assistente de acusação coletivo no processo penal brasileiro?

Resposta:

Não obstante a existência de diversos requisitos à assistência do direito processual penal


brasileiro, de fato, encontra-se prevista, em alguns dispositivos de leis esparças, a figura
do assistente coletivo de acusação, qual sejam: a) Decreto-lei nº 201/67 (faculta aos
órgãos federais, estaduais ou municipais a intervenção como assistente nos processos
relativos aos crimes de responsabilidade dos Prefeitos – art. 2º, § 1º); b) Lei nº 7.492/86
(autoriza a Comissão de Valores Mobiliários – CVM, a habilitar-se como assistente nos
casos de crimes contra o sistema financeiro nacional – art. 26, parágrafo único); c) Lei
nº 8.078/90 (autoriza as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano a
habilitar-se como assistente nas hipóteses de crimes ou contravenções que envolvam
relações de consumo – art. 80); e Lei nº 8.906/94 (faculta a atuação dos Presidentes dos
Conselhos e das Subseções da OAB nos inquéritos e processos em que sejam indicia-
dos, acusados ou ofendidos os inscritos na OAB – art. 49, parágrafo único). Tal previ-
são dá uma natureza de custos legis à assistência, como forma de garantir o a proteção
aos direitos coletivos tutelados pelos diplomas legais mencionados.

9) E os bens jurídicos supra individuais existem? Podem ser tutelados no processo penal?

Resposta:

Sim, tratam-se dos interesses públicos e os interesses coletivos lato senso (interesses
individuais homogêneos, interesses coletivos estrito senso e interesses difusos), também
tutelados pelo Direito Penal. Inclusive, a tendência atual é cada vez mais o Direito Penal
transcender ao individualismo para reconhecer a importância da tutela do sistema social.
Ex. de leis que tutelas interesses supra individuais: Lei de crimes contra a ordem tributá-
ria, econômica e contra as relações de consumo, parte penal do CDC, Lei de crimes am-
bientais, etc.

10) O juiz tem poder regulatório dentro do CPP?

338
Resposta:

Sim, poder regulatório do juiz no processo penal diz respeito à sua função de prover à
regularidade do processo, manter a ordem no curso dos respectivos atos. Tal poder en-
globa tanto os poderes de polícia (administrativos), exercidos no curso do processo com
o fim de garantir a disciplina e o decoro, como os poderes jurisdicionais, que se referem
à condução do processo, tal como a colheita de provas e tomada de decisões no processo
criminal.

11) O juiz que apressa os atos processuais para evitar a prescrição, é um desses atos ou estaria
vedado?

Resposta:

A depender de como o apressamento dos atos processuais ocorra, ele pode estar entre os
atos regulatórios do juiz. Tais adiantamentos são lícitos, afinal cabe aos agentes estatais
velar pela conservação do direito de punir do estado, desde que não atropelem o curso
regular da instrução, bem como não impliquem em violação dos princípios da ampla
defesa, do devido processo legal, ou qualquer outro direito fundamental do acusado, já
que, em ponderação de princípios, ganham maior relevância que o jus puniendi estatal.

5.9.1.3. Questões do TRF3


1) É possível interceptação telefônica diante da L.8137? Em que momento se pode deferir a
cautelar?

Resposta:

É possível, desde que o crime seja punido com pena de reclusão, que é um dos requisi-
tos da interceptação telefônica (artigo 2º, III Lei 9.296/96). A diligência pode ser deferi-
da pelo Juiz tanto na fase de inquérito, quando requerida pela autoridade policial ou MP,
ou ainda na fase de instrução processual, de ofício (Conforme STF, apenas dessa fase
pode ser de ofício), ou a requerimento do MP.

5.9.1.4. Questões do TRF4


1) Fale sobre produção de provas pelo juiz de ofício no processo penal. E no IP, pode?

Resposta:

Embora vigore no Brasil o sistema acusatório, no qual são bem delineadas as figuras do
acusador, defensor e julgador, são garantidos pelo sistema brasileiro poderes instrutó-
rios ao magistrado, que asseguram a própria eficácia do sistema, configurando um juiz
de garantias. A figura do juiz de garantias surge da necessidade da aplicação de garan-
tias processuais para que se seja o litígio considerado paritário e "justo", e para isso,
339
lança mão de poderes instrutórios. O processo acusatório e o processo de partes nada
têm a ver com a iniciativa probatória do juiz no processo penal, na medida em que não
se pode admitir um juiz passivo e refém das partes, como um mero espectador de um
duelo judicial de interesses dos litigantes. O próprio CPP dispõe no seu art. 156, que o
juiz de ofício pode determinar produção de provas nos casos em que considerar que tal
produção probatória consiste em questão de urgência ou relevância (inciso I) ou quando
achar imprescindível, para sanar qualquer dúvida processual, que sejam requeridas dili-
gências para tal fim (inciso II).

Quanto a determinação de produção de provas, de ofício, em fase de inquérito, deve ser


vista com reservar, pois, nessa fase, o juiz tem o deve ser no sentido de tutelar as liber-
dades públicas e não a investigação. De outro lado, outro argumento desfavorável a de-
terminação de provas de ofício pelo magistrado ainda no inquérito policial refere-se à
questão de manter-se a imparcialidade deste juiz para o julgamento do processo.

5.9.1.5. Questões do TRF5

5.10. Direito Ambiental

5.10.1. Avaliação De Impactos Ambientais. Estudo Prévio De Impacto


Ambiental E Licenciamento Ambiental. Infrações E Sanções Administrativas

5.10.1.1. Questões do TRF1


1) O MP entrou com ACP para provocar um obstáculo judicial à produção de sementes trans-
gênicas com parecer favorável pela CTNBio no que tange à dispensa de licença ambiental. Em
que termos este licenciamento ambiental é preconizado na CF, em que princípio o MP estaria
alicerçado para pedir provimento jurisdicional para paralisar aquela atividade que foi autoriza-
da pela CTNBio, com relação à dispensabilidade da licença ambiental?

Resposta:

A ACP, como mecanismo de defesa de interesses coletivos, não encontra óbice no fato
de certa atividade haver sido autorizada pela CTNBio, em face do princípio da preven-
ção, que estabelece a vedação de intervenções no meio ambiente, salvo se houver a cer-
teza que as alterações não causaram reações adversas, já que nem sempre a ciência pode
oferecer à sociedade respostas conclusivas sobre a inocuidade de determinados proce-
dimentos, tal como no caso citado, de sementes transgênicas.

2) Apresente uma reflexão a respeito de impacto ambiental, já que se tem o conceito semânti-
co, jurídico e científico? Qual a natureza jurídica de um licenciamento ambiental? Toda licen-
ça é precedida de EIA?
340
Resposta:

Impacto ambiental é a alteração no meio ou em algum de seus componentes por deter-


minada ação ou atividade; a definição jurídica vem expressa no art. 1º da Res. 1, de
23.1.86 do CONAMA, "considera-se impacto ambiental qualquer alteração das proprie-
dades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de
matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afe-
tam: a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômi-
cas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos re-
cursos naturais"; a definição semântica, diferente do sentido técnico pode ser definida
como ―a estimativa ou o julgamento do significado e do valor do efeito ambiental para
os receptores natural, socioeconômico e humano. Efeito ambiental é a alteração mensu-
rável da produtividade dos sistemas naturais da qualidade ambiental, resultante de uma
atividade econômica.‖ (Vocabulário básico de meio ambiente); a definição de Impacto
Ambiental está associada à alteração ou efeito ambiental considerado significativo por
meio da avaliação do projeto de um determinado empreendimento, podendo ser negati-
vo ou positivo. Cuidar que impacto não é dano, nem o positivo nem o negativo, a resul-
tante de todos os impactos, quando negativa, pode ser dano, considerando-se dano sinô-
nimo de prejuízo (que decorre do confronto do componente positivo com o componente
negativo).

A natureza jurídica do Licenciamento é de procedimento administrativo, com o fim de


obtenção de licença ambiental. Já a natureza jurídica da licença ambiental é objeto de
muitas divergências na doutrina, se consistiria em ato administrativo, na modalidade
―licença administrativa (vinculado)‖, ―autorização administrativa (discricionário)‖, ou
ainda uma nova espécie de ato administrativo, que reuniria características de licença e
de autorização.

Nem toda licença exige o EIA, apenas para as atividades potencialmente causadoras de
significativa degradação ambiental. As atividades de baixo risco podem ter sua licença
através de outros meios, como o plano de controle ambiental, mais simples que o EIA.

3) É possível, é legítima ter licenciamentos múltiplos? O STJ Resp 588022 entendeu que podem
existir várias espécies de licenciamento sobre um mesmo empreendimento, e neste caso não
haveria ilegitimidade.

Resposta:

Via de regra, o licenciamento ambiental é feito de acordo com a preponderância do inte-


resse, que pode ser federal (âmbito nacional ou regional), estadual ou municipal. Entre-
tanto, existem atividades e obras que terão importância ao mesmo tempo para a Nação e
para os Estados e, nesse caso, pode até haver duplicidade de licenciamento, foi o que
restou decidido no REsp 588022, não obstante o art. 7º, da Resolução Conama nº
237/97, preconizar ser inadmissível mais de um licenciamento.
341
4) O EIA pode ser sigiloso para evitar especulação imobiliária?

Resposta:

Ainda que a especulação imobiliária não seja uma consequência esperada pela realiza-
ção de alguma obra ou empreendimento, a publicidade requerida pela natureza dos bens
jurídicos envolvidos deve vir em primeiro lugar, a titularidade coletiva dos bens ambi-
entais exigem a publicidade dos atos que impliquem na potencial degradação. O EIA
deve permitir a participação pública na aprovação de um processo de licenciamento
ambiental que contenha este tipo de estudo, através de audiências públicas com a comu-
nidade que será afetada pela instalação do projeto.

5) Pode o poder público extinguir APA’s, por exemplo, através de decreto? A supressão somen-
te mediante lei, aprovada pelo parlamento. Art. 225, §1º, III da CF.

Resposta:

Via de regra, no direito brasileiro, a criação e extinção de institutos, segue o princípio da


simetria, ou seja, é extinto pela mesma modalidade de ato administrativo que o criou.
No caso de Áreas de Preservação Permanente, entretanto, por disposição constitucional
(Art. 225, §1º, III da CF), só podem ser extintas por lei, ainda que tenham sido criadas
mediante decreto do poder executivo.

6) Art. 70, Lei 9605 cumulada com o art. 46 desta lei. Recente jurisprudência do STJ. Remete a
uma norma administrativa em branco o art. 70. Considera-se inválida esta penalidade adminis-
trativa em decorrência do princípio da legalidade estrita quando uma autoridade administrati-
va autua um empreendimento com base no art. 46 da Lei 9605? As penalidades administrati-
vas ambientais são transmissíveis aos sucessores?

Resposta:

Segundo o art. 70, ―considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omis-
são que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do
meio ambiente.‖ No caso, tratando-se o art. 46 de espécie de regra jurídica, embora de
natureza penal, é possível ser feita uma autuação com sabe no referido dispositivo, até
mesmo porque trata-se de norma penal em branco, que remete à legislação administrati-
va (―licença outorgada pela autoridade competente‖), bem como em face da indepen-
dência da responsabilização nas esferas civil, penal e administrativa.

As penalidades administrativas são transmissíveis aos sucessores, no que se refere às de


natureza patrimonial, até o limite da herança.

342
7) No direito ambiental o licenciamento gera direito adquirido? Quais são as espécies de licen-
ciamento ambiental?

Resposta:

Não há direito adquirido, pois as condições exigidas no licenciamento devem ser manti-
das não só na instalação, mas durante todo o funcionamento do empreendimento, sob
pena de revogação do ato. Ademais após o fim da validade da licença, poderão ser exi-
gidas novas condições, que se mostrarem adequadas no caso concreto. São três as espé-
cies de licenciamento ambiental, as quais encontram-se previstas na Resolução n.º
237/97 do CONAMA. Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planeja-
mento do empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, ates-
tando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a
serem atendidos nas próximas fases de sua implementação; Licença de Instalação (LI) -
autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações
constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de contro-
le ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante; Licença
de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verifi-
cação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de
controle ambiental e condicionantes determinados para a operação.

8) No EIA, é preciso obrigatoriamente um engenheiro agrônomo? Tem que ser feito o estudo
por uma equipe multidisciplinar?

Resposta:

A elaboração do EIA deve ficar a cargo de uma equipe multidisciplinar formada por
técnicos nos diversos setores necessários para uma completa análise dos impactos ambi-
entais positivos e negativos do projeto, para confecção de um estudo detalhado sobre a
obra ou atividade. Tendo em vista que uma análise completa normalmente requer a pre-
sença desses profissionais, é comum a sua presença na equipe, entretanto, não é requisi-
to necessário a elaboração conjunta com um agrônomo. Ex.: é possível a elaboração de
um EIA por um conjunto de geografo, biólogo, engenheiro florestal, etc.

9) No processo administrativo ambiental há a inversão do ônus da prova?

Resposta:

Em processos judiciais, o ônus da prova sobre fatos constitutivos do direito, via de re-
gra, é do autor, daí decorre a inversão do ônus da prova em matéria de comprovação do
dano ambiental, ou seja, a o titular do empreendimento é que tem o ônus de provar que
343
não houve dano. Já em processos administrativos ambientais, essa inversão pode se dar
ou não. Tratando-se de processo na qual se busca reparação por dano ambiental, a inver-
são ocorrerá, tal como nos processos judiciais, e pelos mesmos motivos. Já se ocorrer
em um processo de licenciamento, o ônus, naturalmente, já recai sobre o empreendi-
mento licenciante, que inicia o processo e a quem cabe comprovar as informações trazi-
das no pedido de licença, não havendo que se falar em inversão do ônus da prova neste
caso.

10) Qual o pressuposto para o EIA? O EIA é sigiloso, ou pode ser sigiloso, por exemplo, para
não causar especulação imobiliária?

Resposta:

Ainda que a especulação imobiliária não seja uma consequência esperada pela realiza-
ção de alguma obra ou empreendimento, a publicidade requerida pela natureza dos bens
jurídicos envolvidos deve vir em primeiro lugar, a titularidade coletiva dos bens ambi-
entais exigem a publicidade dos atos que impliquem na potencial degradação. O EIA
deve permitir a participação pública na aprovação de um processo de licenciamento
ambiental que contenha este tipo de estudo, através de audiências públicas com a comu-
nidade que será afetada pela instalação do projeto.

11) O ato da administração de dispensa do licenciamento ambiental pode ser controlado pelo
Poder Judiciário?

Resposta:

Sim, apesar de se tratar de decisão discricionária, essa decisão pode ser controlada atra-
vés da ação civil pública, visto que a derrogação indevida desse instrumento significa,
normalmente, o primeiro passo para a concretização do dano ambiental. Apesar de en-
volver um juízo discricionário (técnico e valorativo), o ato pode ser objeto de apreciação
pelo juiz, que deve considerar os valores constitucionais de proteção ao meio ambiente,
além dos aspectos legais, referentes à parte vinculada do ato administrativo. De outro
lado, também deve ser levado em conta o princípio da inafastabilidade do controle ju-
risdicional, segundo o qual é garantida a necessária tutela estatal aos conflitos ocorren-
tes na vida em sociedade, tal qual a dispensa do licenciamento ambiental.

5.10.1.2. Questões do TRF2


1) Para que haja a concessão de uma licença ambiental é preciso estudo de impacto ambiental
necessariamente? Caso fosse instado a determinar a suspensão de licença ambiental pela au-
sência do estudo preliminar/anterior, deferiria?

Resposta:

344
Nem toda licença exige o EIA, apenas para as atividades potencialmente causadoras de
significativa degradação ambiental. As atividades de baixo risco podem ter sua licença
através de outros meios, como o plano de controle ambiental, plano de manejo e plano
de recuperação de área degradada, mais simples que o EIA. A questão referente à sus-
pensão da licença, sem prévio EIA, impõe uma análise casuística, pois, conforme deli-
neado, nem sempre é necessária sua realização. Caso fosse impositiva a elaboração do
EIA, restaria patente a ilegalidade da dispensa.

2) Qual a diferença entre Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto ao Meio Ambi-
ente?

Resposta:

O EIA é responsável por dizer a respeito da coleta de material, analise, bibliografia


(textos), bem como estudo das prováveis consequências ambientais que podem ser cau-
sados pela obra. Este estudo tem por finalidade analisar os impactos causados pela obra,
propondo condições para sua implantação e qual o procedimento que deverá ser adotado
para sua construção. Já o RIMA é um relatório conclusivo que traduz os termos técni-
cos para esclarecimento, analisando o Impacto Ambiental. Este relatório é responsável
pelos levantamentos e conclusões, devendo o órgão público licenciador analisar o rela-
tório observando as condições de empreendimento.

3) O RIMA pode ser dispensado?

Resposta:

O RIMA é documento que sempre deve acompanhar o EIA. Trata-se de documento trás
de maneira sucinta e acessível a conclusões obtidas no EIA, de natureza mais técnica. O
RIMA tem como fim proporcionar o acesso do público em geral, da sociedade, à infor-
mações do EIA, função que não pode ser suprimida. Assim, conclui-se que o RIMA só
poderá ser dispensado quando o EIA o for também.

4) Como o juiz, não havendo o RIMA para a obra, essa pode ser embargada?

Resposta:

Sim, sendo prevista a exigência do EIA/RIMA para a licença, ou ainda que não exigido
pela administração, entendendo o judiciário pela sua necessidade, é possível o embargo
da obra pela própria Administração, que deverá lavrar auto de infração, ou ainda pelo
Judiciário, em face da patente ilegalidade verificada.

5) Diferença de EIA e RIMA.

Resposta:

O EIA é responsável por dizer a respeito da coleta de material, analise, bibliografia (tex-
tos), bem como estudo das prováveis consequências ambientais que podem ser causados

345
pela obra. Este estudo tem por finalidade analisar os impactos causados pela obra, pro-
pondo condições para sua implantação e qual o procedimento que deverá ser adotado
para sua construção. Já o RIMA é um relatório conclusivo que traduz os termos técnicos
para esclarecimento, analisando o Impacto Ambiental. Este relatório é responsável pelos
levantamentos e conclusões, devendo o órgão público licenciador analisar o relatório
observando as condições de empreendimento.

6) Diferença entre degradação e poluição ambiental.

Resposta:

Esta diferenciação pode ser obtida dos conceitos trazidos pela Lei nº 6.938/81 (Política
Nacional do Meio Ambiente). Degradação é a alteração adversa das características do
meio ambiente. Já a poluição é a degradação da qualidade ambiental resultantes de ati-
vidades que ou indiretamente: prejudiquem saúde, a segurança e o bem estar da popula-
ção; criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; afetem desfavora-
velmente a biota; afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; lacem
matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.

7) Há relação de gênero e espécie?

Resposta:

Sim, a poluição é uma espécie qualificada da degradação. A poluição agrega ao concei-


to de degradação o fato de ser resultante de atividades humanas, notadamente, que pre-
judiquem saúde, a segurança e o bem estar da população; criem condições adversas às
atividades sociais e econômicas; afetem desfavoravelmente a biota; afetem as condições
estéticas ou sanitárias do meio ambiente; lacem matérias ou energia em desacordo com
os padrões ambientais estabelecidos.

8) EIA e RIMA. Pode exigir-los para o meio ambiente artificial?

Resposta:

9) Pode o ambiente artificial ser objeto de poluição?

Resposta:

10) É positivado o conceito de poluição?

Resposta:

346
11)- Diferença entre degradação e poluição.

Resposta:

5.10.1.3. Questões do TRF3

5.10.1.4. Questões do TRF4

5.10.1.5. Questões do TRF5

5.11. Direito Internacional Público e Privado

5.11.1. Mar Territorial E Zona Contígua. Zona Econômica. Plataforma


Continental. Alto Mar

5.11.1.1. Questões do TRF1


1) O que o senhor entende como zona econômica exclusiva? E que tratado discorre sobre?
Convenção de Montego Bay. Existe também uma lei brasileira de 1993 que fala sobre os limi-
tes territoriais?

Resposta:

2) Qual a relação que o senhor faz a esta zona econômica e a plataforma continental?

Resposta:

3) O que é direito de passagem inocente? Convenção de Montego Bay. E nos estreitos e águas
interiores com relação ao direito de passagem inocente?

Resposta:

4) Princípio da Liberdade em auto mar, existe restrições em alto mar a esta liberdade? Estes
limites seria uma forma de impor esta liberdade desde que para fins pacíficos? Limite é que
você pode usar e transitar pacificamente?

Resposta:

347
5.11.1.2. Questões do TRF2

5.11.1.3. Questões do TRF3

5.11.1.4. Questões do TRF4

5.11.1.5. Questões do TRF5

5.12. Sociologia do Direito

5.12.1. O Fato Jurídico Como Espécie Do Gênero Fato Social

5.12.1.1. Questões do TRF1


1) Realidade, verdade e conhecimento são sinônimos?

Resposta:

2) Qual a diferença entre a regra moral, regra de trato social e regra jurídica?

Resposta:

5.12.1.2. Questões do TRF2

5.12.1.3. Questões do TRF3

5.12.1.4. Questões do TRF4

5.12.1.5. Questões do TRF5

348
5.13. Filosofia do Direito

5.13.1. A Justiça Como Valor Jurídico Político

5.13.1.1. Questões do TRF1


1) O que é justiça?

Resposta:

2) Filosofia, Sociologia, Psicologia e Teoria Geral - Qual a razão desta introdução no concurso
para a magistratura?

Resposta:

5.13.1.2. Questões do TRF2


1) Pode-se dizer que direito político é uma modalidade de direito humano? O exercício da ci-
dadania ativa e passiva é forma de direito humano? Os direitos políticos podem ser objeto de
alguma restrição ou limitação? E, por via reflexa, estar-se-ia afetando os direitos humanos ou
eles são intangíveis? Se recorda de alguma restrição ou limitação no que concerne aos direitos
políticos? A interdição de uma pessoa natural pode afetar, restringir ou limitar os direitos polí-
ticos?

Resposta:

2) Por que uma pessoa penalmente condenada com transito em julgado tem seus direitos polí-
ticos restringidos por determinado período? O que justificaria esta limitação? O que o legisla-
dor Constituição teoricamente ponderou?

Resposta:

5.13.1.3. Questões do TRF3

5.13.1.4. Questões do TRF4

5.13.1.5. Questões do TRF5

349
6. Ponto 06
6.1. Direito Constitucional

6.1.1. Princípios E Métodos De Interpretação Da Constituição

6.1.1.1. Questões do TRF1


1) Qual a importância dos princípios no neopositivismo? Pode se resolver um caso concreto no
âmbito do direito público à luz da aplicação dos princípios submetido ao Poder Judiciário?

Resposta:

2) Qual seria a distinção entre princípios e regras constitucionais?

Resposta:

3) Eu posso ter conflito de regras dentro da CF e não ter com princípios?

Resposta:

4) Art. 16, da CF, encerra um princípio ou uma regra? E a partir desta premissa se admite a LC
135 como instrumento normativo válido?

Resposta:

6.1.1.2. Questões do TRF2


1) Na contraposição entre a defesa do meio ambiente - que está inscrito como sendo uma
garantia de bem estar como uma das preocupações do Estado brasileiro - e o desenvolvimento
- que é também um dos tópicos dos objetivos do Estado brasileiro - dentro de um caso concre-
to: uma região necessita de uma grande obra, mas que irá alterar o meio ambiente, ou cau-
sando-lhe algum dano. Nesta situação, opine como magistrado o que deve prevalecer.

Resposta:

2) Princípios constitucionais sobre ensino. É direito e dever de quem?

Resposta:

350
3) É possível a censura prévia e a posterior?

Resposta:

4) Direito de reposta e direito à indenização por danos à imagem, onde têm fundamento legal?

Resposta:

5) Qual a sua ideia de Constituição e como deve ser interpretada?

Resposta:

6) A CF é adequada ao nosso tempo?

Resposta:

7) Um dos episódios marcantes durante a Assembléia Nacional Constituinte: a expressão no


preâmbulo “promulgamos sobre a proteção de Deus a seguinte Constituição da República”
gerou uma discussão, um debate dentro da Câmara, pois se estaria vinculando a Constituição a
uma parcela, majoritária ou não, da sociedade que teria uma crença religiosa. Saberia explicar
porque então prevaleceu este trecho e se seria adequado, dentro do propósito da Constituição
de exercer a cidadania daqueles que não creem ou creem de uma forma diversa de religiosi-
dade desta que seria encarnada por um deus?

Resposta:

6.1.1.3. Questões do TRF3


1) Quais espécies de interpretação conforme são cabíveis?

Resposta:

6.1.1.4. Questões do TRF4

351
6.1.1.5. Questões do TRF5
1) Discorra sobre hermenêutica constitucional, fazendo uma comparação com a hermenêutica
jurídica. Distinga a interpretação das leis da interpretação das normas constitucionais.

Resposta:

6.2. Direito Tributário

6.2.1. Legislação Tributária: Vigência No Tempo E No Espaço – Aplicação -


Hermenêutica Tributária – Lei Interpretativa - Interpretação E Integração Da
Legislação Tributária No Código Tributário Nacional

6.2.1.1. Questões do TRF1


1) O que ocorre se vier a ser revogado a lei que fixa um determinado lançamento?

Resposta:

2) Qual o regime jurídico da lei meramente interpretativa no direito tributário? Qual a polêmi-
ca que veio a lume com a LC 118 sobre este diapasão? Qual a solução do que o STJ deu para
esta polêmica?

Resposta:

3) O CTN preconiza a interpretação literal, ela é restritiva ou estrita, se é que há diferença?

Resposta:

4) Como se interpreta a regra de imunidade tributária, qual a ferramenta mais adequada? Se


dar uma interpretação restrita ou estrita?

Resposta:

5) O emprego da equidade pode resultar na dispensa de um tributo?

Resposta:

352
6) Desde a obra de Baleeiro dentro outros, há a noção do princípio da interpretação econômi-
co no direito tributário, o senhor saberia me dizer o que seria isso? Quanto à hermenêutica
tributária? O que significa interpretação econômica do direito tributário?

Resposta:

7) Me dê exemplo de interpretação legítima pró-fisco e interpretação legítima pró-


contribuinte?

Resposta:

8) Há uma hierarquia em matéria de interpretação, e os princípios tributários vem em sequên-


cia da lei, em terceiro, qual seria a consequência disto no neopositivismo? Eles estariam abaixo
da lei tributária em sentido estrito? Os princípios estão em terceiro lugar na legislação tributá-
ria?

Resposta:

9) Quais os limites do domínio de direito privado em relação ao direito tributário, porque o


direito privado detém certo privilégio em relação ao direito público?

Resposta:

10) Porque as isenções merecem interpretação literal? Qual a essência da isenção?

Resposta:

11) O que se entende por interpretação benigna no direito tributário, quando se usa, neste
caso para quais institutos se aplica esta técnica hermenêutica? No campo do direito tributário
punitivo?

Resposta:

12) Qual seria, em termos técnicos, o regime jurídico da lei tributária meramente interpretati-
va?

Resposta:

353
13) O senhor crê que o dispositivo do CTN no que remetente a retrooperância do texto norma-
tivo tributário seria inconstitucional?

Resposta:

14) Cogita-se no Brasil da chamada interpretação econômica no direito tributário? Não seria a
negação do direito, a geração de certa insegurança jurídica?

Resposta:

15) O senhor poderia distinguir interpretação ampliativa e integração por equidade? E a analo-
gia?

Resposta:

16) Como se interpreta uma regra de imunidade no Direito Tributário?

Resposta:

17) Quais os instrumentos de integração na ordem tributária?

Resposta:

18) No Direito Tributário a proporcionalidade é um princípio ou um método de interpretação


do outro princípio da capacidade tributária?

Resposta:

19) Norma legal que altera prazo de recolhimento de tributo se sujeita ao princípio da anterio-
ridade?

Resposta:

354
6.2.1.2. Questões do TRF2
1) Conceito de vigência da lei tributária, distinguindo vigência formal e vigência material.

Resposta:

2) Entra nesse conceito a figura da eficácia?

Resposta:

3) Há alguma peculiaridade em relação às leis tributárias no que tange à eficácia?

Resposta:

4) O somatório da anterioridade com a anterioridade nonagesimal levou a uma classificação.


Qual seria? (anterioridade máxima, média e mínima)

Resposta:

5) A lei tributária que não majore nem institua tributos também devem observar essas limita-
ções? Qual o prazo de vigência dessas leis? Poderá ter vigência extraterritorial? Qual o pressu-
posto para isso acontecer?

Resposta:

6) O direito tributário trabalha com a retroatividade? Também se aplica a retroatividade má-


xima, média e mínima?

Resposta:

7) Quando se considera definitivamente julgado no âmbito administrativo? Pode ser cogitada a


coisa julgada administrativa no âmbito tributário?

Resposta:

8) Passados mais de 5 anos, se a Administração reconhecer erro, poderá cobrar o tributo?

Resposta:

355
9) É possível o direito tributário ter um conceito próprio de locação ou deve observar o Código
Civil? Como se trabalharia com as figuras dos arts. 109 e 110 do CTN? Qual seria o destino des-
ses artigos? Poderia haver uma locação de bens móveis incidindo ISS?

Resposta:

10) A norma tributária é avessa ao art. 1º da LICC?

Resposta:

11) Revogação de isenção, aplica o art. 1º da LICC ou o art. 150, III, “b” ou “c” da CRFB/1988?

Resposta:

12) Aplica-se a figura do novatio legis in mellius no direito tributário?

Resposta:

13) Tem algum limite de retroação?

Resposta:

14) Pode falar em abolitio criminis em direito tributário? Ele se refere à penalidade ou à pró-
pria infração? Teria algum limite? Seria infração formal ou material? Qual a diferença entre
elas?

Resposta:

15) A Lei tributária tem aplicação imediata? Qual a distinção entre anterioridade máxima, mé-
dia e mínima?

Resposta:

16) A doutrina apresenta algum equívoco quanto ao IPI por ele ter que observar a noventena e
não a anterioridade?

356
Resposta:

17) No fato gerador presumido, a legislação tributária tem aplicação imediata? No âmbito de
qual instituto?

Resposta:

18) Fale sobre os problemas de compatibilidade entre Tratados internacionais tributários e leis
tributárias.

Resposta:

19) Lei complementar tributária e norma complementar tributária, há diferença?

Resposta:

20) Lei complementar. Está contido ou não está expresso no CTN?

Resposta:

21) Qual a peculiaridade da eficácia no campo tributário?

Resposta:

22) Caso de exclusão de crédito tributário como se interpreta? (Melhor seria restritivamente).
Por quê?

Resposta:

23) Restritiva X literal, qual a diferença?

Resposta:

24) Pode aplicar a novatio melius? Qual o marco para sua aplicação?

Resposta:

357
6.2.1.3. Questões do TRF3

6.2.1.4. Questões do TRF4

6.2.1.5. Questões do TRF5

6.3. Direito Administrativo

6.3.1. Serviços Públicos E Atividades Econômicas Do Estado

6.3.1.1. Questões do TRF1


1) As empresas públicas podem gozar de privilégios fiscais?

Resposta:

2) Sobre serviços públicos, qual a relevância da escola e Bordeaux (escola do serviço público)
no trato do tema, capitaneada por Duguit e Geze?

Resposta:

3) Sobre o conceito de serviços públicos há dissensos doutrinários. Existe um núcleo pacífico


de serviços públicos?

Resposta:

4) Cabe arbitragem em matéria de concessão de serviço público?

Resposta:

5) A gratuidade é um princípio do serviço público?

Resposta:

358
6) Dentre as novas formas de concessão de serviço público, há destaque para o arrendamento
e franquia de serviços públicos, nova figura elencada pela doutrina, dê um exemplo destes
dois? Portos organizados, por exemplo? Agência dos Correios seria um exemplo de franquia?

Resposta:

7) Como se trata juridicamente a greve na questão do serviço público essencial?

Resposta:

8) Como as empresas públicas realizam a contratação de pessoal?

Resposta:

9) Como se formaliza uma concessão de serviços públicos, quais os requisitos?

Resposta:

10) Conceitue encampação.

Resposta:

11) Dentre estas novas figuras relacionadas à concessão de serviço público, existem duas no-
vas modalidades, o arrendamento e a franquia, o senhor saberia me distinguir estas duas?

Resposta:

12) Considerando a essencialidade dos serviços público, como os tribunais interpretam hoje o
direito de greve nos serviço públicos?

Resposta:

13) Como se remunera uma concessionária de serviço público?

Resposta:

359
14) Como se denomina a espécie concessionária quando integralmente remunerada pelo Po-
der Público?

Resposta:

15) Arrole um dever de usuário do serviço público, e não de um direito?

Resposta:

16) O que é uma concessão de obra pública que é estudado dentro do serviço público?

Resposta:

17) Como se dar a intervenção na concessão de um serviço público?

Resposta:

18) O que seria a caducidade? E o que a diferenciaria da encampação? O Poder Público pode
assumir as obras e serviços também?

Resposta:

19) Consequência básica de não pagamento de serviço público essencial?

Resposta:

20) Qual a distinção básica entre a concessão e permissão do bem público?

Resposta:

6.3.1.2. Questões do TRF2


1) Diferença da natureza jurídica das concessões e permissões.

360
Resposta:

2) Qual a diferença entre concessão e permissão de serviço público? Existindo diferenças, ela é
em relação à natureza jurídica ou seus efeitos jurídicos?

Resposta:

3) Quais são os valores que permeiam o controle da concentração da atividade econômica?

Resposta:

4) O que é encampação? O concessionário pode pleitear indenização?

Resposta:

5) Arrendamento é uma forma de permissão de serviço público?

Resposta:

6) Relação de consumo e serviços públicos, discorra.

Resposta:

6.3.1.3. Questões do TRF3

6.3.1.4. Questões do TRF4

6.3.1.5. Questões do TRF5


01) Serviço público, permissão de serviço público e permissão condicionada, discorra.

Resposta:

361
6.4. Direito Penal

6.4.1. Inatividade No Processo Penal. Inquérito Policial. Garantias Do


Investigado. Atribuições Da Autoridade Policial. Intervenção Do Ministério
Público

6.4.1.1. Questões do TRF1


1) Qual a natureza jurídica do inquérito policial? É processo ou procedimento? Qual a finalida-
de do IP? O IP perquire o que? Que peça é elaborada para a formação do IP? A parte final do
IP, como se denomina? A autoridade policial pode emitir juízo de valor no IP? Ele só pode ins-
taurar um IP havendo noticio de fato definido como crime, então ele tem algum juízo, como se
denomina este juízo que a autoridade policial tem, caso contrário existira abuso, como se
chama estes juízo? Pode se decretar nulidade em IP? No caso de crime de ação penal privada o
delegado pode instaurar de ofício o IP? Havendo dúvida sobre a materialidade pode se instau-
rar o IP? E para a pronúncia, havendo dúvida sobre a materialidade, ele pode ser pronunciado?

Resposta:

2) O Inquérito pode ser dispensado?

Resposta:

3) Há contraditório no IP?

Resposta:

4) Os direitos fundamentais do acusado está protegido no IP?

Resposta:

5) O MP pode investigar?

Resposta:

6) O juiz pode condenar tão somente baseado pelo IP?

Resposta:

362
7) O MP pode requisita a instauração ou pode instaurar o IP?

Resposta:

8) E o MP quando investiga, ele está impedido de oferecer denúncia?

Resposta:

9) Quando o MP pede o arquivamento do IP, qual o procedimento do juiz?

Resposta:

10) Quando o MP é inerte quanto ao prazo do oferecimento da denúncia é permitido ao ofen-


dido a queixa substitutiva, mas e no caso do MP pedir o arquivamento do IP?

Resposta:

11) Conceitue IP.

Resposta:

12) E o IP ao ser concluído, ele traduz uma certeza da imputação?

Resposta:

13) Qual a interpretação da nova dicção do art. 155 do CPP? Se o juiz decidir calcado na prova
judicializada, em parte, e parte do IP, afastando uma parte da prova judicializada, está correta
esta interpretação de exclusivamente, tendo em vista uma interpretação conceitual, tendo em
vista o conceito de prova e a natureza do IP? O juiz pode sustentar a sua convicção em ele-
mentos do IP? Um depoimento prestado na polícia, em que feito sem a presença do advogado
e sem contraditório, mas que elucidativo, o juiz pode sopesar estes elementos com a prova
judicializada?

Resposta:

363
14) Qual o nome da peça em que o IP é concluído? No caso de ação penal privada é entregue a
quem?

Resposta:

15) Qual a diferença entre noticia crime e representação? A noticia crime pode ser anônima
para a instauração do IP? Nos crimes de ação penal pública incondicionada? É o mesmo proce-
dimento para ação penal pública condicionada e privada?

Resposta:

16) Qual a outra condição de procedibilidade além da pública condicionada à representação, e


ela subsiste depois da CF/88?

Resposta:

17) Na fase inquisitorial, quais as garantias do investigado?

Resposta:

18) A autoridade policial pode determinar o arquivamento do IP?

Resposta:

19) Nos crimes de ação penal privada a noticia informal do crime é suficiente para instauração
do IP?

Resposta:

6.4.1.2. Questões do TRF2


1) O art. 20 do CPP trata do sigilo: ainda é vigente ou não?

Resposta:

364
2) Há diferença entre sigilo interno e externo? Por que razão se daria esse sigilo a outras auto-
ridades?

Resposta:

3) É legítimo ao delegado emitir certidão, ele pode negar esta certidão de inteiro teor em vista
do sigilo?

Resposta:

4) Qual o instrumento utilizado pelo delegado para negar a informação?

Resposta:

5) Há diferença entre sigilo interno e externo? Por que razão se daria esse sigilo a outras
autoridades?

Resposta:

6) Investigação pode ser feita diretamente pelo Ministério Público?

Resposta:

6.4.1.3. Questões do TRF3


1) É possível interceptação telefônica diante da L.8137? Em que momento se pode deferir a
cautelar?

Resposta:

6.4.1.4. Questões do TRF4

6.4.1.5. Questões do TRF5

365
6.5. Direito Previdenciário

6.5.1. Tempo De Serviço - Lei N. 8.742/1993 (Loas): Aspectos Previdenciários E


Sociais

6.5.1.1. Questões do TRF1


1) A CF/88 garante a concessão de um benefício assistencial, a quem pode ser concedido?
Basta ser portador de deficiência para ser portador deste benefício? Este tipo de benefício é de
prestação continuada, pode abono anual? Décimo terceiro?

Resposta:

2) Esse benefício pode ser transferido? Como juiz, um deficiente que recebeu esta vantagem
terminou tendo um filho, que é menor e após o nascimento desta, o pai falece, que solução o
senhor daria se houvesse um pedido recusado pela previdência de pagamento de pensão à
esta criança?

Resposta:

3) Esse benefício não pode ser objeto de pensão ainda que por menor impúbere, mas digamos
que nós tivéssemos uma situação de morte e após a morte se apurasse que houve uma corre-
ção no benefício que é de um salário mínimo, e que este é anterior à morte do beneficiário, os
seus herdeiros teriam algum direito de pagamento à diferença? E se a lei do LOAS não prevê
esta situação, qual o diploma legal que vai regular o reconhecimento deste direito?

Resposta:

4) No que diz respeito a tempo de serviço rural, há uma distinção com tempo de serviço urba-
no, mas mesmo no campo há uma contagem diferente para trabalhador rural e para produtor
rural, este implementando o seu tempo de contribuição ele aposenta com que idade mínima?

Resposta:

5) A quem pode ser concedido o benefício assistencial na LOAS?

Resposta:

366
6) Um portador do vírus HIV, preenchido os requisitos de pobreza, teria direito ao amparo
social (LOAS)? Ele se enquadra aos assemelhados, que mesmo não tenham deficiência física,
também estejam nas mesmas condições?

Resposta:

7) O amparo social (LOAS) é um benefício transferível? E se o beneficiário falece antes de rece-


ber três parcelas que já estão depositadas no banco?

Resposta:

6.5.1.2. Questões do TRF2

6.5.1.3. Questões do TRF3

6.5.1.4. Questões do TRF4

6.5.1.5. Questões do TRF5

6.6. Direito Civil

6.6.1. Pessoas Jurídicas. Obrigação Natural

6.6.1.1. Questões do TRF1


1) Com relação à pessoa jurídica, fale sobre a Teoria Jurídica ou Institucionalista. O CC adota
qual? Fala sobre a existência legal das pessoas jurídicas.

Resposta:

2) Atribui-se ao Direito Alemão o início do instituto da desconsideração da personalidade, Vos-


sa Excelência se recordaria?

Resposta:

3) No Brasil atribui-se a um grande comercialista numa grande conferência feita em 1960,


quem seria este comercialista?
367
Resposta:

4) Rubens Requião defendia que a desconsideração poderia ser autorizada?

Resposta:

5) Fernando Noronha é uma autoridade em matéria de obrigação natural, “ele diz que é dever
extrajurídico” (seria uma pergunta?) e “a lei ignora as obrigações naturais até o momento em
que a prestação é cumprida”. Faça uma explanação sobre estas duas afirmações.

Resposta:

6) Leia o art. 882 CC/2002. Este artigo tem uma palavra a menos. Qual a interpretação que o
senhor faria entre a dívida prescrita e a obrigação judicialmente inexigível? Existiriam outras
dívidas que seriam enquadradas como obrigação judicialmente inexigível? A doutrina diz que
este artigo deveria ser entendido, ou cumprir outra obrigação juridicamente inexigível? Leia o
art. 814 do CC/2002...Este jogo, que jogo é esse?

Resposta:

7) O que é uma fundação?

8) Este artigo 62, § único, leia. Qual a posição da doutrina sobre este parágrafo, é um rol taxa-
tivo ou exemplificativo?

Resposta:

9) O que se exige para uma pessoa jurídica estrangeira se estabelecer no Brasil?

Resposta:

10) No caso de desconsideração da personalidade jurídica, há a dissolução da sociedade?

Resposta:

368
6.6.1.2. Questões do TRF2
1) Quais são as pessoas de Direito Privado? Recentemente houve alguma mudança?

Resposta:

2) Conceitue Fundação. Tem sócio? E associado? Se admite a desconsideração da pessoa jurí-


dica nas associações?

Resposta:

3) Quanto à estrutura interna, pessoa jurídica se divide dentre outros em corporação, o que é
uma corporação? Esta se opõe a que ideia?

Resposta:

4) O que seria uma sociedade nacional? E a estrangeira para o CC?

Resposta:

5) O que seria a Universitas Bonorum? E a Universitas Personarum? Exemplifique.

Resposta:

6) Porque se fala que a obrigação natural tem uma proteção negativa?

Resposta:

7) Incorporação de pessoa jurídica e uma delas tem área enfitêutica à União, nesse caso, tem
necessidade de laudêmio?

Resposta:

6.6.1.3. Questões do TRF3

369
6.6.1.4. Questões do TRF4

6.6.1.5. Questões do TRF5


01) Como se classificam as pessoas jurídicas de direito privado e como elas se classificam?

Resposta:

02) A associação pode ter fim econômico?

Resposta:

03) Os partidos e as entidades religiosas poderiam ser classificadas como associações?

Resposta:

04) Atualmente, tivemos alguma alteração no rol das pessoas jurídica?

Resposta:

05) Quais os limites a teoria da desconsideração da pessoa jurídica (teoria da penetração) na


relação civil?

Resposta:

06) O STF registrou que no CC as hipóteses de desconsideração seriam classificados em objeti-


va (confusão patrimonial) e subjetiva (desvio de finalidade), mas a doutrina critica esse concei-
to. Comente.

Resposta:

6.7. Direito Empresarial

6.7.1. Arrendamento Mercantil

6.7.1.1. Questões do TRF1


1) Fale sobre o leasing para compra de automóvel e a posição do STJ

Resposta:
370
6.7.1.2. Questões do TRF2

6.7.1.3. Questões do TRF3

6.7.1.4. Questões do TRF4

6.7.1.5. Questões do TRF5

6.8. Direito Processual Civil

6.8.1. Procedimento Ordinário – Fase Instrutória. Teoria Geral Da Prova.


Classificação Da Prova. Objeto Da Prova. Prova De Fato Negativo. O Juiz E A
Produção Da Prova. O Ônus Da Prova. Provas Ilícitas. Hierarquia. Fontes E
Meios. Prova Documental. Prova Pericial. Inspeção Judicial. Prova
Testemunhal. Depoimento Pessoal. Interrogatório Das Partes. Audiência De
Instrução E Julgamento

6.8.1.1. Questões do TRF1


1) Em que consiste a prova tarifada de acordo com os arts. 332 e 131 do CPC? Relacione-a com
relação às provas imorais e ilegítimas.

Resposta:

2) No processo civil eu posso utilizar a prova emprestada, isso acontece muito em matéria de
reparação em dano material, e se essa prova do direito penal, anos depois, é considerada uma
prova ilícita. Vamos supor que um servidor foi punido com base numa prova emprestada, in-
terceptação telefônica, esta teoria dos frutos da arvore envenenada, ela é aplicada ao proces-
so civil? O senhor não admitiria uma ação rescisória no juízo cível?

Resposta:

3) A inversão do ônus da prova em matéria do direito ambiental o que o senhor acha?

Resposta:

371
4) O senhor poderia me dizer no que tange ao ônus da prova o que prevalece no direito brasi-
leiro em relação ao dever de provar?

Resposta:

5) E as impugnação existente no âmbito da audiência de instrução e julgamento, os incidentes


gerados provocam a possibilidade de impugnação recursal, que tipo de impugnação é essa?

Resposta:

6) Esta audiência de instrução e julgamento provoca a vinculação do magistrado? E se a instru-


ção foi realizada por três magistrados? O CPC fala no que conclui a instrução, ai não estaria
vinculado?

Resposta:

7) Qual a teoria que prevalece em matéria de prova, quais as teorias que existem em matéria
de prova?

Resposta:

8) No ordenamento jurídico prático qual das teorias foi escolhida para figurar no direito brasi-
leiro? Persuasão Racional. E a convicção íntima? No júri.

Resposta:

9) A legislação atual revela poder o magistrado deixar de julgar por ausência de prova? O se-
nhor não acredita que pode haver preclusão para as partes em matéria de prova, em que se
protesta por todos os meios de prova e mesmo passada a instrução probatória as partes se
quedaram silentes?

Resposta:

10) Em relação ao interrogatório, posso realizá-lo no final da instrução, ou depois de realizado


esta eu posso marcar nova audiência para colher depoimento em novo interrogatório?

Resposta:

372
11) Pode ser realizada a inversão do ônus da prova no momento sentencial?

Resposta:

12) E a natureza jurídica do direito probatório? Seria um direito material ou processual ape-
nas?

Resposta:

13) Quanto à preparação temos a prova causal e a pré-constituída, me dê exemplo de prova


pré-constituída?

Resposta:

14) Discorra a respeito da prova emprestada no processo administrativo.

Resposta:

15) É possível prova emprestada no processo civil?

Resposta:

16) Suponhamos que um servidor tenha sido punido por interceptação telefônica (prova) sem
autorização judicial. Neste caso, chega à administração pública como notícia crime e este ser-
vidor é demitido em razão de processo administrativo disciplinar. Num outro momento aquela
prova na ação penal foi rechaçada pela sua ilegitimidade. Neste caso, como ficaria eventual-
mente na seara cível a possibilidade de que o servidor possa se valer da nulidade da prova na
ação penal para que possa ser reintegrado nos quadros da administração pública?

Resposta:

17) Em relação ao consumidor, eu posso inverter o ônus da prova?

Resposta:

373
18) Posso fazer a inversão no momento da prolação da sentença?

Resposta:

19) Na prova testemunhal, esta pode se dá o direito ao silêncio?

Resposta:

20) E um advogado depondo como testemunha e plane(?) o sigilo profissional?

Resposta:

21) Qual a teoria em matéria de provas que o CPC adotou?

Resposta:

22) Existe prova tarifada no nosso ordenamento jurídico ainda? Em direito previdenciário, a
senhora concordaria com a livre convicção íntima? O STJ tem uma súmula que em matéria de
trabalhador rural tem que haver um início de prova material, e sem este início, como fica a
convicção íntima do magistrado, como ficaria isso?

Resposta:

23) A atuação como juiz, resolvendo os conflitos que são postos, se acaba com os conflitos? A
transação além de resolver problemas de prateleiras seria o melhor método? Pois no caso de
instrução, no momento da produção de provas, se as partes resolvessem transacionar, o se-
nhor como juiz interromperia a produção de provas e autorizaria a transação?

Resposta:

24) Na fase instrutória o magistrado tem que tentar fazer conciliação, despacho saneador,
neste caso qual a teoria que prevalece no CPC a respeito da análise das provas pelo juiz? Teo-
ria do livre convencimento motivado? No caso do direito previdenciário, pode haver um con-
vencimento íntimo do juiz, no que concerne à prova, afastando, pois, a súmula daquela corte a
respeito do início da prova material para a concessão do benefício?

Resposta:

374
25) Pode se recusar laudo pericial por entender que este laudo é equivocado e substituí-lo?

Resposta:

26) Pode-se adotar a manifestação do assistente técnico de alguma das partes?

Resposta:

27) Cite dois exemplos de inversão do ônus de prova. (Regra do ônus da prova estático art. 333
do CPC. Direito do consumidor)

Resposta:

29) Nesta inversão, foi feita uma instrução probatória, e na sentença verificou-se que era caso
de inversão...neste caso inverte-se o ônus da prova?

Resposta:

6.8.1.2. Questões do TRF2

6.8.1.3. Questões do TRF3


1) A prova pericial é imprescindível em processo de SFH?

Resposta:

2) Quem responde pelos honorários do perito nos processos de SFH?

Resposta:

6.8.1.4. Questões do TRF4


1) Fale sobre princípio da identidade física do juiz.

Resposta:

375
6.8.1.5. Questões do TRF5
01) Discorra como prescrição como meio de prova.

Resposta:

02) Presunção hominis, comum, é aceita?

Resposta:

03) Quais as hipóteses que o juiz poderia julgar por equidade – distinção entre julgar com e-
quidade e por equidade

Resposta:

6.9. Direito Processual Penal

6.9.1. Questões E Processos Incidentes

6.9.1.1. Questões do TRF1


1) Diferencie as exceções das prejudicialidades.

Resposta:

2) Estupro de vulnerável, na defesa preliminar é sustentado que a moça tem idade de 25 anos
e não de 16 anos conforme certidão, e ai é sustentado também a hipótese da competência da
JF para apreciar a questão e também da nulidade processual tendo em vista tratar-se de ACPC
que deveria ser deflagrada pelo MP, entretanto a representante teria aforado mediante queixa
e a hipótese não era de exaurimento de prazo ministerial, como o senhor resolve esta ques-
tão?

Resposta:

3) O que se entende por questões preliminares e questões prejudiciais? O incidente de insani-


dade mental é questão prejudicial ou preliminar?

Resposta:

376
4) Art. 92 e art. 93. Art. 92 Como se denomina esta questão prejudicial? Questão prejudicial
homogênea. Art. 93 como se denomina esta questão prejudicial? Questão prejudicial hetero-
gênea. E quando é o próprio juiz quem resolve é a questão prejudicial homogênea (incidente
de falsidade documental).

Resposta:

5) Quais as questões incidentais que podem ocorrer no processo penal? Este incidente de in-
sanidade se confunde com a materialidade?

Resposta:

6) A discussão da existência da elementar do crime que necessite ser constituída no cível, qual
a consequência no processo penal?

Resposta:

7) Se o acusado for durante o processo penal for considerado sem higidez mental, fale um
pouco deste incidente e o laudo conclusivo positivo?

Resposta:

8) Dentro da dogmática penal brasileira, qual a teoria que agasalhamos quanto à insanidade
mental? Em que consiste a teoria psicológica pura? E a teoria biológica pura? Os elementos
normativos se configuram de que maneira?

Resposta:

6.9.1.2. Questões do TRF2


1) Digamos que a defesa alegue insanidade mental do acusado e traga aos autos prova de que
ele acabou de ser interditado no juízo estadual e a prova pericial foi lá realizada. Nessa situa-
ção, o magistrado federal criminal precisa instaurar incidente de insanidade quando essa prova
é irrefutável? Não houve qualquer recurso, nem qualquer questionamento na esfera estadual.

Resposta:

377
2) Art.122 CPP - No âmbito da justiça estadual a perda do bem é decretada a favor de qual
ente? É correta ou não a perda a favor do Estado membro?

Resposta:

6.9.1.3. Questões do TRF3


1) O HC pode ser usado para pleitear redução da pena fixada em sentença? Se a redução for
concedida no HC, poderá esta decisão (do HC) ser revista em Apelação?

Resposta:

6.9.1.4. Questões do TRF4

6.9.1.5. Questões do TRF5

6.10. Direito Ambiental

6.10.1. Responsabilidade Ambiental. Tutela Civil Do Meio Ambiente. A


Responsabilidade Civil Ambiental. O Dano Ambiental. Formas De Reparação Do
Dano Ambiental. Responsabilidade Por Culpa Do Direito Tradicional.
Responsabilidade Objetiva No Direito Ambiental. O Sujeito Responsável E A
Solidariedade Passiva No Dano Ambiental. A Responsabilidade Do Estado Por
Dano Ambiental

6.10.1.1. Questões do TRF1


1) Eu posso decretara desconsideração da pessoa jurídica em relação ao direito ambiental?
Teoria Menor.

Resposta:

2) E se o meu empreendimento for atingido por um terremoto, eu sou responsável, se for uma
empresa que envolva riscos radioativos?

Resposta:

3) A pretensão reparatória de dano coletivo é imprescritível?

Resposta:
378
4) E se várias empresas reunidas são autoras de dano ecológico, uma dela se imiscuindo, exis-
te algum óbice em relação às demais? Responsabilidade solidária? Como apurar a responsabi-
lidade ambiental em relação à reparação, como magistrado o senhor aplicaria qual tipo de
medida?

Resposta:

5) A responsabilidade civil ambiental é apenas difusa? Na responsabilidade difusa a responsa-


bilidade objetiva, e contra um particular, esta responsabilidade continua a ser objetiva?

Resposta:

6) A responsabilidade ambiental civil é a mesma do direito administrativo?

Resposta:

7) Qual a teoria que prevalece na responsabilidade ambiental, em termos de nexo de causali-


dade?

Resposta:

8) Qual a diferença entre a teoria do risco integral e a do risco criado, e qual delas o ordena-
mento adotou?

Resposta:

9) E se houver, eu tenho uma empresa que produza celulose, e vem um terremoto e cria um
dano ambiental por causa dos resíduos, ainda teria responsabilidade esta empresa?

Resposta:

10) Se um determinado imóvel no Estado do PI, um imóvel rural, adquirido por José, este imó-
vel rural está todo comprometido com pastagem, haveria a possibilidade da responsabilidade
em busca do adquirente do imóvel?

Resposta:

379
11) A pretensão reparatória ambiental coletiva é prescritível?

Resposta:

12) Explique o panorama e a influência da tutela inibitória ambiental na prevenção do ilícito


ambiental? Numa ação, este instituto de tutela inibitória, é compatível com a ACP? Numa ACP
é possível numa tutela antecipada eu inibir um ato no âmbito ambiental? E se a outra parte
alegar que não houve dano?

Resposta:

13) Como se conciliaria a questão do desenvolvimento econômico e a proteção ao meio ambi-


ente? Fale sobre o desenvolvimento econômico sustentável?

Resposta:

14) Quanto à raposa serra do sol, o STF reconheceu que a demarcação deveria ser contínua, e
estabeleceu 19 requisitos, muitas destas situações, com relação à ações possessórias dos fa-
zendeiros que trabalham na terra, e se tivesse um desmatamento em que eu precisasse expe-
dir uma tutela para impedir este empreendimento, que tutela é essa? O que seria a Tutela
Inibitória? Quais são os requisitos para a tutela inibitória?

Resposta:

15) No caso o MP pode ajuizar ação perquirindo uma tutela inibitória pura, apenas a tutela?

Resposta:

16) O meio ambiente é direito difuso, portanto pode-se afirmar que as consequências da repa-
ração só serão por meio deste direito difuso, ou pode haver reparação por infringência de ou-
tros direitos?

Resposta:

17) Qual a natureza jurídica desta responsabilidade no âmbito do direito difuso e do direito
individual em relação aos danos ambientais?

380
Resposta:

18) Como ocorre a pretensão de responsabilidade civil, como ocorre esta reparação numa ACP
reparatório de um dano ambiental?

Resposta:

19) Como é possível a responsabilização via reparação de danos como uma das alternativas,
como juiz federal em Rondônia, por exemplo, o MP entra com ACP por dano em reserva indí-
gena, e pede tutela antecipada, dizendo que a atividade está causando dano ao meio ambien-
te e comprometendo a reserva, e vem a contestação e nega isso, já que a reparação pode ser
por perdas e danos, como o senhor agiria ao examinar a tutela antecipada tendo em vista os
princípios de processo civil e de direito ambiental, já que a tutela antecipada merece uma evi-
dência dos fatos?

Resposta:

20) Na reparação ambiental qual a natureza jurídica desta reparação quanto ao dano ecológi-
co?

Resposta:

21) Se eu tenho uma empresa ao lado de um rio e em função de um fato, um caso fortuito
acontece um dano ecológico, empresa de agrotóxico, neste caso seria risco integral criado,
provocado?

Resposta:

22) Vossa excelência ao examinar uma pretensão que venha à JF, se é possível a reparação por
perdas e danos, qual sua postura diante de uma tutela cautelar ambiental? Ou se alegaria a
ausência de periculum in mora por não haver prejuízo ainda e poder ser feita uma reparação
econômica por perdas e danos?

Resposta:

23) No Brasil, hoje se fala muito da criação de um fundo para a reparação de danos ecológicos,
se tem notícia no direito comparado a respeito deste fundo? Que notícias Vossa Excelência
tem a respeito deste fundo?
381
Resposta:

24) Sobre a celebração de seguro para a reparação de danos ecológicos, como Vossa Excelên-
cia ver isto? A prioridade é a reparação in natura?

Resposta:

25) Se várias empresas em região de proteção ambiental provocam um dano ecológico e a


ação proposta contra as empresas, e uma delas vem e diz que a responsabilidade é de apenas
1/5, que tipo de responsabilidade é essa? A doutrina defende que a responsabilidade é solidá-
ria? E o que acontece com relação à empresa que reparou in natura o dano, ela teria direito de
regresso como?

Resposta:

26) Quanto à reparação ambiental de caráter coletivo, há prescrição?

Resposta:

27) Produtos geneticamente modificados – há de se perquirir a responsabilização por culpa?

Resposta:

28) Na 1ª região tem Bahia de São Marcos no Maranhão, acidente ecológico da Cia Vale do Rio
Doce com relação a minérios, o MP entrou com ação para reparação e tutela inibitória, e em
contestação a Vale alegou que era proprietária do minério mas não do navio, como seria a
responsabilidade civil?

Resposta:

29) O tráfico de animais silvestres movimenta 1,5 bilhões de reais no Brasil, 10% dos animais
chegam a ser comercializados, 90% morrem com o transporte, a arara azul pode ser comercia-
lizada por até R$ 60.000,00, a internet é o maior canal difusor deste crime, e o agente respon-
de por 6 meses a 1 ano e pagamento de multa de até R$ 5.500,00. Dentro desta realidade, o
senhor poderia me dizer o que é biodiversidade, e o que a legislação Brasileira tem feito para
conter a biopirataria?

Resposta:

382
30) Em relação à flora, quais as medidas da legislação brasileira para a proteção da flora?

Resposta:

31) A construção da segunda pista do aeroporto de Brasília teve muita repercussão na esfera
do direito ambiental por atingir e ter um impacto ambiental muito grande, o MP ingressou
com ação para a reparação dos danos causados ao meio ambiente e o magistrado oficiante
indeferiu a inicial com o argumento de que aquela reparação in natura não era mais possível,
chegou ao tribunal, e este interpretou que era sim possível dar continuidade àquela medida de
proteção ao meio ambiente, na medida em que haviam outras fases de reparação para a pro-
teção à biodiversidade, então, quais seriam estes tipos de reparação, de proteção à APAS, por
exemplo? Existe outro tipo de reparação para a proteção da biodiversidade?

Resposta:

6.10.1.2. Questões do TRF2

6.10.1.3. Questões do TRF3


1) O passivo ambiental é obrigação propter rem? E no caso de desapropriação de bem imóvel
em que há área degradada?

Resposta:

6.10.1.4. Questões do TRF4

6.10.1.5. Questões do TRF5

6.11. Direito Internacional Público e Privado

6.11.1. O Estado Como Sujeito De Direito Internacional Público (Deveres E


Direitos Do Estado Na Ordem Internacional)

6.11.1.1. Questões do TRF1

383
6.11.1.2. Questões do TRF2

6.11.1.3. Questões do TRF3

6.11.1.4. Questões do TRF4

6.11.1.5. Questões do TRF5


1) É possível a concessão de isenção de impostos estaduais e federais pela União?

Resposta:

2) Se o presidente descumprir uma convenção internacional, qual o tipo de repressão que o


Brasil pode sofrer?

Resposta:

6.12. Sociologia do Direito

6.12.1. Extratificação Social

6.12.1.1. Questões do TRF1


1) O que é estratificação social?

Resposta:

2) O que é o estado como condição, como atributo do indivíduo?

Resposta:

3) Qual a teoria predominante em relação à natureza e a sociabilidade, o que é o algo social e


o algo natural?

Resposta:

384
6.12.1.2. Questões do TRF2

6.12.1.3. Questões do TRF3

6.12.1.4. Questões do TRF4

6.12.1.5. Questões do TRF5

6.13. Filosofia do Direito

6.13.1. A Moral e o Direito

6.13.1.1. Questões do TRF1


1) Qual a diferença entre a regra moral e a regra jurídica?

Resposta:

2) Qual a diferença entre a coação e a coerção?

Resposta:

3) O que é epistemologia?

Resposta:

4) Qual a diferença entre regra moral, regra de trato social e regra jurídica?

Resposta:

5) Qual a diferença entre ética e moral?

Resposta:

6) O que diferencia a ética de princípio da ética de resultado?

385
Resposta:

7) Onde se situa a eutanásia no plano moral?

Resposta:

8) Existe o direito de morrer?

Resposta:

9) O que é valor?

Resposta:

10) Qual é o ser do valor? (Resposta: É valer!)

Resposta:

6.13.1.2. Questões do TRF2


1) Modificação dos genes pelos homens em contraposição ao princípio da eticidade e da mora-
lidade. Discorra.

Resposta:

6.13.1.3. Questões do TRF3

6.13.1.4. Questões do TRF4


1) Se um empregador quer despedir seu empregado por justa causa, devido a traição com sua
esposa, durante o expediente ou após , pode ele fazer isso? Leve em conta o direito e a moral
para responder.

Resposta:

386
6.13.1.5. Questões do TRF5

7. Ponto 07

7.1. Direito Constitucional

7.1.1. Conceitos De Constituição


DESSE PONTO EM DIANTE: RESPOSTAS ELABORADAS POR HERLEY DA
LUZ BRASIL

7.1.1.1. Questões do TRF1


1) Conceitue Constituição de acordo com os ensinamentos de Ferdinand Lassale e de Konrad
Hesse. Na sua visão, qual deve ser adotado?

Resposta:

Lassale foi quem trouxe o conceito sociológico de Constituição. Para ele a Constituição
é mais fato social do que norma jurídica. O texto da Constituição seria, portanto, o re-
sultado da realidade social do país, das forças dos diversos grupos dominantes que o
integram num determinado período histórico. Os grupos seriam as forças sociais que
constituem o poder e a Constituição seria, tão somente, o documento escrito que expres-
saria o somatório dos fatores reais de poder dentro de uma sociedade.

Segundo Vicente Paulo, para Lassale convivem num país, paralelamente, duas Constitu-
ições: uma Constituição real, efetiva, que corresponde à soma dos fatores reais de poder
que regem nesse país, e uma Constituição escrita, por ele denominada ―folha de papel‖.
Esta, a Constituição escrita (―folha de papel‖), só teria validade se correspondesse à
Constituição real, isto é, se tivesse suas raízes nos fatores reais de poder. Assim, em
caso de conflito entre a Constituição real (soma dos fatores reais de poder) e a Constitu-
ição escrita (―folha de papel‖), esta sempre sucumbiria perante aquela, em virtude da
força dos fatores reais de poder que regem no país (Aulas de Direito Constitucional, 7ª
Ed., p. 10).

Konrad Hesse, traz uma conceito jurídico pós-moderno de Constituição (Teoria da


Força Normativa da Constituição). Hesse critica e rebate a concepção tratada por Las-
salle. A Constituição, por ser norma jurídica, possui uma força normativa capaz de mo-
dificar a realidade, obrigando as pessoas. Nem sempre cederia frente aos fatores reais de
poder, pois obriga. Tanto pode a Constituição escrita sucumbir, quanto prevalecer, mo-
dificando a sociedade. O STF tem utilizado bastante esse princípio da força normativa
da Constituição em suas decisões. Nas palavras do Min. Gilmar Mendes, na apresenta-
ção do Livro de Hesse por ele traduzido (A Força Normativa da Constituição): (...) es-
força-se Hesse por demonstrar que o desfecho do embate entre os fatores reais de Poder

387
e a Constituição não há de verificar-se, necessariamente, em desfavor desta. A Constitu-
ição não deve ser considerada a parte mais fraca. ―A Constituição tem uma força pró-
pria!‖ (Konrad Hesse)

2) O que significa realizar a CF?

Resposta:

Realização constitucional: «Realizar a constituição» significa tornar juridicamente


eficazes as normas constitucionais. Qualquer constituição só é juridicamente eficaz
(pretensão de eficácia) através da sua realização. Esta realização é uma tarefa de todos
os órgãos constitucionais que, na actividade legiferante, administrativa e judicial, apli-
cam as normas da constituição. Nesta «tarefa realizadora» participam ainda todos os
cidadãos que fundamentam na constituição, de forma directa e imediata, os seus direitos
e deveres (José Joaquim Gomes Canotilho. DIREITO CONSTITUCIONAL, 6ª edição,
LIVRARIA ALMEDINA, COIMBRA: 1993, p. 201/202).

Assim, todos que aplicam eficazmente as normas constitucionais realizam a Constitui-


ção e participam dessa tarefa os que pedem seus direitos e deveres com base na Carta.

7.1.1.2. Questões do TRF2


1) Defina o conceito de Constituição em termos lato e em termos da nossa Constituição.

Resposta:

Ab initio, mister se faz registrar que Uadi Lammêgo Bulos destaca que ―Constituição
é um conceito em crise, porque, até hoje, os estudiosos não chegaram a um consenso a
seu respeito, existindo diversas maneiras de concebê-lo (sentido sociológico, sentido
jurídico, sentido político, por exemplo).‖ (BULOS. Uadi Lammêgo. Constituição Fede-
ral Anotada, 4ª Edição, Editora Saraiva. P. 02).

O conceito de Constituição em termos lato relaciona-se à classificação das constitui-


ções quanto ao conteúdo (material ou formal). Constituição material é aquela que trata
de matéria tipicamente ou essencialmente constitucional (estrutura do Estado, sua orga-
nização e direitos fundamentais). Constituição formal é o conjunto de normas inseridas
no texto constitucional, independente de sua natureza e conteúdo.

O Prof. José Afonso da Silva reconhece que a ―constituição material é concebida em


sentido amplo e em sentido estrito‖. Assim, define a ―constituição em sentido amplo
(lato)‖ como a identificação da organização total do Estado, ou seja, evidenciando o
regime político do Estado. Outrossim, no sentido estrito, ―designa normas constitu-
cionais escritas ou costumeiras, inseridas ou não num documento escrito, que regulam a
388
estrutura do Estado, a organização de seus órgãos e os direitos fundamentais.‖ (SILVA.
José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. 15ª Ed. Editora Malheiros, 1998,
p. 42).

Constituição material no sentido amplo é a própria organização de um Estado, o seu


regime político. Sob esse aspecto todo Estado tem uma Constituição, pois se ele existe
de certo modo, sob uma forma, qualquer que seja esse seu modo de existir é a sua Cons-
tituição. Já em sentido estrito é o conjunto de normas que tratam das matérias tipica-
mente constitucionais (Leo Van Holt, Dir. Const., 4ª Ed. p. 39). Logo, percebe-se que
constituição no sentido lato é conceito mais político que jurídico (é a forma de constitu-
ição qualquer que seja ela), enquanto que o sentido estrito prende-se à ideia de um texto
constitucional, desde tenha normas estritamente, essencialmente, constitucionais.

Todavia, a CF/88 não se enquadra na classificação material - sentido amplo ou es-


trito -, pois é pacificamente classificada como FORMAL, ―possuindo, porém, algu-
mas normas que são, também, materialmente constitucionais, e outras apenas formal-
mente constitucionais‖, conforme registra Vicente Paulo (PAULO. Vicente. Aulas de
Direito Constitucionais. 7ª Ed. Editora Impetus, 2006, p. 17).

2) Como ela se institui e quais são seus objetivos/propósitos?

Resposta:

A instituição/formação de uma constituição se dá através de transformações sociais,


tendo como regra uma revolução ou uma assembléia popular. No entanto, o Prof.
Uadi cita uma terceira possibilidade ―tertius gemus‖, como o caso da CF/88, pois ela
não foi fruto de revolução, nem de assembléia popular. Na verdade, o Presidente da
República, na época, provocou a convocação de uma assembléia constituinte ao
Congresso Nacional (BULOS. Uadi Lammêgo. Constituição Federal Anotada, 4ª Edi-
ção, Editora Saraiva. Páginas 02 e 03)

O Prof. Canotilho, assim define: "Constituição é uma ordenação sistemática e racional


da comunidade política, plasmada num documento escrito, mediante o qual se garantem
os direitos fundamentais e se organiza, de acordo com o princípio da divisão de poderes,
o poder político" (CANOTILHO. José Joaquim Gomes. Direito Constitucional. 6ª Edi-
ção Revista. Livraria Almedina. Coimbra, 1993, página 12).

Pois bem, consoante o referido conceito, não se pode deixar de registrar, segundo anota-
ção de José Afonso da Silva, que os objetos – objetivos – da constituição são: 01) a
estrutura do Estado; 02) a organização dos seus órgãos; 03) o modo de aquisição do
poder e a forma do seu exercício; 04) os limites da atuação do poder estatal; 05) assegu-
rar os direitos e garantias dos indivíduos; 06) fixar o regime político e disciplinar os
fins socioeconômicos do Estado e; 07) os fundamentos dos direitos econômicos, sociais
e culturais. (SILVA. José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. 15ª Ed.
389
Editora Malheiros, 1998, p. 45). Seu propósito é promover o bem-estar da sociedade e
de seus indivíduos.

3) Como as Constituições são positivadas?

Resposta:

Tecnicamente, sob a concepção Kelseniana, reconhecem-se as constituições como posi-


tivadas a partir de um processo formal de criação, aprovação e vigência da norma jurí-
dica fundamental.

Assim, a positivação diz respeito à origem ou ao mecanismo pelo qual a norma entra no
Ordenamento Jurídico, tornando-se obrigatória.

A doutrina (José Afonso da Silva, Uadi Lammêgo Bulos, Pedro Lenza, entre outros)
traz as seguintes formas de positivação das constituições:

1) Promulgação (Constituição Democrática/Votada/Popular): constituição fruto de


uma assembleia nacional constituinte, eleita diretamente pelo povo;

B) Outorga (Constituição Outorgada): constituição imposta unilateralmente pelo a-


gente revolucionário/governante;

C) Plebiscito (Constituição Cesarista): constituição formada por um plebiscito popu-


lar sobre um projeto elaborado por um imperador/ditador. A participação popular não é
democrática, apenas visa ratificar a vontade do detentor do poder;

D) Por Convenção (Constituição Pactuada, Mista ou Dualista): constituição que


surge através de um pacto, vez que o poder constituinte se encontra nas mãos de mais de
um titular (Ex.: Carta Magna de 1215 – poder dividido entre a burguesia e o Rei João
Sem Terra).

4) Quantas constituições já tivemos no Brasil?

Resposta:

Sete (7) ou oito (8), a depender da consideração ou não da ―Constituição de 1969‖.

Alguns autores não a consideram uma constituição, pois foi uma Emenda à Constituição
de 1967 (EC 1/69). A respeito explica Uadi Lammêgo Bulos: (...) a descomensurada
EC 1/69, que abarcou o texto de 1967 quase por inteiro, não foi suficiente para dar ao
Brasil a sua “sétima Constituição”. Inexistiu o exercício legítimo do poder constituinte
originário, mas, tão só, o uso anômalo da competência reformadora, que se revestiu da
roupagem de uma emenda constitucional hiperampliativa. Sem dúvida, a figura das
390
emendas constitucionais dissociou-se do seu verdadeiro sentido: empreender mudanças
localizadas e em pontos específicos do articulado constitucional, jamais atingindo toda
e qualquer matéria. Referida Emenda foi imposta, outorgada por uma Junta Militar,
composta pelos Ministros da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.

Por outro lado, o Prof. José Afonso da Silva afirma que "teórica e tecnicamente, não se
tratou de emenda, mas de nova constituição. A emenda só serviu como mecanismo de
outorga, uma vez que verdadeiramente promulgou texto integralmente reformulado, a
começar pela denominação que se lhe deu: Constituição da República Federativa do
Brasil, enquanto a de 1967 se chamava apenas de Constituição do Brasil." (SILVA. José
Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. 15ª Ed. Editora Malheiros, 1998, p.
89).

Temos, assim, as seguintes Constituições: a de 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967,
1969 e 1988.

7.1.1.3. Questões do TRF3

7.1.1.4. Questões do TRF4


1) Conceitue constituição.

Basicamente, assim os doutrinadores conceituam constituição: a lei fundamental e su-


prema de um Estado, que contém normas referentes: à estruturação do Estado; à forma-
ção dos poderes públicos; forma de governo e aquisição do poder de governar; distribu-
ição de competências e; direitos, garantias e deveres do cidadão. (MORAES. Alexandre
de. Direito Constitucional. 8ª Ed. Editora Atlas, 2000, p. 34) e (HOLTHER. Leo Van.
Direito Constitucional. 4ª Ed. Jus Podivm. 2008, p. 34). (obs.: para não esquecer o con-
ceito, lembrem-se dos objetivos das constituições, começando pela limitação de poderes
e estruturação do Estado).

J. J. Canotilho registra formulou o chamado conceito ideal de constituição, verbis:

―...Este conceito ideal identifica-se fundamentalmente com os postulados político-


liberais, considerando-se como elementos materiais caracterizadores e distintivos os
seguintes: (a) a constituição deve consagrar um sistema de garantias da liberdade (esta
essencialmente concebida no sentido do reconhecimento de direitos individuais e da
participação dos cidadãos nos actos do poder legislativo através dos parlamentos); (b) a
constituição contém o princípio da divisão de poderes, no sentido de garantia orgânica
contra os abusos dos poderes estaduais; (c) a constituição deve ser escrita (documento
escrito).‖ (CANOTILHO. José Joaquim Gomes. Direito Constitucional. 6ª Edição Re-
vista. Livraria Almedina. Coimbra, 1993, páginas 62 e 63).

391
Resposta:

7.1.1.5. Questões do TRF5

7.2. Direito Tributário

7.2.1. Obrigação Tributária: Elementos - Sujeição Passiva Direta E Indireta -


Espécies – Domicílio Tributário

7.2.1.1. Questões do TRF1


1) Distinção básica entre proporcionalidade e progressividade?

Resposta:

Entende-se por proporcionalidade tributária a busca, em tese, da realização da justiça


fiscal – adequação à capacidade tributária – pela variação da base de cálculo do objeto
tributado, sem variação da alíquota. (SABBAG. Eduardo. Manual de Direito Tributá-
rio. 3ª Ed. Editora Saraiva. 2011, p. 179)

Por outro lado, nas palavras de Sabbag, progressividade ―se traduz em técnica de inci-
dência de alíquotas variadas, cujo aumento se dá na medida em que se majora a base
de cálculo do gravame.‖. Segundo o mesmo, a progressividade está atrelada ao as-
pecto quantitativo, desdobrando-se em duas modalidades: a) progressividade fiscal e;
b) progressividade extrafiscal. A primeira vincula-se à máxima de que ―quanto mais se
ganha, mais se paga‖, com finalidade meramente arrecadatória. Na segunda hipótese
atrela-se apenas ao interesse regulatório – seletivo. A CF/88 traz expressamente três
impostos progressivos – IR, ITR e IPTU – e, de forma implícita, o IPVA (SAB-
BAG. Eduardo. Manual de Direito Tributário. 3ª Ed. Editora Saraiva. 2011, p. 165)

Assim, a progressividade é instituto que consagra o aumento da carga tributária pela


majoração da alíquota aplicável, na medida em que há também o aumento da base de
cálculo. Já na proporcionalidade, a alíquota é a mesma, variando apenas a base de cálcu-
lo que, sendo maior, fará com que o tributo seja majorado.

Por outro lado, a progressividade está prevista na Constituição, mas a proporcionalida-


de, não, sendo, entretanto, técnica muito antiga, com origem no Dir. Romano.

Obs.: segundo o STF (RE 177835) a progressividade também pode ser aplicada às ta-
xas.

392
2) O que dizer de uma lei que estabelece alíquotas progressivas sobre.

Resposta:

(Em razão da forma incompleta do enunciado da questão, destaco apenas o conceito de


progressividade, sua finalidade e aplicabilidade nos tributos reais – fiscais e extrafis-
cais.)

Progressividade é instituto que consagra o aumento da carga tributária pela majoração


da alíquota aplicável, na medida em que há também o aumento da base de cálculo. Tem
como finalidade atender ao princípio da capacidade contributiva, na esteira da justiça
distributiva.

Imperioso destacar que a doutrina e a jurisprudência (STF) entendem que não se aplica
a progressividade nos impostos reais, salvo se houver previsão constitucional (SAB-
BAG. Manual, 3ª Ed. 2011, p. 1001). Assim se deu, por exemplo, no caso do IPTU:
STF Súmula 668: É inconstitucional a lei municipal que tenha estabelecido, antes da
Emenda Constitucional 29/2000, alíquotas progressivas para o IPTU, salvo se destina-
da a assegurar o cumprimento da função social da propriedade urbana.

Nos impostos pessoais (IR, p. ex.), a progressividade é a regra, ex vi do art. 145, § 1º,
CF (pois a regra da capacidade contributiva afina-se mais com os impostos pessoais do
que com os reais).

Para concluir, merece destaque que o ITBI, por ausência de previsão constitucional e,
também, por ser um imposto real, não pode ser progressivo, consoante disposição con-
tida na Súmula 656 do STF: É inconstitucional a lei que estabelece alíquotas progres-
sivas para o imposto de transmissão inter vivos de bens imóveis - ITBI com base no
valor venal do imóvel.

Impostos progressivos previstos na CF: IR, ITR e IPTU e IPVA.

3) A técnica da substituição tributária se aplica a empréstimos compulsórios ou a taxas?

Resposta:

Depende! Há duas espécies de substituição tributária, a ―para trás‖ e a ―para frente‖,


situações em que, respectivamente, a lei indica um responsável pelo pagamento do tri-
buto sobre fato gerador ocorrido anteriormente ou que ainda irá ocorrer posteriormente
ao recolhimento do tributo. Lembre-se que responsável não é contribuinte, mas pessoa
diversa que tem alguma relação com o fato gerador.

A legislação tributária registra dois tipos de substituição. Entretanto, a Constituição pre-


vê apenas um tipo, no artigo abaixo transcrito. Mas a previsão constitucional de apenas
um tipo não indica que a cobrança da outra forma seja inconstitucional (possivelmente

393
só houve previsão da substituição ―para frente‖ porque havia muita controvérsia a res-
peito de sua constitucionalidade).

CF, art. 150.

§ 7.º A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de respon-
sável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer pos-
teriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não
se realize o fato gerador presumido.

Logo, conforme previsto, só há possibilidade, na substituição para frente, de imposi-


ção da responsabilidade para os casos de impostos ou contribuições, restrição que não
existe na substituição para trás. O motivo da vedação de aplicação da substituição para
frente em relação a taxas e contribuições de melhoria é que tais tributos, por serem vin-
culados, têm atrelada sua cobrança a uma prestação estatal específica voltada para o
contribuinte, não sendo razoável a antecipação da cobrança antes da realização de tal
atividade (Dir. Trib. Esquematizado. Ricardo Alexandre, 1ª ed., p. 299).

4) Em relação à substituição tributária o que é Diferimento?

Resposta:

Diferir é adiar, prorrogar, retardar. Assim, nessa mesma concepção, diferimento é o


adiamento do pagamento do tributo. Ou seja, o Fisco receberá o tributo em momento
posterior à ocorrência do fato gerador da obrigação, por pessoa diversa do contribuinte.
Ocorre justamente na substituição tributária regressiva, antecedente, diferida ou ―para
trás‖, situação em que a lei escolhe alguém (o responsável tributário), para efetuar o
pagamento do tributo no lugar do contribuinte, que está ―atrás‖ na cadeia produtiva.
Assim, se vários produtores fornecem leite a uma indústria de laticínios, a lei pode de-
terminar que a indústria seja a responsável pelo recolhimento do ICMS devido pelos
produtores (a princípio essa obrigação seria dos vendedores).

O Fisco, na substituição tributária, tem a grande vantagem de otimizar a utilização da


mão de obra fiscal, pois lhe é possível concentrar seus esforços fiscalizatórios numa
quantidade bem menor de empresas e, assim, diminuir a evasão fiscal (Dir. Trib. Es-
quematizado. Ricardo Alexandre, 1ª ed., p. 295).

5) No que consiste a substituição tributária regressiva, ou para trás, ou diferida?

Resposta:

A substituição tributária para trás, regressiva ou antecedente ocorre nos casos em que as
pessoas ocupantes das posições anteriores nas cadeias de produção e circulação são

394
substituídas, no dever de pagar tributo, por aquelas que ocupam as posições posteriores
nessas mesmas cadeias (Dir. Trib. Esquematizado. Ricardo Alexandre, 1ª ed., p. 293).
Lembre-se que se chama substituição para ―trás‖, pq substitui-se quem está ―atrás‖ na
cadeia produtiva.

Para complementação, vide resposta à questão anterior.

6) O que é substituição tributária para frente?

Resposta:

A substituição tributária para frente, progressiva ou subsequente ocorre nos casos em


que as pessoas ocupantes das posições posteriores das cadeias de produção e circulação
são substituídas, no dever de pagar tributo, por aquelas que ocupam as posições anterio-
res nessas mesmas cadeias (Dir. Trib. Esquematizado. Ricardo Alexandre, 1ª ed., p.
295). A substituição é ―para frente‖ pq substitui alguém da ―frente‖ na cadeia produtiva.
Assim, há uma antecipação do pagamento do tributo por um fato gerador futuro, que
ainda não ocorreu.

Assim, por exemplo, a fábrica, que vende o carro às concessionárias que, por sua vez, o
vende aos consumidores, será responsável tributária, na espécie substituição para frente,
pelo tributo ocorrido pela venda do automóvel pela concessionária ao cliente, se a lei
assim o determinar. Logo a fábrica será contribuinte do seu tributo (na operação entre si
a concessionária) e responsável pelo pagamento do tributo de uma operação que ainda
não ocorreu (e nem se tem certeza se ocorrerá – a venda do automóvel ao cliente). O
valor do tributo não é de difícil cálculo, pois pode ser feito com base no preço de venda
pré-determinado pelo fabricante, ou ainda por arbitramento (pauta fiscal).

Antes mesmo da previsão constitucional, perpetrada pela EC 3/93, o STF já havia decla-
rado a constitucionalidade dessa espécie de substituição, que se encontra assim prevista
na CF/88:

Art. 150...

§ 7.º A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de respon-
sável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer poste-
riormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se
realize o fato gerador presumido.

7.2.1.2. Questões do TRF2


1) Esse termo (contribuinte de fato) é factível, é razoável diante do Código Tributário Nacional?
Pode-se falar em contribuinte de fato?

395
Resposta:

Na sistemática do CTN, o contribuinte de fato só tem relevância para o caso de restitui-


ção de indébito dos tributos indiretos, ou seja, daqueles que comportam a transferên-
cia do ônus financeiro do tributo (Ex.: ICMS e IPI – nesses casos, apesar de o contribu-
inte de direito ser o comerciante ou industriário, o valor do tributo é acrescido ao preço
de custo da mercadoria e quem o suporta, ao final, é o consumidor quem paga. No IR,
exemplo de tributo direto, por sua natureza, não é natural a transferência do ônus finan-
ceiro).

Veja a redação do art. 166 do CTN:

Art. 166. A restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do
respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido o referi-
do encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este expressamente au-
torizado a recebê-la.

O STF corrobora esse entendimento por meio da súmula 546 (que revogou a súm. 71):

Súmula 546. Cabe a restituição do tributo pago indevidamente, quando reconhecido por
decisão, que o contribuinte "de jure" não recuperou do contribuinte "de facto" o "quan-
tum" respectivo.

Ressalte-se que o contribuinte de fato não tem direito à restituição, por não fazer parte
da relação jurídica tributária (questão mais que pacífica nos tribunais). E o motivo da
necessidade de prova da não repercussão tributária (transferência do encargo) é impedir
o duplo recebimento pelo contribuinte de direito: repassar o ônus tributário, recebendo
do consumidor final, e também do Fisco, através da repetição de indébito.

2) No caso de uma ação de repetição de indébito ajuizada pelo adquirente de um produto que
pleiteia a repetição do IPI. Ele não é o contribuinte? Como magistrado como decidiria? Deferi-
ria? Extinguiria o feito?

Resposta:

Vide questão anterior, que responde essa.

3) Em caso de denúncia espontânea e de descumprimento das obrigações acessórias sem a


necessidade de pagar o tributo. Como fica a situação jurídica do contribuinte?

Resposta:

A denúncia espontânea está prevista no art. 138 do CTN, estabelecendo que se exclui a
responsabilidade daquele que confessa ao Fisco a prática de infração, seja de descum-

396
primento da obrigação principal ou da acessória, desde que efetue o pagamento do
tributo devido acompanhado dos juros de mora. Ou seja, a denúncia espontânea ex-
clui a multa de mora ou aquela que decorre do descumprimento de obrigação acessória,
mas somente se houver o recolhimento do tributo. Caso haja o pagamento parcial, ou
pedido de parcelamento, ou o próprio parcelamento, não se trata de denúncia espontâ-
nea. Só se aplica em caso de pagamento integral do tributo (entendimento do STJ e de
todos os regionais). Reforça esse entendimento a disposição do art. 155-A, § 1º do CTN
e a súmula 208 do Tribunal Federal de Recursos (a simples confissão da dívida, acom-
panhada do seu pedido de parcelamento, não configura denúncia espontânea).

7.2.1.3. Questões do TRF3


1) Qual a diferença entre obrigação e crédito em direito tributário?

Resposta:

Obrigação tributária, nas palavras de Hugo de Brito ―é a relação jurídica em virtude


da qual o particular (sujeito passivo) tem o dever de prestar dinheiro ao Estado (sujeito
ativo), ou de fazer, não fazer ou tolerar algo no interesse da arrecadação ou fiscalização,
e o Estado tem o direito de constituir contra o particular um crédito.‖ (MACHADO.
Hugo B. Curso de Direito Tributário. 21ª Ed. p 110)

Crédito tributário, nas palavras da Sabbag, é ―a obrigação tributária tornada líquida e


certa por intermédio do lançamento.‖. Afirma, ainda, que o crédito tributário é uma ―o-
brigação tributária lançada‖ ou ―obrigação tributária em estado ativo‖. (SABBAG. Ma-
nual de Direito Tributário. 1ª Ed. p. 692)

Portanto, percebe-se que a diferença básica entre obrigação e crédito tributário reside
no aspecto cronológico, ou seja, na seqüência dinâmica lógica da relação jurídica
fiscal. Nas palavras de Aldemario Araujo Castro ―...existe autonomia relativa entre o-
brigação tributária e crédito tributário, não sendo o crédito uma parte da obrigação, e
sim um momento específico da relação jurídico-tributária...‖ (Código Tributário Nacio-
nal Interpretado. Editora Manole. 2010, p. 214, art. 140). Vê-se: precedida do fato gera-
dor, ocorre a obrigação tributária, que por sua vez, faz nascer para o Fisco (sujeito ativo)
o crédito tributário concretizado por intermédio do lançamento.

NORMA (H. I.) + FATO GERADOR = OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA + LANÇA-


MENTO = CRÉDITO

2) Quem é responsável pelos impostos e demais taxas do imóvel adjudicado: a instituição fi-
nanceira ou o mutuário que ainda não o desocupou?

Resposta:

397
A instituição financeira, tendo em vista tratar-se de obrigação propter rem, que segue a
coisa, respondendo sempre o atual proprietário. Veja-se a disposição do art. 130 do
CTN:

Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a proprieda-
de, o domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela
prestação de serviços referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria, subrogam-
se na pessoa dos respectivos adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua
quitação.

Parágrafo único. No caso de arrematação em hasta pública, a sub-rogação ocorre sobre


o respectivo preço.

Notem que não se aplica o parágrafo único nesse caso, já que arrematação não se con-
funde com adjudicação. Exatamente nesse sentido da resposta: RECURSO ESPECIAL
– 1179056.

3) O legislador tem liberdade para definir o alcance de contribuinte?

Resposta:

Em respeito à disposição geral expressa pelo CTN, no inciso I, do parágrafo único, do


art. 121, não há possibilidade de o legislador superveniente alterar a definição dos li-
mites jurídicos do contribuinte. É condição sine qua non para se reconhecer a figura do
contribuinte a necessidade da existência de relação pessoal e direta com a situação que
constitua o respectivo fato gerador, ou seja, inexistindo a relação pessoal e direta com o
fato gerador, não há que se falar em contribuinte. Dessa forma, eventual apontamento
elástico do alcance do contribuinte feito pelo legislador superveniente ao criar um novo
tributo, ou seja, que fuja da dos limites trilhados pelo CTN, estará em conflito com a
referida norma geral, assim, também, com a CF.

4) Qual a diferença entre contribuinte, responsável e substituto?

Resposta:

Contribuinte, também chamado de sujeito passivo direto, segundo o inciso I, do pará-


grafo único, do art. 121, do CTN, é aquela pessoa (natural ou jurídica) que possui rela-
ção pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador.

Responsável, também conhecido como sujeito passivo indireto, tem previsão no inci-
so II, do parágrafo único, do art. 121, do CTN, e segundo Sabbag, “é a terceira pessoa
escolhida por lei para pagar o tributo, sem que tenha realizado o fato gerador” (SAB-
BAG. Manual de Direito Tributário. 1ª Ed. p. 625). Importante lembrar, entretanto, que
a escolha do responsável tributário não pode ser aleatória, conforme dicção do art. 128

398
do CTN. Assim, o responsável, apesar de não realizar o fato gerador, tem, obrigatoria-
mente, que a este fato estar ligado.

Substituto, é considerado espécie de responsabilidade ―originária ou de 1º grau‖, e se


dá quando terceira pessoa ocupa o lugar do contribuinte (substituído), antes da ocorrên-
cia do fato gerador. Aqui a obrigação de pagar, desde o início, é do responsável, ficando
o contribuinte desonerado de quaisquer deveres. (SABBAG. Manual de Direito Tributá-
rio. 1ª Ed. p. 642)

5) Em que casos o sócio tem responsabilidade por dívida da sociedade?

Resposta:

As exceções à limitação da responsabilidade dos sócios no Direito Tributário são as


seguintes: a) existência de obrigações tributárias resultantes de atos praticados com ex-
cesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos, apenas para os sócios
que atuarem na qualidade de diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas
de direito privado (CTN, art. 135, III) e b) dissolução irregular da sociedade com parti-
lha de bens, aplicável a todos os sócios (CTN, art. 134, VII);

O mero inadimplemento de obrigação tributária não configura infração à lei a que se


refere o art. 135, III, do CTN, conforme entendimento jurisprudencial mais recente
(RESP 1091593). Não fosse assim, a regra da limitação da responsabilidade tornar-se-ia
exceção, pois todo descumprimento de qualquer obrigação, mesmo as obrigações co-
merciais e civis, levaria sempre à responsabilização pessoal dos sócios, já que qualquer
descumprimento de obrigação constitui-se ato ilícito.

Esta é a coluna vertebral da limitação da responsabilidade dos sócios nas sociedades


limitadas: uma vez integralizado o capital social, não respondem os sócios pelas obriga-
ções da pessoa jurídica, desde que não tenham agido com excesso de podres, infração à
lei, contrato ou estatuto;

7.2.1.4. Questões do TRF4

7.2.1.5. Questões do TRF5

399
7.3. Direito Administrativo

7.3.1. Administração Pública Direta E Indireta. Entidades Administrativas

7.3.1.1. Questões do TRF1


1) O que distingue a ANATEL e a ANP das demais agências reguladoras no âmbito da Adminis-
tração Federal?

Resposta:

São as únicas que gozam de assento constitucional. Estão previstas como órgão regula-
dor das atividades de telecomunicações e que envolvem petróleo (arts. 21, XI e 177, §
2º, III). E a razão da previsão constitucional dessas agências é o monopólio da União
sobre tais atividades. A doutrina indica que, por conta desse monopólio, o constituinte
determinou a criação dessas agências para evitar abusos por parte do Estado. Assim, a
criação das demais agências seria por conveniência e oportunidade, enquanto que a
ANATEL e ANP, não.

2) Há semelhanças entre as agências reguladoras criadas no Brasil e as do modelo francês?

Resposta:

Apesar de termos ―importado‖ dos Estados Unidos a ideia das Agências Reguladoras,
pode-se dizer que nossas agências seguem um modelo híbrido, misto do paradigma nor-
te-americano e francês, basicamente por dois motivos: i) o sistema jurídico estaduniden-
se segue o modelo do comom Law, bastante diferente do nosso, enquanto que o francês
é mesmo nosso, do civil Law, sendo natural que se procedesse a uma adaptação do mo-
delo norte americano para o brasileiro; ii) o direito administrativo americano, pode-se
dizer, tem lento desenvolvimento, ao passo que temos tradição administrativista desde
cedo, como na França. Nos Estados Unidos o Dir. Administrativo confunde-se com o
das agências reguladoras, tanto que é conhecido como o Direito das Agências.

Na França, as agências reguladoras tomaram a forma de centros de competência autô-


nomos denominados ―Autoridades Administrativas Independentes‖, que possuem como
maior peculiaridade a ausência de personalidade jurídica. Na França a inexistência de
personalidade jurídica é um requisito para a independência dessas autoridades, uma vez
que não se concebe que uma pessoa jurídica da Administração Indireta não se submeta à
subordinação ministerial, ou seja, controle hierárquico.

A denominação das agências na França (autorités administratives indépendantes), por


exemplo, foi consagrada no art. 9º da Lei nº 9.472/97 ao dispor que a Agência Nacional
de Telecomunicações – ANATEL – atuará como ―autoridade administrativa indepen-
dente‖.

400
Interessante notar que as agências francesas tiveram origem nas agências da Inglaterra e
Estados Unidos, entretanto, adaptadas para seu sistema jurídico.

O sistema norteamericano de agências surgiu, como todo processo político-jurídico, nos


Estados e depois foi absorvido pela Federação. Isto já faz parte da história dos Estados
Unidos da América, pois não podemos olvidar que a Federação norte-americana surge
quando os Estados abrem mão de parte de sua independência, em favor de um ente mai-
or, qual seja o Estado federado. No entanto, os Estados membros não perderam sua au-
tonomia em relação à Federação, sendo fator determinante e distintivo do modelo de
Estado norte-americano.

No Brasil ocorreu o inverso. Partimos de um Estado unitário, para um Estado Federado,


no qual além dos Estados há também a figura ímpar dos Municípios, como ente autô-
nomo.

Com relação ao modelo francês devemos ter em mente que a França permanece até hoje
como um Estado Unitário, que, por conseguinte, desconhece a repartição de competên-
cias ou a delegação na sua concepção estrutural, consoante o disposto no art. 20 de sua
Constituição. Toda esta série de peculiaridades fez surgir um modelo que apesar de suas
similitudes com os dois modelos acima expostos, com eles não se confunde.

No entanto, por mais contraditório que pareça, o modelo brasileiro de agência regulado-
ra se aproxima mais do modelo francês do que com o modelo norte-americano, de quem
descende. Isto se deve a diferença do sistema jurídico-normativo, common Law versus
civil law, e a na estrutura da Administração Pública, independência versus dependência
do Executivo. (Agências Reguladoras: Análise do modelo adotado pelo Brasil:
http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/28815-28833-1-PB.pdf)

Segundo Marçal Justen Filho (O Direito das Agências Reguladoras Independentes. São
Paulo: Dialética, 2002): a doutrina francesa identificou, talvez não em toda sua exten-
são, a diferença essencial entre suas Autoridades Administrativas Independentes e as
agências reguladoras norte-americanas. A concepção norte-americana enfoca as agên-
cias reguladoras independentes como instrumento estatal para disciplinar as atividades
privadas. Já as Autoridades Administrativas Independentes são vistas como forma de
defesa das liberdades inclusive (e especialmente) contra o próprio Estado. As entidades
francesas são um meio de controle das diversas manifestações dos poderes, visando a
assegurar uma proteção mais efetiva às liberdades (especialmente as individuais). Essa
nunca foi a função reconhecida às agências norte-americanas, as quais poderiam até ser
orientadas por tais princípios, mas apenas de modo indireto. Desta forma vemos que na
criação das agências reguladoras brasileiras tivemos a influência de sistemas jurídicos
essencialmente diversos, o que pode gerar desconfianças sobre a sua real efetividade.
Não há dúvida de que cada país propõe modelos adequados à solução de seus problemas
típicos. É temeroso importar soluções pensadas em outros sistemas jurídicos e simples-
401
mente aplicá-las à nossa realidade, como se isso fosse diminuir os conflitos existentes.
Exige-se, portanto, um esforço para a compatibilização do modelo a realidade constitu-
cional pátria.

3) Cinco exemplos de agências reguladoras?

Resposta:

ANATEL, ANP, ANVISA, ANEEL e ANA.

4) Regime jurídico dos servidores das agências reguladoras federais?

Resposta:

O art. 1º da Lei 9.986/2000 (Lei Geral das Agências Reguladoras) estabelecia o regime
da CLT para contratação de pessoal para as agências reguladoras. Entretanto, em virtude
de Liminar deferida pelo Min. Celso de Mello na ADI 2310/DF, tal dispositivo teve
suspensa sua aplicação. O Min. fundamentou sua decisão no fato de que, sendo a ativi-
dade das agências típicas de Estado, que empregam inclusive poder de polícia e de fis-
calização, é imperioso garantir-se certas prerrogativas a seus servidores para o bom de-
sempenho de suas atividades.

Posteriormente, a Lei n.º 10.871/2004 revogou o art. 1º da Lei Geral das Agências Re-
guladoras.

Depois da decisão do Supremo Tribunal Federal, suspendendo a vigência do art. 1º, as


agências reguladoras vivenciaram um dilema. Além de não poderem mais contratar em-
pregados, não tinham ainda estruturado o quadro próprio de cargos públicos, uma vez
que havia a necessidade de aguardar a aprovação da lei que os criassem. Cargos públi-
cos, é bom recordar, somente podem ser criados por lei (art. 48, X, da CF/88).

Neste meio tempo, as agências reguladoras se socorreram do art. 37, IX, da CF/88, que
permite a contratação temporária de pessoal para atender, por tempo determinado, a
necessidades de excepcional interesse público.

Editou-se, então, a Lei n.º 10.871/2004, que em seu art. 1º criou cargos públicos efeti-
vos para as agências reguladoras (Ana Carolina de Alexandria Fernandes Lima, Agên-
cias Reguladoras, JusPodivm)

7.3.1.2. Questões do TRF2

1) Um bem de empresa pública é um bem público?

Resposta:

402
Depende! Via de regra, um bem de uma empresa pública não é um bem público,
conclusão que se extrai do Código Civil, art. 98 c/c art. 41. Nesse sentido, registraram
Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo “...os bens das empresas públicas e das socieda-
des de economia mista, independentemente do objeto da entidade, não são bens públi-
cos em sentido próprio.‖ (Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo. Resumo de Direito
Administrativo Descomplicado. 3ª Ed. p. 54).

Porém, imperioso destacar que nos casos de empresas públicas prestadoras de serviço
público, em atenção ao princípio da continuidade dos serviços públicos, os bens que
estejam sendo diretamente empregados na prestação do serviço público sofrem restri-
ções semelhantes àqueles que caracterizam o regime jurídico dos bens públicos, a e-
xemplo da impenhorabilidade – STF - RE 225011/MG - MINAS GERAIS, Julgamento:
16/11/2000. Órgão Julgador: Tribunal Pleno. No mesmo sentido Celso Antonio Bandeira
de Mello e Maria Sylvia Di Pietro.

Nesse passo, não se admite usucapião de bem de empresa pública apenas quando afeta-
do a um serviço público (REsp 242073 / SC).

7.3.1.3. Questões do TRF3


1) Quais são os órgãos da administração indireta?

Resposta:

São compostos por entidades com personalidade jurídica própria, que foram criadas
para realizar atividades de Governo de forma descentralizada: 01) Autarquias, inclusive
as de regimes especiais – Agências Reguladoras; 02) Fundações Públicas e; 03) Empre-
sas Estatais – Empresas Públicas e Sociedades de Economias Mistas.

OBS: As Agências Executivas são espécies de Autarquias ou Fundações qualificadas,


que tenham celebrado um contrato de gestão com o Ministério supervisor a fim de asse-
gurar maior liberdade, segurança e eficiência no desempenho de suas atividades. Ex.:
INMETRO e ABIN.

2) Qual a Natureza jurídica da Infraero?

Resposta:

A Infraero é uma empresa estatal, integrante da administração pública indireta, com


personalidade jurídica de direito privado, instituída pelo poder público mediante autori-
zação da Lei nº. 5.862/72. O 2º da referida Lei destaca que a Infraero tem como finali-
dade implantar, administrar, operar e explorar industrial e comercialmente a infraestru-
tura aeroportuária. O STF, em sede de repercussão geral (ARE 638315 RG/BA. Julga-
mento: 09/06/2011), reconheceu que a mesma (INFRAERO) é empresa pública presta-
403
dora de serviço público, que o exerce em regime de monopólio (CF, art. 21, XII, c) sen-
do-lhe assegurada a imunidade recíproca. Julgado que aprofunda ainda mais o tema: RE
363412 AgR.

3) A EBCT está submetida ao regime de precatórios previsto no art. 100 da CF?

Resposta:

Sim! À Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, pessoa jurídica equiparada à Fazenda


Pública, é aplicável o privilégio da impenhorabilidade de seus bens, rendas e serviços, por-
tanto, submetida à observância ao regime de precatório, sob pena de vulneração do disposto
no artigo 100 da Constituição Federal. STF – RE 225.011. Julgamento: 16/11/2000. Órgão
Julgador: Tribunal Pleno.

4) As sentenças proferidas em desfavor das autarquias e fundações devem ser submetidas ao


reexame necessário?

Resposta:

Em regra, sim, conforme disposição expressa do inciso I do art. 475 do CPC:

Art. 475. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois
de confirmada pelo tribunal, a sentença: (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 2001)

I – proferida contra a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município, e as respectivas


autarquias e fundações de direito público;

Entretanto, o próprio art. 475 traz exceções à regra do duplo grau obrigatório:

§ 2o Não se aplica o disposto neste artigo sempre que a condenação, ou o direito contro-
vertido, for de valor certo não excedente a 60 (sessenta) salários mínimos, bem como no
caso de procedência dos embargos do devedor na execução de dívida ativa do mesmo
valor.

§ 3o Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada
em jurisprudência do plenário do Supremo Tribunal Federal ou em súmula deste Tribu-
nal ou do tribunal superior competente.

5) Em não procedendo o juiz de ofício à remessa, qual a providência?

Resposta:

A resposta encontra-se na parte final do § 1º do art. 475:

404
§ 1o Nos casos previstos neste artigo, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal,
haja ou não apelação; não o fazendo, deverá o presidente do tribunal avocá-los.

6) Na hipótese de haver recurso voluntário poderá o Tribunal suprir a falta do reexame neces-
sário?

Resposta:

Sim, pois trata-se de matéria de ordem pública, sendo o reexame condição de eficácia da
sentença, por expressa determinação legal.

Assim entende o STJ e o TRF1:

Ademais, reexame necessário decorre de lei, e como tal, eventual omissão da sentença
não prejudica sua apreciação pelo tribunal que, ao apreciar o recurso ordinário, poderia,
de ofício, proceder formalmente o reexame necessário, independentemente de remessa
expressa do magistrado de primeira instância. Se não o fez, competia ao reclamado a
interposição de embargos de declaração, a fim de suprir a omissão (RESP 671.341 –
RS).

Ementa PROCESSO CIVIL. REMESSA. NÃO APRECIAÇÃO. MATÉRIA DE


ORDEM PÚBLICA. Se a remessa não é apreciada, a sentença não transita em julgado,
ainda que a entidade beneficiada com tal instituto se quede em silêncio, uma vez que,
tratando-se de matéria de ordem pública, não ocorre a preclusão (Processo AG
199701000076065 - AG - AGRAVO DE INSTRUMENTO – 199701000076065 Rela-
tor(a) JUIZ TOURINHO NETO Sigla do órgão TRF1).

7) No caso de parceria com OSCIP, é possível a subcontratação para realização de atividade-


fim?

Resposta:

A resposta é negativa, partindo do pressuposto básico que rege o Direito Administrati-


vo, qual seja: o Princípio da Legalidade. De se observar a restrição contida no parágrafo
único, do art. 3º, da Lei 9.790/99, que assim dispõe:

Art. 3º. A qualificação instituída por esta Lei, observado em qualquer caso, o princípio
da universalização dos serviços, no respectivo âmbito de atuação das Organizações,
somente será conferida às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos
objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes finalidades:

(...)

405
Parágrafo único. Para os fins deste artigo, a dedicação às atividades nele previstas con-
figura-se mediante a execução direta de projetos, programas, planos de ações correlatas,
por meio da doação de recursos físicos, humanos e financeiros, ou ainda pela prestação
de serviços intermediários de apoio a outras organizações sem fins lucrativos e a órgãos
do setor público que atuem em áreas afins.

Segundo anotação de José dos Santos Carvalho Filho ―...o regime de parceria previsto
na Lei nº. 9.790/99 implica sérias responsabilidades às entidades qualificadas como or-
ganizações da sociedade civil de interesse púbico, e isso pela circunstância de que,
mesmo tendo personalidade jurídica de direito privado e pertencendo ao segmento da
sociedade civil, passam a executar serviços públicos em regime formalizado por instru-
mento próprio, o termo de parceria, devendo, por conseguinte, respeitar as obrigações
pactuadas e, o que é mais importante, direcionar-se primordialmente ao interesse públi-
co, visto que no exercício dessas atividades a organização desempenha função delegada
do Poder Público.‖. (FILHO. José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administra-
tivo. 24ª Ed. p. 332). Portanto, não há como se admitir que uma atribuição persona-
líssima (concedida à pessoa jurídica de direito privado que preencheu os requisitos
legais para o ajuste do termo de parceria) seja subdelegada, ou melhor, seja sub-
contratada, sob pena de burla aos Princípios da Legalidade e da Moralidade Ad-
ministrativa.

8) Quais as diferenças entre OSCIP e Organização Social?

Resposta:

Para uma melhor visualização e compreensão mais didática, segue abaixo um pequeno
quadro comparativo, das diferenças e, mais abaixo das semelhanças, extraído do Li-
vro de Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo:

OS – Lei nº. 9.637/98 OSCIP – Lei 9.790/99

FORAM idealizadas para substituir ór- NÃO foram idealizadas para substituir
gãos e entidades da administração pública, órgãos e entidades da administração.
que seriam extintos e teriam suas ativida-
des ―absorvidas‖ pelas OS.

Formaliza a parceria com o Poder Público Formaliza a parceria com o Poder Público
mediante contrato de gestão, condição mediante termo de parceria, condição
indispensável para a entidade fazer jus ao indispensável para a entidade fazer jus ao
fomento a suas atividades. fomento a suas atividades.

Qualificação é ato discricionário. Qualificação é ato vinculado.

Qualificação depende de aprovação pelo Qualificação concedida pelo Ministério da

406
Ministro de Estado ou titular do órgão Justiça.
supervisor ou regulador da área de ativi-
dade correspondente ao objeto social da
OS.

A lei exige que a OS possua um conselho A lei exige que a OSCIP tenha um conse-
de administração, do qual participem re- lho fiscal; não exige que a OSCIP tenha
presentantes do Poder Público; não exige um conselho de administração. Não há
que a OS tenha um conselho fiscal. exigência de que existam representantes
do Poder Público em algum órgão da enti-
dade.

tem menor campo de abrangência, em tem maior campo de abrangência


relação às atividades desempenhadas

É hipótese de licitação dispensável a Não existe hipótese legal de licitação dis-


contratação da OS pelo Poder Público, pensável para a contratação de OSCIP
para a OS prestar serviços ao Poder Públi- pelo Poder Público.
co serviços contemplados no contrato de
gestão.

O Poder Público poderá proceder a des- A entidade perderá a qualificação como


qualificação da entidade como OS, quan- OSCIP quando descumprir as normas es-
do constatado o descumprimento das dis- tabelecidas na lei, mediante decisão em
posições contidas no contrato de gestão. processo administrativo ou judicial, de
Necessário processo administrativo. iniciativa popular ou do MP.

Na mesma linha, vejamos as semelhanças:

OS – Lei nº. 9.637/98 OSCIP – Lei 9.790/99

Pessoa privada não integrante da adminis- Pessoa privada não integrante da adminis-
tração pública. tração pública.

Atuação em áreas de interesse social, es- Atuação em áreas de interesse social, es-
pecificadas na lei respectiva. Não são de- pecificadas na lei respectiva. Não são de-
legatárias de serviços públicos. legatárias de serviços públicos.

Uma entidade não pode ser qualificada Uma entidade não pode ser qualificada
concomitantemente como OSCIP e OS. concomitantemente como OSCIP e OS.

(Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo. Resumo de Direito Administrativo Descompli-


cado. 3ª Ed. p. 77 e 78)

407
9) Qual a natureza jurídica dos serviços prestados pelas OSCIP?

Resposta:

Os serviços prestados pelas OSCIP são de interesse social e sempre sem fins lucrati-
vos, conforme disposto no artigo 3º, da Lei nº. 9.790/99. Segundo observação de Mar-
celo Alexandrino e Vicente Paulo, as OSCIP “não podem exercer atividades exclusi-
vas do Estado, uma vez que são pessoas privadas não integrantes da administração
pública.”. (Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo. Resumo de Direito Administrativo
Descomplicado. 3ª Ed. p. 76). Para o Professor Celso Antonio Bandeira de Mello, as
OSCIP têm a “finalidade de desenvolver atividades valiosas para a coletividade”.
(Curso de Direito Administrativo. Malheiros, 21ª Ed. p. 214)

Por fim, importante destacar o entendimento do TCU acerca da impossibilidade do des-


virtuamento das finalidades e da natureza jurídica dos serviços prestados pelas OSCIP,
sobretudo na participação de processos licitatórios para a prestação de serviços incom-
patíveis com sua finalidade, conforme trecho do Acórdão nº. 1021/2007 – TCU – Pleno,
D.O.U 05/06/2007:

―A situação de uma OSCIP volta-se, portanto, para o atendimento do interesse público,


mediante serviços de cunho social, e não para o fornecimento de bens e serviços para a
Administração Pública. Sua área de atuação é incompatível com os serviços de que nos
fala os arts. 6º, II, e 13, da Lei 8.666/93.‖

10) As OSCIP e as Organizações Sociais possuem semelhanças com os serviços sociais autôno-
mos?

Resposta:

As OSCIP e as OS possuem mais diferenças com os Serviços Sociais Autônomos do


que semelhanças. Pois bem, as poucas semelhanças são:

01) são pessoas jurídicas privadas;

02) Não integram a administração pública direta e indireta;

03) possuem finalidade social, não lucrativa, porém, no caso dos serviços sociais autô-
nomos, de forma mais restrita (direcionada ao aprendizado profissionalizante, à presta-
ção de serviços sociais e de utilidade pública, tendo como beneficiários determinado
grupos sociais ou profissionais) e;

04) pelo fato de parte das suas receitas serem oriundas de recursos públicos, ficam sujei-
tas ao controle do TCU;

05) imunidade tributária:

408
* Serviços Sociais Autônomos – Possibilidade - STF - RE 202987;

* OSCIP – possibilidade, porém a natureza de OSCIP, criada nos moldes da Lei nº


9.790/99, não lhe permite o gozo automático da imunidade em comento, ante a falta de
previsão legal, devendo a mesma submeter-se aos requisitos do art. 55 da Lei nº
8.212/91 – TRF5, AC 200780000002690, DJE - Data::18/11/2010; TRF4, AC
00128025220084047000, D.E. 02/06/2010.

* OS – possibilidade, desde que formalizada, comprovada e certificada a condição de


atuação da entidade em uma das áreas de ensino, pesquisa científica, desenvolvimento
tecnológico, proteção e preservação do meio ambiente, cultura e saúde, conforme en-
tendimento do TRF3 - APELREEX 00026512919944036100, SEGUNDA TURMA, e-
DJF3 Judicial 1 DATA:22/09/2011 PÁGINA: 169.

7.3.1.4. Questões do TRF4


1) Fale sobre as características da administração indireta.

Resposta:

Segundo Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (Resumo de Dir. Adm. Descomplicado,


3ª Ed. 2010), são as seguintes características das entidades da administração indireta
(presente em todos os entes da Federação e podendo estar presente também nos poderes
legislativo e judiciário, conforme dispõe o art. 37 da CF):

Têm personalidade jurídica própria;

têm autonomia administrativa e financeira;

estão vinculadas (não subordinadas) à administração direta (controle finalístico ou de


supervisão);

suas receitas e despesas integram o orçamento fiscal da pessoa política a que pertecem,
devendo contar da lei orçamentária anual;

sujeitam-se à fiscalização e controle pelo poder legislativo;

sujeitam-se, sem distinção, ao controle pleno pelo tribunal de contas;

todos os seus atos estão sujeitos ao controle de legalidade e legitimidade pelo poder
judiciário, desde que provocado;

sujeitam-se, sem distinção, à obrigação de contratação de pessoal efetivo através de


concurso público;

são alcançadas pela vedação à acumulação remunerada de cargos ou empregos públicos;

409
como regra geral sujeitam-se à obrigatoriedade de licitação, com observância obrigató-
ria aos princípios da administração pública, tendo a jurisprudência, entretanto, flexibili-
zado essa regra em relação à prestação de atividades econômicas em regime concorren-
cial com os particulares, já que ainda não editada lei que regulamente a disposição cons-
titucional que estabeleça seu regime próprio de contratação;

seus agentes, servidores públicos ou não sujeitam-se às regras da lei que tipifica e san-
ciona os atos de improbidade administrativa;

podem ser sujeitos passivos de ação popular;

seus agentes, quando praticam ―atos de autoridade‖ podem ser sujeitos passivos de
mandado de segurança;

Têm legitimidade ativa para propor ação civil pública;

têm responsabilidade civil objetiva, na modalidade risco administrativo, por atos de seus
agentes que, nessa qualidade, causem a terceiros, ressalvando-se uma distinção para as
empresas públicas e sociedades de economia mista: se prestarem serviço público, res-
pondem objetivamente; se exercerem atividade econômica em sentido estrito, respon-
dem subjetivamente.

7.3.1.5. Questões do TRF5


TRF5 – 2012

1) É sabido que a partir do Governo FHC se introduziu no Brasil um novo modelo de regulação,
chamado regulação independente (a teoria do “regulador independente”). Criaram-se as a-
gências reguladoras, chamadas autarquias especiais. Fala-se que essas agências tem algumas
autonomias. Em que elas consistem?

Resposta:

poder normativo técnico: por lei recebem delegação para editar normas técnicas com-
plementares de caráter geral que se incorporam ao ordenamento jurídico como direito
novo ou legislação técnica – fenômeno da deslegalização ou deslegificação (JOSÉ
DOS SANTOS CARVALHO FILHO, Manual de Dir. Adm., 2010). Essa questão, en-
tretanto, é controversa, tendo outros doutrinadores que afirmam que não pode a agência
estabelecer normas gerais e abstratas como se legislador fosse, sendo incorreto se falar
em inovação da ordem jurídica pelas agências (poder regulador e não regulamentador).
Assim, no Brasil a Constituição não permitiria a deslegalização, mas apenas a outorga
de normas complementares técnicas (segundo Fernando Ferreira Baltar Neto – Dir.
Adm. – coleção sinopses – juspodivm).

autonomia decisória: a palavra final, em âmbito administrativo, sobre conflitos que


envolvem os setores regulados cabe à Agência. O poder revisional exaure-se na seara
410
interna da Autarquia, não havendo possibilidade de revisão por órgão ou autoridade que
não faça parte da entidade. Resolve tanto os conflitos entre si e os regulados, entre os
regulados entre si e entre os usuários e os regulados. Ressalte-se, contudo, que há dois
pareceres da AGU que admitem tanto o recurso hierárquico impróprio (quando a deci-
são contrariar a política econômica do governo para o setor) quanto a avocação, pelo
Presidente da República, do poder regulatório das agências (em caso de relevante inte-
resse nacional, conf. art. 170 do DL 200/67) – Pareceres AGU 04 e 51/2006. José dos
Santos Carvalho Filho diz que tal entendimento contraria a essência da criação e auto-
nomia das Agências Reladoras.

independência administrativa: seus dirigentes devem ser técnicos e sua nomeação a


termo (por tempo certo), não coincidente com o mandato do Presidente da República (o
que evita critérios políticos e descontinuidade na condução das diretrizes); têm estabili-
dade no cargo, só o perdendo por morte, renúncia, condenação judicial transitada em
julgado ou processo administrativo disciplinar que conclua pelo cometimento de falta
grave;

autonomia econômico-financeira: têm recursos próprios e recebem dotações orçamen-


tárias para gestão por seus próprios órgãos (têm também instituídas por lei a seu favor
as taxas de regulação, cobrado em razão do exercício do poder de polícia.

2) Como é feito o controle do TCU sobre as agências reguladoras?

Resposta:

O Tribunal de Contas só pode exercer o controle de caráter financeiro, nos limites tra-
çados pela Constituição (art. 71).

Obs.: resposta encontrada em nota de rodapé do Manual de Dir. Adm. de José dos San-
tos Carvalho Filho, em tópico que trata da autonomia técnica das agências reguladoras.

3) O que significa agencia executiva e qual a finalidade de projetar sua criação na Administra-
ção Pública?

Resposta:

Previstas no art. 37, § 8º, da Constituição Federal, com redação dada pela Emenda
Constitucional n. 19/98, agências executivas é um título atribuído pelo governo fede-
ral a autarquias, fundações públicas e órgãos que celebrem contrato de gestão para
ampliação de sua autonomia mediante a fixação de metas de desempenho.

411
Assim, as agências executivas não são uma nova espécie de pessoa jurídica da Adminis-
tração Pública, mas uma qualificação obtida por entidades e órgãos públicos.

Importante instrumento da administração gerencial, o instituto da agência executiva


foi uma tentativa de aumentar a eficiência da Administração Pública por meio da flexi-
bilização de exigências legais em benefício da eficiência na gestão do interesse públi-
co.

A baixa qualidade técnica dos diplomas normativos disciplinadores da outorga do título


de agência executiva e a falta de clareza quanto aos seus objetivos resultaram na dimi-
nuta repercussão prática do instituto, havendo poucos casos de entidades que obtiveram
tal qualificação. Um raro exemplo de agência executiva é o Instituto Nacional de Me-
trologia, Normalização e Qualidade Industrial – Inmetro, uma autarquia federal que
obteve a referida qualificação.

4) Qual sua compreensão sobre a expressão regulação?

Resposta:

É importante diferenciar REGULAÇÃO de REGULAMENTAÇÃO. Embora as duas


expressões comumente sejam utilizadas como sinônimas, no âmbito jurídico apontam-
se distinções, sendo a regulação termo eminentemente ligado à técnica e à economia, de
competência das agências reguladoras (com fundamento no art. 174 da CF: agente nor-
mativo e regulador), enquanto a regulamentação contempla um ato normativo ligado à
explicitação ou explicação acerca dos alcances de uma norma e a sua forma correta de
execução, atribuição do Legislativo (ao regulamentar por lei dispositivo constitucional)
e do Presidente da República (ao regulamentar as leis – CF, art. 84, IV). Há autores que
tratam tudo como regulamentação, como, por exemplo, o Prof. Hely Lopes Meirelles
(Direito Administrativo Brasileiro, 28ª Ed. p.343), mas reconhecem essas diferentes
espécies de regulamentação.

Carvalho Filho aduz que a crescente complexidade das atividades técnicas da Adminis-
tração produziu o fenômeno da deslegalização, pelo qual a competência para regular
certas matérias se transfere da lei para outras fontes normativas por autorização do pró-
prio legislador, já que, tratando-se de matéria de alta complexidade técnica e de rápida
mudança, não é conveniente nem apropriado que parlamentares cuidem da questão, de-
legando a atividade a especialistas e técnicos.

Entretanto, a delegação é apenas parcial: a normatividade básica, calcada nos critérios


administrativos e políticos permanece com o legislativo, transferindo-se somente a
competência para regulação técnica, mediante parâmetros previamente enunciados na
lei, fenômeno denominado de delegação com parâmetros no Direito Norte-Americano.
Assim, só se outorga a chamada discricionariedade técnica.
412
Dessa forma, como se criam normas técnicas não contidas na lei, inova-se no ordena-
mento jurídico. É atividade realizada pelas agências reguladoras, que editam normas
técnicas relativas a seus objetivos institucionais. Fenômeno da modernidade.

5) Há sempre uma certa dificuldade quando se introduz um modelo estrangeiro no direito


brasileiro. Qual a sua opinião sobre a abrangência do controle jurisdicional sobre as decisões
das agencias reguladoras?

Resposta:

O controle jurisdicional sobre as agências reguladoras limita-se às questões de legalida-


de e legitimidade da atuação de tais entes. A legitimidade diz respeito à adequação de
suas decisões e atos aos fins para os quais a agência foi criada: controlar a prestação de
serviços públicos e atividades econômicas. Lembre-se que o poder regulador das agên-
cias é conferido pela Constituição – por delegação do poder legislativo, que é o titular
do poder de legislar – exatamente em razão de ser matéria de alta complexidade técnica
e de rápidas mudanças, motivo pelo qual é outorgado a técnicos especializados. Logo,
se o poder judiciário adentrar na discricionariedade técnica, estará invadindo área de
competência do poder legislativo.

Registre-se que há decisão do TRF5 (Apel. Cível 342.739) que decidiu obstar nomea-
ção, para vagas do Conselho Consultivo da ANATEL, destinadas à representação de
entidades voltadas para os usuários, de determinadas pessoas que haviam ocupado car-
gos em empresas concessionárias, tendo-se inspirado a decisão na evidente suspeição
que o desempenho que tais agentes poderiam ocasionar. Tal decisão reflete inegável
avanço no que tange ao controle judicial sobre atos discricionários, que, embora for-
malmente legítimos, se encontram contaminados por eventual ofensa aos princípios da
razoabilidade e proporcionalidade (CARVALHO FILHO, 24ª Ed., p. 448). A respeito,
ressalta, ainda o autor, a teoria da captura, do direito norte-americano, que visa impedir
vinculação promíscua entre a agência, de um lado, e o governo instituidor ou os entes
regulados, de outro, em conchaves comprometedores da independência da agência.

Quanto aos atos regidos pelo direito privado (ex.: compra de terreno a particular), o con-
trole judicial é o comum, a que se submete todos os jurisdicionados, assim como em
relação a atos que não envolvem valoração sobre conveniência e oportunidade, a exem-
plo de atos tutelados por mandado de segurança, ação de indenização etc.

6) Fala-se em algumas espécies de áleas nas concessões e contratos administrativos. Cite os


tipos de áleas assumidas pelas partes na concessão de serviço público, explique seus conceitos
e como elas se repartem.

Resposta:

413
As áleas estão associadas ao risco da execução do contrato administrativo.

De acordo com Celso Antônio Bandeira de Melo, e seguindo doutrina do direito fran-
cês, os riscos que envolvem os contratos de concessão são divididos, doutrinariamente,
em álea ordinária e álea extraordinária. Esta, por sua vez, divide-se em álea adminis-
trativa e álea econômica. (MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de Direito Ad-
ministrativo. São Paulo: Malheiros, 2004.)

A álea ordinária corresponde aos riscos normais de qualquer empreendimento e que


devem ser suportados pelo concessionário. Não ensejam qualquer cobertura por parte do
poder concedente.

A álea extraordinária corre quando há oneração imprevisível e superveniente que im-


pede a continuidade material do contrato. Esta se divide em: 01) Álea administrativa
corresponde aos atos da Administração não como parte da relação contratual, mas sim
como ente no exercício de seu poder extroverso. A tal situação se aplica a teoria do fato
do príncipe, o que acarreta integral indenização pelo poder concedente, uma vez que
por ato da Administração, houve desequilíbrio na equação econômico-financeira, ge-
rando indevido ônus ao concessionário, o qual não deve ser por ele suportado e; 02)
Álea econômica corresponde a fatos globalmente considerados, conjunturais, naturais,
cuja etiologia acaba por ser desconhecida, tais como as crises econômicas, desastres
naturais e oscilações de câmbio. A tais situações se aplica a teoria da imprevisão, ense-
jando a partilha entre o concedente e o concessionário dos prejuízos decorrentes de tais
fatos. São situações às quais os contraentes não hajam dado causa e que provocam pro-
fundo desequilíbrio da equação econômico-financeira, acabando por tornar extrema-
mente onerosa a prestação do serviço pelo concessionário.

7) Em que consiste a encampação e a caducidade da concessão?

Resposta:

Com previsão no artigo 38, da Lei nº. 8.987/95, a Caducidade consiste na modalidade
de extinção da concessão devido à inexecução total ou parcial do contrato ou pelo
descumprimento de obrigações a cargo da concessionária. Ao contrário do que ocorre
com o advento do termo contratual, a caducidade não extingue o contrato de pleno direi-
to, devendo, ao contrário, ser declarada pelo poder concedente após a devida apuração
da inadimplência em processo administrativo com garantia de ampla defesa. Para que
possa haver instauração do processo administrativo de inadimplência, a concessionária
deve ser previamente comunicada sobre a eventual irregularidade, dando-lhe um prazo
para corrigir as falhas ou transgressões apontadas. Constatada no processo a ocorrência
da irregularidade, a caducidade poderá ser declarada por decreto, independentemen-
te do pagamento de indenização ao concessionário. (MAZZA. Alexandre. Manual de
Direito Administrativo. 2ª Ed. Saraiva. P. 398 e 399)

414
ENCAMPAÇÃO ou RESGATE (interesse público): é a retomada coativa do serviço,
pelo poder concedente, durante o prazo da concessão, por motivo de interesse público.
Essa medida DEPENDE DE AUTORIZAÇÃO LEGAL e PAGAMENTO PRÉVIO DE
POSSÍVEL INDENIZAÇÃO (art. 37, Lei nº. 8.987/95).

8) Qual a forma de transferência do contrato de concessão e qual o critério legal o disciplina?


Há setores da doutrina que faz críticas (Celso Antônio) a essa forma de transferência. Que críti-
cas são estas? Qual a opinião da candidata sobre este dispositivo legal.

Resposta:

Pelo art. 27 da Lei 8.987 a transferência da concessão se dá mediante anuência do poder


concedente, mediante atendimento às exigências de capacidade técnica, idoneidade fi-
nanceira e regularidade jurídica e fiscal necessárias à assunção do serviço, bem como o
compromisso de cumprir todas as cláusulas do contrato em vigor. Ou seja, o critério
legal que parece disciplinar a transferência é a vinculação ao instrumento convocatório,
ao edital.

Celso Antônio afirma ser completamente inconstitucional a possibilidade de transferên-


cia da concessão ou, ainda, a transferência do controle acionário da concessionária, já
que tais atos caracterizam burla ao princípio da licitação. Afirma referido autor que, se o
concessionário foi escolhido mediante processo licitatório, com ampla competitividade,
assegurada a isonomia em relação aos outros competidores, em obediência às regras
constitucionais, a transferência do contrato a terceiro que não participou da licitação
representa flagrante inconstitucionalidade.

9) No que concerne as parcerias públicos privadas, é possível a utilização da arbitragem? Qual


a posição da candidata sobre o tema? É constitucional a previsão da lei sobre o tema?

Resposta:

Segundo Alexandrino e Vicente Paulo, as PPP‘s são modalidades específicas de contra-


to de concessão, instituídas e reguladas pela Lei nº. 11.079/2004, que visam atrair o
setor privado - nacional e estrangeiro – para investimentos em projetos de grande vulto,
necessários ao desenvolvimento do País, cujos recursos envolvidos excedem a capaci-
dade financeira do setor público. (Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo. Resumo de
Direito Administrativo Descomplicado. 3ª Ed. p. 258)

No que tange à possibilidade da utilização da arbitragem, mister se faz destacar que a


própria lei geral das PPP‘s (Lei n º. 11.079/2004), prevê em seu artigo 11, III, a sua a-
plicação como meio de solução de controvérsias, senão vejamos:

415
Art. 11. O instrumento convocatório conterá minuta do contrato, indicará expressamente
a submissão da licitação às normas desta Lei e observará, no que couber, os §§ 3o e 4o
do art. 15, os arts. 18, 19 e 21 da Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, podendo
ainda prever:

(...)

III – o emprego dos mecanismos privados de resolução de disputas, inclusive a arbitra-


gem, a ser realizada no Brasil e em língua portuguesa, nos termos da Lei no 9.307, de 23
de setembro de 1996, para dirimir conflitos decorrentes ou relacionados ao contrato.

Favorável à aplicação da arbitragem se encontra o Professor José dos Santos Carva-


lho Filho, pelos seguintes motivos: a) nem todo conflito do Estado envolve direito in-
disponível e b) outros diplomas legais preveem o instituto, mostrando a moderna ten-
dência de admissibilidade do princípio do consensualismo na administração (Manual de
Direito Administrativo, 24ª Ed. Lúmen Júris. P. 406). Trata-se, assim, de método mo-
derno, menos dispendioso e mais ágil de resolução de conflitos.

Entretanto tal matéria não é pacífica, inclusive recebendo sérias críticas à sua aplica-
ção, conforme se observa dos apontamentos do Professor Celso Antonio Bandeira de
Mello: “Não é aceitável perante a Constituição que particulares, árbitros, como supos-
to no art. 11, III, possam solver contendas nas quais estejam em causa interesses con-
cernentes a serviços públicos, os quais não se constituem e bens disponíveis, mas indis-
poníveis, coisas extra commercium. Tudo o que diz respeito ao serviço público, portan-
to – condições de prestação, instrumentos jurídicos compostos em vista deste desidera-
to, recursos necessários para bem desempenhá-los, comprometimento destes mesmos
recursos -, é questão que ultrapassa por completo o âmbito decisório dos particulares
(cf. n. 21). Envolve interesses de elevada estrutura, pertinentes à sociedade como um
todo; e, bem por isto, quando suscitar algum quadro conflitivo entre partes, só pode ser
soluto pelo Poder Judiciário. Permitir que simples árbitros disponham sobre matéria
litigiosa que circunde um serviço público e que esteja, dessarte, com ele imbricada o-
fenderia o papel constitucional do serviço público e a própria dignidade que o envol-
ve.”. (Curso de Direito Administrativo. Malheiros, 21ª Ed. p. 214)

10) O que o candidato compreende sobre permissão de serviço público e sobre permissão
condicionada?

Resposta:

Segundo a doutrina, a permissão de serviço público é o contrato através do qual, de


forma discricionária, intuitu personae e precária se realiza, mediante prévia licita-
ção, a delegação temporária da prestação do serviço público. É de se observar que a lei
geral das concessões (L. 8987), diz que a permissão de serviço público se dá mediante

416
contrato de adesão, não obstante, tradicionalmente, sempre haver sido realizada em
outras épocas mediante ato unilateral e nunca por meio de contrato.

Como a permissão era sempre concedida mediante ato unilateral, havia um tipo de per-
missão, realizada por contrato – que muito se assemelhava a uma concessão – em que
havia várias regras regulamentadoras do serviço e uma série de limitações ao poder
concedente, que constituíam, assim, direitos em favor do permissionário. Assim, na
permissão condicionada, a depender da situação, poderia haver indenização pela revo-
gação da permissão.

Entretanto, aduz CARVALHO FILHO que, a partir do momento em que a lei das con-
cessões estabeleceu que a permissão é regida por contrato, fixando regras a serem cum-
pridas pelas partes, perdeu sentido a distinção entre permissão simples e a permissão
condicionada no caso de execução de serviços públicos (CARVALHO FILHO, MAN.
DIR. ADM., 24ª Ed., p. 385).

Ressalte-se, entretanto, que em relação à permissão de uso de bens públicos, permanece


a distinção entre simples e condicionada, esta dando direito à indenização no caso de
comprovação de danos.

11) Abrangência do controle da agencias reguladoras.

Resposta:

Questão já respondida acima.

12) O que são agências executivas e qual a finalidade de se projetá-las.

Resposta:

Questão já respondida acima.

13) O que você entende por descentralização e desconcentração? Algum princípio da Adminis-
tração Pública estaria relacionado a esses institutos?

Resposta:

Para cumprir suas competências constitucionais, a Administração dispõe de duas técni-


cas diferentes: a desconcentração e a descentralização.

Constituem princípios fundamentais da organização administrativa: I – Planejamento;


II – Coordenação; III – Descentralização; IV – Delegação de Competência; V – Con-
trole (art. 6º do Decreto -Lei n. 200/67).

417
O princípio da descentralização ou especialidade recomenda que, sempre que possível,
as funções administrativas devem ser desempenhadas por pessoas jurídicas autôno-
mas, criadas por lei especificamente para tal finalidade. É o caso das autarquias, funda-
ções públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista (art. 37, XIX, da
CF).Nas palavras de Hely Lopes, descentralizar, em sentido jurídico-administrativo, "é
atribuir a outrem poderes da Administração.". (MERELLES. Hely Lopes. Direito Ad-
ministrativo Brasileiro. 28ª Ed. p. 712)

Na desconcentração as atribuições são repartidas entre órgãos públicos pertencen-


tes a uma única pessoa jurídica, mantendo a vinculação hierárquica. Exemplos de des-
concentração são os Ministérios da União, as Secretarias estaduais e municipais, as
delegacias de polícia, os postos de atendimento da Receita Federal, as Subprefeitu-
ras, os Tribunais e as Casas Legislativas.

Em linhas gerais: Na descentralização a execução de atidade ou prestação de serviços


pelo Estado é indireta e mediata. Na desconcentração é direta e imediata. (MERELLES.
Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 28ª Ed. p. 712)

O conjunto formado pela somatória de todos os órgãos públicos recebe o nome de Ad-
ministração Pública Direta ou Centralizada.

O conjunto de pessoas jurídicas autônomas criadas pelo Estado recebe o nome de Ad-
ministração Pública Indireta ou Descentralizada.

Tais institutos relacionam-se com o princípio da eficiência.

14) Qual o tipo de controle que a administração direta exerce sobre as autarquias? Em que
consiste esse controle e como é feito?

Resposta:

É o chamado controle autárquico, também conhecido como tutela administrativa.


Segundo o Prof. Hely Lopes, trata-se de forma de vigilância, orientação e correção que
a entidade estatal exerce sobre os atos e a conduta dos dirigentes de suas autarquias.
Destaca, ainda, que o controle não é pleno, nem ilimitado. Na verdade, é restrito aos
atos de administração superior e limitado aos termos da lei que o estabelece, a fim de
não suprimir a autonomia das autarquias. (MERELLES. Hely Lopes. Direito Adminis-
trativo Brasileiro. 28ª Ed. p. 339)

Concluindo, não se sujeitam a um controle hierárquico mas, sim, a um controle diverso,


finalístico, atenuado, normalmente de legalidade e excepcionalmente de mérito, visando
unicamente a mantê-las dentro de suas finalidades institucionais, enquadradas no plano
global da Administração a que se vinculam e fiéis às normas regulamentares. É um
controle de orientação e correção superiores, só apreciando os atos internos e a con-
duta funcional de seus dirigentes em condições especialíssimas, autorizadas por lei.

418
Segundo o Prof. Hely, o controle realiza-se na tríplice linha política, administrativa
e financeira. O controle político normalmente se faz pela nomeação de seus dirigentes
pelo Executivo. O controle administrativo é exercido pela supervisão ministerial (art.
26, Decreto 200/67), bem como por meio de recursos administrativos internos e exter-
nos, na forma regulamentar. O controle financeiro opera-se pela prestação de contas e
fiscalização do Tribunal de Contas (art. 71, II, CF/88). (MERELLES. Hely Lopes. Di-
reito Administrativo Brasileiro. 28ª Ed. p. 340)

7.4. Direito Penal

7.4.1. Suspensão Condicional Do Processo E Da Pena

7.4.1.1. Questões do TRF1

7.4.1.2. Questões do TRF2


1) Qual a distinção entre o livramento condicional e a suspensão condicional da pena?

Resposta:

Segundo Delmanto, livramento condicional – art. 83. CP – é a antecipação provisória da liber-


dade, concedida, sob certas condições, ao condenado que está cumprindo pena privativa de
liberdade. (DELMANTO. Celso. Código Penal Comentado. 6ª Ed. Renovar. P. 164)

Quanto à suspensão condicional da pena – sursis – entende-se por suspensão parcial


da execução de certas penas privativas de liberdade durante um período de tempo e me-
diante certas condições. Nas palavras de Greco, o sursis “tem por finalidade evitar o
aprisionamento daqueles que foram condenados a penas de curta duração, evitando-se,
com isso, o convívio promíscuo e estigmatizante do cárcere.”. (GRECO. Rogério. Cur-
so de Direito Penal – Parte Geral. 11ª Ed. p. 633).

Assim, observa-se que a principal diferença é o encarceramento decorrente da condena-


ção. No livramento condicional o mesmo ocorre inicialmente. Na suspensão condicional
da pena não ocorre.

2) O sursis processual afeta os direitos políticos do acusado?

Resposta:

Não há que se falar em limitação/suspensão/perda dos direitos políticos decorrentes do


sursis processual, pois não há condenação no presente caso, mas, apenas, suspensão do
processo no âmbito dos juizados especiais (art. 89, Lei nº. 9.099/95). Na verdade, so-

419
mente poderá haver suspensão dos direitos políticos no caso de condenação crimi-
nal transitada em julgado, enquanto durarem os seus efeitos (art. 15, III, CF/88).

No sursis penal (art. 77, CP), há condenação, porém a pena de segregação fica suspen-
sa por questão de política criminal.

No sursis processual (art. 89, Lei nº. 9.099/95), não há condenação, apenas a suspen-
são do processo para o cumprimento de condições especiais.

7.4.1.3. Questões do TRF3

7.4.1.4. Questões do TRF4

7.4.1.5. Questões do TRF5

7.5. Direito Previdenciário

7.5.1. Aposentadoria. Auxílio-Doença. Abono De Permanência. Pensões. Renda


Mensal Vitalícia. Acumulação

7.5.1.1. Questões do TRF1


1) Qual a distinção entre o auxílio doença acidentário e o auxílio doença ordinário?

Resposta:

2) Qual o valor do auxílio doença?

Resposta:

3) É possível se admitir a acumulação de benefício perante o regime geral da previdência social


e outro regime de previdência?

Resposta:

4) Em que circunstância é devido o adicional de 25% sobre a aposentadoria por invalidez?

Resposta:

420
5) A aposentadoria por invalidez pode ser concedida sem que o trabalhador tenha adquirido
todo o tempo de serviço para a aposentadoria. Este aposentado por invalidez pode exercer
outro tipo de atividade?

Resposta:

6) Existem situações em que o aposentado por invalidez se submetendo à perícia médica, esta
atesta estar aquele apto ao retorno do trabalho, neste caso ele teria de ser compelido retor-
nar? Se se tivesse cuidando de aposentado por invalidez portador de moléstia grave (AIDS), o
exame pericial poderia determinar o retorno dele ao trabalho, afirmando que a apesar da do-
ença ele estaria apto ao trabalho, sendo compelido ao trabalho? Resposta do DEs. Como juiz,
qual seria a decisão? Se é um tipo de moléstia grave prevista na lei como causa de aposenta-
ção por invalidez não há discussão, a lei é quem diz que há necessidade, essa condição é ex
lege, o Estado é quem considerou nesta situação, compelir não pode.

Resposta:

7) O que é desaposentação? Ele aposentou e quer voltar à ativa, ele não está com uma ativi-
dade concomitante, paralela, ele quer voltar, e ai?

Resposta:

8) Do que ser trata o auxílio-doença? Precisa ter uma duração mínima? Qual o período de afas-
tamento que enseja a concessão do benefício?

Resposta:

9) O aposentado que volta ao trabalho, desaposenta. Volta a contribuir? E se ele ingressar em


novo regime sem se aposentar, ou seja, ele pode se filiar a algum regime previdenciário desa-
posentado?

Resposta:

10) Qual o termo final da chamada aposentadoria por invalidez? Estas perícias periódicas, se
essa aposentadoria por invalidez, se ela decorreu de uma moléstia grave, essa perícia pode
determinar o retorno do beneficiário ao trabalho?

Resposta:

421
11) Aposentadoria por invalidez pode ser convertida em aposentadoria por idade? Resposta do
Des. não se admite por contribuição, implemento por idade sim, a vantagem seria a não sub-
missão aos exames periódicos.

Resposta:

12) Qual o tipo de aposentadoria que impede atividade remunerada?

Resposta:

7.5.1.2. Questões do TRF2


1) É muito comum o INSS ajuizar ações regressivas para se pagar de valores a título de benefí-
cio acidentário que se vê obrigado a pagar em decorrência do infortúnio que o trabalhador
sofreu. Conhece a temática que envolve a discussão que envolve a prescrição, notadamente
no que concerne ao prazo prescricional destas ações regressivas? Qual o prazo defendido pelo
INSS e com base em que argumento?

Resposta:

7.5.1.3. Questões do TRF3

7.5.1.4. Questões do TRF4


1) Fale sobre desaposentação, o que entende jurisprudência? E o STF tem alguma decisão?

Resposta:

7.5.1.5. Questões do TRF5

7.6. Direito Civil

7.6.1. Do Pagamento (Regras Gerais). Pagamento Com Sub-Rogação. Novação

7.6.1.1. Questões do TRF1


1) Há casos no direito civil que um inadimplemento parcial equivale a um inadimplemento
total, o senhor falaria um pouco a este respeito? Inadimplemento absoluto dar-se um des-
cumprimento absoluto, mas há hipótese de adimplemento parcial, neste caso, cumpre-se ou
não o contratado, para o inadimplente?

422
Resposta:

7.6.1.2. Questões do TRF2


1) No que consiste a figura do inadimplemento?

Resposta:

2) Algumas vezes este não cumprimento pode ocorre por um evento fortuito, ainda assim diria
q ocorreu inadimplemento?

Resposta:

3) Há uma hipótese na qual a lei diz que ainda que em mora (o devedor) se exime da respon-
sabilidade? Se recorda de qual seria esta hipótese?

Resposta:

4) Já ouviu falar sobre inadimplemento antecipado? Saberia explicar do que se trata?

Resposta:

5) Quando não há local de adimplemento, como se resolve?

Resposta:

6) Qual a importância da distinção entre débito quesível e portável?

Resposta:

7.6.1.3. Questões do TRF3


1) Diferencie pagamento indevido e enriquecimento sem causa.

Resposta:

423
2) Uma obrigação que existisse e carecesse de fundamentação, adimplida pelo devedor, esta-
ríamos diante de pagamento indevido ou enriquecimento sem causa?

Resposta:

7.6.1.4. Questões do TRF4

7.6.1.5. Questões do TRF5

7.7. Direito Empresarial

7.7.1. Franquia E Faturização

7.7.1.1. Questões do TRF1

7.7.1.2. Questões do TRF2

7.7.1.3. Questões do TRF3

7.7.1.4. Questões do TRF4

7.7.1.5. Questões do TRF5

7.8. Direito Processual Civil

7.8.1. O Processo Nos Tribunais. Uniformização Da Jurisprudência. Declaração


De Inconstitucionalidade Pelo Sistema Difuso

7.8.1.1. Questões do TRF1

7.8.1.2. Questões do TRF2


1) É possível declaração de inconstitucionalidade por órgão especial?

Resposta:

424
7.8.1.3. Questões do TRF3
1) É possível ACP com fundamento na inconstitucionalidade de ato normativo? É possível em
ACP a declaração de inconstitucionalidade de ato normativo?

Resposta:

2) Faça um paralelo entre ADPF e ADI por omissão.

Resposta:

7.8.1.4. Questões do TRF4

7.8.1.5. Questões do TRF5

7.9. Direito Processual Penal

7.9.1. Execução Penal

7.9.1.1. Questões do TRF1

7.9.1.2. Questões do TRF2


1) Dos 3 regimes que estão no CP, qual a diferença quanto à sua aplicação?

Resposta:

2) É possível no regime fechado o trabalho externo?

Resposta:

3) Diferença de características entre os regimes prisionais?

Resposta:

4) Trabalho externo em regime fechado é possível?

Resposta:

425
5) Pode-se impor regime mais gravoso?

Resposta:

7.9.1.3. Questões do TRF3

7.9.1.4. Questões do TRF4

7.9.1.5. Questões do TRF5

7.10. Direito Ambiental

7.10.1. Responsabilidade Ambiental. Tutela Penal Do Meio Ambiente. A


Responsabilidade Penal Ambiental. As Normas Penais Ambientais.
Responsabilidade Penal Individual. Responsabilidade Penal Da Pessoa
Jurídica. As Sanções Penais Das Pessoas Físicas. As Penas Aplicáveis Às Pessoas
Jurídicas. Os Crimes Ambientais Previstos Na Lei Nº 9.605/98. Outros Crimes
Ambientais

7.10.1.1. Questões do TRF1


1) Há legislação interna para punir a biopirataria e qualificar como tipo penal?

Resposta:

7.10.1.2. Questões do TRF2

7.10.1.3. Questões do TRF3

7.10.1.4. Questões do TRF4

7.10.1.5. Questões do TRF5


01) Justiça competente para as infrações penais contra o meio ambiente.
426
Resposta:

7.11. Direito Internacional Público e Privado

7.11.1. O Homem Como Sujeito De Direito Internacional Público (As


Declarações De Direitos)

7.11.1.1. Questões do TRF1

7.11.1.2. Questões do TRF2


1) Qual a classificação mais tradicional de direitos humanos que foi feita a partir do mote da
Revolução Francesa?

Resposta:

2) E o direito ao sonho e o direito de sonhar? Estaríamos inaugurando uma sexta dimensão (de
direitos humanos) ou poderíamos acomodá-lo nas dimensões que já existem?

Resposta:

3) Atualmente existe discussão doutrinária sobre direitos humanos da pessoa jurídica? Lem-
bra-se de algum exemplo que venha sendo divisado na literatura alienígena?

Resposta:

4) Direitos políticos são considerados direito humanos? Podemos falar em suspensão dos direi-
to humanos? E em suspensão dos direitos políticos?

Resposta:

5) Os direitos humanos são absolutos?

Resposta:

6) Qual a definição mais singela que se pode oferecer em termos de direitos humanos?

Resposta:

427
7) Em sua resposta frisou logo no início da afirmativa, “definidos internacionalmente”. Pode
haver direitos humanos domésticos que não tenham sido reconhecidos no plano internacio-
nal? Ou só podemos qualificar de direitos humanos aqueles que mereceram esse reconheci-
mento no plano externo?

Resposta:

8) Em que consistiria o princípio da governança em sede de direitos humanos?

Resposta:

9) E o princípio da diversividade?

Resposta:

10) Essa afirmativa (de que os DH devem abranger o maior grau e o maior número de indiví-
duos e direitos) encontra ressonância na nossa Constituição? Recorda-se de algum preceito
que diga exatamente o que foi afirmado?

Resposta:

7.11.1.3. Questões do TRF3


1) Direitos Humanos e direitos fundamentais são expressões sinônimas?

Resposta:

2) O julgamento por turma do TRF composta unicamente por juízes federais convocados fere o
princípio constitucional do Juiz Natural? E os direitos humanos?

Resposta:

3) A exigência do diploma de jornalista viola os direitos humanos?

Resposta:

428
7.11.1.4. Questões do TRF4

7.11.1.5. Questões do TRF5

7.12. Sociologia do Direito

7.12.1. Processos De Transformação Do Indivíduo Do Gênero Em Pessoa Ou


Ator Social

7.12.1.1. Questões do TRF1


1) Fale sobre o processo de transformação do indivíduo em pessoa.

Resposta:

2) O que é interação social?

Resposta:

3) O senhor sabe me diferenciar grupo social de comunidade?

Resposta:

4) Qual a diferença entre ente e ser? Existir é a mesma coisa que ser?

Resposta:

5) Qual a diferença entre indivíduo e pessoa ou ator social? Para que servem os processos de
endoculturação e aculturação?

Resposta:

7.12.1.2. Questões do TRF2

429
7.12.1.3. Questões do TRF3

7.12.1.4. Questões do TRF4

7.12.1.5. Questões do TRF5

7.13. Filosofia do Direito

7.13.1. Equidade

7.13.1.1. Questões do TRF1

7.13.1.2. Questões do TRF2

7.13.1.3. Questões do TRF3

7.13.1.4. Questões do TRF4

7.13.1.5. Questões do TRF5

8. Ponto 08
8.1. Direito Constitucional

8.1.1. Classificação Das Constituições

8.1.1.1. Questões do TRF1

8.1.1.2. Questões do TRF2


1) Qual a principal característica da nossa Constituição? Ela é flexível, rígida? Como ela é enca-
rada?

Resposta:

430
2) Quantas Constituições o Brasil já teve? Quais foram elas? Todas foram promulgadas? Quais
foram e quais não foram?

Resposta:

3) Existe a possibilidade de constituição manuscrita? A título de ilustração poderia mencionar


alguma?

Resposta:

8.1.1.3. Questões do TRF3

8.1.1.4. Questões do TRF4


1) Podemos afirmar que nossa CF é rígida? Explique.

Resposta:

8.1.1.5. Questões do TRF5

8.2. Direito Tributário

8.2.1. Crédito Tributário: Constituição

8.2.1.1. Questões do TRF1

8.2.1.2. Questões do TRF2


1) Como processo administrativo fiscal se configura no âmbito administrativo? Qual a lei no
âmbito federal?

Resposta:

8.2.1.3. Questões do TRF3


1) Qual a diferença entre obrigação e crédito em direito Tributário?

Resposta:
431
2) Qual a natureza jurídica do lançamento?

Resposta:

3) Quais as modalidades de lançamento? explique e dê exemplo.

Resposta:

8.2.1.4. Questões do TRF4

8.2.1.5. Questões do TRF5

8.3. Direito Administrativo

8.3.1. Devido Processo (Legal) Administrativo

8.3.1.1. Questões do TRF1

8.3.1.2. Questões do TRF2


1) Apresentação de defesa ineficiente em proc. adm. Disciplinar é considerado revelia?

Resposta:

2) É aplicável sigilo nos processos administrativos?

Resposta:

3) Defesa contraditória no P.A.D. caracteriza revelia?

Resposta:

4) É obrigatória a defesa por advogado no proc. adm. Disciplinar (P.A.D.)?

Resposta:

432
DESSE PONTO EM DIANTE: RESPOSTAS ELABORADAS POR JOSÉ FLÁVIO
FONSECA DE OLIVEIRA
5) Pode-se falar em Coisa Julgada administrativa? - Cabe a Administração se retratar depois
desse ponto? Pode ela usar a auto-tutela?

Resposta:

Há divergência na doutrina sobre existência da coisa julgada administrativa. Para Carva-


lho Filho, é a situação jurídica pela qual determinada decisão firmada pela Adminis-
tração não mais pode ser modificada na via administrativa (2005, p. 775). Isso não
impede a apreciação do Poder Judiciário, que por força do art. 5º, XXXV, da CRFB,
que normatiza o instituto da jurisdição única, no Brasil.

Os administrativistas afirmam, ainda, que a ela está ligada aos princípios da segurança
jurídica e da lealdade administrativa, já que a Administração não pode ser incoerente a
ponto de lançar mão de um processo administrativo, pautado nos princípios administra-
tivos (principalmente a impessoalidade, que aqui adquire a conotação de imparcialida-
de), e mais tarde questionar sua própria decisão acerca do assunto.

Além do controle externo pelo Poder Judiciário, também é possível o controle interno
pela própria administração, mas somente quando houve nítida causa de nulidade do ato
administrativo (súm. 346 e 473, do STF), assegurados a ampla defesa e o contraditório,
mas não será possível a revogação do ato, sendo esse o principal efeito da coisa julgada
administrativa.

8.3.1.3. Questões do TRF3

8.3.1.4. Questões do TRF4

8.3.1.5. Questões do TRF5

8.4. Direito Penal

8.4.1. Crimes De "Lavagem" Ou Ocultação De Bens, Direitos E Valores

8.4.1.1. Questões do TRF1

433
8.4.1.2. Questões do TRF2

8.4.1.3. Questões do TRF3

8.4.1.4. Questões do TRF4


1) Qual o bem jurídico protegido na lei de lavagem de dinheiro? Pluriofensividade pode?

Resposta:

O bem jurídico protegido é a ordem econômica, a administração da justiça e o bem


jurídico protegido pelo crime antecedente. (BALTAZAR JR: 2010, p. 582). Trata-se de
crime pluriofensivo, porque viola mais de um bem jurídico, o que é perfeitamente acei-
tável, não obstante as críticas de que se assim for considerado, existiria um supertipo
penal. Mas essa conclusão não é unânime na doutrina, havendo doutrinador que sustenta
a inexistência de bem jurídico. Uma primeira corrente sustenta que seria o mesmo bem
jurídico tutelado pelo delito antecedente, pois visa evitar, em razão da utilização os
bens, a prática desses crimes. Outra corrente sustenta que seria a administração da justi-
ça, vez que afetaria a administração da justiça, já que torna a recuperação dos bens e a
identificação dos sujeitos ativos mais dificultosa. Por fim, a terceira corrente sustenta
ser protegida pela lei a ordem socioeconômica (majoritária na doutrina). Nesse caso, a
lavagem de dinheiro afetaria o sistema financeiro, em razão da circulação de dinheiro de
origem ilícita, gerando o desequilíbrio de mercado e quebra da livre concorrência, bem
assim desestimularia o investimento estrangeiro.

2) Descaminho pode configurar crime antecedente? (A pergunta perdeu o sentido, em


parte, porque a Lei 12.683/12 tornou a nossa lei de lavagem de dinheiro em lei de 3ª
geração, na qual todos os crimes e contravenções são considerados infrações antece-
dentes. Mantenho, apenas em relação aos crimes antes da Lei 12.683/12).

Resposta:

Baltazar Jr. (2010, p. 586), com escora em jurisprudência do STJ e do TRF4, arrolava o
descaminho como crime antecedente do crime de lavagem de dinheiro, inclusive, por-
que é crime contra a Administração Pública, incidindo o art. 1º, V, da Lei 9.613/98.

No entanto, há doutrina sustentando que o descaminho não pode ser crime antecedente,
uma vez que é espécie de crime contra a ordem tributária e assim o seu cometimento
não levaria a um acréscimo patrimonial ou incorporação de bens ou direitos, havendo
apenas a manutenção do patrimônio existente, o que não prevalece.

434
De todo modo, com a nova Lei 12.683/12, a discussão perde o sentido, servindo apenas
relativo aos fatos anteriores à mudança da legislação.

3) Há disposição da lei 8137 podendo ser crime antecedente? (A pergunta perdeu o


sentido, em parte, porque a Lei 12.683/12 tornou a nossa lei de lavagem de dinheiro
em lei de 3ª geração, na qual todos os crimes e contravenções são considerados infra-
ções antecedentes. Mantenho, apenas em relação aos crimes antes da Lei 12.683/12).

Resposta:

Não há qualquer previsão na lei de lavagem de dinheiro. Argumenta-se, nesse sentido,


que a sonegação não gera qualquer produto (é ganho resultante da falta de pagamento) a
quem pratica o crime, por isso não seria possível a lavagem.

Em sentido contrário, contudo, alega-se que há produção indireta de vantagens econô-


micas para a empresa sonegadora, na medida em que o não-desembolso de despesas
tributárias pode melhorar seu desempenho no mercado, com o oferecimento de preços
mais competitivos, já que sua composição não foi onerada pela carga fiscal.

Nesse diapasão, já se admitiu como antecedente de lavagem de dinheiro a sonegação


fiscal praticada no âmbito de uma organização criminosa (TRF3 e TRF5).

De todo modo, com a nova Lei 12.683/12, a discussão perde o sentido, servindo apenas
relativo aos fatos anteriores à mudança da legislação.

8.4.1.5. Questões do TRF5

8.5. Direito Previdenciário

8.5.1. Trabalhador Rural - Estatuto Do Idoso (Lei N. 10.741/2003)

8.5.1.1. Questões do TRF1


1) O produtor rural tem idade mínima para a obtenção de aposentadoria?

Resposta:

O produtor rural enquadrado como segurado especial, empregado rural, trabalhador a-


vulso rural ou contribuinte individual rural, terá direito a aposentadoria por idade, no
valor de um salário mínimo, reduzida em 5 anos, referente aos trabalhadores urbanos,
ou seja, o homem terá direito ao benefício ao completar a idade de 60 anos e a mulher a
idade de 55 anos.

435
A carência para o benefício é o mesmo na área urbana, de 180 meses, observada a regra
de transição do art. 142 da Lei 8.213/91, mas deve ser comprovado o efetivo exercício
de atividade rural, ainda que de forma descontínua, pelo produtor rural, no período ime-
diatamente anterior ao requerimento do benefício. Para o trabalhador rural, a regra da
não simultaneidade não se aplica, devendo ser comprovados os requisitos ao final da
vida, no momento do requerimento.

Caso o produtor rural queira recolher contribuições para obter os benefícios com valor
superior a um salário mínimo, a redução da idade não mais existirá, sendo que a aposen-
tadoria por idade será a mesmo dos trabalhadores urbanos, 65 anos para homem e 55
anos para a mulher. No entanto, terá ele direito à aposentadoria por tempo de contribui-
ção, que independe de idade mínima.

2) Benefício. Trabalhador rural. Porque não pode ser feita a produção de prova de acordo com
os artigos 131 e 332 do CPC? Em que hipótese se pode deixar de ser comprovado este início de
prova?

Resposta:

Inicialmente, a jurisprudência não admitia a aplicação do art. 55, § 3º da Lei 8.213/91,


em razão do princípio do livre convencimento motivado (art. 131, CPC) e do princípio
da liberdade de provas lícitas (art. 332, CPC), reservando ao primeiro dispositivo a apli-
cação apenas no âmbito da administração previdenciária. Contudo, primeiro o STJ
(Súm. 149) e depois o STF (ADI 2.555-4, 03.04.2003) julgaram legítimas as exigências
do art. 55, § 3º, da Lei 8.213/91, não havendo vulneração ao art. 5º, XXXV, da CRFB.

De fato, a previdência social é de caráter contributivo, não podendo uma pessoa que não
contribuiu fazer jus ao benefício previdenciário, em razão do uso de provas legítimas,
mas que não traduzem uma realidade existente. A restrição à prova exclusivamente tes-
temunhal feita pela lei previdenciária visa à segurança jurídica, por reclamar um maior
rigor na verificação da situação exigida para o recebimento de benefício.

No entanto, a prova testemunhal, em regra não usada no processo previdenciário, pode-


rá ser a única possível para comprovar o direito do segurado. Nesse caso, o próprio art.
55, § 3º, parte final, excepciona o seu uso, nos casos fortuitos e força maior. Também
não se pode perder de vista que em outros casos a livre apreciação das provas pelo ma-
gistrado poderá dispensar a prova material, especialmente naqueles em que a distância
do tempo ou a excessiva informalidade do exercício de uma atividade, exigiria uma
prova impossível do segurado, flexibilizando-se assim os rigores da lei.

436
8.5.1.2. Questões do TRF2

8.5.1.3. Questões do TRF3

8.5.1.4. Questões do TRF4

8.5.1.5. Questões do TRF5

8.6. Direito Civil

8.6.1. Obrigação: Conceito. Elementos Constitutivos. Modalidades

8.6.1.1. Questões do TRF1

8.6.1.2. Questões do TRF2


1) Quais outras formas de extinção das obrigações diversas do pagamento? O que é novação?
Na novação deve ser expressa que a obrigação anterior está extinta? Faz diferença se a obriga-
ção anterior é nula ou anulável?

Resposta:

Os modos de extinção da obrigação diversa do pagamento são: dação em pagamento,


novação, compensação, transação, confusão e remissão de dívida. Também são formas
de extinção das obrigações: a execução forçada, a ocorrência de condição resolutiva ou
de termo extintivo e a ocorrência de força maior ou de caso fortuito.

A novação é a criação de obrigação nova, para extinguir uma anterior (Gonçalves:


2008, p. 314). A novação pode ser expressa ou tácita, neste caso, desde que inequívoca
vontade de novação da dívida anterior, senão será considerada apenas como confirma-
ção da primeira dívida (art. 361, CC/02). Assim, possível a extinção de dívida anterior
de forma tácita, sem a necessidade de declaração expressa.

A obrigação anterior não pode ser nula ou extinta (art. 367, CC/02), nem uma obrigação
natural (maioria da doutrina), mas poderá ser anulável, quando será confirmada pela
novação, já que existente. Se confirmada a obrigação anulável, haverá a renúncia tácita
ao direito de pleitear a anulação.

2) Perdão de um devedor solidário aproveita-se aos demais?

437
Resposta:

O perdão ou remissão pessoal dado pelo credor a um dos devedores solidários não ex-
tingue a solidariedade em relação aos demais codevedores, mas acarretará a redução da
dívida solidária, em proporção ao perdoado. Dessa forma, os codevodores aproveitarão,
em parte, o perdão de um dos devores solidários, vez que a dívida não poderá mais ser
cobrada em sua totalidade, mas não haverá quebra da solidariedade, podendo o credor
cobrar o valor restante de um ou de todos os demais codevedores remanescentes.

8.6.1.3. Questões do TRF3

8.6.1.4. Questões do TRF4


1) Quais as fontes as obrigações?

Resposta:

Segundo GONÇALVES (2008, 30) constituem fontes das obrigações os fatos jurídicos
que dão origem aos vínculos obrigacionais, em conformidade com as normas jurídicas,
ou melhor, os fatos jurídicos que condicionam o aparecimento das obrigações.

Dessa forma, são fontes das obrigações são a lei, os contratos, as declarações unilaterais
de vontade e o ato ilícito.

A lei é a principal fonte das obrigações, sendo a sua fonte imediata, quando as obriga-
ções emanam diretamente, a exemplo das obrigações alimentares (art. 1.696, CC/02).
Nos outros casos, a lei é fonte mediata das obrigações, já que dá respaldo às outras fon-
tes das obrigações, para que possam gerar efeitos obrigacionais.

Modernamente, também se tem considerado fonte de obrigações o risco profissional,


isto é, aquele risco assumido pelo empregado ao desenvolver atividade profissional, não
sendo o caso de culpa, gerará para o empregador a responsabilidade objetiva. Mas, essa
inclusão é criticada por GONÇALVES, vez que estaria incluída nas obrigações impos-
tas pela lei, não como uma fonte autônoma.

8.6.1.5. Questões do TRF5

438
8.7. Direito Empresarial

8.7.1. Sociedade Simples E Sociedade Em Nome Coletivo

8.7.1.1. Questões do TRF1

8.7.1.2. Questões do TRF2

8.7.1.3. Questões do TRF3

8.7.1.4. Questões do TRF4

8.7.1.5. Questões do TRF5


01) Discorra sobre a responsabilidade dos sócios.

Resposta:

A responsabilidade dos sócios nas sociedades em regra será subsidiária, o que lhe dá
direito de exigir que sejam primeiramente oferecidos os bens constantes do patrimônio
da sociedade para o pagamento das obrigações societárias. Contudo, será solidária em
relação aos demais sócios, no caso de um dos sócios não cumprir suas obrigações soci-
ais, os outros podem exigir que o faça.

Mas, ainda assim, essa responsabilidade subsidiária dos sócios pelas obrigações sociais
depende do tipo de sociedade e de sua condição nessa sociedade: nas sociedades em
nome coletivo e sociedade em comum, todos os sócios respondem ilimitadamente pelas
obrigações sociais; nas sociedades em comandita simples e comandita por ações, os
sócios comanditado respondem de forma ilimitada e os comanditários respondem de
forma limitada; nas sociedades limitadas e anônimas, os sócios-acionistas respondem de
forma limitadas às obrigações sociais individuais.

Observe-se que os sócios, nas sociedades limitadas, e o comanditário, nas comanditas


simples, terão responsabilidade subsidiária que será limitada ao capital social não inte-
gralizado como um todo, enquanto nas sociedades por ações (S/A e comandita por a-
ções) a responsabilidade subsidiária do sócio e do comanditário será limitada ao valor
não integralidade de sua parte no capital social que subscreveu.

439
8.8. Direito Processual Civil

8.8.1. Homologação De Sentença Estrangeira. Ação Rescisória. Ação Rescisória


Constitucional. Antecipação De Tutela Na Ação Rescisória

8.8.1.1. Questões do TRF1

8.8.1.2. Questões do TRF2


1) Homologação de sentenças estrangeiras. Discorra.

Resposta:

Homologação de sentença estrangeira é o ato pelo qual se permite que a execução de


uma decisão judicial proferida em um Estado possa ser executada no território de outro
(cf. art. 483, CPC). O Brasil adotou o método doutrinário da DELIBAÇÃO, pelo qual
não se entra no mérito da decisão a ser homologada, examina-se apenas certos pressu-
postos formais (outros critérios: revisão de mérito; revisão parcial de mérito; reciproci-
dade diplomática; e reciprocidade de fato). O órgão competente para a homologação de
sentença é o STJ (alteração da EC 45/04).

A homologação depende de alguns requisitos, que são estabelecidos livremente pelos


Estados soberanos. No Brasil, esses requisitos são estabelecidos nas seguintes leis:
CRFB (art. 105, I e art. 109, X); LINDB (art. 15 a 17); CPC (art. 483 e 484); Lei
9.307/96 (art. 34 a 40) e Resolução nº 09/2005, do STJ. O Brasil também tratou a homo-
logação em alguns tratados. São requisitos para a homologação de sentença (LINDB,
art. 15): a) haver sido proferida por juiz competente; b) terem sido as partes citadas ou
haver-se legalmente verificado a revelia; c) ter passado em julgado e estar revestido das
revertido das formalidades necessárias para a execução no lugar em que foi proferida; d)
estar traduzida por intérprete autorizado; e) estar autenticada pela autoridade consular
brasileira e acompanhada de tradução por tradutor oficial ou juramentado no Brasil (es-
sa última alínea é da Res. 09/2005, do STJ).

Ainda, o art. 17 da LINDB determina que não poderão ser homologadas as sentenças
que ―ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes‖, o que é
seguido pela Res. 09, do STJ.

Por fim, é possível a homologação parcial de sentença estrangeira, o que torna possível
descartar a parte da sentença maculada e promovendo-se a homologação do restante
(Res. 09, do STJ). Outra inovação é a possibilidade de antecipação de tutela, que antes
não era admitida pelo STF, passando o STJ, a partir da alteração constitucional, aceitá-
la, tendo sido proferida a primeira liminar num caso de adoção internacional por brasi-
leiros domiciliados no Brasil.

440
2) Relativização da Coisa Julgada. Como você encara isso?

Resposta:

A relativização da coisa julgada (RCJ) não é prevista no ordenamento jurídico, mas pas-
sou a ser defendida pelo Min. José Delgado, nos casos em que houvesse grave injustiça
ou inconstitucionalidade da decisão. A partir de então, passou a existir duas correntes, a
primeira que encampa a possibilidade (Humberto T. Jr., Dinamarco) e, a segunda, que
nega a possibilidade (Barbosa Moreira, Marinoni, Nery Jr., Olívio Batista, Didier Jr.).
Ressalte-se que se defende a RCJ atípica, pois já existe a RCJ típica, prevista na hipóte-
se de rescisória por (art. 485, V, CPC) e na previsão do § 1º do art. 475-L e do par. úni-
co do art. 741, do CPC, na fase do cumprimento de sentença.

Na defesa da RCJ, sustenta-se que não pode subsistir decisões toda vez que afronte os
princípios da moralidade, legalidade, razoabilidade e proporcionalidade, ou divirjam
com a realidade dos fatos, em resumo, quando injustas ou inconstitucionais.

Já na outra ponta, sustenta-se que não se pode haver a RCJ com base em transgressões a
princípios, pois partem de bases impalpáveis, de conteúdo fluído, aberto. Além disso,
não seria possível se utilizar da ideia de justiça para desconstituir a coisa julgada, já que
não se teria a garantia de que a segunda decisão seria justa.

3) E ação rescisória (art. 485 CPC , inc. V e IX) ? Existe algo em comum entre os incisos? Qual é
o objeto de discussão da doutrina?

Resposta:

Os incisos V e IX do art. 485 tratam do erro, sendo que o primeiro é a hipótese mais
típica de erro de direito, e o segundo, trata especificamente do erro de fato. Daí a causa
comum entre ambos, a questão do erro do julgador, seja na apreciação do direito ou na
apreciação do fato.

Outro ponto comum aos dois incisos, sobre o qual há divergência na doutrina e na juris-
prudência, é quanto ao prequestionamento explícito ou implícito, no caso do erro de
direito (art. 485, V, CPC) e sobre o pronunciamento ou não do magistrado sobre o fato
incontroverso (existente ou inexistente).

No primeiro caso, há quem sustente que a admissibilidade da ação rescisória não depen-
de do prequestionamento do tema inserto no preceito tido por violado, pois a exigência
prevista nos artigos 102, inciso III, e 105, inciso III, da Constituição Federal, própria
dos recursos extraordinário e especial, não havendo previsão nos dispositivos que ver-
são sobre a ação rescisória no CPC. No entanto, diversamente entende o TST, que a teor
da súm. 298 exige o prequestionamento expresso para admitir a ação rescisória no caso
de violação literal da lei.

441
Sobre o erro de fato, em que o juiz se pronunciou sobre fato incontroverso, uma primei-
ra corrente entende se o juiz reconheceu explicitamente a existência ou a inexistência do
fato é inadmissível ação rescisória contra o decisum. Para uma segunda corrente, em
sentido oposto, defendendo, à luz da legislação e da doutrina italianas, que o pronunci-
amento sobre fato incontroverso não impede a rescisão do julgado.

8.8.1.3. Questões do TRF3

8.8.1.4. Questões do TRF4


1) Fale sobre hipóteses de desconstituição da coisa julgada em erro de direito pelo julgador.

Resposta:

O erro de direito, na desconstituição da coisa julgada, está previsto no inciso V, do art.


485, do CPC, que vem definido como violação à literal disposição de lei. No caso, pode
configurar como erro de direito a incorreta aplicação da lei, mas não sua má interpreta-
ção. A expressão lei refere-se tanto à lei estrangeira como a nacional, tanto a material
como a processual, tanto a infraconstitucional como a constitucional (DIDIER. Curso... v. 5.
2012, p. 400). Verifica-se a violação de literal disposição de lei quando há violação da lei
ou de tese jurídica nela contida, no caso de vulneração do ius scriptum por infringência
do conteúdo normativo de seu texto, bem assim quando afronta a sentido unívoco e in-
controverso do preceito legal. Também é admissível a invocação de violação a princípio
(REsp 845.910/RS, 23/11/06), até porque hoje é considerado como espécie de norma.
Além disso, considera-se violada a norma (não somente a lei) no caso de considerar
vigente norma já revogada ou considerar revogada norma ainda vigente, ou quando se
erra na qualificação jurídica de um fato ou, ainda, quando diverge da interpretação dada
à lei pelo respectivo tribunal superior.

2) Quais hipóteses de rescisória em error in procedendo?

Resposta:

O error in procedendo pode ser alegado como causa de pedir numa ação rescisória, tan-
to pelo fundamento no inciso V, do art. 485 (violação literal disposição de lei), como
pelo inciso IX, do art. 485 (fundado em erro de fato), ambos do CPC. Importante anotar
que se for alegado unicamente error in procedendo contra a sentença e, sendo acolhida
pela instância ad quem, a rescisória caberá unicamente em face da sentença, já que o
acórdão não terá efeito substitutivo (REsp 744271/DF, 16/06/06).

442
Na primeira hipótese, a lei violada tanto pode ser a norma material como processual.
Nesse caso, o vício alegado pode residir na própria sentença ou ser anterior a ela, tendo
ocorrido no curso do processo. Mas, nesse último caso, o vício deve ser consubstancia-
do em nulidade absoluta ou nulidade sanável, desde que essa última tenha sido argüida
tempestivamente, tenham sido exauridos os recursos cabíveis e tenha sido prolatada
sentença de mérito.

Quanto à rescisória fundada em erro de fato, a jurisprudência vem admitindo quando


configure erro de atividade no âmbito dos pressupostos processuais e das condições da
ação, bem como no âmbito de admissibilidade dos recursos, ou seja, error in proceden-
do, no qual possa vir a justificar a anulação do processo e sua retomada a partir do mo-
mento da invalidade. (Ex. Resp 562.334/SP, 31/05/04. Porém, o tema não é pacífico no
STJ, conforme AgRg no AG 354262, 21/06/01).

8.8.1.5. Questões do TRF5

TRF5 – 2012

1)) Discorra sobre a presunção no tema de prova.

Resposta:

A presunção é uma conclusão de raciocínio (que é feito pelo magistrado) levando-se em


consideração os indícios provados e da aplicação das regras de experiência. Não é meio
de prova. ‖Trata-se de atividade do juiz, ao examinar provas, ou do legislador, ao criar
regra jurídicas a ser aplicada (presunções legais) sempre ou quase sempre, conforme o
caso.‖ (Didier Jr. Curso… V.2, 2009, p. 57). Sendo uma atividade, um modo de pensar, não
pode o legislador regular a sua aplicabilidade.

A presunção pode ser: a) comum ou judicial (de hominis) - é a que não é extraída da lei,
resulta do raciocínio do julgador. Conhecido o indício, desenvolve-se o raciocínio e
estabelece-se a presunção. Importante observar o art. 230 do CC/02, que não admite a
presunção judicial quando não for possível a prova testemunhal; b) legal – resulta do
raciocínio do legislador no texto de lei, subdivide-se em: b1) absoluta (jure et jure) – a
lei declara verdadeiro um fato e não admite prova em contrário; b2) legal relativa (juris
tantum) – a lei estabelece como verdade até prova em contrário; b3) mista (Pontes de
Miranda) – são as quais admitem prova em contrária apenas as referidas ou previstas na
própria lei.

2) A presunção comum pode ser aceita como meio de prova?

Resposta:
443
A presunção comum ou de ―hominis‖ ou judicial é aquela que resulta do raciocínio do
juiz, que se funda no que ordinariamente acontece ou nos atos habituais do cotidiano.
Segundo o art. 212 do CC/02, a presunção é meio de prova. Rigorosamente, porém, não
se trata de meio de prova, pois é atividade realizada a partir de um documento ou fato
provado nos autos, não gerando nova prova, mas conhecimento (convicção) no julga-
dor. Na realidade, o que quis dizer esse dispositivo é que o indício é meio de prova,
numa tentativa de salvar o dispositivo, segundo DIDIER JR (2009, Curso…v.2, p. 57).

No entanto, a par dessa distinção, o CC/02 considera a presunção como meio de prova,
mas não permite o uso de presunção comum quando a prova testemunhal for excluída
pela lei (art. 230, CC/02). Essa forma de raciocínio (presunção comum) somente pode
ser acatada em casos mais graves, precisos e concordantes, segundo DINIZ (CC Anotado.
2009, p. 251). Em resumo, somente as presunções legais (absoluta, relativa ou mista) são
admitidas indistintamente como meio de prova, havendo restrição à presunção comum,
nos casos em que a lei excluir a prova exclusivamente testemunhal.

3) O documento eletrônico pode ser considerado meio de prova com base no CC/02?

Resposta:

Conforme o art. 225, do CC, o documento eletrônico pode ser apresentado ao processo e
considerado com prova equivalente à prova documental, desde que não haja impugna-
ção da parte ex adversa quanto à exatidão, nos termos do art. 390 do CPC. Segundo o
enunciado 298 do CJF (IV Jornada de Direito Civil), ―os arquivos eletrônicos incluem-
se no conceito de ‗reproduções eletrônicas de fatos ou de coisas‘, do art. 225 do Código
Civil, aos quais deve ser aplicado o regime jurídico da prova documental.‖

O enunciado 297 do CJF, fala sobre a garantia de integridade do conteúdo do documen-


to eletrônico, o qual hoje, segundo DIDIER Jr. (Curso… V.2, 2009, p. 57), é realizado
através de chaves privadas ou chaves públicas (assinatura eletrônica), sendo a autenti-
cidade e integridade destas garantidas por uma autoridade certificadora pública de âmbi-
to nacional, que fornece a certificação digital (MP 2.200/2001, que institui o ICP-
Brasil).

A certificação digital é um sistema que valida as declarações presentes nos documentos


eletrônicos certificadas junto a entidades credenciadas por este sistema, confirmando a
autoria e integridade desses documentos em meio eletrônico quando reconhecidos e
aceitos como válidos pelas partes do processo.

444
8.9. Direito Processual Penal

8.9.1. Prisão Cautelar De Natureza Processual

8.9.1.1. Questões do TRF1


1) Qual a natureza da prisão preventiva? Quais os requisitos para a sua decretação?

Resposta:

A prisão preventiva tem natureza de cautelar, sendo uma eficiente medida de restrição
da liberdade durante toda a persecução penal, ou seja, desde o inquérito policial até o
trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Por ser medida excepcional, deve
ser interpretada restritivamente, para compatibilizá-la com o princípio da presunção de
inocência (art. 5º, inciso LVII da CF). Com a nova feição dada pela Lei 12.403/11, a
prisão preventiva passou a ostentar duas características: autonomia, podendo ser decre-
tada independentemente de qualquer outra providência cautelar anterior; e, subsidiarie-
dade, a ser decretada em razão do descumprimento de medida cautelar anteriormente
imposta.

São requisitos para a decretação da prisão preventiva: fumus boni juris (fumus comissi
delicti); periculum in mora (periculum libertatis); proporcionalidade (homogeneidade,
adequação e real necessidade da prisão, não sendo suficiente medida cautelar pessoal
distinta); mais os pressupostos (indícios de autoria e prova da materialidade) e requisi-
tos (garantia da ordem pública, econômica, conveniência da instrução criminal, assegu-
rar a aplicação da lei penal) específicos do art. 312 (quer os quatro do caput, quer a
inobservância de cautelares pessoais distintas); e os requisitos específicos do art. 313
(salvo, segundo Pacelli, na hipótese de inobservância de cautelares pessoais distintas,
em que se dispensa o art. 313).

2) O que se entende por ordem pública? Como eu sei que a ordem pública está na iminência
de sofrer um dano?

Resposta:

Ordem pública é expressão de tranquilidade e paz no seio social (TÁVORA, 2011. p. 550).
Traduz-se na tutela dos superiores bens jurídicos, da incolumidade das pessoas e do
patrimônio, constituindo-se explicito dever do Estado, direito e responsabilidade de to-
dos (art. 144, CRFB). (CUNHA in Prisão…, 2011, p. 144). Não se confunde com o mero cla-
mor público, que não justifica isoladamente a prisão preventiva.

Como parâmetro para aferir a violação à ordem pública, apesar da divergência da dou-
trina e jurisprudência, entende-se que a possibilidade de reiteração criminosa, assentada
em antecedente ou reincidência (há muitos entendimentos contrários nesse ponto), ou no
caso de existência de agrupamento, ou organização, dirigida para a prática de crimes.
445
Também é fundamento para acautelar o meio social e garantir a credibilidade da Justiça
em crimes que provoque grande clamor público.

Contudo, todos esses parâmetros não justificam, por si só, a decretação da prisão pre-
ventiva, que deve ser avaliada em conjunto com a real probabilidade de ameaça à tran-
quilidade e paz social, bem como acompanhado do exame acerca da gravidade do fato e
de sua repercussão.

8.9.1.2. Questões do TRF2


1) O depositário infiel, no futuro, poderia existir lei determinando a prisão ? Seria inconstitu-
cional ou inconvencional? E se houver denúncia do tratado?

Resposta:

Com o julgamento do RE 466.343 (DJE 5/6/2009), o STF, abandonando posição anteri-


or de paridade entre tratados de direitos humanos e leis federais, passou a entender que
esses tratados, que versam sobre direitos humanos, têm posição especial e privilegiada
no ordenamento jurídico, porquanto em posição abaixo da constituição e superior às
normas legais.

Com isso, o status normativo supralegal dos tratados internacionais de direitos humanos
subscritos pelo Brasil torna inaplicável a legislação infraconstitucional com ele confli-
tante, seja ela anterior ou posterior ao ato de adesão. Assim ocorreu com o art. 1.287 do
CC de 1916 e com o DL 911/1969, assim como em relação ao art. 652 do novo CC
(Lei 10.406/2002). (RE 466.343, 05/06/08).

Dessa forma, qualquer norma editada sobre prisão de depositário infiel afrontaria as
normas convencionais sobre direitos Humanos (Pacto de San Jose da Costa Rica e Pro-
tocolo sobre Direitos Civis e Políticos), restando inaplicáveis. Trata-se de controle de
convencionalidade, como defende Mazzuoli, porque não afronta diretamente a norma
constitucional (art. 5º, § 2º ou 3º, da CRFB). No entanto, havendo denúncia desses tra-
tados, possível seria a adoção de normas sobre prisão de depositário infiel. Mas é im-
portante ressalta, que forte corrente doutrinária sustenta não ser passíveis de denúncia
tratados que versem sobre direitos humanos.

8.9.1.3. Questões do TRF3


1) O réu que responder o processo em liberdade poderá ter sua prisão decretada imediata-
mente após a decisão de recurso no Tribunal?

Resposta:

446
A prisão decorrente de sentença recorrível não mais subsistia ao regime constitucional
pós 1988, porquanto violava frontalmente o princípio do estado de inocência (art. 5º,
LVII, CRFB), conforme a doutrina e a Jurisprudência, bem assim, foi expressamente
revogada pelas reformas processuais penais (art. 393 foi expressamente revogado pela
Lei 12.403/11).

Assim, tão somente em razão da confirmação de sentença penal condenatório ou mesmo


de acórdão que, reformando sentença absolutória, condenando o réu pela acusação, não
poderá ser o réu preso, para cumprimento da prisão, devendo aguarda-se o trânsito em
julgado da sentença ou acórdão.

A reforma processual de 2008 introduziu no art. 387, do CPP, o § único, que determina
ao magistrado o dever de motivação da decretação ou manutenção da prisão no momen-
to da sentença, mas somente deverá ser decretada a prisão se ocorrentes os requisitos da
prisão preventiva (art. 312 e 313, do CPP). Em caso de inexistirem os motivos da prisão
preventiva, o réu deve ser mantido solto ou posto em liberdade.

2) E na hipótese de ter respondido o processo preso, no recurso de apelação o tribunal poderá


deferir a liberdade?

Resposta:

A prisão decretada por acórdão recorrido por RE ou RESP gerou bastante polêmica, em
razão do fato de que esses recursos não têm efeito suspensivo. Entretanto, prevaleceu o
princípio da presunção de inocência, e também não pode haver prisão simplesmente em
razão o acórdão regional recorrível.

Com efeito, não pode mais subsistir a máxima de que ―respondeu ao processo preso,
recorre preso; respondeu ao processo solto, responde solto‖, pois totalmente divorciado
da tutela constitucional da liberdade dos acusados em geral (art. 5º, LVII, CF/88). A
prisão em qualquer fase do processo (antes do trânsito em julgado da sentença) somente
pode ter por fundamento a cautelaridade, expresso nos art. 312 e 313 do CPP, que dão
fundamento à prisão preventiva.

Por isso mesmo foi que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do HC 84.078, por
maioria, entendeu inconstitucional a execução provisória da pena. Na oportunidade,
assentou-se que o cumprimento antecipado da sanção penal ofende o direito constitu-
cional à presunção de não-culpabilidade.

Nesse diapasão, perfeitamente possível a concessão de liberdade no momento do julga-


mento do recurso de apelação ao acusado que foi mantido preso durante todo o curso do
processo, se os requisitos para a prisão preventiva não mais subsistirem, será de rigor a
concessão da liberdade provisória.

447
3) A prisão de natureza cautelar baseada em indícios de prática de crime configura constran-
gimento ilegal? Se estiver configurado o constrangimento, de que instrumento pode se valer o
réu?

Resposta:

Os requisitos da prisão de natureza cautelar devem ser comprovados a partir da demons-


tração do fumus comissi delicti e do periculum libertatis. O fumus comissi delicti fica
caracterizado quando o juiz verifica a presença de prova da existência do crime e indí-
cios suficientes da autoria.

Quanto à existência do crime, não deve haver dúvida, devendo a prova da materialidade
do delito ser produzida, em regra, com o exame de corpo de delito (art. 158, CPP). Sem
essa prova não há como ser decretada a prisão preventiva ou temporária.

Dessa forma, meras suposições ou indícios não são suficientes para a decretação da pri-
são preventiva ou cautelar, configurando constrangimento ilegal.

Como remédio, o réu pode ingressa no próprio juízo prolator da decisão com pedido de
revogação de prisão (preventiva ou temporária) ou mesmo, desde logo, habeas corpus
perante o tribunal competente, visando à imediata liberdade.

8.9.1.4. Questões do TRF4


1) Se um juiz federal for preso em flagrante após cruzar fronteiras com produtos eletrônicos
sem pagar impostos, essa prisão seria legal?

Resposta:

Trata-se de crime de descaminho, previsto no art. 334, do Código Penal, cuja pena é de
reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, não sendo considerada inafiançável, conforme o
art. 323 e 324, do CPP, que excluiu o critério pena para classificação dos delitos em
afiançável e inafiançável.

Assim, tendo em conta a previsão no art. 33, II, da LOMAN, que prever a prisão de ma-
gistrado apenas em caso de flagrante em crime inafiançável, esse magistrado não poderá
ser preso em flagrante, devendo ser realizado sua oitiva e liberado imediatamente. Even-
tual prisão será ilegal, devendo ser imediatamente relaxada pela autoridade competente.

Não obstante, ainda que seja preso o magistrado, após a lavratura do auto de prisão em
flagrante, o magistrado deve ser imediatamente apresentado ao Presidente do Tribunal
Regional Federal a que estiver vinculado, sendo este a autoridade competente para deci-
dir sobre a prisão, igualmente conforme o art. 33, II, da LOMAN.

448
8.9.1.5. Questões do TRF5

8.10. Direito Ambiental

8.10.1. Principais Instrumentos De Proteção Internacional Do Meio Ambiente.


Fontes Do Direito Internacional Do Meio Ambiente. Documentos
Internacionais. Agenda 21

8.10.1.1. Questões do TRF1

8.10.1.2. Questões do TRF2


1) Quando se fala em meio ambiente, pode-se falar também em meio ambiente cultural, inclu-
sive como valor a ser preservado nessa seara da atividade econômica?

Resposta:

A Constituição Federal foi generosa ao normatizar o meio-ambiente, no que incluiu a


proteção ao meio ambiente cultural, no seu art. 216. Meio ambiente cultural consiste nas
intervenções humanas, materiais ou imateriais, que possuem um especial valor cultural,
referente à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da naciona-
lidade ou sociedade brasileira, situação que abrange, entre outros bens, o patrimônio
histórico, artístico, paisagístico, arqueológico, ecológico etc.

O meio ambiente não pode ser encarado apenas como relação entre ser humano e natu-
reza, mas também nas sucessivas criações do espírito humano, traduzidas em suas múl-
tiplas obras, ou seja, deve-se considerar o meio ambiente cultural também como bem de
uso comum do povo e, por isso, protegido e preservado.

Isso porque o meio ambiente tem por objetivo o desenvolvimento sustentável, que visa
à satisfação das presentes gerações sem comprometer a capacidade de as futuras gera-
ções terem suas necessidades satisfeitas. Aliado a isso, o meio ambiente é princípio da
ordem econômica (art. 170, VI, CRFB), o que o torna condição indispensável para o
desenvolvimento social, devendo a atividade econômica ser exercida em total harmonia
com o meio ambiente, em todos os seus aspectos, natural, cultural e do trabalho.

2) O chamado bullying também entraria nessa história (de meio ambiente a ser preservado no
interesse da atividade econômica)?

Resposta:

449
O Bullying é expressão inglesa, hoje difundida no Brasil, que constitui uma forma de
abuso exercido por alguém que possui poder sobre uma pessoa ou grupo de pessoas
com vistas à manipulação psicológica, intimidando ou agredindo a quem não possui
condição de se defender, geralmente no âmbito de relações de poder desiguais. (TRIN-
DADE: 2012, p. 392).

Por outro lado, a Constituição fala sobre a proteção da saúde do trabalhador no art. 7º,
XXII, XXIII E XXXIII, e menciona expressamente o meio ambiente do trabalho no art.
200, II e VIII, quando trata do SUS, estabelecendo verdadeiras normas de proteção do
meio ambiente do trabalho.

Assim, tendo em vista que o meio ambiente do trabalho é permeado por diversas fontes
de poder, é perfeitamente possível a ocorrência de bullying no âmbito das relações de
trabalho, devendo, no entanto, ser combatido também nessa seara, visando à proteção da
dignidade da pessoa humana, sendo forma de preservação do meio ambiente do trabalho
adequado aos trabalhadores e, ao mesmo tempo, favorável ao desenvolvimento econô-
mico e social.

8.10.1.3. Questões do TRF3

8.10.1.4. Questões do TRF4

8.10.1.5. Questões do TRF5

8.11. Direito Internacional Público e Privado

8.11.1. Incorporação Dos Tratados Público E Privado Internacionais


(Convenções Etc.) No Direito Brasileiro

8.11.1.1. Questões do TRF1


1) Quais as teorias a cerca da relação entre o direito internacional e o direito interno e qual a
adotada pelo Brasil?

Resposta:

Existem basicamente duas teorias que tentam explicar a relação entre o direito interna-
cional e o direito interno: a teoria monista e a teoria dualista.

Para a teoria dualista, o direito interno de cada Estado o direito Internacional são dois
sistemas independentes e distintos, cujas normas não poderiam entrar em conflito umas
com as outras. A norma internacional, para os dualistas radicais, somente valerá para
450
regular as relações entre Estados e para valer internamente, ser necessária a incorpora-
ção ao ordenamento, por meio de procedimento receptivo que a transforme em norma
nacional. A única conseqüência, neste caso, pela não incorporação de uma norma inter-
nacional ao direito interno do Estado que a ratificou, é a responsabilidade internacional.
Lado outro, há o dualismo moderado, para cuja incorporação basta a ratificação do Che-
fe de Governo com aprovação prévia pelo Parlamento.

Para a teoria monista há unidade de ordem jurídica, com normas internas e internacio-
nais, interdependentes entre si. Há duas correntes: para primeira corrente a unicidade
está sob o primado do direito internacional (monismo internacionalista ou radical); para
a segunda, há o primado do direito nacional de cada Estado soberano sobre o direito
internacional. Haveria ainda outra corrente (para alguns), aquela que prega que deve
prevalecer as normas de ―direitos humanos‖, seria o monismo internacionalista dialógi-
co, mas se trata de variação da primeira corrente.

Segundo MAZUOLLI (2010, p. 79), o STF tem entendido que o Brasil adotou a teo-
ria dualista moderada, mas critica dizendo que a Suprema Corte jamais teria indicado
o dispositivo constitucional que afirma que o Presidente da República promulga e pu-
blica o tratado.

2) Quais os requisitos necessários para a adoção de tratados versando sobre direitos huma-
nos?

Resposta:

Os requisitos para a adoção dos tratados versando sobre direitos humanos são os co-
muns a todos os tratados: assinatura, aprovação e ratificação, bem como entrada em
vigor internacional e publicação e registro. Contudo, após a EC 45/04, no momento da
aprovação congressual, tais tratados poderão ser incorporados ao direito nacional com
status de norma constitucional ou de norma infraconstitucional.

Para a aquisição de status constitucional, numa primeira interpretação, devem os trata-


dos sobre direitos humanos, após a assinatura pelo Presidente da República, ser aprova-
dos pelo quorum qualificado das emendas constitucionais (art. 5º, § 3º, CRFB, em subs-
tituição ao procedimento do art. 49, I, da CRFB), ou seja, votação por 3/5 dos membros
de cada casa parlamentar, em dois turnos de votação. Com isso, o Congresso Nacional
autoriza o Presidente da República a ratificar futuramente o tratado, que ao entrar em
vigor no âmbito internacional, concomitantemente entrará em vigor no âmbito interno,
mas com estatura de norma constitucional.

Outra interpretação há, no entanto, que aduz a necessidade de dois procedimentos para a
incorporação dos tratados versando sobre direitos humanos com status de emenda cons-
titucional. Sustenta-se que deverá haver a incorporação do tratado, na forma do art. 84,
VIII c/c art. 49, I, ambos da CRFB, e depois, a critério do Parlamento brasileiro, esse
451
tratado (já em vigor no âmbito internacional e interno) será novamente apreciado, para
ser dessa vez aprovado pelo quorum qualificado do art. 5º, § 3º, da CRFB, somente aqui
passando a ter equivalência a uma emenda constitucional.

Saliente-se, em conclusão, que no único caso hoje existente (ago/12), o Congresso Na-
cional utilizou da primeira hipótese para ratificar a Convenção Internacional sobre os
Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, Convenção de Nova
York, aprovada pelo Decreto nº 186, de 09 de julho de 2008, a qual está incorporada
como norma equivalente a emenda constitucional.

3) Quanto à possibilidade de adesão posterior, como se classifica este tipo de tratados? Mer-
cosul está fechado para os chineses e para os europeus a princípio não é mesmo? Os tratados
abertos – tratados de direitos humanos, são tratados abertos?

Resposta:

Os tratados podem ser classificados em abertos ou fechados. Os abertos permitem a


adesão posterior de Estados que não participaram de sua conclusão. Os abertos ainda
podem ser limitados ou ilimitados. Os limitados permitem a adesão apenas de um grupo
de Estados, geralmente relacionado a uma região, como é o caso do Tratado do Merco-
sul, ou a um contexto. No caso do Mercosul, a sua carta permite o ingresso dos mem-
bros da ALADI (art. 20), por isso os chineses e europeus não podem aderir, salvo se
houvesse um novo tratado que a modificasse. Os ilimitados são os que qualquer Estado
pode aderir. Já os fechados não permitem adesão posterior.

Os tratados abertos podem ainda ser condicionados ou incondicionados. Os condiciona-


dos são aqueles abertos (limitados ou ilimitados) que para a adesão impõem-se uma
condição, a exemplo da carta das Nações Unidas (art. 4º, § 1º). Os incondicionados, são
os abertos (limitados ou ilimitados) em que não há qualquer condição, geralmente são
os tratados de direitos humanos.

Os tratados de direitos humanos, portanto, são em regra abertos incondicionados, mas


podem ser limitados, a uma região, por exemplo, como é o caso da Convenção Ameri-
cana dos Direitos Humanos, que está limitada aos membros da OEA (art. 74, CADH).

8.11.1.2. Questões do TRF2


1) Tratados Internacionais no ordenamento jurídico brasileiro. Discorra. (O tema é
muito amplo e dependeria do conhecimento de cada candidato no momento da prova
oral, por isso fugi às regras e copie um texto do Itamaraty, apenas para enriquecer o
estudo: http://dai-mre.serpro.gov.br/clientes/dai/dai/apresentacao/o-que-sao-atos-
internacionais).

452
Resposta:

Segundo definiu a Convenção de Viena do Direito dos Tratados, de 1969, tratado inter-
nacional é "um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo
Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais ins-
trumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica" (Art. 2, a).

No Brasil, o ato internacional necessita, para a sua conclusão, da colaboração dos Pode-
res Executivo e Legislativo. Segundo a vigente Constituição brasileira, celebrar trata-
dos, convenções e atos internacionais é competência privativa do Presidente da Repú-
blica (art. 84, inciso VIII), embora estejam sujeitos ao referendo do Congresso Nacio-
nal, a quem cabe, ademais, resolver definitivamente sobre tratados, acordos e atos inter-
nacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional
(art. 49, inciso I). Portanto, embora o Presidente da República seja o titular da dinâmica
das relações internacionais, cabendo-lhe decidir tanto sobre a conveniência de iniciar
negociações, como a de ratificar o ato internacional já concluído, a interveniência do
Poder Legislativo, sob a forma de aprovação congressual, é, via de regra, necessária.

A tradição constitucional brasileira não concede o direito de concluir tratados aos Esta-
dos-membros da Federação. Nessa linha, a atual Constituição diz competir à União,
"manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais"
(art. 21, inciso I). Por tal razão, qualquer acordo que um estado federado ou município
deseje concluir com Estado estrangeiro, ou unidade dos mesmos que possua poder de
concluir tratados, deverá ser feito pela União, com a intermediação do Ministério das
Relações Exteriores, decorrente de sua própria competência legal.

Cabe registrar, finalmente, que na prática de muitos Estados vicejou, por várias razões,
o costume de concluir certos tratados sem aprovação legislativa. Eles passaram a ser
conhecidos como acordos em forma simplificada ou acordos do Executivo. As Constitu-
ições brasileiras, inclusive a vigente, desconhecem tal expediente.

2) Há necessidade de algum ato para que produza efeitos no plano interno?

Resposta:

O Brasil, no tocante aos efeitos internos dos tratados que ratificar, adotou a teoria dua-
lista moderada, segundo a jurisprudência do STF. Assim, para que as normas dispostas
no tratado possam ingressar no ordenamento jurídico interno, necessário se faz seja
expedido decreto do Presidente da República promulgando e publicando o tratado
no diário oficial, a partir do qual há obrigatoriedade para todos no cumprimento
de suas normas. Nesse sentido, o STF recusou o cumprimento de carta rogatória da
Argentina, negando o exequatur a sentença proferida em medida cautelar (CR 8.279,
14/05/1995).

453
A doutrina critica ferrenhamente esse entendimento, porquanto não há dispositivo cons-
titucional impondo a expedição desse decreto de promulgação e publicação, devendo os
cidadãos e os poderes constituídos tão logo tenham conhecimento da ratificação do tra-
tado dar-lhe cumprimento (Mazzuoli: 2010, p. 357).

Porém, segundo Rezek (2008, p. 79), que defende a prática, ele produto de uma praxe
tão antiga quanto a Independência e os primeiros exercícios convencionais do Império.
(…) Publica-os, pois, o órgão oficial, para que o tratado (…) se introduza na ordem le-
gal, e opere desde o momento próprio.

3) Quais as fontes do Direito Internacional Público e Privado? Ênfase no conflito sobre os Tra-
tados Internacionais no ordenamento jurídico brasileiro.

Resposta:

No direito internacional público, conforme o art. 38 do Estatuto de Haia, são fontes os


tratados, os costumes e os princípios gerais do direito. A jurisprudência e a doutrina são
fontes auxiliares na determinação das regras aplicáveis ao caso sob litígio. O Estatuto
ainda facultou, em certos casos, o uso da equidade (ex aequo et bono). Doutrinadores
modernos têm incluído nesse rol os atos unilaterais e as decisões tomadas por organiza-
ções internacionais intragovernamentais. Também incluem as normas imperativas (jus
cogens) como fonte, a qual vem estabelecida no art. 53 da Convenção de Viena sobre os
Direito dos Tratados. Por último, também são incluídas como fonte o soft law, que são
normas de caráter mais flexível, em que há pouco ou nenhuma obrigatoriedade.

No direito internacional privado, que como cediço não é ramo do direito internacional
público, as fontes têm origem no direito interno ou no direito internacional. As fontes
internas são aquelas determinadas em cada ordenamento. As fontes internacionais de-
correm da necessidade de harmonizar o tratamento de determinados temas que envol-
vam os interesses de mais de um ente nacional, em razão do conflito de leis aplicáveis
ao mesmo caso. São fontes do direito internacional privado, os tratados, o costume, a
jurisprudência, a doutrina, os princípios gerais do Direito, os princípios gerais do Direi-
to Internacional, os atos de organizações internacionais e o soft law.

Os tratados, tanto no Direito Internacional Público como no Privado, são as fontes por
excelência das normas, porquanto mais segura em razão de ser escrita, dotadas de maior
clareza e precisão. No entanto, não há consenso sobre a hierarquia as fontes, pois outros
sustentam ser o costume. Mas é majoritário na doutrina, que não há hierarquia de fontes.

4) Processo de internalização de Tratados no ordenamento jurídico brasileiro. Discor-


ra. (Alterei para internalização, pois não há sentido em ser “internacionalização” de
tratados, conforme constava da questão).
454
Resposta:

No Brasil o poder de celebrar tratados é exercido privativamente pelo Presidente da


República, mas esse poder é dividido entre o Poder Executivo e Legislativo, já que cabe
a este resolver definitivamente sobre tratados (art. 49, I, CRFB).

As fases de elaboração de um tratado no Brasil são: negociações preliminares, celebra-


ção ou assinatura, aprovação (CN, art. 49, I), ratificação (PR, art. 84, VIII), promulga-
ção e publicação. Importante mencionar que há autores que mencionam a entrada em
vigor no âmbito internacional, bem como há a obrigação convencional de registro do
tratado na Secretaria da ONU.

Após a celebração (negociação e assinatura), os tratados são remetidos ao referendo


(aprovação), em regra por maioria simples pelo Congresso Nacional (art. 49, I, CRFB)
ou por procedimento especial para os tratados sobre direitos humanos (art. 5º, § 3º,
CRFB).

Aprovado pelo CN, segue a ratificação, de modo discricionário pelo Presidente da Re-
pública, que é a confirmação do Estado em obrigar-se internacionalmente. Após, o Pre-
sidente da República deve a expedir um decreto promulgando e publicando no DOU o
conteúdo do tratado, materializando-o internamente.

5) Problemas entre Tratados internacionais tributários e leis tributárias. Discorra.

Resposta:

O art. 98 do CTN dispõe que os tratados sobre matéria tributária revogam e modificam
as leis vigentes e serão observados em relação às leis supervenientes. Com isso, perce-
be-se que o CTN adota o critério da supralegalidade dos tratados de Direito Tributário.

A doutrina tributarista sempre criticou o dispositivo, primeiro porque usa o termo ina-
dequado de revogar, quando correto seria prever a derrogação. Segundo, tal dispositivo
seria inconstitucional, pois somente por texto na norma fundamental seria possível esta-
belecer uma hierarquia especial em relação às demais normas, não uma lei ordinária
(com status de lei complementar).

Para os internacionalistas, contudo, essa norma está em consonância com a teoria que
sustenta assunção pelo Congresso Nacional de uma obrigação negativa de não legislar
de maneira contrária, quando aprova um tratado ou uma convenção.

No entanto, o STF tem restringido a aplicabilidade desse dispositivo aos chamados tra-
tados-contratos e não aos tratados normativos. Tal posição foi sufragado no RE
80.004/SE, de 1977.

455
Mas esse entendimento tem sido modificado na Suprema Corte, que tem retomado a
tese da supralegalidade (RE 229.096, 16/08/07), que proclama a supremacia dos trata-
dos e convenções internacionais em matéria tributária, sobre a lei.

6) - Tratados de Direitos Humanos. Existe discussão para sua incorporação ao ordenamento


jurídico pátrio? Quando surgiu esse questionamento acerca de qual tema?

Resposta:

A partir da redação do art. 5º, § 2º, da CRFB, uma parte da doutrina sustentou que os
tratados sobre direitos e garantias individuais fariam parte do bloco de
constitucionalidade (normas materialmente constitucionais), enquanto outra parte, indo
mais além, defendeu a supraconstitucionalidade dos tratados de proteção dos direitos
humanos, levando-se em conta toda a principiologia internacional marcada pela força
expansiva dos direitos humanos e pela caracterização como normas de jus cogens
internacional (Mazzuoli: 2010, p. 821).

O STF, entretanto, manteve seu entendimento (RE 80.004/SE, de 1977) de que os


tratados internacionais (comuns ou de direitos humanos) são incorporados ao
ordenamento jurídicos como leis ordinárias (HC 72.131/RJ, 22.11.1995).

A EC 45/04 tentando pacificar a controvérsia ao introduzir o § 3º no art. 5, criando um


procedimento especial (igual aos das emendas constitucionais) para incorporação dos
tratados sobre direitos humanos com normas equivalentes às emendas constitucionais.

Contudo, a discussão na doutrina e jurisprudência não cessou, fazendo o STF (RE


466.343, 03/12/2008) rever sua posição e adotar, por maioria, para os tratados sobre
direitos humanos não aprovados pelo procedimento da EC 45/2004 o regime da
supralegalidade, tendo a minoria vencida adotada tese de que todos os tratatos sobre
direitos humanos teriam status de norma constitucional.

8.11.1.3. Questões do TRF3


1) Os tratados sobre direitos humanos tem estatura constitucional?

Resposta:

Sustenta doutrina que os tratados de direitos humanos já teriam status de norma materi-
almente constitucional, em razão do que dispõe o art. 5º, § 2º, da CRFB, mas isso não
era aceito pela Jurisprudência do STF, que insistia no entendimento de que os tratados
(comuns ou de direitos humanos) teriam natureza de lei ordinária (HC 72.131/RJ,
22.11.1995).

456
Em razão disso, introduziu-se o § 3º ao art. 5º, da CRFB, estabelecendo que os tratados
aprovados pelo procedimento qualificado (3/5 dos membros de cada casa, em dois tur-
nos) seriam equivalentes a emendas constitucionais.

Porém, ainda que mudando o seu entendimento, o STF passou a entender que os
tratados aprovados antes ou fora dos parâmentros do § 3º do art. 5º, para uma corrente
majoritária teriam natureza de norma supralegal (RE 466.343, 03/12/2008) e, para uma
segunda corrente, todos os tratados sobre direitos humanos têm natureza material de
norma constitucional, independente do quorum de aprovação.

A doutrina, no entanto, rechaça esse novo entendimento majoritário, sustentando que os


tratados que versam sobre direitos humanos, adotados antes e depois da EC 45/04, mas
sem aprovação pelo regime do art. 5º, §3, são incorporados como normas materialmente
constitucionais e que os posteriores, se aprovados pelo procedimento do art. 5º, § 3º,
serão tidos como normas material e formalmente constitucionais. (Cf. Mazzuoli e Pio-
vesan).

2) É possível ADI contra lei, tendo por base tratado de direitos humanos internalizado na forma
da emenda 45?

Resposta:

Os tratados versando sobre direitos humanos quando aprovados por votação de 3/5 dos
membros de cada casa congressual, em dois turnos de votação, serão equivalentes às
emendas constitucionais (art. 5º, §3, CRFB).

A incorporação desses tratados por esse procedimento constitucional tem como efeitos
principais: (a) reformar a constituição; (b) impossibilitar a denúncia do tratado, mesmo
que por Projeto de Denúncia elaborado pelo Congresso Nacional; e (c) a incorporação
de suas normas como parâmetro de controle de convencionalidade das leis.

Assim, os legitimados do art. 103 da CRFB poderão ingressar com as ações de controle
abstrato, especialmente a Ação Declaratória de Inconstitucionalidade (ADI), com o ob-
jetivo de invalidar erga omnes as normas infraconstitucionais com eles incompatíveis.

8.11.1.4. Questões do TRF4

DESSE PONTO EM DIANTE: RESPOSTAS ELABORADAS POR JUCELIO


FLEURY NETO

8.11.1.5. Questões do TRF5


TRF5 – 2012

457
1) Explane sobre os efeitos dos tratados sobre terceiros não signatários. Fale sobre a regra
geral e as exceções.

Resposta:

Em princípio, o tratado só cria obrigações e direitos para as partes que o celebraram.


Existem, todavia, as hipóteses em que o tratado realmente opera como norma sobre ter-
ceiros determinados, quer no sentido de conferir-lhes direitos, quer no sentido de obri-
gá-los. Um bom exemplo de tratado que produz efeitos para terceiros é a Carta da ONU,
como prova o art. 2º, § 6º: “A Organização fará com que os Estados que não são
membros das Nações Unidas ajam de acordo com esses princípios em tudo quanto
for necessário à manutenção da paz e da segurança internacionais (...)”.

Exemplos de efeitos para terceiros:

efeito difuso: as situações jurídicas objetivas. Se um acordo de permuta territorial entre


dois Estados modifica o curso da linha limítrofe que os separa, esta nova situação jurí-
dica objetiva se impõe aos outros Estados, ainda que somente para que os outros se inte-
rem da correta cartografia da região.

efeito aparente: a cláusula da nação mais favorecida.

previsão convencional de direitos para terceiros: a criação de direitos para um terceiro


reclama o consentimento deste, mas o silêncio faz presumir aquiescência;

previsão convencional de obrigações para terceiros: só obriga um terceiro Estado se as


partes no tratado têm a intenção de criar a obrigação por meio dessa disposição, e o ter-
ceiro Estado aceita expressamente por escrito essa obrigação.

2) Trate sobre o rito de incorporação dos tratados ao ordenamento jurídico brasileiro.

Resposta:

A incorporação dos tratados no ordenamento brasileiro segue as seguintes fases: 1. Ne-


gociação; 2. Assinatura; 3. Aprovação pelo Congresso Nacional por DECRETO LE-
GISLATIVO; 4. Ratificação pelo Presidente da República; 5. Promulgação por Decreto
do Presidente. Esse é o rito normal, mas a EC 45 introduziu a novidade de que os trata-
dos internacionais sobre direitos humanos aprovados por 3/5, em dupla votação por ca-
da casa do Congresso Nacional, terão status de emenda constitucional. A CARTA da
ONU determina que todo tratado concluído por qualquer um de seus Estados-membros
deverá ser registrado e publicado pelo Secretariado-Geral da ONU, para que possa ser
invocado perante os órgãos das Nações Unidas.

3) Fale sobre a extinção dos tratados internacionais, ressaltando as hipóteses.


458
Resposta:

Rezek descreve as seguintes formas de extinção dos tratados: 1. A vontade comum:


extingue-se um tratado por ab-rogação sempre que o intento terminativo é comum às
partes por ele obrigadas; 2. A vontade unilateral: a denúncia é ato unilateral. Pela de-
núncia, manifesta o Estado sua vontade de deixar de ser parte no acordo internacional.
A Convenção de Viena dispõe que, no caso de não estar expresso no tratado, a regra
geral é de pré-aviso de doze meses; 3. Mudanças circunstanciais: referem-se à super-
veniência da impossibilidade do cumprimento do tratado, e ainda à alteração fundamen-
tal das circunstâncias (teoria rebus sic stantibus); 4. Superveniência de uma Nova Nor-
ma Imperativa de Direito Internacional Geral (jus cogens)

4) É correto afirmar que o tratado é ratificado pelo congresso nacional? Tecnicamente é corre-
ta essa expressão?

Resposta:

Não é correto, o ato de ratificação não é atribuição do Congresso Nacional. A Conven-


ção de Viena sobre Direito dos Tratados define ratificação da seguinte forma: ―o ato
internacional assim denominado pelo qual um Estado estabelece no plano internacional
o seu consentimento em obrigar-se por um tratado‖. O poder competente para a ratifica-
ção é fixado pelo direito constitucional de cada Estado. No Brasil o poder de ratificar é
atribuído PRIVATIVAMENTE ao Presidente da República, sendo ato DISCRI-
CIONÁRIO. Assim, mesmo que o Congresso Nacional já tenha aprovado o tratado por
meio de DECRETO LEGISLATIVO, é o Presidente que decide o momento oportuno
para RATIFICAR. Antes da ratificação pelo chefe do Poder Executivo, a aprovação do
Congresso Nacional é expressa mediante promulgação de um decreto legislativo, ao
passo que os tratados submetidos apenas ao Senado Federal são aprovados por meio de
resoluções.

5) Pacto São Jose da Costa Rica, convenção interamericana dos direitos humanos, antes da EC
45, qual o valor hierárquico das normas do pacto em relação ao período anterior a emenda?

Resposta:

O Pacto São José da Costa Rica é o instrumento que rege o Sistema Regional America-
no dos Direitos Humanos, sendo que contemplou apenas direitos de 1ª Geração (Civis e
Políticos), bem como ingressou no ordenamento brasileiro por meio do sistema anterior
à EC 45. O STF consolidou o entendimento de que os tratados internacionais sobre di-
reitos humanos aprovados pelo sistema anterior à EC 45 ingressam no ordenamento
jurídico como normas "supra legais", ou seja, não possuem status de norma constitucio-
nal, mas estão em hierarquia superior às leis ordinárias e complementares, de modo que

459
leis posteriores que tratem a matéria de forma diversa da constante no tratado não po-
dem revogar os tratados.

8.12. Sociologia do Direito

8.12.1. Conflitos – Conceito

8.12.1.1. Questões do TRF1


1) O que se entende por conflito? O conflito é o normal ou é um fenômeno anômalo? Seria
uma falácia dizer-se que o Poder Judiciário seria um instrumento para resolução de conflito?

Resposta:

Os conflitos estão presentes em todos os tipos de sociedade, é um fenômeno normal.


Sejam elas mais simples ou mais complexas. Para a Sociologia, o conflito é uma com-
petição consciente entre indivíduos ou grupos que visam a sujeição ou destruição do
rival. O seu resultado visível é a organização política, e o status que os indivíduos e
grupos ocupam dentro dela. O conflito é apenas uma das diferentes formas de interação
entre os indivíduos. É fruto das transformações sociais pelas quais a sociedade passa
constantemente. Basicamente o Direito possui duas funções sociais: a de prevenir con-
flitos e de compor conflitos. Previne à medida que o Direito promove um disciplina-
mento social, evitando o quanto possível o choque de interesses. Compõe conflito, pois,
uma vez estabelecido, o Direito proporciona a discussão dos interesses antagônicos das
partes no conflito. Podemos encontrar quatro tipos de composição de conflitos: 1. Ne-
gociação direta; 2. Mediação e conciliação; 3. Arbitramento; 4. Judicial. Para alguns
autores, a estrutura arcaica do Judiciário, a lentidão e a ineficiência aliada à desordem
na elaboração dos processos provoca um descrédito na Justiça por parte dos envolvidos
que gera uma insatisfação tal que a busca por outros caminhos para a resolução dos con-
flitos se torna primordial antes de se chegar à justiça, resultando na mencionada "falá-
cia".

2) É da natureza humana querer só porque alguém quer enquanto ele quer?

Resposta:

O ser humano é complexo e individual, sendo que a personalidade de cada indivíduo é


formada a partir de suas experiências pessoais, associada a alguns elementos biológicos.
No entanto, pode-se afirmar que a natureza humana segue a tendência de desejar aquilo
que está sendo cobiçado por outros.

3) Qual a diferença entre coerção e coação?


460
Resposta:

As normas sociais são basicamente normas de conduta. Ao agir em público, o sujeito


pode ter sua ação entendida dentro dos limites de uma normalidade que o senso comum
espera dele. Ou então, pode ser entendida como uma ação fora dos parâmetros ditados
pela sociedade. Quando isso ocorre, o sujeito sofre uma coerção na tentativa de restabe-
lecer a ordem primeiramente investida. Assim, o indivíduo para viver em sociedade está
constantemente cercado pela coerção, que é um instrumento que a todo instante o lem-
bra da punição caso as normas sejam descumpridas. Quando a ética e a moral falham, é
a lei que age, fazendo incidir o sistema obrigacional fundado na punição e na coerção.
A coação somente surge no momento em que a atividade do indivíduo se projeta sobre
a liberdade dos demais indivíduos a ponto de causar-lhes dano. O monopólio da força,
ou uso exclusivo do poder de coação, é uma condição necessária à existência do Estado.
A noção de sanção jurídica está associada ao significado de coerção (elemento psicos-
social de antecipação dos elementos aflitivos da sanção) e ao sentido de coação (atuali-
zação do expediente sancionatório pelo emprego da força). Decerto, o direito positivo
congrega coerção e coação, notando--se, na evolução jurídica, a ênfase à coercitividade.

8.12.1.2. Questões do TRF28

8.12.1.3. Questões do TRF3

8.12.1.4. Questões do TRF4

8.12.1.5. Questões do TRF5

8.13. Filosofia do Direito

8.13.1. O Mundo Compreendido Cosmologicamente

8.13.1.1. Questões do TRF1


1) Ao afirmar que a boa-fé é presumida qual foi a posição adotada pelo Des. Olindo em relação
ao conceito de bem e de mal? Está correta esta afirmação de que o homem tende ao bem, de
quem é este ideia? Sócrates, depois de Platão, Aristóteles fala isso. Qual a posição divergente
entre a relação dicotomia bem-mal? O mal como uma antítese do bem dentro de uma auto-
nomia. Esta posição é defendida mais para frente por Santo Agostinho (não existe o mal em si
e sim a ausência circunstancial do bem). O Senhor teria uma posição própria sob estas posi-
ções?

Resposta:

461
Em religião, ética e filosofia, a frase bem e mal refere-se a avaliação de objetos, desejos
e comportamentos através de um espectro dualístico, onde numa dada direção estão
aqueles aspectos considerados moralmente positivos e na outra, os moralmente negati-
vos. O bem é por vezes visto como algo que implica a reverência pela vida, continuida-
de, felicidade ou desenvolvimento humano, enquanto o mal é considerado o recipiente
dos contrários. Bem e mal são valores subjetivos e circunstanciais, de modo que podem
ser utilizados para justificar uma relação de poder e submissão, como instrumento de
dominação das massas. Tratam-se de valores altamente carregados de conteúdo moral,
defendido pela corrente Utilitarista e teleológica do direito, que entendem que o papel
da justiça é maximizar o bem. Posiciono-me diferentemente à corrente utilitarista, e vejo
o direito sob a ótica deontológica que busca a realização da justiça como equidade, tal
como preceituada por John Rawls, sem depender de conteúdos morais, mas sim partin-
do da igualdade acobertada pelo manto da ignorância.

2) Qual é o conceito de conhecimento? É uma parte da filosofia? Qual o nome na filosofia do


setor que se estuda? Qual a parte da filosofia que se estuda o conhecimento em relação ao
objeto? E a parte da filosofia que estuda o conhecimento e o sujeito do qual ele emana?

Resposta:

Conhecimento são as crenças verdadeiras e justificáveis. GNOSIOLOGIA, também


chamada de teoria do conhecimento, é o ramo da filosofia que trata da natureza, das
origens e da validade do conhecimento (epstemologia). Entre as principais questões
debatidas pela epistemologia destacam-se: O que é o conhecimento? Como obtemos
conhecimento? Como o ceticismo ajuda a humanidade a separar as crenças falsas das
crenças verdadeiras e justificadas? Como defender os nossos modos de conhecer das
investidas do pseudo-ceticismo? Pode-se dizer que a epistemologia se origina em Pla-
tão. Ele opõe a crença ou opinião ao conhecimento. A crença é um determinado ponto
de vista subjetivo. O conhecimento é crença verdadeira e justificada. A epistemologia
também estuda a evidência (entendida não como mero sentimento que temos da verdade
do pensamento, mas sim no sentido forense de prova), isto é, os critérios de reconheci-
mento da verdade. A Metafísica, por sua vez, ocupa-se da elaboração de teorias sobre a
realidade e sobre natureza fundamental de todas as coisas. O objetivo da metafísica é
fornecer uma visão abrangente do mundo – uma visão sinóptica que reúna em si os di-
versos aspectos da realidade. Uma das subáreas da metafísica é a ontologia (literalmen-
te, a ciência do "ser"), cujo tema principal é a elaboração de escalas de realidade. Nesse
sentido, a ontologia buscaria identificar as entidades básicas ou elementares da realidade
e mostrar como essas se relacionam com os demais objetos ou indivíduos - de existência
dependente ou derivada.

462
3) Qual a diferença entre adequação e vocação? O senhor tem uma vocação própria para falar
também no magistério.

Resposta:

Ocorre a adequação quando o sujeito necessita se adaptar para realizar determinada tare-
fa, aprendendo novos conceitos, novas técnicas e adquirindo novas habilidades. A voca-
ção, por sua vez, decorre de uma aptidão natural para o desempenho de determinada
atribuição, como se fosse um talento nato. A resposta quanto a vocação para o magisté-
rio é de natureza pessoal.

4) Qual a diferença entre o plural e o geral? O homem além de ser devendo ser tem haver com
o universo. Pacto social de Russeau. O que é o pacto social? A federação é uma unidade plúri-
ma.

Resposta:

Plural é um conceito mais restrito que o geral, sendo que este abrange aquele. O plural
designa um conjunto de pessoas, sendo que o geral abrange toda a coletividade. Rousse-
au expõe a sua noção de Contrato Social, que difere muito das de Hobbes e Locke: para
Rousseau, o homem é naturalmente bom, sendo a sociedade, instituição regida pela
política, a culpada pela "degeneração" do mesmo. O Contrato Social para Rousseau é
um acordo entre indivíduos para se criar uma Sociedade, e só então um Estado, isto é, o
Contrato é um Pacto de associação, não de submissão.

5) Leia o preâmbulo da CF/88. Vamos analisar. Constituímos um Estado, o que é estado? Qual
a diferença entre este Estado, pretensão constitutivo, plano ideativo, para o Estado condição,
predicamento, Estado etimologicamente é quando uma substância corpórea está disposto no
espaço daquela forma, um Estado que é um conjunto de condição.

Resposta:

Estado é a união de um povo, sob determinado território, regido por um governo sobe-
rano. O Estado pretensão é aquele idealizado por uma sociedade, é o projeto proposto
para uma sociedade. O Estado predicado, ou seja, condição, é aquele real, o que efeti-
vamente gere uma sociedade, são os fatores reais de poder em conjunto compõe o Esta-
do.

6) A expressão “democrático de direito” significaria o que? Qual o conceito moderno de de-


mocracia? Democracia é forma de estado, é forma de governo, sistema de governo ou é outra
coisa? Segundo Aristóteles era forma de governo, mas modernamente é modo de exercício de

463
poder, é o modo pelo qual o poder é exercido. Quanto mais participação dos jurisdicionados
nas decisões que lhe dizem respeito, mais democrático será o Estado.

Resposta:

A expressão democrático de direito significa que o Estado se organiza por normas resul-
tantes da vontade do povo, que participa da formação do Estado por meio de seus repre-
sentantes eleitos. Democracia é o povo no poder, ocorre que nas sociedades atuais,
compostas por milhões de indivíduos, torna-se impossível a participação direta da von-
tade de cada indivíduo. Assim, na modernidade, a democracia é exercida por meio de
representantes eleitos. A democracia é um sistema de governo.

7) O que é liberdade? É possível ser livre com segurança? Este binômio segurança e liberdade,
como isso é possível? Quanto maior liberdade menor a segurança, quanto maior a segurança
maior a liberdade?

Resposta:

Liberdade é um direito fundamental reconhecido internacionalmente na Declaração U-


niversal de Direitos Humanos, e integrado em todas as constituições democráticas, que
permite ao ser humano expressar e realizar sua vontade. A segurança, por sua vez, trata-
se da ordem imposta pelo Estado como forma de limitar parcela da liberdade dos indi-
víduos em prol da coletividade. No momento em que o indivíduo integra uma sociedade
ele abdica de parcela de sua liberdade, transferindo esse poder para o Estado, que passa
a ter a "violência legitimada" como forma de coerção e controle dos excessos de liber-
dade, gerando a segurança. essa relação inversa de proporcionalidade entre liberdade e
segurança deve ser limitada pelo núcleo mínimo de liberdades individuais.

8) O bem estar significaria o quê? Ele exclui o mal-estar, é a antítese, ou e simbiose?

Resposta:

O bem estar é um sentimento de satisfação, de harmonia consigo mesmo, com a socie-


dade e com o meio ambiente na qual o indivíduo se insere. O bem estar não exclui ne-
cessariamente o mal estar, vez que ambos os sentimentos integram o ser humano em
uma constante simbiose (mutua cooperação para o bem comum).

9) O que seria a fraternidade?

Resposta:

Fraternidade constitui um dos ideais da revolução francesa e designa o sentimento de


mutuo auxílio e cooperação com a finalidade de alcançar o bem comum. Conceitua-se a
464
fraternidade como a expressão dos direitos de terceira geração, que são os direitos difu-
sos, uma vez que possuem toda a coletividade como titulares indetermináveis, unidos
por uma relação jurídica base.

10) O que seria uma sociedade plúrima? Isso significa várias sociedades? Unidades na plurali-
dade?

Resposta:

Sociedade plúrima é aquela constituída de uma diversidade de grupos sociais. Não se


trata propriamente de várias sociedades, mas sim de aceitação de que dentro de uma
sociedade existem mais de um segmento social. Mesmo havendo esses grupos sociais
inseridos na sociedade, existe uma unidade de desejos que faz com que a pluralidade se
reúna e constitua a unidade da sociedade.

8.13.1.2. Questões do TRF2

8.13.1.3. Questões do TRF3

8.13.1.4. Questões do TRF4

8.13.1.5. Questões do TRF5

9. Ponto 09
9.1. Direito Constitucional

9.1.1. Separação De Poderes E Divisão De Poderes No Brasil

9.1.1.1. Questões do TRF1

9.1.1.2. Questões do TRF2


1) Os entes federativos podem estabelecer suas próprias Constituições e Leis Orgânicas com
alguma restrição ou tem amplitude?

Resposta:

465
São entes federativos da indissolúvel República brasileira: União, Estados, DF, Municí-
pios e Territórios. A União ao estabelecer a Constituição Federal atua exercendo o po-
der constituinte ORIGINÁRIO, que tem como uma das características ser incondiciona-
do e ilimitado (não sofre restrição nem mesmo do direito natural, vez que o Brasil adota
uma corrente jus positivista). No entanto, os Estados ao tecerem suas constituições e-
xercem o poder constituinte derivado decorrente, por ser derivado do originário e por
ele criado, é também jurídico e encontra os seus parâmetros de manifestação nas regras
estabelecidas pelo originário. Sua missão é estruturar a Constituição dos Estados-
membros. Tal competência decorre da capacidade de auto-organização estabelecida pelo
poder constituinte originário, sofrendo as seguintes limitações: 1. princípios constitu-
cionais sensíveis; 2. os princípios constitucionais estabelecidos (organizatórios); 3. os
princípios constitucionais extensíveis. Entende-se que o DF, assim como os Estados,
possui o poder constituinte derivado decorrente e o exerce limitado apenas pela CF. No
entanto, a doutrina majoritária indica que os Municípios não são dotados de poder cons-
tituinte derivado decorrente, uma vez que ao instituírem suas Leis Orgânicas são limita-
dos não só pela CF, mas também pelas Constituições dos respectivos Estado, exercendo
um poder de 3º grau. Os Territórios Federais também não possuem poder constituinte.

2) O que é vedado à União, aos estados e aos municípios? De forma alguma eles podem prati-
car? Vê vinculação entre as vedações mencionadas e princípios maiores anteriores? Princípios
do Estado brasileiros, princípios individuais coletivos inspiram cada uma dessas vedações? Cite
alguns exemplos de leis de iniciativa privativa da União?

Resposta:

O poder dos entes federativos não é ilimitado, mas sim encontra barreira em vários di-
reitos e garantias fundamentais, bem como nos direitos sociais, econômicos e culturais
previstos na CF. Observando essas limitações, e posição que o indivíduo assume peran-
te o Estado, foi criada a TEORIA DOS QUATRO STATUS DE JELLINEK: 1. passivo
(o indivíduo em subordinação aos poderes públicos); 2. negativo (sem ingerências dos
poderes públicos na vida do indivíduo); 3. positivo (o indivíduo pode exigir do Estado
que atue positivamente em seu favor, através da oferta de bens e serviços); 4. ativo (o
indivíduo desfruta de competências para influir sobre a formação da vontade estatal).
Cumpre salientar que o Brasil se funda nos princípios da soberania, cidadania, dignida-
de da pessoa humana, valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo
político; no entanto a regra é que mesmo os direitos individuais não são absolutos e, no
caso de conflito, deve-se analisar o caso concreto de modo a buscar a realização do pro-
jeto constitucional, aplicando a ponderação. São exemplos de leis de iniciativa privativa
da União: penal, lei processual, direitos políticos, cidadania, direito do trabalho etc.

3) Poder Judiciário. É realmente um poder ou é uma função do Estado?

466
Resposta:

O PODER é uno e emana do povo, de modo que, a rigor, tanto o Executivo, quanto o
Legislativo e o Judiciário não são "poderes", mas sim funções. Esse conceito de três
poderes decorre do projeto de repartição dos poderes previsto pelo iluminismo, tendo
como referência MONTESQUIEU, dividindo-se o poder em 3 (Executivo, Legislativo e
Judiciário), como forma de limitar o poder de cada função e, assim, superar as mazelas
do absolutismo. Ocorre que atualmente cada poder exerce sua função preponderante,
mas também atua no exercício das demais funções, como forma de controle e compen-
sação, buscando a harmonia entre os "3 poderes".

4) Disserte sobre o sistema de Freios e Contrapesos.

Resposta:

O sistema de separação de poderes, consagrado nas Constituições de quase todo o mun-


do, foi associado à ideia de Estado Democrático e deu origem a uma engenhosa cons-
trução doutrinária, conhecida como sistema de freios e contrapesos. Segundo essa teoria
os atos que o Estado pratica podem ser de duas espécies: ou são atos gerais ou são espe-
ciais. Os atos gerais, que só podem ser praticados pelo poder legislativo, constituem-se
na emissão de regras gerais e abstratas, não se sabendo, no momento de serem emitidas,
a quem elas irão atingir. Dessa forma, o poder legislativo, que só pratica atos gerais, não
atua concretamente na vida social, não tendo meios para cometer abusos de poder nem
para beneficiar ou prejudicar a uma pessoa ou a um grupo em particular. Só depois de
emitida a norma geral é que se abre a possibilidade de atuação do poder executivo, por
meio de atos especiais. O executivo dispõe de meios concretos para agir, mas está i-
gualmente impossibilitado de atuar discricionariamente, porque todos os seus atos estão
limitados pelos atos gerais praticados pelo legislativo. E se houver exorbitância de qual-
quer dos poderes surge a ação fiscalizadora do poder judiciário, obrigando cada um a
permanecer nos limites de sua respectiva esfera de competência‖ (Dalmo de Abreu Dal-
lari, Elementos de teoria geral do Estado, p. 184 -185)

5) Como se compõe a estrutura do Poder Judiciário?

Resposta:

O Poder Judiciário é composto pelos seguintes órgãos: I - o Supremo Tribunal Federal;


I-A o Conselho Nacional de Justiça; II - o Superior Tribunal de Justiça; III - os Tribu-
nais Regionais Federais e Juízes Federais; IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; V - os
Tribunais e Juízes Eleitorais; VI - os Tribunais e Juízes Militares; VII - os Tribunais e
Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. O STF e os Tribunais Superiores
(STJ, TST, TSE e STM) são órgãos de convergência, têm sede na Capital Federal (Bra-

467
sília) e exercem jurisdição sobre todo o território nacional. Podemos classificar o STF e
o STJ (Tribunais da União) não só como órgãos de convergência, mas, também, como
órgãos de superposição. Cada órgão possui uma regra para ingresso, sendo que a regra
geral é a do concurso público mediante provas e títulos, mas é possível o ingresso medi-
ante indicação do Chefe do Executivo (quinto constitucional). Observo, ainda, por o-
portuno, que a Constituição não arrola as Turmas Recursais dentre os órgãos do Poder
Judiciário, os quais são por ela discriminados, em numerus clausus, no art. 92. Apenas
lhes outorga, no art. 98, I, a incumbência de julgar os recursos provenientes dos Juiza-
dos Especiais. Vê-se, assim, que a Carta Magna não conferiu às Turmas Recursais, sa-
bidamente integradas por juízes de primeiro grau, a natureza de órgãos autárquicos do
Poder Judiciário, e nem tampouco a qualidade de tribunais, como também não lhes ou-
torgou qualquer autonomia com relação aos tribunais regionais federais.

6) Dentre as atribuições que os juízes têm nos julgamentos, o art. 93 da CRFB prevê a necessi-
dade de publicidade e fundamentação das decisões. Em toda decisão administrativa ou judicial
há obrigatoriedade de fundamentação? Como se faria a distinção do que seria uma decisão?

Resposta:

A fundamentação constitui pressuposto de legitimidade das decisões judiciais. A fun-


damentação dos atos decisórios qualifica-se como pressuposto constitucional de valida-
de e eficácia das decisões emanadas do Poder Judiciário. A decisão, como ato de inteli-
gência, há de ser a mais completa e convincente possível. Incumbe ao Estado-juiz ob-
servar a estrutura imposta por lei, formalizando o relatório, a fundamentação e o dispo-
sitivo. O juiz é um perito na arte de proceder e julgar, devendo enfrentar as matérias
suscitadas pelas partes, sob pena de, em vez de examinar no todo o conflito de interes-
ses, simplesmente decidi-lo, em verdadeiro ato de força, olvidando o ditame constitu-
cional da fundamentação, o princípio básico do aperfeiçoamento da prestação jurisdi-
cional. Não há nulidade na decisão que, embora sucinta, apresenta fundamentos essen-
ciais. O magistrado não está obrigado a responder todos os fundamentos alegados. Re-
vela-se legítima e plenamente compatível com a exigência imposta pelo art. 93, IX, da
CF, a utilização, por magistrados, da técnica da motivação per relationem, que se carac-
teriza pela remissão que o ato judicial expressamente faz a outras manifestações ou pe-
ças processuais existentes nos autos, mesmo as produzidas pelas partes. Portanto, toda
decisão judicial ou administrativa deve ser fundamentada, sendo considerado decisão
todo ato que soluciona uma questão.

7) Com relação ao Quinto Constitucional: como vê a posição desta determinação dentro da


composição dos Tribunais? O que significa e qual a sua natureza? É um retrocesso ou traz insti-
tutos que estão em consonância com a Constituição e seus princípios?

Resposta:
468
O art. 94 da CF/88 estabelece que 1/5 (20%) dos lugares dos TRFs, dos Tribunais dos
Estados e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros do Ministério
Público, com mais de 10 anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de
reputação ilibada, com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional, indicados em
lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes. A ―regra do quinto‖
está prevista, também, para os tribunais do trabalho (arts. 111 -A, I; 115, I) e para o STJ
(art. 104, parágrafo único). Portanto, apenas os TRF´s, os TJ´s o STJ, o TST e os TRT´s
devem seguir o quinto. Referida regra busca garantir que a composição dos tribunais
seja ampla, abrangendo profissionais que tiveram experiência nas diversas áreas de apli-
cação do direito. Dessa forma, esse instituto está em consonância com o primado da
democracia participativa prevista no projeto constitucional. No entanto, há os que de-
fendem a extinção do instituto, sob o argumento de que o provimento de cargos na ma-
gistratura deve ser feito exclusivamente por meio de concurso público, evitando-se en-
volvimento político dos que integram essa nobre função.

8) O que significa dizer que é vedado ao juiz a atividade político-partidária? O juiz não pode ter
opinião política, não pode participar de um comício ou é algo que seria mais profundo com
relação ao partido político? Publicamente o magistrado pode se manifestar? Quais as conse-
quências para o juiz se não observar essa vedação?

Resposta:

Significa que ao juiz é vedada a filiação partidária, bem como é vedada a capacidade
eleitoral passiva (não podem ser candidatos). A Lei Complementar da Magistratura, de
n. 35 de 79, em um de seus dispositivos, art. 26, II, "c", prevê procedimento administra-
tivo para a perda do cargo no caso de o magistrado exercer atividade político-partidária.
Essa proibição tem sua razão de ser e deve existir. Ligações entre Magistrados e parti-
dos políticos, seus representantes e membros colocariam um perigo exatamente a inde-
pendência e a imparcialidade do magistrado. Não dá para se cogitar de juízes filiados à
partidos políticos, julgando ações em que são manifestados interesses dessas mesmas
entidades, de candidatos contrários ou partidários. Mas o que não pode é o juiz filiar-se
à partido político, exercer a atividade político-partidária. Coisa diferente é fazer política,
é falar de política. O magistrado na sua atividade, no seu relacionamento social, nas
relações com os demais Poderes necessita ter uma atividade, uma atuação política. Essa
atuação, essa atividade, vai endereçar-se, inclusive, ao exercício da cidadania. É bem
diferente de defender ou atacar interesses político-partidários.

9) Qual a natureza e extensão da atuação do CNJ?

Resposta:

Conselho Nacional de Justiça, composto de 15 membros, com mandato de 2 anos, admi-


tida uma recondução, sem limite de idade. Compete ao Conselho o controle da atuação
469
administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcio-
nais dos juízes. CNJ não exerce função jurisdicional e os seus atos poderão ser revistos
pelo STF. "Poder Judiciário. Conselho Nacional de Justiça. Órgão de natureza exclusi-
vamente administrativa. Atribuições de controle da atividade administrativa, financeira
e disciplinar da magistratura. Competência relativa apenas aos órgãos e juízes situa-
dos, hierarquicamente, abaixo do STF. Preeminência deste, como órgão máximo do
Poder Judiciário, sobre o Conselho, cujos atos e decisões estão sujeitos a seu controle
jurisdicional. Inteligência dos arts. 102, caput, inc. I, letra r, e 103 -B, § 4.º, da CF. O
Conselho Nacional de Justiça não tem nenhuma competência sobre o STF e seus minis-
tros, sendo esse o órgão máximo do Poder Judiciário nacional, a que aquele está sujei-
to‖ (ADI 3.367, Rel. Min. Cezar Peluso, j. 13.04.2005, DJ de 22.09.2006).

10) Quais as garantias dos magistrados?

Resposta:

Para que o Poder Judiciário possa cumprir as funções exigidas pela sociedade contem-
porânea, é imprescindível que seus juízes tenham algumas garantias constitucionais.
Nesse sentido, os predicamentos da magistratura são a vitaliciedade, a inamovibilidade
e a irredutibilidade de vencimentos (art. 95). Elas asseguram a independência funcional
do magistrado, sobretudo, em relação ao Poder Executivo. A advertência de Pedro Les-
sa, feita em 1915, permanece atual: "Importa garantir o Poder Judiciário, defendendo-o
da pressão, das usurpações e da influência dos outros poderes políticos. Para isso é mis-
ter organizar de tal modo a magistratura, que, em vez de ficar dependente do Poder E-
xecutivo, constitua ela um freio a esse poder". Essas garantias constitucionais dos juízes
- a vitaliciedade, a inamovibilidade e a irredutibilidade de vencimentos - devem ser con-
sideradas cláusulas pétreas, não podendo ser suprimidas por meio de emenda constitu-
cional.

11) Separação dos Poderes é uma garantia constitucional ou garantia da constituição (institu-
cional)?

Resposta:

A noção de garantia institucional foi elaborada pela doutrina alemã, no período em que
vigeu a Constituição de Weimar. Os grandes juristas da época demonstraram que a pro-
teção dos direitos fundamentais (Grundrechte), ou seja, dos direitos humanos positiva-
dos na Constituição, não se realiza apenas por meio de garantias subjetivas, ou remédios
judiciais, como o habeas-corpus, mas que ela é também alcançada com a existência de
determinadas instituições no ordenamento estatal, criadas para essa finalidade. Tal é o
caso, paradigmaticamente, da divisão de poderes na esfera estatal. O vínculo dessa insti-
tuição com a proteção dos direitos humanos é tão íntimo que os revolucionários france-
470
ses de 1789 puderam proclamar que "toda sociedade, na qual a garantia dos direitos não
é assegurada, nem a separação dos poderes determinada, não tem constituição" (Decla-
ração dos Direitos do Homem e do Cidadão, art. 16). Pois essa é, afinal, a finalidade
precípua de uma Constituição escrita, tal como a conceberam os norte-americanos em
fins do século XVIII: ela não existe para reforçar o poder dos governantes, mas bem ao
contrário para impedir o abuso de poder. Portanto, a separação dos poderes é uma ga-
rantia institucional.

9.1.1.3. Questões do TRF3


1) Qual é a diferença entre a Lei ordinária e Complementar?

Resposta:

A Lei Ordinária para ser aprovada basta o voto favorável da maioria simples, ou seja a
maioria dos presentes durante a sessão de votação, desde que alcançado o quorum de
instalação da sessão. A Lei Complementar deve contar com a maioria dos membros de
cada casa legislativa para ser aprovada, ou seja a maioria absoluta. A diferença entre
uma e outra está nas matérias que podem ser reguladas por cada instrumento. A regra é
a utilização de Lei Ordinária, (residual) sendo que a Lei Complementar só é exigida nos
casos expressamente (taxativamente) previstos na CF.

2) Existe hierarquia entre elas?

Resposta:

Essa matéria é muito discutida na doutrina, e há opiniões contrárias e fortes argumentos


nos dois sentidos. Os que afirmam ter hierarquia dizem que a lei complementar apresen-
ta-se como um tertium genus, localizada entre a Constituição e a lei ordinária. A hierar-
quia se dá em decorrência do quorum mais qualificado e das hipóteses taxativas de pre-
visão da lei complementar. Os que argumentam a inexistência de hierarquia asseveram
que inexiste hierarquia entre lei complementar e lei ordinária, na medida em que ambas
encontram o seu fundamento de validade na Constituição, existindo, conforme observou
Michel Temer, ―âmbitos materiais diversos atribuídos pela Constituição a cada qual
destas espécies normativas‖. Posiciono pela inexistência de hierarquia entre as duas
espécies normativas, pois admitir isso seria o mesmo que entender que uma lei munici-
pal é hierarquicamente inferior a uma lei federal. Tem-se, na verdade, âmbitos diferen-
ciados de atuação, atribuições diversas, de acordo com as regras definidas na Constitui-
ção.

3) A quem cabe a apreciação das contas apresentadas pelo chefe do poder executivo?

471
Resposta:

As contas do Chefe do Executivo são julgadas pelo respectivo poder legislativo, com
auxílio do Tribunal de Contas, que emitirá parecer sobre as contas. Em âmbito munici-
pal as contas do prefeito somente podem ser julgadas desconsiderado-se o parecer do
Tribunal de Contas mediante a votação de 2/3 dos vereadores (não existe regra no mes-
mo sentido para os Estados e União, onde o parecer pode ser desconsiderado indepen-
dente do quorum qualificado). Em âmbito federal o julgamento das contas é de compe-
tência exclusiva do Congresso Nacional.

4) Se essas contas não forem aprovadas quais são as conseqüências previstas?

Resposta:

A não aprovação das contas pode ter como consequência: I) impeachment; II) inelegibi-
lidade; III) Aplicação da lei de improbidade administrativa; IV) crime de responsabili-
dade; V) sanções da LRF.

5) As garantias constitucionalmente previstas de vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibili-


dade de vencimentos, são absolutas?

Resposta:

Não são absolutas. S regra da vitaliciedade — uma vez vitaliciado, o magistrado só per-
derá o cargo por sentença judicial transitada em julgado — apresenta exceções: Minis-
tros do STF: na hipótese de crime de responsabilidade serão julgados pelo SF (art. 52,
II); membros do CNJ também serão julgados pelo SF por crime de responsabilidade. A
inamovibilidade não é absoluta, pois, como estabelece o art. 93, VIII, o magistrado po-
derá ser removido (além de colocado em disponibilidade e aposentado), por interesse
público, fundando-se tal decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou
do Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa. A irredutibilidade de ven-
cimentos também não é absoluta, STF já se pronunciou no sentido de tratar-se de garan-
tia nominal, e não real, ou seja, os magistrados não estão livres da corrosão de seus sub-
sídios pela inflação.

6) Quais os requisitos para ingresso na Magistratura? E para promoção?

Resposta:

O ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, mediante concurso
público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em
todas as fases, exigindo -se do bacharel em direito, no mínimo, 3 anos de atividade jurí-
472
dica, bem como por meio do quinto constitucional. A promoção ocorrerá de entrância
para entrância, alternadamente, por antiguidade e merecimento, atendidas as seguintes
normas: a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por 3 vezes consecutivas ou 5
alternadas em lista de merecimento; b) a promoção por merecimento pressupõe 2 anos
de exercício na respectiva entrância e integrar o juiz a primeira quinta parte da lista de
antiguidade desta, salvo se não houver com tais requisitos quem aceite o lugar vago. Na
apuração de antiguidade, o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto
fundamentado de 2/3 de seus membros, conforme procedimento próprio, e assegurada
ampla defesa, repetindo -se a votação até fixar-se a indicação

7) Qual o órgão ficou incumbido da elaboração do código de ética da Magistratura?

Resposta:

A CF88 não estabeleceu de forma expressa a competência para elaborar o código de


Ética da Magistratura, sendo que o CNJ, no exercício da competência que lhe atribuíram
a Constituição Federal (art. 103-B, § 4º, I e II), a Lei Orgânica da Magistratura Nacional
(art. 60 da LC nº 35/79) e seu Regimento Interno (art. 19, incisos I e II), editou em 2008
o referido Código de Ética.

8) Como se resolve a colisão entre normas da Loman e do Código de ética da Magistratura?

Resposta:

Deve prevalecer a Loman, vez que é hierarquicamente superior ao Código de Ética edi-
tado por ato do CNJ.

9) Qual o conteúdo jurídico do Princípio Republicano?

Resposta:

A República surge no texto de 1891 como cláusula pétrea e é mantida em todas as


Constituições, inclusive na de 1988. Contudo, no texto de 1988 a República não é esta-
belecida como cláusula pétrea, passando a ser fixada como princípio sensível (art. 34,
VII, ―a‖). Apesar de não ser cláusula pétrea, por meio de plebiscito, o ―povo‖ confirmou
a forma republicana, não podendo, portanto, emenda à Constituição instituir a Monar-
quia, sob pena de se violar a soberania popular, a não ser que haja, necessariamente,
novo plebiscito (art. 2.º, ADCT). O conteúdo jurídico do referido princípio deve orientar
toda a atuação da Administração Pública, vez que consolida a afirmação de que o bem
público é de todos e deve ser utilizado em beneficio de todos.

473
9.1.1.4. Questões do TRF4
1) Quais as modalidades de responsabilidade do PR?

Resposta:

O PR pode ser responsabilizado na esfera civil, administrativa e penal.

2) Ele pode ser responsabilizado civilmente?

Resposta:

Convencido da necessidade da atuação, o membro do Ministério Público não tem a me-


ra faculdade de atuar, mas o dever de atuar. Nessas circunstâncias, sua atuação não pode
constituir uma atitude reprovável, de forma que não caracteriza culpa normativa. Em
razão da independência funcional e da impossibilidade de interpretações uniformes para
fatos e normas jurídicas, com base no art. 85 do Código de Processo Civil, boa parte da
doutrina nacional tem entendido que a responsabilização civil de agentes do Ministério
Público por atos praticados no exercício da função só pode advir de dolo ou fraude,
excluindo-se o ato culposo, ainda que a culpa seja grave.

9.1.1.5. Questões do TRF5


TRF5 – 2012

1) Discorra sobre o processo legislativo. Trate sobre as espécies de normas e todas as etapas
da sua criação.

Resposta:

O art. 59 da CF/88 estabelece que o processo legislativo envolverá a elaboração das


seguintes espécies normativas: I — emendas à Constituição; II — leis complementares;
III — leis ordinárias; IV — leis delegadas; V — medidas provisórias; VI — decretos
legislativos; VII — resoluções. A CF atribui competência de iniciativa às seguintes pes-
soas, conforme prevê o art. 61, caput: qualquer Deputado Federal ou Senador da Repú-
blica; Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacio-
nal; Presidente da República; Supremo Tribunal Federal; Tribunais Superiores; Procu-
rador -Geral da República; cidadãos. Nos termos do art. 63, I e II, não será admitido
aumento da despesa prevista a) nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da
República, ressalvado o disposto no art. 166, §§ 3.º e 4.º; b) nos projetos sobre organi-
zação dos serviços administrativos da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, dos
Tribunais Federais e do Ministério Público. A contrario sensu, então, será admitido o
poder de emenda parlamentar. Após a iniciativa, o projeto segue para deliberação par-
lamentar — discussão e votação, onde o quorum pode ser diferente (lei ordinária maio-

474
ria simples; lei complementar maioria absoluta; emenda a constituição 3/5 em dupla
votação). Basicamente, o projeto deverá ser analisado, em primeiro lugar, por uma co-
missão temática, que analisará a matéria da proposição, e, em seguida, pela Comissão
de Constituição e Justiça, que analisará, dentre outros aspectos, a sua constitucionalida-
de. Lembramos que as comissões, em razão da matéria de sua competência, poderão,
além de discutir e emitir pareceres sobre o projeto de lei, aprová-los, desde que, na for-
ma do regimento interno da Casa, haja dispensa da competência do plenário (delegação
interna corporis) e inexista, também, interposição de recurso de 1/10 dos membros da
Casa. Rejeitado o projeto na Casa Iniciadora, será arquivado. Contudo, se aprovado (se-
ja pelas Comissões Temáticas, nas hipóteses permitidas, seja pelo plenário da Casa), ele
seguirá para a Casa revisora, passando, também, pelas Comissões, e, ao final, a Casa
revisora poderá aprová-lo, rejeitá-lo ou emendá-lo. Em caso de concordância, de aqui-
escência, o Presidente da República sancionará o projeto de lei. Sanção é o mesmo que
anuência, aceitação, sendo esse o momento em que o projeto de lei se transforma em lei,
já que, como se verá, o que se promulga é a lei. A sanção poderá ser expressa ou tácita
(15 dias úteis). Emergida vai para promulgação e publicação.

2) Disserte sobre o Tribunal de Contas.

Resposta:

A CF/88 consagra, dessa forma, um sistema harmônico, integrado e sistêmico de perfei-


ta convivência entre os controles internos de cada Poder e o controle externo exercido
pelo Legislativo, com o auxílio do Tribunal de Contas (art. 74, IV). Esse sistema de
atuação conjunta é reforçado pela regra contida no art. 74, § 1.º, na medida em que os
responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularida-
de ou ilegalidade, dela deverão dar ciência ao TCU, sob pena de responsabilidade soli-
dária. Malgrado tenha o art. 73 da CF falado em ―jurisdição‖ do Tribunal de Contas,
devemos alertar que essa denominação está totalmente equivocada. Isso porque o Tri-
bunal de Contas é órgão técnico que, além de emitir pareceres, exerce outras atribuições
de fiscalização, de controle e, de fato, também a de ―julgamento‖. Porém, o Tribunal de
Contas não exerce jurisdição no sentido próprio da palavra, na medida em que inexiste a
―definitividade jurisdicional‖. O Tribunal de Contas, portanto, não é órgão do Poder
Judiciário (não está elencado no art. 92), nem mesmo do Legislativo. Segundo asseve-
rou o Min. Celso de Mello, ―os Tribunais de Contas ostentam posição eminente na es-
trutura constitucional brasileira, não se achando subordinados, por qualquer vínculo de
ordem hierárquica, ao Poder Legislativo, de que não são órgãos delegatários nem orga-
nismos de mero assessoramento técnico. A competência institucional dos Tribunais de
Contas não deriva, por isso mesmo, de delegação dos órgãos do Poder Legislativo, mas
traduz emanação que resulta, primariamente, da própria Constituição da República‖
(ADI 4.190, j. 10.03.2010). Finalmente, caber alertar que as Cortes de Contas (todas
elas em seus âmbitos) gozam das prerrogativas da autonomia e do autogoverno, o que
inclui a iniciativa reservada para ―instaurar processo legislativo que pretenda alterar sua
475
organização e seu funcionamento, como resulta da interpretação sistemática dos arts. 73,
75 e 96‖ da CF/88.

9.2. Direito Tributário

9.2.1. Crédito Tributário: Suspensão

9.2.1.1. Questões do TRF1

9.2.1.2. Questões do TRF2


1) Pode tutela antecipada em sede de compensação tributária? Tutela antecipada e liminar são
sinônimos no caso?

Resposta:

Art. 170-A É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de


contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva de-
cisão judicial (LC104/01). Antes mesmo da entrada em vigor da Lei Complementar nº
104/01, o CTN já estabelecia que, em se tratando de decisão judicial, apenas aquela
passada em julgado produz o efeito jurídico de extinguir o crédito tributário. Assim,
como a compensação também já era prevista como forma de extinção do crédito tributá-
rio, obviamente que já não era possível autorizá-la por meio de medida liminar ou tutela
antecipada, justamente porque produzem efeitos distintos da decisão passada em julga-
do, da qual decorre a coisa julgada. É incabível a compensação tributária em sede de
liminar em mandado de segurança, de ação cautelar, ou de antecipação de tutela. Incide,
na espécie, o teor da Súmula 212/STJ: "A compensação de créditos tributários não pode
ser deferida por medida liminar." Aplicação mesmo que se trate de tributo sabidamente
inconstitucional (STJ, REsp 1167039/DF, PRIMEIRA SEÇÃO, ago/2010). Embora não
sejam sinônimos, no caso a vedação abrange tanto a liminar quanto a tutela antecipada.

2) O título do CTN fala em “Suspensão do Crédito Tributário”. O art. 151 fala em "suspensão da
exigibilidade do crédito". Há contradição? Há suspensão do crédito ou de sua exigibilidade?

Resposta:

Paulo de Barros Carvalho define crédito tributário como o direito subjetivo de que é
portador o sujeito ativo de uma obrigação tributária e que lhe permite exigir o objeto
prestacional, representado por uma importância em dinheiro. Enquanto a obrigação tri-
butária surge com o fato gerador, o crédito tributário, em sentido técnico, tal como pre-
visto no CTN, só é constituído com o lançamento. Encontram-se três situações para o
crédito tributário: crédito tributário existente que é igual a lei mais fato gerador; cré-
dito tributário exigível que corresponde à lei mais fato gerador mais lançamento; cré-
dito tributário exeqüível ou executável. Diz-se, então, que o crédito ganha exigibilida-
476
de, no sentido de o Fisco poder agir perante o contribuinte exigindo-lhe o pagamento.
Portanto, verifica-se que houve uma impropriedade técnica do legislador no ato de no-
mear o referido título do CTN como ―Suspensão do Crédito Tributário‖ e no caput falar
em "suspensão da exigibilidade do crédito", isso porque no referido artigo constam tan-
to hipóteses de suspensão do crédito (antes do lançamento) quanto de suspensão da exi-
gibilidade (após o lançamento).

3) Art. 151, III, CTN. Se houver recurso administrativo há suspensão da exigibilidade ou do cré-
dito?

Resposta:

Considerando que o credito tributário só é constituído quando se torna definitivo o lan-


çamento, sendo que no decorrer do PAF - Processo Administrativo Fiscal - é possível a
interposição de recurso administrativo, trata-se de hipótese de suspensão do crédito tri-
butário, uma vez que sua exigibilidade ainda não tinha iniciado.

9.2.1.3. Questões do TRF3

9.2.1.4. Questões do TRF4

9.2.1.5. Questões do TRF5

9.3. Direito Administrativo

9.3.1. Contratos Administrativos. Parcerias Público-Privadas

9.3.1.1. Questões do TRF1

9.3.1.2. Questões do TRF2


1) É possível intervenção do Poder Público na concessão? É possível encampação do Poder
Público na concessão?

Resposta:

A concessão implica a delegação, pelo Poder Público, de certo serviço de interesse pú-
blico ao concessionário, que o executa por sua conta e risco. O concedente pode tomar
várias medidas para assegurar a regular execução do serviço. Uma dessas medidas con-

477
siste exatamente na intervenção do concedente na concessão. Pode-se, pois, conceituar a
intervenção como a ingerência direta do concedente na prestação do serviço delegado,
em caráter de controle, com o fim de manter o serviço adequado a suas finalidades e
para garantir o fiel cumprimento das normas legais, regulamentares e contratuais da
concessão. A lei exige que a intervenção se faça por decreto do Chefe do Executivo da
entidade concedente, o qual conterá, da forma mais precisa possível, os limites, o prazo
e os objetivos da intervenção, bem como indicará o interventor. Após o decreto de in-
tervenção é que o concedente deve instaurar o procedimento administrativo. O prazo
para encerramento desse feito de apuração é de cento e oitenta dias.

Consta do art. 37 da Lei de Concessões, ―considera-se encampação a retomada do servi-


ço pelo poder concedente durante o prazo da concessão, por motivos de interesse públi-
co‖. A encampação pressupõe, ainda, dois requisitos para que possa se consumar. Um
deles é a existência de lei que autorize especificamente a retomada do serviço. O outro é
o prévio pagamento, pelo concedente, da indenização relativa aos bens do concessioná-
rio empregados na execução do serviço.

2) O que é o fato do príncipe?

Resposta:

O equilíbrio do contrato administrativo pode ser quebrado por força de ato ou medida
instituída pelo próprio Estado. Foi por isso construída a teoria do fato do príncipe, apli-
cável quando o Estado contratante, mediante ato lícito, modifica as condições do contra-
to, provocando prejuízo ao contratado. O pressuposto do fato do príncipe é a álea admi-
nistrativa. Esse fato oriundo da Administração Pública não se preordena diretamente ao
particular contratado. Ao contrário, tem cunho de generalidade, embora reflexamente
incida sobre o contrato, ocasionando oneração excessiva ao particular independente-
mente da vontade deste. Parte da doutrina entende que o fato deve emanar da mesma
pessoa jurídica que celebrou o ajuste. Com a devida vênia, entendo que o ―príncipe‖ é o
Estado ou qualquer de suas manifestações internas, de modo que parece aplicável a teo-
ria se, por exemplo, um ato oriundo da União Federal atingir um particular que tenha
contratado com um Estado-membro.

DESSE PONTO EM DIANTE: RESPOSTAS ELABORADAS POR LEONARDO


TAVARES SARAIVA
3) O particular pode rescindir unilateralmente sem intervenção judicial um contrato adminis-
trativo? E a Administração pode rescindir unilateralmente o contrato administrativo?

Resposta:

478
Uma das peculiaridades que informa os contratos administrativos é a possibilidade de
previsão de cláusulas exorbitantes em favor do Poder Público. Dentre tais cláusulas se
destaca a rescindibilidade unilateral do contrato pela Administração, conforme dispõe o
art. 58, II, 79, I e 78, I a XII e XVIII, Lei 8666/93. A rescisão unilateral do contrato é
conferida com exclusividade à Administração, sendo que o contratado (particular) sem-
pre deverá recorrer ao Judiciário para alcançar a rescisão não consensual do contrato
(unilateral), conforme disposto no art. 79, III, Lei 8666/93.

4) O que são contratos de gestão?

Resposta:

Contrato de gestão é instrumento que se insere no contexto da chamada ―administração


gerencial‖, cuja prioridade maior é a eficiência, e não a legalidade estrita da ―adminis-
tração burocrática‖. Tem previsão constitucional no art. 37, §8º, e vem sendo utilizado
no âmbito das agências executivas e das organizações sociais (OS). No primeiro caso,
caracteriza-se como o contrato pelo qual a Administração Central concede a autarqui-
a/fundação maior liberdade de ação (mais autonomia gerencial, financeira e administra-
tiva; dispensa de certos controles), assumindo o compromisso de repasse regular de re-
cursos em contrapartida ao cumprimento de programas de atuação, com metas definidas
e critérios precisos de avaliação, sendo possível penalizar dirigentes em caso de des-
cumprimento injustificado do contrato. Na segunda hipótese, por definição legal (art. 5º,
Lei 9637/98), contrato de gestão é o instrumento firmado entre o Poder Público e a enti-
dade qualificada como organização social com vistas à formação de parceria entre as
partes para fomento e execução de atividades relativas às áreas de ensino, pesquisa cien-
tífica, desenvolvimento tecnológico, proteção e preservação do meio ambiente, cultura e
saúde.

9.3.1.3. Questões do TRF3


1) Há violação de princípios constitucionais em haver contratação direta pela administração?

Resposta:

Em verdade, a própria CF/88, ao tratar da regra da necessidade de licitação para a con-


tratação de obras, serviços, compras e alienações em seu art. 37, XXI, estabelece a res-
salva quanto aos ―casos especificados na legislação‖. Ademais, as hipóteses de contra-
tação direta (dispensa e inexigibilidade) se justificam diante da urgência, da inviabilida-
de de competição etc., tendo o legislador ponderado tais aspectos e decidido pela relati-
vização dos princípios que regem o procedimento licitatório (art. 3º, Lei 8666/93), os
quais não ostentam caráter absoluto.

2) O que é desconsideração da "pessoa" (sic) jurídica? Aplica-se em contrato administrativo?


479
Resposta:

Desconsideração da personalidade jurídica é o instituto por meio do qual se afasta tem-


porariamente a personalidade do ente social, e, por via de conseqüência, sua autonomia
patrimonial, para buscar o que for devido no patrimônio pessoal dos seus sócios. Tem
previsão legal no art. 50, CC/02, no art. 28, CDC, no art. 4º, Lei 9.605/98, e no art. 34,
Lei 12.529/11. Em sua configuração original, tem por finalidade corrigir abusos, desvi-
os e fraudes perpetrados pelos sócios no uso da pessoa jurídica, embora atualmente a
disregard doctrine venha sendo contemplada em algumas normas para incidir diante do
mero inadimplemento do ente social. Conquanto não haja previsão legal específica do
instituto no âmbito do direito administrativo, vedar, a priori, a sua aplicabilidade nesta
esfera com base no princípio da legalidade não se revela adequado, mormente se consi-
derados os princípios da moralidade e da indisponibilidade do interesse público (STJ:
RMS 15166/BA). Assim, a solução pela desconsideração ou não da personalidade jurí-
dica em contratos administrativos deve levar em consideração as peculiaridades do caso
concreto, ponderando os diversos interesses em jogo.

3) Em subcontratações, quem responde civilmente? Por quê?

Resposta:

Havendo subcontratação, a responsabilidade permanece com a contratada, não tendo a


Administração qualquer vínculo com a subcontratada. Com efeito, o art. 72, Lei
8666/93, conquanto traga a possibilidade de subcontratação de parte do objeto contrata-
do mediante autorização da Administração e previsão editalícia/contratual, não transfere
a responsabilidade da contratada à subcontratada, de modo que remanesce as responsa-
bilidades legais e contratuais daquela, inclusive, por falhas e prejuízos causados por
esta.

9.3.1.4. Questões do TRF4

9.3.1.5. Questões do TRF5

9.4. Direito Penal

9.4.1. Crimes Hediondos

9.4.1.1. Questões do TRF1

480
9.4.1.2. Questões do TRF2
1) O STF vem abrandando os rigores da Lei de Crime Hediondos. Poderia haver revogação total
deste diploma? Esbarra em algum comendo constitucional? (princípio da proibição da prote-
ção deficiente)

Resposta:

O art. 5º, XLIII, CF/88, revela um dever dirigido ao legislador infraconstitucional no


sentido de tratar com maior rigor os chamados crimes hediondos. Tal mandamento foi
de certo modo observado com a edição da Lei 8072/90, cumprindo o Estado (de forma
satisfatória ou não) com sua obrigação constitucional de legislar. Se, contudo, tivesse
quedado em inércia, poder-se-ia cogitar de violação ao princípio da proibição da prote-
ção deficiente, vez que a omissão do legislador estaria afrontando direitos fundamentais.
LFG sustenta que tal princípio no campo penal seria de grande valia no que tange à polí-
tica criminal, não podendo justificar, entretanto, a criminalização de condutas sem pré-
via lei incriminadora. É que na seara penal o princípio da legalidade seria uma garantia
mais robusta que a vedação da proteção insuficiente. De todo modo, estando em vigor a
Lei 8072/90, sua ab-rogação representaria violação ao art. 5º, XLIII, CF/88, bem como
à proibição da proteção deficiente, de modo que tal providência apenas seria aceitável
mediante a edição de nova lei que continuasse a conferir tratamento diferenciado aos
crimes hediondos, em observância ao texto constitucional.

9.4.1.3. Questões do TRF3


1) Como aplicar penas no genocídio?

Resposta:

A Lei 2889/56, ao tratar do crime de genocídio, elencou as condutas caracterizadoras do


delito, mas, ao cominar as respectivas penas, limitou-se a remeter o aplicador/intérprete
às sanções previstas em tipos do Código Penal. Trata-se, portanto, de norma penal em
branco ―ao revés‖, pois exige um complemento normativo que diz respeito à sanção
aplicável (norma secundariamente remetida). Ressalte-se que não há aí qualquer afronta
ao princípio da anterioridade da lei penal, vez que a pena se encontra, de fato, previa-
mente cominada, embora mediante remessa a preceito secundário de outro tipo.

2) Aplica-se o CP supletivamente ao genocídio? Sempre?

Resposta:

Em verdade, a Lei 2889/56 traz uma série de disposições especiais que afastam a disci-
plina geral do Código Penal. No que o referido diploma for omisso, entretanto, aplica-se
o CP. A tentativa de genocídio, por exemplo, deve observar o disposto no art. 5º, Lei
2889/56, e não o contido no art. 14, p. único, CP. Já em relação à aplicação da pena ao
delito de genocídio, além de observar a remessa ao CP quanto ao preceito secundário, é
481
de se respeitar o sistema trifásico previsto no art. 59, CP. Não é despiciendo notar, por
fim, que o crime de genocídio previsto nos arts. 1º, 2º e 3º, Lei 2889/56, tentado ou con-
sumado, é considerado hediondo, nos moldes do art. 1º, p. único, Lei 8072/90, sofrendo
todos os influxos daí decorrentes.

3) Há genocídio contra uma vítima só?

Resposta:

É possível a configuração do crime de genocídio contra uma única vítima imediata, des-
de que haja a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, raci-
al ou religioso. É que ―o tipo penal do delito de genocídio protege, em todas as suas
modalidades, bem jurídico coletivo ou transindividual, figurado na existência do grupo
racial, étnico ou religioso, a qual é posta em risco por ações que podem também ser
ofensivas a bens jurídicos individuais, como o direito à vida, a integridade física ou
mental a liberdade de locomoção etc‖ (STF: RE 351487/RR). Daí se percebe que a
pluralidade de vítimas diretas não é imprescindível à caracterização do genocídio. O
fundamental é que se evidencie o dolo de extermínio do grupo, donde se vê a transindi-
vidualidade do bem jurídico penalmente tutelado. Portanto, o genocídio corporifica cri-
me autônomo contra bem jurídico coletivo, diverso dos ataques individuais que com-
põem as modalidades de sua execução.

9.4.1.4. Questões do TRF4


1) As condutas tipificadas no art. 33 da lei de Drogas são todas hediondas?

Resposta:

Especificamente em relação ao art. 33, Lei 11.343/06, prevalece o entendimento de que


apenas o caput e o §1º trazem as condutas delituosas equiparadas a crimes hediondos.
Assim, as condutas de ―induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga‖
(§2º), bem como de ―oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa
de seu relacionamento, para juntos a consumirem‖ (§3º) não são equiparadas a crime
hediondo, não sofrendo, portanto, os influxos da Lei 8.072/90. Perceba-se que tais tipos
não retratam propriamente a conduta de traficar, não estando inseridos no tratamento
mais rigoroso determinado pelo art. 5º, XLIII, CF/88. Ademais, o art. 44, Lei 11.343/06,
ao vedar diversos institutos, apenas faz menção ao caput e ao §1º do art. 33, silenciando
quanto aos §§ 2º e 3º, a corroborar a conclusão quanto à ausência de hediondez destes.
Finalmente, no que toca ao chamado tráfico privilegiado (art. 33, §4º, Lei 11.343/06), o
entendimento tradicional do STJ é no sentido de que a incidência da correspondente
causa de diminuição de pena não afasta a hediondez do tráfico (REsp 1178925/MG).
Registre-se, no entanto, precedente do STF (HC 107796/MS) que não reformou senten-
ça que afastou o caráter hediondo do tráfico privilegiado.

482
9.4.1.5. Questões do TRF5
1) Crime hediondo. É possível o cumprimento de pena privativa em regime inicial diverso do
fechado?

Resposta:

Inicialmente, em sua redação original o §1º, art. 2º, Lei 8072/90, previa o regime inte-
gralmente fechado para o cumprimento de pena em crimes hediondos, o que veio a ser
considerado inconstitucional pelo STF, devendo a fixação do regime inicial e a progres-
são de regimes observar o disposto no CP. Posteriormente, com o advento da Lei
11.464/07, previu-se o regime inicial necessariamente fechado para os crimes hediondos
e equiparados, sendo que, por se tratar de norma mais gravosa, não se aplicaria aos fatos
praticados anteriormente à sua vigência. Mais recentemente, entretanto, o STF, no HC
111840/ES, declarou, em caráter incidental, a inconstitucionalidade do regime inicial
fechado, de modo que, atualmente, a fixação do regime inicial de cumprimento de pena
deve observar o disposto no art. 33, CP, sendo, portanto, plenamente possível, regime
inicial diverso do fechado.

9.5. Direito Previdenciário

9.5.1. Empregador E Empregado Domésticos - Estatuto Do Idoso (Lei N.


10.741/2003) - Lei N. 8.742/1993 (Loas)

9.5.1.1. Questões do TRF1


1) Em termos previdenciários, qual o conceito de empresa e empregador doméstico? Qual
seria a diferença entre o empregador empresa e o empregador doméstico?

Resposta:

A teor do art. 14, Lei 8212/91, e do art. 15, Lei 8213/91, considera-se empresa a firma
individual ou sociedade que assume o risco da atividade econômica urbana ou rural,
com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e entidades da administração pública
direta, indireta e fundacional; e empregador doméstico a pessoa ou família que admite a
seu serviço, sem finalidade lucrativa, empregado doméstico. Desta conceituação já se
percebe que o empregador empresa pode ou não ter fins lucrativos, o que não se revela
possível ao empregador doméstico, o qual nunca poderá visar o lucro, sob pena de se
caracterizar como empregador empresa. Em verdade, tal distinção se justifica na medida
em que a legislação previdenciária, em diversos aspectos, confere um tratamento dife-
renciado ao empregador doméstico, desobrigando-o de alguns deveres de ordem contá-
bil, documental etc que são impostos ao empregador empresa. Não fosse assim, prova-
velmente seria inviável a contratação de trabalhadores domésticos.

9.5.1.2. Questões do TRF2

483
9.5.1.3. Questões do TRF3
1) Quais são as regras gerais vigentes para reajuste dos benefícios de prestação continuada?
Qual a garantia que o segurado tem no reajuste? O índice de reajuste é o mesmo do salário
mínimo?

Resposta:

O reajuste dos benefícios de prestação continuada deve se operar em periodicidade anu-


al, na mesma data do reajuste do salário mínimo, observando a variação do INPC – Ín-
dice Nacional de Preços ao Consumidor, conforme previsto no art. 41-A, Lei 8213/91
(em 2010, excepcionalmente, aplicou-se a Lei 12.254/10). Referido dispositivo se har-
moniza ao art. 201, §4º, CF/88, o qual assegura o reajustamento dos benefícios para
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real. Perceba-se que, embora o reajuste
dos benefícios deva ser realizado na mesma data do salário mínimo, não há que se cogi-
tar de indexação entre os respectivos índices de reajustes (Súmula vinculante 4 do STF),
de modo a ser possível que o valor do salário mínimo seja corrigido com um índice
mais elevado (reajuste real) que o INPC (reposição inflacionária). Neste caso, entretan-
to, garante-se ao segurado, como piso dos benefícios de prestação continuada, o valor
do salário mínimo (art. 201, §2º, CF/88; arts. 29, §2º, e 33, Lei 8213/91). Em outras
palavras, o índice de reajuste dos benefícios não coincide com o índice de reajuste do
salário mínimo, mas o valor deste representa uma garantia mínima (piso) aos segurados.

9.5.1.4. Questões do TRF4

9.5.1.5. Questões do TRF5

9.6. Direito Civil

9.6.1. Mandato. Revisão E Extinção Dos Contratos

9.6.1.1. Questões do TRF1

9.6.1.2. Questões do TRF2


1) No que consiste a gestão de negócios? Exemplifique.

Resposta:

Gestão de negócios (arts. 861 a 875, CC/02) é ato jurídico unilateral, não tendo, portan-
to, natureza contratual. Falta-lhe, assim, o consenso, o acordo de vontades entre as par-
tes. Trata-se da intervenção realizada por alguém na gestão de negócio alheio, sem auto-
rização do interessado, devendo dirigi-lo segundo o interesse e a vontade presumível de
seu dono, ficando responsável a este e às pessoas com que tratar (art. 861, CC/02). Per-
484
ceba-se que a atuação do gestor se opera espontaneamente e sem mandato, devendo se
limitar a atos de natureza patrimonial. Como se trata de ingerência na esfera patrimonial
de outrem, sem autorização expressa deste, a gestão de negócios deve se fundar em ne-
cessidade imperiosa ou por utilidade, com o intuito de trazer proveito para o dono. E-
xemplos legais: arts. 871 e 872, CC/02. Outro exemplo: morador de edifício que arrom-
ba porta do vizinho para fechar torneira, e troca a fechadura arrombada, devendo ser
indenizado pelas despesas (art. 869, CC/02). Vale notar que não há aí obrigação de agir,
atuando o gestor por solidariedade, por puro altruísmo (a gestão é gratuita, ressalvando-
se as hipóteses legais de responsabilidade pelo prejuízo causado), sendo equiparado a
um mandatário sem procuração (art. 873, CC/02).

9.6.1.3. Questões do TRF3


1) Qual elemento essencial para configuração do mandato?

Resposta:

Embora haja polêmica na doutrina, pode-se considerar como elemento essencial do con-
trato de mandato a representação do mandante pelo mandatário. Tem-se aí o traço mar-
cante que distingue o mandato de outros institutos como o contrato de sociedade, a lo-
cação de serviços e a gestão de negócios. O mandatário (representante) atua então no
interesse do mandante (representado), se obrigando, em nome e por conta deste, a prati-
car atos ou administrar interesses (art. 653, CC/02). Perceba-se que, embora o objeto do
mandato seja a representação, nada obsta que haja representação sem mandato, como na
hipótese da representação legal dos pais em face dos filhos menores.

2) Seria possível mandato sem representação?

Resposta:

A questão é polêmica. Em princípio, não se poderia cogitar de um contrato de mandato


em que não houvesse a outorga de poderes de representação do mandante ao mandatá-
rio, até mesmo porque a representação seria o elemento essencial desta espécie contra-
tual. Assim, se o mandatário atua em nome e interesse do mandante, não há dúvidas de
que o está representando. Por outro lado, se o mandatário atua em nome próprio, mas
por interesse e ordem do mandante, não se estaria aí diante de um contrato de mandato
propriamente dito, mas sim de um contrato de comissão (arts. 693 a 709, CC/02). Ocor-
re que, ainda neste caso, poderia se falar em representação, embora de caráter indireto.
Com base nisso, a conclusão mais adequada seria a de que na essência do contrato de
mandato estaria a outorga de poderes de representação, não sendo possível vislumbrar,
nesse diapasão, mandato sem representação. Ocorre que parte da doutrina, interpretando
o disposto na parte final do art. 663, CC/02, tem entendido ser possível o mandato sem
representação, isto na situação em que o mandatário, agindo em seu próprio nome e sob

485
sua responsabilidade pessoal, ainda que por conta do mandante, estipular negócio em
favor deste.

9.6.1.4. Questões do TRF4

9.6.1.5. Questões do TRF5

9.7. Direito Empresarial

9.7.1. Sociedade: Princípios Gerais E Classificação

9.7.1.1. Questões do TRF1


1) Qual a restrição que a lei faz para a seguradora quanto ao modelo societário? E quanto às
cooperativas?

Resposta:

As seguradoras devem adotar necessariamente a forma de sociedade anônima ou coope-


rativa, sendo que, neste último caso, somente poderão operar em seguros agrícolas, de
saúde e de acidente do trabalho (art. 24, caput e p. único, DL 73/66). Já em relação às
cooperativas, a restrição legal quanto ao seu modelo societário é que, independentemen-
te de seu objeto, são tidas como sociedades simples (art. 982, p. único, CC/02).

2) No caso de extinção de pessoa jurídica de direito privado, quando qualquer dos sócios re-
manescentes seguir com a atividade empresarial, nós estamos em hipótese de responsabilida-
de?

Resposta:

De início, importa proceder à seguinte distinção: uma coisa é resolver a sociedade em


relação a um sócio, caso em que se deve aplicar a regra prevista no art. 1032, CC/02,
havendo aí responsabilidade pelo prazo de dois anos; outra, diferente, é extinguir a pes-
soa jurídica de direito privado, hipótese em que, em regra, não há que se falar em res-
ponsabilidade dos sócios. Com efeito, operando-se a extinção regular da sociedade, em
princípio, não há razão para que se avance sobre o patrimônio pessoal do sócio, pois as
dívidas sociais devem ser suportadas pelo patrimônio da própria sociedade, haja vista a
autonomia patrimonial que informa o direito societário. Apenas em casos excepcionais,
como dissolução irregular, dolo, fraude, é que se poderia cogitar de invadir o acervo
patrimonial particular do sócio. Assim, o fato de um dos sócios remanescentes seguir
com a atividade empresarial não afasta tal regramento, não podendo ser responsabiliza-
do por eventuais débitos da pessoa jurídica extinta. Perceba-se que não se está tratando
aqui de transferência do estabelecimento empresarial (art. 1146, CC/02), mas sim de
extinção de uma sociedade com o prosseguimento da atividade por um dos sócios.

486
3) Em caso de dissolução irregular de sociedade o que acontece com o patrimônio do sócio
gerente?

Resposta:

Havendo dissolução irregular da sociedade, o que se presume diante do não funciona-


mento da empresa no seu domicílio fiscal, autoriza-se o direcionamento da execução ao
sócio-gerente que tinha poderes de gestão à época do fato gerador da dívida (Súmula
435 do STJ).

9.7.1.2. Questões do TRF2


1) Diferenças entre sociedade empresarial e sociedade simples?

Resposta:

A soc. empresarial se caracteriza pela exploração de atividade econômica mediante or-


ganização dos fatores de produção (capital, insumos, mão-de-obra e tecnologia) para a
produção ou circulação de bens e serviços, devendo adotar obrigatoriamente uma das
seguintes formas societárias: soc. em nome coletivo, soc. em comandita simples, soc.
limitada, soc. anônima ou soc. em comandita por ações. Já a soc. simples se identifica
por exclusão, ou seja, a soc. que não for empresária será considerada simples (art. 982,
CC/02). Assim, ausente um dos 4 fatores de produção, a soc. será considerada simples.
Ademais, a soc. que tenha por objeto social o exercício de profissão intelectual, será
considerada simples, salvo quando o exercício da profissão constituir elemento de em-
presa. Em se tratando de soc. simples, não há obrigatoriedade quanto à adoção de uma
forma societária específica, podendo se optar pelas seguintes: soc. em nome coletivo,
soc. em comandita simples, soc. limitada e cooperativa. Não recaindo a escolha sobre
uma destas formas, adotar-se-á o regime geral da soc. simples. O traço distintivo reside
no objeto social, ressalvado o disposto no art. 982, p. único, CC/02 (soc. por ações é
sempre empresária; e cooperativa é sempre soc. simples).

2) Em que casos se caracteriza o elemento de empresa no empresário individual?

Resposta:

Em regra, não se considera empresário aquele que exerce profissão intelectual, de natu-
reza literária, artística ou científica, ainda com o concurso de auxiliares ou colaborado-
res, salvo quando o exercício da profissão constituir elemento de empresa (art 966, p.
único, CC/02). Este, por sua vez, estará caracterizado quando a reunião dos quatro fato-
res de produção (capital, insumos, mão-de-obra e tecnologia) for mais importante que a
487
atividade pessoal desenvolvida (Enunciado 194 do CJF). Exemplos: médico auxiliado
por secretária - não é empresário; médico que, no exercício de sua atividade, conta com
ampla estrutura clínica/complexo hospitalar, com vários outros profissionais, secretá-
rias, aluguel de salas cirúrgicas, restaurante etc - é empresário. Portanto, a expressão
―elemento de empresa‖ para a caracterização do empresário individual demanda inter-
pretação econômica, devendo ser analisada sob a égide da absorção da atividade intelec-
tual, de natureza científica, literária ou artística, como um dos fatores da organização
empresarial (Enunciado 195 do CJF).

3) Empresário rural (art. 970) - Qual a principal vantagem de se tornar um empresário rural?

Resposta:

O empresário rural tem a faculdade de requerer a sua inscrição no Registro Púbico de


Empresas Mercantis (Junta Comercial), sendo que, caso o faça, ficará equiparado, para
todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro (Art. 971, CC/02). Daí se conclui que,
se não optar pelo registro, não ficará sujeito ao regime do direito empresarial, devendo
observar apenas a legislação civil correspondente. Isto significa que não terá que obser-
var o dever de escrituração e levantamento de balanços anuais, bem como que não esta-
rá sujeito à decretação de falência. Por outro lado, a não inscrição na Junta Comercial o
impede de se utilizar do instituto da recuperação judicial.

4) Quais as principais diferenças entre o comércio eletrônico e o comércio convencional? - com


relação ao empresário e a empresa.

Resposta:

Detendo-se às noções de empresa e empresário, em princípio, não se vislumbram dife-


renças conceituais relevantes ao cotejar o comércio eletrônico com o comércio conven-
cional. Com efeito, em ambos os contextos, empresa se define como a atividade econô-
mica organizada em torno dos 4 fatores de produção (capital, tecnologia, mão-de-obra e
insumos) para a produção e circulação de bens e serviços, enquanto que a figura do em-
presário se relaciona àquele que exerce tal atividade de forma profissional (não eventu-
al). Não há, outrossim, qualquer diferenciação no que toca à capacidade para exercício
da empresa ou aos deveres de registro, escrituração, levantamento de balanços anuais,
sujeição à LRE etc. Dois aspectos, entretanto, merecem ser ressaltados. O primeiro se
refere a uma releitura do conceito de estabelecimento empresarial, passando a se con-
templar a ideia de um estabelecimento virtual, cujo traço marcante é a inacessibilidade
física. De fato, o acesso aí se opera por transmissão eletrônica de dados, sendo-lhe es-
tranha a ideia de ponto empresarial. O segundo aspecto se relaciona ao nome de domí-
nio, o qual cumpre duas funções: endereço eletrônico e título de estabelecimento.

488
5) O que é um grupo societário de fato e um grupo societário de direito? Como se definem?

Resposta:

O grupo societário de fato é aquele que se estabelece simplesmente a partir do relacio-


namento de capital entre as sociedades, do mero exercício do poder de controle, for-
mando-se daí sociedades coligadas e controladoras/controladas (arts. 1097 e segs.,
CC/02; art. 243, §§, LSA). Já o grupo societário de direito é aquele que se constitui pela
vontade expressa das diversas sociedades que lhe integram, sendo formalizado e disci-
plinado por uma convenção. Busca-se aí a combinação de recursos ou esforços para a
realização dos respectivos objetivos, ou a participação em atividades ou empreendimen-
tos comuns (art. 265, LSA). Saliente-se, entretanto, que, mesmo se tratando de grupo
societário de direito, cada sociedade conservará personalidade e patrimônio distintos
(art. 266, LSA), não havendo que se cogitar da formação de uma nova pessoa jurídica.

9.7.1.3. Questões do TRF3


1) Empresa tem obrigação de algum registro?

Resposta:

Em verdade, a obrigação de registro é do empresário (art. 967, CC/02) ou da sociedade


empresária (arts. 45, 985 e 1150, CC/02), e não da empresa, vez que esta se define le-
galmente como a atividade econômica organizada para a produção ou circulação de
bens e serviços.

2) Empresário rural se registra onde?

Resposta:

O registro do empresário rural é facultativo e ostenta natureza constitutiva, podendo o


requerimento de inscrição ser apresentado perante o Registro Público de Empresas Mer-
cantis (Junta Comercial) da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará e-
quiparado para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro (art.71, CC/02).

3) Estrangeiro pode ser empresário?

Resposta:

Estrangeiro pode ser empresário, desde que faça prova de visto permanente dentro do
período de sua validade ou apresente documento fornecido pelo Departamento de Polí-
cia Federal, com indicação do número de registro. Daí já se vê que estrangeiros sem
visto permanente são impedidos de ser empresário. Além disso, ainda que conte com
489
visto permanente, o estrangeiro não pode exercer as seguintes atividades empresariais:
pesquisa ou lavra de recursos minerais ou de aproveitamento dos potenciais de energia
hidráulica (art. 176, §1º, CF/88); jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e ima-
gens (art. 222, CF/88).

4) O menor pode ser sócio de empresa? O menor sócio a que sobrevenha incapacidade (inter-
dição) deixa de ser sócio?

Resposta:

É possível que o menor seja sócio de sociedade empresária, mas desde que observadas
as seguintes condições: esteja representado ou assistido; não exerça a administração da
sociedade; o capital social esteja totalmente integralizado (art. 974, §3º, CC/02). Por sua
vez, o sócio a que sobrevenha incapacidade não deixa de ser sócio automaticamente,
devendo, entretanto, observar as condições já mencionadas.

5) O interdito pode herdar quotas? Qual o regime?

Resposta:

A possibilidade de o interdito herdar cotas varia conforme se trate de sociedade de capi-


tal ou de pessoas, o que deve estar consubstanciado no contrato social (art. 1028, caput
e inc. I, CC/02). Assim, em se tratando de sociedade de capital, em que o aspecto essen-
cial reside no capital investido pelo sócio, e não em suas qualidades subjetivas, não há
qualquer empecilho ao recebimento de quotas por herança, cabendo ao herdeiro interdi-
to, entretanto, manifestar, por assistente ou representante, seu interesse quanto ao in-
gresso na sociedade, haja vista o princípio constitucional da livre associação (em se tra-
tando de sociedade por ações, o ingresso é automático, cabendo ao herdeiro, se não qui-
ser permanecer na sociedade, vender as suas ações). Já no que tange à sociedade de pes-
soas, dada a relevância das características pessoais do sócio à sociedade, a solução, seria
diversa, devendo se proceder à liquidação da quota do sócio falecido, com levantamento
de balanço especial, pagando-se os respectivos haveres, em seguida, ao herdeiro interdi-
to.

6) O que o senhor acha sobre a vedação da sociedade entre cônjuges?

Resposta:

De início, cumpre destacar que, em regra, faculta-se aos cônjuges a contratação de soci-
edade entre si ou com terceiros, ressalvando-se, entretanto, as hipóteses de casamento
em regime de comunhão universal de bens e de separação obrigatória (art. 977, CC/02).
Se, por um lado, tais ressalvas têm por objetivo evitar fraudes e burlas, por outro, limi-
490
tam a liberdade de associação e de iniciativa, sendo possível aí vislumbrar incompatibi-
lidade com o texto constitucional (art. 170, CF/88). A jurisprudência, entretanto, vem
considerando a norma plenamente válida.

7) Qual fraude o sócio poderia efetivar, tendo sociedade com o cônjuge nos regimes de comu-
nhão universal e de separação obrigatória?

Resposta:

No caso da comunhão universal, a contratação de sociedade entre cônjuges poderia im-


plicar confusão patrimonial, a dificultar a delimitação do patrimônio da pessoa jurídica
e das pessoas físicas que dela participam. Já na hipótese de separação obrigatória, a con-
tratação da sociedade levaria, por via transversa, ao afastamento do regime legal de
bens, pois haveria comunicação patrimonial ao formar o capital social.

9.7.1.4. Questões do TRF4

9.7.1.5. Questões do TRF5


TRF5 – 2012

01) Discorra sobre as sociedades não personificadas, citando as espécies e a responsabilidade


dos sócios. Há diferença entre os meios de prova frente essas sociedades e terceiros?

Resposta:

No CC/02, há duas espécies de sociedades não personificadas: sociedade em comum


(arts. 986 a 990) e sociedade em conta de participação (arts. 991 e 996). Na sociedade
em comum, a responsabilidade dos sócios é ilimitada e solidária entre eles, embora sub-
sidiária perante a própria sociedade (art. 1024, CC/02), salvo quanto ao sócio que con-
tratou por esta, o qual sempre terá responsabilidade solidária (art. 990, CC/02). Em tal
espécie societária, os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por escrito
podem provar a existência da sociedade, mas os terceiros podem prová-la de qualquer
modo (art. 987, CC/02). Já na sociedade em conta de participação, a responsabilidade
do sócio ostensivo é exclusiva (perante terceiros) e ilimitada, de modo que o sócio par-
ticipante apenas tem responsabilidade em relação ao próprio sócio ostensivo (art. 991,
caput e p. único, CC/02). A constituição da sociedade em conta de participação inde-
pende de qualquer formalidade e pode provar-se por todos os meios de direito (art. 992,
CC/02).

02) Quais as diferenças entre a sociedade em comum e a sociedade em conta de participação?

Resposta:
491
Na sociedade em comum, a responsabilidade dos sócios é ilimitada e solidária entre
eles, embora subsidiária perante a própria sociedade (art. 1024, CC/02), salvo quanto ao
sócio que contratou por esta, o qual sempre terá responsabilidade solidária (art. 990,
CC/02). Em tal espécie societária, os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, so-
mente por escrito podem provar a existência da sociedade, mas os terceiros podem pro-
vá-la de qualquer modo (art. 987, CC/02). Por fim, com a inscrição dos atos constituti-
vos no respectivo registro, a sociedade em comum adquire personalidade jurídica. Já na
sociedade em conta de participação, a responsabilidade do sócio ostensivo é exclusiva
(perante terceiros) e ilimitada, de modo que o sócio participante apenas tem responsabi-
lidade em relação ao próprio sócio ostensivo (art. 991, caput e p. único, CC/02). A
constituição da sociedade em conta de participação independe de qualquer formalidade
e pode provar-se por todos os meios de direito (art. 992, CC/02). E, finalmente, deve-se
salientar que o contrato social produz efeito somente entre os sócios, sendo que a even-
tual inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere personalidade jurídi-
ca à sociedade (art. 993, CC/02).

03) Discorra sobre a responsabilidade dos sócios.

Resposta:

A existência de uma pessoa jurídica se traduz em três aspectos: titularidade negocial


(capacidade para ser sujeito de direitos e deveres), autonomia patrimonial (patrimônio
social distinto do patrimônio de seus sócios) e capacidade processual (demandar e ser
demandada em seu próprio nome). Por conta disso, salvo previsão legal em contrário
(ex: art. 990, CC/02), a responsabilidade do sócio é subsidiária (art. 1024, CC/02), de
modo que os seus bens particulares somente podem ser executados por dívidas da soci-
edade depois de executados os bens sociais. Por sua vez, além de subsidiária ou solidá-
ria, a responsabilidade dos sócios pode ser limitada (ex: sociedades limitada e anônima),
ilimitada (ex: sociedade em nome coletivo) ou mista (ex: sociedade em comandita sim-
ples). De todo modo, ainda que a responsabilidade do sócio seja de caráter subsidiário e
limitado, é possível que, diante de certas situações, seja o sócio compelido a responder
em primeiro plano e pessoalmente pelas obrigações sociais (ex: art. 50, CC/02; art. 135,
CTN).]

04) O capital social pode ser alterado pelos administradores ou apenas pelos sócios?

Resposta:

Em regra, a alteração do capital social, por depender de modificação do contra-


to/estatuto social, exige a deliberação dos sócios (arts. 997, III c/c 999, 1048, 1071, V
c/c 1081 e 1082, 1092, CC/02; arts. 6º, 166, IV, LSA). A única exceção a esta regra se
verifica por conta da recente alteração implementada pela Lei 12.431/11 ao art. 146,
492
LSA. Referido dispositivo, anteriormente, previa que o conselho de administração de
uma SA somente poderia ser composto por acionistas, limitação que atualmente não
mais existe, podendo ser eleito para o mencionado órgão pessoa natural não acionista.
Diante disso, em se tratando de sociedade de capital autorizado, o aumento do capital
social, por emissão de ações dentro do limite autorizado no estatuto (art. 168, LSA),
pode ser deliberado pelo conselho de administração (art. 166, II, LSA), órgão que, como
visto, atualmente, pode ser integrado por pessoas naturais não acionistas.

9.8. Direito Processual Civil

9.8.1. Teoria Geral Dos Recursos. Princípio Do Duplo Grau De Jurisdição.


Conceito De Recurso. Classificação. Juízo De Admissibilidade. Juízo De Mérito.
Efeito Dos Recursos. Efeitos De Interposição. Efeitos De Julgamento.
Antecipação Da Tutela Recursal

9.8.1.1. Questões do TRF1

9.8.1.2. Questões do TRF2


1) No que tange ao efeito devolutivo do recurso, é certo afirmar que quem julga é o juízo e não
o juiz? O processo não é entregue ao juízo, ele é devolvido. Isto é certo?

Resposta:

Trata-se de questão terminológica. Segundo De Plácido e Silva (2004), juízo, ―do latim
‗judicium‘ (ação de julgar, julgamento, ofício do juiz) é tomado em duas acepções: em
sentido restrito, é tido na mesma significação de ‗juizado‘, ou seja, o local em que o juiz
exerce as suas funções ou funciona no exercício de sua jurisdição ou de seu próprio ofí-
cio. Em sentido mais amplo, significa a própria ‗discussão da causa‘‖. Em relação ao
termo juízo, há ainda a distinção entre o juízo a quo (aquele que proferiu a decisão re-
corrida) e o juízo ad quem (aquele que irá julgar o recurso). Já o termo juiz também
pode comportar significados distintos, referindo-se estritamente ao magistrado de 1ª
instância, mas também a qualquer julgador, inclusive o membro de tribunal (ex: arts.
107, 119 e 120, §1º, CF/88). Diante disso, a afirmação tanto pode ser verdadeira quanto
falsa, a depender do sentido que se tome em consideração. Quanto à segunda indagação,
também de ordem terminológica, é tecnicamente mais correto falar em devolução da
questão impugnada (tantum devolutum quantum apelatum) ao juízo ad quem, sendo-lhe
o ‗processo‘ remetido (entregue, em uma acepção mais ampla).

2) No âmbito do direito tributário, como fica o direito de recorrer? É um direito, o duplo grau
de jurisdição?

Resposta:

493
Em se tratando de processo administrativo fiscal, a teor da súmula vinculante 21 do
STF, é inconstitucional, por ofensa à ampla defesa, a exigência de depósito ou arrola-
mento prévios de dinheiro ou bens para a admissibilidade do recurso. No que toca ao
processo judicial de execução fiscal, entretanto, há que se destacar a peculiaridade con-
tida no art. 34 da Lei 6.830/80. Referido dispositivo afirma expressamente que das sen-
tenças de primeira instância proferidas em execuções de valor igual ou inferior a 50
(cinquenta) ORTN somente serão cabíveis, além dos embargos de declaração, os em-
bargos infringentes, sendo que esta espécie recursal deve ser processada e julgada pelo
mesmo juízo que prolatou a decisão impugnada (art. 34, §2º, LEF). Daí a conclusão de
que o duplo grau de jurisdição nos executivos fiscais se limita às causas de valor superi-
or a 50 (cinquenta) ORTN, pois apenas em tais hipóteses será cabível a apelação, recur-
so que devolve à segunda instância o conhecimento da matéria recorrida. Por sua vez, se
a alçada for igual ou inferior a este valor, não há que se falar em duplo grau de jurisdi-
ção.

9.8.1.3. Questões do TRF3


1) Há multa por litigância de má-fé ao INSS, por interposição de recurso manifestamente pro-
telatório?

Resposta:

A interposição de recurso manifestamente protelatório revela-se como exercício abusivo


do direito de recorrer, sujeitando aquele que atua com deslealdade à sanção processual
consistente no pagamento de multa (arts. 538, p. único, e 557, §2º, CPC), cujo prévio
depósito é verdadeiro pressuposto objetivo de admissibilidade de novos recursos. Trata-
se de obrigação processual que se impõe também às pessoas jurídicas de direito público,
aí se inserindo por certo o INSS. Nesse sentido: STF, RE 521.424 AgR-EDv-AgR/RN.

9.8.1.4. Questões do TRF4

9.8.1.5. Questões do TRF5


1) Distinga a substituição processual e a substituição de parte.

Resposta:

A substituição processual refere-se ao instituto da legitimação extraordinária, segundo o


qual alguém, em nome próprio, postula direito de outrem, desde que legalmente autori-
zado a tanto (art. 6º, CPC). Já a substituição de parte é tema relacionado à legitimação
ordinária (pleiteia-se em nome próprio direito próprio), referindo-se ao fenômeno da
sucessão processual (arts. 41 a 45, CPC), havendo aí alteração da titularidade do direito
material discutido em juízo.

494
9.9. Direito Processual Penal

9.9.1. Juizados Especiais Federais Criminais

9.9.1.1. Questões do TRF1

9.9.1.2. Questões do TRF2

9.9.1.3. Questões do TRF3

9.9.1.4. Questões do TRF4

9.9.1.5. Questões do TRF5


1) Juizado especial, qual o prazo da apelação?

Resposta:

Diferentemente do procedimento comum, em que o prazo de interposição da apelação é


de cinco dias (art. 593, CPP), nos Juizados Especiais, o referido recurso deve ser inter-
posto no prazo de dez dias (art. 82, §1º, Lei 9.099/95). O prazo mais alargado no proce-
dimento sumaríssimo dos Juizados, entretanto, vem acompanhado da necessidade de
apresentação simultânea das razões recursais, o que não ocorre no CPP (art. 600), em
que a petição de interposição deve ser protocolada no prazo recursal, sendo as razões
apresentadas no prazo de oito dias.

9.10. Direito Ambiental

9.10.1. A Tutela Internacional Dos Bens Naturais Brasileiros E As Unidades De


Conservação Da Natureza De Proteção Integral

9.10.1.1. Questões do TRF1

9.10.1.2. Questões do TRF2

9.10.1.3. Questões do TRF3

495
9.10.1.4. Questões do TRF4

9.10.1.5. Questões do TRF5


1) É possível a exploração mineral dentro das áreas de proteção ambiental?

Resposta:

Área de Proteção Ambiental (APA) é unidade de conservação de uso sustentável (art.


14, I, Lei 9985/00), cujo objetivo básico é compatibilizar a conservação da natureza
com o uso sustentável de parcela de seus recursos naturais (art. 7º, Lei 9985/00). Como
se trata de unidade de conservação menos restritiva com relação ao uso dos recursos
naturais localizados no seu interior, cuidando-se, ademais, de uma área em geral exten-
sa, não é de se vedar, em princípio, a exploração de recursos minerais. De todo modo,
há que se observar o disposto no art. 28, Lei 9985/00, o qual veda, nas unidades de con-
servação, quaisquer alterações, atividades ou modalidades de utilização em desacordo
com os seus objetivos, o seu Plano de Manejo e seus regulamentos.

9.11. Direito Internacional Público e Privado

9.11.1. Atividade Da Lei No Tempo (Vigência, Eficácia, Fundamento)

9.11.1.1. Questões do TRF1

9.11.1.2. Questões do TRF2

9.11.1.3. Questões do TRF3

9.11.1.4. Questões do TRF4

DESSE PONTO EM DIANTE: RESPOSTAS ELABORADAS POR LÍLIAN MARA


DE SOUZA FERREIRA

9.11.1.5. Questões do TRF5


TRF5 – 2012

1) Explane sobre os efeitos dos tratados sobre terceiros não signatários. Fale sobre a regra
geral e as exceções.

Resposta:

496
Por modificar situação jurídica, tratado pode repercutir sobre terceiros:

(a) Efeito difuso: situações jurídicas objetivas, que se impõem aos demais Estados. Ex.:
permuta territorial. (b) Efeito aparente: determinado terceiro sofre consequências dire-
tas de um tratado, geralmente bilateral, por tratado anterior que vincule a uma das partes
- cláusula da nação mais favorecida: os Estados A e B celebram um tratado de comér-
cio em que se concedem favores mútuos, prometendo gravar os produtos originários do
outro com uma alíquota privilegiada do imposto de importação, estabelecendo que, se
no futuro, um deles vier a tributar com alíquota ainda mais baixa os produtos de outra
nação qualquer, o co-pactuante de agora terá direito imediato a igual benefício. (c)
Previsão de direitos para terceiros: art. 36 da Convenção de Viena requer o consenti-
mento deste 3º, lembrando que o seu silencio faz presumir aquiescência. (d) Previsão
de obrigações para terceiros: Sistema de Garantia – Impõe-se o consentimento do
pretenso obrigado por expresso e escrito. A qualidade de terceiro-garante é para quem o
tratado cria obrigações, que ele expressamente aceita, preservando a sua perfeita distin-
ção dos Estados-partes. [Resposta retirada do REZEK]

2) Trate sobre o rito de incorporação dos tratados ao ordenamento jurídico brasileiro.

Resposta:

O tratado deve compor, desde quando vigente, a ordem jurídica nacional de cada Esta-
do-parte. O DIP é indiferente ao método eleito pelo Estado para promover a recepção da
norma convencional por seu ordenamento jurídico. No Brasil a publicidade interna é
indispensável para que a norma possa integrar o acervo normativa, de modo que
assim se desenvolve a formação do tratado, do plano internacional para o plano interno:
NEGOCIAÇÃO » CONCLUSÃO » ASSINATURA » APROVAÇÃO DO CN »
DECRETO LEGISLATIVO » DECRETO DO PR = promulga e publica o texto +
executoriedade» RATIFICAÇÃO/ADESÃO. Trata-se de ato complexo, que exige a
aprovação do Congresso Nacional, de acordo com norma expressa da CF, pela expedi-
ção de Decreto Legislativo, somado à expedição de Decreto Presidencial, publicado no
DOU, sendo que este último não encontra respaldo na CF, mas em uma praxe ou cos-
tume nacional, que dá publicidade e vigência à norma. [REZEK]

3) Fale sobre a extinção dos tratados internacionais, ressaltando as hipóteses.

Resposta:

(1) Vontade comum: Extingue-se um tratado por ab-rogação sempre que a vontade de
terminá-lo é comum às partes por ele obrigadas. (1.a) predeterminação ab-rogatória:
todo tratado com termo cronológico de vigência previsto no texto. Não descaracteri-
zada pela possibilidade de prorrogação da vigência. Eventualmente, a predeterminação

497
ab-rogatória consistem em dizer que o tratado estará extinto quando o número de par-
tes cair abaixo de certo piso, por sucessivas retiradas por denúncia. Fica ab-rogado o
compromisso quando todos os atos de execução previstos tenham sido realizados -
esgotamento operacional. (1.b) Decisão ab-rogatória superveniente: Não existe com-
promisso internacional imune à perspectiva de extinção pela vontade das partes, ainda
que o texto nada disponha. (2) Vontade unilateral: DENÚNCIA, manifesta a vontade do
Estado de deixar de ser parte em determinado tratado. A Convenção de Viena dá como
regra geral o pré-aviso de 12 meses. Se o Estado não for obrigado por esta, vige a regra
expressa no tratado que, se silente, desobriga o Estado tão logo dá notícia formal da
denúncia aos co-pactuantes. Exprime-se por escrito numa notificação, carta ou instru-
mento. Em regra, é retratável. [REZEK]

4) É correto afirmar que o tratado é ratificado pelo congresso nacional? Tecnicamente é corre-
ta essa expressão?

Resposta:

O art. 49, I da CF/88 afirma ser da competência exclusiva do Congresso Nacional ―re-
solver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem
encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional‖. Por sua vez, é encargo do
PR ―celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Con-
gresso Nacional‖. Contudo, trata-se de procedimento complexo, em que a vontade sin-
gular do PR ou do CN são necessárias, mas não suficientes isoladamente. Inclusive, o
Congresso não apenas ratifica o tratado assinado pelo Executivo, mas tem autonomia
para incluir reservas, ou até desabonar as reservas feitas pelo Executivo, possuindo atu-
ação autônoma, e não de mera ratificação. [REZEK]

9.12. Sociologia do Direito

9.12.1. Mecanismos De Resolução De Conflitos

9.12.1.1. Questões do TRF1


1) Qual a diferença entre mediação e jurisdição? E a diferença entre mediação e conciliação?

Resposta:

―A mediação é realizada por um terceiro neutro e imparcial, que é chamado de me-


diador, este procura auxiliar os participantes na resolução de uma disputa/conflito. Ela
possui basicamente três elementos: as partes, a disputa e o mediador.‖ Trata-se de um
método alternativo de resolução de conflitos, que não envolve o Poder Estatal. Ao
revés, o Poder Jurisdicional é a função do Estado de resolução de conflitos, conceituan-
do-se classicamente como o poder de dizer o direito no caso concreto. ―Já a conciliação
498
é uma das maneiras mais rápidas de tratamento do conflito e objetiva auxiliar o
Poder Judiciário para que se evite o início de um novo processo judicial. [...] o que se
pretende é o entendimento das partes independentemente da qualidade das soluções ou
da interferência na interpretação das questões. O conciliador, além da aproximação das
partes, poderá sugerir apontando vantagens e desvantagens, sempre com a intenção
de resolver o conflito.‖ O conciliador sugere às partes soluções para o conflito, dentro
ou fora do processo, diferentemente do mediador, que apenas auxilia as partes na auto-
composição, sem manifestar sugestão, mediando as negociações. O resultado útil, em
ambos os casos é a transação.

Citações: [http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/anais/SIC/XII/XII/7/6/4/4.pdf]

9.12.1.2. Questões do TRF2

9.12.1.3. Questões do TRF3

9.12.1.4. Questões do TRF4

9.12.1.5. Questões do TRF5


01) Fale sobre os sistemas não judiciais de resolução de conflitos, estabelecendo suas diferen-
ças e semelhanças e dê sua opinião sobre os mesmos.

Resposta:

(1) Negociação direta: as partes se entendem mutuamente e estabelecem um acordo,


cessando o conflito; (2) Mediação: um terceiro, neutro e imparcial, auxilia as partes na
composição do conflito, mediando nas negociações; (3) Conciliação: auxilia as partes
na busca da composição, sugerindo soluções para o conflito, vantagens e desvantagens,
de modo que as partes encontrem um acordo para a divergência; (4) Arbitragem: é o
meio alternativo que mais se parece com o Poder Jurisdicional - inexistindo o consenso
entre as partes, o árbitro efetivamente decide o conflito, dando a solução ao caso concre-
to. É objeto da Lei n.º 9.307-96, sendo requisitos da sua atuação a clausula compromis-
sória (ou arbitral) e o compromisso arbitral, tratando-se de atividade privada, devendo o
conflito ser decorrente de direitos patrimoniais disponíveis, realizando-se pela sentença
arbitral, obrigatória entre as partes. A Lei determina que o conteúdo dessa decisão não
pode ser revisto pelo Poder Judiciário, classificando-a como título executivo judicial
(art. 475-N do CPC), cabendo ao Judiciário a execução forçada da decisão. A pactuação
da arbitragem se insere no princípio da autonomia da vontade, vigorando o princípio do
pacta sunt servanda, de modo que, se o conflito for levado ao Judiciário, depois de pac-
tuada a arbitragem, deve ser extinto sem resolução do mérito (arts. 267, VII, e 301, IX,
do CPC).
499
9.13. Filosofia do Direito

9.13.1. O Homem. Conceito. Ser Do Mundo E Opondo-Se Ao Mundo

9.13.1.1. Questões do TRF1


1) A expressão “democrático de direito” significaria o que? Qual o conceito moderno de de-
mocracia? Democracia é forma de estado, é forma de governo, sistema de governo ou é outra
coisa? Segundo Aristóteles era forma de governo, mas modernamente é modo de exercício de
poder, é o modo pelo qual o poder é exercido. Quanto mais participação dos jurisdicionados
nas decisões que lhe dizem respeito, mais democrático será o Estado. [essa parte anterior já
constava no arquivo]

Resposta:

―[....] Estado submetido ao direito, aquele Estado cujo poder e atividade estão regula-
dos e controlados pela lei, entendendo-se direito e lei, nesse contexto, como expressão
da vontade geral‖ [...]―Em que pesem pequenas variações semânticas em torno desse
núcleo essencial, entende-se como Estado Democrático de Direito a organização políti-
ca em que o poder emana do povo, que o exerce diretamente ou por meio de repre-
sentantes, escolhidos em eleições livres e periódicas, mediante sufrágio universal e
voto direto e secreto, para o exercício de mandatos periódicos, como proclama, entre
outras, a Constituição brasileira. Mais ainda, já agora no plano das relações concretas
entre o Poder e o indivíduo, considera-se democrático aquele Estado de Direito que
se empenha em assegurar aos seus cidadãos o exercício efetivo não somente dos
direitos civis e políticos, mas também e sobretudo dos direitos econômicos, sociais e
culturais, sem os quais de nada valeria a solene proclamação daqueles direitos.‖
[...] ―A essa luz, o princípio do Estado Democrático de Direito aparece como um super-
conceito, do qual se extraem – por derivação, inferência ou implicação – diversos prin-
cípios, como o da separação dos Poderes, o do pluralismo político, o as isonomia, o da
legalidade e, até mesmo, o princípio da dignidade da pessoal humana, em que pese, com
relação a este último, a opinião de diversos juristas do maior relevo, como Miguel Rea-
le, por exemplo, para quem a pessoa é o valor-fonte dos demais valores, aos quais serve
de fundamento como categoria ontológica pré-constituinte ou supranacional.‖ [Gilmar
Mendes, Curso de Direito Constitucional]

―Entre os mais importantes princípios da Constituição Federal de 1988 pode-se destacar


a democracia, responsável pela legitimidade das normas e das decisões judiciais, e o
Estado de Direito, responsável pela legalidade existente dentro de nossa sociedade. São
eles os responsáveis pelo ‗Estado Democrático de Direito‘, garantia maior do Estado
brasileiro. Está na junção desses dois princípios a total relação entre política e direito na
sociedade atual. É a partir dessa premissa que o direito deve ser entendido.‖ [Noções
gerais de direito e formação humanistica – Concurso para a magistratura- Jerson Carnei-
ro Gonçalves Junior e José Fabio Rodrigues Maciel]

500
O professor Gilmar Mendes entende que é modelo de Estado, que superou os modelos
de estado liberal e o estado social, ―em cujo âmbito seriam atendidas todas as exigên-
cias econômicas, políticas e sociais do homem concreto‖. ―[...] podemos aceitar a con-
cepção de Loncoln de que a democracia, como regime político, é governo do povo,
pelo povo e para o povo. Podemos, assim, admitir que a democracia é um processo de
convivência social em que poder emana do povo, há de ser exercido, direta ou indireta-
mente, pelo provo e em proveito do povo.‖ [Jose Afonso da Silva]

2) O que é liberdade? É possível ser livre com segurança? Este binômio segurança e liberdade,
como isso é possível? Quanto maior liberdade menor a segurança, quanto maior a segurança
maior a liberdade?

Resposta:

―A liberdade, rezava a Declaração de Direitos de 1789, inspirada nessa doutrina, consis-


te no poder de fazer tudo aquilo que não prejudique a outrem; assim, o exercício dos
direitos não tem outros limites além daqueles indispensáveis a assegurar a todos o des-
frute de seus direitos, limites estabelecidos de forma geral pela lei.‖ (Paulo Dourado de
Gusmão, Filosofia do Direito) ―A liberdade pode ser definida de muitas formas. Aliás, a
liberdade pode ser vista e sentida de muitas formas. Alguns definem arbitrariedades sob
o manto conceitual de exercício de sua liberdade. Outros, consideram-na um valor fun-
damental para a própria construção do pacto social. Por isso, existem diversas concep-
ções de liberdade, o que por si só já traduz o altíssimo interesse que o termo possui para
as investigações filosóficas e para as perspectivas da vida humana. Abordando-se a
perspectiva da liberdade interpessoal pode-se perceber com clareza que a real sensação
de liberdade violada surge quando se lhe é negada [...] Afinal, qual o simbolismo da
liberdade? Não são as asas? Não é o horizonte sem fronteiras? Não é a ausência de bar-
reiras e empecilhos? Ora, dessa semântica se descola a importância de se afinar a refle-
xão para pensar na ordem social como garantidora do mínimo de liberdade possível para
o comportamento humano compartilhado em espaços comuns.‖ [...] ‗Não há nem uma
liberdade perdida para sempre, nem uma liberdade conquistada para sempre: a historia é
uma trama dramática de liberdade e de opressão.‘ (Bobbio) [...] Deve-se pensar a liber-
dade enquanto categoria fundamental não só da existência (da individualidade), mas
também das perspectivas relacionais (da coletividade). [...] A liberdade garantida pelo
direito é a ideia filosófica essencial que dá origem ao Estado moderno (pós-Revolução
Francesa). [...] A palavra liberdade, um dos dísticos da Revolução Francesa (liberdade,
igualdade, fraternidade), significa: ‗propriedade de o alvedrio se determinar por sua
própria energia, sem ser a vontade forçada a isso.‘ Ou seja, agir por livre e espontânea
vontade.‖ [Eduardo Bittar, Curso de Filosofia do Direito) O professor ainda cita Joa-
quim Nabuco, grande abolicionista brasileiro para afirmar que ―o dever mais básico que
garante a fruição dos outros direitos é o dever do Estado de respeitar a liberdade do ci-
dadão.‖]

501
―Os limites à liberdade do ser humano são necessários, pois ele é capaz de tudo, do ato
mais sublime ao mais bestial. A grande contribuição trazida pelo conceito de Estado de
Direito é que essas limitações só poderão ser realizadas pela lei. Assim, o ser humano
não está sujeito ao poder desmensurado de outro ser, mas ao menos teoricamente, à jus-
ta e adequada orientação da lei. [...] Conforme já analisado, é da própria natureza do
Estado de Direito escolher a lei como garante e protetora da liberdade individual.
A garantia e a proteção da liberdade serão realizadas de diversas formas, dependendo da
especificidade de cada ramo do Direito. [...] Nesse sentido, é atual e valida a concepção
kantiana que lastreia a ideia de Direito, [...]: trata-se da instancia que garante as condi-
ções segundo as quais o arbítrio de um não interfira no dos outros, segundo uma lei
universal de liberdade.‖ [Eduardo Bittar, Curso de Filosofia do Direito] ―O Estado,
monopolizando o poder de coerção, é, de certa forma, em relação ao homem, obs-
táculo às suas liberdades, enquanto o homem, é, por essência, liberdade.‖ (Paulo Dou-
rado de Gusmao, Filosofia do Direito)

3) O bem estar significaria o quê? Ele exclui o mal-estar, é a antítese, ou e simbiose?

Resposta:

Modelo de estado do bem-estar social surgiu em decorrência da superação do modelo de


Estado Liberal, depois da II Guerra Mundial. ―[...] as bases do chamado Estado Social
de Direito – no qual a expressão social sinaliza para o propósito de corrigir/superar o
individualismo clássico de caráter liberal pela afirmação dos direitos sociais, com a con-
sequente realização de justiça social [...]‖ [Gilmar Mendes.]

4) O que seria a fraternidade?

Resposta:

A fraternidade é lema da Revolução Francesa, culminando na Declaração de direitos,


que dirigiu a construção da teoria e do desenvolvimento dos direitos fundamentais. ―En-
fim, se nos deparam direitos da primeira, segunda e da terceira gerações, a saber, direi-
tos da liberdade, da igualdade e da fraternidade [....]. Com efeito, um novo polo jurídico
de alforria do homem se acrescenta historicamente aos da liberdade e da igualdade. Do-
tados de altíssimo teor de humanismo e universalidade, os direitos de terceira geração
tendem a cristalizar-se no fim do século XX enquanto direitos que não se destinam es-
pecificamente à proteção dos interesses de um indivíduo, de um grupo ou de um deter-
minado Estado. Têm primeiro por destinatário o gênero humano mesmo, num momento
expressivo de sua afirmação como valor supremo em termos de existencialidade concre-
ta. [...] A teoria, com Vasak e outros, já identificou cinco direitos da fraternidade, ou
seja, da terceira geração: o direito ao desenvolvimento, o direito à paz, o direito ao meio

502
ambiente, o direito de propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade e o direi-
to de comunicação.‖ [Paulo Bonavides, Curso de Direito Constitucional]

5) O que seria uma sociedade plúrima? Isso significa várias sociedades? Unidades na pluralida-
de?

Respostas:

―Embora a Constituição brasileira, assim como tantas outras, utilize a expressão plura-
lismo agregando-lhe o adjetivo político, fato que à primeira vista poderia sugerir tratar-
se de um princípio que se refere apenas a preferências políticas e/ou ideológicas, em
verdade a sua abrangência é muito maior, significando pluralismo na polis, ou seja, um
direito fundamental à diferença em todos os ambitos e expressões de convivência hu-
mana – tanto nas escolhas de natureza política quanto nas de caráter religioso, econômi-
co, social e cultural, entre outras -, um valor fundamental, portanto, cuja essência Arthur
kaufmann logrou traduzir em frase de rara felicidade: não só, mas também. [...] o indi-
víduo é livre para se autodeterminar e levar a sua vida como bem lhe aprouver, imune a
intromissões de terceiros, sejam elas provenientes do Estado, por tendencialmente inva-
sor, ou mesmo de particulares. [...] O mesmo se diga da ideia de tolerância – correlata
ao conceito de pluralismo -, a significar que ninguém pode ser vítima de preconceitos,
de ódio ou de perseguição, pelo simples fato de ser diferente, como tem acontecido no
curso da História, em que pesem os esforços de quantos nos advertem de que o normal é
ser diferente e que os traços característicos de cada individuo não devem ser vistos co-
mo estigmas mas, antes, como expressão da sua metafísica singularidade.‖ [Gilmar
Mendes, Curso de Direito Constitucional]

9.13.1.2. Questões do TRF2

9.13.1.3. Questões do TRF3

9.13.1.4. Questões do TRF4

9.13.1.5. Questões do TRF5

503
10. Ponto 10
10.1. Direito Constitucional

10.1.1. Federalismo E Estado Federal Brasileiro

10.1.1.1. Questões do TRF1

10.1.1.2. Questões do TRF2


1) Discorra sobre sistema de competências.

Resposta:

Há duas técnicas de repartição de competências: (a) repartição HORIZONTAL: há


uma distribuição estanque de competência entre os entes = distribuição específica de
competências para cada ente (de forma individualizada). Ex.: a UF tem competências
enumeradas, assim como os Municípios e o Estados ficam com as competências rema-
nescentes. É qualificação do federalismo dual (clássico), típico do Estado Liberal. (b)
repartição VERTICAL: aquela na qual todos os entes vão atuar conjunta ou con-
correntemente para a mesma matéria, deixando para a Uniao temas gerais e para
os Estados aperfeiçoar o tema às suas peculiaridades. O professor Gilmar Mendes
leciona que a forma de divisão de competências indica que tipo de federalismo é adota-
do no Estado, sendo que a concentração de competências no ente central aponta um
modelo centralizador – centrípeto, enquanto a distribuição mais ampla de poderes em
favor dos Estados-membros configura um modelo descentralizador - centrífugo. Ainda,
pode se falar federalismo de equilíbrio, quando a dosagem é contrabalanceada.

2) Faça considerações acerca do federalismo cooperativo.

Resposta:

O federalismo cooperativo ou de integração (neoclássico) se qualifica quanto todos os


entes que compõem a federação possuem as mesmas competências, isto é, são todas
comuns, atuando os entes políticos em conjunto, de forma conjunta, com o equilíbrio de
forças entre o poder central e o poder local. ―Todavia, não basta a previsão constitu-
cional de um federalismo cooperativo. Para que estados e municípios tenham real auto-
nomia política, é necessário que possuam autonomia administrativa e financeira. [...].
Sem recursos suficientes a autonomia existirá apenas no papel.‖ Leia
mais: http://jus.com.br/revista/texto/17486/a-origem-do-federalismo-
brasileiro#ixzz25p7BRLCb ―No federalismo cooperativo, há uma mudança dos poderes
de decisão nos níveis de governo - federal e federado - em benefício de um mecanismo,
mais ou menos complexo e formalizado, de negociação e acordo intergovernamental.

504
Com isso, há uma tendência de redução das políticas que sejam conduzias por um só
governo, havendo uma interdependência e coordenação das atividades governamentais.
Esta interdependência e coordenação têm como base uma decisão voluntária de todos os
entes da federação, não se fundamentando em uma pressão hierárquica.‖
Leia mais: http://jus.com.br/revista/texto/3249/federalismo-uma-analise-sobre-sua-
tematica-atual#ixzz25p8frhK1

3) Quantos estados compõe a Federação? Como está estruturada esta Federação? Quais são
seus componentes?

Resposta:

A Federação é composta por 26 Estados e 1 Distrito Federal e milhares de Municípios.


O art. 1º da CF afirma que a República Federativa do Brasil é formada pela união indis-
solúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal. Apesar de haver certa divergên-
cia doutrinária, a majoritária entende que os Municípios são entes participantes da Fede-
ração. O nosso federalismo é classificado quanto à origem como um federalismo cen-
trífugo, diferentemente do federalismo americano, que é classificado como centrípeto,
pois partiu do centro para a periferia. O Brasil era um Estado unitário (1824), que se
transformou em EF (1891), ganhando os membros autonomia que não possuíam. Nu-
ma análise dogmática do federalismo, temos que o ente soberano é a RFBrasil e os
entes autônomos são: a União, os Estados, Municípios, DF, inexistindo hierarquia
entre entes autônomos, apenas diferenciação de competências na CF, Para saber qual
lei prevalece, deve-se analisar na definição de competências prevista na CR/88. OBS.:
Atualmente, o Brasil objetiva desenvolver um chamado federalismo de equilíbrio, ou
seja, um federalismo em que haja distribuição equilibrada de competências.

10.1.1.3. Questões do TRF3


1) No exercício da competência concorrente entre a União, Estados e DF, é possível que os
Estados editem normas gerais?

Resposta:

O Exercício da competência legislativa concorrência está disposto no art. 24, no qual


seus parágrafos marcam a forma de atuação de cada ente nesta forma de legislar, caben-
do à União o estabelecimento das normas gerais (§1º) e aos Estados a fixação da legis-
lação suplementar (§2º). No entanto, no caso de inexistir normas gerais expedidas pela
União, os Estados exercerão a competência legislativa plena, ou seja, podem expedir
normas gerais, a fim de cumprir a tarefa constitucional (§3º). Contudo, a superveniência
de lei federal sobre normas gerais, suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for
contrário (§4º).

505
10.1.1.4. Questões do TRF4

10.1.1.5. Questões do TRF5


1) Discorra sobre a intervenção federal nos Estados e dos Estados no Município, mencionando
sobre a intervenção da União nos territórios e nos municípios.

Resposta:

―A intervenção federal é mecanismo drástico e excepcional, destinado a manter a in-


tegridade dos princípios basilares da Constituição, enumerados taxativamente no
art. 34 da CF. [...] A intervenção federal apenas pode recair sobre Estado-membro, Dis-
trito federal ou Municípios integrantes de território nacional. Não cabe, portanto, a in-
tervenção federal em Municípios integrantes de Estado-membro, mesmo que a medida
seja pedida por desrespeito, por parte do Município, de decisões de tribunais federais.
Somente o presidente da República é competente para decretar a intervenção federal.
Em alguns casos, o Presidente da República, atua sem a provocação de ninguém, age ex
officio (incisos I, II, III e V do art. 34). Em outros, o Chefe de Estado deve ser provoca-
do para decretar a medida. [...] a intervenção não é obrigatória para o Presidente da Re-
pública. A decisão de intervir remanesce no campo do seu juízo discricionário [exceto
na requisição do PJ]. Nesses casos, haverá controle político do Congresso Nacional,
ao qual devera ser submetido o decreto de intervenção no prazo de vinte e quatro ho-
ras e que poderá aprová-lo ou rejeitá-lo, por meio de decreto legislativo (art. 49, IV, da
CF). Nas intervenções espontâneas, o Presidente da República deve ouvir o Conselho da
República (art. 90, I, da CF) e o de Defesa Nacional (art. 91, §1º, II, da CF) [...]. O de-
creto de intervenção deve especificar a amplitude da medida, o prazo de sua dura-
ção, as condições de execução e, se for o caso, o nome do interventor (art.36, §1º, da
CF).‖ [Gilmar Mendes] A decretação da intervenção pode ser: (1) espontâneo ou solici-
tado (PLegislativo ou PE do estado); (2) Requisitado (STF, STJ ou TSE), por descum-
primento de ordem ou decisão judicial; (3) Provimento de ADIN Interventiva (execução
de lei federal ou descumprimento dos princípios sensíveis).

Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:

I - manter a integridade nacional;

II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;

III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;

IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;


[solicitação do Poder ou requisição do STF ao PR]

V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:

506
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo
motivo de força maior;

b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, den-
tro dos prazos estabelecidos em lei;

VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;

VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:

a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;

b) direitos da pessoa humana;

c) autonomia municipal;

d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.

e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compre-


endida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e
nas ações e serviços públicos de saúde.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

―As hipóteses de intervenção estadual e federal (nos municípios localizados em territó-


rios federais) estão taxativamente previstas no art. 35[...]. A decretação e a execução da
intervenção estadual é de competência privativa do Governador de Estado, através de
decreto de intervenção que especificará a amplitude, o prazo e as condições da execução
e, quando couber, nomeará o interventor. A Constituição estabeleceu a realização de
controle político a ser exercido pelo Legislativo, devendo o decreto de intervenção ser
submetido à apreciação da Assembléia Legislativa, no prazo de vinte e quatro horas. Na
hipótese de não estar funcionando, haverá convocação extraordinária, também no prazo
de vinte e quatro horas.‖ [Pedro Lenza]

**Súmula 637 STF: ―Não cabe recurso extraordinário contra acórdão de tribunal de
justiça que defere pedido de intervenção estadual em município.‖

Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios loca-
lizados em Território Federal, exceto quando:

I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida
fundada;

II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;

III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e
desenvolvimento do ensino;

III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;(Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 29, de 2000)
507
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância
de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de
ordem ou de decisão judicial.

10.2. Direito Tributário

10.2.1. Crédito Tributário: Extinção

10.2.1.1. Questões do TRF1

10.2.1.2. Questões do TRF2


1) Por que a consignação em pagamento é previsto no CTN? Haveria necessidade dessa previ-
são? Não bastava a previsão do CPC?

Resposta:

As hipóteses de cabimento da ação consignatória previstas no CTN são específicas, em


relação àquelas previstas no CPC e CC, que são bastante abrangentes. Logo, as regras
do CTN são especiais, tratando da relação jurídico-tributária, que é de direito público,
diferentemente daquelas, delimitando o cabimento da ação nos casos de (a) recusa injus-
tificada do credor e; (b) dúvida quanto ao credor, bem como os seus efeitos, de suspen-
são de exigibilidade do credito tributário e eventual extinção do credito, quando da sua
conversão em renda. O CPC é utilizado na consignatória tributaria no que tange ao pro-
cedimento descrito, já que o CTN apenas descreve as hipóteses de cabimento e os efei-
tos na relação tributária.

Mas a consignação, como observa SACHA CALMON NAVARRO COÊLHO (4), tam-
bém tem relação com a conversão do depósito em renda (art. 156, VI), já que "não é o
ato de consignar que extingue o crédito, mas a conversão do depósito em renda, finda a
ação, na hipótese de ser julgada procedentes (pagamento forçado contra o credor que
resiste à pretensão de adimplir do consignante)"

2) No plano da extinção do crédito tributário consta a dação em pagamento; seria possível a


dação através da prestação de serviços?

Resposta:

O CTN dispõe acerca da possibilidade de dação em pagamento de bens imóveis, na


forma da lei, como forma de extinção do credito tributário. Os entes federados devem
expedir suas leis, dentro da sua competência tributaria, a fim de regular a forma como
deve se dar a dação de imóveis em pagamento. O município, por exemplo, poderá editar

508
lei regulando a dação em pagamento de bens imóveis, tal como prevê o CTN, mas ja-
mais de bens móveis. A prestação de serviços como forma de extinção do credito tribu-
tário não possui previsão no CTN. ―O STF adotou posição pela taxatividade do rol de
meios de extinção do credito tributário (ADIN 1917), mas em julgamento posterior,
mudou de posição, entendendo possível ao Estado Membro aceitar modos de paga-
mento ainda não previstos, à época, no CTN (ADIMC 2.405). O argumento principal
é no sentido de que quem pode o mais (conceder remissão), pode o menos (aceitar for-
mas alternativas de pagamento).‖ [Paulsen, Leandro](??)

3) Existe prazo para compensação? Qual a natureza jurídica? E para tributo indireto?

Resposta:

―Aplica-se à compensação, o prazo para a repetição de indébito, pois ambas são moda-
lidades de ressarcimento pelo pagamento indevido.‖ [Paulsen, Leandro] Com a introdu-
ção da LC 108-05, o prazo é prescricional de cinco anos contados do pagamento. A
compensação é forma de extinção do crédito tributário, sob condição resolutória, pois
depende da homologação do Fisco, expressa ou tácita. No caso de compensação de tri-
butos indiretos, quando o seu ônus é transferido a terceiros, utiliza-se a mesma regra
para a repetição de tributos, ou seja, de acordo com o art. 166 do CTN, por quem tenha
assumido o encargo do tributo indevido, ou estar expressamente autorizado por aquele a
repetir o montante. Isto é, apenas o contribuinte de fato pode pedir a compensação do
credito tributário. O professor Hugo de Brito Machado leciona o seguinte: ―A nosso ver,
tributos que comportem, por sua natureza, transferência do respectivo encargo finan-
ceiro são somente aqueles tributos em relação aos quais a própria lei estabeleça dita
transferência. Somente em casos assim aplica-se a regra do art. 166 do Código Tribu-
tário Nacional , pois a natureza a que se reporta tal dispositivo legal só pode ser a na-
tureza jurídica, que é determinada pela lei correspondente, e não por meras circuns-
tancias econômicas que podem estar, ou não, presentes, sem que se disponha de um
critério seguro para saber quando se deu, e quando não se deu, tal transferência.‖

―Em se tratando de ação declaratória, onde se busca o reembolso pela via indireta do
creditamento (auto-lançamento) e não pela via direta do pagamento mediante ação de
repetição de indébito, incide a norma do artigo 166, Código Tributário Nacional, segun-
do a qual, a restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência
do respectivo encargo financeiro, somente será feita a quem prove haver assumido
referido encargo, ou no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este expres-
samente autorizado a recebê-lo." (AGA 437657/SP, Rel. Min. Francisco Peçanha
Martins, DJ de 22/09/2003)

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. ICMS. BENS DES-


TINADOS AO ATIVO IMOBILIZADO E AO USO E CONSUMO. REGIME DO
CONVÊNIO ICM 66/88. INEXISTÊNCIA DE DIREITO AO CREDITAMENTO
509
(OU COMPENSAÇÃO). PRETENSÃO DE SE RECUPERAR O ICMS ILEGAL-
MENTE MAJORADO NO ÂMBITO DO ESTADO DE SÃO PAULO. AUTORES
(ORA RECORRENTES) QUE FIGURAM NA CONDIÇÃO DE "CONTRIBUINTES
DE FATO". ILEGITIMIDADE. 1. A jurisprudência da Primeira Seção desta Corte é
firme no sentido de que, no regime do Convênio ICM 66/88, ou seja, antes da vigência
da LC 87/96, inexiste direito ao creditamento do ICMS recolhido em razão da aquisição
de bens destinados ao ativo imobilizado e ao uso e consumo. 2. Por outro lado, a orien-
tação da Primeira Seção desta Corte firmou-se no sentido de que o consumidor, na
condição de contribuinte de fato, é parte ilegítima para pleitear a repetição
de tributo indireto, como é o caso do ICMS. Isso porque "a caracterização do cha-
mado contribuinte de fato presta-se unicamente para impor uma condição à repe-
tição de indébito pleiteada pelo contribuinte de direito, que repassa o ônus finan-
ceiro do tributo cujo fato gerador tenha realizado (art. 166 do CTN), mas não con-
cede legitimidade ad causam para os consumidores ingressarem em juízo com vis-
tas a discutir determinada relação jurídica da qual não façam parte" (REsp
983.814/MG, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 17.12.2007). Assim, "à luz da
própria interpretação histórica do artigo 166, do CTN, dessume-se que somente o con-
tribuinte de direito tem legitimidade para integrar o pólo ativo da ação judicial
que objetiva a restituição do 'tributo indireto' indevidamente recolhido", de modo
que referido preceito legal "não possui o condão de transformar sujeito alheio à
relação jurídica tributária em parte legítima na ação de restituição de indébito"
(REsp 903.394/AL, 1ª Seção, Rel. Min. Luiz Fux, DJe de 26.4.2010 - recurso submetido
à sistemática prevista no art. 543-C do CPC, c/c a Resolução 8/2008 - Presidência/STJ).
3. Recurso especial não provido.(STJ, RESP 200502029351, SEGUNDA TURMA,
DJE DATA:15/10/2010)

4) Por que tem ação de consignação no CPC e no CTN?

Resposta:

As hipóteses de cabimento da ação consignatória previstas no CTN são específicas, em


relação àquelas previstas no CPC e CC, que são bastante abrangentes. Logo, as regras
do CTN são especiais, tratando da relação jurídico-tributária, que é de direito público,
diferentemente daquelas, delimitando o cabimento da ação nos casos de (a) recusa injus-
tificada do credor e; (b) dúvida quanto ao credor, bem como os seus efeitos, de suspen-
são de exigibilidade do credito tributário e eventual extinção do credito, quando da sua
conversão em renda. O CPC é utilizado na consignatória tributaria no que tange ao pro-
cedimento descrito, já que o CTN apenas descreve as hipóteses de cabimento e os efei-
tos na relação tributária.

5) Quais as verbas são incluídas na repetição do indébito tributária?

510
Resposta:

―Em tendo ocorrido o pagamento indevido a título de determinado tributo e seus acrés-
cimos de correção monetária e, eventualmente, se o pagamento fora feito atrasado, de
juros e multa moratória, o direito à devolução envolve a sua totalidade.‖ ―A restituição
dá-se com correção monetária e juros, seja através de índices específicos seja através de
índice conjunto, que os incorpore, como a SELIC.‖ [Paulsen, Leandro]

6) Qual a taxa de juros e/ou correção monetária e o termo a quo?

Resposta:

Na repetição de indébito, o termo a quo para a aplicação da correção monetária é a data


do pagamento indevido, com a aplicação dos índices específicos. Se o pagamento tiver
ocorrido depois de 1º de janeiro de 1996, incide a taxa SELIC, que engloba índice de
correção monetária e juros, desde a data do pagamento indevido.

7) Discorrer sobre a viabilidade de tutela antecipada em sede de compensação tributária.

Resposta:

O art. 170-A do CTN, incluído pela LC n.º 104-01, veda a compensação de credito tri-
butário discutido em Juízo antes do transito em julgado da respectiva decisão judicial,
vedando a concessão de medidas liminares para tal fim. ―A Súmula 212 do STJ já veda-
va a autorização de compensação por liminar: „A compensação de creditos tributários
não pode ser deferida em ação cautelar ou por medida liminar cautelar ou antecipató-
ria‟. O novo art. 170-A vai mais adiante, condicionando a compensação ao transito em
julgado da decisão que reconhece a ocorrência dos pagamentos indevidos.‖ [Paulsen,
Leandro]

10.2.1.3. Questões do TRF3

10.2.1.4. Questões do TRF4


1) Fale sobre repetição de indébito em tributos indiretos.

Resposta:

De acordo com o art. 166 do CTN, a repetição deve ser realizada por quem tenha assu-
mido o encargo do tributo indevido, ou estar expressamente autorizado por aquele a
repetir o montante. Isto é, apenas o contribuinte de fato pode pedir a compensação do
credito tributário. O professor Hugo de Brito Machado leciona o seguinte: ―A nosso ver,
tributos que comportem, por sua natureza, transferência do respectivo encargo finan-
511
ceiro são somente aqueles tributos em relação aos quais a própria lei estabeleça dita
transferência. Somente em casos assim aplica-se a regra do art. 166 do Código Tribu-
tário Nacional , pois a natureza a que se reporta tal dispositivo legal só pode ser a na-
tureza jurídica, que é determinada pela lei correspondente, e não por meras circuns-
tancias econômicas que podem estar, ou não, presentes, sem que se disponha de um
critério seguro para saber quando se deu, e quando não se deu, tal transferência.‖

―Em se tratando de ação declaratória, onde se busca o reembolso pela via indireta do
creditamento (auto-lançamento) e não pela via direta do pagamento mediante ação de
repetição de indébito, incide a norma do artigo 166, Código Tributário Nacional, segun-
do a qual, a restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência
do respectivo encargo financeiro, somente será feita a quem prove haver assumido
referido encargo, ou no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este expres-
samente autorizado a recebê-lo." (AGA 437657/SP, Rel. Min. Francisco Peçanha
Martins, DJ de 22/09/2003)

2) Pode MP requerer repetição de indébito para tributos? Existe alguma decisão neste senti-
do?

Resposta:

Lei n.º 7.347-85. Art. 1º. Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para vei-
cular pretensões que envolvam tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Ga-
rantia do Tempo de Serviço - FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos
beneficiários podem ser individualmente determinados. (Incluído pela Medida provisó-
ria nº 2.180-35, de 2001) Inclusive, esta disposição legal veio aplicar entendimento já
fixado pelo Supremo, vide:

EMENTA: CONSTITUCIONAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA: MINISTÉRIO PÚBLICO:


TRIBUTOS: LEGITIMIDADE. Lei 7.374/85, art. 1º, II, e art. 21, com a redação do art.
117 da Lei 8.078/90 (Código do Consumidor); Lei 8.625/93, art. 25 . C.F., artigos 127 e
129, III. I. - O Ministério Público não tem legitimidade para aforar ação civil públi-
ca para o fim de impugnar a cobrança de tributos ou para pleitear a sua restituição. É
que, tratando-se de tributos, não há, entre o sujeito ativo (poder público) e o sujeito
passivo (contribuinte) relação de consumo, nem seria possível identificar o direito
do contribuinte com "interesses sociais e individuais indisponíveis". (C.F., art.
127). II. - Precedentes do STF: RE 195.056-PR, Ministro Carlos Velloso, Plenário,
09.12.99; RE 213.631-MG, Ministro Ilmar Galvão, Plenário, 09.12.99, RTJ
173/288. III. - RE conhecido e provido. Agravo não provido. (STF, Rel. Min. Carlos
Veloso, RE-AgR 248191)

3) Cabe MS?

Resposta:
512
―O mandado de segurança é via hábil para pleitear a declaração do direito à restituição
ou compensação das importâncias indevidamente pagas a maior.‖ Inteligência da Sumu-
la n.º 213-STJ‖ (STJ, RESP 353.002-SP) Sumula 213 STJ: ―O mandado de segurança
constitui ação adequada para a declaração do direito à compensação tributária.‖ O MS
apenas é via inadequada para obter a repetição, nos próprios autos, de acordo com a
remansosa jurisprudência do STF de que ele não é substituto de ação de cobrança.

101.2.1.5. Questões do TRF5

10.3. Direito Administrativo

10.3.1. Responsabilidade Administrativa, Civil E Penal Do Servidor Público.


Processo Disciplinar

10.3.1.1. Questões do TRF1


1) A responsabilidade pessoal de funcionário que emite certidão, com dolo, que contenha erro
contra a fazenda pública, pode ser responsabilizado este funcionário?

Resposta:

Sim. Este funcionário pode sofrer as formas de responsabilização cabíveis, quais sejam,
civis, administrativas e criminais. No que tange à responsabilidade civil, esta subjetiva,
tendo atuado por dolo, deve o funcionário responder por quaisquer danos que a sua atu-
ação tenha causado à Administração, seja de forma direta ou regressiva. No que tange à
sua responsabilidade administrativa, é de se ver que o mesmo deve ser punido, tendo
em vista que a sua atuação deveres funcionais e vai de encontro a proibições previstas
no Estatuto dos Servidores (―Art. 116. São deveres do servidor: I – exercer com zelo e
dedicação as atribuições do cargo; II – ser leal às instituições a que servir; III – observar
as normas legais e regulamentares; [...] Art. 117. Ao servidor é proibido: IX – valer-se
do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da fun-
ção pública; XV – proceder de forma desidiosa). Na seara criminal, o funcionário pode
vir a responder pelo delito de falsidade ideológica, pois a certidão se trata de documento
público, no qual inseriu dolosamente informação errada contra a Administração Pública
– diversa da que devia ser escrita, com o fim de alterar a verdade sobre fato juridica-
mente relevante (art. 299 do CP).

10.3.1.2. Questões do TRF2


1) Discorra se há independência das esferas civil, administrativa e penal.

Resposta:

513
―A Lei n.º 8.112-90 dispõe a respeito: ―O servidor responde civil, penal e administrati-
vamente pelo exercício irregular de suas atribuições‖ (art. 121). [...] A responsabilidade
se origina de uma conduta ilícita ou da ocorrência de determinada situação fática previs-
ta em lei e se caracteriza pela natureza do campo jurídico em que se consuma. Desse
modo, a responsabilidade pode ser civil, penal e administrativa. Cada responsabilidade
é, em princípio, independente da outra.‖ [Carvalho Filho] Prossegue o professor, le-
cionando que ―a mesma situação fática é idônea a criar, concomitantemente, as respon-
sabilidades civil, penal e administrativa. [...] foi exatamente esse o motivo pelo qual o
estatuto funcional federal dispôs que ‗as sanções civis, penais e administrativas poderão
cumular-se, sendo independentes ente si‘‖. Todavia, deve se ressaltar que as conclusões
em cada instancia são independentes e não se comunicam. As exceções se configuram
nas seguintes: 1) decisão penal pode ter repercussão na esfera civil, quando o ilícito
também se caracterizar como civil e causar prejuízo patrimonial ao Estado; dentro do
ilícito civil, impende ressaltar que a ação de improbidade administrativa pode ter por
pena a perda do cargo. 2) condenação penal por crime funcional vincula a Adminis-
tração, que tem que considerar a conduta como ilícito administrativo. Inclusive, a con-
denação criminal pode causar a perda do cargo público, quando aplicada pena privativa
de liberdade igual ou superior a um ano. 3) decisão penal ABSOLUTÓRIA vincula a
Administração em duas situações: (a) declarar a inexistência do fato atribuído ao servi-
dor; (b) excluir expressamente a sua condição de autor. Em tais casos, se a punição já
tiver sido aplicada, deve ser anulada pela decisão criminal.

2) Apresente uma hipótese na qual ocorra ofensa à norma civil, administrativa e penal.

Resposta:

Exemplo que pode ser apresentado é o delito de peculato (―Art. 312. Apropriar-se o
funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particu-
lar, de que tenha a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alhei-
o‖). Neste caso, ocorre ofensa à normal, penal, bem como à administrativa (―Art. 116.
São deveres do servidor: I – exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo; II –
ser leal às instituições a que servir; III – observar as normas legais e regulamentares;
[...] Art. 117. Ao servidor é proibido: II – retirar, sem previa anuência da autoridade
competente, qualquer documento ou objeto da Administração; IX – valer-se do cargo
para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função públi-
ca; XVI – utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou atividades
particulares). Ainda, ocorrendo prejuízo patrimonial para a Administração, pode ser o
servidor responsabilizado civilmente, com a reparação do dano causado. Aliás, verifica-
se a possibilidade de tal aplicação concomitante nos delitos funcionais materiais, em
que o servidor tenha atuado com dolo ou culpa. Todavia, em regra, deve se averiguar a
responsabilidade do servidor de forma individualizada em cada esfera.

514
3) Diferenças entre o ilícito administrativo, ilícito civil e penal? Dê exemplo de uma hipótese,
se possível, de um ato que atinja as três esferas, se possível. Se não for possível, por quê?

Resposta:

Ilícito Administrativo: ―Os estatutos funcionais apresentam um elenco de deveres e


vedações para os servidores, e o ilícito administrativo vai configurar-se exatamente
quando tais deveres e vedações são inobservados. Além do mais, os estatutos relacio-
nam as penalidades administrativas, sem, contudo, fixar qualquer elo de ligação a priori
com a conduta.‖ [Carvalho]

Ilícito Civil: ―imputação, ao servidor público, da obrigação de reparar o dano que tenha
causado à Administração ou a terceiro, em decorrência de conduta de conduta culposa
ou dolosa, de caráter comissivo ou omissivo. Trata-se de, como se pode observar, de
responsabilidade subjetiva ou com culpa.‖ [Carvalho]

Ilícito Penal: ―decorre de conduta que a lei penal tenha como infração penal.‖ [Carva-
lho]

**Exemplo: Resposta 2.

4) Qual a diferença entre a aposentadoria compulsória e a disponibilidade?

Resposta:

―Disponibilidade é a situação em que o servidor passa à inatividade em virtude da extin-


ção de seu cargo ou da declaração de sua desnecessidade (art. 41, §3º, CF)‖. Essa dis-
ponibilidade não é a punitiva.

A disponibilidade e a aposentadoria compulsória são as sanções aplicadas aos casos


mais graves. Disponível é o que se pode dispor. Juiz em disponibilidade significa que
ele poderá ser convocado a atuar a qualquer momento, ao critério discricionário da ad-
ministração do tribunal. Enquanto isto não se dá, ele recebe seus vencimentos de forma
proporcional ao tempo de serviço.

Já a aposentadoria destina-se a idêntica situação, com a diferença de que o juiz já tem


tempo para aposentar-se. Como não o faz voluntariamente, o tribunal pode fazê-lo, co-
mo sanção administrativa. Seus vencimentos serão integrais, como o de todos os demais
magistrados. A imposição destas sanções exige maioria absoluta dos membros do tribu-
nal (ou Órgão Especial) e não de dois terços de seus integrantes (CF, art. 93, VIII). Po-
dem ser impostas, também, pelo Conselho Nacional de Justiça (CF, art. 93, inc. VIII).

5) Apresentação de defesa ineficiente em proc. adm. Disciplinar é considerado revelia?

515
Resposta:

O art. 164 da Lei n.º 8.112-90 afirma que, no inquérito disciplinar, ―Considerar-se-á
revel o indiciado que, regularmente citado, não apresentar defesa no prazo legal. § 1o A
revelia será declarada, por termo, nos autos do processo e devolverá o prazo para a de-
fesa.‖ ―§ 2o Para defender o indiciado revel, a autoridade instauradora do processo de-
signará um servidor como defensor dativo, que deverá ser ocupante de cargo efetivo
superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indici-
ado.‖ (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) A lei não trata acerca da equivalên-
cia de defesa ineficiente com revelia no processo administrativo disciplinar, além de o
STF já ter sumulado de forma vinculante que não há necessidade de defesa técnica no
caso do processo disciplinar. A Adminsitração deve garantir o devido processo legal,
com ampla defesa e contraditório, ainda que a defesa seja ineficiente, efetivando o direi-
to à informação e manifestação da parte acerca dos fatos e provas expostos no feito,
com a devida e minuciosa apreciação dos fatos e dos argumentos. [não achei nada mais
específico]

6) É aplicável sigilo nos processos administrativos?

Resposta:

O artigo 150 da Lei n.º 8.112-90 dispõe que é ― assegurado o sigilo necessário à
elucidação do fato ou exigido pelo interesse da Administração‖, ainda ditando no p.
único que ―as reuniões e as audiências das comissões terão caráter reservado.‖ Logo, é
aplicável o sigilo nos processos administrativos disciplinares, quando assim for necessá-
rio, para resguardar a própria averiguação ou imagem da Administração ou, ainda, a
privacidade do processado, considerando tal direito expresso na CF. No processo admi-
nistrativo em geral, a regra é a publicidade, pois este princípio encontra-se expresso no
art. 37 da CF-88.

7) O certo é processo administrativo sancionador ou proc. adm. Punitivo?

Resposta:

[não consegui responder]

8) Exemplo de processo administrativo Sumário.

Resposta:

―O procedimento [sumario] é aplicável na apuração de acumulação ilegal de cargos,


de abandono de cargo e de inassiduidade habitual, sendo a todas cabível a pena de
516
demissão. A regra geral é de que se trata de rito com instrução célere, pois visa a apu-
rar casos em que já se tem materialidade pré-constituída.‖

―De acordo com o artigo 133 da Lei 8.112/90, detectada a qualquer tempo a acumula-
ção ilegal de cargos, empregos ou funções públicas, a autoridade a que se refere o art.
143 notificará o servidor, por intermédio de sua chefia imediata, para apresentar opção
no prazo improrrogável de dez dias, contados da data da ciência e, na hipótese de omis-
são, adotará procedimento sumário para a sua apuração e regularização imediata, cujo
processo administrativo disciplinar se desenvolverá nas seguintes fases:
I - instauração, com a publicação do ato que constituir a comissão, a ser composta por
dois servidores estáveis, e simultaneamente indicar a autoria e a materialidade da
transgressão objeto da apuração;
II - instrução sumária, que compreende indiciação, defesa e relatório;
III – julgamento.
O artigo 140 da Lei 8.112/90 prevê que a apuração de abandono de cargo ou inassidui-
dade habitual também será adotado o procedimento sumário.‖

http://www.cgu.gov.br/AreaCorreicao/PerguntasFrequentes/Procedimentos_Disc.asp#5

9) Classificação da sindicância. É sumário? Pode haver processo sem sindicância?

Resposta:

“Esta Corte já pacificou o entendimento de que a sindicância é procedimento pre-


paratório ao processo administrativo disciplinar, não cabendo alegar, em seu decor-
rer, a violação dos princípios do contraditório e da ampla defesa.‖ (STF, RMS 26274
AgR, Primeira Turma, julgado em 22/05/2012, DJe-112 DIVULG 08-06-2012 PUBLIC
11-06-2012) ―[...] é meio sumário de que se utiliza a Administração pública no Brasil,
para, sigilosa ou publicamente, com indiciados ou não, proceder à apuração das ocor-
rências anômalas no serviço público, as quais, confirmadas, fornecerão elementos con-
cretos para a imediata abertura de processo adminsitrativo contrao o funcionário público
responsável.‖ [CRETELLA JR.] ―O processo disciplinar principal é autônomo e terá
inteira legitimidade se observar as regras reguladoras. Por isso, não depende do pro-
cessamento de sindicância prévia como condição para a sua instauração. Tal condi-
ção só se afigura admissível se a lei disciplinadora do processo expressamente o exigir,
o que é raro de ocorrer. Caso a autoridade já tenha elementos suficientes para realizar o
processo principal, dispensável, no silencio da lei, será a instauração de prévia sindicân-
cia. O STJ, aliás, já firmou o correto entendimento de que, ―contando com elementos
concretos mais do que suficientes para a instauração do processo administrativo, dis-
pensável era a utilização da sindicância.‖ [CARVALHO FILHO]

517
10) Defesa contraditória no P.A.D. caracteriza revelia?

Resposta:

O art. 164 da Lei n.º 8.112-90 afirma que, no inquérito disciplinar, ―Considerar-se-á
revel o indiciado que, regularmente citado, não apresentar defesa no prazo legal. § 1o A
revelia será declarada, por termo, nos autos do processo e devolverá o prazo para a de-
fesa.‖ ―§ 2o Para defender o indiciado revel, a autoridade instauradora do processo de-
signará um servidor como defensor dativo, que deverá ser ocupante de cargo efetivo
superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indici-
ado.‖ (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) A lei não trata acerca da equivalên-
cia de defesa ineficiente ou contraditória como revelia no processo administrativo disci-
plinar, além de o STF já ter sumulado de forma vinculante que não há necessidade de
defesa técnica no caso do processo disciplinar. A Administração deve garantir o devido
processo legal, com ampla defesa e contraditório, ainda que a defesa seja ineficiente ou
contraditória, efetivando o direito à informação e manifestação da parte acerca dos fa-
tos, produzindo as provas necessárias aos esclarecimentos requeridos no feito, com a
devida e minuciosa apreciação dos fatos e dos argumentos, ainda que contraditórios.
[não achei nada mais específico]

11) É obrigatória a defesa por advogado no proc. adm. Disciplinar (P.A.D.)?

Resposta:

SÚMULA VINCULANTE Nº 5: A FALTA DE DEFESA TÉCNICA POR ADVOGA-


DO NO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR NÃO OFENDE A CONSTITU-
IÇÃO.

10.3.1.3. Questões do TRF3

10.3.1.4. Questões do TRF4

518
10.3.1.5. Questões do TRF5

10.4. Direito Penal

10.4.1. Crimes Contra A Ordem Tributária. Apropriação Indébita


Previdenciária

10.4.1.1. Questões do TRF1

10.4.1.2. Questões do TRF2


1) A Súmula Vinculante no. 24 é aplicável ao art. 168-A, CP (apropriação indébita previdenciá-
ria)?

Resposta:

De acordo com jurisprudência do Plenário do Supremo Tribunal Federal e Superior Tri-


bunal de Justiça, por se tratar de crime tributário material, exige-se o esgotamento do
processo administrativo fiscal, com a constituição do credito tributário, para se perse-
guir o delito. Inclusive, a Lei n.º 12.35-2010, deu nova redação ao artigo 83 da Lei n.º
9.430-96:

Art. 83. A representação fiscal para fins penais relativa aos crimes contra a ordem tri-
butária previstos nos arts. 1o e 2o da Lei no 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e aos crimes contra a Pre-
vidência Social, previstos nos arts. 168-A e 337-A do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal), será encaminhada ao Ministério Público depois de proferida a decisão final, na
esfera administrativa, sobre a exigência fiscal do crédito tributário corresponden-
te. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010)

Vide a jurisprudência:

APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA - CRIME - ESPÉCIE. A apropria-


ção indébita disciplinada no artigo 168-A do Código Penal consubstancia crime omissi-
vo material e não simplesmente formal. INQUÉRITO - SONEGAÇÃO FISCAL -
PROCESSO ADMINISTRATIVO. Estando em curso processo administrativo medi-
ante o qual questionada a exigibilidade do tributo, ficam afastadas a persecução
criminal e - ante o princípio da não-contradição, o princípio da razão suficiente - a ma-
nutenção de inquérito, ainda que sobrestado.
(Inq 2537 AgR, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em
10/03/2008, DJe-107 DIVULG 12-06-2008 PUBLIC 13-06-2008 EMENT VOL-02323-
01 PP-00113 RET v. 11, n. 64, 2008, p. 113-122 LEXSTF v. 30, n. 357, 2008, p. 430-
441)

HABEAS CORPUS. IMPUTAÇÃO DE CRIME DE APROPRIAÇÃO INDÉBI-


TA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA (ART. 168-A, § 1o., I, C/C O ART.
71 DO CPB). DELITO DE RESULTADO. IMPRESCINDIBILIDADE DA PRÉVIA
519
CONSTITUIÇÃO DEFINITIVA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO, PRECEDIDA DA
COMPROVAÇÃO DE FRAUDE. SÚMULA 24/STF. DESNECESSIDADE, EM RE-
GRA, DE INSTAURAÇÃO DE IPL. PARECER DO MPF PELA CONCESSÃO DA
ORDEM. ORDEM CONCEDIDA, PARA DETERMINAR O TRANCAMENTO DA
AÇÃO PENAL RELATIVA SOMENTE À NOTIFICAÇÃO FISCAL DE LANÇA-
MENTO DE DÉBITO 35.865.694-0. 1. O requisito necessário e suficiente para a
instauração de Ação Penal Tributária (APT) é a comprovação da constituição de-
finitiva do crédito tributário, precedida de Processo Administrativo Fiscal (PAF)
em que se tenha apurado conduta fraudulenta por parte do imputado, não sendo,
em regra, exigível a instauração de IPL. 2. Conforme informações contidas nos autos,
o tributo referente à Contribuição Previdenciária encontra-se com a exigibilidade sus-
pensa, em virtude de recurso administrativo interposto e ainda não julgado: inexistência
de constituição definitiva do crédito tributário. 3. Parecer do MPF pela concessão da
ordem. 4. Ordem concedida, para trancar a APT tão-somente quanto à Notifica-
ção Fiscal de Lançamento de Débito 35.865.694-0. (STJ, HC 201000752431, DJE DA-
TA:13/12/2010)

2) O crime do art. 168-A é formal ou material?

Resposta:

Inicialmente, a jurisprudência dominante entende que se trata de crime omissivo


próprio e formal, independente de resultado para a sua consumação - ―sempre que
omitido o recolhimento no prazo da lei haverá um dano efetivo à seguridade social pela
falta do ingresso daqueles valores. Quer dizer, há um resultado naturalístico, embora
não seja este exigido para a configuração do tipo.‖ [Baltazar Júnior]. No entanto, o STF
emitiu decisão do Plenário, em que afirma o seguinte: ―A apropriação indébita discipli-
nada no artigo 168-A do Código Penal consubstancia crime omissivo material e não
simplesmente formal.‖(Inq 2537 AgR, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal
Pleno, julgado em 10/03/2008, DJe-107 DIVULG 12-06-2008 PUBLIC 13-06-2008
EMENT VOL-02323-01 PP-00113 RET v. 11, n. 64, 2008, p. 113-122 LEXSTF v. 30,
n. 357, 2008, p. 430-441) Assim, há divergência, não estando definido pela jurisprudên-
cia a natureza do delito. Contudo, há que se ressaltar que a exigência da conclusão do
processo administrativo fiscal, com a constituição do credito tributário como condição
de procedibilidade do processo penal, faz pender para a materialidade do delito. Aliás, a
nova redação dada Lei n.º 12.35-2010 ao artigo 83 da Lei n.º 9.430-96, ratifica tal en-
tendimento, vide:

Art. 83. A representação fiscal para fins penais relativa aos crimes contra a ordem tri-
butária previstos nos arts. 1o e 2o da Lei no 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e aos crimes contra a Pre-
vidência Social, previstos nos arts. 168-A e 337-A do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal), será encaminhada ao Ministério Público depois de proferida a decisão final, na

520
esfera administrativa, sobre a exigência fiscal do crédito tributário corresponden-
te. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010)

3) Crime contra a Ordem Tributária. Sonegação de IR. É crime continuado? Qual a posição do
STF?

Resposta:

Nos crimes de sonegação fiscal, ―Admite-se e até é bastante comum o crime continua-
do, relativizando-se o critério de trinta dias como prazo máximo para o reconhecimen-
to da conexão temporal, tendo em vista que o delito usualmente é cometido com inter-
valo de tempo mensal, já que a maioria dos tributos são recolhidos a cada mês (TRF4,
AC 20000401127498-0-RS, Penteado, 8ª T., u., 5.5.04). O intervalo considerado ra-
zoável na criminalidade tradicional para descaracterizar a continuidade delitiva é
de trinta dias.‖ [BALTAZAR JUNIOR]

HC N. 107.636-RS

RELATOR: MIN. LUIZ FUX

EMENTA: PENAL. HABEAS CORPUS. DOIS CRIMES DE ROUBO PRATICADOS


COM INTERVALO DE 45 DIAS. CONTINUIDADE DELITIVA. INEXISTÊNCIA.
HABITUALIDADE OU REITERAÇÃO CRIMINOSA. 1. O art. 71 do Código Penal
arrola os requisitos necessários à caracterização do crime continuado, a saber: (i)
mais de uma ação ou omissão; (ii) prática de dois ou mais crimes da mesma espé-
cie; (iii) condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes; e
(iv) os crimes subsequentes devem ser havidos como continuação do primeiro. 2. In
casu, o paciente restou condenado por dois crimes de roubo, o primeiro praticado em
20/12/2004 e o segundo em 05/02/2005, perfazendo entre os delitos um intervalo de 45
dias. 3. É assente na doutrina que não há “como determinar o número máximo de
dias ou mesmo de meses para que se possa entender pela continuidade delitiva. 4.
O Supremo Tribunal Federal, todavia, lançou luz sobre o tema ao firmar, e a con-
solidar, o entendimento de que, excedido o intervalo de 30 dias entre os crimes, não
é possível ter-se o segundo delito como continuidade do primeiro: HC 73.219/SP,
Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA, DJ de 26/04/1996, e HC 69.896, Rel. Min. MARCO
AURÉLIO, DJ de 02/04/1993. 5. A habitualidade ou a reiteração criminosa distingue-se
da continuidade delitiva, consoante reiteradamente vem decidindo esta Corte: HC
74.066/SP, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA, 2ª Turma, DJ de 11/10/1996; HC
93.824/RS, Rel. Min. EROS GRAU, 2ª Turma, DJe de 15/08/2008; e HC 94.970, Rel.
Min. RICARDO LEWANDOWSKI, 1ª Turma, DJe de 28/11/2008. 6. Habeas corpus
denegado.

521
10.4.1.3. Questões do TRF3

10.4.1.4. Questões do TRF4


1) O descaminho é um crime contra ordem tributária?

Resposta:

―Cuida-se de modalidade específica de crime contra a ordem tributária, tendo por objeto
tributos externos (TRF4, AC 20027101006847-9-RS, Nefi Cordeiro, 7ª T., u., 27.2.07).‖
[Baltazar Junior] O bem jurídico protegido é a ordem tributária, o interesse fiscal da
Administração, configurando uma infração penal tributária aduaneira.

HABEAS CORPUS. DESCAMINHO (ARTIGO 334 DO CÓDIGO PENAL). INVES-


TIGAÇÃO CRIMINAL INICIADA ANTES DA CONCLUSÃO DO PROCEDIMEN-
TO ADMINISTRATIVO FISCAL. IMPOSSIBILIDADE. CONSTRANGIMENTO
ILEGAL EVIDENCIADO. CONCESSÃO DA ORDEM. 1. Tal como nos crimes con-
tra a ordem tributária, o início da persecução penal no delito de descaminho pres-
supõe o esgotamento da via administrativa, com a constituição definitiva do crédito
tributário. Doutrina. Precedentes. 2. Embora o delito de descaminho esteja descri-
to na parte destinada aos crimes contra a Administração Pública no Código Penal,
motivo pelo qual alguns doutrinadores afirmam que o bem jurídico primário por
ele tutelado seria, como em todos os demais ilícitos previstos no Título IX do Esta-
tuto Repressivo, a Administração Pública, predomina o entendimento de que com
a sua tipificação busca-se tutelar, em primeiro plano, o erário, diretamente atingi-
do pela ilusão do pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída
ou pelo consumo de mercadoria. 3. O delito previsto na segunda parte do caput do
artigo 334 do Código Penal configura crime material, que se consuma com a liberação
da mercadoria pela alfândega, logrando o agente ludibriar as autoridades e ingressar no
território nacional em posse das mercadorias sem o pagamento dos tributos devidos,
não havendo, por conseguinte, qualquer razão jurídica para não se lhe aplicar o
mesmo entendimento já pacificado no que se refere aos crimes materiais contra a
ordem tributária, cuja caracterização só ocorre após o lançamento definitivo do
crédito fiscal. 4. A confirmar a compreensão de que a persecução penal no crime de
descaminho pressupõe a constituição definitiva do crédito tributário, tem-se, ainda, que
a própria legislação sobre o tema reclama a existência de decisão final na esfera
administrativa para que se possa investigar criminalmente a ilusão total ou parcial
do pagamento de direito ou imposto devidos (artigo 83 da Lei 9.430/1996, artigo 1º,
inciso II, do Decreto 2.730/1998 e artigos 1º e 3º, § 7º, da Portaria SRF 326/2005). 5.
Na hipótese vertente, ainda não houve a conclusão do processo administrativo por meio
do qual se apura a suposta ilusão do pagamento de tributos incidentes sobre operações
de importação por parte dos pacientes, pelo que não se pode falar, ainda, em investiga-
522
ção criminal para examinar a ocorrência do crime de descaminho. 6. Ordem concedida
para trancar o inquérito policial instaurado contra os pacientes.
(HC 200901215074, JORGE MUSSI, STJ - QUINTA TURMA, DJE DA-
TA:14/02/2011.)

2) Segundo o art. 1° da Lei 8137 constitui crime contra ordem tributária “suprimir ou reduzir
tributo, contribuição social ou qualquer acessório mediante as seguintes condutas: omitir ou
prestar declaração falsa às autoridades fazendárias, fraudar a fiscalização tributária inserindo
elementos inexatos, omitindo operação de qq natureza...” daí, lendo o art. 2° “fazer declara-
ção falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos ou empregar outra fraude para e-
ximir-se do pagamento de tributo...” a pena aqui, no entanto é de detenção de seis meses a
dois anos e multa. Poderia fazer a distinção entre os dois tipos penais?

Resposta:

―A diferenciação mais aceita é no sentido de que o art. 1º é um crime material por exigir
a efetiva supressão ou redução do tributo, contribuição ou qualquer acessório para sua
consumação. Já no art. 2º inexiste essa referencia no caput, estando mencionada a su-
pressão ou redução do tributo no próprio inciso I, antecedido da preposição para. Ora,
sempre que o tipo for construído com expressões tais como para, com o fim de, a fim
de, etc, a elementar que se seguir constitui elemento subjetivo do tipo. Basta que o a-
gente tenha aquela finalidade, ou seja, não é preciso que o que esta descrito depois da
preposição efetivamente se concretize para consumar o delito. Desse modo, se o contri-
buinte é autuado pela fiscalização tributária após ter cometido a falsidade tendente a
reduzir o valor do tributo, estará consumado o delito do art. 2º, I, ainda que não tenha
vencido o prazo para o recolhimento (Seixas Filho: 426). Daí resulta que o inciso I do
art. 2º é a forma tentada do at. 1º. Assim, em vez de utilizar o art. 14 do CP, para fazer a
adequação típica da tentativa, utiliza-se o inciso I do art. 2º, I.‖ [Baltazar Júnior]

DESSE PONTO EM DIANTE: RESPOSTAS ELABORADAS POR LIVIANE KELLY


SOARES VASCONCELOS
3) Fale sobre crime do 168-A.

Resposta:

É crime formal, que não exige para a sua consumação a produção de qualquer resultado
naturalístico, bastando apenas a conduta omissiva de não repassar à previdência social
as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legais. Também não
exige o dolo específico (animus rem sibi habendi) para a sua configuração. Para que as
dificuldades financeiras da empresa possam ser consideradas (com o fim de reconheci-
mento de causa supralegal excludente de culpabilidade, por inexigibilidade de conduta
523
diversa, ou tipicidade, por estado de necessidade, em analogia in bonam partem, excep-
cionalmente admitida no Juízo penal em crimes de apropriação indébita previdenciária),
é indispensável que estejam cabalmente comprovadas nos autos, através de prova ine-
quívoca de sua ocorrência, mediante perícia e/ou documentos contundentes. A suspen-
são da pretensão punitiva estatal e da prescrição encontra-se expressamente prevista no
art. 68 da Lei 11.941/2009, havendo, inclusive, a previsão de extinção da punibilidade
do referido delito, na hipótese de pagamento integral dos débitos oriundos de tributos e
contribuições sociais, inclusive acessórios, que tiverem sido objeto de concessão de
parcelamento (Lei 11.941/2009, art. 69).

4) Pode haver perdão judicial nesse crime?

Resposta:

Sim, é possível, de acordo com o disposto no §3º do art. 168-A, que possibilita que o
juiz opte pelo perdão judicial ou pela aplicação somente da pena de multa se o agente
for primário e de bons antecedentes, desde que tenha promovido, após o início da ação
fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previdenci-
ária, inclusive acessórios; ou o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios,
seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente,
como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.

10.4.1.5. Questões do TRF5

10.5. Direito Previdenciário

10.5.1. O Servidor Público Federal - Reciprocidade De Regimes - Dependência


Econômica

10.5.1.1. Questões do TRF1


1) É possível se admitir a acumulação de benefício perante o regime geral da previdência social
e outro regime de previdência?

Resposta:

Quando se trata de regimes previdenciários diversos, é possível ter mais de uma aposen-
tadoria, desde que o segurado tenha contribuído para os dois regimes. Cumpre destacar
que a percepção de mais de uma aposentadoria no Regime Próprio dos Servidores Pú-
blicos só é possível em caso de acumulação permitida de cargos.

10.5.1.2. Questões do TRF2


1) O que é readaptação do servidor público? E a reversão?

524
Resposta:

De acordo com o disposto na Lei 8.112/1990, a readaptação consiste na investidura do


servidor em cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que
tenha sofrido em sua capacidade física ou mental verificada em inspeção médica. Se
julgado incapaz para o serviço público, o readaptando será aposentado. A readaptação
será efetivada em cargo de atribuições afins, respeitada a habilitação exigida, nível de
escolaridade e equivalência de vencimentos e, na hipótese de inexistência de cargo va-
go, o servidor exercerá suas atribuições como excedente, até a ocorrência de vaga. A
reversão, por sua vez, é o retorno à atividade de servidor aposentado: a) por invalidez,
quando junta médica oficial declarar insubsistentes os motivos da aposentadoria (neste
caso, encontrando-se provido o cargo, o servidor exercerá suas atribuições como exce-
dente, até a ocorrência de vaga); ou b) no interesse da administração, desde que: tenha
solicitado a reversão; a aposentadoria tenha sido voluntária; estável quando na ativida-
de; a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores à solicitação; haja cargo
vago. A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo resultante de sua transformação.
O tempo em que o servidor estiver em exercício será considerado para concessão da
aposentadoria. Não poderá reverter o aposentado que já tiver completado 70 (setenta)
anos de idade.

2) Fale sobre as emendas constitucionais 20; 21 (não trata de previdência); 41; 47 e 70; princi-
pais modificações no direito previdenciário.

Resposta:

A Emenda Constitucional nº. 20, de 1998 imprimiu o caráter previdenciário aos bene-
fícios a serem concedidos ao servidor e seus dependentes. Na nova redação do caput do
artigo 40, foram estabelecidos, além dos requisitos de concessão dos benefícios aos be-
neficiários, os critérios básicos de estruturação e funcionamento do regime próprio para
os servidores da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, consubstanciados no
caráter contributivo e no equilíbrio financeiro e atuarial.

Passou-se a prever a garantia expressa de um regime de previdência próprio, limitando-


se o amparo, nesse regime, aos titulares de cargo efetivo. Os servidores ocupantes ex-
clusivamente de cargo em comissão, cargos temporários ou de emprego público foram
vinculados, expressamente, ao RGPS. Além da exigência de tempo de contribuição, em
substituição ao tempo de serviço, foram incluídos os seguintes requisitos para concessão
de aposentadorias voluntárias: idade mínima, diferenciada entre homens e mulheres,
tempo de efetivo exercício no serviço público e tempo no cargo efetivo. O valor máxi-
mo dos benefícios foi limitado à remuneração do servidor no cargo efetivo.

A aposentadoria especial do professor, com redução no tempo de contribuição e na ida-


de, em relação aos demais servidores, foi limitada apenas aos que comprovassem tempo

525
de efetivo exercício nas funções de magistério na educação infantil e no ensino funda-
mental e médio.

Vedou-se a percepção de mais de uma aposentadoria de regime próprio, ressalvadas as


decorrentes de cargos constitucionalmente acumuláveis e a contagem de tempo de con-
tribuição fictício. Determinou-se a aplicação do limite remuneratório definido no art. 37,
XI da Constituição à soma dos proventos de inatividade, pagos pelo RPPS ou pelo
RGPS, ainda que decorrentes de cargos ou empregos acumuláveis, com remuneração de
cargo efetivo, em comissão ou cargo eletivo.

Dispôs que a lei não poderá estabelecer qualquer forma de contagem de tempo de contribui-
ção fictício.

A Emenda nº. 20, de 1998, previu, ainda, a possibilidade de limitação dos benefícios
dos regimes próprios ao valor do teto dos benefícios pagos pelo RGPS, condicionada à
criação de regime de previdência complementar, cujas normas gerais de funciona-
mento deveriam ser ditadas por Lei Complementar a que se submeteriam todos os entes
da federação. Ademais, foi introduzida a primeira ligação dos RPPS com o RGPS, com
previsão, no art. 40, § 12, da aplicação subsidiária das regras do RGPS.

Outra alteração substancial foi a determinação de aplicação das normas constantes do


art. 40, relativas à aposentadoria e pensão, aos Ministros dos Tribunais de Contas e aos
magistrados (art. 73, § 3º e 93, VI). Com a nova redação dada pela Emenda ao art. 249,
foi autorizado que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios constituam
fundos integrados por recursos provenientes de contribuições, por bens, direitos e ati-
vos, a fim de assegurar recursos para o pagamento dos proventos e pensões concedidos
aos servidores e dependentes.

Em respeito à expectativa de direito mantida pelos servidores, a Emenda nº. 20 previu,


no art. 8º, uma regra de transição para concessão de aposentadoria àqueles que tivessem
ingressado em cargo efetivo até sua publicação. Nessa regra, os servidores poderiam se
aposentar com idade inferior àquela definida na regra geral, desde que cumprido o tem-
po total de contribuição nela definido, em termos integrais ou proporcionais, que seria
variável conforme o período de trabalho cumprido antes da edição da Emenda.

A Emenda Constitucional nº 41/2003 modificou as regras de aposentação do servidor


público, quando vinculado a RPPS. Excluiu o direito à integralidade, passando o benefí-
cio a ser calculado pela média, de modo análogo ao RGPS, além de pôr fim à paridade
entre ativos e inativos, devendo os benefícios ser corrigidos anualmente por índice fixa-
do pela legislação.

A EC 41/03 permite aos servidores já vinculados a RPPS em 31/12/2003 a possibilidade


de manutenção da integralidade dos seus vencimentos na inatividade, desde que atendi-
dos os requisitos mais dificultosos do que a regra geral prevista no art. 40 da Constitui-
ção. Tal norma é definida no art. 6º da EC 41/03.

526
A EC 41/03 revogou a regra transitória da EC nº 20/98 que ainda previa a aposentado-
ria por tempo de contribuição proporcional para os servidores, mediante cumprimento
de maios tempo de contribuição e limite mínimo de idade. Este benefício proporcional
somente permaneceu no PGPS, para aqueles que já eram segurados antes da EC
20/1998,

Por meio da EC 41/03, inseriu-se a característica de regime solidário, mediante partici-


pação do ente, dos servidores ativos, dos inativos e dos pensionistas, no custeio do re-
gime. A contribuição do segurado para o regime também foi estabelecida no art. 149, §
1º da Constituição.

Houve previsão de redutor no valor das pensões, no percentual de 30% (trinta por cento)
sobre o valor da remuneração do servidor ativo falecido ou do provento do inativo, apli-
cado sobre a parcela recebida em montante superior ao teto dos benefícios do RGPS.

Somados a essas alterações, ocorreram outros eventos: a) a previsão de incidência de


contribuição sobre proventos e pensões pagos pelo regime próprio acima do teto estabe-
lecido para o RGPS; b) a instituição do abono de permanência, equivalente ao valor de
sua contribuição, para o servidor que continuasse em atividade após cumprir todos os
requisitos para a obtenção de aposentadoria voluntária integral; c) vedou-se a instituição
de mais de um regime próprio e de mais de uma unidade gestora desse regime, em cada
ente federativo; d) dispensou-se a exigência de Lei Complementar para disciplinar as
normas gerais de previdência complementar do servidor; estas normas poderão ser regu-
ladas em lei de iniciativa de cada Poder Executivo.

A Emenda nº. 47/2005, oriunda de discussão da Proposta de Emenda Constitucional


denominada ―PEC Paralela‖, previu novas hipóteses de concessão de aposentadorias
especiais. Nos incisos do § 4º do art. 40, estão previstos, como exceção à regra do caput
desse dispositivo, os servidores portadores de deficiência e os que exercem atividades
de risco, além daqueles sujeitos a atividades que prejudiquem a saúde ou a integridade
física. Leis complementares irão dizer as condições de concessão em cada caso.

Com relação à contribuição previdenciária dos segurados, ampliou-se o limite de imu-


nidade quanto ao beneficiário de regime próprio portador de doença incapacitante. Essa
nova previsão abarca todos os beneficiários – aposentados e pensionistas – que forem
acometidos por doença incapacitante.

Além disso, foi instituída outra regra de transição. No art. 3º da Emenda nº. 47/2005, a
Emenda nº. 47/2005 estabeleceu mais uma hipótese de concessão de aposentadoria ao
servidor que houver ingressado no serviço público até a data de publicação da Emenda
nº. 20/1998. Nessa hipótese, a aposentadoria desse servidor seria concedida com pro-
ventos integrais, correspondentes à sua última remuneração no cargo efetivo, garantin-
do-se a revisão dos proventos pela paridade com a remuneração dos ativos e com idades
inferiores àquelas definidas no art. 40 da Constituição, para o servidor que possuir tem-
po de contribuição superior ao mínimo definido nesse artigo. Essa hipótese de aposen-
527
tadoria assegura a paridade, também, à pensão decorrente do falecimento do servidor
inativo, cujos proventos foram concedidos de acordo com suas regras.

A EC 70/2012 acrescentou art. 6º-A à Emenda Constitucional nº 41, de 2003, para es-
tabelecer critérios para o cálculo e a correção dos proventos da aposentadoria por inva-
lidez dos servidores públicos que ingressaram no serviço público até a data da publica-
ção daquela Emenda Constitucional. O mencionado artigo estabelece, in verbis:

"Art. 6º-A. O servidor da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
incluídas suas autarquias e fundações, que tenha ingressado no serviço público até a
data de publicação desta Emenda Constitucional e que tenha se aposentado ou venha a
se aposentar por invalidez permanente, com fundamento no inciso I do § 1º do art. 40 da
Constituição Federal, tem direito a proventos de aposentadoria calculados com base na
remuneração do cargo efetivo em que se der a aposentadoria, na forma da lei, não sendo
aplicáveis as disposições constantes dos §§ 3º, 8º e 17 do art. 40 da Constituição Fede-
ral.

Parágrafo único. Aplica-se ao valor dos proventos de aposentadorias concedidas com


base no caput o disposto no art. 7º desta Emenda Constitucional, observando-se igual
critério de revisão às pensões derivadas dos proventos desses servidores."

3) Nova Lei do fundo de previdência do servidor. Fale a respeito dos fundos instituídos pela
nova lei.

Resposta:

A Lei 12.618, de 30 de abril de 2012, a qual instituiu o regime de previdência comple-


mentar para os servidores públicos federais titulares de cargo efetivo, autorizou a cria-
ção de 3 entidades fechadas de previdência complementar, denominadas Fundação de
Previdência Complementar do Servidor Público Federal do Poder Executivo (Funpresp-
Exe), Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal do Poder
Legislativo (Funpresp-Leg) e Fundação de Previdência Complementar do Servidor Pú-
blico Federal do Poder Judiciário (Funpresp-Jud).

Dispõe o art. 4º da mencionada Lei:

Art. 4o É a União autorizada a criar, observado o disposto no art. 26 e no art. 31, as


seguintes entidades fechadas de previdência complementar, com a finalidade de admi-
nistrar e executar planos de benefícios de caráter previdenciário nos termos das Leis
Complementares nos 108 e 109, de 29 de maio de 2001:

I - a Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal do Poder


Executivo (Funpresp-Exe), para os servidores públicos titulares de cargo efetivo do Po-
der Executivo, por meio de ato do Presidente da República;

528
II - a Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal do Poder
Legislativo (Funpresp-Leg), para os servidores públicos titulares de cargo efetivo do
Poder Legislativo e do Tribunal de Contas da União e para os membros deste Tribunal,
por meio de ato conjunto dos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Fede-
ral; e

III - a Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal do Poder


Judiciário (Funpresp-Jud), para os servidores públicos titulares de cargo efetivo e para
os membros do Poder Judiciário, por meio de ato do Presidente do Supremo Tribunal
Federal.

§ 1o A Funpresp-Exe, a Funpresp-Leg e a Funpresp-Jud serão estruturadas na forma


de fundação, de natureza pública, com personalidade jurídica de direito privado, goza-
rão de autonomia administrativa, financeira e gerencial e terão sede e foro no Distrito
Federal.

§ 2o Por ato conjunto das autoridades competentes para a criação das fundações pre-
vistas nos incisos I a III, poderá ser criada fundação que contemple os servidores públi-
cos de 2 (dois) ou dos 3 (três) Poderes.

§ 3o Consideram-se membros do Tribunal de Contas da União, para os efeitos desta


Lei, os Ministros, os Auditores de que trata o § 4º do art. 73 da Constituição Federal e
os Subprocuradores-Gerais e Procuradores do Ministério Público junto ao Tribunal de
Contas da União.

4) E o art. 11 da emenda nº 20? Possibilidade de cumulação? E quem já estava aposentado e


reintegrou ao serviço público, como fica?

Resposta:

Veda o § 10 do art. 37 da Constituição Federal a percepção simultânea de proventos da


aposentadoria com vencimentos decorrentes de cargo, emprego ou função pública, mas
o art.11 da Emenda Constitucional n. 20, de 1998, possibilitou aos inativos que, até a
sua publicação ingressaram novamente ao serviço público, por concurso público e pelas
demais formas previstas na Constituição Federal, o exercício cumulatório de vencimen-
tos e proventos. Este entendimento também se aplica a quem se reintegrou ao serviço,
conforme já decidido pelo TRF 2: (...) A vedação à percepção simultânea de proventos
de aposentadoria e remuneração de cargo, emprego ou função pública foi introduzida no
Texto Constitucional pela Emenda Constitucional nº 20/98, que ressalvou, em seu artigo
11, os casos existentes até a sua promulgação, desde que consentâneos com as demais
normas do sistema. In casu, o autor, ora apelado, faz jus a receber duas remunerações
acumuladas enquanto perdurar sua situação jurídica de servidor ativo da Polícia
Militar do Estado do Rio de Janeiro, vez que o requerimento de reintegração e
posterior passagem para a inatividade como anistiado foi efetivado em 1993,

529
quando o texto constitucional não vedava a acumulação de cargos com proventos
de aposentadoria. (AC 200102010444889, Desembargador Federal FERNANDO
MARQUES, TRF2 - QUINTA TURMA ESPECIALIZADA, DJU - Data::10/09/2009 -
Página::109.)

10.5.1.3. Questões do TRF3

10.5.1.4. Questões do TRF4

10.5.1.5. Questões do TRF5

10.6. Direito Civil

10.6.1. Da Posse

10.6.1.1. Questões do TRF1


1) Art. 1215 do CC – este independentemente de título e boa-fé, como o senhor interpreta? A
boa-fé passa a ser presumida, não é que dispensada, a lei dá como presumida. (Obs: o enunci-
ado faz referência ao art. 1215, mas acredito que o correto seria fazer referência ao art. 1238,
que foi considerado para responder a questão).

Resposta:

O art. 1238 é referente à usucapião extraordinária. Pode-se inferir que o dispositivo dis-
pensa a necessidade de provar a boa-fé ou o justo título, havendo uma presunção abso-
luta ou iure et iure da presença desses elementos. O único requisito para usucapião nes-
ta hipóteses é a presença de posse que apresente os requisitos exigidos em lei (posse
mansa e pacífica, ininterrupta, com animus domini e sem oposição por 15 anos, sendo
reduzido este prazo a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua mo-
radia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo.

2) art. 1242 do CC – o que significa esta expressão justo título? Usucapião ordinária.

Resposta:

De acordo com o Enunciado 86 CJF/STJ, expressão ―justo título‖ contida nos arts.
1.242 e 1.260 do Código Civil abrange todo e qualquer ato jurídico hábil, em tese, a
transferir a propriedade, independentemente de registro. Destarte, deve ser considerado
justo título para usucapião ordinária o instrumento particular de compromisso de com-
pra e venda, independentemente do seu registro ou não no Cartório de Registro de Imó-
veis.
530
3) Segundo Miguel Reale o CC significa a constituição do cidadão, sempre há uma norma civil
falando a respeito de nossa vida. No caso de uma árvore que faz divisa entre uma propriedade
e outra, os frutos que caem para o lado do vizinho, de quem são estes frutos? E se uma galinha
capote vai para o terreno do vizinho, e lá faz um ninho o bota ovos, estes ovos, são de quem?

Resposta:

De acordo com o art. 1.284 do Código Civil, os frutos caídos de árvore do terreno vizi-
nho pertencem ao dono do solo onde caíram, se este for de propriedade particular. Tra-
ta-se de uma exceção à regra pela qual o acessório segue o principal (gravitação jurídi-
ca). Por se tratar de exceção, sua interpretação deve ser restritiva, razão pela qual en-
tendo que, tratando-se de galinha que bota ovos no terreno do vizinho, estes ovos de-
vem ser restituídos ao dono da galinha, indenizados eventuais prejuízos ocasionados ao
vizinho, aplicando-se, assim, o princípio da gravitação jurídica (não encontrei resposta
na doutrina).

10.6.1.2. Questões do TRF2


1) Posse de bens públicos: é detenção ou justaposição? Qual a diferença entre Detenção e
justaposição em relação aos bens públicos?

Resposta:

Não é possível exercer posse sobre os bens públicos. Os particulares que os ocupam
exercem sobre eles a mera detenção (que é a posse impedida de produzir seus efeitos,
por força de lei, ou "a posse degradada por força de lei").

Obs: Não encontrei na doutrina ou na jurisprudência nada sobre justaposição relativa a


bens públicos. Em um texto na Internet, no qual o autor faz referência à obra de Caio
Mário da Silva Pereira, afirma-se que ―(...) nem toda relação entre pessoa e coisa é pos-
se. Não constituem posse a detenção e a mera justaposição de uma coisa a uma pessoa.
Assim, não é possuidor o servo da posse, isto é, aquele que conserva a posse em nome
de outrem, ou em cumprimento de ordens ou instruções daquele cuja dependência se
encontre. Não induzem posse, também, os atos de mera permissão ou tolerância: os
primeiros, porque resultam de uma concessão do dominus, por isto mesmo revogável ao
seu nuto; os segundos porque representam uma condescendência ou indulgência, pelos
quais nenhum direito é na realidade cedido‖.

Na linha deste texto, parece-me que seria mais apropriado falar em justaposição em re-
lação aos bens públicos, uma vez que o particular não conserva a posse em cumprimen-
to de ordens ou instruções da Administração, mas mantem-se no bem público por uma
concessão ou tolerância do Poder Público. Ressalto, porém, que a doutrina e jurispru-

531
dência que eu encontrei (inclusive do TRF2) sempre faz referência à detenção de bens
públicos.

2) O que é posse degradada dos bens públicos?

Resposta:

A ocupação irregular de bem público não caracteriza posse, ou, em outras palavras, é
uma posse degradada legalmente, mera detenção. (AC 200751100072852, Desembargador
Federal GUILHERME COUTO, TRF2 - SEXTA TURMA ESPECIALIZADA, E-DJF2R - Da-
ta::31/01/2012 - Página::185.)

3) Bem público, mas sem finalidade pública, particular ajuíza ação de manutenção na posse, é
possível o deferimento?

Resposta:

A ocupação irregular de bem público não caracteriza posse, ou, em outras palavras, é
uma posse degradada legalmente, mera detenção, que não gera efeitos possessórios (cf.
artigos 99, 100 e 1223 do Novo Código Civil). Havendo detenção, não há a turbação,
pois o particular não é possuidor, mas, sim, detentor, e à detenção não se aplicam os
efeitos possessórios. Ocupação irregular de bem público não enseja posse. Não há direi-
to de retenção ou de indenização pelas acessões realizadas, direitos esses que decorreri-
am da posse. (AC 200051030003839, Desembargador Federal LUIZ PAULO S. ARAUJO FI-
LHO, TRF2 - QUINTA TURMA ESPECIALIZADA, E-DJF2R - Data::16/09/2010 - Página::250.)

Na mesma linha, o TRF1 já decidiu que ―Ocupante irregular de parcela de imóvel des-
tinado à reforma agrária não tem direito à convalidação da posse‖ (AG 0054966-
59.2011.4.01.0000 / MG, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL TOURINHO NETO,
TERCEIRA TURMA, e-DJF1 p.075 de 09/03/2012). Reconheceu, porém, que ―Embora
não se possa admitir, em linha de princípio, o direito à proteção possessória de bem pú-
blico em prol de particular , é imperioso salientar que a tolerância estatal e o longo
transcurso de tempo, diante da ausência de má-fé, confere certas prerrogativas aos
administrados, dentre elas, o direito à indenização por benfeitorias‖, hipótese em que
decidiu ―Irrelevante, por outro lado, para fins de estipulação judicial de indenização, a
natureza das benfeitorias levadas a efeito pelo apelado‖. (AC 0001512-
90.1999.4.01.3200 / AM, Rel. JUIZ FEDERAL MÁRCIO BARBOSA MAIA, 4ª
TURMA SUPLEMENTAR, e-DJF1 p.132 de 30/11/2011) (grifamos)

4) O que são benfeitorias? Despesas podem ser consideradas benfeitorias? O pagamento de


um tributo pode ser considerado uma benfeitoria?

532
Resposta:

Benfeitoria são bens acessórios introduzidos em um bem móvel ou imóvel, visando a


sua conservação ou melhora da sua utilidade. Enquanto os frutos e produtos decorrem
do bem principal, as benfeitorias são nele introduzidas. O art. 96 do Código Civil classi-
fica as benfeitorias em voluptuárias, úteis ou necessárias. São voluptuárias as de mero
deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais
agradável ou sejam de elevado valor. São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do
bem. São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore.

A classificação em benfeitorias é relativa aos bens reciprocamente considerados, razão


pela qual despesas como tributos não podem ser consideradas benfeitorias, pois não se
trata de bens introduzidos em outro bem móvel ou imóvel.

10.6.1.3. Questões do TRF3


1) Como se distingue posse da detenção?

Resposta:

De acordo com o art. 1.198, CC, ―considera-se detentor aquele que, achando-se em rela-
ção de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento
de ordens ou instruções suas‖. Assim, o detentor ou fâmulo de posse ou gestor da posse
ou detentor dependente ou servidor da posse tem a coisa apenas em virtude de uma situ-
ação de dependência econômica ou de um vínculo de subordinação (ato de mera custó-
dia). O detentor não exerce sobre o bem uma posse própria, mas uma posse em nome de
outrem. De acordo com o Enunciado CJF 493, O detentor (art. 1.198 do Código Civil)
pode, no interesse do possuidor, exercer a autodefesa do bem sob seu poder.

2) O possuidor de boa-fé deve restituir a coisa quando solicitada pelo proprietário?

Resposta:

Sim, mas o possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e
úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando
o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das
benfeitorias necessárias e úteis, nos termos do que preceitua o art. 1219, do Código Ci-
vil. Vale destacar que, nos termos do Enunciado 81 CJF/STJ, ―o direito de retenção
previsto no art. 1.219 do CC, decorrente da realização de benfeitorias necessárias e
úteis, também se aplica às acessões (construções e plantações) nas mesmas circunstân-
cias”.

3) Como fica a questão dos frutos em relação ao possuidor de boa-fé?

Resposta:

533
De acordo com art. 1214, CC, o possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos
frutos percebidos. O parágrafo único do referido artigo dispõe que os frutos pendentes
ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas
da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipa-
ção. Ressalte-se que, de acordo com a doutrina, esta regra não se aplica aos produtos, os
quais deverão ser restituídos, mesmo quanto ao possuidor de boa-fé ou sendo impossí-
vel a restituição, o possuidor deverá indenizar a outra parte por perdas e danos. Esta
diferenciação justifica-se pelo fato de os produtos, quando retirados, desfalcarem a
substância do principal.

10.6.1.4. Questões do TRF4

10.6.1.5. Questões do TRF5

10.7. Direito Empresarial

10.7.1. Sistema Financeiro Nacional

10.7.1.1. Questões do TRF1

10.7.1.2. Questões do TRF2


1) Qual a distinção entre a gestão fraudulenta e a gestão temerária? Qual seria a linha divisó-
ria entre o que seria a ousadia e a gestão temerária?

Resposta:

Gestão fraudulenta de instituição financeira é crime previsto no art. 4º da Lei e caracte-


riza-se pela ilicitude dos atos praticados pelos responsáveis pela gestão empresarial,
exteriorizada por manobras ardilosas e pela prática consciente de fraudes. A fraude, no
âmbito da compreensão do tipo penal previsto no art. 4 , da Lei n 7.492/86, compreende
a ação realizada de má-fé, com intuito de enganar, iludir, produzindo resultado não am-
parado pelo ordenamento jurídico através de expedientes ardilosos. A gestão fraudulen-
ta se configura pela ação do agente de praticar atos de direção, administração ou gerên-
cia, mediante o emprego de ardis e artifícios, com o intuito de obter vantagem indevida.
Não se confunde com a gestão temerária, que é aquela excessivamente ousada, impetuo-
sa. Se há ardil, engodo, fraude, o crime é de gestão fraudulenta. No que tange à linha
divisória entre ousadia e gestão temerária, a jurisprudência reconhece que um certo grau
de risco é característico do mercado financeiro, o que dificulta a interpretação do ele-
mento normativo do tipo. Aponta-se que o risco permitido será ultrapassado quando
violados os atos normativos oriundos do BACEN e do CMN que estabelecem princípios
e limites ao empenho de pecúnia.
534
O Min. Ricardo Lewandowski destacou, no julgamento da AP 470/MG – 70 que o deli-
to de gestão fraudulenta de instituição financeira exigiria dolo específico, ―a requerer
do agente o emprego de meios ardilosos ou fraudulentos na condução da instituição de
crédito que encerrassem o potencial de causar lesão à higidez do sistema financeiro e,
por via reflexa, aos direitos e interesses de número indeterminado de acionistas, clien-
tes e investidores‖. Distinguiu gestão fraudulenta de gestão temerária. Nesta última,
admitir-se-ia dolo eventual. (Informativo 678).

2) A EC 40 trouxe alterações para o que originariamente seria o art. 192. O que de fato mudou
e quais seriam as consequências?

Resposta:

A EC 40/2003 suprimiu do texto constitucional a previsão de que as taxas de juros reais


fossem de, no máximo, doze por cento ao ano, considerando crime de usura a cobrança
acima deste limite. O texto original do art. 192 referia-se a uma lei complementar (no
singular), para disciplinar o sistema financeiro nacional. Como havia discussão sobre a
possibilidade de uma lei complementar regulamentar somente parte do art. 192 (origi-
nal), a regulamentação acabou não ocorrendo, porque se temia que, editada a lei com-
plementar, pudesse ser considerada imediatamente aplicável a disposição constitucional
acerca dos juros, mesmo que a lei complementar nada dispusesse a respeito. Atualmen-
te, além de ter sido explicitado que o sistema financeiro nacional pode ser regulamenta-
do em mais de uma lei complementar, foi simplesmente revogada a disposição acerca de
limite dos juros, descabendo cogitar de vase constitucional para tal imposição.

10.7.1.3. Questões do TRF3

10.7.1.4. Questões do TRF4

10.7.1.5. Questões do TRF5

10.8. Direito Processual Civil

10.8.1. Recursos Em Espécie. Apelação. Agravos. Embargos Infringentes.


Embargos De Declaração. Recurso Ordinário Para O Stf E Para O Stj. Recurso
Especial E Recurso Extraordinário. Embargos De Divergência

10.8.1.1. Questões do TRF1

535
10.8.1.2. Questões do TRF2
1) Quais os requisitos para admissão do Recurso Especial?

Resposta:

São requisitos para admissão do recurso especial: a) prequestionamento: a matéria fede-


ral deve ser decidida previamente pelo Tribunal a quo- Súmulas 98, 211 e 320 do STJ;
b) deve tratar-se de decisão final, em única ou última instância- Súmula 207 do STJ: É
inadmissível recurso especial quando cabíveis embargos infringentes contra o acórdão
proferido no tribunal de origem; c) o órgão a quo deve ser Tribunal Local (TJ ou TRF),
não se admitindo recurso especial contra decisão de Juiz, Turma Recursal de Juizado
Especial ou Tribunal Superior- Súmula 203 do STJ; d) deve tratar-se de apreciação de
matéria de direito, não se admite para simples reexame de prova ou para interpretação
de cláusula contratual – Súmulas 7 e 5 do STJ. Será cabível quando a decisão recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; b) julgar válido ato de gover-
no local contestado em face de lei federal; c) der a lei federal interpretação divergente
da que lhe haja atribuído outro tribunal. No que tange aos requisitos formais, deverá ser
observado o disposto no art. 541, CPC. Quando o recurso fundar-se em dissídio juris-
prudencial, o recorrente fará a prova da divergência mediante certidão, cópia autentica-
da ou pela citação do repositório de jurisprudência, oficial ou credenciado, inclusive em
mídia eletrônica, em que tiver sido publicada a decisão divergente, ou ainda pela repro-
dução de julgado disponível na Internet, com indicação da respectiva fonte, mencionan-
do, em qualquer caso, as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos con-
frontados. Só se admitirá recurso especial se o dissídio jurisprudencial ocorrer entre
Tribunais diferentes (Súmula 13 do STJ) e for atual (Súmula 83 do STJ).

2) CPC de 1973 tentou eliminar o recurso de embargos infringentes. Qual a principal alteração
dos Embargos Infringentes?

Resposta:

As reformas no sistema recursal do processo civil reduziram as hipóteses de cabimento


dos embargos infringentes. No regime anterior, os embargos poderiam ser interpostos
sempre que, no julgamento de apelação ou ação rescisória, fosse proferido acórdão não
unânime, independentemente do teor da sentença ou do acórdão. A Lei nº 10.352/2001
alterou a redação do art. 530 do CPC, que passou a dispor que cabem embargos infrin-
gentes quando o acórdão não unânime houver reformado, em grau de apelação, a
sentença de mérito, ou houver julgado procedente ação rescisória. Se o desacordo
for parcial, os embargos serão restritos à matéria objeto da divergência. Com a nova
redação, prestigia-se a sentença, uma vez que, se esta for mantida, o recurso é descabi-
do. Não serão admissíveis embargos se a sentença for anulada e o processo baixado ao
órgão a quo para nova decisão. O artigo exige que a sentença seja reformada, afastando
a possibilidade de embargos quando, por maioria dos votos, o recurso não é conhecido.
536
Na ação rescisória, os embargos infringentes ficam restritos aos acórdãos de procedên-
cia, por maioria de votos.

3) Recuso repetitivo cria algum tipo de ruptura na independência funcional do juiz de 1ª. ins-
tância?

Resposta:

Entendo que não. Inicialmente, cumpre destacar que não há disposição legal que vincule
o juiz de primeira instância à decisão relativa ao recurso repetitivo. Entretanto, deve-se
observar que a jurisprudência é considerada, pela doutrina mais moderna, fonte de direi-
to. Destarte, entendo que seria pertinente que o juiz de primeira instância considerasse a
posição firmada pelo Superior Tribunal de Justiça quando do julgamento dos recursos
repetitivos. Ainda assim, não haveria ruptura na independência funcional, uma vez que
o juiz poderia utilizar as técnicas do distinguishing ou do overruling para fundamentar a
não aplicação de um precedente firmado no âmbito do STJ ao caso concreto que está
sob a análise do magistrado.

4) Qual a modificação recente dos embargos infringentes?

Resposta:

Já respondida na questão 2.

5) Quais os requisitos de admissibilidade do Recurso Especial?

Resposta:

Já respondida na questão 1.

6) Quais os requisitos de admissibilidade do Recurso Extraordinário?

Resposta:

São requisitos para admissão do recurso extraordinário: a) prequestionamento: a maté-


ria constitucional controvertida deve ser decidida previamente pelo Tribunal a quo –
Súmula 356 do STF; b) decisão final, em única ou última instância- Súmula 281 do
STF; c) o órgão a quo pode ser Juiz, Turma Recursal de Juizado Especial, Tribunal lo-
cal, Tribunal Superior – Súmula 640 do STF; d) matéria de direito: não se admite para

537
reexame de prova; e) repercussão geral: e.1) transcendência- a questão constitucional
ultrapassa os interesses subjetivos da parte; e.2) relevância- a questão constitucional é
relevante do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico. Será cabível quando
a decisão recorrida: a) contrariar dispositivo desta Constituição; b) declarar a inconstitu-
cionalidade de tratado ou lei federal; c) julgar válida lei ou ato de governo local contes-
tado em face desta Constituição; d) julgar válida lei local contestada em face de lei fede-
ral. No que tange aos requisitos formais, deverá ser observado o disposto no art. 541,
CPC, bem como deverá ser apresentada preliminar de repercussão geral, conforme o §2º
do art. 543-A.

7) Qual a relação dos embargos infringentes do CPC e o disposto na Lei no. 6830/80?

Resposta:

Os embargos infringentes previstos na Lei 6.830/80 não se confundem com aqueles


previstos no CPC. De acordo com a disciplina da Lei 6.830, são cabíveis embargos in-
fringentes, para o próprio juiz que proferiu a decisão, das sentenças de primeira ins-
tância proferidas em execuções de valor igual ou inferior a 50 (cinqüenta) Obrigações
Reajustáveis do Tesouro Nacional – ORTN (hipótese em que não será cabível recurso
de apelação). Os embargos infringentes, instruídos, ou não, com documentos novos,
serão deduzidos, no prazo de 10 (dez) dias perante o mesmo Juízo, em petição funda-
mentada. Ouvido o embargado, no prazo de 10 (dez) dias, serão os autos conclusos ao
Juiz, que, dentro de 20 (vinte) dias, os rejeitará ou reformará a sentença.

8) Qual a Nat. Jur. Dos embargos de divergência?

Resposta:

Trata-se de recurso, de acordo com a previsão do inciso VIII do art. 496 do CPC. São
cabíveis apenas no âmbito do STJ e do STF, contra acórdão de Turma que divirja de
julgado da outra Turma ou do Pleno, não, porém, contra acórdão do Plenário. Sua fina-
lidade é propiciar a uniformização da jurisprudência interna do tribunal quanto a inter-
pretação do direito em tese

9) O recurso repetitivo é fonte do direito?

Resposta:

O recurso repetitivo é exemplo de situação em que os precedentes têm força vinculante,


isto é, em que a ratio decidendi contida na fundamentação de um julgado tem força vin-
culante. Ante à importância que se vem dando aos precedentes judiciais (não apenas na

538
hipótese de recurso repetitivo, mas também em hipóteses como a súmula vinculante, a
objetivação do controle difuso de constitucionalidade, entre outros), a doutrina tem ad-
mitido que a jurisprudência é fonte de direito. De acordo com Fredie Didier, ―não bas-
tassem as hipóteses em que inegavelmente os precedentes têm força vinculante e obriga-
tória, aproximando-se dos binding precedents do direito anglo-saxônico, a atividade
criativa do Direito se mostra cada vez mais criativa‖. Ressalta o autor que ―há aí uma
verdadeira técnica de criação do Direito, o que garante à jurisprudência a condição de
fonte do Direito”.

10.8.1.3. Questões do TRF3

10.8.1.4. Questões do TRF4

10.8.1.5. Questões do TRF5

10.9. Direito Processual Penal

10.9.1. Nulidades. Descumprimento Das Formas Processuais

10.9.1.1. Questões do TRF1

10.9.1.2. Questões do TRF2


1) O que é nulidade?

Resposta:

Nulidade é a sanção aplicada pelo juiz em razão da verificação de um ato processual


defeituoso. A sua imposição terá lugar toda vez que o desatendimento de norma proces-
sual penal causar prejuízo a direito das partes ou quando haja presunção legal de tal
prejuízo por se cuidar de formalidade essencial. Prevalece o entendimento de que a nu-
lidade no processo penal não é automática, sendo necessário que o juiz se manifeste
expressamente para que cessem os efeitos do ato processual viciado (salvo impossibili-
dade natural ou lógica de produção de seus efeitos normais).

2) É adequado falar em nulidade da denúncia?

Resposta:

A denúncia ou a queixa manifestamente inepta, carente de algum pressuposto processu-


al ou condição para o exercício regular da ação penal ou mesmo quando não houver
539
justa causa para o seu exercício deverá ser rejeitada, nos termos do que preceitua o art.
395 do CPP. A ação penal iniciada por denúncia inepta pode ser nulificada.

10.9.1.3. Questões do TRF3


1) O interrogatório pode ser dispensado se o acusado tiver sido regularmente intimado?

Resposta:

Cabe ao juiz oportunizar a realização do interrogatório ao réu presente, sob pena de nu-
lidade (absoluta). Todavia, se devidamente convocado, voluntariamente não compare-
cer, a ausência deve ser considerada como expressão do direito de defesa, não ocasio-
nando nulidade.

Não há que se falar em cerceamento de defesa quando o réu, intimado pessoalmente


para o interrogatório, não comparece nem justifica sua ausência na data designada.
(ACR 0003214-58.2005.4.01.0000 / RR, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL MÁ-
RIO CÉSAR RIBEIRO, QUARTA TURMA, e-DJF1 p.09 de 09/03/2011). Não há que
se falar em nulidade por ausência de interrogatório , sendo que o próprio apelante ma-
nifestou a sua vontade de não ser interrogado, ao deixar de comparecer às audiências
para exercer seu direito à ampla defesa e ao contraditório. Haveria nulidade caso o réu
não tivesse sido citado ou intimado , o que não é o caso dos autos. (ACR 0030079-
16.2008.4.01.0000 / RR, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL HILTON QUEIROZ,
QUARTA TURMA, e-DJF1 p.206 de 20/01/2009)

10.9.1.4. Questões do TRF4


1) Fale sobre nosso sistema de nulidades no processo penal.

Resposta:

A doutrina classifica os sistemas de nulidades em: a)privatista (caracterizado por deixar


a critério das partes reclamar a invalidade, que só será decretada quando do ato resultar
prejuízo e a parte apontá-la), b) legalista (adstrição do juiz à dicção da lei, é a legislação
processual penal que traça os elementos essenciais do ato processual cuja observância é
obrigatória); c) judicial, também denominado instrumental (é o que autoriza que o juiz
valore a essencialidade do requisito não observado do ato processo, embora imponha,
em alguns casos, a provocação das partes). O Código Penal Brasileiro adotou um siste-
ma eclético (com características dos sistemas legal e judicial/instrumental), tendo em
vista que as hipóteses passíveis de nulidade não representam rol taxativo. Existe, por-
tanto, um rol de determinada nulidades, mas são admitidas outras, não arroladas legal-
mente, cujo foco recai na questão do prejuízo e da instrumentalidade. Vale destacar que
Paulo Rangel, em posição minoritária, entende que o nosso sistema seria o da instru-
mentalidade das formas, ressalvando que há no CPP resquícios do sistema da certeza
legal.
540
2) Pode juiz em alguma hipótese decretar de ofício a nulidade?

Resposta:

Sim. Em relação à possibilidade de decretação de ofício da nulidade, a doutrina costuma


dividir as nulidades em absolutas e relativas. A regra geral é de que a nulidade absoluta,
por dizer respeito à matéria de ordem pública, pode ser alegada a qualquer tempo, assim
como pode ser reconhecida de ofício pelo juiz. A nulidade relativa só pode ser decretada
a pedido da parte prejudicada e nunca pela parte que foi sua causadora. Vale destacar
que um caso de nulidade que, abstratamente, seja absoluta, pode, no plano concreto, ser
caracterizada, judicialmente, como relativa.

3) No regime das nulidades, o juiz pode declarar de ofício?

Resposta:

Ver resposta da questão 2.

4) O procedimento penal é uma garantia do estado ou do acusado?

Resposta:

Tradicionalmente, o procedimento penal era visto como uma garantia do Estado, no


sentido de que constituiria o meio que permitiria a satisfação do seu direito de punir.
Com a consolidação do pensamento jurídico-liberal, o processo penal redirecionou o
seu foco de mero instrumento de realização da pretensão punitiva do Estado para se
transformar em um instrumento da tutela da liberdade do cidadão. Surgia a necessidade
de compatibilização e equilíbrio entre o direito de punir do Estado e a necessidade de
tutela dos direitos e garantias fundamentais. O processo penal, segundo Dinamarco
(1990), passa a ser representado por uma visão liberal de jurisdição, como um meio de
tutela do indivíduo ante os possíveis abusos ou desvios do poder dos agentes estatais.
Segundo Lopes Jr. o processo, como instrumento para a realização do Direito Penal,
deve realizar sua dupla função: de um lado, tornar viável a aplicação da pena, e de ou-
tro, servir como efetivo instrumento de garantia dos direitos e liberdades individuais,
assegurando os indivíduos contra os atos abusivos do Estado. Nesse sentido, o processo
penal deve servir como instrumento de limitação da atividade estatal, estruturando-se de
modo a garantir plena efetividade aos direitos individuais constitucionalmente previstos,
como a presunção de inocência, contraditório, defesa, etc. (2010, p. 10).

541
10.9.1.5. Questões do TRF5

10.10. Direito Ambiental

10.10.1. A Efetivação Da Proteção Normativa Ao Meio Ambiente. A Tutela


Processual Do Meio Ambiente. A Fase Pré-Processual: O Inquérito Civil E O
Inquérito Policial. A Fase Processual: A Ação Civil Pública Ambiental. Ação
Popular Ambiental. Mandado De Segurança Coletivo Ambiental. Mandado De
Injunção Ambiental. Ação Cautelar Ambiental. Ação Declaratória De
Inconstitucionalidade Em Matéria Ambiental. A Eficácia Instrumental Das
Tutelas Mandamentais Em Matéria Ambiental

10.10.1.1. Questões do TRF1

10.10.1.2. Questões do TRF2

10.10.1.3. Questões do TRF3

10.10.1.4. Questões do TRF4

10.10.1.5. Questões do TRF5

10.11. Direito Internacional Público e Privado

10.11.1. Situação Do Estrangeiro No Brasil. Extradição

10.11.1.1. Questões do TRF1

1) Qual o conceito à condição de estrangeiro imigrante?

Resposta:

Considera-se estrangeiro quem, de acordo com as normas jurídicas do Estado em que se


encontra, não integra o conjunto de nacionais deste Estado. Denomina-se imigrante o
estrangeiro que aqui ingressa com ânimo definitivo e forasteiro aquele que aqui perma-
nece temporariamente, como os estudantes, missionários, empresários que viajam a ne-
gócios, os turistas etc.

542
2) Quais os tipos de vistos que se concede ao estrangeiro?

Resposta:

No Brasil concedem-se os seguintes vistos: de trânsito, de turista, temporário, perma-


nente, de cortesia, oficial e diplomático. Encontram-se disciplinados nos arts. 4º a 21 do
Estatuto do Estrangeiro.

O visto de trânsito poderá ser concedido ao estrangeiro que, para atingir o país de desti-
no, tenha de entrar em território nacional. É válido para uma estada de até 10 (dez) dias
improrrogáveis e uma só entrada. Não será exigido do estrangeiro em viagem contínua,
que só se interrompa para as escalas obrigatórias do meio de transporte utilizado.

O visto de turista poderá ser concedido ao estrangeiro que venha ao Brasil em caráter
recreativo ou de visita, assim considerado aquele que não tenha finalidade imigratória,
nem intuito de exercício de atividade remunerada. Poderá ser dispensado ao turista na-
cional de país que dispense ao brasileiro idêntico tratamento.

O visto temporário poderá ser concedido ao estrangeiro que pretenda vir ao Brasil em
viagem cultural ou em missão de estudos; em viagem de negócios; na condição de artis-
ta ou desportista; na condição de estudante; na condição de cientista, professor, técnico
ou profissional de outra categoria, sob regime de contrato ou a serviço do Governo bra-
sileiro; na condição de correspondente de jornal, revista, rádio, televisão ou agência
noticiosa estrangeira; na condição de ministro de confissão religiosa ou membro de ins-
tituto de vida consagrada e de congregação ou ordem religiosa.

O visto permanente poderá ser concedido ao estrangeiro que pretenda se fixar definiti-
vamente no Brasil.

O visto oficial é concedido a autoridades de outros Estados. O visto diplomático dirige-


se a agentes diplomáticos e consulares e suas famílias. O visto de cortesia visa a atender
os casos omissos. O Ministério das Relações Exteriores definirá os casos de concessão,
prorrogação ou dispensa dos vistos diplomáticos, oficial e de cortesia.

3) Quando se dá a deportação e a expulsão?

Resposta:

A deportação é o ato pelo qual o Estado retira compulsoriamente de seu território um


estrangeiro que ali entrou ou permanece de forma irregular. É competência do Departa-
mento de Polícia Federal, órgão do Ministério da Justiça e autoridade migratória brasi-
leira. O retorno do deportado é permitido, desde que o indivíduo tenha o justo título
para entrar e permanecer em território brasileiro e que tenha ressarcido eventuais despe-

543
sas feitas pelo Tesouro Nacional com sua deportação e/ou pago multas devidas pelas
irregularidades cometidas.

A expulsão é o ato pelo qual o Estado retira do território nacional o estrangeiro que de
alguma maneira ofendeu e violou as regras de conduta ou as leis locais, praticando atos
contrários à segurança e à tranquilidade do país, ainda que este tenha ingressado de
forma regular. Em caso de expulsão, há impedimento legal de retorno do estrangeiro ao
Brasil, configurando o delito previsto no art. 338 do Código Penal.

4) O visto que se concede ao cidadão nascido no exterior é direito dele?

Resposta:

Não, a concessão de visto é ato discricionário das autoridades do Estado para onde pre-
tende se dirigir o estrangeiro, observados também os requisitos legais estabelecidos em
sua legislação interna e/ou nos tratados concernentes, bem como o interesse público.
Nesse sentido, preceitua o art. 3º do Estatuto do Estrangeiro: A concessão do visto, a
sua prorrogação ou transformação ficarão sempre condicionadas aos interesses nacio-
nais.

5) Qual a validade do registro que se concede ao turista?

Resposta:

No caso de ingresso no Brasil para fins de turismo, negócios, atividades esportivas e


artísticas, não será exigido registro na Polícia Federal nem a expedição de Cédula de
Identidade de Estrangeiro, o registro será realizado de forma imediata, quando do in-
gresso do estrangeiro no Brasil. Os estrangeiros admitidos no Brasil na condição de
temporários, permanentes, asilados ou refugiados, são obrigados a se registrarem junto
ao Departamento de Polícia Federal, no prazo de 30 (trinta) após o ingresso ou à con-
cessão do asilo ou refúgio, e a se identificarem pelo método datiloscópico. Os titulares
de visto diplomático, oficial, de cortesia ou os portadores de passaporte de serviço, ofi-
cial ou diplomático, que tenham ingressado no Brasil ao amparo de acordo de dispensa
de visto, devem se registrar junto ao Ministério das Relações Exteriores, quando a dura-
ção da missão ou o prazo de estada no Brasil for superior a 90 (noventa) dias.

6) Quando se dá a Extradição?

Resposta:

544
Extradição é o ato pelo qual um Estado entrega a outro Estado um indivíduo acusado de
ter violado as leis penais deste outro ente estatal, ou que tenha sido condenado por des-
cumpri-las, para que neste seja submetido a julgamento ou cumpra a pena que lhe foi
aplicada, respondendo, assim, pelo ilícito que praticou. O ato ilícito que fundamenta o
pedido de extradição deve ter sido cometido no território desse ente estatal ou, quando
praticado fora do território desse ente estatal, deve ser um ato ao qual se apliquem as
leis penais do Estado que requer a medida extradicional. É inviável o exame do pedido
extradicional a falta de tratado ou de promessa de reciprocidade. Deve apoiar-se no
princípio da identidade (ou dupla tipicidade), segundo o qual o ato delituoso em que se
baseia o pedido extraditório deve ser considerado ilícito no Estado solicitante e no ente
estatal solicitado. Implica também a necessidade de que o tipo de pena relativa ao delito
exista tanto no Estado solicitante quanto no solicitado. Caso não haja identidade de pe-
na, a extradição só será concedida caso o Estado solicitante comprometa-se a comutá-la.
A extradição obedece também ao princípio da especialidade, pelo qual não será conce-
dida senão para que o extraditando seja processado ou julgado pelos fatos constantes no
pleito extraditório.

7) Como você explicaria a situação da extradição no caso Cesare Battisti?

Resposta:

Cesare Battisti foi preso em 18 de março de 2007 pela Polícia Federal no Rio de Janeiro
e levado ao cárcere no Distrito Federal. Logo em seguida foi solicitada a extradição pelo
governo italiano via embaixada diplomática. Battisti não havia formulado pedido de
refúgio até ser preso e só o fez com o processo de extradição no STF já em curso. Tal
pedido foi negado pelo órgão administrativo do Governo Federal responsável por sua
análise, o Comitê Nacional para Refugiados (CONARE), mas, em 13/01/2009, o Minis-
tro da Justiça Tarso Genro, em recurso, reformou a decisão do CONARE para reconhe-
cer a condição de refugiado ao italiano. Ou seja, no curso do processo de extradição no
STF, o Ministro da Justiça concedeu, em contraste ao parecer contrário do CONARE,
ao extraditando a condição de refugiado político. Em função disso, a Corte Suprema
teve que decidir, antes de adentrar ao mérito da extradição, a validade do ato do Minis-
tro. Prevaleceu o voto do Min. Cezar Peluso, relator, que, após reconhecer a ilegalidade
do ato de concessão de refúgio ao extraditando, entendeu que os crimes a ele atribuídos
teriam natureza comum, e não política, os quais não estariam prescritos, considerando
atendidos os demais requisitos previstos na Lei 6.815/80 e no tratado de extradição fir-
mado entre o Brasil e a Itália. Concedida a autorização para extradição pelo STF, o Pre-
sidente da República negou a extradição. No julgamento de reclamação proposta pela
Itália, o STF decidiu que a decisão do Presidente que entrega ou não entrega é um ato de
soberania, insuscetível de controle judicial.

545
10.11.1.2. Questões do TRF2
1) Qualquer estrangeiro que queira entrar no Brasil, exige-se visto?

Resposta:

Não. O visto pode ser dispensado para nacionais de determinados Estados e em certos
tipos de viagem. A dispensa é comum em viagens de turismo ou dentro de regiões onde
há de livre circulação de trabalhadores e normalmente é prevista em tratados ou a partir
de atos unilaterais do Estado. Nacionais dos Estados do Mercosul e do Chile podem
empreender, dentro do bloco, viagens de turismo entre os respectivos territórios com a
mera apresentação do RG (no caso do Brasil) ou DNI (Documento Nacional de Identi-
dad), para os nacionais dos outros Estados. O art. 10 do Estatuto do Estrangeiro estabe-
lece poderá ser dispensada a exigência de visto de turista ao turista nacional de país que
dispense ao brasileiro idêntico tratamento. Esta reciprocidade será estabelecida median-
te acordo internacional.

2) Se tiver visto tem direito de entrar?

Resposta:

Não, a concessão do visto configura mera expectativa de direito, podendo a estada ou o


registro do estrangeiro ser obstado ante a ocorrência de qualquer das hipóteses do artigo
7º do Estatuto do Estrangeiro ou a critério da autoridade competente, quando sua entra-
da for considerada inconveniente. Nenhum Estado é obrigado a receber um estrangeiro
em seu território, por uma exigência de defesa e de conservação do ente estatal e de sua
sociedade. Ademais, não existe norma internacional, convencional, costumeira ou de
qualquer outro tipo, de validade global, que obrigue os entes estatais a aceitar estrangei-
ros em seu território.

DESSE PONTO EM DIANTE: RESPOSTAS ELABORADAS POR LUZIA FARIAS


DA SILVA

3) Pessoa que está sem documento, de forma irregular, como sai do país?

Resposta:

O ordenamento jurídico brasileiro dispõe de três institutos que cuidam da saída compul-
sória do estrangeiro, a saber, a deportação, expulsão e deportação.

A deportação pressupõe irregularidade formal na entrada ou estada no território nacio-


nal; a expulsão é instrumento adequado à retirada do território brasileiro de estrangeiro

546
cuja conduta é valorada negativamente pelo ordenamento nacional; a extradição é utili-
zada diante de prática de ilícito penal perpetrado fora do Brasil.

Com a síntese desses institutos, vê-se que a pessoa sem documento, encontrando-se,
portanto, em situação irregular no país, dever ser deportada.

4) Há diferença em termo de efeitos entre deportação e a expulsão?

Resposta:

A deportação e a expulsão são institutos cujo principal ponto em comum é o fato de


serem saídas compulsórias do estrangeiro.

A deportação tem por pressuposto a irregularidade formal na entrada ou estado do es-


trangeiro (art. 57 a 64, da Lei 6.81580), ao passo que a expulsão pressupõe a prática,
pelo estrangeiro, de conduta valorada negativamente pela ordem jurídica brasileira (arts.
65 a 75).

Quanto aos efeitos, a deportação possui efeitos imediatos (automáticos), bastando, para
tanto, que se verifique a causa que a legitimou (entrada ou estada irregular). Cuida-se de
exclusão por iniciativa das autoridades locais (Departamento de Polícia Federal), sem
envolvimento da cúpula do governo. O deportado pode retornar ao país desde o momen-
to em que se tenha provido de documentação regular para o ingresso.

A extradição, ao contrário, não possui efeitos imediatos, na medida em que sua decreta-
ção depende de ato formal a ser editado pelo Presidente da República (decreto), com
base na conveniência e oportunidade, a teor do art. 66, do Estatuto do estrangeiro. Umas
de suas consequências é a impossibilidade de retorno do expulso ao país, salvo edição
de documento futuro que revogue o ato de expulsão.

5) Qual a legislação que embasa o pedido de extradição passiva?

Resposta:

Os tratados internacionais são a fonte do direito extradicional por excelência. Mas na


ausência de tratados dessa natureza, tais pedidos podem ser embasados em declarações
formais de promessa de reciprocidade.

Nesses termos, o art. 76, do Estatuto do Estrangeiro, estabelece que a extradição poderá
ser concedida quando o governo requerente se fundamentar em tratado, ou prometer
reciprocidade, através da qual o Estado requerente se obriga a acolher, de acordo com o
seu direito interno, idêntico pedido de extradição formulado pelo Estado requerido.

547
6) Se o extraditando alega que o crime é político. Quem resolve isso? Quem tem a última pala-
vra?

Resposta:

Pertence ao rol dos direitos fundamentais da Constituição da República a vedação, ex-


pressa, de ser conceder extradição de estrangeiro por crime político, tal como já o fazia
o art. 77, VII, do Estatuto do Estrangeiro.

Uma vez invocado este proibitivo legal, cabe ao Supremo Tribunal Federal apreciar, de
forma definitiva, se o crime imputado ao estrangeiro se enquadra nesta categoria. Tal
assertiva ficou mais uma vez assentada quando o STF julgou a Ext. 1085, 16/12/2009,
em que consignou não tratar o caso de crime político.

7) Se o país que requerer para apenar com prisão perpétua. Pode o Brasil extraditar?

Resposta:

O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da extradição 885 (26.08.04), modificou


sua jurisprudência quase vintenária para entender que a entrega de extraditando para
países que imponham pena de prisão perpétua para o crime por ele cometido deve estar
condicionada à comutação desta por pena de prisão ao tempo máximo de trinta anos
(limite máximo de pena permitido no Brasil).

Assim, se o crime imputado ao extraditado estipular pena de prisão perpétua, o Estado


requerente deve assumir, formalmente, o compromisso diplomático de comutar, em
pena de prisão não superior a trinta anos, a pena de prisão perpétua, sob pena de a ex-
tradição não ser deferida. (Ext. 1151, 11/03.11).

8) Poderes do Presidente da República na extradição, com o julgado de Césare Battisti, houve


modificação?

Resposta:

De fato, no julgamento da Ext. 1085, 16/12/2009, o STF enfrentou muito temas, ainda
polêmicos, em matéria extradicional e um deles foi o relativo aos poderes do Presidente
da República para conceder essa medida. Para a maioria da doutrina, quando a extradi-
ção se funda em promessa de reciprocidade, a extradição possui natureza de ato discri-
cionário. Por outro lado, quando baseado em tratado, o ato seria vinculado.

No julgamento do leading case em apreço, fixou-se que, autorizada pelo STF a extradi-
ção, deve o Presidente da República, observar os termos do Tratado celebrado com o
Estado requerente, quanto à entrega do extraditado. Assim, o Presidente estaria vincula-
do ao Tratado é não ao que decidido pelo STF.
548
Assim, considerando que este ato do Presidente da República classifica-se ato de sobe-
rania nacional, exercida no plano internacional, não estaria sujeito a controle no âmbito
interno. (Rcl 11243, 08/06/2011)

Deve-se ressaltar que apenas a manifestação indeferitória do Supremo é que tem caráter
de ato constitutivo negativo, quando então o Presidente não poderá extraditar.

10.11.1.3. Questões do TRF3


1) Extradição: O Estado brasileiro exige a existência de tratado?

Resposta:

Para que a extradição seja concedida, não há exigência de que seu pedido tenha por base
um tratado. O art. 76, do Estatuto do Estrangeiro, estabelece que a extradição poderá ser
concedida quando o governo requerente se fundamentar em tratado ou em promessa de
reciprocidade, através da qual o Estado requerente se obriga a acolher, de acordo com o
seu direito interno, idêntico pedido de extradição formulado pelo Estado requerido.

2) Se houver tratado, a extradição é obrigatória?

Resposta:

A existência de tratado de extradição torna, para a maioria da doutrina, obrigatória a


extradição, pois, como destaca Mazzuoli, não há tratado de extradição entre dois países
que não seja para o fim de obrigar a entrega do extraditando ao Estado estrangeiro, uma
vez autorizada pelo tribunal competente.

Ressalte-se que o próprio tratado pode trazer ressalvas que, uma vez presentes, estará o
Estado Requerido desobrigado de efetivar a entrega.

Portanto, não comportando, o tratado, exceções, ou ausentes estas, a entrega do extradi-


tando ao Estado requerente é obrigatória e não pode ser recusada pelo Presidente de
República, sob pena de violação de norma internacional, o que enseja sua responsabili-
dade internacional.

10.11.1.4. Questões do TRF4

10.11.1.5. Questões do TRF5

549
10.12. Sociologia do Direito

10.12.1. Composição De Litígios – Sistemas Não Judiciais De Composição

10.12.1.1. Questões do TRF1

10.12.1.2. Questões do TRF2

10.12.1.3. Questões do TRF3

10.12.1.4. Questões do TRF4

10.12.1.5. Questões do TRF5


01) Fale sobre os sistemas não judiciais de resolução de conflitos, estabelecendo suas diferen-
ças e semelhanças e dê sua opinião sobre os mesmos.

Resposta:

Os meios alternativos de solução de conflitos mais comuns são a autotutela, a autocom-


posição, a mediação e a arbitragem.

A autotutela consiste na solução da controvérsia pela imposição da vontade de um dos


interessados sobre a vontade do outro. É, em regra, vedada pelo ordenamento jurídico.
Dentre as situações nas quais se admite a utilização desse instrumento de solução de
conflito, pode ser mencionado o desforço imediato pelo possuidor na defesa de sua pos-
se (art. 1.210, §1°, do CC) e o direito de retenção (arts. 578, 644, 1.433, II, do CC).

Ao contrário da autotutela, na autocomposição os próprios sujeitos envolvidos no litígio


criarão o preceito jurídico que o regulará. As partes fazem concessões mútuas (concilia-
ção) ou unilaterais (renúncia e reconhecimento do pedido), desde que possam dispor do
direito objeto da discussão.

Na mediação, há um terceiro, cuja tarefa fundamental é aproximar os litigantes, de ma-


neira a aproximar os litigantes, facilitando a solução para o conflito. Aqui a decisão
caberá às partes, jamais ao mediador.

Na arbitragem, o julgamento do litígio cabe a terceiro imparcial, escolhido pelas pró-


prias partes, ao contrário da mediação e da conciliação, o fim do conflito decorre solu-
ção imposta por terceiro.

550
10.13. Filosofia do Direito

10.13.1. A Conduta Segundo Sócrates

10.13.1.1. Questões do TRF1


1) Ao afirmar que a boa-fé é presumida qual foi a posição adotada pelo Des. Olindo em relação
ao conceito de bem e de mal? Está correta esta afirmação de que o homem tende ao bem, de
quem é este ideia? Sócrates, depois de Platão, Aristóteles fala isso. Qual a posição divergente
entre a relação dicotomia bem-mal? O mal como uma antítese do bem dentro de uma auto-
nomia. Esta posição é defendida mais para frente por Santo Agostinho (não existe o mal em si
e sim a ausência circunstancial do bem). O Senhor teria uma posição própria sob estas posi-
ções?

Resposta:

A ideia de que ninguém realmente deseja fazer o mal ou de que o homem tende a fazer
o bem foi defendida por Sócrates, para quem o mal era perpetrado pela falta de conhe-
cimento e sabedoria. Para Platão, o bem poderia ser relacionado com o mundo supras-
sensível (mundo das ideias), ao passo que o mal estaria ligado ao sensível. Já pra Aristó-
teles, o bem e o mal podem se extraído a partir da teleologia das coisas.

Com isso, pode-se dizer que se por um lado a ideia de bem e de mal não pode ser alcan-
çada a partir de uma sociedade ideal ou metafísica, sobretudo porque o conteúdo do que
se entende por bem não é único em todas as sociedades e em todos os tempos, por outro,
não de pode por o bem a partir dos interesses egoístas do homens. Assim, o que se en-
tende por bem deve contemplar a harmonização dos interesses pessoais com as verdades
comuns e universais.

2) Como Sócrates conceituava a felicidade? O que você entende por essência? É um predica-
mento necessário para que o que é seja? E porque que Sócrates coloca que a felicidade é o ser
como se tem de ser? Pelo deslocamento que o homem faz, saindo da essência para coisa. O
Deus de Sócrates era diferente do Deus cristão, ponto de chegada, aglutinação de essências.
Como é Deus no ponto cristão?

Resposta:

Para Sócrates, a felicidade está intrinsecamente relacionada com a prática da virtude. A


posse da virtude é a felicidade, sua ausência a infelicidade. A felicidade seria progressi-
vamente conquistada por meio do filosofar.

A essência é um predicado necessário para que o que é não deixe de ser, uma espécie de
condição essencial para a natureza e existência das coisas.

Para Platão, assim como para os cristãos, Deus é o criador de todas as coisas, o artista
do universo. Santo Agostinho, que era cristão, dizia que Deus é bom e todo poderoso.
551
Ele dizia que embora Deus tenha criado tudo que existe, não criou o mal porque mal
não é algo, mas a falta ou ausência de algo.

10.13.1.2. Questões do TRF2

10.13.1.3. Questões do TRF3

10.13.1.4. Questões do TRF4

10.13.1.5. Questões do TRF5

11. Ponto 11
11.1. Direito Constitucional

11.1.1. Estado E Ordem Econômica

11.1.1.1. Questões do TRF1


1) Qual seria a importância básica do chamado plano diretor?

Resposta:

O Plano Diretor é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão


urbana. Tem por finalidade orientar a atuação do poder público e da iniciativa privada
na construção dos espaços urbano e rural na oferta dos serviços públicos essenciais,
visando assegurar melhores condições de vida para a população.

Sua importância básica está relacionada com o planejamento da cidade, evitando o cres-
cimento desordenado, protegendo as áreas de interesse ambiental e cultural, bem como
garantindo que a cidade atenda suas funções sociais urbanísticas (habitação, trabalho
lazer, mobilidade), de cidadania (educação, saúde, proteção e segurança) e de gestão
(prestação de serviço, planejamento, preservação do patrimônio natural e sustentabili-
dade).

2) Como equilibrar na estruturação na ordem econômica valores aparentemente antagônicos


como a livre iniciativa e a valorização do trabalho?

Resposta:

552
Os postulados na livre iniciativa e da valorização do trabalho só podem ser considerados
antagônicos se analisados sob a ótica do individualismo típico do século XIX. Na con-
temporaneidade ou pós-modernidade, sobretudo com a ascensão da teoria do welfare
state, o exercício ou desempenho da atividade econômica ultrapassa esta visão restrita
da utilização dos meios de capital, de maneira a compreender que a atividade econômica
só terá sua razão de ser (função social da empresa) se perseguir um valor socialmente
relevante, contexto no qual se insere a valorização do trabalho. Ademais, pelo próprio
caput do art. 170 da CF, a ordem econômica tem por escopo assegurar a todos a existên-
cia digna, conforme os ditames da justiça social.

3) Existe algum parâmetro objetivo para se interpretar a expressão relevante interesse públi-
co? Que relevante interesse público é esse a justificar a transposição das fronteiras pelo Esta-
do?

Resposta:

A Constituição da República faz referência à expressão ―relevante interesse público‖, no


art. 231, §6°, como fundamento legitimador da interferência estatal em terra indígena.
Já no art. 173, utiliza-se da ―expressão relevante interesse coletivo‖, com hipótese per-
missiva de intervenção do Estado na ordem econômica.

Apesar da variação vernacular, ambas as expressões podem ser concebidas como sinô-
nimas e compreendidas como sendo aqueles interesses, a serem definidos em lei, que
estejam em harmonia como os princípios e objetivos fundamentais da República.

Carvalho Filho registra que, a despeito de ser um conceito jurídico indeterminado, a


verdade é que é possível ao intérprete identificar o que é ou não interesse público a par-
tir da análise específica das situações administrativas.

4) Quais os requisitos constitucionais para que o Estado possa desenvolver atividades econô-
micas?

Resposta:

Ressalvados os casos expressos pela própria Constituição, como o caso do monopólio


do petróleo, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só é admitida
quando necessária aos imperativos de segurança nacional e relevante interesse coletivo,
conforme definido em lei.

O relevante interesse coletivo, a justificar a intervenção do Estado na iniciativa privada


pode surgir quando, nem com o fomento de uma atividade, a Estado consegue atrair a
iniciativa privada. Assim, se, por exemplo, o plano plurianual fixa uma meta a atingir e,

553
para tanto, há o fomento de atividades para atrair a iniciativa privada e mesmo assim
esse objetivo estatal não é alcançado, poderá restar configurado i relevante interesse
coletivo apto a tornar lícita a atuação do Estado na desempenho de atividade econômica.

5) Quando a propriedade urbana atende a sua função social?

Resposta:

Como estabelece o art. 182, § 2º, da Constituição, a propriedade urbana atende a sua
função social quando realiza as exigências fundamentais de ordenação da cidade ex-
pressas no Plano Diretor. Assim, a definição de propriedade não pode ser concebida na
forma do direito civil clássico, uma vez que o direito de usar, gozar e dispor dos bens
tem limite e não pode ofender a função social da propriedade.

Assim, a função social da propriedade emerge como o ―dever do proprietário de atender


a finalidades relacionadas a interesses protegidos por lei‖. O proprietário, ao usar, gozar
e dispor da propriedade tem o dever de respeitar os interesses coletivos que, por sua
relevância social, sobrepõe-se sobre os individuais.

Ademais, na ordem jurídica atual, as funções social e ambiental da propriedade além de


permitir ao proprietário, no exercício do seu direito, fazer tudo que não prejudique a
coletividade, também impõe comportamentos positivos para que o exercício dos pode-
res inerentes à propriedade se ajuste à preservação do meio ambiente.

6) Como a propriedade rural atende a sua função social?

Resposta:

A função social é cumprida sempre que a propriedade rural atende, simultaneamente,


segundo critério e graus de exigências estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos
constitucionais (art.186, da CF): aproveitamento racional e adequado;a utilização ade-
quada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;observância
das disposições que regulam as relações de trabalho; exploração que favoreça o bem-
estar dos proprietários e dos trabalhadores"

11.1.1.2. Questões do TRF2


1) Quais as formas que a Constituição prevê para combater o abuso do poder econômico?
Quando ocorre e quais seriam os instrumentos para coibir este abuso?

Resposta:

554
A Constituição da República, no art. 173, § 4°, impõe um comando ao legislador, no
sentido de que edite lei com o mister de reprimir o abuso do poder econômico. A regu-
lamentação da norma constitucional em referência ocorreu com promulgação da Lei
8.884/94, revogada recentemente pela Lei 12.529/2011.

Neste contexto, a Lei Maior considerada abuso do poder econômico a prática voltada à
dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos
lucros. Ao mesmo tempo, estabelece que a lei fixará a responsabilidade da pessoa jurí-
dica que incorrer numa das hipóteses elencadas de abuso do poder econômico.

Atendendo ao mandamento constitucional, a lei 12.529/11 prevê a instauração de pro-


cesso administrativo para controlar atos de concentração econômica; inquérito para apu-
rar possíveis infrações à ordem econômica, além de poder adotar medidas preventivas
outras e sanções de diversas ordens, tais como intervenção judicial, aplicação de multa
etc.

2) Qual a diferença entre cartel e dumping?

Resposta:

O Cartel é forma de oligopólio em que empresas legalmente independentes, atuantes do


mesmo setor, promovem acordos entre si para promover o domínio de determinada o-
ferta de bens ou serviços. A forma mais conhecida de cartel é a fixação de preços iguais
ou muito semelhantes entre as empresas envolvidas, minimizando as chances da concor-
rência leal. Por conflito de interesses e por regulação governamental, os cartéis são, ge-
ralmente, pouco duradouros. O consumidor é prejudicado com os cartéis, pois seu direi-
to de escolha é restringido.

Dumping consiste prática comercial, geralmente desleal, que consiste em uma ou mais
empresas venderem seus produtos por preços extraordinariamente baixos (muitas vezes
com preços de venda inferiores ao preço de custo), por um tempo, visando prejudicar e
eliminar a concorrência local, passando então a dominar o mercado e impondo preços
altos. É um termo usado em comércio internacional e a prática é reprimida pelos gover-
nos nacionais, quando comprovado. Esta técnica é utilizada como forma de ganhar quo-
tas de mercado.

Essencialmente, no Cartel há o ajuste, normalmente de preços, entre empresas concor-


rentes, mas dentro dos padrões do mercado, ou seja, combina-se uma prática uniforme;
no dumping, há a venda dos produtos por valor abaixo do preço de custo.

3) Quais são os procedimentos administrativos para coibir o abuso do direito econômico? Por
que há a necessidade positivada no texto constitucional de coibir o abuso econômico?

555
Resposta:

O CADE lida, na essência, com duas ordens de questões, a saber, apuração e julgamento
de condutas que possam implicar infração à ordem econômica e análise de concentra-
ções visando a sua eventual aprovação.

Relacionados à apuração de infrações à ordem econômica, o CADE pode dar início ao


procedimento preparatório de inquérito administrativo, caso a Superintendência tenha
dúvida quanto à competência do CADE; procedimento para imposição de sanções ad-
ministrativas por infrações à ordem econômica, caso existam indícios suficientes da
infração; em não havendo indícios suficientes de prática anticoncorrencial, a Superin-
tendência determinará a abertura de inquérito administrativo para apurar eventual infra-
ção à ordem econômica.

Relativamente à provação de concentração econômica, o CADE instaurará processo


administrativo para análise de atos de concentração econômica, disciplinado no art. 53,
da Lei 12.529/11.

4) Quais os princípios da ordem econômica brasileira? O que ela pretende quando está institu-
ído na Constituição? Qual o propósito que tem a instituição desta organização política do Esta-
do no que diz respeito à economia?

Resposta:

Os princípios da ordem econômica brasileira são a soberania nacional, a função social


ativa da propriedade, a livre iniciativa, livre concorrência, defesa do consumidor, defesa
do meio ambiente, redução das desigualdades sociais e regionais, busca do pleno em-
prego e tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte.

Como esclarece Eros Grau, a estrutura da ordem econômica na Constituição de 88 deixa


claro sua opção por um regime de mercado organizado, que se traduz na disciplina jurí-
dica corretora do conjunto das distorções características das soluções de liberdade de
mercado. Consubstancia, em outros termos, a disciplina dos agentes privados, no exer-
cício de atividades privadas, inspirada no interesse coletivo.

5) Qual o conceito de direito econômico? Quais são os valores primordiais que estão em jogo?

Resposta:

Comparato afirma que o direito econômico é o conjunto das técnicas jurídicas de que
lança mão o Estado contemporâneo na realização de sua política econômica. Também
pode ser definido como conjunto de princípios e normas que tratam do tratamento jurí-
dico da política econômica do Estado segundo as opções estabelecidas na Constituição.

556
Quando o constituinte dedica um capítulo do Constituição da República para o trato da
atividade econômica, tenta equacionar valores como livre iniciativa e valorização do
trabalho, planejamento estatal e liberdade de mercado, liberdade de empresa e regulação
da atividade econômica. Aliás, é a cláusula ―conforme ditames da justiça social‖ que
confere ao Estado legitimidade para intervir na economia para buscar a justiça social.

6) Abuso do poder econômico: “a lei reprimirá o abuso do poder econômico” como é que isso
poderia ser viável? O que se caracterizaria como abuso do poder econômico dentro do aspecto
da ordem econômica e como poderá ser coibido? Dê exemplos.

Resposta:

Para reprimir o abuso do poder econômico o sistema brasileiro de defesa da concorrên-


cia, atualmente regulado pela lei 12.529/11, dispões de diversos instrumentos. Neste
instrumento normativo, para que seja considerado contrário à ordem econômica, basta
que o ato tenha por objeto ou produza um dos seguintes efeitos: limitar, falsear ou de
qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou a livre iniciativa, dominar mercado
relevante de bens ou serviços, aumentar arbitrariamente os lucros ou exercer de forma
abusiva posição dominante (art. 36).

Para coibir o abuso do poder econômico, o CADE lida basicamente com duas ordens de
questões, a saber, apuração e julgamento de condutas que possam implicar infração à
ordem econômica.

Como exemplo de controle de concentração, pode-se citar a fusão entre Garoto e Nestlé;
entre Sadia e Perdigão etc.

7) Economicamente como classificaria o nosso Estado? Ele é de que tipo? Social democrata,
Estado do bem estar social, capitalista, capitalismo brando?

Resposta:

Os primeiros valores consagrados pela Constituição econômica são valorização do tra-


balho humano e livre iniciativa. O uso da última expressão nos permite concluir que o
Estado adotou o sistema econômico capitalista. Não na sua primeira moldura, idealizada
por Adam Smith, mas na versão neoliberal, desenvolvida após a primeira grande crise
do capitalismo, ocorrida em 1929. Assim, vê-se que a Constituição adotou o capitalismo
conformado por certos objetivos sociais.

8) Qual o objetivo da política urbana delineado na Constituição Federal? O que ela visa?

Resposta:
557
A política urbana traçada pela Constituição tem por objetivo ordenar o pleno desenvol-
vimento da função social da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes (art. 182).
O alcance da função social da cidade é formulação de uma nova ética urbana voltada à
valorização do meio ambiente, cultura, cidadania, direitos humanos. Compreende o ple-
no exercício do direito à cidade; enquanto se fustigam as causas da pobreza, protegem-
se o meio ambiente e os direitos humanos, reduz a desigualdade social e melhora-se a
qualidade de vida. O art. 2°, I, do Estatuto das Cidade traça algumas diretrizes para que
essa função social seja alcançada, como garantia do direito à terra urbana, à moradia, ao
saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao
trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações.

Uadi Bulos registra que a função social da propriedade urbana traduz a ideia de realiza-
ção concreta de quatro bases do urbanismo moderno: habitação, trabalho, recreação e
circulação.

9) Reforma agrária: que processo leva à reforma agrária? Quais são seus pressupostos? E que
seria a propriedade que não seria suscetível de ser objeto de reforma agrária? Como se carac-
terizaria esta propriedade?

Resposta:

Reforma agrária é o programa de governo, efetivado mediante intervenção do Estado na


economia agrícola, que, mantendo a modo de produção existente, promove a repartição
da propriedade e da renda fundiária. Tem por escopo estabelecer um sistema de relações
entre o homem, propriedade rural e o uso da terra, capaz de promover a justiça social,
progresso e bem-estar do trabalhador rural e o desenvolvimento econômico do país,
com a gradual redução do latifúndio.

O pressuposto fático que desencadeia a desapropriação de interesse social para fins de


reforma agrária é o descumprimento da função social do imóvel rural (art. 184, da CF).
Mas nem todo imóvel é suscetível de desapropriação-sanção. A pequena e média pro-
priedades rurais, cujas dimensões físicas ajustem-se aos parâmetros fixados em sede
legal [art. 4°, II e III, da Lei 8.629/93 (até 04 e 15 módulos fiscais)] não estão sujeitas a
esta modalidade de poder expropriatório pela União, sejam eles produtivos ou não, des-
de que seus proprietários não possuam outro imóvel urbano ou rural.

10) Os envolvidos no processo de reforma agrária participarão deste processo alguma forma?
Qual a forma? E quem seriam estes envolvidos, os interessados maiores? Eles serão partícipes
deste processo? Serão chamados? Serão ouvidos? (porque há também o proprietário). Sabe
dizer se há uma previsão constitucional para que eles se manifestem neste processo?

Resposta:

558
Os proprietários dos imóveis rurais objeto da desapropriação por interesse social devem
ser previamente notificados, sob pena de violação do postulado do devido processo le-
gal. A Lei Complementar n° 76/93 dispõe sobre o procedimento contraditório especial,
de rito sumário, para o processo de desapropriação de imóvel rural. Respectiva ação
deve ser proposta no prazo de 02 anos, contados da publicação do decreto declaratório.
A citação do expropriado será feita na pessoa do proprietário do bem, ou de seu repre-
sentante legal.

O art. 184, §3°, da CF prevê a edição de lei complementar para estabelecer procedimen-
to contraditório especial, de rito sumário, para o processo judicial de desapropriação
(regulamentado pela LC 76/93).

11.1.1.3. Questões do TRF3


1) Qual a função social da propriedade?

Resposta:

Primeiramente, é válido ponderar que não existe uma função social, mas diversas fun-
ções sociais, a depender do tipo de propriedade.

A partir dessa concepção, pode-se afirma que a função social da propriedade constitui
um agrupamento sistematizado de regras constitucionais que objetiva manter ou repor a
propriedade na sua destinação normal, de forma que esta seja benéfica e útil a todos, e
não apenas ao proprietário.

Com isso, deduz-se que a função social da propriedade é aquela que consiste em cum-
prir um destino economicamente útil, produtivo, de maneira a satisfazer as necessidades
preenchíveis pela espécie tipológica do bem.

2) Há colisão entre propriedade e meio ambiente? Em que caso prevalece o primeiro, e em q


caso prevalece o último?

Resposta:

Até o início do séc. XX, o exercício do direito de propriedade, por influência do modelo
liberal, era concebido quase como um direito absoluto. Por via oblíqua, a ideia de de-
senvolvimento econômico não levava em consideração o respeito ao meio ambiente.
Mas, a partir do instante em que a sociedade se deu conta de que os bens ambientais não
são inesgotáveis, sentiu-se a necessidade de conciliar a propriedade – que deve atender a
sua função social – com o meio ambiente, daí a ascensão do conceito de desenvolvi-
mento sustentável.

A partir dessa análise, não se pode falar em colisão, em abstrato, entre o exercício do
direito de propriedade e preservação ambiental. Mas, numa determinada situação con-
creta, pode surgir o conflito entre, o qual deve ser solucionado à luz dos critérios utili-
559
záveis para solucionar colisão de direitos fundamentais, tais como ponderação e propor-
cionalidade.

11.1.1.4. Questões do TRF4

11.1.1.5. Questões do TRF5


TRF5 – 2012

02) Discorra sobre a função social da propriedade e a desapropriação por interesse social.

Resposta:

Pode-se afirma que a função social da propriedade constitui um agrupamento sistemati-


zado de regras constitucionais que objetiva manter ou repor a propriedade na sua desti-
nação normal, de forma que esta seja benéfica e útil a todos, e não apenas ao proprietá-
rio.

Com isso, deduz-se que a função social da propriedade é aquela que consiste em cum-
prir um destino economicamente útil, produtivo, de maneira a satisfazer as necessidades
preenchíveis pela espécie tipológica do bem.

A desapropriação por interesse social está umbilicalmente ligada à função social da pro-
priedade eis, a teor do art. 184, da CF, cabe à União desapropriar imóvel rural que não
esteja cumprindo sua função social.

03) As atividades monopolizadas pela União são passíveis ou impassíveis de delegação?

Resposta:

O monopólio configura-se como sendo a atuação exclusiva de um agente econômico no


campo de uma atividade econômica em sentido estrito.

Com a promulgação da EC 09/95 houve uma grande mudança de paradigma no que


concerne ao do petróleo, eis que se afirmou que a Petrobrás teria perdido o monopólio
do petróleo. Mas, na verdade, essa quebra não ocorreu, eis que a Petrobrás é só um ins-
trumento criado pelo Estado para o exercício do monopólio.

Assim, muito embora a nova redação do art. 177, §1°, da CF preveja a possibilidade de
contratação de empresa estatal e privada na realização dessa atividade, esta contração
não implica em transferência da prestação do serviço.

560
11.2. Direito Tributário

11.2.1. Crédito Tributário: Exclusão

11.2.1.1. Questões do TRF1


1) Exclusão do crédito tributário, quais seriam as hipóteses?

Resposta:

O Código Tributário Nacional traz em seu corpo duas hipóteses de exclusão do crédito
tributário, a saber, a isenção (limitação legal no âmbito de validade da norma jurídica
tributária, mitigando o tributo ou impedindo o seu nascimento) e a anistia (causa extin-
tiva da punibilidade do sujeito passivo infrator da legislação tributária, impedindo a
constituição do crédito tributário). As duas causas de exclusão do crédito tributário es-
tão consignadas no art. 175, do CTN.

2 ) Art. 151, §3º está vertida a regra relacionada à chamada isenção heterônoma, essa limita-
ção que vem disposta neste dispositivo impede que a União na pessoa jurídica de direito ex-
terno celebre um tratado cujo objeto seja a isenção de um tributo estadual?

Resposta:

Não. A norma constitucional, dirigida à União, que veda a isenção heterônoma dirige a
este ente federativo enquanto pessoa jurídica de direito público interno, eis que a Repú-
blica Federativa do Brasil, nas suas relações externas, pode firmar tratado internacional
em que se estipule isenção de quaisquer tributos, consoante entendimento de parte da
doutrina e da jurisprudência pacificada do STF (RE 229096, 16/08/2007).

5) Pode ser anistiado um ato qualificado como fraude?

Resposta:

A anistia possui a natureza jurídica de causa de exclusão do crédito tributário, e, por


expressa vedação legal, não pode ser aplicada aos atos que sejam praticados com dolo,
fraude ou simulação (art. 180, I do CTN).

Vale observar que a jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que a revogação de


anistia por ocorrência de fraude deve ser precedida de processo administrativo, em aten-
ção ao contraditório e devido processo legal (AgRg no REsp 965251, 15/09/2009).

6) O que seria uma isenção heterônoma?


561
Resposta:

Não obstante a variante conceitual, isenção pode ser conceituada como sendo uma limi-
tação legal no âmbito de validade da norma jurídica tributária, mitigando o tributo ou
impedindo o seu nascimento. Nestes termos, isenção heterônoma é a limitação legal no
âmbito de validade da norma jurídica tributária incidente sobre tributo de competência
de ente federativo diverso.

Considerando que a competência para instituir tributos é consectário lógico da autono-


mia dos entes federativos (art. 18, da CF), o art. 151, III, da Constituição da República
veda que a União institua isenções de tributos da competência dos Estados, Do Distrito
Federal e dos Municípios.

Mas cabe advertir que a vedação constante do dispositivo constitucional em análise di-
rige-se à União enquanto pessoa jurídica de direito público interno, eis que a República
Federativa do Brasil, nas suas relações externas, pode firmar tratado internacional em
que se estipule isenção de quaisquer tributos. (RE 229096, 16/08/2007).

7) Qual a distinção entre uma anistia geral e a anistia limitada? A anistia limitada pressupõe
algum requerimento?

Resposta:

A anistia geral (art. 181, I, do CTN) abrange as penalidades relativas a todos os tributos,
independentemente de condição, decorrendo diretamente da lei. Por outro lado, a anistia
limitada pode ser restrita às infrações da legislação relativamente a determinado tributo;
às infrações punidas com penalidades pecuniárias até determinado montante, conjuga-
das ou não com penalidades de outra natureza; a determinada região do território do
ente tributante, em função das condições a ela peculiares; ficar condicionada ao paga-
mento do tributo pela lei que a conceder ou cuja fixação seja atribuída pela mesma lei a
autoridade administrativa.

Vê-se que a anistia geral decorre diretamente da lei; ao passo que a anistia limitada é
concedida mediante ato da autoridade administrativa (art. 182, do CTN). Neste segundo
caso, a legislação tributária condiciona sua concessão à existência prévia de requerimen-
to, através do qual o interessado deverá provar o preenchimento das condições e do
cumprimento dos requisitos previstos em lei para sua concessão (art. 183, do CTN).

8) A união pode isentar um tributo municipal?

Resposta:

562
A União não pode isentar um tributo municipal. A vedação em apreço está prevista ex-
pressamente na Constituição da República, no seu art. 151, III e abrange não apenas os
tributos municipais, como também os de competência dos demais entes da federação
(Estados e Distrito Federal).

Esta limitação constitucional ao poder de tributar tem por escopo preservar sobretudo, a
igualdade e a unidade da federação.

9) A anistia poderia valer para sanções não pecuniárias?

Resposta:

A anistia abrange exclusivamente as infrações cometidas anteriormente à vigência da lei


que a concede, e não se aplica aos atos qualificados em lei como crimes ou contraven-
ções e aos que, mesmo sem essa qualificação, sejam praticados com dolo, fraude ou
simulação pelo sujeito passivo ou por terceiro em benéfico daquele art. 180, I do CTN).

Como se percebe, pela anistia, dá-se o perdão correspondente ao ato ilícito ou penalida-
de pecuniária, exclusivamente, não abrangendo sanções de outra natureza.

10) Havendo a revogação da isenção a tributação é imediata?

Resposta:

O posicionamento exteriorizado pelo STF, através da Súmula 615, é o de que se podem


revogar as isenções incondicionadas a qualquer momento, produzindo as leis revogató-
rias efeito imediato.

Parte da doutrina sustenta que a Suprema Corte, com a mencionada súmula, refere-se a
imposto sobre a circulação, estando, portanto, em consonância com o disposto no art.
104, caput e inciso III do CTN, que se refere aos impostos sobre o patrimônio e a renda.
Para reforçar o argumento, apontam que por ocasião do julgamento da ADI/MC
2.325/DF, o STF deixou claro que a redução de benefício fiscal, implicando maior pa-
gamento de tributos, submete-se à observância do princípio da anterioridade.

Outros doutrinadores, no entanto, entendem que o princípio da anterioridade seria apli-


cável no caso da revogação de isenção incondicionada para qualquer tipo de imposto,
fazendo-se uma interpretação conforme a constituição do art. 104, caput e inciso III do
CTN.

11.2.1.2. Questões do TRF2


1) É possível isenção nas contribuições sociais para previdência social?

563
Resposta:

O art. 195, § 7°, da CF estabelece que as entidades beneficentes de assistência social


que atendam as exigências estabelecidas em lei são isentas de contribuição para a segu-
ridade social. No entanto, tratando-se de norma constitucional que proíbe a tributação
cuida-se de verdadeira imunidade e não de isenção propriamente dita, como, aliás, já
entendeu o STF (ADI 2228).

Ainda que a norma constitucional em destaque não possua a natureza de isenção, nada
impede que o legislador infraconstitucional fixe hipóteses de isenção de contribuição
social para a seguridade social, como é o caso da isenção prevista na Lei Complementar
70/91, revogada pela Lei 9430/96 (revogação esta objeto de repercussão geral (677589,
29/05/2012).

2) Caso de exclusão de crédito tributário como se interpreta? (Melhor seria restritivamente).


Por quê?

Resposta:

Nos termos do art. 111 do CTN, a legislação tributária que disponha sobre exclusão do
crédito tributário de ser interpretada literalmente, para cuja configuração deve prepon-
derar a investigação sintática, ficando o intérprete impedido de aprofundar-se nos planos
semânticos e pragmáticos.

O tratamento normativo deixa claro que, sendo o pagamento do tributo a regra, sua ex-
clusão deve ser tratada como uma excepcionalidade, o que impede sua extensão a ponto
de atingir situações que estão foram do âmbito da norma tributária.

Hugo de Brito critica a afirmação de que a interpretação deve ser entendida como restri-
tiva. Para tanto, afirma que quem interpreta literalmente não amplia o alcance do texto,
mas que, como certeza, também não o restringe.

11.2.1.3. Questões do TRF3

11.2.1.4. Questões do TRF4

11.2.1.5. Questões do TRF5

DESSE PONTO EM DIANTE: RESPOSTAS ELABORADAS POR MARCELO


FREIRE LAGE

564
11.3. Direito Administrativo

11.3.1. Agentes Públicos Civis E Militares

11.3.1.1. Questões do TRF1


1) No âmbito do processo administrativo disciplinar o poder judiciário pode chegar ao ponto
de substituir a sanção, entendendo que a sanção foi injusta, diminuir ou aumentar a sanção?

Resposta:

Não, não é possível ao poder judiciário substituir a sanção imposta pelo administrador
pois isso seria violação ao mérito administrativo. Todavia, nada impede que o judiciário
possa ANULAR o ato administrativo que estabeleceu a sanção caso haja algum vicio de
ilegalidade que pode ser observado, inclusive, quando violados os princípios da razoabi-
lidade e proporcionalidade, que servem com limites para a discricionariedade adminis-
trativa.

2) Qual a posição mais recente do STF acerca do direito de greve dos servidores públicos da
União?

Resposta:

A posição mais recente do STF é que o direito de greve dos servidores públicos é norma
constitucional de eficácia limitada e adotou a posição concretista geral que impõe a a-
plicação da lei de greve dos trabalhadores comuns aos servidores públicos enquanto o
congresso nacional não edite a lei de greve dos servidores públicos.

3) Há direito subjetivo à nomeação na linha do entendimento dos tribunais superiores?

Resposta:

Em regra não há direito subjetivo a nomeação dos aprovados em concursos públicos,


salvo no caso de preterimento da ordem de classificação e convocação e nos casos dos
candidatos aprovados dentro do número de vagas.

4) Seria possível um juiz aposentado, em um concurso público pode ele assumir o novo con-
curso?

Resposta:

565
Sim, nos casos de acumulação permitidos pela CF (art 37, XVI) seria possível um Juiz
aposentado assumir outro cargo em virtude, por exemplo, da aprovação em um concurso
para professor universitário. Destaca-se que deve ser respeitado o teto constitucional
previsto no art. 37, XI.

5) E em relação ao cargo de magistrado e de magistério, quais seriam as restrições conside-


rando a atividade do magistrado? O juiz poderia assumir um cargo de direção de faculdade?

Resposta:

Há uma resolução do CNJ que impõe limite de 20 Horas semanais. Os cargos de Diretor
de Escola e Supervisor Escolar, embora ocupados por profissionais da educação, são
cargos técnicos e não de professor e, por isso, não podem ser exercidos simultaneamen-
te por servidor da ativa RE 286107 AgR / SP.

6) Um governador de estado tendo cumprido seu mandato pode se aposentar?

Resposta:

O simples cumprimento do mandato não é suficiente para a aposentadoria. O ex-


Governador deve cumprir os demais requisitos previstos em seu regime próprio de pre-
vidência (se houver) ou do regime geral de previdência.

7) Os agentes públicos militares podem cumular cargo público civil?

Resposta:

Não, os militares estão submetidos aos rígidos princípios da hierarquia e disciplina que
são incompatíveis com a cumulação de cargos permitidas aos servidores civis.

8) Conceitue agentes.

Resposta:

Agente público é toda e qualquer pessoa que exerce uma atribuição pública em sentido
lato, seja ocupante de função, cargo ou de emprego público.

566
9) Que restrições constitucionais existem com relação ao servidor militar?

Resposta:

Com relação ao salário mínimo, o praça não tem direito, súmula 26 do STF. Não pode
fazer greve, não cabe HC quanto às penas disciplinares. Os conscritos não podem se
alistar, os ativos não podem ser filiados a partido político. Quando se candidatarem a
cargo eletivo, os que tenham menos de dez anos serão passados à reserva e os com mais
de dez anos serão agregados.

10) A CF 88 substituiu a nomenclatura ação de regresso para direito de regresso com relação
ao agente responsável pelo ato, qual seria a consequência, quanto a isso?

Resposta:

Direito de regresso ou direito regressivo, conforme observa Rui Stoco, na lição de Cre-
tella Jr., "é o poder-dever que tem o Estado de exigir do funcionário público, causador
do dano ao particular, a repetição da quantia que a Fazenda Pública teve de adiantar ‗a
vítima de ação ou omissão, decorrente do mau funcionamento do serviço público, por
dolo ou culpa do agente".

Não encontrei resposta para a pergunta, mas creio que a consequência é deixar claro que
o direito de regresso é imprescritível, pois a prescrição se refere a perda da pretensão e
não do direito em si. Assim, com a mudança de nomenclatura buscou-se afastar as teses
de prescrição da ação de regresso do estado.

11) A UnB é fundação pública federal, o Dr. Olindo pode ser alçado diretor da faculdade? Me
fale mesmo sobre a possibilidade de cumular um cargo de técnico e de professor, como é esta
vedação?

Resposta:

Os cargos de Diretor de Escola e Supervisor Escolar, embora ocupados por profissionais


da educação, são cargos técnicos e não de professor e, por isso, não podem ser exercidos
simultaneamente por servidor da ativa RE 286107 AgR / SP.

Conforme a Constituição Federal, é permitida a acumulação de: 1.dois cargos de profes-


sor; 2.um cargo de professor com outro técnico ou científico; 3.dois cargos de profissio-
nais da área de saúde. A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos ou fun-
ções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia
mista da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Municípios. Não
é permitida a acumulação em um cargo de professor com um outro técnico ou científico
com soma maior que 60 horas semanais; Deve-se verificar, sempre, a compatibilidade
567
de horários, respeitando-se intervalos para repouso, alimentação e distância a ser percor-
rida entre um emprego/cargo ou função e outro. A acumulação de cargos, ainda que
lícita, fica condicionada à comprovação de horários. São considerados cargos técnicos
ou científicos os seguintes: a) aqueles para cujo exercício seja indispensável e predomi-
nante a aplicação de conhecimentos científicos ou artísticos, obtidos em nível superior
de ensino e; b) aqueles para cujo exercício seja exigida habilitação em curso legalmente
classificado como técnico, de grau ou nível superior de ensino; e c) os cargos ou empre-
gos de nível médio, cujas atribuições lhe emprestem características de "técnico".

12) Na Veja desta semana, uma reportagem menciona que existem ministros que ganham o
dobro ou o triplo do subsídio do Presidente da República, isso é possível?

Resposta:

Alguns Ministros de Estado participam de conselhos de empresas estatais e rebem os


chamados ―jetons‖ que em muitos casos extrapolam o teto do funcionalismo público
sob a argumento de se tratar de verba indenizatória. Nesse sentido o STJ: ―Essas verbas
têm natureza jurídica indenizatória e não se enquadram no conceito de fato gerador do
referido imposto (IR). REsp 1.141.761-CE, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julga-
do em 9/2/2010.‖

13) O agente militar é alistável?

Resposta:

O conscrito não pode alistar-se como eleitor, aos demais militares são aplicáveis as re-
gras gerais de alistabilidade eleitoral.

14) Quando o militar pode se candidatar?

Resposta:

Nos termos da CF Art. 14 § 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes


condições: I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade; II
- se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se
eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.

568
15) O que ocorre se o servidor público vir a ocupar mandato eletivo? Um servidor público que
se eleja a deputado federal, por exemplo?

Resposta:

A essa situação aplica-se o Art. 94. Ao servidor investido em mandato eletivo aplicam-
se as seguintes disposições: I - tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital,
ficará afastado do cargo; II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo,
sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração; III - investido no mandato de verea-
dor: a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as vantagens de seu cargo, sem
prejuízo da remuneração do cargo eletivo; b) não havendo compatibilidade de horário,
será afastado do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração. § 1o No caso
de afastamento do cargo, o servidor contribuirá para a seguridade social como se em
exercício estivesse. § 2o O servidor investido em mandato eletivo ou classista não po-
derá ser removido ou redistribuído de ofício para localidade diversa daquela onde exer-
ce o mandato.

16) Em que hipótese um servidor estável pode perder o cargo?

Resposta:

Art. 41 §1° Decisão em processo administrativo disciplinar; Sentença Judicial transitada


em julgado; Avaliação periódica de desempenho (na forma de lei complementar), em
todos os casos assegurada ampla defesa. E na hipótese de a despesa com pagamento de
pessoal exceder aos limites constitucionais e a redução em pelo menos 20% dos cargos
em comissão e funções de confiança bem como a exoneração dos servidores não está-
veis não forem suficiente para o alcance do limite, nesse caso, também poderá o servido
estável perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos poderes espe-
cifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da redução de
pessoal (art. 169 da CF). O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo anterior
fará jus a indenização correspondente a um mês de remuneração por ano de serviço. O
cargo objeto da redução prevista nos parágrafos anteriores será considerado extinto,
vedada a criação de cargo, emprego ou função com atribuições iguais ou assemelhadas
pelo prazo de quatro anos

17) Porque o servidor público civil pode, vencido o mandato, voltar ao cargo e o servidor mili-
tar não?

Resposta:

569
Pois a constituição veda o retorno do militar ao cargo em razão da submissão destes aos
princípios da hierarquia e disciplina incompatíveis com o retorno à atividade militar
aquele que afastou-se do cargo para exercer o mandato.

18) Quanto à demissão injusta de um servidor, como juiz federal, qual seria a sua decisão?
Qual as consequências de uma decisão judicial que invalida a decisão injusta de uma demissão
de servidor efetivo? E com relação ao ocupante do cargo, o que acontece com ele quando o
servidor originário daquele que cargo que perdeu em razão da decisão ilegal da administração
pública fosse anulada pelo poder judiciário?

Resposta:

Havendo ilegalidade na demissão que pode ocorrer inclusive por violação aos princí-
pios da razoabilidade e proporcionalidade a demissão deve ser anulada. Todos efeitos da
demissão anulada devem desaparecer devendo do afastamento ser contado como tempo
de serviço para todos os fins e pagos todos os valores que deixou de receber. O ocupan-
te do cargo, deve ser reconduzido ao seu cargo de origem ou posto em disponibilidade
(art. 28 lei 8112/90)

19) É possível o servidor público estável ser desligado da administração por déficit de eficiên-
cia?

Resposta:

Sim, no caso da avaliação periódica de desempenho nos termos de lei complementar,


assegurada ampla defesa, art. 41 §1 ° da CF.

11.3.1.2. Questões do TRF2


1) O que é um agente de fato?

Resposta:

A teoria do "funcionário de fato", também conhecida como teoria do "agente público de


fato", segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, é aquela segundo a qual, em que pese
a investidura do funcionário ter sido irregular, a situação tem aparência de legalidade.
Em nome do princípio da aparência, da boa-fé dos administrados, da segurança jurídica
e do princípio da presunção de legalidade dos atos administrativos, reputam-se válidos
os atos por ele praticados, se por outra razão não forem viciados.

Por outro lado, uma vez invalidada a investidura do funcionário de fato, nem por isto
ficará ele obrigado a repor aos cofres públicos aquilo que percebeu até então. Isto por-
que, havendo trabalhado para o Poder Público, se lhe fosse exigida a devolução dos

570
vencimentos auferidos haveria um enriquecimento sem causa do Estado, o qual, destar-
te, se locupletaria com trabalho gratuito.

11.3.1.3. Questões do TRF3


1) O direito de greve dos servidores públicos está garantido pela Constituição?

Resposta:

O direito de greve para os servidores públicos, por sua vez, está previsto no inciso VII,
art. 37 da Constituição, in verbis:

―Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalida-
de, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...)

VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específi-
ca;‖

Além disso, sendo o direito de greve um corolário do direito ao trabalho e, portanto, um


direito humano, não pode retroagir (cláusula do não retrocesso), porque resultante de
evolução e conquistas históricas da humanidade.

A posição mais recente do STF é que o direito de greve dos servidores públicos é norma
constitucional de eficácia limitada e adotou a posição concretista geral que impõe a a-
plicação da lei de greve dos trabalhadores comuns aos servidores públicos enquanto o
congresso nacional não edite a lei de greve dos servidores públicos.

11.3.1.4. Questões do TRF4

11.3.1.5. Questões do TRF5

11.4. Direito Penal

11.4.1. Tráfico Ilícito De Entorpecentes

11.4.1.1. Questões do TRF1

1) Para efeitos legais o que se compreenderia como droga?

Resposta:

Considera-se droga todo o produto ou substância capaz de causar dependência com pre-
visão em lei ou em listas emitidas pelo Poder Executivo da União. Quem faz a regula-
mentação do que é considerado droga, é a ANVISA –Agência Nacional de Vigilância
Sanitária. Em função disso, podemos dizer que a Lei de Drogas contempla tipos penais
em branco. Normas penais em branco são disposições cuja sanção é determinada, fican-
571
do indeterminado o seu conteúdo; sua exeqüibilidade depende do complemento de ou-
tras norma jurídicas ou da futura expedição de certos atos administrativos; classificam-
se em: a) normas penais em branco em sentido lato ou homogênea, que são aquelas
em que o complemento é determinado pela mesma fonte formal da norma incriminado-
ra; b) norma penais em branco em sentido estrito ou heterogênea, são aquelas cujo
complemento está contido em norma procedente de outra instância legislativa. Como a
Lei 11.343/06 faz referência genérica a expressão droga, devendo por isso ser comple-
mentada por outra norma, podemos afirmar que se trata de norma penal em branco. No
caso, a regulamentação é procedente da ANVISA (portaria 344/98). Trata-se de norma
penal em branco heterogenia.

2) Há algum dos delitos elencados na lei de droga que pode ser praticado na modalidade cul-
posa?

Resposta:

Sim, o delito previsto no art. 38 da lei de Drogas. Prescrição ou Ministração culposa de


Drogas. O Artigo 38 trata do único crime culposo da Lei de Drogas e tipifica a conduta
daquele que prescreve (autoriza o uso, dá receita) ou ministra (entrega a consumo) dro-
gas lícitas. As mesmas condutas podem caracterizar tráfico quando praticadas dolosa-
mente. Prevalece na doutrina que é crime próprio, pois só pode ser praticado por agentes
da área da saúde.

3) O usuário pode ser punido com a pena privativa de liberdade?

Resposta:

Em relação às penas previstas para o crime do art. 28, podemos afirmar que com a Lei
11.343/06 houve um abrandamento considerado por muitos, absurdo. Anteriormente o
usuário, se condenado recebia como pena a detenção de 6 meses a 2 anos, atualmente as
penas compreendem advertência sobre os efeitos do uso de drogas, prestação de servi-
ços a comunidade ou comparecimento a programas educativos (cursos, palestras, etc).
As penas podem ser aplicadas alternativa ou cumulativamente. A PSC e os programas
educativos tem duração máxima de 5 meses e tanto a aplicação quanto a execução pres-
crevem em 2 anos. Se for caso de reincidência. Podem chegar a 10 meses. Com o afas-
tamento da pena privativa de liberdade do usuário, estamos diante do caso de ―novatio
legis in mellius‖. Conforme o que determina a Lei de Drogas no seu art. 48, flagrado, o
usuário deverá ser imediatamente apresentado ao juiz (coisa que na prática não ocorre).
Não havendo juiz será lavrado o termo circunstanciado pela autoridade policial (é o que
ocorre na realidade do dia a dia). É vedada, sob qualquer pretexto, a detenção do
usuário. Referimo-nos aqui a prisão, cabendo a condução do usuário até a delegacia. A
572
condução coercitiva poderá ocorrer, podendo inclusive, utilizar-se de algemas desde que
nos limites da Súmula Vinculante Nº 11. Em seguida, após a lavratura do termo cir-
cunstanciado, deverá ser liberado. A autoridade que não fizer a liberação após a lavra-
tura do termo circunstanciado estará cometendo abuso de autoridade e responderá con-
forme a Lei 4898/65.

4) O senhor pode distinguir descriminalizar e despenalizar? Neste caso, o art. 28 é uma medida
despenalizadora ou descriminalizadora?

Resposta:

Descriminalizar é fazer com que a produção, consumo e comércio de drogas deixem de


ser crimes. Já o termo despenalizar tem sido usado no sentido de abrandar a punição que
recai sobre quem pratica esses atos. Antes de sair a Lei de Drogas, o Professor Luiz Flá-
vio Gomes disse que teríamos uma novidade, que o usuário de drogas não seria mais
punido. Segundo ele, haveria uma descriminalização, pois se o artigo 1º da Lei de Intro-
dução ao Código Penal, diz que crimes são infrações penais punidos com reclusão e
detenção e que, contravenções penais são infrações penais punidas com prisão simples,
usar drogas segundo o artigo 28 da nova lei, não é crime nem contravenção. Trata-se
segundo ele, de uma infração ―sui generis‖. Nesta corrente estão também Alice Bian-
chini, Willian Terra e Rogério Sanches Cunha. Segundo o Professor Davi André Costa
Silva, continua sendo crime, pois não é suficiente embasar estas conclusões apenas na
Lei de Introdução. Avaliando-se a Constituição Federal no seu artigo 5º é claro quando
diz que serão adotadas dentre outras as penas de privativa de liberdade, restrição de di-
reitos e multa. Quando a Constituição Federal diz ―dentre outras‖ autoriza ao legislador
criar outros tipos de pena, com exceção as que a própria Constituição proíbe (pena de
morte, banimento, trabalhos forçados, cruéis). O legislador criou as penas de adver-
tência e os programas educativos. Segundo o Professor Davi, houve uma despenalização
no sentido do afastamento da pena privativa de liberdade. A doutrina majoritária e o
STF adotam a corrente da despenalização. Para Saulo de Carvalho, continua sendo
crime, continua tendo pena, não tem é cárcere, trata-se de descarcerização. Interessante
a tese, porém ainda é posição isolada.

5) Abra a lei de drogas e leia o art. 45. A questão da imputabilidade, como o senhor entende
este artigo? Repare que a lei, o legislador foi ao alcance de qualquer ilícito praticado. Qual o
conceito de inimputabilidade?

Resposta:

573
Inimputabilidade - Ausência no agente de condições de autodeterminação ou entendi-
mento do caráter delituoso do fato no momento de executá-lo. O Direito Penal brasileiro
exige os seguintes requisitos causais: doença mental, ou desenvolvimento mental in-
completo ou retardado, e embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força
maior; cronológico, os efeitos do requisito causal devem se manifestar no momento da
ação ou da omissão; conseqüencial, os efeitos do requisito causal, cronologicamente
considerados, devem suprimir a capacidade de autodeterminação ou o entendimento do
caráter criminoso do fato.

A Lei 11.343 traz em seu bojo a possibilidade de inimputabilidade em consequência do


uso de substâncias entorpecentes por parte do autor da prática de uma infração penal.
Analisando o artigo 45 do referido diploma legal pode ser entendido que é isento de
pena o agente que, em razão da dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso fortui-
to ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha
sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato
ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. O referido artigo refere-se à prá-
tica de qualquer infração penal. O parágrafo único do referido artigo ainda expressa que
quando o juiz for absolver o agente, reconhecendo, por força pericial, que este apresen-
tava, à época do fato previsto neste artigo, as condições referidas no caput do artigo
estudado poderá determinar na sentença o seu encaminhamento do infrator para trata-
mento médico adequado.

6) Qual a diferença de tratamento dado à inimputabilidade da lei de drogas e a do CP?

Resposta:

Segundo Nucci (Leis Penais e Processuais penais comentadas, 1ª edição, 2ª tiragem,


Editora RT, pg. 803), ―o art. 45 é desnecessário, diante dos artigos 26, 27 e 28 do CP.
Quem é viciado em qualquer substancia entorpecente (incluindo-se, nesse contexto, o
álcool), para o atual conceito médico, é doente mental. Portanto o disposto no art. 26
seria suficiente tanto para quem padece de uma enfermidade mental, como, por exem-
plo, a esquizofrenia, como também para aqueles que são dependentes de drogas em ge-
ral. Por outro lado, quem é menor de 18 anos não responde pelos delitos previstos nesta
lei e nem por isso reproduziu-se o disposto no art. 27 do CP na Lei 11.343/06. Final-
mente aq uele que utilizar substancia entorpecente proibida (como por exemplo,
cocaína) voluntaria ou culposamente, incide nas regras do art. 28, II, do CP, vale dizer
responde normalmente pelo que fizer, cuidando-se de autêntica responsabilidade penal
objetiva. Mais ainda, se o agente ingerir substancia proibida em virtude caso fortuito ou
força maior seria perfeitamente aplicável o disposto no art. 28 §1°, do CP, constituindo
causa de extinção da culpabilidade. Em conclusão, o art. 45 da Lei 11.343/06 é desne-
cessário.‖ Com relação ao paragrafo único deste mesmo artigo, o autor assim dispõe
(pg.804): ―(...) o parágrafo único não tem nenhuma valia. (...) Ora quem cometer um
574
fato criminoso, mormente grave (ex. matar alguém sob forte influência de drogas das
quais é dependente) deve ser submetido a tratamento médico. E por menor que seja o
ilícito cometido, cabe tratamento médico, em virtude, justamente do vício. Por outro
lado, se for em função do efeito da droga ingerida por caso fortuito ou força maior não
poderá ser encaminhado a tratamento algum, nos mesmos moldes do que ocorre com a
embriagado por acidente (art. 28, §1°, CP).‖

7) Como se explica a actio libera in causae? Quais são as causas que isentam de pena no caso
da embriaguez?

Resposta:

A teoria da actio libera in causa é aquela em que o agente, conscientemente, põe-se em


estado de inimputabilidade, sendo desejável ou previsível o cometimento de uma ação
ou omissão punível em nosso ordenamento jurídico, não se podendo alegar inconsciên-
cia do ilícito no momento fatídico, visto que a consciência do agente existia antes de se
colocar em estado de inimputabilidade. Essa teoria esboçada por Bartolo veio solucionar
os casos em que há a culpabilidade de agentes que seriam considerados inimputáveis,
especialmente nos casos de embriaguez. É isento de pena o agente que, por embriaguez
completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da
omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se
de acordo com esse entendimento

8) Qual a diferença entre forma maior e caso fortuito?

Resposta:

O tema do caso fortuito e força maior não é questão pacífica na doutrina, pois há vários
conceitos para cada um deles ou para os dois quando considerados expressões sinôni-
mas. Segundo Maria Helena Diniz, na força maior por ser um fato da natureza, pode-se
conhecer o motivo ou a causa que deu origem ao acontecimento, como um raio que pro-
voca um incêndio, inundação que danifica produtos ou intercepta as vias de comunica-
ção, impedindo a entrega da mercadoria prometida ou um terremoto que ocasiona gran-
des prejuízos, etc. Por outro lado o caso fortuito tem origem em causa desconhecida,
como um cabo elétrico aéreo que sem saber o motivo se rompe e cai sobre fios telefôni-
cos causando incêndio explosão de caldeira de usina, provocando morte. Nas lições de
Álvaro Villaça Azevedo caso fortuito é o acontecimento provindo da natureza sem que
haja interferência da vontade humana em contrapartida a força maior é a própria atuação
humana manifestada em fato de terceiro ou do credor. Ensina Agostinho Alvim que o
caso fortuito consiste no impedimento relacionado com o devedor ou com a sua empre-
sa, enquanto que a força maior advém de acontecimento externo. Não obstante ilustres
575
doutrinadores contribuírem com diversos conceitos Sílvio Venosa simplifica ao dizer
que não há interesse público na distinção dos conceitos, até porque o Código Civil Bra-
sileiro não fez essa distinção conforme a redação abaixo transcrita

9) Os diversos núcleos do tipo do art. 33, se o agente praticar ao mesmo momento aqueles
tipos, ele responde por concurso? Só há um juízo de subsunção. Princípio da alternatividade.

Resposta:

A produção não autorizada e o tráfico ilícito de drogas estão previstos no art. 33 da Lei
11.343/06. Note que as mesmas condutas poderão ser praticadas licitamente conforme
podemos verificar no art. 31 da Lei. O tipo está baseado em 18 condutas que, quando
associadas à finalidade de distribuição de drogas configuram fato típico. Trata-se de
tipo misto, alternativo ou crime de conteúdo variado. Se no mesmo contexto fático
o sujeito praticar duas ou mais condutas, estará praticando um só crime, o tráfico
ilícito de drogas. O princípio da alternatividade se aplica aos crimes de conteúdo múl-
tiplo (plurinuclear), cujos tipos penais contêm várias condutas típicas. Nesses casos, se
o agente realiza mais de um desses verbos, no mesmo contexto fático, responderá por
um único crime, posto que tais comportamentos criminosos devem ser compreendidos e
analisados alternativamente

10) Como se averigua a questão das mulas?

Resposta:

Pequenos traficantes que servem de instrumentos para o transporte da droga.

―Mula‖ e causa de diminuição de pena – 2

Em conclusão de julgamento, a 2ª Turma, por maioria, denegou habeas corpus em que


pretendida a aplicação, em favor de condenada por tráfico de entorpecentes pelo trans-
porte de 951 g de cocaína, a causa de diminuição da pena do § 4º do art. 33 da Lei
11.343/2006. No caso, as instâncias de origem, embora tivessem reconhecido que a ré
seria primária, com bons antecedentes e que não se dedicaria à atividade criminosa,
concluíram que, de fato, ela integraria organização criminosa e, portanto, não teria jus à
citada causa de diminuição — v. Informativo 618. Considerou-se que o tráfico interna-
cional não existiria sem o transporte da droga pelas chamadas ―mulas‖. O Min. Gilmar
Mendes ressaltou que a ―mula‖, de fato, integraria a organização criminosa, na medida
em que seu trabalho seria condição sine qua non para a narcotraficância internacional.
Pressupunha, assim, que toda organização criminosa estruturar-se-ia a partir de divisão
de tarefas que objetivasse um fim comum. Assim, inegável que esta tarefa de transporte
estaria inserida nesse contexto como essencial. Além disso, asseverou que o legislador
576
não teria intenção de dispensar tratamento menos rigoroso ao ―traficante mula‖ ou, ain-
da, a outros com ―participação de menor importância‖ e não diretamente ligados ao nú-
cleo da organização. Se esse fosse o propósito, certamente consubstanciaria elementar
do tipo. Ter-se-ia, então, um tipo penal derivado. Vencido o Min. Ayres Britto, relator,
que deferia a ordem. HC 101265/SP, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acórdão Min.
Joaquim Barbosa, 10.4.2012. (HC-101265)

11) Qual a lei que define o tráfico de drogas no Brasil?

Resposta:

Art. 1º, parágrafo único da Lei 11.343/06. Considera-se droga todo o produto ou subs-
tância capaz de causar dependência com previsão em lei ou em listas emitidas pelo Po-
der Executivo da União. Quem faz a regulamentação do que é considerado droga, é a
ANVISA –Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Como a Lei 11.343/06 faz refe-
rência genérica a expressão droga, devendo por isso ser complementada por outra nor-
ma, podemos afirmar que se trata de norma penal em branco. No caso, a regulamenta-
ção é procedente da ANVISA (portaria 344/98). Trata-se de norma penal em branco
heterogenia.

12) Quais as principais peculiaridades deste novo diploma legal?

Resposta:

Dialeticamente, a nova Lei de Tóxicos alcançou um maior amadurecimento em relação


às leis precedentes. Sua Política Criminal é notavelmente mais forte, por se compor de
uma sistemática normativa mais completa. Destaca-se, nesse sentido, a instituição do
Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas – SISNAD. Destarte o legislador,
sem descurar-se da realidade social, tratou de traçar novas medidas que assegurem a
eficácia da lei. Essa mesma atenção ao fator social, foi responsável pela grande novida-
de da Lei 11.343/06: a despenalização do delito de posse de entorpecentes para consu-
mo pessoal – como se viu, há mesmo quem defenda a idéia de que houve a descrimina-
lização desta infração. De qualquer forma, o espírito da nova Lei é muito mais preventi-
vo do que punitivo, relativamente às legislações que a antecederam. Em consonância à
nova política preventiva, o procedimento penal também sofreu alterações significativas.
A prisão em flagrante já não pode mais ser aplicada ao mero usuário. Todavia, a nova
Lei de Tóxicos não prescreve o mesmo sobre as outras infrações de menor potencial
ofensivo nela constantes, o que parece contrastar com o disposto na Lei 9.099/95. Esta
antinomia pode ser solucionada por diferentes critérios de interpretação que, por sua
vez, apontam para resultados contraditórios. Na impossibilidade de escolher entre o
resultado ―mais correto‖, resta-nos aguardar a avaliação jurisprudencial definitiva.
577
13) Como futuro juiz federal vê este posicionamento da dogmática no tocante à adesão, pois
verifica-se a adesão ao sistema americano, teoria do porrete, em contraposição à concepção
do velho mundo, a Europa ocidental sobretudo e os EUA que já exportaram para o México, e a
política do México é justamente o que o México vem adotando, Vossa Excelência poderia me
falar sobre? Esta diversidade de tratamento é carente em relação à própria figura do tráfico?

Resposta:

Não entendi bem a pergunta. Submeti a duvida ao grupo e mesmo assim não chegamos
a uma resposta. Preferi deixar sem resposta do que chutar uma resposta errada.

14) O tráfico de drogas é equiparado ao crime hediondo?

Resposta:

Sim, são equiparados a crimes hediondos: a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpe-
centes e drogas afins e o terrorismo.

15)- De onde se tirou essa nomenclatura de hediondez?

Resposta:

Etimologia: Do espanhol hediondo pelo latim vulgar *foetibundus, de foetēre (feder).


Segundo o Dicionário Aurélio, o termo hediondo pode constituir um ou mais dos
seguintes adjetivos: Depravado, vicioso, sórdido, imundo, repelente, repulsivo,
horrendo, sinistro, pavoroso, medonho. No que se refere ao crime hediondo, com
certeza tal termo abrange todas essas definições. E o legislador brasileiro, atento à
etimologia da palavra, se não foi feliz ao editar a muito criticada Lei n° 8.072/90, o foi
ao estabelecer a caracterização da hediondez na ocorrência dos crimes de estupro e
atentado violento ao pudor. De um ponto de vista da dogmática, uma das primeiras
questões é saber o que pode ser considerado como crime hediondo. A Lei n. 8.072/90,
em vez de fazer uma definição do que é hediondo, acertadamente, preferiu catalogar as
infrações penais assim consideradas no seu art. 1º. Dessa forma, evitou-se uma possível
ofensa ao princípio da legalidade que, dentre os seus principais corolários, tem o da lex
certa. De fato, se hediondo, como aponta Alberto Silva Franco, é o delito que se mostra
"repugnante", "asqueroso", "sórdido", "depravado", "abjeto", "horroroso" ou "horrível",
uma possível definição, dada a elasticidade do significado da expressão, tornaria
possível, ao sabor da formação ideológica ou cultural do juiz, considerar como tal
aquilo que assim lhe parecesse. Dessa maneira, um juiz "de esquerda" poderia
considerar hediondo o roubo do salário de um operário humilde que trabalhou o mês
578
inteiro para ganhá-lo. Já o de "direita" poderia considerar sórdido o sujeito que teve o
desplante de, em artigo de imprensa, atacar as Forças Armadas ou o Judiciário.

16) A questão da competência, quando a JF é competente?

Resposta:

Quando se tratar de delito transnacional. Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes
previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, se caracterizado ilícito transnacional, são da com-
petência da Justiça Federal. E também art. 109. V da CF: Aos juízes federais compete
processar e julgar: V – os crimes previstos em tratado ou convenção internacional,
quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no es-
trangeiro, ou reciprocamente. Cumpre recordar que, conforme Luiz Flávio Gomes et al
(2001, p. 2006, p. 310), internacionalidade e transnacionalidade não se confundem. ―Por
ilícito transnacional entende-se o ilícito que transcende o território brasileiro, ou seja,
que envolve águas ou solo ou espaço aéreo que vão além do território nacional (...). Se o
ilícito ultrapassa os limites do território brasileiro, é transnacional ainda que não envol-
va diretamente outro país soberano. Quando envolve outro país soberano o tráfico não é
só transnacional, é também internacional‖. Segundo Baltazar, não se exige que a droga
tenha efetivamente alcançado pais estrangeiro bastando a finalidade de que isso ocorres-
se.

17) Qual a natureza da defesa prévia no crime de trafico?

Resposta:

Tem natureza jurídica de defesa preliminar, na qual se oferece todas as alegações que
julgar razoáveis para demonstrar a ausência de materialidade ou para evidenciar não ser
ele o autor ou participe, em suma, para convencer o magistrado a não receber a denun-
cia ou a questionar a classificação. O termo defesa prévia foi equivocadamente utiliza-
do, pois esta ocorreria após o interrogatório. Art. 55 da lei 11.343/06.

18) Qual a providência que a defesa tem que tomar neste momento processual?

Resposta:

Demonstrar a ausência de materialidade ou para evidenciar não ser ele o autor ou parti-
cipe, em suma, para convencer o magistrado a não receber a denuncia ou a questionar a
classificação. Prazo de 10 dias. Art. 55 da lei 11.343/06.

579
19) É possível a progressão nos crimes de tráfico?

Resposta:

Sim, cometido o crime hediondo (cujo rol consta do art. 1º da Lei 8.072/90) ou asseme-
lhado (tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e terrorismo - art. 5º, XLIII, da CF/88)
antes de 29/03/2007 - data da vigência da Lei 11.464/07 -, deve ser observada a norma
geral hospedada no art. 112 da Lei de Execução Penal (Lei 7.210/84). Noutras palavras,
não se lhe pode ser aplicada a regra segundo a qual o regime inicial de cumprimento da
pena deve ser o fechado, independentemente da pena imposta (art. 2º, § 1º, da Lei
8.072/90, na redação conferida pela Lei 11.464/07), sendo de rigor a atenção aos parâ-
metros traçados no art. 33, § 2º, do Código Penal. Outrossim, exige-se do condenado
por crime hediondo ou assemelhado, cometido antes dessa data, o cumprimento de 1/6
da pena para que possa habilitar-se à progressão de regime, ao invés de 2/5, se primário,
ou 3/5, se reincidente, consoante prescreve o novo regramento ilustrado no art. 2º, § 2º,
da Lei 8.072/90, também considerada a nova compleição atribuída pela Lei 11.464/07.

20) E a questão da substituição da pena por restritiva de direito?

Resposta:

Segundo recentes decisões do STF é possível sendo inconstitucional a vedação legal à


substituição.

21)- O que se quer dizer com droga?

Resposta:

Substâncias ou os produtos capazes de causar dependência, assim especificados em lei


ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União.

22) Aos usuários de droga pode ser aplicado o instituto da flagrância?

Resposta:

Conforme o que determina a Lei de Drogas no seu art. 48, flagrado, o usuário deverá ser
imediatamente apresentado ao juiz (coisa que na prática não ocorre). Não havendo juiz
será lavrado o termo circunstanciado pela autoridade policial (é o que ocorre na rea-

580
lidade do dia a dia). É vedada, sob qualquer pretexto, a detenção do usuário. Refe-
rimo-nos aqui a prisão, cabendo a condução do usuário até a delegacia. A condução
coercitiva poderá ocorrer, podendo inclusive, utilizar-se de algemas desde que nos
limites da Súmula Vinculante Nº 11. Em seguida, após a lavratura do termo circuns-
tanciado, deverá ser liberado. A autoridade que não fizer a liberação após a lavratura
do termo circunstanciado estará cometendo abuso de autoridade e responderá conforme
a Lei 4898/65.

23) Na lei do tráfico qual o tipo que se pode condenar na modalidade culposa?

Resposta:

Vide questão 02 para evitar repetições.

24) É possível alguns destes tipos ser de competência dos juizados?

Resposta:

Sim, aplica-se ao usuário o procedimento da Lei 9099/95, procedimento comum, de-


vendo ser tratado de regra no JECRIM. Na transação penal com o usuário só poderá
versar sobre as medidas educativas previstas no art. 28 (advertência sobre o uso de dro-
gas, prestação de serviços a comunidade e comparecimento a programas educativos e a
cursos). Não cabe a interdição temporária de direitos, limitação dos finais de semana,
sexta básica.

25) É possível a associação para o tráfico em concurso com o tráfico?

Resposta:

O art. 35 da Lei de Drogas 11.343/06 trata do crime de Associação para o Tráfico e ca-
pitula que, quando dois ou mais agentes associarem-se para fins de praticar, reiterada-
mente ou não, os crimes dos artigos 33, caput e parágrafo 1º e 34 desta Lei estarão
realizando a conduta prevista. Trata-se de uma espécie de quadrilha ou bando que se
aperfeiçoa com apenas dois agentes, mas da mesma forma, exige estabilidade e perma-
nência na associação. Provada a associação, os agentes respondem também pelo
tráfico praticado. Estamos diante de concurso material.

26) Para a associação é necessário o cometimento da conduta? Mas e na associação eventual?

581
Resposta:

Mesmo que não seja praticado crime algum, que não seja consumado o tráfico, mas se
provar a associação para o tráfico, os agentes serão responsabilizados. Questão contro-
vertida em função de tratarmos aqui de Direito Penal do Autor onde se pune as pessoas
por ser alguma coisa e não por ter feito alguma coisa.

27) Quem dirige veículo terrestre após o consumo?

Resposta:

Condução de Embarcação ou Aeronave pós-consumo de Drogas, previsão do artigo 39


da Lei de Drogas. Em caso de veículo automotor a conduta se amolda ao artigo 306 da
Lei 9.503/97 Código de Trânsito, chamado de embriaguês toxicológica. Se o sujeito
estiver conduzindo uma embarcação ou aeronave após consumir álcool, a conduta não
pode se amoldar a este tipo porque o álcool não está na lista da ANVISA.

28) Quem oferece droga a um amigo pratica tráfico? Quem é competente para apreciar nesta
hipótese?

Resposta:

Uso Compartilhado. Para que tenhamos a configuração de uso compartilhado, previsto


no art. 33, § 3º, faz-se necessária a concomitância de alguns elementos, o oferecimento
da droga de forma eventual, a ausência do objetivo de lucro (o sujeito que oferece não
pode cobrar), consumo em conjunto (se entregar só para o outro fumar restará em crime
de tráfico) e para pessoa do seu relacionamento. O agente deste crime é o usuário que
por educação oferece a droga, logo deveria ter pena de multa menor que a do traficante.
Todos os elementos descritos deverão estar presentes, na falta de um dos elementos irá
responder por crime de tráfico. Trata-se de crime bi próprio, pois exige vinculo (rela-
cionamento) entre os agentes. Enquanto o ―consumo em conjunto‖ é o elemento positi-
vo do injusto penal, a ―ausência de objetivo de lucro‖ é o elemento negativo. É infração
de menor ofensivo, devendo portanto, ser processado no JECrim.

29) Qual a diferença entre induzir, instigar e auxiliar?

Resposta:

Induzir – dar a idéia. Instigar – fomentar idéia já existente. Auxiliar – prestar qualquer
tipo de ajuda. (fonte: Nucci, Leis penais, 2006, RT, pg. 780)
582
30) O crime de ministrar droga a alguém se admite na modalidade culposa?

Resposta:

Vide questão 02 para evitar repetições.

DESSE PONTO EM DIANTE: RESPOSTAS ELABORADAS POR MAURO CE-


SAR GARCIA PATTINI

31) A prisão por averiguação é abusiva?

Resposta:

Segundo a CF, como direito fundamental e cláusula pétrea do extenso rol do artigo 5,
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamenta-
da de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime
propriamente militar, definidos em lei. Prisão por averiguação é restrição da liberdade
sem flagrante ou sem ordem de autoridade judicial competente, comumente usada du-
rante regime militar, sendo que atualmente configura ato ilegal e crime de abuso de au-
toridade. Nada impede, entretanto, a condução coercitiva para esclarecimentos (supre-
macia do interesse público sobre o privado e poder de polícia), mas sem que se forme
título de restrição da liberdade pessoal.

32) O art. 33 da lei de drogas é um tipo de ação múltipla, neste caso, o MP denuncia pessoa
que segura quantidade significativa de droga, você receberia a denúncia? Pode haver a exten-
são em trazer consigo?

Resposta:

Crimes de ação múltipla ou conteúdo variado são aqueles em que os elementos nuclea-
res do tipo, ou seja, seus verbos, aparecem mais de uma vez. Dentre as condutas presen-
tes, encontram-se ―ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar‖. A mera condu-
ta de segurar, que se assemelha a ter posse, um contato físico com a droga, por si só não
caracterizaria crime de tráfico, sem mais elementos que demonstrem dolo de tráfico.
Tráfico do artigo 33 não se compatibiliza com dolo eventual ou conduta culposa de ne-
gligência na posse de coisa escusa. Mas a posse de ―quantidade significativa‖ de droga,
posta na pergunta, demonstra indício de que pessoa tinha conhecimento da existência do
crime.

583
11.4.1.2. Questões do TRF2

11.4.1.3. Questões do TRF3


1) Entre o 273 do CP e o 33 da L.11343 há especialidade?

Resposta:

O crime do artigo 273 do CP trata dos crimes de Falsificação, corrupção, adulteração ou


alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais. Em norma explicativa,
diz o parágrafo 1 que § 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo
os medicamentos, as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os sa-
neantes e os de uso em diagnóstico. Todavia, o objeto material do tráfico são aqueles
descritos no artigo 1 da lei 11343, parágrafo único: Para fins desta Lei, consideram-se
como drogas as substâncias ou os produtos capazes de causar dependência, assim es-
pecificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder
Executivo da União. Como resultado, não parece ser especialidade, pois os objetos são
distintos (nada encontrei Nucci e Mirabete). Mas o STJ entende aplicação similar quan-
to à competência internacional: 1. É da competência da Justiça Federal o julgamento
do crime previsto no artigo 273, § 1º-B, incisos I e V, do Código Penal, sempre que
estiver caracterizada a internacionalidade do delito. CC 115536 / SP 2011.

2) O crime do art. 34 é subsidiário do crime do art. 33 da lei de drogas? Nesse caso há absorção
ou concurso material?

Resposta:

O artigo 34 trata do crime de maquinário (Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, ofere-


cer, vender, distribuir, entregar a qualquer título, possuir, guardar ou fornecer, ainda que
gratuitamente, maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à fabri-
cação, preparação, produção ou transformação de drogas, sem autorização ou em desa-
cordo com determinação legal ou regulamentar). Embora haja tese defensiva de que se
trata de crime antecedente impunível pelo princípio da consunção (conflito aparente de
normas), prevalece entendimento de crimes autônomos, concurso material de crimes.
STJ: III. Os delitos tipificados no art. 33, § 1º, inciso I e art. 34 são autônomos em rela-
ção ao crime do art. 33, caput, todos da Lei nº 11.343/06. HC 179744 / SP 12/04/2011.

3) As condutas tipificadas no art. 33 da lei de Drogas são todas hediondas?

Resposta:

584
Não, apenas as condutas do artigo 33 caput; artigo 33 parágrafo 1; artigo 34 (tráfico de
maquinário) e artigo 36 (Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes
previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei).

11.4.1.4. Questões do TRF4

11.4.1.5. Questões do TRF5


1) No caso do crime de tráfico, é possível a substituição da pena privativa por privativa de di-
reitos?

Resposta:

Assunto polêmico! No texto ordinário da lei 11343, havia vedação expressa nesse senti-
do (artigo 22 parágrafo 4). Contudo, essa vedação foi declarada inconstitucional pelo
STF, sendo que o ―leading case‖ tem os seguintes pontos principais: 2. No momento
sentencial da dosimetria da pena, o juiz sentenciante se movimenta com ineliminável
discricionariedade entre aplicar a pena de privação ou de restrição da liberdade do
condenado e uma outra que já não tenha por objeto esse bem jurídico maior da liber-
dade física do sentenciado. Pelo que é vedado subtrair da instância julgadora a possi-
bilidade de se movimentar com certa discricionariedade nos quadrantes da alternativi-
dade sancionatória. 3. As penas restritivas de direitos são, em essência, uma alternati-
va aos efeitos certamente traumáticos, estigmatizantes e onerosos do cárcere. a pena
privativa de liberdade corporal não é a única a cumprir a função retributivo-
ressocializadora ou restritivo-preventiva da sanção penal. As demais penas também são
vocacionadas para esse geminado papel da retribuição-prevenção-ressocialização, e
ninguém melhor do que o juiz natural da causa para saber, no caso concreto, qual o
tipo alternativo de reprimenda é suficiente para castigar e, ao mesmo tempo, recuperar
socialmente o apenado, prevenindo comportamentos do gênero. HC 97256 2010.

11.5. Direito Previdenciário

11.5.1. Previdência Social: Órgãos, Regimes, Segurados, Beneficiários E


Inscrições. Leis Ns. 8.212/91 E 8.213/91

11.5.1.1. Questões do TRF1


1) O sistema previdenciário brasileiro é formado por quais regimes?

Resposta:

585
Regime próprio de previdência social dos servidores públicos (RPSP) do artigo 40 da
CF, sendo que pode ser da União, dos Estados e do DF, dos municípios (se não houver,
como não há na grande maioria, aplicação do RGPS) e dos Militares; Regime Geral de
Previdência Social do artigo 201 da CF, aplicáveis aos trabalhadores da iniciativa priva-
da em geral; regimes previdenciários complementares do RGPS e do RPSP.

2) Quanto ao sistema de inclusão previdenciária, quais foram os trabalhadores beneficiados


neste sistema?

Resposta:

Veio tal sistema ser incluído pela EC 47/2005, que acrescentou parágrafo 12 ao artigo
201, que trata do RGPS. Visa ao trabalhador baixa renda e doméstica de família baixa
renda, assegurando benefício no valor de 01 SM. O objetivo principal é trazer ao siste-
ma previdenciário o segurado baixa renda, para que ele contribua e passe a gozar dos
benefícios previdenciários (lembrar que saúde e assistência social eles têm direito, inde-
pendentemente de contribuição). § 12. Lei disporá sobre sistema especial de inclusão
previdenciária para atender a trabalhadores de baixa renda e àqueles sem renda pró-
pria que se dediquem exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua resi-
dência, desde que pertencentes a famílias de baixa renda, garantindo-lhes acesso a
benefícios de valor igual a um salário-mínimo. (Redação dada pela Emenda Constitu-
cional nº 47, de 2005); § 13. O sistema especial de inclusão previdenciária de que trata
o § 12 deste artigo terá alíquotas e carências inferiores às vigentes para os demais se-
gurados do regime geral de previdência social. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 47, de 2005).

3) Quais são os segurados para efeitos de inscrição no sistema geral de previdência?

Resposta:

Os segurados dividem-se em segurados obrigatórios (são aqueles que exercem atividade


remunerada e se dividem em empregado, empregado doméstico, contribuinte individual,
trabalhador avulso e segurado especial); segurados facultativos (são aqueles que, mes-
mo sem exercício de atividade remunerada, contribuem ao RGPS como dona de casa,
síndico não remunerado, bolsista, estagiário, estudante).

4) Dê uns três exemplos de segurado facultativo.

Resposta:

586
Existe um artigo do decreto 3048 que trata do segurado facultativo; Art. 11. É segurado
facultativo o maior de dezesseis anos de idade que se filiar ao Regime Geral de Previ-
dência Social, mediante contribuição, na forma do art. 199, desde que não esteja exer-
cendo atividade remunerada que o enquadre como segurado obrigatório da previdência
social. § 1º Podem filiar-se facultativamente, entre outros: I - a dona-de-casa; II - o sín-
dico de condomínio, quando não remunerado; III - o estudante; IV - o brasileiro que
acompanha cônjuge que presta serviço no exterior; V - aquele que deixou de ser segura-
do obrigatório da previdência social; VI - o membro de conselho tutelar de que trata o
art. 132 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, quando não esteja vinculado a qualquer
regime de previdência social; VII - o bolsista e o estagiário que prestam serviços a
empresa de acordo com a Lei nº 6.494, de 1977; VIII - o bolsista que se dedique em
tempo integral a pesquisa, curso de especialização, pós-graduação, mestrado ou douto-
rado, no Brasil ou no exterior, desde que não esteja vinculado a qualquer regime de pre-
vidência social; IX - o presidiário que não exerce atividade remunerada nem esteja vin-
culado a qualquer regime de previdência social; (Redação dada pelo Decreto nº 7.054,
de 2009); X - o brasileiro residente ou domiciliado no exterior, salvo se filiado a regime
previdenciário de país com o qual o Brasil mantenha acordo internacional; e (Redação
dada pelo Decreto nº 7.054, de 2009) XI - o segurado recolhido à prisão sob regime
fechado ou semi-aberto, que, nesta condição, preste serviço, dentro ou fora da unidade
penal, a uma ou mais empresas, com ou sem intermediação da organização carcerária ou
entidade afim, ou que exerce atividade artesanal por conta própria. (Incluído pelo De-
creto nº 7.054, de 2009)

5) A condição de bolsista para fins de segurado facultativo tem que está segurado em lei?

Resposta:

O decreto 3048 é expresso em dizer que o bolsista, na qualidade de segurado facultativo


deve ser regulamentado pela lei: VII - o bolsista e o estagiário que prestam serviços a
empresa de acordo com a Lei nº 6.494, de 1977. Isso porque, caso haja descumprimento
da lei, a classificação correta não seria de segurado facultativo, mas sim obrigatório na
qualidade de empregado. O instituto do estágio não pode ser usado para fins de burla ao
sistema contributivo do RGPS (artigo 201 da CF).

6) O que se entende pelo segurado expatriado?

Resposta:

O segurado expatriado é aquele que exerce atividade fora do Brasil. Pode ser empregado
ou contribuinte individual. É empregado quando é brasileiro ou estrangeiro residente no
territorial nacional, contratado por empresa privada fora do Brasil (deve ser uma empre-
587
sa nacional). É contribuinte individual quando a pessoa é brasileira que exerce atividade
em organismo internacional (Ex: OMS), mas se representar a União, deixa de ser con-
tribuinte individual e será empregado.

7) Se o brasileiro trabalha no exterior, tem um vínculo de trabalho, ele está obrigado a se ins-
crever no sistema previdenciário brasileiro como segurado obrigatório?

Resposta:

Sim, desde que tenha domicílio no Brasil. Nesse sentido, o artigo 12 da lei 8212: Art.
12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: I -
como empregado: c) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil
para trabalhar como empregado em sucursal ou agência de empresa nacional no exteri-
or; f) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar co-
mo empregado em empresa domiciliada no exterior, cuja maioria do capital votante
pertença a empresa brasileira de capital nacional.

8) O que é filiação em termos de previdência? A filiação é compulsória para quem exerce ativi-
dade remunerada?

Resposta:

Filiação não se confunde com mera inscrição. Filiação é vínculo do segurado com a
previdência social, acontece independentemente da vontade do segurado; já inscrição é
para fins de cadastro (segurados e beneficiários), e depende da iniciativa de seus interes-
sados. Para os segurados obrigatórios, que são aqueles que exercem atividade remune-
rada, a inscrição é automática e compulsória, uma vez que as contribuições previdenciá-
rias têm natureza tributária, portanto compulsórias nos termos do artigo 3 do CTN.

9) Quem seriam os segurados?

Resposta:

Segurados são aqueles que têm um vínculo com a previdência social; conforme acima já
respondido, podem ser obrigatórios ou facultativos!

10) O preso pode ser segurado facultativo ou obrigatório?

Resposta:

588
Segundo o artigo 11 do decreto 3048, o presidiário será segurado facultativo, desde que
não exerça atividade renumerada nem esteja vinculado a qualquer regime de previdên-
cia. § 1º Podem filiar-se facultativamente, entre outros: IX - o presidiário que não exer-
ce atividade remunerada nem esteja vinculado a qualquer regime de previdência social;
(Redação dada pelo Decreto nº 7.054, de 2009). Em sentido contrário, podemos inferir 2
situações em que não será segurado facultativo o preso: quando exercer atividade renu-
merada; quando estiver vinculado a um regime de previdência social.

11) Admite-se a cumulação de benefício do regime geral com o regime próprio de previdência?
Exemplo?

Resposta:

A CF é clara ao vedar, de forma expressa, a filiação conjunta de um RPSP (artigo 40) e


RGPS (artigo 201 - § 5º É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na
qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previ-
dência). Dessa forma, como a pessoa não pode contribuir aos 2 regimes como segurado,
é vedado o acúmulo. Contudo, caso os fatos geradores sejam distintos, admite-se a cu-
mulação de benefícios, como receber pensão como professora aposentada pelo Estado
de São Paulo (RPSP artigo 40) e pensão por morte do ex-marido contribuinte individual
(artigo 201).

12) Quais as atribuições do Conselho Nacional de Previdência Social?

Resposta:

Em primeiro plano, cumpre lembrar que a CF garante a gestão quadripartite da seguri-


dade social, com a presença de representantes do governo, trabalhadores, empregadores
e aposentados. O conselho Nacional de previdência Social foi criado pela lei 8213, com
as seguintes atribuições: Art. 4º Compete ao Conselho Nacional de Previdência Social–
CNPS: I - estabelecer diretrizes gerais e apreciar as decisões de políticas aplicáveis à
Previdência Social; II - participar, acompanhar e avaliar sistematicamente a gestão pre-
videnciária; III - apreciar e aprovar os planos e programas da Previdência Social; IV -
apreciar e aprovar as propostas orçamentárias da Previdência Social, antes de sua conso-
lidação na proposta orçamentária da Seguridade Social; V - acompanhar e apreciar, a-
través de relatórios gerenciais por ele definidos, a execução dos planos, programas e
orçamentos no âmbito da Previdência Social; VI - acompanhar a aplicação da legislação
pertinente à Previdência Social; VII - apreciar a prestação de contas anual a ser remetida
ao Tribunal de Contas da União, podendo, se for necessário, contratar auditoria externa;
VIII - estabelecer os valores mínimos em litígio, acima dos quais será exigida a anuên-
cia prévia do Procurador-Geral ou do Presidente do INSS para formalização de desis-
589
tência ou transigência judiciais, conforme o disposto no art. 132; IX - elaborar e aprovar
seu regimento interno.

13) Quem compõe este Conselho Nacional de Previdência Social?

Resposta:

Art. 3º Fica instituído o Conselho Nacional de Previdência Social–CNPS, órgão superi-


or de deliberação colegiada, que terá como membros: I - seis representantes do Governo
Federal; (Redação dada pela Lei nº 8.619, de 1993) II - nove representantes da socieda-
de civil, sendo: (Redação dada pela Lei nº 8.619, de 1993) a) três representantes dos
aposentados e pensionistas; (Redação dada pela Lei nº 8.619, de 1993) b) três represen-
tantes dos trabalhadores em atividade; (Redação dada pela Lei nº 8.619, de 1993) c) três
representantes dos empregadores. (Redação dada pela Lei nº 8.619, de 1993)

14) Se o bacharel em Direito se Inscreve na ordem e é professor universitário, ele está no re-
gime geral. Neste caso pode contribuir como beneficiário facultativo?

Resposta:

O segurado facultativo está relacionado ao exercício de atividades não remuneradas,


para que se permita o gozo dos benefícios e serviços da previdência social. Entretanto, o
exercício de atividade como professor universitário, por ser atividade renumerada, im-
pede sai inscrição como segurado facultativo, seja como professor do RPSP do artigo 40
(pois é vedado de forma expressa pela CF quem tiver regime próprio se inscrever como
facultativo no RGPS do artigo 201), seja como professor em universidades particulares.

11.5.1.2. Questões do TRF2

11.5.1.3. Questões do TRF3

11.5.1.4. Questões do TRF4

11.5.1.5. Questões do TRF5


TRF5 - 2012

01) Segurado especial receber acima do salário mínimo, é possível?

590
Resposta:

Segurado especial é aquele que contribuiu sobre o montante de suas atividades econô-
micas, nos termos do parágrafo 8 do artigo 195 da CF: § 8º O produtor, o parceiro, o
meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônju-
ges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados
permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alí-
quota sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos
termos da lei. O artigo 39 da lei 8213 é claro ao dizer que a regra é recebimento de be-
nefícios restritos no valor de 01 SM (I - de aposentadoria por idade ou por invalidez, de
auxílio-doença, de auxílio-reclusão ou de pensão, no valor de 1 (um) salário mínimo,
desde que comprove o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no
período, imediatamente anterior ao requerimento do benefício, igual ao número de me-
ses correspondentes à carência do benefício requerido). Entretanto, para receberem
acima de 01 SM, devem contribuir de forma aditiva e facultativa, segundo Marina Vas-
quez: se não quiserem receber seu benefício no valor mínimo, ou se quiserem receber
todos os benefícios da previdência social, podem contribuir facultativamente, sendo que
esta será igual ao do contribuinte individual.

02) Qual a diferença entre inscrição e filiação ao RGPS?

Resposta:

A filiação é a formação do vínculo entre o segurado e a previdência social; já inscrição é


para fins cadastrais, ou seja, apresentação de documentação e arquivos perante o órgão
da previdência social.

03) Pode haver filiação sem inscrição?

Resposta:

Sim, é possível que a filiação seja feita sem a devida inscrição, uma vez que o mero
vínculo com a previdência social independe de formalização via inscrição. O exemplo
mais comum é dos segurados obrigatórios, onde a filiação vem antes da inscrição (filia-
ção se dá com exercício da atividade econômica).

04) Inscrição pode ocorrer antes da filiação?

Resposta:

De forma excepcional, o segurado facultativo, cuja inscrição ocorre antes da filiação.


591
05) É necessária a inscrição dos dependentes ou apenas dos segurados?

Resposta:

Em tese, é desnecessária a inscrição dos dependentes, uma vez que seu rol está devida-
mente expresso em lei, sendo que a inscrição tem fins meramente cadastrais, documen-
tais. Entretanto, nada impede que o segurado faça a inscrição dos dependentes, ou estes
próprios assim o façam, o que apenas facilitará a auxiliará caso tenham direito ao rece-
bimento dos benefícios. Só que mais uma vez se frise: o simples fato do dependente não
estar inscrito não o faz perder direito ao benefício ou serviço da previdência social.

06) O que se entende por período de graça?

Resposta:

Trata-se do período em que, mesmo sem haver a devida contribuição por parte do segu-
rado, não perde este essa situação perante a previdência social. É o lapso temporal em
que, mesmo havendo interrupção das contribuições, o segurado permanece protegido
pela previdência social.

07) Pode ser concedido auxílio acidente durante o período de graça? E salário maternidade?

Resposta:

Em tese, durante o período de graça, o segurado se mantém devidamente vinculado ao


sistema previdenciário, sendo que pode normalmente pedir os benefícios, desde que
completados os requisitos legais. Ao auxílio-acidente, a redação original do artigo 104,
parágrafo 7 do decreto 3048 vedava sua concessão ao desempregado, mas como houve
alteração, parece não haver mais óbices, inclusive porque o benefício abrange acidente
de qualquer natureza: § 7o Cabe a concessão de auxílio-acidente oriundo de acidente
de qualquer natureza ocorrido durante o período de manutenção da qualidade de segu-
rado, desde que atendidas às condições inerentes à espécie. (Redação dada pelo Decre-
to nº 6.722, de 2008). Ao salário-maternidade, também será devido, uma vez que pre-
sente a qualidade de segurada, sendo que não prosperou na jurisprudência a interpreta-
ção de que salário-maternidade seria devido apenas às seguradas que tivessem vertido
contribuição no mês imediatamente anterior à aquisição do direito. O artigo 97 do de-
creto 3048 trata do tema, sendo que em sua redação original exigia a manutenção da
relação de emprego: Art. 97. O salário-maternidade da segurada empregada será de-
vido pela previdência social enquanto existir relação de emprego, observadas as regras
quanto ao pagamento desse benefício pela empresa. (Redação dada pelo Decreto nº
592
6.122, de 2007) Parágrafo único. Durante o período de graça a que se refere o art. 13,
a segurada desempregada fará jus ao recebimento do salário-maternidade nos casos de
demissão antes da gravidez, ou, durante a gestação, nas hipóteses de dispensa por justa
causa ou a pedido, situações em que o benefício será pago diretamente pela previdên-
cia social. (Incluído pelo Decreto nº 6.122, de 2007)

08) Perde a qualidade de segurado o segurado especial que trabalha em regime de economia
familiar e contrata empregado?

Resposta:

Após muitas discussões na jurisprudência, com sucessivas derrotas da AGU e do INSS,


houve alteração legislativa pontual sobre o tema, sendo que, o auxílio de empregados,
desde que não permanente e com limitação de tempo durante o ano, não ocorrerá a per-
da da qualidade de segurado especial: VII – como segurado especial: a pessoa física
residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele que, indivi-
dualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de
terceiros, na condição de: (Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008). A lei tentou tra-
zer balizas objetivas à aplicação do direito ao caso concreto: § 7o O grupo familiar po-
derá utilizar-se de empregados contratados por prazo determinado ou de trabalhador
de que trata a alínea g do inciso V do caput deste artigo, em épocas de safra, à razão
de, no máximo, 120 (cento e vinte) pessoas/dia no ano civil, em períodos corridos ou
intercalados ou, ainda, por tempo equivalente em horas de trabalho. (Incluído pela Lei
nº 11.718, de 2008)

09) E se durante o ano civil ele contratou 120 empregados, ele perde a qualidade de segurado?

Resposta:

Conforme a lei, a utilização de 120 empregados por ano é um com parâmetro de desca-
racterização da qualidade de segurado especial: § 7o O grupo familiar poderá utilizar-
se de empregados contratados por prazo determinado ou de trabalhador de que trata a
alínea g do inciso V do caput deste artigo, em épocas de safra, à razão de, no máximo,
120 (cento e vinte) pessoas/dia no ano civil, em períodos corridos ou intercalados ou,
ainda, por tempo equivalente em horas de trabalho. (Incluído pela Lei nº 11.718, de
2008)

593
11.6. Direito Civil

11.6.1. Da Propriedade. Propriedade E Domínio

11.6.1.1. Questões do TRF1


1) Qual seria o conceito clássico de propriedade resolúvel?

Resposta:

A propriedade é o mais completo e complexo dos direitos reais, que serve como base
aos demais previstos no artigo 1225 do CC, sendo que abrange usar, gozar, dispor e
reaver. Como regra, a liberdade é perpétua, não se extingue por seu não uso, mas so-
mente com incidência de outro direito real. Entretanto, surge a propriedade resolúvel no
artigo 1359 do CC, nos casos de termo ou condição resolutiva. São exemplos o fidei-
comisso, a retrovenda, doação com cláusula de reversão, compra e venda com reserva
de domínio, venda a contento, doação com encargo.

2) Quais as formas no direito brasileiro de aquisição da propriedade imobiliária?

Resposta:

Como o Brasil adota o sistema germânico, em que se distingue a relação obrigacional


do direito real, a forma mais destacada de aquisição da propriedade imóvel é com o re-
gistro. Ao lado deste, há outros como a usucapião, a acessão (aluvião, avulsão, abando-
no de álveo e formação de ilhas, plantações, construções).

3) O registro é o mais importante, por quê? Exemplos de tipo de aquisição de propriedade


imobiliária através do registro?

Resposta:

O registro é a forma mais importante de aquisição de propriedade imobiliária devido ao


princípio da publicidade, que garante uma presunção relativa e potencial de todos os
interessados em possibilitar informações sobre o bem imóvel. Portanto é tido como fon-
te de segurança jurídica e ganha proteção no direito brasileiro. Exemplo o registro de
escritura de bem imóvel no cartório de registro de imóveis.

4) Dê exemplo de acessão? Qual a diferença entre uma benfeitoria e uma acessão? Tem uma
palavra que expressa bem o sentido de benfeitoria, qual é esta palavra?

594
Resposta:

A benfeitoria é bem acessório, posto junto ao bem principal, com a finalidade de con-
servação (benfeitorias necessárias), melhorias (benfeitorias úteis) e embelezamento ou
deleite (benfeitorias voluptuárias). Somente serão benfeitorias aquilo que tiver como
origem o trabalho ou atuação do homem. Já acessão é forma de aquisição da proprieda-
de móvel por força de aderência, sendo que tudo que se aderir ao bem principal passa a
pertencer ao dono deste, a poder ser por vontade humana ou por força da natureza. Pa-
lavra que expressa benfeitoria talvez seja a acessoriedade.

5) Existem outros tipos de propriedade que não sejam de direito real? Qual a definição de pro-
priedade? O dinheiro real é propriedade?

Resposta:

Sim, existem direitos de propriedade que não se referem aos direitos reais, pois estes
geralmente se referem aos bens corpóreos. Os direitos intelectuais, protegidos pela CF e
de natureza imateriais, também são direitos de propriedade. A propriedade é o mais
completo dos direitos reais, que abarca uso, gozo, disposição e reaver. No que toca ao
dinheiro, a posse do papel moeda é de representação de um crédito, por força legal.

6) Escritura de compra e venda e uma formal de partilha de herança, ambos tem de ser regis-
trados, mas qual a diferença destes registros? E no formal de partilha?

Resposta:

A diferença dos registros de uma compra e venda de um formal de partilha trata da efi-
cácia e natureza do ato. A escritura de compra e venda tem natureza constitutiva, de
criação de direito, e portanto com efeitos ex nunc; já formal de partilha, em razão do
princípio da saisine, onde posse e propriedade são adquiridas com a abertura da suces-
são (a partir da morte), tem natureza declaratória e retroage a partir do óbito.

7) O que é uma avulsão?

Resposta:

Avulsão é forma de aquisição da propriedade imóvel, espécie do gênero acessão. É a


perda de grande porção de terra, por força da natureza e de forma abrupta, sendo que o
prazo decadencial de pedir de volta será de 01 ano; já o titular tem opção de escolher
entre devolução ou de indenização do terreno deslocado (trata-se de um direito subjetivo
de escolha).
595
8) O que seria o direito de propriedade?

Resposta:

Direito de propriedade é o mais completo dos direitos reais, que abrange os poderes de
usar, gozar, dispor e reaver o bem. Está previsto no artigo 1228 do CC: Art. 1.228. O
proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do
poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.

9) Em matéria de propriedade corpórea imobiliária faz-se distinção entre o título de aquisição


e o modo de adquirir, fale sobre?

Resposta:

Achei a pergunta bem truncada, mas creio que examinador se refira às formas de aquisi-
ção originária e derivada. Em casos de formas originárias de aquisição de propriedade, o
título de aquisição independe da vontade do antigo proprietário o que impede máculas
possessórias anteriores e aniquila direitos reais de garantia que sobre a coisa pairavam.
A aquisição se dará sem o encontro de vontades, mas simplesmente pela lei, pela vonta-
de unilateral (desapropriação) ou judicial (desapropriação litigiosa).

10) O registro imobiliário da compra e venda de um imóvel é feita como um formal de partilha
quando existe bens imóveis, qual o efeito dos registros quanto aos efeitos constitutivos do
contrato? Tem um artigo, princípio da saisine, o resgistro não pode ser constitutivo e sim de-
claratório, para fins de publicidade.

Resposta:

Nos casos de contratos de compra a venda, seus efeitos são constitutivos, com efeitos ex
nunc, não retroativos; já para saisine, onde posse e propriedade são adquiras a partir da
morte, o registro serve para fins de controle de publicidade e controle de algo que já
aconteceu, com efeitos declaratórios e retroativos.

11) o que é uma aluvião?

Resposta:

Aluvião é forma de aquisição da propriedade imóvel, sendo espécie do gênero acessão.


Trata-se de aquisição de terreno de forma lenta e natural, quase imperceptível, que só

596
ganha destaque com passagem do tempo. Existe aluvião própria (acréscimo paulatino de
terras deixadas pelos rios) e aluvião imprópria (parte do álveo se descobre pelo afasta-
mento das águas correntes).

12) O que é uma propriedade fiduciária? Dê-me um exemplo. Como se dar a alienação fiduciá-
ria de automóvel? É a regra? Como se adquire a propriedade móvel? E porque não pode se
transferir o automóvel apenas por simples tradição?

Resposta:

Fidúcia significa confiança; o credor fiduciário adquire um bem, tem sua propriedade e
posse indireta, mas o repassa ao devedor. Este, com a posse direta, ao terminar de cum-
prir suas obrigações, adquire a propriedade. Pode recair sobre bens móveis ou imóveis.
A alienação fiduciária de imóvel é empréstimo de dinheiro pela instituição financeira ao
devedor, que compra o bem a o transfere ao banco a propriedade, mas mantém a posse
direta, sendo necessário devido registro no órgão competente para ciência de terceiros.
A propriedade móvel geralmente se adquire pela tradição, mas não nesse caso, pois é
necessário o registro no órgão competente pelo controle de carros.

13) Na alienação fiduciária o que representa o chamado excesso de meio?

Resposta:

Sinceramente, não encontrei nada. Contudo, numa resposta tentaria sair pela alternativa
bem colocada pelos colegas Jucélio e Alessandro: boa-fé objetiva e seus consectários no
contrato de alienação fiduciária (supressio, surrectio, tu toque, venire contra fato prór-
pio); teoria do adimplemento substancial ou ―substancial performance‖(o inadimple-
mento de algumas poucas parcelas não pode ensejar a rescisão de todo o contrato); abu-
so de direito ao manejo da ação de busca e apreensão.

14) Como o senhor me define o direito de propriedade? Tese de doutorado do Des. Olindo
Menezes.

Resposta:

Direito de propriedade é o mais completo dos direitos reais, que abrange os poderes de
usar, gozar, dispor e reaver o bem. Está previsto no artigo 1228 do CC: Art. 1.228. O
proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do
poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.

597
15) Em face do direito brasileiro, formas de aquisição da propriedade imobiliária. Existe dife-
rença de efeitos com relação ao registro do formal de partilha e do registro do contrato de
compra e venda?

Resposta:

A forma mais destacada de aquisição da propriedade imóvel é com o registro. Ao lado


deste, há outros como a usucapião, a acessão (aluvião, avulsão, abandono de álveo e
formação de ilhas, plantações, construções). Nos casos de contratos de compra a venda,
seus efeitos são constitutivos, com efeitos ex nunc, não retroativos; já para saisine, onde
posse e propriedade são adquiras a partir da morte, o registro serve para fins de controle
de publicidade e controle de algo que já aconteceu, com efeitos declaratórios e retroati-
vos.

11.6.1.2. Questões do TRF2


1) O bem de família pode ser invocado por solteiro?

Resposta:

Questão objeto de polêmica e com dois posicionamentos. Num primeiro sentido, não
seria possível tal proteção, uma vez que o conceito de família, segundo a Constituição
da República, seria apenas aquela formada pelo homem e mulher, ou ainda apenas um
deles com a prole (família monoparental). Entretanto, cristalizou-se entendimento no
STJ de que, na verdade, a proteção não é apenas da família, mas da dignidade da pessoa
humana, o que abrange também a pessoa que vive só. Como resultado, foi editada sú-
mula 364 sobre o assunto: O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange
também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas.

2) O Estatuto da Terra faz uma diferenciação entre imóvel rústico ou urbano. Qual a diferença?
Essa diferença é a mesma feita fora do campo de aplicação do Estatuto da Terra? na usucapião
urbana e rural?

Resposta:

Existem 2 critérios quanto à classificação aos bens imóveis como rústicos ou urbanos: o
critério da localização (localizados dentro ou fora dos limites urbanos delineados pelos
municípios); o critério finalístico (usa-se a destinação econômica do bem). O Estatuto
da terra adota este último: I - "Imóvel Rural", o prédio rústico, de área contínua qual-
quer que seja a sua localização que se destina à exploração extrativa agrícola, pecuá-
ria ou agro-industrial, quer através de planos públicos de valorização, quer através de
iniciativa privada – artigo 4 I. A mesma discussão se trava quanto ao conceito de bem
imóvel rural para fins de fato gerador do Imposto Territorial Rural no CTN, que em seu
598
artigo 29 adota critério da localização: Art. 29. O imposto, de competência da União,
sobre a propriedade territorial rural tem como fato gerador a propriedade, o domínio
útil ou a posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil, localização fora da
zona urbana do Município. Na usucapião especial, que pode ser urbana ou rural, tam-
bém existe discussão, uma vez que o texto constitucional não adota um critério específi-
co.

11.6.1.3. Questões do TRF3


1) O que se pretende dizer com a expressão “a propriedade obriga”, usada por Santiago Dan-
tas na obra “Direito de Vizinhança”?

Resposta:

No direito romano, a propriedade era vista sem limites, sendo que somente trazia ao seu
titular uma série de benefícios. Contudo, com o Estado Social da 1 metade do século
XX, criaram-se teorias no sentido de que a propriedade não seria absoluta, sendo que
seu exercício deveria vincular e limitar o uso dos seus poderes junto aos interesses de
toda a sociedade. E os direitos de vizinhança, que são obrigações ―propter rem‖, criam
obrigações de fazer e não-fazer aos seus titulares, a não caber mais aquela visão de ape-
nas vantagens sem os devidos ônus em prol de todos.

2) A propriedade é uma relação jurídica ou uma situação jurídica? Se for uma relação jurídica,
quem figura nos pólos?

Resposta:

Existe uma discussão importante sobre a natureza jurídica da posse, se seria um fato ou
um direito. Em relação à propriedade, esta se trata de uma relação jurídica, onde seu
titular goza dos consectários de usar, gozar, dispor e reaver (o que não deixa de ser uma
situação jurídica, uma vez que tem a devida chancela do direito). Um dos princípios dos
direitos reais é o caráter absoluto, não no sentido de exercício ilimitado dos poderes,
mas sim de que podem ser exercidos contra toda a coletividade, numa natureza de abs-
tenção desta. Portanto, os polos são de um lado o titular do direito real de propriedade, e
de outro todos da coletividade.

3) O que se entende por situação jurídica?

Resposta:

599
A pergunta parece ser bem aberta, mas no sentido de ―apertar‖ o candidato na prova oral
e observar sua reação. Situação jurídica é a situação social devidamente tutelada e am-
parada pelo ordenamento jurídico. A noção moderna de situação jurídica é de conceito
genérico, capaz de compreender toda e qualquer situação da vida social regulada pelo
direito, o que nem sempre configura relação jurídica em sentido estrito, mas algo que
se põe no mundo dos fatos, isto é, na ordem de concreção e no plano da eficácia. A si-
tuação jurídica divide-se em duas modalidades: 1) Situação jurídica uniposicional,
inerentes aos direitos absolutos, como os reais; 2) Situação jurídica relacional, exclusi-
vas dos direitos relativos, como os de créditos.

4) Como se compatibiliza a perpetuidade do direito de propriedade com a propriedade resolú-


vel?

Resposta:

A perpetuidade, como característica dos direitos reais, significa que o seu não uso ou
abstenção não acarretarão a perda do direito; os direito reais somente se perdem com
exercício de outro direito real, ou seja, com aquisição de outro titular. A propriedade
resolúvel, tida assim por força de termo ou condição, é compatível com o princípio da
perpetuidade, uma vez que a própria temporariedade do exercício do direito, nesses ca-
sos, é intrínseca ao negócio jurídico e de conhecimento e anuência das partes. É um
próprio elemento interno do direito de propriedade que determina sua resolutividade.

5) Cite exemplos de propriedade resolúvel.

Resposta:

Fideicomisso, a retrovenda, doação com cláusula de reversão, compra e venda com re-
serva de domínio, venda a contento, doação com encargo.

6) O leasing e o fideicomisso são exemplos de propriedade resolúvel?

Resposta:

O fideicomisso é exemplo de propriedade resolúvel, onde por força testamentário, um


herdeiro recebe um bem, mas depois é obrigado a transmitir esse mesmo bem a terceira
pessoa. Não acho muito seguro dizer que o leasing (arrendamento mercantil) seria sem-
pre caso de propriedade resolúvel, uma vez que ao final do contrato não há automatica-
mente a resolução do contrato como acontece na alienação fiduciária, por exemplo, mas
sim o exercício de opção de compra. O arrendante tem como direito o exercício de uma
600
propriedade resolúvel do bem, mas desde que haja o exercício do direito pelo arrendatá-
rio nesse sentido.

7) Qual a natureza jurídica do direito de retenção? Pessoal ou real?

Resposta:

Os direitos reais são taxativos, ou seja, somente os são aqueles previstos de forma ex-
pressa na lei. Contudo, o rol do artigo 1225 do CC não é taxativo, pois existem outros
direitos reais previstos em lei, sendo que um deles é justamente o direito de retenção
(possuidor de boa-fé nos casos de benfeitorias úteis e necessárias realizadas no bem).

8) Pode haver penhora do bem objeto do direito de retenção? Como ficam os direitos do re-
tentor? Ele os pode exercer contra terceiros?

Resposta:

Não consegui entender bem a pergunta, mas ao que parece se trata de possuidor de boa-
fé exerce direito de retenção, sendo que a dívida da penhora é sobre o verdadeiro pro-
prietário do bem. Nesse caso, o direito de retenção tem natureza real, com característica
de ser absoluto ou erga omnes. Portanto, pode o retentor fazer a devida retenção até que
seja devidamente ressarcido dos valores que despendeu, inclusive contra terceiros.

11.6.1.4. Questões do TRF4

DESSE PONTO EM DIANTE: RESPOSTAS ELABORADAS POR PAULO MÁ-


XIMO DE CASTRO CABACINHA

11.6.1.5. Questões do TRF5


1) Propriedade: Discorra sobre a elasticidade do direito de propriedade.

Resposta:

O direito de propriedade, nos termos do art. 1.228 do Código Civil é formado dos pode-
res de usar, gozar, dispor e reivindicar. A mitigação de um dos poderes do domínio
(como atribuir o direito de uso ou usufruto do bem a terceiro) não retira de seu titular o
direito de propriedade. Daí afirmar-se que a elasticidade é uma característica da propri-
edade em virtude da qual ela é suscetível de reduzir-se a certo mínimo, ou de alcançar
um máximo, sem deixar de ser propriedade. O grau máximo de elasticidade é a proprie-
dade plena ou alodial (CC, art. 1.231) em que há a concentração de todas as parcelas do
601
domínio com o proprietário. Exemplo de grau mínimo de elasticidade se dá na falência
em que o falido perde os direitos de usar, gozar, dispor ou reivindicar os bens arrecada-
dos pela massa falida, mas não deixa de ser proprietário.

2) Quem é dono do solo é dono de céu e do subsolo?

Resposta:

Nos termos do art. 1.229 do Código Civil, a propriedade do solo tem limites superiores
e inferiores. Adota-se o princípio da razoabilidade para aferir a extensão vertical, seja
superior ou inferior, do direito de propriedade do solo.

Observa-se ainda, quanto ao subsolo que a Constituição em seu art. 20 prevê ser de pro-
priedade da União os recursos naturais, as cavidades subterrâneas e os sítios arqueológi-
cos pré-históricos. Nesse cão a CF limitou a propriedade do solo não quanto à profun-
didade, mas sim quanto aos elementos contidos no subsolo, que pertencem à União e
não suscetíveis de exploração sem sua concessão.

Por fim, quanto aos limites superiores, o art. 178 traz a previsão de tutela do transporte
aeroviário, e os arts. 43 a 46 do Código Brasileiro de Aeronáutica dispõem sobre as res-
trições especiais das propriedades vizinhas a aeródromos e instalações que permitam a
navegação aérea.

3) Discorra sobre as forma de aquisição da propriedade mobiliária.

Resposta:

Os modos de aquisição originária da propriedade mobiliária são: ocupação, achado de


tesouro, especificação, confusão, comistão, adjunção, usucapião. Já a tradição é modo
derivado da propriedade.

Pela ocupação alguém se apropria de coisa sem dono, seja porque nunca foram apropri-
adas (res nullius), seja porque foram abandonadas por seus donos (res derelictae).

Tesouro é a o depósito antigo de moedas ou coisas preciosas enterradas ou ocultas, cujo


dono é desconhecido. Se a propriedade puder ser justificada pro qualquer titular, não há
tesouro. Para a aquisição da propriedade é insuficiente que a pessoa descubra o tesouro,
devendo ele achá-lo logo, uma coisa é saber da existência do tesouro em um local defi-
nido, outra é dele se apoderar.

Pela especificação há a transformação de matéria-prima em espécie nova por meio de


trabalho o especificador. Nesse caso a espécie nova não poderá retornar ao estado primi-
tivo. Se a matéria-prima pertencer ao especificador, dele será a titularidade do bem es-
pecificado. O mesmo acontecerá se parte da matéria-prima lhe pertencer, sendo o espe-
cificador de boa-fé (subjetiva). Havendo má-fé, se o preço da espécie nova exceder con-
602
sideravelmente o valor da matéria-prima, será a coisa nova do especificador, apenas
indenizando o dono daquela por seu valor.

Pela comistão, confusão e adjunção há a mescla intencional de coisas de propriedade


diversos, sem a possibilidade de separação. Pela comistão, há a mistura de coisas sóli-
das; pela confusão a mistura de coisas líquidas; e pela adjunção a justaposição de uma
coisa sólida a outra. Essas espécies diferenciam-se da especificação, pois nesses casos
não há a criação de espécie nova. Sendo definitiva a mescla, em regra, a propriedade da
coisa indivisível será dono do bem principal, considerando-se essa a de maior valor ou
importância, em razão do volume superior. Assim será indenizado o outro dono. Se uma
das coisas não puder ser considerada principal, seja por valor ou volume, incidirá um
condomínio forçado, sendo certo que cada um dos donos terá quinhão proporcional ao
valor da coisa no estado originário.

Em relação a usucapião, essa será ordinária quando decorrente de posse mansa e pacífi-
ca, ininterruptamente e sem oposição, durante três anos, exercida com animus domini,
justo título e boa-fé. Será extraordinária, exigindo posse ininterrupta a pacífica com a-
nimus domini pelo decurso do prazo de cinco anos, se dispensado a aferição do justo
título e boa-fé.

Pela tradição há aquisição derivada da propriedade mobiliária, consistindo na entrega de


bem móvel pelo transmitente ao adquirente, com a intenção de transferi-lhe a proprie-
dade, em razão de título translativo oriundo de negócio jurídico. A tradição pode ser:
real, consistindo na efetiva entrega material da coisa ao adquirente; simbólica: que o ato
representativo de transferência, em que a entrega não é real, substituindo-se por coisa
equivalente; e consensual ou ficta: que resulta de acordo de vontade dos interessados,
por aposições de cláusulas contratuais, sem qualquer alteração no mundo dos fatos. Se
apresenta por meio do constituto possessório (o proprietário de um bem aliena a coisa a
outra, mas continua com o possuidor direto) e na tradição brevi manu (aquele que pos-
suía o bem móvel em nome alheio passa a possuí-lo como proprietário, sem que se veri-
fique a tradição material da coisa).

4) Atualmente há no direito brasileiro balizamento do direito de propriedade no solo e no


espaço aéreo?

Resposta:

O balizamento do direito de propriedade em sua extensão vertical (seja superior ou infe-


rior) é o aproveitamento útil da coisa, através do princípio da razoabilidade.

5) Propriedade e domínio são equivalentes?

603
Resposta:

A propriedade é um direito complexo, que se instrumentaliza pelo domínio, possibili-


tando seu titular o exercício de um feixe de atributos (usar, gozar, dispor e reivindicar)
sobre a coisa que lhe serve de objeto.

O direito de propriedade concerne à relação jurídica complexa que se forma entre aque-
le que detém a titularidade formal do bem (proprietário) e a coletividade de pessoas. O
objeto da relação jurídica é o dever geral de abstenção, que consiste na necessidade de
os não proprietários respeitarem o exercício da situação de ingerência econômica do
titular sobre a coisa.

O domínio, por sua vez, repousa na relação material de submissão direta e imediata da
coisa ao poder de seu titular, mediante o senhorio, pelo exercício das faculdades de uso,
gozo e disposição.

Somente na propriedade plena ou alodial é que o direito de propriedade e todos os pode-


res do domínio se concentram em uma só pessoa.

6) Discorra sobre os elementos para se considerar o abandono como perda da propriedade.

Resposta:

Abandono (derrelicção ou derelição) é a forma de perda do direito pelo desinteresse do


titular quanto ao cuidado para com o objeto sobre o qual repousa o seu direito, é um
modo de perda de um direito, que pode ser objetiva ou subjetiva. Será subjetiva a perda
se a coisa, apesar de abandonada, não perece e é assenhorada por outro sujeito que passa
a ter direito sobre ela, agora por aquisição originária, como no caso de usucapião; será
objetiva a perda se de seu abandono resultar a deterioração do objeto e a extinção pura e
simples do direito, por perecimento ulterior da coisa.

O abandono deve resultar de atos exteriores que atestem a manifesta intenção de aban-
donar. A manifestação de vontade de quem abandona não é receptícia, pois não se dirige
a outra pessoa, prescinde-se de outra manifestação de vontade para que o negócio jurí-
dico exista e cumpra a sua função.

No caso de bens móveis o abandono presume-se pelas circunstâncias que induzem ao


despojamento conjunto de corpus e animus. No que se refere a bens imóveis o abandono
dispensa a formalidade do registro, contudo, a eficácia da perda da propriedade perante
a coletividade só ocorrerá quando a titularidade no RGI for alterada.

BIBLIOGRAFIA: FARIAS, Cristiano Chaves de, e ROSENVALD, Nelson; Direitos


Reais, 6º ed., Rio de Janeiro: Lumen Juris Editora, 2009. NERY JR., Nelson e NERY,

604
Rosa Maria de Andrade; Código Civil Comentado, 8ª ed., São Paulo: Editora Revista
dos Tribunais, 2011.

11.7. Direito Empresarial

11.7.1. Estabelecimento Empresarial


11.7.1.1. Questões do TRF1

1) A CF fala que a propriedade tem função social, na rural e na urbana. E na propriedade de


empresa, de ativos, que tem um poder muito grande para o bem ou para o mal, como ficaria a
função social desta propriedade destes ativos? A CF não dá o parâmetro neste caso, ficaria ao
sabor do juiz, quanto à sua visão social?

Resposta:

A Constituição prevê em seu art. 182, § 2º a função social da propriedade urbana e em


seu art. 186 a função social da propriedade rural. A função social da empresa, por sua
vez pode ser inserida na previsão geral do art. 5º, XIII c/c art. 170, III do texto constitu-
cional.

A função social seria capaz de altear a estrutura da propriedade e, ao ser aplicada aos
bens de produção utilizados pela empresa, essa direita respeito aos compromissos e o-
brigações para com os empregados, os consumidores e a comunidade com o um todo,
de forma que o patrimônio de uma empresa não deve estar comprometido apenas com
os interesses do empresário ou dos sócios da sociedade empresária, mas também atender
igualmente aos interesses da coletividade.

Quanto aos parâmetros de aferição do cumprimento da função social, há de se ressaltar


que esta se divide e um dimensão passiva ou negativa, de forma a vedar determinadas
condutas; bem como em uma dimensão positiva ou ativa, impondo a prática de atos ao
proprietário. O Código Civil, ao vedar o abuso de direito (art. 187) e condutas contrárias
à boa-fé objetiva (arts. 113 e 422), quanto a Lei das S/As (Lei nº 6.404/76), como nos
arts. 115 (vedação ao abuso de voto), 116, parágrafo único e 117 (vedação ao abuso do
poder de controle), e 154 (elenca atos vedados aos administradores), devem servir de
parâmetro de aferição pelo juiz, do cumprimento da função social da empresa, em sua
dimensão negativa.

Já no que se refere ao cumprimento da dimensão positiva, a doutrina entende que a dis-


cussão do conteúdo mínimo não é quantitativo, mas sim qualitativo, redimensionado a
propriedade e dirigindo-a à sua compatibilidade com outras situações jurídicas constitu-
cionalmente protegidas. Nesse sentido, também o Código Civil e a Lei das S/As servem
de parâmetro ao impor aos controladores, acionistas e administradores os deveres de
lealdade, transparência, informação e diligência, por exemplo.

605
BIBLIOGRAFIA: FRAZÃO, Ana; Função Social da Empresa – Repercussões sobre a
responsabilidade civil de controladores e administradores de S/As – Rio de Janeiro: Re-
novar, 2011.

2) O que é o aviamento? O aviamento pode ser negociado fora do estabelecimento? O avia-


mento é fundo de comércio?

Resposta:

Aviamento é expressão que significa a aptidão de um determinado estabelecimento para


gerar lucros ao exercente da empresa. Embora não se confunda com clientela, está a ela
intrinsecamente relacionado. Trata-se, pois de uma qualidade do estabelecimento, que
vai influir na sua valoração econômica.

O aviamento é dividido em objetivo (ou real), quando derivado de condições objetivas,


como local do ponto, e subjetivo (ou pessoal), quando derivado de condições subjetivas,
ligadas às qualidade pessoais do empresário.

O aviamento é um atributo do estabelecimento, motivo pelo qual não poderá ser negoci-
ado separadamente deste.

Por fim, fundo de comércio é sinônimo de estabelecimento comercial. Trata-se do o


conjunto de bens materiais e imateriais reunidos e organizados pela empresa para o e-
xercício de sua atividade econômica.

3) Qual a natureza jurídica do estabelecimento comercial?

Resposta:

Das diversas teorias acerca da natureza jurídica do estabelecimento empresarial, desta-


cam-se as teorias universalistas, uma vez que consideram o estabelecimento empresarial
uma universalidade.

Universalidade é um conjunto de elementos que, quando reunidos, podem ser concebi-


dos como coisa unitária, isto é, algo novo e distinto que não representa a mera junção
dos elementos componentes.

A doutrina brasileira majoritária sempre considerou o estabelecimento empresarial uma


universalidade de fato (universitas facti ou universitatis rerum), uma vez que os ele-
mentos que o compõem forma uma coisa unitária exclusivamente em razão da destina-
ção que o empresário lhes dá, e não em virtude de disposição legal.

606
4) O que seria esta universalidade? Como a parte geral do CC chama as universalidades?

Resposta:

Universalidade é um conjunto de elementos que, quando reunidos, podem ser concebi-


dos como coisa unitária, isto é, algo novo e distinto que não representa a mera junção
dos elementos componentes.

Segundo o Código Civil (arts. 90 e 91), distinguem-se a universitas iuris da universitas


facti ou universitatis rerum é o liame que une as coisas componentes de uma e de outra
universalidade. Assim, a universalidade de fato se apresenta como conjunto ligado pelo
entendimento particular; enquanto a universalidade de direito consiste na pluralidade de
coisas corpóreas e incorpóreas, a que a lei, para certos efeitos, atribui o caráter de uni-
dade (como na herança, no patrimônio ou a massa falida).

5) O que seria o trespasse?

Resposta:

O trespasse define-se, pois, como o contrato de compra e venda de estabelecimento em-


presarial através do qual ocorre a transferência de sua titularidade.

O negócio jurídico que tenha por objeto a alienação, em sentido amplo – englobando a
alienação propriamente dita, o arrendamento e o usufruto – do estabelecimento empre-
sarial, que deve ser celebrado por escrito para ter validade, necessita da anuência ex-
pressa ou tácita, dos credores; e para ter eficácia necessita de averbação na inscrição da
empresa na Junta Comercial e ser publicado na imprensa oficial. Tais requisitos são tão
importantes que a lei de falências prevê que a alienação irregular do estabelecimento
empresarial é ato de falência, nos termos do art. 94, III, ―c‖, da Lei 11.101/05.

6) Como ficam as dívidas da empresa no caso de um trespasse?

Resposta:

O Código Civil (art. 1.146) adotou o sistema suíço-germânico, em que se presume que o
contrato translativo de estabelecimento empresarial se refere a todas as coisas, direitos,
acessórios e dívidas, desde que sejam ou possam ser do conhecimento do adquirente.
Nos termos do Código, o devedor primitivo será solidariamente obrigado, junto ao ad-
quirente, pelo prazo de um ano, das dívidas vencidas, e quanto as vincendas, o prazo se
conta da data do vencimento, quando regularmente contabilizadas.

A não transmissibilidade de débitos não contabilizados encontra-se duas exceções, de-


correntes de normas imperativas: contratos de trabalho; e dívidas fiscais.
607
No Brasil, adota-se o sistema da assunção privativa dos débitos trabalhistas pelo suces-
sor, que excluí a responsabilidade do alienante, nos termos dos arts. 10 e 448 da CLT.
Portanto, a sucessão entre empresas, no âmbito trabalhista, é configurada a partir da
transferência da atividade econômica, não sendo necessária a extinção da pessoa jurídi-
ca para a sucessão empresarial.

No que se refere às dívidas fiscais relativas à exploração do estabelecimento, ocorre a


denominada sucessão tributária, pela qual todos os deveres e as faculdades do predeces-
sor são transferidas ao sucessor da obrigação tributária, nos termos do art. 133 do CTN.

Por fim, ressalta-se ainda que a legislação falimentar trouxe importante novidade rela-
cionada ao tema, dispondo em seu art. 141 em que, de regra, o objeto da alienação esta-
rá livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do
devedor, inclusive as de natureza tributária, as derivadas da legislação do trabalho e
as decorrentes de acidentes de trabalho.

7) O que é exceção de retomada em matéria de proteção do estabelecimento? O que seria a


exceção de retomada em face do direito à renovação?

Resposta:

O direito de renovação compulsória não é absoluto. Nesse sentido a Lei nº 8.245/91


estabeleceu alguns casos em que o locatário, mesmo tendo preenchido os requisitos que
lhe asseguram, em tese, o direito inerente ao ponto, não tem assegurado o direito à re-
novação do contrato de aluguel. Nesses casos, previstos na lei, o locador poderá retomar
o imóvel locado, uma vez que o seu direito de propriedade prevalecerá sobre o do pro-
prietário de permanecer no local.

Na ocorrência de uma das hipóteses o locador pode fazer uso da chamada exceção de
retomada, que goza de presunção de sinceridade: presume-se que o fundamento alega-
do para a retomada é verdadeiro, cabendo ao locatário, se quiser impugná-lo, demons-
trar e/ou provar a sua insinceridade.

Alguns doutrinadores entendem que o rol do art. 72 da Lei nº 8.245/91 é apenas exem-
plificativo, na medida em que o direito de propriedade do locador deve ser privilegiado,
prevalecendo sobre os interesses do locatário, porém, qualquer que seja a razão dela
qual o locador não deseja renovar o contrato, ela tem de ser provada ao juiz na ação
renovatória.

8) Existiria estabelecimento virtual?

Resposta:

608
Considerando-se que o conceito de estabelecimento não está vinculado a um lugar espe-
cífico, mas sim ao conjunto de bens organizados para a realização da atividade empresa-
rial, pode ocorrer a hipótese em que um web site seja o instrumento que o empresário em-
prega para exercer sua atividade, configurando-se o estabelecimento virtual.

Este lugar no espaço cibernético, que possui no campo material, um lugar registrado
legalmente como domicílio comercial e fiscal é meramente acessório e formal, entretan-
to, não se desnatura a característica de um verdadeiro estabelecimento, afinal, é ele
quem manifesta a empresa para a clientela internauta.

Ainda que a localidade física não seja somente formal, nela também sendo exercidas
outras atividades empresariais, isso não desqualifica o web site como estabelecimento
virtual autônomo, porquanto, neste caso, haverá dois estabelecimentos que atuam como
instrumento para o exercício da atividade do empresário: um no meio físico e outro no
espaço cibernético.

BIBLIOGRAFIA: PERON, Waine Domingos; Estabelecimento empresarial no espaço


cibernético; São Paulo, 2009; Encontrado em:
<http://www.fadisp.com.br/download/turma _m4/waine_domingos_peron.pdf>.

9) Em matéria de estabelecimento, o alienante pode concorrer com o adquirente?

Resposta:

O art. 1.147 do Código Civil traz a denominada cláusula de não concorrência, não res-
tabelecimento, cláusula de interdição de concorrência ou non-compete clause, em que é
vedado ao alienante a concorrência ao adquirente, no prazo de 5 anos subsequentes à
transferência. Se firmou o entendimento jurisprudencial que na ausência de cláusula
contratual expressa, o alienante tem a obrigação contratual implícita de não fazer con-
corrência ao adquirente do estabelecimento empresarial.

Trata-se de decorrência lógica da aplicação do princípio da boa-fé objetiva às relações


contratuais e encontra respaldo em outros ordenamentos jurídicos estrangeiros

Ressalte-se também que a cláusula de não concorrência é transmissível, seguindo a sorte


do estabelecimento que, ao ser transferido, novamente, a outro adquirente.

10) Em matéria de contrato de shopping Center, que é um aluguel percentual? Como a admi-
nistração do shopping vai fazer a cobrança, se o faturamento da loja é sigiloso?

Resposta:

609
Na relação do espaço em shopping center, a prática consagrou a retribuição devida pelo
lojista ao empreendedor de forma dúplice: por um valor fixo e outro variável, prevale-
cendo o de maior valor apurado em determinado período. Isto é, o lojista, a partir de
determinado montante de faturamento, de lucro ou de vendas, passa a ter o valor de sua
retribuição calculado, sobre um percentual de sua performance; caso, porém, o lojista
não atinja os montantes sobre os quais começa a incidir o cálculo sobre percentual, e
inclusive a fim de evitar a conversão da locação em comodato, deve pagar um valor fixo
mínimo previamente determinado em contrato.

Para a aferição do percentual sobre faturamento ou outra variante é necessário que haja
expressa estipulação contratual nesse sentido, de forma que pessoa indicada pelo em-
preendedor tenha acesso e possa verificar e analisar a receita do lojista. O direito de
fiscalização pelo empreendedor tem de observar alguns primados como observância do
horário de funcionamento do lojista e atuação com discrição, a fim de se evitarem cons-
trangimentos em relação ao lojista.

11) Onde ficam fisicamente as lojas âncoras?

Resposta:

Lojas âncoras são os grandes magazines e que atraem com maior facilidade a clientela
ao empreendimento, beneficiando as pequenas lojas, chamadas de satélites ou magnéti-
cas. Sua localização física deve ser nos shoppings(?) – OBS.: procurei e não achei, mas
na prática é isso.

12) Quanto à aquisição da propriedade, como fica a assunção dos débitos?

Resposta:

Vide questão 6.

13 Em matéria de shopping o que é Res sperata (coisa esperada)?

Resposta:

A res sperata é a quantia inicial paga pelo lojista para assegurar-se da futura posse do espaço
em shopping center que pretende tomar em locação.

Ela não se confunde com a cobrança de luvas. Entende-se por luvas os valores cobrados do
empresário-locatário, isto é, o lojista, para a renovação da locação legalmente protegida. A
cobrança de luvas é proibida nos termos do art. 45 da lei de locações

610
A res sperata, de outra feita, é instituto próprio do sistema mercadológico de participação no
tenant mix de shopping center que não infringe a proibição de luvas, já que se trata de contri-
buição inicial que não afeta o direito de renovação da locação.

14) Qual a natureza jurídica do estabelecimento? O que é uma universalidade de fato e uma
universalidade de direito? Qual a alma disto? É a lei pra a universalidade de direito. Exemplo
de uma universalidade de direito?

Resposta:

Universalidade é um conjunto de elementos que, quando reunidos, podem ser concebi-


dos como coisa unitária, isto é, algo novo e distinto que não representa a mera junção
dos elementos componentes.

A doutrina brasileira majoritária sempre considerou o estabelecimento empresarial uma


universalidade de fato (universitas facti ou universitatis rerum), uma vez que os ele-
mentos que o compõem forma uma coisa unitária exclusivamente em razão da destina-
ção que o empresário lhes dá, e não em virtude de disposição legal.

15) Como se figura a ação renovatória no ponto comercial? Qual o prazo de propositura desta
ação? Este prazo é decadencial ou prescricional?

Resposta:

O meio pelo qual o empresário locatário faz para se valer da renovação compulsória,
para a proteção do ponto de comércio é a ação renovatória. Essa só deve ser assegurada
ao empresário que realmente tenha agregado valor ao local onde exerce suas atividades,
transformando-o em fator atrativo da clientela.

Deve-se, pois serem preenchidos os seguintes requisitos:

Formal: contrato escrito e por prazo determinado;

Temporal: mínimo de 5 anos de relação contratual contínua;

Material: mínimo de 3 anos na exploração de atividade no mesmo ramo.

No que tange ao requisito temporal destaca-se que os 5 anos exigidos pela legislação
não são, necessariamente obtidos através de um único contrato, podendo ser alcançado
também pela some dos prazos de vários contratos escritos, desde que a relação contratu-
al não tenha sofrido interrupção.

611
A ação renovatória deve ser ajuizada nos primeiros 6 meses do último ano do contrato
de aluguel, sob pena de decadência, nos termos do art. 51, § 5º da Lei.

16) Fábio Ulhôa Coelho em sua obra, entende que o direito à renovação compulsória seria
uma violência no direito de propriedade do imóvel, ele interpreta entre uma ponderação do
direito de propriedade e o direito do locatório, como se faria esta ponderação?

Resposta:

Para Fábio Ulhoa Coelho, a restrição é inconstitucional por estabelecer uma limitação
desarrazoada ao direito de propriedade do locador. Para o autor, a retomada do imóvel
para uso próprio não deveria sofrer nenhuma limitação. Em contrapartida, caso o loca-
dor queira se estabelecer no mesmo ramo de atividade em que o locatário atuava, deve-
ria indenizá-lo pela perda do ponto.

17) Quando o estabelecimento é vendido, os credores têm como se opor eficazmente ao tres-
passe? Quando não reserva bens suficientes para adimplir seus débitos.

Resposta:

A Lei de Falências, em seu art. 129, IV prevê a possibilidade de o ajuizamento de ação


revocatória ante a falta de prévio adimplemento ou de aquiescência dos credores, por
meio da qual é postulado o reconhecimento judicial da ineficácia da alienação de um
estabelecimento, deixando o negócio de produzir efeitos perante os credores. A ação é
proposta contra o adquirente do estabelecimento e pretende trazer tal universidade à
massa falida, integrando procedimento concursal em andamento.

Segundo Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery a ação de desconstituição
da eficácia do ato de trespasse realizado em fraude a credores ou sem o consentimento
deles é constitutiva negativa, porque tem o prazo de 3 anos (da decretação da falência)
para o exercício da pretensão de ineficácia fixado expressamente em lei (Lei de Falên-
cia, art. 132).

18) O que se entende por fundo de comércio?

Resposta:

Fundo de comércio é sinônimo de estabelecimento comercial. Trata-se do o conjunto de


bens materiais e imateriais reunidos e organizados pela empresa para o exercício de sua
atividade econômica.

612
11.7.1.2. Questões do TRF2

1) Dê uma definição do que seria estabelecimento empresarial e, por consequência, o regime


jurídico aplicável. O que é universalidade de fato e universalidade de direito?

Resposta:

O estabelecimento empresarial como o conjunto de bens materiais e imateriais reunidos


e organizados pela empresa para o exercício de sua atividade econômica.

Por ser uma universalidade um conjunto de elementos que, quando reunidos, podem ser
concebidos como coisa unitária, isto é, algo novo e distinto que não representa a mera
junção dos elementos componentes, pode-se afirmar que o estabelecimento é uma uni-
versalidade

A doutrina brasileira majoritária sempre considerou o estabelecimento empresarial uma


universalidade de fato (universitas facti ou universitatis rerum), uma vez que os ele-
mentos que o compõem forma uma coisa unitária exclusivamente em razão da destina-
ção que o empresário lhes dá, e não em virtude de disposição legal.

2) Dentre os principias elementos do estabelecimento, qual o senhor destacaria?

Resposta:

Essa resposta fica à gosto do freguês. Os bens, ou elementos que compõe o estabeleci-
mento empresarial são heterogêneos, por terem naturezas diversas, mas que se dividem
nas seguintes classes:

Bens materiais: formada pelos bens concretos e tangíveis, que, por sua vez, se dividem
em:

Bens pertencentes ao ativo fixo: que são aqueles que a empresa não adquire para re-
venda, conservando permanentemente em seu ativo para uso próprio no exercício de sua
atividade, ou para o uso de terceiros, na prestação de determinado serviço. Ex.: imóveis,
móveis, utensílios, instalações, máquinas, ações de outras empresas, etc.

Bens pertencentes ao ativo circulante: que são aqueles que a empresa adquire para
revenda;

Bens imateriais: são os bens de existência meramente ideal. Aqueles que têm valor
econômico e podem ser objeto de transferência a terceiros, merecendo, portanto, tutela
jurídica. Ex.: as patentes de invenções, de modelo de utilidade, o registro de desenho
613
industrial, o registro de marcas, o nome empresarial, o título do estabelecimento e o
direito ao ponto.

OBS. 1: as marcas, para Rubens Requião não fazem parte do estabelecimento, pois ele
prefere considerá-las como elementos identificadores da empresa. Contudo, para Paulo
Sérgio Restiffe, Ricardo Negrão e André Luiz Santa Cruz Ramos elas fazem sim parte
do estabelecimento, como bens imateriais ou incorpóreos.

OBS. 2: o nome empresarial não faz parte do estabelecimento, pois o nome é inaliená-
vel.

3) Como definir a clientela?

Resposta:

No Brasil clientela e freguesia são sinônimos, mas a origem das expressões é diferente.
O termo clientela vem da tradição romana, aludindo às pessoas que têm o mesmo advo-
gado como procurador. Freguesia vem da tradição canônica e faz alusão ao grupo de
pessoas que reside na circunscrição paroquial. Por isso há quem faça distinção entre
ambas. Para os franceses, freguesia ou achalandage seria o conjunto de frequentadores
de um estabelecimento por razões de comodidade ou vizinhança, por motivos meramen-
te geográficos; clientela ou clientele alude ao grupo de pessoas que se servem dos bens
e serviços de uma empresa por razões de confiança.

Segundo Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery, no Brasil ambos os termos
referem-se ao conjunto de pessoas que mantém relações de fato continuadas de busca de
bens ou de serviços fornecidos por uma determinada empresa.

4) É correto dizer que fundo de comércio é o mesmo que estabelecimento?

Resposta:

Sim. Trata-se de expressões sinônimas.

5) O que é aviamento?

Resposta:

Aviamento é a aptidão que um estabelecimento tem para produzir resultados, ou seja, é


a capacidade ou potencialidade de realização de resultados. Trata-se, pois, do potencial
de lucratividade da empresa.

614
6) Há distinção entre aviamento objetivo e subjetivo?

Resposta:

O aviamento é dividido em objetivo (ou real), quando derivado de condições objetivas


do estabelecimento, como local do ponto, e subjetivo (ou pessoal), quando derivado de
condições subjetivas, ligadas às qualidade pessoais do empresário. O contrato de tres-
passe do estabelecimento tem por fim a alienação do complexo unitário, de bens ins-
trumentais que servem á atividade empresarial, identificado pelo aviamento objetivo.

7) Saberia dizer por que prepondera o entendimento doutrinário de que o estabelecimento


empresarial seria uma universalidade de fato? Opine se este entendimento está correto ou
não. Para ser considerado uma universalidade de direito (o estabelecimento empresarial) pre-
cisaria ter o quê?

Resposta:

O que distingue a universitas iuris da universitas facti ou universitatis rerum é o liame


que une as coisas componentes de uma e de outra universalidade. Assim, a universali-
dade de fato se apresenta como conjunto ligado pelo entendimento particular; enquan-
to a universalidade de direito consiste na pluralidade de coisas corpóreas e incorpóreas,
a que a lei, para certos efeitos, atribui o caráter de unidade (como na herança, no patri-
mônio ou a massa falida).

A doutrina brasileira majoritária sempre considerou o estabelecimento empresarial


uma universalidade de fato (universitas facti ou universitatis rerum), uma vez que os
elementos que o compõem forma uma coisa unitária exclusivamente em razão da des-
tinação que o empresário lhes dá, e não em virtude de disposição legal.

8) Como se dá a defesa do nome empresarial no nosso ordenamento jurídico? E essa defesa se


dá com o registro do comércio ou é preciso algum registro adicional?

Resposta:

Eventual empresário ou sociedade empresária ao ser prejudicado no uso de seu nome


poderá, a qualquer tempo, ingressar com ação civil, imprescritível, para:

proibir o uso indevido; (art. 10, § 2º do Decreto nº 916/1890)

anular a inscrição de nome empresarial feita com violação da lei ou do contrato; (art.
1.167 do CC)
615
impor ao concorrente a obrigação de modificar o nome empresarial idêntico de forma
ser impossível haver erro ou confusão (art. 10, § 3º do Decreto nº 916/1890); e

indenizar, por perdas e danos, esse uso. (art. 10 do Decreto nº 916/1890)

A ação que visa anular a inscrição do nome empresarial feita com violação da lei
ou contrato funda-se no art. 1.167 do CC.

O Registro Público das Empresas Mercantis por se tratar de cartório de registro, não
cabe à Junta Comercial intervir na lide, cabendo, apenas, cumprir a decisão que vier a se
adotada.

As entidades de administração do desporto, as ligas e as entidades de prática desportiva,


em relação aos seus nomes empresariais, têm outorgada proteção independente, inclusi-
ve, de registro, dos nomes empresariais, nos termos do art. 87, caput da Lei nº 9.615/98.

A proteção ao nome empresarial inicia-se com a inscrição do empresário individual ou


dos atos constitutivos das sociedades no Registro Público das Empresas Mercantis, a
cargo das Juntas Comerciais cessando-se nos seguintes casos:

Inatividade (art. 60 e parágrafos da lei de registros públicos e art. 1.168 do CC); ou

Dissolução ou liquidação da sociedade (art. 9º do Decreto nº 916/1890 e art. 1.1688, in


fine, do CC).

9) Qual é o objeto da escrituração contábil? Sob o ponto de vista do Estado, da União em par-
ticular, qual a relevância da escrituração contábil estar em ordem?

Resposta:

A escrituração contábil tem por objeto a materialização escrita das operações negociais.
A escrituração possui três funções: gerencial ou administrativa; documental e fiscal.

Do ponto de vista do Estado, ganha relevo a função fiscal dos livros, para a verificação
do cumprimento das obrigações tributárias e fiscais. Tal obrigação é tão importante que
a legislação falimentar considera crime a escrituração irregular, caso a falência do em-
presário seja decretada. Ademais, por usa importância, os livros comerciais são equipa-
rados a documento público para fins penais, sendo tipificada como crime a falsificação,
no todo ou em parte, da escrituração comercial.

10) O que define a atividade empresarial exercida num dado estabelecimento? O que norteia
fundamentalmente para fins de uma fiscalização, para fins de aplicação de um regime jurídico
especial ou não; o que se leva em consideração para situar determinada atividade exercida
num estabelecimento empresarial como sendo desta ou daquela natureza? Reformulando: o

616
que define o núcleo da atividade empresária é o que se declara no ato constitutivo, é o que se
pratica, é a preponderância? Como é que o magistrado ao analisar determinada questão, seja
ela qual for, vai se situar com relação à atividade daquela empresa em particular?

Resposta:

O que define o núcleo da atividade empresária é a efetivamente exercida pelo empresá-


rio, independente desta constar no ato constitutivo (quando uma sociedade empresária).
Por esse motivo o ato de registro não é constitutivo de direitos, mas sim declaratório.
Ele declara uma atividade exercida previamente.

11) Qual a idéia conceitual de Registro público? Pode ser constitutivo? sempre? Quais os ou-
tros casos que não estão na Lei de Registros públicos? O registro perante o INPI é constitutivo
ou meramente assecuratório? Há no INPI algum exemplo de registro meramente assecurató-
rio?

Resposta:

O registro público empresarial tem, nos termos da Lei nº 8.934/94 as finalidades de dar
garantia, publicidade, autenticidade, segurança e eficácia aos atos das empresas mercan-
tis; cadastrara as empresas nacionais e estrangeiras em funcionamento no Brasil e man-
ter atualizadas as informações pertinentes; e proceder à matrícula dos agentes auxiliares
do comércio, bem como seu cancelamento.

Do ponto de vista da pessoa jurídica, o registro detém natureza constitutiva, pois, é a


partir desse que começa sua existência legal, nos termos do art. 45 do Código Civil.

Por outro lado, no que se refere à comprovação da prática da empresa o registro tem, de
regra, efeito meramente declaratório. Contudo, no caso do empresário rural o registro
terá efeito constitutivo, pois, será dele que lhe são deferidos os direitos e deveres pró-
prios de empresário, nos termos do Código Civil.

Já o registro feito no INPI tem a natureza constitutiva, de regra, seja referente às paten-
tes (de invenções ou modelos de utilidade) ou aos registros (de marcas ou desenhos in-
dustriais). Contudo, há casos, como a marca notoriamente conhecida, em que há a pro-
teção especial no seu ramo de atividade, independentemente de estar previamente depo-
sitada ou registrada no Brasil, podendo o INPI, inclusive, deferir de ofício pedido de
registro de marca que reproduza ou a imite, em todo ou em parte.

11.8. Direito Processual Civil

11.8.1. Súmula Vinculante. Fenômeno Processual Da Repercussão Geral, Na


Competência Recursal Do Supremo Tribunal Federal E Do Superior Tribunal De
Justiça. Tendências Atuais Dos Recursos. O Processo Cautelar. Procedimento.
617
Os Processos Especiais De Mandado De Segurança, Ação Civil Pública, Ação
Popular, Ação De Desapropriação, Habeas-Data, Mandado De Injunção E Ação
De Improbidade Administrativa
11.8.1.1. Questões do TRF1

1) Concretiza e fiscaliza a função social da propriedade que é a desapropriação para reforma


agrária, então qual a função quantos aos juros compensatórios e juros moratórios na desapro-
priação? O STF fixou que os compensatórios são conferidos pela perda prévia da propriedade,
os moratórios são a demora pelo pagamento na desapropriação. O critério da produtividade
não influenciaria nos juros compensatórios? E quando após a imissão na posse de uma deter-
minada propriedade há a implantação de uma rede elétrica, esta rede elétrica vai ser discutido
no processo de desapropriação? Como juiz federal, o que se faria com o processo de expropri-
ação, se existir uma ação declaratória? Se nessa ação declaratória for reconhecida a produtivi-
dade desta propriedade, influenciaria o processo de desapropriação?

Resposta:

Os juros compensatórios têm a função de remunerar o expropriado por aquilo que ele
deixou de ganhar quando da perda antecipada de sua propriedade, sem a prévia e justa
indenização desde a data da imissão provisória da posse. Sua base de cálculo será o va-
lor atualizado entre a diferença daquilo que foi ofertado pelo Poder Público expropriante
e o fixado na sentença. Já os juros moratórios tem a função de remunerar o detentor de
um precatório que não foi pago no tempo previsto em lei.

O critério de produtividade tem influência no momento de avaliação da propriedade e


não de fixação dos juros compensatórios, que serão fixados em 12% até 6/97, 6% entre
5/97 e 9/01 e novamente 12% após essa data. Ademais, segundo o entendimento do
STF, leva-se em conta não apenas o que se tinha por produzido, como também o poten-
cial econômico.

Ocorrida a efetiva imissão do Poder Público no imóvel desapropriado, a implantação de


rede elétrica não influenciaria no valor da indenização, motivo pelo qual não deve ser
objeto de discussão na ação de desapropriação, aplicando-se a parte final do art. 20 do
Decreto nº 3.365/61.

2) A Súmula 354 do STJ – qual o fundamento desta súmula?

Resposta:

A súmula 354 tem duplo fundamento: impedir que a inspeção e avaliação do imóvel
esbulhado, pois a invasão pode ter influenciado no valor econômico da propriedade; e
punir a ação ilegal dos referidos movimentos sociais, pois, nos termos do art. 2º, § 6º da
Lei nº 8.629/93, o imóvel objeto do esbulho não poderá ser objeto de vistoria, avaliação

618
ou desapropriação nos dois anos posteriores à sua desocupação ou no prazo em dobro
em caso de reincidência.

OBS.: historicamente o fundamento foi a invasão da fazenda Buriti em Minas Gerais do


então Presidente Fernando Henrique Cardoso.

3) O que é retrocessão no processo expropriatório, e existe isso ainda no direito brasileiro?

Resposta:

A retrocessão como o direito que tem o expropriado de exigir de volta o seu imóvel ca-
so o mesmo não tenha o destino para que se desapropriou. O fundamento do instituto
está no art. 519 do Código Civil. A doutrina diverge quanto a natureza do instituto, de
forma que, para quem entenda que ele tem natureza de direito real, caberá ao expropria-
do reaver o bem; entendendo-se ser o instituto de natureza pessoal, caberá ao expropria-
do o direito de preferência ou quando não observado, perdas e danos; por fim, para
quem entenda ser o instituto de natureza mista, tanto ingressar com a ação de preemp-
ção ou buscar as perdas e danos. Adotada a segunda corrente, a retrocessão não mais
existe no ordenamento brasileiro.

4) Ação popular a um ato lesivo a patrimônio público e julga procedente e consequentemente


vai ter que se fazer um reexame necessário pelo TRF1? Não seria da improcedência? E se por
um acaso se julgar pela carência? Na ACP, há a possibilidade de ajuizamento de ação individual
versando sobre o mesmo objeto? Ou obstaria?

Resposta:

Sendo julgada improcedente, ou extinto o feito sem a resolução do mérito pela carência
de ação, aplica-se o art. 19 da Lei nº 4.717/65, para o reexame necessário. Contudo, isso
não impede a propositura de nova ação, reconhecida a carência de ação ou a sentença de
improcedência se der por ausência de provas.

Sendo ajuizada uma ação civil pública duas situações se distinguem: a primeira diz res-
peito às ações em curso, após a ciência do ajuizamento da ação coletiva, não for reque-
rida a suspensão da ação individual, o particular não poderá fazer o transporte in utilibus
da coisa julgada coletiva para o plano individual. Portanto, caso seja julgada procedente
a ação coletiva, o indivíduo não poderá se beneficiar da coisa julgada. A segunda diz
respeito as ações individuais posteriormente ajuizadas, bem como as ações não suspen-
sas, em que a ação coletiva não induz litispendência, e, por isso não prejudicam a ação
individual.

619
Quanto ao julgamento de procedência da ação popular, prevalece o entendimento de que
o art. 19 da Lei afasta o reexame necessário, ainda que a sentença tenha sido contra a
Fazenda Pública.

Há quem entenda, no entanto que devem se distinguir as hipóteses em que o ente públi-
co figura como litisconsórcio ativo facultativo superveniente (também denominada de
intervenção móvel), daquela que o ente público contesta a ação. Quando da intervenção
móvel, se julgado procedente o pedido, não será caso de reexame necessário por ausên-
cia de sucumbência. Por outro lado, quando o pedido da ação for julgado procedente,
sendo esse contra a Fazenda Pública, será caso de reexame necessário, pois, nos termos
do art. 22 da Lei da Ação Popular, aplica-se o CPC subsidiariamente, naquilo em que
não contrariem os dispositivos desta lei, nem a natureza específica da ação.

5) Súmula vinculante, a jurisprudência passou a ter um poder normativo. A súmula vinculante


vem justificar a tese que a jurisprudência e uma fonte do direito?

Resposta:

Classicamente, em uma visão positivista, entendia-se por fonte formal do Direito, ape-
nas aquelas que inovavam o ordenamento jurídico, instituindo deveres e obrigações às
partes. Daí ser a lei a fonte primária do Direito e a jurisprudência fonte auxiliar, pois
apenas se aplicava o direito, e não se inovava.

Essa visão clássica vem sendo mitigada, pois cada vez mais demonstra-se que ao se
aplicar o direito o juiz exerce uma função criadora perante as partes, individualizando e
―criando‖ a norma perante elas. A súmula vinculante vem potencializar essa função
criadora do direito, pois através do enunciado das súmulas é possível inovar no ordena-
mento jurídico, impondo obrigações de caráter vinculante à Administração e ao próprio
Poder Judiciário.

Para a criação da súmula vinculante, tecnicamente, é preciso decisões reinteradas do


STF sobre matéria constitucional, tendo por objeto a validade, a interpretação e a eficá-
cia de normas determinadas, acerca das quais haja, entre órgãos judiciários ou entre
esses e a administração pública, controvérsia atual que acarrete grave insegurança jurí-
dica e relevante multiplicação de processos sobre idêntica questão. Não obstante a isso,
na prática há casos como as súmulas vinculantes 11 e 13 em que os pressupostos proce-
dimentais não foram preenchidos, tendo ocorrido verdadeira função normativa pelo
STF.

6) E se esta súmula deixar de ser cumprida, nós temos o instituto da reclamação, mas este
instituto não faria a própria súmula vinculante se tornar um substitutivo de um recurso de
apelação?
620
Resposta:

Não, pois, nos termos da lei que regulamenta a matéria (Lei nº 11.417/06, art. 7º) contra
omissão ou ato da Administração o uso da reclamação só será admitido após o esgota-
mento das vias administrativas. No que se refere aos processos em trâmite, o STF tem
posição no sentido do não cabimento de reclamação de decisão transitada em julgado.
Por isso, é indispensável, para se ajuizar a reclamação, a interposição do recurso, com o
que se impedirá a formação da coisa julgada. Caso a decisão seja reformada em grau de
recurso, a reclamação perde objeto.

7) - Repercussão geral – veio para dar efetividade ao processo. Pode haver repercussão geral
no âmbito do STJ, ou é privativo do STF, ou terá um instituto semelhante para o STJ?

Resposta:

No âmbito do STJ o instituto análogo ao regime da repercussão geral é a dos recursos


repetitivos, regulado pelo art. 543-C do CPC. Ao ser constatado que há diversos recur-
sos que discutem o mesmo tema, os tribunais superiores instauram um incidente para a
fixação da tese a ser aplicada em todas as causas repetitivas. Ao fazer isso se suspende o
julgamento de todas as causas que versam sobre o assunto, à espera da decisão modelo.

Para o julgamento o tribunal escolhe um recurso a ser entendido como exemplar. É um


recurso que permite o exame completo da controvérsia. Ele deve veicular os principais
argumentos. Deve-se ampliar a cognição do tribunal, pois a decisão é vinculante. Uma
vez selecionado o recurso o STJ não admitiu a desistência do recurso e fixou a tese.

8) E em relação ao processo cautelar. Com a reforma do CPC, o processo cautelar perdeu o


sentido com o surgimento da tutela antecipada?

Resposta:

O fundamento do procedimento cautelar é o art. 5º, XXXV, referente à inafastabilidade


de se levar ao judiciário a ameaça lesão a direito. Portanto, busca-se um procedimento
mais célere e, segundo a doutrina majoritária, instrumental, pois, visa assegurar a eficá-
cia dos outros procedimentos.

É certo que com a introdução no sistema da tutela antecipada, surgiu um instrumento


com características semelhantes e com consequências análogas, sendo ambos institutos,
para parte da doutrina, espécies das chamadas ―tutelas de urgência‖. Por tais motivos, há
quem entenda que as cautelares incidentais perderam a razão de ser.

Por outro lado, o mesmo não se pode dizer das cautelares preparatórias ou antecedentes
(exibição de documentos, justificação, produção antecipada de provas, arresto, etc.).
621
No novo CPC a obtenção de providências urgentes ou antecipatórias foi unificada tra-
tando de forma igual a tutela de urgência e a tutela de evidência.

9) Um ente despersonalizado poderia ajuizar um MS, o TRT por exemplo?

Resposta:

Não se confundindo personalidade jurídica com legitimidade, admite-se que entes des-
personalizados possam, por meio de mandado de segurança, assegurar sua atuação fun-
cional e de suas atribuições institucionais, por meio de mandado de segurança. Exs.: o
MP e um Tribunal de Contas.

10) Uma EP faz licitação, neste caso pode ser ajuizado MS contra atos praticados por aquela
empresa pública?

Resposta:

Sim, pois ao fazer a licitação não se está praticando ato de gestão, mas sim ato como
ente da Administração Pública indireta, em cumprimento aos arts. 37 e 173 da Constitu-
ição, não se aplicando a vedação do art. 1º, § 2º da Lei nº 12.016/09.

11) Competência num mandado de segurança é relativa ou absoluta?

Resposta:

Quando prevista constitucionalmente, a competência por prerrogativa de foro tem em


regra natureza absoluta. Contudo, a regra é mitigada quando há legitimidade passiva
concorrente entre autoridades coatoras com foros (por prerrogativa de função) distintos.
Nesse caso prevalece o de maior hierarquia. Observa-se ainda que a competência é fixa-
da no momento da propositura da ação.

12) O porquê de adotar, qual o histórico, a origem, no direito comparado, para que o direito
brasileiro adotar a súmula vinculante, isso não seria uma violência ao princípio da livre convic-
ção do magistrado?

Resposta:

O precedente vinculativo das decisões judiciais em relação aos tribunais inferiores são
provenientes dos países de cultura anglo-americana, como Restatement of the Law, que
é uma consolidação de jurisprudência com o objetivo de configurara ao estudo da apli-
622
cação dos precedentes. Já a súmula do STF deita suas raízes nos assentamentos da Casa
de Súplica, com perfil indiretamente obrigatório.

A adoção da súmula vinculante deu-se diante da massificação dos processos e dos re-
cursos perante o STF, impedindo que demandas de maior relevo recebam tratamento
mais apropriado para seu julgamento. Ademais, visou-se instrumentalizar o princípio da
duração razoável do processo.

Em ponderação de interesses entre o princípio da livre convicção do magistrado e dos


princípios do devido processo legal, da duração razoável do processo e da segurança
jurídica, entendeu por bem o poder constituinte originário instituir a súmula vinculante,
ampliando as decisões com efeito vinculante perante o judiciário, tal como a ADC, a
ADI e a ADPF.

Por fim, ressalte-se que ao magistrado é possível através do distinguish deixar de aplicar
a súmula vinculante quando o caso concreto se mostrar distinto da incidência do enun-
ciado.

13) Existe algum impedimento constitucional no que tange o juiz de segundo grau possa afas-
tar a constitucionalidade de uma lei frente a CF no aspecto de concessão de liminares?

Resposta:

O art. 97 da Constituição prevê que o Tribunal de segundo grau, apenas por seu órgão
especial ou pleno, podem declarar a inconstitucionalidade de uma lei. Já a súmula vin-
culante nº 10 prevê que a o afastamento de incidência de uma norma, ainda que sem a
declaração da sua inconstitucionalidade, viola a cláusula de reserva de plenário, prevista
no dispositivo constitucional citado.

O STF admite exceções apenas quando o Pleno ou órgão especial do tribunal já tiver se
manifestado sobre o tema ou quando o STF, por meio de seu Pleno, tiver declarado a
inconstitucionalidade da norma. Assim, nessas hipóteses, é possível o juiz de segundo
grau afastar a constitucionalidade de uma lei frente a CF no aspecto de concessão de
liminares.

14) Quais as características, requisitos de uma tutela cautelar? Tutela de urgência. Foi dada
uma nova feição à tutela antecipada, neste caso de reforma do CPC, a tutela cautelar não teria
perdido o sentido? E as cautelares satisfativas, não estaria distantes do processo ordinário e
portanto da tutela antecipada, me dê exemplos e cautelares satisfativas? Dentro do CPC, cau-
telares inominadas? Essa cautelar pode ser preparatória ou incidental, neste ultimo causa a
competência é de quem? E se for preparatória? Com a antecipação dos efeitos da tutela, o
processo cautelar perdeu o sentido? A tutela no processo cautelar é duplamente instrumental,

623
pois visa resguardar o resultado útil do processo. O que é a fumaça do bom direito no processo
cautelar?

Resposta:

Para ser deferida a antecipação de tutela o art. 273 do CPC exige duas situações distin-
tas. Em ambas são necessárias a prova inequívoca de verossimilhança. Mas essa pode
ser acompanhada de situação urgente, em que se deve comprovar o periculum in mora
(fundado receito de dano irreparável ou de difícil reparação); ou seja caso de a parte ex
adversa estar abusando seu direito de defesa.

Com a reforma do CPC a tutela cautelar incidental perdeu parte de sua importância, pois
pode ser substituída por pedido de tutela antecipada no bojo da ação principal, contudo,
a cautelar preparatória não perdeu tanto a sua importância, pois visa a manutenção da
eficácia do processo principal. Não obstante a isso o projeto de novo CPC tem previsão
de unificação das tutelas de urgência em um único procedimento, findando-se com as
medidas cautelares. Por outro lado, algumas cautelares nominadas serão inseridas como
procedimentos não contenciosos.

São exemplos de cautelares satisfativas a exibição de documentos, a justificação e a


produção antecipada de provas.

Sendo a cautelar inominada pode ser preparatória (sustação de protesto) ou incidental,


cabendo, nesse caso ao juízo do processo conexo seu julgamento, diante da prevenção.
Por outro lado, na hipótese da cautelar preparatória essa faz prevento o juiz da ação
principal.

O fumus boni iuris exigido na cautelar é, para parte da doutrina um requisito referente a
mera plausibilidade/probabilidade do alegado, independente de prova. Em contradição à
verossimilhança da alegação, da antecipação da tutela, demandaria menor grau de com-
provação.

Cassio Scarpinella Bueno, por sua vez, destaca que não é possível constatar com certeza
científica, qual é o grau de convicção alcançado pelo magistrado em cada caso que lhe é
apresentado para exame. Não há como medir o grau ou intensidade de convencimento
que ele forma a partir do que é narrado e/ou documentado pelo autor em casos de ―tutela
cautelar‖, ―tutela antecipada‖ ou ―liminar em mandado de segurança‖. Assim entende
que o magistrado deve se convencer suficientemente de que o requerente tem algum
direito já demonstrado (nem que seja retoricamente), para deferir a providência jurisdi-
cional que lhe é pedida (guisa de ―tutela cautelar‖, ―tutela antecipada‖ ou ―liminar em
mandado de segurança‖), de acordo com as regras procedimentais de cada caso. Se não
se convencer suficientemente, a hipótese é de indeferimento do pedido ou, quando me-
nos, de designação de ―audiência de justificação‖, em se tratando de ―tutela cautelar‖ ou
―tutela antecipada‖.

624
15) A jurisprudência é uma fonte de direito? Orlando Gomes não entendia desta forma, dife-
rentemente de Reale que é fonte de direito, e diferente de Caio Mário que fala ser fonte práti-
ca do direito. A súmula vinculante tem poder normativo para justificar ser a jurisprudência
como fonte do direito? Dentro do ordenamento jurídico brasileiro inovou como força normati-
va? Quanto as decisões de controle de constitucionalidade. Qual o procedimento par a edição
de súmula vinculante? Dois argumentos contrários e dois favoráveis da jurisprudência ou dou-
trina à súmula vinculante.

Resposta:

Classicamente, em uma visão positivista, entendia-se por fonte formal do Direito, ape-
nas aquelas que inovavam o ordenamento jurídico, instituindo deveres e obrigações às
partes. Daí ser a lei a fonte primária do Direito e a jurisprudência fonte auxiliar, pois
apenas se aplicava o direito, e não se inovava.

Essa visão clássica vem sendo mitigada, pois cada vez mais demonstra-se que ao se
aplicar o direito o juiz exerce uma função criadora perante as partes, individualizando e
―criando‖ a norma perante as partes. A súmula vinculante vem potencializar essa função
criadora do direito, pois através do enunciado das súmulas é possível inovar no ordena-
mento jurídico, impondo obrigações de caráter vinculante à Administração e ao próprio
Poder Judiciário.

Para a criação da súmula vinculante, tecnicamente, é preciso decisões reinteradas do


STF sobre matéria constitucional, tendo por objeto a validade, a interpretação e a eficá-
cia de normas determinadas, acerca das quais haja, entre órgãos judiciários ou entre
esses e a administração pública, controvérsia atual que acarrete grave insegurança jurí-
dica e relevante multiplicação de processos sobre idêntica questão.

O enunciado deve ser aprovado por 2/3 dos membros do tribunal. Cabe aos legitimados
para propor a ADI requerer a revisão, edição ou cancelamento da súmula, bem como
aos municípios, incidentalmente, no curso de processo que seja parte.

Argumentos contrários à súmula vinculante são a mitigação ao princípio do livre con-


vencimento dos magistrados, bem como da separação de poderes, pois o STF estaria
exercendo o papel de legislador secundário.

Já argumentos favoráveis são: a duração razoável do processo; o devido processo legal;


a segurança jurídica; e o desafogamento do STF com o julgamento de demandas repeti-
tivas, para a concentração de forças em processos referente a temas ainda não julgados e
de ―maior importância‖.

625
DESSE PONTO EM DIANTE: RESPOSTAS ELABORADAS POR PEDRO FELIPE
DE OLIVEIRA SANTOS
16) Ação popular, cidadão ajuíza ação popular questionando dano ambiental, já outro cidadão
ajuíza ação popular questionando o mesmo dano, só que em localidade diferente em que o
dano também teria se propagado por lá, como juiz federal o que o senhor faria? Analisaria
para saber se os objetos se coincidem. Ao receber a ação popular o senhor extinguiria esta
ação popular por litispendência?

Resposta:

No caso, inocorre litispendência, uma vez que as partes das ações populares ajuizadas
são distintas. No entanto, verifica-se possível identidade de objeto ou de causa de pedir
entre os dois processos, nos termos do artigo 103, do Código de Processo Civil, motivo
pelo qual se justificaria a reunião dos feitos, perante o juízo prevento (primeiro proces-
so). Em casos semelhantes, confiram-se os seguintes julgados:

―PROCESSO CIVIL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO POPU-


LAR. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. CONEXÃO. PREVENÇÃO. SÚMULA Nº 235 DO
STF. [...] 2. Independentemente de se tratar de ação popular ou ação civil pública, com-
petente para processar e julgar todas as ações, pela prevenção, é o juízo a quem foi dis-
tribuída a primeira ação, objetivando-se, assim, evitar decisões conflitantes, quando o
julgador aprecia fundamentos e base de pedir assemelhados. 3. ―A configuração do ins-
tituto da conexão não exige perfeita identidade entre as demandas, senão que, entre elas
preexista um liame que as torne passíveis de decisões unificadas‖. (CC 22123/MG, Rel.
Min. Demócrito Reinaldo, STJ). 4. O julgamento da ação popular não afasta a conexão,
uma vez que, na hipótese, inexiste litispendência entre ambos os feitos, posto serem
diferentes os autores, máxime por expressa previsão legal, o artigo 1º da Lei nº 7347/85.
(TRF – 1ª Região, CC 2001.01.00.034924-9/DF, Rel. Desembargador Federal Carlos
Fernando Mathias, Primeira Seção, DJ de 23/10/2001);

―PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA . AÇÃO CI-


VIL PÚBLICA. AÇÃO POPULAR . CONEXÃO. PREVENÇÃO. 1. A propositura de
ação popular previne a jurisdição do juízo para todas as ações que forem posteriormente
ajuizadas entre as mesmas partes e sobre os mesmos fundamentos (art. 5º, Lei nº
4.717/65). 2. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça firmou-se no sentido de
que as ações civis públicas e as ações populares exigem, no interesse da estabilidade da
ordem jurídica, a concentração das causas num único juízo definido pela prevenção, a
fim de evitar decisões contraditórias. Precedentes. 3. Possuindo a ação civil pública e a
ação popular o mesmo objeto mediato de preservação do conjunto urbanístico de Brasí-
lia, na forma estatuída no DL 25/37 e na Portaria 314/92, devem ser processadas perante
o mesmo juízo, definido pela prevenção. [...]‖ (TRF1, CC 2008.01.00.046675-7 / DF,
Terceira Seção, Rel. Des. João Batista Moreira, DJ 29.06.2009).

626
Por fim, importante considerar, ainda, as disposições do artigo 93, do Código de Defesa
do Consumidor: ―Ressalvada a competência da Justiça Federal, é competente para a
causa a justiça local: I - no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando
de âmbito local; II - no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os da-
nos de âmbito nacional ou regional, aplicando-se as regras do Código de Processo Civil
aos casos de competência concorrente‖.

17) Quanto ao Mandado de Injunção, este instituto, qual o comportamento do STF hoje em
relação às consequências e atuação do judiciário? O STF estaria se investindo de um legislador
positivo?

Resposta:

O Poder Judiciário concederá ordem de injunção em razão da falta de norma jurídica,


direito ou liberdade constitucional não possa ser fruído, exercido ou aproveitado pelo
impetrante. O pressuposto do mandado de injunção é, pois, a falta de regulamentação
que torne inviável ou obstaculize o exercício do direito. Durante anos, o STF adotou a
posição não concretista nos julgamentos de mandado de injunção, restringindo-se a de-
cretar a mora do poder omissivo e a reconhecer formalmente a sua inércia. Posterior-
mente, o STF adotou em alguns casos a posição concretista individual intermediária, ao
fixar prazo para que o Legislativo omisso elaborasse a norma pertinente ao caso concre-
to, sob pena de, decorrido in albis o interregno fixado, o impetrante passar a ter o direito
pleiteado (efeito inter partes). Por fim, em julgados mais recentes, tem o STF procla-
mado o caráter mandamental (e não apenas declaratório) do mandado de injunção, ca-
bendo ao Poder Judiciário, com fulcro no art. 5º, LXXI, e §1º, CF, não apenas emitir
certidão de omissão do Poder omisso, mas decerto viabilizar, no caso concreto, o exer-
cício do direito vindicado, afastando as consequências da inércia do legislador (teoria
concretista geral). Essa postura ativa do STF não consiste na investidura própria à fun-
ção de legislador positivo, mas decerto na necessidade de realização dos direitos fun-
damentais, em face de inércia desarrazoada e negligente, no âmbito dos limites das téc-
nicas de controle de omissões.

18) Quanto ao Habeas Data, como contribuinte quero ter informações na receita referente à
minha declaração do IR dos três últimos anos, e a receita nega, o cidadão vai à JF e pede para
que se expeça a ordem, nesta hipótese é caso de HD mesmo? Mas o senhor como cidadão não
tem esta informação como contribuinte, e o senhor não estaria transferindo ao estado a fun-
ção de um contador que o senhor deveria guardar as suas declarações, hoje é uma questão
que vem à JF, mas não amiúda como antes, mas os TRF’s vem entendo que não é caso de HD,
pois é dever do contribuinte guardar suas declarações.

Resposta:

627
As seguintes ementas apresentam o entendimento consolidado do TRF sobre o tema:

―PROCESSUAL CIVIL E CONSTITUCIONAL. HABEAS DATA . ACESSO A IN-


FORMAÇÕES EXISTENTES NOS ARQUIVOS DA SECRETARIA DA RECEITA
FEDERAL . VIA PROCESSUAL IMPROPRIA. CARÊNCIA DE AÇÃO. Consoante
entendimento deste Tribunal, é imprópria a via processual do habeas data para o acesso
a informações existentes nos arquivos da Secretaria da Receita Federal, disponibilizadas
para uso interno pelo órgão fazendário e não incluídas em "registro" ou "banco de da-
dos" de informações de caráter publico na definição que lhes dá a lei, razão pelo qual é
a autora carecedora de ação. [...]‖ (TRF1, AC 2004.38.00.021744-1/MG, Rel. Juiz Fe-
deral Saulo Casali Bahia, 7ª Turma Suplementar, DJ 30.03.2012).

―1 - Por expressa opção legislativa, o conceito e a caracterização de "registro" ou de


"banco de dados" de informações de natureza pública para eventual utilização de Habe-
as Data não são amplos e difusos, mas, diversamente, têm precisa delimitação nas hipó-
teses formalmente estabelecidas (Lei nº 9.507/97, art. 1º, parágrafo único): a) que sejam
ou possam ser transmitidas a terceiros; b) que não sejam de uso privativo do órgão ou
entidade produtora ou depositária das informações. 2 - A Administração Pública, em
geral, e a União Federal (Fazenda Nacional), em particular, não estão obrigadas a pro-
duzir e a expor dados técnicos-contábeis que já estão, ou deveriam estar, na esfera de
cognição do autor, sendo irrelevante que se refiram ao SINCORP/CONTACORPJ, uma
vez que esses sistemas são alimentados por dados que servem ao desempenho institu-
cional daquele Órgão de Governo. 3 - Pretendendo a contribuinte o fornecimento de
informações sobre todos os pagamentos de tributos e contribuições federais, incluídos
os que teriam sido pagos a maior ou, indevidamente, registrados na Receita Federal ,
dados que não podem ser transmitidos a terceiros e são de uso privativo do órgão no
exercício das suas atribuições institucionais, mesmo porque, devem constar, obrigatori-
amente, dos seus livros fiscais (Código Tributário Nacional, art. 113, § 2º), falta-lhe
interesse de agir, pormenor que a torna CARECEDORA DA AÇÃO‖ (TRF 1, AHD
2007.38.01.002748-7/MG, Rel. Des. Catão Alves, Sétima Turma, DJ 11.02.2011).

19) Toda ilegalidade gera um ato de improbidade? A má-fé é premissa do ato ímprobo?

Resposta:

―O ato ímprobo, mais do que um ato ilegal, é um ato de desonestidade do servidor ou


agente público para com Administração, e, portanto, não prescinde de dolo ou culpa
grave, evidenciadora de má-fé, para que se possa configurar. Assim, a má-fé é premissa
do ato ilegal e ímprobo. O ato de improbidade é um ato ilegal, mas nem todos os atos
ilegais são atos de improbidade. [...] A ilegalidade só adquire o status de improbidade
quando a conduta antijurídica fere os princípios constitucionais da Administração Pú-
blica pela má-fé do servidor. Se assim não fosse, qualquer irregularidade praticada por
um agente público poderia ser enquadrada como improbidade, por violação do princípio
628
da legalidade, sujeitando-o às pesadas sanções da respectiva Lei, o que, por certo, torna-
ria inviável a própria atividade administrativa, pois o erro é da essência do ser humano e
simples erro não pode ser havido como ato de desonestidade para com o Estado‖ (TRF
1, AC 2001.36.00.003810-1 / MT, Terceira Turma, Rel. Des. Assusete Magalhães, DJ
27.04.2012).

“O STJ ostenta entendimento uníssono segundo o qual, para que seja reconhecida a tipificação
da conduta do réu como incurso nas previsões da Lei de Improbidade Administrativa, é neces-
sária a demonstração do elemento subjetivo, consubstanciado pelo dolo para os tipos previstos
nos artigos 9º [enriquecimento ilícito] e 11 [violação do princípios administrativos] e, ao menos,
pela culpa, nas hipóteses do artigo 10 [lesão ao erário]” (STJ, REsp 1322353, Rel. Min. Benedito
Gonçalves, Primeira Turma, DJ 21.08.2012).

20) Em relação ao MS a atuação do MP é indispensável, essencial? A Lei do MS após a presta-


ção das informações no MS haveria uma manifestação do MP, o que o senhor faria se a mani-
festação do MP viesse como se ele entendesse que não seria questão de matéria de ordem
pública?

Resposta:

O TRF 1ª Região entende que, embora indispensável a intimação do MP, para que se
pronuncie sobre o mandado de segurança, a manifestação no sentido de inexistência de
interesse público não gera nulidade processual:

―MANDADO DE SEGURANÇA . MINISTÉRIO PÚBLICO . AUSÊNCIA DE MA-


NIFESTAÇÃO QUANTO AO MÉRITO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. [...] 1.
Mandado de segurança . Remessa dos autos ao Ministério Público para manifestação.
Lei 1.533/1951, artigo 10 (vigente na data dos fatos). Manifestação no sentido da ine-
xistência de interesse público. Nulidade. Inocorrência. Precedentes [...]‖ (TRF 1, AMS
2001.33.00.009464-1/BA; Rel. Juiz Leão Aparecido Alves, 6ª Turma Suplementar, DJ
19.12.2011).

―Nos termos do art. 10 da Lei 1.533/1951, em Mandado de Segurança, sob pena de nu-
lidade insanável do processo, é obrigatória a intimação do Ministério Público, cabendo-
lhe, no caso concreto, verificar a existência de interesse público que justifique a sua
intervenção como fiscal da lei‖ (STJ, REsp 602849/RJ, Rel. Min. Herman Benjamin,
Segunda Turma, DJ 11.11.2009).

Ressalta-se que a Lei n. 12.1016/09, acolhendo o entendimento jurisprudencial já con-


solidado, apresentou nova disciplina ao tema, dirimindo, por completo, a dúvida acerca
da necessidade de manifestação expressa do MP: ―Art. 12. Findo o prazo a que se refere
o inciso I do caput do art. 7o desta Lei, o juiz ouvirá o representante do Ministério Pú-
blico, que opinará, dentro do prazo improrrogável de 10 (dez) dias. Parágrafo único.

629
Com ou sem o parecer do Ministério Público, os autos serão conclusos ao juiz, para a
decisão, a qual deverá ser necessariamente proferida em 30 (trinta) dias.‖

21) O MP pode em uma ACP pleitear a prestação in natura e a reparação pecuniária por danos
cumulativamente? Mesmo a lei nº 7347 falando que ou um ou outro?

Resposta:

A despeito da disposição do artigo 3º, da Lei n. 7.347/85 (―A ação civil pública poderá
ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou
não fazer‖), o STJ tem entendimento pacífico acerca da possibilidade da cumulação de
ambos, especialmente em lides ambientais. Confira-se julgado didático sobre o tema:

―AMBIENTAL. DESMATAMENTO. CUMULAÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER


(REPARAÇÃO DA ÁREA DEGRADADA) E DE PAGAR QUANTIA CERTA (IN-
DENIZAÇÃO). POSSIBILIDADE. INTERPRETAÇÃO DA NORMA AMBIENTAL.
1. Cuidam os autos de Ação Civil Pública proposta com o fito de obter responsabiliza-
ção por danos ambientais causados pelo desmatamento de área de mata nativa. A ins-
tância ordinária considerou provado o dano ambiental e condenou o degradador a repa-
rá-lo; porém, julgou improcedente o pedido indenizatório. 2. A jurisprudência do STJ
está firmada no sentido de que a necessidade de reparação integral da lesão causada ao
meio ambiente permite a cumulação de obrigações de fazer e indenizar. Precedentes da
Primeira e Segunda Turmas do STJ. 3. A restauração in natura nem sempre é suficiente
para reverter ou recompor integralmente, no terreno da responsabilidade civil, o dano
ambiental causado, daí não exaurir o universo dos deveres associados aos princípios do
poluidor-pagador e da reparação in integrum. 4. A reparação ambiental deve ser feita da
forma mais completa possível, de modo que a condenação a recuperar a área lesionada
não exclui o dever de indenizar, sobretudo pelo dano que permanece entre a sua ocor-
rência e o pleno restabelecimento do meio ambiente afetado (= dano interino ou inter-
mediário), bem como pelo dano moral coletivo e pelo dano residual (= degradação am-
biental que subsiste, não obstante todos os esforços de restauração). 5. A cumulação de
obrigação de fazer, não fazer e pagar não configura bis in idem, porquanto a indeniza-
ção não é para o dano especificamente já reparado, mas para os seus efeitos remanes-
centes, reflexos ou transitórios, com destaque para a privação temporária da fruição do
bem de uso comum do povo, até sua efetiva e completa recomposição, assim como o
retorno ao patrimônio público dos benefícios econômicos ilegalmente auferidos‖ (STJ,
Resp 1180078, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, Dje 28.02.2012).

22) Quais os requisitos para que o STF submeta a matéria numa ação à repercussão geral e
qual o procedimento? O Dr. Olindo Menezes, presidente do TRF, pode analisar os requisitos da

630
repercussão geral, pois faz o juízo de admissibilidade do RE? Um juiz convocado pelo TRF, pode
julgar recurso que esteja pendente de análise de repercussão geral pelo STF.

Resposta:

Para fins de repercussão geral, a matéria objeto do recurso deve transcender subjetiva-
mente a lide, apresentando relevância do ponto de vista econômico, político, social ou
jurídico. Presume-se a repercussão geral quando a decisão impugnada contrariar súmula
ou jurisprudência dominante do Tribunal. Consoante o artigo 323, do RI do STF,
―quando não for caso de inadmissibilidade do recurso por outra razão, o Relator ou o
Presidente submeterá, por meio eletrônico, aos demais Ministros, cópia de sua manifes-
tação sobre a existência, ou não, de repercussão geral‖. Assim, mediante decisão irre-
corrível, decidirão os Ministros do STF acerca da existência de repercussão geral no
tema tratado no recurso.

Quando da admissibilidade do recurso, o Presidente do TRF apenas verificará se o re-


corrente indicou, na peça da impugnação, preliminar formal que justifique a repercussão
geral da matéria versada, uma vez que a análise do tema é de competência exclusiva do
STF.

Por fim, o Juiz convocado poderá julgar recurso cujo tema esteja pendente de análise
pelo STF. Apenas serão sobrestados os recursos extraordinários pendentes de juízo de
admissibilidade, bem como os que vierem a ser interpostos até que o STF decida o tema
(Regimento Interno, STF: ―Artigo Art. 328-A. Nos casos previstos no art. 543-B, caput,
do Código de Processo Civil, o Tribunal de origem não emitirá juízo de admissibilidade
sobre os recursos extraordinários já sobrestados, nem sobre os que venham a ser inter-
postos, até que o Supremo Tribunal Federal decida os que tenham sido selecionados
nos termos do § 1º daquele artigo. § 1º Nos casos anteriores, o Tribunal de origem so-
brestará os agravos de instrumento contra decisões que não tenham admitido os recur-
sos extraordinários, julgando-os prejudicados nas hipóteses do art. 543-B, § 2º, e,
quando coincidente o teor dos julgamentos, § 3º‖.

23) Causas de safra (aquelas que se repetem aos milhares) haveria uma espécie de demonstra-
ção mitigada ou programada, ou haveria a necessidade de se cumprir por inteiro a questão da
repercussão geral?

Resposta:

Independente da quantidade de processos sobre uma mesma matéria, decerto é que a


comprovação da repercussão geral deve ser integral. Nesse sentido, o elemento quantita-
tivo, por si só, não gera presunção de repercussão geral, devendo o recorrente demons-
trar que a causa transcende subjetivamente a lide, apresentando relevância do ponto de
vista econômico, político, social ou jurídico.

631
11.8.1.2. Questões do TRF2
1) Recurso repetitivo cria algum tipo de ruptura na independência funcional do juiz de 1ª ins-
tância?

Resposta:

A sistemática dos recursos repetitivos, que possibilita a adequação dos julgados proferi-
dos pelos Tribunais de segunda instância, relativamente aos entendimentos do Superior
Tribunal de Justiça alcançados sob o rito do artigo 543-C, do Código de Processo Civil,
não goza da mesma eficácia vinculativa das súmulas vinculantes. Nesse sentido, embora
seja recomendada a observância dos entendimentos consolidados dos Tribunais Superi-
ores, permanece o magistrado de 1º grau sem vinculação estrita e obrigatória aos julga-
mentos dos temas dos recursos repetitivos.

2) Sucessão em mandado de segurança? É possível ou não? E a partir da impetração? E em


mandado de injunção?

Resposta:

―Incabível a sucessão de partes na via do mandado de segurança, devido ao seu caráter


mandamental, e por se buscar o reconhecimento da existência de direito líquido e certo,
inobstante não se cuide, na hipótese, de direito personalíssimo, eis que pode ser buscado
pelos herdeiros em outras vias, só podendo em sede mandamental ser o direito reconhe-
cido pelo próprio titular, restando, outrossim, ressalvado aos herdeiros o acesso às vias
ordinárias‖ (TRF2, AMS 53759/RJ, Rel. Des. Poul Erik, DJ 19.01.2007).

CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA .


DEVIDO PROCESSO LEGAL. OBSERVANCIA INDECLINÁVEL. MORTE DO
IMPETRANTE - INADMISSIBILIDADE DE SUCESSÃO PROCESSUAL. 1. Julga-se
extinto o mandamus com o falecimento do impetrante, por incabível na via mandamen-
tal a sucessão de partes. 2. Processo extinto, de acordo com o art. 267, IV, do CPC. 3.
Apelação e remessa oficial prejudicadas (TRF1, AMS 2005.41.00.001282-8, Rel. Juíza
Rosimayre Carvalho, Segunda Turma Suplementar, DJ 11.02.2012).

Também em face do caráter mandamental do mandado de injunção, entende-se incabí-


vel a sucessão nessa via.

3) Fale sobre o mandado de injunção: como se processa, a que finalidade ele atende e como a
jurisprudência mais atual vem encarando essa forma de fazer prevalecer, de efetivar, um direi-
to individual.

Resposta:
632
Vide Questão 17, item 11.8.1.1.

4) O Ministério Público na sua atuação tem procedimentos preparatórios das ações sem ob-
servância do contraditório. Isto estaria em consonância com o devido processo legal? Na justi-
ça do trabalho, por exemplo, uma ACP pode trazer prova testemunhal muito mais robusta,
pois o MP no inquérito civil ouve várias testemunhas enquanto o processo trabalhista permite
a oitiva de apenas três testemunhas. Isso não acabaria criando um desequilíbrio e provocando
uma quebra do devido processo legal?

Resposta:

Os procedimentos preparatórios organizados pelo Ministério Público visam a subsidiá-


lo na obtenção de circunstâncias de convicção e de elementos de prova, para fins de
posterior ajuizamento das ações pertinentes à sua titularidade. Assim como ocorre com
o inquérito policial, não há violação do devido processo legal pela mera inobservância
do contraditório. Afinal, o procedimento não visa a diretamente cominar sanções ou a
repercutir gravosamente na esfera jurídica de terceiros, mas simplesmente a reunir ele-
mentos de informação.

Por fim, a distinção entre o número de testemunhas ouvidas no inquérito civil e na ação
trabalhista comum também não indica violação do devido processo legal. As peculiari-
dades de cada via processual e as especificidades das situações por cada uma tratadas
(direitos transindividuais, de um lado, e individuais, de outro) são elementos suficientes
para se dispensar diferentes disciplinas a ambas.

5) Quais as novidades da Lei 12.016, trouxe ao Mandado de Segurança? Isso consagra alguma
teoria no âmbito do direito administrativo? Qual? A autoridade coatora tem legitimidade de
recorrer ou só a pessoa jurídica?

Resposta:

Novidades da Lei n. 12.016: Art. 3º: esclareceu que o prazo para impetração do MS
conta-se da notificação do ato coator; Art. 4: atualizou o MS para uso dos meios eletrô-
nicos de notificação processual; Art. 5: autorizou MS contra ato disciplinar e contra ato
judicial recorrível por outro meio; Art. 6: exigiu a indicação do órgão ao qual a autori-
dade coatora se vincula; Art. 7: ordenou a intimação também do órgão ao qual a autori-
dade coatora de vincula, autorizou o juiz a exigir contracautela para concessão liminar e
vedou liminares para pagamentos de qualquer natureza; Art. 8: impôs caducidade à li-
minar caso o impetrante não cumpra as providências ordenadas; Art. 9: obrigou o ser-
ventuário que receber a notificação da liminar a informar seu chefe e a autoridade coato-
ra em 48 horas; Art. 10: estabeleceu os casos de indeferimento da petição inicial tam-
bém para o desatendimento de requisitos específicos do MS; Art. 11: fixou o procedi-
633
mento do cartório sobre as notificações liminares, incluindo o órgão como destinatário
ao lado da autoridade coatora e possibilitando notificações mais céleres; Art. 12: au-
mentou os prazos para manifestação da autoridade coatora e MP e fixou prazo para o
juiz; Art. 13: fixou o procedimento do cartório sobre intimação da sentença, incluindo o
órgão como destinatário ao lado da autoridade coatora e possibilitando intimações mais
céleres; Art. 14: atribuiu legitimidade recursal à autoridade coatora para apelação; Art.
17: autorizou a substituição do acórdão pelas notas taquigráficas quando sua publicação
demorar mais de 30 dias; Art. 19: resguardou ao impetrante a propositura de ação pró-
pria para condenações financeiras; Art. 21: disciplinou o mandado de segurança coleti-
vo, fixando sua legitimidade ativa para partidos políticos, sindicatos, entidades de classe
e associações; Art. 22: limitou a coisa julgada aos participantes do MS coletivo e impôs
a desistência do MS individual para aderir ao coletivo; Art. 24: estabeleceu aplicáveis
ao MS as regras do litisconsórcio previstas no CPC; Art. 25: extinguiu o cabimento dos
embargos infringentes para MS.

As mudanças da nova lei, quanto à necessidade de intimar o órgão a que se vincula a


autoridade coatora, contempla a teoria da encampação.

A autoridade coatora poderá recorrer da sentença, por expressa previsão da Lei n.


12.016/09.

6) Essa lei veio a contemplar a teoria da encampação? A teoria é aplicada linearmente? E se


houver erro grosseiro? Qual foi o fundamento do instituto da encampação? Direito liquido e
certo e liquidez e certeza do direito, a doutrina faz alguma diferença ou é irrelevante? ato ile-
gal e abusivo, qual a distinção? Caberia MS contra ato discricionário?

Resposta:

Vide questão anterior. A propósito, confira-se entendimento consolidado do TRF1, a-


cerca da teoria da encampação: ―Ainda que se entenda pela incorreção da autoridade
apontada como coatora, resta afastada a ilegitimidade passiva, ante o entendimento ju-
risprudencial firmado pelo Superior Tribunal de Justiça, nas letras de que "a errônea
indicação da autoridade coatora não implica em ilegitimidade ad causam passiva se a-
quela pertence à mesma pessoa jurídica de direito público; porquanto, nesse caso não se
altera a polarização processual, o que preserva a condição da ação". Acrescentando que
"aplica-se a teoria da encampação quando a autoridade apontada como coatora, ao pres-
tar suas informações, não se limita a alegar sua ilegitimidade, mas defende o mérito do
ato impugnado, requerendo a denegação da segurança , assumindo a legitimatio ad cau-
sam passiva" (Recurso no Mandado de Segurança nº. 17889/RS, Relator Ministro Luiz
Fux, Primeira Turma, DJ 28/02/2005)‖ (TRF1, AMS 0015336-49.2010.4.01.4100 / RO,
Rel. Des. Souza Prudente, Quinta Turma, DJ 18.05.2012).

A teoria da encampação é aplicada com temperamentos, inclusive na hipótese de erro grossei-


ro ou quando, manifestamente, a autoridade coatora apontada não tem competência para
634
rever o ato impugnado: “mesmo naquelas hipóteses em que a autoridade coatora tenha abor-
dado e defendido o ato atacado, esta Turma julgadora entende inaplicável a teoria da encam-
pação, caso o impetrado não tenha competência para revê-lo” (TRF1, AC 2009.34.00.023184-
0/DF, Rel. Des. Reynaldo Fonseca, Sétima Turma, DJ 20.04.2012).

É cabível MS contra ato discricionário, para fins de controle de legalidade (jamais para
análise da conveniência e da oportunidade da administração).

7) Quando figurar um Estado estrangeiro na relação processual, quem julga?

Resposta:

Observam-se as disposições dos artigos 102, I, e, da Constituição Federal (competência


originária do Supremo Tribunal Federal para o litígio entre Estado estrangeiro ou orga-
nismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal e o Território), e 109, II, da
Constituição Federal (competência dos juízes federais para as causas entre Estado es-
trangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada e residente no
país.

11.8.1.3. Questões do TRF3


1) Pessoa jurídica de direito público pode impetrar Mandado de Segurança? Existe alguma
restrição para que ela impetre MS?

Resposta:

Terá legitimidade para pleitear a segurança o titular do direito subjetivo líquido e certo
lesado ou ameaçado de lesão, que o fará em face daquele que constrange sua esfera jurí-
dica, desde que se trate de pessoa investida em funções estatais. A legitimidade para a
referida ação deve ser aferida quando do ajuizamento e é exclusiva do titular da preten-
são.

A legislação não restringiu a possibilidade de impetração de mandado de segurança por


parte da pessoa jurídica de Direito Público. Jurisprudencialmente, tem-se admitido essa
hipótese inclusive para o resguardo das próprias competências e para a observância de
suas prerrogativas institucionais.

2) Pode haver conexão entre ação popular e ação civil pública? Quais os pontos semelhantes e
as diferenças entre AP e ACP?

Resposta:

635
A jurisprudência admite a conexão entre a ação popular e a ação civil pública, inclusive
recomendando a reunião de feitos, sob pena de alcance de provimentos jurisdicionais
distintos. Confira-se:

PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA . AÇÃO CI-


VIL PÚBLICA. AÇÃO POPULAR . CONEXÃO. PREVENÇÃO. 1. A propositura de
ação popular previne a jurisdição do juízo para todas as ações que forem posteriormente
ajuizadas entre as mesmas partes e sobre os mesmos fundamentos (art. 5º, Lei nº
4.717/65). 2. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça firmou-se no sentido de
que as ações civis públicas e as ações populares exigem, no interesse da estabilidade da
ordem jurídica, a concentração das causas num único juízo definido pela prevenção, a
fim de evitar decisões contraditórias. Precedentes. 3. Possuindo a ação civil pública e a
ação popular o mesmo objeto mediato de preservação do conjunto urbanístico de Brasí-
lia, na forma estatuída no DL 25/37 e na Portaria 314/92, devem ser processadas perante
o mesmo juízo, definido pela prevenção. [...]‖ (TRF1, CC 2008.01.00.046675-7 / DF,
Terceira Seção, Rel. Des. João Batista Moreira, DJ 29.06.2009).

A ação popular e a ação civil pública são instrumentos relevantes para a defesa de direi-
tos coletivos. A ação popular constitui instrumento fundamental de democracia direta e
de participação política, vez que garante constitucionalmente, à disposição de qualquer
cidadão, o poder de anular atos lesivos ao patrimônio público, à moralidade administra-
tiva, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. Por sua vez, a Ação Civil
Pública possui um maior espectro de abrangência, relativamente aos interesses e direitos
tutelados, vez que poderá reprimir ou impedir danos ao meio ambiente, ao consumidor,
à ordem urbanística, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico e a qualquer outro interesse difuso ou coletivo, por infração da ordem eco-
nômica e da economia popular (art. 1o da Lei 7.347/85). Ademais, distinguem-se pela
legitimidade ativa (naquela, qualquer cidadão em gozo dos direitos políticos; nessa,
legitimados constantes do artigo 5º, da Lei n. 7.347/85) e pela modalidade dos pedidos
veiculáveis (naquela, pedido de nulidade de ato lesivo; nessa, pedido de obrigação de
fazer ou de pagar). Nesse ponto, ressalte-se a jurisprudência recente, que vem admitindo
a veiculação de pedido de condenação em obrigação de fazer e de pagar em sede de
ação popular.

3) É possível ACP com fundamento na inconstitucionalidade de ato normativo? É possível em


ACP a declaração de inconstitucionalidade de ato normativo?

Resposta:

Incidentalmente, em sede de controle difuso, é possível a declaração de inconstituciona-


lidade em sede de ACP, desde que o controle de constitucionalidade não esgote o objeto
da própria ação. Afinal, a ACP não pode ser utilizada como sucedâneo de ADI, pois, em

636
caso de produção de efeito erga omnes, estaria provocando verdadeiro controle concen-
trado de constitucionalidade, usurpando competência do STF.

4)Pode ser deferida Cautelar diversa da pedida?

Resposta:

O Código de Processo Civil estabeleceu o poder geral de cautela, segundo o qual o Juiz
poderá, de ofício, determinar medidas provisórias que entender adequadas, quando hou-
ver fundado receio de que uma parte, antes do julgamento da lide, cause ao direito da
outra lesão grave ou de difícil reparação. Trata-se da prerrogativa de determinar medi-
das cautelares inominadas ou atípicas, que deve ser exercido de forma subsidiaria, evi-
tando que fiquem carentes de proteção as situações para as quais a lei não previu qual-
quer medida cautelar. Nesse sentido, observando-se o princípio da fungibilidade e o
poder geral de cautela, não há óbice para que o magistrado defira medida cautelar dis-
tinta da que solicitada pela parte, uma vez demonstradas, concretamente, a adequação, a
necessidade e a utilidade da proteção diversa a ser dispensada à tutela jurídica em peri-
go.

5) O Sr. conhece a cautelar inominada de proibição de dispor?

Resposta:

A indisponibilidade de bens é medida cautelar não nominada no estatuto processual,


razão pela qual se acomoda sob a cautela geral do juiz e, para que seja deferida, carece
da observância dos requisitos inerentes a todas as medidas desse jaez: fumus boni juris
(viabilidade da pretensão ressarcitória) e periculum in mora (temor de frustração da
futura execução na ação principal). Exemplo dessa modalidade cautelar encontra-se no
artigo 7º da Lei n. 8.429/92 (Lei da Improbidade Administrativa). A propósito, confira-
se o seguinte julgado:

―3. O entendimento conjugado de ambas as Turmas de Direito Público desta Corte é de


que, a indisponibilidade de bens em ação de improbidade administrativa: a) é possível
antes do recebimento da petição inicial; b) suficiente a demonstração, em tese, do dano
ao Erário e/ou do enriquecimento ilícito do agente, caracterizador do fumus boni iuris;
c) independe da comprovação de início de dilapidação patrimonial, tendo em vista que o
periculum in mora está implícito no comando legal; d) pode recair sobre bens adquiri-
dos anteriormente à conduta reputada ímproba; e e) deve recair sobre tantos bens quan-
tos forem suficientes a assegurar as conseqüências financeiras da suposta improbidade,
inclusive a multa civil. Precedentes: REsp 1115452/MA; REsp 1194045/SE e REsp
1135548/PR. 4. Ademais, a indisponibilidade dos bens não é indicada somente para os
casos de existirem sinais de dilapidação dos bens que seriam usados para pagamento de

637
futura indenização, mas também nas hipóteses em que o julgador, a seu critério, avali-
ando as circunstâncias e os elementos constantes dos autos, afere receio a que os bens
sejam desviados dificultando eventual ressarcimento. (AgRg na MC 11.139/SP)‖. (STJ,
AgRg na AREsp 20853/SP, Primeira Turma, Rel. Min. Gonçalves, DJ 29.06.2012).

6) À tal cautelar, se aplica o disposto nos arts. 808 e 811 do CPC?

Resposta:

Às medidas cautelares em geral, inclusive as inominadas, aplicam-se as disposições do


artigo 808 e 811 do Código de Processo Civil. No entanto, quanto à cautelar de indispo-
nibilidade, em sede de ação civil pública de improbidade administrativa, deve-se atentar
à disposição específica do artigo 17, da Lei n. 8.429/92.

7) A sentença na ação de sequestro produz coisa julgada material?

Resposta:

Consoante MARINONI, ―a coisa julgada material é a qualidade que torna indiscutível a


declaração ou o efeito declaratório contido na sentença. Entretanto, a coisa julgada so-
mente incide em face de algumas sentenças. [...] A sentença, para produzir coisa julgada
material, deve ser capaz de declarar a existência ou a inexistência de um direito. Se o
procedimento não outorga às partes adequada oportunidade de alegação e produção de
prova, ou melhor, de exercício do contraditório, nele jamais se poderá chegar a um juízo
capaz de permitir a declaração de direito, mas apenas a um juízo idôneo a autorizar uma
declaração sumária, que, por sua própria natureza e origem, não terá força suficiente
para gerar a imutabilidade típica da coisa julgada. [...] Portanto, a declaração fundada
em cognição sumária – típica à sentença cautelar – ou em cognição rarefeita – própria à
sentença de jurisdição voluntária – não é capaz de gerar coisa julgada material, até por-
que não objetiva produzir definitividade‖ (MARINONI, Luiz Guilherme. Curso de Pro-
cesso Civil. 4. v. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008. p. 188).

No entanto, em situações excepcionais, é possível a produção de coisa julgada material


em ação cautelar. A título de exemplo, quando o juiz declara a decadência ou a prescri-
ção do direito que se pretende resguardar. Ademais, no caso concreto, se, em resposta à
ação de sequestro, a parte requerida alega alguma modalidade extintiva do crédito, co-
mo pagamento ou novação, e apresenta o respectivo título de quitação, é possível que o
juiz, desde logo, declare extinta a obrigação que o autor pretende resguardar. Nesse sen-
tido, a sentença também será qualificada pela coisa julgada material.

8) Pode a parte solicitar revogação da medida cautelar, de acordo com o 807, mesmo não ten-
do apelado da sentença?

638
Resposta:

Em uma ação de conhecimento, em que se proferiu sentença de procedência, mas não


houve recurso da parte ré, é controversa a possibilidade de se revogar a medida cautelar
antecipada ou incidentalmente deferida. Consoante o artigo 807, do Código de Processo
Civil, ―as medidas cautelares conservam a eficácia no prazo do artigo antecedente e na
pendência do processo principal‖. Pela dicção do artigo, a medida cautelar seria revo-
gada com a finalização do processo, com ou sem resolução do mérito. No entanto, Frei-
tas Câmara defende que esse dispositivo apenas tem aplicação se o desfecho do proces-
so principal for desfavorável ao demandante, sob pena de se frustrar o cumprimento da
sentença condenatória pela ineficácia da medida concedida em cautelar.

11.8.1.4. Questões do TRF4


1) É cabível MS para prova complexa?

Resposta:

Em sede de mandado de segurança, a prova deve ser pré-constituída, devendo a inicial


apresentar, desde logo, os fatos incontroversos e o direito supostamente infringido, des-
servindo essa via inclusive para o exame de matéria de fato complexa. Não há possibili-
dade de instrução probatória em mandado de segurança.

2) Pode a parte posteriormente trazer fato novo ao MS?

Resposta:

Em regra, pode a parte apresentar fato novo na ação de mandado de segurança, desde
que incontroverso. Nessa hipótese, aplica-se o artigo 462, do CPC. A título de exemplo,
confira-se o seguinte aresto:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. FATO SUPERVENIENTE. AUSÊN-


CIA DE INTERESSE DE AGIR. PROCESSO EXTINTO. SENTENÇA MANTIDA. 1.
Ainda que legitimada a autoridade apontada coatora, houve fato superveniente que reti-
rou a interesse processual dos substituídos à tutela pretendida, visto que o colendo Su-
perior Tribunal de Justiça cassou a decisão judicial que orientou a decisão administrati-
va adotada pelo então Presidente do TST e que estaria sendo descumprida, em parte,
pelo impetrado. 2.De ver-se que o ato administrativo em destaque, fl. 611, a todo tempo,
reporta-se ao cumprimento de determinação judicial, que, àquela altura sequer havia
transitado em julgado e, agora, encontra-se revogada. Portanto, o eventual direito líqui-
do e certo, embasado na citada decisão, que já se mostrava temerário pela pretendida
extensão dos efeitos aos servidores não integrantes daquela ação, agora, com maior ra-
zão, encontra-se destituído de qualquer amparo legal. 3. Se depois da propositura da
ação, algum fato constitutivo ou extintivo do direito influir no julgamento da lide, cabe-
rá ao juiz tomá-lo em consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no momento
639
de proferir a sentença (art. 462 do CPC). O fato novo , na hipótese, foi o julgamento e
provimento, pelo STJ, do Recurso Especial n. 637.741, o que, a contrário senso, legiti-
ma a ação do impetrado e esvazia o ato embasador da impetração.(TRF 1ª Região, AMS
2004.34.00.013198-0 / DF, Rel. Juíza Rosimayre de Carvalho, Segunda Turma Suple-
mentar, DJ 01.02.2012).

11.8.1.5. Questões do TRF5


TRF5 - 2012

1) Sobre o mandado de segurança, o MS coletivo é uma espécie autônoma de ação ou uma


sub-espécie do próprio MS.

Resposta:

Ainda que o mandado de segurança coletivo seja tratado na Lei 12016/2009, a ―lei ge-
ral‖ do MS, é possível se afirmar, de forma direta e precisa, que o MS coletivo é ação
autônoma, e não subespécie do MS individual. Com a edição da novel legislação, o níti-
do caráter individualista da Lei 1533/1951 foi revogado, abrindo espaço às peculiarida-
des outrora tratadas exclusivamente pela doutrina e jurisprudência, como a legitimação
ativa, os objetos tuteláveis e a coisa julgada.

2) Faça uma diferenciação sobre AP e ACP.

Resposta:

Topologicamente, ambos os institutos possuem legislações distintas. A AP é regida pela


Lei 4717/1965, ao passo que a ACP é regida pela Lei 77347/1985. A AP tutela os inte-
resses difusos, voltados à preservação da probidade, eficiência e moralidade na gestão
da coisa pública; a ACP, diversamente, protege os interesses difusos ou coletivos, com
objetivo de preservação do patrimônio público (natural e cultural), meio ambiente e
consumidor. Ademais, distinguem-se pela legitimidade ativa (naquela, qualquer cidadão
em gozo dos direitos políticos; nessa, legitimados constantes do artigo 5º, da Lei n.
7.347/85) e pela modalidade dos pedidos veiculáveis (naquela, pedido de nulidade de
ato lesivo; nessa, pedido de obrigação de fazer ou de pagar). Nesse ponto, ressalte-se a
jurisprudência recente, que vem admitindo a veiculação de pedido de condenação em
obrigação de fazer e de pagar em sede de ação popular.

3) Fale da coisa julgada no âmbito da ação civil pública.

Resposta:

640
No intuito de se adaptar aos contornos da jurisdição coletiva, a coisa julgada nas ações
dessa natureza também sofreram algumas alterações quanto ao seu modo de produção e
quanto ao rol dos interessados por ela atingidos. O Código de Defesa do Consumidor,
ao apresentar regras processuais das ações coletivas, distingue a extensão dos respecti-
vos efeitos, a depender da natureza do direito coletivo tratado: (i) quanto aos direitos
difusos, forma-se a coisa julgada secundum eventum probationis – efeitos erga omnes,
salvo improcedência por insuficiência de provas; (ii) quanto aos direitos coletivos em
sentido estrito, forma-se a coisa julgada secundum eventum probationis – efeitos ultra
partes, limitadamente aos integrantes da categoria, grupo ou classe, salvo improcedên-
cia por insuficiência de provas; (iii) quanto aos direitos individuais homogêneos, forma-
se a coisa julgada secundum eventum litis e in utilibus – efeitos erga omnes no caso de
procedência, a fim de beneficiar todas as vítimas e sucessores, sem prejuízo para tercei-
ros que não intervieram no processo.

Outrossim, doutrina e jurisprudência discutem acerca da redação controversa do artigo


16, da Lei n. 7.357/85, ―a sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da
competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente
por falta de provas [...]‖. Critica-se a limitação territorial da eficácia da coisa julgada
material, de modo que o STJ tem relativizado a aplicação desse dispositivo, em inúme-
ros precedentes:

―[...] 2. O que caracteriza os interesses coletivos não é somente o fato de serem com-
partilhados por diversos titulares individuais reunidos em uma mesma relação jurídica,
mas também por a ordem jurídica reconhecer a necessidade de que o seu acesso ao Ju-
diciário seja feito de forma coletiva; o processo coletivo deve ser exercido de uma só
vez, em proveito de todo grupo lesado, evitando, assim, a proliferação de ações com o
mesmo objetivo e a prolação de diferentes decisões sobre o mesmo conflito, o que con-
duz a uma solução mais eficaz para a lide coletiva. 3. A restrição territorial prevista
no art. 16 da Lei da Ação Civil Pública (7.374/85) não opera efeitos no que diz res-
peito às ações coletivas que visam proteger interesses difusos ou coletivos stricto
sensu, como no presente caso; nessas hipóteses, a extensão dos efeitos à toda categoria
decorre naturalmente do efeito da sentença prolatada, vez que, por ser a legitimação do
tipo ordinária, tanto o autor quanto o réu estão sujeitos à autoridade da coisa julgada,
não importando onde se encontrem.‖ (STJ, CC 109435/PR, Rel. Min. Napoleão Nunes
Maia Filho, Terceira Seção, DJ 22.09.2010).

―É possível o ajuizamento no foro do domicílio do consumidor de liquidação e execu-


ção individual de sentença proferida em ação coletiva porque o alcance da coisa julgada
não se limita à comarca no qual tramitou a ação, mas sim a determinados sujeitos e
questões fático-jurídicas, de modo que o artigo 16 da LACP mistura conceitos hetero-
gêneos de coisa julgada e competência territorial, induzindo a interpretação de que os
efeitos da sentença podem ser limitados territorialmente, quando se sabe que coisa jul-
gada, a despeito da atecnia do artigo 467 do CPC, não é efeito da sentença, mas quali-

641
dade que a ela se agrega de modo a torná-la imutável e indiscutível.‖ (STJ, REsp
1243887/PR, Rel. Min. Luís Felipe Salomão, Corte Especial, DJe 12.12.2011).

11.9. Direito Processual Penal

11.9.1. Prova. Quebra Do Sigilo Bancário

11.9.1.1. Questões do TRF1


1) Qual a posição do senhor a respeito da quebra de sigilo bancário? Tem que estar concentra-
do num ator exclusivo, que é o juiz, é a ideia de Platão por exemplo.

Resposta:

Platão apresenta a dihégesis, espécie de representação poética em que o autor/poeta nar-


ra e indica a ação das personagens, descrevendo o que está em suas mentes, as suas e-
moções e os seus pensamentos. Nesse sentido, observando-se a jurisprudência acerca do
assunto, entende-se que o deferimento da quebra de sigilo bancário, de fato, deve estar
concentrada no Juiz, única figura que dispõe de autoridade para relativizar o direito fun-
damental da intimidade, nesse ponto. Acresça-se a essa situação o poder das CPIs, que,
para tanto, estão investidas de poderes investigativos típicos de autoridade judicial.

2) O IP deve ser motivado ou narrativo?

Resposta:

Dentre as características do IP (procedimento escrito, oficiosidade, oficialidade, discri-


cionariedade, inquisitivo, indisponível, etc.), destaca-se seu aspecto narrativo. É dizer:
cabe à autoridade policial apenas NARRAR, de forma escrita, os conjuntos de diligên-
cias todas sob sua presidência, que visaram angariar elementos pontuais da autoria e
materialidade da infração penal. Diferentemente das decisões judiciais, o IP dispensa a
motivação.

3) No processo penal se busca a verdade real, o IP é a peça informativo em que se busca a


autoria e circunstância, fato definido como crime, qual o sentido de verdade? Tentativa de
representação da realidade? O que é verdade real?

Resposta:

Trecho do acórdão do HC 155149, de relatoria do Ministro Felix Fischer (Quinta Tur-


ma, DJe 14.06.2010): ―Jorge Figueiredo Dias (in "Processo Penal", ed. 1974, reimpres-
são de 2004, Coimbra Editora) alerta que "...a verdade material que se busca em proces-
so penal não é o conhecimento ou apreensão absoluta de um acontecimento, que todos
sabem escapar à capacidade do conhecimento humano; tanto mais que aqui intervém,

642
irremediavelmente, inúmeras fontes de possível erro..."(p. 204). Ensina que a assim de-
nominada verdade material há de ser tomada em duplo sentido: "no sentido de uma ver-
dade subtraída à influência que, através do seu comportamento processual, a acusação e
a defesa queiram exercer sobre ela; mas também no sentido de uma verdade que, não
sendo "absoluta" ou "ontológica", há de ser antes de tudo uma verdade judicial , prática
e, sobretudo, não uma verdade obtida a todo preço mas processualmente válida. [...] O
princípio da verdade real, para além da terminologia, não poderia ter - na concepção
ortodoxa - limitações. No entanto, Tourinho Filho, em verdadeira contestação à concep-
ção clássica, apresenta inúmeras restrições probatórias: a) a questão do estado das pes-
soas (art. 155 do CPP); b) as provas obtidas por meio ilícito (art. 5º, LVI da CF); c) pro-
vas que afetam a autodeterminação, a liberdade e possam caracterizar um constrangi-
mento ilegal (ferindo a dignidade da pessoa humana, v.g. art. 5º, incisos III, X, XLXIX
da Carta Magna), tais como o detector de mentiras e a narcoanálise, obrigando o acusa-
do a depor contra si mesmo; d) art. 207 do CPP, proibição de depor em razão de função,
ofício ou profissão (sobre os desobrigados); e) art. 233 do CPP, cartas particulares inter-
ceptadas por meios criminosos; f) art. 243 § 2º, do CPP, proibição de apreensão de do-
cumento em poder do defensor do acusado, salvo quando o elemento do corpo de delito;
g) limitação temporal, v.g. , mormente para arrolar testemunhas e leitura de documentos
em plenário do júri, etc.; h) prova da reincidência; i) prova pericial (exame de corpo de
delito); j) exame de insanidade mental do acusado (prova da culpabilidade, ou não, do
réu por via da inimputabilidade).‖

4) Quebra do sigilo bancário pela receita federal sem autorização judicial, fale sobre?

Resposta:

Trata-se de tema controverso. A Lei Complementar nº 105/01 permite, em seu art. 6º,
que as autoridades fiscais dos entes federativos tenham acesso aos dados protegidos
pelo sigilo bancário quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento
fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade admi-
nistrativa competente.

O Supremo Tribunal Federal, por apertada maioria e com composição bastante diferen-
ciada da atual, julgou inconstitucional tal disposição em sede de controle difuso de
constitucionalidade, proclamando que a quebra de referido sigilo estaria reservada ao
pronunciamento judicial (389.808/PR).

Até que o tema seja novamente apreciado pela Corte por uma decisão que se mostre
democraticamente mais legítima, a lei citada continuará plenamente válida, dela não
tendo sido tolhida a presunção de constitucionalidade.

Resta, pois, aguardar os próximos capítulos.

643
5) O que Vossa Excelência entende por quebra de sigilo bancário?

Resposta:

Trata-se do acesso aos dados registrados nas tecnologias utilizadas pelas instituições
financeiras relativos às transações e movimentações de numerário feitas pelo titular da
conta objeto da quebra, sem a autorização deste.

11.9.1.2. Questões do TRF2


1) Atividade residual do juiz de perquirir prova fere o sistema acusatório?

Resposta:

De acordo com o Código de Processo Penal, a prova da alegação incumbirá a quem a


fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício (art. 156).

I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas


consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcio-
nalidade da medida; (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de


diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.

Vê-se que a lei flexibiliza, em certo ponto, o sistema acusatório ao permitir a atuação
probatória oficiosa do juiz em caráter subsidiário.

É certo, no entanto, que assim como o próprio CPP impõe limites a essa intervenção do
juiz como agente instrutor, o magistrado somente poderá agir para produzir provas em
caráter totalmente subsidiário e excepcional, tomando o devido cuidado para não com-
prometer a sua imparcialidade, sob pena de violar o devido processo legal em sua acep-
ção substancial.

2) Prova pericial do processo. É prova autônoma aquela produzida pelo assistente de acusa-
ção?

Resposta:

Não. Uma vez juntada, a prova pertence ao processo, e não à parte. Se, a partir dela, o
juiz obtiver elementos para se convencer quanto à culpabilidade do réu, em conjunto
com todos os demais elementos probatórios, poderá assim proceder sem incidir em nu-
lidade instrumental.

644
11.9.1.3. Questões do TRF3

11.9.1.4. Questões do TRF4

11.9.1.5. Questões do TRF5


01) Quebra do sigilo bancário pode ser determinada pelo MP? Seria válida?

Resposta:

Somente seria válida a quebra, nessa hipótese, se o seu objeto fosse conta bancária des-
tinada à movimentação de dinheiro público. Nesse caso impera o princípio da publici-
dade, não existindo qualquer justificativa apta a amparar a inacessibilidade aos dados da
conta.

Fora desse específico caso, porém, reserva-se a legitimidade ativa para promover a que-
bra do sigilo bancário às autoridades previstas na Lei Complementar nº 105/01, dentre
as quais não se encontra o Parquet.

Desse modo, totalmente ilegal é a quebra desse sigilo diretamente pelo órgão ministeri-
al, motivo pelo qual deve, para tal mister, recorrer-se do Poder Judiciário a fim de obter
a tutela jurisdicional determinadora da quebra.

02) Qual seu entendimento sobre o poder de investigação do Ministério Público? O MP pode
dirigir o inquérito policial? E medidas cautelares, como busca e apreensão, quebra de sigilo
bancário, fiscal etc., como medidas necessárias à investigação, podem ser feitas diretamente
pelo MP?

Resposta:

Entendo que não se deve restringir o poder investigatório do Ministério Público, desde
que o órgão ministerial aja, em suas diligências, com total respeito às leis e à Constitui-
ção, observando os direitos fundamentais e a dignidade das pessoas.

O Ministério Público, especialmente na área penal onde atua como órgão de acusação,
não possui, por evidente, o dever de ser imparcial. Pelo contrário, verificando indícios
da ocorrência de delitos, ele tem o dever constitucional de promover a ação penal públi-
ca, eis que convencido da materialidade e de indícios mínimos de autoria.

Assim como os advogados de defesa têm total liberdade, fora das lindes reservadas à
pecha da ilegalidade, de promover suas próprias diligências, contratar detetives particu-
lares e exercitar todos os atos aos seus alcances para fortalecer ainda mais o estado de

645
inocência de seus clientes, não vejo razão suficiente para se limitar, castrando o múnus
constitucional, o trabalho do Parquet, sobre o qual sempre recairá o ônus probatório.

Retirar seu poder de investigação, limitando sua atuação tão-somente à fase processual,
a partir da denúncia, significa inviabilizar ainda mais a sua atuação em um país onde o
índice de apuração dos ilícitos penais é estatisticamente lamentável.

Evidentemente, no entanto, que o Ministério Público não irá dirigir o inquérito policial,
eis que não possui ele qualquer hierarquia sobre a autoridade policial.

Quanto às medidas cautelares, poderá promover diretamente somente aquelas que não
estiverem sujeitas à reserva de jurisdição, caso contrário restará fatalmente inquinada de
nulidades insuperáveis.

11.10. Direito Ambiental

11.10.1. A Tutela Processual Dos Interesses Difusos Ambientais E A Técnica Das


Tutelas De Urgência Na Defesa Adequada Do Meio Ambiente. O Devido
Processo Legal Coletivo E A Tutela Jurisdicional Inibitória Do Risco De Dano
Ambiental Como Instrumento De Eficácia Do Princípio Da Precaução. A Eficácia
Erga Omnes Da Coisa Julgada Coletiva Na Dimensão Do Interesse Difuso
Ambiental

11.10.1.1. Questões do TRF1


1) Temos uma tutela preventiva ambiental, e isto é constitucional?

Resposta:

Sim. Existe tutela preventiva ambiental, a qual é perfeitamente constitucional.

Inicialmente, cabe salientar que há uma série de instrumentos jurídicos previstos no


ordenamento que podem ser utilizados para fins de resguardo de direitos, visto que, em
não poucos casos, o implemento de uma conduta comissiva ou omissiva que produza
efeitos no mundo fenomênico pode se mostrar irreversível. Trata-se das tutelas inibitó-
rias, que buscam coibir comportamentos antijurídicos em vias de concreção.

No que se refere ao meio ambiente, é inequívoco que condutas lesivas, ainda que poten-
cialmente, são aptas a gerar consequências desastrosas aos ecossistemas e que em pou-
cos casos se mostrarão completamente reversíveis. Isso se deve à própria complexidade
desse bem jurídico de interesse coletivo, cujas interações físicas, químicas e biológicas
estão sobremodo além do estado da técnica.

Como é dever do Poder Público e da coletividade defender e preservar o meio ambiente


(art. 225, CR), certo é que para dar concretude ao modal deôntico imposto pela norma
permitida (e até mesmo ordenada) está a tutela preventiva, inclusive como decorrência

646
dos princípios da prevenção e da precaução que norteiam a visão preservacionista ambi-
ental.

Sobre o tema, vide trecho de julgado do TRF1 sobre Belo Monte:

―Nesse contexto de desafios das metas de desenvolvimento para todos os seres vivos,
neste novo milênio, na perspectiva da Conferência das Nações Unidas - Rio+20, a tutela
jurisdicional inibitória do risco ambiental, que deve ser praticada pelo Poder Judiciário
Republicano, como instrumento de eficácia dos princípios da precaução, da prevenção e
da proibição do retrocesso ecológico, como no caso em exame, no controle judicial de
políticas públicas do meio ambiente, a garantir, inclusive, o mínimo existencial-
ecológico dos povos indígenas atingidos diretamente e indiretamente em seu patrimônio
de natureza material e imaterial (CF, art. 216, caput, incisos I e II) pelo Programa de
Aceleração Econômica do Poder Executivo Federal, há de resultar, assim, dos coman-
dos normativos dos arts. 3º, incisos I a IV e 5º, caput e incisos XXXV e LXXVIII e res-
pectivo parágrafo 2º, c/c os arts. 170, incisos I a IX e 225, caput, e 231, § 3º, da Consti-
tuição da República Federativa do Brasil, em decorrência dos tratados e convenções
internacionais, neste sentido, visando garantir a inviolabilidade do direito fundamental à
sadia qualidade de vida, bem assim a defesa e preservação do meio ambiente ecologi-
camente equilibrado, em busca do desenvolvimento sustentável para as presentes e futu-
ras gerações‖ (EDAC 2006.39.03.000711-8/PA, rel. Des. Federal Selene Maria de Almeida, 5ª Turma,
Unânime, Publicação: e-DJF1 de 27/08/2012, p. 316.)

2) Art. 84 do CDC e o art. 461 do CPC, nós poderíamos aplicar no caso da tutela inibitória como
um meio de efetivação desta tutela?

Resposta:

(Pergunta sem muita lógica da forma como foi apresentada. Interpretei ela como se esti-
vesse se referindo à possibilidade de utilização da tutela específica ou da conversão no
resultado prático em sede ambiental).

A tutela inibitória pode ser utilizada para impedir o implemento de um comportamento


lesivo ou fazê-lo cessar quando, após iniciado, os resultados danosos não estejam com-
pletamente exauridos.

Em sede de defesa do meio ambiente, de maneira alguma se descarta a possibilidade de


concessão da tutela específica, especialmente quando a entidade que atua como sujeito
ativo da demanda de interesse coletivo tenha atribuição administrativa para intervir na
situação que se quer evitar.

Por outro lado, a tutela judicial condenatória ao pagamento do equivalente em dinheiro


somente deve ser utilizada em último caso, não sendo ela compatível com a tutela inibi-
tória.

647
3) Poderia se pensar em uma tutela inibitória em relação a um ente púbico?

Resposta:

Perfeitamente. Seria cabível por exemplo, quando o Ministério Público Federal propõe
uma ação civil pública requerendo ao juízo, em um de seus pedidos, que impeça o órgão
licenciador federal de conceder a Licença de Instalação por irregularidades nos estudos
prévios de impacto ambiental apresentados pelo interessado.

4) O que é o princípio da precaução no direito ambiental?

Resposta:

De acordo com o Princípio da Precaução, não podem ser permitidas intervenções no


meio ambiente antes de se ter a certeza de que estas não serão adversas. Trata-se de
norma essencialmente protetiva, que impede que a ausência de rigor e conhecimento
científico quanto às formas de fazer e produzir, que tenham impactos ambientais, seja
utilizada como argumento em favor da conduta perigosa de resultados desconhecidos.

De acordo com o Superior Tribunal de Justiça, o princípio da precaução justifica a in-


versão do ônus probatório em matéria ambiental, já que confere ao interessado o dever
de provar cabalmente que seu empreendimento não causa e nem será passível de causar
dano ambiental intolerável (REsp 1.060.753).

De acordo com a doutrina, ele se apresenta conforme as versões forte e fraca.

Segundo a concepção forte, apoiada na visão biocêntrica, para a liberação de uma nova
tecnologia, é necessário que não haja risco de dano além do previsto, comprovado me-
diante prova absolutamente segura. Cita-se como exemplo a Carta Mundial sobre a Na-
tureza de 1982, que estabelece: "sempre que efeitos potenciais adversos não forem ple-
namente conhecidos, as atividades não podem ocorrer". Essa vertente praticamente in-
viabiliza os empreendimentos.

A concepção fraca, a seu turno, tem como orientação assegurar o menor risco da ativi-
dade humana. Busca, portanto, adaptar a proteção do meio ambiente ao desenvolvimen-
to econômico de forma a encontrar o benefício global.

5) Diferencie a tutela inibitória da tutela ressarcitória e tutela integratória no Direito Ambien-


tal?

Resposta:

648
A tutela inibitória tem a função precípua de evitar a consumação ou o aprofundamento
do dano ambiental. A tutela ressarcitória, na seara ambiental, tem a função de permitir a
reparação do dano causado à sociedade, com o equivalente em dinheiro a ser destinado
à própria reparação do passivo ambiental específico ou a um fundo (fluid recovery sys-
tem).

Quanto à tutela integratória...?

6) Lençóis maranhenses, construindo uma casa sobre uma duna, a atitude do poder público, é
possível pedir uma remoção do ilícito e reparação?

Resposta:

Os lençóis maranhenses constituem-se em uma Unidade de Conservação do Grupo de


Proteção Integral, tendo sido alçado ao nível de Parque Nacional. Assim, de acordo com
o art. 11 Da Lei nº 9.985/00, não é possível a construção de casas sobre seu território,
pois totalmente em desacordo com a função socioambiental outorgada a essa área.

Desse modo, não há óbice algum à condenação do responsável pela construção irregular
na obrigação de fazer consistente em remover o ilícito, assim como na obrigação de
reparar.

7) Qual o papel da multa na tutela inibitória, tem fundamento constitucional, tem limites para
aplicação de uma multa?

Resposta:

A multa, na tutela inibitória, tem a função de meio de constrição indireto que recai sobre
o devedor para fins de tornar efetiva a ordem judicial e para que seja mais rapidamente
respeitado o direito do credor. Seu fundamento constitucional é implícito, visto decorrer
de toda a sistemática da separação das funções estatais e da outorga ao ―Poder‖ Judiciá-
rio da exclusividade quase absoluta no que se refere à resolução de litígios entre as par-
tes.

Ele pode ser construído, primordialmente, a partir de dois incisos do artigo 5º da Consti-
tuição da República: inc. II (ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
coisa senão em virtude de lei) e XXXV (a lei não excluirá da apreciação do Poder Judi-
ciário lesão ou ameaça a direito).

Pelo segundo dispositivo citado, fica claro que nem mesmo a ameaça a direito poderá
ser excluída do Poder Judiciário, o que já abre um amplo espectro confirmatório da legi-
timidade das diversas formas de proteção a direitos levadas a efeito pelo Judiciário.

649
Ao mesmo tempo, no entanto, em que se outorga ao Judiciário esse papel fundamental
de resguardar e confirmar direitos, a própria Constituição já limita a sua atuação, impe-
dindo que seja imposto a alguém algum dever não previsto em lei, ou seja, não debatido
na esfera pública e proclamado como razoável pelos representantes da sociedade.

Vê-se, pois, que o primeiro limite à aplicação da multa é a própria previsão legal.

O segundo limite que se pode invocar pode ser encontrado no postulado da proporciona-
lidade, devendo haver uma correlação entre o valor final da multa e o valor estimável do
bem jurídico cuja imposição (da multa) se buscou efetivar. Assim, deve-ser percorrer o
itinerário de aferição da adequação/necessidade/proporcionalidade em sentido estrito
entre ambos.

Por fim, dando destaque a um especial limite, não deve a multa ser utilizada como for-
ma de confisco, visto que a propriedade é direito constitucionalmente garantido.

8) Como juiz federal aplicaria a tutela inibitória ambiental ao CDC no que tange ao art. 84 e o
art. 461 do CPC?

Resposta:

Sim, aplicaria se houvesse pedido do autor ou, existindo periculum in mora e fumus
boni iuris, valendo-me do poder geral de cautela a fim de impedir o implemento de da-
no ambiental.

11.10.1.2. Questões do TRF2


1) Através de que vias poderia se pensar em proteção jurídica do conhecimento tradicional
associado?

Resposta:

O conhecimento tradicional associado faz parte do patrimônio cultural do país. Apesar


de prevista na Constituição a sua defesa (art. 215 e art. 68, ADCT), não há nenhum dis-
positivo infraconstitucional válido que discipline de quais formas se darão essa prote-
ção.

Não obstante, evidentemente que não é a Constituição um simples documento proposi-


tivo. Assim, possível que tais conhecimentos sejam defendidos tanto na via administra-
tiva, como, por exemplo, com as medidas de proteção cultural promovidas pela FUNAI
tais como determinadas vedação de acesso a brasileiros e estrangeiros não índios a re-
servas indígenas, quanto pela via judicial, especialmente por intermédio de ações coleti-
vas.

Em nível internacional, há especial debate em cima de dois diferentes sistemas proteti-


vos: sistema dos direitos de propriedade industrial (e na hipótese, estariam os conhe-
650
cimentos tradicionais inseridos no sistema de patentes), seja pelo regime sui generis,
uma proposta que ganha corpo e reflete a intenção de resguardar os conhecimentos an-
cestrais acima de qualquer outro interesse envolvido. A possibilidade de cabimento de
tais formas de proteção será abordada nos itens seguintes (esse último parágrafo foi reti-
rado do resumo de direito ambiental elaborado pelo grupo).

11.10.1.3. Questões do TRF3

11.10.1.4. Questões do TRF4

11.10.1.5. Questões do TRF5

11.11. Direito Internacional Público e Privado

11.11.1. Tratados Internacionais (Latu Sensu). Direito Dos Tratados

11.11.1.1. Questões do TRF1


1) Qual foi o primeiro tratado internacional de que se tem notícia?

Resposta:

(Somente repetindo resposta que é amplamente repetida por aí. Eu, particularmente, não
acredito nisso...).

Tratado de Paz celebrado, em 1280 a.C., entre o Faraó Ramsés II do Egito e Hatussili
III, rei dos Hititas.

2) Em que hipótese os Estados estão autorizados a realizar uma reserva em um tratado inter-
nacional?

Resposta:

A reserva é uma declaração unilateral, qualquer que seja a sua redação ou denominação,
feita por um Estado ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir,
com o objetivo de excluir ou modificar o efeito jurídico de certas disposições do tratado
em sua aplicação a esse Estado.

Não há um rol de hipóteses previamente estabelecidas acerca das reservas, exatamente


por se tratar de um ato político e discricionário na sua essência.

651
Isso é o que se pode depreender do art. 19 da Convenção de Viena sobre o Direito dos
Tratados, de 1969, com uma interpretação contrario sensu:

Um Estado pode, ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir,


formular uma reserva, a não ser que:

a) a reserva seja proibida pelo tratado;

b) o tratado disponha que só possam ser formuladas determinadas reservas, entre as


quais não figure a reserva em questão; ou

c) nos casos não previstos nas alíneas a e b, a reserva seja incompatível com o objeto e a
finalidade do tratado.

DESSE PONTO EM DIANTE: RESPOSTAS ELABORADAS POR RAFAEL DE


SOUZA BRANQUINHO E ASSIS
3) Aquele que realiza a reserva no tratado procede de que maneira para se eximir desta res-
ponsabilidade?

Resposta:

Deve ser manifesto o objetivo da sua reserva. As reservas devem ser formuladas por
escrito e comunicadas às partes contratantes e a terceiros sujeitos que tenham direito de
se tornar partes do tratado (Portela). Em regra, a reserva é ato unilateral do Estado con-
tratante, não exigindo consentimento das demais partes. Essa regra, no entanto, é passí-
vel de exceções.

4) Quais são as fases a que se submete os tratados e convenções?

Resposta:

Negociação, assinatura, referendo no parlamento, e depois ratificação (depósito no tra-


tados multilaterais ou troca nos tratados bilaterais). Negociação: fase inicial, na qual
discutem e estabelecem os termos do ato internacional. Assinatura: anuência preliminar,
que não vincula as partes a observar os termos do ato. Referendo: autorização do Con-
gresso Nacional (art. 49, I, CF). Ratificação: ato privativo e discricionário do Presidente
da República, que confirma seu interesse em concluí-lo e estabelece, no âmbito interna-
cional, o seu consentimento em obrigar-se por suas normas. É aceitação definitiva do
acordo.

652
5) Quanto à adesão posterior, como se classificam os tratados? Me dê exemplo de tratado
aberto e tratado fechado?

Resposta:

Quanto à possibilidade de adesão os tratados podem ser classificados em abertos ou


fechados. a) Abertos são aqueles que permitem a adesão posterior de Estados que não
participaram de sua conclusão. Podem ser a.1) limitados: abertos apenas para um grupo
de Estados, ex. Mercosul, ou a.2) ilimitados: permitem a adesão de qualquer ente esta-
tal, ex. Carta da ONU. b) Fechados: não permitem adesão posterior, ex. Tratado de Co-
operação Amazônica (TCA).

6) Nos casos de tratados internacionais sobre direitos humanos? Como se dá sua internaliza-
ção?

Resposta:

O Brasil adota o sistema tradicional, pelo qual a internalização está subordinada ao


cumprimento pela autoridade estatal de um ato jurídico especial (Portela). Assim, após
o referendo do Congresso, o Presidente da República ratifica o ato internacional e o
promulga, por meio de decreto, que ordena a execução do tratado em âmbito nacional e
determina sua publicação do DOU. Os tratados relacionados a direitos humanos seguem
a mesma sistemática de incorporação dos demais atos internacionais, com uma diferen-
ça: o § 3º do art. 5º da CF facultou ao Congresso procedimento de deliberação legislati-
va pelo qual conferir-se-ia aos tratados status de emenda constitucional. (Portela)

11.11.1.2. Questões do TRF2


1) Discorrer sobre Tratados Internacionais.

Resposta:

Tratado internacional significa um acordo internacional concluído por escrito entre Es-
tado se regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de
dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica. Tem
como condições de validade a capacidade das partes, a habilitação de seus agentes, um
objeto lícito e possível e do consentimento regular. Cabe ao Presidente da República
celebrar os contratos em nome do Estado, mas pode tal competência ser delegada a ou-
tras pessoas, por meio da carta de pleno poderes, qualificando a pessoa como plenipo-
tenciário.

2) Tratados Internacionais no ordenamento jurídico brasileiro.

Resposta:
653
Os tratados internacionais, para se internalizar ao ordenamento jurídico brasileiro, de-
vem passar pelas seguintes etapas: negociação, assinatura, referendo do Congresso Na-
cional (decreto legislativo), ratificação do Presidente da República (decreto presidenci-
al), promulgação pelo Presidente da República e publicação. Entram, em regra, com
status de lei ordinária, salvo se tratarem sobre direitos humanos, que terão status supra-
legal ou de emenda constitucional, caso obedecido o § 3º do art. 5º da CF.

3) Há necessidade de algum ato para que produza efeitos no plano interno?

Resposta:

Sim. O tratado de verá ser promulgado pelo Presidente da República e publicado no


DOU. A ratificação repercute internacionalmente, significando a aceitação definitiva do
ato internacional, que será dada publicidade pelo depósito em contrato multilateriais ou
pela troca dos instrumentos de ratificação em tratados bilateriais. A promulgação impõe
a aplicação do tratado no âmbito interno. (Portela)

4) Exemplos de Tratados Internacionais voltados para o direito privado.

Resposta:

Ex: Convenção de Nova Iorque sobre Cobrança de Alimentos no Estrangeiro; Protocolo


de Las Lenas – Protocolo de Cooperação e Assistência Jurisdicional em Matéria Civil,
Comercial, Trabalhista e Administrativa; Convenção do Panamá – Convenção Interame-
ricana sobre Arbitragem Comercial Internacional.

5) Há alguma diferença entre tratados?

Resposta:

A doutrina elenca uma série de espécies de tratados. No entanto, o emprego das deno-
minações dos tratados na prática internacional é indiscriminado e não influencia o cará-
ter jurídico do instrumento, nos termos da própria Convenção de 1969, que determina
que estes são vinculantes ―qualquer que seja sua denominação específica‖. Como ex.
podemos citar ato, carta, convenção, compromisso etc.

6) O que influi a modificação na sistemática no que tange a um tratado assinado em 1998 e um


aprovado dois anos após?

Resposta:

654
7) Discussão sobre as fontes dos Tratados Internacionais. Processo de internacionalização,
hierarquia.

Resposta:

Passado: o STF entendia que os tratados prevaleciam sobre as leis internas. Em 1977: o
STF passou a entender que os tratados ―não se sobrepõem às leis do país.‖ Assim, os
tratados têm natureza de lei ordinária e não podem regular matérias afetas à lei comple-
mentar. Em caso de conflito com lei interna não há revogação, devendo sua aplicação
ser definida de acordo com os critérios cronológico e da especialidade. Tratados de di-
reitos humanos: a) não aprovados pelo procedimento do § 3º do art. 5º ou anteriores à
EC 45/04 – supralegalidade; b) aprovados pelo procedimento do 3º - status de emenda
à constituição (posição atual do STF). Tratados em matéria tributária: o CTN adota a
supralegalidade dos tratados. O STF vem reconhecendo a supralegalidade de tratados
tributários (RE 229096). (Portela)

8) Como fica a situação dos Tratados anteriores à EC 45?

Resposta:

A EC 45 somente alterou a sistemática com relação aos tratados de direitos humanos.

Tratados de direitos humanos: a) não aprovados pelo procedimento do § 3º do art. 5º ou


anteriores à EC 45/04 – supralegalidade; b) aprovados pelo procedimento do 3º - status
de emenda à constituição (posição atual do STF).

9) A quem cabe “dar fim” a um tratado? Como o Estado se desobriga à aplicação um tratado?

Resposta:

O Tratado se extingue pela vontade comum das partes, pela vontade de uma parte (de-
núncia) e pela alteração das circunstâncias que motivaram sua celebração. A denúncia é
ato privativo do Presidente da República, não sujeita a autorização prévia ou referendo
do Congresso Nacional (art. 86, VII, CF). A denúncia isenta o estado signatário de
cumprir as normas dos tratados, com efeitos ex nunc. A denúncia extingue o tratado
bilateral e nos atos multilaterais implica retirada da parte do acordo.

10) Competência disposta no CPC no que tange aos tratados.

Resposta:

655
11) Há litispendência entre ação proposta aqui e outra no estrangeiro?

Resposta:

Não, por disposição expressa do art. 90 do CPC. Daniel Amorim afirma que a listispen-
dência é uma situação de fato e, nesse caso, haverá litispendência, o que não haverá é
seu efeito de acarretar a extinção sem julgamento de mérito daquele que a citação ocor-
reu tardiamente. Recentemente o STJ decidiu que a propositura de ação perante o Judi-
ciário brasileiro não impede a homologação de sentença estrangeira. Segundo Teori
Zavascki, a questão que se põe, em tais casos, é a de saber qual das duas sentenças pre-
valece, se a nacional ou a estrangeira. ―Essa questão, como se percebe, diz respeito à
eficácia do julgado, e não à homologabilidade da sentença estrangeira. A resposta se
resolve pela prioridade da coisa julgada: prevalece a sentença que transitar em julgado
em primeiro lugar, considerando-se, para esse efeito, relativamente à sentença estrangei-
ra, o trânsito em julgado da decisão do STJ que a homologa, já que essa homologação é
condição da eficácia da sentença homologanda‖, ressaltou o ministro.

12) E se houver cláusula de eleição de foro?

Resposta:

13) Problemas entre Tratados internacionais tributários e leis tributárias.

Resposta:

Tratados em matéria tributária: o CTN adota a supralegalidade dos tratados. O STF vem
reconhecendo a supralegalidade de tratados tributários (RE 229096). Deve-se entender,
contudo, que o tratado não revoga lei interna, nem lei interna revoga tratado, deve-se
aplicar a especialidade ou o sistema cronológico ao caso concreto. (Portela)

14) Quais as fontes do Direito Internacional Público e Privado? Ênfase no conflito sobre os
Tratados Internacionais no ordenamento jurídico brasileiro. (questão inserida nesse tópico em
razão da ênfase no conflito de tratados com o ordenamento jurídico)

Resposta:

Direito Internacional Público: a) materiais: são os fatos que demonstram necessidade e a


importância da formulação de preceitos jurídicos, que regulem certas situações; b) for-
mais: formas de expressão dos valores resguardados pelo Direito e processos de elabo-
ração de normas, ex.: tratados, costume, princípios gerais do direito e de Internacional
Público, Jurisprudência, doutrina, jus cogens, soft law. Internacional Privado: leis, tra-
tados, costume, jurisprudência, doutrina, princ. Gerais do Direito etc.

656
Passado: o STF entendia que os tratados prevaleciam sobre as leis internas. Em 1977: o
STF passou a entender que os tratados ―não se sobrepõem às leis do país.‖ Assim, os
tratados têm natureza de lei ordinária e não podem regular matérias afetas à lei comple-
mentar. Em caso de conflito com lei interna não há revogação, devendo sua aplicação
ser definida de acordo com os critérios cronológico e da especialidade. Tratados de di-
reitos humanos: a) não aprovados pelo procedimento do § 3º do art. 5º ou anteriores à
EC 45/04 – supralegalidade; b) aprovados pelo procedimento do 3º - status de emenda
à constituição (posição atual do STF). Tratados em matéria tributária: o CTN adota a
supralegalidade dos tratados. O STF vem reconhecendo a supralegalidade de tratados
tributários (RE 229096). (Portela)

15) Os tratados são fontes do direito tributário? Os tratados poderiam revogar uma lei tributá-
ria?

Resposta:

Tratados em matéria tributária: o CTN adota a supralegalidade dos tratados. O STF vem
reconhecendo a supralegalidade de tratados tributários (RE 229096). Deve-se entender,
contudo, que o tratado não revoga lei interna, nem lei interna revoga tratado, deve-se
aplicar a especialidade ou o sistema cronológico ao caso concreto. (Portela)

11.11.1.3. Questões do TRF3

11.11.1.4. Questões do TRF4

11.11.1.5. Questões do TRF5


01) Se o presidente descumprir uma convenção internacional, qual o tipo de repressão que o
Brasil pode sofrer?

Resposta:

Trata-se de responsabilidade convencional. A responsabilidade internacional tem como


finalidade reparar um dano sofrido, sendo, portanto, de natureza civil. A reparação deve
restabelecer a situação anterior. Se não for possível deve ser pecuniária. Em se tratando
de dano moral, cabe pedidos de desculpas, punição dos responsáveis e atos de desagra-
vos. Em se tratando de conflito internacional pode o Brasil sofrer as seguintes repres-
sões: retorsão, represália, embargo, bloqueio, boicote, rompimento das relações diplo-
máticas, interrupção das relações econômicas e ação militar.

657
02) Quais os entes que estão legitimados a celebrar convenções, tratados, pactos?

Resposta:

Os sujeitos dotados de personalidade internacional, Estados Soberanos, Organizações


Internacionais, Santa Sé, beligerantes e blocos regionais, com exceção da pessoa natu-
ral. (Portela)

03) Unidades federadas não dotadas de soberania podem firmar tratados?

Resposta:

Teoricamente é possível que os Estados permitam que unidades subnacionais, como


Estados da federação e municípios, celebrem tratados com Estados Soberanos e com
Organizações Internacionais. No Brasil, atualmente, compete à União Federal celebrar
tratados, devendo o Estado federado, quando de seu interesse, convencer a União (Go-
verno Federal) a concluir o acordo que atenda a seu pleito.

Com relação a atos celebrados entre entidades internacionais de financiamento, como o


Banco Mundial, não se trata de tratado, mas de contrato. De qualquer forma, deve o a
União intervir, porquanto exige-se que o Brasil faça parte da entidade e que conclua
com esta um acordo de garantia.

11.12. Sociologia do Direito

11.12.1. Direito E Comunicação Social

11.12.1.1. Questões do TRF1


1) Faça uma reflexão sobre a comunicação a respeito da linguagem, há quem diga é o ser, que
não existe nada sem a linguagem , como há quem afirme que a só a ideia existe, e então como
fica linguagem?

Resposta:

No mundo real nos aproximamos de grupos e pessoas que identificamos com nossas
ações. Nós interagimos com essas pessoas. Um dos elementos da integração social é a
comunicação. É a linguagem que ―estabelece pontes entre diferentes zonas dentro da
realidade da vida cotidiana e as integra em uma totalidade dotada de sentido‖. Por meio
da linguagem nos comunicamos e nessa interação formamos grupos com interesses pró-
prios. A linguagem é um dos fatores determinantes para o indivíduo pertencer ao social.
Para os críticos da comunicação, a mensagem que os indivíduos recebem é previamente
orientada por uma classe dominante que cria certos parâmetros de comportamento. As

658
pessoas ou grupos passam a refretir as idéias que são veiculadas por um determinado
grupo que detém um certo poder de influência por meio da mídia em geral. A mídia é
um dos instrumentos que pode transformar o comportamento do sujeito, orientando suas
opiniões a serviço de um determinado grupo. Quando se consegue transformar a opinião
da maioria por exemplo, podemos criar leis, transformar o Estado , mudar governos,
fazer revoluções. Assim, a manipulação dessa opinião pública torna-se estratégia em
muitos países, tanto no ocidente quanto no oriente.

11.12.1.2. Questões do TRF2

11.12.1.3. Questões do TRF3

11.12.1.4. Questões do TRF4

11.12.1.5. Questões do TRF5

11.13. Filosofia do Direito

11.13.1. A Visão De Platão Sobre O Mundo, O Homem E As Coisas

11.13.1.1. Questões do TRF1


1) Ao afirmar que a boa-fé é presumida qual foi a posição adotada pelo Des. Olindo em relação
ao conceito de bem e de mal? Está correta esta afirmação de que o homem tende ao bem, de
quem é este ideia? Sócrates, depois de Platão, Aristóteles fala isso. Qual a posição divergente
entre a relação dicotomia bem-mal? O mal como uma antítese do bem dentro de uma auto-
nomia. Esta posição é defendida mais para frente por Santo Agostinho (não existe o mal em si
e sim a ausência circunstancial do bem). O Senhor teria uma posição própria sob estas posi-
ções?

Resposta:

Platão, discípulo de Sócrates, defendia que o homem era a ―alma‖ (psyqué), o que ocupa
o corpo, e não o corpo em si mesmo. O homem, para Platão, possuia conhecimento e
virtude, que estão interligadas. Para ele a virtude, assim como o conhecimento, podia
ser ensinado. A ausência de virtude acarretava a prática do mal. Desta forma, o mal não
seria uma tendência intencional, mas decorreria da falta de virtude, motivo pelo qual o
bem era uma tendência. Para Platão o homem não está predisposto a praticar o mal, mas
sim o bem. Para Santo Agostinho Deus, portanto, não é o autor do mal, mas é autor do
livre-arbítrio, que concede aos homens a liberdade de exercer o mal, ou melhor, de não
praticar o bem.

659
2) Qual é o conceito de conhecimento? É uma parte da filosofia? Qual o nome na filosofia do
setor que se estuda? Qual a parte da filosofia que se estuda o conhecimento em relação ao
objeto? E a parte da filosofia que estuda o conhecimento e o sujeito do qual ele emana?

Resposta:

A definição clássica de conhecimento, originada em Platão, diz que ele consiste de


crença verdadeira e justificada. Aristóteles divide o conhecimento em três áreas: cientí-
fica, prática e técnica. O filósofo norte-americano contemporâneo Richard Rorty nos
traz a definição mais freqüente dos filósofos para essa questão:―Conhecer é representar
cuidadosamente o que é exterior à mente‖. Conhecimento é o ato ou efeito de abstrair
ideia ou noção de alguma coisa, como por exemplo: conhecimento das leis; conheci-
mento de um fato. O estudo do conhecimento é a gnoseologia. A parte da filosofia que
estuda o conhecimento em relação ao objeto é a Gnosiologia ou Teoria do Conhecimen-
to. A parte da filosofia que estuda o conhecimento e o sujeito do qual ele emana é a On-
tologia ou Teoria do Ser.

3) Em relação à Platão, como ele faz diferença entre o homem da praxe e o homem do pensa-
mento, que o governo só deve ser desenvolvido por quem é filósofo, por quem é intelectual,
como você vê isso? Platão não era anti-direitos humanos?

Resposta:

Para Platão, quanto ao mundo material, o homem poderia ter somente a doxa (opinião) e
téchne (técnica), que permitia a sua sobrevivência, ao passo que, no mundo das ideias, o
homem pode ter a épisthéme, o conhecimento verdadeiro, o conhecimento filosófico. O
homem da praxe seria detentor apenas da opinião e da técnica, ao passo que o homem
do pensamento teria o conhecimento verdadeiro, filosófico. "Os males não cessarão para
os humanos antes que a raça dos puros e autênticos filósofos chegue ao poder, ou antes,
que os chefes das cidades, por uma divina graça, ponham-se a filosofar verdadeiramen-
te." (Platão, Carta Sétima, 326b). Esta afirmação de Platão deve ser compreendida com
base na teoria do conhecimento, e lembrando que o conhecimento para Platão tem fins
morais. Todo o projecto político platónico foi traçado a partir da convicção de que a
Cidade-Estado ideal deveria ser obrigatoriamente governada por alguém dotado de uma
rigorosa formação filosófica. Platão não pode ser considerado anti-direitos humanos,
porque apenas prega que as pessoas ocupem posições de acordo com as suas virtudes.
Para ele o filósofo seria detentor do conhecimento verdadeiro, nada mais justo que essa
pessoa ocupe o cargo de governante.

4) Qual a diferença entre adequação e vocação?

660
Resposta:

5) Qual a diferença entre o plural e o geral? O que é o pacto social? A federação é uma unida-
de plúrima?

Resposta:

Contrato social (ou contratualismo) indica uma classe abrangente de teorias que tentam
explicar os caminhos que levam as pessoas a formar Estados e/ou manter a ordem soci-
al. A federação é uma unidade plúrima, porquanto vários estados se unem para formar
um Ente maior, devendo serem respeitadas e defendidas as diferenças existentes dentro
da sociedade.

6) Conhece o pensamento de Platão? A verdade e a forma de poder Michel Foucault.

Resposta:

No segundo semestre de 1970, ele (Foucault) estava tão interessado no que parecia uma
nova forma de exercício do poder (de vida), ele chamou de "biopoder" (um conceito
tirado e desenvolvido por François Ewald Giorgio Agamben, Judith Revel e Antonio
Negri, entre outros), indicando quando, não em torno da vida do século XVIII - apenas
biológico, mas entendida como toda a vida: a de indivíduos e povos como a sexualida-
de. No início de 1980, em suas palestras no Colègge de France, do Governo da vida,
Foucault inicia uma nova linha de investigação: os atos que o sujeito pode e deve operar
livremente em si para chegar à verdade. Este novo eixo, o conhecimento do domínio
irredutível de domínio e de poder, é chamado de "regime de verdade" e pode isolar a
parte livre e decisão deliberada do sujeito na sua própria actividade. Os exercícios cris-
tão ascético fornecem o primeiro campo de exploração desses sistemas na sua diferença
com os exercícios ascéticos greco-romanos. Seu pensamento visa ligar em conjunto,
sem confundí-las, estas três áreas: conhecimento, poder e discurso.

7) A visão de mundo de Platão é comparável à de Aristóteles? (Dica: Idealismo (Platão), realis-


mo (Aristóteles)).

Resposta:

Platão desenvolveu a noção de que o homem está em contato permanente com dois ti-
pos de realidade: a inteligível e a sensível. A primeira é a realidade imutável, igual a si
mesma. A segunda são todas as coisas que nos afetam os sentidos, são realidades de-
pendentes, mutáveis e são imagens da realidade inteligível. Tal concepção de Platão
também é conhecida por Teoria das Ideias ou Teoria das Formas (Idealismo). Aluno de
661
Platão, Aristóteles discorda de uma parte fundamental da sua filosofia. Platão concebia
dois mundos existentes: aquele que é apreendido por nossos sentidos, o mundo concreto
-, em constante mutação; e outro mundo - abstrato -, o das ideias, acessível somente
pelo intelecto, imutável e independente do tempo e do espaço material. Aristóteles, ao
contrário, defende a existência de um único mundo: este em que vivemos (Realista). O
que está além de nossa experiência sensível não pode ser nada para nós.

8) Na visão de Platão como a condição humana é colocada?

Resposta:

Para Platão o homem era aquilo que ocupava o corpo físico, ou seja, a alma. A alma ao
ser moldada ao corpo sofria restrições da matéria, esquecendo-se de vários conhecimen-
tos adquiridos em outra vida, em outro planeta (estrela divina). Mas, de acordo com a
sua Teoria de Ideias, a alma conseguia lembrar-se de algumas coisas ao materializar-se
no corpor, tendo em vista os resquícios de conhecimento acerca de como são os obje-
tos/coisas, acerca da idéia de cada objeto.

9) O que é o amor na visão de Platão?

Resposta:

Sócrates fala que, sendo o Amor, amor de algo, esse algo é por ele certamente desejado.
Mas este objeto do amor só pode ser desejado quando lhe falta e não quando o possui,
pois ninguém deseja aquilo de que não precisa mais. ―O que deseja, deseja aquilo de
que é carente, sem o que não deseja, se não for carente‖.Aqui, na fala de Sócrates, Pla-
tão coloca seu apontamento crucial sobre o conceito de amor, onde, o que se ama é so-
mente aquilo que não se tem. E se alguém ama a si mesmo, ama o que não é. O objeto
do amor sempre está ausente, mas sempre é solicitado. A verdade é algo que está sem-
pre mais além: sempre que pensamos tê-la atingido, ela se nos escapa entre os dedos.
Essa inquietação na origem de uma procura, visando uma paixão ou um saber, faz do
amor um filósofo. Sendo o Amor, amor daquilo que falta, forçosamente não é belo nem
bom, visto que necessariamente o Amor é amor do belo e do bom. Não temos como
desejar aquilo que temos. Segundo relatos do texto de Platão e de alguns de seus com-
panheiros, o amor é um dos maiores bens do homem (junto com o inteligência e a sabe-
doria); não é nem bom nem mal em si mesmo, como prática. Platão relaciona o amor
com a verdade, pois quando se ama não é somente exercer o poder sobre alguém ou
demonstrar força, mas trata-se de saber ser correspondido, ou seja, trata-se da verdade.
(Amor platônico)

662
10) Qual a visão de sociedade e Estado em Platão?

Resposta:

Platão acha-a na própria natureza humana, porquanto cada homem precisa do auxílio
material e moral dos outros. Desta variedade de necessidades humanas origina-se a divi-
são do trabalho e, por conseqüência, a distinção em classes, em castas, que representam
um desenvolvimento social e uma sistematização estável da divisão do trabalho no âm-
bito de um estado. A essência do estado seria então, não uma sociedade de indivíduos
semelhantes e iguais, mas dessemelhantes e desiguais. Tal especificação e concretização
da divisão do trabalho seria representada pela instituição da escravidão; tal instituição,
consoante Platão, é necessária porquanto os trabalhos materiais, servis, são incompatí-
veis com a condição de um homem livre em geral.

11.13.1.2. Questões do TRF2

11.13.1.3. Questões do TRF3

11.13.1.4. Questões do TRF4

11.13.1.5. Questões do TRF5

12. Ponto 12
12.1. Direito Constitucional

12.1.1. Estado E Ordem Social

12.1.1.1. Questões do TRF1


1) Até aonde pode ir o ativismo judicial, quais são os limites com relação à nova separação dos
poderes? Responde também com relação ao âmbito da usurpação do Poder Legislativo?

Resposta:

O século XX, pautado por uma pluralidade de movimentos de massa, partidos políticos
e organizações não-governamentais, foi obrigado a acolher em seu ordenamento jurídi-
co demandas das mais variadas, nascidas de grupos que defendem interesses políticos,
sociais e econômicos diversos. Essas complexidades das relações sociais que vivencia-
mos hodiernamente terminaram por ―desorganizar‖ as estruturas institucionais e dogmá-
ticas que herdamos do século XIX; dentre elas a da ―separação de poderes‖ em sua fei-
663
ção clássica. Cumpre analisar também a colocação de que a atuação do Poder Judiciário
em questões de cunho político seria uma afronta ao princípio democrático, tomando-o
por absoluto. Aqui vale destacar também a implicação de Dworkin acerca do ―majorita-
rianismo‖ irrestrito. Olhando para as Constituições Democráticas Ocidentais o autor foi
capaz de perceber que a maioria delas se vale de uma teoria política Utilitarista: as pes-
soas são tratadas como iguais quando suas preferências são avaliadas apenas no que
concerne à intensidade, sem nenhuma distinção de pessoa ou mérito. Sendo assim, por
mais que se afigure enquanto teoria política funcional e atraente demonstra-se imperioso
ressalvar o Utilitarismo, de modo a impedir que sua busca pela maximização do bem-
estar leve a uma adoção de preferências majoritárias ainda que estas entrem em conflito
com a igualdade, próprio fundamento da igual consideração de interesses. Uma maneira
de conseguir essa restrição é oferecida pela idéia dos direitos como trunfos sobre o utili-
tarismo irrestrito. Dessa maneira, acabou-se de relativizar o princípio do majoritário
com a existência de direitos a serem efetivamente colocados em prática pelo Poder Ju-
diciário, fazendo com que os cidadãos se tornem autores e não meros destinatários do
Direito.

2) Faça um traço demarcatório entre o Estado democrático de direito e o estado democrático


de direito social?

Resposta:

O Estado de Direito é aquele que impõe a todos os cidadãos, sejam administrados ou


administradores, o respeito à lei (império da lei). Já o Estado Democrático traria outros
temas de igual relevância e descritos na própria norma constitucional, como a soberania,
a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre
iniciativa e o pluralismo político, todos conferindo efetiva participação da sociedade no
trato da coisa pública. Estes valores, expressos na Carta Política, é que legitimarão a
atuação dentro da lei e a produção das normas. Estado Democrático de Direito Social
deve ser entendido como uma estrutura jurídico e política, e como uma organização
social e popular, em que os direitos sociais e trabalhistas seriam tratados como direitos
fundamentais. É resultado de uma longa transformação por que passou o Estado liberal
clássico e, consequentemente, é parte do curso histórico do Estado de Direito, quando
incorpora os direitos sociais para além dos direitos civis. Tem como marcos históricos:
a revolução Russa (1917), a reconstrução da Alemanha após 1ª Guerra e a Revolução
Mexicana. Documentos: Constituição de Weimar de 1919, Constituição Mexicana de
1917 e a Declaração dos Direitos do Povo Trabalhador e Explorado, Rússia – 1918.

3) É possível a participação indireta ou direta de empresas ou capitais estrangeiros na assistên-


cia à saúde no país?

664
Resposta:

Nos termos do § 3º do art. 199 CF é vedada a participação direta ou indireta de empre-


sas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em
lei. Prevê a Lei nº 8080/90: ―Art. 23. É vedada a participação direta ou indireta de em-
presas ou de capitais estrangeiros na assistência à saúde, salvo através de doações de
organismos internacionais vinculados à Organização das Nações Unidas, de entidades
de cooperação técnica e de financiamento e empréstimos. § 1° Em qualquer caso é obri-
gatória a autorização do órgão de direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS),
submetendo-se a seu controle as atividades que forem desenvolvidas e os instrumentos
que forem firmados. § 2° Excetuam-se do disposto neste artigo os serviços de saúde
mantidos, sem finalidade lucrativa, por empresas, para atendimento de seus empregados
e dependentes, sem qualquer ônus para a seguridade social‖.

4) Um hospital privado brasileiro pode receber investimentos estrangeiros?

Resposta:

Isto posto, chega-se à conclusão de que a vedação à participação de capital estrangeiro


no setor de assistência à saúde não impede sua participação minoritária em empresas
criadas sob as leis brasileiras, com sede e administração no País, e que sejam controla-
das, direta ou indiretamente, por pessoas físicas domiciliadas e residentes no País. Dito
de outro modo: a limitação de estrangeiros na saúde foi vinculada pela Constituição ao
regime de proibição apenas relativa do art. 171 original. O que chama a atenção, em
primeiro lugar, é a flexibilidade (no que diz respeito à sua possibilidade de modificação)
da dicção constitucional. Diferentemente dos outros setores, a Constituição não criou
para a assistência à saúde uma norma rígida de proteção ao capital nacional. Em todos
os outros segmentos objeto de proteção, o constituinte criou restrições ao capital inter-
nacional, que, para serem revistas, demandaram a edição de Emenda. Tratava-se, nesse
sentido, de disposições rígidas. Nos serviços de saúde, a Constituição admite que a res-
trição seja afastada pelo legislador ordinário. A vedação imposta é flexível, pois se su-
jeita a mudanças por deliberação ordinária do Congresso Nacional (ou até mesmo por
medida provisória).

5) É possível a participação de estrangeiros em empresas jornalísticas e de radiodifusão?

Resposta:

Vale lembrar, de início, o regime original prescrito para os serviços de radiodifusão


(também aplicável às empresas jornalísticas). A Constituição não tolerava qualquer par-
ticipação de estrangeiros, mesmo minoritária, em empresas atuantes nesse setor. Atual-

665
mente, prevê a possibilidade de participação de pessoas fisicas (natos ou naturalizados
há mais de 10 anos) ou jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede
no País, devendo em qualquer caso 70% do capital votante pertencer a brasileiros natos
ou naturalizados há mais de 10 anos, assim como a responsabilidade editorial, seleção e
direção. (art. 222 CF) (Lei 10610/02)

6) O senhor poderia delimitar o porquê das delimitações das participações estrangeiras quan-
do às empresas de rádiofusão?

Resposta:

7) Somente estrangeiro naturalizado poderia ser proprietário e com participação?

Resposta:

Brasileiro nato ou naturalizado há mais de 10 anos, bem como pessoas jurídicas consti-
tuídas sob as leis brasileiras e com sede no País. Em qualquer caso, o estrangeiro so-
mente pode possuir 30% do capital votante. (Lei nº 10610/02)

8) Quanto a União deve aplicar na área do ensino?

Resposta:

A União deve aplicar nuca menos de 18% da receita resultante de impostos, anualmen-
te. (art. 212 CF)

12.1.1.2. Questões do TRF2


1) A Lei de Imprensa está em vigência no Brasil?

Resposta:

Tecnicamente a Lei de Imprensa não foi revogada no Brasil, não obstante tenha o STF
reconhecido sua inconstitucionalidade. Destaque-se que a revogação de uma lei ocorre
apenas por lei superveniente de forma expressa ou quando esgote o tema anteriormente
disponsto na norma precedente (LICC). De todo modo, a sua aplicação em descompasso
com a decisão do STF pode ensejar reclamação.

2) Princípios atinentes à educação. Há alguma destinação compulsória para a educação?

Resposta:

666
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de
condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar,
pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de idéias e de con-
cepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV -
gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V - valorização dos profis-
sionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingres-
so exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) VI - gestão democrática do
ensino público, na forma da lei; VII - garantia de padrão de qualidade; VIII - piso sala-
rial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos
de lei federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)

Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distri-
to Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de
impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvi-
mento do ensino.§ 1º - A parcela da arrecadação de impostos transferida pela União aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou pelos Estados aos respectivos Municí-
pios, não é considerada, para efeito do cálculo previsto neste artigo, receita do governo
que a transferir.

3) Que inovação a Constituição trouxe em relação à instituição universitária? Discorra sobre a


autonomia universitária.

Resposta:

CF - Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa


e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade
entre ensino, pesquisa e extensão.

A autonomia universitária, definida de forma plena no artigo 207 da Constituição, não


pode ser entendida como um direito incondicional de seus professores, funcionários e
alunos de fazerem das universidades o que lhes aprouver, mas sim como um instrumen-
to que tem por objetivo e encontra seus limites no atendimento aos fins mais gerais aos
quais as Universidades se destinam, assim como no atendimento às normas mais gerais
de probidade na gestão dos recursos públicos. Caberá à legislação ordinária estabelecer
verdadeiro alcance e os limites desta autonomia.

"O princípio da autonomia das universidades (CF, art. 207) não é irrestrito, mesmo por-
que não cuida de soberania ou independência, de forma que as universidades devem ser
submetidas a diversas outras normas gerais previstas na Constituição, como as que re-
gem o orçamento (art. 165, § 5º, I), a despesa com pessoal (art. 169), a submissão dos
seus servidores ao regime jurídico único (art. 39), bem como às que tratam do controle e

667
da fiscalização." (ADI 1.599-MC, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 26-2-
1998, Plenário, DJ de 18-5-2001.)

4) Propriedade de empresa jornalística. Discorra.

Resposta:

Vale lembrar, de início, o regime original prescrito para os serviços de radiodifusão


(também aplicável às empresas jornalísticas). A Constituição não tolerava qualquer par-
ticipação de estrangeiros, mesmo minoritária, em empresas atuantes nesse setor. Atual-
mente, prevê a possibilidade de participação de pessoas fisicas (natos ou naturalizados
há mais de 10 anos) ou jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede
no País, devendo em qualquer caso 70% do capital votante pertencer a brasileiros natos
ou naturalizados há mais de 10 anos, assim como a responsabilidade editorial, seleção e
direção. (art. 222 CF) (Lei 10610/02)

5) A CR/1988 disciplina alguma norma em relação à propaganda? E a propaganda dirigida à


criança?

Resposta:

Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob


qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o dis-
posto nesta Constituição.§ 3º - Compete à lei federal:II - estabelecer os meios legais que
garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de programas ou pro-
gramações de rádio e televisão que contrariem o disposto no art. 221, bem como da pro-
paganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio am-
biente. § 4º - A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medi-
camentos e terapias estará sujeita a restrições legais, nos termos do inciso II do parágra-
fo anterior, e conterá, sempre que necessário, advertência sobre os malefícios decorren-
tes de seu uso. O CDC veda a propaganda abusiva, art. 37, § 2º.

6) Na justiça desportiva, suas decisões são definitivas? Possível contestar perante o Poder Judi-
ciário decisão da Justiça Desportiva?

Resposta:

CF - Art. 217 - § 1º - O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às


competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada

668
em lei. § 2º - A justiça desportiva terá o prazo máximo de sessenta dias, contados da
instauração do processo, para proferir decisão final.

7) Direito ao lazer se insere em uma das figuras da 1a., 2a. ou 3ª. dimensão? (Para Des. Poul,
melhor seria ir da 3ª. ou 4ª. geração, porque o Estado não pode ser obrigado a atuar, por isso
não é de 2ª. geração)

Resposta:

O direito ao lazer é um direito fundamental insculpido no artigo 6º da Constituição Fe-


deral de 1988 (CF/88). Reflete, segundo Otávio Amaral Calvet (2005, p.104), ―o direito
do ser humano de se desenvolver existencialmente, alcançando o máximo das suas apti-
dões, tanto nas relações que mantém com o indivíduo e com o Estado, quanto pelo gozo
de seu tempo livre como bem entender‖. O direito ao lazer assume dois aspectos: huma-
no e econômico. Otávio Amaral Calvet, pioneiro a tratar do tema, enuncia que a dimen-
são humana deve sobrepor a dimensão econômica, especialmente quando considerada a
nota de fundamentabilidade deste direito. Destarte, vislumbram-se, do ponto de vista
humano, várias manifestações do lazer, a saber: a) lazer como necessidade biológica
(momento para o trabalhador restabelecer as energias despendidas); b) lazer para pro-
porcionar a convivência social; c) lazer como necessidade psíquica (dedicação a ativi-
dades que proporcionam prazer); d) lazer no sentido existencial (desperta a criatividade
do ser humano). Na dimensão econômica, por sua vez, o lazer afigura-se como a busca
pelo pleno emprego (elevação do número de empregos devido à redução de jornada);
criação de outros setores da economia principalmente o turismo; restauração de energia
do trabalhador de forma a manter o nível de produtividade (2005, pp. 90-101). O direito
ao lazer traz em si o predicado de ser um direito reconhecido pelo Estado para propiciar
uma vida mais digna ao indivíduo. Inserido na segunda dimensão dos direitos funda-
mentais, este direito social reclama não só uma intervenção do ente público para sua
máxima efetivação, mas também deve vincular a relação entre particulares.

8) A Constituição define a família de que forma?

Resposta:

A CF define a família como a ―base da sociedade‖. Assim, a noção de família trazida


pela Constituição vai além da redução ao casamento, uma vez que considera também
família o núcleo familiar formado a partir da união estável e da família monoparental.
(Bernardo Gonçalves)

669
9) A Constituição de hoje está propensa no sentido de aceitar também esse tipo de relaciona-
mento (a união homoafetiva) como sendo constituidor de família? Isto está em consonância
com os princípios fundamentais da constituição, com seus objetivos?

Resposta:

A interpretação constitucional promovida pelo STF está propensa a reconhecer a união


homoafetiva como sendo família. O STF já admitiu a celebração de contratos civis de
união entre pessoas do mesmo sexo, com repercussão em matérias previdenciárias, fa-
mília e sucessões. Pode, então, à luz da jurisprudência atualizada do STF, afirmar que a
aceitação da união homoafetiva está em consonância com os princípios constitucionais,
entre eles a dignidade da pessoa humana e o pluralismo, devendo o Estado atuar de for-
ma a construir uma sociedade livre e promover o bem de todos, sem qualquer tipo de
preconceitos.

10) A censura é admissível no Brasil?

Resposta:

A CF dispõe a manifestação do pensamento não sofrerá qualquer tipo de restrição, sen-


do vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística (art. 220
CF). A CF veda, no entanto, o anonimato (art. 5º, IV) e preserva a vida privada e a hon-
ra da pessoa, cabendo a devida responsabilização (art. 5º V e X). Assim, a restrição à
manifestação de pensamento e à mídia em geral deve sempre ocorrer quando verificados
direitos fundamentais preponderantes sobre o direito à informação, como a restrição a
programas não recomendados à determinadas faixas estárias. De qualquer forma, ha-
vendo dano, ainda que moral, a CF garante ao ofendido do direito de pleitear a repara-
ção.

12.1.1.3. Questões do TRF3

12.1.1.4. Questões do TRF4

12.1.1.5. Questões do TRF5

670
12.2. Direito Tributário

12.2.1. Direito Judicial Tributário - CND/CPDEN - Cadin - Lc 118/2005

12.2.1.1. Questões do TRF1


DESSE PONTO EM DIANTE: RESPOSTAS ELABORADAS POR RAFAEL LIMA
DA COSTA
1) Distinga ação anulatória de ação declaratória em matéria tributária? Antes do lançamento
que ação é cabível?

Resposta:

A Ação anulatória de débito fiscal é uma ação para anular um lançamento ou uma certi-
dão de dívida ativa, sendo aceita, inclusive, após o ajuizamento da execução fiscal
(REsp 1153771/SP, Rel. Min. MAURO CAMPBELL 2ª T.,DJe 18/04/2012). Todavia,
seu mero ajuizamento não suspende a exigibilidade do tributo, salvo se realizado depó-
sito integral, nem impede a execução fiscal.

Segue o rito das ações ordinárias (é possível que siga o rito sumário ou até mesmo ao
rito dos Juizados Especiais Federais, em razão do valor da causa - Lei n. 10.259/2001).

Já a ação declaratória objetiva conferir certeza jurídica acerca da existência ou não de


obrigação tributária, bem como quanto a autenticidade ou falsidade de documento. Por
meio desta ação, o contribuinte busca um verdadeiro pré-julgado, no tocante a determi-
nada relação jurídica duvidosa com o efeito de opor a garantia da coisa julgada contra
eventual pretensão do fisco.

Visa apenas efeitos declaratórios, basicamente de três espécies: a) declarar a inexistên-


cia da relação fiscal; b) declarar imunidade ou isenção fiscal do sujeito passivo; c) de-
clarar importe menor a ser pago a título de tributação.

Assim, antes do lançamento somente é cabível a ação declaratória.

2) Como você interpretaria o art. 38 da LEF em que a propositura da ação anulatória deve ser
precedida do depósito do crédito?

Resposta:

O art. 38 da lei 6.830/80 deve ser interpretado de forma a reconhecer que o depósito
prévio não constitui requisito para a propositura da ação anulatória de débito fiscal. De
acordo com o STJ (REsp 962838, DJe 18/12/2009), ―tal obrigatoriedade ocorre se o
sujeito passivo pretender inibir a Fazenda Pública de propor a execução fiscal.” O de-
pósito prévio previsto no art. 38, da LEF, não constitui condição de procedibilidade da
ação anulatória, mas mera faculdade do autor, para o efeito de suspensão da exigibili-
671
dade do crédito tributário, nos termos do art. 151 do CTN, inibindo, dessa forma, o
ajuizamento da ação executiva fiscal, consoante a jurisprudência pacífica do E. STJ.

O TRF1 tem posicionamento semelhante (AC 2006.38.11.001059-2 / MG): 1. "A pro-


positura de execução fiscal não obsta o exercício da faculdade
do depósito integral tendente à suspensão da exigibilidade. Se a ação anulatória está
acompanhada de depósito integral do devido, não há possibilidade de prosseguir-se com
a execução que fica paralisada, se já ajuizada, ou há empecilho para a sua propositura,
se odepósito , na anulatória , anteceder à execução (REsp 174.000/RJ, Relatora Ministra
Eliana Calmon, do STJ, DJ 25/06/2001)

3) Há a possibilidade de depósito extrajudicial na consignação em pagamento em se tratando


de créditos tributários?

Resposta:

O depósito extrajudicial na consignação em pagamento está previsto nos parágrafos do


artigo 890 do Código de Processo Civil, incluídos pela Lei nº 8.951/94. Por eles, o de-
vedor pode, livremente, após alcançar o valor que entende devido, depositá-lo em insti-
tuição bancária oficial, cientificando o credor para no prazo de 10 (dias) aceitar ou con-
testar o valor depositado, sob pena de liberação da obrigação.

No âmbito do direito tributário, porém, vigora de maneira relevante o princípio da lega-


lidade, de sorte que não se pode considerar como permitido o depósito extrajudicial co-
mo forma de liberação da obrigação do devedor tributário, ante a inexistência de lei que
autorize essa forma de extinção do crédito tributário, eis que a consignação em paga-
mento em matéria tributária está prevista no CTN 156, VII e 164, §2º. Como bem expõe
Roque Carraza (Revista Justitia, São Paulo, 57 out\dez 1995) , ao abordar os inovadores
parágrafos do art, 890 do CPC “tais novidades não se compadecem com a forma de
extinção das obrigações tributárias, que passa ao largo de atropelos, prazos exíguos,
manifestações imediatas, etc. Ademais, o lançamento de tributos (mesmo os lançamento
por homologação) há de passar sempre pelo crivo do Fusco.”

Em sendo assim, não é cabível o depósito extrajudicial na consignação em pagamento


de créditos tributários.

4) Sobre o CADIN, quais são os reflexos na inscrição nele lançada, se houver o parcelamento do
débito tributário? Mesmo considerando que o parcelamento constitui confissão de dívida?

Resposta:

O Cadastro Informativo de créditos não quitados do setor público federal (Cadin) é um


banco de dados que contém os nomes de pessoas físicas e jurídicas com obrigações pe-
672
cuniárias vencidas e não pagas para com órgãos e entidades da Administração Pública
Federal, direta e indireta e de pessoas físicas que estejam com a inscrição no Cadastro
de Pessoas Físicas (CPF) cancelada e de pessoas jurídicas que sejam declaradas inaptas
perante o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ).

De acordo com o art. 7º, II, da lei 10522, que trata do CADIN, será suspenso o registro
no Cadin quando o devedor comprove que esteja suspensa a exigibilidade do crédito
objeto do registro, nos termos da lei. Por seu turno, o CTN em seu art. 151, VI, especifi-
ca que o parcelamento é hipótese de suspensão do crédito tributário, de sorte que o par-
celamento impõe a suspensão do registro no CADIN, que ocorrerá após o pagamento
da primeira parcela do parcelamento.

Mesmo a lei 10.522 estabelecendo que o parcelamento importa em confissão irretratável


do crédito tributário, isto não impede a suspensão da exigibilidade do crédito enquanto
estiver sendo cumprido o parcelamento, de sorte que fica suspenso o cadastro no CA-
DIN.

5) Uma pessoa de direito público pode ser incluída no CADIN?

Resposta:

Sim. Pessoas jurídicas, de direito público ou privado, e pessoas físicas, responsáveis por
obrigações pecuniárias vencidas e não pagas para com órgãos e entidades da Adminis-
tração Pública Federal, direta e indireta podem ser inscritas no CADIN.

Reforçando o posicionamento pela possibilidade de inclusão de ente de direito público


no CADIN e suas consequências, transcrevo esclarecedor acórdão do STJ:

{...]1. A inscrição do Município no CADIN não constitui óbice à celebração de convê-


nio estadual que tenha por fim a transferência de recursos para atividade de assistência
social. 2. Recurso ordinário provido. (RMS 19.323/RS, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO
DE NORONHA, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/09/2005, DJ 03/10/2005, p.
157)‖

12.2.1.2. Questões do TRF2


1) Existe prazo para compensação? Qual a natureza jurídica? E para tributo indireto?

Resposta:

De acordo com Ricardo Alexandre ―Mesmo optando pela compensação, o contribuinte


se sujeita às regras relativas à repetição de indébito, principalmente no que concerne aos
prazos extintivos.

673
Assim, o prazo para a compensação é o mesmo para pleitear a restituição de valores
pagos indevidamente a título de tributo, na forma do art. 168, do CTN, ou seja, 05 anos
a contar da extinção do crédito ( art. 165, I e II) ou da data que se tornar definitiva a
decisão administrativa ou trânsito em julgado de decisão judicial que desconstituiu da
decisão condenatória.

Existe controvérsia sobre a natureza do prazo, se prescricional ou decadencial. Entende-


se, apesar das críticas, que esse prazo é decadencial (STJ REsp 1174017/RS, DJe
22/08/2012), pois representaria o direito de pleitear a restituição, que não dependeria de
qualquer providência de terceiro. Já a pretensão de anular a decisão administrativa que
denegou a restituição teria natureza prescricional.

De acordo com súmula do STF Cabe a restituição do tributo pago indevidamente, quan-
do reconhecido por decisão, que o contribuinte ‗de jure‘ não recuperou do contribuinte
‗de facto‘ o ‗quantum‘ respectivo". O prazo é contado também da extinção do crédito.

2) Por que tem ação de consignação no CPC e no CTN?

Resposta:

A ação de consignação do CPC decorre de lei geral que se aplica a todos os casos não
abrangidos por legislação específica. Em sendo assim, por estar a ação de consignação
prevista também no Código Tributário Nacional, as disposições previstas no CPC so-
mente serão aplicáveis à matéria tributária quando não conflitarem com a legislação
específica, ou seja, em caráter subsidiário.

Por essa razão, certas regras previstas no CPC, tais como o depósito extrajudicial, não
se aplicam à ação de consignação de créditos tributários.

3) Quais as verbas são incluídas na repetição do indébito tributária?

Resposta:

O Sujeito passivo tem direito a ser restituído do principal pago indevidamente, bem co-
mo, na mesma proporção, dos juros de mora e das penalidades pecuniárias, salvo as
referentes às infrações de caráter formal não prejudicadas pela causa da restituição, na
forma do art. 167 do CTN.

4) Qual a taxa de juros e/ou correção monetária e o termo a quo?

Resposta:

674
O art. 167, parágrafo único, do CTN, estabelece a fluência dos juros de mora a partir do
trânsito em julgado. Já a correção monetária é contada do pagamento indevido (Súmula
162) até o trânsito em julgado.

De acordo com o STJ(: a) antes do advento da lei nº 9.250 de 1995, incidia a correção
monetária desde o pagamento indevido até a restituição ou compensação (Súmula 162
STJ), acrescida de juros de mora a partir do trânsito em julgado (Súmula 188 STJ), nos
termos do art. 167, parágrafo único, do CTN; b) após a edição da Lei 9.250/95, aplica-se
a Taxa Selic desde o recolhimento indevido ou a partir de 1.01.96, vedada sua cumula-
ção com quaisquer outros índices, seja de correção monetária, seja de juros, pois já
incluído.

Decisão recente do STJ assim se posicionou sobre o tema (REsp 1247979 / PR): A cor-
reção monetária do indébito deve ser plena, observados os índices constantes do Manu-
al de Orientação de Procedimentos para os Cálculos da Justiça Federal, aprovado pelo
Conselho da Justiça Federal por meio da Resolução 561/CJF, de 2.7.2007, com incidên-
cia da taxa SELIC para o juros de mora, a partir do trânsito em julgado da demanda,
vedada sua cumulação com quaisquer outros índices, de correção monetária ou de ju-
ros.

5) Quem teria legitimidade para a ação em relação ao PIS? E qual seria o prazo?

Resposta:

De acordo com a brilhante contribuição do nosso amigo Leonardo Saraiva, a legitimi-


dade para a ação em relação ao PIS dependerá do tipo de demanda envolvida. “Se for
demanda referente ao levantamento do PIS (conta individual), a legitimidade é da CEF,
não se aplicando a súmula 77 do STJ (A caixa econômica federal é parte ilegítima para
figurar no polo passivo das ações relativas às contribuições para o fundo PIS/PASEP)
(REsp 760593/RS). Neste caso, se houver resistência da CEF, competência é da Justiça
Federal. Se não houver resistência da CEF, competência é da Justiça Estadual (STJ:
RMS 20825/SP). Como se trata de jurisdição voluntária (alvará), não haveria prazo.

Se for demanda referente a contribuição para o PIS (fundo), a legitimidade seria da


PFN/União, e não da CEF (súmula 77 do STJ). Quanto ao prazo, entendo que incidirá o
CTN ou o Dec. 20.910/32, a depender do caso (tipo de demanda)‖.

6) Discorrer sobre a viabilidade de tutela antecipada em sede de compensação tributária.

Resposta:
675
Consoante expressa previsão do art. 170-A do Código Tributário Nacional, introduzido
pela Lei Complementar n.118/2001, a compensação só pode ser efetivamente realizada
com o trânsito em julgado da respectiva decisão judicial.

De igual modo, a nova Lei de Mandado de Segurança, de forma clara, estabelece no art
7º, §2º, que ―não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de
créditos tributários.‖

Deve-se ressaltar, porém, que no âmbito do lançamento por homologação a compensa-


ção não depende de sentença transitada em julgado, pois a própria extinção do crédito
tributário depende de atuação do fisco, seja de forma expressa ou tácita, podendo este,
portanto, reconhecer ou não, posteriormente, a existência ou não de crédito a compensar
(ATJ 2ª T. RESP 555.058/PE).

12.2.1.3. Questões do TRF3

12.2.1.4. Questões do TRF4

12.2.1.5. Questões do TRF5

12.3. Direito Administrativo

12.3.1. Controle Da Administração Pública. Controle Judicial Do Ato


Administrativo

12.3.1.1. Questões do TRF1


1) Quais seriam os limites objetivos ao controle jurisdicional que incide sobre as chamadas
políticas públicas?

Resposta:

Como bem expõe Lucas Rocha Furtado ao tratar do controle judicial dos atos adminis-
trativos, nos quais se incluem as políticas públicas, “o controle a ser realizado pelo
Poder Judiciário é controle de legalidade ou de legitimidade. Isto importa em que o
exame a ser empreendido pelo Poder Judiciário deve-se ater à verificação da confor-
midade do ato com o ordenamento jurídico. Todos os atos, vinculados ou discricioná-
rios, sujeitam-se ao controle de legalidade judicial.”

676
Assim, o mérito do ato administrativo, que é o juízo de conveniência e oportunidade,
em regra, está imune ao controle judicial, salvo se violar o princípio da proporcionali-
dade, sob pena de ferimento do princípio da separação dos poderes.

Por outro lado, o fenômeno denominado de ativismo judicial, que seria uma forma proa-
tiva de aplicar e interpretar a Constituição pelo Poder Judiciário, notadamente no que
tange aos direitos fundamentais de caráter prestacional (2ª dimensão), acaba por alargar
a esfera de ingerência do Poder Judiciário sobre o Executivo, tornando, possível, inclu-
sive, a imposição de políticas públicas quando os referidos direitos fundamentais estive-
rem sendo violados de forma grave por inércia injustificada do Estado.

2) O autor Norberto Bobbio relaciona o não controle com o arbítrio, na sua concepção essa é
afirmação é válida?

Resposta:

O controle da administração pública decorre diretamente da aplicação do princípio re-


publicano, a impor a prestação de contas pelos agentes públicos em razão os atos prati-
cados e prevalência do princípio da legalidade. Ou seja, na órbita administrativa, so-
mente pode ser realizado aquilo que a lei determina ou autoriza e o administrador tem a
obrigação de demonstrar os atos praticados .

Esses atos administrativos podem decorrer expressamente de determinação legal, quan-


do não haverá margem para opção pelo agente (atos vinculados) ou poderá ser concedi-
do, dentro das balizas legais, margem para análise da conveniência e oportunidade pelo
agente público (juízo de valor - mérito administrativo).

Todavia, ainda que se trate de ato discricionário é necessário que exista o controle, co-
mo forma de impedir que o ato discricionário, que também está limitado pela lei, torna-
se ato arbitrário (destituído de balizas legais), que não concretiza o interesse público e
por isso merece ser rechaçado. Assim, pode-se reconhecer como verdadeira a afirmação
de que a ausência de controle pode gerar arbitrariedade.

3) Apresente um exemplo de controle não institucionalizado? E não institucionalizado,


que ao menos por isso são menos eficazes. Tem espaços para controles não previstos
oficialmente? Conceito de vocação preventiva do controle.

Resposta:

―Há que se diferenciar os controles institucionalizados do controle social, sendo aqueles


exercidos por órgãos dos três poderes da República: o Judiciário, o Legislativo (direta-
mente ou por meio do Tribunal de Contas) e o próprio Executivo por meio do controle
677
interno. O controle social, por seu turno, é aquele exercido pelas demais instituições
como por exemplo: a imprensa, os Partidos Políticos e as Organizações da Sociedade
Civil.

Verifica-se, assim, que o controle social é aquele no qual a sociedade organizada vale-se
de seu poder para controlar os atos praticados pela Administração Pública, sendo estes
de extrema valia no combate as fraudes realizadas pelos administradores públicos. En-
quadram-se nesta categoria, dentre outros já citados acima, os abaixo assinados e o di-
reito de petição por qualquer cidadão.

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 legitima o controle social:


art. 5.º, inciso XXXIV, a, sobre a defesa contra a ilegalidade ou o abuso de poder; art.
5.º inciso XXXIV, b, sobre o direito de requerer certidões; art. 14 e seus três incisos que
tratam, sobre o plebiscito, referendo e a iniciativa popular; art. 31, § 3.º, sobre a possibi-
lidade de qualquer cidadão examinar e apreciar as contas municipais; art. 74, § 2.º que
dispões sobre a possibilidade dos cidadãos, partidos políticos, dentre outros, denuncia-
rem ao Tribunal de Contas.‖ (Ricardo Goedert Proença – OAB/SC 32.842
http://www.oab-sc.org.br/artigo.do?artigoadvogado.id=225)

A Lei de Acesso à informação, Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, também é


uma forma de permitir o controle da administração pública por qualquer cidadão, ou
seja, de forma não institucionalizada.

4) Há a necessidade de esgotamento da via administrativa para a propositura da ação judicial?


Quanto à disciplina desportiva, por exemplo?

Resposta:

No Brasil não vigora o sistema do contencioso administrativo, adotado na Fran-


ça, no qual há a divisão de matérias que serão apreciadas somente por órgãos adminis-
trativos e matérias que podem ser submetidas à apreciação judicial. Ao contrário, nosso
ordenamento jurídico delineia o sistema da jurisdição una, de acordo com o princípio da
inafastabilidade da jurisdição previsto no art. 5º, XXXV da Carta Magna, que preconiza
que toda lesão ou ameaça de lesão a um direito poderá ser levada ao Poder Judiciário.

Em sendo assim, não é necessário o esgotamento da esfera administrativa para que se


possa ingressar em juízo, salvo quando se tratar de matéria sujeita à justiça desportiva,
de natureza administrativa, eis que expressamente prevista essa exceção no art. 217, §1º
da Constituição Federal. Lembrar que o Habeas Data é questão de interesse processual a
necessidade de prévio requerimento administrativo.

678
5) MS contra ato administrativo suscetível de recurso com efeito suspensivo dependente de
caução?

Resposta:

De acordo com o artigo 5º, I, da Lei nº 12.016 de 2009 (Nova Lei do Mandado de Segu-
rança) ―Não se concederá mandado de segurança quando se tratar: I - de ato do qual
caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução‖.

Com efeito, tendo sido interposto recurso administrativo com a concessão de efeito sus-
pensivo que tenha o condão de obstar o cumprimento do ato administrativo tido por
ilegal ou abusivo, não se apresenta o interesse processual necessário à impetração do
MS, pois que não pode trazer qualquer prejuízo ao impetrante.

Todavia, tendo por base o princípio da inafastabilidade da jurisdição (art. 5º, XXXV),
não se pode impor ao interessado o esgotamento da via administrativa, de sorte que po-
de optar por impetrar direta e previamente o MS ou desistir do recurso administrativo
interposto e ao qual já havia sido deferido o efeito suspensivo.

Outrossim, quando se trata de ato administrativo omissivo não há que se falar no óbice
em análise, pois o que se busca é exatamente a prática do ato pela autoridade, conforme
entendimento já pacificado no STF na Súmula 429: "A existência de recurso administra-
tivo com efeito suspensivo não impede o uso do mandado de segurança contra omissão
de autoridade".

6) Pode haver pelo Poder Judiciário o controle dos motivos dos atos administrativos?

Resposta:

Motivo do ato administrativo são as circunstâncias de fato e de direito que levam o ad-
ministrador a praticar determinado ato. O motivo e o objeto são fundamentais para a
distinção entre os atos discricionários e vinculados.

Nas duas espécies de atos administrativos (vinculados e discricionários) é possível ha-


ver o controle pelo Poder Judiciário. Em regra, o controle judicial do ato está ligado à
legalidade, de sorte que nos atos vinculados o controle consiste na confrontação dos
motivos com a lei que disciplina o ato.

De igual modo, quando se trata de atos discricionários, também é possível o controle


judicial quanto à ocorrência das circunstâncias de fato e de direito que permitem ao ad-
ministrador exercer o juízo de conveniência e oportunidade para a prática do ato, eis que
se aplica a teoria dos motivos determinantes, que impõe a veracidade dos fatos ou ele-
mentos jurídicos utilizados como fundamento para a prática de um ato administrativo,
ainda que discricionário. Assim, a concessão de licença para tratar de interesses particu-
679
lares é discricionária. Todavia, se o administrador indeferir sob a alegação de baixo nú-
mero de servidores na repartição, não poderá conceder a mesma licença para outro ser-
vidor sem que os elementos fáticos sejam alterados, podendo o Judiciário exercer o con-
trole com base nos motivos do ato.

7) Ação penal pública está sujeita ao prazo decadencial? E os prazos para o oferecimento da
denúncia, são de natureza decadencial, prescritiva, preclusiva?

Resposta:

A ação penal pública condicionada está sujeita ao prazo decadencial de 06 meses do


conhecimento da autoria da infração penal. Isto é, de quando a vítima toma conheci-
mento de quem foi o autor do crime. Já a ação penal pública incondicionada não está
sujeita a esse prazo decadencial podendo o órgão ministerial ou a vítima (ação penal
privada subsidiária da pública), incluídos representantes legais e sucessores processuais,
iniciar a ação penal enquanto não estiver prescrito do crime.

Os prazos para oferecimento da denúncia na ação penal pública, quando já presentes os


requisitos de procedibilidade (representação, requisição do ministro da justiça) tem na-
tureza prescritiva, pois é levado em consideração o prazo prescricional do crime. Ou-
trossim, não se pode deixar de expor que transcorrido o prazo para a oferta da denúncia
pelo Ministério Público, esta prerrogativa é transferida à vítima, não se podendo porém,
afirmar a ocorrência de preclusão para o MP, pois este pode aditar a queixa na Ação
penal privada subsidiária, recusá-la e ofertar denúncia substitutiva.

8) O BB se submete a controle pelo TCU no que concerne às agências fora do país?

Resposta:

No MS 23.627/DF, julgado em 2003, foi entendido que não seria possível a tomada
especial de contas do BB, pois a participação majoritária do Estado na composição de
seu capital não tem o efeito de transmudar em públicos tais bens, que conservam a con-
dição de bens de natureza privada, bem como seria inviável o Tribunal de Contas fisca-
lizar todas as agências, inclusive no exterior.

Todavia, posteriormente (2005) o STF abandou esse entendimento, passando a aceitar o


controle pelo Tribunal de Contas das sociedades de economia mista e empresas públicas
(MS 25092/2005).

De acordo com o STF (MS 25092/DF, 2005), as Sociedades de Economia Mista (Ban-
co do Brasil é SEM), no que tange aos atos dos administradores, estão submetidas ao
controle do Tribunal de Contas, vejamos: “I. - Ao Tribunal de Contas da União compe-
680
te julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e
valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e socieda-
des instituídas e mantidas pelo poder público federal, e as contas daqueles que derem
causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário (CF,
art. 71, II; Lei 8.443, de 1992, art. 1º, I). II. - As empresas públicas e as sociedades de
economia mista, integrantes da administração indireta, estão sujeitas à fiscalização do
Tribunal de Contas, não obstante os seus servidores estarem sujeitos ao regime celetis-
ta.”

Assim, a forma de controle é por meio da tomada de contas especial de administradores


e demais responsáveis por dinheiro, bens e valores públicos, ainda que da Administra-
ção indireta e sobre agências no exterior.

9) Qual o regime jurídico das EP’s quanto ao controle pelos TC’s?

Resposta:

Tal como ocorre com as sociedades de economia mista, as empresas públicas estão
submetidas ao controle do Tribunal de Contas, que não poderá, todavia, atingir a esfera
operacional dessas empresas, notadamente se desempenharem atividade econômica em
regime de concorrência. Nesse sentido, válido de transcrição acórdão do TCU nº
1581/2003-Plenário: “8. Sem entrar em considerações a respeito da possibilidade de
as fiscalizações terem o caráter operacional, como previsto no art. 70 da Constituição
Federal, nem também a respeito do princípio da eficiência, insculpido no art. 37, da
Carta Magna, é certo que a administração pública, estando nela incluída fundações,
autarquias, empresas públicas e sociedades de economia mista, possui total autonomia
na gestão de seus recursos materiais e pessoais, não podendo o Tribunal nela se imis-
cuir .‖

José dos Santos Carvalho Filho entende que são recursos privados aqueles decorrentes
da atividade econômica ou da própria gestão da empresa pública, de sorte que não seri-
am suscetíveis de controle pelo Tribunal de Contas.

10) Em quanto tempo prescreve a ação de ressarcimento em ação de improbidade administra-


tiva?

Resposta:

O STJ já declarou ser imprescritível ação de ressarcimento do erário por improbi-


dade administrativa: As ações de ressarcimento do erário por danos decorrentes de
atos de improbidade administrativa são imprescritíveis. Para Herman Benjamin, relator
da questão, o artigo 23 da Lei de Improbidade Administrativa (Lei n. 8.429/1992) - que
681
prevê o prazo prescricional de cinco anos para a aplicação das sanções previstas nessa
lei - disciplina apenas a primeira parte do parágrafo 5º do artigo 37 da Constituição Fe-
deral, já que, em sua parte final, a norma constitucional teve o cuidado de deixar ressal-
vadas as respectivas ações de ressarcimento, o que é o mesmo que declarar a sua im-
prescritibilidade. Dessa forma, entende, prescrever em cinco anos a punição do ato ilíci-
to, mas a pretensão de ressarcimento pelo prejuízo causado ao erário é imprescritível.
(LFG )

(STJ REsp 1249019 / GO) Não ocorre a prescrição da pretensão


de ressarcimento integral de prejuízo causado ao erário, manifestada na via da ação
civil pública por ato de improbidade administrativa, ainda que existam
parcelas anteriores aos cinco anos que antecederam a propositura da ação, conforme
precedentes do STJ.

11) Enquanto juiz federal o senhor anularia um ato administrativo pelo princípio da boa admi-
nistração sem interferência de alguma regra?

Resposta:

José dos Santos Carvalho Filho reconhece a legitimidade do próprio Poder Executivo,
bem como do Legislativo, no seu papel de fiscalização, para exercerem o controle sobre
os atos administrativos com base no princípio da eficiência. Já no que concerne ao con-
trole judicial, expõe que este “sofre limitações e só pode incidir quando de tratar de
comprovada ilegalidade”. Entende que o Poder Judiciário não pode estabelecer ao ad-
ministrador qual a conduta que deve ser tomada com supedâneo em suposta maior efici-
ência aferida pelo julgador.

De fato, o julgador nem sempre será o órgão com a necessária capacidade técnica para
aferir o ato mais eficiente na situação. O círculo de competência do administrador deve
ser respeitado como prevalência do princípio da separação dos poderes.

Todavia, evidenciado o conflito entre o ato praticado com alguma norma, seja uma re-
gra ou princípio, poderá haver o controle judicial. Assim, entendo ser possível a anula-
ção de ato administrativo com base no princípio da boa administração quando, na análi-
se do caso, restar demonstrado que o seu desrespeito trará prejuízo à coletividade, tendo
o princípio da eficiência (boa administração), por ser constitucional, força normativa
suficiente para aplicação direta a determinada situação concreta.

12) Quais os limites à rescindibilidade pelo STF das decisões do CNJ?

Resposta:

682
Os atos do CNJ não tem natureza jurisdicional, podendo ser controlados judicialmente
apenas por meio de ação, a ser processada no STF (art. 102, I, r, CF), não havendo pre-
visão legislativa de recurso administrativo para o STF.

Tendo em vista que as atribuições do Conselho Nacional de Justiça tem previsão consti-
tucional, não cabe ao STF, em princípio, rever o mérito das decisões do CNJ, haja vista
que a Excelsa Corte não é seu órgão revisor, não obstante seja o STF o órgão de cúpula
do Poder Judiciário. Em sendo assim, o STF deve limitar-se a analisar os aspectos rela-
cionados com a legalidade dos atos praticados pelo CNJ.

Outrossim, não se pode negar que o princípio da proporcionalidade também é parâmetro


para a rescindibilidade pelo STF das decisões do CNJ, eis que se trata de princípio com
força normativa suficiente para ser utilizado no caso concreto. Ou seja, caso a decisão
do CNJ viole o princípio da proporcionalidade, ferindo direitos, poderá ser desconstituí-
da pelo CNJ, mas não substituída.

12.3.1.2. Questões do TRF2


1) Qual a diferença entre o princípio da autotutela administrativa e o princípio da tutela admi-
nistrativa?

Resposta:

O princípio da autotutela consiste no poder-dever da administração pública de, ao cons-


tatar uma ilegalidade praticada por ela, rever o ato para restaurar a situação de regulari-
dade sem a necessidade de ingerência de outro Poder, podendo fazê-lo, portanto, de
ofício. Também decorre da autotutela a possibilidade de reexame de atos quanto à con-
veniência e oportunidade de sua manutenção ou desfazimento, sempre com base no in-
teresse público, ainda que não eivados de vício. (Súmulas 346 e 473 do STF)

Já o princípio da tutela administrativa também chamado de princípio do controle está


ligado à relação de vinculação existente entre as entidades da administração indireta e
determinado órgão da Administração direta, que a controla. Como expõe Carvalho Fi-
lho, a ―forma pela qual os órgãos governamentais exercem o controle pode variar con-
forme a lei de organização administrativa federal, estadual, distrital ou municipal.‖ No
âmbito Federal foi adotado pelo Decreto-Lei 200/67 a sistemática da supervisão minis-
terial.

Na tutela há relação de vinculação entre os entes e o controle normalmente é finalístico,


não havendo subordinação direta, que é atributo do controle realizado entre os órgãos
internos das pessoas administrativas.

12.3.1.3. Questões do TRF3

683
12.3.1.4. Questões do TRF4

12.3.1.5. Questões do TRF5


TRF5 - 2012

01) O princípio da boa-fé está explicitado no Direito Administrativo Brasileiro? O Sistema jurí-
dico brasileiro consagra o princípio da boa-fé?

Resposta:

De acordo com RODRIGO AUGUSTO DE CARVALHO CAMPOS, ―A partir do que


consta do texto da Constituição Federal de 1988, é possível afirmar que o princípio da
boa-fé objetiva, orientador da conduta dos contratantes, não foi lançado expressamente
em qualquer de suas disposições, sendo que, para aferição de sua presença imanente, há
que se proceder a uma análise sistemática do texto constitucional, tendo em considera-
ção todos os seus elementos conformadores. Continua a afirmar que para ‗Almiro do
Couto e Silva os princípios da segurança jurídica, proteção da confiança e da boa-fé
―são elementos conservadores inseridos na ordem jurídica, destinados à manutenção do
status quo e a evitar que as pessoas sejam surpreendidas por modificações do direito
positivo ou na conduta do Estado, mesmo quando manifestada em atos ilegais, que pos-
sa ferir os interesses dos administrados ou frustrar-lhes as expectativas‖‘.
(http://www.procuradoria.al.gov.br/centro-de-estudos/teses/xxxv-congresso-nacional-de-procuradores-de-estado/direito-
administrativo/O%20PRINCIPIO%20DA%20BOA-FE%20OBJETIVA%20NOS%20CONTRATOS%20ADMINISTRATIVOS.pdf)

02) Na atualidade, o princípio da legalidade administrativa é uma mera vassalagem a lei for-
mal?

Resposta:

O princípio da legalidade não está vinculado exclusivamente à lei formal, na medida em


que sua aplicação pode ser extraída também dos princípios que representam espécies de
normas cuja densidade jurídica permite sua aplicação para solução de casos concretos,
notadamente quando se tratam de princípios constitucionais cuja eficácia não pode ser
negada, ante o princípio da força normativa da constituição.

Por outro lado, também representa o necessário respeito ao princípio da legalidade a


vinculação às disposições dos atos regulamentadores das leis expedidas pelos órgãos
competentes. Nas palavras de Celso Antônio Bandeira de Mello, “a expressão “legali-
dade” deve, pois, ser entendida como “conformidade à lei e, sucessivamente, às subse-
qüentes normas que, com base nela, a Administração expeça para regular mais estri-
tamente sua própria discrição”, adquirindo então um sentido mais extenso”.

684
Não se pode deixar de mencionar também o fenômeno da deslegalização, quando os
órgãos técnicos são dotados pela lei de competência para regular situações em que a
demora na elaboração legislativa traria prejuízos. (Ex: Agências reguladoras). Nesses
casos também é possível se falar em respeito ao princípio da legalidade, pois são nor-
mas criadas por órgãos com competência legitimamente conferida para esse fim.

03) É possível a prática de infração administrativa com base em regulamento?

Resposta:

O STJ (REsp 1.091.486-RO e AgRg no REsp 1284558) se posicionou no sentido de que


―a aplicação de sanção administrativa (exercício do poder de polícia) somente se torna
legítima, em respeito ao princípio da legalidade, quando o ato praticado estiver definido
em lei como infração administrativa‖.

Todavia, quando se tratar de órgão técnico (fenômeno da deslegalização)a que a lei te-
nha atribuído competência para regulamentar determinada atividade, não há violação ao
princípio da legalidade as infrações estabelecidas em regulamento: (RECURSO ESPE-
CIAL Nº 1.102.578 - MG (2008/0266102-6) ―Estão revestidas de legalidade as
normas expedidas pelo CONMETRO e INMETRO, e suas respectivas infrações,
com o objetivo de regulamentar a qualidade industrial e a conformidade de produtos
colocados no mercado de consumo, seja porque estão esses órgãos dotados da compe-
tência legal atribuída pelas Leis 5.966/1973 e 9.933/1999, seja porque seus atos tratam
de interesse público e agregam proteção aos consumidores finais. (Teoria da Quali-
dade).

Em outro julgado o STJ afirma que ―No campo das infrações administrativas, exige-se
do legislador ordinário apenas que estabeleça as condutas genéricas (ou tipo genérico)
consideradas ilegais, bem como o rol e limites das sanções previstas, deixando-se a es-
pecificação daquelas e destas para a regulamentação, por meio de Decreto.‖

04) Sobre o princípio da publicidade, como esse princípio se manifesta no nosso Direito quan-
do ele resulta para o administrado ônus, deveres? Se a adm do Estado de Pernambuco aplicar
a uma empresa privada uma pena como se daria essa publicidade?

Resposta:

Em regra, o princípio da publicidade é respeitado por meio da divulgação no diário ofi-


cial do ente da federação dos atos relevantes que tenham o condão de repercutir em es-
feras jurídicas diversas.

685
Assim, a comunicação formal por meio da imprensa oficial é o meio adequado para
conferir a devida segurança jurídica aos atos administrativos que possam atingir interes-
ses dos administrados. No caso, hipotético apresentado, a punição a uma empresa priva-
da deve ser publicada no diário oficial, ainda que de forma resumida.

05) É possível a invalidação de um ato administrativo com base no princípio da eficiência?

Resposta:

José dos Santos Carvalho Filho reconhece a legitimidade do próprio Poder Executivo,
bem como do Legislativo, no seu papel de fiscalização, para exercerem o controle sobre
os atos administrativos com base no princípio da eficiência. Já no que concerne ao con-
trole judicial, expõe que este “sofre limitações e só pode incidir quando de tratar de
comprovada ilegalidade”. Entende que o Poder Judiciário não pode estabelecer ao ad-
ministrador qual a conduta que deve ser tomada com supedâneo em suposta maior efici-
ência aferida pelo julgador.

De fato, o julgador nem sempre será o órgão com a necessária capacidade técnica para
aferir o ato mais eficiente na situação. O círculo de competência do administrador deve
ser respeitado como prevalência do princípio da separação dos poderes.

Todavia, evidenciado o conflito entre o ato praticado com alguma norma, seja uma re-
gra ou princípio, poderá haver o controle judicial. Assim, entendo ser possível a anula-
ção de ato administrativo com base no princípio da boa administração quando, na análi-
se do caso, restar demonstrado que o seu desrespeito trará prejuízo à coletividade, tendo
o princípio da eficiência (boa administração), por ser constitucional, força normativa
suficiente para aplicação direta a determinada situação concreta.

06) As OSCIPs estão sujeitas ao princípio da obrigatoriedade da licitação? E quando elas reali-
zam compras com verbas recebidas do poder público? As OSCIPs se submetem a Lei 8.666/93?

Resposta:

A Organização da Sociedade Civil de Interesse Público OSCIP, regulada pela


Lei 9.790/99, não integra a Administração, coopera com o Estado se relacionando com
este através de um termo de parceria. A OSCIP vem para a Administração para realizar
um plano especifico de modernização. Os atos praticados pela OSCIP são de direito
privado, desta forma, seus contratos são em tese celebrados sem licitação.

O Art. 11 do Decreto nº 6.170 de 2007 dispõe que ―Para efeito do disposto no art. 116
da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993 (convênios e congêneres), a aquisição de pro-
dutos e a contratação de serviços com recursos da União transferidos a entidades priva-
686
das sem fins lucrativos deverão observar os princípios da impessoalidade, moralidade e
economicidade, sendo necessária, no mínimo, a realização de cotação prévia de preços
no mercado antes da celebração do contrato. Ou seja, não há obrigatoriedade de licita-
ção. Assim também é o posicionamento do TCU (Acórdão n.º 114/2010-Plenário, TC-
020.848/2007-2) que entende não se aplicar integralmente a lei 8.666/93 às OSCIPs,
notadamente nas prerrogativas conferidas à Administração Pública, tais como a possibi-
lidade de aplicação de sanções.

Ressalte-se, porém, a existência do Decreto 5.504/05, para o qual os instrumentos de


formalização, renovação ou aditamento de convênios, instrumentos congêneres ou de
consórcios públicos que tiverem repasse de recursos públicos da União deverão conter
cláusula que determinem que as obras, compras, serviços e alienações a serem realiza-
das por estes entes, sejam contratados mediante processo de licitação pública. Entendo
que, como se trata de decreto anterior, as suas regras foram alteradas pelo Decreto 6.170
de 2007 (critério cronológico).

07) O plano diretor de reforma do Estado elaborado no Governo FHC criou quatro setores no
quais se pautaria Administração Estatal. Que setores são esses?

Resposta:

No aparelho do Estado é possível distinguir quatro setores:

1 NÚCLEO ESTRATÉGICO. Corresponde ao governo, em sentido lato. É o setor que defi-


ne as leis e as políticas públicas, e cobra o seu cumprimento. É, portanto, o setor onde as
decisões estratégicas são tomadas. Corresponde aos Poderes Legislativo e Judiciário, ao
Ministério Público e, no Poder Executivo, ao Presidente da República, aos ministros e
aos seus auxiliares e assessores diretos, responsáveis pelo planejamento e formulação
das políticas públicas.

2 ATIVIDADES EXCLUSIVAS. É o setor em que são prestados serviços que só o Estado


pode realizar. São serviços em que se exerce o poder extroverso do Estado - o poder de
regulamentar, fiscalizar, fomentar. Como exemplos temos: a cobrança e fiscalização dos
impostos, a polícia, a previdência social básica, o serviço de desemprego, a fiscalização
do cumprimento de normas sanitárias, o serviço de trânsito, a compra de serviços de
saúde pelo Estado, o controle do meio ambiente, o subsídio à educação básica, o serviço
de emissão de passaportes etc.

3 SERVIÇOS NÃO-EXCLUSIVOS. Corresponde ao setor onde o Estado atua simultanea-


mente com outras organizações públicas não-estatais e privadas. As instituições desse
setor não possuem o poder de Estado. Este, entretanto, está presente porque os serviços
envolvem direitos humanos fundamentais, como os da educação e da saúde, ou porque
possuem "economias externas" relevantes, na medida que produzem ganhos que não
687
podem ser apropriados por esses serviços através do mercado. As economias produzidas
imediatamente se espalham para o resto da sociedade, não podendo ser transformadas
em lucros. São exemplos desse setor: as universidades, os hospitais, os centros de pes-
quisa e os museus.

4 PRODUÇÃO DE BENS E SERVIÇOS PARA O MERCADO. Corresponde à área de atuação


das empresas. É caracterizado pelas atividades econômicas voltadas para o lucro que
ainda permanecem no aparelho do Estado como, por exemplo, as do setor de infra-
estrutura. Estão no Estado seja porque faltou capital ao setor privado para realizar o
investimento, seja porque são atividades naturalmente monopolistas, nas quais o contro-
le via mercado não é possível, tornando-se necessária, no caso de privatização, a regu-
lamentação rígida. (https://www.planalto.gov.br/publi_04/COLECAO/PLANDI5.HTM)

08) Agências reguladoras – conteúdo do controle do TCU, qual o âmbito do controle?

Resposta:

De acordo com Rodolfo Maciel Dourado ―o TCU tem se manifestado por meio de re-
comendações e determinações mesmo nos aspectos relacionados ao desempenho dessas
agências reguladoras. Contudo, isso não significa afirmar que o TCU é órgão superior
ou instância revisora dos atos praticados pelas entidades reguladoras, vez que esse não é
o seu papel institucional. Além disso, cumpre enaltecer que não há hierarquia entre o
TCU e as agências reguladoras.

Com efeito, quando o Tribunal de Contas da União profere determinações, as quais se


revestem de natureza vinculativa, não invade seara alheia nem, tampouco, usurpa a fun-
ção dos reguladores. Isso se dá pelo fato do TCU não adentrar no aspecto relacionado à
discricionariedade que os gestores dispõem de proceder em suas atividades. Em síntese,
o TCU identifica o que deve ser corrigido e cabe ao gestor da entidade reguladora viabi-
lizar os meios de como sanar tais achados de ineficiências. Além disso, é importante
sublinhar que o papel do controlador não se confunde com o do regulador, apenas busca
complementá-lo visando à eficiência e, por conseguinte, à racionalização da Adminis-
tração Pública.‖( Dourado, Rodolfo Maciel O controle externo sobre as agências
reguladoras de Estado: limites e (im)possibilidades / Rodolfo Maciel Dourado. -
2011.)

09) Qual o tipo de controle que a administração direta exerce sobre as autarquias? Em que
consiste esse controle e como é feito?

Resposta:

688
É chamado de controle finalístico e decorre do denominado princípio da tutela, eis que
não há hierarquia administrativa, mas, sim, vinculação entre a administração direta e a
autarquia, haja vista possuírem personalidades jurídicas distintas.

O princípio da tutela administrativa também chamado de princípio do controle está li-


gado à relação de vinculação existente entre as entidades da administração indireta e
determinado órgão da Administração direta, que a controla. Como expõe Carvalho Fi-
lho, a ―forma pela qual os órgãos governamentais exercem o controle pode variar con-
forme a lei de organização administrativa federal, estadual, distrital ou municipal.‖ No
âmbito Federal foi adotado pelo Decreto-Lei 200/67 a sistemática da supervisão minis-
terial.

A autarquia deve atuar de acordo com as leis estabelecidas pelo ente que a criou, não
possuindo, portanto, autonomia. Assim, a Administração direta controla a atuação da
autarquia e seu desempenho, aferindo se este está de acordo com os parâmetros legais e
os princípios que regem a administração pública, mas de maneira finalística. O controle
efetivo da atuação da autarquia dependerá dos termos da lei que a regula.

12.4. Direito Penal

12.4.1. Crimes Contra O Meio Ambiente. Crimes De Abuso De Autoridade

12.4.1.1. Questões do TRF1


1) Qual a ação penal contra o crime de abuso de autoridade?

Resposta:

A ação penal é pública incondicionada, não obstante a lei nº 4.898 de 1965 trate do di-
reito de representação em seu art. 1º, inclusive estabelecendo a forma como a represen-
tação deve ser formulada.

Ocorre que o art. 1º da Lei nº 5.249 de 1967 é taxativo ao afirmar que ―A falta de repre-
sentação do ofendido, nos casos de abusos previstos na Lei nº 4.898, de 9 de dezembro
de 1965, na obsta a iniciativa ou o curso de ação pública.‖

2) Quem é o sujeito ativo do crime de abuso de autoridade? 3) Quem seria a autoridade? Art.
5º da lei 4868.

Resposta:

689
O Sujeito ativo é a autoridade, na forma prevista no art. 5º da Lei nº 4.898/65 que é a-
quele que exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil ou militar, ainda
que transitoriamente e sem remuneração.

Como bem observa José Paulo Baltazar Junior, o conceito de autoridade aproxima-se
daquele de funcionário público do art. 327 do CP. É necessário, porém, que o agente
tenha o poder de determinar algum tipo de sujeição do particular.

O mencionado autor entende, ainda, que está alcançado pelo conceito de autoridade o
servidor que exerça suas atividades em uma autarquia, desde que tenha o poder de sujei-
tar o cidadão a algum tipo de uso abusivo da autoridade. Não é sujeito ativo quem exer-
ce múnus público (administrador da falência).

Também se deve destacar que é possível o concurso de pessoas nesse crime, de sorte
que o particular, nessa situação, também poderá responder pelo crime.

4) Estas penas contidas na lei, qual a comparação que o senhor faz, elas são penas acessórias,
a suspensão do exercício da atividade na ambiência em que se exerce? Eles se confundem com
os efeitos da condenação na ação penal?

Resposta:

As penas previstas na Lei de Abuso de Autoridade são autônomas ou cumulativas e


prevalecem sobre as disposições gerais do Código Penal, haja vista se tratar de lei espe-
cial.

No que tange à sanção de suspensão do exercício da atividade na ambiência em que se


exerce, quando se tratar o agente de autoridade policial, civil ou militar, a lei de abuso
de autoridade (art. 6º, §5º) estabelece que esta pena poderá ser aplicada de forma isolada
ou acessória à outra pena. Assim, por exemplo, pode o agente ser apenado com deten-
ção, perda do cargo e com a acessoriedade de não exercer funções de natureza policial
ou militar no distrito da culpa. Pode, ainda, manter o cargo e sofrer apenas a pena de
não exercer as funções no distrito da culpa.

A lei de abuso de autoridade permite, ainda, a imposição da perda do cargo (emprego e


função pública) em qualquer caso e independente de outra sanção. Diversamente se dá
no Código Penal, em que a perda do cargo é um efeito secundário específico da conde-
nação, que deve ser valorado e justificado pelo magistrado e estar de acordo com as
hipóteses previstas no art. 92, I do Código Penal.

5) Com relação ao crime ambiental, o que é o ambiente para fins de proteção no direito penal?

Resposta:
690
A lei nº 9.605 (lei de crimes ambientais) não traz de forma expressa o conceito de meio
ambiente para fins de aplicação das suas disposições penais. Todavia, a Lei nº 6938 de
1981(política nacional do meio ambiente) conceitua meio ambiente em seu art. 3º, I,
como “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química
e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.

Na doutrina, Guilherme de Souza Nucci conceitua meio ambiente como ―o espaço ocu-
pado pelos seres vivos, onde habitam e há interação recíproca, influenciando na forma
de vida e na mantença desse lugar, com todas as suas naturais características.‖

Está incluído o chamado meio ambiente artificial (ruas, praças, avenidas...), meio ambi-
ente cultural (esculturas, paisagens naturais, sítios arqueológicos...) e meio ambiente
natural (rios, florestas, lagos).

6) Na lei ambiental a previsibilidade é exclusivamente de perigo de dano (sic) ou também de


perigo, e se sim abstrato ou concreto? Qual o bem jurídico protegido nos crimes ambientais?

Resposta:

Na lei ambiental (9.605 de 1998) existem tipos penais que podem ser classificados co-
mo crime de perigo, pois a probabilidade de dano ao meio ambiente é presumido no
tipo. Isso ocorre já no primeiro tipo previsto no art. 29 da lei, quando elenca como con-
duta típica perseguir espécimes da fauna silvestre (...). Nessa situação, o simples ato de
perseguir tais espécimes já configura conduta típica, não sendo necessário sequer a de-
monstração do perigo de dano no caso concreto.

O bem jurídico protegido nos crimes ambientais é o meio ambiente, que possui expressa
proteção no art. 225 da Constituição Federal, que reconhece como direito fundamental o
meio ambiente ecologicamente equilibrado.

7) Quem pode ser sujeito ativo do crime ambiental?

Resposta:

De acordo com o art. 2º da Lei nº 9.605 de 1998, ―Quem, de qualquer forma, concorre
para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na
medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conse-
lho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídi-
ca, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quan-
do podia agir para evitá-la.

Também está incluída como sujeito ativo do crime ambiental a pessoa jurídica.

691
8) Como é feito o interrogatório da pessoa jurídica quando se imputa à ela um crime ambien-
tal? Qual o modus operandi, eleito um representante, indicado para responder?

Resposta:

No que concerne ao interrogatório, via de regra, o ente jurídico será interrogado através
da pessoa física de seu representante legal. No entanto, é perfeitamente cabível a indica-
ção de um preposto, tanto quando este for um maior conhecedor dos fatos em questão,
quanto no caso do representante legal ser também réu no mesmo processo, podendo
ocorrer colisão de defesa. (http://www.mp.rs.gov.br/ambiente/doutrina/id379.htm)

Para o TRF1 apenas o representante legal tem legitimidade para o interrogatório, veja-
mos: ―tratando-se de interrogatório de pessoa jurídica, somente o seu representante legal
tem a capacidade de comparecer em Juízo para esclarecer os fatos descritos contra a
empresa. Precedentes‖ (HC 18489 GO 2006.01.00.018489-8 18/08/2006 DJ p.45) O
TRF4 também se posiciona nesse sentido: ―O interrogatório não pode ser feito
na pessoa de preposto. Logo, o ato deve ser repetido na pessoa do atual dirigente‖ (MS
200204010138430 DJ 26/02/2003 PÁGINA: 914).

9) Quais os crimes passíveis de ser cometidos por pessoa jurídica?

Resposta:

A Constituição Federal, em seu art. 225, §3º da CF/88 autoriza a responsabilização pe-
nal da pessoa jurídica. Todavia os tipos penais somente podem ser criados por lei de
competência da união.

Assim, atualmente a pessoa jurídica responde criminalmente pelas condutas criminosas


disciplinadas na lei nº 9.605 de 1998 (Lei de crimes ambientais).

De forma diversa, não obstante a Constituição Federal, em seu art. 173, § 5º, também
permita a responsabilização da pessoa jurídica nos atos praticados contra a ordem eco-
nômica e financeira e contra a economia popular, não é possível ser-lhe imputado cri-
mes, haja vista a inexistência de lei específica que determine essa responsabilização na
esfera penal, eis que se trata de norma constitucional de eficácia limitada.

10) É possível a suspensão condicional do processo nos crimes ambientais cometido por pes-
soa jurídica?

Resposta:

A doutrina (Nucci) entende que que os benefícios da lei nº 9.099 de 1995 aplicam-se
normalmente à pessoa jurídica, podendo esta transacionar com o Ministério Público,
692
bem como pode receber o benefício, quando for o caso, da suspensão condicional do
processo, respeitadas as disposições específicas previstas no art. 28 da Lei nº 9.605.

11) Como se opera a extinção da punibilidade nos crimes ambientais?

Resposta:

Nos crimes ambientais a extinção da punibilidade, após o cumprimento do período de


prova da suspensão condicional do processo, depende da comprovação da reparação do
dano ambiental por meio de laudo de constatação, ressalvada a impossibilidade de fazê-
lo, como bem expõe o art. 28, I da Lei nº 9.605 de 1998.

Em sendo assim, não sendo comprovada a reparação do dano ambiental, o período de


prova será prorrogado período máximo, acrescido ainda de um ano, ao término do qual
será realizado nova aferição da reparação do dano. Na hipótese negativa, poderá ser
prorrogado por mais um ano. Após esse período, a extinção da punibilidade dependerá
da comprovação de que o agente praticou todos os atos necessários à reparação do dano.

12.4.1.2. Questões do TRF2


1) O art. 3º da Lei no. 4898 prevê crime?

Resposta:

O art. 3º da Lei de Abuso de Autoridade (Lei nº 4898/65) especifica condutas crimino-


sas. Todavia, a doutrina critica os tipos penais previstos no artigo 3º, haja vista possi-
velmente violarem o princípio da taxatividade, pois não descrevem, convenientemente,
as condutas típicas. Assim, para evitar prejuízo ao aludido princípio devem ser interpre-
tados de forma restritiva.

2) O que falta no preceito primário deste artigo?

Resposta:

Está ausente a correta descrição típica das condutas incriminadas, em violação, portanto,
ao princípio da taxatividade.

3) Art. 13 da Lei de Abuso de Autoridade é um tipo penal?

Resposta:

693
O art. 13 da lei de abuso de autoridade trata do procedimento a ser adotado para a oferta
da dnúncia pelo ministério público, que disporá do prazo de 48 horas para esse fim, a
aprtior do recebimento da representação pela vítima (lembnrar que a ação penal é
pública incondicionada). Ao condicionar o referido artigo a apresentação da denúncia ao
fato narrado constituir abuso de autoridade, não se está estabelecendo um tipo penal,
mas, em verdade, está sendo feita referência aos tipos penais configuradores de abuso
de autoridade previstos na referida lei.

12.4.1.3. Questões do TRF3


1) Configura o crime de abuso de autoridade a falta de comunicação da prisão de estrangeiro,
se a família reside no exterior?

Resposta:

O Superior Tribunal de Justiça (RHC 3.894, Costa Lima, 5ª Turma, DJ 12.9.94) já teve
a oportunidade de apreciar essa questão, tendo se posicionado no sentido de que não é
necessária a comunicação da prisão de estrangeiro, se a família reside no exterior, veja-
mos: ―por óbvias razões, em se tratando de prisão em flagrante de estrangeiros acusados
de associação para a prática de crime de tráfico internacional de substâncias entorpecen-
tes e roubo de aeronave, que residem na Colômbia onde tem famílias, a autoridade poli-
cial não está obrigada a comunicar a ocorrência aos familiares. Basta-lhe assegurar o
direito de comunicação.‖

Em sendo assim, não comete crime de abuso de autoridade o agente que deixa de comu-
nicar a família que reside no exterior.

12.4.1.4. Questões do TRF4

12.4.1.5. Questões do TRF5


01) Qual a justiça competente para as infrações penais contra o meio ambiente?

Resposta:

Em regra a competência para processar e julgar os crimes ambientais é da Justiça Esta-


dual, salvo de o delito for consumado contra bens, serviços ou interesse da União, de
suas autarquias ou empresas públicas.

Também será de competência da Justiça Federal o julgamento dos crimes previstos em


tratado internacional ratificado pelo Brasil quando iniciada a execução no Brasil, o re-
sultado tenha ou devesse ocorrer fora do país, assim como a recíproca (art. 109, V, CF).
Os crimes ambientais cometidos a bordo de navios e aeronaves também são de compe-
tência da justiça federal (Frederico Augusto Amado – Direito Ambiental Esquematiza-
do).

694
12.5. Direito Previdenciário

12.5.1. Abono Anual E Outros Auxílios

12.5.1.1. Questões do TRF1


1) O abono anual pode ser pago de forma anual?

Resposta:

O abono anual, também conhecido como gratificação natalina, é pago, em regra na data
de pagamento da renda do mês de dezembro, podendo ser proporcional ao número de
meses de recebimento do benefício. Assim, é possível o pagamento anual desse abono.

Ocorre que, por meio do Decreto Federal nº 7.782, de 07 de agosto de 2012, o abono
anual para o ano de 2012 será pago da seguinte forma:

―Art. 1o No ano de 2012, o pagamento do abono anual de que trata o art. 40 da Lei no
8.213, de 24 de julho de 1991, será efetuado em duas parcelas:

I - a primeira parcela corresponderá a até cinquenta por cento do valor do benefício cor-
respondente ao mês de agosto, e será paga juntamente com os benefícios corresponden-
tes a esse mês; e

II - a segunda parcela corresponderá à diferença entre o valor total do abono anual e o


valor da parcela antecipada e será paga juntamente com os benefícios correspondentes
ao mês de novembro.‖

DESSE PONTO EM DIANTE: RESPOSTAS ELABORADAS POR RICARDO BEC-


KERATH DA SILVA LEITÃO
2) O auxílio reclusão é pago ao dependente do condenado em qual regime prisional?

Resposta:

O auxilio reclusão será pago nas condenações impostas sobre o regime fechado e semi-
aberto, pouco importando a natureza do delito, não sendo devido o beneficio na hipótese
de regime aberto, na forma do artigo 116 do §5º di RPS, haja vista a determinação do
detento trabalhar fora do estabelecimento prisional, consoante o artigo 36 do CP, apenas
sendo recolhido no período noturno e durante os dias de folga.

695
12.5.1.2. Questões do TRF2

12.5.1.3. Questões do TRF3

12.5.1.4. Questões do TRF4

12.5.1.5. Questões do TRF5

12.6. Direito Civil

12.6.1. Penhor E Hipoteca. Registros Públicos. Estatuto Da Terra

12.6.1.1. Questões do TRF1


1) Há dois contratos no âmbito do Estatuto da Terra, contrato proativo, que contrato são eles?
O Estatuto da Terra prevê alguma hipótese de usucapião?

Resposta:

São os contratos de ARRENDAMENTO RURAL e PARCERIA AGRÍCOLA OU RU-


RAL previstos do artigo 92 ao 96 do estatuto da terra (lei 4504/62) e regulamentadas
pelo Decreto 59566/66. São contratos que tem por objeto a posse e o uso da propriedade
agrária.

Em relação a usucapião, o estatuto da terra prevê uma possibilidade expressa no artigo


98, que dispõe:

Art. 98. Todo aquele que, não sendo proprietário rural nem urbano, ocupar por dez anos
ininterruptos, sem oposição nem reconhecimento de domínio alheio, tornando-o produ-
tivo por seu trabalho, e tendo nele sua morada, trecho de terra com área caracterizada
como suficiente para, por seu cultivo direto pelo lavrador e sua família, garantir-lhes a
subsistência, o progresso social e econômico, nas dimensões fixadas por esta Lei, para o
módulo de propriedade, adquirir-lhe-á o domínio, mediante sentença declaratória de-
vidamente transcrita.

2) É possível pela via do registro público a mudança da pessoa, em que circunstância, em que
prazo? A lei de certa forma fala sobre o nome, que dar uma certa diretriz, evitar o que?

Resposta:

696
Não consegui responder.

3) Em matéria de registros públicos, no que consiste o processo de dúvida? Se o juiz decidir


contrariamente à parte, neste processo, o que faz a parte, o que ela pode fazer?

Resposta:

O processo (procedimento) de duvida registral esta regulado pela lei de registros públi-
cos, pelo artigo 198 e seguintes. Trata-se de procedimento de natureza administrativa,
cuja finalidade é permitir que o Juiz de Direito competente se manifeste, por meio de
sentença, a respeito da divergência de entendimento entre o registrador e o apresentante
(a chamada ―duvida registrária‖ – exame realizado pelo registrador no exercício de suas
funções, obstando uma pretensão de registro).

Inicia-se com requerimento do apresentante junto ao oficial registrador, que remeterá a


questão ao juízo competente para decisão (sentença).

Se a sentença for contraria ao interesse da parte, caberá apelação com efeitos devolutivo
e suspensivo (artigo 202 da LRP).

Detalhe: Tem sido admitido pela doutrina e jurisprudência a ―duvida inversa‖, procedi-
mento pelo qual o requerimento é feito diretamente ao juiz competente que abre vista ao
oficial registrador.

4) Pode-se vender imóvel hipotecado?

Resposta:

É Perfeitamente possível a venda de imóvel hipotecado. Trata-se de direito real de ga-


rantia em virtude do qual um bem imóvel (exceto navio e aeronaves) remanesce na pos-
se do devedor ou de terceiro, assegurando ao credor o pagamento da divida. Trata-se de
uma restrição sobre o valor da coisa onerada e não sobre o seu proveito econômico, e,
nesse sentido, o devedor permanece com todo os atributos dominiais, podendo usar,
gozar e dispor do bem sem restrições, sendo-lhe vedado apenas praticar atos que degra-
dem a garantia.

O artigo 1475 do CC é expresso em dispor que é nula a clausula inserida no corpo do


contrato de hipoteca que venha estipular a inalienabilidade do imóvel, na pendência do
prazo de pagamento, pois tal avença lesaria o direito subjetivo de propriedade do deve-
dor.

697
Contudo, nada impede estipulações de direito obrigacional, como clausula que define o
vencimento antecipado da divida, na hipótese de alienação ou constituição de sub-
hipoteca (artigo 1475, parágrafo único).

Detalhe: a faculdade de dispor será restrita nas hipotecas celulares ou quando regulada
pelo sistema financeiro nacional (DL 70/66)

5) O registro de hipoteca é constitutivo ou somente para fins de publicidade? Em que cartório


de imóvel é feito?

Resposta:

O registro é formalidade essencial, pois sem ela não nasceria o direito real sobre a coisa
alheia por isso tem natureza constitutiva. É o que dispõe o artigo 1227 do CC.

Deve ser efetivado na serventia do local da situação do imóvel

6) Que bens podem ser objetos de hipoteca?

Resposta:

Dispõe o artigo 1473 que podem ser objeto de hipoteca: a) imóveis e os acessórios (solo
e tudo que nele se incorporar natural ou artificialmente); b) domínio direito e útil (pos-
sibilitando a hipoteca de enfiteuse); c) estradas de ferro; recursos naturais a que se refere
o p.u do artigo 1230 (não é possível hipotecar jazidas, minas e recursos naturais pois são
bens da União; mas recursos naturais para emprego imediato na construção civil são
hipotecáveis); d) navios e aeronaves (exceções de bens moveis hipotecáveis);

Foram incluídos ainda em 2007, pela lei 11481 a possibilidade de hipoteca de : e) direi-
to de uso especial para fins de moradia;f) direito real de uso; g) propriedade superficiá-
ria

7) O registro imobiliário da compra e venda de um imóvel é feita como um formal de partilha


quando existe bens imóveis, qual o efeito dos registros quanto aos efeitos constitutivos do
contrato?

Resposta:

Não consegui responder.

698
8) Em face do direito brasileiro, formas de aquisição da propriedade imobiliária. Existe diferen-
ça de efeitos com relação ao registro do formal de partilha e do registro do contrato de com-
pra e venda?

Resposta:

Há diferença.

Isso porque pelo que dispõe o artigo 1245 do CC, no direito brasileiro adquire-se pro-
priedade imóvel entre vivos pelo registro, tendo este, nestes casos, natureza constitutiva.
Sendo assim, o registro do contrato de compra e venda de bem imóvel é essencial para a
aquisição da propriedade.

Por outro lado, não serão levados a registro obrigatoriamente as aquisições de proprie-
dade mortis causa, na usucapia e na acessão. Neste casos o registro tem natureza mera-
mente declaratória. O registro do formal de partilha não tem o condão de constituir o
direito de propriedade, que já existe.

12.6.1.2. Questões do TRF2


1) Qual a correlação entre ação discriminatória e terras devolutas e como se identifica esta
segunda figura? Sabe o porquê da denominação (terras devolutas)?

Resposta:

A ação discriminatória é procedimento especial destinado a identificar e definir em seus


contornos e em suas lindes as terras devolutas. O seu objetivo é separar as terra do po-
der publico das que pertencem aos particulares.

O artigo 5º do DL 9760/46 prevê as terras devolutas da União.

Sua denominação remonta o período do império em que com a descoberta do Brasil,


todo o território passou a integrar o domínio da Coroa Portuguesa. Destas terras, largos
tratos foram trespassados aos colonizadores, mediante as chamadas concessões
de sesmarias e cartas de data, com a obrigação, aos donatário, de medi-las, demarcá-las
e cultivá-las, sob pena de comisso (reversão das terras à Coroa).

As terras que não foram trespassadas, assim como as que caíram em comisso, constitu-
em as terras devolutas. Com a independência do Brasil, passaram a integrar o domínio
imobiliário do Estado brasileiro, englobando todas essas terras que não ingressaram no
domínio privado por título legítimo ou não receberam destinação pública

699
12.6.1.3. Questões do TRF3
1) Penhorado um bem hipotecado, quem terá preferência na execução?

Resposta:

A penhora deve recair preferencialmente sobre os bens dados em garantia real quando
relacionados a execução dos respectivos creditos (artigo 655,§1º do CPC).

No entanto pode recair a penhora sobre bem hipotecado para execução de outros credi-
tos por outros credores. Neste caso deve-se aplicar analogicamente o artigo 1477 do
CC. Ou seja, o bem dado em garantia somente pode ser penhorado por credor quirogra-
fário ou o credor da segunda hipoteca, se não houver outros bens penhoráveis; ou
seja, apenas no caso de insolvência de fato. (Fredie Didier, v. 5)

O titular do direito real de garantia poderá impugnar a penhora indevidamente feita so-
bre o bem hipotecado por meio dos embargos de terceiro (art. 1047,II do CPC).

Agora, respondendo diretamente a pergunta, temos o artigo 1422 do CC:

Art. 1.422. O credor hipotecário e o pignoratício têm o direito de excutir a coisa hipote-
cada ou empenhada, e preferir, no pagamento, a outros credores, observada, quanto
à hipoteca, a prioridade no registro.

Parágrafo único. Excetuam-se da regra estabelecida neste artigo as dívidas que, em vir-
tude de outras leis, devam ser pagas precipuamente a quaisquer outros créditos.

2) Há necessidade de registro para exercício do direito de preferência?

Resposta:

Por tratar-se de direito real a hipoteca tem no registro o ato que a constitui como direito
real, tornando-a eficaz contra todos.

Se o contrato de hipoteca não for registrado a relação jurídica dele decorrente não passa-
rá de relação obrigacional, sem direito de sequela e sem preferência.

3) O credor hipotecário tem de ser intimado da penhora?

Resposta:

Quando o credor hipotecário não for o autor da demanda executiva, ele deverá ser obri-
gatoriamente intimado da penhora, conforme dispõe o artigo 615 do CPC, II e aplicado
analogicamente para a fase de cumprimento de sentença:

Art. 615. Cumpre ainda ao credor:


700
II - requerer a intimação do credor pignoratício, hipotecário, ou anticrético, ou usufrutu-
ário, quando a penhora recair sobre bens gravados por penhor, hipoteca, anticrese ou
usufruto;

O objetivo é permitir que o credor hipotecário possa assegurar a sua preferência

4) É possível hipoteca sobre direito real de superfície? Por quê?

Resposta:

Há possibilidade da hipoteca recair sobre o direito real de superfície, pois trata-se de


direito autônomo, distinto da propriedade superficiária, que igualmente pode ser sujeita
a hipoteca (artigo 1473,X do CC) .

Há possibilidade portanto de convivência de duas hipotecas: uma sobre o direito real de


superfície e outra sobre a propriedade superficiária.

Isso é permitido pois há a possibilidade de alienação em separado tanto da propriedade


quanto do direito real de superfície, sem necessidade de anuência um do outro, e sendo
assim dispõe o artigo 1420 do CC que pode ser dado em garantia os bens alienáveis.

No entanto deve ser observado o direito de preferência 1373:

Art. 1.373. Em caso de alienação do imóvel ou do direito de superfície, o superficiário


ou o proprietário tem direito de preferência, em igualdade de condições.

5) É viável hipoteca sobre quota-parte ideal de condomínio?

Resposta:

O artigo que regula esta questão é o 1420, §2º do CC que dispõe:

§ 2o A coisa comum a dois ou mais proprietários não pode ser dada em garantia real, na
sua totalidade, sem o consentimento de todos; mas cada um pode individualmente dar
em garantia real a parte que tiver.

O artigo resolve parcialmente a questão. Isso porque analisando a jurisprudência percebi


alguns julgados não admitem a hipoteca da fração ideal quando o bem for indivisível.

No entanto vale a menção do artigo 655-B do CPC que dispõe a possibilidade de penho-
ra e alienação de bem indivisível do casal, resguardando a meação do cônjuge alheio à
execução sobre o produto da alienação do bem.

6) O princípio da boa-fé objetiva é aplicável no Direito Registral?


701
Resposta:

Boa fé objetiva é confiança, eticidade. É norma principio que estabelece comportamen-


tos éticos compatíveis, esperados em todas as relações jurídicas. Neste sentido deve ser
aplicado no direito registral.

12.6.1.4. Questões do TRF4

12.6.1.5. Questões do TRF5

12.7. Direito Empresarial

12.7.1. Alienação Fiduciária Em Garantia De Bens Imóveis

12.7.1.1. Questões do TRF1


1) Se a senhora toma um empréstimo e dar o próprio imóvel em alienação fiduciária em garan-
tia, qual o procedimento que o alienante fiduciário tem para executar a dívida do devedor
fiduciante?

Resposta:

A alienação fiduciária de bens imóveis esta disciplinada na lei 9514/97. Trata-se de con-
trato em que o devedor (fiduciante), com o escopo de garantia, contrata a transferência
ao credor, ou fiduciário, da propriedade resolúvel de coisa imóvel. (art. 22)

Uma vez não paga a divida pelo devedor fiduciante, determina o artigo 26 a consolida-
ção da propriedade em nome do credor-fiduciário. Caberá ao credor promover o leilão
publico (artigo 27) para a venda do bem, cujos os recursos arrecadados serão utilizados
para a quitação da divida. Havendo eventual saldo, ele será repassado para o devedor-
fiduciante.

2) Qual o Calcanhar de Aquiles na alienação fiduciária, matéria de insatisfação geral pelas imo-
biliárias?

Resposta:

Nota: Não encontrei nenhuma referencia expressa a expressão ―o Calcanhar de Aquiles


na alienação fiduciária‖. No entanto, tentando responder a esta pergunta, acredito que
ela pode ser abordada da seguinte forma:

702
A expressão Calcanhar de Aquiles é muitas vezes utilizado para designar um ponto fra-
co de determinado instituto, em alusão a historia mitológica do guerreiro grego Aqui-
les.

Há algumas referencias desta expressão no que tange ao processo de execução em rela-


ção ao processo como um todo e.g.

―É tempo, já agora, de passarmos do pensamento à ação em tema de melhoria dos pro-


cedimentos executivos. A execução permanece o ―calcanhar de Aquiles‖ do processo.‖
– exposição de motivos da lei 11232/2005 que alterou o CPC.

Nesta linha, suponho que uma das insatisfações das imobiliárias pode dizer respeito ao
fato de que na alienação fiduciária em garantia, na hipótese do devedor ter o imóvel
leiloado, e se no leilão, o lance não for suficiente para quitar toda a dívida, o devedor-
fiduciante tem a sua dívida quitada integralmente. Ou seja, a dívida não extrapola os
limites do bem dado em garantia, e portanto, o devedor inadimplente não colocará o seu
patrimônio em risco para quitar o saldo da dívida.

12.7.1.2. Questões do TRF2

12.7.1.3. Questões do TRF3

12.7.1.4. Questões do TRF4

12.7.1.5. Questões do TRF5

12.8. Direito Processual Civil

12.8.1. Formas De Execução E Atos De Execução. Execução Definitiva E


Provisória. Requisitos Para Realizar Qualquer Execução. A Relaçao Processual
E Seus Elementos. Legitimação Ativa E Passiva, Terceiros Interessados,
Litisconsórcio E Intervenção De Terceiros No Processo De Execução

12.8.1.1. Questões do TRF1


1) A partir de 2006 o CNJ e o STF passaram a estimular a transação e a conciliação. É possível a
conciliação no processo de execução?

Resposta:

703
É perfeitamente possível e até mesmo recomendável a conciliação em processo de e-
xecução. O artigo 569 do CPC dispõe uma das regras fundamentais que estruturam o
processo executivo brasileiro, a regra da disponibilidade da execução:

Art. 569. O credor tem a faculdade de desistir de toda a execução ou de apenas algumas
medidas executivas.

Seguindo a regra de quem pode o mais pode o menos, se o exequente pode desistir de
toda a execução, sem necessidade de consentimento do executado, poderá certamente
transigir o seu direito, ainda que já se encontre na fase executiva.

Ademais o artigo 794 é expresso neste sentido:

Art. 794. Extingue-se a execução quando:

I - o devedor satisfaz a obrigação;

II - o devedor obtém, por transação ou por qualquer outro meio, a remissão total da dí-
vida;

III - o credor renunciar ao crédito.

2) Houve uma omissão ao processo de conhecimento em relação a uma verba honorária, pode
o juiz federal de execução fixar a verba honorária na fase de execução, diante da omissão no
processo de conhecimento pode-se suprir esta omissão no processo de execução ou na fase de
cumprimento de sentença? Os honorários teriam a mesma natureza de uma correção monetá-
ria, de um consectário legal?

Resposta:

Os honorários advocatícios é exemplo de pedidos implícito, pedido que ainda que não
explicitado na demanda, compõe o objeto do processo (mérito) por força de lei. Assim
mesmo que a parte não peça, o magistrado deve examina-lo e decidi-lo expressamente.

Se o magistrado se omite no dispositivo no que tange aos capítulos sobre honorários a


sentença é citra petita. Não existe este comando.

O problema é que o STJ, após julgar algumas questões em sede de repetitivo, editou a
sumula 453 que dispõe:

―Os honorários sucumbenciais, quando omitidos em decisão transitada em julgado, não


podem ser cobrados em execução ou em ação própria‖

Entende o STJ – contrariando parcela significativa da doutrina – que desta omissão da


sentença ocorreria uma coisa julgada material.

704
Neste sentido, o juiz federal não poderia fixar verba honorária na fase de execução,
referente ao processo de conhecimento. Deve fixar honorários advocatícios seja em re-
lação a fase de cumprimento de sentença (como já decidido pelo STJ) ou no processo
autônomo de execução.

Respondendo a 2º pergunta, podemos dizer que os honorários se assemelham a correção


monetária por serem espécies de pedido implícito, ou seja, decorrem de lei, ainda que
não expressos na inicial.

3) Qual o instrumento que eu terei para forçar o cumprimento de uma tutela inibitória?

Resposta:

A tutela inibitória é tutela dirigida contra o ilícito. Independe da alegação ou prova do


dano.

A sua efetivação poderá ser feita mediante provimento mandamental (com a participa-
ção do devedor – execução indireta) ou executivo (sem a participação do devedor –
execução direta). Ambas as técnicas são eficientes para se alcançar o resultado, embora
a doutrina e a jurisprudência tenham preferido o uso da técnica mandamental (coerção
indireta, e.g multa).

5) A sentença de execução faz coisa julgada? Poderá fazer.

Resposta:

Partindo do pressuposto que há cognição e juízo de mérito no procedimento executivo,


pode haver também coisa julgada.

Exemplo disso é que o artigo 794 do CPC guarda semelhança com o artigo 269 do
CPC. Nos casos do 794 do CPC a sentença de extinção do procedimento executivo con-
tem comando de extinção da própria relação de direito material havida entre as partes,
fazendo, por isso mesmo, coisa julgada material, sujeita, portanto, à ação rescisória.

6) Qual a diferença entre processo de execução, cumprimento de sentença e medida executi-


va? Existe ou são sinônimos? Pode haver ato ou medida executiva em processo de conheci-
mento?

Resposta:

705
Processo de execução é o procedimento pelo qual o sujeito pretende a efetivação de um
direito já certificado. Trata-se de um processo autônomo, regra no CPC originário de
1973.

Ocorre que com as reformas ao CPC, iniciadas em 1994, os processos autônomos passa-
ram a se tornar sincréticos, isso é, um processo que serve para mais de um propósito.
Assim, o cumprimento de sentença nada mais é que uma fase executiva dentro do mes-
mo processo em que se reconhece o direito objeto da demanda.

Medidas executiva são instrumentos que o juiz se vale para efetivar o direito pretendi-
do. As medidas executivas podem ser típicas ou atípicas (com ou sem previsão expressa
na legislação), direta ou indireta (com ou sem a participação do devedor).

É plenamente possível ato ou medida executiva em processo de conhecimento quando


o juiz certifica, provisória ou definitivamente, direito assegurado a uma das partes. É o
que o que ocorrer com a efetivação de uma tutela antecipada ou mesmo a execução de
uma decisão parcial de mérito (ou sentença parcial).

7) Quais os requisitos para se ajuizar processo de execução já que se fala em sincretismo? De-
duz-se que com a reforma permanece, então qual o requisito para se ajuizar o processo de
execução? E com relação à fazenda pública, tem um procedimento autônomo? Qual seria o
título executivo extrajudicial neste caso?

Resposta:

Um processo executivo antes de mais nada tem que atender, genericamente, aos pressu-
postos de existência, aos requisitos de admissibilidade e às condições da ação.

Alem destes, um processo executivo tem que observar 2 requisitos específicos: a) apre-
sentação de um titulo executivo; b) a afirmação, pelo exequente, de que houver inadim-
plemento do executado quando ao dever jurídico que é correlato a esse direito de presta-
ção.

Atualmente, em nosso sistema processual civil a REGRA da execução de titulo judicial


é o processo sincrético, uma mera fase procedimental.

Mas ainda em caráter excepcional, continuamos a ter processo autônomo de execução,


nas seguintes hipóteses:

Execução de titulo executivo extrajudicial

Execução contra a fazenda publica

Execução contra devedor insolvente

Execução de alimentos
706
A fazenda publica pode ser devedora de um titulo executivo extrajudicial, tal como um
titulo de credito.

8) Em relação à execução provisória, quais as características que o senhor elencaria para a sua
configuração?

Resposta:

O que diferencia uma execução provisória de uma execução definitiva atualmente é a


estabilidade do titulo executivo em que se funda a execução.

Em se tratando de execução provisória, esta é aquela que se funda em decisão judicial


ainda passível de alteração (reforma ou invalidação) em razão da pendência de recurso
contra ela interposto, a que não tenha sido atribuído efeito suspensivo.

9) Na execução fiscal existe a objeção, que é principal, constituída pelos embargos do devedor,
e quando o magistrado recebe estes embargos, há instrução, prolata-se a sentença e contra
esta sentença de procedência a parte recorre e o senhor recebe este recurso, vai haver a pos-
sibilidade de execução provisória ou é uma execução em definitivo?

Resposta:

É relevante destacar que a lei 6830/80 não trata dos efeitos decorrentes da propositura
dos embargos do executado. Sugere a doutrina que seja então submetido ao regramento
atual do CPC, que não dispõe como automática este efeito.

Deve o juiz, diante de requerimento do executado e convencendo-se da relevância do


argumento e do risco de dano, atribuir aos embargos efeito suspensivo.

Contra a sentença que julga os embargos a execução cabe apelação. Os efeitos do recur-
so depende do conteúdo da sentença.

Se a sentença (dos embargos) for procedente a apelação é recebida no duplo efeito –


devolutivo e suspensivo; se a sentença (dos embargos) for julgada improcedente, a ape-
lação é recebida apenas no efeito devolutivo. (artigo 520,V do CPC).

10) Em relação à intervenção de terceiros no processo de execução, admitiria a assistência o


senhor como juiz federal?

Resposta:

707
Na fase executiva (cumprimento de sentença ou processo autônomo) as únicas modali-
dades de intervenção de terceiro prevista no Livro I do CPC são a assistência e o recurso
de terceiro. Isso porque as demais espécie pressupões discussão em torno da existência
de algum direito a uma prestação, normalmente em processo condenatório.

Assim, como juiz federal é possível imaginar a assistência no procedimento executivo,


bastando pensar na hipótese de terceiro atingido pela eficácia reflexa da sentença.

Nota: No entanto, pesquisando algumas decisões do TRF1 percebi que algumas deles
sequer admitem a assistência em procedimento executivo, o que não dá para afirmar se
se trata de verdadeira jurisprudência consolidada do tribunal. Neste sentido AC
200001000628790, julgado dia 14.10.2011.

11) No processo de execução, é possível haver uma cessão de crédito e se substituir o credor?
Mesmo no processo de execução há necessidade de anuência da parte contrária? O MP pode
propor a execução, e em que situação?

Resposta:

A resposta da 1º pergunta esta escrita no artigo 567, II que dispõe ser possível promo-
ver, ou nela prosseguir, o cessionário do titulo, quando o direito for transferido por atos
inter vivos.

Art. 567. Podem também promover a execução, ou nela prosseguir:

II - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo Ihe foi transferido por
ato entre vivos;

Neste sentido então é possível a cessão de credito ainda que pendente o processo execu-
tivo. Nesta hipótese haverá uma legitimação ordinária derivada ou superveniente. No
entanto, respondendo a 2º pergunta, a cessão de direito litigioso submete-se ao regra-
mento do artigo 42 do CPC: o cessionário somente ingressará no processo, no lugar do
cedente, se a parte adversária consentir; sem o consentimento, poderá intervir como
assistente litisconsorcial.

O MP pode propor execução nos casos em que atua como legitimado extraordinário. A
sua legitimação extraordinária para conduzir o processo de conhecimento implica, salvo
expressa vedação legal, a atribuição da legitimação extraordinária para o processo de
conhecimento

Cumpre ressaltar que é possível imaginar o MP atuando como legitimado ordinário,


defendendo interesse próprio. Ex: demanda relacionada a liberação de parcela orçamen-
tária dedicada ao próprio MP.

708
12) O CPP autoriza o MP nas autorizações do art. 68 atuar em nome o hipossuficiente, a se-
nhora acha que isso diante da moldura constitucional foi recepcionada?

Resposta:

A legitimação extraordinária para atuar em nome do hipossuficiente após a CF/88 pas-


sou a ser da defensoria publica. Ocorre que em muitos locais do país ela ainda não foi
devidamente estruturada.

Assim, o STF já entendeu que esta norma disposto no artigo 68 do CPP é uma ―norma
ainda constitucional‖ ou ―inconstitucionalidade progressiva―, decorrente de uma situa-
ção constitucional imperfeita nas quais as normas se situa em um estagio intermediário
entre a constitucionalidade plena e a inconstitucionalidade absoluta.

Isso porque são circunstancias fáticas que determinarão se a norma é ou não constitu-
cional. No caso, nos locais onde a defensoria publica já estiver devidamente instalada a
norma será inconstitucional.

13) Em relação à execução, eu posso desistir da execução em qualquer fase se eu sou o cre-
dor? Quando oferecido embargos à execução não se faz possível a desistência do credor?

Resposta:

Umas das regras que estruturam o procedimento executivo brasileiro é a regra da dispo-
nibilidade da execução (artigo 569 do CPC, caput), que dispõe a possibilidade da desis-
tência de toda a execução ou de apenas algum ato executivo independentemente do con-
sentimento do executado.

Art. 569. O credor tem a faculdade de desistir de toda a execução ou de apenas algumas
medidas executivas.

Ainda que o executado tenha apresentado impugnação ou embargos a execução há pos-


sibilidade de desistência, salvo a hipótese de essa defesa versar sobre questões relacio-
nadas à relação jurídica material (mérito da execução), quando haverá a necessidade de
consentimento do executado. É o que dispõe o p.u, ―a‖ e ―b‖ do artigo 569:

Parágrafo único. Na desistência da execução, observar-se-á o seguinte: (Incluído pela


Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

a) serão extintos os embargos que versarem apenas sobre questões processuais, pagando
o credor as custas e os honorários advocatícios; (Incluído pela Lei nº 8.953, de
13.12.1994)

b) nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do embargante. (Incluído


pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)
709
14) É admissível no processo de execução a assistência? A esposa que não foi citada no pro-
cesso de execução e que quer recorrer de uma decisão no processo de execução do seu inte-
resse em relação a uma determinada controvérsia, pode se valer do recurso de terceiros con-
tra a decisão lavrada no processo de execução nos embargos de execução?

Resposta:

Das modalidades de intervenção de terceiro do livro I do CPC apenas a assistência e o


recurso de terceiro são cabíveis no procedimento executivo.

Neste caso a esposa pode intervir tanto como assistente simples (se a eficácia da senten-
ça apenas a atingir de modo reflexo) ou assistente litisconsorcial (se a eficácia da sen-
tença a atingir de modo direto). A mesma lógica se aplica para o recurso de terceiro.

15) E no título extrajudicial no âmbito da justiça federal a fazenda nacional propôs a execução
contra pessoas X, Y e Z e na CDA constam os nomes dos sócios gerentes e minoritário, como
magistrado posso mandar citar imediatamente dos sócios gerentes e também do minoritário?
O senhor admitiria uma exceção de pré-executividade para excluir o sócio minoritário?

Resposta:

Não, o magistrado não poderá citar imediatamente os sócios gerentes nem o minoritário
sem que haja pedido expresso para tanto.

Admitiria a exceção de pré-executividade nestes casos apenas se possível provar a ilegi-


timidade do sócio minoritário sem a necessidade de dilação probatória, ou seja, apenas
se houvesse prova pré-constituída que fundamentasse esta exclusão.

12.8.1.2. Questões do TRF2


1) Quais as três condições da ação?

Resposta:

As três condições da ação, reflexo da adoção da teoria eclética de Enrico Tullio Lieb-
man, seria a:

Legitimidade Ad causam,

Interesse de agir/interesse processual

Possibilidade jurídica do pedido

710
2) Qual a diferença entre legitimidade ordinária e legitimidade extraordinária?

Resposta:

Há legitimidade ordinária quando houver correspondência entre a situação legitimante


e as situações jurídica submetidas à apreciação do magistrado. Ou seja, Legitimado or-
dinário é aquele que defende em juízo interesse próprio

Há legitimidade extraordinária (substituição processual ou legitimação anômala) quando


não houver correspondência total entre a situação legitimante e as situações jurídicas
submetidas à apreciação do magistrado. Legitimado extraordinário é aquele que defende
em nome próprio interesse de outro sujeito de direito.

3) Quais as condicionantes do interesse de agir?

Resposta:

O exame do interesse de agir passa pela verificação de duas circunstancias:

Interesse-utilidade – em que haverá utilidade da jurisdição toda vez que o processo


puder propiciar ao demandante o resultado favorável pretendido.

Interesse necessidade – fundamentada na premissa de que a jurisdição é a ultima forma


de solução do conflito.

Há ainda quem enumere uma ultima condicionante do interesse de agir, mas esta nem
todos a doutrina concorda:

Interesse adequação – em que o autor deve indicar o procedimento e o tipo de provi-


mento adequado a satisfação do fim almejado pelo processo.

A critica da doutrina que discorda desta condicionante é sustentada na premissa de que


não haveria erro de escolha do procedimento que não possa ser corrigido.

4) Discorra sobre o binômio necessidade-utilidade? Está certa a expressão?

Resposta:

O Interesse processual temos que este representado pelo binômio necessidade-utilidade,.


Há que existir a necessidade da tutela jurisdicional, ou seja, se por outro modo lícito se
puder atingir a pretensão do autor, este deverá perseguir tal procedimento. Exige-se,
também, a utilidade da ação, ou seja, se a decisão judicial não for útil não há razão para
711
sua adoção, daí a junção entre necessidade e utilidade para se consagra a presença da
condição de ação do interesse processual.

5) Falar da execução como fase e execução como processo.

Resposta:

No mesmo sentido da resposta 6 do item 12.8.1.1 acima:

Processo de execução é o procedimento pelo qual o sujeito pretende a efetivação de um


direito já certificado. Trata-se de um processo autônomo, regra no CPC originário de
1973.

Ocorre que com as reformas ao CPC, iniciadas em 1994, os processos autônomos passa-
ram a se tornar sincréticos, isso é, um processo que serve para mais de um propósito.
Assim, o cumprimento de sentença nada mais é que uma fase executiva dentro do mes-
mo processo em que se reconhece o direito objeto da demanda.

6) Execução. Quais seus princípios?

Resposta:

A doutrina lista uma serie de princípios da execução, dentre os quais podemos destacar:

Principio da efetividade – garantia fundamental decorrente do devido processo legal que


consiste na consagração de que direitos devem ser, alem de reconhecidos, efetivados;
Principio da nulla executio sine titulo – não há execução sem titulo; Principio da nulla
titulo sine legi – só a lei pode criar espécies de titulo executivo; Principio da patrimonia-
lidade – somente o patrimônio do devedor ou de terceiro responsável pode ser objeto da
atividade executiva do estado; Principio da lealdade e boa fé processual – corolário do
devido processo legal e consagrado no artigo 600, na vedação de atos atentatórios a dig-
nidade da justiça; Principio da menor onerosidade da execução – consagrado no artigo
620 d CPC, estabelece que quando por vários meios o credor puder promover a execu-
ção, o juiz mandar que se faça pelo meio menos gravoso; Principio da atipicidade das
formas executivas – que prevê que o rol de medidas executivas previstas expressamente
no CPC é um rol meramente exemplificativo.

Há doutrina ainda cita como principio da execução dentre outros:

Desfecho ou resultado único

Primazia da tutela especifica

Contraditório
712
Cooperação

Proporcionalidade

Adequação

7) O uso imediato do BACEN –Jud fere o princípio da menos onerosidade para o devedor?

Resposta:

O artigo 655 do CPC, alterado pela lei 11382/2006, e que estabelece a ordem de prefe-
rência na penhora, no inciso I dispõe que a penhora deve recair preferencialmente sobre
―dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação financeira‖. Este acréscimo foi feito
para deixar claro que a penhora pode recair sobre o dinheiro depositado em instituição
financeira.

Isso evidencia que não é necessário que o executado tenha exaurido a busca por outros
bens penhoráveis para solicitar que o juiz requisite informações ao BC sobre a existên-
cia de recursos depositados em bancos.

O STJ no julgamento do RESP 1112943-MA, corte especial, julgado em 15.09.2010


pelo rito dos recursos repetitivos, já entendeu neste sentido, de que não pode mais exigir
do credor prova de exaurimento da vias extrajudiciais na busca de bens a serem penho-
rados, antes da solicitação da penhora on-line.

8) Cite dois princípios básicos que regem o processo de execução. Discorra sobre o princípio da
fidelidade. O princípio da fidelidade deve ser observado também com relação aos títulos exe-
cutivo extrajudiciais?

Resposta:

O principio da fidelidade refere-se ao titulo a que se funda a execução (principio da


fidelidade ao titulo).

Por este principio entende-se que não se pode, em atividade liquidatória, discutir de
novo as questões resolvidas na decisão liquidanda, tampouco se pode modificar o seu
conteúdo (artigo 475-G) sob pena de ofensa ao efeito positivo da coisa julgada ou de
reconhecimento de litispendência, caso a decisão liquidanda ainda esteja sendo discuti-
da em recurso.

9) Pode se falar em princípio da estabilização da lide em processo de execução ou estaria limi-


tado ao processo de conhecimento?
713
Resposta:

A estabilização da demanda é o momento pelo qual as questões fáticas e jurídicas não


devem mais ser apresentadas, objetivando com tal restrição formar a decisão judicial de
mérito levando em conta um numero finito de argumentos.

A estabilização da demanda é pressuposto para que possa haver o julgamento de mérito,


sem o qual o processo poderia se arrastar por tempo indeterminado. Sendo assim o prin-
cipio da estabilização da lide deve também ser aplicado ao processo de execução

10) Ajuizados os embargos do devedor é possível haver a desistência? Por que razão a lei fez a
distinção (entre a possibilidade desistência de embargos que versem sobre matéria processual
e a desistência dos embargos que agitem matéria de mérito)?

Resposta:

Em principio sim, é possível haver desistência de toda a execução ou de algum ato exe-
cutivo independentemente do consentimento do executado, mesmo que tenha apresenta-
do embargos à execução. A ressalva fica com as hipóteses em que esse embargos versa-
rem sobre questões relacionadas à relação jurídica matéria (mérito da execução), quando
a concordância do executado/embargante se impõe – nesses casos, se o executado não
consentir com a desistência, a execução se extingue, mas os embargos continuam.

12.8.1.3. Questões do TRF3


1) Qual a medida cabível contra a adjudicação em execução extrajudicial? Cabem embargos?

Resposta:

Adjudicação é técnica de pagamento ao credor-exequente. Segundo Humberto Theodo-


ro é o ―ato executivo expropriatori, por meio do qual o juiz, em nome do Estado, trans-
fere o bem penhorado para o exequente ou para outras pessoas a quem a lei confere pre-
ferência na aquisição.

Contra a adjudicação é admissível o chamado embargos de segunda fase, (embargos a


adjudicação), ajuizável no prazo de 5 dias a contar da assinatura do auto de adjudicação
(artigo 746). Estes embargos tem limitação cognitiva pois só cabem para alegação de
nulidade ou extinção da obrigação quando supervenientes à penhora.

12.8.1.4. Questões do TRF4

12.8.1.5. Questões do TRF5


1) Admite-se oposição na fase de execução?

714
Resposta:

Não é possivel oposicao na fase de execucao, pois esta pressupoe discussao em torno da
exsitencia de algum direito a uma prestacao, discutivel em processo de conhecimento.

2) Ainda existe autonomia entre processo de conhecimento, execução e cautelar, ante o atual
sincretismo?

Resposta:

As demandas podem ser classificadas de acordo com a função jurisdicional que se bus-
ca: conhecimento, execução ou cautelar. Atualmente, essa distinção tem perdido o pres-
tigio, porquanto as demandas tem assumido natureza sincrética: vai-se a juízo em busca
de providencia jurisdicional que implemente mais de uma função, satisfazen-
do/assegurando, certificando/efetivando, certificando/assegurando/efetivando, etc...

Não obstante um mesmo processo atualmente poder servir a estas 3 funções, ainda há
previsão no CPC da possibilidade da convivência autônoma destes 3 diferentes proces-
sos.

12.9. Direito Processual Penal

12.9.1. Liberdade Provisória. Fiança. Procedimentos Investigatórios Dos


Ilícitos Praticados Por Organizações Criminosas

12.9.1.1. Questões do TRF1


1) Qual a natureza jurídica da liberdade provisória com fiança?

Resposta:

A liberdade provisória com fiança é direito subjetivo do beneficiário, que atenda aos
requisitos legais e assumas as respectivas obrigações, de permanecer em liberdade du-
rante a persecução penal. É a contracautela destinada ao combate de algumas prisões
processuais, imprimindo uma implementação financeira e condicionando o beneficiário
a uma serie de imposições. (Nestor Távora)

Há que distinga ainda a natureza jurídica deste instituto da seguinte maneira:

Antes da lei 12.403/11 a liberdade provisória era uma MEDIDA DE CONTRACAU-


TELA substitutiva apenas da PRISÃO EM FLAGRANTE. Ou seja, ela substituía
outra medida cautelar, no caso a prisão em flagrante.

715
Depois da lei 12.403/11 a liberdade provisória vai ser bastante alterada. Isso porque a
agora a liberdade provisória passa a funcionar como MEDIDA CAUTELAR, podendo
ser concedida COM ou SEM FIANÇA, e CUMULADA OU NÃO COM AS CAU-
TELARES DIVERSAS DA PRISÃO.

DESSE PONTO EM DIANTE: RESPOSTAS ELABORADAS POR RODRIGO PA-


RENTE PAIVA BENTEMULLER

2) o que é processo?

Resposta:

Processo, em um conceito dado por Fazzalari, é procedimento em contraditório. Dessa


noção básica, podem ser extraídos dois pontos inerentes a processos: procedimento e
contraditório. O procedimento pode ser definido como uma sequência de atos, situações
e posições, estabelecidos por lei (em sentido amplo), aptos a chegar a um fim; enquanto
que o contraditório determina a possibilidade de ingerência das partes, sendo aqueles
que sofrerão os efeitos do ato final, para influenciar nesse próprio resultado. Cumpre
ressaltar que o conceito de processo transcende à sistemática do processo jurisdicional,
sendo inerente ao legítimo exercício do poder, seja estatal (p. ex., processo administrati-
vo, legislativo) seja não-estatal (processos disciplinares em associações, p. ex.). Assim,
processo apresenta um aspecto formal, consubstanciado pelo procedimento, e um aspec-
to material, qual seja, o contraditório (rectius, a possibilidade de influência no resultado
final do processo) ou, para outros doutrinadores, a relação jurídica processual.

3) Qual a diferença entre autos e processo?

Resposta:

O processo apresenta dois pontos distintivos: um aspecto formal, consubstanciado pelo


procedimento, representado pela sequência de atos, situações e posições definidos por
lei em sentido amplo; e um aspecto material, representado pelo contraditório (rectius, a
possibilidade de influência no resultado final do processo) ou, para outros doutrinado-
res, a relação jurídica processual. No tocante ao aspecto formal, ou seja, o procedimen-
to, há ainda que se fazer distinção dele com os autos. Autos representam a consubstan-
ciação do procedimento, ou seja, a materialidade dos documentos nos quais se corpori-
ficam os atos do procedimento. É, enfim, o meio físico do processo, o que nós realmen-
te manuseamos.

716
4) Quais os princípios que regem a ação penal privada?

Resposta:

A ação penal privada é regida basicamente pelos seguintes princípio: a) princípio da


conveniência ou oportunidade (ou facultatividade): o querelante não está obrigado ao
exercício da ação penal privada, de forma que exercerá o direito de queixa apenas se
quiser; b) princípio da disponibilidade: decorre do princípio da facultatividade, após o
ajuizamento da ação, o querelante pode perfeitamente dela desistir ou de recurso even-
tualmente interposto; c) princípio da intranscendência: assim como no caso da ação pe-
na pública, a ação penal deve ser manejada estritamente contra os autores ou partícipes
da infração penal, não abrangendo sucessores ou eventuais responsáveis civis; e d) prin-
cípio da indivisibilidade: a ação penal privada só se legitima se for intentada contra to-
dos os agentes da conduta delitiva que tiverem a autoria conhecida, devendo o Ministé-
rio Público, a despeito de posicionamentos contrários, zelar pela sua indivisibilidade
(art. 48, CPP).

12.9.1.2. Questões do TRF2

12.9.1.3. Questões do TRF3

12.9.1.4. Questões do TRF4

12.9.1.5. Questões do TRF5

12.10. Direito Ambiental

12.10.1. Biodiversidade. A Proteção Da Diversidade Biológica. A Importância


Da Biodiversidade No Contexto Dos Interesses Difusos Ambientais.
Biopirataria, Biodiversidade E Sustentabilidade. Os Povos Indígenas E A
Diversidade Biológica. A Proteção Internacional Da Flora, Da Fauna, Da Pesca
E O Combate À Desertificação Ambiental. A Proteção Ambiental Das Florestas
Públicas E Das Terras Indígenas

12.10.1.1. Questões do TRF1

1) Em relação à biopirataria, produtos patenteados por Estados estrangeiros (Açaí, Andiroba,


etc). Existe alguma lei, carta legal de proteção à esta prática, na medida em que existe reper-
cussão na justiça federal?
717
Resposta:

Para a proteção à biodiversidade e repressão à biopirataria, foi assinada por 175 países a
Convenção Sobre Diversidade Biológica (CBD), em 1992 durante a ECO-92, dos quais
168 a ratificaram, incluindo o Brasil, tendo sido tal norma incorporada ao ordenamento
pelo Decreto Nº 2.519 de 16 de março de 1998. Para implementar os compromissos
assumidos pelo Brasil junto à CDB, foi instituído, em 1994, por meio do Decreto 1.354
e substituído pelo Decreto nº 4.703, de 21 de maio de 2003, no âmbito do Ministério do
Meio Ambiente, o Programa Nacional da Diversidade Biológica (PRONABIO). O Pro-
grama objetiva, em consonância com as diretrizes e estratégias da Convenção e da A-
genda 21, promover parceria entre o Poder Público e a sociedade civil na conservação
da diversidade biológica, na utilização sustentável de seus componentes e na repartição
justa e equitativa dos benefícios dela decorrentes. Por fim, com a finalidade de coorde-
nar, acompanhar e avaliar as ações do PRONABIO, foi editado, em 2003, o Decreto nº
4.703, criando a Comissão Nacional de Biodiversidade (CONABIO). Tem como com-
petência, entre outras, coordenar a elaboração da Política Nacional da Biodiversidade, e
promover a implementação dos compromissos assumidos pelo Brasil junto a CDB.

2) Princípio da precaução no processo cautelar – Biopirataria. Proteção da biodiversidade. Pa-


radigma de tutela antecipada. Discorra sobre as mudanças de paradigma em matéria de Direi-
to Ambiental.

Resposta:

Para a tutela dos bens e interesses ambientais, não era suficiente a clássica sistemática
processual para tutelas de urgência, em que unicamente emanava-se um comando judi-
cial de sustação ou realização de determinada obrigação e esperava-se que o demandado
voluntariamente adimplisse ao comando. Caso houvesse o descumprimento, a obrigação
converter-se-ia em reparação por perdas e danos. Com a devida importância dada ao
princípio da precaução ambiental, em que se evita que tal atividade seja realizada, ante o
desconhecimento dos impactos ambientais produzidos pelo empreendimento, necessário
foi ampliar o alcance da tutela jurisdicional, permitindo a execução específica, bem co-
mo as diversas formas de execução indireta, tendo as astreintes como expoente maior.
Na proteção à biodiversidade, contra os atos de poluição ou mesmo àqueles relaciona-
dos à biopirataria, deve-se buscar sempre a proteção dos ecossistemas, preservando-se a
fauna e a flora nacionais, mesmo que os riscos sejam desconhecidos, atendendo-se as-
sim o princípio da precaução ambiental e as máximas preservacionistas previstas em
nosso ordenamento jurídico.

3) Por que o juiz federal deve estudar a biopirataria, a proteção à biodiversidade, e a biotecno-
logia?
718
Resposta:

Além de importantes temas na sistemática atual do direito ambiental, tais assuntos rele-
vam a nova vertente de proteção ao meio ambiente, ante os avanços da engenharia gené-
tica e busca incessante por insumos para a indústria farmacêutica e cosmética. Para um
juiz federal, esses temas ainda revelam uma importância maior, pois cabe a ele, dentro
de seu âmbito de atuação, analisar as demandas relativas à biopirataria e biotecnologia,
pois estão inseridas na competência federal para fiscalização e controle, seja pela pre-
sença do CNTBio, nas demandas relacionadas a OGM, seja pela participação do IBA-
MA em causas relacionadas à biopirataria e sua transnacionalidade.

4) Em relação à flora, quais as medidas da legislação brasileira para a proteção da flora?

Resposta:

A flora nacional é amparada por diversos diplomas normativos, indo desde o âmbito
constitucional até as normas infralegais, em especial as resoluções do Conama. A Cons-
tituição Federal, em seu artigo 225, traz normas para proteção ao meio ambiente, inclu-
indo nesse ponto a flora nacional, inclusive disciplinando certos ecossistemas como
patrimônio nacional. No âmbito legal, diversos diplomas normativos trazem normas à
flora, tais como o Código Florestal, recentemente alterado, a Lei de Crimes Ambientais,
tipificando diversas condutas atentatórias à flora, a Lei de Proteção à Mata Atlântica
(Lei 11.428/2006), a Lei do SNUC (Lei 9.985/2000), isso sem contar normas gerais que
também trazem normas protecionistas, como a Política Nacional do Meio Ambiente
(Lei 6.938/81). No âmbito infralegal, há de se fazer menção às Resoluções do CONA-
MA que trazem importantes conceitos e regramentos específicos para a consecução da
gestão ambiental. O objetivo dessas normas está precipuamente na preservação e na
utilização sustentável dos recursos naturais presentes em nossa flora, como resta disci-
plinado pela Constituição Federal.

12.10.1.2. Questões do TRF2


1) Como o índio é conceituado hoje na Constituição? Houve alguma mudança entre o trata-
mento histórico dado ao índio e posição que ele ocupa hoje na Constituição?

Resposta:

Pela redação do artigo 231 da Constituição Federal, observa-se que houve uma radical
mudança no tratamento dispensado ao índio pela legislação pátria. Antes, sob a égide da
CF/1934 e continuada pelas CF seguintes, foi institucionalizada uma política de integra-
ção dos considerados como silvícolas (aquele que vive na selva, estranho à civilização,
à comunhão nacional), ou seja, o modo próprio de organização, crença e costumes das
populações tradicionais não constituía parte integrante da identidade nacional do país,
devendo os integrantes destas populações se adequarem a um modelo de sociedade im-
719
posto, renegando suas identidades em nome de sua inserção à nação brasileira, influen-
ciando inclusive dispositivos infraconstitucionais voltados exclusivamente para tutela
dos povos nativos, como o CC/1916 (artigo 6º, sendo considerado relativamente inca-
paz) e o Estatuto do Índio (Lei n. 6.001/73), que, logo em seu artigo 1º, ao defender a
preservação da cultura das comunidades indígenas, defende, contraditoriamente, a inte-
gração progressiva e harmoniosa destas à comunhão nacional. Desta forma, no texto
constitucional atual, é vislumbrado aos povos tradicionais o direito à diferença, reco-
nhecendo-se a sua organização social, costumes e tradições, salvaguardando o direito de
serem e permanecerem como índios, sujeitos de direitos originários, ou seja, anterior-
mente a instituição do regime proposto pela atual CF a comunidade índia já gozava de
direitos justificados por fatos e regras imprevistos pela nova norma constitucional.

2) O índio pode ser parte em processo judicial ou necessita de algum tipo de tutela? Teria legi-
timidade para estar juízo para defesa de seus direitos e interesses na sua condição de indígena
ou de qualquer direito? Há uma justiça privativa para apreciar questões relativas ao índio?

Resposta:

O Estatuto do Índio, no tocante à representação judicial dos indígenas, fala em tutela,


tendo a comunidade indígena que ser representada pela FUNAI. Todavia, com a mu-
dança de paradigma trazida pela CF/88, a qual reconheceu o Brasil como Estado multi-
étnico e plural, não sendo a diferença de cultura causa de incapacidade civil (TRF4ª, AC
1999.72.01.0058244, DJ 03/09/2007), não se faz necessária mais a presença da FUNAI
como agente tutelar, devendo a ação ser intentada ou ainda ajuizada em desfavor da
própria comunidade indígena, indo ao encontro do art. 232, CF, que afirma que os ín-
dios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para ingressar em juízo em
defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério Público em todos os atos do
processo, podendo, entretanto, a FUNAI e o MP atuarem como legitimados extraordiná-
rios para defesa dos direitos indígenas. Quanto à competência para julgamento das cau-
sas em que versem direitos sobre índios, a CF/88 informa ser de competência da justiça
federal a disputa sobre direitos indígenas. No tocante à área penal, é possível a compe-
tência ser da justiça comum estadual (Súmula 140, STJ), desde que as circunstâncias
envolvendo o fato criminoso não sejam relacionadas a direitos indígenas (no sentido
coletivo).

3) Qual a natureza jurídica das florestas? E uma reserva indígena?

Resposta:

As florestas, como formações arbóreas densas, de alto porte, que recobrem área de terra
mais ou menos extensa, fazem parte de um dos conteúdos do continente flora e, por via
720
de consequência são caracterizadas juridicamente como recurso ambiental (art. 2º, IV da
Lei n. 9.985/2000 e art. 3º, V, da Lei n. 6.938/81) definido no plano constitucional como
bem ambiental (art. 225 da CF). As reservas indígenas, assim entendidas como terras
tradicionalmente ocupadas por índios demarcadas pelo Poder Público, com classificação
dada pelo art. 27 do Estatuto do Índio (Art. 27. Reserva indígena é uma área destinada a
servidor de habitat a grupo indígena, com os meios suficientes à sua subsistência), po-
dem ser classificadas como bens da União, destinando-se à posse permanente dos ín-
dios, sendo inalienáveis e indisponíveis, além de imprescritíveis, sendo assim bens pú-
blicos de uso especial, nos termos do Código Civil.

4) Introdução de espécies exóticas. Qual o nosso conceito e quais os requisitos? (Qual o con-
ceito de espécie exótica e quais os requisitos para a sua introdução?)

Resposta:

Espécie exótica pode ser conceituada como qualquer espécie fora de sua área natural de
distribuição geográfica, conforme Resolução CONAMA 429/2011. De acordo com tal
resolução, existe a possibilidade de plantio de espécies exóticas em casos excepcionais,
nos plantios de espécies nativas, na entrelinha, poderão ser cultivadas espécies herbá-
ceas ou arbustivas exóticas de adubação verde ou espécies agrícolas exóticas ou nativas,
até o 5º ano da implantação da atividade de recuperação, como estratégia de manuten-
ção da área em recuperação, devendo o interessado comunicar o início e a localização
da atividade ao órgão ambiental competente que deverá proceder seu monitoramento.
Ou ainda nos casos onde prevaleça a ausência de horizontes férteis do solo, após
aprovação do órgão ambiental competente, é permitido o plantio consorciado e
temporário de espécies exóticas como pioneiras e indutoras da restauração do ecossis-
tema, limitado a um ciclo da espécie utilizada e ao uso de espécies de comprovada efici-
ência na indução da regeneração natural. O novo Código Florestal ainda permite a utili-
zação de espécies exóticas na reserva legal, seja para sua exploração econômica com o
devido manejo florestal com a adoção de medidas que favoreçam a regeneração das
espécies nativas (art. 22, III), seja para cômputo de reserva legal no sistema de agricul-
tura familiar, cultivadas em sistema intercalar ou em consórcio com espécies nativas da
região em sistemas agroflorestais. (art. 54, caput).

12.10.1.3. Questões do TRF3


1) Qual o conceito de terras tradicionalmente ocupadas pelos indígenas na CR?

Resposta:

O conceito está previsto no artigo 231, CF, a saber: são terras tradicionalmente ocupa-
das pelos índios as por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas
atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais neces-
sários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus
721
usos, costumes e tradições. Funda-se então em quatro condições, todas necessárias e
nenhuma suficiente sozinha: 1. Serem habitadas em caráter permanente; 2. Serem por
eles utilizadas para suas atividades produtivas; 3. Serem imprescindíveis à preservação
dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar; 4. Serem necessárias a sua repro-
dução física e cultural.

2) Qual atividade pode ser exercida pelos indígenas? Eles podem auferir renda pela posse da
terra ou sua exploração?

Resposta:

O Estatuto do Índio, nos artigos 22 e seguintes, disciplina genericamente as atividades


que os índios podem realizar na terra que habitam, garantindo-lhe o direito ao usufruto
exclusivo das riquezas naturais e de todas as utilidades naquelas terras existentes, exer-
cendo atividade indispensável à sua subsistência ou economicamente útil. O usufruto
assegurado aos índios ou silvícolas compreende o direito à posse, uso e percepção das
riquezas naturais e de todas as utilidades existentes nas terras ocupadas, bem assim ao
produto da exploração econômica de tais riquezas naturais e utilidades, incluindo-se, no
usufruto, que se estende aos acessórios e seus acrescidos, o uso dos mananciais e das
águas dos trechos das vias fluviais compreendidos nas terras ocupadas. É garantido ain-
da ao índio o exclusivo exercício da caça e pesca nas áreas por ele ocupadas, devendo
ser executadas por forma suasória as medidas de polícia que em relação a ele eventual-
mente tiverem de ser aplicadas. Quanto à renda, o mesmo Estatuto (art. 43) prevê que a
renda indígena é a resultante da aplicação de bens e utilidades integrantes do patrimônio
indígena (definido no art. 39) , sob a responsabilidade do órgão de assistência ao índio.
A renda indígena será preferencialmente reaplicada em atividades rentáveis ou utilizada
em programas de assistência ao índio, sendo a reaplicação principalmente em benefício
da comunidade que produziu os primeiros resultados econômicos.

3) Como deve ser feita a demarcação de terras indígenas?

Resposta:

A demarcação das terras tradicionalmente ocupadas pelos índios segue o procedimento


previsto no Decreto 1.775, de 8 de janeiro de 1996 e será fundamentada em trabalhos
desenvolvidos por antropólogo de qualificação reconhecida, que elaborará, em prazo
fixado na portaria de nomeação baixada pelo titular do órgão federal de assistência ao
índio, estudo antropológico de identificação, sendo assegurada a participação do grupo
indígena envolvido, representado segundo suas formas próprias em todas as suas fases.
Os Estados e Municípios ou ainda demais interessados, em cujas áreas sofrer processo
de demarcação, podem ainda impugnar ou pleitear indenização. Findo o processo, o

722
Ministro da Justiça poderá decidir, mediante portaria, pela delimitação e demarcação
das terras indígenas, podendo ser posteriormente homologada por decreto.

4) Qual a medida cabível contra a demarcação de terras indígenas?

Resposta:

Segundo o Estatuto do Índio, contra o processo administrativo de demarcação não cabe-


rá a concessão de interdito possessório, facultado aos interessados contra ela recorrer à
ação petitória ou à demarcatória. Vislumbra-se ainda possível o ingresso com ação ordi-
nária ou ainda mandado de segurança, a depender da situação, questionando os termos
do decreto de demarcação ou ainda vícios no procedimento demarcatório. Tais medidas
não afastam ainda a possibilidade de participação, como interessado, junto ao processo
administrativo demarcatório.

12.10.1.4. Questões do TRF4

12.10.1.5. Questões do TRF5


01) É possível a exploração mineral dentro das áreas de proteção ambiental?

Resposta:

As áreas de proteção ambiental (APA) são unidades de conservação de uso sustentável,


em que se busca a compatibilização da preservação ambiental e a fruição econômica dos
produtos e subprodutos da unidade. Nesse sentido, é plenamente possível a exploração
mineral em APA, desde que obedecidas as diretrizes previstas no plano de manejo da
referida unidade de conservação, exatamente para equilibrar a atividade econômica e a
preservação daquela unidade de conservação.

02) Em que medida pode se identificar a natureza econômica das normas de direito ambien-
tal?

Resposta:

A atividade econômica, conforme disposição do art. 173, CF, deve observar, dentre ou-
tros princípios, a defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado
conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elabora-
ção e prestação. Desse preceito constitucional observa-se a pertinência das normas am-
bientais junto ao Direito Econômico, na medida em que se busca a integração da ativi-
dade econômica com preceitos preservacionistas, em uma dialética de desenvolvimento

723
sustentável, que visa obter um desenvolvimento harmônico da economia e da ecologia,
numa correlação máxima de valores, onde o máximo econômico reflita igualmente um
máximo ecológico, impondo um limite de poluição ambiental, dentro do qual a econo-
mia deve se desenvolver, proporcionando, consequentemente, um aumento no bem-estar
social. Em síntese, por influir nos rumos da atividade econômica, é possível identificar
natureza econômica nas normas de direito ambiental.

03) Você entende que o Dir. Ambiental integra o Direito Econômico?

Resposta:

Não, apesar de umbilicalmente ligados, em virtude de as próprias normas ambientais


interferirem na atividade econômica, atendendo aos padrões do desenvolvimento susten-
tável, os dois ramos do Direito apresentam sua própria ―autonomia‖, com institutos e
princípios próprios, além de objeto e objetivos particulares. O Direito Ambiental, além
de, em certo ponto, regulador da atividade econômica, busca igualmente a preservação
de determinados recursos naturais sem necessariamente apresentarem viés econômico,
além de ser inerente à política ambiental a instituição de órgãos e atividades estatais de
fiscalização e controle, sendo mais ligadas ao próprio D. Administrativo do que ao D.
Econômico. A propalada ―autonomia‖ dos ramos do Direito há de sempre ser tempera-
da, haja vista não ser concebível um ramo estanque, sem qualquer influência dos demais
ramos jurídicos, todos devidamente amparados pela Constituição Federal ou norma si-
milar, a depender do ordenamento jurídico.

12.11. Direito Internacional Público e Privado

12.11.1. Aplicação Da Lei (Nacional Ou Estrangeira – Arts. 7º E Seguintes Da


Lei De Introdução às Normas do Direito Brasileiro

12.11.1.1. Questões do TRF1


1) Em matéria de regime de bens, seja legal ou convencional (de acordo com a lei brasileira),
em sendo o casamento realizado no exterior, o regime de bens aplicável será o de lá ou o da-
qui?

Resposta:

Apesar de, em relação às regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a


capacidade e os direitos de família, serem aquelas do domicílio da pessoa (art. 7º, ca-
put), as normas relativas ao regime de bens do casamento realizado no exterior são dis-
ciplinadas pelo lex domicilii dos nubentes, e, casos diferentes, pelo primeiro domicílio
conjugal. Vale consignar que o Código Civil de 2002 permite a alteração do regime de

724
bens, desde que justificada, em procedimento de jurisdição voluntária, apurada a proce-
dência das alegações invocadas (artigo 1.639, §2º).

2) Em que hipótese o casamento realizado no exterior tem validade no Brasil, independente-


mente de qualquer providência?

Resposta:

O casamento celebrado no exterior, segundo as formalidades legais, será reconhecido


como válido no Brasil, ante o princípio do respeito do direito adquirido no estrangeiro,
ressalvados os casos de ofensa à ordem pública e de fraude à lei nacional, se não se ob-
servar os impedimentos dirimentes fixados legalmente (Código Bustamante, art. 40). O
Código Bustamante reza que se terá ―em toda parte como válido, quanto à forma, o
matrimônio celebrado na que estabeleça como eficazes as leis do país em que se efetua.
Contudo, os Estados, cuja legislação exigir uma cerimônia religiosa, poderão negar
validade aos matrimônios contraídos por seus nacionais no estrangeiro sem a obser-
vância dessa formalidade‖. Tal disposição também encontra respaldo no art. 32 da Lei
de Registros Públicos (Lei 6.015/73), considerando-se válido o casamento no exterior,
sendo que seus efeitos no Brasil só terão início com o registro competente.

3) Em que consiste a chama reserva em um tratado internacional?

Resposta:

Pela definição trazida pela Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, reserva
significa uma declaração unilateral, feita por um Estado (ou organização internacional,
não previsto pela Convenção), seja qual for o seu teor ou denominação, ao assinar, rati-
ficar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, como objetivo de excluir ou modifi-
car o efeito jurídico de certas disposições do tratado em sua aplicação a este Estado (ou
organização internacional).

4) Qual foi o primeiro tratado internacional que se tem notícia no mundo?

Resposta:

Embora a notícia de outros tratados do início da civilização tenha chegado até os dias de
hoje, o seu mais antigo registro seguro é o acordo de paz celebrado entre Hatusil III, rei
dos hititas, e Ramsés II, faraó egípcio. Este acordo, que ficou conhecido como tratado
de Kadesh, foi celebrado por volta de 1280 a 1272 a.C. e pôs fim à guerra nas terras
sírias.
725
5) Quais as quatro fases que se submetem os tratados internacionais?

Resposta:

Em linhas gerais, as fases para conclusão de um tratado internacional são 1)negociação


e assinatura - competência exclusiva do Poder Executivo. Após as tratativas e aprovação
do texto, procede-se à assinatura, que é um ato que autentica o texto do tratado, mas não
o torna imediatamente obrigatório para as Partes. 2) Posteriormente, segue o procedi-
mento interno, se cabível, com a apreciação do texto pelos órgãos internos do Estado
(que, no Brasil, é o Poder Legislativo), aprovando-o ou não. 3) Ratificação - A ratifica-
ção é o ato discricionário pelo qual uma Parte Contratante informa à(s) outra(s) que se
considera doravante obrigada aos termos do tratado no plano internacional. Nos tratados
bilaterais, as Partes Contratantes trocam os respectivos instrumentos de ratificação; nos
multilaterais, os instrumentos são depositados junto a uma das Partes ou a uma organi-
zação internacional para tanto designada. 4) Promulgação e Publicação - O direito cons-
titucional de alguns Estados exige, ainda, para que o tratado seja obrigatório para os
seus órgãos internos, a promulgação. Esta é o ato jurídico, de natureza interna, pelo qual
o governo de um Estado atesta a existência de um tratado devidamente ratificado e or-
dena a sua execução no seu território. A partir de então, o tratado é obrigatório também
no plano interno.

6) Quais os requisitos necessários para a adoção de tratados versando sobre direitos huma-
nos?

Resposta:

Não há requisitos específicos para a adoção de tratados internacionais sobre direitos


humanos no âmbito do direito brasileiro, seguindo-se, pois, as mesmas fases dos demais
tratados. Entretanto, sua particularidade reside quando de sua adoção no direito interno
brasileiro. Caso seja aprovado no Congresso Nacional pelo mesmo quórum e rito de
emenda constitucional, o referido tratado assume natureza de norma constitucional. En-
tretanto, caso seja aprovado com quórum diferente, o referido tratado assume caráter
supralegal, como já salientado pelo STF.

12.11.1.2. Questões do TRF2


1) Como funciona a LICC (LINDB) no ordenamento (conexão).

Resposta:

A LICC, atual LINDB (Lei 12376/2010) é uma regra de Superdireito ou sobredireito, ou


seja, são normas que definem a aplicação de outras normas. É o Estatuto do Direito In-
726
ternacional Privado (conjunto de normas internas de um país, instituídas especialmente
para definir se a determinado caso se aplicará a lei local ou a lei de um Estado estrangei-
ro). As principais funções da Lei são: a) determinar o inicio da obrigatoriedade das leis
(art 1º) ; b) regular a vigência e eficácia das normas jurídicas (art 1º e 2º); c) impor a
eficácia geral e abstrata da obrigatoriedade, inadmitindo a ignorância da lei vigente
(art.3º); d) traçar os mecanismos de integração da norma legal, para a hipótese de lacuna
na norma (art.4º); e) delimitar os critério de hermenêutica, de interpretação da lei
(art.5º); f) regulamentar o direito intertemporal (art.6º); g) regulamentar o direito inter-
nacional privado no Brasil (art. 7º a 17), abarcando normas relacionadas à pessoa e à
família (art.7º e 11), aos bens (art 8º), às obrigações (artigo 9º), à sucessão (art.10), à
competência da autoridade judiciária brasileira (art. 12), à prova dos fatos ocorridos em
pais estrangeiro (art.13), à prova da legislação de outros países (art. 14), à execução da
sentença proferida por juiz estrangeiro (art. 15) à proibição do retorno (art. 16), aos li-
mites da aplicação da lei e atos jurídica de outro pais no Brasil (art. 17) e, finalmente,
aos atos civis praticados por autoridade consulares brasileiras praticados no estrangeiro
(art. 18 e 19).

2) Dissertar sobre regras de conexão do DIPRI. Dê exemplos.

Resposta:

Elementos de Conexão são os elementos técnico-jurídicos que indicam a lei aplicável


(―centro de interesses‖) em um caso jusprivatista com presença de elemento estrangeiro.
Para alcançar a lei aplicável, serve-se o Direito Internacional Privado de elementos téc-
nicos prefixados, que funcionam como base na ação solucionadora do conflito. A esses
meios técnicos, usados pela norma indireta para solucionar os conflitos de leis, denomi-
nados elementos de conexão. São exemplos de elementos de conexão: Lex Loci Domici-
li (art. 7º, caput, LINDB); Lex Loci Celebrationis (7º §2º); Lex Loci Obligacionis e Lex
Loci Contractus (9º).

3) Descrever o direito internacional privado no direito brasileiro diante das regras de conexão.

Resposta:

O Direito Internacional Privado é o conjunto de normas internas de um país, instituídas


especialmente para definir se a determinado caso se aplicará a lei local ou a lei de um
Estado estrangeiro. No ordenamento jurídico brasileiro, tais normas encontram-se basi-
camente previstas na LINDB (antiga LICC), em que restam elencados os objetos de
conexão e os respectivos elementos de conexão para fins de solucionar a questão de
aplicação ou não de determinada norma estrangeira. Analisando os elementos de cone-
xão trazidos na LINDB, observa-se uma certa predominância pela instituição da Lex
727
Loci Domicili como regra geral de conexão. Entretanto, a Lex loci onde ocorreu deter-
minado fato é importante especialmente no âmbito das obrigações. Cumpre ainda ressal-
tar que o ordenamento brasileiro veda a utilização da regra do reenvio (retorno ou devo-
lução – art. 16, LINDB).

4) Quais são as hipóteses de competência concorrente e exclusiva?

Resposta:

Segundo o Código de Processo Civil, as causas de competência concorrente são as se-


guintes (art. 88): a) o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no
Brasil (reputa-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que aqui tiver agên-
cia, filial ou sucursal); b) no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; e c) a ação se ori-
ginar de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil. As causas de competência exclusi-
va são a) ações relativas a imóveis situados no Brasil; e b) proceder a inventário e parti-
lha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja estrangeiro e tenha
residido fora do território nacional.

5) Casal divorciado nos EUA e imóvel no Rio de Janeiro, qual regra prevalecerá? É passível de
homologação o divórcio?

Resposta:

A regra sobre o regime de bens, segundo a LINDB, segue a regra da lex domicilii dos
nubentes, e, casos diferentes os domicílios, pela regra do primeiro domicílio conjugal.
Assim, com a dissolução dos bens, utiliza-se tal lei. Entretanto, quanto à questão da
competência, em virtude de o imóvel ser situado no Brasil, a competência brasileira é
exclusiva, nos termos do artigo 89, CPC. Cumpre ressaltar que não há óbice, segundo
jurisprudência pacífica do STJ e do STF, em ser homologada sentença estrangeira que,
decretando o divórcio, convalida acordo celebrado pelos ex-cônjuges quanto à partilha
de bens (SEC 3269, DJ 22/05/12).

6) Empresa estrangeira e cláusula de eleição de foro internacional. É possível? E no âmbito do


MERCOSUL?

Resposta:

É possível, ressalvando que a cláusula de eleição de foro estrangeiro não afasta a com-
petência internacional concorrente da autoridade brasileira, nas hipóteses em que a obri-
gação deva ser cumprida no Brasil (art. 88, II, do CPC) (STJ, EDcl nos EDcl no REsp
728
1159796, DJe 25/03/11). Há de se ressaltar também que “a eleição de foro estrangeiro
é válida, exceto quando a lide envolver interesses públicos" (REsp 242.383, DJ
21/03/2005). No âmbito do Mercosul, com base no Protocolo de Buenos Aires, o con-
trato pode validamente estipular eleição de foro, com prejuízo das demais jurisdições
nacionais.

7) Há litispendência internacional?

Resposta:

O artigo 90, CPC é claro ao estatuir que a ação intentada perante tribunal estrangeiro
não induz litispendência, nem obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da
mesma causa e das que Ihe são conexas.

12.11.1.3. Questões do TRF3

12.11.1.4. Questões do TRF4

12.11.1.5. Questões do TRF5


01) O programa do concurso trata da LICC, mas o sr. sabe que atualmente ela foi alterada
para NIDB. Sobre o que a LINB trata?

Resposta:

A LICC, atual LINDB (Lei 12376/2010) é uma regra de Superdireito ou sobredireito, ou


seja, são normas que definem a aplicação de outras normas. É o Estatuto do Direito In-
ternacional Privado (conjunto de normas internas de um país, instituídas especialmente
para definir se a determinado caso se aplicará a lei local ou a lei de um Estado estrangei-
ro). As principais funções da Lei são: a) determinar o inicio da obrigatoriedade das leis
(art 1º) ; b) regular a vigência e eficácia das normas jurídicas (art 1º e 2º); c) impor a
eficácia geral e abstrata da obrigatoriedade, inadmitindo a ignorância da lei vigente
(art.3º); d) traçar os mecanismos de integração da norma legal, para a hipótese de lacuna
na norma (art.4º); e) delimitar os critério de hermenêutica, de interpretação da lei
(art.5º); f) regulamentar o direito intertemporal (art.6º); g) regulamentar o direito inter-
nacional privado no Brasil (art. 7º a 17), abarcando normas relacionadas à pessoa e à
família (art.7º e 11), aos bens (art 8º), às obrigações (artigo 9º), à sucessão (art.10), à
competência da autoridade judiciária brasileira (art. 12), à prova dos fatos ocorridos em
pais estrangeiro (art.13), à prova da legislação de outros países (art. 14), à execução da
sentença proferida por juiz estrangeiro (art. 15) à proibição do retorno (art. 16), aos li-
mites da aplicação da lei e atos jurídica de outro pais no Brasil (art. 17) e, finalmente,

729
aos atos civis praticados por autoridade consulares brasileiras praticados no estrangeiro
(art. 18 e 19).

12.12. Sociologia do Direito

12.12.1. Opinião Pública E Direito

12.12.1.1. Questões do TRF1

12.12.1.2. Questões do TRF2

12.12.1.3. Questões do TRF3

12.12.1.4. Questões do TRF4

12.12.1.5. Questões do TRF5

12.13. Filosofia do Direito

12.13.1. O Ser E O Movimento (Parmênides E Heráclito)

12.13.1.1. Questões do TRF1


1) Qual seria o conceito de ser? O ser é só aquilo que pode ser mensurado, captado pelos sen-
tidos, ou há ser mesmo que nunca tenho sido se apresentado a verificabilidade? Responda de
acordo com Parmênides, Heráclito e Aristóteles.

Resposta:

A resposta será um pouco maior do que o usual, mas com o fito de esclarecer um pouco
mais esse tema muito abstrato (respostas retiradas de
http://www.coladaweb.com/filosofia/heraclito-e-parmenides e
http://www.consciencia.org/aristoteles_metafisica.shtml e
http://filosofandoehistoriando.blogspot.com.br/2009/08/aristoteles-o-que-e-o-
ser.html)

Ser, segundo Parmênides, era algo imutável, é aquilo que é, opondo-se ao não-ser, que
seria aquilo que não-é. A conclusão de Parmênides, apesar de óbvia, importa na seguin-
te conclusão: o ser é uno, um único grande ser eterno que jamais se altera e a qual tudo,
seres e não-seres, são apenas ilusões de si mesmo. Heráclito também parte da divisão do

730
universo entre dois polos, "Seres" e "Não-Seres", e, também, enxerga a unidade entre
eles. No entanto, enquanto a unidade de Parmênides é idêntica e imutável, a de Herácli-
to é "tensionada entre dois polos"; assim, mesmo que o Ser e o Não-Ser sejam parte e
coabitem o mesmo, e, como diz em suas obscuras palavras, "O ser é tão pouco como o
não- ser; o devir é e também não é". Para Heráclito, tudo está em mutação, mas apenas
o que permanece é, ou seja, a própria mutação. Assim, ele denomina como Lógos essa
lei universal da mudança- o modo com que as coisas mudam- e ainda: "Todos fazemos e
dizemos segundo a participação do Lógos. Por isso devemos seguir apenas a este enten-
dimento universal. Muitos, porém, vivem como se tivessem um entendimento próprio; o
entendimento, porém, não é outra coisa que a interpretação (o tomar consciência, a ex-
posição, a convicção) dos modos da ordenação do todo. Por isso, na medida em que
tomamos no saber dele, estamos na verdade; mas, na medida em que temos coisas parti-
culares (próprias) , estamos na ilusão". Para Aristóteles, uma coisa é o que é devido a
sua forma. Ele compreende a forma como a explicação da coisa, a causa de algo ser
aquilo que é. Na verdade, Aristóteles distingue a existência de quatro causas diferentes e
complementares: causa material, causa eficiente, causa formal e causa final. Um atribu-
to essencial é essencial porque é aquilo que está numa coisa que é, que, se não estives-
se, a coisa não seria. Desde a filosofia de Parmênides e Heráclito havia um problema
filosófico que dizia respeito à contradição entre o ser e o movimento. O ser de Platão é
imutável. Aristóteles, para resolver esta contradição, introduz a noção de potência e ato.
É certo que a matéria está em constante devir, sempre mudando. Um bebê nasce e se
modifica até o fim da vida, não deixando nunca de ser uma substância. Isto acontece
porque o ser pode ser em potência, antes de ser em ato. O ato pode ser o exercício da
atividade – esta podendo ser atividade tendo em vista um objetivo específico, como a
construção de uma casa, ou atividade em si mesma, como o pensamento -, ou a forma.
A matéria aspiraria à forma, se transformando sempre ao mudar de forma e se realizar
como atualidade. Esta atualização é feita pela causalidade, mais especificamente pela
causa final, que rege a atualização da potência de um ser.

2) O que é justiça?

Resposta:

Justiça é um valor ético que, utilizando-se das lições de Tomás de Aquino, consiste na
disposição constante da vontade em dar a cada um o que é seu. É um dos pilares da vida
em sociedade e o valor que as normas jurídicas devem ter a justiça como seu fundamen-
to. Como expressão axiológica, seu conceito não resta estanque, sempre evoluindo de
acordo com a nova valoração feita sobre determinado fato, sendo por isso plenamente
possível a norma jurídica ser considerada injusta. O labor do jurista, e em especial o
juiz, pois, está em sempre buscar a consonância do valor justiça com as normas jurídi-
cas a serem aplicadas a determinado fato, tendo como parâmetro as normas devidamen-

731
te postas no ordenamento, resguardando-se a segurança jurídica e evitando arbitrarieda-
des com o julgamento exclusivo pela equidade.

12.13.1.2. Questões do TRF2

12.13.1.3. Questões do TRF3

12.13.1.4. Questões do TRF4

12.13.1.5. Questões do TRF5

13. Ponto 13
13.1. Direito Constitucional

13.1.1. Sistema Tributário Nacional - Limitações Constitucionais Ao Poder De


Tributar - Impostos Federais, Estaduais E Municipais – Repartição De Receitas

13.1.1.1. Questões do TRF1


1) Há exceções no que concerne à imunidade constitucional, no que diz respeito apenas a im-
postos? Ou outros tributos também podem ser abarcados? (entendi: se a Constituição tam-
bém prevê imunidades a outros tributos além de impostos?)

Resposta:

O texto constitucional, além de prever imunidades relativas a impostos, em especial no


artigo 150, disciplina outras formas de imunidade, tais como: Imunidade de custas judi-
ciais, na ação popular, salvo comprovada má-fé (art. 5º, LXXIII); Imunidade de emolu-
mentos referentes ao registro civil de nascimento e certidão de óbito, para os reconheci-
damente pobres (art. 5º LXXVI, CF); Imunidade das receitas decorrentes de exportação
a contribuições sociais e de CIDE (Art. 149, § 2º, I, CF - tal imunidade não se estende à
CSLL e à CPMF – RREE 474.132/SC e 564.413/SC – info. STF 565); Imunidade das
entidades beneficentes de assistência social às contribuições para financiamento da se-
guridade social (art. 195, § 7º, CF); e imunidades relativas a taxas (inciso XXXIV do
art. 5º da CF).

2) Os princípios constitucionais da vedação ao confisco se aplica a tributos extrafiscais?

Resposta:
732
Nas lições de Sacha Calmon Navarro Coelho, ―a vedação do confisco há de se entender
cum modus in rebus. O princípio tem validade e serve de garantia, inclusive, para evitar
exageros no caso de taxas, como já lecionamos. O princípio, vê-se, cede o passo às polí-
ticas tributárias extrafiscais, mormente as expressamente previstas na Constituição.Quer
dizer, onde o constituinte previu a exacerbação da tributação para induzir comportamen-
tos desejados ou para inibir comportamentos indesejados, é vedada a arguição do prin-
cípio do não-confisco tributário, a não ser no caso-limite (absorção do bem ou da ren-
da). Destarte, se há fiscalidade e extrafiscalidade, e se a extrafiscalidade adota a pro-
gressividade exacerbada para atingir seus fins, deduz-se que o princípio do não-confisco
atua no campo da fiscalidade tão-somente e daí não sai,sob pena de antagonismo norma-
tivo, um absurdo lógico-jurídico.‖

3) Se a União criar tributo com base na competência residual, ela tem que passar alguma coisa
para estados e municípios?

Resposta:

A CF é clara ao indicar que pertencem aos Estados e ao Distrito Federal vinte por cento
do produto da arrecadação do imposto que a União instituir no exercício da competência
que lhe é atribuída pelo art. 154, I, ou seja, no caso de competência residual (art. 157, II,
CF).

4) É constitucional o redutor de IPTU que recai sobre imóvel único?

Resposta:

Não, tal redução é inconstitucional, obtida pela interpretação, a contrario sensu, da Sú-
mula 589 do Supremo Tribunal Federal: ―É inconstitucional a fixação de adicional pro-
gressivo do imposto predial e territorial urbano em função do número de imóveis do
contribuinte‖. Ademais, o simples fato de se ter um único imóvel não demonstra a capa-
cidade contributiva do contribuinte, haja vista esse único imóvel poder ser tanto um
casebre em uma favela como uma mansão na parte mais luxuosa da cidade.

5) É possível adicional de progressividade fundado no número de imóveis que o adquirente


possui?

Resposta:

Não, é a própria redação da súmula 589, STF: ―É inconstitucional a fixação de adicional


progressivo do imposto predial e territorial urbano em função do número de imóveis do
contribuinte‖

733
13.1.1.2. Questões do TRF2
1) É possível através de EC vincular receita à autarquia?

Resposta:

Primeiramente, cumpre salientar que se questiona a possibilidade de vinculação de re-


ceita, como expressão das finanças públicas, não acerca da vinculação ou não de tribu-
tos. O artigo 167, IV da Constituição Federal apresenta a regra geral acerca da não-
vinculação (ou não afetação de receitas). Entretanto, o próprio dispositivo elenca diver-
sas exceções, que inclusive foram alargadas por emendas constitucionais (EC 3/93,
29/2000 e, por fim, 42/2003). Dessa forma, entende-se que é possível a vinculação de
receita à autarquia instituída através de emenda constitucional.

2) Repartição de receitas. Em caso de discussão judicial de IR, onde se discutir?

Resposta:

A regra geral é ser competência da Justiça Federal as questões relativas a imposto de


renda, em virtude do imposto ser de competência da União e esta ser interessada na re-
solução da lide, devendo figurar como parte. Entretanto, nos casos em que os Estados e
os Municípios são obrigados a reter imposto de renda de seus servidores e o produto da
arrecadação lhes pertencer (art. 157, I, CF), o Superior Tribunal de Justiça apresenta
entendimento consolidado afirmando ser de competência da justiça comum estadual a
discussão judicial acerca do IR retido (AgRg no REsp 310773, DJ 10/09/07; AgRg no
Ag 937798, Dje 10/09/08; e Súmula 447 - Os Estados e o Distrito Federal são partes
legítimas na ação de restituição de imposto de renda retido na fonte proposta por seus
servidores.)

3) Repartição de receitas. Art. 158 em seu inc VIII prevê que pertence aos municípios 50% da
arrecadação do ITR. No caso de um contribuinte que pede a repetição de indébito do ITR deve-
ria propor a ação em face da União, do município ou de ambos? Se a ação fosse proposta na
Justiça Federal ajuizada em face de ambos o que faria?

Resposta:

Como, no presente caso, trata-se apenas de repartição tributária, não tendo o Município
realizado qualquer ato tendente à fiscalização ou à cobrança do imposto, deve figurar
exclusivamente como legitimado passivo a União, sendo a Justiça Federal a competente
para a resolução da causa. Caso a demanda fosse proposta em face da União e do Muni-
cípio, o processo haveria de ser extinto perante este por sua ilegitimidade passiva ad
causam.

734
13.1.1.3. Questões do TRF3
1) A lei orçamentária pode dar destinação diversa do montante arrecadado em relação à pró-
pria fundamentação, pressuposto da criação de um tributo?

Resposta:

Inicialmente, cumpre destacar que há duas formas de tributo, segundo o destino da arre-
cadação: tributos de arrecadação vinculada e de arrecadação não vinculada. Quanto aos
primeiros, há necessário repasse das verbas a determinado órgão, fundo ou despesa;
quanto aos segundos, não há tal destinação específica. Assim, nestes casos, é possível a
destinação diversa do montante arrecadado em relação ao pressuposto de criação do
tributo, como sói acontecer com as taxas. Cumpre ressaltar que, nos casos de tributos de
arrecadação vinculada, em especial as contribuições sociais e de intervenção no domí-
nio econômico, é ainda possível sua desvinculação de sua destinação, com base no art.
76, ADCT (DRU).

13.1.1.4. Questões do TRF4

13.1.1.5. Questões do TRF5


01) Uma entidade de benefício assistencial tem três imóveis, sendo um sua sede e os outros
dois alugados. Um dos aluguéis é usado para as despesas da associação, mas o outro é usado
para dividir pro labore entre os associados. Esses imóveis ficam sujeitos ao pagamento do IP-
TU?

Resposta:

No presente caso, por a entidade de benefício assistencial distribuir por labore entre
seus associados, ela não preenche os requisitos do art. 14, I, CTN, não podendo ser con-
siderada entidade sem fim lucrativo, não fazendo jus, pois, à imunidade prevista no art.
150, VI, c, incindindo assim IPTU sobre todos os imóveis pertencentes à referida enti-
dade.

02) Discorra a respeito do princípio do não confisco.

Resposta:

O princípio do não-confisco representa uma limitação ao poder de tributar estatal, de-


terminando ao ente político que, ao instituir determinado tributo, evite um caráter con-
fiscatório à exação, que representaria uma exigência tributária que inviabilizasse a exis-
tência ou o desenvolvimento das pessoas jurídicas ou então que privasse as pessoas físi-
cas de suas necessidades básicas, como se fosse verdadeira punição. A configuração do
confisco pode ser feita tanto em relação a um tributo específico como também pode
735
ocorrer analisando-se a totalidade da carga tributária suportada. Por fim, vale ressaltar
que a vedação ao confisco abrange igualmente as multas (ADI 551) e, em relação às
taxas, ante seu caráter contraprestacional, analisa-se sua ocorrência comparando o custo
da atividade com o valor cobrado a título de taxa (STF, ADI-MC-QO 2.551/MG, j.
02.04.2003).

03) Um tributo de alíquota módica pode ser considerado um tributo confiscatório?

Resposta:

Sim, é possível. O STF já decidiu que o caráter de confisco deve ser avaliado não ape-
nas em função de um determinado tributo, isoladamente, e sim tendo em conta a totali-
dade da carga tributária suportada (todos os tributos que ele deverá pagar, dentro de
determinado período, à mesma pessoa política que os houver instituído) (ADC 8 – MC -
“Resulta configurado o caráter confiscatório de determinado tributo, sempre que o
efeito cumulativo – resultante das múltiplas incidências tributárias estabelecidas pela
mesma entidade estatal – afetar substancialmente , de maneira irrazoável, o patrimônio
e/ou os rendimentos do contribuinte”).

04) Discorra a respeito do princípio da uniformidade da tributação de renda.

Resposta:

O referido princípio está previsto no art. 151, II, CF, e veda à União tributar a renda das
obrigações da dívida pública dos Estados, do DF e dos Municípios, bem como a remu-
neração e os proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis superiores aos que
fixar para suas obrigações e para seus agentes. Tal disciplina, aplicada exclusivamente
ao IR, busca evitar que a União utilize o tributo como meio concorrer deslealmente no
mercado de títulos de dívida pública e na seleção de servidores públicos, fazendo com o
que o particular opte por títulos federais, no primeiro caso, ou opte pelo serviço público
federal, no segundo caso. Perceba-se, pois, que não se está a tributar o rendimento do
ente federado que emitiu o título da dívida pública (o que é vedado pelo art. 150, VI, a,
da CF), mas sim a renda gerada pela operação (juros), que é rendimento do particular
adquirente do título.

05) A União pode tributar diferentemente os rendimentos decorrentes de título por si emitido
daqueles emitidos por Estados?

Resposta:

736
Segundo o princípio da uniformidade da tributação de renda (ou vedação à utilização do
IR como instrumento de concorrência desleal), previsto no art. 151, II, CF, a União não
pode tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do DF e dos Muni-
cípios em níveis superiores aos que fixar para suas obrigações, evitando assim que a
União utilize o tributo como meio concorrer deslealmente no mercado de títulos de dí-
vida pública.

06) Princípio da imunidade.

Resposta:

As imunidades são limitações constitucionais ao poder de tributar consistentes na deli-


mitação da competência tributária constitucionalmente conferida aos entes políticos, ou
seja, determinam a não-incidência de determinado tributo à situação imune, vedando a
definição de determinadas situações como hipóteses de incidência de tributos. Nos ter-
mos de Luciano Amaro, “o fundamento das imunidades é a preservação de valores que
a Constituição Federal reputa relevantes, que faz com que se ignore a eventual (ou efe-
tiva) capacidade econômica revelada pela pessoa (ou revelada na situação), procla-
mando-se, independentemente da existência dessa capacidade, a não tributabilidade
das pessoas ou situações imunes”. As imunidades diferem da isenção, pois esta é a dis-
pensa legal de pagamento do tributo. O ente tributante tem competência para instituir o
tributo e, ao fazê-lo, opta por dispensar o pagamento. Diferem ainda da alíquota zero,
pois, nesta, o ente tributante tem competência para instituir a exação – e a faz -, o fato
gerador ocorre no mundo concreto, mas a obrigação tributária dele decorrente, por uma
questão de cálculo, é nula.

07) Discorra sobre a legalidade no Direito Tributário e aponte as suas exceções. Trate também
do princípio da tipicidade cerrada.

Resposta:

O princípio da legalidade (ou da reserva legal) é basilar em um regime tributário de um


Estado de Direito. Por este princípio (art. 150, I, CF), não se pode exigir ou aumentar
tributo sem lei que o estabeleça. Entretanto, essa norma-princípio vai além. Impõe tam-
bém que o Estado defina todos os aspectos relevantes para que se possa determinar
quem terá de pagar, quanto, a quem, à vista de que fatos ou circunstâncias, como bem
expõe o art. 97, CTN. Como corolário da legalidade, exsurge o princípio da tipicidade
tributária, normalmente qualificada como cerrada, que apresenta dois viés: um primeiro
dirigido ao legislador, que deve definir, de modo taxativo e completo, as situações tribu-
táveis, bem como os critérios de quantificação do tributo; o segundo vai direcionado ao
aplicador da lei, vedando a este a interpretação extensiva e a analogia, incompatíveis
com a taxatividade e determinação dos tipos tributários. A legalidade, todavia, comporta
exceções, a saber: para a majoração de alíquotas: II, IE, IOF, IPI (alíquotas fixadas por
737
decreto, dentro dos limites legais), CIDE-combustíveis (reduzir e restabelecer as alíquo-
tas – art. 177, § 4º, I, b, da CF/88) e ICMS monofásico sobre combustíveis (alíquotas
fixadas pelo CONFAZ – art. 155, § 4º, IV, da CF). Além dessas, estão excluídas da re-
serva legal: a) obrigações acessórias; b) prazos para pagamento de tributos; c) atualiza-
ção monetária da base de cálculo do tributo.

08) Discorra sobre a imunidade recíproca e se ela abrange empresas públicas e sociedade de
economia mista.

Resposta:

A imunidade tributária recíproca, uma das limitações ao poder de tributar, está prevista
no art. 150, VI, a, CF, e determina que é vedado aos entes políticos instituir impostos
sobre bens, rendas e serviços uns dos outros, independente da finalidade, visando à pro-
teção do federalismo. Tal regra é extensível a) às autarquias e às fundações instituídas e
mantidas pelo Poder Público (§ 2º do art. 150), no que se refere ao patrimônio, renda ou
serviços vinculados a suas finalidades essenciais ou delas decorrentes. Cumpre ressaltar
que tal regra imunizante somente se aplica quando o ente está na posição de contribuinte
de direito, não beneficiando o contribuinte de fato (AI-AgR 671.412/SP, 2ª Turma,
1º/04/2008). No tocante às empresas públicas e sociedades de economia mista, quando
prestadoras de serviços públicos de prestação obrigatória e exclusiva do Estado, elas são
abrangidas pela imunidade recíproca, consoante entendimento jurisprudencial sedimen-
tado pelo STF no RE 407.099/RS (ECT) e na AC 1.550-2 (Companhia de Águas e Es-
gotos de Rondônia).

09) Princípio da legalidade tributária e exceções ao principio.

Resposta:

10) No que concerne às empresas públicas e sociedades de economia mista, essas entidades
são beneficiadas pela imunidade tributária da Constituição?

Resposta:

738
13.2. Direito Tributário

13.2.1. Obrigação Tributária: Sujeição Passiva Direta E Indireta

13.2.1.1. Questões do TRF1


1) A técnica da substituição tributária se aplica a empréstimos compulsórios ou a taxas?

Resposta:

2) Em relação à substituição tributária o que é Diferimento?

Resposta:

3) No que consiste a substituição tributária regressiva, ou para trás, ou diferida?

Resposta:

4) O que é substituição tributária para frente?

Resposta:

13.2.1.2. Questões do TRF2

13.2.1.3. Questões do TRF3


1) Quem é responsável pelos impostos e demais taxas do imóvel adjudicado: a instituição fi-
nanceira ou o mutuário que ainda não o desocupou?

Resposta:

2) O legislador tem liberdade para definir o alcance de contribuinte?

Resposta:

3) Qual a diferença entre contribuinte, responsável e substituto?

Resposta:

739
4) Em que casos o sócio tem responsabilidade por dívida da sociedade?

Resposta:

13.2.1.4. Questões do TRF4

13.2.1.5. Questões do TRF5

13.3. Direito Administrativo

13.3.1. Domínio Público

13.3.1.1. Questões do TRF1


1) Domínio público é a mesma coisa de bens públicos?

Resposta:

2) Como se classificaria, bens de uso comum ou de especial, as rodovias?

Resposta:

3) Pode o poder publico se valer de instituto de direitos privados para se valer dos seus bens?

Resposta:

4) Qual a relação entre bens dominicais e o instituto da desafetação? Os bens dominicais po-
dem ser alienados? Pode haver desafetação tácita?

Resposta:

5) Concessão de direito real de uso, qual seria o perfil mínimo deste instituto?

Resposta:

740
6) De quem são as terras devolutas?

Resposta:

7) Qual a relação entre bens dominicais e institutos como afetação e desafetação?

Resposta:

8) Pode haver desapropriação de bens públicos?

Resposta:

9) O que são terras devolutas?

Resposta:

10) Classificação de uso comum e especiais, os museus estariam aonde neste caso?

Resposta:

11) Oneração por direitos reais, exemplo anticrese, os bens públicos podem sofrer?

Resposta:

12) No que consiste plataforma continental?

Resposta:

13) Pode haver a desafetação tácita de um bem público?

Resposta:

14) Pode haver a aquisição de um bem pelo estado via confisco?

741
Resposta:

13.3.1.2. Questões do TRF2


1) Posse de bens públicos: é detenção ou justaposição? Qual a diferença entre Detenção e
justaposição em relação aos bens públicos?

Resposta:

2) Qual o regime jurídico das jazidas no Brasil? A exploração é contraprestacional? A figura dos
royalties são equivalentes à tarifa?

Resposta:

3) Qual a característica primária da zona fortificada de fronteira? Tem que estar no RGI para
ser oposto ao particular?

Resposta:

4) O imóvel é alodial se não houver? (Para Poul, a própria Constituição Federal já determina)

Resposta:

5) Se no RGI o bem consta como alodial, desembaraçado, pode a União dizer que é terreno de
Marinha?

Resposta:

13.3.1.3. Questões do TRF3


1) Há possibilidade de locação de bens públicos?

Resposta:

13.3.1.4. Questões do TRF4


1) O que se entende por gestão compartilhada dos recursos hídricos?
742
Resposta:

2) A propriedade da água pode ser privada, já que há tratamento na parte do direito de vizi-
nhança no Código civil?

Resposta:

3) O que você acha da cobrança da água? Pagamos pela água?

Resposta:

1.3.1.5. Questões do TRF5

13.4. Direito Penal

13.4.1. Crimes Contra A Fé Pública

13.4.1.1. Questões do TRF1


1) Quem é o sujeito passivo na relação processual nos crimes contra a fé pública?

Resposta:

2) O crime de falsidade documental exige a intenção de prejudicar? Em que consiste o dolo no


falso?

Resposta:

3) Pode haver tentativa no crime de falsidade documental? Qual o momento consumativo do


crime de falso? Entre falsidade e uso há concurso material sempre?

Resposta:

4) A fé é uma prova de conhecimento, nos casos de crime contra a fé pública?

Resposta:

743
5) Entre o falso e o estelionato há concurso material, formal...? Quais seriam as correntes?

Resposta:

6) Há concurso de crimes naquele que usa e falsifica no crime de falsidade documental?

Resposta:

7) Em que consiste a falsidade documental no crime contra a previdência, quais os documen-


tos? Como se configuraria?

Resposta:

13.4.1.2. Questões do TRF2

13.4.1.3. Questões do TRF3

13.4.1.4. Questões do TRF4

13.4.1.5. Questões do TRF5

13.5. Direito Previdenciário

13.5.1. Tempo De Serviço

13.5.1.1. Questões do TRF1


1) No que consiste a prova tarifada com referência à contagem de tempo de serviço e CPC no
que diz respeito à prova? Como se resolve o impasse de que no CPC na há hierarquia das pro-
vas? A previdência aceita aposentar o trabalhador rural com prova testemunhal? Se ela não
aceita e vai a juízo o senhor como juiz, faria o que? Como regra a jurisprudência tem caminha-
do para o início da prova material, mas ela comporta exceções? Quais são as hipóteses? Será
que demonstrando a ocorrência de força maior ou caso fortuito será que poderia? Se o propri-
etário der uma declaração, é possível, uma simples declaração do proprietário do imóvel supre
o início de prova material? E se for uma declaração contemporânea ao exercício da atividade?

744
Resposta:

13.5.1.2. Questões do TRF2

13.5.1.3. Questões do TRF3

13.5.1.4. Questões do TRF4

13.5.1.5. Questões do TRF5

13.6. Direito Civil

13.6.1. Contrato De Seguro. Contrato De Consumo

13.6.1.1. Questões do TRF1

1) Diferencie a partir do caso prático, Contrato Comercial, Contrato de Consumo e Contrato


Civil – exemplo prático – empresa vende 500 computadores a outra empresa, empresa vende
um computador para um indivíduo, indivíduo vende para indivíduo. Fazer a distinção.

Resposta:

2) Depois de um contrato de seguro, se não houver dano, pode se pedir a devolução do dinhei-
ro? Não. Contrato aleatório.

Resposta:

3) Qual o significado da franquia simples?

Resposta:

4) Pode ser feito dois seguros de um carro? Qual a razão da vedação? Porque o CC dispõe não
poder para bens? Pelo CC/2002 há a possibilidade de mais de um seguro de vida, e com rela-
ção bens não pode, por quê? O seguro de bens não pode ser dobrado, pois seu sentido é inde-
nizatório.

745
Resposta:

5) O contrato de seguro é formal, solene, ou meramente consensual?

Resposta:

6) Contrato Securitário - Suicídio não premeditado dar-se-á indenização para o evento morte?
Havendo suicídio pouco importa, não se cogita mais disto, não se paga a indenização, mas se
devolve a reserva técnica?

Resposta:

7) Qual seria a causa de contrato de seguro?

Resposta:

8) Discorra sobre a boa-fé objetiva no contrato de seguro? Boa-fé objetiva (correção de com-
portamento). Aqui ela incide bem mais do que em relação a outros contratos.

Resposta:

9) Retrocessão, o que seria na operação securitária?

Resposta:

10) Resseguro, o que seria? Seguro do seguro. Operação de retrocessão – resseguro de resse-
guro?

Resposta:

11) Sub-rogação, isto ocorre contra quem nos contrato de seguro?

Resposta:

746
12) O que é uma franquia num contrato de seguro?

Resposta:

13.6.1.2. Questões do TRF2


1) Falar sobre o risco ficto nos contratos de seguro.

Resposta:

2) Discorra sobre os elementos os elementos da relação de consumo.

Resposta:

3) Conceitue consumidor e fornecedor.

Resposta:

4) A proteção à saúde e segurança do consumidor: a responsabilidade solidária dos causadores


do dano pode ser enquadrada como propter rem?

Resposta:

5) Quais são as quatro dimensões que conhecemos da figura do consumidor?

Resposta:

DESSE PONTO EM DIANTE: RESPOSTAS ELABORADAS POR TIAGO BORRÉ


6) Todas as quatro dimensões são tuteláveis no âmbito dos valores da atividade econômica?

Resposta:

Não encontrei na doutrina (Eros Roberto Grau) uma resposta exata. Penso que a defesa
do consumidor como princípio da ordem econômica diz respeito à sua condição de vul-
nerabilidade, de modo que apenas estaria tutelado o consumidor em sua conceituação
econômica (parte mais vulnerável na relação contratual). Segundo Ada Pellegrini, o
CDC desprezou, na conceituação de consumidor, componentes de ordem sociológica,
psicológica e filosófica.

747
7) Então, por exemplo, quando o indivíduo está em casa e assiste uma má propaganda, uma
má publicidade também seria uma forma de violação a este valor?

Resposta:

Obs: Impossível compreender o exato contexto em que surgiu esta pergunta, de modo
que fica difícil elaborar uma resposta exata.

8) O Estado pode ser sujeito de relação de consumo? Nessa situação, se aplicaria a legislação
especial, o CDC?

Resposta:

De acordo com o artigo 3º do CDC ―Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública
ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desen-
volvem atividade de produção, montagem [...]‖. Já o 22 do CDC reza que ―Os órgãos
públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer
outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficien-
tes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos‖. O CDC também prevê, dentre os direi-
tos básicos do consumidor, a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral
(art.6º, X), além da necessidade de racionalização e melhoria dos serviços públicos
(art.4º, VII). Logo, as pessoas jurídicas de Direito Público podem figurar no polo ativo
da relação de consumo e, quando prestadoras de serviços públicos, sejam de direito pú-
blico, sejam de direito privado, estão submetidas às regras do CDC. No entanto, somen-
te os serviços públicos realizados mediante remuneração paga diretamente pelos con-
sumidores (serviços uti singuli), remunerados por tarifa ou preço público) submetem-se
ao CDC, pois os serviços públicos realizados mediante pagamento de tributos (uti uni-
versi) não se submetem ao CDC. Esse tem sido o entendimento do STJ.

9) Discorra sobre conceito de oferta e mercado de consumo.

Resposta:

Em um sentido amplo, oferta é uma denominação genérica para indicar o que é


disponibilizado ao mercado, independente da sua natureza, sendo utilizada para
substituir a expressão "produto" ou "serviço" e também englobar os outros elementos
que são objeto das ações de marketing. Como parâmetro para o estabelecimento dos
preços dos produtos pelo mercado, a oferta possui um peso inversamente proporcional
(quanto maior a oferta, menor o preço). A oferta é influenciada diretamente pela
demanda do produto. Em um sentido popular, oferta indica uma condição de venda
especial (promoção de vendas) na qual o valor percebido pelo cliente é maximizado.
Mercado de consumo é o local onde se encontram a oferta e a procura de bens e
serviços.
748
10) O que é produto e o que é serviço (à luz do direito consumerista)?

Resposta:

Nos termos do artigo 3º do CDC, ―Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material
ou imaterial‖ e ―Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, medi-
ante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária,
salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.‖. O conceito de produto é trata-
do pelo Código de forma ampla, ao passo que o conceito de serviços envolve necessari-
amente remuneração e não pode açambarcar relação trabalhista.

11) Um programa de informática é produto ou é serviço? Quando compro uma caixa contendo
o programa Windows, estou comprando um serviço?

Resposta:

(Não tenho certeza porque não achei nada específico sobre o tema, de modo que lastreie
a resposta de acordo com a lei). Nos termos da conceituação trazida pelo CDC, segundo
o qual ―Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial‖ e ―Serviço é
qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusi-
ve as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes
das relações de caráter trabalhista.‖, um programa de informática caracteriza-se como
um produto, e não como um serviço.

13.6.1.3. Questões do TRF3


1) O CDC é uma forma de intervenção no domínio econômico?

Resposta:

O artigo 174 da CF/88 prevê que o Estado poderá intervir na ordem econômica como
agente normativo e regulador. Trata-se de uma forma de intervenção indireta no domí-
nio econômico, por meio da qual o Estado limita-se a condicionar o exercício da explo-
ração da atividade econômica, sem assumir posição de agente econômico ativo. Cuida-
se de uma intervenção regulatória, agindo o Estado por meio de leis e normas de cunho
setorial. Como a defesa do consumidor é um dos princípios que regem a Ordem Eco-
nômica, na forma do artigo 170 da Constituição, podemos entender que o CDC repre-
senta, sim, uma forma de intervenção indireta do Estado no domínio econômico.

2) O profissional liberal tem responsabilidade objetiva no CDC? Explique.

749
Resposta:

Não. O CDC tem dispositivo expresso que prevê a responsabilidade subjetiva dos pro-
fissionais liberais (art.14º, parágrafo quarto). Assim, a responsabilidade destes no forne-
cimento de serviços depende da verificação de negligência, imprudência ou imperícia.
Parcela doutrinária entende que se deve aferir se a obrigação é de meio ou resultado.
Sendo de meio, a responsabilidade seria subjetiva, mas sendo de resultado, seria objeti-
va. O STJ, no entanto, vem defendendo o entendimento no sentido de que em ambas as
modalidades de obrigação – meio ou resultado – a responsabilidade dos profissionais
liberais é subjetiva, mas, sendo de resultado a obrigação, opera-se a inversão do ônus da
prova em desfavor do profissional.

3) Aplica-se o CDC nos contratos de SFH?

Resposta:
Sim. Conforme jurisprudência pacífica do STJ, o CDC é aplicável aos contratos do Sis-
tema Financeiro de Habitação, incidindo sobre contratos de mútuo. Isso porque existe
relação de consumo entre o agente financeiro do SFH, que concede empréstimo para
aquisição de casa própria, e o mutuário. Entretanto, nos contratos de financiamento do
SFH vinculados ao Fundo de Compensação de Variação Salarial (FCVS), pela presença
da garantia do governo em relação ao saldo devedor, aplica-se a legislação própria e
protetiva do mutuário hipossuficiente e do próprio sistema, afastando-se o CDC, se co-
lidentes as regras jurídicas (STJ, AgRg no Ag 1076981/RS, DJe 27/08/2012). A juris-
prudência do TRF1 é no mesmo sentido, ou seja, pela incidência do CDC aos contratos
do SFH (AC 0000500-58.2006.4.01.3503 / GO, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL
JOÃO BATISTA MOREIRA, QUINTA TURMA, e-DJF1 p.223 de 25/05/2012).

13.6.1.4. Questões do TRF4

13.6.1.5. Questões do TRF5

13.7. Direito Empresarial

13.7.1. Propriedade Industrial

13.7.1.1. Questões do TRF1


1) Discorra sobre o primeiro ato considerado oficial no Brasil, Republicano ou Imperial, como
marco da proteção à propriedade industrial no Brasil? A doutrina menciona um ato estatal no
750
Brasil que teria sido o primeiro ato protetor da propriedade industrial no Brasil, qual seria? O
Brasil teria sido o quarto país no mundo a defender a propriedade industrial.

Resposta:

(Retirado de um texto da internet). No Brasil, desde 1700 existem alguns tipos de privi-
légios dados a pequenos industriais, contudo o mais antigo ―titular de propriedade in-
dustrial‖ foi Antônio Francisco Marques que, em 1752, obteve um privilégio para insta-
lar uma fábrica de descascar arroz, garantindo um monopólio sobre esta atividade por
dez anos. Mais tarde, em 1809, um alvará expedido pelo Príncipe Regente concedeu aos
inventores de alguma nova máquina um privilégio temporário, sendo que a primeira
Constituição do Império já trouxe dispositivos que asseguravam aos inventores os direi-
tos sobre suas produções, regulada pela Lei de 28.08.1830.

2) Quais os bens integrantes da propriedade industrial?

Resposta:

Quatro são os bens imateriais protegidos pelo direito industrial: a patente de invenção, a
de modelo de utilidade, o registro de desenho industrial e o de marca, conforme artigo
2º, incisos I a III, da Lei de Propriedade Industrial (Lei 9.279/1996). Para que uma in-
venção ou um modelo de utilidade tenham exclusividade, é necessária uma patente. Já o
desenho industrial e a marca precisam de registro. Tanto a patente quanto o registro são
obtidos junto ao INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), que é uma autar-
quia federal com sede no Rio de Janeiro.

3) Discorra sobre o porquê do termo “propriedade”?

Resposta:

A palavra propriedade empregada para abranger as situações de titularidade de direitos


patrimoniais referentes aos objetos da criação intelectual não pode ser assimilada no
conceito de propriedade tal como definida no art. 1.228 do CC. Por isso, atualmente,
tais situações encontram-se reguladas em leis específicas diante da constatação de suas
peculiaridades. Isso porque os direitos da propriedade intelectual não integram a catego-
ria dos direitos reais, tampouco àquela referente aos direitos pessoais. São, na verdade,
direitos de cunho intelectual que realizam a proteção de vínculos (pessoais e patrimoni-
ais) do autor ou do empresário com sua obra ou criação, de índole especial, sui generis,

751
a justificar uma disciplina normativa específica. São obras intelectuais as criações do
espírito expressas por qualquer meio (tangível ou não).

4) Existe propriedade de direito pessoal ou somente existe propriedade de direito real? Se eu


falo em propriedade de direito industrial e ela não é um bem corpóreo, devo admitir que ela é
uma propriedade de direito obrigacional?

Resposta:

Os direitos da propriedade intelectual não integram a categoria dos direitos reais, tam-
pouco àquela referente aos direitos pessoais. São, na verdade, direitos de cunho intelec-
tual que realizam a proteção de vínculos (pessoais e patrimoniais) do autor ou do em-
presário com sua obra ou criação, de índole especial, sui generis, a justificar uma disci-
plina normativa específica. São obras intelectuais as criações do espírito expressas por
qualquer meio (tangível ou não). A palavra propriedade empregada para abranger as
situações de titularidade de direitos patrimoniais referentes aos objetos da criação inte-
lectual não pode ser assimilada no conceito de propriedade tal como definida no art.
1.228 do CC. Por isso, atualmente, tais situações encontram-se reguladas em leis especí-
ficas diante da constatação de suas peculiaridades.

5) O que seria um desenho industrial?

Resposta:

Considera-se desenho industrial a forma plástica ornamental de um objeto ou o conjunto


ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando re-
sultado visual novo e original na sua configuração externa e que possa servir de tipo de
fabricação industrial. O desenho industrial não pode ser confundido com a obra de arte,
pelo fato de estar sempre relacionado a um objeto com função utilitária e possibilidade
de ser industrializado, enquanto a obra de arte, em regra, não traz consigo nenhuma ca-
racterística funcional, mas tão-somente estética e decorativa, e também não é produzida
em escala industrial. Também não se confunde com o modelo de utilidade, pois o dese-
nho industrial volta-se apenas a configuração estética, enquanto o modelo de utilidade
agrega uma nova utilidade a um invento. Os requisitos do desenho industrial são: a)
novidade (atendido quando o mesmo não se encontra compreendido no estado da técni-
ca); b) originalidade (quando do desenho industrial resultar uma configuração visual
distintiva, em relação a outros objetos anteriores); c) aplicação industrial. A lei traz ain-
da hipóteses de desenhos industriais não registráveis (contrário a moral, aos bons cos-
tumes, etc).

752
6) Há um princípio que rege o desenho industrial, qual seria? (Princípio da futilidade).

Resposta:

Vou seguir a resposta que já havia. Trata-se do princípio da futilidade. O objetivo do


Desenho Industrial é elaborar um objeto que o diferencie, tendo com característica ine-
rente a futilidade, ou seja, não aumenta a utilidade do determinado abjeto. Ex: Uma ca-
deira que serve para sentar. Uma pessoa pode modificar a estética da cadeira, mas a
função será a mesma. Trecho retirado da internet: o entendimento da Professora Marilza
Granja Leite (ex-AESO, Direito Comercial I) é que o Desenho Industrial está direta-
mente ligado à moda, e sendo a moda passageira, torna-se às vezes, fútil.

7) O que seria o estado da técnica?

Resposta:

Um dos requisitos do desenho industrial é a novidade, ou seja, deve ser novo, não com-
preendido no estado da técnica (art.96 da LPI). O estado da técnica é constituído por
tudo aquilo tornado acessível ao público antes da data de depósito do pedido, no Brasil
ou no exterior, por uso ou qualquer outro meio. Não é considerado como incluído no
estado da técnica o desenho industrial cuja divulgação tenha ocorrido durante os 180
dias que precederem a data do depósito ou a da prioridade reivindicada.

8) Qual a forma que a lei estabelece para proteger o modelo de utilidade? É uma patente ou
um registro?

Resposta:

A legislação de regência estabelece que o modelo de utilidade é protegido por meio de


patente (Art.6º da Lei 9.279/1996), pelo prazo improrrogável de 15 anos contados da
data do depósito. A proteção por meio de registro refere-se à marca e ao desenho indus-
trial.

9) Qual a relação que existe entre propriedade industrial e Justiça Federal? Onde fica o INPI?

Resposta:

A Justiça Federal possui competências delimitadas constitucionalmente. O artigo 109 da


CF traz o rol de competências exaustivas da Justiça Federal, inserindo-se entre essas a
competência ratione personae para julgamento das causas em que ―a União, entidade

753
autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés,
assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas
à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho‖. Ora, o INPI – Instituto Nacional da Proprie-
dade Industrial – possui natureza jurídica de autarquia federal, competindo-lhe a con-
cessão dos direitos industriais de que trata a Lei 9.279/1996. De tal sorte, as ações en-
volvendo discussão a respeito da matéria serão de competência da Justiça Federal. In-
clusive, a Lei prevê expressamente que ―Art. 57. A ação de nulidade de patente será
ajuizada no foro da Justiça Federal e o INPI, quando não for autor, intervirá no feito‖ e
que ―Art. 175. A ação de nulidade do registro será ajuizada no foro da justiça federal e
o INPI, quando não for autor, intervirá no feito‖. Segundo o STJ, ―A nulidade da paten-
te, com efeito erga omnes, só pode ser declarada em ação própria, proposta pelo INPI,
ou com sua intervenção - quando não for ele o autor -, perante a Justiça Federal (Lei
9.279/96, art.57). Porém, o reconhecimento da nulidade como questão prejudicial, com
a suspensão dos efeitos da patente, pode ocorrer na Justiça Estadual” (AgRg no CC
115.032/MT, DJe 29/11/2011).

10) Fora do Brasil, quais são os marcos de proteção ao Direito de Propriedade Industrial?

Resposta:

Diante da concepção de que era importante conferir proteção aos direitos de propriedade
industrial, houve a realização de um grande encontro das nações, a Convenção de Paris,
com a finalidade de tentar harmonizar o sistema nacional de proteção a propriedade
intelectual. Mais recentemente, foi celebrado o acordo TRIPS3, também chamado de
acordo relativo aos aspectos do direito de propriedade intelectual relacionados com o
comércio, integrante de um conjunto de acordo assinados em 1994, que encerram a co-
nhecida rodada do Uruguai, dando origem a OMC. O Brasil já ratificou ambas as con-
venções.

11) Sinais sonoros – podem ser objeto de registro?

Resposta:

De acordo com o artigo 122 da LPI ―São suscetíveis de registro como marca os sinais
distintivos visualmente perceptíveis, não compreendidos nas proibições legais‖. Logo,

3
Para o STJ, o acordo TRIPS é aplicável no Brasil a partir de 1º/1/2000. O acordo não gera obrigações em
relação a atos constituídos antes de sua vigência. REsp 1.096.434-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 9/11/2010.

754
não há possibilidade de que sejam registrados como marca os sinais sonoros, visto que
não são visualmente perceptíveis.

12) Prazo de proteção de uma marca registrada, prazo legal?

Resposta:

A marca, sendo um bem móvel incorpóreo tutelado pelo direito de propriedade industri-
al, tem prazo de proteção equivalente a 10 (dez) anos contados da data da concessão do
registro, prorrogável por iguais e sucessivos períodos, devendo o interessado postular a
prorrogação sempre no último ano de vigência do registro, tudo nos termos do artigo
133 da legislação regente da matéria.

13) O que é uma marca?

Resposta:

A marca é um bem móvel incorpóreo com enquadramento no âmbito dos direitos de


propriedade industrial, que se exprime por sinais distintivos visualmente perceptíveis. É
o designativo que identifica produtos e serviços.

14) O registro da marca é regido por dois princípios, quais são eles?

Resposta:

Os princípios que regem a proteção das marcas pelo registro são os da especialidade e
da territorialidade. O princípio da especialidade confere ao seu titular o uso exclusivo da
atividade. Sem relegar a plano secundário a proteção aos direitos de propriedade indus-
trial, ele apenas enseja que marcas, assim como nomes de empresa e títulos de estabele-
cimento, parecidos ou iguais entre si, no todo ou em parte, coexistam no ambiente so-
cioeconômico. Essa coexistência, porém, só é possível ante o reconhecimento de que os
ramos de atividade das empresas usuárias de expressões ou símbolos semelhantes são
diversos, sem potencialidade de induzir a erro aqueles que com elas pretendam negociar
com boa-fé. Segundo o STJ, o direito de exclusividade de uso de marca, decorrente do
seu registro no INPI, é limitado à classe para a qual é deferido, não sendo possível a sua
irradiação para outras classes de atividades (REsp 1.114.745, Rel. MASSAMI UYEDA,
publicado em 21.9.2010). Como exceção à aplicação desse princípio, a LPI confere a
marca de alto renome proteção diferenciada para todos os ramos de atividades, e isso
transpassa seu destino original. O princípio da territorialidade se encaixa no art. 129 da

755
LIP, segundo o qual o titular de uma marca protegida tem assegurado seu uso exclusivo
em todo território nacional. Uma exceção a esse princípio está na Convenção da União
de Paris (CUP), em seu art. 6º.

13.7.1.2. Questões do TRF2


1) Qual a distinção entre direito autoral e propriedade intelectual? São expressões sinônimas?
A propriedade industrial não estaria albergada no conceito de propriedade intelectual?

Resposta:

Não são expressões sinônimas. O direito autoral é espécie de propriedade intelectual.


Sim, a propriedade industrial está albergada pelo conceito de propriedade intelectual.
Em verdade, a propriedade intelectual/imaterial está dividida em: direito autoral e pro-
priedade industrial. O direito autoral relaciona-se com a propriedade literária, científica
ou artística e de programas de computador, sendo matéria de direito civil. Já a proprie-
dade industrial é estudada pelo direito empresarial. O autor da obra, no direito autoral,
tem o direito de explorar exclusivamente, mesmo que não tenha efetuado qualquer re-
gistro, bastando comprovar ser o autor. Por outro lado, a propriedade industrial garante
a exploração, com exclusividade, do objeto protegido àquele que requerer em primeiro
lugar referido privilégio, pouco importando quem seja o autor da invenção. O direito
autoral decorre da criação, sendo o eventual registro meramente declaratório. Em con-
trapartida, a propriedade industrial decorre de ato administrativo de natureza constituti-
va.

2) Cite alguns critérios de proteção ao direito autoral e critérios de proteção à propriedade


intelectual.

Resposta:

Não compreendi a pergunta, até porque a propriedade intelectual abrange os direitos


autorais.

3) Qual a finalidade de fazer-se o registro no âmbito no direito do direito autoral?

Resposta:

A proteção dos direitos autorais efetivamente independe de registro, conforme artigo 18


da Lei 9.610/1998, Entretanto, o registro é de suma importância para fins de comprova-
ção da autoria e para o exercício do direito de exclusividade. Assim, o registro de direito
autoral funciona como uma das mais determinantes provas de autoria, além de facilitar a
fixação de propriedade, fato que facilita em muito a realização de negócios e o combate
à pirataria.

756
4) Conhece algum registro que é feito perante o INPI que diz respeito a um sistema que, pelo
menos a lei chama, de proteção ao direito autoral?

Resposta:

Acho que a questão quer se referir aos programas de computador (Lei 9.609/98). De
acordo o artigo 11 desta legislação ―Nos casos de transferência de tecnologia de pro-
grama de computador, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial fará o registro dos
respectivos contratos, para que produzam efeitos em relação a terceiros‖. Veja-se que o
regime de proteção à propriedade intelectual de programa de computador é o conferido
às obras literárias pela legislação de direitos autorais e conexos vigentes no País.

5) Qual a ideia conceitual de Registro público? Pode ser constitutivo? sempre? Quais os outros
casos que não estão na Lei de Registros públicos? O registro perante o INPI é constitutivo ou
meramente assecuratório? Há no INPI algum exemplo de registro meramente assecuratório?

Resposta:

O registro público é a menção de certos atos e fatos, lançada por um oficial público em
livros próprios, quer à vista de títulos que lhe são apresentados, quer mediante
declarações escritas ou verbais das partes interessadas. Tem a finalidade de conferir
publicidade ao ato ou fato que é objeto do registro, ou atua como simples meio de
conservação de um documento. O registro público é a forma antiga de preservação de
informações consideradas vitais para a sociedade (como o nascimento, registro de
casamento, óbito, criação de pessoas jurídicas entre outros), que visa, ademais, dar-lhes
publicidade necessária para a segurança das relações interindividuais. Assim, a
publicidade é forma de notificação pública: é a conseqüência necessária do registro,
mesmo quando seja facultativo, visando apenas a perpetuidade de um documento.
Haverá sempre a publicidade, desde que registrado o ato ou fato. Os efeitos dela que
podem variar de intensidade. A concessão de patentes e de registros pelo INPI apresenta na-
tureza constitutiva de direito, já que é por meio dela que o empresário adquire o direito de ex-
plorar o respectivo bem industrial com exclusividade. O registro meramente assecuratório é
típico dos direitos autorais.

6) Propriedade Industrial. Discorra sobre: Invenção; Desenho Industrial; Modelo de Utilidade;


Marcas, dando a definição e classificação destas figuras.

Resposta:

757
Invenção: É o produto da inteligência humana de efeito técnico ou industrial, ou seja,
que objetiva criar bens até então desconhecidos, para aplicação técnica ou industrial.
Não se confunde com a descoberta. A LPI não definiu o que vem a ser uma invenção,
limitando-se a afirmar que é patenteável. Desenho industrial: considera-se desenho in-
dustrial a forma plástica ornamental de um objeto ou o conjunto ornamental de linhas e
cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado visual novo e ori-
ginal na sua configuração externa e que possa servir de tipo de fabricação industrial. O
desenho industrial não pode ser confundido com a obra de arte, pelo fato de estar sem-
pre relacionado a um objeto com função utilitária e possibilidade de ser industrializado,
enquanto a obra de arte, em regram não traz consigo nenhuma característica funcional,
mas tão-somente estética e decorativa, e também não é produzida em escala industrial.
Também não se confunde com o modelo de utilidade, pois o desenho industrial volta-se
apenas a configuração estética, enquanto o modelo de utilidade agrega uma nova utili-
dade a um invento. Modelo de Utilidade: objeto de uso prático, ou parte deste, suscetí-
vel de aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato
inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação. Marca:
Bem móvel incorpóreo, com enquadramento no âmbito dos direitos de propriedade in-
dustrial, a marca se exprime por sinais distintivos visualmente perceptíveis.

7) Quais os efeitos da caducidade da marca? Ex tunc ou ex nunc? Quais as súmulas tratam


sobre o assunto?

Resposta:

Ocorre caducidade da marca se o seu titular deixar de usá-la por mais de 5 anos. O STJ
confere efeitos prospectivos (ex nunc) à declaração de caducidade do registro da marca
industrial. Entre outros fundamentos, consignou-se que, se uma marca for cedi-
da/licenciada a diversas empresas em cadeia sucessória e a última cessionária/licenciada
não exercer qualquer dos poderes inerentes à propriedade da marca, tem-se uma situa-
ção que põe termo à circulação de riquezas. Enquanto, se fossem os efeitos da declara-
ção de caducidade ex tunc, na hipótese de um terceiro interessado apropriar-se daquela
marca, esse estaria legitimado a pedir lucros cessantes referentes a todos os antigos pro-
prietários. Consectário disso seria o início de uma reação em cadeia de ações de regres-
so até que o penúltimo prejudicado pela inércia consiga cobrar do último o prejuízo de-
corrente da abstenção de uso, gozo ou fruição do sinal industrial. Assim, o registro de
marcas e patentes, ao invés de oferecer segurança jurídica ao seu proprietário e eventu-
ais cessionários/licenciados, demonstraria um risco ad eternum para quem se aventuras-
se a adquirir direitos sobre a marca. EREsp 964.780-SP, julgados em 10/8/2011.

9) E os programas de computador estão mais próximos de qual sistema?

758
Resposta:

A Lei 9.609/1998 dispõe sobre a proteção da propriedade intelectual de programa de


computador, sua comercialização no País, e dá outras providências. De acordo com esse
diploma normativo, o regime de proteção à propriedade intelectual de programa de
computador é o conferido às obras literárias pela legislação de direitos autorais e cone-
xos vigentes no País. Tal proteção independe de registro. Portanto, a proteção legal dos
programas de computador mais se aproxima do sistema de proteção dos direitos autorais
(se era isso o pretendia a pergunta).

10) Em qual sistema está inserido?

Resposta:

Idem resposta acima.

11) E criações abstratas podem ser defendidas pelo direito autoral?

Resposta:

Não dá para entender direito o que se quis afirmar como ―criações abstratas‖. A Lei dos
Direitos Autorais reza que ―Art. 8º Não são objeto de proteção como direitos autorais
de que trata esta Lei: I - as ideias [...]‖. Por outro lado, o mesmo diploma normativo
prevê que ―Art. 7º São obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas
por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido
ou que se invente no futuro, tais como[...]‖. Assim, conclui-se que as criações abstratas,
se entendidas como ideias não expressas por qualquer meio, não são defendidas pelo
direito autoral.

13.7.1.3. Questões do TRF3


1) Como se conceitua marca?

Resposta:

Ver resposta acima.

2) Há prazo para se registrar uma marca?

Resposta:

Ver resposta acima.

3) A Patente obtida em outro país é automaticamente reconhecida no Brasil?

Resposta:
759
Ver resposta abaixo.

4) Como se instrumentaliza o direito à propriedade industrial?

Resposta:

Os direitos industriais são concedidos pelo Estado, por meio de uma autarquia federal, o
Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Nasce o direito à exploração exclu-
siva do objeto da patente ou do registro a partir do ato concessivo correspondente. Nin-
guém pode reivindicar o direito de exploração econômica com exclusividade de qual-
quer invenção, modelo de utilidade, desenho industrial ou marca se não obteve do INPI
a correspondente concessão.

5) Quem pode requerer uma patente? O que se pode patentear?

Resposta:

De acordo com a LPI, a patente pode ser requerida em nome próprio, pelos herdeiros ou
sucessores do autor, pelo cessionário ou por aquele a quem a lei ou o contrato de traba-
lho ou de prestação de serviços determinar que pertença a titularidade. Além disso,
quando se tratar de invenção ou de modelo de utilidade realizado conjuntamente por
duas ou mais pessoas, a patente poderá ser requerida por todas ou qualquer delas, medi-
ante nomeação e qualificação das demais, para ressalva dos respectivos direitos. Conso-
ante a LPI, é patenteável a invenção que atenda aos requisitos de novidade, atividade
inventiva e aplicação industrial, bem assim, como modelo de utilidade, o objeto de uso
prático, ou parte deste, suscetível de aplicação industrial, que apresente nova forma ou
disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou
em sua fabricação.

6) De quem é a patente: do trabalhador ou da empresa?

Resposta:

Nos termos da legislação regente, ―A invenção e o modelo de utilidade pertencem ex-


clusivamente ao empregador quando decorrerem de contrato de trabalho cuja execução
ocorra no Brasil e que tenha por objeto a pesquisa ou a atividade inventiva, ou resulte
esta da natureza dos serviços para os quais foi o empregado contratado‖. No entanto,
―Pertencerá exclusivamente ao empregado a invenção ou o modelo de utilidade por ele
desenvolvido, desde que desvinculado do contrato de trabalho e não decorrente da utili-
zação de recursos, meios, dados, materiais, instalações ou equipamentos do emprega-
dor‖. Além disso, ―A propriedade de invenção ou de modelo de utilidade será comum,

760
em partes iguais, quando resultar da contribuição pessoal do empregado e de recursos,
dados, meios, materiais, instalações ou equipamentos do empregador, ressalvada ex-
pressa disposição contratual em contrário‖.

7) Os direitos de propriedade industrial são móveis ou imóveis? São oponíveis a terceiros?

Resposta:

Por disposições expressa da legislação regente da matéria, os direitos de propriedade


industrial são móveis. Nesse sentido, o artigo 5º da LPI dispõe que ―Consideram-se
bens móveis, para os efeitos legais, os direitos de propriedade industrial‖. Por outro
lado, como corolário da proteção legal conferida aos direitos de propriedade industrial,
são eles oponíveis a terceiros. Nesse ponto, a LPI dispõe que ―Art. 42. A patente confere
ao seu titular o direito de impedir terceiro, sem o seu consentimento, de produzir, usar,
colocar à venda, vender ou importar com estes propósitos: I - produto objeto de paten-
te;II - processo ou produto obtido diretamente por processo patenteado‖.

9)Há prazo para se registrar uma marca?

Resposta:

Em verdade, a LPI prevê que ―O registro da marca vigorará pelo prazo de 10 (dez) anos,
contados da data da concessão do registro, prorrogável por períodos iguais e sucessi-
vos‖. Quanto a essa prorrogação do registro, a legislação prevê que o pedido deve ser
formulado durante o último ano de vigência, instruído com o comprovante do pagamen-
to da respectiva retribuição. Se o pedido de prorrogação não tiver sido efetuado até o
termo final da vigência do registro, o titular poderá fazê-lo nos 6 (seis) meses subse-
qüentes, mediante o pagamento de retribuição adicional. Tem-se, nessa hipótese, um
prazo para registro de marca.

10) A Patente obtida em outro país é automaticamente reconhecida no Brasil?

Resposta:

Não. A LPI prevê um procedimento próprio, segundo o qual ―Ao pedido de patente de-
positado em país que mantenha acordo com o Brasil, ou em organização internacional,
que produza efeito de depósito nacional, será assegurado direito de prioridade, nos pra-
zos estabelecidos no acordo, não sendo o depósito invalidado nem prejudicado por fatos
ocorridos nesses prazos‖. A reivindicação de prioridade será feita no ato de depósito,

761
podendo ser suplementada dentro de 60 (sessenta) dias por outras prioridades anteriores
à data do depósito no Brasil.

13.7.1.4. Questões do TRF4

13.7.1.5. Questões do TRF5

13.8. Direito Processual Civil

13.8.1. Elementos Objetivos Do Processo De Execução. Títulos Executivos


Judiciais; Liquidação Da Sentença Condenatória Genérica; Bens Exequíveis ,
Responsabilidade Patrimonial E Fraude À Execução; Títulos Executivos
Extrajudiciais

13.8.1.1. Questões do TRF1


1) Liquidação de sentença – reforma do CPC, liquidação por calculo. Utiliza-se a contadoria em
algumas situações. Quais as excepcionalidades da planilha de calculo?

Resposta:

Não entendi a parte final da questão. Quanto à primeira parte, de acordo com o novel
regramento, quando a determinação do valor da condenação depender de simples cálcu-
los aritméticos, o credor requererá o cumprimento da sentença, instruindo o pedido com
a memória discriminada e atualizada do cálculo (art.475-B do CPC). Poderá o juiz va-
ler-se do contador do juízo quando a memória apresentada pelo credor aparentemente
exceder os limites da decisão exeqüenda e, ainda, nos casos de assistência judiciária. Se
o credor não concordar com os cálculos feitos pela contadoria judicial, far-se-á a execu-
ção pelo valor originariamente pretendido, mas a penhora terá por base o valor encon-
trado pelo contador.

2) Fale sobre a distinção entre fraude contra credores e fraude contra a execução.

Resposta:

Os institutos não se confundem. Segundo Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosen-


vald, a fraude contra credores é instituto de direito material contemplado no CC, ao pas-
so que a fraude à execução é instituto processual regido pelo CPC. A fraude contra cre-
dores cuida de interesse puramente particular, ao passo que a fraude à execução trata de
interesse particular e estatal. A fraude contra credores é defeito do negócio jurídico e os
atos praticados são anuláveis, enquanto a fraude à execução não constitui defeito e gera
apenas a ineficácia do negócio perante o credor. A fraude contra credores exige ação
762
pauliana para o seu reconhecimento, ao passo que a fraude à execução pode ser reco-
nhecida de ofício nos autos da própria execução. A primeira exige elemento objetivo
(dano) e subjetivo (conluio fraudulento) e a segunda exige apenas o elemento objetivo.
A fraude contra credores não constitui crime, mas a fraude à execução é crime atentató-
rio à dignidade da Justiça.

3) Em relação às penhoras, temos um instituto no art. 455 do CPC chamado penhora on-line,
que tem sido muito usado na justiça estadual, do trabalho e agora também a federal. Na or-
dem de preferência o dinheiro é o primeiro, a indicação para a penhora é do devedor, o se-
nhor como magistrado a pedido da fazenda nacional, determinaria em seu despacho inicial em
sede de execução fiscal ou em execução civil a determinação de bloqueio de ativos financei-
ros?

Resposta:

Achei um julgado do TRF1 que assim cuida da questão: ―É firme a jurisprudência deste
Superior Tribunal de Justiça no sentido de que, antes das modificações introduzidas pela
Lei nº 11.382/06, somente se admite o bloqueio de ativos financeiros pelo Sistema Ba-
cen Jud quando esgotados todos os meios necessários à localização de outros bens pas-
síveis de penhora. Na hipótese vertente, o pleito de bloqueio foi formulado antes da edi-
ção da Lei 11.382/2006. Logo, in casu, somente seria admissível tal bloqueio de ativos
financeiros pelo Sistema BACEN JUD se esgotados todos os meios necessários à loca-
lização de outros bens passíveis de penhora , o que não é o caso dos autos (AGA
0022153-23.2004.4.01.0000 / GO, 26/03/2010). Em recente julgado, o STJ afirmou que
―A Corte Especial, ao apreciar o REsp 1.112.943/MA, Rel. Min.Nancy Andrighi, julga-
do em 15.9.2010, DJ 23.11.2010 pela sistemática prevista no art. 543-C do CPC e na
Resolução 8/2008 do STJ, confirmou a orientação no sentido de que, no regime da Lei
n.11.382/2006, não há mais necessidade do prévio esgotamento das diligências para
localização de bens do devedor para que seja efetivada a penhora on line‖. (AgRg no
REsp 1287437/MG, julgado em 02/02/2012, DJe 09/02/2012). Não bastasse, a penhora
on line poderia ser determinada em decisão liminar mesmo antes da citação do executa-
do – o procedimento determina a penhora somente três dias depois da citação na hipóte-
se de não ocorrer o pagamento –, desde que demonstrado o perigo da ineficácia a medi-
da na hipótese de o executado tomar ciência da existência da execução. O pedido de
tutela cautelar na inicial da execução é expressamente permitido pelo artigo 615, III, do
CPC.

4) Quando eu encaminho a expropriação de um determinado bem através de uma hasta públi-


co ou leilão?

Resposta:

763
A Lei 11.382/2006 modificou substancialmente o fenômeno processual da expropria-
ção. Atualmente são quatro espécies típicas de expropriação: adjudicação, alienação por
iniciativa particular, arrematação e o usufruto. A alienação em hasta pública, que pode
ocorrer na modalidade leilão (bens móveis) e praça (bens imóveis), perdeu status com a
mais recente reforma processual, sendo a última espécie de expropriação na ordem de
preferência. O artigo 686 do CPC é expresso ao afirmar a subsidiariedade da alienação
em hasta pública, ao dispor que não requerida a adjudicação e não realizada a alienação
particular será expedido o edital de hasta pública. Logo, encaminha-se determinado bem
à hasta pública quando frustradas as demais modalidades de expropriação previstas na
legislação processual.

5) A penhora sob o faturamento na jurisprudência do STJ é excepcionalíssima, o senhor permi-


tiria que esta penhora poderia ser sob todo o faturamento da empresa? E qual o percentual
que o senhor acharia correta para a penhora de faturamento? Postura do juiz em relação ao
processo de execução.

Resposta:

A penhora sob o faturamento da empresa possui previsão legal expressa no artigo 655,
VII, do CPC, dispositivo segundo o qual poderá haver penhora de percentual do fatura-
mento de empresa devedora. Nesse ponto, penso ser inadmissível a penhora da totalida-
de do faturamento, sob pena de afetar o capital de giro da empresa, o que fatalmente
geraria um verdadeiro colapso em suas contas, ocasionando até mesmo, em casos ex-
tremos, a paralisação de suas atividades. Por outro lado, o percentual correto deve ser
aferido no caso concreto, conciliando-se o interesse do credor com a necessidade de
permanência da atividade da empresa, de modo que o percentual não pode ensejar a
paralisação da atividade empresarial. Nesse sentido, o STJ condiciona esse tipo de pe-
nhora aos seguintes requisitos: ―A penhora sobre renda da empresa somente é cabível
excepcionalmente, desde que: i) o devedor não possua bens ou, se os tiver, sejam esses
de difícil execução ou insuficientes a saldar o crédito demandado; ii) haja indicação de
administrador e esquema de pagamento; iii) que o percentual fixado sobre o fatura-
mento não torne inviável o exercício da atividade empresarial‖.(AgRg no AgRg no Ag
1421489/RJ, DJe 24/05/2012).

13.8.1.2. Questões do TRF2


1) Cite dois princípios básicos que regem o processo de execução. Discorra sobre o princípio da
fidelidade. O princípio da fidelidade deve ser observado também com relação aos títulos exe-
cutivo extrajudiciais?

Resposta:
764
Dois princípios básicos do processo de execução são os da patrimonialidade e o da me-
nor onerosidade. Pelo primeiro, a execução é sempre real, e nunca pessoal, por serem os
bens do executado os responsáveis materiais pela satisfação do direito do exequente. De
acordo com o segundo princípio, a execução não é instrumento de vingança privada,
nada justificando que o executado sofra mais do que o estritamente necessário na busca
da satisfação do direito do exequente. Por fim, o princípio da fidelidade apregoa que a
execução não pode extravasar o que foi decidido no título executivo judicial, devendo
haver estrita observância do quanto ali determinado. Representa, em última análise, res-
peito da coisa julgada. OBS: Não achei nada específico sobre a sua aplicação aos títulos
extrajudiciais, mas acredito que tem plena incidência também em relação a esses, uma
vez que a execução em geral não pode se afastar dos limites do título executivo que a
embasa.

2) Pode se falar em princípio da estabilização da lide em processo de execução ou estaria limi-


tado ao processo de conhecimento?

Resposta:

É lição pacificada na doutrina a possibilidade de alteração das partes, da causa de pedir


e do pedido antes da citação do réu. Entende-se que não tendo ainda sido formada a
relação jurídica processual tríplice, haveria liberdade absoluta para o autor modificar
tanto os elementos objetivos, quanto os elementos subjetivos da demanda. A regra, pois,
é de estabilização subjetiva da demanda com a citação. No entanto, no tocante aos ele-
mentos objetivos da demanda (causa de pedir e pedido), a citação não gera a estabiliza-
ção definitiva da demanda, considerando-se que o pedido e a causa de pedir poderão ser
alterados pelo autor até o saneamento do processo, desde que com a concordância do
réu. Existem alguns julgados do STJ dos quais é possível extrair-se a aplicação do prin-
cípio da estabilização de demanda no processo de execução, tendo em vista a possibili-
dade de citação do executado para oposição de embargos. Nesse sentido: PROCESSU-
AL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMEN-
TO.SÚMULA 282/STF. EXECUÇÃO FISCAL. SUBSTITUIÇÃO DA CDA. PRINCÍ-
PIO DA ESTABILIZAÇÃO DA DEMANDA. ART. 264 DO CPC. ALTERAÇÃO
SUBJETIVA ANTES DA CITAÇÃO. POSSIBILIDADE. MODIFICAÇÃO DA PRÓ-
PRIA AÇÃO. RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E PROVIDO.(REsp
799.369/BA, , DJe 25/09/2008).

3) Ajuizados os embargos do devedor é possível haver a desistência? Por que razão a lei fez a
distinção (entre a possibilidade desistência de embargos que versem sobre matéria processual
e a desistência dos embargos que agitem matéria de mérito)?

Resposta:

765
Sim, mesmo após ajuizados os embargos à execução é possível haver a desistência por
parte do exequente. Entretanto, esta desistência pode ser incondicionada ou condiciona-
da a depender da matéria alegada em sede de embargos. Se os embargos ajuizados ver-
sarem apenas sobre questões processuais, serão extintos, pagando o credor as custas e os
honorários advocatícios. Nesse caso, e extinção dos embargos à execução é uma conclu-
são lógica da desistência da ação de execução, considerando-se que eventual acolhimen-
to da matéria aduzida pelo embargante conseguiria exatamente uma sentença terminati-
va do processo de execução. Todavia, nos demais casos, a extinção dependerá da con-
cordância do embargante, na forma do artigo 569 do CPC. A razão para condicionar a
extinção dos embargos à concordância do embargante é nítida: tratando-se de matérias
de mérito é possível vislumbrar interesse na continuação dos embargos, com a obtenção
de sentença de mérito a favor do embargante e formação de coisa julgada material capaz
de impedir a propositura de novo processo de execução, o que não ocorre com a simples
desistência do processo.

13.8.1.3. Questões do TRF3

13.8.1.4. Questões do TRF4

13.8.1.5. Questões do TRF5


01) É possível, após a citação da empresa, a inclusão do sócio no pólo passivo?

Resposta:

Obs: Interpreto que a questão está tratando de processo de execução. Não sei se se trata
de execução fiscal....Bem, é possível haver redirecionamento da execução fiscal contra
o sócio da empresa executada, de modo que ele poderá ser incluído no polo passivo
mesmo após a citação da pessoa jurídica. A jurisprudência do STJ, no entanto, sedimen-
tou-se no sentido de que ―A responsabilidade pessoal do sócio funda-se na regra de que
o redirecionamento da execução fiscal e seus consectários legais, para o sócio-gerente
da empresa, somente é cabível quando reste demonstrado que este agiu com excesso de
poderes, infração à lei ou contra o estatuto, ou na hipótese de dissolução irregular da
empresa‖ (REsp 1104064/RS, DJe 14/12/2010).

02) Responsabilidade do sócio em execução da empresa, discorra.

Resposta:
766
Obs: presumi que a questão cuida de execução fiscal. De acordo com a jurisprudência
consolidada no âmbito do STJ, ―A responsabilidade pessoal do sócio funda-se na regra
de que o redirecionamento da execução fiscal e seus consectários legais, para o sócio-
gerente da empresa, somente é cabível quando reste demonstrado que este agiu com
excesso de poderes, infração à lei ou contra o estatuto, ou na hipótese de dissolução
irregular da empresa‖.(REsp 1104064/RS, DJe 14/12/2010). Além disso, conforme pre-
cedentes do STJ, o redirecionamento da execução fiscal contra o sócio-gerente não é
possível quando o fato gerador da obrigação tributária ocorreu antes do seu ingresso no
quadro societário da empresa (AgRg no AREsp 5.251/MS, DJe 07/08/2012). De outra
banda, o mero inadimplemento da obrigação de pagar tributos não constitui infração
legal capaz de ensejar a responsabilidade prevista no artigo 135 do Código Tributário
Nacional e a quebra da empresa executada não autoriza a inclusão automática dos só-
cios, devendo estar comprovada a prática de atos com excesso de poderes ou infração à
lei (AgRg no REsp 1273450/SP, DJe 17/02/2012). Se o nome do sócio não constar na
CDA, cabe ao Fisco provar a ocorrência das hipóteses delineadas no artigo 135, III, do
CTN. Nesse sentido TRF1: ―O redirecionamento da execução fiscal do sócio cujo nome
não consta na CDA somente é possível se comprovado pela Fazenda que ele agiu com
abuso de poder, infração à lei ou estatuto, não se admitindo preenchido o requisito pela
mera inadimplência com o Fisco‖(AG 0002968-23.2009.4.01.0000 / AC, e-DJF1
p.1731 de 11/05/2012).

03) Admite-se oposição na fase de execução?

Resposta:

Oposição é a forma pela qual um terceiro ingressa em processo alheio para excluir o
direito do autor e réu, pleiteando o direito ou coisa sobre que controvertem esses sujei-
tos processuais. De acordo com o artigo 56 do CPC, a oposição só pode ser oferecida
até a prolação da sentença. Desse dispositivo já se infere a sua inaplicabilidade na fase
de execução. Não bastasse, o instituto, por sua própria conceituação, é típico do proces-
so de conhecimento, porque somente neste as partes estarão discutindo um bem da vida
que poderá ser pretendido pelo terceiro opoente. Na execução, não há nenhuma discus-
são a respeito de quem tem o direito ao bem da vida, já que este se encontra definido no
título executivo.

767
13.9. Direito Processual Penal

13.9.1. O Acusado E Seu Defensor. Testemunhas E Documentos. Proteção A Réus


Colaboradores

13.9.1.1. Questões do TRF1


1) Quanto ao sujeito da relação processual no processo penal, como seriam estes sujeitos?
Quais são as partes necessárias?

Resposta:

O processo penal é compreendido como uma relação jurídica processual, na qual os


sujeitos protagonistas são: o juiz, a parte ativa – MP ou querelante – e a parte passiva,
que é o acusado. Essa visão é válida especialmente para o processo penal condenatório.
É possível classificar os sujeitos processuais em duas categorias: a) principais ou essen-
ciais: aqueles cuja existência é fundamental para a construção da relação jurídica pro-
cessual regularmente instaurada – são o juiz, o acusador e o defensor; b) secundários,
acessórios ou colaterais: sujeitos que poderão intervir a título eventual com o objetivo
de deduzir uma determinada pretensão, a exemplo do assistente de acusação e do tercei-
ro interessado.

2) O assistente de acusação pertence a que tipo de categoria? Acidental?

Resposta:

O assistente de acusação configura um sujeito secundário ou colateral da relação jurídi-


ca processual-penal. De acordo com o CPP, o assistente da acusação poderá intervir em
todos os termos da ação penal pública, sendo legitimados o ofendido ou seu represen-
tante legal, ou, na falta deste, o cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. Não se ad-
mite a intervenção, como assistente, do corréu no mesmo processo. A sua intervenção é
possível enquanto não passar em julgado a sentença e receberá a causa no estado em
que se achar.

3) Qual a diferença entre sujeito acidental e essencial no processo penal?

Resposta:

Os sujeitos essenciais constituem pressuposto fundamental para a regularidade da rela-


ção jurídica processual instaurada, ao passo que os acidentais nem sempre estão presen-
tes e intervêm a título eventual.

4) Qual a diferença entre a delação premiada e o réu colaborador? Colaboração e delação?


768
Resposta:

A colaboração configura instituto genérico quando comparada à delação premiada. A


delação premiada, em verdade, é uma espécie de colaboração. Segundo lição de Luiz
Flávio Gomes, não se pode confundir delação premiada com colaboração premiada
(sem delação). O colaborador da Justiça pode assumir culpa e não incriminar outras
pessoas (nesse caso, é só colaborador). Pode, por outro lado, assumir a sua culpa (con-
fissão) e delatar outras pessoas (nesse caso, fala-se em delação premiada). A proteção
aos réus colaboradores está prevista na Lei n. 9.807/99, regulamentada pelo Decreto
3518/2000. A delação premiada pode resultar em benefícios ao delator, como o perdão
judicial ou causa de diminuição de pena. É prevista esparsamente na legislação, a e-
xemplo da Lei 9.034/95 e da Lei 8.072/90. Já a colaboração pode configurar uma cir-
cinstância atenuante (artigo 65, inciso III, alínea ―d‖, do CP).

13.9.1.2. Questões do TRF2

13.9.1.3. Questões do TRF3


1) A prova testemunhal na fase do IP pode ser usada na fundamentação da sentença?

Resposta:

Depende. Nos termos do artigo 155 do CPP, o magistrado formará sua convicção pela
livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar
sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, res-
salvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. Por outro lado, segundo
doutrina de Nestor Távora, uma das características da prova testemunhal é a judicialida-
de, ou seja, tecnicamente testemunha é aquela pessoa que presta depoimento perante o
magistrado. Assim, via de regra, a oitiva perante o delegado deve ser reproduzida na
fase processual, notadamente pela inexistência, na fase inquisitiva, do contraditório e da
ampla defesa. Em face disso, penso que a oitiva colhida na fase do inquérito pode ser
utilizada na fundamentação da sentença se se enquadrar nas exceções do CPP, vale di-
zer, naqueles casos em que mostrar-se inviável a sua reprodução na fase judicial, por se
cuidar de prova insuscetível de repetição, por exemplo.

DESSE PONTO EM DIANTE: RESPOSTAS ELABORADAS POR UBIRATAN


CRUZ RODRIGUES
2) O interrogatório pode ser dispensado se o acusado tiver sido regularmente intimado?

Resposta:

769
Em primeiro lugar, há de se destacar que a questão fala em interrogatório do acusado,
ou seja, já há ação penal em curso.

A doutrina afirma que o interrogatório judicial se caracteriza pela obrigatoriedade. Se-


gundo Alexandre Cebrian e Victor Eduardo Rios temos:

―O caráter obrigatório do interrogatório relaciona -se à necessidade de o juiz ouvir o réu


presente, constituindo nulidade a inobservância do dever em questão (art. 564, III, e, do
CPP). A falta de interrogatórioé considerada nulidadede natureza rela-tivapelo Supremo
Tribunal Federal, embora haja doutrinadores que atribuam caráter insanável à referida
eiva. Nesse sentido: ―A falta do ato de interrogatório em juízo constitui nulidade mera-
mente relativa, suscetível de convalidação, desde que não alegada na oportunidade indi-
cada pela lei processual penal. — A ausência da arguição, opportuno tempore, desse
vício formal, opera insuperável situação de preclusão da faculdade processual de susci-
tar a nulidade eventualmente ocorrida. Com essa preclusão temporal, registra -se a con-
validação do defeito jurídico apontado. — A nulidade relativa, qualquer que ela seja,
ocorrida após a prolação da sentença no pri-meiro grau de jurisdição, deve ser arguida,
sob pena de convalidação, nas razões de recurso. Precedentes da Corte‖ (STF — HC
68.490/DF — 1ª Turma — Rel. Min. Celso de Mello — DJ 09.08.1991 — p. 10.363).

...

Acaso o réu não seja interrogado em audiência, será ouvido quando comparecer ao Juí-
zo ou quando for preso, desde que não tenha ocorrido o trânsito em julgado da sentença
(art. 185, caput, do CPP). Mesmo que os autos estejam no Tribunal para julgamento de
recurso, a notícia de apresentação do réu ou de sua prisão deve ensejar a conversão do
julgamento em diligência para que seja ouvido, até mesmo pelo órgão de segundo grau
(art. 616 do CPP).‖

(Direito processual penal esquematizado / Alexandre Cebrian Araújo Reis e Victor E-


duardo Rios Gonçalves ; coordenador Pedro Lenza. – São Paulo : Saraiva, 2012, p.
275/276).

13.9.1.4. Questões do TRF4

13.9.1.5. Questões do TRF5


TRF5 – 2012

1) No procedimento das ações penais originárias, em qual momento deve ser realizado o inter-
rogatório do acusado?

Resposta:

770
Segundo Nestor Távora, o procedimento a ser aplicado nas ações penais originárias
(STJ, STF, tribunais regionais e estaduais) é aquele disciplinado na Lei 8038/90 (Nestor
Távora, 2011, P.777).

Segundo a referida lei, o interrogatório é o primeiro ato após o recebimento da denúncia


ou queixa (art. 7º).

Ocorre que a Lei 11719/08 trouxe nova redação ao art. 400 do CPP, fixando o interroga-
tório como último ato de instrução processual.

A tendência dos tribunais superiores é realizar o interrogatório ao final da instrução


processual, nos termos do art. 400 do CPP, uma vez que mais benéfica ao réu. O STF
aplicou esse entendimento em 24/03/2011, através do pleno, à unanimidade (AP 528
AgR), ―Exceção apenas quanto às ações nas quais o interrogatório já se ultimou.‖

Após a referida decisão, o STJ, pela sua 5ª turma decidiu no mesmo sentido (HC
205364 / MG, Info 489), ressaltando o seguinte: ―3. Embora a aludida decisão seja des-
provida de qualquer caráter vinculante, é certo que se trata de posicionamento adotado
pela unanimidade dos integrantes da Suprema Corte, órgão que detém a atribuição de
guardar a Constituição Federal e, portanto, dizer em última instância quais situações são
conformes ou não com as disposições colocadas na Carta Magna, motivo pelo qual o
posicionamento até então adotado por este Superior Tribunal de Justiça deve ser revisto,
para que passe a incorporar a interpretação constitucional dada ao caso pelo Excelso
Pretório.

02) O que é delação premiada, qual seu valor probatório, requisitos e efeitos?

Resposta:

Segundo Alexandre Cebrian e Victor Eduardo Rios (Direito Processual Penal Esquema-
tizado, 2012, p. 284) temos:

―É a designação que se dá ao instituto que permite a redução ou mesmo a isenção de


pena do agente que colabora, eficazmente, em uma das hipóteses legais, para a identifi-
cação dos demais autores ou partícipes da infração, para a localização ou libertação da
vítima, para a recuperação do produto do crime ou, ainda, para o desmantelamento de
quadrilha ou bando.

As hipóteses de delação premiada estão previstas no Código Penal (art. 159, § 4º) e nas
seguintes leis extravagantes: Lei n. 7.492/86 (crimes contra o sistema financeiro nacio-
nal), Lei n. 8.072/90 (crimes hediondos), Lei n. 8.137/90 (crimes contra a ordem tribu-
tária e as relações de consumo), Lei n. 9.034/95 (crimes praticados por organização
criminosa), Lei n. 9.613/98 (lavagem de capitais), Lei n. 9.807/99 (Lei de proteção a
vítimas e testemunhas) e Lei n. 11.343/2006 (Lei Antitóxicos).‖

771
Os efeitos da delação premiada variam de acordo com a legislação. Enquanto algumas
leis apenas preveem a redução de um a dois terços da pena, outras preveem que, além da
redução, o juiz pode deixar de aplicar a pena ou substituí-la por pena restritiva de direi-
tos (Lei de Lavagem de Capitais) ou conceder perdão judicial e consequente extinção da
punibilidade (Lei de proteção a vítimas e testemunhas).

Os requisitos também variam, sendo que algumas leis exigem a espontaneidade e outras
apenas a voluntariedade. ―Assim, enquanto a Lei dos Crimes contra o Sistema Financei-
ro, a Lei do Crime Organizado, a Lei dos Crimes contra a Ordem Tributária e Relações
de Consumo e a Lei de Lavagem de Capitais exigem a espontaneidade, a Lei de Prote-
ção à Vítima e Testemunhas (aplicável a qualquer delito) e a Lei de Drogas requerem a
mera voluntariedade do ato.‖(Norberto Avena, Processo Penal Esquematizado, 2011, p.
588).

Quanto ao seu valor probatório temos: ―Segundo entende a doutrina, assim como ocorre
na delação não premiada, também neste caso é preciso ter reservas na aferição do valor
probatório, impondo-se, para que sirva de fundamento a uma condenação, que seja a
delação confrontada e esteja em conformidade com as demais provas angariadas no pro-
cesso.‖(Norberto Avena, Processo Penal Esquematizado, 2011, p. 586).

13.10. Direito Ambiental

13.10.1. A Convenção Internacional Sobre Diversidade Biológica.


Biodiversidade E Biotecnologia. Fundamentos Da Análise De Riscos. Segurança
Ambiental. Agrossistemas Transgênicos. O Princípio Da Precaução E O
Protocolo De Cartagena

13.10.1.1. Questões do TRF1

1) A MP 2186 poderia prever ilícito penal, sanção?

Resposta:

A Emenda Constitucional 32/01 impôs limitações materiais à edição de medidas provi-


sórias. Entre as limitações, encontra-se a vedação de medida provisória que verse sobre
penal e processo penal.

Ocorre que a referida EC foi publicada em 12/09/2001


(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc32.htm#art62),
enquanto a MP 2186 foi publicada em 24/08/2001.

Sendo assim, não haveria obstáculo à previsão de ilícito penal pela referida MP.

772
2) Como a jurisprudência dos TRF´s têm se comportado com relação aos transgênicos?

Resposta:

Conforme se infere dos julgados colacionados, os Tribunais Regionais Federais aplicam


os ditames da Lei 11.105, assim como os princípios constitucionais, especialmente pre-
venção e precaução:

DIREITO CONSTITUCIONAL E AMBIENTAL - ORGANISMOS GENETICA-


MENTE MODIFICADOS - OGM - COMERCIALIZAÇÃO E BENEFICIAMENTO -
INDADMISSIBILIDADE.

1. Incumbe ao Poder Público controlar a produção, a comercialização e o emprego


de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida
e o meio ambiente (artigo 225, § 1.º, V, da Constituição Federal).

2. Decorrência dos princípios constitucionais da razoabilidade, eficiência e precau-


ção.

3. Agravo de instrumento improvido.

(TRF 3ª Região, QUARTA TURMA, AI 0048585-20.2007.4.03.0000, Rel. JUÍZA FE-


DERAL CONVOCADA MONICA NOBRE, julgado em 27/03/2008, DJF3 DA-
TA:24/06/2008)

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO.


ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS . DIREITO À INFOR-
MAÇÃO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ALEGAÇÃO INCIDENTAL DE INCONSTITU-
CIONALIDADE DE LEI. IMPROCEDÊNCIA DO RECURSO. NEGATIVA DE SE-
GUIMENTO. CAUSA DE PEDIR. LIMITAÇÃO INEXISTENTE. 1. O art. 557 do
CPC autoriza o relator a negar seguimento a recurso manifestamente improcedente,
mesmo que não haja jurisprudência dominante sobre a matéria. 2. A referência mera-
mente exemplificativa a informações atinentes a dois produtos (farelo de soja e óleo de
soja) não limita a causa de pedir a eles. 3. "O Ministério Público tem legitmidade para
propor ação civil pública, fundamentada em inconstitucionalidade de lei, na qual opera-
se apenas o controle difuso ou incidenter tantum de constitucionalidade." (STF) 4. O
art. 2º, caput, do Decreto 4.680/2003 foi revogado pelo art. 40 da Lei 11.105/2005, o
qual dispõe que "os alimentos e ingredientes alimentares destinados ao consumo huma-
no ou animal que contenham ou sejam produzidos a partir de OGM ou derivados deve-
rão conter informação nesse sentido em seus rótulos, conforme regulamento." 5. O art.
40 da Lei 11.105/2005 não diferencia os produtos com presença meramente adventícia
de OGM ou seus derivados daqueles em que essa presença é deliberada, nem tampouco
autoriza a fixação de limites mínimos através de regulamento. 6. Agravo regimental
não provido.

773
(AGA 0016830-32.2007.4.01.0000 / PI, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL JOÃO
BATISTA MOREIRA, QUINTA TURMA, DJ p.64 de 19/10/2007)

13.10.1.2. Questões do TRF2


1) Modificação dos genes pelos homens em contraposição ao princípio da eticidade e da mora-
lidade. Discorra.

Resposta:

Trata-se de uma questão extremamente aberta. Como norte para a resposta, acho inte-
ressante utilizar as conclusões da ADI 3510 (células tronco):

CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI DE


BIOSSEGURANÇA. IMPUGNAÇÃO EM BLOCO DO ART. 5º DA LEI Nº 11.105,
DE 24 DE MARÇO DE 2005 (LEI DE BIOSSEGURANÇA). PESQUISAS COM CÉ-
LULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO DIREI-
TO À VIDA. CONSITUCIONALIDADE DO USO DE CÉLULAS-TRONCO EM-
BRIONÁRIAS EM PESQUISAS CIENTÍFICAS PARA FINS TERAPÊUTICOS.
DESCARACTERIZAÇÃO DO ABORTO. NORMAS CONSTITUCIONAIS CON-
FORMADORAS DO DIREITO FUNDAMENTAL A UMA VIDA DIGNA, QUE
PASSA PELO DIREITO À SAÚDE E AO PLANEJAMENTO FAMILIAR. DESCA-
BIMENTO DE UTILIZAÇÃO DA TÉCNICA DE INTERPRETAÇÃO CONFORME
PARA ADITAR À LEI DE BIOSSEGURANÇA CONTROLES DESNECESSÁRIOS
QUE IMPLICAM RESTRIÇÕES ÀS PESQUISAS E TERAPIAS POR ELA VISA-
DAS. IMPROCEDÊNCIA TOTAL DA AÇÃO. I - O CONHECIMENTO CIENTÍFI-
CO, A CONCEITUAÇÃO JURÍDICA DE CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS E
SEUS REFLEXOS NO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DA LEI DE
BIOSSEGURANÇA. (...) II - LEGITIMIDADE DAS PESQUISAS COM CÉLULAS-
TRONCO EMBRIONÁRIAS PARA FINS TERAPÊUTICOS E O CONSTITUCIO-
NALISMO FRATERNAL. A pesquisa científica com células-tronco embrionárias, au-
torizada pela Lei n° 11.105/2005, objetiva o enfrentamento e cura de patologias e trau-
matismos que severamente limitam, atormentam, infelicitam, desesperam e não raras
vezes degradam a vida de expressivo contingente populacional (ilustrativamente, atrofi-
as espinhais progressivas, distrofias musculares, a esclerose múltipla e a lateral amiotró-
fica, as neuropatias e as doenças do neurônio motor). A escolha feita pela Lei de Bios-
segurança não significou um desprezo ou desapreço pelo embrião "in vitro", porém u'a
mais firme disposição para encurtar caminhos que possam levar à superação do infortú-
nio alheio. Isto no âmbito de um ordenamento constitucional que desde o seu preâmbulo
qualifica "a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a
justiça" como valores supremos de uma sociedade mais que tudo "fraterna". O que já
significa incorporar o advento do constitucionalismo fraternal às relações humanas, a
traduzir verdadeira comunhão de vida ou vida social em clima de transbordante solida-
774
riedade em benefício da saúde e contra eventuais tramas do acaso e até dos golpes da
própria natureza. Contexto de solidária, compassiva ou fraternal legalidade que, longe
de traduzir desprezo ou desrespeito aos congelados embriões "in vitro", significa apreço
e reverência a criaturas humanas que sofrem e se desesperam. Inexistência de ofensas ao
direito à vida e da dignidade da pessoa humana, pois a pesquisa com células-tronco em-
brionárias (inviáveis biologicamente ou para os fins a que se destinam) significa a cele-
bração solidária da vida e alento aos que se acham à margem do exercício concreto e
inalienável dos direitos à felicidade e do viver com dignidade (Ministro Celso de Mel-
lo). III - A PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL DO DIREITO À VIDA E OS DIREI-
TOS INFRACONSTITUCIONAIS DO EMBRIÃO PRÉ-IMPLANTO. (...) IV - AS
PESQUISAS COM CÉLULAS-TRONCO NÃO CARACTERIZAM ABORTO. MA-
TÉRIA ESTRANHA À PRESENTE AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALI-
DADE.(..). V - OS DIREITOS FUNDAMENTAIS À AUTONOMIA DA VONTADE,
AO PLANEJAMENTO FAMILIAR E À MATERNIDADE. (...) VI - DIREITO À SA-
ÚDE COMO COROLÁRIO DO DIREITO FUNDAMENTAL À VIDA DIGNA. O § 4º
do art. 199 da Constituição, versante sobre pesquisas com substâncias humanas para
fins terapêuticos, faz parte da seção normativa dedicada à "SAÚDE" (Seção II do Capí-
tulo II do Título VIII). Direito à saúde, positivado como um dos primeiros dos direitos
sociais de natureza fundamental (art. 6º da CF) e também como o primeiro dos direitos
constitutivos da seguridade social (cabeça do artigo constitucional de nº 194). Saúde
que é "direito de todos e dever do Estado" (caput do art. 196 da Constituição), garantida
mediante ações e serviços de pronto qualificados como "de relevância pública" (parte
inicial do art. 197). A Lei de Biossegurança como instrumento de encontro do direito à
saúde com a própria Ciência. No caso, ciências médicas, biológicas e correlatas, direta-
mente postas pela Constituição a serviço desse bem inestimável do indivíduo que é a
sua própria higidez físico-mental. VII - O DIREITO CONSTITUCIONAL À LIBER-
DADE DE EXPRESSÃO CIENTÍFICA E A LEI DE BIOSSEGURANÇA COMO
DENSIFICAÇÃO DESSA LIBERDADE. O termo "ciência", enquanto atividade indi-
vidual, faz parte do catálogo dos direitos fundamentais da pessoa humana (inciso IX do
art. 5º da CF). Liberdade de expressão que se afigura como clássico direito constitucio-
nal-civil ou genuíno direito de personalidade. Por isso que exigente do máximo de pro-
teção jurídica, até como signo de vida coletiva civilizada. Tão qualificadora do indiví-
duo e da sociedade é essa vocação para os misteres da Ciência que o Magno Texto Fe-
deral abre todo um autonomizado capítulo para prestigiá-la por modo superlativo (capí-
tulo de nº IV do título VIII). A regra de que "O Estado promoverá e incentivará o de-
senvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas" (art. 218, caput) é de
logo complementada com o preceito (§ 1º do mesmo art. 218) que autoriza a edição de
normas como a constante do art. 5º da Lei de Biossegurança. A compatibilização da
liberdade de expressão científica com os deveres estatais de propulsão das ciências que
sirvam à melhoria das condições de vida para todos os indivíduos. Assegurada, sempre,
a dignidade da pessoa humana, a Constituição Federal dota o bloco normativo posto no
art. 5º da Lei 11.105/2005 do necessário fundamento para dele afastar qualquer invali-
dade jurídica (Ministra Cármen Lúcia). VIII - SUFICIÊNCIA DAS CAUTELAS E
775
RESTRIÇÕES IMPOSTAS PELA LEI DE BIOSSEGURANÇA NA CONDUÇÃO
DAS PESQUISAS COM CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS. A Lei de Biossegu-
rança caracteriza-se como regração legal a salvo da mácula do açodamento, da insufici-
ência protetiva ou do vício da arbitrariedade em matéria tão religiosa, filosófica e etica-
mente sensível como a da biotecnologia na área da medicina e da genética humana. Tra-
ta-se de um conjunto normativo que parte do pressuposto da intrínseca dignidade de
toda forma de vida humana, ou que tenha potencialidade para tanto. A Lei de Biossegu-
rança não conceitua as categorias mentais ou entidades biomédicas a que se refere, mas
nem por isso impede a facilitada exegese dos seus textos, pois é de se presumir que re-
cepcionou tais categorias e as que lhe são correlatas com o significado que elas portam
no âmbito das ciências médicas e biológicas. IX - IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO. A-
fasta-se o uso da técnica de "interpretação conforme" para a feitura de sentença de cará-
ter aditivo que tencione conferir à Lei de Biossegurança exuberância regratória, ou res-
trições tendentes a inviabilizar as pesquisas com células-tronco embrionárias. Inexistên-
cia dos pressupostos para a aplicação da técnica da "interpretação conforme a Constitui-
ção", porquanto a norma impugnada não padece de polissemia ou de plurissignificatida-
de. Ação direta de inconstitucionalidade julgada totalmente improcedente.

(ADI 3510, Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Tribunal Pleno, julgado em 29/05/2008, DJe-096 DI-
VULG 27-05-2010 PUBLIC 28-05-2010 EMENT VOL-02403-01 PP-00134 RTJ VOL-00214- PP-
00043)

2) O que é metagênese?

Resposta:

―A metagênese ou alternância de gerações é uma forma de reprodução encontrada nas


briófitas, pteridófitas e nos celenterados/cnidários. Nesses organismos ocorre uma re-
produção por via assexuada (não ocorre troca de gametas) e uma fase sexuada (ocorre
troca de gametas). Os celenterados sofrem metagênese, mas são diplobiontes, ou seja
sempre diplóides e somente os gametas são haplóides.‖(texto retirado de
http://pt.wikipedia.org/wiki/Altern%C3%A2ncia_de_gera%C3%A7%C3%B5es).

13.10.1.3. Questões do TRF3

13.10.1.4. Questões do TRF4


1) Fale sobre sujeitos ativos da lei de agrotóxicos.

Resposta:

776
Estão na Lei 7.802/89:

Art. 14. As responsabilidades administrativa, civil e penal pelos danos causados à saúde
das pessoas e ao meio ambiente, quando a produção, comercialização, utilização, trans-
porte e destinação de embalagens vazias de agrotóxicos, seus componentes e afins, não
cumprirem o disposto na legislação pertinente, cabem: (Redação dada pela Lei nº 9.974,
de 2000.

a) ao profissional, quando comprovada receita errada, displicente ou indevida;

b) ao usuário ou ao prestador de serviços, quando proceder em desacordo com o


receituário ou as recomendações do fabricante e órgãos registrantes e sanitário-
ambientais; (Redação dada pela Lei nº 9.974, de 2000)

c) ao comerciante, quando efetuar venda sem o respectivo receituário ou em desa-


cordo com a receita ou recomendações do fabricante e órgãos registrantes e sanitário-
ambientais; (Redação dada pela Lei nº 9.974, de 2000)

d) ao registrante que, por dolo ou por culpa, omitir informações ou fornecer infor-
mações incorretas;

e) ao produtor, quando produzir mercadorias em desacordo com as especificações


constantes do registro do produto, do rótulo, da bula, do folheto e da propaganda, ou
não der destinação às embalagens vazias em conformidade com a legislação pertinente;
(Redação dada pela Lei nº 9.974, de 2000)

f) ao empregador, quando não fornecer e não fizer manutenção dos equipamentos


adequados à proteção da saúde dos trabalhadores ou dos equipamentos na produção,
distribuição e aplicação dos produtos.

2) Fale sobre quais são as infrações administrativas dessa lei.

Resposta:

Segundo o art. 17 da lei temos:

―Art. 17. Sem prejuízo das responsabilidades civil e penal cabíveis, a infração de dispo-
sições desta Lei acarretará, isolada ou cumulativamente, nos termos previstos em regu-
lamento, independente das medidas cautelares de estabelecimento e apreensão do pro-
duto ou alimentos contaminados, a aplicação das seguintes sanções:

(...)‖

777
Sendo assim, conforme determina o artigo em comento, qualquer infração à lei, inclusi-
ve aquilo que dispõe o art. 14, sujeitará o infrator às sanções administrativas do art. 17.
Como exemplo de infração administrativa, estão as condutas do próprio art. 14.

13.10.1.5. Questões do TRF5

13.11. Direito Internacional Público e Privado

13.11.1. Organismos Internacionais

13.11.1.1. Questões do TRF1

1) Organismos internacionais (OIT e UNESCO) tem personalidade jurídica? Esta personalidade


jurídica dá a eles capacidade para contratar ou estar em juízo?

Resposta:

Sim, ambas têm personalidade jurídica e podem contratar e estar em juízo. Trata-se de
duas entidades que fazem parte dos chamados ―organismos especializados da ONU‖.

Segundo Mazzuoli (Curso de Direito Internacional Público,2012, p. 618) temos:

―As organizações internacionais –como já falamos mais de uma vez- têm personalidade
jurídica internacional, da mesma forma que os Estados, podendo participar da cena in-
ternacional em seus mais variados campos de atuação.

....

O fundamento histórico da personalidade jurídica das organizações internacionais re-


pousa, em grande parte, no parecer consultivo de 11 de abril de 1949, da Corte Interna-
cional de Justiça, que fora provocada pelas Nações Unidades a se manifestar sobre a
possibilidade dessa organização internacional apresentar ao governo responsável pelo
assassinato do Conde Folke Bernadotte, ocorrido na Palestina, uma reclamação a fim de
reparar-se do dano sofrido. Apesar de a Carta da ONU conter nenhum dispositivo explí-
cito acerca da personalidade jurídica da organização, a Corte entendeu que a ONU, sen-
do ―o tipo mais elevado de organização internacional‖, tem personalidade jurídica pró-
pria e, consequentemente, possui legitimidade para vindicar a indenização pretendida‖.

2) O que é acordo de Sede que é celebrado por estes organismos internacionais e Estados?

Resposta:

Segundo Mazzuoli (Curso de Direito Internacional Público,2012, p. 622/623) temos


que salvo raríssimas exceções as organizações internacionais não possuem uma base
778
territorial. ―Para que tenham então seu lugar no globo, tais organizações necessitam que
um Estado determinado disponibilize parcela de seu território onde ela possa se estabe-
lecer, para ali gerir os interesses para os quais se constituiu. Tal pressupõe a existência
obrigatória de um tratado bilateral entre a organização e o Estado, sob cujo território
aquela estabelecerá sua sede. A este compromisso entre organização internacional e
Estado (como já se falou em momento oportuno) dá-se o nome de acordo de sede (ou
acordo de instalação). Nele se estabelece o local da sede da organização, que não ficará
impedida de instalar fora daí suas agências especializadas, em relação ás quais novo
acordo é exigido com as outras potências estrangeiras que as abrigarão. Assim, a sede
principal da ONU, por exemplo, é em Nova York. Contudo, a mesma organização man-
tém o seu escritório em Genebra, na Suiça, e a sua Corte Internacional de Justiça na
Haia, nos Países Baixos.

Os acordos de sede normalmente impõem obrigações aos Estados, tanto em relação às


imunidades e privilégios da organização que ali se estabelece, como ainda obrigações
relativas aos representantes de outras potências estrangeiras, na organização (delegados
à assembleia geral, membros de um conselho etc.) e junto a ela.‖

3) Convenção de Viena estendeu aos agentes destes organismos internacionais privilégios que
são atribuídos ao corpo diplomático. Se estes agentes estiverem exercendo atividade, tem
proteção como corpo diplomático. E se se tratar de organismo que presente em país que não
esteja inserido na comunidade internacional? Neste caso há o reconhecimento de privilégio
que é dado ao corpo diplomático a estes agentes?

Resposta:

A respeito do tema assim dispões Mazzuoli (Curso de Direito Internacional Públi-


co,2012, p. 544).

―Com a finalidade de permitir aos agentes diplomáticos o exercício pleno e sem restri-
ções dos deveres que lhes são inerentes, a representação dos Estados lhes outorgam cer-
tos privilégios e prerrogativas inerentes à função, sem os quais não poderiam livremente
e com independência exercer seus misteres....Tias prerrogativas e imunidades, que são
frutos do costume internacional e da prática diplomática, além de historicamente anteri-
ores à imunidade do Próprio Estado, foram positivadas no art. 20 a 42 da Convenção de
Viena sobre Relaçãos Diplomáticas de 1961‖.

A própria Convenção de Viena em sua introdução traz:

―Considerando que, desde tempos remotos, os povos de todas as nações têm reconheci-
do a condição dos agentes diplomáticos;

779
Afirmando que as normas de direito internacional consuetudinário devem continuar
regendo as questões que não tenham sido expressamente reguladas nas disposições da
presente Convenção;‖

Ou seja, o costume tem grande importância na matéria.

Sendo assim, uma vez permitida a instalação do organismo internacional e a nomeação


dos agentes deste organismo para atuação no local, deve o Estado obedecer o costume
internacional, ainda que não inserido na comunidade internacional.

4) A guerra não seria um atentado contra a paz? E neste caso inúmeros países declaram guerra
contra outros, e nem por isso foram excluídos da ONU, e neste sentido? Depende da Assem-
bleia Geral.

Resposta:

Sim. Para que haja expulsão, a Carta da ONU traz em seu art. 6º o seguinte: ―O membro
das Nações Unidas que houver violado persistentemente os princípios contidos na pre-
sente Carta poderá ser expulso da Organização pela Assembleia Geral mediante reco-
mendação do Conselho de Segurança.‖

Ademais, o art. 18§ 2º da mesma Carta afirma que tal decisão deverá ser tomada por
maioria de dois terços.

5) A ONU pode excluir Estado-membro da Organização? Em que hipótese?

Resposta:

Sim, nas hipóteses do art. 6º da Carta da ONU.

6) A Organização Mundial do Comércio se originou como?

Resposta:

Segundo Portela (Ed. 2011, p. 358-359) temos:

―A história do Direito do Comércio Internacional está estritamente vinculada ao GATT


(General Agreement on Trade and Tariffs – Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e
Comércio), assinado em 1947 (Decreto 313, de 30/07/1948). Cabe destacar que o Brasil
foi um dos três signatários originais do GATT.

780
O GATT foi um dos desdobramentos do fracasso nas negociações para a criação da Or-
ganização Internacional do Comércio (OIC), que seria um dos três pilares do sistema de
Bretton Woods, ao lado do FMI, competente para velar pela estabilidade do sistema
financeiro internacional, e do Banco Mundial, voltado para o desenvolvimento. A OIC
teria poderes para ―ordenar as relações comerciais e pôr termo ao protecionismo comum
no período entre as duas guerras mundiais‖. Entretanto, a OIC acabou não sendo criada.

O GATT refere-se tanto ao tratado voltado para regular o comércio internacional como
ao organismo encarregado de implementar suas normas, o qual, no entanto, se restringia
a ser mero órgão de administração do GATT, sem personalidade jurídica. O GATT ori-
ginal foi substituído pelo chamado ―GATT 1994‖ (Acordo Geral sobre Tarifas e Co-
mércio 1994 – Decreto 1.335, de 30/12/1994), uma série de acordos que manteve o pri-
meiro texto do GATT introduzindo, porém, significativas mudanças em seu teor.

Tais mudanças constam da Ata Final da Rodada Uruguai de Negociações Comerciais


Multilaterais do GATT, firmada em Marraqueche (Marrocos), que inclui não só o GAT
1947, como as alterações que este recebeu, os acordos comerciais celebrados em decor-
rência da Rodada Uruguai, anexos e entendimentos relativos a diversos dispositivos do
GATT 1947. Já a entidade GATT foi substituída pela Organização Mundial do Comér-
cio (OMC).‖

7) Organismos Internacionais por vocação regional, o que seriam? OEA, União Europeia.

Resposta:

―Conforme a sua base territorial as organizações internacionais classificam-se em glo-


bais (ou universais) e regionais. As primeiras são aquelas que admitem qualquer país do
mundo como membro (ou, pelo menos, estão abertas ao maior número de Estados pos-
sível) e as segundas são aquelas que somente permitem o ingresso de países pertencen-
tes à sua base territorial, como a OEA, que só admite o ingresso de Estados pertencentes
ao continente americano, assim como a Liga Árabe, que somente permite o ingresso de
Estados Árabes. (Mazzuoli Curso de Direito Internacional Público,2012, p. 617).

13.11.1.2. Questões do TRF2


1) Dê exemplos de organizações internacionais de forma global.

Resposta:

ONU, OITE, FMI, BIRD, UNESCO, FAO, OACI, OMS, entre outros (Mazzuoli Curso
de Direito Internacional Público,2012, p. 616).

2) Fale sobre organização internacional global que se dedique ao direito internacional privado.
781
Resposta:

A organização é a Conferência da Haia de Direito Internacional Privado.

Segundo (Jacob Dollinger, Direito Internacional Privado, 2012, p. 235/238) temos:

-A primeira Conferência realizou-se em 1893 e somente em 1951 o Estatuto original foi


assinado, entrando em vigor em 1955, quando a referida Conferência foi instituída co-
mo organização internacional de caráter permanente.

- Originariamente, em 1893 a ideia inicial era tratar de todos os problemas atinentes ao


conflito de leis; o que foi abandonado por ser muito ambicioso. A Conferência então
optou por convenções específicas sobre matérias específicas no campo do conflito das
leis, da cooperação judiciária internacional e do conflito de jurisdições e tem sido bem
sucedida.

- O Brasil ratificou o Estatuto em 1971 e, sem ter ratificado qualquer das Convenções,
se retirou por denúncia em 1977. Posteriormente em 1998, pelo Decreto Legislativo, 41,
o Brasil reaprovou o Estatuto, voltando a ser membro da entidade.

Para maiores informações


http://www.stf.jus.br/convencaohaia/cms/verTexto.asp?pagina=conferenciaDireito.

13.11.1.3. Questões do TRF3


1) Qual a competência do TPI? Quais condutas podem tipificar crimes contra a humanidade?
Quais os bens jurídicos tutelados no homicídio e no genocídio?

Resposta:

Conforme art. 5º do Tratado de Roma (Decreto 4.388 de 25/09/2002) temos:

―Artigo 5o Crimes da Competência do Tribunal

1. A competência do Tribunal restringir-se-á aos crimes mais graves, que afetam a co-
munidade internacional no seu conjunto. Nos termos do presente Estatuto, o Tribunal
terá competência para julgar os seguintes crimes:

a) O crime de genocídio b) Crimes contra a humanidade; c) Crimes de guerra; d) O


crime de agressão.‖

As condutas que podem tipificar crimes contra a humanidade são:

―Artigo 7º Crimes contra a Humanidade

1. Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por "crime contra a humanidade",


qualquer um dos atos seguintes, quando cometido no quadro de um ataque, generalizado
ou sistemático, contra qualquer população civil, havendo conhecimento desse ataque:

782
a) Homicídio;

b) Extermínio;

c) Escravidão;

d) Deportação ou transferência forçada de uma população;

e) Prisão ou outra forma de privação da liberdade física grave, em violação das


normas fundamentais de direito internacional;

f) Tortura;

g) Agressão sexual, escravatura sexual, prostituição forçada, gravidez forçada, es-


terilização forçada ou qualquer outra forma de violência no campo sexual de gravidade
comparável;

h) Perseguição de um grupo ou coletividade que possa ser identificado, por moti-


vos políticos, raciais, nacionais, étnicos, culturais, religiosos ou de gênero, tal como
definido no parágrafo 3o, ou em função de outros critérios universalmente reconhecidos
como inaceitáveis no direito internacional, relacionados com qualquer ato referido neste
parágrafo ou com qualquer crime da competência do Tribunal;

i) Desaparecimento forçado de pessoas;

j) Crime de apartheid;

k) Outros atos desumanos de caráter semelhante, que causem intencionalmente


grande sofrimento, ou afetem gravemente a integridade física ou a saúde física ou men-
tal.(...)‖

Quanto ao bem jurídico protegido no homicídio temos a vida humana exterior ao útero
materno. Já no caso de genocídio, utilizaremos parte da ementa do RE 351487, que as-
sim decidiu:

1. CRIME. Genocídio. Definição legal. Bem jurídico protegido. Tutela penal da exis-
tência do grupo racial, étnico, nacional ou religioso, a que pertence a pessoa ou pessoas
imediatamente lesionadas. Delito de caráter coletivo ou transindividual. Crime contra a
diversidade humana como tal. Consumação mediante ações que, lesivas à vida, integri-
dade física, liberdade de locomoção e a outros bens jurídicos individuais, constituem
modalidade executórias. Inteligência do art. 1º da Lei nº 2.889/56, e do art. 2º da Con-
venção contra o Genocídio, ratificada pelo Decreto nº 30.822/52. O tipo penal do delito
de genocídio protege, em todas as suas modalidades, bem jurídico coletivo ou transindi-
vidual, figurado na existência do grupo racial, étnico ou religioso, a qual é posta em
risco por ações que podem também ser ofensivas a bens jurídicos individuais, como o
direito à vida, a integridade física ou mental, a liberdade de locomoção etc..

783
(RE 351487, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, Tribunal Pleno, julgado em
03/08/2006, DJ 10-11-2006 PP-00050 EMENT VOL-02255-03 PP-00571 RTJ VOL-
00200-03 PP-01360 RT v. 96, n. 857, 2007, p. 543-557 LEXSTF v. 29, n. 338, 2007, p.
494-523)

13.11.1.4. Questões do TRF4


1) Qual estatuto regula TPI?

Resposta:

Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional.

2) Quais crimes estão previstos nesse tratado?

Resposta:

Conforme art. 5º do Tratado de Roma (Decreto 4.388 de 25/09/2002) temos:

―Artigo 5o

Crimes da Competência do Tribunal

1. A competência do Tribunal restringir-se-á aos crimes mais graves, que afetam a co-
munidade internacional no seu conjunto. Nos termos do presente Estatuto, o Tribunal
terá competência para julgar os seguintes crimes:

a) O crime de genocídio b) Crimes contra a humanidade; c) Crimes de guerra; d) O


crime de agressão.‖

Ocorre que o crime de agressão, conforme lição de Portela, ―não é definido pelo Estatu-
to de Roma, nem teve seus traços distintivos delineados por qualquer disposição profe-
rida pelo TPI.‖

3) Quais penas possíveis no TPI?

Resposta:

As penas possíveis estão previstas no art. 77 do Estatuto:

Artigo 77

Penas Aplicáveis

1. Sem prejuízo do disposto no artigo 110, o Tribunal pode impor à pessoa condenada
por um dos crimes previstos no artigo 5o do presente Estatuto uma das seguintes penas:

784
a) Pena de prisão por um número determinado de anos, até ao limite máximo de 30 a-
nos; ou

b) Pena de prisão perpétua, se o elevado grau de ilicitude do fato e as condições pesso-


ais do condenado o justificarem,

2. Além da pena de prisão, o Tribunal poderá aplicar:

a) Uma multa, de acordo com os critérios previstos no Regulamento Processual;

b) A perda de produtos, bens e haveres provenientes, direta ou indiretamente, do crime,


sem prejuízo dos direitos de terceiros que tenham agido de boa fé.

13.11.1.5. Questões do TRF5

13.12. Sociologia do Direito

13.12.1. Coercibilidade Do Fato Social X Coação Legal

13.12.1.1. Questões do TRF1


1) O que é poder? Nicolas Lühmann. Quando Ortega y Gasset simplificando a concepção de
poder, define a capacidade que “o eu tem de submeter o outro à minha vontade”, como o
senhor ver esta afirmação?

Resposta:

2) Qual a diferença entre poder, influência e persuasão?

Resposta:

3) O que caracteriza o poder do Estado, que se diferencia de todos os outro poderes? A dife-
rença está em relação à soberania. A soberania é a qualidade do Poder do Estado.

Resposta:

Segundo Tassos Lycurgo e Lauro Ericksen (Teoria Geral do Direito e da Política para
concursos da Magistratura, p. 1590/153) temos:

―Segundo os ensinamentos de Norberto Bobbio (1982, p. 14), o poder político funda-se


sobre a posse dos instrumentos através dos quais se exerce a força física (armas de todo
o tipo e grau), isto é, consubstancia o poder coativo no sentido mais estrito da palavra.

O escopo de tal poder ser eminentemente coativo se atém à necessidade de condicionar


o comportamento das pessoas e de grupos sociais. Assim, por estar imbuído dessa natu-
785
reza condicionante, o poder político subordina os demais poderes ao seu jugo. Isso só
ocorre porque os integrantes dos grupos dominantes, segundo os critérios já elencados,
socorrem-se ds detentores do poder político para a preservação da sua condição, quando
o elemento de influência em que se valem já não é mais suficiente para garantir que
perdurem em seu nicgho de controle, tal como já descrito anteriormente.

Assim sendo, enquanto tais instituições se valem de outras formas de poder (seja ideo-
lógico, seja o econômico), possuem, com efeito, fins específicos próprios, os quais não
raramente são colidentes entre si. O Estado, por meio de seu poder político, deve repre-
sentar uma ordem superior capaz de coordenar os interesses particulares e estabelecer
um processo de uniformidade dentro do qual possa (co)existir uma multiplicidade de
organizaçãoes sociais sujeitas àquele poder superior (SALVETTI NETTO, 1975, p.
159). Tal forma de organização social sempre terá em persecução o bem comum.

...

A característica diferencial do poder político para com os demais poderes reside na pre-
sença do elemento força. Assim, tal poder pode se valer de uma ultima ratio para ver
seus desígnios satisfeitos. É a diferenciação que o põe em um patamar de superioridade
em frente aos demais poderes, tal como aludido anteriormente.‖

4) Qual a teoria predominante em relação à natureza e a sociabilidade, o que é o algo social e


o algo natural?

Resposta:

5) Qual a diferença entre coerção e coação?

Resposta:

Em relação à coerção Miguel Reale (Lições Preliminares de Direito, 2001, p; 64/66)


afirma:

Pelas lições anteriores, já tivemos ocasião de dizer que a Moral se distingue do Direito
por vários elementos, sendo um deles a coercibilidade. Pela palavra coercibilidade en-
tendemos a possibilidade lógica da interferência da força no cumprimento de uma regra
de direito. A Moral é incompatível com a força, especialmente no que se refere à força
organizada, que é, ao contrário, própria do Direito. O ato moral exige espontaneidade
por parte do agente, sendo, desse modo, inconciliável com a coação.

Já em relação à coação, o mesmo autor diz:

786
Não é, entretanto, nesse sentido que empregamos a palavra coação, quando dizemos que
o Direito se distingue da Moral pela possibilidade da interferência da coação. Neste ca-
so, é esta entendida como força organizada para fins do Direito mesmo.

13.12.1.2. Questões do TRF2

13.12.1.3. Questões do TRF3

13.12.1.4. Questões do TRF4

13.12.1.5. Questões do TRF5

13.13. Filosofia do Direito

13.13.1. A Interposição Do Direito. Superação Do Raciocínio Lógico Dedutivo

13.13.1.1. Questões do TRF1


1) O que seria lógica formal e lógica material?

Resposta:

Segundo Roberto Patrus Mundim (http://www.iceg.pucminas.br/espaco/revista/art8n3.pdf)


temos:

―A lógica se divide em lógica formal e lógica material. A lógica formal estuda as formas
do pensamento no que estas tenham de geral e de comum. A lógica material é o conjun-
to de regras que devemos seguir para ordenar bem a matéria dos atos de inteligência, a
fim de obter um conhecimento verdadeiramente científico que nos permita chegar à
verdade. É também chamada metodologia. (...)

A lógica formal trata da relação entre as premissas e conclusão, deixando de importar-se


com a verdade das premissas. À ela, interessa dar as regras do pensamento correto. Ela é
um instrumento que vai permitir o caminhar rigoroso do filósofo ou do cientista. A cor-
reção ou incorreção lógica de um argumento só depende da relação entre premissas e
conclusão, e independe da verdade das premissas. Nesse sentido, a lógica formal pres-
supõe que as premissas são verdadeiras. O que a lógica formal pode fazer é determinar
se as premissas dadas sustentam a conclusão.

2) No que consiste o método lógico dedutivo?

787
Resposta:

Segundo Ivan de Oliveira Silva (Filosofia do Direito, 2010, p. 220) temos:

―Em função do dogma da lei e do positivismo extremado que muito influenciou o uni-
verso jurídico, muitos operadores do Direito imaginavam, e ainda imaginam, que para
interpretar e, consequentemente, aplicar o Direito basta aplicar alguma espécie de equa-
ção supostamente proveniente do raciocínio lógico-dedutivo.

Nesta prática tecnocrata, tem-se, tão somente, que o sistema normativo em vigor simbo-
liza a premissa ,maior; os fatos que o interprete se depara representam a premissa me-
nor; porquanto, a síntese silogística será nada mais nada menos do que a sentença. Pro-
duto de uma interpretação e aplicação do Direito destituída de valores próprios da con-
dição humana.

Com efeito, a técnica de interpretação e aplicação do Direito que não leva em conta os
valores da condição humana envolvidos não é aceitável quando o intérprete está a frente
de interesses humanos.(...).‖

3) O que é dedução e indução?

Resposta:

No raciocínio dedutivo, se parte de uma premissa universal, geral (verdade evidente)


para aplicá-las ou desenvolvê-las em situações particulares. É o método utilizado pre-
ponderantemente no racionalismo (doutrina que privilegia o pensamento abstrato, lógi-
co e formal da razão como única via de acesso ao conhecimento seguro. Não se nega o
conhecimento obtido pelos sentidos, mas é destituído de valor científico, universal e
necessário).

Já no raciocínio indutivo, temos que de experiências particulares deriva um conceito


geral ou mesmo universal (A Experiência é a base do conhecimento científico, só adqui-
re-se conhecimento através da percepção do Mundo externo, ou então do exame da
atividade da nossa mente, que abstrai a Realidade que nos é exterior e as modifica in-
ternamente. Daí ser o Empirismo de caráter individualista, pois tal conhecimento varia
da percepção, que é diferente de um indivíduo para o outro).

Fonte: Módulo de Formação Humanística do Curso Alcance Prof. Ivan Garcia

4) A razoabilidade na interpretação, por quê pressupõe a indução?

Resposta:

788
13.13.1.2. Questões do TRF2
1) A interpretação é tratada no âmbito de qual ciência? Qual figura é colocada ao lado da her-
menêutica?

Resposta:

A interpretação é tratada pela hermenêutica.

Segundo Luís Roberto Barroso (Curso de Direito Constitucional Contemporâneo, 2012,


p. 292/293):

―A hermenêutica jurídica é um domínio teórico, especulativo, voltado para a identifica-


ção, desenvolvimento e sistematização dos princípios de interpretação do Direito.‖

―O termo hermenêutica vem de Hermes, personagem da mitologia grega encarregado de


transmitir a mensagem dos deuses aos homens. Como os homens não falavam direta-
mente com os deus, sujeitavam-se à intermediação de Hermes, à sua capacidade de
compreender e revelar‖.

A interpretação jurídica consiste na atividade de revelar ou atribuir sentido a textos ou


outros elementos normativos (como princípios implícitos, costumes, precedentes), nota-
damente para o fim de solucionar problemas. Trata-se de uma atividade intelectual in-
formada por métodos, técnicas e parâmetros que procuram dar-lhe legitimidade, racio-
nalidade e controlabilidade. A aplicação de uma norma jurídica é o momento final do
processo interpretativo, sua incidência sobre os fatos relevantes.(...)‖

2) Ao lado da holística há a semiótica, qual a diferença para a hermenêutica?

Resposta:

3) Onde a doutrina moderna situa a norma, já que a interpretação, hoje, é do preceito?

Resposta:

Luís Roberto Barroso (Curso de Direito Constitucional Contemporâneo, 2012, p. 293)


explica da seguinte maneira:

―(...) A compreensão atual é a de que a atribuição de sentido aos enunciados normativos


– ou a outras fontes reconhecidas pelo sistema jurídico – faz-se em conexão com outros
fatos relevantes e a realidade subjacente. Daí a crescente utilização, pela doutrina, da
terminologia enunciado normativo (texto em abstrato), norma jurídica (tese a ser aplica-
789
da ao caso concreto, fruto da interpretação texto/realidade) e norma de decisão (regra
concreta que decide a questão). A singularidade de tal percepção é considerar a norma
jurídica como produto da interpretação, e não como seu objeto, este sendo relato abstra-
to contido no texto normativo.‖

4) A LICC deve ser reavaliada? Qual a maior crítica feita à LICC?

Resposta:

13.13.1.3. Questões do TRF3

13.13.1.4. Questões do TRF4

13.13.1.5. Questões do TRF5

14. Ponto 14

14.1. Direito Constitucional

14.1.1. Administração Pública

14.1.1.1. Questões do TRF1


1) No âmbito do processo administrativo disciplinar o poder judiciário pode chegar ao ponto
de substituir a sanção, entendendo que a sanção foi injusta, diminuir ou aumentar a sanção?

Resposta:

Não. A jurisprudência, especialmente do STJ, tem aplicado a proporcionalidade e a ra-


zoabilidade para anular as sanções aplicadas. Como exemplo, podemos citar julgado
noticiado no informativo 489 do STJ:

SERVIDOR PÚBLICO. PAD. DEMISSÃO. PRINCÍPIOS. RAZOABILIDADE. PRO-


PORCIONALIDADE.

Trata-se de mandado de segurança em que se pretende desconstituir ato do ministro de


Estado da Justiça pelo qual o ora impetrante foi demitido do cargo de policial rodoviário
federal em razão de conduta irregular consistente na omissão em autuar e reter veículo
por infração de trânsito (ausência de pagamento do licenciamento anual), apurada em
790
procedimento administrativo disciplinar (PAD). Ocorre que tanto a comissão processan-
te quanto a Corregedoria Regional da Superintendência da Polícia Rodoviária Federal e
a Corregedoria-Geral do Departamento de Polícia Rodoviária Federal concluíram que o
impetrante deveria ser penalizado com suspensão, visto que não houve reiterada atuação
ilícita, tampouco obtenção de vantagem pecuniária ou de qualquer outra espécie pelo
servidor. Todavia, a autoridade coatora, apoiada no mesmo contexto fático, acolheu o
parecer da consultoria jurídica e, discordando dos pareceres mencionados, aplicou a
pena máxima de demissão (art. 132, caput, IV e XIII, da Lei n. 8.112/1990). Diante dis-
so, a Seção concedeu a segurança ao entendimento de que, embora a autoridade coatora
não esteja adstrita às conclusões tomadas pela comissão processante, a discordância
deve ser fundamentada em provas convincentes que demonstrem, de modo cabal e in-
dubitável, ter o acusado praticado infração capaz de ensejar a aplicação daquela penali-
dade máxima em reprimenda à sua conduta irregular. Na hipótese dos autos, a autorida-
de coatora não indicou qualquer outra evidência fática concreta que justificasse a exa-
cerbação da pena de suspensão anteriormente sugerida. Dessa forma, a aplicação da
pena de demissão mostra-se desprovida de razoabilidade, além de ofender o princípio da
proporcionalidade e o disposto no art. 128 da Lei n. 8.112/1990, diante da ausência no
PAD de qualquer menção à prática de outras condutas irregulares que pudessem interfe-
rir na convicção de que se trata de servidor público possuidor de bons antecedentes ou
de que o impetrante tenha se valido das atribuições de seu cargo para lograr proveito
próprio ou em favor de terceiros ou, ainda, de que sua atuação tenha importado lesão
aos cofres públicos. Assim, a Seção determinou a reintegração do impetrante ao cargo
de policial rodoviário federal, assegurando-lhe o imediato ressarcimento dos vencimen-
tos e demais vantagens desde a data da publicação do ato demissionário. Precedentes
citados: MS 13.678-DF, DJe 1º/8/2011; MS 12.429-DF, DJ 29/6/2007, e MS 13.091-
DF, DJ 7/3/2008. MS 17.490-DF, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
14/12/2011.

Ressalta-se que o STJ tem precedente no sentido de anular a sanção e proibir que se
aplique a mesma sanção ao caso, conforme se infere do julgado abaixo:

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM MANDADO DE SE-


GURANÇA. AUSÊNCIA DE OMISSÃO OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OU
ERRO MATERIAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS. (ADMINIS-
TRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO. PROCESSO
DISCIPLINAR. PENA DE DEMISSÃO. PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE
E DA RAZOABILIDADE. INOBSERVÂNCIA. ORDEM CONCEDIDA).

(...)

3. Para delimitar a extensão da concessão da presente segurança, deve ser consignado


que o impetrante formulou pedido para que "seja anulado o ato que demitiu o impetran-
te, de modo que ele retorne regularmente para suas funções na Polícia Rodoviária Fede-
ral" (e-STJ fl. 37). E, nestes termos, a ordem foi concedida. Assim, apenas se afastou a

791
possibilidade de aplicação da penalidade de demissão, devendo o processo administrati-
vo disciplinar ter prosseguimento na esfera administrativa, cabendo à autoridade superi-
or impor outras penalidades em razão das infrações disciplinares praticadas pelo impe-
trante.

4. Embargos de declaração rejeitados.

(EDcl no MS 17.490/DF, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEI-


RA SEÇÃO, julgado em 11/04/2012, DJe 18/04/2012)

2) Qual a posição mais recente do STF acerca do direito de greve dos servidores públicos da
União?

Resposta:

Carvalho Filho traz o seguinte:

―A mais alta Corte, entretanto, passou a adotar orientação diversa. Em mandados de


injunção em que se pleiteava fosse reconhecido o exercício do direito de greve, a des-
peito da ausência de lei sobre a matéria, o STF, conhecendo o pedido, julgou-o proce-
dente para o fim de determinar a aplicação, aos servidores públicos, da disciplina conti-
da na Lei nº 7.783/89, que regula o direito de greve dos empregados em geral na hipóte-
se dos denominados ―serviços essenciais‖. No que toca ao conhecimento da ação, com o
julgamento do pedido, a decisão foi digna de aplausos, mas, quanto à aplicação da Lei
nº 7.783/89, pareceu-nos inadequada a solução. Esse diploma regula a matéria no âmbi-
to da relação de emprego na iniciativa privada e, por conseguinte, não pode aplicar-se
aos servidores públicos, integrantes de relação jurídica inteiramente diversa. Trata-se de
solução paliativa decorrente da inaceitável omissão do legislador em disciplinar a maté-
ria, como o exige o art. 37, VII, da CF. A omissão, todavia, não poderia permitir que lei,
instituída para incidir sobre determinada categoria de trabalhadores, tivesse aplicação
sobre categoria dotada de fisionomia jurídica diversa, como é o caso dos servidores pú-
blicos. A omissão, em consequência, teria que ser suprida através de regulamentação
própria, sem alusão ao referido diploma.‖

As decisões foram tomadas no MI 670 ES, 708 DF e 712-PA (Informativo 485 de


2007).

3) Há direito subjetivo à nomeação na linha do entendimento dos tribunais superiores?

Resposta:

792
O panorama atual da jurisprudência dos tribunais superiores indica o candidato aprova-
do dentro do número de vagas tem direito subjetivo à nomeação (RE 598099, com re-
percussão geral).

Por outro lado, a jurisprudência dos tribunais superiores tem se inclinado a não reco-
nhecer o direito subjetivo ao candidato aprovado fora do número de vagas, reconhecen-
do mera expectativa de direito. Não obstante, se tem reconhecido o direito à nomeação
nos casos em que o concurso ainda esteja no prazo de validade, haja vagas e seja com-
provado o interesse público na contratação.

Ressalta-se que caso haja vagas e a Administração entenda por não nomear, deve fun-
damentar.

Para um maior aprofundamento: http://www.dizerodireito.com.br/2012/09/candidato-


aprovado-fora-do-numero-de.html

4) Seria possível um juiz aposentado, em um concurso público pode ele assumir o novo con-
curso?

Resposta:

O art. 37,§ 10º da CF traz a seguinte vedação:

§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes do


art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função pública,
ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e os
cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração.(Incluído pela
Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

Porém a própria EC 20 faz a seguinte ressalva:

Art. 11 - A vedação prevista no art. 37, § 10, da Constituição Federal, não se aplica aos
membros de poder e aos inativos, servidores e militares, que, até a publicação desta
Emenda, tenham ingressado novamente no serviço público por concurso público de
provas ou de provas e títulos, e pelas demais formas previstas na Constituição Federal,
sendo-lhes proibida a percepção de mais de uma aposentadoria pelo regime de previ-
dência a que se refere o art. 40 da Constituição Federal, aplicando-se-lhes, em qualquer
hipótese, o limite de que trata o § 11 deste mesmo artigo.

Destarte, hoje um juiz aposentado somente poderia tomar posse em novo cargo acumu-
lável. Porém, se houvesse assumido antes da EC 20, não haveria problema de cumula-
ção da aposentadoria com o vencimento do cargo, mesmo que inacumulável.

793
5) E em relação ao cargo de magistrado e de magistério, quais seriam as restrições conside-
rando a atividade do magistrado? O juiz poderia assumir um cargo de direção de faculdade?
(Há uma resolução do CNJ, 20H semanais)

Resposta:

O exercício do magistério está regulamentado pela Resolução nº 34/2007 do


CNJ(http://www.cnj.jus.br/atos-administrativos/atos-da-
presidencia/323resolucoes/12149-resolu-no-34-de-24-de-abril-de-2007).

A resposta da questão encontra-se nos seguintes artigos:

Art. 1º Aos magistrados da União e dos Estados é vedado o exercício, ainda que em
disponibilidade, de outro cargo ou função, salvo o magistério.

Parágrafo único. O exercício da docência por magistrados, na forma estabelecida nesta


Resolução, pressupõe compatibilidade entre os horários fixados para o expediente fo-
rense e para a atividade acadêmica, o que deverá ser comprovado perante o Tribunal.

Art. 2º O exercício de cargos ou funções de coordenação acadêmica, como tais conside-


rados aqueles que envolvam atividades estritamente ligadas ao planejamento e/ou asses-
soramento pedagógico, será admitido se atendidos os requisitos previstos no artigo ante-
rior.

§ 1º É vedado o desempenho de cargo ou função administrativa ou técnica em estabele-


cimento de ensino.

§ 2º O exercício da docência em escolas da magistratura poderá gerar direito a gratifica-


ção por hora-aula, na forma da lei.

§ 3º Não se incluem na vedação referida no § 1º deste artigo as funções exercidas em


curso ou escola de aperfeiçoamento dos próprios Tribunais, de associações de classe ou
de fundações estatutariamente vinculadas a esses órgãos e entidades.

Art. 3º O exercício de qualquer atividade docente deverá ser comunicado formalmente


pelo magistrado ao órgão competente do Tribunal, com a indicação do nome da institui-
ção de ensino, da(s) disciplina(s) e dos horários das aulas que serão ministradas.

§ 2º Verificada a presença de prejuízo para a prestação jurisdicional em razão do exercí-


cio de atividades docentes, o Tribunal, por seu órgão competente, determinará ao magis-
trado que adote de imediato as medidas necessárias para regularizar a situação, sob pena
de instauração do procedimento administrativo disciplinar cabível, procedendo a devida
comunicação em 24 horas.

6) Um governador de estado tendo cumprido seu mandato pode se aposentar?

794
Resposta:

Nada impede que o governador se aposente após preencher os requisitos.

O que se veda é a instituição de ―benefícios‖ para ex-governadores pelo só fato de have-


rem exercido o cargo, ainda que uma única vez (assim como pensões para os seus de-
pendentes). Confira o precedente do STF:

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. EMENDA CONSTI-


TUCIONAL N. 35, DE 20 DE DEZEMBRO DE 2006, DA CONSTITUIÇÃO DO ES-
TADO DE MATO GROSSO DO SUL. ACRÉSCIMO DO ART. 29-A, CAPUT e §§
1º, 2º E 3º, DO ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS GERAIS E TRAN-
SITÓRIAS DA CONSTITUIÇÃO SUL-MATO-GROSSENSE. INSTITUIÇÃO DE
SUBSÍDIO MENSAL E VITALÍCIO AOS EX-GOVERNADORES DAQUELE ES-
TADO, DE NATUREZA IDÊNTICA AO PERCEBIDO PELO ATUAL CHEFE DO
PODER EXECUTIVO ESTADUAL. GARANTIA DE PENSÃO AO CÔNJUGE SU-
PÉRSTITE, NA METADE DO VALOR PERCEBIDO EM VIDA PELO TITULAR. 1.
Segundo a nova redação acrescentada ao Ato das Disposições Constitucionais Gerais e
Transitórias da Constituição de Mato Grosso do Sul, introduzida pela Emenda Constitu-
cional n. 35/2006, os ex-Governadores sul-mato-grossenses que exerceram mandato
integral, em 'caráter permanente', receberiam subsídio mensal e vitalício, igual ao per-
cebido pelo Governador do Estado. Previsão de que esse benefício seria transferido ao
cônjuge supérstite, reduzido à metade do valor devido ao titular. 2. No vigente ordena-
mento republicano e democrático brasileiro, os cargos políticos de chefia do Poder Exe-
cutivo não são exercidos nem ocupados 'em caráter permanente', por serem os mandatos
temporários e seus ocupantes, transitórios. 3. Conquanto a norma faça menção ao termo
'benefício', não se tem configurado esse instituto de direito administrativo e previdenciá-
rio, que requer atual e presente desempenho de cargo público. 4. Afronta o equilíbrio
federativo e os princípios da igualdade, da impessoalidade, da moralidade pública e da
responsabilidade dos gastos públicos (arts. 1º, 5º, caput, 25, § 1º, 37, caput e inc. XIII,
169, § 1º, inc. I e II, e 195, § 5º, da Constituição da República). 5. Precedentes. 6. Ação
direta de inconstitucionalidade julgada procedente para declarar a inconstitucionalidade
do art. 29-A e seus parágrafos do Ato das Disposições Constitucionais Gerais e Transi-
tórias da Constituição do Estado de Mato Grosso do Sul.

(ADI 3853, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em


12/09/2007, DJe-131 DIVULG 25-10-2007 PUBLIC 26-10-2007 DJ 26-10-2007 PP-
00029 EMENT VOL-02295-04 PP-00632 RTJ VOL-00203-01 PP-00139)

7) Os agentes públicos militares podem cumular cargo público civil?

Resposta:

795
A hipótese é tratada pelo art. 142 da CF.

Segundo José Afonso da Silva (Comentário Contextual à Constituição, 2007, p. 632)


temos:

―Os militares da ativa como em situação de inatividade poderão ocupar cargos, empre-
gos ou função pública.

Quanto ao militar da ativa, há que se distinguir, como faz a Constituição (art. 142, II e
III), se é cargo público civil permanente, ou se é cargo, emprego ou função pública tem-
porária; e, sendo deste último tipo, se é eletivo ou não eletivo.

Se o militar da ativa for empossado em cargo público civil permanente (cargo de provi-
mento efetivo), será imediatamente transferido para a reserva (art. 142, § 3º, II). Se acei-
tar cargo, emprego ou função pública temporária, não eletiva, ainda que da Administra-
ção indireta, ficará agregado ao respectivo quadro e somente poderá, enquanto perma-
necer nessa situação, ser promovido por antiguidade, contando-se-lhe o tempo de servi-
ço apenas para aquela promoção e transferência para reserva, sendo reformado depois
de dois anos de afastamentos, contínuos ou não. ―Reforma‖ é a situação de inatividade
(aposentadoria) definitiva do servidor militar, e é isso que quer dizer o art. 142§ 3º, III,
quando fala em transferência para inatividade após 2 anos de reserva, que também é
inatividade. Se o cargo for eletivo, deverá: (a) afastar-se da atividade, se contar com
menos de 10 anos de serviço (art. 14, § 8º, I, da CF); não se diz como e em que caráter
se afastará da atividade, se para a reserva ou reforma; caberá à lei prevista no inciso X
do § 3º do art. 142 resolver a questão; (b) se contar com mais de 10 anos de serviço,
será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da
diplomação para a atividade (reforma). É de se observar contudo, que o militar, enquan-
to em efetivo serviço não pode estra filiado a partidos políticos (art. 142, §3º, IV).‖

8) Conceitue agentes.

Resposta:

Carvalho Filho assim explica (Manual de Direito Administrativo, 2012, p. 583/584): ―A


expressão agentes públicos tem sentido amplo. Significa o conjunto de pessoas que, a
qualquer título, exercem uma função pública como prepostos do Estado. Essa função, é
mister que se diga, pode ser remunerada ou gratuita, definitiva ou transitó-ria, política
ou jurídica. O que é certo é que, quando atuam no mundo jurídico, tais agentes estão de
alguma forma vinculados ao Poder Público. Como se sabe, o Estado só se faz presente
através das pessoas físicas que em seu nome manifestam deter-minada vontade, e é por
isso que essa manifestação volitiva acaba por ser imputada ao próprio Estado. São todas
essas pessoasfísicas que constituem os agentes públicos.

796
A Lei nº 8.429, de 2/6/1992, que dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públi-
cos nos casos de enriquecimento ilícito na Administração Pública, firmou conceito que
bem mostra a abrangência do sentido. Diz o art. 2º:

―Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo aquele que exerce, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação
ou qualquer forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas
entidades mencionadas no artigo anterior‖.

Como o artigo anterior faz referência a todos os agentes da União, Estados, Distrito Fe-
deral e Municípios, bem como a qualquer dos Poderes dessas pessoas federativas, não é
difícil constatar a amplitude da noção de agentes públicos. Ainda que a conceituação
apresente algumas redundâncias e mesmo que voltada para a referida lei, a verdade é
que retrata fielmente o sentido que os estudiosos emprestam à expressão.

Com tão amplo significado, desde as mais altas autoridades da República, como os Che-
fes do Executivo e os membros do Poder Legislativo, até os servidores que executam as
mais humildes tarefas, todos se qualificam como agentes públicos, vinculados que estão
aos mais diversos órgãos estatais.‖

9) Que restrições constitucionais existem com relação ao servidor militar? (Com relação ao
salário mínimo, o praça não tem direito, tem súmula vinculante a respeito. Não pode fazer
greve, não cabe HC quanto às penas disciplinares. Os conscritos não podem se alistar, os ativos
não podem ser filiados a partido político. Quando se candidatarem a cargo eletivo, os que te-
nham menos de dez anos serão passados à reserva e os com mais de dez anos serão agrega-
dos)

Resposta:

Podemos trazer as seguintes restrições:

- Restrições quanto à ocupação de cargo, emprego ou função pública já comentadas na


questão 7.

- Ao militar são proibidas a sindicalização e a greve (art. 142, § 3º IV).

- O militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a partidos políticos (art.
142, § 3º V).

- Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço


militar obrigatório, os conscritos (art. 14§ 2º).

- ―Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao salário-


mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial.‖ (Súmula Vinculante 6).

797
10) A CF 88 substituiu a nomenclatura ação de regresso para direito de regresso com relação
ao agente responsável pelo ato, qual seria a consequência, quanto a isso?

Resposta:

11) A UnB é fundação pública federal, o Dr. Olindo pode ser alçado diretor da faculdade? Me
fale mesmo sobre a possibilidade de cumular um cargo de técnico e de professor, como são
esta vedação?

Resposta:

Creio que a questão se refere ao Dr. Olindo Herculano de Menezes, Desembargador do


TRF da 1ª Região.

Considerando o cargo de Desembargador, se aplica o disposto no art. 95, par. único, I


da CF (ao juiz é vedado exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função,
salvo uma de magistério).

O exercício do magistério está regulamentado pela Resolução nº 34/2007 do


CNJ(http://www.cnj.jus.br/atos-administrativos/atos-da-
presidencia/323resolucoes/12149-resolu-no-34-de-24-de-abril-de-2007).

A resposta da questão encontra-se nos seguintes artigos:

―Art. 1º Aos magistrados da União e dos Estados é vedado o exercício, ainda que em
disponibilidade, de outro cargo ou função, salvo o magistério.

Parágrafo único. O exercício da docência por magistrados, na forma estabelecida nesta


Resolução, pressupõe compatibilidade entre os horários fixados para o expediente fo-
rense e para a atividade acadêmica, o que deverá ser comprovado perante o Tribunal.

Art. 2º O exercício de cargos ou funções de coordenação acadêmica, como tais conside-


rados aqueles que envolvam atividades estritamente ligadas ao planejamento e/ou asses-
soramento pedagógico, será admitido se atendidos os requisitos previstos no artigo ante-
rior.

§ 1º É vedado o desempenho de cargo ou função administrativa ou técnica em estabele-


cimento de ensino.

§ 2º O exercício da docência em escolas da magistratura poderá gerar direito a gratifica-


ção por hora-aula, na forma da lei.

§ 3º Não se incluem na vedação referida no § 1º deste artigo as funções exercidas em


curso ou escola de aperfeiçoamento dos próprios Tribunais, de associações de classe ou
de fundações estatutariamente vinculadas a esses órgãos e entidades.‖

798
Portanto, só é permitido o exercício de cargo ou função administrativa ou técnica em
curso ou escola de aperfeiçoamento dos próprios Tribunais, de associações de classe ou
de fundações estatutariamente vinculadas a esses órgãos ou entidade.

12) Na Veja desta semana, uma reportagem menciona que existem ministros que ganham o
dobro ou o triplo do subsídio do Presidente da República, isso é possível?

Resposta:

Sim, não há incompatibilidade. O art. 37, XI fixa como teto remuneratório geral o sub-
sídio mensal em espécie dos Ministros do STF.

Para a União, diferentemente do que ocorre com os Estados, Distrito Federal e DF, o
teto remuneratório geral se aplica diretamente, não havendo subtetos específicos.

Sendo assim, nada impede que a remuneração do ministro de Estado ou de Tribunal


superior seja superior ao do Presidente da República.

14.1.1.2. Questões do TRF2


1) Servidor público tem um limite remuneratório? O que seria remuneração? Seria considera-
da remuneração só o que o servidor recebe ou o conjunto de benefícios que podem incorpo-
ram o valor originário?

Resposta:

Sim, possui um limite remuneratório. Para responder as duas outras perguntas, trazemos
a lição de Carvalho Filho (Manual de Direito Administrativo, 2012, p. 743/743):

―Primeiramente, sujeita-se ao teto remuneratório qualquer tipo de remuneração dos ser-


vidores, além de proventos e pensões, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as
vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza. Entretanto, não serão computadas no
referido teto as parcelas de caráter indenzatório previstas em lei, conforme dispõe o art.
37, § 11, da CF, introduzido pela já referida EC 47/2005.

Em consequência, só se inserem no limite constitucional as parcelas de caráter remune-


ratório, e isso pela simples razão de que somente estas se configuram efetivamente co-
mo rendimentos. As primeiras, como expressa o próprio vocábulo, espelham indeniza-
ção, não sendo cabível que sejam incluídas no limite estipendial, ou de ganhos. Tem
lavrado alguma discussão no que tange às parcelas que se submetem ao teto e aquelas
outras que, somadas ao subsídio, podem gerar remuneração acima do teto. As vantagens
de natureza indenizatória não são computadas para o limite remuneratório. Há algumas
parcelas, porém, que, por sua especial natureza, podem gerar remuneração superior ao
799
teto. Como exemplos, o décimo terceiro salário, o terço constitucional de férias, o adi-
antamento de férias, o trabalho extraordinário de servidores, o abono de permanência
em serviço (art. 40, § 19, CF). Outras provêm de fontes ou rubricas diversas (v.g. a re-
muneração pelo exercício do magistério, dentro ou fora do Poder Público, e benefícios
oriundos de planos privados de previdência ou de assistência médico-social). Por últi-
mo, algumas vantagens específicas também têm sido excluídas do limite constitucional.
O CNJ e o CNMP já regularam a matéria em relação a magistrados e membros do Mi-
nistério Público.‖

2) A Constituição fala sobre a acumulação e suas possibilidades e vedações. Quais são as pos-
sibilidades de acumulação lícita? Essa cumulação é extensiva aos empregados de uma socieda-
de de economia mista, por exemplo?

Resposta:

A regra geral a respeito da acumulação encontra-se nos incisos XVI do art. 37:

XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver


compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI.

a) a de dois cargos de professor; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; (Incluída pela Emenda


Constitucional nº 19, de 1998)

c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões


regulamentadas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 34, de 2001)

Quanto à extensão dessa proibição, o art. 37, XVII traz o seguinte:

XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias,


fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e socie-
dades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público;

Sendo assim, segundo Carvalho Filho (Manual de Direito Administrativo, p. 655), ainda
que se reconheça certa controvérsia a respeito do tema, o mandamento constitucional
não dá margem a qualquer dúvida, sendo expressamente vedada a acumulação (salvo
nos casos previstos), também aos empregados de empresas públicas e sociedades de
economia mista.

Além disso, não podemos esquecer as disposições relativas aos juízes (art. 95, par. úni-
co, I) e membros do MP (art. 128, § 5º, II, d), que vedam o exercício de qualquer outra
função pública, ainda que esteja em disponibilidade, salvo o magistério.

800
3) O servidor público tem direito à associação sindical? Qual a Justiça competente para apreci-
ar eventual demanda judicial de servidor público movida por seu sindicato?

Resposta:

Sim, esse direito se encontra no art. 37, VI (não se esquecer dos militares que possuem
expressa vedação). Justiça comum; a depender do réu, haverá competência da Justiça
Estadual ou Justiça Federal.

4) O instrumento que a entidade sindical tem é o dissídio coletivo seja de natureza econômica
ou social. Levar este dissídio à apreciação da justiça federal no caso de servidor federal, e à
apreciação da justiça comum no caso de servidor estadual não chocaria com o art. 114 da
CRFB?

Resposta:

Não. Tal questão restou decidida pelo STF no MI 708, nos seguintes termos:

―6. DEFINIÇÃO DOS PARÂMETROS DE COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL


PARA APRECIAÇÃO DO TEMA NO ÂMBITO DA JUSTIÇA FEDERAL E DA
JUSTIÇA ESTADUAL ATÉ A EDIÇÃO DA LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA PERTI-
NENTE, NOS TERMOS DO ART. 37, VII, DA CF. FIXAÇÃO DO PRAZO DE 60
(SESSENTA) DIAS PARA QUE O CONGRESSO NACIONAL LEGISLE SOBRE A
MATÉRIA. MANDADO DE INJUNÇÃO DEFERIDO PARA DETERMINAR A A-
PLICAÇÃO DAS LEIS Nos 7.701/1988 E 7.783/1989. (...)6.3. Até a devida disciplina
legislativa, devem-se definir as situações provisórias de competência constitucional para
a apreciação desses dissídios no contexto nacional, regional, estadual e municipal. As-
sim, nas condições acima especificadas, se a paralisação for de âmbito nacional, ou a-
branger mais de uma região da justiça federal, ou ainda, compreender mais de uma uni-
dade da federação, a competência para o dissídio de greve será do Superior Tribunal de
Justiça (por aplicação analógica do art. 2o, I, "a", da Lei no 7.701/1988). Ainda no âm-
bito federal, se a controvérsia estiver adstrita a uma única região da justiça federal, a
competência será dos Tribunais Regionais Federais (aplicação analógica do art. 6o da
Lei no 7.701/1988). Para o caso da jurisdição no contexto estadual ou municipal, se a
controvérsia estiver adstrita a uma unidade da federação, a competência será do respec-
tivo Tribunal de Justiça (também por aplicação analógica do art. 6o da Lei no
7.701/1988). As greves de âmbito local ou municipal serão dirimidas pelo Tribunal de
Justiça ou Tribunal Regional Federal com jurisdição sobre o local da paralisação, con-
forme se trate de greve de servidores municipais, estaduais ou federais. 6.4. Considera-
dos os parâmetros acima delineados, a par da competência para o dissídio de greve em
si, no qual se discuta a abusividade, ou não, da greve, os referidos tribunais, nos âmbitos
de sua jurisdição, serão competentes para decidir acerca do mérito do pagamento, ou
não, dos dias de paralisação em consonância com a excepcionalidade de que esse juízo
801
se reveste. (...)6.5. Os tribunais mencionados também serão competentes para apreciar e
julgar medidas cautelares eventualmente incidentes relacionadas ao exercício do direito
de greve dos servidores públicos civis, tais como: i) aquelas nas quais se postule a pre-
servação do objeto da querela judicial, qual seja, o percentual mínimo de servidores
públicos que deve continuar trabalhando durante o movimento paredista, ou mesmo a
proibição de qualquer tipo de paralisação; ii) os interditos possessórios para a desocupa-
ção de dependências dos órgãos públicos eventualmente tomados por grevistas; e iii) as
demais medidas cautelares que apresentem conexão direta com o dissídio coletivo de
greve. 6.6. Em razão da evolução jurisprudencial sobre o tema da interpretação da omis-
são legislativa do direito de greve dos servidores públicos civis e em respeito aos dita-
mes de segurança jurídica, fixa-se o prazo de 60 (sessenta) dias para que o Congresso
Nacional legisle sobre a matéria. 6.7. Mandado de injunção conhecido e, no mérito, de-
ferido para, nos termos acima especificados, determinar a aplicação das Leis nos
7.701/1988 e 7.783/1989 aos conflitos e às ações judiciais que envolvam a interpretação
do direito de greve dos servidores públicos civis.
(MI 708, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em
25/10/2007, DJe-206 DIVULG 30-10-2008 PUBLIC 31-10-2008 EMENT VOL-02339-
02 PP-00207 RTJ VOL-00207-02 PP-00471)

Ressalta-se que recentemente o STJ adotou o referido entendimento em acórdão com a


seguinte ementa:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSOS DE EMBARGOS DE


DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NA AÇÃO DE DISSÍDIO COLETI-
VO DE GREVE. MULTA DIÁRIA POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO
DE FAZER. PERDA SUPERVENIENTE DE OBJETO DO PLEITO PARA REALI-
ZAÇÃO DE AUDIÊNCIA CONCILIATÓRIA. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE NO
ACÓRDÃO QUE MANTEVE O VALOR DA MULTA DIÁRIA EM CEM MIL RE-
AIS. NÚMERO DE TRABALHADORES PARA A MANTENÇA DA ESSENCIALI-
DADE DO SERVIÇO. APLICAÇÃO ANALÓGICA DOS ARTS. 9º, 10 E 11 DA LEI
N. 7.783/89. COMPETÊNCIA DO STJ PARA JULGAR DISSÍDIO COLETIVO DE
GREVE NO SERVIÇO PÚBLICO DE ABRANGÊNCIA NACIONAL. MANDADO
DE INJUNÇÃO N. 708/DF. TERMO A QUO DA MULTA DIÁRIA POR DESCUM-
PRIMENTO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. ART. 632 DO CPC.

(EDcl no AgRg na Pet 7.883/DF, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEI-


RA SEÇÃO, julgado em 23/05/2012, DJe 29/05/2012)

5) A Constituição atual faz alguma distinção entre servidor público e funcionário? Há alguma
forma de tratamento diferenciado, ou isso já está superado, sendo uma figura só?

Resposta:

802
Segundo Carvalho Filho (Manual de Direito Administrativo, 2012, p. 586/587) temos:

―Por outros, são denominados de funcionários públicos, expressão também inadequada,


já que, além de banida da Constituição, tem sentido mais restrito do que a de servidores
públicos, e isso porque, na verdade, eram assim considerados apenas os servidores esta-
tutários que integravam a estrutura dos entes federativos (Administração Direta), o que
indica que se tratava de uma categoria dos servidores públicos. Estes, por sua vez, inte-
gram a Administração Direta, as autarquias e as fundações públicas autárquicas, sob
qualquer regime funcional.‖

Ou seja, a Constituição Federal baniu a expressão funcionário público, sendo que esta se
referia apenas aos servidores estatutários que integravam a Administração Direta.

6) No art. 173, II da CRFB dispõe sobre a aplicação das normas trabalhistas às sociedades de
economia mista, que se sujeitariam às normas de direito privado. Não há incompatibilidade,
porque na legislação trabalhista não há vedação de acúmulo ao empregado, muito pelo con-
trário há um benefício que o empregado receberia. Como vê esse confronto?

Resposta:

Creio que a questão versa sobre a acumulação de cargos no âmbito das empresas públi-
cas e sociedades de economia mista exploradoras de atividade econômica. Interpretando
dessa forma, não há qualquer incompatibilidade.

Tal situação está expressamente disciplinada na Constituição Federal (art. 37, XVI e
XVII).

Sendo assim, ainda que se apliquem as normas trabalhistas às referidas entidades, há de


se compatibilizar com os demais ditames constitucionais, sendo que dentre eles está a
impossibilidade expressa de acumulação de empregos, salvo as exceções expressas na
própria CF.

DESSE PONTO EM DIANTE: RESPOSTAS ELABORADAS POR UMBERTO


PAULINI
7) Qual a diferença entre desconcentração e descentralização? As OSCIPs integram a adminis-
tração pública? Como se estabelece a relação entre poder público e OSCIPs?

Resposta:

Para cumprir suas competências constitucionais, a Administração dispõe de duas técni-


cas diferentes: a desconcentração e a descentralização. Na desconcentração as atribui-
ções são repartidas entre órgãos públicos pertencentes a uma única pessoa jurídica,
803
mantendo a vinculação hierárquica. Na descentralização as competências administrati-
vas são exercidas por pessoas jurídicas autônomas, criados pelo Estado para tal finali-
dade. As OSCIP´s não integram a Administração Pública. Fazem parte do terceiro se-
tor, isto é, são entidades privadas da sociedade civil que exercem atividades de interesse
público sem finalidade lucrativa. As relações entre o Poder Público e as OSCIP´s são
estabelecidas mediante a formalização de um pacto denominado ―termo de parceria‖,
designando-se, sempre, uma autoridade supervisora.

8) A estabilidade do servidor público é garantia constitucional?

Resposta:

As garantias são medidas de proteção dos direitos. Quando o direito é violado, nasce
para o cidadão uma garantia capaz de protegê-lo. A estabilidade do servidor público é
uma garantia na medida em que protege o direito à permanência na função pública, após
o decurso de três anos do seu efetivo exercício. De acordo com a CF, o servidor público
estável só perderá o cargo: I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado; II -
mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa; III - medi-
ante procedimento de avaliação periódica de desempenho; IV – para assegurar o limite
de despesa com pessoal (art. 169, § 4º); V – no caso do agente comunitário de saúde
(art. 198, § 6º). Importante observar que mesmo no estágio probatório a avaliação des-
favorável não implica exoneração automática, sendo imprescindível assegurar ao servi-
dor o contraditório e a ampla defesa nos termos da Súmula 21 do STF.

14.1.1.3. Questões do TRF3

14.1.1.4. Questões do TRF4

14.1.1.5. Questões do TRF5

14.2. Direito Tributário

14.2.1. Hermenêutica Tributária: Lei Interpretativa - Interpretação No Código


Tributário Nacional

14.2.1.1. Questões do TRF1

804
14.2.1.2. Questões do TRF2
1) É possível o direito tributário ter um conceito próprio de locação ou deve observar o Código
Civil? Como se trabalharia com as figuras dos arts. 109 e 110 do CTN? Qual seria o destino des-
ses artigos? Poderia haver uma locação de bens móveis incidindo ISS?

Resposta:

Não, a teor do art. 109 do CTN os princípios gerais de direito privado utilizam-se para
pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos. Ademais, o conceito
de locação é utilizado implícita ou explicitamente pela Constituição, aplicando-se à hi-
pótese o art. 110 do CTN: “A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o
alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou im-
plicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis
Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências
tributárias”. A Constituição Federal, ao dispor sobre a competência dos Municípios
para instituição do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, implicitamente, defi-
niu o conteúdo semântico mínimo do vocábulo "serviço". Esse conceito não pode ser
alterado pelo legislador, pois estaria alterando a divisão das competências impositivas
delimitada pelo Texto Constitucional, para conferir ao Município uma competência que
este não possui.

2) Os tratados são fontes do direito tributário? Os tratados poderiam revogar uma lei tributá-
ria?

Resposta:

Os tratados são fontes do direito tributário, pois, a teor do art. 96, do CTN, estão englo-
bados na expressão ―legislação tributária‖. Segundo o art. 98, do CTN: ―Os tratados e as
convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, e serão
observados pela que lhes sobrevenha‖. Portanto, podem sim revogar uma lei tributária.
Contudo, para boa parte da doutrina, não são os tratados e convenções internacionais
que ―revogam‖ ou modificam a legislação interna, mas os decretos legislativos que os
aprovam. Outra parte discorda, ao afirmar que a produção de efeitos internos se dá com
a promulgação do decreto presidencial.

3) Em matéria de interpretação, um dos princípios constitucionais tributários é o da irretroati-


vidade tributária.

Resposta:

805
O princípio da irretroatividade tributária, segundo o art. 150, inc. III, aliena ―a‖, da CF,
dispõe que: ―(...) é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: II
- cobrar tributos: a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência
da lei que os houver instituído ou aumentado‖. A norma tributária deriva do princípio
genérico, constante do art. 5º, inc. XXXVI, da CF, segundo o qual: ―XXXVI - a lei não
prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada‖. O princípio da
irretroatividade tributária indica que a lei a lei tributária deve anteceder os fatos gerado-
res aos quais se refere. Em outras palavras, essa lei deve viger para frente, sendo-lhe
vedado atingir fatos geradores pretéritos. Aliás, o princípio da irretroatividade não se
confunde com a anterioridade tributária. Neste último caso se adia a eficácia da norma.

4) Existem exceções a esta regra da irretroatividade tributária?

Resposta:

Segundo o art. 106 do CTN existem duas possibilidades de leis produtoras de efeitos
sobre atos pretéritos ―Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer
caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à
infração dos dispositivos interpretados; II - tratando-se de ato não definitivamente jul-
gado: a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de tratá-lo como
contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulen-
to e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine pena-
lidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática‖. O inciso I
diz respeito à lei interpretativa, ressalvando os casos em que, a pretexto de interpretar, a
lei impõe uma penalidade. Como a lei interpretativa busca fulminar a obscuridade uma
norma pretérita, é natural a sua retroação. É a chamada interpretação autêntica ou legal.
O inciso II diz respeito à lei mais benéfica em matéria de infrações. Trata-se da aplica-
ção da retroatio in mellius no Direito Tributário ou princípio da ―benegnidade‖. Impor-
tante observar que existe uma condição para aplicar essa forma de retroação: o ato não
pode estar definitivamente julgado.

5) O que vem a ser uma lei interpretativa? Em matéria tributária tivemos uma discussão recen-
te sobre lei interpretativa em seara tributária.

Resposta:

Lei interpretativa é aquela que intervém para decidir uma questão de direito cuja solu-
ção se mostre controvertida ou incerta face à aplicação da lei interpretada, ou seja, é a
lei promulgada para explicar lei anterior. Recente discussão: tem-se, segundo o artigo
168 do CTN, que o prazo para repetição do indébito corre a partir da data da extinção do
crédito tributário. Esta leitura do artigo 168 gerou a tese dos 5 + 5 pela qual o Fisco ti-
806
nha o prazo de cinco anos para homologar o lançamento (tributos sujeitos a lançamento
por homologação) e, findo este prazo, o sujeito passivo tinha cinco anos para pleitear a
restituição. Entretanto, a partir da LC 118/2005 o marco inicial para pleitear a repetição
de indébito tributário passou a ser o pagamento: "Art. 3º Para efeito de interpretação do
inciso I do art. 168 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Na-
cional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento
por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1º do art. 150
da referida Lei." Como a lei alterou um entendimento sedimentado, o STJ não lhe atri-
buiu o caráter de lei interpretativa. Tal entendimento foi seguido pelo STF.

6) Interpretação e integração: como trabalhamos os princípios gerais do direito privado em


matéria de direito tributário?

Resposta:

A teor do art. 109 do CTN, ―Os princípios gerais de direito privado utilizam-se para
pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas,
mas não para definição dos respectivos efeitos tributários‖. O direito é uno e os concei-
tos do Direito Privado, quando utilizados pela lei tributária, devem ser buscados no seu
nascedouro. Todavia, a definição dos efeitos tributários com eles relacionados deve ser
resguardada. Por exemplo: o contribuinte, para evitar a incidência do ITCMD, realiza
uma compra e venda de imóvel por R$ 1,00. Mesmo sendo pago o preço, a fiscalização
não pode se submeter ao rigor conceitual do Direito Civil, deixando de exigir o ITCMD.
Por outro lado, os conceitos de direito privado utilizados pela Constituição (Federal ou
Estadual, bem como a Lei Orgânica Municipal) não podem ser alterados livremente
pelo legislador, pois se estaria alterando a divisão das competências impositivas delimi-
tada pelo Texto Constitucional.

8) Como interpreta o disposto no art. 104 do CTN no que se refere às isenções? E os impostos
sobre os serviços, por exemplo?

Resposta:

O princípio da anterioridade ratifica a idéia fundamental da tributação: a segurança jurí-


dica. Esse princípio coíbe a tributação de surpresa. Seus efeitos cuidarão do adiamento
da eficácia da lei tributária. Caso a lei reduza um tributo, mitigue-lhe uma alíquota ou
conceda uma isenção deverá produzir efeitos imediatos com pronta incidência. Isto por-
que o princípio da anterioridade é um instrumento protetivo do cidadão. Entretanto, no
caso da revogação de uma isenção, o STF adotou entendimento do saudoso Gomes de
Souza, segundo a qual isentar é dispensar o pagamento de tributo devido, e, assim, re-
vogar isenção não é criar tributo. Esta posição parte da literalidade do CTN, que estabe-
lece que a isenção excluiria somente o crédito (art. 175, I, do CTN), de forma que have-
ria a incidência, mas apenas crédito estaria excluído. Ou seja, o contribuinte sabia da
807
obrigação tributária que lhe foi imposta diante da norma de incidência. Sabia, pois, que
era devedor de um tributo, só não sabia o quantum. Esse entendimento resultou na edi-
ção da Súmula 615, de 1984: "o princípio da anualidade não se aplica à revogação de
isenção do ICM." Importante: o Supremo Tribunal Federal, ao perfilhar essa tese (RE
204.026, RMS 13.947, RMS 14.473, RMS 14.174, RE 57.567 etc.) – da não obrigatori-
edade de obediência ao princípio da anterioridade na revogação de isenção pelo poder
tributante -, terminou por negar a recepção do inciso III do citado artigo 104 do CTN.

9) É possível usar a integração omnis (prescrição) no Direito Tributário?

Resposta:

Não, pois os métodos de integração devem ser utilizados em ordem taxativa e sucessiva:
1) analogia; 2) princípios gerais de direito tributário; 3) princípios gerais de direito pú-
blico; 4) equidade. Ademais, encontram limitações: a) o emprego da analogia não pode
resultar na exigência de tributo não previsto em lei; b) o emprego da equidade não pode
resultar na dispensa do pagamento do tributo devido.

10) Ato emulativo, onde se manifesta no Direito Tributário?

Resposta:

O art. 116, p. único do CTN (norma geral anti-evasão) tem por objetivo evitar a fuga
ilícita da tributação, o que geralmente ocorre por meio da dissimulação da ocorrência do
fato gerador (ato emulativo). Tem-se, assim, duas práticas possíveis pelo contribuinte:
1) a elisão ou elusão, que é lícita e representa o mero planejamento tributário; 2) a eva-
são que é ilícita, ocorre em momento posterior à incidência da norma tributária e busca,
por meio de simulação, evitar o pagamento de tributo.

11) Pode então o magistrado usar o que, ordinariamente, acontece?

Resposta:

Para parcela da doutrina, um dos problemas do art. 116, p. único do CTN (A autoridade
administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finali-
dade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos
constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabeleci-
dos em lei ordinária) é que a referida lei ordinária nunca foi editada. Entretanto, o art.
149 do CTN já autorizava a revisão de ofício do lançamento na seguinte hipótese: ―VII -

808
quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com
dolo, fraude ou simulação‖.

14.2.1.3. Questões do TRF3

14.2.1.4. Questões do TRF4

14.2.1.5. Questões do TRF5

14.3. Direito Administrativo

14.3.1. Polícia Administrativa

14.3.1.1. Questões do TRF1


1) A doutrina clássica aponta o três atributos do poder de polícia, eles estão sempre presen-
tes?

Resposta:

A atuação do poder de polícia possui três características básicas: discricionariedade,


coercibilidade e autoexecutoriedade. Nem sempre eles estão presentes. Por exemplo, a
concessão da licença profissional é um ato vinculado. O consentimento de polícia é um
ato que não tem coercibilidade, pois representa um simples pedido do particular. Por
fim, a multa e outras sanções pecuniárias não têm autoexecutoriedade.

2) Existe alguma diferença no uso do poder de polícia da administração no estado de defesa e


estado de sítio?

Resposta:

As garantias constitucionais controladas durante o estado de defesa estão relacionadas


no parágrafo 1º, do artigo 136, da CRFB/88 e se concretizam pela restrição aos direitos
de reunião, sigilo de correspondência e comunicação telegráfica e telefônica; ocupação
e uso temporário de bens e serviços públicos, quando se tratar de calamidade pública;
prisão por crime contra o Estado, determinada diretamente pelo executor do estado de
defesa, que não poderá ser superior a 10 dias e deverá ser imediatamente comunicada ao
juiz competente, vedando-se a incomunicabilidade do preso. As garantias constitucio-
nais que se sujeitam ao estado de sítio estão elencadas no artigo 139, da CRFB/88, e

809
caracterizam-se pela obrigação de permanência em localidade determinada; detenção
em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns; restrições rela-
tivas à inviolabilidade de correspondência, ao sigilo de comunicações, à prestação de
informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão; suspensão da liberdade
de reunião; busca e apreensão em domicílio; intervenção nas empresas de serviços pú-
blicos; requisição de bens.

3) Quanto ao poder de polícia, qual o regramento legal que define às escancaras o poder de
polícia?

Resposta:

O Código Tributário Nacional traz, no seu artigo 78 e parágrafo único, o conceito legal
do instituto: Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública
que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou
abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à
ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades
econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade
pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.

4) Pode um município impedir a instalação de estabelecimento comercial na mesma circuns-


crição de outro?

Resposta:

STF Súmula nº 646. Princípio da Livre Concorrência - Lei Municipal - Impedimento de


Instalação de Estabelecimentos Comerciais do Mesmo Ramo. Ofende o princípio da
livre concorrência lei municipal que impede a instalação de estabelecimentos comerciais
do mesmo ramo em determinada área.

5) O senhor sabe quem primeiro utilizou a expressão poder de polícia?

Resposta:

Segundo Caio Tácito, esta expressão ingressou pela primeira vez na terminologia legal
no julgamento da Suprema Corte norte-americana, no caso Brown x Maryland, de 1827;
a expressão aí se referia ao poder dos Estados-membros de editar leis limitadores de
direitos, em benefício do interesse público. Em 1915, Ruy Barbosa utiliza pela primeira
vez a expressão "poder de polícia" em parecer da época. Em 1918, Aurelino Leal publi-
ca o livro Polícia e poder de polícia consagrando-se o uso da expressão no direito brasi-
leiro.

810
6) O atributo da autoexecutoriedade está presente em todos os atos de poder de polícia?

Resposta:

Não. A autoexecutoriedade permite que a administração realize a execução material dos


atos administrativos, usando a força física, se preciso for, para desconstituir situação
violadora da ordem jurídica. Em verdade, apenas dois tipos de atos administrativos são
autoexecutáveis: a) aqueles em que tal atributo é conferido por lei. É o caso do fecha-
mento de restaurante pela vigilância sanitária; b) aqueles praticados em situações emer-
genciais cuja execução imediata é indispensável para a preservação do interesse público.
Ex.: dispersão pela polícia de manifestação que se converte em onde de vandalismo. A
multa não é dotada de autoexecutoriedade.

7) O senhor sabe diferenciar o alvará de licença e alvará de autorização?

Resposta:

O alvará é gênero do qual são espécies o alvará de licença e o alvará de autorização.


Alvará de licença - Sempre que o particular preencher todos os requisitos necessários
para a obtenção da licença, esta não poderá ser negada pela Administração Pública. E-
xemplo: licença para dirigir e exercício de atividade profissional. Alvará de autorização
– a autorização, ao contrário da licença que é vinculada, é discricionária, podendo por
isso ser negada ou recusada, assim como invalidada a qualquer tempo pela administra-
ção pública.

8) É possível falar em Estado sem poder de polícia?

Resposta:

Na primeira fase do Estado Moderno, após o Renascimento e até meados do século


XVIII,cultivou-se a idéia do Estado-Polícia (também chamado de Estado-providência
ou Estado-fim),em que predominavam os regimes absolutistas, não havendo espaço
para as liberdades individuais. Nesta época, a figura do Estado estava voltada basica-
mente às questões de segurança e garantia da ordem pública. Mais tarde, no final do
século XVIII, teve lugar a segunda fase do Estado Moderno, sobretudo com a Revolu-
ção Francesa, quando ocorre o enfraquecimento do Estado absolutista e o advento do
Estado liberal e constitucional, buscando-se garantir os Direitos do Homem e do Cida-
dão. Inicia-se, nesse contexto, a construção de uma concepção que veio depois a ser
denominada Estado de Direito (ou Estado-meio) Em verdade, inicialmente, o Estado

811
preocupava-se apenas do poder de polícia. Mais tarde, ao lado do poder de polícia, ele
passa a preocupar-se com a prestação de serviços público e com a atividade de fomento.

9) À luz do poder de polícia como o senhor conceituaria a liberdade? Eu poderia dizer que é o
direito de fazer tudo aquilo que as leis autorizam?

Resposta:

O poder de polícia é a atividade administrativa consistente no poder de restringir e con-


dicionar a liberdade e a propriedade. Entretanto, DIRLEY CUNHA JR. esclarece que o
poder de polícia não incide para restringir o direito em si, mas sim para condicionar o
seu exercício, quando o comportamento administrativo expõe a risco o interesse coleti-
vo. A legalidade pública (para a Administração) é fazer o que a lei determinada. A lega-
lidade privada é a permissão de atuar, salvo diante de restrições legais.

14.3.1.2. Questões do TRF2

14.3.1.3. Questões do TRF3


1) O poder de polícia é discricionário?

Resposta:

O exercício do poder de polícia, como regra geral, é discricionário porque a autoridade


pública avalia a conveniência e oportunidade em relação ao momento do exercício do
poder de polícia e, eventualmente, até o grau de aplicação da sanção. Porém, em algu-
mas hipóteses o poder de polícia será vinculado. Por exemplo, será vinculado quando
um particular quer exercer uma profissão, se forma na faculdade e para exercer a profis-
são tem que fazer uma prova para adquirir a carteira profissional. Se cumprir todos os
requisitos, a administração terá que conceder a licença.

2) Dê exemplo de poder de polícia administrativo.

Resposta:

Vigilância sanitária, fiscalização ambiental, zoneamento urbano etc.

3) Qual a forma pela qual se revela o poder de polícia?

812
Resposta:

Para Celso Antônio Bandeira de Melo, quando se fala no poder de polícia no sentido
amplo, diz-se que poder de policia é toda e qualquer restrição estatal a direitos funda-
mentais ou a direitos individuais, englobando não só atividades administrativas, mas
principalmente atividades legislativas. Já no sentido estrito, o poder de polícia significa
a atividade administrativa que, calcada na lei, restringe ou condiciona direitos funda-
mentais, com objetivo de atingir o interesse público.

14.3.1.4. Questões do TRF4


1) Conceitue poder de policia. Quais seus atributos?

Resposta:

Para Celso Antônio Bandeira de Melo, quando se fala no poder de polícia no sentido
amplo, diz-se que poder de policia é toda e qualquer restrição estatal a direitos funda-
mentais ou a direitos individuais, englobando não só atividades administrativas, mas
principalmente atividades legislativas. Já no sentido estrito, o poder de polícia significa
a atividade administrativa que, calcada na lei, restringe ou condiciona direitos funda-
mentais, com objetivo de atingir o interesse público. A atuação do poder de polícia pos-
sui três atributos basicos: discricionariedade, coercibilidade e autoexecutoriedade.

14.3.1.5. Questões do TRF5


01) Compreensão do poder de polícia administrativo, fundamento, discorra.

Resposta:

Segundo JSCF a expressão poder de polícia comporta dois sentidos, um amplo e um


restrito. Em sentido amplo, significa toda e qualquer ação restritiva do Estado em rela-
ção aos direitos individuais (ex. elaboração de leis pelo Legislativo). Em sentido estrito,
por seu turno, se configura como atividade administrativa, consistente no poder de res-
tringir e condicionar a liberdade e a propriedade. Para Hely: "poder de polícia é o meca-
nismo de frenagem de que dispõe a Administração Pública para conter os abusos do
direito individual". É assente o entendimento de que o fundamento do poder de polícia é
o princípio da predominância do interesse público sobre o particular, que dá à Adminis-
tração posição de supremacia sobre os administrados. A atuação do poder de polícia
possui três características básicas: discricionariedade, coercibilidade e autoexecutorie-
dade.

813
02) Delegação a particular do poder de polícia, é possível?

Resposta:

O poder de polícia, por ser atividade exclusiva do Estado, não pode ser delegado a par-
ticulares, mas é possível sua outorga a entidades de Direito Público da Administração
Indireta, como as agências reguladoras (ANA, ANEEL, ANATEL, etc.), as autarquias
corporativas (CFM, CFO, CONFEA, etc.) e o Banco Central. Eventualmente, particula-
res podem executar atos de polícia, mas sob o comando direto da Administração Públi-
ca. Ex.: destruição de armas apreendidas. Nesses casos, não há delegação, pois o parti-
cular atua sob as ordens estritas dos agentes públicos. Porém, de acordo com recente
entendimento do STJ, devem ser consideradas as quatro atividades relativas ao poder de
polícia: legislação, consentimento, fiscalização e sanção. Assim, legislação e sanção
constituem atividades típicas da Administração Pública e, portanto, indelegáveis. Con-
sentimento e fiscalização, por outro lado, não realizam poder coercitivo e, por isso po-
dem ser delegados. “ADMINISTRATIVO. PODER DE POLÍCIA. TRÂNSITO. SANÇÃO
PECUNIÁRIA APLICADA POR SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. IMPOSSIBI-
LIDADE. (...) 5. Somente o atos relativos ao consentimento e à fiscalização são delegá-
veis, pois aqueles referentes à legislação e à sanção derivam do poder de coerção do
Poder Público. 6. No que tange aos atos de sanção, o bom desenvolvimento por parti-
culares estaria, inclusive, comprometido pela busca do lucro - aplicação de multas pa-
ra aumentar a arrecadação.” (STJ, REsp 817534 / MG)

14.4. Direito Penal

14.4.1. Crimes Contra A Administração Pública

14.4.1.1. Questões do TRF1


1) No crime de peculato, qual o bem jurídica protegido? No caso, há a possibilidade de se apli-
car o princípio da insignificância? Na dicção do tipo, nós temos apropriar-se de bem de va-
lor...quais são os tipos do peculato?

Resposta:

No crime de peculato o bem jurídico tutelado é a regularidade e a probidade administra-


tiva, bem como o patrimônio público e eventualmente o patrimônio particular. O Supe-
rior Tribunal de Justiça firmou posição no sentido de que é inaplicável ao crime de pe-
culato o princípio da insignificância, haja vista a natureza do bem jurídico tutelado pela
norma penal. Entretanto, o STF segue entendimento oposto, porém é importante atentar
que a aplicação é casuística. No HC 107370/SP reconheceu a aplicação do princípio da
insignificância ao crime de peculato, porém deixou claro tratar-se da subtração de 2
luminárias de alumínio e fios de cobre que: a) estariam em desuso, em situação precária,
814
tendo como destino o lixão; b) seriam de valor irrisório; e c) teriam sido devolvidas. Os
principais tipos de peculato são: 1) Peculato-apropriação - Apropria-se de dinheiro, va-
lor ou outro bem móvel; 2) Peculato-desvio - desvia dinheiro, valor ou outro bem mó-
vel; 3) Peculato-furto - subtrai R$, valor ou bem; 4) Peculato-culposo - Concorre culpo-
samente para o crime de outrem.

2) Qual a diferença entre a corrupção passiva e a concussão?

Resposta:

Na corrupção passiva, o criminoso pede ou recebe o dinheiro (ou um bem, ou um fa-


vor) para fazer ou deixar de fazer algo contra a lei. Na concussão o servidor público
exige dinheiro, um bem ou um favor para fazer ou deixar de fazer algo. É diferente exi-
gir(demandar) de solicitar (pedir).

14.4.1.2. Questões do TRF2


1) É possível o concurso de crimes entre o art. 90 da Lei no. 8.666/93 e o art. 312 do CPP?

Resposta:

Dois entendimentos:

1) Enquanto no crime de peculato protege-se a moral administrativa e o patrimônio pú-


blico, no crime de frustrar concorrência protege-se o serviço público e os concorrentes.
O crime de peculato não faz parte da linha causal do crime de frustração de concorrên-
cia, que poderia ser realizado com simples ajuste entre os concorrentes (TRF4). Parece
ser a linha do TRF1: PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. OPERAÇÃO SANGUES-
SUGA. QUADRILHA. ART. 288 do CP. CORRUPÇÃO ATIVA ART. 333 DO CP.
FRAUDE À LICITAÇÃO ART. 90 DA LEI N. 8.666/93. MATERIALIDADE E AU-
TORIA COMPROVADAS. 1. Materialidade e autoria das condutas delituosas atribuí-
das ao réu dos delitos de quadrilha (art. 288 do CP), fraude à licitação (art. 90 da Lei n.
8.666/93) e corrupção ativa (art. 333 do CP) devidamente comprovadas.

2) O crime previsto no art. 90 da Lei n. 8.666/93 é subsidiário em relação aos crimes de


peculato na trilha a doutrina de Paulo Jose da Costa Junior e Vicente Greco Filho ao
entender que a fraude à licitação é apenas a razão da prática da corrupção/peculato, e
que "o bem jurídico ofendido é o mesmo, ainda que em graus diversos – a moralidade e
probidade administrativas".

2) Qual o bem jurídico tutelado no art. 90 da lei no. 8666/93?

815
Resposta:

Moralidade administrativa e princípios da competitividade e isonomia.

3) Qual o bem jurídico tutelado nos crimes da Lei no. 8.666/93?

Resposta:

Moralidade administrativa e princípios da competitividade e isonomia.

4) São também crimes contra a Administração Pública ou esses não podem estar em Leis Espe-
ciais?

Resposta:

São também crimes contra a Administração Pública, pois o bem jurídico tutelado é a
moralidade administrativa.

5) Pode ocorrer concurso do art. 90 da Lei no. 8.666 com art. 312, CP?

Resposta:

Dois entendimentos:

1)Enquanto no crime de peculato protege-se a moral administrativa e o patrimônio pú-


blico, no crime de frustrar concorrência protege-se tão somente o serviço público e os
concorrentes. O crime de peculato não faz parte da linha causal do crime de frustração
de concorrência, que poderia ser realizado com ajuste entre os concorrentes (TRF4).
Parece ser a linha do TRF1: PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. OPERAÇÃO SAN-
GUESSUGA. QUADRILHA. ART. 288 do CP. CORRUPÇÃO ATIVA ART. 333 DO
CP. FRAUDE À LICITAÇÃO ART. 90 DA LEI N. 8.666/93. MATERIALIDADE E
AUTORIA COMPROVADAS. 1. Materialidade e autoria das condutas delituosas atri-
buídas ao réu dos delitos de quadrilha (art. 288 do CP), fraude à licitação (art. 90 da Lei
n. 8.666/93) e corrupção ativa (art. 333 do CP) devidamente comprovadas.

2) O crime previsto no art. 90 da Lei n. 8.666/93 é subsidiário em relação aos crimes de


peculato na trilha a doutrina de Paulo Jose da Costa Junior e Vicente Greco Filho ao
entender que a fraude à licitação é apenas a razão da prática da corrupção/peculato, e
que "o bem jurídico ofendido é o mesmo, ainda que em graus diversos – a moralidade e
probidade administrativas".

816
6) É possível, então, ocorrer vantagem para si e para o licitante ( outrem)?

Resposta:

Sim, a teor do próprio art. 90, a vantagem pode ocorrer para si ou para outrem: ―Art. 90.
Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o cará-
ter competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para ou-
trem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação‖.

14.4.1.3. Questões do TRF3


1) Na hipótese do crime previsto no art. 344 CP, o depoimento da vítima é suficiente para fun-
damentar uma condenação?

Resposta:

Não é suficiente, por si só, para condenação. Porém deve ser acreditada como forte in-
dício, mormente quando a prisão do réu foi comandada pela vítima, a vítima dirigiu-se
imediatamente à delegacia para registrar queixa, foi demitida do emprego após seu de-
poimento etc. É preciso, ainda, que a ameaça tenha relação com o processo, não se con-
figurando o crime quando a ameaça é genérica, bem como despida de gravidade etc.

2) Qual seria outra forma de provar a ocorrência deste crime, se geralmente ele ocorre apenas
entre vítima e o acusado?

Resposta:

O TRF1 admitiu a quebra de sigilo telefônico para comprovar a ameaça, oitiva de outras
testemunhas que presenciaram a coação (seja realizada por palavras, seja realizada por
meio de gestos), exame de corpo de delito quando a vítima é agredida etc.

3) Em que momento se consuma o estelionato previdenciário?

Resposta:

O STF e o STJ pacificaram o entendimento de que, se praticado pelo próprio beneficiá-


rio, o crime assume natureza permanente, renovando-se mensalmente, se praticado por
terceiro, o crime assume a natureza de instantâneo de efeitos permanentes, possuindo
como termo a quo do prazo prescricional a data do pagamento indevido da primeira
parcela.

817
4) Nos crimes de sonegação de contribuição previdenciária qual é o fator para se elevar a pena
base?

Resposta:

O magistrado deve levar em consideração o valor total das contribuições previdenciárias


não recolhidas como circunstância judicial negativa, pois o próprio artigo 59 do Código
Penal autoriza tal raciocínio, vez que o montante do "quantum debeatur" se caracteriza,
nitidamente, como conseqüência do crime.

5) Na terceira fase, o aumento da pena pela continuidade delitiva seria de quanto?

Resposta:

Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais
crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e
outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro,
aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, au-
mentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. O critério do aumento é represen-
tado pelo número de competências sonegadas.

6) Qual a natureza jurídica do crime do art. 98 da Lei de Licitações? (A examinadora pediu que
o candidato verificasse o artigo na Lei). Esse crime difere do crime de concussão previsto no
Código Penal? No crime do art. 98 é possível a tentativa?

Resposta:

Obstar, impedir ou dificultar, injustamente, a inscrição de qualquer interessado nos re-


gistros cadastrais ou promover indevidamente a alteração, suspensão ou cancelamento
de registro do inscrito. Tem prevalecido a tese de que os crimes previstos na Lei de Li-
citação tem por escopo proteger o patrimônio público e preservar o princípio da morali-
dade, mas os crimes só são puníveis quando se produz resultado danoso (STF e 6ª Tur-
ma do STJ, em contrário: 5 Turma do STJ e José Paulo Baltazar Júnior). É penalmente
irrelevante a conduta formal de alguém que não atente às formalidades da licitação
quando não há conseqüência patrimonial para o órgão público. O dolo genérico não
seria suficiente para levar o administrador à condenação. Temos, assim, duas opiniões:
(i) há quem entenda que os crimes da lei de licitações necessitam de um resultado dano-
so. Para esses, o crime é material, admitindo tentativa. Há quem entenda que se trata de
um crime de mera conduta (José Paulo Baltazar Júnior). Para esses, a tentativa é prati-
camente inviável, pois o mero dificultar configura o crime. Difere da concussão, pois
neste o servidor público exige dinheiro, um bem ou um favor para fazer ou deixar de
fazer algo.

818
7) Quais são os tipos de peculato? É possível a extinção da punibilidade na forma culposa? E no
peculato-furto? Na forma dolosa, a reparação do dano permite a desclassificação para crime
culposo? A reparação do dano é causa de extinção da punibilidade na forma dolosa?

Resposta:

Três são as modalidades: 1) Peculato-apropriação, o funcionário público se apropria do


dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular de que tem o agente
a posse em razão do cargo;2) Peculato-desvio, o funcionário público aplica ao objeto
material destino diverso que lhe foi determinado em benefício próprio ou de outrem; 3)
Peculato-furto, o funcionário público não tem a posse do objeto material e o subtrai, ou
concorre para que outro o subtraia, em proveito próprio ou alheio, por causa da facilida-
de proporcionada pela posse do cargo. Na modalidade culposa, a reparação do dano, se
precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de me-
tade a pena imposta. Esta benesse não é extensível ao peculato furto quando praticado
na modalidade dolosa. A reparação do dano não é causa de extinção da punibilidade na
modalidade dolosa nem permite a desclassificação para o crime culposo.

8) Configura o crime de falso testemunho o depoimento que, ainda que falso, fora totalmente
irrelevante para o processo?

Resposta:

Não há crime de falso testemunho se o depoimento prestado não teve potencialidade


para lesar os interesses da Administração da Justiça. Inúmeros julgados neste sentido.
Preleciona Guilherme de Souza Nucci que "é essencial que o fato falso (afirmado, ne-
gado ou silenciado) seja juridicamente relevante, isto é, de alguma forma seja levado em
consideração pelo delegado ou juiz para qualquer finalidade útil ao inquérito ou ao pro-
cesso, pois, ao contrário, tratar-se-ia de autêntica hipótese de crime impossível.("Código
Penal Comentado, 4ª edição, RT., fls. 940).

9) Pode o MP oferecer denúncia contra dois depoentes, quando contraditórios os depoimen-


tos?

Resposta:

Para o TRF4, ―se duas testemunhas fazem, perante o juízo trabalhista, afirmações mutu-
amente excludentes, uma delas favorecendo o reclamante e outra beneficiando o recla-
mado, não pode o MP, na dúvida sobre quem faltou com a verdade, oferecer denúncia
por falso testemunho contra ambas, pela simples e singela razão de que já sabe, de an-
temão, que um denunciado é inocente‖ (RSE 200270010226120).

819
10) Resistência à prisão após crime de roubo configura concurso material?

Resposta:

Divergência. O STJ já decidiu que se a resistência foi praticada após consumado o deli-
to de roubo, não poderia ser por este absorvida, sendo hipótese, portanto, de concurso
de crimes. Em outra oportunidade, assentou que resistência oposta por assaltante para
evitar a prisão, quando perseguido logo após a prática do crime de roubo, não constitui
crime autônomo, representa, tão-somente, um desdobramento da violência caracteriza-
dora do delito patrimonial. Para o TRF1: ―A resistência oposta pelos réus foi perpetrada
com o propósito de evitar a prisão , após a prática delitiva, in casu, o delito de roubo,
daí porque deve ser considerada um desdobramento da violência caracterizadora do
crime patrimonial (delito de roubo), não constituindo, portanto, crime autônomo, a ense-
jar o concurso material‖.

11) Pode haver concurso material entre os crimes dos arts. 155 e 348 do CP? E se o acusado
for absolvido do crime do 155?

Resposta:

Os tipos parecem inconciliáveis. Ou há co-autoria em relação ao furto ou há favoreci-


mento pessoal. Se o acusado foi absolvido pelo art. 155 não há como condenar outro réu
no art. 348, pois ser autor do crime é elementar da figura típica. ―Art. 348 - Auxiliar a
subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de reclu-
são‖. Para o STJ, este tipo penal ―pressupõe a existência de um crime anterior‖ (RHC
199300153579).

12) Qual o crime, se houver, do advogado que modifica, em petição inicial, o nº do CPF do seu
cliente para ludibriar as regras de distribuição?

Resposta:

Falsidade ideológica (art. 299 CP).

14.4.1.4. Questões do TRF4

14.4.1.5. Questões do TRF5

820
14.5. Direito Previdenciário

14.5.1. Salário-De-Contribuição. Contribuições Da Empresa

14.5.1.1. Questões do TRF1


1) Para efeito de contribuição previdenciária quem é que a lei ordinária equipara a empresa, a
empregador, quem ela considera empregador, portanto empresa, o órgão da administração? E
na iniciativa privada quem faz?

Resposta:

Para fins previdenciários, a empresa é o empresário ou a sociedade que assume o risco


de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os ór-
gãos e entidades da administração pública direta, indireta e fundacional. Equipara-se a
empresa, para fins previdenciários, o contribuinte individual em relação ao segurado
que lhe presta serviço, bem como a cooperativa, a associação ou a entidade de qualquer
natureza ou finalidade, a missão diplomática e a repartição consular de carreiras estran-
geiras;

2) No que consiste o salário de contribuição?

Resposta:

Segundo entendimento de Ivan Kertzman, o salário-de-contribuição é a base de cálculo


da contribuição dos segurados. É o valor a partir do qual, mediante a aplicação da alí-
quota fixada em lei, obtém-se o valor da contribuição de cada um deles. Note que o sa-
lário de contribuição, constitui um conceito muito mais amplo que o de salário base.
Vejamos: Para o empregado ou trabalhador avulso é o valor da remuneração recebida.
Para o empregado doméstico é o valor da remuneração registrada em CTPS. Para o con-
tribuinte individual é o valor recebido durante o mês, em razão da atividade exercida
por conta própria. E para o segurado facultativo é o valor por ele declarado. Ressalte-se
que somente as verbas indenizatórias NAO integram o salário de contribuição.

14.5.1.2. Questões do TRF2

14.5.1.3. Questões do TRF3


1) Quem tem competência para criar contribuição social para a seguridade social?

Resposta:

821
De maneira geral, a União tem competência para criar contribuições sociais para a segu-
ridade social. Entretanto, Estados, Municípios e Distrito Federal poderão instituir con-
tribuições para custear o Regime Próprio de Previdência de seus servidores.

DESSE PONTO EM DIANTE: RESPOSTAS ELABORADAS POR VICTOR CRE-


TELLA PASSOS SILVA
2) Qual a contribuição social para a seg. social que não incide em renda, e que, na prá-
tica, não socorre o sistema da seguridade social?

Resposta:

Acho que a contribuição do importador de bens ou serviços do exterior (ou equipara-


dos), prevista no art. 195, IV, da Constituição e instituída pela Lei n. 10.865/2004.

3) Qual a sanção que pode ser imposta a PJ em débito com o INSS e onde está estabe-
lecida tal sanção?

Resposta:

Segundo o §3° do art. 195 da Constituição, ―a pessoa jurídica em débito com o sistema
da seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá contratar com o Poder Pú-
blico nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios‖.

O art. 52 da Lei n. 8.212/91, por sua vez, remete ao art. 32 da Lei n. 4.357/64, que neste
ponto dispõe textualmente que ―as pessoas jurídicas, enquanto estiverem em débito, não
garantido, para com a União e suas autarquias de Previdência e Assistência Social, por
falta de recolhimento de impôsto, taxa ou contribuição, no prazo legal, não poderão: a)
distribuir ... (VETADO) ... quaisquer bonificações a seus acionistas; b) dar ou atribuir
participação de lucros a seus sócios ou quotistas, bem como a seus diretores e demais
membros de órgãos dirigentes, fiscais ou consultivos‖.

4) Existe norma específica que fala da PJ?

Resposta:

Os dispositivos acima mencionados referem-se especificamente sobre a “pessoa jurídi-


ca” ou “empresa”.

5) Em relação as contribuições atinentes a seguridade social. Fale sobre a contribuição


SAT, principalmente quanto às alíquotas.
822
Resposta:

O SAT (―seguro de acidentes do trabalho‖) destina-se ao financiamento da aposentado-


ria especial e de benefícios decorrentes de acidentes de trabalho.

Segundo a doutrina majoritária, o SAT não constitui uma contribuição autônoma, mas
apenas um adicional às contribuições das empresas sobre a remuneração dos emprega-
dos e avulsos. Há quem diga que, em vez de adicional, o SAT constitui a parte variável
da contribuição das empresas.

A Lei n. 8.212/91, em seu art. 22, estabelece as alíquotas do SAT em 1, 2 ou 3% con-


forme o grau de risco da atividade preponderante da empresa seja considerado leve,
médio ou grave, respectivamente. Considera-se atividade preponderante a atividade que
ocupa, na empresa, o maior número de empregados/avulso (art. 202 do RPS) por estabe-
lecimento, conforme entendimento firmado pelo STF.

O art. 57 da LBPS prevê, ainda, um acréscimo na alíquota do SAT, de 12, 9 ou 6 pontos


percentuais incidente especificamente sobre a remuneração do segurado que exerça ati-
vidade que permita a concessão de aposentadoria especial após 15, 20 ou 25 anos de
contribuição, respectivamente.

A Lei n. 10.666/2003 prevê a possibilidade de redução do SAT em 50% ou acréscimo


em 100% em razão do desempenho da empresa relativamente aos níveis de frequência,
gravidade e custo dos acidentes de trabalho, a ser aferido pelo FAT (fator acidentário de
prevenção).

6) O SAT tem alíquotas variáveis? Tem algum tipo de categorização?

Resposta:

Já respondida acima.

14.5.1.4. Questões do TRF4

14.5.1.5. Questões do TRF5

823
14.6. Direito Civil

14.6.1. Responsabilidade Civil. Regras Gerais. Fato De Outrem. Dano Moral E


Material

14.6.1.1. Questões do TRF1

14.6.1.2. Questões do TRF2


1) Erro médico no serviço público de saúde gera direito absoluto?

Resposta:

Não sei se compreendi a tônica da pergunta, mas me parece que o erro médico no servi-
ço público de saúde não geraria "um direito absoluto", inafastável. Isso porque a res-
ponsabilidade civil da Administração Pública é pautada pela teoria do ―risco administra-
tivo‖, que não se confunde com ―risco integral‖, justamente por admitir excludentes de
responsabilização (fato exclusivo de terceiro, caso fortuito e força maior, culpa exclusi-
va da vítima, etc).

De qualquer modo, não se pode deixar de lembrar que intervenções médico-cirúrgicas


ensejam geralmente obrigações de meio e não obrigações de resultado (salvo exceções,
a exemplo de cirurgias estéticas), o que significa que a responsabilidade civil do médico
pode ser afastada se não caracterizar alguma espécie de ―erro médico‖.

2) Como o CDC trata o serviço público de saúde (responsabilidade civil objetiva ou sub-
jetiva?)? Isso geraria uma obrigação de resultado para o médico da rede pública?

Resposta:

Em tese, serviços na área de saúde podem caracterizar relação de consumo, desde que
enquadráveis no disposto no art. 3°, §2°, do CDC.

No entanto, em se tratando de serviço público de saúde, não há que se falar em relação


de consumo, tendo em vista que o serviço é prestado gratuitamente (art. 196), conforme
pacífico entendimento jurisprudencial: "O conceito de "serviço" previsto na legislação
consumerista exige para a sua configuração, necessariamente, que a atividade seja
prestada mediante remuneração (art. 3º, § 2º, do CDC). 3. Portanto, no caso dos autos,
não se pode falar em prestação de serviço subordinada às regras previstas no Código
de Defesa do Consumidor, pois inexistente qualquer forma de remuneração direta refe-
rente ao serviço de saúde prestado pelo hospital público, o qual pode ser classificado
como uma atividade geral exercida pelo Estado à coletividade em cumprimento de ga-
rantia fundamental (art. 196 da CF)." (RESP 200201541999, DENISE ARRUDA, STJ
- PRIMEIRA TURMA, DJ DATA:01/02/2006 PG:00431.)
824
3) Faça um apanhado a respeito das intercorrências e afastamentos entre a responsa-
bilidade civil e a criminal.

Resposta:

No Brasil, adota-se um sistema de independência relativa entre as instâncias cível, cri-


minal e administrativa. Isso significa dizer que, embora as diversas instâncias sejam em
princípio autônomas, existe a possibilidade de subordinação temática de uma instância a
outra, especificamente com relação a determinadas questões proferidas no âmbito cri-
minal.

Nos termos do art. 935 do CCB, um vez comprovada no juízo criminal a existência do
fato, bem como de sua autoria, não poderá haver rediscussão na instância cível.

Ademais, faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato prati-
cado em legítima defesa, em estado de necessidade, em estrito cumprimento do dever
legal e no exercício regular do direito (art. 65 CPP), embora ainda assim possa ser caso
de responsabilização civil, conforme arts. 929 e 930 do CCB.

Na mesma esteira, também faz coisa julgada no cível a sentença absolutória que reco-
nhecer a inexistência do fato ou a existência de prova de não ter o réu praticado a infra-
ção penal.

Não faz, contudo, coisa julgada no cível a sentença de absolvição pela ausência de com-
provação da autoria do crime imputado (art. 66 CPP) e pela atipicidade do crime (art.
67, III, CPP), o mesmo sucedendo com a sentença que extingue a punibilidade do fato.

4) Se a pessoa é absolvida por crime em legítima defesa, pode se propor ação cível
indenizatória? E se a pessoa for absolvida em crime culposo? E se por um acaso houver
a extinção da punibilidade na ação penal?

Resposta:

Legítima defesa: Os atos praticados em legítima defesa não constituem "atos ilícitos"
para fins civis (art. 188, I, CC), porém podem ensejar o dever de indenizar caso o preju-
dicado não tenha sido quem tenha dado causa à atuação defensiva. Pelo menos é o que
se deduz da análise conjugada dos arts. 929 e 930 do Código Civil. Nesse mesmo senti-
do: (RE 229653, SEPÚLVEDA PERTENCE, STF).

Crime culposo: partindo da premissa de que a absolvição tenha se dado pela ausência de
negligência, imprudência ou imperícia, também não haveria qualquer ato ilícito para
fins civis (art. 186 do CC), porém ainda assim o sujeito pode ser responsabilizado ci-
825
vilmente, como, por exemplo, nas hipóteses de responsabilidade objetiva (em que for
dispensável a configuração de culpa).

Extinção de punibilidade: como a extinção da punibilidade não encerra qualquer juízo


de valor especificamente sobre o fato submetido ao juízo penal, tenho que a responsabi-
lidade civil permanece incólume. Nesse sentido: "O reconhecimento da extinção da
punibilidade pela prescrição retroativa após o trânsito em julgado da sentença penal
condenatória não afasta a caracterização desta como título executivo no âmbito cível, a
ensejar a reparação do dano causado ao ofendido. (...) A decretação da extinção da
punibilidade não implica no desaparecimento do fato, que ocorreu, causando prejuízos
ao ofendido, sendo devido o ressarcimento. 3 - Precedentes (REsp nºs 163.786/SP e
166.107/MG). 4 - Recurso não conhecido" (RESP 200500185334, JORGE SCARTEZ-
ZINI, STJ - QUARTA TURMA, DJ DATA:03/10/2005 PG:00279.).

5) O senhor está julgando por sonegação fiscal, da tribuna o advogado pede a palavra
que diz que tem um acórdão do conselho de contribuintes, dizendo que o lançamento
foi anulado, neste caso foi um fato novo, neste caso o senhor é relator, e já tinha vota-
do a favor da condenação, o senhor faria neste caso?

Resposta:

Pediria os autos novamente, considerando que a anulação do lançamento, ainda que


vício formal, compromete a constituição do crédito tributário, e, por consequência,
compromete a condição objetiva de punibilidade/elemento de tipicidade/condição de
procedibilidade necessária para a persecução criminal.

Em sentido próximo: ―Considerando a circunstância de que a Receita Federal reconside-


rou a sua anterior decisão e readmitiu o Recurso Voluntário do paciente, nos autos do
procedimento fiscal, concluindo, em conseqüência, pela anulação da inscrição em dívi-
da ativa, a situação em tela se amolda, à orientação jurisprudencial da Suprema Corte
para os crimes tributários, que entende que a decisão definitiva da esfera administrativa
se consubstancia em uma condição objetiva de punibilidade, isto é, constitui elemento
essencial à exigibilidade da obrigação tributária, não podendo o Judiciário impor ao
paciente condenação pelo cometimento de crime contra a ordem tributária, se a autori-
dade fazendária, em sede de procedimento administrativo, anulou o lançamento do débi-
to fiscal. Assim, à luz dos elementos constantes dos autos, existe manifesta ausência de
justa causa a ensejar o trancamento da ação penal instaurada em face do paciente.‖ (HC
200802010146526, Desembargadora Federal LILIANE RORIZ, TRF2 - SEGUNDA
TURMA ESPECIALIZADA, DJU - Data::12/11/2008 - Página::257.)

Mas acredito outras posturas poderiam ser adotadas. O Desembargador, por exemplo,
poderia invocar o art. 463 do CPC, por analogia (art. 3° do CPP).

826
6) - Qual a diferença teoria em caso fortuito e força maior?

Resposta:

Caso fortuito é o evento imprevisível, e, consequentemente, inevitável.

A força maior é o evento inevitável, ainda que previsível, por se tratar de fato superior
às forças do agente, como normalmente são os fatos da natureza (tempestades, enchen-
tes, etc.).

Mas a doutrina não é pacífica a respeito dessa diferenciação, havendo, inclusive, quem
defenda o contrário.

7) O que é um culpa in vigilando e culpa in eligendo?

Resposta:

Culpa in elegendo é aquela decorrente de má escolha (ex. patrão com relação aos atos
de seu preposto).

Culpa in vigilando é aquela que decorre da falta de atenção ou cuidado com o procedi-
mento de outrem que estava sob a guarda ou responsabilidade do agente (educando,
tutor, filho menor, etc.).

Geralmente, estão associadas às hipóteses de culpa presumida (tal como no CC/16) ou


de responsabilidade civil indireta (sistemática do novo CC).

8) CC – art. 932, procure verificar entre os incisos a culpa in vigilando e culpa in eli-
gendo? Não deixa de ser uma categoria teórica ainda que o viés hoje seja outro. Por-
que o termo eligendo?

Resposta:

Culpa in vigilando: I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e
em sua companhia; II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem
nas mesmas condições; IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos
onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, mo-
radores e educandos;

Culpa in eligendo: III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e


prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
827
Nenhuma das duas, salvo melhor juízo: V - os que gratuitamente houverem participado
nos produtos do crime, até a concorrente quantia.

9) A doutrina divide a responsabilidade, quais são estas divisões?

Resposta:

Quanto à origem, a responsabilidade em matéria civil pode ser ―contratual‖, nos casos
de inadimplemento de uma obrigação positiva ou negativa (arts. 389 a 391 do CC). Po-
de ser, ainda, de origem ―extracontratual‖ ou aquiliana, quando fundada na prática de
um ato ilícito outro ou, ainda, quando fundado em abuso de direito (arts. 186 e 187 res-
pectivamente).

Quanto à necessidade da presença de culpa lato sensu, pode ser subjetiva ou objetiva,
divisão essa que dispensa maiores comentários.

10) Na responsabilidade extracontratual, qual seria o inadimplemento já que não se


tem relação jurídica com aquele que prejudicado?

Resposta:

Na responsabilidade extracontratual o pressuposto da responsabilização correspondente


é o "ato ilícito" (art. 186, CC), compreendendo a conduta que viole dever jurídico pree-
xistente, ou uma conduta abusiva (art. 187, CC) e eventualmente danosa.

11) A proteção à saúde e segurança do consumidor: a responsabilidade solidária dos


causadores do dano pode ser enquadrada como propter rem?

Resposta:

Não sei se entendi a pergunta, mas me parece que a simples alteração da titularidade de
eventual pessoa jurídica que tenha causado danos ao consumidor não impede a respon-
sabilização em matéria de consumo, de modo que, por esse prisma, seria possível cogi-
tar de uma espécie de obrigação propter rem.

14.6.1.3. Questões do TRF3


1) O profissional liberal tem responsabilidade objetiva no CDC? Explique.

Resposta:

828
No sistema do CDC, a responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada
mediante a verificação de culpa (art. 14, §4°).

14.6.1.4. Questões do TRF4


1) O que são danos emergentes?

Resposta:

Os danos emergentes correspondem àquilo que o prejudicado efetivamente perdeu por


ocasião de um inadimplemento contratual ou de um ato ilícito qualquer (arts. 402 e 403
do CC).

2) O dolo/culpa influenciam na responsabilidade civil, tendo em vista que a indeniza-


ção será feita pela extensão do dano, conforme dicção do CC?

Resposta:

Em regra não, pois, de acordo com o art. 944 do CC "a indenização mede-se pela exten-
são do dano". O mesmo se deduz do disposto no art. 403 do Código, senão vejamos:
"ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os
prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo
do disposto na lei processual".

Porém, o parágrafo único do mesmo art. 944 do Código Civil traz uma exceção quando
dispõe que "se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, po-
derá o juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização".

De todo modo, vale frisar existe uma peculiaridade com relação às indenizações por
danos morais, tendo em vista que, de acordo com o STJ, “na fixação da indenização a
esse título, recomendável que o arbitramento seja feito com moderação, proporcional-
mente ao grau de culpa, ao nível socioeconômico dos autores e, ainda, ao porte econô-
mico dos réus, orientando-se o juiz pelos critérios sugeridos pela doutrina e pela juris-
prudência, com razoabilidade, valendo-se de sua experiência e do bom senso, atento à
realidade da vida e às peculiaridades de cada caso" (RESP 200401126950, CARLOS
FERNANDO MATHIAS (JUIZ FEDERAL CONVOCADO DO TRF 1ª REGIÃO),
STJ - QUARTA TURMA, DJE DATA:03/11/2008.), o que não deixa de constituir mais
uma exceção à regra inicialmente mencionada.

3) Fale sobre a concorrência de culpas para a indenização.

Resposta:

829
Pela sistemática do atual Código Civil, se a vítima tiver concorrido culposamente para o
evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua cul-
pa em confronto com a do autor do dano (art. 945).

Com relação a esse tema, vale frisar que a doutrina predominante tem admitido o cabi-
mento de culpa concorrente como atenuante mesmo nos casos de responsabilidade civil
objetiva, sob o fundamento de que, se a responsabilidade pode ser eximida por culpa
exclusiva da vítima, também poderá ser minorada em caso de culpa concorrente. Os
arts. 12, §3°, 14, §3°, ambos do CDC, e o art. 738, parágrafo único, do CCB depõem
nesse sentido.

4) Existe responsabilidade sem culpa?

Resposta:

Existe responsabilidade sem culpa, ou objetiva (CDC, ambiental, atividades de risco,


transporte, etc.).

O que não existe é responsabilidade sem dano, esse sim pressuposto inafastável de res-
ponsabilização (art. 944 do CC).

5) Que tipo de responsabilidade é a do pai pelo incapaz?

Resposta:

Na sistemática do Código Civil atual, a responsabilidade dos pais por ato de seus filhos
menores (art. 932, I, do CC) é objetiva, respondendo ainda que não haja culpa de sua
parte (art. 933 do CC), ao contrário do regime do Código anterior, em que a responsabi-
lidade era por culpa presumida. Nesse sentido é o Enunciado n. 451 do CJF.

Convém enfatizar, contudo, que, apesar de dispensar ato culposo do pai, deve restar
caracterizado algum ato culposo do próprio filho. Isso porque se trata, mais precisamen-
te, de uma hipótese de ―responsabilidade objetiva indireta‖ ou ―objetiva impura‖, con-
forme Álvaro de Villaça de Azevedo.

14.6.1.5. Questões do TRF5

830
14.7. Direito Empresarial

14.7.1. Contrato De Comissão. Cartão De Crédito

14.7.1.1. Questões do TRF1


1) No contrato de comissão, quem são as partes? O comissário tem a propriedade do
bem que ele vende? J. X Carvalho de Mendonça tem uma posição quanto isto, inclusi-
ve bastante privilegiada na doutrina, você saberia dizer que posição é esta?

Resposta:

No contrato de comissão, são partes o comitente e o comissário, ambos empresários: o


comissário é o empresário que realiza negócios em nome próprio porém no interesse e
seguindo as instruções do comitente. O comissário não tem a propriedade do bem que
vende, tal como ocorreria, por exemplo, na concessão comercial. Ele realiza os negócios
jurídicos em nome próprio, é verdade, mas à conta e seguindo instruções do comitente,
que é quem detém a propriedade do bens negociados.

Não sei a posição do Prof. Carvalho de Mendonça. Pesquisei bastante, porém ainda as-
sim não encontrei. Peço desculpas aos colegas.

2) O que seria a cláusula Del Credere? Qual a natureza jurídica desta cláusula? Seria
mais um seguro, como a cláusula Del credere o comissário responsabiliza-se com o
terceiro adquirente com quem ele contrata, esta cláusula seria uma fiança, seguro?

Resposta:

Em regra, o comissário não responde pela insolvência das pessoas com quem tratar.
Porém, se existir a cláusula del credere, o comissário passa a responder solidariamente
com as pessoas com que houver tratado em nome do comitente, caso em que geralmente
faz jus a uma remuneração mais elevada (art. 697 do CC).

A referida cláusula visa estimular o comissário a ser cuidadoso na escolha das pessoas
com quem realiza negócios. Não se trata de aval (até porque não constitui obrigação
cambial) nem fiança (não se trata de garantia fidejussória), mas de simples cláusula de
corresponsabilização (garantia solidária resultante de acordo de vontades e autorizada
por lei).

3) De onde e como surgiu o instituto dos cartões de crédito? E no Brasil?

Resposta:

831
O cartão de crédito é uma criação recente, assemelhando-se, preliminarmente, aos car-
tões de credenciamento ou relacionamento emitidos por hotéis na Europa a partir de
1914. Posteriormente, em 1920 passou a ser utilizado em postos de gasolina dos Estados
Unidos da América.

Em 1950, Frank MacNamara e alguns executivos financeiros de Nova York entraram


num restaurante para jantar e, ao ser apresentada a conta, verificaram que se encontra-
vam sem dinheiro ou talão de cheques.

Diante disso e após alguma discussão, o proprietário do estabelecimento permitiu que


MacNamara procedesse ao pagamento da conta em outro dia, mediante a aposição de
sua assinatura na respectiva nota de serviços.

Em decorrência desse episódio, MacNamara idealizou a captura e transmissão de tran-


sações de venda e compra de bens e serviços à distancia e concebeu a ideia do cartão de
crédito, sendo emitido em 28 de fevereiro de 1950 o Diners Club, primeiro cartão mul-
tiuso aceito em 27 restaurantes no lugar de dinheiro ou cheque. Naquele primeiro ano,
200 pessoas tornaram-se titulares do aludido cartão de crédito.

Somente com a criação do Diners Club por esse grupo de amigos americanos, é que o
cartão assumiu a característica de meio de pagamento para aquisição de bens ou pro-
dutos, ou ainda, contratação de prestação de serviços a prazo.

Em 1951, os portadores do Diners Club cresceram para 42 mil, movimentando mais de


US$ 1 milhão em mais de 330 estabelecimentos comercias, dentre os quais, restauran-
tes, hotéis, night clubs e varejistas, demonstrando a rápida disseminação do cartão
como meio de pagamento no mercado. Foi este crescimento que possibilitou o lança-
mento do cartão de crédito em outros países.

O primeiro Diners Club brasileiro foi emitido no ano de 1954, preliminarmente para um
seleto grupo de restaurantes, não obstante foi somente em 1956 que ele começou a
tomar corpo.

Em 1958, a agência de viagens American Express lançou um cartão semelhante e, des-


de então, inúmeras empresas surgiram com a mesma finalidade.

Em 1971 foi fundada a ABECS - Associação Brasileira das Empresas de Cartões de


Crédito e Serviços na cidade do Rio de Janeiro, porém em 1974 sua sede foi transferida
para São Paulo, onde permanece até hoje.

Leia mais: http://jus.com.br/revista/texto/5079/o-contrato-de-cartao-de-credito-a-


luz-do-codigo-de-defesa-do-consumidor#ixzz24s9VqvU7

4) O que seria o sistema de cartões?


832
Resposta:

Basicamente, os contratos de cartões de crédito tomam por base um sistema complexo,


que conta com a participação de três atores principais: (1) o titular ou usuário, que é a
pessoa que faz uso do cartão ao efetuar uma compra ou receber um serviço; (2) a socie-
dade emissora, que se compromete a cobrar do titular do cartão utilizado e a pagar o
valor ao fornecedor do bem ou serviço; (3) fornecedor, que é o empresário que realiza o
contrato de filiação com a empresa emissora do cartão, e que recebe do emissor o mon-
tante concernente ao total de vendas realizadas com utilização do cartão, descontando-se
a comissão deste.

5) Cartão de crédito e cartão de credenciamento, qual seria a diferença?

Resposta:

Basicamente, os cartões de credenciamento são cartões personalizados fornecidos por


determinado estabelecimento (ex. C&A, Riachuelo, etc.) aos seus clientes, permitindo
que estes o utilizem como forma de pagamento, quitando a fatura no prazo concedido.
Em linhas gerais, viabilizam uma venda a prazo realizada pelo estabelecimento comer-
cial emissor do cartão.

Já os cartões de crédito constituem, de acordo com parte da doutrina, um gênero que


abrange não só os cartões de credenciamento, como também os cartões de débito e os
cartões de crédito em sentido estrito. Estes últimos são aqueles de maior utilização, emi-
tidos por empresas administradoras, que atuam como intermediárias entre comerciantes
e consumidores, nos moldes já enunciados nas respostas às perguntas anteriores.

6) O cartão de crédito (o cartão em si, suporte) seria um título de crédito?

Resposta:

O cartão de crédito não representa um crédito pré-definido, pois, apesar de haver um


limite de crédito concedido previamente ao titular, quando da aquisição do cartão pela
entidade emissora, não existe a obrigação de pagar enquanto o cartão não for utilizado e
no montante em que ele for utilizado.

Nesse sentido discorrem Fran Martins e Maria Helena Diniz, destacando-o o entendi-
mento desta: Não se trata de título de crédito, por ser desprovido de caracteres de abs-
tração e livre circulação e por não ter um valor por si mesmo. Seria um documento de
identificação e não título de crédito, por ser incompleto e insuficiente, apesar de incor-
porar um direito do consumidor. Constituiria um mero instrumento de identificação, que
permite a utilização do serviço e a aquisição dos bens. Daí ser nominativo, pessoal e

833
intransferível (fonte:
http://www.viannajr.edu.br/revista/dir/doc/art_cartao_credito.pdf)

7) A que se deve o nome dinners?

Resposta:

A história do cartão DINERS CLUB começou em 1949 quando o advogado Frank Mc-
Namara marcou um almoço de negócios com outros executivos no restaurante Major‘s
Cabin Grill na cidade de Nova York. Quando o garçom trouxe a conta, Frank percebeu
que tinha esquecido sua carteira no quarto do hotel. O dono do restaurante, depois de
alguma discussão, permitiu que ele pagasse a conta em outro dia, mediante a sua assina-
tura na nota de despesas. Depois desse episódio embaraçoso, o senhor McNamara teve
uma idéia que iria revolucionar a forma de pagamento no mundo. No dia 8 de fevereiro
de 1950, Frank e seu sócio Ralph Schneider, voltaram ao mesmo restaurante e na hora
de pagar a conta, ele tirou de sua carteira um pequeno cartão, contendo o nome do dono,
e feito de papel cartão, que se chamava DINERS CLUB CARD para pagar a despesa.
Para administrar o cartão de crédito, Frank McNamara e mais dois sócios, o advogado
Ralph Schneider e Casey R. Taylor, criaram a empresa DINERS CLUB. Inicialmente, o
cartão de crédito, emitido pela primeira vez no dia 28 de fevereiro e aceito em 27 res-
taurantes da cidade (daí a origem do nome, algo como “clube do jantar”), era usado
apenas por pessoas importantes na época (aproximadamente 200 amigos do próprio
Frank). O DINERS CLUB CARD cobrava dos estabelecimentos conveniados um percentu-
al de 7% sobre o valor gasto, a título de taxa de serviço, e, dos usuários do seu cartão,
aos quais concedia 60 dias para o pagamento integral das faturas, uma taxa adminis-
trativa anual de US$ 3. (http://mundodasmarcas.blogspot.com.br/2006/05/diners-club-o-
pioneiro.html)

14.7.1.2. Questões do TRF2

14.7.1.3. Questões do TRF3

14.7.1.4. Questões do TRF4

14.7.1.5. Questões do TRF5

834
14.8. Direito Processual Civil

14.8.1. Execução Para Entrega De Coisa Certa E Incerta. Execução Das Obrigações De
Fazer E Não-Fazer. Execução Por Quantia Contra Devedor Solvente: Penhora,
Realização E Formalização Da Penhora, Expropriação, Arrematação, Adjudicação E
Remição. Pagamento Ao Credor. Cumprimento Da Sentença. Sincretismo Processual.
Procedimento. Multa Por Inadimplemento. Penhora E Avaliação. Arresto.
Impugnação Pelo Devedor. Natureza Jurídica Da Decisão Resolutória Da
Impugnação. Recurso Cabível

14.8.1.1. Questões do TRF1

1) Como juiz federal, verificando um bem que o oficial de justiça penhorou indevida-
mente, o senhor de ofício tornaria sem efeito aquela penhora?

Resposta:

Sim. Cabe ao juiz exercer o controle dos atos processuais, de modo que eventual cons-
trição indevida (bem impenhorável, inobservância das formalidades legais, etc.) implica
ou em irregularidade formal – em caso de inobservância dos procedimentos legais – ou
em irregularidade substancial – em caso de atingimento de bem impenhorável -, com-
portando, em qualquer das hipóteses, atuação de ofício do julgador.

Em sentido próximo: ―Há que ser reconhecida nulidade absoluta da penhora quando esta
recai sobre bens absolutamente impenhoráveis. Cuida-se de matéria de ordem pública,
cabendo ao magistrado, de ofício, resguardar o comando insculpido no artigo 649 do
CPC. Tratando-se de norma cogente que contém princípio de ordem pública, sua inob-
servância gera nulidade absoluta consoante a jurisprudência assente neste STJ.‖ (REsp
864.962/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA,
julgado em 04/02/2010, DJe 18/02/2010)

2) Penhora on-line – tem suporte constitucional? E, em tendo, apesar de representar a


primeira classe (dinheiro), seria a última medida?

Resposta:

Sob certa ótica sim, podendo ser reconduzida, por exemplo, aos princípios constitucio-
nais da celeridade e da efetividade da tutela jurisdicional, tendo em vista que a penhora
de numerário constitui o meio mais ágil e efetivo de satisfação dos interesses do credor-
exequente.

Após, alguma vacilação inicial, o STJ firmou o entendimento de que, embora a ordem
de gradação legal não deva ser tratada como rígida e absoluta (art. 655 do CPC), a pe-
835
nhora de numerário via BACENJUD não se condiciona ao prévio esgotamento de outras
medidas constritivas. Nesse sentido: ―A Corte Especial, no julgamento do REsp
1.112.943-MA, Rel. Min. Nancy Andrighi, ocorrido em 15.09.2010, pela sistemática do
artigo 543-C do CPC, decidiu que, após o advento da Lei nº 11.382/06, o juiz não pode
exigir do credor o exaurimento das diligências, na busca de outros bens, para a decre-
tação da penhora on line. 3. Da mesma forma, a Primeira Seção deste Tribunal ratifi-
cou a necessidade de interpretação sistemática dos artigos 655-A do CPC e 185-A do
CTN, de modo a autorizar a penhora eletrônica de depósitos e aplicações financeiras,
independentemente do exaurimento de diligências extrajudiciais, por parte do exequen-
te, após o advento da Lei nº 11.382/06.” (REsp 1148365/RS, Rel. Ministro CASTRO
MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/05/2011, DJe 02/06/2011)

3) Pode-se realizar penhora sob a sede de um estabelecimento comercial? A fazenda


nacional numa determinada execução, a parte pede a substituição de um bem imóvel
por um precatório do estado de RO, por exemplo, ela pode recusar a substituição do
imóvel por precatório que seria dinheiro?

Resposta:

Sim em ambos os casos.

É possível a penhora de estabelecimento comercial quando inexistentes outros meios


menos onerosos ao devedor (AGA 200900021789, ARNALDO ESTEVES LIMA, STJ
- PRIMEIRA TURMA, DJE DATA:17/02/2011.), e desde que nomeado depositário na
forma exigida pelo art. 677 do CPC.

Em tese, pode a Fazenda Pública recusar a substituição de bem imóvel penhorado por
precatório, invocando o art. 668 do CPC (que veda a substituição quando implicar em
maior onerosidade ao credor). Isso porque, enquanto os imóveis estão em quarto na gra-
dação legal (art. 655, IV, CPC), os precatórios ocupam a última posição, por se tratarem
de ―outros direitos‖ (inciso IX). Nesse sentido: “A orientação da Primeira Seção/STJ
firmou-se no sentido de que a penhora (ou eventual substituição de bens penhorados)
deve ser efetuada conforme a ordem legal, prevista no art. 655 do CPC e no art. 11 da
Lei 6.830/80. Assim, não obstante o precatório seja um bem penhorável, a Fazenda
Pública pode recusar a nomeação de tal bem, quando fundada na inobservância da
ordem legal, sem que isso implique ofensa ao art. 620 do CPC” (REsp 1.090.898/SP, 1ª
Seção, Rel. Min. Castro Meira, DJe de 31.8.2009 - recurso submetido à sistemática pre-
vista no art. 543-C do CPC, c/c a Resolução 8/2008 -Presidência/STJ).

4) Houve uma omissão ao processo de conhecimento em relação a uma verba honorá-


ria, pode o juiz federal de execução fixar a verba honorária na fase de execução, diante
836
da omissão no processo de conhecimento pode-se suprir esta omissão no processo de
execução ou na fase de cumprimento de sentença? Os honorários teriam a mesma
natureza de uma correção monetária, de um consectário legal?

Resposta:

Não. Embora a condenação nos ônus da sucumbência venha sendo tratado como pedido
implícito (RESP 200801438427, LAURITA VAZ, STJ - QUINTA TURMA, DJE DA-
TA:11/10/2010.), passível de imposição independentemente de requerimento expresso
na petição inicial, caso a sentença não fixe verba honorária alguma e transite em julgado
não é mais possível o seu arbitramento em posterior fase/ação de execução, sob pena de
violação da coisa julgada.

Nesse sentido: A Corte Especial/STJ, ao apreciar o REsp 886.178/RS (Rel. Min. Luiz
Fux, DJe de 25.2.2010), aplicando a sistemática prevista no art. 543-C do CPC, c/c a
Resolução 8/2008 - Presidência/STJ, confirmou a orientação no sentido de que "o trân-
sito em julgado de decisão omissa em relação à fixação dos honorários sucumbenciais
impede o ajuizamento de ação própria objetivando à fixação de honorários advocatícios,
sob pena de afronta aos princípios da preclusão e da coisa julgada. Isto porque, na hipó-
tese de omissão do julgado, caberia à parte, na época oportuna, requerer a condenação
nas verbas de sucumbência em sede de embargos declaratórios, antes do trânsito em
julgado da sentença". (...) (RESP 200901774641, MAURO CAMPBELL MARQUES,
STJ - SEGUNDA TURMA, DJE DATA:28/09/2010.)

5) Qual o instrumento que eu terei para forçar o cumprimento de uma tutela inibitó-
ria?

Resposta:

A tutela inibitória, como o próprio nome diz, constitui uma modalidade de tutela pre-
ventiva que tem por objetivo impedir a consumação da prática de um ilícito iminente ou
mesmo evitar a sua repetição ou perpetuação. Trata-se, como se vê, de uma tutela pre-
ventiva e que tem por alvo o ilícito e não o dano (pertinente apenas às tutelas repressi-
vas e ressarcitórias).

Diante disso, o julgador pode assegurar a efetivação de uma tutela inibitória mediante a
utilização de todos os meios executivos diretos e indiretos previstos no art. 461 e 461-A
do CPC, desde que, obviamente, observado o binômio idoneidade/menor onerosidade.

Pode, por exemplo, cominar multa (para o caso de concretização de eventual ilícito imi-
nente), determinar a busca e apreensão de objetos com conteúdo potencialmente nocivo
(caso constitua medida idônea para impedir a prática do ilícito), entre outros.

837
Por todos, admitindo imposição de multa: (AI 00090748320054030000, DESEMBAR-
GADORA FEDERAL MARISA SANTOS, TRF3 - NONA TURMA, DJU DA-
TA:07/07/2005 ..FONTE_REPUBLICACAO:.)

6) Em relação às penhoras, temos um instituto no art. 455 do CPC chamado penhora


on-line, que tem sido muito usado na justiça estadual, do trabalho e agora também a
federal. Na ordem de preferência o dinheiro é o primeiro, a indicação para a penhora é
do devedor, o senhor como magistrado a pedido da fazenda nacional, determinaria em
seu despacho inicial em sede de execução fiscal ou em execução civil a determinação
de bloqueio de ativos financeiros?

Resposta:

Sim, pelos fatos já respondidos anteriormente (preferência do bem na ordem de grada-


ção legal; desnecessidade de esgotamento de outros meios executivos).

Invocaria o disposto no art. 655-A do CPC, a despeito da regra do art. 185 do CTN, por
aplicação do diálogo das fontes.

No mesmo sentido: (AgRg no AREsp 66.232/PR, Rel. Ministro HUMBERTO MAR-


TINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 27/03/2012, DJe 03/04/2012).

Recentemente contra: A norma do art. 185-A do CTN não foi afetada pela Lei
11.382/2006, por ser (a do CTN) de hierarquia complementar e esta (que introduziu o
art. 655-A do CPC) de hierarquia ordinária; ademais, o CTN deve ser entendido como o
conjunto de garantias do contribuinte executado pela Fazenda Pública e suas disposi-
ções, ainda que referentes à indisponibilidade de bens, devem ser estendidas aos casos
de penhora eletrônica, ante a regra do art. 620 do CPC, que prevê a execução pelo modo
menos gravoso para o devedor. (EDcl no REsp 1184765/PA, Rel. Ministro NAPOLE-
ÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 30/05/2012, DJe
15/06/2012)

7) Quando eu encaminho a expropriação de um determinado bem através de uma has-


ta público ou leilão?

Resposta:

Não entendi a pergunta.

Não seria ―através de uma praça ou leilão‖? Se for isso, diria que a praça destina-se à
arrematação de bens imóveis. O leilão destina-se à arrematação de bens móveis (art.
838
686, IV, do CPC). É válido, contudo, deixar o registro de que a LEF prevê apenas o
leilão, não fazendo essa distinção.

Ou o examinador queria que nos referíssemos à ordem de preferência na expropria-


ção? Adjudicação, alienação por iniciativa particular e, por fim, alienação em hasta
pública (art. 647 do CPC).

8) A penhora sob o faturamento na jurisprudência do STJ é excepcionalíssima, o senhor


permitiria que esta penhora poderia ser sob todo o faturamento da empresa? E qual o
percentual que o senhor acharia correta para a penhora de faturamento? Postura do
juiz em relação ao processo de execução.

Resposta:

Não. Apenas sobre percentual que não inviabilize o exercício da empresa. Entendo co-
mo adequado um percentual em torno de 20%, passível de variação a depender de cada
caso concreto (porte da empresa, saúde financeira, ramo de atuação, etc.).

Sobre a possibilidade de penhora e os seus requisitos: "Em observância ao consagrado


princípio favor debitoris (art. 620 do CPC), tem-se admitido apenas excepcionalmente a
penhora sobre o faturamento, desde que presentes, no caso, requisitos específicos que
justifiquem a medida, quais sejam, (a) inexistência de bens passíveis de constrições,
suficientes a garantir a execução, ou, caso existentes, sejam de difícil alienação; (b) no-
meação de administrador (arts. 678 e 719, caput, do CPC), ao qual incumbirá a apresen-
tação da forma de administração e do esquema de pagamento; (c) fixação de percentual
que não inviabilize o próprio funcionamento da empresa. Precedentes: AGA
593006/PR, 1ª Turma, Min. Luiz Fux, DJ de 30.05.2005; REsp 723038 / SP, 2ª Turma,
Min. Castro Meira, DJ de 20.06.2005." (REsp nº 803.435/RJ, Relator Ministro Teori
Albino Zavascki, Primeira Turma, in DJ 18/12/2006).

14.8.1.2. Questões do TRF2


1) Falar da execução como fase e execução como processo.

Resposta:

Originariamente, o CPC separava a atividade executiva da cognitiva, fazendo com que a


sentença condenatória sempre abrisse oportunidade para a instauração de uma ação es-
pecífica de execução. Tanto era assim que existia – e ainda existe, com modificações –
um livro específico para o processo de conhecimento e outro para o processo de execu-
ção.

Isso começou a mudar na década de 90, quando reformas processuais incluíram a possi-
bilidade de antecipação de tutela bem como as técnicas executivas do art. 461, estas
839
visando dar maiores instrumentos de efetivação da chamada tutela específica (ou do
resultado prático equivalente). A partir de então, rompeu-se com o decantado princípio
da ―nulla executio sine titulo‖, e passou-se a admitir a efetivação imediata da tutela,
independentemente de ajuizamento de ação de execução, ainda que limitadamente às
obrigações de fazer e de não fazer.

Esse processo de unificação dos processos cognitivos e satisfativos consolidou-se com a


Lei n. 11.232/2005, que eliminou a necessidade de ação de execução de sentença con-
denatória de pagamento de quantia.

A partir de então, toda sentença não satisfativa (condenatória de obrigação de pagar, de


fazer, de não fazer, de entrega) passou a dispensar a instauração de ação de execução. A
execução do julgado passa a ser perquirida no âmbito da mesma relação jurídico-
processual, com os consectários daí decorrentes (dispensa de citação, custas, etc.), ape-
nas instaurando-se um novo ―módulo‖ procedimental especificamente vocacionado à
satisfação dos direitos ali certificados.

O processo de execução permaneceu, então, apenas para as execuções de título executi-


vo extrajudicial.

2) O uso imediato do BACEN –Jud fere o princípio da menos onerosidade para o deve-
dor?

Resposta:

Penso que não, ao menos de ordinário. Em tese, contudo, pode-se cogitar de casos em
que o executado consiga demonstrar que a penhora de numerário, conquanto preferenci-
al, pode implicar em prejuízos excessivos para o devedor (por exemplo, impossibilidade
de pagamento da folha de salários, recolhimentos previdenciários, etc.), revelando-se
desnecessário, por exemplo, naqueles casos em que possua um bem passível de penho-
ra, de relativa liquidez, e que não comprometa os escopos últimos da execução (satisfa-
ção dos direitos do credor). Nesses casos, entendo que seria possível argumentar no
sentido de que o BACENJUD feriria o princípio da menor onerosidade do devedor. A-
final, considerando que a execução deve ser pautada tanto pelo princípio da idoneidade
do meio executivo quanto pelo da menor onerosidade para o devedor, parece-me que,
quando existentes dois meios igualmente (ou proximamente) idôneos para a garantia
dos interesses do credor, a escolha do mais oneroso contrariaria à lógica da razoabilida-
de/proporcionalidade.

Mas não custa repetir: a jurisprudência é iterativa no sentido de que a penhora de nume-
rário via BACENJUD não encontra obstáculo na principiologia da execução. Por todos:
―A penhora on-line de ativos financeiros não caracteriza ofensa qualquer ao princípio da
menor onerosidade, consubstanciado no artigo 620 do Código de Processo Civil, eis que

840
a execução se processa no interesse do credor.‖
(AGA 201000584259, HAMILTON CARVALHIDO, STJ - PRIMEIRA TURMA, DJE
DATA:22/11/2010.)

3) Os arts. 876 e 877 do Código Civil dispõem sobre pagamento indevido. Em uma situ-
ação em que o indivíduo ingresse no Judiciário pretendendo recobrar aquela quantia e
a defesa alega que incumbe à parte autora provar que o fez por erro. Essa defesa tem
pertinência de acordo com o código civil?

Resposta:

Sim, em regra. De acordo com o art. 877 do CPC, ―àquele que voluntariamente pagou o
indevido incumbe a prova de tê-lo feito por erro‖.

Vale lembrar, no entanto, que a repetição do indébito tributário independe da incidência


em erro pelo contribuinte: ―A vedação do enriquecimento sem causa pelo pagamento
indevido está prevista nos artigos 165 do Código de Processo Civil e nos artigos 876 e
877 do Código Civil.- Contribuição previdenciária devida pelo segurado empresário.
Obrigação ex lege que se submete ao regime tributário, razão pela qual é despecienda a
aferiação de vícios na manifestação de vontade (erro), inclusive como conseqüência dos
princípios da legalidade e da moralidade administrativa a que se encontra submetida a
Administração Pública Fazendária.- Comprovação do enriquecimento indevido que se
resolve na análise objetiva da alegação de pagamento em duplicidade. Aplicação dos
artigos 332 e 333 do Código de Processo Civil.‖
(AC 00203761620034036100, DESEMBARGADOR FEDERAL ANDRE NABAR-
RETE, TRF3 - QUINTA TURMA, DJU DATA:28/11/2006
..FONTE_REPUBLICACAO:.)

4) Existe de possibilidade de configuração de enriquecimento sem causa sem aumento


patrimonial daquele que se locupleta? Se esta pessoa somente consumiu um uísque?

Resposta:

De acordo com o Prof. Carlos Roberto Gonçalves, ―o enriquecimento compreende não


só o aumento patrimonial, como também qualquer vantagem obtida pelo accipiens, co-
mo, por exemplo, a decorrente da omissão de uma despesa. O convivente, por exemplo,
evita gastos em razão dos serviços domésticos prestados pela companheira, posterior-
mente abandonada‖ (in Direito Civil Brasileiro. Vol. 3. 7 ed. São Paulo: Saraiva, 2010,
p. 620.

841
5) Pode-se falar em princípio da estabilização da lide em processo de execução ou es-
taria limitado ao processo de conhecimento?

Resposta:

Há julgados no sentido da possibilidade:

É vedada a majoração do quantum exequendo após a citação da parte executada, em


atenção ao princípio da estabilização da demanda. De todo modo, os embargos à execu-
ção não trazem oportunidade para que o exequente veicule tal pretensão.
(AGPT 200102010240573, Desembargador Federal CARLOS GUILHERME FRAN-
COVICH LUGONES, TRF2 - TERCEIRA TURMA ESPECIALIZADA, DJU - Da-
ta::28/09/2009 - Página::49.)

6) Ajuizados os embargos do devedor é possível haver a desistência? Por que razão a


lei fez a distinção (entre a possibilidade desistência de embargos que versem sobre
matéria processual e a desistência dos embargos que agitem matéria de mérito)?

Resposta:

Sim: Art. 569 do CPC – ―O credor tem a faculdade de desistir de toda a execução ou de
apenas algumas medidas executivas. Parágrafo único. Na desistência da execução, ob-
servar-se-á o seguinte: a) serão extintos os embargos que versarem apenas sobre ques-
tões processuais, pagando o credor as custas e os honorários advocatícios; b) nos demais
casos, a extinção dependerá da concordância do embargante.‖

A diferença se deve ao fato de que, se os embargos versarem unicamente sobre questões


processuais, o embargante demonstra, implicitamente, não possuir interesse no acerta-
mento (definição, reconhecimento) de eventual fato que comprometa em definitivo a
pretensão executiva (pagamento, compensação, etc.).

14.8.1.3. Questões do TRF3


1) é possível penhorar um bem hipotecado? Penhorado um bem hipotecado, quem
terá preferência na execução?

Resposta:

Sim, desde que observadas as cautelas legais (ex. intimação do credor hipotecário, con-
forme arts. 615, 694, VI, e 698 do CPC). É, inclusive, o que se infere do art. 615, II, do
CPC.

A hipoteca confere direito de preferência ao credor hipotecário (art. 1.422, CC), embora
possam existir outros créditos preferenciais (por exemplo, o crédito tributário prefere o

842
hipotecário fora da falência, conforme CTN). Se o devedor possuir outros bens penho-
ráveis, pode-se chegar a ponto inclusive de impedir a alienação do bem penhorado. Se
não, o bem vai a praça ou leilão, porém o produto da arrematação deve ser distribuído
conforme as preferências legais. Nesse sentido: ―O credor com garantia real tem o direi-
to de impedir, por meio de embargos de terceiro, a alienação judicial do objeto da hipo-
teca; entretanto, para o acolhimento dos embargos, é necessária a demonstração pelo
credor da existência de outros bens sobre os quais poderá recair a penhora‖. (REsp
578960/SC, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em
07/10/2004, DJ 08/11/2004, p. 226)

2) Há necessidade de registro para exercício do direito de preferência?

Resposta:

Parece-me que sim, principalmente se considerado que a hipoteca constitui um direito


real sobre imóvel, e que, portanto, somente se perfectibiliza mediante registro (art.
1.227 do CC).

3) O credor hipotecário tem de ser intimado da penhora?

Resposta:

Sim, conforme art. 615, II, 619, 694, VI, e 698 do CPC, sob pena de eficácia de eventu-
al alienação do bem.

4) Quais são os efeitos da alienação dos bens penhorados em relação a terceiros?

Resposta:

Em regra, a alienação é ineficaz perante terceiros que eventualmente possuam direitos


sobre o bem. Se se tratar de terceiro que possua direito real sobre o bem, sua situação
jurídica permanece inalterada (podendo, por exemplo, exercer os direitos de sequela).

Podem eles opor embargos de terceiro a qualquer tempo, desde que antes da assinatura
da respectiva carta (art. 1.024 CPC). Depois, só mediante o ajuizamento de ação própria
pelo rito ordinário.

5) Na execução para entrega de coisa certa, o depósito da coisa é essencial para o co-
nhecimento da peça de defesa?

843
Resposta:

Pela redação do art. 621 do CPC, a resposta é positiva: Art. 621. O devedor de obriga-
ção de entrega de coisa certa, constante de título executivo extrajudicial, será citado
para, dentro de 10 (dez) dias, satisfazer a obrigação ou, seguro o juízo (art. 737, II), a-
presentar embargos. (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

No entanto, o Prof. Luiz Guilherme Marinoni (em seu Código Comentado) sustenta que
o aludido dispositivo legal deve ser compreendido na perspectiva dos arts. 736 e 739-A
do CPC, para que não reste rompida a ordem e a unidade do sistema. Logo, para o autor,
é desnecessária a segurança do juízo para o oferecimento de embargos à execução (a
segurança permanece útil apenas para eventual atribuição de efeito suspensivo aos em-
bargos).

6) Ainda na entrega de coisa certa há o perecimento da coisa. Qual o destino da execu-


ção e da defesa?

Resposta:

Resolve-se em perdas e danos e a execução passa a tramitar como se execução de quan-


tia certa se tratasse (após a devida liquidação dos valores).

Art. 627. O credor tem direito a receber, além de perdas e danos, o valor da coisa, quan-
do esta não Ihe for entregue, se deteriorou, não for encontrada ou não for reclamada do
poder de terceiro adquirente. § 1o Não constando do título o valor da coisa, ou sendo
impossível a sua avaliação, o exeqüente far-lhe-á a estimativa, sujeitando-se ao arbitra-
mento judicial. (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002) § 2o Serão apurados em
liquidação o valor da coisa e os prejuízos. (Redação dada pela Lei nº 10.444, de
7.5.2002)

7) No caso de execução para entrega de coisa certa é cabível embargos de retenção


por benfeitorias?

Resposta:

Sim, se se tratar de execução de título extrajudicial (art. 745, IV, CPC). Na execução de
título judicial, deve ser alegada na contestação, sob pena de preclusão (Marinoni – Có-
digo – comentários ao art. 745-A do CPC).

14.8.1.4. Questões do TRF4

844
14.8.1.5. Questões do TRF5

14.9. Direito Processual Penal

14.9.1. Correlação Entre A Acusação E A Sentença

14.9.1.1. Questões do TRF1


1) O que consiste o princípio da correlação entre e a denúncia e a sentença?

Resposta:

Pelo princípio da correlação, deve haver uma necessária correspondência entre os limi-
tes da imputação (denúncia) e os limites da condenação (sentença). Significa dizer que
os fatos considerados na sentença devem guardar estrita consonância com os fatos des-
critos na peça inaugural, não podendo ir além, fora ou aquém do que efetivamente foi
objeto de denúncia.

Trata-se de um princípio em alguma medida relacionado ao princípio da demanda, eis


que impede que o juiz, órgão imparcial que é, amplie ou altere o objeto da pretensão
acusatória, e que está na base do instituto da mutatio libelli (art. 384 do CPP). Também
está de alguma forma relacionado ao princípio da ampla defesa, eis que a adstrição do
juiz aos fatos deduzidos assegura ao réu a certeza de que não poderá ser condenado sem
que tenha tido oportunidade de, previa e pormenorizadamente, ter ciência dos fatos cri-
minosos que lhe são imputados, podendo, assim, defender-se amplamente da acusação.

É importante ressaltar, contudo, que o réu se defende dos fatos e não da capitulação
inicial, razão por que o sistema processual permite que o juiz exerça o controle da capi-
tulação, e condene o réu por crime diverso do imputado, desde que, repita-se, tomando
por base o mesmo conjunto de fatos deduzidos em juízo. Essa, inclusive, é a lógica que
preside o instituto da emendatio libelli (art. 383 do CPP).

2) Qual a posição do senhor a respeito da mutatio libelli do art. 384 em confronto com
a CF/88? O senhor admite que o art. 28 do CPP é ainda constitucional?

Resposta:

Tendo em vista que na atual conformação a mutatio libelli pressupõe prévia manifesta-
ção e aditamento por parte do Ministério Público, entendo que o instituto é compatível
com a Constituição, eis que afasta qualquer iniciativa acusatória por parte do juiz, ade-
quando-se de vez a um modelo processual de feições acusatórias.

Na minha opinião, o art. 28 do CPP é constitucional, eis que garante o juízo definitivo
da iniciativa acusatória ao titular da ação penal (o Ministério Público). O fato de poder
845
ser designado outro membro do Parquet para o oferecimento da denúncia não caracteri-
za qualquer afronta à Constituição; muito pelo contrário, prestigia a um só tempo tanto a
independência do membro inicial, quanto a posição final da instituição a respeito do
caso. Em hipóteses tais, o membro designado agiria por mera delegação do Procurador-
Geral, especificamente no que se refere ao oferecimento da denúncia.

3) leia o art. 383. A hipótese contempla que instituto? Ele tem alguma repercussão
quando à defesa do réu? E a mutatio libelli?

Resposta:

Contempla o instituto da emendatio libelli, que constitui uma simples correção da capi-
tulação inicial, sem qualquer alteração no quadro fático da demanda, e, portanto, sem
repercutir na defesa do réu, considerando que este se defende dos fatos e não da capitu-
lação jurídica inicial.

Diferentemente, a mutatio libelli, prevista no art. 384 do CPP, importa em aditamento


de denúncia, com ampliação dos fatos deduzidos na ação, motivo pelo qual, inclusive,
se prevê a manifestação do réu (§2°) e a possibilidade de produção de novas provas
(§4°).

4) O que seria sentença ultra, citra, e extra petita?

Resposta:

Ultra petita: sentença que vai além dos fatos deduzidos na denúncia (ex. denúncia por
furto simples, condenação por furto qualificado, reconhecendo circunstância não men-
cionada na denúncia, entre outras hipóteses).

Extra petita: sentença que julga fora dos limites da demanda (ex. denúncia por um pecu-
lato, condenação por peculato e corrupção em concurso).

Citra petita: sentença que não julga todo o objeto da demanda (ex. denúncia por contra-
bando e tráfico de armas em concurso material, condenação apenas por contrabando,
sem enfrentamento dos outros fatos imputados).

14.9.1.2. Questões do TRF2

14.9.1.3. Questões do TRF3

846
14.9.1.4. Questões do TRF4

14.9.1.5. Questões do TRF5

14.10. Direito Ambiental

14.10.1. Poder Judiciário, Ministério Público E Administração Pública Em Defesa Do


Meio Ambiente. Meio Ambiente E Direitos Humanos Numa Perspectiva Integral.
Direitos Fundamentais E Meio Ambiente. A Pobreza Humana Como Fator De
Degradação Ambiental. Desenvolvimento Sustentável

14.10.1.1. Questões do TRF1


1) A Min. Eliana Calmon em artigo sobre a biodiversidade e biopirataria refaz o que a
doutrina tem feito, em relação a Norberto Bobbio comentando sobre ser o direito ao
meio ambiente um direito de quarta geração não só de terceiro geração, o meio ambi-
ente é direito difuso, ele tem implicações com relação aos direitos humanos e direito
fundamentais. Qual a relação que existe na Conferência de Estocolmo, do Rio e do ano
passado no Japão com a preocupação do desenvolvimento sustentável no mundo e
suas consequência no Brasil, como direito de terceiro geração? O senhor reconhece o
constitucionalismo fraternal defendido por Carlos Ayres Brito? Obs. Clube de Roma 68,
Estocolmo 72, Rio 92, e ano passado, em outubro no Japão.

Resposta:

As Conferências mencionadas trouxeram como ponto central a discussão em torno do


desenvolvimento sustentável, seus contornos, limites e mecanismos aptos à sua conse-
cução. Tudo por conta da premissa de que o desenvolvimento, para que possa ser consi-
derado sustentável, tem que levar em consideração a variável da proteção ambiental, de
modo a se permitir que a um só tempo se possa garantir as necessidades das gerações
presentes, sem, contudo, comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas
próprias necessidades.

Para o Min. Ayres Brito, o constitucionalismo fraternal é o constitucionalismo da atua-


lidade, e que tem por alvo direitos que não são individuais nem propriamente sociais,
mas sim direitos outros que surgiram para expandir o conceito de dignidade da pessoa
humana, alcançando segmentos que não se movimentam nos espaços institucionais com
desembaraço igualitário.

Reconheço a pertinência do raciocínio desenvolvido pelo Ministro, concordando com o


fato de que os direitos de terceira geração - que ele denomina de fraternais - visam de
uma forma ou de outra ao aprofundamento de direitos diversos já reconhecidos porém
ainda objeto amesquinhamento, a exemplo do direito à igualdade, que antes era mera-
847
mente formal, incorporou depois uma dimensão material, e, agora, passa a ser visto
também como um direito a uma igualdade de condições (o que, por exemplo, justifica
as ações afirmativas), e também como um à diferença (o que justifica, por exemplo, a
proteção de identidades culturais, de opção sexual, etc).

2) Na CF 88 há o reconhecimento do direito ambiental como ramo jurídico. Antes da


CF 88, no direito brasileiro, tínhamos reconhecida uma origem a respeito do direito
ambiental no que concerne ao desenvolvimento sustentável?

Resposta:

Sim. Antes da nova ordem constitucional, já existia o art. 4°, I, da Lei n. 6.938/81, no
sentido de que a PNMA visará "à compatibilização do desenvolvimento econômico so-
cial com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico".

3) Há o combate à pobreza como consequência da diminuição da degradação ambien-


tal, mas e na riqueza, também não há a questão da degradação ambiental?

Resposta:

Não entendi muito bem a tônica da indagação.

Pelo que parece, diz-se que a diminuição da degradação ambiental auxilia no processo
de combate à pobreza. Concordo em termos com a assertiva, porém, no meu entender, o
combate à pobreza também pode constituir uma das causas da diminuição da degrada-
ção ambiental, eis que esse combate pode ser fomentado através da melhoria das condi-
ções de salubridade e higiene da população, ordenação do território, melhoria das con-
dições de trabalho, educação social e ambiental, entre tantas outras medidas que direta
ou indiretamente refletiriam na diminuição da degradação ambiental.

De qualquer forma, a degradação ambiental também está associada à produção e circu-


lação de riqueza. Isso porque, se por um lado o incremento do nível econômico de uma
nação costuma trazer inúmeros benefícios sociais (geração de empregos, aumento de
receita pública via tributos, etc.), por outro costuma gerar maiores passivos ambientais
(desmatamentos, lixo, gases, etc), muitos dos quais não inteiramente mitigáveis.

Não por acaso é que a proteção do meio ambiente constitui um dos princípios da ordem
econômica, e que o desenvolvimento sustentável tenha integrado a pauta de diversas
conferências no âmbito internacional.

848
4) Em relação aos operadores do direito e à função essencial da justiça nós temos a
atuação do STF no que concerne ao controle de constitucionalidade, temos o STJ quan-
to às norma infraconstitucionais, a Justiça federal e a justiça estadual atuam quanto à
proteção do direito ambiental, a justiça do trabalho, não enfrenta as questões sobre o
meio ambiente?

Resposta:

Sim. Compete à Justiça do Trabalho a tutela do meio ambiente do trabalho, que consti-
tui uma das espécies de meio ambiente.

Quando a Constituição Federal, em seu art. 225, fala em meio ambiente ecologicamente
equilibrado, está mencionando todos os aspectos do meio ambiente. E ao dispor, ainda,
que o homem para encontrar uma sadia qualidade de vida, necessita viver nesse ambien-
te ecologicamente equilibrado, tornou obrigatória também a proteção do ambiente no
qual o homem, normalmente, passa a maior parte de sua vida produtiva, qual seja, o
trabalho. Afinal, é impossível alcançar qualidade de vida sem ter qualidade de trabalho,
nem se pode atingir meio ambiente equilibrado e sustentável, ignorando o meio ambien-
te do trabalho.

Tal entendimento justifica o entendimento consolidado na Súmula n.º 736 do STF, a-


provada na Sessão Plenária de 26.11.2003, que dispõe: COMPETE À JUSTIÇA DO
TRABALHO JULGAR AS AÇÕES QUE TENHAM COMO CAUSA DE PEDIR O
DESCUMPRIMENTO DE NORMAS TRABALHISTAS RELATIVAS À SEGU-
RANÇA, HIGIENE E SAÚDE DOS TRABALHADORES.

5) Em relação ao MP, o controle prévio é basicamente feito por este, mas quem con-
trola o controle prévio do MP, o Poder Judiciário?

Resposta:

Sim. Pelo princípio da inafastabilidade da jurisdição, pode ser submetida ao Judiciário


qualquer controvérsia que vier a surgir por ocasião da atuação do Ministério Público no
exercício do controle prévio do meio ambiente (notificações, recomendações, TAC,
Inquérito Civil, etc.)

6) Dentro da tutela processual temos os termos de ajustamento de conduta, ele seria


um título executivo? Em relação a essa proteção ao meio ambiente, nós temos a atua-
ção do MP através da ACP, nesta a coisa julgada vai alcançar um território, já que nós
temos limitações processuais, já que em sede de ACP tem efeito no território do órgão
julgador prolator da sentença?

849
Resposta:

O TAC é título executivo, conforme art. 5°, §6°, da LACP: § 6° Os órgãos públicos
legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua condu-
ta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extra-
judicial.

De acordo com o art. 16 da LACP, "a sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos
limites da competência territorial do órgão prolator". Desse dispositivo, portanto, infere-
se que uma sentença proferida numa ação civil pública ambiental produziria efeitos li-
mitadamente à competência territorial do órgão prolator. No entanto, significativa par-
cela da doutrina entende que o aludido dispositivo confunde eficácia subjetiva da coisa
julgada com competência territorial, o que não guarda sentido lógico nem jurídico, so-
bretudo em ações que versem sobre direitos difusos, cujos titulares são indeterminados.

7) Qual foi a Constituição brasileira, antes da CF cidadã de 1988, a falar embrionaria-


mente sobre direito ao desenvolvimento sustentável?

Resposta:

Não sei a resposta, e, mesmo depois de muito pesquisar, ainda assim não a encontrei.
Peço desculpas aos colegas.

8) Quais são as três espécies de sustentabilidade no princípio do desenvolvimento sus-


tentável? Porque o direito ao desenvolvimento sustentável é considerado um direito
fundamental, o direito humano?

Resposta:

O direito ao desenvolvimento sustentável é considerado um direito humano por estar


intimamente relacionado com o direito a uma sadia qualidade de vida, e também com o
direito a uma vida digna.

O conceito de sustentabilidade comporta sete aspectos ou dimensões principais, a saber:

Sustentabilidade Social* - melhoria da qualidade de vida da população, eqüidade na


distribuição de renda e de diminuição das diferenças sociais, com participação e or-
ganização popular;
Sustentabilidade Econômica* - públicos e privados, regularização do fluxo desses
investimentos, compatibilidade entre padrões de produção e consumo, equilíbrio de
balanço de pagamento, acesso à ciência e tecnologia;

850
Sustentabilidade Ecológica* - o uso dos recursos naturais deve minimizar danos aos
sistemas de sustentação da vida: redução dos resíduos tóxicos e da poluição, recicla-
gem de materiais e energia, conservação, tecnologias limpas e de maior eficiência e
regras para uma adequada proteção ambiental;
Sustentabilidade Cultural* - respeito aos diferentes valores entre os povos e incenti-
vo a processos de mudança que acolham as especificidades locais;
Sustentabilidade Espacial* - equilíbrio entre o rural e o urbano, equilíbrio de migra-
ções, desconcentração das metrópoles, adoção de práticas agrícolas mais inteligen-
tes e não agressivas à saúde e ao ambiente, manejo sustentado das florestas e indus-
trialização descentralizada;
Sustentabilidade Política - no caso do Brasil, a evolução da democracia representati-
va para sistemas descentralizados e participativos, construção de espaços públicos
comunitários, maior autonomia dos governos locais e descentralização da gestão de
recursos;
Sustentabilidade Ambiental - conservação geográfica, equilíbrio de ecossistemas,
erradicação da pobreza e da exclusão, respeito aos direitos humanos e integração
social. Abarca todas as dimensões anteriores através de processos complexos.

9) Quanto ao MP e a Tutela pré-processual no direito ambiental, fale sobre. Há contro-


le jurisdicional quanto à atuação do MP neste controle?

Resposta:

Já respondida.

14.10.1.2. Questões do TRF2


1) É possível aceitar o direito ambiental como direito econômico?

Resposta:

O Direito Ambiental guarda profundas relações com o Direito Econômico, sobretudo no


contexto atual, em que, por força do princípio do desenvolvimento sustentável, a variá-
vel ambiental acaba integrando todo e qualquer processo de geração ou circulação de
riquezas.

A recíproca também é verdadeira, considerando que o meio ambiente possui um valor


intrínseco e dele são retirados inúmeros dos insumos necessários ao desenvolvimento
econômico.

No entanto, parece-me que o Direito Ambiental constitui um ramo autônomo, por ser
dotado de regras, principiologia e metodologia próprias.

851
2) Quando o desenvolvimento sustentável ganhou força?

Resposta:

O conceito de desenvolvimento sustentável surgiu a partir dos estudos da Organização


das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas, no início da década de 1970, como
uma resposta à preocupação da humanidade, diante da crise ambiental e social que se
abateu sobre o mundo desde a segunda metade do século passado.

O ano de 1968, segundo Camargo (2003), foi o primeiro sinal de grave descontentamen-
to popular com o modelo de capitalismo industrial no final do seu ciclo, com a eclosão
do protesto estudantil em cadeia, iniciado em Paris, em maio de 1968, passando por
Berkeley, Berlim e Rio de Janeiro.

Aquele primeiro surto de globalização dos movimentos sociais, segundo a autora, apon-
tava para mudanças radicais que iriam se estender a vastos domínios, influenciando não
apenas a economia e a sociedade como também o próprio modelo civilizatório, com
seus usos e costumes. A falsa idéia de uma evolução sem limites e a ingênua crença na
continuidade do progresso, se constituíam no inimigo comum de todas as frentes, e a
grande questão que se levantava era: Para onde vamos?

Em meio aos movimentos estudantis e hippies dos anos 60, emerge o novo ambienta-
lismo, com objetivos e demandas bem definidos e consciente da dimensão política dos
mesmos, chamando a atenção para as conseqüências devastadoras que um desenvolvi-
mento sem limites estava provocando.

Rompendo as muralhas da cidadela econômica, o ecologismo passa a questionar a ra-


cionalidade econômica em termos de seus próprios critérios. Mais concretamente, o
novo debate evidencia que, frente aos diversos impasses e problemas que o desenvolvi-
mento industrial coloca, a solução ou superação dos mesmos pode exigir não uma nova
arrancada, mas a adoção de medidas restritivas ao aumento da produção econômica, o
que coloca a idéia de racionalidade ecológica como o princípio balizador e limitante da
racionalidade econômica e do próprio desenvolvimento.

O Clube de Roma, entidade formada por intelectuais e empresários, que não eram mili-
tantes ecologistas, foi uma iniciativa que surgiu das discussões a respeito da preservação
dos recursos naturais do planeta Terra. Ele produziu os primeiros estudos científicos a
respeito da preservação ambiental, que foram apresentados entre 1972 e 1974, e que
relacionavam quatro grandes questões que deveriam ser solucionadas para que se alcan-
çasse a sustentabilidade: controle do crescimento populacional, controle do crescimento
industrial, insuficiência da produção de alimentos, e o esgotamento dos recursos natu-
rais. (CAMARGO, 2002)

852
Após a publicação da obra "Os Limites do Crescimento", pelo Clube de Roma em 1972,
este conceito toma um grande impulso no debate mundial, atingindo o ponto culminante
na Conferência das Nações Unidas de Estocolmo, naquele mesmo ano.

A partir daí, desenvolvimento e meio ambiente passam a fundir-se no conceito de eco-


desenvolvimento, que no início dos anos 80 foi suplantado pelo conceito de desenvol-
vimento sustentável, passando a ser adotado como expressão oficial nos documentos da
ONU, UICN e WWF.

(http://www.espacoacademico.com.br/051/51goncalves.htm)

3) Quais são os critérios para a promoção do Juiz Federal?

Resposta:

O acesso aos Tribunais Regionais se dá mediante promoção de juízes federais com mais
de cinco anos de exercício, por antigüidade e merecimento, alternadamente (art. 107, II,
CF), neste último caso escolhido pelo Presidente da República em lista tríplice elabora-
da pelo próprio Tribunal (art. 84 da LOMAN): "A nomeação de juiz para os cargos de
Desembargador dos Tribunais Federais, pelo critério de merecimento, é ato administra-
tivo complexo, para o qual concorrem atos de vontade dos membros do tribunal de ori-
gem, que compõem a lista tríplice a partir da quinta parte dos juízes com dois anos de
judicatura na mesma entrância, e do Presidente da República, que procede à escolha a
partir do rol previamente determinado. A lista tríplice elaborada pelo Tribunal deve o-
bedecer aos dois requisitos previstos no art. 93, II, b, da CF (redação anterior à EC
45/2004.)" (MS 24.575, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 15-12-2004, Plenário, DJ
de 4-3-2005.)

Não se aplica o disposto no art. 93, II, b, da Constituição, eis que a Justiça Federal não é
organizada em entrâncias: ―Inaplicabilidade da regra do art. 93, II, b, da CF à promoção
de juízes federais, sujeita que está ela a um único requisito – implemento de cinco anos
de exercício –, conforme disposto no art. 107, II, da mesma Carta, norma especial em
cujo favor, por isso mesmo, se resolve o aparente conflito existente entre os dois dispo-
sitivos. Mesmo porque, havendo a Justiça Federal sido organizada sem entrâncias, con-
siderados de um mesmo grau todas as seções judiciárias distribuídas pelas unidades fe-
deradas, não resta espaço para falar-se na exigência de dois anos de exercício na mesma
entrância, nem, consequentemente, em promoção de entrância.‖ (MS 21.631, Rel. Min.
Ilmar Galvão, julgamento em 9-6-1993, Plenário, DJ de 4-8-2000.) No mesmo sentido:
MS 27.164-AgR, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 16-12-2010, Plenário, DJE de
2-3-2011; MS 23.789, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 30-6-2005, Plenário, DJ
de 23-9-2005; MS 23.337, Rel. Min. Moreira Alves, julgamento em 4-10-2000, Plená-
rio, DJ de 19-12-2001.

853
4) O quinto é constitucional ou seria uma burla ao concurso?

Resposta:

Essa é uma questão polêmica.

Para alguns, o quinto é constitucional, na medida em que proporciona uma renovação e


oxigenação dos Tribunais, permitindo a ampliação dos debates jurídicos nos Tribunais,
a partir do confronto de pontos de vistas distintos extraídos de experiências profissio-
nais distintas, o que ao final contribuiria para a prolação de decisões mais justas.

Por outro lado, há quem sustente que o quinto acaba politizando o Judiciário, e permi-
tindo o acesso a pessoas que geralmente gozem da preferência pessoal (e não profissio-
nal) do Chefe do Executivo, sem se tomar em consideração qualquer critério objetivo,
tal como se dá com a promoção de magistrados de primeira instância, em que são aferi-
dos aspectos como produtividade, presteza, frequência e aproveitamento em cursos etc.

5) Quais são as garantias fundamentais da magistratura?

Resposta:

CF Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias: I - vitaliciedade, que, no primeiro
grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse
período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos,
de sentença judicial transitada em julgado; II - inamovibilidade, salvo por motivo de
interesse público, na forma do art. 93, VIII; III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado
o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

6) A quem competiria deliberar sobre a perda do cargo de juiz federal substituto?

Resposta:

A perda do cargo de juiz federal substituto depende de deliberação do Tribunal a que o


juiz estiver vinculado (art. 95, I, da CF).

7) Há o principio da redução das desigualdades sociais. Neste propósito, o processo de


desenvolvimento implementado pelo Estado brasileiro pode, pretendendo a aplicação
específica deste artigo, levar, por exemplo, à construção de uma barragem num lugar
onde há aspectos relativos ao meio ambiente que podem ser prejudicados ou altera-
854
dos. Nessa hipótese, como decidiria uma questão levada a sua apreciação? O que pre-
valeceria: a preservação da espécie que estivesse ali e que talvez fosse única, ou essa
possibilidade de redução da desigualdade regional/social que aquela obra pode visar
melhorar?

Resposta:

Trata-se de uma discussão em que se confrontam dois princípios reconhecidos pelo sis-
tema jurídico pátrio: de um lado, a principiologia atinente ao objetivo fundamental de
redução das desigualdades sociais; de outro, a principiologia atinente à proteção ambi-
ental.

Acredito que nenhum dos dois ostentam valor absoluto, podendo ceder a depender de
cada situação concreta.

Caso seja possível a construção em outro local ou de uma forma menos onerosa para o
meio ambiente, creio que ela não se justificaria, eis que não seria "necessária", ao me-
nos não na forma como foi concebida.

Caso, contudo, não haja outra alternativa técnica e locacional e a construção seja de
relevante interesse social, acredito que em tese poderia ser implantada. Há, inclusive,
diversas disposições legais nesse sentido, autorizando, por exemplo, supressões em área
de preservação permanente (Cflo), em área de Mata Atlântica a depender do estágio de
conservação, entre outras.

14.10.1.3. Questões do TRF3

14.10.1.4. Questões do TRF4

14.10.1.5. Questões do TRF5

14.11. Direito Internacional Público e Privado

14.11.1. Conflitos Internacionais: Meios De Dirimi-Los

14.11.1.1. Questões do TRF1


1) O meio judicial de composição seria através de que organismo, no âmbito da ONU,
por exemplo?

Resposta:

855
O principal órgão jurisdicional da ONU é a Corte Internacional de Justiça, que tem
competência contenciosa (julgando litígios entre Estados) e consultiva (passível de pro-
vocação pela Assembleia Geral da ONU, pelo Conselho de Segurança, ou por outros
órgão da ONU desde que devidamente autorizados pela Assembleia Geral).

2) Com relação à sanção e meios coercitivos, no que consiste o embargo, o bloqueio


pacífico e a boicote?

Resposta:

O embargo é o sequestro de navios e cargas de outro Estado que se encontram em por-


tos ou águas territoriais do Estado executor do embargo, em tempo de paz. Não é admi-
tido pelo Direito Internacional.

O bloqueio é o ato pelo qual o Estado emprega suas forças armadas para impedir que
um ente estatal mantenha relações comerciais com terceiros. É entendido como um tipo
de represália e é, portanto, proibido pelo Direito Internacional, inclusive porque pode
causar danos graves para a dignidade das pessoas.

O boicote é a interrupção das relações com outro Estado, especialmente no campo eco-
nômico-comercial.

3) Quais os meios judiciais para dirimir conflitos no meio internacional? A arbitragem


não seria um meio semi-judicial? É auto-executório? Execução em arbitragem seria
submeter a soberania do estado processado, por isso não pode ser executado. Quais
seriam os meios políticos para a solução de conflito?

Resposta:

Os meios jurídicos de resolução de conflitos no plano internacional são aqueles que


tomados com base no Direito. Abrangem a arbitragem e as Cortes Internacionais.

Para parte da doutrina, os meios jurídicos se subdividem em semi-judiciais (arbitragem)


e em judiciais (Cortes Internacionais); a arbitragem seria um meio ―semi-judicial‖ por-
que, embora enseje decisões fundamentadas no Direito e juridicamente obrigatórias, não
é conduzida por um órgão jurisdicional permanente.

Os meios políticos de resolução de conflitos no plano internacional são aqueles cuja


solução nem sempre estão fundamentadas no Direito. Abrangem a negociação (enten-
dimento diretos por meio de contatos), o inquérito (caráter preparatório, investigativo e
preliminar), as consultas (contatos preliminares entre si para definir a extensão da con-
trovérsia), bons ofícios (oferta espontânea de um terceiro que se limita a aproximar os
litigantes, sem apresentar posicionamentos), mediação (terceiro que tenta aproximar as
856
partes e inclusive propõe soluções para o conflito), conciliação (igual ao anterior, com a
diferença de que a mediação geralmente se dá através de uma ―comissão de concilia-
ção‖).

4) Qual a sanção mais grave antes de uma declaração de guerra?

Resposta:

Não sei a resposta, e, mesmo depois de muito pesquisar, ainda assim não a encontrei.
Peço desculpas aos colegas.

14.11.1.2. Questões do TRF2


1) Nova lei de arbitragem trouxe alteração do cenário brasileiro?

Resposta:

A Lei 9307/96 trouxe várias alterações e inovações ao procedimento arbitral. Dentre as


várias inovações trazidas por esta lei duas se destacaram: a primeira refere-se à fase
inicial do processo arbitral, conferindo força vinculativa à convenção de abritragem. A
segunda refere-se à fase final do processo, agora, a decisão final do procedimento arbi-
tral é uma sentença arbitral, e não mais um laudo arbitral, o qual exigia a homologação
pelo Poder Judiciário para ter eficácia, inclusive o caráter condenatório. Com a nova Lei
de Arbitragem à sentença arbitral possui os mesmos efeitos legais de uma sentença judi-
cial, inclusive o condenatório.

14.11.1.3. Questões do TRF3

14.11.1.4. Questões do TRF4

14.11.1.5. Questões do TRF5

14.12. Sociologia do Direito

14.12.1. O Indivíduo E A Coletividade

14.12.1.1. Questões do TRF1


1) Qual a diferença entre o isolamento e contato?

Resposta:
857
ISOLAMENTO. Falta de contacto ou de comunicação entre grupos ou indivíduos. Pro-
duz no indivíduo não socializado, quando mantido inteiramente afastado do convívio de
outros seres humanos, o homo ferus (veja HOMO FERUS); quando o isolamento for
pronunciado, mas não total, produz mentalidade retardada. Depois que o indivíduo esti-
ver socializado, o isolamento provocará a diminuição das funções mentais, podendo
chegar à loucura. Quanto ao grupo, o isolamento produz costumes sedimentados, crista-
lizados, que praticamente não se alteram.
(http://www.prof2000.pt/users/dicsoc/soc_i.html)

O contato social é a base da vida social. È o passo inicial para que ocorra qualquer asso-
ciação humana. Os contatos sociais podem ser: (1) Primários – são os contatos pessoais,
diretos, face a face, e que têm uma base emocional, pois as pessoas neles envolvidas
compartilham suas experiências individuais. São exemplos característicos de contatos
sociais primários os que ocorrem na família entre pais e filhos; (2) Secundários – são os
contatos impessoais, calculados, formais; são mais um meio para atingir um determina-
do fim. Por exemplo, o contato do passageiro com o cobrador do ônibus, apenas para
pagar a passagem; ou o contato do cliente com o caixa do banco ao descontar um che-
que. São também considerados contatos secundários os contatos mantidos através de
carta, telefone, telegrama e internet. (http://www.sofi.com.br/conteudo/conceitos-
b%C3%A1sicos-para-compreens%C3%A3o-da-vida-social-parte-1)

2) Cite a diferença entre grupo social, comunidade e sociedade como junção humana.
A família é uma comunidade ou um grupo social? E as relações são mais ou menos es-
tritas?

Resposta:

COMUNIDADE = agrupamento humano unido por laços sociais afetivos, mantidos por
uma proximidade física entre as pessoas, que, geralmente, mantêm entre si vínculos
significativos e sentimento relativamente forte de solidariedade. Características: âmbito
territorial limitado e reduzido; homogeneidade quanto aos traços e hábitos sociais; vín-
culos sociais diretos; contatos sociais primários.

SOCIEDADE =agrupamento humano identificado por relações baseadas em conven-


ções e não por laços afetivos. Características: ampla proliferação de papeis; organização
política; complexa divisão de trabalho social; relações instrumentais, baseadas em inte-
resses; variedade de status de indivíduos, etc.
(http://pt.scribd.com/doc/32070132/Sociologia-Comunidade-Sociedade-e-Cidadania)

GRUPO SOCIAL =- Conjuntos de indivíduos que interagem uns com os outros durante
certo período de tempo. Se dividem em: Grupos primários - família, amigos, amigos de
infância, de escola, ou seja, pessoas com quem o indivíduo interaja mais pessoalmente;
Grupos Secundários - Colegas em geral, vizinhos, professores, patrões, motoristas, se-
858
cretárias, ou seja, pessoas que o indivíduo trata de maneira impessoal por não ter pouco
ou nenhum contato íntimo, restrito.
(http://educandooamanha.blogspot.com.br/2011/02/conceitos-basicos-de-
sociologia.html)

3) Qual a diferença entre a regra moral, regra de trato social e regra jurídica?

Resposta:

Tomando por base os ensinamentos do Prof. Miguel Reale em suas ―lições‖:

A regra jurídica é heterônoma (validade objetiva e transpessoal), coercível (passível de


ser imposta independentemente de nossa vontade), e caracterizada pela bilateralidade
atributiva (existência de uma proporção objetiva de exigibilidade).

A regra moral é autônoma (validade pessoal), incoercível e não dotada de bilateralidade


atributiva.

A regra social é heterônoma, incoercível e não dotada de bilateralidade atributiva.

14.12.1.2. Questões do TRF2

14.12.1.3. Questões do TRF3

14.12.1.4. Questões do TRF4

14.12.1.5. Questões do TRF5

14.13. Filosofia do Direito

14.13.1. O Pensamento De Kant E A Norma Jurídica

14.13.1.1. Questões do TRF1


1) Distinção entre imperativo categórico de Kant e norma fundamental de Kelsen. O
que Carlos Cóssio quis dizer com a definição do direito como cultura? E a teoria tridi-
mensional com o fenômeno cultural de Miguel Reale?

Resposta:
NÃO SEI. PESQUISAR.

859
2) O que o senhor sabe sobre o imperativo categórico de Kant?

Resposta:

A externação da ação racionalmente necessária é produzida pela regra prática denomi-


nada imperativo.

O imperativo categórico torna necessária a ação de uma forma direta, sendo assim con-
ceituado por Kant: "Um imperativo categórico (incondicional) é aquele que representa
uma ação como objetivamente necessária e a torna necessária não indiretamente através
da representação de algum fim que pode ser atingido pela ação, mas da mera represen-
tação dessa própria ação (sua forma) e, por conseguinte, diretamente." (KANT,
2003:65)

Complementando: "O imperativo categórico, que como tal se limita a afirmar o que é a
obrigação, pode ser assim formulado: age com base em uma máxima que também possa
ter validade como uma lei universal." (KANT, 2003:67)

Portanto, o imperativo categórico possui o caráter de validade universal fundado em


uma constrição interna da razão, mas alicerçado na liberdade. Enquanto o imperativo
categórico possui conteúdo finalístico em si mesmo, o imperativo hipotético não pres-
cinde de um conteúdo finalístico externo. O imperativo hipotético banha as normas jurí-
dicas, considerando para tanto que o fundamento do cumprimento das mesmas é de or-
dem externa ao ser humano, o qual conforma sua ação em bases externas de motivação.

Leia mais: http://jus.com.br/revista/texto/5175/o-ser-humano-como-fim-em-si-


mesmo#ixzz25S5mmC1I

3) Kant dizia ainda que a sociedade fosse desfeita o ultimo sentenciado teria que cum-
prir à morte, deveria ser executado! Ele pertence à linha de que a execução do conde-
nado seria uma linha do imperativo que não se poderia transigir. Comente.

Resposta:

Para Kant, a pena se justificava pelo simples fato de retribuir (justamente) um crime
praticado. A pena constituía, então, uma reação estatal legítima à ação ilegítima do indi-
víduo, independentemente de considerações de caráter utilitário, razão pela qual era de
todo irrelevante investigar se a pena seria ou não capaz de motivar ou dissuadir delin-
860
quentes, e assim prevenir, em caráter geral ou especial, novos delitos. Enfim, a pena se
justificava quia peccatum est.

Com efeito, de acordo com Kant, ―as penas são, em um mundo regido por princípios
morais (por Deus), categoricamente necessárias‖. Justamente por isso, ―ainda que uma
sociedade se dissolvesse por consenso de todos os seus membros (v. g., se o povo que
habitasse uma ilha decidisse separar-se e dispersar-se pelo mundo), então, o último as-
sassino deveria ser executado‖.

Por isso, a lei de talião (dente por dente, olho por olho) seria o paradigma da verdadeira
justiça, pois ―só a lei de talião proclamada por um tribunal pode determinar a qualidade
e a quantidade da punição‖, já que ―o mal imerecido que tu fazes a outrem, tu fazes a ti
mesmo, se tu o ultrajas, ultrajas a ti mesmo, se tu o roubas, roubas a ti mesmo, se tu o
matas, matas a ti mesmo‖. Consequentemente, ―todos os criminosos que cometeram um
assassinato, ou ainda os que ordenaram ou nele estiveram implicados, hão de sofrer
também a morte; assim o quer a justiça enquanto ideia do poder judicial, segundo leis
universais, fundamentadas a priori.‖.

(http://pauloqueiroz.net/a-proposito-da-justificacao-da-pena-em-kant/)

4) Quando Kant fala em nômeno e fenômeno, o que ele quis dizer sobre o critério do
conhecimento?

Resposta:

Fenômeno tem um significado específico na filosofia de Immanuel Kant que contrastou


o termo 'Fenómeno' com 'Nómeno' na "Crítica da Razão Pura". Os fenómenos constitu-
em o mundo como nós o experimentamos, ao contrário do mundo como existe indepen-
dentemente de nossas experiências (thing-in-themselves, 'das Ding an sich', 'das coisas-
em-sí').

5) O que é direito e o que é o que é direito para Kant?

Resposta:

Essa é uma questão aberta, cuja resposta depende muito da formação de cada candidato.

Particularmente, acho que a definição do Prof. Miguel Reale abrange de forma bem
precisa a essência do direito. Para o Prof., Direito é uma integração normativa de fatos
segundo valores. Bastante proveitosa, também, é a definição do Prof. Orlando Gomes:
―Sob o aspecto formal, o Direito é regra de conduta imposta coativamente aos homens.

861
Sob o aspecto material, é a norma nascida da necessidade de disciplinar a convivência
social".

Por fim, para Kant, "o direito é o conjunto das condições segundo as quais o arbítrio de
cada um pode coexistir com o arbítrio dos outros, de acordo com uma lei geral de liber-
dade".

14.13.1.2. Questões do TRF2


1) O que quer dizer a afirmação doutrinária de que os direitos humanos trabalham
com a idéia de uma revolução kantiana?

Resposta:

Com seus estudos e pesquisas, Kant inverteu a lógica até então dominante e colocou o
sujeito – homem – no papel principal da produção do conhecimento.

Portanto, longe de assumir uma posição meramente contempladora, o sujeito age como
construtor ativo no ato de conhecer; ele é condição necessária de possibilidade da exis-
tência e do sentido do conhecimento. A experiência não é um dado inexorável, que se
dá como mera recepção, mas é transformada pelo homem, através da mediação prévia
do Sujeito Transcendental.

Esta verdadeira revolução kantiana, denominada pelos filósofos como Nova Revolução
Copernicana – numa alusão ao que Nicolau Copérnico fez com a astronomia retirando a
terra do centro do universo – leva àquela dedução sublime acerca da dignidade da pes-
soa: a razão humana. Isto se justifica em função de que somente o ser humano, dotado
de racionalidade, pode produzir conhecimento acerca dos objetos. E, ademais, que algo
possuidor de tamanha possibilidade deve ser melhor apreciado e valorizado. Desta ma-
neira, nascia, então, no pensamento ocidental moderno, a idéia de vida maior que a vi-
vência, isto é, vida com sentido, com qualidade, enfim, com dignidade. Tatiana Martins
ressalta: ―a questão da dignidade humana assume, em Immanuel Kant, uma perspectiva
moral imperativa‖.

Não é exagero dizer que foi, sem dúvida, a partir desta pequena premissa, que se cons-
truíram grandes pilastras da dignidade humana contemporânea. Pois, se o homem é do-
tado de razão e, por conseqüência, um fim em si mesmo, ele deve ser colocado como
epicentro de todas as relações da existência. E, como centro, deve ter garantidas as
condições necessárias a esta sua existência. Tais condições, reunidas, compõem a digni-
dade da pessoa humana. Kant expressa isso: ―os seres racionais denominam-se pessoas
porque sua natureza os distingue já como fins em si mesmos, ou seja, como algo que
não pode ser empregado como simples meio‖.

(http://www.domalberto.edu.br/gradu/Producao_docente/CASSIANO_BORGES_%20P
ERSPECTI-

862
VAS%20DO%20PRINC%CDPIO%20CONSTITUCIONAL%20DA%20DIGNIDADE
%20DA%20PESSOA%20HUMANA.pdf)

14.13.1.3. Questões do TRF3

14.13.1.4. Questões do TRF4

14.13.1.5. Questões do TRF5

15. Ponto 15

15.1. Direito Constitucional

15.1.1. Reformas Constitucionais Experimentadas Pela Constituição Federal Brasileira


De 1988

15.1.1.1. Questões do TRF1

15.1.1.2. Questões do TRF2

15.1.1.3. Questões do TRF3


1) Quem tem competência para emendar a CR?

Resposta:

CF, Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: I - de um terço, no
mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; II - do Presi-
dente da República; III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades
da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

15.1.1.4. Questões do TRF4

15.1.1.5. Questões do TRF5

863
15.2. Direito Tributário

15.2.1. Incidência - Não-Incidência - Imunidade - Isenção – Anistia - Prescrição -


Decadência - Taxa - Preço Público – Empréstimo Compulsório – Competência Residual
Tributária

15.2.1.1. Questões do TRF1


1) EBCT explora alguns serviços em regime de atividade econômica, como o sedex 10,
que compete com a TAM Express, a imunidade que é estendida à aquela empresa al-
cança a imunidade, ou há uma delimitação tópica, como por exemplo, IPVA para os
carros que fazem o transporte neste serviço? O senhor confere um conceito ampliativo
para a imunidade?

Resposta:

Não pode ser estendida nesse caso. Na ADPF n. 46, o STF deu interpretação conforme à
Constituição à legislação de regência dos CORREIOS para restringir o privilégio postal
às atividades de recebimento, transporte e entrega, no território nacional, e a expedição,
para o exterior, de carta, cartão-postal e de correspondência agrupada, além da fabrica-
ção, emissão de selos e de outras fórmulas de franqueamento postal, de modo que as
demais atividades econômicas por ela exploradas (ex. remessa de valores, encomendas e
objetos) continuam abertas à livre iniciativa, podendo ser exploradas pelos demais agen-
tes competidores.

Nesse sentido: (...) 1 - A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT é empresa


pública prestadora de serviços postais, cujas atividades estão à disposição da coletivida-
de mediante contraprestação financeira. (...) 3 – Reconhece-se a imunidade da ECT uni-
camente em relação aos serviços postais, em face da sua natureza pública, não abran-
gendo os serviços não abarcados pelo monopólio concedido pela União. 4 – Recurso
provido. Sentença reformada. (APELRE 200350010140800, Desembargador Federal
FREDERICO GUEIROS, TRF2 - SEXTA TURMA ESPECIALIZADA, E-DJF2R -
Data::27/07/2010 - Página::157/158.)

2) Diferença básica entre isenção e anistia? E em relação às obrigações acessórias, e-


xistiria alguma diferença quanto aos institutos?

Resposta:

Ambas ensejam a exclusão do crédito tributário (art. 175 do CTN).

Porém, enquanto a isenção constitui hipótese de dispensa do pagamento do tributo (Ru-


bens Gomes de Souza, Cassone, entre outros) ou hipótese de restrição do campo de in-
cidência da tributação (Paulo de Barros, Sacha Calmon, entre outros), a anistia é o per-
864
dão das infrações à legislação tributária e das respectivas sanções, não atingindo o tribu-
to em si.

Com relação às obrigações acessórias, o parágrafo único do art. 175 do CTN dispõe que
―a exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias,
dependentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela consequente‖.
Neste particular, portanto, parece não haver diferença entre os institutos.

3) Qual seria a diferença entre anistia e remissão?

Resposta:

Como dito anteriormente, a anistia constitui hipótese de exclusão do crédito tributário,


consistindo basicamente no perdão das infrações à legislação tributária e das respectivas
sanções, não atingindo o tributo em si. Já a remissão extingue o crédito tributário (art.
156, IV, do CTN).

4) O que seria uma isenção heterônoma? Existe caso específico na CF?

Resposta:

Isenção heterônoma seria a isenção concedida por um ente federativo maior com relação
a tributo de competência de um ente menor. O art. 151, III, da Constituição veda ex-
pressamente à União ―instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Dis-
trito Federal e dos Municípios‖.

Um caso específico na CF está previsto no art. 236, §2°, que confere à União competên-
cia legiferante para disciplinar através de normas gerais a fixação de emolumentos, po-
dendo, segundo a jurisprudência, dispor inclusive sobre isenções (TRF4, INAC
2002.71.05.009114-2, Corte Especial, DJ 30/11/2007).

5) O que justificaria no CTN a regra preconizando literal a respeito da restrição imposta


para a isenção?

Resposta:

Não entendi muito bem a pergunta.

De qualquer forma, entendo pertinente relembrar que o art. 111 do CTN dispõe que a
outorga de isenção deve ser interpretada ―literalmente‖, o que, mais precisamente, signi-
fica interpretação estrita, restritiva ou pelo menos de forma não extensiva. Nesse senti-

865
do: (AMS 200570080000990, DIRCEU DE ALMEIDA SOARES, TRF4 - SEGUNDA
TURMA, DJ 10/05/2006 PÁGINA: 640.)

6) Em relação à revogação da isenção, como voltaria a vigorar a cobrança do tributo


tido como isento?

Resposta:

Segundo o art. 104, III, do CTN, a revogação de isenção deve observar o princípio da
anterioridade. No entanto, grande parte da doutrina e da jurisprudência entendem que a
revogação de isenção ou de benefício fiscal não se submetem à anterioridade.

Essa divergência se deve sobretudo à diversidade de posições com relação à natureza


jurídica da isenção. Quem – a exemplo dos Professores Paulo de Barros e Sacha Cal-
mon – entende que a isenção atua no antecedente ou no consequente da norma tributária
impositiva (RMI), reduzindo-lhe o campo de incidência, defende os termos do CTN,
entendendo que a revogação da regra isentiva importa em reflexa instituição ou majora-
ção do tributo, devendo por isso se submeter à anterioridade. Por outro lado, quem – a
exemplo de Rubens Gomes de Souza, Cassone e outros – entende que a isenção consti-
tui simples dispensa de pagamento de tributo, defende a desnecessidade de observância
do apontado princípio.

O STF tem precedentes no sentido da exigibilidade imediata: (RE 102993, ALDIR


PASSARINHO, STF); (RE 204062-2/ES, set/96).

7) Em relação ao art. 151, §3º do CTN quanto à isenção heterônoma – inviabilizaria a


celebração de tratados pela “União” com relação à isenção de impostos estaduais ou
municipais?

Resposta:

Não. A vedação constitucional se dirige à União enquanto pessoa jurídica de direito


público interno. Nas suas relações internacionais, a União, em nome da República Fede-
rativa do Brasil pode firmar tratado internacional em que estabeleça isenção de quais-
quer tributos, sejam federais, estaduais ou municipais. Afinal, o exercício de atividades
inerentes à soberania do Estado brasileiro compete unicamente à União, não sendo por
isso suscetível de ofender o pacto federativo, mesmo porque por ocasião desse pacto as
entidades menores (Estados e Municípios) abdicaram dessa prerrogativa, mantendo a-
penas a sua autonomia interna.

866
8) Que cautela que existem em relação às isenções de ICMS? Os estados-membros
podem livremente isentar?

Resposta:

Do que se infere do art. 155, XII, h, da Constituição, a concessão de isenções relativas a


ICMS depende de deliberação dos Estados, observando os critérios na lei complementar
pertinente.

9) Qual seria a justificativa política para a regra no CTN de que a isenção se interpreta
literalmente?

Resposta:

Segundo Regina Helena Costa (in Curso de Direito Tributário, Saraiva, 2009, p. 164), a
previsão do art. 111 do CTN justifica-se pelo fato de o padrão em nosso sistema ser a
generalidade da tributação, devendo-se prestigiar os princípios da isonomia e da legali-
dade. Há de se ter em conta, também, que a isenção tributária geralmente se pauta por
questões de conveniência política, de modo que eventual atuação supletiva do Judiciário
poderia não só importar em violação ao princípio da separação dos poderes, como tam-
bém poderia acabar alargando o campo da regra isentiva para situações que a juízo do
ente tributante não mereceriam tratamento privilegiado.

10) Se o legislador pretender atingir o tributo, ele deve optar por anistia ou omissão?

Resposta:

Não entendi a pergunta. Não seria ―se o legislador pretender extinguir o tributo, ele deve
optar por anistia ou remissão‖? A resposta seria remissão, eis que a anistia, como já
dito, constitui no perdão de infrações à legislação tributária.

11) Qual a diferença entre anistia e remissão? A remissão pode atingir, em tese, o pró-
prio tributo?

Resposta:

Como dito anteriormente, a anistia constitui hipótese de exclusão do crédito tributário,


consistindo basicamente no perdão das infrações à legislação tributária e das respectivas
sanções, não atingindo o tributo em si. Já a remissão extingue o crédito tributário (art.
156, IV, do CTN).

867
A remissão não só pode como atinge o próprio tributo, eis que a remissão constitui jus-
tamente hipótese de perdão do tributo.

13) Como se dar a devolução do que foi arrecadado a título de empréstimos compulsó-
rios?

Resposta:

Na mesma espécie.

"Emprestimo compulsorio, ainda que compulsorio, continua emprestimo" (Victor Nunes


Leal): utilizando-se, para definir o instituto de Direito Público, do termo emprestimo,
posto que compulsorio - obrigação "ex lege" e não contratual-, a Constituição vinculou
o legislador a essencialidade da restituição na mesma espécie, seja por força do princí-
pio explícito do art. 110 Código Tributário Nacional, seja porque a identidade do objeto
das prestações reciprocas e indissociavel da significação jurídica e vulgar do vocabulo
empregado.― (RE 121336, SEPÚLVEDA PERTENCE, STF)

14) Poderia existir uma lei retardando a devolução dos valores, ou a lei que institui o
empréstimo compulsório vincularia o legislador?

Resposta:

Não sei a resposta, e, mesmo depois de muito pesquisar, ainda assim não a encontrei.
Peço desculpas aos colegas.

15) Há exceções no que concerne à imunidade constitucional, no que diz respeito ape-
nas a impostos? Ou outros tributos também podem ser abarcados?

Resposta:

Não entendi muito bem a pergunta.

De qualquer forma, acho conveniente salientar que a imunidade constitucional prevista


no art. 150, VI, da Constituição aplica-se apenas aos impostos, por força de sua própria
literalidade. Quanto a este ponto, o Professor Sacha Calmon defende que a imunidade
recíproca também se aplica aos empréstimos compulsórios, pelo fato de constituírem
essencialmente ―impostos restituíveis‖.

No entanto, há outras hipóteses espalhadas pelo texto constitucional que dizem respeito
a outras modalidades, como por exemplo: art. 195, §7° (contribuições sociais); 5°, XX-
XIV (taxas); art. 149, §2°, I (contribuições interventivas).
868
16) Quem pode instituir empréstimo compulsório? E a receita é vinculada? Integram o
patrimônio da União ou não?

Resposta:

Somente a União, mediante lei complementar, pode instituir empréstimos compulsórios


(art. 148 da CF).

A despesa dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à des-


pesa que fundamentou sua instituição.

Os empréstimos compulsórios constituem receita de capital da União.

17) LC é vinculante ao próprio legislador ou ele pode refazer esta lei, procrastinando a
devolução dos valores arrecadados a título de empréstimos compulsórios?

Resposta:

Não sei a resposta, e, mesmo depois de muito pesquisar, ainda assim não a encontrei.
Peço desculpas aos colegas.

18) Que polêmica houve a respeito da Taxa da Iluminação Pública?

Resposta:

I - O CTN em seu artigo 16 declara que "imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato
gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao
contribuinte". Assim, o imposto é um tributo não vinculado, enquanto a taxa é devida
pela prestação do serviço publico específico, conforme disposição a seguir. II- O artigo
78 do CTN e o artigo 145, inciso II, da Constituição Federal, preveem que as taxas são
tributos, cujo fato gerador é configurado por uma atuação estatal específica, que pode
consistir no exercício regular do poder de polícia ou na prestação de serviços públicos
específicos e divisíveis, prestados ou postos à disposição do contribuinte. III - O artigo
79, II, do CTN dispõe que o serviço público será específico quando possa ser destacado
em unidades autônomas de intervenção, de utilidade ou de necessidade pública, e divi-
sível, quando suscetível de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus
usuários. IV - Em relação à taxa de iluminação pública, aquela Egrégia Corte sumulou a
questão, através do enunciado nº 670, de sua Súmula de Jurisprudência, senão vejamos:
―O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa‖. Entendeu,
pois, que o fato gerador da taxa de iluminação pública é a prestação de um serviço pú-
blico não específico, imensurável e insuscetível de ser individualizado a cada contribu-
869
inte, razão pela qual deve ser custeado por meio de arrecadação de impostos gerais, e
não por meio de taxa. (...)
(AC 199951010786733, Desembargadora Federal SANDRA CHALU BARBOSA,
TRF2 - TERCEIRA TURMA ESPECIALIZADA, DJU - Data::17/06/2009 - Pági-
na::68.)

19) E em relação à taxa de limpeza pública, das vias públicos, ela seria inconstitucio-
nal?

Resposta:

Pacífica é a jurisprudência desta Corte no sentido de ser ilegítima a cobrança de taxa de


coleta de lixo e limpeza pública que se encontra vinculada não somente à remoção de
lixo domiciliar mas também à limpeza de logradouros públicos, serviço esse de caráter
indivisível e universal (RE 575022 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira
Turma, julgado em 07/02/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-042 DIVULG 28-02-
2012 PUBLIC 29-02-2012)

20) Emolumentos cobrados por despesas notariais e de registros qual seria a natureza
jurídica?

Resposta:

- A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou orientação no sentido de que as


custas judiciais e os emolumentos concernentes aos serviços notariais e registrais possu-
em natureza tributária, qualificando-se como taxas remuneratórias de serviços públicos,
sujeitando-se, em conseqüência, quer no que concerne à sua instituição e majoração,
quer no que se refere à sua exigibilidade, ao regime jurídico-constitucional pertinente a
essa especial modalidade de tributo vinculado, notadamente aos princípios fundamen-
tais que proclamam, dentre outras, as garantias essenciais (a) da reserva de competência
impositiva, (b) da legalidade, (c) da isonomia e (d) da anterioridade. Precedentes. Dou-
trina. SERVENTIAS EXTRAJUDICIAIS. - A atividade notarial e registral, ainda que
executada no âmbito de serventias extrajudiciais não oficializadas, constitui, em decor-
rência de sua própria natureza, função revestida de estatalidade, sujeitando-se, por isso
mesmo, a um regime estrito de direito público. A possibilidade constitucional de a exe-
cução dos serviços notariais e de registro ser efetivada "em caráter privado, por delega-
ção do poder público" (CF, art. 236), não descaracteriza a natureza essencialmente esta-
tal dessas atividades de índole administrativa. - As serventias extrajudiciais, instituídas
pelo Poder Público para o desempenho de funções técnico-administrativas destinadas "a
garantir a publicidade, a autenticidade, a segurança e a eficácia dos atos jurídicos" (Lei
870
n. 8.935/94, art. 1º), constituem órgãos públicos titularizados por agentes que se qualifi-
cam, na perspectiva das relações que mantêm com o Estado, como típicos servidores
públicos. Doutrina e Jurisprudência. - DESTINAÇÃO DE CUSTAS E EMOLUMEN-
TOS A FINALIDADES INCOMPATÍVEIS COM A SUA NATUREZA TRIBUTÁ-
RIA. - Qualificando-se as custas judiciais e os emolumentos extrajudiciais como taxas
(RTJ 141/430), nada pode justificar seja o produto de sua arrecadação afetado ao custeio
de serviços públicos diversos daqueles a cuja remuneração tais valores se destinam es-
pecificamente (pois, nessa hipótese, a função constitucional da taxa - que é tributo vin-
culado - restaria descaracterizada) ou, então, à satisfação das necessidades financeiras
ou à realização dos objetivos sociais de entidades meramente privadas. É que, em tal
situação, subverter-se-ia a própria finalidade institucional do tributo, sem se mencionar
o fato de que esse privilegiado (e inaceitável) tratamento dispensado a simples institui-
ções particulares (Associação de Magistrados e Caixa de Assistência dos Advogados)
importaria em evidente transgressão estatal ao postulado constitucional da igualdade.
Precedentes. (ADI 1378 MC, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno,
julgado em 30/11/1995, DJ 30-05-1997 PP-23175 EMENT VOL-01871-02 PP-00225)

21) Pode haver revogação de isenção?

Resposta:

Sim. Abaixo.

22) Pode haver revogação de isenção, e em caso positivo haveria limites?

Resposta:

Art. 178 do CTN - A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de deter-
minadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, obser-
vado o disposto no inciso III do art. 104.

Lembrar que se discute a aplicação do princípio da anterioridade (questão acima já en-


frentada).

23) Imunidade sobre livros, as fitas de vídeo, de conteúdo didático fazem jus à esta
imunidade?

Resposta:

871
CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA - PRODUTO
COMPOSTO DE LIVRO, CDs E FITAS DE VÍDEO - APLICABILIDADE DA IMU-
NIDADE AOS LIVROS. I - A imunidade tributária sobre livros, jornais e periódicos é
objetiva. Seu fundamento é político e cultural; II - A liberdade de expressão do pensa-
mento e a disseminação da cultura inspiraram o legislador constituinte a erigir in casu o
livro à condição de material imune à tributação; III - O fato dos livros fazerem parte de
coleção e virem embalados em conjunto a CDs e fitas de videocassetes não impedem a
incidência da imunidade objetiva conferida pela Constituição Federal no art. 150, inc.
VI, letra ''d''; IV - Ainda que agregadas a outras mercadorias, o livro não perde a carac-
terística que o identifica; V - A despeito de a autoridade coatora afirmar que os CDs e as
fitas de videocassetes determinam a essencialidade do produto final, é facilmente verifi-
cável através dos documentos trazidos à colação pela impetrante que o valor unitário
dos fascículos superam em muito o das demais mercadorias integrantes do respectivo
conjunto; VI - Apelação parcialmente provida para que seja concedida a segurança, de-
terminando sejam excluídos da base de cálculo dos impostos exigidos pela autoridade
aduaneira os valores relativos a livros. (AMS 9902112633, Desembargador Federal
NEY FONSECA, TRF2 - PRIMEIRA TURMA, DJU - Data::20/11/2001.)

24) Se a União criar tributo com base na competência residual, ela tem que passar al-
guma coisa para estados e municípios?

Resposta:

CF, Art. 157. Pertencem aos Estados e ao Distrito Federal: (...) II - vinte por cento do
produto da arrecadação do imposto que a União instituir no exercício da competência
que lhe é atribuída pelo art. 154, I.

25) Imunidade de templos, renda de imóveis locados, há imunidade constitucional?

Resposta:

Não impede o alcance do benéfico a circunstância de o imóvel encontrar-se locado, vez


que a renda auferida está voltada às suas finalidades essenciais (RE-AgR 357824, E-
ROS GRAU, STF)

Inteligência da Súmula 724: "Ainda quando alugado a terceiros permanece imune ao


IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, "c", da
Constituição, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de
tais entidades".

872
26) A técnica da substituição tributária se aplica a empréstimos compulsórios ou a ta-
xas?

Resposta:

Do que se infere do art. 150, §7°, da Constituição, a sistemática de substituição tributá-


ria se aplica apenas aos impostos e às contribuições: § 7.º A lei poderá atribuir a sujeito
passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento de imposto
ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e
preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumi-
do.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

Contudo, para quem entende que os empréstimos compulsórios constituem ―impostos


restituíveis‖, como lembrado acima, é possível argumentar no sentido de que a sistemá-
tica da substituição tributária pode ser aplicada em relação aos empréstimos compulsó-
rios.

15.2.1.2. Questões do TRF2


1) Há diferença entre não incidência e isenção?

Resposta:

Sim.

A isenção, como já dito acima, constitui uma modalidade de exclusão do crédito tributá-
rio, tratada pela doutrina ora como dispensa de pagamento de tributo (ex. Rubens Go-
mes de Souza, Cassone, entre outros), ora como benefício legal que restringe o antece-
dente ou o consequente da norma tributária impositiva.

Já a não incidência decorre não de uma norma excludente, mas muito ao contrário, da
simples ausência de lei instituidora de tributo sobre determinada situação fática em
princípio abrangida pela base econômica de tributação (norma constitucional concessiva
de competência tributária). Ou seja, a não incidência decorre do fato de o legislador não
instituir o tributo sobre a totalidade de sua base econômica.

É importante saber essa diferença na medida em que a legislação prevê uma série de
limitações à instituição e interpretação de isenções, que, por incompatibilidade lógica,
não se aplicam à não incidência.

Veja o julgado a seguir: ―A não-incidência do tributo equivale a todas as situações de


fato não contempladas pela regra jurídica da tributação e decorre da abrangência ditada
pela própria norma. 3. A isenção é a dispensa do pagamento de um tributo devido em
face da ocorrência de seu fato gerador. Constitui exceção instituída por lei à regra jurí-
dica da tributação. 4. A norma legal impugnada concede verdadeira isenção do ICMS,
sob o disfarce de não-incidência. 5. O artigo 155, § 2º, inciso XII, alínea "g", da Consti-
tuição Federal, só admite a concessão de isenções, incentivos e benefícios fiscais por
873
deliberação dos Estados e do Distrito Federal, mediante convênio. Precedentes. Ação
julgada procedente, para declarar inconstitucional o inciso VI do artigo 4º da Lei 223,
de 02 de abril de 1990, introduzido pela Lei 268, de 02 de abril de 1990, ambas do Es-
tado de Rondônia. (ADI 286, Relator(a): Min. MAURÍCIO CORRÊA, Tribunal Pleno,
julgado em 22/05/2002, DJ 30-08-2002 PP-00060 EMENT VOL-02080-01 PP-00001)

2) No caso da anistia tributária: É possível a anistiar ilícitos tributários que também


configurem crimes? O código autoriza anistia tributária a ilícitos que também configu-
rem crimes?

Resposta:

Não. A anistia, que consiste no perdão de infrações à legislação tributária, não pode
abranger atos qualificados na lei como crimes ou contravenções, conforme expressa-
mente disposto no art. 180, I, do CTN.

15.2.1.3. Questões do TRF3


1) Pode-se optar discricionariamente pela cobrança de taxa ou preço público, ou até
mesmo nada cobrar, por serviço específico e divisível?

Resposta:

Não vejo discricionariedade na cobrança, ao menos não na extensão que tal conceito
assume no âmbito do Direito Administrativo (possibilidade de eleição de uma ou outra
via, por critérios de exclusiva conveniência político-administrativa).

A taxa, como se sabe, constitui um tributo, isto é, uma prestação pecuniária compulsória
cobrada em lei e instituída mediante atividade administrativa vinculada. E, sendo com-
pulsória e cobrada mediante atividade administrativa, tem-se que apenas os entes políti-
cos detêm competência para a sua instituição e apenas pessoas jurídicas de direito pú-
blico podem ser eleitas pela lei como o sujeito ativo (dotado de capacidade tributária
ativa). Logo, pessoas jurídicas de direito privado, inclusive as integrantes da Adminis-
tração Indireta, não podem instituir nem ‗cobrar‘ (ser credor) taxas, ainda que eventu-
almente prestem serviços públicos específicos e não divisíveis.

Ademais, não é toda atividade pública que se compadece com o regime inerente às ta-
xas. Em linhas gerais, a instituição das taxas é mais afeita aos serviços públicos de utili-
zação compulsória ou do qual, de qualquer maneira, o indivíduo não possa abrir mão
(ao menos no que se refere à disponibilização). Já o preço público está associado a ser-
viços públicos em que está presente a voluntariedade.

De tudo isso se percebe que a instituição de taxas ou de preços públicos depende não
apenas do ente instituidor como também da natureza do serviço prestado, ora prevale-
874
cendo um ou outro critério. Vale a pena a leitura do voto do Min. Moreira Alves no RE
n. 89.876/RJ, em que faz uma diferenciação bem coerente entre ―serviços públicos pro-
priamente estatais‖ (remunerados mediante taxa e indelegáveis), ―serviços públicos es-
senciais‖ (remunerados mediante taxa) e ―serviços públicos não essenciais‖ (remunera-
dos mediante preço público).

15.2.1.4. Questões do TRF4

15.2.1.5. Questões do TRF5


TRF5 – 2012

01) Uma entidade de benefício assistencial tem três imóveis, sendo um sua sede e os
outros dois alugados. Um dos aluguéis é usado para as despesas da associação, mas o
outro é usados para dividir pro labore entre os associados. Esses imóveis ficam sujeitos
ao pagamento do IPTU?

Resposta:

O imóvel de sua sede goza de imunidade constitucional, por integrar patrimônio de ins-
tituição de assistência social inevitavelmente afetado a finalidade a ela essencial (afinal,
trata-se da sede), contanto, é óbvio, que atendidos os requisitos da lei.

O mesmo sucede com o imóvel alugado a terceiro cuja renda é destinada ao pagamento
de despesas de associação. É que, conquanto esteja alugado e afetado a interesse de ter-
ceiros, a celebração de contrato de aluguel não caracteriza desvio de finalidade, mesmo
porque, como dito, a renda daí decorrente continua sendo aplicada na manutenção da
própria entidade. Nesse sentido é a Súmula n. 724 do STF.

Já em relação ao último imóvel – aquele que é usado para o pagamento de pro labore – a
situação é mais complexa, e pela forma com que foi elaborada a pergunta, parece que a
imunidade não se aplica, face ao óbice do art. 14, I, do CTN, que condiciona a imunida-
de à não distribuição de qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qual-
quer título. Guardo reservas com relação a esse entendimento, ao menos para todo e
qualquer caso, mas deixo de me manifestar para não ultrapassar o limite de linhas esti-
pulado.

02) Discorra a respeito do princípio do não confisco.

Resposta:

―A proibição constitucional do confisco em matéria tributária nada mais representa se-


não a interdição, pela Carta Política, de qualquer pretensão governamental que possa
875
conduzir, no campo da fiscalidade, à injusta apropriação estatal, no todo ou em parte, do
patrimônio ou dos rendimentos dos contribuintes, comprometendo-lhes, pela insuporta-
bilidade da carga tributária, o exercício do direito a uma existência digna, ou a prática
de atividade profissional lícita ou, ainda, a regular satisfação de suas necessidades vitais
(educação, saúde e habitação, por exemplo). A identificação do efeito confiscatório de-
ve ser feita em função da totalidade da carga tributária, mediante verificação da capaci-
dade de que dispõe o contribuinte - considerado o montante de sua riqueza (renda e ca-
pital) - para suportar e sofrer a incidência de todos os tributos que ele deverá pagar, den-
tro de determinado período, à mesma pessoa política que os houver instituído (a União
Federal, no caso), condicionando-se, ainda, a aferição do grau de insuportabilidade eco-
nômico-financeira, à observância, pelo legislador, de padrões de razoabilidade destina-
dos a neutralizar excessos de ordem fiscal eventualmente praticados pelo Poder Público.
Resulta configurado o caráter confiscatório de determinado tributo, sempre que o efeito
cumulativo - resultante das múltiplas incidências tributárias estabelecidas pela mesma
entidade estatal - afetar, substancialmente, de maneira irrazoável, o patrimônio e/ou os
rendimentos do contribuinte. - O Poder Público, especialmente em sede de tributação
(as contribuições de seguridade social revestem-se de caráter tributário), não pode agir
imoderadamente, pois a atividade estatal acha-se essencialmente condicionada pelo
princípio da razoabilidade.‖ (ADC 8 MC, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Tribu-
nal Pleno, julgado em 13/10/1999, DJ 04-04-2003 PP-00038 EMENT VOL-02105-01
PP-00001)

03) Um tributo de alíquota módica pode ser considerado um tributo confiscatório?

Resposta:

Em tese sim. Isso porque, mesmo que mediante a previsão de uma alíquota módica, a
instituição de mais um tributo pode significar o fato crucial para se atingir patamares de
―insuportabilidade da carga tributária‖. Melhor explicando, considerando que a identifi-
cação do efeito confiscatório deve ser feita em função da totalidade da carga tributária,
pode acontecer que um tributo a mais, ainda que em patamares módicos, pode atingir
esse grau de saturação e configurar de uma vez o efeito confiscatório. Repita-se: em
tese.

04) Discorra a respeito do princípio da uniformidade da tributação de renda.

Resposta:

Não seria a mesma pergunta da seguinte?

876
05) A união pode tributar diferentemente os rendimentos decorrentes de título por si
emitido daqueles emitidos por Estados?

Resposta:

Não. De acordo com o art. 151, II, da Constituição, é vedado à União ―tributar a renda
das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (...)
em níveis superiores aos que fixar para suas obrigações (...)‖.

06) Princípio da imunidade.

Resposta:

A imunidade tributária constitui norma negativa de competência tributária, de estatura


constitucional, e que demarca a base econômica passível de tributação pelo legislador.

Destina-se basicamente a conferir efetividade a determinados direitos e garantias fun-


damentais reconhecidos e assegurados às pessoas e instituições, a exemplo do pacto
federativo, da liberdade sindical, da liberdade de culto, da liberdade de organização par-
tidária, da liberdade de expressão intelectual, entre outros.

Trata-se, pois, em alguma instância, de uma garantia que tem por escopo impedir que o
legislador impeça ou dificulte pela via da tributação algum direito fundamental ou pre-
ceito institucional considerado fundamental à ordem política e social brasileira.

07) Discorra sobre a imunidade recíproca e se ela abrange empresas públicas e socie-
dade de economia mista.

Resposta:

Em regra, as regras de imunidade tributária recíproca não se aplicam às empresas públi-


cas e sociedades de economia mista, por se tratarem de pessoas jurídicas de direito pri-
vado, excluídas, portanto, da regra do art. 150, §2°, da Constituição. Outro motivo de-
corre do disposto no art. 173 da Constituição, que veda a essas entidades o gozo de pri-
vilégio fiscal não extensível ao direito privado, como uma forma, sobretudo, de evitar
possíveis desequilíbrios concorrenciais.

A despeito disso, a jurisprudência tem reconhecido a extensão da imunidade tributária a


algumas empresas públicas ou sociedades de economia mista, desde que prestem servi-
ços públicos, que não tenham fins lucrativos, e que a extensão não implique em prejuízo
à concorrência (ex. monopólio, privilégio, etc.). Foi como o STF decidiu com relação,
por exemplo, aos CORREIOS e à INFRAERO.
877
08) Diferencie imunidade, não incidência e isenção.

Resposta:

Imunidade constitui norma negativa de competência tributária, de estatura constitucio-


nal, e que demarca a base econômica passível de tributação pelo legislador.

A isenção, como já dito acima, constitui uma modalidade de exclusão do crédito tributá-
rio, tratada pela doutrina ora como dispensa de pagamento de tributo (ex. Rubens Go-
mes de Souza, Cassone, entre outros), ora como benefício legal que restringe o antece-
dente ou o consequente da norma tributária impositiva.

Já a não incidência decorre não de uma norma excludente, mas muito ao contrário, da
simples ausência de lei instituidora de tributo sobre determinada situação fática em
princípio abrangida pela base econômica de tributação (norma constitucional concessiva
de competência tributária). Ou seja, a não incidência decorre do fato de o legislador não
instituir o tributo sobre a totalidade de sua base econômica.

09) No que concerne às empresas públicas e sociedades de economia mista, essas en-
tidades são beneficiadas pela imunidade tributária da Constituição?

Resposta:

Em regra, as regras de imunidade tributária recíproca não se aplicam às empresas públi-


cas e sociedades de economia mista, por se tratarem de pessoas jurídicas de direito pri-
vado, excluídas, portanto, da regra do art. 150, §2°, da Constituição. Outro motivo de-
corre do disposto no art. 173 da Constituição, que veda a essas entidades o gozo de pri-
vilégio fiscal não extensível ao direito privado, como uma forma, sobretudo, de evitar
possíveis desequilíbrios concorrenciais.

A despeito disso, a jurisprudência tem reconhecido a extensão da imunidade tributária a


algumas empresas públicas ou sociedades de economia mista, desde que prestem servi-
ços públicos, que não tenham fins lucrativos, e que a extensão não implique em prejuízo
à concorrência (ex. monopólio, privilégio, etc.). Foi como o STF decidiu com relação,
por exemplo, aos CORREIOS e à INFRAERO.

878
15.3. Direito Administrativo

15.3.1. Função Normativa Da Administração Pública. Agências Reguladoras

15.3.1.1. Questões do TRF1


1) O que distingue a ANATEL e a ANP das demais agências reguladoras no âmbito da
Administração Federal?

Resposta:

Uma distinção que me lembro diz respeito à possibilidade de a ANATEL e a ANP cele-
brarem contratos de concessão. Não sei, contudo, se isso seria uma peculiaridade inexis-
tente em relação a todas as demais agências reguladoras.

2) Há semelhanças entre as agências reguladoras criadas no Brasil e as do modelo


francês?

Resposta:

Em parte sim. Embora as AAI (Autoridades Administrativas Independentes), como são


chamadas as agências na França, não serem qualificadas como pessoas jurídicas, possu-
em elas possuem poder normativo, autonomia financeira e administrativa em relação ao
poder político, estabilidade dos dirigentes, etc.

3) Cinco exemplos de agências reguladoras.

Resposta:

ANEEL, ANP, ANATEL, ANVISA, ANA, ANTAQ, ANCINE, ANAC, CADE, CVM,
entre outros.

4) Regime jurídico dos servidores das agências reguladoras federais. Disserte.

Resposta:

Regime estatutário, nos moldes a que submetem as autarquias de um modo geral. Inici-
almente, a Lei n. 9.986/2000 previa o regime de emprego público, de caráter trabalhista,
regulado pela CLT. Esse diploma, no entanto, foi derrogado pela Lei n. 10.871/2004,
que, alterando as normas relativas ao regime de servidores, instituiu o regime estatutá-
rio.

879
15.3.1.2. Questões do TRF2

15.3.1.3. Questões do TRF3


1) O que se entende por regulação?

Resposta:

Regulação é termo originado na literatura econômica para se referir a qualquer tipo de


intervenção estatal no mercado, com objetivo de induzir os agentes econômicos a com-
portamento gerador de eficiências, pelo qual o poder público substitui, em modos e
graus variados, a decisão privada, que seria condicionada tão-somente pelas forças de
mercado. Limita, assim, sua liberdade na tomada de decisões.

De um modo geral, o processo regulatório abrange: (a) aprovação das normas pertinen-
tes (leis, regulamentos, códigos de conduta, etc.); (b) implementação concreta das refe-
ridas regras (autorizações, licenças, injunções, etc.); (c) fiscalização do cumprimento; e
(d) punição das infrações. É por a regulação conjugar esses três tipos de poderes – um
normativo, um executivo e um parajudicial – que a doutrina norte-americana refere as
‗comissões reguladoras independentes‘ como um concentrado dos três poderes típicos
do Estado (Legislativo, Executivo e Judicial).

2) Quais são as autoridades reguladoras? Pode citar algumas?

Resposta:

Já respondida acima.

3) O Banco Central, qual é a natureza jurídica?

Resposta:

Autarquia federal (art. 8° da Lei n. 4.595/64) sob regime especial, vinculada ao Ministé-
rio da Fazenda.

O Banco Central tem por finalidade a formulação, a execução, o acompanhamento e o


controle das políticas monetária, cambial, de crédito e de relações financeiras com o
exterior; a organização, disciplina e fiscalização do Sistema Financeiro Nacional; a ges-
tão do Sistema de Pagamentos Brasileiro e dos serviços do meio circulante. (art. 2° RI
BACEN).

O Banco Central do Brasil foi criado pela Lei 4.595, de 31 de dezembro de 1964. É o
principal executor das orientações do Conselho Monetário Nacional e responsável por
880
garantir o poder de compra da moeda nacional, tendo por principais atribuições: Dentre
suas atribuições estão: emitir papel-moeda e moeda metálica; executar os serviços do
meio circulante; receber recolhimentos compulsórios e voluntários das instituições fi-
nanceiras e bancárias; realizar operações de redesconto e empréstimo às instituições
financeiras; regular a execução dos serviços de compensação de cheques e outros pa-
péis; efetuar operações de compra e venda de títulos públicos federais; exercer o contro-
le de crédito; exercer a fiscalização das instituições financeiras; autorizar o funciona-
mento das instituições financeiras; estabelecer as condições para o exercício de quais-
quer cargos de direção nas instituições financeiras; vigiar a interferência de outras em-
presas nos mercados financeiros e de capitais e controlar o fluxo de capitais estrangeiros
no país.

15.3.1.4. Questões do TRF4


1) Fale sobre as agências reguladoras, seu regime jurídico e seu poder normativo.

Resposta:

Na década de 90, a Lei n. 9.491/97 instituiu o Plano Nacional de Desestatização, cujo


objetivo principal era o de reduzir o déficit público, dentre outras formas transferindo à
iniciativa privada atividades indevidamente prestadas pelo Estado.

Tendo em vista, porém, que muitas dessas atividades que seriam transferidas envolviam
algum interesse ou utilidade pública, fazia-se necessário que fossem criados ór-
gãos/entidades reguladores.

Foi nesse contexto que surgiram as agências reguladoras, entidades autárquicas com
funções eminentemente de controle de setores regulados, influenciadas pelo regime nor-
te-americano das independent agencies e, em parte, pelo regime francês das autorités
administratives indépendantes.

Costuma-se dizer que tais agências apresentam as seguintes peculiaridades em relação


às demais autarquias: poder normativo técnico (recebem das respectivas leis delegação
para editar normas técnicas complementares, retratando poder regulamentar mais am-
plo); autonomia decisória (exaurimento do poder revisional no próprio âmbito interno
da autarquia, sendo em regra inviável o recurso hierárquico impróprio); independência
administrativa (geralmente mediante investidura a termo de seus diretores, com manda-
to descoincidentes do mandato do Chefe do Executivo); autonomia econômico-
financeira (recebimento de recursos próprios e de dotações orçamentárias para a gestão
de seus próprios órgãos, além da possibilidade de instituição de taxas de regulação).

2) Fale sobre o poder regulamentar. Quais seus limites?

881
Resposta:

Poder regulamentar é a prerrogativa conferida à Administração de editar atos gerais para


complementar as leis e permitir a sua efetiva aplicação. Trata-se, pois, de um poder que
encerra função normativa, análoga porém não coincidente com a "função legislativa".
Trata-se de um poder de natureza derivada, exercitável com base e nos limites de lei
preexistente, e que geralmente se materializa mediante decretos e regulamentos.
Ressalte-se que, modernamente, tem-se aceitado o fenômeno que se convencionou de-
nominar de "deslegalização" (ou degradação do grau hierárquico), pelo qual a compe-
tência para regular determinadas matérias se transfere da lei para outras fontes normati-
vas, em razão da incapacidade do legislador de dispor sobre algumas matérias de alta
complexidade técnica ou rapidamente modificáveis. Não se trata, contudo, de uma dele-
gação completa, eis que o legislador ainda assim dispõe sobre o regramento básico e
sobre os critérios políticos e administrativos, transferindo tão-somente a regulamentação
de caráter técnico nos moldes e limites dos parâmetros previamente estabelecidos na lei.

15.3.1.5. Questões do TRF5


01) Regulamento autônomo, essa modalidade é aceita no direito brasileiro?

Resposta:

A doutrina não é pacífica a respeito.

Uma primeira posição, de que é adepto Hely Lopes Meirelles por exemplo, defende a
sua existência como decorrentes dos poderes implícitos da Administração. Outros, a
exemplo dos Profs. Celso A. Bandeira de Mello e José dos Santos Carvalho Filho, en-
tendem que os regulamento autônomo não tem cabimento no ordenamento jurídico pá-
trio, tendo em vista que a Constituição atribui ao Chefe do Executivo o poder de editar
atos normativos para a fiel execução das leis.

No entanto, a EC 32/2001 modificou o art. 84 da Constituição para atribuir ao Presiden-


te da República a competência para "dispor, mediante decreto, sobre organização e fun-
cionamento da administração federal, quando não implicar em aumento de despesa nem
criação ou extinção de órgãos públicos" (inciso VI), o que, para muitos, constitui uma
hipótese de regulamento autônomo instituída no sistema brasileiro.´

02) Remissão normativa é admitida?

Resposta:
Essa expressão pode estar associada a diferentes institutos.

882
Pode ser empregada, por exemplo, aludindo a uma técnica pela qual o Estado-membro
confere parametricidade às normas, que, embora constantes da Constituição Federal,
passam a compor, formalmente, em razão da expressa referência a elas feita, o "corpus"
constitucional dessa unidade política da Federação, o que torna possível erigir-se, como
parâmetro de confronto, para os fins a que se refere o art. 125, § 2º da Constituição da
República, a própria norma constitucional estadual de conteúdo remissivo. (ADPF 100-
MC/TO, Rel. Min. CELSO DE MELLO, "in" Informativo/STF nº 532/2008)

Também pode, no entanto, ser empregada como uma referência a uma espécie de dele-
gação normativa, nos moldes do seguinte excerto extraído de estudo jurídico da lavra do
Senado Federal (http://www.fndc.org.br/arquivos/Estudo244.pdf): "Vidalvo da Costa
Filho, com base na doutrina de Eduardo García de Enterría e Tomás-Ramón Fernández
elenca três tipos de delegação de poderes normativos: a delegação receptícia, a remissão
normativa e a deslegalização4. A primeira hipótese consiste na delegação de poderes do
Legislativo ao Executivo para a elaboração de normas com força de lei sobre conteúdo
previamente determinado pelo poder delegante. No ordenamento jurídico brasileiro,
essa espécie se materializa nas leis delegadas previstas no art. 59, inciso IV, e 68 da
Constituição Federal. Já a remissão normativa caracteriza-se pelo reenvio da lei a uma
normatização ulterior, com hierarquia inferior à lei material e em caráter complementar
a esta, isto é, sem força de lei, que deverá ser elaborada pela Administração ao executar
sua função5. É o que ocorre com os decretos regulamentares expedidos pelo Presidente
da República, nos termos do art. 84, inciso IV, da Lei Maior. Por fim, a deslegalização,
na definição de Maurice Hauriou, é a retirada, pelo próprio parlamento, de certos assun-
tos pertencentes ao domínio da lei material (domaine de la loi), passando-os ao domínio
do regulamento (domaine de l‘ordonance)6."

Tomando por base esse último sentido, tem-se que a remissão normativa é admitida no
direito pátrio, desde que para fins de mera complementação e regulamentação de lei
preexistente, ou seja, desde que não implique em renúncia por parte do Legislativo
quanto à sua função legislativa, nem desvirtuamento das competências atribuídas a cada
qual dos Poderes da República.

03) O que são regulamentos administrativos e jurídicos?

Resposta:

Regulamentos jurídicos são aqueles que fixam diretrizes sobre relações de supremacia
geral, ou seja, aos quais se ligam todos os particulares ao Estado (p. ex., o uso do poder
de polícia), voltando-se para fora da Administração Pública.

Já os regulamentos administrativos ou de organização são aqueles que contêm normas


sobre a organização administrativa ou sobre as relações entre os particulares que este-
jam em situação de submissão especial ao Estado, decorrente de um título jurídico espe-
883
cial (a exemplo da concessão de serviço público, da outorga de auxílios ou subvenções,
a nomeação de servidor público, a convocação para o serviço militar a internação em
hospital público).

04) O que é competência regulamentar? o que é deslegalização?

Resposta:
Competência ou poder é a prerrogativa conferida à Administração de editar atos gerais
para complementar as leis e permitir a sua efetiva aplicação. Trata-se, pois, de um poder
que encerra função normativa, análoga porém não coincidente com a "função legislati-
va", e dela se diferencia por ser de natureza derivada, exercitável com base e nos limites
de lei preexistente.

Em contraposição a esse poder, tem-se reconhecido modernamente a existência de um


"poder regulador", decorrente do fenômeno que se convencionou denominar de "desle-
galização" ou degradação do grau hierárquico, pelo qual a competência para regular
determinadas matérias se transfere da lei para outras fontes normativas, em razão da
incapacidade do legislador de dispor sobre algumas matérias de alta complexidade téc-
nica ou rapidamente modificáveis. Trata-se de um poder mais amplo do que um simples
poder regulamentar e que é característico das agências reguladoras.

05) Poder normativo das agências reguladoras, qual a natureza dentre as várias espé-
cies de regulamentos?

Resposta:
Como repetidamente dito anteriormente, o poder normativo das agências reguladoras
costuma ser denominado de "poder regulador", caracterizando-se por ser mais amplo do
que um simples poder regulamentar, eis que não se limita a especificar leis preexisten-
tes, como também dispõe primariamente sobre os aspectos técnicos da regulação, ob-
servando alguns parâmetros legais e genéricos preexistentes. Está associado a um fenô-
meno relativamente recente e que tem sido denominado de "desregulação", de "degra-
dação do grau hierárquico" ou de "delegação com parâmetros".

Partindo-se dessa premissa, entendo possível enquadrar os regulamentos das agências


reguladoras como um tipo de regulamento autônomo, considerando que dispõe inovado-
ramente sobre os aspectos técnicos do objeto regulado. A doutrina, contudo, não é pací-
fica a esse respeito.

06) Agências reguladoras – conteúdo do controle do TCU, qual o âmbito do controle?

884
Resposta:

Sendo as agências integrantes da Administração Direta, estão sujeitas ao disposto no


artigo 49, inciso X, da Constituição Federal, que estabelece ser competência exclusiva
do Congresso Nacional "fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas
Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta."

A atuação do Tribunal de Contas da União - TCU no controle externo das agências re-
guladoras fundamenta-se na competência definida pela Constituição Federal nos artigos
70 e 71, especialmente no que se refere à realização de auditorias operacionais e à pres-
tação de contas de pessoas que gerenciem bens e valores públicos pelos quais a União
responda.

O controle externo sobre a atuação das agências reguladoras é realizado para verificar a
legalidade, a eficiência, a transparência e a melhoria da gestão do setor de infraestrutura
federal, principalmente quando decorre da atuação das agências reguladoras e dos entes
responsáveis pela formulação de políticas públicas e pelo planejamento da expansão e
da operação dos serviços.

Para fiscalizar e acompanhar o desempenho dos entes que atuam na regulação dos seto-
res de energia elétrica; petróleo, gás e biocombustíveis; transporte terrestre; transporte
aquaviário; telecomunicações; aviação civil e saúde suplementar, o TCU possui duas
Secretarias de Fiscalização de Desestatização e Regulação – Sefid 1 e Sefid 2.

O TCU atua em diferentes momentos da regulação (outorgas, execução contratual e


desempenho do regulador), com foco em diversos atributos (regularidade, transparência
e melhoria), buscando um controle externo que agregue valor aos resultados da agência.

É preciso advertir, porém, que a fiscalização dos contratos de concessão é de responsa-


bilidade das próprias agências. Cabe ao TCU fiscalizar apenas a atuação do ente regula-
dor, e não regular o mercado
(http://portal2.tcu.gov.br/portal/page/portal/TCU/comunidades/regulacao/O_TCU_Cont
role_Regula%C3%A7%C3%A3o.pdf).

Predomina, em todo caso, o entendimento de que a fiscalização exercida pelo TCU não
pode adentrar o campo material da atividade desempenhada pelas agências. Conquanto
legítima e constitucionalmente estabelecida, a fiscalização deve limitar-se aos aspectos
relacionados à gestão de recursos públicos, sob pena de ferir-se a autonomia das autori-
dades reguladoras, bem como o princípio da separação dos poderes.

07) A expressão regulação, qual o seu entendimento?

Resposta:

Já respondida anteriormente.
885
08) Fale sobre a abrangência do controle da agencias reguladoras.

Resposta:
Toda autarquia é submetida a controle pela Administração Direta por parte da pessoa
política a que é vinculada. Esse controle é denominado de "tutela administrativa", tendo
o DL 200/67 denominado de "supervisão ministerial", ao dispor textualmente que "todo
e qualquer órgão da administração federal, direta ou indireta, está sujeito à supervisão
do Ministro de Estado competente".

Esse controle abrange aspectos políticos (escolha dos dirigentes, passível de sabatina
pelo SN), institucionais (consecução dos fins da pessoa política instituidora), adminis-
trativos (fiscalização dos agentes e rotina administrativa) e financeiros. Admite-se, in-
clusive, a interposição de recurso hierárquico impróprio em determinadas circunstân-
cias.

09) O que são agências executivas e qual a finalidade de se projetá-las.

Resposta:

Agências executivas são autarquias ou fundações (art. 51 da Lei n. 9.469/98), assim


qualificadas por ato do Chefe do Executivo, desde que tenham plano estratégico de rees-
truturação e desenvolvimento institucional e celebrem contrato de gestão com o Minis-
tério supervisor pertinente.

Destinam-se a exercer atividade estatal que, para melhor desenvoltura, deve ser descen-
tralizada e, por conseguinte, afastada da burocracia administrativa central.
Ao adquirirem essa qualificação, passam a dispor de maior autonomia e disponibilidade
de recursos orçamentários e financeiros, até para que possam cumprir as metas traçadas
e os seus objetivos institucionais.

15.4. Direito Penal

15.4.1. Crimes Contra O Patrimônio

15.4.1.1. Questões do TRF1


1) Aquele que tem subtraído coisa sua e vem a subtrair na mão de outra, comete crime
de furto? É conduta atípica? O exercício arbitrário das próprias razões se aplicaria?

Resposta:

Não, porque a coisa que se subtrai, nesse caso, é "própria" e não "alheia", como exige o
art. 155 do CP.

886
Em tese, pode configurar, porém, exercício arbitrário das próprias razões (Art. 345 -
Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo
quando a lei o permite).

2) A coisa de ninguém pode ser furtada? E a coisa abandonada? E a coisa achada?

Resposta:

Se a coisa não é de ninguém, não tendo legítimo dono, não pode ser objeto de furto, por
não ser "alheia". O mesmo sucede com a coisa abandonada, que também constitui coisa
sem dono (art. 1245, III, do CC).

Coisa "perdida", contudo, não é coisa sem dono, podendo ser objeto de furto. O art.
1.233 do CC depõe nesse sentido: Art. 1.233. Quem quer que ache coisa alheia perdida
há de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor.

3) Qual a diferença entre o crime de roubo e furto qualificado?

Resposta:

A subtração no roubo se dá mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de


havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência (art. 157 do CP).

No furto não há o emprego de violência ou ameaça a pessoa. Existe apenas a possibili-


dade de emprego de violência contra coisa, o que é suscetível de qualificar o delito (art.
155, §4°, I).

4) Qual a diferença entre a apropriação indébita e o furto?

Resposta:

Na apropriação indébita o agente se apodera de uma coisa que já se encontra sob sua
posse. Há apenas uma inversão da qualidade de uma posse que já existia.

No furto, diferentemente, o agente subtrai uma coisa alheia que não se encontrava sob
sua posse. Ocorre uma inversão da titularidade da posse.

5) Entre o falso e o estelionato há concurso material, formal...? Quais seriam as corren-


tes?

887
Resposta:

Para significativa parcela da doutrina, quando o agente faz uso do documento falso para
praticar um estelionato haveria um único crime, ora de estelionato, ora de uso de docu-
mento falso.

Para uma primeira corrente, considerando o fato de que o delito de falsificação de do-
cumento público possui pena superior à do crime de estelionato, sendo, portanto, mais
grave, seria o estelionato absorvido pelo uso de documento falso. Para essa corrente o
estelionato seria, portanto, um pós-fato impunível.

Para a segunda corrente também haveria crime único, defendendo-se, contudo, que o
estelionato absorve o uso de documento falso. Este, portanto, seria um antefato impuní-
vel. Nesse sentido o Superior Tribunal de Justiça, através da súmula 17 afirma "Quando
o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva é por este absorvido".

A terceira corrente defende que quando o agente faz uso de documento falso para prati-
car o estelionato há um concurso material de crimes, visto que haveria uma pluralidade
de comportamentos. Nesse sentido aduz Damásio de Jesus "Se o agente quer falsificar
um documento público e, com ele, cometer estelionato, cremos que não se pode falar
em unidade de ideação"

A última corrente que analisa o conflito entre o crime de estelionato e o crime de uso de
documento falso, afirma haver um concurso formal de crimes.

15.4.1.2. Questões do TRF2


1) Um sujeito trabalha como gerente de uma loja, e tira uma pequena quantia dia após
dia. Mas tinha o desígnio inicial de fugir com a bicicleta funcional, de que tinha posse
também funcional, assim que atingisse uma certa quantia auferida com esses peque-
nos furtos.

a. De que se trata esse crime? Qual sua qualificação?

b. Qual crime praticado em relação a bicicleta? Furto ou apropriação indébita?

c. Integra a continuidade delitiva?

d. Quando o Código Penal diz crime da mesma espécie, o que quer dizer?
888
e. Trace um paralelo entre reiteração criminosa x crime continuado.

Resposta:

A. O primeiro, no meu entender, trata de furto em continuidade delitiva, possivelmente


qualificado caso presente alguma espécie de abuso de confiança.

B. Apropriação indébita, considerando que já tinha a posse (na verdade detenção) da


coisa.

C. Entre os furtos sim, na minha opinião. Entre a bicicleta e os furtos não, por se trata-
rem de crimes que não são da mesma espécie.

D. Mesmo tipo delitivo. Há, porém, julgados recentes reconhecendo a continuidade de-
litiva entre apropriação indébita previdenciária e sonegação de contribuição previdenci-
ária, conquanto não integrem o mesmo tipo.

E. Tanto na reiteração criminosa quanto no crime continuado há pluralidade de condu-


tas.

A peculiaridade da continuidade delitiva está em que os crimes praticados são da mes-


ma espécie e há entre eles um elo decorrente de circunstâncias diversas, tanto objetivas
(tempo, lugar, modo, etc) quanto subjetivas (unidade de desígnios), conforme a teoria
predominante (objetiva-subjetiva). Constituem, por assim dizer, "crimes de ensejo", ou
seja, crimes cometidos numa relação de contexto.

Há na doutrina, ainda, quem sustente que o crime continuado constitui um crime único,
posição essa que, caso adotada, implicaria em outra distinção frente à reiteração crimi-
nosa.

2) Crime continuado em crime de estupro (Art. 213, do CP). Como está a questão atu-
almente do ponto de vista legal e jurisprudencial.

Resposta:

"A vigência da Lei nº 12.015, de 2009, em sua nova redação dada ao art. 213 (revogado
o art. 214), unificou as figuras típicas do estupro e atentado violento ao pudor. III. A
jurisprudência sedimentou o entendimento de que a Lei n.º 12.015/09 permite o reco-
nhecimento da continuidade delitiva entre os delitos de estupro e atentado violento ao
pudor, por serem da mesma espécie, se presentes os requisitos elencados no art. 71 do
Código Penal. Precedentes do Supremo Tribunal Federal e deste Superior Tribunal de

889
Justiça." (HC 193.882/SP, Rel. Ministro GILSON DIPP, QUINTA TURMA, julgado
em 07/02/2012, DJe 14/02/2012)

Mesmo antes do advento da Lei n. 12.015, de 7/8/2009, a Sexta Turma já tinha o enten-
dimento no sentido da possibilidade de continuidade delitiva entre as condutas de estu-
pro e atentado violento ao pudor quando preenchidos os requisitos do art. 71 do Código
Penal.(HC 144.771/MS, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA,
julgado em 22/11/2011, DJe 06/02/2012)

3)Há continuidade delitiva entre homicídio contra várias vítimas? Se sim, dê exemplo.

Resposta:

É possível que sim.

Art. 71, parágrafo único, CP: Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos
com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade,
os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e
as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave,
se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75
deste Código.(Redao dada pela Lei n 7.209, de 11.7.1984

Ex: mortes decorrentes de perseguição em assalto.

Nesse sentido: Revela-se evidenciado o constrangimento ilegal se indeferido o reconhe-


cimento da continuidade delitiva tão só por se tratar de crimes dolosos contra a vida e
que envolvem vítimas diferentes, em descompasso com o disposto no artigo 71, pará-
grafo único, do Código Penal. (HC 118.315/SP, Rel. Ministro HAROLDO RODRI-
GUES (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/CE), SEXTA TURMA, julgado
em 09/03/2010, DJe 05/04/2010)

15.4.1.3. Questões do TRF3


1) Em que categoria se enquadra a conduta de subtração e uso de cartão de crédito?

Resposta:

Em tese, poderia caracterizar furto (subtração) com pós-fato impunível (uso), ou esteli-
onato (uso) com ante-fato impunível.

Estou com a segunda hipótese. O furto do cartão de crédito, por si só, não tem qualquer
finalidade senão a sua posterior utilização. A subtração, portanto, constitui apenas o
meio necessário para a consecução do objetivo real do agente, que é de obter vantagem
ilícita mediante a sua posterior (e fraudulenta) utilização.

Em sentido próximo:
890
Na hipótese dos autos vislumbro a escorreita aplicação do princípio da consunção, no
que toca à subtração da carteira pessoal da vítima, portando os objetos pessoais posteri-
ormente utilizados fraudulentamente pelo apelante ao angariar inescrupulosamente van-
tagem indevida para si. XII - A materialidade do delito do art. 171, do CP, em continui-
dade delitiva, restou cabalmente demonstrada, sendo certo que o Laudo Grafotécnico
atestou que as folhas de cheques foram preenchidas e assinadas pelo apelante. Não bas-
tasse, no dia do reconhecimento pessoal do mesmo, foi apreendido o par de tênis, adqui-
rido com a utilização do cartão de crédito da vítima. (ACR 00055682520014036181,
DESEMBARGADORA FEDERAL CECILIA MELLO, TRF3 - SEGUNDA TURMA,
DJU DATA:19/05/2006 ..FONTE_REPUBLICACAO:.)

2) Pode haver concurso material entre os crimes dos arts. 155 e 348 do CP? E se o acu-
sado for absolvido do crime do 155?

Resposta:

Não vejo como admitir o concurso entre os crimes do art. 348 e 155 do CP, ao menos
não num mesmo contexto fático.

Ou o colaborador adere à conduta criminosa inicial, e nesse caso deverá responder como
partícipe do furto, ou ele auxilia o agente depois de o furto já ter sido praticado, e nesse
caso responde unicamente por favorecimento pessoal.

15.4.1.4. Questões do TRF4


1) Crime de supressão de tapumes seria um delito de intenção?

Resposta:

Acredito que sim. Como se sabe, delito de intenção é aquele em que o agente quer e
persegue um resultado que não necessita ser alcançado de fato para a consumação do
crime (tipos incongruentes).

E, no caso da supressão de tapume (alteração de limites), a intenção é a de apropriação


de coisa móvel, embora não seja necessário que essa apropriação realmente se consume.

Confira-se: Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro sinal in-
dicativo de linha divisória, para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel a-
lheia:

15.4.1.5. Questões do TRF5

891
15.5. Direito Previdenciário

15.5.1. Aposentadoria. Auxílio-Doença. Abono De Permanência. Pensões. Renda


Mensal Vitalícia. Acumulação

15.5.1.1. Questões do TRF1


1) Qual a distinção entre o auxílio doença acidentário e o auxílio doença ordinário?

Resposta:

Auxílio-doença é o benefício previdenciário pago ao segurado que ficar incapacitado


para o seu trabalho por mais de quinze dias consecutivos.

Se for de natureza acidentária, isto é, decorrente de acidente de qualquer natureza ou


causa ou de doença profissional ou do trabalho, é concedido independentemente de ca-
rência (art. 26, II, LBPS).

Se não, a sua concessão pressupõe o cumprimento de doze contribuições mensais a títu-


lo de carência (art. 25, I, LBPS).

2) Qual o valor do auxílio doença?

Resposta:

O auxílio-doença, inclusive o decorrente de acidente do trabalho, consistirá numa renda


mensal correspondente a 91% (noventa e um por cento) do salário-de-benefício (média
aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por
cento de todo o período contributivo), segundo o art. 61 da LBPS, não podendo ser infe-
rior ao salário mínimo (art. 33 da LBPS).

Para o segurado especial, o benefício será no valor de um salário mínimo, desde que
comprove o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período,
imediatamente anterior ao requerimento do benefício, igual ao número de meses cor-
respondentes à carência do benefício requerido (art. 39, I, da LBPS).

3) O abono anual pode ser pago de forma anual?

Resposta:

Não entendi a pergunta.

892
De qualquer modo, segundo o art. 120, §2°, do RPS, o abono anual será pago, em cada
exercício, juntamente com a última parcela do benefício nele devida.

Poderá ser pago de forma parcelada, na forma de ato específico expedido pelo MPS-
INSS. Foi o que se verificou por ocasião dos Decretos n. 6.927/2009 e 7.782/2012. Eis
o art. 1° deste último: Art. 1o No ano de 2012, o pagamento do abono anual de que trata
o art. 40 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, será efetuado em duas parcelas: I - a
primeira parcela corresponderá a até cinquenta por cento do valor do benefício corres-
pondente ao mês de agosto, e será paga juntamente com os benefícios correspondentes a
esse mês; e II - a segunda parcela corresponderá à diferença entre o valor total do abono
anual e o valor da parcela antecipada e será paga juntamente com os benefícios corres-
pondentes ao mês de novembro.

4) É possível se admitir a acumulação de benefício perante o regime geral da previdên-


cia social e outro regime de previdência?

Resposta:

Sim. A proibição de acumulação de benefícios prevista no art. 124 da LBPS não impede
que o beneficiário acumule prestações do RGPS com prestações oriundas de outros re-
gimes, desde que cumprindo os requisitos para o recebimento em cada qual, e desde que
não exista norma proibitiva expressa.

Nesse sentido: Considerando que a Medida Provisória nº 1.523/1996, substituída pela


MP nº 1.596/1997, ao ser convertida na Lei 9.528/1997, não manteve a redação modifi-
cada do artigo 48 da Lei nº 8.213/1991, não há falar em óbice à acumulação de aposen-
tadorias oriundas de regimes previdenciários diversos. (RESP 200301010270, PAULO
GALLOTTI, STJ - SEXTA TURMA, DJE DATA:22/04/2008 LEXSTJ VOL.:00226
PG:00073 RJPTP VOL.:00018 PG:00125.)

5) Em que circunstância é devido o adicional de 25% sobre a aposentadoria por invali-


dez?

Resposta:

Basicamente quando necessitar de assistência permanente de outra pessoa (art. 45 da


LBPS).

Eis as situações previstas no Anexo do RPS: 1 - Cegueira total. 2 - Perda de nove dedos
das mãos ou superior a esta. 3 - Paralisia dos dois membros superiores ou inferiores. 4 -
Perda dos membros inferiores, acima dos pés, quando a prótese for impossível. 5 - Per-

893
da de uma das mãos e de dois pés, ainda que a prótese seja possível. 6 - Perda de um
membro superior e outro inferior, quando a prótese for impossível. 7 - Alteração das
faculdades mentais com grave perturbação da vida orgânica e social. 8 - Doença que
exija permanência contínua no leito. 9 - Incapacidade permanente para as atividades da
vida diária.

6) A aposentadoria por invalidez pode ser concedida sem que o trabalhador tenha ad-
quirido todo o tempo de serviço para a aposentadoria. Este aposentado por invalidez
pode exercer outro tipo de atividade?

Resposta:

Não. O aposentado por invalidez que retornar voluntariamente à atividade terá sua apo-
sentadoria automaticamente cancelada, a partir da data do retorno (art. 46 da LBPS).

Há precedentes do STJ, contudo, admitindo o exercício de atividade política, especial-


mente vereança: É possível a percepção conjunta dos subsídios da atividade de vereança
com os proventos de aposentadoria por invalidez, por se tratar de vínculos de natureza
diversa, uma vez que, a incapacidade para o trabalho não significa, necessariamente,
invalidez para os atos da vida política. (AGA 200800590944, CELSO LIMONGI (DE-
SEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP), STJ - SEXTA TURMA, DJE DA-
TA:28/09/2009.).

O STJ já não admitiu, contudo, o exercício do cargo de Prefeito: (RESP 200701528460,


NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, STJ - QUINTA TURMA, DJ DATA:10/09/2007
PG:00309 RJPTP VOL.:00015 PG:00128.).

7) Existem situações em que o aposentado por invalidez se submetendo à perícia mé-


dica, esta atesta estar aquele apto ao retorno do trabalho, neste caso ele teria de ser
compelido retornar? Se se tivesse cuidando de aposentado por invalidez portador de
moléstia grave (AIDS), o exame pericial poderia determinar o retorno dele ao trabalho,
afirmando que a apesar da doença ele estaria apto ao trabalho, sendo compelido ao
trabalho? Resposta do DEs. Como juiz, qual seria a decisão?

Resposta:

Não entendi a primeira parte da pergunta. Mas me parece que, mesmo a perícia médica
tendo atestado a recuperação laboral, ainda assim o segurado não é obrigado a retornar
ao trabalho, pois, pela sistemática constitucional pátria, ninguém pode ser compelido a
trabalhar. Por óbvio, com a cessação da suspensão de seu contrato de trabalho, se não se
reapresentar sofrerá as consequências trabalhistas daí decorrentes.
894
Na condição de juiz, manteria a aposentadoria por invalidez se, mesmo recuperado, ain-
da assim não tivesse condições concretas e reais de reingresso no mercado de trabalho.
O raciocínio seria bem próximo do levado a efeito na ementa do seguinte julgado da
TNU: ―Esta TNU tem firmado que ―uma vez reconhecida a incapacidade parcial para o
trabalho, o juiz deve analisar as condições pessoais e sociais do segurado para a conces-
são de aposentadoria por invalidez‖ (TNU – Súmula n.º 47). E, nos casos de portador de
HIV, deixou assentado na sessão de 29 de março de 2012, no Rio de Janeiro, que ―‘Esta
Corte tem se orientado no sentido de que o magistrado, na verificação dos requisitos
para a concessão de aposentadoria por invalidez, não está adstrito aos requisitos objeti-
vos legais, devendo verificar, também os aspectos sócio-econômicos do segurado, para
fins de aferição de sua incapacidade laboral‘ (STJ – 6.ª T., AgRg no Ag n.º 1247316
PR, Rel. Min. Maria Thereza De Assis Moura, DJE 17 nov. 2011); e que ‗Para a con-
cessão de aposentadoria por invalidez devem ser considerados outros aspectos relevan-
tes, além dos elencados no art. 42 da Lei n.º 8.213/91, tais como, a condição sócio-
econômica, profissional e cultural do segurado‘ (STJ – 5.ª T., AgRg no REsp n.º
1000210 MG, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJE de 18 out. 2010)‖ (Cf. TNU
– PEDILEF n.º 2008.71.63.004710-0, Rel. Juiz Federal Alcides Mendonça Lima, j. 29
mar. 2012). - Reconhecida a divergência, e pacificada nesta TNU a tese da necessidade
de verificação dos aspectos socioeconômicos do segurado em casos de portadores de
HIV, e não tendo as instâncias ordinárias examinado as alegações do nesse sentido des-
de a inicial, (...)‖ (PEDIDO 200972540025729, JUIZ FEDERAL JANILSON BEZER-
RA DE SIQUEIRA, DOU 01/06/2012.)

8) O que é desaposentação? Ele aposentou e quer voltar à ativa, ele não está com uma
atividade concomitante, paralela, ele quer voltar, e ai?

Resposta:

Desaposentação é o ato de desfazimento da aposentadoria por vontade do titular, para


fins de aproveitamento do tempo de filiação em contagem para nova aposentadoria, no
mesmo ou em outro regime previdenciário.

O STJ tem decidido pela possibilidade de renúncia do benefício de aposentadoria, por


se tratar de direito patrimonial disponível e que não implica em renúncia do tempo de
contribuição/serviço previamente computado para a sua concessão.

Existe controvérsia com relação à necessidade ou não de devolução das parcelas recebi-
das até o desfazimento. No âmbito do STJ, predomina o entendimento de que a renúncia
à aposentadoria projeta efeitos prospectivos, não gerando o dever de devolução. A
TNU, contudo, entendeu diferentemente no julgamento do PEDILEF n.
2006.72.59.001383-7/SC.

895
9) Do que ser trata o auxílio-doença? Precisa ter uma duração mínima? Qual o período
de afastamento que enseja a concessão do benefício?

Resposta:

Parcialmente já respondida anteriormente.

Auxílio-doença é o benefício previdenciário pago ao segurado que ficar incapacitado


para o seu trabalho por mais de quinze dias consecutivos.

Não há uma previsão de duração mínima. Não cessará o benefício até que seja dado
como habilitado para o desempenho de nova atividade que lhe garanta a subsistência ou,
quando considerado não-recuperável, for aposentado por invalidez (art. 62 da LBPS).

10) O aposentado que volta ao trabalho, desaposenta. Volta a contribuir? E se ele in-
gressar em novo regime sem se aposentar, ou seja, ele pode se filiar a algum regime
previdenciário desaposentado?

Resposta:

O aposentado que volta ao trabalho não desaposenta. Continua recebendo a sua aposen-
tadoria, com a única ressalva de que ―não fará jus a prestação alguma da Previdência
Social em decorrência do exercício dessa atividade, exceto ao salário-família e à reabili-
tação profissional, quando empregado‖ (e o salário maternidade, por força do art. 103
do RPS - controvertido).

O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social-RGPS que estiver exercendo ou


que voltar a exercer atividade abrangida por este Regime é segurado obrigatório em
relação a essa atividade, ficando sujeito às contribuições de que trata esta Lei, para fins
de custeio da Seguridade Social (art. 12, §4°).

Não entendi a parte final da pergunta. Não seria ―e se ele ingressar em novo regime sem
se desaposentar‖? Se for isso, não há qualquer impedimento legal a tanto, desde que seja
considerado segurado obrigatório desse novo regime em que ingresse.

11) Qual o termo final da chamada aposentadoria por invalidez? Estas perícias periódi-
cas, se essa aposentadoria por invalidez, se ela decorreu de uma moléstia grave, essa
perícia pode determinar o retorno do beneficiário ao trabalho?

Resposta:

896
A aposentadoria por invalidez deve ser paga ao segurado enquanto permanecer na con-
dição de incapaz e for dado como insuscetível de reabilitação para o exercício de ativi-
dade que lhe garanta a subsistência (art. 42 da LBPS).

O fato de a aposentadoria por invalidez ser decorrente de uma moléstia grave não neces-
sariamente significa que a incapacidade para o trabalho seja permanente. Logo, se al-
gum dia o segurado vier a se reabilitar, o benefício pode ser cessado, sempre lembrando
o que foi dito acima (incapacidade como um fenômeno multidimensional): ―uma vez
reconhecida a incapacidade parcial para o trabalho, o juiz deve analisar as condições
pessoais e sociais do segurado para a concessão de aposentadoria por invalidez‖ (TNU –
Súmula n.º 47); ―para a concessão de aposentadoria por invalidez devem ser considera-
dos outros aspectos relevantes, além dos elencados no art. 42 da Lei n.º 8.213/91, tais
como, a condição sócio-econômica, profissional e cultural do segurado‖ (STJ – 5.ª T.,
AgRg no REsp n.º 1000210 MG, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJE de 18 out.
2010)‖.

12) Aposentadoria por invalidez pode ser convertida em aposentadoria por idade?
Resposta do Des. não se admite por contribuição, implemento por idade sim, a vanta-
gem seria a não submissão aos exames periódicos.

Resposta:

O art. 55 do RPS dispunha que a aposentadoria por idade poderia ser decorrente da
transformação de aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença, desde que requerida
pelo segurado e observado o cumprimento da carência exigida na data de início do be-
nefício a ser transformado. A vantagem disso estaria não só na não submissão a exames
médicos periódicos, como também possível utilização do fator previdenciário positivo.

Porém, o art. 212 da IN 45/2010 vedou a transformação de aposentadoria, ressalvando


eventuais direitos adquiridos. Nesse sentido:

EMENTA PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. CONVERSÃO DE


APOSENTADORIA POR INVALIDEZ EM APOSENTADORIA POR IDADE. POS-
SIBILIDADE SE IMPLEMENTADOS OS REQUISITOS DURANTE A VIGÊNCIA
DO ART. 55 DO DECRETO 3.048/99. CÔMPUTO DE PERÍODO EM GOZO DE
BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE COMO CARÊNCIA. NECESSÁRIO QUE O
PERÍODO ESTEJA INTERCALADO COM O EXERCÍCIO DE ATIVIDADE LA-
BORAL. IMPOSSIBILIDADE NO CASO CONCRETO. AUXÍLIO-DOENÇA IME-
DIATAMENTE SUCEDIDO POR APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. REVO-
GAÇÃO DA CONVERSÃO PROCEDIDA. CONHECIMENTO E PARCIAL PRO-
VIMENTO DO INCIDENTE. 1. Acaso implementados os requisitos autorizadores du-
rante a vigência do art. 55 do Decreto n.° 3.048/99 – revogado pelo Decreto n.°
6.722/08 - é possível a conversão de benefício de aposentadoria por invalidez em apo-
897
sentadoria por idade. (...) (PEDIDO 200972540044001, JUIZ FEDERAL ADEL AMÉ-
RICO DE OLIVEIRA, DOU 25/05/2012.)

Contra: ―A despeito da inexistência de previsão legal expressa, e mesmo tendo sido re-
vogado o dispositivo regulamentar que permitia a conversão (art. 55 do Decreto n.º
3.048/99), não há, em princípio, razão para se negar a possibilidade de transformação de
aposentadoria por invalidez (ou auxílio-doença) em aposentadoria por idade no caso do
segurado que, considerando apenas as contribuições vertidas até a data em que concedi-
do o benefício por incapacidade, preencheu a carência exigida para o ano em que im-
plementada a idade mínima. 2. Nos termos do entendimento pacífico da jurisprudência e
do disposto no artigo 3º da Lei n.º 10.666/2003, o segurado que preenche a carência e
deixa de trabalhar tem direito à aposentadoria por idade quando implementa a idade
mínima, pois os requisitos não precisam ser implementados concomitantemente. O se-
gurado não pode ser prejudicado pelo fato de, depois de cumprida a carência, ter ficado
inválido. Assim, não há razão para negar o direito à conversão da aposentadoria por
invalidez (ou auxílio-doença) em aposentadoria por idade quando o segurado que já
preencheu o requisito carência antes do início do benefício por incapacidade vier a im-
plementar o requisito etário, sob pena de ofensa ao princípio da isonomia e mesmo ao
princípio da razoabilidade. 3. Segundo a interpretação dada pelo e. STJ, o art. 29, § 5º,
da Lei n.º 8.213/91 - que permite que o benefício por incapacidade recebido no período
básico de cálculo de outro benefício (invariavelmente aposentadoria por idade, invalidez
ou tempo de serviço/contribuição) seja considerado no cálculo do salário de benefício
(e, consequentemente, do cálculo da renda mensal inicial) -, só tem aplicação no caso do
art. 55, inciso II, da mesma Lei, ou seja, quando aquele benefício por incapacidade (au-
xílio-doença ou aposentadoria por invalidez) for sucedido por algum período de contri-
buição, de forma a se tornar intercalado entre dois períodos contributivos, o que inocor-
reu no caso concreto. (EI n.º 2008.71.08.007468-9/RS, 3ª Seção, Rel. Des. Federal Cel-
so Kipper, DE em 25-11-2010). 4. Correção, de ofício de erro material na parte disposi-
tiva do julgado quanto ao marco inicial do benefício.‖ (APELREEX
50000961420114047204, JOÃO BATISTA PINTO SILVEIRA, TRF4 - SEXTA
TURMA, D.E. 09/03/2012.)

13) Qual o tipo de aposentadoria que impede atividade remunerada?

Resposta:

Aposentadoria por invalidez: Art. 46. O aposentado por invalidez que retornar volunta-
riamente à atividade terá sua aposentadoria automaticamente cancelada, a partir da data
do retorno.

A aposentadoria especial também pode cessar com o retorno à atividade, desde que essa
atividade sujeite o segurado aos agentes nocivos que ensejem aposentadoria diferencia-

898
da: Art. 57 § 8º Aplica-se o disposto no art. 46 ao segurado aposentado nos termos deste
artigo que continuar no exercício de atividade ou operação que o sujeite aos agentes
nocivos constantes da relação referida no art. 58 desta Lei. (Includo pela Lei n 9.732, de
11.12.98)

15.5.1.2. Questões do TRF2

15.5.1.3. Questões do TRF3

15.5.1.4. Questões do TRF4


1) Fale sobre desaposentação, o que entende jurisprudência? E o STF tem alguma deci-
são?

Resposta:

Questão já respondida parcialmente:

―Desaposentação é o ato de desfazimento da aposentadoria por vontade do titular, para


fins de aproveitamento do tempo de filiação em contagem para nova aposentadoria, no
mesmo ou em outro regime previdenciário.

O STJ tem decidido pela possibilidade de renúncia do benefício de aposentadoria, por


se tratar de direito patrimonial disponível e que não implica em renúncia do tempo de
contribuição/serviço previamente computado para a sua concessão.

Existe controvérsia com relação à necessidade ou não de devolução das parcelas recebi-
das até o desfazimento. No âmbito do STJ, predomina o entendimento de que a renúncia
à aposentadoria projeta efeitos prospectivos, não gerando o dever de devolução. A
TNU, contudo, entendeu diferentemente no julgamento do PEDILEF n.
2006.72.59.001383-7/SC.‖

A questão está pendente no STF (RE 381367).

15.5.1.5. Questões do TRF5

899
15.6. Direito Civil

15.6.1. Circulação Das Obrigações. Função Social Da Propriedade

15.6.1.1. Questões do TRF1


1) Diferencie a cessão de crédito, a sub-rogação e a novação?

Resposta:

A cessão civil de crédito constitui uma modalidade de transmissão das obrigações, pelo
qual o credor transfere a outrem, no todo ou em parte, a sua posição na relação contratu-
al. Difere da sub-rogação e da novação por não implicar em extinção da dívida, a qual
permanece a mesma, com todos os acessórios e garantias.

A sub-rogação constitui um meio de pagamento indireto em que se opera a substituição


de uma coisa por outra, com os mesmos ônus e atributos, caso em que denomina ―sub-
rogação real‖, ou a substituição de uma pessoa, por outra que terá os mesmos direitos e
ações da anterior, caso em que denomina ―sub-rogação pessoal‖. Pode ser de origem
legal ou contratual. Como se percebe, a sub-rogação não dá ensejo a uma obrigação
nova; apenas provoca uma alteração da estrutura obrigacional.

A novação também é uma forma de pagamento indireto, em que, porém, ocorre a substi-
tuição de uma obrigação anterior por uma obrigação nova, diversa da primeira. Ou seja,
extingue a dívida originária com todos os acessórios e garantias, salvo estipulação em
contrário (art. 364 do CC). Diferentemente da sub-rogação, a novação implica na cria-
ção de um vínculo jurídico novo e independente do originário.

2) Quando o cessionário adquire um crédito, se corre o risco do inadimplemento, co-


mo o cedente responde pela solvência do devedor, ou ele não responde?

Resposta:

Ainda que não se responsabilize expressamente, o cedente fica responsável pela exis-
tência do crédito ao tempo em que lhe cedeu (art. 295 do CC). Não se responsabiliza,
porém, pela solvência do devedor (art. 296 do CC), salvo ajuste em contrário; essa ca-
racterística, inclusive, é uma das principais diferenças em relação ao endosso cambiário.
Ou seja, em regra a cessão civil de débito opera efeitos pro soluto, salvo convenção em
contrário (pro solvendo).

3) O que são os termos pro-solvendo e pro-soluto?

900
Resposta:

A cessão pro soluto se dá quando houver quitação plena do débito do cedente para o
cessionário, operando-se a transferência do crédito, que inclui a exoneração do cedente;
a pro solvendo é a transferência de um direito de crédito, feita com intuito de extinguir a
obrigação, que, no entanto, não se extinguirá de imediato, mas apenas se e na medida
em que o crédito cedido for efetivamente cobrado.

4) Existe diferença entre procuração em causa própria e delegação novatória?

Resposta:

Sim.

A delegação novatória, ou novação subjetiva passiva por delegação, ocorre quando a


substituição do devedor é feita com o consentimento do devedor originário, pois é ele
que indicará uma terceira pessoa para assumir o seu débito, havendo concordância com
o credor. Ou seja, existe uma relação jurídica originária a qual será posteriormente ex-
tinta, dando origem a uma outra com um novo devedor, apontado pelo antigo e aceito
pelo credor.

Já na procuração em causa própria, não é isso que ocorre. O novo devedor é trazido a
critério do próprio mandatário (o devedor originário), dispensando consentimento espe-
cífico do credor.

5) Comente o art. 294 do CC.

Resposta:

Na cessão de crédito, o devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competi-
rem, bem como as que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha
contra o cedente.

Se o devedor, notificado da cessão, não opõe, nesse momento, as exceções pessoais que
tiver contra o cedente, não poderá mais arguir contra o cessionário as exceções que e-
ram cabíveis contra o primeiro, como pagamento da dívida, compensação, etc.

Já as exceções oponíveis diretamente contra o cessionário podem ser arguidas a todo


tempo, tanto no momento da cessão como no de sua notificação, pois se apresenta ele ao
devedor como um novo credor (ex. exceptio non adimpleti contractus).

901
Poderá, no entanto, alegar contra ambos vícios que, por sua natureza, afetam diretamen-
te o título ou ato, tornando-o nulo ou anulável (ex. incapacidade do agente, erro, dolo,
etc.), mesmo não tendo feito nenhum protesto ao ser notificado.

6) Na circulação das obrigações, existem três institutos civilísticos, quais são eles?

Resposta:

Cessão de crédito, pelo qual o credor transfere a outrem seus direitos na relação obriga-
cional.

Cessão de débito, pelo qual o devedor transfere a outrem a sua posição na relação jurí-
dica, sem acarretar a criação nova e a extinção da anterior.

Cessão de contrato, em que se procede à inteira transmissão da posição contratual.

7) Num substabelecimento sem reservas, existe cessão de posição contratual? Como o


CC trata isso? O CC prevê cessão de posição contratual?. Qual o princípio do direito das
obrigações que leva a essa posição?

Resposta:

Não há previsão expressa no CC a respeito da cessão de contrato.

Porém, é admitida com base no princípio da autonomia privada, que permite às partes a
contratação de negócios jurídicos atípicos, desde que observadas as normas gerais do
CC (art. 425 do CC).

Parece-me que o substabelecimento sem reserva pode ser enquadrado como uma hipóte-
se de cessão de contrato.

15.6.1.2. Questões do TRF2


1) A função social da propriedade pode ser considerada no que se refere à proteção ao
meio ambiente? Então poderia se invocar na defesa da propriedade a função social no
que se refere à proteção ambiental?

Resposta:

Não entendi a pergunta.

Porém, não se pode deixar de mencionar que o Código Civil associa a função social da
propriedade com a proteção ambiental ao dispor, em seu art. 1.228, §1°, que ―o direito
de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e
902
sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei
especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio his-
tórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas‖.

15.6.1.3. Questões do TRF3


1) Quais as providências de ordem administrativa deve o cessionário tomar, na cessão
ocorrida em contrato de SFH?

Resposta:

Estão na Lei n. 8.004/90:

Art. 2o Nos contratos que tenham cláusula de cobertura de eventual saldo devedor resi-
dual pelo FCVS, a transferência dar-se-á mediante simples substituição do devedor,
mantidas para o novo mutuário as mesmas condições e obrigações do contrato original,
desde que se trate de financiamento destinado à casa própria, observando-se os requisi-
tos legais e regulamentares, inclusive quanto à demonstração da capacidade de paga-
mento do cessionário em relação ao valor do novo encargo mensal.

§ 2o Nas transferências dos contratos de financiamento da casa própria que não tenham
cobertura de eventual saldo devedor residual pelo FCVS, e daqueles não enquadrados
na Lei no 8.692, de 1993, aplicam-se as condições previstas no caput e no parágrafo an-
terior.

2) Em caso de falecimento do Cedente o que o cessionário pode fazer para se garantir,


se a instituição financeira não anuiu com a cessão?

Resposta:

Celebrar alguma espécie de avença com os herdeiros do falecido, pois, na ocorrência de


morte do agente vendedor, o seguro cobre o financiamento em nome dos herdeiros,
quando exista seguro de vida vinculado ao financiamento. Afinal, a jurisprudência pre-
dominante não tem reconhecido legitimidade ao adquirente para discutir os termos e
consequências do contrato.

APELAÇÃO. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. SISTEMA FINANCEIRO


DA HABITAÇÃO. LEIS 8.004/1990 E 10.150/2000. CONTRATO DE GAVETA
FIRMADO EM DATA ANTERIOR A 25/10/1996. NÃO COMPROVAÇÃO DA RE-
GULARIZAÇÃO JUNTO À CEF. DIREITO DE NATUREZA OBRIGACIONAL.
ILEGITIMIDADE ATIVA DO CESSIONÁRIO PARA DISCUTIR REVISÃO DO
CONTRATO DE FINANCIAMENTO. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGA-
MENTO DO MÉRITO (ART. 267, VI, CPC). PRECEDENTES. 1 - O •contrato de ga-
veta–é uma forma de cessão de créditos e consiste no ato particular entre o mutuário e o
903
novo cessionário, denominado como •gaveteiro–, sem qualquer comunicação ao agente
financeiro, sendo certo que tal contrato não pode ser registrado no cartório imobiliário
em razão de expressa necessidade de intervenção do banco que financia o imóvel na
condição de terceiro anuente, o que já era previsto no Decreto-Lei n. 2.291/86 (art. 9º, §
3º). 2 - A Lei n. 8.004, de 14/03/1990, ao dispor sobre a transferência a terceiros de di-
reitos e obrigações decorrentes de contrato sujeito às regras do SFH, previu a interveni-
ência obrigatória do agente financeiro para a realização da transferência do financia-
mento, fazendo surgir o contrato de gaveta em face dos aumentos dos custos da transfe-
rência de financiamento, sendo que com a edição da Lei 10.150/2000, o legislador per-
mitiu a regularização dos •contratos de gaveta– firmados, sem a anuência do agente
financeiro, entre o mutuário e o cessionário até 25/10/1996. 3 - In casu, em 29/05/1996,
a apelante firmou com o mutuário originário um contrato particular de cessão de direitos
e obrigações (contrato de gaveta), em relação ao imóvel referido na exordial, ou seja,
anterior a 25/10/1996, e, portanto, dentro do prazo estipulado no comando inserto no
artigo 20 da Lei 10.150/00, o que autoriza a sua regularização junto à instituição finan-
ceira; todavia, não está comprovado nos autos que a CEF tenha tomado ciência da alu-
dida transação, sendo impossível atribuir ao cessionário do financiamento legitimidade
para postular eventuais revisões das cláusulas contratuais. 4 - As normas que regem o
SFH se baseiam na própria sustentação do sistema, bem como que os critérios e parâme-
tros que se revertem em favor de todos os mutuários, a não-regularização da transferên-
cia do financiamento perante a CEF gera lesão ao sistema como um todo, sendo justifi-
cável a exigência de cláusulas específicas no contrato a proibir a transferência de tal
financiamento e, conseqüentemente, do próprio imóvel. 5 - Os •contratos de gaveta– são
formados por grandes riscos; os do comprador, o principal se dá na ocorrência de morte
do agente vendedor, pois quando este possui seguro de vida vinculado ao financiamen-
to, após a sua morte o bem é quitado em nome dos herdeiros; outrossim, como a transa-
ção não pode ser registrada em cartório, nada impede que o antigo dono venda o imóvel
para várias pessoas. 6 - Quanto ao vendedor, os maiores riscos são aqueles quando o
comprador para de pagar as prestações, tornando-se inadimplente, porque será o nome
do vendedor que irá constar no cadastro restritivo de crédito; outrossim, se o imóvel
estiver relacionado a algum tipo de condomínio, cuja taxa mensal deixar de ser paga, o
vendedor poderá ser acionado na Justiça e ter quaisquer dos seus bens apreendidos. 7 -
Apelação conhecida e improvida.
(AC 200551160009025, Desembargador Federal GUILHERME CALMON NOGUEI-
RA DA GAMA, TRF2 - SEXTA TURMA ESPECIALIZADA, E-DJF2R - Da-
ta::09/05/2012 - Página::198/199.)

15.6.1.4. Questões do TRF4

15.6.1.5. Questões do TRF5


1) Discorra sobre os requisitos para atingir a função social da propriedade.

904
Resposta:

O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades e-


conômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabe-
lecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o
patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas (art.
1.228, §1°, CF).

A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamen-
tais de ordenação da cidade expressas no plano diretor (art. 182, §2°, CF).

A função social da propriedade rural é cumprida quando atende, simultaneamente, se-


gundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: I -
aproveitamento racional e adequado; II - utilização adequada dos recursos naturais dis-
poníveis e preservação do meio ambiente; III - observância das disposições que regulam
as relações de trabalho; IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e
dos trabalhadores. (art. 186, CF)

15.7. Direito Empresarial

15.7.1. Direito Comercial. Direito Empresarial

15.7.1.1. Questões do TRF1

1) Discorra sobre o histórico do Direito Comercial na Idade Média?

Resposta:

A Idade Média é conhecida como o período em que se deu a 1ª fase do Direito Comer-
cial, com o ressurgimento das cidades (burgos) e do Renascimento Mercantil. Nessa
época, as regras de direito comercial foram surgindo da própria dinâmica da atividade
negocial, no próprio âmbito das Corporações de Ofício.

Nessa primeira fase, pois, compreende os usos e costumes mercantis observados na dis-
ciplina das relações jurídico-comerciais. Não havia ainda nenhuma participação ‗esta-
tal‘; cada Corporação tinha seus próprios usos e costumes. Essa é a razão por que alguns
autores, inclusive, caracterizam esse período como a fase da codificação privada do di-
reito comercial.

De qualquer maneira, trata-se de um período em que o direito comercial é de cunho e-


minentemente subjetivista: o direito comercial era o direito dos membros das corpora-
ções, um direito a serviço do comerciante.

905
2) Discorra sobre o Sistema Francês como antecedente da definição de concepção de
Direito Comercial?

Resposta:

Com o Código Comercial francês de 1808, inaugura-se a segunda fase do direito comer-
cial, agora marcado pela existência de um sistema jurídico estatal destinado especifica-
mente à disciplina das relações jurídico-comerciais.

Nessa época, a doutrina francesa criou a teoria dos atos de comércio para delimitar o
âmbito de aplicação do Código Comercial: o que era tratado pela lei como ato de co-
mércio deveria se submeter ao Código Comercial; o resto, ao Código Civil de 1804. A
mercantilidade, portanto, antes definida pela qualidade do sujeito, passa a ser definida
pelo seu objeto (ato de comércio).

Essa teoria inspirou o nosso Código Comercial de 1850, e predominou no Brasil até o
final do século XX, quando, por inspiração do sistema italiano, passou-se a adotar a
teoria da empresa, pelo qual a incidência do regime jurídico-comercial se pautaria não a
partir do conteúdo do ato praticado, mas sim a partir da forma com que se dá a sua prá-
tica.

3) Fale sobre o sistema Italiano e o Sistema Francês quanto à evolução do Direito Co-
mercial?

Resposta:

Essa pergunta já foi mais ou menos respondida nas duas acima.

A teoria francesa é também denominada de teoria dos atos de comércio e surgiu por
ocasião da vigência do Código Comercial e do Código Civil napoleônico (de 1808 e
1804, respectivamente). Para essa teoria, o que a lei caracterizasse como ―ato do comér-
cio‖ deveria se submeter ao regime jurídico-comercial, e o restante se submeteria à re-
gência do Código Civil. Trata-se, pois, de uma teoria que adotava como critério o con-
teúdo da atividade.

Já a teoria italiana é conhecida como ―teoria da empresa‖, e surgiu mais tarde, na déca-
da de 40 do século passado. Diferentemente da anterior, por essa teoria incidência do
regime jurídico-comercial depende não do conteúdo ou do tipo de atividade, mas sim
da forma com que ela é praticada: qualquer atividade, salvo exceções legais casuística,
desde que exercida empresarialmente (profissionalismo, escopo lucrativo, organização
dos fatores de produção, produção ou circulação de bens e serviços), há que se submeter
ao regime jurídico-comercial.

906
A primeira compõe a segunda fase e a última a terceira fase de evolução do direito co-
mercial.

4) Famosa classificação de Carvalho de Mendonça sobre atos de comércio, fale sobre?

Resposta:

Carvalho de Mendonça, partindo das lições de Rocco, dividia os atos de comércio em


três classe: (1) atos de comércio por natureza, compreendendo as atividades típicas de
mercancia; (2) atos de comércio por dependência, compreendendo as atividades que
facilitavam ou auxiliavam a mercancia; (3) atos de comércio por força de lei.

5) Regulamento 737, quanto aos atos de comércio, fale sobre?

Resposta:

O Regulamento 737, de 1850, definia os atos de mercancia, nos seguintes termos (art.
19):

Considera-se mercancia:

§ 1º A compra e venda ou troca de effeitos moveis ou semoventes para os vender por


grosso ou a retalho, na mesma especie ou manufacturados, ou para alugar o seu uso.

§ 2º As operações de cambio, banco e corretagem.

§ 3º As emprezas de fabricas; de com missões ; de depositos ; de expedição, consigna-


ção e transporte de mercadorias; de espectaculos publicos.

§ 4.º Os seguros, fretamentos, risco, e quaesquer contratos relativos ao cornmercio mari-


timo.

§ 5. º A armação e expedição de navios.

6) No tempo em que o Direito Comercial era o direito das corporações, pessoas que
praticavam os atos mercancias, existiam juízes para dirimir questões de conflitos, que
juízes eram estes?

Resposta:

907
Sim. Cada Corporação aplicava os seus próprios usos e costumes por meio de cônsules
eleitos por seus próprios associados.

7) Qual a melhor nomenclatura Direito Empresarial ou Comercial?

Resposta:

Melhor é a nomenclatura ―direito empresarial‖. Isso porque, nos dias de hoje, com a
adoção da teoria da empresa, o direito comercial não cuida apenas do comércio, mas de
toda e qualquer atividade econômica exercida com profissionalismo, intuito lucrativo e
finalidade de produzir ou fazer circular bens ou serviços (a exemplo, de atividades da
indústria, bancos, prestações de serviços, etc.).

8) O Direito Empresarial continuaria como disciplina autônoma, mesmo com a inserção


desta seara no CC/2002?

Resposta:

Sim. A unificação que ocorreu operou-se num plano estritamente formal. O Direito
Comercial continuou sendo um ramo dotado de características e princípios peculiares.

9) O se quer dizer por Lex mercatoria?

Resposta:

Em resumo, lex mercatoria compreende o conjunto de regras e costumes forjadas na


primeira fase do direito comercial (Idade Média - Corporações de Ofício). De qualquer
forma, segue a definição do wikipedia:

A Lex mercatoria foi um sistema jurdico desenvolvido pelos comerciantes da Europa


medieval e que se aplicou aos comerciantes e marinheiros de todos os países do mundo
até o sculo XVII.[1] Não era imposta por uma autoridade central, mas evoluiu a partir do
uso e do costume, à medida que os próprios mercadores criavam princípios e regras
para regular suas transações. Este conjunto de regras era comum aos comerciantes euro-
peus, com algumas diferenças locais.

O direito comercial internacional moderno deve alguns de seus princípios fundamentais


à Lex mercatoria desenvolvida na Idade Mdia, como a escolha de instituições e proce-

908
dimentos arbitrais, de árbitros e da lei aplicável e o seu objetivo de refletir os costumes,
uso e boa prática entre as partes.

Muitos dos principios e regras da Lex mercatoria foram incorporados aos cdigos co-
merciais e civis a partir do início do sculo XIX.

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Lex_mercatoria)

15.7.1.2. Questões do TRF2


1) Dentro de deste ponto do direito comercial está dito aqui: “origem, evolução histó-
rica...”, mas tem uma palavra a seguir em razão da qual faço a pergunta: Autonomia do
direito comercial? Dentro na noção de sistema jurídico/Constituição, discorra um pou-
co sobre isto. Classifique/ordene a autonomia do direito comercial.

Resposta:

O Direito Comercial constitui um ramo autônomo da Ciência Juridica, porquanto dota-


do de regras, princípios e métodos próprios.

Trata-se de um ramo do Direito Privado, haja vista que, a exemplo do Direito Civil,
regula as atividades econômicas e a dinâmica dos agentes produtivos, sem que se possa
falar em necessária presença do Estado ou mesmo de relações de subordinação decor-
rentes da supremacia do interesse público. O interesse público, conquanto inegavelmen-
te presente em relações pertinentes a esse ramo, não se faz presente de forma imediata,
ao menos não a ponto de eliminar a autonomia privada e a autonomia da vontade geral-
mente a elas características.

É bem verdade que, com o Código Civil de 2002, operou-se a unificação parcial do Di-
reito Privado, ao centralizar a regulação da matéria básica e nuclear do direito de em-
presa. No entanto, de acordo com a doutrina amplamente dominante, o que ocorreu foi
uma unificação meramente formal, inapta a eliminar as especificidades materiais do
Direito Empresarial.

15.7.1.3. Questões do TRF3


1) Qual a definição de empresário segundo o Código Civil?

Resposta:

De acordo com o art. 966 do Código Civil, considera-se empresário quem exerce profis-
sionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou
de serviços. Resumidamente: ―profissionalmente‖ pressupõe habitualidade; ―atividade
econômica‖ pressupõe intuito lucrativo; ―organizada‖ pressupõe articulação dos fatores

909
de produção (capital, mão de obra, insumos e tecnologia); ―produção ou circulação de
bens e serviços‖ pressupõe destinação ao mercado.

Segundo o parágrafo único, contudo, não se considera empresário quem exerce profis-
são intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de
auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de
empresa. A expressão ― de empresa‖ demanda interpretação econômica, devendo ser
analisada sob a égide da absorção da atividade intelectual, de natureza científica, literá-
ria ou artística, como um dos fatores da organização empresarial. (En. 195 do CJF)

Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o
exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as
demais (art. 982). Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a socieda-
de por ações; e, simples, a cooperativa (art. 982, parágrafo único).

15.7.1.4. Questões do TRF4

15.7.1.5. Questões do TRF5

15.8. Direito Processual Civil

15.8.1. Execução Contra A Fazenda Pública. Citação E Embargos. Requisição Do


Pagamento. Formação De Precatório. Regulamentação Constitucional. Execução De
Alimentos. Prisão Civil Do Devedor. Oposição À Execução Forçada. Embargos Do
Devedor. Embargos De Terceiro. Exceção De Pré-Executividade. Execução Por
Quantia Certa Contra Devedor Insolvente. Suspensão E Extinção Do Processo De
Execução. Recursos No Processo De Execução. Execução Fiscal. Processo Da
Competência Dos Juizados Federais Cíveis

15.8.1.1. Questões do TRF1

1) Dar efetividade às decisões judiciais, duas vertentes, execução contra a fazenda pú-
blica e execução fiscal na busca pela localização dos bens e do devedor. Com a reforma
do CPC, Lei 11.232/2005, que estabeleceu o cumprimento de sentença, com esta re-
forma pode se afirmar que acabou o processo de execução e a sua característica autô-
noma?

Resposta:

Não entendi a primeira parte da pergunta (se é que se trata de uma pergunta).

Quanto à segunda, já foi respondida acima. A reforma processual implementada pela


Lei n. 11.232/2005 eliminou a necessidade de instauração de processo autônomo de
910
execução para pagamento de quantia certa contra devedor solvente baseada em título
executivo judicial, passando a prever apenas uma fase procedimental destinada ao
―cumprimento da sentença‖.

Porém, não se pode afirmar que acabou com o processo de execução, que permanece em
algumas situações, a exemplo das execuções de título executivo extrajudicial e das exe-
cuções contra a Fazenda Pública.

2) Como juiz federal, prolato uma sentença reconhecendo benefício judiciário em que
a parte recebe benefício previdenciário a maior, este excesso, por si só, constitui um
título extrajudicial para que a fazenda pública nacional entre com execução fiscal?

Resposta:

Se a dívida previdenciária for decorrente de uma demanda judicial, não vejo interesse da
Fazenda Pública em inscrevê-la em dívida ativa e ajuizar ação de execução fiscal, já que
a própria sentença constitui um título executivo judicial. Nesse sentido: "Nas hipóteses
em que o crédito decorre precisamente da sentença judicial, torna-se desnecessário o
procedimento de inscrição em dívida ativa porque o Poder Judiciário já atuou na lide,
tornando incontroversa a existência da dívida" (REsp 1.126.631/PR, Rel. Min. Herman
Benjamin, DJe de 13.11.09).

No entanto, existem alguns créditos que constituem, por sua própria natureza, títulos
executivos extrajudicais, mas que ainda assim a jurisprudência tem admitido a inscrição
em dívida ativa, deixando a critério da Fazenda Pública (ex. Decisões proferidas pelo
TCU). Veja: ―Consoante a orientação jurisprudencial predominante nesta Corte, não se
aplica a Lei n. 6.830/80 à execução de decisão condenatória do Tribunal de Contas da
União quando não houver inscrição em dívida ativa. Tais decisões já são títulos execu-
tivos extrajudiciais, de modo que prescindem da emissão de Certidão de Dívida Ativa -
CDA, o que determina a adoção do rito do CPC quando o administrador discricionaria-
mente opta pela não inscrição.‖ (AgRg no REsp 1322774/SE, Rel. Ministro MAURO
CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 26/06/2012, DJe
06/08/2012). Mas veja que aqui é diferente, pois abarca título executivo extrajudicial
(decisão TCU) x outro título extrajudicial (CDA).

De qualquer sorte, vale lembrar que mais recentemente o STJ pacificou o entendimento
de que qualquer crédito titularizado pela Fazenda Pública é passível de inscrição, mes-
mo aqueles decorrentes de contratos de caráter eminentemente privado (ex. Cédulas de
crédito - recursos repetitivos, REsp 1.123.539/RS).

911
3) Ao receber uma execução fiscal cuja CDA tenha por base uma dívida previdenciária
que restou num processo de conhecimento, qual seria a sua posição como juiz federal?

Resposta:

Idem acima.

4) No caso de execução de pré-executividade, em que se discute a legitimidade da


CDA, e a parte vem e argui a existência de um débito menor, entende-se que esta ex-
ceção serve para resolver este conflito que mexe não só com os aspectos formais, mas
também com o cálculo em si?

Resposta:

A exceção de pré-executividade presta-se à suscitação de questões de ordem pública (a


exemplo de vícios formais do título) e ou que não demandem dilação probatória (mes-
mo que de caráter material).

Sendo assim, considerando que cabe ao juiz o controle da execução, entendo que a parte
executada pode se valer da via da exceção de pré-executividade caso o excesso possa
ser comprovado de plano. Mas importa frisar que essa não é a regra (geralmente a ale-
gação de excesso pressupõe dilação probatória).

Em sentido próximo: ―Em algumas hipóteses, no entanto, utiliza-se a exceção de pré-


executividade, fruto de construção doutrinária, amplamente aceita pela jurisprudência,
inclusive desta Corte, como meio de defesa prévia do executado, independentemente de
garantia do juízo. 3. A exceção de pré-executividade é cabível quando atendidos simul-
taneamente dois requisitos, um de ordem material e outro de ordem formal, ou seja: (a)
é indispensável que a matéria invocada seja suscetível de conhecimento de ofício pelo
juiz; e (b) é indispensável que a decisão possa ser tomada sem necessidade de dilação
probatória. Precedentes. 4. A alegação de excesso de execução não é cabível em sede de
exceção de pré-executividade, salvo quando esse excesso for evidente. Precedentes.‖
(REsp 1061759/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado
em 21/06/2011, DJe 29/06/2011)

5) Pode-se substituir uma CDA pela LEF, mas se pode fazê-lo mesmo depois de julgado
o processo?

Resposta:

Não.

912
Nos termos do art. 2°, §8°, da LEF, a CDA pode ser substituída apenas até a decisão de
primeira instância(§ 8º - Até a decisão de primeira instância, a Certidão de Dívida Ativa
poderá ser emendada ou substituída, assegurada ao executado a devolução do prazo para
embargos).

No mesmo sentido é a Súmula n. 392 do STJ: ―a Fazenda Pública pode substituir a cer-
tidão de dívida ativa (CDA) até a prolação da sentença de embargos, quando se tratar de
correção de erro material ou formal, vedada a modificação do sujeito passivo da execu-
ção‖.

6) Pode haver execução com base num título extrajudicial, diretamente contra o sócio
de uma empresa, ou sou obrigado a entrar contra a empresa e depois redirecionar a
execução?

Resposta:

Em regra não, tendo em vista que, a teor do art. 1.024 do CC, a responsabilidade -
quando existente - dos sócios por débitos da empresa é subsidiária, por força do princí-
pio da autonomia patrimonial da pessoa jurídica.

No entanto, entendo que é possível mover a ação diretamente contra o sócio, caso seja
de alguma forma direta e ou solidariamente responsável pelo débito - e isso reste com-
provado na inicial ou em incidente prévio. O art. 568, V, depõe nesse sentido. Caso,
contudo, a responsabilidade seja subsidiária, acredito que a execução somente pode ser
movida em face do sócio mediante redirecionamento.

Em sentido próximo: ―A responsabilidade tributária prevista no art. 135, III, do CTN,


imposta ao sócio-gerente, ao administrador ou ao diretor de empresa comercial só se
caracteriza quando há dissolução irregular da sociedade ou se comprova a prática de
atos de abuso de gestão ou de violação da lei ou do contrato. II - Os sócios da sociedade
de responsabilidade por cotas não respondem objetivamente pela dívida fiscal apurada
em período contemporâneo a sua gestão, pelo simples fato da sociedade não recolher a
contento o tributo devido, visto que, o não cumprimento da obrigação principal, sem
dolo ou fraude, apenas representa mora da empresa contribuinte e não "infração legal"
deflagradora da responsabilidade pessoal e direta do sócio da empresa. III - Não com-
provado os pressupostos para a responsabilidade solidária do sócio da sociedade de res-
ponsabilidade limitada há que se primeiro verificar a capacidade societária para solver o
débito fiscal, para só então, supletivamente, alcançar seus bens. IV - Recurso Especial a
que se dá provimento.‖ (RESP 199700132463, NANCY ANDRIGHI, STJ - SEGUNDA
TURMA, DJ DATA:11/09/2000 PG:00235 RDDT VOL.:00064 PG:00161 RSTJ
VOL.:00139 PG:00160.)

913
7) Juizados Federais. Execução contra a fazenda pública. Não há precatório. No caso de
condenação por cálculos, se este limite for extrapolado, anula-se a sentença de ofício e
se remete à Vara Cível?

Resposta:

Nos JEF‘s, não há instância executiva. Transitando em julgado a decisão final, requisi-
ta-se o pagamento. Isso, contudo, não quer dizer que não exista precatório.

Caso a demanda seja da competência dos Juizados, mas a sentença condene em patamar
que supere o valor de alçada (talvez pela incidência de multas, juros, correção, etc.), a
requisição de pagamento se processa de maneira normal, com a única diferença que se
viabilizará mediante formação de precatório.

O art. 17 da Lei n. 10.259/01 é relativamente claro nesse sentido.

Logo, não há que se falar em anulação da sentença ou em remessa dos autos às instân-
cias comuns.

Julgado: Compete ao próprio juizado especial cível a execução de suas sentenças inde-
pendentemente do valor acrescido à condenação. (ROMS 200802183417, JOÃO OTÁ-
VIO DE NORONHA, STJ - QUARTA TURMA, DJE DATA:16/06/2010.)

8) A fazenda pública penhorando bens do sócio gerente. Poderia este entrar com exce-
ção de pré-executividade?

Resposta:

Caso o sócio-gerente esteja no pólo passivo da execução, pode ele manejar exceção de
pré-executividade caso haja algum impedimento à medida constritiva demonstrável de
plano e passível de conhecimento de ofício pelo juiz. No entanto, caso não esteja na
demanda, o mecanismo mais adequado seria o dos embargos de terceiro. Nesse sentido:
―A exceção de pré-executividade não se presta a defesa de interesses de terceiros supos-
tamente estranhos a relação a relação processual, visto que tal procedimento esta previs-
to no art. 1046, do Código de Processo Civil.‖ (AG 200802010086578, Desembargado-
ra Federal SANDRA CHALU BARBOSA, TRF2 - TERCEIRA TURMA ESPECIALI-
ZADA, E-DJF2R - Data::07/05/2010 - Página::329.)

Em todo caso, não vejo nenhum impedimento para o manejo da mencionada exceção de
pré-executividade. Conquanto inadequada a via pelo fato de o sócio não compor a rela-
ção jurídico-processual, o manejo da exceção poderia funcionar, dependendo do caso,
como exercício de direito de petição, noticiando ao juiz a presença de irregularidades na
execução (penhora indevida) passível de ser por ele sanada de ofício.

914
9) Como juiz federal numa vara de execução fiscal, como Vossa Excelência se compor-
taria e como a doutrina e a jurisprudência se comportam, com relação à penhora sobre
o faturamento? Existiria um limite a esta?

Resposta:

Admitiria a penhora, desde que esgotados outros meios menos onerosos, e desde que a
penhora recaia sob percentual insuscetível de comprometer o exercício da empresa:

―A Primeira Seção deste Tribunal Superior firmou entendimento no sentido de que a


penhora sobre o faturamento da empresa só é admitida em circunstâncias excepcionais,
"quando presentes os seguintes requisitos: (a) não-localização de bens passíveis de pe-
nhora e suficientes à garantia da execução ou, se localizados, de difícil alienação; (b)
nomeação de administrador (arts. 677 e seguintes do CPC); (c) não-comprometimento
da atividade empresarial" (REsp nº 903.658/SP, Relator Ministro Mauro Campbell
Marques, in DJe 13/10/2008).‖ (AGA 201001639016, HAMILTON CARVALHIDO,
STJ - PRIMEIRA TURMA, DJE DATA:02/02/2011.)

15.8.1.2. Questões do TRF2


1) Qual a relação dos embargos infringentes do CPC e o disposto na Lei no. 6830/80?

Resposta:

No meu entender nenhuma.

Os embargos infringentes do CPC constituem uma modalidade de recurso passível de


interposição contra acórdãos que reformam sentenças de mérito (em apelação ou ação
rescisória) por maioria.

Os embargos infringentes da LEF constituem um recurso cabível que visem à reforma


ou anulação de sentenças de primeira instância inferiores a 50 ORTN‘s, e que são exa-
minados pela própria instância recorrida.

2) Fale sobre o debate na jurisprudência sobre os arts. 185-A do CTN e 655-A do CPC –
penhora online.

Resposta:

―A utilização do Sistema BACEN-JUD, no período posterior à vacatio legis da Lei


11.382/2006 (21.01.2007), prescinde do exaurimento de diligências extrajudiciais, por
915
parte do exeqüente, a fim de se autorizar o bloqueio eletrônico de depósitos ou aplica-
ções financeiras (Precedente da Primeira Seção: EREsp 1.052.081/RS, Rel. Ministro
Hamilton Carvalhido, Primeira Seção, julgado em 12.05.2010, DJe 26.05.2010. Prece-
dentes das Turmas de Direito Público: REsp 1.194.067/PR, Rel. Ministra Eliana Cal-
mon, Segunda Turma, julgado em 22.06.2010, DJe 01.07.2010; AgRg no REsp
1.143.806/SP, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em
08.06.2010, DJe 21.06.2010; REsp 1.101.288/RS, Rel. Ministro Benedito Gonçalves,
Primeira Turma, julgado em 02.04.2009, DJe 20.04.2009; e REsp 1.074.228/MG, Rel.
Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 07.10.2008, DJe
05.11.2008. Precedente da Corte Especial que adotou a mesma exegese para a execução
civil: REsp 1.112.943/MA, Rel. Ministra Nancy Andrighi, julgado em 15.09.2010).

2. A execução judicial para a cobrança da Dívida Ativa da União, dos Estados, do Dis-
trito Federal, dos Municípios e respectivas autarquias é regida pela Lei 6.830/80 e, sub-
sidiariamente, pelo Código de Processo Civil.

3. A Lei 6.830/80, em seu artigo 9º, determina que, em garantia da execução, o executa-
do poderá, entre outros, nomear bens à penhora, observada a ordem prevista no artigo
11, na qual o "dinheiro" exsurge com primazia.

4. Por seu turno, o artigo 655, do CPC, em sua redação primitiva, dispunha que incum-
bia ao devedor, ao fazer a nomeação de bens, observar a ordem de penhora, cujo inciso I
fazia referência genérica a "dinheiro".

5. Entrementes, em 06 de dezembro de 2006, sobreveio a Lei 11.382, que alterou o arti-


go 655 e inseriu o artigo 655-A ao Código de Processo Civil, verbis: "Art. 655. A pe-
nhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem: I - dinheiro, em espécie ou em
depósito ou aplicação em instituição financeira; (...) Art. 655-A. Para possibilitar a pe-
nhora de dinheiro em depósito ou aplicação financeira, o juiz, a requerimento do exe-
qüente, requisitará à autoridade supervisora do sistema bancário, preferencialmente por
meio eletrônico, informações sobre a existência de ativos em nome do executado, po-
dendo no mesmo ato determinar sua indisponibilidade, até o valor indicado na execu-
ção. § 1o As informações limitar-se-ão à existência ou não de depósito ou aplicação até
o valor indicado na execução.

(...)" 6. Deveras, antes da vigência da Lei 11.382/2006, encontravam-se consolidados,


no Superior Tribunal de Justiça, os entendimentos jurisprudenciais no sentido da relati-
vização da ordem legal de penhora prevista nos artigos 11, da Lei de Execução Fiscal, e
655, do CPC (EDcl nos EREsp 819.052/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, Primeira
Seção, julgado em 08.08.2007, DJ 20.08.2007; e EREsp 662.349/RJ, Rel. Ministro José
Delgado, Rel. p/ Acórdão Ministra Eliana Calmon, Primeira Seção, julgado em
10.05.2006, DJ 09.10.2006), e de que o bloqueio eletrônico de depósitos ou aplicações
financeiras (mediante a expedição de ofício à Receita Federal e ao BACEN) pressupu-
nha o esgotamento, pelo exeqüente, de todos os meios de obtenção de informações so-
bre o executado e seus bens e que as diligências restassem infrutíferas (REsp
916
144.823/PR, Rel. Ministro José Delgado, Primeira Turma, julgado em 02.10.1997, DJ
17.11.1997; AgRg no Ag 202.783/PR, Rel. Ministro Carlos Alberto Menezes Direito,
Terceira Turma, julgado em 17.12.1998, DJ 22.03.1999; AgRg no REsp 644.456/SC,
Rel. Ministro José Delgado, Rel. p/ Acórdão Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira
Turma, julgado em 15.02.2005, DJ 04.04.2005; REsp 771.838/SP, Rel. Ministro Castro
Meira, Segunda Turma, julgado em 13.09.2005, DJ 03.10.2005; e REsp 796.485/PR,
Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, julgado em 02.02.2006, DJ 13.03.2006).

7. A introdução do artigo 185-A no Código Tributário Nacional, promovida pela Lei


Complementar 118, de 9 de fevereiro de 2005, corroborou a tese da necessidade de e-
xaurimento das diligências conducentes à localização de bens passíveis de penhora an-
tes da decretação da indisponibilidade de bens e direitos do devedor executado, verbis:
"Art. 185-A. Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem
apresentar bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o
juiz determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos, comunicando a decisão,
preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e entidades que promovem registros
de transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às autoridades
supervisoras do mercado bancário e do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de
suas atribuições, façam cumprir a ordem judicial.

§ 1o A indisponibilidade de que trata o caput deste artigo limitar-se-á ao valor total exi-
gível, devendo o juiz determinar o imediato levantamento da indisponibilidade dos bens
ou valores que excederem esse limite.

§ 2o Os órgãos e entidades aos quais se fizer a comunicação de que trata o caput deste
artigo enviarão imediatamente ao juízo a relação discriminada dos bens e direitos cuja
indisponibilidade houverem promovido." 8. Nada obstante, a partir da vigência da Lei
11.382/2006, os depósitos e as aplicações em instituições financeiras passaram a ser
considerados bens preferenciais na ordem da penhora, equiparando-se a dinheiro em
espécie (artigo 655, I, do CPC), tornando-se prescindível o exaurimento de diligências
extrajudiciais a fim de se autorizar a penhora on line (artigo 655-A, do CPC).

9. A antinomia aparente entre o artigo 185-A, do CTN (que cuida da decretação de in-
disponibilidade de bens e direitos do devedor executado) e os artigos 655 e 655-A, do
CPC (penhora de dinheiro em depósito ou aplicação financeira) é superada com a apli-
cação da Teoria pós-moderna do Dialógo das Fontes, idealizada pelo alemão Erik Jay-
me e aplicada, no Brasil, pela primeira vez, por Cláudia Lima Marques, a fim de preser-
var a coexistência entre o Código de Defesa do Consumidor e o novo Código Civil.

10. Com efeito, consoante a Teoria do Diálogo das Fontes, as normas gerais mais bené-
ficas supervenientes preferem à norma especial (concebida para conferir tratamento
privilegiado a determinada categoria), a fim de preservar a coerência do sistema norma-
tivo.

917
11. Deveras, a ratio essendi do artigo 185-A, do CTN, é erigir hipótese de privilégio do
crédito tributário, não se revelando coerente "colocar o credor privado em situação me-
lhor que o credor público, principalmente no que diz respeito à cobrança do crédito tri-
butário, que deriva do dever fundamental de pagar tributos (artigos 145 e seguintes da
Constituição Federal de 1988)" (REsp 1.074.228/MG, Rel. Ministro Mauro Campbell
Marques, Segunda Turma, julgado em 07.10.2008, DJe 05.11.2008).

12. Assim, a interpretação sistemática dos artigos 185-A, do CTN, com os artigos 11, da
Lei 6.830/80 e 655 e 655-A, do CPC, autoriza a penhora eletrônica de depósitos ou a-
plicações financeiras independentemente do exaurimento de diligências extrajudiciais
por parte do exeqüente.

13. À luz da regra de direito intertemporal que preconiza a aplicação imediata da lei
nova de índole processual, infere-se a existência de dois regimes normativos no que
concerne à penhora eletrônica de dinheiro em depósito ou aplicação financeira: (i) perí-
odo anterior à égide da Lei 11.382, de 6 de dezembro de 2006 (que obedeceu a vacatio
legis de 45 dias após a publicação), no qual a utilização do Sistema BACEN-JUD pres-
supunha a demonstração de que o exeqüente não lograra êxito em suas tentativas de
obter as informações sobre o executado e seus bens; e (ii) período posterior à vacatio
legis da Lei 11.382/2006 (21.01.2007), a partir do qual se revela prescindível o exauri-
mento de diligências extrajudiciais a fim de se autorizar a penhora eletrônica de depósi-
tos ou aplicações financeiras. (...)‖ (REsp 1184765/PA, Rel. Ministro LUIZ FUX,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/11/2010, DJe 03/12/2010)

Recentemente contra: A norma do art. 185-A do CTN não foi afetada pela Lei
11.382/2006, por ser (a do CTN) de hierarquia complementar e esta (que introduziu o
art. 655-A do CPC) de hierarquia ordinária; ademais, o CTN deve ser entendido como o
conjunto de garantias do contribuinte executado pela Fazenda Pública e suas disposi-
ções, ainda que referentes à indisponibilidade de bens, devem ser estendidas aos casos
de penhora eletrônica, ante a regra do art. 620 do CPC, que prevê a execução pelo modo
menos gravoso para o devedor. (EDcl no REsp 1184765/PA, Rel. Ministro NAPOLE-
ÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 30/05/2012, DJe
15/06/2012)

3) Execução provisória diante da Fazenda Pública. Pode ou não? Em qualquer situação?


Teria alguma regra constitucional?

Resposta:

Já está pacificado o entendimento de que é possível a execução provisória em face da


Fazenda Pública, desde que o recurso contra a decisão exequenda seja desprovida de
efeito suspensivo. A única peculiaridade é a de que, por força da sistemática constitu-

918
cional, a requisição, formação e expedição de eventual precatório (em caso de execução
para pagamento de quantia) somente tem lugar após o trânsito em julgado da decisão
exequenda.

Nos casos, contudo, em que a concessão da liminar for vedada, não é cabível a execução
provisória do julgado, conforme art. 2°-B da Lei n. 9.494/97: Art. 2o-B. A sentença que
tenha por objeto a liberação de recurso, inclusão em folha de pagamento, reclassifica-
ção, equiparação, concessão de aumento ou extensão de vantagens a servidores da Uni-
ão, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, inclusive de suas autarquias e
fundações, somente poderá ser executada após seu trânsito em julgado.

―É possível a execução provisória contra a Fazenda Pública quando a sentença não tiver
por objeto a liberação de recurso, inclusão em folha de pagamento, reclassificação, e-
quiparação, concessão de aumento ou extensão de vantagens a servidores da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.‖ (AgRg no Ag 1230687/RJ, Rel. Minis-
tra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em
06/12/2011, DJe 19/12/2011)

4) A lei de execução fiscal prevê a possibilidade de denunciação da lide em sede de


execução fiscal?

Resposta:

Não, até porque a denunciação à lide constitui uma modalidade de intervenção de tercei-
ros incompatível com o processo executivo, por instaurar uma demanda cognitiva inci-
dente em que se discute um suposto direito de regresso.

Em sentido análogo: É lição de Celso Agrícola Barbi sobre a pertinência da denuncia-


ção da lide nos embargos à execução: "Examinando as características do procedimento
de execução dessa natureza, verifica-se que nele não há lugar para a denunciação da
lide. Esta pressupõe prazo de contestação, que não existe no processo de execução, onde
a defesa é eventual e por embargos". 2. "Nos embargos à execução não são admitidos o
chamamento ao processo, a denunciação da lide e a declaratória incidental" (VI ENTA,
cl. 10).‖ (RESP 200401358015, CASTRO MEIRA, STJ - SEGUNDA TURMA, DJ
DATA:01/08/2007 PG:00435.)

5) Suspensão do prazo prescricional no processo de execução: no caso da inscrição em


dívida ativa da designada taxa de laudêmio aplicaríamos a suspensão de um ano?

Resposta:

919
Sim. O art. 40 se aplica aos créditos tributário e não tributários sujeitos a execução fis-
cal.

Veja-se: ―Pacificada a jurisprudência no sentido de que as disposições da LEF (Lei


6.830/80) sobre a suspensão e interrupção da prescrição dos débitos inscritos em dívida
ativa aplicam-se aos créditos não-tributários, como é o caso das multas administrativas.‖
(AC 00262581820114039999, JUIZ FEDERAL CONVOCADO CLAUDIO SANTOS,
TRF3 - TERCEIRA TURMA, e-DJF3 Judicial 1 DATA:13/04/2012
..FONTE_REPUBLICACAO:.)

6) Uma empresa pública pode ajuizar uma execução fiscal?

Resposta:

Em regra não, pois a inscrição de dívida ativa (que dá origem à CDA, título que embasa
a execução fiscal) é prerrogativa de pessoas jurídicas de direito público (arts. 1°e 2° do
CPC).

No entanto, existem exceções. Uma delas é a da possibilidade de ajuizamento de execu-


ção fiscal pela Caixa Econômica Federal para cobrança de créditos relacionados a
FGTS. Nessa hipótese, contudo, a CEF age como uma espécie de substituto processual
da União, após a regular inscrição por parte do ente público.

Confira-se:

PROCESSUAL CIVIL. LEGITIMIDADE AD CAUSAM. FGTS. EXECUTIVO FIS-


CAL. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. SUBSTITUTO PROCESSUAL. 1. A Lei nº
8.844, de 94, em seu art. 2º, redação da Lei nº 9.467, de 97, autoriza a Fazenda Nacional
a celebrar convênio com a Caixa Econômica Federal para, como substituto processual,
promover execução fiscal para cobrar FGTS. 2. Convênio celebrado e publicado no
DOU de 11.07.97. 3. Execução fiscal promovida em 11.05.98. 4. Embargos de diver-
gência providos para reconhecer, conforme o paradigma apresentado, que a Caixa Eco-
nômica Federal está legitimada, em nome da Fazenda Nacional, para promover execu-
ção fiscal visando exigir FGTS. (EREsp 537.559/RJ, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/11/2005, DJ 05/12/2005, p. 209)

7) É possível a execução fiscal do município para com a União? Como se posiciona a


doutrina?

Resposta:

O Município, em tese, pode ajuizar execução fiscal, desde que inscreva o débito em
dívida ativa e extraia a competente CDA. No entanto, quando o executado for uma pes-
920
soa jurídica de direito público (Fazenda Pública), a execução não se submete ao rito da
LEF, mas sim ao rito da execução contra a Fazenda Pública, nos moldes do CPC, tendo
em vista as peculiaridades pertinentes à Fazenda Pública (impenhorabilidade dos bens
públicos, pagamento na ordem de requisição de precatórios ou RPV‘s, etc.)

Nesse sentido:

―1. A execução fiscal é espécie do gênero execução extrajudicial, passível de ser ende-
reçada em face da Fazenda Pública. (Súmula 279/STJ: "É cabível execução por título
extrajudicial contra a Fazenda Pública" ). 2. Os processos fiscais intentados contra a
Fazenda Pública devem ser harmonizados com a norma do art. 730 do CPC, diante das
prerrogativas e princípios que ostenta a Administração, principalmente as características
que guarnecem os bens públicos, fazendo-se uma necessária adaptação do procedimento
especial de execução, v.g., impossibilitando a garantia de bens à penhora para o ofere-
cimento dos embargos. Nesse sentido: ―É juridicamente possível a execução contra a
Fazenda, fundada em título executivo extrajudicial (Certidão de Dívida Ativa), observa-
das em seu procedimento as disposições aplicáveis à espécie (art. 730 e seguintes do
CPC).‖ (REsp 100.700/BA, Rel. Ministro DEMÓCRITO REINALDO, DJ 31.03.1997).
Precedentes: (EDcl no REsp 209.539/RJ, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORO-
NHA, DJ 20/02/2006; REsp 642.433/MS, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI,
DJ 03/04/2006; AgRg no Ag 404.504/SP, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, DJ
09/09/2002). 2. A doutrina sobre o tema assenta que: ―No Código de 1939, não havia
disciplina específica das execuções contra a Fazenda Pública, limitando-se o legislador
ao texto do parágrafo único do art. 918, restrito aos casos de pagamentos devidos em
virtude de sentença. Quanto aos títulos extrajudiciais, dotados de executividade, cabia-
lhes a ação executiva do art. 298, eliminada no sistema do Código de 1973. A regra do
parágrafo único do art. 918 do Código de 1939, aplicava-se, também, à eventualidade de
alguma ação executiva que pudesse ser ajuizada contra a Fazenda Pública.

Discutia-se sobre a viabilidade dessa ação, no regime anterior, quando a penhora se tor-
nasse inviável, pela inexistência de bens suscetíveis de apreensão judicial. O entendi-
mento curial, em face da natureza da ação executiva, era o que tinha por viável o proce-
dimento ulterior para a obtenção de sentença. A inexistência de penhora, portanto, não
era óbice a que se prosseguisse na ação executiva do art. 298 do Código de 1939, su-
primindo-se, destarte, a apreensão judicial de bens, nos casos de sua eventual propositu-
ra contra a Fazenda Pública, segundo a regra do parágrafo único do art. 918. No Código
de 1973, eliminada a ação executiva e unificada a via executória, já agora hábil tanto
para os casos de sentença condenatória quanto os de títulos extrajudiciais dotados de
executividade, a disciplina do art. 730 atente às particularidades de um processo execu-
tório em que não pode haver a penhora de bens sobre os quais verse a atividade juris-
satisfativa, que lhe é própria.‖ (Celso Neves in: Comentários aos Código de Processo
Civil, vol. VII, arts. 646 a 795, págs. 206/207).

........................

921
―A ação executiva, de que se cogita nos arts. 730 e 731, é a de título judicial ou a de
título extrajudicial. No Código de Processo Civil de 1939, o art. 918, parágrafo único, 1ª
parte, apenas se falava dos pagamentos devidos pela Fazenda Pública, 'em virtude de
sentença'. E não havia, nem há texto constitucional que fosse e seja obstáculo a tal dis-
tinção (Constituição de 1946, art. 204; Constituição de 1967, com a Emenda nº 1, art.
117). Daí ter sido acertado que o Código de 1973, nos arts. 730 e 731, não se referisse à
origem (judicial ou extrajudicial) da dívida da Fazenda Pública.

Se a entidade estatal, que é a devedora, demanda na ação executiva dos arts. 730 e 731,
opõe embargos do devedor, tem-se de aguardar o julgamento, uma vez que houve a sus-
pensão. Nas espécies dos arts.

730 e 731 não houve penhora, nem pode haver. A Fazenda Pública é citada para pagar
ou sofrer as medidas do art. 730, I e II, salvo se opõe embargos do devedor, cujos pres-
supostos são os mesmos que se exigem aos embargos do devedor se o demandado não é
a Fazenda Pública.

(...) Em vez de ser citada a Fazenda Pública para pagar ou sofrer a penhora de seus bens,
há a citação para opor embargos do devedor, ou (entenda-se, a despeito da falta de ex-
plicitude) pagar. Se não opõe embargos do devedor e não paga, o juiz, que deferiu o
pedido da citação na ação executiva de título judicial ou de título extrajudicial, requisita
(precata) o pagamento, por intermédio do Presidente do Tribunal competente.‖ (Pontes
de Miranda in: Comentários ao Código de Processo Civil. Tomo X, arts. 612-735, págs.
470/471).

3. À luz do princípio pas des nullités sans grief, não se decreta a nulidade dos atos sem
o comprometimento para os fins de justiça do processo, mormente quando não há nos
autos prova de prejuízo.

(Precedentes: REsp 1014720/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA


TURMA, julgado em 10/02/2009, DJe 05/03/2009; REsp 556.510/MS, Rel.

Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/03/2005, DJ 25/04/2005)‖


(REsp 1000028/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em
15/10/2009, DJe 23/11/2009)

8) E execução fiscal contra os consulados? É possível? Onde seria proposta a execução


contra o consulado?

Resposta:

Pacificou-se na jurisprudência o entendimento de que, salvo renúncia específica, as pes-


soas jurídicas de direito público interno gozam de imunidade de execução, mesmo que

922
tivesse sido antes afastada a imunidade de jurisdição (seja por renúncia, seja por envol-
ver atos de gestão, tais como responsabilidade civil, trabalhador, etc.).

A execução teria que ser proposta no foro do ente estrangeiro.

15.8.1.3. Questões do TRF3


1) Das decisões dos Juizados Especiais em matéria previdenciária cabe Mandado de
Segurança ao TRF?

Resposta:

Sim.

Originalmente, entendia-se que o mandado de segurança contra ato de juizados especi-


ais seria da competência do Supremo Tribunal Federal, por se tratar da instância última
de controle dos Juizados.

Mais tarde, porém, pacificou-se o entendimento de que a competência do MS é da pró-


pria Turma Recursal, salvo em casos de controle de competência dos Juizados, caso em
que a competência seria do TRF.

―I - As Turmas Recursais são órgãos recursais ordinários de última instância relativa-


mente às decisões dos Juizados Especiais, de forma que os juízes dos Juizados Especiais
estão a elas vinculados no que concerne ao reexame de seus julgados. II – Competente a
Turma Recursal para processar e julgar recursos contra decisões de primeiro grau, tam-
bém o é para processar e julgar o mandado de segurança substitutivo de recurso. III –
Primazia da simplificação do processo judicial e do princípio da razoável duração do
processo. IV - Recurso extraordinário desprovido.‖ (RE 586789, RICARDO LEWAN-
DOWSKI, STF)

Admite-se a impetração de mandado de segurança frente aos Tribunais de Justiça dos


Estados para controle da competência dos Juizados Especiais, ainda que a decisão obje-
to do writ já tenha transitado em julgado (RMS 30.170, SC, Rel. Min. NANCY AN-
DRIGHI, DJe 13.10.2010). 2. Agravo regimental a que se nega provimento. (AAROMS
201001362969, VASCO DELLA GIUSTINA (DESEMBARGADOR CONVOCADO
DO TJ/RS), STJ - TERCEIRA TURMA, DJE DATA:24/02/2011.)

O Supremo Tribunal Federal não tem competência para julgar mandado de segurança
impetrado contra decisões de juizados especiais ou turmas recursais. (MS-AgR-ED
26427, JOAQUIM BARBOSA, STF)

Em razão da taxatividade da competência deste Supremo Tribunal em sede de mandado


de segurança (alínea "d" do inciso I do art. 102), é da própria Turma Recursal a compe-
tência para julgar aquelas ações mandamentais impetradas contra seus atos. (MS-AgR
25258, CARLOS BRITTO, STF)

923
O Supremo Tribunal Federal, tendo em vista a norma constitucional inscrita no art. 102,
II, "a", da Constituição da República, não dispõe de competência para processar e julgar
recursos ordinários contra decisões denegatórias de mandado de segurança proferidas
por Turmas Recursais vinculadas ao sistema dos Juizados Especiais, pois tais órgãos
judiciários não se qualificam nem se subsumem ao conceito de "Tribunais Superiores".
(RMS-AgR 26259, CELSO DE MELLO, STF)

A competência originária para conhecer de mandado de segurança contra coação impu-


tada a Turma Recursal dos Juizados Especiais é dela mesma e não do Supremo Tribunal
Federal.

(MS-QO 24691, MARCO AURÉLIO, STF)

15.8.1.4. Questões do TRF4

15.8.1.5. Questões do TRF5

15.9. Direito Processual Penal

15.9.1. Interceptação De Comunicações Telefônicas

15.9.1.1. Questões do TRF1


1) É possível a interceptação telefônica entre o advogado e seu cliente? E quando são
coautores na eventual prática de crime?

Resposta:

O EOAB, em seu art. 7°, garante o sigilo da comunicação do advogado e seu cliente, em
homenagem ao princípio da ampla defesa.

No entanto, a jurisprudência tem reconhecido a possibilidade de violação dessa garantia


nos casos em que a relação do advogado extravasa o simples exercício da defesa técnica
de determinado investigado, e chega a ponto de constituir uma adesão à prática delitiva
investigada.

Nesse sentido:

A alegação de afronta ao sigilo profissional, tendo em vista que o paciente é advogado e


teriam sido interceptadas ligações travadas com seus clientes, também não merece aco-
lhida, já que os delitos que lhe foram imputados teriam sido cometidos justamente no
exercício da advocacia. 7. O simples fato de o paciente ser advogado não pode lhe con-
ferir imunidade na eventual prática de delitos no exercício de sua profissão. 8. Ao con-
924
trário do que sustentam os impetrantes, a descrição dos fatos cumpriu, suficientemente,
o comando normativo contido no art. 41 do Código de Processo Penal, estabelecendo a
correlação entre as condutas do paciente e a imputação da prática dos crimes narrados
na denúncia. (HC 96909, ELLEN GRACIE, STF)

2) Escuta ambiental e interceptação telefônica, quais os requisitos?

Resposta:

A escuta ambiental consiste na gravação de uma conversa não telefônica por um tercei-
ro, com ou sem conhecimento de um dos interlocutores. Já a interceptação telefônica
consiste na gravação de uma conversa telefônica por terceiro sem o conhecimento dos
comunicadores.

Essa diferenciação é bastante importante, porque apenas a interceptação telefônica se


sujeita aos rigores da Lei n. 9.296/96, que exige (1) a existência de indícios razoáveis de
autoria ou participação em infração penal, (2) a inexistência de outros meios disponí-
veis, e (3) infração penal punida com reclusão.

Já a escuta ambiental é válida naqueles casos em que não houver causa específica de
sigilo ou reserva de conversação. Está prevista na Lei de Organizações Criminosas (Lei
n. 9.035/95), e depende, para os fins dessa lei, de circunstanciada autorização judicial.

3) Na interceptação telefônica pode haver autorização judicial nos crimes punidos com
detenção?

Resposta:

Não. O art. 2° da lei é expresso no sentido de que a interceptação telefônica não pode
ser decretada para investigação de crime apenado com detenção.

É preciso lembrar, no entanto, que, uma vez decretada a interceptação, pode vir à tona o
cometimento também de um crime punível com detenção. Nesse caso, o aproveitamento
do teor da gravação não constitui prova ilícita, tendo em vista que foi regularmente de-
cretada inicialmente, e tendo em vista, ainda, que, tomando conhecimento de uma práti-
ca delitiva, o Estado possui não só o poder, como também o dever de persecução penal.

Nesse sentido: Uma vez realizada a interceptação telefônica de forma fundamentada,


legal e legítima, as informações e provas coletas dessa diligência podem subsidiar de-
núncia com base em crimes puníveis com pena de detenção, desde que conexos aos
primeiros tipos penais que justificaram a interceptação. Do contrário, a interpretação do
art. 2º, III, da L. 9.296/96 levaria ao absurdo de concluir pela impossibilidade de inter-
ceptação para investigar crimes apenados com reclusão quando forem estes conexos
925
com crimes punidos com detenção. Habeas corpus indeferido.
(HC 83515, NELSON JOBIM, STF)

4) Interceptação realizada após o termo da autorização feita pelo juiz é considerada


como a prova lícita?

Resposta:

Penso que se não for renovado o aludido prazo, a interceptação seria ilícita, obviamente
no que for colhido após o encerramento do prazo.

De qualquer forma, vale lembrar que, a despeito de a Lei n. 9.296/96 prever o prazo de
15 dias (renovável por igual período) para a execução da medida (art. 5°), os Tribunais
Superiores tem admitido sucessivas prorrogações, desde que indispensáveis para a sua
consecução e justificáveis em cada caso concreto.

Nesse sentido: EMENTA: RECURSO EM HABEAS CORPUS. INTERCEPTAÇÃO


TELEFÔNICA. PRAZO DE VALIDADE. PRORROGAÇÃO. POSSIBILIDADE. Per-
sistindo os pressupostos que conduziram à decretação da interceptação telefônica, não
há obstáculos para sucessivas prorrogações, desde que devidamente fundamentadas,
nem ficam maculadas como ilícitas as provas derivadas da interceptação. Precedente.
Recurso a que se nega provimento.
(RHC 85575, JOAQUIM BARBOSA, STF)

5) E na hipótese em que há autorização para quebra de sigilo telefônico de uma de-


terminada pessoa, e um outro falando com o mesmo, se capta a prova de prática de
crime, como fica esta questão?

Resposta:

Trata-se do chamado encontro fortuito de provas. Havendo conexão entre os fatos, a


jurisprudência tem admitido o aproveitamento da prova, ainda que eventualmente rela-
cionados a condutas puníveis com detenção. Nesse sentido: EMENTA: AGRAVO RE-
GIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNI-
CA LICITAMENTE CONDUZIDA. ENCONTRO FORTUITO DE PROVA DA PRÁ-
TICA DE CRIME PUNIDO COM DETENÇÃO. LEGITIMIDADE DO USO COMO
JUSTA CAUSA PARA OFERECIMENTO DE DENÚNCIA. AGRAVO REGIMEN-
TAL DESPROVIDO. 1. O Supremo Tribunal Federal, como intérprete maior da Consti-
tuição da República, considerou compatível com o art. 5º, XII e LVI, o uso de prova
obtida fortuitamente através de interceptação telefônica licitamente conduzida, ainda
que o crime descoberto, conexo ao que foi objeto da interceptação, seja punido com

926
detenção. 2. Agravo Regimental desprovido.
(AI-AgR 626214, JOAQUIM BARBOSA, STF).

Na minha opinião, é possível o aproveitamento mesmo que não haja conexão. Em senti-
do próximo, porém em relação a hipótese em que se tratava de infração futura e não
pretérita: Em princípio, havendo o encontro fortuito de notícia da prática futura de con-
duta delituosa, durante a realização de interceptação telefônica devidamente autorizada
pela autoridade competente, não se deve exigir a demonstração da conexão entre o fato
investigado e aquele descoberto, a uma, porque a própria Lei nº 9.296/96 não a exige, a
duas, pois o Estado não pode se quedar inerte diante da ciência de que um crime vai ser
praticado e, a três, tendo em vista que se por um lado o Estado, por seus órgãos investi-
gatórios, violou a intimidade de alguém, o fez com respaldo constitucional e legal, mo-
tivo pelo qual a prova se consolidou lícita. II - A discussão a respeito da conexão entre o
fato investigado e o fato encontrado fortuitamente só se coloca em se tratando de infra-
ção penal pretérita, porquanto no que concerne as infrações futuras o cerne da contro-
vérsia se dará quanto a licitude ou não do meio de prova utilizado e a partir do qual se
tomou conhecimento de tal conduta criminosa. Habeas corpus denegado.
(HC 200602419935, FELIX FISCHER, STJ - QUINTA TURMA, DJ DA-
TA:14/05/2007 PG:00347.)

15.9.1.2. Questões do TRF2

15.9.1.3. Questões do TRF3


1) É possível interceptação telefônica diante da L.8137? Em que momento se pode
deferir a cautelar?

Resposta:

Em tese sim, com relação aos crimes apenados com reclusão (art. 2°, III, da Lei n.
9.296/96).

No entanto, enquanto não ocorrer a constituição definitiva do crédito tributário – que


constitui elemento atinente à tipicidade do crime, condição objetiva de punibilidade ou
condição de procedibilidade, dependendo da posição doutrinária que se adote -, a reali-
zação de diligências investigatórias, de que seria exemplo uma interceptação telefônica,
caracteriza constrangimento ilegal.

Nesse sentido: HABEAS CORPUS. APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁ-


RIA. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS RAZOÁVEIS
DE AUTORIA. INVIABILIDADE DE PRODUÇÃO DA PROVA POR OUTROS
MEIOS NÃO DEMONSTRADA. ILEGALIDADE. 1. O Poder Constituinte Originário
resguardou o sigilo das comunicações telefônicas, erigindo-o à categoria de garantia
individual, prevista no artigo 5º, inciso XII, da Constituição Federal, admitindo, de for-

927
ma excepcional, a sua flexibilidade, nos termos da Lei n. 9.296/96, para fins de investi-
gação criminal ou instrução processual penal. 2. Além da necessidade do ilícito em apu-
ração ser apenado com reclusão, o legislador ordinário estabeleceu ainda como critérios
para a utilização da interceptação telefônica, a contrario sensu, a existência de indícios
acerca da autoria ou participação na infração penal, bem como a demonstração de invia-
bilidade de produção da prova por outros meios. 3. Demonstrado, in casu, que a repre-
sentação pela quebra do sigilo telefônico dos pacientes foi deferida antes mesmo dos
sócios da empresa investigada terem sido ouvidos pela autoridade policial, tratando-se
de medida primeva em busca de provas acerca da autoria do ilícito, imperioso o reco-
nhecimento da ilegalidade da medida. SONEGAÇÃO FISCAL. INEXISTÊNCIA DE
CONSTITUIÇÃO DEFINITIVA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO TIDO POR SONE-
GADO. IMPOSSIBILIDADE DE REALIZAÇÃO DE PROCEDIMENTOS INVESTI-
GATÓRIOS. PRECEDENTES. ORDEM CONCEDIDA. 1. Conforme entendimento
consolidado nesta Corte, tratando-se de crime de sonegação fiscal, enquanto ausente a
condição objetiva de punibilidade, consistente no lançamento definitivo do crédito tri-
butário tido por sonegado, inviável o deferimento de qualquer procedimento investiga-
tório prévio. 2. Ordem concedida para declarar a nulidade do despacho que atendeu a
representação feita pela autoridade policial, determinando-se a inutilização do material
colhido, nos termos do artigo 9º da Lei n. 9.296/96, devendo as instâncias ordinárias
absterem-se de fazer qualquer referência às informações obtidas pelo meio invalidado.
(HC 200900229512, JORGE MUSSI, STJ - QUINTA TURMA, DJE DA-
TA:14/12/2009 RSTJ VOL.:00217 PG:01011.)

15.9.1.4. Questões do TRF4

15.9.1.5. Questões do TRF5


01) Penal, interceptação telefônica, é possível decretar de ofício pelo juiz?

Resposta:

A Lei n. 9.296/96, em seu art. 3°, prevê a possibilidade de a interceptação telefônica ser
decretada de ofício tanto para fins de investigação criminal quanto para instrução pro-
cessual.

Significativa parcela da doutrina, contudo, considera o aludido dispositivo inconstitu-


cional, ora num, ora noutro, ora em ambas as hipóteses. Quem considera inconstitucio-
nal a previsão de decretação de ofício na investigação criminal sustenta que o juiz não
pode interferir na qualidade do material probatório aí produzido, por se tratar de fase
pré-processual destinada à formação da opinio delicti da acusação, a não ser que a sua
intervenção se dê para a tutela das liberdades públicas; eventual iniciativa nessa fase
implicaria em ofensa ao devido processo legal e comprometeria a sua imparcialidade.

928
Essa foi, inclusive, a posição manifestada pela Procuradoria Geral da República nas
ADI‘s 3450 e 4.112.

Quem considera inconstitucional a outra hipótese costuma argumentar que o juiz,


assim atuando, estaria desenvolvendo atividade supletiva da acusação, e, consequen-
temente, violando a paridade de armas.

02) Possui o investigado o direito ao conhecimento do teor da interceptação telefôni-


ca, mesmo na fase de inquérito?

Resposta:

Se esse conhecimento for suscetível de comprometer a eficácia das investigações não.


No entanto, de ordinário é direito do investigado – e de seu patrono – o acesso aos ele-
mentos já documentados nos autos de IP, mesmo que as diligências de interceptação
ocorram sob segredo de justiça, segundo o art. 1° da lei.

Em sentido próximo: Do plexo de direitos dos quais é titular o indiciado - interessado


primário no procedimento administrativo do inquérito policial -, é corolário e instru-
mento a prerrogativa do advogado de acesso aos autos respectivos, explicitamente ou-
torgada pelo Estatuto da Advocacia (L. 8906/94, art. 7º, XIV), da qual - ao contrário do
que previu em hipóteses assemelhadas - não se excluíram os inquéritos que correm em
sigilo: a irrestrita amplitude do preceito legal resolve em favor da prerrogativa do defen-
sor o eventual conflito dela com os interesses do sigilo das investigações, de modo a
fazer impertinente o apelo ao princípio da proporcionalidade. 3. A oponibilidade ao de-
fensor constituído esvaziaria uma garantia constitucional do indiciado (CF, art. 5º, LXI-
II), que lhe assegura, quando preso, e pelo menos lhe faculta, quando solto, a assistência
técnica do advogado, que este não lhe poderá prestar se lhe é sonegado o acesso aos
autos do inquérito sobre o objeto do qual haja o investigado de prestar declarações. 4. O
direito do indiciado, por seu advogado, tem por objeto as informações já introduzidas
nos autos do inquérito, não as relativas à decretação e às vicissitudes da execução de
diligências em curso (cf. L. 9296, atinente às interceptações telefônicas, de possível
extensão a outras diligências); dispõe, em conseqüência a autoridade policial de meios
legítimos para obviar inconvenientes que o conhecimento pelo indiciado e seu defensor
dos autos do inquérito policial possa acarretar à eficácia do procedimento investigatório.
5. Habeas corpus de ofício deferido, para que aos advogados constituídos pelo paciente
se faculte a consulta aos autos do inquérito policial e a obtenção de cópias pertinentes,
com as ressalvas mencionadas.
(HC 90232, SEPÚLVEDA PERTENCE, STF)

03) Qual seu entendimento sobre o poder de investigação do Ministério Público? O MP


pode dirigir o inquérito policial? E medidas cautelares, como busca e apreensão, que-

929
bra de sigilo bancário, fiscal etc., como medidas necessárias à investigação, podem ser
feitas diretamente pelo MP?

Resposta:

Entendo que o Ministério Público detém poder de investigação próprio. E assim entendo
porque as próprias leis orgânicas trazem dispositivos expressos nesse sentido, e não vejo
qualquer privatividade das diligências investigatórias às Polícias (Federal e Civil). A
única privatividade existente diz respeito ao Inquérito Policial, cuja presidência é mes-
mo da exclusiva alçada da autoridade policial, não podendo o Ministério Público con-
duzi-lo. Outro motivo bastante pertinente em favor do reconhecimento de poderes in-
vestigatórios do Ministério Público decorre da teoria dos poderes implícitos, cunhada no
direito americano: se as investigações pré-processuais se destinam à formação do con-
vencimento do Ministério Público, que é o titular da ação penal, e que pode inclusive
requisitar diligências diferentes das encetadas pela autoridade policial, não há por que
não lhe reconhecer iniciativa investigatória.

Nesse sentido: E M E N T A: "HABEAS CORPUS" - CRIME DE PECULATO ATRI-


BUÍDO A CONTROLADORES DE EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇOS PÚ-
BLICOS, DENUNCIADOS NA CONDIÇÃO DE FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS (CP,
ART. 327) - ALEGAÇÃO DE OFENSA AO PATRIMÔNIO PÚBLICO - POSSIBILI-
DADE DE O MINISTÉRIO PÚBLICO, FUNDADO EM INVESTIGAÇÃO POR ELE
PRÓPRIO PROMOVIDA, FORMULAR DENÚNCIA CONTRA REFERIDOS FUN-
CIONÁRIOS PÚBLICOS (CP, ART. 327) - VALIDADE JURÍDICA DESSA ATIVI-
DADE INVESTIGATÓRIA - LEGITIMIDADE JURÍDICA DO PODER INVESTI-
GATÓRIO DO MINISTÉRIO PÚBLICO, NOTADAMENTE PORQUE OCORRIDA,
NO CASO, SUPOSTA LESÃO AO PATRIMÔNIO PÚBLICO - MONOPÓLIO
CONSTITUCIONAL DA TITULARIDADE DA AÇÃO PENAL PÚBLICA PELO
"PARQUET" - TEORIA DOS PODERES IMPLÍCITOS - CASO "McCULLOCH v.
MARYLAND" (1819) - MAGISTÉRIO DA DOUTRINA (RUI BARBOSA, JOHN
MARSHALL, JOÃO BARBALHO, MARCELLO CAETANO, CASTRO NUNES,
OSWALDO TRIGUEIRO, v.g.) - OUTORGA, AO MINISTÉRIO PÚBLICO, PELA
PRÓPRIA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA, DO PODER DE CONTROLE EX-
TERNO SOBRE A ATIVIDADE POLICIAL - LIMITAÇÕES DE ORDEM JURÍDI-
CA AO PODER INVESTIGATÓRIO DO MINISTÉRIO PÚBLICO - "HABEAS
CORPUS" INDEFERIDO. NAS HIPÓTESES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA, O IN-
QUÉRITO POLICIAL, QUE CONSTITUI UM DOS DIVERSOS INSTRUMENTOS
ESTATAIS DE INVESTIGAÇÃO PENAL, TEM POR DESTINATÁRIO PRECÍPUO
O MINISTÉRIO PÚBLICO. - O inquérito policial qualifica-se como procedimento ad-
ministrativo, de caráter pré-processual, ordinariamente vocacionado a subsidiar, nos
casos de infrações perseguíveis mediante ação penal de iniciativa pública, a atuação
persecutória do Ministério Público, que é o verdadeiro destinatário dos elementos que
compõem a "informatio delicti". Precedentes. - A investigação penal, quando realizada

930
por organismos policiais, será sempre dirigida por autoridade policial, a quem igual-
mente competirá exercer, com exclusividade, a presidência do respectivo inquérito. - A
outorga constitucional de funções de polícia judiciária à instituição policial não impede
nem exclui a possibilidade de o Ministério Público, que é o "dominus litis", determinar
a abertura de inquéritos policiais, requisitar esclarecimentos e diligências investigató-
rias, estar presente e acompanhar, junto a órgãos e agentes policiais, quaisquer atos de
investigação penal, mesmo aqueles sob regime de sigilo, sem prejuízo de outras medi-
das que lhe pareçam indispensáveis à formação da sua "opinio delicti", sendo-lhe veda-
do, no entanto, assumir a presidência do inquérito policial, que traduz atribuição priva-
tiva da autoridade policial. Precedentes. A ACUSAÇÃO PENAL, PARA SER FOR-
MULADA, NÃO DEPENDE, NECESSARIAMENTE, DE PRÉVIA INSTAURAÇÃO
DE INQUÉRITO POLICIAL. - Ainda que inexista qualquer investigação penal promo-
vida pela Polícia Judiciária, o Ministério Público, mesmo assim, pode fazer instaurar,
validamente, a pertinente "persecutio criminis in judicio", desde que disponha, para tan-
to, de elementos mínimos de informação, fundados em base empírica idônea, que o ha-
bilitem a deduzir, perante juízes e Tribunais, a acusação penal. Doutrina. Precedentes. A
QUESTÃO DA CLÁUSULA CONSTITUCIONAL DE EXCLUSIVIDADE E A ATI-
VIDADE INVESTIGATÓRIA. - A cláusula de exclusividade inscrita no art. 144, § 1º,
inciso IV, da Constituição da República - que não inibe a atividade de investigação cri-
minal do Ministério Público - tem por única finalidade conferir à Polícia Federal, dentre
os diversos organismos policiais que compõem o aparato repressivo da União Federal
(polícia federal, polícia rodoviária federal e polícia ferroviária federal), primazia inves-
tigatória na apuração dos crimes previstos no próprio texto da Lei Fundamental ou, ain-
da, em tratados ou convenções internacionais. - Incumbe, à Polícia Civil dos Estados-
membros e do Distrito Federal, ressalvada a competência da União Federal e excetuada
a apuração dos crimes militares, a função de proceder à investigação dos ilícitos penais
(crimes e contravenções), sem prejuízo do poder investigatório de que dispõe, como
atividade subsidiária, o Ministério Público. - Função de polícia judiciária e função de
investigação penal: uma distinção conceitual relevante, que também justifica o reconhe-
cimento, ao Ministério Público, do poder investigatório em matéria penal. Doutrina. É
PLENA A LEGITIMIDADE CONSTITUCIONAL DO PODER DE INVESTIGAR DO
MINISTÉRIO PÚBLICO, POIS OS ORGANISMOS POLICIAIS (EMBORA DE-
TENTORES DA FUNÇÃO DE POLÍCIA JUDICIÁRIA) NÃO TÊM, NO SISTEMA
JURÍDICO BRASILEIRO, O MONOPÓLIO DA COMPETÊNCIA PENAL INVES-
TIGATÓRIA. - O poder de investigar compõe, em sede penal, o complexo de funções
institucionais do Ministério Público, que dispõe, na condição de "dominus litis" e, tam-
bém, como expressão de sua competência para exercer o controle externo da atividade
policial, da atribuição de fazer instaurar, ainda que em caráter subsidiário, mas por auto-
ridade própria e sob sua direção, procedimentos de investigação penal destinados a via-
bilizar a obtenção de dados informativos, de subsídios probatórios e de elementos de
convicção que lhe permitam formar a "opinio delicti", em ordem a propiciar eventual
ajuizamento da ação penal de iniciativa pública. Doutrina. Precedentes: RE 535.478/SC,
Rel. Min. ELLEN GRACIE - HC 91.661/PE, Rel. Min. ELLEN GRACIE - HC
931
85.419/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO - HC 89.837/DF, Rel. Min. CELSO DE
MELLO. CONTROLE JURISDICIONAL DA ATIVIDADE INVESTIGATÓRIA DOS
MEMBROS DO MINISTÉRIO PÚBLICO: OPONIBILIDADE, A ESTES, DO SIS-
TEMA DE DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS, QUANDO EXERCIDO, PE-
LO "PARQUET", O PODER DE INVESTIGAÇÃO PENAL. - O Ministério Público,
sem prejuízo da fiscalização intra--orgânica e daquela desempenhada pelo Conselho
Nacional do Ministério Público, está permanentemente sujeito ao controle jurisdicional
dos atos que pratique no âmbito das investigações penais que promova "ex propria auc-
toritate", não podendo, dentre outras limitações de ordem jurídica, desrespeitar o direito
do investigado ao silêncio ("nemo tenetur se detegere"), nem lhe ordenar a condução
coercitiva, nem constrangê-lo a produzir prova contra si próprio, nem lhe recusar o co-
nhecimento das razões motivadoras do procedimento investigatório, nem submetê-lo a
medidas sujeitas à reserva constitucional de jurisdição, nem impedi-lo de fazer-se a-
companhar de Advogado, nem impor, a este, indevidas restrições ao regular desempe-
nho de suas prerrogativas profissionais (Lei nº 8.906/94, art. 7º, v.g.). - O procedimento
investigatório instaurado pelo Ministério Público deverá conter todas as peças, termos
de declarações ou depoimentos, laudos periciais e demais subsídios probatórios coligi-
dos no curso da investigação, não podendo, o "Parquet", sonegar, selecionar ou deixar
de juntar, aos autos, quaisquer desses elementos de informação, cujo conteúdo, por refe-
rir-se ao objeto da apuração penal, deve ser tornado acessível tanto à pessoa sob investi-
gação quanto ao seu Advogado. - O regime de sigilo, sempre excepcional, eventualmen-
te prevalecente no contexto de investigação penal promovida pelo Ministério Público,
não se revelará oponível ao investigado e ao Advogado por este constituído, que terão
direito de acesso - considerado o princípio da comunhão das provas - a todos os elemen-
tos de informação que já tenham sido formalmente incorporados aos autos do respectivo
procedimento investigatório. (HC 94173, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segun-
da Turma, julgado em 27/10/2009, DJe-223 DIVULG 26-11-2009 PUBLIC 27-11-2009
EMENT VOL-02384-02 PP-00336)

Já com relação às outras diligências acima mencionadas, há realmente disposições nas


aludidas leis orgânicas que indicam a possibilidade de serem perquiridas diretamente
pelo MP (ex. inoponibilidade de exceção de sigilo). No entanto, isso não tem seduzido
os Tribunais, que ainda não têm reconhecido semelhante poderes ao Ministério Público,
sob o fundamento de que tais medidas tangenciam direitos e liberdades públicas, deven-
do por isso se sujeitar a inafastável controle por parte do Judiciário.

932
15.10. Direito Ambiental

15.10.1. A Saúde Como Fator Determinante Do Meio Ambiente Ecologicamente


Equilibrado. Poder Judiciário E Políticas Públicas Em Defesa Do Meio Ambiente
Ecologicamente Equilibrado

15.10.1.1. Questões do TRF1


1) Quanto ao ordenamento jurídico brasileiro, hoje, alicerçado no direito comparado,
já podemos falar em saúde ambiental? Qual o tratamento que a CF dar à saúde e ao
meio ambiente e se já temos uma legislação infraconstitucional a respeito?

Resposta:

Sim.
A saúde ambiental está ligada à necessidade de se assegurar e promover a qualidade do
meio ambiente, garantindo patamares mínimos de proteção.

Isso porque a qualidade do meio ambiente é indispensável não só para a garantia do


direito à vida, como também do direito a uma vida digna. Ou seja, a saúde e dignidade
do homem depende em grande parte da saúde do próprio ambiente. O art. 225 da CF
deixa isso muito claro em seu caput: "Todos têm direito ao meio ambiente ecologica-
mente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para
as presentes e futuras gerações".

Diversos instrumentos da PNMA, inclusive, tem como objetivo garantir uma "saúde
ambiental" mínima (ex. Estabelecimento de padrões de qualidade ambiental, art. 9°, I,
da Lei PNMA).

2) Como tem se comportado a jurisprudência dos tribunais superiores e intermediários


na participação do processo na implementação da saúde ambiental?

Resposta:

Reconhecendo a existência de um verdadeiro direito à "saúde ambiental", os Tribunais


têm admitido a condenação de eventual poluidor ao pagamento de danos morais coleti-
vos, sob o argumento de que a poluição pode comprometer o direito de todos à qualida-
de do meio ambiente, prejudicando, consequentemente, a qualidade de vida da popula-
ção afetada.

Nesse sentido: Provada a existência da atividade nociva ao meio ambiente, cabe ao res-
ponsável indenizar os danos causados (art. 225, § 3º, Constituição Federal, e art. 14, §
1º, Lei n. 6.938/81). Todavia, não cabe ao Julgador fixar aleatoriamente o valor dos da-
933
nos materiais, sem apontar os critérios que serviram para o cálculo. No caso, esse valor
deve ser quantificado por meio de liquidação por arbitramento, na forma da lei proces-
sual civil. 5. A prova da existência de atividade nociva ao meio ambiente também pode
acarretar indenização por dano moral coletivo e difuso (art. 1º, IV, da Lei n. 7.347/85),
já que o meio ambiente ecologicamente equilibrado é direito de todos, bem de uso co-
mum do povo e essencial à sadia qualidade de vida (art. 225, caput, CF), o que quer
dizer que o direito à integridade do meio ambiente constitui prerrogativa jurídica de
titularidade coletiva. (AC 200137000060576, JUIZ FEDERAL DAVID WILSON DE
ABREU PARDO (CONV.), TRF1 - SEXTA TURMA, DJ DATA:15/10/2007 PAGI-
NA:78.)

15.10.1.2. Questões do TRF2

15.10.1.3. Questões do TRF3

15.10.1.4. Questões do TRF4

15.10.1.5. Questões do TRF5

15.11. Direito Internacional Público e Privado

15.11.1. Deportação E Expulsão De Estrangeiros

15.11.1.1. Questões do TRF1

15.11.1.2. Questões do TRF2


1) Qual a diferença dos efeitos da deportação e da expulsão?

Resposta:

A expulsão é o ato pelo qual o Estado retira do território nacional o estrangeiro conside-
rado nocivo ou inconveniente aos interesses nacionais. Materializa-se por decreto e tem
como principais efeitos o de obrigar o estrangeiro a sair do território nacional e o de
proibir o seu retorno. O estrangeiro expulso somente poderá retornar ao Brasil se o de-
creto de expulsão for revogado (caso contrário, cometerá o crime do art. 338 do CP).

Já a deportação é o ato pelo qual o Estado retira compulsoriamente de seu território um


estrangeiro que ali entrou ou permanece de forma irregular. O retorno do deportado é
permitido, desde que o indivíduo esteja legalizado e tenha ressarcido eventuais despesas
934
feitas pelo Tesouro Nacional com sua deportação e ou pago as multas impostas pelas
irregularidades cometidas.

2) Estrangeiro sujeito à deportação, foi dado prazo, mas ele não cumpriu, pois estava
fugindo de seu país de origem por perseguição étnica. O que ocorre?

Resposta:

Não entendi a pergunta.

Nessa pergunta acho que a resposta que se queria era a de que não cabe deportação, face
ao princípio do non refoulement, por se tratar de hipótese passível de refúgio.

3) Entrada em municípios de fronteira exige-se passaporte?

Resposta:

Não.

EE, Art. 21. Ao natural de país limítrofe, domiciliado em cidade contígua ao território
nacional, respeitados os interesses da segurança nacional, poder-se-á permitir a entrada
nos municípios fronteiriços a seu respectivo país, desde que apresente prova de identi-
dade. § 1º Ao estrangeiro, referido neste artigo, que pretenda exercer atividade remune-
rada ou freqüentar estabelecimento de ensino naqueles municípios, será fornecido do-
cumento especial que o identifique e caracterize a sua condição, e, ainda, Carteira de
Trabalho e Previdência Social, quando for o caso. §§§ 2º Os documentos referidos no
parágrafo anterior não conferem o direito de residência no Brasil, nem autorizam o afas-
tamento dos limites territoriais daqueles municípios.

4) Vem da África como clandestino num navio e alega que veio porque é vítima de per-
seguição ética no seu país de origem. Pode deportar para outro país?

Resposta:

Pode, desde que para país em que sua vida ou liberdade esteja ameaçada.

Lei n. 9.47497, Art. 7º O estrangeiro que chegar ao território nacional poderá expressar
sua vontade de solicitar reconhecimento como refugiado a qualquer autoridade migrató-
ria que se encontre na fronteira, a qual lhe proporcionará as informações necessárias
quanto ao procedimento cabível. § 1º Em hipótese alguma será efetuada sua deportação
para fronteira de território em que sua vida ou liberdade esteja ameaçada, em virtude de
raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opinião política.
935
15.11.1.3. Questões do TRF3
1) Diferencie expulsão e deportação.

Resposta:

Já respondida no item 1.

2) Deportado pode voltar ao país? E o expulso?

Resposta:

Já respondida no item 1

15.11.1.4. Questões do TRF4

15.11.1.5. Questões do TRF5

15.12. Sociologia do Direito

15.12.1. A Endoculturação E Aculturação

15.12.1.1. Questões do TRF1


1) o que são valores?

Resposta:

O valor é uma qualidade que confere às coisas, aos feitos ou às pessoas uma estimativa,
seja ela positiva ou negativa. A axiologia é o ramo da filosofia que estuda a natureza e a
essência do valor.

Para o idealismo objectivo, o valor encontra-se fora das pessoas; para o idealismo sub-
jectivo, em contrapartida, o valor encontra-se na consciência (isto é, na subjectividade
das pessoas que fazem uso do valor). Para a corrente filosófica do materialismo, a natu-
reza do valor reside na capacidade do ser humano em valorizar o mundo de forma ob-
jectiva. (http://conceito.de/valor)

2) O que é cultura?

Resposta:
936
CULTURA. Forma comum e aprendida da vida, que compartilham os membros de uma
sociedade, e que consta da totalidade dos instrumentos, técnicas, instituições, atitudes,
crenças, motivações e sistemas de valores que o grupo conhece (Foster).
(http://www.prof2000.pt/users/dicsoc/soc_c.html#cultura)

3) Diferença entre cultura e civilização?

Resposta:

CULTURA – rede de significados que dão sentido ao mundo que nos cerca. Engloba
crenças, valores, costumes, leis, moral, línguas, etc.

CIVILIZAÇÃO – é o estágio de desenvolvimento cultura em que se encontra um de-


terminado povo, tomando por base as técnicas dominadas, relações sociais, crenças,
fatores econômicos, criações artísticas, etc.

4) Qual a diferença entre indivíduo e pessoa ou ator social? Para que servem os pro-
cessos de endoculturação e aculturação?

Resposta:

INDIVÍDUO. O ser apenas biológico, que se distingue de pessoa social

PESSOA SOCIAL. Indivíduo humano socializado e possuidor de status e papéis.

ACULTURAÇÃO. Processo pelo qual duas ou mais culturas diferentes, entrando em


contacto contínuo, originam mudanças importantes em uma delas ou em ambas.

ENDOCULTURAÇÃO. Processo de aprendizagem e educação de uma cultura, desde a


infância até à idade adulta (veja CULTURA)

(http://www.prof2000.pt/users/dicsoc/soc_p.html#pessoa-social)

15.12.1.2. Questões do TRF2

15.12.1.3. Questões do TRF3

15.12.1.4. Questões do TRF4

937
15.12.1.5. Questões do TRF5

15.13. Filosofia do Direito

15.13.1. A Interpretação Segundo A Lógica Do Razoável

15.13.1.1. Questões do TRF1


1) O que seria lógica formal e lógica material?

Resposta:

Lógica formal ou menor é aquela que determina as leis gerais do pensamento derivadas
da própria forma estrutural deste pensamento (a priori), abstração feita da matéria empi-
ricamente recebida.

Lógica material ou especial é aquela que determina as leis particulares ou métodos es-
peciais impostos ao espírito (a posteriori) pela natureza dos diferentes objetos a conhe-
cer pelas ciências, e que distinguem, portanto, os métodos das ciências naturais em rela-
ção aos métodos das ciências culturais, os métodos das ciências descritivas das prescri-
tivas, etc. (http://books.google.com.br/books?id=xrE-
Hu3zXjgC&pg=PA153&lpg=PA153&dq=%22filosofia+do+direito%22+%22l%C3%B
3gica+formal%22+%22l%C3%B3gica+material%22&source=bl&ots=qB2N1lJ77F&si
g=JmHqqEd3AadNozGbwYqNxkwkknA&hl=pt-
BR#v=onepage&q=%22filosofia%20do%20direito%22%20%22l%C3%B3gica%20for
mal%22%20%22l%C3%B3gica%20material%22&f=false)

2) No que consiste o método lógico dedutivo?

Resposta:

Método Dedutivo- Também chamado por Aristóteles de silogismo, o raciocínio deduti-


vo parte da dedução formal tal que, postas duas premissas, delas, por inferência, se tira
uma terceira, chamada conclusão. Entretanto, deve-se frisar que a dedução não oferece
conhecimento novo, uma vez que a conclusão sempre se apresenta como um caso parti-
cular da lei geral. A dedução organiza e especifica o conhecimento que já se tem, mas
não é geradora de conhecimentos novos. Ela tem como ponto de partida o plano do inte-
ligível, ou seja, da verdade geral, já estabelecida.
(http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A9todo_dedutivo)

15.13.1.2. Questões do TRF2

938
15.13.1.3. Questões do TRF3

15.13.1.4. Questões do TRF4

15.13.1.5. Questões do TRF5

16. Perguntas Não Enquadradas nos Pontos Anteriores

16.1. Direito Constitucional

16.1.1. Perguntas Residuais

16.1.1.1. Questões do TRF1

DESSE PONTO EM DIANTE: RESPOSTAS ELABORADAS POR WALISSON


GONÇALVEZ CUNHA

16.1.1.2. Questões do TRF2

1) Cooperação internacional, qual a mudança recente com a EC no. 45/2004? Houve alguma
mudança de fundo com a modificação de competência do STF para o STJ?

Resposta:

Houve duas mudanças essenciais no âmbito da cooperação internacional advindas com


a EC nº. 45/2004.

A Primeira é a possibilidade da recepção, pelo ordenamento pátrio, de tratados e con-


venções internacionais referentes aos Direitos Humanos, desde que votadas, em dois
turnos, por cada casa do Congresso Nacional, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, conforme prevê o parágrafo 3º do art. 5º da Constituição.

A segunda alteração esta relacionada diretamente à mudança de competência do STF


para o STJ da homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às
cartas rogatórias.

Além da acumulação de demanda que recai sobre o STJ, tendo em vista a alteraçãoda
redação então prevista no art. 102, inciso I, ―h‖ para a atualmente exposta no art. 105, I,
―i‖, a Resolução nº 09\2005 do STJ, que trata da competência do STJ para processar e
julgar, originariamente, a homologação de sentenças e a concessão do exaquatur às car-
939
tas rogatórias,permite ao Presidente do STJ o poder de conceder monocraticamente o
exequatur e homologar a sentença estrangeiraquando não há impugnaçãodo interessa-
do(art. 2º da Resolução), o que gera controvérsia. O Supremo Tribunal Federal já se
pronunciou em sentido diverso:

―Carta rogatória – Concessão de exequatur – Reserva de colegiado. Conforme a alínea


i do inciso I do art. 105 da CF, cumpre a órgão colegiado do STJ a concessão de exe-
quatur a cartas rogatórias. Carta rogatória – Objeto ilícito. A carta rogatória deve ter
objeto lícito considerada a legislação pátria. Descabe a concessão de exequatur quando
vise a colher depoimento, como testemunha, de corréu.‖ (HC 87.759, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgamento em 26-2-2008, Primeira Turma, DJE de 18-4-2008.) Vide: HC
87.759-ED, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 13-12-2011, Primeira Turma, DJE
de 14-3-2012.

2) Dê conceito formal e material de norma constitucional.

Resposta:

―Materialmente Constitucional será aquele texto que contiver as normas fundamentais e


estruturais do Estado, a organização de seus órgãos, os direitos e garantas fundamentais.
[...] Formal, por seu turno, será aquela Constituição que elege como critério o processo
de sua formação, e não o conteúdo de suas normas. Assim, qualquer regra nela contida
terá o caráter de constitucional. A brasileira de 1988 é formal!‖ (LENZA, Pedro. Direito
Constitucional Esquematizado 16. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2012, p.
88).

3) Dê a diferença entre norma de preceito e norma de princípio. Exemplo de norma de princí-


pio.

Resposta:

Existem vários critérios tradicionais para a distinção entre regras e princípios. O mais
comum é o critério da generalidade (Robert Alexy apud Bonavides). Segundo este crité-
rio, os princípios são normas com um grau de generalidade relativamente alto e as re-
gras, normas com um nível relativamente baixo de generalidade. Há também o conheci-
do critério da abstração, segundo o qual os princípios são normas com um grau de abs-
tração relativamente alto e as regras, normas com um nível relativamente baixo de abs-
tração. Outros critérios, tais como o do valor expressado e o da aplicabilidade, são tam-
bém comumente utilizados com o intuito de fazer a distinção entre as regras e os princí-
pios.

Afirma Alexy, ainda, que entre regras e princípios existe não somente uma diferença de
grau, mas uma diferença qualitativa.
940
As ―normas constitucionais de princípios‖ seriam os mandamentos nucleares do sistema
constitucional (Virgílio Afonso da Silva), haja vista consagrarem os principais valores
do ordenamento. Seriam, ainda, mandamentos de otimização, caracterizados pelo fato
de que podem ser cumpridos em diferentes graus, na lição de Alexy. Os critérios de
distinção em relação às regras são variados, como também aponta Canotilho (Grau de
abstração, grau de determinabilidade, carácter de fundamentalidade, natureza normoge-
nética), para quem a tarefa, longe de afigurar-se simples, é demais complexa. As ―nor-
mas constitucionais de preceito‖ apresentam-se sob a forma de um conteúdo determina-
do que é ou não realizado em sua plenitude, isto é, a regra é ou não é cumprida na intei-
ra medida de seu enunciado normativo.

Normas de preceito ou regra disciplinam uma determinada situação; quando ocorre essa
situação, a norma tem incidência; quando não ocorre, não tem incidência. Para as regras
vale a lógica do tudo ou nada (Dworkin). Quando duas regras colidem, fala-se em "con-
flito"; ao caso concreto uma só será aplicável (uma afasta a aplicação da outra). O con-
flito entre regras deve ser resolvido pelos meios clássicos de interpretação: a lei especial
derroga a lei geral, a lei posterior afasta a anterior etc. Por outro lado, normas de princí-
pio são as diretrizes gerais de um ordenamento jurídico (ou de parte dele). Seu espectro
de incidência é muito mais amplo que o das regras. Entre eles pode haver "colisão", não
conflito. Quando colidem, não se excluem. Como "mandados de otimização" que são
(Alexy), sempre podem ter incidência em casos concretos (às vezes, concomitantemente
dois ou mais deles). (GOMES, Luiz Flávio. Normas, regras e princípios: conceitos e
distinções. Jus Navigandi, Teresina, ano 10, n. 851, 1 nov. 2005 . Disponível em:
<http://jus.com.br/revista/texto/7527>. Acesso em: 3 set. 2012.). Como bem explica
Marcelo Novelino, uma das principais diferenças entre princípio e regra (preceito) é a
aplicação/atuação prática, senão vejamos:

―(...) Princípios. Por serem a primeira etapa de concretização dos valores, os princípios
possuem um elevado conteúdo axiológico, tornando-se imprescindível como critério de
decisão em todo e qualquer discurso normativo. (...) A par da necessidade de serem le-
vados em conta qualquer que seja a situação em análise é, sobretudo nos casos difíceis
(hard cases), que os princípios atuam com maior peso e com toda a sua força, servindo
como base para a argumentação que fundamenta as sentença (...). Regras. As regras, ao
prescreverem determinações, impõem resultados. Se uma regra jurídica é válida, verifi-
cados os pressupostos de fato abstratamente previstos, ela deverá ser aplicada automati-
camente, de forma absoluta (...)‖. (Direito Constitucional Para Concursos. Edição 2007.
Editora Forense. Pg-73/74).

4) O órgão de cúpula da justiça federal é o TRF, o STJ ou o CJF?

Resposta:

O Órgão de cúpula de natureza jurisdicional referente à norma infraconstitucional é o


Superior Tribunal de Justiça:
941
TRIBUTÁRIO - IPTU - INTERPOSIÇÃO DE RECURSO ESPECIAL CONTRA DE-
CISÃO MONOCRÁTICA DE CONVERSÃO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO
EM AGRAVO RETIDO - RECURSO MANIFESTAMENTE INCABÍVEL - PRECE-
DENTES. 1. Recurso Especial interposto contra decisão monocrática que converteu
agravo de instrumento em agravo retido. 2. Verifica-se que o agravante interpôs recurso
especial em face de decisão monocrática de caráter irrecorrível, logo, manifestamente
incabível recurso pretendido. 3. Da expressão "única ou última instância", depreende-se
que o recurso especial somente é viável quando esgotadas as vias recursais ordinárias,
em razão de sua finalidade de preservação da legislação federal infraconstitucional, da
qual se infere que o especial não se presta a mais um grau de jurisdição. 4. Preciosas as
palavras de Rodolfo de Camargo Mancuso, ao lecionar que "a explicação dessa
exigência está em que o STF e o STJ são órgãos de cúpula judiciária, espraiando suas
decisões por todo o território nacional. Em tais circunstâncias, compreende-se que as
Cortes Superiores apenas devam pronunciar-se sobre as questões federais (STJ) ou
constitucionais (STF)- que podem até ser prejudiciais- numa lide que esteja totalmente
dirimida nas instâncias inferiores. Se os Tribunais da Federação darão a última palavra,
de acordo com suas atribuições, compreende-se que o interesse do recorrente depende
de já terem sido experimentadas todas as possibilidades de impugnação que antes se lhe
abriram". ("Recurso Extraordinário e Recurso Especial", 6ª ed. atual e ampl., RT, São
Paulo, 1999.) Agravo regimental improvido. (AGA 200702048796, HUMBERTO
MARTINS - SEGUNDA TURMA, DJE DATA:26/06/2008.)

O Conselho da Justiça Federal é órgão auxiliar ao STJ na gestão ―administrativa e


orçamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo graus, como órgão central do
sistema e com poderes correicionais[...]‖ nos termos do art. 105, parágrafo único da
Constituição. Outrossim, em decorrência da criação dos Juizados Especiais Federais,
pela Lei nº 10.259/2001, o Conselho dotou-se, ainda, de função jurisdicional. Em se-
tembro de 2002, passou a funcionar junto ao CJF a Turma Nacional de Uniformização
dos Juizados Especiais Federais, órgão julgador colegiado que aprecia os incidentes de
uniformização de interpretação de lei federal nos processos oriundos dos Juizados. Tal
uniformização de jurisprudência é de fundamental importância para garantir a celerida-
de e a segurança jurídica desses juízos.

Mesmo tratando de funções administrativas o mesmo permanece em grau hierarquica-


mente inferior ao STJ, porquanto seus atos somente vinculam somentea Justiça Federal
de primeiro e segundo grau. Ressalte-se, ainda, que oColegiado do CJF é integrado pelo
Presidente e pelo Vice-Presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), três Ministros
deste mesmo Tribunal e pelos Presidentes dos cinco Tribunais Regionais Federais do
país (http://www.jf.jus.br/cjf/cjf/o-que-e).

942
5) O CNJ tem dentro de suas competências o controle atuação de juízes? Essa competência é
originária ou concorrente? Essa competência é originária ou concorrente? Ela deve ser prati-
cada apenas após se esgotar as demais instâncias? (STF – Celso de Mello – Lojas Maçônicas)

Resposta:

A Competência de atuação do CNJ não recai sobre a atuação jurisdicional do Juiz,


como bem elucida isso o conselheiro Wellington Cabral Saraiva em seu voto no Pedido
de providências: 0004690-19.2011.2.00.0000 (DJ: 04/07/2012): "O pedido de providên-
cias se volta contra ato jurisdicional. Se o ato é correto ou não, esse é um tema a ser
analisado por meio do recurso processual cabível, e não em pedido de providências a
este órgão. Não cabe ao CNJ inserir-se nesta esfera, por não se tratar de matéria de
sua competência".

A Constituição dispõe, em seu art. 103-B § 4º, que o CNJ possui competência para o
controle da atuação administrativa e financeira do Judiciário e do cumprimento dos de-
veres funcionais dos seus juízes.

Em relação ao controle funcional dos juízes, o Supremo Tribunal Federal considerou


que, conforme julgamento da ADI 4638, a Competência do CNJ é originária e con-
corrente aos das Corregedorias dos Tribunais, não sendo assim instância recursal.

6) Quais são as funções essenciais à justiça?

Resposta:

De acordo com a Constituição são o Ministério Público (art. 127); a Advocacia Pública
(art. 131); a Advocacia Privada (art. 133) e a Defensoria Pública (art. 134).

7) Quais são os princípios institucionais do Ministério Público?

Resposta:

Tais princípios estão previstos no parágrafo primeiro do art. 127 da Constituição. São
eles: Unidade: Os membros da Instituição integram um só órgão sob a direção única de
um Procurador-Geral, em cada ramo do Ministério Público. No caso do MPU, é o Pro-
curador-Geral da República.Indivisibilidade: Consequência do princípio anterior, por-
que seus integrantes são membros da Instituição, podendo ser substituídos uns pelos
outros nos processos de que participam; e, Independência Funcional: o Ministério Pú-
blico é independente no exercício de suas funções, sujeitam-se apenas as disposições
das Leis e da Constituição.

A doutrina ainda prevê a existência do Princípio constitucional implícito do Promotor


Natural, que seria extraído da leitura dos artigos 5º, LIII; 127, § 1º e 128, § 5º, b da
943
Constituição, que assenta a impossibilidade de alguém ser processado senão pelo órgão
de atuação do Ministé-rio Público dotado de amplas garantias pessoais e institucionais,
de absoluta independência e liberdade de convicção, com atribuições previamente fixa-
das e conhecidas. A 2ª Turma do STF no HC 90277 o considerou inexistente esse prin-
cípio; contudo houve divergência na turma, que aventou, inclusive, sua incidência.

8) Há hierarquia entre Ministério Público, juiz e advogado? Há diploma legal que preceitue
essa ausência de hierarquia?

Resposta:

Não há hierarquia entre os detentores de tais funções. O Estatuto da Advocacia, Lei Fe-
deral nº 8.906/94, assevera em seu art. 6º que ―não há hierarquia nem subordinação
entre advogados, magistrados e membros do Ministério Público, devendo todos tratar-
se com consideração e respeito recíprocos‖. Tal norma está em consonância com o art.
133 da Constituição impõe a presença de advogado como essencial à existência de Jus-
tiça. Nasce também disso o dever do Magistrado ter de ―tratar com urbanidade as par-
tes, os membros do Ministério Público, os advogados, as testemunhas, os funcionários e
auxiliares da Justiça, e atender aos que o procurarem, a qualquer momento, quando se
trate de providência que reclame e possibilite solução de urgência" (art. 35, IV, da LC
35⁄79 - Lei Orgânica da Magistratura Nacional).

9) As ofensas irrogadas em juízo pelo advogado são acobertadas pela imunidade? Observa-se
pelas decisões abaixo que, em tese, o advogado, em razão das ofensas irrogadas em juízo,
responde por crimes de desacato e calúnia e, ainda, em casos de excessos, pelos delitos de
injúria e difamação.

Resposta:

Depende. Em primeiro lugar é necessário rememorar a disposição do art. 133 da Consti-


tuição que afirma que o Advogado possui imunidade ―sendo inviolável por seus atos e
manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei‖. A lei que regulamenta a
atividade do advogado é a Lei Federal nº 8.906/94, o Estatuto da Advocacia, que por
sua vez assevera que: ―Art. 7º São direitos do advogado: [...] § 2º O advogado tem imu-
nidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou desacato (ADIN 1.127-8)
puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou
fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que
cometer‖.

O Supremo Tribunal Federal por meio da ADIN 1.127-8 determinou em sede liminar a
―[...] suspensão da eficácia da expressão ―ou desacato” e interpretação de conformidade
a não abranger a hipótese de crime de desacato à autoridade judiciária‖. E assim tam-
944
bém manteve no mérito que: ―VIII - A imunidade profissional do advogado não com-
preende o desacato, pois conflita com a autoridade do magistrado na condução da
atividade jurisdicional”.

Quanto a ilícitos cíveis, passíveis de dano moral, o Superior Tribunal de Justiça afirmou
que ―A inviolabilidade do advogado não é absoluta, estando adstrita aos limites da
legalidade e da razoabilidade‖, no bojo do RESP 988.380 de lavra do Min. Luis Felipe
Salomão (DJ: 20/11/2008). Também se pronunciou no seguinte sentido: ―A imunidade
profissional, garantida ao advogado pelo Estatuto da Advocacia não alberga os exces-
sos cometidos pelo profissional em afronta à honra de quaisquer das pessoas envolvi-
das no processo, seja o magistrado, a parte, o membro do Ministério Público, o serven-
tuário ou o advogado da parte contrária. Precedentes. - O advogado que, atuando de
forma livre e independente, lesa terceiros no exercício de sua profissão responde dire-
tamente pelos danos causados, não havendo que se falar em solidariedade de seus cli-
entes, salvo prova expressa da 'culpa in eligendo' ou do assentimento a suas manifesta-
ções escritas, o que não ocorreu na hipótese‖. Conforme assenta o acordão lavrado pela
Min. Nancy Andrighi, no bojo do RESP: 932.334 (DJ: 18/11/2008).

Quanto ao aspecto criminal da injúria e da difamação o Colendo Tribunal assim se


pronunciou: ―As expressões utilizadas pelos advogados no exercício do seu mister não
constituem injúria ou difamação, pois, nos termos do art. 7º, § 2º, da Lei 8.906/94, estão
amparadas pelo pálio da imunidade. Entretanto, eventuais excessos no exercício da cita-
da prerrogativa profissional estão, de acordo com o mesmo dispositivo legal, sujeitos às
sanções disciplinares pela Ordem dos Advogados do Brasil.5. Ordem concedida para
trancar a ação penal‖. (HC 76.099/PE, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA,
QUINTA TURMA, julgado em 07/08/2008, DJe 01/12/2008). Idêntico teor pode ser
lido no HC 73.616/SP (Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TUR-
MA, julgado em 28/02/2008, DJe 29/09/2008).

10) Como se dá, quais os pressupostos e quais os instrumentos da intervenção federal?

Resposta:

Se dá de forma espontânea: quando, por juízo político o presidente da República a de-


clare, nos termos do art. 34 e incisos I, II, III e V da Constituição: ―Art. 34. A União não
intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: I - manter a integridade
nacional; II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; [...] V - reorganizar as
finanças da unidade da Federação que: a) suspender o pagamento da dívida fundada
por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior; b) deixar de entregar
aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos esta-
belecidos em lei‖.

945
Também se dá de forma provocada que se divide em discricionária e vinculada. A
intervenção provocada discricionária, neste caso, mesmo que provocado, é faculdade da
presidência, por conveniência e oportunidade, determinar tal intervenção. É o caso pre-
visto no inciso IV do art. 34: ―IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes
nas unidades da Federação‖; conforme disposição do art. Art. 36 da Constituição que
dispõe: ―A decretação da intervenção dependerá: I - no caso do art. 34, IV, de solicita-
ção do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou impedido [...]‖. Por sua
vez, a intervenção discricionária vinculada, vem prevista na segunda parte do inciso I do
art. 36 que dispõe: ―ou de requisição do Supremo Tribunal Federal, se a coação for
exercida contra o Poder Judiciário‖; Há também as previsões previstas nos demais in-
cisos do art. 36: ―II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de requi-
sição do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal
Superior Eleitoral; III de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representa-
ção do Procurador-Geral da República, na hipótese do art. 34, VII, e no caso de recusa
à execução de lei federal‖. O referido inciso VII prevê: ―VII - assegurar a observância
dos seguintes princípios constitucionais: a) forma republicana, sistema representativo e
regime democrático; b) direitos da pessoa humana; c) autonomia municipal; d) presta-
ção de contas da administração pública, direta e indireta. e) aplicação do mínimo exi-
gido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de trans-
ferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos
de saúde. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)‖.

Quanto à intervenção cabe destacar as seguintes posições do Supremo Tribunal Federal:

"O descumprimento voluntário e intencional de decisão transitada em julgado configura


pressuposto indispensável ao acolhimento do pedido de intervençãofederal. A ausência
de voluntariedade em não pagar precatórios, consubstanciada na insuficiência de recur-
sos para satisfazer os créditos contra a Fazenda Estadual no prazo previsto no § 1º do
art. 100 da Constituição da República, não legitima a subtração temporária da autono-
mia estatal, mormente quando o ente público, apesar da exaustão do erário, vem sendo
zeloso, na medida do possível, com suas obrigações derivadas de provimentos judiciais.
Precedentes." (IF 1.917-AgR, Rel. Min. Presidente Maurício Corrêa, julgamento em 17-
3-2004, Plenário, DJ de 3-8-2007.) No mesmo sentido: IF 4.640-AgR, Rel. Min. Presi-
dente Cezar Peluso, julgamento em 29-3-2012, Plenário, DJE de 25-4-2012.‖

11) O Poder Judiciário pode requerer intervenção federal? Em que hipóteses? Quais os limites?

Resposta:

Sim, o poder judiciário pode requer a Intervenção Federal, conforme as disposições do


art. 36 da Constituição:

946
―Art. 36. A decretação da intervenção dependerá: I - no caso do art. 34, IV (garantir o
livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação), [...] de requisição
do Supremo Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o Poder Judiciário; II - no
caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de requisição do Supremo Tribu-
nal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral; III de
provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do Procurador-Geral da
República, na hipótese do art. 34, VII, e no caso de recusa à execução de lei federal.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)‖.

As limitações estão presentes nos parágrafos do art. 36:

―§ 1º - O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o prazo e as condições


de execução e que, se couber, nomeará o interventor, será submetido à apreciação do
Congresso Nacional ou da Assembléia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro
horas. § 2º - Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a Assembléia Legisla-
tiva, far-se-á convocação extraordinária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas. § 3º -
Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a apreciação pelo Congres-
so Nacional ou pela Assembléia Legislativa, o decreto limitar-se-á a suspender a execu-
ção do ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade. § 4º -
Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a estes
voltarão, salvo impedimento legal‖.

12) Discorra sobre o sistema de competências na CR/1988.

Resposta:

Os entes da Federação possuem competência não legislativa (administrativa ou materi-


al) e legislativa.

A União possui competência não legislativa: exclusiva (art. 21 da CF) e comum (art.
23). Nessa competência comum, leis complementares fixarão normas de cooperação
entre a União, os Estados, DF e os municípios (art. 23, parágrafo único da CF). Exem-
plo dessa cooperação é a Lei Complementar nº. 140/2011. Não havendo essa lei com-
plementar de cooperação, o critério para se definir o Ente competente será o critério ou
princípio da preponderância de interesses. Já em relação à competência legislativa da
União, podemos dividi-la em: privativa (art. 22 da CF), cuja competência pode ser dele-
gada, desde que em questões específicas, aos Estados por meio de lei complementar
(art. 22 parágrafo único da CF); concorrente (arts. 24 e 32, §1º, da CF); tributária ex-
pressa (art. 153 da CF); tributária residual (art. 154, inciso I, da CF) e tributária extraor-
dinária (art. 154, inciso II, da CF). (pg-432/434-PEDRO LENZA)

Pedro Lenza ensina que ―o art. 24 define as matérias de competência concorrente da


União, Estados e Distrito Federal. Em relação àquelas matérias, a competência da União
limitar-se-á a estabelecer normas gerais. Em caso de inércia da União, inexistindo lei

947
federal elaborada pela União sobre norma geral, os Estados e o Distrito Federal (art. 24,
caput, c/c o art. 32, §1º) poderão suplementar a União e legislar, também, sobre normas
gerais, exercendo a competência legislativa plena. Se a União resolver legislar sobre
norma geral, a norma geral que o Estado (ou Distrito Federal) havia elaborado terá sua
eficácia suspensa, no ponto em que for contrária à nova lei federal sobre norma geral.
Caso não seja conflitante, passam a conviver, perfeitamente, a norma geral federal e
estadual (ou distrital). Observe-se tratar de suspensão da eficácia, e não revogação, pois,
caso a norma geral federal que suspendeu a eficácia da norma geral estadual seja revo-
gada por outra norma geral federal, que, por seu turno, não contrarie a norma geral feita
pelo Estado, esta última voltará a produzir efeitos (lembre-se que a norma geral estadual
apenas teve a sua eficácia suspensa)‖. Direito Constitucional Esquematizado. Edição de
2012. Editora Saraiva-pg-433/432).

Os Estados possuem competência não legislativa: comum (art. 23 da CF) e residual


(remanescente ou reservada- art. 25 da CF), pela qual são reservadas aos Estados as
competências administrativas que não lhe sejam vedadas e que não sejam dos demais
entes. Por outro lado, os Estados têm também competência legislativa, senão vejamos:
expressa (art. 25, caput, da CF); residual (art. 25, §1º, da CF); delegada pela União (art.
22, parágrafo único); concorrente (art. 24 da CF); suplementar (art. 24, §§ 1º ao 4º, da
CF); tributária expressa (art. 155 da CF). ((Pedro Lenza. Direito Constitucional Esque-
matizado. Edição de 2012. Editora Saraiva pg-442/443).

Os Municípios possuem competência não legislativa: comum (art. 23 da CF) e privativa


(art. 30, incisos III a IX, da CF). Os municípios possuem também competências legisla-
tivas, sendo elas: expressa (art. 29 da CF); fundada no interesse local (art. 30, inciso I,
da CF); suplementar (art. 30, inciso II, da CF); para elaboração do plano diretor (art.
182, §1º, da CF) e tributária expressa (art. 156 da CF). ((Pedro Lenza. Direito Constitu-
cional Esquematizado. Edição de 2012. Editora Saraiva pg-448/449).

Por fim, o DF que, da mesma forma que os demais, possui competência não legislativa
comum (art. 23 da CF). Em relação à competência legislativa, ao DF são atribuídas as
competências legislativas reservadas aos Municípios e aos Estados (art. 32, §1º, da CF).
Tudo o que foi dito em relação aos Municípios e aos Estados em matéria de competên-
cia legislativa se aplica ao DF. (Pedro Lenza. Direito Constitucional Esquematizado.
Edição de 2012. Editora Saraiva-pg-451).

13) Quais os órgãos integrantes do Poder Judiciário citados na Constituição Federal?

Resposta:

―Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:

I - o Supremo Tribunal Federal;

948
I-A o Conselho Nacional de Justiça; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004);

II - o Superior Tribunal de Justiça;

III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;

IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;

V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;

VI - os Tribunais e Juízes Militares;

VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios‖.

14) Por que a CR/1988 fala em “juízes” e não “juízos”?

Resposta:

Pois a constituição assegura as garantias aos juízes, que são os responsáveis pela prola-
ção de sentenças, o legítimo instrumento da Jurisdição, não ao foro. Nesse aspecto, le-
ciona o TJPR:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO ANULATÓRIA DE ARREMATAÇÃO.


DECISÃO QUE DETERMINA A REMESSA DOS AUTOS AO JUÍZO POR ONDE
SE PROCESSOU A EXECUÇÃO. DISTINÇÃO ENTRE JUIZ E JUÍZO. APLICA-
ÇÃO DO ART. 134, III, DO CPC. RECURSO NÃO PROVIDO. 1. ―Juízo, em sentido
estrito, é tido na mesma significação de juizado, ou seja, o local em que o juiz exerce as
suas funções ou funciona no exercício de sua jurisdição ou de seu próprio ofício" (De
Plácido e Silva). No caso," juízo " deve ser entendido, especificamente, como aquele
que presidiu o processo executivo onde ocorreu a arrematação cuja nulidade se busca‖.
[...] (2059794 PR 0205979-4, Relator: Valter Ressel, Data de Julgamento: 08/10/2002,
Terceira Câmara Cível (extinto TA), Data de Publicação: DJ: 6232).

15) O juiz tem atuação administrativa?

Resposta:

Sim, decorre da função atípica judiciária, pois cabe ao Juiz manter a boa gestão e fazer
cumprir, inclusive, os atos administrativos vindos do Tribunal. Podendo fazer uso de
atos normativos diversos, como portarias e resoluções.

16) A quem compete a criação de novas varas? Seria por iniciativa do CNJ ou do STJ?

Resposta:

949
Compete ao Superior Tribunal de Justiça a proposição do projeto de Lei, conforme se
verifica nas disposições da Constituição:

Art. 96. Compete privativamente:

I - aos tribunais:

[...]

d) propor a criação de novas varas judiciárias;

II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça


propor ao Poder Legislativo respectivo, observado o disposto no art. 169:

a) a alteração do número de membros dos tribunais inferiores;

b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares e dos


juízos que lhes forem vinculados, bem como a fixação do subsídio de seus membros e
dos juízes, inclusive dos tribunais inferiores, onde houver; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 41, 19.12.2003)

c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores;

d) a alteração da organização e da divisão judiciárias;

Cabe ao STJ, posto que ele é o Tribunal Superior dos Tribunais Regionais Federais,
com competência para a proposição, mesmo que o TRF decida sobre a criação de mais
varas caberá ao STJ encaminhar o Projeto de Lei respectivo.

Quanto ao CNJ, a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2012 determina que o Conselho


deva emitir parecer sobre a criação de gastos.

17) Um indígena poderia requerer judicialmente a defesa de um direito?Sim.

Resposta:

Assenta a Constituição: ―Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações são par-
tes legítimas para ingressar em juízo em defesa de seus direitos e interesses, intervindo
o Ministério Público em todos os atos do processo‖.

Sobre esse aspecto, esclarece o TRF4:

―AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. DANOS MORAIS E MATERIAIS DECORRENTES


DE OCUPAÇÃO PERPETRADA POR ÍNDIOS EM IMÓVEIS SITUADOS EM Á-
REA SUPOSTAMENTE INDÍGENA. INEXISTÊNCIA DE RESPONSABILIDADE
DA FUNAI SOBRE OS FATOS OCORRIDOS. CAPACIDADE CIVIL E POSTULA-
TÓRIA DOS SILVÍCOLAS RECONHECIDAS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
Ação indenizatória ajuizada contra a FUNAI pela proprietária de área de terras no mu-
950
nicípio de Itaiópolis-SC, por ela utilizada para implantação de projetos de refloresta-
mento de vegetação exótica, com vistas ao recebimento de indenização pelos danos de-
correntes da invasão dos imóveis de sua propriedade por indígenas, nos anos de 1998 e
2001. Não prospera a preliminar de impossibilidade jurídica do pedido, porque o orde-
namento jurídico brasileiro possibilita o manejo de ação indenizatória para se obter a
reparação de danos morais e materiais causados por terceiros ou pela Administração
Pública Direta ou Indireta. Com o advento da Constituição de 1988, migrou-se de um
regime de tutela dos povos indígenas para um regime de proteção. Não mais compete ao
Estado, através da FUNAI, responder pelos atos das populações autóctones e adminis-
trar-lhes os bens, tal como ocorria enquanto vigente o regime tutelar previsto no Código
Civil de 1916 e no Estatuto do Índio (Lei 6001/73). A partir do reconhecimento da ca-
pacidade civil e postulatória dos silvícolas, em 1988, remanesce ao Estado o dever de
proteção das comunidades indígenas e de seus bens (à semelhança do que ocorre com os
idosos que, a despeito de serem dotados de capacidade civil, gozam de proteção especial
do Poder Público). Desde o reconhecimento constitucional da diversidade cultural (arts.
215, § 10 e 216) e da capacidade civil e postulatória dos índios e de suas comunida-
des (art. 232 CF c/c art. 7º do CPC) - o que lhes confere o direito ao acesso a todas
garantias constitucionais de forma autônoma -, não mais subsiste o regime tutelar
a que os silvícolas estavam submetidos perante à FUNAI por força do disposto no
artigo 6º, III e Parágrafo Único do Código Civil de 1916 e no artigo 7º do Estatuto
do Índio, tampouco a classificação dos indígenas em "isolados", "em vias de inte-
gração" e "integrados", prevista no artigo 4º do Estatuto do Índio, porque tais dispositi-
vos não foram recepcionados pela atual Constituição. Sendo os silvícolas pessoas dota-
das de capacidade para todos os atos da vida civil, segundo a ordem constitucional vi-
gente, não há que se falar em culpa administrativa da FUNAI e da União sobre os fatos
que ensejaram a presente ação reparatória. Provimento do apelo da FUNAI, para o fim
de reconhecer a ausência de responsabilidade do referido entes sobre os fatos que ense-
jaram a reparação material pretendida‖. (4308 SC 2001.72.01.004308-0, Relator: ED-
GARD ANTÔNIO LIPPMANN JÚNIOR, Data de Julgamento: 29/10/2008, QUARTA
TURMA, Data de Publicação: D.E. 24/11/2008).

Nesse aspecto, cabe destacar a Posição do Procurador Federal Antônio Cavaliere Go-
mes, no Artigo: POVOS INDÍGENAS EM JUÍZO E A ATUAÇÃO DO PODER PÚ-
BLICO - ANÁLISE CONTEM-PORÂNEA À LUZ DA CONSTITUIÇÃO DE 1988 E
DE NORMATIZAÇÃO RECENTE, disponível no sítio eletrônico oficial da Fundação
Nacional do Índio (FUNAI) –
http://www.funai.gov.br/procuradoria/docs/Artigo_Povos%20Indigenas_e_Poder_%20P
ublico.pdf – no qual afirma:

―Assim, entendemos que o dispositivo (art. 232 da CF) visou garantir o direito dos ín-
dios e de suas comunidades ao acesso à justiça, de forma independente, reconhecendo-
os como legíti-mos integrantes e participantes do Estado Democrático de Direito‖. No
qual ele completa, dispondo das funções do Ministério Público: ―[...] o constituinte não
se referiu a ―índios e suas comunidades ou organizações‖, como o fez no art.232, mas
951
tão somente à ―populações indígenas‖, consagrando, a nosso ver, a defesa, pelo Ministé-
rio Público, de interesses coletivos relativos aos índios, interesses que, por sua natureza,
tenham importância para as comunidades indígenas como um todo, e que, ao final, afi-
gurar-se-ão também como interesses da sociedade em geral.

Portanto, deverá o Ministério Público defender judicialmente as populações indígenas


quando estiver em jogo um interesse não apenas de um índio ou grupo indígena especí-
fico, mas um interesse que se reflita e tenha importância para a sociedade como um to-
do, isto é, o chamado ―interesse público primário‖, [...]‖.

18) Quais os objetivos fundamentais da nossa República?

Resposta:

―Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II - garantir o desenvolvimento nacional;

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regio-


nais;

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação‖.

19) Quais os fundamentos do Estado brasileiro?

Resposta:

―Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados
e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e
tem como fundamentos:

I - a soberania;

II - a cidadania;

III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V - o pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes
eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição‖.
952
20) Quais são as formas de exercício do poder popular?

Resposta:

Da Constituição ―Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e
pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:

I - plebiscito;

II - referendo;

III - iniciativa popular‖.

21) Dentro dos objetivos de promoção da igualdade, fale das cotas de acesso.

Resposta:

A fim de promover a igualdade material, o Congresso editou diversas normas a fim de


melhor corrigir injustiças sociais, algumas supostamente históricas. O STF declarou, por
meio da ADPF 186, a constitucionalidade das ações afirmativas, no caso na UnB, a fim
de corrigir injustiças históricas e possibilitar a população negra o acesso à Universidade.
Não sem fundamento, o Ministro Gilmar Mendes apontou, mesmo votando a favor da
constitucionalidade, que o critério exclusivamente racial pode, a seu ver, resultar em
situações indesejáveis, como permitir que negros de boa condição socioeconômica e de
estudo se beneficiem das cotas. O STF no RE 597285, novamente tratando do assunto,
reafirma a constitucionalidade dos sistemas de cotas raciais nas universidades públicas.

Por sua vez, o STF declarou, por meio da ADI 3330 e da ADI 3314, a constitucionali-
dade do PROUNI, sistema que garante bolsas a estudantes em instituição de ensino su-
perior, mediante isenção fiscal, com o fim de corrigir injustiças sociais.

Há ainda outra política que merece ser destacada, prevista no art. 93 da Lei 8.213/1991,
referente ao acesso no mercado de trabalho por pessoas com necessidades especiais.

22) Quais os princípios regentes das relações internacionais da nossa República?

Resposta:

―Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos
seguintes princípios:

I - independência nacional;

II - prevalência dos direitos humanos;

III - autodeterminação dos povos;


953
IV - não-intervenção;

V - igualdade entre os Estados;

VI - defesa da paz;

VII - solução pacífica dos conflitos;

VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;

IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;

X - concessão de asilo político.

Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica,


política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma co-
munidade latino-americana de nações‖.

23) Concessão de asilo político. Como tem sido usado no Brasil?

Resposta:

As relações internacionais no Brasil são regidas também pelo princípio da concessão de


asilo político (Art. 4º, X). O asilo político é uma forma de proteção concedida ao es-
trangeiro perseguido em seu território por delitos políticos, convicção religiosa, situação
racial, excluídos aqueles previstos na legislação penal comum. E, pode ser dividido em
duas espécies: diplomático e territorial.

O asilo político diplomático ocorre quando o Estado que o outorga o faz não em seu
território, mas no próprio território do Estado responsável pela perseguição do asilado,
em locais imunes à jurisdição deste, como embaixadas, consulados e representações
diplomáticas. Trata-se, em razão do seu caráter emergencial, de modalidade provisória
de asilo político, podendo convalidar-se em asilo territorial.

Por sua vez, o asilo territorial ocorre quando o Estado aceita a presença do estrangeiro
no seu território nacional. Trata-se de benefício concedido pelo Ministro da Justiça, por
prazo limitado, de no máximo dois anos, passível de renovação enquanto subsistem as
condições que o ensejaram. O instituto é regulado pela Convenção sobre Asilo Territo-
rial de 1954. Cabe destacar que não há obrigação do asilo diplomático se converter em
territorial. (STF nega a extradição de Cesare Battisti para Itália. Ministro da Justiça con-
cede-lhe asilo político: as nuanças jurídicas do caso concreto. CONJUR. disponível em:
(< http://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/590812/stf-nega-a-extradicao-de-cesare-battisti-
para-italia-ministro-da-justica-concede-lhe-asilo-politico-as-nuancas-juridicas-do-caso-
concreto >).

Quanto ao asilo, concedido a um extraditando o STF dispôs:

954
Quanto à extradição, cabe destacar que em um julgamento conturbado, pois houve con-
fusão sobre o teor do Voto do então Ministro Eros Grau, o STF, por meio da Extradição
(EXT) 1085 – ―Caso Battisti‖ –, o STF firmou posição ―que a decisão de deferimento
da extradição não vincula o Presidente da República‖. Entretanto, o Presidente da Re-
pública deve ―observar os termos do tratado celebrado com o Estado requerente, quan-
to à entrega do extraditando‖. No mesmo caso, o STF sedimentou que a nulidade abso-
luta na concessão de refúgio a um extraditando ―deve ser pronunciada, mediante provo-
cação ou de ofício, no processo de extradição‖ Assim como afirmou que ―[...] Não ca-
racteriza a hipótese legal de concessão de refúgio, consistente em fundado receio de
perseguição política, o pedido de extradição para regular execução de sentenças defi-
nitivas de condenação por crimes comuns, proferidas com observância do devido pro-
cesso legal, quando não há prova de nenhum fato capaz de justificar receio atual de
desrespeito às garantias constitucionais do condenado." (Ext 1.085, Rel. Min. Cezar
Peluso, julgamento em 16-12-2009, Plenário, DJE de 16-4-2010.)

Cabe destacar que existe diferença conceito e de alcance entre refúgio e asilo. O refúgio
é instituto de direito internacional global, vinculado, humanitário que pode alcançar
uma determinada coletividade, com clausulas de cessação, perda ou exclusão, enquanto
o asilo é instituto regional, discricionário, político, que alcança um indivíduo perseguido
em particular e não há clausulas de cessação, perda ou exclusão.

24) Havia na CF prazo para demarcação das terras indígenas?

Resposta:

Os Atos das Disposições Constitucionais Transitórias dispõe em seu art. 67:

―Art. 67. A União concluirá a demarcação das terras indígenas no prazo de cinco anos a
partir da promulgação da Constituição‖. Tal prazo, contudo, não foi respeitado. Sendo
que sobre tal disposição se manifestou o STF:

"Terras indígenas – Demarcação. O prazo previsto no art. 67 do ADCT não é peremp-


tório. Sinalizou simplesmente visão prognóstica sobre o término dos trabalhos de de-
marcação e, portanto, a realização destes em tempo razoável." (MS 24.566, Rel. Min.
Marco Aurélio, julgamento em 22-3-2004, Plenário, DJ de 28-5-2004.)

―EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. DE-


MARCAÇÃO DE TERRAS INDÍGENAS. ALEGAÇÃO DE NULIDADE DO PRO-
CESSO ADMINISTRATIVO DEMARCATÓRIO. INEXISTÊNCIA. DECRETO
1.775/1996. CONSTITUCIONALIDADE RECONHECIDA PELO SUPREMO TRI-
BUNAL FEDERAL. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA
AMPLA DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. RECURSO DESPROVIDO. I - Esta Corte
possui entendimento no sentido de que o marco temporal previsto no art. 67 do
ADCT não é decadencial, mas que se trata de um prazo programático para conclu-

955
são de demarcações de terras indígenas dentro de um período razoável. Preceden-
tes. II – O processo administrativo visando à demarcação de terras indígenas é regula-
mentado por legislação própria - Lei 6.001/1973 e Decreto 1.775/1996 - cujas regras já
foram declaradas constitucionais pelo Supremo Tribunal Federal. Precedentes. III – Não
há qualquer ofensa aos princípios do contraditório e da ampla defesa, pois conforme se
verifica nos autos, a recorrente teve oportunidade de se manifestar no processo adminis-
trativo e apresentar suas razões, que foram devidamente refutadas pela FUNAI. IV –
Recurso a que se nega provimento‖. (RMS 26212, Relator(a): Min. RICARDO LE-
WANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 03/05/2011, DJe-094 DIVULG 18-05-
2011 PUBLIC 19-05-2011 EMENT VOL-02525-02 PP-00290).

25) O índio pode postular pode postular judicialmente?

Resposta:

Desde que representado por advogado, pela FUNAI ou pelo Ministério Público, sim,
conforme resposta da QUESTÃO 17 DESTE TÓPICO.

26) O motor da Revolução Francesa tem alguma relação com as gerações de Direitos Huma-
nos? Já se esgotou a Revolução Francesa? Há mais quantas gerações de direitos humanos?
Direito à informação integra qual geração? Por que vem sendo assimilado o direito à informa-
ção aos Direitos Humanos?

Resposta:

Sim, a Revolução Francesa foi o primado dos Direitos Humanos, consagrando, por meio
da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789. Os direitos humanos de
primeira geração/dimensão, referente aos direitos civis e políticos, são os chamados
direitos negativos, no sentido de que o Estado deveria se abster de praticar quaisquer
atos que violassem aqueles direitos.

A Revolução Francesa, como evento histórico, já se findou. Contudo, o seu espírito


permanece vivo, por meio da Declaração Universal dos Direitos Humanos, e em todos
os movimentos populares de emancipação contra a tirania, tendo em vista o fato da evo-
lução das civilizações não se comportar de forma regular e retilínea para todos os povos
do planeta.

Já existem direitos de, no mínimo, quarta dimensões/gerações.

Sendo os de segunda dimensão advindos com as insurreições sociais, nacionais e traba-


lhistas do fim do Séc. XIX. Essa geração é constituída pelos direitos econômicos, soci-
ais e culturais, sendo as obrigações positivas do Estado, pois tem a finalidade de obrigar
o Estado a prestar e garantir os direitos ao trabalho, à habitação, à saúde, educação e
inclusive o lazer.

956
Os direitos de terceira geração são referentes aos direitos difusos e coletivos, são os
direitos de fraternidade ou solidariedade, da qual não se consegue determinar de forma
objetiva quem são todos por ele atingidos; desse grupo, são os direitos direito à paz, à
autodeterminação dos povos, ao meio ambiente, à qualidade de vida, à utilização e con-
servação do patrimônio histórico e cultural e o direito à comunicação.

Os direitos de quarta e quinta geração, discutidos por Paulo Bonavides, surgiram no


fim do Séc. XX e início do Séc. XXI; os de quarta são referentes à bioética, à informa-
ção e à democracia e os de quinta são referentes à robótica e cibernética. Cabe destacar
que não há uma completa aceitação destas últimas gerações, pois os de quarta geração
estariam presentes nos direitos de primeira geração, enquanto os referentes a quinta es-
tariam situados na terceira geração. Há críticas, inclusive, se os direitos de quinta seriam
apenas uma extensão do da quarta.

O Direito à Informação integraria os Direitos de Quarta Geração. O direito à informação


decorre da necessidade da defesa da publicidade e da eficiência do ente estatal, assim
como da proteção do indivíduo, conforme leciona o STF:

―Ementa: SUSPENSÃO DE SEGURANÇA. ACÓRDÃOS QUE IMPEDIAM A DI-


VULGAÇÃO, EM SÍTIO ELETRÔNICO OFICIAL, DE INFORMAÇÕES FUNCIO-
NAIS DE SERVIDORES PÚBLICOS, INCLUSIVE A RESPECTIVA REMUNERA-
ÇÃO. DEFERIMENTO DA MEDIDA DE SUSPENSÃO PELO PRESIDENTE DO
STF. AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO APARENTE DE NORMAS CONSTI-
TUCIONAIS. DIREITO À INFORMAÇÃO DE ATOS ESTATAIS, NELES EMBU-
TIDA A FOLHA DE PAGAMENTO DE ÓRGÃOS E ENTIDADES PÚBLICAS.
PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE ADMINISTRATIVA. NÃO RECONHECIMENTO
DE VIOLAÇÃO À PRIVACIDADE, INTIMIDADE E SEGURANÇA DE SERVIDOR
PÚBLICO. AGRAVOS DESPROVIDOS. 1. Caso em que a situação específica dos
servidores públicos é regida pela 1ª parte do inciso XXXIII do art. 5º da Constituição.
Sua remuneração bruta, cargos e funções por eles titularizados, órgãos de sua formal
lotação, tudo é constitutivo de informação de interesse coletivo ou geral. Expondo-se,
portanto, a divulgação oficial. Sem que a intimidade deles, vida privada e segurança
pessoal e familiar se encaixem nas exceções de que trata a parte derradeira do mesmo
dispositivo constitucional (inciso XXXIII do art. 5º), pois o fato é que não estão em
jogo nem a segurança do Estado nem do conjunto da sociedade. 2. Não cabe, no caso,
falar de intimidade ou de vida privada, pois os dados, objeto da divulgação em causa
dizem respeito a agentes públicos enquanto agentes públicos mesmos; ou, na linguagem
da própria Constituição, agentes estatais agindo ―nessa qualidade‖ (§6º do art. 37). E
quanto à segurança física ou corporal dos servidores, seja pessoal, seja familiarmente,
claro que ela resultará um tanto ou quanto fragilizada com a divulgação nominalizada
dos dados em debate, mas é um tipo de risco pessoal e familiar que se atenua com a
proibição de se revelar o endereço residencial, o CPF e a CI de cada servidor. No mais,
é o preço que se paga pela opção por uma carreira pública no seio de um Estado repu-
blicano. 3. A prevalência do princípio da publicidade administrativa outra coisa não é
957
senão um dos mais altaneiros modos de concretizar a República enquanto forma de go-
verno. Se, por um lado, há um necessário modo republicano de administrar o Estado
brasileiro, de outra parte é a cidadania mesma que tem o direito de ver o seu Estado re-
publicanamente administrado. O ―como‖ se administra a coisa pública a preponderar
sobre o ―quem‖ administra – falaria Norberto Bobbio -, e o fato é que esse modo públi-
co de gerir a máquina estatal é elemento conceitual da nossa República. O olho e a pál-
pebra da nossa fisionomia constitucional republicana. 4. A negativa de prevalência do
princípio da publicidade administrativa implicaria, no caso, inadmissível situação de
grave lesão à ordem pública. 5. Agravos Regimentais desprovidos‖. (SS 3902 AgR-
segundo, Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Tribunal Pleno, julgado em 09/06/2011,
DJe-189 DIVULG 30-09-2011 PUBLIC 03-10-2011 EMENT VOL-02599-01 PP-
00055)

27) Tendo em vista a vedação contida no art. 36, III da L.O.M., como entende esse dis-
positivo à luz do texto constitucional? Esse dispositivo/vedação é inconstitucional
quando se observa que a Constituição garante a livre manifestação de pensamento, à
liberdade de expressão, a condição de o juiz não poder se manifestar por vedação ex-
pressa da lei? Ou é razoável?

Resposta:

Sobre essa questão, o STF já decidiu:

―COMPETÊNCIA - HABEAS-CORPUS - ATO DE TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Na


dicção da ilustrada maioria (seis votos a favor e cinco contra), em relação à qual guardo
reservas, compete ao Supremo Tribunal Federal julgar todo e qualquer habeas-corpus
impetrado contra ato de tribunal, tenha este, ou não, qualificação de superior. LEGITI-
MIDADE - ASSISTENTE DA ACUSAÇÃO - HABEAS-CORPUS. O assistente da
acusação, tal como o Estado-acusador, não possui legitimidade para opor-se a medida
formalizada em habeas-corpus, sendo descabida tal intervenção. IMPEDIMENTO -
ANTECIPAÇÃO DE JUÍZO. Constatando-se haver o magistrado emitido juízo de
valor sobre a controvérsia antes do momento propício, forçoso é concluir pelo res-
pectivo impedimento, a teor do disposto no artigo 36, inciso III, da Lei Orgânica da
Magistratura. Isso ocorre quando, no julgamento de embargos infringentes, revela
convencimento sobre matéria que lhe é estranha, porquanto somente passível de
ser examinada uma vez provido o recurso e apreciada a apelação que a veiculou‖.
(STF, HC 74203, 2ª. Turma, Min. Relator: Marco Aurélio Mello, DJ: 17/12/96).

Entendo que é razoável essa disposição ilegal, porquanto o magistrado, ao manifestar


juízo de valor em determinado sentido sobre processo pendente de julgamento, fará o
possível para julgar de forma a corroborar as suas conclusões, o que, evidentemente,
fragilizaria sua imparcialidade e, consequentemente, o devido processo legal. Do mes-
mo modo, ainda que não seja o julgador do processo, ou seja, um eventual julgador (em
caso de recurso), entendo que essas manifestações poderão resultar em sua parcialidade
958
em casos semelhantes, tudo para ratificar suas declarações, já que, certamente, será co-
brado, pela imprensa e pelos particulares, ainda que de modo informal, sobre a eventual
mudança de posicionamento.

28) E se (a manifestação for a respeito) for de algum processo pendente de algum colega ou de
um Tribunal? O magistrado poderia tecer alguma consideração dentro do conceito da liberda-
de de expressão?

Resposta:

Sobre essa questão, o Conselho Nacional de Justiça dispôs, tocando no assunto de cons-
titucionalidade:

―DEVER DE CONTENÇÃO VERBAL DO MAGISTRADO EM RELAÇÃO A JUL-


GAMENTOS E LIBERDADE DE EXPRESSÃO. EFICÁCIA DA REGRA DO ART.
36, III, DA LOMAN. – ―Os direitos fundamentais anunciados no art. 5º da CF, dentre
os quais se encontra o direito à livre expressão, não são direitos absolutos, mas restrin-
gíveis por lei quando vislumbre o legislador objetivo razoável. No caso do dever legal
de contenção verbal (LOMAN, art. 36, III), estão os magistrados sujeitos à vedação de
criticar, fora de obras acadêmicas ou do exercício do magistério, decisões judiciais. A
limitação encerra preocupação com a sistematicidade e respeitabilidade da ativi-
dade jurisdicional, que ficariam perturbadas se, a cada instante, cada decisão judi-
cial sofresse ataques de magistrados, gerando uma péssima sensação de inseguran-
ça coletiva partindo de quem, institucionalmente, tem papel permanente de pacifi-
cação social” (CNJ – PP 11928 – Rel. Cons. Antonio Umberto De Souza Junior – 54ª
Sessão – j. 18.12.2007 – DJU 08.02.2008).

29) Repúdio ao racismo e ao terrorismo. O que seria terrorismo?

Resposta:

Existe uma grande dificuldade de se determinar o que seria terrorismo no meio doutri-
nário, inclusive no âmbito do Direito Internacional. Embora o ato seja previsto como
crime, não há um conceito que o disponha. O crime é previsto na Lei de Segurança Na-
cional, Lei nº. 7.170/1983. Contudo, a doutrina entende que o mesmo não foi recepcio-
nado pela Constituição, exatamente por ser um tipo aberto, norma penal em branco.
Posição não aceita por Antônio Scarance, que é minoritária(SILVA, Emílio de Oliveira
e;MACHADO, Felipe Daniel Amorim.Uma Leitura Das Organizações Criminosas,
A Partir Da Legislação De Emergência. Disponível em:
<http://www.fdv.br/publicacoes/periodicos/revistadireitosegarantiasfundamentais
/n6/7.pdf >).

959
O Projeto De Lei Do Senado, Nº 236 de 2012, que trata do Novo Código Penal, procura
criminalizar, de fato, o terrorismo.

Sobre o terrorismo, o STF assim se pronunciou:

"O repúdio ao terrorismo: um compromisso ético-jurídico assumido pelo Brasil, quer


em face de sua própria Constituição, quer perante a comunidade internacional. Os atos
delituosos de natureza terrorista, considerados os parâmetros consagrados pela vigente
CR, não se subsumem à noção de criminalidade política, pois a Lei Fundamental pro-
clamou o repúdio ao terrorismo como um dos princípios essenciais que devem reger o
Estado brasileiro em suas relações internacionais (CF, art. 4º, VIII), além de haver qua-
lificado o terrorismo, para efeito de repressão interna, como crime equiparável aos deli-
tos hediondos, o que o expõe, sob tal perspectiva, a tratamento jurídico impregnado de
máximo rigor, tornando-o inafiançável e insuscetível da clemência soberana do Estado e
reduzindo-o, ainda, à dimensão ordinária dos crimes meramente comuns (CF, art. 5º,
XLIII). A CR, presentes tais vetores interpretativos (CF, art. 4º, VIII, e art. 5º, XLIII),
não autoriza que se outorgue, às práticas delituosas de caráter terrorista, o mesmo trata-
mento benigno dispensado ao autor de crimes políticos ou de opinião, impedindo, desse
modo, que se venha a estabelecer, em torno do terrorista, um inadmissível círculo de
proteção que o faça imune ao poder extradicional do Estado brasileiro, notadamente se
se tiver em consideração a relevantíssima circunstância de que a Assembleia Nacional
Constituinte formulou um claro e inequívoco juízo de desvalor em relação a quaisquer
atos delituosos revestidos de índole terrorista, a estes não reconhecendo a dignidade de
que muitas vezes se acha impregnada a prática da criminalidade política." (Ext 855, Rel.
Min. Celso de Mello, julgamento em 26-8-2004, Plenário, DJ de 1º-7-2005.).

30) A alteração que adveio em 2010 coloca no capítulo da família: a criança, o adolescente do
jovem e o idoso. Haveria conceituação para cada um destes estágios etários? O jovem entraria
neste tópico como sendo o quê? Qualquer um desses poderia ser “o jovem”? Ou há alguma
conceituação precisa?

Resposta:

O conceito jurídico da criança e do adolescente está previsto no Estatuto da Criança e


do adolescente: ―Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até
doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de ida-
de‖. Por sua vez, o conceito de Idoso está previsto em seu estatuto próprio, o Estatuto
do Idoso, no Art. 1º ―É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos
assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos‖. Quanto ao
idoso cabe destacar que para o mesmo gozar benefícios da lei penal o mesmo terá de
possuir 70 anos, para obter a redução de metade dos prazos de prescrição quando da
sentença (art. 115 do CP), assim como, para obter direito a prisão domiciliar (art. 117, II
do CP), conforme ensina o STJ no HC 200902349526.

960
Contudo ainda não há previsão legal para o que seria jovem, é certo que nenhum desses
outros grupos poderia ser considerado como jovem, pois não há legislação que assim o
determine. Ressalta-se que tal conceito tem sido discutido no Congresso no anteprojeto
do Estatuto da Juventude (PL 4529/2004), que dispõe que jovem seria entre quinze e
vinte nove anos, mas é certo o grande debate sobre tal conceito. Como bem aponta a
doutrina:

―O reconhecimento da ONU de que o termo juventude é variável em todo o mundo abre


espaço para que no Brasil adotemos uma definição que reflita nossa realidade. Nesse
sentido, propomos que se considere como jovem as pessoas com idade entre 18 e 25
anos.

Para todos os efeitos jurídicos, essa conceituação, de um lado, tem a vantagem de não
conflitar com o Estatuto da Criança e do Adolescente e, de outro, incorpora conceitos
consagrados no Código Civil de 2002, como o de menoridade, que cessa aos dezoito
anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil‖
(BARRIENTOS-PARRA, Jorge. O estatuto da juventude: instrumento para o de-
senvolvimento integral do jovem. Disponível em:
<http://www.uje.com.br/estatutodajuventude/arquivos/EstatutodaJuventudecomentado.
pdf>. acesso em: 6 ago. 2011. p.133).

31) A censura é admissível no Brasil?

Resposta:

A Constituição asseverou no art. 5º, IX, que a manifestação intelectual, artística, cientí-
fica e de comunicação, independe de censura ou licença. Por sua vez, o art. 220 e seus
parágrafos vedam qualquer forma de censura.

Mas é importante destacar que a Constituição no mesmo art. 220 e no art. 221, restrin-
gem tal liberdade em favor de outros princípios, contudo, nenhuma dessas restrições é
prévia, é censura.

Como bem dispôs o STF:

―Não cabe ao Estado, por qualquer dos seus órgãos, definir previamente o que pode
ou o que não pode ser dito por indivíduos e jornalistas. Dever de omissão que inclui
a própria atividade legislativa, pois é vedado à lei dispor sobre o núcleo duro das ativi-
dades jornalísticas, assim entendidas as coordenadas de tempo e de conteúdo da mani-
festação do pensamento, da informação e da criação lato sensu. Vale dizer: não há li-
berdade de imprensa pela metade ou sob as tenazes da censura prévia, pouco im-
portando o poder estatal de que ela provenha. Isso porque a liberdade de imprensa
não é uma bolha normativa ou uma fórmula prescritiva oca. Tem conteúdo, e esse con-
teúdo é formado pelo rol de liberdades que se lê a partir da cabeça do art. 220 da CF:
961
liberdade de ‗manifestação do pensamento‘, liberdade de ‗criação‘, liberdade de ‗ex-
pressão‘, liberdade de ‗informação‘. Liberdades constitutivas de verdadeiros bens de
personalidade, porquanto correspondentes aos seguintes direitos que o art. 5º da nossa
Constituição intitula de ‗Fundamentais‘: ‗livre manifestação do pensamento‘ (inciso
IV); ‗livre (...) expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação‘
(inciso IX); ‗acesso a informação‘ (inciso XIV). (...) A crítica jornalística, em geral,
pela sua relação de inerência com o interesse público, não é aprioristicamente suscetível
de censura. Isso porque é da essência das atividades de imprensa operar como formado-
ra de opinião pública, lócus do pensamento crítico e necessário contraponto à versão
oficial das coisas, conforme decisão majoritária do STF na ADPF 130. [...] (ADI 4.451-
MC-REF, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 2-9-2010, Plenário, DJE de 1º-7-
2011.) Vide: ADPF 130, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 30-4-2009, Plenário,
DJE de 6-11-2009.

Por tal razão o Plenário do STF, no julgamento da ADPF 130, declarou como não re-
cepcionado pela Constituição de 1988 todo o conjunto de dispositivos da Lei de Im-
prensa (Lei 5.250/1967), pois impunha sanções ao direito da expressão jornalística. E
tratou também das sanções possíveis ao abuso ao direito de expressão, informação e
jornalismo:

"O art. 220 é de instantânea observância quanto ao desfrute das liberdades de pensa-
mento, criação, expressão e informação que, de alguma forma, se veiculem pelos órgãos
de comuni-cação social. Isso sem prejuízo da aplicabilidade dos seguintes incisos do art.
5º da mesma CF: vedação do anonimato (parte final do inciso IV); do direito de resposta
(inciso V); direito à indenização por dano material ou moral à intimidade, à vida priva-
da, à honra e à imagem das pessoas (inciso X); livre exercício de qualquer trabalho,
ofício ou profissão, atendidas as quali-ficações profissionais que a lei estabelecer (inciso
XIII); direito ao resguardo do sigilo da fonte de informação, quando necessário ao exer-
cício profissional (inciso XIV). (...) Tirante, unicamente, as restrições que a Lei Funda-
mental de 1988 prevê para o ‗estado de sítio‘ (art. 139), o Poder Público somente pode
dispor sobre matérias lateral ou reflexamente de imprensa, respeitada sempre a ideia-
força de que ‗quem quer que seja tem o direito de dizer o que quer que seja‘. Logo, não
cabe ao Estado, por qualquer dos seus órgãos, definir previamente o que pode ou o
que não pode ser dito por indivíduos e jornalistas. As matérias reflexamente de im-
prensa, suscetíveis, portanto, de conformação legislativa, são as indicadas pela própria
Constituição, tais como: direitos de resposta e de indenização, proporcionais ao agravo;
proteção do sigilo da fonte (‗quando necessário ao exercício profissional‘); responsabi-
lidade penal por calúnia, injúria e difamação; diversões e espetáculos públicos; estabe-
lecimento dos ‗meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se de-
fenderem de programas ou programações de rádio e televisão que contrariem o disposto
no art. 221, bem como da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser
nocivos à saúde e ao meio ambiente‘ (inciso II do § 3º do art. 220 da CF); independên-
cia e proteção remuneratória dos profissionais de imprensa como elementos de sua pró-
pria qualificação técnica (inciso XIII do art. 5º); participação do capital estrangeiro nas
962
empresas de comunicação social (§ 4º do art. 222 da CF); composição e funcionamento
do Conselho de Comunicação Social (art. 224 da Constituição)." (ADPF 130, Rel. Min.
Ayres Britto, julgamento em 30-4-2009, Plenário, DJE de 6-11-2009.) No mesmo senti-
do: Rcl 11.305, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 20-10-2011, Plenário, DJE de
8-11-2011. Vide: ADI 4.451-MC-REF, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 2-9-
2010, Plenário, DJE de 1º-7-2011.

Cabe destacar que existem decisões no país que censuram matérias jornalísticas, basea-
das no direito de personalidade, mas nenhuma ainda foi julgada pelo STF.

32) Possível contestar perante o Poder Judiciário decisão da Justiça Desportiva?

Resposta:

Sim, mas impõe como condição de interesse, o esgotamento administrativo do litígio


desportivo, conforme previsão expressa da Constituição: ―Art. 217: [...] § 1º - O Poder
Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após
esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei‖. Condição essa cons-
titucional conforme ADI 2.139-MC e ADI 2.160-MC (voto do Rel. p/ o ac. Min. Marco
Aurélio, julgamento em 13-5-2009, Plenário, DJE de 23-10-2009), tal acordão salienta
que a Constituição impôs limitações, como o exaurimento da via administrativa, em
determinados casos, para que surja o interesse de agir, como condição da ação.

33) Que inovação a Constituição trouxe em relação à instituição universitária?

Resposta:
Sem dúvida é a prevista no art. 207 da Constituição que dispõe: ―Art. 207. As universi-
dades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira
e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e
extensão‖.

Contudo, como bem entendeu o STF, tal autonomia não é ilimitada:

"As universidades públicas são dotadas de autonomia suficiente para gerir seu pessoal,
bem como o próprio patrimônio financeiro. O exercício desta autonomia não pode,
contudo, sobrepor-se ao quanto dispõem a Constituição e as leis (art. 207 da
CB/1988). Precedentes: RE 83.962, rel. min. Soares Muñoz, DJ de 17-4-1979, e ADI
1.599-MC, rel. min. Maurício Corrêa, DJ de 18-5-2001. As universidades públicas fede-
rais, entidades da administração indireta, são constituídas sob a forma de autarquias ou
fundações públicas. Seus atos, além de sofrerem a fiscalização do TCU, submetem-se
ao controle interno exercido pelo Ministério da Educação (MEC). Embora as universi-
dades públicas federais não se encontrem subordinadas ao MEC, determinada relação
jurídica as vincula ao Ministério, o que enseja o controle interno de alguns de seus atos

963
(arts. 19 e 25, I, do DL 200/1967). Os órgãos da administração pública não podem de-
terminar a suspensão do pagamento de vantagem incorporada aos vencimentos de servi-
dores quando protegido pelos efeitos da coisa julgada, ainda que contrária à jurispru-
dência. (...) Não há ilegalidade nem violação da autonomia financeira e administrativa,
garantida pelo art. 207 da Constituição, no ato do ministro da Educação que, em obser-
vância aos preceitos legais, determina o reexame de decisão, de determinada universi-
dade, que concedeu extensão administrativa de decisão judicial (arts. 1º e 2º do Decreto
73.529/1974, vigente à época)." (RMS 22.047-AgR, rel. min. Eros Grau, julgamento em
21-2-2006, Primeira Turma, DJ de 31-3-2006.)

34) Anistia política no ADCT, como é tratada?

Resposta:

Como bem ensinou o Supremo Tribunal Federal:

"A anistia referida nos arts. 8º e 9º do ADCT foi prevista em benefício daqueles que
foram vítimas de atos de ‗exceção, institucionais ou complementares‘ que, de alguma
forma, sofreram prejuízos em suas atividades profissionais, em seus direitos ou por mo-
tivos políticos, mesmo que trabalhadores da iniciativa privada, dirigentes e representan-
tes sindicais. A anistia dos arts. 8º e 9º do ADCT tem índole político-institucional e,
por essa mesma natureza, sua competência de concessão legislativa é exclusiva do po-
der constituinte originário federal. Isso porque, muito embora seja previsão importante
do ponto de vista da compensação financeira das vítimas de atos de exceção, constitui-
se também na aceitação excepcional de uma responsabilidade civil extraordinária do
Estado, quanto aos atos políticos do passado. Essa repercussão política e financeira
quando da concessão de anistia reveste o ato de absoluta excepcionalidade e, por isso,
não é possível que norma constitucional estadual amplie tal benefício." (ADI 2.639, Rel.
Min. Nelson Jobim, julgamento em 8-2-2006, Plenário, DJ de 4-8-2006.).

35) A decisão do STF que atinge agentes do Estado, está correta?

Resposta:

O Supremo Tribunal Federal julgou a Constitucionalidade da Lei de Anistia (Lei nº.


6.683/1979). Na qual declararam que a mesma foi recebida pela Constituição.

Afirmando que a referida LEI seria bilateral, atingiriam tanto os agentes de Estado co-
mo as pessoas que contra eles se levantaram, sendo uma decisão política e conciliatória,
nascida e elaborada no seio do Legislativo. Sendo fruto de seu tempo, no seu período
tem de ser analisado (Leis-Medida), não podendo ser abrangidas por convenções inter-
nacionais posteriores. Cabendo ao Legislativo, caso queria, rever seus preceitos (ADPF
153 / DF).

964
A Corte Interamericana de Direitos Humanos no caso ―Julia Gomes Lund e outros‖ (ca-
so ―Guerrilha do Araguaia‖) versus Brasil decidiu em sentença de 24.11.10, publicada
em 14.12.10, que a Lei de Anistia não comungava com a Convenção Americana sobre
Direitos Humanos, entre outros ordenamentos, assim como entendeu que a então ausên-
cia ao acesso à informação, por impossibilidade acessar os documentos do período, esta-
ria sendo dificultado, o que feriria o direito das famílias (CIDH_CP-19/10 PORTU-
GUÊSCOMUNICADO DE IMPRENAS. Disponível em:
<http://www.corteidh.or.cr/docs/comunicados/cp_19_10_por.pdf>)

Recentemente, o Ministério Público Federal do Pará denunciou o coronel da reserva do


Exército brasileiro Sebastião Curió Rodrigues de Moura (0006231-92.2012.4.01.3901)
e o major da reserva Lício Augusto Maciel (0006232-77.2012.4.01.3901) por sequestro
qualificado, com vítimas ainda desaparecidas, o que tornaria o crime permanente. Pelo
fato de os corpos não terem sido encontrados ainda, os crimes se prolongam no tempo
(crimes permanentes) e considerando que a Lei de Anistia contemplou apenas um perí-
odo,esses fatos não estariam abrangidos pela decisão do STF ou a Lei de anistia.

Mas é certo que ainda haverá a discussão se a anistia recairia sobre esses crimes de na-
tureza permanente, pois, como tal, eles se estenderam mesmo sobre a vigência da atual
Constituição.

De outra feita, o Brasil tenta, por meio da Comissão da Verdade (12.528/2012), da Lei
de Acesso à Informação (12.527/2012) e por meio da Lei das indenizações a persegui-
dos (9.140/1995), encontrar a verdade histórica sobre os fatos daquela época.

36) Diferenças entre garantias e prerrogativas da magistratura.

Resposta:

A Lei Orgânica da Magistratura separa as garantias das prerrogativas, contudo o fim


manifesto de ambas é a coletividade. Ambas funcionam como instrumentos disponíveis
ao juiz para que possa desempenhar, efetivamente, seu mister, que é julgar. As garantias
protegem a Independência da atuação jurisdicional do Magistrado ao conceder-lhe vita-
liciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos. Por sua vez, as prerrogati-
vas são benefícios advindos do cargo para o bom exercício da função e da integridade
do Magistrado.

37) Há exceção à garantia da inamovibilidade? Qual o requisito para isso? Disciplinar? Interes-
se público?

Resposta:

Sim, estão previstos no art. 93 da Constituição:

965
―VIII - o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por interesse
público, fundar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou
do Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa; (Redação da EC 45/2004)

VIIIA - a remoção a pedido ou a permuta de magistrados de comarca de igual entrância


atenderá, no que couber, ao disposto nas alíneas a , b , c e e do inciso II; (EC nº
45/2004)‖.

Quanto à competência do CNJ sobre o caráter disciplinar, o STF asseverou que ele é
plenamente possível, só que não poderá inovar em normas, além das já instituídas pela
Loman e pela Constituição:

"O Plenário concluiu julgamento de referendo em medida cautelar em ação direta de


inconstitucionalidade ajuizada (...) contra a Resolução 135/2011 do Conselho Nacional
de Justiça (CNJ). (...) A Min. Rosa Weber reiterou que o redesenho do Poder Judiciário
promovido pela EC 45/2004 imporia releitura sistemática das normas constitucionais e
infraconstitucionais envolvidas nesta ação, inclusive a Loman, à luz do novo paradigma
instituído a partir da criação do CNJ. Assim, tendo em conta a regra de transição do art.
5º, § 2º, da referida emenda, a qual embasaria a Resolução 135/2011, asseverou que,
enquanto não editado o Estatuto da Magistratura, a uniformização das regras referentes
aos procedimentos administrativos disciplinares aplicáveis aos juízes representaria con-
ditiosine qua non à plena efetividade da missão institucional do Conselho. (...) No que
concerne ao § 1º do art. 15 (...), o Colegiado referendou, também por votação majoritá-
ria, a liminar concedida. Aduziu-se tratar-se de nova hipótese cautelar de afastamento de
magistrado do cargo. Realçou-se que eventual restrição às garantias da inamovibilidade
e da vitaliciedade exigiria a edição de lei em sentido formal e material, sob pena de o-
fensa aos princípios da legalidade e do devido processo. (...) Na sequência, relativamen-
te ao parágrafo único do art. 21 (...), o Tribunal, por maioria, deu interpretação confor-
me a Constituição para entender que deve haver votação específica de cada uma das
penas disciplinares aplicáveis a magistrados até que se alcance a maioria absoluta dos
votos, conforme preconizado no art. 93, VIII, da CF." (ADI 4.638-REF-MC, Rel. Min.
Marco Aurélio, julgamento em 8-2-2012, Plenário, Informativo 654.).

Quanto à necessidade de observação aos ditames constitucionais sobre a remoção pre-


vista no inciso VIII-A:

―O Plenário concluiu julgamento de ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pelo


Conse-lho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil contra a Lei 6.806/2007 do Es-
tado de Alagoas, que criara a 17ª Vara Criminal da capital, atribuindo-lhe competência
exclusiva para processar e julgar delitos praticados por organizações criminosas dentro
do território alagoano – v. Informativo 667. (...) No que concerne ao art. 2º, segunda
parte (...), declarou-se sua inconstitucionalidade. Enfatizou-se a inobservância do que
preconizado no art. 93, II e VIII-A, da CF, bem como afronta à garantia de inamovibili-
dade dos magistrados. Elucidou-se a importância da independência dos juízes como
966
garantia de justiça. Nesse sentido, o magistrado inamovível não poderia ser dispensado
ou transferido segundo o poder discricionário da autoridade administrativa. Ressurtiu-se
que o sistema de remuneração, promoção e remoção dos juízes deveria atender a parâ-
metros preestabelecidos, fixados pela Constituição. Assim, a nomeação de magistrado,
para a titularidade da 17ª Vara, por meio de simples indicação e nomeação, de forma
política, pelo presidente do Tribunal, com aprovação do Pleno, afastaria os critérios
constitucionais e enfraqueceria a instituição. Ademais, a fixação de mandato para a titu-
laridade de vara criminal iria de encontro à identidade física do juiz (CPP, art. 399, §
2º), porquanto, especialmente nas causas a envolver crime organizado, a limitação tem-
poral da atividade do julgador inviabilizaria que ele fosse o mesmo perante o qual pro-
duzidas as provas e conduzidos os debates. No ponto, dessumiu-se que o princípio da
oralidade estaria obstaculizado, de igual modo, pela lei alagoana.‖ (ADI 4.414, Rel.
Min. Luiz Fux, julgamento em 31-5-2012, Plenário, Informativo 668.).

Como requisito tem a decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do
Conselho Nacional de Justiça. Movido pelo interesse publicou e/ou disciplinar, confor-
me regulação prevista na Lei Orgânica da Magistratura.

38) Quando figurar um Estado estrangeiro na relação processual, quem julga? (depende da
outra parte)

Resposta:

Depende da parte.

Será competência do STF, quando, conforme o art. 102, I, e: ―e) o litígio entre Estado
estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Ter-
ritório‖.

Será competência dos Juízes federais, quando, conforme o art. 109:

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

[...]

II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pes-


soa domiciliada ou residente no País;

III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou


organismo internacional;

Cabe destacar a Competência do STJ para julgar os recursos ordinários:

―Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:

[...]

967
II - julgar, em recurso ordinário:

[...]

c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um


lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País‖;

39) Quais as funções essenciais à justiça?

Resposta:

De acordo com a Constituição são o Ministério Público (art. 127); a Advocacia Pública
(art. 131); a Advocacia (art. 133) e a Defensoria Pública (art. 134).

40) O TRF pode julgar recurso de sentença de juiz estadual? Quais os casos?

Resposta:

Sim. Ele pode julgar nos casos previstos no art.109, §3º e 4º da Constituição e nos casos
previstos no art. 15 da Lei nº. 5.010/1966.

Do Art. 109:

―[...]

§ 3º - Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segura-


dos ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e
segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada
essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e jul-
gadas pela justiça estadual.

§ 4º - Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal


Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau‖.

Do referido art. 15:

―Art. 15. Nas Comarcas do interior onde não funcionar Vara da Justiça Federal (artigo
12), os Juízes Estaduais são competentes para processar e julgar:

I - os executivos fiscais da União e de suas autarquias, ajuizados contra devedores do-


miciliados nas respectivas Comarcas; (Vide Decreto-Lei nº 488, de 1969).

II - as vistorias e justificações destinadas a fazer prova perante a administração federal,


centralizada ou autárquica, quando o requerente fôr domiciliado na Comarca; (Vide
Decreto-Lei nº 488, de 1969).

968
III - os feitos ajuizados contra instituições previdenciárias por segurados ou beneficiá-
rios residentes na Comarca, que se referirem a benefícios de natureza pecuniária. (Vide
Decreto-Lei nº 488, de 1969).

IV - as ações de qualquer natureza, inclusive os processos acessórios e incidentes a elas


relativos, propostas por sociedades de economia mista com participação majoritária
federal contra pessoas domiciliadas na Comarca, ou que versem sôbre bens nela situa-
dos. (Incluído pelo Decreto-Lei nº 30, de 1966).

Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no art. 42 desta Lei e no art. 1.213 do Código
de Processo Civil, poderão os Juízes e auxiliares da Justiça Federal praticar atos e dili-
gências processuais no território de qualquer dos Municípios abrangidos pela seção,
subseção ou circunscrição da respectiva Vara Federal. (Incluído pela Lei nº 10.772, de
21.11.2003)‖ .

Sobre esse assunto o STJ editou a Súmula nº. 55: ―Tribunal Regional Federal não é
competente para julgar recurso de decisão proferida por Juiz estadual não investido de
jurisdição federal‖.

Contudo, cabe destacar que tal disposição não se aplica no âmbito dos juizados especial,
conforme corrente majoritária do Superior Tribunal de Justiça, pois, não haveria compe-
tência delegada no âmbito do Juizado, por tal razão o Juízo estadual não poderia aplicar
decisões nesse âmbito e por consequência o TRF ou suas turmas recursais não poderiam
julgar:

―RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. APLICAÇÃO DO RITO ESPECIAL


DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS ÀS CAUSAS JULGADAS PELO JUIZ DE
DIREITO INVESTIDO DE JURISDIÇÃO FEDERAL. IMPOSSIBILIDADE. VEDA-
ÇÃO EXPRESSA CONTIDA NO ARTIGO 20 DA LEI Nº 10.259/2001. 1. Em razão
do próprio regramento constitucional e infraconstitucional, não há competência fede-
ral delegada no âmbito dos Juizados Especiais Estaduais, nem o Juízo Estadual,
investido de competência federal delegada (artigo 109, parágrafo 3º, da Constituição
Federal), pode aplicar, em matéria previdenciária, o rito de competência do Juiza-
do Especial Federal, diante da vedação expressa contida no artigo 20 da Lei nº
10.259/2001. 2. Recurso especial provido‖. (RESP 200400681478, NILSON NAVES,
STJ - SEXTA TURMA, DJE DATA:30/03/2009 RSTJ VOL.:00214 PG:00491.).

PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA ATO JUDICIAL


DE JUIZADO ESPECIAL. TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL. INCOMPETÊNCIA
ABSOLUTA. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. DECLARAÇÃO DE OFÍCIO. LEI
10.259/01. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO NO ÂMBITO DA JUSTIÇA ES-
TADUAL. PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO. ILEGITIMIDADE DE
SER PARTE EM JUIZADO ESPECIAL ESTADUAL. ART. 8º DA LEI 9.099/95.
COMPETÊNCIA DAS TURMAS RECURSAIS PARA O JULGAMENTO DO
"WRIT". PRECEDENTES. [...] IV - O art. 20 da Lei nº 10.259/01, que regula a insti-
969
tuição dos Juizados Cíveis e Criminais Federais, estabelece ser vedada a aplicação
desta Lei no âmbito do juízo estadual.A referida Lei não delegou aos Juizados Es-
peciais Estaduais competência para processar e julgar, nas comarcas que não dis-
ponham de Varas Federais, causas em que forem parte instituição de previdência
social e segurado. V - A vedação prevista no artigo 20 da Lei nº 10.259/01 somente
poderá ser removida se for declarada a sua inconstitucionalidade, no foro e procedimen-
to previstos no artigo 97 da Constituição Federal c/c os artigos 480 e seguintes do Códi-
go de Processo Civil. Nenhum Tribunal pode deixar de aplicar a lei, sem declarar-lhe a
inconstitucionalidade. VI - A teor do artigo 8º da Lei 9.099/95 (aplicável aos Juizados
Especiais Federais, por força do artigo 1º da Lei 10.259/01), as pessoas jurídicas de di-
reito público não podem ser partes em ação processada perante nos Juizados Especiais
Estaduais. VII - Não há que se falar em inviabilização do acesso à justiça, tendo em
vista que permanece garantido ao segurado o direito de propor ação contra o Instituto
Previdenciário no seu domicílio, somente não podendo a ação ser proposta sob o rito do
juizado especial. VIII - Os Juizados Especiais Federais foram instituídos no pressuposto
de que as respectivas causas seriam resolvidas no âmbito de sua jurisdição. De outro
modo, sua criação não teria sentido. IX - Consoante entendimento desta Corte, compete
às Turmas Recursais o processamento e julgamento de mandado de segurança impetra-
do contra ato de Juizado Especial. Precedentes. X - Declaração de ofício da incompe-
tência do Eg. Tribunal Regional Federal da 1ª Região para o processamento e julgamen-
to do mandamus, com a anulação de todos os atos decisórios e remessa dos autos para a
Turma Recursal Federal que jurisdiciona a Comarca de Santa Inês/MA. (ROMS
200400802243, GILSON DIPP, STJ - QUINTA TURMA, DJ DATA:28/02/2005
PG:00341 RSTJ VOL.:00190 PG:00547.).

Eis o posicionamento minoritário:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ORDINÁRIO EM MAN-


DADO DE SEGURANÇA. IMPETRAÇÃO DO MANDAMUS CONTRA ATO DE
JUIZ SINGULAR DO JUIZADO ESPECIAL. CABIMENTO. EXTINÇÃO DO PRO-
CESSO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO. REFORMA DO JULGADO. POSSIBI-
LIDADE DE CONHECIMENTO DA MATÉRIA MERITÓRIA POR ESTA CORTE.
PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS DO ART. 515, § 3º, DO CPC. AÇÃO PRE-
VIDENCIÁRIA AJUIZADA NO JUIZADO ESPECIAL ESTADUAL. UTILIZAÇÃO
DO RITO DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL. POSSIBILIDADE. VEDAÇÃO DO
ART. 20 DA LEI N.º 10.259/2001. NÃO-APLICAÇÃO ÀS CAUSAS PREVIDENCI-
ÁRIAS. ART. 109, § 3º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 1. Cabível a impetração do
mandado de segurança contra decisão irrecorrível de Juiz singular do Juizado Especial.
2. Presentes os pressupostos estabelecidos no § 3º, do art. 515 do Código de Processo
Civil, aplica-o por analogia ao recurso ordinário de mandado de segurança, apreciando-
se, portanto, desde logo o mérito da impetração. 3. A proibição expressa na parte fi-
nal do art. 20 da Lei dos Juizados Especiais Federais não se aplica às causas previ-
denciárias, diante do que dispõe o § 3º, do art. 109 da Carta Magna. Precedente
desta Corte. 4. Na interpretação do novo texto infraconstitucional é importante obser-
970
var o princípio da supremacia da Constituição, bem como a viabilização do acesso à
justiça. 5. Recurso conhecido, entendendo cabível a impetração do writ of mandamus,
cassando, em conseqüência, o acórdão recorrido; desprovido, contudo, quanto ao méri-
to‖. (ROMS 200400802255, LAURITA VAZ, STJ - QUINTA TURMA, DJ DA-
TA:18/10/2004 PG:00302.).

O TRF da 1ª Região contudo seguia uma posição contra-majoritária até esse ano, até
mudar de posição (overruling) conforme se apresenta, primeiro com a posição atual:

GRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSUAL. AÇÕES CONTRA O INSS. JUIZA-


DO ESPECIAL DA FA-ZENDA PÚBLICA. INCOMPETÊNCIA. AGRAVO DE INS-
TRUMENTO. ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA. CONCESSÃO DE
AUXÍLIO-DOENÇA. POSSIBILIDADE. HONORÁRIOS PERICIAIS. REDUÇÃO.
RESOLUÇÃO CJF 541/2007. I. O Juizado Especial da Fazenda Pública se constitui em
órgão especial ao qual são aplicadas normas processuais igualmente especiais, ad exem-
plum, aquelas previstas nos arts. 7º e 11, ambos da Lei n. 12.153/2009, que afastam o
prazo diferenciado e o reexame necessário. II. A Lei n. 10.259/2001, em seu art. 20, é
expressa em excluir os juízos estaduais da sua aplicação, nas hipóteses de compe-
tência delegada, conquanto os JEFs, por ela criados, tenham competência para
processar e julgar causas contra, entre outros entes públicos, as Autarquias Fede-
rais, como é o caso do INSS. III. Não se pode interpretar a Lei n. 12.153/2009 de
modo a extrair de seu texto a derrogação daquela vedação expressa contida na Lei
n. 10.259/2001. IV. As ações de segurados ou beneficiários contra o INSS não são de
competência dos Juizados Especiais da Fazenda Pública nem tampouco se sujeitam ao
procedimento da Lei n. 12.153/2009. V. Embora a concessão de benefício previdenciá-
rio ou assistencial, por meio de sentença, não prescinda da prévia instrução probatória, a
mesma restrição não se aplica à implantação de tal benefício em sede de antecipação de
tutela, provimento para o qual outros elementos de convicção podem ser suficientes
para demonstrar a plausibilidade do direito invocado e o perigo de seu perecimento pelo
decurso do tempo. Na espécie, o Juízo de origem fora expresso em fundamentar a deci-
são agravada na precariedade do estado de saúde do Autor ? portador de deficiência
mental. VI. Inexistindo complexidade adicional para que o médico-perito nomeado pelo
Juízo de origem elabore o laudo necessário para concluir se a doença que acomete o
Autor efetivamente o incapacita para o trabalho, devem os correspondentes honorários
periciais ser reduzidos aos limites da Resolução 541/2007, do Conselho da Justiça Fede-
ral. VII. Agravo de instrumento a que se dá parcial provimento para determinar (I) que o
Juízo de Direito prolator da decisão agravada aplique à ação da qual tirado o presente
recurso o procedimento comum, com a observância das prerrogativas inerentes à Fazen-
da Pública, devendo, inclusive, se for o caso, restituir o prazo de resposta; e (II) que os
honorários periciais sejam reduzidos aos limites da Resolução n. 541/2007 do Conselho
da Justiça Federal. (AG , DESEMBARGADOR FEDERAL KASSIO NUNES MAR-
QUES, TRF1 - PRIMEIRA TURMA, e-DJF1 DATA:28/06/2012 PAGINA:24.)

971
PREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. APOSENTADORIA POR IDADE. RU-
RAL. APLICAÇÃO DO RITO ESPECIAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS
ÀS CAUSAS JULGADAS PELO JUIZ DE DIREITO INVESTIDO DE JURISDIÇÃO
FEDERAL. IMPOSSIBILIDADE. VEDAÇÃO EXPRESSA CONTIDA NO ARTIGO
20 DA LEI Nº 10.259/2001. NULIDADE DOS ATOS DECISÓRIOS. 1. Consoante
entendimento consolidado do Superior Tribunal de Justiça "Em razão do próprio regra-
mento constitucional e infraconstitucional, não há competência federal delegada no âm-
bito dos Juizados Especiais Estaduais, nem o Juízo Estadual, investido de competência
federal delegada (artigo 109, parágrafo 3º, da Constituição Federal), pode aplicar, em
matéria previdenciária, o rito de competência do Juizado Especial Federal, diante da
vedação expressa contida no artigo 20 da Lei nº 10.259/2001." (STJ, Sexta Turma,
RESP 200400681478, Relator Ministro NILSON NAVES, DJE DATA:30/03/2009
RSTJ VOL.:00214 PG:00491) 2. Com base nesse entendimento o juízo da 1ª Vara Jui-
zado Especial da Fazenda Pública do Estado de Rondônia, após a sentença prolatada,
declarou a incompetência do referido juízo e determinou a remessa dos autos ao juízo
competente, qual seja, 2ª Vara Cível da Comarca de Rondônia o qual, por sua vez, rati-
ficou todos os atos processuais praticados e recebeu o recurso de apelação. 3. Ocorre
que, consoante expressamente determinado no artigo 113, §2º do Código de Processo
Civil, quando da declaração de incompetência absoluta os atos decisórios serão nulos,
não podendo ser ratificados, motivo pelo qual a sentença proferida é nula. 4. Apelação
do INSS provida. Sentença anulada. (AC , JUÍZA FEDERAL CLÁUDIA OLIVEIRA
DA COSTA TOURINHO SCARPA (CONV.), TRF1 - SEGUNDA TURMA, e-DJF1
DATA:28/05/2012 PAGINA:201.)

Posição anterior:

PREVIDENCIÁRIO - PEDIDO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO - JUIZADO ES-


PECIAL ESTADUAL INVESTIDO DE JURISDIÇÃO FEDERAL - COMPETÊNCIA
PARA APRECIAR RECURSO DA TURMA RECURSAL DO JUIZADO ESPECIAL
FEDERAL - REMESSA DOS AUTOS. 1. Esta Corte assentou entendimento no sentido
de que "sentenciado o feito por Juizado Especial Estadual, compete à Turma Recursal
do Juizado Especial Federal o exame da apelação e/ou remessa oficial" (AC
2004.01.99.029891-4/MG, Rel. Desembargador Federal Jirair Aram Meguerian, Segun-
da Tur-ma, DJ p.37 de 02/03/2006). 2. Incompetência recursal do Tribunal Regional
Federal declarada de ofício. Autos remetidos para a Turma Recursal do Juizado Especi-
al Federal da Seção Judiciária de Minas Gerais.(AC 200201990261394, JUIZ FEDE-
RAL MARK YSHIDA BRANDÃO, TRF1 - 1ª TURMA SUPLEMENTAR, e-DJF1
DATA:16/03/2012 PAGINA:1063.)

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. ALVARÁ JUDICIAL. LEVANTA-


MENTO DE VALORES RESIDUAIS. JUIZADO ESPECIAL ESTADUAL INVES-
TIDO DE JURISDIÇÃO FEDERAL. COMPETÊNCIA PARA APRECIAR RECURSO
DA TURMA RECURSAL DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL. REMESSA DOS
AUTOS. 1. Esta Corte assentou entendimento no sentido de que "sentenciado o feito
972
por Juizado Especial Estadual, compete à Turma Recursal do Juizado Especial Federal o
exame da apelação e/ou remessa oficial" (AC 2004.01.99.029891-4/MG, Rel. Desem-
bargador Federal Jirair Aram Meguerian, Segunda Turma, DJ p.37 de 02/03/2006). 2.
Incompetência recursal do Tribunal Regional Federal declarada de ofício. Autos remeti-
dos para a Turma Recursal do Juizado Especial Federal de Cuiabá/MT, na Sede da Se-
ção Judiciária. (AC 200401990515847, JUIZ FEDERAL MARK YSHIDA BRAN-
DÃO, TRF1 - 1ª TURMA SUPLEMENTAR, e-DJF1 DATA:16/09/2011 PAGI-
NA:665.).

41) Descreva a inviolabilidades para o advogado. É absoluta?

Resposta:

Não é absoluta. O Advogado é inviolável nos limites da Lei como preceitua o art. 133
da Constituição, sobre isso se manifestou o Supremo Tribunal Federal:

"O art. 7º, § 2º da Lei 8.906/2004, deu concreção ao preceito veiculado pelo art. 133 da
CF, assegurando ao advogado a inviolabilidade por seus atos e manifestações no exercí-
cio da profissão." (HC 87.451, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 14-2-2006, Primeira
Turma, DJ de 10-3-2006.).

Em relação ao local de trabalho:

"Escuta ambiental e exploração de local. Captação de sinais óticos e acústicos. Escritó-


rio de advocacia. Ingresso da autoridade policial, no período noturno, para instalação de
equipamento. Medidas autorizadas por decisão judicial. Invasão de domicílio. Não ca-
racterização. (...) Inteligência do art. 5º, X e XI, da CF; art. 150, § 4º, III, do CP; e art.
7º, II, da Lei 8.906/1994. (...) Não opera a inviolabilidade do escritório de advocacia,
quando o próprio advogado seja suspeito da prática de crime, sobretudo concebido
e consumado no âmbito desse local de trabalho, sob pretexto de exercício da pro-
fissão." (Inq 2.424, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 26-11-2008, Plenário, DJE
de 26-3-2010.)

Sobre sua liberdade pessoal:

―Ação direta de inconstitucionalidade. Lei 8.906, de 4 de julho de 1994. Estatuto da


Advocacia e a OAB. Dispositivos impugnados pela AMB. (...) O advogado é indispen-
sável à administração da Justiça. Sua presença, contudo, pode ser dispensada em certos
atos jurisdicionais. A imunidade profissional é indispensável para que o advogado
possa exercer condigna e amplamente seu múnus público. A inviolabilidade do
escritório ou do local de trabalho é consectário da inviolabilidade assegurada ao
advogado no exercício profissional. A presença de representante da OAB em caso de
prisão em flagrante de advogado constitui garantia da inviolabilidade da atuação profis-
sional. A cominação de nulidade da prisão, caso não se faça a comunicação, configura
973
sanção para tornar efetiva a norma. A prisão do advogado em sala de Estado Maior é
garantia suficiente para que fique provisoriamente detido em condições compatíveis
com o seu múnus público. A administração de estabelecimentos prisionais e congêneres
constitui uma prerrogativa indelegável do Estado. A sustentação oral pelo advogado,
após o voto do Relator, afronta o devido processo legal, além de poder causar tumulto
processual, uma vez que o contraditório se estabelece entre as partes. A imunidade pro-
fissional do advogado não compreende o desacato, pois conflita com a autoridade do
magistrado na condução da atividade jurisdicional. O múnus constitucional exercido
pelo advogado justifica a garantia de somente ser preso em flagrante e na hipótese de
crime inafiançável. O controle das salas especiais para advogados é prerrogativa da
Administração forense. A incompatibilidade com o exercício da advocacia não alcança
os juízes eleitorais e seus suplentes, em face da composição da Justiça eleitoral estabe-
lecida na Constituição. A requisição de cópias de peças e documentos a qualquer tribu-
nal, magistrado, cartório ou órgão da Administração Pública direta, indireta ou funda-
cional pelos Presidentes do Conselho da OAB e das Subseções deve ser motivada, com-
patível com as finalidades da lei e precedida, ainda, do recolhimento dos respectivos
cus-tos, não sendo possível a requisição de documentos cobertos pelo sigilo.‖ (ADI
1.127, Rel. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 17-5-2006, Plenário,
DJE de 11-6-2010.).

Quanto ao exercício da palavra, vide a questão 9 deste tópico.

16.1.1.3. Questões do TRF3


1) Qual a diferença entre referendo e plebiscito?

Resposta:
―A diferença entre plebiscito e referendo concentra-se no momento de sua realização.
Enquanto o plebiscito configura consulta realizada aos cidadãos sobre matéria a ser pos-
teriormente discutida no âmbito do Congresso Nacional, o referendo é uma consulta
posterior sobre determinado ato ou decisão governamental, seja para atribuir-lhe eficá-
cia que ainda não foi reconhecida (condição suspensiva), seja para retirar a eficácia que
lhe foi provisoriamente conferida (condição resolutiva) (MENDES, Gilmar Ferreira.
Capítulo 9: Direitos Políticos Na Constituição. In: BRANCO, Paulo Gustavo Gonet;
COELHO, Inocêncio Mártires; MENDES, Gilmar Ferreira. Curso de Direito Consti-
tucional. 4. ed. rev. e atual. - São Paulo: Saraiva, 2009. p. 800-801)‖.

Nesses termos assenta o art. 2º da Lei nº 9.709/1998.

Art. 2º Plebiscito e referendo são consultas formuladas ao povo para que delibere sobre
matéria de acentuada relevância, de natureza constitucional, legislativa ou administrati-
va.

974
§ 1º O plebiscito é convocado com anterioridade a ato legislativo ou administrativo,
cabendo ao povo, pelo voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha sido submetido.

§ 2º O referendo é convocado com posterioridade a ato legislativo ou administrativo,


cumprindo ao povo a respectiva ratificação ou rejeição.

16.1.1.4. Questões do TRF4

16.1.1.5. Questões do TRF5

16.2. DIREITO TRIBUTÁRIO

16.2.1. Perguntas Residuais


DESSE PONTO EM DIANTE: RESPOSTAS ELABORADAS POR ROBSON DE
MAGALHÃES PEREIRA

16.2.1.1. Questões do TRF1


1) O que é causa de safra em matéria tributária e previdenciária?

Resposta:

Não consegui nenhuma informação sobre o que seria ―causa de safra‖ em matéria tribu-
tária ou previdenciária. Mas eu responderia (posição pessoal) que seriam aquelas causas
a que se referem os artigos 543-B e 543-C do Código de Processo Civil, que ensejam
multiplicidade de ações (os artigos falam de recursos) com fundamento em idêntica
questão de direito (eu incluiria também idênticas questões de fato). Ou seja, seriam as
causas que geram multiplicidade de ações com mesma causa de pedir.

3) Correção monetária é majoração?

Resposta:

Não, correção monetária não configura majoração de tributo. Não há que se confundir a
simples atualização monetária da base de cálculo do imposto com a majoração da pró-
pria base de cálculo. A primeira encontra-se autorizada independentemente de lei, a teor
do que preceitua o art. 97, § 2º, do CTN, podendo ser realizada mediante decreto do
Poder Executivo; a segunda somente poderá ser realizada por meio de lei. Incidência da
Súmula 160/STJ: "é defeso, ao município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em per-
centual superior ao índice oficial de correção monetária‖. (v.g.:, STJ, AgRg no AREsp
66849/MG, Humberto Martins, 2ª T., DJe 14/12/2011)

975
16.2.1.2. Questões do TRF2
1) Princípio da Legalidade Relativa é cabível no direito tributário?

Resposta:

Convém salientar, segundo Rodrigo Aiache Cordeiro, que não se deve confundir o Prin-
cípio da Legalidade com o da Reserva Legal, não obstante tal fenômeno ocorra com
freqüência entre nossos doutrinadores, eis que ―o primeiro significa a submissão e o
respeito à lei, ou a atuação dentro da esfera estabelecida pelo legislador. O segundo con-
siste em estatuir que a regulamentação de determinadas matérias há de fazer-se necessa-
riamente por lei.‖ A Constituição Federal brasileira prevê duas espécies de reserva legal,
que são a absoluta e a relativa. Haverá reserva legal absoluta quando a Constituição
ordenar a edição de lei formal para a sua regulamentação, devendo tal lei ser entendida
como ato elaborado consoante as regras constitucionais de processo legislativo e, tam-
bém, emanado pelo Poder Legiferante. Já a reserva legal relativa vai estar presente
quando a Magna Carta, apesar de exigir edição de lei em sentido formal, permitindo à
mesma estabelecer somente parâmetros de atuação do Poder Executivo, podendo este
complementá-la por ato infralegal, que, por sua vez, deverá estar adstrito ao preconiza-
do na lei em sentido formal. Nesse sentido, o princípio da legalidade relativa (ou reserva
legal relativa) é aplicado ao direito tributário, conforme permite a CF/88 em vários dis-
positivos.

2) Haveria a incidência do princípio da eticidade na área tributária?

Resposta:

Antes mesmo da entrada em vigor do atual Código Civil, que agasalhou o princípio da
eticidade no campo do Direito Privado, o Professor Roberto Wagner Lima Nogueira já
havia publicado um artigo tratando da ética tributária e cidadania fiscal. Pelo artigo é
possível concluir que o princípio da eticidade é plenamente aplicável ao Direito Tributá-
rio. ―A ética tributária neste contexto é e será um decisivo princípio mediador, entre a
necessidade de recursos por parte do fisco e a liberdade de cada cidadão em seu auto-
organizar. A ética tributária se revela numa profunda dialética entre a individualidade
(microética) e a comunidade (macroética), um equilíbrio entre lei e liberdade, neste sen-
tido, ética tributária é justiça, ou comportamento ético tributário é, antes de tudo, com-
portamento segundo a justiça tributária.‖ Podemos falar hodiernamente no direito tribu-
tário em duas éticas: uma ética fiscal privada e outra ética fiscal pública. A ética privada
é uma ética de condutas que norteia o cidadão-contribuinte que tem o dever fundamen-
tal de pagar tributos segundo a sua capacidade contributiva. Já a ética fiscal publica é
informada por quatro valores: liberdade, igualdade, segurança e solidariedade, que de-
vem orientar a atividade criadora e reguladora de tributos pelo Estado.

976
3) Mudança de interpretação acarreta em novo fato gerador?

Resposta:

Segundo o art. 144 do Código Tributário Nacional, o lançamento rege-se pela lei vigen-
te à data de ocorrência do fato gerador. Ainda que o CTN admita aplicação retroativa da
norma meramente interpretativa (art. 106, I), isso somente é possível quando inexistente
outra interpretação. Assim, a mudança de critério administrativo, em oposição à norma
anterior, não se aplica a fatos ou atos pretéritos, que se subordinam à interpretação vi-
gente quando ocorrido o fato gerador. (v.g., TRF1, AC 9301119412, Osmar Tognolo,
DJ 31.05.1996) A modificação do critério assegura ao contribuinte a subsunção ao no-
vo sistema, apenas a partir dos fatos geradores ocorridos posteriormente à alteração,
garantindo o recolhimento pelo modo anterior quanto aos fatos geradores ocorridos an-
tes da alteração do critério de tributação (art. 146 do CTN).Pelo princípio da legalidade
e da tipicidade a dúvida– da administração e a mudança de interpretação deve ser resol-
vida em favor do contribuinte (art. 112, do CTN), para afastar a penalidade imposta a
título de juros de mora e a multa (art. 161 e § 2º do CTN). (v.g., TRF2, AC
200251010123782, Salete Maccaloz, DJ 02.04.2012)

4) Existe diferença entre princípios tributários e pressupostos?

Resposta:

Não encontrei na doutrina nem jurisprudência referências à diferença entre princípios


tributários e pressupostos. Minha posição pessoal para responder esta questão seria a de
que pressupostos tributários dizem respeito à capacidade tributária ativa, ou seja, dizem
respeito à outorga pela Constituição aos entes federados da competência para a institui-
ção de tributos. Já os princípios tributários referem-se àqueles mandamentos nucleares
que norteiam o exercício desta capacidade, são normas que condicionam e limitam o
exercício do poder de tributação pelo Estado.

5) Diferença entre o princípio da irretroatividade e da intangibilidade.

Resposta:

O princípio da irretroatividade diz respeito à vedação de cobrar tributos em relação a


fatos geradores ocorridos antes do início de vigência da lei que os houver instituído ou
aumentado (CF, art. 150, III, ―a‖ – anterioridade de exercício) ou antes de decorridos
noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os haja instituído ou aumenta-
do (CF, art. 150, III, ―b‖ e art. 195, § 6º - anterioridade nonagesimal). O princípio da
intangibilidade tem ligação com a segurança jurídica e diz respeito à impossibilidade de
a lei atingir situações consolidadas, como o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a
coisa julgada (CF, art. 5º, XXXVI). ―A parte final do art. 98 do CTN, pela regra de
977
interpretação das leis conforme a CF, só alcança os tratados de natureza contratual, di-
ante do princípio da intangibilidade, e não os de natureza normativa, como é o caso da
Convenção Brasil-França, que podem ser afetados por legislação interna superveniente.
―Não há que se cogitar de afronta ao princípio da segurança jurídica, pois em tema de
direito intertemporal, no campo tributário, está-se respeitando os princípios da intangi-
bilidade, e da irretroatividade, insertos no artigo 150, III, da CF, explicitados no art.
144, do CTN‖ (v.g., TRF2, AGTAG 200202010344700. Poul Erik Dyrland,
04.02.2003)

6) Quem tem legitimidade e qual o prazo para a repetição do indébito do PIS? Quem definiu o
prazo, STF ou STJ?

Resposta:

Nos termos da jurisprudência pacífica do STJ, o comerciante varejista de combustível,


substituído tributário, no âmbito do regime de substituição tributária, só terá legitimida-
de ativa para pleitear a repetição do indébito tributário (PIS) se demonstrar nos autos
que não houve o repasse do encargo tributário ao consumidor final, nos termos do art.
166 do CTN (v.g., STJ, AgRg no REsp 1237117 / RJ, Humberto Martins, DJ
26.04.2011). O STF ratificou o entendimento do STJ, no sentido de ser indevida a retro-
atividade do prazo de prescrição qüinqüenal para o pedido de repetição do indébito rela-
tivo a tributo lançado por homologação. Entretanto, em relação ao termo e ao critério
para incidência da novel legislação, julgou "válida a aplicação do novo prazo de 5 anos
tão-somente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a
partir de 9.6.2005", e não aos pagamentos realizados antes do início de vigência da LC
118/2005, como o STJ vinha decidindo. (v.g., EDcl no AgRg no AgRg no Ag 1402871 /
RO, HERMAN BENJAMIN DJe 24/10/2011)

7) Qual o conceito de direito econômico? Quais são os valores primordiais que estão em jogo?

Resposta:

Existem duas concepções que procuram definir o Direito Econômico. Pela concepção
restrita, o Direito Econômico seria uma disciplina nova, autônoma e original, voltada
para o estudos dos problemas relacionados com a intervenção do Estado no domínio
econômico. Já a concepção ampla define o Direito Econômico enquanto disciplina vol-
tada para o estudo das relações humanas propriamente econômicas. Prevalece o concei-
to restrito, havendo que se diferenciar Direito Econômico de Direito da Economia. Wa-
shington Peluso Albino define-o como ramo do direito que tem por objeto a regulamen-
tação da política econômica e por sujeito o agente que dela participa. Para Leopoldino
seria o conjunto de normas condutoras da interação do poder econômico público e do
poder econômico privado e destinado a reger a política econômica. Os valores princi-
978
pais em jogo são a soberania nacional, a propriedade privada e sua função social, a livre
iniciativa e a livre concorrência, a defesa do meio ambiente e do consumidor, a justiça
social com a redução das desigualdades regionais e sociais, a busca do pleno emprego e
o tratamento favorecido às empresas de pequeno porte.

8) Dentro desses valores podemos incluir o meio ambiente artificial como um dos valores que
devem ser contrapostos ou equilibrados?

Resposta:

Certamente, quando a Constituição Federal, em seu art. 170, arrolou os princípios que
dever ser observados em relação à ordem econômica, considerando-a fundada na valori-
zação do trabalho humano e na livre iniciativa, tendo por fim assegurar a todos existên-
cia digna, conforme os ditames da justiça social, incluiu a defesa do meio ambiente co-
mo um destes princípios. O meio ambiente a que se refere o constituinte deve ser inter-
pretado de forma ampla, de forma a incluir o patrimônio ambiental natural (ar, água,
solo, flora, fauna), o patrimônio ambiental cultural e o patrimônio ambiental artificial,
pois todos estão intimamente entrelaçados e interferem nas condições para uma existên-
cia digna das pessoas.

9) Discorra sobre as peculiaridades das Contribuições Sociais.

Resposta:

Ricardo Alexandre menciona existirem quatro espécies de ―contribuições especiais‖


estabelecidas na CF/88: (1) Contribuições sociais; (2) Contribuições de Intervenção no
Domínio Econômico (CIDE); (3) Contribuições corporativas;e (4) Contribuição para o
Custeio do Serviço de Iluminação Pública (COSIP). As Contribuições sociais são de
três sub-espécies: (a) Contribuições para a seguridade social (CF 194); (b) Outras con-
tribuições sociais (CF 195, § 4º - residuais); (c) contribuições sociais gerais (CF 212, §
5º, 239 e 240 – PIS/PASEP, salário-educação e serviços sociais). As contribuições es-
peciais caracterizam-se pela peculiaridade da finalidade ou objetivo que a Constituição
estabelece ao dispor acerca da competência para sua instituição. As contribuições soci-
ais destinadas ao financiamento da seguridade social, por sua vez, submetem-se ao prin-
cípio da anterioridade nonagesimal (CF 195, § 6º), mas não à anterioridade de exercício.
Já as contribuições sociais residuais, exigem Lei Complementar para sua criação, além
de obedecer ao disposto no art. 154, I, nos termos do art. 195, § 4º.

10) Nas Contribuições Sociais aplica-se o princípio da isonomia?

Resposta:
979
As contribuições sociais de que tratam o art. 195, I, da CF/88 (do empregador, da em-
presa e da entidade a ela equiparada, incidentes sobre a folha de salários e demais ren-
dimentos, a receita ou o faturamento e o lucro), nos termos do § 9º do mesmo artigo,
poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômi-
ca, da utilização intensiva de mão-de-obra, do porte da empresa ou da condição estrutu-
ral do mercado de trabalho. O art. 150, II, da CF/88, vedando a instituição de tratamento
desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, segundo Ricardo
Alexandre, tratou da isonomia no seu sentido horizontal, mas deixou implícita a neces-
sidade de tratamento desigual aos que se encontrem em situações relevantemente distin-
tas (sentido vertical). Nesse sentido, o § 9º do art. 195 da CF não fere o princípio da
isonomia, que se aplica às contribuições sociais, pois apenas faculta ao ente tributante
dar tratamento diferenciado a contribuintes que se encontrem em situação desigual, em
razão da atividade econômica ou da utilização intensiva de mão-de-obra. (v.g., TRF4,
AC 2001.71.08.006689-3, João Surreaux Chagas, dez/2003)

11) Pode-se aplicar a não incidência nas contribuições sociais?

Resposta:

A não-incidência refere-se às situações em que um fato não é alcançado pela regra de


tributação, podendo ocorrer de três formas: a) incidência pura e simples: 1) o ente tri-
butante, podendo fazê-lo, deixa de definir determinada situação como hipótese de inci-
dência tributária; 2) o ente tributante não dispõe de competência para definir determina-
da situação como hipótese de incidência do tributo; b) não-incidência qualificada (i-
munidade): a própria Constituição delimita a competência do ente federativo, impedin-
do-o de definir determinadas situações como hipóteses de incidência. A não incidência
aplica-se às contribuições sociais. O § 2º do art. 149, por exemplo, dispõe sobre a imu-
nidade em relação às receitas decorrentes de exportação. O § 7º do art. 195, por outro
lado, estipula a imunidade (apesar de referir-se a isenção) das contribuições para a segu-
ridade social em relação às entidades beneficentes de assistência social. Também há
não-incidência pura e simples nas respectivas leis instituidoras.

12) Pode-se aplicar o princípio Altruístico nessas contribuições?

Resposta:

Altruísmo, segundo o dicionário Aurélio, significa ―amor ao próximo; filantropia‖. O §


7º do art. 195, conforme já salientado na questão anterior, instituiu a imunidade em re-
lação às contribuições para a seguridade social para as entidades filantrópicas. Assim,
pode-se dizer que a Constituição, nesta norma, agasalhou a aplicação do princípio altru-
ístico nessas contribuições.

980
13) Como o princípio da isonomia se contrapõe ao princípio altruístico, ou as várias espécies
tributárias convivem em harmonia com esses dois princípios?

Resposta:

Não há incompatibilidade na aplicação dos princípios da isonomia e altruístico, que


podem atuar no sistema constitucional e infraconstitucional tributário em harmonia. O
art. 150, II, da CF/88, vedando a instituição de tratamento desigual entre contribuintes
que se encontrem em situação equivalente, segundo Ricardo Alexandre, tratou da iso-
nomia no seu sentido horizontal, mas deixou implícita a necessidade de tratamento de-
sigual aos que se encontrem em situações relevantemente distintas (sentido vertical).
Assim, ao dar tratamento desigual entre os contribuintes que se encontrem em situações
relevantemente distintas, como àqueles que exercem atividades de cunho altruísta, não
se está violando o princípio da isonomia, como sinalizou a própria Constituição ao esta-
belecer a imunidade das contribuições sociais do § 7º do art. 195 (entidades filantrópi-
cas), assim como a imunidade de impostos do art. 150, VI, ―c‖, para as instituições de
educação e de assistência social sem fins lucrativos.

14) Peculiaridades das Contribuições Sociais. Diferenças para as demais contribuições.

Resposta:

Esta pergunta é, fundamentalmente, idêntica a pergunta anterior já respondida. Ricardo


Alexandre menciona existirem quatro espécies de ―contribuições especiais‖ estabeleci-
das na CF/88: (1) Contribuições sociais; (2) Contribuições de Intervenção no Domínio
Econômico (CIDE); (3) Contribuições corporativas;e (4) Contribuição para o Custeio
do Serviço de Iluminação Pública (COSIP). As Contribuições sociais são de três sub-
espécies: (a) Contribuições para a seguridade social (CF 194); (b) Outras contribuições
sociais (CF 195, § 4º - residuais); (c) contribuições sociais gerais (CF 212, § 5º, 239 e
240 – PIS/PASEP, salário-educação e serviços sociais). As contribuições especiais ca-
racterizam-se pela peculiaridade da finalidade ou objetivo que a Constituição estabelece
ao dispor acerca da competência para sua instituição. As contribuições sociais destina-
das ao financiamento da seguridade social, por sua vez, submetem-se ao princípio da
anterioridade nonagesimal (CF 195, § 6º), mas não à anterioridade de exercício. Já as
contribuições sociais residuais, exigem Lei Complementar para sua criação, além de
obedecer ao disposto no art. 154, I, nos termos do art. 195, § 4º.

15) Hipóteses de não incidência nas contribuições sociais previdenciárias.

Resposta:

981
Conforme já mencionado em resposta a pergunta anterior, não-incidência refere-se às
situações em que um fato não é alcançado pela regra de tributação, podendo ocorrer de
três formas: a) incidência pura e simples: 1) o ente tributante, podendo fazê-lo, deixa
de definir determinada situação como hipótese de incidência tributária; 2) o ente tribu-
tante não dispõe de competência para definir determinada situação como hipótese de
incidência do tributo; b) não-incidência qualificada (imunidade): a própria Constitui-
ção delimita a competência do ente federativo, impedindo-o de definir determinadas
situações como hipóteses de incidência. A não incidência aplica-se às contribuições
sociais. O § 2º do art. 149, por exemplo, dispõe sobre a imunidade em relação às recei-
tas decorrentes de exportação. O § 7º do art. 195, por outro lado, estipula a imunidade
(apesar de referir-se a isenção) das contribuições para a seguridade social em relação às
entidades beneficentes de assistência social. Também há não-incidência pura e simples
nas respectivas leis instituidoras (verbas indenizatórias, limite acima o teto, remunera-
ção paga diretamente a profissionais de saúde credenciados,.terço constitucional de fé-
rias, 1ª quinzena do auxílio-doença, etc.).

16) Diferença entre domínio econômico e mercado. O Estado intervem no mercado?

Resposta:

Domínio econômico é o âmbito de atuação dos agentes econômicos, públicos ou priva-


dos, é a esfera de ação da economia, das relações econômicas e tem um sentido mais
amplo do que mercado. Mercado seria o ambiente, o local, incluído o conjunto de pes-
soas e/ou empresas que oferecem ou procuram bens, serviços ou capitais, a área ou o
espaço físico onde se desenvolvem as relações de concorrência de oferta e procura de
bens, serviços ou capitais. O domínio econômico seria então o gênero e o mercado uma
das espécies de componentes que o integram. Se a Constituição autoriza o Estado a in-
tervir no domínio econômico, logo, também lhe assegura intervir no mercado, que inte-
gra o domínio econômico. O Estado pode intervir direta ou indiretamente. A interven-
ção direta se dá através das empresas públicas e sociedades de economia mista, atuando
como empresário, em regime de concorrência ou monopólio. Também quando presta
serviços públicos de sua própria titularidade. A intervenção indireta se realiza com fim
de fiscalização, incentivo e planejamento. Outra forma de classificação da intervenção:
por absorção, por participação, por direção ou por indução.

17) Dê dois postulados e dois princípios das contribuições sociais para a previdência social.

Resposta:

Humberto Ávila conceitua postulados como normas de segundo grau, destinadas à in-
terpretação e aplicação concreta de outras normas, diferenciando-os quer dos princípios
quer das regras. Os princípios e regras são primariamente dirigidos ao Poder Público e
982
aos contribuintes; os postulados são frontalmente dirigidos ao intérprete e aplicador do
Direito. Ele cita como postulados hermenêuticos a coerência, hierarquia e unidade do
ordenamento e como postulados normativos aplicativos a ponderação, concordância
prática, proibição de excesso, igualdade, razoabilidade e proporcionalidade. Todos eles
se aplicam na interpretação e aplicação das normas relativas às contribuições sociais.
Sem ater-se à distinção de Ávila, Castro & Lazzari relacionam como princípios do Di-
reito Previdenciário, dentre outros, alguns que têm pertinência ao tema do custeio atra-
vés das contribuições sociais: do orçamento diferenciado, precedência da fonte de cus-
teio, compulsoriedade da contribuição e anterioridade tributária. Cabe adicionar também
os princípios da solidariedade, equidade na forma de participação e custeio, diversidade
na base de financiamento, caráter contributivo e equilíbrio financeiro e atuarial.

18) Em tais contribuições, fala-se em capacidade contributiva e capacidade econômica?

Resposta:

Sim, além de poder-se falar no princípio da isonomia tributária, pode-se enxergar na


regulamentação constitucional a aplicação da capacidade contributiva e capacidade eco-
nômica. O tratamento diferenciado dado aos contribuintes das contribuições de custeio
da seguridade social se justifica em razão da diferente capacidade contributiva. São ma-
nifestações da isonomia tributária em decorrência da capacidade contributiva aplicáveis
às contribuições de seguridade social o art. 146, inciso III, alínea ―d‖, e art. 195, § 9º,
ambos da Constituição Federal. O primeiro institui tratamento diferenciado e favorecido
às microempresas e empresas de pequeno porte em relação às contribuições para o cus-
teio da seguridade social do empregador e da empresa, fazendo referência expressa ao
PIS (art. 239 da Constituição Federal). Já o segundo dispõe que as contribuições devidas
pelos empregadores poderão ter alíquotas ou base de cálculo diferenciadas, em razão da
atividade econômica ou da utilização intensiva e mão-de-obra.

19) Onde se localiza a figura do PIS?

Resposta:

O PIS, assim como o PASEP, está previsto no art. 239 da Constituição Federal, dispon-
do que a arrecadação decorrente destas contribuições, criadas pela LC 7/70 e LC 8/70,
passa, a partir da promulgação da CF/88, a financiar o programa de seguro-desemprego
e o abono tratado no § 3º do mesmo artigo. O STF já classificou o PIS como contribui-
ção para a seguridade social (v.g., STF, RE 227.095-5/AL, Maurício Corrêa, jun/98),
tendo em vista que a Constituição destinou a sua arrecadação para fins previdenciários.

983
20) É possível isenção nas contribuições sociais para previdência social?

Resposta:

Sim, é possível. Exemplo disso é a isenção concedida às sociedades civis de prestação


de serviços profissionais, nos termos da LC 70/91, posteriormente revogada por lei or-
dinária, o que gerou acirrada controvérsia jurisprudencial, inclusive com a edição da
superada Súmula 276 do Superior Tribunal de Justiça, tendo em vista que o Supremo
Tribunal Federal consagrou a constitucionalidade da revogação, entendendo não haver
hierarquia entre lei complementar e lei ordinária.

21) Procedimento Fiscal. A autoridade fiscal pode buscar informações bancárias para fiscalizar?
O MP pode requisitar informações à autoridade fiscal sem ordem judicial? Como se posiciona a
jurisprudência do STJ?

Resposta:

O STJ, quando do julgamento do Recurso Especial repetitivo n. 1.134.665/SP, na siste-


mática do art. 543-C, do CPC, entendeu que a Lei 8.021/90, art. 8º, estabeleceu que,
iniciado o procedimento fiscal para o lançamento tributário de ofício, a autoridade fiscal
poderia solicitar informações sobre operações realizadas pelo contribuinte em institui-
ções financeiras. Tal possibilidade deve ser estendida ao Ministério Público, que possui
atribuição constitucional de requisitar informações para fins de procedimento adminis-
trativo de investigação, além do fato de que ambas as instituições visam ao bem comum
e ao interesse público. Precedentes do STJ e do STF. (v.g., STJ, RMS 31.362/GO, 2ª T.,
Herman Benjamim, DJe 16/09/2010). Em sentido contrário (STJ, RHC 26.236/RJ, Ar-
naldo Esteves Lima, 5a T., DJe 01/02/2010): ―os membros do Ministério Público, no
uso de suas prerrogativas institucionais, não estão autorizados a requisitar documentos
fiscais e bancários sigilosos diretamente ao fisco e às instituições financeiras, sob pena
de violar os direitos e garantias constitucionais da intimidade de da vida privada dos
cidadãos‖. Há, portanto, posições divergentes no âmbito do STJ.

22) Um contribuinte assume que deixou de recolher o tributo e, portanto, pretende os efeitos
da denúncia espontânea, todavia requer o parcelamento. É possível denúncia espontânea e
parcelamento?

Resposta:

O instituto da denúncia espontânea não se aplica às hipóteses de parcelamento. ―A sim-


ples confissão da dívida, acompanhada do seu pedido de parcelamento, não configura
denúncia espontânea" (Súmula 208 do extinto TFR). (v.g.: STJ, AgRg no AREsp
136461 / SC, Mauro Campbell Marques, 2ª T., DJe 14/05/2012). Ademais, "o benefício

984
da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologa-
ção regularmente declarados, mas pagos a destempo" (Súmula 360/STJ).

23) Ilícito penal influi em algum sentido no ilícito tributário? Há alguma relação que se possa
estabelecer? Há repercussão tributária em se tratando de ilícito penal em termos de, por e-
xemplo, efeitos tributários?

Resposta:

José Paulo Baltazar Júnior afirma que ―o chamado direito penal tributário, ou seja, o
conjunto de normas de natureza penal que sancionam práticas relacionadas à violação
de natureza tributária, não deve ser confundido com o direito tributário penal, cujo ob-
jeto são as sanções administrativas de ordem administrativo-tributária‖. A falta de sis-
tematização nos dois corpos legislativos tem gerado várias incongruências. As condutas
que constituem crimes tributários usualmente configuram infrações administrativas. O
art. 935 do Código Civil consagrou a independência entre as responsabilidades civil e
criminal, exceto quanto ao reconhecimento da existência do fato ou de sua autoria, hipó-
teses em que a sentença criminal fará coisa julgada no cível, inclusive em relação às
sanções administrativo-tributárias, produzindo efeitos tributários, como a imposição de
multas. Ocorre que a Súmula Vinculante 24, dispondo que não se tipifica o crime tribu-
tário do art. 1º, I a IV, da Lei 8.137/90, antes do lançamento do tributo, inverte esta ló-
gica, pois nesses casos, a ação penal sequer pode ser proposta, pois o lançamento do
tributo, por decisão da esfera administrativa, é elemento normativo do tipo (para alguns
condição objetiva de procedibilidade).

16.2.1.3. Questões do TRF3


1) O que são ingressos e o que são receitas?

Resposta:

Segundo Luiz Emygdio F. da Rosa Jr. ―denomina-se qualquer entrada de dinheiro nos
cofres públicos de entrada ou ingresso, mas se reserva a denominação de receita pública
ao ingresso que se faça de modo permanente no patrimônio estatal e que não esteja su-
jeito à condição devolutiva ou correspondente baixa patrimonial. Assim, ingresso ou
entrada é gênero do qual a receita pública é espécie, embora do ponto de vista contábil
as duas expressões sejam equivalentes‖.

2) Qual a classificação das receitas?

Resposta:

Emygdio menciona várias classificações das receitas públicas, dentre elas a de Aliomar
Baleeiro, conciliando as classificações da escola alemã e de Seligman, modificada por
985
Einaudi, distinguindo as Receitas em: I) Originárias ou de Economia Privada, ou Di-
reito Privado ou Voluntárias: a) a título gratuito; b) a título oneroso; II) Derivadas, de
Economia Pública, de Direito Público ou Coativas: a) tributos; b) multas, penalidades e
confisco; c) reparações de guerra. A Lei 4.320/64, baseando-se em critério eminente-
mente econômico, adotou a seguinte classificação: I) Receitas Correntes: tributárias,
contribuições, patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços e outras, mais transfe-
rências correntes; II) Receitas de Capital: operações de crédito, alienação de bens, a-
mortização de empréstimos, transferências de capital e outras receitas de capital, mais o
superávit do orçamento. Ressalte-se que a Lei 4.320/64 utiliza o sentido lato para o
conceito de receita, considerando o que a doutrina chama de mero ingresso.

3) Classifique os seguintes exemplos: cauções, depósitos, bens vacantes, reparação de guerra,


perdimento.

Resposta:

Conforme as classificações da questão anterior, cauções e depósitos seriam meros in-


gressos e não receitas, na posição doutrinária, derivadas, na classificação de Baleeiro e
de capital na classificação da Lei 4.320/64, porque sujeitas a devolução, origem em Di-
reito Público e não destinadas a despesas correntes. Bens vacantes seriam receitas origi-
nárias, pois decorrentes de Direito Privado, receitas de capital e não destinadas a despe-
sas correntes. Reparação de guerra são receitas derivadas e de capital, pois impostas
coativamente sobre o patrimônio alheio e também não são destinadas a despesas corren-
tes. Idem em relação ao perdimento. (Posição Pessoal)

4) O que são receitas transferidas?

Resposta:

São receitas que, embora provinda do patrimônio particular (a título de tributo), não são
arrecadadas pela entidade política que vai utilizá-las. Assim, o dinheiro ingressa nos
cofres públicos de Estados e Municípios não em virtude do seu poder constritivo sobre
particulares, mas em razão de competência de entidade política diversa, por disposição
constitucional.

5) A CIDE pode ser por prazo indeterminado ou deve ser por prazo certo?

Resposta:

Para Leandro Paulsen os princípios e objetivos estabelecidos no Título ―Da Ordem E-


conômica‖ delimitam as finalidades que amparam a instituição válida de contribuições

986
de intervenção no domínio econômico. Não há sustentação ao entendimento de que a
CIDE deva ser em si interventiva, ou seja, que a sua própria cobrança implique inter-
venção; em verdade, a CIDE é estabelecida para custear ações da União no sentido da
intervenção. Intervir sobre o domínio econômico significa, num sentido negativo, corri-
gir distorções do mercado, almeja corrigir falhas, de forma que, surgida a necessidade
de intervenção do Estado, aparece a possibilidade de cobrança da CIDE. Assim, os pres-
supostos de imposição da CIDE seriam: a) intervenção – a efetiva intervenção da Uni-
ão, no sentido da CF/88 e em segmento específico; b) referibilidade – relação entre o
contribuinte participante e o segmento objeto da intervenção; c) vinculação – do produ-
to da arrecadação à atuação da União; d) transitoriedade – alcançada a finalidade, im-
põe-se a extinção da própria exação. Portanto, para o autor, a CIDE pode até ter prazo
indeterminado, mas deve extinguir-se com o alcance e exaurimento de sua finalidade.

6) Empréstimo compulsório em face de investimento público urgente deve observar a anterio-


ridade?

Resposta:

Sim, o art. 148, II, da Constituição Federal de 1988 faculta à União, mediante Lei Com-
plementar, instituir empréstimos compulsórios no caso de investimento público de cará-
ter urgente e de relevante interesse nacional, mas manda observar o disposto no art. 150,
III, ―b‖, que é a anterioridade nonagesimal. Ou seja, não precisa observar a anteriorida-
de de exercício, mas tem que observar a noventena. Já o empréstimo compulsório para
atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa
ou sua iminência (CF, art. 148, I) podem ser cobrados de imediato, pois a CF/88 não
condiciona sua instituição à anterioridade, seja de exercício seja a nonagesimal. Basta
Lei Complementar.

7) Há sanção prevista em lei pela não devolução do empréstimo compulsório?

Resposta:

O art. 15, parágrafo único do Código Tributário Nacional dispõe apenas sobre a obriga-
toriedade de a Lei (Complementar) que instituir o empréstimo compulsório fixar o pra-
zo do empréstimo e as condições de seu resgate, sendo necessária a devolução em moe-
da, conforme já decidiu o STF (RE 121.336/CE, Sepúlveda Pertence). Segundo Leandro
Paulsen, a previsão de prazo de devolução é obrigatória, caso contrário a tributação não
será válida. Previsto o prazo de devolução, a ausência de restituição dá ensejo a ação de
cobrança e não à repetição de indébito, se o empréstimo foi criado obedecendo os requi-
sitos constitucionais e legais, com correção monetária integral, sob pena de configurar
confisco. Não se exige a previsão de multa, mas nada obsta a Lei Complementar de fi-
xá-la.
987
16.2.1.4. Questões do TRF4

16.2.1.5. Questões do TRF5


1) MS: é possível a concessão de liminar no sentido de impedir o fisco de lançar o tributo?

Resposta:

À luz do art. 151 do CTN é possível entrever que há causas suspensivas que antecedem
à constituição do crédito tributário pelo lançamento e outras que o encontram constituí-
do. Em qualquer caso, emitida a ordem judicial suspensiva não é lícito à Administração
proceder a qualquer atividade que afronte o comando judicial, sob pena de cometimento
do delito de desobediência, hodiernamente consagrado e explicitado no art. 14, VI e p.u.
do CPC. Exsurgindo a suspensão prevista no art. 151, IV, do CTN no curso do proce-
dimento de constituição da obrigação tributária, o que se opera é o "impedimento à
constituição do crédito tributário". O Judiciário ao sustar a exigibilidade do crédito tri-
butário tanto pode endereçar a sua ordem à que não se constitua o crédito, posto do seu
surgimento gerar ônus ao contribuinte até mesmo sob o ângulo da expedição de certi-
dões necessárias ao exercício de atividades laborais, como também vetar a sua cobrança,
ainda que lançado o tributo previamente à ordem. (v.g.: STJ, REsp 453762 / RS, LUIZ
FUX, 1ª T., DJ 17/11/2003). Em sentido contrário, Ricardo Alexandre, afirmando que
o advento de causa suspensiva prévia ao lançamento não impede a marcha do procedi-
mento de lançamento, mas tão somente a exigibilidade. Precedentes do STJ: AGRESP
200801078444, Mauro Campbel, 2ª T., DJ 27.05.09 REsp 736.040/RS, Denise Arruda,
1ª T., DJ 11.6.2007; REsp 260.040/SP, Castro Meira, 2ª T., DJ 14.12.2006

16.3. Direito Administrativo

16.3.1. Perguntas Residuais

16.3.1.1. Questões do TRF1

16.3.1.2. Questões do TRF2


1) O regime jurídico administrativo pode ser questionado no Judiciário?

Resposta:

Se entendi bem o significado da questão, não só pode como está sendo questionado. O
caput do art. 39 da CF/88 estabelecia, originariamente, a obrigatoriedade de adoção, por
parte de cada ente da Federação, um só regime jurídico aplicável a todos os servidores
integrantes de sua Administração direta, autárquica e fundacional. A EC 19/98 alterou o
caput do art. 39 com objetivo de eliminar a obrigatoriedade de adoção de um regime
988
jurídico unificado, mas tal alteração teve sua eficácia suspensa pelo STF, através de
medida cautelar, com efeitos prospectivos, no contexto da ADI 2.135/DF, em
02.08.2007, sob o fundamento de inconstitucionalidade formar, já que tal modificação
não foi submetida a dois turnos de votação. Portanto, que toda a legislação que entrou
em vigor entre a publicação da EC 19/98 e a data da concessão da medida liminar, con-
tinua válida, tenha ou não adotado regime jurídico único, mas voltando a vigorar a reda-
ção original, exige-se novamente a adoção do regime jurídico único.

2) A Administração Pública possui o poder ou o dever de defender os interesses públicos?

Resposta:

Possui os dois, o poder e o dever de defender os interesses públicos. O regime jurídico-


administrativo tem fundamento em dois postulados básicos: o princípio da supremacia
do interesse público e o princípio da indisponibilidade do interesse público. Do primeiro
derivam todas as prerrogativas especiais de que dispõe a administração pública, os cha-
mados poderes administrativos. Em relação ao segundo postulado, da indisponibilidade
do interesse público, a Constituição e as leis impõem ao administrador público deveres
específicos e peculiares, preordenados, segundo Ricardo Alexandre, para assegurar que
sua atuação efetivamente se dê em benefício do interesse público e sob controle direito e
indireto do titular da coisa pública. São os chamados deveres administrativos. Nesse
sentido, o administrador tem o poder-dever de agir no exercício de suas funções. En-
quanto no direito privado o poder de agir é mera faculdade, no direito administrativo é
uma imposição, um dever de exercício da competência de que o agente não pode dispor.

3) Tem diferença entre poder de polícia e poder de tutela?

Resposta:

Sim, há diferença. O poder de polícia tem dois sentidos, um amplo e outro restrito. No
sentido amplo significa toda e qualquer ação restritiva do Estado em relação aos direitos
individuais, abrangendo não só a aplicação como a edição de leis. Em sentido restrito, é
o poder de que dispõe a administração pública para condicionar ou restringir o uso de
bens e o exercício de direitos ou atividades pelo particular, em prol do bem estar da co-
letividade. Ele vem definido no art. 78 do CTN. O poder de tutela pode ser visto sob
dois aspectos, a tutela em relação às atividades dos particulares, que se confunde com o
poder de polícia (posição pessoal) e o poder de autotutela, que a administração tem so-
bre seus próprios atos e agentes, cuja expressão está sintetizada pela Súmula 473 do
STF: ―A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os
tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e ressalvada, em todos
os casos, a apreciação judicial‖.
989
4) Princípio da Igualdade é absoluta ou relativa? Princípio da Isonomia é sinônimo de igualdade
absoluta?

Resposta:

Citando Cláudio Belmonte, Raquel Carvalho afirma que ―a igualdade em questão será
sempre relativa, nunca absoluta‖, mesmo porque ―a igualdade pressupõe também neces-
sariamente diferença de objetivos, igualdade é sempre a abstração de uma desigualdade
existente, sob um determinado ponto de vista‖. A relatividade consiste em aspecto ine-
rente à isonomia, motivo por que afirmam os doutrinadores que o princípio em comento
autoriza determinadas desigualdades sociais e econômicas sempre que a ausência do
tratamento diferenciado resultar em verdadeira iniqüidade. A desigualdade não é repeli-
da, o que se repele é a desigualdade injustificada. Rocorrendo a Dworkim, o conteúdo
jurídico da igualdade no paradigma do Estado Democrático de Direito é apenas um,
qual seja, tratar todos com a mesma consideração e respeito, não pode ser materializar a
priori, deve ser aberto, amplo, para que discursivamente possibilite a inclusão de todos,
não tem conteúdo preciso, é uma regra de prudência. Analisar a razoabilidade como
critério discriminatório é indispensável para a efetiva isonomia. Paradoxalmente, o prin-
cípio da igualdade determina a diferença legítima de tratamento a ser dado a cada pes-
soa em face de diferenças específicas. O princípio da isonomia se converte, assim, mais
num regulador das diferenças que numa regra de imposição de igualdade absoluta em
todos os planos.

5) Explicar o princípio da autoexecutoriedade.

Resposta:

O ato administrativo tem atributos (presunção de legitimidade, imperatividade, tipicida-


de e autoexecutoriedade) e requisitos (competência, finalidade, forma, motivo, objeto).
Pelo princípio da autoexecutoriedade os atos administrativos podem ser materialmente
implementados pela Administração diretamente, inclusive mediante o uso da força, se
necessária, sem a necessidade de autorização judicial prévia. Isto não significa o afas-
tamento da apreciação judicial, mas apenas a dispensa de obtenção de ordem judicial
prévia para a prática do ato. É fácil constatar que a autoexecutoriedade não é um atribu-
to de todos os atos administrativo, mas qualidade dos atos inerentes ao exercício de ati-
vidades típicas quando atuando na condição de poder público, especificamente no exer-
cício do poder de polícia. Ela existe em duas situações, segundo Ricardo Alexandre:
quando a lei expressamente a prevê; em situações de urgência, a fim de garantir a segu-
rança da coletividade, a incolumidade pública, evitando lesão maior ao interesse públi-
co. Exemplo tradicional de ato não revestido de autoexecutoriedade é a cobrança de
multa, quando resistida pelo particular. Celso Antônio distingue exigibilidade (obriga-

990
ção que o executado tem de cumprir o ato) de executoriedade (possibilidade de a própria
Administração praticar ou compelir materialmente o administrado a praticar o ato (coer-
ção material).

6) O juiz tem atuação administrativa?

Resposta:

Apesar de existirem críticas no sentido de que não é função do magistrado administrar o


trabalho da justiça, há muitos aspectos da administração da justiça que recaem nas mãos
do juiz. Um dos aspectos do grave problema da morosidade na tramitação dos processos
no judiciário reside exatamente neste ponto. É consenso que a falta de administração da
estrutura do Judiciário emperra o bom andamento dos trabalhos e há ainda uma aceita-
ção de que o juiz tem a função de mero agente dos sujeitos processuais. Contudo, no
mundo contemporâneo, atravessando por inúmeras transformações, é preciso que o ma-
gistrado adote também postura de administrador do Judiciário, que regule, estabeleça
normas administrativas. Recai sobre o magistrado atual a função de administrador não
somente em função de algum processo, mas sobretudo para que possa organizar a Justi-
ça em prol do bem comum. O princípio da duração razoável do processo exige uma no-
va postura do juiz, impondo-se uma mudança de cultura no seio da atividade judicante.
Planejamento e controle são essenciais. A responsabilidade ética do juiz assim o exige.
É preciso que o magistrado reaja à disfunção da justiça, sob pena de não poder cumprir
as promessas do constituinte.

7) Poder Judiciário. É realmente um poder ou é uma função do Estado?

Resposta:

É um poder e ao mesmo tempo uma função do Estado. A organização política do Estado


é integrada pelos denominados ―Poderes‖, que representam uma divisão interna, visan-
do ao mesmo tempo a especialização no exercício das funções estatais e impedir a con-
centração de todo o poder do Estado nas mãos de uma única pessoa ou órgão, no clássi-
co modelo de tripartição de Montesquieu: Legislativo, Executivo e Judiciário. A separa-
ção rígida, aos poucos, deu lugar a uma divisão flexível das funções estatais, na qual
cada Poder termina por exercer, em certa medida, as três funções do Estado, uma pre-
dominantemente típica e outras de natureza acessória, atípicas, pois próprias dos outros
Poderes.

8) Os bens públicos podem ser adquiridos por causa morte?

Resposta:
991
Sim, nada impede às pessoas de designarem em testamento, como herdeiros ou legatá-
rios, pessoas jurídicas de direito público. Além disso, nos termos do art. 1844 do Códi-
go Civil, ―não sobrevivendo cônjuge, ou companheiro, nem parente algum sucessível,
ou tendo eles renunciado a herança, esta se defere ao Município ou ao Distrito Fede-
ral, se localizada nas respectivas circunscrições, ou à União, quando situada em terri-
tório federal‖. A herança jacente obedece a mesma fórmula.

9) O que é abuso de poder na seara administrativa?

Resposta:

Para Carvalho Filho ―abuso de poder é a conduta ilegítima do administrador, quanto


atua fora dos objetivos expressa ou implicitamente traçados na lei‖. A conduta abusiva
pode decorrer de duas causas: 1ª) o agente atua fora dos limites de sua competência; e
2ª) o agente, embora dentro de sua competência, afasta-se no interesse público que deve
nortear todo o desempenho administrativo. No primeiro caso diz-se que o agente atuou
com ―excesso de poder‖ e no segundo caso, com ―desvio de poder‖, também denomi-
nado desvio de finalidade, conduta mais visível nos atos discricionários.

10) Há ilegalidade sempre no abuso de poder?

Resposta:

Para Carvalho Filho, ―pela própria natureza do fato em si, todo abuso de poder se confi-
gura como ilegalidade. Não se pode conceber que a conduta de um agente, fora dos li-
mites de sua própria competência ou despida da finalidade da lei, possa compatibilizar-
se com a legalidade. É certo que nem toda ilegalidade decorre de conduta abusiva; mas
todo abuso se reveste de ilegalidade e, como tal, sujeita-se a revisão administrativa ou
judicial.‖ Segundo vários autores, a ilegalidade é gênero do qual o abuso do poder é
espécie. Há autores, contudo, que entendem diversamente, consignando que nem todo
abuso de poder constitui ilegalidade (Othon Sidou, Gasparini).

11) Qual o sentido do cabimento do MS na lógica legalidade x abuso de poder?

Resposta:

Esta questão parece uma contraposição à questão anterior, para quem considera abuso
de poder como ilegalidade. Assagra afima que ―a ilegalidade e o abuso de poder consti-
tuem o próprio mérito do mandado de segurança‖. Quanto à concepção de ilegalidade,
observa-se que ela é a mais ampla possível e poderá decorrer de violação de qualquer
norma. Para o autor, ―o abuso de poder está, em regra, incluso na concepção de ilegali-

992
dade e decorreria do comportamento da autoridade coatora que extrapola os limites uti-
lizados na lei para agir. Nesse contexto, o abuso de poder é uma ilegalidade qualificada
pela arbitrariedade. Todavia, pode ocorrer o abuso de poder quando o ato impugnado
seja formalmente legal, mas substancialmente desproporcional. Essa situação geralmen-
te ocorre quando a lei é utilizada para beneficiar ou prejudicar pessoas, produzindo situ-
ação de imoralidade administrativa.‖

12) Teça críticas a respeito dos regulamentos autônomos do art. 84, VI, da CF.

Resposta:

Segundo Carvalho Filho ―lavra funda divergência na doutrina sobre a possibilidade, ou


não, de o Executivo editar os denominados regulamentos autônomos, atos destinados a
prover sobre situações não contempladas na lei‖. Para ele, a Carta vigente só teria admi-
tido os regulamentos de execução, posição também defendida por Cretella Jr., Gaspari-
ni, Di Pietro, Celso Bastos, dentre outros O art. 84, VI, da CF/88, com a redação dada
pela EC 32/01, atribuindo ao Presidente da República competência para dispor, median-
te decreto, sobre ―organização e funcionamento da administração federal, quando não
implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de cargos públicos e a extinção
de funções e cargos públicos vagos‖, reforçou a posição daqueles que defendem a pos-
sibilidade de regulamentos autônomos (v.g.: Raquel Carvalho, também o STF na ADI
2.564-DF). Mas o autor mantém sua posição (no mesmo sentido Celso Antônio): seria
necessário que os atos possam criar e extinguir primariamente direitos e obrigações,
vale dizer, sem prévia lei disciplinadora, atos que não podem existir em nosso ordena-
mento, ao teor do art. 5º, II, da CF, que fixa o postulado da reserva legal para a exigibi-
lidade de obrigações.

13) Há direito adquirido ao direito subjetivo? Se houver prejuízo ao direito adquirido e quiser
retorno ao regime jurídico anterior.

Resposta:

Acho que está questão está truncada. Entendo que queria dizer o seguinte: Há direito
adquirido ao regime jurídico? Se houver prejuízo ao direito adquirido pode haver retor-
no ao regime anterior? Para compreender melhor o conceito de direito adquirido, neces-
sário se faz a análise do conceito do direito subjetivo, que é a possibilidade de ser exer-
cido, de maneira garantida, aquilo que as normas de direito atribuem a alguém como
próprio. Em outras palavras, é um direito garantido por normas jurídicas e exercitável
segundo a vontade do titular. Se o direito subjetivo não for exercido, sobrevindo uma lei
nova, tal direito transforma-se em direito adquirido, porque era um direito exercitável e
exigível à vontade do seu titular e que já tinha incorporado ao seu patrimônio, para ser
exercido quando conviesse. Todavia, se o direito não configurava direito subjetivo antes
993
da lei nova, mas sim mera expectativa de direito, não se transforma em direito adquirido
sob o regime da lei nova, pois esta não se aplica a situação objetiva constituída sob a
vigência da lei anterior. Quanto ao regime jurídico, é pacífica a jurisprudência o STF no
sentido de que não há direito adquirido a regime jurídico, de forma que a alteração do
regime é lícita, mesmo se vier a trazer prejuízos ao agente, não havendo que se falar em
retorno ao regime anterior.

14) O que é o princípio da restritividade?

Resposta:

O Princípio da Restritividade é um dos cânones do direito administrativo. José Cretella


Júnior nos ensina que: ―O agente do Estado pode fazer apenas o que a norma jurídica o
autoriza de modo expresso, ao passo que o cidadão comum pode fazer tudo o que não
seja proibido por lei‖. Vê-se, portanto, que o principio da restritividade confunde-se
com o princípio da legalidade administrativa, onde não predomina a noção de liberdade
ou autonomia privada. A lei, portanto, cumpre um papel positivo, no sentido de que não
será somente o limite, mas também a sua fonte. A falta de norma jurídica primária tra-
tando de um determinado comportamento não significará liberdade, como no Direito
Privado, mas restrição, proibição. A noção de ilícito não significará somente a prática de
uma ação que esteja legalmente proibida, mas também daquela que não esteja permitida
por meio de preceitos legais. Como resumiu Hely Lopes Meirelles: ―Enquanto no Direi-
to Privado se pode fazer tudo aquilo que a lei não proíbe, no Direito Administrativo
somente se pode fazer o que a lei permite‖. O princípio da legalidade tem, portanto, um
conteúdo muito mais restritivo para a Administração do que a legalidade geral aplicável
à conduta dos particulares.

15) Princípio da Proporcionalidade e da Razoabilidade. Discorrer.

Resposta:

Aqui me recorro aos ensinamentos de Humberto Ávila, que não denomina proporciona-
lidade e razoabilidade de princípios, mas de postulados normativos, normas de segundo
grau, normas sobre aplicação de normas, ou metanormas. Para ele, a razoabilidade é
usada em vários sentidos, mas três acepções se destacam: primeira, como diretriz que
exige a relação das normas gerais com as individualidades do caso concreto; segunda,
como diretriz que exige uma vinculação das normas jurídicas com o mundo ao qual elas
fazer referência, reclamando suporte empírico e adequado e congruência entre a medida
adotada e o fim que ela pretende atingir; terceiro, como diretriz que exige a relação de
equivalência entre duas grandezas. Razoabilidade como equidade, como equivalência e
como congruência, são as três acepções principais. A razoabilidade não faz referência a
uma relação de causalidade entre um meio e um fim, tal como o postulado da propor-
994
cionalidade, de forma que esta exige três exames fundamentais: o da adequação (o meio
promove o fim?), o da necessidade (dentre os meios disponíveis e igualmente adequa-
dos para promover o fim, não há outro meio menos restritivo dos direitos fundamentais
afetados?), e o da proporcionalidade em sentido estrito (as vantagens trazidas pela pro-
moção do fim correspondem às desvantagens provocadas pela adoção do meio?).

16) Exemplo do Princípio da Continuidade e da autoexecutoriedade.

Resposta:

O princípio da continuidade ou permanência significa que os serviços públicos não po-


dem ser interrompidos ou paralisados, ressalvados casos extraordinários. Um exemplo
de sua aplicação está nas cláusulas exorbitantes nos contratos administrativos, facultan-
do à Administração intervir no contrato unilateralmente para garantir a continuidade do
serviço. A autoexecutoriedade significa, em suma, que os atos administrativos podem
ser praticados e seus efeitos concretizados independentemente da intervenção do Poder
Judiciário, como, por exemplo, a apreensão de produto destinado ao consumo que traga
risco à saúde do consumidor.

17) Empresa estatal pode realizar seleção pública para investidura nos cargos ao invés de con-
curso público?

Resposta:

De acordo com o caput do art. 37, a Administração Pública direta ou indireta de qual-
quer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios deve o-
bedecer os princípios nele elencados e em seus incisos, em especial o inciso II, relativo
à investidura em cargo ou emprego público por meio de concurso público, ressalvados
os casos ali previstos. Outra ressalva a CF/88 faz, permitindo o ingresso por meio de
processo seletivo público, em relação à contratação de agentes comunitários de saúde e
agentes de combates às endemias, introduzida pela EC 51/2006, cuja constitucionalida-
de é questionada por Rafael Maffini. Ricardo Alexandre, por sua vez, diz que não se
sabe ao certo o que quer dizer a alteração no inciso II trazida pela EC 19/98 ao permitir
diferentes formas de concurso público, de acordo com a natureza e a complexidade do
cargo ou emprego, talvez autorizar procedimentos seletivos menos abrangentes. Carva-
lho Filho diz que, à primeira vista, o processo seletivo público introduzido pela EC
51/06 não seria o mesmo que o concurso público previsto no art. 37, II, da CF, consis-
tindo exceção à regra do princípio concursal, mas a legislação regulamentadora, porém,
aludiu a processo seletivo público de provas e títulos, o que espelha o concurso público,
só servindo para suscitar dúvidas ao intérprete. Ao meu ver, impõe-se resposta negativa
à questão (v.g: TRF2, REO 199851010054560, Flávio de Oliveira Lucas, 7ª T., DJ
18/03/2011).
995
18) Como é feita a ponderação de legalidade e indisponibilidade dos bens públicos? O que o
CTN diz sobre isso?

Resposta:

Leciona Diógenes Gasparini que, segundo o princípio da indisponibilidade do interesse


público, não se acham os bens, direitos, interesses e serviços públicos à livre disposição
dos órgãos públicos, a quem apenas cabe curá-los, ou do agente público, mero gestor da
coisa pública. Aqueles e este não são senhores ou seus donos, cabendo-lhes por isso tão-
só o dever de guardá-los e aprimorá-los para a finalidade a que estão vinculados. O de-
tentor dessa disponibilidade é o Estado. Por essa razão, há necessidade de lei para alie-
nar bens, para outorgar concessão de serviço público, para transigir, para renunciar, para
confessar, para revelar a prescrição e para tantas outras atividades a cargos dos órgãos e
agentes da Administração Pública. Por isso é que a CF/88 (art. 150, § 6º) determina que
somente por lei específica poderá ser concedido subsídio, isenção, redução da base de
cálculo, anistia ou remissão, etc., regra que é obedecida pelo CTN ao regular tais maté-
rias.

16.3.1.3. Questões do TRF3


1) Admite-se contrato de SFH com reajustamento pelo índice da categoria? Qual o benefício ou
prejuízo?

Resposta:

Sim, admite-se. É o Plano de Equivalência Salarial por Categoria Profissional


(PES/CP). A lei estabelece apenas que as prestações são reajustadas pelo PES. Ao saldo
devedor são aplicados outros índices, o que acaba gerando a seguinte distorção: o valor
da prestação é pequeno, porque, via de regra, os reajustes salariais o são, enquanto o
saldo devedor cresce em ritmo acelerado, pois é reajustado por outro índice, quase sem-
pre superior ao dos salários. Conseqüência: a dívida se torna impagável. Para trancar
esse efeito, algumas decisões judiciais vinham determinando a aplicação do PES tam-
bém ao saldo devedor. Considerando as instâncias ordinárias que o contrato está subor-
dinado ao Plano de Equivalência Salarial, reajustadas as prestações com base nos au-
mentos salariais da categoria profissional do mutuário, o saldo devedor, na linha de pre-
cedentes da Corte, não pode ser reajustado por índice diverso. (STJ, RESP 331.362,
Menezes de Direito, 3ª T., 14.03.05). Em sentido contrário: SFH. O Plano de Equiva-
lência Salarial - PES não constitui índice de correção monetária do valor financiado,
mas regra de reajustamento da prestação mensal (STJ, AgRg no RESP 577.209/RS,
Hermann Benjamim, 2ª T., DJe 21/08/2009). As posições mais recentes do STJ e TRF1
retratam esta posição.

996
2) Quais as providências de ordem administrativa deve o cessionário tomar, na cessão ocorrida
em contrato de SFH?

Resposta:

O adquirente de imóvel através de contrato de gaveta, com o advento da Lei nº


10.150/00, teve reconhecido o direito à sub-rogação dos direitos e obrigações do contra-
to primitivo, motivo pelo qual tem o cessionário legitimidade para discutir e demandar
em juízo questões pertinentes às obrigações assumidas e aos direitos adquiridos (v.g.:
STJ, 2ª T., AgRg no Ag 1062760/SC, Castro Meira, j. 14.10.2008). Dispõe o art. 20 da
Lei: ―As transferências no âmbito do SFH, à exceção daquelas que envolvam contratos
enquadrados nos planos de reajustamento definidos pela Lei no 8.692, de 28 de julho de
1993, que tenham sido celebradas entre o mutuário e o adquirente até 25 de outubro de
1996, sem a interveniência da instituição financiadora, poderão ser regularizadas nos
termos desta Lei. Parágrafo único. A condição de cessionário poderá ser comprovada
junto à instituição financiadora, por intermédio de documentos formalizados junto a
Cartórios de Registro de Imóveis, Títulos e Documentos, ou de Notas, onde se caracte-
rize que a transferência do imóvel foi realizada até 25 de outubro de 1996.‖ O cessioná-
rio deve, portanto, procurar a instituição financeira para comprovar a cessão para obter a
sub-rogação dos direitos.

3) Em caso de falecimento do Cedente o que o cessionário pode fazer para se garantir, se a


instituição financeira não anuiu com a cessão?

Resposta:

Deve habilitar-se em processo de inventário ou obter consentimento do mutuário sobre-


vivente, cônjuge ou companheiro(a), ou dos herdeiros. Não tem legitimidade para ajui-
zar ação que visa a obter a cobertura do seguro de contrato de mútuo vinculado ao Sis-
tema Financeiro de Habitação, bem como a quitação da hipoteca do imóvel financiado,
em virtude do falecimento do mutuário (cedente), terceiro ao qual os direitos e obriga-
ções respectivos foram transferidos, uma vez que a cessão se deu sem a anuência da
instituição financeira (Lei 8.004/90, art. 1º, parágrafo único). Precedentes do STJ. É
necessário o consentimento do mutuário sobrevivente, cônjuge do falecido, para o ajui-
zamento de ação que verse sobre direito real imobiliário em nome do espólio. (v.g.:
TRF1, AC 200433000059100, Isabel Gallotti, 6ª T., DJe 14/11/05)

4) Quais as hipóteses de aplicação do Dec.-Lei 70/66?

Resposta:

997
5) Qual a medida cabível contra a adjudicação em execução extrajudicial? Cabem embargos?

Resposta:

6) A prova pericial é imprescindível em processo de SFH?

Resposta:

7) Quem responde pelos honorários do perito nos processos de SFH?

Resposta:

8) Aplica-se o CDC nos contratos de SFH?

Resposta:

9) Se na arrematação do Dec.-Lei 70/66 o imóvel for arrematado por preço menor que o devi-
do pelo mutuário, deverá este pagar o restante? E se for arrematado por preço maior, deve ser
restituída a diferença ao mutuário?

Resposta:

10)Quem é responsável pelos impostos e demais taxas do imóvel adjudicado: a instituição


financeira ou o mutuário que ainda não o desocupou?

Resposta:

16.3.1.4. Questões do TRF4

16.3.1.5. Questões do TRF5

998
16.4. Direito Penal

16.4.1. Perguntas Residuais

16.4.1.1. Questões do TRF1

1) Para efeitos legais o que se compreenderia como droga?

Resposta:

A Lei 11.343/06, abolindo a velha nomenclatura de ―substância entorpecente‖, adotou o


termo ―droga‖, definindo-o como substância entorpecente, psicotrópica, precursora ou
outras sob o controle especial da Portaria SVS/MS 344/98.

Segundo a doutrina majoritária, a Lei 11.343/06 manteve a sistemática da norma pe-


nal em branco para definir droga, a qual conferiria segurança para fins de tipificação
penal. Droga é aquilo que assim estiver rotulado na Portaria da Secretaria de Vigilân-
cia Sanitária do Ministério da Saúde, 344/98.

Doutrina minoritária cujo maior precursor é Vicente Greco Filho defende que a defini-
ção de um produto como droga ou não deve ser estabelecido pelo juiz, com base em
perícia. Defende, assim, que deve haver análise do caso concreto. Segundo esta corren-
te, a norma penal em branco é temerária, pois complementada por uma portaria que está
sempre defasada com relação à criatividade do homem. O homem cria drogas que a
portaria não prevê. Crítica: Tal interpretação da lei fere o princípio da taxatividade, pois
o conceito de droga ficará a critério do juiz.

2) Há algum dos delitos elencados na lei de droga que pode ser praticado na modalidade cul-
posa?

Resposta:

Sim. O núcleo (verbo) ―prescrever‖ constante do ―caput‖do artigo 33 da Lei 11.343/06 é


modalidade culposa de tráfico de drogas.

3) O usuário pode ser punido com a pena privativa de liberdade?

Resposta:

Não. A pena privativa de liberdade não pode ser imposta ao usuário nem sequer na hi-
pótese de não haver transação penal. Para o crime do artigo 28 da Lei 11.343/06, a lei
penal somente previu sanções que, em definitivo, não conduzem ao cárcere, ainda que
999
descumpridas. Esta, aliás, é uma das razões para que parte da doutrina (minoritária)
considere o tipo inserido no dispositivo como infração penal sui generis.

Sobre o tema, o Superior Tribunal de Justiça assentou o seguinte: ―O delito de porte de


substância entorpecente para consumo próprio, previsto no artigo 28 da Lei n.
11.343/06, é insuscetível de ser apenado por sanção privativa de liberdade, razão pela
qual não há falar na utilização do habeas corpus para a análise de eventual constrangi-
mento ilegal.(HC 181.878/RS, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, jul-
gado em 24/04/2012, DJe 03/05/2012)‖

4) O senhor pode distinguir descriminalizar e despenalizar? Neste caso, o art. 28 é uma medida
despenalizadora ou descriminalizadora?

Resposta:

Segundo a doutrina, descriminar significa ―retirar de algumas condutas o caráter de cri-


minosas‖, de forma que o fato descrito na lei penal deixe de ser crime. Segundo Luiz
Flávio Gomes et al (Legislação Criminal Especial, p. 216), há três espécies de descri-
minalização: a) formal: retira o caráter criminoso do fato, mas não o retira do campo do
direito penal, transformando crime em uma infração penal sui generis; b) penal: é aque-
la que elimina o caráter criminoso do fato, transformando-o em um ilícito civil ou ad-
ministrativo; c) substancial: é a descriminalização que afasta o caráter criminoso do fato
e legaliza totalmente a conduta.

Despenalizar uma conduta, de outro lado, significa suavizar a resposta penal, evitando-
se ou mitigando-se o uso da pena de prisão, sem no entanto descriminalizar a conduta
que continuará como uma infração penal.

Doutrina e jurisprudência divergem sobre a natureza jurídica do artigo 28 da Lei


11.323/06, havendo, pelo menos, três correntes a respeito do tema:

1ª corrente – STF e STJ: Sustenta que a posse de droga para consumo pessoal não foi
descriminalizada pela novel lei 11.343/06, mas houve tão somente despenalização da
conduta. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Questão de Ordem
suscitada nos autos RE 430105, rejeitou as teses da abolitio criminis e infração penal
sui generis, ambas defendidas pela doutrina (vide abaixo).

2ª corrente - Luiz Flávio Gomes: Segundo o autor, com fundamento na Lei de Intro-
dução do Código Penal (art. 1°), que considera ―crime a infração penal a que a lei co-
mina pena de reclusão ou detenção, quer isolada, quer alternativa ou cumulativamente
com a pena de multa; contravenção, a infração a que a lei comina, isoladamente, pena
de prisão simples ou multa, ou ambas alternativa ou cumulativamente”, o artigo 28 da
Lei 11.343/06 trata de uma infração penal sui generis, afirmando que com seu advento

1000
houve a descriminalização formal da conduta, ao lado da despenalização, mas não abo-
litio criminis.

3ª corrente - Alice Bianchini: ―o artigo 28 não pertence ao direito penal, sim, é uma
infração do direito judicial sancionador, seja quando a sanção é fixada em transação
penal, seja quando imposta em sentença penal, tendo ocorrido descriminalização subs-
tancial (ou seja, abolitio criminis)‖ (Luiz Flávio Gomes et al Legislação Criminal Espe-
cial, p. 219).

5) Abra a lei de drogas e leia o art. 45. A questão da imputabilidade, como o senhor entende
este artigo? Repare que a lei, o legislador foi ao alcance de qualquer ilícito praticado. Qual o
conceito de inimputabilidade?

Resposta:

O legislador, na mesma senda que a Organização Mundial de Saúde (OMS), considerou


o alcóolatra patológico como um sujeito que merece tratamento médico, e não punição
penal, uma vez que o reconheceu como uma pessoa acometida de uma doença mental e
física que pode ensejar a sua irresponsabilidade penal. A Lei 11.343/06, assim como o
Código Penal, adotou para o dependente o critério biopsicológico, segundo o qual além
da condição de dependência, deve o sujeito estar, no caso concreto, inteiramente inca-
paz de entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com este entendi-
mento. Atestada esta situação mediante perícia - conforme exige o parágrafo único do
artigo 45 – o caso será de isenção de pena por ausência de culpabilidade do agente, pois
ausente a imputabilidade, independentemente do crime que venha a ser praticado.

A inimputabilidade é a incapacidade de imputação, impossibilidade de se atribuir a al-


guém a responsabilidade pela prática de uma infração penal. A inimputabilidade é a
ausência de um conjunto de condições pessoais que conferem ao sujeito ativo a capaci-
dade de discernimento e compreensão, para entender seus atos e determinar-se confor-
me esse entendimento.

6) Qual a diferença de tratamento dado à inimputabilidade da lei de drogas e a do CP?

Resposta:

Reza o art. 45 da Lei de Drogas:

―Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou sob o efeito, pro-
veniente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da omis-
são, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de en-
1001
tender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendi-
mento‖.

Por sua vez, o artigo 26 e seu parágrafo único e § do artigo 28, todos do Código Penal,
dispõem o seguinte:

―Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). Parágrafo único - A pena pode ser re-
duzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou
por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimen-
to.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)‖.

―Art. 28 (...) Inciso II

§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso for-
tuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de en-
tender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimen-
to.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Vê-se que a inimputabilidade prevista na lei de drogas é semelhante à inimputabilidade


para o caso de embriaguez do Código Penal, e não a inimputabilidade comum do
CP(art. 26), porquanto além da prova de que ao tempo da ação ou omissão o agente era
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou determinar-se de a-
cordo com esse entendimento, é NECESSÁRIO COMPROVAR que a conduta foi
proveniente de caso fortuito ou força maior.

7) Como se explica a actio libera in causae? Quais são as causas que isentam de pena no caso
da embriaguez?

Resposta:

A Teoria da Actio Libera in Causa reconhece que ato transitório do agente, do qual de-
correu a prática de fato típico, foi revestido de inconsciência. Todavia sustenta que não
se deve analisar a conduta do agente neste momento transitório de inconsciência, mas
sim no momento antecedente que foi livre na vontade, transferindo-se para esse momen-
to anterior a constatação da imputabilidade. A teoria da actio libera in causa não analisa
a vontade no ato transitório revestido de inconsciência, mas sim quando era livre a von-
tade.

Segundo o STJ, ―dada a adoção da teoria da actio libera in causa pelo Código Penal,
somente a embriaguez completa decorrente de caso fortuito ou força maior que reduza
1002
ou anule a capacidade de discernimento do agente quanto ao caráter ilícito de sua con-
duta, é causa de redução ou exclusão da responsabilidade penal nos termos dos §§ 1º e
2º do art. 28 do Diploma Repressor‖.

8) Qual a diferença entre forma maior e caso fortuito?

Resposta:

Segundo Cézar Roberto Bitencourt, a força maior exclui a responsabilidade penal obje-
tiva em razão da impossibilidade de evitar-se o resultado danoso do fato, embora previ-
sível. O caso fortuito, por outro lado, é caracterizado pela imprevisibilidade, embora
seja evitável. A distinção entre as figuras é matéria doutrinária, uma vez que a jurispru-
dência dos tribunais superiores não coteja os institutos.

9) Os diversos núcleos do tipo do art. 33, se o agente praticar ao mesmo momento aqueles
tipos, ele responde por concurso? Só há um juízo de subsunção. Princípio da alternatividade.

Resposta:

O tipo do artigo 33 da Lei 11.343/06 é exemplo do chamado ―tipo misto alternativo‖ ou


―crime de ação múltipla‖ou ―de conteúdo variado‖, o que vem a significar que a prática
de qualquer dos verbos no tipo descrito ou mesmo a prática de dois ou mais deles, em
um mesmo contexto fático, caracteriza crime único, não havendo que se falar em con-
curso de crimes.

10) Conflito aparente de normas, quais são as técnicas para a sua solução?

Resposta:

A doutrina majoritária apresenta três princípios para a solução do conflito aparente de


normas: especialidade, subsidiariedade e consunção. Alguns autores ainda citam a alter-
natividade como critério para solucionar o conflito, embora sob a crítica da doutrina
majoritária que defende que em caso de alternatividade, não haverá qualquer conflito
aparente de normas.

Por princípio da especialidade entende-se que havendo normas gerais e especiais apa-
rentemente subsuntíveis ao caso concreto, deve o intérprete optar por estas. Há relação
de especialidade, por exemplo, entre os tipos básicos e tipos derivados, entendendo-se
estes como os tipos qualificados e privilegiados.
1003
Aplicar-se-á o princípio da subsidiariedade quando o fato violar o mesmo bem jurídico
em diferentes graus/estágios, de forma que a norma subsidiária deve ser afastada para
aplicação única da norma principal, que acaba por abranger aquela.

O princípio da consunção é também chamado de absorção. Verifica-se sua aplicação


quando uma ―norma definidora de um crime constitui meio necessário ou fase normal
de preparação ou execução de outro crime‖(BITTENCOURT, Tratado de Direito Penal,
p. 226)

O princípio da alternatividade determina que nos crime de ação múltipla ou de conteúdo


variado, responderá por crime único o agente que praticar mais de uma conduta dentro
do mesmo contexto fático.

11) Aquele que auxilia no infanticídio, é coautor deste crime ou autor de homicídio?

Resposta:

Hoje é entendimento majoritário segundo o qual o infanticídio autoriza coautoria e par-


ticipação, pois segundo a interpretação do artigo 30 do Código Penal, as elementares do
crime se comunicam entres os agentes. Assim, caso o agente tenha dolo (consciência e
vontade) dirigido ao infanticídio, ainda que na forma de participação, por este tipo res-
ponderá, nos moldes do artigo 29 do Código Penal. Porém, há quem defenda que o in-
fanticídio somente pode ser cometido pela mãe, que se encontra no estado puerperal,
devendo o coautor ou partícipe responder por homicídio.

12) Como se averigua a questão das mulas (pequenos traficantes que servem de instrumentos
para o transporte da droga)?

Resposta:

O Informativo 661 do Supremo Tribunal Federal trouxe o entendimento da 2ª Turma da


Corte sobre o tema. Os ministros consideraram que o tráfico internacional não existiria
sem o transporte da droga pelas chamadas ―mulas‖. O Min. Gilmar Mendes ressaltou
que a ―mula‖, de fato, integraria a organização criminosa, na medida em que seu traba-
lho seria condição sine qua non para a narcotraficância internacional. Pressupunha, as-
sim, que toda organização criminosa estruturar-se-ia a partir de divisão de tarefas que
objetivasse um fim comum. Assim, inegável que esta tarefa de transporte estaria inseri-
da nesse contexto como essencial. Além disso, asseverou o Ministro que o legislador
não teria intenção de dispensar tratamento menos rigoroso ao ―traficante mula‖ ou, ain-
da, a outros com ―participação de menor importância‖ e não diretamente ligados ao nú-
cleo da organização. Se esse fosse o propósito, certamente consubstanciaria elementar
1004
do tipo. Ter-se-ia, então, um tipo penal derivado. Entretanto, o tema não é pacífico na
jurisprudência. Por exemplo, o TRF da 1ª Região tem decisão no sentido de que a ―mu-
la‖ não integra a organização criminosa. (ACR 0000332-50.2010.4.01.3201 / AM, Rel.
JUIZ TOURINHO NETO, TERCEIRA TURMA, e-DJF1 p.53 de 18/03/2011).

13) No crime de peculato, qual o bem jurídico protegido? No caso, há a possibilidade de se


aplicar o princípio da insignificância? Na dicção do tipo, nós temos apropriar-se de bem de
valor...quais são os tipos do peculato?

Resposta:

Entende-se que o bem jurídico protegido pelo tipo do artigo 312 do Código Penal é tan-
to o patrimônio da Administração Pública (interesse patrimonial do Estado), ainda que
envolva bens particulares e também a tutela da probidade e fidelidade da Administra-
ção. Assim, aduz-se no tipo a tutela do dano material, político e moral da Administração
Pública.

No que tange à aplicação do princípio da insignificância às condutas que se inserem no


tipo do peculato emana forte divergência jurisprudencial no ponto.

O Superior Tribunal de Justiça, pelas Turmas que compõem a Terceira Seção do Supe-
rior Tribunal de Justiça, é no sentido de que não se aplica o princípio da insignificância
aos crimes contra a Administração Pública, ainda que o valor da lesão possa ser consi-
derado ínfimo, uma vez que a norma visa resguardar não apenas o aspecto patrimonial,
mas, principalmente, a moral administrativa.

O Supremo Tribunal Federal aplica o princípio da insignificância aos crimes praticados


contra a Administração Pública, desde que observados os requisitos firmados pela pró-
pria Corte (mínima ofensividade da conduta do agente; nenhuma periculosidade social
da ação; reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; e, inexpressividade da
lesão provocada).

O Tribunal Regional Federal da 1ª Região, mormente sua 3ª Turma, parece estar conso-
ante o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, pois seu entendimento mais recen-
te é no seguinte sentido: ―O princípio da insignificância não tem aplicação no crime de
peculato , ainda que de pequeno valor o dano causado ao Erário” (HC 0017153-
61.2012.4.01.0000 / TO, e-DJF1 p.889 de 18/05/2012); ―o princípio da insignificância é
inaplicável aos crimes contra a Administração Pública, em razão da relevância do bem
jurídico protegido. Ao censurar a prática do crime de peculato , a norma penal visa
tutelar não somente o patrimônio público, como também a moralidade e a probidade
dos agentes públicos‖ (ACR 0002685-76.2005.4.01.3900 / PA, e-DJF1 p.326 de
13/01/2012)

1005
Segundo a doutrina, são tipos de peculato:

1. Próprio:

a) apropriar-se o funcionário público de dinheiro ou valor ou qualquer outro bem


móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo (peculato-
apropriação)

b) desviar o funcionário público dinheiro ou valor ou qualquer outro bem móvel,


público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, em proveito próprio ou
alheio (peculato-desvio)

2. Impróprio

a) subtrair ou facilitar a subtração o funcionário público, embora não tendo a


posse do dinheiro, valor ou bem, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a quali-
dade de funcionário (peculato furto)

3. Culposo

a) concorrer culposamente para o crime de outrem (é o único crime contra a


Administração que admite a forma culposa)

4. Peculato mediante erro de outrem

a) apropriar-se do que recebeu no exercício do cargo mediante erro de outrem


(erro não induzido, pois se o erro foi induzido, haverá o crime de estelionato) (peculato
estelionato)

5. Eletrônico

a) inserir ou facilitar a inserção de dados falsos; excluir ou alterar dados verda-


deiros em banco de dados da Administração

b) modificar ou alterar sistema informatizado sem autorização.

14) Qual a diferença entre a corrupção passiva e a concussão?

Resposta:

A diferença está nos verbos dos tipos, já que a concussão (artigo 316) somente se con-
suma se o agente exigir vantagem indevida, enquanto a corrupção passiva (artigo 317)
ocorre quando o agente solicitar, receber ou aceitar promessa de vantagem indevida.

1006
16.4.1.2. Questões do TRF2

1) O art. 183 da Lei no. 9472/97, desenvolvimento clandestino de atividade de telecomunica-


ções. Qual a natureza jurídica? (É tipo penal mesmo?)

Resposta:

Segundo o Tribunal Regional Federal da 1ª Região ―o crime do art. 183 do Lei 9.427/97
é formal, de perigo abstrato, e tem, como bem jurídico tutelado, a segurança dos meios
de comunicação, pelo que não incide, em relação a ele, o princípio da insignificância‖
(ACR 0004625-33.2006.4.01.3806 / MG, e-DJF1 p.190 de 25/05/2012)

2) Arma de defesa pessoal pode ser de qualquer calibre?

Resposta:

Não. Segundo a Lei 10.826/03, para defesa pessoal somente se permite o registro de
armas de uso permitido. Estas são definidas no artigo 17 do Decreto 3665/00 (R-105),
que dispõe:

Art. 17. São de uso permitido:

I - armas de fogo curtas, de repetição ou semi-automáticas, cuja munição comum tenha,


na saída do cano, energia de até trezentas libras-pé ou quatrocentos e sete Joules e suas
munições, como por exemplo, os calibres .22 LR, .25 Auto, .32 Auto, .32 S&W, .38
SPL e .380 Auto;

II - armas de fogo longas raiadas, de repetição ou semi-automáticas, cuja munição co-


mum tenha, na saída do cano, energia de até mil libras-pé ou mil trezentos e cinqüenta e
cinco Joules e suas munições, como por exemplo, os calibres .22 LR, .32-20, .38-40 e
.44-40;

III - armas de fogo de alma lisa, de repetição ou semi-automáticas, calibre doze ou infe-
rior, com comprimento de cano igual ou maior do que vinte e quatro polegadas ou seis-
centos e dez milímetros; as de menor calibre, com qualquer comprimento de cano, e
suas munições de uso permitido;

IV - armas de pressão por ação de gás comprimido ou por ação de mola, com calibre
igual ou inferior a seis milímetros e suas munições de uso permitido;

V - armas que tenham por finalidade dar partida em competições desportivas, que utili-
zem cartuchos contendo exclusivamente pólvora;

VI - armas para uso industrial ou que utilizem projéteis anestésicos para uso veterinário;

1007
VII - dispositivos óticos de pontaria com aumento menor que seis vezes e diâmetro da
objetiva menor que trinta e seis milímetros;

VIII - cartuchos vazios, semi-carregados ou carregados a chumbo granulado, conheci-


dos como "cartuchos de caça", destinados a armas de fogo de alma lisa de calibre permi-
tido;

IX - blindagens balísticas para munições de uso permitido;

X - equipamentos de proteção balística contra armas de fogo de porte de uso permitido,


tais como coletes, escudos, capacetes, etc; e

XI - veículo de passeio blindado.

3) Uma pessoa física pode responder pelos delitos da Lei de crimes financeiros?

Resposta:

Segundo o inciso II do parágrafo único do artigo 1° da Lei 7.492/86, a pessoa natural


pode ser equiparada a instituição financeira para fins criminais, respondendo por crime
contra o sistema financeiro. A mens legis é atingir ―laranjas‖, ―fantasmas‖, ―testas de
ferro‖, que tenham ligação próxima com a delinqüência do ―colarinho branco‖. O de-
nominado ―agiota‖, segundo entendimento do STF e STJ não responderá perante a Lei
dos crimes contra o Sistema Financeiro.

4) Existe diferença entre o art. 5º da lei 7.492 e o art. 168, CP? O administrador da empresa
tem a posse desses valores?

Resposta:

A diferença está no sujeito ativo dos crimes, uma vez que somente aqueles agentes in-
cluídos no artigo 25 da Lei 7402/86 (sujeitos ativos qualificados) poderão praticar o
crime do artigo 5° da mesma lei, caracterizando-se como crime próprio o referido tipo.
De outro lado, o artigo 168 do Código Penal trata-se de crime comum, podendo ser pra-
ticado por qualquer pessoa (exceto o proprietário).

5) Todos os tipos penais da Lei no. 7492 só abrangem o Sistema Financeiro Nacional como um
todo?

Resposta:

Segundo Adel El Tasse (in Legislação Criminal Especial, p. 1009), ―quando se analisa
cada tipo da Lei 7.492/86, nota-se a presença de um bem jurídico específico e um se-
1008
cundário atrelado a cada dispositivo. No entanto esta condição não desmente a regra
geral pela qual o objeto da proteção é o sistema financeiro, ou seja, só incorre tipifica-
ção da conduta se houver um enquadramento preciso em algo que agride o sistema fi-
nanceiro como um todo, sem apenas gerar reflexo no bem jurídico secundário. Portanto,
no caso de o bem jurídico secundário ser atingido isoladamente, automaticamente ocor-
re a descaracterização do crime contra o sistema financeiro nacional, passando-se a fa-
lar, em regra, tão somente em crime contra o patrimônio‖.

6) A Lei no. 7492 vem da Lei 1521, Lei da Economia Popular, mas é sinônimo de Sistema Finan-
ceiro?

Resposta:

7) O investidor é o sujeito passivo da Lei no. 1521?

Resposta:

8) Como se define gestão fraudulenta?

Resposta:

Gestão fraudulenta é aquela que se faz por meio enganoso, com má-fé e com o intuito
de ludibriar. A doutrina critica o dispositivo legal por vislumbrar no tipo ofensa ao
princípio da legalidade, que exige descrição da conduta tida como criminosa de maneira
clara e definida. Todavia, mediante esforço hermenêutico, a doutrina consegue extrair o
significado do termo ―fraudulenta‖ pela própria construção jurídica que o termo ―frau-
de‖ alcançou no ordenamento jurídico. Assim, tem-se que na gestão fraudulenta há o-
fensa imediata à higidez da gestão e patrimônio da instituição financeira (lesão ao mer-
cado financeiro). Além disso, ofende-se o patrimônio de terceiros de forma reflexa, pois
estas são as pessoas que alocam seus dinheiros e valores junto às instituições.

9) Quem é o outro “enganado” na gestão fraudulenta?

Resposta:

Sujeito passivo primário é o Estado. Sujeitos passivos secundários são os acionistas das
instituições financeiras e outros terceiros que dependam das diferentes operações finan-
ceiras efetivadas por estas, como os clientes bancários, por exemplo. São estes sujeitos
passivos secundários os outros ―enganados‖ pela prática delituosa.
1009
10) Qual é o elemento subjetivo na gestão temerária?

Resposta:

O dolo. Segundo o Superior Tribunal de Justiça, o tipo penal da gestão temerária refere-
se a crime comissivo doloso, não prevendo a forma culposa. A expressão temerária sig-
nifica que a gestão criminalmente relevante deve implicar necessariamente num liame
subjetivo entre a conduta do paciente e o resultado danoso.

O Tribunal Regional Federal da 1ª Região se assentou no mesmo sentido do STJ.

É pacífico o entendimento segundo o qual o crime, para ser punido na modalidade cul-
posa, deve ter previsão expressa em lei. Tal entendimento, aliás, decorre de disposição
expressa do parágrafo único do artigo 18 do Código Penal.

11) É adequada a forma culposa na gestão fraudulenta? (ver julgado do STJ que diz que é dolo-
so, pois a culpa sempre tem que ser expressa).

Resposta:

Assim como no crime de gestão temerária (vide acima), o crime de gestão fraudulenta
também tem como elemento subjetivo o dolo, de forma que a conduta culposa afastará a
tipicidade, uma vez que não expressa no tipo legal do artigo 5° da Lei 7492/86.

12) Lei no. 9472/97, crimes de clandestinidade das telecomunicações. Art. 183, qual o bem
jurídico tutelado nesse dispositivo? A multa aplicada nesse artigo é de dez mil reais, é possível
tal aplicação?

Resposta:

O crime do art. 183 do Lei 9.427/97 tem como bem jurídico tutelado a segurança dos
meios de comunicação. Este é inclusive o entendimento do Tribunal Regional Federal
da 1ª Região.

― A Corte Especial do TRF/1ª Região, ao julgar a ArgInc 2005.40.00.006267-0/PI, em


02/09/2010, declarou, à unanimidade, inconstitucional, no art. 183 da Lei 9.472/97, a
expressão "de 10.000,00 (dez mil reais)", ao entendimento de que a pena de multa , fi-
xada, no art. 183 da referida Lei, no valor certo de R$10.000,00 (dez mil reais), afronta
o princípio constitucional da individualização da pena, na medida em que impossibilita
ao magistrado avaliar as circunstâncias judiciais previstas no art. 59 do Código Penal e
aquilatar a situação econômica do sentenciado, impedindo-o de aplicar, corretamente, a
sanção penal.‖ (ACR 0004625-33.2006.4.01.3806 / MG, Rel. DESEMBARGADORA

1010
FEDERAL ASSUSETE MAGALHÃES, TERCEIRA TURMA, e-DJF1 p.190 de
25/05/2012). O Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça ainda não se
manifestaram sobre a aplicabilidade da multa prevista no dispositivo.

13) Efeitos da condenação: quando determinaria a perda do cargo público por força da conde-
nação? Sempre ocorre a perda do cargo público? Em que casos perde o cargo público?

Resposta:

A perda do cargo público é um efeito específico da condenação não automático e que


depende de motivação na sentença. Não ocorre somente nos crimes funcionais (arts. 312
a 347 do Código Penal), pode o juiz aplicar tal efeito a qualquer crime que um funcioná-
rio público cometer com violação de deveres que sua condição funcional lhe impõe ou
abuso de poder, cuja pena de prisão seja igual ou superior a um ano. Ao lado desta hi-
pótese, o juiz também pode aplicar tal efeito específico, segundo o artigo 92, I, b, do
Código Penal, quando o funcionário cometer qualquer crime cuja condenação importe
em pena privativa de liberdade superior a 4 (quatro) anos.

14) Quais são os outros efeitos da condenação?

Resposta:

São efeitos automáticos (genéricos) da condenação:

tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime;

perda em favor da União dos instrumentos, produtos ou proveito do crime, conforme


disposto no artigo 91, II, do Código Penal.

São efeitos específicos da condenação, além da perda de cargo público:

perda da função pública ou mandato eletivo, nos termos do artigo 92, I, a e b do Código
Penal;

a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes dolosos,
sujeitos à reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado;

a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime
doloso.

15) A perda do instrumento do crime é um dos efeitos da condenação; essa perda ocorre em
favor de quem?

1011
Resposta:

Segundo determina o artigo 91, II, do Código Penal, a perda dos instrumentos do crime
se dá em favor da União.

16) Tem ciência se na Justiça Estadual decreta-se essa perda em favor do Estado?

Resposta:

Trata-se este efeito do denominado ―confisco em favor da União‖, que se opera ope
legis a partir do trânsito em julgado da sentença penal condenatória, sendo, portanto,
automático, a perda em favor da União, não sendo necessário qualquer decretação, mui-
to menos em favor do Estado.

17) O que é erro de tipo? Erro de tipo escusável e inescusável?

Resposta:

Erro de tipo é a falsa percepção da realidade. Entende-se por erro de tipo aquele que
recai sobre as elementares (gerando atipicidade absoluta ou relativa), circunstâncias
(podendo interferir na pena ou presunções legais) justificantes ou qualquer dado que se
agregue a determinada figura típica. No erro de tipo, o agente não sabe o que faz.

O erro de tipo pode ser:

ERRO DE TIPO ESSENCIAL: Recai sobre dados principais do tipo. Se o agente sou-
besse do erro, evitaria a conduta criminosa. O erro essencial pode ser:

inevitável (escusável ou imprevisível)

evitável (inescusável ou previsível)

ERRO ACIDENTAL: Recai sobre dados periféricos do tipo. Se o agente fosse avisado
do erro, o corrigiria e persistiria na conduta criminosa. O erro acidental se divide em:

sobre o objeto;

sobre a pessoa;

na execução;

no resultado (diverso do pretendido);

sobre o nexo causal

1012
Todo erro de tipo essencial, seja escusável ou inescusável, EXCLUI O DOLO. No erro
escusável exclui-se o dolo, pois não há o elemento consciência do dolo. Exclui-se tam-
bém A CULPA, pois não há previsibilidade do resultado. No erro inescusável exclui-se
o dolo também porque não há consciência do agente, elemento indispensável à caracte-
rização do dolo. Não se exclui a culpa porque o resultado era previsível. Pune-se então a
conduta a título de culpa, se houver previsão do crime na modalidade culposa em lei.

18) Qual a distinção entre a gestão fraudulenta e a gestão temerária? Qual seria a linha divisó-
ria entre o que seria a ousadia e a gestão temerária?

Resposta:

Embora a doutrina critique bastante tanto o tipo do caput do artigo 4° (gestão fraudulen-
ta) quanto seu parágrafo único (gestão temerária) pela falta de clareza e transparência da
lei sobre seus conceitos (ofensa ao princípio da legalidade), tem-se que aquela seria a
gestão por meio enganoso, com má-fé e intuito de ludibriar, enquanto esta seria a gestão
excessivamente arriscada, arrojada. O Tribunal Regional Federal da 1ª Região assentou
que ―gestão temerária é a que é feita sem a prudência ordinária, com demasiada confi-
ança no êxito que a previsibilidade normal tem como improvável, assumindo riscos
audaciosos em transações perigosas ou inescrupulosamente, arriscando o dinheiro
alheio (HC 0025494-86.2006.4.01.0000 / PA, DJ p.13 de 31/08/2007). Extremamente
difícil determinar o momento em que a gestão deixa de ser aconselhável e ousada dentro
do padrão de mercado de capitais, passando a caracterizar-se como empreendedora de
riscos aviltantes de modo a caracterizar o crime. Segundo o TRF da 1ª Região, a gestão
temerária é crime de perigo concreto. Sem temeridade - elemento normativo - não há
crime. Assim, a análise desse limite tênue entre conduta típica e atípica há de ser feita
pelo juiz no caso concreto, diante das circunstâncias fáticas postas perante o julgador
para análise

19) O que é gestão fraudulenta? Qual o bem jurídico em jogo? É possível criminalizar uma
conduta por ofender um sistema por si só? É de dano ou de perigo? Abstrato ou concreto? Por
quê?

Resposta:

Embora a doutrina critique bastante o tipo do caput do artigo 4° (gestão fraudulenta)


pela falta de clareza e transparência da lei sobre seu conceito (ofensa ao princípio da
legalidade), tem-se que esta seria a gestão por meio enganoso, com má-fé e intuito de
ludibriar. Diz-se que o crime é pluriofensivo, uma vez que são bens jurídicos protegidos
pela lei a higidez da gestão - do mercado financeiro (ordem econômico-financeira) e os
patrimônios individuais relacionados ao exercício da instituição financeira.

1013
Segundo entendimento do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, o crime é de perigo
concreto, ou seja, não é presumido da conduta, devendo ser comprovado nos autos.

20) O crime de gestão temerária, qual o elemento subjetivo?

Resposta:

O dolo. Segundo o Superior Tribunal de Justiça, o tipo penal da gestão temerária refere-
se a crime comissivo doloso, não prevendo a forma culposa. A expressão temerária sig-
nifica que a gestão criminalmente relevante deve implicar necessariamente num liame
subjetivo entre a conduta do paciente e o resultado danoso.

O Tribunal Regional Federal da 1ª Região se assentou no mesmo sentido do STJ: ―O


crime de gestão temerária não exige condições objetivas de punibilidade e só pode ser
punido a título de dolo‖. (HC 0025494-86.2006.4.01.0000 / PA, DJ p.13 de 31/08/2007)

É pacífico o entendimento segundo o qual o crime, para ser punido na modalidade cul-
posa, deve ter previsão expressa em lei. Tal entendimento, aliás, decorre de disposição
expressa do parágrafo único do artigo 18 do Código Penal.

21) No Direito Penal brasileiro temos definição de organização criminosa?

Resposta:

Antes da Lei 12.694/2012, o Superior Tribunal de Justiça entendia que ―a definição de


organização criminosa é aquela estabelecida na Convenção das Nações Unidas sobre
Crime Organizado Transnacional (Convenção de Palermo), aprovada pelo Decreto Le-
gislativo 231/03 e promulgada pelo Decreto 5.015/04, que dita que grupo criminoso
organizado é aquele "estruturado de três ou mais pessoas, existente há algum tempo e
atuando concertadamente com o propósito de cometer uma ou mais infrações graves ou
enunciadas na presente Convenção, com a intenção de obter, direta ou indiretamente,
um benefício econômico ou outro benefício material". Por outro lado, o STF entendeu
que não havia a definição de organização criminosa no Brasil.

Referida Lei 12.694/2012, de 24 de julho de 2012, em seu artigo 2° define legalmente o


que vem a ser organização criminosa: ―Para os efeitos desta Lei, considera-se organiza-
ção criminosa a associação, de 3 (três) ou mais pessoas, estruturalmente ordenada e ca-
racterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter,
direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de crimes
cuja pena máxima seja igual ou superior a 4 (quatro) anos ou que sejam de caráter
transnacional‖.

1014
22) No Direito Penal brasileiro, há lei que defenda o bem jurídico segurança jurídica?

Resposta:

23) Há possibilidade de condenação por crime organizado? (art.2º. da Lei no. 9.034). Altera o
conceito de quadrilha?

Resposta:

Por força da Lei 9.034/95, que dispõe sobre a utilização de meios operacionais para a
prevenção e repressão de ações praticadas por organizações criminosas, o crime de qua-
drilha ou bando (artigo 288 do Código Penal) é considerado crime organizado, o que
permite que seja realizada a ação controlada da polícia para sua apuração, bem como
acesso a dados, documentos e informações fiscais, bancárias, financeiras e eleitorais,
nos termos que dispõe a lei.

Com a lei 12.694/2012, fixou-se finalmente o tão debatido conceito de organização cri-
minosa e, para sua caracterização, exigiu o legislador a associação de 3 (três) ou mais
pessoas. Além disso, outras características devem estar presentes para configurar a or-
ganização criminosa, como a estruturação e a divisão de tarefas. Tal definição, confor-
me entendimento já existente na doutrina, não é capaz de alterar o conceito de quadri-
lha, crime que pode se delinear dentro de uma organização criminosa ou não. Assim,
nem toda quadrilha será necessariamente uma organização criminosa, se não preencheu
todos os requisitos de sua definição. Aliás, o próprio artigo 1° da Lei 9.034/95 diferen-
cia quadrilha de organização e de associação criminosa: Art. 1o Esta Lei define e regula
meios de prova e procedimentos investigatórios que versem sobre ilícitos decorrentes de
ações praticadas por quadrilha ou bando ou organizações ou associações criminosas de
qualquer tipo.

Contudo, é bom salientar que não existe o tipo penal de organização criminosa, ou seja,
não há o preceito secundário, que é a fixação de penal para os integrantes da organiza-
ção criminosa. A organização criminosa no Brasil é UMA FORMA de cometer cri-
mes. Já a quadrilha constitui um tipo penal autônomo.

QUADRILHA OU BANDO ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA

Crime (art. 288 do CP) Forma de praticar crime (art. 2º da Lei


12.694/12)

Associação de mais de três pessoas (míni- Associação de três ou mais pessoas


mo 4)

Dispensa organização,sendo indiferente a Estruturalmente ordenada e caracterizada


posição ocupada por cada associado pela divisão de tarefas

1015
Tem como finalidade aprática de crimes Tem como finalidade obter vantagem de
(dolosos, não importando o tipo ou quanti- qualquer natureza, mediante a prática de
dade da pena em abstrato), sendo dispen- crimes.
sável o objetivo de lucro

16.4.1.3. Questões do TRF3

1) Quando se consuma o crime de quadrilha?

Resposta:

O crime se consuma com a simples associação, de forma permanente e estável, de qua-


tro ou mais pessoas para a prática de crimes, conduta que já se configura capaz de con-
turbar a paz e tranquilidade públicas (TRF1-ACR 0000355-04.2007.4.01.3200 / AM,
Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL CÂNDIDO RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, e-
DJF1 p.42 de 12/02/2010). É indiferente que o autor venha a aderir posteriormente à
quadrilha já formada, pois com esta adesão o crime se consuma para ele. Diante disso,
entende-se que prescinde que o bando inicie a execução de algum crime, pois a mera
formação do grupo para fins de praticar crimes já consuma o delito. Ainda, há que se
referir que se trata de crime coletivo permanente, admitindo prisão em fragrante en-
quanto não cessada a permanência.

2) Os crimes previstos na Lei de Licitações são crimes próprios de servidores públicos?

Resposta:

Não. Terceiros que não sejam servidores públicos também podem ser sujeitos ativos dos
crimes contra a Administração Pública. Tanto é assim que o artigo 83 da Lei 8.666/93
prevê, unicamente para os crimes cometidos por servidores públicos, além da sanção
penal, a perda do cargo, emprego, função ou mandato eletivo. Além disso, caso sejam
os autores ocupantes de cargo em comissão ou função de confiança, nos termos do arti-
go 84, § 2° do Código Penal, terão suas penas acrescidas da terça parte.

3) Qual a natureza jurídica do crime do art. 98 da Lei de Licitações? (A examinadora pediu que
o candidato verificasse o artigo na Lei). Esse crime difere do crime de concussão previsto no
Código Penal? No crime do art. 98 é possível a tentativa?

Resposta:

Trata-se de infração penal de menor potencial ofensivo e ainda somente se tipifica na


modalidade dolosa. É também crime formal, pois independente da obtenção da vanta-

1016
gem do agente, este pratica o delito pela prática de qualquer um dos verbos núcleos do
tipo.

O tipo da lei de licitações se difere do crime de concussão em diversos aspectos. Este


tem no verbo ―exigir‖ o seu núcleo. Para sua tipificação exige-se o elemento subjetivo
do injusto consistente na obtenção de ―vantagem indevida‖. Além disso, o tipo do artigo
316 do Código Penal, com pena de 2 a 8 anos, não se caracteriza como infração penal
de menor potencial ofensivo, não permite transação penal e tampouco suspensão condi-
cional do processo. De outro lado, o crime do artigo 98 da Lei 8.666/93 possui como
núcleos os verbos ―obstar‖, ―impedir‖, ―dificultar‖ e ―promover‖. São condutas menos
graves sob o ponto de vista do legislador penal, que estabeleceu sua sanção com pena de
detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, caracterizando-se como infração de menor
potencial ofensivo e permitindo a aplicação dos institutos da transação penal e suspen-
são condicional do processo. O mais relevante é que o tipo não exige elemento subjetivo
do injusto, de forma que pouco importa qual era a intenção do agente (obtenção de van-
tagem, vingança, demonstração de poder...), pois uma vez que o agente pratique dolo-
samente qualquer das condutas descritas no tipo, com consciência e vontade, terá se
tipificado o delito.

4) O Magistrado que não recebe, imotivadamente, um advogado no horário de expediente


para apreciar uma medida urgente infringe o art. 5º, XIII*, CF? (*A examinadora citou este
dispositivo mesmo). Haveria abuso de autoridade?

Resposta:

Segundo o artigo 3°, j, da Lei 4.898/65, constitui abuso de autoridade qualquer atentado
aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício profissional. Trata o dispositivo,
segundo a doutrina, de norma penal em branco, que necessita de complementação em
outros dispositivos legais, como o EOAB (Lei 8.906/94). O artigo 7° da referida norma
complementadora dispõe sobre os direitos dos advogados e, dentre eles, mais especifi-
camente no inciso VIII assegura ao advogado o direito de ―dirigir-se diretamente aos
magistrados nas salas e gabinetes de trabalho, independentemente de horário previa-
mente marcado ou outra condição, observando-se a ordem de chegada”.

Diante disso, conclui-se que, em tese, o magistrado pode cometer abuso de autoridade
mediante o não recebimento imotivado do advogado, e diz-se ―em tese‖ porque, no caso
concreto, é imperioso se observar qual era a intenção do juiz, o fundamento de sua ati-
tude, para que esta possa ser ou não subsumida ao tipo. É que tais crimes de abuso de
autoridade somente são cometidos de forma dolosa e desde que o agente aja com o dolo
específico de abusar, de agir com arbitrariedade, com prepotência (elemento subjetivo
do injusto). É necessário analisar no caso concreto a conduta, a fim de divisar a nem
sempre clara faixa que separa os atos discricionários dos arbitrários.

1017
5) Quais os efeitos extrapenais decorrentes da sentença penal condenatória nos crimes fali-
mentares? São automáticos? Devem ser fundamentados?

Resposta:

Segundo o art. 181 da Lei 11.101/05, são efeitos da condenação por crime previsto nesta
Lei:

I – a inabilitação para o exercício de atividade empresarial;

II – o impedimento para o exercício de cargo ou função em conselho de adminis-


tração, diretoria ou gerência das sociedades sujeitas a esta Lei;

III – a impossibilidade de gerir empresa por mandato ou por gestão de negócio.

O § 1º do mesmo artigo é expresso ao dispor que referidos efeitos de não são automá-
ticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença, e perdurarão até 5 (cinco)
anos após a extinção da punibilidade, podendo, contudo, cessar antes pela reabilitação
penal.

16.4.1.4. Questões do TRF4

16.4.1.5. Questões do TRF5

TRF5 – 2012

1) Qual o significado do principio da insignificância e do princípio da adequação social?

Resposta:

O princípio da insignificância é um desdobramento lógico do princípio da fragmentari-


edade. Segundo o STF e STJ, somente considera-se típica a conduta que possua um re-
sultado jurídico, ou seja, lesão ou efetivo perigo de lesão a um bem jurídico, de forma
que "[o] princípio da insignificância não foi estruturado para resguardar e legitimar
constantes condutas desvirtuadas, mas para impedir que desvios de condutas ínfimas,
isoladas, sejam sancionados pelo direito penal, fazendo-se justiça no caso concreto.
Comportamentos contrários à lei penal, mesmo que insignificantes, quando constantes,
devido a sua reprovabilidade, perdem a característica de bagatela e devem se submeter
ao direito penal". Trata-se, pois, de causa supralegal excludente do fato típico cujos
requisitos são os seguintes: 1. mínima ofensividade da conduta do agente; 2. nenhuma
periculosidade social, 3. reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; 4. inex-
pressividade da lesão provocada.

O princípio da adequação social, por sua vez, sustenta que certos comportamentos, em
si mesmo típicos, carecem de relevância por serem correntes no meio social, de forma
que não deveriam ser punidos. Há um descompasso entre as normas penais incriminado-

1018
ras e o socialmente permitido ou tolerado. A doutrina se digladia quanto à natureza jurí-
dica da adequação social como excludente de tipicidade, excludente de antijuridicidade,
princípio geral de interpretação ou nenhum destes. A discussão se coloca por se tratar a
adequação social de princípio inseguro e relativo. O Superior Tribunal de Justiça possui
entendimento pacífico no sentido de que a adequação social não tem o condão de, por si
só, revogar tipos penais. Tal entendimento já foi aplicado quanto aos tipos do art. 229
do Código Penal (manter casa de prostituição) e 184, § 2º, do Código Penal (pirataria).

2) Qual a distinção entre desistência voluntária e arrependimento eficaz?

Resposta:

Ambas são espécies de tentativa qualificada ou tentativa abandonada. Diferenciam-se,


todavia, quanto à consumação do crime. Na desistência voluntária o sujeito ativo aban-
dona a execução do crime quando ainda lhe sobra, do ponto de vista objetivo, uma mar-
gem de ação. Há, aqui, início da execução (não concluída), mas não consumação do
resultado por circunstâncias inerentes à vontade do autor. No arrependimento eficaz, de
outro lado, o agente também tenta impedir que o resultado do crime se produza por um
comportamento seu, mas somente após este agente ter praticado todos os atos executó-
rios. Este comportamento implica sempre em uma ação, enquanto na desistência este
comportamento será a omissão (atitude passiva).

16.5. Direito Previdenciário

16.5.1. Perguntas Residuais

16.5.1.1. Questões do TRF1

16.5.1.2. Questões do TRF2


1) Qual é a função primária da justificação no âmbito das ações previdenciárias?

Resposta:

A função primária da ação de justificação é a formação de um elemento de prova, na


qual será demonstrado determinado fato ou relação jurídica, para ser utilizada em pro-
cesso previdenciário futuro (AC 200150010044127, Desembargador Federal CASTRO
AGUIAR, TRF2 - PRIMEIRA TURMA ESPECIALIZADA, DJU - Data::26/06/2009 –
Página::185.).

1019
2) O juiz que presidiu a justificação fica prevento para eventual ação principal? Este segundo
magistrado estaria vinculado ao que foi colhido naquela primeira fase, na justificação? Ele fica
vinculado ou tem liberdade para apreciar?

Resposta:

Na ação de justificação judicial não há contraditório, razão pela qual não há se falar em
decisão de mérito. A declaração judicial se limita a analisar a verificação da observância
às formalidades legais (AC 200150010044127, Desembargador Federal CASTRO A-
GUIAR, TRF2 - PRIMEIRA TURMA ESPECIALIZADA, DJU - Data::26/06/2009 –
Página::185.). Portanto, não havendo análise de mérito ou decisão de mérito, não se
pode dizer que o juízo em que tramitou a ação de justificação judicial estará prevento
para apreciar a ação principal (CC 0022688-93.1997.4.01.0000 / DF, Rel. JUIZ JIRAIR
ARAM MEGUERIAN, PRIMEIRA SEÇÃO, DJ p.74 de 17/08/1998).

Do mesmo modo, na ação principal, na qual serão observados os princípios do contradi-


tório e da ampla defesa, o juiz, ao analisar as provas, poderá, com base no princípio do
livre convencimento motivado, afastar os elementos de provas (não se diz que são pro-
vas, eis que não foram produzidas sob o crivo do contraditório) produzidos na ação ju-
dicial de justificação, isto é, decidir de forma contrária.

3) Juizado Especial Federal: como é que a lei trata? Competência absoluta, relativa? Como a lei
inicialmente delineia esta competência?

Resposta:

A competência do Juizado Especial Federal possui natureza absoluta (artigo 3°, da Lei
n. 10.259/2001) para o processamento e julgamento das causas afetas à Justiça Federal
até o valor de 60 salários mínimos bem como competência para executar suas pró-
prias sentenças, excetuando-se da regra geral, todavia, as causas a que se refere o § 1º,
incisos I a IV, do art. 3º da Lei n. 10.259/2001,. (AC 0006588-22.2004.4.01.3200 / AM,
Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO DE ASSIS BETTI, SEGUNDA
TURMA, e-DJF1 p.1120 de 11/05/2012) (CC 0005632-22.2012.4.01.0000 / PA, Rel.
DESEMBARGADOR FEDERAL DANIEL PAES RIBEIRO, TERCEIRA SEÇÃO, e-
DJF1 p.33 de 10/04/2012). Porém o tema é polêmico se considerado com a resposta à
pergunta ―4‖.

4) A doutrina vem fazendo uma ponderação sobre se esta competência é concorrente ou ex-
clusiva. Conhece esta polêmica da doutrina? É uma opção ou é imposição, pode ser objeto de
escolha do interessado ou ele é obrigado a percorrer a via do Juizado?

Resposta:
O tema não é pacífico. A jurisprudência do TRF2 vem se consolidando no sentido de
ser competência concorrente, sendo uma opção do interessado (discricionariedade)
1020
escolher o Juizado Especial Federal, se este for competente de acordo com a Lei nº.
10.259/2001, ou a Justiça Comum Federal (AG 200902010183849, Desembargador
Federal SERGIO SCHWAITZER, TRF2 - OITAVA TURMA ESPECIALIZADA, E-
DJF2R - Data::12/07/2011 - Página::233/234.).

5) E se houvesse a necessidade de produzir uma prova mais complexa que não seria cabível,
teoricamente, dado o princípio da simplicidade que rege o Juizado Especial? Poderíamos vis-
lumbrar a possibilidade de a ação ser ajuizada numa vara federal comum previdenciária?

Resposta:

O tema não é pacífico. Contudo, o entendimento jurisprudencial dos Juizados Especiais


Federais é no sentido de que não é possível a realização de perícia complexa e onero-
sa. Sendo complexa ou onerosa, caberá à Justiça Federal Comum apreciar e julgar a
causa, eis que, segundo os defensores dessa tese, defender o contrário violaria as finali-
dades do Juizado Especial: simplicidade, oralidade, economia processual, informalidade
e celeridade (Enunciado 91 do FONAJEF – Fórum Nacional dos Juizados Especiais
Federais).

6) Com base em qual artigo da Constituição teríamos que filtrar o art. 3° da lei 10.259? Tería-
mos que fazer uma interpretação conforme a Constituição para não negar vigência a que prin-
cípio?

Resposta:

A Lei 10.259/2001 não fez menção expressa ao critério de menor complexidade da ma-
téria, objeto do litígio, para fixar a competência originária dos Juizados Especiais Fede-
rais. Da interpretação do texto constitucional no art. 98, I, combinado com o seu pará-
grafo primeiro, subsume implicitamente que o critério orientador da definição da com-
petência dos Juizados Federais é o da menor complexidade da causa, verificado segundo
a interpretação conjunta de todo o microssistema. Assim, o art. 3.º da Lei em exame
abre um leque enorme para o ajuizamento de demandas perante os Juizados Especiais
Federais, porquanto é genérico ao definir quais seriam essas ‗causas'. Obviamente que
esse inciso haverá de ser interpretado em sintonia com todo o microssistema e, em par-
ticular, com a linha mestra definida no art. 98, I, c/c o seu parágrafo único da CF, que
delimitam os contornos da competência às causas de ‗menor complexidade.

7) É muito comum o INSS ajuizar ações regressivas para se pagar de valores a título de benefí-
cio acidentário que se vê obrigado a pagar em decorrência do infortúnio que o trabalhador
sofreu. Conhece a temática que envolve a discussão que envolve a prescrição, notadamente
no que concerne ao prazo prescricional destas ações regressivas? Qual o prazo defendido pelo
INSS e com base em que argumento?

1021
Resposta:

As ações regressivas são propostas com base no art. 120 da Lei nº. 8.213/1991. O INSS
defende o prazo prescricional quinquenal (fundamento: Decreto 20.910/1932, Leis
6.367/1976 e 8.213/1991) em relação aos pagamentos pretéritos. Segundo o INSS não
há se falar em prescrição do próprio direito (fundo de direito4) de reaver os pagamentos
por ser imprescritível as ações ressarcimento dos prejuízos causados ao Erário
(fundamento: §5º do art. 37 da CF). O Tribunal Regional Federal da 4ª Região tem deci-
sões no sentido de que estamos diante de pretensão que objetiva um ressarcimento pela
prática de ato ilícito civil, que somente é concretizado ante a demonstração da responsa-
bilidade calcada em culpa ou dolo do agente. Tal realidade autentica a conclusão de se
estar diante de um pedido de reparação de danos, hipótese descrita no artigo 206, pará-
grafo 3º, inciso V, do Código Civil (TRF4 2008.71.17.000959-5, D.E. 31/05/2010;
TRF4 5000153-42.2010.404.7212, D.E. 20/01/2011). Ressalta-se, ademais, que nessas
decisões defendeu-se a tese de que a imprescritibilidade viola o princípio da segurança
jurídica, na medida em que a prestação reclamada é parcela única, não obstante o seu
recebimento de forma parcelada. Trata-se de uma prestação indenizatória, que poderia
ser disposta em uma única parcela, mas em face da legislação em regência e visto a po-
lítica de governo acerca do caso, as parcelas são concedidas de forma continuadas ou
sucessivas. (fonte: http://www.conjur.com.br/2012-jun-21/wagner-balera-prescricao-
trienal-ideal-acoes-regressivas-inss5 acessado no dia 27 de agosto de 2012).

Contudo, atualmente o Tribunal Regional Federal da 4ª Região vem consolidando o


entendimento de que o prazo prescricional nessas ações regressivas é de 5 anos. Segun-
do essa Corte, os fundos da previdência social, desfalcados por acidente havido hipote-
ticamente por culpa do empregador, são compostos por recursos de diversas fontes,
tendo todas elas natureza tributária. Se sua natureza é de recursos públicos, as normas
regentes da matéria devem ser as de direito público, porque o INSS busca recompor-se
de perdas decorrentes de fato alheio decorrente de culpa de outrem. Assim, quando o
INSS pretende ressarcir-se dos valores pagos a título de pensão por morte, a prescrição
aplicada não é a prevista no Código Civil, trienal, mas, sim, a qüinqüenal, prevista
no Decreto nº 20.910, de 6 de janeiro de 1932. (TRF4, APELREEX 5000537-
90.2010.404.7119, Quarta Turma, Relator p/ Acórdão João Pedro Gebran Neto, D.E.
24/07/2012) (TRF4, APELREEX 5002611-28.2011.404.7202, Terceira Turma, Relato-
ra p/ Acórdão Maria Lúcia Luz Leiria, D.E. 26/07/2012); (TRF4, EINF 5000510-
12.2011.404.7107, Segunda Seção, Relatora p/ Acórdão Loraci Flores de Lima, D.E.

4
Fundo de direito, aliás, é a expressão utilizada para identificar a situação jurídica fundamental a caracterizar a es-
sência e a base de um dado direito. No caso, a obrigação de ressarcir o erário por prejuízo decorrente de um ato
ilícito praticado.

5
Leitura recomendada: http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,prescricao-nas-acoes-regressivas-
acidentarias,37749.html

1022
19/06/2012); (TRF4, EINF 5003831-19.2010.404.7001, Segunda Seção, Relatora p/
Acórdão Loraci Flores de Lima, D.E. 19/06/2012).

Em que pese o acórdão (TRF4, APELREEX 5003414-11.2011.404.7202, Terceira


Turma, Relator p/ Acórdão Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, D.E. 12/04/2012) se
referir à prescrição trienal (art. 206, §3º, inciso V), a parte em que se afasta a imprescri-
tibilidade é o que nos interesse. Foi a última decisão encontrada com relação ao afasta-
mento dessa tese, a indicar que o TRF4 não admite esse argumento. No entanto, em que
pese essa Corte não admitir a tese da imprescritibilidade, reconhece que não há se falar
em prescrição de fundo de direito, na medida em que as consequências do acidente
perduram ao longo do tempo. Trata-se, portanto, de prestações de cunho sucessivo.

16.5.1.3. Questões do TRF3

16.5.1.4. Questões do TRF4

16.5.1.5. Questões do TRF5

16.6. Direito Civil

16.6.1. Perguntas Residuais

16.6.1.1. Questões do TRF1

16.6.1.2. Questões do TRF2


1) Como se caracteriza o instituto da gestão de negócios?

Resposta:

A gestão de negócios ―ocorre quando alguém age em nome de outrem sem ter mandato
para tal‖. (RODRIGUES, Silvio. Direito civil: dos contratos e das declarações unilate-
rais da vontade. Vol. 3. 29 ed. São Paulo: Saraiva, 2003. P. 399).

E continua:

―[...] trata-se, no mais das vezes, de um ato de altruísmo, em que o gestor, com o intuito
de evitar um prejuízo para o dono do negócio, porventura ausente, embora sem estar por
ele autorizado, ou pela lei, toma a iniciativa de intervir na órbita de interesses daquele,
para preservá-los, atuando como atuaria o dono da coisa se ali estivesse‖ (RODRI-

1023
GUES, Silvio. Direito civil: dos contratos e das declarações unilaterais da vontade.
Vol. 3. 29 ed. São Paulo: Saraiva, 2003. P. 399).

Cabe destacar que a posição do referido autor é não considerar esse ato unilateral como
uma figura contratual, devido à ausência de anuência do ato por parte do interessado.

2) Gestor sempre vai responder por caso fortuito?

Resposta:

Responderá em três hipóteses:

―[...] em três hipóteses, entretanto, o gestor responde não só por sua culpa, como até
por caso fortuito: a) quando inicia a gestão contra a vontade real ou presumida do dono
do negócio, caso em que este último poderá não só reclamar indenização como, sendo
possível, exigir que o gestor restitua a coisa ao estado anterior (art. 862); b) quando fizer
operações arriscadas, ainda que o dono do negócio costumasse fazê-las; c) quando o
gestor preterir interesses do dono do negócio, por amor aos próprios (art. 868)‖ (RO-
DRIGUES, Silvio. Direito civil: dos contratos e das declarações unilaterais da vontade.
Vol. 3. 29 ed. São Paulo: Saraiva, 2003. p.405).

3) Há casos em que não há responsabilidade do gestor?

Resposta:

Sim, quando envidar toda diligência habitual na administração do negócio, salvo os da-
nos decorrentes de culpa (art. 866 do CC). Não haverá responsabilização: quando provar
que os danos seriam causados mesmo sem a sua interferência; quando o interessado
anui com os negócios arriscados feitos pelo gestor, que terá de ser indenizado pelas des-
pesas e prejuízos decorrentes da operação (parágrafo único, art. 868 CC); quando o ne-
gócio for utilmente administrado (art. 869) – evitar dano eminente ou aproveite lucro ao
interessado –; e, a ratificação pura e simples do dono do negócio (art. 873), quando a
gestão produzirá efeitos de mandato.

4) Tem relevância o fato de ter agido de acordo com a vontade presumida do dono?

Resposta:

Sim, a presunção é uma característica da gestão de negócios: ―‗Negócio alheio‘, consta


no sentido de qualquer atividade em prol da vontade presumida do dono do negócio que
dê origem a obrigações, sejam atos meramente materiais, sejam atos ou negócios jurídi-

1024
cos [...]‖. (VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: contrato em espécie. 3ª ed. São Pau-
lo: Atlas, 2003, p.195-296).

Cabe apontar que agir contra a vontade presumida do interessado pode dar causa à res-
ponsabilidade do gestor: ―[...] quando inicia a gestão contra a vontade real ou presumida
do dono do negócio, caso em que este último poderá não só reclamar indenização como,
sendo possível, exigir que o gestor restitua a coisa ao estado anterior (art. 862); [...]
(RODRIGUES, Silvio. Direito civil: dos contratos e das declarações unilaterais da von-
tade. Vol. 3. 29 ed. São Paulo: Saraiva, 2003. P. 399).

5) Promessa de recompensa. Concurso de prêmios. A empresa ofertante do concurso poderia


utilizar o slogan do vencedor?

Resposta:

Em uma interpretação literal do artigo 860 do Código Civil, as ―obras ou serviços‖


premiados pertencerão, se vier expressamente previsto na publicação de promessa, ao
promitente. Assim, estando expressamente previsto na publicação da promessa, presu-
me-se que, na condição de proprietário (promitente), poderá utilizar o slogan utilizado
pelo vencedor quando ele (slogan) integrar a ―obra premiada‖ ou no caso de ―o slogan‖
ser a própria obra premiada.

6) Enriquecimento sem causa. Foi rescindida a sentença, que transitada em julgado, era causa
para recebimento. Desaparece a causa do recebimento?

Resposta:

Depende, a ação rescisória possui dois efeitos, a rescisão da coisa julgada (iudicium
rescindens) e o novo julgamento da causa (iudicium rescissorium), que são cumuláveis,
mas não em todos os casos, sendo dispensável quando ―o pedido de „novo julgamento‟
não precisa(r) ser feito quando a mera rescisão do julgado for suficiente, ou quando
não for possível ao órgão competente para a rescisão proferir novo julgamento‖. (ARE-
NHART, Sérgio Cruz; MARIONI, Luiz Guilherme. Processo de Conhecimento. 10.
ed. ver. atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. p. 661).

A fim de que se possa determinar, de fato, se o efeito executivo da sentença original


desaparecerá, dependerá da natureza da ação original, pois, a rescisão da coisa julgada,
em si, pode importar na anulação dos efeitos da sentença. Contudo, quando for necessá-
rio novo julgamento, pode ocorrer de o acordão rescindir o julgamento anterior e man-
ter seu dispositivo, só que com nova fundamentação:

―Fora a necessária atenção às causas de pedir, é imprescindível tomar os votos dos ma-
gistrados em duas fases, a rescindente (que desconstitui o acordão rescindindo) e a res-
1025
cisória (que realiza o novo julgamento da causa). [...] De modo que o juízo rescindente
pode ser de procedência e o rescisório de improcedência‖ (ARENHART, Sérgio Cruz;
MARIONI, Luiz Guilherme. Processo de Conhecimento. 10. ed. ver. atual. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2011. p. 665).

7) Registros Públicos. A Lei no. 6.015 trata de todos? O que são os Registros Públicos? Exemplo
de que não está nessa lei. E um exemplo de registro constitutivo.

Resposta:

Não. A Lei nº. 6.015 não trata de todos. O Decreto-Lei nº. 58/ 1937 trata dos procedi-
mentos de registro de loteamento; a Lei nº. 6.766/1979 trata dos procedimentos do par-
celamento de solo urbano; a Lei nº . 9.492/1997 regula o protesto de títulos; a Lei º
8.935/1994 (Lei dos Cartórios) trata sobre serviços notariais e de registro bem como
fala de outras serventias menos conhecidas: o tabelionato e registro de contratos maríti-
mos e o registro de distribuição.

Registros públicos são os atos de organização técnica e administrativa destinados a ga-


rantir a publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos (art. 1º das
Leis 6.015/1973 e da Lei nº. 8.935/1994).

Exemplo de registro constitutivo: casamento extrajudicial. Exemplo de registro des-


constitutivo: divórcio extrajudicial.

8) Se no RGI o bem consta como alodial, desembaraçado, pode a União dizer que é terreno de
Marinha?

Resposta:

Sim. Na verdade, não há bem particular em áreas consideradas de Marinha, mesmo que
existam títulos para tal. Conforme se depreende do enunciado da Súmula nº. 496: ―Os
registros de propriedade particular de imóveis situados em terrenos de marinha não
são oponíveis à União‖.

9) Em que consiste a chamada vacatio legis? A lei em vacatio revoga a legislação anterior?

Resposta:

A Vacatio Legis é o período entre a publicação de uma Lei e o momento em que come-
çará a sua vigência e produzirá sua eficácia. Assim, a lei que se encontra em vacatio não
revoga uma legislação anterior, está só será revogada quando a Lei nova estiver vigente

1026
e eficaz, conforme art. 8º da Lei complementar nº. 95/1998 e a Lei de Introdução as
Normas do Direito Brasileiro.

10) No que consiste a repristinação?

Resposta:

REPRISTINAÇÃO é a restauração da norma revogada pela revogação da norma revo-


gadora. Há vedação de sua existência no ordenamento, por força do §2º do artigo 2º, da
LINDB. A lei revogada NÃO se restaura pela revogação da lei revogadora, SALVO se a
nova lei revogadora dispor expressamente nesse sentido (§3º do artigo 2º).

Não se confunde REPRISTINAÇÃO com o EFEITO REPRISTINATÓRIO TÁCITO,


previsto expressamente no artigo 11,§2º da lei 9868/99, bem como nos julgamentos de
mérito de ADI e ADPF, que declaram inconstitucionalidade de norma, sem modular os
efeitos da decisão.

11) A LINDB estabelece que “ninguém se escusa de cumprir a lei...”. Fale sobre o erro de direi-
to no direito privado. Formule um exemplo.

Resposta:

―O princípio da obrigatoriedade, no entanto, não é absoluto, admitindo temperamentos,


em hipóteses nas quais venha a lei, expressamente, a admitir o erro de direito. Distin-
gue-se o erro de direito do erro de fato, uma vez que este não se refere ao conteúdo da
norma jurídica em si mesmo, mas a um acontecimento por ele regulado. Ou seja, o erro
de fato (error facti) incide sobre as circunstâncias de fato de um determinado ato, en-
quanto o erro de direito (error iuris) pertine à ignorância ou falso conhecimento sobre a
norma jurídica ou o seu conteúdo. Exemplificando: se alguém casa com uma mulher,
sem saber que é a sua irmã, o erro é de fato. Mas, sabendo que a noiva é sua irmã, se
ainda assim casa, por desconhecer a vedação da lei, o erro é de direito.

A matéria é de grande relevo na celebração de contratos. O erro de fato é amplamente


admitido enquanto motivo da anulação de negócios jurídicos (CC, arts. 138 a 144). Já o
erro de direito pode ser invocado como causa de invalidade (anulabilidade) de um ne-
gócio jurídico quando o agente estiver de boa-fé e a ignorância da lei tiver sido a causa
determinante da declaração de vontade (CC, art. 139, III)‖. (FARIAS, Cristiano Chaves
de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: Direito das Obrigações. 10. ed. rev.
ampl. atual. Salvador: Juspodvim, 2012. p. 132-133 (vol. II).

1027
12) Qual o limite máximo da cláusula penal previsto no Código Civil? Há outras regras que es-
tabelecem limites menores em outras leis? Os exemplos citados (CDC, Lei 6.676, DL 58, Dec.
22.626) podem ser aplicados por analogia a hipóteses correlatas ou quando não houver previ-
são expressa usaremos sempre o teto do Código Civil? Por exemplo: a atual lei de locação pre-
dial urbana não estabelece limite máximo de cláusula penal para o atraso no pagamento do
aluguel. O locador pode ajustar com o locatário, p. ex., aleatoriamente uma cláusula penal
moratória de 40% sobre o valor atrasado?

Resposta:

―Simples alegação de que a cláusula penal é elevada não autoriza o juiz a reduzi-la. En-
tretanto, a sua redução pode ocorrer em dois casos: a) quando ultrapassar o limite legal;
b) nas hipóteses do art. 413 do estatuto civil. O limite legal da cláusula penal, mesmo
sendo compensatória, é o valor da obrigação principal, que não pode ser excedido
pelo estipulado naquela (...).Quando outras normas fixam determinada limite para a
cláusula penal (Decreto-Lei 58/1937, Lei nº. 6.766/79, Decreto nº. 22.696/93 e o
CDC), Carlos Roberto defende ainda que ―(...) Em qualquer dessas casos, e em mui-
tos outros, o juiz reduzirá, na ação de cobrança, o valor da pena convencional aos re-
feridos limites (...)” (Gonçalves, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, volume II:
teoria geral das obrigações-4ª edição, São Paulo, Saraiva-2008-pg-389/390). O TJMG
entende que a cláusula penal, nos contratos de locação, podem ser reduzidas de
acordo com os arts. 412 e 413, todos do Código Civil (Apelação Cível
1.0024.05.880162-2/003, Rel. Des.(a) Cláudia Maia, 13ª CÂMARA CÍVEL, julgamen-
to em 08/04/2010, publicação da súmula em 28/04/2010); (Apelação Cível
1.0024.08.248512-9/001, Rel. Des.(a) Eduardo Mariné da Cunha, 17ª CÂMARA CÍ-
VEL, julgamento em 04/02/2010, publicação da súmula em 26/02/2010). Em tese, é
possível, a meu ver, a cláusula moratória de 40% sobre o valor atrasado desde
que não ultrapasse o valor total do contrato e leve em conta eventual cumprimento
parcial da obrigação. O TJMG assim entendeu: ―(...) No tocante à multa compensató-
ria, pactuada em 30% do valor do contrato, ela também não se releva excessiva ou abu-
siva, vez que, de acordo com o art. 412, do CCB/2002, a cláusula penal terá como único
limite o valor da própria obrigação principal. Ademais, no caso específico dos autos, a
própria cláusula penal prevista no contrato de locação já leva em consideração o even-
tual cumprimento parcial da obrigação contratual, estando ali consignado, de forma ex-
pressa‖(Apelação Cível 1.0024.08.248512-9/001).

13) Analisando a situação hipotética de um contrato de locação de um inquilino de imóvel da


CEF, no qual foi fixada cláusula penal moratória de 40%; na defesa a questão do excesso (da
cláusula penal) nem foi levantada. Poderia de ofício reduzir este percentual? Independente-
mente da resposta, se reduzisse, reduziria para quanto?

Resposta:

1028
Não encontrei decisões nos TRF's, razão pela qual estou utilizando decisão do TJMG.
Lembre-se que esses casos são tratados de forma reiterada pelos tribunais estaduais. O
Tribunal de Justiça de Minas Gerais entende que o juiz pode reconhecer, de ofício, o
excesso do valor fixado à título de cláusula penal, com base no artigo 413 do Código
Civil, quando o montante da penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em
vista a natureza e a finalidade do negócio (Apelação Cível 1.0024.08.197863-7/001,
Rel. Des.(a) Tibúrcio Marques, 15ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 09/06/2011, pu-
blicação da súmula em 30/06/2011). Não há uma fórmula correta de quanto deve dimi-
nuir. Deve-se analisar o caso concreto, a fim de avaliar a natureza e a finalidade do ne-
gócio, para que verifique o valor mais justo. A título de exemplo, nessa decisão men-
cionada, o TJMG reduziu de 61% para 10% a cláusula penal.

14) Contrato de transporte é unilateral imperfeito?

Resposta:

Alguns autores defendem a existência da classificação do contrato unilateral imperfei-


to que é aquele que tem prestação para ambas as partes, mas uma prestação não é
causa da outra. Ex: a doação com encargo (o encargo não é condição para doação, mas
é uma obrigação criada pelo doador que pode levar, em caso de descumprimento, ao
seu revogamento). Alguns autores falam ainda em contratos bilaterais imperfeitos,
nos casos em que, tratando-se contratos unilaterais, surgem obrigações para a parte
que usualmente não as tinha. Pense-se, por exemplo, no caso das despesas extraordi-
nárias realizadas pelo comodatário. Elas devem ser ressarcidas pelo comodante, ge-
rando, inclusive, direito de retenção. Segundo a melhor doutrina, entretanto, o contra-
to bilateral imperfeito não deixa de ser unilateral. Contudo, em relação ao contrato de
transporte, não encontrei na doutrina apontamento de que o contrato de transporte
seria unilateral ou bilateral imperfeito, mas apenas que é um contrato puramente bila-
teral, senão vejamos:

Além de ser contrato de adesão, [...], o contrato de transporte é também bilateral ou


sinalagmático, porque gera obrigações recíprocas. Os contratos bilaterais em geral
exigem equivalência das prestações. Essa equivalência, entretanto, tem características
próprias no contrato de transporte coletivo, pois o preço da passagem pago pelo pas-
sageiro é inferior ao benefício que recebe. A equivalência, na hipótese, não se dá em
relação a cada uma das pessoas transportadas, mas em relação ao com junto de pes-
soas, fazendo-se o cálculo aturial da renda que determinada linha pede proporcionar.
Em função desse cálculo é estipulado, então, o preço da passagem. (GONÇALVES, Car-
los Roberto. Direito Civil Brasileiro: Contratos e Atos Unilaterais.6. ed. São Paulo: Sa-
raiva, 2009).

1029
15) Qual a distinção entre personalidade e capacidade?

a. As expressões são sinônimas?

b. Dê exemplos de capacidade de direito sem personalidade

c. Em relação ao término da personalidade, como ela se dá?

Resposta:

―(...) Quanto à personalidade, essa pode ser conceituada como sendo a soma de carac-
teres corpóreos e incorpóreos da pessoa natural ou jurídica, ou seja, a soma de aptidões
da pessoa. Assim, a personalidade pode ser entendida como aquilo que a pessoa é, tanto
no plano corpóreo quanto no social. No Brasil, a personalidade jurídica plena inicia-se
com o nascimento com vida, ainda que por poucos instantes (...). Quanto ao fim da per-
sonalidade, sabe-se que esta ocorre com a morte (...). A capacidade é a aptidão da
pessoa para exercer direitos e assumir deveres na órbita civil (art. 1º do CC).A capaci-
dade, que é elemento da personalidade, é a medida jurídica da personalidade (...). Ca-
pacidade de direito ou de gozo: é aquela comum a toda pessoa humana, inerente à per-
sonalidade, e que só perde com a morte prevista no texto legal, no sentido de que toda
pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil (art. 1º do CC). Capacidade de fato
ou de exercício: é aquela relacionada com o exercício próprio dos atos da vida civil.
Capacidade de direito + capacidade de fato = capacidade plena. (Tartuce, Flávio. Direito
Civil, 1: Lei de introdução e parte geral. 5ª edição. Rio de Janeiro: Forense. São Paulo.
Método, 2009-pg-138, 146 e 147). Como exemplos de capacidade de direito sem perso-
nalidade, ENTENDO correto apontar: o ―nascituro‖ porque ainda não tem personali-
dade (não nasceu- art. 2º do Código Civil) mas já possui direitos desde a concepção e,
por fim, as entidades despersonalizadas, ou seja, sem personalidade jurídica, mas com
personalidade judiciária, nos termos do art. 12 do Código de Processo Civil: a massa
falida, pelo síndico; a herança jacente ou vacante, por seu curador; o espólio, pelo in-
ventariante; as sociedades sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a ad-
ministração dos seus bens. Há outros entes sem personalidade jurídica que possuem
personalidade judiciária, entre eles o Ministério Público e as funções de poder do esta-
do.

16) Tutela e curatela. Há uma ordem legal para indicação de tutores?

a. A ordem é rígida?

b. Um caso frequente na justiça: uma pessoa declara-se incapaz, mas demanda contra a União
mesmo sem comprová-la previamente. Como magistrado, como agir? Recebe a inicial, manda
emendá-la ou extingue o feito sem julgamento do mérito?

Resposta:

1030
A ordem legal da tutela é a seguinte: tutor nomeado pelos pais (art. 1.729 e parágra-
fo único do Código Civil); não havendo essa nomeação, os parentes consangüíneos do
menor, na seguinte ordem: primeiro, os ascendentes, preferindo o de grau mais próximo
ao mais remoto; e, na falta dos primeiros, os colaterais até o terceiro grau, preferindo os
mais próximos aos mais remotos, e, no mesmo grau, os mais velhos aos mais moços;
em qualquer dos casos, o juiz escolherá entre eles o mais apto a exercer a tutela em be-
nefício do menor (art. 1.731, incisos I e II, do Código Civil). Na falta dessas pessoas,
cabe ao juiz nomear (art.1.732 e incisos I, II e III, do Código Civil). A ordem legal da
curatela é a seguinte: cônjuge ou companheiro, não separado judicialmente ou de
fato (art.1.775 do Código Civil); na falta do cônjuge ou companheiro, é curador legíti-
mo o pai ou a mãe; na falta destes, o descendente que se demonstrar mais apto (§1º do
art. 1.775 do Código Civil). Na falta das pessoas mencionadas neste artigo, compete ao
juiz a escolha do curador (§3º do art. 1.775 do Código Civil). Segundo o entendimento
da doutrina ((FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito
Civil: Famílias. 4. ed. Salvador: Juspodvim, 2012. p. 957 (vol. VI)), a lei estabelece
uma ordem de preferência de nomeação de tutor ou curador, mas ela não é rígida,
obrigatória. Na escolha, o que deve prevalecer é o interesse do incapaz.

Em relação à falta de prévia comprovação dessa condição de incapaz, por meio do ter-
mo de tutela ou curatela, ENTENDO que o magistrado deve determinar a emenda da
inicial (arts. 283 e 284 do CPC).

17) Discorra sobre o instituto da tutela. Em que consiste a tutela?

Resposta:

―Partindo de sua vocação histórica, de caráter protetivo, e de opção ideológica do Códi-


go Civil e do Estatuto da Criança e do Adolescente, infere-se que a tutela é o encargo
conferido a alguém para dar assistência, representar e administrar a pessoa e o patrimô-
nio de uma criança ou adolescente, cujos pais são mortos, declarados ausentes por deci-
são judicial ou destituídos do poder familiar, com o escopo de garantir a sua proteção
integral‖. (FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito
Civil: Famílias. 4. ed. Salvador: Juspodvim, 2012. p. 953 (vol. VI).

18) Há alguma distinção em extensão entre o poder familiar e a tutela? Os pais podem alienar
os bens dos filhos sem necessidade de autorização judicial?

Resposta:

Sim.

―Resta, pois, evidenciado que a tutela não tem o mesmo alcance e dimensão do poder
familiar. Até porque ―falta-lhe, principalmente, o envolvimento afetivo decorrente da
relação paterno-filial‖, [...]. Prova irrefutável disso vem do art. 1689, I, da Codificação,

1031
reconhecendo os pais como usufrutuários legais dos bens pertencentes aos seus filhos
menores. É o chamado usufruto legal. Este benefício, entretanto, não é reconhecido ao
tutor‖. (FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil:
Famílias. 4. ed. Salvador: Juspodvim, 2012. p. 954 (vol. VI)).

Quanto o usufruto legal, e o alcance da gestão dos pais sobre o patrimônio dos filhos,
dispõe o Código Civil:

Art. 1.691. Não podem os pais alienar, ou gravar de ônus real os imóveis dos filhos,
nem contrair, em nome deles, obrigações que ultrapassem os limites da simples admi-
nistração, salvo por necessidade ou evidente interesse da prole, mediante prévia autori-
zação do juiz.

Parágrafo único. Podem pleitear a declaração de nulidade dos atos previstos neste arti-
go:

I - os filhos;

II - os herdeiros;

III - o representante legal.

19) E a curatela? Em que consiste a curatela? E a curatela em razão da prodigalidade? O que é


o pródigo no sistema do Código Civil?

Resposta:

Curatela é um ―encargo imposto a uma pessoa natural para cuidar e proteger uma pessoa
maior de idade que não pode se autodeterminar patrimonialmente por conta de uma in-
capacidade. É, visivelmente, uma forma de proteção a alguém que, embora maior de
idade, não possui a plena capacidade jurídica‖. (FARIAS, Cristiano Chaves de; RO-
SENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: Famílias. 4. ed. Salvador: Juspodvim,
2012. p. 991 (vol. VI).

―O pródigo, conforme entendimento da legislação brasileira, é (sic) a pessoa que, desor-


denadamente, gasta os seus haveres, dilapidando o seu patrimônio, de modo a compro-
meter a sua subsistência. Com o fito de justificar a incapacidade do pródigo reconhecida
pela lei, a doutrina vem afirmando que a prodigalidade constitui ―um desvio comporta-
mental que, refletindo-se no patrimônio individual, culmina por prejudicar, ainda que
por via oblíqua, a tessitura familiar e social‖. A prodigalidade, porém, é fenômeno com-
plexo, exigindo um diálogo entre diferentes searas, como o Direito, a Psiquiatria, a Psi-
canálise e a Economia‖. (FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso
de Direito Civil: Famílias. 4. ed. Salvador: Juspodvim, 2012. p. 994-995 (vol. VI).

1032
20) O art. 1.748, inc V do CC dispõe que compete ao tutor obter autorização judicial. No caso
da curatela o código remete a essa disposição, ou seja, o curador deverá obter autorização
judicial. Ocorre o seguinte: um sujeito alega na inicial ser absolutamente incapaz e, ele mesmo
outorga procuração a um advogado que pede, por exemplo, a reforma militar, pois ele fora
licenciado sem reforma, mas ele já estava alienado mental. O feito é processado e é feita uma
perícia que constata a incapacidade absoluta já ao tempo do licenciamento. O juiz remete os
autos ao Ministério Público que oficia da seguinte maneira: se o autor é absolutamente inca-
paz não poderia ter outorgado procuração ao seu causídico. Então, haveria aí uma nulidade ou
pelo menos se pediria a suspensão até que se obtenha a curatela e a autorização judicial para
o litígio?

Resposta:

Nesse caso não se deve reconhecer a nulidade:

―(...) 1. As normas processuais pertinentes a nulidade devem ser interpretadas, em se


tratando de incapazes, teleologicamente, mormente porque o princípio fundamental que
norteia o sistema preconiza que, para o reconhecimento da nulidade do ato proces-
sual, é necessário que se demonstre a existência de prejuízos para o incapaz. 2. "A
outorga de mandato procuratório por pessoa supostamente incapaz, sendo-lhe fa-
vorável o resultado da demanda, afasta o vício na representação" (STJ, REsp
25.496/MG, Rel. Min. VICENTE LEAL, Sexta Turma, DJ 11/3/96). (...). (STJ, EDcl no
AgRg no AREsp 9.511/RJ, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 01/12/2011, DJe 12/12/2011)

21) Fale sobre os princípios dos direitos reais.

Resposta:

São Princípios dos Direitos Reais são (conforme GONÇALVES, Carlos Rober-
to. Direito Civil Brasileiro: Direito das Coisas e Atos Unilaterais. 4. ed. ver. São
Paulo: Saraiva, 2009.):

Aderência, especialização ou inerência: estabelece um vínculo, uma relação de senho-


ria entre o sujeito e a coisa, não dependendo da colaboração de nenhum sujeito para
existir. O direito real gera, pois entre a pessoa e a coisa, [...], uma relação direta e ime-
diata. (p. 12). Absolutismo: Os direitos reais se exercem erga omnes, ou seja, contra
todos, que devem abster-se de molestar o titular. (p. 13). Publicidade ou da visibilida-
de: Os direitos reais sobre imóveis só se adquirem com o registro, no Cartório de Regis-
tro de Imóveis, do respectivo título (CC, art. 1.227); os imóveis, só depois da tradição
(CC, arts. 1.226 e 1.267). Sendo oponíveis erga omnes, faz necessário que todos possam
conhecer os seus titulares, para não molestá-los. (p. 14). Taxatividade ou Numerus
Clausus: Os direitos reais são criados pelo direito positivo por meio da técnica denomi-
nada numerus clausus. A lei os enumera de forma taxativa, não ensejando, assim, apli-
1033
cação analógica da lei.O número dos direitos reais é, pois limitado, taxativo, sendo as-
sim considerados somene os elecandos na lei (numerus clausus). (p. 14) Tipicidade:
Somente os direitos ―constituídos e configurados à luz dos tipos rígidos (modelos) con-
sagrados no texto positivo é que poderão ser tidos como reais. Estes tipos são previstos
pela lei de forma taxativa‖. (p. 18). Perpetuidade: A propriedade é um direito perpétuo,
pois não se perde pelo não-uso, mas somente pelos meios e formas legais: desapropria-
ção, usucapião, renúncia, abandono, etc. (p. 19) Exclusividade: Não pode haver dois
direitos reais, de igual conteúdo, sobre a mesma coisa. Duas pessoas não ocupam o
mesmo espaço jurídico, deferido com exclusividade a alguém, que é o sujeito do direito
real. Assim, não é possível instar-se direito real onde outro já exista. No condomínio,
cada consorte tem direito a porções ideais, distintas e exclusivas. (p. 19).

22) O que a taxatividade dos direitos reais? Taxatividade é diferente de tipicidade?

Resposta:

Destinando-se a operar contra toda a coletividade, não pode qualquer direito real ser
reconhecido juridicamente se não houver prévia norma que sobre ele faça previsão. Por-
tanto, inseridos em regime de ordem pública, os direitos reais são numerus clausus, de
enumeração taxativa, localizados no rol pormenorizado do art. 1.225 do Código Civil
e em leis especiais diversas (v.g., Lei nº 9.514/97 – alienação fiduciária de imóveis).
(FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: Direito
Reais. 8. ed. rev. ampl. atual. Salvador: Juspodvim, 2012. p. 41-42 (vol. V)).

―Se é certo que os direitos reais se submetem à taxatividade, o mesmo não se diga da
tipicidade. Cuida-se de conceitos próximos, eventualmente complementares, porém
inconfundíveis. A taxatividade imputa ao legislador o monopólio da edificação de di-
reitos reais. Por sua vez, a tipicidade, como se infere do próprio vocábulo, delimita o
conteúdo de cada tipo de direito real‖. (FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD,
Nelson. Curso de Direito Civil: Direito Reais. 8. ed. rev. ampl. atual. Salvador: Juspod-
vim, 2012. p. 43 (vol. V). Para diferenciar devidamente, ressalta-se que a taxatividade
refere-se à previsão legal, a tipicidade refere-se ao uso e à interpretação dos direitos
reais previstos em Lei.

23) Uma empresa tem imóvel enfitêutico se se fundir à outra há a incidência de laudêmio?

Resposta:

O pagamento do laudêmio é obrigação do enfiteuta alienante (quem transfere o direito


de uso do bem aforado), que se traduz em uma quantia proporcional ao preço, corres-
pondente a 2,5% do valor da alienação do domínio útil. Seria uma espécie de compen-
sação ao senhorio direto (o senhor do bem aforado) pela sua desistência ao exercício do

1034
direito de preferência. Só se opera nas transmissões onerosas, como na venda, permuta,
transação ou dação em pagamento. Não há laudêmio ou direito de preferência nas ces-
sões gratuitas, como na doação e dote, bem como na permuta e na transmissão por he-
rança, pois os atos de natureza benéfica visam favorecer determinada pessoa. […] De
acordo com o Código Civil 2002, será proibida a cobrança de laudêmio nas trans-
missões dos bens aforados (art. 2.038). Contudo, a regência dos foros, laudêmios, e
taxas de ocupação relativas aos imóveis da propriedade da União (notadamente os
territórios de Marinha), consta do Decreto-Lei 2.398/87, na qual a SPU apoia a exigên-
cia da exação. (FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito
Civil: Direito Reais. 8. ed. rev. ampl. atual. Salvador: Juspodvim, 2012. p. 779 (vol. V).
Pelo exposto, só incide laudêmio nas enfiteuses da União, nos casos de transmissões
onerosas. Contudo, devido ao art. 2.038 do Código Civil não incide mais laudêmio nas
transmissões de qualquer natureza de bem aforado quando se tratar de propriedades par-
ticulares e não terrenos de marinha. Ou seja, não há mais, em geral, incidência de lau-
dêmio.

16.6.1.3. Questões do TRF3

1) Qual a natureza jurídica da gestão de negócios?

Resposta:

tem natureza de ato unilateral, como ensina Venosa:

―[...] a gestão de negócios surge como fonte de obrigações, decorrente de manifestação


unilateral de vontade. De início, não existe acordo de vontades. Não há negócio jurídi-
co, mas ato jurídico, apenas atende-se à vontade presumida do dono. Quando este toma
conhecimento da conduta e a aprova, aparece o vínculo pactício‖. (VENOSA, Sílvio de
Salvo. Direito civil: contrato em espécie. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 2003. p. 297).

2) Qual a finalidade de ratificação no caso?

Resposta:

convalidar os atos práticos na gestão de negócio, pois ―[...] a gestão se extingue, trans-
formando-se em mandato. Por essa razão, cessam as responsabilidades especiais que
vinculam o gestor e não mais se cogitará de saber se foi útil, ou não, a gestão. É como
se não tivesse havido gestão de negócios, mas apenas mandato‖. (RODRIGUES, Silvio.
Direito civil: dos contratos e das declarações unilaterais da vontade. Vol. 3. 29 ed. São
Paulo: Saraiva, 2003. P. 407).

3) No que se refere a doação, quando se aperfeiçoa?

1035
Resposta:

―(...) Ao contrário do que constava no art. 1.165 do CC/1916, seu correspondente na


codificação anterior, o art. 538 deixou de mencionar a locução 'que os aceita', trazendo
dúvida se a aceitação do donatário é ou não requisito essencial do contrato. A doutrina
atual encontra-se dividida ante do tema. Maria Helena Diniz entende que a aceitação do
donatário continua sendo elemento essencial do contrato (...). Porém, para Paulo Luiz
Netto Lôbo, a aceitação do donatário não é mais elemento essencial do contrato (...).
Entendemos, com todo o respeito ao posicionamento contrário, que para que o contrato
seja válido basta a intenção de doar, ou seja, o ânimo do doador em fazer a liberalidade
(...)". (TARTUCE, Flávio. Direito Civil, Volume 3: teoria geral dos contratos e contra-
tos em espécie. 5ª Edição. Rio de Janeiro. Editora Forense: Método, 2010. p. 321/322).

4) A doação onerosa seria contrato comutativo?

Resposta:

A doação onerosa é um contrato comutativo, não importa a espécie de doação, pois será
comutativo, conforme ensina Flávio Tartuce: "O contrato é ainda comutativo, pois as
partes já sabem de imediato quais as prestações (...)". (TARTUCE, Flávio. Direito Ci-
vil, Volume 3: teoria geral dos contratos e contratos em espécie. 5ª Edição. Rio de Ja-
neiro. Editora Forense: Método, 2010. p. 324).

5) Não realizado o encargo qual providência o doador poderia tomar?

Resposta:

"(...) a doação modal ou com encargo é aquela gravada com um ônus, havendo liberali-
dade somente no valor que exceder o ônus (art. 540 do CC). Não atendido o encargo
cabe a revogação da doação, como forma de resilição unilateral (...)". Apesar de alguns
doutrinadores entenderem que a doação modal é um contrato bilateral, opinamos no
sentido de que o contrato é unilateral imperfeito. Isso porque o encargo não constitui
uma contraprestação, um dever jurídico a fazer com que o contrato seja sinalagmático
(...)". (TARTUCE, Flávio. Direito Civil, Volume 3: teoria geral dos contratos e contra-
tos em espécie. 5ª Edição. Rio de Janeiro. Editora Forense: Método, 2010. p. 326/327).

6) Seria caracterizada a situação em um enriquecimento sem causa?

Resposta:

(...) O instituto está tratado entre os arts. 555 e 564 do atual do Código Civil e é reco-
nhecido como um direito potestativo a favor do doador (...). (TARTUCE, Flávio.
1036
Direito Civil, Volume 3: teoria geral dos contratos e contratos em espécie. 5ª Edição.
Rio de Janeiro. Editora Forense: Método, 2010. p. 341). Assim, a meu ver, pode-se
concluir que, independentemente de eventual cumprimento parcial do encargo, poderá
haver a revogação da doação, na medida em que o donatário, desde o início, tem conhe-
cimento, ao aceitar a doação, dessa possibilidade.Portanto, não há se falar em eventual
enriquecimento ilícito pelo fato de o doador receber o bem de volta, diante da revogação
da doação, mesmo o donatário tendo cumprido parcialmente o encargo.

7) Conhece a possibilidade de se propor ação “conditio causa non secuta”?

Resposta:

A conditio causa non secuta é sinônimo da cláusula rebus sic stantibus, que constitui a
Teoria da Imprevisão conforme leciona Venosa:

―[...] É levada em consideração a aplicação da conditio causa data non secuta, segun-
do a qual o contrato devia ser cumprido conforme as condições em que foi ultimado.
Possibilitava-se a alteração se se modificassem as condições: contractus qui habent trac-
tum sucessivum et dependentiam de futuro rebus sic stantbus interlligentur. Difundiu-se
a cláusula resumidamente como rebus sic stantbus, nos contratos de trato sucessivo e
dependentes do futuro, como implícita em todo contrato de trato sucessivo. (VENOSA,
Silvio de Salvo. Direito Civil: Teoria geral das obrigações e teoria geral dos contratos;
7ª Ed. São Paulo: Atlas, 2007. (Coleção direito civil; v. 2)

Pelo exposto, a ação ―conditio causa non secuta‖ é aquela que venha a discutir a ocor-
rência de fato que desiquilibra a relação contratual original.

8) Qual é a natureza jurídica de um depósito de garantia por ordem de magistrado no bojo de


um processo?

Resposta:

Não consegui localizar doutrina ou jurisprudência para embasar a resposta.

9) Qual a diferença entre usufruto e direito real de moradia?

Resposta:

―Ao contrário do usufruto e do direito de uso, que recaem indistintamente sobre móveis
e imóveis, o direito de habitação tem como objeto exclusivo o bem imóvel de fins
residenciais, a teor do exposto no art. 1.414 do Código Civil. No mais, as disposições
aplicáveis ao usufruto estendem-se à habitação, quando não houver ofensa à sua essên-
1037
cia (art. 1.416 do CC). Isso posto, ao contrário do usufruto, a habitação é incessível, mas
tal qual aquele instituto, incidem os mesmos deveres de guarda, conservação e institui-
ção‖. (FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil:
Direito Reais. 8. ed. rev. ampl. atual. Salvador: Juspodvim, 2012. p. 855-856. (vol. V)).

10) Como se compatibiliza a exploração econômica da coisa e a gratuidade do usufruto?

Resposta:

É direito do usufrutuário os proveitos econômicos advindos com a instituição do usufru-


to, não sendo tal disposição incompatível com as formas de instituição do usufruto, que
pode ser gratuito ou oneroso (convencional, judicial (decorrente de dívida), e misto por
usucapião). Mesmo nos casos de instituição gratuita (legal, voluntário ou convencional,
quando não oneroso), o proveito econômico é direito, pois pode servir mesmo para a
subsistência do usufrutuário. (FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson.
Curso de Direito Civil: Direito Reais. 8. ed. rev. ampl. atual. Salvador: Juspodvim,
2012. (vol. V)).

Quanto à questão convencional, cabe destacar que:

―Duas são as formas usuais de sua criação: por alienação ou retenção do usufruto. Em
qualquer das hipóteses de constituição de usufruto por ato inter vivos, nada impede que
o atributo da onerosidade esteja presente. Malgrado a sua predominância, a gratuidade
não é da essência do usufruto. Poderia soar estranho para os que se acostumam com a
imediata associação do usufruto à tutela alimentar de alguém que se encontra em situa-
ção de vulnerabilidade‖. (FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso
de Direito Civil: Direito Reais. 8. ed. rev. ampl. atual. Salvador: Juspodvim, 2012. p.
824. (vol. V)).

11) O CC revogou o direito real de superfície previsto no Estatuto da Cidade? Por quê?

Resposta:

Não. ―A Lei nº. 10.257/01 é especial e a sua finalidade e essência são distintas do mode-
lo que agora é apresentado pelo Código Civil. O Estatuto da Cidade regula a disciplina
urbanística e deseja promover a função social da Cidade, tornando-a sustentável e dota-
da de condições dignas de vida. Já no Código Civil o direito de superfície é um instru-
mento destinado a atender interesses e necessidades privadas‖. (FARIAS, Cristiano
Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: Direito Reais. 8. ed. rev.
ampl. atual. Salvador: Juspodvim, 2012. p. 615 (vol. V)).

Ou seja, apesar de tratarem do mesmo instituto, essas normas tratam ―direito de super-
fície‖ por prismas diferentes.
1038
12) Como é disciplinado o subsolo no CC e no Estatuto da Cidade?

Resposta:

As duas legislações tratam o assunto de forma diferente.

―Quanto a Lei n. 10.257/01 permite a superfície no subsolo ou no espação aéreo ten-


de a superar o conceito restrito n. 1, de superfície como ―camada geométrica do solo‖,
ou do ―chão que se pisa‖, para admitir que o município conceda a propriedade superfi-
ciária sob ou sobre o solo, com dilatação vertical de conteúdo e profundidade deste mo-
delo jurídico. Nada mais natural para uma lei que queira otimizar a utilização do espaço
urbano em prol da sociedade. […] No que concerne à superfície do subsolo, o pará-
grafo único do artigo 1369 do Código Civil acentua que “o direito de superfície não
autoriza obra no subsolo, salvo se for inerente ao objeto da concessão‖. No subsolo, o
direito de superfície precisa ultrapassar dois óbices: a) óbice constitucional – não podem
existir recursos minerais, caso em que a União adquire a propriedade (art. 20, IC, da
CF); b) óbice infraconstitucional – a utilização do espaço será fundamental para o em-
preendimento, havendo um liame etiológico entre a edificação no solo e aquela que se
deseja realizar no subsolo‖. (FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson.
Curso de Direito Civil: Direito Reais. 8. ed. rev. ampl. atual. Salvador: Juspodvim,
2012. p. 616-617 (vol. V)).

13) Admite-se contrato de SFH com reajustamento pelo índice da categoria? Qual o benefício
ou prejuízo?

Resposta:

Fruto do período hiperinflacionário, o SFH admitiu sim, o reajustamento pelo índice da


categoria profissional, sendo que disso destaca-se o posicionamento do STJ:

"Os reajustes das prestações da casa própria, nos contratos vinculados ao Plano de E-
quivalência Salarial, segundo as regras do Sistema Financeiro de Habitação, devem res-
peitar a variação do salário da categoria profissional do mutuário, salvo aqueles firma-
dos com mutuários autônomos, hipótese em que deve ser observada a data de celebração
do contrato. Se anterior ao advento da Lei 8.004, de 14/03/1990, que revogou o § 4º do
art. 9º do Decreto-lei 2.164/84, deve ser utilizado o mesmo índice aplicado à variação
do salário-mínimo. Se posterior, deve ser aplicado o IPC (RESP 200500133671, DENI-
SE ARRUDA, STJ - PRIMEIRA TURMA, DJE DATA:30/04/2008.)

Tal medida veio beneficiar o mutuário, para que o seu débito fosse quitado sem, contu-
do, o colocar em situação de risco financeiro e, de outra feita, manter o equilíbrio do
Sistema Financeiro de Habitação.

1039
14) Quais as hipóteses de aplicação do Dec.-Lei 70/66?

Resposta:

O Decreto-Lei nº. 70/66 regulamenta o funcionamento de associações de poupança e


empréstimo, no âmbito do Sistema Financeiro de Habitação. Institui também a cédula
hipotecária no âmbito do referido sistema. E, por conta desta mesma cédula hipotecária,
estabelece a forma de execução extrajudicial administrativa, no qual o credor executa
diretamente, sem processo judicial, o devedor.

15) Se na arrematação do Dec.-Lei 70/66 o imóvel for arrematado por preço menor que o de-
vido pelo mutuário, deverá este pagar o restante? E se for arrematado por preço maior, deve
ser restituída a diferença ao mutuário?

Resposta:

Define o próprio Decreto-Lei

Art. 32 [...]

§ 2º Se o maior lance do segundo público leilão fôr inferior àquela soma, serão pagas
inicialmente as despesas componentes da mesma soma, e a diferença entregue ao cre-
dor, que poderá cobrar do devedor, por via executiva, o valor remanescente de seu cré-
dito, sem nenhum direito de retenção ou indenização sôbre o imóvel alienado.

§ 3º Se o lance de alienação do imóvel, em qualquer dos dois públicos leilões, fôr supe-
rior ao total das importâncias referidas no caput dêste artigo, a diferença afinal apurada
será entregue ao devedor‖.

16) Qual a natureza jurídica do direito de retenção? Pessoal ou real?

Resposta:

O direito de retenção constitui um dos efeitos particulares do contrato (os outros são a
arras, o vício redibitório, a evicção e a exceção do contrato não cumprido), pode ser
também um exemplo de exceção de contrato não cumprido; em suma, é uma figura con-
trovertida na doutrina.

Sua natureza também repousa em controvérsia, parte da doutrina entende ser ele real e
parte o entende como obrigacional. O primeiro, por recair sobre bem e ser oponível
erga omnes; o segundo seria por não constar no rol numerus clausus dos direitos reais
do art. 1.225 do Código Civil, assim como por não ser passível de registro imobiliário.

1040
Pode ainda ser considerado como um direito obrigacional sui generis, pois decorre de
uma norma jurídica e não de uma relação obrigacional, se assemelhando a uma obriga-
ção propter rem. (FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Di-
reito Civil: Direito Reais. 8. ed. rev. ampl. atual. Salvador: Juspodvim, 2012. (vol. V)).

Quanto a isso o STF dispôs:

Direito de retenção que cabe ao possuidor por benfeitorias uteis ou necessárias - concei-
to jurídico. O direito de retenção, não pode ser oposto ao adquirente do prédio. Em face
do código civil, não é direito real, mas pessoal. A retenção tem sua origem, na hipóte-
se, no contrato de locação, que e 'res inter alios acta' para o adquirente. (RE 32683, Ri-
beiro da Costa, STF).

17) Pode haver penhora do bem objeto do direito de retenção? Como ficam os direitos do
retentor? Ele os pode exercer contra terceiros?

Resposta:

Não consegui encontrar doutrina ou jurisprudência que a fundamente.

16.6.1.4. Questões do TRF4

1) Diferencie mora de inadimplemento.

Resposta:

―O gênero do inadimplemento das obrigações é dividido em três espécies: o inadimple-


mento absoluto, a mora e a violação positiva do contrato.

Enquanto o inadimplemento absoluto conduz à resolução da relação obrigacional (art.


475, CC) em razão da completa impossibilidade de sua manutenção, a mora pode ser
caracterizada como o imperfeito cumprimento da obrigação, tanto pelo devedor (mora
solvendi) como pelo credor (mora accipiendi). Apesar da falha no adimplemento da
obrigação, ela ainda poderá ser cumprida de maneira proveitosa‖. FARIAS, Cristiano
Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: Direito das Obrigações. 6.
ed. rev. ampl. atual. Salvador: Juspodvim, 2012. p. 563 (vol. II).

Quanto à violação positiva do contrato, a mesma não recai sobre a obrigação principal,
mas sim em colaterais: ―Expressão também conhecida como ―cumprimento defeituoso‖
ou ―cumprimento imperfeito‖, a ―violação positiva do contrato‖ é uma espécie de ina-
dimplemento contratual a imputar responsabilidade contratual objetiva àquele que viola
direitos anexos do contrato.

A ―violação positiva do contrato‖ não decorrerá do descumprimento da prestação prin-


cipal do mesmo, mas sim da inobservância dos deveres anexos decorrentes do princípio
da boa-fé objetiva em sua função de proteção e de tutela. São exemplos desta ―violação‖
1041
o dever de informação, de proteção, de assistência, de cooperação, e de sigilo. Se, qual-
quer desses deveres for descumprido haverá a ―violação positiva do contrato‖, que po-
derá ensejar o pedido, pela parte inocente, da resolução do contrato ou até mesmo a o-
posição da exceção de contrato não cumprido‖ (CERA, Denise Cristina Mantovani. No
campo da responsabilidade civil contratual, o que se entende por "violação positiva do
contrato"? LFG. 04 fev. 2012. Disponível em:
<http://www.lfg.com.br/public_html/article.php?story=20101103184015632&mode=pri
nt>. Acesso em: 16 set. 2012.).

2) Os herdeiros respondem por dívidas do devedor?

Resposta:

Quanto a isso ensina o Código Civil:

―Art. 1.997. A herança responde pelo pagamento das dívidas do falecido; mas, feita a
partilha, só respondem os herdeiros, cada qual em proporção da parte que na herança lhe
coube. § 1o Quando, antes da partilha, for requerido no inventário o pagamento de dívi-
das constantes de documentos, revestidos de formalidades legais, constituindo prova
bastante da obrigação, e houver impugnação, que não se funde na alegação de pagamen-
to, acompanhada de prova valiosa, o juiz mandará reservar, em poder do inventariante,
bens suficientes para solução do débito, sobre os quais venha a recair oportunamente a
execução. § 2o No caso previsto no parágrafo antecedente, o credor será obrigado a ini-
ciar a ação de cobrança no prazo de trinta dias, sob pena de se tornar de nenhum efeito a
providência indicada. Art. 1.998. As despesas funerárias, haja ou não herdeiros legíti-
mos, sairão do monte da herança; mas as de sufrágios por alma do falecido só obrigarão
a herança quando ordenadas em testamento ou codicilo. Art. 1.999. Sempre que houver
ação regressiva de uns contra outros herdeiros, a parte do co-herdeiro insolvente dividir-
se-á em proporção entre os demais. Art. 2.000. Os legatários e credores da herança po-
dem exigir que do patrimônio do falecido se discrimine o do herdeiro, e, em concurso
com os credores deste, ser-lhes-ão preferidos no pagamento. Art. 2.001. Se o herdeiro
for devedor ao espólio, sua dívida será partilhada igualmente entre todos, salvo se a
maioria consentir que o débito seja imputado inteiramente no quinhão do devedor‖.

16.6.1.5. Questões do TRF5

1042
16.7. Direito Empresarial

16.7.1. Perguntas Residuais

16.7.1.1. Questões do TRF1

1) Faça um juízo de ponderação entre o direito de propriedade no mesmo pé de igualdade do


direito à vida e a ação renovatória numa locação comercial.

Resposta:

O direito de propriedade, tal como o direito à vida, são direitos individuais e, portanto,
considerados cláusulas pétreas (art. 5º, caput, c/c inciso IV, do §4º, do art.60, todos da
CF). É certo que nenhum direito fundamental é absoluto, nem mesmo o direito à vida
(art. 5º, inciso XLVII, alínea ―a‖, da CF). Outros exemplos que demonstram que o direi-
to à vida não é absoluto são: a legítima defesa, o estado de necessidade etc. Percebe-se,
na verdade, que há, nesses casos, uma ponderação dos direitos fundamentais conflitan-
tes. Da mesma forma que se dá no direito à vida, pode também ocorrer a ponderação
entre o direito de propriedade e o direito à renovação de locação comercial, o qual (este
último) visa imediatamente proteger o empresário e, mediatamente, o desenvolvimento
econômico (circulação de bens e serviços com a proteção do empresário), o trabalho
(manutenção de empregos com a proteção do empresário), o aumento da arrecadação de
tributos etc. Desse modo, ACREDITO que a Lei nº. 8.245/91, ao dispor no art. 51 os
requisitos cumulativos para se ajuizar a ação renovatória, e no art. 52 as causas que
podem ser alegadas pelo locador como justificativas para não ocorrer a renovação,
traçou uma ponderação razoável entre tais direitos fundamentais, que estão aparen-
temente em conflitos, na medida em que afastou o direito à propriedade em casos ape-
nas excepcionais, para garantir a proteção de outros direitos também de suma importân-
cia.

2) Qual a peculiaridade do aluguel no contrato de shopping Center em relação ao contrato de


aluguel comum? Qual a natureza deste de aluguel de shopping center para Orlando Gomes?
Lojas âncoras e satélites, em contrato de shoppings Center, o que seriam?

Resposta:

* O objeto principal do shopping center é de criar um ―mix‖, criar um marketing atraen-


te e formar um pólo atrativo de riquezas. O contrato de aluguel em shopping center é
regulado pelo art. 54 da Lei de Locação (Lei nº. 8.245/91), o qual dispõe o seguinte:
“Nas relações entre lojistas e empreendedores de shopping center , prevalecerão as
condições livremente pactuadas nos contratos de locação respectivos e as disposições
procedimentais previstas nesta lei”.O traço marcante nesses contratos de aluguel é a
forma de remuneração usualmente utilizada, chamada de aluguel percentual, no qual o
lojista entrega parte do seu faturamento em vez de um valor fixo, sem prejuízo da possi-
1043
bilidade de se estipular um valor mínimo para pagamento, cujo valor pode ser cumu-
lativo ou não com o faturamento; ou seja, ultrapassado o valor mínimo com o percentual
do faturamento, deixa-se de pagar o mínimo, ou então se soma tudo. Já no contrato de
aluguel comum há uma valor fixo previamente definido. Vê-se, assim, que, ao contrário
do aluguel comum, em que a maioria das regras é disposta na lei, no contrato de aluguel
em shopping há forte presença da autonomia privada.

* A natureza jurídica do contrato de aluguel de shopping center para Orlando Gomes é


de contrato misto.

* Muitos doutrinadores criticam as vantagens oferecidas às lojas-âncoras por entende-


rem que há nesses casos violação ao princípio da isonomia. Lojas-âncoras são aquelas
que possuem características estruturais e mercadológicas especiais, que funcionem
como força de atração e assegurem ao Shopping Center a permanente afluência e trânsi-
to de consumidores essenciais ao bom desempenho do empreendimento. Por essas ca-
racterísticas, as lojas-âncoras normalmente pagam um percentual menor de seu fatu-
ramento em comparação às lojas-satélites ou magnéticas, que são as pequenas lojas,
provavelmente favorecidas com a capacidade de atrair clientes das lojas-âncoras.

3) US Leasing Company, o que o senhor entende sobre?

Resposta:

É uma empresa americana fundada com o objetivo de alugar equipamentos. Nesse


sentido esclarece Maria Helena Diniz a respeito do surgimento do arrendamento mer-
cantil (leasing):

―(...) Nasceu a ideias de leasing (do verbo to lease, alugar), quando Boothe, após a se-
gunda guerra mundial, contratou o fornecimento de alimentos com o exército norte-
americano e ao verificar que o volume excedia sua capacidade operacional, firmou um
contrato com o banco para que este comprasse os equipamentos que lhes eram necessá-
rios. Ante o grande sucesso dessa operação surgiram a Us leasing Company e a Boothe
Leasing Corporation, as quais se seguiram outras‖. (DINIZ, 2003, p.641-642)

4) Discorra um pouco sobre a problemática a respeito do uso do leasing para a compra de au-
tomóveis particulares?

Resposta:

Primeiramente, cumpre definir o que é o contrato de leasing. Arrendamento mercantil


ou leasing é o contrato pelo qual a arrendadora concede à outra parte, a arrendatária,
por um longo prazo, o direito de utilizar uma determinada coisa, cobrando aluguel por
esse uso temporário, e admitindo que a certo tempo do contrato, a parte que vem utili-
1044
zando aquela coisa declare sua opção de compra, pagando o preço residual, que será, o
valor total da coisa, menos o valor pago pelo aluguel.

Acredito que a problemática é a seguinte: o que ocorre com certa frequência é que os
contratos de leasing de veículos, em quase sua totalidade, não resguardam ao arren-
datário o exercício da escolha ao final do contrato. E isso porque o valor residual,
cobrado em razão da opção de compra do bem ao final do contrato, via de regra, ou é
cobrado como entrada ou é parcelado juntamente com as demais prestações. Na verda-
de, está sendo retirada do consumidor a liberdade real de não optar pela aquisição do
bem: primeiro, porque terá pagado, ao final do contrato, todo o valor correspondente;
segundo, porque, mesmo não querendo ficar com o bem, dificilmente terá o valor resi-
dual pago restituído. Lembre-se que o leasing de veículos é normalmente trilateral
(concessionário de carros, instituição financeira e o consumidor).

5) Porque o fisco implicou com este contrato de compra e venda?

Resposta:

O contrato de leasing, como já dito, é uma simbiose entre o contrato de aluguel e o fi-
nanciamento. O leasing é uma operação com características legais próprias, não se
constituindo operação de financiamento. Nas operações de financiamento, o bem é de
propriedade do mutuário, ainda que alienado, já no ato da compra. A grande vantagem
do leasing, numa visão tributária, é que, por não ser considerado uma operação financei-
ra, não recolhe o IOF (http://www.bcb.gov.br/?LEASINGFAQ). Acredito que o Fisco é
contra o leasing de veículos porque, conforme esclarecida na resposta 4, houve o seu
desvirtuamento (leasing de veículos) e, provavelmente, um dos motivos para esse des-
virtuamento, é o não pagamento do IOF. Sendo essa a razão da manobra, para não
recolher o IOF, com o objetivo de reduzir o preço do veículo. Entendo que o FISCO é
contrário ao leasing de veículos porque este não passa, na verdade, de verdadeiro finan-
ciamento de veículo e que, portanto deveria recolher o IOF.

6) Qual a causa do contrato de leasing? Como ele explica a história do artigo 882 do atual CC?

Resposta:

Não consegui encontrar subsídios para responder essa questão.

7) Porque se fala que o leasing financeiro é trilateral?

Resposta:

1045
Fala-se que o leasing financeiro é trilateral por envolver três partes. Três empresas são
necessárias à operação. Ex: a que vende as máquinas; a que compra e paga o preço (a
empresa de crédito, geralmente Banco) e a que as obtém (aluguel), sem ter comprado
os referidos bens (Empresa em geral que utiliza máquina como seu equipamento de
produção ou meio de produção).

16.7.1.2. Questões do TRF2

1) Como se definem os contratos empresariais?

Resposta:

Os contratos empresariais podem ser considerados como formas de produção de capital


econômico. São contratos que movimentam a produção, a industrialização, a comercia-
lização, a distribuição e a intermediação de bens e serviços para colocação do produto
no mercado.

2) Fale sobre mandato e comissão mercantil. Qual é a consequência no plano da legitimação


de o mandante atuar em nome do mandatário? Há alguma hipótese em que o mandatário
teria responsabilidade? E no caso da comissão mercantil?

Resposta:

Acerca do mandato e da comissão mercantil, esclarece Waldo Fazzio Júnior:

―(...) Configura-se o mandato mercantil, quando um empresário confia a outrem a ges-


tão de um ou mais negócios mercantis, agindo e obrigando-se o mandatário em nome
daquele (…). Na pendência entre um terceiro e o mandatário, que com ele contratou em
nome do mandante, o mandante ficará livre de toda responsabilidade, apresentando o
mandato ou ratificação daquele por conta de quem contratou. (…) A comissão mercan-
til é o contrato de mandato relativo a negócios mercantis, em que o comissário obriga-se
a contratar, em seu próprio nome, por conta e risco do comitente. A comissão é uma
espécie de mandato, ausente a representação; tem por objeto negócios; o comissário
contrata em nome próprio, por conta do comitente. Diversamente do que ocorre com o
mandatário, o comissário, contratando em seu próprio nome, fica diretamente obriga-
do às pessoas com quem contratar, sem que estas tenham ação contra o comitente,
nem este contra elas, salvo se o comissário fizer cessão de seus direitos a favor de uma
das partes (...)‖ (Fazzio Júnio, Waldo. Manual de direito comercial. 1. ed. São Paulo:
Atlas, 2012-pg-463/464 e 467).

3) Admita a hipótese em que alguém pretenda comprar uma determinada mercadoria utili-
zando-se dos serviços do corretor. Compra a mercadoria, leva pra casa e se dá conta de que a

1046
hipótese é de vício redibitório. Como fica a relação com o corretor? A sua atuação se consuma
com a formalização do negócio ou com a aproximação?

Resposta:

O Professor Caio Mário preleciona que contrato de corretagem é aquele pelo qual uma
pessoa, mediante remuneração, obriga-se a intermediar negócios para outra, prestando
informações e esclarecimentos que se fizerem necessários para celebração do contrato
intermediado (Caio Mário da Silva Pereira. Instituições de Direito Civil. Vol. III. p.
267). A responsabilidade do corretor em razão dos vícios do produto ou do serviço,
nas relações de consumo, é solidária com o fornecedor (art. 25, §º c/c 34, todos do
CDC). Nesse sentido também já decidiu o STJ (REsp 1077911/SP6, Rel. Ministra
NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 04/10/2011, DJe 14/10/2011).
Quanto aos vícios redibitórios, que estão presentes nas relações não consumeristas,
ENTENDO que o corretor poderá responder apenas se ficar comprovado sua falta de
diligência e prudência (art. 723 e parágrafo único do Código Civil). A atuação do corre-
tor se consuma, A MEU VER, quando ocorre a conclusão efetiva do negócio, já que é
momento em que fará jus ao recebimento da comissão de corretagem (STJ: REsp
753566/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em
17/10/2006, DJ 05/03/2007, p. 280) (TJDF: 37514020118070001 DF 0003751-
40.2011.807.0001, Relator: JOSÉ DIVINO DE OLIVEIRA, Data de Julgamento:
21/03/2012, 6ª Turma Cível, Data de Publicação: 29/03/2012, DJ-e Pág. 194).

4) No contrato de compra e venda mercantil considerada essa unicidade de tratamento. O que


caracteriza a compra e venda mercantil em oposição à compra e venda civil?

Resposta:

Em relação ao contrato de compra e venda mercantil, esclarece Waldo Fazzio Júnior:

― No contrato de compra e venda mercantil, um contratante (vendedor) obriga-se a


transmitir o domínio de certa coisa móvel ou semovente, enquanto o outro (comprador)
6
CONSUMIDOR. CONTRATO. SEGURO. APÓLICE NÃO EMITIDA. ACEITAÇÃO DO SEGURO. RESPONSABILI-
DADE. SEGURADORA E CORRETORES. CADEIA DE FORNECIMENTO. SOLIDARIEDADE. 1. A melhor exegese
dos arts. 14 e 18 do CDC indica que todos aqueles que participam da introdução do produto ou serviço no mercado
devem responder solidariamente por eventual defeito ou vício, isto é, imputa-se a toda a cadeia de fornecimento a
responsabilidade pela garantia de qualidade e adequação. 2. O art. 34 do CDC materializa a teoria da aparência,
fazendo com que os deveres de boa-fé, cooperação, transparência e informação alcancem todos os fornecedores,
direitos ou indiretos, principais ou auxiliares, enfim todos aqueles que, aos olhos do consumidor, participem da
cadeia de fornecimento. 3. No sistema do CDC fica a critério do consumidor a escolha dos fornecedores solidários
que irão integrar o polo passivo da ação. Poderá exercitar sua pretensão contra todos ou apenas contra alguns
desses fornecedores, conforme sua comodidade e/ou conveniência. 4. O art. 126 do DL nº 73/66 não afasta a res-
ponsabilidade solidária entre corretoras e seguradoras; ao contrário, confirma-a, fixando o direito de regresso
destas por danos causados por aquelas. 5. Tendo o consumidor realizado a vistoria prévia, assinado proposta e pago
a primeira parcela do prêmio, pressupõe-se ter havido a aceitação da seguradora quanto à contratação do seguro,
não lhe sendo mais possível exercer a faculdade de recusar a proposta. 6. Recurso especial não provido. (REsp
1077911/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 04/10/2011, DJe 14/10/2011)

1047
compromete-se pelo pagamento do preço em dinheiro. É uma pacto bilateral, consensu-
al e oneroso, sobre o objeto e o preço, em que pelo menos o vendedor é empresá-
rio.São, pois, elementos básicos da compra e venda mercantil: (res) a coisa móvel ou
semoventes cuja venda é o núcleo do contrato; (pretium) preço que por ela se pagará;
(consensum) consenso que aperfeiçoará a vença; a condição empresarial do vendedor
(...)‖. (Fazzio Júnio, Waldo. Manual de direito comercial. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2012-
pg-455). Nesse sentido, ensina Fábio Ulhoa: ―A compra e venda é mercantil quando
o comprador e vendedor são empresários.(...) A compra e venda mercantil é, na mai-
oria das vezes, contrato sujeito às normas do Código Civil e legislação especial. Even-
tualmente, pode-se configurar, na relação contratual entre empresário-comprador e em-
presário-vendedor, uma compra e venda sujeita ao CDC. Será este o caso se o empresá-
rio-comprador for consumidor, na acepção legal do termo (destinatário final da merca-
doria oi serviços oferecido pelo outro), ou estiver em condição análoga à de consumidor
(vulnerável)‖.(Manual de Direito Comercial. Direito de Empresa. 22ª edição, 2010. Edi-
tora Saraiva- Pg-427). ENTENDO que o que caracteriza a compra em venda mercantil
em oposição à compra e venda civil é o fato de que naquele contrato as partes têm que
ostentar a condição de empresários.

5) Fale sobre representação comercial.

Resposta:

A representação comercial é uma modalidade de intermediação de negócios mercantis,


ou seja, os representantes comerciais têm a função de facilitar os negócios envolvendo a
venda de produtos ou mercadorias de seus clientes, chamados de empresas representa-
das (http://www.mundosebrae.com.br/2010/03/representacao-comercial-definicao-e-
cuidados-legais/). Para maior esclarecimento, importante apresentar o conceito de re-
presentante legal feito por Waldo Fazzio Júnior: “Representante comercial autônomo é
o empresário (pessoa física ou jurídica) que, sem relação de subordinação hierárquica
trabalhista, desempenha, em caráter não eventual, por conta de uma ou mais pessoas, a
mediação para a realização de negócios, agenciando propostas ou pedidos, praticando
ou não atos relacionados com a execução dos negócios “. (Fazzio Júnio, Waldo. Manu-
al de direito comercial. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2012-pg-518).

16.7.1.3. Questões do TRF3

1) Tem acompanhado a problemática da discussão quanto a legalidade de compra de terras


por estrangeiros?

Resposta:

1048
O Parecer CGU/AGU nº 01/2008 - RVJ deu nova interpretação à Lei nº. 5.709/71
(Regula a Aquisição de Imóvel Rural por Estrangeiro Residente no País ou Pessoa Jurí-
dica Estrangeira Autorizada a Funcionar no Brasil), cuja interpretação é supostamente
compatível com a atual realidade da estrutura fundiária nacional. Nesse parecer esclare-
ce dúvidas quanto à aquisição ou arrendamento de imóveis rurais no Brasil por estran-
geiros. Os principais esclarecimentos e interpretações são os seguintes: 1- Toda aquisi-
ção de terras feita por empresas, constituídas por leis brasileiras, mas sob controle es-
trangeiro, deverá se submeter à Lei 5.709/71. Ou seja, no registro constará a informação
de que a propriedade pertence a uma empresa estrangeira; uma espécie de registro apar-
tado, que também será comunicado ao INCRA que fará esse controle juntos aos cartó-
rios; 2. O novo parecer não alcançará os negócios firmados com base em interpretações
anteriores; 3. Com a nova interpretação, as compras de terras serão registradas em livros
especiais nos cartórios de Imóveis; 4. Todos os registros de aquisições feitas por empre-
sas brasileiras controladas por estrangeiros devem ser comunicados trimestralmente à
Corregedoria de Justiça dos Estados e ao Ministério do Desenvolvimento Agrário; 5. O
parecer prevê, entre outras restrições, que as empresas não poderão adquirir imóvel rural
que tenha mais de 50 módulos de exploração indefinida; 6. Só poderão ser adquiridos
imóveis rurais destinados à implantação de projetos agrícolas, pecuários e industriais
que estejam vinculados aos seus objetivos de negócio previstos em estatuto. Esses pro-
jetos devem ser aprovados pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário; 7. As restri-
ções alcançam também o tamanho da terra. A soma das áreas rurais pertencentes a em-
presas estrangeiras ou controladas por estrangeiros não poderá ultrapassar 25 por cento
da superfície do município.
(http://www.agu.gov.br/sistemas/site/templateimagemTextoThumb.aspx?idConteudo
=148958&id_site=3). É bom salientar que o referido parecer, que foi aprovado pelo Pre-
sidente da República, somente vincula o Poder Executivo Federal.

2) O que o Sr. acha da restrição aos estrangeiros de compra de terras no Brasil?

Resposta:

A CF, no art. 190, dispõe que lei regulamentará e a limitará a aquisição de propriedade
rural por estrangeiros. Em que pese essa disposição, muitos juristas defendem a incons-
titucionalidade da Lei nº. 5.709/71, por não considerarem uma norma compatível com a
CF, nem mesmo com o art. 190, senão vejamos:

―(...) A idéia de que aquisições de imóveis rurais pelo capital estrangeiro podem repre-
sentar risco à soberania nacional é uma idéia com resquícios da ditadura militar. De
fato, a lei 5.709/71, ora eventualmente em vigor, foi promulgada no auge desse regime.
Naquela época, o cenário econômico, os mecanismos de controle das atividades empre-
sariais no país, o controle do fluxo de valores entre países eram totalmente diversos da
atual realidade, de maneira que se grupos estrangeiros decidissem comprar mais que 50
módulos rurais, deter mais que 25% de um Município, poder-se-ia vislumbrar nessas
1049
aquisições a estratégia de dominação territorial e, por conseguinte, ofensa à soberania
nacional. Em hipótese alguma é o cenário atual, em que o Governo possui diversos me-
canismos legais para controlar as empresas brasileiras, ainda que controladas por capital
estrangeiro.(...) O artigo 190 da Constituição Federal estabelece que a lei regule a aqui-
sição ou arrendamento de propriedade rural por pessoa física ou jurídica estrangeira. Por
outro lado, uma vez devidamente constituída no território brasileiro, a pessoa jurídica
passa a ser considerada brasileira. Portanto, para que seja possível restringir empresas
brasileiras com controle estrangeiro, se faz necessária alteração no texto constitucio-
nal.(...)‖. (http://www.observatorioeco.com.br/para-advogado-parecer-da-agu-sobre-
areas-rurais-e-inconstitucional/)

3) O CDC é uma forma de intervenção no domínio econômico?

Resposta:

Entendo que sim. O exercício da atividade econômica deve ser compatível com os
princípios e regras voltados à defesa do consumidor (art. 5º, inciso XXXII, e inciso V
do art. 170, todos da CF c/c art. 1º, caput, da Lei nº. 12.529/2011). Portanto, tanto a
atividade econômica desenvolvida pelos particulares como a intervenção estatal nas
relações econômicas deverão observar as regras de proteção do consumidor, em especial
o Código de Defesa do Consumidor.

4) O profissional liberal tem responsabilidade objetiva no CDC? Explique.

Resposta:

A responsabilidade do profissional liberal é subjetiva, consoante §4º do art. do CDC.


Contudo, o STJ entende que essa responsabilidade subjetiva somente é aplicável
quando o profissional realiza uma atividade de meio (ex: intervenção cirúrgica em de-
corrência de acidente de veículo). Por outro lado, se a atividade for de resultado, a
responsabilidade é objetiva (ex: plástica que não seja reparadora) (REsp 992.821/SC,
Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 14/08/2012,
DJe 27/08/2012). (RESP 199800875883, FERNANDO GONÇALVES, STJ - QUAR-
TA TURMA, DJ DATA:16/08/2004 PG:00261 RJADCOAS VOL.:00061 PG:00120
RNDJ VOL.:00059 PG:00101.)

16.7.1.4. Questões do TRF4

1) Fale sobre lei antitruste.

Resposta:

1050
A Lei nº. 12.529/2011 dispõe, em seu art. 1º e parágrafo único, o seguinte:

Art. 1o Esta Lei estrutura o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência - SBDC e


dispõe sobre a prevenção e a repressão às infrações contra a ordem econômica, orien-
tada pelos ditames constitucionais de liberdade de iniciativa, livre concorrência, fun-
ção social da propriedade, defesa dos consumidores e repressão ao abuso do poder
econômico. Parágrafo único. A coletividade é a titular dos bens jurídicos protegidos
por esta Lei.

16.7.1.5. Questões do TRF5

1) Comércio eletrônico e legislação, discorra. Possível a tributação de loja virtual em SP?

Resposta:

Não existe ainda no Brasil uma legislação que regule especificamente o comércio ele-
trônico. Não obstante a ausência de legislação específica, o Poder Judiciário tem se ma-
nifestado, com base nos princípios da boa-fé objetiva, da função social do contrato, da
vulnerabilidade e da hipossuficiência, a favor dos consumidores. As lojas virtuais pa-
gam normalmente os tributos correspondentes às suas atividades, isto é, de acordo com
os fatos geradores que derem causa (http://www.portaltributario.com.br/dicas.htm).
Para fins tributários, ENTENDO que as lojas virtuais são equiparadas às lojas físicas.

2) Discorra sobre a aplicação da legislação no comércio eletrônico em compra internacional.

Resposta:

O direito positivo brasileiro não contém nenhuma norma específica sobre o comércio
eletrônico, nem mesmo a legislação consumerista de 1990. Assim, o empresário brasi-
leiro dedicado a esse tipo de comércio tem, em relação aos consumidores, exatamente as
mesmas obrigações que a lei atribui aos fornecedores em geral. O contrato de consu-
mo eletrônico internacional rege-se pelas cláusulas propostas pelo fornecedor estran-
geiro, e às quais adere o consumidor brasileiro. O CDC não se aplica a essa relação de
consumo, porque, tratando-se de contratos internacionais, a norma aplicada é a do do-
micílio do proponente, conforme §2º do art. 9ª da Lei de Introdução às Normas do Di-
reito Brasileiro (Resumo de Direito Empresarial- Ponto 12- pg-06).

3) Responsabilidade de produto por defeito, ex, a amazon.com teria responsabilidade entre


fornecedor e consumidor?

Resposta:

A ―amazon.com‖ é uma loja virtual americana que vende livros, filmes etc. As compras
na ―amazon.com‖ por brasileiros são consideradas internacionais, aplicando, assim, as
1051
normas americanas (fundamentos da QUESTÃO 2), eis que o endereço eletrônico e a
estrutura da Loja Virtual são totalmente provenientes dos EUA. Contudo, a ―ama-
zon.com‖ pretende7 instalar uma filial no Brasil, com endereço eletrônico e estrutura
física, o que tornará às relações entre a fornecedora (amazon) e os consumidores regidas
pelo Código de Defesa do Consumidor.

16.8. Direito Processual Civil

16.8.1. Perguntas Residuais

16.8.1.1. Questões do TRF1

16.8.1.2. Questões do TRF2


1) Qual a diferença entre legitimidade ordinária e legitimidade extraordinária?

Resposta:

Legitimidade ordinária é atribuída àqueles que fazem parte da relação jurídica de direi-
to material que deu causa ao ajuizamento de determinada ação (Ex: ―A‖ bate no carro
de ―B‖. A relação jurídica material estabelecida é entre ―A‖ e ―B‖. ―B‖ detém legitimi-
dade ativa ordinária para ajuizar ação de reparação contra o legitimado ordinário passi-
vo ―A‖). Não havendo essa relação entre as partes do processo e o direito material dis-
cutido ocorrerá a ilegitimidade de partes, salvo se tratar de legitimidade extraordinária.
A legitimidade extraordinária é quando não há essa correspondência entre quem figura
no polo ativo e/ou passivo da ação com a relação jurídica de direito material objeto da
ação. Entretanto, a legitimidade extraordinária por ser exceção, somente será possível
quando autorizada pela lei (Ex: o MP quando tutela direito ao meio ambiente, ou seja,
vai a juízo em nome próprio, tutelando direitos alheios (direitos difusos).

2) Quais as condicionantes do interesse de agir?

Resposta:

Parcela considerável da doutrina defende que o interesse de agir somente estará caracte-
rizado quando presentes os seguintes pressupostos: necessidade, utilidade e adequação8.

7
http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2012/06/amazoncom-pretende-entrar-no-brasil-no-4o-
trimestre-2.html
8
Há uma forte corrente doutrinária que defende um terceiro aspecto do interesse de agir que é a adequação. Esta
adequação da via eleita seria a necessidade da parte escolher o meio processual adequado aos seus propósitos.

1052
3) Discorra sobre o binômio necessidade-utilidade? Está certa a expressão?

Resposta:

A utilidade traduz-se na eficácia da atividade jurisdicional para satisfazer o interesse do


autor, isto é, deve propiciar algum proveito para o demandante. Por outro lado, pela
necessidade é preciso demonstrar que essa utilidade só pode ser atingida pelo processo
judicial.

4) No que tange à competência prevista nos arts. 88, 89 e 90 do CPC, como esta se
relaciona ao direito internacional privado?

Resposta:

O Direito Internacional Privado regula os conflitos de leis no espaço tanto no âmbito


material como no processual. Desse modo, certas situações ensejam dúvidas não ape-
nas da norma nacional aplicável, mas também quanto à autoridade competente para co-
nhecer de um litígio dentro de uma relação jurídica com conexão internacional, que
pode ser um juízo do próprio Estado ou estrangeiro. Nesse sentido, o Código de Proces-
so Civil traz regras referentes à autoridade competente para apreciar determinada causa.
No artigo 88, o CPC trata da competência concorrente e no art. 89 da competência
exclusiva. São características da competência concorrente: não exclui a possibilida-
de de o processo ocorrer no estrangeiro; não pode ser afastada pela vontade das partes,
segundo precedente do STJ, eis que afastar a competência da Justiça Brasileira contrária
a ordem pública; a sentença estrangeira deve ser homologada pelo STJ. Incide essa
competência concorrente quando: o réu for domiciliado no Brasil; aqui no Brasil tiver
que ser cumprida a obrigação; quando a ação se originar de fato ocorrido ou ato pratica-
do no Brasil. Quando o réu não tiver domicílio nem residência no Brasil, a ação será
proposta no foro do domicílio do autor. Se este também residir fora do Brasil, a ação
será proposta em qualquer foro. São características da competência exclusiva: exclui
a possibilidade de o processo correr em foro estrangeiro; exclui a possibilidade de ho-
mologação de sentença estrangeira na matéria. Incide essa competência exclusiva: em
relação às ações que digam respeito a imóveis no Brasil; inventário e partilha de bens,
situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja estrangeiro e tenha residido fora do
território nacional (Paulo Henrique Gonçalves Portela. Direito Internacional Público e
Privado. 4ª Edição. Editora JusPODIVM- pg 658 e 663). Vale ressaltar, ademais, que,
tratando-se de competência concorrente, a ação intentada no estrangeiro não impede o
conhecimento pela Justiça Brasileira de mesma ação, nem induz litispendência (art. 90
do CPC). Do mesmo modo, a pendência de ação, na Justiça Brasileira, não impede a
homologação de sentença estrangeira sobre a mesma controvérsia (competência concor-
rente) (SEC 5.736/EX, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, CORTE ESPECI-
AL, julgado em 24/11/2011, DJe 19/12/2011). Contudo, não se homologará a sentença
estrangeira acaso haja, ao tempo do pedido de homologação, sentença brasileira, que
1053
trata dos mesmos fatos, transitada em julgado (competência concorrente) (AgRg na
SEC 854-EX, Rel. originário Min. Luiz Fux, Rel. para acórdão Min. Nancy Andrighi,
julgado em 16/2/2011).

5) Qual a diferença entre os incisos I e II do art. 89 do CPC?

Resposta:

Em uma interpretação literal, pode-se observar que no inciso I a competência exclusiva


se limita à apreciação de causas afetas a bens imóveis enquanto no inciso II a bens mó-
veis e imóveis.

6) Competência do art. 109, I, qual é?

Resposta:

A competência da Justiça Federal, com base no art. 109, inciso I, da CF, se dá ratione
personae (em razão da pessoa), isto é, basta que uma das pessoas, descritas no inciso I,
esteja como autor(a) ou réu (ré) para atrair a competência da Justiça Federal.

7) Se um desses órgãos ou entidades for assistente em causa aforada na Justiça


Estadual. Qual a consequência? O que diz a súmula?

Resposta:

Se um dos órgãos (inciso I, art. 109, da CF) intervir em processo em trâmite na Justiça
Estadual, deverá o juízo estadual encaminhar os autos ao juízo federal. Ao juízo federal
cabe verificar se há interesse jurídico do ente federal. Em caso positivo, ou seja, haven-
do interesse, manterá o processo na justiça federal. Em caso negativo, ou seja, não ha-
vendo interesse do ente federal, excluirá o ente federal da lide e, consequentemente, a
Justiça Federal remeterá os autos à Justiça Estadual sem suscitar conflito de competên-
cia.(Enunciados 150 e 224 das Súmulas do STJ).

8) art. 109, parág. 3º. Não há vara federal, competência previdenciária é relativa?

Resposta:

Há precedente no sentido de que a competência é concorrente (Juízo Estadual do do-


micílio do autor, do Juízo Federal com jurisdição sobre o seu domicílio e do Juízo Fede-
ral da capital do Estado-membro, devendo prevalecer a opção exercida pelo segurado) e
1054
relativa, por ser territorial, não podendo por esse motivo o Juízo declinar de ofício
(TRF4 5007962-20.2012.404.0000, Terceira Seção, Relator Roger Raupp Rios, D.E.
02/08/2012). Em que pese nesse acórdão ter constado que não cabia ao juízo reconhecer
de ofício, porquanto a questão fica ao alvitre privado das partes, e se prorroga, caso au-
sente exceção de incompetência veiculada pela parte ré, ENTENDO que não cabe ex-
ceção de incompetência, por ser uma faculdade de o autor escolher, quando em seu do-
micílio não seja sede da Justiça Federal, em qual justiça promoverá a ação (Justiça Es-
tadual ou Federal-competência concorrente). Nesse sentido de que é faculdade atribuí-
da ao autor é o seguinte acórdão: (TRF4, AG 0016062-83.2011.404.0000, Sexta Turma,
Relator João Batista Pinto Silveira, D.E. 23/08/2012).

9) Qual a natureza jurídica da coisa julgada? Como está a jurisprudência a respeito?


Qual a posição do STJ? (Não localizei decisões nos tribunais acerca da natureza jurídica
da coisa julgada)

Resposta:

Há controvérsia acerca da definição da natureza jurídica da coisa julgada. Há quem


defenda que é efeito da decisão; outros, sustentam ser uma qualidade dos efeitos da
decisão; e, por fim, tem os que defendem ser uma situação jurídica do conteúdo da
decisão. Na prática, não há muita diferença entre uma e outra posição, trata-se de uma
discussão mais de natureza acadêmica, ambas se reportam à imutabilidade e irrecorribi-
lidade da decisão.

10) O que seria a Teoria dos Motivos Determinantes?

Resposta:

A teoria dos motivos determinantes está relacionada à prática de atos administrativos e


impõe que, uma vez declarado o motivo do ato, este deve ser respeitado. Esta teoria
vincula o administrador ao motivo declarado, ainda que o ato seja discricionário. Para
que haja obediência ao que prescreve a teoria, no entanto, o motivo há de ser legal, ver-
dadeiro e compatível com o resultado. Nesse sentido já entendeu o STJ (HC
141925/DF, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado
em 14/04/2010, DJe 23/04/2010).

11) O que se entende por limite temporal da coisa julgada? Basta que a causa de pedir
próxima ou remota? Isso encontra respaldo na Teoria da Substanciação?

Resposta:
1055
O limite temporal da coisa julgada consiste em saber se o comando sentencial, emiti-
do em certo momento, permanecerá inalterado indefinidamente, mesmo quando houver
alteração no estado de fato ou de direito. A imutabilidade, ínsita a coisa julgada, somen-
te atinge a parte dispositiva da sentença, na qual estabeleceu a lei do caso concreto. Po-
rém, a sentença tem eficácia enquanto se mantiverem inalterados o direito e o suporte
fático sobre os quais estabeleceu o juízo de certeza. Pode-se afirmar que a força da coisa
julgada tem uma condição implícita, a da cláusula rebus sic stantibus, a significar que
ela atua enquanto se mantiverem íntegras as situações de fato e de direito existentes
quando da prolação da sentença. A sentença espelha os fatos e o direito que serviram
como seus fundamentos, de maneira que, alterados os fatos ou o direito, modificada
estará a causa de pedir e por consequência a ação. Em outros termos: a alteração da
circunstância de fato constitui alteração da causa de pedir, formando outra (nova) ação e
abrindo ensejo a outra (nova) coisa julgada. (Luiz Guilherme Marinoni. Curso de Pro-
cesso Civil. Vol 2. 10ª Edição, 2012. Editora Revista dos Tribuanis-pg 643/645).

Segundo vem entendendo a jurisprudência, ocorre a violação a coisa julgada quando


outra ação idêntica a outra anteriormente julgada por sentença de mérito irrecorrível. A
identidade entre as ações, por seu turno, pressupõe a igualdade das partes, da cau-
sa de pedir – próxima e remota – e do pedido – mediato e imediato. (STJ: AgRg no
AgRg no REsp 1200591/RJ, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA
TURMA, julgado em 16/11/2010, DJe 29/11/2010); (TRF1: AC 0007864-
40.2008.4.01.3300 / BA, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL JIRAIR ARAM ME-
GUERIAN, SEXTA TURMA, e-DJF1 p.229 de 05/09/2011).

Portanto, a transgressão à coisa julgada, segundo a jurisprudência, não fica caracteri-


zada quando nova ação reproduz tão somente a causa de pedir – próxima ou remota
-, de outra ação com sentença de mérito transitada em julgado; é necessário que também
viole o pedido – mediato e imediato. Lembre-se, ademais, que não haverá qualquer vio-
lação se as circunstâncias fáticas e jurídicas forem alteradas, dando ensejo à nova causa
de pedir e pedido.

Vê-se que pela teoria da substanciação o conteúdo da causa de pedir é formalizado


pelo fato ou conjunto de fatos constitutivos do direito do autor. Já pela teoria da indi-
viduação é conceituada pelos fundamentos jurídicos, sendo os fatos secundários e não
relevantes para a perfeita identificação da causa de pedir. Essas teorias foram desenvol-
vidas para explicar o conteúdo mínimo da causa de pedir. O entendimento que pre-
valece é que no Brasil a teoria adotada é a da substanciação,tendo como um dos prin-
cipais argumentos o fato de o nosso sistema processual ter adotado o instituto da preclu-
são, conforme se verifica pelos artigos 264, 294, 300, 301, 474 do CPC), demonstrando,
assim, a prevalência dos fatos sobre os fundamentos jurídicos. Por outro lado, pela teo-
ria da individuação, novos fatos ou alegações fáticas poderiam ser apresentados a todo
momento, já que o importante são os fundamentos jurídicos, uma vez que, para essa
teoria, não há preocupação com os fatos, pois estes não têm aptidão de modificar a qua-
lificação jurídica. Em resumo, pode-se dizer que a teoria da substanciação agirá de
1056
forma mais ou menos intensa, na medida em que a qualificação jurídica possua autono-
mia de per si para figurar como status jurídico suficiente a qualificar uma demanda. Não
se pode negar que há de fato certa relativização entre as teorias (substanciação e
individuação), mas nunca uma completa indiferença. É bom salientar que a causa de
pedir próxima são os fundamentos jurídicos (teoria da individuação) e a remota os
fatos (teoria da substanciação). A quem faça a inversão dos conceitos (próxima e re-
mota). O importante é que ligue fundamentos jurídicos à teoria da individuação e fatos à
teoria da substanciação.

(http://atualidadesdodireito.com.br/renatomontans/2011/08/31/causa-de-pedir/
acessado no dia 31.08.2012).

A MEU VER (não encontrei resposta em doutrina ou jurisorudência), a verificação da


causa de pedir, tanto próxima quanto remota, a fim de identificar a violação à coisa jul-
gada, não ofende a teoria da substanciação. Essas teorias têm sua importância acentuada
no que se refere à propositura da ação. Adotando a teoria da substanciação, ao menos
como regra, o juiz dará mais importância aos fatos, adequando os fundamentos jurídicos
conforme seu entendimento. Entretanto, ao sentenciar, o juiz adequará os fatos compro-
vados aos fundamentos jurídicos, os quais, sendo o caso, levarão a uma sentença de
mérito (acolhimento ou não do pedido – mediato ou imediato), que uma vez transitada
em julgada, fará coisa julgada. Lembre-se que o que faz coisa julgada é o dispositivo,
porém, para verificar identidade de ações e, consequentemente, violação à coisa julgada,
é necessário analisar as causas de pedir (próxima e remota) e pedido (mediato e
imediato) fixadas na sentença transitada em julgado com relação à nova ação.

Ressalta-se, mais uma vez, que novas circunstâncias fáticas e jurídicas podem gerar
novas causas de pedir (próxima e remota) e pedido (mediato e imediato), que resultará
em uma sentença com novos fundamentos (jurídicos e fáticos), razão por que, nesses
casos, não haverá se falar em transgressão à coisa julgada.

12) Relativização da Coisa Julgada. Como você encara isso?

Resposta:

Nossa legislação, no art. 485 do CPC, já autoriza a relativização da coisa julgada nas
hipóteses elencadas nos incisos desse artigo. Porém, a ação rescisória deve ser propos-
ta no prazo decadencial de 2 anos contados do trânsito em julgado da sentença. No
entanto, é possível depois desses 2 anos promover a relativização da coisa julgada?
São Constitucionais os §1º do art. 475-L e parágrafo único do art. 741, todos do CPC
por permitirem a relativização até mesmo após o prazo decadencial da ação rescisória?

Há argumentos favoráveis e contrários à relativização da coisa julgada. Fundamentos


favoráveis à revisão da decisão: decisão que for evidentemente injusta e desproporcio-

1057
nal; decisões que ofendam a soberania estatal, que violem os princípios guardadores da
dignidade humana, moralidade pública ou que obriguem alguém a fazer ou a deixar de
fazer algo de forma contrária à lei; decisões que impeçam a liberdade de atuação dos
cultos religiosos, expedidas sem a devida citação do demandado com as garantias asse-
guradas pela lei processual.
Fundamentos contrários: violação dos princípios da segurança jurídica e da razoável
duração do processo (pode levar a discussões sem fim).

O STF admitiu a relativização da coisa julgada ao permitir a realização de exame de


DNA em ação de investigação de paternidade idêntica a outra já definitivamente julgada
no mérito (RE 363889, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em
02/06/2011, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-
238 DIVULG 15-12-2011 PUBLIC 16-12-2011). O STJ também admite a relativiza-
ção da coisa julgada com base no parágrafo único do artigo 741 do CPC, que trata da
decisão judicial fundada em lei considerada inconstitucional pelo STF, o que é denomi-
nado pela doutrina como coisa julgada inconstitucional (AgRg no REsp 1296845/ES,
Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/05/2012,
DJe 24/05/2012).

13) Remessa oficial - Fundações públicas se submetem à remessa oficial?

Resposta:

Segundo o inciso I, do art. 475, do CPC, as fundações de direito público se submetem


ao reexame necessário. Lembre-se que há discussão na doutrina acerca da criação, pelo
Estado, de fundações públicas de direito público ou de direito privado. Em uma inter-
pretação literal do inciso I, do art. 475, do CPC, o reexame necessário somente con-
templa as fundações de direito público.

14) Litisconsórcio. Pluralidade de quê? Partes ou pessoas? O que diz a discussão


doutrinária? (Não encontrei na jurisprudência ou na doutrina discussões se pluralidade
são de partes ou pessoas).

Resposta:

O litisconsórcio é a pluralidade de partes, na condição de autore(s) e/ou réu(s). Quanto


à posição processual, o litisconsórcio pode ser: ativo: será o litisconsórcio ativo quan-
do dois ou mais autores litigam contra um mesmo réu. Passivo: será o litisconsórcio
passivo quando dois ou mais réus são demandados contra um mesmo autor. Misto: tam-
bém chamado de recíproco. Ocorre quando dois ou mais autores litigam contra dois ou
mais réus. Quanto ao momento da formação, o litisconsórcio pode ser: Inicial (ou
originário): é o litisconsórcio que surge com a formação da relação processual. Ulterior
1058
(ou incidental): é o litisconsórcio que se forma no curso do processo. Existem três hipó-
teses que podem gerar a formação de um litisconsórcio ulterior: a conexão, a sucessão e
a intervenção de terceiros. Quanto à obrigatoriedade ou não da formação, o litiscon-
sórcio pode ser: facultativo: o litisconsórcio será facultativo quando não é obrigatória a
sua formação, ficando a critério das partes a sua ocorrência. O litisconsórcio facultativo
se subdivide em irrecusável e recusável. Será irrecusável quando requerido pelos auto-
res, não pode ser recusado pelos réus. Será recusável quando permitir rejeição pelos
demandados. Necessário: o litisconsórcio será necessário quando as partes não puderem
acordar quanto à sua existência. A natureza da relação jurídica ou a lei determina que
seja formado um litisconsórcio obrigatoriamente. Quanto aos efeitos da sentença, será
o litisconsórcio: Unitário: o litisconsórcio será unitário quando o juiz tiver que decidir a
lide de forma idêntica para todos os litisconsortes, dependendo a sua formação da natu-
reza da relação jurídica posta em juízo. Simples: o litisconsórcio será considerado sim-
ples quando a decisão de mérito dada pelo juiz não será necessariamente idênticas para
todos os litisconsortes, podendo inclusive ser procedente com relação a um e improce-
dente com relação ao outro. Ocorre quando temos pluralidade de relações jurídicas em
um processo ou quando há uma relação jurídica cindível.

15) Da exclusão do litisconsórcio qual o recurso cabível em face da decisão de 1o grau?

Resposta:

A exclusão de apenas um dos litisconsórcios, sem que haja a extinção do processo, se


enquadra como decisão interlocutória para fins recursais, razão pela qual cabível é o
recurso de agravo de instrumento (AgRg no Ag 1329466/MG, Rel. Ministro JOÃO
OTÁVIO DE NORONHA, QUARTA TURMA, julgado em 10/05/2011, DJe
19/05/2011).

16) Art. 47 do CPC. Litisconsórcio necessário? Pode ser considerada uma intervenção in
judicio? Fere o Princípio da imparcialidade?

Resposta:

Primeiramente, cumpre salientar que intervenção iussu iudicis é o ingresso de terceiro


em processo pendente por ordem do juiz. Segundo entende a doutrina, o litisconsórcio
necessário pode dar causa à intervenção iussu iudicis, conforme se depreende de uma
interpretação ao parágrafo único do art. 47 do CPC: Parágrafo único. O juiz ordenará
ao autor que promova a citação de todos os litisconsortes necessários, dentro do prazo
que assinar, sob pena de declarar extinto o processo ( Fredie Didier JR. Curso de Direi-
to Processual Civil. Teoria Geral do processo e processo de conhecimento. Volume 1.
Editora PodiVM, 2007-Pg292/293).

1059
17) Princípio da subsidiariedade. O que é? É princípio orgânico? Está plasmado na
legislação? (não localizei na doutrina ou na jurisprudência esclarecimentos acerca
dessa princípio, somente tendo identificado a decisão abaixo)

Resposta:

O princípio da subsidiariedade seria a aplicação da forma subsidiária do CPC aos pro-


cedimentos previstos em leis especiais. (AC 199901000991290, JUÍZA IVANI SILVA
DA LUZ (CONV.), TRF1 - SEGUNDA TURMA SUPLEMENTAR (INATIVA), DJ
DATA:29/05/2003 PAGINA:83.)

18) Defina subseção a partir do conceito das seções judiciárias do TRF. Quais são os
critérios para fixar competência (Não compreendi a pergunta)? Entre as seções há
competência relativa ou absoluta? E entre as subseções?

Resposta:

Subseção Judiciária é a cidade sede de Vara Federal ou Varas Federais. Lembre-se que,
não raro, vários municípios ficam vinculados, para fins de definição de competência da
Justiça Federal, ao município sede da Justiça Federal.

ENTENDO que a fixação da competência de uma seção ou subseção judiciária leva em


conta, como regra, o local de repercussão de determinada relação jurídica, de natureza
federal (art. 109 e incisos da CF), que será objeto de determinada ação judicial. Ex: ação
judicial contra a CEF, da agência de Três Corações/MG. A competência é a da Seção
Judiciária de Minas Gerais, mais especificamente da Subseção Judiciária de Vargi-
nha/MG, porquanto aquele município (Três Corações/MG) não tem sede da Justiça Fe-
deral, mas está vinculado, segundo normas do TRF1, à Justiça Federal instalada no mu-
nicípio de Varginha/MG. Porém, a exata identificação da competência entre os juízos
federais será feita a partir da aplicação das regras do CPC: competência material (art.
91 do CPC); competência funcional (nesse critério de competência interessa-se as fun-
ções desempenhadas pelo órgão jurisdicional no processo); competência em razão do
valor da causa (art. 91 do CPC) e competência territorial (arts. 94 a 100 do CPC).
Vale ressaltar, ademais, que a definição de instalação de determinada Subseção Judiciá-
ria, Vara Federal ou Juizado Especial Federal será feito, uma vez autorizado em lei, a
partir de definição do Conselho da Justiça Federal que levará em conta critérios técnicos
objetivos que identifiquem a necessidade da presença da Justiça Federal na localidade,
levando-se em conta, principalmente, a demanda processual, inclusive aquela decorrente
da competência delegada, a densidade populacional, o índice de crescimento demográfi-
co, o Produto Interno Bruto, a distância de localidades onde haja vara federal e as áreas
de fronteiras consideradas estratégicas (§1º do art.º da Lei nº. 12.011/2009).
1060
A competência de uma subseção judiciária é absoluta, por ser de natureza funcional.
(CC 201102010087648, Desembargador Federal GUILHERME CALMON NOGUEI-
RA DA GAMA, TRF2 - SEXTA TURMA ESPECIALIZADA, E-DJF2R - Da-
ta::24/08/2011 - Página::265.) (CC 200802010164565, Desembargador Federal POUL
ERIK DYRLUND, TRF2 - OITAVA TURMA ESPECIALIZADA, DJU - Da-
ta::02/12/2008 - Página::111.). Da mesma forma, ENTENDO que a competência da
seção judiciária é absoluta, por ser de natureza funcional.

Cumpre ressaltar que a competência funcional é determinada pela função que o órgão
jurisdicional deve exercer no processo. Pode ocorrer de no mesmo processo terem de
atuar dois ou mais órgãos jurisdicionais. A competência funcional se determina ainda a
partir do objeto do próprio juízo, da hierarquia e das distintas fases de procedimento.

19) Como se compõe um conflito de competência entre JEF x Vara Federal? E Vara
Federal x Justiça Estadual? E Vara Federal x Justiça Estadual atuando em causa federal?
Há essa possibilidade?

Resposta:

O conflito de competência entre o JEF e a Vara Federal da mesma seção judiciária é da


competência do Tribunal Regional Federal (Súmula 428 do STJ). Em que pese a súmula
afirmar da ―mesma seção judiciária‖, entendo que pode ser seções judiciárias diversas
desde que vinculadas ao mesmo tribunal (Ex: JEF da Bahia em conflito com uma Vara
Federal de Minas Gerais, ambos vinculados ao TRF da 1º Região).

Por outro lado, o conflito de competência a Justiça Estadual e a Federal (Vara Federal),
compete ao STJ (art. 105, inciso I, alínea ―d‖, da CF).

Já em relação ao conflito de competência entre o Juízo Federal e o Juízo Estadual,


com competência federal delegada (art. 109, §§ 2º e 3º da CF), pertencente à mesma
seção judiciária ou vinculado ao mesmo Tribunal Regional Federal daquele juiz estadu-
al com competência delegada (art. 109, §4º, da CF), certamente a competência do res-
pectivo Tribunal Federal. Ora, se o TRF respectivo é competente para julgar eventual
recurso contra a decisão do juízo estadual, com delegação da competência federal (§4º
do art. 109 da CF), a indicar que funcionalmente este juízo está vinculado àquele tribu-
nal federal, da mesma forma esse tribunal federal deve ser competente para julgar o
conflito de competência. Há decisões do TRF da 1ª Região julgando os conflitos nes-
ses casos, sem, porém, entrar no mérito de quem seria competente para julgar o conflito
(CC , JUIZ FEDERAL CLEBERSON JOSÉ ROCHA (CONV.), TRF1 - QUARTA
SEÇÃO, e-DJF1 DATA:30/05/2011 PAGINA:057.) (AGRCC 200901000143670, JUIZ
FEDERAL CLEBERSON JOSÉ ROCHA (CONV.), TRF1 - QUARTA SEÇÃO, e-
DJF1 DATA:16/08/2010 PAGINA:52.).

1061
Contudo, se o juízo estadual, com competência delegada, estiver vinculado a Tribunal
Federal diverso da do juízo federal suscitante do conflito, ENTENDO que compete ao
Superior Tribunal de Justiça decidir o conflito de competência (art. 105, inciso I, alínea
―d‖, da CF), por se tratar de juízos vinculados a tribunais diversos.

20) Como se faz a distinção entre eficácia formal e eficácia material ou são conceitos
estranhos ao processo civil? (não localizei na doutrina e na jurisprudência uma
resposta específica, essa resposta abaixo foi sugerida por um dos colegas)

Resposta:

No âmbito do direito intertemporal as normas processuais aplicadas são, normalmente,


as que vigoram na época em que passaram os fatos da causa. Surgindo uma regra pro-
cessual nova, ela será aplicável, em princípio, aos atos processuais ainda não realizados
(tempus regit actum). Essa regra é de ser mitigada nas seguintes hipóteses: nas execu-
ções extrajudiciais a norma a ser observada, referente aos títulos executivos é a da pro-
positura da ação e não da elaboração do título. No que tange ao cabimento dos recursos
a regra aplicável é a do momento da publicação da decisão. Quanto à natureza dos efei-
tos das decisões, a regra é a do momento da publicação. Quanto ao aumento do prazo
processual, ele incidirá apenas nos casos em que o prazo anterior ainda não tinha decor-
rido integralmente. Se a lei diminui o prazo, e o prazo estava em curso, cabe verificar
quanto faltava fluir do prazo antigo. Se o remanescente é menor do que o total do novo
prazo, computa-se o remanescente. Caso contrário, computa-se o prazo total do novo
prazo. Quando a lei suprime determinado tipo de processos, a regra não se aplica àque-
les que estejam em curso.

21) No âmbito da eficácia material, mais ligada à vigência, como é que ficaria o
funcionamento das normas de processo civil? (não localizei na doutrina e na
jurisprudência uma resposta específica, essa resposta abaixo foi sugerida por um dos
colegas)

Resposta:

Parece que o termo ―eficácia material‖ foi usado como sinônimo de ―eficácia técnica‖
de vigência mesmo, e não no sentido de eficácia social, em contraposição à eficácia
jurídica.

22) Houve uma discussão que foi levada ao STJ recentemente a respeito da taxa dos
juros de mora, um debate sobre se seria uma norma de direito processual e se teria
incidência imediata. Se lembra dessa discussão? Poderia discorrer um pouco sobre ela?
1062
(Não tenho certeza se trata da discussão abaixo)

Resposta:

―(...)A solução acerca da incidência imediata do art. 1o.-F da Lei 9.494/97, que esta-
beleceu o índice de 6% para os juros de mora em condenações contra a Fazenda Públi-
ca, restou sedimentada pelo Supremo Tribunal Federal, com repercussão geral, no jul-
gamento do Agravo de Instrumento 842.063/RS, Rel. Min. CEZAR PELUSO, DJe
02.09.2011, convertido em Recurso Extraordinário.Antes disso, ao julgar o EREsp.
1.207.197/RS, a Corte Especial deste Tribunal pacificou o entendimento de que o art.
1o.-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/2009 (resultado da conver-
são da MP 2.180-35/2001), por conter norma de caráter eminentemente processual,
deve ser aplicado sem distinção a todas as demandas judiciais em trâmite.(AgRg no
REsp 1197688/ES, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 07/08/2012, DJe 10/08/2012).

23) O STJ arrumou alguma solução de compromisso, dada essa hibridez da norma que
foi apontada (pelo candidato)? (Não tenho certeza se trata da discussão abaixo)

Resposta:

O STJ entendeu que a norma é de caráter puramente processual, razão pela qual se a-
plica imediatamente.(AgRg no REsp 1197688/ES, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES
MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 07/08/2012, DJe 10/08/2012)

24) Na parte de interpretação: pode-se dizer que a questão dos ônus processuais estão
vinculadas, jungidas, à questão da interpretação das normas processuais ou são
questões distintas?

Resposta:

25) Considere a situação hipotética em que determinado servidor recebe valores


atrasados deferidos administrativamente, só que recebe sem atualização monetária,
dado o período decorrido. Ele ajuíza uma demanda postulando apenas a correção
monetária daqueles valores que já foram deferidos administrativamente. Na qualidade
de magistrado, entende que pode analisar se o deferimento foi válido, foi legítimo, ou
está adstrito a deferir ou não a correção monetária?

Resposta:

1063
O juiz pode discordar com o direito que deu causa à correção monetária. Ressalta-se
que o juiz fica adstrito ao pedido (princípio da congruência), mas não à causa de pedir
próxima (fundamentos jurídicos).

A parte pode requerer a correção monetária com base em determinado direito e o juiz
discordar desse direito e negar a correção monetária. Em resumo, o juiz não se vincula
aos fundamentos jurídicos trazido pela parte, senão vejamos:

Ao juiz cabe o enquadramento jurídico dos fatos narrados pelas partes, nos termos dos
brocardos da mihi factum dabo tibi ius e jura novit curia, aplicáveis ao caso. (STJ - A-
gRgREsp 612.495/RS, rel. Min. ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO, DJ de 24/5/2004)

Porém, o tema não é pacífico, porquanto em diversas decisões dos tribunais regionais
federais defendem-se que o juiz também fica vinculado à causa de pedir referente
aos fundamentos jurídicos, senão vejamos: "(...) há julgamento fora do pedido tanto
quando o juiz defere uma prestação diferente da que lhe foi postulada, como quando
defere a prestação pedida, mas com base em fundamento jurídico não invocado como
causa do pedido na propositura da ação. Quer isto dizer que não é lícito ao julgador
alterar o pedido, nem tampouco a causa petendi." (AC 200434000246351, JUÍZA
FEDERAL SÔNIA DINIZ VIANA (CONV.), TRF1 - PRIMEIRA TURMA, e-DJF1
DATA:27/01/2009 PAGINA:29.) “Os arts. 128 e 460 do CPC restringem a atuação do
julgador no momento de analisar a questão suscitada, estabelecendo que esse deve li-
mitar-se ao que foi requerido pelas partes, sendo vedado decidir diversamente do pedi-
do e da causa de pedir. Ao julgador, exclusivamente, cabe a aplicação do direito à
espécie, fixando as conseqüências jurídicas diante dos fatos narrados pelas partes, em
respeito ao princípio da congruência -REsp 106529/RS, Ministra DENISE ARRUDA,
PRIMEIRA TURMA, DJe 07/05/2009-( AC 200134000226497, JUIZ FEDERAL DAVID
WILSON DE ABREU PARDO, TRF1 - 5ª TURMA SUPLEMENTAR, e-DJF1 DA-
TA:08/06/2011 PAGINA:234.)

Adotando-se esse último posicionamento, a resposta, a meu ver, mantém-se a mesma


no sentido de que o juiz poderia indeferir o pedido ao argumento de que os fundamentos
jurídicos invocados para fundamentar aquele pedido são inexistentes, não se aplica ao
caso etc.

26) Estaria adstrito mesmo que vislumbrasse uma flagrante nulidade nesse
deferimento? Entende que, pelas normas de processo civil, estaria vinculado, jungido
apenas àquele deferimento ou não, apesar de vislumbrar, segundo seu livre
convencimento, que aquela gratificação ou aquela verba não tem o menor amparo
legal?

Resposta:

1064
O juiz pode não concordar com os fundamentos jurídicos invocados, por considerá-los
inaplicáveis ao caso concreto.

Cabe destacar que o juiz, em razão do princípio do livre convencimento motivado, não
fica vinculado aos fundamentos jurídicos apresentados pelas partes, mesmo que os fun-
damentos jurídicos façam parte de uma decisão da Administração Pública. Cabe ao juiz
analisar a plausibilidade daqueles fundamentos jurídicos e, ainda, se são aplicados ao
caso concreto, isto é, se servem de base jurídica para sustentar o pedido.

27) Poderia negar a correção monetária sobre o fundamento de que, na origem, a


própria verba não teria amparo legal para recebimento?

Resposta:

Conforme já dito nas questões 25 e 26, sim.

28) Os serventuários podem receber delegações para atos próprios da magistratura? O


que são atos de mero expediente sem conteúdo decisório?

Resposta:

Exemplo de delegação é a decorrente da Lei, prevista no art. 162, §4º do Código de


Processo Civil. Por ser uma delegação legal, esses atos meramente ordinatórios devem
ser praticados de ofício pelo servidor (STJJRESP 200100585828). O juiz pode delegar
ao servidor a prática de atos de administração e atos de mero expediente sem caráter
decisório (art. 93, inciso XIV, da CF). Os atos de mero expediente sem conteúdo deci-
sório são aqueles que impulsionam a marcha processual, sem prejudicar ou favorecer
qualquer das partes ((RESP 200801723214, BENEDITO GONÇALVES, STJ - PRI-
MEIRA TURMA, DJE DATA:10/11/2009.)

29) Competência básica do juiz federal na jurisdição civil? (Caros colegas, a resposta
abaixo me parece ser a correta. Não encontrei nada na doutrina que diga a respeito do
assunto).

Resposta:

A competência cível básica do juiz federal são as ações de natureza extrapenal, ou seja,
de natureza cível, que envolvam as pessoas descritas no art. 109, inciso I, da CF.

1065
30) Quais as funções essenciais à justiça?

Resposta:

De acordo com a Constituição são: o Ministério Público (art. 127); a Advocacia Pública
(art. 131); a Advocacia Privada (art. 133) e a Defensoria Pública (art. 134).

31) O TRF pode julgar recurso de sentença de juiz estadual? Quais os casos?

Resposta:

Sim. Ele pode julgar nos casos previstos no art.109, §3º e 4º da Constituição e nos casos
previstos no art. 15 da Lei nº. 5.010/1966.

Contudo, cabe destacar que tal disposição não se aplica no âmbito dos juizados especi-
ais federais, conforme corrente majoritária do Superior Tribunal de Justiça, pois, não
haveria competência delegada no âmbito do Juizado Especial Federal, por tal razão o
Juízo estadual não poderia aplicar decisões nesse âmbito e, por conseqüência, o TRF ou
suas turmas recursais não poderiam julgar:

―(...) não há competência federal delegada no âmbito dos Juizados Especiais Estaduais,
nem o Juízo Estadual, investido de competência federal delegada (artigo 109, parágrafo
3º, da Constituição Federal), pode aplicar, em matéria previdenciária, o rito de compe-
tência do Juizado Especial Federal, diante da vedação expressa contida no artigo 20 da
Lei nº 10.259/2001. 2. Recurso especial provido‖. (RESP 200400681478, NILSON
NAVES, STJ - SEXTA TURMA, DJE DATA:30/03/2009 RSTJ VOL.:00214
PG:00491.).

―(...)- O art. 20 da Lei nº 10.259/01, que regula a instituição dos Juizados Cíveis e Cri-
minais Federais, estabelece ser vedada a aplicação desta Lei no âmbito do juízo estadu-
al. A referida Lei não delegou aos Juizados Especiais Estaduais competência para pro-
cessar e julgar, nas comarcas que não disponham de Varas Federais, causas em que fo-
rem parte instituição de previdência social e segurado. (ROMS 200400802243, GIL-
SON DIPP, STJ - QUINTA TURMA, DJ DATA:28/02/2005 PG:00341 RSTJ
VOL.:00190 PG:00547.).

Eis o posicionamento minoritário:

A proibição expressa na parte final do art. 20 da Lei dos Juizados Especiais Federais
não se aplica às causas previdenciárias, diante do que dispõe o § 3º, do art. 109 da Carta
Magna. Precedente desta Corte (ROMS 200400802255, LAURITA VAZ, STJ - QUIN-
TA TURMA, DJ DATA:18/10/2004 PG:00302.).

O TRF da 1ª Região seguia esse posicionamento minoritário até esse ano, até mudar de
posição (overruling) conforme se apresenta, primeiro com a posição atual:
1066
―(...) A Lei n. 10.259/2001, em seu art. 20, é expressa em excluir os juízos estaduais da
sua aplicação, nas hipóteses de competência delegada, conquanto os JEFs, por ela cria-
dos, tenham competência para processar e julgar causas contra, entre outros entes públi-
cos, as Autarquias Federais, como é o caso do INSS. III. Não se pode interpretar a Lei
n. 12.153/2009 de modo a extrair de seu texto a derrogação daquela vedação expressa
contida na Lei n. 10.259/2001. (AG , DESEMBARGADOR FEDERAL KASSIO NU-
NES MARQUES, TRF1 - PRIMEIRA TURMA, e-DJF1 DATA:28/06/2012 PAGI-
NA:24.)

Posição anterior (minoritária): (AC 200201990261394, JUIZ FEDERAL MARK


YSHIDA BRANDÃO, TRF1 - 1ª TURMA SUPLEMENTAR, e-DJF1 DA-
TA:16/03/2012 PAGINA:1063.) (AC 200401990515847, JUIZ FEDERAL MARK
YSHIDA BRANDÃO, TRF1 - 1ª TURMA SUPLEMENTAR, e-DJF1 DA-
TA:16/09/2011 PAGINA:665.).

16.8.1.3. Questões do TRF3

16.8.1.4. Questões do TRF4

1) Fale sobre casos de suspeição do juiz.

Resposta:

Primeiramente, cabe destacar que o rol de causas que podem ocasionar a suspeição,
dispostos no art. 135 do Código de Processo Civil são taxativas, conforme entende o
Tribunal Regional da 1ª Região (EXSUSP 283220084014200). A suspeição recai sobre
a vida íntima do juiz, e, diferentemente do impedimento, sua presunção de parcialidade
é relativa. As causas que geram suspeição têm como foco as partes do processo, e não a
pessoa do Juiz como no impedimento, assim, são causas para a suspeição o amigo ínti-
mo ou inimigo capital de qualquer das partes; alguma das partes for credora ou devedo-
ra do juiz, de seu cônjuge ou de parentes destes, em linha reta ou na colateral até o ter-
ceiro grau; herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes; receber
dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar alguma das partes acerca do
objeto da causa, ou subministrar meios para atender às despesas do litígio; interessado
no julgamento da causa em favor de uma das partes.

Cabe destacar o Juiz ainda pode se declarar suspeito por razões de seu foro íntimo, ou
seja, não caberá fundamento.

Cabe destacar que no processo penal há mais causas de suspeição: se o juiz, seu cônju-
ge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre
cujo caráter criminoso haja controvérsia; se o juiz , seu cônjuge, ou parente, consanguí-
neo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo

1067
que tenha de ser julgado por qualquer das partes; se for sócio, acionista ou administra-
dor de sociedade interessada no processo.

2) Se um advogado injuriar juiz seria este juiz suspeito?

Resposta:

As causas de suspeição recaem entre a relação do juiz e a parte, o que é essencial para
sua configuração (EXSUSP 24500 BA 2007.33.00.024500-9), contudo, caberia ao juiz a
declaração de suspeição por motivo íntimo, e não por nenhuma das causas expostas nos
art. 135 do Código de Processo Civil. Não há no processo penal disposição que permita
tal suspeição, lá, contudo existe disposição, para a parte e não o advogado, que em caso
de injuria ao juiz, o juiz não será suspeito, por disposição expressa do art. 256.

16.8.1.5. Questões do TRF5

TRF5 – 2012

1) Em quais hipóteses o juiz poderia decidir com base em equidade? Qual a distinção
entre julgamento com equidade e julgamento por equidade?

Resposta:

―[...] a eqüidade é o abrandamento dos rigores da lei que, entretanto, só deve ser empre-
gada em situações específicas e expressamente autorizadas. ‗Apresenta-se, dest‘arte, a
eqüidade, no momento da adaptação da norma à situação de fato, como atenuação do
rigor e da rigidez da lei, pois a sua aplicação, crua e simples pode revelar-se de uma
dureza injusta e, muita vez, cruel, conduzindo a uma inconveniência, a um absurdo, a
uma iniqüidade‘ (Eduardo Espínola e Eduardo Espínola Filho, A Lei de Introdução ao
Código Civil Brasileiro comentada na Ordem de seus artigos, Vol. 1°, 1943, Ed. Freitas
Bastos, p. 246.).

[...]

Quanto à sua aplicação, mister se faz distinguir o julgamento com eqüidade do julga-
mento por eqüidade. Na primeira hipótese temos que as decisões judiciais devem ser
tomadas, sempre, com eqüidade, assim entendido o sentido de busca do ideal de
justiça. A decisão por eqüidade é aquela na qual o juiz deixa de aplicar o direito
positivo (critério subsuntivo), ‗é toda decisão que tem por base a consciência e percep-
ção de justiça do julgador, que não precisa estar preso a regras de direito positivo e mé-
todos preestabelecidos de interpretação‘(Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona
Filho, Novo Curso de Direito Civil Parte Geral Volume I, 5ª ed. Editora Saraiva, p.
28)‖. (COUTO, Hudson Fernando. A Eqüidade Nas Relações Cíveis Após O Código
1068
Civil De 2002. Disponível em: < http://www.viannajr.edu.br/revista/dir/doc/art_
20004.pdf >.).

Destaca-se que julgamento por equidade, só pode ser feito nos casos previstos em Lei, a
fim inclusive de evitar arbitrariedades.

Os casos previstos em Lei em que o Juiz deve julgar por equidade são:

No caso de cláusula penal, conforme prevê o Código Civil: ―Art. 413. A penalidade
deve ser reduzida eqüitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver sido cumprida
em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em
vista a natureza e a finalidade do negócio‖.

Em caso de transporte de pessoa, também nos termos do Código Civil: ―Art. 738. A
pessoa transportada deve sujeitar-se às normas estabelecidas pelo transportador, cons-
tantes no bilhete ou afixadas à vista dos usuários, abstendo-se de quaisquer atos que
causem incômodo ou prejuízo aos passageiros, danifiquem o veículo, ou dificultem ou
impeçam a execução normal do serviço.

Parágrafo único. Se o prejuízo sofrido pela pessoa transportada for atribuível à trans-
gressão de normas e instruções regulamentares, o juiz reduzirá eqüitativamente a inde-
nização, na medida em que a vítima houver concorrido para a ocorrência do dano‖.

Na obrigação de indenizar decorrente de ato de incapaz, de acordo com o Código Civil:


―Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele respon-
sáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes‖.

Na quantificação do valor a ser indenizado: ―Art. 944. A indenização mede-se pela ex-
tensão do dano.

Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano,


poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização‖.

Também em referência ao valor da indenização assenta o Código Civil: ―Art. 953. A


indenização por injúria, difamação ou calúnia consistirá na reparação do dano que delas
resulte o ofendido.

Parágrafo único. Se o ofendido não puder provar prejuízo material, caberá ao juiz fixar,
eqüitativamente, o valor da indenização, na conformidade das circunstâncias do caso‖.

No Código de Processo Civil, também assenta casos em que o Juiz deverá julgar por
equidade: ―Art. 20. A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas
que antecipou e os honorários advocatícios. Esta verba honorária será devida, também,
nos casos em que o advogado funcionar em causa própria.

[...]

1069
§ 4o Nas causas de pequeno valor, nas de valor inestimável, naquelas em que não hou-
ver condenação ou for vencida a Fazenda Pública, e nas execuções, embargadas ou não,
os honorários serão fixados consoante apreciação eqüitativa do juiz, atendidas as nor-
mas das alíneas a, b e c do parágrafo anterior‖.

No caso de jurisdição voluntária assenta o Código: ―Art. 1.109. O juiz decidirá o pedido
no prazo de 10 (dez) dias; não é, porém, obrigado a observar critério de legalidade estri-
ta, podendo adotar em cada caso a solução que reputar mais conveniente ou oportuna‖.

Há ainda a previsão expressa de julgamento com equidade na Lei de Introdução às nor-


mas do Direito Brasileiro, no Código Civil, no Código de Direito do Consumidor, na
Lei 9.099/1998 e na Lei de Arbitragem.

02) Em quais hipóteses o juiz poderia decidir com base em equidade? Qual a distinção
entre julgamento com equidade e julgamento por equidade?

Resposta:

Conforme item 1 deste tópico.

3) Trate dos deveres no Processo Civil. Quais são esses deveres e quais seus
destinatários?

Resposta:

Há deveres que recaem sobre as partes, procuradores e demais pessoas que venham a
participar do processo (art. 14 e subsequentes); e ao Juiz (art. 125). Os deveres das par-
tes referem-se a boa-fé e a lealdade processual, sendo que seu descumprimento acarreta-
rá, em caso de criação de embaraços à efetivação dos provimentos jurisdicionais, em ato
atentatório à jurisdição (art. 14, parágrafo único).

Por sua vez, ao Magistrado, o mesmo tem o dever de dar tratamento isonômico às par-
tes, promover a solução ágil do litígio, prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à
dignidade da Justiça; e, conciliar quando possível, assim como não eximir de julgar.

Cabe destacar que o juiz pode responder por perdas de danos quando no exercício de
suas funções, proceder com dolo ou fraude; e se recusar, omitir ou retardar, sem justo
motivo, providência que deva ordenar de ofício, ou a requerimento da parte.

O Ministério Público também pode ser punido, quando proceder com dolo ou fraude. A
ele devem ser aplicadas, quando parte, as disposições do art. 14, no que for cabível.

1070
4) Distinga parte processual e parte da relação material.

Resposta:

Entendo que na relação material a parte tem ligação com o direito material discutido.
Nesse esteio, a relação material se dá entre pessoas imbuídas com a qualidade de ser
parte no processo.

Já a parte processual, pode ser tanto a parte da relação material, como pode ser um subs-
tituto processual, um legitimado extraordinário, como o Ministério Público.

5) Distinga a substituição processual e a substituição de parte.

Resposta:

A substituição processual ocorre quando terceiro entenda uma ação para pleitear direito
alheio. A substituição processual é uma forma de legitimação extraordinária. São casos
em que terceiro defende direito de terceiro: O sindicato em favor de seus associados
(art. 8º, III da CF), os legitimados pelo art. 82 do Código de Defesa do Consumidor em
casos de interesses individuais homogêneos. O Ministério Público ocupa importante
papel nesse tipo de legitimação extraordinária.

Cabe destacar que não se pode confundir a substituição processual/legitimação extraor-


dinária com a representação processual que é prestada em casos que o sujeito do direito
não goza de capacidade processual, casos em que os tutores, os curadores ou outros re-
presentantes legais devem representa-los.

Já na substituição de parte o que ocorre é a substituição do titular do direito. A substitu-


ição de parte ocorre de forma voluntária, nos casos previstos em Lei (Exemplos: a no-
meação à autoria, a substituição processual ativa para prosseguir na execução (art. 567);
a responsabilidade executiva concorrente (art. 568, inc. II), especificamente na hipótese
do executado falecer no curso da ação executiva, sendo substituído pelo espólio; a habi-
litação incidente (art. 1.055)).

Como causa obrigatória da substituição de parte forma compulsória temos a causa mor-
te. Cabe destacar que há casos que são impossíveis tal sucessão, como nos casos envol-
vendo o processo de divórcio, o que acarretará a extinção do processo (Art. 267, IX)

6) Quais são as espécies de intervenção de terceiro cuja iniciativa é do réu?

Resposta:

1071
Conforme o Código de Processo Civil: Nomeação a Autoria (art. 62); a denunciação da
lide (art. 70), esse é de iniciativa do réu ou do autor; Chamamento ao Processo (art. 77),
por ser um litisconsórcio passivo, facultativo e ulterior.

A oposição, por sua vez, é intentada por terceiro estranho a relação processual original.

A intervenção anômala, prevista na Lei nº. 9.469/1997, exposta por Marinoni de forma
bem crítica (ARENHART, Sérgio Cruz; MARIONI, Luiz Guilherme. Processo de Co-
nhecimento. 10. ed. ver. atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. (vol. II)), trata-
se de intervenção da União em processo em que figura ente da administração indireta,
ou seja, a União figura como terceiro ente na relação.

A assistência também modalidade de intervenção de terceiro, considerada pela doutrina


como tal, também é feita por terceiro, assim como o recurso de terceiro prejudicado, que
figura como intervenção de terceiro.

7) Relacione o princípio da instrumentalidade e a revalidação dos atos inválidos.

Resposta:

O princípio da Instrumentalidade está presente no art. 244 do Código de Processo Civil,


ele assenta que a forma de um ato, quando previsto em lei, se não causar nulidade, po-
derá ser considerado válido se atingir sua finalidade.

Há duas categorias de nulidade, as relativas e as absolutas, as primeiras se convalidam


por preclusão, quando a parte, na primeira oportunidade que lhe couber, não as alegar.

Por sua vez, não haverá preclusão, quando forem as nulidades absolutas.

Aqui cabe fazer duas diferenciações. Algumas nulidades absolutas somente se convali-
darão após a ação rescisória se se encaixarem em umas das hipóteses previstas nos inci-
sos do art. 485 do CPC. Porém, como regra, se convalidam com a sentença transitada
em julgado (art. 475 do CPC), isso ocorreria em decorrência do princípio da segurança
jurídica e da coisa julgada material, previstos no texto constitucional.

Contudo, a segurança jurídica e a coisa julgada podem ser afetadas, pela relativização
da coisa julgada. Marinoni (ARENHART, Sérgio Cruz; MARIONI, Luiz Guilherme.
Processo de Conhecimento. 10. ed. ver. atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.
(vol. II)) apresenta três casos possíveis: Laudo pericial fundado em evidência falsa, ou
seja, discrepante da realidade; No caso de ações de reconhecimento de paternidade de-
corrente de laudo de DNA superveniente; e em casos em que a Lei que se baseou a sen-
tença é declarada inconstitucional ou sua interpretação foi adequada ao texto constitu-
cional.

1072
No aspecto da constitucionalidade – que possuem previsão nos art.‘s 471, parágrafo
único, e no 475-L, §1º, ambos do Código de Processo Civil – cabe apontar que em casos
que podem causar grande instabilidade jurídica o STF pode modular os efeitos de suas
decisões, conforme previsão do art. 27 Lei da nº. 9.868/1999.

8) Distinga as capacidades de ser parte, capacidade processual (judiciária) e capacidade


postulatória. Fale sobre a possibilidade de entes despersonalizados ajuizar demandas.

Resposta:

Capacidade para ser parte refere-se à possibilidade de figurar como parte, demandan-
te ou demandado, ou seja, como autor ou réu em uma ação processual. Essa espécie de
capacidade liga-se à existência de ―personalidade civil‖. Para a pessoa natural, a perso-
nalidade civil inicia-se com o nascimento com vida, embora a lei ponha a salvo, desde a
concepção, os direitos do nascituro. Para a pessoa jurídica, a personalidade civil é ad-
quirida a partir da inscrição do seu ato formativo no respectivo registro.

A capacidade processual é a capacidade de figurar diretamente no processo, sem re-


presentação de terceiro, tal instituto é vinculado à ―capacidade civil‖. Há pessoas com
capacidade de ser parte, contudo, precisam de tutores, curadores ou outro tipo de repre-
sentante legal para representa-los, são pessoas com a capacidade civil limitada.

Por sua vez, capacidade postulatória é a aptidão para requerer perante os órgãos inves-
tidos da jurisdição. De regra, essa espécie de capacidade é privativa do advogado, com-
preendendo-se como tal o profissional regularmente inscrito nos quadros da Ordem dos
Advogados do Brasil (EOAB, art. 1º). No entanto, essa regra do ―jus postulandi‖ tam-
bém comporta exceções, pois há casos em que a lei reconhece "capacidade postulató-
ria" para a própria parte, como se dá na ação de ―habeas corpus‖, ou nos Juizados Espe-
ciais, para causas com valor inferior a 20 salários mínimos e para a Justiça do Trabalho.

Entes despersonalizados, não possuem personalidade jurídica, mas possuem personali-


dade judiciária, legitimidade processual, quando devidamente representados, nos termos
do art. 12 do Código de Processo Civil: a massa falida, pelo síndico; a herança jacente
ou vacante, por seu curador; o espólio, pelo inventariante;- as sociedades sem personali-
dade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração dos seus bens.

Há outros entes sem personalidade jurídica que possuem personalidade judiciária, entre
eles o Ministério Público e as funções de poder do estado – como as casas legislativas
na defesa de suas prerrogativas (STF RE 630537 RJ) – como bem aponta a ORDEM DE
SERVIÇO Nº 10, DE 17 DE AGOSTO DE 2009 da Advocacia Geral da União
(<http://www.agu.gov.br/SISTEMAS/SITE/PaginasInternas/NormasInternas/AtoDetalh
ado.aspx

1073
?idAto=201589 >), tratando da defesa dos entes despersonalizados, mas com personali-
dade judiciária.

9) Admite-se oposição na fase de execução?

Resposta:

Leciona Marinoni: ―Com efeito, imagina-se a oposição. Essa possa ser oposta sempre
que alguém reivindica bem ou direito para si, que é objeto do litígio das partes na fase
de conhecimento. É evidentemente inimaginável a compatibilização desta intervenção
de terceiros com a função desenvolvida pela execução. Ou a intervenção já deveria ter
ocorrido anteriormente (na fase conhecimento), ou não tem mais cabimento discutir a
questão na fase de execução de sentença‖. (ARENHART, Sérgio Cruz; MARIONI, Luiz
Guilherme. Execução. 10. ed. ver. atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012. p. 246
(vol. III)).

10) Quais as hipóteses que o juiz poderia julgar por equidade – distinção entre julgar
com equidade e por equidade.

Resposta:

Conforme resposta 1 neste tópico.

11) O elenco dos deveres – art. 14 CPC – aplica-se à parte e/ou juiz? O que seria ato
atentatório da jurisdição.

Resposta:

Aplicam-se às partes e das demais pessoas que possam a vir participar no processo. Até
mesmo por ser o capitulo a eles destinado, mas cabe destacar que o artigo resguarda é a
boa-fé objetiva processual. Por sua vez, os atos atentatórios à jurisdição são aplicáveis
às partes e demais pessoas que se envolvam com o processo, a exceção do advogado. Os
atos atentatórios à jurisdição estão expostos no art. 14, inciso V do Código de Processo
Civil, consistindo na violação de seus termos: ―cumprir com exatidão os provimentos
mandamentais e não criar embaraços à efetivação de provimentos judiciais, de nature-
za antecipatória ou final‖. Cabe destacar que os atos dos advogados que possam ser
atentatórios à jurisdição, serão penalizados nos termos dos regulamentos da advocacia.
Os deveres do Juiz são tratadas em capitulação própria (Art. 125 e subsequentes do Pro-
cesso Civil).

1074
12) Discorra sobre a competência internacional dos órgãos do poder judiciário
brasileiro.

Resposta:

A competência Internacional dos órgãos do Judiciário Brasileiro está prevista no Códi-


go de Processo Civil, referentes as regras referentes à autoridade competente para apre-
ciar determinada causa, se nacional ou estrangeira. No artigo 88, o CPC trata da compe-
tência concorrente e no art. 89 da competência exclusiva. São características da compe-
tência concorrente: não exclui a possibilidade de o processo ocorrer no estrangeiro; não
pode ser afastada pela vontade das partes, segundo precedente do STJ, eis que afastar a
competência da Justiça Brasileira contrária a ordem pública; a sentença estrangeira deve
ser homologada pelo STJ. Incide essa competência concorrente quando: o réu for domi-
ciliado no Brasil; aqui no Brasil tiver que ser cumprida a obrigação; quando a ação se
originar de fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. Quando o réu não tiver domicílio
nem residência no Brasil, a ação será proposta no foro do domicílio do autor. Se este
também residir fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer foro. São características
da competência exclusiva: exclui a possibilidade de o processo correr em foro estrangei-
ro; exclui a possibilidade de homologação de sentença estrangeira na matéria. Incide
essa competência exclusiva: em relação às ações que digam respeito a imóveis no Bra-
sil; inventário e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja
estrangeiro e tenha residido fora do território nacional (Paulo Henrique Gonçalves Por-
tela. Direito Internacional Público e Privado. 4ª Edição. Editora JusPODIVM- pg 658 e
663). Vale ressaltar, ademais, que, tratando-se de competência concorrente, a ação in-
tentada no estrangeiro não impede o conhecimento pela Justiça Brasileira de mesma
ação, nem induz litispendência (art. 90 do CPC). Do mesmo modo, a pendência de ação,
na Justiça Brasileira, não impede a homologação de sentença estrangeira sobre a mesma
controvérsia (SEC 5.736/EX, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, CORTE
ESPECIAL, julgado em 24/11/2011, DJe 19/12/2011). Contudo, não se homologará a
sentença estrangeira acaso haja, ao tempo do pedido de homologação, sentença brasilei-
ra, que trata dos mesmos fatos, transitada em julgado (AgRg na SEC 854-EX, Rel. ori-
ginário Min. Luiz Fux, Rel. para acórdão Min. Nancy Andrighi, julgado em 16/2/2011).

12) Discorra sobre as hipóteses legais de modificação de competência.

Resposta:

Primeiramente, a competência absoluta, por interesse público – natureza da causa (ma-


téria), funcional (pessoa), territorial (quando envolvam propriedade, vizinhança, servi-
dão, posse, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova) valor da causa (Há
competência absoluta no Juizado Especial Federal em razão do valor) –, não pode ser
modificada pelas partes nem por circunstâncias processuais. Só há possibilidade da mo-
dificação da competência relativa (valor da causa e territorial). São as causas que modi-
1075
ficam a competência relativa: prorrogação da competência (ocorre quando não são le-
vantadas as incompetências relativas); eleição de foro (derrogação de competência);
pela conexão (quando for comum o objeto ou a causa de pedir em duas ou mais ações) e
pela continência (quando em duas ou mais ações sempre há identidade quanto às partes
e à causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras).

13) Diferencie ação material e ação processual.

Resposta:

Ação material refere-se ao direito individual decorrente de alguma lesão sofrida. A ação
processual surge a partir do momento em que a ação material sai do plano teórico e a-
dentra no plano prático, quando a ação é levada ao judiciário e passa a ser regida por
ele.

14) Havendo conexão perante o mesmo juízo, há obrigatoriedade de juntar as duas


ações?

Resposta:

Não, é uma possibilidade, uma faculdade do Juízo, obedecidas as disposições da Lei


Processual. Exemplos nos quais a reunião não é razoável é o previsto no enunciado da
Súmula 235 do Superior Tribunal de Justiça, qual seja, se uma das ações já foi julgada.
Outro exemplo são demandas metaindividuais, como as individuais homogêneas, que
causaria tumulto processual e inviabilizaria o direito das partes. Quanto a isso: ―A reu-
nião de ações conexas ou continentes pressupõe uma condição: a de que o juízo que
receber as demandas tenha condições de analisar todas (satisfaça, portanto, a todos os
pressupostos processuais subjetivos referentes ao Juiz, a saber, a jurisdição, a compe-
tência absoluta e a imparcialidade)‖, ARENHART, Sérgio Cruz; MARIONI, Luiz Gui-
lherme . Processo de Conhecimento. 10. ed. ver. atual. São Paulo: Revista dos Tribu-
nais, 2011. P. 49 (vol. II).

15) Discorra sobre as condições da ação e sobre o novo código de processo civil retirar
uma das condições da ação. (ACREDITO QUE ESTEJAM SE REFERINDO AO
ANTEPROJETO DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL (PLS 8046, de 2010, reuniu os demais
projetos como apenso)).

Resposta:

1076
Hoje são três as condições da ação: a Legitimidade da Parte, o Interesse de Agir e a pos-
sibilidade jurídica do pedido.

O PLS 8046, hoje em tramitação na Câmara dos Deputados, desconsidera a possibilida-


de jurídica do pedido como condição da ação.

Primeiramente, as condições da ação não são requisitos para o direito de ação e sim para
o seu exercício, pois o direito permanece existente, contudo, o mesmo seria desnecessá-
rio, ilegítimo ou impossível.

Enrico Tullio Liebman, que apresentou as três condições, reviu sua posição, ao não
considerar mais a possibilidade jurídica do pedido como uma condição, mas sim como
parte integrante do interesse de agir.

Tal ocorrência se deve a duas questões amplamente questionadas na doutrina. A primei-


ra, bem exposta por Freitas Câmara aponta que não há interesse de agir (necessidade e
adequação) se não há possibilidade jurídica do pedido, ou seja, é intrínseco ao próprio
interesse. Outra crítica à existência da possibilidade jurídica do pedido como condição
da ação é o risco de adentrar no mérito da causa, pois é só com os fatos postos que pode
se chegar com certeza que o pedido é juridicamente possível e isso vai de encontro com
a análise superficial (Teoria da Asserção) quando se observa as condições da ação.

Por tais críticas, a exposição de motivos do próprio anteprojeto aponta essa mudança na
interpretação doutrinária.

16) Em relação aos princípios, há antagonismo entre o princípio dispositivo e o de


impulso oficial?

Resposta:

Não, eles se harmonizam no ordenamento jurídico processual. O princípio dispositivo


indica que cabe às partes dar as provas dos fatos em que o pedido se fundamenta. As
partes têm o ônus da afirmação e da prova dos fatos sobre as quais se assentará a deci-
são judicial. Assim cabe às partes dar início a demanda – salvo raríssimas exceções,
como o caso do inventário onde o juízo pode inicia-lo de ofício. Por sua vez, o impulso
oficial indica que é o juiz o condutor do processo, que deverá zelar pelo regular trans-
curso processual, a fim de alcançar em tempo ágil a resolução do conflito, pois, quando
o processo tem seu início ele passa a ter interesse público.

1077
16.9. Direito Processual Penal

16.9.1. Perguntas Residuais

16.9.1.1. Questões do TRF1

1) Qual a posição do senhor a respeito da quebra de sigilo bancário? Tem que estar
concentrado num ator exclusivo, que é o juiz, é a ideia de Platão por exemplo.

Resposta:

A quebra de sigilo bancário é prevista na Lei Complementar nº. 105/2001. Algumas


controvérsias repousam sobre ela. A primeira é que é possível às CPI‘s, de ofício, re-
quererem a quebra de tal sigilo, conforme entendeu o STF por meio do MS 24.817 (Rel.
Min. Celso de Mello, julgamento em 3-2-2005, Plenário, DJE de 6-11-2009), desde que
respeitem o Princípio da Colegialidade dos atos.

Outra situação que gera controvérsia repousa no fato de o STF não considerar constitu-
cional a possibilidade de a Receita Federal quebrar o sigilo bancário, de forma adminis-
trativa, em procedimento administrativo fiscal, eis que essa quebra de sigilo está subme-
tida à cláusula de reserva de jurisdição. Contudo, a decisão do plenário do STF não foi
unânime (RE 389808). O STJ, por sua vez, considera legal a Lei Complementar nº.
105/2001 que autoriza a Receita Federal ter acesso aos dados bancários do contribuinte
(AgRg no Ag 1329960/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em
03/02/2011, DJe 22/02/2011).

Cabe destacar que tal discussão só será encerrará quando o STF analisar a constitucio-
nalidade no controle concentrado.

Por outro lado, em relação à menção a Platão entendo o seguinte: esse filósofo entendia
que cada um tinha suas qualidades; uns deveriam ser artesões, outros cientistas, outros
julgadores. Para Platão, cada um tinha uma função específica, de acordo com sua habi-
lidade. Para ele, o Juiz tinha a função de julgar e somente ele poderia julgar. Assim, essa
decisão do STF de que somente o juiz pode determinar a quebra de sigilo é o mesmo
que defender que é o único que tem capacidade intelectual, maturidade e equilíbrio para
afastar esse direito ao sigilo.

2) O IP deve ser motivado ou narrativo?

Resposta:

Narrativo

1078
―O inquérito policial é encerrado com a produção de minucioso relatório que informa
tudo quanto apurado. É peça essencialmente descritiva, trazendo um esboço das prin-
cipais diligências realizadas na fase preliminar, e justificando eventualmente até mesmo
aquelas que não foram realizadas por algum motivo relevante, como a menção às teste-
munhas que não foram inquiridas, indicando onde possa ser encontradas.

Não deve a autoridade policial esboçar juízo de valor no relatório, afinal, a opinião
delitiva cabe ao titular da ação penal, e não ao delegado de polícia, ressalva feita à Lei
nº. 11.343/2006 (Lei de Tóxicos), onde na elaboração do relatório deve a autoridade
policial justificar as razões que levaram à classificação do delito (art. 52)‖. (ALENCAR,
Rosmar Rodrigues; TÁVORA Nestor. Curso de Direito Processual Penal. 7ª ed. Salva-
dor: Juspodivm, 2012. p. 129).

3) No processo penal se busca a verdade real, o IP é a peça informativo em que se


busca a autoria e circunstância, fato definido como crime, qual o sentido de verdade?
Tentativa de representação da realidade? O que é verdade real?

Resposta:

Primeiramente, o IP não serve de referência na busca da verdade real, posto que é um


ato inquisitivo, a verdade real só será encontrada com o contraditório na fase judicial.
Há uma verdadeira crítica sobre o que seria a verdade real, posto que é um conceito
vago, até pela impossibilidade de representar, de fato, um acontecimento pretérito, co-
mo aponta Nestor Távora (ALENCAR, Rosmar Rodrigues; TÁVORA, Nestor. Curso de
Direito Processual Penal. 7. Ed. Salvador: Juspodivm 2012).

Um voto que define bem o alcance do conceito é o do ministro Felix Fischer, atual vice-
presidente do Tribunal, no Habeas Corpus 155.149. Nele consta a seguinte citação do
jurista Jorge Figueiredo Dias: “A verdade material que se busca em processo penal
não é o conhecimento ou apreensão absoluta de um acontecimento, que todos sabem
escapar à capacidade do conhecimento humano.

Segundo o autor, essa verdade real deve ser lida como uma verdade subtraída das influ-
ências da acusação e da defesa. Também não se trata de uma verdade ―absoluta‖ ou ―on-
tológica‖, mas ―há de ser antes de tudo uma verdade judicial, prática e, sobretudo, não
uma verdade obtida a todo preço, mas processualmente válida‖. (A verdade real na ju-
risprudência do STJ, disponível em:
<http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398
&tmp.texto=105250>).

4) O que consiste o princípio da correlação entre e a denúncia e a sentença?

1079
Resposta:

É o princípio que determina que a sentença fique adstrita aos fatos narrados na denún-
cia. Assim, o fato imputado ao réu na peça inicial acusatória deve guardar perfeita cor-
respondência com o fato reconhecido pelo juiz, na sentença, sob pena de violação ao
aludido princípio, assim como aos do contraditório e a ampla defesa. Corresponde ao
princípio da Congruência do Processo Civil. Nesse caso, o juiz pode até mesmo pro-
ceder à adequação da legislação específica relacionada ao caso, ainda que a pena seja
maior, já que o réu se defende de fatos e não da capitulação legal, configurando, nesse
caso, nítido caso de emendatio libelli (art. 383 do CPP). Acerca desse princípio da cor-
relação, já entendeu o STJ: ―(...) O princípio da correlação compõe um dos sustentácu-
los do devido processo legal, já que assegura o direito à ampla defesa e ao contraditó-
rio na medida em que permite ao réu se defender dos fatos narrados na denúncia (HC
91.474/RJ, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado
em 23/02/2010, DJe 02/08/2010).

Em decorrência desse princípio da correlação, se acaso novos fatos surgirem no decor-


rer do processo, que não estejam descritos na denúncia, o réu somente poderá ser con-
denado, por esses novos, se houver o aditamento, pelo Ministério Público, da denúncia
(mutatio libelli -art. 284 do CPP). Em tese, esses ―novos fatos‖ podem estar até contidos
nos elementos de prova do inquérito, mas se não foram descritos na denúncia, o réu
deles não se defenderia, razão pela qual, em obediência ao princípio do contraditório e
da ampla defesa, não poderia ser condenado por tais fatos, salvo se houver a mutatio
libelli. Lembre-se que a jurisprudência não admite o arquivamento implícito, motivo
pelo qual o MP poderia futuramente utilizar desses fatos implicitamente contidos nos
autos do inquérito.

5) Qual a posição do senhor a respeito da mutatio libelli do art. 384 em confronto com
a CF/88? O senhor admite que o art. 28 do CPP é ainda constitucional?

Resposta:

A fim de bem adequar a Mutatio libelli ao sistema acusatório, foi editada a Lei nº.
11.719/2008. A nova redação da mutatio busca se adequar aos princípios do contraditó-
rio, ampla defesa e do acusatório (inércia) que regem o Processo Penal, pois com a reti-
ficação – diferentemente da redação anterior que dispunha que cabia ao Juiz baixar o
feito em diligência – agora cabe ao Ministério Público verificar a pertinência de promo-
ver o aditamento, sendo que a omissão do órgão ministerial em aditar a denúncia poderá
levar o juiz a aplicar o art. 28 do CPP. Há doutrinadores que defendem a modificação
do §1º do art. 384 do CPP, ao argumento que, uma vez o juiz agindo conforme dispõe o
art. 28 do CPP, estaria, de certa forma, tornando-se parcial, eis que estaria prejulgando o
caso ao indicar o possível crime cometido pelo réu.

1080
Quanto à constitucionalidade do art. 28 do CPP, note-se que o mesmo foi recepcionado
pela Constituição de 1988, pois a divergência entre o Magistrado e o órgão ministerial
será solucionada pelo próprio Ministério Público, que é o titular da ação penal. Destaca-
se que, devido ao princípio da unidade e da indivisibilidade que regem o Ministério Pú-
blico, a substituição do órgão ministerial por outro não altera o exercício da indepen-
dência funcional ou indisponibilidade da ação penal, ou mesmo do promotor natural,
que nesse caso adviria da distribuição do Inquérito a novo promotor, como Longa Ma-
nus do Procurador Geral ou da Câmara de Coordenação e Revisão (ALENCAR, Rosmar
Rodrigues; TÁVORA, Nestor. Curso de Direito Processual Penal. 7. ed. Salvador: Jus-
podivm, 2012).

6) leia o art. 383. A hipótese contempla que instituto? emendatio libelli. Ele tem
alguma repercussão quanto à defesa do réu? E a mutatio libelli?

Resposta:

O art. 383 consagra a emendatio libelli. Na emendatio não há prejuízo, pois ―o réu se
defende dos fatos e não da mera tipificação legal, não há que se falar em prejuízo‖.
(ALENCAR, Rosmar Rodrigues; TÁVORA, Nestor. Curso de Direito Processual Penal.
7. ed. Salvador: Juspodivm, 2012. P. 732).

Contudo, acaso surjam novos fatos no decorrer do processo, não descritos na denúncia,
o juiz somente poderá condenar o réu por esses novos fatos se houver o aditamento,
pelo Ministério Público, da denúncia, com o objetivo de proporcionar o contraditório e a
ampla defesa ao réu, na medida em que em nenhum momento se defendeu desses no-
vos fatos. A esse aditamento, nessas circunstâncias, se dá o nome de Mutatio Libelli .
Em tese, esses ―novos fatos‖ podem estar até contido nos elementos de prova do inqué-
rito, mas se não foram descritos na denúncia, o réu deles não se defenderia, razão pela
qual, em obediência ao princípio do contraditório e da ampla defesa, não poderia ser
condenado por tais fatos, salvo se houver a mutatio libelli. Lembre-se que a jurispru-
dência não admite o arquivamento implícito, motivo pelo qual o MP poderia futuramen-
te utilizar desses fatos implicitamente contidos nos autos do inquérito.

7) O que seria sentença ultra, citra, e extra petita? (Não encontrei nada na doutrina e
na jurisprudência. Portanto, essa resposta decorre de minha interpretação).

Resposta:

A sentença penal, em decorrência do princípio da correlação, não pode ir além (ultra


petita), estar fora (extra petita) e aquém (citra petita) do pedido formulado na denúncia
com base nos fatos narrados naquela peça processual (denúncia). Entretanto, essa regra

1081
deve ser analisada conjuntamente com os institutos da ementatio libelli e mutatio libeli
já explicados nas questões 4, 5 e 6.

8) É possível a prática por crime de peculato por quem não é funcionário publico?

Resposta:

Sim. Nesse sentido entende o STJ: ―A Turma consignou que somente pode ser imputa-
do o crime de peculato ao estranho, ou seja, não servidor público, quando a sua atuação
ilícita dá-se em coparceria com quem ostente essa qualidade‖ (HC 201.273-RJ, Rel.
Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 28/06/2011).

9) O conceito de funcionário público no Direito Penal é o mesmo do Direito


Administrativo?

Resposta:

Inicialmente, é preciso ressaltar que o conceito de funcionário público para os efeitos


penais não se confunde com o conceito de funcionário público dado pelo Direito Admi-
nistrativo, com suas divisões e espécies, cada qual com peculiaridades e especificidades
no que tange às atribuições e ao tratamento jurídico que lhe é conferido. No âmbito
penal, o conceito de funcionário público é mais amplo. Exemplo da diferença entre a
definição de funcionário público para fins penais e para o direito administrativo é a figu-
ra do estagiário. O estagiário de um órgão público é equiparado a funcionário para
fins penais (2446 RS 2004.71.01.002446-1, Relator: AMAURY CHAVES DE A-
THAYDE, Data de Julgamento: 06/11/2007, SÉTIMA TURMA, Data de Publicação:
D.E. 14/11/2007). Do mesmo modo, o terceirizado que presta serviços para órgão pú-
blico é equiparado a funcionário para fins penais (ACR 0002288-19.2007.4.01.4200
/ RR, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL CARLOS OLAVO, TERCEIRA TUR-
MA, e-DJF1 p.2120 de 02/09/2011). Mas em nenhum desses casos é considerado fun-
cionário público segundo o conceito de direito administrativo. Segundo as disposições
constitucionais em vigor, servidores públicos são todos aqueles que mantêm vínculo de
trabalho profissional com os órgãos e entidades governamentais, integrados em cargos
ou empregos de qualquer delas: União, estados, Distrito Federal, municípios e suas res-
pectivas autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista. A
CF federal, no art. 37, inciso I, ao tratar da administração pública, refere-se a cargos,
empregos e funções públicas, declarando-os acessíveis aos brasileiros que preencham os
requisitos estabelecidos em lei. A função pública é a mais abrangente, porque nela se
enquadra encargos de natureza pública exercidos por particulares, sem que os mesmos
percam essa qualidade. Podemos citar como exemplos de funções públicas as atividades
de jurado, membros de mesa receptora ou apuradora de votos em eleições, as serventias

1082
da Justiça não oficializadas (servidores notariais e de registro exercidos em caráter pri-
vado por delegação do Poder Público), entre outras. O estagiário e o terceirizado, a meu
ver, não detêm nem mesmo função pública.

10) Art. 133 do CPP – indispensabilidade. O que é a defesa no processo penal? É


possível a realização da justiça sem defesa? (PELO CONTEXTO, ACREDITO QUE, NA
VERDADE, ESTEJA SENDO FEITA REMISSÃO AO ART. 133 DA CF não ao CPP, já que este
artigo se refere à medida cautelar de sequestro de bens).

Resposta:

A defesa no processo penal é uma figura dupla, representada pela defesa técnica, por
meio de profissional habilitado, e pela autodefesa realizada pelo próprio Réu, de acordo
com sua conveniência, na audiência de instrução.

Quanto à defesa do processo penal cabe destacar: ―O réu não formula qualquer pedido
no processo penal, tratando-se de ação condenatória. Não manifesta qualquer pretensão
própria. Apenas pode se opor à pretensão punitiva do Estado, procurando afastar o aco-
lhimento do pedido do autor. (...) Repita-se: a defesa não manifesta uma verdadeira pre-
tensão, mas apenas pode se opor à pretensão punitiva do autor. (...) Sob o prisma pro-
cessual, somente a acusação é que alega fatos, atribuindo-os ao réu.‖ (Afrânio Silva
Jardim, in Direito processual penal. 11. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007, p. 212-213).

É impossível justiça sem defesa, como bem ensina a súmula nº. 523 do STF ao destacar
serem causa de nulidade absoluta a ausência de defesa e nulidade relativa caso seja de-
ficitária, sendo inclusive obrigatório à nomeação de defensor, para o oferecimento de
resposta à acusação (art.396,§2º do Código de Processo Penal) ou defesa preliminar (art.
55, da Lei 11.343/2006) quando não houver advogado constituído. Cabe destacar que a
indispensabilidade do advogado no processo penal não é absoluta, sendo dispensável no
caso de Habeas Corpus e da revisão criminal.

11) Quanto ao sujeito da relação processual no processo penal, como seriam estes
sujeitos? Quais são as partes necessárias?

Resposta:

―É possível classificar os sujeitos processuais em duas categorias (1) principais ou es-


senciais: aqueles cuja existência é fundamental para a construção da relação jurídica
processual regularmente instaurada – são o juiz, o acusador [ou querelante, parte ativa]
e o acusado [parte passiva] (2) e secundários, acessórios ou colaterais: sujeitos que po-
derão intervir a título eventual com o objetivo de deduzir uma determinada pretensão, a
exemplo do assistente de acusação e do terceiro interessado‖. (ALENCAR, Rosmar
1083
Rodrigues; TÁVORA Nestor. Curso de Direito Processual Penal. 7ª ed. Salvador: Jus-
podivm, 2012. p. 520).

12) O assistente de acusação pertence a que tipo de categoria? Acidental?

Resposta:

Pertence à categorial acidental, pois ―É possível classificar os sujeitos processuais em


duas categorias [...](2) e secundários, acessórios ou colaterais: sujeitos que poderão in-
tervir a título eventual com o objetivo de deduzir uma determinada pretensão, a exemplo
do assistente de acusação e do terceiro interessado‖. (ALENCAR, Rosmar Rodrigues;
TÁVORA Nestor. Curso de Direito Processual Penal. 7ª ed. Salvador: Juspodivm, 2012.
p. 520).

13) Qual a diferença entre sujeito acidental e essencial no processo penal?

Resposta:

Os sujeitos essenciais são as ―pessoas‖ fundamentais para a construção da relação pro-


cessual; ou seja, sem eles não se configura a relação processual penal perfeita. São eles:
o agente ativo, o Ministério Público ou Querelante, o agente passivo, o Acusado defen-
dente e, por fim, o Juiz, representante da Jurisdição estatal. Os agentes acidentais não
são importantes para a realização do processo penal, aparecendo esporadicamente nos
processos.

16.9.1.2. Questões do TRF2

1) É possível assistente coletivo na acusação ou somente individual? (Não encontrei


essa explicação nem na doutrina e nem na jurisprudência)

Resposta:

Creio ser possível a existência de assistente de acusação coletivo. É possível que, em


única denúncia, o Ministério Público esteja denunciando determinado réu pelo cometi-
mento de crime contra várias pessoas (Ex: genocídio). Nesse caso, nada impede que
cada ofendido, seus representantes ou as pessoas mencionadas no art. 31 do CPP (Art.
268 do CPP), no caso de morte das vítimas, sejam assistentes de acusação, formando,
assim, a meu ver, uma assistência coletiva.

2) O membro do Ministério Público, o próprio que subscreveu a denúncia, pode


impetrar habeas corpus em favor do acusado? Poderia desistir da ação penal, por

1084
exemplo?

Resposta:

O Ministério Público pode sim impetrar Habeas Corpus, conforme dispõe a Lei Com-
plementar nº. 75/1993 e a Lei nº. 8625/1993. Contudo, tal hipótese é possível somente
em favor do Réu, como sedimentou a Jurisprudência do STF (RHC 69340, NÉRI DA
SILVEIRA, STF). Vale destacar, ademais, que o membro que subscreveu a denúncia
também pode impetrar o habeas corpus, porquanto este órgão é o defensor dos direi-
tos e liberdades individuais e, no caso concreto, se se deparar como uma ilegalidade (ex:
prisão ilegal), pode e deve tomar as providências cabíveis, dentre elas impetrar aquela
medida. Cabe ao MP zelar pelo andamento da ação penal conforme as regras e princí-
pios constitucionais.

Por outro lado, devido ao princípio da indisponibilidade, não pode o MP desistir da


Ação penal (art. 42 do CPP), pois ―Caso o membro do Ministério Público esteja con-
vencido, após a instrução probatória, da inocência do réu, deve manifestar-se, como
guardião da sociedade e fiscal da justa aplicação da Lei, em sede de alegações finais,
pela absolvição do imputado, o que não significa disponibilidade do processo‖. (A-
LENCAR, Rosmar Rodrigues; TÁVORA Nestor. Curso de Direito Processual Penal. 7ª
ed. Salvador: Juspodivm, 2012. p. 64).

3) Digamos que o Tribunal designasse um juiz específico para apreciar um determinado


caso, poderia o MP impetrar ordem de HC alegando que aquele juiz não deveria julgar
por não ser o juiz natural?

Resposta:

Sim. Segundo o STF o MP poderia impetrar, nesse caso, o habeas corpus:

DIREITO PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. POSTULADO DO JUIZ


NATURAL. ESPECIALIZAÇÃO DE COMPETÊNCIA (RATIONE MATERIAE).
RESOLUÇÃO DE TRIBUNAL DE JUSTIÇA. LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO
PÚBLICO. 1. Alegação de possível violação do princípio do juiz natural em razão da
resolução baixada pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Norte. 2. Reco-
nhece-se ao Ministério Público a faculdade de impetrar habeas corpus e mandado de
segurança, além de requerer a correição parcial (Lei n° 8.625/93, art. 32, I). 3. A legiti-
midade do Ministério Público para impetrar habeas corpus tem fundamento na incum-
bência da defesa da ordem jurídica e dos interesses individuais indisponíveis (HC
84.056, rel. Min. Eros Grau, 1ª Turma, DJ 04.02.2005), e o Ministério Público tem legi-
timidade para impetrar habeas corpus quando envolvido o princípio do juiz natural (HC
84.103, rel. Min. Marco Aurélio, Pleno, DJ 06.08.2004). 4. O mérito envolve a interpre-
tação da norma constitucional que atribui aos tribunais de justiça propor ao Poder Legis-

1085
lativo respectivo, em consonância com os limites orçamentários, a alteração da organi-
zação e divisão judiciárias (CF, arts. 96, II, d, e 169). [...] O tema referente à organiza-
ção judiciária não se encontra restrito ao campo de incidência exclusiva da lei, eis que
depende da integração dos critérios preestabelecidos na Constituição, nas leis e nos re-
gimentos internos dos tribunais. 6. [...]. (HC 91024, ELLEN GRACIE, STF)

4) Como magistrado o senhor receberia a denúncia contra os torturadores do regime


militar? por crime cometido no período militar?

Resposta:

O Supremo Tribunal Federal declarou que a Lei de Anistia (Lei nº. 6.683/1979) foi
recepcionada.

Afirmando que a referida LEI seria bilateral já que atingiu tanto os agentes de Estado
como as pessoas que contra eles se levantaram, sendo, portanto, uma decisão política e
conciliatória, nascida e elaborada no seio do Legislativo. Sendo fruto de seu tempo, é no
seu período que tem de ser analisada (Leis-Medida), não podendo ser abrangidas por
convenções internacionais posteriores. Cabe ao Legislativo, caso queria, rever seus pre-
ceitos (ADPF 153 / DF).

A Corte Interamericana de Direitos Humanos no caso ―Julia Gomes Lund e outros‖ (ca-
so ―Guerrilha do Araguaia‖) versus Brasil decidiu em sentença de 24.11.10, publicada
em 14.12.10, que a Lei de Anistia não comunga com a Convenção Americana sobre
Direitos Humanos, entre outros ordenamentos. Entendeu, ainda, que a então ausência ao
acesso à informação, pelo fato de ser dificultado o acesso aos documentos do período,
feriria ainda o direito das famílias (CIDH_CP-19/10 PORTUGUÊS COMUNICADO
DE IMPRENAS. Disponível em:
<http://www.corteidh.or.cr/docs/comunicados/cp_19_10_por.pdf>)

Recentemente, o Ministério Público Federal do Pará denunciou o coronel da reserva do


Exército brasileiro Sebastião Curió Rodrigues de Moura (0006231-92.2012.4.01.3901)
e o major da reserva Lício Augusto Maciel (0006232-77.2012.4.01.3901) por sequestro
qualificado, com vítimas ainda desaparecidas. Pelo fato de os corpos não terem sido
encontrados ainda, os crimes se prolongam no tempo (crimes permanentes) e conside-
rando que a Lei de Anistia contemplou apenas um período, esses fatos não estariam
abrangidos pela decisão do STF ou a Lei de anistia.

5) Lei no. 9.807/99, art. 13. O que é melhor: colaboração do corréu ou delação
premiada?

Resposta:
1086
Existe diferença entre tais institutos. Na colaboração, o réu assume a culpa e na delação
premiada o réu, além de assumir a culpa, ainda entregará os outros corréus. Em relação
à delação premiada, ensina Luiz Flávio Gomes:

―No ordenamento jurídico atual há previsão de delação premiada em várias leis: lei dos
crimes hediondos (Lei 8.072/1990), lei de proteção das vítimas e testemunhas (Lei
9.807/1999), lei do crime organizado (Lei 9.034/1995), lei de lavagem de capitais (Lei
9.613/1998), nova lei de tóxicos (Lei 11.343/2006) etc. Cada uma conta com suas pecu-
liaridades. Não existe um regramento único e coerente‖. (GOMES, Luiz Flávio. Justiça
Colaborativa e Delação Premiada. Disponível em:
<http://www.lfg.com.br/public_html/article.php?story=20100301103930889>. - 8 de
março de 2010).

Tal destaque é necessário, pois é importante ressaltar que o benefício do réu muda de
Lei para Lei; contudo, tendo em referência a Lei nº. 9.807/99, os benefícios para a dela-
ção são maiores que a mera colaboração, confissão, que é causa de atenuação. A referi-
da Lei permite o perdão judicial e a extinção da punibilidade ao Réu Primário, atendida
os requisitos da Delação, e se não cumpri-los na totalidade, ainda tem direito a diminui-
ção da pena de um a dois terços.

6) Toda colaboração é delação?

Resposta:

Não.

“Não se pode confundir delação premiada com colaboração premiada (sem dela-
ção). Esta é mais abrangente. O colaborador da Justiça pode assumir culpa e não incri-
minar outras pessoas (nesse caso, é só colaborador). Pode, de outro lado, assumir culpa
(confessar) e delatar outras pessoas (nessa hipótese é que se fala em delação premiada)‖.
(GOMES, Luiz Flávio. Justiça Colaborativa e Delação Premiada. Disponível em:
<http://www.lfg.com.br/public_html/article.php ?story=20100301103930889>. - 8 de
março de 2010).

7) É antiético o Estado ter uma lei que estimule as delações?

Resposta:

―Quanto ao colaborador da Justiça não existe nenhum questionamento ético. A mesma


coisa não se pode afirmar em relação à delação, que implica traição, falta de lealdade
etc. A traição não é uma virtude, não deve ser estimulada, mas em termos investigató-
rios, como afirmamos, pode (eventualmente) ser útil. O modelo eficientista de Justiça na

1087
pós-modernidade está mais preocupado com sua eficácia prática que com pruridos éti-
cos. Por isso é que o instituto da delação premiada tem futuro”. (GOMES, Luiz Flá-
vio. Justiça Colaborativa e Delação Premiada. Disponível em:
<http://www.lfg.com.br/public_html/article.php?story=20100301103930889>. - 8 de
março de 2010).

8) E o acordo de colaboração que vincula o juiz é possível?

Resposta:

Cuida-se de assunto extremamente polêmico na doutrina e Jurisprudência. É certo


que procedimentalmente ainda existe um vácuo de como se dá a aplicação do instituto
da delação premiada, principalmente em relação a quem ela é proposta e sobre se a
mesma vincula o juiz. Nesse sentido: GOMES, Luiz Flávio. Lavagem de dinheiro
sujo e delação premiada. Disponível em:
<http://atualidadesdodireito.com.br/lfg/2012/07/19/lavagem-de-dinheiro-sujo-e-
delacao-premiada/#more-19625 >. CARLI, Carla Veríssimo de. Delação Premiada no
Brasil: Do quê Exatamente Estamos Falando? Disponível em:
<http://gtld.pgr.mpf.gov.br/artigos/artigos-
docs/artigo_delacao_premiada_publicado.pdf>. Mas cabe destacar um julgado do
Supremo Tribunal Federal, que assevera que, como foi instituída a delação como cau-
sa de diminuição de pena (art. 14 da Lei 9.807/1999), dele o Réu faz direito, sob pena
de injustiça e deslealdade do agente estatal. (HC 99.736, Rel. Min. Ayres Britto, julga-
mento em 27-4-2010, Primeira Turma, DJE de 21-5-2010.).

9) Qual a natureza jurídica desse instituto que leva a um benefício pro réu?

Resposta:

―Em relação a sua natureza jurídica, a doutrina dominante sustenta a ausência de seme-
lhança com qualquer prova nominada.

[...]

Assim, a delação premiada é verdadeira prova anômala, por não se identificar com
nenhuma outra prevista no ordenamento jurídico brasileiro.

Não há como negar a sua qualidade de prova, porque assim como qualquer outra
modalidade probatória, é instrumento através do qual o magistrado forma a sua convic-
ção a respeito da ocorrência ou inocorrência dos fatos controvertidos no processo.

Reforça-se, deste modo, que a delação premiada é uma espécie de prova, apesar de não
estar enumerada entre as demais previstas no Código de Processo Penal brasileiro, nos
1088
artigos 158 a 250. Daí ser denominada de prova inominada‖. (GREGHI, Fabiana. A
Delação Premiada no Combate ao Crime Organizado. Disponível em
<http://www.lfg.com.br/public_
html/article.php?story=20090626125936291&mode=print>. 08 julho. 2009.).

16.9.1.3. Questões do TRF3

1) Poderá o Tribunal em sede de revisão criminal revisar provas?

Resposta:

Em relação a essa pergunta, o TRF1 já decidiu:

PROCESSUAL PENAL. REVISÃO CRIMINAL. ART. 621, CPP. REEXAME DE


PROVA. IMPOSSIBILIDADE. I - Se as provas produzidas na ação criminal originária,
devidamente submetidas ao crivo do contraditório e da ampla defesa, serviram de fun-
damentação para a condenação, não pode o autor, na via revisional, simplesmente pre-
tender ver os mesmos fatos novamente analisados sem apresentar quaisquer elemen-
tos novos, nos termos do art. 621 do CPP. II - Revisão Criminal julgada improcedente.
(16436 MG 2004.01.00.016436-4, Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL CÂNDI-
DO RIBEIRO, Data de Julgamento: 25/08/2004, SEGUNDA SEÇÃO, Data de Publica-
ção: 23/09/2004 DJ p.04)

2) É cabível a revisão criminal para aplicação de lei mais benéfica?

Resposta:

O STF tem decisão no sentido de não se admitir (RvC 5010, FRANCISCO REZEK,
STF) a revisão criminal para a aplicação da lei mais benéfica, por não constar no rol do
art. 621 do CPP, razão pela qual caberia, caso o réu já estivesse condenado, ao juiz da
execução penal adequar a legislação mais benéfica ao caso. Nesse mesmo sentido de
que não cabe revisão criminal com o objetivo de aplicar a lei mais benéfica, mas sim
ao juiz da execução penal, é o entendimento consolidado do TRF3 (RVC
00814128420074030000, DESEMBARGADORA FEDERAL RAMZA TARTUCE,
TRF3 - PRIMEIRA SEÇÃO, e-DJF3 Judicial 1 DATA:09/08/2012
..FONTE_REPUBLICACAO:.); (RVC 00617131020074030000, DESEMBARGADO-
RA FEDERAL RAMZA TARTUCE, TRF3 - PRIMEIRA SEÇÃO, e-DJF3 Judicial 1
DATA:13/03/2012 ..FONTE_REPUBLICACAO:.). Nesse sentido também é o Enun-
ciado 611 da Súmula do STF.

1089
Por outro lado, o STF tem decisão no sentido de se admitir (HC 97984, RICARDO
LEWANDOWSKI, STF), ainda que indiretamente, a revisão criminal nesse caso de
aplicação da lei penal mais benéfica:

EMENTA: PENAL. HABEAS CORPUS. CRIME HEDIONDO. REGIME INICIAL


DE CUMPRIMENTO DE PENA. PREVISÃO LEGAL. LEI 11.464/2007. RETROA-
TIVIDADE. LEI MAIS BENÉFICA. SENTENÇA CONDENATÓRIA TRANSITA-
DA EM JULGADO. INADEQUAÇÃO DO WRIT. ORDEM DENEGADA. JURIS-
PRUDÊNCIA DO STF. I - A fixação do regime inicial fechado de cumprimento de pe-
na para os crimes hediondos decorre de expressa previsão legal. Precedentes. II - A Lei
11.464/2007, no que tange à alteração promovida na redação do art. 2º, § 1º, da Lei
8.072/1990, deve ter aplicação retroativa por ser considerada mais benéfica ao sentenci-
ado. III - O habeas corpus, em que pese configurar remédio constitucional de largo
espectro, não pode ser empregado como sucedâneo de revisão criminal. Preceden-
tes. IV - Ordem denegada

(HC 97984, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado


em 17/11/2009, DJe-237 DIVULG 17-12-2009 PUBLIC 18-12-2009 EMENT VOL-
02387-05 PP-00824 RT v. 99, n. 893, 2010, p. 474-479 LEXSTF v. 32, n. 373, 2010, p.
373-381)

3) E na hipótese de abolitio criminis?

Resposta:

O TRF da 1ª Região tem decisão no sentido de admitir a revisão criminal nesse caso,
com base no art. 621, inciso III, do CPP (RVCR 200601000061785, JUIZ FEDERAL
LINO OSVALDO SERRA SOUSA SEGUNDO (CONV.), TRF1 - SEGUNDA SE-
ÇÃO, DJ DATA:24/08/2007 PAGINA:8.). Entretanto, da mesma forma que o entendi-
mento que vem prevalecendo é pelo não cabimento da revisão criminal nos casos de
aplicação de lei penal mais benéfica, ENTENDO ser aplicáveis os mesmos fundamen-
tos para não admitir a revisão criminal nos casos de abolitio criminis. É bom salientar
que a revisão criminal é essencial quando envolver o “(...) debate de alegações que de-
mandem revolvimento do material probatório (...)‖.(HC 44.267/PA, Rel. Ministro OG
FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 03/12/2009, DJe 18/12/2009).

4) E em hipótese de jurisprudência mais benéfica?

Resposta:

Ensina Luiz Flávio Gomes:

1090
"(...) Jurisprudência nova favorável: isolada e momentânea alteração jurisprudencial não
autoriza sua aplicação retroativa em favor do agente do fato. As mutações da jurispru-
dência acontecem quase que diariamente. Mas muitas não se consolidam. Distinta é a
situação quando a mudança jurisprudencial é definitiva. Se a lei nova favorável é retroa-
tiva, por analogia (in bonam partem) a jurisprudência nova (consolidada) também o é.
Por exemplo, quando o Tribunal cancela uma súmula. Isso se deu, v.g., com o cancela-
mento da Súmula 174 do STJ, que autorizava o aumento da pena no roubo mesmo que a
arma fosse de brinquedo. Pode-se afirmar a mesma coisa em relação à decisão do STF,
proferida no HC 82.959, que julgou inconstitucional a lei dos crimes hediondos no pon-
to que proibia a progressa de regime. Não há dúvida que essa decisão tem eficácia retro-
ativa (...)". (Luiz Flávio Gomes. Direito Penal. Parte Geral. Volume 2. Editora Revista
dos Tribunais.2007-pg-96/97)

5) Como se processam os crimes contra a honra?

Resposta:

Cabe, primeiramente, uma ressalva: hoje o rito procedimental dos crimes contra a hon-
ra, previsto nos arts. 519 e subsequentes do Código de Processo Penal está bem restrito,
devido ao surgimento dos Juizados Especiais Criminais Estaduais e Federais, que ab-
sorveu tais demandas, por ―noção de isonomia, de status constitucional‖ (ALENCAR,
Rosmar Rodrigues; TÁVORA Nestor. Curso de Direito Processual Penal. 7ª ed. Salva-
dor: Juspodivm, 2012. p. 814). É aplicável hoje apenas quando o fato for complexo e
quando houver a necessidade de citação por edital, situações incompatíveis com o rito
Sumaríssimo que transcorre no Juizado. ALENCAR, Rosmar Rodrigues; TÁVORA
Nestor. Curso de Direito Processual Penal. 7ª ed. Salvador: Juspodivm, 2012).

O grande diferencial nesse rito, em relação ao procedimento ordinário e sumário e até


mesmo o sumaríssimo, é a existência de uma audiência de conciliação e de seu proce-
dimento, parecendo um rito de arbitragem, no qual o juiz ouvirá o querelante e o quere-
lado em separado e, vendo a possibilidade de conciliação, serão ouvidos em conjunto, o
que acarreta uma renúncia sui generis, misto de renúncia e perdão. ALENCAR, Rosmar
Rodrigues; TÁVORA Nestor. Curso de Direito Processual Penal. 7ª ed. Salvador: Jus-
podivm, 2012).

6) O art. 517 do CPP pode ser harmonizado com o 397?

Resposta:

Sim. ―[...] se (o juiz) resolver pelo recebimento da denúncia ou da queixa, o magistrado


ordenará a citação do acusado, seguindo-se o rito comum ordinário (art. 517 e 518,
CPP). Desta forma, o que faz a lei tratar esse procedimento como especial, é o fase que
precede o recebimento da denúncia. Superada esta etapa, com o recebimento da inicial,

1091
o procedimento a ser seguido será o ordinário‖. (ALENCAR, Rosmar Rodrigues; TÁ-
VORA Nestor. Curso de Direito Processual Penal. 7ª ed. Salvador: Juspodivm, 2012. p.
812).

7) O art 514 do CPP convive com os arts. 396 e §§?

Resposta:

Sim. Como ressaltado na questão anterior, a única diferença do procedimento especial


para a apuração de crimes de responsabilidade de funcionário público do procedimento
do rito ordinário repousa na existência de uma defesa preliminar anterior ao recebi-
mento da denúncia.

Cabe destacar que existe divergência entre a obrigatoriedade ou não de tal defesa preli-
minar anterior a denúncia. O STJ tem a Súmula 514 que afirma que tal defesa é desne-
cessária se a ação penal é instruída por um inquérito policial; todavia, o STF afirmou
que o fato de ação penal ser acompanhada do inquérito em nada altera a necessidade da
notificação para a apresentação de tal defesa que, ressalta-se, é facultativa, conforme o
HC 96058, Min. Relator Eros Grau, 2ª Turma, DJe.: 17/03/2009.

16.9.1.4. Questões do TRF4

16.9.1.5. Questões do TRF5

16.10. Direito Ambiental

16.10.1. Perguntas Residuais

16.10.1.1. Questões do TRF1

16.10.1.2. Questões do TRF2


DESSE PONTO EM DIANTE: RESPOSTAS ELABORADAS POR WALTER H.
SANTOS
1) Na hipótese em que um pai, por ocasião do nascimento de seu filho, que pretenda a retida
de material genético (células tronco) do cordão umbilical para congelamento por empresa
especializada, objetivando o eventual resguardo futuro dos interesses do filho caso venha a
desenvolver alguma doença, e o médico responsável, obstetra de hospital federal, não autori-
za o ingresso de profissional na sala de cirurgia para que proceda a retirada por entender des-
necessário tal procedimento. É possível que o pai pleiteie tutela judicial alegando como fun-

1092
damento o contido no art. 225, inciso II do parágrafo 1o, no que se refere à proteção ao patri-
mônio genético pelo Poder Público, para que seja determinado ao obstetra responsável que
autorize? Entende que o argumento se justifica? Deferiria o pleito? (essa questão foi feita den-
tro de direito ambiental).

Resposta:

A pretensão tem plausibilidade. Pode-se dizer que o art. 225, § 1o, II, da CF/ 1988 ad-
mite como técnica de tutela do meio ambiente a preservação do patrimônio genético,
corroborado no art. 1º, caput, da Lei nº 11.105/2005 ao prever a diretriz do "estímulo ao
avanço científico na área de biossegurança e biotecnologia, a proteção à vida e à saú-
de humana, animal e vegetal, e a observância do princípio da precaução para a prote-
ção do meio ambiente". Como o pleito de armazenamento não se destina à comerciali-
zação e atende interesse de eventual utilização do material genético para fins terapêuti-
cos, a pretensão merece acolhida. Aliás, confira-se entendimento do Eg. TRF/1º Região,
em situação assemelhada: "A estocagem do sangue do cordão umbilical - que visa a
preservar as chamadas "células-tronco" - atende ao objetivo da elucidação diagnósti-
ca, cuja teleologia compreende a preservação da saúde e da vida humana. 5. De outra
parte, não há falar-se em maltrato ao interesse público, uma vez que, de acordo com a
Resolução 153/2004 da ANVISA, a regra é o descarte do cordão umbilical após o par-
to." (TRF1, AMS 200534000272155, DJ 10/09/2007)

2) O que é célula germinal?

Resposta:

"célula germinal humana: célula-mãe responsável pela formação de gametas presentes


nas glândulas sexuais femininas e masculinas e suas descendentes diretas em qualquer
grau de ploidia;" (inciso VII do art. 3º, da Lei 11.105/2005) [O termo ploidia aplica-se
ao número ‗n‘ de conjuntos de cromossomas de uma célula. Célula com apenas um
cromossoma de cada par homólogo tem n cromossomas e designa-se por Haplóide; uma
célula com 2n designa-se por Diplóide e tem conjuntos de cromossomas (cada cromos-
soma tem um par homologo).

16.10.1.3. Questões do TRF3


1) O STF discutiu a respeito do uso de células tronco para pesquisa, o que significa esta discus-
são sobre a validade da lei que estabelece a possibilidade de utilização, quanto ao efeito de
inconstitucionalidade?

Resposta:

Foi rejeitada pelo STF a utilização da “interpretação conforme”, pois não havia polissemia no
texto legal. Confira-se o seguinte trecho do voto-condutor da ADI nº 3510/DF, DJe
28/05/2010): “Está-se a propor, aqui, uma sentença de caráter aditivo, mesclada com interpre-

1093
tação conforme, para dotar a lei brasileira de uma exuberância regratória que, em matéria
científica e de saúde, já foi considerada inconstitucional pela Corte italiana; depois, a proposta
de interpretação conforme pressupõe - todos nós sabemos - uma polissemia, uma plurissignifi-
catividade do texto legal sob exame que não me parece própria do artigo sob análise. Pelo que
não tenho como cabível para o caso a técnica de interpretação "conforme a Constituição".”

2) A prefeitura tem presunção de boa-fé na desapropriação?

Resposta:

Sim, com a declaração de utilidade pública do bem expropriando. Fundada a desapro-


priação no interesse público, na necessidade pública, no interesse social, na não utiliza-
ção do bem consoante sua função social, ou, ainda, em decorrência de ilícito criminal,
instala-se a presunção de boa-fé. Todavia, diversamente, na desapropriação indireta (ou
apossamento administrativo), inexiste boa-fé, pois a utilização da propriedade particular
dá-se sem qualquer justo título, sem procedimento expropriatório, administrativo ou
judicial.

16.10.1.4. Questões do TRF4

16.10.1.5. Questões do TRF5


1) Discorra sobre a exploração mineral das águas. (creio que a pergunta versa sobre a explora-
ção de águas minerais)

Resposta:

A exploração de águas minerais está regulada no Decreto-lei nº 7.841/45. Tais águas


são ―são aquelas provenientes de fontes naturais ou de fontes artificialmente captadas
que possuam composição química ou propriedades físicas ou físico-químicas distintas
das águas comuns, com características que lhes confiram uma ação medicamentosa‖
(art. 1º), competindo ao Departamento Nacional de Produção Mineral conceder Autori-
zação de Pesquisa ou Concessão de Lavra. Conforme informa aquela, como se vê em:
―A pesquisa de lavra de água mineral e potável de mesa para consumo humano, bem
como destinada a fins balneários, far-se-ão pelos Regimes de Autorização de Pesquisa e
de Concessão de Lavra, conforme previstos no Código de Mineração, bem como no
Código de guas Minerais‖. Nos termos do mencionado Decreto-lei, ―Por pesquisa de
uma fonte de água mineral, termal, gasosa, potável de mesa ou destinada a fins balneá-
rios, entendem-se todos os trabalhos necessários ao conhecimento do valor econômico
da fonte e de seu valor terapêutico, quando existente‖ (art. 6º) e ―Por lavra de uma fonte
de água mineral, termal, gasosa, potável de mesa ou destinada a fins balneários, enten-
dem-se todos os trabalhos e atividades de captação, condução, distribuição e aproveita-
mento das águas‖ (art. 9º). A comercialização comercial de água (mineral, etc.) somente
poderá ocorrer após a expedição do decreto de autorização de lavra. Do contrário, pode-
rá ser caracterizado o crime de usurpação de águas (Lei nº 8.176/91: Art. 2° Constitui
1094
crime contra o patrimônio, na modalidade de usurpacão, produzir bens ou explorar ma-
téria-prima pertencentes à União, sem autorização legal ou em desacordo com as obri-
gações impostas pelo título autorizativo. Pena: detenção, de um a cinco anos e multa.).

2) Água pluvial, a quem pertence?

Resposta:

Água pluvial é água das chuvas (fluvial: água dos rios). Nos termos do Código de Á-
guas (Decreto nº 24.643/1934), ―as águas pluviais pertencem ao dono do prédio onde
caírem diretamente‖ (art. 103), mas nem por isso poderá desperdiçá-las ou desviar seu
curso sem consentimento dos donos dos prévios que iriam recebê-las (parágrafo único).
A Lei nº 9.433/97 não tratou da temática.

3) É possível a cobrança de outorga do uso de água da própria nascente do proprietário?

Resposta:

O art. 8º do Decreto nº 24.643/34 (Código de Águas), estabelecia que ―São particulares


as nascentes e todas as águas situadas em terrenos que também o sejam, quando as
mesmas não estiverem classificadas entre as águas comuns de todos, as águas públicas
ou as águas comuns.‖, mas, segundo lição de PAULO AFFONSO LEME MACHADO
(20ª edição de sua obra Direito Ambiental Brasileiro), tal dispositivo contraria a Lei nº
9.433/97 que estatui ser a ―água um bem de domínio público‖. E leciona que mesmo
sendo público, poderá ser utilizada pelos proprietários privados (art. 1º, III: em situa-
ções de escassez, com uso prioritário para consumo humano e dessedentação de ani-
mais). Sustenta ainda dito autor que há direito adquirido dos proprietários (anteriores)
em obter indenização do Estado, ―não se podendo introduzir outorga e cobrança do uso
pelo viés da função social da propriedade (...). Houve esgotamento do direito de propri-
edade‖ (devendo ou indenizar ou não cobrar a água utilizada).

Registre-se que o instrumento de outorga é necessário para o gerenciamento dos recur-


sos hídricos, pois permite ao administrador (outorgante) realizar o controle quali-
quantitativo da água, e ao usuário (requerente) a necessária autorização para implemen-
tação de seus empreendimentos produtivos.

4) Discorra sobre o plano de recursos hídricos.

Resposta:

―Os Planos de Recursos Hídricos são planos diretores que visam a fundamentar e orien-
tar a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e o gerenciamento dos
1095
recursos hídricos.‖ (art. 6º, da Lei nº 9.433/97), devendo possuir conteúdo mínimo (art.
7º), de longo prazo, cabendo às agências de águas elaborá-los (art. 44) e aos comitês de
bacias hidrográficas aprová-los ou não.

16.11. Direito Internacional Público e Privado

16.11.1. Perguntas Residuais

16.11.1.1. Questões do TRF1

16.11.1.2. Questões do TRF2


1) Fontes do Dir. Internacional Púb. e Privado.

Resposta:

Em relação ao direito internacional público, as fontes (modos pelos quais a norma se


manifesta) do direito internacional estão previstas no art. 38 do Estado da Corte Interna-
cional de Justiça: 1) tratados (acordo de vontades de dois ou mais sujeitos de DI, via
texto escrito, com objetivo de produzir efeitos jurídicos no plano internacional); 2) cos-
tume (prática reiterada e obrigatória); 3) princípios gerais de direito (da não-agressão;
solução pacífica de controvérsias; boa-fé, etc.); 4) jurisprudência; 5) doutrina e equida-
de, além dos 6) atos unilaterais ((i) mero ato jurídico (protesto, renúncia, reconhecimen-
to) e (ii) de natureza normativa (apresentam abstração e generalidade) e das 7) delibera-
ções das organizações internacionais.

Já no direito internacional privado preponderam fontes internas, sem deixar de notar a


importância das fontes internacionais (tratados/convenções; jurisprudência). Podem ser
elencadas: 1) lei; 2) doutrina; 3) jurisprudência.

2) Cooperação internacional, qual a mudança recente com a EC no. 45/2004? Houve alguma
mudança de fundo com a modificação de competência do STF para o STJ?

Resposta:

A cooperação diz com o intercâmbio entre Estados e seus poderes judiciários para o
cumprimento extraterritorial de medidas processuais, tendo a EC 45/2004 conferido a
competência para o STJ conceder exequatur às cartas rogatórias e homologar sentenças
estrangeiras, com a finalidade de que elas pudessem produzir efeitos internos. Doravan-
te, (1) há possibilidade do emprego do Recurso Extraordinário direcionado ao STF
quando presentes seus requisitos. Anote-se, conforme uma (2) nova modalidade de coo-
peração jurídica internacional (cooperação direta: possibilidade da cooperação jurídica
entre os países para a prática de atos que não se inserem dentro de uma ação judicial em
curso, mas que são necessários para instruir investigações em curso e medidas extraju-
1096
diciais). Além disso, também menciona-se como inovação (3) a possibilidade de con-
cessão de medidas de urgência durante o curso do procedimento de homologação e (4) a
possibilidade de homologação parcial da sentença estrangeira, estas duas face à Resolu-
ção nº 9/2005 do STJ.

3) No que tange à competência prevista nos arts. 88,89 e 90 do CPC, como esta se relaciona ao
direito internacional privado?

Resposta:

Os dispositivos estabelecem a órbita de competência do juiz brasileiro, conferindo aten-


ção aos bens e valores do território, população, e instituições. Esses pontos de ligação,
segundo Dinamarco, são critérios que levam em conta o fator territorial e a intensidade
dessa interferência na vida e interesses do país será determinante para decidir-se pela
competência exclusiva ou concorrente.

4) Qual a diferença entre os incisos I e II do art. 89 do CPC?

Resposta:

Art. 89, I: razões de integridade do território nacional; objetivo de impedir mutilação do


território, o que poderia ocorrer se fosse concedida eficácia a sentença estrangeira sobre
imóveis no Brasil.

Art. 89, II: ponto de ligação (território) de menor intensidade que o anterior, mas visa
impedir que uma universalidade de bens integrados ao patrimônio econômico nacional
possam ser afetados por ato de juiz estrangeiro.

5) Como é que surgiram os direitos humanos? Como este conceito foi idealizado?

Resposta:

Tem seu surgimento com a própria origem do homem e vem se desenvolvendo ao longo
dos tempos, daí serem compreendidos como direitos históricos. Idealizado diante da
compreensão da dignidade humana e da necessidade de respeito de seus direitos ante as
dificuldades, dores, sofrimento, e violência a que estavam submetidas) Aplicação do
Direito de Família na Justiça Federal, exemplo. (Alimentos internacionais).

Resposta:

Alimentos Internacionais e Sequestro Internacional de Crianças.

1097
7) Quais as fontes do Direito Internacional Público e Privado? Ênfase no conflito sobre os Tra-
tados Internacionais no ordenamento jurídico brasileiro.

Resposta:

Fontes: vide resposta acima.

9) Dê exemplo de costume internacional no Direito brasileiro.

Resposta:

A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, de 1969, era um exemplo de nor-
ma consuetudinária, mas com o Decreto nº 7.030, de 14/12/2009, ela foi introduzida no
direito interno brasileiro.

10) Quais as novidades no âmbito de cooperação internacional?

Resposta:

Modificação da competência para o exequatur e a homologação de sentença estrangeira;


criação do auxílio direto como novo mecanismo de cooperação.

11) Como se dá o cumprimento dessas ordens de decisões jurisdicionais estrangeiras?

Resposta:

Após a homologação pelo Judiciário brasileiro (art. 483 do CPC), como conseqüência
do princípio de que o Estado não é obrigado reconhecer em seu território decisão origi-
nada de outro.

12) Problemas entre Tratados internacionais tributários e leis tributárias.

Resposta:

Conflito entre tratados e leis internas anteriores: prevalece o tratado diante da aplicação
do princípio lex posterior derogat priori. Mas o problema maior consiste no conflito de
tratado e lei infraconstitucional posterior: há hierarquia? Note-se que não se trata de
tratado versando sobre direitos humanos, em que o STF decidiu pelo caráter supralegal
quando julgou a questão do depositário infiel. No julgamento do RE 80.004 (entendi-
mento reiterado na ADI 1480/DF) o STF decidiu que prevalece a lei posterior, sendo
passível responsabilização do Estado no plano internacional (a matéria de fundo era
aplicação da Lei Uniforme de Genebra e as notas promissórias). A doutrina vem perfi-
1098
lhando entendimento contrário, qual seja, a prevalência dos tratados sobre o direito in-
terno pela aplicação do princípio da especialidade e em harmonia com o art. 98 do
CTN, já que eles possuem natureza diversa, além de não terem sido elaborados de ma-
neira semelhante.

13) Agentes diplomáticos. Quais os principais pontos sobre imunidades e privilégios?

Resposta:

Os agentes e as missões diplomáticas são os meios por meio dos quais o Estado acredi-
tante exerce uma missão de serviço público no território acreditado. Costuma-se distin-
guir imunidades (fundadas em regras de direito internacional) de privilégios (origem no
direito internacional e também em medidas de cortesia, permissiva e não imperativa,
dependendo do direito interno). Há imunidade de jurisdição (absoluta), facultando-se o
não comparecimento perante tributais do Estado acreditado. A imunidade criminal so-
mente será excepcionada se o acreditante a renunciar. Nos ilícitos civis, há exceções à
imunidade de jurisdição quando (a) o agente renuncia expressamente, (b) o próprio a-
gente recorre aos tribunais locais como autor, (c) quando o agente é nacional do Estado
em que está acreditado, (d) se a demanda versar de compromissos assumidos pelo exer-
cício de outra profissão. Mas deve-se atentar que estão a salvo de sujeitarem-se a atos
coercitivos, devendo serem buscados no país do devedor.

14) Qual o seu juízo de valor sobre a assertiva: os direitos humanos como princípios gerais do
direito? A partir desta assertiva, como podemos conceituar princípios?

Resposta:

De acordo com a assertiva, pois existem princípios reconhecidos pela generalidade dos
Estados nacionais como obrigatórios, dentre eles o princípio da prevalência dos direitos
humanos, ou do respeito aos direitos humanos, que teve seu auge do seu desenvolvi-
mento após o fim da Segunda Guerra Mundial, ante aos intensos abusos cometidos du-
rante aquele período. Desse modo, princípios podem aqui ser conceituados como produ-
tos de construção histórica que espraia efeitos conformadores do sobre as relações jurí-
dicas.

15) Medidas de proteção internacional dos DHs. Diga ao menos duas e explique?

Resposta:

A Declaração dos Direitos Humanos não previu instrumentos para vindicar os direitos
lá assegurados perante um tribunal, surgindo o problema da aplicabilidade/eficácia. Daí

1099
os Pactos de 1966 tiveram em vista conferir dimensão técnico-jurídica à Declaração,
formando-se a Carta Internacional de Direitos Humanos (junção de documentos: Carta
da ONU de 1945; Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948; Pacto Interna-
cional dos Direitos Civis e Políticos e Pacto Internacional dos Direitos Econômicos,
Sociais e Culturais), que inaugurou o sistema global de proteção. Mecanismos criados
com os Pactos: a) Mecanismos de monitoramento: (1) relatórios temáticos (ou reports):
Estado relata o modo pelo qual está implementando os direitos; (2) comunicações esta-
tais: um dos Estados-parte no acordo alega que outro incorreu ou está incorrendo inter-
namente em violação. O Protocolo Facultativo Relativo ao pacto Internacional dos Di-
reitos Civis e Políticos trouxe o mecanismo das petições (ou queixas individuais), pos-
síveis quando esgotados recursos internos quanto à reclamação dos direitos violados.

16) Qual seria a diferenciação do termo direitos de primeira geração e direitos de primeira
dimensão?

Resposta:

A diferenciação reside na nomenclatura. Alguns doutrinadores utilizam o termo "gera-


ções", enquanto outros utilizam "dimensões". Afirma-se que o primeiro é inadequado
para retratar a evolução dos direitos humanos, tendo como premissa a substituição de
uma geração por outra conforme fossem evoluindo. Daí a preferência por "dimensão"
para evidenciar o "caráter cumulativo do processo evolutivo". Geração alimenta "uma
visão fragmentada ou atomizada dos direitos humanos", preferindo-se a dimensão como
meio de o fenômeno ser de "expansão, cumulação e fortalecimento dos direitos huma-
nos consagrados".

17) Qual a diferença da atuação da missão diplomática da representação consular?

Resposta:

Na missão diplomática (prevista na Convenção de Viena de 1961) o agente age em no-


me do Estado acreditante, possuindo funções de representação, enquanto que a repre-
sentação consular (prevista na Convenção sobre relações consulares de 1963) possui
função essencialmente administrativa, não estando encarregados de funções de repre-
sentação política.

18) Alguns agentes gozam de imunidade, a de cônsul é diferente de embaixador? Se ambos


praticarem o mesmo crime, podem ser presos?

Resposta:

1100
São diferentes. Dispõe a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas: art. 29: ―A
pessoa do agente diplomático é inviolável. Não poderá ser objeto de nenhuma forma de
detenção ou prisão. O Estado acreditado trata-lo-á com o devido respeito e adotará tôdas
as medidas adequadas para impedir qualquer ofensa à sua pessoa, liberdade ou dignida-
de.‖ E a Convenção sobre Privilégios e Imunidades Quanto aos funcionários consulares,
eles podem ser presos ou detidos preventivamente por crime grave e por decisão de au-
toridade judiciária competente (art. 41 da Convenção de Viena sobre Relações Consula-
res, 1963). Portanto, não poderia o embaixador ser preso, mas o cônsul, sim.

19) Atos civis ordinários. DF acionou a Representação de Camarões que bateu num poste, diri-
gindo. Há imunidade?

Resposta:

Parece inexistir a imunidade, consoante entendimento do STJ: ―1. A imunidade de ju-


risdição só abarca os atos praticados de jure imperii, daí excluídos, portanto, aqueles
praticados de jure gestionis, vez que equiparados estes aos atos corriqueiros das vidas
civil e comercial comuns. (...) 2. Hodiernamente não se há de falar mais em imunidade
absoluta de jurisdição, vez que se admite seja a mesma excepcionada nas hipóteses em
que o objeto litigioso tenha como fundo relações de natureza meramente trabalhista,
comercial ou civil, como ocorre na hipótese dos autos, onde o que pretende o autor da
demanda é obter reparação civil pelo suposto descumprimento de contrato verbal cele-
brado com o demandado para a elaboração de projeto para realização de exposição que
se realizaria no Rio de Janeiro, sob a denominação de "EXPO MÉXICO - SÉCULO
XXI".‖ (RO . 26/RJ, Rel. Ministro VASCO DELLA GIUSTINA (DESEMBARGA-
DOR CONVOCADO DO TJ/RS), TERCEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe
07/06/2010) e ―Não ha imunidade de jurisdição para o estado estrangeiro, em causa re-
lativa a responsabilidade civil.‖ (STJ, AC 14/DF, Rel. Ministro ANTÔNIO DE PÁDUA
RIBEIRO, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/08/1994, DJ 19/09/1994)

16.11.1.3. Questões do TRF3

16.11.1.4. Questões do TRF4


1) O que são crimes contra humanidade?

Resposta:

São crimes internacionais porque são bens jurídicos muito caros à comunidade interna-
cional. De acordo com o Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional (art. 7º),
―entende-se por "crime contra a humanidade", qualquer um dos atos seguintes, quando

1101
cometido no quadro de um ataque, generalizado ou sistemático, contra qualquer popula-
ção civil, havendo conhecimento desse ataque:

a) Homicídio;

b) Extermínio;

c) Escravidão;

d) Deportação ou transferência forçada de uma população;

e) Prisão ou outra forma de privação da liberdade física grave, em violação das


normas fundamentais de direito internacional;

f) Tortura;

g) Agressão sexual, escravatura sexual, prostituição forçada, gravidez forçada, es-


terilização forçada ou qualquer outra forma de violência no campo sexual de gravidade
comparável;

h) Perseguição de um grupo ou coletividade que possa ser identificado, por moti-


vos políticos, raciais, nacionais, étnicos, culturais, religiosos ou de gênero, tal como
definido no parágrafo 3o, ou em função de outros critérios universalmente reconhecidos
como inaceitáveis no direito internacional, relacionados com qualquer ato referido neste
parágrafo ou com qualquer crime da competência do Tribunal;

i) Desaparecimento forçado de pessoas;

j) Crime de apartheid;

k) Outros atos desumanos de caráter semelhante, que causem intencionalmente


grande sofrimento, ou afetem gravemente a integridade física ou a saúde física ou men-
tal.‖

16.11.1.5. Questões do TRF5


TRF5 - 2012

1) Muito embora não previsto no art. 38 da CIJ, os atos unilaterais podem ser considerados
fontes do DIP? O que é que caracterizaria o ato unilateral como fonte? Dê um exemplo de ato
unilateral que seja fonte do DIP?

Resposta:

É meio auxiliar ou nova fonte porque a assunção de obrigações internacionais é de


grande relevância para a disciplina. Os atos unilaterais são emanados de um único sujei-
to de DI, sem participação (mas com conhecimento) da outra parte, com a finalidade de
produção de efeitos jurídicos. Caracteriza com a intenção de produzir efeitos jurídicos.
Atos unilaterais, expressos: notificação, reconhecimento, protesto, renúncia, promessa.
1102
2) Além do ato unilateral e dos demais atos previstos na Corte de Haia, existiriam outras fontes
do Direito Internacional Público?

Resposta:

Jus cogens: Valério Mazzuoli sustena a prevalência hierárquica do jus cogens sobre
todas as outras fontes de DIP. A ideia é a de que algumas normas fundamentais, forma-
das pelo costume, deveriam estar situadas em posição superior às convencionais. Elas se
sobrepõem à autonomia da vontade e não podem ser derrogadas por outros tratados (ex.:
autodeterminação dos povos; não agressão; proibição do genocídio; proibição da escra-
vidão).

Soft law: regras com valor normativo menos constringente que as normas jurídicas tra-
dicionais. Falta de elementos que garantam seu enforcement. Apesar de não criar auto-
nomamente normas internacionais, elas tem relevância como fonte, pois são: (a) produto
jurídico inacabado, voltado à assunção de compromissos futuros (programáticos); (b)
governado por um sistema de sanção distinto daquele aplicável ás normas tradicionais,
com cumprimento mais como recomendação do que como obrigação.

3) As decisões das organizações internacionais são fontes do Direito Internacional?

Resposta:

São fontes modernas de DIP. Constituem atos institucionais em que o Estado participa
apenas indiretamente (quando vota nas assembléias ou em órgãos decisórios). Podem
surgir com nomenclaturas diversas: resoluções, declaração, decisões, recomendação.

4) Explane a respeito das teorias que fundamentam o direito internacional público.

Resposta:

a) Voluntaristas: Estado soberano responsável de acordo com seu consentimento (teori-


as 1) vontade coletiva; 2) autolimitação do Estado; 3) consentimento dos Estados e 4)
delegação do direito interno). A obrigatoriedade aqui advém da vontade.

b) Objetivistas: reação aos voluntaristas, fundando em que a obrigatoriedade do DI não


se baseia na vontade dos Estados, mas na realidade internacional, de acordo com a natu-
reza social que independe da vontade. "A obrigatoriedade do Direito Internacional de-
corre da existência de valores, princípios ou regras que se revestem de uma importância
tal que delas pode depender, objetivamente, o bom desenvolvimento e a própria existên-
cia da sociedade internacional".

1103
05) Enumere e trace uma diferenciação sobre as espécies de atos internacionais.

Resposta:

São atos internacionais: tratados, convenções, acordos, declarações conjuntas, protoco-


los, emendas.

06) É possível a concessão de isenção de impostos estaduais e federais pela União?

Resposta:

Sim, desde que a União esteja a atuar como sujeito de direito internacional: a República
Federativa do Brasil firmando tratados, em que o Presidente atua como Chefe de Estado
e não Chefe de Governo. Nesse sentido, o STF: "a limitação prevista no art. 151, III, da
Constituição (isenção heterônoma) não se aplica às hipóteses em que a União atua
como sujeito de direito na ordem internacional" (AI 223336 AgR, Segunda Turma, DJe
27/11/2008)

07) Muito embora não previsto no art. 38 da CIJ, os atos unilaterais podem ser considerados
fontes do DIP? O que é que caracterizaria o ato unilateral como fonte? Dê um exemplo de ato
unilateral que seja fonte do DIP?

Resposta:

É meio auxiliar ou nova fonte porque a assunção de obrigações internacionais é de


grande relevância para a disciplina. Os atos unilaterais são emanados de um único sujei-
to de DI, sem participação (mas com conhecimento) da outra parte, com a finalidade de
produção de efeitos jurídicos. Caracteriza com a intenção de produzir efeitos jurídicos.
Atos unilaterais, expressos: notificação, reconhecimento, protesto, renúncia, promessa.

11) Há diferença entre a teoria da imprevisão dos contratos internacionais e a cláusula hard-
ship? É possível a existência conjunta?

Resposta:

Cláusula hardship configura um dispositivo contratual em que partes tentam reduzir as


conseqüências de evento imprevisível provocador de modificações nas condições con-
tratuais, com a finalidade de retornar ao equilíbrio da relação inicialmente ajustada.

Diferenças entre a cláusula hardship e a teoria da imprevisão:

1104
a) impossibilidade de cumprir a obrigação: execução impossível do contrato (imprevi-
são) e execução possível, mas com grande dificuldade ou excessiva onerosidade à parte
(hardship);

b) abrandamento no elemento imprevisto, como "aquilo que razoavelmente não se podia


prever" (hardship) e como imprevisto (com maior severidade) na teoria da imprevisão;

c) quanto ao momento do evento imprevisível: entre a formação do contrato e sua exe-


cução (imprevisão) e para a hardship "admite-se que o fato tenha ocorrido antes mesmo
da formação do contrato";

d) hardship é obrigação de meio (renegociação é obrigação em si); imprevisão não é de


meio, podendo não ser feita a renegociação e ir diretamente à resolução do contrato.

Em razão de tais diferenças, parece não ser possível existirem em conjunto.

12) Arbitragem no exterior e no brasil. Diferenciar cláusula compromissória.

Resposta:

A temática é relevante na medida em que delimita o âmbito de aplicação da arbitragem


internacional; viabiliza a harmonização das normas e costumes do comércio internacio-
nal, delimitando a regra do art. 2º, § 1º, da Lei nº 9.307/96 (―§ 1º Poderão as partes
escolher, livremente, as regras de direito que serão aplicadas na arbitragem, desde que
não haja violação aos bons costumes e à ordem pública.‖). Para alguns doutrinadores,
tal disposição se aplica somente para a arbitragem internacional. Outra parte (Dolinger,
Basso, p.ex.) sustenta que a Lei nº 9.307 não distinguiu entre a arbitragem internacional
e a arbitragem interna, mas apenas apresentou o conceito de sentença arbitral estrangei-
ra no art. 34, parágrafo único. Ou seja, a lei não teria diferenciado quanto aos efeitos
mas sim quanto ao lugar onde foram proferidas (o critério da lei seria o lugar em que foi
proferida a sentença).

13) Compromisso arbitral e cláusula arbitral, diferenciação.

Resposta:

"Cláusula Compromissória é a convenção através da qual as partes em um contrato


comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir, relativa-
mente a tal contrato", devendo ser estipulada por escrito, inserida no próprio contrato ou
em documento apartado que a ele se refira. (art. 4º, da Lei nº 9.307/96)

Já o ―O compromisso arbitral é a convenção através da qual as partes submetem um


litígio à arbitragem de uma ou mais pessoas, podendo ser judicial ou extrajudicial.‖,

1105
celebrado por termo nos autos onde tem curso a demanda (juízo ou tribunal). (art. 9º, da
Lei nº 9.307/96).

14) No Brasil o decreto (não anotei o número), acordo de cooperação, envolve apenas proces-
so civil latu senso, inclui também matéria penal?

Resposta:

Na página da AGU estão relacionados vários decretos prevendo cooperação jurídica


internacional com diversos Estados, tanto na área cível quanto na penal. Link:
http://www.agu.gov.br/sistemas/site/TemplateImagemTextoThumb.aspx?idConteudo=1
13478&ordenacao=1&id_site=4922

16.12. Sociologia do Direito

16.12.1. Perguntas Residuais

16.12.1.1. Questões do TRF1


1) Qual será a razão da expressão comunicação social, porque o direito, qual o termo desta
visão, de Sócrates, Aristóteles e Platão, de o que é o Direito, independente dele estar se mani-
festando por um conjunto de regramento para uma determinada coletividade no lugar ou no
tempo, quero saber o conceito de direito que não esteja vinculado à norma, positivada. Direito
como costume de Carlos Cóssio.

Resposta:

Segundo o argentino Carlos Cossio, "a ciência jurídica deve estudar a conduta humana
enfocada em sua dimensão social, e não a norma jurídica‖. Sua teoria egológica existen-
cial está inserida na concepção do culturalismo jurídico (que concebe o direito como um
objeto cultural, criado pelo homem e dotado de um sentido de conteúdo valorarito). Para
Cossio o direito é um objeto cultural (cultura é tudo o que se acrescenta às coisas, com a
intenção de aperfeiçoá-las) e egológico (direito incorporado ao próprio ego; egologia
seria a resolução de problemas por meio da intuição) por ter substrato na conduta huma-
na compartida sobre a qual incidem valores, que passa da materialidade do substrato à
vivência do sentido e vice-versa, até alcançar um exato conhecimento do direito. Portan-
to, a experiência jurídica se apresenta no conhecimento científico jurídico; a compreen-
são do sentido da conduta está fundada em valorações positivas da comunidade, daí a
interligação com os costumes como prática reiterada de atos que repercutem na compre-
ensão.

2) Direito e Estado se confundem? Ou Direito é algo e Estado é outro algo?

Resposta:
1106
A questão comporta duas visões: pela teoria dualista, o Estado e o Direito são realidades
díspares, sendo o Estado criador do Direito dentro da doutrina tradicional surge a prio-
ridade lógica do Estado sobre o Direito: o Estado é o criador do Direito, estando este
subordinado àquele. Já pela concepção monista, o Estado é identificado com a ordem
jurídica, isto é, o Estado encarna o próprio Direito em determinado nível de ordenação,
constituindo um todo único.

3) Faça uma reflexão sobre a comunicação a respeito da linguagem, há quem diga é o ser, que
não existe nada sem a linguagem , como há quem afirme que a só a ideia existe, e então como
fica linguagem?

Resposta:

O pensamento precisa de uma articulação lingüística, pois os signos lingüísticos consti-


tuem o essencial da comunicação humana, sendo, portanto o fundamento da linguagem.
A ciência jurídica exprime-se numa linguagem jurídico-técnica. O direito tem uma lin-
guagem, por ter um sentido comunicacional, uma vez que ―tem por condição de exis-
tência a de ser formulável numa linguagem, imposta pelo postulado da alteridade‖. a
linguagem utilizada pelo direito não é precisa por ter os caracteres da linguagem natural
que, em oposição à linguagem formal, como a da lógica e a da matemática puras, possui
expressões ambíguas, termos vagos e palavras que apresentam com significado emoti-
vo, o que leva o jurista a desentranhar o sentido dos termos empregados pelo legislador,
mediante uma leitura significativa que, por sua vez, constituirá uma metalinguagem.

4) Realidade, verdade e conhecimento são sinônimos?

Resposta:

Conhecimento é a apreensão de qualquer "coisa" por meio do pensamento e a capacida-


de de tornar presente ao pensamento "aquilo" que se apreendeu.

―O conhecimento humano é a verdade acessível ao homem, e esta verdade é relativa,


finita e limitada. Existe uma realidade absoluta, mas acesso direto a esta realidade ou
percepção direta dela é impossível. O conhecimento da realidade é relativo e limitado ao
conhecimento dos vários efeitos produzidos por esta realidade absoluta. É um termo que
designa, em filosofia, o processo pelo qual o sujeito apreende um objeto. O conheci-
mento sensível nos é dado por meio dos sentidos já o inteligível depende do uso da ra-
zão e tem como objeto tipos gerais, e não individuais e concretos.‖ ―Na Filosofia Clíni-
ca, há dois tipos de verdade: subjetiva e consensual. A verdade subjetiva é aquela que
habita a pessoa que está de acordo com a sua singularidade, sua Estrutura de Pensamen-
to. Quanto à verdade consensual, é aquela estabelecida em conjunto pelas pessoas.‖
http://www.filosofia.com.br/dicionario.php
1107
5) E o conceito de direito?

Resposta:

Sentidos: 1) regra de conduta obrigatória (direito objetivo); 2) sistema de conhecimen-


tos jurídicos (ciência do direito); 3) faculdade ou poderes que tem ou pode ter uma
pessoa, ou seja, o que pode uma pessoa exigir de outra (direito subjetivo). (PAULO
DOURADO DE GUSMÃO)

6) O que são valores?

Resposta:

Valores são entidades vetoriais, tendo por principal função guiar o indivíduo, apontando
sempre para um sentido que é reconhecível como fim. Assim, ―toda sociedade obedece
a uma tábua de valores, de maneira que a fisionomia de uma época depende da forma
como seus valores se distribuem ou se ordenam." Características dos valores: a) bipola-
ridade (a um valor sempre se contrapõe um desvalor, implicando um processo dialéti-
co); b) implicação (se realizam reciprocamente, pois nenhum dos valores se realiza sem
influir nos demais); c) referibilidade (necessidade de sentido para alguém); d) preferibi-
lidade (teoria dos fins, onde o fim é valor enquanto racionalmente reconhecido como
motivo de conduta); e) incomensurabilidade; f) graduação hierárquica; g) objetividade;
h) realizabilidade e inexauribilidade. (MIGUEL REALE)

7) O que é cultura?

Resposta:

―cultura‖ é o conjunto de tudo aquilo que, nos planos material e espiritual, o homem
constrói sobre a base da natureza, quer para modificá-la, quer para modificar-se a si
mesmo. É, desse modo, o conjunto dos utensílios e instrumentos, das obras e serviços,
assim como das atitudes espirituais e formas de comportamento que o homem veio for-
mando e aperfeiçoando, através da história, como cabedal ou patrimônio da espécie hu-
mana. Não vivemos no mundo de maneira indiferente, sem rumos ou sem fins. Ao con-
trário, a vida humana é sempre uma procura de valores. O conceito de fim é básico para
caracterizar o mundo da cultura. A cultura existe exatamente porque o homem, em bus-
ca da realização de fins que lhe são próprios, altera aquilo que lhe é ―dado‖, alterando-
se a si próprio. (Miguel Reale)

8) Diferencie cultuar e civilização. (não seria “cultura”? se sim, a resposta fica mais fácil)

1108
Resposta:

Cultuar: idolatrar, venerar. Civilização é ―conjunto dos conhecimentos e realizações das


sociedades humanas mais evoluídas, marcadas pelo desenvolvimento intelectual, eco-
nômico e tecnológico‖. Há dicionário que coloca civilização como sinônimo de cultura.
Portanto, a partir desse sinônimo pode-se dizer que cultuar constitui instrumento da ci-
vilização.

16.12.1.2. Questões do TRF2

16.12.1.3. Questões do TRF3

16.12.1.4. Questões do TRF4

16.12.1.5. Questões do TRF5

16.13. Filosofia do Direito

16.13.1. Perguntas Residuais

16.13.1.1. Questões do TRF1


1) O que é o Estado Simples?

Resposta:

Estado simples ou Estado unitário diz respeito com a forma singular de Estado (a Fran-
ça é exemplo clássico) e se contrapõe à forma plural (a sociedade de Estados - federa-
ção, confederação, etc).

2) A livre convicção é a mesma coisa que convicção livre? Esta última seria a íntima convicção.

Resposta:

Trata-se de sistemas de apreciação das provas, onde: 1) íntima convicção (certeza moral
do juiz): franqueia-se ao julgador total e ilimitada possibilidade de apreciação das pro-
vas; 2) livre convicção: o juiz age livremente na apreciação das provas, mas deve seguir
regras preestabelecidas, motivando sua decisão. Por fim, ainda há o sistema da certeza
moral do legislador, subtraindo a liberdade de apreciação do julgador.

1109
3) Qual a diferença entre existir e coexistir? O homem é existindo ou coexistindo?

Resposta:

A idéia da existência ―quer precisamente exprimir que a subjetividade humana não é


real sem o mundo. Quer significar que o mundo pertence à essência do homem, de mo-
do que, deixando-se de lado o pensamento do mundo, também o sujeito não pode mais
ser afirmado‖. Já ―o termo ―coexistência‖ emprega-se para exprimir que o home não
está totalmente só em nenhum nível de sua existência; nenhum aspecto do ser-homem é
o que é sem que nele outros homens estejam ―presentes‖‖. Existir é coexistir!

4) A jurisdição na solução do conflito objetiva o quê?

Resposta:

Dizer o direito no caso concreto com a finalidade de buscar a pacificação do conflito e a


paz social.

5) Como fica para Kelsen a desobediência civil?

Resposta:

Kelsen atribui como função do direito uma ―ordem de sujeição‖; o próprio Direito deve
fundar o sistema normativo. A norma hipotética fundamental funciona como fundamen-
to de validade último de todo o sistema normativo kelseniano, assim podendo ser enun-
ciada: "devemos obedecer às ordens do autor da Constituição", qualquer que seja o con-
teúdo desta Constituição. Confrontada com a desobediência civil (que implicaria na
suspensão da supremacia constitucional, pois vista como uma ação objetivando a inova-
ção e a mudança da norma por meio de atos de transgressão, visando demonstrar a in-
justiça da lei. ―A violência da lei é eticamente justificada‖ (Bobbbio)), parece existir
incompatibilidade, para Kelsen, da desobediência civil com a observância das normas.

6) O que é bem comum?

Resposta:

―Bem Comum nada mais é do que o próprio bem particular de cada indivíduo, enquanto
este é parte de um todo ou de uma comunidade: "O bem comum é o fim das pessoas
singulares que existem na comunidade, como o fim do todo é o fim de qualquer de suas
partes". Ou seja, o bem da comunidade é o bem do próprio indivíduo que a compõe. O
indivíduo deseja o bem da comunidade, na medida em que ele representa o seu próprio
bem. Assim, o bem dos demais não é alheio ao bem próprio.
1110
O bem particular buscado por cada um dos membros da comunidade é, em última análi-
se, a própria felicidade, que só se alcança com o perfeito aquietamento do apetite, ou
seja, quando nada resta a desejar. O objeto formal de nossa vontade é o bem, sem limi-
tações, e não este ou aquele bem. Daí que apenas um bem que seja universal é capaz de
saciá-la plenamente. Um bem é tanto mais bem quanto é bem para mais pessoas.‖
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_13/princ-etico.htm)

7) Existe o direito de morrer?

Resposta:

Inexiste previsão legal. Contudo, a recente Resolução CFM 1.995/2012, de 31/08/2012,


surgiu para disciplinar as ―diretivas de vontade do paciente‖ no que tange a dar ou não
sequência à continuidade das intervenções médico extraordinárias para salvar a vida do
paciente caso este se encontre em ―estado‖ que entenda o médico ser ―terminal‖. Consi-
derando a irrenunciabilidade e a indisponibilidade do direito à vida, não é possível que
uma pessoa solicite que outra a mate ou lhe auxilie a suicidar. Vale a menção: ―Ortota-
násia é o termo utilizado pelos médicos para definir a morte natural, sem interferência
da ciência, permitindo ao paciente morte digna, sem sofrimento, deixando a evolução e
percurso da doença. Portanto, evitam-se métodos extraordinários de suporte de vida,
como medicamentos e aparelhos, em pacientes irrecuperáveis e que já foram submetidos
a suporte avançado de vida. A persistência terapêutica em paciente irrecuperável pode
estar associada a distanásia, considerada morte com sofrimento.‖ Artigo interessante:
―O direito de morrer dignamente‖ (http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/o-direito-
de-morrer-dignamente)

8) O que é método e objeto em ciência?

Resposta:

Método é garantia de veracidade de um conhecimento; é a direção ordenada do pensa-


mento na elaboração da ciência, que requer uma atividade ordenada segundo princípios
próprios e regras peculiares; método guia a investigação científica, provando que o re-
sultado de suas pesquisas é verdadeiro.

9) Qual a diferença entre a interpretação gramatical e a teleológica?

Resposta:

Na interpretação gramatical a ordem das palavras e o modo como elas estão conectadas
são importantes para obter o correto significado da norma, de forma mais precisa e obje-

1111
tiva, conferindo maior segurança para as relações jurídicas. Já na interpretação teleoló-
gica os princípios surgem com maior força, em razão de sua abstração e orientação
quanto à possibilidade de atribuir um propósito e finalidade às normas.

10) Quando se faz interpretação extensiva, com relação ao fim e literalidade da norma, o que
se busca?

Resposta:

Busca-se o alargamento do campo de incidência da norma, já que o legislador foi im-


preciso, dizendo menos do que queria.

11) Qual a diferença entre o conhecimento científico e o conhecimento vulgar? Qual a diferen-
ça entre o conhecimento científico e o conhecimento religioso, razão e fé, qual a diferença?

Resposta:

O científico é sistemático, organizado, rigoroso, objetivo, testável, contingente (propo-


sições/hipóteses tem sua veracidade ou falsidade conhecida por meio da experimentação
e não pela razão [conhecimento filosófico]), falível; fundado em pesquisa através de
métodos científicos. O conhecimento vulgar corresponde ao senso comum, assistemáti-
co, com informações pouco estruturadas, voltado para o domínio prático. E o conheci-
mento religioso está baseado em proposições sagradas, valorativas, inspiracional, com
verdades consideradas infalíveis, indiscutíveis, e evidências não verificáveis.

16.13.1.2. Questões do TRF2


1) Qual a diferença entre direito subjetivo e interesse?

Resposta:

Para Ihering direito subjetivo era o interesse enquanto protegido; interesse juridicamente
protegido. Foram feitas críticas, segundo leciona MIGUEL REALE, de forma que o
direito subjetivo é mais a proteção do interesse do que o interesse protegido. ―Direito
subjetivo é a possibilidade de exigir-se, de maneira garantida, aquilo que as normas de
direito atribuem a alguém como próprio.‖ Interesse é conceito mais amplo e, por isso
mesmo, mais vago.

2) Qual a natureza jurídica do "regime jurídico"?

Resposta:

1112
Conforme PABLO STOLZE, ―Indagado a respeito da natureza jurídica de determinada
figura, deve o estudioso do direito cuidar de apontar em que categoria se enquadra, res-
saltando as teorias explicativas de sua existência.‖ Regime jurídico é o conjunto de di-
reitos, deveres, garantias, vantagens, proibições e penalidades aplicáveis a determinadas
relações sociais qualificadas pelo Direito.

3) Qual a diferença entre natureza jurídica e conceito?

Resposta:

Para ALEXANDRE DE FREITAS CÂMARA, ――Quando se perquire a natureza jurídi-


ca de um instituto, o que se pretende é fixar em que categoria jurídica o mesmo se inte-
gra, ou seja, de que gênero aquele instituto é espécie. Conceito: como se sabe, significa
―ação de formular uma idéia por meio de palavras; definição, caracterização‖.

―A diferença entre natureza jurídica e conceito é facilmente perceptível. Basta afirmar,


por exemplo, que a locação tem natureza jurídica de contrato, e se conceitua como o
contrato através do qual uma pessoa (locador) cede a outra (locatário) o uso e fruição de
um bem, mediante remuneração (aluguel).‖

16.13.1.3. Questões do TRF3

16.13.1.4. Questões do TRF4


1) Se um juiz ofender outro juiz por e-mail, deveria ele ser repreendido pelo tribunal, qual base
legal?

Resposta:

Penso que sim, porque a lei orgânica da magistratura ―veda ao magistrado "procedimen-
to incompatível com a dignidade, a honra e o decoro de suas funções" e comete-lhe o
dever de "manter conduta irrepreensível na vida pública e particular" (LC nº 35/79, arts.
35, inciso VIII, e 56, inciso II)‖ (expressão extraída do Código de Ética da Magistratura,
http://www.cnj.jus.br/codigo-de-etica-da-magistratura).

2) quais são prerrogativas do juiz?

Resposta:

Previstas no art. 33 da LC nº 35/1979: ―Art. 33 - São prerrogativas do magistrado:

I - ser ouvido como testemunha em dia, hora e local previamente ajustados com a auto-
ridade ou Juiz de instância igual ou inferior;
1113
II - não ser preso senão por ordem escrita do Tribunal ou do órgão especal competente
para o julgamento, salvo em flagrante de crime inafiançável, caso em que a autoridade
fará imediata comunicação e apresentação do magistrado ao Presidente do Tribunal a
que esteja vinculado (vetado);

III - ser recolhido a prisão especial, ou a sala especial de Estado-Maior, por ordem e à
disposição do Tribunal ou do órgão especial competente, quando sujeito a prisão antes
do julgamento final;

IV - não estar sujeito a notificação ou a intimação para comparecimento, salvo se expe-


dida por autoridade judicial;

V - portar arma de defesa pessoal.

Parágrafo único - Quando, no curso de investigação, houver indício da prática de crime


por parte do magistrado, a autoridade policial, civil ou militar, remeterá os respectivos
autos ao Tribunal ou órgão especial competente para o julgamento, a fim de que prossi-
ga na investigação.‖

3) e as garantias do juiz?

Resposta:

Descritas na LC nº 35/79: ―Art. 25 - Salvo as restrições expressas na Constituição, os


magistrados gozam das garantias de vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de
vencimentos.‖

4) Existe diferença entre prerrogativa e garantia?

Resposta:

Garantias da magistratura possuem natureza jurídico-administrativa, fazendo parte da


relação do juiz com o Estado. Já as prerrogativas se destinam à proteção da figura do
juiz enquanto servidor do Estado e pessoa física.

16.13.1.5. Questões do TRF5

16.14. Ética e Estatuto da Magistratura

16.14.1. Perguntas Residuais

16.14.1.1. Questões do TRF1


1) Por que o senhor quer ser juiz?

1114
Resposta:

Resposta subjetiva.

2) Quais os livros não jurídicos que o senhor tem lido?

Resposta:

Resposta subjetiva.

16.14.1.2. Questões do TRF2


1) Falar sobre as prerrogativas do magistrado. Existe diferença entre garantia e prerrogativa?

Resposta:

Garantias da magistratura possuem natureza jurídico-administrativa, fazendo parte da


relação do juiz com o Estado. Já as prerrogativas se destinam à proteção da figura do
juiz enquanto servidor do Estado e pessoa física.

16.14.1.3. Questões do TRF3

16.14.1.4. Questões do TRF4

16.14.1.5. Questões do TRF5


TRF5 – 2012

1) Disserte sobre o relacionamento do juiz com a mídia em geral e o público em geral.

Resposta:

O magistrado não vive à margem da sociedade, nela vive e com ela convive. O Judiciá-
rio provavelmente atua direta e habitualmente com pessoas mais do que os demais Po-
deres. A imprensa exerce grande influência nessa interligação entre o serviço prestado e
o usuário. O Código de Ética da Magistratura, ao tratar do princípio da transparência,
prevê que o magistrado deve "na sua relação com os meios de comunicação social,
comportar-se de forma prudente e eqüitativa, e cuidar especialmente:

I - para que não sejam prejudicados direitos e interesses legítimos de partes e seus pro-
curadores;

II - de abster-se de emitir opinião sobre processo pendente de julgamento, seu ou de


outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos, sentenças ou acórdãos, de órgãos
judiciais, ressalvada a crítica nos autos, doutrinária ou no exercício do magistério.

1115
Art. 13.O magistrado deve evitar comportamentos que impliquem a busca injustificada
e desmesurada por reconhecimento social, mormente a autopromoção em publicação de
qualquer natureza.

Art. 14.Cumpre ao magistrado ostentar conduta positiva e de colaboração para com os


órgãos de controle e de aferição de seu desempenho profissional."

Nas relações com o público em geral, especialmente com as partes no processo, o juiz
deverá, respeitadas as situações de segredo de justiça, ―informar ou mandar informar
aos interessados acerca dos processos sob sua responsabilidade, de forma útil, compre-
ensível e clara.‖

2) Trate do assédio moral e assédio sexual, fazendo uma distinção entre essas duas espécies de
abuso.

Resposta:

O assédio sexual causa invasão da liberdade sexual, extrapolando atos que vão além da
cortesia, constrangendo a outra pessoa, persuadindo-a a praticar ato sexual, valendo-se
do poder hierárquico como força de coação. Tipificada no art. 216-A do Código Penal.
Já o assédio moral significa ―a importunação insistente e persistente contra alguém, de
natureza psicológica, com a intenção e objetivo de aborrecer, incomodar e minar as for-
ças internas ou animas, atingindo moralmente a pessoa. É o que se chamou de destrui-
ção moral sutil e que depende de constatação cabal e inconteste, não se satisfazendo
com meras alegações impossíveis de comprovar.‖ (TJSP, Ap 33309505100, Rel. Des.
Rui Stoco, j. 09/11/2009).

03) Trate dos aspectos gerenciais da atividade judiciária. Relação entre gestão e atuação do
juiz.

Resposta:

A massificação do processo e a ampliação do acesso a justiça produz o aumento no vo-


lume de processos, exigindo do juiz capacidade para administrar e dar a resposta em
tempo razoável. Disto também decorre a necessidade de automação da produção e o
relacionamento com maior número de auxiliares. Tudo isso além do dever judicante.
Essa visão do juiz-administrador exige interdisciplinariedade entre o direito e a adminis-
tração, onde "A gestão otimiza o funcionamento da unidade judiciária através da tomada
de decisões racionais fundamentadas pelo gestor como forma de caminhar para o desen-
volvimento e satisfação das necessidades dos jurisdicionados.", e "tem quer ser voltada
para a qualidade total, o que pode ser alcançado a partir do envolvimento de todas as

1116
pessoas ligadas ao processo produtivo visando à excelência no serviço prestado pelo
Poder Judiciário." (http://www.ampb.org.br/artigos/ver/46)

16.15. Direito Econômico

16.15.1. Perguntas Residuais

16.15.1.1. Questões do TRF1


1) Quem vai a hospital público é consumidor?

Resposta:

Considerando que o serviço público de assistência à saúde é prestado mediante o paga-


mento de tributos, de forma universal, sendo "uti universi", não é possível caracterizá-lo
como consumeirista. Existem serviços públicos (os "uti singuli"), remunerados por tari-
fa, perfeitamente possíveis de serem enquadrados como sujeitos ao CDC, inclusive pela
aplicação do art. 22, mas não é o caso da relação entre o usuário e o hospital público.

2) E o art. 22 do CDC?

Resposta:

Conforme acima, aplicável aos serviços prestados ―uti singuli‖.

3) Relação consumerista, regra ser responsabilidade objetiva. E o erro médico?

Resposta:

A regra é que a responsabilidade do médico é subjetiva, sendo necessária a demonstra-


ção da culpa (art. 14, § 4º, do CDC), pois ―a obrigação do médico, em regra, é de meio,
isto é, o profissional da saúde assume a obrigação de prestar os seus serviços atuando
em conformidade com o estágio de desenvolvimento de sua ciência, com diligência,
prudência e técnicas necessárias, utilizando os recursos de que dispõe - elementos que
devem ser analisados, para aferição da culpa, à luz do momento da ação ou omissão tida
por danosa, e não do presente-, de modo a proporcionar ao paciente todos os cuidados e
aconselhamentos essenciais à obtenção do resultado almejado.‖ (REsp 992821/SC, 4T,
j. 14/08/2012), situação excepcionada nas obrigações de resultado (cirurgia plástica em-
belezadora), transformando a responsabilidade em objetiva, ou para registrar julgado do
STJ, presunção de culpa médica: ―Em procedimento cirúrgico para fins estéticos, con-
quanto a obrigação seja de resultado, não se vislumbra responsabilidade objetiva pelo
insucesso da cirurgia, mas mera presunção de culpa médica, o que importa a inversão do
ônus da prova, cabendo ao profissional elidi-la de modo a exonerar-se da responsabili-

1117
dade contratual pelos danos causados ao paciente, em razão do ato cirúrgico.‖ (REsp
985888/SP, 4T, j. 16/02/2012).

4) Se está na área pública e agiu com cuidado?

Resposta:

Não haverá culpa passível de atrair o nexo de causalidade entre sua conduta e o resulta-
do, mas o Estado poderá ser responsabilizado, objetivamente.

16.15.1.2. Questões do TRF2


1) Qual a atividade do CADE? Quais os instrumentos que se vale? Pode dissolver uma socieda-
de de empresários pela prática, por exemplo, de oligopólio?

Resposta:

O CADE tem atividades preventivas (analisar e decidir sobre atos de concentração eco-
nômica), repressivas (investigar e julgar condutas nocivas à livre concorrência) e educa-
cionais/pedagógicas (instruir o público sobre condutas prejudiciais à livre concorrência;
estimular pesquisas; realizar cursos, etc.), relacionadas com a livre concorrência no
mercado. Vale-se de instrumentos como (a) medida preventiva, quando houver indício
ou fundado receio de que o representado, direta ou indiretamente, cause ou possa causar
ao mercado lesão irreparável ou de difícil reparação, ou torne ineficaz o resultado final
do processo, (b) compromisso de cessação da prática sob investigação ou dos seus efei-
tos lesivos, (c) acordo de leniência. Poderá ser fixada pena por prática de infração da
ordem econômica, quando exigir a gravidade dos fatos ou o interesse público geral, de
"cisão de sociedade, transferência de controle societário, venda de ativos ou cessação
parcial de atividade" (art. 38, V, da Lei nº 12.529/2011).

2) O que é dumping?

Resposta:

O dumping é a infração ao comércio exterior decorrente da exportação de mercadorias


em patamares inferiores aos valores praticados no mercado de origem, tendo efeitos
predatórios no mercado externo. Está conceituado no art. 4º do Dec. 1.602/95 (―Art. 4º
Para os efeitos deste Decreto, considera-se prática de dumping a introdução de um bem
no mercado doméstico, inclusive sob as modalidades de drawback, a preço de exporta-
ção inferior ao valor normal.‖).

3) Qual a diferença entre consumidor ficto e presumido? São sinônimos?

1118
Resposta:

Consumidor real (art. 2º, CDC). Consumidor ficto (art. 29, CDC: ―equiparam-se aos
consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previs-
tas‖). Presumido? Sinônimo?

16.15.1.3. Questões do TRF3

16.15.1.4. Questões do TRF4

16.15.1.5. Questões do TRF5


TRF5 – 2012

01) É contraditória a adoção do princípio da livre iniciativa e a propriedade privada e a prote-


ção ao valor social do trabalho? Trate do monopólio estatal.

Resposta:

Os valores sociais do trabalho tem prioridade sobre os demais valores da economia de


mercado e objetiva orientar a intervenção do Estado na economia que, ao lado da inicia-
tiva privada, são fundamentos tanto da ordem econômica quanto da própria República
(art. 1º, IV). A posição de destaque da livre iniciativa destaca um dos fins da estrutura
política, numa economia de mercado, de natureza capitalista. Não se trata de contradi-
ção, mas de complementariedade. O monopólio estatal consubstancia forma de inter-
venção direta do Estado na economia, via absorção, explorando um setor econômico em
prol da coletividade. Ou seja, ―o poder público subtrai do controle dos particulares cer-
tas atividades econômicas para mantê-las sob controle e exploração do Estado, por mo-
tivos de interesse público‖. A vedação é expressa de assim agir o Estado, a não ser,
quando a própria Constituição tenha previsto, originariamente, a situação no seu texto.

02) Discorra sobre a função social da propriedade e a desapropriação por interesse social.

Resposta:

A propriedade privada é elemento essencial ao desenvolvimento do modelo capitalista


de produção, além de o respeito ao direito de propriedade caracterizar a democracia. A
necessidade de que a propriedade cumpra uma função social implica em que o proprie-
tário deva ―observar desde o papel produtivo que deve ser desempenhado pela proprie-
dade – passando pelo respeito à ecologia – até o cumprimento da legislação social e
trabalhista aos contratos de trabalho‖. Há uma indispensável compatibilização entre a
funcionalidade e o direito de propriedade, de modo a garantir e incentivar a economia
de mercado, caso contrário, se apenas fosse uma função não haveria se falar em indeni-
1119
zação no caso de desapropriação. A desapropriação é perda da propriedade para o Esta-
do. Na espécie desapropriação por interesse social o interesse é da coletividade, resul-
tando que, normalmente, os bens se destinam a particulares que irão explorá-los segun-
do as exigências da coletividade.

03) As atividades monopolizadas pela União são passíveis ou impassíveis de delegação?

Resposta:

Havia vedação de delegação à atividade ―a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o repro-


cessamento, a industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus
derivados‖ (art. 177, V, da CF/1988), mas com a EC nº 49/2006, ao dispositivo foi in-
cluída a expressão ―com exceção dos radioisótopos cuja produção, comercialização e
utilização poderão ser autorizadas sob regime de permissão, conforme as alíneas b e c
do inciso XXIII do caput do art. 21 desta Constituição Federal‖. Ou seja, para os radioi-
sótopos é admitida a delegação.

04) Distinga liberalismo e intervencionismo.

Resposta:

O liberalismo teve origem com as restrições ao poder feudal e monárquico; se assenta


no respeito do Estado ao pleno exercício dos direitos e garantias por parte de seus res-
pectivos indivíduos e possui como principal manifestação econômica a livre iniciativa,
além da plena liberdade contratual, ou seja, plena liberdade de mercado (autorregulação
da economia), assumindo uma postura abstencionista. Já no liberalismo, o Estado atua
para garantir o exercício racional das liberdades individuais. Assim, a política interven-
cionista não visa ferir os postulados liberais, mas tão somente fazer com que o Estado
coíba o exercício abusivo e pernicioso do liberalismo.

05) Discorra sobre os objetivos do Direito estatal no intervencionismo

Resposta:

O que caracteriza o Estado no intervencionismo é a intervenção para o melhor funcio-


namento da liberdade (intervencionismo liberal). Essa política não pretendia ferir os
postulados liberais, mas consagrar o capitalismo como melhor sistema. Figurava o Esta-
do na posição de vedar abusos, preocupado com a ordem técnica e não como garantidor
social.

1120
06) Quais os objetivos do intervencionismo estatal na economia

Resposta:

No estado intervencionista não há preocupações sociais no sentido de se estabelecer


políticas públicas para tanto, mas sim de mera ordem técnica com a garantia da livre-
iniciativa e da liberdade de mercado. O intervencionismo se dá de forma direta, na qual
o estado assume a iniciativa da atividade econômica na condição de produtor de bens e
serviços ao lado dos particulares; ou, ainda, de forma indireta, na qual o estado atua
tributando, incentivando, regulamentando ou normatizando a atividade econômica. No
plano jurídico, assenta-se no princípio da defesa do mercado ou proteção à concorrên-
cia.

08) Você entende que o Dir. Ambiental integra o Direito Econômico?

Resposta:

Admitindo-se que o objeto do Direito Econômico é a possibilidade do Estado interferir


na atividade econômica para ordenar o mercado é admissível entender que essa intera-
ção do poder público e do poder econômico privado também se manifesta no Direito
Ambiental. Quer dizer, o Direito Ambiental integraria o Direito Econômico como tam-
bém o integram outros ramos do direito (do Trabalho, Civil, etc.).

09) MERCOSSUL, discorra.

Resposta:

Com vistas à integração econômica, política, social e cultural dos povos da América
Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações, surgiu em
1991 o Tratado de Assunção, dando feição incipiente ao bloco multilateral. Esse tratado
é um acordo-quadro, continuamente implementado por acordos adicionais, determinan-
do, dentre outros aspectos: a) programa de liberalização comercial; b) coordenação de
políticas macroeconômicas; c) adoção de uma TEC (Tarifa Externa Comum); d) consti-
tuição de um regime de origem e de um mecanismo de solução de controvérsias. Foi
efetivamente criado pelo Protocolo de Ouro Preto, em 1994, tendo personalidade jurídi-
ca de direito internacional. OBJETIVO PRINCIPAL: fomentar o aumento do mercado
interno dos estados signatários por meio das seguintes políticas: 1) integração econômi-
ca, enquanto condição fundamental para acelerar seus processos de desenvolvimento
econômico com justiça social; 2) aproveitamento mais eficaz dos recursos disponíveis,
3) preservação do meio ambiente, 4) melhoramento das interconexões físicas, 5) coor-
denação de políticas macroeconômica da complementação dos diferentes setores da
economia, com base no princípios de gradualidade, flexibilidade e equilíbrio; 6) desen-
volvimento científico e tecnológico dos Estados Partes e modernização de suas econo-
1121
mias para ampliar a oferta e a qualidade dos bens de serviço disponíveis, a fim de me-
lhorar as condições de vida de seus habitantes.

10) Existe algum instrumento com base no MERCOSUL que permite que advogados venha a
atuar no Brasil?

Resposta:

a) Protocolo (Promulga o Acordo de Cooperação e Assistência Jurisdicional em Matéria


Civil, Comercial, Trabalhista e Administrativa entre os Estados Partes do Mercosul, a
República da Bolívia e a República do Chile. – Decreto nº 6.891/2009): parece admitir a
atuação de advogados estrangeiros no Brasil ao prever no artigo 11: ―A autoridade re-
querente poderá solicitar da autoridade requerida informação quanto ao lugar e à data
em que a medida solicitada será cumprida, a fim de permitir que a autoridade requeren-
te, as partes interessadas ou seus respectivos representantes possam comparecer e exer-
cer as faculdades autorizadas pela legislação da Parte requerida.‖ Mesma previsão do
dispositivo referido no Protocolo de Las Leñas (Decreto nº 2.067/1996), também no art.
11 (texto em
http://portal.mj.gov.br/data/Pages/MJE8F1423DITEMIDFB580559413E4D7BAA875E
9CD20AFB7BPTBRNN.htm).

b) texto extraído da internet, dando conta de negociações para a atuação de advogados


estrangeiros no Brasil e vice-versa
(http://www.conpedi.org.br/manaus/arquivos/anais/salvador/jorge_luis_mialhe.pdf ):

―Em meados de 1993, após uma série de reuniões e encontros realizados em 1991 e
1992, foi criado o Conselho de Colégios e Ordens de Advogados do Mercosul - COA-
DEM19, entidade sem fins lucrativos, de utilidade pública e que congrega os presiden-
tes e delegados das associações máximas dos advogados do Brasil, Argentina, Uruguai,
Paraguai, Bolívia, Chile e Peru. Atualmente sob a presidência do ex-Conselheiro Fede-
ral da OAB e atual integrante da Comissão de Relações Internacionais da entidade, Ser-
gio Ferraz, o COADEM tem tratado das questões relacionadas à prestação de serviços
jurídicos nos âmbito do Mercosul.

(...)

Em síntese, referido projeto de resolução prevê a possibilidade da atuação do advogado


estrangeiro nos países do Mercosul limitada, porém, ao assessoramento e à consultoria
no direito estrangeiro de sua origem. No Brasil, o referido projeto foi aprovado pelo
Conselho Federal da OAB, todavia ainda não foi admitido por todos os Estados-
membros.

Muito embora não tenha entrado vigor, o projeto elaborado pelo COADEM demonstra o
cuidado com que o tema é tratado pelos órgãos de classe dos respectivos países.‖
1122
11) MERCOSUL: cooperação jurisdicional, discorra.

Resposta:

O processo de integração econômica e comercial também depende de um intercâmbio


jurídico como meio de possibilitar a solução de conflitos eventualmente originados da-
quelas relações. Trata-se de mecanismo para a segurança jurídica de tais relações. No
caso do Mercosul a questão foi disciplinada inicialmente no Protocolo de Las Leñas
(promulgada pelo Decreto nº 2.067/1996). Posteriormente, o Protocolo firmado em Bu-
enos Aires em 2002 (Promulga o Acordo de Cooperação e Assistência Jurisdicional em
Matéria Civil, Comercial, Trabalhista e Administrativa entre os Estados Partes do Mer-
cosul, a República da Bolívia e a República do Chile.) foi promulgada pelo Decreto nº
6.891/2009.

12) Quais as formas de intervenção do Estado no domínio econômico e como se dá essa inter-
venção?

Resposta:

Por intervenção (1) direta e (2) indireta. Na direta o Estado se faz agente econômico
pela absorção (monopólio) ou pela participação (atua ao lado da iniciativa privada). Na
indireta o Estado limita-se a condicionar o exercício da exploração da atividade econô-
mica, sem assumir posição de agente econômico ativo (o estado atua como agente nor-
mativo e regulador da atividade econômica). Pode-se dar de duas formas, quais sejam
direção e indução. Direção: o Estado se utiliza de normas administrativas ou legais por
meio das quais fixa um comportamento obrigatório para a prática da atividade econômi-
ca, sem o qual o agente responderá no plano administrativo e, por vezes, no plano cri-
minal.

Indução: corresponde à utilização pelo Estado de normas para induzir certos comporta-
mentos econômicos, estimulando (normas premiais) ou desestimulando certas condutas,
conforme a política econômica assim o exige.

16.16. Direito Financeiro

16.16.1. Perguntas Residuais

16.16.1.1. Questões do TRF1

16.16.1.2. Questões do TRF2

1123
16.16.1.3. Questões do TRF3
1) O preâmbulo faz parte do texto constitucional? Qual o seu valor? Ele influi no processo in-
terpretativo?

Resposta:

Não faz parte do texto constitucional propriamente dito e, consequentemente, não con-
tém normas constitucionais de valor jurídico autônomo. Nem por isso é juridicamente
irrelevante, ―uma vez que deve ser observado como elemento de interpretação e integra-
ção dos diversos artigos que lhe seguem.‖ (ALEXANDRE DE MORAES)

2) Quais os fundamentos da República Federativa do Brasil?

Resposta:

Art. 1º, da CF/1988: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana;


IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político.

16.16.1.4. Questões do TRF4

16.16.1.5. Questões do TRF5


TRF5 - 2012

1) Conceitue orçamento e identifique sua natureza jurídica.

Resposta:

Orçamento é ―o processo e o conjunto integrado de documentos pelos quais se elabo-


ram, se aprovam, se executam e se avaliam os planos e programas de obras, serviços e
encargos governamentais, com estimativa da receita e fixação das despesas de cada e-
xercício financeiro‖ (JOSÉ AFONSO DA SILVA).

Natureza jurídica. Correntes:

1ª) é sempre uma lei (alemão Hoennel) porque emana de um órgão legiferante, tendo
desta forma todo o aspecto formal, externo de lei.

2ª) contrariamente à primeira, aqui foi adotado o critério que classifica as leis de acordo
com seu conteúdo jurídico e não segundo o órgão do qual emanam. Entendem que o
orçamento apresenta externamente a forma de lei, sendo formalmente uma lei, apresen-
tando, no entanto, conteúdo de ato administrativo.

3ª) Léon Duigit liderou a terceira corrente, que considerava o orçamento formalmente
uma lei, mas seu conteúdo em algumas de suas partes ato administrativo e em outras lei.
Desta forma, a parte do orçamento relativa às despesas e às receitas originárias seria ato
1124
administrativo, porém na parte relativa à autorização para cobrança de receitas deriva-
das, deveria ser considerado lei.

4ª) Na quarta corrente, na qual se destacou Gaston Jezé, é defendida a tese de que o or-
çamento é formalmente uma lei, mas em nenhuma de suas partes pode ser entendido
como tendo conteúdo de lei. Esta corrente coincide com a anterior quando não considera
lei as partes do orçamento relativas à autorização das despesas e às receitas originárias.
No entanto, dela diverge, pois não entende que a parte relativa às receitas derivadas te-
nha conteúdo de lei, considerando esta parte como mero ato-condição para cobrança e
arrecadação dos tributos.

2) Fale de ao menos três princípios orçamentários, trazendo suas exceções.

Resposta:

1) exclusividade: ―A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão


da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para aber-
tura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por an-
tecipação de receita, nos termos da lei‖ (art. 165, § 8º, CF); 2) não-vinculação: vedada a
―a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição
do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destina-
ção de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desen-
volvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como
determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de
garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º,
bem como o disposto no § 4º deste artigo‖ (art. 167, IV, CF); 3) universalidade: o orça-
mento (uno) deve conter todas as receitas e todas as despesas do Estado (art. 165, 5º,
CF), exceção quanto receitas e despesas operacionais das estatais não estão contidas no
Orçamento de Investimentos das Estatais, que compõe a LOA.

16.17. Teoria Geral do Direito e da Política

16.17.1. Perguntas Residuais

16.17.1.1. Questões do TRF1

16.17.1.2. Questões do TRF2

16.17.1.3. Questões do TRF3

1125
16.17.1.4. Questões do TRF4

16.17.1.5. Questões do TRF5


TRF5 – 2012

01) Falar sobre os princípios gerais de direito, a evolução doutrinário e jurisprudencial desse
conceito até o momento presente.

Resposta:

02) Súmula vinculante e jurisprudência, discorra.

Resposta:

Instrumento previsto no art. 103-A da CF/1988 e na Lei nº 11.417/2006, as súmulas


vinculantes não se confundem com as súmulas tradicionais ou persuasivas. Estas últi-
mas são aquelas súmulas que não possuem a mesma força obrigatória como a vinculan-
te, mas influenciam na interpretação e aplicação do direito. As vinculantes possuem
força obrigatória e vinculam a atuação do Judiciário e do Executivo, produzida a partir
da reiteração de decisões judiciais e não é considerada lei em sentido amplo. Editadas
para conferir celeridade aos julgamentos, efetivar a aplicação das leis e uniformizar a
jurisprudência.

03) Distinção de direito adjetivo e subjetivo, e discorrer sobre a persistência no mundo jurídico
contemporâneo.

Resposta:

Direito objetivo são as normas jurídicas vigentes num determinado país numa certa é-
poca; conjunto de normas que o Estado mantém em vigor. Direito subjetivo refere-se a
―faculdade, assegurada por lei, de exigir determinada conduta de alguém, que, por ato
ou negócio jurídico, está obrigado a observá-la‖. ―Subjetivo por ser direito de uma pes-
soa, opondo-se por isso ao direito objetivo, previsto na lei‖. (PAULO DOURADO DE
GUSMÃO) Persistência?

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